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INTRODUÇÃO

De dentro é uma Vídeo Arte concebida a partir do desejo em continuar a explorar e entender mais sobre um tema que sempre me trouxe muitas questões. Digo continuar, pois durante minha graduação em Arquitetura e Urbanismo tive a oportunidade de abordar o assunto diversas vezes, inclusive em uma iniciação cientifica e em meu trabalho de conclusão de curso. Para melhor compreender minha motivação, cabe então relatar as ideias de ambos os trabalhos realizados.

Na iniciação cientifica, intitulada “Construções Identitárias na Transição Entre o Espaço Físico e o Virtual”, abordei o tema à luz das teorias do autor Stuart Hall em seu livro Identidade Cultural na Pós-Modernidade.

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A pesquisa pretendeu também analisar, de forma sucinta, alguns filmes e series que expõem bem essa teoria: Blade Runner, Black Mirror, Sense 8 e

Ghost in the Shell, anime de Mamoru Oshii. É pressuposto que em todo produto audiovisual tenhamos os espaços como suporte para acontecimentos e relações, mas nos supracitados o espaço vai além de um suporte, ele se mescla à realidade dos personagens, infere nas identidades individuais e carrega mais significado do que somente uma identidade visual. Ademais, todos têm em comum o contexto da pós-modernidade, no qual, com os avanços tecnológicos e globalização, houve uma ruptura entre os espaços físicos e digitais e passamos a estar conectados, praticamente, a todo tempo e nossa identidade se tornou híbrida, constantemente mutável e contaminável por culturas distintas, a ponto de não ser possível retornarmos ao que éramos antes.

Já em meu trabalho de conclusão de curso “Identidade, Patrimônio e Memória: Favela do Boqueirão”, o tema identidade estava relacionado aos espaços, especificamente da favela, porém, dessa vez com uma abordagem social e da importância do registro audiovisual. Iniciei o caderno falando um pouco sobre minha identidade através de um panorama das disciplinas e projetos que mais me identifiquei durante a graduação, inclusive a iniciação cientifica.

O produto, além do caderno explicativo, foi um álbum fotográfico intitulado “A Imagem da Favela do Boqueirão”. No álbum alterno fotos, poemas e citações. A organização do álbum foi pensada para que o leitor caminhasse pela favela enquanto folheia as páginas. Conclui com este trabalho que apesar da instabilidade de um local que sofre alterações a todo momento e sofre com as ameaças de desapropriação ou restituição de posse, através das fotografias é possível manter as memórias, identidade e valores sociais.

Assim, foi possível interpretar com ambos os trabalhos que há uma interação mútua entre nós e o espaço que no permeia. Enquanto o moldamos, ele nos molda também. Nossa identidade está intrínseca ao meio que vivemos e objetos que temos contato, assim como contaminamos os espaços com nossa identidade. A intenção deste trabalho é, portanto, expressar essas ideias em forma de vídeo arte. Desta vez, me proponho a me centrar em minha própria identidade, no que é de dentro, pois acredito ser o que tenho mais propriedade para expor.

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