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Caroline Rodrigues Vaz Danielly Oliveira Inomata Mauricio Uriona Maldonado Paulo Mauricio Selig
CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL
UFSC Florianópolis 2 ed. 2015
CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL
Organizadores Caroline Rodrigues Vaz Danielly Oliveira Inomata Mauricio Uriona Maldonado Paulo Mauricio Selig
CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL
UFSC Florianópolis 2 ed. 2015 CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL
Organizadores Caroline Rodrigues Vaz Caroline Rodrigues Vaz Danielly Oliveira Inomata Mauricio Uriona Maldonado Paulo Mauricio Selig
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UFSC Florianópolis 2 ed. 2015
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“Que os vossos esforços desafiem as
impossibilidades, lembrai-vos de que as grandes coisas do homem foram conquistadas do que parecia impossível”. Charles Chaplin
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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ........................................................................................................... 9 1. CAPITAL INTELECTUAL: análise da produção científica e a presença dos autores e coautores em grupos de pesquisa no Brasil ..................................................... 12 2. ESTUDO DO CAPITAL INTELECTUAL NO BRASIL: bibliometria e análise das teses e dissertações publicadas no banco de teses da capes ..................................... 33 3. CAPITAL INTELECTUAL E OPEN DATA: tendências da literatura nacional e internacional e possíveis relações teóricas ...................................................................... 52 4. ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DO CAPITAL HUMANO NO SUCESSO DE STARTUPS INCUBADAS NA REGIÃO SUL DO BRASIL ........................................ 75 5. PROPOSTA METODOLOGICA PARA INDICADORES DE CAPITAL SOCIAL COM FOCO PARA AS CONEXÕES DO CAPITAL INTELECTUAL EM AMBIENTES DE EMPREENDEORISMO INOVADOR ............................................ 94 6. PROPOSTA DE EXPLICITAÇÃO DO CAPITAL RELACIONAL (CR) NA GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS VERDE (GCSV) ................................ 112 7. BARREIRAS E FACILITADORES EM GESTÃO DO CONHECIMENTO NAS ORGANIZAÇÕES: um olhar para a tecnologia e o capital intelectual........................ 127 8. UM MODELO GENÉRICO COM BASE NA LITERATURA PARA MEDIR DESPERDÍCIO DE CONHECIMENTO ADVINDOS DO CAPITAL INTELECTUAL.. ......................................................................................................... 151 9. FLUXO DE CONHECIMENTO NO PROCESSO DE ANALISES MICROBIOLOGICAS COMO FATOR DE CAPITAL INTELECTUAL.................. 169
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APRESENTAÇÃO Na última década, a economia mundial passou por inúmeras transformações que mudaram a nossa forma de avaliar os ativos das organizações, das cidades, das regiões e dos países. Neste contexto, a gestão do capital intelectual e a gestão do conhecimento tornaram-se fatores de diferenciação e competitividade. A forma como os países estão lidando com estes fatores é decisiva para a sua reputação internacional, o que por sua vez age como marca do país, sendo responsável por uma maior atração de investimentos ou mesmo pelo ranking do próprio país. Enquanto em alguns meios acadêmicos não restam dúvidas sobre estas questões, nas outras áreas, as boas práticas de gestão de ativos do conhecimento ainda estão num estado latente, limitando-se a observar, muitas vezes sem compreender, os sucessos das empresas, dos governos ou mesmo dos países que já baseiam as suas decisões estratégicas na gestão dos ativos intangíveis. Os especialistas falam em três pilares do desenvolvimento econômico. O primeiro, o desenvolvimento do capital intelectual dos países, o que se consegue com mais investimentos em educação, em tecnologia, em ciência, em investigação e desenvolvimento. O segundo pilar são as infraestruturas físicas que facilitam a atividade econômica, a produção, o investimento estrangeiro ou o comercio. O terceiro pilar é uma boa governação, baseada em instituições públicas transparentes e eficientes, em sistemas judiciais independentes e ágeis, em sistemas fiscais eficazes, em leis fortes sobre propriedade intelectual e sobre concorrência, em leis do trabalho que valorizem os recursos humanos e que satisfaçam as necessidades do sistema produtivo. As economias que são enquadradas nestes níveis avançados de desenvolvimento conseguem equilibrar estes três pilares. Ora, conseguir equilibrar estes pilares é um desafio que só se consegue atingir usando boas práticas de gestão do conhecimento. É neste contexto que o Núcleo de Gestão e Sustentabilidade - Grupo Capital Intelectual, da Universidade Federal de Santa Catarina, no Brasil nos propõe a segunda edição do ebook de Capital Intelectual. Os temas abordados são da maior atualidade, quer para o Brasil, quer para qualquer país que esteja atento aos desafios que hoje se colocam: mais desenvolvimento econômico e social e mais sustentabilidade. A obra apresentada é de uma grande riqueza, dando um excelente contributo para a evolução do conhecimento no meio acadêmico e apresentando a aplicação da teoria a situações práticas que facilitam uma aprendizagem baseada nos estudos de caso. Esta obra apresenta nove temas que se podem subdividir de acordo com grandes temáticas. Uma primeira temática, formada por 3 trabalhos, apresenta-nos um levantamento da análise da produção científica e literária realizada no Brasil sobre a temática do capital intelectual, destacando igualmente as tendências internacionais em termos de Open Data.
Uma segunda temática, com 2 trabalhos, foca-se no desenvolvimento de Startups e de ambientes de empreendedorismo inovador, tendo por base a gestão do capital intelectual. Uma terceira temática, mais focada no processo produtivo, leva-nos ao encontro da problemática da gestão do capital intelectual, com ênfase no capital relacional, no âmbito da sustentabilidade verde das cadeias produtivas. Uma quarta temática relaciona a gestão do conhecimento com a gestão do capital intelectual, demonstrando de que forma a gestão do conhecimento é um facilitador estratégico fundamental para uma adequada gestão do capital intelectual. Uma quinta temática apresenta uma visão prática das etapas de um processo de gestão do conhecimento, exemplificando, com recurso a um processo laboratorial, que a interdisciplinaridade só é conseguida com base em práticas de gestão do conhecimento. Com tanta riqueza, espero que esta obra seja uma fonte de inspiração para todos os investigadores que se atreverem a seguir o árduo caminho de demonstrar a força transformadora da gestão do conhecimento e da gestão do capital intelectual. Desejo ainda que esta publicação possa servir de leme às organizações brasileiras no seu crescimento para uma economia do conhecimento. Como portuguesa, gostaria de ver estes bons exemplos do Brasil replicados em Portugal e em toda a Lusofonia, construindo uma plataforma do saber sustentado na partilha de boas práticas de conhecimento.
Florinda Matos Presidente da ICAA
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1. CAPITAL INTELECTUAL: análise da produção científica e a presença dos autores e coautores em grupos de pesquisa no Brasil
Danielly Oliveira INOMATA Caroline Rodrigues VAZ Mauricio URIONA MALDONADO Gregório VARVAKIS
Resumo: O objetivo deste trabalho é analisar a produção científica brasileira sobre o tema Capital Intelectual no Brasil, comparando a filiação dos autores em grupos de pesquisa cadastrados nos diretórios da Plataforma Lattes. Para a operacionalização da pesquisa, utilizou-se quatro procedimentos: 1) A análise da produção científica dos artigos sobre Capital Intelectual, na base de dados SciELO Brazil, para essa sistemática utilizou-se o método Proknow-C; 2) A identificação dos grupos de pesquisa na Plataforma Lattes; 3) A verificação dos principais autores e coautores da pesquisa e a presença em Grupos de Pesquisa; 4) Verificação das publicações científicas dos integrantes dos grupos de pesquisa, sobre Capital Intelectual em outros canais de publicação científica. Com base nesta análise é possível caracterizar a atuação dos grupos de pesquisa, a partir dos indicadores: produção cientifica dos autores e coautores em periódicos científicos; Produção científica dos integrantes dos grupos de pesquisa em demais canais de publicação. Resultados apontam a existência de 24 grupos registrados nos Diretórios da Plataforma Lattes, porém apenas 12 são produtivos em capital intelectual. As principais áreas do conhecimento onde os grupos estão registrados são: Administração (14), Economia (3), Engenharia de Produção (3), Ciência da Informação (2) e Ciência da Computação (2). Os principais autores identificados com a análise da produção científica sobre Capital Intelectual são vinculados aos grupos de pesquisa identificados. Conclui-se que a temática está crescendo e se consolidando no Brasil, principalmente a partir dos anos 2000, resultado que pode estar relacionado à criação de grupos de pesquisa voltados para o estudo do capital intelectual. Palavras-chave: Capital Intelectual; Produção científica; Grupos de Pesquisa; Brasil.
1 INTRODUÇÃO Os ativos intangíveis estão tendo papel dominante na geração de riqueza em âmbito empresarial, pois são competências-chave e força motriz para valorizar seus próprios ativos tangíveis, alcançar objetivos e integrar esforços administrativos (PACHECO, 2005). Pacheco (2005) afirma que os ativos intangíveis vêm ocorrendo desde os
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meados dos anos 80, tendo duas forças econômicas relacionadas entre si: primeira à intensificada competição comercial, causada pela globalização do comércio e desregulamentação em setores econômicos-chave; e a segunda o advento das tecnologias de informação. Em consequência da relevância dos ativos intangíveis e do rol bastante amplo de suas ocorrências no ramo empresarial, esta pesquisa dá especial atenção àqueles elementos que compõem o Capital Intelectual (CI) das empresas (as inovações, a marca, a imagem da empresa, entre outros). Stewart (1998), o Capital Intelectual corresponde ao conjunto de conhecimentos e informações encontrados nas organizações, que agrega valor ao produto e/ou serviços, mediante a aplicação da inteligência e não do capital monetário ao empreendimento. A ideia de gerar vantagens competitivas a partir da criação e proteção do conhecimento tem originado uma vertente com forte impacto no campo profissional, denominada a “gestão do conhecimento” (WIGG, 1997). Herrero (2005) defende que o valor da empresa está formado pelo valor do capital financeiro (ativo tangível) e o valor do capital intelectual (ativo intangível), este último entendido como a matéria intelectual (conhecimento, informação, propriedade industrial, experiência), pode ser utilizada para gerar riqueza. O valor gerado pelo CI depende do capital humano que é o fator mais importante para a sobrevivência e a renovação das empresas em todos seus níveis de atividade (PACHECO, 2005). Em estudo realizado com diferentes empresas, Norton e Kaplan (2000) citam que o valor contábil dos ativos tangíveis não era maior do que 15% do seu valor de mercado, o restante do valor era atribuído aos ativos intangíveis, associados com o conhecimento, o capital intelectual e humano. Desta forma, surge uma nova área de conhecimento para ser estudada pelos pesquisadores das universidades, os quais são responsáveis pela produção científica de um país, no caso do Brasil, ainda que não de forma efetiva, permitem um ciclo de trocas de conhecimentos entre universidades e empresas. Diante desses apontamentos, o objetivo deste trabalho é analisar a produção científica brasileira sobre o tema Capital Intelectual no Brasil, utilizando como CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL
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unidades de análises (i) a identificação de artigos publicados em uma base científica, e (ii) a identificação de grupos de pesquisa cadastrados nos diretórios da Plataforma Lattes, comparando a filiação de área de ambos os autores identificados. Por considerar que a produção científica é uma produção intelectual (TARGINO, 2010) considerada um recurso indispensável para promover o desenvolvimento da ciência e tecnologia, ao acrescentar conhecimentos consolidados em uma área ou especialidade (WEITZEL, 2006; TARGINO, 2010). Para o alcance do objetivo proposto, utilizam-se duas bases de dados para coletar informações: a SciELO Brazil para recuperar os artigos científicos e a Plataforma Lattes para identificar a produção científica dos grupos de pesquisa. Como já destacado pior Yanai et al. (2011), um viés da produção científica que as bases de dados permite recuperar é a pesquisa, obtenção e acesso aos artigos científicos. Portanto, os artigos científicos são utilizados como indicador bibliométrico para analisar produção intelectual de pesquisadores ou de uma instituição, até mesmo de um país. 2 METODOLOGIA Quanto aos objetivos trata-se de uma pesquisa exploratória e descritiva. A pesquisa exploratória é indicada para estudar um problema com vistas a torná-lo explícito (GIL, 2002), uma vez que essa pesquisa se dedica a análise da produção científica brasileira sobre CI com intenção de localizar as filiações dos autores à grupos de pesquisa registrados nos diretórios da plataforma Lattes. A pesquisa descritiva busca especificar propriedades, características e traços importantes de qualquer fenômeno que se pretende analisar, descreve tendências de um grupo ou população (HERNADEZ SAMPIERRE; FERNANDEZ COLLADO; LUCIO, 2013), no caso deste estudo utilizase como forma de descrever a atuação dos grupos de pesquisa, com relação a produção científica dos membros do grupo. Para a operacionalização da pesquisa, utilizou-se quatro procedimentos: 1) A análise da produção científica dos artigos sobre Capital Intelectual, na base de dados SciELO Brazil, para essa sistemática utilizou-se o método Proknow-C; 2) A identificação dos grupos de pesquisa na Plataforma Lattes; 3) A verificação dos principais autores e coautores da pesquisa e a presença em CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL
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Grupos de Pesquisa; 4) Verificação das publicações científicas dos integrantes dos grupos de pesquisa, sobre Capital Intelectual em outros canais de publicação científica. Figura 1 – Detalhamento da operacionalização da pesquisa
Fonte: Elaboradora pelos pesquisadores (2015)
Como mostra a figura, as etapas 3 e 4 ocorrem concomitantemente, ou seja, ao mesmo tempo que se identifica os autores e coautores dos artigos científicos publicados em periódicos indexados na base de dados Scielo Brasil, já verifica-se quais autores e/ou coautores participam de grupos de pesquisas. Alguns critérios foram estabelecidos para a seleção dos artigos e para a identificação dos grupos de pesquisa e contagem dos artigos dos membros dos grupos de pesquisa. CATEGORIA Seleção dos artigos na Base de dados Scientific Eletronic Library Online – Scielo Brasil Identificação dos Grupos de Pesquisa
CRITÉRIOS Palavra-chave “Capital Intelectual” Período: 2000 a 2015
Termo de Busca (todas as palavras): Capital Intelectual 1 Consulta por: Grupo de Pesquisa Identificar a linha de pesquisa: Capital Intelectual Contagem dos artigos da Verificar a entrada do membro no grupo de pesquisa (somente os produção científica dos membros pesquisadores) e contar os artigos publicados a partir dessa data; do GP Identificar o termo CI ou suas variantes (capital social, capital humano, capital estrutural, capital relacional, etc) no título ou palavras-chave do artigo no Lattes; Listar os artigos em eventos, artigos em periódicos e capítulos de livros. Quadro 1 – Critérios para identificação de artigos e grupos de pesquisa 1
http://dgp.cnpq.br/ CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL
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Nota: Nesta pesquisa consideraram-se apenas os membros pesquisadores Fonte: Elaboradora pelos pesquisadores (2015)
A Scielo Brasil 2 pode ser considerada a maior base de dados de trabalhos brasileiros, ou seja, é uma biblioteca eletrônica que abrange uma coleção selecionada de periódicos científicos brasileiros. O Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq reúne informações sobre os grupos de pesquisa em atividade no País abrangendo pesquisadores, estudantes, técnicos, linhas de pesquisa em andamento, produção científica, tecnológica e artística geradas pelos grupos (RAPINI, 2007). Trata-se de uma base de informações de preenchimento opcional, cujo universo de abrangência vem aumentando ao longo do tempo, podendo-se supor ter relativa representatividade da comunidade científica nacional (CARNEIRO; LOURENÇO, 2003). 3 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Para esta pesquisa foi possível caracterizar a atuação dos grupos de pesquisa, a partir dos indicadores: produção cientifica dos autores e coautores em periódicos científicos; Produção científica dos integrantes dos grupos de pesquisa em demais canais de publicação. A primeira busca foi na base da Scielo Brasil com a palavra-chave “Capital Intelectual”, para identificar os artigos que tratam sobre o tema de Capital Intelectual, foram encontrados 28 artigos de diferentes periódicos. O Quadro 2 apresenta os dados sobre os artigos3 identificados na base de dados Scielo Brasil do ano de 2000 a 2015. AUTOR
ANO
OLIVEIRA, A. M. et al.
2000
JOIA; L. A.
2001
TITULO Gerenciamento do capital humano em bibliotecas ou centros de informação: desafio imposto pela sociedade do conhecimento Medindo o capital intelectual
REVISTA Transinformação Revista de administração
2
http://www.scielo.br Em outra publicação é possível verificar o detalhamento (análise Bibliométrica e Sistêmica) dos principais artigos sobre Capital Intelectual no Brasil. VAZ, C. et al. Análise do estado da arte do Capital Intelectual no contexto brasileiro. In: IV Congresso Internacional do Conhecimento e Inovação. Anais... Loja – Equador: Universidad Tecnica de Loja, 2014. Disponível em: http://www.egc.ufsc.br/ciki/edicoes_anteriores/ 3
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AUTOR
ANO
TITULO
ANTUNES, M. T. P.; MARTINS, E.
2002
Capital intelectual: verdades e mitos
BARBOSA, J. G. P.; GOMES, J. S.
2002
Um estudo exploratório do controle gerencial de ativos e recursos intangíveis em empresas brasileiras
FRANCINI; W. S.
2002
A gestão do conhecimento: conectando estratégia e valor para a empresa
REZENDE, Y.
2002
OLIVEIRA, J. M.; BEUREN, I. M.
2003
TEIXEIRA, M. L. M.; POPADIUK, S.
2003
SANTOS, M. J. N.
2004
ANTUNES, M. T. P. CAMPOS, L. F. d. B. ENSSLIN, S. R.; CARVALHO, F. N. d.; GALLON, A. V.; ENSSLIN, L. GALLON, A. V.; SOUZA, F. C. d.; ROVER, S.; ENSSLIN, S. R. SILVA, C. D. F. d.; NAGANO, M. S.; MERLO, E. M. TEH, C. C.; KAYO, E. K.; KIMURA, H. VARGAS, V. d. C. C.; SELIG, P. M.; ANDRADE, D. F.; RIBEIRO, J. L. D. JOIA, L. A. BONACIM, C. A. G.; ARAÚJO, A. M. P. MALAVSKI, O. S.; LIMA, E. P.; COSTA, S. E. G. FERREIRA, A. I.; MARTINEZ, L. F.
2006 2007
Informação para negócios: os novos agentes do conhecimento e a gestão do capital intelectual O tratamento contábil do capital intelectual em empresas com valor de mercado superior ao valor contábil Confiança e desenvolvimento de capital intelectual: o que os empregados esperam de seus líderes? Gestão de recursos humanos: teorias e práticas A controladoria e o capital intelectual: um estudo empírico sobre sua gestão Análise da nova gestão do conhecimento: perspectivas para abordagens críticas
REVISTA de Empresas (RAE) Revista Contabilidade & Finanças Revista de Administração Contemporânea Revista de Administração de Empresas (RAE) – Eletrônica Ciência da Informação Revista Contabilidade & Finanças Revista de Administração Contemporânea Sociologias Revista Contabilidade & Finanças Perspectivas em Ciência da Informação
2008
Uma metodologia multicritério (MCDAC) para apoiar o gerenciamento do capital intelectual organizacional
Revista de Administração Mackenzie (RAM)
2008
Um estudo reflexivo da produção científica em capital intelectual
Revista de Administração Mackenzie (RAM)
2008
Gestão do capital de relacionamento: estudo de caso em uma tradicional fábrica no Brasil
2008
Marcas; patentes e criação de valor
2008
Avaliação dos intangíveis: uma aplicação em capital humano
2009 2010 2010 2011
Governo eletrônico e capital intelectual nas organizações públicas Influência do capital intelectual na avaliação de desempenho aplicada ao setor hospitalar Modelo para a mensuração do capital intelectual: uma abordagem fundamentada em recursos Intellectual capital: perceptions of productivity a and investment
Revista de Administração Mackenzie (RAM) Revista de Administração Mackenzie (RAM) Gestão & Produção Revista de Administração Pública Ciência & Saúde Coletiva Production Revista de Administração
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AUTOR
ANO
LIMA, A. C.; CARMONA, C. U.
2011
REZENDE, J. F. C.; AVILA, M.; MAIA, R. S.
2012
ARAUJO, R. P.; MOTTIN, A. P.; REZENDE, J. F. C.
2013
WACQUANT, L.
2013
URNAU, E.; KIPPER, L. M.; FROZZA, R.
2014
F-JARDON, C. M.; MARTOS, M. S.
2014
TITULO Determinantes da formação do capital intelectual nas empresas produtoras de tecnologia da informação e comunicação Geração e gestão do valor por meio de métricas baseadas nas perspectivas do capital intelectual Gestão do conhecimento e do capital intelectual: mapeamento da produção acadêmica brasileira de 1997 a 2011 nos encontros da ANPAD Bourdieu 1993: um estudo de caso em consagração científica Desenvolvimento de um sistema de apoio à decisão com a técnica de raciocínio baseado em casos Capital intelectual y competencias distintivas en pymes madereras de Argentina
GUERRERO, Y. Gestión de Recursos Intangibles en 2015 M. N.; MONROY, Instituciones de Educación Superior C. R. Quadro 2 – Relação dos artigos encontrados na base de dados Scielo Brasil
REVISTA Contemporânea Revista de Administração Mackenzie (RAM) Revista de Administração (São Paulo) Organizações & Sociedade Revista Brasileira de Ciências Sociais Perspectiva Ciência da informação Revista de administração de Empresas (RAE) Revista de administração de Empresas (RAE)
Fonte: Dados da pesquisa (2015)
Com base na busca exploratória na Scielo Brasil, foi possível identificar os autores que mais se destacaram com a autoria de mais de um artigo. A Tabela 1 mostra a relação dos autores. Tabela 1 – Principais autores AUTOR
QTD
ANTUNES, Maria Thereza Pompa
2
ENSSLIN, Sandra Rolim
2
GALLON, Alessandra Vasconcelos
2
JOIA, Luiz Antonio
2
REZENDE, José Francisco de Carvalho
2
REZENDE, Yara
2
Fonte: Dados da pesquisa (2015)
Ressalta-se que Luiz Antonio Joia é considerado um dos autores consagrados nas pesquisas de Capital Intelectual no Brasil, desenvolveu projetos de Capital
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intelectual e G2G (Governement-to-Governement), Impactos de redes estratégicas de capital intelectual das empresas, Capital Intelectual e Tecnologia da Informação, apresenta mais de 21 trabalhos acadêmicos de capital intelectual (VAZ et al, 2014). Foi possível identificar nos 28 artigos encontrados, quais os periódicos que mais estão publicando sobre o tema de Capital Intelectual (Tabela 2). Entre eles, apresenta-se a RAM – Revista de Administração Mackenzie com 5 artigos, seguido da Revista de Administração de Empresas (RAE) e Revista de Administração Contemporânea com 3 artigos, respectivamente. Tabela 2 – Principais periódicos QTD 5 3 3 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
REVISTA Revista de Administração Mackenzie (RAM) Revista de Administração de Empresas (RAE) Revista de Administração Contemporânea Revista Contabilidade & Finanças Perspectivas em Ciência da Informação Transinformação Revista Contabilidade & Finanças RAE eletrônica Ciência da Informação Sociologias Gestão & Produção Revista de Administração Pública Ciência & Saúde Coletiva Production Revista de Administração (São Paulo) Organizações & Sociedade Revista Brasileira de Ciências Sociais Fonte: Dados da pesquisa (2015)
A Revista de Administração Mackenzie (RAM é uma revista científica cuja missão é contribuir para a excelência das atividades acadêmicas na área de conhecimento de administração de empresas e para o desenvolvimento da ação administrativa nas organizações via a divulgação de trabalhos de pesquisa científica na forma de artigos de desenvolvimento teórico e artigos teórico-empíricos inéditos, de qualidade e que gerem novos conhecimentos no campo, com expressiva magnitude de contribuição (VAZ et al., 2014). A Figura 2 aponta uma dimensão representativa das palavras mais
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representativas nos artigos identificados na Scielo Brasil. Nota-se a grande presença de Capital Intelectual, Gestão do Conhecimento, Valor, Informação, Recursos e Empresas. Podendo afirmar, que os artigos identificados na busca na base de dados, encontram-se todos dentro da temática do Capital Intelectual.
Figura 2 – Nuvem de palavras dos artigos identificados na Scielo Brasil Fonte: Dados da pesquisa (2015)
Uma vez identificada as principais publicações veiculadas na base de dados Scielo Brasil, a segunda parte desta pesquisa é identificar e verificar as publicações dos grupos de pesquisa sobre a temática CI, portanto, em seguida são apresentados os dados sobre os grupos de pesquisa. Os resultados iniciais apontam a existência de 24 grupos registrados nos Diretórios da Plataforma Lattes. As principais áreas do conhecimento onde os grupos estão registrados são: Administração (14), Economia (3), Engenharia de Produção (3), Ciência da Informação (2) e Ciência da Computação (2).
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Figura 3 – Áreas científicas dos Grupos de Pesquisa Fonte: Dados da pesquisa (2015)
Comparando os dados da Tabela 2 e o Figura 3, destaca-se que tanto na identificação dos artigos publicados na Scielo Brasil quanto a filiação dos grupos de pesquisa convergem para a área da administração. Tendo como áreas transversais as Engenharias, Economia, Ciência da Informação e Ciência da Computação. Optou-se por caracterizar os grupos de pesquisa, relacionando-o a sua instituição de filiação, apontando o líder do grupo e o vice-líder. Estas informações podem ser observadas no Quadro 3.
Id.* GP 1 GP 2
GP 3
GP 4
GP 5
GP 6
GRUPO DE PESQUISA
INSTITUIÇÃO
LÍDER
Administração e Ciência da Informação - GPACI Estudos em Pesquisa Industrial, Gestão e Logística Grupo de Apoio à Inovação e Aprendizagem em Sistemas Organizacionais - GAIA Grupo de Estudos Contemporâneos em Contabilidade e Gestão GECOC Gestão da Informação e do Conhecimento
UNICENTRO - Universidade Estadual do Centro-Oeste FAETEC - Fundação de Apoio à Escola Técnica CTI - Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer
Antonio Costa Gomes Filho Alfredo Nazareno Pereira Boente Marco Antonio Silveira
UFPB - Universidade Federal da Paraíba
Simone Bastos Paiva
ULBRA Universidade Luterana do Brasil
Anderson Ricardo Yanzer Cabral
Gestão do Conhecimento e Governança Corporativa - GC2
PUCRS Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Eduardo Giugliani
VICELÍDER Márcio Luiz Bernardim -
-
Carlos Mário Dal´Col Zeve
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-
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Id.*
GRUPO DE PESQUISA
INSTITUIÇÃO
LÍDER
Gestão do Conhecimento no âmbito da Ciência Contábil
UEPB - Universidade Estadual da Paraíba
Roseane Patrícia de Araújo Silva
Gestão do Conhecimento, Capital Intelectual e Ativos Intangíveis Gestão do Conhecimento, Informação e Inovação GCI2 Grupo de Estudos em Engenharia do Conhecimento e Inteligência Artificial GrECIA Grupo de Estudos e Pesquisa em Gestão Organizacional e Inovação Grupo de Estudos e Pesquisas de Inovação em Organizações
UNIGRANRIO - Universidade do Grande Rio
José Francisco de Carvalho Rezende Carlos Olavo Quandt
UFES - Universidade Federal do Espírito Santos
GP 15
Grupo de Estudos em Economia da Cultura, da Informação, do Conhecimento e da Comunicação Inovação e gestão de pequenas empresas Inovações nas organizações
GP 16
Inteligência Organizacional Competitiva
GP 17
Núcleo de Estudos Contábeis - NECON
GP 7
GP 8 GP 9
GP 10
GP 11
GP 12
GP 13
GP 14
GP 18 GP 19
GP 20
GP 21
e
Núcleo de Estudos em Finanças - NEsFIN Núcleo de Estudos sobre os Recursos Intangíveis Organizacionais - NERIO Núcleo de Gestão para Sustentabilidade Núcleo de Pesquisa em Economia Empresarial NUPEM
PUCPR Pontifícia Universidade Católica do Paraná IFCatarinense Instituto Federal Catarinense
UNEB - Universidade Estado da Bahia
do
IFBA - Instituto Federal da Bahia
VICELÍDER Kallyse Priscila Soares de Oliveira Angilberto Sabino de Freitas -
Juliano Tonizetti Brignoli Maria de Fátima Araújo Frazão Antonio Clodoaldo de Almeida Neto
-
Maria Aparecida da Silva Modesto
Alain Pierre Claude Henri Herscovici
UFU - Universidade Federal de Uberlândia UNESC - Universidade do Extremo Sul Catarinense Criciúma UNB - Universidade Federal de Brasília
Joao Bento de Oliveira Filho Izabel Regina de Souza
UNESC - Universidade do Extremo Sul Catarinense Criciúma USP - Universidade de São Paulo UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina
Andréia Cittadin
UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina
Paulo Mauricio Selig
UFPR - Universidade Federal do Paraná
Armando João Dalla Costa
Kira Maria Antonia Tarapanoff
-
Sílvio Bitencourt da Silva Lillian Maria Araújo de Rezende Alvares Milla Lúcia Ferreira Guimarães
Elizabeth Krauter Sandra Rolim Ensslin
Gregório Jean Varvakis Rados
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-
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[Nome do autor] [Título do documento]
Id.*
GRUPO DE PESQUISA
INSTITUIÇÃO
LÍDER
VICELÍDER Terezinha Lucia Detoni
Núcleo de Pesquisa e UTFPR Universidade Elizângela Estudos Avançados em Tecnológica Federal do Paraná Mara Administração - NUPEA Carvalheiro Propriedade intelectual, UNESC - Universidade do Adriana Kelly GP 23 desenvolvimento e Extremo Sul Catarinense - Carvalho Pinto Lissandra inovação Criciúma Vieira Bruch Relações internacionais no UNIMES Universidade Fernanda GP 24 comércio exterior Metropolitana de Santos Peixoto Coelho brasileiro Quadro 3 – Caracterização dos grupos de pesquisa * A identificação é uma forma de ordenar os grupos, de maneira que possam ser visualizados na rede Fonte: Dados da pesquisa (2015) GP 22
Ao comparar a Tabela 1 (principais autores) com o Quadro 3, verifica-se que Rezende e Ensslin estão entre os autores com mais publicações e são líderes de grupos de pesquisa sobre CI. Respectivamente os autores são lideres dos Grupos de pesquisas: Gestão do Conhecimento, Capital Intelectual e Ativos Intangíveis; e, Núcleo de Estudos sobre os Recursos Intangíveis Organizacionais – NERIO. Com relação à criação dos grupos de pesquisa, observa-se que o primeiro grupo (Núcleo de Gestão para Sustentabilidade – NGS) foi criado em 1996. No entanto a linha de pesquisa Capital Intelectual e Indicadores de desempenho foi criada no referido grupo, apenas no ano de 2012. Sobre isso, Prado e Sayd (2004) já destacavam que na análise dos dados sobre linhas de pesquisa é preciso ter certa cautela, pois o fato de um determinado grupo de pesquisa ter se formado, por exemplo, na década de 1970 não significa que esses pesquisadores iniciaram seus estudos nesse momento; nos setores com maior história e tradição de geração de conhecimento, a pesquisa científica pode ser muito anterior à formação dos grupos. (PRADO; SAYD, 2004, p. 61).
Além disso, destaca-se que uma determinada linha de pesquisa pode ser cadastrada posterior a criação do grupo de pesquisa. Neste trabalho, consideraram-se apenas as publicações a partir da data de criação do grupo de pesquisa. A Figura 4 mostra a linha do tempo da criação dos grupos de pesquisa em CI.
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Figura 4 – Ano de criação do grupo Fonte: Dados da pesquisa (2015)
A partir dos anos 2000 foi intensificada a criação de grupos de pesquisa com temática em Capital Intelectual, com destaque para os anos de 2007 (Grupo de Estudos Contemporâneos em Contabilidade e Gestão; Núcleo de Estudos Contábeis – NECON; Relações internacionais no comércio exterior brasileiro) e 2013 (Estudos em Pesquisa Industrial, Gestão e Logística; Gestão do Conhecimento e Governança Corporativa GC2; Gestão do Conhecimento no âmbito da Ciência Contábil) com a criação de 3 grupos em cada um destes anos. Com a coleta de dados, verifica-se que a região sul (12) é a mais representativa quando se trata de grupos de pesquisa cadastrados nos diretórios da plataforma Lattes, seguido da região sudeste (7).
Figura 5 – Grupos de Pesquisa por regiões no Brasil
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[Nome do autor] [Título do documento]
Fonte: Dados da pesquisa (2015)
Na Tabela 3 é possível verificar quais os grupos mais produtivos no Brasil. Também é possível detectar a qual instituições estão filiadas. Este monitoramento é relevante, uma vez que demonstra o fluxo de conhecimento produzido, assim como os canais de comunicação para a veiculação das pesquisas. Tabela 3 – Grupos de pesquisa mais produtivos Grupo
Filiação
Núcleo de Estudos sobre os Recursos Intangíveis Organizacionais - NERIO Grupo de Apoio à Inovação e Aprendizagem em Sistemas Organizacionais - GAIA Gestão do Conhecimento, Informação e Inovação - GCI2
Ano de Periódicos criação científicos
Cap. Quantidade de Anais de Livros publicações
UFSC
2008
17
-
24
41
CTI
2009
1
4
5
10
PUCPR
2001
5
1
4
10
1996
8
2012
3
1
1
5
2002
-
1
3
4
2007
1
1
2
4
2008
2
1
1
4
2009
1
-
1
2
2000
-
-
1
1
2005
1
-
-
1
2012
-
-
1
1
39
9
43
91
Núcleo de Gestão para UFSC Sustentabilidade - NGS Gestão do Conhecimento, Capital UNIGRANRIO Intelectual e Ativos Intangíveis Administração e Ciência da UNICENTRO Informação - GPACI Grupo de Estudos Contemporâneos em Contabilidade UFPB e Gestão - GECOC Grupo de Estudos em Economia da Cultura, da Informação, do UFES Conhecimento e da Comunicação Inovação e gestão de pequenas UFU empresas Inteligência Organizacional e UNB Competitiva Núcleo de Pesquisa em Economia UFPR Empresarial - NUPEM Propriedade intelectual, UNESC desenvolvimento e inovação TOTAL
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Fonte: Dados da pesquisa (2015)
Os grupos mais produtivos são: Núcleo de Estudos sobre os Recursos Intangíveis Organizacionais – NERIO, Grupo de Apoio à Inovação e Aprendizagem em
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[Nome do autor] [Título do documento]
Sistemas Organizacionais – GAIA, Gestão do Conhecimento, Informação e Inovação – GCI2, Núcleo de Gestão para Sustentabilidade – NGS e Gestão do Conhecimento, Capital Intelectual e Ativos Intangíveis. Em destaque, verifica-se que os grupos de pesquisa filiados a Universidade Federal de Santa Catarina estão entre os cinco grupos mais produtivos do Brasil. O principal canal de veiculação dos grupos de pesquisa são os eventos, como mostra a Tabela 3, demonstrando que os artigos publicados em anais são os mais evidentes. Isto é uma prática comum na comunidade científica, uma vez que os eventos são reconhecidos como um meio mais rápido de comunicação da comunidade científica. Os periódicos científicos são a segunda forma de publicação identificada na comunidade científica dos grupos de pesquisa em CI. Na Figura 6 4 está disposta a topologia das redes produtivas dos grupos de pesquisa. Verificou-se que dos 24 grupos de pesquisa identificados, apenas 12 grupos são produtivos. No entanto, as relações entre os pesquisadores e demais membros do grupo de pesquisa são diversos. O NERIO é o grupo cuja rede é mais densa, tendo Ensslin S. como o nó central da rede. Neste grupo existe uma díade que se configura como relação forte entre Ensslin S. e Gallon A., sendo estes os pesquisadores com maior número de conexões com os demais membros do grupo (coautores), ou seja, atores que fazem parte do grupo de pesquisa, mas não estão cadastrados no Diretório de Grupos de Pesquisa do Lattes como pesquisadores, no entanto, esses membros produzem artigos em coautoria com os pesquisadores.
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Para a leitura e entendimento verificar as marcações na legenda. Os ícones destacados na cor cinza correspondem aos membros coautores que são vinculados aos grupos de pesquisa, porém não estão cadastrados no Diretório do Grupo de pesquisa como pesquisadores. Ressalta-se que este trabalho verificou apenas as publicações referentes aos pesquisadores formalmente cadastrados como tal nos grupos de pesquisa. CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL
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[Nome do autor] [Título do documento]
Legenda
Figura 6 – Rede de atores nos grupos de pesquisa
Observa-se que o Pesquisador (Freire P.) do grupo de pesquisa ‘Propriedade intelectual, desenvolvimento e inovação’ publicou um artigo com o Pesquisador (Selig P.) do grupo de pesquisa NGS. Estes foram os únicos pesquisadores de grupos
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[Nome do autor] [Título do documento]
diferentes que produziram um trabalho em conjunto. O grupo de pesquisa NGS, embora possua apenas um pesquisador cadastrado na linha de CI, as relações para a produção científica é distribuída com vários coautores. No grupo de pesquisa GAIA, os pesquisadores mantêm díades com os demais pesquisadores, no entanto de um ponto a outro, ao passo que só existe conectividade nesta rede por meio das relações entre os coautores. O grupo GCI2 apresenta apenas uma diante entre o Pesquisador Cruz J. e Quandt C., que são os pesquisadores com o maior número de membros coautores relacionados a eles, essa topologia lhes concede a qualidade de hub. Em dois grupos de pesquisa identificou-se que os pesquisadores publicam sem coautoria: ‘Grupo de Estudos em Economia da Cultura, da Informação, do Conhecimento e da Comunicação’ e o grupo ‘Inteligência Organizacional e Competitiva’. Ao comparar os pesquisadores mais produtivos dos grupos de pesquisa com os principais autores de artigos identificados na Scielo Brasil verifica-se que Ensslin S. e Gallon A. (do grupo de pesquisa NERIO) e Rezende J. (do grupo de pesquisa Gestão do Conhecimento, Capital Intelectual e Ativos Intangíveis) estão listados como os autores com maior número de artigos na base de dados que aponta o cenário nacional de pesquisas sobre CI. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS As limitações da pesquisa podem ter tangenciado a identificação completa da produção científica dos artigos, por exemplo, ao limitar a busca apenas por pesquisadores e não ter incluído os demais membros, outro limitante – de responsabilidade dos pesquisadores – pode ser a atualização do currículo Lattes. No entanto, entende-se que a sistemática e os critérios definidos para a coleta de dados foram cuidadosos para mapear as publicações científicas, sendo assim, estes resultados que ora apresentou-se são concretos. Com este trabalho foi possível identificar a rede produtiva dos grupos de pesquisa em CI, demonstrando tanto a topologia e tipo de comportamento produtivo, quanto apontar os autores e artigos indexados na base de dados Scielo Brasil, inclusive CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL
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[Nome do autor] [Título do documento]
permitindo a comparação entre a filiação de área de ambos os autores identificados. Os principais autores (Ensslin S., Gallo A. e Rezende J.) identificados com a análise da produção científica sobre Capital Intelectual são vinculados aos grupos de pesquisa identificados (NERIO e grupo de pesquisa Gestão do Conhecimento, Capital Intelectual e Ativos Intangíveis). Destaca-se que Ensslin S. é um nó central na rede produtiva do grupo de pesquisa, com relações fortes com Gallon A., este resultado demonstra que as autoras vêm trabalhando a temática CI de forma efetiva, cujo resultado traz destaque em cenário nacional. O comportamento produtivo dos grupos de pesquisa demonstra que existe uma preferencia de publicações inicialmente em eventos, seguido de publicações em periódicos científicos. No que tange ao principal periódico identificado na base de dados com o canal de comunicação mais evidente, evidencia-se que o RAM é o que apresenta mais publicações sobre a temática CI, um periódico da Administração que também foi identificada como a área com maior número de grupos de pesquisa com linhas em CI. Por fim, conclui-se que o CI está crescendo e se consolidando no Brasil, principalmente a partir dos anos 2000, este resultado pode estar relacionado à criação de grupos de pesquisa. A produção científica dos grupos é um aspecto que fomenta o desenvolvimento da ciência, neste caso voltado para o estudo dos ativos intangíveis das organizações. Pesquisas futuras: Identificar padrões de criação de conhecimento entre os grupos de pesquisa, no que tange a veiculação do conhecimento, identificou-se que os grupos com linhas de pesquisa em CI tende a publicar inicialmente suas pesquisas em eventos científicos e, posteriormente, veiculam em periódicos científicos. Pode-se verificar a vinculação dos grupos de pesquisa a projetos de pesquisa ou de extensão. Outra possibilidade de investigação é aplicar os passos desta pesquisa em outras áreas científicas, como por exemplo, na identificação de grupos de pesquisa em inovação. REFERÊNCIAS CARNEIRO, S. J.; LOURENÇO, R. Pós-graduação e pesquisa na universidade. In: VIOTTI, E. B.; MACEDO, M. (Orgs.). Indicadores de ciência, tecnologia e inovação
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no Brasil. Campinas: Editora da Unicamp, 2003, Capítulo 4, p.169-227. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo, SP: Atlas, 2002. HERNADEZ SAMPIERRE, R.; FERNANDEZ COLLADO, C.; LUCIO, M. del P. B. Metodologia de Pesquisa. 5 ed. Porto Alegre: Penso, 2013. HERRERO, E. F. Balanced Scorecard e a gestão estratégica: uma abordagem prática. Rio de Janeiro: Campus, 2005. PACHECO, V. Mensuração e divulgação d capital intelectual nas demonstrações contábeis: teoria e empiria, 2005, f. 185. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção), Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2005. PRADO, S. D.; SAYD, J. D. A pesquisa sobre envelhecimento humano no Brasil: grupos e linhas de pesquisa. Ciência & Saúde Coletiva, v. 9, n. 1, p. 57-68, 2004. RAPINI, M. S. Interação universidade-empresa no Brasil: evidências do Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq. Estudos Econômicos, , São Paulo v. 37, n.1, Jan./Mar. 2007. SANTOS, R. N. M. Indicadores Estratégicos em Ciência e Tecnologia: Refletindo a sua Prática como Dispositivo de Inclusão/Exclusão Social. Transinformação, v. 15, (Edição Especial), p. 129-140, 2003. SANTOS, R. N. M.; KOBASHI, N. Y. Bibliometria, Cientometria, Infometria: Conceitos E Aplicações. Pesquisa Brasileira em Ciência da Informação, v. 2, n. 1, p. 155-172, 2009. STEWART, T. A. Capital intelectual – A nova vantagem competitiva das empresas. Rio de Janeiro: Campus, 1998. TARGINO, M. G.; GARCIA, J. C. R. Ciência Brasileira na Base de Dados do Instituto for Scientific Information (ISI). Ciência da Informação, v. 29, n. 1, p. 103-107, 2000. VAZ, C. R. et al. Análise do estado da arte do Capital Intelectual no contexto brasileiro. In: IV Congresso Internacional do Conhecimento e Inovação. Anais... Loja – Equador: Universidad Tecnica de Loja, 2014. Disponível em: http://www.egc.ufsc.br/ciki/edicoes_anteriores/. Acesso em: 23 abr. 2015. WIGG, K. M. Integrating Intellectual Capital and Knowledge Management. Long Range Planning, v. 30, n.3. p. 399-405, 1997. YANAI, A. E. et al. Análise bibliométrica da produção científica da biodiversidade amazônicos: o caso do guaraná. In: XXIV Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação. Anais... Maceió: CBBD, 2011.
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[Nome do autor] [Título do documento]
DANIELLY OLIVEIRA INOMATA Doutoranda em Ciência da Informação, pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC/ PGCIN). Mestre em Ciência da Informação (UFSC/ PGCIN), Especialista em Planejamento e Gerenciamento de Águas pela Universidade Federal do Amazonas – UFAM, Graduada em Biblioteconomia pela UFAM. Atua como pesquisadora no “Grupo de Estudo e Pesquisa em Ciência da Informação” (UFAM), no “Grupo de Pesquisa: Informação, Tecnologia e Sociedade” (UFSC) e no “Núcleo de Gestão para Sustentabilidade – NGS” (UFSC). Competência nas áreas de Ciência da Informação, Biblioteconomia, Gestão do Conhecimento, Gestão da Informação, Fluxos Informacionais e áreas relacionadas. CAROLINE RODRIGUES VAZ Atualmente Doutoranda em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) com bolsa do CNPq e doutorado sanduíche na Ecolé Nationale d Engenieurs de Tarbes (ENIT) França com bolsa CAPES. Possui graduação em Tecnologia em Alimentos (2007), Especialização em Educação Científica e Tecnológica (2008), Especialização em Gestão Industrial: Produção e Manutenção (2009) e Mestre em Engenharia de Produção (2010) pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Ponta Grossa e participou como bolsista do Programa de Assistência ao Ensino (PAE) pela CAPES. A experiência na área de Tecnologia em Alimentos, com ênfase em Nutrição, e na área de Engenharia de Produção, com ênfase em Sistemas de Produção. Os termos mais frequentes em sua produção científica são: Gestão Ambiental Organizacional, Produção mais Limpa, Indicadores de Desempenho, ISO 14001, Análise do Ciclo de Vida e Sustentabilidade de processos produtivos. Além, de Capital Intelectual, Ativos Intangíveis e Logística Reversa.
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MAURICIO URIONA MALDONADO Engenheiro Industrial com Mestrado e Doutorado em Engenharia e Gestão do Conhecimento pela UFSC. Realizou estudos de intercambio na Europa (Espanha e Finlândia) e teve co-tutela da Duke University (Estados Unidos) no Doutorado. Possui mais de 7 anos de experiência internacional no desenvolvimento de pesquisas e consultoria em projetos de inovação, gestão do conhecimento e simulação empresarial. Como pesquisador, é membro sênior do Núcleo de Gestão para Sustentabilidade (NGS) da UFSC, e pesquisador afiliado em processos de inovação na Duke University. É participante ativo e autor de publicações nas suas áreas de expertise e têm apresentado trabalhos em conferências especializadas ao redor do mundo. Como consultor, Mauricio trabalhou com empresas pequenas, médias e grandes dos setores de Energia, Software e Telecom. Atualmente é Professor Permanente do Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas da UFSC, onde atua nos cursos de Graduação, Mestrado e Doutorado.
GREGÓRIO JEAN VARVAKIS RADOS Possui graduação em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1979), mestrado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (1982) e doutorado em Manufacturing Engineering - Loughborough University of Technology (1991). Atualmente é professor titular da Universidade Federal de Santa Catarina, Depto de Engenharia do Conhecimento. Tem experiência na área de Gestão, com ênfase em Gestão de Processos Gestão do Conhecimento e Gestão de Organizações de Serviços, atuando principalmente nos seguintes temas: inovação, gestão do conhecimento, produtividade, melhoria contínua, tecnologia de informação e fluxo informacional
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2. ESTUDO DO CAPITAL INTELECTUAL NO BRASIL: bibliometria e análise das teses e dissertações publicadas no banco de teses da capes
Marilei OSINSKI Darlan José ROMAN Sirlene PINTRO Resumo: O conhecimento é um elemento extremamente valioso na sociedade atual. O Capital Intelectual, por sua vez, é o conjunto de conhecimentos por meio do qual as organizações agregam valor e se tornam competitivas. Este trabalho tem como objetivo verificar a ocorrência de estudos sobre Capital Intelectual e Gestão do Conhecimento, oriundos de teses e dissertações defendidas no Brasil, considerando que o Capital Intelectual tem origem no conhecimento e está diretamente ligado a organizações de conhecimento. O estudo possui abordagem quali-quantitativa e caracteriza-se como descritivo e bibliográfico, sendo realizada busca sistemática no banco de teses e dissertações da CAPES sobre os temas em questão, seguido de análise bibliométrica. Como principal resultado desse estudo pode-se destacar a diversidade de trabalhos e temas relacionados com Capital Intelectual e Gestão do Conhecimento, tais como inovação, criatividade e tecnologia da informação, entre outros. Conclui-se que, mesmo com a identificação de estudos pontuais, alguns programas de pós-graduação apresentam certa continuidade no estudo do assunto, com estratégias de pesquisa variadas, tendo como tema central o capital intelectual associado à Gestão do Conhecimento e suas áreas subjacentes. Palavras-chave: Capital Intelectual. Ativos intangíveis. Bibliometria. Gestão do Conhecimento. 1 INTRODUÇÃO Estudos a respeito de Capital Intelectual e Gestão do Conhecimento se tornam cada vez mais frequentes e numerosos tanto no Brasil quanto no exterior. Nota-se interesse crescente por parte dos pesquisadores no intuito de analisarem e ampliarem conhecimentos a respeito dos temas em questão. Dentre os fatores que motivam tais estudos pode-se citar o papel estratégico do conhecimento nas organizações (RUNTE, 2011). Este apontamento sugere uma investigação que permita verificar a ocorrência de estudos sobre Capital Intelectual e Gestão do Conhecimento, oriundos de teses e dissertações defendidas no Brasil. A Gestão do Conhecimento torna-se cada vez mais necessária, no estágio de desenvolvimento em que a sociedade encontra-se atualmente, pois as organizações estão
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sendo reconhecidas por valores que não podem mais distinguirem-se apenas pela quantidade e velocidade de produção. No cenário atual, o conhecimento é considerado o verdadeiro fator de produção, principalmente das organizações que o têm como sua matéria-prima primordial – organizações intensivas em conhecimento, nas quais o conhecimento humano é a matéria-prima dos produtos que são oferecidos aos seus clientes (FREIRE, 2012). Segundo Cardoso (2012), da mesma forma que Gestão do Conhecimento tornase cada vez mais abordada e considerada relevante, o capital intelectual tem recebido maior atenção dos pesquisadores ao longo do tempo. Tal atenção ocorre tanto no sentido de mensurá-lo e evidenciá-lo em relatórios administrativos de forma ampla e completa, que seja reconhecido pela contabilidade como uma fonte de informações, quanto no aspecto conceitual, de entendimento específico. Considerando a relevância dos temas em questão, bem como a crescente atenção que recebem, desenvolveu-se o presente estudo, que tem como objetivo verificar a ocorrência de estudos sobre Capital Intelectual e Gestão do Conhecimento, oriundos de teses e dissertações defendidas no Brasil e publicadas no banco de teses da CAPES. Seguidas a essa seção de Introdução, a presente pesquisa apresenta a etapa de revisão da literatura, abrangendo o estudo do Capital Intelectual e da Gestão do Conhecimento no Brasil. Posteriormente é apresentado um panorama das teses e dissertações analisadas e, finalmente, são apresentadas as conclusões e referências do presente estudo. 2 GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL O objetivo da gestão do conhecimento é a gestão dos ativos intangíveis, buscando otimizá-los a fim de criar, adquirir e agregar valor à organização. A gestão do conhecimento identifica todos os “ativos e gerencia-os independentemente e em correlação ao fluxo organizacional, enriquecendo-os” (FREIRE, 2012, p. 110). Segundo Stoeckicht (2012, p. 56), pode-se afirmar que no século XXI o sucesso organizacional está cada vez mais baseado na agregação de conhecimento e inteligência aos processos, produtos e serviços. A presente realidade confirma “que saber gerenciar
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o capital intelectual se tornou um pré-requisito ao sucesso e sustentabilidade em qualquer área de negócios”. Valorizar o conhecimento organizacional pode garantir o sucesso à organização que o usa adequadamente. As organizações que decidem inovar em seus modelos de negócio, principalmente, podem se beneficiar caso considerem o conhecimento armazenado “em seus repositórios como um insumo importante para o processo de inovação” (TRIERVEILER; SELL; PACHECO, 2015, p. 1). Spanhol e Santos (2009, p. 55) ressaltam que a utilização de técnicas de Gestão do Conhecimento pode dinamizar o fluxo informacional, uma vez que trazem vantagens como o direcionamento de informações para onde realmente são úteis. Além disso, disponibiliza as informações “no momento necessário, de forma que sejam relevantes, precisas e confiáveis, evitando assim, o retrabalho, clientes insatisfeitos e oportunidades perdidas”. Nesse sentido, algumas organizações têm se adaptado, aderindo a mudanças que influenciem positivamente na sustentabilidade organizacional. Dentre as mudanças mais significativas que têm ocorrido no ambiente organizacional pode-se destacar a tendência de substituição gradual da tradicional economia baseada em produtos e ativos tangíveis, por uma economia diferente, fundamentada e baseada em ativos intangíveis, sendo que o mais importante dos ativos intangíveis é o conhecimento (SOARES FILHO, 2011). No mesmo contexto, Dias (2012) descreve o conhecimento como um dos principais recursos estratégicos organizacionais, além de ser a maior fonte de vantagem competitiva. Considerando essa realidade, práticas de gestão do conhecimento vêm ganhando, significativamente, espaço nas organizações. A referida autora explica que a Tecnologia da Informação fornece as ferramentas e o suporte necessários para que as organizações possam organizar, gerir e compartilhar seu conhecimento/capital intelectual. Conforme Rocha (2012b), a busca por vantagem competitiva perante os concorrentes é constante e crescente no meio organizacional. Cada vez mais, as organizações buscam novas ferramentas que sejam capazes de melhorar o seu desempenho. Diante deste cenário de mudanças constantes, os ativos intangíveis, bem como o capital intelectual, e os próprios empregados ganham lugar de destaque. A CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL
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Gestão do Conhecimento surge como uma nova teoria e ferramenta, que vem sendo incorporada nos planos estratégicos organizacionais, inserindo-se como parte fundamental no planejamento organizacional (TERRA, 2003). De acordo com Soares Filho (2011), as pessoas são os principais atores tanto do processo de criação quanto difusão do conhecimento organizacional, sendo que a participação das mesmas pode influenciar significativamente nos resultados organizacionais. Nesse contexto, a gestão do conhecimento é relevante a fim de possibilitar às organizações mapearem e avaliarem seu capital intelectual e acompanhar a evolução do mesmo no que se refere à geração e difusão do conhecimento. Através da Gestão do conhecimento, as organizações visam contribuir com uma vantagem competitiva sustentável. As relações existentes entre as competências essenciais e o conhecimento organizacional demonstram o conhecimento como um recurso capaz de contribuir para o desenvolvimento de competências (URNAU, 2011). 2.1 CAPITAL INTELECTUAL O conhecimento humano tem ganhado maior atenção por parte de teóricos preocupados com assuntos socioeconômicos que chamam atenção para a importância de gerenciar recursos provenientes do conhecimento. Não somente aqueles preocupados com assuntos socioeconômicos, mas também um grande número de estudiosos das áreas de organização industrial, gerenciamento da tecnologia, estratégia gerencial e teoria organizacional expõem, de forma progressiva, suas ideias sobre a gestão do conhecimento (ROCHA, 2012b). O capital intelectual tem sido debatido de forma crescente, tanto no meio empresarial quanto no meio acadêmico. Esse fato pode estar associado ao advento da economia do conhecimento, bem como ao reconhecimento por parte da comunidade científica e empresarial do impacto do conhecimento no desempenho de indivíduos, organizações e países (GUBIANI, 2011). De acordo com Stewart (1998), o capital intelectual é caracterizado pela soma do conhecimento de todos que atuam dentro de uma organização, o que oferece vantagem competitiva com relação aos concorrentes. Para o autor, o capital intelectual é intangível e formado por conhecimento, informação, propriedade intelectual e CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL
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experiência, podendo ser utilizado para produzir riqueza, tanto para os indivíduos quanto para a organização. Para Bernardez (2008), num sentido amplo capital intelectual é o conjunto de conhecimento científico, tecnológico, artístico e comercial do qual dispõe um indivíduo, uma organização ou uma comunidade, sendo aplicável para gerar riqueza social. Considerando sua flexibilidade e baixo custo de combinações, a produção de capital intelectual se realimenta na medida em que se difunde e se comunica. Segundo Ligabo (2011) e Rocha (2012a), o capital intelectual é constituído, entre outros ativos intangíveis, por competências e habilidades dos funcionários, relacionamento com clientes e fornecedores, bem como por marcas, patentes, sistemas organizacionais e informações, mostrando-se como um fator decisivo na obtenção da vantagem competitiva. De forma complementar, o capital intelectual pode ser caracterizado como um ativo intangível, capaz de gerar vantagem competitiva, uma vez que se baseia em conhecimento, experiências organizacionais e tecnologias disponíveis, agregando valor à organização. Consequentemente, o capital intelectual pode gerar benefícios futuros (CARDOSO, 2012; SILVA, 2012a). No mesmo sentido, Urnau (2011) explica que, à medida que determinada organização encontra uma maneira de utilizar os recursos, gerando vantagem competitiva, a mesma consegue superar barreiras que outras organizações não conseguem. Nessa perspectiva a organização poderia atingir um desempenho significativamente vantajoso em relação a seus concorrentes. Autores como Edvinsson; Malone (1998), Stewart (1998), Roos et al. (1997), entre outros, apresentam dimensões que compõem o capital intelectual: - Capital humano: o qual é composto pelo conhecimento, pela expertise, pelo poder de inovação e pelas habilidades dos empregados, bem como pelos valores, cultura e filosofia da organização; pode ser individual ou coletivo. - Capital estrutural: composto pelos equipamentos de informática, softwares, patentes, marcas registradas, bancos de dados e outros aspectos que apoiam a produtividade; estrutura física e tecnológica.
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- Capital relacional ou de clientes: relativo ao relacionamento com os clientes da organização e tudo que agregue valor aos mesmos; composto por clientes, fornecedores, etc. O capital intelectual pode ser encontrado tanto nas pessoas, quanto nas estruturas da organização e nos clientes. O capital intelectual não é criado a partir de partes distintas do capital humano, estrutural e relacional, mas sim do intercâmbio entre os três. Além disso, consiste na criação e uso do conhecimento, bem como as relações entre o conhecimento e a criação de valor dentro da organização (STEWART, 1998). Considerando-se o exposto na literatura, pode-se apontar que o capital intelectual compreende a união de conhecimentos, informações, propriedade intelectual e é composto, como ativo intangível, de elementos tais como capital humano, capital estrutural e capital relacional. Nesse sentido, atualmente o foco da riqueza das organizações não encontra-se somente no trabalho físico, mas também, e cada vez mais, no trabalho intelectual que pode ser o diferencial para vantagem competitiva. 3 METODOLOGIA Para o desenvolvimento desse estudo foi realizada, inicialmente, pesquisa bibliográfica com análise da literatura sobre os temas Gestão do Conhecimento e Capital Intelectual, utilizando-se para isso artigos de periódicos, livros, teses, dissertações e outras indicações bibliográficas que constavam nos materiais utilizados, para o embasamento teórico. O estudo possui abordagem quali-quantitativa e caracteriza-se como descritivo, bibliográfico e bibliométrico. Posteriormente, visando atender o objetivo do estudo de verificar a ocorrência de estudos sobre Capital Intelectual e Gestão do Conhecimento, oriundos de teses e dissertações defendidas no Brasil, foi realizada busca no Banco de Teses da CAPES (http://bancodeteses.capes.gov.br/), o qual abrange tanto teses de Doutorado como dissertações de Mestrado. A busca foi realizada na opção “Busca avançada”, primeiramente, com os termos Gestão do Conhecimento e Capital Intelectual sem a utilização de aspas e considerando todos os campos dos documentos, ou seja, sem inserir filtros como CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL
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[Nome do autor] [Título do documento]
resumo, título ou palavras-chave, sendo recuperado um total de 119 resultados. Passouse, então, a uma prévia análise dos documentos com a leitura de Título, Resumo e Palavras-Chave, e verificou-se que os temas tratados eram bastante difusos e não atendiam ao interesse do estudo, sendo necessário realizar uma nova busca. A segunda busca no Banco de Teses da CAPES foi realizada na opção “Busca avançada” com os termos “Gestão do Conhecimento” e “Capital Intelectual”, utilizando-se aspas para uma melhor especificação dos temas e considerando todos os campos dos documentos, ou seja, sem inserir filtros como resumo, título ou palavraschave, sendo recuperado um total de 48 resultados. A partir desse resultado, passou-se à análise dos documentos com a leitura de Título, Resumo e Palavras-Chave e verificação da abordagem dos temas “Gestão do Conhecimento” e “Capital Intelectual”. Durante a referida análise foram coletadas informações como Ano de publicação; Autor; Instrumento; Tema; Programa; Área; Tipo (T=Tese ou D=Dissertação), as quais são apresentadas no Quadro 1 da próxima seção. A análise e discussão dos dados foi elaborada de forma descritiva. São apresentadas as percentagens correspondentes aos resultados encontrados, a fim de facilitar a visualização e explicitação dos mesmos. 4 PANORAMA DAS TESES E DISSERTAÇÕES NO BRASIL A análise dos 48 documentos recuperados foi realizada por meio da leitura de Título, Resumo e Palavras-Chave e verificação da abordagem dos temas “Gestão do Conhecimento” e “Capital Intelectual”, considerando as teses e dissertações onde os referidos temas estivessem relacionados. Como resultado final dessa análise, foi considerado um total de 14 documentos, os quais estão relacionados no Quadro 1, a seguir.
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[Nome do autor] [Título do documento]
Ano
Autor
Instrumento
Tema
2011
GUBIANI, JUCARA SALETE
Estudo de caso; questionário (dados primários); técnicas de análise multivariada
Capital Intelectual; Potencial de inovação
Engenharia e Gestão Engenharia/ do Conhecimento Tecnologia/ (Universidade Federal Gestão de Santa Catarina)
T
2011
LIGABO, ALBERTO JOSE PERONDI
Integração BSC (Balanced Scorecard) + IAM (Monitor de Ativos Intangível)
Capital Intelectual; Tecnologia da Informação
Mestrado Profissional em Engenharia de Engenharia de Produção (Centro Produção Universitário de Araraquara)
D
URNAU, EDUARDO
Técnicas de brainstorming e entrevista semiestruturada; aplicação posterior da técnica de RBC (Raciocínio Baseado em Casos)
Tomada de decisão estratégica
Mestrado Acadêmico em Sistemas e Engenharia de Processos Industriais Produção (Universidade de Santa Cruz do Sul)
D
2011
Mestrado acadêmico em modelagem Estudo de caso; Análise de Rede computacional e prova de conceito; Social; Ativos tecnologia industrial questionários de intangíveis (Faculdade de pesquisa online Tecnologia SENAI CIMATEC)
2011
SOARES FILHO, Almir Ribeiro
2012
Questionários, entrevistas; análise CARDOSO, de documentos e Mauricio Farias sistemas de informática
2012
2012
FREIRE, Patricia de Sá
Programa
Levantamento bibliográfico; documental; entrevistas; questionários
Estudo de casos múltiplos; aplicação do modelo de avaliação do grau de STOECKICHT, inovação Ingrid Paola organizacional; questionário diagnóstico de inovação
Capital Intelectual; Inovação Tecnológica Fusões e Aquisições; Processo de Integração
Capital Intelectual; Potencial inovador
Área
Engenharia/ Tecnologia/ Gestão
Mestrado acadêmico em ciências contábeis Administração (Universidade do Vale do Rio dos Sinos) Doutorado em Engenharia e Gestão do Conhecimento (UFSC)
Doutorado em Engenharia Civil (Universidade Federal Fluminense)
D
D
Engenharia/ Tecnologia/ Gestão
T
Engenharia Civil
T
CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL
Tipo
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41
[Nome do autor] [Título do documento]
Ano
Autor
2012
COSER, Adriano
2012
PEREZ, Heitor Siller
2012
2012
Instrumento
Tema
Questionário; modelo de equações Capital Doutorado em estruturais de Intelectual; Engenharia e Gestão mínimos quadrados Performance dos do Conhecimento parciais (PLS-SEM) projetos de (UFSC) para análise dos software dados
Área
Tipo
Engenharia/ Tecnologia/ Gestão
T
Mestrado acadêmico em Administração Administração (Universidade de São de Empresas Paulo)
D
Mestrado acadêmico Capital em planejamento e Planejamento intelectual; desenvolvimento Urbano e desenvolvimento regional Regional regional (Universidade de Taubaté)
D
Gestão do Mestrado acadêmico capital em Ciências SILVA, intelectual; Questionário (escala Contábeis Adriano Jose Cultura Administração Likert) (Universidade do Siqueira da organizacional; Estado do Rio de Clima Janeiro) organizacional
D
SILVA, Alessandro Luiz da
Questionário eletrônico
Pesquisa bibliográfica e documental
Gestão do capital intelectual
2012
Ativos intangíveis; ROCHA, Paula Busca sistemática de Competências Regina Zarelli literatura individuais; Capital intelectual
2012
DIAS, Daniela Aparecida da Silva
ROCHA, Marcelo Ribeiro
2012
Programa
Mestrado Acadêmico em Engenharia e Gestão do Conhecimento (UFSC)
Engenharia/ Tecnologia/ Gestão
D
Entrevistas
Tecnologia da informação; Capital intelectual
Mestrado Acadêmico em Administração Administração (Universidade FUMEC)
D
Entrevista; questionários; análise de documentos e informações
Capital intelectual, Avaliação de competências
Mestrado Acadêmico em Administração Administração (Universidade FUMEC)
D
Quadro 1 – Teses e/ou dissertações sobre Capital Intelectual e Gestão do Conhecimento Fonte: Elaborado pelos autores (2015)
As informações apresentadas no Quadro 1 são discutidas a seguir, buscando fazer correlações e identificar as ocorrências mais frequentes, com o intuito de
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caracterizar os estudos em questão. Ainda, busca-se identificar, caso exista, alguma predominância de determinado programa nesses estudos, bem como os instrumentos e temas mais utilizados e qual(is) área(s) do conhecimento apresenta(m) mais pesquisas. Com relação ao período de publicações de teses e dissertações a respeito dos temas Capital Intelectual e Gestão do Conhecimento, constatou-se que houve maior ocorrência no ano de 2012, com 10 publicações, seguido do ano de 2011, com 4 publicações, conforme pode ser verificado na Figura 1. Não foram localizados estudos em outros períodos.
Figura 1 – Período de ocorrência dos estudos Fonte: Elaborado pelos autores (2015)
Quanto ao tipo de publicação, dentre os 14 trabalhos analisados no presente estudo, 10 correspondem a dissertações de Mestrado, representando a maioria dos trabalhos, enquanto 4 são teses de Doutorado (Figura 2).
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Figura 2 – Tipo de publicação Fonte: Elaborado pelos autores (2015)
Dentre as áreas do conhecimento nas quais ocorreram as publicações, constam: Engenharia/Tecnologia/Gestão
(5
ocorrências);
Administração
(4
ocorrências);
Engenharia de Produção (2 ocorrências); Administração de Empresas (1 ocorrência); Engenharia Civil (1 ocorrência); e Planejamento Urbano e Regional (1 ocorrência). É possível perceber que as áreas de “Engenharia/Tecnologia/Gestão” e “Administração” se sobressaem, com cinco e quatro ocorrências, respectivamente. No entanto, considerando que a área “Administração de Empresas”, que teve 1 ocorrência, pode ser somada à grande área Administração, a mesma terá também se destaca das demais com um total de 5 ocorrências, o que pode estar relacionado ao fato do Capital Intelectual ter surgido dentro dessa área (Figura 3).
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Figura 3 – Áreas das publicações Fonte: Elaborado pelos autores (2015)
Com relação aos Programas de Pós-Graduação que publicaram sobre os temas em questão, pode-se verificar no Quadro 2 que o Mestrado e Doutorado em Engenharia e Gestão do Conhecimento (Universidade Federal de Santa Catarina) ganha destaque com 29% das publicações (4 ocorrências), seguido pelo Mestrado Acadêmico em Administração (Universidade FUMEC) com 15% das publicações (2 ocorrências).
Programa de Pós-Graduação Mestrado e Doutorado em Engenharia e Gestão do Conhecimento (Universidade Federal de Santa Catarina Mestrado Acadêmico em Administração (Universidade FUMEC) Doutorado em Engenharia Civil (Universidade Federal Fluminense) Mestrado acadêmico em Administração (Universidade de São Paulo) Mestrado acadêmico em Ciências Contábeis (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) Mestrado acadêmico em ciências contábeis (Universidade do Vale do Rio dos Sinos) Mestrado acadêmico em modelagem computacional e tecnologia industrial (Faculdade de Tecnologia SENAI CIMATEC) Mestrado acadêmico em planejamento e desenvolvimento regional (Universidade de Taubaté) Mestrado Acadêmico em Sistemas e Processos Industriais (Universidade de Santa Cruz do Sul) Mestrado Profissional em Engenharia de Produção (Centro Universitário de Araraquara) Quadro 2 – Programas de Pós-Graduação relacionados às publicações Fonte: Elaborado pelos autores (2015)
Publicações 4 2 1 1 1 1 1 1 1 1
Pode-se considerar que o destaque do Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento (Universidade Federal de Santa Catarina) ocorre pelo fato de que o referido programa está se dedicando ao estudo sobre Capital Intelectual dentro da área da Gestão do Conhecimento mantendo, inclusive, um grupo de pesquisa denominado Núcleo de Gestão para Sustentabilidade – NGS, o qual possui uma das linhas de pesquisa dedicada ao Capital Intelectual. Quanto aos instrumentos utilizados no desenvolvimento das Teses e Dissertações (Quadro 1), destaca-se o uso de Questionário (eletrônico ou não), com 9 ocorrências, seguido de Entrevista e Pesquisa bibliográfica/documental, com 5 ocorrências cada e Estudo de caso, com 3 ocorrências. Outros instrumentos tiveram apenas uma ocorrência, tais como Técnicas de análise multivariada, Integração BSC
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(Balanced Scorecard) + IAM (Monitor de Ativos Intangível), Técnicas de brainstorming e aplicação da técnica de RBC (Raciocínio Baseado em Casos), Prova de conceito, Modelo de avaliação do grau de inovação organizacional, Modelo de equações estruturais de mínimos quadrados parciais (PLS-SEM). Com relação aos temas de pesquisa, apenas 2 trabalhos utilizaram um único tema, que são: Tomada de decisão estratégica e Gestão do capital intelectual, sendo que todos os demais usaram dois ou três temas concomitantemente. Dentre os temas abordados, nota-se predominância de estudos acerca de Capital Intelectual, que apresenta 11 ocorrências explícitas, o que corresponde a 79% dos trabalhos. Os temas Potencial de inovação, Ativos intangíveis e Tecnologia da Informação aparecem em dois trabalhos cada, o que equivale a 14% dos estudos em questão. Outros temas, tais como: Análise de Rede Social; Fusões e Aquisições; Processo de Integração; Performance dos projetos de software; Desenvolvimento regional; Cultura organizacional; Clima organizacional; Competências individuais; Avaliação de competências e Inovação Tecnológica foram temas de estudo em apenas um trabalho cada (Figura 4).
Figura 4 – Temas tratados nos trabalhos Fonte: Elaborado pelos autores (2015)
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Considerando os temas tratados nos trabalhos, é possível perceber que Capital Intelectual e Gestão do Capital Intelectual são temáticas predominantes nos trabalhos recuperados, demonstrando que os descritores de busca foram coerentes. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS No Brasil, diversos estudos são publicados constantemente envolvendo Capital Intelectual e/ou Gestão do Conhecimento. O objetivo deste estudo foi analisar estudos que tratam de Capital Intelectual e Gestão do Conhecimento simultaneamente, limitando o lócus de pesquisa em teses e/ou dissertações publicadas no Brasil e disponíveis no banco de teses da CAPES. O estudo debruçou-se sobre a análise dos tipos de publicações, áreas das publicações, programas de pós-graduação vinculados às publicados e os temas tratados nos trabalhos. Os resultados obtidos permitem concluir que os estudos vêm acontecendo de forma descontínua, apresentando concentração de publicações em alguns momentos. Este fato pode ser associado à inexistência de uma ligação dos estudos com projetos ou grupos de pesquisa voltados para a temática estudada. Como consequência, os estudos são pontuais, o que dificulta a consolidação de uma base sólida de conhecimento. Apesar disso, foram observadas algumas evidências de que alguns programas de pósgraduação, mesmo que timidamente, vêm demonstrando certa continuidade nos estudos. No que diz respeito aos temas tratados nos trabalhos nota-se que existem estratégias de investigação variadas, associando o tema central referente ao capital intelectual a algumas áreas subjacentes à temática da gestão do conhecimento. Desta forma, o contexto investigado corrobora com a afirmação de Cardoso (2012) de que há uma preocupação dos estudiosos em explorar os temas relacionados à gestão do conhecimento e ao capital intelectual. Além disso, os resultados obtidos evidenciam que também há preocupação em explorar os relacionamentos existentes entre estes dois temas. Como sugestões para pesquisas futuras, poderiam ser realizados estudos no sentido de identificar os principais resultados alcançados pelos autores das teses e/ou dissertações analisadas. Além disso, seria interessante pesquisar, nos próximos anos,
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quais os orientadores ou grupos de pesquisa que apresentam maior número de publicações em determinado período, buscando tendências de pesquisa. Outro fator que poderia ser estudado é explorar o contexto empírico no qual os estudos foram realizados, por exemplo, se em ambientes acadêmicos, industriais ou de serviços. Tais considerações poderiam ser úteis a fim de analisar se existe interesse maior em algumas áreas da economia e qual ambiente tem se mostrado de maior interesse para os pesquisadores. Além disso, seria relevante identificar se o fato de 10 dissertações de Mestrado terem sido realizadas nos anos 2011 e 2012 influencia no número de teses de Doutorado abordando os mesmos temas nos próximos cinco anos, por exemplo. Essa questão sugere que existem possibilidades de que os mesmos autores tenham dado continuidade a seus estudos, realizando o curso de Doutorado com o mesmo tema de pesquisa estudado no Mestrado, oportunizando a publicação de mais estudos nos próximos anos. REFERÊNCIAS BERNARDEZ, Mariano L. Capital intelectual: creacion de valor en la sociedade del conocimiento. Bloomington: AuthorHouse, 2008. CARDOSO, Mauricio Farias. A gestão do capital intelectual e a inovação tecnológica: um estudo em empresas prestadoras de serviços. [Dissertação – Mestrado] – Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis. São Leopoldo-RS, 2012, 191 f.. Disponível em: <http://biblioteca.asav.org.br/vinculos/tede/MauricioFariasCardoso.pdf>. Acesso em: 23 jun. 2015. COSER, Adriano. Modelo para análise da influência do capital intelectual sobre a performance dos projetos de software. [Tese – Doutorado] – Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Tecnológico. Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento. Florianópolis-SC, 2012, 220 f.. Disponível em: <http://btd.egc.ufsc.br/wp-content/uploads/2012/05/Adriano-Coser.pdf>. Acesso em: 23 jun. 2015. DIAS, Daniela Aparecida da Silva. A gestão do conhecimento e o uso da tecnologia da informação em uma empresa de engenharia: um estudo de caso. [Dissertação – Mestrado] – Universidade FUMEC. Programa de Mestrado em Administração. Belo Horizonte-MG, 2012, 94 f.. Disponível em: <http://www.fumec.br/anexos/cursos/mestrado/dissertacoes/completa/daniela-dias.pdf>. Acesso em: 23 jun. 2015.
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MARILEI OSINSKI Bacharela em Administração pela Universidade Federal de Santa Catarina. Foi bolsista de Iniciação Científica do CNPq/PIBIC de 2010 a 2014. Atualmente é mestranda em Engenharia e Gestão do Conhecimento na Universidade Federal de Santa Catarina.
DARLAN JOSÉ ROMAN Doutor em Administração pela Universidade Federal de Santa Catarina, com estadia de pesquisa na Hochschule Osnabrück na Alemanha. Atua como Professor Permanente no Programa de Mestrado Profissional em Administração da Universidade do Oeste de Santa Catarina, onde desenvolve estudos especialmente na Linha de Pesquisa Sustentabilidade em Organizações.
SIRLENE PINTRO Doutoranda em Ciência da Informação pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal de Santa Catarina (PGCIN/UFSC). Mestre em Ciência da Informação pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal de Santa Catarina (PGCIN/UFSC 2012). Possui graduação em Biblioteconomia pela Universidade Federal de Santa Catarina (2008). Membro do Núcleo de Gestão da Sustentabilidade (NGS/UFSC), trabalhando com os temas Fluxos de Informação e Gestão da Informação.
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3. CAPITAL INTELECTUAL E OPEN DATA: tendências da literatura nacional e internacional e possíveis relações teóricas
Paula Regina ZARELLI Everton Ricardo NASCIMENTO José Leomar TODESCO Resumo Este estudo objetiva identificar a relação teórica do capital intelectual com o Open Data. A partir do pressuposto de que o conceito de Open Data, enquanto estrutura de dados abertos passíveis de acesso, análise, utilização, distribuição e compartilhamento, podem fornecer informações relevantes para o processo de desenvolvimento de Capital Intelectual no âmbito de Ciência, Tecnologia e Inovação. Desta forma, este estudo está pautado na identificação de possibilidades de aplicação de Open Data em Capital Intelectual no referido contexto, a partir do método de revisão sistemática de literatura. Como principais resultados, identificou-se que não há uma relação teórica direta, mas possibilidades de classificação de alguns aspectos do open data de acordo com os componentes do capital intelectual. Adicionalmente, apontaram-se tendências dos estudos nacionais e internacionais, como forma de estabelecer um panorama sobre os cenários brasileiro e internacional a respeito dos temas. Palavras-chave: Capital Intelectual. Open Data. Ciência, Tecnologia e Inovação. 1 INTRODUÇÃO A sociedade vem evoluindo de uma forma muito consistente em relação ao papel do conhecimento nas relações entre indivíduos e entre as organizações. Entender os ativos intangíveis pertencentes à uma organização e como estes podem se tornar uma vantagem competitiva tem sido a pergunta motivadora de vários estudos nas duas últimas décadas e continua fomentando pesquisas sobre este assunto. Neste sentido, o capital intelectual, que é tratado como a soma dos ativos intangíveis de uma organização (EDVINSSON; MALONE, 1997; ROOS; ROOS, 1997), tem papel cada vez mais relevante no processo de gestão e entendimento das organizações e dos indivíduos a ela vinculados, pois, muito deste capital encontra-se diretamente nas pessoas e em seu conhecimento e em suas competências. Este conhecimento presente nas organizações em muito deve-se à forma como o mesmo é tratado, do ponto de vista de direcionamento deste em relação ao quanto o mesmo pode ser criado, utilizado e transferido. Cada vez mais a iniciativa privada e a administração pública tem dado atenção para este aspecto, e nesse sentido, o fomento de recursos voltados à ciência, tecnologia e inovação se faz presente para otimizar o conhecimento tanto para dentro quanto para fora das organizações privadas e
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instituições públicas, mas ao mesmo tempo, muito ainda precisa ser feito para efetivar essa otimização, a começar por deixar de tratar tanto ciência, tecnologia quanto inovação, como organismos separados quando se pensa em constituição de capital intelectual para tais instituições, sejam elas públicas ou privadas. Uma iniciativa governamental bastante relevante e que vem ganhando forças ao redor do mundo quanto do seu impacto no processo de transparência das ações públicas e no auxílio de tomada de decisões nas mais diversas áreas de atuação governamental, e que neste estudo busca-se relacionar seus conceitos com o capital intelectual no sentido de fornecer subsídios para iniciativas em ciência, tecnologia e inovação são os Dados Abertos (Open Data). Os dados abertos são, segundo o Open Data Handbook (2012, p. 6) “dados que podem ser livremente usados, reutilizados e distribuídos por qualquer pessoa – sujeitos, no máximo, à exigência de atribuição de fonte e compartilhamento pelas mesmas regras”, sendo os dados governamentais na sua maioria abertos por lei, no tocante à explicitar, entre outras informações, a destinação de recursos, as políticas de incentivo, os gastos públicos e os recursos captados. Desta forma, buscar relacionar tais conceitos – Capital Intelectual e Open Data – é a proposta deste trabalho, alinhando estes à Ciência, Tecnologia e Inovação, para assim identificar e apontar vieses de estudo que possam se beneficiar da interação destes conceitos. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Capital Intelectual O consenso repetido na literatura sobre os ativos intangíveis deve-se à importância do aumento drástico do valor de mercado das organizações durante a década de 1990, e depois, da sua representação como bens imateriais, tais como capital intelectual (BUKH; LARSEN; MOURITSEN, 2001). Assim, o capital intelectual é tratado por vários autores como os ativos intangíveis de uma organização (KAPLAN; NORTON, 1996, BONTIS et al., 1999) ou soma de ativos intangíveis (EDVINSSON; MALONE, 1997, ROOS; ROOS, 1997), bem como sendo o conhecimento que pode ser transformado em valor (EDVINSSON; SULLIVAN, 1996), e ainda as habilidades dos empregados, sistemas gerenciais eficazes e o nível de relacionamento existente entre a organização e seus clientes (STEWART, 1997). Uma outra visão, apresentada por Joia (2001), remete o conceito de capital intelectual baseado na soma de diversos contextos, onde o capital intelectual é obtido a partir de uma formula que realiza a adição do capital humano que a empresa possui em detrimento ao seu capital estrutural, onde capital estrutural pode ser obtido a partir da soma dos capitais de processos, de relacionamentos e de inovação, para a obtenção de índices que possam ser mensurados dentro da organização. O autor ainda afirma que “só vale a pena fazer a medição do Capital Intelectual se existir algum vínculo com o valor acionário da empresa. Tampouco tem significado obterem-se valores absolutos; ao contrário, são as variações ao longo do tempo que podem levar a algumas conclusões a respeito da estratégia da empresa” (JOIA, 2001, p. 60).
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Malavaski, Lima e Costa entendem que “na medida da sua intangibilidade, os recursos, capacitações e competências organizacionais constituem o capital intelectual da empresa. Eles podem ser mensurados na perspectiva do capital humano, do capital relacional e do capital estrutural”. (2010, p. 443-444). Desta forma, o capital intelectual pode ser entendido como um importante fator de vantagem competitiva, pois, percebe que seus ativos intangíveis são tão ou mais importantes do que seus ativos tangíveis, dada a relação entre o que a organização possui de talentos ou recursos humanos, bem como a sua estrutura e as relações sociais que se constituem tanto dentro quanto fora da organização. Tal conceito parte da visão apresentada por vários autores (SUBRAMANIAM; YOUNDT, 2005; STEWART, 2006; NATHAN; RIBIÈRE, 2007; MASSINGHAM, 2008; HSU; SABHERWAL, 2012; RAMEZAN, 2011) que apontam que os componentes formadores de capital intelectual são o capital humano, capital social e/ou relacional e capital estrutural e/ou organizacional. Tais componentes do capital intelectual são convergentes na literatura quanto ao conceito. O capital humano diz respeito ao valores, atitudes, habilidades, conhecimentos e capacidades das pessoas da organização. O capital estrutural trata do conjunto de valores compartilhados, ativos de infraestrutura e tecnologia, métodos, processos, patentes, cultura, estratégias e demais processos, rotinas e procedimentos das organizações. O capital relacional refere-se a todas as relações que a organização possui com os agentes externos, como clientes, fornecedores, alianças, etc. (BONTIS, 1999; BUENO ET AL., 2011). Lima e Carmona (2011, p. 120) reforçam a visão de que o capital intelectual parte dos indivíduos, do ambiente e das relações existentes, uma vez que “é real e é fruto de elevados investimentos em capital humano, pesquisas e desenvolvimento, e constitui, atualmente, o que se pode chamar de ‘o núcleo da economia do conhecimento’, uma vez que, [...] o valor do intangível supera em muito o capital tangível na maioria das empresas”. Depreende-se desta forma, que o capital intelectual representa o conjunto de ativos intangíveis, composto pelo capital humano, capital estrutural e capital relacional, passíveis de mensuração, localizados em instituições públicas e privadas. Ao passo que tais ativos podem encontrar-se de diversas maneiras, inclusive no formato de dados abertos.
2.2 Open Data Muito se tem discutido sobre a questão da transparência das ações governamentais, dando foco especial em questões relacionadas a gastos públicos, investimentos e despesas com estados e municípios, sendo que a maioria da população tem, como única forma de acesso à essas informações, os meios de comunicação abertos, como rádio e televisão. Contudo, existe globalmente uma iniciativa que ganha cada vez mais força, que é a difusão dos Dados Abertos (Open Data). Dados abertos, segundo o Open Data Handbook (2012, p. 6) são “dados que podem ser livremente usados, reutilizados e
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distribuídos por qualquer pessoa – sujeitos, no máximo, à exigência de atribuição de fonte e compartilhamento pelas mesmas regras”. O conceito de dados abertos estende-se mundialmente, principalmente em relação aos dados governamentais, que tem, por aplicação legal na maioria dos países, a premissa de estarem disponíveis para a população. Os dados abertos não se restringem à dados eletrônicos, e historicamente falando, é um termo que vem sendo utilizado há bastante tempo, onde, na Suécia já é utilizado o acesso à informação datado de 1766. Na América Latina, em 1888 a Colômbia promoveu um código de acesso à dados governamentais. Estados Unidos (1966) e México (2002) vem aprimorando e implementando suas leis de acesso à informação desde que estas foram promulgadas, dando ampla visibilidade aos dados governamentais. No Brasil, em específico, a Lei nº. 12.527 de 18 de novembro de 2011, chamada de Lei de Acesso à informação, busca imprimir a democratização dos dados governamentais, dando à população e também à toda comunidade internacional acesso a esses dados. De acordo com a Cartilha do Acesso à Informação, da Controladoria-Geral da União, A informação sob a guarda do Estado é sempre pública, devendo o acesso a ela ser restringido apenas em casos específicos. Isto significa que a informação produzida, guardada, organizada e gerenciada pelo Estado em nome da sociedade é um bem público. O acesso a estes dados – que compõem documentos, arquivos, estatísticas – constitui-se em um dos fundamentos para a consolidação da democracia, ao fortalecer a capacidade dos indivíduos de participar de modo efetivo da tomada de decisões que os afeta. O cidadão bem informado tem melhores condições de conhecer e acessar outros direitos essenciais, como saúde, educação e benefícios sociais. Por este e por outros motivos, o acesso à informação pública tem sido, cada vez mais, reconhecido como um direito em várias partes do mundo (CGU, 2011, p. 6).
A Lei do Acesso à Informação no Brasil consolida o inciso XXXIII do artigo 5 da Constituição Federal de 1988, que aponta que “todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado” (BRASIL, 1988, p. 14). Neste sentido, antes da promulgação da Lei, outra iniciativa já apontava para a disponibilização de dados governamentais disponíveis ao público, que foi o Portal da Transparência do Governos Federal, que deu início à transparência das informações públicas de Estados e Municípios. Quando da contextualização de dados abertos eletrônicos, três pontos primordiais precisam ser elencados: • Disponibilidade e Acesso: os dados devem estar disponíveis como um todo e sob custo não maior que um custo razoável de reprodução, preferencialmente possíveis de serem baixados pela internet. Os dados devem também estar disponíveis de uma forma conveniente e modificável. • Reutilização e Redistribuição: os dados devem ser fornecidos sob termos que permitam a reutilização e a redistribuição, inclusive a combinação com outros conjuntos de dados.
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• Participação Universal: todos devem ser capazes de usar, reutilizar e redistribuir - não deve haver discriminação contra áreas de atuação ou contra pessoas ou grupos. Por exemplo, restrições de uso ‘não-comercial’ que impediriam o uso ‘comercial’, ou restrições de uso para certos fins (ex.: somente educativos) excluem determinados dados do conceito de ‘abertos’. (OPEN DATA HANDBOOK, 2012, p. 6, grifo do autor)
Mas, qual o real valor dos dados abertos? Para o Open Data Institute, os Dados Abertos essencialmente: - Auxiliam o governo a fazer serviços públicos mais eficientes; - Impulsionam a inovação e crescimento econômico, revelando oportunidades para as empresas e startups construírem novos serviços; - Oferecem aos cidadãos insights sobre como funcionam tanto governo central como local, melhorando sua confiança pública e aumentando assim o engajamento político; e - Ajudam o Governo e as comunidades a manter o controle dos gastos e o desempenho local. (ODI, 2015, p. 3)
Cabe ressaltar, no entanto, que nem todos os dados podem – ou devem – estar disponíveis, principalmente quando se tratam de dados governamentais. Existem regras e exceções quanto a divulgação de certas informações que podem atentar contra a segurança nacional ou a intimidade dos indivíduos. O Open Data Handbook (2012) usa o termo Data Protection Legislation (Legislação da Proteção dos Dados), que trata da proteção das informações e do direito dos cidadãos de terem seus dados pessoais preservados, e não da proteção dos dados em si. No Brasil, a Lei nº. 12.527/2011 prevê que tais regras e exceções sejam aplicadas a dados pessoais e informações classificadas: “informações sob a guarda do Estado que dizem respeito à intimidade, honra e imagem das pessoas, por exemplo, não são públicas [...] e só podem ser acessadas pelos próprios indivíduos e, por terceiros, apenas em casos excepcionais previstos na lei. ” (CGU, 2011, p. 16) Dada a amplitude do open data, que leva em consideração aspectos como propriedade intelectual, disponibilidade de acesso e legislação, dentre outros, o presente estudo privilegia a Ciência, Tecnologia e Inovação, como contexto de análise dos temas capital intelectual e open data. 2.3 Ciência, Tecnologia e Inovação – C,T&I Quando da junção dos termos ciência, tecnologia e inovação, estes, na maioria das vezes estavam diretamente relacionados somente ao escopo acadêmico, contudo, nos últimos anos, muita atenção tem se dado a estes termos tanto do ponto de vista de competitividade organizacional quanto governamental. Freeman e Soete (2009, p. 583) afirmam que “esse interesse crescente era de se esperar em sociedades que utilizam cada vez mais a ciência e tecnologia organizadas para conseguir uma grande variedade de objetivos econômicos e sociais e no qual a competição de negócios é cada vez maior com base na inovação”. Aghion, David e Foray (2009, p. 682) entendem que não se pode tratar ciência, tecnologia e inovação e um contexto de fator favorável de competitividade, quando dizem que “ao invés de serem tratados isoladamente como temas distintos e separados, CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL
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ciência, tecnologia e inovação devem ser tratados juntos por um esquema que apresente um contexto de equilíbrio”. Mas de que maneira os Dados Abertos, em especial os dados governamentais ou públicos, podem contribuir dentro do espectro de Ciência, tecnologia e inovação enquanto fator competitivo? Jung e Park (2015, p. 1) tentam responder essa questão levando em conta quatro dimensões: (1) Crescimento econômico, incluindo inovação de negócios e a criação de empresas e postos de trabalho; (2) Engajamento mais próximo e mais inclusivo dos cidadãos na melhoria dos serviços públicos, particularmente dando aos cidadãos informações sobre as normas de prestação e desempenho dos serviços que podem equipá-los a serem “consumidores” mais engajados dos serviços públicos; (3) Uma maior transparência e prestação de contas; e (4) Melhoria na eficiência e funcionamento dos próprios serviços públicos por meio, por exemplo, de melhores processos de tomada de decisão com base no acesso mais completo aos dados públicos de outras agências.
Percebe-se, portanto, que a abertura de dados governamentais pode fomentar novas áreas de exploração no contexto de ciência, tecnologia e inovação. Muitas iniciativas têm apontado para esse fim, como exposto em ODI (2015), em seu relatório acerca das iniciativas de dados abertos para o Reino Unido, que apontam para aspectos dos mais variados, como auxiliar tomada de decisões políticas para questões climáticas, ambientais, envelhecimento populacional e eficiência dos serviços públicos, bem como também é possível auxiliar a iniciativa privada na inovação de negócios e planejamentos estratégicos conforme o escopo de negócio desta. 3 METODOLOGIA O método utilizado para identificar a relação teórica entre o CI e o OD foi realizado de acordo com Ensslin et al. (2010), no sentido de buscar o arcabouço necessário para seleção dos estudos sobre o tema. De acordo com os autores, o método para a seleção de um portfólio bibliográfico corresponde a um processo subdividido em quatro fases: i) seleção do banco de artigos brutos: composto pela definição das palavras-chave, definição bancos de dados, busca de artigos nos bancos de dados com as palavras-chave e o teste da aderência das palavras-chave; ii) filtragem: composta pela filtragem do banco de artigos brutos quanto a redundância e filtragem do banco de artigos brutos não repetidos quanto ao alinhamento do título; iii) filtragem do banco de artigos: composto pela determinação do reconhecimento cientifico dos artigos, identificação de autores; iv) filtragem quanto ao alinhamento do artigo integral: composto pela leitura integral dos artigos. Após a seleção do portfólio bibliográfico, ocorre a análise bibliométrica e revisão sistemática dos artigos que o compõe. A análise bibliométrica apresenta a relevância dos estudos, principais autores e periódicos de publicação, bem como as palavras-chave e evolução temporal dos artigos selecionados. É empregada como instrumento por ser utilizado em diversas áreas do conhecimento, em especial para obter indicadores de produção científica (FERREIRA, 2010). A bibliometria é a metodologia que permite identificar as tendências e o crescimento do conhecimento em uma área, os
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periódicos, tendências de publicações, temas abordados dentro do assunto, grupos de pesquisa com interesses afins, avaliar a circulação de um determinado documento, o crescimento de uma área e o surgimento de novos temas. Neste sentido, a análise bibliométrica foi realizada a partir da busca sistemática da literatura, que ocorreu no período de junho de 2015 nas bases de dados Web of Science, Scopus e Science Direct, sem recorte temporal com os seguintes termos: intellectual capital AND open data* AND science AND technology AND innovation. A busca resultou em 736 artigos, sendo 16 duplicados. Nesta relação, 94 apresentaram alinhamento dos títulos com os temas da pesquisa. Destes artigos, 30 estavam disponíveis e o portfólio final obtido por meio da leitura integral dos artigos correspondeu a 30 estudos. O portfólio final de estudos relacionados a capital intelectual e open data no contexto da ciência, tecnologia e inovação, envolveu a revisão integral dos 30 artigos. Estes estudos foram escritos por 70 autores, publicados em 20 periódicos, com destaque para os periódicos Research Policy, com 4 publicações e Government Information Quarterly, com 5 publicações. Adicionalmente, por tratar-se de um estudo que também analisa o contexto brasileiro sobre os temas, realizou-se a busca com os mesmos termos chave no banco de dados Scielo. Como a busca não resultou em artigos, optou-se por fazer a busca somente com o termo capital intelectual, por trata-se do construto independente deste estudo, que exerce influência nas demais variáveis como inovação e desempenho organizacional (GUBIANI, 2011; COSER, 2012; ÖZER; ERGUN; YILMAZ, 2015), dentre outras. Assim, privilegiou-se o construto no sentido de identificar os tópicos relevantes abordados nos estudos. Desta forma, a busca resultou em 137 artigos. Destes, 14 estavam alinhados com o tema, sendo que nove artigos foram analisados integralmente, por apresentarem convergência com os temas do estudo. Assim, o quadro final de estudos analisados são os seguintes: Tabela 1 – Artigos analisados na revisão sistemática de literatura 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.
Artigos Nacionais em Ordem Cronológica JOIA, L.A. Medindo o capital intelectual. RAE, 41 (2), p. 54-63, 2001. ANTUNES, M.T.P.; MARTINS, E. Capital intelectual: verdades e mitos. Revista Contabilidade & Finanças, 29, p. 41-54, 2002. OLIVEIRA, J.M.de; BEUREN, I.M. O tratamento contábil do capital intelectual em empresas com valor de mercado superior ao valor contábil. Revista Contabilidade & Finanças, 32, p. 81-98, 2003. ANTUNES, M.T.P. A controladoria e o capital intelectual: um estudo empírico sobre a sua gestão. R. Cont. Fin. USP, 41, p. 21-37, 2006. HERSCOVICI, A. Capital intangível e direitos de propriedade intelectual: uma análise institucionalista. Revista de Economia Política, 27 (3), p. 394-412, 2007. ENSSLIN, S.R. Uma metodologia multicritério (MCDA-C) para apoiar o gerenciamento do capital intelectual organizacional. Rev. Adm. Mackenzie, 9 (7), 2008. JOIA, L.A. Governo eletrônico e capital intelectual nas organizações públicas. RAP, 43 (6), p. 1379-1405, 2009.
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8. MALAVSKI, O.S.; LIMA, E.P.de; COSTA, S.E.G.da. Modelo para mensuração do capital intelectual: uma abordagem fundamentada em recursos. Produção, 20 (3), p. 439-545, 2010. 9. LIMA, A.C.; CARMONA, C.U. Determinantes da formação do capital intelectual nas empresas produtoras de tecnologia da informação e comunicação. Rev. Adm. Mackenzie, 12 (1), p. 112-138, 2011. Artigos Internacionais em Ordem Cronológica 1. BUKH, P. N., LARSEN, H. T. MOURITSEN, J. Constructing intellectual capital statements. Scandinavian Journal of Management, v. 17. n. 1, p. 87-108, 2001 2. YLI-RENKO, H, AUTIO, E., TONTTI, V. Social capital, knowledge, and the international growth of technology based new firms. International Business Review, v. 11, n. 3, p. 279-304, 2002 3. ARCHIBUGI, D., PIETROBELLI, C. The globalisation of technology and its implications for developing countries: Windows of opportunity or further burden?. Technological Forecasting and Social Change, v. 70, n. 9, p. 861-883, 2003. 4. REICH, B. H., KAARST-BROWN, M. L. Creating social and intelectual capital through IT career transations. The Journal of Strategic Informations Systems, v. 12, n. 2. P. 91-109, 2003. 5. DEBACKERE, K, VEUGELERS, R. The role of academic technology transfer organizations in improving industry science links. Research Policy, v. 34, n. 3, p. 321-342, 2005 6. HOEKMAN, B. M., MASKUS, K. E., SAGGI, H. Transfer of technology to developing countries: Unilateral and multilateral policy options. World Development, v. 33, n. 10, p. 1587-1602, 2005. 7. HOWELLS, J. Innovation and regional economic development: A matter of perspective? Research Policy, v. 34, n. 8, p. 1220-1234, 2005 8. SOLLEIRO, J. L., CASTAÑON, R. Competitiveness and innovation systems: the challenges for Mexico's insertion in the global context, Technovation, v. 25, n. 9, p. 1059-1070, 2005. 9. BROOKES, N. J., MORTON, S. C., DAINTY, A. R. J., BURNS, N. D. Social processes, patterns and practices and project knowledge management: A theoretical framework and an empirical investigation, International Journal of Project Management, v. 24, n. 6, p. 474-482, 2006. 10. VAN HORNE, C., FRAYRET, J. POULIN, D. Creating value with innovation: From centre of expertise to the forest products industry. Forest Policy and Economics, v. 8, n. 7, p. 751-761, 2006. 11. ANDERSON, T. R., DAIM, T. U. LAVOIE, F. R. Measuring the efficiency of university technology transfer, Technovation, v. 27, n. 5, p. 306-318, 2007. 12. ALTENBURG, T., SCHMITZ, H., STAMM, A. Breakthrough? China’s and India’s Transition from Production to Innovation. World Development, v. 36, n. 2, p. 325344, 2008. 13. AMARA, N., LANDRY, R., BECHEIKH, N., OUIMET, M. Learning and novelty of innovation in established manufacturing SMEs, Technovation, v. 28, n. 7, p. 450463, 2008. 14. AUERSWALD, P. BRANSCOMB, L. M., Research and innovation in a networked world. Technology in Society, v. 30, n. 3-4, p. 339-347, 2008. 15. AGHION, P., DAVID, P. A., FORAY, D. Science, Technology and innovation for economic growth: linking policy research and practice in ‘STIG Systems’. Research Policy, v. 38, n. 4, p. 681-693, 2009. 16. CARMONA-LAVADO, A., CUEVAS-RODRIGUÉZ, G., CABELLO-MEDINA, C. CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL
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Social and organizational capital: Building the context for innovation. Industrial Marketing Management, v. 39, n. 4, p. 681-690, 2010. 17. NAPOLI, P. M., KARANGANIS, J. On making public policy with publicly available data: The case of US communications policymaking. Government Information Quarterly, v. 27, n. 4, p. 384-391, 2010. 18. JOO, J. Adoption of Semantic Web from the perspective of technology innovation: A grounded theory approach. International Journal of Human-Computer Studies, v. 69, n. 3, p. 139-154, 2011. 19. CANTNER, U., KRISTIN, J. SCHMIDT, T. The effects of knowledge management on innovative success – An empirical analysis of German firms, Research Policy, v. 40, n. 10, p. 1453-1462, 2011. 20. PELED, A. When Transparency and Collaboration Collide: The USA Open Data Program. Journal of the American Society for Information Science and Technology, v. 62, n. 11, p. 2085-2094, 2011. 21. DAVIES, T. EDWARDS, D. Emerging Implications of Open and Linked Data for Knowledge Sharing in Development. Ids Bulletin-Institute of Development Studies, V. 43, N. 5, P. 117-127, 2012. 22. LEE, G., KWAK, Y. H. An Open Government Maturity Model for social mediabased public engagement. Government Information Querterly, v. 29, n. 4, p. 492-503, 2012. 23. SHADBOLT, N., O’HARA, K. Linked Data in Government. IEEE Internet Computing, v. 17, n. 4, p. 72-77, 2013 24. YU, S. Social capital, absorptive capability and firm innovation. Technological Forecasting and Social Change, v. 80, n. 7, p. 1261-1270, 2013. 25. ABELLA, A., ORTIZ-DE-URBINA-CRIADO, M., DE-PABLOS-HEREDERO, C. Meloda, a metric to assess open data reuse. Prefesional De La Informacion, v. 23, n. 6, p. 582-588, 2014. 26. CAVALHEIRO, G. C. M. C., JOIA, L. A. Towards a heuristic frame for transferring e-government technology. Government Information Quarterly, v. 31, n. 1, p. 195207, 2014. 27. CONRADIE, P., CHOENNI, S. On the barriers for local government releasing open data. Government Information Quarterly, v. 31, n. SUPPL. 1, p.S10-S17, 2014. 28. LÓPEZ-RUIZ, V., ALFARO-NAVARRO, J., NEVADO-PEÑA, D. Knowledge-city index construction: An intellectual capital perspective. Expert Systems with Applications, v. 41, n. 12, p. 5560-5572, 2014. 29. JIMENEZ, C. E., SOLANAS, A., FALCONE, F. E-Government Interoperability: Linking Open and Smart Government. Computer, v. 47, n. 10, p. 22-24, 2014. 30. VELJKOVIC, N., BOGDANOVI-DINIC, S., STOIMENOV, L. Benchmarking open government: An open data perspective. Government Information Quarterly, v. 31, n. 2, p. 278-290, 2014.
A revisão sistemática da literatura seguiu os passos recomendados por Jesson; Matheson; Lacey (2011), adaptados conforme escopo do estudo: (i) mapeamento do campo de estudo através da revisão; (ii) compreensão da pesquisa; (iii) avaliação qualitativa; (iv) extração de dados; (v) síntese; e, (vi) escrita. A partir destes passos e a fim de atingir o objetivo de identificar a relação teórica dos construtos capital intelectual e open data, formulou-se as seguintes questões para análise dos estudos: ü Que resultados foram encontrados nos estudos? CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL
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ü Em que contextos? ü A partir destes resultados, que tópicos podem ser gerados acerca do tema? Assim, a análise permitiu identificar a tendência de tópicos que os artigos nacionais e internacionais seguem, relativos ao objetivo do estudo.
5 CAPITAL INTELECTUAL E OPEN DATA: POSSÍVEIS RELAÇÕES O intuito de identificar possíveis relações teóricas entre os termos do estudo, resultou na identificação dos seguintes tópicos: Tabela 2 – Possíveis relações teóricas dos temas do estudo em ordem Autor/Ano Contexto Resultados
cronológica Tópicos
INTERNACIONAIS
Bukh; Larsen; Mouritsen (2001)
Yli-Renko; Autio; Tontti (2002)
Reich; KaarstBrown (2003)
Archibugi; Pietrobelli (2003)
Empresas participantes do Projeto das Diretrizes Dinamarquesas para o Capital Intelectual
Mensuração e processo não estão dissociados em relatórios de CI, porque juntos divulgam a linguagem e as práticas do CI.
Relatórios de Capital Intelectual
Novas empresas de base tecnológica (TBNFs)
Através do fomento do capital social da empresa e relações externas, benefícios significativos são alcançados para o crescimento internacional e da base de conhecimento da empresa.
Capital social e crescimento de novas
Empresa de seguros – estudo de caso
O capital social melhora o CI e a vantagem da organização. O compartilhamento de conhecimento permite que projetos sejam bem sucedidos após transições de carreiras.
Compartilhamento de conhecimento em transições de carreiras por meio do capital social
Revisão de literatura
Sugere estratégias para o desenvolvimento tecnológico industrial a partir da análise da exploração internacional da tecnologia produzida em uma base nacional, da geração global de inovações e colaborações tecnológicas
Colaboração tecnológica global
empresas de base tecnológica
Propriedade intelectual da inovação
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Autor/Ano
Contexto
Resultados
Tópicos
Universidade
Discute balanço entre centralização e descentralização da transferência de tecnologia na academia; o incentivo para estrutura apropriada dos grupos de pesquisa; a implementação da decisão apropriada e monitoramento do processo da transferência da tecnologia para organizações.
Transferência de tecnologia
Governo do México
Políticas de C,T&I voltadas para a popularização do conceito de sociedade do conhecimento, treinamento de pessoas, promoção de alianças governamentais, geração de uma rede de fornecedores de serviços técnicos para suporte à inovação.
C,T&I
globais.
Debackere; Veugelers (2005)
Solleiro; Castañón (2005)
Hoekman; Maskus; Saggi (2005)
Howells (2005)
Sociedade do Conhecimento Sistemas Nacionais de Inovação
Iniciativas de transferência de tecnologia e suas políticas, de diferentes países, com base na organização mundial do comércio
Tipos e exemplos de boas práticas de transferência internacional de tecnologias. Análise de políticas mais específicas e não abrangentes de transferência de tecnologia.
Transferência de tecnologia
Revisão de literatura
Entendimento de duas perspectivas para as políticas de inovação e suas regiões: top-down (quando as políticas de inovação estão diretamente ligadas aos interesses nacionais, tendo uma perspectiva mais interregional) e; bottom-up (quando as regiões precisam gerar inovação com aquilo que possuem de recursos e competir por recursos
Políticas de inovação
Boas práticas
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Autor/Ano
Contexto
Resultados
Tópicos
nacionais)
Brookes et al. (2006)
Projetos em Empresas de Engenharia
Correlação entre variáveis confiança, respeito, experiência e relações fora do projeto e condutividade do projeto.
Padrões sociais em compartilhamento de conhecimento em projetos
Universidade
A eficiência de transferência de tecnologia não difere em universidades públicas e privadas, mas necessita aumentar investimentos para melhorar os resultados.
Transferência de tecnologia
PMEs Canadenses de manufatura
O grau de inovação conduz ao desempenho financeiro das empresas. A capacidade de aprendizagem cria novos conhecimentos internos.
Inovação
Leis e relatórios governamentais
Reconhecimento da relevância da necessidade de controle dos dados acessados; discussão da necessidade de restringir algumas exceções que são dadas à disponibilização ao público de dados relevantes à geração de políticas; discussão sobre a integração de dados negligenciados que são gerados por informações confidenciais.
Políticas públicas e acesso a dados disponíveis
Empresas inovadoras da indústria e de
A GC exerce impacto significativo no sucesso da inovação de produtos, mas não exerce na inovação de processos
Relação entre a GC e a inovação
Identificação das limitações da integração de dados: problemas da inclusão, confusão e difusão. Sugere alinhamento de dados das agências para compartilhamento de dados de forma homogênea e conexão de diferentes fontes.
Integração de dados e alinhamento das agências públicas
Anderson; Daim; Lavoie (2007)
Amara et al. (2008)
Napoli; Karaganis (2010)
Cantner; Joel; Schmidt (2011)
Serviços Portal data.gov dos EUA Peled (2011)
Aprendizagem
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Autor/Ano
Lee; Kwak (2012)
Davies; Edwards (2012)
Contexto
Resultados
Tópicos
Agências de administração de saúde
Desafios e melhores práticas voltadas à modelos de maturidade abertos de governança.
Modelos de maturidade abertos de governança
Portal IDS do Reino Unido (Institute of Development Studies); Portal da International Aid Transparency Initiative (IATI); Portal Young Lives
Benefícios dos dados abertos e dados conectados como premissas para a construção de um conhecimento mais coletivo acerca das questões mais diversas, a partir de diferentes conjuntos de dados.
Dados abertos e práticas de construção de significado
Empresas industriais do setor eletrônico
Aumentando a capacidade de absorção, irá aumentar sistematicamente a inclinação e amplitude dos efeitos positivos da diversidade da rede, bem como maximizar o valor global de inovação da empresa. A moderação da diversidade da rede melhora nível de desempenho na inovação
Diversidade da rede e inovação da empresa mediado pela capacidade de absorção
Portais de dados abertos locais, regionais e nacionais da Espanha
Melhoria de indicadores que demonstrem quais informações conduzem à agregação de valor graças à sua reutilização (impacto econômico da reutilização dos dados).
Dados abertos, indicadores e reutilização de dados
Portal data.gov dos EUA
Inferências entre o índice de abertura de dados e a maturidades destes. Indicadores de dados abertos e de transparência dos dados são mais claros quanto ao formato e atualização do que os outros.
Dados abertos e indicadores
Seis organizações públicas holandesas
Sugestão de indicadores para liberação de dados abertos. O uso em serviços, o armazenamento, a fonte e a
Dados abertos, barreiras de liberação e indicadores
Yu (2013)
Abella; Ortiz-deUrbina-Criado; DePablos-Heredero (2014)
Veljkovíc; BogdanovícDiníc;Stoimenov (2014)
Conradie; Choenni (2014)
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Autor/Ano
Contexto
Resultados
Tópicos
adequação para liberação. NACIONAIS
Joia (2001)
Avaliação confiável e factível dos ativos intangíveis da empresa.
Revisão de literatura
Capital Intelectual é um conceito que identifica e agrupa elementos intangíveis (de acordo com as classificações apresentadas) que antes pertenciam ao Goodwill, considerando-se o Goodwill como resultante da não aceitação pela Contabilidade Financeira de vários itens como componentes do ativo, em virtude, principalmente, dos Princípios do Custo como Base de Valor e o da Confrontação das Despesas com as Receitas, mais as Convenções da Objetividade e do Conservadorismo.
Capital Intelectual
Empresas de Capital Aberto de Santa Catarina
As empresas pesquisadas não se utilizam de nenhum tratamento contábil sistematizado e estruturado para mensurar, registrar e evidenciar o capital intelectual, tal como foi abordado no referencial teórico, apesar de possuírem todas as características de gestão voltadas ao conhecimento e serem detentoras de tecnologias de produção e capacidade gerencial.
Capital Intelectual
Grandes empresas
Desconhecimento do valor dos intangíveis da organização. Caracterização da área de
Capital Intelectual
Antunes; Martins (2002)
Oliveira; Beuren (2003)
Antunes (2006)
Capital Intelectual
Empresa da indústria de magnésio – estudo de caso
Modelos de mensuração
Godwill
Godwill
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[Nome do autor] [Título do documento]
Autor/Ano
Contexto
Resultados
Tópicos
brasileiras
controladoria como uma evolução natural da contabilidade e responsável pela mensuração do CI. Entendimento de diferentes combinações de fatores como setor de atividade, tipo de produto, tempo de vida da empresa, competitividade do setor, posição ocupada, estilo de gestão, dentre outros fatores, como responsável por explicar os resultados obtidos pelas empresas.
Controladoria
Revisão de Literatura
Discute o valor do capital intangível do ponto de vista sobre como tornam necessária uma modificação dos direitos de propriedade, das racionalidades econômicas e dos objetos sobre os quais esses direitos se exercem. Buscou justificar a construção de indicadores para a mobilização de recursos, possibilitando a sua transformação no desenvolvimento de novas competências organizacionais.
Capital Intangível
Herscovici (2007)
Revisão de Literatura Malavski; Lima; Costa (2010)
Capital Intelectual Recursos e Capacitações Competências Organizacionais
Empresas de TI – Pernambuco
Capital intangível como direcionador e determinante do valor das empresas, formado por quatro fatores, em ordem de importância em empresas de TI: capital humano, gestão do capital humano, capital estrutural, ambiente organizacional.
Capital Intelectual
Empreendimentos de G2G ligando o Banco do Brasil ao Tribunal de Justição
Projetos de G2G de sucesso — além de ligar distintas organizações públicas para que possam trabalhar colaborativamente — tem impacto positivo e homogêneo em todos os componentes do
Capital Intelectual
Lima; Carmona (2011)
Joia (2009)
Direitos de Propriedade
Tecnologia da Informação
Government-togovernment
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Autor/Ano
Contexto
Resultados
Tópicos
capital intelectual de uma organização pública, seus capitais humano, organizacional, de relacionamento e de inovação. Fonte: Autoria propria, (2015)
Os tópicos descritos permitiram alguns apontamentos, separados de acordo com a origem do artigo, como internacionais e nacionais. Com relação aos artigos internacionais, verificam-se os tópicos transferência de tecnologia e colaboração tecnológica como tópicos recorrentes nos estudos de Archibugi; Pietrobelli (2003); Debackere; Veugelers (2005); Hoekman; Maskus; Saggi (2005); e, Anderson; Daim; Lavoie (2007). Apesar de não considerarem explicitamente o capital intelectual como conjunto de ativos intangíveis, discutem estratégias de desenvolvimento tecnológico (ARCHIBUGI; PIETROBELLI, 2003), o conhecimento gerado (DEBACKERE; VEUGELERS, 2005), a inovação e a necessidade de investimentos (ANDERSON; DAIM; LAVOIE, 2007), e a propriedade intelectual (DEBACKERE; VEUGELERS, 2005). Para estes autores, uma estrutura de matriz, integrando os mecanismos de apoio para a transferência de tecnologia com a organização, com divisões de pesquisa autônomas e incentivadas, acopladas ao desenvolvimento contínuo da experiência exigida, definitivamente ajuda a gerenciar a exploração do portfólio de conhecimento acadêmico. Classificando-se tais tópicos de acordo com os componentes do capital intelectual, observa-se o conhecimento como capital humano, a inovação e propriedade intelectual como capital estrutural e as relações entre a universidade como capital relacional. Ademais, a universidade como campo de estudo localiza a C, T &I como contexto. O estudo voltado especificamente para a C,T&I leva em conta a discussão sobre as políticas voltadas para a popularização do conceito de sociedade do conhecimento, por meio de sistemas nacionais de inovação (SOLLEIRO; CASTAÑÓN, 2005); as políticas de inovação pelas perspectivas topdown e bottom-up (HOWELLS, 2005); e relação entre a inovação e a gestão do conhecimento (CANTNER; JOEL; SCHMIDT, 2011), no campo da iniciativa privada, em empresas inovadoras industriais e de serviços. Os tópicos relativos ao capital intelectual levam em conta os Relatórios de CI (BUKH; LARSEN; MOURITSEN, 2001), com abordagem voltada para integração da mensuração com os processos; e o capital social (YLI-RENKO; AUTIO; TONTTI, 2002), como responsável pelo aumento da base de conhecimento para o crescimento das empresas em nível internacional. No que diz respeito ao open data, os estudos consideram indicadores para dados abertos (ABELLA; ORTIZ-DE-URBINA-CRIADO; DE-PABLOS-HEREDERO, 2014; VELJKOVÍC; BOGDANOVÍC-DINÍC; STOIMENOV, 2014; CONRADIE; CHOENNI, 2014); maturidade dos dados abertos de governança (LEE; KWAK, 2012); práticas de construção de um conhecimento coletivo, a partir de diferentes conjuntos de dados (DAVIES; EDWARDS, 2012); e, políticas públicas (NAPOLI; KARAGANIS,
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2010; PELED, 2011). De forma que os estudos não referenciaram diretamente o capital intelectual. Mas levaram em conta as questões (a partir da classificação do CI) do armazenamento dos dados (capital estrutural); a construção do conhecimento coletivo (capital humano); a reutilização dos dados (capital estrutural); os processos de inclusão, confusão e difusão de dados (capital estrutural); e, e alinhamento de agências públicas para integração de dados (capital relacional). Os estudos nacionais ressaltam, necessariamente, o capital intelectual sob a perspectiva da mensuração (JOIA, 2001), relacionados à controladoria e godwill (ANTUNES; MARTINS, 2002; OLIVEIRA; BEUREN, 2003; ANTUNES, 2006). Outras discussões do CI levam em conta o direito de propriedade intelectual (HERSCOVICI, 2007); e, as capacitações e competências organizacionais (MALAVSKI; LIMA; COSTA, 2010); todas no contexto de empresas privadas, exceto o trabalho de Joia (2009), que analisa a influência dos projetos de G2G (government-togovernment) nos componentes do capital intelectual. Cabe uma importante observação a respeito dos estudos nacionais, que apresentam uma tendência de analisar o capital intelectual sob o prisma contábil, como é o caso de Antunes e Martins (2002, p.53), que chegam a compará-lo com o conceito de godwill, Capital Intelectual é um conceito que identifica e agrupa elementos intangíveis (de acordo com as classificações apresentadas) que antes pertenciam ao Godwill, considerando-se o Godwill como resultante da não aceitação pela Contabilidade Financeira de vários itens como componentes do ativo, em virtude, principalmente, dos Princípios do Custo como Base de Valor e o da Confrontação das Despesas com as Receitas, mais as Convenções da Objetividade e do Conservadorismo.
Esta percepção é corroborada teoricamente nos estudos de Oliveira e Beuren (2003), entretanto, apesar da teoria convergir com as ideias de Antunes e Martins (2002), os resultados da pesquisa indicam que as empresas não utilizam nenhum tratamento contábil sistematizado e estruturado para mensurar, registrar e evidenciar o capital intelectual, apesar de possuírem características de gestão voltadas para o conhecimento. O estudo conseguiu apontar para uma grande lacuna de pesquisa, tanto no âmbito internacional, mas principalmente no âmbito nacional no que tange a relação entre os construtos Capital Intelectual e Open Data, apontando para C, T&I. Os dados abertos são um conceito relativamente novo, e seu uso ainda gera muitas discussões, principalmente em relação à que tipos de informações serão disponibilizadas e para quem serão, e isto mostrou que os estudos internacionais são, ainda, muito incipientes na relação entre os construtos, sendo que nacionalmente não existem estudos que levem a essa relação. Contudo, entende-se que a relação entre os construtos é possível. Iniciativas como o Atlas da Complexidade Econômica5, remetem ao uso intensivo de dados abertos para a geração de informações que fomentam a criação de capital intelectual, tanto a
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Disponível em http://atlas.cid.harvard.edu/ CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL
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nível governamental quanto para o setor privado, apontando para oportunidades de negócio. 6 CONCLUSÕES Este estudo objetivou identificar a relação teórica do capital intelectual com o Open Data. O método utilizado para seleção do portfólio de estudos analisados foi a revisão sistemática de literatura, sendo que os contextos dos estudos e resultados encontrados possibilitaram analisar tópicos comuns acerca do tema, e permitiram apontar relações indiretas entre os construtos. Além disso, optou-se por realizar a busca de estudos nacionais e internacionais, a fim de investigar as tendências da literatura. Os tópicos recorrentes na literatura internacional consistiram em: transferência de tecnologia e colaboração tecnológica realizados em universidades, contexto de C,T&I, e especificamente sobre C,T&I; relatórios de capital intelectual, com abordagem voltada para mensuração; e, indicadores para dados abertos, maturidade de dados abertos de governança, práticas de construção de conhecimento coletivo a partir de diferentes conjuntos de dados e políticas públicas. Todos os tópicos foram analisados com os componentes do capital intelectual de forma indireta. No panorama nacional, os estudos privilegiaram a mensuração do CI sob o prisma essencialmente contábil, comparando-o com o conceito de godwill, e análise da sua influência em variáveis e contextos diversos, como o G2G (government-togovernment). A análise dos estudos permitiu ainda evidenciar uma diferenciação do contexto, sendo prioritariamente no setor público o alvo dos internacionais e no privado, o dos nacionais. Limitações podem ser apontadas como falta de estudos na base nacional que contemplem os construtos na busca conjunta. Desta forma, sugere-se que estudos futuros considerem os construtos de forma separada, para contemplar o cenário do open data no Brasil. Outra limitação refere-se ao contexto da C,T&I, não contemplada nos resultados da busca nacional. Conclusivamente, espera-se ter contribuído teoricamente com o tema proposto, uma vez que não foram identificadas relações diretas, mas possibilidades de classificação do open data de acordo com os componentes do capital intelectual, em diferentes contextos. REFERÊNCIAS ABELLA, A., ORTIZ-DE-URBINA-CRIADO, M., DE-PABLOS-HEREDERO, C. Meloda, a metric to assess open data reuse. Profesional De La Informacion, v. 23, n. 6, p. 582-588, 2014. AGHION, P., DAVID, P. A., FORAY, D. Science, Technology and innovation for economic growth: linking policy research and practice in ‘STIG Systems’. Research Policy, v. 38, n.4, p. 681-693, 2009. ALTENBURG, T., SCHMITZ, H., STAMM, A. Breakthrough? China’s and India’s Transition from Production to Innovation. World Development, v. 36, n. 2, p. 325-344, 2008. CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL
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PAULA REGINA ZARELLI Graduada em Administração de Empresas. Pós-Graduada em Gestão Empresarial com Ênfase em Marketing e Recursos Humanos. Mestre e Doutoranda em Engenharia e Gestão do Conhecimento – UFSC. Docente de graduação e pósgraduação em instituições públicas (Unioeste/PR) e particulares (Unipar/PR), atuante na área de recursos humanos e consultoria organizacional desde 2001. Atualmente é pesquisadora no Núcleo de Gestão para Sustentabilidade – NGS/UFSC. Temas de Pesquisa: Capital Intelectual; Capacidades Dinâmicas; Organizações em Rede. EVERTON RICARDO NASCIMENTO Mestre em Ciência da Computação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Pós Graduado em Administração de Sistemas de Informação pela Universidade Federal de Lavras e Graduado em Ciência da Computação pela Universidade do Estado do Mato Grosso. Atualmente é aluno regular de doutorado no Programa de Pós-graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento na Universidade Federal de Santa Catarina PPGEGC/UFSC, na linha de pesquisa de Capital Intelectual. É professor assistente da Universidade do Estado do Mato Grosso, com experiência nas áreas de Engenharia de Software e Organização, Sistemas e Métodos, atuando principalmente na análise, governança e gestão organizacional. JOSÉ LEOMAR TODESCO Possui graduação em Matemática pela Universidade Federal de Santa Catarina (1987), graduação em Educação Física pela Universidade do Estado de Santa Catarina (1985), mestrado e doutorado em Engenharia de Produção também pela UFSC (1991 e 1995, respectivamente). Atualmente é professor associado I do departamento de Engenharia do Conhecimento da Universidade Federal de Santa Catarina, atuando no curso de Sistemas de Informação na graduação, no Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento da UFSC e como pesquisador do Instituto Stela. Tem experiência na construção de Sistemas de Informação, com ênfase em Data Warehouse, Inteligência Artificial e Engenharia do Conhecimento, com interesse principalmente nos seguintes temas: business intelligence, engenharia de ontologias, sistemas de informação, representação de conhecimento, web semântica, processo de publicação de dados abertos no formato linked data.
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4. ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DO CAPITAL HUMANO NO SUCESSO DE STARTUPS INCUBADAS NA REGIÃO SUL DO BRASIL
Elizandra MACHADO Paulo Mauricio SELIG Neimar FOLLMANN Nelson CASAROTTO FILHO Resumo: A criação de Startups de base tecnológica tem sido cada vez mais reconhecida como um importante elemento para o desenvolvimento econômico brasileiro. Existe uma carência em trabalhos científicos que demonstrem a relação do Capital Humano (CH) no sucesso das startups incubadas. Dessa forma, o objetivo geral desse artigo é analisar a influência do capital humano no sucesso de startups incubadas. O procedimento metodológico foi estruturado em três grupos de atividades: consulta à literatura; desenvolvimento; e comprovação empírica. A consulta à literatura envolveu a coleta e seleção da literatura referente aos temas capital humano, incubadora e fatores de sucesso e startup. No desenvolvimento, ocorreu a determinação dos construtos de CH em startups incubadas e a identificação dos critérios para análise do CH em startups incubadas. E na comprovação empírica, foi validado o instrumento com seis gestores de incubadoras da região Sul do Brasil e realizada a aplicação em 21 startups incubadas, sendo que 04 delas de insucesso, 06 graduadas e 11 incubadas. Com a aplicação do instrumento foi possível constatar que o Capital Humano é um fator critico de sucesso no sucesso de startups incubadas, e verificar como ele influencia esse sucesso. Como em uma startup o empreendedor é o principal representante dessa dimensão, sua motivação e comprometimento refletem diretamente no sucesso das empresas. Palavras chaves: Capital Humano; Startups incubadas; Incubadoras; Sucesso. 1 INTRODUÇÃO O tema Startup tem avançado rapidamente, diversos são os trabalhos científicos produzidos na área, seja como uma abordagem empreendedora, ou como uma visão tecnológica, base com a qual a maioria dessas empresas se desenvolve. O surgimento dessas novas empresas tem sido apoiado pelo governo, por órgãos de fomento e, principalmente, incubadoras de empresas. O desenvolvimento tecnológico e a criação de empresas no ramo da tecnologia são reconhecidos como universidades, órgãos governamentais e associações de classe tem procurado criar um ambiente em que novas empresas surjam e se desenvolvam. Para Peña (2002) os determinantes da sobrevivência e do crescimento de uma nova empresa estão muitas vezes relacionados à experiência do empreendedor em CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL
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negócios e à concorrência do setor. Entretanto, mais do que aspectos facilmente mensuráveis e normalmente tangíveis, há fatores intangíveis que impactam no sucesso empresarial, relacionados, principalmente, ao conhecimento. Existem diversos incentivos para criação dessas novas empresas. Um deles são as incubadoras de empresas, que oferece apoio para aceleração e desenvolvimento de novos negócios e apoio aos empreendedores. Está claro que as startups que recebem apoio e são suportadas pelas incubadoras possuem taxas de sobrevivência mais elevadas comparando com as empresas startups que não receberam apoio por tais iniciativas (SCHWARTZ, 2013). O ambiente de criação de novas empresas gera diversas possibilidades de investigação, tais como: a criação; gestão; criatividade; desempenho; perfil dos empreendedores; fomento; investidores; etc.. Esses termos representam um complexo sistema, que se inicia com uma ideia, seja ela decorrente de um insight ou de um processo mais elaborado, passando para a fase de planejamento do negócio, prototipagem e teste do produto no mercado e início da comercialização do mesmo. Um dos aspectos que serão abordados nesse artigo é principalmente no que refere ao apoio e desenvolvimento que capital humano no processo de incubação, ele tem a possibilidade de realizar novas capacitações, formação de rede de contato, etc. O objetivo geral desse artigo consiste em analisar a influência do capital humano no sucesso de startups incubadas. E a estrutura é composta pela introdução, referencial teórico com os temas capital intelectual, capital humano, startups, fatores de sucesso, fatores críticos de sucesso em startups de base tecnológica. Em seguida os procedimentos metodológicos, análise dos dados com a validação dos indicadores da dimensão capital humano com os gestores das incubadoras, capital humano como fator de sucesso nas startups incubadas, a influência do capital humano no sucesso de startups incubadas e considerações finais. 2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS O procedimento metodológico adotado nesse artigo está estruturado em três grupos de atividades: consulta à literatura, desenvolvimento e comprovação empírica. A consulta à literatura envolveu a coleta e seleção da literatura referente aos temas capital intelectual, incubadora e startup. Já no desenvolvimento ocorreu a análise desse conteúdo, com o objetivo de se identificar os critérios para analisar o Capital Humano em startups incubadas. Na comprovação empírica, buscou-se a corroboração de especialistas e aplicouse o questionário aos empresários. A corroboração é uma importante etapa, por permitir que tanto profissionais da academia como de empresas auxiliem na validação dos construtos. E a aplicação é o teste necessário para verificar a funcionalidade da criação dos mesmos. A pesquisa é classificada como qualitativa Para Creswell (2010), pesquisa qualitativa, o pesquisador é um instrumento fundamental, ele coleta pessoalmente os dados, por meio de exame de documentos, de observação do comportamento ou de entrevista com os participantes. Pode utilizar instrumentos para a coleta de dados, mas é ele próprio que coleta as informações e não tende a utilizar ou basear-se em questionários ou instrumentos desenvolvidos por outros pesquisadores. CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL
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Quanto aos meios, a pesquisa é classificada como bibliográfica, pois foi utilizado um referencial teórico contendo principalmente artigos de periódicos, artigos de congressos, teses, livros e sites relacionados aos temas capital intelectual, capital humano, startups incubadas, incubadoras de empresa, fatores de sucesso de empresas. De acordo com Gil (2002, p. 44), “a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”. Esta pesquisa é estudo de caso, pois, de acordo com Yin (2010, p.24) como método de pesquisa, o estudo de caso é usado em muitas situações, para contribuir ao nosso conhecimento dos fenômenos individuais, grupais, organizacionais, sociais, políticos e relacionados. Nesse artigo foi realizado um estudo de múltiplos casos. De acordo com Miguel (2012,p.129), “o estudo de caso é um trabalho de caráter empírico, que investiga um dado fenômeno dentro de um contexto real contemporâneo por meio de uma análise aprofundada de um ou mais objetos de análise (casos)". Para Yin (2009, p 79), "o estudo de múltiplos casos mostra que a seleção dos casos e as medidas especificas são passos importantes no projeto e no processo de coleta de dados”. A pesquisa foi aplicada em seis incubadoras da região Sul. Onde foram aplicados os questionários e realizadas entrevistas com 21 empreendedores de startups, de três diferentes estágios: incubadas, graduadas e de insucesso. O ambiente de estudo desta tese foram seis incubadoras de empresas da região Sul do Brasil. A região Sul é a mais representativa do Brasil em quantidade de incubadoras. De um dos cada estados – Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul –, foram escolhidas as duas incubadoras mais significativas, de acordo com dados da Anprotec (2014). Dessa forma, do Paraná foram pesquisadas a Incubadora Tecnológica de Curitiba (INTEC) e a Incubadora Santos Dumont, inserida no Parque Tecnológico Itaipu (PTI), em Foz do Iguaçu. Do Rio Grande do Sul, foram escolhidas a incubadora Unidade de Inovação e Tecnologia da Unisinos (UNITEC), de São Leopoldo, e a Incubadora Raiar (PUCRS), de Porto Alegre. Já de Santa Catarina, as incubadoras escolhidas foram o Celta e o MIDI Tecnológico, ambas de Florianópolis. 3 REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 Capital intelectual O tema capital intelectual vem sendo tratado na literatura por diversos autores e no meio empresarial, a primeira publicação oficial sobre o tema deu-se em 1994, o relatório anual da Skandia Navigator, como uma tentativa de visualizar o valor oculto na organização (EDVINSSON, 2013). O capital intelectual é o conhecimento que pode ser convertido em valor (EDVINSSON; SULLIVAN, 1996). Esta definição é mais ampla, e refere-se às invenções, ideias, abrangendo conhecimentos gerais, projetos, programas de computadores, os processos de dados e publicações. O capital intelectual (CI) não se limita às inovações tecnológicas, ou apenas às formas de propriedade intelectual identificadas pela lei (por exemplo, patentes, marcas, segredos comerciais). O CI tem
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dois componentes principais: recursos humanos e capital estrutural (EDVINSSON; SULLIVAN, 1996). Ambas as abordagens são esclarecedoras sobre o tema capital intelectual, alguns autores mudam o nome dos componentes, outros destacam que o capital gera valor na interação das partes. Cabe destacar a definição dos principais componentes do capital intelectual que são o Capital Humano (CH), Capital Estrutural (CE) e Capital Relacional (CR). O CH é a parte “que pensa”, que trata aspectos relacionados à pessoa. São as competências e habilidades acumuladas, capacidades individuais e dos grupos, as experiências e os conhecimentos pessoais na organização, a educação, a agilidade intelectual, a capacidade criativa de inovação, os valores e a motivação/atitudes. O CE está relacionado à estrutura organizacional, e o CR à marca, clientes fornecedores, bancos, governos, etc. (GUBIANI, 2011). O tema CI tem sido debatido na literatura sob diversas abordagens. Recentemente, Edvinsson (2013, p. 163) fez alguns questionamentos sobre o tema nas empresas: O que Steve Jobs realmente faz na Apple? Ele gerencia seu capital intelectual [...] Como? Para Steve Jobs, gerenciar o capital intelectual envolveu a capacidade de dar a adequada direção ao conhecimento assimilado na organização, a fim de gerar ideias inovadoras e desenvolvê-las. Hoje, percebemos a notável valorização do valor de mercado da empresa Apple. Em agosto de 2012, ela tornou-se a empresa mais valiosa na história, com um valor de mercado de mais de 600 bilhões de dólares, muitas vezes mais do que Nokia. Qual é a receita de negócios inovadora da Apple? É sustentável? (EDVINSSON, 2013, p. 163). Ainda para o mesmo autor, há outros casos de capital intelectual que valem a pena serem observados, tais como o Facebook, Google e o Skype. Como essas organizações fazem para utilizar o capital intelectual para criar valor? O sucesso dessas empresas leva a uma reflexão sobre a importância do capital intelectual nas organizações. De certa forma, não existem respostas concretas para essas perguntas, mas existem indicadores a serem a analisados, que facilitariam as análises desses questionamentos. Para que se possa chegar a indicadores, é necessário primeiro compreender a estrutura, a composição do CI De acordo com Bueno et al. (2012), esses indicadores são básicos para medição dos elementos e das variáveis selecionadas, que identificarão os aceleradores do modelo de referência, considerando estes como as melhores práticas. Esse modelo oferece respostas às demandas da medição dos intangíveis que representam esses elementos e variáveis, e apresenta uma primeira abordagem geral para a evolução do capital intelectual e a natureza da sua aplicação. Além disso, serve para qualquer categoria de empresa ou de organização, independente de seu tamanho e setor de atividade econômica (BUENO et al., 2012). O quadro 1 apresenta medições de capital intelectual utilizadas por empresários.
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CAPITAL HUMANO
CAPITAL ESTRUTURAL
CAPITAL DE CLIENTE
Empreendedor / competência empregado Renda do empreendedor referente ao custo de oportunidade (pessoal e profissional) Salário dos funcionários Empreendedor/atitude do empreendedor Satisfação do empreendedor Satisfação do empregado
Processos de operação Crescimento das saídas Melhoria no processo de atendimento Certificação de qualidade Problema resolvido para os clientes Melhorias nas condições dos fornecedores
Aumento do número de clientes Número de clientes Expectativas de novos clientes Índice de fidelização de clientes Satisfação do cliente Lealdade do cliente
Quadro 1 – Medições de capital intelectual utilizadas por empresários Fonte: Hormiga, Hancock e Valls-Pasola (2013).
Conforme é demonstrado no quadro 1, os indicadores e seus resultados têm relevância para acadêmicos e profissionais da mesma maneira. É enfatizada a importância da identificação, avaliação e tomada de decisão, no que diz respeito ao CI, durante os primeiros anos de vida empresa. A estrutura identificada pelos autores permite aos empresários identificar e demonstrar o valor que o CI está adicionando à suas organizações, dando-lhes maior capacidade de negociar com novos fornecedores ou reforçar a sua posição, a fim de obter apoio financeiro (HORMIGA; HANCOCK; VALLS-PASOLA, 2013). Nesse artigo será dada ênfase na dimensão capital humano, analisando o empreendedor e todos os aspectos ligados a ele, bem como a sua motivação, comprometimento, rede de contatos entre outros. 3.2 Capital Humano O capital humano (CH) tem sido pesquisado e a abordagem é aplicada a diversos contextos sociais e de negócios, incluindo carreira individual, salário, rendas, promoções no trabalho e transferências. A teoria sobre CH também tem sido utilizada para explicar efeitos macro, tais como o desempenho em nível de grupo ou da empresa e o surgimento de novos negócios (BARNIR, 2012), foco deste trabalho. Para Edvinsson (1996), os recursos humanos da empresa podem ser definidos como a capacidade coletiva dos trabalhadores para resolver problemas do cliente. O recurso humano da empresa envolve o conhecimento, a experiência coletiva e as habilidades de todos de funcionários da empresa. Isto é um recurso, porque pode gerar valor para a empresa, até porque que seria difícil para a empresa entregar esse valor sem os próprios trabalhadores, ou seja, o capital humano. Apesar de empreendimentos nascentes ainda não desenvolverem uma reputação com base no desempenho, as reputações individuais de seus fundadores, analisadas com base no desempenho de seus empreendimentos anteriores, podem funcionar como sinais importantes para os investidores (EBBERS; WIJNBERG, 2012). Os atributos de capital humano podem ser entendidos como a educação, experiência, conhecimento e habilidades das pessoas e do empreendedor. Tem-se
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argumentado que esses são recursos críticos para o sucesso em empresas empreendedoras (UNGER et al., 2011). A seguir, serão apresentadas outras variáveis e indicadores do capital humano, conforme Bueno et al. (2012) (quadro 2). Variáveis Orientação ao cliente Criação de valor Conhecimento do negócio Motivação
Desenvolvimento de pessoas Colaboração (trabalho em equipe) Compromisso e sentimento de pertencer
Indicadores % de pessoas envolvidas em redes externas de trabalho % de pessoas envolvidas no processo de contatos e relação com os clientes Nº de ideias sugeridas pelas pessoas % de pessoas dedicadas a atividades de P&D Tempo de experiência no local de trabalho Tempo de experiência no setor % absentismo no trabalho Nº de pessoas promovidas Nº de promoções e reconhecimento dos trabalhos realizados % de pessoas com atividades socioculturais em sua vida pessoal Nº da média anual de promoções das pessoas Nº de pessoas que participam de uma ou mais equipes internas de trabalho Nº de objetivos individuais integrados a objetivos gerais da equipe Anos de experiência na organização % de pessoas envolvidas nas atividades de melhoria corporativa
Quadro 2 – Variáveis e indicadores do capital humano Fonte: Bueno et al. (2012)
As variáveis e indicadores do capital humano propostos por Bueno et al. (2012) indicam os meios pelos quais é possível analisar ou até mesmo medir o capital humano. Observa-se que diversos dos aspectos apresentados podem ser utilizados, com alguma adequação, para avaliar o capital intelectual em startups. No quadro 3, serão apresentados mais conceitos sobre o capital humano, de acordo com os respectivos autores.
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Quem
O que
Capital Humano
Autores
Todo o conhecimento humano da empresa: • habilidades; • conhecimento; • capacidades de indivíduos e grupos; • talento e know-how; • attitude; • conduta; • motivação; • desempenho e ética das pessoas; • agilidade intelectual; • competências e experiência dos funcionários e gerentes; • valores; • atitudes; • habilidades; • criatividade e inovação; • satisfação e fidelidade. Os trabalhadores que são considerados peritos, especialistas: • A equipe de elite; • Líderes.
Bontis e Fitzenz (2002), Davenport et al. (2003), Edmonson (1999), Edvinsson e Malone (1997), I.A.D.E. (2003), Kaplan e Norton (1999), Roos et al. (1997).
Bontis (2001), Stewart (1998), Sveiby (1997).
Quadro 3 – Capital Humano Fonte: Rodrigues et al. (2009)
Nas empresas, o capital humano é composto pelas habilidades específicas para o desempenho da tarefa. O capital humano em geral supera a sua própria capacidade de aprender e adquirir conhecimentos de diferentes áreas, para transferir essas habilidades para todas as áreas e seguimentos das empresas, e para aprender com sucesso novas habilidades (BARNIR, 2012). 3.3 Startups Para Blank e Dorf (2012), uma startup é uma organização temporária em busca de um modelo de negócio escalável e rentável. Uma startup apresenta um modelo de negócios inovador, que se encontra em estágio embrionário, e seu crescimento é acelerado (MORAES; OLIVEIRA, 2013). São empreendimentos com baixos custos iniciais e que possuem uma expectativa de crescimento muito grande (SEBRAE-PB, 2014). Silva (2013) destaca que, na literatura, o conceito de startup surge associado a três critérios principais: dimensão, juventude ou primeiros estádios de desenvolvimento. e grau elevado de inovação e respetivo risco associado. O que prevalece, nas definições é o fato de que são empresas de pequeno porte, com elevado grau de inovação e com alto nível de risco. Além disso, estão em fase de desenvolvimento e ainda não alcançaram a maturidade do negócio. Normalmente, essas empresas são de base tecnológica, possuem espírito empreendedor e buscam um modelo de negócio inovador. Há vários exemplos de startups que deram certo e que hoje são consideradas grandes empresas, como, por
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exemplo o Google, Facebook, Yahoo, Apple e Buscapé.com (esta última de origem brasileira) (MORAES; OLIVEIRA, 2013). Para Padrão e Andreassi (2013), as startups têm alto impacto no desenvolvimento econômico, contribuindo significativamente para a criação de empregos em setores de alta tecnologia. Além disso, o Brasil investiu significativamente na criação de incubadoras tecnológicas, a fim de fomentar as novas empresas de base tecnológica. Existem também investimentos em parques tecnológicos para onde as startups incubadas devem migrar depois de graduadas. De acordo com Lastres e Cassiolato (2003), os parques tecnológicos são predominante aglomerações de empresas de base tecnológica, articuladas a universidades e centros de pesquisa e desenvolvimento. Penã (2002) destaca que o sucesso de uma startup pode ser parcialmente explicado pelo ser humano, pelo capital estrutural e pelos elementos de capital relacional, em que cada um desses fatores compõem os elementos intangíveis, tais como, habilidades de empreendedores, tomada de decisões estratégicas, adaptação no mercado, a capacidade de trabalho em rede com as partes interessadas externas, e assim por diante. Os ativos de capital intelectual desempenham um papel fundamental no crescimento e na sobrevivência de novas empresas. Silva (2013) destaca, em seu estudo, que a maioria das startups não sobrevive aos primeiros anos de atividade. Os principais fatores de insucesso dessas empresas podem ser caracterizados em três níveis: a) b) c)
nível do empreendedor; nível da organização; nível do ambiente.
O empreendedor é um fator determinante no sucesso de uma empresa; suas atitudes, conhecimento e experiência fazem a diferença na condução de um negócio. De acordo com Silva (2013), em relação ao insucesso das startups, foram identificados, na literatura, seis fatores relacionados ao nível do empreendedor: o saber, a ausência de visão do negócio, a inexperiência, a ausência de competências de gestão, as capacidades cognitivas e emocionais, a ausência de formação/educação e o contexto pessoal/ocupações externas. 3.4 Fatores críticos de sucesso Os fatores de sucesso referem-se aos elementos de uma empresa que a conduzem ao sucesso ou aumentam suas chances de obtê-lo. São aquelas características que permitem que uma empresa seja mais bem sucedida do que outras que não as possuam. Esses fatores estão diretamente relacionados com o que se espera de uma empresa, ou seja, do que é considerado sucesso. Uma definição de sucesso depende do ponto de vista de cada stakeholder de uma empresa. Por exemplo, para o investidor, é importante que o valor monetário de suas ações aumente e, claro, que o lucro seja suficiente para retornar seus investimentos. O empreendedor, criador da empresa, tem objetivos semelhantes, mas espera também pelo reconhecimento social pelo seu trabalho. Bosma et al. (2004) utilizaram, em sua pesquisa, como indicadores de desempenho de novos negócios, a sobrevivência, o lucro e a geração de empregos.
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Hormiga, Hancock e Valls-Pasola (2013) observam que o desempenho de uma empresa em fase inicial é bastante subjetivo. Por isso, em sua pesquisa, foram identificados e validados estatisticamente seis indicadores subjetivos que, em conjunto, permitem observar o desempenho de uma nova empresa. Os indicadores utilizados são a satisfação com as vendas, retorno sobre o investimento, crescimento da empresa, alcance dos objetivos do negócio, sucesso geral da empresa e sucesso da empresa comparado aos concorrentes (HORMIGA; HANCOCK; VALLS-PASOLA, 2013). Gatewood, Shaver e Gartner (1995) destacam como fator de sucesso de uma startup a eficiência pessoal do empreendedor. Potenciais empresários com eficácia pessoal mais alta são mais propensos a persistir em ações de sucesso ao iniciar um novo negócio. Outros fatores que influenciam o sucesso de uma startup, destacados pelos autores, são o planejamento, trabalho em rede, vendas, buscas de recursos, considerados como mais propensos a resultar em um início de negócio mais bem sucedido do que outros. Grande parte do sucesso de uma nova empresa é determinada pelas características do fundador. De acordo com a literatura e estudos empíricos relacionados, três das mais importantes características de um empreendedor, que podem ter relação positiva com a probabilidade de sucesso da empresa, são a educação (formação), experiência e motivação (SIMÓN-MOYA; REVUELTO-TABOADA; RIBEIRO-SORIANO, 2012). O sucesso de novas organizações é fundamentalmente moldado pelas experiências de seus fundadores. As novas organizações beneficiam-se do conhecimento que foi acumulado por seus fundadores ao longo de suas carreiras (BAPTISTA; KARAÖZ; MENDONÇA, 2014). Ainda que as empresas startups criem um impacto econômico substancial na economia, a taxa de insucesso delas se mantém elevada (PEÑA, 2002). Yu et al. (2012) identificaram os principais fatores de sobrevivência para startups, e os fatores-chave para o seu sucesso. Os fatores de sucesso das startups são: o acesso aos fundos de capital de risco, novos produtos ou novos serviços, capacidade de produção, modelo de negócio, a formulação de estratégia competitiva, o estabelecimento de organização e gerenciamento de sistemas (YU et al., 2012). Gelderen, Thurik e Bosma (2006) identificaram que o plano de negócios pode desempenhar papel positivo ou negativo para as startups. Ele é positivo para aqueles empreendimentos que possuem objetivos limitados. Mas, quando a ambição dos sócios era maior, os autores observaram que o empreendedor que escreveu o plano de negócios mais tarde, depois de conhecer melhor o contexto, obteve maior sucesso. Uma interpretação dada pelos autores é que, para aqueles que fizeram o plano de negócio, isso os ajudou a estruturar e focar suas atividades. Já aqueles que iniciaram a empresa de grande escala sem um plano, deveriam ser muito experientes no negócio que montaram. Outro aspecto importante no sucesso das empresas são as redes de contatos. Os empreendedores bem-sucedidos são aqueles que aproveitam os laços criados com outras pessoas, em sua rede de relações pessoais. Os laços fortes, que se baseiam na confiança mútua das partes, podem conferir o capital social para o empresário, o que, por sua vez, facilita o intercâmbio de recursos (NEWBERT; TORNIKOSKI; QUIGLEY, 2013).
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3.5 Fatores críticos de sucesso em Startups de Base Tecnológica Para Toledo et al., (2008), as empresas de base tecnológica de pequeno e médio porte têm despertado o interesse da comunidade acadêmica, de governos e de agentes econômicos, pelo fato de exercerem um papel significativo no desenvolvimento local e regional e pela forma como elas tendem a se agrupar e atuar em arranjos produtivos locais. “As empresas de base tecnológica estão associadas à inovação tecnológica, principalmente de produto, o que torna o desenvolvimento de produto um processo crítico para tais empresas” (TOLEDO et al., 2008, p. 117). De acordo Pereira (2010), fatores críticos de sucesso são as condições que a empresas devem ter, para sobreviver. A pergunta que deve ser realizada para definir esses fatores é: O que a organização deve ter para sobreviver no mercado em que ela atua? Não é o que ela tem ou deixa de ter, mas o que o mercado determina, com os olhos do mercado e não com o olhar da organização. E se a empresa não tiver essas condições, ela irá à falência. No contexto do capital intelectual, para startups incubadas, os fatores críticos de sucesso seriam; ter um bom capital humano, ou seja, um empreendedor com conhecimentos, habilidades e atitudes para empreender; no capital estrutural, contar com um excelente apoio de gestão da incubadora; e no capital relacional, seriam todas as relações com os stakeholders, proporcionadas pela incubadora ou pela iniciativa do empreendedor. Padrão (2011) desenvolveu, em sua tese de doutorado, uma frequência de fatores críticos de sucesso para empresas de base tecnológica. Por exemplo, a infraestrutura da incubadora é considerada um fator crítico de sucesso que teve a frequência maior. O suporte na definição da estratégia de marketing das empresas também teve frequência absoluta, na pesquisa realizada por Padrão (2011). Outro aspecto que teve bastante frequência foi a rede de contatos oferecida pela incubadora para as empresas. Esse aspecto será abordado neste artigo onde será dada atenção à rede de contatos criada pelo próprio empreendedor, por meio de seus empregos anteriores e da rede de contatos pessoais. Habilidade empreendedora do fundador da empresa também teve uma boa frequência na pesquisa de Padrão (2011), o que pode ser entendido como capital humano, além da qualidade dos recursos humanos da empresa incubada, que também teve uma frequência mediana. E no nível de pesquisa e desenvolvimento, o tamanho da empresa, suporte da incubadora ao desenvolvimento técnico de produtos e localização da incubadora tiveram baixa frequência. Esses fatores de sucesso destacados podem ser vistos como capital estrutural. De acordo com Simón, Taboada e Soriano (2012), na literatura e nas empresas são reconhecidas três das mais importantes características de um empreendedor que podem ter uma relação positiva com a probabilidade de sucesso da empresa: a educação, a experiência e a motivação para iniciar o empreendimento. 4 ANÁLISE DOS DADOS A análise dos dados é composta pela apresentação da importância dos indicadores do capital humano, de acordo com a percepção dos gestores das incubadoras, pela apresentação dos dados coletados junto aos empreendedores das Startups. CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL
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4.1 Validação dos indicadores da dimensão capital humano com os gestores das incubadoras Diante das respostas, observou-se que o indicador Motivação do Empreendedor foi o indicador que teve o maior grau de importância. De acordo com os relatos dos gestores a fase de iniciar um negócio é complexa e desafiadora e a motivação do empreendedor faz a diferença nesse processo. Muitos imprevistos podem surgir e se não estiver estruturado emocionalmente, as chances de desistir do negócio são maiores. Os gestores afirmam ainda que a motivação vem junto com o comprometimento do empreendedor, sem ele a empresa não sobrevive nos primeiros anos de vida, pois essa fase exige muito comprometimento. Foi destacado também que é fundamental que o empreendedor interaja com os membros da equipe da incubadora. Essa interação faz com que a incubadora identifique as necessidades especificas do incubado, principalmente nessa fase inicial do negócio. O resultado do grau de importância da dimensão capital humano pode ser visto no Quadro 4. Os indicadores são apresentados em ordem decrescente. Indicadores da dimensão capital humano Motivação Comprometimento com a empresa Interação com incubadora Interação do empreendedor com incubadas Participação nos cursos Habilidade do empreendedor Habilidade do empreendedor Inovação do empreendedor em prod. e serv. Rede de contatos do empreendedor Experiência do empreendedor Formação do empreendedor
Grau importância indicador 5,0 4,8 4,8 4,8 4,7 4,7 4,7 4,3 4,0 3,7 3,7
de do
Quadro 4 – Validação dos indicadores da dimensão capital humano com os gestores das incubadoras
Fonte: elaborado pelos autores (2015) As importâncias menores atribuídas foram aos indicadores como experiência e formação, conforme os gestores das incubadoras devem ser supridos pela motivação e força de vontade em aprender. Sobre a experiência, de acordo com os relatos de gestores, muitos empreendedores sem experiência já passaram pelo processo de incubação em suas incubadoras e tiveram sucesso da mesma forma. 4.2 Capital humano como fator de sucesso nas startups incubadas O empreendedor, visto como capital humano, é um fator que pode ser medido por meio da sua educação formal. A literatura tem destacado que o capital humano possui impacto positivo na rentabilidade da empresa. Outro aspecto, também bastante CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL
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enfatizado, é a experiência do empreendedor, como por exemplo, se ele já teve outras empresas ou se já foi gestor ou gerente em outros negócios. Esses estudos mostram que, em geral, existe uma relação positiva entre experiência em gestão, do empreendedor, como fator de sucesso do negócio (PEÑA, 2004; HORMIGA; BATISTA-CANINO; SÁNCHEZ-MEDINA, 2011; SIMÓN-MOYA; REVUELTOTABOADA; RIBEIRO- SORIANO, 2012; BARNIR, 2012; HORMIGA; HANCOCK; VALLS-PASOLA, 2013). A partir dos depoimentos dos empreendedores, observa-se que esse indicador tem contribuído para o sucesso das startups incubadas analisadas nesta pesquisa. Houve um caso em que um empreendedor destacou ter experiência anterior em outros negócios e que isso o ajudou na condução da sua nova empresa. Em outro caso, o empreendedor destacou que já tinha tido outro negócio, e os erros cometidos nesse negócio o fizeram aprender e praticar a experiência na sua atual empresa. Um terceiro empreendedor de uma empresa de insucesso destacou que sua inexperiência foi um dos fatores que levaram a empresa ao insucesso. Como podem ser observados no gráfico 1, os empreendedores de insucesso apresentaram baixa nota nesse indicador. Como um retrato geral do capital humano nas startups pesquisadas, representadas pelo empreendedor, tem-se o Figura 1.
Figura 1 – Capital humano nas startups pesquisadas Fonte: Elaborados pelos autores (2015)
As empresas de insucesso foram as que apresentaram o menor grau de maturidade em relação ao capital humano, argumentos que corroboram uma pontuação menor, tais como: a) que a empresa estava em um caminho que teria tudo para ter dado certo, mas ele não se sentia bem com o negócio, utilizando o termo “me sentia um peixe fora da água”; b) faltou experiência;
Observou-se, também, que as empresas de insucesso foram aquelas em que os empreendedores tiveram a menor nota em relação aos indicadores motivação,
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comprometimento, formação/experiência relacionada ao setor do negócio, participação em cursos e inovação em produtos e serviços. 4.3 A influência do capital humano no sucesso de startups incubadas Ficou evidenciado, nesta pesquisa, que o capital humano exerce influência no sucesso das startups incubadas, da mesma forma que é apontado na literatura, em pesquisas realizadas em outras empresas (PEÑA, 2002, 2004; BARNIR, 2012; HORMIGA; HANCOCK; VALLS-PASOLA, 2013; BAPTISTA; KARAOZ; MENDONÇA, 2014). Como pode ser observado no quadro 5, os indicadores de sucesso do capital humano possuem diferentes notas, alguns com maior influência no sucesso das startups, outros com menor. A influencia da dimensão do capital humano e seus indicadores no sucesso da uma startup incubada foi calculada com base no grau de importância atribuído pelos gestores das incubadoras em cada indicador das dimensões do capital intelectual. Utilizou-se os valores atribuídos pelos gestores em cada indicador e multiplicado pelas notas das empresas nesses mesmos indicadores. Assim foi possível ter uma percepção real da importância de cada indicador no sucesso dessas empresas. A motivação do empreendedor foi o indicador que mais teve importância no sucesso das startups incubadas sua pontuação, se comparada aos demais indicadores do capital humano, mostrando que os empreendedores se sentem motivados com os seus negócios. Por outro lado, os empreendedores de insucesso tiveram uma nota menor no indicador motivação com 18,8 pontos. Um dos empreendedores de insucesso destacou que nunca esteve apaixonado pelo seu negócio. Nas empresas graduadas, foi notória a satisfação dos empreendedores com seus empreendimentos, o que justifica a pontuação maior deles, com 23,3. E nas empresas incubadas, com 21,3, também foi notória a motivação dos empreendedores com seus negócios, embora alguns ainda estejam inseguros em relação ao produto, sobre como conseguir clientes etc. Indicadores Motivação Comprometimento com a empresa Habilidade do empreendedor Interação com incubadora Inovação do empreendedor em prod. e serv. Participação nos cursos Interação com incubadas Experiência do empreendedor Formação do empreendedor Rede de contatos pessoal
Geral 22,4 21,4 19,1 18,6 18,0 18,0 18,0 16,4 16,4 15,8
Incubada 21,3 20,5 17,5 17,7 16,6 17,5 17,3 15,9 16,5 15,7
Insucesso 18,8 16,9 16,3 20,5 15,2 12,8 16,9 13,8 11,9 14,0
Graduada 23,3 22,6 21,0 16,1 19,5 19,4 16,9 16,5 16,5 14,7
Quadro 2 – Soma da dimensão capital humano nas startups incubadas Fonte: Elaborado pelos autores (2015)
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Para conseguir confirmar se a motivação dos empreendedores estava dando resultado para a empresa, foi necessário identificar o comprometimento desses empreendedores com o seu negócio, o que ficou evidenciado na pesquisa, pelo fato de o comprometimento ter alcançado total de notas alto também. De acordo com os resultados da pesquisa, ficou evidenciado que os empreendedores das startups graduadas são os mais comprometidos com os seus negócios. Nas entrevistas, muitos deles relataram que, no início da empresa, trabalhavam até nos domingos, e alguns até levavam trabalho para casa. À medida que a empresa se consolidava, no entanto, eles conseguiam, aos poucos, se monitorar e criar horários comerciais para trabalhar. Eles também destacaram que, se não tivessem feito esse esforço, sua empresa provavelmente não teria chegado aonde chegou. Para esses empreendedores, o comprometimento faz a diferença nesse processo de criação da empresa. Outro empreendedor destacou, no entanto, que esse comprometimento extra no início da empresa é importante, porém, depois que as coisas se encaminham, é preciso ter uma vida pessoal, e não viver somente para a empresa. A habilidade do empreendedor também apresentou um total das de notas considerado alto, de 19,1 que ficou em terceiro lugar, se comparada a outros indicadores de capital humano. E assim se sucederam os demais indicadores, como a interação com a incubadora, com 18,6; inovação do empreendedor, participação em cursos, e interação com outras empresas incubadas, com 18; a experiência do empreendedor e a formação do empreendedor, com 16,4. E o menor indicador foi rede de contatos do empreendedor com 15,8. Hormiga, Batista-Canino e Sánchez-Medina (2011) destacaram que existe uma relação positiva entre as variáveis do capital humano e o sucesso das empresas. A incerteza permanece sobre a magnitude dessa relação, bem como as circunstâncias em que o capital humano é mais ou menos fortemente associado com o sucesso do empreendimento. Até o momento, a literatura permanece fragmentada, com diferentes estudos sobre a conceituação do capital humano e a escolha dos indicadores de sucesso. Este artigo pretendeu preencher essa lacuna de pesquisa, ao mostrar que o capital humano é associado ao sucesso do negócio em startups incubadas, principalmente no que refere aos indicadores de sucesso do capital humano, com base no empreendedor, observando-se a sua motivação, habilidade, comprometimento com a empresa, interação com incubadora, inovação, participação em cursos, interação com outras empresas incubadas, experiência, formação do empreendedor e rede de contatos pessoal. 5 CONCLUSÕES O capital humano foi o que teve maior destaque, se comparado as outras dimensões. Outro aspecto que pode ser destacado é que as empresas graduadas são as que apresentam um índice maior em relação ao capital humano, seguidas das incubadas e das de insucesso, que apresentam a menor média. Dessa forma, pode-se dizer que o capital humano tem influência no sucesso de uma startup incubada. A ideia do negócio surge do empreendedor e ele criará ações para colocar o negócio em prática, e nesta pesquisa ficou evidente que seus aspectos motivacionais, habilidades e suas atitudes em interagir com a incubadora são os fatores que mais influenciam no sucesso da empresa. De fato, o empreendedor deve estar motivado para poder desempenhar suas atividades nas empresas. Nesses aspectos, também pode ser visto o seu CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL
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comprometimento, pois, se ele não estiver motivado, também não se comprometerá com o negócio e com as metas da empresa. Nesta pesquisa, foi identificado que, nas empresas que tiveram sucesso, os empreendedores não mediram esforços, permanecendo na empresa muitas vezes além do horário e levando trabalho para casa ou trabalhando nos finais de semana. Esses fatores foram considerados muito importantes pelos empreendedores na fase inicial no negócio e, segundo eles, sem esse esforço a empresa não teria sobrevivido, já que inicialmente eles não tinham condições de contratar mais funcionários para ajudá-los. O fator habilidade do empreendedor em saber lidar com as pressões do dia a dia também se mostrou muito importante para a condução no negócio. As empresas graduadas, mais uma vez, alcançaram um índice maior nesse indicador também. A atitude do empreendedor em interagir com a incubadora também é necessária, pois de nada adianta a empresa estar incubada se ela não interagir com a incubadora. Os relatos dos empreendedores são bastante representativos, pois mostram que as incubadoras não medem esforços para ajudar as incubadas. E, para conseguir esses benefícios, é necessário estar em contanto frequente com a incubadora, para que esta possa entender as necessidades da incubada e ajudar a empresa. Sobre as dimensões do CI, ficou evidenciado que o capital humano tem influência no sucesso das startups incubadas. De forma geral, as empresas de insucesso apresentaram um índice menor nesta dimensão, o que leva ao entendimento de que está relacionado com o insucesso da empresa. Ressalta-se nesse caso que o indicador experiência teve o menor índice entre as empresas de insucesso, inclusive fazendo parte dos relatos de empreendedores que comentaram que a falta de experiência foi um dos motivos para o seu insucesso. Entretanto, o índice menor se repetiu também em outros indicadores, como na criatividade, inovação, motivação e comprometimento do empreendedor. Em todas as empresas pesquisadas a motivação do empreendedor foi a que teve o maior índice entre todos os indicadores do capital humano. De uma forma geral os empreendedores se sentem motivados com os seus negócios, mas os empreendedores de insucesso tiveram o índice menor. Nas empresas graduadas foi notória a satisfação e motivação dos empreendedores com seus empreendimentos o que justifica o índice maior. Nas startups que estão incubadas o índice também foi bom e é evidente a motivação deles com seus negócios, apesar de alguns ainda estarem inseguros com o produto e sobre conseguir conquistar clientes. Dessa forma pode se concluir que o capital humano é um fator critico de sucesso em uma organização principalmente quando se trata de startups incubadas onde existe uma dependência maior pelo empreendedor na fase inicial da empresa. A dimensão capital humano foi a que teve maior índice em todas as empresas tanto nas de insucesso, incubadas e nas graduadas. Ele demostrou ser o maior influenciador no sucesso das empresas, em comparação com o capital estrutural e relacional. REFERÊNCIAS
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[Nome do autor] [Título do documento]
ELIZANDRA MACHADO Possui graduação em Administração com Hab. em Gestão da Informação pela Faculdade de Pato Branco (2006) e mestrado em Engenharia e Gestão do Conhecimento pela Universidade Federal de Santa Catarina UFSC (2012). Doutoranda do Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção UFSC. Bolsista Orientadora Projeto Agentes Locais de Inovação/SC SEBRAE CNPq. Possui experiência na área Hospitalar e Varejo, é professora de Marketing, Vendas, Gestão do Conhecimento, Empreendedorismo e Inovação.
PAULO MAURICIO SELIG Possui graduação em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1979), mestrado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (1982), doutorado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (1993) e pósdoutorado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2007). Atualmente é professor da Universidade Federal de Santa Catarina, membro da Associação Brasileira de Engenharia e Análise do Valor e membro da Associação Brasileira de Engenharia de Produção. Tem experiência na área de Engenharia de Produção, com ênfase em Gestão do Conhecimento, atuando principalmente nos seguintes temas: indicadores de desempenho, balanced scorecard, custos, análise do valor, gerenciamento de processos e gestão ambiental. E coordenador do Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento.
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NEIMAR FOLLMANN Doutor e mestre em Logística e Transporte pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina. É especialista em Métodos de Melhoria da Produtividade e Bacharel em Administração pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Há mais de 10 anos atua em atividades da logística, à qual se dedica atualmente com pesquisas e soluções, como o uso de técnicas relacionadas à Teoria das Restrições e ao desenvolvimento de métodos para avaliação do desempenho e benchmarking de processos logísticos.
NELSON CASAROTTO FILHO Possui graduação em Engenharia Química pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1974), mestrado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (1977) e doutorado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (1995) com sanduíche na Universidade do Minho - Portugal. Atualmente é Professor Titular da Universidade Federal de Santa Catarina, onde pesquisa no Laboratório de Sistemas de Apoio ao Desenvolvimento de Projetos e Investimentos (LABSAD), ligado ao Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas. Foi coordenador do curso de Graduação em Engenharia de Produção da UFSC de 2009 a 2012. Atualmente é o editor do IJIE - Iberoamerican Journal of Industrial Engineering, do Grupo AUGM - Associação das Universidades do Grupo Montevidéu. Ocupou diversos cargos públicos como Diretor da Secretaria da Indústria e Comércio de Santa Catarina, Gerente de Planejamento do BRDE em Santa Catarina, Secretário Executivo do Fórum Catarinense de Desenvolvimento, Presidente da Câmara das Aglomerações Produtivas e Redes de Empresas de Santa Catarina. Tem experiência na área de Engenharia de Produção, com ênfase em Avaliação de Projetos, atuando principalmente nos seguintes temas: desenvolvimento regional, competitividade industrial, redes de empresas, competitividade e análise de investimentos. É autor dos livros Análise de Investimentos, Projeto de Negócio, Gerência de Projetos/Engenharia Simultânea, Redes de Pequenas e Médias Empresas e Desenvolvimento Local,e Elaboração de Projetos Empresariais, todos pela Editora Atlas.
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5. PROPOSTA METODOLOGICA PARA INDICADORES DE CAPITAL SOCIAL COM FOCO PARA AS CONEXÕES DO CAPITAL INTELECTUAL EM AMBIENTES DE EMPREENDEORISMO INOVADOR Deborah BERNETT Neri dos SANTOS Resumo: O objetivo central deste estudo é apresentar uma proposta metodológica para o desenvolvimento de indicadores da influência de ambientes de empreendedorismo inovador na geração do capital social. Trata-se do conceito de capital social do segundo grande grupo – os intangíveis, com foco para as conexões em rede aliadas a ao capital intelectual. Para isso, contextualiza-se o trabalho diante do dinamismo da sociedade do conhecimento, considerando ativos de conhecimento instrumentos capazes de potencializar o capital intelectual das organizações. Identificar elementos que compõe o capital social ligado à qualidade dos relacionamentos intra e interorganizacionais por meio do conhecimento tácito e explicito reflete hoje, uma estratégia para enfrentar desafios de competitividade. No entanto, está é uma proposta de pesquisa qualitativa e uma das preocupações dessas pesquisas está na proposta metodológica e na validação dos resultados. Portanto, esse trabalho contribui com a percepção da necessidade do aprofundamento metodológico para obter a captação da realidade de um determinado ambiente, gerando assim, evidências concretas capazes de análises científicas conclusivas sobre o tema. O trabalho apresenta sistematicamente a proposta de uma metodologia sobre a construção de indicadores de avaliação, considerando o contexto social nos quais os vários agentes e organizações operam, numa engenharia social. Palavras-chave: Capital social. Capital Intelectual. Indicadores de Análise. Ambientes de empreendedorismo inovador.
1 INTRODUÇÃO Este trabalho traz uma visão da realidade social, na perspectiva de como medir e avaliar os fatores geradores de capital social num Ambiente de Empreendedorismo Inovador – AEI, considerando o capital intelectual um dos condicionantes estratégicos desses ambientes. Segundo a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico - OCDE (2009), os principais fatores na formação de estratégias consistentes para essa medição está sob o ponto de vista do desenvolvimento e vai
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desde a melhoria da capacidade de administrar políticas institucionais, econômicas e sociais até a atenção dada aos temas como a responsabilidade perante o público direto e indireto, a obediência à lei, o respeito aos diretos humanos, o aumento da participação e comprometimento dos stakeholders, a acumulação desses enquanto capital social e o compromisso com a sustentabilidade (OCDE, 2009). Nesse sentido, vale ressaltar que no campo aplicado das políticas públicas, os indicadores sociais são medidas usadas para permitir a operacionalização de um conceito abstrato ou de uma demanda de interesse programático, apontam, indicam, aproximam, traduzem em termos operacionais as dimensões de interesse definidas a partir de escolhas teóricas (JANNUZZI, 2005). Indicadores podem ser um instrumento importante no que diz respeito à tomada de decisões socioinstitucionais. Procurou-se tratar neste estudo do campo mais amplo do conceito de avaliação dos indicadores propostos, sobretudo apoiado nos fundamentos de Patton (1997, 2002). Esses fundamentos centram esforços na identificação de estratégias que facilitam o uso dos resultados dos indicadores de avaliação na utilização da informação necessária para os usuários (PATTON, 2002), e como chegar até ela, pois os indicadores são os instrumentos para se avaliar e medir. Entre os diferentes elementos dos AEIs considerados neste estudo, o capital intelectual se destaca por considerar as seguintes premissas: a) é gerado através da combinação e troca de conhecimentos resultantes das relações sociais da empresa; c) é um conjunto de fatores inter-relacionados ao ganho de vantagem competitiva, fator preponderante para o desenvolvimento de AEIs na sociedade do conhecimento (NAHAPIET; GOSHAL, 2002); c) é um fator de geração de capital social. Portanto, o objetivo central deste estudo é apresentar uma proposta metodológica para
o
desenvolvimento
de
indicadores
da
influência
de
ambientes
de
empreendedorismo inovador (AEI) na geração do capital social sob os eixos teóricos dos desafios da Sociedade do Conhecimento. Isso se justifica, sobretudo porque nas últimas décadas, o conceito de inovação, sob o ponto de vista da sociedade, evoluiu do desenvolvimento de uma solução tecnológica, gerada por inventores ou pesquisadores que trabalhavam isoladamente em centros de pesquisa, para um processo que resulta da interação e intercâmbio de conhecimentos
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entre um grande número de atores envolvidos direta ou indiretamente nos processos produtivos. As inovações desenvolvidas não são unicamente o resultado da integração e uso de recursos tangíveis internos da organização, mas da combinação de recursos tangíveis e intangíveis existentes no ecossistema de negócios da empresa ampliada, gerando capital social, que, por sua vez, resulta em riqueza para a sociedade (ASHEIM; COENEN, 2005). 2 PRINCÍPIOS METODOLOGICOS DO ESTUDO Os princípios deste estudo tem sua base nas técnicas de gestão do conhecimento e se apoiam na abordagem de investigação sistemática de Patton (1997). O autor reforça a ideia de avaliação por meio de um instrumento de pesquisa que, é utilizado para desenvolver indicadores e quais estratégias fortalecem essa utilização de modo participativo. Portanto, caracteriza-se por um método de pesquisa que está crescendo em países em desenvolvimento, pois foca iniciativas que envolvem de forma participativa a comunidade no projeto que está sendo avaliado, particularmente em áreas prioritárias como educação, saúde, segurança, trabalho e renda. Esta abordagem tem como princípio básico a ideia de que as avaliações por meio de um instrumento de pesquisa devem ser julgadas pela sua utilidade e pelo seu uso naquilo que é necessário para corrigir distorções evidenciadas. É um processo que envolve os principais atores em todas as suas etapas, inclusive na tomada de decisão sobre o processo avaliativo. Os princípios básicos dos indicadores desenvolvidos neste estudo seguem dois eixos de sustentação: a) são um processo igualitário, em que a perspectiva do avaliador é determinada pelas prioridades dos atores diretamente ligados aos ambientes e dos stakeholders6; b) são um processo de avaliação cujos resultados têm pertinência e utilidade para quem deles se beneficia, incluindo projetos e programas ativos no processo de avaliação (KELLOGG FOUNDATION, 2004).
6
Stakeholder ou, em português, parte interessada ou interveniente, refere-se a todos os envolvidos num processo, por exemplo, clientes, colaboradores, investidores, fornecedores, comunidade, etc. CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL
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3 COMPOSIÇÃO DOS INDICADORES Para a composição dos indicadores, observou-se inicialmente o sistema que envolve os AEI. Isso foi feito de modo integrado aos aspectos teóricos da gestão do conhecimento, com base nos pressupostos do construtivismo social, em que a experiência do conhecimento não é separada da ação, e a construção do conhecimento é uma elaboração conjunta de todos os membros. Wilson e Myers (1999 apud DIAS, 2001), ao se referirem ao saber, à aprendizagem e à cognição como construções sociais, expressas em ações de pessoas que interagem no seio de comunidades. Nesse sentido, propõe-se a visão do capital social e do compartilhamento do conhecimento apoiado sob a perspectiva teórica dos autores Nonaka e Takeuchi (1997), North, Probst e Romhardt (1998), Davenport e Prusak (2003) e Järvenpää e Immonen (2002). Observa-se que, apesar do ponto de visto escolhido estar na direção organizacional, chama a atenção o estudo de técnicas, métodos e instrumentos referenciados pelos autores citados, no sentido de que uma parcela substancial do conhecimento também é tácita e social, pois envolve crenças compartilhadas sobre uma situação justificada, mas não explícita. De acordo com Davenport e Prusak (2003, p. 86);[...] o conhecimento tácito é complexo, desenvolvido e interiorizado pelo conhecedor no decorrer de um longo período de tempo, é quase impossível de reproduzir num documento ou banco de dados. Tal conhecimento incorpora tanto aprendizado acumulado e enraizado, que pode ser impossível separar as regras desse conhecimento do modo de agir do indivíduo. Na figura 1 abaixo, apresenta-se o sistema integrado do estudo, especificamente sob as diretrizes da gestão do conhecimento, dos AEI e do Capital Social.
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Domínio e Aplicação
UNIDADE DE ANÁLISE - AEI
EGC Instrumentos tese
Ambientes de Empreendedorismo
Inovador Gestão do Conhecimento Capital Social
MATERIAS E MÉTODOS Instrumentos de tese
Conceitos EGC
Capital Social e Capital Intelectual
AEI
Indicadores
Figura 1 – Sistema integrado do estudo Fonte: Bernett D. (Indicadores para avaliação da influência dos ambientes de empreendedorismo inovador na geração de capital social. Tese apresentada no PPGEGC/UFSC - p 145, 2015)
Um ponto de destaque neste estudo está na síntese conceitual representada na matriz teórica que deu origem aos desdobramentos e às categorias de análise dos indicadores. Contudo, para a composição dos indicadores considerou-se três passos metodológicos. O primeiro passo foi definir as dimensões dos indicadores, para isso o estudo baseou-se no quadro conceitual de Nahapiet e Ghoshal (1998) apresentado no quadro 1 abaixo:
Autor
Definição
Nahapiet e Ghoshal (1998)
O capital social produz bens socioemocionais, expressos em emoções, sentimentos e relacionamentos, e a interação entre os agentes da rede é o que dá forma aos relacionamentos. Portanto, uma grande quantidade de
Variáveis Estruturas em rede e quantidade de laços comuns.
Ênfase
Observação
Relações de ganha–ganha entre agentes, bens socioemocionais.
Nahapiet e Goshal são autores de referência desta tese, pois o principal estudo por eles desenvolvido diz respeito a duas questões fundamentais deste estudo: a estrutura das dimensões do capital
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Estrutural 99 Dimensão Conexões em rede
99 Dimensão Relacional Relacionamentos Confiança e Soliedariedade Normas e Obrigações
Configuração em Rede Comunicação
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[Título Cdognitiva o documento] Dimensão Compartilhamento da linguagem Compartilhamento CAPITAL laços forma uma SOCIAL EM densa rede. das necessidades e interpretações do PROCESSOS DE contexto NEGÓCIOS
social e a relação do tema com as organizações voltadas para a inovação. Para os autores, todos ganham, em função dos relacionamentos e interação entre os agentes.
Quadro 1 – Quadro conceitual Fonte: Fonte: Bernett D. (Indicadores para avaliação da influência dos ambientes de empreendedorismo inovador na geração de capital social. Tese apresentada no PPGEGC/UFSC - p 86, 2015)
Nahapiet e Goshal (1998) descrevem três dimensões para o capital social, as quais influenciam a absorção de conhecimento nos processos de troca e combinação desenrolados nas interações entre os membros das redes. Nahapiet e Gosbhal (1998) classificam o capital social em três dimensões: estrutural, relacional e cognitiva. A figura 2 representa esquematicamente esse estudo.
Figura 2 – Dimensões do capital social Fonte: Nahapiet e Ghoshal (1998)
A dimensão estrutural está associada ao desenho do sistema social e à rede de relações entre os agentes participantes, em termos de densidade, conectividade e hierarquia. A dimensão estrutural pode ser bem entendida como a estrutura física da rede estratégica, formada pelos contratos, regras e padrões formais, que hierarquizam, dividem papéis e documentam a interação entre os participantes, bem como pelos sistemas de transferência de informação ou bens físicos, o desenho logístico da rede e
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tudo o que diz respeito ao seu funcionamento no plano operacional. Essa dimensão influencia a formação de conhecimento, por meio das ligações entre os membros e dos canais de comunicação formados entre eles, da configuração da rede e da consequente oportunidade de interagir com mais parceiros, à medida que a rede tenha maior número de conexões. A própria organização pactuada entre os membros, como padrões técnicos e rotinas organizacionais, contribui, de alguma forma, para a formação de conhecimento, incorporando novas práticas e processos a cada participante individualmente. A dimensão relacional descreve o tipo de relação desenvolvida entre os agentes ao longo da história de interações e que provê certo status, em termos de aceitação, reputação e prestígio perante os demais. Diferentemente da dimensão estrutural, a dimensão relacional não pode ser descrita em termos de elementos concretos ou padrões operacionais, mas das percepções sobre os comportamentos que os participantes constroem entre si, no decorrer das relações formais e informais que ocorrem na rede. A dimensão relacional impulsiona a construção de conhecimento de maneira indireta, trazendo os elementos que propiciam uma relação pautada em colaboração e comprometimento, como normas de conduta, obrigações e expectativas entre os membros, confiança e identificação entre eles. A
dimensão
cognitiva
se
refere
aos
recursos
que
proporcionam
compartilhamento de interpretações e sistemas de significados comuns às partes, como códigos e linguagem. A dimensão cognitiva pode ser descrita tanto por elementos concretos quanto por elementos abstratos, os quais definem o potencial de aprendizado disponível na estrutura e nas relações da rede. Exemplos de elementos concretos seriam os sistemas de registro e transferência de conhecimentos, como manuais, procedimentos técnicos, estudos e, principalmente, a própria linguagem estabelecida como o protocolo de interação. Dentre os elementos abstratos, pode-se citar, como exemplos, os símbolos e linguagens desenvolvidos informalmente nas interações e também os aspectos culturais próprios, que se desenvolvem no ambiente particular de cada rede. Esta dimensão tem, segundo Nahapiet e Goshal (1998), particular importância no contexto da construção do conhecimento das empresas. Os mecanismos pelos quais o conhecimento é formado originam-se nos códigos e seus significados e na linguagem, à CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL
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medida que ocorrem os processos de comunicação entre os membros, bem como pelas narrativas formais ou informais que registram os eventos de interação e suas consequências. Nahapiet e Ghoshal (1998) referem-se às relações de confiança presentes nas relações sociais de um grupo ou comunidade, para alcançar objetivos comuns para construir o capital social. Nesse sentido, os autores entendem o capital social como o conjunto dos atuais e potenciais recursos pertencentes a uma pessoa ou a uma unidade social, embutidos, derivados e disponibilizados numa rede de relações sociais, e que se constitui de três dimensões: estrutural, cognitivo e relacional. O segundo passo foi estabelecer autores com estudos relativos para cada uma das dimensões de análise: a)
Dimensão estrutural: Pierre Bourdieu (1980) e James Coleman (1994);
b)
Dimensão cognitiva: Francis Fukuyama (2004) e Alejandro Portes (1998);
c)
Dimensão relacional: Pierre Bourdieu (1980), Robert Putnam (1997) e Mark
Granovetter (1985 apud NAHAPIET; GHOSHAL, 1998). Na Tabela 1 a seguir, apresenta-se o estudo.
Tabela 1 – Construtos teóricos conceituais
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Fonte: Bernett D. (Indicadores para avaliação da influência dos ambientes de empreendedorismo inovador na geração de capital social. Tese apresentada no PPGEGC/UFSC - p 146, 2015)
O terceiro passo foi compreender fatores de analise. A OCDE elaborou o Manual de Oslo, que traz, além de conceitos e classificações, um conjunto de diretrizes e políticas para a mensuração da inovação sob a perspectiva econômica dos pressupostos do empreendedorismo. Por outro lado, em 2001, a OCDE traz um conjunto de fatores aliados a network, relações sociais e benefícios produtivos para o desenvolvimento das nações que, associados a uma clara e particular disciplina, foram considerados a partir da contextualização e operacionalização do tema. Nesse sentido, observa-se que o documento propõe refletir as diferentes características das economias e das sociedades, em um mundo em desenvolvimento que evolui rapidamente. Esse ponto motivou a inclusão, neste estudo, das diretrizes da terceira edição do Manual de Oslo
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(2005), sob a perspectiva dos AEIs. O documento também destaca as interações fracas ou ausentes que desafiam as capacidades das empresas para superar os problemas comuns. Tal problemática atinge as barreiras da acumulação de capacitações pelas empresas, muitas vezes organizadas em AEIs ou em clusters, mas com problemas comuns difíceis de superar. Particularmente o capital humano altamente qualificado, as interações locais, regionais e internacionais, e os conhecimentos tácitos incorporados às rotinas organizacionais sob a ótica do estudo são fatores de preponderância a considerar na geração do capital social. A este propósito, em linhas gerais, no Manual de Oslo as definições de inovação estão fortemente associadas ao empreendedorismo em organizações de bases tecnológicas, fator que motivou a escolha do estudo de caso deste trabalho. De modo mais específico, extraiu-se, do Manual de Oslo, as diretrizes relacionadas à inovação, entendidas como mais apropriadas para o desenvolvimento dos indicadores orientativos deste estudo. Tais referências resultaram no quadro 2, que se resume aos seguintes itens: fatores relacionais, seus indicadores, variáveis e fontes de medição. Nesse ponto, vale ressaltar que, em pesquisas qualitativas como esta, as variáveis devem ser descritas (TRIVIÑOS, 1992), pois são elas que constroem os indicadores de análise. Variáveis qualitativas (ou categóricas) são as características que não possuem valores quantitativos, mas, ao contrário, são definidas por várias categorias, ou seja, representam uma classificação dos objetivos de estudo. Seguindo a principal característica da pesquisa qualitativa, segue-se a tradição compreensiva ou interpretativa, pois, segundo Patton (1986), variável é tudo aquilo que pode assumir diferentes valores, desde o ponto de vista quantitativo ou qualitativo.
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Quadro 2 – Fatores de análise com base Manual de Oslo (OCDE, 2010) Fonte: Bernett D. (Indicadores para avaliação da influência dos ambientes de empreendedorismo inovador na geração de capital social. Tese apresentada no PPGEGC/UFSC - p 150, 2015)
4 INDICADORES DE AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DOS AEIS NA GERAÇÃO DO CAPITAL SOCIAL O estudo foi desenvolvido com base nos construtos teóricos, que permitiram conectar os elementos de análise com as dimensões atribuídas pela literatura, gerando as categorias analíticas. Para desenvolver os indicadores propostos no estudo, faz-se referência ao desenvolvimento de indicadores sociais, do conceito às medidas (JANNUZZI, 2002), entendendo que são medidas usadas para permitir a operacionalização de um conceito abstrato ou demanda de interesse. Esses indicadores traduzem, em termos operacionais, as dimensões sociais de interesse, definidas a partir de escolhas teóricas realizadas anteriormente. Nesse enfoque, foi preciso construir indicadores ajustados aos aspectos fundamentais da realidade dos AEIs, e que, de forma confiável, pudessem fornecer resultados contemplando as realidades investigadas e mensurá-las o mais próximo possível do interesse do estudo. Os indicadores deveriam servir para retratar, aproximar e mostrar a realidade desses ambientes sob a perspectiva da geração do capital social para seus integrantes, bem como para os governos e demais stakeholders envolvidos nos ambientes, a fim de subsidiar planejamentos e programas
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indutores da geração do capital social, se este for o caso. Por fim, conclui-se a matriz conceitual do apresentado de forma esquemática na figura 3.
Figura 3 – Matriz Conceitual
Fonte:
Fonte: Bernett D. (Indicadores para avaliação da influência dos ambientes de empreendedorismo inovador na geração de capital social. Tese apresentada no PPGEGC/UFSC - p 162, 2015)
5 CONCLUSÕES Os indicadores da influência dos AEIs na geração de capital social foram concebidos, elaborados como um instrumento importante no que diz respeito à tomada observação da influencia dos AEI na geração do Capital Social. Os princípios de avaliação utilizados para os propósitos dos indicadores estão fundamentados em Patton (2002) e oferecem uma investigação sistemática de utilização do instrumento. Nesse enfoque, orienta-se que para construir indicadores, ao longo do seu desenvolvimento, devem ser ajustados aos aspectos fundamentais da realidade dos AEIs, contemplando as realidades investigadas com possibilidades de mensurá-las o mais próximo possível do interesse do estudo. Isto é a aproximação da realidade é fator condicionante para a confiabilidade dos indicadores. Ou seja, o conjunto de saberes de diferentes áreas na caracterização da extensão e dos efeitos dos indicadores, é sobretudo observar a visão interdisciplinar necessária para estabelecer evidências e um protocolo de atividades para a aplicação dinstrumento.
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Assim, destacam-se conjunto de conclusões entre a investigação procedida e os objetivos propostos, para recomendações e trabalhos futuros. a) Entender o conteúdo e a forma de operação do estudo: o ponto de partida para a construção de indicadores foi a compreensão dos fatores que determinam ou influenciam os AEIs na geração do capital social sob a perspectiva teórica do estudo, o estágio atual do AEI, além de aspectos como a relação de liderança entre os atores, os beneficiários diretos e indiretos. b) Observar as necessidades dos decisores e possibilidades dos executores: as informações coletadas e convertidas em indicadores buscaram atender às necessidades dos decisores, bem como do conjunto de membros do ambiente em estudo, com vistas à ampliação da capacidade do AEI em cumprir com seus objetivos. Isto implicou também em respeitar as restrições concernentes à disponibilidade de informações pertinentes. c) Identificar outros interesses: além do entendimento claro da finalidade da proposição e dos pressupostos do estudo, foi necessário compreender que os indicadores podem servir não apenas para o ciclo de sua aplicação, mas também para a formulação de ações de planejamento e execução, monitoramento, suprindo também stakeholders dentro e fora do AEI, envolvidos em temas transversais, governo, instituições privadas e do terceiro setor, e órgãos de controle. d) Mapear indicadores candidatos: foi interessante mapear os indicadores candidatos, à luz das informações necessárias às decisões bem assistidas, às possibilidades da informação disponível, do custo de coleta e tratamento dessas informações, e das potencialidades de uso para qualificação da capacidade da pesquisadora de indicar outras intervenções, criando um grupo de trabalho específico para este fim. e) Aproximar é preciso: nem sempre as informações desejadas pelos decisores estão disponíveis. Nesses casos, a adoção de medidas que apresentem proximidade com as dimensões de interesse é justificável e muitas vezes necessária, desde que seja respeitada a metodologia de trabalho. f) Validar os indicadores selecionados: considerando os indicadores inicialmente selecionados, cabe uma verificação final de conformidade e pertinência à luz das respostas às questões abaixo: -
As pessoas que participaram dos diálogos conhecem a realidade daquele AEI? CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL
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-
Os indicadores escolhidos são válidos para expressar as manifestações e os
resultados, conforme os fundamentos científicos do estudo? -
Têm relação direta com os objetivos da aplicação do estudo?
-
São mensuráveis?
-
As pessoas que fornecem, coletam, tratam, analisam e utilizam as informações
estão cientes de suas missões e comprometidas com os objetivos da avaliação? -
Expressam as dimensões, as categorias envolvidas?
-
As limitações inerentes aos indicadores foram consideradas? Para recomendação de novos estudos, a lista de perguntas acima pode ser
aplicada total ou parcialmente, e pode ser completada de acordo com as necessidades e capacidades da unidade de análise em questão, bem como do grupo de trabalho escolhido. Observa-se portanto que, este trabalho sugere um enfoque interdisciplinar a luz das ciências sociais, das ciências sociais aplicadas e da gestão do conhecimento para organizar teoricamente fundamentos e aplicações metodológicas possíveis de gerar evidencias cientificas. REFERÊNCIAS ASHEIM, B. T.; COENEN, L. Knowledge bases and regional innovation systems: comparing nordic clusters. Research Policy, v. 34, n. 8, p. 1173-1190, 2005. BOURDIEU, P. Le Capital social: notes provisoires. In: Actes de La Recherche en Sciences Sociales. n. 31. Janeiro. Paris: France, 1980. FUKUYAMA, F. Trust: Social Virtues and the Creation of Prosperity. NY: Free Press, 1995. GRANOVETTER, M.; SWEDBERG, R. The sociology of economic life. San Francisco: WestviewPress, 1992. NAHAPIET, J.; GHOSHAL, S. Social Capital, Intellectual Capital, and the Organizational Advantage. Academy of Management Review, v. 23, n. 2, pp.242-266, 1998. ______. (2002). Social Capital, Intellectual Capital, and the Organizational Advantage. In: CHOO; BONTIS (eds.). The strategic management of intellectual capital and organizational knowledge, p. 673-697. New York-NY: Oxford University Press, 2002.
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OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. A New Economy? The changing role of innovation and information technology and growth. OCDE. 92 p. Paris-FR: 2000. OCDE. Education at a Glance 2010: OECD Indicators Summary. Panorâmica da Educação 2010: Indicadores da OCDE. Disponível em: <www.oecd.org/education/skills-beyond-school/45953903.pdf> Acesso em: 24 maio 2014. PATTON, M. Q. How to use qualitative methods in evaluation, Sage, 1986. PATTON, M. Q . Utilization-focused evaluation. 3rd edition: Sage, 1997. JANNUZZI, P. M. Indicadores sociais no Brasil: conceitos, fonte de dados e aplicações. Campinas-SP: Ed. Alínea, 2001. ______. Indicadores para diagnóstico, monitoramento e avaliação de programas sociais no Brasil. Revista do Serviço Público, Rio de Janeiro, jan/fev, 2002. TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em Ciências Sociais: a pesquisa qualitativa em Educação. São Paulo: Atlas, 1987.
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DEBORAH BERNETT Doutora em Engenharia e Gestão do Conhecimento (PPGEGC) pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento (PPGEGC) pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); Master em Gestão de Projetos de Inovação pela pela École de Mines de St. Ettienne FR. Graduada em Administração e Ciências Sociais. Pesquisadora na área de Ciência Tecnologia e Inovação envolvendo as temáticas interdisciplinares: inovação, empreendedorismo, capital social , desenvolvimento regional e sustentabilidade. Atualmente gerente de ciência e tecnologia da Fundação de Apoio a Pesquisa e Inovação de Santa Catarina (FAPESC). NERI DOS SANTOS Possui graduação em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Santa Catarina (1976), especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho pela Universidade Federal de Santa Catarina (1977), Mestrado em Ergonomie pela Université de Paris XIII (1982) França, Doutorado em Ergonomie de l Ingenierie ; pelo Conservatoire National des Arts et Metiers (1985) França e Pós-doutorado em Ingenierie Cognitive pela École Polytechnique de Montréal Canadá. Ex-Presidente da ABEPRO Gestão 94/95. Atualmente é Pró-Reitor de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão do Centro Universitário Internacional - UNINTER. Faz parte do Conselho Editorial das seguintes revistas: American Journal of Industrial Engineering, International Journal of Knowledge Engineering and Management, Ação Ergonômica, Gestão Industrial, INGEPRO Inovação, Gestão e Produção e Revista de Ciência & Tecnologia. Tem experiência na área de Engenharia & Gestão do Conhecimento, atuando principalmente nos seguintes temas: Cognição, Gestão do Conhecimento e Inovação.
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6. PROPOSTA DE EXPLICITAÇÃO DO CAPITAL RELACIONAL (CR) NA GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS VERDE (GCSV) Claúdia Viviane VIEGAS Caroline Rodrigues VAZ
Resumo: Gestão da Cadeia de Suprimentos Verde (GSCV) é um tema emergente na gestão de operações voltado à adoção de práticas intra e interorganizacionais para melhorar a sustentabilidade em cadeias produtivas. Capital Relacional (CR), também recente na literatura de processos e operações, tem papel relevante para redimensionar as visões baseadas unicamente em custos de transação e recursos para uma visão baseada em relações que envolvam governança de informações, confiança e longevidade, possibilitando resultados positivos para todos os integrantes da cadeia. A presente pesquisa revisa e critica a literatura seminal de ativos intangíveis para resgatar atributos de CR e relacioná-los ao desenvolvimento da GCSV. Utilizando-se de método exploratório e descritivo, são identificados estudos recentes sobre CR e GCSV quanto aos seus descritores - formas como o CR é entendido e utilizado na GCSV; foco finalidade principal do uso do CR; e direcionalidade - se os desenvolvimentos proporcionados pelo CR na GCSV são protagonizados e direcionados unicamente pelo produtor a seus fornecedores e clientes, ou se estes últimos também direcionam e usufruem dos resultados decorrentes do CR. Conclui-se que os produtores são os principais mentores, direcionadores e beneficiários dos esforços de uso do CR na GCSV. Em geral, há unidirecionalidade de aplicação e análise desses esforços, isto é, as iniciativas de melhoria partem do produtor para o desenvolvimento do fornecedor ou do cliente, mas pouco se exploram os processos pelos quais práticas ambientais de fornecedores e clientes influenciam o desempenho na GCSV. Palavras chaves: Gestão da Cadeia de Suprimentos Verde; capital relacional; ativos intangíveis.
1. Introdução A Gestão da Cadeia de Suprimentos Verde (GSCV) é um tema emergente na gestão de operações voltado à adoção de práticas intra e interorganizacionais visando a criar, manter e incrementar a combinação de desempenhos econômico, ecológico e social que estão no âmbito de influência das organizações participantes da cadeia produtiva. Estudos recentes dão conta da importância de compreender e sistematizar as relações interorganizacionais para a criação de valor na GCSV, o que pode ser traduzido como o estudo e a explicitação do capital relacional (CR) necessário a fornecedores e clientes em qualquer estágio da cadeia produtiva. Contudo, o CR é dificilmente CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL
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destacável dos demais tipos de ativos intangíveis - como os capitais humano e estrutural - o que dificulta a tarefa de compreensão de como ele influencia os fluxos de trocas entre integrantes da cadeia produtiva. Faltam pesquisas para explicar como ocorrem as relações entre fornecedores e clientes, e poucas são as análises que conectam aspectos ambientais e sociais (VIEGAS et al., 2014). Rajaguru e Matanda (2013) identificam um vácuo investigativo para explicar os fatores de integração de sistemas interorganizacionais que dizem respeito às capacidades dinâmicas dos agentes. Assim, duas dificuldades somam-se para desafiar o avanço nos estudos da GCSV: a literatura escassa sobre como o fornecedor é envolvido nas demandas do comprador (DOU et al., 2014) e a explicitação dos fatores que facilitam a formação e o aprimoramento do capital relacional interfirmas (BLONSKA et al., 2013). O objetivo deste estudo exploratório é identificar conceitos e descritores de capital relacional na literatura de ativos intangíveis, mesmo desafiando concepções tradicionais; e explicitar o significado e o direcionamento dessas relações na GCSV. O pressuposto teórico deste trabalho está na incorporação de uma visão ulterior de relacionamento em com respeito à explicitada pela da Teoria dos Custos de Transação (TCT), que considera como passíveis de contabilização custos de riscos inerentes à negociação interfirmas focados principalmente na possibilidade de quebras de contratos. Está também num avanço sobre a Visão Baseada em Recursos (VBR), na qual o foco de análise é o desenvolvimento e uso de competências, de natureza relacional ou não. Diferentemente dos fatores assumidos pela TCT e pela VBR, resgatam-se aspectos da Visão Relacional (VR), considerada uma extensão da VBR e segundo a qual relações próximas e colaborativas são a chave para o estabelecimento da vantagem competitiva entre clientes e fornecedores. (RIBBKIN e GRIMM, 2014). O trabalho está assim dividido: na seção 2, é apresentado o método da pesquisa; na seção 3, são apresentados os resultados, em duas etapas: na subseção 3.1, são explicitados atributos e conceitos de capital relacional analisando-se tanto a literatura seminal de capital intelectual quanto os significados de relacional em GCSV; na subseção 3.2 são explicitados os descritores de CR na literatura da GCSV (3.2.1), o foco da relação em cada estudo (3.2.2) e a direcionalidade (3.2.3), ou seja, se o desenvolvimento das relações se dá apenas a partir do cliente para o fornecedor, se há bidirecionaldade na relação, ou se o desenvolvimento é autodirecionado (da organização para ela mesma). Na seção 4 são apresentadas as conclusões, limitações e recomendações para pesquisas futuras. 2. Método Este estudo é de natureza exploratória (GIL, 2002) devido à ausência de pesquisas teóricas relacionando CR e GCSV. É descritivo porque se propõe a levantar e explicitar as características do objeto em estudo – CR na GCSV (SANTOS, 2002). Para seu desenvolvimento, foi inicialmente realizada uma pesquisa sobre os principais conceitos de CR presentes na literatura clássica de ativos intangíveis e na literatura de GCSV. Também foi realizada uma busca avançada na base de dados Science Direct (SD), para o período 2004-2014, utilizando as expressões “green supply chain
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management” e “relational capital”, inicialmente com a primeira expressão para “todos os campos” e a segunda para “título, resumo e palavras-chave”, e depois no sentido inverso, ou seja, com a primeira expressão para “título, resumo e palavras-chave” e a segunda para “todos os campos”. 3. Resultados Na primeira parte dos resultados são destacados atributos e conceitos de CR selecionados da literatura clássica – sendo desafiada a classificação estabelecida por alguns autores visando à composição de um quadro conceitual o mais completo e conforme as ideias de fluxo, troca e dinâmica entre atores da cadeia produtiva. Na segunda parte, são apresentados os resultados das duas buscas na SD, nas quais obteve-se um total de 13 estudos: dois considerados pertinentes em conteúdo, de um total de quatro, na primeira busca; e 11 considerados também pertinentes em conteúdo, de um total de 12, na segunda busca. 3.1 Atributos e conceitos de CR As principais definições de CR provêm da literatura de Capital Intelectual (CI) muitas vezes chamado de "ativos intangíveis" ou mesmo "ativos invisíveis", pois envolve atributos abstratos, difíceis de definir, medir e gerenciar (BONTIS, 1998). Antes de definir CR, é relevante examinar o que a literatura seminal – desenvolvida especialmente a partir da década de 90 - apresenta como capital intelectual e como insere o CR no CI. A classificação mais comum para CI refere-se ao mesmo como um misto de capital humano (habilidades, conhecimento tácito), capital estrutural (dependente do conhecimento das pessoas e das estruturas organizacionais) e CR (referente às relações envolvendo clientes, fornecedores, colaboradores e investidores (ROOS e ROOS,1997; SVEIBY, 1997; LYNN, 1998). Para efeitos de mensuração, o capital humano é desdobrado em competências (habilidades e saber fazer), atitudes (comportamento, motivação, liderança), agilidade intelectual (BONTIS, 1999; PABLOS, 2004) e até mesmo capacidade de inovação (COSER, 2012). Capital estrutural é compreendido como estrutura organizacional tangível, em forma física, ou intangível, composta por habilidades, experiências e conhecimentos institucionalizados - explicitados por meio da tecnologia da informação (TI), patentes, manuais, rotinas, fluxogramas, protocolos e procedimentos da organização, processos, cultura e valores empresariais (EDVINSSON e MALONE, 1998). Um do aspecto-chave do capital estrutural é o capital de processos, que deve atender expectativas de clientes por meio do cumprimento de metas de produção e gestão de qualidade adequadas. Este capital é avaliado a partir da satisfação do cliente (ESCARFE, 2002). Riopel et al. (2011) observam que os sistemas de informação, como parte do capital estrutural, facilitam a comunicação e a colaboração entre indivíduos no processo de logística. Já o CR, como parte do CI, é entendido como o conjunto de relações que envolve a organização, seu entorno e os decorrentes feedbacks (STEWART, 1998), sendo também descrito como o valor gerado pelas relações da empresa com seus clientes, como, por exemplo, soluções de problemas pós-venda (EDVINSSON e
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SULLIVAN, 1996). É ainda apontado como todos os ativos que derivam de relações com o mercado (BROOKING, 1996) e as inovações consequentes dessas relações (GUBIANI, 2011). É possível observar que as descrições de capitais humano e estrutural envolvem também elementos relacionais, que somente se efetivam por meio de contatos e trocas entre agentes interna e externamente às organizações. Portanto, competências, atitudes – enquadradas como capital humano – e habilidades, experiências, processos, sistemas de informação – caracterizados como capital estrutural – são também atributos de capital relacional. Da mesma forma, capacidade de inovação – tratada pela literatura de CI como um atributo de capital humano e estrutural, ao mesmo tempo, é também relacional porque depende fundamentalmente das relações entre agentes. Esta crítica da classificação do CI para reposicionamento pragmático do CR é fundamental no sentido de dirimir o excesso de rigidez classificatória e estabelecer clareza a fim de que se possam melhor compreender as funções dos atributos de relação na GCSV. A este respeito, Nardone et al. (2010) alertam quanto ao risco de falácia em se classificar todos os intangíveis como “capital social” ou mesmo “intelectual” sem considerar os atributos de laços entre os agentes da cadeia produtiva ou seja, os movimentos práticos que dão base e sentido à realização das relações, como atitude, lealdade, preferência e outros aspectos emocionais e cognitivos que impulsionam os relacionamentos: “[Q]ualquer análise empírica concluirá que capital social causa cooperação entre agentes e melhora a eficiência de mercados” (SABATINI, 2009, apud NARDONE et al., 2010: 65). Da mesma forma, Sydler et al. (2014) reconhecem que é difícil separar o CR dos demais tipos de capital porque a interligação dos atributos que os compõem é que dá diferencial único a cada organização. Assim, o CR é entendido como não exatamente como relações, mas o valor delas com partes externas, fornecedores, distribuidores, lobby das organizações, parceiros com os quais a empresa mantém relações de lealdade, preferências e reconhecimento da marca (SYDLER et al., 2014). Os aspectos vistos prioritariamente como subjetivos – reciprocidade, confiança, solidariedade, cooperação – recebem como agregadores a ideia de governança, sendo incluive possível cogitar no índice de capital relacional como a razão entre o número de relações existentes e o número máximo possível de relações entre agentes de organizações em relação (NARDONE et al., 2010). A visão mais recente de CR em cadeias produtivas constata a coexistência dos paradigmas transacional – relações predominantemente adversas entre fornecedores e clientes – e relacional – relações mutuamente benéficas entre as partes (LEE et al., 2010). Pablos-Herdero et al. (2012: 133), neste conexto, definem capital relacional como “a habilidade das pessoas de trabalhar em grupo conforme regras e valores compartilhados”, articuland habilidades e conhecimentos adquiridos em processos de comunicação para gerar vantagens competitivas. O Quadro 1 apresenta um sumário dos atributos de CI em sua classificação mais usual (clássica) e a releitura crítica de alguns deles como CR .
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Quadro 1 - visões clássica e crítica do CR Capital Intelectual
Humano
Estrutural
Relacional
Atributos “clássicos” competências atitudes comportamentos motivação liderança agilidade intelectual capacidade de inovação habilidades experiência conhecimentos institucionalizados TI processos comunicação colaboração capacidade de inovação
relações com agentes externos e internos à organização
Atributos “relidos” segundo as visões transacional e relacional Atributos “em avanço”
competências atitudes comportamentos motivação liderança capacidade de inovação habilidades experiência conhecimentos institucionalizados processos comunicação colaboração que possibilitam relações com agentes externos e internos à organização
atitudes lealdade preferências reciprocidade confiança solidariedade cooperação governança relações realizáveis/relações possíveis habilidade de trabalhar em grupo segundo normas e valores balanço entre relações adversas e mutuamente benéficas
3.2 Descritores, foco e direcionalidade do CR na GCSV
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GCSV é compreendida como um conjunto de estratégias e ações que incluem cooperação com fornecedores e consumidores para ecodesign, produção mais limpa, redução do uso de energia, compra “verde”, gestão ambiental interna e recuperação de investimentos via ações de logística reversa (ZHU et al., 2013). Chan et al. (2012) consideram GCSV como três conjuntos de práticas: compra verde, colaboração com fornecedores para ações de estão ambiental e recuperação do investimento (por revenda, reaproveitamento ou reciclagem). A colaboração com fornecedores está em praticamente todos os aspectos técnicos da GCSV, caracterizando sua predominância relacional. A recuperação do investimento é mais conhecida como logística reversa uma parte significativa da GCSV por meio da qual são gerenciados fluxos de materiais do seu ponto de consumo até o seu ponto de origem, envolvendo etapas de coleta, classificação, tratamento, sistema de informação, expedição e coordenação de materiais (RIOPEL et al., 2012). Analisando-se 13 estudos recentes e selecionados sobre GCSV e capital relacional, conforme exposto no método deste trabalho, são doravante destacados descritores, foco e direcionalidade desses estudos com relação aos papeis dos principais atores – produtores, seus fornecedores e clientes. A esquematização desta análise está no Quadro 2. 3.2.1 Descritores Consideram-se descritores os atributos que caracterizam o CR, sendo o mais comum nos estudos a colaboração entre as partes da cadeia produtiva “verde” (AZEVEDO et al., 2013; CANIËLS et al., 2013; CHAN et al., 2012; DOU et al., 2014; VACHON e KLASSEN, 2008; ZHU et al., 2013). A colaboração é entendida como encorajamento para a adoção de comportamentos ambientais resilientes (AZEVEDO et al., 2013), prontidão dos fornecedores perante requerimentos significantes dos cosumidores (CANIËLS et al., 2013), cooperação para satisfazer variáveis de design ecológico, produção mais limpa (P+L), redução do consumo de energia, e variáveis de recuperação de investimentos – criando mecanismos de diálogo que permitam a negociação constante entre as partes (CHAN et al., 2012). Dou et al. (2014) entendem como colaboração a propensão dos fornecedores em se envolver em programas de desenvolvimento para a GCSV, sendo relevante o porte do fornecedor para um engajamento mais efetivo. Vachon e Klassen (2008: 295) veem a colaboração interorganizacional como – “planejamento ambiental compartilhado e trabalho conjunto para reduzir a poluição ou outros impactos ambientais”, tendo igual peso e responsabilidade para fornecedores e produtores para a tomada de decisões. Contudo, muito da relação colaborativa provém de pressões institucionais e econômicas (ZHU et al., 2012). Os descritores de CR na GCSV aparecem na literatura recente como um misto entre aspectos já conhecidos nos estudos de gestão ambiental - como transferência de tecnologia (BAI e SARKIS, 2010), desenvolvimento de fornecedores (FU et al., 2012), comprometimento da alta administração (OLUGU e WONG, 2012), integração entre parceiros da cadeia (VACHON e KLASSEN, 2006) - e aspectos de caráter mais subjetivo – confiança e busca de longevidade nas relações (BLONSKA et al., 2013) entre as partes (HOEJMOSE et al., 2012), confiança e socialização (MEEHAN e CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL
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BRYDE, 2014), e ética na cadeia de suprimentos (OLUGU e WONG, 2011). Há outros descritores intermediários entre os já conhecidos e os subjetivos: aprendizagem (CHAN et al., 2012), criação de conhecimento relacional (MEEHAN e BRYDE, 2014) e capacidade de governança de suprimento (BLONSKA et al., 2013) – forma de compartilhamento de informações e decisões entre integrantes da cadeia para melhor atingir metas. Entre os estudos analisados, dois merecem especial atenção pelo seu conteúdo detalhado das conexões entre CR e GCSV: o de Blonska et al. (2013) e o de Meehan e Bryde (2014). Segundo Bonska et al. (2013), o avanço mais significativo nos estudos relacionais de GCSV está na transição da visão puramente transacional, referente aos custos de gestão de contratos e riscos, para uma visão mais abrangente, caracterizada como colaborativa ou relacional. Estes autores argumentam que “o desenvolvimento do fornecedor encapsula dois blocos construtivos de capital relacional: conhecimento compartilhado e investimentos em transações específicas” (BLONSKA et al., 2013: 1295). Isto significa que o CR é uma instância posterior à do desenvolvimento do fornecedor na cadeia de suprimentos. Contudo, a pesquisa existente até então não mostra bem como ocorre o desenvolvimento do fornecedor. Meehan e Bryde (2014) compartilham a ideia de que a análise do CR na GCSV deve ser considerada além dos limites imediatos das relações entre compradores e vendedores na cadeia produtiva, mas tomam como referência de análise somente a perspectiva dos produtores. Em geral, segundo a crítica de Blonska et al. (2013), há uma tendência das análises a deterem-se no estudo dos benefícios da eficiência operacional e não na criação de valor mútuo em longo prazo, o que implicaria a inclusão de atributos como lealdade, que leva a investimentos na longevidade das relações. 3.2.2 Foco A análise do foco significa identificar, nos estudos selecionados, para qual finalidade é dirigido o esforço de CR na GCSV. O mais comum é a melhoria de processos e/ou o desenvolvimento conjunto, entre fornecedor e produtor, de soluções de sustentabilidade (BLONSKA et al., 2013; DOU et al., 2014; HOEJMOSE et al., 2012). São citados especificamente por Vachon e Klassen (2006) e Vachon e Klassen (2008) os focos em melhoria de qualidade, flexibilidade, entregas e custos decorrentes de iniciativas ambientais, como P+L – esta mencionada também por Azevedo et al. (2013) e Chan et al. (2012). Redução de consumo de materiais (AZEVEDO et al., 2012), energia (CHAN et al., 2012), compra “verde” (OLUGU e WONG, 2014), ecodesign (BAI e SARKIS, 2010) e LR (CHAN et al., 2012; ZHU et al., 2013) são focos bem mais direcionados, assim com atendimento à legislação (FU et al., 2012). Aumento do nível de informação e de troca de informações entre fornecedor e produtor para a melhoria do desempenho ambiental é um foco relevante de governança citado por Meehan e Bryde (2014). Bai e Sarkis (2010) enfatizam a análise do ciclo de vida do produto, e Caniëls et al. (2013) não explicitam um foco de análise. É importante destacar que há sempre a tentativa de conciliação entre o desempenho ecológico e os ganhos em custos. 3.2.3 Direcionalidade
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Direcionalidade implica verificar em que direção o CR está produzindo efeitos: se apenas na perspectiva unidirecional (do produtor demandando esforços do fornecedor para economias “verdes” e/ou do cliente, para recuperação de investimentos como na LR), ou na perspectiva bidirecional (com o fornecedor sendo protagonista e/ou coautor dos efeitos do CR). Nos estudos anlisados, cinco referem-se a descrições de ações unidirecionais, do produtor para o fornecedor e/ou deste para o consumidor (AZEVEDO et al., 2013; BAI e SARKIS, 2010; CHAN et al., 2012; DOU et al., 2014; FU et al., 2012). A análise predominante do sentido em que ocorre o desdobramento do CR na GCSV mostra o que já é constatado por Blonska et al. (2013): que, em geral, o desenvolvimento do fornecedor ou do cliente para a sustentabilidade é visto apenas sob a ótica do produtor, e não o oposto. Como há diferenças entre o empenho de esforços para desenvolver capacidades dos fornecedores e o empenho para desenvolver seus comportamentos, é mais usual que o CR seja empregado primeiramente nas capacidades operacionais e de processo. As capacidades relativas a comportamentos, atitudes e atributos de relacionamento pessoal, como confiança, lealdade e busca de longevidade nas relações são vistas como mais trabalhosas e difícieis de monitorar. Em geral, a pesquisa não considera o CR como um construto mediador, especialmente do lado do fornecedor. O desenvolvimento de fornecedores se realiza muito mais sob a perspectiva técnica – de qualidade, entrega, gestão de custos – do que de governança – com compartilhamento de informações para benefícios mútuos, por exemplo (BLONSKA et al., 2013). Chan et al. (2012) corroboram que, até há pouco tempo, a pesquisa pouco explorava como a orientação ambiental influenciava as práticas ambientais corporativas e o desempenho da empresa - o que está, gradativamente, sendo modificado pela maior inserção do CR. Foram identificados três estudos em que se verifica a existência de unidirecionalidade (do produtor para o fornecedor ou consumidor) com análise bidirecional das relações na GCSV: os de Blonska et al. (2013), Hoejmose et al. (2012), Olugu e Wong (2011). Isto significa que tais pesquisas, mesmo focadas no produtor, analisam os efeitos do CR sobre outras partes (fornecedores e/ou clientes). Outros três estudos foram identificados como totalmente bidirecionais em desenvolvimento e análise: os de Olugu e Wong (2011), Vachon e Klassen (2006) e Vachon e Klassen (2008). Eles tanto descrevem quanto analisam os desenvolvimentos relacionais, para frente e pra trás, na cadeia produtiva “verde”. Os outros dois estudos - de Meehan e Bryde (2014) e de Zhu et al. (2013) – são autodirecionais, ou seja, analisam iniciativas adotadas por produtores para o desenvolvimento de atributos de melhoria ambiental com apoio dos fornecedores (ZHU et al, 2013) e analisam atores internos à mesma organização quanto aspectos operacionais, cognitivos e sociais para o desenvolvimento da GCSV. Quadro 2 - descritores, foco e direcionalidade do CR na GCSV Descritores colaboração capacitação
Foco Direcionalidade Azevedo et al. (2013) ecodesign, logística produtor para reversa, redução de consumo fornecedor (capacitação) e
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monitoramento
comunicação aconselhamento treinamento transferência de tecnologia governança de suprimentos confiança longevidade das relações controle e dependência prontidão dos fornecedores normas e exigências dos consumidores tamanho das empresas em relação colaboração com fornecedores e clientes orientação ambiental estratégica aprendizagem relações interinstitucionais consideração de diferentes pontos de vista na negociação saber ouvir evitar oportunismo propensão do fornecedor a se engajar relações/contrat
energético P+L
produtor para cliente (monitoramento), unidirecional
Bai e Sarkis (2010) avaliação de produtor para tecnologias “verdes” fornecedor, unidirecional análise do ciclo de vida de produtos ecodesign Blonska et al. (2013) desenvolvimento investimento do conjunto de produtos produtor no fornecedor, mas melhoria de processos análise de resultados sob o ponto de vista do fornecedor busca de benefícios mútuos -bidirecionalidade Caniëls et al. (2013) não especificado – investimento do todas as etapas da cadeia produtor no produtiva desenvolvimento do fornecedor participação do fornecedor nas iniciativas do produtor bidirecionalidade Chan et al. (2012) compra “verde” P+L logística reversa redução do consumo de energia redução de materiais de embalagens
Dou et al. (2014) melhoria de processos produtivos (mais “verdes”)
orientação do produtor para o fornecedor e do produtor para o consumidor – unidirecional em ambos os casos
transferência de conhecimento, recursos, investimento em práticas e
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os de longo prazo treinamento e tomada de decisão estratégicas desenvolviment o de fornecedores “verdes”
estabelecimento de mecanismos de confiança e lealdade entre parceiros
socialização confiabilidade normas compartilhadas existência de agentes intermediários compartilhamen to e criação de conhecimento relacional comprometimen to da alta administração com gestão ambiental cadeia de suprimentos “ética” integração entre organizações parceiras
comunicação do produtor para o fornecedor unidirecional Fu et al. (2012) redução ou eliminação de materiais no processo atendimento à legislação ambiental desenvolvimento de processos ecológicos
transferência de conhecimento, recursos, investimento em práticas e comunicação do produtor para o fornecedor unidirecional
Hoejmose et al. (2012) melhoria de processos estabelecimento de redução de custos e códigos de conduta, normas, riscos de desenvolvimento de monitoramento e auditoria produtos do produtor para o fornecedor – orientação unidirecional e análise bidirecional Meehan e Bryde (2014) melhorias auto-análise dos operacionais atores quanto a aspectos aumento do nível de operacionais, cognitivos e informação sobre sociais de compras sustentabilidade para sustentáveis fornecimento autodirecionalidade
Olugu e Wong (2011) compra “verde” análise da cadeia de produção “verde” suprimentos par a frente – gestão e distribuição compradores - e para trás – ecológica de materiais fornecedores – bidirecionalidade Vachon e Klassen (2006) implementação de desenvolvimento P+L conjunto de medidas para ecodesign incrementar processos e compra verde prevenir danos ambientais melhoria de custos, por parte de produtores e qualidade, entregas, fornecedores – ação e flexibilidade e redução de análise bidirecionais
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colaboração planejamento ambiental compartilhado
pressões institucionais ações colaborativas
danos ambientais Vachon e Klassen (2008) melhoria de custos, ações voltadas do qualidade, entregas, produtor ao fornecedor e flexibilidade e redução de vice-versa, e do produtor ao danos ambientais consumidor, e vice-versa – bidrecionalidade em ambos os casos Zhu et al. (2013) ecodesign Iniciativas de GCSV gestão ambiental adotadas pelo produtor com interna apoio de fornecedores – compra “verde” autodirecionalidade logística reversa
4 Conclusões, limitações e sugestões para estudos futuros Os temas CR e GCSV têm desenvolvimento recente na literatura, e a inserção de ativos relacionais na gestão ambiental de cadeias produtivas carece de estudos que descrevam e expliquem melhor a forma como atributos relacionais influenciam as iniciativas de sustentabilidade no âmbito interorganizacional. O conceito de CR é disperso na literatura de CI, o que dificulta sua delimitação e identificação de atributos. A presente pesquisa propôs, inicialmente, uma contribuição para a superação de barreiras conceituais em torno da ideia de CR. Fez isto ao identificar os atributos relacionais em outros tipos de CI – humano e estrutural – consagrados na literatura de ativos intangíveis. Na segunda parte, a pesquisa identificou 13 estudos sobre CR e GCSV e analisou seus descritores, ou seja, como tais estudos caracterizam o CR. Concluiu que a colaboração é o descritor mais utilizado, embora estejam emergindo outros mais subjetivos, como confiança, lealdade, benevolência e longevidade das relações. Foram analisados o foco e a direcionalidade dos estudos sobre CR e GCSV. Quanto ao foco, verificou-se que melhoria de processos e desenvolvimento de ações conjuntas entre produtores e fornecedores são os mais explorados nos estudos. Já em relação à direcionalidade, a análise mostrou que os produtores são os principais mentores e direcionadores dos esforços de uso do CR na GCSV. Em geral, há unidirecionalidade nesses esforços, isto é, as iniciativas de melhoria partem do produtor para o desenvolvimento do fornecedor ou do cliente, mas pouco se exploram os processos pelos quais práticas ambientais de fornecedores e clientes influenciam o desempenho na GCSV. Esta pesquisa tem como limitação a utilização apenas de uma base de dados para a busca de estudos analisados, mas como se trata de uma investigação exploratória, e considerando que seus resultados indicam a concentração de esforços de CR no produtor, ou seja, em apenas um ponto da cadeia, ela pode ser considerada significativa para o início de um trabalho de investigação detalhada sobre a influência e a
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direcionalidade dos ativos intangíveis na criação de valor para a GCSV. Recomenda-se a ampliação da amostragem de estudos a serem analisados e o refinamento dos descritores de CR. 5 Referências AZEVEDO, S.G., GOVINDAN, K., CARVALHO, H., CRUZ-MACHADO, V. 2013. Ecosilient Index to assess the greenness and resilience of the upstream automotive supply chain. Journal of Cleaner Production: 131-146. BAI, C., SARKIS, J. 2010. Green supplier development: analytical evaluation using rough set theory. Journal of Cleaner Production 18: 1200-1210. BLOSNKA, A., STOREY, C., ROZEMEIJER, F., WETZELS, M., RUYTER, K. 2013. Decomposing the effect of supplier development on relationship benefits: The role of relational capital. Industrial Marketing Management V 42, Issue 8: 1295-1306. BONTIS, N. 1998 Intellectual capital: an exploratory study that develops measures and models. Management Decision, V. 36, N. 2: 63-76. BONTIS, N. 1999. The knowledge toolbox: A review of the tools available to measure and manage intangible resources. European Management Journal, V. 17, N. 4: 391402. BROOKING, A. 1996. Intellectual Capital: Core Assets for the Third Millennium Enterprise. Thomson Business Press, London, United Kingdom. CANIËLS, M.C.J., GEHRSITZ, M.H., SEMEIJN, J. 2013. Participation of suppliers in greening supply chains: An empirical analysis of German automotive supplier. Journal of Purchasing & Supply Management 19: 134-143. CHAN, R.Y.K., HE, H., CHAN, H.K., WANG, W.Y.C. 2012. Environmental orientation and corporate performance: The mediation mechanism of green supply chain management and moderating effect of competitive intensity. Industrial Marketing Management 41: 621-630. COSER, A. 2012. Modelo para análise da influência do capital intelectual sobre a performance dos projetos de software. Tese. Programa de Pós-graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 220p. DOU, Y., ZHU, Q., SARKIS, J. 2014. Evaluating green supplier development programs with a grey-analytical network process-based technology. European Journal of Operational Research 233: 420-431. EDVINSSON, L.; SULLIVAN, P. 1996. Developing a Model for Managing Intellectual Capital. European Management Journal, N. 4: 356-364. EDVINSSON, L.; MALONE, M. S. 1998. Capital intelectual. São Paulo: Makron Books. ESCAFRE, D. 2002. Contribution a l’analyse des determinants de l’offre d’information sur le capital intellectual. Tese (Doutorado em Ciência de Gestão), Université Paris IX Dauphine, Paris, 262 p.. CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL
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CLAUDIA VIVIANE VIEGAS Doutora em Engenharia e Gestão do Conhecimento pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com tese direcionada à análise dos processos de conhecimento na elaboração do Estudo de Impacto Ambiental (2009). Realizou estágio de pós-doutorado no Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção da UFRGS (2011) e realiza pós-doutorado em Avaliação da Sustentabilidade no Programa de Pós-graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento da UFSC. Mestre em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com ênfase em Gestão da Produção/Gestão Ambiental. Jornalista profissional diplomada (Unisinos/RS), registro profissional MTE RS 7322. Especializada em Jornalismo Ambiental pela Internationale Weiterbildung und Entwicklung (InWent) em Berlim/Alemanha. Integrante da Rede Nacional de Pesquisa em Avaliação de Impactos à Saúde do Ministério da Saúde. Atua em parceria com pesquisadores da University of East Anglia (Norwich, UK) e The National Institutes of Health Impact Assessment (Washington, USA).
CAROLINE RODRIGUES VAZ Atualmente Doutoranda em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) com bolsa do CNPq e doutorado sanduíche na Ecolé Nationale d Engenieurs de Tarbes (ENIT) França com bolsa CAPES. Possui graduação em Tecnologia em Alimentos (2007), Especialização em Educação Científica e Tecnológica (2008), Especialização em Gestão Industrial: Produção e Manutenção (2009) e Mestre em Engenharia de Produção (2010) pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Ponta Grossa e participou como bolsista do Programa de Assistência ao Ensino (PAE) pela CAPES. A experiência na área de Tecnologia em Alimentos, com ênfase em Nutrição, e na área de Engenharia de Produção, com ênfase em Sistemas de Produção. Os termos mais frequentes em sua produção científica são: Gestão Ambiental Organizacional, Produção mais Limpa, Indicadores de Desempenho, ISO 14001, Análise do Ciclo de Vida e Sustentabilidade de processos produtivos. Além, de Capital Intelectual, Ativos Intangíveis e Logística Reversa.
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7. BARREIRAS E FACILITADORES EM GESTÃO DO CONHECIMENTO NAS ORGANIZAÇÕES: um olhar para a tecnologia e o capital intelectual
Bruna Devens FRAGA Dorzeli Salete TRZECIAK Isabel RAMOS
Resumo: A gestão do conhecimento está intimamente relacionada ao fator sucesso na tomada de decisões das organizações, e tende a aumentar à medida em que ocorra uma maior interação com a tecnologia da informação. Essa interação pode auxiliar no atendimento às demandas organizacionais em termos de criação, compartilhamento, armazenamento e uso do conhecimento, impactando no capital intelectual e, consequentemente, contribuindo para um melhor posicionamento da organização no mercado. Logo, se faz necessário entender quais são as barreiras e os facilitadores da gestão do conhecimento, analisando a dimensão tecnologia e a relação desses elementos com o capital intelectual da organização. Neste sentido, este trabalho objetiva identificar quais são as principais barreiras e facilitadores para promover a GC nas organizações, com ênfase no uso da tecnologia da informação e na análise da relação desses aspectos com o capital intelectual. Trata-se de uma revisão sistemática e exploratória, com abordagem quanti-qualitativa, que utiliza a pesquisa bibliométrica como procedimento técnico para o levantamento dos dados. Os resultados permitiram apontar as principais barreiras e facilitadores da tecnologia da informação em relação a gestão do conhecimento nas organizações, observando-se uma diversidade de elementos de ordem técnica, pessoal, organizacional, infraestrutura, financeira e estratégica. Devido à ausência de material na literatura sobre a relação entre o capital intelectual e barreiras e facilitadores da tecnologia da informação, no contexto da gestão do conhecimento, optou-se por agrupar os elementos encontrados considerando as dimensões do capital intelectual – capital humano, capital estrutural e capital relacional. Por fim, este estudo sugere o desenvolvimento de estudos futuros para investigar, por meio de indicadores e de outros fatores de análise, a relação entre capital intelectual e barreiras e facilitadores da tecnologia da informação no contexto da gestão do conhecimento, de modo a desenvolver estratégias que contribuam para a melhoria contínua das organizações e, consequentemente, para a sua competitividade. Palavras chave: Gestão do conhecimento; Capital intelectual; Tecnologia da informação; Barreiras à gestão do conhecimento; Facilitadores da gestão do conhecimento.
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1 INTRODUÇÃO O mercado global possibilita às organizações intensos fluxos de informações, gerando vantagem competitiva e ampliando a capacidade de inovação, tanto em processos quanto em produtos (SPANHOL; SANTOS, 2009). Para Leonard Barton (1998) e Choo (2006) as organizações mais inovadoras e que conseguem sobreviver nesse mercado, são aquelas que tem o conhecimento como o seu principal recurso estratégico e apresentam maior competência para gerar e gerenciar o conhecimento. Davenport e Prusak (1998), enfatiza que as organizações de maior sucesso são aquelas que tem a gestão do conhecimento (GC) como parte do trabalho entre todos os integrantes. Reforçando essa visão, Oliveira (2003) defende que o bem mais importante de uma organização é o conhecimento, ou capital intelectual (CI), e este capital inclui o conhecimento tácito (experiência armazenada por cada colaborador) e o conhecimento explícito (documentos, políticas e procedimentos existentes). Neste cenário, a GC aparece como um meio para auxiliar a superar os desafios que surgem nesta dinâmica realidade informacional globalizada. O processo de GC envolve selecionar dados e informações, armazenar, disseminar, gerar novos conhecimentos e realizar acompanhamento dos resultados relacionados ao desempenho da organização (SPANHOL; SANTOS, 2009). Para isso, Maier (2007) salienta que é necessário envolver pessoas e instrumentos que alavanquem o seu desenvolvimento. Por outro lado, os rápidos e constantes avanços da tecnologia tornaram viável o compartilhamento do conhecimento, reduzindo o tempo dispendido para realizar determinadas tarefas e, também, o custo de produção e manutenção nas organizações. As tecnologias da informação (TI) são utilizadas como suporte ao processo, impulsionando o desenvolvimento e a valorização da GC, por meio de vários processos inovadores, que buscam o aprimoramento e a disponibilização das informações no momento necessário, de modo que sejam relevantes, precisas e confiáveis. Desta forma, a tecnologia assume a posição de requisito básico para compartilhar informações no ambiente organizacional, de modo efetivo e bem sucedido (KEONG; ALHAWAMDEH, 2002; YANG; CHEN, 2007; MAIER, 2007; SPANHOL; SANTOS, 2009). Rosseti e Morales (2007) argumentam que a GC está intensamente relacionada ao fator sucesso na tomada de decisões das organizações, e tende a aumentar à medida em que ocorra uma maior interação entre GC e TI. Essa interação pode auxiliar no atendimento às demandas organizacionais em termos de criação, compartilhamento, armazenamento e uso do conhecimento, impactando no CI e, consequentemente, contribuindo para um melhor posicionamento da organização no mercado. Sabe-se que há diversos elementos que podem interferir nessa interação, tanto de modo positivo quanto negativo. Logo, se faz necessário entender: quais são as barreiras e os facilitadores da GC, analisando principalmente a dimensão tecnologia e a relação desses elementos com o CI da organização?
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Portanto, o objetivo deste capítulo é identificar quais são as principais barreiras e facilitadores para promover a GC nas organizações, com ênfase no uso da TI e na análise da relação desses aspectos com o CI. O capítulo está dividido em cinco itens, sendo o primeiro constituído pela introdução, onde são apresentados o contexto, o problema de pesquisa e o objetivo. O segundo item contempla a fundamentação teórica, com os principais temas pesquisados. No terceiro item são descritos os procedimentos metodológicos utilizados para desenvolver o capítulo. O quarto item contém a apresentação e a análise dos resultados. Por fim, o quinto item trata das considerações finais, e na sequência apresentam-se as referências utilizadas. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 Gestão do conhecimento Tão importante quanto o valor da informação e do conhecimento, é o seu gerenciamento. Ligada aos grandes avanços da TI, essa percepção, levou ao surgimento da GC como uma disciplina ou uma preocupação explícita, que passa a fazer parte das estratégias organizacionais, preocupadas com o gerenciamento e a disponibilização de conhecimento, que levam a organização a obter maior vantagem competitiva e a conquistar novos mercados (TERRA; GORDON, 2002). Davenport (1998) chama de GC o conjunto de atividades relacionadas com a geração, codificação e transferência do conhecimento. Para esse autor a GC procura melhorar os recursos existentes na organização, de forma orientada para o conhecimento. De acordo com Teixeira Filho (2000), a GC é uma maneira de olhar para a organização, a procura de pontos de negócio em que conhecimento útil, proveniente da experiência, da análise, da pesquisa, do estudo, da inovação, da criatividade e também conhecimento sobre o mercado, a concorrência, os clientes, a tecnologia e os processos do negócio seja utilizado como vantagem competitiva à organização. Para Thives Júnior e Angeloni (2000), a GC pode ser entendida como um campo multidisciplinar, que abarca a gestão da informação, a TI, a comunicação interpessoal, o aprendizado organizacional, a motivação, o treinamento e a análise de processos. É um enfoque integrado visando identificar, capturar, gerenciar e compartilhar o ativo informacional das organizações, abrangendo documentos, bases de dados, outros repositórios e, ainda, a competência individual dos colaboradores. 2.2 O papel da tecnologia da informação na gestão do conhecimento Quando o assunto é GC, uma questão que emerge é o papel que a TI desempenha neste processo. Para Cruz (2003), TI pode ser todo e qualquer dispositivo que apresente capacidade para tratamento de dados e/ou informações, tanto de forma sistêmica quanto esporádica, independentemente do modo como é aplicada (produto ou processo).
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Com base nos autores O’Dell e Grayson Júnior (2000), Carvalho e Ferreira (2001), o crescimento explosivo e a rápida adoção das TI foram um grande catalisador do processo de compartilhamento do conhecimento. Porém, esses autores argumentam que a GC não depende somente da TI para tornar os processos mais eficientes, ela depende do conhecimento que existe na mente das pessoas, e usa a tecnologia para facilitar o seu compartilhamento. A tecnologia é necessária, mas não suficiente para possibilitar a transmissão do conhecimento. Para Davenport e Prusak (1998), as ferramentas de GC objetivam modelar parte do conhecimento existente na cabeça das pessoas e em documentos corporativos, disponibilizando-o para toda a organização. A simples existência do conhecimento na organização tem pouco valor, se não ele não estiver acessível e não for utilizado como um dos recursos mais importantes. Neste cenário, o desafio para a área de TI é identificar, encontrar e/ou desenvolver e implementar tecnologias e sistemas de informação que apoiem a comunicação empresarial, bem como a troca de experiências, incentivando as pessoas a se unirem, a participarem, a fazerem parte de grupos e a se renovarem em redes informais. A TI deve ser utilizada para facilitar as atividades essenciais para a evolução da organização, fornecendo meios para que as pessoas possam compartilhar problemas, perspectivas, ideias e soluções. Assim, o maior desafio da TI passa a ser a migração de uma posição de suporte a processos para o suporte a competências (TEIXEIRA FILHO, 2000; ROSSETTI; MORALES, 2007). Outro aspecto que merece atenção quando se trata de interação entre GC e TI são as pessoas. De fato, a tecnologia está presente e atuante nas rotinas e atividades do cotidiano da sociedade moderna. Porém, quando essa tecnologia não é aceita pelos colaboradores da organização, eles deixam de lado a ferramenta, independentemente das punições ou normas impostas. Esses elementos salientam a importância de haver ferramentas adequadas ao uso, que possibilitem a participação efetiva das pessoas nos processos de colaboração e compartilhamento (HUYSMAN; WIT, 2004; ALVES; BARBOSA, 2010) Diante do exposto, a integração entre GC e TI é um elemento que merece atenção. Contudo, como bem colocam Santiago Júnior (2004), Rosseti e Morales (2007), essa integração é complexa, pois envolve o gerenciamento de ativos intangíveis (pessoas, conhecimentos tácitos, explícitos, individuais e de rede) e conhecimentos estruturais, que servem de base tecnológica para a estocagem, para a melhoria e para o fluxo de bens intangíveis, e sistemas de informações com aplicativos que possibilitem aumentar a interação entre pessoas no ambiente interno e externo, agregando fornecedores e clientes à cadeia de valor das organizações.
2.3 Capital intelectual Capital intelectual, de acordo com Edvinson e Sullivan (1996) é o conhecimento que pode ser transformado em valor. Para Tapscott (2000), o CI pode ser encontrado em três formas e em três lugares distintos: na forma de conhecimento dentro da cabeça de
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cada indivíduo; na forma de conhecimento adicional, gerado quando há relacionamento e compartilhamento de conhecimento entre as pessoas; na forma de conhecimento armazenado em livros, revistas, jornais, fotografias, desenhos, fitas, discos, CD, CD ROM, bases de dados, etc. O capital intelectual é formado pelos componentes: capital humano, capital estrutural e capital relacional. O capital humano diz respeito a parte que pensa, trata de aspectos relativos às pessoas. São as competências e habilidades acumuladas, as capacidades individuais e dos grupos, as experiências e os conhecimentos pessoais na organização, a educação, a agilidade intelectual, a capacidade criativa de inovação, os valores e a motivação/atitudes (GUBIANI, 2011). Edvinson e Sullivan (1996) dividem o capital humano em dois subcomponentes: recursos humanos, entendido como a capacidade de cada funcionário em resolver os problemas dos clientes, incluindo experiência, habilidades e conhecimento; ativos intelectuais, que trada da fonte de conhecimento que a empresa pode comercializar, tais como tecnólogas, processos, invenções e programas de computadores. Para Edvinson e Malone (1998), o capital estrutural relaciona-se a parte que não pensa da organização, ligada aos aspectos internos. Pode ser dividido em três dimensões: capital organizacional, capital de inovação e capital de processos. E os itens de avaliação do capital estrutural são as habilidades, experiências e conhecimentos da organização; as informações institucionalizadas e codificadas (patentes, bases de dados, manuais, rotinas, propriedade intelectual, fluxogramas); os protocolos e procedimentos; a cultura e os valores organizacionais; a estrutura da empresa (física e tecnológica); estratégias para criar conhecimento voltado a inovação. Já o capital relacional, conforme Bueno et al. (2002) é o conjunto das relações que as organizações mantem como os agentes do seu entorno. Apresenta como principais elementos intangíveis as relações da organização com os clientes, além das alianças estratégicas, as relações com os demais atores externos e as análises dos concorrentes e fornecedores. Considerando os elementos apontados pelos autores em relação ao CI, Choo (2006) coloca que é necessário que as organizações criem condições para o desenvolvimento do potencial humano de modo dinâmico, desenvolvendo o CI e as competências individuais. Com isso propicia-se a configuração de valores coletivos que possibilitem o incentivo a mudanças de atitudes, no sentido de desenvolver recursos humanos com um grau maior de responsabilidade, orientados para o conhecimento. E quando se trata da relação entre CI e GC, Wiig (1997) argumenta que a análise do CI concentra-se na atenção dos gestores para renovar e maximizar o valor da empresa, com destaque para o valor dos ativos intelectuais. A GC, por sua vez, suporta a gestão do CI buscando a sistematização detalhada dos processos explícitos, fornecendo estratégias para explorar o CI, buscando sinergias e combinando os portfolios de CI, aplicando sobre eles as suas estratégias e ferramentas. 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
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Este trabalho foi desenvolvido com ênfase qualitativa e auxílio de análise bibliométrica (volume de publicações, análise de citações, etc.), que fornece uma lista dos termos mais relevantes de interesse do pesquisador em termos de artigos publicados, revistas relacionadas, países de origem, etc. (BERGEK et al., 2008). Como proposta do presente trabalho, procurou-se investigar na literatura os trabalhos que tratassem de barreiras e facilitadores da TI na GC e a relação desses elementos com o CI. Entretanto, na busca dos termos que envolvem as temáticas TI + GC + CI para identificar barreiras e facilitadores, e a relação com o CI, não foram encontrados trabalhos disponíveis na literatura. Diante disso, e considerando a relevância de compreender a TI como papel fundamental na GC, pois como reforçam Lehmkul, Veiga e Varvakis (2008), a aplicabilidade da TI, possibilita o aumento, o alcance e a velocidade de transferência do conhecimento, optou-se pela seguinte estratégia de análise da literatura: a) identificação de trabalhos que tratam de barreiras e facilitadores da tecnologia da informação no contexto da gestão do conhecimento; b) análise de conteúdo dos trabalhos identificados, a partir das categorias estabelecidas: barreiras da TI na GC; facilitadores da TI na GC; c) análise das barreiras e facilitadores identificados sob a perspectiva das dimensões do capital intelectual, estabelecendo as relações entre eles. Desta forma, o trabalho foi realizado em duas etapas: busca sistemática da literatura e análise descritiva da literatura, as quais são descritas na sequência.
3.1 Etapa 1: Busca sistemática da literatura A busca sistemática da literatura foi realizada na base de dados SCOPUS no campo Social Sciences & Humanities (> 5,300 titles). A SCOPUS é considerada uma rica fonte referencial de literatura técnica e científica revisada por pares. Permite uma visão ampla de tudo o que está sendo publicado cientificamente sobre um tema, permitindo que sua equipe de pesquisadores tenha uma quantidade adequada de informações para basear seus projetos, desde a pesquisa básica, aplicada e até mesmo a inovação tecnológica (ELSEVIER, 2015). As buscas foram realizadas em junho de 2015 e foram incluídos os artigos escritos no idioma inglês e espanhol, publicados desde o ano de 2004 até o presente momento da busca, com a intenção de mapear as publicações dos últimos dez anos de pesquisa. As buscas foram filtradas por Article title, Abstract e Keywords, que permitem buscar palavras/termos no título, resumo e palavras chave dos artigos. Utilizou-se a seguinte estratégia de busca: "knowledge management" AND ("information technology" OR "information and communication technology") AND ("facilitator*" OR "barrier*"). Salienta-se que foram utilizadas no descritor de busca as duas variações: tecnologia da informação (TI) e tecnologia da informação e comunicação (TIC), com o objetivo de aumentar a delimitação do contexto de análise dos trabalhos, visto que os termos são utilizados muitas vezes de forma sinônima. Tecnologia da informação e CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL
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comunicação se refere aos procedimentos, métodos e equipamentos que são usados para o processamento e comunicação da informação. As TIC agilizam o conteúdo da comunicação através da digitalização e da comunicação em redes, podendo assumir a forma de texto, imagem estática, vídeo ou som (MAIA, 2003). Foram filtrados somente artigos e revisões (article and review), descartando-se conference papers, editoriais e revisões de livros. Desta forma, o resultado da busca sistemática na base SCOPUS permitiu localizar 41 trabalhos. Esses trabalhos foram considerados para as análises realizadas posteriormente, conforme procedimentos descritos a seguir.
3.2 Etapa 2: Análise descritiva da literatura Nesta etapa foi realizada a leitura na íntegra de 33 trabalhos, já que 8 textos completos não estavam disponíveis na base. Neste caso, foi realizada uma leitura a partir dos dados disponíveis (resumos e fontes de publicações). Os fatores de análise das 33 publicações foram documentados neste estudo. Como produto desta etapa, foi elaborado um documento descritivo contendo os seguintes elementos: ano de publicação, autor (es), título, periódico, definições dos construtos, objetivo do trabalho, unidades de análise e principais resultados. Foram identificadas ainda, as categorias de análise dos trabalhos: barreiras e facilitadores apontados nos trabalhos identificados na etapa de busca. Neste sentido, a identificação dos elementos foi realizada de forma descritiva e interpretativa, já que dentre alguns trabalhos analisados não havia como apontar uma explicitação pontual dos conceitos em análise, em relação aos construtos deste trabalho, pois muitos desses trabalhos apresentaram de forma prática as barreiras e facilitadores da TI, por meio de estudos de caso em diferentes contextos, como websites (BARKER, 2011), empresas de consultoria (RASLI; MOHD, 2008), bibliotecas acadêmicas (HUSAIN; NAZIM, 2015). Esta diversidade gerou um levantamento em diferentes perspectivas e contribuiu para uma maior riqueza de elementos relacionados à TI com âmbito da GC. Logo, diante dos elementos e das definições encontrados para os temas, foram identificados os direcionadores que motivaram este estudo e a compilação dessas análises é apresentada no próximo tópico. 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS 4.1 Apresentação dos resultados De acordo com o levantamento bibliométrico, foram localizados 41 trabalhos acadêmicos indexados na base SCOPUS. Estes trabalhos foram escritos por 96 autores, que estão vinculados a 67 instituições de 22 diferentes países. Para a elaboração desses estudos os autores utilizaram 1.584 referências, o que perfaz uma média de 38 referências por estudo. Esses trabalhos foram publicados em 30 periódicos. Os dados gerais da pesquisa podem ser visualizados na Tabela 1.
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Tabela 1 – Sumário dos resultados gerais do levantamento bibliométrico Critérios
Quantidade
Publicações (artigos e revisões)
41
Periódicos indexados
30
Autores
96
Instituições (vinculo dos autores)
67
Países
22
Palavras chave
160
Referências citadas
1.584
Fonte: Elaboração própria, a partir da base SCOPUS (junho de 2015)
Foram identificados, entre os 30 periódicos com publicações sobre os temas, aqueles que apresentaram maior número de artigos relacionados, em um total de três para cada um. São eles: Decision Support Systems, Journal of Information and Knowledge Management, Knowledge Management Research and Practice e Vine. Interessante notar, que a maioria deles relaciona-se às áreas de gestão do conhecimento e suporte à decisões. Nos demais, nota-se que não há uma concentração dos trabalhos, e sim uma diversidade de fontes de publicação acerca da temática. Na Tabela 2 são elencados os dez principais periódicos relativos a busca realizada.
Tabela 2 – Periódicos com publicações de barreiras e facilitadores da gestão do conhecimento e tecnologia da informação e comunicação N. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Periódicos
Quantidade de artigos 3
Decision Support Systems Journal of Information and Knowledge Management Knowledge Management Research and Practice Vine Journal of Knowledge Management Advances in Developing Human Resources Architectural Engineering and Design Management Asian Journal of Business and Accounting Ciencia Da Informacao Communicatio
3 3 3 2 1 1 1 1 1
Fonte: Elaboração própria, a partir da base SCOPUS (junho de 2015)
Conforme os dados apresentados na Tabela 2, nota-se que há diversas fontes de publicação para a temática, desde suporte à decisão até arquitetura e design. Para compreender a diversidade de visões e abordagens, os assuntos tratam de forma CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL
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transversal diversos campos de conhecimento. Neste sentido, a Tabela 3 mostra a concentração das áreas apontadas nos trabalhos. Tabela 3 – Áreas das publicações de barreiras e facilitadores da gestão do conhecimento e tecnologia da informação e comunicação Áreas Business, Management and Accounting Social Sciences Computer Science Decision Sciences Engineering Economics, Econometrics and Finance Environmental Science Medicine Total
Quantidade de trabalhos 23 22 14 9 7 1 1 1 41
Fonte: Elaboração própria, a partir da base SCOPUS (junho de 2015)
De forma coerente com os periódicos identificados na Tabela 2, nota-se um alinhamento quanto às áreas de publicação dos trabalhos, destacando-se uma concentração no campo de ciências sociais aplicadas para a maioria das publicações. Posteriormente, os 41 artigos inicialmente selecionados foram listados de acordo com o número de citações na base SCOPUS, em ordem decrescente de quantidade de citações, como mostra a Tabela 4, considerando o período selecionado para a realização da busca (até junho de 2015). Tabela 4 – Os 10 trabalhos mais citados sobre barreiras e facilitadores na TI com a gestão do conhecimento N. Autores 1
2
3
4
Título
Sher, P.J., Lee, V.C.
Information technology as a facilitator for enhancing dynamic capabilities through knowledge management Hall, H., Goody, KM, culture and M. compromise: Interventions to promote knowledge sharing supported by technology in corporate environments Sandhu, M.S., Knowledge sharing among Jain, K.K., public sector employees: Ahmad, I.U.K.b. Evidence from Malaysia Ruikar, K., Anumba, C.J., Egbu, C.
Integrated use of technologies and techniques for construction knowledge management
Fonte da publicação
Ano
Quantidade de citações
Information and Management, 41 (8), pp. 933-945
2004
202
Source of the Document 2007 Journal of Information Science, 33 (2), pp. 181-188
32
International Journal of Public Sector Management, 24 (3), pp. 206-226 Knowledge Management Research and Practice, 5 (4), pp. 297-311
2011
19
2007
18
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N. Autores 5
6
Título
Segev, A., Gal, A.
Enhancing portability with multilingual ontology-based knowledge management du Plessis, T., du Knowledge management and Toit, A.S.A. legal practice
7
Nold, H.A.
Making knowledge management work: Tactical to practical
8
Conley, C.A., Zheng, W.
Factors critical to knowledge management success
9
Faniel, I.M., Majchrzak, A.
Innovating by accessing knowledge across departments Gaining competitive advantage in a knowledgebased economy through the utilization of open source software
10 Hedgebeth, D.
Fonte da publicação
Ano
Quantidade de citações
Decision Support Systems, 45 (3), pp. 567-584 International Journal of Information Management, 26 (5), pp. 360-371 Knowledge Management Research and Practice, 9 (1), pp. 84-94 Advances in Developing Human Resources, 11 (3), pp. 334-348 Decision Support Systems, 43 (4), pp. 1684-1691 VINE, 37 (3), pp. 284294
2008
17
2006
15
2011
14
2009
14
2007
14
2007
12
Fonte: Elaboração própria, a partir da base SCOPUS (junho de 2015)
Com base na Tabela 4, pode-se destacar o trabalho de Sher e Lee (2004), que trata da análise da utilização da GC no reforço das capacidades dinâmicas, com um número representativo de citações (202). Baseado nos resultados de uma pesquisa de grandes empresas de Taiwan, os autores sugerem que a GC através de aplicações de TI aumenta significativamente as capacidades dinâmicas. Os autores apontam que no contexto da GC, o uso da TI facilita o desenvolvimento de novos métodos e aplicações (como bancos de dados groupware, online, intranets, etc.); da mesma forma que permite que as empresas ofereçam produtos e serviços de melhor qualidade e, assim, alcançar uma maior vantagem competitiva (HENDRIKS; VRIENS, 1999; HOLSAPPLE; JOSHI, 2002; LYNN; REILLY; AKGÜN, 2000; SHEER; LEE, 2004). Na sequência, Hall e Goody (2007) concentram seu trabalho nas barreiras que impedem as atividades de compartilhamento de conhecimento. Dentre os aspectos, destacam o papel da cultura organizacional como principal obstáculo. Os autores exploram a temática e atentam para o fato de que a cultura é atrelada às questões políticas e de poder, por isso, estes elementos devem ser levados em conta ao tratar do compartilhamento de conhecimento. No que tange aos trabalhos listados na Tabela 4, é possível notar dentre os mais citados, que estão inseridos em diferentes contextos e, concentram-se, em sua maioria, em empresas e organizações de forma geral.
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A partir da análise de conteúdo dos trabalhos identificados, foram apresentadas as principais barreiras e facilitadores no que tange ao papel da TI e TIC na gestão do conhecimento, conforme mostram os Quadros 1 e 2. Os elementos destacados nos trabalhos e que eram citados tangencialmente ao tema proposto não foram considerados. Foram levados em conta apenas aqueles que apresentavam de forma clara as barreiras e facilitadores no contexto estudado.
BARREIRAS
AUTORES (ANO)
Linguagem - na implementação de um novo sistema de informação; linguística.
SEGEV; GAL, 2008
Cultura organizacional para o compartilhamento de conhecimento; estrutura organizacional; processos.
HALL; GOODY, 2007; CONLEY; ZHENG, 2009; EVGENIOU; CARTWRIGHT, 2007
Falta de treinamento; falta de tempo para aprender; sistemas muito complicados; falta de êxito devido a problemas técnicos; uso diário não integrado à prática; falta de recursos financeiros.
PILLANIA, 2005; FLOYDE et al., 2013; NAZIM; MUKHERJEE, 2014
Comprometimento da alta direção; infraestrutura inadequada com as estratégias da organização.
NAZIM; MUKHERJEE, 2015
Cognitiva; falta de recursos; tempo para implementação da GC; falta de apoio da gestão; falta de vontade de compartilhar; falta de experiência e formação.
MEAZA; CARRASCO; ELGUEZABAL, 2015; GONÇALO; JACQUES; SOUZA, 2007; HUSAIN; NAZIM, 2015; RASLI; MOHD, 2008; AMIN, 2011; SANDHU; JAIN; AHMAD, 2011; YANG; WEI; LI, 2008; KOSONEN; KIANTOZ, 2009
Comportamental; cultura de compartilhamento de conhecimento; resistência.
NOLD, 2011; SANDHU; JAIN; AHMAD, 2011; NAZIM; MUKHERJEE, 2013; EVGENIOU; CARTWRIGHT, 2007
Ausência de sistemas de recompensa; falta de interação; falta de habilidades interpessoais.
AMIN, 2011; SANDHU; JAIN; AHMAD, 2011
Falta de apoio da alta administração; ausência de estratégia de GC; falta de integração dos sistemas/processos; falta de suporte técnico e manutenção dos sistemas; baixa motivação para compartilhar
SANDHU; JAIN; AHMAD, 2011
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BARREIRAS
AUTORES (ANO)
conhecimento. RUIKAR; ANUMBA; EGBU, 2007
Altos custos de tecnologias de GC. Quadro 1 – Barreiras da TI na GC Fonte: Elaboração própria, a partir da SCOPUS (junho de 2015)
Conforme abordado no Quadro 1, em relação as barreiras que permeiam a TI no contexto da GC, nota-se uma diversidade de elementos de ordem técnica (falta de suporte técnico e manutenção dos sistemas, linguagem empregada na implementação dos sistemas); de ordem estratégica (falta de apoio da alta administração, comprometimento da alta organização, etc.); de ordem pessoal (baixa motivação para compartilhar conhecimento, resistência, etc.); e de ordem financeira (altos custos de tecnologias de GC, falta de recursos, etc.). Reforçando essa percepção, os autores Sandhu, Jain e Ahmad (2011) destacam uma perspectiva importante em seu trabalho que diz respeito aos aspectos mais técnicos de suporte, manutenção e integração dos sistemas existentes. Em muitos trabalhos empíricos foi destacada a necessidade de capacitações e treinamentos quanto à utilização de determinados sistemas, de forma a inutilizá-los ou abandoná-los por falta de compreensão dos mesmos. A falta de tempo dos colaboradores para aprender e o uso voltado à GC não alinhado à prática diária, acarretam no pouco interesse dos usuários, levando ao desuso ou descarte das tecnologias envolvidas na GC, como destaca Pillania (2005).
FACILITADORES
AUTORES (ANO)
No contexto das pequenas e médias empresas, facilita a conectividade, ajuda a criar e entregar produtos e serviços em escala global, facilita o acesso a novos mercados e fontes de vantagem competitiva para elevar o crescimento financeiro.
DAI; UDEN, 2008
Trabalhador do conhecimento, como colaborador que esteja ciente dos obstáculos e auxilie no encorajamento de ações que envolvam uso de dados de forma estratégica.
HEDGEBETH, 2007
Tecnologias de GC podem apoiar a transferência de conhecimentos entre domínios de uma forma que facilita a solução de problemas inovadores.
FANIEL; MAJCHRZAK, 2007
Redução das incertezas de perda de conhecimento; aumento da velocidade de transmissão e de resposta; facilitação do conhecimento de marketing de transformação e da cadeia de
SHEER; LEE, 2004
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FACILITADORES
AUTORES (ANO)
abastecimento.
Cultura organizacional; pessoas; apoio da alta gestão.
Confiança; integração com as iniciativas de GC; colaboração; aprendizagem; relação entre a estratégia top-down e bottom-up.
RODRÍGUEZ-GÓMEZ; GAIRIN, 2015; NOLD, 2011; SANDHU; JAIN; AHMAD, 2011; RASLI; MOHD, 2008 NOLD, 2011,
RASLI; MOHD, 2008; MEAZA; CARRASCO; ELGUEZABAL, 2015; AMIN et al., 2011; RASLI; MOHD, 2008
Motivação da gestão; sistemas de recompensas.
Política organizacional; especialização e desenvolvimento da cultura relacionada à GC e a infraestrutura de TI; ambiente de aprendizagem propício.
RASLI; MOHD, 2008
Uso de sistemas de e-mail; atividades interagências.
SANDHU; JAIN; AHMAD, 2011
Conhecimento, treinamento e uso adequado da tecnologia da informação.
PLESSIS; TOIT, 2006; RUIKAR; ANUMBA; EGBU, 2007
Quadro 2 – Facilitadores da TI na GC Fonte: Elaboração própria. A partir da base SCOPUS (junho de 2015)
Quanto aos elementos facilitadores das tecnologias de informação nos processos de criação, compartilhamento e armazenamento de conhecimento, destacam-se as questões pessoais, organizacionais e estruturais. No que se refere aos aspectos pessoais, aparecem a motivação (RASLI; MOHD, 2008; MEAZA; CARRASCO; ELGUEZABAL, 2015; AMIN et al., 2011), a confiança (NOLD, 2011) e a redução das incertezas (SHEER; LEE, 2004), como fatores chave no encorajamento à realização das atividades relacionadas ao uso da TI, alinhada às práticas organizacionais (HEDGEBETH, 2007). Observa-se pelas análises apresentadas nos Quadros 1 e 2, as associações da tecnologia da informação com a gestão do conhecimento, no que diz respeito às barreiras e facilitadores e pode-se constatar que elas possuem diferentes níveis de análise no ambiente organizacional, tanto no que tange à estrutura, como a relações e, principalmente, o foco no fator humano. 4.2 Discussão dos resultados
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Conforme apontado na busca, há uma série de barreiras e facilitadores de tecnologia da informação que impactam na gestão do conhecimento. Por outro lado, considerando o importante papel do capital intelectual que está relacionado ao conhecimento existente numa organização e que pode ser utilizado para criar vantagem competitiva (REZENDE, 2002), torna-se relevante observar a dinâmica destes diferentes elementos identificados na literatura e elencá-los nas diferentes categorias do capital intelectual – capital humano, estrutural e relacional. Para compreendê-los de forma mais sistêmica, os elementos das barreiras e facilitadores foram agrupados conforme conceituação das dimensões do capital intelectual, considerando os diferentes níveis de análise e suas perspectivas, e levando em conta a interpretação dos autores deste capítulo, como mostram os quadros a seguir.
CAPITAL HUMANO: trata de aspectos relativos às pessoas (GUBIANI, 2011; EDVINSON; SULLIVAN, 1996)
Barreiras
Falta de vontade de compartilhar; falta de experiência e formação; falta de treinamento. Cognitiva; comportamental; resistência; comprometimento da alta direção. Falta de tempo para aprender; falta de êxito devido a problemas; uso diário não integrado à prática. Falta de interação; falta de habilidades interpessoais.
Facilitadores
Trabalhador do conhecimento, como colaborador que esteja ciente dos obstáculos e auxilie no encorajamento de ações que envolvam uso de dados de forma estratégica. Redução das incertezas de perda de conhecimento. Conhecimento, treinamento e uso adequado da tecnologia da informação. Confiança; pessoas; apoio e motivação da alta gestão. Colaboração e ambiente de aprendizagem. Quadro 4 – Fatores do capital humano relacionados às barreiras e facilitadores da TI na GC Fonte: Elaboração própria dos autores
O capital humano pode ser compreendido como a soma das competências e habilidades acumuladas, individuais e dos grupos, quanto à criatividade, valores e motivação no ambiente organizacional (GUBIANI, 2011). Considerando a classificação proposta por Edvinson e Sullivan (1996), podemse agrupar algumas das principais barreiras e facilitadores relacionados a recursos humanos: barreiras cognitivas (KOSONEN; KIANTOZ, 2009); como facilitador a redução da incerteza (SHEER, LEE, 2004); ausência de interação e de habilidades
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interpessoais (SANDHU; JAIN; AHMAD, 2011). Neste sentido, conforme Hedgebeth (2007), o chamado trabalhador do conhecimento surge como um recurso humano essencial no uso da TI, visto que ele pode ser um facilitador do processo de associação e implementação da TI nas práticas e ações da GC. No tocante aos ativos intelectuais, citados por Edvinsson e Malone (1996) encontram-se as barreiras: falta de treinamento para familiarização dos sistemas e processos de TI, baixa motivação para compartilhar conhecimento (SANDHU; JAIN; AHMAD, 2011); e como elementos facilitadores, compreendem-se: confiança, incentivo à colaboração (NOLD, 2011) e principalmente o conhecimento e as tecnologias de transferência dele, de modo a possibilitar soluções aos problemas, de forma compartilhada (FANIEL; MAJCHRZAK, 2007).
CAPITAL ESTRUTURAL: trata de aspectos internos da organização (EDVINSSON; MALONE, 1998)
Barreiras
Infraestrutura inadequada com as estratégias da organização; falta de integração dos sistemas/processos; falta de suporte técnico e manutenção dos sistemas. Cultura organizacional para o compartilhamento de conhecimento; estrutura organizacional. Altos custos de tecnologias de GC; falta de recursos financeiros; tempo para implementação da GC. Ausência de sistemas de recompensa.
Facilitadores
Apoiar a transferência de conhecimentos entre domínios nas soluções de problemas inovadores. Aumento da velocidade de transmissão e de resposta; facilitação do conhecimento de marketing de transformação, da cadeia de abastecimento. Cultura organizacional; sistemas de recompensas. Política organizacional; especialização e desenvolvimento da cultura relacionada à GC e a infraestrutura de TI; ambiente de aprendizagem propício; uso de sistemas de e-mail; relação entre a estratégia top-down e bottom-up. Quadro 5 – Fatores do capital estrutural relacionado às barreiras e facilitadores da TI na GC Fonte: Elaboração própria dos autores
Como já apontado por Edvinson e Malone (1998), o capital estrutural está relacionado com a parte da organização que não pensa, ligada aos aspectos internos. Deste modo, observa-se no Quadro 4, como a TI no contexto da GC, pode ser relacionada ao capital estrutural, bem como a suas características de infraestrutura e elementos internos à organização.
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As principais barreiras encontradas relacionam-se: a infraestrutura inadequada de TI (NAZIM; MUKHERJEE, 2015); falta de integração dos sistemas/processos (considera-se que estes devem estar integrados à uma estratégia de GC bem definida para todos colaboradores) (SANDHU; JAIN; AHMAD, 2011). A falta de suporte técnico e manutenção dos sistemas (SANDHU; JAIN; AHMAD, 2011) também surge como barreira, porém estas questões devem ser facilitadas pela liderança por meio de treinamentos (LESSIS; TOIT, 2006), ambientes de aprendizagem (RASLI; MOHD, 2008) e uma política organizacional que utilize a TI de forma adequada e como um suporte para as práticas de GC.
Facilitadores
Barreiras
CAPITAL RELACIONAL: trata das relações que as organizações mantêm com os agentes do seu entorno (BUENO et al., 2012) No processo de criação de conhecimento, os investigadores produzem e publicam suas pesquisas motivados por suas organizações, porém com pouca relevância para os profissionais da indústria (GERA, 2012). Tendências comportamentais são fundamentais dos tomadores de decisão em pesquisa de mercado é só olhar para a informação que simplesmente confirma as crenças existentes e muitas vezes ignorar as outras informações (EVGENIOU; CARTWRIGHT, 2005). A conectividade ajuda a criar e entregar produtos e serviços em escala global, facilita o acesso a novos mercados e fontes de vantagem competitiva para elevar o crescimento financeiro (DAI; UDEN, 2009). Ajuda a criar e entregar produtos e serviços em escala global (DAI; UDEN, 2009). Uso de sistemas (como e-mail, softwares), atividades interagências, utilização de TIC para distribuição e compartilhamento de conhecimento (SANDHU; JAIN; AHMAD, 2011).
Quadro 5 – Fatores do capital relacional relacionado às barreiras e facilitadores da TI na GC Fonte: Elaboração própria dos autores
Conforme Sandhu, Jain e Ahmad (2011), as atividades interagências foram apontadas como facilitadores do uso da TI na GC e podem ser compreendidas no contexto do capital relacional, por meio da sua mensuração estratégia relacionada a esta dimensão. De acordo com a definição de Bueno et al. (2012), o capital relacional trata do conjunto das relações que as organizações mantêm como os agentes do seu entorno. Assim, nota-se o enquadramento deste fator na dimensão relacional do capital intelectual. Da mesma forma que foi apontado por Dai e Uden (2008) no contexto das pequenas e médias empresas, a TI facilita a conectividade, ajuda a criar e entregar produtos e serviços em escala global, facilita o acesso a novos mercados e fontes de vantagem competitiva para elevar o crescimento financeiro. Diante da análise realizada, percebe-se uma clara associação dos fatores que envolvem as dimensões capital humano, estrutural e relacional com as barreiras e facilitadores da TI na GC, encontrados na literatura. Estes elementos agrupados revelam CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL
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a necessidade de possíveis estratégias, que podem ser traçadas pelas organizações para buscar uma melhor eficácia do uso da TI, no âmbito da criação e compartilhamento de conhecimento. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Acredita-se que a tecnologia auxilia as pessoas na comunicação e nos relacionamentos, porém, ela sozinha não pode gerar conhecimento e nem criar as condições necessárias para o compartilhamento do mesmo. Para isso, é importante que as pessoas percebam as vantagens ou a necessidade de fazê-lo. Em outras palavras, não é a tecnologia que une as pessoas, mas o capital relacional existente (COHEN; PRUSAK, 2001; KOSONEN; KIANTOZ, 2009). Este fator é pouco explorado na literatura de barreiras e facilitadores da TI na GC, revelando uma lacuna tanto empírica quanto prática, para apontar as relações existentes e como podem afetar o capital intelectual. É defendido que a tecnologia da informação tem um papel fundamental na gestão do conhecimento (PILLANIA, 2005), contudo, é necessário conhecer seu papel, seja como facilitador ou barreira ao seu desenvolvimento, a fim de propor estratégias que alinhem estas lacunas. Um estudo de caso de sucesso em GC mostrou que as ferramentas mais populares incluem bancos de dados do empregado, competência, sistemas de busca online, redes de especialistas, bancos de dados baseados em casos de experiência (SHEER; LEE, 2004). Mas para O’Dell e Grayson Júnior (2000) a compra de sistemas e a implementação de arquiteturas sofisticadas não garante, por si só, o compartilhamento das melhores práticas e do conhecimento. Muitas vezes, tecnologia demais ou o tipo errado de tecnologia prejudica qualquer iniciativa de GC. Rosseti e Morales (2007) salientam que é necessário ter cautela para não cometer o equívoco de julgar a TI como a solução para o sucesso das organizações. Esta visão apontada pelos autores reforça a importância dos fatores que englobam o capital estrutural e sua contribuição direta no melhor desempenho organizacional. Os resultados deste estudo permitiram identificar trabalhos que tratam de barreiras e facilitadores da TI no âmbito da gestão do conhecimento nas organizações. Em relação as barreiras e facilitadores encontrados, foi possível observar uma diversidade de elementos de ordem técnica, pessoal, organizacional, infraestrutura, financeira e estratégica. Considerando-se a ausência de material na literatura que contemplasse a relação entre o CI e barreiras e facilitadores da TI, no contexto da GC, optou-se por agrupar os elementos encontrados sob a perspectiva das dimensões do capital intelectual – capital humano, capital estrutural e capital relacional, estabelecendo as relações entre eles. Por fim, sugere-se o desenvolvimento de estudos futuros e pesquisas empíricas para investigar, por meio de indicadores e outros fatores de análise, a relação existente entre capital intelectual e barreiras e facilitadores da tecnologia da informação no contexto da gestão do conhecimento, de modo a desenvolver estratégias que contribuam CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL
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para a melhoria contínua das organizações e, consequentemente, para a sua competitividade. REFERÊNCIAS ALVES, A.; BARBOSA, R. R. Influências e barreiras ao compartilhamento da informação: uma perspectiva teórica. Ciência da Informação, Brasília, v. 39 n. 2, p.115-128, maio/ago. 2010. AMIN, A. et al. Knowledge sharing: two-dimensional motivation perspective and the role of demographic variables. Journal of Information & Knowledge Management, v. 10, n. 2, p. 135-149, 2011. BARKER, R. Online crisis communication response: a case study of fraudulent banking transactions in South Africa. Communicatio: South African Journal for Communication Theory and Research, v. 37, n. 1, 118-136, 2011. BERGEK, Anna et al. Analyzing the functional dynamics of technological innovation systems: A scheme of analysis. Research Policy, v. 37, n. 3, p. 407-429, 2008. BUENO, E. et al. Modelo intellectus: identificación e medición del capital relacional. Documentos Intellectus, v. 2, 2002. CARVALHO, R. B.; FERREIRA, M. A. T. Acelerando a espiral do conhecimento com a tecnologia da informação. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE GESTÃO DO CONHECIMENTO/GESTÃO DE DOCUMENTOS, 4., 2001, Curitiba. Anais... Curitiba: [s.n.], 2001. CHOO, C. W. A organização do conhecimento: como as organizações usam a informação para criar significado, construir conhecimento e tomar decisão. 2. ed. São Paulo: SENAC São Paulo, 2006. CONLEY, C. A.; ZHENG, W. Factors critical to knowledge management success. Advances in Developing Human Resources, v. 11, n. 3, p. 334-348, June, 2009. COHEN, D.; PRUSAK, L. In good company: how social capital makes organizations work. Harvard Business Press, 2001. CRUZ, T. Sistemas de informações gerenciais: tecnologia de informação e a empresa do século XXI. 3. Ed. São Paulo: Atlas, 2003. DAI, W.; UDEN, L. Empowering SME users through technology innovation: a services computing approach. Journal of Information & Knowledge Management, v. 7, n. 4, p. 267-278, 2008. DAVENPORT, T. H. Ecologia da informação: por que só a tecnologia não basta para o sucesso da informação. São Paulo: Futura, 1998. DAVENPORT, T. H.; PRUSAK, L. Conhecimento empresarial: como as empresas gerenciam o capital intelectual. São Paulo: Campus, 1998. EDVINSSON, L.; MALONE, M. S. Capital intelectual, São Paulo: Makron Books. 1998. CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL
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BRUNA DEVENS FRAGA Doutoranda e Mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Possui graduação em Administração Pública pela Universidade do Estado de Santa Catarina (2012). Atuou em projetos de desenvolvimento de sistemas de informação, CRA-SC e Projeto de Diagnóstico da Maturidade em Gestão do Conhecimento na DIRET (SESI/SENAI/IEL). Tem interesse em pesquisas nas áreas de Engenharia e Gestão do Conhecimento com ênfase em Diagnóstico de Maturidade em Gestão do Conhecimento, Inovação e Resiliência Organizacional.
DORZELI SALETE TRZECIAK Graduação em Biblioteconomia, mestrado e doutorado em Engenharia de Produção, ambos pela UFSC. Tem experiência nos temas gestão do conhecimento, gestão da inovação e observatórios. Atuou como consultora no Instituto Euvaldo Lodi de Santa Catarina, entidade da FIESC, desenvolvendo as atividades: implantação de núcleos de inovação em empresas de pequeno, médio e grande porte, de diversos segmentos (metodologia NUGIN – IEL/UFSC); gerenciamento de projetos cooperativos de P&D&I, envolvendo empresas, universidade e governo; execução de cursos abertos e in company em gestão da inovação. Atuou como pesquisadora nos projetos: Sistema de informações baseado no sistema de detecção de descargas atmosféricas por técnicas interferométricas, Núcleo de apoio ao planejamento e à gestão da inovação em empresas de pequeno e médio porte - NUGIN, Plataforma de Tecnologia da Informação e Comunicação - PLATIC, Observatório de Desenvolvimento Industrial de Santa Catarina - ODI/SC. Coordenou os projetos Estruturação e implantação do arranjo catarinense de NITs - PRONIT, Consolidação e ampliação do Núcleo Integrado de Apoio à Gestão da Inovação nas empresas - NAGI. Atualmente faz Pós-Doutorado no PPEGC da UFSC.
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ISABEL RAMOS Professora Associada com Agregação (em processo de transição para a categoria de Professor Associado) no Departamento de Sistemas de Informação (DSI) da Escola de Engenharia da Universidade do Minho e investigadora do Centro de Investigação Algoritmi. É diretora do Programa Doutoral em Tecnologias e Sistemas de Informação (PDTSI), presidente da Associação Portuguesa de Sistemas de Informação e do Portuguese Chapter of the Association for Information Systems, e membro do Communications Committee da Association for Information Systems. É editora associada da revista científica International Journal of Technology and Human Interaction e membro da equipa editorial da revista científica Enterprise Information Systems. É Secretária do Technical Committee 8 (Information Systems) da IFIP – International Federation for Information Systems. Premiada com o Oustanding Service Award e Silver Core Award da IFIP. Coordena um grupo de investigação Tecnologias e Sistemas de Informação (ISTOrg – Information Systems and Technologies in Organizations) do Centro ALGORITMI.
GREGÓRIO JEAN VARVAKIS RADOS Possui graduação em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1979), mestrado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (1982) e doutorado em Manufacturing Engineering - Loughborough University of Technology (1991). Atualmente é professor titular da Universidade Federal de Santa Catarina, Depto de Engenharia do Conhecimento. Tem experiência na área de Gestão, com ênfase em Gestão de Processos Gestão do Conhecimento e Gestão de Organizações de Serviços, atuando principalmente nos seguintes temas: inovação, gestão do conhecimento, produtividade, melhoria contínua, tecnologia de informação e fluxo informacional
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8. UM MODELO GENÉRICO COM BASE NA LITERATURA PARA MEDIR DESPERDÍCIO DE CONHECIMENTO ADVINDOS DO CAPITAL INTELECTUAL
Helio Aisenberg FERENHOF Paulo Mauricio SELIG Resumo: As empresas procuram estar à frente em seu segmento, ou permanecer no mercado. Para isto, faz-se necessário obter vantagem competitiva, sendo assim as organizações necessitam aprimorar continuamente suas estratégias de gestão. Uma delas está diretamente relacionada com o grau de inovação dos processos de produção e como são gerenciadas, o que pode resultar no lançamento do novo portfólio de projetos. Para isso, o capital intelectual e seu conhecimento são fundamentais e a gestão do seu desperdício é um fator que pode ser determinante. Os estudiosos sustentam que a gestão eficaz do capital humano, ou seja, as pessoas, deve ser uma parte da estratégia global da empresa. Mas, esta estratégia está levando em conta os desperdícios de conhecimento? Neste contexto, a investigação aponta para um problema relacionado com o desempenho do capital intelectual (mais especificamente a dimensão do capital humano), que pode ser afetado ou não pelo uso de conhecimento em parte ou em todo o processo, a perda e / ou desperdício, ou usar o conhecimento que não agrega valor para a empresa. Este trabalho pesquisou as bases de dados: EBSCO; Emerald; Compendex; Scopus; ISI; e Wiley que ocasionou em 506 artigos que foram analisados de forma sistemática, resultando neste artigo teórico que apresenta as principais referências sobre o assunto e apresenta um modelo genérico para medir desperdícios de conhecimento. Concluiu-se que ao fazer a gestão dos desperdício de conhecimento, obtenha-se uma melhoria de desempenho organizacional e vantagem competitiva. Palavras-chave: Capital Intelectual, Desperdício de Conhecimento, Modelo, Performance 1 INTRODUÇÃO Nesta era das empresas baseadas e/ou intensivas em conhecimento, se elas não gerenciarem o capital intelectual (CI) e seus competidores o fizerem, então fadadas à derrota, uma vez que os concorrentes terão melhores resultados, se tornando assim mais competitivos (ELIAS; SCARBROUGH, 2004). De acordo com Durrani e Forbes (2003) explorar os fatores tradicionais de produção não é mais suficiente. Para estes autores, a chave para o sucesso é um enorme fluxo de investimento em capital intelectual mais especificamente no capital humano, bem como em tecnologia da informação, o que
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indica que os recursos intangíveis têm a tendência de produzir mais vantagem competitiva que os recursos tangíveis (JOHN; SURESH, 2011). Uma vasta literatura nas áreas de capital intelectual, capital humano e recursos intangíveis, destacando a importância da gestão do capital intelectual para se agregar valor e se ter vantagem competitiva vem sendo estimulada, uma vez que há o reconhecimento de que muito do valor agregado criado nas empresas vêm sendo condicionado cada vez mais aos recursos intangíveis (KAPLAN; NORTON, 1996; EDVINSSON; MALONE, 1997; ROOS; ROOS, 1997; STEWART, 1997; SVEIBY, 1997; EDVINSSON, 2000; BONTIS, 2001; BONTIS; FITZ-ENZ, 2002; BUENO et al., 2002; BONTIS, 2004; CARSON et al., 2004; ELIAS; SCARBROUGH, 2004; WRIGHT; KEHOE, 2008; JOHN; SURESH, 2011). Visando manter ou ter vantagem competitiva, as empresas têm que constantemente melhorar suas estratégias (AHUJA; AHUJA, 2012; BASSEY; TAPANG, 2012; CAMPBELL et al., 2012; CHADEE; RAMAN, 2012). Uma destas estratégias, está diretamente relacionada ao quão inovador é o processo de produção e quão bem este é gerenciado (HSU; SABHERWAL, 2012), o que resulta na criação de um portfólio de projetos para desenvolver bens e/ou serviços com um melhor tempo e custo, e, qualidade iguais ou superior dos produzidos previamente. Este estudo entende portfólio de acordo com o PMBOK (2013) que o define como sendo um conjunto de projetos, programas, sub-portfólios e operações gerenciadas como um grupo para atingir objetivos estratégicos. Para a criação deste portfólio, o capital intelectual é fundamental (DECAROLIS; DEEDS, 1999; AHMED; AHMED; NICK, 2004; ANDRZEJ; MARIAN, 2009; DAVIS; WALKER, 2009; CARLA; LOPES; NICK, 2011; AHUJA; AHUJA, 2012) sendo que, a gestão do desperdício é um fator determinante (BAUCH, 2004; WARD, 2007; LOCHER, 2008; FERENHOF, 2011). Este estudo considera desperdício de conhecimento (KW) de acordo com Ferenhof (2011), que o define como a não utilização de plena capacidade do uso do conhecimento. Partindo do princípio apontado por Durst e Ferenhof (2014) que o conhecimento é o recurso chave necessário para que as organizações se manterem competitivas, as empresas, independentemente do tamanho, precisam encontrar formas de gerir adequadamente os seus conhecimentos, a fim de enfrentar este desafio. A partir deste princípio, pode-se considerar que o desperdício de conhecimento afeta o desempenho das empresas, trazendo prejuízo. Neste contexto, este trabalho aponta para o problema relacionado com o desempenho do CI, podem ser afetados, ou não pelo uso de conhecimento em parte ou em todo o processo, a perda e / ou desperdício, ou mesmo usar o conhecimento que não agregue valor para a empresa, e seus clientes consequentemente. O objetivo deste trabalho então é apontar um modelo que identifica desperdícios de conhecimento que podem ocorrer com o CI, a fim de melhorar o desempenho das empresas. 2 O CONTEXTO - PORTFOLIO, ATIVO INTANGÍVEL, DESPERDÍCIO DE CONHECIMENTO E PERFORMANCE EMPRESARIAL CI pode ser o ativo mais poderoso de uma empresa na promoção do valor e vantagem competitiva, sendo o recurso organizacional mais importante (Kaplan & CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL
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Norton, 1996; Moon & Kym, 2006). O CI é classificado por Stewart (1997) como uma composição de: Capital Humano, Capital Estrutural e Capital Cliente. A classificação mais aceita e espalhada é a proposta por Sveiby (1997) que a divide em três categorias: Capital Humano, Capital Relacional e Capital Estrutural. Ele define o capital humano como sendo "a capacidade de agir em uma ampla variedade de situações para criar ambos os ativos tangíveis e intangíveis"; Capital Estrutural como "patentes, conceitos, modelos e sistemas informáticos e administrativos"; e capital relacional como "relações com clientes e fornecedores". Mas o que é o CI? Stewart (1997) define como IC: [...] a soma de tudo o que todo mundo em uma empresa sabe que lhe dá uma vantagem competitiva [...] IC é material, conhecimento, experiência, propriedade intelectual, informações intelectual [...] que pode ser aproveitada para criar riqueza. O conhecimento é um ativo intangível de CI e, é o ativo mais importante para gerar vantagem competitiva (Bueno et al., 2003). O Capital Humano consiste em conhecimento tácito e explícito, e este ativo intangível pode ser medido pela competência individual. Ao mesmo tempo, o Capital Estrutural suporta o conhecimento: explicitando, sistematizando e internalizando, sendo este medido pela competência estrutural, por sua vez o Capital Relacional compreende o valor da relação de toda a empresa com o ambiente externo, como. Assim, CI é a posse de conhecimento, experiência aplicada, tecnologia organizacional, relações com os clientes, e habilidade profissional que fornecer uma vantagem competitiva no mercado (Edvinsson e Malone, 1997). CI também captura ambos estoques e fluxos da base de conhecimento global da organização (Bontis, 1999; Bontis et al., 2002). Pode ver-se, então, que os modelos existentes CI lidam com a medição dos elementos que formam diretamente vantagem competitiva. Mas como-medir os desperdícios de conhecimento? Para compreender as questões relacionadas ao desperdícios de conhecimento e seu impacto na vantagem competitiva, este estudo baseou-se na perspectiva de gestão de portfólios, a relação entre CI e desempenho com base na perspectiva apresentada por Demartini e Paoloni (2011). Eles sustentam que o conhecimento e a experiência de gerentes de projeto são considerados importantes na determinação dos resultados do projeto. O PMI (2013) explica gestão de portfólios como: a gestão coordenada de uma ou mais portfólios para alcançar as estratégias e objetivos organizacionais. A gestão de portfólio produz informações valiosas para apoiar ou alterar estratégias organizacionais e decisões de investimento. É por meio do portfólio que as organizações transformam os objetivos estratégicos em ações (PMI, 2013). O portfólio então, será a nossa unidade de análise. 3 DESPERDÍCIO DE CONHECIMENTO Entende-se o desperdício de conhecimento para este trabalho como qualquer falha no processo de conversão do conhecimento, mais conhecido como espiral do conhecimento de Nonaka e Takeuchi (1997), composto pelas atividades de socialização, externalização, combinação e internalização do conhecimento, que se apresentam das seguintes formas: reinvenção, falta de disciplina, recursos humanos subutilizados, espalhar (scatter), transferência (hand-off), wishful thinking. Que se CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL
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detalha a seguir. Bauch (2004) em suas definições de desperdício, trás a tona a reinvenção, um tipo de desperdício que acontece pelo fato da não reutilização do conhecimento, seja de design de soluções, componentes, projetos, experiências e conhecimentos adquiridos previamente. Muitas empresas e empregados não se atentam ao fato que ao invés de se criar um novo projeto do zero, cheio de incertezas, se aumentam as chances de sucesso ao se reutilizar conhecimentos prévios, ou seja, projetos em parte ou todo já concebidos, testados e homologados, bem como suas experiências vividas ao longo de sua concepção. Estas experiências são denominadas lições aprendidas (SCHINDLER; EPPLER, 2003; PMBOK, 2008; BAAZ et al., 2010). A gestão do conhecimento prega a criação de um repositório ou base de conhecimento para armazenar as lições aprendidas de forma a poderem ser socializadas, externalizadas, combinadas e internalizadas por toda a organização indo de encontro com a reinvenção (FERENHOF; FORCELLINI; VARVAKIS, 2011). Outra categoria apontada por Bauch (2004) é a falta de disciplina no sistema, que abrange uma série de fatores ligados à clareza de objetivos traçados ao sistema (processos, pessoas e tecnologia). Sendo estes: metas e objetivos obscuros; papéis responsabilidades e direitos obscuros; regras obscuras; disciplina pobre em relação ao cronograma; disponibilidade para cooperar insuficiente e; incompetência ou falta de treinamento. Objetivos e metas obscuras basicamente significam, que nem todos sabem ou conhecem quais são as metas e objetivos da empresa em uma visão de longo prazo, médio prazo e de curto prazo. O que pode desencadear uma falta de comprometimento por não entender o seu papel no todo. Papéis, responsabilidades e direitos obscuros e não conhecidos resultam em uma grande quantidade de problemas como a sobreposição de competências, o atrito entre os membros da equipe, que resulta assim, em uma grande perda de eficiência. Regras obscuras dificultam o entendimento de como proceder, já as regras claras constituem algum tipo de orientação ou princípios para o trabalho das pessoas em uma empresa para alcançar os processos mais eficientes. A disciplina pobre em relação ao cronograma faz com que não se atinja os objetivos e metas, impactando diretamente em tempo, custo e qualidade. Por sua vez a insuficiente disponibilidade para cooperar, representa um fator adicional e muito crítico para a empresa, departamentos e projetos, pois as pessoas só estão interessadas no sucesso do seu próprio trabalho, na sua tarefa, sem ter uma visão holística do sistema como um todo, sem se ater ao desempenho geral e muito menos ao compromisso com o todo. A incompetência ou falta de treinamento/conhecimento está diretamente ligada à eficácia, eficiência e qualidade de como as pessoas estão desempenhando suas próprias tarefas e integrando-os no fluxo de valor, e também como eles interagem com as outras pessoas. Logo é fortemente dependente de sua capacidade profissional, competência em métodos e habilidades intra e interpessoais. Locher (2008) acrescenta uma categoria de desperdício importante para este estudo, denominada underutilized people traduzida neste trabalho como recursos humanos subutilizados. Categoria esta que corrobora com alguns pontos levantados por Bauch (2004) na falta de disciplina. Neste caso, os funcionários não estão usando CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL
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suas habilidades e competências por completo. Muitas vezes são dados papéis e responsabilidades muito limitados às pessoas, quando na realidade, estas poderiam assumir muito mais se o processo fosse concebido de forma eficaz, não desperdiçando conhecimento. Ward (2007) faz uma análise das sete categorias de desperdícios clássicas, e aponta que a diferença entre lucratividade ou não lucratividade operacional está diretamente ligada ao quanto “usável” é o conhecimento criado e disseminado no processo de desenvolvimento. Então para o autor, o principal desperdício no desenvolvimento está diretamente ligado ao conhecimento e não a transformação física. Desperdício de conhecimento para Ward (2007) tem uma maior importância e pode ocorrer concomitantemente com as sete categorias clássicas e ainda, desencadeálas. O autor ainda divide o desperdício de conhecimento em três categorias e as subdivide em duas categorias associadas. Conforme pode ser visualizada na Figura 1.
Figura 1 - Tipos de desperdício de conhecimento. Fonte: Ferenhof (2011, p. 57)
A primeira categoria de desperdício de conhecimento, denominada espalhar (scatter), são as ações que fazem o conhecimento se tornar não efetivo pelo distúrbio do fluxo, basicamente atrapalhando a interação requerida para o trabalho em equipe. Esta categoria possui duas subcategorias: as barreiras de comunicação e ferramentas pobres. As barreiras de comunicação impedem que o fluxo de conhecimento aconteça. Estas incluem: a) barreiras físicas como: distância, formatos computacionais incompatíveis, etc.; b) barreiras sociais como: classes sociais e comportamento de gestão dentro da empresa, que impedem o fluxo de comunicação e conhecimento; c) CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL
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barreiras de habilidades: pessoas que não sabem transformar dados em conhecimento usável (WARD, 2007). Ferramentas pobres se referem ao fato que as ferramentas devem dar suporte para que o fluxo de conhecimento aconteça e não engessem o processo, achando que estas ferramentas são o único caminho. Para um desenvolvedor com apenas um martelo, tudo parece prego. Estes desenvolvedores procuram tomar atalhos, copiando modos operantes não adequados, causando falhas, por forçar a utilização de ferramentas sem a devida análise se estas são pertinentes ao processo em questão. Devido à insistência de utilizar as ferramentas pobres, o processo acaba entrando em uma espiral da morte, quanto mais se tenta melhorar o processo pior são os fracassos. Para evitar estes problemas, devem-se: estabelecer responsabilidades claras em relação a resultados; estabelecer o fluxo e puxar a gestão; não poder dar-se ao luxo de deixar os processos elaborados morrerem para agradar os desenvolvedores; ensinar os desenvolvedores como tornar dados em conhecimento usável e; padronizar através de foco no valor (WARD, 2007). A segunda categoria, hand-off ou transferência, ocorre quando se separa conhecimento, responsabilidade, ação e feedback. É um desastre, pois resulta em decisões feitas por pessoas que não tem o conhecimento suficiente para tomar esta decisão de forma eficaz ou não tem a oportunidade de fazê-las acontecer. Como subcategorias se têm informações inúteis e espera. As informações são inúteis quando estas, não ajudam a entender o cliente ou outros aspectos de integração. Estas não inovam, não fornecem dados significativos à tomada de decisão, não agregam valor ao fluxo e normalmente são criadas por alguém que assim a quis. Relacionado às esperas, muitas empresas as têm em um momento ou outro. Normalmente por se estabelecer um padrão convencional de sequenciamento de atividades, o que cria um processamento em lote, ocasionando: lentidão nos processos; um único caminho ao invés de múltiplos fluxos de informação; uma grande variação do trabalho causando o desperdício de scatter, espalhar (WARD, 2007). A terceira e última categoria de desperdício de conhecimento proposta por Ward (2007) é a Wishful Thinking uma expressão idiomática que significa seguir raciocínios, baseados em desejos, em vez de em fatos ou na racionalidade, ou tomar os desejos por realidades e tomar decisões, podendo ser traduzida como otimismo exagerado. Para Ward (2007) significa operar no escuro, às cegas, tomando decisões sem dados consistentes. Este tem como subcategorias: testes com as especificações e conhecimentos descartados. Os testes com as especificações são um padrão convencional prático. Estes não podem apontar se um bem ou serviço está pronto para comercialização, pois é estatisticamente impossível testar o suficiente para estar confiante que estes terão zero defeito. Os conhecimentos descartados acontecem por uma série de motivos: as equipes e seus superiores se focam em lançar o bem ou serviço, deixando de lado a captura do conhecimento; testes com as especificações não dizem muito para que possa ser utilizado uma próxima vez e; acima de tudo, poucos sabem como transformar dados em conhecimento usável (WARD, 2007). Ao se buscar eliminar os desperdícios de conhecimento no processos, espera-se CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL
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que este flua entregando benefícios e resultados aos interessados de uma maneira mais eficiente e eficaz, com o foco no valor considerando o sistema como um todo: processos, pessoas e tecnologia. A Figura 2 apresenta uma visão dos desperdícios de conhecimento relacionados ao processo de conversão do conhecimento, denominada espiral do desperdício de conhecimento.
Figura 2 – Espiral do desperdício de conhecimento Fonte: Ferenhof (2011, p. 60)
Espera-se que por intermédio de gestão, se eliminem os desperdícios de conhecimento com base nas seis categorias de desperdícios de conhecimento apontadas por este estudo. 4 Revisão de Literatura O processo de revisão sistemática e bibliométrica foi seguido. Este processo, torna viável organizar o conjunto de publicações de um campo específico. O portfólio bibliográfico resultante permite identificar os autores, seus relacionamentos e tendências, e é uma de suas principais contribuições para a ciência (SPINAK, 1996). A pesquisa bibliográfica é composta por três fases distintas: coleta de dados, análise e síntese dos resultados. Estas três etapas implicarão os seguintes procedimentos: a) Os critérios de escolha e os campos de banco de dados; b) Os termos utilizados na pesquisa; c) Gerir e tratar as referências coletadas;
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d) Os critérios de seleção de artigos: além das leituras do título, resumo, e localização de palavras-chave no corpo do texto, incluindo a seleção de leitura para obter os artigos que abordam as modalidades de medida, de desempenho ou vantagem competitiva de capital intelectual; e) O procedimento de localizar e selecionar os estudos potenciais nas bases de dados para as quatro pesquisas realizadas foi: I. Seleção de artigos que contenham ou no título, ou no resumo, ou nas palavras-chave do artigo, os descritores definidos; II. Busca por tipo de documento: article or review; III. Seleção de artigos disponíveis que contenham o texto na íntegra; IV. Realização de nova triagem, conforme os critérios de inclusão. f) Os critérios para a análise sistemática: estabelecer de acordo com o modelo de Bardin (2011); organização da análise, codificação, categorização e inferência. Para esta busca, optou-se por utilizar as seguintes bases científicas: EBSCO®; Emerald®; Compendex®; Scopus®; Web of Science®; e, Wiley®. - EBSCO®: Base de dados multidisciplinar que conta com mais de 2.500 periódicos em texto completo. Também estão disponíveis referências e resumos de artigos publicados em mais de 8.450 títulos indexados (CAPES, 2013). - Emerald®: Coleção de publicações periódicas com concentração nas áreas de Administração, Contabilidade, Ciência da Informação, Engenharia Mecânica, Engenharia Elétrica e Engenharia de Produção (CAPES, 2013). - Compendex® (Engineering Village 2): Base de dados interdisciplinar de engenharia, indexa mais de 5 mil títulos de periódicos de engenharia e trabalhos apresentados em congressos desde 1884 (CAPES, 2013). - Scopus®: base de dados de resumos e de citações da literatura científica e de fontes de informação de nível acadêmico na Internet. Indexa mais de 50 milhões de registros, 21 mil títulos, 5.000 editores. Oferece a visão interdisciplinar incluindo as áreas das engenharias, ciência, tecnologia, medicina, ciências sociais, artes e humanidades, dentre outras (CAPES, 2013). - Web of Science® (ISI): foi escolhida como base a ser consultada por ser multidisciplinar e abrange mais de 12 mil das maiores revistas de impacto em todo o mundo, incluindo revistas de acesso livre e mais de 150 mil atas de conferências (CAPES, 2013). - Wiley®: Disponibiliza em sua base, coleções cobrindo as áreas de Ciências Biológicas, Ciências da Saúde, Ciências Exatas e da Terra, Ciências Agrárias, Ciências Sociais Aplicadas, Ciências Humanas e Linguística, Letras e Artes (CAPES, 2013). Foi escolhida porque a mesma é responsável pela publicação dos principais periódicos da área de gestão de projetos, reforçando assim que estes apareceram na busca a aclarar a relação entre os constructos estudados. A pesquisa resultou em 506 artigos, 491 deles sem serem duplicados, que foram sistematicamente analisados. O número exato de publicações que retornaram por cada base de dados pode ser visto conforme a Figura 3. CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL
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Figura 3 - Resultado das Bases Fonte: Autoria própria
Por meio da leitura do título, resumos e palavras-chave, foi identificado que apenas 160 dos 491 artigos encontravam-se alinhados ao tema principal desta proposta de tese. Sendo que 24 dos 160 não estavam disponíveis para download em texto integral, resultando em 136 artigos para a análise e leitura do texto completo. Após a análise, 14 destes não estavam alinhados com o tema, e foram descartados do portfólio bibliográfico, o que resultou em 122 artigos relevantes. A Figura 4 mostra os anos de publicações do portfólio bibliográfico resultante.
Figura 4 - Distribuição dos artigos por ano Fonte: Autoria própria CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL
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4.1 Meta-Análise Os principais resultados da análise podem ser sumarizados como: 1. Existe correlações significantes entre capital relacional e estratégia competitiva (ACQUAAH, 2007). 2. A qualidade dos componentes do CI afeta diretamente o desempenho financeiro, a taxa de crescimento, o lucro das empresas e sua posição competitiva (DECAROLIS; DEEDS, 1999; ANDRZEJ; MARIAN, 2009; CAMPBELL et al., 2012; HSU; SABHERWAL, 2012) Capital Humano tem uma influência positiva sobre desempenho do portfólio, do programa e do projeto, e assim sendo, o desempenho da empresa como um todo (BROWN; ADAMS; AMJAD, 2007; DEMARTINI; PAOLONI, 2011) 3. Capital Social pode ser criado por meio de entrega de um projeto usando uma abordagem baseada em relacionamento e isto pode ser conseguido usando o modelo CMM (DAVIS; WALKER, 2009). 4. Criação de valor de conhecimento, ativos intangíveis, devem levar à vantagem competitiva (DECAROLIS; DEEDS, 1999; CARSON et al., 2004; ELIAS; SCARBROUGH, 2004; MOON; KYM, 2006; LAVIE, 2007; DAVIS; WALKER, 2009; O’DONNELL; KRAMAR; DYBALL, 2009; ERIC, 2010; CARLA et al., 2011; JOHN; SURESH, 2011; CAMPBELL et al., 2012). 5. As empresas que não reconhecem CI como um fator fundamental são propensas a falhas nos negócios e competição (DORWEILER; YAKHOU, 2005). 6. Você precisa ter indicadores que enviem sinais sobre a eficácia e rentabilidade da instituição e na sua avaliação, indicando se ela vai manter-se competitiva. Na construção de indicadores é necessário ter em mente a perspectiva do cliente e da concorrência (MUNOZ; LOPEZ; CUARTAS, 2010). 7. CI é difícil para os concorrentes imitar, mesmo quando os funcionários são recrutados por outras empresas, porque o conhecimento é específico para o ambiente de trabalho original e, portanto, pode não agregar valor semelhante em um ambiente de trabalho diferente (HATCH; DYER, 2004). O que pode ser extraído é que o desempenho, a vantagem competitiva e o sucesso de uma empresa estão diretamente ligados a uma efetividade da gestão de seu CI, o que indica uma oportunidade para a gestão do conhecimento em eliminar ou mitigar os desperdícios de conhecimento. Este fato pode ser melhor visualizado pelas recomendações para futuras pesquisas resultados desta busca, Quadro 3. Autor Abeysekera (2012)
Acs et al.
Lacuna de pesquisa Examinar como atributos de governança corporativa prevêem cada item de recurso de capital humano separadamente. Também podem examinar os atributos de governança com empresas que colocam menos dependência de conselheiros independentes. A comunicação do capital humano pode incluir tipos de divulgação em narrativas, visuais e numéricas. Ordenar as consequências desses resultados para políticas inteligentes para aumentar a
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Autor (2007) Ahmed et al. (2004)
Lacuna de pesquisa sobrevivência da nova empresa, incentivar a formação de nova empresa, e superar todos os fatores importantes que desestimulam o crescimento local. Empiricamente testar as hipóteses desenvolvidas, que ligam indicadores CI e o desempenho organizacional. Coletar dados semelhantes longitudinalmente, de modo que as hipóteses podem ser testadas, representando defasagens e mudanças entre métricas de CI e as medidas de desempenho organizacional.
Antonelli et al. (2010) Bassey & Tapang (2012)
A necessidade de elaborar um estudo mais exaustivo e robusto de medição do capital humano concebido numa perspectiva de demanda de trabalho. Pesquisas devem abordar as seguintes questões: 1. Como se educar os usuários das demonstrações contábeis sobre a utilidade de mensuração do valor de recursos humanos e criar mais consciência? 2. Quem deve conduzir a mensuração do valor de recursos humanos? 3. Que modelo para agregar valor de recursos humanos é mais adequado para as organizações nigerianas? Chadee & Estender a investigação a uma amostra mais ampla de empresas de diferentes setores, Raman (2012) incluindo o setor industrial, para ganhar novos insights sobre os efeitos da gestão de talentos e conhecimento externo sobre o desempenho organizacional, dentro de um quadro de cross-country. Cormier et al. Divulgação voluntária deve levar em conta atributos de divulgação e não apenas a sua (2009) extensão. DeCarolis & Pesquisa empírica precisa ser conduzida para melhorar a compreensão da relação entre o Deeds (1999) conhecimento organizacional e o desempenho da empresa. Iñaki (2002) Examinar a influência do CI no desempenho de startups. Juma & Payne Relacionando CI com o desempenho deve tentar desenvolver medidas novas, mais (2004) adequadas ou completos de CI. Embora ambos os profissionais e estudiosos desejariam uma medida quantificável e facilmente disponível de CI, as variáveis de EVA e MVA não parecem diferenciar-se o suficiente de medidas normais de desempenho para ser usado como um indicador de previsão. Estudos de ordem mais qualitativos são recomendados para se chegar a estas medidas. Moon & Kym Modificar e ampliar o framework apresentado tornando-o mais abrangente ou mais (2006) adequado para indústrias específicas. Sistemas internos de gestão de informação corporativa devem, portanto, levar em consideração uma visão mais holística permitindo aos investidores e gestores uma forma mais ampla de avaliar o desempenho do sistema de criação de valor total, que inclui os seus fatores de produção, ativos, processos e procedimentos. Mura & Continuar a analisar a relação entre CI e desempenho organizacional, por exemplo Longo (2012) explorar o efeito mediador do desempenho individual na relação desempenho organizacional e CI. Desenvolver uma base para ferramentas de medição ativos intangíveis gerados internamente. Wright & Embora o conceito de capital humano pode ter 40 anos de idade, o seu tratamento em McMahan pesquisa organizacional está em um estágio infantil. Há necessidade em estudar o papel (2011) do capital humano na vantagem competitiva das empresas. Quadro 3 – Lacunas de pesquisa apontadas pela Busca Fonte: Autoria própria.
Ao analisar os documentos pesquisados foi identificada a necessidade de se fazer uma gestão efetiva do CI sendo que os documentos, não apresentaram indicadores diretamente relacionados à gestão de desperdícios de conhecimento, reforçando a proposição de um modelo conceitual que lida com esta lacuna.
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5 MODELO CONCEITUAL O modelo conceitual teve como base os seguintes três pressupostos: 1) a percepção que o conhecimento é o recurso mais importante de qualquer empresa (CHOO, 1996; DAVENPORT; PRUSAK, 1998; NONAKA; TOYAMA; KONNO, 2000), 2) que é pelo conhecimento que o CI agrega valor às empresas, apoiando e gerando vantagem competitiva (KAPLAN; NORTON, 1996; EDVINSSON; MALONE, 1997; ROOS; ROOS, 1997; STEWART, 1997; SVEIBY, 1997; BONTIS, 2001; BUENO; ARRIEN; RODRÍGUEZ, 2003; AHMED et al., 2004; CARSON et al., 2004; DAVIS; WALKER, 2009) e, 3) que é importante e relevante medir o desperdício de conhecimento. Com relação à maneira de medir CI, o trabalho de Bueno; Arrien; Rodríguez (2003) apresenta uma forma considerada robusta e adequada para traduzir os componentes do capital intelectual em indicadores de desempenho (Erro! Fonte de referência não encontrada.). Sendo assim, utilizou-se como base para esta fase do trabalho o conceito de determinar indicadores de capital intelectual alinhados agora a indicadores de desperdício de conhecimento. A representação de Bueno; Arrien; Rodríguez (2003), Figura 5, apresenta uma visão integrada e esquemática dos componentes, ativos intangíveis e indicadores. Destaca-se há limitações na figura, pois a mesma não apresenta a relação entre os componentes e os indicadores, porém esta relação existe.
COMPONENTES)
Capital)Humano)
ATIVOS)INTANGÍVES)
Conhecimento) Tácito)&)Explícito)
INDICADORES)
Competência)Individual)
Capital)Estrutural)
Conhecimento,)explicitado) sistemaEzado)e) internalizado)
Competência)Estrutural)
Capital)Relacional)
Valor)das)relações)da) organização)com)o) ambiente)externo)
Competência)Relacional)
Figura 5 – Uma visão esquemática dos componentes, ativos intangíveis e Indicadores Fonte: Adaptado de Bueno; Arrien; Rodríguez (2003).
Para cada uma das três categorias de CI (componentes da Erro! Fonte de referência não encontrada.), foram associadas as seis dimensões de desperdícios de conhecimento propostas por Ferenhof (2011) na figura 2. Por esta associação (Figura 6) pode-se listar os desperdícios de conhecimento que podem ocorrer em:
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1) Capital Humano: Todas as seis categorias de desperdício de conhecimento. 2) Capital estrutural: Reinvenção, a falta de disciplina, scatter, e hand-off. 3) Capital Relacional: A falta de disciplina, RH subutilizados, scatter, e handoff.
Fluxo'CH'
Fluxo'CE'
Capital'Intelectual'
Capital'Humano'
Capital'Estrutural'
Capital'Relacional'
A.vos'Intangíveis'
Conhecimento' Tácito'&'Explícito'
Conhecimento,'explicitado' sistema.zado'e' internalizado'
Valor'das'relações'da' organização'com'o' ambiente'externo'
Competência'Individual'
Competência Estrutural'
Competência'Relacional'
Reinvenção;'falta'de'disciplina;' recursos'humanos' subu.lizados;'espalhar' (sca$er);'transferência'(hand+ off);'wishful3thinking.'
Reinvenção;'falta'de' disciplina;'espalhar'(sca$er);' transferência'(hand+off);'
Falta'de'disciplina;'recursos' humanos'subu.lizados;' espalhar'(sca$er);' transferência'(hand+off);'
Indicadores'de' Conhecimento'
Desperdícios'de' Conhecimento'
Fluxo'CR'
Indicadores'de' Desperdício'de' Conhecimento'
Figura 6 – Modelo Genérico - Indicadores de Desperdício de Conhecimento Fonte: Autoria própria.
Para cada uma das três categorias CI apresentadas, indicadores de desempenho (Key Performance Indicators), associados a cada desperdício conhecimento, devem ser criados, denominados Indicadores de Desperdício de Conhecimento. Destaca-se que estes devem levar em conta o contexto ao qual será gerenciado, tal como é exposto na Figura 6, modelo genérico, formando assim três "fluxos" para criação dos indicadores de desperdício de conhecimento cada um associado a uma das três categorias de CI. 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS A vantagem competitiva e o sucesso de uma empresa está diretamente desempenho classificado como bom seu CI é gerenciado. Este trabalho tem procurado desenvolver um modelo genérico para medir e gerenciar os desperdícios de
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conhecimento. Destacamos a importância de gerenciá-los, fazendo isso, espera-se uma melhoria de desempenho e vantagem competitiva. A adoção do modelo pode afetar a eficiência de toda a empresa em termos de captura e compartilhamento de dados pertinentes aos desperdícios de conhecimento ajudando ao gestor na tomada de decisão. Espera-se que utilização de indicadores chave de desempenho associados a cada desperdício de conhecimento em cada uma das categoria CI ajude ao tomador de decisão trazendo informações de qualidade para decidir mais precisamente, distribuindo os recursos de CI de uma forma eficaz. Outro fator esperado é com o uso continuado do modelo gerar informação histórica relacionada aos indicadores de desperdício de conhecimento, que suportem ao gestor a ser mais assertivo nas decisões. Assim, este artigo prevê promover pesquisas futuras relacionadas com os desperdícios de conhecimentos e o desempenho do CI, bem como da empresa como um todo. REFERÊNCIAS AHMED, S.; AHMED, A.; NICK, B. Intellectual Capital in Egyptian Software Firms. The Learning Organization, v. 11, n. 4/5, p. 332-346, 2004. AHUJA, B. R.; AHUJA, N. L. Intellectual Capital Approach to Performance Evaluation: A Case Study of the Banking Sector in India. International Research Journal of Finance & Economics, v. 93, n. p. 110-122, 2012. ANDRZEJ, B.; MARIAN, M. The Intellectual Capital Impact on Polish Construction Companies During the Transformation Period. Journal of Human Resource Costing & Accounting, v. 13, n. 3, p. 206-220, 2009. BAAZ, A.; HOLMBERG, L.; NILSSON, A.; OLSSON, H. H.; SANDBERG, A. B. Appreciating Lessons Learned. Software, IEEE, v. 27, n. 4, p. 72-79, 2010. BARDIN, L. Análise De Conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011. BASSEY, B. E.; TAPANG, A. T. Capitalized Human Resources Cost and Its Influence on Corporate Productivity: A Study of Selected Companies in Nigeria. International Journal of Financial Research, v. 3, n. 2, p. 48-59, 2012. BAUCH, C. Lean Product Development: Making Waste Transparent2004. PhD, 140f. Cambridge. BONTIS, N. Assessing Knowledge Assets: A Review of the Models Used to Measure Intellectual Capital. International Journal of Management Reviews, v. 3, n. 1, p. 4160, 2001. ——— National Intellectual Capital Index: A United Nations Initiative for the Arab Region. Journal of Intellectual Capital, v. 5, n. 1, p. 13-39, 2004. BONTIS, N.; FITZ-ENZ, J. Intellectual Capital Roi: A Causal Map of Human Capital Antecedents and Consequents. Journal of Intellectual Capital, v. 3, n. 3, p. 223-247, 2002.
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[Nome do autor] [Título do documento]
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[Nome do autor] [Título do documento]
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[Nome do autor] [Título do documento]
MOON, Y. J.; KYM, H. G. A Model for the Value of Intellectual Capital. Canadian Journal of Administrative Sciences / Revue Canadienne des Sciences de l’Administration, v. 23, n. 3, p. 253-269, 2006. NONAKA, I.; TAKEUCHI, H. Criação Do Conhecimento Na Empresa: Como as Empresas Japonesas Geram a Dinâmica Da Inovação. Rio de Janeiro: Campus, 1997. O’DONNELL, L.; KRAMAR, R.; DYBALL, M. C. Human Capital Reporting: Should it be Industry Specific? Asia Pacific Journal of Human Resources, v. 47, n. 3, p. 358373, 2009. PMBOK Um Guia Do Conjunto De Conhecimentos Em Gerenciamentos De Projetos: Guia Pmbok®. 4ed. Pennsylvania: Four Campus Boulevard, 2008. ROOS, G.; ROOS, J. Measuring Your Company’s Intellectual Performance. Long Range Planning, v. 30, n. 3, p. 413-426, 1997. SCHINDLER, M.; EPPLER, M. J. Harvesting Project Knowledge: A Review of Project Learning Methods and Success Factors. International Journal of Project Management, v. 21, n. 3, p. 219-228, 2003. SPINAK, E. Dicinário Enciclopédico De Bibliometría, Cienciometría E Informática. Unesco, 1996. STEWART, T. Intellectual Capital: The New Wealth of Organizations. New York: 1997. SVEIBY, K. E. The Intangible Assets Monitor. Journal of Human Resource Costing & Accounting, v. 2, n. 1, p. 73-97, 1997. WARD, A. C. Lean Product and Process Development. Lean Enterprises Inst Inc, 2007. WRIGHT, P. M.; KEHOE, R. R. Human Resource Practices and Organizational Commitment: A Deeper Examination. Asia Pacific Journal of Human Resources, v. 46, n. 1, p. 6-20, 2008.
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[Nome do autor] [Título do documento]
HELIO AISENBERG FERENHOF Doutor em Engenharia de Produção - PPGEP UFSC (2015). Especialista em Didática da Educação Superiror - SENAC/SC (2012). Mestre em Gestão do Conhecimento - PPGEGC - UFSC (2011). MBA E-Bussiness - FGV-RJ (2001). Bacharel em Ciência da Computação Universidade Estácio de Sá - RJ (1999). Tem experiência na área de Gerenciamento de Projetos, Gestão do Conhecimento, Gestão de Serviços, Desenvolvimento de Sistemas, com ênfase em Ciência da Computação e Gestão de Projetos. Pesquisador Associado do KIM (Knowledge and Innovation Management) grupo de pesquisa da University of Skövde (www.his.se) Membro do ICAA - Associação para acreditação do capital intelectual (www.icaa.pt) Atuando principalmente nos seguintes temas: Desperdício de Conhecimento, Gestão de Serviços, Gestão de Stakeholders, Gerenciamento de Projetos, PMBOK, PMI, Gestão do Conhecimento, Gestão da Inovação, Governança de TI. Profissional capacitado a desenvolver e acompanhar projetos de informática, desde a criação do modelo de negócio até a implantação. Apresenta mais de 20 anos de experiência adquirida em empresas multinacionais e consultorias de renome.
PAULO MAURICIO SELIG Possui graduação em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1979), mestrado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (1982), doutorado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (1993) e pósdoutorado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2007). Atualmente é professor da Universidade Federal de Santa Catarina, membro da Associação Brasileira de Engenharia e Análise do Valor e membro da Associação Brasileira de Engenharia de Produção. Tem experiência na área de Engenharia de Produção, com ênfase em Gestão do Conhecimento, atuando principalmente nos seguintes temas: indicadores de desempenho, balanced scorecard, custos, análise do valor, gerenciamento de processos e gestão ambiental. E coordenador do Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento
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9. FLUXO DE CONHECIMENTO NO PROCESSO DE ANALISES MICROBIOLOGICAS COMO FATOR DE CAPITAL INTELECTUAL Thali Leal SAMPAIO Eduardo SIERRA Resumo: O estudo alicerça seus eixos teóricos sob a luz do conceito de fluxo de conhecimento com foco em particular no capital intelectual como fator de riqueza. As fases e atividades do estudo apoiam-se na Gestão do Conhecimento e, portanto, seguem as premissas conceituais descritas na gestão de processos. Para isso, fez-se necessário compreender o processo in loco de um determinado objeto de analise como um sistema, identificando entradas de dados (input), processamento e saída de informações (output) e feedback. Rosini (2003) diz que todo sistema aberto é um conjunto de elementos interdependentes, visando atingir um objetivo comum, que sofre influências do meio e que, com suas ações, também o influencia. Contudo, para relacionar essa questão com o estudo proposto, destaca-se a espiral virtuosa do conhecimento proposta pelos autores Nonaka e Takeuchi (1997), no sentido de compreender um processo de evolução composto de criação e recriação do conhecimento tácito e explícito na interação entre os elementos de aplicação e análise e criação do capital intelectual. Neste trabalho, foram apresentadas as etapas constituintes de um determinado processo dentro de um laboratório de análises clinicas, com a preocupação de detalhar de forma organizada o conjunto de saberes para a caracterização do fluxo de conhecimento sob a perspectiva do capital intelectual. Sobretudo, isto requereu, além da visão interdisciplinar conceitual deste trabalho, o rigor científico necessário para estabelecer parâmetros entre os diferentes conceitos de análise. Palavras-chave: Capital Intelectual. Gestão de Processos. Fluxo de Conhecimento.
1 INTRODUÇÃO A partir dos anos 60, os assuntos ligados à gestão emergiram na medicina laboratorial. Nas décadas de 70 e 80 iniciou-se o aprimoramento gerencial, devido à necessidade da ampliação do conhecimento neste assunto, de modo a habilitarem as equipes, tornando-as mais competentes. Com o aumento da regulamentação no setor e a necessidade de contenção de custos houve a obrigatoriedade de se buscar a otimização das práticas gerenciais vigentes (MENDES et al., 2007). Segundo Mendes et al. (2007) para compreender como melhorar o processo de produção e de como gerar receitas, os administradores tiveram que aplicar o modelo tradicional de negócio às operações do Laboratório, o qual une as funções CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL
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operacionais e produtivas às financeiras. Dentre as operacionais destacam-se a logística, a qual inclui uma série de atividades que vão desde a obtenção e o processamento de amostras, os recursos humanos, a aplicação de quesitos legais, a manutenção da infraestrutura, o processamento de dados e expedição de laudos. As funções ligadas à produção compreendem: os testes realizados e aqueles não contabilizáveis (calibração de ensaios, validação de metodologias, o uso de amostras de controles, repetições para confirmações de resultados), garantia da qualidade, boas práticas em Laboratório Clínico, informações médicas, interpretações e a consultoria ao corpo clínico. São identificados pela Norma Brasileira (NBR) International Organization for Standardization (ISO) 9001, oito princípios que podem ser utilizados pela Direção para conduzir os serviços de medicina laboratorial à melhoria de desempenho: 1) foco no cliente; 2) liderança; 3) envolvimento das pessoas; 4) abordagem de processo; 5) abordagem sistêmica para a gestão; 6) melhoria contínua; 7) tomada de decisões com base factual e 8) benefícios mútuos (ABNT, 2000). A aplicação destes fundamentos traz benefícios diretos e indiretos à empresa, com reflexos para a otimização de processos, os resultados operacionais (participação no mercado ou nas receitas), os custos, o potencial de responder agilmente às oportunidades que o mercado apresenta, a flexibilidade requerida no inicio deste novo século, a melhoria das capacidades organizacionais, resultando em vantagem competitiva, a aptidão de criar valor para o Laboratório e a fidelização de clientes (MENDES, 2007). A competitividade e o alto custo tornam, a cada momento, mais difícil pensar em desenvolvimento de processos sem agregar uma metodologia cientifica de trabalho. A necessidade crescente da otimização de processos, minimizando custos e tempos, maximizando rendimento, produtividade e qualidade, dentre outros objetivos, tem levado profissionais de diferentes formações a buscarem técnicas e ferramentas sistemáticas de planejamento gerencial e de experimentos (RODRIGUES & IEMMA, 2005). O Laboratório Clínico é uma estrutura prestadora de serviço especializado, presente na grande maioria das instituições de assistência médica, com a finalidade de fornecer recursos diagnósticos complementares (MENDES, 2007). Dessa forma, além da realização dos exames laboratoriais necessários ao atendimento médico, o Laboratório contribui para a formação médica que se refere ao bom uso dos recursos diagnósticos disponíveis ou potenciais (HENRY & WOO, 1991). Outros aspectos relevantes da função dizem respeito ao ‘negócio Laboratório’ que como qualquer outra empresa deve produzir serviços de qualidade; gerar lucros para os acionistas; satisfazer seus clientes; perpetuar-se no mercado; cumprir os requisitos regulamentares e legais; fornecer empregos, criando uma equipe multidisciplinar e altamente capacitada; praticar preços justos e condizentes com a realidade do mercado; manter bom relacionamento com fornecedores; ter responsabilidade social; manter relações salutares com o meio ambiente; ter atitude ética com a concorrência e os clientes. O delineamento dos processos e a sua descrição tornam a implantação de um novo modelo de gestão laboratorial mais fácil (MENDES, 2007). Os processos são fontes de conhecimento nas suas entradas, atividades e produtos. De acordo com Gonçalves (2000), as entradas de um processo podem ser a informação e conhecimento, além de materiais e outros bens. Por outro lado, um CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL
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processo entrega saídas bens e/ou serviços. Autores como Nonaka & Takeuchi (1997) afirmam que atualmente os bens e serviços tem uma grande quantidade de conhecimento embutido. Conforme ressaltado por Campos (2004), alguns exemplos clássicos de anomalias são sobrecargas de equipamentos, e consequentemente sua quebra; manutenções corretivas de qualquer espécie; retrabalhos; refugos; insumos fora da especificação; reclamações de clientes; paradas de produção por qualquer motivo; atraso nas compras; atrasos na entrega; erros na emissão de faturas; perda de prazos de pagamentos, etc. O correto gerenciamento da rotina busca trabalhar as rotinas diárias de forma padronizada e hierarquicamente organizada de modo a eliminar ao máximo as anomalias nos diversos processos e tarefas organizacionais. Na era da globalização, a Gestão do Conhecimento (GC) constitui fator estratégico na competitividade e produtividade das organizações e nações. Não sem razão, muitos artigos e autores vêm apontando um novo campo de estudos da economia, denominado economia da informação, colocando ênfase na informação e conhecimento como recursos necessários às atividades econômicas, transcendendo, inclusive, a importância econômica dos fatores tradicionais de produção: pessoas, processos, tecnologia e capital (NORTH & PRESSER, 2011). O termo learning organization (organizações de aprendizagem) assinala os processos de mudança que ocorrem na base do conhecimento da organização. De acordo com Probst et al. (2002 apud GNECCO JÚNIOR et al., 2012), a GC é a estruturação e modelagem desses processos, sendo divididos em: identificação do conhecimento, aquisição do conhecimento, desenvolvimento do conhecimento, compartilhamento e distribuição do conhecimento, utilização do conhecimento e retenção do conhecimento. A importância da GC para as organizações pode ser observada nas palavras de Terra (2005 apud VEIGA 2008). Para o autor em organizações em que a GC é aplicada “[...] os processos e documentos são facilmente acessíveis e usados regularmente pelos colaboradores e equipes durante os projetos e/ou a condução dos processos regulares de trabalho.” O resultado para esta categoria de empresa retorna em tomadas de decisões mais claras uma vez que os membros envolvidos podem contar com subsídios de lições anteriormente aprendidas (TERRA, 2005 apud VEIGA, 2008 ). O objetivo da gestão do Fluxo do Conhecimento (FC) é incrementar a eficácia e cooperação em uma ‘equipe de conhecimento’(knowledge team). A construção de uma rede de fluxos seletiva, que transfira apenas o conhecimento necessário para a organizaçãoo consiste em um desafio, que, é ainda maior em organizações geograficamente dispersas e sujeitas a mudanças (KURTZ, SIERRA & VARVAKIS, 2013 apud ZHUGE et al., 2006). Segundo Zhuge et al. (2006), para melhor compreensão das leis que gerenciam os fluxos, se faz necessária o entendimento de ‘Energia do Conhecimento’ (Knowledge Energy (KE)), estabelecendo alguns critérios para julgar a efetividade do fluxo. KE consiste em um parâmetro que expressa o nível dos Nós do Conhecimento (Knowledge Nodes (KN)), ou seja, capacidades criativas e cognitivas de uma pessoa em uma determinada área. Quanto maior a energia de um KN, mais facilmente este aprenderá, utilizará e criará conhecimento. A KE, é qualificada em função da área e nível de conhecimento, tempo e dos KN’s. Sendo assim, para que CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL
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ocorra algum tipo de fluxo entre membros de uma equipe, o KE deverá diferir em pelo menos uma destas quatro variáveis (área, nível, tempo e KN), sendo que sua eficiência está sempre relacionada a um gradiente que deverá fluir do KN de maior para o KN de menor energia (KURTZ, SIERRA & VARVAKIS, 2013). Nahapiet e Ghoshal (1998, p. 246) classificam o conhecimento em duas formas: o conhecimento procedural (know-how), associado ao domínio de práticas tecnológicas e rotinas laborais; e o conhecimento declarativo (knowthat/know-what), que se refere à capacidade de desenvolvimento de conceitos e proposições. Tais ativos requerem um forte envolvimento das pessoas, no que diz respeito a maximizar a motivação do aprendizado, do compartilhamento e da mudança. Na visão dos autores, o capital intelectual é a soma do conhecimento e da capacidade de aprendizado de uma coletividade social, como uma organização, comunidade intelectual ou associação profissional. Por essa ótica, o capital intelectual é um recurso que produz riqueza e traduz-se em capacidade de ação baseada em conhecimento e aprendizado Capital Intelectual se destaca por considerar a seguinte lógica: é gerado através da combinação e troca de conhecimentos resultantes das relações sociais da empresa e é um fator de geração de capital social (SILVA, 2015). O Setor de Microbiologia Clínica desempenha um importante papel na prevenção, diagnóstico, controle e terapia de doenças infecciosas, bem como a epidemiologia para a saúde pública, sendo documentado e apoiado pela declaração da política sobre a consolidação dos laboratórios de Microbiologia Clínica publicado no ano de 2001 pela Infectious Disease Society of America. O setor contribui através da detecção imediata e notificação epidemiológica de importantes organismos, identificando os padrões de resistência microbiana emergentes e auxiliando na avaliação da eficácia das precauções recomendadas para limitar a transmissão durante surtos de doenças infectocontagiosas (MURRAY et al., 2006; FERNANDES et al., 2000). No entanto, a capacidade do Laboratório de realizar essas funções é limitada pela qualidade da gestão organizacional. Devido ao fato de a maioria dos testes diagnósticos dependerem do conhecimento e capacidade da equipe executora, a gestão deve garantir o bom andamento dos processos envolvidos. Sendo assim, os mais sofisticados protocolos de teste tem pouco valor se o(s) processo(s) não forem ótimos e de qualidade. Apesar de parecer óbvia essa demanda por gestão organizacional, muitos laboratórios de Microbiologia são avaliados como deficientes neste quesito, considerando todas as etapas do processo podendo haver ou não intervenção tecnológica: coleta, transporte e preparo da amostra; semeadura; incubação; identificação; resultado e laudo (MURRAY et al., 2006). Diante da lacuna de pesquisa e gargalos práticos da rotina laboratorial, bem como necessidade de delimitar a abrangência da investigação, para o presente projeto, o problema de pesquisa caracteriza-se pela necessidade de realizar uma investigação sobre aspectos da organização do conhecimento. Buscando entender como o FC podem auxiliar na otimização dos processos de rotina organizacionais nas seções de microbiologia dentro de laboratórios clínicos prestadores de serviço, implicando no desenvolvimento do setor. Assim, a indagação primária que este estudo apresenta é: como o FC auxiliará a otimização dos processos de rotina organizacionais? Assim, esta pesquisa tem como objetivo geral o mapeamento do Fluxo do Conhecimento (FC) nos processos de rotina organizacionais, visando a a otimização. CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL
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2 GESTÃO DE PROCESSOS NO LABORATÓRIO CLÍNICO O processo organizacional pode ser visto como um conjunto de atividades com uma ou mais espécies de entrada e que cada uma saída de valor para o cliente. Hammer (1994) afirma que as tarefas individuais componentes de um processo, considerando-o como um todo, sao importantes, mas de nada adiantam se o seu resultado (produto), nao chegar até o cliente. Um grupo de tarefas interligadas logicamente, que utilizam os recursos da organização para gerar os resultados definidos, de forma a apoiar os seus objetivos é o entendimento de Harrington (1993), no que concorda Davenport (1994), acrescentando tratar-se de uma estrutura para a ação. Teoricamente as transformações que ocorrem num processo devem adicionar valor e criar resultado que seja mais útil e eficaz ao receptor acima ou abaixo da cadeia produtiva, é o que diz Johansson (1995). Segundo Mendes et al. (2007), é importante conhecer as características dos processos para que seja possível a identificação das áreas com oportunidades de melhorias, o fornecimento do conjunto dos dados para a tomada de decisão, o estabelecimento de metas de aperfeiçoamento e avaliação dos resultados. Apresentamse como características básicas de um proesso: (1) valor; (2) eficácia – que diz respeito ao grau de atendimento às expectativas do cliente (fazer o que o cliente quer); (3) eficiência – que corresponde ao grau com que os recursos sao aproveitados para que as saídas sejam geradas (fazer o que o cliente quer e da melhor maneira para a organização, pela otimização do processo; (4) ciclo – tempo para a realização; e (5) custo – refere-se aos recursos utilizados no processo. Outra forma de pensar a respeito dos processos é apresentada pela equipe do Centro para Coordenação da Ciência do Massachusetts Institute os Technology (MIT), a qual considera os processos sequências semi repetitivas de eventos que, geralmente, estão distribuídas de froma ampla no tempo e espaço, possuindo fronteiras ambíguas (PENTLAND et al., 1999). Assim, um processo dispõe de entradas, saídas, tempo, espaço, ordenação, objetivos e valores que, interligados logicamente, irão resultar em uma estrutra para fornecer produtos ou serviços ao cliente. Pels definições apresentadas, pode-se dizer que o processo é uma forma de se conseguir resultados. Segundo a NBR ISO 9000:2000, qualquer atividade ou conjunto de atividades que usa recursos para transformar insumos (entradas) em produtos (saídas) pode ser considerado como processo. A figura 2 foi adaptada da norma e aponta a melhoria continua com visão de processo.
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Fígura 2 – Mehoria contínua do Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) baseado em Processo. Adaptada da NBR ISO 9000:2000 da ABNT.
A aplicação de um sistema de processos numa organização, juntamente com a identificação, interação e gestão desses processos é considerada como Abordagem de Processo, segundo a NBR ISO 9004 (ABNT, 2000). A vantagem deste tipo de abordagem é o controle contínuo que permite sobre a ligação entre os processos individuais, bem como sua interação e combinação. Ela enfatiza a necessidade de considerar os processos em termos de valor agregado, a obtençãoo de resultados de desempenho, a eficácia de processos e a melhoria contínua de processos baseados em medições objetivas (MENDES et al., 2007). Para que as organiuzaçoes funcionem de forma eficaz, elas tem que identificar e gerenciar processos inter relacionados e interativos. Frequentemente a saída de um processo resultará diretamente na entrada do processo seguinte. Segundo Currid (1995), nas organizações baseadas em processos há novas exigências em termos de desempenho de colaboradores, soluções tecnológicas, sistemas de informação, entre outros. Em 1999, Malone e colaboradores desenvolveram um estudo sobre os processos organizacionais que descreve uma ampla variedade de processos de negócios incluindo desde as entradas, desenvolvimento de produtos, processamento, vendas, marketing. Sua criação teve a intenção de auxiliar na melhoria de desempenho dos processos e dos sistemas que os apoiam. Eles se fundamenta-se em três conceitos: 1) decomposição – os processos podem ser decompostos em etapas, sub-processos e estes detalhados em atividades (CURTIS et al., 1992). A dificuldade está na definição de qual sera a unidade de analise, isto é, ate onde se efetuar a decomposição; 2) especialização – processos e atividades tem uma especialização que pode ser comparada com uma hierarquia tradicional; 3) dependência – para a dependência entre as as atividades ordenadas sugere o melhor modo de gerí-las pelo uso sistema de informações (MALONE et al., 1994). CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL
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A análise de dependência distingue a produção (‘core da atividade’) e atividade de coordenação. Isto é um conceito simples: se há dependência entre duas áreas da produção, então uma coordenação é requerida. Empregam-se os critérios de transformação (se a atividade produz uma mudança física no produto é um forte argumento para que ela faça parte da produção) e essencialismo (é possível imaginar o processo de produção sem que esta atividade exista?) para apoiar e distinguir quais são as atividades da produção. Os tipos mais comuns de dependência referem-se a: 1) fluxo – no qual atividade para ser iniciada depende do término da primeira; 2) participação – são aquelas atividades que requerem recursos em comum (pessoal, equipamentos, orçamento); 3) combinação – onde mais de uma atividade contribui para a produção de ujm mesmo produto/serviço (MENDES et al., 2007). Em 1999, Pentland trouxe recomendações de ferramentas para auxiliar na descrição das atividades que compõem os processos organizacionais, dentre elas a lista de atividades e o mapa de proesso. Deve-se conversar com os envolvidos para a obtenção de detalhes que possibilitarão confeccionar o perfeito delineamento do processo em análise. A Gestão de Processos (GP) concentra seus esforços na melhoria continua das atividades que efetivamente agregam valor aos prosutos e serviços, ao mesmo tempo que busca eliminar ou reduzir aquelas operaçoes que apenas geram custos aos produtos, nao contribuindo efetivamente para a satisfaçao do consumidor. Neste último grupo encontram-se operaçoes do tipo: transportes de materiais, preparaçao de maquinas, controles em geral (verificação, supervisão). Este tipo de abrodagem conduz a empresa ao aumento global da qualidade e produtividade, bem como a amntém em sintonia com o mercado, por meio da traduçao dos desejos dos consumidores para toda a cadeia produtiva da emrpesa. O resultado é o aumento da competitividade e a permanência da empresa no mercado (VARVAKIS et al, 2000). A GP pode ser dividida em três partes: 1) identificação dos processos organizacionais; 2) estebelecimento de critérios de avaliação dos processos identificados na fase 1; 3) os processos mais significativos para a organização são trabalhados para um aumento de eficiência e/ou garantia da eficácia. Este conjunto de fases é estruturada através de um ciclo incremental onde a cada volta os gargalos de processos mudam (DÁVILA et al., 2008). Ao observar o processo como um fluxo de valor, a GP tem como objetivo maximizar o valor entregue aos clientes, através do melhoramento dos processos, utilizando os recursos organizacionais de um modo eficaz e eficiente (DÁVILA et al., 2008). Estas mudanças são originadas pelo atual e acelerado desenvolvimento tecnológico, permitindo representar oportunidade de melhorias (DÁVILA et al., 2008 apud ANDERSON & TUSHMAN, 1990). Sendo assim, pode-se afirmar que a tecnologia influencia nos processos, entendidos como a forma de realizar o trabalho, mas também de gerenciá-los (GONÇALVES, 2000a). Para melhorar seus processos, as organizações podem se dividir em cinco fases, também conhecidas como processos secundários: 1) organização para a melhoria; 2) entendimento do processo; 3) direcionamento do fluxo do processo; 4) implementação, medições e controle; e 5) melhoria contínua. A gerência necessita trabalhar no processo, enquanto os empregados devem trabalhar denrtro do processo. Ou seja, a melhoria contínua e as metodologias de modificação devem ser dirigidas para o processo ao invés CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL
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de focar no indivíduo, significando que toas as funções devem trabalhar juntas para otimizar a eficiência, eficácia e adaptabilidade do processo total (HARRINGTON, 1997). Segundo a NBR ISO 9000:2000, qualquer atividade ou conjunto de atividades que use recursos para transformar insumos (entradas) em produtos (saídas) pode ser considerado como um processo. Para que as organizações funcionem de forma eficaz, elas tem que identificar e gerenciar processos interrelacionados e interativos. Frequentemente a saíde de um processo resultará diretamente na entrada do processo seguinte (MENDES et al., 2007). Segundo Currid (1995), nas organizações baseadas em processos há novas exigências em termos de desempenho de colaboradores, soluções tenológicas, sistemas de informação, entre outros. Existe a necessidade do gerenciamento da organização de uma maneira diferente que inclui, entre outros, o cliente, o produto/serviço e o fluxo de trabalho, conforme a perspectiva da visão processual (horizontal) que considera a organização como um todo. Essa forma de ver as organizações permite um interrelacionamento da cadeia de valor, efetivando o conceito de processo na prática. Em 1996, Hunt descreveu o mapeamento de processos como ferramenta de mudanças, de melhoria, tomada dde decisões e ligação entre o desempenho dos indivíduos e do empreendimento, tendo por base os objetivos do processo, o seu correto desenho e a sua gestão. O Laboratório Clínico exige uma gestão de trabalho que equilibre gerenciamento e liderança, enfatizando os aspectos humanos desdta atividade, vital para o sistema de saúde da população. A gestão de processos do Laboratório deve atentar para os desafios da constante mudança no mercado da assistência médica em geral e da medicina laboratorial, tornando-o habilitado para utilizar as ferramentas necessárias à situação (CAMERON, 1994). Segundo Mendes et al. (2007), a identificação dos sistemas/processos para a gestão do Laboratório obedece aos critérios apontados. O delineamento de processos mais comumente observado na prática laboratorial são: 1) Gestão de Pessoas; 2) Infrestrutura; 3) Tecnologia da Informação (TI); 4) Gestão de Equipamentos; 5) Atendimento aos clientes; 6) Produção de Exames Laboratoriais; 7) Biossegurança/Segurança do trabalho; 8)Administração/Gestão de Negócio; 9) Logística/Suprimentos; 10) Gestão da Qualidade; 11) Gestão Ambiental; 12) Gestão de Projetos. Desde de 2001, Mendes vem utilizando o esquema descrito na figura 2, para verificar os processos identificados na Divisão de Laboratório Central do Hospital de Clínicas das Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). O modelo apontado pela autora, pode ser considerado uma Folha de Verificação de processo, que consolida num único documento os responsáveis pelo processo, suas interações, as principais atividades, os requisitos do cliente, as entradas e saídas, os documentos dos processo (fluxogramas, procedimentos operacionais padrões (POP), instruções de trabalho (IT), relatórios, procedimentos de gestão, etc.), legislações/normas/regulamentos aplicáveis e os diferentes tipos de recursos necessários para a realização deste processo para atender toas as suas especificações. Ele tem sido aplicado com êxito, tanto para processos técnicos como adminsitrativos, é de fácil manuseio, podendo ser atualizado e/ou completado e qualquer momento pelos envolvidos sem que haja a necessidade de ferramentas sofisticadas. CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL
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Figura 2 – Folha de Verificação de Processos. Modelo desenvolvido pela Divisão de Laboratório Central do Hospital de Clínicas das Faculdade de Medicina da USP
Fonte: Mendes (1998)
3 FLUXO DO CONHECIMENTO Um dos trabalhos mais reconhecido sobre FC no contexto de aprendizagem organizacional até hoje, decorre de Nonaka (1994). Este trabalho apresenta duas dimensões para conhecimento: epistemológica e ontológica. A dimensão espitemológica representa um contraste binário entre conhecimento explícito e tácito. O conhecimento explícito pode ser formalizado através de artefatos, tais como livros, cartas, manuais, POP, IT, enquanto que o conhecimento tácito pertence mais a compreensão e conhecimento contido nas mentes das pessoas. A dimensão ontológica descreve o conhecimento que é compartilhado com outros em grupos ou grandes aglomerados de pessoas em toda a organização. Embora este aglomerado de unidadades da organização parecer arbitrária, no contexto empresarial, poderia claramente se aplicar às pequenas equipes, grupos de trabalho, departamentos formais, divisões, unidades de negócios, organizações e até mesmo alianças de negócios ou redes (NISSEN, 2002). Na figura 5, Nonaka (1994) utiliza a interação entre estas dimensões como os principais meios para descrever o FC. Este fluxo é mais ou menos caracterizado através de quatro passos: 1) novos conhecimentos são criados apenas por indivíduos da organização e é necessariamente de natureza tácita – o primero FC , então, teoricamente acontece por meio de um processo chamado de socialização, o que denota os membros de uma equipe de compartilhamento de experiências e perspectivas, tanto quanto se antecipa através da Comunidades de Prática (CoP). Fluxo de Socialização é percebido como vetor na figura 3 e corresponder ao conhecimento tácito – ou seja, ao longo da CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL
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dimensão epistemológica, que flui a partir do nível individual para o grupo – ouse ja, ao longo da dimensão ontológica; 2) o segundo FC (vetor 2) é teorizado que ocorra através de um processo denominado externalização, o que denota o uso de metáforas por meio de diálogo que leva a articulação de conhecimento tácito e sua formalização posterior para torná-la concreta e explicita; 3) o terceiro FC (vetor 3) é teorizado que ocorra através de um processo denominado combinação – combinação indica a corrdenação entre os diferentes grupos da organização, juntamente com a documentação dos conhecimentos existentes para combinar novos conceitos intra-equipe com outro conhecimento explicito da organização; 4) o quarto FC (vetor 4) é teorizado que ocorra através de um processo denominado internalização – internalização denota que diversos membros na organização aplicam o conhecimento combinado a partir de cima, muitas vezes através de tentaiva e erro, e por sua vez, traduziem tal conhecimento em froma tácita ao nível da organização. Figure 5 – Teoria do FC
Fonte: Nonaka (1994)
Considerando a grande diversidade de conceitos na literatura, pode-se dizer que processos sao conjuntos de ativididades interrrelacionadas sistematicamente para atender a um ou mais objetivos estratégicos a fim de proporcionar valor para o cliente por meio de um bem ou serviço. Neste sentido, a GC pode ser considerada um processo organizacional. Alguns estudiosos confirmam que a GC é um processo consituido por várias etapas (SANTOS et al., 2007). Para Diepstraten (1996), é um processo que compreende oito etapas:1) extração do conhecimento para adicionar valor aos clientes; 2) desenvolvimento de um novo conhecimento; 3) disseminação; 4) associação de diferentes conhecimentos; 5) documentação de conhecimento para disponibilizar; 6) distribuição; 7) uso de conhecimento; e 8) aquisição de conhecimento. Para Boff (2000), GC é um processo formado por um conjunto de estratégias CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL
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para criar, adquirir, compartilhar ativos do conhecimento, bem como estabelecer fluxos que garantam a informação necessária, a fim de auxiliar na geração de idéias, solução de problemas e tomada de decisão. Na mesma perspectiva Sprenger (1995), define GC como um fluxo ou processo contínuo em uma organização, que é realizado em quatro etapas: 1) absorção ou assimilação de jm novo conhecimento, exigindo a contribuição do conhecimento estratégico para a execução das atividades e para o desenvolvimento de competências essenciais para a organização; 2) troca de conhecimento – que é o mesmo que colaboração ou transferência de conhecimento; 3) geração de conhecimento, significando desenvolvimento de novo conhecimento por meio dos conhecimentos já existentes; e 4) extração do conhecimento – que acontece quando o conhecimento é aplicado, isto é, quando é utilizado pela organiazação. Assim, o FC é definido como o processo de movimentação do conhecimento a partir de uma fonte para um receptor e sua subsequente absorção e utilização, com a finalidade de melhorar a capacidade da organização em executar as atividades. Os KN, que são os pontos de emissão/recebimento, atribui ao FC 3 pontos-chave: direção, conteúdo e portador, que respectivamente determinam quem envia e quem recebe o conhecimento contido, e a forma na qual o conteúdo é transmitido (ZHUGE, 2002). O termo FC aparece nas pesquisas pela primeira vez em 1990, em um trabalho intitulado “Toward successful Implementation of Knowledge Based Systems: Experts Systems versus Knowledge Sharing Systems” de Kiyoshi Niwa, que aponta para o papel crucial do FC, que vai dos fornecedores do conhecimento (knowledge sppliers) – por meio de sistemas baseados em conhecimento (knowledge base systems (KBS) – para os usuários do sistema – na implementação bem sucedida da KBS. Alguns autores como Zhuge (2002), já citado anteriormente, Yoo, Suh & Kim (2007), e Guo & Wang (2008), realizam trabalhos sobre FC decorrentes de processos dentro das organizações. Todavia, é importante ressaltar que o fluxo existe ao nível de indivíduo, grupo e organização. A compreensão de como ocorre o fluxo organizacional pode auxiliar na melhoria, solução e/ou minimização de problemas associados aos processos na área de prestaçao de serviço (KURTZ, 2011). O FC é inerente à funcionalidade e aparência dos processos de negócios correspondentes, podendo-se identificar problemas dentro dos processos de negócios por meio da análise do FC relacionado. A clara identificação e a otimização do FC pode garantir a efetiva utilização do conhecimento na organização, reforçando assim a dinâmica entre o conhecimento e os processos de negócio Para que os processos sejam otimizados, o FC decorrente deve estar paralelamente sequenciado. A identificação e mapeamento do fluxo existente são estrategicamente importantes para as organizações por três principais aspectos: (1) o FC transmite know-how gerado em uma sub unidade para outros locais dentro da organização; (2) FC facilitam a coordenação dos fluxos de trabalho que ligam várias sub unidades dispersas geograficamente; (3) os FC permitem que as organizações capitalizaem oportunidades de negócios que exigem a colaboração de várias sub unidades (YOO, SUH & KIM, 2007). É indiscutível a relevância de se compreender a dinâmica dos FC dentro das organizações. Do mesmo modo, acredita-se que esta compreesão pode ser ampliada ao nível interorganizacional e da cadeia de prestação de serviços como um todo, uma vez que os FC podem ajudar na coordenação dos fluxos de trabalho entre organizações CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL
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(próximas e/ou geograficamente dispersas) e na maneira como essas organizações colaboram entre si, identificando quais conhecimentos são relevantes em situações especificas e quem (qual organização) possui estes conhecimentos (KURTZ, 2011). 4 MATERIAIS E MÉTODOS DE PESQUISA Inicialmente, realizou-se uma revisão bibliográfica sobre o tema, no sentido de compreender e conceituar os fundamentos teóricos da pesquisa, para melhor enquadrar o problema (GIL, 2008). No entanto, para o aprofundamento do estudo, desenvolveu-se uma pesquisa bibliográfica, que consistiu em reconstruir o conhecimento a partir da consulta e análise de fontes bibliográficas preferencialmente publicadas em forma de livros ou artigos científicos. A pesquisa bibliográfica levou em conta os temais centrais desta dissertação, o FC processos, e e rotinas organizacionais, e examinou os temas sob novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões que de forma contínua e lógica originaram os construtos teóricos conceituais para a identificação das variáveis sobre o tema. A pesquisa bibliográfica incorporou-se ao estudo de modo a caracterizar as categorias de análise e como estão relacionadas aos propósitos do estudo, especialmente na primeira etapa da pesquisa. A pesquisa exploratória envolveu pesquisa bibliográfica e documental, bem como entrevistas não padronizadas. Deu-se no limite da combinação das áreas referidas na temática do estudo, e dimensionou-se sob os aspectos da unidade de análise do FC na prática organizacional. 6 RESULTADOS E CONCLUSÕES O Setor apresentou equipe com grande capacidade de acumulação de conhecimento. Conhecimentos explícitos podem ser facilmente codificados e transferidos (por exemplo, por meio de reuniões). Por outro lado, conforme demonstrado neste trabalho, para que os fluxos de conhecimentos sejam bem sucedidos em grupos específicos onde o conhecimento é utilizado, as trocas de conhecimentos tácitos (sobre a maneira de fazer na prática, por exemplo) exigem intensa interação entre supervisor e equipe. A pesquisa demonstrou que os fluxos estão associados a fatores relacionados ao tempo, logística e capacidade de acumular conhecimento por parte da equipe. No contato face to face (principal forma de trocas e responsáveis pelo fluxo constatado) o nível de comunicação entre os agentes está positivamente relacionado ao fluxo de conhecimento entre os processos. Ressaltando as variáveis constituintes da energia de conhecimento proposta por (área e nível de conhecimento, tempo e a capacidade dos próprios Knowledge nodes) o tempo e os Knowledge nodes pareceram ser as variáveis que mais diferiram entre as cooperativas estudadas. Neste sentido, o número de técnicos (Knowledge nodes) inseridos no processo mostrou-se positivamente relacionado à variável “tempo”
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despendido por cada técnico e, consequentemente, dinâmica e logística (ZHUGE, 2007). A conectividade entre as unidades inseridas também pareceu ser um fator que convergiu com a literatura abordada. O Laboratório que não estimula visitas presenciais entre seus integradores pode apresentar os menores índices de capacidade de acumulação de conhecimento por parte dos integrados. As barreiras aos fluxos horizontais podem entravar processos relacionados ao fluxo de conhecimento já existente na rede, prejudicando a implantação e institucionalização de rotinas e práticas, referentes à codificação do conhecimento (novos conhecimentos + conhecimentos existentes) (SCHULTZ, 2001). Condições de incentivo apresentaram-se positivamente associadas à percepção da equipe frente aos sistemas de compartilhamento, cumprimento de práticas e capacidades técnicas nas quais estavam inseridos. Quanto aos facilitadores, reuniões e investimentos em capacitação objetivando a criação de uma linguagem comum base homogênea de conhecimento para toda o Setor demonstraram maior importância quando comparada aos concorrentes pelos supervisors e gestores. Já as barreiras, aspectos relacionados a baixa confiabilidade, relutância em aceitar e absorver conhecimento externo e baixas capacidades de absorção e retenção (institucionalização) do conhecimento se mostraram como as mais relevantes. A compreensão de como ocorrem as dinâmica dos fluxos tanto vertical quanto horizontal é de grande importância para a mudança de conduta dos membros ao longo do processo. Tal mudança, no presente estudo, visa sua adequação objetivando solucionar problemas relacionados, principalmente, ao capital intelectual e social no Setor. O Setor poderá apresentar melhores resultados relacionados às capacidades de acumulação de conhecimento, além de possuir mais nodes (técnicos) disponíveis na rotina apresentando maior sistematização e padronização dos processos relacionados a conexão entre os membros. REFERÊNCIAS ASIAN PRODUCTIVITY ORGANIZATION – APO. Knowledge Management: Tools and Techniques Manual. Tokyo, 2010; ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. Sistemas de Gestão da Qualidade: Requisitos. NBR ISO 9001:2000. Rio de Janeiro, 2000; ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. Sistemas de Gestão da Qualidade: Diretrizes para Melhorias de Desempenho. NBR ISO 9004:2000. Rio de Janeiro, 2000; BOFF, L. H. Conhecimento: Fonte de Riqueza das Pessoas e das Organizações. Banco do Brasil: Fascículo Profissionalização., n. 22, Abril, 2000; CAMERON, M. L. Leadership in the Clinical Laboratory: Strategies for Change. Clinical Laboratorial Manegement Rev. Ed 8, vol 5, 418-422 p. Set/Out, 1994; CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL
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THALI LEAL SAMPAIO Possui Graduação em Medicina Veterinária (2004), PósGraduação Latu Sensu (Especialização) em Microbiologia (2006) ambas pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, e PósGraduação Especialização em Gestão em Laboratório Clínico (2009) pela Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC). Atualmente está finalizando Mestrado no Programa de PósGraduação Strictu Sensu em Engenharia e Gestão do Conhecimento (PPGEGC), área Gestão do Conhecimento. Tem como interesse profissional consultoria e atividades na áreas de: Gestão de Laboratório Clínico (Qualidade e Biossegurança, e Projetos); Gestão de Projetos nas áreas afins; Sanidade (Microbiologia Clínica, Doenças Infecciosas, Segurança Alimentar e Epidemiologia), Medicina da Conservação da Fauna, Biodiversidade e Ecologia; Biotecnologia; e Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I).
EDUARDO SIERRA Bacharel e Licenciado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Santa Catarina (1986), Mestre em Oceanografia Biológica - Université Bordeaux I - França (1988), Doutor em Ecologia de Ecossistemas - Université Bordeaux I - França (1992), Pós Doutor em Análise da Paisagem aplicada a Ecossistemas Costeiros - Université Bordeaux I - França (1994). É Professor Associado da Universidade Federal de Santa Catarina, atuando na Graduação em Ciências Biológicas, ministrando disciplinas de Ecologia e de Estudos de Impacto Ambiental. Na Pós Graduação atua no Programa de Engenharia e Gestão do Conhecimento (PPGEGC). Desde 1998 coordena o Grupo de Pesquisa: Núcleo de Estudos do Mar - NEMAR/CCB/UFSC. Atua nas áreas de Ecologia, com enfase em Ecossistemas Costeiros; na área de Gestão Ambiental e na área de Gestão do Conhecimento Ambiental.
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