Módulo i história da bruxaria 2015

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Escritora: Tania Gori Revisora: Maria do Carmo Costa de Mello Editora: UniCB Diagramadora: Carolina Ricciardi Gráfica: AgitPrint

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MÓDULO I HISTÓRIA DA BRUXARIA NATURAL


INTRODUÇÃO AO CURSO DE BRUXARIA NATURAL

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1. Introdução ao Mundo da Bruxaria Que visão a maioria das pessoas tem de uma bruxa? A maioria acha que bruxa é uma mulher feia, má, com uma grande verruga no nariz, que cozinha bebezinhos pagãos (criancinhas não batizadas) e que, acima de tudo, voa numa grande vassoura feita de ervas, ou então tem a visão hollywoodiana de uma bruxa que mexe o nariz e tudo o que imagina aparece na sua frente. Qual é a sua visão? 2. Bruxaria Religião e Filosofia A palavra religião vem do latim religio > religionis, e é geralmente associada à palavra latina religatio, religationis > religação. Neste curso falaremos sobre a Bruxaria não como uma religião porque, para ser uma religião, seria preciso afirmar que não possuímos a Natureza dentro de nós e, automaticamente, teríamos que ligar novamente nossos laços com a Mãe Natureza. Mas em que momento nós teríamos perdido esses laços? Será que os perdemos um dia? Estudaremos a Bruxaria como uma filosofia de vida, como uma arte na qual expomos de cara limpa, sem medo e sem preconceito, o nosso amor pela Mãe Natureza, despertando o amor em nós e aprendendo a respeitar as pessoas, a vontade da Natureza e, acima de tudo, a nós mesmos. Não temos hierarquia nem mestres. Somos apenas eternos aprendizes que contemplamos os nossos professores o Senhor Sol, a Senhora Lua, as Senhoritas Estrelas, enfim, todo o Cosmos. Eu, particularmente, admiro todas as formas de expressão da Bruxaria. Afinal, estamos todos em um grande processo de aprendizagem e todos os caminhos levam à redescoberta do ser humano e da magia que existe dentro de cada um. Para ser uma bruxa, não é preciso abandonar suas crenças e seus dogmas religiosos. Basta acreditar no seu próprio poder e na força da Mãe Natureza. As bruxas são mulheres que buscam o equilíbrio natural da Natureza. Talvez por medo, o ser humano nunca buscou viver em harmonia com a Mãe Terra, e até hoje ele só tem provocado a sua destruição.

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Bruxaria é a magia da simplicidade e da dualidade. Como se acredita que tudo é feito de símbolos, então tudo é possível. Se usarmos o laboratório da Natureza e não prejudicarmos ninguém, poderemos obter tudo o que desejarmos. Reflita: A Bruxaria não tem cor. É como uma torneira que, quando é aberta, tanto serve para matar a sede quanto para matar uma criança... Beijos Encantados Tânia Gori

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BRUXARIA NATURAL HISTÓRIA E FILOSOFIA

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1. Nascimento da Bruxaria Segundo a doutora Margareth Murray, as origens da Bruxaria remontam ao período paleolítico, cerca de 2,5 milhões de anos atrás. A importância da mulher e da Natureza era vista através da observação. O ser humano relacionava tudo na Natureza com uma energia espiritual e, assim, estabelecia a magia simpática. 2. Imaginativo Primitivo No início, não se conheciam deuses nem ciências. Tudo era novo, tudo era mágico, e o homem primitivo acreditava na sua união com a Natureza. Existia o ritual para o nascer do Sol, pois se o ritual não fosse realizado, o Sol não nasceria e todos ficariam na escuridão. Acender fogueiras era o ritual para as noites frias. Havia rituais para cada mudança de fase da Lua, pois cada Lua tinha sua energia própria. Os homens primitivos sentiam grande prazer com o carinho dos ventos, mas também temiam as forças naturais, como a voz dos trovões e a fúria dos mares. Todavia, tinham acima de tudo grande respeito um pelo outro e todos pela Natureza. 3. Etimologia da palavra “Bruxa” Várias pesquisas afirmam que a palavra bruxa deriva do verbo brusiare > queimar, usado no latim da Idade Média. Outras pesquisas apontam para a palavra grega brouchos, que designa larva de borboleta, ou seja, o ser disposto a sofrer uma metamorfose dentro e fora de si mesmo. Há também linguistas que sustentam que a palavra bruxa seja um vocábulo pré-romano, de origem controversa, provavelmente do latinismo brouxa ou plusscia > pluscia > bruscia > bruxa. 4. Evolução da Bruxaria No período paleolítico ou Idade da Pedra Lascada, que teve início 2,5 milhões de anos atrás e durou até 13.000 a.C., o homem desconhecia sua participação na procriação e, por isso, a valorização feminina era muito grande porque a mulher “criava a vida”, cuja observação é comprovada através de desenhos rupestres. Ao período paleolítico se seguiu o período mesolítico, que se estendeu de 13.000 a 8.000 a.C.. Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 8


No período neolítico ou Idade da Pedra Polida, que teve início em 8.000 a.C. e durou até 1.500 a.C., o homem se tornou sedentário e passou a observar os animais com mais atenção. Ao verificar que as fêmeas só procriavam com a presença dos machos, concluiu que a mulher também só procriaria com a presença do homem. Então a mulher passou de superior para igual. Com o advento do Judaísmo, que pregava a crença num único Deus, e mais tarde, com o domínio do Império Romano, a mulher deixou de ser igual e passou a ser inferior ao homem. 5. A Bruxaria na Europa Há quatro interpretações sobre as raízes europeias da Bruxaria: 1. As bruxas nunca existiram. A Bruxaria era simplesmente uma invenção das autoridades da Igreja Católica, usada especificamente para ganhar poder e força; 2. A Bruxaria desenvolveu-se a partir de cultos de fertilidade europeus, que enfatizavam uma Deusa como deidade central; 3. A Bruxaria era uma convenção social, em que as pessoas culpavam uma bruxa quando não podiam explicar um acontecimento; 4. A Bruxaria desenvolveu-se gradativamente a partir de uma grande variedade de práticas e costumes, cujas raízes se encontram no paganismo, no misticismo hebreu e no folclore grego. 6. A Bruxaria se torna Ilegal Até 1484, a Igreja Católica não tinha uma definição sobre a Bruxaria e qualquer citação bíblica sobre Bruxaria passou a ser registrada após 1484. Só com a publicação do manual de caça às bruxas O Martelo das Feiticeiras (editora Nova Era) é que surgiu a relação das bruxas com o demônio: Se uma mulher se atreve a curar sem ter estudado, ela é uma bruxa e deve morrer. Ou ainda: Como pode viver um ser que sangra sete dias e não morre, a não ser pelo pacto que tem com o demônio?

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7. Primeiras Leis Em 743, o sínodo de Roma declarou ser crime fazer oferendas a espíritos. Em 829, o sínodo de Paris baixou um decreto proclamando que a Igreja Católica não toleraria encantamentos e idolatria. Entre 1100 e 1300, a imagem da bruxa foi se transformando numa criatura diabólica que desprezava o sagrado, comia crianças e realizava orgias selvagens. 8. A Inquisição A Inquisição era um tribunal eclesiástico, chamado Tribunal do Santo Ofício, criado para combater heresias cometidas por cristãos confessos e muçulmanos vindos do Oriente. A Inquisição foi iniciada em 1184, em Verona, Itália, pelo papa Lúcio III, que se inspirou em textos de Santo Agostinho. A Inquisição fortaleceu-se durante o papado de Inocêncio III (1198-1216) e no Concílio de Latrão (1215). De 1231 a 1234, o papa Gregório IX multiplicou os Tribunais de Inquisição na Europa, que eram presididos por inquisidores permanentes. 9. Os Inquisidores Todo inquisidor devia ser doutor em Teologia e em Direito Canônico e Civil e ter, no mínimo, 40 anos de idade para ser nomeado. A autoridade do inquisidor era dada pelo papa através de uma bula, que às vezes delegava seu poder de nomear inquisidores a um cardeal representante, aos superiores ou aos padres provincianos dos dominicanos Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 10


e aos frades franciscanos. Foram os papas Inocêncio IV e Alexandre IV que delegaram poder aos superiores e aos padres provincianos de suas respectivas Ordens Licet ex Omnibu e Olim Praesentiens. O inquisidor não podia nomear um escrivão, pois era assistido pelo escrivão público das dioceses. Somente em 1561 os papas puderam nomear os escrivães. 10. Quem era Herético? •

Quem era excomungado pela Igreja Católica

Quem se opunha à Igreja e contestava a autoridade que ela recebia de Deus

Quem cometia erros na interpretação das Sagradas Escrituras

Quem criava uma nova seita ou aderia a uma seita já existente

Quem não aceitava a doutrina romana sobre os sacramentos

Quem tinha opinião diferente da opinião da Igreja Católica sobre um ou vários artigos de fé

Quem duvidava da fé cristã 11. As Torturas

A Inquisição usava a tortura como método de obter as confissões. Às vezes chegava ao extremo, levando o torturado à morte. Segundo o grande historiador norte-americano Henry Thomas, poderia ser escrito um livro, embora nada agradável, sobre as torturas empregadas pela Inquisição. Eis alguns exemplos de tortura: •

O prisioneiro, com as mãos amarradas para trás, era levantado por uma corda que passava por uma roldana, e guindado até o alto do patíbulo ou teto da câmara de tortura. Em seguida, deixavam-no cair e travavam o aparelho quando seu corpo chegava próximo ao chão. Isso se repetia várias vezes. Os cruéis carrascos também amarravam pesos nos pés da vítima a fim de aumentar o choque da queda.

Havia a tortura pelo fogo. Os pés da vítima eram colocados sobre carvões em brasa, e sobre as brasas era espalhada uma camada de graxa para que estalasse ao contato com o fogo. Enquanto o fogo martirizava o supliciado, os inquisidores ali presentes incitavam-no “piedosamente” a aceitar os Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 11


ensinamentos da Igreja, em cujo nome o condenado estava sendo tratado “tão delicada e misericordiosamente”. •

Para que houvesse um contraste com a tortura pelo fogo, praticavam também a tortura pela água. Amarravam as mãos e os pés do prisioneiro com uma corda trancada, que lhe penetrava as carnes e os tendões, e abriam a boca da vítima à força, despejando água dentro dela, até que chegasse à confissão ou à sufocação.

Toda imaginação bárbara do espírito de Dante quando descreveu o inferno foi incorporada às máquinas reais que cauterizavam as carnes, esticavam e dilaceravam os corpos e quebravam os ossos de todos os que se recusavam a crer na “branda misericórdia” dos inquisidores.

De acordo com a lei, a tortura só podia ser infligida uma única vez, mas esse regulamento era burlado. Quando queriam repetir a tortura, mesmo depois de alguns dias, infringiam a lei, não alegando que fosse uma repetição, mas simplesmente a continuação da tortura anterior. Esse jogo de palavras dava margem à crueldade e ao zelo desenfreado dos inquisidores. 12. As Taxas do Ato de Fé

Na Europa era costume cobrar uma taxa do acusado ou de seus familiares para cada ato bárbaro cometido contra o próprio, desde sua prisão até sua execução. As taxas eram estipuladas em reichsthalers, moeda vigente no Império Germânico: •

Para ser aterrorizado com a exibição dos instrumentos de tortura > 1

Para ser açoitado na cadeira > 1

Para ter os dedos ou as mãos cortados > 3

Para ser morto na roda > 4

Para ser queimado vivo > 4

Para ser estrangulado e queimado > 4

Para ter a língua decepada > 5

Para ser decapitado e queimado > 5

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13. A Inquisição no Brasil No Brasil nunca existiu um tribunal do Santo Ofício ou da Inquisição, pois o país achava-se sob a competência do Tribunal de Lisboa, Portugal. Durante o século XVI, a Inquisição agiu discretamente. São conhecidos três processos e uma visita do Santo Ofício, sem graves consequências. Misturavam-se às vezes fatos reais de índole religiosa ou político-social com faltas graves, aparentes ou supostas, ou tendências perniciosas no campo religioso ou social. A Inquisição no Brasil foi extinta em 1774 e o Santo Ofício foi oficialmente transformado em tribunal régio, sem autonomia ou totalmente dependente da Coroa portuguesa. Dados históricos, publicados na revista Veja de 13.10.1999, mostram que, entre 1749 e 1771, nove mulheres e quatro homens foram acusados de feitiçaria na cidade de São Paulo e encaminhados para a Santa Inquisição de Portugal. Segundo pesquisas realizadas pelo pastor doutor Aníbal Pereira dos Reis, existem arquivos de condenações em solo brasileiro de 721 mulheres e 1098 homens. 14. A Loucura Tomando Conta Foi estimado que, entre 1450 e 1800, vinte mil pessoas foram queimadas vivas em todo o mundo, por onde a Santa Inquisição passasse. A definição de Bruxaria era vaga e a condenação podia incluir qualquer fato, como marido farto da esposa, briga entre vizinhos ou até pessoas deficientes, pois tudo girava em torno da informação de quem provasse que uma pessoa era bruxa ou não. Além disso, a Igreja também reprimia o sexo, obrigando o homem medieval a ter, a cada ano, 160 dias de relações sexuais com a esposa, estimulando, assim, o sadismo e a brutalidade e criando um imenso manicômio. 15. A Bruxaria e a Bíblia Na Bíblia, a distorção mais comum referente às bruxas está em Êxodo, capítulo 22, versículo 17: “A feiticeira não deixarás viver”. Essa passagem foi traduzida inúmeras vezes. Em versões mais antigas do Livro de Êxodo o significado era: “Que a feiticeira não deixarás viver”. Esse versículo em particular referese à feiticeira como envenenadora e assassina. O significado original era: “A Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 13


assassina não deixarás viver”, cuja palavra provavelmente foi confundida com “feiticeira”, causando um mal-entendido até hoje. O antigo povo hebreu não marginalizava a prática da magia. 16. Bruxas Escondidas É evidente que, com esse retrato da sociedade medieval, as bruxas gradualmente deixaram de ser aldeãs e foram banidas da sociedade. Elas começaram então a praticar sua arte silenciosamente e com muito cuidado, pois a última lei contra a Bruxaria só foi abolida em 1951 na antiga União Soviética (URSS). A partir daí, a comunidade intelectual começou a considerar a Bruxaria sob uma nova luz. 17. Renascimento da Bruxaria A Bruxaria renasceu no século XX com um resgate romântico e um profundo amor à Natureza. Pessoas conhecidas, como Sir Walter Scott, afirmavam que a Bruxaria era real e que devia suas origens a tradições populares pré-cristãs. Nessa ocasião, Aleister Crowley e Gerald Gardner vieram à frente e a antiga imagem da bruxaria diabólica foi posta de lado. 18. Wicca e Bruxaria A Wicca surgiu em 1954 através de Gerald Gardner, que resgatou uma filosofia religiosa específica. Como qualquer movimento religioso, ela incorpora muitas escolas e se divide em vários seguimentos. A Bruxaria implica uma metodologia, principalmente no que se refere ao uso da magia. A maioria das bruxas aprendeu sua arte como parte de uma tradição familiar. Elas aprenderam um ofício. É impossível que uma bruxa seja satanista porque o satanismo é baseado na mitologia cristã e tem seu foco num ser chamado Satã. A Bruxaria e, em particular, a Wicca, são baseadas na história dos costumes celtas e nas práticas anglo-saxônicas, onde o demônio não tinha lugar porque os pagãos antigos não reconheciam a existência de uma fonte de mal maior. Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 14


20. Cronologia das Influências Recebidas Dentro da Bruxaria Anos antes de Cristo 2.500.000: Período paleolítico 13.000 a 8.000: Período mesolítico 8000 a 1500: Período neolítico 3600: A “civilização” tem início na Suméria 3500: Início do antigo Império Egípcio 2630 a 1530: Os egípcios constroem as pirâmides 1500: Data aproximada da construção de Stonehenge, monumento megalítico 1200: Surge a cultura celta nos territórios que hoje são a França e a Alemanha 500: Os celtas migram para a Grã-Bretanha 390: Os celtas invadem e saqueiam Roma 200: Primeiros conflitos entre romanos e teutônicos 27: Fundação do Império Romano Do ano 04 antes de Cristo ao ano 29 depois de Cristo: Tempo provável da vida de Jesus Anos depois de Cristo 313: O Édito de Milão torna o cristianismo a religião oficial do Império Romano 447: O Conselho de Toledo define o demônio como a incorporação do mal 476: Queda do Império Romano 500: Os romanos deixam as ilhas Britânicas 800: Fundação do Sagrado Império Romano 1231: Início da Inquisição medieval 1313: Suposto nascimento de Aradia, filha de Diana 1400: Início do período das fogueiras 1478: Início da Inquisição espanhola 1486: Publicação do manual O Martelo das Feiticeiras 1492: A Espanha força os judeus a se converterem ao cristianismo Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 15


1502: Ato contra a Bruxaria, do papa Alexandre IV 1542: Ato contra a Bruxaria, do rei Henrique VIII 1563: Ato contra a Bruxaria, da rainha Elizabeth I 1645: Matthew Hopkins se proclama o General Caçador de Bruxas 1692: Início dos julgamentos contra a Bruxaria em Salém, Massachusetts, EUA 1693: Fim dos julgamentos de Salém, Massachusetts, EUA 1735: O Ato de Bruxaria, do rei George 1834: Supressão da Inquisição espanhola 1875: Fundação da Sociedade Teosófica, por Helena Petrovna Blavatsky 1888: Fundação da Golden Dawn (Aurora Dourada) 1898: Aleister Crowley se agrega à Golden Dawn 1899: Publicação de Aradia: O Evangelho das Bruxas, de Charles Godfrey Leland 1921: Publicação de O Culto das Bruxas na Europa Ocidental, da Dra. Margareth Murray 1939: Gerald Gardner se inicia na Bruxaria 1951: O Ato de Bruxaria é revogado na Inglaterra e na União Soviética 1953: Gerald Gardner forma seu coven 1954: Publicação de A Bruxaria Hoje, de Gerald Gardner 1966: Descobertas arqueológicas orientadas para as deusas do período neolítico 1972: O fisco federal americano reconhece a Bruxaria como uma religião e concede status com isenção de impostos para a Igreja e para a escola Wicca 1998: Na Romênia, o deputado Madalin Volceu leva à Câmara Legislativa um projeto de lei que regulamenta uma escola para quem pretenda ser bruxa, propondo que ela se torne uma profissional liberal de aconselhamento e reequilibradora energética 1998: O papa João Paulo II reconhece que terríveis excessos tinham sido cometidos pelo Santo Ofício e autoriza o Vaticano a abrir seus arquivos secretos sobre a Inquisição

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21. Galhos de Uma Mesma Raiz A Bruxaria é um caminho pessoal, livre de dogmas, que dá liberdade a quem deseje se aprofundar nos mistérios do Universo e encontrar suas próprias respostas. A experiência de cada um é a verdade pessoal da sua essência. Cada galho contém um foco diferente e nenhum deles é totalmente certo ou errado. Todos têm seus méritos e deméritos: Alexandrina: Tradição fundada por Alex Sanders, bastante semelhante à garderiana. Sanders afirmava ter sua própria divisão da Bruxaria pelo fato de ter sido iniciado pela sua avó. Seu conhecimento anterior sobre magia cerimonial acrescentou pontos na evolução da Bruxaria. Na sua tradição, Sanders era chamado de rei das bruxas. Asatrus: Seguidores dos Aesir, raça governante dos deuses da mitologia nórdica. Os asatrus quase sempre se voltam para a magia rúnica. Brujeria: Tradição da América Central que não tem nenhuma ligação com a Wicca. Trabalham com a magia natural, com as ervas e os encantos, e curam por meio de remédios mágicos e populares. Cabot: A bruxa Laurie Cabot estabeleceu duas tradições entrelaçadas em uma. A primeira é a Bruxaria como ciência e a segunda é uma tradição prégarderiana, baseada na herança céltica e no seu próprio treinamento original, na sua memória genética e na sua inspiração. Celta: Bruxaria praticada através de rituais, mitos e deuses célticos e druídicos. Cerimonial: Tradição que une rituais cabalísticos, herméticos, maçônicos, alquímicos e outras facções. Diânica: Ramificação da Wicca feminista que honra Diana, deusa da Lua e da caça na mitologia romana, conhecida como Ártemis na mitologia grega. Os Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 17


covens são formados exclusivamente por mulheres. Druidismo: Movimento pagão fundamentado nos ensinamentos dos druidas. Eclética: São grupos de pessoas que não seguem nenhuma tradição específica, mas sentem-se livres para tomar emprestados aspectos de muitas tradições e culturas. Egípcia: Bruxaria que resgata os mitos egípcios. Fadas Radicais: Moderna tradição de gays sem estrutura rígida, porque utilizam apenas a alegria e o divertimento para desenvolver a espiritualidade. Faery (mundo encantado das fadas): Tradição fundada por Victor Anderson, cujos rituais honram o mundo das fadas. Garderiana: Dentro da linha religiosa da Bruxaria, é considerada a mais tradicional, cujo material foi extraído da própria experiência de Gerald Gardner. Essa tradição se espalhou nos Estados Unidos, Austrália e Europa, inclusive Grã-Bretanha. Greco-romana: Bruxaria que trabalha exclusivamente com as deidades das mitologias grega e romana. Magia do Caos: Fundada por Peter J. Carroll e inspirada por Aleister Crowley, ela incorpora a atitude de que tudo é válido porque acredita poder usar tudo para tudo, sem se apegar ao sistema. Nova Era: Não é necessariamente uma tradição de magia, mas traz a habilidade de toda bruxa, que é viver em harmonia e cujo lema é viva e deixe-me viver. Santeria: Tradição religiosa da África cujo culto é honrar os Orixás. Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 18


Seax Wicca: Tradição criada por Raymond Buckland, mais aberta e democrática na prática do que a alexandrina e a garderiana. Solitária: São bruxas geralmente ecléticas, que não pertencem a nenhuma tradição e aprendem a Bruxaria por conta própria. Stregheria: Bruxaria italiana, cuja tradição resgata o conhecimento de Charles Godfrey Leland. Tradição Familiar: São os que receberam conhecimentos através de pessoas da própria família. Verde: Ampla categoria de herboristas e bruxas de cozinha ou de magia natural. Wicca Cristã: Embora muitos wiccans não aceitem esta tradição, ela está se tornando cada vez mais prevalecente, principalmente na Europa. Xamanismo Wiccan: Criação de Selena Fox, que combina a Wicca com técnicas do xamanismo. 22. Os Celtas O povo celta pertencia a um ramo indo-europeu que, por volta de 3000 a.C., saiu de sua terra natal, no oeste do Mar Negro. Os celtas eram conhecidos pela justiça de suas leis que, entre outras coisas, garantiam direitos às mulheres. Na cultura celta havia três níveis de reconhecimento: O rei era um descendente de um herói ou líder guerreiro, reconhecido por sua capacidade bélica em batalhas; os guerreiros eram reconhecidos por sua habilidade de proteger e defender o clã; os fazendeiros, pastores e produtores eram pessoas comuns, mas necessárias para o sustento da vida diária. Separados do clã, mas constituindo parte dele, havia os sacerdotes druidas. O sacerdócio era dividido em três classes: Derwydd era o conselheiro-chefe; Ovydd era a classe dos profetas e adivinhos; Bardd era a classe dos poetas e mantenedores da Tradição. Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 19


A cosmogonia céltica e o sistema espiritual druidas influenciaram diretamente a Bruxaria em sua crença fundamental na Lei dos Três (ordem lógica da Tríade), que era a associação dos humanos com a Natureza, combinados com o Divino. Devido à sua associação com a terra e os animais, os celtas eram mais cônscios da existência das energias sutis e do poder potencial dos fenômenos naturais.

Reflexão Devemos nos lembrar que, nos séculos passados, aqueles que queimavam bruxas e heréticos estavam repetindo exatamente o pecado que matou Jesus Cristo. A história cristã seria muito diferente se os cristãos se recordassem de que foi a motivação humana que os levou a matar o homem a quem consideravam o seu salvador.

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Texto auxiliar e complementar

A HISTÓRIA DA BRUXARIA

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Ao contrário do que se pensa, o cristianismo não foi imediatamente adotado pelo povo europeu ao ser declarado religião oficial do Império Romano. Esta conversão dos Romanos ao catolicismo teve motivos políticos, e não teve grande penetração fora dos centros urbanos. A grande massa da população permaneceu fiel a seus deuses antigos. Os cultos antigos, então, receberam a denominação pejorativa de “pagãos” (“pagani”, plural de paganu, ‘ morador do campo’), por ter como foco de resistência à nova religião o povo dos campos, longe das cidades e das zonas de comércio e ensino. Os missionários cristãos, com o tempo, passaram a ter mais aceitação nas cidades, mas continuavam sendo repelidos no campo, nas montanhas e nas regiões distantes, verdadeiros enclaves da Antiga Religião. Houve ainda uma tentativa de reativar o paganismo e o culto aos Deuses antigos como religião oficial do Império Romano. Esta última esperança deveu-se ao Imperador Juliano (conhecido como “O Apóstata”), que reinou no século IV EC. Mas, como sabemos, essa tentativa não foi frutífera, derrubada pela própria conjuntura da época, onde já se pressentia o poder de manipulação, domínio e intriga do cristianismo, evidenciado nos séculos seguintes. Um dos ardis utilizados pelos cristãos era o de apropriar-se de festividades pagãs como comemorações religiosas de sua própria religião. Assim, por exemplo, o festival do solstício de inverno, onde se comemorava o nascimento do Deus-Sol, transformou-se no Natal cristão. Também o festival de Samhain, comemorado em intenção dos mortos, recebeu o nome de Dia de Todos os Santos, logo seguido pelo dia de Finados. A despeito destas tentativas, as tradições pagãs continuaram mantendo sua força. A partir de um decreto do papa Gregório, os cristãos também se apossaram dos locais sagrados da Antiga Religião e, derrubando os templos ali existentes, erigiram suas igrejas. Os Deuses de cada santuário foram transformados em santos e santas (um exemplo é Santa Brígida, da Irlanda, na verdade a Deusa Bhríd, protetora do fogo e dos partos). Quando os cristãos deram-se conta da importância da Deusa-Mãe para as pessoas, aumentaram a proeminência da Virgem Maria no culto cristão. Mitos e práticas pagãs foram, sistematicamente, absorvidas, distorcidas e transformadas em ritos cristãos. Esculturas de temas pagãos foram incluídos em igrejas e capelas . O maior exemplo de sincretismo Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 22


entre costumes pagãos e cristãos é o cristianismo irlandês, que ainda hoje conserva hábitos célticos mesclados a liturgias cristãs. Os padres tinham a seu favor o tempo, o poder e a força. Os pagãos tinham que lutar sozinhos contra a profanação de seus templos, crenças e costumes. Desta maneira, o povo simples dos campos foi acostumando-se à nova religião, e, gradualmente, foi sendo convertido. Mas os sacerdotes restantes da Antiga Religião não se renderam à nova ordem. Juntamente com pessoas ainda fiéis às antigas crenças, mantiveram o culto ao Deus de Chifres e à Deusa Mãe. As crenças pagãs, enfatizando a adoração aos Deuses e a realização dos festivais de fertilidade, foram amalgamando-se à magia popular, criando a Bruxaria Européia. A magia popular consistia em um conjunto de feitiços feitos com o uso de ervas, bonecos e diversos outros meios. Estes feitiços tinham como objetivo a cura, a boa sorte, atrair amores, e fins menos nobres,como a morte de algum inimigo. São práticas desenvolvidas a partir do que restara da magia simpática pré-histórica, unidas ao conhecimento xamânico dos povos bárbaros. Os teólogos cristãos passaram então a sustentar que a Bruxaria não existia. Assim, pretendiam terminar com a credibilidade dos bruxos e anular sua influência. Foi um período de relativa paz para a Arte. Mas logo os cristãos perceberam que seus esforços para exterminar completamente o paganismo não haviam dado resultado. Fizeram então mais uma tentativa: transformaram o Deus de Chifres na personificação do Mal, do Antideus, do Inimigo. A natureza dos Deuses pagãos é completamente diferente da do todo-poderoso “senhor de bondade” dos cristãos. Nossos Deuses são quase “humanos”, pois têm características tanto ‘boas’ quanto ‘más’. A teologia cristã já pressupunha a existência de um antagonista a seu Jeová (o ‘Satan’ hebraico do Antigo Testamento e o ‘diabolos’ do Novo): um Inimigo. Ele ainda não possuía forma definida e, quando era representado, o era em forma de serpente, como a que persuadiu Adão a comer a fruta da Árvore da Sabedoria. Dando a seu Satã a forma do Deus de Chifres (notadamente de deuses agropastoris como Pã e Sileno, dotados de cascos de bode e pequenos cornos), os cristãos conseguiram iniciar um clima de terror e medo em relação aos praticantes da Antiga Religião, o que os forçou a praticarem seus ritos em segredo. Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 23


Mas a era mais triste da Arte ainda estava por vir. A Era das Fogueiras A situação da Igreja até o século XIII era caótica. Facções adversárias lutavam entre si, cada uma degladiando-se em favor de um dogma. Nos numerosos concílios realizados, ora uma das facções impunham sua visão, ora outra. Isso favorecia um desmoralizante ‘entra-e-sai’ de dogmas, o que desacreditava a Igreja. Algumas destas facções também criticavam a corrupção e o jogo de poder dentro da classe sacerdotal, e levantavam dúvidas sobre o poder espiritual do papado. Foi então criado um instrumento de repressão: o Tribunal de Santa Inquisição. Consistia em um corpo investigatório ignorante, brutal e preconceituoso, dirigido pela ordem dos Dominicanos. Sua função primordial era a de acabar com as facções que se opunham à Igreja (denominadas ‘heréticas’), através do extermínio sistemático de seus membros. Exemplos destas facções ‘heréticas’ eram os cátaros, os gnósticos e os templários. Com o tempo, os cristãos perceberam outro uso para seu Tribunal. Ainda persistiam cultos aos Deuses Antigos, e, graças à transformação do Deus de Chifres no Demônio Cristãos, eram acusados de delitos absurdos, como o canibalismo, a destruição de lavouras (acusar de tal crime uma Religião dedicada à manutenção da fertilidade das colheitas é, no mínimo, ridículo) e muitos outros. Foi então proclamada, em 1484, a Bula contra os Bruxos, pelo Papa Inocêncio VIII. Neste documento, ele relacionava os crimes atribuídos aos bruxos e dava plenos poderes à Inquisição para prender, torturar e punir todos aqueles que fossem suspeitos do ‘crime de feitiçaria’. Em 1486 foi publicado o Malleus Malleficarum (‘Martelo dos Feiticeiros’), escrito pelos dominicanos Kramer e Sprenger. O livro, absurdo e misógino, era um manual de reconhecimento e caça aos bruxos, e, principalmente, às bruxas (o livro trazia afirmações surpreendentes, como : “quando uma mulher pensa sozinha, pensa em malefícios”). A partir daí, a Igreja abandonou completamente a postura de ignorar a Bruxaria: pelo contrário, não acreditar na sua existência era considerada a maior das heresias. Iniciou-se então um período de duzentos anos de terror, conhecido entre os bruxos como “Era das Fogueiras”. Mas os bruxos (e também os hereges e inocentes: doentes mentais, homossexuais, pessoas invejadas por poderosos, mulheres velhas e/ou solitárias) não pereciam só em fogueiras: eram também enforcados e esmagados sob pedras. Isso quando não pereciam nas torturas, as quais são tão cruéis e sádicas que não merecem nem ser mencionadas. A Inquisição tornou-se uma válvula de escape para as neuroses da época: em época de forte Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 24


repressão sexual, condenavam-se mulheres jovens, que eram despidas em frente a um grupo de ‘investigadores’, tinham todo seu corpo revistado diversas vezes, à procura de uma suposta ‘marca do diabo’, e, por fim, eram açoitadas, marcadas a ferro e violentadas. Terminavam condenadas e executadas como bruxas. Seu crime: serem mulheres jovens, belas e invejadas. Anciãs que moravam sozinhas, geralmente em companhia de alguns animais, como gatos (daí a lenda da ligação dos gatos com as bruxas), eram alvo de desconfiança e logo declaradas ‘feiticeiras’, e, assim, assassinadas. A maioria das vítimas dos tribunais de Inquisição não eram verdadeiros praticantes da Arte, mas muitos bruxos pereceram na mão dos cristãos. Aproximadamente nove milhões de crimes como este foram cometidos durante a Inquisição, ironicamente em nome de uma religião que se dizia ‘de amor’. Nunca uma religião demonstrou tanta necessidade de exterminar seus antagonistas como o cristianismo. A perseguição aos bruxos não resumiu-se apenas ao países católicos: espalhou-se pela Europa protestante. Os protestantes não se guiavam pelo Malleus Malleficarum, mas davam razão à sua paranóia através do uso de uma citação do Antigo Testamento: “não deixarás que nenhum bruxo viva”. Na Era das Fogueiras, os praticantes da Antiga Religião adotaram o único comportamento que lhes possibilitaria a sobrevivência: “foram para o subterrâneo”, ou seja, mantiveram o máximo de discrição e segredo possível. A sabedoria pagã só era passada por tradição oral, e somente entre membros da mesma família ou vizinhos da mesma aldeia. Como técnica de proteção, os próprios bruxos ajudaram a desacreditar sua imagem, sustentando que a Bruxaria não passava de lenda, ou disseminando idéias de bruxos como figuras cômicas e caricatas, dignas de pena e riso. Por volta do final do século XVII, a perseguição aos bruxos foi diminuindo gradativamente, estando virtualmente extinta no século XVIII. A Bruxaria parecia, finalmente, ter morrido. Mas os grupos de bruxos (“covens”) resistiam, escondidos nas sombras. Algo que surgiu nos primórdios da humanidade não morreria assim tão facilmente. Daniel Pellizzari

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O MARTELO DAS FEITICEIRAS Malleus Maleficarum Escrito em 1484 pelos inquisidores Heinrich Kramer e James Sprenger

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Breve Introdução Histórica ROSE MARIE MURARO Para compreendermos a importância do Malleus é preciso ter­mos uma visão ao menos mínima da história da mulher no interior da história humana em geral. Segundo a maioria dos antropólogos, o ser humano habita este planeta há mais de dois milhões de anos. Mais de três quartos deste tempo a nossa espécie passou nas culturas de coleta e caça aos peque­nos animais. Nessas sociedades não havia necessidade de força física para a sobrevivência, e nelas as mulheres possuíam um lugar central. Em nosso tempo ainda existem remanescentes dessas culturas, tais como os grupos mahoris (Indonésia), pigmeus e bosquímanos (África Central). Estes são os grupos mais primitivos que existem e ainda sobrevivem da coleta dos frutos da terra e da pequena caça ou pesca. Nesses grupos, a mulher ainda é considerada um ser sagrado, porque pode dar a vida e, portanto, ajudar a fertilidade da terra e dos animais. Nesses grupos, o princípio masculino e o feminino governam o mundo juntos. Havia divisão de trabalho entre os sexos, mas não ha­via desigualdade. A vida corria mansa e paradisíaca. Nas sociedades de caça aos grandes animais, que sucedem a essas mais primitivas, em que a força física é essencial, é que se inicia a supremacia masculina. Mas nem nas sociedades de coleta nem nas de caça se conhecia função masculina na procriação. Também nas sociedades de caça a mulher era considerada um ser sagrado, que possuía o privilégio dado pelos deuses de reproduzir a espécie. Os homens se sentiam marginalizados nesse processo e invejavam as mulheres. Essa primitiva inveja do útero” dos homens é a antepassada da moderna “inveja do pênis” que sentem as mulheres nas culturas patriarcais mais recentes. A inveja do útero dava origem a dois ritos universalmente encontrados nas sociedades de caça pelos antropólogos e observados em partes opostas do mundo, como Brasil e Oceania. O primeiro é o fenômeno da couvade, em que a mulher começa a trabalhar dois dias depois de parir e o homem fica de Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 27


resguardo com o recém-nascido, recebendo visitas e presentes... O segundo é a iniciação dos homens. Na adolescência, a mulher tem sinais exteriores que marcam o limiar da sua entrada no mundo adulto. A menstruação a torna apta à maternidade e representa um novo patamar em sua vida. Mas os adolescentes homens não possuem esse sinal tão óbvio. Por isso, na puberdade eles são arrancados pelos homens às suas mães, para serem iniciados na “casa dos homens”. Em quase todas essas iniciações, o ritual é semelhante: é a imitação cerimonial do parto com objetos de madeira e instrumentos musicais. E nenhuma mulher ou criança pode se aproximar da casa dos homens, sob pena de morte. Desse dia em diante o homem pode “parir” ritualmente e, portanto, tomar seu lugar na cadeia das gerações... Ao contrário da mulher, que possuía o “poder biológico”, o homem foi desenvolvendo o “poder cultural” à medida que a tecnologia foi avançando. Enquanto as sociedades eram de coleta, as mulheres mantinham uma espécie de poder, mas diferente das culturas patriarcais. Essas culturas primitivas tinham de ser cooperativas, para poder sobreviver em condições hostis, e portanto não havia coerção ou centralização, mas rodízio de lideranças, e as relações entre homens e mulheres eram mais fluidas do que viriam a ser nas futuras sociedades patriarcais. Nos grupos matricêntricos, as formas de associação entre homens e mulheres não incluíam nem a transmissão do poder nem a da heran­ça, por isso a liberdade em termos sexuais era maior. Por outro lado, quase não existia guerra, pois não havia pressão populacional pela conquista de novos territórios. E só nas regiões em que a coleta é escassa, ou onde vão se esgotando os recursos naturais vegetais e os pequenos animais, que se inicia a caça sistemática aos grandes animais. E aí começam a se instalar a supremacia masculina e a competitividade entre os grupos na busca de novos territórios. Agora, para sobreviver, as sociedades têm de competir entre si por um alimento escasso. As guerras se tornam constantes e passam a ser mitificadas. Os homens mais valorizados são os heróis guerreiros. Começa a se romper a harmonia que ligava a espécie humana à natureza. Mas ainda não se instala Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 28


definitivamente a lei do mais forte. O homem ainda não conhece com precisão a sua função reprodutora e crê que a mulher fica grávida dos deuses. Por isso ela ainda conserva poder de decisão. Nas culturas que vivem da caça, já existe estratificação social e sexual, mas não é completa como nas sociedades que se lhes seguem. E no decorrer do neolítico que, em algum momento, o homem começa a dominar a sua função biológica reprodutora, e, podendo controlá-la, pode também controlar a sexualidade feminina. Aparece então o casamento como o conhecemos hoje, em que a mulher é propriedade do homem e a herança se transmite através da descendência masculina. Já acontece assim, por exemplo, nas sociedades pastoris descritas na Bíblia. Nessa época, o homem já tinha aprendido a fundir metais. Essa descoberta acontece por volta de 10000 ou 8000 a.C. E, à medida que essa tecnologia se aperfeiçoa, começam a ser fabricadas não só armas mais sofisticadas como também instrumentos que permitem cultivar melhor a terra (o arado, por ex.). Hoje há consenso entre os antropólogos de que os primeiros hu­manos a descobrir os ciclos da natureza foram as mulheres, porque podiam comparálos com o ciclo do próprio corpo. Mulheres também devem ter sido as primeiras plantadoras e as primeiras ceramistas, mas foram os homens que, a partir da invenção do arado, sistematizaram as atividades agrícolas, iniciando uma nova era, a era agrária, e com ela a história em que vivemos hoje. Para poder arar a terra, os grupamentos humanos deixam de ser nômades. São obrigados a se tornar sedentários. Dividem a terra e for­mam as primeiras plantações. Começam a se estabelecer as primeiras aldeias, depois as cidades, as cidades-estado, os primeiros Estados e os impérios, no sentido antigo do termo. As sociedades, então, se tor­nam patriarcais, isto é, os portadores dos valores e da sua transmissão são os homens. Já não são mais os princípios feminino e masculino que governam juntos o mundo, mas, sim, a lei do mais forte. A comi­da era primeiro para o dono da terra, sua família, seus escravos e seus soldados. Até ser escravo era privilégio. Só os párias nômades, os semterra, é que pereciam no primeiro inverno ou na primeira escassez. Nesse contexto, quanto mais filhos, mais soldados e mais mão-de-obra barata para arar a terra. As mulheres tinham a sua sexualidade rigidamente controlada Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 29


pelos homens. O casamento era monogâmico e a mulher era obrigada a sair virgem das mãos do pai para as mãos do marido. Qualquer ruptura desta norma podia significar a mor­te. Assim também o adultério: um filho de outro homem viria ameaçar a transmissão da herança que se fazia através da descendência da mulher. A mulher fica, então, reduzida ao âmbito doméstico. Perde qualquer capacidade de decisão no domínio público, que fica inteira­mente reservado ao homem. A dicotomia entre o privado e o público torna-se, então, a origem da dependência econômica da mulher, e esta dependência, por sua vez, gera, no decorrer das gerações, uma sub­missão psicológica que dura até hoje. E nesse contexto que transcorre todo o período histórico até os dias de hoje. De matricêntrica, a cultura humana passa a patriarcal. E o Verbo Veio Depois “No principio era a Mãe, o Verbo veio depois.” l~ assim que Marilyn French, uma das maiores pensadoras feministas americanas, começa o seu livro Beyond Power (Summit Books, Nova York, 1985). E não é sem razão, pois podemos retraçar os caminhos da espécie atra­vés da sucessão dos seus mitos. Um mitólogo americano, em seu livro The Masks of God: Occidental Mythology (Nova York, 1970), citado por French, divide em quatro grupos todos os mitos conhecidos da criação. E, surpreendentemente, esses grupos correspondem às etapas cronológicas da história humana. Na primeira etapa, o mundo é criado por uma deusa mãe sem au­xílio de ninguém. Na segunda, ele é criado por um deus andrógino ou um casal criador. Na terceira, um deus macho ou toma o poder da deusa ou cria o mundo sobre o corpo da deusa primordial. Finalmente, na quarta etapa, um deus macho cria o mundo sozinho.

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Essas quatro etapas que se sucedem também cronologicamente são testemunhas eternas da transição da etapa matricêntrica da humanidade para sua fase patriarcal, e é esta sucessão que dá veracidade à frase já citada de Marilyn French. Alguns exemplos nos farão entender as diversas etapas e a frase de French. O primeiro e mais importante exemplo da primeira etapa em que a Grande Mãe cria o universo sozinha é o próprio mito grego. Nele a criadora primária é Géia, a Mãe Terra. Dela nascem todos as protodeuses: Urano, osTitãs e as protodeusas, entre as quais Réia, que virá a ser a mãe do futuro dominador do Olimpo, Zeus. Há também o caso do mito Nagô, que vem dar origem ao candomblé. Neste mito africano, é Nanã Buruquê que dá à luz todos os orixás, sem auxílio de ninguém. Exemplos do segundo caso são o deus andrógino que gera todos os deuses, no hinduísmo, e o yin e o yang, o principio feminino e o masculino que governam juntos na mitologia chinesa. Exemplos do terceiro caso são as mitologias nas quais reinam em primeiro lugar deusas mulheres, que são, depois, destronadas por deuses masculinos. Entre essas mitologias está a sumeriana, em que primitivamente a deusa Siduri reinava num jardim de delícias e cujo poder foi usurpado por um deus solar. Mais tarde, na epopéia de Gilgamesh, ela é descrita como simples serva. Ainda, os mitos primitivos dos astecas falam de um mundo perdido, de um jardim paradisíaco governado por Xoxiquetzl, a Mãe Terra. Dela nasceram os Huitzuhuahua, que são os Titâs e os Quatrocentos Habitantes do Sul (as estrelas). Mais tarde, seus filhos se revoltam contra ela e ela dá à luz o deus que iria governar a todos, Huitzilopochtli. A partir do segundo milênio a.C., contudo, raramente se registram mitos em que a divindade primária seja mulher. Em muitos deles, estas são substituídas por um deus macho que cria o mundo a partir de si mesmo, tais como os mitos persa, meda e, principalmente e acima de todos, o nosso mito cristão, que é o que será enfocado aqui. Javé é deus único todo-poderoso, onipresente, e controla todos os seres humanos em todos os momentos da sua vida. Cria sozinho o mundo em sete

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dias e, no final, cria o homem. E só depois cria a mulher, assim mesmo a partir do homem. E coloca ambos no Jardim das Delícias onde o alimento é abundante e colhido sem trabalho. Mas, graças à sedução da mulher, o homem cede à tentação da serpente e o casal é expulso do paraíso. Antes de prosseguir, procuremos analisar o que já se tem até aqui em relação à mulher. Em primeiro lugar, ao contrário das culturas primitivas, Javé é deus único, centralizador, dita rígidas regras de comportamento cuja transgressão é sempre punida. Nas primitivas mitologias, ao contrário, a Grande Mãe é permissiva, amorosa e não­ coercitiva. E como todos os mitos fundantes das grandes culturas tendem a sacralizar os seus principais valores, Javé representa bem a trans­formação do matricentrismo em patriarcado. O Jardim das Delícias é a lembrança arquetípica da antiga harmonia entre o ser humano e a natureza. Nas culturas de coleta não se trabalhava sistematicamente. Por isso os controles eram frouxos e podia se viver mais prazerosamente. Quando o homem começa a dominar a natureza, ele começa a se separar dessa mesma natureza em que até então vivia imerso. Como o trabalho é penoso, necessita agora de poder central que imponha controles mais rígidos e punição para a transgressão. É preciso usar a coerção e a violência para que os homens sejam obrigados a trabalhar, e essa coerção é localizada no corpo, na repressão da sexualidade e do prazer. Por isso o pecado original, a culpa máxima, na Bíblia, é colocado no ato sexual (é assim que, desde milênios, popular­mente se interpreta a transgressão dos primeiros humanos). E por isso que a árvore do conhecimento é também a árvore do bem e do mal. O progresso do conhecimento gera o trabalho e por isso o corpo tem de ser amaldiçoado, porque o trabalho é bom. Mas é interessante notar que o homem só consegue conhecimento do bem e do mal transgredindo a lei do Pai. O sexo (o prazer) doravante é mau e, portanto, proibido. Praticá-lo é transgredir a lei. Ele é, portanto, limitado apenas às funções procriativas, e mesmo assim é uma culpa.

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Daí a divisão entre sexo e afeto, entre corpo e alma, apanágio das civilizações agrárias e fonte de todas as divisões e fragmentações do homem e da mulher, da razão e da emoção, das classes... Tomam ai sentido as punições de Javé. Uma vez adquirido o conhecimento, o homem tem que sofrer, O trabalho o escraviza. E por isso o homem escraviza a mulher. A relação homem-mulher-natureza não é mais de integração e, sim, de dominação. O desejo dominante agora é o do homem. O desejo da mulher será para sempre carência, e é esta paixão que será o seu castigo. Daí em diante, ela será definida por sua sexualidade, e o homem, pelo seu trabalho. Mas o interessante é que os primeiros capítulos do Gênesis podem ser mais bem entendidos à luz das modernas teorias psicológicas, especialmente a psicanálise. Em cada menino nascido no sistema patriarcal repete-se, em nível simbólico, a tragédia primordial. Nos primeiros tempos de sua vida, eles estão imersos no Jardim das Delícias, em que to­dos os seus desejos são satisfeitos. E isto lhes faz buscar o prazer que lhes dá o contato com a mãe, a única mulher a que têm acesso. Mas a lei do pai proíbe ao menino a posse da mãe. E o menino é expulso do mundo do amor, para assumir a sua autonomia e, com ela, a sua maturidade. Principalmente, a sua nudez, a sua fraqueza, os seus limites. E à medida que o homem se cinde do Jardim das Delícias proporcionadas pela mulher-mãe que ele assume a sua condição masculina. E para que possa se tornar homem em termos simbólicos, ele precisa passar pela punição maior que é a ameaça de morte pelo pai. Co­mo Adão, o menino quer matar o pai e este o pune, deixando-o só. Assim, aquilo que se verifica no decorrer dos séculos, isto é, a transição das culturas de coleta para a civilização agrária mais avançada, é relembrado simbolicamente na vida de cada um dos homens do mundo de hoje. Mas duas observações devem ser feitas. A primeira é que o pivô das duas tragédias, a individual e a coletiva, é a mulher; e a segunda, que o conhecimento condenado não é o conhecimento dissociado e abstrato que daí por diante será o conhecimento dominante, mas sim o conhecimento do bem e do mal, que vem Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 33


da experiência concreta do prazer e da sexualidade, o conhecimento totalizante que integra inteligência e emoção, corpo e alma, enfim, aquele conhecimento que é, especificamente na cultura patriarcal, o conhecimento feminino por excelência. Freud dizia que a natureza tinha sido madrasta para a mulher por­que ela não era capaz de simbolizar tão perfeitamente como o homem. De fato, para podermos entender a misoginia que daí por diante caracterizará a cultura patriarcal, é preciso analisar a maneira como as ciências psicológicas mais atuais apontam para uma estrutura psíquica feminina bem diferente da masculina. A mesma idade em que o menino conhece a tragédia da castração imaginária, a menina resolve de outra maneira o conflito que a conduzirá á maturidade. Porque já vem castrada, isto é, porque não tem pênis (o símbolo do poder e do prazer, no patriarcado), quando seu desejo a leva para o pai ela não entra em conflito com a mãe de maneira tão trágica e aguda como o menino entra com o pai por causa da mãe. Porque já vem castrada, não tem nada a perder. E a sua identificação com a mãe se resolve sem grandes traumas. Ela não se desliga inteira­mente das fontes arcaicas do prazer (o corpo da mãe). Por isso, também, não se divide de si mesma como se divide o homem, nem de suas emoções. Para o resto da sua vida, conhecimento e prazer, emoção e inteligência são mais integrados na mulher do que no homem e, por isso, são perigosos e desestabilizadores de um sistema que repousa inteiramente no controle, no poder e, portanto, no conhecimento dissociado da emoção e, por isso mesmo, abstrato. De agora em diante, poder, competitividade, conhecimento, controle, manipulação, abstração e violência vem juntos. O amor, a integração com o meio ambiente e com as próprias emoções são os elementos mais desestabilizadores da ordem vigente. Por isso é preciso precaver-se de todas as maneiras contra a mulher, impedi-la de inter­ferir nos processos decisórios, fazer com que ela introjete uma ideologia que a convença de sua própria inferioridade em relação ao homem.

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E não espanta que na própria Bíblia encontremos o primeiro indício desta desigualdade entre homens e mulheres. Quando Deus cria o homem, Ele o cria só e apenas depois tira a companheira da costela deste. Em outras palavras: o primeiro homem dá à luz (pare) a primei­ra mulher. Esse fenômeno psicológico de deslocamento é um mecanismo de defesa conhecido por todos aqueles que lidam com a psique humana e serve para revelar escondendo. Tirar da costela é menos violento do que tirar do próprio ventre, mas, em outras palavras, aponta para a mesma direção. Agora, parir é ato que não está mais ligado ao sagrado e é, antes, uma vulnerabilidade do que uma força. A mulher se inferioriza pelo próprio fato de parir, que outrora lhe assegurava a grandeza. A grandeza agora pertence ao homem, que trabalha e do­mina a natureza. Já não é mais o homem que inveja a mulher. Agora é a mulher que inveja o homem e é dependente dele. Carente, vulnerável, seu desejo é o centro da sua punição. Ela passa a se ver com os olhos do homem, isto é, sua identidade não está mais nela mesma e sim em outro. O homem é autônomo e a mulher é reflexa. Daqui em diante, como o pobre se vê com os olhos do rico, a mulher se vê pelo homem. Da época em que foi escrito o Gênesis até os nossos dias, isto é, de alguns milênios para cá, essa narrativa básica da nossa cultura patriarcal tem servido ininterruptamente para manter a mulher em seu devido lugar. E, aliás, com muita eficiência. A partir desse texto, a mulher é vista como a tentadora do homem, aquela que perturba a sua relação com a transcendência e também aquela que conflitua as relações entre os homens. Ela é ligada à natureza, à carne, ao sexo e ao prazer, domínios que têm de ser rigorosamente normatizados: a serpente, que nas eras matricêntricas era o símbolo da fertilidade e tida na mais alta estima como símbolo máximo da sabedoria, se transforma no demônio, no tentador, na fonte de todo pecado. E ao demônio é alocado o pecado por excelência, o pecado da carne. Coloca-se no sexo o pecado supremo e, assim, o poder fica imune à crítica. Apenas nos tempos modernos está se tentando deslocar o pecado da sexualidade para o poder. Isto é, até hoje não só o homem como as classes dominantes tiveram seu status sacralizado porque a mulher e a sexualidade foram penalizadas como causa máxima da de­gradação humana.

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O Malleus como Continuação do Gênesis Enquanto se escrevia o Gênesis no Oriente Médio, as grandes culturas patriarcais iam se sucedendo. Na Grécia, o status da mulher foi extremamente degradado. O homossexualismo era prática comum entre os homens e as mulheres ficavam exclusivamente reduzidas às suas funções de mãe, prostituta ou cortesã. Em Roma, embora durante certo período tivessem bastante liberdade sexual, jamais chegaram a ter po­der de decisão no Império. Quando o Cristianismo se torna a religião oficial dos romanos no século IV, tem início a Idade Média. Algo novo acontece. E aqui nos deteremos porque é o período que mais nos interessa. Do terceiro ao décimo séculos, alonga-se um período em que o Cristianismo se sedimenta entre as tribos bárbaras da Europa. Nesse período de conflito de valores, é muito confusa a situação da mulher. Contudo, ela tende a ocupar lugar de destaque no mundo das decisões, porque os homens se ausentavam muito e morriam nos períodos de guerra. Em poucas palavras: as mulheres eram jogadas para o domínio público quando havia escassez de homens e voltavam para o domínio privado quando os homens reassumiam o seu lugar na cultura. Na alta Idade Média, a condição das mulheres floresce. Elas têm acesso às artes, às ciências, à literatura. Uma monja, por exemplo, Hrosvitha de Gandersheim, foi o único poeta da Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 36


Europa durante cinco séculos. Isso acontece durante as cruzadas, período em que não só a Igreja alcança seu maior poder temporal como, também, o mundo se prepara para as grandes transformações que viriam séculos mais tarde, com a Renascença. E é logo depois dessa época, no período que vai do fim do século XIV até meados do século XV III que aconteceu o fenômeno generalizado em toda a Europa: a repressão sistemática do feminino. Estamos nos referindo aos quatro séculos de “caça às bruxas”. Deirdre English e Barbara Ehrenreich, em seu livro Witches, Nurses and Midwives (The Feminist Press, 1973), nos dão estatísticas aterradoras do que foi a queima de mulheres feiticeiras em fogueiras durante esses quatro séculos. “A extensão da caça às bruxas é espantosa. No fim do século XV e no começo do século XVI, houve milhares e milhares de execuções - usualmente eram queimadas vivas na fogueira - na Alemanha, na Itália e em outros países. A partir de meados do século XVI, o terror se espalhou por toda a Europa, começando pela França e pela Inglaterra. Um escritor estimou o número de execuções em seiscentas por ano para certas cidades, uma média de duas por dia, ‘exceto aos domingos’. Novecentas bruxas foram executadas num único ano na área de Wertzberg, e cerca de mil na diocese de Como. Em Toulouse, quatrocentas foram assassinadas num único dia; no arcebispado de Trier, em 1585, duas aldeias foram deixadas apenas com duas mulheres moradoras cada uma. Muitos escritores estimaram que o número total de mulheres executadas subia à casa dos milhões, e as mulheres constituíam 85~Vo de todos os bruxos e bruxas que foram executados.” Outros cálculos levantados por Marilyn French, em seu já citado livro, mostram que o número mínimo de mulheres queimadas vivas é de cem mil. Desde a mais remota antiguidade, as mulheres eram as curadoras populares, as parteiras, enfim, detinham saber próprio, que lhes era transmitido de geração em geração. Em muitas tribos primitivas eram elas as xamãs. Na Idade Média, seu saber se intensifica e aprofunda. As mulheres camponesas pobres não tinham como cuidar da saúde, a não ser com outras mulheres tão camponesas

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e tão pobres quanto elas. Elas (as curadoras) eram as cultivadoras ancestrais das ervas que devolviam a saúde, e eram também as melhores anatomistas do seu tempo. Eram as parteiras que viajavam de casa em casa, de aldeia em aldeia, e as médicas populares para todas as doenças. Mais tarde elas vieram a representar uma ameaça. Em primeiro lugar, ao poder médico, que vinha tomando corpo através das universidades no interior do sistema feudal. Em segundo, porque formavam organizações pontuais (comunidades) que, ao se juntarem, formavam vastas confrarias, as quais trocavam entre si os segredos da cura do corpo e muitas vezes da alma. Mais tarde, ainda, essas mulheres vieram a participar das revoltas camponesas que precederam a centralização dos feudos, os quais, posteriormente, dariam origem às futuras nações. O poder disperso e frouxo do sistema feudal para sobreviver é obrigado, a partir do fim do século XIII, a centralizar, a hierarquizar e a se organizar com métodos políticos e ideológicos mais modernos. A noção de pátria aparece, mesmo nessa época (Klausevitz). A religião católica e, mais tarde, a protestante contribuem de maneira decisiva para essa centralização do poder. E o fizeram através dos tribunais da Inquisição que varreram a Europa de norte a sul, leste e oeste, torturando e assassinando em massa aqueles que eram julga­dos heréticos ou bruxos. Este “expurgo” visava recolocar dentro de regras de comporta­mento dominante as massas camponesas submetidas muitas vezes aos mais ferozes excessos dos seus senhores, expostas à fome, à peste e à guerra e que se rebelavam. E principalmente as mulheres. Era essencial para o sistema capitalista que estava sendo forjado no seio mesmo do feudalismo um controle estrito sobre o corpo e a sexualidade, conforme constata a obra de Michel Foucault, História da Sexualidade. Começa a se construir ali o corpo dócil do futuro trabalhador que vai ser alienado do seu trabalho e não se rebelará. A partir do século XVII, os controles atingem profundidade e obsessividade tais que 05 menores, os mínimos detalhes e gestos são normatizados. Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 38


Todos, homens e mulheres, passam a ser, então, os próprios controladores de si mesmos a partir do mais íntimo de suas mentes. E assim que se instala o puritanismo, do qual se origina, segundo Tawnwy e Max Weber, o capitalismo avançado anglo-saxão. Mas até chegar a esse ponto foi preciso usar de muita violência. Até meados da Idade Média, as regras morais do Cristianismo ainda não tinham penetrado a fundo nas massas populares. Ainda existiam muitos núcleos de “pa­ganismo” e, mesmo entre os cristãos, os controles eram frouxos. As regras convencionais só eram válidas para as mulheres e homens das classes dominantes através dos quais se transmitiam o poder e a herança. Assim, os quatro séculos de perseguição às bruxas e aos heréticos nada tinham de histeria coletiva, mas, ao contrário, foram uma perseguição muito bem calculada e planejada pelas classes domi­nantes, para chegar a maior centralização e poder. Num mundo teocrático, a transgressão da fé era também transgressão política. Mais ainda, a transgressão sexual que grassava solta entre as massas populares. Assim, os inquisidores tiveram a sabedoria de ligar a transgressão sexual à transgressão da fé. E punir as mulheres por tudo isso. As grandes teses que permitiram esse expurgo do femi­ nino e que são as teses centrais do Malleus Maleficarum são as seguintes: 1) O demônio, com a permissão de Deus, procura fazer o máximo de mal aos homens a fim de apropriar-se do maior número possível de almas. 2) E este mal é feito prioritariamente através do corpo, único “lugar” onde o demônio pode entrar, pois “o espírito [do homem] é governa­do por Deus, a vontade por um anjo

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e o corpo pelas estrelas” (Parte 1, Questão 1). E porque as estrelas são inferiores aos espíritos e o demônio é um espírito superior, só lhe resta o corpo para dominar. 3) E este domínio lhe vem através do controle e da manipulação dos atos sexuais. Pela sexualidade o demônio pode apropriar-se do corpo e da alma dos homens. Foi pela sexualidade que o primeiro homem pecou e, portanto, a sexualidade é o ponto mais vulnerável de todos os homens. 4) E como as mulheres estão essencialmente ligadas à sexualidade, elas se tornam as agentes por excelência do demônio (as feiticeiras). E as mulheres têm mais conivência com o demônio “porque Eva nasceu de uma costela torta de Adão, portanto nenhuma mulher pode ser reta” (1,6). 5) A primeira e maior característica, aquela que dá todo o poder às feiticeiras, é copular com o demônio. Satã é, portanto, o senhor do prazer. 6) Uma vez obtida a intimidade com o demônio, as feiticeiras são capazes de desencadear todos os males, especialmente a impotência masculina, a impossibilidade de livrar-se de paixões desordenadas, abortos, oferendas de crianças a Satanás, estrago das colheitas, doenças nos animais etc. 7) E esses pecados eram mais hediondos ao que os próprios pecados de Lúcifer quando da rebelião dos anjos e dos primeiros pais por ocasião da queda, porque agora as bruxas pecam contra Deus e o Redentor (Cristo), e portanto este crime é imperdoável e por isso só pode ser resgatado com a tortura e a morte. Vemos assim que na mesma época em que o mundo está entrando na Renascença, que virá a dar na Idade das Luzes, processa-se a mais delirante perseguição às mulheres e ao prazer. Tudo aquilo que já es­tava em embrião no Segundo Capítulo do Gênesis torna-se agora sinistramente concreto. Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 40


Se nas culturas de coleta as mulheres eram quase sagradas por poderem ser férteis e, portanto, eram as grandes estimuladoras da fecundidade da natureza, agora elas são, por sua capacidade orgástica, as causadoras de todos os flagelos a essa mesma natureza. Sim, porque as feiticeiras se encontram apenas entre as mulheres orgásticas e ambiciosas (1, 6), isto é, aquelas que não tinham a sexualidade ainda normatizada e procuravam impor-se no domínio público, exclusivo dos homens. Assim, o Malleus Maleficarum, por ser a continuação popular do Segundo Capítulo do Gênesis, torna-se a testemunha mais importante da estrutura do patriarcado e de como esta estrutura funciona concretamente sobre a repressão da mulher e do prazer. De doadora da vida, símbolo da fertilidade para as colheitas e os animais, agora a situação se inverte: a mulher é a primeira e a maior pecadora, a origem de todas as ações nocivas ao homem, à natureza e aos animais. Durante três séculos o Malleus foi a bíblia dos Inquisidores e esteve na banca de todos os julgamentos. Quando cessou a caça às bruxas, no século XVIII, houve grande transformação na condição feminina. A sexualidade se normatiza e as mulheres se tornam frígidas, pois orgasmo era coisa do diabo e, portanto, passível de punição. Reduzem se exclusivamente ao âmbito doméstico, pois sua ambição também era passível de castigo. O saber feminino popular cai na clandestinidade, quando não é assimilado como próprio pelo poder médico masculino já solidificado. As mulheres não têm mais acesso ao estudo como na Idade Média e passam a transmitir voluntariamente a seus filhos valores patriarcais já então totalmente introjetados por elas. É com a caça às bruxas que se normatiza o comportamento de homens e mulheres europeus, tanto na área pública como no domínio do privado. E assim se passam os séculos. A sociedade de classes que já está construída nos fins do século XVIII é composta de trabalhadores dóceis que não questionam o sistema. As Bruxas do Século XX Agora, mais de dois séculos após o término da caça às bruxas, é que podemos Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 41


ter uma noção das suas dimensões. Neste final de século e de milênio, o que se nos apresenta como avaliação da sociedade industrial? Dois terços da humanidade passam fome para o terço restante superalimentar-se; além disto há a possibilidade concreta da destruição instantânea do planeta pelo arsenal nuclear já colocado e, principalmente, a destruição lenta mas contínua do meio ambiente, já chegando ao ponto do não-retorno. A aceleração tecnológica mostra-se, portanto, muito mais louca dos inquisidores. Ainda neste fim de século outro fenômeno está acontecendo: na mesma jovem rompem-se dois tabus que causaram a morte das feiticeiras: a inserção no mundo público e a procura do prazer sem repressão. A mulher jovem hoje liberta-se porque o controle da sexualidade e a reclusão ao domínio privado formam também os dois pilares da opressão feminina. Assim, hoje as bruxas são legião no século XX. E são bruxas que não podem ser queimadas vivas, pois são elas que estão trazendo pela primeira vez na história do patriarcado, para o mundo masculino, os valores femininos. Esta reinserção do feminino na história, resgatando o prazer, a solidariedade, a nãocompetição, a união com a natureza, talvez seja a única chance que a nossa espécie tenha de continuar viva. Creio que com isso as nossas bruxinhas da Idade Média podem se considerar vingadas! Avaliação do Módulo 1 •

A Inquisição realmente acabou? Explique sua resposta;

Faça um resumo sobre o que você acha mais importante na história da Bruxaria;

Você já se assumiu como bruxa ou mago? Como foi a receptividade das pessoas?

Dê sua sugestão de como podemos diminuir o preconceito ainda existente.

O que você sentiu através da Meditação “Despertar da Bruxa”

Escreva o que você compreendeu da reflexão do modulo 1.

Faça uma resenha de 10 a 15 linhas dos dois textos auxiliares.

Qual sua nota de auto-avaliação.

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Exercício Prático: Recomendação do uso do cd “O despertar da bruxa (Imagick)” – www.imagick.org.br Leituras sugeridas . A Bruxaria Hoje - Gerald Gardner - Editora Madras . A Inquisição - Michael Baigent - Editora Imago . Aradia - Charles Godfrey Leland - Editora Outras Palavras . As Bruxas e a Igreja - Maria Nazareth Alvim de Barros Editora Rosa-dos-Ventos . As Bruxas Noivas de Satã - Jean Michel Sallmann - Editora Objetiva . Guia Prático da Wicca - Lady Sabrina - Editora Novo Século . O Culto das Bruxas na Europa Ocidental - Margareth Murray - Editora Madras . O Deus das Feiticeiras - Margareth Murray - Editora Gaia . O Livro Completo de Wicca e Bruxaria - Marian Singer Editora Madras . O Significado da Bruxaria - Gerald Gardner - Editora Madras . O Templo Interior da Bruxaria - Christopher Penczak Editora Madras

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FILMES QUE ABORDAM O ASSUNTO As bruxas descendem dos xamãs e sacerdotes. São geralmente retratadas como mulheres feias, conhecedoras da magia negra e que se locomovem em vassouras voadoras. Na idade média, a santa inquisição identificava uma bruxa, colocando a mulher suspeita num lado da balança e uma enorme bíblia no outro lado, caso ela pesasse menos que a bíblia: bruxa!

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O Mágico de Oz (hors-concours neste tema, o clássico de 1939 traz duas bruxas irmãs e opostas, uma ajudando e outra atacando a menina Dorothy e seus amigos a caminho de encontrar o grande mágico)

As Bruxas de Eastwick (Cher, Michelle Pfeiffer e Susan Sarandon vivem entediadas numa cidadezinha da Nova Inglaterra. todas as quintas se reúnem para um coquetel e num desses dias, resolvem fazer um feitiço para atrair o homem ideal e Jack Nicholson aparece... parece que todos se divertiram fazendo o filme e nós também assistindo).

Harry Potter e a Pedra Filosofal (primeiro filme da série. um garoto órfão de 10 anos vive infeliz com os tios e recebe um convite para ingressar numa renomada escola de bruxaria. se você vive no planeta terra, conhece toda a história. um imenso sucesso de bilheteria e de marketing, que criou uma legião de fãs e enriqueceu todos os envolvidos)

As Bruxas de Salem - The Crucible (ótimo filme. conta a história real de um reverendo da cidadezinha de Salem, nos Estados Unidos, que em 1691 inicia uma cruel caça às bruxas, deflagrada pela delação de um grupo de garotas, que se disseram possuídas por bruxas que viviam na cidade. ignorância, fanatismo e violência... o mundo não mudou muito nos últimos séculos)

Stardust, o Mistério da Estrela (uma estrela cadente cai além dos muros da cidade e um jovem vai atrás dela, disputando-a com a feiticeira Michelle Pfeiffer, que também a deseja para manter a beleza e juventude. muitas emoções neste mundo mágico)

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Abracadabra - Hocus Pocus (três bruxas do século 17 - Bette Midler, Kathy Najimy e Sarah Jessica Parker voltam ao presente, quando seus espíritos são evocados na noite de Halloween. para garantir sua imortalidade terão que enfrentar três crianças. pura sessão da tarde)

Convenção das Bruxas (um garoto é levado à Inglaterra pela avó após a morte dos pais. chegam a um hotel, onde ele descobre que está havendo uma convenção de bruxas - lideradas por Anjelica Huston - que pretende transformar todas as crianças do mundo em ratos. infantil e divertido)

Da Magia à Sedução (Sandra Bullock e Nicole Kidman são duas jovens bruxas, criadas pelas tias, que carregam o fardo de uma maldição imposta por uma ancestral: todos os homens que se apaixonassem por suas descendentes deveriam morrer. muito assustador para crianças e muito infantil para adultos, o filme não funciona)

Jovens Bruxas - The Craft (quatro amigas de colégio se descobrem bruxas e passam a se dedicar à magia negra, que foge ao seu controle, gerando consequências trágicas. tem quem goste, não é meu caso)

Sortilégio de Amor (Kim Novak é uma bruxa, que vive com seu gato siamês. ela lança um feitiço no seu vizinho para que ele se apaixone por ela e abandone sua noiva, uma antiga rival dela. entretanto Kim perderá seus poderes se também se apaixonar por ele. encantadora comédia de 1958)

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Arraste-me para o Inferno (uma jovem analista de crédito, para agradar o gerente, recusa a renovação de empréstimo de uma velhinha, que precisava do dinheiro para quitar sua hipoteca. o que ela não sabia é que estava lidando com uma verdadeira bruxa, que joga nela uma maldição que destrói sua vida e além. um ótimo terror de Sam Raimi, de volta às origens)

Oz: Mágico e Poderoso (James Franco é um mágico de circo de ética duvidosa, que é levado do Kansas para Oz e acha que tirou a sorte grande até conhecer três bruxas - Mila Kunis, Rachel Weisz e Michelle Williams que não acreditam que ele seja o grande mágico que diz ser. o roteiro imagina a origem dos personagens, antes da chegada de Dorothy a Oz. superprodução da Disney, também dirigida por Sam Raimi, que tem decepcionado público e crítica. estreia dia 8 de março de 2013 no Brasil)

O Serviço de Entregas da Kiki (uma bruxinha ao completar 13 anos tem que sair de casa e encontrar uma cidade que ainda não tenha nenhuma bruxa para viver. na cidade, as pessoas encaram com naturalidade os poderes da menina. lindas cenas aéreas, lindas cidades. uma animação adorável do mestre japonês Hayao Miyzaki).

João e Maria, Caçadores de Bruxas (Hansel e Gretel foram aprisionados pela bruxa malvada quando crianças, mas conseguem escapar... quando adultos eles se tornam caçadores de bruxas profissionais, pagos pelas cidades, e terão que enfrentar sua velha inimiga. bobo e divertido).

Dezesseis Luas (um estudante de colegial tem pesadelos constantes sobre uma garota que não conhece, até que um dia a mesma garota surge em sua escola, transferida de outro estado. os dois, claro, se apaixonam e se unem para enfrentar uma maldição sobrenatural, que persegue a família dela há gerações: sempre que um de seus familiares completa 16 anos, deve escolher se será Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 47


para a vida toda uma feiticeira do Bem ou do Mal. mais uma adaptação de livro na linha ‘Crepúsculo’, dirigida a meninas adolescentes). •

O Aprendiz de Feiticeiro (Nicolas Cage é um feiticeiro, discípulo do grande Merlin, que agora vive em Manhattan. durante séculos de imortalidade ele procurou um sucessor, até que, para ajudá-lo a enfrentar seu arquiinimigo, recruta um aprendiz, um jovem aparentemente comum, mas com grande potencial. um filme que serve pra passar o tempo)

A Fera (uma versão moderna de ‘A Bela e a Fera’. um rapaz rico, bonito e arrogante humilha uma colega de escola, que por azar era uma bruxa, que lança sobre ele uma maldição: ele começa a ficar deformado ao ponto de até seus pais o isolarem, só o que pode reverter o feitiço será um amor verdadeiro que não se importe com sua nova aparência. uma bobagem sem fim, clichê puro para adolescentes descerebradas)

O Caçador de Bruxas (baseado num poema de Edgar Allan Poe e dirigido por Michael Reeves, em 1968. é um clássico do tema. um fanático religioso - Vincent Price - conhecido como o General Caçador de Bruxas, junto de seu brutal assistente, viajam de cidade em cidade a serviço caçando bruxas. ele, em troca de ouro e favores sexuais, obriga as pessoas a confessarem crimes que não cometeram e mata e tortura inocentes por supostos envolvimentos com bruxaria)

Elvira, a Rainha das Trevas (uma apresentadora de um programa de tosco sobre filmes de terror, herda da tia uma velha mansão, numa pequena cidade. ela pensa em vender a casa, mas tem problemas com a população local, que estranha seu modo ousado de vestir e tem problemas também com seu tio, que não herdou nada e tenta roubar dela um antigo “livro de receitas”, que na verdade dará ao seu dono imensos poderes para fazer diversos tipos de bruxarias. um personagem trash e divertido dos anos 1980)

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- Rei Arthur mito ou realidade? Essa é uma pergunta que tange a História por milhares de anos. O rei Bretão que foi capaz de barrar a invasão dos Saxãos na futura Inglaterra, fazendo alianças com as tribos célticas. O filme trata do começo dessa história, contando primeiramente quem é a família de Arthur, sua mãe e pai – o Grande-Rei da Bretanha. Narra também à história de mulheres fortes – Igraine, Morgause e Viviane – todas elas tem um papel fundamental na história desse grande líder que até hoje é modelo de liderança. Aparece também à fada Morgana, meia-irmã do futuro rei, é através dela que nasce de um ato incestuoso Mordred que virá enfrentar seu pai do lado dos invasores e assim selar o destino do rei bretão. As Brumas de Avalon é acima de tudo um filme épico que apresenta um mixe das lendas existentes de Arthur e uma forma de redimir a fada e a cultura celta que por muito tempo foi considerada maligna pela religião Cristã.

O Nome da Rosa Durante a última semana de novembro de 1327, em um mosteiro franciscano italiano paira a suspeita de que os monges estejam cometendo heresias. O frei Guilherme de Baskerville é, então, enviado para investigar o caso, mas tem sua missão interrompida por excêntricos assassinatos. A morte de sete monges em sete dias conduz uma narrativa violenta.

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MÓDULO II Pilares da Bruxaria e os Princípios Herméticos

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PILARES DA BRUXARIA NATURAL E LEIS COMPLEMENTARES DA BRUXARIA GERAL

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Para começarmos a estudar Bruxaria e despertarmos a energia dentro do nosso ser, precisamos de chaves, as quais estão disponíveis em todos os momentos porque representam antigos princípios que são aceitos como universais. Essas chaves, num total de nove, são chamadas de Pilares da Bruxaria. 1. Tu farás tudo o que tiveres vontade, desde que não prejudiques ninguém. Sua liberdade termina no começo da liberdade do outro. Não podemos invadir a vida das pessoas, pois certamente não gostaríamos de ter a nossa vida invadida. Cada pessoa tem a sua livre escolha para seguir o caminho que desejar. 2. Tudo que fizeres voltará triplicado para ti Dentro das diferentes linhas da Bruxaria, muitas delas trabalham com a lei tríplice, ou seja, tudo que fizermos voltará três vezes para nós, com uma força triplicada. Podemos explicar este Pilar pelo princípio da trindade, pois tudo o que se faz em magia contém a força do número três. Se eu penso numa pessoa, meu pensamento contém a minha força pensando, a força do próprio pensamento e a força de onde o pensamento chegará. Quando faço um feitiço, ele tem a minha magia, a magia da Natureza e a magia do objetivo da magia. Essas três energias saem juntas de mim e chegam juntas ao seu objetivo, mas voltam separadas para mim. Exemplo: Junto três bolinhas de pingue-pongue na minha mão e as jogo contra uma parede. As três bolinhas saíram juntas da minha mão, mas, ao baterem na parede, voltam separadas e com forças diferenciadas. Assim é a magia. Estes são apenas alguns dos muitos exemplos que existem, além de que há outras linhas que não pregam a lei tríplice, mas respeitam a lei de ação e reação. 3. Estarás sempre em equilíbrio com os quatro elementos e com todos os seres da Natureza Aqui temos o princípio da paz interior, da tranquilidade e da serenidade que precisamos ter para viver bem. Devemos respeitar os quatro reinos da Natureza - mineral, vegetal, animal, humano, e os quatro elementos - água, ar, Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 52


fogo, terra. Precisamos respirar mais profundamente antes de julgar ou culpar alguém, porque todos os nossos semelhantes têm razões de sobra para serem o que são e fazerem o que fazem. Portanto, tente se colocar no lugar do outro antes de tomar qualquer atitude. 4. Nunca negarás uma informação Estamos no século XXI, o século das comunicações e da expansão do pensamento. Se você souber responder ao que uma pessoa lhe perguntar, terá a obrigação de falar. Não existe mais a necessidade de esconder nada porque já podemos clarear o oculto e deixar para trás o véu de mistérios. Lembre-se que você é responsável pela perpetuação das tradições. 5. Terás consciência de que o Universo se formou através de duas grandes forças Só é possível gerar a vida com a união do feminino e do masculino. Um não é mais importante que o outro, mas os dois se completam para formar um terceiro, da mesma forma que o dia só se completa com a noite e só se acende uma lâmpada com dois fios, um positivo e um negativo. Um não é melhor que o outro e somente juntos ambos têm poder. Na magia hermética, a lei da polaridade ensina que o mundo é dual e os opostos são apenas dois extremos da mesma coisa. Sob esse ponto, notamos que o homem e a mulher são diferentes em vários aspectos, mas possuem um mesmo objetivo. Outra lei da magia hermética que complementa este Pilar é a lei do gênero, que diz que nenhum ser humano é totalmente masculino ou feminino. De acordo com a Física moderna, todas as coisas que produzem uma dinâmica precisam de uma energia masculina projetiva e de uma energia feminina receptiva. 6. Saberás ouvir teu próximo e respeitarás a evolução dele Saber ouvir é uma demonstração de amizade e educação, e saber respeitar é uma prova de sabedoria. Cada ser humano se encontra num determinado grau de evolução. Não somos melhores nem piores, somos apenas nós. Devemos sempre procurar ensinar o que sabemos a outras pessoas, desde que elas queiram aprender. Uma estação de rádio bem sintonizada pode ser ouvida Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 53


sem interferências e ruídos. Escutar é um ato humano que reflete uma disposição interior. Peter Drucker dizia que “o verdadeiro comunicador é o receptor”. Escutar é permitir o diálogo. Aqui deve ser lembrada a prática medieval de diálogo durante um debate. Enquanto um falava, o outro era obrigado a ouvir porque, antes de expor seu ponto de vista, precisava repetir a ideia do primeiro, com sua expressa aprovação, antes de dizer a sua resposta. Algumas pessoas têm o defeito quase físico de não escutar, e as consequências desse mau hábito são as discórdias. 7. Terás consciência de que nunca saberás tudo Nossa vida é um eterno aprendizado porque estamos constantemente aprendendo coisas novas. Este Pilar completa o anterior, com a preocupação de nunca perdermos a humildade e, acima de tudo, nossa capacidade de aprender. Precisamos acreditar que aprendemos sempre com o nascer do Sol, com a claridade da Lua, com o brilho das estrelas, com a sabedoria do idoso ou com o sorriso da criança. Precisamos estar abertos a todas as formas de aprendizagem e também ter a humildade de dizer: “Isso eu não sei!” 8. Serás sempre alegre e passarás sempre tua alegria a todos os que te cercarem Tudo o que ocorre conosco é resultado da energia que emitimos para o Cosmos. Se estivermos mal-humorados, em baixo astral, atraímos esse tipo de sintonia para a nossa Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 54


vida. Por isso, precisamos estar sempre alegres e levar a nossa alegria a outras pessoas. Lembremos que o verdadeiro amor e a verdadeira felicidade são sentimentos que permitem deixar as pessoas e as coisas livres. Nunca devemos prender ninguém aos nossos desejos e convicções unicamente para nossa satisfação pessoal. Se a pessoa ou a coisa permanecer com você, é porque vocês foram feitos um para o outro. Caso contrário, é porque a pessoa ou a coisa não ia lhe fazer bem. Como diz minha mãe: “O que é do homem o bicho não come!” 9. Trabalharás com a Magia Afinidade: Do latim affinitas ou adfinitas, adfinitatis, afinidade significa vínculo, identidade, atração, simpatia, coincidência ou semelhança de gostos, interesses ou sentimentos. Compaixão: Do latim compassio, compassionis, designa comiseração, piedade. Compaixão é a qualidade de quem tem um sentimento piedoso e participa espiritualmente da infelicidade alheia, num impulso altruísta de ternura para com o sofredor e com o desejo de aliviar sua dor. Coragem: Do francês coeur > coração > coeur + sufixo age > courage > disposição nobre do coração. Coragem designa ânimo, bravura, determinação, galhardia, hombridade, intrepidez, ousadia, perseverança, tenacidade e valentia. É a qualidade de quem tem grandeza de alma, nobreza de caráter, firmeza de espírito diante do perigo e dos riscos e capacidade de suportar dificuldades. Disciplina: Do latim disciplina, disciplinae, significa observância dos preceitos e obediência às regras, em que a pessoa tem uma conduta imposta ou aceita democraticamente para acatar uma ordem conveniente e necessária, cuja finalidade é o bem-estar das pessoas e o bom andamento de quaisquer atividades individuais ou coletivas. Discrição: Do latim discretio, discretionis, significa qualidade de quem é comedido, recatado, reservado, sensato, que não chama a atenção nem revela os segredos dos outros. Estabilidade: Do latim stabilitas, stabilitatis, significa consistência, firmeza, segurança, solidez. É a condição do que ou de quem se mantém constante, invariável, equilibrado e imperturbável. Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 55


Higiene: Do grego hugieinós, a palavra higiene tem origem em Higeia, Higiia ou Higieia, deusa da saúde, da limpeza e do saneamento, na mitologia grega. Paciência: Do latim patientia, patientiae, significa constância, perseverança. Paciência é a qualidade de quem espera com tranquilidade aquilo que tarda. É a virtude que consiste em suportar, com calma, os dissabores, os incômodos e as dificuldades da vida. Prudência: Do latim prudentia, prudentiae, designa a pessoa que vê adiante, que costuma precaver-se, que se prepara antecipadamente. São quatro as virtudes cardeais: prudência, justiça, fortaleza e temperança. A prudência corresponde à sabedoria, ao equilíbrio e à precaução. A prudência dispõe a inteligência a discernir e a escolher o que convém na conduta da vida. É a qualidade daquele que, atento ao alcance de seus atos e palavras, procura evitar consequências desagradáveis. A justiça refere-se à dignidade e à igualdade de direitos e deveres. A fortaleza corresponde à coragem e à fé. A temperança refere-se ao autocontrole, ao autodomínio e à moderação. Respeito: Do latim respectus, significa apreço, atenção, consideração, cortesia, deferência, reverência. É o sentimento que leva alguém a tratar outrem ou alguma coisa com grande atenção, de proceder de maneira respeitável, agir com compostura e ter uma postura digna. Outros princípios que integram a Bruxaria Geral Em complementação aos nove Pilares da Bruxaria Natural, vamos trazer ao nosso cotidiano as leis de Hermes Trismegisto, as quais fazem parte da Magia Cerimonial. Além de outras leis auxiliares, vamos conhecer também os sete princípios deixados por Hermes, dos quais já citei três dentro dos Pilares. Às leis de Hermes se dá o nome de Alquimia Hermética. O hermetismo diz respeito às ciências ocultas e ao saber místico, astrológico, alquímico, mágico e secreto, reservado a poucos por ser de difícil compreensão e interpretação.

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Leis Herméticas 1. O Princípio do Mentalismo O Todo é mente. O Universo é mental - Este princípio diz que nós todos somos pensamentos da Mente Divina. Fomos criados pela Mente e podemos criar tudo pela mente. Afetamos diretamente tudo ao nosso redor com a nossa mente. Exercícios práticos: 01. Entrando mentalmente num objeto; 02. Partindo uma nuvem. 2. O Princípio da Correspondência O que está em cima é como o que está embaixo. O que está embaixo é como o que está em cima - Este princípio diz que o microcosmo tem correspondência com o macrocosmo. O que somos refletimos no Universo e o Universo reflete em nós, como o átomo e o nosso sistema solar. O DNA do ser humano é capaz de criar um novo ser. A correspondência é muito usada nas poções e nos rituais, nos quais se incluem as cores, as ervas, os planetas, as notas musicais e os elementos. Citamos aqui parte de um poema de William Blake: “Ver o mundo num grão de areia e o céu numa flor silvestre; conter o infinito na palma da mão e a eternidade numa hora”. 3. O Princípio da Vibração Nada está parado. Tudo se move, tudo vibra - Tudo no Universo está em movimento, tudo tem uma vibração. Nada está parado. Nada descansa. A matéria é uma vibração mais densa que a energia. Em O Tao da Física, Fritjof Capra explica que todos os objetos materiais do nosso meio ambiente são feitos de átomos e que “a enorme variedade de estruturas moleculares... não é energia rígida e imóvel, mas oscila de acordo com as respectivas temperaturas e em harmonia com vibrações térmicas do seu meio ambiente”. A matéria não é passiva nem inerte, como nos pode parecer no nível material, mas cheia de movimento e ritmo. Ela dança. Exercício prático: Eu desejo vibrar em harmonia com... (09 vezes).

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4. O Princípio da Polaridade Tudo é duplo, tudo tem dois polos, tudo tem seu oposto. O igual e o desigual são a mesma coisa - Os opostos são sempre os aspectos de uma mesma coisa. Todas as verdades são meias-verdades. Cuidado com a associação do bom e do ruim, pois o princípio da polaridade nos diz que dentro do bom está o ruim e que dentro do ruim está o bom, como o yin-yang. A energia existe em escalas graduadas, não absolutas. Devemos lembrar que as energias vivas não são positivas ou negativas. Existem apenas graduações de energias mais sutis e refinadas e energias mais densas e pesadas. No mundo da magia, o que pode ser pesado para um, é leve para outro. Nosso objetivo na Bruxaria é encontrar o equilíbrio. Exercício prático: Visualização da balança. 5. O Princípio do Ritmo Tudo tem seu fluxo e refluxo. Tudo tem suas marés. Tudo sobe e desce - A lei do ritmo nos proporciona um importante vislumbre sobre como esses opostos se movimentam. Eles se movem em círculos. Tal como as ondas dos oceanos, o movimento linear que parece avançar, contém milhões de gotas de água, cada uma rodopiando em círculos. Mais uma vez o paradoxo dos opostos: As coisas não são o que parecem ser! As coisas recuam e avançam, descem e sobem, entram e saem, fluem e refluem, mas também giram em círculos e em espirais. Os sábios orientais ensinam que todos os opostos fluem juntos e interpenetram-se, e tudo se converte continuamente em seu oposto. O filósofo grego Heráclito de Éfeso dizia que tudo está em perpétua mudança, tudo está num contínuo estado de vir a ser, de devir, numa interação cíclica dos opostos. Exercício prático: Observação das estações do ano em sua vida. 6. O Princípio do Gênero O gênero está em tudo. Tudo tem seu princípio masculino e seu princípio feminino - Esta lei é uma importante aplicação da lei da polaridade. Ela é semelhante ao princípio Anima e Animus que Carl Jung e seus seguidores popularizaram, ou seja, cada pessoa tem aspectos masculinos e femininos, independentemente do seu gênero físico. Nenhum ser humano é totalmente masculino ou feminino. A Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 58


lei do gênero fala acerca da força e da energia, pois em todas as coisas existe uma energia feminina receptiva e uma energia masculina projetiva, ao que os chineses chamam de yin-yang. Segundo a lei da polaridade, todas as coisas têm seus opostos e a Física diz que existe uma vitalidade dinâmica entre esses opostos. Portanto, as energias femininas e masculinas estão numa constante dança cósmica. Exercício prático: O Sol e a Lua. 7. O Princípio de Causa e Efeito Toda causa tem seu efeito. Todo efeito tem sua causa - Já abordamos este princípio no Pilar que fala sobre a lei tríplice. Nada acontece por acaso. Muitas coisas que parecem coincidências têm uma causa em algum lugar. Todos os seus pensamentos e sentimentos e todas as ações que você executa, causam um efeito em você ou em outra pessoa ou outra coisa, pois não estamos isolados, mas ligados em uma grande teia. Exercício prático: Meditação da árvore. Leis Auxiliares Lei Criadora: É a própria vida e, ao mesmo tempo, o que sustém e o que determina os caminhos pelos quais ela evolui. De acordo com esta lei, toda a existência universal perfaz a sua trajetória em ciclos ou etapas. Esta lei é também conhecida como Princípio Criador, ou seja, o impulso à manifestação. Lei da Adaptabilidade: Exprime-se como adaptação sistemática de todo conhecimento disponível e de toda espécie de recursos para a finalidade em vista. Prepara o homem para receber o novo em sua vida. Permite que seu modo de pensar, sentir e agir vá ao encontro de necessidades grupais e coletivas de maneira harmoniosa. Quem se sintoniza com as facetas mais positivas desta lei, é maleável e aplica corretamente os atributos da inteligência ativa ao que se apresenta. É preciso adaptabilidade para que as transformações se realizem sem atrito e para que o ser humano se amolde sem dificuldades a circunstâncias inéditas.

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Lei da Afinidade: O indivíduo consciente desta lei cuida do que pensa, sente e faz porque compreende que atrai vibrações afins com o que manifesta. A similaridade de energias e metas é parâmetro da lei da afinidade, que mostra seus aspectos superiores quando elas estão voltadas para o bem universal. Lei da Associação: Associações como, por exemplo, o uso do dólar para atrair dinheiro. Lei da Compaixão: Esta lei prepara o ser humano para contatar a vida divina, trazer luz à sua mente e consagrá-lo ao serviço impessoal. A ela se chega pela gratidão. Manter a consciência focalizada em estados de pureza e harmonia favorece o contato com o espírito e atrai essa qualidade, que descobre a verdadeira necessidade evolutiva dos seres. Lei da Compensação: Também chamada de lei da retribuição, é um aspecto da lei do carma material que permite remanejamentos no destino dos seres, a fim de se adaptarem às conjunturas grupais e planetárias limitantes, sem prejuízo do seu processo evolutivo. Lei da Consagração: Por esta lei, todos os seres e universos são levados a consagrar-se à meta que lhes foi designada no princípio da Criação. Está inserida na lei do retorno, pois a consagração é parte do caminho para a Origem. O ser humano se consagra quando sua interação com as energias da alma se plenifica e sua vida se volta por inteiro para a meta evolutiva. Esta lei está relacionada com o caminho iniciático, cujos graus sucessivos significam novos potenciais dela aplicados e consumados, com repercussões não apenas no indivíduo, mas em todo o reino humano. Lei da Disciplina: É fundamental para estados sutis se instalarem na vida externa do ser humano. As forças da matéria, pela inércia que lhes é peculiar, tendem a estabilizar-se na vibração alcançada; alinhá-las com metas superiores requer aplicação da lei da disciplina. Por essa lei estabelecese ordem no plano material e o indivíduo presta assistência espontânea Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 60


aos semelhantes e aos seres dos demais reinos. A verdadeira disciplina se fundamenta no reconhecimento da necessidade de a vida evoluir e de se cooperar voluntariamente com essa evolução. Lei da Economia: Determina o caminho de menor resistência para a realização do propósito evolutivo. Ao canalizar sua energia para a concretização de obras espirituais, sem dispersá-la em situações ou envolvimentos supérfluos, o ser humano cumpre a lei da economia. Lei da Estabilidade: Permite ao indivíduo firmar a resolução inabalável de permanecer no caminho espiritual. Quando observada, essa lei exprime com fidelidade aquilo que, a cada momento, corresponde à necessidade interior genuína. Lei da Harmonia: Os passos na senda ascensional levam em conta esta lei. Desde os mínimos atos, como a organização das tarefas diárias, até votos profundos da consciência, tudo se hierarquiza para exprimir a realidade interna. Lei da Repulsão: Governa o mecanismo pelo qual os obstáculos à evolução são repelidos pela alma, quando esta já despertou para a realidade cósmica. As estruturas ilusórias, formadas por modos de pensar, sentir e agir, adotadas pelo ser humano no decorrer de encarnações sucessivas, a certa altura convertem-se em prisão para o eu interior. Havendo íntima disposição para transformar-se e evoluir, algo novo acontece: pela lei da repulsão, a alma transmite uma energia que destrói tais estruturas. Lei da Ressonância Vibratória: Só o ruído externo, sobretudo o de formaspensamento e o de formas astrais, gera nódulos no plano psíquico planetário, que devem ser removidos. É buscando compreender os mecanismos pelos quais esta lei se exprime e agindo em conformidade com eles, que o ser humano pode auxiliar no restabelecimento da harmonia planetária. Considerável ajuda é quando o silêncio externo se instala, mas imensamente maior é a prestada Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 61


quando também se aquietam os corpos emocionais e mentais. O silêncio e a paz são uma necessidade que nutre de energia superior a existência concreta. Lei da Seleção: Quando o ser humano ascende a novos patamares espirituais, precisa aprender a sintetizar energias e, para isso, seleciona não só as vibrações que emite, mas aquelas com que interage, o que faz sob a regência desta lei. Tal discernimento é requerido dos que se abrem ao serviço, pois devem separar o útil do que deve ser suprimido. Pela lei da seleção, a consciência tanto inclui quanto exclui; aprende a superar-se ao descobrir o valor de se ater apenas ao necessário. Lei da Sincronia: A sincronicidade é uma palavra usada por Carl Jung para descrever as coincidências, como, por exemplo, a consulta a um oráculo. Lei da Sintonia: Tudo o que ocorre com o ser humano é consequência da sintonia em que se mantém. Isto significa que uma mesma ação pode ter efeitos diversos. Embora a consciência do homem abranja faixas vibratórias que vão do nível físico concreto ao divino, cada indivíduo se relaciona com o Universo naquela com a qual está sintonizado. Lei da Transcendência: Ajuda o indivíduo a enfocar a mente de modo correto, fazendo com que o natural seja absorvido no sobrenatural e que uma só vibração, superior e divina, prevaleça. Sempre existe no ser humano a possibilidade de transformações profundas, e é apoiada nela que a lei da transcendência age. Porém, para que essas transformações se efetivem, é preciso que ele não retroceda e tenha firmeza suficiente para não sucumbir às forças que o atraem para o ultrapassado. Lei da Translação: Promove a mudança dos átomos para níveis cada vez mais sutis. Permite ao homem penetrar, com sua consciência externa normal, realidades supranormais antes intangíveis. Em alguns casos, propicia a levitação porque alinha a substância material com a vibração de mundos suprafísicos. Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 62


Lei do Amor: Atua permanentemente, atraindo cada partícula para o seu destino superior. Alimenta a chispa divina e revela, no íntimo dos seres, sua ligação com a Vida Única. Permite surgirem lampejos a iluminar-lhes o Caminho, trazendolhes a certeza da direção a seguir e a fortaleza para vencer obstáculos. Estimula a integração da consciência humana com esferas sutis e encaminha-a para a união cósmica. Desperta seus potenciais magnéticos, faz emergir nela a compreensão da realidade interna subjacente aos fatos e firma o seu destino. Enfim, capacita o ser humano a expressar a energia correta para cada momento e ver além das aparências. Lei do Simbolismo: O uso do símbolo como linguagem da mente e da alma.

Reflexão Natureza é colorida; logo, sendo a Bruxaria um equilíbrio com a Natureza, deve conter todas as cores.

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Texto Auxiliar: Os pilares da magia dentro das práticas são o saber, querer, ousar e calar. São chamados de Pilares da Magia ou por Quatro Pilares. Resumindo de forma simplista é possível entender que é preciso saber o que se faz, para quê se faz, portanto conhecimento e motivação; é necessário querer fazer, querer atingir, portanto fazer, agir, concretizar, firmar; é importante ousar, abrir-se as novos ensinamentos, novos métodos de praticas, não seguir bulas prontas, criar seus próprio métodos com base nos teus estudos, portanto, criar, fazer, refazer, moldar, transformar; é impossível, mas tem que ser feito, calar-se, não dizer seus planos, guardar seus métodos, não criar bulas e receitas, portanto deve-se manter quieto sobre os seus conhecimentos, seus feitos principalmente para que de fato se concretize, ninguém precisa saber sobre seus feitos e menos ainda entendê-los, por isso o conhecimento é aberto a todos, cada um busca o que precisa. É algo necessário e muitos praticantes não conseguem, mas, toda e qualquer experiência é tida como íntima e pessoal, mantenha seus segredos assim como a Deusa que só os revela para aqueles que de fato merecem saber, por seu desempenho contínuo.

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Saber — buscar a verdade e ser forte na fé. Ousar — não sentir medo do desconhecido, atrever-se a ser diferente e aprender tanto quanto for possível. Querer e Calar — (permanecer em silêncio): ser o melhor que se puder ser e ter consciência do pensamento puro, sabendo que falar demais sobre os seus rituais e coisas similares (sobretudo com quem não acredita) lhe retirará força do seu trabalho. Que se fale apenas com aqueles que nos são semelhantes (espiritualmente falando). Alguns conceitos importantes para o entendimento sobre esses quatro pilares da magia dentro de nossas práticas pessoais ou grupais: SABER — Conhecer a si mesmo. — Conhecer sua arte. — Saber o que fazer. — Saber como fazer. — Saber quando fazer. — Saber quando não fazer. — Saber o que você quer realizar. — Especificar bem o que você vai fazer. — Criar um sigilo com as palavras. — Saber trabalhar com moderação. QUERER — Acreditar em você mesmo. — Acreditar na divindade. Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 65


— Acreditar em suas habilidades. — Acreditar na abundância do Universo. — Ter a vontade de praticar de novo e de novo. — Habilidades de meditação — Praticar visualização. — Praticar relaxamento. — Praticar um estado alterado de consciência. — Praticar para ser capaz de fazer rápido e certo. — Ter em mente com muita clareza o porque você quer realizar essa operação mágica. — Observar se sua vontade está corretamente direcionada. — Observar se não vai influenciar negativamente outra pessoa. — Observar os aspectos de não prejudicar ninguém. — Usar uma ferramenta adivinhatória para checar se seus planos são válidos, se está numa boa hora de pô-los em prática. OUSAR — Ter a coragem de mudar as circunstâncias. — Ter a coragem de controlar seu ambiente. — Ser responsável por suas ações. — Escolher o melhor curso de ação para o trabalho a ser feito. CALAR

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— Aprender a manter a boca fechada antes do trabalho. — Aprender a manter a boca fechada enquanto espera pelos resultados. — Aprender a manter a boca fechada depois do trabalho. — Proteger sua confiança. — Proteger sua reputação. — Proteger sua energia.

Avaliação – Pilares da Bruxaria Natural Descreva, com suas palavras, três dos nove Pilares da Bruxaria Natural; Comente sobre a lei hermética, que diz: “Tudo o que está em cima é como o que está embaixo. Tudo o que está embaixo é como o que está em cima”. O que é a Lei do Amor? Você já colocou em prática alguns dos Pilares ou leis aqui estudados? Quais? Como?

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MĂ“DULO III Elementos e Elementais

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O ENCONTRO COM OS ELEMENTAIS DOS QUATRO ELEMENTOS E RITUAIS RÁPIDOS DE HARMONIZAÇÃO E EQUILÍBRIO

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Culto à Natureza Nossos antepassados adoravam a cultuavam a natureza através das árvores e das águas; compreendiam a linguagem das árvores e as convertiam em protagonistas de narrações mitológicas e ritos sagrados, com o passar do tempo essa importância ancestral foi se diluindo, mesmo assim ainda podemos descobrir alguns resquícios aqui ou ali, por inúmeras vezes disfarçadas de tradições festivas, de rituais convertidos em brincadeiras infantis ou em costumes e crenças populares. Para entender o verdadeiro papel das árvores na mentalidade dos primeiros moradores do nosso planeta, precisamos usar a nossa imaginação. Quando alguém entra no interior de um bosque se vê rodeado de oscilantes fachos da luz do sol, sombras dos pássaros que voam se fazem presentes, podemos escutar as ruidosas pisadas dos javalis, também podemos escutar quando uma onça esbarra e roça a sua pele no tronco de uma árvore, também escutamos o assobio do vento por entre as folhas e os seus variadíssimos tons... Todo um mundo de mistério sobrepõe a alma e castiga a mente com perguntas sem resposta. Este temor pelo desconhecido, e a humildade de homens e mulheres ante a grandiosidade da natureza, e a necessidade de se explicar e explicar o que nos rodeia; é isto o que converte o bosque em um templo sagrado e as árvores em deuses desse primitivo habitante das florestas. Isto é comum a todos os seres humanos desde o início dos tempos. Hindus e celtas, egípcios e germânicos apresentam culturas idolátricas, adoradoras de árvores e tudo o que se desprende e deriva dela: praticas rituais, adivinhações, medicina, sacrifícios. Na mitologia universal todos os povos tem acreditado em uma árvore cosmogonica, símbolo da vida, a regeneração e a imortalidade: Irminsul, Iggdrasil o Skambha, são alguns dos nomes que se diz respectivamente dos povos germânicos, dos escandinavos. A Bíblia também conseguiu enaltecer o indiscutível poder da árvore da ciência do Bem e do Mal, e sabemos que no Paraíso existiu uma outra árvore, a da Vida, da qual surgiu todas as cosmogonias que falam das árvores primordiais em muitas ocasiões identificados como uma árvore que sustenta o Sol e a outra Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 71


sustenta a Lua. No solo a árvore é divinizada, e os muitos mitos que falam que a mesma raça humana procede das árvores, para ser exato, e que as árvores são espíritos viventes anteriores a dos humanos, são suas primeiras mães. Desta forma adoravam a determinadas árvores e converteram alguns bosques em templos naturais. O Conhecimento Iniciático sempre utilizou imagens específicas para representar o Cosmos, o universo, a vida espiritual e suas múltiplas formas de manifestação, Evolução e Involução. De acordo com os postulados da psicologia interior, essas realidades eram representadas em linguagem simbólica, parabólica e/ou metafórica. Temos símbolos universalmente aceitos por todas as culturas e pensamentos, como as Montanhas, os Templos, as Espadas e os Cálices e temos também as árvores sagradas. A Árvore Misteriosa, situada no centro do paraíso, é um símbolo encontrado em todas as culturas espirituais representando a estrutura do universo. Normalmente seus galhos tocam os confins do Infinito e suas múltiplas dimensões, e seus frutos representam os atributos positivos do Eterno. Sem exceção, a Árvore Sagrada fez parte das tradições genesíacas de povos, tais como os maias, astecas e incas, os egípcios, os cabalistas hebreus, persas, druidas, povos nórdicos, chineses, japoneses, coreanos, maoris, nativos africanos etc. Vejamos alguns exemplos como ilustração.

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A Árvore Bodhi É universalmente reconhecida a imagem do Buda Sakiamuni recebendo sua iluminação, após 49 dias de meditação profunda, sentado sob a árvore bodhi, normalmente representada como uma figueira da índia (na verdade, um trabalho profundo de iluminação dos 49 níveis de sua mente pela energia sagrada da kundalini, simbolizada pela Árvore do Bem e do Mal. Na Bíblia, lê-se: “Comereis dos frutos de todas as árvores, menos da árvore do Bem e do Mal”, ou seja, não usar a energia sexual animalescamente, mas magicamente). Daí essa portentosa árvore ser considerada na Ásia como a Árvore da Vida. Afirmam as tradições budistas que a árvore sagrada protegia o Buda das investidas do demônio Marah; ela o protegia envolvendo o Iluminado com seus galhos.

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A Árvore Escandinava A versão nórdica da árvore da vida está bem detalhada nos Eddas, a bíblia escandinava, na verdade uma coletânea de contos de fundo esotérico. Chamada de Yggdrasil, essa árvore representava o deus Ygg (ou Odin) e era um gigantesco Freixo situado no cimo de uma montanha. Yggdrasil que servia de abrigo para as reuniões e concílios dos deuses e seus galhos ultrapassavam os limites dos céus. Quatro cervos (os Devarajas) se alimentavam de seus brotos, em seu topo vivia uma majestosa águia (o Espírito) e em suas raízes se encontrava a poderosa serpente Nidhugg (a Kundalini a ser desperta). Essa árvore sagrada era eterna porque estendia suas três raízes(as forças primárias) até duas fontes: a da primavera e a da sabedoria, guardadas pelo lobo Fenris (a Lei) e pelo gigante de gelo Mimir (as forças instintivas da natureza). O Yggdrasil é a única potência capaz de levar os “mortos na batalha” para o Valhalla (o Paraíso) e de impedir o fim do mundo, dos Deuses e dos homens (esse Fim do Mundo, entre os nórdicos, chama-se Ragnarok).

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Plantas Sagradas entre os Gregos A magia vegetal esteve intimamente ligada aos deuses e tradições grecoromanos. Vejamos algumas, como referência: TRIGO: Foi o dom supremo de Deméter, ou Ceres, Deusa da Terra. É o alimento do corpo e da alma. Como o arroz entre os orientais e o milho entre os précolombianos, o trigo representa a chave da vida e da abundância. É a energia à espera de sua transmutação. UVA: Dedicado ao deus Baco, ou Dionisios, do Êxtase, da Castidade e das Artes. O vinho representa o trabalho sagrado da transmutação alquímica. Com o trigo, eram os dois principais símbolos do anelo de Liberação nos Templos de Elêusis e posteriormente se transformaram em parte do mistério crístico da Salvação (Mistério Eucarístico). Na Alquimia egípcia e depois na medieval, o pão e o vinho foram representados pelo Sal e o Enxofre. OLIVEIRA: É ao mesmo tempo alimento, medicina e combustível. Está ligada a Minerva, ou Palas Atena, deusa da Sabedoria e do Fogo. LOURO: Árvore sagrada do solar Apolo, ou Helios, representa o triunfo conquistado depois de longas batalhas e duros sacrifícios. É um dos símbolos dos videntes e profetas. ARTEMÍSIA: Planta consagrada a Diana caçadora (Ártemis), a que socorre as mulheres no parto. O interessante é que essa planta regula a menstruação e evita a gravidez. MURTA: Consagrada a Vênus-Afrodite. Além de afrodisíaca, diz-se que a aura da murta alimenta o amor nos lares. PINHEIRO: Associado a Júpiter-Zeus, por sua presença majestosa e força. Esta árvore, pela solidez de sua madeira, representa a perpetuidade da vida. Além das associações com as divindades, muitas plantas tinham íntima relação com determinados templos oraculares. Delfos e Delos estavam ligados ao louro, Dodona ao carvalho, Epidamo e Boécia à canela e árvores condimentares.Também temos muitas outras representações que nos remontam à presença e à manifestação da Divindade. Temos o Ashvata ou figueira sagrada da sabedoria oriental; o Haoma dos mazdeistas, onde se vê Zoroastro esquematizando o homem cósmico; o Zampoun tibetano e o carvalho Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 75


de Ferécides e dos celtas. Duas das tradições que nos chegaram de forma mais complexa são a das plantas bíblicas e seu simbolismo e a Árvore da Vida cabalística. A Árvore Cabalística Os místicos judeus, ou cabalistas, primeiro criaram um Jardim repleto de árvores frutíferas; em seguida, estabeleceram duas delas(a árvore da ciência e a árvore do Bem e do Mal) no meio do Éden e as transformaram no centro de todo o drama da humanidade. A Árvore Sefirótica, ou Cabalística, é um desenho mágico-filosófico que representa a Adão Kadmon, ou Homem Cósmico, Deus, e às muitas dimensões onde Ele se manifesta e trabalha. Na verdade é uma tentativa de esquematizar de forma diagramática as forças universais. A Árvore Sefirótica possui dez galhos, ou Emanações divinas, que seriam os dez mundos ou Dimensões. Podemos notar a relação entre cada uma dessas Séfiras e as diversas Ordens de seres espirituais que se manifestam no Universo.

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Cada Ordem possui seus atributos, seus poderes, suas virtudes. Conhecendo os mantras e exercícios para se entrar em contato com essas dimensões, temos a possibilidade de manipular os atributos dos Seres daqueles mesmos planos. Parafraseando o grande Hermes: “O que está em cima é como o que está embaixo e o que está fora é como o que está dentro(e vice-versa)”, descobriremos o motivo de se estudar o Diagrama Sefirótico. As potências divinas, angélicas e elementais, quando invocadas, fazem vibrar nossos diversos corpos interiores, e as virtudes e poderes desses Deuses sefiróticos se farão sentir nos átomos anímicos. As três primeiras Emanações (Kether, Chokmah e Binah) são batizadas com o nome de Coroa Sefirótica, ou Triângulo Divino, e representam a chamada Santíssima Trindade de todas as religiões solares. São as três forças primárias organizativas de tudo o que é e o que será. A partir daí, temos as sete Séfiras, que vêm a ser os sete mundos, ou planos. Vêm a ser os sete corpos de nossa constituição interna, como já estudamos anteriormente, ou seja, de Chesed a Yesod, temos nossos corpos internos e Malkuth (o Reino) vem a ser nosso corpo físico. Exemplos: Queremos trabalhar sobre nosso corpo astral, otimizar nossas emoções, equilibrar nossos chacras astrais e preparar-nos para os exercícios de magia prática? Trabalhemos com os anjos lunares, regidos por Gabriel! Necessitamos curar alguém com sérios desequilíbrios mentais, ou compreender as forças mentais que regem nosso Destino? Invoquemos o Meritíssimo Arcanjo Rafael, de Mercúrio, e seus auxiliares! Necessitamos unir um casal em conflito, ou encher um lar desarmônico com os Átomos do Amor, que se encontram estacionados no mundo causal (pois o Amor é a Causa e a Origem de tudo)? Realizemos a Magia do Amor com Uriel e seus inefáveis anjos rosa! Ou necessitamos despertar os atributos solares, superiores, de nossa Consciência Espiritual, como Dignidade, Humildade, Fé, Esperança, Empatia, Obediência à Lei etc.? Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 77


Supliquemos ao Cristo Michael, Arcanjo de nosso Sistema Solar, que incita o fortalecimento da Geburah interior, a Bela Helena! Gostaríamos de despertar os valores guerreiros de nosso Espírito, nosso Pai Interno? Chamemos a Samael, Gênio do planeta Marte e que faz vibrar nosso Chesed Íntimo!!! Prática Mágica: É necessário que você tenha, para esta prática, um vaso de plantas. Pode ser um pequeno vaso com uma roseira, violeta ou outra qualquer. Sugerimos um pé de hortelã. Relaxe o corpo e vocalize seu mantra de preferência. Pode ser o AOM. Peça à sua Divindade Interior, ao seu Cristo Interno ou à sua Mãe Natureza Interior para que você sinta/veja a presença do elemental da planta que está no vaso. Entre em meditação e vibre com a Inteligência que existe dentro dessa planta. Os Elementais Muitas pessoas me perguntam se realmente acredito na existência desses pequenos seres. E eu, sem pestanejar, respondo que sim. Infelizmente, há pessoas que creem apenas naquilo que seus olhos podem ver porque não têm sensibilidade para sentir. Ainda bem que, na história da humanidade, existiram pessoas sensíveis que se dispuseram a estudar esses seres e o mundo sutil em que vivem. Sabemos que tudo o que existe em nosso planeta é formado da composição básica de quatro elementos. Você sabe quais são eles? Se responder “ar, água, fogo, terra”, merece nota 10. Mas você sabe como os estudiosos chegaram a essa conclusão? Compreendendo os Elementais Voltemos no tempo para compreender o pensamento dos nossos ancestrais. Na verdade, a origem do ser humano se perde nas brumas do passado. Cada época e cada povo, inclusive os mais primitivos, tiveram o seu mito de criação. Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 78


Para o homem da antiguidade, o céu era a morada dos deuses. As constelações, formadas de incontáveis astros, transformaram-se na figura desses deuses. A Natureza possuía ao todo quatro elementos básicos, chamados pelo homem primitivo de raízes. Para o povo celta, o Universo era formado de três elementos: céu, terra e mar. Os quatro elementos eram a água, o ar, o fogo e a terra e todas as transformações da Natureza seriam o resultado da combinação desses quatro elementos, que depois se separavam novamente um do outro. Durante a Idade Média surgiu a Alquimia, misto de magia e experimentação prática para se fazer descobertas sobre a Natureza. Foi a partir da Alquimia que a teoria dos quatros elementos tomou forma e ganhou inúmeros pesquisadores, conhecidos como alquimistas.

Phillipus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim, mais conhecido como Paracelso, nasceu em 17.12.1493 numa pequena cidade próxima a Zurique, Suíça, e faleceu na Áustria em 24.09.1541. Era alquimista, astrólogo, filósofo, físico, médico, químico e ocultista. Ele foi o primeiro indivíduo a realizar estudos sérios sobre os pequenos seres Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 79


que, segundo ele, habitavam os quatro elementos. Paracelso dizia que esses elementais eram de carne e osso e possuíam duas naturezas, uma física e uma espiritual; que se movimentavam dentro do elemento ao qual pertenciam e se privavam do contato com os elementais dos outros elementos. Foi assim que Paracelso estabeleceu a sua classificação: Elementais do elemento água: ondinas Elementais do elemento ar: silfos Elementais do elemento fogo: salamandras Elementais do elemento terra: gnomos A complementação da classificação de Paracelso veio do Egito, Índia e China: Elementais do elemento água: ninfas e sereias Elementais do elemento ar: fadas e hamadríades, que representavam os deuses, mas muitas vezes eram adoradas e reverenciadas como espíritos da Natureza. Elementais do elemento terra: duendes Além desses, ainda existem outros tipos de seres elementais, como os dragões, os elfos, os goblins, os trolls e os uldras

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Os Elementos e seus Mistérios A calma e a paciência são as qualidades necessárias para quem deseja contatar os elementais dos quatro elementos. Em muitas mitologias esses seres nascem da lama, o ar lhes dá o sopro da vida e o fogo lhes é fornecido por seres que revolucionam a ordem estabelecida (prometeu a serpente que daria o fruto da árvore do conhecimento). Há uma razão na localização dos elementos nos quatro pontos cardeais: A água está associada ao oeste e simboliza a morte e a imersão no inconsciente. O ar está associado ao leste e simboliza o nascer do Sol, quando, todas as manhãs, o prana se fortalece e a vida se renova; O fogo está associado ao norte e simboliza o calor que vem do hemisfério norte para o hemisfério sul; A terra está associada ao sul e simboliza o frio e o recolhimento. Elementais Artificiais

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De acordo com vários estudos esotéricos, o ser humano pode criar elementais artificiais com a força do pensamento e da vontade. Segundo o livro O Mago de Strovolos, de Kyriacos C. Markides, editora Pensamento, esses elementais têm vida própria, como qualquer outra forma de vida, e podem ter uma experiência independente daquela que os projetou, pois o ser humano pode criar várias formas de pensamento, inclusive os elementais artificiais, que são vampiros sexuais chamados de íncubos e súcubos. Os íncubos são espíritos malignos masculinos que copulam com mulheres. Íncubo vem do latim incubus, incubi e significa estar deitado (a) sobre. Os súcubos são espíritos malignos femininos que copulam com homens. Súcubo vem do latim succuba, succubae e significa estar deitado (a). O ser humano pode vibrar através do pensamento e do sentimento, e qualquer pensamento ou sentimento que ele projetar criará um elemental artificial. Há dois tipos de elementais artificiais: os provenientes dos desejos-pensamentos e os provenientes dos pensamentos-desejos. É o modo como o indivíduo vibra que determina o tipo e a quantidade de elementais que ele cria. Quando ele vibra primeiro através do sentimento, está sujeito ao impacto dos desejos e emoções e, a partir daí, seu pensamento passa a desempenhar um papel subserviente. Os elementais de desejos-pensamentos têm vida própria, forma e poder. Flutuam e vagam no mundo etéreo e podem tomar a forma de animais, como cobras e ursos. As crianças frequentemente veem essas formas durante o sono e têm pesadelos. Segundo o autor Markides, os elementais não podem ser dissolvidos até terem cumprido as tarefas para as quais foram criados. Por esta razão, devemos estar preparados para encarar as consequências dos nossos pensamentos e ações, pois os elementais criados por nós nos manterão responsáveis por eles não só nesta vida, mas também nas nossas futuras encarnações. Atenção! Aviso importante! Nos rituais, lembre-se que seu respeito e sua concentração são fundamentais para que possa ocorrer a transmutação dos seus pedidos, os quais devem ser específicos e feitos somente quando você realmente tiver necessidade. Ao trabalhar dentro da Natureza para aquilo que é ético e positivo, você sempre receberá em troca amor, saúde e felicidade. Sempre que fizer algum pedido, lembre-se de agradecer mesmo antes de ser atendido (a). Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 82


ELEMENTO ÁGUA O elemento água é protegido pelas ondinas e sereias. A água é o elemento da purificação, da absorção, da germinação, do subconsciente, do amor e de todas as emoções. Assim como a água é fluida, que muda incessantemente de um nível para outro, assim também são as nossas emoções, que se movimentam constantemente. O subconsciente é simbolizado pela água porque está sempre em movimento, como o mar que nunca descansa, seja dia ou noite. Objetivos dos Elementais da Água Cuidar do equilíbrio da emoção, da intuição e da sensibilidade. Ensinar a curar Ensinar a delicadeza Estimular a natureza romântica Despertar a imaginação criativa Ajudar a vencer os medos Correlações com o Elemento Água Animais: Todas as criaturas da água e todas as aves do mar, como botos, focas, golfinhos, peixes Árvore: Salgueiro Cores: Azul, cinzento, índigo, preto, verde, verde azulado Deusas: Afrodite, Ísis, Tiamat Deuses: Dylan, Netuno, Osíris, Poseidon

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Direção cardeal: Oeste Época da nossa vida: Maturidade Espírito: Ondinas governadas pelo rei Niksa Estação: Outono Ferramentas: Caldeirão, cálices e taças Hora: Crepúsculo Incenso: Mirra Instrumentos: Canto harmônico, carrilhões e cordas Joia: Água-marinha Lugares: Banheiras, camas, chuveiros, fontes, lagos, marés, oceanos, piscinas, poços, praias, rios, spas Nome do vento: Zéfiro Plantas: Todas as plantas aquáticas, como alga marinha, junco, lótus, samambaia Regência: Amor, coragem, córregos, emoção, fertilidade, inconsciente, lagoas, lagos, marés, nascentes, oceanos, ousadia, poços, rios, sentimento, tristeza, útero Representantes: Ondinas Sentido: Paladar Signos: Câncer, Escorpião, Peixes Símbolos: Água, chuva, conchas, fontes, lagos, neblina, oceanos, poços, rios Trabalho Ritual com o Elemento Água Amizade, amor, busca da visão, casamento, comunicação com o mundo espiritual, coragem, correntes e marés da vida, cura, cura de si mesmo, emoções, eu interior, felicidade, fertilidade, geração, inconsciente, intuição, jornadas, plantas, poder de ousar e purificar as coisas, prazer, psique, purificação, reflexão, sabedoria interior, segurança, sentimentos, simpatia, sonhos, sono, ternura, tristeza, ventre, visão interior.

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Rituais Rápidos de Harmonização - Água Para entrar em contato com o elemento água e se harmonizar com ele, você deve: Pisar, com os pés descalços, numa vasilha com água fresca e cristalina (escalda-pés) Cantar no chuveiro Brincar na chuva ou mesmo com a água de uma mangueira Contemplar uma cachoeira, um rio ou o mar Mergulhar, nadar Pedir desculpas Contar histórias Procurar um grupo Demonstrar afeto ELEMENTO AR

O elemento ar é protegido pelos silfos. O ar é masculino, ativo, expansivo e seco. Ele é o elemento do intelecto e a realidade do pensamento, que é o primeiro passo para a criação. É ele que governa a concentração e a visualização e é o elemento que se sobressai nos locais de aprendizagem, Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 85


onde pensamos, ponderamos e teorizamos, além de ser também usado para auxiliar no desenvolvimento das faculdades psíquicas. Magicamente, o ar é a clara, pura e perfeita visualização, poderosa ferramenta para a mudança, pois ele é o impulso que lança a visualização na direção da concretização. O ar governa os feitiços e os rituais que ajudam a encontrar coisas perdidas, a descobrir mentiras e que envolvem viagens, instrução, liberdade e obtenção de conhecimento. Feitiços ligados ao ar geralmente incluem o ato de se colocar um objeto no ar ou de se deixar cair um objeto do alto de uma montanha ou de outro lugar alto, para que o objeto realmente se conecte fisicamente com o elemento ar. O ar governa o leste porque esta é a direção da luz maior, da luz da sabedoria e da conscientização. Sua cor é o amarelo do Sol e da aurora celeste. O ar também governa a magia dos quatro ventos e a maioria das magias adivinhatórias. Objetivos dos Elementais do Ar Cuidar do equilíbrio dos pensamentos Atuar na resolução de um negócio ou de uma situação preocupante Despertar a sabedoria Realçar a oratória Estimular a telepatia e a clariaudiência Aumentar a força de vontade Correlações com o Elemento Ar Animais: Pássaros, especialmente as águias e os falcões Árvore: Álamo-tremedor Cores: Amarelo vivo, branco, branco azulado, carmim, pastel Deusas: Aradia, Arianhod, Cardeia, Nuit, Urani Deuses: Enlil, Khephera, Mercúrio, Shu, Toth Direção cardeal: Leste Época da nossa vida: Infância Espírito: Silfos governados pelo rei Paralda Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 86


Estação: Primavera Ferramentas: Athame, espada, turíbulo Hora: Amanhecer Incenso: Olíbano Instrumentos: Athame, espada, incenso Joia: Topázio Lugares: Aeroportos, agências de viagens, bibliotecas, céu nublado, escolas, escritórios, praias ventosas, topo de colinas, topo de montanhas, torres altas Nome do vento: Euros Plantas: Milefólio, mirra, olíbano, prímula, violeta Regência: Aprendizagem abstrata, conhecimento, mente, montanhas expostas ao vento, picos de montanhas, planícies, praias ventosas, respiração, teoria, todos os trabalhos intuitivos, mentais e psíquicos, torres altas, ventos Representantes: Silfos Sentido: Olfato Signos: Gêmeos, Libra, Aquário. Símbolos: Árvores, brisa, céu, ervas, flores, nuvens, plantas, respiração, vento, vibração Trabalho Ritual com o Elemento Ar Aprendizagem abstrata, audição, começos, conhecimento, crescimento intelectual, discussões, habilidade de saber e entender, habilidades psíquicas, harmonia, iluminação, inspiração, instrução, liberdade, meditação zen, memória, mente, pensamento, recuperação de coisas perdidas, respiração, revelação da verdade, saber os segredos dos mortos, telepatia, todo trabalho intuitivo, mental e psíquico, vento, viagem. Rituais Rápidos de Harmonização – Ar Para entrar em contato com o elemento ar e se harmonizar com ele, você deve:

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Caminhar com os pés descalços nas primeiras horas da manhã Sentir a brisa acariciando o seu rosto nas primeiras horas da manhã Acender incenso Silenciar Cantar Fazer exercícios de consciência respiratória Ler, dar aulas, fazer palestras Soltar pipas Sacudir objetos no ar ou pendurá-los ao vento Suspender ferramentas em lugares altos Soprar objetos leves enquanto visualiza energias positivas Deixar que o vento leve folhas, flores, ervas ou papéis picados ELEMENTO FOGO

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O elemento fogo é protegido pelas salamandras. As salamandras são elementais que têm o poder de desencadear e transformar tanto as emoções positivas como as negativas, porque o fogo tanto é ativo e energético como destruidor. Segundo os especialistas, as salamandras parecem bolas de fogo que podem atingir até 06 metros de altura, e suas expressões, quando percebidas, são rígidas e severas. Objetivos dos Elementais do Fogo Equilibrar a coragem, o entusiasmo, o vigor e os bons empreendimentos Atuar no trabalho e na espiritualidade Realçar as paixões Auxiliar a enxergar o que precisa ser destruído Ajudar a reconhecer as leis de causa e efeito Fortalecer os relacionamentos sexuais Correlações com o Elemento Fogo Animais: Cavalos, cobras, leões Árvore: Amendoeira em flor Cores: Carmesim, dourado, laranja, vermelho Deusas: Brigit, Héstia, Pele, Vesta Deuses: Agni, Hefestos, Hórus, Prometeu, Vulcano Direção cardeal: Norte Época da nossa vida: Mocidade Espírito: Salamandras governadas pelo rei Djin Estação: Verão Ferramentas: Bastão e turíbulo Hora: Meio-dia Incenso: Olíbano Instrumentos: Harpa e lira Joia: Opala Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 89


Lugares: Academias de ginástica, campos de atletismo, desertos, dormitórios, fontes termais, fornos, lareiras, saunas, vulcões Nome do vento: Notos Plantas: Cebola, hibisco, papoula vermelha, urtiga Regência: Calor, chama, chama de velas, cura, desertos, destruição, energia, erupções, espírito, explosões, fogueiras, lareiras, purificação, sangue, seiva, Sol, vida, vontade, vulcões Representantes: Salamandras Sentido: Visão Signos: Áries, Leão, Sagitário Símbolos: Arco-íris, estrelas, larvas, relâmpagos, Sol, vulcões Trabalho Ritual com o Elemento Fogo Amor, aprendizagem, artes, autoconhecimento, autoridade, calor, chama, consciência corporal, coragem, criatividade, cura, destruição, energia, erupções, espírito, eu superior, evolução, exercícios físicos, explosões, fé, fogueiras, força, iluminação, lareiras, lealdade, liberdade, mudança, paixão, percepção, poder, proteção, purificação, refinamento, sangue, sexualidade, Sol, sucesso, transformação, velas, vida, vigor, visão, visão interior, vitalidade, vontade, vontade de ousar. Rituais Rápidos de Harmonização – Fogo Para entrar em contato com o elemento fogo e se harmonizar com ele, você deve: Acender uma vela nas primeiras luzes do Sol Dançar ao redor de uma fogueira Correr Rasgar papéis Fazer banho de óleo Criar

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Queimar Acender pequenas fogueiras Passar no meio da fumaça ou derreter um objeto ELEMENTO TERRA

O elemento terra é protegido pelos duendes, faunos e gnomos. Os gnomos são seres que conhecem todos os segredos do planeta Terra e do Cosmos. A palavra gnomo significa anão sem idade definida que, segundo a Cabala, vive no interior da Terra e tem a guarda de seus tesouros em pedras e metais preciosos. Paracelso usava o termo latino gnomus, calcado no grego genómos > habitante da terra, ou no grego gnomes > bom senso, conhecimento, julgamento, reflexão, ou mesmo provavelmente do francês gnome > pequenos gênios que habitam a terra.

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Designação do termo gnomo usada na língua de diversos países: Alemão: Heinzelm nnchen Búlgaro: Djudje Checoslovaco: Skritek Finlandês: Tonttu Flamenco: Kleinmanneken Holandês: Kabouter Inglês: Gnome Irlandês: Gnome Norueguês: Tonte O nisse Polonês: Gnom Russo: Domovoi djedoesjka Sérvio/croata: Kippec/patuljak Sueco: Tontebisse O nisse Objetivos dos Elementais da Terra Responsabilizar-se pela filtração de energias dos ambientes Responsabilizar-se pelo armazenamento de energias positivas Cuidar do equilíbrio da prosperidade Abrir oportunidades para o sucesso Ajudar a desenvolver maior atenção no ser humano Estimular a alegria nas atividades terrenas Despertar o respeito por todas as formas de vida Ensinar a driblar as influências desfavoráveis do tempo Correlações com o Elemento Terra Animais: Bois, cobras, vacas Árvore: Carvalho Cores: Branco, marrom, preto, verde Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 92


Deusas: Ceres, Deméter, Gaia, Perséfone, Rea, Rhiannon Deuses: Adonis, Arawn, Athos, Cernunnos, Dionísio, Pã Direção cardeal: Sul Época da nossa vida: Velhice Espírito: Gnomos governados pelo rei Gob Estação: Inverno Ferramenta: Pentagrama Hora: Meia-noite Incenso: Benjoim Instrumentos: Chocalhos, gongos, percussão, sinos, tambores e metais em geral Joia: Cristal de rocha, sal Lugares: Abismos, buracos, campos cultivados, canyons, cavernas, cozinhas, creches, fazendas, florestas, jardins, minas, montanhas, parques, porões, tocas, vales Nome dos ventos: Bóreas e Ophion Plantas: Arroz, aveia, cevada, hera, milho, trigo Regência: Bosques, campos, construções, corpo, crescimento, criatividade, cristais, dinheiro, grutas, joias, metais, montanhas, morte, nascimento, Natureza, ossos, rochas, silêncio, sustentação Representantes: Cristais e plantas Sentido: Tato Signos: Touro, Virgem, Capricórnio Símbolos: Campos planos, cavernas, gemas, minas, montanhas, rochas, solos Trabalho Ritual com o Elemento Terra Abundância material, conservação, corpo, crescimento, cristais, cura, dinheiro, empatia, emprego, ensino, estabilidade, estruturas, fertilidade, força de vontade, força física, forças da Natureza combinadas, ganho material, incorporação, joias, metais, mistério, morte, nascimento, negócios, noite, ossos, Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 93


pedras, prosperidade, rendição, riqueza, rochas, runas, sabedoria prática, silêncio, sucesso, sustentação, tesouros, toque. Rituais Rápidos de Harmonização – Terra Para entrar em contato com o elemento terra e se harmonizar com ele, você deve: Ficar com os pés descalços sobre a terra, de preferência após o meio-dia Caminhar ao ar livre com os pés descalços Preparar e comer a própria comida Fazer massagens Trabalhar com argila Segurar um cristal Banhar-se com terra Deitar e rolar na terra Enterrar, plantar Mitos Celtas e da Gália Os Celtas foram um povo, cuja origem se situa na Europa Central, embora os celtas chegaram a Portugal, Espanha, França, Suíça, Grã-Bretanha e Irlanda, e também tão longe como a Grécia e a Galácia. Mas creio que a Irlanda é o país que atualmente ainda mantêm viva muitas das crenças dos celtas, inclusive o respeito pelos elementais. Para os primitivos celtas, o mito suplantava a própria história. Em nenhuma outra sociedade se dava tão perfeita simbiose entre a realidade e a irrealidade, a narração e a fábula, o exotérico e o esotérico, por achei interessante que vocês conhecessem um pouco sobre esta sociedade que convivia em perfeita harmonia com os elementais e foram os precursores da magia que hoje em dia denominamos “Magia Natural”. Já o grego Estrabão, que nasceu pouco antes de começar a nossa era, menciona os celtas na sua volumosa obra geográfica, baseando-se em escritos Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 94


de anteriores historiadores clássicos, e faz menção à semelhança de ritos e costumes entre povos que, graças às contínuas migrações daqueles tempos, geminavam as suas raças até chegar a uma posterior simbiose. Também cita algumas das suas peculiaridades, as quais fazem este povo primitivo mais atrativo do que outros muitos daquela época. Sabe-se, por exemplo, que os celtas adoravam as águas dos diferentes mananciais e consideravam sagradas todas as fontes. Em torno delas teceram uma grande variedade de lendas, algumas das quais sobreviveram até aos nossos dias. Havia um deus das águas termais chamado Bormo, Borvo ou Bormanus, conceitos que têm o significado de “quente”, daqui derivará Bourbon, ou “luminoso” e “resplandecente”, com que era reconhecido também, em ocasiões, como o deus da luz. E o seu ancestral culto daria lugar à comemoração das célebres festas irlandesas, as “Baltené”, que se celebram no primeiro de Maio. Muito freqüentemente, os heróis celtas consideravam-se filhos do rio Reno, pois da margem direita deste rio provinha essa etnia celta que invadiu a Gália, as Ilhas Britânicas, Espanha, parte da Alemanha e a Itália e o vale do Danúbio-, dado que sentiam a necessidade de ser purificados pelo poder catártico da água. Não obstante, a deidade mais peculiar das águas era Epona, assimilada do mundo grego, que sempre ia montada a cavalo, animal que o deus do mar, Possêidon, tinha feito surgir com o seu tridente, tal como ficava registrado na mitologia clássica, pelo qual também era considerada entre os celtas como uma deusa eqüestre. Havia também uma espécie de padroeira de mananciais e fontes à qual os galos denominavam Sirona. Montanhas É o galo, portanto, um povo de costumes ancestrais que introduz na história, talvez sem querer, o valor mágico da arte, dado que há mais de quinze mil anos representava nas paredes de ocultas covas uma série de estilizadas figuras que, na opinião de modernos investigadores da pré-história, estavam Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 95


carregadas de simbolismo, e pelo menos especialmente ao representar o corpo de alguns animais, que lhes serviam de alimento, atravessados com flechas ou lanças como uma premonição mágica da sua posterior captura, pretendiam aproximar a realidade da sua imagem até identificar ambas. Trata-se, portanto, de um povo que se caracteriza por introduzir nas suas legendárias epopéias, transmitidas habitualmente de forma oral, elementos mágicos e simbólicos que conformarão o mito do seu ancestral e da sua idiossincrasia, como raça e como etnia únicas. E, assim, os galos tinham uma concepção animista da natureza e da matéria -as coisas estão cheias de deuses e de demônios e têm vida- e, pelo mesmo motivo, consideravam sagradas as montanhas e, de forma especial, as suas cumeeiras e picos, onde se levavam a cabo rituais similares aos que se realizavam no Reno ao submergir nas suas águas os recém-nascidos; se o menino sobrevivia passava a ser filho legítimo dado que tinha um protetor, o rio Reno, comum a ele e ao seu progenitor. Algumas cumeeiras de montanhas eram consideradas como morada das deidades celtas e, nas suas cimeiras, se erigiam templos em honra aos deuses que melhor protegeriam estes lugares de silêncio e recolhimento. Eram consideradas como deidades a Montanha Negra e algumas cumeeiras dos Pirineus. De resto, a semelhança com os lugares sagrados da mitologia clássica, tais como o Olimpo e o Parnaso, era evidente. Bosques Uma etnia, como a celta, que enchia as regiões em que habitava com infinidade de seres fantásticos, tais como fadas, gnomos, silfos, duendes e anões, tinha que conseguir lugares idôneos para o acomodo de semelhante figuras. E é assim como surge a preocupação e o respeito pela vegetação, pelas ervas, pelas árvores; o bosque erige-se em santuário celta, e as suas árvores com as Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 96


raízes procurando as profundidades da terra, e os ramos abrindo-se para o horizonte amplo do espaço exterior, simbolizam a relação constante entre o que está abaixo e o que está acima, entre o imanente e o transcendente. Seguindo o seu critério animista, os galos consideravam os seus bosques cheios de vida e, muito especialmente certas árvores, da família dos Quercus, que neles cresciam. Entre estas, talvez o ritual mais oculto e eficaz fosse aquele das azinheiras, às quais se tinha um respeito religioso e transcendental, carregado de veneração. Era uma árvore bendita e, quando ardia, tinha a virtude de curar doenças. Talvez a tradição, que ainda dura, das fogueiras de São João tenha a sua origem em certos ritos celtas relacionados com a chama catártica da azinheira ao arder. Simbolismo Vegetal Aqueles que passassem pelo tronco oco das árvores do bosque seriam preservados de todas as doenças e todos os males. E, no caso do carvalho, tornava-se tão patente o seu caráter totêmico que era consagrado ao deus celta Dagda, que era uma deidade criadora que encarnava o princípio masculino, ao passo que o princípio feminino era do Ágárico. Só os druídas poderosos sacerdotes galos, com as suas podadeiras de ouro e revestidos com túnicas brancas, numa cerimônia plena de pompa, podiam cortar e colher o agárico que crescia pegado aos carvalhos. A cerimônia ia presidida por um ritual consistente em sacrificar touros brancos aos deuses; também o tecido onde se depositava o agárico podado devia ser branco. Havia também outras plantas que se utilizavam para curar as doenças contraídas por alguns animais e, para colhê-las, era necessário seguir um ritual consistente em utilizar somente a mão esquerda, jejuar e não olhar para a planta no momento de arrancá-la. Caso contrário, não surtiria o efeito desejado.

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O carvalho, então, aparecia entre os celtas carregado de simbolismo e, pelo mesmo motivo, representava a boa acolhida, a tutela e o apoio. Simbolismo Animal Também os animais eram objeto de culto e veneração entre os galos. Alguns grupos tribais utilizavam o nome próprio de um determinado animal para, assim, mostrar-lhe a veneração e o culto devidos. Por exemplo, a tribo dos “Tauriscí” recebia esse nome porque os seus componentes estavam considerados como “os homens e mulheres do Touro”. Os “Deiotarus” pertenciam ao grupo do Touro deífico. Os “Lugdunum” eram chamados assim porque habitavam na colina do corvo. Os “Ruidiobus” apareciam associados com o javali e o cervo. A tribo dos “Artogenos” era um povo ligado à existência de animais como o urso. E até havia uma deusa que recebia o nome de “Artío”, e aparecia representada com a figura de uma ursa. A verdade é que existem numerosas representações artísticas que mostram a importância que, entre os celtas, adquiriria o totemismo animal. Existia também, uma abundante espécie de legislação não escrita, que é uma conseqüência direta desta consideração sagrada dos animais, pela qual os povoadores celtas se mostrarão escrupulosos à hora de conseguir os seus alimentos. Por exemplo, entre os celtas não se consumia carne de cavalo, dado que este era um dos animais considerados sagrado e exclusivamente destinados a trabalhos bélicos. Certos animais, como a lebre, eram utilizados pelos povoadores galos com fins relacionados com a predição profética e a visão futura. Também o frango, o galo e a galinha eram animais venerados pelos galos e a sua carne não podia comer-se. O Caldeirão Da Abundância

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E dado que a mitologia gala contém mais de cem deidades, a variedade está assegurada. Isto é, que ao lado dos anteriores, considerados pelos narradores de mitos como sanguinários, existem outros de características radicalmente opostas. Por exemplo, neste sentido, cabe citar o benéfico e altruísta, se me permite a expressão, deus celta Dagda. Este era conhecido pelo atributo do caldeirão da abundância -entre os celtas, o caldeirão era um dos objetos carregados de simbolismo mágico e mítico, pois no seu fundo se guardavam as essências do saber, da inspiração e da extraordinária taumaturgia, com o qual alimentava todas as criaturas. E não só ficavam satisfeitos de forma material, mas também, os que acudiam ao caldeirão generoso de Dagda, sentiam saciadas as suas apetências de conhecimento e sabedoria. Outra qualidade do deus Dagda era a sua relação direta com a música e com o seu poder evocador. Um dos seus atributos era precisamente a harpa, instrumento que manejava com habilidade e arte e que lhe servia para convocar as estações do ano. Arrancava também tão suaves melodias deste instrumento que muitos mortais passavam deste mundo para o outro como num sonho, e sem sentir dor alguma, sem sequer repararem nisso. O deus Dagda foi uma espécie de Orfeu céltico e, entre os seus descendentes, cabe citar Angus que cumpria entre os irlandeses as mesmas funções que o Cupido clássico. Angus era a deidade protetora do afeto e do amor e, em vez de lançar dardos ou flechas, atirava beijos que não se perdiam no ar, senão que se convertiam, depois de terem cumprido, por assim dizer, a sua missão, em dóceis e delicadas aves que alegravam com o seu melodioso trinar a vida dos felizes apaixonados Dagda também teve uma filha chamada Brigt que foi considerada pelos celtas como a protetora das artes declamatórias e líricas. Encomendou-se-lhe Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 99


o patrocínio da cidade e, entre os galos, era a que guardava o caldeirão do conhecimento, a sabedoria e a ciência. Gigantes E Heróis Houve outros deuses celtas que quase eram réplicas perfeitas das deidades clássicas. Tal é o caso do deus Mider, cujas características são muito similares ao Plutão dos clássicos, pois estava considerado como o deus que governava os abismos subterrâneos e infernais. Sempre era representado com um arco, que sabe utilizar com extrema habilidade, e que lhe serve para selecionar as suas possíveis vítimas, que escolhe tanto entre os heróis como entre os mortais. Em certas ocasiões foi comparado com uma espécie de Guilherme Tell galo. Cabe também citar outras criaturas que povoavam a região dos celtas e que guardam também certo paralelismo com outras similares no mundo grego e romano. Trata-se de seres de tamanho descomunal e desproporcionado; de gigantes que, como o irlandês de nome Balor, quase não podia mover as suas pálpebras diz se que tinham que lhes segurar com uma forquilha para que se mantivessem levantadas e, no entanto, era capaz de infringir às suas infelizes vítimas um mal irreparável, para o qual não havia remédio. Trata-se do incurável mau-olhar. Na mitologia clássica existem personagens parecidos entre a raça dos ciclopes, que tinham um único olho, de grandes proporções, no meio da sua fronte. Outros heróis celtas legendários, cuja personalidade difere radicalmente da do gigante Balor, são o rei Fionn e o herói Bran. Do primeiro diz-se que tinha tanto poder que, quando se enfurecia, era capaz de cobrir de neve toda a Irlanda durante um longo espaço de tempo. Do segundo Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 100


se conhece uma das suas mais célebres empresas, que é a contida naquela legendária narração em que se descreve como o herói mítico Bran, para travar batalha com os seus inimigos, foi capaz de atravessar a pé o mar da Irlanda. Também cabe mencionar a lenda do mais conhecido dos reis legendários celtas, cujas aventuras foram colhidas em escritos galos e irlandeses e que era apresentado ora como um deus, ora como um herói imortal e, em ocasiões, como um simples mortal que luta contra o invasor anglo-saxão. O ciclo medieval do Rei Artur narra as façanhas deste personagem mítico, de resto ajudado na sua luta por deidades possuidoras de poderes maléficos e benéficos ao mesmo tempo. A importância que se atribui ao episódio da procura do Santo Graal, baseado numa crença medieval cristianizada, e a série de personagens como os Cavaleiros da Távola Redonda, Percifal e Lancelote, etc- e circunstâncias que se sucedem para descobri-lo, tem já um precedente na mais ancestral tradição celta. Isto é, naquela que relaciona o herói Artur com o achado do caldeirão mágico, do qual se apoderou mas, quando o subia para o navio, encontrou-se que a sua tripulação tinha crescido demasiado e não cabiam na nave. O certo é que na Irlanda existem inumeráveis narrações míticas, cheias de encanto e mistério, que serviram de inspiração, em numerosas ocasiões, a qualificados artistas e escritores de todos os tempos. Os Druidas O povo celta tinha chegado a tão remotos e afastados lugares que, consequentemente, desenvolveria uma cultura própria e enraizada nas suas particulares crenças. Daqui a importância que adquirem os diversos mitos celtas, assim como a força de atração que emana dos seus legendários heróis, alguns dos quais guardam certa relação com os protagonistas da fábula clássica, especialmente com os gregos.

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Mas também há que destacar a importância que alcança o sagrado e transcendente, o esotérico e o mítico, por esses contornos plenos de mistério. A importância que adquirem por então os monumentos megalíticos e, por conseguinte, tudo o relacionado com a morte, dará lugar à formação de sociedades garantes do culto e o rito, tais como os druidas que, segundo as investigações mais dignas de crédito, já na época neolítica tinham adquirido grande importância e tradição entre os irlandeses. Depois passariam, das Ilhas Britânicas, para o território galo, onde, junto com os cavaleiros, se converteriam numa das classes sociais mais influentes e poderosas daqueles tempos. Também houve outras associações que se ocupavam da interpretação taumatúrgica daqueles fatos para os quais não se encontrava explicação racional; por exemplo, os bardos. Inclusive existiram sacerdotisas e magas que praticavam a arte da feiticeira e desenvolviam uns poderes poucos comuns. No entanto, a instituição mais importante será a dos druidas. Estes realizavam os sacrifícios às diversas deidades, pelo que se poderia pensar que eram uma casta de sacerdotes e mais nada. No entanto, também eles resolviam as diversas controvérsias entre cidadãos, entre grupos sociais e entre populações diversas; todos estavam obrigados a cumprir o castigo imposto pelos druidas e todos deviam acatar a sentença por eles ditada, caso contrário eram excomungados e separados dos seus. Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 102


Os druidas tinham também um poder mágico que lhes permitia exercer, segundo o povo, como curandeiros e curadores de doenças da mente e do corpo. Conheciam as propriedades de diversas plantas e utilizavam, além disso, para os seus salmos e sortilégios, couraças de ouriços fossilizados, coisa similar ao que, entre a população oriental, sucedia com as marcas das couraças das tartarugas quebradas pelo fogo, que depois eram objeto de interpretação mágica. Os druidas eram também considerados magos e adivinhos, e até existia a crença cosmológica de que eles tinham criado o espaço imenso e os mares e oceanos, que fariam possível o nascimento dos próprios deuses. O nosso mundo pereceria, na opinião dos druidas, pela água e pelo fogo; isto mesmo defenderia, na época clássica, a escola grega dos estóicos. Os druidas também ensinavam a doutrina da metempsicose, ou transmigração das almas, pois acreditavam que havia outra vida, para além desta, na qual se pagavam todas as dívidas aqui contraídas. Só os druidas sabiam interpretar as inscrições lapidárias dos “oghams”, espécie de mensagens gravadas na pedras dos recintos funerários que talvez aludam à vida no outro mundo. Precisamente a palavra druida significa “o perito adivinho”, por cujo motivo tinham a exclusiva, por assim dizer, da interpretação onírica, do conhecimento mágico do poder das plantas, especialmente louvavam as virtudes do agárico que só os druidas podiam tocar, e da curação e a clarividência. Jovens seletos eram recrutados para formar a sociedade druídica. Permaneciam durante vinte anos aprendendo todas as técnicas necessárias para depois serem capazes de interpretar e memorizar textos sagrados, pois toda a tradição herdada dos antepassados era de viva voz. Tinham que chegar a dominar a astrologia, a adivinhação, a história e a teologia; o seu conhecimento dos fenômenos naturais, e da natureza em si, devia ser exaustivo.

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Geometria Sagrada e os elementais O princípio do elemento água é o crescente prateado

O princípio do elemento ar é o círculo azul

O princípio do elemento fogo é o triângulo vermelho

O princípio do elemento terra é o quadrado amarelo

Meditação com os Elementos Elemento água - meditação com o copo de água Elemento ar - meditação com o incenso Elemento fogo - meditação com a chama da vela Elemento terra - meditação com o cristal Terra, meu corpo; água, meu sangue; ar, meu sopro; fogo, meu espírito. Fazer a roda de dança do Eh anana hei!

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Textos Auxiliares A Natureza Humana Dos Elementos Autor: José Laércio do Egito, FRC A Natureza Humana do Elemento Água Qualquer força é sempre a residência de um Deva ou de um Elemental Os elementais responsáveis pelo elemento água são as náiades, as nereidas, as ninfas, as oceânides, as ondinas, as potâmides e as sereias É bem significativa a ligação que há entre as coisas existentes e os elementos da Natureza. Em geral, tudo guarda estreita relação com os quatro elementos básicos. Assim sendo, podemos dizer que todos os elementos da Natureza entram na constituição do corpo dos seres que habitam a Terra, mas em cada espécie e mesmo em cada ser, um dos elementos predomina, e isso faz com que existam afinidades marcantes entre os seres e os elementos. Na realidade, existem sete elementos fundamentais na Natureza, e não apenas quatro. Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 105


Três são inerentes aos planos espirituais, enquanto que os outros quatro se expressam e se manifestam objetivamente no mundo material: água, ar, fogo, terra. Diz o mestre Philippe de Lyon: “O homem acredita constituirse um único ser, mas, na realidade, ele não passa de uma coleção de bilhões de seres, pois cada célula é um ser tanto ou quanto independente. Ele crê possuir total livre-arbítrio e não o tem. Crê agir por conta própria e, no entanto, sofre a influência de todos os que estão dentro e fora de si. Quando crê possuir uma coisa, essa coisa é também propriedade de outros seres que ele nem ao menos consegue ver”. Toda pessoa é formada da matéria dos quatro elementos, portanto, sujeita à força dos quatro elementos que constitui a matéria. Sempre um dos elementos predomina numa determinada coisa, e isto também acontece não somente no que diz respeito às coisas em geral, mas também ao próprio ser humano. Uma pessoa, ou mesmo um animal, sempre mantém estreita relação com um dos elementos, e este lhe é particularmente favorável. Em decorrência da maior ou menor intimidade com os elementos, o indivíduo guarda características ligadas a um determinado elemento, o que faz com que frequentemente apresente qualidades especiais para determinadas atividades que, algumas vezes, se refletem em condições que o vulgo atribui ao acaso. Diz-se, por exemplo, que uma pessoa tem “mão verde” ou “mão boa” para as plantas, enquanto outras são hábeis para acender fogo, localizar lençóis de água no subsolo, encontrar minerais, e assim por diante. Isto acontece exatamente devido à relação predominante entre o indivíduo e um dos elementos.

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O indivíduo pode ser predominantemente água, ar, fogo ou terra, e é isto que estabelece as afinidades pessoais. Mas como em todo organismo sempre estão presentes os quatro elementos da Natureza, nunca se encontra uma pessoa que seja, por exemplo, somente água, ar, fogo ou terra. Embora haja o predomínio de um elemento, a pessoa é uma miscelânea dos atributos de todos os elementos. Não são apenas os oficialmente denominados seres vivos que são constituídos pelos quatro elementos, pois isso acontece com todas as formas de vida presente neste mundo. Uma montanha, por exemplo, não é constituída somente de terra. Nela há também o elemento ar nas cavernas, o elemento água nos veios e o elemento fogo na forma de calor nas rochas, formando, muitas vezes, rios de lava e vulcões. O fogo ou calor está presente em todos os átomos e, mesmo entre os átomos, há espaços preenchidos por algo que algumas pessoas chamam de éter, que também é considerado um dos sete elementos básicos da Natureza e no qual existem devas e elementais. Assim, podemos dizer que tanto uma montanha está ligada aos quatro elementos, como a água presente na fonte, no lago, no rio ou no oceano, pois neles há sempre o elemento terra na forma de minerais, o elemento fogo na forma de calor e o elemento ar na forma de gases em dissolução. Uma das religiões predominantes no Japão é o xintoísmo, que tem muitos mistérios ligados às forças da Natureza. Há um séquito imenso de elementais chamados Kamis, reverenciados na tradição xintoísta. Há os Kamis dos ventos, responsáveis pelas mudanças atmosféricas, os Kamis dos rios, dos lagos, das montanhas, das árvores, da agricultura, enfim, uma imensa plêiade de Kamis inerentes a cada coisa que existe. No Oriente, o mais elevado Deva ligado ao elemento água se chama Varuna, o Senhor da Água. O fogo é de suma importância na tradição xintoísta, que diz que o Universo nasceu do fogo e depois se transformou, em parte, em água, pois o fogo penetrou na terra e se escondeu. No Japão fala-se do deus do Fogo, muito temido por ser responsável pelos incêndios e vulcões, mas também venerado por purificar o mundo e destruir o mal. Nesse país há o festival Hi-Matsuri, em cujo ritual os adeptos do Shugendo caminham com os pés descalços sobre brasas. Devido à influência xintoísta no Japão, as pedras são muito respeitadas, e até mesmo Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 107


veneradas, pois a elas são atribuídas qualidades ocultas ligadas aos Kamis. Seria necessário um grande livro para se descrever a relação do xintoísmo com os elementos da Natureza, cujo conhecimento antigo procede da Atlântida. Nas religiões fundamentadas na Cabala, de alguma forma os elementais estão presentes e até citados como as mais elevadas expressões angelicais. Tanto é assim que é dito que Miguel governa o vento do leste, Rafael o do oeste, Gabriel o do norte e Uriel o do sul. Diz Anne W. Besant: “Nosso sentimento da realidade neste mundo material é totalmente ilusório. Nada conhecemos da verdadeira natureza dos seres e dos objetos, mas apenas as impressões que eles produzem em nossos sentidos. Por isso, tiramos conclusões quase sempre errôneas do conjunto dessas impressões”. Vamos mostrar algumas características da pessoa que, por sua natureza, está ligada ao elemento água. A água é a fonte da vida, a mãe de todas as coisas e, por isso, a mulher do elemento água é muito maternal e dotada de muita sensualidade. As meninas gostam de brincar com bonecas ou de casinha e são muito afeitas ao banho, pois gostam de levar brinquedos para o banho e brincar com eles na água enquanto se banham. A pessoa do elemento água corresponde ao biótipo renal ou shao yin, que os japoneses chamam de tipo frango. Tem pele macia, pouco brilho nos olhos, pouca transpiração. É basicamente tímida, introvertida, sensível, responsável, e tem grande amor pela Natureza. É racional, lógica, pensativa, organizada, aplicada, e se apega muito a detalhes. É artista, temperamental, ciumenta, guarda mágoa e rancor e pode ser até bastante vingativa. A pessoa do elemento água é muito egocêntrica, mas tem prazer em agradar àqueles de quem gosta. É afinada com os próprios sentimentos e nela prevalecem emoções profundas e reações dos sentimentos, indo desde paixões compulsivas e temores irresistíveis até um amor e uma aceitação que abrangem toda a Criação. É por isso que chora com facilidade, inundando-se de lágrimas, e envolve-se compassivamente em situações passionais. Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 108


A pessoa do elemento água, como sua própria natureza mostra, não tem solidez nem formas próprias. Fica mais feliz quando sua fluidez é diretamente direcionada por outrem, especialmente por alguém do elemento terra, que possui a solidez na qual a água pode se apoiar. É uma pessoa que, por fora, se mostra calma, mas em níveis mais profundos esconde um temperamento nervoso e, muitas vezes, violento. A água, numa represa, aparenta calma e serenidade, mas se o dique que a retém é rompido, ela pode manifestar uma violência imensa. A pessoa do elemento água tende a sentir aversão por aqueles que são turbulentos, com personalidade forte, tais como os do elemento ar e do elemento fogo. A sensibilidade da pessoa do elemento água é tão grande e sua vulnerabilidade à mágoa é tão pronunciada que, se suas reações emocionais não forem controladas e adequadamente canalizadas, podem levá-la a um estado de instabilidade emocional e a uma predisposição a ser facilmente influenciada até pelo mais leve vento que sopre. Todavia, essa sensibilidade não deve ser considerada uma fraqueza, pois a água tem grande força e um importante e longo poder, especialmente quando é canalizada de forma concentrada. Um sábio chinês do século XI é citado na página 78 do livro The Wheel of Life, de John Blofeld: “Entre todos os elementos, o sábio tomaria a água como seu preceptor. A água é submissa, mas conquista tudo. Ela extingue o fogo ou, percebendo que pode ser derrotada, escapa como vapor e toma outra forma. Ela carrega a terra macia ou, quando desafiada pelas rochas, procura um caminho em torno. Satura a atmosfera de modo que o vento morra. A água é humilde, mas não submissa. Ela cede passagem para os obstáculos com uma humildade enganadora, pois nenhum poder pode impedi-la de seguir seu caminho rumo ao mar. Ela conquista submetendo-se. Nunca ataca, mas sempre vence a última batalha. A pessoa do elemento água pode facilmente ser sensacionalista porque gosta de cultivar potencialmente tempestades interiores e até apresentar distúrbios emotivos quando sente a vida enfadonha. Tende a ferir as pessoas e é capaz

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de criar confusão quando seus “diques” se rompem e não consegue controlar suas emoções. Sua sensibilidade não significa fraqueza porque ela, quando represada, é muito forte. Como o indivíduo do elemento água tem excesso de energia nos rins e escassez de energia no estômago, seus distúrbios mais frequentes são digestivos, abrangendo o estômago, o baço e o pâncreas. De alguma forma, os elementos sempre se refletem na personalidade humana e, por isso, é fácil compreender como é a pessoa do elemento água. Ela tem predisposição exagerada para a limpeza, tem propensão para a arte de curar, prefere esportes aquáticos, admira os seres da água e decorações com aquários, prefere profissões ligadas à medicina ou a rios, mares e meios aquáticos e tem muitos sonhos com ambientes aquáticos. Embora muitos indivíduos do elemento água sejam pescadores, não apreciam muito os frutos do mar como alimento, porque os elementais que dominam o elemento água despertam-lhe o lado emotivo. O indivíduo do elemento água se acomoda facilmente e se adapta bem às situações, mas não permanece acomodado se não for contido, da mesma forma que a água, que se amolda facilmente dentro de um vaso, mas logo extravasa e toma outra forma se o vaso for quebrado. Se a “pessoa água” se desequilibra emocionalmente, entra em desarmonia com os elementais da água, afoga-se em paixões sensuais e pode manifestar distúrbios circulatórios. Quando entra em desequilíbrio profundo, tende ao suicídio por afogamento. A pessoa do elemento água prefere viver perto de praias ou à margem de lagos ou rios. Gosta de ver a água fluir e de ouvir o barulho de um regato ou das ondas do mar. Sente-se bem física e emocionalmente nos dias chuvosos e deleita-se ao ver a chuva caindo e sentir seus respingos na pele. No âmbito profissional, talvez escolha a pesca ou a oceanografia. Em todas as situações em que haja perda de energia, fadiga e cansaço, a “pessoa água” se recompõe facilmente perto da água, que pode ser à beira de Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 110


um lago ou rio, numa praia ou mesmo tomando um banho refrescante. Quando há predominância de água e fogo, ela se cura muitas vezes com banhos termais ou escalda-pés. Os elementos da Natureza têm características próprias, mas cada elemento tem poder e controle sobre os outros, e é exatamente isso que torna possível o equilíbrio da Natureza. A água pode ser retida pelo elemento terra até certo limite, pois com o elemento terra se pode fazer um vaso, um recipiente ou uma barragem capaz de conter e controlar a água, mas a água pode amolecer e dissolver a terra. A água pode apagar o fogo, mas o fogo pode transformar a água em vapor. A terra pode apagar o fogo, mas o fogo pode mudar o estado da terra, transformando as rochas em lava e gerando os vulcões. É possível também gerar o fogo provocando atrito entre duas pedras. O ar tanto pode apagar como intensificar o fogo. O fogo ou calor aquece o ar e muda a pressão atmosférica, a qual ocasiona os ventos. Os ventos mobilizam a água, criando as ondas. Entende-se, com isto, que os vendavais, as ventanias, os tufões, os furacões, os ciclones e os maremotos resultam da interação dos elementos da Natureza. Além destes exemplos, é possível imaginar outras situações relativas às interferências elementais que formam o sistema autocontrolador da Natureza. Em obediência ao princípio hermético assim como é em cima é embaixo; assim como é embaixo é em cima, o comportamento dos elementos da Natureza se reflete nas pessoas, caracterizando-as sob os mais diversos tipos comportamentais. A maneira de ser de uma pessoa é, em grande parte, decorrente do elemento a que ela esteja mais ou menos ligada. Diante desta afirmativa, poder-se-ia indagar: O responsável pela maneira de ser de uma pessoa não é o grau de evolução do seu espírito? Na realidade, sim. Embora o corpo físico seja fruto da estrutura genética, o espírito que o recebe o merece por causa da lei de ressonância vibratória. Exemplo: A má formação de um corpo físico pode ser de origem genética ou de hereditariedade biológica, mas, na realidade, esse corpo vem estruturado exatamente com a forma

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que o espírito está precisando. De igual maneira, mesmo que os elementos determinem o modo de ser do organismo físico, esse modo de ser retrata perfeitamente as qualidades do espírito que vem ocupar o corpo. Dissemos que a predominância do elemento água acarreta uma natureza bem maternal nas mulheres. Assim, um espírito que, na sua caminhada evolutiva, tenha já desenvolvido essa qualidade ou tenha algum carma que precise desse tipo de caráter, certamente encarnará como uma “pessoa água”. Essa predominância do elemento água não se refere ao plano físico do elemento, mas sim à sua predominância energética no nível astral. É a harmonia vibratória entre a pessoa e o elemento que define a afinidade entre ambos, visto que esse fato é apenas um efeito de ressonância. Cada espírito encarna no corpo físico que merece, mesmo que esse corpo seja fruto da genética e ou da hereditariedade. Oração do Elemento Água Somos o sangue de Gaia! Nossas moléculas estão dentro de todos os filhos dela. Somos leves e, em nosso interior, existe plena alegria. Podemos servir a todos os elementos, até mesmo ao nosso irmão fogo. Umedecemos a nossa irmã terra, refrescamos o nosso irmão ar. Somos tão leves que, com a ajuda do nosso irmão fogo, nos tornamos nuvens. Carregamos a memória das eras e redesenhamos os céus com todas as cenas das eras. Somos tenebrosas porque podemos encher os rios e fazê-los transbordar. Somos tenebrosas porque podemos nos tornar chuvas violentas. Somos tenebrosas porque podemos nos transformar em gigantescas ondas. Ouçam, homens! Estamos aqui para servir ao Criador e a vocês! Na forma de nuvens, permitimos que o céu fertilize a terra. Na forma de mares, abrigamos as muitas vidas que ainda povoam a Terra. Na forma de rios, lagos e nascentes, lembramos que a Terra é a grande alquimista. Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 112


Só ela sabe o segredo de tirar água de pedra e de tornar salgado o doce e doce o salgado. Estamos aqui desde antes de vocês. Ainda que nos poluam com seus dejetos, nós nos regeneraremos! Comunguem conosco, bebam de novo as nossas moléculas e agradeçam de novo a todas nós. Somos o sangue de Gaia! E se o sangue dela está doente, quanto estará o de vocês? Temos a cura, mas já não sabemos se ainda vale a pena mostrá-la. Orem conosco! Levantem-se todos os seres aquáticos! Cantem das profundezas dos mares, dos rios, dos lagos, das lagoas, das grutas, E de cada canto onde existamos. Cantem o seu canto de cura. Limpem os males que o homem criou. Limpem o seu sangue. Limpem todas as impurezas. Lembrem aos homens para que nos reverenciem de novo. Varram com suas águas as imundícies que depositaram em nós. Que seu canto acaricie cada ser que ainda sofre sob o Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 113


império da ganância e do poder. Limpem cada mínimo pedaço deste planeta com o seu canto de amor. Ensinem de novo ao homem o amor. Façam desabrochar, a partir do seu sangue, o amor. Somos o berço e acalentamos seus sonhos desde a gravidez. Esperamos por vocês para partilharmos os nossos segredos. Esperamos o retorno do amor aos seus corações. Nós somos o amor! A Natureza Humana do Elemento Ar Temei o obstáculo do fracasso e a armadilha do sucesso Os elementais responsáveis pelo elemento ar são os elfos, as fadas, as sílfides e os silfos Na caminhada do desenvolvimento espiritual, os elementos intervêm na natureza humana porque o elemento predominante no indivíduo condiciona, em parte, sua forma de pensar e agir. Por sua vez, a pessoa molda formas de pensamento no plano astral conforme a sua maneira de ser, e cria mentalmente uma categoria de elementais artificiais. É por isso que no plano astral há uma imensa multidão de elementais artificiais gerados pelo pensamento humano e uma inconcebível variedade de réplicas de tudo quanto existe no plano material, além de tudo aquilo que tem ali o seu próprio plano existencial. Muitas coisas que possuem formas no plano astral existem apenas como pensamentos no plano material. No plano astral existem todos os elementais que correspondem aos quatro elementos da Natureza sob suas mais diversas formas, além dos elementais artificiais gerados pela mente humana, cujas formas são relativamente efêmeras. Muitas culturas incluem os quatro elementos nas suas tradições filosóficas, religiosas ou mitológicas, e a maioria dessas tradições postula uma energia Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 114


primária que se manifesta como corrente “reduzida”, conhecida como “elemento”, que é um processo que se assemelha ao funcionamento de um transformador elétrico. Essa energia primária é chamada de prana, força vital ou QI, mas apesar de ter vários nomes, ela é idêntica em todas as culturas. A pessoa do elemento ar se sente bem em lugares altos e prefere atividades que envolvam o ar, como ser piloto de aviões, aeromoça, equilibrista, trapezista. No esporte, aprecia praticar paraquedismo e asa-delta. A criança gosta de aeromodelismo e prefere brincar com pipas e aviões de papel. O indivíduo do elemento ar gosta muito de pescarias quando tem a água como segundo elemento. Adora a brisa e as correntes de ar e não tolera trabalhar em salas fechadas e em ambientes confinados. Tem tendência a adquirir doenças respiratórias, que se agravam em lugares fechados e abafados. No tratamento da saúde, em vez de remédios, prefere mais exercícios respiratórios, como hataioga. Tem excesso de energia nos pulmões e escassez de energia no fígado, pois corresponde ao biótipo hepático ou tai yang, que os japoneses chamam de tipo sardinha. Seus sintomas mais comuns são tensões nas costas, principalmente na região cervical, e grande tendência a sofrer de acidez e flatulência. Em doses moderadas, as frutas ácidas lhe fazem bem porque nutrem o fígado, mas em doses excessivas o agridem. Quando tem a harmonia rompida e entra em desequilíbrio, tem tendência ao suicídio, pulando de lugar alto. Da mesma forma que o indivíduo do elemento fogo, a pessoa do elemento ar tem olhos muito vivos e brilhantes.

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É progressista, revolucionária, pioneira, embora muitas vezes não seja compreendida pela sociedade convencional. É simpática, envolvente e tem ideias que sensibilizam os outros facilmente. Suas faculdades mentais estão muito ligadas ao elemento ar e, por isso, geralmente pensa bastante, é inteligente, criativa e tende a estimular a inspiração. Por outro lado, a sexualidade não está no topo de suas prioridades. Admira os seres alados e não tolera vê-los maltratados ou presos, pois não suporta o sofrimento alheio nem o seu próprio. Quando se machuca, diz: “Sopra, sopra!” Tem forte dose de autoconfiança no que faz, mas sem grande poder de decisão naquilo que pretende. Possui amor-próprio e orgulho, mas é um tanto fútil, sem vontade muito definida e, portanto, facilmente influenciável. Quando exagera, corresponde ao tipo “Maria vai com as outras”. É dócil e fácil de ser conduzida quando recebe a devida atenção, mas quando é atingida além dos limites, pode explodir em violenta cólera, como um furacão ou um tufão. Nessa situação extrema, chega a dominar os elementos água e terra, e até mesmo o fogo. Cada pessoa reflete os arquétipos da sua natureza elemental, especialmente o indivíduo do elemento ar, cuja sintonia com um silfo pessoal lhe dá acesso ao reino dos arquétipos. Por isso, a pessoa do elemento ar gosta muito do imponderável, das coisas que não se apresentam de forma concreta, da mesma forma que o ar que existe ao redor, mas é fugidio e não pode ser pego. A pessoa do elemento ar também aprecia o sobrenatural, o mediunismo, a cartomancia e outras artes divinatórias. Porém, o exercício dessas atividades pode acarretar um peso existencial e lhe gerar um carma, fazendo com que, em futuras encarnações, sinta-se atraída pelo ocultismo, mas ao mesmo tempo tenha muito medo dele. O indivíduo do elemento ar tem tendência à expansão e pode facilmente se tornar idealista, filósofo, pensador ou visionário, pois como não pode fazer seu corpo voar, voa com a mente. É ágil no pensar e tende ao teorismo, ao contrário do indivíduo do elemento terra, que é inclinado para o lado prático e objetivo das coisas, e ao contrário do indivíduo do elemento fogo, que vive de

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forma altamente inspiradora e excitante. A pessoa do elemento ar vive o estado emocional dos seus sentimentos no mundo abstrato do pensamento porque, para ela, o pensamento é tão ou mais real e importante que um objeto material, e é essa maneira de ser que determina o padrão do seu comportamento. Como os silfos facilitam a compreensão e a inspiração, a pessoa do elemento ar tem inclinação para as artes, especialmente música, poesia e pintura e, sendo artista, retrata mais as coisas ligadas ao seu elemento individual. O indivíduo do elemento ar é geralmente muito curioso e gosta de expandir sua sabedoria. Para isso, precisa de canais de expressão através dos quais possa dar vazão à sua liberdade intelectual para exprimir suas ideias, optando pela profissão de comunicador, como radialista, jornalista, apresentador, camelô ou divulgador de produtos. Mas prefere o ar livre para o exercício profissional porque não tolera ambientes fechados, em que seja obrigado a ficar preso a um balcão ou a uma mesa de trabalho. A mulher do elemento ar é a mais volúvel de todas porque seus sentimentos ficam pouco presos às coisas concretas. É perdulária, pois gasta em demasia e não pensa muito no futuro. Gosta de futilidades, festas e exibições. Como quer sempre conhecer as novidades no modo de vestir, é excessivamente ligada à moda, aos desfiles de moda e à maquilagem. Muitas vezes se maquila exageradamente ou se veste com roupas de cores e modelos berrantes, mudando de aspecto tão facilmente quanto um camaleão. A mulher do elemento ar se amolda facilmente às situações, mas não se envolve nelas por muito tempo e se afasta na primeira oportunidade, da mesma forma que o ar se amolda a um recipiente, mas escapa pelo menor orifício. Ela prefere mais participar de festas e passeios do que ficar cuidando de crianças e dos afazeres domésticos. Embora não goste de cuidar dos filhos, em geral tem amizade e carinho por eles e pelas pessoas. Com a mesma facilidade com que se apaixona, esquece a paixão. Muda de marido sem dificuldade e tem relativa predisposição para se prostituir. É afetuosa, gosta do toque físico e adora ser acariciada. Como tem grande atração por homens do elemento fogo, pode se envolver em situações passionais muito intensas. Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 117


O homem do elemento ar também é muito volúvel. Trai com grande facilidade porque seus sentimentos não têm fortes raízes. Sente necessidade de mudar constantemente e, por isso, não permanece muito tempo num emprego ou trabalho. O seu forte é a liberdade. Agora está aqui, daqui a um instante está ali, mais tarde está lá e amanhã está acolá. Para ele, o que importa é a mudança, a renovação, e não os lugares onde está ou vai. Afinal, não tolera passar duas férias seguidas num mesmo lugar. Geralmente não é muito ligado ao lar. Prefere deixar as responsabilidades de lado e sair de casa, visitar lugares e pessoas e participar de farras. Como é muito volúvel, magoa os entes queridos sem compreender porque seus atos podem feri-los, mas como é essencialmente amoroso, sofre quando toma consciência do que faz. Assim como o ar não para, o homem do elemento ar vive em constante movimentação. Aprecia viajar e geralmente é vendedor viajante, caminhoneiro ou guia turístico. Gosta de mudanças em tudo porque muda de residência, de amor, de profissão e de preferências com a maior facilidade. Nesta fase dos nossos estudos, é aconselhável que o discípulo analise e medite sobre os quatro elementos para conhecer suas peculiaridades, pois certamente constatará que as qualidades dos elementos da Natureza estão claramente presentes na personalidade dos seres humanos. Essa análise evidenciará que todas as características pessoais retratam exatamente as mesmas características dos elementos da Natureza, seja de forma isolada ou combinada. Ao se examinar as qualidades dos elementos da Natureza, fica evidente o quanto elas estão presentes nas pessoas, pois tudo o que os elementos apresentam em sua natureza se manifesta na maneira de ser das pessoas. A proporcionalidade das diferentes combinações dos elementos tanto existe nas coisas como nas pessoas. Cada um reflete não apenas um elemento, mas uma somatória de todos os elementos, em que um ou outro se salienta mais. É por isso que a Tradição diz que o que muda de uma pessoa para outra é fruto da proporção dos elementos. Há a predominância de um elemento que marca a personalidade básica da pessoa de forma bem nítida, mas, ao mesmo tempo,

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há a presença também dos demais elementos. Um alpinista, por exemplo, pode estar mais ligado ao elemento ar, porque gosta das alturas, mas também ao elemento terra, porque gosta de escalar montanhas. O conhecimento da natureza elementar de uma pessoa serve como teste vocacional porque é possível descobrir quais as profissões mais adequadas para ela, seu melhor campo de atuação, a forma como ela reagiria ante as diversas situações da vida, e até mesmo indicar, com boa margem de segurança, o tipo de pessoa com quem ela é compatível para negócios, sociedades e matrimônio. A partir destas informações, é possível elaborar um sistema psicológico utilizável. É importante conhecer a influência que os elementos da Natureza exercem sobre o ser humano porque fica mais fácil para o indivíduo compreender a si mesmo, as outras pessoas e até o mundo como um todo. É importante fazer uma comparação entre os quatro temperamentos para se descobrir quantas coisas erradas acontecem quando não se conhece a influência que os elementos da Natureza exercem sobre o indivíduo. A importância desse conhecimento se faz sentir mesmo na vida do dia a dia, pois muitas vezes a adaptação ou não a uma situação vivenciada diz respeito ou não à sintonia da pessoa com o seu elemento essencial. A expressão “fulano está fora do seu elemento” significa que a pessoa está vivenciando uma atividade estranha à sua verdadeira natureza. Um indivíduo do elemento ar que seja obrigado a viver numa sociedade materialista, a exercer uma função ligada à atividade física, ou a integrar um grupo que lide com as coisas do mundo material, decerto vai se sentir continuamente desajustado, enquanto que, para a pessoa do elemento terra, esse tipo de vida seria ideal. Se o indivíduo do elemento ar não consegue uma forma de compensação, fica sujeito a entrar numa condição mental indesejável e vai se sentir muito infeliz. Para que isso não ocorra, ele deve procurar uma compensação dentro do seu elemento e se ligar a algo próprio da sua natureza, Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 119


como, por exemplo, ter uma atividade espiritual ou metafísica. Quanto à pessoa do elemento fogo, deve procurar uma atividade de liderança social ou equivalente. Desta forma, torna-se mais fácil um aconselhamento porque já se sabe a razão pela qual a pessoa se sente deslocada e neurótica dentro de um determinado grupo ou assume uma posição diferente daquela que espera. Tudo fica mais fácil quando já se sabe que a pessoa do elemento ar tem anseios emocionais profundos e é motivada por conceitos intelectuais; que a pessoa do elemento fogo é motivada por aspirações e inspirações; que a pessoa do elemento terra é motivada por necessidades materiais. Carter diz: “Se os psicólogos, psiquiatras e conselheiros de vários tipos aprendessem ao menos a classificar as pessoas segundo o seu elemento predominante, constituindo os tipos de personalidade, dariam um grande passo nos seus esforços de deslindar as forças infinitamente complexas que atuam na motivação e no comportamento do ser humano”. Exercendo uma atividade paralela em seu próprio elemento, a pessoa pode “recarregar a bateria” para suportar uma atividade fora do seu elemento. Pode estabelecer, de forma consciente, uma sintonia com a energia do seu elemento através do cultivo e do contato físico íntimo com esse elemento, pois, de forma real, os elementos de terra recebem mais energia do elemento terra, os de ar, do ar, os de água, da água, e os de fogo, do fogo. O indivíduo do elemento fogo precisa estar ao ar livre, sob a luz solar, banhando-se no calor do fogo radiante do Sol, e manter-se fisicamente ativo a fim de captar a energia ígnea, pois se tiver que ficar confinado por muito tempo, sem a oportunidade de se movimentar, logo vai se sentir estressado, irrequieto e nervoso, sujeito a entrar em depressão. O indivíduo do elemento ar é particularmente sensível ao clima montanhês porque precisa de ar limpo e leve, jamais encontrado nas grandes cidades, planícies úmidas e vales. Tudo isto diz muito sobre o comportamento das pessoas na sociedade, o que é corroborado com o que fala Lois H. Sargent em seu livro How to Handle Your Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 120


Human Relations: “Os do elemento ar tendem a se elevar acima dos conflitos e a flutuar ao redor deles; os do elemento fogo a se envolver com eles; os do elemento água a fugir deles; os do elemento terra a enfrentá-los, resolvendo a situação com a pessoa que causou o problema no seu caminho”. Os do elemento água detestam conflitos e, por isso, tendem a escorrer ao redor deles, por baixo deles ou sobre eles, ou, se tudo falhar, desgastar lentamente a pessoa ou a coisa que está no seu caminho. Os do elemento água são impressionáveis, sensíveis e intuitivos, preferindo aguardar os fatos até ter a oportunidade de encontrar uma solução para o problema. Os do elemento ar preferem ser ponderados e pensar bastante antes de agir. Os do elemento terra, sendo bastante sólidos por natureza, tendem a desdenhar o conflito, preferindo absorver o impacto do problema, mas quando são forçados, enfrentam o obstáculo duramente e com força total. Os do elemento fogo tendem a afugentar, a queimar ou a vencer os obstáculos com demonstração de força, raramente exibindo um comportamento diplomático. A compreensão das características dos elementos refletidas na personalidade pode contribuir de várias formas para o autoconhecimento, mostrando como podemos viver melhor em nossa própria companhia, como satisfazer as nossas necessidades e como revitalizar o nosso campo de energia. Concluindo, citamos o grande mestre Paracelso, a quem Carl Jung considerou um precursor dos psicólogos modernos. Paracelso atribuía um espírito da Natureza específico para cada um dos quatro elementos e afirmava que era possível trabalhar com essas forças naturais. Esses espíritos, que são mencionados em todas as mitologias, simbolizam o modo de atuação de cada elemento. Paracelso deu o nome de ondinas aos elementais ligados à água, os quais deviam ser controlados através da firmeza. Com isso, podemos apreender que a pessoa do elemento água precisa ser firme consigo mesma e que, às vezes, a firmeza é a melhor forma de se lidar com ela, especialmente quando suas emoções estão fora de controle. Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 121


Deu o nome de sílfides ao elementais ligados ao ar, os quais deviam ser controlados através da constância. Com isso, fica evidente que a pessoa do elemento ar deve cultivar a determinação e a constância em sua vida para dar um passo importante em sua evolução, porque, para ela, é difícil assumir um compromisso com uma determinada resolução. Deu o nome de salamandras aos elementais ligados ao fogo, os quais deviam ser controlados através da serenidade. A pessoa do elemento fogo pode moderar o uso extremo da sua energia cultivando conscientemente um tranquilo estado de contentamento, pois se ela aceitar calmamente a vida aqui e agora, evitará muitas tensões e desgaste da sua energia. Deu o nome de gnomos aos elementais ligados à terra, os quais deviam ser controlados através da generosidade jovial. Essa qualidade não é comumente encontrada na pessoa do elemento terra, mas assim que for apreendida, a pessoa será beneficiada porque sua maior força se irradia e resplandece quando ela assimila essa qualidade na sua natureza. Oração do Elemento Ar Sou a alma dos ventos! Sou o sopro da vida! Estou em todos os lugares e nunca sou visto, Mas meu poder é temido, pois sou a fúria dos furacões! No entanto, hoje sou aquele que carrega a dor. Antes carregava os ares da Natureza e hoje carrego com eles a morte. Levo gases tóxicos até onde minhas forças me possibilitam. A radioatividade vaza e eu a arrasto por onde for possível. Hoje carrego as doenças que o homem cuidou de despertar com sua noção de progresso. Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 122


O homem fez de mim o seu aliado na devastação inconsequente a que se entrega com fúria. Sou o sopro da vida e agora também o da morte. Sou a fúria dos furacões e o silêncio macabro da toxicidade. Tornei-me um doente a contaminar tudo e todos com os males da mente humana. Em lugar de prestigiar o brilho da inteligência, sou agora o arauto da insanidade. Humanos... Seres humanos... Sou a personificação da inteligência. Sou como a espada que corta os liames que nos atam a tudo o que é retrógrado. Aprendam comigo a insuflar vida ao planeta. Limpem suas mentes e se lembrem de ser portadores de boas novas. Lembrem-se de ouvir os espíritos. Cultuem os espíritos ou, ao menos, demonstrem respeito por eles. Meus ventos continuarão a soprar em todas as direções Seus fétidos produtos e suas destrutivas idéias. Manterei seus narizes ocupados com sua ignorância, Até que entendam o mal que estão fazendo a si e aos outros, Até que entendam o valor da vida. Não sou vingativo! Esta é apenas a única maneira que tenho para acordar suas consciências. Estou cansado de ver sua imprudência infligir dor ao próximo. Estou cansado de ver a morte chegar através dos meus sopros, mas não por culpa deles. Sou filho da Natureza e, como todos os outros filhos da Natureza, Zelo pela vida e pela morte. Mas nossas ações não são gananciosas nem visam o poder ou o domínio. Somos criaturas que vivem em harmonia com as vibrações do Universo.

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Nossos atos obedecem às leis maiores. Sabemos que, ao destruirmos, daremos origem a algo novo, Mais belo e adequado ao novo padrão que se instala. Não somos movidos por paixões insanas. Somos apenas servos do Criador. Não nos diferenciamos em nada dos seres humanos, Então peço aos homens que reflitam melhor sobre os seus atos. Usem a inteligência para cortar seus vínculos com a destruição. Criem vida de novo! Nós somos vitais para vocês, e o elemento ar mais ainda. Respirem o ar com amor e poderão ser inspirados por mim. Eu carrego os espíritos e posso fazer a ponte entre eles e vocês. Vamos partilhar o nosso amor! A Natureza Humana do Elemento Fogo O fogo é essencial à vida. Só existe vida onde há fogo, desde o coração do homem até o coração do Universo Os elementais responsáveis pelo elemento fogo são os dragões e as salamandras A antiga filosofia grega baseava-se nos quatro elementos, que eram representados por quatro aspectos do ser humano: água > alma e estética; ar > intelecto; fogo > moral; terra > corpo físico. A medicina galênica que floresceu na Europa durante a Idade Média e que até hoje serve de fundamento para o pensamento médico e filosófico, constituindo a base da medicina alopática, está correlacionada com os quatro humores que, por seu turno, falam dos quatro temperamentos humanos, citados em todos os antigos livros de medicina europeus e em obras de William Shakespeare e outros literatos. Um dos erros da literatura médica é mencionar Hipócrates como o pai da medicina. Na verdade, a medicina alopática baseia-se nos ensinamentos de Galeno e não nos Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 124


de Hipócrates, pois Hipócrates não é o pai da tradicional medicina alopática praticada no Ocidente, mas sim o pai da filosofia da medicina homeopática e de outras formas que tratam o doente, não a doença, visto que para a homeopatia não há doenças, mas doentes. No Japão há muitos exemplos da importância dos elementos. Num tratado zenbudista, escrito em 1004 a.C. sobre o bodhidharma, os elementos tradicionais são representados pelas quatro qualidades que compõem a Criação: luz ou fogo, ar, fluidez e solidez. Os elementos estão também intrinsecamente contidos nas mitologias desde a mais remota antiguidade. Na Suméria, onde a religião regia cada aspecto e cada atividade da vida, as divindades mais importantes eram relacionadas com os elementos: Enki > água; Anu > ar e céu; Enlil > fogo e tempestade; Ninhursaga > terra. As salamandras são os elementais do elemento fogo. A palavra salamandra designa o anfíbio caudado, com aspecto de lagarto, de corpo alongado e cauda comprida, com um ou dois pares de membros curtos, que tanto pode viver em terra como na água. Os elementais do fogo receberam este nome porque, quando os sensitivos de épocas remotas observavam o fogo e viam nele elementais de forma alongada, acreditavam que fossem salamandras, pois não possuíam o conhecimento sobre os elementais do fogo. Diz a Tradição que nenhum fogo é aceso sem o auxílio das salamandras, que estão presentes não só nas chamas, mas nos elementos água e terra, no interior dos vulcões e em tudo onde há calor acima de 0ºC. O elemento fogo induz características marcantes no indivíduo, fazendo com que tenha uma personalidade forte e dominadora e um temperamento explosivo, emocional, impulsivo e impetuoso. Sendo o fogo um princípio transformador que pode agir em dois sentidos, a predominância do elemento fogo no indivíduo equilibrado pode induzi-lo a se tornar líder, governante ou condutor de pessoas, mas no indivíduo desajustado essa predominância pode torná-lo guerrilheiro, incendiário, extremista ou revolucionário.

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Os elementais do fogo trabalham com o mundo e com o ser humano através do calor, tanto através da chama de uma vela como através das chamas de um vulcão. O elemento fogo intensifica a espiritualidade e sua energia destrói o que é velho e edifica o que é novo. Assim, o indivíduo com predominância do elemento fogo é geralmente inovador e pouco conservador. Quando consegue controlar a pressa e a impaciência, que lhe são peculiares, pode se tornar um grande pesquisador. A pessoa do elemento fogo prefere se tratar por meio de irradiações, cores e compressas quentes e frias. Como gosta do Sol, alegra-se nos dias ensolarados e aprecia passar horas ao Sol. Quando está em desequilíbrio ou em desarmonia, tende à piromania, fazendo bombas ou produzindo incêndios por prazer ou para descarregar tensões. Quando é criança, gosta de fazer fogueiras. Se seu segundo elemento predominante é o ar, gosta de soltar balões. Ao contrário da pessoa do elemento terra, que prefere alimentos pesados, a pessoa do elemento fogo prefere alimentos leves e tende a comer muito, mas engorda pouco porque seu metabolismo é acelerado, isto é, seus processos de assimilação são rápidos. Como é irrequieta, impaciente e hiperativa, está sujeita ao desgaste físico e ao estresse. Tudo que faz tem que ser rápido porque não suporta esperar nem voltar a passar por onde já passou. Quer sempre seguir em frente porque não gosta de recuar. Tem preferência por lugares altos, mas mantém vínculos com o seu meio porque está sempre ligada a alguma coisa, o que não ocorre com a pessoa do elemento ar, que tem essas mesmas características, mas não mantém vínculos. Enquanto o elemento fogo é dificilmente contido dentro de um recipiente, os elementos ar e água podem ser contidos em determinados objetos e o elemento terra não precisa ser contido porque se mantém por si mesmo. A pessoa do elemento fogo corresponde ao biótipo cardíaco ou shao yang, que os japoneses chamam de tipo porco. Tem muito brilho nos olhos e é espontânea, extrovertida, ativa, agitada, impaciente, mas pouco persistente. Embora seja de natureza alegre, cai facilmente em depressão e, mesmo impulsiva e explosiva, não guarda rancor porque tem índole mansa.

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Por ser o fogo uma força universal radiante e excitável, o indivíduo do elemento fogo é decidido, entusiasta, de grande fé em si mesmo, de uma honestidade direta e com grande força interior. Como precisa de muita liberdade para se expressar naturalmente, garante espaço para si mesmo pela sua incansável insistência até obter o que deseja. Uma de suas falhas é não perceber a sensibilidade alheia porque está muito envolvido com sua própria sensibilidade. Não é muito preso aos familiares, mas não tanto quanto o indivíduo do elemento ar. Apesar de não ser muito apegado à família, é exigente com aqueles que não admitem oposição. Por ser inflamável, interfere muito nos problemas alheios e, quando age, não mede as consequências dos seus atos. Carl Jung relacionou o elemento fogo com o núcleo dinâmico da energia psíquica, a qual flui de forma espontânea, inspiradora e automotivada. A pessoa do elemento fogo é dominadora, egocêntrica e impessoal. Sente que é um canal de “vida” e não esconde seu orgulho por ser assim. Ao exercer poder, é capaz de impor a sua vontade. Seu desejo de se expressar livremente é quase infantil, cuja qualidade pode parecer cativante a alguns, mas ser ofensiva aos mais cautelosos e sensíveis, embora raramente suas faltas sejam cometidas de forma intencional. É geralmente impaciente com pessoas mais sensíveis, mais gentis, mais meticulosas, especialmente com as que têm predominância dos elementos água e terra. É como se pressentisse que a água pudesse extingui-lo e a terra sufocá-lo. Mas é compatível com a pessoa do elemento ar, que “abana” as chamas do fogo, fornecendo-lhe novo ânimo e novas ideias. Quanto à saúde, a pessoa do elemento fogo tem excesso de energia no coração e estômago e escassez de energia nos rins. O sabor salgado lhe é benéfico justamente pela falta de energia nos rins. Para tratar a saúde, prefere medicamentos energéticos. Seus sintomas mais comuns são taquicardia, palpitação, ondas de calor subindo para a cabeça, gastrite, mãos e pés gelados, dor de cabeça, pressão sanguínea descontrolada, diabetes e queimação no estômago. Bons alimentos para ela são alface, escargot, frutas secas, ovos cozidos e peixes de água salgada. Quando entra em desequilíbrio e está em desarmonia, pode ser acometida por doenças cardíacas e mentais.

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Sendo as salamandras os elementais mais difíceis de serem compreendidos e controlados, o mesmo acontece com a pessoa do elemento fogo. Assim como o fogo não tem forma própria, a pessoa apresenta um perfil meio indefinido, com atitudes bruscas e inesperadas, tornando difícil compreender seus propósitos e intenções e prever suas decisões. Tem tendência a ouvir e a executar músicas e a passar horas admirando o fogo, ocasião em que pode ter percepções e visões. Ao contrário da pessoa do elemento terra, a mudança é primordial no indivíduo do elemento fogo por causa da sua grande tendência a mudar de profissão, residência, médico, dentista, fornecedores, amizades e divertimentos. Prefere esportes que requeiram muita atividade física e dispêndio de energia, como futebol, ciclismo, basquete e caminhada. Embora tenha caráter forte, às vezes o indivíduo do elemento fogo lembra a pessoa do elemento ar, que é de natureza fútil e volátil. Geralmente ele se dá muito bem com a pessoa do elemento ar porque o fogo precisa do ar para se manifestar. Quanto mais baixar seu nível de manifestação no mundo denso, mais precisará do ar. Com as correntes de ar, o fogo cresce e sobe, e o fogo, por sua vez, aquece e eleva o ar, que produz correntes de vento. Oração do Elemento Fogo Sou o fogo! Sou fogo em todos os sentidos. Do Sol eu desço e das profundezas da Terra me lanço. Derreto tudo e refaço e recombino tudo. Nunca estou quieto e nunca sou o mesmo. Nos raios, nos relâmpagos, nos vulcões, onde houver chama eu sou o brilho. Meu brilho tem sido copiado e usado erroneamente pelos humanos. Suas bombas e demais artefatos cospem morte! Eu também mato, mas só o que precisa ser banido ou transformado.

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Não mato por esporte nem para mostrar a força que, na verdade, não tenho. Sou forte, e mesmo minha irmã água pode sumir com a minha presença, se for necessário. Sou as paixões que ardem em seus corações. Sou o sentimento que habita seus corações. Sou o destemor, o espírito da aventura que faz do seu lar o coração. Sou a coragem de ousar, sou a chama do amor. Sou a destruição na forma de raios ou vulcões. Eu limpo para trazer novas formas de vida. Queimo o que precisa ser purificado. Sou a inspiração que os espíritos precisam. Não sou ignorante nem me arvoro o mais sábio dos seres. Não sou tolo nem me faço passar por um. Humanos, somos todos habitantes do mesmo Universo! O que os faz pensar que são os donos do mundo? Acaso podem superar um de nós, os elementos? Não notam que jogamos seu jogo apenas para mostrar o quanto estão errados? Será que precisarão ver a morte para redescobrir o valor da vida? Nossas repetidas investidas, usando seus próprios modelos de vida, não os alertam? Será que suas invenções são mais importantes do que vocês? Por acaso, ainda acham que podem viver de lata, de plástico? Será que o Criador lhes deu este planeta para que o destruam? Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 129


Para que fabricar tanta coisa inútil que poucos utilizarão? Para aumentar o ódio? O fogo do ódio corrói, o fogo do amor purifica! Convoco todos os seres do fogo para que seus corações humanos voltem a brilhar. Convoco todos os seres do fogo para que seus espíritos voltem a inspirar suas ações. Convoco todos os seres do fogo para que purifiquem o planeta. Em nome de todos os elementos, convoco todos os seres para que iluminem os humanos. Façam com que percebam que seus atos os levam cada vez mais para a destruição e a dor. O amor é ainda o maior de todos os remédios. Amem novamente e terão suas doenças curadas! Iluminem-se, humanos! A Natureza Humana do Elemento Terra Cremos constituir um único ser, mas há milhões de seres em nós. Cremos agir por nossa própria conta e, no entanto, sofremos a influência de todos os seres que estão conosco Os elementais responsáveis pelo elemento terra são os duendes, as fadas, os gnomos, os ogros, os trasgos e os trolls. Os gnomos vivem no interior da Terra e têm a guarda de seus tesouros em pedras e metais preciosos A tradição dos quatro elementos está presente em todas as culturas. No Tibete, por exemplo, as estupas são gigantescos símbolos da estrutura da Criação e representam o alicerce básico da cosmogonia tibetana, para a qual os quatro elementos são as energias fundamentais do Cosmos. As estupas são monumentos bramanistas ou budistas que guardam relíquias e marcam Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 130


o caráter sagrado do lugar ou comemoram um evento importante. A base quadrangular da construção simboliza a terra. Sobre essa base repousa uma esfera que simboliza a água. No alto da esfera há uma estrutura, em espiral, que simboliza o fogo. No topo da construção há uma meia-lua que simboliza o ar. Sobre a meia-lua há uma pequena esfera que simboliza o éter, força primária da qual emanam todas as outras forças. Na cultura da Índia há também uma concepção sobre os quatro elementos contida no Bhagavad-Gita, escrituras sagradas indianas. As bases filosóficas da medicina aiurvédica da Índia, assim como a acupuntura chinesa, são fundamentadas nos conceitos dos elementos. Facilita a compreensão saber que tudo o que diz respeito ao elemento terra tem forma, tamanho e peso e que se reflete de forma evidente na personalidade da pessoa do elemento terra. O indivíduo predominantemente terra é pesado, lento e um tanto avesso a mudanças. Tem propensão a exercer profissões que exigem pouca mobilidade e é afeito ao trabalho pesado, como a agricultura, a criação de animais ou outros trabalhos semelhantes, pois prefere atividades ligadas diretamente com a terra, além de ter grande amor pelos vegetais. Sentese bem com o contato com a terra e tem necessidade de permanecer descalço ao menos uma parte do dia. Dá muita preferência à vida sedentária e aprecia trabalhar em gabinetes ou escritórios fechados e não gosta de caminhar porque se sente pesado, ou é de fato pesado. Gosta muito de histórias, contos e lendas e de colecionar fósseis e pedras preciosas. Quando não as possui, tende a trabalhar como joalheiro e avaliador de joias. Como gosta de construir coisas, a engenharia civil é o seu estudo predileto, pois tem inclinação para construir edifícios, estradas e barragens e para ser artesão, escultor, ferreiro, metalúrgico, arquiteto, colecionador e museólogo. No campo das artes, aprecia esculturas e artesanato. No esporte, prefere atirar dardos e levantar pesos. Como não gosta de mudanças, vive “preso” a um lugar. Muitas vezes passa a vida inteira numa mesma cidade, apegado a uma casa, aos bens materiais e a objetos antigos, além de gostar de passar as férias num mesmo lugar, todos os

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anos. Qualquer situação nova lhe causa ansiedade ou até irritação. Diante de algum evento ou viagem, tende a manifestar ansiedade antecipadamente, não conseguindo dormir na noite anterior e ficando sujeito a sofrer algum distúrbio físico, como diarreia e vômito. Sua tendência à fixidez torna-o econômico, o inverso das pessoas dos elementos água e fogo, que muitas vezes gastam até o que não têm. O indivíduo do elemento terra gosta de pássaros presos em viveiros ou em gaiolas, mas se é influenciado pelo elemento ar, prefere ver as aves soltas e livres. Quando qualquer indivíduo necessita recompor, restaurar ou ampliar suas energias, especialmente a energia sutil, pode captá-las na Natureza a partir do elemento ao qual está mais diretamente ligado. Uma pessoa do elemento fogo, por exemplo, pode recompor suas energias perto de uma fogueira ou se expondo ao Sol, deixando os raios solares penetrarem sua boca e se projetarem no véu palatino. Se sua segunda predominância for o elemento ar, deve praticar algum tipo especial de respiração para ser beneficiado, como respirar lenta e profundamente, da mesma forma que a pessoa do elemento ar recompõe suas energias caminhando ao ar livre ou expondo-se a uma brisa suave. Enquanto a pessoa do elemento ar tem tendência ao vegetarianismo, preferindo inclusive medicamentos vegetais, o indivíduo do elemento terra é geralmente comilão e, se seu segundo elemento é o fogo, está sujeito a ser insaciável e a preferir alimentos pesados, cujo processo de assimilação é lento e o de desassimilação mais lento ainda, fazendo-o engordar. O indivíduo do elemento terra tem admiração pelos penhascos e montanhas e sente-se bem à sombra das árvores. Quando é influenciado pelo elemento ar, gosta de alpinismo. Tem muita energia sexual, mas não se entrega a aventuras amorosas, ao passo que a pessoa do elemento fogo tem muita necessidade sexual e a pessoa do elemento ar é voluptuosa. A pessoa do elemento terra recompõe facilmente sua energia sutil quando se recosta a uma pedra, a um rochedo ou a uma árvore, da mesma forma que uma pessoa do elemento fogo se recompõe sob o Sol e uma pessoa do elemento água se recompõe em contato com a água. Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 132


O indivíduo do elemento terra não exige muita liberdade no seu modo de viver e se adapta bem às circunstâncias porque é naturalmente ponderado. E não explode facilmente, embora resista muito às transformações sociais, morais e religiosas porque o seu forte é a fixidez. A pessoa do elemento terra corresponde ao biótipo pulmonar ou tai yin, que os japoneses chamam de tipo vaca. Tem o corpo gelado, é friorento e tem muita transpiração. Possui pernas curtas e pescoço bem desenvolvido. Tem excesso de energia no fígado e escassez de energia nos pulmões. Tem tendência a sofrer de doenças respiratórias e intestinais, hemorroidas, hipertensão ou hipotensão. Gosta muito de sais minerais e vitaminas e de tratamentos à base de massagem, pressão local, cataplasma e unguento. O sabor picante, em doses moderadas, é benéfico para as suas funções respiratórias. Em sua dieta deve incluir alho, cebola, rabanete e pistache, além de que o sabor doce lhe é conveniente justamente pelo excesso de energia no fígado e escassez de energia nos pulmões. Quando está em desequilíbrio, pode adquirir doenças relacionadas com os ossos e os músculos. O indivíduo do elemento terra é persistente e teimoso porque, mesmo tendo consciência de que está errado, não muda de opinião. Geralmente não gosta do lado abstrato das coisas, como filosofia e metafísica. Está sempre em contato com os sentidos físicos e com o aqui e o agora do mundo material. Persiste até alcançar seus objetivos porque sabe como deve se adaptar ao mundo para ganhar a vida e suprir suas necessidades. Como tem uma percepção inata de como funciona o mundo material, é mais paciente e disciplinado que os indivíduos dos outros elementos, pois confia mais nos sentidos e no raciocínio do que na intuição, na inspiração e nas teorias. É objetivo, interesseiro e tem facilidade para se relacionar com outras pessoas. Tem os pés no chão porque acredita mais na razão prática das coisas e está mais ligado aos elementos da subsistência e do suprimento das necessidades básicas. O indivíduo do elemento terra é receptivo como a terra, mas de decisão forte e com grande força de vontade. É persistente e eficiente e fala e age de forma objetiva e cautelosa. Como se liga mais às coisas materiais, se apega facilmente à rotina e à ordem. Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 133


O psicólogo C. E. O. Carter diz: “O indivíduo do elemento terra vê a Natureza como um campo para a manifestação da vida e, através da sua afinidade instintiva com o mundo material, é capaz de ajudar a manter a vida com a utilização e o domínio de processos naturais, enquanto que, para o indivíduo do elemento ar, a Natureza deve ser percebida e bem compreendida para ser utilizada de forma correta e completa”. A pessoa do elemento terra é mais de fazer do que de mandar fazer, enquanto que a pessoa do elemento fogo manda, administra, incentiva e resolve problemas, e a pessoa do elemento ar manda, mas não incentiva porque sai de perto. Embora o fogo se apresente em chamas irrequietas e um tanto livres, está sempre ancorado em alguma coisa, especialmente nos minerais ou vegetais do elemento terra. O ar é praticamente livre porque se desloca rapidamente para lugares diferentes, ficando preso somente à força da gravidade. Embora a atividade sexual do indivíduo do elemento terra não seja praticada com muita intensidade, ele a manifesta de forma um tanto brutal. Enquanto o homem gosta de prole numerosa, a mulher geralmente é uma dona de casa eficiente porque é firme em seus propósitos e bem apegada aos filhos e ao lar. A pessoa do elemento terra não é colérica nem explosiva, mas pode ser rancorosa, enquanto que a pessoa do elemento fogo ou do elemento ar é explosiva, mas não rancorosa. O indivíduo do elemento terra dificilmente se envolve com os outros. Prefere ser comedido, medindo e pesando todas as consequências. O artista retrata muito as coisas ligadas ao elemento que lhe é peculiar. Há uma interação na Natureza, em que uma coisa se reflete na outra e os elementos se refletem na personalidade humana, deixando evidente que as formas de Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 134


existência são dependentes umas das outras e que tudo está ligado entre si. Diz o mestre Philippe de Lyon: “Cremos constituir um único ser e há milhões de seres em nós. Cremos possuir um pensamento e agir por nossa própria conta e, no entanto, sofremos a influência de todos os seres que estão conosco. Cremos possuir uma coisa e essa coisa é propriedade também de outros seres que muitas vezes nem conseguimos ver”. Todas as coisas se interdependem porque, de alguma forma, estão unidas por elos comuns, mas em níveis diferentes. Seja em qualquer nível, coisa alguma está isolada porque há sempre um vínculo entre uma coisa e outra. Esse elo também existe na personalidade humana e pode ser nitidamente observado quando se compara a maneira de ser de uma pessoa com as características dos elementos da Natureza, cujo reflexo depende do grau de relação que a pessoa tem com os elementos. Então, as características e a maneira de ser de uma pessoa nada têm a ver com o espírito, mas com o corpo físico? De certa forma é assim, pois é a matéria, em níveis genéticos e elementais, que marca as características e a maneira de ser da pessoa, mas o corpo físico, mesmo moldado segundo as bases genéticas e elementais, tem a forma exata que um determinado espírito precisa para se desenvolver. Portanto, o que a pessoa mostra ser é inerente ao seu corpo de forma passiva e inerente ao seu espírito de forma ativa. É como se o corpo físico fosse um instrumento musical e o espírito fosse um musicista. As características do som são inerentes ao instrumento, ao elemento passivo, e a habilidade de tocá-lo é inerente ao musicista, ao elemento ativo. O instrumento não é moldado pelo musicista, mas apenas usado por ele conforme a sua capacidade musical, pois quando um pianista se apresenta em público, precisa de um piano e não de uma flauta. Assim também é a relação entre espírito e corpo. O corpo é moldado independentemente do espírito, mas é possuído por um espírito que precisa exatamente dele. Não fosse assim, a hereditariedade estaria ligada ao espírito e não ao corpo, e o filho não teria as características dos pais, mas de sua própria encarnação anterior, e suas características pessoais estariam ligadas à sua linhagem espiritual e não à sua linhagem biológica. A ciência prova o contrário, alegando que as características pessoais são fruto da hereditariedade biológica, morfológica, psicológica e emocional. Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 135


Muitas vezes o filho tem as mesmas características temperamentais dos pais e até de ancestrais ainda vivos. Então, como explicar que o temperamento é inerente ao espírito e não à matéria? Exemplo: A capacidade de irritabilidade de uma pessoa está implícita no seu corpo de forma passiva e pode ou não ser ativada, em maior ou menor grau, pelo espírito. Tanto isto é verdade que, na fisiologia experimental, quando se estimulam mecanicamente certas áreas do cérebro de um animal, nele é imediatamente despertada uma reação específica, como a agressividade. Se o espírito é calmo, ele não ativa a agressividade inerente ao seu corpo, tal como o piano que tem um teclado repleto de notas musicais, mas uma só nota não soa se não for tocada pelo pianista, pois cabe ao pianista tocar as notas adequadas e evitar as inadequadas para produzir uma música. Portanto, é o pianista quem tem que saber usar as notas certas para que suas músicas sejam executadas de forma perfeita, e é exatamente isso que acontece na relação entre espírito e corpo físico. É a matéria que traz as características pessoais registradas, as quais correspondem exatamente às que o espírito precisa aprender a corrigir, superar e vencer. Se as características fossem inerentes só ao espírito, não haveria necessidade da sua encarnação na matéria, já que ele teria em si mesmo todas as possibilidades de execução. Porém, o corpo é preparado com barreiras que devem ser superadas e vencidas pelo espírito, que tem necessidade de receber um corpo para se desenvolver. Não há conflitos quando se diz que as características pessoais resultam da natureza genética, como afirma a ciência oficial, ou que resultam dos elementos da Natureza, como afirmam certas correntes místicas. O que dificulta a compreensão é quando as religiões e o misticismo dizem que é o espírito e não a matéria que responde pela maneira de ser da pessoa. Na verdade, a matéria é o instrumento musical e o espírito é o musicista, e cada musicista recebe o instrumento musical mais adequado para o exercício da sua arte.

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Oração do Elemento Terra Sou a terra! Meu nome e o do planeta se confundem. Dos homens eu sou o corpo. Junto com minha irmã água formo o sangue do corpo humano e de muitos outros seres. Dou força, dou estabilidade. Todos os seres me procuram para, em mim, construir suas moradias. Sou o chão, as paredes, as montanhas e o leito das águas. Não tenho fúria, mas me movo lentamente em forma de placas. Temem meu movimento, mas é assim que renovo a superfície. Não obedeço a nenhuma lei, a não ser a do Criador. Sou a abundância da vida. De mim nascem as plantas e em mim muitos seres se abrigam e se reproduzem. Tenho várias cores e curo todos os males. Sei toda a história que aconteceu sob o meu antigo olhar. Em minhas formas deixo escapar trechos dessa história. Conto tudo apenas àqueles que têm amor. Homens, acordem! Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 137


Muito do seu corpo é feito de mim, mas vocês cospem em mim seus dejetos. Retiram impiedosa e descontroladamente partes e mais partes de mim. Levo milhares de anos para crescer e vocês levam apenas alguns anos para me devorar. Vocês me devolvem minhas partes totalmente contaminadas e desfiguradas. Usam meus filhos para sujar meus irmãos água e ar. Seus atos sufocam e empobrecem meus filhos. Tenho muito para lhes dar, tenho muito a lhes falar. Ouçam todos os meus filhos e saberão o segredo da abundância. Posso mostrar-lhes meus tesouros, mas só se seus corações estiverem plenos de amor. Trago o ouro que embeleza as almas, trago a riqueza que cura seus corpos. Sou seu tesouro e lhes espero para partilhar com vocês minha riqueza. Sou a matéria. Ao aprenderem a tocar em mim, verão desabrochar toda a minha abundância. Irmãos da Terra! É chegada a hora de limpar do solo o sangue derramado pela cobiça dos homens. Das areias dos desertos às profundezas dos mares e aos mais altos cumes. Que a abundância seja trazida de volta, a abundância da vida! Que os seres possam novamente se abrigar em meu seio e nele encontrar a saúde. Que os venenos derramados pelo homem sejam transformados E nunca mais habitem nossas entranhas. Que o homem reaprenda o valor que a vida tem, pois seu maior tesouro é a vida. Que respeite todos os nossos irmãos que habitam o seu corpo. Que entenda que não pode escravizar por tanto tempo os nossos irmãos. Que entenda que habita nele o seu maior tesouro. A terra ensinará ao homem o caminho da abundância! Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 138


Meditação da Terra: Veja o vaso e a terra, a planta que ali está crescendo. Pode ser que sua planta nem tenha brotado ainda. Mas você sabe que a magia da geração está ali, está ocorrendo. Em alguns dias a semente vai brotar vai vir a tona. A terra é base, é força geradora. Mas a força que está dentro da semente é dinâmica, ela é viva. Então vire se para o sul e contemplo a chama da vela. O poder do elemento Fogo. Fogo, ali expresso em seu poder. Aquela chama aparentemente inofensiva pode incendiar toda um floresta se for deixada numa mata seca, pode queimar sua casa se você agir errado. Esse é o poder do fogo. Nosso aliado quando controlado, porém destruidor se perdemos o controle. Sinta que a semente que está nascendo dentro da Terra leva o fogo em seu interior. Outro nível do Fogo. O fogo da vida! E você também tem esse fogo dentro de si. Você é a Terra e é o Fogo. É o campo e é a semente. Medite, sinta isso, não intelectualize apenas. Sinta que o fogo tem dois poderes. O brilho, a luz e o calor. São poderes do fogo, poderes independentes que mais tarde vai aprender a usar. Sabe porque os antigos Maias nunca desenvolveram rodas ou carros? Nunca precisaram.Eles viajavam para onde queriam através do fogo ou d’água. Como não eram mercenários em busca de metais para saquear, mas investigadores dos mistérios a eles interessava ir em consciência aos outros lugares. E aprenderam a usar virtudes mágicas que o fogo e a água tem para servirem de portais para que a percepção viaje para outros lugares deste mundo ou outros mundos. Mas você está ali, no meio dos quatro cantos...Depois de meditar sobre a Terra e o Fogo volte-se para Leste onde o sol nasce. Ali você tem o incenso. AR: Sinta, respire. Sinta que a sua volta o ar está presente, que o ar que você respira já esteve em outros pulmões, nas plantas, o AR é um veículo mágico de contato com toda a vida, pois todos os seres viventes respiram. A força do AR é assim, plena, só tem os limites que damos a ela. Do outro lado a água: Pense num peixe. Ele “voa” na água como um pássaro voa no ar. Para o peixe a água é seu ar. O meio no qual ele está imerso, onde vive e respira. Nós estamos imersos no ar. O ar e a água se adaptam ao formato do recipiente que os contém. Isso é importante de se perceber, são características Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 139


dos elementos. Vire-se para oeste e veja a água. Ali está ela, calma em repouso. Assim age a água, ela flui e vai se adaptando ao lugar onde está, preenchendo todas as reentrâncias. Lembre que você passou 9 meses de gestação dentro d’água. Que seu corpo é 2/3 d’água. Que este planeta, chamado Terra, é 2/3 água. A água tem também duas características. Uma é sua umidade, tudo impregna. Outra é sua fluidez. Ela flui sempre. Medite sobre ao Ar e a Água. Sinta-se como um peixe para perceber a água e imagine-se um pássaro para contemplar o ar. Ao terminar volte se novamente para a Terra, para o Fogo, para o AR e para a Água, sentindo cada um dos elementos, suas singularidades. A Terra é base, sólida, firme. A água é fluída. O Fogo transforma, nada é tocado pelo fogo e permanece igual. O AR expande, sempre, amplia-se. São valores arquetipais sentimentos fundamentais que são chaves de reconhecimento. Quando você aprofundar o “sentimento” que cada elemento te transmite vai acontecer um momento que você não vai apenas “imaginar” tal virtude do elemento, vai mesmo sentir o elemento te transmitindo algo dele. Quando isso acontecer você começou a sentir a essência do elemento. E a parte viva do elemento,e sua manifestação viva é o nível dos elementais. Este exercício é um primeiro momento de familiarização com os quatro elementos. Pode ser feito sozinho ou em grupo. Quando trabalho com grupos cada um fica num dos quatro elementos, de acordo com a energia predominante de seu mapa astral.Começa com cada um, sozinho no meio do círculo, sentindo cada elemento. Depois cada um dos quatro vai para o seu canto. Então cada um busca uma palavra chave para seu elemento. O exercício costuma ser feito com cada um descobrindo um verbo e um adjetivo para seu elemento. Exemplo: “Fogo: Transformação – Intensidade”; e por aí vai. Depois que todos sentiram seu elemento é hora de cada um falar o que sente do outro. Por exemplo, o fogo sabe que sem o AR ele não existe, ele apaga. Sabe que a Terra pode ser aquecida por ele, ele pode queimar a planta que está nascendo, mas no seu aspecto calor ele é que ajuda a planta a crescer, pois no inverno com neve a vida fica suspensa. O fogo sabe que a água pode apagáBruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 140


lo, mas se entre ele e a água o metal entrar ele pode levar a água a ferver. E assim vários exemplos são dados para cada elemento. E as relações de cada elemento. Cada um “incorpora” o elemento onde está e expressa como se sente em relação ao outro elemento. Se você está fazendo sozinho o exercício personifique cada elemento e sinta como ele se relaciona com os outros. Este exercício é para ser feito várias vezes, ele vai te dar uma nova abordagem dos elementos.

Exercício Prático Tetragrama Pessoal NOME: ________________________________________________ ______________________________ Marque a seguir todas as características que você possui e das coisas de que faz uso ou costuma praticar:

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Terra

Agua

Fogo

Ar

( ) Paciência

( ) Sensibilidade

( ) Entusiasmo

( ) Age pela sensação

( ) Afetividade

( ) Criatividade

( ) Preserva seu espaço

( ) Cuidado com o Outro

( ) Automotivação, energia

( ) Autocritica e critica

( ) Capacidade para realizar e objetivar ideias ( ) Praticidade

( ) Facilidade para lidar com conflitos

( ) Defende seus pontos de vista

( ) Facilidade com Teoria

( ) Decisão, autoconfiança

( ) Procura emoções profundas

( ) Intolerância com limites

( ) Minucia

( ) Contorna limites. Tem fluidez em seu dia a dia ( ) Facilidade para fazer amizades profundas ( ) Generosidade

( ) Capacidade para organizar

( ) Magoa-se facilmente

( ) Impaciência

( ) Flexibilidade e capacidade de mudanças ( ) Constante Movimento ( ) Tendência a sonhar acordado

( ) Busca de Perfeição

( ) Age com o coração

( ) Necessidade de se expressar

( ) Capacidade de Abstração

( ) Facilidade para administrar

( ) Escalda pés

( ) Age pela Intuição

( ) Excentricidade

( ) Andar e perceber detalhes no todo

( ) Nadar e mergulhar

( ) Temperos Quentes

( ) Plantar

( ) Olhar o nada, contemplar

( ) Artes Marciais

( ) Trabalhar com a consciência respiratória ( ) Ministrar aulas, palestras

( ) Trabalho com argila

( ) Observar o movimento das águas

( ) Esportes

( ) Preparar a própria comida ( ) Tomar conta de si mesmo

( ) Contar Histórias

( ) Atividades ao sol

( ) Demonstrar afeto

( ) Dançar, correr, brincar

( ) Terapia Corporal

( ) Filiações a grupos ( ) Ficar no banho mais tempo ( ) Música: Instrumentos de corda ( ) Criar coreografias

( ) Escrever mensagens ( ) Valorizar o que faz

( ) Músicas aceleradas

( ) Cor Azul

( ) Cor Laranja ou coral

( ) Olhar o fogo

( ) Boa Memória

( ) Objetividade

( ) Fazer supermercado ( ) Contato com a Terra, areia ( ) Música de Percussão ( ) Andar descalço

( ) Impulsividade

( ) Cantar

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( ) Comunicação Clara ( ) Age com a Razão

( ) Informar-se , fazer cursos, participar de palestras ( ) Meditar ( ) Imaginar situações engraçadas ( ) Confeccionar pipas ( ) Silenciar por algum tempo ( ) Música: Instrumento de sopro


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Mร DULO IV Instrumentos Mรกgicos

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FORMAÇÃO DO ALTAR INSTRUMENTOS MÁGICOS Coordenação e elaboração: Tânia Gori

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FORMAÇÃO DO ALTAR O que é um altar? É um ponto de canalização energética entre a bruxa e o Universo. É o espaço sagrado para a bruxa repor suas energias e limpar seus pensamentos e seu estresse. O que é preciso para se montar um altar? Apenas a representação dos quatro elementos. A água pode ser representada por um cálice com água, um regador, uma torneira, uma fonte, ou objetos de cor azul ou verde-escura; o ar por sinos dos ventos, incenso, penas, objetos leves ou objetos de cor branca; o fogo por uma vela, um braseiro ou objetos de cor laranja ou vermelha; a terra por cristais, um vaso com planta, um pote com terra rica ou objetos de cor marrom, verde-escura ou crua. Esses artigos sugeridos podem ser feitos à mão, improvisados ou comprados, da forma que você quiser. Laurie Cabout, uma bruxa de Salém, diz: “Não há nada de errado em se comprar artigos de magia, pois normalmente quem os faz são magos e bruxas, e você estará ajudando na alimentação dos nossos amigos”. Para montar seu altar, escolha um lugar tranquilo de sua casa onde possa meditar sossegada, pois o altar deve ser um local sagrado não só para a reflexão, mas também para você ter contato com o seu Eu Interior e canalizar as energias da Mãe Terra. Como as bruxas são normalmente muito imaginativas para criar altares e rituais, use sua intuição e sua criatividade, dispondo sobre o altar os instrumentos mágicos e a representação dos quatro elementos como achar melhor. O altar pode ser montado em qualquer Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 146


cômodo da casa, exceto no banheiro, que é o lugar onde são descarregadas energias deletérias. Altar Imaginário: Se por algum motivo não puder montar o altar onde você mora, crie um espaço na sua imaginação, pois o verdadeiro templo está dentro de você. Caso prefira, busque o contato com a Natureza e faça dela o mais lindo de todos os santuários. Instrumentos Mágicos: É possível realizar os rituais sem os instrumentos mágicos da Bruxaria? Sim. Porém, mesmo que saibamos caminhar, os instrumentos mágicos são como um veículo que torna mais fácil nossa caminhada porque ele pode nos levar mais rapidamente ao nosso destino. Exemplo de como podemos utilizar um instrumento mágico no dia a dia: Quando usamos o athame para cortar uma fruta ou outro alimento, consagramos a fruta ou o outro alimento com as energias da Natureza e eliminamos as energias perversas. Dica Mágica: Lembre-se que a verdadeira bruxa jamais depende dos instrumentos mágicos porque sabe que a Magia está em sua mente e em seu coração. Assim, se for necessário andar a pé para chegar a um objetivo, não pensará duas vezes. Instrumentos Mágicos Mais Usados Athame ou Punhal: É o símbolo da energia masculina e considerado um instrumento de força. Tradicionalmente, o athame tem lâmina dupla para cortar energias negativas de qualquer lado que apareçam e para bani-las dos rituais. Em algumas tradições, ele é associado ao fogo pelo fato de sua lâmina ser forjada no fogo e, em outras tradições, Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 147


está associado ao ar devido ao som que a lâmina produz quando corta o ar. Também conhecido como adaga, o athame representa o discernimento que a bruxa precisa ter em seu caminho. Na época medieval havia o athame com cabo preto, que era usado em rituais, e o com cabo branco, chamado bolline, que servia para cortar ervas ou alimentos a serem consagrados. Caixinha: É uma caixinha comum que você vai consagrar para guardar os seus desejos, escritos em papel branco. Na entrada de toda fase da Lua você poderá colocar um pedido dentro dela. Após um ano, vai abri-la e queimar todos os papéis que estiverem ali guardados. Você perceberá que o Universo realizou muitas coisas que pediu e entenderá que, o que não foi realizado, foi para o seu bem. Caixinha SOS: É outra caixinha que você vai consagrar para colocar pedidos urgentes, escritos em papel branco, mas deve fazer um pedido de cada vez. Até que seu desejo se realize, ponha todos os dias sua mão sobre a caixinha e repita o seu pedido. Assim que ele for realizado, agradeça ao Universo e dê um presente a um amigo.

Cajado: Também conhecido como bastão, o cajado é a extensão do braço do mago ou da bruxa, geralmente mais utilizado pelos magos. Ele serve como catalisador das energias de um ambiente e tem o poder de neutralizar energias negativas. É usado para abrir os portais de outras dimensões e para firmar as energias de um ritual, como um fio terra.

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Caldeirão: É o símbolo do útero da Grande Mãe, da origem de toda vida humana, da germinação, da transformação, da transmutação e dos mistérios da Bruxaria. O caldeirão era originalmente simbolizado por uma cabaça ou uma cuia. Quando os caldeirões de metal surgiram, seu simbolismo passou a ser associado ao lar e à família. É no caldeirão que a bruxa prepara seus feitiços, poções e rituais. Ritual com o Caldeirão: Escreva os obstáculos que deseja eliminar da sua vida em um papel branco e queime-o dentro do seu caldeirão, pedindo às forças da Natureza e ao elemento fogo que transmutem os obstáculos do seu caminho. Cálice ou Taça: Simboliza o útero da Mãe Terra e o refreamento. É considerado um instrumento do elemento água e tem ligação com a Lua. Antigamente usava-se uma cuia ou uma concha larga no lugar do cálice. Sua base é o símbolo do mundo material e seu suporte representa a conexão entre o Céu e a Terra. O cálice é usado para conter o vinho durante os rituais e passado a todos os membros como símbolo de união.

Chapéu: Como o chapéu pontiagudo era moda nos castelos do longínquo século II, muitas bruxas não o utilizam mais como símbolo mágico porque ele foi associado às bruxas exatamente por estarem fora de moda. Mas há bruxas que entendem que o chapéu pontiagudo é um instrumento indispensável para os seus trabalhos, porque sua forma de cone serve de antena receptora capaz de atrair e potencializar as energias cósmicas e auxiliar na captação de poder, da mesma forma que ocorre com as pirâmides. O Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 149


chapéu também tem um significado psicológico de proteção que, para os trabalhos mágicos das bruxas, é sempre de grande valia. Cordão: É um colar de contas que você pode usar para sua proteção e para fazer pedidos e agradecimentos. Esse colar é como um terço bizantino, que normalmente contém 100 contas, sendo que cada grupo de 10 contas é separado por 01 conta colorida. A cada 10 contas você faz seu pedido, usando o verbo no tempo presente (eu preciso, eu desejo, eu quero, eu tenho). Quando seus dedos tocarem cada conta colorida, você agradece. Espelho: Diz uma lenda que, antes do início da Criação, existia apenas uma Deusa. Mas ao ver seu reflexo no espelho escuro do vazio, ela se apaixonou por sua própria imagem. Seu amor cresceu tanto, que explodiu de prazer e alegria e formou uma onda de energia que, ao dispersar fagulhas por todos os lados, deu origem a tudo o que existe. Mas a força da onda de energia foi aos poucos afastando a imagem da Deusa, até que a imagem se tornou masculina e se transformou no Deus da força, cuja imagem é o Sol. A partir dessa divisão, o desejo de voltar à comunhão com a Deusa faz o Deus girar eternamente ao redor dela. Utilidade do Espelho Mágico: É um instrumento utilizado não só para adivinhações e encantamentos, como também em rituais de meditação para que você tenha um contato maior consigo mesmo (a). Para abrir a visão, ele pode ser banhado numa infusão de alecrim, arruda, artemísia, ervadoce, hera, folhas de nogueira e espumas do mar. Para algumas outras operações mágicas, ele pode ser banhado pela luz da Lua cheia.

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O Segredo do Reflexo: A astronomia nasceu na Suméria, Mesopotâmia, e depois recebeu a contribuição dos egípcios, gregos, indianos, chineses, árabes e maias. Mas todo o conhecimento sobre astronomia, lentes de aumento e espelhos foi mantido em segredo pela Igreja Católica até o ano de 1168, ocasião em que as lentes e as superfícies de vidro espelhadas começaram a ser estudadas em Oxford, Inglaterra. Muito antes, na Grécia antiga, o filósofo grego Sócrates (470 – 399 a.C.) já tinha se surpreendido quando, certa vez, usou uma lente de aumento apontada para o Céu e viu refletida na lente a imagem de uma constelação em forma de dragão. A constelação já estava lá, mas permanecia oculta até então. “Tornar visível o invisível, como fez Sócrates na antiguidade, é a verdadeira função dos espelhos, mesmo que o usemos apenas para nos encarar e fazer uma autoanálise” (Manual da Bruxaria, editora Zetec) Túnica ou Vestida de Céu: É uma opção da pessoa ou do grupo que esteja realizando o ritual. A túnica pode ser de cor preta para afastar energias negativas e demonstrar sabedoria; amarela ou laranja para demonstrar receptividade; vermelha para demonstrar amor; verde para demonstrar mestria. Vestida de céu é a nudez ritualística que deve ser encarada com naturalidade porque simboliza a pureza. As bruxas podem optar em trabalhar ou não vestidas de céu. Varinha: Também chamada de bastão mágico, a varinha pode ser feita com um galho da árvore de sua preferência. Ao cortá-lo, não se esqueça de agradecer à mãe árvore por lhe ter cedido um dos seus galhos. No Xamanismo, o agradecimento é feito com oferendas de mel e leite para a Natureza. A varinha pode ser enfeitada à sua maneira, de acordo com a sua intuição, podendo adorná-la com flores, Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 151


fitas ou cristais. Ela é usada para traçar o círculo mágico, apontar algum objeto durante o ritual e consagrar objetos mágicos, bastando dar três toques com ela na pessoa ou no objeto que deseja abençoar ou consagrar. A varinha pode despertar grandes qualidades nas pessoas. Ritual com a varinha mágica: Quando sentir um grande desejo, finque a varinha no chão e lhe conte o seu desejo. Para afastar energias perversas, basta enfeitar a varinha com fitas verdes e pretas. Vassoura: Quando se fala sobre Bruxaria, a vassoura é o instrumento mais lembrado porque existem muitas lendas a seu respeito. A vassoura era um meio de as bruxas esconderem suas varinhas mágicas durante a Inquisição, pois, segundo o Manual de Caça às Bruxas, a vassoura e o bastão indicavam que a pessoa que os possuísse era bruxa. Além de ser o símbolo da maturidade e da fertilidade, a vassoura passou a fazer parte da limpeza energética dos ambientes onde são realizados os rituais e a ser usada como um portal, simbolizando fisicamente uma porta de abertura do círculo mágico. Lendas sobre a vassoura voadora: Entre as tantas lendas que citam a bruxa voando em uma vassoura, duas são mais aceitas pelas bruxas: 01. Como a prática da magia simpática era muito comum durante o feudalismo, as bruxas dos feudos faziam vassouras com palhas das plantações e pulavam com elas no chão para mostrarem às novas sementes o quanto elas deveriam crescer; 02. No início do período da Inquisição, era muito comum a bruxa esconder na sua vassoura as ervas que facilitavam as viagens astrais, cuja prática podia dar ao leigo a impressão de voo. Além destas duas lendas,

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os romenos acreditam que uma vassoura debaixo da cama afasta as energias negativas e, no Brasil, uma vassoura virada atrás da porta de entrada faz com que uma visita indesejável vá embora. Outros Instrumentos Mágicos: Castiçais, incensários, bolas de cristal, instrumentos musicais, pedras, velas, óleos, bolos, vinhos, sinos para abrir e fechar os rituais, e tudo o que sua imaginação criar e sua intuição mandar. Círculo Mágico: Simboliza um portal de comunicação entre os mundos físico e espiritual. Sua finalidade é conter e concentrar a energia mágica durante o ritual, porque tudo o que for trabalhado dentro dele será concentrado verticalmente em direção ao Universo, não havendo, assim, desperdício de energias. O círculo pode ser aberto para qualquer lado, desde que, ao fechá-lo, lembrar-se de ir para o lado oposto em que ele foi aberto. O círculo mágico é normalmente aberto em sentido horário e fechado em sentido anti-horário. Ele pode ser grande ou pequeno e delimitado por um cordão, um traçado na terra ou na areia, ou simplesmente visualizado. Quando precisar sair do círculo, saia pela porta simbólica e sempre de frente para o centro do círculo, em respeito ao altar ali presente. Roteiro Para Se Fazer Um Ritual Esta é uma estrutura bem detalhada, mas que não pretende ser a única e menos ainda a mais completa. Muito pelo contrário, no que se segue procuro levantar alternativas para você pensar e improvisar suas próprias variações a respeito. Gostaria de frisar que um bom ritual sempre tem Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 153


uma improvisação especial que brota da inspiração, e todos os outros planos previamente detalhados ficam esquecidos porque deixam de ser importantes. Portanto, leia as sugestões de estrutura aqui apresentadas, pense sobre elas e siga a sua inspiração, a qual vem do Cosmos. Antes do Ritual Prepare o ritual, planejando-se e planejando-o com cuidado. Escreva e memorize o que vai desejar dizer e fazer. Caso prefira ser espontâneo (a), planeje o tema básico, escrevendo algumas breves linhas sobre o que pretende dizer ou fazer; Prepare o espaço físico, limpando o local e removendo eventuais móveis e utensílios. Se for um lugar público, certifique-se da necessidade ou não de obter autorização para usá-lo. Verifique se tem tudo o que vai precisar para realizar o ritual dentro do espaço escolhido. Coloque sempre os quatro elementos no local do ritual; O círculo mágico deve ser traçado com um athame, uma espada ou uma varinha. Pedras, velas, pétalas de rosas ou ervas podem ser usadas para marcar o seu limite; Tome um banho especial, vista a roupa para a ocasião e medite por alguns minutos. O Ritual Cuide para que todos os participantes sejam purificados antes de entrar no círculo mágico, o que pode ser feito circundando cada um com um athame, uma varinha, um incenso aceso ou uma vela acesa; Cuide para que todos os participantes entrem em sintonia com o caráter específico do ritual, o que pode ser feito através de um canto, uma dança, uma respiração pausada ou uma visualização; Após a entrada de todos os participantes no círculo mágico, convide os anjos, os guardiões, os elementais e todos aqueles que puderem participar do ritual, tendo consciência de que “chamar” significa convidar e não invocar ou dar uma ordem. Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 154


Objetivo do Ritual: Após convidar os seres invisíveis, diga em voz alta o objetivo do encontro ritualístico, pois todo ritual tem uma finalidade específica. Dentre os motivos para se realizar um ritual, destacamos: Festejar os ciclos das fases da Lua; Festejar as estações do ano; Festejar os sabás; Festejar o dia das deusas; Fazer um encanto; Trazer a cura; Rito de passagem: festa que traz uma mudança na vida da pessoa, como nascimento, menarca, casamento, aborto, divórcio, menopausa ou morte de um ente querido. Trabalhando no Ritual Durante o ritual, você poderá recitar um poema, cantar, tocar um instrumento, usar sons não verbais, fazer movimentos físicos ritmados ou ficar em silêncio; Na comunhão com os participantes, abençoe os pães, os doces e o vinho e os compartilhe com os demais, brindando o objetivo do ritual; Retorne à consciência objetiva; Libere o excesso de energia acumulada no ritual e o direcione para um fim nobre; Agradeça ao Universo e a todos os seres invisíveis presentes no ritual; Feche o círculo; Termine o ritual com uma celebração, a qual pode ser feita com beijos e abraços. Primeiro Grande Ritual O primeiro passo dentro da Magia é você montar o seu altar, sabendo que todo instrumento que for utilizar no altar deverá ser consagrado;

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O que é consagração? É o ato de tirar energias de outrem e colocar a sua energia num objeto. É o ato de investir alguém ou algo de um caráter sagrado; Existem diversas consagrações, entre as quais escolhi a que me acompanha há muitos anos. Consagração: No primeiro dia da Lua nova ou da Lua cheia, ponha sobre o altar os quatro elementos e todos os instrumentos a serem consagrados. No lugar da vela comum que você estaria usando, acenda uma vela de mel de 07 dias. Durante os 07 dias em que a vela de mel estiver queimando, você acenderá um incenso por dia e fará uma mentalização positiva para os instrumentos dispostos sobre o altar. A vela deverá durar mais de 07 dias, pois, se isso não ocorrer, você deverá iniciar todo o ritual novamente, visto que não houve tempo suficiente para que toda a consagração fosse realizada. Abertura dos Portais Energéticos Acenda duas velas sobre o altar, uma do lado direito e uma do lado esquerdo, a fim de abrir os portais energéticos de outra dimensão; Faça sua pergunta, mental ou verbalmente, de forma bastante clara e precisa; Feche os olhos e aguarde um sinal; Você pode se imaginar atravessando uma porta de várias cores e, no fim do seu percurso, encontrar-se com o seu guardião e ficar atenta ao que ele lhe diz; Apague as duas velas, sem soprá-las, pois quando você sopra, está dizendo ao elemental que não quer mais o que foi feito. Por isso, sempre que precisar apagar a chama das velas, faça-o com as pontas dos dedos ou com um abafador; Normalmente juntamos as duas velas no centro do altar para simbolizar o fechamento dos portais energéticos. Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 156


Proteção da Bruxa e do Mago A primeira providência a ser tomada antes do início de qualquer magia ou ritual é abrir um círculo de proteção contra as forças negativas que queiram entrar no ritual sem serem chamadas; O círculo poderá ser imaginário, utilizando-se luzes ou supondo-se que os participantes estejam protegidos dentro de um ovo dourado; O círculo poderá ser físico, riscando a varinha mágica no chão; O círculo poderá ser feito com sal, pedras, flores ou outros ingredientes mágicos, conforme a magia ou ritual a ser executado; É imprescindível que você JAMAIS se esqueça de abrir o círculo no início do ritual e fechá-lo assim que o ritual terminar. Os Grandes Grimórios: Você sabe o que são Grimórios? São livros de fórmulas mágicas que foram escritos durante a Idade Média. Na Bruxaria Natural são usados três livros: Livro das Sombras: É um caderno ou uma agenda onde a bruxa faz anotações sobre todas as suas experiências já realizadas, como banhos, feitiços, meditações, sonhos e tudo o que envolve Magia. Esse livro deve ser escrito de maneira simples e passado de uma geração a outra. Você pode encapá-lo e colar símbolos de proteção na capa, como o Sol, a Lua, o pentagrama, entre outros. Mas saiba que, no Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 157


seu Livro das Sombras, você só deve escrever os feitiços e as experiências realmente vividas e realizadas, pois ele é a sua sombra. Livro de Cura: É um caderno sem arame, que deve ser encapado com as sete cores do arco-íris. Na contracapa devem ser desenhados os símbolos rúnicos e uma árvore bem bonita. As folhas devem ser utilizadas para você escrever o nome completo de alguém que esteja precisando de uma energização. Se você sabe em que âmbito a pessoa precisa de energia, poderá pintar o nome dela com a cor correspondente à sua necessidade. Exemplo: Se você tem um amigo chamado Paulo André que precisa se acertar no amor, você escreve o nome completo dele em seu Livro de Cura e pinta o nome dele com a cor rosa; se ele tem algum problema de saúde, a cor é verde; se ele tiver problema com dinheiro, a cor é amarela; se lhe falta inspiração ou concentração, a cor é laranja.

Reflexão Se “bruxa” fosse sinônimo de “maldade”, não seria mencionada como bruxa “má” nas histórias infantis, porque seria desnecessário dizer que a bruxa é má se “bruxa” realmente significasse maldade. A palavra “bruxa” é um substantivo e não um adjetivo.

Livro dos Sonhos: É um caderno no qual você aplicará livremente a sua criatividade. Ele deverá ficar sempre junto com um lápis ao lado da sua cama para que você possa anotar todos os seus sonhos e acompanhar os ensinamentos que vêm através deles. Avaliação do Módulo IV – A Descreva um ritual completo para a Lua minguante. Escreva a utilidade da vassoura mágica. Pesquise e escreva uma história sobre os espelhos mágicos. Descreva o que você sentiu no ritual de consagração de seus instrumentos mágicos.

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A ARTE DA FEITIÇARIA Ao começar a trabalhar com magia o aprendiz deve conhecer o significado de alguns pontos. Então vamos lá...

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Trabalhando magicamente com as cores das velas Cada cor de vela tem uma finalidade energética específica. A vela é um dos instrumentos de focalização da sua energia até o self, isto é, até si mesmo (a). Ela é usada também para representar a Deusa e o Deus, os quatro pontos cardeais norte, sul, leste, oeste, e os quatro elementos - água, ar, fogo, terra. Amarela: Simboliza a energia solar, a ação, a criatividade, a inspiração, o intelecto, as mudanças súbitas e a unidade. Nos rituais, aumenta o poder de concentração e de imaginação. Essa vela é usada em feitiços que envolvem aprendizagem, atração, charme, confidências e persuasão, além de ajudar a quebrar bloqueios mentais e a estimular os estudos. Dia: domingo. Amarelo-clara ou dourada: Simboliza a energia solar, ativa a compreensão e atrai as influências dos poderes cósmicos da Deusa e dos poderes divinos masculinos. Essa vela é usada em rituais e feitiços para afastar a negatividade, encorajar, trazer estabilidade e atrair dinheiro ou sorte com rapidez. Azul: Cor espiritual utilizada em rituais para atrair harmonia, luz, paz, saúde e bons sonhos. É usada em magias que envolvem bondade, conhecimento, estabilidade, honra, projeção astral, proteção durante o sono, tranquilidade e verdade, e em feitiços que envolvem calma, compreensão, criatividade, estabilidade no emprego, fidelidade, harmonia no lar, paciência, poderes ocultos, proteção, sabedoria e sonhos proféticos. Dia: quinta-feira.

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Azul-clara: Cor espiritual que irradia a energia do signo de Aquário. Essa vela é usada para sintetizar situações, atrair paz e tranquilidade para o lar e ajudar durante a meditação de devoção e de inspiração. Azul-royal: É a cor da alegria e da jovialidade. É usada para atrair a energia de Júpiter ou qualquer outra energia que se queira potencializar. Branca: Por ser o branco a mistura de todas as cores, a vela branca é usada para fazer todo e qualquer pedido, inclusive quando se desconhece a cor correspondente ao pedido. É usada em rituais que envolvem alinhamento espiritual, adivinhação, exorcismo e meditação, e em feitiços que envolvem alto astral, energia lunar, clarividência, consagração, cura, força espiritual, limpeza, paz, poder, pureza, saúde, totalidade e verdade. Dia: quarta-feira. Cinzenta: É uma cor neutra que ajuda na meditação. Na magia, essa cor simboliza confusão, mas também neutraliza as forças negativas. Atrai a energia da Grande Mãe e dos poderes divinos femininos. Usada em rituais em honra às deidades do Sol e em rituais para remover a negatividade, encorajar a estabilidade, desenvolver as faculdades psíquicas e ajudar na meditação. É usada em feitiços para atrair o poder das influências cósmicas e a vitória. Índigo: Simboliza a energia de Saturno. A cor índigo é usada para equilibrar o carma e em rituais que requerem um elevado estado de meditação. Sendo a cor da inércia, ela tem o poder de deter pessoas ou situações, neutralizar magias lançadas por outrem e quebrar maldições, mentiras e competições indesejadas. Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 161


Laranja: Usada em rituais para estimular a energia e a criatividade e alcançar justiça, metas profissionais e sucesso. Marrom: Usada em rituais para aumentar o equilíbrio e a força material e atrair o poder de decisão, o sucesso financeiro, a concentração nos estudos e a telepatia. Usada também em feitiços para proteger os familiares e os animais domésticos e localizar coisas perdidas. Preta: Atrai a energia de Saturno e simboliza o desdobramento, a discórdia, a libertação, a proteção e a reversão. A cor preta é usada em rituais para afastar o mau-olhado, limpar a negatividade, repelir a magia negra e formas mentais negativas, abrir os níveis do inconsciente e induzir ao estado de meditação. Púrpura ou Roxa: Atrai a energia de Netuno e é usada em rituais que envolvem a cura e as manifestações psíquicas. É também utilizada em feitiços que envolvem adivinhação, idealismo, honra, poder, progresso, proteção, quebra de má sorte, contato com entidades astrais e para afastar o mal. Dia da semana: quarta-feira. Verde: Usada em rituais para atrair a cura e a sorte e em feitiços que envolvem abundância, ambição, casamento, crescimento, dinheiro, equilíbrio, fertilidade, finanças, generosidade, harmonia, prosperidade, rejuvenescimento, saúde, sorte e sucesso. Verde-esmeralda: Importante componente nos rituais venusianos, essa cor é usada em rituais para atrair o amor e a fertilidade e estimular as relações sociais. Verde-escura: Como a verde-escura é a cor da ambição, do ciúme, da cobiça e da inveja, a vela de cor Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 162


verde-escura atrai as influências dessas forças durante os rituais. Vermelha: Atrai as energias dos signos de Áries e Escorpião. Usada em rituais que envolvem amor, aumento de magnetismo, coragem, energia, fertilidade, força, paixão, potência sexual, saúde e vontade de poder. Ela serve também para se atingir metas e afastar o medo, a preguiça e o desejo de vingança. Oráculo da chama da vela “Espíritos do Fogo vem a nós. Vamos acender o fogo. Espíritos do Fogo vem a nós. Vamos acender o fogo. Vamos acender o fogo, dançar a rodada Círculo Mágico. Vamos acender o fogo. Vamos acender o fogo ... “ [canto A convocação dos Espíritos fogo divino ...] Acenda uma vela, visualizando um pedido ou uma pergunta para a qual deseja uma resposta. Se a vela não acende imediatamente: O seu astral pode estar baixo e o elemental pode não estar querendo responder à sua pergunta; Se a chama da vela tem cor azulada: O elemental está perto de você; Se a chama da vela é intermitente, piscante ou vacilante: Seu pedido será atendido, mas sofrerá modificações; Se a chama da vela solta fagulhas: Você encontrará alguém que vai lhe ajudar a realizar seu pedido; Se a chama da vela assume a forma espiralada: Seu pedido será atendido; Se o pavio da vela está repartido ou a vela possui mais de um pavio: O elemental não compreendeu o seu pedido; Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 163


Se a vela chora muito: A realização do seu pedido será difícil, mas não impossível; Se a vela se apaga: Esqueça a sua pergunta ou o seu pedido. Se sobrar restos da vela, refaça mais uma vez o seu pedido ou a sua pergunta. Cristais

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Círculo de Pedras Se desejar mudar a energia de um objeto, como uma joia ou o que for, apanhe um punhado de pedras de alta vibração, em número ímpar, e forme com elas um circulo sobre uma mesa, no chão, ou ainda melhor, na terra. Escolha um lugar onde as pedras possam permanecer pelo menos um dia inteiro. Assim que as pedras estiverem arrumadas, coloque o objeto a ser carregado bem no centro do círculo. Isto é tudo o que você deverá fazer, porque as pedras, por si mesmas, farão sua magia, enviando fortes vibrações ao objeto colocado no centro do círculo. Se desejar fortalecer o poder do encantamento, desenhe a runa apropriada em cada pedra antes de formar o círculo, o que permitirá que o objeto seja impregnado de energias específicas. Exemplo: Se um anel for dado a alguém que você ama, desenhe nas pedras as runas do amor e da proteção para assegurar que o receptor do anel seja banhado de vibrações de amor e proteção. Pote de Pedras Encha uma jarra ou um pote velho com pedras de baixa vibração e mantenha-o em um lugar escondido de sua casa, onde jamais seja visto ou tocado. As pedras espalharão suas baixas energias por toda a casa, trazendo calma e paz. Seu lar será feliz e você ficará livre de grandes problemas e embaraços.

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Saco das Sete Pedras Este encantamento requer sete pedras de alta ou baixa vibração, e cada uma deverá ser de uma cor: amarela, branca, laranja, marrom, preta, verde e vermelha. Seria melhor se você sozinho (a) conseguisse encontrar essas pedras. Os leitos dos rios são lugares excelentes para procurá-las. Se isso não for possível, compre-as então. Ponha as pedras dentro de uma bolsa feita com um pedaço de pano natural, tingido de amarelo. O tecido de algodão é excelente. Quando desejar ter uma breve visão do futuro, apanhe a bolsa e, sem olhar, retire uma das pedras. Ela revelará as condições atuais e futuras: Amarela: lições e sabedoria Branca: paz e tranquilidade Laranja: sorte Marrom: objetos, posses e presentes. Preta: negatividade Verde: amor e dinheiro Vermelha: discussões e paixão Cristais especiais para cada caso Abundância e prosperidade: Aventurina, esmeralda, jade, malaquita, topázio amarelo Adivinhação: Ágata, azurita, hematita, obsidiana, olho-de-tigre, pedra da lua

diamante, lápis-lazúli,

Amor espiritual: Crisoprásio, kunzita, larimar, quartzoróseo, turmalina rosa Angústia e falta de espaço: Esmeralda Comunicação: Água-marinha, topázio azul, topázio imperial, turquesa Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 166


Cura: Água-marinha, cristal de quartzo Intuição: Ágata-musgosa, pedra da lua

água-marinha,

lápis-lazúli,

Meditação: Ágata-de-fogo, azurita, cornalina, safira Mediunidade: Azurita, quartzo fumê Memória: Calcita Proteção: Turmalina negra Pureza e fidelidade: Diamante Regressão: Azurita, jaspe marrom, malaquita, variscita Sonhos: Calcedônia, malaquita, pérola, safira Transformação: Ametista Dependendo da necessidade, a pedra, sua cor e sua lapidação podem influenciar. Exemplos: Mudar mental e espiritualmente, modificando todas as imperfeições que se carrega, e buscar o caminho da iluminação perfeita: Uma ametista em forma de estrela de seis pontas que, na tradição judaica, representa a ascensão, o corpo de luz; Preocupação com os estudos, especialmente no período de provas, exames e vestibulares: Um amuleto em forma de margarida, em cujo centro haja um topázio amarelo que representa o Sol, a ação e a energia necessária, e cujas pétalas sejam feitas com calcita para fortalecer a memória. Se não conseguir criar o amuleto, monte uma mandala. Teste das fadas Há duas maneiras de descobrir o elemento que mais pode auxiliar você: uma é pela astrologia, através do seu signo solar, e a outra é através da primeira vogal do seu nome. Consulte a tabela abaixo para saber qual é o seu elemento: Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 167


Vogal Elemento Elementais Signo Zodiacal A Éter - O éter é a junção de todos os elementos E Ar Silfos Gêmeos, Libra, Aquário I Fogo Salamandras

Áries, Leão, Sagitário

O Água Ondinas Câncer, Escorpião, Peixes U Terra Gnomos Touro, Virgem, Capricórnio Reflita: O bem e o mal não existem; é o pensamento que os cria. William Shakespeare Incensos O incenso age como um talismã ambiental, podendo inclusive higienizar e proteger o ambiente. Antigamente as pessoas queimavam incensos para conseguir conquistar as boas graças dos deuses, pois acreditavam que, dessa forma, seus pedidos chegavam mais depressa até eles. Abeto: Combate a fadiga Absinto: Combate o nervosismo Acácia: Estimula a busca espiritual Água-fresca: Combate a dificuldade de concentração Alecrim: Combate a apatia, o cansaço mental e a indecisão Alfazema: Ajuda a combater o estresse e a acalmar Algas: Combate a ansiedade e a tensão Almíscar: Estimula a paciência e o raciocínio Aloé: Combate a apreensão e o nervosismo Âmbar: Afrodisíaco e fortificante Amêndoas: Combate a insônia e seus males Andiroba: Combate a preguiça Angélica: Fortalece a compreensão e a paciência Anis: Combate a apreensão e a vertigem Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 168


Arruda: Combate a depressão, o medo e a tensão Artemísia: Estimula a concentração e o raciocínio Bálsamo: Combate a irritabilidade Baunilha: Combate a depressão e as atitudes impulsivas Benjoim: Limpa o ambiente de energias negativas Bergamota: Relaxante Calandre: Combate a insônia e é relaxante Calêndula: Combate o desânimo e estimula a fé Camomila: Estimula o raciocínio e é calmante Canela: Aguça a intuição e o raciocínio Cânfora: Proporciona a limpeza energética do ambiente Capim: Proporciona a sensação de frescor e tranquilidade Cardamomo: Controla o comportamento explosivo Cedro: Fortalece o corpo e a mente e traz vitalidade Cenoura: Limpa a mente e estimula a reflexão Cereja: Afrodisíaco Cipreste: Ajuda a esquecer as más recordações Citronela: Tranquilizante Copaíba: Estabiliza as fortes emoções Cravo: Acalma e estimula a reflexão Cravo e canela: Proporciona bem-estar físico e mental Dama-da-noite: Estimula a sensualidade Energia: Combate o cansaço e o estresse Erva-cidreira: Combate a timidez e estimula a autoconfiança Erva-doce: Calmante Eucalipto: Dá disposição para o desempenho das tarefas diárias Flor de laranjeira: Quebra o estresse causado pela rotina Flor de pitanga: Fortalece o estado emocional Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 169


Flor-do-campo: Combate a apatia e o desgosto Funcho doce: Espanta as crises existenciais e a depressão Gardênia: Restaura a paz e protege a alma Gengibre: Combate o cansaço e a fadiga Gerânio: Combate o cansaço mental e estimula a coragem Grapefruit: Aguça a imaginação Hortelã: Traz ânimo e disposição Hortelã-pimenta: Estimula a criatividade Ilangue-ilangue: Fortalece a espiritualidade Indígena: Ameniza pequenos males Infantil: Estimula a afetividade Ipê-roxo: Estimula a concentração Jaborandi: Traz bem-estar e atrai energias positivas Jasmim: Fortalece a afetividade e o amor Kashmir: Dá um ar de sensualidade ao ambiente Lama negra: Controla a euforia demasiada Lavanda: Combate a agitação e a insônia Lima: Traz calma e autocontrole Limão: Afasta o cansaço e a preguiça Limette: Traz ânimo e disposição Lírio: Estimula a criatividade e a presença de espírito Lótus: Estimula a renovação espiritual Maçã: Dá disposição para o desempenho das tarefas diárias Maçã verde: Estimula a autoconfiança Macela: Energiza o ambiente positivamente Madeira: Conforta e ampara Manjericão: Fortalece a memória e o raciocínio Maracujá: Estabiliza o estado emocional Mel: Ajuda a superar mágoas e rancores Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 170


Melaleuca: Traz sensação de bem-estar Melissa: Combate a apreensão e a insônia Menta: Controla as atitudes impulsivas Mil-flores: Purifica o ar Mirra: Estimula a intuição e o bom senso Morango: Estimula a sensualidade Moscatel: Energizante e aguçador da criatividade Narciso: Traz afetividade e amor Olíbano: Estimula a paciência Opium: Relaxante físico e mental Paco: Combate a agressividade e estimula o raciocínio Palmarosa: Combate a insônia Papaia: Energizante e traz disposição Patchuli: Antidepressivo Pau-rosa: Ajuda a combater o desânimo e a mágoa Pêssego: Aumenta a sensualidade e a vitalidade Petit-grain: Estimula a memória Phebo: Combate a depressão e o estresse Pinho: Combate o esgotamento físico e mental Primavera: Combate o medo, o pânico e a raiva Querubim: Fortalece os relacionamentos em crise Raízes: Estimula a capacidade intuitiva Rosa branca: Protege contra energias negativas Rosa musgosa: Afasta a dificuldade de concentração e a preguiça Rosas: Aproxima e reconcilia Sálvia: Traz equilíbrio entre a mente e o corpo Sândalo: Estimula a meditação Sésamo: Combate a insegurança e o medo Sete-ervas: Atrai energias positivas Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 171


Silvestre: Evita o nervosismo e as vertigens Sucesso: Traz vibrações positivas Talco: Estimula a concentração Tangerina: Fortalece a memorização Tomilho: Restaura o equilíbrio emocional Uva: Afrodisíaco Verbena: Estimula o bom humor e ajuda a superar as mágoas Vetiver: Energiza o ambiente positivamente Zimbro: Estimula a renovação transcendental Ritual de Incenso para atrair prosperidade: Todo dia sete é mágico por excelência. Aproveite esse dia para fazer um ritual muito curioso. Acenda sete incensos e invoque o poder do ar, cada um representando um desejo; o primeiro que acabar estará representando o desejo que irá se realizar primeiro. Acenda em um jardim um incenso de canela, escolha uma flor e, segurando o incenso, faça com que a cinzas caiam formando um círculo em volta da flor escolhida. Peça então que a fada dessa flor oriente seus caminhos e traga prosperidade. Há milênios as fadas atendem a esse código tão singular. Tabelas usadas na Arte da Feitiçaria

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Astros Regentes da Semana Domingo > Sol Segunda > Lua Terça > Marte Quarta > Mercúrio Quinta > Júpiter Sexta > Vênus Sábado > Saturno Fases da Lua Lua Crescente: Magia do amor e da prosperidade. Lua Cheia: Magia do amor e da prosperidade para as bruxas e lua de meditação, descanso e relaxamento para os magos. Lua Minguante: Magia para eliminar energias indesejáveis. Lua Nova: Lua de poder para os magos e de meditação, descanso e relaxamento para as bruxas. História da Estrela dos Magos Por um prolongado período de tempo, milhares de anos, o homem sobre a superfície do planeta Terra, pode perceber a singularidade de sete corpos celestes - Sol, Lua, Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno - e que podem ter sido ordenados como descreve Oswald Wirth em seu livro “O Simbolismo Astrológico” (Ed. Nova Fronteira). O certo é que esta classificação ou arranjo, perdura até hoje mesmo com a descoberta de três novos planetas: Urano, Netuno e Plutão, que foram somados aos sete antigos planetas como influências superiores de Mercúrio, Vênus e Marte respectivamente. Nesta forma de classificação planetária - Estrela dos Magos, pode-se começar a compreender a origem de vários Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 173


conceitos que atravessam os tempos e que serve como uma ferramenta, certamente primitiva, mas que pode ter sido um dos primeiros passos dado pelos precursores da Astrologia. Advém daí a certeza de que muitas outras aplicações possuem o septenário, além das que ora abordaremos. Decanatos Caldeus A Estrela dos Magos propicia a identificação direta dos decanatos caldeus. Inicia-se esta identificação seguindo no sentido horário, a partir de Marte, que rege o 1º decanato de Áries, o Sol regendo o 2º decanato e Vênus governando o 3º decanato; já o 1º decanato de Touro ficará sob a regência de Mercúrio, o 2º sob a regência da Lua e o 3º regido por Saturno, e assim sucessivamente, como esta representado no gráfico e na tabela abaixo:

Os Dias da Semana Outra interessante faceta da Estrela dos Magos é a sua analogia com os dias da semana. Partindo-se do Sol como regente do domingo, segue a segundafeira regida pela Lua, a terça-feira por Marte, a quarta-feira por Mercúrio, a quinta-feira por Júpiter, a sexta-feira por Vênus, o sábado por Saturno. Muitos calendários em vários idiomas tomam o nome dos planetas para denominar os dias da semana, nesta mesma antiga e perfeita ordem. Como exemplo ilustrativo, os dias da semana em espanhol são: Domingo, Lunes, Martes, Miércoles, Jueves, Viernes e Sábado. Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 174


As Horas Planetárias As regências planetárias das horas, são calculadas da seguinte maneira: 1- Identificar a hora do nascer do Sol no local.(P1) 2- Identificar a hora em que o Sol se põe no Local.(P2) Para tanto as Efemérides de Raphael em suas páginas finais, apresentam 2 tabelas de horários para o nascer e o por do Sol para várias latitudes. Outro método consiste em utilizar um programa de computador que possibilite saber a hora em que o Sol é conjunto e oposto ao Ascendente local. 3- Toma-se então o período de tempo em que o Sol é visível. (P2 menos P1) 4- Divide-se este período por 12, a fim de obter o intervalo de cada uma das “horas planetárias” (P2 menos P1) dividido por 12. É bom lembrar que aqui o tempo é medido em horas, minutos, segundos e frações e a negligência deste detalhe nos cálculos poderá ocasionar resultados incorretos. 5- A partir deste resultado, são feitas somas sucessivas à hora em que o Sol nasce, tendo como término o horário em que o Sol se põe, sendo este equivalente ao final da 12º hora. 6- Atribui-se a regência da primeira hora ao planeta regente do dia da semana: o Sol para o domingo, a Lua para a segunda-feira, Marte para a terça-feira e assim por diante; a segunda hora seguirá a seqüência dos decanatos caldeus, ou seja, o sentido horário. Para as horas noturnas, tomase a hora em que o Sol nasce no dia seguinte, verificando o intervalo de tempo transcorrido entre o pôr e o nascer do astro rei. Em seguida, é feita a divisão por 12, somando sucessivamente desde a hora do por do Sol até o final da 12º hora, que será coincidente com a hora do nascente. Por exemplo, o dia 16 de abril de 2001, segunda feira para a cidade de São Paulo - Brasil, tem as seguintes regências:

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06:24+00:57=07:21

1º hora

Lua

das 06:24

até 07:21

07:21+00:57=08:18

2º hora

Saturno

das 07:21

até 08:18

08:18+00:57=09:15

3º hora

Júpiter

das 08:18

até 09:15

09:15+00:57=10:12

4º hora

Marte

das 09:15

até 10:12

10:12+00:57=11:09

5º hora

Sol

das 10:12

até 11:09

11:09+00:57=12:06

6º hora

Vênus

das 11:09

até 12:06

12:06+00:57=13:03

7º hora

Mercúrio

das 12:06

até 13:03

13:03+00:57=14:00

8º hora

Lua

das 13:03

até 14:00

14:00+00:57=14:57

9º hora

Saturno

das 14:00

até 14:57

14:57+00:57=15:54

10º hora

Júpiter

das 14:57

até 15:54

15:54+00:57=16:51

11º hora

Marte

das 15:54

até 16:51

16:51+00:57=17:48

12º hora

Sol

das 16:51

até 17:48

Hora que o Sol nasce: P1= 06:24 Hora em que o Sol se põe: P2= 17:48 P2-P1, ou seja:17:48-06:24=11:24 (tempo em que o Sol estará visível) (P2-P1)/12, ou: 11:24/12=00:57 (tempo de duração de cada uma das horas planetárias) A Regência do Ano A respeito da disposição dos planetas no heptograma estrelado, estes são numerados no sentido horário como segue: o Sol igual a 0 (zero), Vênus igual a 1, Mercúrio igual a 2, Lua igual a 3, Saturno igual a 4, Júpiter igual a 5 e Marte igual a 6. Esta atribuição oferece a possibilidade de identificar qual o regente do ano que se deseja estudar. Para isto, deve-se tomar o numeral relativo ao ano e dividi-lo por 7, se a divisão for exata (resto = 0), trata-se de um ano cuja regência é solar; se o resto dessa divisão for igual a 1, teremos um ano regido por Vênus e assim por diante. Conforme pode-se observar no exemplo acima, 1935 foi um ano que se submeteu à regência da Lua, assim como, 2001 é regido por Marte, pois, 2001 quando dividido por 7 apresentará um resto de 6. Astros Regentes das Horas Existem três tabelas de hora planetária: uma que começa às 06h00 da manhã, outra que começa ao nascer do Sol (verificar o momento do nascimento do Sol atualizado), e outra que começa a 01h00 da madrugada, que é a que utilizo.

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Domingo

Segunda-feira

Terça-feira

01h – Sol

01h – Lua

01h – Marte

02h – Vênus

02h – Saturno

02h – Sol

03h – Mercúrio

03h – Júpiter

03h – Vênus

04h – Lua

04h – Marte

04h – Mercúrio

05h – Saturno

05h – Sol

05h – Lua

06h – Júpiter

06h – Vênus

06h – Saturno

07h – Marte

07h – Mercúrio

07h – Júpiter

08h – Sol

08h – Lua

08h – Marte

09h – Vênus

09h – Saturno

09h – Sol

10h – Mercúrio

10h- Júpiter

10h – Vênus

11h – Lua

11h – Marte

11h – Mercúrio

12h - Saturno

12h – Sol

12h – Lua

13h – Júpiter

13h – Vênus

13h – Saturno

14h – Marte

14h – Mercúrio

14h – Júpiter

15h – Sol

15h – Lua

15h – Marte

16h – Vênus

16h – Saturno

16h – Sol

17h – Mercúrio

17h – Júpiter

17h – Vênus

18h – Lua

18h – Marte

18h – Mercúrio

19h – Saturno

19h – Sol

19h – Lua

20h – Júpiter

20h – Vênus

20h – Saturno

21h – Marte

21h – Mercúrio

21h – Júpiter

22h – Sol

22h – Lua

22h – Marte

23h – Vênus

23h – Saturno

23h – Sol

24h – Mercúrio

24h – Júpiter

24h – Vênus

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Quarta-feira

Quinta-feira

01h – Mercúrio

01h – Júpiter

02h – Lua

02h – Marte

03h – Saturno

03h – Sol

04h – Júpiter

04h – Vênus

05h – Marte

05h – Mercúrio

06h – Sol

06h – Lua

07h – Vênus

07h – Saturno

08h – Mercúrio

08h – Júpiter

09h – Lua

09h – Marte

10h – Saturno

10h – Sol

11h – Júpiter

11h – Vênus

12h – Marte

12h – Mercúrio

13h – Sol

13h – Lua

14h – Vênus

14h – Saturno

15h – Mercúrio

15h – Júpiter

16h – Lua

16h – Marte

17h – Saturno

17h – Sol

18h – Júpiter

18h – Vênus

19h – Marte

19h – Mercúrio

20h – Sol

20h – Lua

21h – Vênus

21h – Saturno

22h – Mercúrio

22h – Júpiter

23h – Lua

23h – Marte

24h – Saturno

24h - Sol

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Sexta-feira

Sábado

01h – Vênus

01h – Saturno

02h – Mercúrio

02h – Júpiter

03h – Lua

03h – Marte

04h – Saturno

04h – Sol

05h – Júpiter

05h – Vênus

06h – Marte

06h – Mercúrio

07h – Sol

07h – Lua

08h – Vênus

08h – Saturno

09h – Mercúrio

09h – Júpiter

10h – Lua

10h – Marte

11h – Saturno

11h – Sol

12h – Júpiter

12h – Vênus

13h – Marte

13h – Mercúrio

14h – Sol

14h – Lua

15h – Vênus

15h – Saturno

16h – Mercúrio

16h – Júpiter

17h – Lua

17h – Marte

18h – Saturno

18h – Sol

19h – Júpiter

19h – Vênus

20h – Marte

20h – Mercúrio

21h – Sol

21h – Lua

22h – Vênus

22h – Saturno

23h – Mercúrio

23h – Júpiter

24h – Lua

24h – Marte

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Influência dos Astros sobre as Horas Júpiter: Hora propícia para novos empreendimentos, para toda espécie de assunto financeiro e resolução de questões legais e religiosas. Nessa hora podem ser tratadas todas as coisas relacionadas a valores, sejam de caráter objetivo ou subjetivo. Lua: Hora propícia para fazer viagens e mudanças definitivas, estipular comissões e persuadir pessoas a mudarem de opinião. Não é aconselhável firmar contratos nessa hora porque eles serão passageiros. Marte: Hora propícia para favorecer os impulsos e os empreendimentos ousados. É o momento em que há maior incidência de acidentes, disputas e desentendimentos. Não é aconselhável fazer novas amizades nessa hora. Mercúrio: Hora propícia para comprar livros, desenvolver trabalhos com impressoras, redação de cartas, estudos e teorias. Ótima hora para se chegar a uma conclusão. Saturno: Hora propícia para lidar com idosos, estudos avançados e assuntos imobiliários, pois Saturno governa a Terra e oferece prudência, determinação e maturidade. Sol: Hora propícia para se relacionar com pessoas que ocupem posição de destaque e para pedir favores e proteção. Vênus: Hora propícia para recreação, diversão, canto, música, dança, vestuário e luxo. Momento bom para comprar roupas, perfumes e qualquer artigo do gênero. Essa hora favorece o amor e os estudos artísticos, mas existe o perigo de extravagâncias. Influência da Lua sobre os Signos Em Áries: Período que favorece o trabalho para aumentar os recursos, a energia e a saúde. Se a fase da Lua for minguante, auxilia a combater doenças. Em Touro: Período favorável para a realização de transações que envolvam a aquisição de propriedades e bens materiais. Em Gêmeos: Bom período para operações mágicas e fabricação e consagração de talismãs. Em Câncer: Período que favorece a vidência, as faculdades psíquicas e as viagens. Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 180


Em Leão: Período favorável para a saúde e a fortuna. Em Virgem: Período de rompimentos, amarrações amorosas e malefícios. Em Libra: Bom período para estabelecer laços amorosos, reconciliar desarmonias e fazer as pazes com os amigos. Em Escorpião: Período mágico por excelência para qualquer tipo de trabalho de Magia. Em Sagitário: Período favorável para invocações, evocações, consagração de talismãs e para ganhar nos jogos. Em Capricórnio: Bom período para contatar os elementais e obter proteção e segurança. Em Aquário: Período favorável para estudos esotéricos e práticas de adivinhação. Em Peixes: Período que favorece a emotividade e incrementa as faculdades psíquicas.

Reflexão Assim como as sementes, nossos pensamentos brotam e florescem de acordo com a sua variedade, e os pensamentos que cultivamos criam a nossa experiência de vida. Assim como a semente plantada em solo fértil produz frutos saudáveis, nossa mente se torna iluminada ou escura, conforme o tipo de pensamento que plantamos nela. Se plantarmos sementes de maçã e cuidarmos bem delas, colheremos maçãs suculentas. Se plantarmos sementes de cacto, colheremos duros espinhos. O mesmo acontece com a nossa mente: pensamentos positivos dão resultados positivos e pensamentos negativos dão resultados negativos. A compreensão desta relação de causa e efeito pode nos ajudar a pensar sobre o tipo de vida que desejamos para nós.”

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Avaliação do Módulo III – B Descreva qual o dia de semana, horário, fases da lua , incenso, vela, época do mês você faria os seguintes rituais: Amor Justiça Prosperidade Saúde de um idoso Harmonia do Lar Trocar de emprego

Curiosidades Mágicas Dicionário Mágico - Decodificação de Antigas Poções Mágicas Houve um tempo não muito distante em que, para sobreviver, era preciso mentir sobre as coisas nas quais se acreditava. Mas hoje podemos finalmente nos mostrar e nos denominar bruxas, pois BRUXAS NASCEMOS E BRUXAS SEREMOS! Na época das perseguições às bruxas, muitas delas criaram códigos secretos que, por várias gerações, foram passados oralmente apenas de mãe para filha para que a tradição não se perdesse ou caísse em mãos erradas. Se algumas receitas de bruxas parecem ser tão horríveis, é porque as bruxas achavam que, se as pessoas sentissem medo ou nojo de suas receitas, não as preparariam e, assim, não prejudicariam ninguém. Relaciono aqui algumas decodificações secretas usadas durante muitos anos em várias receitas, pois as bruxas costumavam colocar nomes de animais nos alimentos e nas plantas. Muitos outros nomes não citados aqui também foram trocados para que os alimentos e as plantas não fossem indevidamente utilizados. Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 182


Asa de morcego moída: Pimenta-do-reino Barriga de sapo: Pepino Beijo de sereia: Sal Besouro seco: Lentilha Bola de sopro: Dente-de-leão Botão de solteirão: Calêndula Cabelo de moça: Capim-cidreira Cauda de raposa: Cavalinha Chifre de carneiro: Orquídea Chifre de rinoceronte: Nabo Coração de boi: Tomate Dedo de morto: Orquídea Dedo sangrento: Dedaleira Elfo negro: Chá preto Gordura de criança não batizada: Toucinho de porco Lágrima de moça: Cebola Língua de serpente: Orquídea Luar do arvoredo: Jasmim Minhoca: Macarrão espaguete Mosca morta: Uva-passa Óleo de castor: Mamona Olho de agamoto: Cravo-da-índia Olho de gato: Rabanete Olho de sapo: Azeitona Osso moído: Farinha de trigo Ova de sapo: Ervilha Ovo de dinossauro: Ovo Pelo de gato: Capim-cidreira Pelo do púbis: Capim-cidreira Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 183


Pingo de neve: Flor de anêmona Pó de cemitério: Patchuli em pó Poeira doméstica: Gengibre em pó Rabo de cavalo: Cavalinha Rabo de dragão: Batata Rabo de escorpião: Coentro ou salsa Raio do Sol: Fubá Sangue de moça virgem: Vinho tinto Sêmen: Leite Shiberry: Amora, cereja ou morango Sino dos mortos: Dedaleira Teia de aranha: Algodão-doce Terra de túmulo: Chocolate Unha do pé: Amêndoa Unha de sereia: Palmito

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Classificação Astrológica das Plantas De acordo com o Dicionário Mágico, as bruxas sempre consultavam a regência planetária dos alimentos e das plantas quando iam preparar receitas ou feitiços, cuja teoria de classificação astrológica das plantas foi elaborada por Paracelso: Júpiter: As plantas têm sabor doce sutil. Servem para estimular o otimismo, o positivismo, a magia e a fé. Exemplos: ameixa, amora, beterraba, cereja, tomate e frutas em geral. Para atrair o positivismo de Júpiter para a sua vida, use óleo de cravo ou de sálvia. Lua: As plantas são frias, gostam da água e suas folhas são geralmente grandes. São usadas para equilibrar as emoções. Exemplos: alface, aveia, pepino, repolho e folhas em geral. Marte: As plantas são ácidas, amargas, picantes, às vezes venenosas pelo excesso de calor, e espinhosas, que picam e queimam ao toque e fazem arder os olhos. São usadas para restabelecer a autoconfiança. Exemplos: alho, artemísia, cebola, hortelã, manjericão, pimentas, troncos e caules. Para atrair a força de Marte, use óleo de canela ou de patchuli. Mercúrio: As plantas têm sabor misto, produzem folhas pequenas e flores sem frutos. Servem para a comunicação e para os negócios que exijam raciocínio. Exemplos: camomila, cenoura, cascas e sementes. Para aumentar sua capacidade de comunicação, use óleo de alfazema ou de ilangue-ilangue. Saturno: As plantas são pesadas, glutinosas, adstringentes e de sabor amargo. Crescem vagarosamente e produzem frutos sem flores ou sem sementes. Servem para eliminar obstáculos e dificuldades, revelar segredos e esclarecer coisas que estejam ocultas. Exemplos: arruda, mandioca e raízes em geral. Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 185


Sol: As plantas são aromáticas e antídotos. Servem para espantar maus espíritos, fazer adivinhações e atrair a harmonia e a prosperidade. Exemplos: alecrim, canela, cevada, laranja, louro, manjerona, palmito, trigo e sálvia. Para melhorar a memória e atrair a prosperidade, use óleo de alecrim ou de laranja. Vênus: As plantas têm sabor doce e agradável e perfume suave. Produzem flores sem carregar os frutos e são geralmente afrodisíacas. Exemplos: amêndoa, coentro, couve-flor, espinafre, rosa e flores em geral. Para atrair o amor, use óleo de menta piperina. No vegetal: As raízes são de Saturno As sementes e as cascas são de Mercúrio A madeira é de Marte As folhas são da Lua As flores são de Vênus Reflexão

Os frutos são de Júpiter

Devemos ver o mundo num grão de areia, e o Céu numa flor silvestre; conter o infinito na palma da nossa mão, e a eternidade numa hora.

A seiva é do Sol

William Blake

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Idealizadora: Tânia Gori – Bruxa Tânia Gori, através de suas varias formações é administradora de empresa, bruxa, teóloga, professora e estudiosa; Sua infância foi marcada pela aprendizagem de assuntos, hoje, considerados como ocultismo, terapias holisticas e metafisicas; Herdou de sua avó materna, Pretonilia Moreira, uma cigana, a artéria mística, quando começou a interpretar o tarot aos seis anos de idade, sendo iniciada na Bruxaria Natural; Pratica com freqüência uma de suas maiores habilidades, a gastronomia mágica; Organizadora dos seguintes eventos: Convenção de Bruxas e Magos em Paranapiacaba; Festival Sexta Feira 13; Hallowichteen Casa de Bruxa; Cozinha dos Encantados; Fundadora da Casa de Bruxa, uma instituição academica com mais de 20 anos que tem por objetivo desenvolver a filosofia de equilíbrio com a Natureza; Autora dos livros: “Bruxaria Natural - Uma Filosofia de Vida” , “Bruxaria Natural – Uma escola de Magia”, “Bruxaria Natural II – Magia da conquista” e “A Bruxa e o Cavalheiro”; Idealizadora da Bruxaria Natural no Brasil (Um filosofia para todos).” Bruxaria Natural Uma Filosofia para Todos s 187



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