TRABALHO DE GRADUAÇÃO ENGENHARIA AMBIENTAL E URBANA - UFABC
MANEJO DE ÁGUAS URBANAS PLANEJAMENTO E PROJETO SOB OS PRINCÍPIOS PERMACULTURAIS
Ellen Emerich Carulli Orientadora Profa. Dra. Luciana Travassos abril de 2019
Estrutura
1. INTRODUÇÃO 1.1 Motivação 1.2 Objetivos 1.3 Metodologia
2. EMBASAMENTO TEÓRICO
3. DIAGNÓSTICO
4. PROPOSTAS
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
2.1 Relação sociedade x 3.1 São Bernardo do Campo, 4.1 Diretrizes Gerais natureza seus rios e suas políticas 4.2 Diretrizes Específicas 2.2 Drenagem sustentável 3.2 Panorama da microbacia 4.3 Projeto e desenho urbano 2.3 Permacultura 3.3 Síntese socioambiental 2.4 Aplicabilidade de 3.4 Plano de Massas permacultura em projetos de manejo de águas urbanas
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Entender as Desigualdades Dinâmica capitalista de produção do espaço urbano. Padrões desiguais de infraestrutura, ambiente e paisagem. Vulnerabilidades ambientais e sociais.
Políticas e Tecnologias Estudar os paradigmas associados, localização e responsabilidades. Fonte: Luciana Travassos, 2017.
Continuidade de Pesquisa
Motivação
Iniciação científica iniciada em 2016. 2
Objetivos Desenvolver diretrizes de manejo de águas urbanas e projeto para a microbacia afluente da Bacia Ribeirão dos Couros em São Bernardo do Campo, sob os princípios permaculturais, Revisão Bibliográfica
Diagnóstico
Drenagem Moderna , Desenvolvimento Urbano de Baixo Impacto e Permacultura
Dinâmicas naturais e urbana da microbacia de estudo
Diretrizes
Projeto e desenho urbano
Ocupação do solo e manejo de águas urbanas
Intervenções-tipo: viária e por ocupação do solo
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Metodologia 1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
4. PROJETO
Leitura de livros, artigos, teses e dissertações
Visita a campo, elaboração de plano de massas, pesquisa de referências de projetos permaculturais e de drenagem sustentável: definição de intervenções-tipo.
2. DIAGNÓSTICO Adoção do método aplicado na disciplina de Habitação e Assentamentos Humanos e SILVA & Silva, 2018: leitura do município e microbacia.
3. DIRETRIZES Definição de diretrizes orientadoras para ocupação do solo e ações de manejo de águas urbanas da microbacia sob os princípios permaculturais.
Uso do Guia de Manejo de Águas de Ruas Urbanas* da NACTO * Tradução livre "Urban Street Stormwater Guide"
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Embasamento teórico RELAÇÃO SOCIEDADE OCIDENTAL X NATUREZA Antiguidade: natureza como deusa e sagrada, como ativa Racionalismo clássico: natureza como passiva, a ser dominada pelo homem Rompimento do feudalismo: expropriação das pessoas da terra Formação dos centros urbanos: rompimento com o ambiente natural
Colonização: dominação da natureza Capitalismo: utilitarismo e natureza como valor de troca Neoliberalismo: apropriação da natureza como discurso ideológico (vácuo social das ações sob preceito sustentável)
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Embasamento Teórico PERÍODOS E SEUS PARADIGMAS DE DRENAGEM URBANA Drenagem Convencional
Drenagem Moderna
Modernização Ecológica
meados do séc. XIX - até hoje
meados do séc. XX - em consolidação
fim do séc. XX - em consolidação
Aumento da vazão e expulsão das águas para jusante Supressão das condições naturais dos fundos de vale e impermeabilização da bacia
Princípio de reservação Tipologias de obras associadas a vegetação Planejamento a nível de bacia Setorização das ações
Debate de recuperação da paisagem dos rios urbanos Técnicas de restauração, recuperação e revitalização Tratamento acrítico sobre localização das políticas
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inundações não podem ser transferidas no espaço ou no tempo. Implica no planejamento integrado do desenvolvimento urbano, soluções de drenagem e paisagem (Miguez et al. (2007 apud Rezende, Miguez & Verol, 2013).
Infraestrutura Ecológica:
pode ser compreendida pela remodelagem do desenho urbano e adoção de elementos sensíveis ao comportamento hídrico da bacia e que permitem, como solução técnica, suprir às necessidades de vazão, volume e permeabilidade (Mostafavi & Doherty, 2010).
DEFINIÇÕES
Sustentabilidade em drenagem urbana:
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Princípios de ecotécnicas de drenagem por NRDC (2001): Integrar a gestão de águas pluviais ao planejamento; aproveitar funções hidrológicas naturais; enfatizar métodos simples, de baixa tecnologia e baixo custo; realizar o controle das águas pluviais na fonte; realizar práticas em microescala distribuídas por toda área de abrangência; considerar recursos e processos naturais, paisagem multifuncional.
Desenvolvimento urbano de baixo impacto (USDoD, 2004): Conservação de vegetação e solos nativos; Projetos locais únicos; Direcionamento do escoamento para áreas vegetadas; Controles distribuídas de pequena-escala; Manutenção, prevenção à poluição; Educação.
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DEFINIÇÕES
Permacultura:
base de ferramentas para projetar ecossistemas humanos que modelam os padrões de multifuncionalidade e interconexão da natureza, fundamentando-se no conhecimento científico e nas práticas tradicionais (Romero, 2001 apud Barros, 2008) e promoção de cultura sustentável permanente (Silva, 2013).
Fonte: Veracidade
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matéria prima resíduos do consumo produto das dinâmicas naturais
Recurso a ser armazenado, reciclado e adotado como fonte de energia. A água pura e limpa deve ser prioridade para qualquer sistema permacultural (Mars, 2008). Adoção do metabolismo circular para desenvolvimento urbano (Oliveira, 2016):
APLICABILIDADE DA PERMACULTURA EM MANEJO DE ÁGUAS URBANAS
Água: elemento no desenho permacultural
redução de consumo e descarte maximização da reutilização de recursos conservação dos recursos não renováveis consumo consciente dos recursos renováveis
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impedir o escoamento superficial de água no terreno; aproveitar de diversas formas a água que passa pelo terreno; diminuir a velocidade com que a água passa pelo terreno; reciclar a água tanto quanto possível; trabalhar o excesso da água o mais próximo possível da origem do problema,
Fonte: Green futures.
APLICABILIDADE DA PERMACULTURA EM MANEJO DE ÁGUAS URBANAS
Princípios no tratamento de manejo de águas, segundo permacultura:
Fonte: GreenPARE.
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Diagnóstico POLÍTICA URBANA-AMBIENTAL
SÃO BERNARDO DO CAMPO E SEUS RIOS
O Plano Diretor não apresenta diretrizes específicas para o tratamento dos fundos de vale; O Plano Municipal de Drenagem apresenta somente medidas estruturais e soluções da drenagem tradicional; A Política Municipal de Meio Ambiente possui capítulo específico sobre fundos de vale que define: prioridade à recomposição das matas ciliares; drenagem e preservação de áreas críticas, medidas alternativas de tratamento dos corpos d'água; promoção de proteção e recuperação. Fonte: Elaboração própria (2019).
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Fonte: Elaboração própria (2019).
Assentamentos precários, bairros residenciais de médio e baixo padrão construtivo, conjuntos habitacionais e galpões industriais; Rendimento abaixo de R$ 1.200 mensais e densidade populacional média a alta; Zonas especiais de interesse social 1 e 2, zona de usos diversificados 1 e zona empresarial restritiva 1;
Tratamento convencional de micro e macrodrenagem predominante, o Parque Linear se destaca como diferencial na microbacia; APPs altamente degradadas; Carência de equipamentos de cultura e lazer; Infraestrutura de mobilidade urbana favorece ao transporte individual motorizado; Características morfométricas: bacia com drenagem regular, riscos medianos de inundação; Estimativa de volume a ser armazenado de água pluvial: 36.851 m3.
PANORAMA DA MICROBACIA
Diagnóstico
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VISTORIA NA MICROBACIA 14 Fonte: Autora (2019 e 2016).
SÍNTESE SOCIOAMBIENTAL
Diagnóstico Áreas de interesse ambiental: recuperação ambiental e promoção de áreas verdes, permeáveis, oferta de espaços de lazer e cultura Áreas de interesse social: áreas que demandam promoção de melhorias urbanísticas e habitacionais
Fonte: Elaboração própria (2019).
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PLANO DE MASSAS
Diagnóstico Diretrizes > Plano de Massas > Área de detalhamento de projeto
Fonte: Elaboração própria (2019).
Fonte: Elaboração própria (2019).
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Diagnóstico CAMINHO DAS ÁGUAS Sistema viário implantado sobre as linhas de drenagem natural: declividades que favorecem maior velocidade ao escoamento da água da chuva. Área impermeabilizada (destaque em laranja): áreas côncavas (nascente) e convexas.
Fonte: Elaboração própria (2019).
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TIPO 1
TIPO 2
Fonte: Google Earth (2019).
TIPO 3
TIPO 4
Fonte: Google Earth (2019).
TIPO 5
Fonte: Autora (2019).
TIPOLOGIAS DE OCUPAÇÃO
Fonte: Google Earth (2019).
TIPO 6
18 Fonte: Autora (2019).
Fonte: Autora (2019).
TIPO A
TIPOLOGIAS VIĂ RIAS
Fonte: Google Earth (2019).
Fonte: Google Street View (2017).
TIPO B
Fonte: Google Earth (2019).
Fonte: Google Street View (2017).
TIPO C
Fonte: Google Earth (2019).
Fonte: Autora (2019).
TIPO D
19 Fonte: Google Earth (2019).
Fonte: Autora (2019).
Fonte: Autora (2019).
Fonte: Autora (2019).
USO E OCUPAÇÃO DO SOLO
Equilíbrio entre área construída e espaços permeáveis; Aumento da permeabilidade do solo Melhorias urbanísticas nos conjuntos habitacionais; Elaboração e execução de programas de urbanificação urbana e regularização fundiária; Elaboração e execução de projetos de mobiliário urbano; Implantação de Centro Permacultural.
Diretrizes Gerais
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MOBILIDADE URBANA
Priorização do transporte ativo; Promoção de acesso adequado ao transporte coletivo; Reestruturação viária para projetos de microdrenagem; Promoção de conexões e travessias de pedestres.
Diretrizes Gerais
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SANEAMENTO AMBIENTAL
Promoção de esgotamento sanitário; Programa de Gestão de Resíduos Sólidos; Implementação do Sistemas de Áreas Verdes e Azuis; Programas de recuperação da paisagem fluvial; Ecotécnicas de drenagem em projetos viários; Medidas de controle na fonte; Projetos permaculturais; Programas de educação ambiental.
Diretrizes Gerais
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Diretrizes Específicas SISTEMA DE ÁREAS VERDES E AZUIS
ÁREAS VERDES Praças, parques e fragmentos de áreas verdes Áreas livres possíveis de serem transformadas em áreas verdes e permeáveis
ÁREAS AZUIS Hidrografia e suas margens, linhas de drenagem pluviais Fonte: Elaboração própria, 2019.
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Transformações das condições dos corpos d'água para promoção de prestação de serviços socioambientais pelo Sistema de Áreas Verdes e Azuis.
FASE I
Reabilitação dos corpos d'água e das nascentes Promoçao de esgotamento sanitário Restabelecer condições sanitárias e destamponamento da nascente
TRATAMENTO DOS CORPOS HÍDRICOS
Diretrizes Específicas
FASE II
Revitalização dos corpos d'água e das nascentes Implantação de infraestruturas verdes
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Propostas PREMISSAS Rua como unidade básica do espaço urbano; Espaço democrático e priorização de modos não motorizados; Estrutura viária como ecossistemas, ambientes potenciais para implantação de infraestruturas verdes; Multifuncionalidade dos elementos; Complementaridade entre as funções.
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PARQUE NASCENTE
Fonte: UT College of Architecture and Design (2013).
Fonte: Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo.
Recuperação da nascente e conservação desta Implementação de circuito de caminhada suspenso Bacia de Retenção Implantação do Centro Permacultural 26
Fonte: Elaboração Própria, 2019.
Fonte: Michael Van Valkenburg Associates Inc.
Fonte: Elias Gardner.
Fonte: Street Garden Alliance, 2017.
Leito maior com degraus com manta e vegetação Uso de Resíduos de Construção e Demolição tratados e em diferentes tamanhos no leito menor Implantação de biovaletas e jardim de chuva nas curvas de nível Inclusão de áreas de convívio e espaços de lazer Jardim filtrante nas áreas de acúmulo de sedimentos no corpo d'água
Fonte: Benefit K&J Associate.
PARQUE LINEAR 27
TALUDES Fonte: Benefit K&J Associate.
Contenção do talude por meio de escada hidráulica com vegetação e patamares que reduzam o fluxo de água da chuva Criação de novas passagens de pedestres entre o Conjunto Três Marias e a Avenida Fênix (via do parque linear).
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TIPOLOGIA VIÁRIA A
Fonte: Elaboração própria, 2019. Fonte: CBD Raingardens project in Bellingham Washington.
Via com tráfego compartilhado com segregação de piso; Condutor pluvial no meio do viário; Pavimento permeável (pedestre); Lombada com grelha para redução de velocidade; Bolsões com biovaletas híbridas nos cruzamentos de vias com grande aporte de água. 29
Fonte: Godong, 2018.
Fonte: Elaboração própria, 2019.
TIPOLOGIA VIÁRIA B Via com tráfego compartilhado sem segregação; Condutor pluvial no meio do viário; Pavimento permeável; Lombada com grelha para reduzir a velocidade da água nos trechos de maior declividade; Jardins verticais nos muros.
Fonte: Elaboração própria, 2019.
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Via com tráfego compartilhado; Pavimento permeável; Leito menor natural e leito maior vegetado; Biovaletas para garantir proteção às casas; Trincheiras de infiltração com árvores.
Fonte: Elaboração própria, 2019.
TIPOLOGIA VIÁRIA C 31
TIPOLOGIA VIÁRIA D
Fonte: Elaboração própria, 2019.
Via com tráfego segregado e com ciclovia; Pavimento permeável nas calçadas e ciclovias; Mobiliário Urbano com mecanismos de coleta de água da chuva.
Trincheira de infiltração com árvores; Extensão do meio fio com biovaletas; Células de biorretenção;
Implantação de jardim filtrante em área de deposição de sedimentos; Implantação de passarelas e passagens pelo rio. 32
TIPOLOGIA VIร RIA D
Fonte: Urban Street Stormwater Guide, , 2017.
Fonte: Prefeitura de Cuiabรก.
Fonte: Inhabitat.
Fonte: Symbiotic Cities
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respeito às dinâmicas naturais e garantia de resiliência às comunidades humanas; tratamento cíclico dos fluxos de massa e energia; planejamento de soluções integradas na paisagem e que vejam a água como elemento de projeto; projetos mais adaptáveis às respostas pós-implementação; políticas públicas com priorização de ações em assentamentos precários e áreas periféricas sem infraestruturas.
GRATA!
Considerações Finais
"Sustentável é toda a prática social que feita por um, pode ser reproduzida por todos. A sustentabilidade pressupõe equidade social." Carlos Porto Gonçalves 34
HOLMGREN, D. Permacultura: princípios e caminhos além da sustentabilidade - tradução por Luzia Araújo. Via Sapiens, Porto Alegre, 2013. HOLMGREN, D., MOLLISON, B. Permaculture One. Australia, Eco-Logic Books, 1990. MARS, R. O design básico em Permacultura - tradução por Potira Preiss. Via Sapiens, Porto Alegre, 2008. MATHIAS DA SILVA, K. R., SILVA, L. F. Proposição de projeto ambiental urbano a partir da elaboração de diagnóstico para microbacia que intercepta os bairros Jardim Santa Filomena, Jardim União e Vila Josefina no Município de Franco da Rocha – SP. Trabalho de Conclusão de Curso de Bacharelado em Engenharia Ambiental e Urbana da Universidade Federal do ABC, Santo André, 2018. MOLLISON, B.; SLAY, R. Introduction to Permaculture. Taguari Publications, Australia. 1991. Edição brasileira: Introdução à Permacultura. Brasília. Tradução Soares, A.L.J. 1998. 204p. NACTO – National Association of City Transportation Officials. Urban Street Stormwater Guide. Disponível em: https://nacto.org/publication/urban-street-stormwater-guide/. Acesso em: 13 dez. 2018. NRDC – Natural Resources Defense Council. Stormwater Strategies: Low Impact Development. 2001. Disponível em: <http://www.nrdc.org/water/pollution/storm/chap12.asp>. Acesso em: 01 abr. 2018. OLIVEIRA, A. P. ; GONÇALVES, L.M. ; Barbassa, Ademir. Aplicação de técnicas compensatórias de drenagem na requalificação de áreas verdes urbanas em Guarulhos - SP. Periódico Técnico e Científico Cidades Verdes, v. 4, p. 87-101, 2016. SILVA, L. F .M. Ilusão concreta, utopia possível: contraculturas espaciais e permacultura (uma mirada desde o cone sul). 2013 (Tese de Doutorado) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, Departamento de Geografia, São Paulo, 2013. TRAVASSOS, L. Revelando os rios: Novos paradigmas para a intervenção em fundos de vale urbanos na Cidade de São Paulo. 2010 (Tese de Doutorado) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010. TRAVASSOS, L. R. F. C.; CARULLI, E. E. . Manejo de águas urbanas e habitação de interesse social: questões de planejamento e projeto. In: Anais do II Seminário Nacional sobre Urbanização de Favelas. URBFAVELAS., 2016, Rio de Janeiro. UNITED STATES. Department of Defense [USDoD]. Unified Facilities Criteria (UFC) Design: Low Impact Development Manual. 96 p. 2004.
Referências
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