Logística Reversa: Definições, conceitos e suas peculiaridades

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SINERGIA

sustainable energy innovation

Caroline Rodrigues Vaz Mauricio Uriona Maldonado

LOGÍSTICA REVERSA: Definições, conceitos e suas peculiaridades

1a Edição UFSC


Caroline Rodrigues Vaz Mauricio Uriona Maldonado

Qualquer parte desta publicação pode ser reproduzida desde que citada a fonte Catalogação na fonte pela biblioteca Universitária da Universidade Federal de Santa Catarina

Conteúdo de autoria e responsabilidade dos autores, conforme termo assinado. ISBN: 978-85-64093-75-1 Imagem: “Designed by Freepik”

UFSC Florianópolis 2017

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Os sete R do meio ambiente: Reduza, Reuse, Recicle, Recupere, Recuse, Repense, Respeite.

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1: Introdução a Logística Reversa .................................................. 11 CAPÍTULO 2: Meio Ambiente e Logística Reversa ........................................... 37 CAPÍTULO 3: Características dos bens de pós-­consumo ................................ 61 CAPÍTULO 4: Características dos bens de pós-­venda ..................................... 79 CAPÍTULO 5: Características Econômicas na Logística Reversa de Pós-­ Consumo ........................................................................................................... 93 CAPÍTULO 6: Legislação para Logística Reversa .......................................... 105 CAPÍTULO 7: Algumas razões para implantar a Logística Reversa em uma organização ..................................................................................................... 117

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APRESENTAÇÃO A obra apresentada é de uma grande riqueza, dando uma excelente contribuição para a evolução do conhecimento no meio acadêmico e apresentando a aplicação da teoria a situações práticas que facilitam uma aprendizagem tanto para acadêmicos quanto para empresários e comunidade. Esta obra esta dividida em sete (7) capítulos de acordo com a grande temática: O Capítulo 1 enfatiza a origem e suas definições e conceitos a respeito da Logística Reversa e sua relação direta com a logística convencional. Já o Capítulo 2, esta composto pela relação do processo de Logística Reversa com o Meio Ambiente e como se realiza os custos deste processo. O Capítulo 3 e 4 entram no foco da classificação da Logística Reversa que pode ser de Pós-­Consumo e de Pós-­Venda. No capítulo 3, trata do processo de Pós-­Consumo e no capítulo 4 o processo de Pós-­Venda, ambos apresentando detalhadamente suas etapas e procedimentos. O Capítulo 5 corrobora com as questões econômicas na logística reversa de pós-­consumo, pois o processo mais comum de retorno dos produtos a empresa. O Capítulo 6 apresenta as discussões de legislações, regulamentos existentes para o processo de logística reversa no Brasil e no Exterior. E por fim, o Capítulo 7 mostra algumas razões para implantar o processo de logística reversa nas empresas, desde os benefícios ambientais, sociais e econômicos. Importante destacar que a produção cientifica deste livro solidifica as discussões empreitadas pelos pesquisadores ao logo das suas trajetórias acadêmicas de doutorado. A experiência vivenciada ao longo deste período confere tais conhecimentos que, em parte disseminada desta publicação, apresentam aos leitores a oportunidade de colocar em prática a teoria.

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Com tanta riqueza, espero que esta obra seja uma fonte de inspiração para todos os investigadores que se atreverem a seguir o árduo caminho de demonstrar a força transformadora da Logística Reversa para sociedade como um todo. Caroline Rodrigues Vaz, Dra. Pós-­Doutoranda em Engenharia de Produção UFSC/SINERGIA/LEMPI

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BIOGRAFIA DOS AUTORES

Caroline Rodrigues Vaz Doutora em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (2016) realizou doutorado sanduíche na Ecolé Nationale d’Engenieurs de Tarbes (ENIT) França (2013). Possui graduação em Tecnologia em Alimentos (2007), Especialização em Educação Científica e Tecnológica (2008), Especialização em Gestão Industrial: Produção e Manutenção (2009) e Mestre em Engenharia de Produção (2010) pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná. A experiência na área de Tecnologia em Alimentos, com ênfase em Nutrição, e na área de Engenharia de Produção, com ênfase em Sistemas de Produção. Os termos mais frequentes em sua produção científica são: Sustentabilidade em processos produtivos, Ativos Intangíveis, Modelo de Maturidade e Inovação. Atualmente Pós-­Doutoranda em Engenharia de Produção, no laboratório de Empreendedorismo e Inovação (LEMP) da Universidade Federal de Santa Catarina (2016), na linha de pesquisa de Sustentabilidade, Inovação em Energias Renováveis (SINERGIA).

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Mauricio Uriona Maldonado Engenheiro Industrial com Mestrado e Doutorado em Engenharia e Gestão do Conhecimento pela UFSC, com estudos na Europa (Espanha e Finlândia), teve co-­orientação externa no Doutorado da Duke University (Estados Unidos). Possui mais de 7 anos de experiência no desenvolvimento de projetos de inovação, gestão do conhecimento e simulação empresarial. É membro do Laboratório de Empreendedorismo e Inovação, onde atua como Coordenador do Projeto “STIER2030″. É autor de várias publicações em suas áreas de expertise e têm participado em conferências especializadas ao redor do mundo. Atualmente é Professor do Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas da UFSC, onde leciona para a graduação e para a pós-­graduação.

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CAPÍTULO 1: Introdução a Logística Reversa Introdução A logística reversa, como você verá neste estudo, é uma das novas disciplinas cujo auxilio tem sido de grande valia para as organizações conquistarem novos espaços de mercado. Dizemos isso porque nos dias atuais o meio ambiente e a sustentabilidade ganham grande destaque. Além disso, a sociedade e as empresas parecem estar se conscientizando da demanda intelectual sobre a gestão empresarial que esse momento gera. Desta forma nós perguntamos como as organizações podem preservar o meio ambiente? Atualmente as organizações estão utilizando o processo de logística reversa para preservar o meio ambiente com o processo de reuso, reciclagem e reaproveitamento dos produtos no processo de fabricação, isso consequentemente ajuda a empresa a minimizar seus custos e aumentar sua competitividade no mercado, pois antes da elaboração do produto a empresa começa a pensar: O que? Por quê? Como? Quanto? Esse produto pode afetar o meio ambiente, quais são os seus componentes que podem ser reutilizados para que no final ele volte ao processo sem agredir o ambiente e reduzindo os custos de matéria-­prima para fabricação de um novo produto. O exemplo mais comum que podemos apresentar são o das embalagens dos produtos que consumimos, as empresas sempre estão pensando em novas tecnologias para reduzir o volume, o tamanho, os componentes, quanto tempo leva para a decomposição e a agregação que o mesmo causa ao meio ambiente e ao ser humano. Portanto, podemos afirmar que a logística reversa exige conhecimento e domínio amplo das organizações nos processos de produção nas questões de disposição final de resíduos, consumo de energia e distribuição do produto, para realizar estratégias de redução de consumo e impactos ao meio ambiente e ao homem. Ao mesmo tempo, as organizações necessitam de uma estratégia de marketing, atendimento as necessidades e desejos dos consumidores, e

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nunca se esquecendo da adequação com os regulamentos e legislações ambientais. Para podermos compreender como a logística reversa atua e ajuda as organizações a preservar o meio ambiente, minimizar seus custos e aumentar sua competividade no mercado, nesta aula vamos estudar a origem da logística reversa, seus conceitos e definições, como implantar, a diferença dentre logística convencional e a logística reversa, o fluxo reverso e seus custos associados.

1. Origem Faz-­se necessário estabelecermos uma retrospectiva para esclarecer a evolução da logística até os dias de hoje. De acordo com o Ferreira (2004), o termo Logística vem do francês Logistique e tem como uma de suas definições "a parte da arte da guerra que trata do planejamento e da realização de: projeto e desenvolvimento, obtenção, armazenamento, transporte, distribuição, reparação, manutenção e evacuação de material para fins operativos ou administrativos“. Nessa trajetória evolutiva, Ferraes Neto e Kuehne Junior (2012) afirmam que a logística nasceu da necessidade dos militares em se abastecer com armamentos, munições e rações, enquanto se deslocavam da sua base para as posições avançadas. O nome “logística” se dá na Grécia o nome dos soldados logísticas. Em 1888 o Tenente Rogers introduziu a logística como matéria na Escola de Guerra Naval dos Estados Unidos da América. Porém, a logística tratada como ciência só ocorreu em 1917, com o livro escrito pelo Tenente Coronel Thorpe “Logística pura: a ciência da preparação para a guerra”, no Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos da América. Segundo Thorpe, a estratégia e a tática proporcionam o esquema de condução das operações militares, e a logística proporciona o meio. Nessa mesma linha de raciocínio Faria (2003) contextualiza a Logística como uma atividade de origem remota. E sua história vem do estrategista militar, que muito antes dos executivos tomarem consciência da real dimensão

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da Logística no meio empresarial, utilizava-­a para movimentar exércitos, travar batalhas e alcançar vitórias. Assim, até o final da segunda guerra mundial a metodologia da logística só era aplicada em operações militares;; mas devido aos avanços tecnológicos e ao surgimento da preocupação com o cliente, a logística passou a ser estudada e aplicada também pelo setor empresarial tendo seu maior desenvolvimento nos anos 80 devido ao aumento da competição entre as empresas com o mercado globalizado (FAGUNDES e OLIVEIRA, 2008;; RAZZOLINI FILHO e BERTÉ, 2009). Os militares desenvolveram uma sequencia de processo para o desenvolvimento de suas atividades, que após a guerra as organizações assimilaram como um processo de soluções logísticas que seguem até os dias de hoje, como pode ser percebido na figura 1. Figura 1 – Etapas do processo logístico Fluxo Físico

Suprimentos

Produção

Distribuição

Fluxo Físico

Fonte: Razollini e Berté (2009).

Razzolini Filho e Berté (2009) afirmam que o conhecimento adquirido pelos militares para execução adequada de cada etapa foi transferido para iniciativa privada, fato motivado pela desmobilização das tropas. Tendo como consequência a implementação de uma logística diferenciada, a qual modificou e revolucionou o ambiente organizacional das empresas industriais, comerciais e de serviços da época pós-­guerra. Os militares passaram a especializar as organizações;; desenvolveram novas experiências para o suprimento das organizações nos processos produtivos;; desenvolveram novos modos de distribuição dos produtos.

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Devemos destacar esse processo de transferência de conhecimentos dos militares, para compreender a importância dessa evolução histórica dos sistemas logísticos nas organizações nos dias atuais. Desta forma iremos apresentar algumas definições de Logística por diversos autores para compreendermos O que é Logística? ü Ballou (2000): A logística estuda como a administração pode prover melhor nível de rentabilidade na distribuição de materiais e produtos aos clientes e consumidores, através do planejamento, organização e controle efetivo para as atividades de movimentação e armazenagem que visam facilitar o fluxo de produtos. ü Brimer (1995): Logística é um serviço de atendimento ao consumidor, uma atividade de apoio ao produto que afeta o lucro da companhia, o custo e a satisfação do usuário final do produto. A eficiência dessa utilidade organizacional tem um efeito direto nas outras atividades associadas com o produto. Tão importante é este serviço que estruturas organizacionais inteiras são estabelecidas para apoiar as funções da logística. ü Delaney e Mark (1996): A administração de inventário em movimento e em repouso... (e que) a meta do gerente de logística é alcançar o mais baixo nível de investimento em inventário consistente de modo a assegurar atendimento ao consumidor e manter eficiência na produção. ü Rutner e Langley (2000): O conceito de proporcionar ao cliente altos níveis de serviço se tornou uma meta do profissional de logística. Então, atendimento ao consumidor se tornou um componente fundamental de qualquer definição de logística que sugira algum conceito de valor. ü Paché e Colin (2000): A logística emerge dos seus feitos de guerra, por vezes gloriosos e bárbaros, é marcada desde suas origens pela filosofia de otimização parcial sujeita ás limitações de recurso aplicadas às operações de transporte, manutenção e estocagem.

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ü Dornier et al. (2000): A definição de logística engloba maior amplitude de fluxos de movimento de produtos e informações que no passado. ü Bowersox e Closs (2001)

: O desafio da logística é equilibrar as

expectativas de serviços e os gastos de modo a alcançar os objetivos do negocio. Mas retomando nossa perspectiva histórica, a Logística Reversa (LR) só pode ser encontrada na literatura a partir dos anos 80, tendo seu foco principal relacionado com o retorno de bens para serem processados em reciclagem dos materiais, sendo denominados e analisados como canais de distribuição reversos, afirmam Leite (2005) e Hernández (2010). A importância de compreender essa evolução histórica é justificada pelo fato de que Hori (2010) tem-­se a ideia de que logística reversa é a logística em seu fluxo oposto, porém há divergências sobre essa afirmação, pois: i) o fluxo da logística inicia-­se de um ou poucos pontos de origem que se encaminham para vários destinos, enquanto que a logística reversa origina-­se de inúmeros pontos de origem que vão se consolidar em um ou poucos destinos;; ii) o volume do fluxo, empacotamento e condições os produtos é uniforme na logística em contraposição a LR. RAZZOLINI FILHO, E. Logística: a evolução na administração – desempenho e flexibilidade. Curitiba: Juruá, 2006. Sugerimos a leitura desse livro, para maior compreensão da evolução dos sistemas logísticos, sua importância para a administração das organizações e apresenta propostas de avaliação de desempenho organizacional e uma tipologia de flexibilidade para aumentar a competitividade das organizações. Para podermos entender melhor o que é Logística Reversa a próxima seção irá mostra seus conceitos e definições.

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2. Conceitos e Definições Ao adentrarmos na busca pela conceituação da logística reversa, faz-­se necessário analisarmos aquilo que os pesquisadores, especialistas e estudiosos pensam e descrevem sobre o assunto, para depois podermos entender o que é logística reversa?, pois existem muitas definições sobre o tema. Iniciamos com um quadro que apresenta a evolução cronológica das publicações da logística reversa, pois as suas definições especificas surgiram nos anos 90, com a ampliação do termo Logística Empresarial, que demonstram certa evolução com o passar do tempo. Quadro 1 -­ Evolução cronológica de publicação da logística reversa ANO

PUBLICAÇÃO

1992

Livro de Stock – Reverse Logistics

1993

CLM publicou o livro de Kopicky et al. – Reuse and Recycling Reverse Logistics Opportunities

1998

-­ Segundo livro de Stock – Development and Implantation of Reverse Logistics Programs -­ Livro de Rogers e Timbben-­Lembke sobre Going Backwards: Reverse Logistics Trends and Practies

2001

Livro de Fleischmann de Quantitative Models for Reverse Logistics

2003

Livro de Paulo Roberto Leite sobre Logística Reversa: Meio Ambiente e Competitividade

2004

-­ Livro de Dekker et al. – Reverse Logistics: Quantitative Models for Closed-­Loop Suplly Chains -­ Dyckhoff et al. publicou o livro Supply Chain Management and Reverse Logistics

Agora, no quadro 2, vamos ver os diversos conceitos de logística reversa apresentados por diversos estudiosos e por fim, as definições estabelecidas pelos órgãos de referencia mundial sobre logística. Vaz & Uriona Maldonado. Logística Reversa: definições, conceitos e suas peculiaridades, 2017, p. 126..

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Quadro 2 -­ Definições de Logística Reversa AUTORES Rogers

DEFINIÇÕES

e

Tibben-­

Lembke (2002)

O processo de planejamento, implementação e controle do fluxo eficiente e de baixo custo de matérias primas, estoque em processo, produto acabado e informações relacionadas, desde o ponto de consumo até o ponto de origem, com o propósito de recuperação de valor ou descarte apropriado para coleta e tratamento de lixo.

Adlmaier

e

Sellitto [...] entende-­se que a logística reversa pode ser descrita como a

(2007)

área da logística empresarial que visa a gerenciar, de modo integrado, todos os aspectos logísticos do retorno dos bens ao ciclo produtivo, por meio de canais de distribuição reversos de pós-­venda e de pós-­consumo, agregando-­lhes valor econômico e ambiental. A logística reversa estuda os canais reversos de distribuição;; canais estes que seguem fluxo oposto ao da cadeia original de distribuição de materiais, visando a agregar valor ao retorno pela sua reintegração a um ponto do ciclo produtivo de origem, ou a outro ciclo produtivo, sob a forma de insumo ou matéria-­prima.

Sinnecker (2007)

Processo de planejamento, implementação e controle da eficiência, do custo efetivo do fluxo de matérias-­primas, estoques de processo, produtos acabados e as respectivas informações, desde o ponto de consumo até o ponto de origem, com o propósito de recapturar valor ou adequar o seu destino.

Kopicki et al. (1993)

Analisam a Logística Reversa como a atividade que gerencia o processo reverso à logística direta, tratando o fluxo dos produtos no sentido desde o consumo até a origem.

Guarnieri et al. (2006)

A logística reversa é o processo de planejamento, implementação e controle do fluxo dos resíduos de pós-­venda e pós-­consumo e seu fluxo de informação do ponto de consumo até o ponto de origem, com o objetivo de recuperar valor ou realizar um descarte adequado. Desta forma, contribuindo para a consolidação do conceito de sustentabilidade no ambiente empresarial, apoiada nos conceitos de desenvolvimento ambiental, social e econômico.

Byrne e Deed (1993)

Logística reversa é o processo continuo de tomar de volta produtos ou materiais de embalagem para evitar mais disposição de lixo em aterros ou alto consumo de energia em processos de incineração.

Kroon e Vrijens (1995)

Logística reversa refere-­se às habilidades de administração da logística e das atividades envolvidas na redução, administração e

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disposição do lixo tóxico e não tóxico desde produtos até embalagens. Stock (2001)

A logística reversa assim como a logística tem a função de retorno de produtos, originados na redução, reciclagem, substituição e reuso de materiais, disposição final, reparo e remanufatura.

Dowlatshahi (2000)

Logística reversa é o processo no qual o produtor aceita sistematicamente materiais ou partes deles previamente enviados, do ponto de consumo, para possível reciclagem, remanufatura ou disposição final.

O Council of Supply Chain Management Professionals define a Logística reversa como um amplo termo relacionado às habilidades e atividades envolvidas no gerenciamento de redução, movimentação e disposição de resíduos de produtos e embalagens [...]”. Um segmento especializado da logística que foca o movimento e gerenciamento de produtos e materiais após a venda e após a entrega ao consumidor. COUNCIL OF SUPPLY CHAIN MANAGEMENT PROFESSIONALS. <http://cscmp.org>. Acesso em 17 de fev. 2015. Este é o site oficial da maior associação internacional de profissionais, estudantes, especialistas da logística dispersas pelo mundo. Todos os conceitos oficiais em logística são definidos por essa instituição.

Reverse Logistics Executive Council traz que logística reversa é o processo do planejamento, implementação e controle da eficiência e custo efetivo do fluxo de matérias-­primas, estoques em processo, produtos acabados e as informações correlacionada do ponto do consumo ao ponto de origem com o propósito de recapturar valor ou para uma disposição apropriada. Para nossos propósitos, vamos assumir o conceito proposto por Leite (2009) que a partir da introdução do conceito de sustentabilidade nos modelos de desenvolvimento, surgem com intensidade estudos na área de logística reversa, caracterizada como a área da logística empresarial que busca planejar, operar e controlar o fluxo e as informações logísticas correspondentes, do retorno dos bens de pós-­venda e de pós-­consumo ao ciclo

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de negócios ou ao ciclo produtivo, por meio dos canais de distribuição reversos, agregando-­lhes valor de diversas naturezas: econômico, ecológico, legal, logístico, de imagem corporativa, entre outros. Após, todas essas definições, temos que entender como acontece a logística reversa dentro da organização, por isso De Brito (2004) propõem uma estrutura de implantação da logística reversa como um todo, como podemos observar na figura 2. Figura 2 -­ Dimensões básicas da logística reversa

Fonte: De Brito (2004).

Portanto, para a implantação da logística reversa na organização, primeiramente, cria-­se cinco questões fundamentais e necessárias para identificação: a) Por que implantar? – os motivadores para que as empresas se envolvam com a logística reversa (estimuladores). b) Por que retornar? – as razões pelos quais os produtos são retornados (motivos de retorno);; c) Como? – como o retorno é realizado (processo);;

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d) O que? – o que está sendo retornado (características de produtos e os tipos de produtos);; e) Quem? – quem está realizando os retornos (atores e seus papéis). Brito e Dekker (2002) apresentam o processo da logística reversa, que primeiramente há uma coleta, em seguida de um processo combinado de inspeção, seleção e classificação, na sequência há um reprocessamento ou uma recuperação direta e finalmente uma redistribuição, como pode ser percebido na figura 3. Figura 3 -­ Processo da logística reversa

Fonte: Brito e Dekker (2002).

Razollini e Berté (2009) trazem um exemplo de implantação de logística reversa, na rede de supermercados Walmart (maior organização de varejo do mundo) reorientou suas operações no sentido de melhorar sua imagem junto aos consumidores e conseguiu minimizar seus custos operacionais. Pois a empresa estudou reduções nas embalagens que recebe de seus fornecedores, pois uma redução de apenas 5% no total de embalagens poderia proporcionar uma economia anual de US$ 3,4 bilhões. Além, de estudarem mudanças para reduzir a emissão de poluentes com a frota de caminhões, que consome 500 milhões de litros de diesel por ano, o qual se reduziu para US$ 400 milhões. Vaz & Uriona Maldonado. Logística Reversa: definições, conceitos e suas peculiaridades, 2017, p. 126..

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Assim, a empresa obteve uma economia aproximadamente de US$ 4 bilhões em transporte e embalagens e adquiriu uma imagem diferenciada junto a seu público-­alvo. Portanto, podemos dizer que a Logística Reversa, pode ser conhecida também por reversível ou reversa, é a área da logística que trata, genericamente, do fluxo físico de produtos, embalagens ou outros materiais, desde o ponto de consumo até ao local de origem. Você pode observar até o momento, que a logística reversa tem diversas definições

e

está

conquistando

importante

espaço

na

estratégia

competitividade das organizações, por melhorar sua imagem e minimizar seus custos. A seguir serão abordadas as contestações entre a logística convencional e a logística reversas. 2.1 Diferenças entre Logística Convencional e Logística Reversa Para podermos compreender melhor a logística reversa necessitamos identificar as diferenças com a logística convencional. Segundo Sinnecker (2007) e Fagundes e Oliveira (2008) as diferenças fundamentais existentes entre a Logística Convencional e Logística Reversa são: ü Na Cadeia Logística convencional os produtos são puxados pelo sistema, enquanto que na Logística Reversa existe uma combinação entre puxar e empurrar os produtos pela cadeia de suprimentos. Isto acontece, pois há, em muitos casos, uma legislação que aumenta a responsabilidade do produtor. Quantidades de descarte já são limitadas em muitos países;; ü Os Fluxos Logísticos Reversos não se dispõem de forma divergente, como os fluxos convencionais, mas sim podendo ser divergentes e convergentes ao mesmo tempo;; ü O processo produtivo ultrapassa os limites das unidades de produção no sistema de Logística Reversa. Os fluxos de retorno seguem um diagrama de processamento pré-­definido, no qual os

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produtos

(descartados)

são

transformados

em

produtos

secundários, componentes e materiais. ü Os processos de produção aparecem incorporados à rede de distribuição;; ü Ao contrário do processo convencional, o processo reverso possui um nível de incerteza bastante alto. Questões como qualidade e demandas tornam-­se difíceis de controlar. Chaves (2009) traz um exemplo de processo de fluxo de informação, para identificarmos com maior clareza a diferença entre a logística direta e a logística reversa, observando principalmente o seu direcionamento, conforme ilustra a figura 4. Podemos observar na figura 4, que no processo de logística convencional é realizado uma previsão de venda do produto, passa para o seu planejamento de expedição, em seguida é destinado ao centro de distribuição, após ao centro de distribuição da loja, logo para as prateleiras da loja ao alcance do consumidor e por fim se realiza a venda, passando da empresa para o consumidor. Já no processo de logística reversa acontece ao reverso, passa do consumidor para a empresa. O consumidor devolve o seu produto para loja, a loja passa para a empresa que realiza o processo de coleta, seleção, classificação e muitas vezes de tratamento do produto, em seguida retorna o produto para a linha de fabricação e quando não se reutiliza é feita a sua destinação final.

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Figura 4 -­ Diferença entre os fluxos de informação na logística direta e a logística reversa

Fonte: Chaves (2009).

Porém, Tibben-­Lembke e Rogers (2002) apresentam um resumo das diferenças fundamentais entre o fluxo direto e o fluxo reverso de produtos, conforme podemos observar no quadro 3.

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Quadro 3 -­ Diferença entre logística direta e logística reversa LOGÍSTICA DIRETA

LOGÍSTICA REVERSA

Mais certeza na estimação da demanda

Incerteza na estimação da demanda

Geralmente o transporte vai de um ponto a Transporte de muitos pontos a um ponto muitos pontos Qualidade uniforme

Qualidade não uniforme

Preço uniforme

Preço não uniforme

Custos claros e monitorados por sistemas de Custos menos visíveis e poucas vezes contabilidade

contabilizados

Gestão de inventário mais simples

Gestão de inventário mais complexa

Métodos de marketing bem conhecidos

Métodos de marketing mais complexos

Fonte: Tibben-­Lembke e Rogers (2002).

Ainda podemos identificar outra característica de diferença, é que a distribuição na logística é de um fabricante para vários clientes, ou seja, caracteriza-­se por uma distribuição de pulverização, enquanto que na logística reversa ocorre exatamente o contrário, dos vários consumidores ou clientes para os fabricantes ou recicladores (TIBBEN-­LEMBKE e ROGERS, 2002;; LEITE, 2009;; DEKKER et al., 2004, CHAVES, 2009). Existe uma questão bastante polêmica, que devemos deixar claro suas diferenças, que se trata da definição de logística reversa com as questões ambientais. Chaves (2009) apresenta que nos últimos anos, tem-­se observado um crescente interesse pelo assunto, tanto na literatura especializada quanto nas empresas. Devido à crescente preocupação da sociedade com as questões ambientais, que buscam reduzir os impactos negativos de as atividades ao meio ambiente. A logística reversa é uma atividade que faz muito bem este papel, por ser muito explorada neste sentido, é muitas vezes associada somente ás questões ambientais da logística. Neste sentido, surge à nova temática de logística “verde” ou “ambiental”, que abrange as questões de legislações e políticas ambientais, Rogers e Tibben-­Lembke (2002) apresentam na figura 5 as distinções e abrangências da logística reversa e da logística ambiental. Vaz & Uriona Maldonado. Logística Reversa: definições, conceitos e suas peculiaridades, 2017, p. 126..

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Figura 1 -­ Diferença entre logística reversa e logística ambiental

Fonte: Chaves (2009).

Após, a apresentação da diferença que existe entre a logística convencional e a logística reversa, o próximo item irá estudar como funciona a logística reversa, ou seja, o seu fluxo logístico reverso.

3. Fluxo Logístico Reverso Agora que você já possui algumas informações sobre as definições de logística reversa, suas abrangências e suas etapas de implantação perceberam que não é algo tão simples assim, necessita de uma estratégia organizacional e um sistema de fluxo logístico bem estabelecido. A Logística Reversa do ponto de vista da engenharia salienta Stock (2001) é um modelo sistêmico que aplica os melhores métodos da engenharia e da administração logística, com o objetivo de fechar lucrativamente o ciclo do Suplly Chain Management. E segue afirmando que a empresa que inicia o processo de Logística Reversa ganha tanto no fornecimento de uma imagem institucional positiva, quanto na visão de responsabilidade empresarial – meio ambiente e sociedade.

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Ainda, conforme The European Working Group on Reverse Logistics (2005), a logística reversa envolve todas as operações relacionadas com a reutilização de produtos e materiais como as atividades logísticas de coleta, desmonte e processo de produtos e materiais e peças usadas a fim de assegurar uma recuperação sustentável dos mesmos e que não prejudiquem o meio ambiente. No entanto, Lacerda (2002) afirma que por trás da logística reversa esta o conceito da análise do ciclo de vida do produto. Pois, dentro da vista logística, a vida do produto não termina com sua entrega ao cliente final. Os produtos que se tornam obsoletos, danificados ou não funcionam devem retornar ao seu ponto e origem, para serem reciclados e descartados adequadamente. Portanto, o processo logístico reverso gera o reaproveitamento dos materiais ao processo tradicional de suprimento, conforme mostra a figura 6. Figura 2 -­ Processo logístico direto e reverso

Fonte: Lacerda (2002).

Lacerda (2002) salienta que do ponto de vista econômico, fica evidente todos os custos desde a compra da matéria-­prima, da produção, de armazenagem e estocagem, além de todos relacionados com o gerenciamento do seu fluxo reverso. E do ponto de vista ambiental, com este retorno do Vaz & Uriona Maldonado. Logística Reversa: definições, conceitos e suas peculiaridades, 2017, p. 126..

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produto a cadeia, pode-­se avaliar qual o impacto que um produto causa ao meio ambiente durante toda a sua vida. Percebe-­se que o processo de logística reversa é composto por um conjunto de atividades que uma empresa realiza para coletar, separar, embalar e expedir itens usados, danificados ou obsoletos dos pontos de consumo até os locais de reprocessamento, revenda ou de descarte (LACERDA, 2002). Os materiais podem retornar aos fornecedores, revendidos, recondicionados, reciclados e reaproveitados no novo sistema logístico direto, ou quando não tiver nenhuma alternativa o destino pode ser o descarte final. A figura 7, a seguir, retrata detalhadamente o processo de logístico reverso dos produtos, processo que tem início no setor de coleta, passando para separação e seleção, e posteriormente a ultima etapa, a de correta destinação dos produtos. Figura 7 -­ Fluxo logístico reverso

Fonte: Lacerda (2002).

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Fleischman et al. (1997), De Brito (2004), Chaves (2009) sugerem a classificação dos processos envolvidos na logística reversa, que após a inspeção, for constatado que a qualidade dos produtos é considerada suficiente para reintrodução no mercado, este pode reintegrar os estoques e serem redistribuídos, caracterizando a chamada recuperação direta. A recuperação direta, segundo Chaves (2009), relaciona as atividades como reutilização (envolve os casos em que o produto é utilizado novamente, como exemplo, peças e partes de um produto), a revenda de produtos (aplica-­ se as situações onde o produto é vendido outra vez) ou a sua redistribuição (atividade em que os produtos são simplesmente redistribuídos novamente, como produtos sazonais ou promocionais). Porém, esses três processos são distintos, apesar de aparentemente bastante similares. Porém, a recuperação por processo pode envolver diversas operações tais como: limpeza, desmonte, remontagem e pode ocorrer em diferentes níveis. Um produto pode ser recuperado como um todo, ou seja, ele é reparado em nível de produto. Além disso, o produto também pode ser recuperado em nível de módulo, ou seja, produto é restaurado (CHAVES, 2009). No caso, em que os produtos não passarem por nenhum desses processos, é descartado em locais adequados, de forma a minimizar seu impacto ao meio ambiente. Existe uma pirâmide invertida para demonstrar a hierarquia de possibilidades de recuperação de produtos e embalagens, proposta por De Brito (2004), apresentado na figura 8.

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Figura 8 -­ Pirâmide invertida de opções de recuperação

Fonte: De Brito (2004).

Chaves (2009) explica que no processo de tomada de decisão, deve-­se sempre tentar alcançar um nível de qualidade que propicie uma recuperação no nível mais alto da pirâmide, ou seja, em que se consegue maior retorno econômico por meio da recuperação. Portanto, Lacerda (2002) diz que as iniciativas relacionadas à logística reversa têm trazido consideráveis retornos para as empresas justificando os investimentos realizados e estimulando novas iniciativas, mas que a maior ou menor eficiência do processo de logística reversa dependerá de como este é planejado e controlado. Alguns exemplos de empresas que implantaram o processo de logística reversa apresentado por Leite (2009), a empresa McDonalds assinou um contrato formal com uma organização de defesa do meio ambiente para a Vaz & Uriona Maldonado. Logística Reversa: definições, conceitos e suas peculiaridades, 2017, p. 126..

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solução de problemas relativos a embalagem de seus produtos. O maior varejista do mundo a empresa Wal-­Mart, encoraja compras de fornecedores que tenham produtos “amigáveis” em relação ao meio ambiente. Uma pesquisa realizada pelo Cambridge Report utilizando 1250 pessoas nos Estados Unidos em 1992, revelou que 70% entrevistados concordavam em pagar preços maiores por produtos que apresentassem menores impactos ao meio ambiente. Para podermos entender melhor as vantagens de se implantar o processo de logística reversa em uma organização a próxima seção trará as questões de custos associados ao processo.

4. Custos Associados Ao longo do nosso estudo pudermos observar que a logística reversa traz muitos benefícios às empresas, uma delas é a minimização de custos, pois as empresas passaram a ter responsabilidades pelo retorno dos produtos ao processo de fabricação, seja ele em forma de reciclagem ou descarte. Por isso, o sistema de custeio da organização deverá ter uma abordagem ampla desde o inicio ao retorno do produto na empresa, para isso se utiliza o caso do Custeio do Ciclo de Vida Total. Atkinson et al. (2000) afirmam que este sistema permite aos gerentes administrarem os custos dos produtos "do berço ao túmulo". Horngreen et al. (2000, p. 313) complementa que "o ciclo de vida do produto abrange o tempo desde o início da P&D até o término de suporte ao cliente". Porém, no processo de logística reversa, este ciclo se estende, abrangendo também o retorno do produto ao ponto de origem. O relatório de ciclo de vida do produto deve ser bem elaborado, pois Horngreen et al. (2000) aponta três benefícios que o mesmo proporciona a empresa: a) A evidenciação de todo o conjunto de receitas e despesas associadas a cada produto;;

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b) O destaque do percentual de custos totais incorridos nos primeiros estágios e;; c) Permite que as relações entre as categorias de custo da atividade se sobressaiam. De acordo com Robles Júnior (1994), “os custos relacionados ao ciclo de vida dos produtos e serviços referem-­se a todos os gastos incorridos com estes, desde o surgimento da ideia de lançamento de um novo produto, passando pelos gastos de pesquisa, concepção, projeto, desenvolvimento, protótipo, produção em linha, testes de mercado, lançamento, distribuição, serviços ao cliente, garantias, aperfeiçoamento, campanhas de marketing, retirada de linha, peças para manutenção para o período pós-­retirada do produto, etc.”. O sistema de custeio de ciclo de vida total não prescinde dos sistemas tradicionais (custeio meta, custeio kaizen, custeio baseado em atividades – ABC e custeio de processos). Este tipo de custeio proporciona a visibilidade dos custos por todo o ciclo de vida do produto, desde a fase de P&D até o retorno do produto na empresa, isto ocorre para que o produto possa gerar receitas durante seu ciclo de vida que possibilitem o ressarcimento dos custos. Os autores Tibben-­Lembke (2002) e De Brito et al (2002), ao falarem sobre o ciclo de vida do produto e a Logística Reversa, relatam da importância de, ainda na fase de desenvolvimento, ser levado em consideração como se dará o descarte ou o reaproveitamento de peças e partes ao final da vida do produto. Empresas automobilísticas ao lado de empresas de alta tecnologia, como IBM e Xerox são citadas como exemplos de empresas que projetam seus produtos já pensando na última etapa do mesmo. Agora vamos ver mais alguns casos de implantação do processo de logística reversa, que resultaram na minimização de custos e aumento de lucros para as empresas. Os casos práticos que serão apresentados são de estudo de Leite (2009): ü Caso do Ferro e do Aço no Brasil: Em 1998 foram produzidos 26,2 milhões de toneladas de aço bruto e consumidos 4,5 milhões de toneladas de sucata do mercado, ou seja, cerca de 17% de Vaz & Uriona Maldonado. Logística Reversa: definições, conceitos e suas peculiaridades, 2017, p. 126..

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matéria-­prima secundária. As vendas de aço bruto foram e 11,8 bilhões de dólares, sendo a parcela da sucata de aproximadamente 2 bilhões de dólares ao ano ao mesmo preço de venda. ü Caso do alumínio no Brasil: A relação entre a produção e o consumo de sucata no ano foram aproximadamente de 1189 mil toneladas e 164 mil toneladas, ou seja, cerca de 13% de matéria-­ prima secundária em substituição a primária. As vendas do setor foram de 6,6 bilhões de dólares em 1997, sendo a parcela relativa a sucata, e no mesmo valor de preço de venda de cerca de 1 bilhão de dólares ao ano. ü Caso do plástico no Brasil: A produção de todas as resinas, no ano de 1998, foi de cera de 4 milhões de toneladas, com vendas aproximadamente de 6 bilhões de dólares. Adotando-­se nível de reciclagem médio do setor de 15% tem-­se uma parcela estimada de 1 bilhão de dólares ao ano. ü Caso de baterias de veículos no Brasil: Por meio dos mesmos cálculos, o índice médio de recuperação de baterias foi de 80%, representando um valor aproximado de 500 milhões de dólares a preços de venda. Desta maneira, podemos perceber que o processo de logística reversa uma vez implantada na empresa traz benefícios e vantagens de competitividade de mercado. Por isso, a próxima seção apresentará as considerações finais deste estudo.

Considerações finais Neste estudo podemos observar a evolução da logística reversa que se iniciou na época da Segunda Guerra pelos militares como forma de estratégia de sobrevivência, e que pode ser compreendido e usado até os dias atuais. Neste sentido, percebemos que as mudanças no ambiente organizacional afetam diretamente como a empresa se comporta com o sistema logístico.

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Pudemos também identificar e compreender como os estudiosos, especialistas e os órgãos mundiais de logística trazem a definição de logística reversa, como se implanta (através das cinco questões), seu fluxo de como funciona dentro da organização (processo de inicio ao retorno do produto dentro da organização), como aumentar a competividade e imagem da empresa e por fim como é realizado o seu custeio (através do custeio de ciclo de vida total). Desta forma, em termos práticos identificamos que a logística reversa tem como objetivo principal reduzir a poluição do meio ambiente e os desperdícios de insumos, assim como a reutilização e reciclagem de produtos, e a minimização de custos da organização. Portanto, podemos destacar nos casos práticos que o processo de logística reversa não era vendas por si mesmo, mais sim, auxiliam no processo de geração de receitas de vendas. Por exemplo, organizações como supermercados, industriais e lojas descartam volumes consideráveis de material que podem ser reciclados como papel, papelão, pallets de madeira, plástico, entre outros resíduos industriais com grande potencial de reutilização ou reciclagem do produto dentro do processo de fabricação. Se você fosse um empresário da área automobilística, e necessitasse de uma estratégia para aumentar sua competitividade no mercado, investiria na implantação do processo de logística reversa em sua empresa? Como você faria para justificar aos seus sócios que esse novo processo daria certo?

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CAPÍTULO 2: Meio Ambiente e Logística Reversa Introdução Atualmente esta ocorrendo diversas evoluções na sociedade, cada vez mais as pessoas estão ficando conscientizadas, sensibilizadas e preocupadas com as questões ambientais e com desenvolvimento sustentável, principalmente nos países de maior desenvolvimento econômico e social. Um dos maiores problemas ambientais na atualidade é com a dificuldade de disposição de lixo urbano, pois há um rápido desenvolvimento da tecnologia e

aceleração

da

obsolescência

dos

produtos,

principalmente

os

eletroeletrônicos, que possuem um ciclo de vida cada vez menor, gerando desta forma uma enorme quantidade de resíduos descartáveis, causando grandes problemas ambientais. As indústrias de eletroeletrônicos de consumo, de uma maneira geral, tem por força do que se estabeleceu ao longo dos anos como padrão de competição, a prática de lançar frequentemente novos produtos com suas tecnologias, design e funcionalidades incrementadas, encurtando a vida útil média dos seus produtos. É comum um consumidor adquirir, por exemplo, um novo telefone celular, mesmo tendo o seu equipamento antigo em pleno funcionamento. Tal comportamento tem como consequência a criação de um mercado de segunda mão, onde o equipamento ainda em funcionamento é informalmente vendido ou doado para reuso. Essas quantidades excedentes de produtos descartados segundo Leite (2009), muitas vezes tornam-­se visíveis para a sociedade em aterros sanitários, em lixões, em locais abandonados, em rios ou córregos que circundam as cidades, etc., ficam visíveis quando são depositados em mares e rios e não sobrenadam ou quando são simplesmente enterrados para posterior solução, agredindo profundamente o meio ambiente.

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Portanto, neste estudo iniciamos com três questões: Qual a relação da logística reversa com o meio ambiente? Quais as suas oportunidades e quais são os métodos para o gerenciamento dos seus custos?

1. Oportunidades Se realizarmos um resgate histórico no advento da Revolução Industrial, podemos perceber que ouve um crescente aumento populacional que consequentemente gerou a necessidade de maior quantidade de produtos e maior velocidade em sua manufatura e distribuição;; produtos artesanais já não satisfaziam mais a demanda, e a industrialização, veio por tanto para suprir essa necessidade. Porém, os avanços tecnológicos desde então vêm num crescente desenvolvimento sob a forma de novas máquinas, novos materiais e processos produtivos chegando a níveis que seriam inimagináveis a até pouco tempo atrás. Neste sentido, podemos entender que os resíduos dos processos industriais que antes eram praticados, por serem em sua maioria de origem orgânica, não causavam grandes impactos ao ambiente;; já os resíduos dessa nova concepção de produção (industrial), com sua vasta gama de formas e composições químicas e muita vez toxica repercutiram de maneira violenta, em poucas décadas, no equilíbrio ambiental do planeta, pela difícil decomposição, alta toxicidade, dentre outras tantas propriedades estranhas à natureza, causando os desdobramentos que se presencia na atualidade: alterações climáticas, desertos que não param de crescer, desequilíbrios nos ecossistemas. Por isso, agora entendemos porque ambientalistas de várias partes do mundo a décadas vêm lutando em prol de atitudes para a reversão desse quadro, pois foram realizados vários encontros que fizeram marco na história, como a Conferência de Estocolmo (1972), a Assembleia Geral das Nações Unidas (1983), o relatório de Brundtland (1987) a Conferência das Nações Vaz & Uriona Maldonado. Logística Reversa: definições, conceitos e suas peculiaridades, 2017, p. 126..

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Unidas para o Meio Ambiente (ECO 92) realizada no Brasil (consagrando o conceito de Desenvolvimento Sustentável como um modelo econômico menos consumista e mais adequado ao equilíbrio ecológico) e a Conferência Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável realizada em Joanesburgo (2002), na África do Sul, traçando novas diretrizes para o Desenvolvimento Sustentável (aplicar o “pensar globalmente e agir localmente”). Com o aumento da preocupação com as questões ecológicas e com o meio ambiente, ocorreram diversos estudos para o tratamento dos resíduos sólidos. Para Cunningham e Distlet (1997) os consumidores apresentam a cada dia uma maior consciência ambiental, e ao mesmo tempo, a popularidade de sofisticados programas de reciclagem continua aumentando e amadurecendo. Razzolini Filho e Berté (2009) apresentam alguns fatores relevantes que ocorrem em virtude de existir maior consciência dos desperdícios no consumo são: a) Aumento significativo da separação de resíduos sólidos de difícil degradação do lixo orgânico;; b) Menos abundancia e elevação de preços de matérias-­primas;; c) Descarte com maior consciência, exigindo maior esforço por parte dos sistemas logísticos na elaboração das embalagens. Em consequência desses fatores, a logística reversa deixa de ter o seu conceito da década de 80 que apenas esta atrelada à simples ideia de um movimento inverso ao do fluxo direto dos produtos na cadeia de suprimentos, para ser conceituada na década de 90, com relação as questões ambientais (CHAVES E BATALHA, 2006). Miguez et. al (2007) enfatizam que os estudos nessa área foram impulsionados a partir da inserção do conceito de sustentabilidade nos modelos de desenvolvimento, contribuindo assim com o benefício do meio ambiente através do gerenciamento, recuperação, reutilização e reciclagem

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dos resíduos, podendo ainda favorecer a organização devido a possibilidade de agregar-­lhe valor de diversas naturezas. Haja vista que também a logística convencional pode contribuir ambiental e economicamente de forma significativa através da aplicação de um sistema de gerenciamento de resíduos (condição inerente ao melhor aproveitamento tanto da logística reversa quanto da logística convencional), desta forma na próxima seção vamos compreender o foco ambiental e o foco econômico-­financeiro da logística reversa e o meio ambiente. 1.1 Foco Ambiental O foco ambiental diz respeito a operações de logística reversa relacionadas com questões ambientais que crescem a cada dia pela maior consciência dos empresários em relação a aspectos de preservação e conservação do meio ambiente (RAZOLLINI FILHO e BERTÉ, 2009). Nessas perspectiva, entre as primeiras atitudes adotadas pelas organizações encontramos ações como: a) A procura por meios de promover o retorno de embalagens para o processo produtivo sempre que possível (com a adoção das chamadas embalagens retornáveis);; b) A busca dos resíduos gerados pelo uso/consumo dos produtos (exemplo da preocupação com as baterias dos telefones celulares). Explicam Razollini Filho e Berté (2009) que o objetivo dessas atitudes de logística reversa esta na busca de melhoria da imagem junto aos clientes/consumidores/usuários das organizações, uma vez que o numero de clientes que se preocupam com o meio ambiente, cônscios dos impactos ambientais que os produtos das organizações podem gerar, aumenta constantemente. Esse fator de maior consciência ambiental no mercado, aliado com as exigências legais emanadas pela maior parte dos governos dos países desenvolvidos e em desenvolvimento, leva as organizações a buscar

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certificação ambiental, os chamados selos verdes, para poderem vender, inclusive, nos países em que a legislação ambiental é mais rigorosa. 1.2 Foco econômico-­financeiro O foco econômico-­financeiro visa recuperar custos de produção por meio do retorno de produtos pós-­consumo para a cadeia de abastecimento, em virtude de escassez e encarecimento de matérias-­primas (CARDOSO, 2015). Entre os segmentos industriais que já praticam a logística reversa para resíduos, subprodutos e embalagens, destacam-­se as industrias de componentes eletrônicos, as montadoras automobilísticas e a indústria de cosméticos. Existe um tendência clara, no que tange a postura da legislação ambiental (Lacerda, 2002), no sentido de exigir de forma cada vez mais rigorosa a responsabilidade integral das organizações no que diz respeito: a. A todo o ciclo de vida dos seus produtos;; b. A todos os aspectos do destino dos produtos após a entrega aos clientes e pelo impacto que estes gerarem no meio ambiente. Outro fator em ser considerado é o aumento de consciência dos consumidores em relação as questões ecológicas os leva a esperar que as empresas minimizem os impactos negativos de suas atividades sobre o meio ambiente. As normas da serie ISO 14000 incentivaram aumento das praticas de reversão nos processos logísticos, por adotarem as praticas de logística reversa, uma vez que os clientes começarem a exigir o chamado selo verde, para adquirir matérias-­primas e produtos acabados. Esses aspectos de consciência ambiental, legislação e ISO 14000 devem oferecer novas possibilidades para os sistemas logísticos somarem contribuições as estratégias organizacionais. Assim o objetivo de entender um pouco mais sobre essas questões e a sua importância para os sistemas logísticos (RAZOLLINI FILHO e BERTÉ, 2009). Desta forma na próxima seção vamos compreender

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melhor qual a visão que a empresa tem sobre logística reversa e a sua relação com o meio ambiente.

2. Visões das Empresas sobre Logística Reversa As empresas nos dias atuais sabem da importância da logística reversa, porém apresentam falta de interesse e dificuldades para implantá-­los, os autores Guarnieri et al. (2006);; Quinn (2001);; Rogers e Tibben-­Lembke (1999) explicam o porque dessas causas: -­ Falta de sistemas informatizados integrados às práticas de gestão. Isto leva em certas ocasiões, a utilizar os mesmos sistemas da logística tradicional, ou, no melhor dos casos, a adaptar sistemas existentes para atividades similares de processos diretos;; -­ A ideia de que o fluxo reverso somente representa custos, assim, recebe pouca ou nenhuma prioridade nas empresas;; -­ Dificuldade em medir o impacto dos retornos de produtos e/ou materiais, com o consequente desconhecimento da necessidade de controlá-­lo. No entanto, Leite (2009) e Rogers e Tibben-­Lembke (1999) salientam que é necessário equacionalizar os fluxos reversos sob a ótica de agregar valor econômico ou de imagem corporativa a empresa. Sendo assim, o gerenciamento dos canais reversos, podem servir como fonte de informação sobre as expectativas e hábitos dos clientes, proporcionando a empresa serviços diferenciados e visíveis aos olhos destes (LEITE e BRITO, 2003). De acordo com Hernández (2010) o objetivo de ganhos de imagem corporativa é assinalado como uma forma prioritária na maioria dos programas de LR. Pois, esta imagem é o conjunto de atributos que diferenciam um produto de uma empresa dos produtos de seus concorrentes, através do cumprimento de: -­ Objetivos ecológicos que demonstrem a preocupação com os problemas ambientais, estabelecendo incentivos à reciclagem e a modificações de desenho para diminuir impactos ao meio ambiente;;

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-­ Mediante legislações expressas que obrigam aos fabricantes a providenciar a coleta e destino de produtos perigosos;; -­ Objetivos sociais em favor da comunidade, entre os que se destacam determinadas ações como as doações, criação de emprego, projetos educacionais e comunitários. Em contra partida Hernández (2010), traz que os objetivos de competitividade por diferenciação do nível de serviços aos clientes, estão presentes nos dois tipos de canais reversos: i) quando se trata do retorno de produtos pós-­venda, os ganhos evidenciam-­se na fidelização de clientes na competitividade por custos de serviço e imagem empresarial;; ii) para o retorno de produtos pós-­consumo, os ganhos manifestam-­se em competitividade de custos pelas economias na confecção do produto e também na imagem empresarial. Embora o potencial da atividade de logística reversa na economia seja econômica e ambientalmente importante, a falta de visão da atividade como geradora de vantagem competitiva às empresas compromete a estruturação e a eficiência destes canais (CHAVES e BATALHA, 2006). Na concepção de Rogers e Tibben-­Lembke (1998) a razão para se implantar na empresa a Logística Reversa, apresentam-­se muitas vezes por fabricantes que não se sentem responsáveis por seus produtos após o consumo e também pela falta de estudos por parte das empresas para avaliar os impactos da prática da logística reversa na vida das organizações. Corroborando com o pensamento de Quinn (2001) que muitos fabricantes acreditam que a Logística Reversa só representa custos, o que faz com que se fortaleçam as práticas de descartes e incinerações com consideráveis danos ao meio ambiente. De acordo com Leite (2009) a logística reversa tem sido utilizada como uma importante ferramenta de aumento de competitividade e de consolidação de imagem corporativa, quando inserida na estratégia empresarial e em particular na estratégia de marketing ambiental, em empresas que privilegiam

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uma visão de responsabilidade empresarial em relação ao meio ambiente e à sociedade. Para tanto, deve-­se: a) Equacionar corretamente os diversos aspectos envolvidos no estabelecimento dos canais de distribuição reversos dos materiais e produtos de pós-­consumo;; b) Estabelecer as adequadas relações de parcerias entre as empresas das cadeias reversas, como na busca de soluções com diferentes áreas de governo, permitindo melhor aplicabilidade das legislações ambientais;; c) Detectar as tendências ecológicas da sociedade, que darão suporte às estratégias modernas de marketing ambiental e valorizarão a imagem corporativa da organização. Importante salientarmos que a atuação de responsabilidade ambiental irá impactar positivamente na imagem institucional das empresas e, ainda, permitirá a intensificação de novos negócios, com maiores possibilidades de geração de empregos, de serviços e de desenvolvimento tecnológico, tanto mais visível quanto maior a consciência da sociedade ao desenvolvimento sustentado (FAGUNDES e OLIVEIRA, 2008). Contempla Leite (2009) ainda, que há três principais atitudes empresariais com relação ao meio ambiente, constatadas a partir de uma pesquisa realizada pelo Council of Logistics Management, na década de 90: a) Atitude reativa: caracterizada pelo cumprimento da legislação e regulamentos, revelando que os impactos de seus produtos ou processos ao meio ambiente não fazem parte de suas estratégias empresariais. Para evitar custos de disposição final, utiliza a venda ou a simples retirada de seus produtos. b) Atitude proativa: as empresas designam áreas especializadas para o equacionamento dos produtos ligados à gestão ambiental e visando antecipar-­ se aos regulamentos e legislações. Tais empresas desenvolvem suas redes logísticas reversas, evitando impactos negativos de seus produtos ao meio ambiente, desenvolvendo vantagem competitiva e modificando seus produtos.

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c) Atitude de busca de valor: as empresas desenvolvem a capacidade de agregar valor aos seus produtos e serviços tornando-­os perceptíveis aos clientes e à sociedade, por uma cultura empresarial comprometida com uma responsabilidade ética com a sociedade e com o meio ambiente. Empresas, nessa fase de desenvolvimento organizacional, são as de melhor performance e geralmente líderes em seus setores de negócios. Elaboram suas estratégias baseadas na visão holística do novo ambiente empresarial, obtendo retornos em reduções de custos operacionais, ganho de competitividade e reforço de sua imagem corporativa. Suas principais ações estratégicas são: o incentivo às diversas áreas especializadas na concepção e operação de redes de distribuição reversas, de sistemas de reciclagens internos e em parcerias nas cadeias reversas, além de outras. Importante ressaltarmos que na Logística Reversa, as empresas passam a ter responsabilidade pelo retorno do produto à empresa, quer para reciclagem, quer para descarte. Seu sistema de custeio deverá, portanto, ter uma abordagem bastante ampla, como é o caso do Custeio o Ciclo de Vida Total. Para Atkinson et al. (2000), este sistema permite aos gerentes administrar os custos “do berço ao túmulo”. Em contra partida para Horngreen et al. (1997) “O ciclo de vida do produto abrange o tempo desde o início da P&D até o término de suporte ao cliente”. Em Logística Reversa, este ciclo se estende, abrangendo também o retorno do produto ao ponto de origem, para maior compreensão a seguir serão apresentados os benefícios ambientais e econômicos da logística reversa. 2.1 Benefícios Ambientais e Econômicos para as empresas através da Logística Reversa Após termos entendido a visão que a empresa tem de logística reversa e o meio ambiente, iremos perceber os seus benefícios ambientais e econômicos que esse processo traz as empresas, pois a logística convencional não tinha preocupação para o assunto de logística reversa, apenas com o que acontecia dentro do processo logístico. Vaz & Uriona Maldonado. Logística Reversa: definições, conceitos e suas peculiaridades, 2017, p. 126..

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As empresas estão se especializando nesta atividade e ganhando um diferencial competitivo. Sua perspectiva de negócios se refere a produtos retornáveis, reciclagem e descarte de material. Como as atividades, programas e processos da logística reversa, esta tem interface com muitas áreas funcionais, inclusive fora da organização, na manufatura, marketing, compras, engenharia de embalagens, cada uma destas áreas tem um impacto para converter recursos, gerar rendas e atingir metas positivas (STOCK, 1998). Campos (2006) um sistema eficiente de logística reversa, podendo vir a transformar um processo de retorno altamente custoso e complexo em uma vantagem competitiva. De acordo com alguns autores (ROGERS e TIBBEN-­ LEMBKE, 1998;; LEITE, 2003, CHAVES e MARTINS, 2005, CHAVES e BATALHA, 2006), são exemplos de vantagens competitivas que podem ser obtidas pela adoção de políticas e instrumentos de logística reversa: a) Restrições ambientais: a conscientização sobre a conservação ambiental não parece ser uma tendência temporária. Este fato induz a uma reorientação duradoura da produção e do consumo que tenha entre suas premissas o crescimento sustentável. Neste contexto, a logística deve procurar a minimização do impacto ambiental, não só dos resíduos oriundos das etapas de produção e do pós-­consumo, mas dos impactos ao longo do ciclo de vida dos produtos;; b) Redução de custo: o reaproveitamento de materiais e a economia com embalagens retornáveis fornecem ganhos que estimulam novas iniciativas e esforços em desenvolvimento e melhoria dos processos de logística reversa. Várias indústrias, caso do alumínio, por exemplo, tem nas embalagens descartadas uma fonte de matéria-­prima de qualidade e que pode ser processada a custos menores do que aqueles que seriam possíveis a partir da industrialização da bauxita (mineral de base desta indústria);; c) Razões competitivas: uma forma de ganho de vantagem competitiva frente aos concorrentes é a garantia de políticas liberais de retorno de produtos (estratégia de minimizar as barreiras para retorno e troca de produtos) que fidelizem os clientes. Dessa forma, empresas que possuem um processo de logística reversa bem gerida, tendem a se sobressair no mercado, uma vez que

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podem atender aos seus clientes de forma melhor e diferenciada do que seus concorrentes;; d) Diferenciação da imagem corporativa: muitas empresas estão utilizando logística reversa estrategicamente e se posicionando como “empresa-­cidadã”, contribuindo com a comunidade e ajudando as pessoas menos favorecidas. Ressalta-­se o papel social realizado por diversas empresas com cooperativas de catadores de embalagens recicláveis. Com isso, as empresas conseguem um aumento do valor da marca e, muitas vezes, de seus produtos também. Fica claro então percebermos que a logística deve ser considerada como área estratégica de importância no sucesso dos negócios de uma empresa e que seu caráter dinâmico é condição essencial na busca do baixo custo e do incremento de competitividade tornando essa uma atividade em constante evolução (FAGUNDES e OLIVEIRA, 2008). Porém, com o desenvolvimento de legislações ambientais mais severas e a conscientização do consumidor sobre a importância do meio ambiente, as empresas estão sendo obrigadas a repensar suas responsabilidades sobre seus produtos após o uso, buscando atuarem na Logística Reversa (MIGUEZ et. al., 2007). Cabe ressaltar que a própria legislação que regula a forma correta do descarte, tem favorecido estudos no sentido de buscar benefícios econômicos por meio do uso de produtos e resíduos do processo produtivo, uma vez que as empresas passam a ter que decidir entre usar tais produtos ou incorrer em altos custos do correto descarte de lixo (DAHER et. al., 2003). Agora, já que construímos um conhecimento mais profundo nas oportunidades que a logística reversa traz ao meio ambiente, qual a visão que as empresas tem sobre esse processo e os seus benefícios ambientais e econômicos, a seguir será apresentado os métodos para o gerenciamento de custos na logística reversa.

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3. Custos Vivemos em um ambiente altamente competitivo entre empresas, com pressões e competitividade, o qual todos querem ganhar o mercado, aumentar seus lucros e reduzir seus custos de produção. O ambiente logístico é um mercado turbulento que se modifica rapidamente e possui altas taxas de inovação tecnológica em produtos e processos o qual a empresa necessita ser flexível para atender a demanda de mercado e consumidores. Desta maneira, faz-­se necessário entendermos como é gerenciado o sistema de custo no processo logístico reverso. Os custos da Logística Reversa podem ser gerenciados pelos métodos de Custeio baseado em Atividades (ABC), Balanced Scorecard (BSC), Valor Econômico Agregado (EVA) e pelo o Custeio de Ciclo de Vida Total, a seguir iremos estudar cada um deles. 3.1 Custeio baseado em Atividades (ABC) O Custeio Baseado em Atividades (ABC) foi desenvolvido pelos professores Robin Cooper e Robert S. Kaplan e adotado inicialmente pelas empresas americanas: Hewlett-­Packard, John Deere, Siemens e GM. Faria e Costa (2009) explicam que este método mensura os custos dos produtos e serviços por meio de processos, atividades e tarefas que consomem os recursos e que são distribuídos pelos direcionadores de custo. Esse método auxilia a gerência na tomada de decisão quanto ao desempenho dos custos no cotidiano da organização. O método ABC consiste em rastrear os gastos de uma empresa para analisar e monitorar as inúmeras direções de consumo seguidas dos recursos diretamente identificáveis com suas atividades mais relevantes e destas para os produtos ou serviços. O foco do processo de custeio passa a ser o custo das atividades e não do produto/serviço em si (GARRISON e NOREEN, 1999). Lima et al. (2010) corroboram que a ideia do custeio ABC é assumir os custos das várias atividades da organização e compreender seu

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comportamento através de bases que representem a relação entre os produtos e essas atividades. Kaplan e Cooper (1998) afirmam que o método de custeio ABC permitiu aos custos indiretos serem direcionados inicialmente às atividades e processos e, posteriormente, aos objetos de custos (produtos e/ou serviços). Assim, é possível ter-­se um retrato mais nítido dos aspectos econômicos da empresa. Faria e Costa (2009), acrescentam que o método de custeio ABC: i) Determina os fatores que direcionam os custos logísticos;; ii) Fornece dados de custos mais precisos;; iii) Atribui o custo logístico aos grupos de produtos;; iv) Determina como a logística contribui com a rentabilidade da empresa;; v) Promove a mensuração dos clientes, regiões ou canais de mensuração mais rentáveis;; vi) Favores a verificação dos benefícios de custos resultantes de esforços da reengenharia. Faria e Costa (2009) o custeio baseado em atividade evoluiu e tem como premissa obter informações mais precisas, ao invés de alocar os custos logísticos como um todo para depois aloca-­los a produtos. Neste contexto, Leite (2003) afirma que “todos os produtos tem uma vida útil que deve ser conhecida para possibilitar a logística reversa de forma adequada”. Assim o autor define os produtos em três linhas, sendo: a. Bens duráveis: vida útil de alguns anos a algumas décadas;; b. Bens semiduráveis: vida útil de alguns meses a dois anos;; c. Bens descartáveis: vida útil de algumas semanas. Entretanto, Gomes e Frazzon (2014) afirmam que o fluxo reverso faz com que os produtos voltem ao processo de produção, para que este fluxo seja possível é necessário um conjunto de atividades que a organização deve realizar, tais como: separação material, formas ou pontos de coleta, reciclagem do material, entre outros.

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3.2 Balanced Scorecard (BSC) O método Balanced Scorecard (BSC) foi originado nos trabalhos de Robert Kaplan e David Norton, a partir dos anos 1990, com base em empresas norte-­ americanas. O BSC reflete o equilíbrio entre os objetivos de curtos e longos prazos, entre medidas financeiras e não-­financeiras, entre indicadores de tendências e ocorrências e entre as perspectivas interna e externa de desempenho da empresa. Ainda, BSC focaliza o desempenho organizacional sob quatro perspectivas equilibradas: financeira, do cliente, dos processos internos e do aprendizado e crescimento (KAPLAN e NORTON, 1997), conforme mostra a figura 1. Figura 1 – Perspectivas do Balanced Scorecard

Fonte: Kaplan e Norton (1997, p. 10).

BSC tem-­se mostrado uma ferramenta útil e muito usada. Castro et al. (2010) explica que esse método pode ser uma boa escolha para determinar os indicadores de desempenho da LR, seguindo a lógica do BSC sob as quatro perspectivas. Vaz & Uriona Maldonado. Logística Reversa: definições, conceitos e suas peculiaridades, 2017, p. 126..

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Além disso, o BSC reúne um conjunto de vantagens, destacando-­se a flexibilidade para selecionar os atributos que devem ser gerenciados, o que faz dele uma ferramenta adequada para tratar a sustentabilidade empresarial -­ aspecto este importante na Logística Reversa (MACEDO e QUEIROZ, 2007), e auxilie no processo da tomada de decisão. Sobre isto há importantes trabalhos correlatos, como o de Hervani, Helms e Sarkis (2006) relatam estudos realizados sobre gestão e medição do desempenho em operações internas da organização com ênfases na cadeia de suprimentos direta, utilizando o BSC. Além disso, estabelecem que pesquisas futuras devam contemplar aspectos relevantes sobre a gestão ecológica das cadeias com fluxos diretos e reversos, sendo esta ferramenta útil para este fim;; e os trabalhos de Ravi, Shankar e Tiwari (2005) têm usado o BSC de forma conjunta com o Analytic Network Process (ANP) de Saaty (1996), para definir atuações estratégicas de LR no que se refere às parcerias e relacionamentos no canal reverso. 3.3 Valor econômico agregado (EVA) O EVA é a abreviação do termo Economic Value Added (Valor Econômico Agregado), criado pela empresa de consultoria americana Stern Stewart & Co., a qual obteve reconhecimento internacional com essa metodologia (EHRBAR, 1999), por ser considerada uma medida de desempenho empresarial, inclui uma cobrança sobre o lucro pelo custo de todo o capital que uma empresa utiliza. Backes (2002) explica que as principais aplicações do EVA no meio corporativo são para avaliação de projetos de investimento, análises de resultados passados, elaboração de orçamentos empresariais e criação de política de remuneração variável, ou seja, o EVA consiste no resultado do lucro operacional após os impostos sobre o lucro menos o custo de todo o capital empregado na operação, que é formado pelo capital próprio mais o de terceiros. Além, de ser um instrumento para alterar o comportamento gerencial, que faz os gerentes pensarem diferente sobre seu trabalho. Vaz & Uriona Maldonado. Logística Reversa: definições, conceitos e suas peculiaridades, 2017, p. 126..

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Muitas empresas ao redor do mundo utilizam o EVA como sendo a melhor metodologia para avaliar negócios. Ele é mensurado para identificar o quanto foi efetivamente criado de valor para os acionistas em um determinado período de tempo (mês, trimestre, semestre, ano etc.). Desta forma, Faria e Costa (2009) sugeriram um relatório que prioriza a apuração do custo logístico da empresa como um todo, segregando os variáveis e os fixos, bem como a apuração do resultado econômico das atividades, com agregação de valor para o acionista, focalizando a apuração no EVA, a figura 2 traz esse relatório otimizado. Figura 2 – Relatório otimizado do EVA

RECEITA OPERACIONAL BRUTA • (-) Devoluções/cancelamentos • (-) Abatimentos concedidos • (-) Impostos incidentes sem vendas • (=) RECEITA LÍQUIDA • (-) Custo de material (=) VALOR AGREGADO (-) CUSTOS LOGÍSTICOS VARIÁVEIS • (-) Despesas comerciais variáveis • (=) Margem de contribuição % de margem • (-) Custos de produção (mão de obra direta e GGF (sem logística de planta) (-) CUSTOS LOGÍSTICOS FIXOS • (-) Despesas operacionais fixas (comerciais e administrativas) (=) CONTRIBUIÇÃO OPERACIONAL (EBIT) • (-) Custos financeiros sobre os ativos (=) EVA Fonte: Faria e Costa (2009, p. 423).

3.4 Custeio de ciclo de vida total Por traz dessa evolução dos conceitos de logísticas reversa e sua relação com o meio ambiente, está o conceito mais amplo do “ciclo de vida” do produto.

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Os autores Shibao, Moori e Santos (2010) trazem três considerações que devem ser sistematicamente feitas sobre o ciclo de vida do produto: a) Sob ponto de vista logístico: a vida de um produto não termina com sua entrega ao cliente. Produtos se tornam obsoletos, danificados, saturados em sua função ou simplesmente não funcionam e devem retornar ao seu ponto de origem para serem adequadamente descartados, reparados ou reaproveitados;; b) Sob o ponto de vista financeiro: além dos custos dos produtos até sua venda, devem ser também considerados outros custos relacionados a todo gerenciamento do fluxo reverso e;; c) Sob ponto de vista ambiental: avaliar o impacto que o produto produz ao meio ambiente durante toda a sua vida. Acrescentando nesse processo, o fenômeno do aumento das descartabilidade dos produtos em geral, como consequência do acelerado desenvolvimento tecnológico que a humanidade tem experimentado (SHIBAO, MOORI e SANTOS, 2010). O autor Leite (2009) cita alguns sinais de tendência da descartabilidade, entre eles, a velocidade de lançamento de novos produtos, como uma das características da competitividade das empresas modernas. A esses sinais, deve-­se acrescentar o fato de crescimento do segmento de embalagens, itens altamente descartáveis, que tem se adaptado e contribuído significativamente, para as modificações mercadológicas e logísticas requeridas na distribuição física. Ao se tratar de logística reversa, as organizações passam a ter responsabilidade pelo retorno do produto à empresa, quer para reciclagem, quer para descarte ambientalmente correto, portanto, segundo Atkinson et al. (2000) o sistema de custeio deverá ter uma abordagem ampla como o Custeio do Ciclo de Vida Total, que permite a gestão dos custos “do berço ao túmulo”, isto é, o ciclo de vida do produto abrange desde o início da pesquisa e desenvolvimento até o término de suporte ao cliente (HORNGREEN, FOSTER e DATAR, 2000). A adoção do custeio de ciclo de vida total não invalida os sistemas tradicionais como: custeio meta e custeio baseado em atividades (ABC). O Vaz & Uriona Maldonado. Logística Reversa: definições, conceitos e suas peculiaridades, 2017, p. 126..

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custeio de ciclo de vida total abrange os demais proporcionando a visibilidade dos custos por todo o ciclo de vida do produto. Portanto, o ciclo todo pode gerar receitas durante seu ciclo de vida que possibilitem o ressarcimento dos custos, como apresentado na figura 3. Figura 3 – Processo do custeio do ciclo de vida

Fonte: Shibao, Moori e Santos (2010, p. 8).

O papel da logística reversa na estratégia empresarial é que definirá o tipo de sistema de informações gerenciais que será desenvolvido, porém, o maior problema é a falta de sistemas prontos e a necessidade de se desenvolver sistemas próprios talvez por ser um tema recente, as empresas tentam se aproveitar da estrutura existente de logística. A aplicação do processo de logística reversa oferece um melhor desempenho para redução dos custos, segundo Lacerda (2000), devido à obtenção de economia com a utilização de embalagens retornáveis e reaproveitamento de materiais. Ao estender para o conceito de Supply Chain Management (SCM), que trata do gerenciamento do fluxo de materiais e informações de toda a cadeia de suprimentos, desde os fornecedores dos produtores de componentes,

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passando pelos montadores finais, distribuidores chegando até o consumidor final, segundo Porter (1985) o completo conhecimento da cadeia à qual cada empresa pertence apresenta oportunidades de vantagens competitivas para toda a cadeia, principalmente no que tange a redução de custos logísticos. Consequentemente, a falta de sistemas informatizados que se integrem ao sistema existente de logística empresarial (Caldwell, 1999), a dificuldade em medir o impacto dos retornos de produtos e/ou materiais (Rogers e Tibben-­ Lembke, 1998), e o fato do fluxo reverso representar custos (Quinn, 2001), deverão obter mais atenção por parte dos gestores, porque as empresas que forem mais rápidas terão uma maior vantagem competitiva em termos de custos menores ou melhora no serviço ao consumidor. Segundo Mukhopadhyay e Setaputra (2006) a devolução de produtos vem se tornado um fato corriqueiro e as empresas tem que lidar com isso da melhor maneira possível e em recentes pesquisas indicaram que os custos de logística reversa podem ultrapassar a 35 bilhões de dólares por ano para as empresas americanas. Para maior compreensão da gestão de custos logísticos, desde suas vantagens até os custos de armazenagem, movimentação e manutenção. Além, de apresentar o gerenciamento dos custos de embalagens para a organização, sugerimos a leitura desse livro: FARIA, A. C.;; COSTA, M. F. G. Gestão de Custos Logísticos. 1 ed., São Paulo: Atlas, 2007.

Considerações finais No final deste estudo, podemos entender que a Logística Reversa não teve apenas o conceito de ser o processo inverso da logística, mais sim, de preservar o meio ambiente, sendo uma oportunidade de processo para aumentar o desenvolvimento da sustentabilidade das organizações. Portanto, podemos concluir que a Logística Reversa quando bem gerida pode trazer grandes vantagens competitivas às organizações e ao meio ambiente. Vaz & Uriona Maldonado. Logística Reversa: definições, conceitos e suas peculiaridades, 2017, p. 126..

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Para as organizações a Logística Reversa traz os benefícios de minimização dos impactos ambientais adversos, minimização de custos, diferenciação da imagem organizacional, fidelização de clientes, entre outras. Para o meio ambiente a Logística Reversa traz a redução de descarte de produtos tóxicos nos solos, minimização da contaminação dos rios e efluentes, minimização de descartes de lixos em aterros sanitários, aumento do equilíbrio climático, preservação de reservas naturais, entre outras. Aprendemos que existem diversos métodos para gerir os custos logísticos, especialmente para a logística reversa o custeio do ciclo de vida total, podendo também ser usado o custeio baseado em atividades, balanced scorecard e valor econômico agregado. Todos esses métodos estabelecem condição estratégica para simultaneamente potencializar os ganhos econômicos e favorecer de forma decisiva a preservação do meio ambiente, contribuindo assim com o desenvolvimento da sustentabilidade econômica e ambiental das organizações.

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CAPÍTULO 3: Características dos bens de pós-­consumo Introdução O crescimento populacional e industrial esta cada vez mais crescendo e a preocupação com as questões do meio ambiente só aumentam. Isso deve-­se, pelo fato das organizações industriais terem a cada dia uma quantidade maior de embalagens e produtos descartáveis, e uma pequena preocupação com seu reuso ou reciclagem. Atualmente, sabemos que existem diversos tipos de sistemas logísticos reversos implantados em várias e diferentes organizações, para tentar atender as questões ecológicas. Porém, nem todas as organizações sabem compreender e gerenciar seus processos reversos, pois muitas não sabem classificar os seus bens e qual processo de logística reversa pertencem, se são de pós-­consumo ou de pós-­venda. Em virtude desta dificuldade para operar canais reversos, as empresas acreditam que é mais barato usar, as matérias-­primas “virgens” do que materiais reciclados. Leite (2003) explica que a medida que as matérias-­primas se tornam mais caras, os canais reversos são economicamente viáveis, pois, do ponto de vista da logística, o ciclo de vida de um produto não se encerra com a entrega de um produto ao cliente, produtos danificados, obsoletos ou com problemas de funcionamento precisam retornar ao ponto de origem para serem reciclados, reaproveitados ou descartados. Neste sentido, nosso estudo estará trazendo o que é canal de distribuição reverso e focaremos especialmente no processo de logística reversa de pós-­ consumo, para entendermos do que é composta, sua classificação e fluxo reverso como funciona, para podermos entender como as organizações podem estar atendendo suas dificuldades de implantação da logística reversa.

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Iniciaremos com a pergunta: “O que é um canal de distribuição reverso? E o que esta relacionado com os bens de pós-­consumo?”

1. Canal de distribuição reverso Um canal de distribuição corresponde a uma ou mais empresas ou indivíduos que participem do fluxo de produtos e/ou serviços desde o produtor até o cliente ou usuário final. Canal de distribuição consiste, portanto, no caminho percorrido pela mercadoria, desde o produtor até os importadores e usuários finais. Em termos logísticos, quando se adiciona o sistema de logística reversa ao fluxo de saída de mercadorias, tem-­se uma Cadeia de Suprimentos Integral (SINNECKER, 2007). A Cadeia de Suprimentos Integral (CSI) é baseada no conceito de ciclo de vida do produto. Durante seu ciclo de vida, o produto percorre a cadeia de suprimentos normal. O que é acrescentado na CSI são as etapas de descarte, recuperação e reaplicação, permitindo a reentrada do fluxo e material na cadeia de suprimentos (KRIKKE, 1998). Esse processo logístico acontece por meio da reciclagem, do reuso, da recuperação e do gerenciamento de resíduos, contribui para diminuir o uso de recursos não renováveis e reduzir ou eliminar resíduos que afetam negativamente o meio ambiente (MIGUEZ et. al., 2007). Leite (2003, p. 4) define os canais de distribuição reversos como: [...] as etapas, as formas e os meios em que uma parcela desses produtos, com pouco uso após a venda, com ciclo de vida útil ampliado ou após extinta a sua vida útil, retorna ao ciclo produtivo ou de negócios, readquirindo valor em mercados secundários pelo reuso ou reciclagem de seus materiais constituintes.

Em relação a esse aspecto os canais de distribuição reversos dividem-­se em duas áreas de atuação: pós-­venda e pós-­consumo fazem-­se necessários defini-­las e explicá-­las, a Figura 3 a seguir exemplifica as áreas de atuação. Vaz & Uriona Maldonado. Logística Reversa: definições, conceitos e suas peculiaridades, 2017, p. 126..

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Figura 3 -­ Área de atuação e etapas da logística reversa

Fonte: Leite (2003, p. 17).

O canal de distribuição reverso de pós-­consumo se caracteriza por produtos oriundos de descarte após uso e que podem ser reaproveitados de alguma forma e, somente em último caso, descartados. Já o canal de distri-­ buição reverso de pós-­venda se caracteriza pelo retorno de produtos com pouco ou nenhum uso que apresentaram problemas de responsabilidade do fabricante ou distribuidor ou, ainda, por insatisfação do consumidor com os produtos (ROGERS e TIBBEN-­LEMBKE, 1998, CHAVES e BATALHA, 2006). Neste estudo daremos ênfase no processo de logística reversa de pós-­ consumo. Bens de pós-­consumo são os produtos ou materiais constituintes cujo prazo de vida útil chegou ao fim, sendo assim considerados impróprios para o consumo primário, ou seja, não podem ser comercializados em canais tradicionais de vendas. No entanto, não quer dizer que não possam ser reaproveitados. Isso é possível graças à adoção da logística reversa e de seus canais de distribuição reversos. Surgindo desta maneira, o processo logístico reverso no pós-­consumo. Para falar em pós-­consumo é preciso antes falar em ciclo de vida ou vida útil de um produto. Leite (2003, p.34) traz que “a vida útil de um bem é entendida como o tempo decorrido desde a sua produção original até o Vaz & Uriona Maldonado. Logística Reversa: definições, conceitos e suas peculiaridades, 2017, p. 126..

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momento em que o primeiro possuidor se desembaraça dele”. Assim sendo, um produto ou material torna-­se bem de pós-­consumo quando sua vida útil é encerrada e, mesmo assim, ainda pode ser aproveitado para algum fim específico. O retorno desse bem de pós-­consumo ao ciclo produtivo constitui a principal preocupação da logística reversa (LEITE, 2003). A descartabilidade de um produto é que dá início ao processo de logística reversa. “O foco de atuação da logística reversa envolve a reintrodução dos produtos ou materiais à cadeia de valor através do ciclo produtivo ou de negócios e, portanto, um produto só é descartado em último caso” (CHAVES e MARTINS, 2005, p. 3). Trigueiro (2003, p.1) afirma que “para a logística o conceito de ciclo de vida do produto vai a partir de sua concepção até o destino final dado a este produto, seja o descarte, reparo ou reaproveitamento”. Corroborando Barbosa et al. (2005, p.34) salientam que “O processo de logística reversa gera materiais que retornam ao processo tradicional de suprimento, produção e distribuição”. Desta forma, o próximo tópico trará com mais detalhes o que é canal reverso de pós-­consumo e suas características.

2. Canal reverso de pós-­consumo Como já foi visto, mais reforçando Pós-­consumo refere-­se aos produtos já adquiridos e descartados pelo consumidor. São produtos cuja vida útil chegou ao fim ou que foram jogados fora devido a defeitos ocorridos ao longo do tempo, cujo conserto é considerado inviável, ou por não se adequarem mais às conveniências do consumidor. Os canais de distribuição reversos de pós-­consumo constituem-­se pelo fluxo reverso de produtos ou materiais constituintes que surgem no descarte dos produtos depois de encerrada a vida útil e que retornam ao ciclo produtivo (LEITE, 2003). O processo de logística reversa de pós-­consumo que operacionaliza o fluxo de materiais e informações. São bens de pós-­consumo: resíduos Vaz & Uriona Maldonado. Logística Reversa: definições, conceitos e suas peculiaridades, 2017, p. 126..

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industriais, materiais em fim de vida útil ou que podem ser reutilizados. Segundo Leite (2003) a Logística Reversa de pós-­consumo agrega valor a um produto constituído por bens inservíveis ao antigo proprietário, ou que ainda estejam em condições de serem utilizados. A Figura 4 apresenta as atividades típicas do processo logístico reverso de pós-­consumo de produtos descartados. Figura 4 -­ Atividades típicas do processo logístico reverso de pós-­consumo

Fonte: Hori (2010, p. 74).

Os canais reversos de pós-­consumo podem ser de reciclagem, de reuso ou descarte, o que veremos a seguir com mais detalhe cada um desses processos. • Canais reversos de pós-­consumo: reciclagem A reciclagem tornou-­se uma importante atividade econômica, devido ao seu impacto ambiental e social, pois não beneficia somente a empresa que a

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adota, mas também uma parcela da população que enxerga nessa atividade a possibilidade de tirar seu sustento e obter alguma renda. Além, de ser o canal reverso de revalorização, em que os materiais constituintes dos produtos descartados são extraídos industrialmente, transformando-­se em matérias-­ primas secundárias ou recicladas que serão reincorporadas à fabricação de novos produtos. O processo de reciclagem envolve várias etapas, como coleta de material ou produto, seleção do item que será reaproveitado, preparação para reaproveitamento, processo industrial e consequente reintegração do material reciclado ao processo produtivo, sob forma de matéria-­prima (LEITE, 2003, p. 7). • Canais reversos de pós-­consumo: reuso O canal reverso de pós-­consumo de reuso, diz respeito à reutilização de produtos ou materiais classificados como bens duráveis, cuja vida útil estende-­ se por vários anos. Nos casos em que ainda apresentam condições de utilização podem destinar-­se ao mercado de segunda mão, sendo comercializados diversas vezes até atingir seu fim de vida útil. O exemplo mais comum desse tipo de canal reverso é o comércio de automóveis usados, que representa uma grande parcela do comércio de automóveis. Esses canais definem-­se como aqueles onde há a extensão do uso de um produto de pós-­ consumo, mantendo-­se a mesma função que desempenhava (LEITE, 2003, p. 6). • Canais reversos de pós-­consumo: desmanche Canais reversos de pós-­consumo através do desmanche, são diversos materiais que podem ser obtidos por meio da desmontagem, para depois serem reaproveitados e retornar ao ciclo produtivo. Segundo Leite (2003, p. 7), desmanche pode ser definido como: [...] um sistema de revalorização de um produto durável de pós-­ consumo que, após sua coleta, sofre um processo industrial de desmontagem no qual seus componentes em condições de uso ou de remanufatura são separados de partes ou materiais para os quais

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não existem condições de revalorização, mas que ainda são passíveis de reciclagem industrial. Os primeiros são enviados, diretamente ou após remanufatura, ao mercado de peças usadas, enquanto que os materiais inservíveis são destinados a aterros sanitários ou são incinerados.

O processo de desmanche é típico de bens de pós-­consumo duráveis, que são o caso geralmente de veículos e máquinas de diversos tipos. Trata-­se de uma atividade rentável e muito explorada, principalmente por pequenos comerciantes. Portanto, os canais de distribuição reversos são responsáveis pelo retorno de bens de pós-­consumo ao ciclo produtivo, impedindo assim que haja acúmulos de materiais descartados em ambientes urbanos. Consequentemente, produtos ou materiais de pós-­consumo podem ocasionar grandes quantidades acumuladas, resultando em problemas ambientais, se não retornarem ao ciclo produtivo (LEITE, 2003). Tradicionalmente as companhias incluíam a simples entrada de matérias-­ primas ou o fluxo de saída de produtos acabados em sua definição de logística. Hoje, no entanto, essa definição expandiu-­se e inclui todas as formas de movimentos de produtos e informações (FAGUNDES e OLIVEIRA, 2008). Para compreendermos melhor quais são os produtos de pós-­consumo e como são classificados o próximo tópico trará essas informações mais detalhado.

3. Classificação dos bens de pós-­consumo A classificação dos bens de utilidade adotada por Leite (2003) refere-­se a duração de sua vida útil, por ser mais adequada, na medida em que a preocupação principal da logística reversa é o equacionamento dos processos e caminhos percorridos por esses bens ou por materiais constituintes apos o termino de sua vida útil. Esses bens ou seus materiais constituintes transformam-­se em produtos denominados de pós-­consumo e podem ser enviados a destinos finais tradicionais, como a incineração ou os aterros sanitários, ou retornarem ao ciclo produtivo por meio dos canais de desmanche, reciclagem ou reuso em uma extensão de sua vida útil. Essas Vaz & Uriona Maldonado. Logística Reversa: definições, conceitos e suas peculiaridades, 2017, p. 126..

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alternativas de retorno ao ciclo produtivo constituem a principal preocupação do estudo da logística reversa e dos canais de distribuição reversos de pós-­ consumo. Dessa maneira, para efeito do enfoque da logística reversa e dos canais de distribuição reversos de pós-­consumo dos materiais, consideramos três grandes categorias de bens produzidos: os bens descartáveis, os bens semiduráveis e os bens duráveis. Leite (2003, p. 34) e Razollini Filh e Berté (2009), apresentam as características gerais desses bens: -­‐ Bens descartáveis: são os bens que apresentam duração de vida útil media de algumas semanas, raramente superiora seis meses. Essa categoria de bens produzidos constitui-­se tipicamente de produtos de embalagens, brinquedos, materiais para escritório, suprimentos para computadores, artigos cirúrgicos, pilhas de equipamentos eletrônicos, fraldas, jornais, revistas e entre outros. -­‐ Bens duráveis: são os bens que apresentam duração de vida media útil variando de alguns anos a algumas décadas. Constituem bens produzidos para a satisfação de necessidade da vida social e incluem os bens capitais em geral. Fazem parte dessa categoria automóvel, os eletrodomésticos, os eletroeletrônicos, as máquinas e os equipamentos industriais, os edifícios de diversas naturezas, os aviões, as construções civis, os navios e entre outros. -­‐ Bens semiduráveis: são os bens que apresentam duração media de vida útil de alguns meses, raramente superior a dois meses. Trata-­se de uma categoria intermediaria que, sob o enfoque dos canais de distribuição reversos dos materiais apresenta características ora de bens duráveis, ora de bens descartáveis. Trata-­se de bens como baterias de veículos, óleos lubrificantes, baterias de celulares, computadores e seus periféricos, revistas especializadas, entre outros. A vida útil de um bem é entendida como o tempo decorrido desde a sua produção original até o momento em que o primeiro possuidor se desembaraça dele. Esse embaraço pode se dar pela extensão de sua vida útil, como novos possuidores, quando existe o interesse ou a possibilidade de prolongar a sua

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utilização, ou pela sua disponibilização por outras vias, como a coleta de lixo urbano, as coletas seletivas, as coletas informais, entre outras, passando-­o a condição de bem de pós-­consumo (LEITE, 2003). Exemplos de um estudo realizado pela Associação Compromisso Empresarial para Reciclagem – Cempre, com panoramas da reciclagem no Brasil, demonstrado no quadro 1, a seguir. Observa-­se que a logística reversa de pós-­consumo é mais difundida, devido principalmente à oportunidade de empregos diretos e indiretos que proporciona, sendo o Brasil um dos maiores recicladores em âmbito mundial. Quadro 1 – Exemplos de casos de canais de pós-­consumo que causam retorno econômico Materiais

Destinação Um total de 3.017.400 toneladas de papéis recuperados (sendo

A reciclagem de papel, 61,7% de caixas de papelão ondulado), 128 fabricantes, 28.347 papelão

e

embalagens empregos diretos gerados e faturamento de R$ 3.269.038.000.

longa-­vida no Brasil

(Esse é o resultado obtido, em 2002, segundo dados da Associação Brasileira de Celulose e Papel – Bracelpa). Um total de 121 mil toneladas de latas de alumínio recicladas, 35

Reciclagem de alumínio no recicladores, 152 mil empregos diretos e indiretos gerados e Brasil

faturamento de R$ 850 milhões. (Esse é o resultado obtido em 2002, segundo dados da Associação Brasileira de Alumínio -­ Abal). Em 2002, cinco milhões de toneladas de sucatas de aço foram usadas no Brasil, sendo que 3,3 milhões de toneladas se destinaram à produção de novo aço. A fabricação de folhas

A reciclagem de aço no metálicas para embalagens de aço consumiu 1 milhão de Brasil

toneladas. As latas de folha de flandres correspondem a 21% do mercado nacional de embalagens, 6% ficam com as latas para bebidas carbonatadas e o restante está nas mãos das aciarias que derretem a sucata para novos produtos ou novas chapas de aço. Para a Abiquim, o potencial do mercado de reciclagem de plásticos

é grande: a capacidade instalada da indústria já alcança cerca de A reciclagem de plásticos 340 mil toneladas/ano e movimenta, em valor de produção, mais de no Brasil R$ 200 milhões anuais. Em 2001, a produção de plásticos atingiu 3,7 milhões de toneladas e, em 2002, chegou a 3,9 milhões de

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toneladas. O último levantamento da Associação Técnica Brasileira das Indústrias Automáticas de Vidro (Abividro) mostra que os A reciclagem de vidro no investimentos na reciclagem do vidro foram de aproximadamente Brasil R$ 700 mil, renderam R$ 56 milhões e geraram 1.200 empregos diretos e mais de 10 mil indiretos. O pvc tem taxa de reciclagem de cerca de 10%, sendo que sua A reciclagem de PVC no participação no lixo urbano é menor do que 0,5%. Trata-­se de uma Brasil

resina com longo ciclo de vida – cerca de 50 anos – aplicada prioritariamente (70% da produção) na construção civil. De acordo com informações da Associação Nacional Da Indústria De Pneumáticos (Anip), apenas cinco laminadores têm cadastro no

Ibama, porém mais de 20 trabalham informalmente, reciclando A reciclagem de pneus no pneus convencionais que são transformados em produtos como Brasil solado de sapato e percinta para sofás, entre outros. Segundo a Anip, cerca de 70 mil toneladas de pneus foram destinadas à reciclagem em 2002. Dados da coleta de 2002 do Cempre revelam que a coleta nesse Reciclagem

de

óleo ano foi de 221,0 milhões de litros, portanto, em torno de 22,0%. o

lubrificante usado

volume de óleo usado coletado, possibilitou em 2002 a fabricação de 155 milhões de litros de óleo básico rerrefinado. Nos países desenvolvidos a reciclagem está próxima de 95 %

Reciclagem de baterias de enquanto que no Brasil a reciclagem fica em torno de 80 %, sendo chumbo-­ácido no Brasil

que nas grandes áreas urbanas chegam a 85 % e em áreas mais remotas, pouco é recuperado. Fonte: Guarnieri et al. (2006, p. 5).

Após termos entendido o que é um canal de distribuição reverso de pós-­ consumo, quais os seus produtos, sua classificação e exemplos de casos, o próximo tópico que iremos estudar é como ocorre o fluxo reverso de pós-­ consumo dentro da organização.

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4. Fluxo reverso de pós-­consumo

Leite (2003) explica que as quantidades de produtos de pós-­consumo

ou de seus materiais constituintes que fluem nos canais reversos variam bastante entre os diferentes tipos de produtos fabricados. As quantidades de produtos ou das matérias constituintes que fluem na cadeia de distribuição direta são denominadas de fluxos diretos, enquanto aquelas que fluem no sentido reverso são denominadas de fluxos reversos de materiais ou de produtos. A figura 3 apresenta a ideia principal do equilíbrio entre os fluxos diretos e reversos, destaco o desequilíbrio entre a intensidade do fluxo direto (FD) e do fluxo reverso (FR) como causa de poluição. A figura mostra ainda a atuação da logística reversa como a área de estudos da operacionalização do retorno dos bens ao ciclo produtivo. Figura 5 – Relação entre fluxo direto e fluxo reverso

Fonte: Leite (2003, p. 48).

A comparação entre os fluxos diretos e reversos e a medida de suas intensidades, dada a grande variedade de produtos e materiais constituintes e Vaz & Uriona Maldonado. Logística Reversa: definições, conceitos e suas peculiaridades, 2017, p. 126..

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a duração de sua vida útil, deve levar em conta o período analisado. O fluxo reverso de um bem durável, por exemplo, se processará alguns anos apos o fluxo direto do mesmo material, não sendo possível comparar essas quantidades. No caso de bens descartáveis, no entanto, como o ciclo de retorno ao processo produtivo é curto, pode-­se adotar o mesmo período de tempo curto para comparar o fluxo reverso e o fluxo direto, para os bens duráveis (LEITE, 2003). Esta maneira, para compreendermos melhor o processo de logística reversa como um todo, o próximo tópico trará como é realizado a disposição final dos bens de pós-­consumo.

5. Disposição final dos bens de pós-­consumo Os diversos tipos de bens produzidos serão disponibilizados em algum momento como pós-­consumo. Denominamos de disposição final segura o desembaraço dos bens usando-­se um meio controlado que não danifique, de alguma maneira, o meio ambiente e não atinja, direta ou indiretamente a sociedade. Em oposição a esse tipo de disposição segura, denominamos de disposição não segura o desembaraço dos bens de maneira não controlada, tal como em locais impróprios em quantidades indevidas (LEITE, 2003). Fuller e Allen (1995) destacam em seu modelo apresentado na figura 4 que denominam de ciclo de produção-­consumo, as fontes de resíduos de pós-­ consumo: extração de materiais virgens, produção de materiais e produtos, atacadistas e varejistas e o consumidor final, os quais são dirigidos a dois sistemas de disposição final: o sistema de disposição final seguro, que consiste em disposição final em aterros sanitários ou reintegração ao ciclo produtivo, e o sistema não seguro, que provoca poluição ambiental.

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Figura 6 – Ciclo de produção-­consumo

Fonte de resíduos/fluxos

Extração d e materiais virgens

Alternativas de disposição Tornam-­‐se fontes d e produção

Materiais e produto

Produção

Atacado/Varejo

Canal

Aterros/terrenos não seguros

Sistemas de recuperação

Consumo p essoal

Aterro s eguro (não poluente)

Fonte: Adaptado de Fullen e Allen (1995, p. 244).

Observe-­se que a disponibilização de bens e materiais residuais, não importando o modo como é feita, caso não seja devidamente controlada, gerara impactos ambientais, seja pela liberação de constituintes nocivos a vida, seja pelo acumulo desses resíduos, originando indiretamente poluição. Algumas pilhas usadas em aparelhos eletrônicos contêm chumbo, cadmio, mercúrio e outros metais pesados que, quando liberados em certas condições de concentração, oferecem riscos à saúde humana, caracterizando-­se em um exemplo do primeiro caso de poluição citado. Por outro lado, bens de pós-­ consumo, constituídos por materiais muitas vezes inofensivos a saúde humana, poderão provocar, pelo acumulo das quantidades produzidas e descartadas pela sociedade, a saturação dos meios tradicionais de disposição final dos resíduos, gerando poluição de maneira indireta, porém tão nociva quanto a primeira (LEITE, 2003). Vaz & Uriona Maldonado. Logística Reversa: definições, conceitos e suas peculiaridades, 2017, p. 126..

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Podemos resumir as diversas possibilidades de recuperação dos bens produzidos e descartados por meio do fluxo da figura 5, no qual se destacam os três subsistemas principais: reuso, reciclagem de materiais e incineração, os quais alimentarão as vias de disposição final em aterros sanitários seguros ou a reintegração dos materiais ao ciclo produtivo. Figura 7 – Subsistemas de recuperação dos bens

Fontes d e pós-­‐ consumo

Reintegração circular

Disposição em aterro seguro

Reciclagem d e materiais

Reuso

Incineração

Resíduos

Fonte: Fullen e Allen (1995, p. 246).

Segundo Fullen e Allen (1995) o sistema de reciclagem agrega valor econômico, ecológico e logístico aos bens de pós-­consumo, criando condições para que o material seja reintegrado ao ciclo produtivo e substituindo as matérias-­primas novas, gerando uma economia reversa;; o sistema de reuso agrega valor de reutilização ao bem de pós-­consumo;; e o sistema de incineração agrega valor econômico, pela transformação dos resíduos em energia elétrica.

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Sugerimos a leitura desse livro para maior compreensão dos processos e técnicas empregadas aos sistemas logísticos desde sua origem até sua destinação final. SALGADO, T. T. Logística: práticas, técnicas e processos de melhorias. São Paulo: Editora Senac, 2013.

Considerações finais Neste estudo, foi possível compreender que o processo de logística reversa pode acontecer em duas áreas de atuação, o de pós-­venda e pós-­ consumo. Foi focado especificamente neste estudo no processo de logística reversa de pós-­consumo. A logística reversa traz os canais de distribuição reversos de pós-­consumo que podem ser realizado em três processos os de reciclagem, de reuso e/ou descarte final dos produtos em aterros sanitários ou pelo processo de incineração. Foi possível entendermos que produtos de pós-­consumo, são classificados em três grandes grupos, os produtos de bens descartáveis (fraldas, jornais, revistas, etc.), os bens duráveis (maquinas, automóveis, navios, etc.) e os bens semiduráveis (baterias, óleos, etc.). O fluxo reverso de pós-­consumo é um processo continuo, que inicia-­se no fluxo reverso que passa para o canal reverso que retorna ao ciclo produtivo do produto pelo canal direto no fluxo direto, que após distribuir o produto inicia-­se o processo novamente. E por último, verificamos a disposição final dos bens de pós-­consumo que pode ser realizado a reciclagem e o reuso nos processos produtivos, e quando o produto não pode ser reutilizado é descartado em aterros sanitários e muitas vezes passam pelo processo de incineração.

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CAPÍTULO 4: Características dos bens de pós-­venda Introdução Neste estudo nós vamos abordar os aspectos que envolvem o retorno dos produtos de pós-­venda rumo aos centros produtivos e de negócios. Seja por meio do consumidor final ou pela própria rede de distribuição. Segundo Leite (2003, p. 206), o retorno de produtos ao centro produtivo ou de negócios, ou logística reversa de pós-­venda, como pode ser chamada, é definida da seguinte maneira: [...] específica área de atuação da logística reversa que se ocupa do planejamento, da operação e do controle do fluxo físico e das informações logísticas correspondentes de bens de pós-­venda, sem uso ou com pouco uso, que por diferentes motivos retornam aos diferentes elos da cadeia de distribuição direta, que constituem uma parte dos canais reversos pelos quais fluem esses produtos. Ainda segundo o mesmo autor, Leite (2003), explica que ao contrário dos bens de pós-­consumo, os bens de pós-­venda têm características que os diferem destes primeiros. São produtos que geralmente apresentam pouco uso, ou muitas vezes nem foram utilizados. Os bens de pós-­consumo são produtos que já tiveram sua vida útil esgotada, ou então, já não têm mais serventia para o consumidor que fez a primeira aquisição. Esses produtos retornam por vários motivos, sejam eles comerciais, por erro no momento da emissão do pedido, garantia, defeitos de fabricação, de funcionamento ou até por danos causados no transporte. Do ponto de vista estratégico a logística reversa de pós-­venda tem por objetivo agregar valor ao produto, reinserindo-­o na cadeia produtiva. Segundo Leite (2003) e Ballou (2000), os valores agregados aos produtos são de ordem econômica, ambiental, social, legal e de imagem corporativa.

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A partir dos conceitos apresentados, podemos afirmar que a logística reversa de pós-­venda tem por objetivo: viabilizar operacionalmente o retorno de produtos aos centros produtivos ou de negócios, agregando dentro desse processo, valor aos mesmos. Neste sentido iremos estudar do que é composta, sua classificação e fluxo reverso como funciona, para podermos entender como as organizações podem estar atendendo suas dificuldades de implantação da logística reversa de pós-­venda.

1. Canal reverso de pós-­venda A caracterização da logística reversa de pós-­venda se dá quando há a reutilização, a revenda como sub-­produto ou produto de segunda linha e a reciclagem de bens que são devolvidos pelo cliente a qualquer ponto da cadeia de distribuição por erros comerciais, expiração do prazo de validade e devolução por falhas na qualidade, ao varejista, atacadista ou diretamente à indústria (GUARNIERI, 2011). Leite (2003), denomina de logística reversa de pós-­venda a específica área de atuação da logística reversa que se ocupa do planejamento, da operação e do controle do fluxo físico e das informações logísticas correspondentes de bens de pós-­venda, sem uso ou com pouco uso, que por diferentes motivos retornam aos diferentes elos da cadeia de distribuição direta, que constituem uma parte dos canais reversos pelos quais fluem esses produtos. Esses bens na maioria das vezes podem ter suas peças ou componentes reaproveitados e reintegrados ao ciclo produtivo. O recall de produtos, por exemplo, refere-­se justamente aos problemas com validade de produtos ou a problemas observados após a venda, que são devolvidos por motivos legais ou por diferenciação de serviço ao cliente, um exemplo evidente do recall de produtos no Brasil, é das montadoras de veículos, que por vezes, solicitam aos seus clientes o retorno às concessionárias para a reposição de determinada peça (GUARNIERI, 2011). Em 1972, o Congresso norte-­americano aprovou a Lei de Segurança de Produtos ao Consumidor, a qual permite à Comissão de Segurança de Vaz & Uriona Maldonado. Logística Reversa: definições, conceitos e suas peculiaridades, 2017, p. 126..

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Produtos ao Consumidor (CSPC) estabelecer padrões obrigatórios de segurança para produtos. Por exemplo, a CSPC pode exigir de um fabricante o recolhimento (recall) de um produto para repará-­lo, substituí-­lo ou destruí-­lo. O não-­cumprimento das determinações pode significar penalidades civis ou prisão do infrator. Essas são apenas algumas ações legais públicas. Muitas empresas vêem as falhas ao gerenciar produtos defeituosos como causa principal para a perda da boa vontade do cliente em relação à empresa e para as possíveis repercussões legais. O ponto é que os riscos, para a empresa que falha, de antecipar a possibilidade de um recolhimento de produtos são mais altos do que nunca (BALLOU, 2000). Desta maneira, Guarnieiri (2011) afirma que um processo de logística reversa de pós-­venda bem gerenciado nas empresas constitui uma fonte de vantagem competitiva através da diferenciação no atendimento, que agrega valor perceptível aos clientes e, em longo prazo, os fideliza. Percebe-­se que empresas líderes no mercado procuram assumir tal atitude, focalizadas em um relacionamento de parceria entre clientes e fornecedores, que contribui para a empresa na redução de impactos ambientais e na construção de uma imagem corporativa positiva perante o mercado. Lacerda (2002) cita um exemplo, onde o fluxo reverso de produtos de pós-­ venda, também pode ser usado para manter os estoques reduzidos, diminuindo o risco com a manutenção de itens de baixo giro. Essa é uma prática comum na indústria fonográfica, pois como trabalha com grande número de produtos e lançamentos, o risco dos varejistas ao adquirirem estoque se torna muito alto. Para incentivar a compra de todo o mix de produtos, algumas empresas aceitam a devolução de itens que não tiverem bom comportamento de venda. Embora esse custo da devolução seja significativo, acredita-­se que as perdas de vendas seriam bem maiores caso não fosse adotada essa prática. Porém, Torres e Ferraresi (2012) exemplificam este canal de distribuição, como a venda industrial de materiais na forma de sucata, equipamentos usados diretamente ou através de leiloes. São vendidos bens como: ativos das empresas, matérias-­primas, insumos, móveis, utensílios, entre outros. A caraterização da logística reversa de pós-­venda acontece quando há a reutilização, a revenda como produto de segunda linha ou a reciclagem. Se Vaz & Uriona Maldonado. Logística Reversa: definições, conceitos e suas peculiaridades, 2017, p. 126..

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bem gerenciado, nas empresas constitui uma fonte de vantagem competitiva por meio da diferenciação no atendimento, que agrega valor perceptível aos clientes, muito significativo com quem trabalha com e-­commerce (OLIVEIRA, 2011). Os casos de canais reversos de materiais pós-­venda que proporcionam retorno econômico a empresa, quanto aos materiais de pós-­venda não se tem disponíveis exemplos brasileiros, pelo fato de a maioria das empresas não mensurarem esses valores, pois consideram representar uma parcela muito pequena do seu faturamento. Pode-­se citar a pesquisa de Rogers e Tibben-­ Lembke (1999, p. 5) que nos Estados Unidos, em que se estima o custo da logística reversa de pós-­venda em cerca de 4% do PIB norte-­americano, ou seja, em 35 bilhões de dólares em 1997. Para compreendermos melhor quais são os produtos de pós-­venda e como são classificados o próximo tópico trará essas informações mais detalhado.

2. Classificação dos bens de pós-­venda Os produtos de pós-­venda podem ser classificados de natureza durável, semidurável ou descartável, que devido a sua tendência e descartabilidade e rápida obsolescência, acabam gerando um grande aumento nos volumes operacionalizados pela logística reversa (LEITE, 2003;; PEREIRA, WELZEL e SANTANA, 2011). Razollini Fliho e Berté (2009, p. 94) trazem as características e conceitos de cada tipo de classificação dos bens: • Descartáveis: com uma vida útil media raramente superior a seis meses. • Semiduráveis: apresentam uma vida útil media de alguns meses, raramente superior a 24 meses. Sob a ótica da logística reversa, ora são considerados como duráveis, ora como descartáveis. • Duráveis: com vida útil media variando de alguns anos a algumas décadas. Vaz & Uriona Maldonado. Logística Reversa: definições, conceitos e suas peculiaridades, 2017, p. 126..

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Para ilustrar de maneira bem simples são exemplos clássicos da logística reversa pós-­venda os sistemas de retorno: a-­ Dos cascos de vidro (garrafas) de cervejas e refrigerantes. b-­ Dos paletes (pallets), cestos aramados (racks) e de outras embalagens retornáveis nas operações de abastecimento das montadoras pelas auto-­ peças. c-­ Dos contêineres (containers) tipo ISO de propriedade dos armadores. d-­ Dos Garrafões (galões) plásticos de água mineral. e-­ Dos Botijões de Gás Butano (GLP) usados em residências (13 Kg) e no comércio (45 Kg). f-­ As garrafas de leite, o exemplo clássico do Milk Run, com a substituição da embalagem de vidro pelo saco plástico e posteriormente pelo leite em embalagem longa vida caiu em desuso, outro exemplo são as leiteiras usadas na coleta de leite cru no sistema tradicional. g-­ Dos equipamentos para conserto ou recondicionamento. h-­ Dos equipamentos e materiais diversos para troca. i-­ Das devoluções por qualquer outra razão. Assim, como na logística reversa de pós-­consumo o produto de logística de pós-­venda traz segundo Leite (2003, p. 207) redução do ciclo de vida e a tendência a descartabilidade afetam a maioria dos produtos e provocam aumento nos volumes de modelos e tipos de transacionados e no giro de estoque nas empresas em geral, gerando o aumento nos volumes operacionalizados pela logística reversa. O tempo de retorno transforma-­se em importante fator de atenção logística, afirma Leite (2003), pelo fato da rápida obsolescência dos diversos modelos lançados no mercado de produtos, exigindo ágeis ações empresariais na liberação de espaço e no equacionamento do retorno das quantidades excedentes de estoque. A quantidade de produtos que fluem nos canais reversos de pós-­venda varia de acordo com o tipo de produto, ou seja, características de sazonalidade, ciclo de vida, giro de estoque, obsolescência,

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impacto de retorno, condições tecnológicas de remanufatura ou retorno, entre outros motivos. Após termos entendido o que é um canal de distribuição reverso de pós-­ venda, quais os seus produtos, sua classificação e exemplos de casos, o próximo tópico que iremos estudar é como ocorre o fluxo reverso de pós-­venda dentro da organização.

3. Fluxos reversos de pós-­venda Os bens de pós-­venda são aqueles que com pouco ou nenhum uso, que após o descarte, retornam aos diferentes elos da cadeia de distribuição direta. Tem como objetivo agregar valor aos fabricantes, daqueles produtos descartados por garantia/qualidade (apresentam defeitos de fabricação e/ou funcionamento, avarias no produto ou embalagens), por quantidade de estoque (representam os produtos retornados devido a erros de pedidos, liquidação de mercadoria, consignação e excesso de estoque no canal de distribuição), razões comerciais e entre outras (TORRES e FERRARESI, 2012). A figura 1 apresenta o fluxo da logística reversa de pós-­venda. Figura 1 – Fluxo da Logística reversa de pós-­venda

Fonte: Nogueira et al. (2012, p. 5).

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Para a implementação da logística reversa de pós-­venda é adotada a seguinte segmentação, afirma Leite (2003, p. 212): i) reparos, remanufatura, consertos, manutenção: caracterizam esse segmento os aparelhos de telefonia celular, informática e seus periféricos, fotografia, copiadoras, equipamentos de automação geral, equipamentos de transmissão de imagem e energia, entre outros. Este processo tem a relação empresa-­empresa-­consumidor final o que obriga ao equipamento rápido e a utilização de todos os recursos da logística reversa (adequação do projeto dos produtos, sistemas de coleta, rede logística otimizada, sistemas de informação, uso de prestadores de serviços especializados). ii) compras por catalogo e internet: as empresas deste segmento apresentam alto nível de atividade na área de logística porque o retorno além de apresentar o custo unitário elevado oferece maior risco à imagem empresarial que aqueles inerentes à cadeia logística direta deste segmento. iii) varejo tradicional geral: no Brasil ainda são poucos conhecidos os casos de boa estruturação de retorno no segmento de pós-­venda. Neste sentido, Leite, Brito e Silva (2008), afirmam que as empresas brasileiras utilizam os processos por ordem decrescente de importância, a revenda em mercado primário, a reciclagem, remanufatura e reparo, seguido dos demais processos, como ilustra a figura 2 a logística reversa de pós-­venda.

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Figura 2 -­ Categorias de retorno pós-­venda

Fonte: Leite (2003, p. 211).

Rodrigues, Pizzalato e Santos (2012) afirmam que o fluxo de retorno dos bens de pós-­venda e de pós-­consumo podem ser realizados por diferentes motivos, encaminhados para diferentes destinos e possuem sua interdependência de processo. Portanto, logística de pós-­venda deve, planejar, operar e controlar o fluxo de retorno dos produtos de pós-­venda por motivos agrupados nas classificações: qualidade, comercial e embalagem. Qualidade: Classificam-­se como devoluções por qualidade, aquelas nas quais os produtos apresentam defeitos de fabricação, avarias no produto ou na embalagem, manutenções e consertos ao longo de sua vida útil, entre outros. Esses produtos possuem três alternativas de destino a serem encaminhados: remanufatura, quando o produto pode ser reaproveitado e retornar ao ciclo de negócios, por meio do mercado primário ou secundário;; reciclagem, quando os materiais constituintes podem ser reaproveitados, retornando ao Vaz & Uriona Maldonado. Logística Reversa: definições, conceitos e suas peculiaridades, 2017, p. 126..

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ciclo produtivo;; disposição final, quando não há possibilidade de qualquer reaproveitamento. Comercial: Com relação aos motivos por causas comerciais, são destacadas as categorias de estoques, validade de produtos e recall. A categoria de estoques é caracterizada pelo retorno devido a erros de expedição, excesso de estoques no canal de distribuição, liquidação de estação de vendas, pontas de estoque, etc., que serão retornados ao ciclo de negócios pela redistribuição em outros canais, como o mercado primário e o mercado secundário. Pode acontecer também o retorno desses materiais para os fabricantes, dependendo do motivo de sua devolução e da negociação previamente acordada entre os parceiros – fabricante e varejista. Na categoria validade de produtos estão os produtos devolvidos por motivos legais, devido ao vencimento do prazo de validade. Esses produtos são encaminhados para disposição final, por não haver qualquer possibilidade de reaproveitamento dos mesmos. Embalagem: As embalagens retornáveis são encaminhadas para o estoque, retornando ao ciclo de negócios conforme a necessidade de sua utilização. As embalagens de transporte são um exemplo clássico do fluxo reverso de embalagens retornáveis, como paletes, cabides e caixas de plástico. As embalagens descartáveis são encaminhadas para a reciclagem, a fim de reaproveitar o material, retornando ao ciclo produtivo, ou são encaminhadas para a disposição final, no caso de não haver chance de reaproveitamento. Segundo Nogueira et al. (2012), a logística reversa de pós-­venda tem estratégia de agregar valor a um tipo de produto desenvolvido por razões comerciais, erros de processamento de pedidos, falha no produto, validade expirada e desistência do produto o cliente tem direito de devolução perante o código do consumidor no período de 7 dias. Esta maneira, para compreendermos melhor o processo de logística reversa como um todo, o próximo tópico trará como é realizado a disposição final dos bens de pós-­venda.

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4. Disposição final dos bens de pós-­venda A disposição final dos bens de pós-­venda acontece quando ocorre a devolução por motivo de defeito ou de problema de qualidade em geral, que requer decisão de natureza técnica em um dos elos da cadeia de distribuição direta para definir o destino dos bens devolvidos, eles podem ser dirigidos ao mercado primário, reparações e consertos, doação, desmanche, remanufatura, reciclagem industrial e disposição final. Leite (2003, p. 217 e 218) apresenta as características de cada um dos tipos de destino dos bens devolvidos: • Venda no mercado primário: os produtos de retorno, devido a ajustes de estoques nos canais de distribuição diretos, normalmente possuem condições gerais de serem reenviados ao mercado primário, ou seja, o mercado original, com a marca do fabricante e por meio de redistribuição. • Reparações e consertos: no caso de exigências dessa natureza, os produtos de retorno serão destinados as reparaóes necessárias e poderão ser comercializados no mercado primário, ou mais frequentemente no mercado secundário. • Doação: o caso de doações é normalmente um destino de produtos retornados quando existe interesse de fixação da imagem por parte do fabricante e em geral é associado a produtos com certo grau de obsolescência. Trata-­se de um caso muito comum no setor de computadores, que possuem vida media útil muito curta, mas que apresentam interesse no mesmo país ou em outros países mais necessitados. • Desmanche: o destino de desmanche ocorre quando o bem retornado apresenta-­se sem condições de funcionamento para a utilidade de projeto e existe um valor de uso em seus componentes. Essa operação é normalmente realizada por empresas que arrematam os produtos nessas condições, e os componentes são enviados ao mercado secundário de pecas ou passam por processo de remanufatura. Os

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produtos salvos em acidentes de trajetos e a destinação de peças de veículos ao mercado secundário são exemplo desta categoria de canal reverso. • Remanufatura: o processo de remanufatura ocorre quando os componentes do desmanche de bens retornados apresentam defeitos e devem ser refeitos para ser encaminhados ao mercado secundário. Muitas empresas de grande porte utilizam o sistema de desmontagem de componentes e revisão para alimentar seu mercado de peças de reposição, recuperando importantes valores. • Reciclagem industrial: da mesma maneira que os produtos de pós-­ consumo, tanto os subconjuntos quanto as partes de estrutura dos bens são comercializados com empresas especializadas na reciclagem dos materiais constituintes desses produtos. • Disposição final: não havendo nenhuma alternativa de agregar valor de qualquer natureza ao produto retornado ou de suas partes ou materiais, eles são destinados a aterros sanitários ou ao processo de incineração, dependendo das peculiaridades de casa países ou região. Sugerimos a leitura desse livro para maior compreensão dos processos e técnicas empregadas aos sistemas logísticos reversos desde sua origem até sua destinação final. GUARNIERI, P. Logística Reversa: em busca do equilíbrio econômico e ambiental. Recife: Ed. Clube dos Autores, p. 307, 2011.

Considerações finais Neste estudo, foi possível compreender que o processo de logística reversa pode acontecer em duas áreas de atuação, o de pós-­venda e pós-­ consumo. Foi focado especificamente neste estudo no processo de logística reversa de pós-­venda.

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O processo de logística reversa de pós-­venda consiste na devolução ou entrega de bens que estão com defeitos Diferente do processo de logística reversa de pós-­consumo, o processo de logística de pós-­venda deve-­se planejar, operar e controlar o fluxo de retorno dos produtos, por motivos agrupados nas classificações de qualidade, comercial e embalagem. O fluxo da logística reversa de pós-­venda se inicia com matéria-­prima, fabricação, destinação, varejo e consumidor, forma-­se o processo de pós-­ venda que os produtos voltam ao processo a partir da coleta, distribuição reversa, seleção e destino (essa etapa pode ir para fabricação e/ou varejo, ou ir diretamente

para

desmanche,

reuso

ou

reciclagem

industrial)

e

consequentemente volta novamente para o mercado secundário. Foi possível entendermos que produtos de pós-­venda, são classificados em três grandes grupos, os produtos descartáveis (validade menos de seis meses), semiduráveis (validade mais de 24 meses) e os duráveis (validades de anos ou décadas). E por último, verificamos a disposição final dos bens de pós-­venda que são dirigidos ao mercado primário, reparações e consertos, doação, desmanche, remanufatura, reciclagem industrial e disposição final.

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Referências BALLOU, R. H. et al. Gerenciamento da cadeia de suprimentos. Porto Alegre: Bookman, 2000. GUARNIERI, P. Logística Reversa: em busca do equilíbrio econômico e ambiental. Recife: Ed. Clube dos Autores, p. 307, 2011. LACERDA, L. Logística reversa: uma visão sobre os conceitos básicos e as práticas operacionais. Revista de Tecnologística. São Paulo: Ano VI, n. 74, Jan., 2002. LEITE, P. R. Logística reversa: meio ambiente e competitividade. São Paulo: Prentice Hall, 2003. LEITE, P. R.;; BRITO, E. P. Z.;; SILVA, A. Hábitos empresariais brasileiros em logística reversa. In: XI Simpósio de Administração da Produção, Logística e Operações Internacionais, São Paulo, 2008. NOGUEIRA, B. B. et al. Análise da logística reversa de pós-­consumo – ponto forte da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), 2012. In: II Congresso Brasileiro de Engenharia de Produção, Ponta Grossa, 2012. OLIVEIRA, R. L. Logística reversa: a utilização de um sistema de informações geográficas na coleta seletiva de materiais recicláveis, 2011, 152 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção), Universidade Federal de Itajubá, Itajubá, 2011. PEREIRA, A. S.;; WELZEL, A.;; SANTANA, D. V. M. Logística reversa aplicada a resíduos eletroeletrônicos: estudo de caso, 2011. In: VIII Congresso Virtual Brasileiro de Administração, 2011. RAZZOLINI FILHO, E.;; BERTÉ, R. O reverso da logística e as questões ambientais no Brasil. Curitiba: Editora Ibpex, 2009. RODRIGUES, G. G.;; PIZZOLATO, N. D.;; SANTOS, V. P. Logística reversa dos produtos de pós-­venda no segmento de lojas de departamento, 2004. In: XVIII Congresso de Pesquisa e Ensino em Transportes, Florianópolis, 2004. ROGERS, D. S., TIBBEN.LEMBKE, R. S. Going Backwards: Reverse Logistics Trends and Practices. Reno, University of Nevada: 1999. TORRES, C. A. L.;; FERRARESI, G. N. Logística reversa de produtos eletroeletrônicos. RevInter-­ Revista Intertox de Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade, v. 5, n. 2, p. 159-­ 210, 2012.

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CAPÍTULO 5: Características Econômicas na Logística Reversa de Pós-­Consumo Introdução Como já vimos e discutimos, a logística reversa traz as empresas algumas vantagens, como por exemplo, a redução de custos pela recuperação de produtos por meio do descarte adequado dos materiais usados. Como o caso dos equipamentos os equipamentos eletrônicos, que, normalmente, têm vida útil bastante curta, devido ao acelerado avanço tecnológico. Seus componentes, no entanto, podem ser reutilizados. Os sinais de descarte tornam-­se a cada dia mais evidentes, afirma Muller (2005). Índices de descarte de alguns produtos comprovam na pratica o motivo da preocupação. A produção de plástico no mundo, por exemplo, cresceu de 6 milhões de toneladas em 1960, para 120 milhões de toneladas em 2000. Anualmente são descartados por ano nos EUA cerca de 1 milhão de automóveis. No Brasil não é diferente. Os sinais de descarte estão presentes e crescem a cada ano. Calcula-­se que no ano 2000 tínhamos 10 bilhões de latas de alumínio e mais 13 bilhões de garrafas pet. O descarte também pode ser visto através da quantidade de lixo produzida pelos grandes centros urbanos. São Paulo produzia em 1985, 4.450 toneladas de lixo por dia, este número subiu para 16.000 toneladas por dia em 2000. Desta forma, a competição de mercado tem levado as empresas a desenvolverem o processo de recuperação de produtos objetivando evitar que terceiros tomem ciência sobre sua tecnologia de produção ou, até mesmo, para afastar a possibilidade de surgimento de novos competidores no mercado, situação que pode levar a redução do faturamento. Um exemplo, são as empresas de telefonia móvel situadas no Brasil, que por meio de suas revendas, oferecem a troca d aparelho telefônico usado por um novo, pagando o cliente somente a diferença de preço entre os aparelhos (LEITE, 2003).

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Segundo o CLM (1993), a estruturação de um canal de distribuição reverso para o reaproveitamento de metais ferrosos e não ferrosos, papéis e gorduras de restaurantes foi realizada devido aos ganhos apresentados aos agentes envolvidos. Algumas empresas estão praticando o processo de recuperação de produtos para prevenir-­se contra futuras imposições governamentais. Deste modo, não estarão despreparadas ao ter que cumprir alguma lei, e, consequentemente, não irão efetuar gastos inesperados para atender às exigências impostas. Conforme menciona STOCK (1998), toda empresa, independentemente do ramo, tamanho, tipos de produtos ou localização geográfica, pode beneficiar-­se do planejamento, implementação e controle de atividades da Logística Reversa, mesmo que não haja imposição governamental. Desta maneira, este capítulo trará as questões de como as empresas podem estar realizando objetivos econômicos nos canais reversos de pós-­ consumo para aumentar sua competitividade no mercado.

1. Objetivo Econômico na Logística Reversa de Pós-­Consumo O objetivo econômico na implantação da logística reversa de pós-­consumo pode ser entendido como a motivação para a obtenção de resultados financeiros por meio de economias obtidas nas operações industriais, principalmente pelo aproveitamento de matérias-­primas secundarias, provenientes dos canais reversos de reciclagem, revalorização mercadológicas nos canais reversos de reuso e remanufatura (LEITE, 2003). Penman e Stock (1995) trazem que a historia e as pesquisas realizadas em diversos países demonstram que os canais de distribuição reversos se organizam e se estruturam, apresentando relação eficiente e equilibradas entre o fluxo reverso de materiais e produtos e a disponibilidade de bens de pós-­ consumo correspondentes, em função do ato de seus agentes da cadeia reversa encontradas nas diversas etapas, resultados financeiros compatíveis com suas necessidades, empresas ou trabalhadores isolados. Vaz & Uriona Maldonado. Logística Reversa: definições, conceitos e suas peculiaridades, 2017, p. 126..

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CLM (1993) afirma que, devido á própria natureza do mercado, muitos canais reversos se desenvolveram sem mesmo a necessidade de uma legislação ou fatores ecológicos e sociais que o motivassem a tal processo. A consolidação desses mercados de fluxo reverso, já existentes há muito tempo em muitos países, se deu às condições essenciais para a consecução e o desenvolvimento, e os efetivos ganhos proporcionais aos agentes envolvidos. São os casos, por exemplo, dos metais ferrosos e não ferrosos, papeis, lubrificantes automotivos, entre outros. No entanto, Leite (2003) salienta que uma cadeia de distribuição reverso, constituída pela coleta dos pós-­consumo, pelos processamentos diversos de consolidação e separação, pela reciclagem ou remanufatura industrial, pela reintegração ao ciclo produtivo ou de negócios por meio de produto aceito pelo mercado, torna-­se necessário que esses objetivos econômicos sejam obtidos em todas as etapas reversas para a existência do fluxo reverso (conforme mostra a figura 1). A falta de ganho um ou em alguns elos da cadeia reversa provocara interrupção ou simplesmente não haverá fluxo reverso, resultando em desequilíbrio entre os fluxos diretos e reversos e suas consequências. Figura 1 – Canal reverso de pós-­consumo

Fonte: Muller (2005, p. 3).

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Este canal de distribuição reversa tem sido utilizado há bastante tempo por fabricantes de bebidas, que precisam retornar suas embalagens, a fim de reutilizá-­las. Siderúrgicas já usam parte da sucata produzida por seus clientes com insumo de produção. O retorno de latas de alumínio se torna cada vez mais um negócio rentável, e as indústrias procuram inovar os métodos de proceder com o retorno destas embalagens. Um outro canal de logística reversa de pós-­consumo tem se tornado necessário, o retorno de produtos altamente nocivos ao meio ambiente. Embalagens de agrotóxicos, pilhas, baterias assim como produtos utilizados em pesquisas laboratoriais. Estes produtos contêm compostos químicos tóxicos e compostos químicos radioativos, e nestes casos o perigo, na falta de uma cadeia reversa de recolhimento, é iminente. O retorno de equipamentos tecnológicos tem se mostrado um novo e lucrativo setor. Peças e equipamentos podem ser reutilizados, dentre outras coisas se encontram minérios de alto valor agregado, como cobre, prata e ouro (MULLER, 2005). Para compreendermos melhor como ocorre dentro das empresas o objetivo econômico da logística reversa de pós-­consumo, o próximo tópico trará com maiores detalhes o processo dos canais reversos de reciclagem, reuso e remanufatura.

2. Objetivo Econômico nos Canais Reversos de Reciclagem Uma das principais questões é a da reciclagem dos resíduos sólidos. O mundo possui sofisticados canais para matérias primas e produtos acabados, porém deu-­se pouca atenção para a reutilização destes materiais de produção. É geralmente mais barato usar matérias primas virgem do que material reciclado, em parte pelo pouco desenvolvimento dos canais de retorno, que ainda são menos eficientes do que os canais de distribuição de produtos (BALLOU, 1993. p.348). O principal objetivo de um canal reverso de reciclagem é reintegrar os materiais constituintes dos bens de pós-­consumo, seja como substitutos de matérias-­primas primarias na fabricação de outras matérias-­primas, afirma

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Leite (2003). Como exemplo, esta a sucata de ferro que entra na fabricação da matéria-­prima do ferro e do aço, seja na fabricação de outros produtos, como, por exemplo, na fabricação de um artefato de plástico pela indústria de transformação do plástico. Razzolini Filho e Berté (2009, p. 102) trazem os aspectos econômicos importantes para a reciclagem dos produtos nas empresas: a) A demanda existente no mercado por materiais reciclados;; b) Os custos envolvidos no processo – coleta (transporte), separação, armazenagem e revalorização (preparação do material antes do processamento, inclusive a limpeza);; c) Os custos de processamento (transformação);; d) As quantidades de materiais disponíveis (o volume é essencial para garantir economias de escalas);; e) As distancias entre a fonte geradora e o local de reciclagem, em função dos custos de transporte envolvidos para produtos de baixo valor agregado;; f) As facilidades logísticas necessárias para o suporte operacional (armazéns, equipamentos de movimentação, etc.);; g) As características e aplicações do resultado da reciclagem (produto). Neste contexto, a economia de revalorização nos canais reversos de reciclagem esta dividido em duas: economias obtidas com o diferencial de preços entre a matéria-­prima primaria e secundaria, e economia obtida com a redução no consumo de insumos. A seguir será detalhada cada uma delas com suas principais características. • Economias obtidas com o diferencial de preços entre as matérias-­ primas primarias e secundarias Leite (2003) explica que com as variações e algumas peculiaridades próprias a cada canal de distribuição reverso, o preço do material reciclado

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será formado pelo encadeamento de suas diversas etapas de comercialização ao longo da cadeia reversa: a) Etapa da coleta Custo da coleta (Cc) = Cp (custo de posse) + Cb (custo de beneficiamento inicial) Preço de venda ao sucateiro = Cc + Lc (lucro do coletor) b) Etapa do sucateiro Custo para sucateiro = Cc + Lc + Cs (custo próprio) Preço de venda do sucateiro = Cc + Lc + Cs + Ls (lucro do sucateiro) c) Etapa da reciclagem Custo do reciclador = Cc + Lc + Cs + Ls + Cr (custo próprio) Preço de venda do reciclador = Cc + Lc + Cs + Ls + Cr + Lr (lucro do reciclador) Portanto, pode-­se identificar que o preço de um material reciclado é formado pela soma dos diversos custos somados e dos lucros dos diversos agentes que intervêm nas etapas do canal reverso, desde a primeira posse do pós-­consumo até sua reintegração ao ciclo produtivo (LEITE, 2003). Eventuais subsídios ou impostos de varias naturezas nas etapas do canal reverso estarão incluídos nos custos dessas diversas etapas. Penman e Stock (1995) salientam que para materiais comercialmente recicláveis e em condições normais de mercado, o preço do material reciclado deve-­se manter abaixo da matéria-­prima que substitui, permitindo o interesse em sua utilização.

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• Economias obtidas com a redução no consumo de insumos A substituição das matérias-­primas virgens por reciclados permite a economia na quantidade de energia elétrica, economia de componentes que entram na composição da matéria-­prima virgem e economia na diferença entre matéria-­prima secundaria e primária. A seguir iremos tratar de cada uma com maior detalhamento. a) Economia na quantidade de energia elétrica, energia térmica e outras modalidades de energia utilizadas na fabricação, pelo fato de essas energias já terem sido gastas na primeira fabricação do material. Como exemplo dessa economia, Leite (2003) traz o material alumínio, por apresentar um conteúdo muito alto em energia elétrica na fabricação do alumínio primário, economizando quando se utiliza o alumínio secundário ou reciclado. De acordo com dados da Abal (Associação Brasileira do Alumínio) a produção de alumínio primário consomo 15 KWh/kg de energia elétrica, enquanto a fundição do alumínio para obtenção dos lingotes reciclados consome 0,75 KWh/kg, ou seja, há uma economia de 95% em energia elétrica. Os valores dessas economias são expressivos e justificam em grande parte o sucesso das cadeias reversas desse material. Em geral, os metais apresentam economias expressivas pelo conteúdo de energia elétrica. b) Economia de componentes que entram na composição da matéria-­prima virgem Diversas são as econômicas de componentes obtidas pela substituição de matérias-­primas virgens por reciclados, dentre as quais se destacam as obtidas pelo uso de ligas de determinados materiais em ciclos reversos fechados que permitem expressivas economias. Os exemplos da loga de chumbo utilizada nas baterias de veículos e da liga de alumínio utilizada nas latas de alumínio para embalagem de bebidas são características desse tipo de economia de componentes (LEITE, 2003).

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c) Economias obtidas pela diferença entre os investimentos em fabricas de matérias-­primas e de matérias-­primas recicladas Os investimentos em fabricas de matérias reciclados são menores que os correspondentes em fabricas de matérias-­primas primarias, tornando-­se fonte de economia de custos importantes. Leite (2003, p. 112) cita um exemplo do caso do alumínio, em que o investimento e uma fabrica nova é da ordem de 5 mil dólares por tonelada produzida, enquanto que o investimento em uma fabrica de reciclagem é da ordem de 350 dólares por tonelada produzida. Após termos entendido como ocorrem os objetivos econômicos nos canais reversos de reciclagens, o próximo tópico que iremos estudar é como acontece a economia nos canais reversos de reuso.

3. Objetivo Econômico nos Canais Reversos de Reuso Os canais reversos de reuso é de grande relevância, pois realizam a revalorização de produtos e componentes, apresentando elevado interesse para a logística reversa e certamente é muito variável de um caso para outro (LEITE, 2003). Leite (2003) explica que o diferencial de preço obtido no comércio secundário desses bens justifica um comércio importante de veículos e de seus componentes, de máquinas operatrizes e seus componentes, de computadores e seus componentes, de copiadoras e seus componentes, de reutilização de embalagens, entre outros exemplos. Ainda, existem os fatores puramente econômicos, extremamente importantes como as molas mestras motoras para a implantação da logística reversa e a consequente organização e estruturação dos canais de distribuição reversos de pós-­consumo (LEITE, 2003). A realização efetiva dos resultados econômicos aqui mencionados, esta condicionada a existência simultânea de outros fatores. O próximo tópico trará como ocorre o objetivo econômico nos canais reversos de remanufatura.

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4. Objetivo Econômico nos Canais Reversos de Remanufatura As cadeias reversas de remanufatura de pós-­consumo já existem há muito tempo e tem hoje um papel fundamental, visto pela grande maioria das empresas como uma oportunidade de grande economia e rentabilidade no processo produtivo e na montagem ou fabricação do produto final. Seu objetivo no canal reverso é reintroduzir parte de um produto – denominado de “core” ou “carcaça”, como motores elétricos em geral, e cartuchos de impressoras – na linha produtiva industrial, em substituição a componentes novos, mantendo as mesmas características físicas, tecnológicas, qualitativas e funcionais de um produto inteiramente novo. Mesmo as partes que não são inteiramente aproveitadas podem ser recicladas e, muitas vezes, se tornam elementos acrescidos ao mesmo produto remanufaturado, reduzindo lhe ainda mais o custo e tornando seu preço mais competitivo, o que explica os altos retornos financeiros e a grande quantidade de produtos e componentes em transação (LEITE, 2003). Sugerimos a leitura desse livro para maior compreensão da economia voltada para as questões ambientais e como se introduz a logística reversa. Thomas, J. M.;; CALLAN, S. J. Economia Ambiental. São Paulo: Cengage Learning Edições, 2010.

Considerações finais Neste capítulo, foi possível compreender que o processo de logística reversa para ser implantando nas organizações deve ter alguns objetivos econômicos e que os seus canais reversos são constituído de reciclagem, reuso e remanufatura. Contudo, o objetivo econômico da implantação da logística reversa de pós-­ consumo pode ser entendido como a possibilidade de revalorização financeira do produto de pós-­consumo por meio do reaproveitamento de seus materiais Vaz & Uriona Maldonado. Logística Reversa: definições, conceitos e suas peculiaridades, 2017, p. 126..

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constituintes e das economias advindas de sua utilização, bem como da revalorização dos produtos em condições de uso diretamente e após a remanufatura, como explicou o autor Leite (2003). Consequentemente, podemos verificar que as economias nos canais de reciclagem provem da substituição das matérias-­primas virgens por matérias-­ primas secundarias ou também chamadas de “recicladas”, que normalmente apresentam preços menores e exigem menores quantidades de insumos energéticos para sua fabricação. A essas economias somam-­se aquelas devidas a diferença de investimentos entre fabrica para a produção de matérias-­primas primarias e fabricas para a produção de matérias-­primas secundarias, que geram menores custos de depreciação. Já a economia nos canais de reusos acontece pela reutilização dos produtos, seja pelo processo ou pela utilização no varejo (mercado), pois realizam a revalorização de produtos e componentes. E nos canais reversos de remanufatura a economia ocorre pela reintrodução de parte de um produto na linha produtiva industrial, em substituição a componentes novos, mantendo as mesmas características físicas, tecnológicas, qualitativas e funcionais de um produto inteiramente novo.

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Referências BALLOU, R. H. Logistica Empresarial. São Paulo: Atlas, 1993. CLM – Council of Logistics Management. Reuse and Recycling Reverse Logistics Opportunities. Illinois, Council of Logistics Management, 1993. LEITE, P. R. Logística reversa: meio ambiente e competitividade. São Paulo: Prentice Hall, 2003. MUELLER, C. F. Logística Reversa meio ambiente e produtividade. Estudos Realizados. Grupo de Estudos Logísticos. Universidade Federal de Santa Catarina, 2005. Disponível em: http://www.empresaresponsavel.com/aulas/logistica_texto_meioambiente.pdf. Acesso em 24 de março de 2015. PENMAN, I.;; STOCK, J. R. Environmental issues in logistics. In: Contemporary issues in logistics, 1995. RAZZOLINI FILHO, E.;; BERTÉ, R. O reverso da logística e as questões ambientais no Brasil. Curitiba: Editora Ibpex, 2009. STOCK, J. R. Development and Implementation of Reverse Logistics Programs. Oaks Brook, IL, Council of Logistics Management Books, 1998.

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CAPÍTULO 6: Legislação para Logística Reversa Introdução Nos dias de hoje, quem vive em áreas urbanas produz, em média, 1 quilo de lixo por pessoa/ano. Estão inclusos materiais que são tirados da natureza, como papéis, plástico, vidro e alumínio, e podem muito bem ser reaproveitados – em vez de serem simplesmente jogados em aterros sanitários e se transformar em poluição (MENEGUEÇO, 2007). O Reaproveitamento dos resíduos sólidos diminui a poluição do meio ambiente, das águas, ar e solos, a vida útil dos aterros sanitários aumenta, pois minimiza a quantidade de dejetos a serem depositados. Educação Ambiental: a educação vem desde o berço, através de exemplos como: separar o lixo orgânico do lixo reciclável, com este pequeno gesto pode preservar a natureza e diminuir os impactos ambientais. Segundo NOGUEIRA (2008) a mudança nos hábitos de consumo, impulsionou cada vez mais a criação de novas necessidades, gerando assim por consequência o aumento na produção, aliado a isso maior consumo e aumento no descarte de produtos. Com a crescente preocupação ecológica, canais reversos de distribuição vêm se reestruturando, com a finalidade de solucionarem o problema quanto ao aumento na quantidade de produtos descartado no meio ambiente. Estes excedentes em quantidades tornam-­se visíveis em aterros sanitários, em lixões, em locais abandonados, em rios ou córregos. Esta nova vertente de preocupação – a “Sensibilidade Ecológica” – converte-­se em mais um importante fator de incentivo e necessidade social que deverá impulsionar a estruturação e organização das sociedades para os Canais de Distribuição Reversos de pós-­ consumo e pós-­venda. A palavra “reciclar” está cada vez mais presente nas embalagens dos produtos que consumimos. Com a vida moderna e corrida que as pessoas levam, acabam não prestando se quer atenção nas notícias, reportagens, Vaz & Uriona Maldonado. Logística Reversa: definições, conceitos e suas peculiaridades, 2017, p. 126..

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propagandas sobre reciclagem, que reciclar gera emprego, moradia, sustentabilidade e principalmente a preservação do meio ambiente. Desta forma, neste capítulo vamos mostrar, como esta sendo introduzida a logística reversa nas legislações brasileiras e no exterior.

1. Legislação de Logística Reversa no Brasil No Brasil não existe nenhuma lei ou regulamento especifico que trate apenas da Logística Reversa, o que existe são legislações estaduais e municipais no Brasil que tratam especificamente de resíduos sólidos, através da logística reversa (IPEA, 2012). A Lei nº 12.305 de 2 de agosto de 2010, que trata da Politica Nacional de Resíduos Sólidos, dispondo sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluídos os perigosos, às responsabilidades dos geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos aplicáveis. A Lei 12.305 de 2 de agosto de 2010, traz uma definição de logística reversa no Capítulo II no Art. 3º para os efeitos desta Lei, entende-­se por: Inciso XII -­ logística reversa: instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada.

Esta Lei ainda salienta no: Art. 33. São obrigados a estruturar e implementar sistemas de logística reversa, mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de: I -­ agrotóxicos, seus resíduos e embalagens, assim como outros produtos cuja embalagem, após o uso, constitua resíduo perigoso, observadas as regras de gerenciamento de resíduos

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perigosos previstas em lei ou regulamento, em normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama, do SNVS e do Suasa, ou em normas técnicas;; II -­ pilhas e baterias;; III -­ pneus;; IV -­ óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens;; V -­ lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista;; VI -­ produtos eletroeletrônicos e seus componentes.

O Decreto n º 7.404 de 23 de dezembro de 2010 traz o Comitê Orientador para Implantação de Sistemas de Logística Reversa, tem a finalidade de: -­ Estabelecer a orientação estratégica da implementação de sistemas de logística reversa;; -­ Definir prioridades e fixar o cronograma para lançamento de editais com propostas dos acordos setoriais, para a implementação de sistemas de logística reversa;; -­ Aprovar estudos de viabilidade técnica e econômica;; -­ Definir diretrizes metodológicas para avaliação dos impactos social e econômicos dos sistemas de logística reversa;; -­ Revisão dos acordos setoriais, e dos termos de compromisso;; -­ Propor medidas visando incluir nos sistemas de logística reversa os produtos e embalagens adquiridas diretamente de empresas não estabelecidas no País. O Instituto de Pesquisa de Economia Aplicada (IPEA, 2012) apresenta o Quadro 1 às normas técnicas brasileiras relativas aos resíduos sólidos e também outros documentos que buscam estabelecer procedimentos para o gerenciamento dos resíduos do sistema da logística reversa.

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Quadro 1 – Normas técnicas brasileiras Norma

Descrição

ABNT/NBR 10.004/2004

Resíduos sólidos – classificação

ABNT/NBR 10.007/2004

Amostragem de resíduos sólidos

ABNT/NBR 17.505-­5/2006

Armazenamento de líquidos inflamáveis e combustíveis – operações

ABNT/NBR 12.235/1992

Armazenamento de resíduos sólidos perigosos

ABNT/NBR 13.463/1995

Coleta de resíduos sólidos

ABNT/NBR 7.503/2005

Ficha de emergência e envelope para o transporte terrestre de produtos perigosos

ABNT/NBR 9.735/2005

Conjunto de equipamentos para emergências no transporte terrestre de produtos perigosos

ABNT/NBR 13.221/2007

Transporte terrestre de resíduos

Portaria da ANP nº 20/2009

Estabelece os requisitos necessários à autorização para o exercício da atividade de coleta de óleo lubrificante usado ou contaminado e a sua regulação

Portaria ANP nº 19/2009

Estabelece os requisitos necessários à autorização para o exercício de refino de óleo lubrificante usado ou contaminado e a sua regulação

Instrução

Normativa

IBAMA nº 3/2010

do Institui os procedimentos complementares relativos ao controle, fiscalização, laudos físico-­químicos e analises necessários ao cumprimento da Resolução do Conama nº401, de 4 de novembro de 2008, relativo a pilhas e baterias

Instrução

Normativa

IBAMA nº 1/2010

do Institui no âmbito do IBAMA, os procedimentos necessários ao cumprimento da Resolução do Conama n° 416/2009 pelos fabricantes e importadores de pneus novos, sobre coleta e destinação final de pneus inservíveis

Fonte: IPEA, 2012.

O Quadro 2 apresenta os instrumentos relacionados aos resíduos do sistema da logística reversa e os respectivos estados.

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Quadro 2 -­ Normas de resíduos do sistema da logística reversa por estados Estado

Documento

Regulamentação

Mato Grosso

Lei nº 8.876/2008

Dispõe

sobre

coleta,

reutilização,

reciclagem,

tratamento e disposição final do lixo tecnológico Minas Gerais

Lei nº 13.766/2000

Atribui ao Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam) a competência de estabelecer normas para o recolhimento, reutilização e reciclagem de resíduos especiais

Lei nº 12.493/1999

Estabelece alguns princípios para a gestão de resíduos sólidos no estado

Lei nº 15.851/2008 Paraná

Obriga as empresas produtoras e distribuidoras que comercializam equipamentos de informática a criarem e manterem um programa de recolhimento, reciclagem e destruição destes equipamentos sem causar poluição ambiental

Pernambuco

Rio de Janeiro

Decreto

nº Regulamenta a Lei nº 12.008/2001 e menciona o lixo

23.941/2002

tecnológico

Lei nº 5.131/2007

Torna obrigatório que os estabelecimentos situados no estado do Rio de Janeiro que comercializem lâmpadas fluorescentes coloquem à disposição dos consumidores lixeira para sua coleta quando descartadas ou inutilizadas e dá outras providências

Lei nº 2.011/1992

Dispõe sobre a obrigatoriedade da implementação de programa de redução de resíduos

Santa Catarina

Lei nº 11.347/2000

Regulamenta sobre a coleta, o recolhimento e o destino final de resíduos sólidos potencialmente perigosos

Lei nº 6.834/2001

Dispõe sobre a responsabilidade da destinação de lâmpadas usadas, no estado do Espírito Santo

Espírito Santo

Lei nº 14.364/2008

Responsabilização

pós-­consumo

do

fabricante,

importador e empresas que comercializem produtos e respectivas embalagens ofertadas ao consumidor final Lei nº 10.888/2001

Dispõe

sobre

o

descarte

final

de

produtos

potencialmente perigosos do resíduo urbano que São Paulo

contenham metais pesados. Lixo tóxico Portaria CAT nº 60 de Altera a Portaria CAT nº 81/1999 que disciplina o procedimento de coleta, transporte e recebimento de

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4 de agosto de 2000

óleo lubrificante usado ou contaminado

Resolução da SMA nº Estabelece a relação de produtos geradores de 24/2010

resíduos de significativo impacto ambiental para fins do disposto no Artigo 19 do Decreto Estadual nº 54.645 de 5 de agosto de 2009 que regulamenta a Lei Estadual nº 12.300 de 16 de março de 2006 e dá providencias correlatas

Resolução da SMA nº Altera Resolução da SMA nº 24/2010 altera os Artigos 131/2010

2º, 3º, 4º e 5º e acrescenta o Artigo 5ºA, a Resolução da SMA nª 24, de 30 de março de 2010, que estabelece a relação de produtos geradores de resíduos de significativo impacto ambiental no estado de São Paulo

Rio Grande do Lei nº 11.187/1998

Estabelece normas para o descarte de pilhas, baterias e

Sul

lâmpadas fluorescente que contenham mercúrio, proibindo a disposição em depósitos públicos de resíduos sólidos e sua incineração

Fonte: IPEA, 2012.

O Quadro 3 apresenta os instrumentos relacionados aos resíduos do sistema da logística reversa e os respectivos municípios. Quadro 3 -­ Normas de resíduos do sistema da logística reversa por municípios Munícipios

Instrumentos

Descrição

Campinas – SP

Lei nº 11.294/2002

Proíbe

a

disposição

de

lâmpadas

fluorescentes, que utilizam mercúrio metílico e similares em aterros sanitários Americana – SP

Lei nº 3.578/2001

Dispõe sobre a responsabilidade da destinação de pilhas, baterias e lâmpadas usadas e dá outras providencias

Ibiúna – SP

Lei nº 658/2001

Dispõe sobre a coleta seletiva e reciclagem de lixo

Barueri – SP

Lei nº 1417/2004

Dispõe

sobre

a

responsabilidade

da

destinação de pilhas, baterias e lâmpadas usadas e dá outras providencias

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Lei nº 12.653/1998

Fixa normas para o descarte de lixos como lâmpadas fluorescentes e dá providencias

São Paulo – SP

Lei nº 15.121/2010

Dispõe sobre a destinação de resíduos contendo sobras de tintas, vernizes e solventes

Caxias do Sul – RS

Lei nº 5.873/2002

Disciplina o descarte e o gerenciamento adequado de pilhas, baterias e lâmpadas usadas

Foz do Iguaçu -­ PR

Lei nº 2.702/2002

Dispõe sobre a coleta, o recolhimento e o destino

final

de

resíduos

de

sólidos

potencialmente perigosos que a lei menciona Nova Prata -­ RS

Lei nº 4.776/2002

Disciplina o descarte e o gerenciamento adequado de pilhas, baterias e lâmpadas usadas e dá outras providências

Nova Friburgo – RJ

Lei nº 3.172/2002

Cria normas e procedimentos para o serviço de coleta, reciclagem e disposição final de lâmpadas fluorescentes e outros produtos contendo mercúrio

Belo Horizonte – Lei nº 8.357/2002

Institui o Programa Seletiva de Resíduos

MG

Controlada por Produtos e dá outras providencias

Curitiba – PR

Lei nº 13.509/2010

Dispõe sobre o tratamento e a destinação final diferenciada de resíduos especiais que especificados pela lei e de outras providências correlatas

Decreto nº 8.747/2011

Cria comitê municipal para gestão de resíduos sólidos com a atribuição de estrutura a implementação

das

políticas

nacionais,

estadual e municipal de resíduos sólidos

Florianópolis – SC

Lei Complementar nº Institui a política municipal de coleta seletiva 398/2010

de resíduos sólidos, cria o conselho gestor e de outras providências

Fonte: IPEA, 2012.

No Brasil, conforme Revista Mundo Logístico na sua edição digital em 28 de março de 2012, informa que a implantação da logística reversa no país Vaz & Uriona Maldonado. Logística Reversa: definições, conceitos e suas peculiaridades, 2017, p. 126..

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deverá ocorrer, no mínimo, até 2015. Dentro da política nacional de resíduos sólidos, a LR prevê o retorno para a indústria de materiais como eletroeletrônicos e pneus. A lei prevê a punição para os envolvidos na cadeia logística mediante o não cumprimento da nova política. A Política Nacional dos Resíduos Sólidos (BRASIL, 2010) reforçou a necessidade da preocupação ambiental, social e econômica dos resíduos sólidos, incentivando a adequação do tratamento e disposição, bem como intensificando a importância da coleta pelas cooperativas de catadores. Entre as novidades está à inserção da logística reversa como um dos instrumentos dessa política (artigo 3º) e a obrigatoriedade de gerenciamento dos resíduos gerados pós-­ consumo (artigos 32º e 33º), tanto para fabricantes, distribuidores e vendedores, de modo a oferecer um destino ambientalmente sustentável. Essa medida é válida para os materiais agrotóxicos, as pilhas, baterias, pneus, óleo, lubrificantes, lâmpadas e eletroeletrônicos. Nogueira (2008) explica que existem pontos importantes na rede de recuperação destes produtos e materiais, ressaltam-­se os de suma importância: i) Coleta, ii) Inspeção, iii) Reprocessamento, iv) Disposição e v) Redistribuição. Neste sentido, a legislação determina que as pessoas façam a separação doméstica nas cidades onde há coleta seletiva. Com as proposta dessa Lei, os catadores e a indústria de reciclagem devem receber incentivos da União. Além disso, os municípios só receberão recursos do governo federal para projetos de limpeza pública e manejo de resíduos depois de aprovarem planos de gestão se adotar algumas medidas indicadas nessa regulamentação. É importante nós refletirmos que é necessário um prazo de adaptação para que as empresas possam empregar tais medidas e não sofrer penalidades. Nesse sentido, fica proibida a destinação dos resíduos orgânicos e, lixões, exigindo que as municipalidades façam uma adequação do sistema de coleta de resíduos domiciliares em aterros sanitários próprios ou consorciados. Por outro lado, também não será permitida a entrada e a existência de catadores em lixões. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, a produção diária de lixo nas cidades brasileiras chega a 150 mil toneladas. Deste total, 59% vão para lixões e apenas 13% são reaproveitados. O Vaz & Uriona Maldonado. Logística Reversa: definições, conceitos e suas peculiaridades, 2017, p. 126..

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ministério informou ainda que Orçamento de 2011 prevê R$ 1 bilhão para financiamentos e incentivos do governo a reciclagem. Além disso, a Caixa Econômica Federal terá R$ 500 milhões disponíveis em crédito para cooperativas de catadores e projetos que tratam de manejo de resíduos (MMA, 2010).

2. Legislação de Logística Reversa no Exterior Na Alemanha surgiu em 1991 à regulamentação chamada Packaging Ordinance (Rogers e Timbem-­Lembke, 1999), a qual estabelece alguns pontos importantes, como: a) Embalagens para transporte (paletes) e secundárias (caixas de papelão unitizados) devem ser obrigatoriamente recicladas e reutilizadas;; b) Embalagens primárias devem também ser reutilizadas, ou a indústria deve reciclar conforme regulamento estatal;; c) Existe a necessidade de depósitos específicos para embalagens de bebida, tinta e detergentes. Diante desta demanda imposta pelos governos 400 empresas alemãs criaram uma associação chamada de DSD (Duales System Deutschland), a qual estabeleceu três regras: a)

Licencia fabricantes de embalagem participantes do programa a utilizarem o Green Dot;;

b)

Firmou contrato com empresas particulares e municipais para recolher embalagens com a marca do Green Dot;;

c)

Realizou uma série de acordos com a indústria de modo a garantir que o material reciclado tenha mercado consumidor.

O material é coletado dos consumidores e enviado a empresas para processamento. Tanto quanto possível o material é utilizado para fazer uma nova embalagem ou é reciclado tornando-­se matéria prima. Outros produtos são utilizados como fonte de energia ou até exportados para outros países. Vaz & Uriona Maldonado. Logística Reversa: definições, conceitos e suas peculiaridades, 2017, p. 126..

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Verificou-­se que o programa DSD foi um sucesso, pois em 1997 a Alemanha estava reciclando 86% de suas embalagens, em comparação no mesmo período os Estados Unidos da América reciclavam apenas 25%. Mesmo assim surgiram criticas ao programa, uma delas é que ele é muito caro, e este custo é repassado ao consumidor final. De qualquer forma o programa foi tão bem estruturado e executado que houve excesso de material reciclado, com isso o preço caiu e a atratividade do programa diminui mesmo exportando para outros países. As exportações geraram desconforto, pois a iniciativa alemã criou um desequilíbrio no programa de reciclagem dos outros países. De acordo com Gonzáles-­Torre (2003) a União Europeia em 1994 (somente três anos após o inicio do trabalho alemão) estabeleceu uma diretiva que estabelece limite mínimo de 50% e máximo de 75% de embalagens recicladas. A ideia é manter um equilíbrio e preservar a saúde econômica do mercado de reciclagem. O DSD é prova de que com um eficiente gerenciamento logístico é possível preservar o meio ambiente e capturar valor econômico. Outro exemplo também se deu na Alemanha, mas através de uma empresa privada, a BMW. A montadora já em 1990 iniciou um projeto de coleta de veículos não mais interessantes para o mercado. As peças dos automóveis seriam usadas quando possível. A empresa antecipou-­se a uma regulamentação governamental e criou uma rede exclusiva e sofisticada para recolhimento deste material estabelecendo parceria com empresas existentes. Como estava na vanguarda a BMW ajudou a criar a regulamentação sobre o recolhimento dos automóveis, com isso impôs aos concorrentes as mesmas práticas, porém com custos muito maiores. Os concorrentes tiveram que desenvolver uma rede de coleta as suas custas ou trabalhar com empresas menos eficientes ainda disponíveis no mercado. Segundo Rogers e Timben-­Lembke (1999) a Europa está na vanguarda das policias de preservação, países como Suécia tem rígidas regras de recolhimento de materiais, se as metas não são atingidas o governo recolhe o material e repassa as despesas às empresas.

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Sugerimos a leitura da Lei nº 12.305 de agosto de 2010, para maior compreensão da legislação brasileira de Políticas de Resíduos Sólidos e a inserção da logística reversa.

Considerações finais Neste capítulo podemos perceber que não existe uma legislação especifica para Logística Reversa no Brasil, porém, existem outras legislações que incluem algumas medidas de prevenção e determinação de reciclagem e reuso de alguns materiais de consumos, como caso das baterias, pilhas, lâmpadas e pneus.

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Referências BRASIL. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Estabelece a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Disponível;; <http://www.saude.rs.gov.br/upload/1346166430_Lei%2012.305_02082010_politica_residuos_ solidos.pdf>. Acesso em 24 de abril de 2017. IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Diagnóstico dos resíduos sólidos de logística reversa obrigatória. Brasília, 2012. NOGUEIRA, A. Logística Reversa. 2008. Disponível em: <http://www.ogerente.com.br/log/dt/logdt-­an-­logistica_rev_brasil.htm>. Acesso em Fevereiro de 2017.

ROGERS, D. S., TIBBEN.LEMBKE, R. S. Going Backwards: Reverse Logistics Trends and Practices. Reno, University of Nevada: 1999.

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CAPÍTULO 7: Algumas razões para implantar a Logística Reversa em uma organização

Introdução Nos capítulos anteriores apresentamos os conceitos e definições, as classificações, os custos, as legislações e a relação da Logística Reversa com o Meio Ambiente. Existem várias boas razões por que uma empresa pode praticar logística reversa -­ o processo de recuperação de produto quebrado, desgastado ou itens obsoletos para reciclagem, reuso ou reforma são algumas delas. Estas ações incluem a melhoria da imagem pública na qual os clientes reconhecem os benefícios da compra de uma empresa ambientalmente responsável, melhor desempenho ambiental e uso de recursos melhorados. No entanto, existem vários obstáculos que se encontram entre um mundo em que os consumidores dispor de seus próprios produtos e empresas como uma questão de obrigações éticas e econômicas invocarem um sistema de logística reversa. Porém, as empresas têm dificuldades em implementarem a logística reversa como parte de seus negócios por causa do alto custo e as dificuldades em mensurar os retornos dos materiais. No entanto, várias empresas têm aplicado com sucesso a logística reversa e aumentaram a sua competitividade e melhorou a sua imagem corporativa. Dado que a logística reversa é obrigatória nos termos da regulamentação de resíduos eletrônicos em algumas partes do mundo, as empresas devem se sentir obrigadas a investigar esta prática de forma proativa por razões éticas, ambientais e econômicos mais cedo, ou mais tarde. Desta forma, neste capítulo iremos mostrar algumas razões para as empresas implementarem a Logística Reversa e quais os benefícios ambientais, sociais e econômicos proporciona esse processo, seja no custo e na imagem corporativa. Vaz & Uriona Maldonado. Logística Reversa: definições, conceitos e suas peculiaridades, 2017, p. 126..

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1. Visões das Empresas sobre Logística Reversa As empresas nos dias atuais sabem da importância do fluxo reverso, porém apresentam falta de interesse e dificuldades para implantá-­los (GUARNIERI et al., 2006;; QUINN, 2001;; ROGERS e TIBBEN-­LEMBKE, 1999), devido a: -­ Falta de sistemas informatizados integrados às práticas de gestão. Isto leva em certas ocasiões, a utilizar os mesmos sistemas da logística tradicional, ou, no melhor dos casos, a adaptar sistemas existentes para atividades similares de processos diretos;; -­ A ideia de que o fluxo reverso somente representa custos, assim, recebe pouca ou nenhuma prioridade nas empresas;; -­ Dificuldade em medir o impacto dos retornos de produtos e/ou materiais, com o consequente desconhecimento da necessidade de controlá-­lo. No entanto, Leite (2005) e Rogers e Tibben-­Lembke (1999) salientam que é necessário equacionalizar os fluxos reversos sob a ótica de agregar valor econômico ou de imagem corporativa a empresa. Sendo assim, o gerenciamento dos canais reversos, podem servir como fonte de informação sobre as expectativas e hábitos dos clientes, proporcionando a empresa serviços diferenciados e visíveis aos olhos destes (LEITE e BRITO, 2003). De acordo com Hernández (2010) e Stock (2001) o objetivo de ganhos de imagem corporativa é assinalado como uma forma prioritária na maioria dos programas de LR. Pois, esta imagem é o conjunto de atributos que diferenciam um produto de uma empresa dos produtos de seus concorrentes, através do cumprimento de: -­ Objetivos ecológicos que demonstrem preocupação com os problemas ambientais, estabelecendo incentivos à reciclagem e a modificações de desenho para diminuir impactos ao meio ambiente;; -­ Mediante legislações expressas que obrigam aos fabricantes a providenciar a coleta e destino de produtos perigosos;;

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-­ Objetivos sociais em favor da comunidade, entre os que se destacam determinadas ações como as doações, criação de emprego, projetos educacionais e comunitários. Em contra partida, os objetivos de competitividade por diferenciação do nível de serviços aos clientes, estão presentes nos dois tipos de canais reversos (HERNÁNDEZ, 2010): i) quando se trata do retorno de produtos pós-­venda, os ganhos evidenciam-­se na fidelização de clientes na competitividade por custos de serviço e imagem empresarial;; ii) para o retorno de produtos pós-­consumo, os ganhos manifestam-­se em competitividade de custos pelas economias na confecção do produto e também na imagem empresarial. Embora o potencial da atividade de logística reversa na economia seja econômica e ambientalmente importante, a falta de visão da atividade como geradora de vantagem competitiva às empresas comprometem a estruturação e a eficiência destes canais (CHAVES e BATALHA, 2006). Desta maneira, o próximo tópico iremos apresentar algumas razões para as empresas implementarem em seus processos a logística reversa de pós-­ consumo e/ou pós-­venda.

2. Razões para implantar a logística reversa Na concepção de Rogers e Tibben-­Lembke (1998) as razões para se implantar na empresa a Logística Reversa, apresentam-­se muitas vezes por fabricantes que não se sentem responsáveis por seus produtos após o consumo e também pela falta de estudos por parte das empresas para avaliar os impactos da prática da logística reversa na vida das organizações. Corroborando com o pensamento de Quinn (2001) que muitos fabricantes acreditam que a Logística Reversa só representa custos, o que faz com que se fortaleçam as práticas de descartes e incinerações com consideráveis danos ao meio ambiente.

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De acordo com Leite (2000) a logística reversa tem sido utilizada como uma importante ferramenta de aumento de competitividade e de consolidação de imagem corporativa, quando inserida na estratégia empresarial e em particular na estratégia de marketing ambiental, em empresas que privilegiam uma visão de responsabilidade empresarial em relação ao meio ambiente e à sociedade. Para tanto, deve-­se: a) Equacionar corretamente os diversos aspectos envolvidos no estabelecimento dos canais de distribuição reversos dos materiais e produtos de pós-­consumo;; b) Estabelecer as adequadas relações de parcerias entre as empresas das cadeias reversas, como na busca de soluções com diferentes áreas de governo, permitindo melhor aplicabilidade das legislações ambientais;; c) Detectar as tendências ecológicas da sociedade, que darão suporte às estratégias modernas de marketing ambiental e valorizarão a imagem corporativa da organização. Importante salientar que a atuação de responsabilidade ambiental irá impactar positivamente na imagem institucional das empresas e, ainda, permitirá a intensificação de novos negócios, com maiores possibilidades de geração de empregos, de serviços e de desenvolvimento tecnológico, tanto mais visível quanto maior a consciência da sociedade ao desenvolvimento sustentado (FAGUNDES e OLIVEIRA, 2008). Contempla Leite (2000) ainda, que há três principais atitudes empresariais com relação ao meio ambiente, constatadas a partir de uma pesquisa realizada pelo Council of Logistics Management, na década de 90: a) Atitude reativa: caracterizada pelo cumprimento da legislação e regulamentos, revelando que os impactos de seus produtos ou processos ao meio ambiente não fazem parte de suas estratégias empresariais. Para evitar custos de disposição final, utiliza a venda ou a simples retirada de seus produtos. b) Atitude proativa: as empresas designam áreas especializadas para o equacionamento dos produtos ligados à gestão ambiental e visando antecipar-­ se aos regulamentos e legislações. Tais empresas desenvolvem suas redes Vaz & Uriona Maldonado. Logística Reversa: definições, conceitos e suas peculiaridades, 2017, p. 126..

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logísticas reversas, evitando impactos negativos de seus produtos ao meio ambiente, desenvolvendo vantagem competitiva e modificando seus produtos. c) Atitude de busca de valor: as empresas desenvolvem a capacidade de agregar valor aos seus produtos e serviços tornando-­os perceptíveis aos clientes e à sociedade, por uma cultura empresarial comprometida com uma responsabilidade ética com a sociedade e com o meio ambiente. Empresas, nessa fase de desenvolvimento organizacional, são as de melhor performance e geralmente líderes em seus setores de negócios. Elaboram suas estratégias baseadas na visão holística do novo ambiente empresarial, obtendo retornos em reduções de custos operacionais, ganho de competitividade e reforço de sua imagem corporativa. Suas principais ações estratégicas são: o incentivo às diversas áreas especializadas na concepção e operação de redes de distribuição reversas, de sistemas de reciclagens internos e em parcerias nas cadeias reversas, além de outras. Importante ressaltar que na Logística Reversa, as empresas passam a ter responsabilidade pelo retorno do produto à empresa, quer para reciclagem, quer para descarte. Seu sistema de custeio deverá, portanto, ter uma abordagem bastante ampla, como é o caso do Custeio o Ciclo de Vida Total. Para Atkinson et al. (2000), este sistema permite aos gerentes administrar os custos “do berço ao túmulo”. Em contrapartida para Horngreenet al. (1997) “O ciclo de vida do produto abrange o tempo desde o início da P&D até o término de suporte ao cliente”. Em Logística Reversa, este ciclo se estende, abrangendo também o retorno do produto ao ponto de origem, para maior compreensão a seguir iremos apresentados os benefícios ambientais e econômicos da logística reversa.

3. Benefícios Ambientais e Econômicos para as empresas através da Logística Reversa De acordo com Stock (1998) a logística não tinha uma preocupação para o assunto de logística reversa, importando-­se apenas com o que acontecia dentro da logística. Atualmente este assunto está crescendo de importância no processo de gerenciamento da logística. As empresas estão se especializando Vaz & Uriona Maldonado. Logística Reversa: definições, conceitos e suas peculiaridades, 2017, p. 126..

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nesta atividade e ganhando um diferencial competitivo. Sua perspectiva de negócios se refere a produtos retornáveis, reciclagem e descarte de material. Como as atividades, programas e processos da logística reversa, esta tem interface com muitas áreas funcionais, inclusive fora da organização, na manufatura, marketing, compras, engenharia de embalagens, cada uma destas áreas tem um impacto para converter recursos, gerar rendas e atingir metas positivas. Contemplando um sistema eficiente de logística reversa, podendo vir a transformar um processo de retorno altamente custoso e complexo em uma vantagem competitiva (CAMPOS, 2006). Alguns exemplos de vantagens competitivas que podem ser obtidas pela adoção de políticas e instrumentos de logística reversa (ROGERS e TIBBEN-­ LEMBKE, 1998;; LEITE, 2003, STEVEN, 2004, CHAVES e MARTINS, 2005, CHAVES e BATALHA, 2006): a) Restrições ambientais: a conscientização sobre a conservação ambiental não parece ser uma tendência temporária. Este fato induz a uma reorientação duradoura da produção e do consumo que tenha entre suas premissas o crescimento sustentável. Neste contexto, a logística deve procurar a minimização do impacto ambiental, não só dos resíduos oriundos das etapas de produção e do pós-­consumo, mas dos impactos ao longo do ciclo de vida dos produtos;; b) Redução de custo: o reaproveitamento de materiais e a economia com embalagens retornáveis fornecem ganhos que estimulam novas iniciativas e esforços em desenvolvimento e melhoria dos processos de logística reversa. Várias indústrias, caso do alumínio, por exemplo, tem nas embalagens descartadas uma fonte de matéria-­prima de qualidade e que pode ser processada a custos menores do que aqueles que seriam possíveis a partir da industrialização da bauxita (mineral de base desta indústria);; c) Razões competitivas: uma forma de ganho de vantagem competitiva frente aos concorrentes é a garantia de políticas liberais de retorno de produtos (estratégia de minimizar as barreiras para retorno e troca de produtos) que fidelizem os clientes. Dessa forma, empresas que possuem um processo de

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logística reversa bem gerida, tendem a se sobressair no mercado, uma vez que podem atender aos seus clientes de forma melhor e diferenciada do que seus concorrentes;; d) Diferenciação da imagem corporativa: muitas empresas estão utilizando logística reversa estrategicamente e se posicionando como “empresa-­cidadã”, contribuindo com a comunidade e ajudando as pessoas menos favorecidas. Ressalta-­se o papel social realizado por diversas empresas com cooperativas de catadores de embalagens recicláveis. Com isso, as empresas conseguem um aumento do valor da marca e, muitas vezes, de seus produtos também. Fica claro então que a logística deve ser considerada como área estratégica de importância no sucesso dos negócios de uma empresa e que seu caráter dinâmico é condição essencial na busca do baixo custo e do incremento de competitividade tornando essa uma atividade em constante evolução (FAGUNDES e OLIVEIRA, 2008). Porém, com o desenvolvimento de legislações ambientais mais severas e a conscientização do consumidor sobre a importância do meio ambiente, as empresas estão sendo obrigadas a repensar suas responsabilidades sobre seus produtos após o uso, buscando atuarem na Logística Reversa (MIGUEZ et. al., 2007). Cabe ressaltar que a própria legislação que regula a forma correta do descarte (apresentada no capítulo anterior deste livro), tem favorecido estudos no sentido de buscar benefícios econômicos por meio do uso de produtos e resíduos do processo produtivo, uma vez que as empresas passam a ter que decidir entre usar tais produtos ou incorrer em altos custos do correto descarte de lixo (DAHER et. al., 2003).

No entanto, podemos identificar alguns fatores críticos de implantação

da logística reversa nas empresas, que iremos apresentar no próximo tópico deste capítulo.

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4. Fatores Críticos para Logística Reversa A decisão de fazer e/ou comprar é uma questão importante para a gestão da logística reversa, isso depende de alguns fatores, de acordo com Lee, Meshane e Kozlowski (2002): a) Volume: se o volume de retornos é pequeno, não há uma necessidade grande de utilizar prestadores de serviço;; b) Controle de custos: se os prestadores podem realizar um controle de custos mais efetivo, talvez seja interessante terceirizar a logística reversa ou partes de seus processos;; c) Complexidade do processo: se a logística reversa envolve uma ampla variedade de aspectos como inspeção, teste, reparo, descarte, retrabalho ou reembalagem, talvez seja interessante terceirizar a atividade já que a logística reversa não é a competência central (core competency) das empresas. Chaves (2009) afirma que é importante que as empresas possuam informações sobre o processo da logística reversa para avaliar seu impacto nas finanças, impostos, inventários, vendas e marketing. Ainda, explica a autora, que os fatores citados anteriormente, são avaliados juntamente com a capacidade do prestador de serviços em fornecer informações seguras e com a devida acuracidade para o controle dos dados pela empresa contratante. No entanto, Lacerda (2002) lista os seis fatores críticos de sucesso nos casos de logística reversa, apresentados a seguir: 1. Bons controles de entrada: consiste na identificação do estado dos materiais a serem retornados e a decisão se o material pode ou não ser reutilizado. De acordo com Rogers e Tibben-­Lembke (1998) um bom controle de entrada é o primeiro fator crítico para tornar todo o fluxo reverso administrável e lucrativo. Campos (2006) afirma que a primeira etapa da logística reversa é definir o destino dos produtos. Na qual tem o objetivo de separar os produtos que apresentam defeitos daqueles que estão em bom estado para a reciclagem. Vaz & Uriona Maldonado. Logística Reversa: definições, conceitos e suas peculiaridades, 2017, p. 126..

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2. Processos padronizados e mapeados: a mudança do foco na logística reversa, onde deixa de ser um processo esporádico e de contingência, passando a ser considerado um processo regular, que requer documentação adequada através do mapeamento de processos e formalização de procedimentos. Assim, podem-­se estabelecer controles e oportunidades de melhorias. De acordo com Campos (2006), os processos no fluxo reverso habitualmente pecam pela padronização, o que ocorre pelo fato de serem considerados esporádicos, contingências e irregulares. Pois a padronização e o mapeamento adequados dos processos facilitam as tomadas de decisões e favorecem todo o fluxo reverso. 3. Tempo de ciclo reduzido: é o tempo considerado entre a identificação da necessidade de reciclagem, disposição ou retorno de produtos e o seu efetivo processamento. Campos (2006) define que o tempo de ciclo é o período entre o inicio e o término do processo de um produto, incluindo as decisões sobre retorno do produto, movimentação e processamento. Os fatores que levam a altos tempos de ciclo são controles de entradas ineficientes, faltas de estrutura (equipamentos, pessoas) dedicada ao fluxo reverso e falta de procedimentos claros para tratar as “exceções”, que são, na verdade, bastante frequentes. 4. Sistemas de informação: o processo de logística reversa necessita do suporte da tecnologia da informação (TI), a fim de viabilizar o atendimento de requerimentos necessários para a operação. Entre as funcionalidades requeridas pode-­se listar: Informação centralizada e confiável, rastreabilidade, avaliação de avarias, etc. Para Campos (2006) um bom sistema de logística reversa é necessário ter informações de qualidade, que permitam o rastreamento de retorno, medição dos tempos de ciclo, avaliação do desempenho de fornecedores. A partir do processamento dessas informações, é possível conquistar melhor desempenho. 5. Rede logística planejada: consiste na infraestrutura logística adequada para lidar com os fluxos de entrada de materiais usados e fluxos de saída de Vaz & Uriona Maldonado. Logística Reversa: definições, conceitos e suas peculiaridades, 2017, p. 126..

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materiais processados. Envolvem instalações, sistemas, recursos (financeiros, humanos e máquinas), entre outros. Para a implementação de processos logísticos reversos adequados, a rede logística deve ser planejada, sendo que cada um dos integrantes do sistema deve ser estudado. Os pontos de coleta, as instalações de processamento e armazenagem, os pontos de destino final devem ser escolhidos para serem ligados ao sistema de transporte disponível, e de forma eficiente (CAMPOS, 2006). 6. Relações colaborativas entre clientes e fornecedores: como há uma série de agentes envolvidos no processo, surgem questões relacionadas ao nível de confiança entre as partes envolvidas. Informações tais como, nível de estoques, previsão de vendas e tempo de reposição dos materiais, devem ser trocadas entre os membros da cadeia para que o sistema funcione de maneira eficiente. Ainda Campos (2006) afirma que envolve custos, como a parte reversa de qualquer processo, sendo comum, entre varejista, indústria e outros membros da cadeia, conflitos relacionados à responsabilidade sobre os danos causados aos produtos.

Em contra partida, Lee, Meshane e Kozlowski (2002) afirmam que um

programa de logística bem organizada deve ser um sistema bem integrado dos seguintes elementos-­chave: a) Controle do processo RMA (return merchandize authorization);; b) Controle do transporte;; c) Controle do fluxo de trabalho;; d) Configuração da estrutura e equipamentos;; e) Sistema de informação;; f) Canal de comunicação. Porém, Gooley (1998) afirma que antes de implantar um programa de logística reversa, devem ser considerados cinco pontos:

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1. A empresa deve verificar se há a necessidade do programa e quais recursos ela pode oferecer para a logística reversa;; 2. A empresa deve decidir como se comunicar com o cliente e qual informação será disponibilizado;; 3. A empresa deve planejar e definir as operações da logística reversa. É necessário definir as possibilidades de processo da logística reversa que a empresa possui: revender, restaurar, reciclar, reembalar, descartar, dentre outros;; 4. O desenvolvimento de um sistema informação que incorpore as informações sobre o fluxo reverso é necessário;; 5. A empresa deve conhecer as implantações fiscais, financeiras e de reembolsos do programa de logística reversa que implementa. Para obter sucesso de implantação de um sistema logístico reverso em uma organização necessita ter um projeto complexo como base, pois é preciso a capacidade para definir e implantar uma forte integração entre os elos da cadeia de suprimentos (CHAVES, 2009). Porém, estabelecer relações colaborativas entre os agentes nem sempre é muito fácil.

Considerações finais Este capítulo apresentou uma reflexão de algumas razões para as empresas implantarem a logística reversa, mostrando os benefícios ambientais e econômicos, e os fatores críticos de sucesso que as empresas podem alcançar com a implantação da logística reversa no seu processo. Os grandes problemas para a implantação da logística reversa, esta que as empresas muitas vezes encontram à falta de sistemas informatizados integrados, pelo processo reverso obter um custo alto de implantação e a dificuldade de medir os retornos de materiais. Nos dias atuais, um processo logístico bem estruturado e implantado traz benefícios e vantagens para as empresas, como aumento da competitividade e consolidação com a imagem corporativa, além de redução de recursos naturais e poluição do meio ambiente. Vaz & Uriona Maldonado. Logística Reversa: definições, conceitos e suas peculiaridades, 2017, p. 126..

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Esta obra foi elaborada com intuito de proporcionar ao leitor(a) um entendimento teórico para colocar em prática em suas organizações e/ou pesquisas sobre o tema de Logística Reversa. Este primeiro volume é destinado à estudantes, professores, pesquisadores e empressários interessados na área. Deixamos aqui os nossos agradecimentos e o nosso desejo de uma excelente e produtiva leitura da obra!

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