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5. Importância do oceano no combate às alterações climáticas

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10. Bibliografia

10. Bibliografia

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Importância do Oceano no Combate às Alterações Climáticas

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5.1. Alterações Climáticas

O clima no planeta Terra tem vindo a mudar ao longo da história. Só nos últimos 650.000 anos, houve 7 ciclos de avanço e recuo glacial. A temperatura da terra sobe e desce de ano para ano devido a pequenas variações de energia solar que o nosso planeta recebe, mas ao longo do último século tem vindo a subir a uma velocidade 10 vezes mais rápida do que a média, acontecimento sem precedentes na história.

Vários estudos científicos mostram que a temperatura global aumentou quase 1.5ºC desde o início do século XX e, segundo a ONU, 2015, 2016, 2017 e 2018 foram os quatro anos mais quentes registados até hoje.

5.2. Porque estão a Acontecer?

O carbono inorgânico sob forma de dióxido de carbono (CO2) constitui um gás de efeito de estufa, absorvendo calor e libertando-o de forma gradual, mantendo o planeta quente. O aumento de temperatura que temos vindo a testemunhar deve-se ao aumento da emissão de gases de efeito estufa resultantes da atividade humana, que se intensificou bastante desde meados do século XX.

Os gases de efeito estufa acumulam-se na atmosfera e formam uma espécie de cobertor ao redor da terra, aprisionando o calor e aumentando a temperatura média do planeta. Se não tivéssemos CO2 a níveis naturais, a temperatura média do planeta seria -33ºC, em vez de ser 15ºC. Ao longo de centenas de milhares de anos, isto possibilitou um lugar muito seguro para os animais e as plantas viverem, mas ao adicionarmos mais e mais gases de efeito estufa na atmosfera, o cobertor tornou-se cada vez mais espesso, aquecendo o planeta mais do que nunca. 30. Imagem representativa das temperaturas globais anuais entre 1850 e 2017; a escala de cores representa a variação nas temperaturas globais em 1,35 ºC neste período. FONTE: www.climate-lab-book.ac.uk/2018/warming-stripes/

5.3. Previsões e Políticas Europeias

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), o painel do clima da ONU, criou, com base em modelos matemáticos, quatro projeções diferentes para mostrar o que poderá ocorrer com o nosso Planeta no futuro, em diferentes cenários - do optimista ao pessimista. Cada cenário considera o histórico evolutivo de diversos fatores, como a emissão de gases de efeito estufa (GEE) e têm sido utilizados em vários estudos para prever como as diferentes espécies irão reagir em diferentes cenários ambientais.

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No pior cenário, as emissões de GEE continuariam a crescer num ritmo acelerado e, como consequência, a superfície da Terra aqueceria entre 2,6º e 4,8º ao longo deste século, e o nível médio dos oceanos aumentaria entre 45 e 82 centímetros.

Prevenir alterações climáticas perigosas é uma prioridade para a UE, que defende que limitar o aquecimento global abaixo dos 2°C é tecnologicamente possível e economicamente viável e que quanto mais cedo forem tomadas medidas, mais eficazes e menos dispendiosas serão. A UE baseia as suas políticas em dados científicos e acredita que deve dar o exemplo no que respeita à luta contra as alterações climáticas a nível mundial, pelo que define metas vinculativas para os Estados-Membros, para certos períodos de tempo. Após aprovação das metas pelo parlamento europeu, cada Estado-Membro deve elaborar um plano nacional em matéria de energia e clima, o qual inclui metas nacionais, os

31. Não Há Planeta B — um dos slogans das recentes manifestações pelo alerta às alterações climáticas.

27 contributos, as estratégias e as medidas para cada uma das cinco dimensões da União da Energia: a descarbonização, a eficiência energética, a segurança energética, o mercado interno da energia, bem como a investigação, a inovação e a competitividade. Uma vez que as alterações climáticas não conhecem fronteiras, é evidente e fundamental que sejam tomadas medidas a nível internacional. A UE teve um papel decisivo na elaboração da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas, assinada em 1992, e do Protocolo de Quioto de 1997, que limita as emissões de gases com efeito de estufa dos países desenvolvidos.

No entanto, hoje em dia, visto que mais de metade das emissões mundiais provém de países em desenvolvimento, chegou-se a um acordo quanto a um tratado internacional sobre as alterações climáticas que exija a adoção de medidas tanto pelos países desenvolvidos como pelos países em desenvolvimento. Esse acordo foi celebrado na conferência da ONU, COP21, que decorreu em Paris em Dezembro de 2015, e ficou conhecido como o Acordo de Paris, onde 195 países negociaram um plano de ação para manter o aquecimento global muito abaixo dos 2°C em relação aos níveis pré-industriais, preferencialmente em 1,5 ºC, e reforçar a capacidade dos países de responder ao desafio, num contexto de desenvolvimento sustentável.

5.4. Ciclo do Carbono

A compreensão do ciclo do carbono é uma aprendizagem chave no que diz respeito às alterações climáticas. O carbono constitui a base da estrutura de todos os seres vivos: se retirarmos toda a água do nosso corpo, metade da nossa biomassa é carbono. O carbono existente no nosso planeta está constantemente a ser transformado de carbono orgânico para carbono inorgânico e vice-versa, por vários processos que constituem o ciclo do carbono.

O carbono inorgânico da atmosfera é transformado em carbono orgânico através de um processo natural chamado fotossíntese, realizado pelas plantas e certas algas. O carbono orgânico vai sendo transferido em cada etapa da cadeia alimentar de todos os seres vivos, sendo reciclado de novo para carbono inorgânico quando o animal morre, através do processo da decomposição.

Os combustíveis fósseis são formados pela decomposição natural de matéria orgânica, através de um processo que leva milhares de anos. E por este motivo, não são renováveis ao longo da escala de tempo humana, ainda que ao longo de uma escala de tempo geológica esses combustíveis continuem a ser formados pela natureza. Assim, ao queimar os combustíveis fósseis estamos a colocar de volta à atmosfera uma enorme quantidade de carbono, a uma velocidade muito mais rápida do que a velocidade em que foi armazenado, aumentando o efeito natural do efeito estufa, fazendo com que o planeta fique mais quente.

Pelo facto da nossa sociedade industrial de hoje ser ainda, na sua grande maioria, dependente da combustão de combustíveis fósseis para o transporte e produção de energia, torna-se difícil viver sem contribuímos ativamente para este processo.

32. Blocos de carvão fóssil mineral (sob a forma de antracite).

A queima de carvão é uma das principais causas de libertação de carbono e gases com efeito de estufa para a atmosfera, e das consequentes alterações climáticas em curso no planeta. O carbono pode ser encontrado em vários tipos de reservas no nosso planeta: no solo, no oceano e na atmosfera. O equilíbrio do fluxo de carbono entre estas reservas, determina se o CO2 na atmosfera está a aumentar ou a diminuir. O fluxo é constituído por fontes de libertação de CO2 como é o caso da combustão dos combustíveis fósseis e por agentes de fixação de CO2 como é o caso do processo da fotossíntese. Neste momento há um fluxo muito maior de libertação do que de fixação de CO2, que está a causar o aquecimento global.

33. Extração de carvão a céu aberto; a China é hoje o principal produtor de carvão (mais de 48% do total mundial), mas as maiores reservas encontram-se na Rússia, que se estima poderem suportar mais 495 anos de consumo.

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Ciclo rápido e ciclo lento

Na verdade, o ciclo do carbono tem lugar em escalas de tempo tão diferentes - de frações de segundo a muitos milhões de anos - que existem dois ciclos do carbono, um rápido e um lento. O ciclo rápido acontece quando o carbono circula através dos seres vivos e as camadas superficiais do planeta. No entanto este carbono pode acabar por ficar retido no sedimento, e ao longo de grandes períodos de tempo e sob uma enorme pressão, o carbono de antigas zonas pantanosas torna-se em carvão, o esqueleto carbonatado de fitoplâncton torna-se petróleo e gás natural, e conchas e corais transformam-se em calcário.

A maior parte do carbono existente no planeta está nestes reservatórios de longa duração (99,9% como rocha, cerca de 80% como calcário). Em condições naturais demorariam milhões de anos a voltar à atmosfera enquanto CO2, através de processos como a tectónica de placas e os vulcões. Mas conseguimos acelerar este processo com o acender de um fósforo: a queima de combustíveis fósseis e do calcário para fazer cimento instantaneamente libertam este carbono de volta à atmosfera como CO2. Isto acrescenta até cerca de 6 mil milhões de toneladas de carbono emitidos cada ano.

Conceitos que são normalmente associados às alterações climáticas mas que devem ser desmistificados nas escolas

Através da experiência internacional e da nossa própria experiência sabemos que há conceitos que são normalmente associados às alterações climáticas, tanto por estudantes como professores, e que acabam por confundir sobre as verdadeiras causas e efeitos das alterações climáticas. Consideramos que a compreensão do ciclo do carbono, a forma como se move entre fontes e reservatórios, é um conceito-chave para consolidar os conhecimentos e adquirir as competências que necessitamos para uma sociedade informada e participativa perante este desafio. 29 E o buraco do ozono? Não está relacionado com as alterações climáticas?

É frequente que se associe o fenómeno do buraco na camada do ozono ao aumento da temperatura global e consequentemente às alterações climáticas. Esta associação advém da atenção internacional que este tema teve há algumas décadas, que originou um acordo internacional (Protocolo de Montreal) no final dos anos 80. Apesar de se estar a verificar uma regressão nesta anomalia na atmosfera com origem nas atividades humanas, não existe uma relação direta comprovada com as alterações climáticas.

A camada do ozono, que se localiza nas camadas superiores da atmosfera, é um escudo protetor da Terra contra as radiações ultravioleta (UV) com origem no sol e efeitos negativos sobre os organismos vivos. A atividade humana, nomeadamente a emissão de clorofluorocarbonetos (CFCs), substâncias que eram largamente usadas em sprays, frigoríficos e sistemas de refrigeração, levou ao enfraquecimento da camada e aparecimento de um “buraco” no hemisfério sul perto do Pólo. Apesar maior entrada de radiação UV nesta região, o seu efeito é maior no arrefecimento da estratosfera que o aquecimento da troposfera. Assim, este aumento dos raios UV não explica o aquecimento do planeta a que temos vindo a assistir.

As florestas são importantes para mim porque produzem o oxigénio que eu respiro

Um dos processos que acaba por ser apreendido pela maioria dos alunos com sucesso é a fotossíntese. Assim, quando pensam florestas (terrestres ou marinhas) e porque são importantes para nós estabelecem uma associação direta e individual às florestas enquanto ecossistemas que lhes fornecem oxigénio, sendo os seus outros serviços ecológicos, como o ciclo de nutrientes ou o ciclo de carbono, deixados para segundo plano. Tendo em conta o cenário de emergência climática é importante que os alunos consigam também adquirir outros conceitos, nomeadamente a sua importância enquanto reservatórios de carbono, nomeadamente os ecossistemas costeiros, que

podem armazenar o carbono no sedimento por centenas ou mesmo milhares de anos.

5.5. Qual é o Papel do Oceano na Regulação do Clima?

O Oceano exerce um controlo fundamental sobre o clima e as condições meteorológicas. Transporta energia e domina os ciclos da água e do carbono, moderando as oscilações de temperatura e mantendo a estabilidade da composição da atmosfera. Uma das formas pelas quais o oceano afeta a meteorologia e o clima é através do seu papel em manter o calor no nosso planeta. A maioria da radiação que vem do sol é absorvida pelo oceano, particularmente nas águas tropicais do equador, onde funciona como uma caldeira aquecida por um painel solar gigante. Mas o seu papel não se limita ao armazenamento: ele também ajuda a distribuir o calor no planeta. Através da evaporação, dá-se um aumento de temperatura e de humidade no ar circundante, que forma chuvas e tempestades que são transportadas pelo vento (o que é especialmente evidente onde a evaporação é maior - nos trópicos). Em outras áreas do globo os padrões meteorológicos são conduzidos principalmente pelas correntes oceânicas. As correntes são os movimentos de água do mar num fluxo contínuo, que se geram não só devido aos ventos de superfície, mas também pelos gradientes de salinidade e temperatura, a rotação da Terra e as marés.

As correntes oceânicas transportam água aquecida e precipitação do equador para os pólos, e água arrefecida dos pólos para o equador. Assim, as correntes oceânicas regulam o clima global, ajudando a contrariar a distribuição desigual de radiação solar que atinge diferentes partes do globo. Sem elas as temperaturas regionais

34. Distribuição de calor através das correntes oceânicas.

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seriam mais extremas - muito quentes no equador e frias nos pólos - e superfície da Terra habitável seria muito menor.

5.6. Como é que as Alterações Climáticas afetam o Oceano?

Um relatório do IPCC apresentado na Conferência do Clima da ONU (Setembro 2019) revela que as consequências da crise climática serão dramáticas no oceano. O oceano já absorveu um quarto das emissões de GEE desde os anos 80 do séc. XX. Como consequência a temperatura da água do mar subiu (o que provoca sua a expansão e subida do nível médio do mar), o oceano está mais ácido (o que traz consequências para animais que aí vivem, nomeadamente os que têm conchas de carbonato). A concentração de O2 também desceu, levando a um aumento de “dead zones”. E a frequência, intensidade e extensão das ondas de calor marinhas, como a que recentemente devastou a Grande Barreira de Coral da Austrália aumentaram. Prevê-se que 70-90% dos corais não irão sobreviver a um aquecimento de 1,5ºC comparativamente a níveis pré-industriais. Com um aquecimento de 2ºC a previsão

35. Perturbações no ciclo global do carbono devido a fatores antropogénicos; valores médios para a década de 2008-2017. 31 é de que todos se irão perder, o que não é apenas uma catástrofe ambiental já que ~500 mil milhões de pessoas dependem dos peixes que vivem nos recifes de coral como a sua principal fonte de proteína.

E agora?

De acordo com o IPCC da ONU, são necessárias mudanças urgentes e sem precedentes para evitar a catástrofe associada às alterações climáticas. Apesar de já estarem a ser feitos esforços para reduzir a produção de GEE, não são suficientes para impedir os impactos da crise climática. É por isso essencial que consigamos encontrar formas de reduzir drasticamente a quantidade de gases já na atmosfera. Esta mitigação terá de ser feita atuando nas fontes - diminuição das emissões através da transição para uma economia de baixo carbono - e atuando nos “sumidouros” de carbono, os ecossistemas naturais capazes de captar e armazenar grandes quantidades de dióxido de carbono - proteção dos que ainda existem e restauro dos que foram perdidos.

Adaptado de Queré et al 2018 (18)

5.7. Carbono Azul

Os mangais, sapais e pradarias marinhas actuam como reservatórios naturais de CO2, ou “sumidouros” de carbono. A importância dos ecossistemas marinhos e costeiros no sequestro e armazenamento de CO2 tornou-se cada vez mais evidente nos últimos anos, e levou a que surgisse o termo “carbono azul” para dar destaque a este papel. O carbono azul é o carbono armazenado em ecossistemas marinhos e costeiros. Os sistemas costeiros sequestram e armazenam mais carbono por unidade de área que as florestas terrestres. Quando estes ecossistemas são degradados ou destruídos, a sua capacidade de sumidouros de carbono é perdida (17). A degradação e perda destes ecossistemas tem dois efeitos nas emissões de carbono:

1. Os habitats perdem a sua função de capturar e armazenar carbono, prejudicando o seu potencial de contribuir para o equilíbrio de fluxos de carbono no planeta contrabalanceando as emissões humanas no combate às alterações climáticas; 2. As grandes quantidades de carbono que estavam sequestrada a longo prazo nesses ecossistemas é libertada, aumentando os níveis de CO2 na atmosfera, e transformando estes sumidouros naturais em fontes de emissões de carbono.

5.8. De que forma é que a Proteção das Pradarias Marinhas Contribui para Combater as Alterações Climáticas?

A razão pela qual os sistemas costeiros são tão eficientes na captura e armazenamento de carbono é explicada pelo balanço entre dois processos: — Sequestro

É o processo através do qual o CO2 presente na atmosfera é capturado pelas plantas, durante a fotossíntese. Algum deste carbono é perdido de volta para a atmosfera através da respiração. O restante é armazenado nas folhas e rizomas das plantas. Uma vez que as pradarias marinhas são sistemas com elevada produtividade, isto significa nelas ocorre taxas elevadas de fotossíntese, e consequentemente muita captura de carbono da atmosfera. — Armazenamento

Quando morrem, as folhas e rizomas com carbono acabam por ficar enterrados no solo, cobertos por água na zona entremarés. Este ambiente pobre em oxigénio faz com que a decomposição dos materiais da planta seja muito lenta, o que resulta num armazenamento de carbono significativo. Assim, dadas as características físico-químicas e biológicas do meio, o carbono que é absorvido pelas plantas fica indisponível para voltar à atmosfera durante muito tempo, o que faz das pradarias marinhas excelentes reservatórios de carbono do planeta.

36-37. 83% do ciclo de carbono global circula pelo oceano.

Apesar dos habitats costeiros cobrirem menos de 2% da área total do oceano, contribuem para aproximadamente 50% do carbono total sequestrado nos sedimentos oceânicos (16) > (à direita)

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33 36. Taxas médias de sequestro de carbono a longo prazo (gC/m2/ano) nos solos das florestas terrestres e nos sedimentos dos ecossistemas costeiros com vegetação (7)

37. Médias globais de armazenamento de carbono (carbono orgânico no solo e na biomassa viva) pelos habitats costeiros e comparação com as florestas tropicais (18)

38. O carbono é capturado através da fotossíntese (setas violetas) pelos mangais, sapais e pradarias marinhas, onde fica sequestrado / armazenado em biomassa lenhosa e no solo (setas vermelhas). Uma pequena parte deste carbono volta à atmosfera através da respiração (setas pretas).

LIBERTAÇÃO de CARBONO Na natureza algum carbono é libertado de volta para a atmosfera através da respiração e dos processos de decomposição.

ARMAZENAMENTO de CARBONO Uma enorme quantidade de carbono é enterrada e armazenada no solo, sob a forma de folhas mortas, ramos e raízes, frequentemente cobertas por sedimentos tidais como acontece nos habitats costeiros como mangais, sapais e pradarias marinhas. A escassez de oxigénio nestes sedimentos costeiros torna muito lentos os processos de decomposição, permitindo uma grande capacidade de armazenamento de carbono nos mesmos.

SEQUESTRO de CARBONO O dióxido de carbono (CO2) da atmosfera é capturado pelas plantas pelo processo de fotossíntese e incorporado em biomassa vegetal.

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5.9. O que Podemos Fazer?

Conservar e restaurar florestas terrestres é desde há muito reconhecido como uma componente importante da mitigação das alterações climáticas. Esta abordagem também pode ser aplicada aos sistemas costeiros - que são reservatórios ricos de carbono. Esforços de conservação dedicados às pradarias marinhas podem assegurar que continuam a desempenhar o seu papel como sumidouros de carbono de longa duração, assegurando que não há novas emissões resultantes da sua perda ou degradação, e estimulando ao mesmo tempo que continuam ou potenciam o seu sequestro de carbono atmosférico.

Quem está envolvido na proteção, gestão e conservação das pradarias marinhas?

— A admnistração pública: a nível local, nacional e internacional; — Os setores profissionais envolvidos na gestão do meio marinho; — Organizações da sociedade civil: ONGs, associações e redes de voluntariado; — Os agentes e setores com possível impacto ambiental sobre as pradarias (urbanismo, agricultura, indústrias, pescas, turismo recreativo, obras e infraestruturas); — Os organismos com competência de vigilância, denúncia e sanção; — Os agentes de investigação, educação e comunicação (comunidade científica, comunidade científica, empresas de I&D e meios de comunicação); — Os utilizadores do mar (profissionais e recreativos); — Todos os cidadãos.

O público em geral sente-se frequentemente impotente face à magnitude dos cenários pessimistas. É, no entanto, crucial entender que cada ação individual conta, mesmo que pequena. Existem muitas formas de criar um impacto positivo para a proteção de pradarias marinhas.

Exemplos práticos para os professores:

1. Torne-se um mensageiro das pradarias marinhas: dê a conhecer este habitat aos seus alunos e a outros professores, alargando esta mensagem a toda a comunidade educativa;

35 2. Seja uma voz ativa: partilhe o seu conhecimento sobre os benefícios das pradarias marinhas para todos nós; 3. Procure saber se existem ervas marinhas na zona onde mora, leciona ou passa férias; em caso afirmativo, informe-se sobre o estado de conservação e das ameaças a que estão sujeitas; 4. Informe-se junto das entidades competentes quais são as estratégias que estão a ser seguidas para a conservação das pradarias marinhas; 5. Não perca a oportunidade de conversar sobre este tema com conhecidos com poder de reduzir as ameaças e melhorar o estado das pradarias; sensibilize os seus alunos para a oportunidade que estas conversas podem representar;

39. De Foundation Peau Bleue.

40. Ação de monitorização no âmbito da iniciativa “Guardiãs do Mar”.

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41. Plataformas de ciência cidadã Seagrass spotter (em cima) e Marine Forests (à direita).

37 6. Promova debates na sua escola sobre o potencial da proteção dos ecossistemas costeiros na mitigação das alterações climáticas; 7. Sempre que possível leve os seus alunos a conhecer de perto este habitat; no estuário do Sado poderão vê-las ao vivo na maré baixa na praia de Tróia-Mar, e aproveitar os painéis interpretativos presentes na entrada da praia e no catamaran; 8. Colabore em projetos com foco na conservação e restauro de pradarias marinhas e outros ecossistemas costeiros.

Exemplos práticos para os alunos:

1. Usa a tua presença nas redes sociais para criares um impacto positivo nas pradarias: tira uma selfie nas pradarias; faz ou partilha publicações acerca das pradarias ou das criaturas marinhas fixes que nelas habitam; segue páginas e partilha vídeos, fotos ou informação sobre pradarias no Facebook e Instagram (sugestões: Ocean Alive, Marine Forests, Project Seagrass); 2. Participa num projeto de ciência-cidadã: usa as aplicações grátis Seagrass Spotter e iNaturalist para fotografar as pradarias marinhas ou a vida que elas albergam; colabora com o Marine Forests; os dados carregados nestas plataformas são carregados para uma base de dados mundial e permitem aos cientistas avaliar a distribuição e estado do habitat no planeta; 3. Passa para o próximo nível: cria o teu próprio grupo para ajudar a monitorizar áreas com ervas marinhas; podes encontrar toda a informação no site Seagrass Watch ou contatar a Ocean Alive para saber como ajudar no estuário do Sado; 4. Dá o teu tempo ou o teu contributo financeiro a uma organização ambiental; seja para replantar árvores, participar numa ação de limpeza, dedicar tempo a ensinar um grupo de jovens ou doar a uma organização que gostes, a tua ação conta; os nossos futuros e ecossistemas estão interligados.

Outras formas de ação:

1. Falar com os pescadores, quando surge a oportunidade, sobre o perigo de abandonar as redes de pesca e praticar a pesca do arrasto em zonas com pradarias marinhas;

2. Ajudar na construção de um sistema de bóias para a ancoragem e falar dos benefícios das amarrações amigas do ambiente aos utilizadores de barcos profissionais e recreativos;

3. Colaborar na limpeza do fundo marinho levando o lixo que encontra no estuário e nas praias, para os locais adequados; 4. Sensibilizar os agricultores para o problema do uso de fertilizantes químicos que frequentemente se infiltram em lençóis freáticos e nos rios, levando à eutrofização do meio, herbicidas e pesticidas.

Notas de esperança

O tema do ambiente e alterações climáticas está cada vez mais nas escolas e perto dos jovens, e são eles que estão a conduzir um movimento internacional que exige mudanças de paradigma. Inspirados pela carismática jovem sueca Greta Thunberg, milhões de crianças e jovens em todo o mundo já aderiram ao movimento Fridays for Future. O objetivo deste movimento de jovens é sublinhar a urgência na ação e exigir medidas aos governos e decisores políticos que estejam de acordo com os pareceres científicos, limitando as emissões e pressionando para que os acordos internacionais, nomeadamente o Acordo de Paris, sejam cumpridos. O que começou por uma iniciativa de uma adolescente, que passou a fazer greve às aulas às sextas-feiras para se manifestar no exterior do parlamento sueco, com um cartaz onde estava escrito “Greve às aulas pelo clima” incendiou um movimento internacional que juntou milhões de jovens já levou à aprovação de declarações de emergência climática por parte de várias nações. Mais info: https://greveclimaestudantil.wixsite.com/greveclimaticapt Um estudo publicado muito recentemente na Nature Communications por investigadores do CCMAR mostra que após décadas de intenso declínio, as pradarias de ervas marinhas europeias mostram sinais de recuperação e menores taxas de perda. Esta conclusão é encorajadora para os esforços de conservação de ervas marinhas, pois sugere que medidas de gestão como a implementação de áreas marinhas protegidas e a redução da descarga de nutrientes pode ter resultados positivos (19) .

Projeto Guardiãs do Mar — um exemplo de ação pelo clima no estuário do Sado

A ação da Ocean Alive é um exemplo de como podemos ter um contributo local para este problema global. O projeto da Ocean Alive é focado no estuário do Sado, onde as pradarias marinhas são o habitat berçário das presas de uma população residente de golfinhos e do peixe e marisco da comunidade piscatória. As “Guardiãs do mar” é uma iniciativa que contribui para o combate à crise climática, através da proteção das pradarias marinhas com o envolvimento das mulheres da comunidade piscatória. As Guardiãs do mar são catalisadoras de mudanças de comportamento na comunidade: divulgam as pradarias marinhas do Sado entre os alunos e o público em geral em ações do programa educativo, sensibilizam os seus pares para a adoção de boas-práticas de conservação em campanhas de sensibilização e colaboraram com os cientistas na recolha de dados geográficos que permitam monitorizar o seu estado. Mais info: www.ocean-alive.org

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39 42. Mapeamento colaborativo das pradarias marinhas no Sado.

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