Volumetria
Cores e materiais de acabamento
Na análise do entorno, percebe-se nas implantações a ausência de recuos frontais e laterais, enquanto que predomina a existência de recuo de fundos, onde são formados os quintais das casas do séc. XVII e a criação de pátios internos no volume, possibilitando a ventilação e a iluminação. Por possuírem essas características, as edificações acabam ocupando quase todo o lote, tornando a área bastante densa.
A morfologia preexistente, em sua maioria, é prismática, com tipologia sobrado e casa de porta e janela, com fachadas verticais planas e contínuas e telhados de duas águas. Esses tipos de edificações provêm do período colonial, Século XVII e XVIII. As tipologias que ocorrem com maior freqüência são: sobrado, casa de porta e janela e porta e janela modificada. Ver abaixo esquema dessas tipologias.
O que se observa na preexistência é a utilização de diversas cores fachadas, desde tons pastéis até cores vibrantes, geralmente compondo com o branco nos detalhes (contorno das aberturas e no coroamento). A madeiras nas janelas e sacadas com gradil também são bastantes utilizados. Na lateral, as edificações possuem uma cor mais acinzentada, desgastada e apenas suas fachadas recebem pintura.
A edificação proposta segundo a legislação está em CONSONÂNCIA devido seus recuos frontais e laterais nulos e afastamento de fundo, remetendo assim aos quintais; a intervenção ainda adota os pátios internos para questões de iluminação e ventilação. Essas duas intenções projetuais serviram também como diferenciação dos lotes, já que o terreno trabalhado é um remembramento e não se pode perder a noção de parcelamento do solo.
São propostos dois volumes respeitando o parcelamento do solo. Para retomar a volumetria preexistente, são propostas cobertas inclinadas com fachada plana em frente entrando assim em CONSONÂNCIA. Contudo, a coberta sofreu modificações tornando-as descontínuas, gerando assim uma DISSONÂNCIA do entorno, mas marcando a contemporaneidade da edificação.
Nesse aspecto, o projeto de intervenção entra em dissonância com sua preexistência, usando o concreto aparente e elementos metálicos na sua composição de fachadas. Essa atitude foi tomada para marcar a contemporaneidade da construção, se utilizando de novos materiais. Assim, o entorno consegue distinguir o novo do histórico, havendo a sobreposição das diversas camadas do tempo desse espaço preservado.
Implantação
intervenção
arquitetônica Área de Intervenção A área em estudo está localizada no bairro da Boa Vista, importante centro histórico da cidade do Recife. O bairro se insere em uma ZEPH (Zona Especial do Patrimônio Histórico - Cultural), de acordo com a Lei do Uso e Ocupação do Solo da Cidade do Recife. O polígono se encontra em uma área central da cidade, de intenso comércio, fluxo de pessoas e de veículos, próximo a um importante corredor de transporte público localizado na Av. Conde da Boa Vista. Em seu entorno encontram-se a Igreja de São Gonçalo, a Igreja de Santa Cruz, o Mercado da Boa Vista e o Convento do Carmo. Nas imediações existe também uma importante rua conhecida pelo comércio, a Rua de Santa Cruz, que possui um grande fluxo durante o dia, tornando o entorno bastante movimentado.
Lotes encontrados no entorno
casa porta e + janela
sobrado
+
casa porta e janela modificada
Pastilha 10x10
Materiais do Entorno
azulejos
Algumas de suas edificações são remanescentes do Século XVII e XVIII, sendo o conjunto arquitetônico composto majoritariamente por sobrados e casas de porta e janela. Em sua maioria sofreram modificações ao longo dos anos, descaracterizando a arquitetura eclética original, algumas se encontram abandonadas. Boa parte possui uso residencial e o comércio é mais marcante na rua de Santa Cruz. A região abriga também prédios que são destoante das características do entorno, mas em número reduzido.
parede Pintada parede com textura de cimento
x
pátios Internos Recúos marcação do loteamento
Concreto Texturizado
Painéis de Madeira
Materiais da intervenção Volumetria finalizada
Escala
Esquadrias de aço corten
Ao analisar a preexistência, observa-se a predominância de edificações com gabarito de 1 a 3 pavimentos. Neste gabarito, mesmo as edificações que se equiparam em um, dois ou três pavimentos tem pequenas diferenças de altura devido a presença de detalhes nas fachadas e cornijas que marcam o coroamento das mesmas. Assim edificações de um pavimento, por exemplo, variam na altura, de 3 a 4,5m. Poucas edificações possuem um maior gabarito, atingindo 6 a 8 pavimentos. Logo, a edificação proposta está em CONSONÂNCIA com o seu entorno, apresentando dois pavimentos, comum escalonamento dos gabaritos, para reforçar o parcelamento do solo e esculpir melhor a volumetria.
Mapa legislação
IEPS ZEHP - SPA ZEHP - SPR
Referência Sobrados Referência Sobrados
Referência casario
Mapa Tipologias
Densidade ou massa Ao observar o sítio é notável a solidez das edificações construída, com aberturas em madeira ou em vidro nos como nos sobrados, por exemplo. Os cheios predominam sobre os vazios das fenestrações. A nova proposta seguiu essa proporção de mais cheios e menos vazios, apresentando maior densidade. Sendo assim, o projeto está em CONSONÂNCIA, seguindo a densidade presente no entorno. A partir do cálculo da densidade do entorno, foram feitas as aberturas da nova edificação, que apesar de ter um percentual de vazios um pouco maior, são equilibradas pelo uso dos painéis móveis.
Entorno Cheio 70%
vazio 30%
intervenção
Metodologia
Cheio 63%
Ao projetar em sítios históricos torna-se necessário analisar a preexistência. A partir do diagnóstico da área e de suas edificações pode-se tomar partidos e adotar distintas abordagens de relações entre a nova arquitetura e o seu entorno. Essa relação pode ser de CONSONÂNCIA, em harmonia com a preexistência ou de DISSONÂNCIA, antagônica ao seu entorno. “Os novos edifícios construídos em conjuntos protegidos ou na proximidade de monumento tombados tem sua configuração formal externa em grande medida em função das normas vigentes” (ANDRADE JUNIOR, 2006, P.165 ). No que diz respeito aos aspectos formais, um novo edifício realizado em contexto preexistente deve ser analisado, acima de tudo, a partir das relações que estabelece com a arquitetura histórica do entorno. O autor identifica alguns aspectos da forma arquitetônica e os considera dentro de seu contexto urbano. Dessa forma, estabelece seis parâmetros de análise são eles: volumetria, implantação, escala, densidade ou massa, ritmo e cores e texturas dos materiais de acabamento. Para cada um desses aspectos a arquitetura pode ser consonante ou dissonante com a preexistência. densidade ou massa
implantação
dissonante
consonante
cores e matereiais de acabamento
dissonante
consonante
consonante
vazio 37%
Ritmo Em relação ao ritmo, às aberturas são mais verticais, característica dos sobrados da época em que foram construídos. Já as edificações de porta e janela modificadas apresentam aberturas mais largas. As edificações preexistentes possuem ritmo de fenestração semelhante entre elas, com a mesma cadência nas fachadas. O ritmo de fenestração do projeto proposto está em CONSONÂNCIA com a preexistência. Porém, por possuir aberturas um pouco diferente das existentes, o ritmo está marcado nas esquadrias, e nos paineis de corres que vedam algumas partes, permitindo que as aberturas se assemelhem ao sítio. Além do ritmo das aberturas serem consonantes, o ritmo das fachadas também é mantido, pois a ideia do parcelamento do solo não é esquecida nesse aspecto. Portando, há a leitura das fachadas de forma a entende-lás separadamente.
escala
consonante
dissonante
ritmo
dissonante
volumetria
dissonante
consonante
consonante
dissonante
Reservatório Superior
Rua Visconde de Goiana
Telha Canal i=25% + 10.30m + 12.80m
+ 0.30m
Planta de Coberta
escala 1:200
+ 10.30m
Passeio pedestre
Telha Canal i=25%
n
Telha Canal i=25%
Telha Canal i=25%
+ 7.30m
Acesso Edificação
Rua de São Gonçalo
Planta Baixa Térreo Escala 1:125 legenda lojas áreas comuns áreas técnicas áreas verdes circulação horizontal circulação vertical
Planta Primeiro Pavimento Escala 1:125
Planta Segundo Pavimento Escala 1:125 11
10
12
11 12
13
10 9 8
13
detalhe painéis de madeira
corte aa’
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO arquitetura e urbanismo profs.: Nilson pereira e maria de lourdes nóbrega
esc 1:100
corte bb’
esc 1:100
atelier de projeto Viii
intervenção
mapa de traçado dos pedestres
paisagística
percurso realizado pelas pessoas pessoas fluxo de pessoas das 10:55 h - 11:25 h 614 pessoas 20 pessoas / min
A partir da presença de elementos de destaque como a Igreja de São Gonçalo, o Mercado da Boa Vista e a Igreja de Santa Cruz e os 10 passos da caminhabilidade (SPECK, 2016), nosso trabalho busca restabelecer a importância da área de intervenção, que se caracteriza como um eixo conector da cidade do Recife, ligando o sítio histórico estudado as demais áreas da cidade, enquanto busca reforçar a presença das edificações históricas e o traçado original no bairro da Boa Vista.
Os 10 passos da Caminhabilidade 1. Pôr o automóvel em seu lugar 2. Mesclar usos 3. Adequar o estacionamento 4. Deixar o sistema de transporte fluir 5. Proteger o pedestre 6. Acolher as bicicletas 7. Criar bons espaços 8. Plantar árvores 9. Criar faces de ruas agradáveis e singulares 10. Eleger suas prioridades No projeto desenvolvido, foram tomadas decisões a partir da premissa de respeito ao passado e transformações benéficas ao contexto. Na imediação dos monumentos históricos e a partir dos estudos de fluxos, foram criadas áreas de destaque com compartilhamento de ruas e alargamento das calçadas, porém mantendo o perfil original através da demarcação em fio de bronze, e as pedras portuguesas, quando existentes. Com o uso do concreto texturizado, essas novas áreas de passagem e permanência ganham um ar contemporâneo, sem descaracterizar a preexistência. Assim como no estudo de caso, o uso da vegetação proporciona um direcionamento da vista do observador para a Igreja de São Gonçalo, marcando sua monumentalidade e sombreando o percurso, como recomendado por Jeff Speck nos 10 passos da caminhabilidade.
Motos carros pessoas
Placa de concreto 1,20 x 1,00 m
Representação
Especificação Poste para pedestres Poste para carros
em
Pedra portuguesa na cor bege, cortada direto da pedreira Piso Tátil de alerta cravado na paginação 0.3x0.3 m
Candelária Phillips Ref.: bak1296
Quantidade
Tabela de Vegetação
AE
20
Nome Popular
Nome Científico
Altura da Muda
Ver espécies de acordo com a catalogação no mapa de vegetação
Quantidade
11
14 24
Lixeira LenaMMCITÉ
24
Geomeri MMCITÉ Para ciclos EdgetyreMMCITÉ
Representação
60
Bancos Port MMCITÉ Ref.: PQX351
Balizadores Elias- MMCITÉ
Planta baixa - detalhe mercado da boa vista Escala 1:250 n
Tabela de Mobiliário
Tabela de Pisos
Meio-fio Bronze
mapa de permanências
100 1
1
2
Cássia - Imperial
Cassia fistula
1,5m
7
Bischofia
Bischofia javanica
2m
15
1,5m
8
0,3 m
6
3
Rosedá Rosa
4
Jasmim
Lagerstroemia indica Jasminum azoricum
Planta baixa - detalhe intervenção arquitetônica Escala 1:250
9
Piso Tátil de alerta cravado na paginação 0.3x0.3 m
n
Grama Batatais Paspalum Notatum fluegge
213,50 m²
perspectiva Igreja de são Gonçalo
Planta baixa - detalhe Igreja de são gonçalo Escala 1:250
n
n
Planta baixa da área de intervenção paisagística Escala 1:500
perspectiva Rua de Santa Cruz
mobiliários utilizados
bancos
Parada de ônibus
Pedra Portuguesa Pó de Pedra Solo Compactado
Arremate em Concreto Fundação em Concreto
Meio-fio do traçado original em fio de bronze
paisagismo II
Faixa de Rolamento
Fundação em Concreto Meio-fio Terra Preparada : 1/3 de Húmus 1/3 de Argila 1/3 de Terra Vegetal
Fundação em Concreto Meio-fio
lixeiras
Piso de Concreto Subbase de Concreto
Corte BB’ Escala: 1/50
balizadores
Piso Tátil Cravado na Paginação
Piso de Concreto Subbase de Concreto
Pedra Portuguesa Pó de Pedra Solo Compactado Arremate em Concreto Fundação em Concreto
Corte AA’ Escala: 1/50
Alunos: Andressa zerbinatti felipe carvalho thais ferreira