Stacey kade the ghost and the goth 03 body and soul

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O Esp铆rito

...

O G贸tico

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Alona Dare/Lily Turner Malachi, o Magnífico, Consultor das Estrelas, tinha uma loja em um shopping center sujo entre uma lavanderia decadente e um salão de beleza fechado com um grande adesivo laranja do departamento de saúde estampado em sua porta. Não poderia ser mais magnífico nem se ele tentasse. Meu coração afundou. Era esse o cara que estávamos procurando para nos ajudar em assuntos de vida ou morte? Olhei para Will no banco de motorista. — Você está brincando, certo? — Qual o problema? — ele perguntou, virando para o lote em ruínas e cheio de buracos que estava - surpresa, surpresa basicamente vazio, mesmo nessa quente e ensolarada tarde de sextafeira. — Olhe para esse lugar! Está a seis segundos de ser fechado pela polícia... Ou departamento de Saúde e a Vigilância Sanitária. — Estremeci. Ao menos, Madame Selena tinha o seu próprio local... A dezesseis centímetros da borda da estrada, mas enfim. E ela tinha um

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turbante. Diga o que quiser, mas com certeza adicionou um ar de mistério a ela, tipo como o que, exatamente, ela escondia debaixo dele. — Aparências enganam, — Will me olhou incisivamente. Empurrei o cabelo dela… Quer dizer, meu fino cabelo castanho longe dos meus olhos e o encarei. — Oh, haha, muito engraçado. Estou presa no corpo de Lily Turner há quase um mês. Minha bem intencionada tentativa como um espírito de simplesmente pegar o corpo dela emprestado para falar com os vivos saiu pela culatra. E agora eu tenho que fingir ser Lily. Ou tentar, tanto faz. Eu sou uma especialista em fingir. Passei muitos anos e muito mais esforços convencendo as pessoas de que a perfeita e sem problemas, Alona Dare que eles conheciam e pareciam amar era a real, ao invés, de uma cuidadosamente elaborada e mantida máscara. Mas ser outra pessoa - alguém que nunca conheci - aquilo era difícil, mesmo com as minhas habilidades. Eu li o diário da Lily (revoltantemente cheio da sua paixão por Ben Rogers - eca), revi o conteúdo do patético guarda-roupa dela, e cavei nas profundezas do armário de remédios dela (maquiagem barata na cor errada e um frasco de antibióticos vencidos - entediante). Mas nada disso me disse como ser ela, especialmente ao redor da família. E eu estava falhando... Miseravelmente. Não sabia a cor favorita dela, que ela era alérgica a morangos (descobri da pior maneira) ou que ela odiava a antiga música dos Backstreet Boys, “Everybody”, que o irmão mais novo dela, Tyler, ouvia sem parar só para irritá-la. Eu apenas ignorei e considerei que isso era outra prova do mau gosto do Tyler, em música, dessa vez, ao invés de roupas.

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Trauma e lesão cerebral poderiam explicar algo, mas não o bastante. Os Turners me deram espaço no começo para me “ajustar”, mas agora, sem surpresas, a Senhora Turner estava pressionando por mais tempo, mais interação... Apenas mais de mim. E eu não podia fazer isso. Não podia ser a Lily deles mesmo se eu quisesse… e num jeito estranho e engraçado, eu queria. Não culpava os Turners, e não queria magoá-los - eles eram tão pacientes e legais comigo - mas eu me sentia como se não pudesse respirar com toda essa pressão. Pressão não apenas de ser Lily Turner, mas de ser a Lily certa, aquela que eles se lembravam. E Will não ajudou em nada. As experiências dele com a Lily foram apenas no colégio. Ele não sabia quase nada da vida dela, ao menos nada em especial que pudesse ser útil. A amiga deles, Joonie, poderia ter mais informações, dada a queda que ela tinha pela Lily, e ela até ligou algumas vezes lá de Boston para “me” checar, depois de descobrir que acordei de um coma. Mas, mantive a conversa o mais curta e genérica possível, fingindo perda de memória. Ela soava como se estivesse vivendo bem com a sua irmã, realmente, e a última coisa que eu queria era falar ou fazer algo que poderia fazê-la se preocupar e voltar correndo para cá. Não é uma boa ideia por muitos motivos. Então, em poucas palavras, essa coisa de ser a Lily era uma bagunça. Eu precisava estar fora dela o mais brevemente possível, mas definitivamente antes do início das aulas em duas semanas. Essa era a única coisa que poderia piorar a situação - voltar para a escola como Lily Turner. Ou como uma caloura.

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Mas era mais fácil falar do que fazer. O que consegui fazer era raro - nunca se ouviu falar de possuir um corpo, não importa por quanto tempo. Sair seria um puta truque. Manter Lily viva sem mim seria outro. O corpo dela era agora, em teoria, dependente da energia que o meu espírito providenciava. Então, mesmo que conseguíssemos me tirar daqui, eu não sairia a menos que conseguisse salvar Lily também - uma forma de trazer o espírito dela de volta da luz, algum tipo de energia substituta ou algo do tipo. Realmente, estávamos procurando dois milagres pelo preço de um. Porém, depois de apenas algumas semanas, esgotamos todas as nossas semi brilhantes ideias e chegamos a medidas desesperadas. Aceitamos qualquer coisa agora, qualquer pista na direção certa. Por isso, Malachi, o suposto Magnífico. — Então, o que tem de tão especial nesse? — Perguntei enquanto Will entrava no estacionamento. — Quer dizer, fora aumentar a probabilidade de pegar hepatite. — Olhei para o salão e estremeci de novo. Malachi era o terceiro “Médium Psíquico” (vulgo charlatão) que vimos nas últimas semanas. E francamente, ele não parecia mais promissor que os outros. — Tem uma estrela em seu nome... Acho — Will disse, desligando o motor. — Você acha? — exigi. Ele se mexeu desconfortável no assento. — Não é exatamente certo, ok? Tenho quase certeza de que é uma estrela.

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— Então, para esclarecer, nós estamos nesse lugar todo bagunçado por causa de um possível rabisco? Ele me encarou, irritado. — Hey, nós já discutimos isso. Se você tiver ideias melhores… —

Só...

Deixe-me

ver

novamente.

Balancei

a

mão

impacientemente num gesto de “me dá”. Ele me olhou, mas se virou de lado para alcançar o bolso traseiro, e eu tentei não notar que fazer isso fazia a camiseta ficar mais justa no peito dele e deixa-lo mais perto de mim. Tipo, perto o bastante para tocar. Calor subiu do meu pescoço para o rosto e desviei o olhar, torcendo para ele não perceber. Deus. Essa coisa de corpo tecnicamente, nesse caso, acho que era o corpo dele e a minha reação a ele - estava me matando. Não poderia ser incorpórea novamente? Agora? Não gostava dessa… Intensidade da carne. Era fora de controle e eu NÃO ficava assim fora de controle. — Aqui. — Ele bateu no meu braço com a palma de sua mão, segurando um retângulo cuidadosamente dobrado de papel amarelo. Tirei dos seus dedos e ele inspirou pela boca. — Cuidado! Will tratava a folha como um artefato de outra época, e suponho que para ele, realmente era. Depois que todas as nossas fontes (basicamente a internet) falharam em produzir resultados sobre a minha situação - ou realmente qualquer informação além de chamar um padre - Will fuçou em algumas caixas do seu pai no porão. A maioria era lixo que a mãe dele não conseguia jogar fora - pacotes de chiclete pela metade, velhos cartões de aniverário da avó dele, uma

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garrafa quase vazia de colônia, uma fita de secretária eletrônica, lista de compras com a letra ilegível do pai de Will. Imagino que Will estivesse esperando por um diário secreto - algo detalhado sobre a luta que seu pai teve ao ser capaz de falar com fantasmas através dos anos - que a mãe dele tinha se esquecido de alguma forma ou classificado como uma tentativa de escrever um livro de ficção. Sei que ele queria saber lidar melhor com quem seu pai era, o tipo de pessoa que ele fora, uma vez que ele mentiu a vida inteira. Mas não havia nada disso nas caixas. E que fique claro, as minhas esperanças

também

morreram

que

ele

não

encontrou,

convenientemente, um pequeno frasco etiquetado “Emergência: só quando o seu guia espiritual ficar preso num corpo”. Então… Sem diários, sem garrafa com fórmula secreta, entretanto, escondido no mapa da cidade de Decatur, havia uma folha dobrada e arrancada da secção P da lista telefônica. Especificamente, a secção Psíquica. Mas o que interessou Will foram as marcas estranhas e os rabiscos do pai perto de alguns nomes/anúncios, mesmo que nós não tivéssemos a menor ideia do que eles significavam. O pai de Will era um mistério para ele, então não importava o quão indecifráveis eram as mensagens, ainda era mais do que ele tinha antes. Pelo que me disse, o pai dele nunca foi de conversar sobre o dom que tinham. Daniel Killian preferia fingir que tudo estava bem, não importando o fardo que pesava nele e no filho. Particularmente, acho que era muito desagradável da parte dele, tendo em conta especialmente depois que ele deixou Will e na mãe dele há alguns anos. Mas, tanto faz. Talvez eu não seja a melhor jurada de comportamento familiar.

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Soltei a respiração e fiz um esforço deliberado para desdobrar a folha com cuidado, e Will relaxou um pouco. Ele tinha razão - as linhas onde o papel foi dobrado já estavam ficando frágeis do dobra-desdobra que fizemos nas últimas semanas. Se fosse um documento histórico, poderia estar em melhor situação - pergaminho ou o que quer que eles usassem para escrever antigamente teria se mantido melhor do que esse papel barato. Os psíquicos dividiam espaço na lista com gerentes de imóveis e fabricantes de próteses. O anuncio do Malachi, o Magnífico (Deus, ele não podia soar mais como mágico de festas infantis?) foi circulado várias vezes, forte o bastante para marcar a página, e tinha algo que parecia com uma estrela nele. Ou um borrão de tinta. Suspirei. A teoria do Will era de que o pai devia ter visitado essas pessoas por alguma razão, talvez como trabalho para a Ordem. A data de publicação, a data em pequenas letras no fim da página, dizia que ela fora impressa há cinco anos, bem na época em que o pai de Will finalmente desistiu de trabalhar para eles. A Ordem dos Guardiões era, em sua essência, um grupo de pessoas capazes de falar com fantasmas, que tomaram o trabalho de salvar a humanidade viva, de nós, espíritos malvados. Não importava que fantasmas foram vivos um dia. Lily e eu quase sucumbimos ao implacável serviço de proteção deles. Will e eu não somos exatamente os maiores fãs deles ultimamente, e o sentimento era mútuo, provavelmente. Will teve notícias deles apenas uma vez após tudo o que aconteceu. Até onde sei, a maioria dos líderes pensavam que Lily se recuperou e Will não estava mais interessado em fazer parte da

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organização para o desapontamento deles. Quem sabia que havia testemunhado o que aconteceu no armário do zelador no hospital - meu palpite era que ele estava quieto para evitar perder o controle sobre sua divisão. Ele andou abusando de sua autoridade... E sua filha. Entretanto, a Ordem tinha uns jogadores poderosos, e se eles estivessem interessados nesses “psíquicos”, talvez algum deles tivesse alguma utilidade. Talvez alguém soubesse de algo que nós não sabíamos. Não seria muito difícil: na maior parte do tempo parecia que não sabíamos de nada. Dobrando a página e devolvendo-a para Will, contudo, percebi algo que não havia visto antes. — O outro lado disso é... Ele focou a atenção no volante, passando o polegar por um corte no plástico. — Eu sei. A secção anterior a Psíquicos? Psiquiatras. O pai de Will não era louco como a mãe dele e os outros suspeitavam, mas depressivo? Hm, é. Pessoas não se se jogam em trilhos de trem porque estão se sentindo bem. — Você tem certeza que ele guardou isso por causa dos psíquicos ou... Ele apenas me encarou. Ups. — Ok, então. Deixa para lá. — Will tinha algumas feridas. Essa era uma delas. Terminei de dobrar e entreguei a ele. Ele pegou e colocou no bolso traseiro. — Ele não fez nenhuma marca na página de psiquiatras. Não nessa nem naquelas que estão na lista. Eu chequei.

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— Eu não quis dizer que ele... — Deixa para lá, tá? — Ele abriu a porta do carro e saiu sem esperar por uma resposta. Hey, olha isso. Eu podia irritar pessoas mesmo quando estava tentando ser legal. Uma pena não ter percebido esse talento antes. Poderia ter me salvado do esforço de dizer todos esses insultos perfeitamente direcionados. O segui, saindo do carro com mais empenho do que necessário. A minha perna esquerda estava rígida por sentar em cima dela pelos vinte minutos que levou para chegarmos aqui. Rangi os dentes, me forçando a ficar em pé de qualquer fora. Eu odiava isso. Tão quebrada e desajeitada... Nada como eu. Passei anos treinando, malhando e não comendo para ter o meu corpo, aquele que eu tinha antes. Eu era Capitã das Líderes de Torcida, gente; isso é mais que boa genética. É trabalho. Mas Lily... Ela era mais baixa, mais suave, mais curvilínea. Não gorda, exatamente, mas não a atleta que eu era. Nem chegava perto. E não me fale sobre a falta de jeito. Se havia algo para tropeçar num raio de dez metros, ela achava... Da maneira mais difícil. Parte disso porque esse corpo esteve em coma por boa parte do ano, e parte pelo acidente que a colocou aqui. Eu tinha sessões de terapia semanais para tratar disso e com sorte conseguir que esse corpo de volta ao ponto em que eu possa me exercitar. Mas grande parte nunca seria “consertada”. Era apenas ela. E agora, eu. Eu recuei, fechei a porta… E escorreguei nos cascalhos soltos no chão. Tentei alcançar a maçaneta da porta para me segurar, mas estava muito longe. Me preparei para o impacto de quebrar ossos com

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o chão, mas mãos me pegaram no último momento, me segurando contra um sólido e quente corpo. — Você está bem? — A voz de Will soou em choque. — Eu estava dando a volta para te ajudar. Os braços dele estavam ao meu redor sob o largo peito de Lily... meu - outra grande diferença, francamente - e eu podia sentir a batida do coração dele acelerando em minhas costas. Eu o assustei. E a mim também. — Bem. Estou... Bem. Pode soltar. — Mas ele não o fez, provavelmente porque envolvia me deixar cair. Meu rosto queimava, conforme eu imaginava como eu devia ter parecido, batendo e caindo como um desastre total. Uma vez que fiquei de pé, ele me soltou. Arrumei a minha blusa - um baby-doll amarela medonho - e passei a mão pelo cabelo, eca, castanho de Lily antes de virar o rosto para ele. — Obrigada, — disse a contragosto. — De nada. — Ele se ergueu. Sua pele era muito pálida e ele ainda se vestia como o anjo da morte numa camiseta preta e jeans escuros. Três argolas prateadas em sua orelha brilhavam contra o seu cabelo preto, adicionando para a imagem de nada-além-de-problema. Mas os olhos dele, azuis de gelo, que uma vez pensei serem frios e bizarros, agora faziam coisas engraçadas ao meu interior quando ele me olhava tão intensamente como agora, a testa franzida. Isso me fez querer avançar nele, mas não como no futebol. Quer dizer, o método era o mesmo, mas não o propósito. Um sorriso surgiu no canto dos lábios dele. — Você está encarando, — ele disse.

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Droga. Meu rosto ficou quente novamente e eu virei para a loja de Malachi. O rubor era outro efeito colateral desse corpo idiota. Quando eu era um espírito, sentia coisas, claro, mas era fraco, meras sombras dessa intensidade. — Então, qual é o plano? — Perguntei sobre meu ombro, dando o meu melhor para fingir que os últimos três minutos não aconteceram. — O mesmo da última vez? Com os últimos videntes falsos, Will pedia para se comunicar com a falecida recentemente tia Maria... Que é claro, não existia. Mas, eles nunca falharam em aparecer com descrições detalhadas dela, obviamente baseadas na aparência de Will e sempre diziam a ele o quão feliz ela estava. Nenhum deles se incomodou em explicar que alguns espíritos eram - em sua maioria - inacessíveis. Só os que têm assuntos pendentes e decidem ficar por aqui após a morte - no Meio Termo como Wil chamava - podiam se comunicar. E o dinheiro que cobravam por essa roubada? Ridículo. Já gastamos quase todo o dinheiro que Will ganhou na breve carreira de garçom. Havia muito dinheiro a se fazer nessa área, especialmente num negócio de verdade. Não que Will sequer considerasse isso. Will me alcançou na calçada que levava à loja de Malachi e foi adiante para segurar a porta. — É, acho que a história da Tia Maria funciona... Ele parou de repente o bastante para eu bater em suas costas, meu nariz colidindo em seu ombro. Baixa! Eu era baixa, droga! Com os olhos se enchendo de água, tropecei. — E andar, não? — exigi, esfregando o meu nariz que ardia.

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Ele não respondeu, apenas ficou ali, a cabeça inclinada para o lado, olhando o interior da loja de Malachi. Um arrepio percorreu a minha pele. — O que é? O que há de errado? — Há fantasmas aqui, — ele disse baixo sobre o ombro. — Mais que o normal. Fantasmas estão em todo lugar, como aprendi após a minha morte e volta como espírito. Mesmo nas lojas dos outros videntes falsos, havia uns fantasmas por aí, atrás de alguns clientes, pessoas a quem eram atraídos ou um ou dois que podiam ler a placa de “Psíquico” e esperavam que fosse verdade. — Sério? — Segurando o braço de Will em busca de equilíbrio, me apoiei nele para olhar. Não que eu pudesse ver algo. Mesmo que aparentemente, eu pudesse ouvir espíritos - um efeito colateral de ser um espírito enfiado num corpo, ou talvez porque fui presa no corpo de Lily durante uma experiência de quase morte, não temos certeza – vêlos não é meu forte. Olhei e tudo que vi foram umas imagens borradas, pontos desfocados que não tinham uma fonte discernível. Minha visão de fantasmas retornando? Ou uma terrível limpeza nas janelas de Malachi? — Certeza? — Perguntei a Will. — Um cara com um chapéu tipo Lincoln está conversando com uma mulher de camisola e... — Ele inclinou-se para dar uma melhor olhada. — Há uma garota vestida para férias de primavera na praia, e um cara no canto mais afastado segurando o que parece ser um braço decapitado. O dele.

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Empurrei-me de volta. — Eca. Malachi é de verdade? — Você pensaria que se fosse isso, ele se mudaria para o lado menos sujo da cidade. — A menos que seja uma festa de fantasia dando muito errado... Talvez. — Will virou o rosto para mim, a tensão visível vibrando por ele. — A palavra chave aqui é ser sutil. Não podemos entrar e deixá-los saber que podemos vê-los. Dei de ombros. Por mim tudo bem. — Ou ouvi-los. — Ele adicionou. Fiz um som exasperado. — Tá, tudo bem, tanto faz. — Hey, estou falando sério. — Ele estendeu a mão e ergueu o meu queixo com a ponta do dedo até que fui forçada a encontrar o seu olhar. — Você não é mais a minha guia espiritual. Não temos mais proteção, nem forma de fazê-los recuar. Ah é, outro delicioso efeito colateral desse desastre corporal. Qualquer elo que tínhamos como guia espiritual e vidente já era. Ou, ao menos, o sinal mais óbvio dele. Eu não aparecia diariamente onde quer que ele estivesse às 7:03 da manhã, a hora da minha morte. Boa notícia, porque isso seria engraçado de explicar para os Turners. Houve um tempo em que também fui capaz de congelar fantasmas insistentes no lugar só por reafirmar a minha reivindicação em Will. Nesses dias, nem tanto. Para falar a verdade, até onde sabíamos isso ainda podia funcionar. Mas parecia improvável, tendo tudo em conta, e era muito perigoso tentar. Significaria revelar quem sou dentro desse corpo e que posso ouvir outros espíritos. Aí Will não seria o único atolado de últimas vontades.

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— Não quero que você se machuque. — Ele adicionou, seu olhar suavizando conforme ele tocava a cicatriz no meu... no rosto de Lily. Lily. Afastei-me dele. Will não era imune aos efeitos dessa situação bizarra também. Mesmo que ele soubesse, às vezes, ele me olhava e a via. Sei que ele via. E ele nunca esteve tão preocupado com o meu bem estar até ele estar diretamente ligado ao dela, aparentemente. Não era justo. — Estarei bem. — Disse secamente, fazendo o meu melhor para silenciar esse sentimento ferido que me subia. — Podemos seguir em frente? Ele abriu a boca como se para dizer algo, mas fechou, claramente repensando melhor no que quer que fosse. Esperto. — É. Certo. — Ele disse. — Vou primeiro. Fique atrás de mim. Acenei, não querendo discutir isso com ele. Entre as outras coisas que nunca testamos era se eu iria esbarrar em fantasmas, como Will, ou passar através deles como as outras pessoas que não são capazes de falar com fantasmas. Ainda não me vi esbarrando em gente invisível, mas isso não era um indicador certo, como sabia devido a minha experiência que fantasmas evitam passar através dos vivos sempre que possível. Ele se virou e abriu a porta e fiquei na cola dele conforme ele entrava. A

sala

de

espera

de

Malachi,

o

Magnífico,

parecia

surpreendentemente com a de um dentista ou médico, só que mais escura, suja e fedida de incenso. Havia várias cadeiras alinhadas nas bordas da sala e em fileiras em direção ao meio. Uma porta na parede

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mais distante levava, presumivelmente, à sala em que a magia aconteceria. Havia um livro aberto numa mesa próxima a essa porta, com uma folha nos dizendo para “ASSINAR, POR FAVOR. ☺” Blá. Will escreveu nomes falsos - Milli Martin e Steve Vanilli - no livro sem hesitar. (Sim, ele acha que é engraçado.) Mas então ele virou o rosto para a sala de espera e hesitou. Segui o seu olhar, e desta vez, entendi. Os pontos borrados que vi antes não eram manchas no vidro. Eles estavam aqui e se movendo. Quatro deles, ao menos, talvez mais. O truque era como evita-los sem parecer estar evitando. Fiquei na ponta dos pés, colocando o peso na perna boa. — As cadeiras no canto da esquerda, talvez? — Sussurrei para Will. Não haviam muitos pontos borrados naquela direção, mesmo que teríamos de passar por um monte para chegar lá. O barulho parecia mais fraco naquela direção também. Eu não podia ouvir nada específico, só um baixo murmúrio de vozes, mas demasiado para a meia dúzia de pessoas vivas que estavam ali, a maioria estava sentada em silencio. Will olhou bruscamente sobre o ombro. — Você não pode ver... Balancei a cabeça. — Mais ou menos. É… Te explico mais tarde. Ele acenou e começou a andar em direção às cadeiras que indiquei, e eu estava atrás dele... Até que alguém pegou o meu olhar. Alguém vivo. Parei como uma pedra, certa de que não poderia estar vendo quem pensava, especialmente não aqui.

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Seu cabelo normalmente preto brilhante era uma bagunça reunida num rabo-de-cavalo crespo e ela usava um top e um moletom - não do tipo bonito, mas sim do tipo que você usa em casa quando está com gripe. Mas, definitivamente era ela. Encolhida numa cadeira em frente à mesa da recepcionista e secando os olhos com um lenço encharcado que parecia estar a duas lágrimas de se desintegrar, estava a minha ex melhor amiga. Uma onde de saudade da minha vida antiga me atingiu. — Misty? — O nome dela saiu antes que pudesse me segurar. — O que você está fazendo aqui? — Parecia que o mundo havia inclinado um pouco, deslizando as pessoas em lugares que elas não deveriam estar. Eu não a via em meses, não desde a graduação. Não a minha, claro. Mas a dela e de Will e todo mundo que eu conhecia. Ela olhou para cima, seus olhos vermelhos e inchados pelo choro. O olhar dela patinou em meu rosto, e ela recuou um pouco, provavelmente na visão da irregular cicatriz em meu rosto, da têmpora para baixo. — Eu te conheço? Ah, é. Inclinei a minha cabeça para frente, deixando o meu cabelo deslizar para esconder o dano, e comprando um pouco de tempo antes de responder. Não sabia o que dizer. Ela não reconheceria Lily, mas... — Eu... — O que você está fazendo? — Will sussurrou para mim, sua voz em alerta. — Desculpe, erro nosso. — Ele disse a Misty e então começou a me puxar para longe. Mas era tarde demais. — Hey, espera, — Misty chamou. — Eu te conheço.

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Apesar de tudo - de que ela roubou meu namorado e pensou que eu estava morta e longe - meu coração pulou com esperança ridícula de que a minha mais antiga amiga havia de alguma forma me reconhecido. Virei o rosto para ela, mas ela olhava Will. Lutei contra a decepção sem motivo. Fazia sentido que ela o reconhecesse, imagino. Afinal ele estava no mesmo corpo em que ela o conheceu. — Você estudou na Groundsboro, — ela disse, apontando para ele. — Você é tipo, aquele garoto gótico estranho, né? Uh-oh. Fiz uma careta e Will parou, os ombros rígidos. — Sim, sou eu, — ele disse com um sorriso apertado. — Vamos. — Disse para mim. — Então… — ela se levantou e caminhou até nós. — Esse cara é de verdade? — Ela balançou a mão com o Kleenex em direção ao escritório de Malachi. Agora Will virou o rosto em direção a ela com um olhar desconfiado, e eu podia ver a curiosidade dele em guerra com a necessidade de ser precavido. Nós estávamos começando a chamar atenção. O nível de barulho caiu consideravelmente, e se eu não estava errada, alguns dos pontos borrados estavam à deriva perto de nós. — Por que você pergunta? — Ele finalmente disse. Para meu completo choque, o rosto dela enrugou e ela caiu sentada na cadeira. — Porque eu preciso de ajuda, — ela disse numa estridente e aguda voz entre soluços. — E eu achei que você poderia saber se isso vai funcionar. ‘Isso’ provavelmente se referindo à consulta com Malachi.

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— Você é, tipo, um especialista de toda essa coisa gótica/mortaviva, né? — Ela perguntou, fungando. — E você está aqui, então ele deve ser bom. Will me olhou, um pouco em pânico. Separei-me dele e fui sentar perto dela, ignorando o olhar de advertência dele. Não, Misty não havia feito as melhore escolhas - como roubar meu namorado antes de eu morrer - mas eu a perdoei por isso... Grande parte. Ela era a única antes de Will - que sabia sobre o problema com bebidas da minha mãe e ela nunca disse a ninguém ou usou isso contra mim. Sinceramente, eu não podia ter certeza o que eu faria com esse tipo de informação. — O que há de errado? — Perguntei acariciando o seu ombro delicadamente. Ela parecia... Não ter tomado banho. Claramente, havia algo errado. Ela tomou um longo fôlego. — Vocês lembram-se da minha melhor amiga, Alona Dare? Que ela morreu? — A voz dela quebrou na última palavra, e ela cobriu o rosto com as mãos. Tenho que admitir, aqueceu o meu coração que Misty estivesse claramente chateada com a minha morte, mesmo que tenha sido meses atrás. Agora, esse era o tipo de luto que eu merecia desde o começo. Will suspirou pesadamente. — Sim, eu lembro dela. — Para o ouvido treinado, ele parecia mais exasperado do que penalizado. Fiz uma careta para ele. — Então, você está aqui por causa dela? — Perguntei, tentando soar simpática enquanto mentalmente dizendo para Will. Vê? Alguém sentiu minha falta... Mesmo depois de roubar meu namorado. Bem, não vamos nos focar nisso. Misty acenou a cabeça ainda curvada.

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Oh, que lindo. Ela quer manter contato comigo. Dei a Will um olhar triunfante, e ele rolou os olhos. — Estou certa que aonde Alona estiver... — comecei. — Ela não me deixa em paz, — Misty disse, a voz amenizada pelas mãos. — O quê? — Me inclinei mais perto, certa de que tinha ouvido errado. Misty levantou a cabeça e encontrou o meu olhar, ira queimando através das suas últimas lágrimas. — Aquela vadia está me assombrando e não consigo me livrar dela.

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Will Killian Eu vi Alona em um monte de situações. Um monte de situações confusas, na verdade. Enfrentando fantasmas raivosos que queriam rasgá-la para chegar a mim, descobrindo que seus “amigos” eram, sobretudo, idiotas inúteis e, mais recentemente, habitando o corpo de uma menina que não conhecia. Essa, no entanto, foi a primeira vez que eu a vi completamente e totalmente sem palavras. Sua boca trabalhava, abrindo e fechando várias vezes, sem uma única palavra escapar. Misty parecia um pouco desconcertada pela rotina peixe-fora-daágua de Alona. Ela se afastou de Alona na cadeira, como se meio que esperasse uma explosão de algum tipo. Francamente, eu não tinha certeza do que esperar. — Desculpe-nos, — eu disse a Misty, apressadamente descendo para pegar a mão de Alona. Eu a puxei para o canto, perto da porta para o exterior, e, felizmente, ninguém seguiu, embora o fantasma no chapéu Abe Lincoln (felizmente, não o verdadeiro, apenas alguém que aparentemente favorecia o gosto por moda do presidente há muito morto) estava olhando para nós agora. Ótimo.

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— Tanto para o ser sutil, — Eu assobiei a Alona. — Ela pensa que eu a estou assombrando. — Ela parecia atordoada. Passei uma mão pelo meu cabelo. — Sim, eu meio que percebi isso. — Eu não estou, embora. — Ela balançou a cabeça como se para limpá-la, o que a fez cambalear. Eu agarrei o seu cotovelo tempo suficiente para estabilizá-la, mas ela nem sequer pareceu notar. — Quero dizer, eu tentei uma vez, — ela continuou. — Há poucos meses atrás, logo depois que eu morri. — Sim, eu me lembro, — disse laconicamente. Ela quase desapareceu para sempre nessa altura, arruinando completamente nossas chances de sobrevivência. — Mas não desde então, e eu não posso agora. Quero dizer, olhe para mim! — Ela apontou para si mesma com desgosto. — Eu sou toda... corpórea. Cerrei os dentes para não responder com qualquer número de comentários que só iria piorar as coisas. Sim, está bem, seu ponto era que ela não podia assombrar ninguém em sua condição atual, mas era mais do que isso, eu sabia. Alona odiava estar presa em um corpo que não era o seu próprio, ou ao nível dos seus padrões anteriores - ok. Mas Lily não era exatamente o Corcunda de Notre Dame, como Alona queria fazê-la parecer. Lily era bonita, sempre tinha sido, e sim, a cicatriz no rosto e o coxear eram perceptíveis, mas não a faziam repulsiva... longe disso. Mas agora não era o momento para esta discussão.

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— Olha, temos de nos concentrar na situação atual, ok? — Olhei por cima do meu ombro. O Cara do Braço Cortado e a Garota Férias de Verão tinham se juntado ao fantasma Lincoln-Falso, e eles estavam conversando entre si e gesticulando em nossa direção. Bem, metade gesticulando, no caso do fantasma com apenas um braço. Nada bom. Eu me virei para Alona. — Precisamos ver Malachi, o Mágico ou o que quer que seja, e descobrir o que ele sabe, se sabe alguma coisa, e depois sair daqui. — Esperançosamente em um único pedaço e sem um rastro de fantasmas nos seguindo a ambos para casa. Ela levantou a cabeça para olhar para mim, e a ferocidade demasiado familiar em sua expressão me fez recuar. Isso era tudo Alona. Eu podia quase vê-la sob a superfície de Lily. Foi... inquietante, para dizer o mínimo. — Alguém está fingindo ser eu, ser o meu espírito, para assustar a minha melhor amiga. — Ela apontou um dedo no meu peito com as três últimas palavras. — Como é que isso não é uma preocupação? Eu suspirei. — Ou talvez a consciência culpada dela esteja atacando, e ela está vendo fantasmas onde não há nenhum porque se sente mal. — Acontecia o tempo todo. Às vezes molduras apenas caíam. Portas se fechavam, parafusos caíam, etc. Nem tudo é o resultado de fantasmas, mas quando as pessoas sentem que merecem ser assombradas, essa geralmente é a primeira explicação em que acreditam. — Qual você acha que é mais provável? Com um som de desgosto, ela empurrou-me para fora do caminho e mancou de volta para Misty, que honestamente parecia um

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pouco assustada por sua abordagem. O Lincoln-Falso e o Cara do Braço Cortado espalharam-se para sair de seu caminho. Eu gemi em silêncio e corri atrás dela. Isso não poderia acabar bem. — Sinto muito por isso, — disse Alona a Misty, enquanto recuperava a cadeira ao lado dela. — Você apenas me pegou de surpresa. Misty deu uma risada áspera. — Você não acredita em mim. Alona balançou a cabeça. — Não, eu acredito. Na verdade, nós acreditamos, — disse ela, dando-me um olhar ‘me apoie ou morra dolorosamente’. Ah, bom. — Mas eu não sei por que você acha que é Alona. Pelo que eu conheço dela, ela nunca iria… — Espere. — Misty levantou a mão com uma careta. — Quem é você de novo? Prendi a respiração. — Ally Turner. Era Lily, mas eu prefiro Ally agora, — Alona disse. — Eu estava... Eu estava um ano atrás de você na escola. — Suas palavras soaram forçadas e falsas, mas talvez só porque eu sabia a verdade. — Mas, — continuou Alona rapidamente, — temos experiência em lidar com esse tipo de coisa. — Fomos assombrados antes, — eu acrescentei, mentindo para salvar nossa pele. Ela estava tentando nos matar? Porque não apenas

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anunciar a todos os fantasmas na sala que podíamos vê-los e/ou ouvilos? Misty assentiu lentamente, como se isso não fosse uma surpresa. Em seguida, ela balançou a cabeça com um sorriso triste. — Bem, o que quer que você saiba sobre fantasmas, você não conhece Alona. E confiem em mim, é ela. Ela... — Misty hesitou. — Ela era minha melhor amiga. Mas ela não era exatamente o tipo de perdoar e esquecer, sabe? Vingança. Essa era a sua coisa. Alona enrijeceu. Oh, merda. — Você já pensou que talvez essas pessoas merecessem o que tiveram? — Alona exigiu. Dei-lhe uma cotovelada e ela virou o rosto para mim com uma careta. Cale a boca, eu murmurei com os lábios. Mas, felizmente, Misty parecia muito perdida em suas memórias para notar. — Eu tomei Chris dela. Na verdade, Chris e eu... nós apenas meio que encontrámos um ao outro. — Encontraram um ao outro, certo, — Alona murmurou. Hmm. Talvez ela ainda não tenha completamente perdoado Misty. — Eu não achava que Alona soubesse antes de morrer, mas agora eu... eu não tenho certeza. Não foi intencional por qualquer um de nós, — acrescentou Misty desafiadoramente. — E isso faz uma diferença como? — Alona exigiu. Eu limpei minha garganta bruscamente. — Acho que o que Ally… Enfatizei o nome, encarando Alona, que revirou os olhos. —… quer dizer é, que sinais você tem visto que te fazem pensar que é Alona,

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especificamente, que te está assombrando e não algum outro fantasma qualquer? — Oh. — Misty parecia assustada e confusa. — Por que haveria outro fantasma qualquer me assombrando? Eu tinha quase certeza que não havia um fantasma envolvido, mas tentar explicar a Misty que ela devia estar assombrando a si própria, provavelmente, não teria ajudado. Tudo o que eu podia fazer era tentar mostrar a Alona que não era alguém agindo como ela. — Provavelmente não é. Mas eu só estou tentando entender por que você acha que é ela. Além do fato de você pensar que ela estaria com raiva se soubesse sobre você e Chris, o que ela não sabia, — eu disse, direcionando minhas últimas palavras para Alona, que caiu em sua cadeira e cruzou os braços sobre o peito. — Tanto faz, — ela murmurou. Misty levantou as mãos em desespero por minha idiotice aparente. — Olá? Quem mais seria? E por que começar logo após Chris me pedir em casamento? Alona congelou. — Casamento, — ela sussurrou. Oh, cara. Com um suspiro, eu me sentei. Misty deu de ombros desconfortavelmente. — Ele está indo para a UI1 e eu vou ficar aqui. Ele queria que ficássemos noivos antes de ir. Alona endireitou-se. — Você não pode fazer isso, — disse ela, balançando a cabeça.

1 Universidade de Indiana.

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— Eu acho que o que ela quer dizer é que você é jovem, — eu disse rapidamente. Essa conversa ia me matar. — Podemos voltar aos sinais, por favor? Misty estava olhando para trás e para frente entre nós como se fossemos loucos, que não estava longe da verdade hoje. — Tudo bem, — disse ela lentamente. — Molduras derrubadas, cobertas retiradas de cima de mim no meio da noite, passos no meu quarto, mas não está lá ninguém, e às vezes, quando estou caindo no sono, eu ouço alguém chamar o meu nome. — Ela estremeceu. E... molduras caem, cobertas descem, as pessoas muitas vezes pensam que ouvem passos ou alguém chamando-os quando estão meio dormindo. — Ah, e ela escreveu seu nome com vapor no espelho do meu banheiro. Whoa. Inclinei-me para a frente em minha cadeira. — Você viu isso acontecer? Ela balançou a cabeça. — Não, apenas estava lá um dia, quando eu saí do banho. Huh, bem, isso mudava as coisas um pouco. Talvez não fosse uma consciência culpada. Mas isso não significava necessariamente que era um fantasma, também. Uma pessoa viva podia fazer todas essas coisas que ela mencionou, incluindo a escrita no espelho. Crie vapor perto do espelho, e escreva as palavras que você deseja. Então, quando o espelho fica coberto de vapor mais uma vez, as palavras reaparecem. Talvez uma pessoa viva não estivesse satisfeita com este novo desenvolvimento na vida amorosa de Misty e decidiu expressarse como “Alona”.

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— Não posso acreditar que você vai se casar, — disse Alona. — Quem você vai escolher para dama de honra? É melhor não ser Leanne. Misty arfou para ela, mas antes que pudesse responder, a porta para os quartos dos fundos abriu, chamando a atenção de todos. Uma mulher idosa em um terno preto arrumado e pesados sapatos pretos arrastou-se para fora, agarrando-se firmemente ao braço de um cara que tinha que ser Malachi, o Magnífico. Porque ele estava vestindo um manto. Em agosto. A visão foi o suficiente para tirar Alona de seu mau humor. — Sério? — Ela bufou. — Eu estou começando a pensar que esse cara não entende a diferença entre um mágico e um médium. Provavelmente muita gente não entendia. Para a maioria estava tudo no misterioso reino do ‘pode ser real’. E se esse cara estava disposto a jogar com a parte mística, isso provavelmente ajudava a aumentar o preço. Além de sua capa, “Malachi” - de jeito nenhum esse era o seu nome verdadeiro - não parecia muito extraordinário. Ele estava, talvez, em seus vinte e poucos anos, um cara magro, com cabelo encaracolado vermelho, e óculos pesados de aro preto. O efeito, na verdade, era de alguém que tinha se perdido no caminho para uma festa de fantasia sobre Harry Potter ou o Senhor dos Anéis. Ótimo. A alguns passos atrás da mulher idosa e do babaca de capa, um jovem em um terno da época de Al Capone e chapéu seguia, parecendo meio puto.

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— Você não está ouvindo. Isso não foi o que disse de todo, — ele gritou para Malachi. Perto de mim, Alona endureceu, e eu sabia que ela tinha ouvido o fantasma também. Mas Malachi apenas sorriu carinhosamente para a velha e caminhou com ela até a porta principal. Ela apertou sua mão, deixando-o com um maço de dinheiro, que ele rapidamente dobrou dentro de sua capa. Eu relaxei, alívio em guerra com a decepção. Malachi era uma farsa. Nós não estávamos mais perto de encontrar uma solução para Alona ou descobrir o que o meu pai estava fazendo quando verificou todos esses videntes falsos. Mas pelo menos nós não tínhamos que acrescentar Malachi aos nossos gastos. Inclinei-me para Alona. — Quando ele levar a próxima pessoa, vamos sair daqui. Ela franziu a testa para mim. — De jeito nenhum. E ela? — Ela inclinou a cabeça para Misty, que estava olhando para Malachi como se ele fosse um raio de esperança caminhando. Balancei a cabeça. — Eu não acho que é algo que possamos corrigir. Ela abriu a boca para protestar, mas parou quando Malachi se moveu para ficar no centro da sala de espera. Ele abaixou a cabeça e colocou os dedos nas têmporas. — Oh, por favor, — Alona murmurou. — Isto não deixa você louco? — Ela exigiu de mim.

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Eu fiz uma careta e olhei em volta, mas Malachi parecia ter o resto da sala cativada. — O que você quer que eu faça? — Sussurrei de volta para ela. Denunciá-lo como uma fraude só causaria mais problemas para nós e não precisávamos disso. Misty nos fez calar. Malachi balançava para frente e para trás em seus calcanhares. — Estou sentindo vários espíritos aqui que gostariam de comunicar. — Sim, eu tenho algo a comunicar, — Alona murmurou, talvez não tão baixo como devesse. — Babaca. Ele ergueu os olhos rapidamente e procurou na sala até que identificou Alona como a fonte, o que provavelmente não foi muito difícil. Ela estava olhando para ele como se fosse colocar fogo nele se conseguisse. Ele deu uma risada magnânima forçada. — Vejo que temos uma cética em nosso meio. Cabeças, pertencentes a ambos vivos e mortos, viraram-se para nós. Droga, Alona. Malachi se aproximou, ainda sorrindo. — Eu entendo a sua hesitação, mas as formas dos mortos não são… — Ele parou abruptamente, olhando para mim. A cor sumiu de seu rosto, fazendo seus óculos se destacarem de forma incisiva. Ele tentou manter seu sorriso, mas ele vacilou e depois caiu. — As formas dos mortos não são nossas, — ele tentou novamente em uma voz rouca, com as mãos nos lados de sua capa.

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Em seguida, engoliu em seco, forçando um quase inaudível “Desculpem-me”, e virou, voltando a ir através da porta por onde tinha acabado de sair, sua capa batendo atrás dele. Eu não poderia ter ficado mais surpreso se ele caísse no chão e começasse a cacarejar como uma galinha. Alona olhou para a retirada dele. — Que diabos? — Ela olhou para mim, e eu não tinha resposta. Exceto... ele tinha olhado para mim e pirado. Isso tinha que significar algo, não? Era quase como se ele tivesse me reconhecido, mas eu nunca o tinha visto antes. Será que ele sabia que eu era a coisa verdadeira, o vidente que ele estava fingindo ser? Ou... ele poderia ter conhecido o meu pai? O pensamento me tirou o fôlego. Meu pai e eu éramos parecidos o suficiente, não era impossível Malachi ter chegado à conclusão de que estávamos relacionados. Eu me levantei e corri atrás de Malachi. Pelo menos, esse era o plano - alcançá-lo, pará-lo, e fazê-lo falar. Mas, aparentemente, o fantasma da Garota Vestida para Férias de Primavera teve a mesma ideia. E nós colidimos... com força. Fomos jogados em direções diferentes. Eu não tenho certeza de quem eram os suspiros de surpresa mais altos - os das pessoas vivas, incluindo Misty, que me viu chocar contra aparentemente nada e ser jogado no chão, ou os dos mortos, que viram exatamente o que aconteceu e sabiam o que significava. — Will! — Alona levantou. Misty parecia espantada.

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— Will? — O fantasma no chapéu Abe Lincoln repetiu, aproximando-se para olhar para mim. Merda, merda, merda. Ainda meio atordoado, eu rolei para o lado e empurrei-me para ficar de pé, ignorando a dor aguda no cotovelo. O tapete de Malachi tinha, sem surpresa, o fator de amortecimento de papel higiênico barato. A Garota Férias de Primavera jogou o cabelo ruivo longo para longe do rosto e ficou de pé. — Você é Will Killian? De quem todos andam falando? — Ela perguntou, alcançando através do pescoço de sua T-shirt para colocar o top do biquíni rosa brilhante no lugar. Ela conseguiu soar surpresa e aborrecida ao mesmo tempo. — Outro capaz de falar com fantasmas? — O Cara do Braço Cortado perguntou, apontando a ponta do coto de seu braço para mim. A mulher da longa camisola de dormir branca dançou mais perto. Ela parecia, possivelmente, um pouco louca. Dei um passo para trás, incapaz de parar. O Cara do Braço Cortado, Lincoln-Falso, a Garota das Férias de Primavera, e a Senhora da Camisola... quatro, não, cinco - eu esqueci sobre o Cara Al Capone que tinha estado decepcionado com interpretação de Malachi de sua mensagem - contra apenas eu. Se eu tentasse correr, eles me apanhariam sem suar... Bem, você sabe o que quero dizer. Se isso se resumisse a um confronto físico, cada um deles competindo por atenção, eles provavelmente me rasgariam. Me atacar podia drená-los de parte de sua energia - ser violento como um espírito tira os recursos necessários para permanecer neste plano de existência - mas quanto e se isso seria suficiente... não havia nenhuma maneira de saber. Não até que fosse tarde demais.

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Engoli em seco, meu ritmo cardíaco fazendo tremer todo o meu corpo. Alona se aproximou de mim, mais rápido do que eu a tinha visto se mover antes, pelo menos neste corpo. Ela se colocou entre os fantasmas e, em seguida, virou-se para me bloquear deles, sua perna ruim arrastando um pouco atrás. — Se vocês conhecem Will, — disse ela calmamente, — então conhecem sua guia espiritual. — Os fantasmas a olharam, como se incertos do que pensar dela. Eu me perguntei, pela primeira vez, como ela parecia para outros espíritos. Eles poderiam ver que ela não era como o resto de nós? — O que você está fazendo? — Sussurrei, alarmado. Eles nem sequer sabiam que havia algo diferente nela. Ela estava colocando-se em risco desnecessariamente. Alona me ignorou e virou-se para o Cara do Braço Cortado. Ela ergueu o queixo, desafiando-o a se aproximar. — Você não quer ficar em seu lado ruim, não é? Rezei para ser o único que podia dizer que ela estava um pouco fora, o seu olhar em seu pescoço, em vez de seu rosto. Vários dos vivos que tinham estado à espera de Malachi correram para a porta. Eu não os culpava. Só podia imaginar o que isso devia parecer para eles. Misty ainda estava em sua cadeira, olhando fixamente para nós. — A que dizem que desapareceu semanas atrás? — O Cara do Braço Cortado zombou. — Ninguém a tem visto. A Garota Férias de Primavera revirou os olhos, como se toda a conversa fosse ridícula.

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Eu não conseguia ver muito da expressão de Alona neste ângulo, mas a partir da súbita tensão em seus ombros, imaginei que ela não tinha considerado o que os fantasmas podiam estar dizendo sobre a sua ausência. — Sério? — Alona jogou o cabelo para trás, um movimento cheio de atitude clássico para ela, e ela parecia sobressaltada quando ele não ficou atrás de seus ombros. O cabelo de Lily era mais curto. Mas ela se recuperou rápido o suficiente. — Eu a vi, e confie em mim, ela não está feliz. A Garota Férias de Primavera inclinou a cabeça para um lado, dando a Alona um olhar astuto. — Quem é você? — Ninguém que você precisa conhecer, — Alona disse em um tom arrogante que foi um pouco chocante ouvir na voz de Lily. Ela alcançou em minha direção com a mão esquerda, acenando até que eu percebi que ela queria que eu a pegasse. Dei um passo em frente e coloquei minha mão na dela. Seus dedos se fecharam sobre os meus e apertaram quase ao ponto de dor, eu me aproximei, ela se inclinou para mim apenas um pouco, e eu pude ouvir sua respiração irregular. Ela precisava da ajuda, eu percebi tardiamente. Esse movimento rápido que ela tinha feito antes tinha tido um custo. — Nós vamos agora, — Alona disse. — Transmitam os nossos cumprimentos a Malachi. Ela começou a avançar, e para minha surpresa, o Cara do Braço Cortado e a Garota Férias de Primavera saíram do seu caminho, embora a última nos olhasse com mais suspeita do que provavelmente era saudável.

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Eu reduzi meu passo para combinar com o de Alona para que ela pudesse se apoiar em mim, sem que fosse tão perceptível. Mas a caminhada lenta pela sala para a porta pareceu interminável com os fantasmas cavando buracos com os olhos através de nós. Prendi a respiração, esperando por seu grito de guerra e a corrida inevitável para bloquear a porta... Mas eles nos deixaram sair sem outra palavra. Então, talvez houvesse algo a ser dito sobre ser uma cadela... ou, pelo menos, conhecer uma. Nós tínhamos saído de lá apenas com atitude e a reputação de Alona como guia espiritual. O problema era que isso não ia durar para sempre.

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Alona — Foi divertido, — eu disse com os dentes cerrados, colapsando no banco de passageiro do Dodge surrado de Will. Meu coração estava batendo muito forte devido à adrenalina e à dor que subia por minha perna em pontadas irregulares de agonia. — Mãos para dentro, — Will avisou antes de fechar minha porta, dar a volta ao carro e subir no banco do motorista. Uma vez que ele estava dentro, acionou o motor e saiu do estacionamento no sentido inverso. — Eles estão vindo? — Seu olhar estava fixo atrás de nós enquanto retrocedia. — Como posso saber? A menos que eles estejam falando em nos seguir, eles poderiam estar na porcaria do carro pelo que eu sei. — O que não era verdade, mas eu estava me sentindo um pouco irritada, porque mais uma vez eu não tinha respostas e tinha - oi? - uma dor intensa. Deus, eu esquecera o quanto podia doer estar viva. E estar assustada. Realmente e verdadeiramente assustada. Apertei minhas mãos para impedi-las de tremer. Existira um momento em que eu não tinha certeza, quando pensei que os espíritos podiam tentar nos impedir, e nós estaríamos encrencados. As habilidades de Will davam fisicalidade aos espíritos ao seu redor. Eles eram tão reais e tão capazes de violência contra ele quanto qualquer

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outra pessoa viva. Eu já vira isso acontecer. Multidões de mortos empurrando-o para ter sua atenção. Não demoraria muito para isso virar um cabo-de-guerra com Will sendo a corda. E eu, também, provavelmente. Estremeci com a ideia. Nós não tínhamos testado se os fantasmas podiam me tocar e vice-versa. Eu tomara uma licença de ausência, de certa forma, das funções de guia espiritual. Desde minha “transformação”, eu estava dando o meu melhor para ficar longe das vozes sem corpo, incluindo aquelas que pertenciam aos espíritos que esperavam pela ajuda de Will. Se descobríssemos que eles podiam me tocar - e existia uma boa chance de que seria o caso - eu seria totalmente indefesa contra eles, como Will era. Sua teoria dizia que era melhor arriscar apenas um de nós até nós descobrirmos tudo isso. Então ele estava dando seu melhor para orientá-los sem mim, relativamente sem sucesso, pelo que eu ouvira. — Porém, você estava vendo alguma coisa, eu podia dizer. — Ele deu-me um olhar quando trocou de marcha, e cruzei meu braços sobre meu peito, escondendo minhas mãos para que ele não me visse tremendo. — Distorções, como pontos cintilantes no ar. — Balancei minha cabeça e ele acelerou em direção à saída, os pneus espalhando cascalho atrás de nós. — Eu não sei. Isso é... O carro passou por um buraco, sacudindo minha perna e ofeguei através de meus dentes. Ele diminui a velocidade e olhou para mim. — Você está bem? Me mexi no banco, colocando mais peso no meu quadril direito, tentando aliviar a pressão em minha perna esquerda, a qual, no momento, parecia que explodiria em milhões de pedaços. — Vou ficar

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bem, — disse, tentando soar como se fosse verdade. — Basta ir, tirenos daqui. Ele obedeceu, mas eu não pude evitar notar que ele também tomava cuidado de evitar os piores dos buracos até chegarmos a um pavimento mais suave da rua. — O que você fez lá atrás... — Ele hesitou. Não, não, não faça isso. — Eu estava salvando a minha bunda tanto quanto a sua, — apontei rapidamente, tentando acabar com esse assunto. Ele balançou a cabeça. — Não, você não estava. — Ele soou quase atordoado, o que, francamente, doeu um pouco. — Até você dizer algo, eles não sabiam que você era diferente, que você era algo mais que uma pessoa viva normal. O que significava que eu fora burra, burra, burra por arriscar meu pescoço. Mas eu não podia deixá-lo daquele jeito, indefeso e encurralado, mesmo que isso significasse me arriscar. E isso era tão diferente do que eu faria poucos meses atrás que me deixava nervosa. Eu definitivamente não queria falar sobre isso. Forcei um encolher de ombros. — Se eles começassem a jogar você por aí ou alguma coisa, alguém provavelmente teria chamado a polícia e então nós teríamos que passar por toda a conversa de ele-élouco-ou-não, sem mencionar uma viagem ao hospital para consertar você. — Suspirei. — E eu não tenho tempo ou paciência para isso hoje. Ele fez uma careta. — Você pode me deixar dizer obrigado? — Não há nada para agradecer, — exclamei, ficando mais e mais desconfortável com a conversa. Eu… eu me importava muito com ele e isso não deveria estar acontecendo. Era um risco muito grande para

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mim, deixar-me aberta a esse tipo de vulnerabilidade. — Você mesmo poderia ter feito isso. Você mesmo deveria ter feito isso. Aliás, o que ele provavelmente deveria ter feito era encontrar um novo guia espiritual em pleno funcionamento para manter sua bunda fora de problemas. Esse era o problema de verdade. Antes, pelo menos, eu era útil. Ele precisara de mim, talvez ainda mais do que eu precisara dele. E esse era o jeito do qual eu gostava. Se alguém precisa de você mais do que precisa deles, você é o único com o poder, o controle. Mas agora... agora ele não precisava de mim em nada. Se alguma coisa acontecesse, eu era um peso, um problema a ser resolvido. Eu era pior do que inútil e isso era uma droga. Se eu fosse verdadeiramente a pessoa que ele pensava que eu era, aquela a quem ele estava tentando agradecer, eu teria dito a ele para me jogar e procurar alguém que pudesse realmente ajudá-lo, mantê-lo a salvo. Era o que eu teria feito em seu lugar. Mas não consegui fazer com que as palavras saíssem. Porque isso significaria que eu estaria sozinha. Não, não apenas sozinha... Eu estaria sem Will. E, de alguma maneira, isso era ainda pior. Eu tinha me acostumado com ele estando ao meu lado, e estava ficando mais e mais difícil imaginar minha vida - em qualquer forma - sem ele. O que era aterrorizante de uma maneira totalmente diferente. Apenas pensar nisso me fez estremecer. Will percebeu, claro. — Você precisa ir ao hospital? — ele perguntou calmamente. — Não. — Olhei para fora do para-brisa, desejando que meus olhos parassem de queimar com as lágrimas não derramadas.

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Ele deslizou sua mão pelo banco, oferecendo-a a mim. Olhei para ele e ele tirou seu olhar da estrada por um segundo para encontrar o meu. Meu coração bateu em ritmo triplo naquele momento, no calor de seus olhos, a pergunta que eu não estava pronta para responder. Odiando-me pela fraqueza - porque eu sabia que, em algum nível, até mesmo isso fora para Lily, a pessoa que eu parecia ao invés da pessoa que eu era - peguei sua mão, fechando minha mão com força dentro da dele. Segurar sua mão me fez sentir mais seguramente presa ao mundo, como se eu não fosse flutuar e desaparecer como um dos balões que costumávamos soltar no primeiro dia da escola de domingo2. — Então, por que ele fugiu? — Perguntei, mudando minha atenção para a janela e trocando de tópico, tentando fingir que aquilo não era, de alguma maneira, mais íntimo do que o beijo que tínhamos dado, que não estávamos conectados dessa simples e poderosa forma que eu sentia em cada célula de meu corpo emprestado. — Malachi, quero dizer. — Não sei. — Era eu ou Will soou um pouco afetado também? — Pergunta melhor: por que você o seguiu? — Nessa hora, olhei para ele. Ele hesitou. — Pensei que ele tivesse me reconhecido. — Sério? Como? — Eu tinha certeza que Will teria lembrado e mencionado que conhecia Malachi antes; o cara era uma figura bastante diferente naquela sua estúpida capa.

2 Instituição destinada a ensinar pessoas, normalmente crianças, sobre o Cristianismo, chamada assim

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porque a maioria das igrejas cristãs se encontra ao domingo.


— Acho que talvez ele tenha percebido, conectou-me com o meu pai. Will parecia um pouco com seu pai nas fotos que eu vira, mas... Franzi a testa. — Mas estamos falando de anos atrás. Se eles sequer se conheceram. E ele teria que ter deixado um inferno de impressões para Malachi te reconhecer de seu pai e então também correr. — Balancei a cabeça. — O que não faz sentido. O cara é uma farsa. Qual seria o ponto de seu pai conversar com ele, afinal de contas? Will deu de ombros. — Talvez meu pai estivesse caçando alguns vigaristas para a Ordem ou algo assim. — Nenhum dos outros vigaristas tinha medo de você, — apontei. Na verdade, baseado na enorme quantidade de falso-bater-de-cílios, eu tinha certeza de que Madame Selena talvez tentaria mantê-lo como seu servente/escravo do amor se eu estivesse prestando menos atenção. — É exatamente por isso que precisamos falar com ele novamente. — Novamente? — Virei-me cuidadosamente no meu banco para encará-lo. — Você esqueceu a parte onde o cara é uma fraude? Totalmente inútil para nós? — Talvez ele possa nos dizer o que meu pai estava fazendo, nos dar alguma direção para tentar na próxima vez, — ele argumentou. Bufei. — Olá, palhas, nós estamos nos segurando em vocês. Ele me encarou. — Olha, eu sei que você quer saber o que seu pai estava fazendo, entendi. — Tentei amaciar meu tom. — Ele era um homem de mistério e segredos ou tanto faz. Mas isso, o que estamos fazendo? Era para

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estarmos consertando isso, me consertando. — Gesticulei para mim, tentando novamente não reparar o quão pequena essa mão era; embora, na verdade, era de longe pior quando me peguei não reparando mais. Acostumar-me a isso não era uma opção. Fiz uma careta. — E Malachi não pode fazer nada sobre isso. A boca de Will apertou, e ele me deu um olhar como se quisesse dizer alguma coisa, mas, ao invés disso, apenas balançou a cabeça. — O quê? — Exigi. — Nada. — Mas então ele continuou. — É só que você age como se Lily fosse um tipo de castigo horrível para você. Fiquei boquiaberta e então puxei minha mão da sua. — Você não me quer aqui, também! — Não, — ele disse imediatamente. — Mas você sabe quantas pessoas matariam para estarem vivas novamente, comendo donuts, cheirando as flores, conversando com as pessoas - outras pessoas vivas - e tudo com que você se importa é como você está no corpo dela, o que, para ser honesto, sempre foi mais do que bom para mim. — As palavras saíram dele como se ele estivesse segurando-as por um tempo. Sentei-me de volta, atordoada. Will tivera uma queda por Lily. Eu soubera disso. Foi uma queda, que tinha terminado bem rápido e nada sério, mas ouvi-lo falar sobre isso... era diferente. — Eu não sou ela, — disse, sentindo-me estapeada. — Eu sei disso, — ele disse em um tom uniforme. — Nunca disse que você era. E ainda, ele de alguma maneira conseguiu dar a entender que quem e onde quer que eu estivesse - não Lily! - era, de alguma forma,

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pior. — Bem, qual é, então? — perguntei — Você está ofendido por eu estar sujando sua preciosa Lily com minha personalidade horrível, ou que eu apenas não esteja grata o suficiente pela oportunidade? — Esqueça. — Ele fez uma careta. — Eu não quis dizer... — Ah, não, vamos falar sobre isso, — rebati. — Vamos falar sobre o quão ótimo é fingir ser alguém que eu nunca conheci para que a família dela não fique chateada, vamos falar sobre não reconhecer você mesma no espelho, vamos falar sobre não ter mais certeza de quem você é porque todos que olham para você veem outra pessoa. — Pisquei algumas lágrimas, recusando deixá-las cair. Ele abriu a boca para falar, mas eu acusei. — E hei, antes de você falar sobre isso já lhe digo que tem razão, eu fiz isso comigo mesma. Foi um acidente, mas é minha culpa. Eu amo como sou considerada horrível por fazer bagunça, mas Lily, que deixou de ser sua amiga, brincou por aí com Ben Rogers e bateu o carro dela numa árvore, bem, ela é uma grande de uma santa. Sua mandíbula se apertou. — Eu nunca disse que ela era... — Por favor, você fez isso mais do que claro. Enquanto isso, nada que eu faço é bom o suficiente. Você já pensou o que aquelas pessoas - aqueles espíritos que ficariam muito gratos por essa chance poderiam estar fazendo com este corpo? Qual tipo de aventura pós vida eles poderiam estar fazendo com sua doce, perfeita e que nuncacometeu-um-erro Lily? Ele não disse nada, nem ao menos tentou, mas eu conseguia ver, pela cor crescente em seu rosto pálido, que marquei um soco direto. — Eu estou fazendo o melhor que posso. Para você, para mim, mesmo para Lily. — Apontei para mim. — E você já considerou ao

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menos como é para mim a nível pessoal? — Perguntei, cansada de lutar com ele sobre a (meio que) falecida e ótima Lily, de repente, — Eu vivo com uma família que não é a minha, assistindo-os se preocuparem comigo e sabendo que não é comigo realmente. Eu não posso ao menos conversar com a minha família sobre nada - que não seja sobre assinatura de revistas ou doces para arrecadar fundos ou qualquer desculpa que eu possa vir a usar para ser uma estranha na porta deles - sem assustá-los. E então tem você... — Balancei minha cabeça com amargura. — A maioria das garotas tem que ouvir sobre as antigas paixões de um garoto. Eu tenho que vestir a sua. Aquilo o calou, mas, estranhamente, me fez sentir um pouco melhor. Ficamos os próximos dez minutos dos vinte de viagem em silêncio sepulcral, o que foi divertido. Essa situação era, simplesmente, um pesadelo. Eu queria ir para casa, minha casa, a que não existia mais. Minha mãe pusera nossa casa à venda e se mudou para um condomínio umas duas semanas atrás, de acordo com os vizinhos. Eu falara com eles quando ninguém respondia em casa. Na casa de meu pai, eu tinha usado um pedido educado de usar o banheiro como uma chance de olhar ao redor e descobri que meu velho quarto tornou-se um viveiro para a nova prole de minha madrasta, que era uma garota, não menos. Não que isso importasse. Não era como se eu pudesse aparecer em qualquer lugar com um pedido para pertencer ali, especialmente com essa aparência. Mais do que isso, no entanto, eu queria minha velha vida de volta. Até minha pós-vida tinha sido melhor do que essa. Ao menos, eu tinha sido eu, e as pessoas que me conseguiam ver sabiam quem eu era. Agora, na melhor das hipóteses, eu podia ficar livre um dia, de volta a forma de espírito e esperando a luz, mas não poderia voltar ao

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modo que era com Will. Não conhecendo seus sentimentos pela Lily. Como se talvez ele preferisse que tivesse sido ela a voltar da luz e não eu. Fantástico. Will passou pela rua dos Turner e desacelerou na esquina do Coração Sagrado, como de costume. A casa dos Turner era atrás de um lote vazio e o Coração Sagrado, um cemitério enorme, estava do outro lado da rua daquele lote. Era o meu cemitério, na verdade. Vivendo como Lily Turner, agora eu estava mais perto do meu corpo original desde que estivera dentro dele. Ironia, certo? Em qualquer caso, a casa do zelador do cemitério era no outro canto do imóvel e era o perfeito lugar para esconder o Dodge de vista enquanto Will me deixava ou me pegava. Esse artifício adicional era, infelizmente, necessário. Will ainda era a pessoa não querida da casa dos Turner - a Sra. Turner ainda o culpava pelo o que aconteceu no hospital. E minha primeira tentativa de esgueirar-me na porta da frente algumas semanas atrás terminara no vizinho tagarelando sobre mim e eu sendo forçada a vir com uma história que envolvia uma longa caminhada como parte da minha terapia física (mentira), e se existia um carro na garagem, deve ter sido após eu ter saído (GRANDE mentira). Puxei a maçaneta e abri a porta, pronta para sair - bem, tropeçar - do carro o quanto antes. — Espere, — Will disse. — Eu... sinto muito, Alona. Mas era um daqueles pedidos de desculpas que não soava totalmente verdadeiro. Era a merda do “eu sinto muito se você está chateada” que Chris e outros dois ex-namorados tentaram várias vezes

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comigo. Aham. Existia um motivo pelo qual eles eram exs. Bem, motivos além da minha morte e, no caso de Chris, sua traição. Embora aquelas fossem boas razões, também. Will batucou em um ritmo desigual no volante, olhando suas mãos ao invés de mim. — Acho que nós devemos apenas concordar que estamos fazendo o melhor para encontrar uma solução para essa... situação, e devemos tentar não descontar o stress no outro. — Tudo bem, — disse, sem emoção. Ele podia dizer o que quisesse. Isso não mudava o fato que eu ainda era - e sempre seria - a vilã. Por não ser a Lily, por não ser grata pela chance de ser a Lily. Tanto faz. Ele suspirou. — Vou tentar ver Malachi amanhã novamente. É mais seguro se você ficar aqui... — Tudo bem. Vou ver Misty amanhã. — As palavras saíram de minha boca antes que eu ao menos percebesse que tomara a decisão. Mas acho que alguma parte de mim estivera ponderando isso desde que a vi na sala de espera de Malachi. Eu conhecia Misty, provavelmente melhor do que qualquer outra pessoa. Ela não era propensa a se assustar facilmente ou imaginar coisas que não estavam lá. Inferno, quando eu tentei assombrá-la, ela nem ao menos percebera. Se ela pensava que a “Alona” a estava assombrando, ela provavelmente tinha uma boa razão, e eu queria descobrir o que estava acontecendo, mesmo se Will não quisesse. Alguém lá fora estava tirando vantagem da minha ausência fingindo ser eu e fazendo isso tão bem que mesmo Misty, a pessoa que me conhecia melhor em minha outra vida, acreditou. Isso não ia continuar. Eu queria saber quem estava por trás disso para que eu pudesse chutar a sua bunda apropriadamente.

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Ele me olhou. — Não acho que essa seja uma boa ideia. Eu dei a ele um sorriso tenso e senti a ainda macia pele de minha cicatriz doer com o movimento. — Então eu acho que estamos quites. — Como você vai fazer para chegar lá? Ah. Esse seria um pequeno problema. Misty vivia no outro lado da cidade, perto de onde eu costumava viver. O privilégio de um carro não estava exatamente sendo ponderado nesses dias na casa dos Turner - acidentes quase fatais tendem a ter esse efeito - e caminhar com uma perna ruim estava bem fora de questão. Dei de ombros, esperando que parecesse alegre e despreocupada. — Eu dou um jeito. Ele suspirou e balançou a cabeça. — Eu levo você. — Então você pode me espionar, tendo a certeza de que eu estou tomando o cuidado apropriado com Lily? — Perguntei. — Não, obrigada. — Estou tentando ter a certeza de que todos estejam bem, ok? — Tudo bem, — disse imediatamente. — Então você me levará até o Malachi com você, se é para todos nós nos mantermos a salvo. Ele caíra certo nessa. Não que eu quisesse ir - você pode dizer gigante perda de tempo? - mas, por Deus, eu ia segurá-lo às estúpidas normas que ele pensava serem justas. Ele não podia argumentar, depois de hoje, que ele estaria mais seguro sem mim. Ele fez uma careta, mas não disse nada. Era o que eu pensava. — Bem. Pegue-me aqui amanhã ao meiodia e nós vamos à Misty primeiro. — Saí do carro, usando a porta como suporte.

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— O que você vai dizer aos Turners? — Ele estava, infelizmente, correto em perguntar. A Sra. Turner era a definição de superproteção. Eu tivera que esperar até ela ir levar Tyler às compras esta tarde para ser capaz de sair e ver Will. — Que eu fiz alguns novos amigos com motos e que nós vamos ter uma orgia no parque, — eu disse. Não era problema dele como eu manejava “minha” família. Ele me jogou um olhar sombrio. — Não se preocupe com isso. Eu darei um jeito. Ao contrário de algumas pessoas, eu me imponho quando se trata de lidar com os pais. Ele me olhou, manchas vermelhas nascendo em suas bochechas. E tudo bem, talvez insinuar que ele era filhinho da mamãe tenha sido um golpe um pouco baixo, mas era verdade. Manquei para fora do caminho e comecei a fechar a porta. — Ei, — ele chamou. Inclinei-me para vê-lo, esperando retaliação pelo meu golpe de como ele lidava - ou não - com a sua mãe. — Sim? — Perguntei cautelosamente. — Eu sei quem você é, não interessa com quem você pareça, — ele disse em voz baixa, surpreendendo-me. Talvez. Acenei com a cabeça para ele e bati a porta antes que as lágrimas que enchiam meus olhos escapassem. Mas eu estava começando a pensar que o verdadeiro problema podia ser que eu não era boa o suficiente. Aparentemente, era uma coisa quando eu tinha o rostinho bonito e o corpo gostoso, mas agora, quando não existia nada

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além de mim, bem, era outra história. E não tinha conserto - fácil ou aparentemente impossível - para isso.

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Will Assisti para ter certeza de que Alona atravessava a rua com segurança e então saí do cemitério e fui em direção à minha casa, suas palavras ainda chocalhando ao redor em minha cabeça. Ela estava errada. Sim, ok, era um pouco estranho vê-la como Lily. E sim, às vezes isso me incomodava ao vê-la fazendo ou dizendo coisas que eu sabia que não eram como a Lily. Mas não era porque eu pensava que Alona não era boa o suficiente para ser a Lily, em condições temporárias ou não. Era apenas, na falta de uma palavra melhor, chocante. Como ouvir um latido de um gato. Eu estava fazendo o melhor que podia, também. A amiga com quem eu pensei que nunca conversaria novamente estava agora habitada pelo espírito da garota com quem eu nunca sonhei que conversaria de qualquer modo. Era complicado e confuso, no mínimo. E toda vez que Alona zombava de Lily, eu sentia. Eu tinha a obrigação de cuidar de Lily, já que ela não podia mais cuidar de si mesma. Sim, Lily estava na luz e provavelmente não podia se importar menos com o que dizem dela. Mas tente lembrar-se disso quando ela está sentada perto de você... ou parece estar, de qualquer forma. Parecia desleal - como desonrar sua memória - não defendê-la. Eu não estava pedindo para Alona ficar feliz com isso ou - Deus me ajude - gostar disso, mas apenas que não agisse como se ficar presa

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dentro do corpo de Lily fosse a pior coisa que já acontecera com ela, até mais do que ser atropelada por um maldito ônibus. Especialmente porque eu estava começando a ficar um pouco preocupado. Iria ser uma coisa tirar Alona de lá. Mas somar isso com a necessidade de tirá-la de lá sem destruir seu espírito e matar Lily... as coisas não estavam parecendo muito boas. Até a Ordem, com todas as suas tecnologias e pesquisas, não era capaz de fazer algo a respeito. Eles estavam apenas dispostos a deixar Lily morrer para capturarem Alona. Então, mesmo se nós conseguíssemos encontrar um modo de trabalhar com tudo isso, existia o fato de o que fazer com Lily. Os pais dela... eles não poderiam passar pela perda de sua filha novamente. Apesar de “Lily” nunca ter acordado de seu coma, eles não sabiam disso. Para eles, ela estava de volta e em seu caminho para a recuperação. Os Destruiria ver sua filha no hospital novamente. Mesmo Alona sabia disso. Nós não discutíramos isso, mas existia uma probabilidade distinta que Alona pudesse ficar presa por um tempo. Possivelmente muito mais do que qualquer um de nós esperara ou imaginara. O qual ela odiaria com o fogo do Sol e que não seria tão bom para mim, também, por várias razões. Minha vida já era complicada o suficiente. Indo para minha casa, vi a pickup de Sam na garagem. Bem ao lado do Corolla de minha mãe. Minha mãe e seu namorado/chefe estavam aqui... sozinhos. Oh-ow. Mas eles eram velhos e era no meio da tarde. Certamente eles não estavam...

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Fiz uma careta e estacionei atrás do carro de minha mãe. Eu faria muito barulho quando me aproximasse então não os pegaria de surpresa. Eu não sou um idiota; sabia o que se passava, mas isso não significava que eu queria testemunhar algo que seria queimado em meu cérebro, aparecendo para sempre em chamas nos momentos menos oportunos. Mas assim que alcancei a porta, percebi que não precisava me preocupar. Através da janela na porta, eu pude ver minha mãe na mesa da cozinha, sozinha. Graças a Deus. Exceto pelos ombros caídos e ela parecia mais pequena, curvada em sua cadeira. Abri a porta dos fundos cautelosamente. — Mãe? — Oi, querido, — ela disse, sem se virar, mas eu pude dizer que ela estava chorando pelo som de sua voz. — O que há de errado? — Eu entrei e fechei a porta atrás de mim. — Onde está Sam? — Ah. — Ela acenou com a mão. — Ele está no porão, olhando o ar condicionado. — Ela franziu o cenho para mim com os olhos vermelhos enquanto eu me sentava de frente a ela. — O corredor atrás do seu quarto está congelando de novo. Ótimo. Aquilo significava apenas uma coisa. Mas eu não podia lidar com aquilo ainda. — O que aconteceu? Ela sorriu e pegou sua caneca de chá. — Não é nada. Estou bem. — Mãe, você não está bem. Chorar sozinha na cozinha não é… — Shhhh. — Ela franziu o cenho. — Não tão alto.

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Tudo bem. Então Sam não sabia que ela estava chorando, o que significava... o quê? — Você pode apenas me contar o que aconteceu, por favor? Ela sorriu novamente e desta vez eu vi claramente a tristeza ali também. — Sam... — ela começou devagar. — Ele terminou com você? — Que merda, Sam. Eu gostava dele, achava que ele era bom para minha mãe, que precisava de alguém para fazê-la rir. — Se isso é pelo que aconteceu na lanchonete... — Eu tivera que deixar a lanchonete duas semanas atrás, depois que um fantasma apenas não ia aceitar a mensagem de que eu estava fora do dever de conversador com fantasmas, quando eu estava trabalhando como ajudante de garçom. O fantasma decidiu expressar seu desagrado derrubando uma mesa cheia de pratos... enquanto as pessoas ainda estavam comendo, infelizmente. Sam fora bem legal sobre isso e ninguém me culpara. Os clientes estavam atordoados no início e então eventualmente culparam as pernas da mesa por serem desiguais. Sim, a maioria das pessoas encontraria uma maneira de explicar o inexplicável, para não reconhecer o sobrenatural. Mas claramente eu não poderia continuar trabalhando lá sem o risco de exposição... ou a lesão de alguém devido à louça voadora. — Você vai me deixar terminar? — Minha mãe perguntou exasperada. — Ok, ok. — Levantei minhas mãos em sinal de rendição. — Ele quer que eu vá viver com ele, — ela disse cuidadosamente, sua atenção focada na caneca em suas mãos.

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— Oh. Uh... — Eu não estava esperando por isso, e, como nos outros momentos de minha vida onde minhas próximas palavras seriam essenciais... minha cabeça estava em branco. — Vocês não deveriam, uh, ao menos estar noivos primeiro, então ele... Ela olhou para mim, divertida. — Então ele não estaria tirando vantagem? Meu rosto queimou. — Bem, uh... Sim. Ela abaixou sua caneca e bateu em meu ombro com uma risada. — Obrigada, Eu também te amo. Como sempre, minha mãe parecia entender o que eu queria dizer quando não conseguia organizar as palavras direito. Eu acho que aquilo era o que fazia dela minha mãe. — E se Sam conseguisse o que queria, — ela disse, — era exatamente assim que seria. Inclinei a cabeça para um lado, tentando seguir o que ela estava dizendo. — Você quer dizer que ele te pediu em casamento? — perguntei. Se sim, essa era a primeira vez que eu ouvira. — Não tão alto, — ela lembrou-me com uma careta. — E sim. Muitas vezes. Sentei

de

volta

em

minha

cadeira,

minhas

palavras

desaparecendo novamente. — E você disse... Ela respirou e expirou devagar, estudando a caneca na sua frente. — É complicado. Eu não tenho certeza de que estou pronta para isso.

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— Então ele está sugerindo a mudança como uma alternativa. — Disse, finalmente entendendo. — Ele está tentando trabalhar nisso até chegar na parte do casamento. — Ele não posicionou exatamente desse jeito, — ela disse com ironia. — Mas eu suspeito de que esse seja seu objetivo, sim. Levou um segundo para imaginar Sam com um lugar na mesa aqui, uma cadeira que seria dele. Ao menos... talvez não seja ele em nossa mesa, mas nós na dele. Meu estômago caiu um pouco com o pensamento. Mudar-se para a casa de Sam? Não conseguia imaginar. Eu nunca estivera lá sequer. Era uma velha casa de fazenda consertada na periferia da cidade; eu sabia isso. Velha e isolada; aquilo poderia tanto ser muito bom... como muito ruim para mim. Então um segundo pensamento me atingiu, tão forte quanto o primeiro. Talvez eles não estivessem planejando que eu estivesse junto. Eu ia começar a ter aulas na Universidade Comunitária Richmond em algumas semanas. Apartamentos estavam disponíveis perto do campus, mas morar tão perto de tanta gente - e os fantasmas seguindo-os ao redor - sem um guia espiritual parecia uma má ideia. Ao menos minha mãe sabia o estava acontecendo quando ela me via aparentemente falando com o ar. Não que eu quisesse viver com ela pelo resto da minha vida, mas eu esperaria um pouco mais de tempo para descobrir uma solução viável, agora que Alona era... inviável. Olhei involuntariamente para o meu quarto. A queda de temperatura à qual minha mãe se referiu provavelmente significava uma visita espectral, ou dez. Eu podia ouvir sussurros vagos vindo do corredor, enquanto eles conversavam entre si. Ao menos eles sabiam o

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suficiente para saber que eu não gostaria de encontrá-los aqui e estavam tentando ser discretos. Sem um guia espiritual para mantêlos na linha, eles estavam quebrando todos os tipos de regras ultimamente, como vir a minha casa e esperar por mim em meu quarto. Mas eu encontraria um jeito de lidar com isso, se precisasse. Não ia manter minha mãe prisioneira de meus problemas. Ela já passara por isso o suficiente. Limpei minha garganta. — Então, uh, qual casa? — Perguntei. — Quero dizer, você vai para lá ou ele vem para cá? E quando é… Ela balançou a cabeça. — Vou dizer não a ele. — Porque você não está pronta ou... Ela evitou meu olhar. Suspirei. — Por causa de mim. — Você é meu filho, — ela disse ferozmente, olhando para mim. — E nós cuidamos um do outro. Acenei com a cabeça, reconhecendo as palavras semelhantes as que ela disse nas primeiras horas após o funeral de meu pai. Fora apenas nós dois por anos agora. Ela se endireitou. — Além disso, você precisa de mim agora com Alona aí fora voando em algum lugar, prestando nenhuma atenção em seus deveres. — Sua boca apertou, em sinal de desaprovação. Fiz uma careta com a mentira que eu dera a ela para explicar a ausência de Alona e o aumento da atividade de fantasmas ao meu redor. Eu não podia contar que Alona era diretamente responsável pela “recuperação” incrível de Lily. Minha mãe tratara a coisa de vidente razoavelmente bem, mas o espírito de Alona no corpo de Lily? Isso ia

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além do seu pensamento mais liberal. E ela nunca gostara particularmente de Alona para começar, então eu não queria piorar as coisas. — Mãe, por mais que eu aprecie isso, não há nada que você possa fazer, — apontei, tentando ser tão cuidadoso quanto eu podia para não ferir seus sentimentos. — Isso é algo que preciso fazer sozinho. — Eu sei, — ela disse, com paciência exagerada. — Eu certamente não sou capaz de ajudar-lhe com nenhum de seus… — ela olhou para a porta do porão, que estava um pouco aberta, checando se Sam não tinha escutado —… problemas. — Ela estendeu a mão e pegou a minha, apertando-a. — Mas eu posso ao menos ter certeza de que você tem um lugar seguro para ser você mesmo até você descobrir. Balancei minha cabeça, sentindo a picada de lágrimas em meus olhos e nariz. — Você não deveria ter que desistir de sua vida, não mais do que já fez. Ela acenou para tirar importância a minhas palavras. — Quem disse que eu estou desistindo de alguma coisa? — Ela se levantou e levou sua caneca para a pia. — Aquela casa de fazenda dele é um desastre ainda, especialmente a cozinha. E em seis meses ou em um ano… — Ela encolheu os ombros. —… as renovações dele estarão feitas e talvez você já esteja pronto para estar na sua própria casa. Não é o fim do mundo. Mas eu podia ouvir a nota forçada de jovialidade em sua voz. Sam já havia proposto várias vezes e vivermos juntos era menos do que ele queria. Quanto tempo ele estaria disposto a esperar por isso? Especialmente sem saber a verdade do que estava acontecendo comigo.

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Minha mãe decidira que ela não queria que Sam se sentisse forçado a acreditar em algo que a maioria das pessoas achava loucura. Ok, tudo bem, mas sem esse contexto, ele podia pensar que ela nunca iria. Que nós éramos como aqueles mães e filhos co-dependentes permanentemente pirados. Norman Bates e sua mãe, ou que seja. — Faça um favor para mim, — eu disse. Ela se virou da pia e levantou uma sobrancelha para mim, suas mãos já cobertas por bolhas por esfregar a caneca de chá. Ela sempre lavava quando estava chateada, especialmente quando não admitia que estivesse chateada. — O quê? — ela perguntou obviamente desconfiada de que eu estava tentando convencê-la de alguma coisa. — Só... Não diga não ainda. Ela abriu a boca, mas eu continuei antes que ela pudesse falar. — Me dê algumas semanas mais. Diga a ele que você precisa de tempo para pensar nisso, se você precisar, mas não diga não a ele. Por favor. — Nada irá mudar isso tão rapidamente. — Ela pareceu cansada, de repente. — Eu não quero dar a ele uma falsa esperança. — Estou trabalhando numa coisa, ok? Eu só preciso de um pouco mais de tempo. — Se eu não pudesse ao menos encontrar uma pista até então, provavelmente não iria acontecer a qualquer hora tão breve. Nesse caso, os planos de emergência precisariam ser feitos. E morar em casa para sempre não era um deles. Minha mãe estreitou os olhos para mim. — William, se você estiver se colocando em perigo…

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— Totalmente seguro, prometo. — O que era verdade... até certo ponto. Deixar as coisas como elas estavam seria bem mais perigoso isso era certo. Ela acenou com a cabeça devagar, não tendo a certeza se acreditava em mim. — Tudo bem. — Obrigado. — Fiquei em pé, empurrei minha cadeira e, antes de deixar a cozinha, peguei um par extra de passos para beijar sua bochecha, assustando-a. — Deixa comigo. Não se preocupe. — Disse, desejando-me sentir tão certo quanto eu soava. Mas primeiro. Antes que eu pudesse continuar a trabalhar em um

modo

de

fazer

Alona

voltar

à

forma

espiritual

-

e

consequentemente, dar a minha mãe sua vida de volta - eu precisava resolver um problema mais imediato. Deixei minha mãe na pia, com o som dos passos de Sam vindo das escadas do porão, e fui de volta ao meu quarto. Houve uma altura em que minha casa era uma zona livre de fantasmas. Eu dera o meu melhor para esconder minha identidade de vidente, e os poucos fantasmas que descobriram nunca me seguiram até em casa. Os fantasmas não são oniscientes. Eles não sabem nada mais do que sabiam quando estavam vivos, para além do que eles aprendem por assistir, ouvir e, bem, atravessar as paredes. Então meu exato endereço tinha permanecido um mistério para eles, felizmente. O problema era que, assim que minha reputação começou a se espalhar - graças, em parte, ao desejo inicial de Alona de ter certeza que todos soubessem que ela era a minha guia e, portanto, melhor/mais importante do que o resto deles - mais espíritos

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começaram a me reconhecer na primeira vista. E constantemente ficar em guarda e ter a certeza de que eu não estava sendo seguido tornouse mais difícil. Quando Alona fora minha guia, ela havia mantido todos na linha, literalmente. Mas agora? Não muito. Infelizmente, os mortos pareciam iguais aos vivos, a não ser por suas roupas que estavam obviamente ultrapassadas ou por pegá-los passando por um objeto sólido, o que eles não conseguiam fazer quando estavam perto de mim de qualquer modo. Então, ter certeza de que o cara estranho atrás de você na calçada está, de fato, respirando e que não é um fantasma tentando perseguir você é um pouco complicado. Acontece que os fantasmas não costumam se importar se você lhes perguntar sobre seu status no mundo vivo - é atenção e, a maioria deles, sente falta disso - mas os vivos tendem a meio que... surtar. Eu fizera o melhor que podia para ser cuidadoso quando chegasse e saísse de minha casa, mas foi preciso apenas um ou dois deles me seguir e então espalharem a palavra. Consequentemente, meu quarto, às vezes, tinha mais fantasmas do que um hospital, cemitério e funerária juntos. Divertido. Assim que cheguei ao corredor, alguém me viu e os sussurros que eu fora capaz de ignorar na cozinha começaram a aumentar de volume até que atingiram o que só podia ser descrito como um clamor. Cinco ou mais fantasmas estavam abarrotados no corredor em um tipo de linha de meia tigela que começava na porta do meu quarto e passava pela frente do banheiro.

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Dando o meu melhor para aparentar ter uma calma que estava em completo contraste com o nervosismo suado que eu estava sentido, ignorei as vozes e as mãos alcançando-me para me agarrar. — Will, por favor… — Eu preciso que você diga a eles… —… você vai nos ajudar? —… impedi-lo de vender a casa? Ninguém tentou me parar - isso era bom - e consegui escapar para dentro do meu quarto. Fechei a porta, prendendo os dedos de alguém entre ela e o batente. Um grito indignado e surpreso surgiu. Sim, alguns deles estavam ainda tentando se adaptar à ideia de ter fisicalidade ao meu redor. Isso era uma coisa boa, na verdade. Significava que eles não estavam tão aptos a exercer coerção física ou violência para conseguir o que queriam... ainda. No meu quarto, a situação fantasma estava pior - provavelmente dez deles - mas ao menos eu reconheci a maioria deles como pessoas da lista que Alona começara a fazer para mim alguns meses atrás. Eles sabiam que eu estivera tentando ajudá-los. Eles viram o Vô B., um de seus ex-companheiros ir para a luz e eu contei a eles como Liesel e Eric finalmente encontraram a paz mês passado. Então eles não iam ficar tão agressivos... Provavelmente. — Alguma sorte? — Um fantasma em uma saia de poodle 3 perguntou

esperançosamente,

balançando

seu

rabo

de

cavalo

enquanto ela saía dos pés da cama para me cumprimentar. Um monte

3 É uma saia constituída por gama de feltro. Seu comprimento é geralmente até os joelhos ou logo abaixo

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deles. A moda da saia de Poodle estava no auge durante a década de 1950.


de rostos se virou para mim com expectativa, incluindo o de uma mulher de aparência vagamente familiar vestindo um terno azul apertado, o cabelo vermelho escuro preso em um penteado caro. Ela, na verdade, abriu caminho para frente da parte de trás para ouvir a minha resposta. Todos eles pensavam que eu estava procurando Alona. Foi, novamente, uma história que eu tinha sido forçado a inventar para explicar sua ausência e a diminuição da minha capacidade de ajudálos. Havia muitos deles, e sem Alona, eu não podia fazer tanta coisa. Sem mencionar o tempo perdido que pesquisar toda e qualquer coisa para tentar separar Alona de Lily acabou por ser. Recostando-me contra a porta, balancei a cabeça. Um gemido audível subiu de uma vez só, como se tivessem ensaiado. E eu acho que, de certa forma, eles tinham. Eles estavam aparecendo aqui duas ou três vezes por semana, com a mesma pergunta, e eu era sempre obrigado a dar a mesma resposta. Dizer-lhes a verdade teria sido uma bagunça. Se outros fantasmas soubessem o que Alona tinha sido capaz de fazer - assumir um corpo, possuindo-o, por falta de um termo melhor, podia haver uma corrida deles tentando fazer o mesmo em todos que eles achavam que pareciam estar em estado inconsciente ou em coma. E essa era a última coisa que precisávamos. A maioria deles, provavelmente não teria sucesso... ou não por muito tempo, pelo menos. Levava uma grande quantidade de energia, aparentemente, fazer o que Alona estava fazendo. Um espírito de nível vermelho ou acima, de acordo com o sistema de classificação que a Ordem usava. E, além disso, não tínhamos inteiramente certeza dos efeitos que essas tentativas podiam

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ter sobre os vivos, nem queríamos uma erupção de possessões de cinco minutos, o que, francamente, era assustador como o inferno. Assim, tanto quanto qualquer um no mundo espiritual sabia, Alona havia decolado para locais desconhecidos depois que nós tivemos uma briga. Essa última parte, pelo menos, não exigia muita imaginação para acreditar. A garota da saia sacudiu a cabeça, seu rabo de cavalo balançando com o movimento. — Você deveria ter pedido desculpas imediatamente, — disse ela com desaprovação. — Como você sabe que era eu que estava errado? — Perguntei, ofendido, apesar do fato de que nós estávamos falando sobre uma discussão que nunca aconteceu. — Por favor. — Ela revirou os olhos e foi descansar aos pés da minha cama de novo. — Eu continuo dizendo, ela se foi. — Evan, o cara zelador assustador da minha antiga escola, falou, baixando o esfregão impacientemente no balde/espremedor que estava sempre com ele. — Desapareceu, puf, foi-se. Ela não responde quando você chama. Ela não aparece aqui na hora da sua morte. — Ele balançou a cabeça. — O vínculo está quebrado. Ela não vai voltar. O que era tudo verdade, mas não era a direção em que eu queria que essa conversa fosse. Levantei minhas mãos e tentei soar calmo. — Nós não sabemos o que… — Não, eu acho que sabemos. — Ele apontou um dedo em minha direção. — E você precisa começar a se concentrar no que é importante, não correr atrás do seu pedaço de bunda fantasma gostosa. — Ele sorriu.

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Uma rodada quase abafada de risos emergiu da multidão, e eu senti meu rosto ficar quente. Evidentemente, Alona e eu não tínhamos sido tão discretos como eu pensei. Tecnicamente, não havia nada de errado com a nossa relação. Exceto, suponho, a parte em que eu estava vivo e ela... não. Ainda assim, não era desse jeito. Nós nos conhecemos quando ela estava viva, e nós éramos da mesma idade... Ah, esqueça. Tentei reunir e recuperar o controle sobre o quarto, apesar de todos os rostos sorrindo. — E eu suponho que você quer que eu comece ajudando você? — Perguntei a Evan. — Eu estava esperando. — Ele inclinou o esfregão contra a parede e deu um passo para frente, as mãos em um gesto de “eu estou aqui” e um sorriso que se estendeu através de seu rosto cicatrizado por acne. Só que eu sabia que ele tinha sido enviado para a parte de trás da fila por Alona, o que significava que a maioria, se não todas essas pessoas deveriam ter estado à frente dele. Para minha surpresa, no entanto, nenhum deles protestou seu avanço, o que só poderia significar que tinham desistido da ordem que Alona tinha estabelecido e estavam desesperados o suficiente para ver qualquer um ser ajudado e dar-lhes a esperança de que um dia estariam em sua posição. Nada bom. Isso também era um problema, porque era Evan. — Bem, vamos lá, então. — Ele deu a volta a vários outros e acariciou minha cadeira ansiosamente. — Ligue a máquina e vamos tratar disso. — Ele olhou para o meu computador e para mim com expectativa,

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e

os

fantasmas

se

moveram

pelo

meu

quarto,


aproximando-se como se não quisessem perder nenhuma parte do show. Suspirei. — Evan, você matou pessoas. — Foi um acidente! — Protestou. — Eu sei, — eu disse cansado. Mais ou menos. Segundo o lado de Evan, ele tinha apenas intenção de assustar as crianças que tinha pegado marcando e jogando ovos na escola no meio da noite. Na verdade, ele nem sequer os tinha pegado. Ele tinha ouvido boatos sobre a brincadeira da meia-noite durante o dia e planejado ficar na escola até que eles aparecessem. Aparentemente, tinha-se tornado um ponto de orgulho para os alunos da escola de Groundsboro no início dos anos noventa torturá-lo ao fazerem bagunça que sabiam que ele teria de limpar. E ele se tornou igualmente determinado a pegá-los em flagrante e entregá-los à polícia. Infelizmente - ou não, - eles tinham mudado os seus planos para mais cedo, e quando ele chegou, eles estavam tentando fazer uma fuga não tão limpa. Pela descrição de Evan, parecia que uma fábrica de frango e uma fábrica de tintas tinham explodido simultaneamente - menos as penas... e o fato de que não havia tal coisa como uma fábrica de frango. Mas que fosse. Esta era a história de Evan. Os criminosos correram para voltar para sua pickup, enquanto provocavam Evan por sua chegada tardia. Enfurecido e humilhado, ele acelerou em sua van, com a intenção de frear e desviar no último segundo. Só que não o fez. Ele disse que seus freios falharam, mas a polícia não tinha sido capaz de encontrar evidências de tal. Duas crianças acabaram mortas, e um terceiro foi gravemente ferido. Não ajudou que uma das crianças que tinha morrido era o filho de um proeminente advogado. Evan tinha

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sido condenado, sentenciado a pena de morte e executado por injeção letal em 2002, logo antes de colocarem uma moratória sobre a pena de morte em Illinois, que ainda lhe doía hoje em dia. — Você já tentou desculpar-se, — apontei. Ele tentou fazer as pazes com as famílias afetadas antes de sua morte, mas não ajudou. Ele ainda estava preso aqui, no meio termo. — O que mais você quer fazer? — Não sei! — Ele cruzou os braços sobre o peito. — É o seu trabalho descobrir. Como se eu não tivesse o suficiente para fazer? Como se meus próprios problemas já não estivessem tentando segurar minha cabeça sob a água até que eu parasse de respirar? Pelo menos eu estava tentando resolvê-los, em vez de despejá-los no colo de alguém. Então, culpe a frustração, insanidade momentânea, ou simplesmente esquecer por um segundo que o cara era um assassino - não importa o que ele dizia, - mas de repente eu não podia manter minha boca fechada por mais tempo. — Que tal dizer a verdade, para variar? Você não desviou porque não quis, e é isso que está te mantendo aqui. Idiota, Will, definitivamente idiota. Ele investiu contra mim e a sala explodiu em ruído. A mulher no terno, a que eu tinha notado antes, apareceu na minha frente de repente, bloqueando o caminho de Evan. — Recue. — Ela empurrou-o, e ele tropeçou, parecendo espantado. — E o resto de vocês acabe com isso já, — disse ela para os outros. Ela olhou para mim, como se esperasse a minha gratidão e/ou aprovação. Mas eu estava demasiado distraído. Eu a reconhecia agora. Era a Garota Férias de Primavera do estabelecimento de Malachi... exceto

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que ela estava vestida de forma diferente. Ela tinha trocado o top do biquíni e shorts por um terno que se agarrava a suas curvas e um penteado caro, ambos a faziam parecer mais velha do que os 19 ou 20 que ela provavelmente tinha. Como isso era possível? Fantasmas não podiam mudar suas aparências, não assim. — Vocês realmente acham que isso vai ajudar alguma coisa? — ela exigiu dos outros espíritos, com as mãos nos quadris. Com a sua atenção sobre eles novamente, eu consegui uma melhor visão da parte de trás de sua cabeça, que parecia um pouco, uh, amassada. Fiz uma careta. — Quem é você? — Evan perguntou a ela, de mau humor. Derrotado por uma garota - mais uma coisa para o seu desfile de piedade. Ela se virou e sorriu para mim com determinação e talvez uma leve sugestão de loucura. — Eu sou a ajuda que ele está procurando. Oh. Merda.

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Alona Esperei até que carro de Will se afastasse antes de atravessar de volta para Sagrado Coração. Eu não estava pronta para ser Lily Turner, até mesmo para fingir, neste exato momento. Fúria e mágoa queimavam em minhas entranhas em uma mistura potente. Eu não tinha nada contra Will se importar tanto com ela. O meu problema maior era que ele não parecia se importar tanto comigo. Eu era o espírito aqui, a alma. Lily, a real Lily, não este corpo, estava provavelmente em uma nuvem rindo para caramba disso tudo. Ou... uma vez que isso não era um desenho animado, na luz, completamente em paz, inconsciente e indiferente das lutas do mundo corporal e do resto de nós. Que era mais provável. Vadia. Eu estive lá uma vez. Na luz. Não me lembro de nada mais que memórias fugazes de uma sensação de paz enorme e aceitação. Então, eu me encontrei de volta aqui nessa bola de sujeira, presa entre os vivos e os mortos mais uma vez, sem nenhuma explicação, nenhum "obrigada por jogar", nada. Eu disse a Will o essencial, o que fazia mais sentido, que tinha sido mandada de volta para aprender mais e para ajudá-lo. Era mais fácil do que explicar que eu tinha sido rejeitada. Eu! E nem sabia o porquê!

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Na verdade, se eu estivesse sendo honesta, foi ainda pior do que isso. Ser rejeitada sem saber por que era uma coisa. Mas eu estive na luz por quase um mês antes deles decidirem me chutar. Como se houvesse alguma falha no meu caráter que era visível apenas em uma inspeção mais próxima. Ou alguém decidiu que eu precisava sentir ainda mais do carma e ofereceu a aceitação apenas para retirá-la, assim como Misty e eu tínhamos feito algumas vezes para todos aqueles que queriam o status de primeiro nível. Na época, parecia quase uma bondade de, pelo menos, deixá-los acreditar que tinham uma chance quando a maioria não tinha. Mas agora... Agora eu via as coisas um pouco diferente. Eu não sabia que a luz era vingativa assim - meio que ia contra todo o princípio do que a luz era para ser - mas quem sabia com certeza? Tudo desde a minha volta tinha sido um grande palpite, incluindo salvar Lily mês passado, quando ela estava morrendo naquele armário de vassouras e eu estava desaparecendo. E o que isso me deu? Nada além de mais problemas. Que seja. Levei um tempo para encontrar o túmulo novamente. Eu não tinha passado muito tempo aqui desde meu funeral. Para ser honesta, os cemitérios são meio, bem, mortos. As únicas pessoas que vêm aqui são os vivos, e eles estão sempre respeitosos e bastante chatos quando estão aqui. Os mortos que estão presos entre os mundos têm apenas uns aos outros, e assistem os vivos como entretenimento, então, eles normalmente não ficam em lugares como este. Cemitérios são,

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portanto, um bom lugar para ficar algum tempo sozinho, para aqueles em ambos os lados da grande divisão. O outro problema, eu finalmente percebi, era que eu estava procurando o cartaz temporário que colocaram imediatamente após o funeral para marcar minha sepultura. Mas quando eu encontrei o lugar certo, foi só porque eu reconheci a lápide especial que meu pai encomendou. Ela tinha finalmente sido colocada. Feita de mármore rosa italiano com anjos chorando no topo, a pedra era grande e bonita e um pouco desagradável. De pé era cerca de doze centímetros mais alta do que as pedras de cada lado. Mas assim era o meu pai. Ele me deu a lápide que achava que sua princesa merecia. Que tinha sido praticamente a última coisa que ele fez por mim, pelo que parecia. O mármore estava sujo com manchas da última chuva, e o vaso embutido estava vazio, sem sequer uma folha seca. A grama finalmente tinha crescido por cima da terra pura, mas era um verde velho resistente do verão em vez da grama verde bebê da primavera. E ela estava começando a subir acima da base da pedra. Meu pai tinha vindo até aqui depois que colocaram a pedra? Não parecia. Ele ficou ocupado com Gigi, minha Mothrasta, e o novo bebê a caminho. Sua filha substituta. Cansada, de repente, e com a minha perna doendo, eu ajoelhei desajeitadamente na beira da nova grama, com cuidado de evitar sentar em cima de qualquer pedaço do meu corpo antigo. Isso seria tão estranho. Negligenciar, eu entenderia - tinha entendido por anos - por parte de minha mãe. Ela não era capaz de se concentrar em qualquer

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outra pessoa além dela mesma. Mesmo agora que ela estava tentando melhorar. Talvez, especialmente agora que ela estava tentando mudar. Ela precisava de cada bocado de força de vontade que tinha para se manter no foco, e eu tinha visto muito bem o que acontecia quando ela perdia o foco. Mas o meu pai? Eu era especial, sua favorita. A única coisa boa que tinha saído de seu casamento com a minha mãe, ou assim ele costumava dizer. Ele me mimava, e eu teria feito qualquer coisa por ele. E eu tinha feito muitas - colocando minha mãe contra a parede para parecer um ser humano razoável quando ele precisava dela para reuniões legais ou de qualquer outra coisa; não reclamando quando ele me deixou controlando as nossas contas e o dinheiro que nós recebíamos do seu pagamento mensal e assim evitando que minha mãe o perturbasse a cada trinta segundos; atendendo as chamadas dos vizinhos quando minha mãe estava estacionada no meio do caminho no gramado da frente de novo, assim o meu pai não teria que interromper suas “férias”4 com Gigi, etc Ele sempre foi grato, rápido em me dizer que ele sabia que podia contar comigo. Que eu era uma "jogadora de equipe". Só que eu não era. Não de verdade. Porque não importava o quão grato meu pai dizia estar, não importava o que ele me comprava para dizer obrigado... Ele nunca fazia nada diferente. Para ser um jogador de equipe, tinha de ter uma equipe real, pessoas que trabalham por um objetivo comum. E tudo o que eu tinha era uma mãe fazendo uma

4 Aqui a autora coloca “staycation” como se fossem férias para ficar ou namorar.

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bagunça por tudo, enquanto o outro evitava a reconhecida bagunça, deixando toda a responsabilidade cair sobre mim. Limpava tudo por ele. Eu congelei, a compreensão soou na minha cabeça alta e clara. Sim, minha mãe precisava de mim para cuidar das suas bagunças induzidas pelo álcool... mas meu pai precisava de mim para cuidar dela então poderia se dar ao luxo de evitá-la. Ele me usou, tanto quanto minha mãe. Senti-me como uma babaca. Ele jogou suas responsabilidades em mim e depois esqueceu tudo sobre mim, logo que eu morri. Comprar uma lápide bonita era tudo o que levou para a sua culpa ser apaziguada, aparentemente. Minha mãe sempre o acusou de sempre estar correndo atrás do mais novo e mais brilhante objeto na vizinhança sem sentimento ou arrependimento, seja este o último um carro, objeto, ou esposa. Eu pensei que ser "especial" havia me isentado disso. Acho que não. Com esforço, inclinei-me e puxei um pouco da grama super alta da base da minha lápide ridícula, meus olhos ardendo de repente. É por isso que as pessoas não devem ficar por aqui depois que morrem. É solitário e infeliz, e isso faz você pensar muito. Ou, se você tiver que ficar por aqui por causa de questões não resolvidas, então você com certeza não devia ser enviado de volta depois que as resolveu. Quero dizer, por que isso? Joguei os pedaços soltos de grama para longe, mas a brisa os pegou e os enviou vibrando em meu túmulo, tal como ficariam as folhas em alguns meses e, depois disso, a neve.

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Imaginei meu antigo “eu” confortável dentro do caixão branco embaixo do chão, imune a todo o drama e caos acontecendo aqui. E, por um segundo, eu gostaria de estar com ela. Só morrer. ― Por que estou aqui? Por que você me mandou de volta? ― Eu perguntei, provavelmente, pela milionésima vez nos últimos dois meses, desta vez em voz alta, em vez de na minha cabeça. Mas a resposta foi a mesma. Silêncio. Claro. Porque isso era tão útil nesses dias.

*** Passei mais tempo no cemitério do que eu queria e tive que correr para voltar para casa antes que a Sra. Turner e Tyler voltassem. Ainda assim, correndo ou não, eu deveria saber que algo estava errado no segundo em que cheguei à janela do meu quarto. Se eu parasse e pensasse sobre isso, eu teria lembrado que tinha deixado a janela aberta e agora estava fechada. Eu poderia ter verificado as coisas antes de me debruçar para dentro. Mas meu cérebro estava em um ciclo constante de pensamentos infelizes, e eu estava com pressa. E foi só depois que eu espiei pela soleira da janela - é muito mais difícil fazer isso do lado de fora do que você pensa - e enfiei a cabeça dentro do quarto, que eu percebi duas coisas muito importantes. Em primeiro lugar, a menos que eu quisesse acabar com meu rosto no chão, teria sido melhor começar com meus pés.

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Segundo, Tyler Turner, irmão mais novo de Lily, estava de pé no meio do quarto olhando para mim, com os braços cruzados sobre o peito magro. Flagrada! ― Eu fui dar uma caminhada. ― Disse fracamente. Tyler era a segunda coisa mais difícil sobre este show, vindo logo atrás da Sra. Turner. Não era culpa dele, exatamente. Eu não fazia ideia de como ser uma irmã mais velha, mais do que eu sabia ser sua irmã mais velha, especificamente. Ele era três anos mais novo do que Lily (quatro anos mais jovem do que eu) e um mistério total e absoluto para mim. Às vezes, ele parecia odiar toda a atenção que seus pais, especialmente sua mãe, colocavam em mim. Ele constantemente apontava quando eu respondia suas perguntas incorretamente (― Não, o roxo é sua cor favorita) ou não "lembrava" algo que eu deveria (― Mas você odeia mostarda!). Outras vezes, como quando eu tinha uma dor de cabeça (ou achava conveniente dizer que tinha), parecia que ele iria entrar em pânico. Ele espiava para me verificar a cada quinze minutos, enquanto fingindo não o fazer, ou trazia para mim um copo de água e Tylenol com uma expressão ansiosa. Eu não conseguia entendê-lo. Mas Tyler foi o primeiro que percebeu que algo estava diferente em Lily, no primeiro dia que eu assumi o controle do seu corpo, mesmo antes de eu agarrar seu pulso. Ele viu isso de alguma forma. Ele conhecia bem sua irmã. E, às vezes, eu me perguntava se ele sabia que eu não era ela. Isso seria um problema. Um grande problema.

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Tyler balançou a cabeça para mim. ― Você saiu para uma caminhada pela janela? ― Ele zombou. ― Certo. Melhor não tentar essa desculpa com a mamãe. Isso era o que eu estava perdendo por não ter irmãos? Não, obrigada. Minha única experiência com irmãos mais novos vinha por ser próxima de Misty e sua família. Mas seus meio irmãos ainda usavam fraldas, e o pior que eles já fizeram foi roubar um batom para usar como giz de cera. Suspirei e saí da janela, me preparando para subir corretamente. Se ele ia soar o alarme, eu queria estar lá dentro, pelo menos. Com um movimento estranho, balancei minha perna ruim e depois a minha boa sobre o peitoril. Eu fiz uma careta, inclinando a cabeça para caber embaixo da moldura, e me deixei cair no chão com uma queda mal controlada. O impacto enviou uma onda de dor através da minha perna machucada, e eu tropecei um passo a frente, batendo na mesa. A lâmpada da mesa e um monte de livros e revistas caíram no chão. ― Shhh! ― Com um rápido olhar para a porta do quarto, que estava entreaberta, Tyler se aproximou de mim. ― Você sabe quão próximo foi? ― Ele exigiu em voz baixa. ― Mamãe me mandou aqui para dizer que chegamos mais cedo. E se ela viesse aqui em vez de me mandar? Olhei para ele como se ele estivesse falando outra língua. Então, ele não ia contar sobre mim? ― Ela ficaria chateada? ― Eu senti que era uma resposta bastante segura e verdadeira. Agora era a sua vez de olhar para mim. ― O que há de errado com você? É claro que ela teria ficado... ― Tyler balançou a cabeça com

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impaciência. ― Não importa. Você nem mesmo me disse onde estava indo desta vez. Ele parecia quase... magoado. Eu me mexi, desconfortável. Eu queria muito sentar, tirar o peso da minha perna, mas obviamente ele não iria a lugar nenhum tão cedo sem algum tipo de conversa. Ótimo! ― Tudo bem, ― eu disse lentamente, tentando juntar tudo isso e chegar a algum tipo de resposta parecida com Lily. Claramente, porque Tyler e eu nunca tivemos uma discussão sobre minhas escapadas antes, ele e a Lily pré-coma devem ter tido. Então, espera, a Lily précoma andava dando escapadas? Onde? Por quê? Eu sabia que ela não era perfeita, mas isso ia muito além do que eu suspeitava. Então outra vez... Lily estava “ficando" com Ben Rogers por um tempo, e ele não era exatamente do tipo que aparece na porta da frente, encontra e cumprimenta os pais. Meio que atrapalhava todo o plano dele de conquistar a garota, tirar o que queria dela e depois largá-la. Mas ela não tinha mencionado as escapadas para encontrá-lo em seu diário. Então, novamente, talvez Lily fosse mais brilhante do que eu havia lhe dado crédito. Era uma coisa descrever um encontro que você não deveria ter; outra era soletrar em letras maiúsculas e em negrito os crimes específicos para os quais você podia ser punida se um dos pais bisbilhotasse. Além disso, tudo o que ela escrevia era relacionado com Ben. A parte de sair-de-casa provavelmente não era tão importante para ela. Percebi que Tyler ainda estava esperando por uma resposta. ― Uh, desculpe. ― Eu ofereci. ― Esquece. ― Ele murmurou. E se atirou na beirada da minha cama.

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Fabuloso. Havia uma maneira educada de dizer "saia"? Como Lily diria isso? Ela provavelmente não diria. Pelo que eu sabia, ela e Tyler tinham sido melhores amigos, blá, blá, blá. Sabe, teria sido tão útil se Lily tivesse escrito sobre esse tipo de coisa em seu estúpido diário em vez de páginas inteiras de seu nome entrelaçado com Ben em cada estilo imaginável. ― Então? Você estava com Ben e aqueles caras? ― Tyler perguntou. Ah, eu sabia! ― Não desta vez, ― Disse com cuidado. ― Só visitando alguns outros amigos. Ele acenou com a cabeça. ― Não esqueça, no entanto, que Ben disse que um dia ele iria me deixar tentar dirigir seu carro. Hum, ok. Eu não sabia o que dizer sobre isso. Tyler parecia tão esperançoso... E implacavelmente bizarro com o topete na parte de trás de sua cabeça e sua camisa polo gigante (laranja, neste momento) e calças cáqui. Eu não fazia ideia de por que a Sra. Turner continuava a vesti-lo como um jogador de golfe de meiaidade, ou por que ele permitia que ela o vestisse assim. Huh. Em comparação, Lily era a descolada desta família. Estiquei-me um pouco quando entendi. Uau. Esse tipo de coisa explicava muito. Tyler era um geek e a duas semanas de começar o ensino médio. Sair com Ben para dar uma volta, no ano passado, mesmo junto com sua irmã mais velha, deve ter sido como o epítome do que existe de maravilhoso.

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Exceto... Que tipo de irmã apresenta seu irmão mais novo para um idiota como Ben? E por que Tyler ainda queria sair com ele depois do que Ben tinha feito a Lily? Ben tinha sido parte da minha turma na escola, mas certamente não éramos amigos. Ele pensava demais de si mesmo, com corpo agradável ou não. Ele era sedutor 5 e incrivelmente hábil em jogar charme até conseguir o que queria. O que, a meu ver, não era justo. Por que dar às pessoas - especificamente meninas com autoestima ridiculamente baixa - tal esperança? Não era nenhum desafio. Ben ganhava todas às vezes, inclusive com Lily. Pelo que eu poderia dizer do diário dela, Lily ainda estava esperando por algum tipo de coisa a longo prazo com Ben, do início até o fim. Sua anotação final foi sobre como se preparar para essa última festa. Essa onde ele publicamente e brutalmente a humilhou e a expulsou em lágrimas... E ela bateu seu carro. Mordi o lábio. Era possível Tyler não saber da história toda que aconteceu com Ben ou da festa? Eu não tinha certeza se seus pais sabiam. Assim, na mente de Tyler, talvez Ben ainda fosse o cara bom que Lily havia falado que era. Ugh. ― Talvez da próxima vez. ― Disse a Tyler finalmente. Essa era a resposta mais fácil. Dizer-lhe que Ben e Lily tinham terminado apenas iria trazer uma enxurrada de perguntas que eu não tinha a energia ou informações para responder do “jeito de Lily”. E uma vez que não havia nenhuma maneira que eu ia chegar perto de Ben Rogers neste corpo, e muito menos existia uma chance de levar Tyler... Problema resolvido.

5 A palavra slick aqui significa uma pessoa hábil com as palavras e agradável, mas não necessariamente,

honesta.

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Tyler olhou para mim de forma estranha. Provavelmente porque eu estava levando cerca de dois minutos para responder a tudo o que ele dizia. Olá! Eu não tinha ideia do que ele estava falando a maior parte do tempo. Ele deveria ser mais calmo com sua irmã de cérebro potencialmente danificado. ― Você ainda me deve 20 dólares. ― Disse ele depois de um longo momento, com a cabeça inclinada para o lado avaliando. ― Sim, certo. Vinte dólares por quê? ― Sentindo a minha paciência evaporando junto com minha força. Deus, quem sabia que irmãos davam tanto trabalho? Eu manquei para a cadeira, virei-a, e sentei-me com um suspiro. Era de madeira, velha, e terrivelmente desconfortável, mas ainda era melhor do que ficar em pé. ― Por ficar de vigia? Por manter a mamãe à distância? ― Ele jogou as mãos para cima, exasperado. ― Eu tive que dizer a ela que você estava no banheiro. Revirei os olhos. ― Isso é uma péssima ideia. E se eu não tivesse aparecido naquela hora? Você ia dizer a ela que eu estava no banheiro por horas? Ele levantou subitamente da cama, com o rosto todo vermelho de fúria. ― Bem, se você me dissesse que ia sair, como você deveria, então não teria acontecido dessa forma, não é? Ah, então lá vamos nós. A última peça se encaixou. Lily o usava para dar cobertura quando ela saia furtivamente, e ela o pagava. Entendi. ― Vinte dólares para me cobrir quando eu sair, e tudo o que tenho que fazer é te dizer que eu estou saindo. Isso parece justo, ― eu disse com cautela. Eu poderia realmente usar essa armação quando

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fosse para casa de Misty. E, no entanto, olhando para a expressão de desconfiança de Tyler, eu não conseguia afastar a sensação de que estava fazendo algo - tudo - errado. Seria de pensar que a essa altura eu já estaria acostumada com essa sensação, mas não estava. ― Eu não tenho dinheiro agora. Posso te dever ou... Ele fez um som frustrado e desviou o olhar, parecendo à beira das lágrimas. ― O que há de errado? ― Eu perguntei, alarmada. Em algum lugar ao longo do caminho eu fiz porcaria de novo, aparentemente. ― O que há de errado com você? ― Ele exigiu, com a voz embargada e os punhos cerrados ao seu lado. ― Quem é você? Eu congelei. ― Não entendo. ― É como se você não lembrasse nada. Você nem é a mesma pessoa... Eu apertei os dentes, sentindo o meu domínio sobre o meu temperamento começar a deslizar. ― Olha, eu disse que iria te dar o dinheiro, mas... ― Quando você alguma vez me deu o dinheiro? ― Ele gritou, abrindo seus braços magros. ― Você sempre me diz não! Assim como você sempre me diz que Ben estava apenas sendo legal e não significava que eu ia dirigir. Eu olhei boquiaberta. ― Você estava me testando? ― O pequeno traidor! ― Não! ― Ele esfregou a parte de trás de sua mão contra seu rosto. ― Eu estava apenas...

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― Então por que você perguntou quando sabia que eu sempre digo não? ― Eu perguntei, começando a ficar irritada. Isso era bem difícil mesmo sem ter alguém deliberadamente armando pra mim. ― Porque é isso que os dois fazem. ― A Sra. Turner disse da porta. Tyler e eu pulamos em surpresa, e me custou tudo o que eu tinha para não olhar para trás para a janela - que ainda estava aberta - e para a mesa que estava no lugar errado. Tudo gritava "saída não autorizada." E quanto da nossa conversa ela tinha escutado? ― Vocês discutem sobre coisas bobas. Isso é o que sempre fazem. ― Disse ela para mim. Então, ela voltou sua atenção para Tyler. ― Ty, bebê, lembre-se que nós conversamos sobre isso? ― Ela entrou no quarto e puxou-o para um abraço de lado. ― As mudanças de personalidade, perda de memória, isso tudo pode ser parte da condição de sua irmã. Temos de aceitar as diferenças, até ela encontrar seu caminho de volta. Mas olhando para mim por cima da cabeça dele, ela franziu a testa, aparentemente menos convencida, de repente. Ótimo. Eu senti uma onda de frustração. Isso era tudo que eu precisava: mais uma pessoa observando cada movimento meu, comparando com o comportamento de Lily, um nível de imitação que eu nunca seria capaz de atingir. Tyler se afastou dela, fungando alto e fugiu do quarto. A Sra. Turner o observou ir, com um suspiro. Depois de um segundo, ouvimolo subir os degraus, a porta para o andar de cima abriu e, em seguida, fechou com um baque.

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A Sra. Turner virou-se para mim, parecendo cansada. ― Eu sei que as coisas são difíceis para você. ― Disse ela. ― Mas estamos tentando, Lily... Ally. Seria bom se você pudesse, também. Eu recuei como se ela tivesse me dado um tapa. ― Estou tentando. ― Eu disse entre dentes. Na verdade, tudo o que eu sempre fiz foi tentar. Ela balançou a cabeça. ― Você não quer falar com a gente. Porque eu continuava dizendo as coisas erradas, que só perturbavam ainda mais todo mundo. ― Você não quer olhar para os álbuns de fotos ou vídeos de casa para ajudar a lembrar, ― Continuou ela. Olá, fotos e vídeos sem contexto não significavam nada. E se eu tentasse fazer perguntas para pegar o contexto, iria apenas destacar exatamente o quanto eu não lembrava, ou seja, TUDO. Eu estava ferrada. ― Eu ofereço para levá-la às compras, como hoje, ou sair para jantar, ou o que você quiser, mas você sempre diz não. Você passa a maior parte do tempo aqui sozinha, como se estivesse se escondendo de nós. ― Ela levantou as mãos em desespero. Eu lutei contra a vontade de gritar com ela, Duh! Às vezes, eu recuava para o meu quarto, porque estava evitando o fantasma da Vovó Simmy, que assombrava a poltrona no andar de cima e passava muito tempo gritando com seus parentes vivos. Mas, sim, a maior parte do tempo eu estava evitando a família. Quem não estaria? Quase toda palavra que saía da minha boca era errada e resultava em pessoas chorando ou me encarando como se tivesse crescido outra cabeça em mim. Era um pouco estressante estar constantemente no limite sobre

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o que eu disse e fiz, e como eu disse e fiz. Até pior em uma situação de um-a-um como um passeio de mãe e filha. E compras? Deus. Eu nem mesmo poderia agir como Lily. Como é que eu iria fazer compras iguais a ela? Baseado unicamente no conteúdo de seu armário, eu tinha que assumir que ela estava tentando parecer feia. Ela não tinha nenhum senso da forma do seu próprio corpo ou a paleta de cores correta para seu tom de pele. ― Então... ― A Sra. Turner disse, encostando contra a moldura da porta, como se ela precisasse de apoio. ― Estou começando a pensar que talvez Tyler não seja o único. Talvez, eu também não saiba quem você é. Minha filha não é uma desistente. ― O olhar que ela me deu foi cheio de mágoa e mais do que um toque de ressentimento. Como isso era tudo culpa minha? Eu cravei minhas unhas em minhas mãos, lutando contra a vontade de gritar. Sim, tecnicamente, a culpa era minha de estar presa aqui, mas eu não falhei intencionalmente. Eu não falho. Eu NUNCA falho. Mas isso... isso era uma tarefa impossível. Talvez se eu conhecesse Lily melhor, ou se fôssemos mais parecidas... mas não era o caso. Em vez disso, eu tinha que continuar batendo a cabeça contra uma parede que nunca ia cair, andar na ponta dos pés através de um campo minado sem nem um mapa. E não importa o que eu fizesse, não importa o quanto eu tentasse, eu nunca seria boa o suficiente. E ninguém sequer apreciava o esforço, que era a pior parte. Os Turners, claro, não tinham como saber, mas Will tinha, e ele era o principal a encher o saco. Algo dentro de mim estalou. Dane-se. Tudo isso. Will poderia ter sua Lily perfeita, Tyler sua irmã confusa e contraditória, e os Turners sua inocente e ingênua amorzinho de filha. Eu estava de saco cheio. Se

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eu ia ficar presa aqui por só Deus sabia lá quanto tempo, então ia ser do meu jeito. Levantei-me, ignorando a fisgada de dor na minha perna. ― Eu não sou ela. Eu não sou a Lily que você conhecia. ― Minhas palavras eram frias e precisas. Se Will estivesse aqui, ele estaria pirando. Muito ruim. A Sra. Turner estremeceu, mas eu continuei. Se ainda houvesse uma esperança de quebrar o gelo com os Turners, as coisas tinham de mudar. Agora. ― Eu sinto muito, mais do que você imagina, mas não posso fazer isso. Não posso ser ela. ― Eu disse simplesmente. ― E cada vez que você me compara com ela, isso torna as coisas piores. ― Você faz parecer que você é uma pessoa totalmente diferente. ― Disse ela com uma risada fraca, enxugando os olhos, que estavam transbordando. ― Você é a mesma pessoa que era há cinco anos? Dez? ― Eu exigi. Ela pareceu surpresa com a pergunta. ― Eu não... ― Pode não ser o momento para abordar esta questão, mas eu não sou quem eu era antes do acidente. ― Isso era o mais perto que eu ousava chegar da verdade. ― Eu não lembro o que você quer que eu lembre. Eu não sei as coisas que você quer que eu saiba. Ouvi o desespero na minha voz e odiei isso. Passei minhas mãos pelo meu cabelo, muito fino e liso para os meus dedos. Eu estava usando dessa forma porque era assim que Lily tinha usado. Deus, tudo era sobre Lily, como ela agiria, o que ela diria... Eu não aguentava mais.

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― Eu não posso nem dizer que eu quero mostarda sem que todos ajam como se eu estivesse falando russo ou algo assim. É apenas um maldito condimento! ― Eu limpei a umidade no meu rosto, xingando os dutos lacrimais hiperativos de Lily. ― Querida, está tudo bem... ― A Sra. Turner começou, atravessando o quarto na minha direção, com a mão estendida. Eu balancei a cabeça. ― Não, não está. Ela parou e baixou a mão para os lados. ― Eu gostaria de ser ela para você. Desejava que isto fosse mais fácil. Mas eu não posso, e não é. ― Para isso, eu gostaria de ser uma atriz melhor e que Lily tivesse deixado para trás as transcrições de sua vida para eu ler. Mas isso não era para ser. Eu estava fazendo o melhor que podia, e, por favor, Deus, eu precisava que isso fosse o suficiente para alguém. ― O que você quer que façamos? ― A Sra. Turner perguntou, quase com receio, como se temesse que eu sugerisse me deixar sozinha para sempre ou dizer a ela que eu estava me mudando. Eu respirei fundo, tentando colocar as lágrimas sob controle. ― Nós começamos de novo. Novas memórias. Sem me comparar a quem eu era antes, sem tentativas forçadas de me fazer lembrar as coisas. Eu tento ser alguém que você não tem vergonha de chamar de filha, e vocês tentam me aceitar como eu sou agora. ― Pelo tempo que fosse necessário, de qualquer maneira. Lily não estava mais aqui. Mas no momento, eu estava. Eu tinha que estar. A Sra. Turner empalideceu. ― Eu nunca tive vergonha. ― Disse ela. ― Eu sei que isso não é fácil para você também, mas estamos apenas tentando ajudar.

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― Um novo começo. ― Insisti. ― Podemos fazer isso? ― Porque mesmo que eu entendesse a sua dor, se eu tivesse que ouvir mais uma vez sobre como "eu" nunca fiz, disse, ou pensei alguma coisa antes, eu ia perder a paciência. E fugir gritando, não era apenas impraticável, mas provavelmente poderia resultar na minha internação em algum lugar para o meu próprio bem. Eu sabia que ela tinha folhetos para um centro de reabilitação especializado em lesões cerebrais e traumas mentais - eu vi no balcão da cozinha. ― Nós podemos tentar. ― A Sra. Turner disse lentamente. Sim. Deixei escapar um suspiro de alívio. Ela não estava completamente convencida, mas tudo bem. Eu não esperava que ela estivesse. Qualquer espaço de manobra, qualquer chance de não me sentir como um completo fracasso valia a pena. ― E aquela viagem de compras que você ofereceu ainda está de pé? ― Eu perguntei, de repente, cheia de uma feroz determinação e uma ideia cativante. A Sra. Turner parecia assustada, mas acenou com a cabeça. ― Claro. Bom. Se eu estava falhando em fingir ser a velha, mal vestida, de acessórios pobres, e aparentemente, daltônica Lily, então, o que eu tinha a perder por mudar? Ser a nova Lily - cujo seu interior mudado estava refletido por uma mudança externa também - podia fazer todos, se não felizes, um pouco menos miseráveis e confusos, pelo menos. Exceto Will. Ele odiaria. Mas ele superaria isso quando visse que era o melhor. Certo? Eu segurei minhas mãos em meus lados. ― Estou pronta quando você estiver.

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Jรก estava na hora de mudar.

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Will Não demorou muito tempo para o fantasma de Malachi colocar todos fora do meu quarto e da sala, até mesmo Evan, que ainda estava me encarando com fúria incoerente. Ela apenas... enxotou-os como se fossem nada mais do que irritantes pombos vagantes, dizendo-lhes para voltar amanhã entre as duas e quatro (mesmo que eu não tivesse ideia se realmente estaria aqui, amanhã, entre as duas e quatro e tinha quase certeza de que ela tinha nenhuma maneira de saber também). Seu tom não tolerava nenhuma discussão, e sua confiança deixava pouco espaço para dúvida. Era quase como Alona, na verdade, meio que impressionante. Exceto... que poderia ter sido mais impressionante se eu tivesse feito isso eu mesmo. Mais uma vez, eu tinha precisado de alguém para se levantar e me defender, percebi isso com uma careta. Essa ideia me incomodou mais agora do que havia antes, especialmente ao depender de alguém que não era Alona. Parecia o início de um padrão, e eu não gostava disso. — Então, ouvi que você está precisando de um novo guia espiritual, — a fantasma de Malachi disse, voltando a sua atenção para mim, quando o último fantasma passou através da parede exterior. Ela dobrou seus braços sob o peito, ampliando ainda mais o decote do topo da sua camisa de botão branco e me deu um sorriso muito brilhante.

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— Talvez, — eu disse cautelosamente. Ter um novo guia espiritual iria resolver vários dos meus problemas, mas também criar um novo enorme: Alona me mataria. Embora nós nunca tivéssemos discutido isso, eu estava bastante certo de que ela veria um novo guia como um substituto e um sinal que eu estava desistindo de colocá-la em forma de espírito novamente. Nenhuma daquelas coisas seria boa. — Ótimo, — ela disse, sua expressão de Miss América ainda firmemente no lugar. — Meu nome é Erin, e gostaria de ser voluntária. Lutei para não mostrar a minha surpresa. Ela queria ser uma guia espiritual? Ninguém nunca queria ser uma guia espiritual. Significava desistir de certa liberdade e se amarrar a um mediador que poderia ou não ser capaz de ajudá-la. Alona tinha feito apenas sob coação. Havia definitivamente algo… estranho sobre essa menina. Além de toda a coisa de Malachi e a habilidade de mudar sua aparência tão drasticamente, o que era estranho o suficiente. Se eu tivesse que adivinhar, diria que ela provavelmente tem um poder muito grande para ser capaz de fazer isso. De olho nela, me mudei com cautela para longe da porta. Em pé contra ela só lhe permitiria fixar-me lá, bloqueando a minha saída, se ela assim quisesse. — Por que você quer... — Estou morta há cinco anos, e estou ciente do fato. — Ela apontava fatos com os dedos. — Eu conheço como funciona este meio termo, as pessoas confiam em mim, eu sou muito simpática, eu, tipo, adoro ajudar as pessoas e tudo mais... Jesus, ela estava falando como se isso fosse uma entrevista de emprego.

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— Como você mudou sua aparência? — Eu perguntei, interrompendo-a enquanto ela ainda falava sobre como era dedicada. — Oh, aquilo? — Erin deu de ombros. — Não é difícil. Apenas tem que se concentrar. — Ela fechou os olhos e o contorno de sua aparência de férias de primavera brilhou em sua aparência atual por um breve momento antes de desaparecer. — Viu? Era... impressionante. Até mesmo Alona não poderia fazer isso. Ou, se podia, ela não tinha conhecimento disso. Porque não havia nenhuma maneira que ela teria ficado em suas roupas de ginástica por todas aquelas semanas se tivesse outra opção. — Mas qual é o ponto? — Parecer profissional faz os outros fantasmas me levarem mais a sério, — ela disse, soando como se a resposta devesse ter sido óbvia. Eu franzi a testa. Aquilo não fazia nenhum sentido. — Por que você se importa se... Ela fez um barulho impaciente. — Eu tenho que conseguir obter as informações de alguma forma, não? Não é como se Malachi as pudesse pegar sozinho. — Seu sorriso e a estranha ênfase que ela colocou em seu nome confirmou minha suspeita de que ele era uma farsa. — Espere, espere. — Confuso, eu levantei minha mão como se para retardar suas palavras por tempo suficiente para eu processar o significado por trás delas. — Você trabalha para Malachi? Ele é verdadeiro? — Em caso afirmativo, ele poderia ter me enganado. Na verdade, ele enganara ambos, Alona e eu. Sua expressão congelou. — Eu não trabalho para ninguém. Ele me deve, e nós trabalhamos em um relacionamento mutuamente benéfico. Até agora.

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Então Malachi era de verdade? Meu cérebro estava girando, tentando acompanhar. Por que ele teria de fingir o contrário? Para manter os fantasmas na baía, talvez. Mas então por que entrar no negócio como um maldito médium? Sentindo que minhas centenas de perguntas sobre Malachi iriam apenas chatear Erin, forcei-me a permanecer no tópico. — O que aconteceu? — Eu perguntei. Ela olhou para mim muda. Aparentemente, perguntar sobre a farsa do Malachi não era a única maneira de chateá-la. Suspirei. — Tudo bem. Certo. Sem questões relacionadas a Malachi aparentemente. — Mas que tipo de entrevista de emprego era quando eu não podia perguntar sobre seu empregador anterior... ou qualquer outra coisa? Não que eu tivesse qualquer intenção de "contratação", por assim dizer. Além disso, Alona iria me matar duas vezes, se ela sequer me ouvisse implicando que um vidente era chefe de um guia espiritual. Erin revirou os olhos e sentou-se na cama, dando um salto extra no colchão, aparentemente apenas para ouvir as molas rangerem sob seu peso. Alona tinha feito coisas como essa, também, no começo quando ela percebeu que minha presença lhe dava fisicalidade. — Olha, ele é pequeno. Carece de visão. Ele sempre foi. Eu não tinha absolutamente nenhuma ideia do que isso significava. Ele era capaz de falar com fantasmas ou ele não era. Exceto que havia diversos níveis de habilidade - talvez isso fosse o que ela quisesse dizer. Podia também explicar por que ele precisava dela para obter informações e retransmiti-la a ele, como ela tinha implicado. — Sempre que eu quero fazer coisas melhores para nós, ele arrasta seus pés. Eu tenho que fazer tudo. É patético. — Ela soltou um

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suspiro exasperado. — Mas você? — Ela sorriu para mim, novamente com um pouco de ganância louca em seus olhos. — Você é diferente. Eu pensei que você fosse coisa de boato e lenda suburbana, o poderoso vidente que veio do nada. Huh. Gostaria de saber onde ela estava recebendo suas informações. O rumo do boato dos mortos viajava com assustadora imprecisão e aterrorizante velocidade. Eu estava com um pouco de medo de pensar sobre o que ela tinha ouvido falar. — Imagine o que nós poderíamos realizar juntos. Todas as pessoas que poderíamos ajudar, o bem que poderia ser feito. — Ela estremeceu como se em antecipação. — Seria incrível. — Uh—huh. — Eu falei de volta para ela. Eu tinha, acredite ou não, aprendido minha lição sobre meninas misteriosas - vivas ou mortas - que apareciam com ofertas que pareciam boas demais para ser verdade. Não tinha funcionado muito bem com Mina Blackwell quando ela tentou me recrutar para a Ordem e eu duvidava que isso fosse diferente. — Eu preciso pensar sobre isso. — O que era uma mentira. Ela tinha me assustado bastante em menos de dez minutos. Ela estava demasiado ansiosa e interessada em algo que a maioria dos outros fantasmas via como uma forma de punição. Algo não estava certo.

Qualquer

tipo

de

arranjo

mais

permanente

estava

definitivamente fora de cogitação. Erin parou, colocando sua cabeça para um lado. — O que há para pensar? Você ainda está pendurado em sua antiga guia espiritual, aquela que te deixou? — Ela deslizou da cama, balançando em meu espaço pessoal. — Ela se foi para sempre, eu lhe prometo isso. — Ela

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tocou um dedo contra meu peito, parecendo muito satisfeita com ela. — E eu posso ser muito reconfortante. Merda. — Uh... — Eu fui para longe dela, meu cérebro ainda processando suas palavras. — O que você quer dizer, ela se foi para sempre? Como você sabe? — Eu sabia que os outros pensavam isso, mas Erin falou com tanta confiança que enviou alarmes na minha cabeça. Ela recuou um passo, mostrando-se cautelosa. — Vamos apenas dizer que tenho meu jeito. — Como? — Eu persisti. Ela recuou, sua boca comprimida com raiva. — Sabe, se você não pode apreciar o que eu estou oferecendo, só vou falar com a outra, então. — Ela girou no seu calcanhar e começou a ir embora. — A outra? — Eu perguntei com desconfiança. — A menina com quem você estava esta manhã, que estava falando com a garota chorosa, — ela disse sobre seu ombro com algum desespero, como se eu devesse saber. — Ela é capaz de falar com fantasmas, também, não é? — Deixe-a fora disso, — eu disse imediatamente, antes que eu tivesse tempo para perceber exatamente como quão assustado e paranoico soei. Sutil, eu ouvi Alona dizer na minha cabeça. Erin virou-se para me enfrentar, ansioso interesse escrito sobre seu rosto. — Algo diferente sobre ela, não é? Eu pude ver. — Ela levantou uma sobrancelha. — Talvez ela estivesse interessada em alguma ajuda.

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— Não, você ofereceu-me primeiro. E eu disse que gostaria de pensar sobre isso, ok? — Eu não a queria em qualquer lugar perto de Alona. Quem ou o que quer que Erin fosse, ela era poderosa e estava atrás de algo e Alona estava demasiada vulnerável em seu estado atual. — Você sabe, — ela disse com um sorriso apertado, — eu realmente não preciso da sua permissão. Uh-oh. Eu estava meio que esperando que ela não estivesse ciente do fato. — Espere, vamos apenas... Ela fechou os olhos e disse em alta voz dramática, — Eu reivindico você como meu vidente. Pânico iluminou meu interior. — Pare. — Eu comecei ir em direção a ela, sem ter certeza do que eu poderia fazer em uma luta contra ela. — Eu sou sua e você é meu. — Ela terminou com pressa, antes que eu pudesse alcançá-la. Recuei, à espera de uma explosão fria de ar e a mudança de sensação sobrenatural na atmosfera, o sentido de duas peças encaixando juntas. Isso era o que tinha acontecido quando Alona me reivindicou. Mas... não houve nada. Huh. Ela levantou um olho para olhar para mim. — Eu sou sua e você é meu, — ela repetiu lentamente. Ainda nada. Eu comecei a sorrir. Ela abriu os olhos e fez um barulho frustrado. — Que diabos?

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— Talvez “ele” saiba que se amarrar a alguém que não quer você por perto e que pode te convocar por um capricho é uma má ideia, eu disse, — com alívio. Eu não tinha ideia o que "ele" era, a não ser algum tipo de força sobrenatural que controlava essas coisas, e eu certamente não tinha nenhuma maneira de saber se ele tinha qualquer tipo de opinião sobre os jogos que fazia. Mas algo tinha evitado a conexão de acontecer... Erin dobrou seus braços sobre o peito. — Você está me ameaçando? Sim. — Não. Apenas tendo certeza que entendemos um ao outro, — eu disse. Ela estreitou os olhos. — Não funcionou, então você não tem nada para se preocupar sobre mim. — Ela virou-se, indo em direção à parede para ir embora. Eu resisti ao impulso de chama-la e perguntar se ela ia tentar rastrear a Alona/Lily, mas eu já tinha feito bastante dano nessa área. Perguntar agora ia apenas torná-la mais propensa a fazê-lo. Além disso, quais eram as chances de que ela fosse capaz de rastrear Alona? — Sabe, você parece estar em grande pressa para ajudar as pessoas ‘e tudo’, — eu disse em vez disso. Não que eu estivesse reclamando; só muito, muito suspeito. Ela deu uma pausa na metade da parede e me deu um sorriso excessivamente falso. — O que posso dizer? Eu sou uma pessoa do povo. — Então, ela desapareceu. Uma pessoa do povo? Sim, certo.

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*** Passei o resto da tarde e noite tentando encontrar qualquer coisa sobre Malachi ou uma Erin que tenha morrido há cinco anos. Ela era um canhão solto que eu preferia não ter atrás de mim, pegando-me de surpresa. Mas eu não tinha qualquer sobrenome, e pelo menos um dos nomes era falso (Malachi), que realmente não ajudava no processo de coleta de informações. Eu encontrei o site de Malachi novamente, mas não tinha nenhuma informação nova. A única coisa estranha que notei desta vez foi na seção de depoimento. Em primeiro lugar, o fato de ele ter mesmo uma seção de depoimento deixava implícito que ele tinha sido capaz de ajudar pessoas, com todas as provas em contrário de hoje. Porém, Erin certamente parecia acreditar que ele era de verdade, e enquanto ela podia não estar totalmente lúcida, ela não era completamente louca. Mas, além disso, quatro dos dez mencionaram receber uma carta de Malachi e um cupom para o direito de consulta inicial, quando eles mais precisavam. Os destinatários pareciam tomar isso como um “sinal” que deviam contatá-lo para ajudar com seus problemas de outro mundo. Mais como um sinal de que Malachi de alguma forma conseguiu uma lista mirando os mais vulneráveis, como de um cemitério ou funerária, ou que ele passava seu tempo livre com obituários. Pessoas que recentemente tinham experimentado a morte de alguém próximo a eles eram provavelmente muito mais suscetíveis a comprar o que Malachi estava vendendo. Que abusador.

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Após algumas pesquisas de "Malachi" mais infrutíferas - nada além de menções de Bíblia - eu recorri a pesquisa no Facebook, pensando que poderia ser capaz de avistar Erin da multidão de Erins em Decatur, Illinois, com uma foto. Mas ela não tinha estado lá quando estava viva, ou sua página tinha sido fechada, o que aparentemente bloquearia pesquisas externas. Ótimo. Antes que eu pudesse sair, a caixa de chat no canto surgiu com o som de uma ventosa sendo removida. Desconcertou-me por um segundo. Eu não ficava aqui muitas vezes, e a maioria dos meus amigos não era do tipo de bate-papo. Então eu vi o nome e fez sentido... um pouco. Lily Turner: Oh, que bom, você está aqui. Eu não consigo descobrir a senha do e-mail dela. Oh, Senhor. Will Killian: O que você está fazendo? Lily Turner: O que? Sem celular, sem privacidade no telefone de casa, e eu não tenho seu e-mail. De que outra forma eu poderia falar com você? Sinais de fumaça? Isso era surreal. Uma coisa era ter Alona falando comigo através de Lily na mesma sala. Eu podia ouvir as cadências diferentes, ver sua linguagem corporal e suas expressões, o que ajudava a tornar claro que ela era Alona, não Lily. Mas isso... isso era assustador. Will Killian: Como você entrou? Lily Turner: Duh. Ela disse para seu navegador lembrar a sua informação. Muito desleixada, mas útil para mim.

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Will Killian: Tenho certeza. Lily Turner: Você acha que eu deveria ter logado sob meu próprio nome? Como se isso não fosse causar um rebuliço. Imaginei, por um segundo, a reação de muitos amigos de Alona quando eles vissem o seu botão de status verde, e fiquei grato de repente, que ela tinha tido a premeditação - e sabedoria - para não fazer isso. Na verdade, eu não podia acreditar que ela não tinha feito isso. Deve ter tido sido necessário todo o seu controle para resistir à tentação. Lily Turner: Também, você tem apenas sete amigos? Isso é meio patético. Will Killian: Eu não meço amizade em quilobytes. Lily Turner: Sim, você sabe quem diz isso? Pessoas que têm apenas sete amigos. Ela parecia assustadoramente má. Mais como ela mesma, de um jeito que eu não a tinha ouvido falar desde antes de todo o desastre de Lily ter começado. Will Killian: Que seja. Existe um ponto para isso? Lily Turner: Sim, você pode me encontrar amanhã na casa de Misty. Meio-dia. Não preciso de uma carona. Will Killian: Não? Por quê? Até eu ouvi a suspeita naquelas palavras. Lily Turner: Não se preocupe. Tudo parte do plano. Will Killian: Eu não acho que alguma vez foram ditas palavras mais assustadoras.

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Ela não respondeu imediatamente, e eu pensei que ela pudesse ter desconectado ou se afastado. Lily Turner: Você viu minha página? Levei um segundo para descobrir o que ela queria dizer, e, em seguida, eu ainda não estava certo do que significava "minha". Will Killian: Quer dizer sua página como Alona? Lily Turner: O que mais? É claro. Will Killian: Não. Apenas sete amigos, lembra? Will Killian: Espera. Como VOCÊ pode vê-la sem entrar? Lily Turner: Aparentemente, Lily me enviou um pedido de amizade em algum ponto. Eu devo ter aceitado. Provavelmente quando Lily tinha namorado Ben Rogers. Aquela teria sido a única vez, conhecendo Lily, que ela se sentiria confiante o suficiente para se aproximar da grande e toda poderosa Alona Dare, e para que ela ainda tivesse uma chance de Alona aceitar, não que tenha feito muito de uma impressão sobre Alona, obviamente. Will Killian: Você nem sabe quem são seus amigos? Lily Turner: Esse não é o ponto! Will Killian: Qual é, então? Lily Turner: Deixa para lá. Esqueça. Will Killian: Alona... Lily Turner: É uma cidade fantasma, ok?

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Lily Turner: Há um monte de coisas depois do funeral, pessoas que eu não conhecia falando de mim na terceira pessoa, assustador... Lily Turner: E, em seguida, um monte de coisas ruins. Fiz uma careta, não surpreso. Lily Turner: E então nada. Bem, isso pelo menos explicava por que ela não tinha se conectado como Alona Dare. Will Killian: Sinto muito. Lily Turner: Que seja. Está bem. Deveria ter esperado isso. Eu me sentei lá por um longo momento, não sabendo o que digitar em resposta. A Alona com quem eu tinha falado pela primeira vez há alguns meses atrás teria estado devastada, chocada, incapaz de acreditar que outros falaram mal dela e, em seguida, abandonaram-na. Esta Alona, embora... ela era diferente. Will Killian: Quer alguns dos meus sete? Lily Turner: *fungada* Não. Você precisa de tudo o que tem. Isso era mais parecido com ela. Lily Turner: Mas obrigado. Lily Turner: E não se esqueça. Não me busque. Encontre-me lá. 643 Fairmont. Ela saiu antes que eu pudesse responder, e aquela esmagadora sensação de problemas no horizonte de repente voltou. Não importa o que mais aconteceu, o quanto ela mudou, Alona gostava de esquemas. Ela planejava e manipulava até que o mundo ficasse em ordem, ou tão

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próximo quanto possível para ela gerenciá-lo. Por que será que eu achava que amanhã não ia ser um dia bom?

*** Eu estava com os olhos turvos, irritadiços e no geral não no meu melhor quando eu fui encontrar Alona na casa de Misty ao meio-dia. Tinha levado muito tempo para eu adormecer na noite anterior. Poderia ter sido todo o Mountain Dew que eu tinha bebido para me manter

acordado

para

mais

algumas

pesquisas

na

internet

completamente inúteis, ou por me preocupar que Erin ia de repente aparecer novamente, ou por esperar que a vida de minha mãe não estivesse destruída por minha causa. Mas então, novamente, também poderia ter sido porque, mesmo quando eu cochilei, dois irmãos mortos de meia-idade - Tim e Bob? Jim e Bill? Nunca ficava claro, já que eles estavam ocupados demais gritando - caminharam através da parede do meu quarto, argumentando e querendo que eu escolhesse lados. Pelo que eu entendi, eles tinham herdado um pedaço de terra de um avô, e cada um tinha ideias diferentes sobre o que deveria ser feito com ele. E eles mataram um ao outro por isso... há cerca de quarenta anos. Aquilo por si só poderia não ter sido suficiente para me irritar, exceto que ambos ainda tinham as espingardas que eles tinham usado um contra o outro. Se você morre com alguma coisa, isso é seu mesmo na vida após a morte. Aquelas funcionariam contra mim? Não fazia ideia. Particularmente não queria descobrir, especialmente às duas da manhã. Bem, realmente, a qualquer momento, mas no meio da noite,

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fantasmas com armas assumiam certa intensidade assustadora. Foi quase suficiente para me fazer querer tentar encontrar Erin e fazer com que ela tentasse novamente. Eu tinha tentado explicar para os irmãos que estavam mortos, por isso não importava mais. No entanto, era o princípio da coisa, aparentemente. Eu só tinha me livrado deles - depois de mais de uma hora tentando levá-los a calar a boca e escutar - dizendo que eles deviam dividir a terra em metade uniformemente. Não que eles pensassem que essa era uma solução razoável. Dividir tornava muito menos valioso, eu acho. Mas minha estupidez absoluta, provada para eles pelo fato de que eu me tinha incomodado a fazer esta sugestão, deu-lhes algo para concordar pela primeira vez em anos. Eu adoro quando posso ajudar famílias a se reunirem. Eu tinha finalmente cochilado depois que eles partiram... e prontamente dormi demais. Então, agora eu estava atrasado para a casa de Misty, no topo de tudo, o que não ajudava meu humor, também. O bairro ficava entre o meu e o de Alona, em localização e riqueza. A casa de Misty - a qual eu não vi da primeira vez que passei na rua porque eles tinham todos esses vasos de suspensão enormes encobrindo o número na varanda - era uma casa de vários andares luxuosa. Tinha garagem para três carros com grande espaço de manobra para os carros. Eu reconheci o jipe de Misty na garagem na minha segunda passagem e parei no outro lado do meio-fio. Não havia nenhum sinal de Alona, claro. Se ela tinha ido sem mim, eu não ia ficar feliz. Correção: eu já não estava feliz. Se ela tivesse

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me deixado aqui para tocar a campainha na casa de Misty Evans, que não era exatamente minha casa predileta, por conta própria, eu ia ficar puto. Rangendo os dentes, eu comecei a andar em direção a entrada de automóveis, já tentando pensar o que dizer quando alguém atendesse a porta. A casa de Misty não era tão chique como a de Alona, mas eu não me encaixava aqui melhor do que eu fazia lá. Não que eu particularmente me importasse sobre o que Misty ou sua família pensassem sobre mim, mas eu não sentia vontade de defender-me contra possíveis acusações de perseguição se Alona não tivesse se preocupado em explicar que eu estava vindo. Além disso, era um gigante desperdício de tempo. Eu estava quase certo que Misty não estava sendo assombrada; não no sentido tradicional, pelo menos. A cerca de dez metros da entrada de automóveis, eu peguei um movimento pelo canto do meu olho. Virei-me, meio que esperando o pai com raiva de Misty ou uma indesejável forma fantasmagórica. Mas não era nenhum desses; era uma menina, que estava obviamente esperando à beira do gramado, sua presença escondida coberta de arbustos do lado do carro (alguém da família Evans amava plantas, evidentemente). Ela sorriu quase timidamente, inclinando sua cabeça para baixo, para que seu cabelo loiro-listrado caísse para frente sobre o rosto. Levei um segundo para perceber. Não porque eu não a reconheci. Isso seria idiota. Era mais como se meu cérebro se recusasse a fazer a conexão entre esta menina e todos os dados e imagens previamente armazenados no arquivo "Lily" em meu cérebro.

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— Você está atrasado, — ela disse, chegando mais perto, o mancar de seu lado esquerdo era, praticamente, a única coisa familiar sobre ela. Eu não podia pensar, não podia falar. As palavras não vinham, lutando contra elas mesmas e o choque. De todas as coisas que eu tinha pensado que Alona podia ter planejado - e acredite, eu descartava muito pouco quando se tratava de suas ambições - isto ainda não tinha ido para a lista. Era Lily... mas não era. Seu cabelo estava mais loiro e mais curto, mal chegando a base do pescoço, e estava irregular nas extremidades, mas de um jeito que você poderia dizer que era intencional. Ela usava maquiagem - coisas brilhantes em seus olhos e algo que fazia com que sua cicatriz ficasse muito menos visível - e uma roupa que eu nunca tinha visto antes. Jeans escuro apertado que terminavam nos tornozelos e uma camisa folgada em um tom entre rosa e vermelho que trazia cor para seu rosto. Também tinha um V na frente que mergulhava baixo o suficiente para revelar algo branco e rendado embaixo, que me fazia sentir como se eu devesse desviar o olhar. Senti o calor subir no meu rosto. — Você gosta? — Ela perguntou como se perguntando minha opinião sobre um sabor de sorvete. — Foi mais difícil do que eu pensava. — Ela olhou para si mesma com um franzir, brincando com o colar longo, frisado que pendia quase até sua cintura. — Meu antigo visual não funciona para ela. Ela é mais livre, sabe? E então lá eu estava trabalhando com esse orçamento estúpido. — Ela revirou os olhos.

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Lenta, mas seguramente, a surpresa foi se desgastando, e eu podia sentir minhas palavras voltando para mim. Nenhuma delas era boa. Meu Deus, quem ela achava que era? Ela não tinha apenas cruzado a linha; ela a tinha completamente destruído. Sangue estava rugindo em meus ouvidos. — Ainda precisamos fazer algo mais sobre a cor, — Alona continuou aparentemente despreocupada com meu silêncio. — Eu usei um pouco de autobronzeador. Não a droga que faz você ficar laranja, claro. Mas isso não é suficiente. Ainda é agosto, então talvez... — O que diabos está errado com você? — As palavras explodiram para fora de mim. Então, sim. Não foi exatamente minha melhor abertura de discussão, mas você tem que ir com o que tem. Ela parou, sua boca parcialmente aberta, mas Alona sendo Alona, ela reagiu rapidamente. — O quê? — Ela exigiu, estreitando os olhos para mim. Ela conseguiu, de alguma forma, parecer mais indignada nessas duas palavras que outras pessoas teriam com um discurso inteiro. Devia ter sido um aviso, mas eu já tinha ido demasiado longe. Peguei seu cotovelo e puxei-a para baixo da entrada de automóveis, onde seríamos menos perceptíveis da casa. Não pude deixar de perceber que ela cheirava bem, como laranjas e flores, e sua pele era lisa e macia por baixo da minha mão. Essas mudanças nela... Não, eu não gostava. — Lily não é uma boneca que você pode brincar de vestir quando está entediada, — eu assobiei. — Ela é uma pessoa real... Ela jogou a cabeça para trás com uma risada áspera. — Acredite, conheço bem demais o que você acha de Lily. — Virou-se para mim e

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espetou um dedo em meu peito. — O que você está esquecendo é que, para todos os efeitos, eu sou Lily agora. Se eu quero cortar meu cabelo ou comprar mais roupas lisonjeiras para meu corpo, então eu posso fazer isso. Eu a encarei de boca aberta. Ela sorriu. — Lembra-se de ontem? 'Seja grata por esta oportunidade, tire proveito da vida, o corpo de Lily está ótimo para mim’? — Ela alisou as mãos para baixo em seus lados, um movimento deliberadamente sedutor e eu tive que desviar o olhar. — Eu decidi que você estava certo. — O desafio em seu tom era inconfundível. Senti-me socado. — Então isso é algum tipo de vingança ou algo assim? — Eu perguntei desanimado. — Porque eu queria que você a tratasse com respeito? Dor cintilou em seu rosto pela primeira vez. — Nem tudo é sobre você, — ela disse, mas suas palavras não tinham a força de alguns momentos antes. — Ela nem parece Lily mais, — eu disse, a ruptura em minha voz, pegando-me de surpresa. Era realmente uma coisa ruim se ela não parecesse como Lily mais? Ela não era Lily. Mas o que a Alona tinha feito não era certo, também. Virei-me para longe dela, focando minha atenção em um ponto no quintal até que eu pudesse ter-me sob controle. Minhas emoções estavam ricocheteando demais. Eu não podia pousar em qualquer uma delas por mais de um segundo. — Não, não parece, — Alona disse. — Ela parece melhor. Eu pareço melhor.

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Eu a olhei por cima do meu ombro. — Não. — Ela abanou a cabeça ferozmente. — Você não tem o direito de discutir comigo sobre isso. Você sabe bem que, se ela ainda estivesse aqui e eu estivesse viva, esta reforma teria feito seu dia, provavelmente até mesmo o seu ano. Eu esfreguei minha testa e senti o início de uma nova dor de cabeça. — Você é incrivelmente arrogante. Ela levantou as mãos. — O que você quer de mim? Não importa o que aconteça, não importa o que fazemos, a garota que você conhecia, ela foi embora, okay? Mesmo se nós pudéssemos descobrir uma maneira de arrastá-la para fora da luz... Eu recuei. — O que, confie em mim, seria aproximadamente tão divertido quanto parece - ela não seria a mesma pessoa que você conhecia. — Ela abanou a cabeça, seu novo corte de cabelo emoldurando o seu rosto até que ela colocou partes para trás de sua orelha. — Você não pode preservá-la como uma exposição de algum museu animado e falador. Não é justo. Para qualquer uma de nós. — Então esta é a sua solução? — Eu disse, gesticulando para sua nova aparência. Mesmo eu podia ouvir que o desgosto na minha voz era muito, até demais, mas eu não conseguia parar. Alona se encolheu, mas, em seguida, olhou para cima, levantando seu queixo. — Sim, é. E você sabe por que isso importa? Porque por qualquer motivo, e por quanto tempo for, eu ainda estou aqui. — Ela pisou mais perto, olhando-me, seus olhos escuros, cheios de fúria e mágoa. — Se você gosta ou não, a luz enviou-me de volta, não a ela.

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Suas palavras atingiram-me como uma bofetada e eu andei para trás involuntariamente. — Está tudo bem aqui? — Uma voz feminina chamou da casa. Assustado, olhei para cima para ver Misty na varanda da frente, usando pijama e uma camiseta de grandes dimensões com uma imagem de um megafone. Ela franziu a testa para nós. — O que vocês estão fazendo aqui? Ao meu lado, Alona forçou um sorriso e acenou. — Nós só queríamos verificar você depois de ontem. Misty assentiu com cautela e, em seguida, virou a cabeça para trás para a porta. — Entrem. Incisivamente, evitando até mesmo um olhar em minha direção, Alona iniciou a caminhada. Eu segui. — Só porque a luz enviou você de volta não significa que você tem um passe livre para fazer o que quiser, — eu disse sob a minha respiração. Ela me ignorou e continuou andando. Eu deveria ter apenas me calado. Alguma pequena parte de mim sabia disso. Eu estava cansado, oprimido e mais do que um pouco assustado. Era uma coisa ela tentar mudar Lily; eu não tinha que gostar. Mas o que realmente estava me incomodando era que eu tinha gostado. Lily sempre foi minha amiga. Mas apenas uma amiga, não foi nada mais. E ao vê-la subir os degraus da entrada a poucos passos à minha frente, percebi que meu problema não era simplesmente que Alona mudou a maneira que Lily parecia; foi que eu gostei mais da

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maneira que ela parecia agora. Ela parecia como uma distante, mais confiante, mais atraente prima de Lily. Eu me senti como uma merda completa por pensar nisso, desleal com ela; e irracionalmente, queria punir Alona por isso, encontrar alguma maneira de fazê-la sentir tão mal como eu estava. O que era uma ideia estúpida, estúpida, mas tão imparável como um carro em alta velocidade com freios quebrados. — Sabe, você não pode apenas usar Lily para caminhar de volta para sua antiga vida. Você não aprendeu coisa alguma? — Assim que as palavras saíram da minha boca, eu desejei poder colocá-las de volta. Ela parou, seus ombros tensos. Então ela virou-se para enfrentar-me com essa expressão arrogante que eu conhecia muito bem. Mas o que era estranho era como ela se encaixava sobre essa nova cara. Esta nova versão que era Alona e Lily. Uma verdadeira Ally. — Tchau, Will, — ela disse com uma frieza que chegou em meu interior. – Deixe-me saber se você quebrar o comum hoje e descobrir algo que é realmente útil. Então ela se afastou.

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Alona O negócio é o seguinte, eu sabia que Will ficaria furioso quando me visse. Eu não sou estúpida, foi por isso que pedi a ele para me encontrar em casa de Misty. Eu sabia que havia uma possibilidade de ele pirar, e eu não queria que ele me deixasse em casa... ou na frente do cemitério como é o caso. No entanto, o que eu falhei em estimar era o quão bravo ele ficaria. A Sra. Turner, uma vez que obteve sua cota de surpresa ontem, tinha sido cautelosamente encorajadora, animada em ver sua filha tentando interagir novamente. Esta manhã ela me levou para fazer as luzes no cabelo que eu queria, estendendo seu cartão de crédito sem hesitação. E então ela me trouxe até a casa da Misty, pedindo apenas o nome e o telefone de Misty em troca. Isso era um grande passo em minha liberdade, o que só poderia significar que ela estava contente com meu ''progresso''. Acho que pensei que seria o mesmo com o Will, ao invés disso ele gritou e fez uma confusão sobre as mudanças que eu havia feito, mas eventualmente percebeu que eu havia feito uma coisa boa. Lily parecia bem melhor do que antes. Não havia dúvidas sobre isso. Ok, e sim eu me beneficiei, mas não foi como se eu tivesse feito algo as suas custas. E ele sabia disso. Tanto quanto eu sabia que ele gostou do que eu fiz, mas não conseguia lidar com isso. Ele estava, mais uma vez, me punindo ao colocar-me como responsável por um passado que não era

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meu. Como se não fosse difícil o suficiente ser a Lily, eu tinha que ser a Lily de certa maneira que atendesse suas expectativas. Que seja. O teria matado se tivesse admitido, mesmo a contragosto, que eu estava bonita? Senti lágrimas em meus olhos. O jeito que ele me tratou, tão maldoso, era tão “não ele”. Ele não me deixou nenhuma outra escolha se não virar as costas e sair andando, antes que ele visse minha reação. Eu não lhe daria a satisfação de me ver chorando. — Você está bem? — Misty me perguntou, franzindo a testa do topo da escada da varanda. — Estou bem, — eu falei enxugando uma lágrima que escapou, tomando cuidado com meu rímel. Apesar do meu novo visual, eu ainda não tinha controle dos meus dutos lacrimais. Lily tinha sido sempre mais rápida em chorar do que eu. Subi as escadas segurando no corrimão, e o guincho dos pneus do carro do Will, sobre a calma manhã de domingo, chamou a nossa atenção de volta para a rua. — Ele é meio idiota, né? — Misty perguntou, batendo os dedos do pé contra o piso de madeira, um hábito que costumava me deixar louca, mas agora parecia nada mais do que dolorosamente familiar. Dei de ombros — Às vezes. — Venha — ela disse, abrindo a porta de tela e levando-me para o escuro hall da frente. — Você quer usar o... Sem pensar, eu passei por ela ao lado da porta e fui direto para o pequeno banheiro, apenas para pegar um lenço de papel para os meus estúpidos olhos marejados.

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— Oh, que bom que você achou, — ela disse franzindo a testa pra mim. — Desculpa... a planta da casa da minha avó é igualzinha a essa, — eu falei. Teria que ser mais cuidadosa. Eu passava tanto tempo na casa de Misty quanto na minha, até mais na verdade. Lembrar-me de fingir que eu era uma estranha seria difícil. Ela me deu um olhar estranho, mas assentiu. — Por aqui, — ela passou pelo corredor em direção à cozinha. Eu a segui lentamente, atenta em absorver quão pouco sua casa tinha mudado desde a última vez que eu me lembrava. Não conseguia nem contar quantas vezes eu jantei aqui, ou passei a noite, e a Dra. Everly, a mãe de Misty, havia me incluído com Misty e seus três irmãos mais novos sem pestanejar. Olhando retrospectivamente para aquele tempo, eu suspeitava que ela soubesse que as coisas lá em casa não estavam tão boas. Entretanto, ela não sabia o quão ruim estavam, porque se soubesse ela teria contratado algum tipo de agência para me tirar de lá. Por essa razão eu tinha de agradecer a Kevin, o novo marido da Dra. Everly; Kevin e os “gritantes três” como Misty se referia aos três meninos que sua mãe havia tido com Kevin. Ele mantinha a Dra. Everly muito distraída. Estar aqui, nesse lugar do meu passado, um dos poucos deixados intactos para mim, sentindo os mesmos cheiros, fez uma onda de saudade familiar me invadir. Talvez valesse à pena engolir meu orgulho e perdoar Misty, esquecendo-se de tudo o que aconteceu, em troca de uma porção do conforto e segurança que eu uma vez experimentei aqui.

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Se eu fizesse isso, no entanto, estaria fazendo exatamente aquilo do qual Will me acusou - usar Lily para voltar a minha antiga vida. A questão maior aqui era que eu realmente me importava com o que Will pensava, quando ele claramente não se importava com o que eu pensava... sobre nada? Eu podia ter continuado considerando essa questão - e as minhas várias opções - quando assim que entrámos na cozinha recebi o sinal mais claro possível de que o passado era apenas passado, e não tinha como voltar atrás. A Dra. Everly e Kevin deviam ter levado as crianças para sair, porque a normalmente caótica cozinha estava quieta e vazia, exceto por uma garota de cabelos encaracolados em pé na frente da geladeira aberta, de pijama, comendo o que parecia ser uma massa de biscoito de uma tigela com uma colher gigante. Leanne se inclinou na porta da geladeira e levantou uma sobrancelha para nós, mas especificamente para mim. — O que é isso? Leanne Whitaker era agora a amiguinha de festas de pijama nos finais de semana da Misty? Sério? Eu lutei para evitar que a mágoa e a raiva aparecessem em meu rosto, sabendo que só pioraria as coisas. Quando eu estava viva, nós três costumávamos nos dar bem, todas no time de Líderes de Torcida. Mas Misty e eu erámos um par, com a Leanne um pouco de lado. Eram assim as coisas. Eu nunca tinha me importado particularmente com Leanne. Ela sempre estava demasiado ansiosa em desfrutar da desgraça alheia, o que francamente era de muito mau-gosto. E eu experimentei isso em primeira mão, há

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alguns meses, quando voltei como um espírito e a encontrei falando merda de mim. Vadia. Eu sei que Will comparava o meu velho eu com ela, mas eu nunca tinha visto eu e Leanne como qualquer coisa semelhante. Sim, as pessoas achavam que eu era cruel, mas existia uma diferença entre dar uma opinião brutalmente honesta sobre algo, o que podia causar dor, e você causar dor para tirar algum tipo de prazer nisso. Eca. Essa mesma característica fazia com que você não quisesse Leanne como inimiga, por isso ela tinha que ser amiga. Mas não como uma amiga que você podia confiar. Pelo menos eu nunca tinha confiado e eu não podia acreditar que Misty estava sendo ingênua o suficiente para fazê-lo. Mas então, Misty nunca foi boa em julgar caráter. Esse tinha sido o meu trabalho em nossa amizade. — Leanne, essa é... — Misty olhou para mim — Qual é o seu nome mesmo? Viu o que eu quis dizer? Ela deixou uma estranha entrar em sua casa. Não que eu estivesse reclamando neste caso em particular, já que me beneficiava. — Ally Turner, — eu falei. Misty concordou com a cabeça, esfregando os olhos como se não tivesse dormido o bastante, ou não estivesse bem acordada. — Certo, Ally. — Os círculos escuros sob seus olhos pareciam ainda mais proeminentes do que ontem. Leanne inclinou a cabeça para um lado, me avaliando. Merda. Prendi minha respiração. Isso seria muito mais fácil se eu não tivesse que lidar com as impressões pré-coma da Lily. Misty não reconhecia esse corpo, é claro. Eu mal me lembrava da existência da Lily. Não havia nenhuma maneira da Misty lembrar. Mas Leanne...

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Seus olhos se estreitaram, um sorriso maléfico se espalhando pelo rosto sardento. — Eu sei quem você é, — ela bateu a porta da geladeira com seu pé, mandando os ímãs que prendiam os desenhos dos gêmeos para o chão, e apontou a colher para mim — Você é a garota que se descontrolou em uma das festas do Ben no ano passado. Droga! — O quê? — Misty disse, franzindo a testa para Leanne. — Sim, sim. — Leanne disse, acenando sua colher em excitação. — Ben estava sendo “seu idiota” de sempre, — Ela revirou os olhos. — Ele apareceu de mãos dadas e dando o maior amasso naquela caloura. Henley? Hanley? — Ela franziu a testa em concentração tentando lembrar. — Você sabe de quem eu estou falando, e essa garota pirou, — ela parecia encantada. — Olá, eu estou bem aqui. — Murmurei. Leanne me ignorou. – De qualquer forma, teve essa grande cena, e aí então ela foi embora dirigindo e bateu o carro, — Ela pausou para me dar um olhar cético. — Eu pensei que você tinha morrido. — Eu estava em coma. — Falei firmemente. Misty se virou. — Aquela era você? — Ela perguntou parecendo preocupada, pela primeira vez, que tivesse deixado alguém menos estável entrar em sua casa. Muito obrigado, Lily. Podia sentir meu rosto queimando, embora eu não tivesse nada a ver com essa coisa toda do Ben Rogers. Eu queria, só por uma vez, poder lembrar o que foi este confronto gigante entre Lily e Ben. Eu estava naquela festa, mas ou eu não vi ou não registrei como algo fora do comum. E tendo em conta o feitio de Ben,

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era bem provável ter sido a última. As meninas estavam sempre bajulando ou gritando com ele, esta última geralmente no pósbajulação. Ainda assim, enquanto eu estava usando o rosto de Lily seria útil saber se a cena tinha sido tão ruim quanto Leanne estava insinuando,

ou

se

ela

estava

ampliando

para

seu

próprio

entretenimento e meu desconforto. Acho que poderia jogar a carta de “A garota que perdeu a memória” e conseguir alguma informação do que exatamente tinha acontecido, mas achar uma testemunha confiável - em outras palavras, não a Leanne - era o problema. Por agora eu tinha que enrolar. — Isso foi há muito tempo atrás, e não é por isso que estou aqui, — Falei, lançando um olhar mortal para Leanne, que sorriu em resposta. — Eu vim para ter certeza que você está bem, — eu disse para Misty, o que era meio que a verdade, — Você parecia muito chateada ontem e eu não tinha certeza se o Malachi foi capaz de te ajudar… — Gah, até parece, Malachi não ajudava ninguém a não ser a si mesmo. — Ela estava no estabelecimento do psíquico ontem, — Misty falou para Leanne, envolvendo o final do seu rabo de cavalo em torno de seus dedos, outro hábito nervoso. — Aquele que está tentando me ajudar? Leanne fez uma cara azeda que poderia ter sido em resposta ao fato de que eu estive em algum lugar com Misty ou que Misty estava indo a um vidente. Aparentemente mais de uma vez, eu percebi ao ouvir suas palavras. — Você já esteve lá antes? — Eu perguntei incrédula.

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Ela encolheu os ombros. — Ele disse que poderia levar algumas vezes até que conseguisse limpar a minha alma. Que charlatão! — Ah fala sério! — Eu falei ao mesmo tempo em que Leanne, que me deu um olhar de desgosto. Que seja, ela não era dona das palavras. — Mas ele não voltou ontem, não mesmo. — Misty me disse, — Ele faltou ao resto de suas consultas. — Querida, eu te disse, ele apenas quer o seu dinheiro, — Leanne disse com um sorriso condescendente. — Alguém provavelmente, estava atrás dele e ele fugiu. WOW. Então Leanne e eu realmente concordamos em algo. Embora ela tivesse obviamente deixado Misty ir ao Malachi em primeiro lugar, o que eu não teria permitido. — Não, — Misty sacudiu a cabeça vigorosamente. — Eu estou te dizendo, ele é real. Ele sabia de coisas sobre mim e sobre ela, — Sua voz assumiu um tom de urgência. — Coisas que ele não poderia ter sabido. Leanne revirou os olhos e colocou outra colher de massa de biscoito dentro de sua boca gorda. Misty se virou para mim. — Você sabe, — Ela disse em um tom desafiador. — Você os viu, os fantasmas, no escritório. Aqueles que ele diz serem seus guias. Interessante

que

Malachi

estava

consciente

de

seus

companheiros espíritos. Talvez ele não fosse o charlatão que parecia ser, ou talvez ele fosse muito bom em fingir. Ter um guia espiritual não

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era um fato incomum sobre médiuns/paranormais. Ele provavelmente fez sua pesquisa. — Ela estava com aquele cara assustador da escola, Will alguma coisa. Lembra-se dele? — Ela perguntou a Leanne. Eu estremeci em nome de Will e Leanne deu um grunhido evasivo. — Os dois estavam vendo algo que não estava lá. Foi a coisa mais estranha, — ela se arrepiou e virou para mim — Fantasmas, certo? Hesitei antes de responder. Eu precisava que Misty confiasse em mim, já que eu estava aqui para realmente descobrir o que estava acontecendo. Mas se eu revelasse tudo agora, aumentaria a reputação de Lily como uma aberração, que poderia me acompanhar por um tempo. O que fazer? Finalmente, assenti. Descobrir quem estava fingindo ser eu era uma prioridade mais importante no momento. Além disso, eu ia estar fora desse corpo, logo, logo... provavelmente. Leanne bufou, e eu desejei que ela se engasgasse com os pedaços de chocolate, — Fantasmas não existem, Misty. Eu já te disse. — Então por que você insistiu em dormir no quarto de hóspedes ao invés do meu quarto? — Misty exigiu. Leanne focou em cavar outro pedaço de massa. — Tanto faz, — ela murmurou — Estava mais quente lá. Misty olhou para mim. — Ela está aqui novamente. Alona, eu quero dizer, — ela disse torcendo os dedos nervosamente. — Desde ontem à noite.

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Prestei atenção. — Ela está aqui agora? Como você sabe? — Eu tentei um olhar discreto ao redor da sala, e não vi nada fora do comum, nenhum ponto borrado. Misty sacudiu a cabeça. — Eu sinto algumas vezes, como se alguém estivesse me observando, — Ela sorriu tristemente. — Eu sei que parece ridículo, mas não sou louca. Sei que é ela. — Você quer me mostrar onde essa sensação é mais forte? — Me esforcei para não parecer ansiosa. — Talvez eu possa dar uma olhada? Leanne sorriu. — A Miss Patética aqui de repente tem poderes especiais assustadores. Esqueça a asfixia com chocolate. Eu esperava que aquela tigela de massa de biscoito estivesse cheia de salmonela. — É chamado de experiência quase morte. Você deveria tentar um dia desses,— eu falei docemente. — Talvez sem a parte do quase. — O queixo de Leanne caiu. Eu me virei para Misty. — Então? — Perguntei rapidamente. Ela assentiu, com os olhos arregalados — Uh, claro. Saí do caminho dela e deixei que me guiasse de volta para o corredor até as escadas. Não pude deixar de notar que as fotos na parede da escada foram mudadas. Eu já não estava em nenhuma delas. Não que fosse completamente chocante. Kevin, que era cerca de dez anos mais novo que a mãe de Misty era obcecado em documentar sua nova família, o que tinha incluído Misty e eu uma vez. Ele tinha um monte dessas molduras de ferro artísticas por toda a parede. Ele mudava as fotos todo mês trocando sempre pelas últimas da família.

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Essa seleção em particular parecia ser sobre as férias de verão. Os gêmeos Owen e Ian com seu irmão mais velho Colin, todos combinando em braçadeiras infláveis. Colin tentando beber da mangueira, mas a maioria espirrando em seu rosto. Misty e sua mãe, sentadas no balaço da varanda, conversando uma com a outra com os rostos sérios e os pés arrastando nas tábuas. E algum tipo de piquenique com todos eles... e Chris, meu ex e atual namorado de Misty. Havia algumas fotos de Chris, algumas com ele no fundo como eu havia estado antes, e outras focadas nele. Na foto mais próxima à mim, ele tinha Colin em seus ombros e um gêmeo (nem me pergunte qual era qual, eu nunca dominei essa arte) envolto em cada tornozelo. Ele estava fingindo que estava tentando andar para a frente para se libertar, mas eu podia dizer mesmo sob a tensão fingida em seu rosto que ele estava se divertindo. Seus olhos estavam enrugados nas bordas como se estivesse lutando para não rir. E atrás dele, Misty estava fora de foco, mas eu ainda podia vê-la sorrindo. Eles estavam felizes. Kevin era um bom fotógrafo, pegando a verdade em um momento como esse. — Então, você e o Chris Zebrowski, hein? — Eu perguntei, imediatamente desejando engolir minhas palavras. Ela me olhou por cima do ombro cautelosamente, parando a um passo. — Não sei o que você ouviu, mas não foi assim. — Ela disse. — Sim, é o que você diz. Então como foi? Eu podia vê-la pesando o momento, decidindo se deveria ou não me responder. Afinal de contas, quem eu era para ela? — Ele me vê, — ela disse. — E eu o vejo.

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Franzi a testa. Huh? — Eu vi... quer dizer Alona, tenho certeza que ela via você, — quero dizer, eu fui um monte de coisas, mas deficiente visual nunca foi uma delas. Mas Misty ainda não tinha acabado. — Alona... Alona era como uma grande tempestade sabe? — Sua voz estava distante, como se estivesse vendo algo diferente da escada. — Você era arrastado com ela, e depois de um tempo você não estava certa de onde estava ou de quem era, apenas era relacionada a ela. Eu não era Misty. Eu era a melhor amiga de Alona Dare. Chris era o namorado da Alona Dare. — Ela balançou a cabeça. — Sabe o que eu quero dizer? Não exatamente. — Mas Chris e eu nos encontramos e é real, — Sua voz tinha um tom de ferocidade e seu olhar encontrou o meu, sem hesitação, como se ela estivesse me desafiando a desafiar suas palavras. — Nós vemos um ao outro pelo que somos, não como acessórios para outras pessoas. Nesse segundo, eu senti uma onda de inveja tão forte que quase me jogou escada abaixo. Não porque era Chris, mas por ela ter alguém que a conhecia assim... Eu queria aquilo com um desejo que senti em meus ossos emprestados. Ela começou a subir os degraus novamente. Eu a segui, subindo cada degrau com a mão no corrimão, e lutando com a mistura de emoções agitadas dentro de mim. Eu tive o Chris em minha vida e ele nunca pareceu um décimo de contente, como ele estava nessas fotos. Doía ver a prova de que não foi ele, mas sim eu que falhei. Meus olhos ardiam com lágrimas. Cada instinto me dizia para culpar os dois - Chris e Misty. Eles haviam sido gananciosos, egoístas

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e cruéis. Eles fizeram isso comigo. Mas como você pode negar algo quando a prova está bem na sua frente? A verdade é que eles fizeram isso independentemente de mim. Eu era uma nulidade, o que ainda de alguma forma doeu mais do que se tivesse sido um ataque deliberado contra mim. Ela chegou ao topo da escada e se virou para esperar por mim. — Então por que você não está usando o anel que ele te deu? — Eu perguntei com uma voz provavelmente mais dura do que deveria ter sido. Eu não tinha certeza se queria saber, mas também não pude deixar de perguntar. — Eu ainda não disse sim, — ela disse olhando para sua mão esquerda nua, como se para ter certeza de que o anel não tinha de alguma forma aparecido de repente. — Eu tenho dezoito anos, estamos indo para faculdades diferentes, — ela deu de ombros. No último degrau, eu esperei, sentindo, desejando que houvesse mais. — E como é que eu devo dizer sim a ele, quando Alona ainda está tão chateada, — ela me perguntou em uma voz baixa. — Ela tipo, não está em paz por causa de nós. Deixei escapar um

suspiro de

alívio. Eu não

a perdi

completamente. Eu ainda importava para ela, mesmo não sendo realmente eu quem estava fazendo essa assombração com a qual ela estava tão preocupada. Isso de alguma forma tirou um peso de meus ombros, um que eu nem mesmo sabia que estava carregando. — Bem, — limpei minha garganta contra o caroço de lágrimas não derramadas. — Vamos ver o que podemos fazer sobre isso.

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Ela me deu um olhar estranho - e por que não? Ally Turner não tinha nenhuma razão para ficar emocionada sobre nada disso - e acenou para eu ir na frente. Seu quarto era o último no final do corredor estreito, passando pelo minúsculo quarto de visitas e o quarto principal que agora seus três irmãos ocupavam. Dra. E. e Kevin reformaram o escritório lá de baixo, transformando em um quarto de casal. O quarto de Misty parecia o mesmo de quando eu estive aqui, há alguns meses atrás. Sim, eu a visitei algumas vezes logo depois que morri. A colcha de sua avó ainda estava em sua cama, amarrotada onde Misty tinha dormido sobre ela. A televisão sobre sua cômoda gritava uma reprise do The Hills, e todas as gavetas das cômodas estavam abertas desde a última vez em que ela procurou por meias ou o que quer que seja. Ela sempre fazia isso, deixava as gavetas abertas, argumentando que economizava tempo. Ao longo dos anos eu bati meu quadril ou joelho em suas bordas afiadas mais vezes do que eu poderia contar. A principal diferença em seu quarto parecia ser a pilha de coisas de faculdade - uma nova roupa de cama ainda no plástico, um cesto de roupas recheado de cadernos, pastas e outros matérias escolares e uma pilha de pratos plásticos e utensílios em um canto. Ela me pegou olhando. — Milkin no outono, — ela revirou os olhos — O ensino é de graça por causa da minha mãe. Mas pelo menos eu vou morar no campus. Acenei com a cabeça, sabendo que esse tinha sido o plano durante anos. Eu até estava pensando em ir com ela. A faculdade havia preenchido as exigências do meu pai, perto o suficiente para eu ir

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dirigindo até a minha casa e verificar a minha mãe regularmente; daí o carro que eu deveria ganhar de presente de formatura. Apenas que agora o carro havia sido trocado por uma minivan com uma cadeirinha de bebê para a minha meia-irmã, como eu tinha descoberto no mês passado. Forcei para longe os pensamentos da minha madrasta diabólica - e seus potenciais descendentes diabólicos - tentando me focar na tarefa em mãos. — Este é o lugar onde você sente a presença dela na maioria das vezes? — Eu perguntei, tentando não me contorcer em quão ridícula essa frase soou. Mas Misty aparentemente não via nada de errado nela. Ela assentiu com a cabeça, esfregando a mão em seus braços como se estivesse com frio. Eu não senti nada fora do comum, a não ser o ar condicionado ligado que eu sabia que era o protocolo padrão de Misty quando sua mãe não estava em casa. A Dra. E era muito ambientalmente consciente e provavelmente não teria instalado o ar condicionado de forma alguma se tivesse conseguido lidar com as lamúrias dos outros membros de sua família. Não vi nenhum ponto borrado, mas ver fantasmas não era exatamente minha habilidade. Então eu me foquei em ouvir, tentando filtrar o ruído da televisão por sons de sussurros ou movimento nas proximidades, mas tudo que consegui foi a Leanne aparentemente latindo no telefone. — Não, sério, ela simplesmente apareceu aqui. Dá para acreditar? — Ela deu uma gargalhada. — Eu deveria convidá-la para a

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festa do Ben hoje à noite. Agora isso valeria a pena ver. Eu aposto. A maluca do século parte dois, sabe? Maravilhoso. Notícias da minha chegada e recentemente adquirido status de esquisitona chegariam à turma de graduação inteira, antes que eu pudesse sair daqui. Felizmente a maioria deles estava indo embora para a faculdade na próxima semana ou algo assim, e eu não teria que lidar com eles muito depois disso. Embora, é claro, não havia jeito de eu ficar presa nesse corpo por muito tempo. Certo? Ceeeeerto. — Alguma coisa? — Misty me perguntou ansiosamente, olhando ao redor do quarto também. Balancei minha cabeça com uma careta. Eu realmente queria pegar esse idiota que estava fingindo ser eu. — Ela esteve aqui essa manhã? Você tem certeza? Misty

concordou

rapidamente,

depois

hesitou

antes

de

acrescentar. — Bem, eu tenho quase certeza. Nada foi derrubado ou algo assim. Foi só aquela sensação novamente. — Ela estremeceu. Ótimo. Talvez Will estivesse certo e isso tudo estava na cabeça da Misty. — Tem mais algum lugar que podemos verificar? — Ela pensou por um segundo e em seguida apontou para a porta semifechada do banheiro. — Foi aí que a mensagem apareceu no espelho. Poderia muito bem dar uma boa olhada enquanto estava aqui. Deus, ia ser uma droga se tivesse que ir embora sem nada. Will, supondo que voltaria a falar comigo, nunca me deixaria esquecer.

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Atravessei o quarto, sentindo o olhar de Misty em meu caminhar irregular e abri a porta. Esperando nada mais assustador do que toalhas molhadas - Misty sempre foi propensa a deixá-las no chão até que ficassem mofadas. Nojento. Ao invés disso, porém, eu quase dei de frente com um espírito, uma mancha desfocada inclinando-se sobre a bancada, provavelmente trabalhando duro em outra mensagem. Um guincho embaraçoso e involuntário escapou-me antes que eu pudesse detê-lo e eu dei um passo para trás. — Oh, Oi. — A mancha mudou de lugar e rodou na frente dos meus olhos, ficando bem na minha frente. Uma voz distintamente feminina emergiu, — Eu estava imaginando quando você iria aparecer.

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Will Eu não podia acreditar em Alona. Bati meu punho contra o volante em frustração. Embora, você não deveria ter sabido que ela faria algo assim? Meu lado lógico me perguntou, decidindo fazer uma aparição tardia. Afinal de contas Alona não é do tipo que sofre heroicamente da pior forma, e sim procurando parecer o melhor que ela achava ser capaz no momento. Na verdade, é sim um pouco surpreendente que ela demorou um mês para chegar a esse ponto. E a minha reação? Você definitivamente poderia ter lidado melhor com isso. Cala a boca, eu falei para a voz de censura em minha cabeça. Aquela expressão gelada que ela usou antes de ir embora me deu uma sensação de mal-estar. Me lembrou muito de como ela era na escola, em seu corpo original. Aquela Alona Dare perfeita, legal e intocável. A ironia é claro, é que provou que eu estava certo em meu argumento de longa duração com ela, tinha sido mais uma questão de atitude do que de fato a aparência. Mas eu acho que não estivesse ajudando a mim mesmo por trazer à tona. Ela estava bonita, e ela sabia. Por um segundo eu podia vê-la dando um passo à frente e pegando essa vida, tornando-se a “Ally” que tinha criado nesse espaço que consumava ser de Lily. Verdade, ela não tinha seu corpo original, e eu tenho certeza que teria sido sua primeira escolha se tive sido remotamente possível, o que não era. Mas o que ela fez hoje - roupas, cabelo - ficou claro que ela estava ficando mais confortável em ser a “Ally,” fazendo dela sua própria pessoa.

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Era aceitável que um dia ela estivesse confortável o suficiente com a nova e melhorada Ally que ela pudesse até mesmo não querer sair. E se ela não quiser mais sair, ela não teria - em teoria - que precisar de mim. Não haveria mais nada nos mantendo juntos. Essa realização me atingiu com uma força dura e fria, me distraindo. Uma buzina soou e eu olhei para cima, encontrando-me cruzando as linhas amarelas. O coração batendo forte, eu empurrei o volante para manter o carro do meu lado da estrada. Eu sempre havia considerado, no fundo da minha mente, a possibilidade de perdê-la. Para a luz, para sua própria teimosa em recusar manter seu nível de energia alto. Mas quanto mais tempo nós passávamos juntos menos eu gostava de pensar sobre isso, empurrando-o mais e mais para baixo em meus pensamentos. Eu não conseguia imaginar minha vida sem ela, de uma forma ou de outra, eu não queria pensar sobre ela sendo levada embora, no entanto, eu não tinha pensado sobre o fato de que ela poderia querer ir embora, com suas próprias pernas. Eu engoli seco, lutando contra o sentimento de pânico arranhado meu peito. Sim, no corpo de Lily ela podia meio que ver e ouvir fantasmas, o que faria sua vida mais complicada, mas não é como se eu pudesse ajudá-la com isso. Eu precisava dela pra me ajudar. Além disso, ela não parecia precisar de muita ajuda nessa área; ela estava lidando com isso melhor do que eu. Não, eu balanço minha cabeça. Eu estava sendo ridículo, não havia nenhuma chance de ela ficar voluntariamente no corpo de Lily. A única razão de ela fazer essa transformação radical é porque ela estava descontente com sua aparência, achando a aparência de Lily inferior ao seu corpo original. Nós não havíamos discutidos sobre isso ontem?

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Então o nosso problema continuava o mesmo de sempre: Nós temos que achar um jeito de tirá-la sem machucar a Lily. Tentei me tranquilizar com essa linha de pensamento, com a qual venho usando desde o mês passado, mas dessa vez não estava funcionando. E depois? Aquela voz insistente volta a me perguntar. Indo por essa linha de raciocínio, a conclusão é impossível de evitar. Supondo que eu consiga Alona de volta como guia espiritual e as coisas voltem ao normal, nós estaríamos ajudando os fantasmas entre nossas sessões de amassos, e tudo estaria bem com o mundo... por um tempo. Mas eu estava ficando velho e ela não. Eu vou para Richmond ter aulas, conhecer pessoas que não a conhecem. Se quisesse sair e comer uma pizza com alguém, ou Alona não iria ou então ela teria que vir junto como uma espectadora e ficar calma; eu não consigo sequer imaginar. Um dia eu terei vinte e cinco depois trinta e cinco, e quarenta e cinco... ela ainda teria dezoito anos. Em algum momento isso iria ficar assustador, mais além da questão morto/vivo pela qual já estamos passando. E talvez, não agora, ou até mesmo em dez anos, existe a possibilidade de eu querer uma família. Eu não conseguia ver nenhuma mulher, mesmo uma legal o suficiente para lidar com o fato de que seu marido fala regularmente com fantasmas, e ainda aprovar uma guia espiritual que tem dezoito anos e parece uma líder de torcida por aí. Especialmente sabendo que nós já havíamos nos beijado, e em todos os casos eu também não consigo ver Alona feliz nessa situação. Eu posso não ter sido Chris Zebrowski, mas essa coisa de dividir atenção não é uma coisa que Alona faz bem com ninguém.

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Eu imagino uma discussão com uma esposa ou namorada de um lado, Alona do outro e eu no meio. Estremeço. De jeito nenhum. De repente eu estava com medo de que não importa o que aconteça, eu estaria dizendo adeus para ela, de um jeito ou de outro. Assim que eu entrei no estacionamento do shopping center, eu notei com uma onda de terror que a placa na janela de Malachi - um esboço neon com uma mão com um olho - estava escura. Merda, merda, merda. Eu estacionei o mais rápido que pude e me aproximo da fachada com cautela. Eu, particularmente, não queria outro encontro com a Erin. Mas as luzes estavam apagadas e a sala de espera estava vazia, de fantasmas e vivos. Eu girei a maçaneta da porta. Trancado. Malachi ''O magnífico'' está fechado, apesar do sinal na parte inferior da janela dizer o contrário. Eu resisto a um estúpido impulso de quebrar o vidro. Sem qualquer outra forma de contato com ele, eu estaria sem sorte se ele enfurnou em algum lugar. Aparentemente, ontem ele havia ficado muito assustado, outra parte disso tudo que não faz sentido. Colocando minhas mãos para bloquear a luz, eu tentei dar uma olhada melhor através da janela. A maioria das cadeiras estava empilhadas em três ou quatro, a mesa da recepcionista havia sido empurrada contra a parede. Ou Malachi tinha uma empresa de limpeza bem dedicada, ou ele se foi... pra sempre. E está ficando cada vez melhor. Mas assim que começo a me afastar da janela, eu peguei um lampejo de luz. Pressionado as mãos com força contra o vidro para

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bloquear ainda mais a luz do sol, procuro pelo o que eu havia visto. Lá. Debaixo da porta da área de consulta privada, território que Alona e eu não conseguimos romper ontem, uma linha fina de luz pisca e esmaece. Como se alguém estivesse se movendo lá dentro. Malachi. Eu considerei bater, martelar a porta, caso ele não tivesse me ouvido tentado abri-la à um minuto atrás. Mas quais são as chances de ele realmente abrir se me vir parado aqui. Em momentos como este eu queria que Alona estivesse aqui em sua forma de espírito. Ela teria deslizado através de uma janela e destrancado a porta para em deixar entrar. Mas talvez houvesse outra maneira. Uma das minhas responsabilidades durante a minha curta passagem como ajudante de garçom no restaurante do Sam era de levar o lixo para as lixeiras do beco. O shopping center era atrás do restaurante, ou seja de costas pra nós. E em qualquer dia, a maioria daquelas portas ficava destrancada ou até mesmo entre aberta, facilitando o acesso de trabalhadores de ir e vir. Eu corro para o lado do edifício e em seguida para a parte de trás. Como eu suspeitava, várias das portas verdes estavam abertas e um casal de empregados de uma loja de telefone estavam do lado de fora fumando. A porta de Malachi estava fechada, mas uma van azul manchada estava estacionada em frente a ela com as portas de carga abertas. Ponto pra mim. Aproximei-me da van cautelosamente, cauteloso com Erin e com medo de Malachi pirar a me ver.

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Mas Erin não estava em lugar algum, pelo menos até onde eu poderia dizer. Caixas de papelão cheias de cartão dominam a área de carga no veículo e o banco do motorista parecia estar vazio. Eu me afastei e segui para a porta de trás do Malachi, antes que eu pudesse alcançá-la, no entanto, a porta abre e o próprio homem surge, carregando outra caixa de aparência desgastada. Sem sua capa e com seu cabelo espetado em várias direções, ele parecia mais como um entregador atormentado do que alguém com “magnífico” como título. Ele congelou ao me ver, a caixa escorregando de sua mão, como se estivesse pensando em deixá-la cair e sair correndo. Então seus ombros caíram e ele pareceu exausto − Nós estamos saindo ok? Em questão de minutos − ele passa por mim em direção à van − Espere − eu falo, correndo atrás dele − Eu só quero falar com você. Ele jogou a caixa dentro da van e se virou para mim, passando a mão pelo seu cabelo já amarrotado. − Olha, nós já entendemos a mensagem, desde a primeira vez. Nós não deveríamos ter ficado, mas ninguém apareceu − ele dá de ombros, impotente − Nós estávamos sendo sutis, cuidadosos para não exagerar... − Eu sei − eu falo − É isso que eu quero perguntar − ele me encara − Quem é você mesmo? − Will Killian – ele acena com a cabeça lentamente − Eu acho que eu conheci seu... − Meu pai? − eu arrisco

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Ele acena com a cabeça − Isso foi há alguns anos atrás − ele diz, como se tentasse montar seu próprio quebra cabeça − Você não é um membro da Ordem. Era uma afirmação, mas eu podia ouvir a incerteza em sua pergunta. Eu balançei a cabeça − Não. − Bom − ele diz − Isso é um alívio −, mas ele parecia quase desapontado, o que não fazia sentido − Então o que você quer? − Apenas conversar − eu falei novamente − Não há muito de nós que pode... − eu hesitei, olhando para os funcionários da loja de telefone, que estavam nos observando com uma curiosidade descarada − Não há muitos que podem fazer o que fazemos − assumindo que ele seja legítimo, o que eu ainda não tinha certeza. Mas se ele for, ele poderia ter alguma habilidade importante que valeria à pena aprender. Como por exemplo: como ele tinha conseguido ignorar os fantasmas em seu escritório tão completamente. − Não, não − ele balançou a cabeça − Se você nos descobriu alguém não está muito atrás e eu não posso correr esse risco − ele bateu a porta da van e se dirigiu para o banco do motorista e eu o segui − Eu não descobri nada, seu nome estava no papel que meu pai me deixou, isso é tudo − eu tirei o papel do bolso, desdobro-o e estendo para ele. Ele olhou para o papel, seu rosto endurecendo − Eu estava esperando que você pudesse ter algumas respostas − eu falei e ele riu mais soou amargo. − Criança, o dia em que eu não tiver nada mais do que perguntas, você será o primeiro, a saber, − ele abriu a porta do motorista e se alavancou para o assento.

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Criança? Ele nem era dez anos mais velho do que eu. Eu pensei que tinha sido ruim quando a Ordem tinha se desdobrado em me recrutar como uma espécie de prodígio. Mas foi infinitamente pior, como já se provou, ser tratado como nada, alguém que não é importante o suficiente para conversar. Eu esperava isso no colégio, por pessoas que não entendiam. Mas desse cara? De jeito nenhum. − Olha, eu não preciso dos mistérios do universo explicados − eu falei ficando irritado − Eu só quero saber como você consegue fazer isso sem ficar sobrecarregado − eu queria perguntar sobre a situação de Alona, mas eu não sou estúpido. Ele era um estranho com práticas comerciais obscuras e uma guia espiritual excessivamente agressiva. Cautela parecia ser a rota mais inteligente, pelo menos até eu me sentir melhor com seu personagem. Ele pode não ser um membro da Ordem, mas eu não poderia ter certeza de que ela não trocaria informações sobre nós para salvar sua própria pele. Ele balança a cabeça novamente como se eu estivesse falando Japonês apesar de ter sido dito que ele não era fluente − Você não tem mais ninguém para perguntar sobre isso? Onde está seu pai? − ele perguntou. − Morto − eu dobrei a página do livro do telefone e coloquei cuidadosamente dentro do meu bolso − Se matou, quase quatro anos atrás − essas palavras saíram mais rapidamente agora, depois de tanto tempo, mas elas nunca eram tão fáceis de dizer. Malachi se recosta no banco, assustado − Sinto muito − ele disse depois de uma longa pausa − Eu não sabia. Não era algo que discutíamos abertamente em nossa casa, obviamente, e eu duvidava que a minha mão tivesse dado muita

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informação publicamente em um obituário, se muito. E eu não gostei de trazê-lo à tona agora, como se de alguma forma estivesse usando o que tinha acontecido para ganhar simpatia ou manipulá-lo a me dar respostas. Mas era de fato, a verdade. Eu não poderia perguntar ao meu pai porque ele estava morto. E ele estava morto porque queria que fosse assim. Então eu me fiz esperar, esmagando o imenso desejo de dizer “Esquece” e ir embora. Malachi deu um suspiro pesado − Tudo bem. Ele me fez um favor uma vez, eu suponho que devo a você a mesma coisa. Culpa e alívio competiam por prioridade, com alívio vencendo por uma pequena margem – Obrigado − eu falei. Ele desceu da van − Cinco minutos. É isso. A sala do fundo do Malachi era decididamente utilitarista e chata, e não o que eu esperava. Caminhando através da porta eu vi uma cozinha/área de armazenamento para à direita e para a esquerda um pequeno banheiro. A área principal onde Malachi tinha realizado suas “consultas” espirituais, era uma sala com painéis de madeira com estantes brancas de revestimento barato e um mesa com cadeiras no centro. Havia sinais, no entanto, de que a decoração tinha sido mais exótica, ou pelo menos era para ser. Poças de cera de vela roxa manchavam quase cada centímetro quadrado da estante. A haste de metal da cortina que estava pendurada atrás da porta da sala de espera ainda tinha um fio ou dois de conta escura. − A bola de cristal já está na van − Malachi disse atrás de mim, como se todos estivessem muito conscientes de como mundano o espaço parece agora.

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Eu não consigo dizer se ele estava brincando. Ele passou por mim e arrastou uma cadeira para longe da mesa e faz um gesto para eu sentar. − Pergunte. Vamos. Ele não estava brincando quando disse cinco minutos, evidentemente. − Uh, tudo bem − eu sentei, apesar de sua energia nervosa/agitada, ser o suficiente para me fazer querer andar de um lado para o outro, ao invés de sentar. − Quando eu estava aqui no outro dia, você me enganou. Eu podia jurar que você era uma farsa. Era como se você não pudesse ver ou ouvir os fantasmas na sala de espera. Onde você aprendeu a fazer isso? Desligá-los daquele jeito? Ele me deu um sorriso apertado − Eu não tenho certeza se é algo que eu possa ensinar. − Sério que você vai dar uma de “é um segredo comercial” pra cima de mim? Essa é a minha vida, eu estou apenas tentando sobreviver − antes que ele pudesse responder, eu o pressionei mais, atingido por uma ideia repentina − É algo que a Erin faz? − Ela era poderosa além do que qualquer coisa que eu havia visto. Ele empalidece − Erin. Você falou com ela? Uh-oh. Talvez não tenha sido uma boa ideia, falar sobre guias espirituais desleais, quando eu estava tentando conseguir ajuda do cara − Sim, ela veio me ver, mas... Ele caminha em minha direção, até estar bem na minha frente − O que ela disse? Ela reivindicou você? − ele se inclina sobre mim, de repente muito perto.

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Whoa, ele foi de zero à loucura em questão de segundos. Eu me afastei dele − Olha, eu não disse sim, nem nada − Não que tivesse importância, mas tanto faz, Malachi não precisava saber disso − Ela estava apenas... − Você disse não? − ele pergunta incrédulo − Isso a impediu? Minha cabeça girava, tentando manter essa conversa − Uh Não. Mas não deu certo. Eu acho que o vínculo com o meu guia espiritual pode de alguma forma ainda estar ativo, mesmo ela não estando exatamente aqui − Essa foi a única desculpa que eu consegui criar que faria algum tipo de sentido. Ele riu, muito alto. − Não funcionou? − ele se endireitou e passou a mão pelos cabelos − Claro que não. O primeiro forte o suficiente para tentá-la e não funcionou. Inacreditável − ele caiu de joelhos, como se suas pernas não conseguissem mais suportar seu peso, e esfregou sua testa como se estivesse com dor. − Você está bem? − eu perguntei cautelosamente. − Eu estou ótimo. Por que, não parece? − ele retrucou com o rosto ainda em suas mãos. Táaaaaa bom, então. Ele não seria o primeiro médium a perder sua cabeça. Lutando contra decepção, eu olhei por ele em direção à porta. Eu poderia muito bem ir embora, mas isso seria o fim dessa conversa e qualquer conversa com ele no futuro. Isso era certeza. Eu não teria essa oportunidade novamente. E as respostas que eu queria poderiam estar aqui, apenas enterradas sobre algumas camadas do maluco.

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− Você queria? Quero dizer, trabalhar? − eu perguntei cuidadosamente, cavando um pouquinho para entender o que estava acontecendo sem fazê-lo pirar completamente. Se a Erin era a fonte de sua capacidade de controlar o que vê e ouve, por que ele queria se livrar dela? Sim, ela parecia ter o mesmo problema de atitude que Alona tinha ocasionalmente, mas valeria à pena pelo tipo de paz que ele parecia ter. Ele olhou pra mim, olheiras sob seus olhos claramente visíveis pela primeira vez − Pelos últimos cinco anos eu venho sendo assombrado cada minuto de todos os dias − ele diz e ri, mas soou fraco e triste − Inferno! Algumas vezes ela até me acorda. − Eu não entendo − o que era um eufemismo enorme. Ele se levantou abruptamente, puxou a cadeira ao lado da minha e sentou, inclinando-se − Você quer saber como eu ignoro todos esses outros fantasmas? Os que você disse que estavam na sala de espera? Dada a expressão estranha e quase febril em seu rosto, eu não tinha tanta certeza se queria saber. Mas eu já estava profundamente nisso. Eu acenei com a cabeça − Eu não faço nada. Eu não consigo vê-los. Leva um segundo para eu conseguir acompanhá-lo − Você quer dizer que só consegue ouvi-los − Não seria de todo surpreendente, dado o que eu tinha aprendido com a Mina. Existem vários níveis habilidades entre médiuns. Até mesmo Mina tinha problema em rastreá-los quando eles se moviam. − Não − ele disse com paciência exagerada − Quero dizer, eu não consigo vê-los, ouvi-los, ou mesmo dizer se estão lá.

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Eu fiz uma careta − Eu não... − Eu só consigo ver e ouvir um fantasma − ele levantou um dedo para ilustrar seu ponto. − Isso é, se eu não estou completamente louco, o que é sempre uma possibilidade − ele jogou suas mãos no ar − Talvez isso tudo seja parte de uma grande alucinação. Talvez eu esteja deitado em algum lugar em um coma induzido por drogas e isso tudo está em minha cabeça − ele suspirou e depois balança a cabeça − Isso não seria legal? − ele perguntou mais para si, do que para mim. Eu o olhei boquiaberto. Malachi notou antes que eu pudesse me recuperar − Feliz agora? − ele perguntou − Conseguiu todas as respostas que você queria? Eu balancei a cabeça − Isso não faz nenhum sentido. − Se serve de consolo, essa foi a mesma reação do outro cara seu pai, eu acho. − Você está falando da Erin? − eu perguntei para ter certeza. − A primeira e única − ele diz com um sorriso amargo. Isso não é possível. Ou você tem o dom ou não, com vários graus entre os dois. Não existe essa coisa de fantasma específico. Não podia ser. Seria como ser capaz de sentir apenas um cheiro ou ver uma cor. − Bem, ela não é uma alucinação − eu falei − Eu posso te dizer com certeza. Eu a vi também. Ele apenas me olha − Tranquilidade de alguém que também pode estar tendo alucinações realmente não ajuda − Eu abri e fecheo minha boca antes de tentar novamente. − Talvez você devesse começar do início − Eu estava começando a pensar que ele pode não ser louco, as pessoas loucas não costumam

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se incomodar ao questionar sua própria sanidade. − É sempre assim? Quando você começou a vê-la? − Talvez ele tivesse sofrido de algum tipo de lesão cerebral traumática ou algo assim. Isso poderia explicar o porquê ele só podia ver um fantasma... ou porque ele pensou estar alucinando. − Aonde você quer chegar? − ele riu − Você vai me ajudar? Você veio me pedir ajuda. − Só... Fala logo − eu insisti. Se houvesse alguém que pudesse ter sido ajudado pela Ordem e suas táticas teria sido esse cara. Mas ele claramente tinha medo deles o rastreando, até mesmo correu de mim quando pensou que eu era um deles. A curiosidade me comendo. E talvez quem sabe, eu posso ajudá-lo, parecia que ele estava precisando. Ele se balançou em sua cadeira − Eu não... tudo estava bem até que Erin morreu. − Então você a conhecia antes? Ele olhou para mim como se eu tivesse feito a pergunta mais estúpida possível − Ela é minha irmã. Minha irmã gêmea? − Oh − eu falei. Eu nunca teria imaginado isso. Talvez alguma semelhança ao redor dos olhos. Talvez. O cabelo dela era um vermelho mais escuro e não tão selvagem quanto o dele. As características que faziam parecer muito gentil e delicada, nele deu-lhe uma aparência de gnomo-feliz. − Minha irmã gêmea fraternal, obviamente − ele disse, parecendo irritado. − Vocês são gêmeos e seus pais colocaram seus nomes de Erin e Malachi? − eu perguntei incrédulo.

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− Meu nome verdadeiro é Edmund − ele disse rapidamente. Eu faço uma careta. Não é muito melhor que Malachi. Penso em pedir desculpas, mas percebo que só ira piorar as coisas, então eu fico quieto esperando ele continuar. − Erin teve um acidente na escola. Quando éramos calouros na faculdade − ele olhou para suas mãos − Quando eles me chamaram para ir ao hospital, depois que ela caiu, ela já tinha... morrido. Eu estava lá olhando para aquele corpo vazio que costumava ser minha irmã, tentando descobrir o que iria fazer. Você sabe, a vida. Como eu ia estar sozinho, sabe? Pela primeira vez − ele esfregou os olhos como se a imagem estivesse queimando na parte de trás de suas pálpebras e ele quisesse removê-la. Ele forçou uma risada e abriu os olhos − Quando eu tinha sete anos e me juntei ao clube dos escoteiros, Erin chorou e gritou até ficar doente, enquanto eu estava nas reuniões. Eventualmente ficou mais fácil eu não ir. Isso soou um pouco insalubre, na verdade. − No verão, os nossos avós queriam que nós os visitássemos separadamente, parte dessa coisa toda de dar atenção aos gêmeos individualmente − ele levantou os ombros em uma forma derrotada − Ela fez a mesma porcaria, gritou e chorou até que eles a trouxessem de volta pra casa. Depois disso, nós sempre íamos juntos. Apague o insalubre. Isso é muito doentio. − Erin era quem sempre decidia tudo. Que clubes deveríamos nos juntar, quem deveríamos levar ao baile, onde deveríamos sentar no almoço. Era mais fácil dessa maneira. Ela era três minutos mais velha do que eu. Ela sempre sabia o que queríamos. Ou − ele disse com um suspiro pesado − O que ela queria e eu sempre a acompanhava.

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Ele olhou para mim − Foi minha culpa também. Ela era agressiva e controladora, mas eu a deixava. Era ela quem enfrentava o mundo e tudo que eu tinha que fazer era segui-la em sua caminhada. Eu não tinha que me defender, não precisava lutar. Eu me mexi desconfortavelmente em minha cadeira. Isso soou talvez um pouco familiar. − Eu não sabia o que fazer quando ela morreu − ele disse − Foi como perder parte de mim, um braço, uma perna, algo assim − ele balançou a cabeça − Eu não sabia como funcionar sem ela. Eu precisava dela, então desejei que ela voltasse, mais forte do que qualquer coisa que eu já tivesse desejado na vida. Eu estava desesperado. Inclinei-me na cadeira, de repente ciente do rumo dessa estória. Ele suspirou profundamente − E então ela simplesmente apareceu... e começou a falar. Gritar, na verdade − ele emendou − Mesmo depois de meus pais chegarem ao hospital, eu ainda era o único que conseguia ouvi-la. Eu me assustei no início. Eu tentei ignorá-la, mas ela me viu olhando para ela − ele deu de ombros, impotente. − Depois disso ela nunca mais foi embora. Então meus pais se envolveram e tentaram me internar. Oh, eu conheço esse sentimento. Eu pensei que o que eu vivia era difícil, mas viver uma vida normal por dezoito anos e então começar a ver sua irmã morta em todos os lugares, isso sim era bem pior. O que eu podia fazer era difícil, mas pelo menos tinha o potencial de ser benéfico. O que Malachi/Edmund estava passando era uma tortura.

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Embora eu nunca tivesse ouvido falar de alguém que tenha desenvolvido habilidades de falar com fantasma da noite para o dia. Isso é estranho. − Erin me alertou sobre o que meus pais estavam planejando e nós saímos no meio da noite − ele levantou os ombros pesadamente − Não voltei para casa desde então. − O que ela quer? − eu me envergonhei ao perceber que não tinha sequer me preocupado em perguntar a ela, quando esteve na minha casa. Então novamente, ela esteve na minha casa. − O que você quer dizer? − Eu quero dizer que geralmente os fantasmas têm assuntos não resolvidos, negócios inacabados, impedindo-os de encontrar a luz − eu falei. Ele me encarou fixamente. − Você nunca viu a luz? − claro que não, ele só consegue ver um fantasma e ela ainda estava aqui, ele não teve a oportunidade de ver − Bem, ela existe. Funciona, confie em mim. Há um sistema, tudo que você precisa fazer é saber o que ela quer, quais questões estão segurando ela aqui e... Ele balançou a cabeça com uma risada áspera − Você não está entendendo. Os assuntos inacabados dela? Ela quer viver novamente. Não é isso que todos querem? Eu não sabia o que dizer. Se esse for o caso, então não havia muita esperança para Erin. Ela devia estar se segurando nesse estado intermediário com muita força.

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− Enquanto ela estiver comigo, alguém será capaz de vê-la e ouvila − Edmund disse cansado − Ela pode ter contato indireto com o mundo dos vivos. Eu já tentei ir embora, mas ela sempre me encontra. Erin estava usando seu irmão como uma tábua de salvação. Eu estava começando a ver o porquê de ele estar preso e o porquê de o meu pai não ter chamado a Ordem para ele. Ela estava errada por tirar vantagem do jeito que estava fazendo, mas como você poderia pedir a ele para entregar sua irmã? − E pelo o que seu pai me contou sobre o dom dele - e o seu também, eu acho - com alguém como vocês ela teria a capacidade de tocar em coisas matérias, pegá-las − ele suspirou − Esse é um passo ainda mais perto. − Isso não acontece com você? − Eu perguntei. Ele balançou a cabeça. − Seu pai também não entendia. Eu estava começando a me perguntar se ele era realmente um médium. A habilidade não se desenvolve da noite para o dia, pelo menos que eu saiba. Ele podia ver e ouvir apenas um fantasma e ele não tinha que lidar com o efeito adicional de lhe dar fisicalidade, provavelmente o efeito mais comum (e perigoso) do nosso dom. Parecia mais como se ele estivesse sendo assombrado por alguém com quem ele era especialmente ligado. Essa coisa de gêmeo opera mesmo depois da morte, talvez? Como se ele estivesse puxando o espírito dela para ele e a ligação entre eles os permitiu essa comunicação. − Não se preocupe. Agora que ela já tentou com você e não funcionou, ela provavelmente não vai tentar de novo − ele disse tentando ser reconfortante − Além disso, temos que seguir em frente.

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Ficamos em um lugar por muito tempo, de qualquer maneira - ele se levantou e empurrou sua cadeira para trás. No lugar atrás da mesa. Eu balancei a cabeça − Se você ficar, talvez possa encontrar uma maneira de... − Alguém vai fazer essa matemática, como a Ordem fez quando enviou seu pai para investigar. Muitas assombrações em um mesmo lugar. Isso levanta uma bandeira vermelha com as estatísticas do que eles rastreiam, eu acho. Ele nos cobriu da última vez, mas não vai acontecer novamente. E eu estou apostando que não vou ser tão sortudo com quem quer que eles enviem para investigar. Na verdade, dado o que eu sabia sobre a Ordem e o número cada vez menor de pessoas qualificadas o suficiente para ser um membro por completo, ele e Erin poderiam estar mais seguros do que imaginavam, apenas pelo puro fato de falta de mão de obra para investigar essas coisas, como estatísticas frouxas. Mas não foi isso que chamou minha atenção − Muitas assombrações? Por que você teria qualquer controle sobre isso? − Ele pareceu desconfortável − Eu pensei que você tinha entendido. Ela é a única que eu posso ver. Eu ainda não estava entendendo. − Eu não posso sair e achar trabalhos por conta própria − ele disse com paciência exagerada − Ela passa mensagem para aqueles que encontra, mas às vezes fazer uma conexão entre um fantasma e alguém que vive no local e está disposto a tentar...é um pouco duvidoso. Em outras palavras Erin não tinha vontade de fazer o trabalho e sem os olhos e ouvidos dela ele não poderia fazer sozinho.

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− Então algumas vezes temos que facilitar as coisas − ele disse estudando o carpete com mais intensidade do que deveria. Espera. Endireitei-me na cadeira − Você está dizendo que ela assombra pessoas para conseguir negócios? − Só quando precisamos do dinheiro − ele disse na defensiva − E mantém-a ocupada. Jesus. Pedaços desse quebra cabeça começaram a se encaixar. Misty pensando que Alona estava a assombrando. A carta/cupom com testemunhas mencionava isso. − Você envia a Erin para assombrar alguém que por um acaso conhece uma pessoa que morreu recentemente? − Depende do que diz no jornal − ele murmurou. E Misty provavelmente tinha sido destaque nos artigos sobre a morte trágica e prematura de Alona, como sua melhor amiga distraída. − Como o que, se eles têm dinheiro? − Misty não tinha dinheiro, mas não precisava de muita pesquisa para saber que seus pais estavam bem de vida. Ele não respondeu, apenas muda o peso para a outra perna. − E uma vez que você os assusta, você envia aquela estúpida carta e cupom, trazendo-os à sua porta − era brilhante e absolutamente assustador. − Você acha que isso é divertido pra mim? − ele exigiu − Eu teria um emprego normal se pudesse, mas ela não deixa! Além disso, isso não é mais seu problema − ele disse incisivamente − Assim que Erin voltar, vamos embora, lembra?

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Assim ele iriam infligir esse golpe em pessoas inocentes em alguma outra cidade? De jeito nenhum. Não se eu pudesse parar. − Onde está a Erin? − Se ela não pudesse ficar um minuto sem ser ouvida ou vista por uma pessoa viva, como ele alegou, então ela foi embora por um tempo, pelo menos por agora. Ele fez uma careta − Eu não posso dizer que estamos indo embora... só iria aborrecê-la. Ela está fora visitando clientes. − Você quer dizer que ela está assombrando pessoas − eu balancei a cabeça em desgosto − Eu não posso acreditar que estava sentindo pena de você, e você é... – eu paro, atingido por um pensamento horrível, terrível. − Quem ela está “visitando” hoje? - eu perguntei, forçando as palavras para fora, capturadas na inescapável conclusão que eu podia ver que estava presa em mim. Ele pareceu estar surpreso com a intensidade da minha voz − Eu... Não sei Eu levanto e empurro-o contra a estante − Pense! − Nós não temos tanto assim na linha agora− ele diz, sua voz tremendo − Só a Sra. Baxter, o cara que é dono da lavanderia, e a garota Misty. Onde Alona se encontra nesse exato momento. Droga! Se Erin reivindicar “Ally” isso seria ruim. Eu não tenho a menor ideia do que aconteceria. Seria pior, no entanto, - muito pior - se Erin descobrisse o que faz de Ally tão diferente. Um fantasma poderoso que não queria nada mais do que estar vivo de novo, na presença de um corpo que ela sabia estar atualmente ocupado por um espírito?

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Não é bom. Eu deixei Malachi/Edmund e corro para a porta dos fundos − Você fica aqui − eu falei para ele por cima do meu ombro − Nós ainda não terminamos. Eu só esperava que o mesmo pudesse ser dito para Alona e Lily.

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Alona − Imaginei que você não conseguiria ser capaz de ficar longe − o local embaçado continuou. Demorou um segundo para todas as implicações de suas palavras afundarem em meu cérebro. Ela me reconheceu. Ela sabia. Minha respiração ficou presa em minha garganta. Até agora, eu tinha assumido que quem quer que esteja assombrando Misty, era alguém que tinha decidido tirar proveito da ausência de “Alona” para se divertir à custa “dela”; talvez um fantasma daquela lista que ficou bravo com algo que eu fiz ou não fiz por eles. Mas isso... isso não é isso. Esse espírito, quem quer que ela fosse, obviamente, sabia exatamente quem eu era. Ela estava me esperando. Eu como Alona Dare. Merda. − Demorou um pouco, no entanto − o fantasma disse − Ouvir essas duas tagarelando à noite inteira, quase foi o suficiente para me fazer querer me matar de novo. – O movimento no topo da mancha desfocada me deu a sugestão de alguém jogando o cabelo em desgosto. Na verdade se eu me concentrasse o suficiente, eu quase podia ver um rosto na neblina. Deus, isso seria tão mais fácil se eu pudesse vê-la. − Não que eu tivesse me matado em primeiro lugar − ela acrescentou − Que seja. Você sabe o que eu quero dizer − ela acenou com desdém, ou pelo menos foi o que pareceu. Uma parte menor da área desfocada se moveu como um arco na metade.

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Eu balancei a cabeça, meu cérebro girando com possibilidades. O Will era o único que sabia o que havia acontecido com o corpo de Lily. Então quem ela é? Alguém que ouviu a minha conversa com o Will e descobriu demais? Sua voz não parecia nada familiar, então ela não pode ser alguém com quem eu tinha falado regularmente. Mas o mais importante, o que ela quer? Eu estava com medo de não querer saber. Você não enfrenta tanto trabalho criando um jogo de poder sem uma boa razão. Enguli seco contra o rápido buraco de medo em meu estômago. − O que é? − Misty sussurrou − Você vê alguma coisa, não é? Eu quase tinha se esquecido dela no quarto, atrás de mim − Misty, vai lá pra baixo − eu falei por cima do ombro tão calmamente quanto podia − Eu vou cuidar disso − como exatamente, eu não tinha certeza, e pela primeira vez eu queria que o Will estivesse aqui. Não que ele pudesse ter feito alguma coisa, mas ele definitivamente tinha mais experiência em se defender na presença de fantasmas e poderia ter algumas dicas. Mas com ou sem o Will, uma coisa era certa: eu não poderia deixar Misty aqui em cima me ouvindo, enquanto eu tentava falar com essa... falsa. − Mas e se você precisar de mim? − ela insistiu − E se ela quiser falar comigo? Ela era minha amiga. − Oh, que bonitinho − o fantasma ronronou, se aproximando. Meu pulso disparou e eu dei um passo para trás, dando espaço para o fantasma sair do banheiro. Eu não sabia quem ela era ou o que ela queria o que era ruim o suficiente. Mas se acontecer de a minha presença lhe dar fisicalidade - você sabe, a habilidade de me machucar - isso seria muito, muito pior.

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Eu não sabia ao certo se eu tinha esse aspecto “a mais” em meu “dom” de falar com fantasmas, mas agora não me parecia ser um momento particularmente bom para descobrir. − Se eu precisar de você eu te chamo − eu falei para Misty − Apenas vá, por favor, − eu ousei um olhar pra trás, para ter certeza de que ela estava ouvindo. Descobrir o que estava acontecendo e quem ela é, seria difícil o suficiente sem me preocupar em destruir meu disfarce. Com uma expressão infeliz, Misty foi para o hall, mas para na porta do quarto. − Sério? Eu estou tentando fazer meu trabalho aqui − ou pelo menos fingindo. Mas eu estava rapidamente perdendo a paciência com Misty e sua gentil aflição. É verdade, ela não tinha ideia do que realmente estava acontecendo, mas mesmo assim, esse fantasma estava assombrando, aterrorizando-a, quem sabe por quanto tempo. E ela queria ficar por perto para bater um papo? − Eu sei − Misty falou − Mas eu só quero dizer... pelo o que é realmente importante, eu sinto muito − com súplica em seus olhos em direção ao alto da parede do banheiro. Quão alto exatamente, ela achava que meu fantasma seria? − Eu não deveria ter feito isso com você, não importava como Chris e eu sentíamos um pelo outro. Eu teria dito isso a você, eventualmente. Eu apenas estava com medo de você ficar tão brava... Ela parou e olhou para suas mãos, mexendo nervosamente nas unhas do polegar − Eu não queria te perder como minha amiga. Eu fui egoísta. Eu queria vocês dois. Eu nunca quis te machucar, eu sinto ainda mais por não ter tido a chance de te dizer antes. Eu espero que você possa me perdoar.

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Eu olhei para ela, passada. Lá estava. O pedido de desculpas que estive esperando meses para ouvir, mas nunca achei que fosse receber. Misty respirou fundo e balançou a cabeça, mas para si do que para mim, e saiu, seus passos leves como se tiver dito as palavras tivesse purificando-a de alguma forma, ou tirado um peso dela. − Quanta devoção. É adorável − o fantasma demorou − Ela anda tão chateada ultimamente. Eu me virei pra ficar de frente para ela, revigorada de repente. Ela não é Alona Dare. Eu sou, não importa com quem eu pareça. Ela nem mesmo deveria estar aqui e esse pedido de desculpas não foi pra ela − Cala a boca − eu falei. − Tanta hostilidade − ela disse com um suspiro divertido, mas ainda assim deu ligeiramente um passo para trás, provando que não é tão forte como eu pensei que ela fosse. − Você conseguiu muitos problemas para tentar chamar minha atenção. O que você quer? − eu cruzei os braços, no entanto, eu acho que fazer qualquer esforço para que Lily pareça feroz era provavelmente desperdiçado. Ela era muito bonita, com cicatriz e tudo mais. O fantasma riu − O que, Misty? Isso são apenas negócios − E significava o que, exatamente? − O que você quer? − eu repeti. Quanto mais ela demorar, pior vai ficar. Eu podia sentir pendurado em cima da minha cabeça, como um piano proverbial em uma corda desgastada. O borrão se aproximou, e eu tive um vislumbre de cabelos vermelhos escuros e olhos castanhos, antes que as partículas se

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deslocassem novamente para um redemoinho confuso e indefinido. Será que minha visão fantasma estava finalmente se desenvolvendo? Isso seria legal... ou não. − Eu estou aqui para te fazer uma oferta que vai agitar seu mundo − ela disse. − Até parece − eu revirei os olhos, com raiva dela por fazer esse joguinho comigo, e de mim mesma por cair nessa. Eu caminhei diretamente para sua armadilha, agora eu estava presa. Ela sabia quem eu era, e a última coisa impedindo-a de fofocar para o mundo morto-vivo era sua própria ganância. Ela quer algo. A única questão é o que. Na verdade não, essa não é a única questão. Eu seria capaz de fazer o que ela queria? Essa é uma boa. Eu não sou o Will. Eu estava cega nesse mundo e limitada por uma situação bem menos flexível em minha casa atual. Eu não poderia ir para lugares estranhos, sozinha, no meio da noite. E aqui está a grande pergunta. O que ela estaria planejando fazer se eu não pudesse dar a ela o que ela queria? Meu estômago doeu só com o pensamento. Se uma palavra vazar sobre mim, eu estaria inundada por fantasmas, não só com pedidos e mensagens finais, mas também com perguntas sobre como eu tinha feito o que fiz com o corpo de Lily - disputas corporais 101-. Como se eu tivesse qualquer resposta satisfatória nesse assunto, do que “apenas aconteceu”. Independentemente do meu conhecimento - ou falta dele - os resultados seriam os mesmos.

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Eventualmente,

eu

não

seria

capaz

de

esconder

meus

“problemas” dos Turners. E aqueles folhetos de centro de reabilitação seriam aplicados e depois seria enviada para o Arizona ou algum outro lugar esquecido por Deus... se não pior. A mãe do Will tinha chegado muito perto de interná-lo. Em uma reviravolta pouco nítida do destino, eu poderia acabar enfrentando a mesma situação. − Podemos pular o suspense e cortar para a parte em que você chega ao ponto? − eu falei, lutando contra o desejo de me mover para longe dela. Recusei-me a lhe dar essa satisfação. − Eu vou ser sua guia espiritual − ela disse rapidamente − E nós vamos mandar nesse lugar. Eu abri minha boca em um automático “esquece” pendurado na ponta da língua... e paro. O que? Esse na verdade, não era o tipo de chantagem que eu estava esperando. Era... eu não sei o que era. Eu balanço a cabeça, confusa − O que você disse? − eu tinha que ter ouvido errado. − Você fala com fantasmas. Você precisa de um guia espiritual. Eu sou isso − ela disse com sua voz cheia de orgulho. Espera... o que? Eu comecei a falar, mas parei, antes de tentar novamente − Você acha que eu falo com fantasmas? − eu perguntei incrédula. De jeito nenhum. Será que ela achava que isso é comum, eu falando regularmente com fantasmas? − Nós estamos tendo essa conversa, não é? − ela zombou. Eu resisti à urgência de rir, tonta de alívio. Será que eu entendi errado? Ela parecia me conhecer, no entanto. Como isso é possível?

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Eu hesitei e finalmente perguntei − Como você me conhece? − o que eu tenho a perder? Se ela soubesse que eu era Alona Dare em outro corpo, ela teria dito isso, provavelmente em um tom mordaz. Se ela não o fez, seria uma pergunta razoável para eu perguntar, como uma conversa mediana com um fantasma. Ela revirou os olhos − Imagino que você não estava prestando atenção ontem. − Ontem? − eu perguntei com uma careta. Ela me viu ontem? Onde eu teria ido que ela... Oooooh! Malachi. Tem que ser. Ela é um daqueles fantasmas raivosos no falso escritório, isso é tudo. Ela percebeu meu interesse nos problemas da Misty e apostou no fato de que eu a seguiria, lidando com a chance de propor essa coisa de guia espiritual. Inteligente. Agora isso faz sentido. Era ridículo, sabendo o que eu sabia, mas eu sabia como ela chegou aqui, tanto fisicamente quanto logicamente. Com essa última peça do quebra-cabeça no lugar, um peso enorme de preocupação saiu do meu peito. Ela honestamente não tinha ideia. Eu era pra ela, apenas outra pessoa que fala com fantasmas, e não uma garota morta-viva, por assim dizer. − Olha, eu aprecio sua oferta, mas não acho que é uma boa ideia − eu falei com firmeza. Era de fato uma ideia ridícula. Eu sou um espírito preso dentro de um corpo, a última pessoa no mundo qualificada a ter um guia espiritual. Se ela tentasse me reivindicar como seu médium eu tinha quase certeza de que não iria funcionar. Mas explicar isso estava fora de questão. − Você acha que eu não posso fazer? Você acha que eu não sou digna? − seu tom segurou um desafio e eu peguei um vislumbre de um

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queixo

teimosamente

apontado

na

névoa

girando

em

o

que

provavelmente seria seu rosto. Eu balancei a cabeça e coloquei as palmas da mão para cima em um gesto de paz − Não, não é nada disso. − Porque você não me conhece, você não sabe do que eu sou capaz. Eu consigo o que eu quero. Sempre. − ela disse em um tom que não admite discussão. Whoa. Isso soou muito familiar, como algo que eu disse não há muito tempo atrás. Se ela, quem quer que ela fosse, tivesse metade da minha teimosia, muito menos um temperamento semelhante... Um sino de alerta soou fraco na parte de trás da minha cabeça − Eu ainda posso te ajudar − eu falo rapidamente. Bem Will poderia, assumindo que voltaríamos às condições de nos comunicarmos. − Você só precisa ficar calma e... − Não me diga para ficar calma − ela disse com os dentes cerrados − Isso não é com você. Oh nada bom. Saindo fora do controle aqui. − Uh Ok. Olha, isso não é totalmente uma reflexão pra você ou qualquer coisa do tipo − eu falei em minha melhor tentativa calmante. Se ela ficasse brava o suficiente nós poderíamos saber se ela consegue ou não me jogar para longe. O borrão se endireitou, como se estivesse atenta. A primeira gota de medo real em meu intestino, junto com a vontade de correr. Eu dei lentamente um passo para trás. − Eu te reivindico como meu. − ela declarou. Eu olho para ela boquiaberta. Sério? Será que existe uma classe de orientação de

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espíritos - como lidar com um médium - que de alguma forma eu perdi? Como ela sabia o que dizer quando eu meio que tinha inventado isso? É evidente que ela fez sua pesquisa. Isso não é nada bom. − Espera − eu falei rapidamente. Só porque eu achei que não iria funcionar, não significava que eu estava realmente certa. Eu estive tão errada recentemente, mais até do que eu me importava de lembrar. – Não... − Você é minha e só minha − ela terminou com o mesmo tom excessivamente alto e formal. Meus olhos se fecharam por instinto. Segurando minha respiração, encontrei-me esperando com pavor a brisa sobrenatural que tinha marcado a minha ligação com o Will. Mas a sala em torno de nós permaneceu em silêncio e imóvel, exceto pelo barulho chato do ar condicionado central. Huh. Abri meus olhos lentamente. Nenhuma brisa sobrenatural e eu não senti nada diferente. Acho que estava certa... essa vez. Eu ri, mais de alívio do que de triunfo. Ok, talvez tivesse um pouquinho de triunfo. É bom marcar um ponto na minha coluna para variar, do que sempre marcar na coluna de todo mundo. − Que diabos? − o fantasma exigiu. Eu fiz uma careta, tanto para alívio. Eu poderia não estar vinculada a esse fantasma como uma médium, mas ela ainda estava aqui, e eu tinha que lidar com ela. Eu suspirei profundamente, preparando minha paciência − Como eu disse, eu não acho que é uma boa ideia...

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− Vocês dois? Como pode não funcionar em nenhum de vocês? Isso não faz sentido − o fantasma pareceu distintamente passado. −... tentar me reivindicar − eu falei e parei, suas palavras finalmente penetrando. − Vocês dois? − eu perguntei, ouvindo o frio mortal em minha voz − Você tentou isso em outra pessoa? − É claro − ela não hesitou em responder, muito preocupada e irritada para perceber meu tom − Como se você tivesse sido minha primeira escolha. Eu nunca tinha ouvido falar de você, até ontem − a neblina fantasmagórica encolheu os ombros − Além de rumores sobre um cara do subúrbio que fala com fantasmas, e que sua guia espiritual está desaparecida e negligenciando seus deveres, e agora ele está gastando todo seu tempo com uma garota viva, que deve ser você. Eu não perdi o tom de acusação e ciúmes atolado em uma palavra. − Você tentou reivindicar o Will? − eu perguntei firmemente. Ela me ignorou. − Mas ninguém disse que a garota viva também fala com fantasmas. Eu podia ouvir a carranca em sua voz enquanto ela tentou combinar os pedaços de fofoca com os fatos que ela conhecia. − É claro que ninguém disse que você parecia assim. Toda estranha e... brilhante no meio − seu tom mistura tanto desgosto como fascínio. Brilhante? Será que eu parecia diferente para ela, diferente do que eu pareço para pessoas vivas? Que seja. Eu ignorei suas palavras, no entanto eu reconheci em algum nível, que o que ela estava dizendo era de alguma forma importante. Mas eu não estava disposta a me distrair, não agora.

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Eu fechei a distância entre nós, me aproximei de seu rosto, ou o que eu imaginava que seria. − Você tentou reivindicar o Will? − eu mordi cada palavra. Uma parte fraca da minha mente, provavelmente, à parte atribuída à razão e a lógica salientaram que, se ela tivesse reivindicado ele, ela não estaria aqui. Mas a maior parte de mim simplesmente não se importava. Ela me dá um suspiro exasperado, um que eu senti contra minha bochecha − Sim, mas tanto faz. Como eu disse, não funcionou. Se eu tivesse pensado nisso, eu teria percebido que manter a minha boca fechada teria diso a melhor opção, mas eu estava, além disso. Uma onda terrível de medo e terror tomou conta de mim. Não importava que sua tentativa tivesse falhado. Ela poderia ter funcionado. E então ela, essa garota que eu nem ao menos conhecia, estaria ligada ao Will, tomando meu lugar. Só Deus saberia se ela teria protegido ou ajudado ele, ou simplesmente deixá-lo se ferrar. Francamente, ela parecia mais preocupada com ela do que com qualquer outra pessoa. Ele precisava de alguém para ajudá-lo não para tirar proveito da situação. E quanto a mim? Ele me deixaria pra trás? Eu já estava sozinha presa nesse corpo e sem poder ajudá-lo como antes. Se tivesse funcionado, se ela tivesse reivindicado ele, ele pensaria duas vezes? Eu não sei como é a aparência dela, mas ela não me parece ser como uma meia-irmã feia. E se ela tentasse novamente com ele... e funcionasse? Então o que? Eu seria substituída, e o Will não iria mais me procurar para ajudá-lo, para qualquer coisa. Não iria sorrir para mim, nem segurar

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minha mão. Eu seria pior do que inútil para ele; eu poderia muito bem não existir. Um abismo abriu em mim e esse sentimento primordial de possessividade brotou, derramando, até que eu pudesse ouvir o sangue correndo pelos meus ouvidos, pulsando com meus batimentos cardíacos, algo que eu nunca tinha experimentado antes. Nem com Chris nem com ninguém. Cheguei perto da névoa, sentindo minha mão afundar e se conectar com o que parecia ser um ombro. Bem essa foi uma pegunta respondida. Evidentemente fantasmas tem fisicalidade perto de mim, exatamente como tinham perto do Will. Eu empurrei a garota pra trás. − Will é meu − eu falei ferozmente − Entendeu? Então o deixe em paz. É aí que a brisa fria, a que eu estava esperando momentos atrás, varreu a sala, soprando meu cabelo pra trás e congelando-a no lugar, como óleo preso no gelo. Eu não tenho certeza de qual de nós estava mais chocada. Especialmente porque eu não podia ver sua expressão. Puta merda. De alguma forma eu ainda era a guia espiritual do Will. Eu não acordo mais ao lado dele no horário da minha morte, mas aparentemente minhas outras capacidades estavam presentes e contabilizadas. Minha primeira reação interna foi um salto de alegria. Eu ainda tinha um propósito e eu não tinha que tentar convencer o Will a achar uma nova guia espiritual -não essa garota - só então ele poderia estar seguro.

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Mas essa emoção se desgastou rapidamente, porque como de costume, sem o Will realmente presente minhas capacidades de defesa são limitadas tanto em duração quanto em intensidade. A mancha desfocada diante de mim vacilou e brilhou então ela engasga em uma respiração audível − Você me congelou! − ela pareceu horrorizada. Saia Alona. Vá embora agora. Meu senso super desenvolvido de autopreservação, um pouco enferrujado por não ter sido muito usado no último mês ou algo assim, chutou com força total. Eu comecei a me dirigir para a porta, meu coração batendo. Eu estraguei tudo. Ela não tinha ideia de quem eu era e eu simplesmente entreguei de mão beijada. Se ela juntasse as peças, todas as consequências estariam solidamente voltando para minha cabeça. E agora para completar ela estava brava. Ela me seguiu. − A guia espiritual de Will Killian deveria ser a única com esse poder − ela disse desconfiada, e eu queria desesperadamente ver seu rosto − Mas ela foi embora. A menos que ela... O fantasma avançou de repente, braços estendidos pescando na névoa, eu tropeceipara fora de seu caminho, mas meu pé esquerdo enroscou no canto da colcha da Misty. Eu senti meu equilibro balançar e sabia que estava indo para baixo. Meu traseiro bateu no chão com um impacto de ranger os dentes e ela estava lá, de pé em cima de mim. Sua mão trancada em meu braço, e naquele segundo eu podia vê-la claramente. Longos cabelos vermelham por cima dos ombros, um top rosa de biquíni se mostrou através do corte da sua camiseta do Senõr Frog’s. Um coelho de férias

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de primavera. Ela deveria ter usado um tanquíni ou um maio. Muito mais lisonjeiro para o seu modesto, na melhor das hipóteses. Puta merda essa é a garota do Spring Break. Ela é exatamente como o Will a descreveu. Seus olhos castanhos se arregalaram e eu me perguntei se ela também podia me ver, não Ally. Eu como Alona. − Você não desapareceu − ela acusou − Você apenas encontrou um negócio melhor Eu pesei minhas opções. Continuar a mentir, ou cair de volta na bravata que tinha me servido muito bem no passado? Ela queria algo. Isso estava muito claro. E como eu conhecia muito bem as pessoas que queriam algo, qualquer coisa, era vulnerável a maquinações que os faz acreditar que poderia realmente conseguir. Então, escolha fácil. Hora de mudar. A verdade toda, a verdade e nada mais... bem, o tanto de verdade que irá me ajudar. Eu me endireitei o melhor que pude, ignorando a nervosa instabilidade do coração em meu corpo emprestado. Foquei nisso. − Sim, eu achei − eu falei, simplesmente calma, como se não fosse diferente de quando alguém me confrontavam no corredor da escola sobre algo que eu tinha dito. Explosões públicas de choro eram raras, mais ainda sim algo que eu esperava ocasionalmente. A pessoa com a cabeça mais fria -eu- sempre vence. Então era isso - eu tinha que manter a calma. Eu arranquei os dedos dela do meu braço − Você se importa? − ela me soltou, acabando com a minha capacidade de vê-la, e caiu no chão ao meu lado. Ou pelo menos é o que pareceu. O espaço embaçado que ela ocupava, pairou acima do piso em forma vaga de uma pessoa.

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− Como você fez isso? − ela perguntou Eu a ignorei − Quem é você? − Erin − ela disse impacientemente − Você matou alguém? Meu queixo caiu − O que? − Eu pensei sobre isso. Como, talvez se eu pudesse deslizar dentro de um corpo quando esse espírito estivesse saindo, mas desde que as únicas pessoas que somos realmente capazes de machucar são os médiuns, que nos veria chegando... − Ela solta um suspiro desapontado, como se ela estivesse falando sobre não conseguir comprar bilhetes, ao invés de, você sabe, matar alguém. − Não, eu não matei ninguém! − eu lutei para me levantar − O que há de errado com você? − eu exigi para manter a calma. Ela se levantou comigo, e eu pegei um vislumbre de piscar de olhos escuros − O que há de errado comigo? O que há de errado com qualquer um de nós? Nós fomos cortados antes do nosso melhor momento! Bem onde as coisas começariam a ficar boas. Eu quero sentir o vento na minha pele novamente. Eu quero nadar no oceano. − Sim, porque tem muito disso acontecendo em Illinois − eu murmurei. Ela me ignorou − Eu quero aquele primeiro beijo com um cara diferente novamente. Eu quero dançar e sentir a música pulsando em meu peito. Eu quero estar viva, e saber, entende? − ela pareceu melancólica. Eu poderia ter sentido pena dela, exceto pelo fato de que ela era, obviamente, louca com L maiúsculo - e a não ser que meu palpite esteja errado - poderosamente louca. Você não pode sair por aí assombrando as pessoas (por razões que não estavam claras ainda) e

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pensar em matar os outros sem uma loja séria de energias a recorrer. Atividades e pensamentos negativos teriam causado uma grande drenagem e eliminação da maioria dos espíritos no processo, mas não ela, obviamente. − Eu quero estar viva... Como você − ela acrescentou com a voz assumindo um lado sombrio. Essa garota vai me matar para conseguir o que quer. Não teria sido mais claro se ela tivesse dito em voz alta. − Nós precisamos do Will. Ele tem que estar aqui − eu falei tentando soar como se eu não me importasse, no entanto, eu poderia me sentir tremendo. Era uma tática tenda, sim, mas eu não queria ficar mais sozinha nisso. − Há uma cerimônia e tudo... − Ele não pode fazer nada − ela disse com desdém − E mesmo se pudesse, ele é todo certinho, acredite ou não − ela bufou − Ele sabia de você e nem sequer me contou − ela pareceu ressentida. Eu apertei o cerco contra o pânico que está tentando me alcançar, fazendo outro esforço parecer razoável. − Sério, Will é o único que pode... − Não, você vai me mostrar como − ela agarrou meu braço, mais apertado do que antes, doeu e eu vacilei para longe dela. O que foi um erro. Algo dentro de mim mudou, e eu me senti solta em minha pele bem, a minha pele emprestada. Erin respira fundo. Eu podia vê-la novamente, graças ao seu domínio sobre mim, por isso não foi difícil de seguir seu olhar e descobrir o que ela estava olhando. Ela estava encarando sua mão em

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meu braço, seus olhos quase saltados em surpresa. E por uma boa causa. Sua mão estava afundando na minha - não, na carne de Lily. Oh Não. Não, não, não. Eu sabia a onde isso iria parar. Eu a empurrei, mas tudo que fiz foi puxá-la comigo, sua mão incorporada no braço de Lily, assim como o meu esteve uma vez. Eu alcancei-a com a minha mão livre e empurrei seu ombro, sua expressão mudou de surpresa para um brilhante deleite − Você não entende − eu disse entre os dentes, lutando para colocar distância entre nós − É um circuito. Nós precisamos uma da outra. Eu não posso sobreviver sem ela e ela não pode viver sem mim − eu vividamente me lembrava do rosto azul de Lily lutando por ar quando a Ordem havia tentado nos separar. Foi uma das coisas mais horríveis que eu já tinha visto. − Então? Agora ela não será capaz de viver sem mim − sua mandíbula teimosamente saliente. Não poderia ser tão simples, poderia? De qualquer maneira eu não quero descobrir assim. Eu puxei-a pelo braço, tentando tirá-la, mas ela não se mexe e eu podia sentir-me deslizando para o lado. Minha respiração ficou presa em pânico, mas eu balancei a cabeça. De jeito maldito nenhum que eu iria desistir tão facilmente. − Sai de mim − eu falei puxando-a pelo braço ainda mais forte, mas Erin apenas riu − Você já teve sua vez. Vadia Como eu não podia afastá-la, eu fiz o meu melhor para mantê-la de se aproximar. Se eu me recusasse a recuar ela não poderia assumir, certo? Tentei acalmar meus pensamentos e me concentrar na minha

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respiração, imaginado o vínculo contínuo segurando Lily e eu juntas. Suas mãos eram as minhas mãos, seus braços eram meus braços, seus pulmões estavam... Então houve uma guinada súbita e minha visão - nossa visão? enviesada, ficou borrada. Não assim, por favor. Eu imploro para quem possa estar me escutando. − Pare − eu ofeguei, sem fôlego da luta. E só então percebi que eu podia sentir meu peito se movendo separadamente dentro de Lily. Estávamos desmoronando. − Oh meu Deus! − Misty estava na porta com a mão sobre a boca e os olhos arregalados de horror − Você está bem? É claro que ela não podia ver a Erin, apenas eu... o corpo de Lily no chão, empurrado para trás e para frente, com nós duas lutando pelo controle. Tentei responder, dizer a ela para pedir ajuda, mas as palavras não saíram. Não, por favor! Erin fez uma careta e se forçou para frente, inclinando-se e havia uma sensação estranha de escorregar seguida por um momento claustrofóbico de escuridão. E então eu estava de pé sobre o corpo de Lily no chão, e Misty ajoelhada próxima a ela gritando por Leanne. Erin não estava em nenhum lugar à vista. Um calafrio horrível passou por mim, meu corpo todo tremendo e eu não conseguia respirar. Eu tive apenas tempo o suficiente para olhar para baixo e ver uma versão transparente de mim mesma de

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camiseta branca e short vermelho de ginástica, e eu me perguntaei se veria novamente. A escuridão tremulava nas bordas da minha visão, antes de inchar e consumir tudo à vista. E aí eu sumi.

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Will A parte de fora da casa de Misty continuava do mesmo jeito que estava há uma hora. O quintal e as plantas que cresciam quase a ponto de cobrir tudo, o jipe da Misty na entrada da garagem, a casa em si estava quieta e parada. Por qualquer que fosse a razão, o aperto do meu peito aliviou com esta visão, o que era idiotice porque não era como se fossem ter chamas saindo pelo telhado nem nenhum sinal de problema. Qualquer problema que tivesse aqui estaria dentro da casa. Bem dentro da casa. Eu parei na entrada da garagem e estacionei. Se os pais de Misty perguntarem o porquê de eu estar aqui, a presença de Alona seria desculpa suficiente. Eu dei uma carona para ela, ou daria, na teoria. Eu saí do carro, corri para a porta da frente e bati nela. Parado na varanda esperando, esperando e esperando para alguém abrir, eu podia sentir a tensão nos meus ombros subindo até o meu pescoço enquanto cada precioso segundo passava. Misty escancarou a porta logo quando eu levantei minha mão para bater de novo. Ela olhou surpresa e logo disse: – É você. – Sim, sou eu. Ally está? – Eu comecei a andar para dentro sem esperar por uma resposta como se eu tivesse certeza que ela me deixaria entrar.

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E ela deixou, saindo do caminho e apontando para o corredor. – Cozinha. – Ela disse sua expressão ainda confusa. Ela inspirou como se fosse falar mais alguma coisa, mas só balançou a cabeça. Eu queria perguntar o que ela queria dizer, podia até sentir sua vontade de falar algo, mas eu não podia ignorar a sensação de urgência que me fez andar em direção da cozinha. – Obrigado. – Eu passei apressado por ela e parei ao ouvir o som familiar de uma voz rindo e falando. A voz de Ally. Ela estava bem. Eu soltei um suspiro de alívio. Talvez Erin nem tivesse vindo aqui. Se ela tivesse conseguido descobrir quem e o que Ally era, ela não teria conseguido forçar seu caminho para dentro do corpo de Lily e se recuperado tão rápido. Mesmo Alona que era tão forte, demorou horas só para conseguir falar. Eu voltei a andar, sentindo o olhar de Misty nas minhas costas. A cozinha era super-enorme com uma grande bancada para comer e uma “ilha” de granito bem no meio. Sentadas em bancos atrás dele, os pés balançando, e gargalhando sobre algo, Ally e Leanne Whitaker estavam com as cabeças sobre uma tigela de algo que parecia ser sorvete com pedaços de massa de biscoito crua por cima. Eu parei de novo alarmado. Pelo que eu me lembrava, Alona nunca foi muito fã de Leanne. Um

suspiro

veio

atrás

de

mim,

e

eu

me

virei,

quase

involuntariamente, para ver Misty um ou dois passos atrás de mim revirando os olhos para as duas.

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– Ai meu Deus, – a voz sarcástica de Leanne era inconfundível. – O que você está fazendo aqui? – ela perguntou de forma autoritária, e eu me virei a tempo de vê-la deixar a colher cair dentro da tigela. Ally olhou para cima e varias expressões indefinidas passaram pelo seu rosto quando ela me viu. – Ele está aqui para mim, certo? – ela simplesmente disse. Eu acenei devagar. Ela não parecia estar mais brava. – Eu vou levá-la para casa, – eu disse. – Exceto que eu ainda não estou pronta para ir, – Ally disse, olhando para longe de mim e pegando mais sorvete. – Você pode ir, eu vou achar um jeito de voltar para casa sozinha. Eu me incomodei com a arrogância em seu tom de voz. Tudo bem, então ela ainda estava brava. Justo, eu também estava. E claramente ela estava bem, então eu não precisava ficar por perto. – Que seja. – Eu me virei e voltei para o corredor. –Boa, – Leanne disse, provavelmente para Ally, com um riso muito familiar, um som que me levava de volta para os dias mais terríveis do ensino médio. Misty, que estava parada atrás de mim no batente da porta, esperou eu passar e me seguiu. – Não se preocupe, eu não vou roubar nada, - eu disse por cima de meu ombro, não me preocupando em esconder o desgosto da minha voz. Ela fez um som exasperado. – Não é isso, – ela disse.

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– Sei. – Eu continuei a andar. – Ei. – Ela pegou minha manga, e eu me virei, surpreso. Misty olhou por sobre seu ombro em direção da cozinha antes de me encarar com uma expressão preocupada. – Alguma coisa aconteceu, – ela suspirou rapidamente. – Ela está fingindo que tudo está bem, mas parecia uma convulsão ou algo do gênero. Eu congelei. – O que você quer dizer? Ela bufou impacientemente. – Eu quero dizer, eu a deixei no andar de cima para lidar com, você sabe, o fantasma. Eu acenei minha cabeça, mexendo minha mão para que ela se apressasse para chegar ao ponto. – E quando eu voltei para ver como estava indo, ela estava no chão, – ela terminou, com seus olhos azuis no corredor mal iluminado. Eu relaxei um pouco. – Ally ainda tem dificuldades em andar às vezes. O acidente... – Cara, não. Não foi só uma queda. Ela estava... sei lá, se contorcendo no chão. – Misty estava com as mãos inquietas juntas e obviamente chateada. Eu considerei o que podia ter acontecido para ter convencido ela a vir até mim e tentado falar que algo estava errado, e pavor se apoderou de mim.

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– Humm, ela falou com alguém antes? Quero dizer, alguém que você não podia ver? Ela concordou rapidamente. – Ela me expulsou do quarto, então eu não pude entender o que ela estava falando, mas eu definitivamente a ouvi falando. Então a não ser que Alona tenha decidido fazer um show para Misty, um fantasma tinha vindo aqui. Quais eram as chances de ter sido qualquer um a não ser Erin? Nada bom. E o que ela fez? Atacou Alona? Isso não seria impossível. Alona definitivamente era capaz de provocar alguém a ponto de ficar violento, principalmente alguém como Erin, que parecia um pouco perturbada. Mas então onde Erin está? Por que ela não continuou aqui perturbando a gente? E por que Alona não falou nada? A não ser, é claro, que ela não pudesse. De repente eu me senti doente. Se Erin tivesse tomado conta do corpo da Lily e expulsado Alona, isso explicaria o que Misty viu como uma convulsão, dois espíritos lutando por um corpo. Mas se Erin tivesse ganhado a luta, como ela teria se recuperado tão rápido? Teria sido preciso muito poder, além do que Alona demonstrou. Mas também, eu já sabia que Erin não era nada fraca nesse departamento, ela podia mudar sua aparência num piscar de olhos. Nenhuns dos outros fantasmas que eu conheci podiam fazer isso, nem mesmo a Sra. Ruiz, quem exaustivamente me vencia.

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E mais, isso só me ocorreu agora, eu não tinha ideia de como o estado de Lily, quando ela estava em coma, podia ter atrapalhado Alona quando ela tomou conta. Mas Erin não teria esse problema. Então...era possível que ela tivesse tomado o corpo da Lily com menos efeitos colaterais? Eu não conseguia excluir essa possibilidade. Gelei com essa ideia. – Tudo bem, vamos manter isso entre nós, – eu disse a Misty. – Eu vou tentar fazer com que ela volte para casa comigo. Eu tinha que saber com certeza quem estava ocupando o corpo da Lily e este não era o lugar para esta conversa. Ela acenou. – Ela pode não gostar disso, mas é importante, – eu disse. A última coisa que eu precisava era Misty ligando para a polícia pelo fato de eu estar tentando raptar alguém da sua casa. – Tudo bem, – ela disse hesitante. Eu queria que ela soasse mais confiante, mas eu não tinha tempo para convencê-la. Eu marchei de volta para a cozinha com Misty logo atrás de mim. Leanne lamentou. – Você de novo. Eu a ignorei. – Sabe, eu devia te deixar aqui, – eu disse para Ally. – Mas eu prometi para a sua mãe que eu te levaria para casa. Isso era uma grande mentira. Sra. Turner nunca falaria comigo, muito mesmo para me fazer prometer algo. Alona saberia disso e comentaria algo... talvez.

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Eu esperei pela resposta, segurando minha respiração. Mas Ally nem olhou para cima. – Eu disse que estou bem. O que poderia significar que não era Alona... ou somente que Alona ainda estava brava comigo e mais preocupada com o que suas amigas pensariam do que com o que a Sra. Turner pensaria. Isso estava de acordo com quem ela era quando estava viva, a identidade que ela em parte talvez estivesse tentando reaver agora com sua transformação. Eu precisava de um teste irrefutável, algo que provaria sem sombra de dúvidas com quem eu estava lidando aqui. O único teste que eu podia pensar faria com que fosse revelado um dos segredos da confusa vida familiar de Alona e isso iria enfurecê-la, mas eu tinha que saber. – Vamos, eu te levarei para comer um hambúrguer no caminho. E Sam passou ontem à noite lá em casa. Ele deixou umas cervejas na geladeira que nós podemos pegar, se pararmos lá. – eu falei com o tom mais leve e normal que eu consegui, o que não era muito fácil. Cada palavra soou desajeitada aos meus ouvidos, como se gritasse “mentira!”, mas isso não importava, pois não era a minha reação que eu estava interessado. A Alona real teria me encarado friamente com os lábios franzindo em desgosto pela sugestão. Mas essa... ela se ajeitou e olhou para mim com interesse pela primeira vez. – Cerveja? Meu coração afundou. Erin. Tinha que ser ela. Não era possível ser Alona, não com a mãe alcoólatra. Isso era uma coisa que Alona nunca

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se comprometeu a fazer, mesmo que não tivesse ninguém olhando ou escutando. Ela não bebia. Mas a festeira garota morta Erin (a camiseta Senõr Frog¹ que ela tem reflete isso) não saberia disso. E uma cerveja provavelmente soaria muito bem após tantos meses ou anos de sobriedade (enquanto morta). Então, se Erin estava ocupando o corpo de Lily, onde estava Alona? Partiu de vez? Eu limpei minha garganta, tentando me livrar desse pensamento. Eu tinha que descobrir o que aconteceu. – Cara, por que você ainda está aqui? – Leanne perguntou bufando. – Ela disse não. – Leanne, – Misty murmurou atrás de mim, – fique fora disso. Mas era tarde demais. O dano já tinha sido feito. – Não, obrigada, estou bem aqui. – disse Erin, voltando sua atenção para o sorvete. Pânico se apoderou de mim, e eu lutei para manter minha expressão calma. A vontade de atravessar a cozinha e chacoalhar Erin atrás de respostas era desesperador. Mas eu tinha que manter a calma. Entrar em pânico com ela não era um opção, nem deixá-la aqui. Ela pode partir para lugares desconhecidos, e eu nunca mais saberia o que aconteceu. Pense, pense. Eu me forcei a ver as coisas pela perspectiva de Erin. Ela devia se preocupar com as pessoas descobrindo que ela não era quem dizia ser, tanto quanto Alona se preocupava. Era provavelmente a principal razão que ela não queria sair comigo. Eu podia usar isso.

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– Tudo bem, então ligue para a sua mãe para ter certeza que está tudo bem em você ficar. – eu disse. Erin encolheu os ombros e continuou comendo o sorvete. Ela sabia que quanto mais pessoas se envolvessem, maiores eram as chances de ela estragar tudo. – O que ele é, seu babá? – Leanne bufou. – Tudo bem, eu vou ligar para ela e pedir para vir te buscar. – Eu peguei meu celular, e isso chamou a atenção de Erin. Ela me encarou. – Eu estou apenas tomando conta de você. – eu me forcei a projetar algo que se assemelhasse à sinceridade. – Tudo bem. Vamos. – Ela soltou um suspiro e deixou sua colher na bancada. – Mas o hambúrguer e a cerveja antes. Você prometeu. Fácil perceber onde estavam as prioridades de Erin. Sem mencionar, se ela estivesse preocupada em encontrar a mãe de Lily, fazer paradas pelo caminho daria oportunidades para ela escapar de mim antes de chegar a casa dela. Ela escorregou do banco para o chão, onde ela ficou em pé meio bamba, como se a sala estivesse se mexendo ao redor dela. Por hábito, eu me lancei para segurar o braço dela, esperando que ela se jogasse para o lado oposto para se desviar da minha ajuda ou me encarasse com raiva. Mas ao invés disso, ela colocou seu braço ao redor do meu, se apoiando em mim para manter seu equilíbrio, como se fosse algo que sempre fazíamos. O que, é claro, seria algo que ela pensaria, baseado no que ela viu ontem na casa do Malachi.

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Ela acenou para Leanne, que sorriu com aquela pitada de riso que eu vi inúmeras vezes nos nossos encontros nos corredores. – Te vejo depois, chica. Não se esqueça sobre o que conversamos. – Leanne apontou sua colher para Ally, que concordou. Eu estava com medo de perguntar sobre o que era aquilo. Erin e Leanne conspirando, a própria ideia me dava pesadelo. Eu a guiei em direção à porta do corredor, onde ela me chocou como nunca quando ela me largou e se lançou em direção a Misty para um abraço. Misty parecia igualmente surpresa com o gesto. Ela não teve o tempo de retirar seus braços, quando eles já se encontravam entre as duas. – Saiba que Alona está em um lugar melhor, está bem? – ela disse, suas palavras abafadas contra o ombro da garota mais alta. Eu congelei. Será que a luz veio para Alona quando Erin a expulsou? Era o que ela estava falando? Ou isso fazia parte do faz de conta onde ela era Ally, dizendo o que ela pensava que a Ally - quem fala - com - fantasmas diria? Misty olhou para mim por sobre a cabeça de Ally, seu rosto surpreso e pálido, embora seja por motivos diferentes. Ela acenou. – É, tudo bem. – ela disse, e limpou a garganta. Ally voltou, alcançando meu braço antes que eu pudesse oferecer. Atuar nessa parodia me fazia sentir mal, mas eu não tinha escolha a não ser continuar até que eu conseguisse tira-la daqui. Eu a conduzi para a porta da frente e para a varanda, onde ela cuidadosamente fez seu caminho escada abaixo, segurando meu braço com uma mão e a outra no corrimão. Ela definitivamente não estava se

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movendo tão suavemente quanto Alona, então ela teve efeitos colaterais ao possuir este corpo. – Eu estou faminta, – ela anunciou, quando nós chegamos ao final das escadas. – Vamos logo. – Você acabou de comer sorvete, – com massa de biscoito crua por cima, aparentando não se importar com as gramas de gordura ou as outras coisas que Alona costumava reclamar. Eu notei que isso devia ter sido minha primeira dica. Sem mencionar, que ela estava dividindo a tigela sem se estressar com os germes de Leanne. – Mas eu nem terminei, – ela comentou com um bico, enquanto eu a levava para o carro e a ajudava a entrar. – Estamos indo comer algo agora mesmo, – eu prometi, com nenhuma intenção de cumprir. – Um cheeseburger com fritas, – ela disse ainda emburrada. – E a cerveja, não se esqueça da cerveja. Então, definitivamente não era Alona. – Certo, tudo bem. – Eu fechei sua porta, as engrenagens em movimento na minha cabeça. Eu tirei a impostora da casa da Misty; primeiro passo completo. Mas e agora? Eu abri a porta do motorista e me sentei atrás do volante. Meu cérebro estava a mil com tanta ansiedade e inúmeras perguntas. Era melhor confrontá-la imediatamente ou continuar com o plano um pouco mais? Ela obviamente queria que eu continuasse a acreditar que ela era Alona. E onde estava Alona? Oh, Deus, se ela tiver ido de vez... Eu dei uma espiada com o canto do meu olho encontrando Ally; não, era Erin, e eu tinha que me lembrar disso; olhando para suas

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mãos em admiração, como se estivesse contente com a manicure... ou, você sabe, apenas pelo fato de ter uma forma física que pudesse ter manicure. Merda. Eu tinha que ser cuidadoso. Ela estava possuindo o corpo de Lily, e eu não conseguiria tira-la de lá. Era como se tivesse um refém embutido. Ela teoricamente poderia se machucar (que dizer, machucar Lily) a qualquer momento ou ameaçar fazer isso para me manter na linha. Eu liguei o carro e sai da entrada da garagem, para a rua. Tudo bem, pense. Eu não posso deixá-la no carro para sempre. Levá-la para a casa dos Turners estava fora de cogitação. E eu não podia realmente prende-la na minha casa. Deus, quando as coisas ficaram tão complicadas? Edmund, talvez Malachi/Edmund tivesse algo a dizer sobre isso. Até porque é a irmã dele. – Eu fiz besteira, né? – ela perguntou, logo quando eu percebi que o silêncio tinha durado uns segundos de mais. Ela virou para me ver, seus olhos brilhando com uma dureza que eu nunca tinha visto em Lily nem em Alona. Eu estremeci, vendo algo alienígena em um rosto tão familiar. – Qual que foi, as fritas ou a cerveja? – ela perguntou, ainda não soando tão preocupada em ser desmascarada. Não fazia mais sentido em continuar disfarçando. – Os dois, – eu disse. Ela deu um suspiro aborrecido. – Eu devia ter sabido. Ela provavelmente contava calorias.

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E a sua mãe era, até recentemente, uma alcoólatra irada e fora de controle, não que fosse problema de Erin. – Erin, certo? Ela acenou concordando, satisfeita. – Onde está Alona? – eu perguntei apreensivo. Ela riu. – Se foi. Desapareceu. – Ela proclamou, soando satisfeita de mais. Eu estremeci, mesmo já esperando isso. – Permanentemente? – Como eu vou saber? – ela perguntou, parecendo aborrecida. – O que você fez? – eu exigi. Ela soltou um suspiro exasperado. – Eu não vejo como isso importa agora. – Importa. – eu disse, tentando manter minha voz calma. – Isso é sobre a cerimônia? – ela perguntou franzindo a testa. A, o que? Eu parei as palavras de sair a tempo. A cerimônia? Não tinha cerimônia nenhuma. Pelo menos, nenhuma que Alona tenha falado comigo. – Como você sabe sobre isso? – eu perguntei ao invés, tentando tirar mais informações dela sem a alarmar. Ela encolheu os ombros. – Alona disse algo sobre precisar de você para uma cerimônia, mas eu pensei que ela estava só tentando me enrolar, me mantendo fora.

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Ai. Meu peito se apertou. Isso era exatamente o que Alona tentou fazer. E por mais que eu não soubesse o que estava acontecendo, eu ainda senti que eu falhei com ela. – Como se isso fosse justo, – Erin zombou. – Ela teve a vez dela. – Então ao invés disso, você a emboscou? – eu murmurei. – O que? – ela perguntou. Eu balancei minha cabeça, sentindo a tensão começar atrás do meu pescoço. – Só me diga o que aconteceu. Ela encolheu os ombros de novo. – No início, eu tentei a reivindicar como minha “médium”, mas isso não funcionou nada melhor do que com você. – Ela revirou os olhos. – Mas assim que eu descobri que ela era seu espírito guia, não foi difícil juntar tudo. Então, quando eu a segurei, esse corpo me puxou para dentro e a expulsou. Espera, Alona ainda é meu espírito guia? Isso explicaria porque Erin não conseguiu realizar uma conexão com nenhum de nós. Nós ainda estávamos conectados. Ou, pelo menos, nós estávamos até uma hora atrás, mais ou menos. E eu a deixei lá. Eu balancei minha cabeça, deixando esses pensamentos, e o medo que apertava meu peito, de lado. Se alguém puder sobreviver a isso tudo, seria Alona. Talvez algum outro espírito tomando o corpo de Lily teria sido o suficiente para salvá-la. Se o corpo de Lily já não precisava dela, talvez isso daria mais energia para ela se sustentar sozinha. Talvez. De um jeito muito assustador, ela alisou seu corpo.

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– Deve ter sido bom ter tudo em um só pacote, né? – ela deu uma risada e me deu uma cotovelada nada gentil nas minhas costelas. – Um espírito guia em um corpo firme e vivo. Todos os benefícios. Eu fiz uma careta e me distanciei um pouco dela. Ela fez isso soar tão nojento. Não era nada assim, nunca foi assim. Nós ainda nem sabíamos se Alona ainda era meu espírito guia depois que ela tomou o corpo de Lily. Mas eu duvidava que Erin fosse acreditar em mim, e eu não queria perder meu tempo tentando explicar algo que ela nunca entenderia. Tão bizarro como o jeito de Erin mudou tudo sobre Lily em algo assustador e ameaçador, em um jeito que Alona não tinha. Isso dizia muito sobre o quanto a alma ou espírito em controle importava. – O que você quer? – eu perguntei. Erin riu e deu de ombros. – O que eu quero? – ela repetiu, – nada mais do que eu tenho aqui, baby. – ela disse, dando um tapa nas suas coxas. – Está um pouco desgastado, claro, mas nada que eu não possa usar. – ela parecia satisfeita. – Eu vou continuar a viver. – ela piscou para mim como se isso não fosse importante. Como se ela não tivesse sentenciado Alona para uma forma mais permanente de morte. – Agora, nós vamos pegar aqueles hambúrgueres ou o que? – ela demandou. Eu dirigi no piloto automático, em direção ao Krekel, a lanchonete favorita de Alona, e pensando sem parar. Eu precisava de um plano. Uma coisa era certa: eu não podia deixá-la solta no mundo assim. Deus só sabia que Erin se levantava se deixada à sua própria sorte, e ela era, para todos os intentos e propósitos, Lily. Por aqui, alguém com certeza iria a reconhecer, e isso seria ruim. Sem comentar os pais dela, que ficariam preocupados com ela. E se Alona não tiver

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desaparecido e precisasse do corpo de Lily de volta? A Ordem tinha dito que as duas tinham ficado dependentes uma da outra. Lily parecia estar bem com Erin no lugar de Alona, mas Alona não tinha a mesma opção. Prender Erin, pelo menos até eu entender um pouco melhor a situação, parecia ser a unica solução lógica, por mais que eu odiasse a ideia. Mas aonde? Talvez Edmund/Malachi tivesse uma ideia. Eu olhei para Erin, seu braço no apoio entre nós. Ela havia enfraquecido pela transição para o corpo de Lily, eu provavelmente poderia a levar facilmente. Mas algo sobre o que eu estava pensando deve ter aparecido no meu rosto. – Ah, não. – Ela tirou seu braço do apoio e se distanciou de mim. – Eu já desperdicei muitos anos olhando e não vivendo. Você não fará isso comigo de novo. Tente me prender em qualquer lugar e eu grito até que alguém chame a polícia. – ela projetou seu queixo para fora com determinação, afugentando qualquer dúvida que eu tinha sobre ela fazer menos do que falava. E os Turner, quando descobrissem isso, o que provavelmente aconteceria, iriam provavelmente me processar, eliminando qualquer chance que eu teria de consertar essa confusão. – Na verdade, – ela disse, – pode me deixar aqui. – ela acenou para o sinal vermelho que a gente estava se aproximando. – Aqui? – eu perguntei incrédulo, – nós não estamos pertos de nada, e ela... você não pode andar... – Nós vamos conseguir, – ela disse, já tirando o cinto de segurança. – Erin, espera, – eu disse, lutando contra o desespero, – E o Edmund? Eu sei que ele quer te ver e...

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– Sei, – ela zombou, – como se eu fosse perder meu tempo com ele. – Ele é o seu irmão, – eu argumentei. – E isso fez bem a nós dois, – ela murmurou. Ela agarrou a maçaneta e escancarou a porta assim que o carro parou. Eu me lancei pelo carro para agarrá-la, mas ela escapou. Então ela me surpreendeu, botando a cabeça para dentro e amassando sua boca contra a minha em algo que se assemelhava a uma paródia bruta de um beijo. Eu me afastei rapidamente, tão abruptamente que meu cotovelo bateu no volante. – Eu esperava mais de você, – ela disse em escárnio desapontado antes de bater a porta. O farol ficou verde e alguém atrás de mim buzinou sem parar, alta e incômoda. Mas eu me recusei a mexer. – Volta para o carro, Erin. – eu gritei. Eu senti meu rosto queimando, imaginando o que isso parecia para os outros motoristas. Não, eu não sou um desgraçado ameaçando sua namorada. Eu estou tentando impedir um fantasma de raptar um corpo que não lhe pertence. – Perseguição é crime, Will. – Ela avisou alto, sua voz abafada pela porta fechada, mas clara o suficiente para qualquer um que tivesse a janela aberta. Seu olhar percorreu os carros atrás de mim, um pequeno riso aparecendo em seus lábios quando outro adicionou sua buzina na mistura. – Erin! – eu gritei de novo, enquanto um caminhão que estava atrás de mim entrou na pista de retorno e passou por mim. Um carro

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de patrulha vindo da outra direção diminuiu a velocidade, o oficial olhando para mim através da sua janela. Merda. – Volta logo para o carro. Por favor! – eu tentei mais uma vez. Olhando-me através de olhos apertados, Erin respirou fundo e começou a gritar. Sem nenhuma opção, e esperando o som das sirenes em qualquer momento, eu me ajeitei atrás do volante e apertei o gás. Odiando-me e a Erin, eu a olhei ficando cada vez menor no espelho retrovisor, como se nunca mais fosse a ver, e me sentindo meio aliviado e meio apreensivo com a ideia. Eu retornei o quarteirão assim que eu pude, mas a vizinhança tinha ruas que faziam estranhas curvas, e inesperados “culs-de-sac”². Quando eu finalmente consegui voltar no farol, ela já tinha ido, claro. Ou ela estava se escondendo que algum lugar ou ela pegou carona com algum estranho. Deus, ela vai acabar morta em uma vala em qualquer lugar, e seria tudo minha culpa. O farol ficou vermelho (de novo), e enquanto eu esperava mudar, eu descansei minha cabeça no volante, desejando que as coisas tivessem sido diferentes, desejando por Alona, desejando que eu pudesse voltar aos tempos em que meus maiores problemas eram o diretor Brewster e passar o dia tendo as aulas sem que nenhum fantasma me notasse. Isso tinha sido como férias comparando com tudo que está acontecendo. Férias muito, muito ruins, mas mesmo assim, férias. Eu não precisava que Alona me dissesse que eu tinha

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coisas de mais na minha cabeça, como toda essa confusão com o corpo e alma, e estava afundando rápido. Mas eu a queria aqui, mais que qualquer coisa. Eu balancei minha cabeça. Eu tinha que a ter de volta. Eu tinha uma ideia sobre como fazer isso, graças a algo que Erin disse. Mas só uma coisa. E se isso não funcionasse... Eu apertei o volante. Não, isso tem que funcionar. Isso é tudo que tem que acontecer. Por que eu não conseguiria viver sem outra opção. E se não funcionasse, Alona não voltaria a viver.

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Will Eu passei dos limites de velocidade refazendo o trajeto por ruas familiares e voando pelos pontos de referências no meu caminho em direção a Groundsboro High. Esta foi a minha primeira e única ideia brilhante: se Alona ainda fosse meu guia, como Erin tinha dito, ela estaria de volta na forma de espírito, eu poderia ser capaz de "chamá-la" para mim. Teoricamente, eu poderia chamá-la de qualquer lugar, mas os mortos que encontram os seus fins violentamente, de forma não natural, sempre são atraídos para os lugares de sua morte. Chamá-la daquele lugar pode fornecer o suficiente para um puxão maior e arrastá-la de volta de onde ela tinha desaparecido. Poderia até mesmo ter sido melhor para experimentar isso no momento de sua morte. Mas não havia nenhuma maneira de me fazer esperar quase um dia inteiro para 07h03 para tentar de novo. Apesar dos meus melhores esforços para pensar positivo, minha mente criou imagens minhas sentado no meio-fio próximo ao local da calçada onde ela morreu e chamando por ela ... Só que nada acontecendo. Eu balancei a cabeça, empurrando esse pensamento pra fora. Não, ela era forte. Ela tinha que estar bem. Ela tinha sobrevivido tanto tempo. Ela havia sido enviada de volta da luz, pelo amor de Deus. Isso não poderia ter acontecido apenas para as coisas acabarem desta forma. Isso não podia estar certo. Não fazia sentido. Uma pequena voz na minha cabeça me lembrou de que, além de ser injusta, a vida também pode ser sem sentido. Bagunçada. Tal como

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o meu pai se matar sem primeiro nos dar o menor sinal de que aquele dia seria diferente de qualquer outro. De certa forma, eu pensei que seria melhor se ele tentasse nos avisar, mesmo que tivéssemos perdido inicialmente. Então, pelo menos, talvez parecesse mais lógico. Ou talvez tivesse simplesmente feito a minha mãe e eu nos sentir pior por não entender o que ele estava tentando dizer. De qualquer forma, um dia ele simplesmente desapareceu. Tão depressa que pareceu que o ar correu para preencher o vazio de onde ele ficava, escovava os dentes, dormia... Eu não poderia perder mais alguém assim, sem nem mesmo a chance de dizer adeus. Não outra vez. Não ela. ― Vamos, Alona, não faça isso comigo, por favor. ― Eu murmurei, e depois parei, apertando minha boca fechada com medo de que essas palavras de alguma forma fossem contadas como uma chamada. Mas se elas tinham, no banco do passageiro ao meu lado permaneceu vazio. E meu coração afundou um pouco mais. Concentrei-me

na

estrada

na

minha

frente,

vagamente

consciente do refrão - por favor, por favor, por favor - pulsando em mim e marcando os segundos. A escola finalmente aumentou a distância, e eu freie para uma parada brusca pelo cercado da quadra de tênis, os pneus do Dodge cantaram no asfalto superaquecido. Coloquei a alavanca de câmbio em ponto morto e me atirei pela porta aberta, tropeçando com a minha pressa. As crianças na quadra de tênis - dois meninos, muito jovens até mesmo pra serem calouros, pararam de bater a bola para me ver correr.

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O problema era que tinha quatro meses que Alona tinha morrido. Não havia mais qualquer sinal da violência que tinha ocorrido, a vida que tinha terminado em algum lugar aqui, nas linhas duplas amarelas. Foi aqui. Mais perto da esquina ou mais para baixo da rua? De repente, eu não tinha certeza, e eu me vi andando para lá e para cá no meio da estrada, desesperado para acertar isso. Um carro que passava buzinou para mim. ― Ei, você está bem? ― Uma das crianças gritou. Eu ignorei tudo, fiquei ciente de que meus olhos estavam ardendo com lágrimas somente quando uma gota saiu do meu queixo e pingou na linha amarela pintada que eu estava estudando tão atentamente. Eu esfreguei a mão sobre meu rosto. Mantenha a calma. Ela está bem. Erin tomou o corpo de Lily, por isso ela é a única pega no ciclo agora. Alona deve estar bem. A dor em meu peito me disse que nem mesmo eu acreditava nisso. A Ordem tinha dito que os dois se tornariam dependentes um do outro. Depois de um mês no corpo de Lily, Alona tinha energia suficiente para sobreviver por conta própria? Essa era a pergunta, e não havia realmente apenas uma maneira de descobrir. Eu respirei fundo, forçando-o passando o nó na garganta. Eu não tinha nada a perder por tentar, exceto toda a esperança de que ela pudesse voltar. Se ela não respondesse agora, eu continuaria chamando-a. Mas as chances do seu nível de energia nesta situação fossem melhorar com o tempo eram poucas para quase nulas.

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Outro carro desviou em torno de mim, com o motorista buzinando e gritando pela sua janela baixada. Tudo bem, atraso suficiente, eu disse a mim mesmo. Hora de tentar isso antes que alguém realmente pare e tente me puxar para fora do caminho. Ou chame a polícia. Mas eu senti como se estivesse arrancando um curativo muito antes do ferimento ser curado. Eu finalmente escolhi um lugar o mais perto do exato quanto eu me lembrava dele e fechei os olhos. Imaginei Alona como eu a vi que pela primeira vez depois de sua morte. Espreitando os andares com shorts de ginástica vermelho e camisa branca com os quais ela tinha morrido, o rosto corado de raiva e mágoa das pessoas que uma vez ela chamou de seus amigos se virarem contra ela, poucos dias depois de sua morte. O jeito que ela me incentivou a lidar com Diretor Brewster, ajudando-me até que eu pude lidar com ele sozinho, mais ou menos. A seda de seu cabelo agarrando nos meus dedos quando estávamos atrás dos arbustos na mansão Gibley. Como ela se recusava a aceitar pena ou ajuda a menos que ela não tivesse escolha. Ainda esta manhã, quando ela estava parada na minha frente em suas roupas novas com o novo visual que ela criou, inclinando a cabeça para cima na minha direção com aquele sorriso vulnerável. Ocorreu-me pela primeira vez que, embora ela não tivesse dito isso, ela foi à procura da minha opinião. Minha aprovação... Não, o meu apreço. Ela não precisava disso. Ela não era assim. Mas isso não significava que ela não tivesse gostado de ter. Espírito ou não, ela ainda

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era humana. E tudo que tinha me preocupado com a minha própria reação exagerada e o que significava para mim. Concentrei-me mais forte, canalizando o meu medo e raiva de mim mesmo em força por trás dos meus pensamentos. Eu queria que ela aparecesse. ― Você é o meu guia espiritual. ― eu disse entre dentes. ― Você tem que vir quando eu chamar, e eu estou chamando. Venha aqui. Por favor? Essa última palavra soou perigosamente perto de implorar, e eu não me importava. Não era por Alona, mas para quem mais pudesse estar escutando. Deus. A luz. Alguém estava correndo com as coisas, e eu precisava que esse alguém me escutasse. Por favor, não faça isso. Não a envie para mim e depois a leve embora. Por favor, não. Não faça. Por favor. Eu preciso dela. Eu repetia as palavras uma e outra vez, vagamente consciente das crianças parando seus jogos e um carro ou dois me passando por mim. Mas eu não parei até que senti uma estranha mudança no ar, como se o mundo tivesse se movido ao meu redor, água fluindo ao redor de uma rocha. Eu abri meus olhos, e Alona - um início de esboço dela, de qualquer maneira - estava a poucos metros na minha frente, olhando em volta com uma expressão assustada. Deixei escapar o ar que eu não tinha percebido que eu estava segurando. Graças a Deus.

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Mas aquele breve momento de alívio vertiginoso dissipou rapidamente, substituído por um crescente sentimento de pânico. Ela não estava preenchendo o jeito que ela deveria fazer. Eu ainda podia ver através dela. Pela primeira vez, ela realmente parecia um fantasma tradicional, pelo menos do jeito que eles foram mais frequentemente retratados na televisão e nos filmes. Não, não. Não é bom. Sua energia estava fraca demais para que ela não pudesse sequer aparecer completamente. ― Fale algo bom! ― Gritei para ela, lutando contra o desejo de agarrar e segurá-la. Eu não tinha certeza do que iria acontecer, o que eu faria, se minhas mãos passassem por ela. Seus lábios se moviam para formar palavras, mas nenhum som saia, e os seus olhos se arregalaram. Ela sabia que algo estava errado. Ela olhou para si mesma, seu cabelo loiro deslizava para frente sobre o ombro quando ela entendia a extensão de sua inexistência. E quando ela levantou a cabeça para me encarar, lágrimas brilhavam em seus olhos. Ela respirou fundo e endireitou os ombros antes de levantar a mão lentamente e virar a palma para fora. Pare ... ou adeus. ― Não! ― Eu me aproximei dela, com menos que a distância de um braço. ― Você tem que fazer alguma coisa. ― Eu nunca me senti mais impotente em minha vida. Eu não podia fazer nada para ajudála. Em seguida, um flash de brilho - ou total idiotice - bateu. ― Reivindique-me de novo. ― Um forte laço para mim, um com uma posição firme bem entre os vivos e os mortos, pode ajudar, mesmo que fosse apenas pra reforçar uma ligação que já existia. Recusei-me a piscar, meus olhos ardiam com o esforço, como se o meu olhar fosse

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segurá-la aqui. ― Reivindique-me de novo ― eu repeti, ouvindo o apelo em minha voz e rezando para que ela pudesse, também. Seu olhar encontrou o meu e o segurou enquanto ela dizia as palavras. Eu ainda não podia ouvi-la, mas eu peguei algumas das palavras em seus lábios. "Will Killian." E por fim, tão lentamente que não havia dúvida de que ela estava dizendo. "Meu". Lágrimas caíam pelo seu rosto, e eu sabia que embora houvesse diferenças entre nós, esta não era a maneira que nenhum de nós queria que acabasse. Ela fechou os olhos e repetiu as palavras outra e outra vez, como eu fiz antes. O ar em volta dela vacilou, como quando você abre a porta de um carro que foi fechada por horas em um dia quente de verão. E então, de repente, ela estava lá... Completamente lá. Estiquei a mão pra ela ao mesmo tempo em que ela pegou a minha. Nós nos movemos em direção ao outro, evitando por pouco que as cabeças batessem com a nossa pressa. Ela me envolveu com os braços, e eu enterrei meu rosto contra o lado de seu pescoço quente e em seu cabelo. Eu podia senti-la tremer... ou talvez fosse eu. ― Está tudo bem. Você está bem. ―Eu murmurei contra sua pele, mas eu não tinha certeza para qual de nós dois eu estava falando. Talvez pra nós dois. ― Você está certo. Eu acho que ele é louco. ― Eu ouvi uma das crianças na quadra de tênis declarar em voz alta em um tom que sugeria que um grande debate tinha sido resolvido. E pela primeira vez na minha vida, eu não dei a mínima atenção.

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Alona Will não iria parar de olhar pra mim. E não era o tipo de olhar “ei-você-é-tão-linda” que eu estava acostumada. Isso seria bom. Não. Isso estava mais para “checagemcomplusiva-a-cada-5-minutos-pra-ver-se-você-está-aí-e-nãodesaparecendo-diante-dos-meus-olhos” tipo de olhar. O que era um pouco desconcertante. ― Você tem certeza que está bem? ― Ele perguntou pela décima segunda vez em quinze minutos, com outro olhar de soslaio para mim no banco do passageiro. Uma vez que nós conseguimos nos desvencilhar da nossa posição no meio da estrada, ele me levou de volta para o Dodge segurando bem firme a minha mão. Seus olhos estavam vermelhos. Ele estava chorando. E eu também. Embora nenhum de nós estivesse falando sobre isso. ― Pare de me perguntar isso. ― Eu disse, tentando soar malhumorada como eu seria normalmente. Mas eu não podia culpá-lo por olhar ou perguntar. Eu continuei verificando minhas mãos e pés para ter certeza de que estavam realmente lá, e não ficando transparente. No grande esquema das coisas, eu não tinha ido embora há tanto tempo. Eu desapareci por horas antes, após o tumulto emocional de saber que minha mãe estava jogando minhas coisas fora e meu pai estava tendo um novo bebê. Mas eu nunca, nunca voltei a ficar tão como fraca como nessa época.

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Eu gritava e ele não conseguia me ouvir. Eu podia ver isso no pânico em seu rosto. Eu estava indo, indo, indo... Como se eu estivesse caindo do penhasco nos filmes. Até que eu consegui encontrar um ponto de apoio e parar. Mas quem sabia quanto tempo iria durar? Aquele pedaço de rocha ou videira sempre pode acabar, não é? A única questão era quando. Mesmo agora, eu podia sentir o fluxo e refluxo de energia de uma maneira que eu não sentia desde que a luz apareceu para me levar do quarto de hospital de Will, há alguns meses. Eu respirei fundo, tentando ignorar o leve e flutuante sentimento de desconexão que veio ao estar fora do corpo de Lily. Como se eu pudesse afastar-me a qualquer momento. Eu odiava. Quando Will largou minha mão para dirigir, tinha tomado cada grama do meu considerável autodomínio para não chegar mais perto (não era que eu precisasse de um cinto de segurança para me manter viva se batêssemos) e agarrar o braço dele ou um punhado de sua (horrorosa) T-shirt, como se ele fosse uma âncora que me manteria aqui. Mas quando chegou a hora, isso não me impediria de desaparecer e eu não podia suportar a ideia de perder lentamente a sensação dele até que não houvesse nada. Então eu mantive minhas mãos quietas e fiquei do meu lado do carro. ― Se você quiser eu posso te levar para casa... para a minha casa... ou para a dos Turners ― Ele ofereceu, com um outro olhar cauteloso para mim. ― E você pode descansar se você...

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― Eu estou morta, não estou doente. ― Eu disse rapidamente. ― Lembra? ― Como se qualquer um de nós precisasse de qualquer lembrança do que aconteceu. Ele se encolheu. Na verdade, encolheu os ombros como se eu tivesse batido nele. Mas fingir o contrário, especialmente agora, não ia nos fazer nenhum bem. Foi meio sem sentido, não foi? Eu senti lágrimas de novo e me forcei a olhar para longe dele, pela janela lateral. ― Então como foi? Com Erin, eu quero dizer? ― Eu perguntei com minha voz mais áspera do que o normal. Eu esperava que ele não notasse ou falasse sobre a mudança súbita de assunto. Ele me contou o que eu tinha perdido, embora a maior parte eu já tivesse entendido sozinha. ― Ela fugiu com o corpo de Lily. ― Esse projeto de vadia. ― Para ir a festas, comer hambúrgueres e beber cerveja ou algo assim. Nós estávamos no caminho para verificar a Krekel’s agora, parando em cada loja de bebidas ao longo do caminho (obrigado, mamãe, por esse pequeno conhecimento) para uma olhada rápida ao redor do estacionamento. Ela não podia comprar cerveja, não parecendo Lily, que mal parecia tão velha como ela era, mas do que eu sabia de Erin, e o que Will me disse, ela provavelmente teve uma boa experiência em seduzir caras mais velhos. Will assentiu cansado. Eu resisti à vontade de gritar eu te avisei. Ele veio com tanta força em mim sobre como eu estava me passando por "Lily" e eu tentei avisá-lo de que alguém poderia ser pior. Mas agora não era o momento para lançar aquele pedaço de sábia retaliação... mesmo que fosse a verdade.

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― Você pode dizer isso. ― Ele disse, lendo meus pensamentos. Ele desviou o olhar da estrada para levantar uma sobrancelha para mim no desafio. Dei de ombros. ― Não é tão divertido se você está esperando por isso. Ele esboçou um sorriso. ― Eu também acho. ― Então... Se nós a encontrarmos, faremos o quê? ― Eu perguntei, forçando as palavras depois de passar o meu medo de falalas. Elas implicavam que havia algo além deste momento, que eu não tinha certeza de que era para mim, e eu não queria tentar a sorte, ou Deus, ou a luz, ou a quem quer que tenha inventado este plano magistral. Eu silenciei a onda de raiva subindo do meu intestino, mas com sucesso limitado. Eu estava tão cansada de ser lançada ao redor como a boneca de alguém... ou uma peça de xadrez. Primeiramente eu estou presa aqui, depois eu não estou, e depois fui enviada de volta ― talvez para salvar Lily ― e depois definitivamente não. Mas que diabos? E agora eu deveria apenas sentar aqui e esperar com Will para qualquer energia que eu tivesse deixado desaparecer? Que MERDA. Além das palavras, francamente. Will passou a mão sobre o rosto. ― Eu não sei. ― Ele parecia cansado, derrotado. Eu percebi que ele estava fora de seu centro também. Não que ele quisesse participar disso. Agora mesmo, ele provavelmente desejava estar caçando fantasmas com Mina em algum lugar. Eu estendi a mão hesitante e toquei seu ombro. E desta vez, quando ele olhou para mim, sua expressão era diferente, com um calor que brilhava através de seu cansaço e preocupação. Incapaz de resistir,

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eu cheguei mais perto para inclinar-me contra ele, e ele colocou o braço em volta dos meus ombros, e descansou o rosto momentaneamente contra o topo da minha cabeça. ― Nós vamos descobrir isso. ― Disse ele, parecendo mais certo. ― Se nós não pudermos encontrá-la, nós vamos ir atrás de seu irmão. Ele vai saber o que ela vai tentar, onde ela vai querer ir. ― Ele fez uma pausa. ― Merda. Acabei de deixar ele lá. Eu lhe disse que estaria de volta. ―Disse ele, quase para si mesmo. ― O quê? ― Eu perguntei confusa. ― Eu estava conversando com Malachi quando eu descobri que você podia estar em apuros. ― Ele balançou a cabeça. ― Não importa. Nós vamos trabalhar com isso. Vamos encontrar Erin e despejá-la, e então... ― Sua voz sumiu. Sim, a parte seguinte foi a pouco complicada. ― Will. ― Sentei-me lentamente e seu braço escorregou dos meus ombros. ― Nós precisamos conversar. Ele me olhou com cautela. ― O que há para falar? Se você ainda está chateada sobre esta manhã. ― Ele hesitou. ― Você estava certa. Eu deveria ter lidado com isso melhor. Você só... as mudanças me pegaram de surpresa. Eu suspirei. Algumas coisas entre nós poderiam ter crescido e mudado, mas estava na mesma. Eu ainda era a mais pragmática. Eu respirei e me forcei a assumir um tom prático. ― Você precisa aceitar que esse pode ser o fim. Que esta… ― Eu acenei como se não tivesse importância para a minha forma sólida-neste-momento- ―... é uma estada temporária do inevitável.

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― Não. ― Disse ele, sem sequer olhar para mim, como isso fosse tudo. Ele declarou e por isso seria. Certo. Eu balancei a cabeça, exasperada. ― Você sabe o que a Ordem disse: Lily e eu somos dependentes uma da outra. Eu nem deveria ter sobrevivido sem Lily por tanto tempo. Ele ergueu um ombro em um encolher de ombros rígidos. ― E você vai ficar bem assim que encontrá-la de novo e... ― Se nós pudermos encontrá-la. Se eu tiver a força para chutar Erin fora. Se eu puder mantê-la fora. ― Eu disse, cansada. ― Você já pensou sobre isso? O que é impedi-la de tomar Lily de volta, assumindo que posso mesmo de chutá-la em primeiro lugar? Quantas vezes você acha que eu posso passar por isso e sobreviver? Ele não respondeu. ― E o mais importante. O que me dá o direito? Mais que Erin, quero dizer. ― Na primeira vez, eu fiz isso para salvar Lily. Mas agora não seria por isso. Seria para salvar minha pele, metaforicamente, e eu não tinha certeza que eu poderia fazer isso. Não parecia certo. Will olhou para mim com uma expressão de reprovação. ― Você foi enviada de volta aqui para me ajudar. Talvez Lily, também. Merda. Era a hora, eu supunha, para colocar em pratos limpos. Eu inclinei minha cabeça para trás contra o assento. ― Sobre isso... ― Eu hesitei. ― Você sabe, não é exatamente como se houvesse um vozeirão grande no céu me dando ordens ou qualquer coisa. Sua carranca se aprofundou. ― Uh-huh.

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Eu me mexi desconfortavelmente. Eu não deveria ter esperado tanto tempo para contar a ele. Mas quando isso aconteceu, quando voltei pela primeira vez, ele ainda era aquele cara que meio chato e estranho, mas fofo. Depois, em algum lugar no meio do caminho, as coisas mudaram e ele se tornou alguém que eu precisava na minha vida para mais do que razões práticas, e dizer esse tipo de verdade tornou-se impossível. ― Eu realmente não me lembro de nada. ― Eu disse rapidamente. ― Eu me lembro de me sentir segura e confortável e em paz, mas ... isso é só isso. ― Até que você foi mandada de volta. ― Disse ele. Eu fiz uma careta. ― Certo? ― Ele pressionou. ― Eu acordei no seu quarto naquela primeira manhã e vi sua roupa de formatura pendurado na porta do seu armário e meio que surtei. ― Eu admiti. Não levou muito tempo para descobrir que ― muito tempo ― morri. Eu realmente voltei na manhã depois do aniversário de Will ― eu encontrei uma sobra bolo e uma pequena pilha de presentes desembrulhados na mesa da cozinha. E eu sabia que o aniversário de Will era no final de maio. Em seguida, vi as árvores do lado de fora, muito mais verde do que eu me lembrava, e o ar, muito mais quente e mais perto do verão. ― Eu precisava de um tempo para pensar. ― Eu disse. ― Então, eu saí alguns dias, tentando clarear as coisas na minha cabeça.― Na Misty, eu aprendi exatamente quanto tempo eu morri: quase um mês inteiro! Esse foi também o lugar onde eu descobri o complô de Leanne para humilhar Ben na graduação. ― Na época, tudo que eu conseguia era pensar era em voltar para a luz e eu só sabia de uma maneira de

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fazer isso. ― O que era exatamente o que eu tinha feito para chegar lá em primeiro lugar: Ajudar Will Killian . ― Então... Eu disse que tinha sido enviada de volta para ajudálo. ― Eu disse, me encolhendo na expectativa de sua resposta. Oh, isso não ia ser legal. ― Você mentiu. ― Ele disse com força, os nós dos dedos ficando brancos, enquanto ele agarrava o volante. ― Eu... dei um salto lógico baseado em fatos hipotéticos. ― Argumentei, mesmo que eu pudesse ouvir exatamente como parecia idiota. ― Você precisava de ajuda e de repente eu estava de volta. Parecia lógico que as duas coisas estivessem relacionadas. Ele encostou abruptamente para fora da estrada e em um posto de gasolina abandonado e enfiou a marcha no neutro antes de virar o rosto para mim, seu rosto vermelho. ― Você mentiu! Pior, você me disse o que você pensou que eu iria acreditar. ― O que não significa que ainda não poderia ser a verdade. ― Eu disse, resistindo à vontade de recuar em meu lugar com som do sofrimento, e da dor em sua voz. Ele não me faria sentir mal sobre uma escolha que eu fiz antes de eu realmente o conhecesse. ― Oh, meu Deus, Alona. ― Ele esfregou o rosto com as mãos. ― Bem, o que você queria que eu fizesse? ― Eu exigi. ― Diga. Que eu não me lembro de nada? Você pensaria que eu estava escondendo alguma coisa. Ele balançou a cabeça. ― Não faça isso parecer que foi por mim. É tudo por você e por você ser rejeitada. Você não pode suportar a ideia de que alguém, em algum lugar, te rejeite.

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Uh. Isso doeu. Sentei-me reta. ― Tem o outro lado deste ocorrido com você ainda? ― Eu perguntei, começando a ficar com raiva. ― Que eu fiquei presa com você e te ajudei, apesar de não ser um mandado de Deus, ou a luz, ou o qualquer coisa? Ele ficou em silêncio. ― Não, eu acho que não. ― Eu atirei, me jogando de volta no meu lugar. ― Você fez isso porque beneficiou você. ― Ele me deu um olhar sombrio. ― E você, também. ― Eu apontei rapidamente. ― Mas, tanto faz. Isso é passado. Estou tentando fazer a coisa certa aqui e agora. ― Eu joguei meu cabelo atrás dos meus ombros e, por um momento, fiquei surpresa quando ele realmente ficou para trás. Eu acho que eu estava mais acostumada a ser Ally do que eu percebi. ― Estou dizendo a verdade hoje, quando eu não precisava. ― Isso foi uma grande coisa. Para mim, pelo menos. Por que ele não entendeu isso? Ele bufou. ― Você quer um desfile? Suas palavras bateram como um golpe mais pesado do que o esperado e eu vacilei. Não era dele ser tão sarcástico assim. E eu estava tentando mudar, ele não podia ver isso? Eu me forcei a continuar, para não quebrá-lo. ― O meu ponto... ― Disse, enfatizando que eu tinha um ― ... é que eu não tenho o direito de ser 'Ally' mais do que Erin tem... ― Eu fiz uma careta ―... ou qualquer nome que ela estiver se chamando. Imaginei Sra. Turner tentando ajustar a outro nome para a filha e senti uma pontada surpreendente. Ela fez a minha vida como Ally

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mais dolorosa do que precisava que ser. Mas só porque ela realmente se importava. Agora ela tem que lidar com a versão de Erin de Lily. E isso não era nada justo com ela. Era estranho. Se a Sra. Turner foi como a minha mãe ― fora isso, só se preocupava com ela mesma ― então a minha atuação como Ally seria mais fácil e eu provavelmente não me importaria nem a metade. Mas, talvez, algumas coisas são melhores quando são mais difíceis, eu não sei. ― Mesmo se encontrarmos Erin e tirá-la, eu não fui... enviada aqui para fazer qualquer coisa. Para ser Ally. ― Me matou dizer isso em voz alta. Admitir que eu não soubesse por que eu estava de volta, que talvez não houvesse sequer uma razão. Mas eu não podia deixar Will continuar trabalhando sob essa mentira. ― A questão é... ― Disse ele, zombando de mim, mas com raiva de verdade através de seu tom. ―... é que Erin não dá a mínima para o que as pessoas a chamam enquanto ela estiver fazendo tudo necessário para estar viva. É sua definição de estar viva. Estremeci, imaginando o que poderia ser. Era como síndrome de aluguel de carro, só que pior. Aquela limusine para o baile? Ninguém se importava com o que acontecia no interior, porque não era o nosso carro. ― Então esqueça a razão que porque foi enviada de volta ou todas as razões que você não foi... Eu vacilei com veneno nessa última parte. ―... Apenas me ajuda a encontrar Erin e Lily. ― Disse ele. ― Depois nos preocupamos com o que fazer em seguida e quem têm o direito de fazer o que.

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E como lidar com você... Ele não disse isso, mas eu podia ouvilo, no entanto. Grande. Eu estava ansiosa para isso. Talvez eu pudesse desaparecer primeiro. ― Tudo bem. ― Eu disse finalmente. Eu poderia ajudar ou tentar, pelo menos. Se for pra poupar os Turners de outra chamada para o hospital... ou prisão. Ele assentiu secamente e pôs o carro de volta no caminho sem outra palavra. Bem, pelo menos não havia mais choro. Acho que eu tinha consertado isso.

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Will Ela mentiu. Ela mentiu sobre a porcaria da luz. Alona não tinha limites? Nenhuma fronteira moral? Jesus. Eu foquei na estrada, muito atento ao silêncio entre nós. Mesmo que eu não tenha feito nada de errado, eu tinha a distinta sensação que Alona estava chateada comigo, o que era ótimo. Nunca era culpa dela, sempre de outra pessoa. Neste caso, talvez a culpa seja da luz, porque ela não tinha recebido instruções especificas e foi forçada a inventar alguma coisa. Tanto faz. Eu balancei minha cabeça em desgosto. E mesmo assim, apesar da minha raiva, eu não conseguia imaginar como teria sido para ela se encontrar de volta naquela primeira manhã, sem nenhuma informação, nenhum conselho sobre porque ou o que fazer depois. Qualquer um ficaria assustado, pensando se teriam feito algo errado ou se teria tido algum erro ou se isso seria algum tipo de punição lá de cima. Até porque, quem seria mandando de volta da luz, depois de quase um mês? E Alona, sempre com problemas de controle, teria sido bem pior. Ela tinha passado boa parte dos seus anos, enquanto viva tentando conter tudo isso, tentando manter sua vida - a condição da sua mãe e a total falta de vontade de seu pai de se envolver - de implodir. Variáveis que estavam além de sua habilidade de influência a consumiram,

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preocuparam-na até que ela conseguisse lidar com elas e pudesse criar planos de contingência. Eu conhecia essa garota, provavelmente melhor do que ela se conhecia. Mesmo assim, isso não transformava o que ela tinha feito certo. Na verdade, isso fez pior. Ela esteve mentindo para mim, não apenas quando ela se encontrou comigo depois da graduação no seu banco, mas também quando nós estávamos nos beijando do lado de fora do “Gibley Mansion” no mês passado, e quando ela segurou minha mão ontem no carro. Ela esteve mentindo, talvez só por omissão, todo esse tempo. Eu não sabia o que fazer com isso. Ela não conseguiu encontrar outra hora, um momento mais cedo do nosso... qualquer que seja isso que temos... para me falar a verdade? Ela realmente não confia em mim até hoje? Não me entenda errado: eu sabia, logicamente falando, que ela tinha inúmeras razões para não confiar em mim, e que era uma mudança significativa para ela me falar uma verdade pessoalmente humilhante que ela descobriu, mesmo agora, quando ela sabia que eu ficaria zangado. Mas eu acho que apenas pensei que estávamos bem longe desse ponto. E isso machucava e me fazia sentir um pouco perturbado em descobrir que estava errado. Eu entrei no estacionamento do Krekel e achei uma vaga. Alona limpou a garganta. – Então, qual é o plano? – ela estava tentando soar normal. – Nós vamos dar uma olhada, falar com as pessoas. – Eu encolhi os ombros, evitando seu olhar. – Ver se eles a viram. – Meu medo era

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que mesmo que Erin tenha vindo aqui, ela já tivesse ido há muito tempo e ninguém se lembrasse de nada. – Eu fico com a observação, você lida com a conversação. – Alona disse, com um aceno de cabeça. – Você acha? – eu murmurei. Dado o fato de que ninguém conseguiria a ouvir, essa era a única opção que fazia sentido. E não, não era a resposta mais madura. Processe-me. Eu ainda estava lutando com a bomba que ela jogou em mim. Ela se enrijeceu. – Ei, quer saber de uma coisa? Eu disse desculpas, e se isso não é o suficiente... – Na verdade, você não disse. – Eu falei a interrompendo. Ela parou, franzindo a testa, sua cabeça pendendo de um lado enquanto ela visualizava a nossa conversa anterior. – Não, eu tenho certeza que... Eu apenas olhei para ela. – Oh, – ela olhou para suas mãos por um longo momento antes de olhar para mim. – Bem... Desculpe-me. – ela disse, o queixo se sobressaindo em provocação, me desafiando a... o que, me vangloriar? Como se fosse realmente algo que eu quisesse fazer nesta situação. – Tudo bem, que seja. Vamos logo fazer isso. – eu fui em direção a maçaneta da porta. – Não está... eu não farei a mesma coisa, ok?. – ela disse calma. – Eu apenas... – Não confiava em mim, – eu disse minha boca apertada.

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– Não te conhecia, – ela me corrigiu, – e agora eu conheço. – Ela encontrou meu olhar sem esquivar. A firmeza em seus claros olhos verde me assegurou que ela realmente queria dizer isso, e parte da raiva e incerteza que estava em meu peito desapareceram. Mas não tudo. Como eu saberia se nós realmente estávamos na mesma pagina? Que ela não iria, em outro momento, revelar algum novo nível de duplicidade? Talvez fosse minha hora de não confiar. Eu suspirei a abri a porta. – Vamos focar em uma coisa por vez. Ela concordou com a cabeça e me seguiu, mas não antes de eu ver uma rápida expressão de dor. Eu suponho que ela provavelmente queria algo mais por uma das suas raras desculpas, e talvez ela tenha razão, mas era o máximo que eu podia lidar no momento. – Seja sutil, – eu disse quando começamos a ir para o restaurante. – Lembre-se, se você pode a ver, ela provavelmente pode te ver, e ela saberá o que você quer. Alona concordou, mas eu tive a sensação que a mente dela não estava inteiramente focada na tarefa em frente. – E se você começar a se sentir... – eu hesitei, sem saber o que falar. – Menos que eu mesma? – ela perguntou seus lábios se torcendo em um riso sarcástico. – Não fale com ela, apenas me encontre. Ela acenou concordando.

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Eu senti meu coração batendo mais forte que o normal enquanto andávamos em direção do Krekel, que estava lotado com o pessoal do “almoço tarde” e do “jantar cedo”, passamos por uma família que parecia consistir somente por crianças gritantes e algumas pessoas da nossa idade que eu não reconheci. Eles estavam apenas vivendo suas vidas normais, alegremente sem saber sobre o que acontecia abaixo da superfície. Levou só uns 10 minutos para determinar o que eu temia. Erin/Lily não estava, e ninguém parecia a ter visto. Então ela não veio para cá, ou ela entrou e saiu sem que ninguém notasse. De um jeito ou de outro, nós não tínhamos como saber onde ela estaria agora nem onde procurar. – Eles têm câmeras de segurança, – Alona comentou, quando estávamos de volta no estacionamento indo para o carro. – Sim, e como explicar o porquê nós precisamos ver o que eles têm, sem ter a polícia no meio? – eu queria evitar isso pelo maior tempo possível. Se eu conseguir fazer as coisas voltarem para algo que se assemelhe a normalidade antes que os Turners descubrissem que algo estava errado, seria melhor. – E mesmo que pudéssemos as câmeras não diriam para onde ela foi daqui. – E agora? – ela perguntou, – checar cada estúdio de tatuagem, clube de strip, e loja de donuts daqui até a fronteira de Indiana? Eu parei quando estava tirando as chaves do meu bolso e a encarei. – Clube de strip? Mesmo? – eu perguntei. Ela encolheu os ombros, – O mais perto de uma festa a dois numa tarde, provavelmente, certo?

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– Eu não tenho ideia. – Eu inclinei minha cabeça para um lado, e olhando com curiosidade. – Você tem? – Até parece. – ela respondeu, claramente ofendida. Apesar de tudo, eu quase sorri. – Vamos ao Malachi. – eu disse, destrancando o carro. Alona fez uma cara. – Aquele lugar é nojento. – ela murmurou, – Seriamente, uns cem dólares a mais por mês e ele poderia ter um lugar que não parecesse como a frente de um serviço de envio de correio de noivas russas. – Melhor espaço de escritório não é sua principal prioridade. – eu disse, abrindo a porta do motorista para ela entrar e ir para o seu banco. Ela podia ter aberto a sua porta, mas com todas as pessoas no estacionamento, não parecia uma boa ideia. Eu esperava que ela não brigasse comigo sobre isso. – O que isso significa? – ela perguntou com um franzido, entrando sem reclamar. Eu a segui e fechei a porta. – Significa que Malachi tem outros meios para atrair negócios. Eu esperei até que saíssemos do lotado estacionamento e estivéssemos no caminho para a casa do Malachi antes de contar tudo o que ele tinha me falado, sobre a morte da irmã, a visita do pai, e o método incomum de obterem novos clientes. – Isso que ela quis dizer com a Misty ser só negócios. – ela disse, mais para ela mesma do que para mim. – Então eles estão assombrando as pessoas para ganhar dinheiro, e eles escolheram a Misty por minha causa, porque eu era amiga dela e eu morri?

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Eu acenei concordando. – E porque eles pensaram que a família dela provavelmente tinha dinheiro suficiente para que valesse a pena. – Filho da mãe, – ela sussurrou. Então ela se endireitou. – Malachi... Edmund não terá que se preocupar mais com a sua irmã estando morta, porque eu farei com que ele se junte a ela. E isso era praticamente como eu me sentia também. Mas quando chegamos à frente da loja do Malachi, ela estava abandonada e trancada como estava quando eu vim mais cedo, e dessa vez, o fundo parecia a mesma coisa. Nada de van, nada de caixas, nada de Edmund. O imbecil tinha ido embora. Evidentemente ele ficou cansado de esperar pela Erin. Ou talvez ele tenha pensado que ela o alcançaria se pudesse, e se não, bem, não seria tão ruim assim. – Merda. Alona levantou as sobrancelhas. – O que foi? – Eu não sei seu sobrenome. – eu expliquei com os dentes cerrados. – Eu não tenho nenhum outro jeito de rastreá-lo. Eu nem tenho certeza se Edmund é realmente o nome dele. Não é como se eu tivesse pedido para ver sua identidade. Ela revirou os olhos. – Ah, pelo amor de Deus, não seja um resmungão. – Ela marchou por mim em direção a porta de trás. – O que você...

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Ela desapareceu lá dentro antes que eu pudesse terminar a pergunta. Com um suspiro, eu me aproximei da porta para que ela pudesse abri para mim, o que ela fez um segundo depois, quase amassando a minha cara. – Espero que não tenha alarme, – eu disse. – Aqui? – ela perguntou com incredulidade, – Por favor. Como se alguém quisesse algo deste lugar. – Ela deu um passo para trás, fazendo espaço para eu andar para as salas de trás do escritório do Malachi. Apenas a lâmpada fluorescente acima da pia estava acesa. – Ele levou tudo com ele, – eu comentei, – Ele estava empacotando para sair da cidade, lembra? Ela balançou a cabeça zombando. – Como você sobreviveria sem mim? Eu me enrijeci. Ela riu e abanou as palavras. – Esquece... eu não queria... – ela respirou fundo e jogou o cabelo para trás dos ombros, um pálido feixe dourado na luz fraca. – As pessoas nunca são boas em se livrar das coisas. Tâmara Lindt escapou daquela coisa com o monitor porque ela emprestou o celular para alguém sem apagar toda a evidência. Tâmara Lindt. Aquilo tinha sido um escândalo lá de trás do segundo ano. Até eu sabia disso, o que era algo para se dizer. Ela e esse pegajoso idiota, que estava no último ano da faculdade em atividade do EIU, tiveram um caso na sala de equipamento... durante o almoço. Ele a esteve usando, pelo que eu ouvi depois do caso,

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enquanto “saia” com outras garotas do campus ao mesmo tempo. Alguém começou um boato que se espalhou, bem, como um boato bem cabeludo, e eventualmente fez com que ele fosse expulso do colégio, nosso e dele. Tâmara nunca pareceu particularmente agradecida, mas ela não era espetacularmente brilhante, pelo que eu me lembro. A maior pergunta sempre foi quem descobriu e como. Humm. – Mensagem de texto? – eu adivinhei. Alona riu. – Deixou a conta dela do Facebook aberta. A caixa de mensagem dela estava cheia da sordidez dele. Eu sabia. Ela entrou mais na sala, procurando o interruptor da luz e me esperando para poder ligar. – Nós acharemos algo. Confie em mim. Mas Edmund, se esse era o seu nome, era bem melhor que Tâmara “problema com pai” Lindt, porque ele levou todas as resmas de papel com ele. Até as latas de lixo estavam vazias. Provavelmente uma escolha sábia ao realizar esse semi golpe. Exceto por uma maçã enrugada na mini geladeira, não tinha nem sinal que alguém esteve aqui recentemente. – Aqui, – Alona chamou baixinho da sala. Eu coloquei minha cabeça fora da porta e a vi agachada próxima a uma pilha de cadeiras. – O que? – eu perguntei.

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– As cadeiras e o resto são alugados. – ela apontou para algo embaixo da cadeira. – Tem uma etiqueta com o nome e telefone da companhia. – E? Ela se levantou. – E, – ela disse exagerando na paciência, – você precisa de informação sobre Malachi, como o seu nome verdadeiro, eles vão ter como a informação do cartão de credito dele. A menos que ele esteja fazendo esse tipo de golpe também. – ela franziu a testa, – Vamos torcer para que não esteja. Ah, Deus. – E como você sugere que nós obtenhamos essa informação? Invadindo? Nós nem sabemos onde fica esse lugar! – Eu não especialmente adorava a ideia de gastar o resto do dia tentando encontrar esse lugar e esperar todos irem embora para que pudéssemos entrar, enquanto Erin corria ao redor da cidade fazendo o que bem entendesse. – Nós poderíamos, – ela disse encolhendo os ombros, – mas ligar e perguntar a eles é bem mais fácil. – Eles não vão simplesmente nos dar a informação pessoal dele. – eu disse em descrença. – Celular. Dá-me. – ela estendeu a mão. – Eles não vão conseguir te ouvir. – eu a lembrei. Eu atravessei a sala pegando o celular do bolso. Ela franziu os lábios. – Isso seria tão mais fácil se eu mesma pudesse fazer.

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Ela fez uma careta para mim e tremeliziu. Suas bordas ficaram suave por um segundo, e eu quase podia ver através dela. Eu prendi minha respiração. – Alona... Ela fechou os olhos e enrugou sua testa em concentração, murmurando comentários positivos em um suspiro que eu quase não podia ouvir, muito menos entender. Mas aparentemente era a intenção que contava e não o volume, porque depois de um segundo, ela se estabilizou, ficando totalmente sólida de novo. – Você está bem? Precisa que eu... Ela balançou a cabeça e estendeu a mão para me cortar. Tudo bem, evidentemente nós não discutiríamos o assunto. Depois de respirar fundo, ela ajeitou os ombros. Então ela pegou o celular da minha mão, consultou o telefone debaixo da cadeira e começou a discar. – Ligue para eles e diga... – ela pausou, pensando claramente. – Diga que você é o senhorio e todos esses móveis tem que ser devolvidos. Você precisa das informações de contato do inquilino, todas. E se você não conseguir falar com ele, ou se ninguém vier nos próximos 10 minutos, você vai jogar tudo fora. E nós tínhamos que torcer para que o local que realizou o aluguel ficasse a mais que 10 minutos de distância, eu suponho. – Espera, se eu sou o senhorio, porque eu não já teria as informações?

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Mas era tarde demais. Ela jogou o telefone na minha mão e já estava tocando. Eu a encarei. – Eles não vão pensar tanto assim, – ela disse rapidamente, – E se eles perguntarem, você desliga. – Lembre-se o quanto você odeia a ideia de cadeia e germes, – eu disse em um tom baixo. – Cadeia? Pelo que, personificar um senhor de favela? – ela fungou, – Duvido. – Alô? – uma voz feminina falou em meu ouvido. – Uhm, oi. – eu disse, sentindo ridículo. – Só pareça zangado. Bem zangado. – Alona se aproximou, me guiando, o que eu ignorei. Mas eu realmente tentei parecer inflexível e autoritário, apesar de não ter a mínima ideia de como isso realmente soa. No fim, a atendente entediada provavelmente me daria o numero de segurança social do Malachi, tipo sanguíneo e qualquer coisa que eu perguntasse, para evitar realmente trabalhar ou ter que sair do “Farm Ville” ou o que fosse que ela estava prestando atenção. – O nome verdadeiro dele é Edmund Harris, – eu disse para Alona depois que eu desliguei, – e o endereço da casa dele é em Decatur. Rua Sycamore, 422, apartamento B. Eu não acredito que funcionou. – Nem eu, – ela disse balançando a cabeça, – você era um senhorio terrível. Eu rolei meus olhos.

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– Vamos. O apartamento estava vazio. Marcas no sujo tapete marrom mostravam onde a mobília ficava. Um centro de entretenimento barato de madeira compensada ainda permanecia no canto, fortemente pendendo para um lado. – Ah meu Deus, é como aquela parte em “O império contra-ataca” onde eles não conseguem atingir a velocidade da luz, – Alona disse com um suspiro de desgosto. Eu a encarei. Avistando-me, ela fez uma careta. – O que? – Nada. Eu só... – eu tentei achar as palavras, – Alona Dare fazendo uma referencia do Star Wars. Eu nunca pensei que viveria para ver esse dia. Ela arqueou uma sobrancelha para mim. – Pelo menos um de nós fez. – ela atravessou a pequena sala para o pequeno corredor, o que presumidamente levava para a cozinha e o banheiro. – Além do mais, é só porque você me fez ver uns milhões de vezes, – ela falou, sua voz parecendo oca no espaço vazio. – É um clássico, e foram só duas vezes, – eu disse, seguindo-a para a mini cozinha. Se eu esticasse meus braços, eu provavelmente tocaria as duas paredes. – E só porque você dormiu no meio da primeira. Ela encolheu os ombros sem se importar. – A parte do Dagobah era tão chata. Nada de Han Solo. – Ela olhou ao redor do aposento para as estantes escancaradas e suspirou, – Não tem nada aqui.

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Eu devia saber disso. Até porque, ele estava empacotando para partir da cidade. – Tudo bem, – ela disse num tom de alguém que parou com as brincadeiras, – Celular. – ela estendeu a mão. Eu peguei o celular do meu bolso, mas continuei com ele na mão. – Para quem você... eu estou ligando? – eu perguntei cautelosamente, eu salvei o telefone da empresa de aluguel das cadeiras, mas eu não achava que fosse uma boa ideia. – Malachi... Edmund, tanto faz, ele não estará animado em ouvir da gente. – Na verdade, eu estava com medo que ligar para ele faria com que ele partisse para mais longe. Alona balançou a cabeça – Eu não vou ligar para ninguém, – ela olhou com um riso para uma gaveta aberta, – Nós vamos... Antes que ela terminasse de explicar seu plano, meu celular tocou, ecoando alto no apartamento vazio e assustando a nós dois. Eu olhei para o numero. Oh Ow. Eu senti uma nova onda de pânico. – Uhm, Al, você tinha o seu celular com você quando Erin... – Não, ainda está confiscado com a Sra. Turner. – ela disse, fechando a gaveta com o quadril e se aproximando de mim, – Por quê? Eu segurei meu celular e mostrei as palavras “Lily celular” aparecendo na tela. – Alguém notou que você não está onde deveria. Seus olhos se arregalaram. – Atende! – ela tentou pegar o telefone.

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Eu o segurei acima da minha cabeça, longe da mão dela. – Nem pensar, deve ser os Turners, – eu disse. Se a Sra. Turner tiver deixado Ally na casa da Misty hoje de manhã, não seria necessário muito tempo para ela conectar os pontos. Sra. Turner provavelmente ligou para Misty, e Misty teria falado para eles sobre a filha recém curada saindo com o cara que a Sra. Turner mais odeia. Ótimo. – Exatamente. Você tem que falar para eles que eu estou bem. – ela cruzou os braços e me encarou. Interessante como ela se importa tanto com eles agora, quando tudo que ela falava antes era a dificuldade de ficar com eles. – Exceto que eu não sei realmente se você está bem. Pelo menos, a versão de você que eles conhecem. E eles podem receber uma ligação sobre você – ela – estar nada bem a qualquer momento. – Eu não sabia muito sobre o nosso sistema legal, mas prometer a segurança de uma garota que depois aparece machucada ou na cadeia ou algo do gênero me parecia uma má ideia. Ela mordeu seu lábio. Teve uma loooonga pausa entre o ultimo toque e o sinal da mensagem de voz, e até o toque alegre pareceu zangado. – Merda. – eu resmunguei. – Você vai escutar? – ela perguntou, parecendo mais ansiosa do que imaginaria. – Não, – eu disse, botando o celular de volta no meu bolso. Não fazia sentido confirmar que as coisas estavam tão ruins, ou piores, do que já estão.

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– Eles vão ficar preocupados, – ela murmurou, parecendo aborrecida. Mas ela não olhou para mim, ao invés, estava focada em uma mancha no lascado e desbotado azulejo do chão, chutando com a ponta do tênis de academia dela. Depois de todo esse tempo, ela não me enganava. Se ela estava aborrecida com alguém, seria com ela mesma por se importar. – Eu sei, – eu envolvi um braço em seus ombros e a puxei para mim. Ela não resistiu. Por que família tinha tanto poder sobre você, mesmo que não fosse a sua, mesmo que eles não entendessem quem você realmente é? E de repente, partes do que eu sabia sobre Edmund Harris se conectaram de um jeito novo. Eu me virei para longe de Alona e andei para o corredor. Alona me seguiu. – Onde você está indo? – Eu sei onde Malachi, Edmund, qualquer que seja seu nome, eu sei para onde ele foi. – eu disse sobre meus ombros. É para onde eu iria se estivesse na sua situação, ou o que eu sabia dela, pelo menos. Mas eu não tinha certeza em quanto tempo ele ficaria. – Onde? – Alona persistiu. Eu peguei velocidade, sentindo que cada segundo que passava era vital e que nunca teríamos de volta. – Casa.

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Alona Exceto, como eu acabei descobrindo, Will quis dizer a casa dele, pelo menos como primeira parada. – Eu não acredito que você não tem internet no seu celular, – eu entrei no banco do passageiro do Dodge. Nós precisávamos de mais informações

sobre

Edmund,

como

outro

endereço,

e

sem

a

possibilidade de procurar no google, que tinha sido meu plano, voltar para a casa dele e seu computador era a opção mais rápida. – Você sabe quanto isso custa por mês? – ele perguntou. Na verdade, eu não sabia. Quando eu estava viva (a primeira vez), eu não me preocupava com isso, e eu ainda não tinha recuperado meus privilégios com celulares na minha nova realidade, obviamente. Eu me lembrei da mensagem de voz que estava descansando no celular dele da Sra. Turner e me encolhi de novo. – Você tem que me prometer que não importa o que aconteça, você vai tentar falar com os Turners, e dizer que nada disso foi culpa deles, – eu disse calmamente. Sr. Turner estava quase se recuperando do sentimento de culpa pela primeira vez desde o que aconteceu a Lily, e eu sabia que a Sra. Turner iria provavelmente se culpar, depois que terminasse de culpar Will por ser uma má influencia ou algo do gênero. E depois da explosão de ontem, Tyler iria provavelmente pegar uma parte da responsabilidade, também, se algo ocorresse com sua irmã. Ou se ela simplesmente nunca voltasse para casa. Deus, nós

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precisávamos encontrar essa Erin... e rápido. – É importante, tá? Você tem que me prometer que falará com eles. Will franziu a testa e apertou mais ainda o volante até que as articulações dos dedos dele ficaram brancas. – Pare com isso. Pare de agir como se você não fosse ficar bem. Será que ele acha que eu não notei quando eu fiquei translúcida lá atrás? Eu abri minha boca para falar isso, mas que bem faria? Ele ainda estava zangado, e agora ele parecia determinado que eu fosse ficar por aqui, mesmo que fosse só para ele gritar mais comigo. O carro subiu no meio-fio para a entrada da garagem, levando junto uma porção do jardim seco. – Espere aqui. – Will tirou o cinto de segurança e saiu, deixando o carro ligado. – Até parece, – eu disse. Desliguei o motor, peguei as chaves antes que ele ficasse muito longe, e corri atrás dele. Ele teve um vislumbre de mim o seguindo e suspirou pesadamente. – Você alguma vez ouve? – ele perguntou. – Quando alguém tenta me dizer o que fazer? Humm, não. Além do mais, quem morreu e te transformou no meu chefe? Ele me deu um olhar triste enquanto andava pela esquina. – Oh, sentimental, – eu murmurei, – como se eu fosse ficar sentada lá fora enquanto você desperdiça tempo online. – eu disse alto. Na verdade, eu não queria ficar sozinha no momento. Eu sentia que se Will não estivesse lá me encarando, eu iria desaparecer. E enquanto eu aceitava que isso era uma possibilidade, eu... eu não queria ficar

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sozinha se/quando isso acontecesse. Além do mais, não era como se estivéssemos perturbando alguém. O carro da mãe dele não estava na garagem. – Eu acho que você está me confundindo, Srta. Eu Tenho Novecentos

Amigos

no

Facebook,

ele

disse

sombriamente,

escancarando a porta de tela e alcançando a maçaneta. Então ele parou, desconcertado com a porta trancada. – Oh, ai, seriamente me machucou ai, – eu balancei as chaves acima do seu ombro, e ele os tirou sem ao menos um obrigado. – Entre nós dois, quem você acha tem a melhor habilidade em pesquisa? Eu teria me graduado com honras. – Pelo menos eu me graduei, – ele murmurou, colocando a chave e destrancando a porta. Eu respirei fundo, – Eu acho que morrer estava um pouco fora do meu controle, muito obrigada. – Se você diz, – ele balançou os ombros, mas eu vi o canto da sua boca enrugar num pequeno sorriso. Então talvez eu não fosse a única me confortando com a familiar natureza da nossa troca. Ele abriu a porta, e eu o segui até a cozinha, onde ele parou rápido e eu quase esbarrei nele. – Não agora, – ele disse baixo, mais para ele mesmo. – O que está errado? – eu perguntei. Ele virou com uma careta e levantou a mão no clássico sinal de parar.

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Tá beeem. Eu escutei por um segundo, não foi preciso muito para identificar o som de vozes, muitas vozes, vindo de trás da casa. Mas que merda? Antes que eu pudesse perguntar para ele, mesmo em suspiro, o que estava acontecendo, um rosto não familiar apareceu no batente na porta do corredor. – Você está aqui, – ela exclamou para Will. Quando ela me viu, seus olhos se arregalaram, – Você a encontrou! Uh-oh. Ela desapareceu do batente da porta, e eu a escutei gritar. – Eles estão aqui! Em segundos, a cozinha estava repleta de espíritos, muitos que eu não reconhecia, todos falando ao mesmo tempo. Eles fluíam, ficando ao redor de Will e eu individualmente, nos separando. – Por que você não me disse que estava tão ruim? – eu gritei para ele por cima da confusão. – O que você iria fazer? Nós não sabíamos se você ainda era meu espírito-guia. – ele gritou de volta, – E não estava tão ruim assim... até agora. Ótimo. Bem, isso ajudava. Eu ajeitei meus ombros, joguei meu cabelo para trás, e comecei a abrir meu caminho até Will, pelo menos até o ultimo lugar que eu o vi. A cozinha não era tão grande. É claro, a maioria dos espíritos estava muito agitada para prestar atenção no que eu estava fazendo. Eles ficavam se empurrando na minha direção, tentando me parar para que eles pudessem explicar,

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implorar, pedir, e mais. Por mais que eu não pudesse ver o Will, eu só podia imaginar que estava pior com ele. A gota d’água foi quando alguém realmente segurou meu braço e me puxou até que eu desse um passo para trás. Nada. Legal. Eu desvencilhei meu braço com um puxão que fez a minha agressora, uma mãe de jogadores de futebol² dos anos 80, baseando-me no guarda-roupa e na faixa de cabelo xadrez rosa com roxo, cair para frente. Eu consegui desviar dela por pouco. – Já chega! – eu gritei. O cômodo imediatamente ficou silencioso, rostos se virando na minha direção. Por um vão, eu pude ver o rosto pálido do Will. Eles o encurralaram contra a porta do porão. Eu respirei fundo para reivindicar ele de novo, e dizer que eles precisariam passar por mim para chegar a ele. Isso iria calá-los e fazêlos irem embora... ou pelo menos congelarem no lugar. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, eu ouvi o Will. – Vocês a ouviram. Fora, agora!, – ele se distanciou da porta do porão e apontou para a parede mais próxima com acesso ao exterior. Choque se apoderou de mim. Eu o encarei, mas ele se recusou a olhar na minha direção, suas brancas bochechas ficando cada vez mais vermelhas. Em vez disso, ele se focou nos espíritos na frente dele, alguns estavam até começando a protestar. Ele balançou a cabeça e falou sobre eles: – Quem mais vocês têm para pedirem ajuda? Ninguém. Então não me irritem!

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Eu me aproximei dele. Isso era exatamente o que eu queria dele desde o inicio. Ter controle, possuir seu próprio poder. Era o que eu faria. Se você não consegue se livrar de uma característica da sua vida que é menos que desejável, faça valer a pena para você. Mas eu nunca esperava que ele fizesse isso. Demorou alguns momentos para suas palavras fazerem efeito. Mas então, alguns fantasmas começaram a ir para a porta de trás. Outros se moveram através da parede que ele tinha indicado. – Nós iremos voltar para te ajudar, – ele disse para os que ainda estavam por perto. – Só que hoje não dá. Nós já estamos fazendo uma tarefa para outra pessoa. Vocês não gostariam que parássemos se estivéssemos trabalhando para vocês. Pontos para ele por não formar uma pergunta nessa ultima frase. Com algumas garantias e observações a mais do Will, o resto da multidão se dissipou devagar. – Você conseguiu! – eu disse, quando a cozinha estava vazia, exceto por nós. Eu não consegui totalmente retirar o tom de descrença da minha voz. Ele balançou os ombros, mas ele parecia satisfeito, até um pouco surpreso com o seu feito. – Eu não sabia o que aconteceria se você tentasse pará-los. Eu não quis arriscar. – Ele se virou e andou para seu quarto. Eu fiquei onde estava. Ele não quis arriscar, mas por quê? Porque ele não queria que eu desaparecesse? Ou porque ele ainda precisava de mim para tentar parar a Erin? Ambos? Não deveria ter me aborrecido a falta de certeza que eu tinha sobre qual seria a resposta

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dele se eu tivesse tido coragem o suficiente para perguntar. Mas aborrecia. Especialmente porque ele tinha acabado de provar, em termos concretos, que ele não precisava tanto de mim quanto antes, se é que ele ainda precisava. Isso é uma coisa boa, eu disse para mim mesma. Will precisava saber se cuidar. Isso é o que eu quero para ele. Exceto... e o que eu quero para mim? Honestamente, eu não tinha certeza do que eu queria. Eu não quero desaparecer para sempre, isso era certeza. Mas eu não sabia se eu tinha opção nessa matéria. Se eu tivesse sorte, a luz viria para mim antes que isso ocorresse. Isso não seria problema, exceto que eu meio que investi no que está acontecendo aqui. Eu não me imaginaria estando feliz ou em paz sem saber o que aconteceria com o Will ou com os Turners. E retornando a vida como Ally Turner... isso ao menos era uma opção? Eu queria que fosse? Eu esfreguei minha testa, me livrando da dor que estava começando ali. Deus. Quem disse que estar morta era fácil? Morrer foi só o começo dos meus problemas. Com os detalhes sobre Edmund que nós sabíamos, graças ao questionamento do Will como senhorio, não demorou a acharmos a informação que queríamos online. Nós descobrimos o nome dos seus pais pelo obituário da sua irmã e o endereço deles pelas paginas amarelas. Fácil, fácil. Ted e Althea Harris viviam na periferia de Peoria. Levaria no máximo umas duas horas. E Will estava convencido que seria onde Edmund estaria indo, de acordo com a conversa que tiveram antes.

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– Ele só se foi por causa da Erin, – ele disse, quando chegamos ao carro, – Se ele pensar que ela se foi, mesmo que temporariamente, ele voltará. Pelo menos para fazer com que eles saibam que ele está bem. Confie em mim. – Ele sinalizou que ia fazer uma curva na autoestrada. Eu fiz uma cara. – Talvez, – eu não estava convencida que nós conhecíamos Edmund tão bem quanto Will achava. Mas de novo, nada dessa situação fazia sentido para mim, então o que eu sabia? Eu folheei as paginas que tínhamos imprimido, procurando o artigo da morte da Erin. – Quão estranho é que ele só consiga ver um fantasma? – eu perguntei, mais para mim mesma do que para Will, mas ele respondeu mesmo assim. – Em uma escala de um a dez? Quinze. – ele balançou a cabeça. O Dodge começou a balançar enquanto ele ia forçando à velocidade máxima do carro, o que ainda era menos que o limite legal da autoestrada. – Eu acho que tem haver com a coisa dos gêmeos. – O que, algum tipo de conexão psíquica de gêmeos ou algo assim? – eu perguntei, tentando não rir. Até por que, eu era um espírito se comunicando com ele baseado em uma premissa similar. – Talvez, – Will hesitou, – Eu não acho que ele seja um “médium”, pelo menos não do jeito que conhecemos. Ele disse que Erin não se materializa ao redor dele. Ela não consegue o tocar. – Isso é tão estranho. – eu tremi. Eu não gostava dela. E não somente por ela ser muito poderosa e uma bully. Ela estava operando

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fora dos princípios que eu sabia que guiavam o nosso pequeno espaço entre os vivos e os mortos. Não. Gostava. Fazia-me sentir inquieta. – A Ordem nunca mencionou algo assim? – A conversa próxima com Will ainda era como uma ferida aberta para mim. – Não, – ele disse, sua boa apertada. – Mesmo? Porque eu pensaria que eles estariam em cima disso, recrutando gêmeos para que eles matassem um e... – Caso você se lembre, eu só passei vinte e quatro horas com eles. Eu não tive tempo para a completa iniciação e tour. Humm. Talvez eu não seja a única me sentindo um pouco sensível sobre as coisas da Ordem. Ou talvez Will esteja pensando que tê-los como aliados, o que não tínhamos, teria sido bem útil agora. Até certo ponto, como o que eles provavelmente teriam deixado Lily morrer e encaixotado ambas Erin e eu. Tanto faz. Encolhi meus ombros e voltei a olhar os papeis. Eu finalmente cheguei a página que procurava no final do monte, atrás do nosso mapa com as direções. Não era o seu obituário oficial, era em outra pagina. Isso era uma resenha que apareceu na parte dos arquivos do site do “Jornal de estrelas de Peônia” com detalhes sobre o acidente dela. Eu já tinha lido sobre os ombros do Will, mas queria ler de novo. De acordo com o artigo, Erin tinha ido para uma festa de primavera com tema de halloween em uma fraternidade na ISU(4). Ela tinha bebido muito e caiu do telhado de uma varanda no meio de, oh deus, um jogo de passar embaixo de uma vassoura. Aparentemente, qualquer outro dia ela teria saído só com alguns arranhões e machucados, a varanda não era tão alta, mas os caras da fraternidade tinham acabado de

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pavimentar o piso com pedras para fazer um caminho no jardim logo onde ela caiu. Ao ler de novo, mais uma vez eu fiquei abismada em quão... ordinário, embora triste, tinha sido a morte de Erin Harris. Fora a parte da brincadeira. Era só meio irônico, eu acho. Morte por brincadeira e você acaba no limbo? (5) Suponho que nem todos nós somos sortudos a ponte de um ônibus ser providenciado como uma saída dramática do mundo dos vivos. Haha. Mas fora o fato de ela ser gêmea, nada sobre o falecimento de Erin foi particularmente surpreendente. Isso, em combinação com o fato de não parecer que ela tenha algum assunto pendente para resolver, era... estranho. Eu asseguro que a maioria dos espíritos que tem acesso a um corpo iria tirar vantagem da oportunidade de viver livre e sem amarras. Mas que ela estava planejando isso antes mesmo de ter o corpo da Lily? Eu não poderia imaginar que isso seria uma razão poderosa o suficiente para mantê-la aqui. Quer dizer, quem não iria querer ter mais tempo vivo? Quem não iria querer uns dias a mais de Krispy Kremes(6) e compras? Mas se esse fosse o único requerimento, esse entre - mundos seria bem mais lotado. Não, tinha que ter algo que não sabemos. – Teve mais alguma coisa que o Edmund falou sobre… – eu comecei. O celular do Will tocou e nós pulamos de susto. Com uma mão no volante, Will se arqueou para trás até seu bolso para pegar o celular, e eu senti uma pontada de desejo, a pesar de tudo que estava acontecendo. Ele parecia em controle e esguio e forte… Alô.

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A sensação não era tão forte quanto quando eu era Ally, mas era o suficiente para me fizesse querer que Will e eu estivéssemos em melhores termos e não com tanta pressa. Quer dizer, se essas fossem as minhas ultimas horas, por que não me divertir, pelo menos? Ele olhou por cima de seu celular e algo sobre o que eu estava pensava deve ter transparecido no meu rosto. Ele hesitou, uma leve cor aparecendo em suas bochechas, e disse: – É minha mãe. E lá se foi o momento… – Não atenda, – eu avisei, – ela provavelmente… Ele me ignorou, atendendo: – Mãe? –… conversou com a Sra. Turner, – eu disse com um suspiro. – Will, onde você está? – Sua mãe parecia estar em modo turbo pânico, em um jeito que eu nunca ouvi desde que eu a conheci, bem… vi, alguns meses atrás. – O que foi? – ele perguntou. – A Lily Turner está com você? – sua voz cheia de preocupação. – Eu te falei, – eu disse em uma voz cantante. Ele me encarou. Eu encolhi os ombros. – Não, – ele disse para sua mãe. – Você sabe onde ela está? Corine Taylor parece achar que você sabe. – eu ouvi ela respirar fundo, como se estivesse prestes a chorar. – William, ela está falando em tentar pedir pra policia para lançar um alerta AMBER(7). Lily é menor de idade, e com a questão medica dela...

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Will me lançou um olhar alarmado. – Mãe, ela não está comigo. Eu dei uma carona para ela hoje de manhã, mas ela pediu para sair do caso a uma quadra de distancia da casa da Misty Evans. Eu não tenho ideia de onde ela possa estar. – uma descrição sucinta do nosso problema. A mãe de Will respirou fundo. – Ok, eu sabia que tinha uma explicação. Então, venha para casa e conversaremos com Corine. Oh. Apesar de mim, eu não pude deixar de sentir um pouco intrigada. Eu me virei para Will. Agora, isso vai ser interessante. Não apenas em um sentido acadêmico, mas também em um jeito que fazera-escolha-errada-aqui-poderia-realmente-nos-ferrar. Will raramente, se algum dia, desafiava a sua mãe. Ele desconversava, ele evitava, ele gracejava, mas recusar abertamente? Nunca. Quando eu comecei a falar com ele, um pouco depois de morrer, ele quase se deixou enlouquecer a ponto de se internar porque ele queria evitar se apresentar como cara que falava com fantasmas para a mãe dele e a chatear. O que, em minha opinião, era mais louco que falar com pessoas mortas. Então, o que iria ganhar? Sua lealdade super-hiper-exagerada ou sua responsabilidade como “medium”? Eu resisti à ideia de cantarolar a musica tema de Jeopardy!(8), a) porque realmente era inapropriado, e b) porque eu já sabia a resposta. Sua mãe sempre vinha primeiro. Eu não podia culpá-lo, não importa o quanto isso me frustrasse. Depois que seu pai se matou, eles só tinham um ao outro.

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A cabeça de Will tombou por um segundo antes que ele se ajeitasse e respirasse fundo: – Mãe, me desculpa. Eu não posso. Minha boca se abriu, e eu juro, eu tive calafrios. Ele realmente fez. Ele disse não para a mãe. Em algum lugar pelo meio do caminho, Will Killian tinha desenvolvido uma barreira contra a mãe. – Eu estou no meio de algo importante, – ele continuou, – e eu não posso sair, – o ar determinado de sua mandíbula falava alto. Ele não ia ceder nessa. Eu me surpreendi. No outro lado da linha de telefone, sua mãe parecia tão surpresa quanto eu. – Will… eu não… você precisa entender. Isto é serio. – Eu sei. E eu entendo, – ele disse, – mas eu tenho que fazer isso. – Querido… – ela começou. – Fale para a Sra. Turner ligar para a polícia. Está tudo bem. Lily não está comigo, e eles precisam procurá-la. – ele me olhou atrás de confirmação, e eu encolhi meus ombros. Pelo menos se eles a encontrarem e a levarem para casa, nós eventualmente descobriríamos isso e poderíamos resolver tudo isso. Talvez. É claro, enquanto isso, Erin iria causar uma confusão na casa dos Turners, apenas a ideia, já me fazia tremer. Blah. Não tinha boas soluções aqui. – Eu te amo, e eu voltarei para casa assim que puder, – Will disse, e desligou antes que sua mãe pudesse responder. – Ela vai ligar de novo, – eu falei, sem resistir. Ele apertou o botão do volume e levantou o celular para me mostrar o símbolo de silencioso.

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– Satisfeita? – Sim, para falar a verdade, – eu disse, vendo-o com novos olhos. Quem era esse cara, essa nova versão assertiva de Will? E por que ele aparece agora que eu estou indo embora?

2 - “soccer mom” é um estereótipo de pessoa, uma dona de casa com filhos no qual um ou mais são jogadores de futebol. 4- Illinois Staté University 5- Esta brincadeira em inglês se chama “limbo contest”, que significa “competição do limbo”, então ela fez essa conexão entre a brincadeira e a morte de Erin. 6- Krispy Kremes é uma rede de cafeterias especializada em cafés e doughnuts. 7- AMBER Alert é um alerta lançado no caso de desaparecimento de crianças pelo mundo todo. 8- É um programa de televisão americana de perguntas e respostas.

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Will Os pais de Edmund Harris moravam em uma rua silenciosa num bairro de classe media no norte de Peônia. Às sete e meia, o sol estava se pondo, mas as crianças ainda estavam brincando nos jardins, ocasionalmente atrás de bolas, cachorros, e umas as outras no meio da rua. Eu diminuí de velocidade, ignorando a urgência de entrar rapidamente na garagem dos Harris. Se nós estávamos tão perto, alguns segundos não iriam fazer diferença. Pelo menos, eu esperava que não. Eu olhei pela janela para checar os números de novo, estávamos procurando pelo 1414 e passando pelo 1398, e notei Alona me olhando de novo. Ela tinha a cabeça inclinada para um lado, seu cabelo loiro deslizando por seu braço e ela estava me analisando. – O que? – Eu perguntei, resistindo a vontade de esfregar meu rosto. Ela balançou a cabeça, como que saindo de um transe. – Nada, – ela disse rapidamente, mas suas bochechas estavam mais vermelhas que o normal. Eu franzi minha testa: – Uh hum. Ela levantou o queixo com um ar insolente:

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– Eu estava tentando descobrir porque minha presença não te influenciou mais, particularmente seu guarda-roupa. Apesar de mim mesmo, eu olhei para os meus jeans escuros e minha camiseta: – Minha camiseta é cinza, – eu disse, – você expandiu os meus horizontes fashion dramaticamente. Eu visto três cores agora. Ela rolou seus olhos, mas eu notei um pequeno sorriso antes que ela olhasse para o outro lado. Bom. Apesar de tudo, eu ainda gostava de fazê-la rir. Não acontecia tão frequentemente. – Ei, – eu sentei mais reto atrás do volante, encarando a casa do final da rua à direita. Eu cutuquei seu ombro, – Tem que ser essa, – eu apontei para a perfeita ordinária casa vermelha de dois andares, meu coração batendo um pouco mais rápido. – Não parece a casa de família de um gênio criminal, – Alona disse, – Não parece nada com um covil. E onde está o fosso? – Engraçado – eu disse. Mas eu sabia que estava certo. E uma van maltratada muito familiar estava na entrada da garagem, – Ele está aqui. – Eu acenei em direção ao veículo enquanto íamos nos aproximando, e eu diminui a velocidade. – Não, – Alona disse rápido, – não pare. – O que? – Você ao menos presta atenção aos filmes que assiste? – Ele me olhou exasperadamente, – Nós não queremos o assustar. – Você seria a expert nisso, – eu murmurei. Ele me mostrou a língua.

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– Ha ha. Continue andando. – Ela disse. Por mais que eu não gostasse de admitir, ela provavelmente tinha razão. A aproximação sutil era definitivamente melhor com esse cara. Eu passei dirigindo pela casa, que estava escura e sem sinais de vida, e parei umas quatro casas depois, onde a rua fazia uma curva e nos escondia parcialmente. – Nós ainda temos que andar até a porta, – eu disse, tirando o cinto de segurança, – a menos que você esteja planejando algum tipo de ataque ninja surpresa. – Eu abri a porta e sai. Ela escorregou depois de mim, balançando a cabeça. – Não seja ridículo. Nós não precisamos nos esgueirar até a casa. Era o carro que iria chamar muita atenção. – Alona ficou em pé e esticou seus braços acima da cabeça, e eu podia jurar que ouvi suas juntas se estalarem. – Pense sobre isso. Você nota quando alguém entra na sua garagem. Mas você presta atenção nas pessoas que só passam? Não. – ela respondeu por mim. – Especialmente não aqui. – ela apontou os residentes andando com seus cachorros, correndo atrás das crianças, e regando seus jardins. Ela estava certa de novo. Eu ergui minha sobrancelha em pergunta. – Eu passei anos escondendo minha mãe das pessoas, – ela disse encolhendo os ombros. – Os únicos que me surpreendiam eram os vizinhos quando eles passavam. De novo, eu senti uma pontada de simpatia por ela, pela vida que teve antes. Não admira que esteja tão preocupada com os Turners. Em

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retorno, eles realmente tinham se preocupado com ela. Bem, o que eles sabiam dela. Eu senti o resto da minha raiva por ela evaporar. Sim, ela tinha mentido sobre a luz, mas mentir para se proteger era seu primeiro mecanismo de defesa. Será que eu deveria ter me surpreendido que em um momento de medo e confusão ela tenha exagerado para ter certeza que as coisas terminassem em seu benefício? E ela estava tentando mudar, tentando confiar. Isso era algo enorme para ela. Ela também tinha razão que tinha sido um pouco ingênuo da minha parte em assumir que tinham dado instruções específicas para ela. Nada sobre a pós-vida, ou pelo menos a minha experiência nisso, funcionara precisamente. A única coisa que parecia ter um impacto definitivo no “lugar do meio” era ação. Certas coisas que um espirito faz ou diz para ter seu término traria a luz. Ser desagradável, eventualmente, dependendo da força do espirito, faria você ir. Então… se a luz não quisesse que Alona fosse Ally, percebendo isso como um movimento egoísta, talvez ela já tivesse desaparecido? Sua energia teria apenas se esgotado e ela dissiparia, deixando o corpo de Lily como estava antes. Talvez. Exceto que Erin atualmente estava nesta posição, sem ter nenhum, até onde eu sei, efeito ruim. E a luz certamente não queria que Erin fizesse o que fez, certo? Minha cabeça doía só de pensar sobre isso. E em algum lugar no meio desse debate, tinha que ter um elemento daquele tal de livre arbítrio, ponto por fazer escolhas não egoístas ou algo assim, mas era algo egoísta ou não egoísta a Alona ser Ally? Eu não sabia. Eu não

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conseguia entender como o sistema funcionava. E talvez esse seja o ponto. Se você não tem certeza de como isso funciona, este se torna muito mais difícil para brincar. Okay, talvez. Mas isso me fez ter saudades dos dias quando eu pensava que isso funcionava como meu pai me disse primeiro. Simples. Exato. O que, em retrospecto, parecia o tipo de explicação que você dá para crianças pequenas quando você não tinha capacidade ou não queria dar uma resposta mais detalhada ou certa. Você sabe, relâmpago é quando duas nuvens se esbaram, e coisas assim. – Olá? – Alona balançou a mão na frente da minha cara. – Qual é o plano? Eu fechei a minha porta e deixei de lado os profundos pensamentos filosóficos para considerar sua pergunta, que era bem mais importante no momento. Se Edmund realmente fosse capaz de ver fantasmas, teria sido mais fácil mandar primeiro Alona pelas paredes como elemento surpresa. Mas como ele não podia, eu não tinha certeza se apertar a campainha seria igualmente efetivo. Depois de um momento, eu balancei meus ombros: – Nós vemos se ele está em casa e tentamos falar com ele, – na verdade, mais como implorar para que ele nos ajude, mas eu não via como ser tão específico assim com Alona neste momento. Talvez não fosse necessário. Eu comecei a andar em direção a casa, e ela me seguiu. – Só isso? – ela perguntou, quando conseguiu me alcançar, ceticismo pesado em sua voz.

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– O que você está pensando? Bomba de gás e janela quebrada? – eu me movi para a ponta da calçada, forçando Alona em direção da grama, para que um vizinho pudesse passar com seu schnauzer. Ele me encarou, o cara estranho em sua vizinhança falando sozinho. Eu forcei um sorriso e acenei para ele. Tanto faz, cara. Você pode pensar o que quiser. – Nós não estamos tentando brigar com ele. Nós precisamos de sua ajuda. – eu sussurrei para Alona, assim que o cara do schnauzer já tinha passado e nós voltamos para o centro da calçada. – Se tudo o que você disse é verdade, eu acho que teríamos mais sorte com as bombas e as janelas. – ela disse, com um sorrisinho. – Ele não quer sua irmã de volta. E se conseguirmos achá-la e tirá-la do corpo de Lily, é exatamente o que acontecerá. Ela acabará de volta para o lado dele. Eu balancei minha cabeça. – Eu acho que é mais complicado que isso. Se ele quisesse que ela partisse, tudo que precisasse seria pedir ao meu pai para ligar para a Ordem. Mas ele não fez isso. E quando ele pensou que eu era como eles, ele empacotou e saiu da cidade para protegê-la. – Eu hesitei, mais por intuição do que pelo que Edmund ou Erin tinham falado para mim. – Tem algo mais no meio, o que quer que tenha acontecido entre eles. – O que ia fazer com que lidar com eles ficasse mais difícil. E isso não era a única coisa. Ao aproximar da casa desta direção, eu vi algo que não tinha percebido antes. No jardim, embaixo da sombra de uma enorme arvore maple, estava uma discreta placa de agência de imóveis. O que não era discreto era a gigante “hipoteca” que estava escrito diagonalmente pela placa.

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Eu parei, – Bosta. – O que?, – Alona perguntou, mas então ela seguiu o meu olhar, – Oh, – ela balançou os ombros, – E daí? A van dele está aqui. Ele tem que estar aqui. Sim, mas em que estado? Provavelmente um que não esteja com vontade de nos ajudar. Ele esteve fora de casa por cinco anos, graças ao fantasma que estamos tentando empurrar de volta em sua direção, e nesse momento eles evidentemente perderam sua casa. Eu suspirei. – Vamos lá. Nós continuamos em direção a casa, desviando de vizinhos e suas crianças. De perto, a casa tinha a distinta aparência e sentimento de abandono. A grama estava maior do que devia. As janelas não tinham nenhuma cortina ou proteção, criando a aparência de olhos desesperançosos olhando para nós. E pelas janelas, podíamos ver os quadrados escuros nas paredes onde pinturas e fotos tinham estado. Os quartos, pelo menos os que eu pude ver, estavam vazios, sem móveis visíveis. Eu fui até a garagem para checar a van. Era definitivamente de Edmund. Mesmo que eu não tivesse reconhecido a aparência má conservada, a caixa de velas roxas metade derretidas no banco do passageiro era uma dica infalível. Mas ele não estava lá dentro. – Dele? – Alona perguntou. – É.

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– Ainda quer andar até lá e apertar a campainha? – ela apoiou suas mãos nos quadris, como se esse plano fosse ruim o tempo todo, em vez de apenas nos últimos dez minutos. – Não, – eu admiti. Se Edmund estivesse lá dentro, ele certamente não iria correr para atender a porta, com certeza. – Você quer… Eu nem precisei terminar antes que ela se virasse e começasse a marchar até as escadas da varanda e então por ela. De repente, sem ela, eu me senti mais em evidência ficando por perto de uma casa que não era minha, como se alguém fosse começar a apontar em minha direção e gritar. O que era ridículo. Da perspectiva dos residentes vivos daqui, eu estive sozinho todo esse tempo. Era só que, eu acho, eu ainda não tinha sentido isso até agora. Eu abaixei minha cabeça tentando parecer que eu pertencia aqui, tentando ignorar o sentimento de inquietação em meu peito. É assim que vai ser se/quando Alona desaparecer para sempre? Eu, espiando os lugares, sozinho, me sentindo mais como um maluco por estar sozinho nessa confusão? Ou, se ela simplesmente escolhesse não ir? No fim, era decisão de Alona, no melhor cenário possível. Será que ela iria intencionalmente escolher viver como outra pessoa, sabendo que seria para sempre e que a pessoa que ela era antes desapareceria para sempre? Eu podia falar com segurança que a Alona que eu primeiro conheci escolheria desaparecer em vez de ficar aqui como Lily, ou até mesmo Ally Turner, e eu certamente não tinha facilitado o prospecto de mudar sua vida ao ser cruel em suas mudanças na aparência de Lily e no jeito que ela estava lidando com sua segunda chance de “vida”.

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Eu queria que ela ficasse definitivamente. Mas na verdade, eu não queria que ela ficasse miserável só porque eu iria sentir falta dela se ela se fosse, porque minha vida estava melhor, por mais complicada e, às vezes, mais estressantes também, com ela por aqui. Não. Eu empurrei os pensamentos negativos para fora. Nós não podíamos ter chegado tão longe juntos para ela não… estar mais aqui. Nós iremos nos ajeitar. Nós temos. – Ei. Eu olhei para cima, vendo Alona inclinando-se para fora da porta ainda fechada, seu cabelo caindo para frente sobre seus ombros. – Já está destrancada. E você deveria provavelmente entrar. – sua boca estava curvada para baixo em preocupação ou desgosto, ou talvez ambos. Uh-oh. Então ela voltou para dentro da casa, me deixando sem escolha a não ser a seguir. A casa estava com aquele odor de fechado, mas limpo, um cheiro que eu associava com o primeiro dia de aula depois das férias de verão. Chão encerado e sem uso, eu achava. Eu estava parado em uma pequena entrada, com o que era provavelmente a sala a minha esquerda, os vãos espaçados no tapete indicando que um sofá e cadeiras tinham ficado ali. Um longo e estreito corredor levava até a cozinha, e uma escada que levava até o segundo andar estava a minha direita. – Aqui em cima, – Alona disse parada em um patamar no meio dos degraus. Sua expressão não parecia melhor do que estava há uns

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minutos atrás, e eu queria perguntar por que, mas isso significaria acabar com o elemento surpresa, o que eu ainda não queria. Entrar pela porta sem fazer barulho - a estupida caixa de cadeado que a imobiliária botou na porta tinha se balançado com todo o movimento tinha sido difícil o suficiente. Se Edmund ainda não tinha notado que eu estava aqui, eu queria manter isso assim por pelo menos um pouco mais de tempo. Eu segui Alona pela escada, o mais quieto possível até uma área aberta no topo que também parecia ter sido mobiliada antes. Mais três quartos vazios de originavam deste espaço, provavelmente quartos, mas eu não precisava ir tão longe para encontrar Edmund… ou cheiralo. Ele estava sentado no chão apoiado contra uma pequena seção de parede entre dois quartos. A fumaça saindo dele, e a garrafa de whiskey que ele agarrava na mão, fizeram meus olhos aguarem mesmo a dez passos de distância dele. Isso explicava a reação de Alona. Ela provavelmente estava tendo memórias da sua mãe. – Ei, – Edmund disse com um sorriso bobo, levantando sua garrafa em saudação, – O que você está fazendo aqui? Sou eu, Ed. – Como se eu pudesse ter me esquecido dele nas ultimas oito horas. Alona revirou seus olhos. – Eu fiz besteira, cara, – ele continuou antes que eu pudesse responder. – Eu parti por causa de Erin, e tudo foi pro buraco. – ele balançou a garrafa semi vazia, o conteúdo se espalhando. – Os vizinhos disseram que minha mãe ficou deprimida, meu pai perdeu o emprego e agora… eles sumiram. Foram expulsos da própria casa. – Ele balançou a cabeça cabisbaixo. – Ninguém sabe para aonde eles foram.

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E mesmo que soubessem, eles não contariam para mim, o filho maluco que causou tantos problemas e fez com que as propriedades desvalorizarem. Eu balancei minha cabeça, sem ter certeza seu eu entendi o que ele dizia através do seu discurso atrapalhado. O que os valores das propriedades tinham a ver com isso? Eu me aproximei e ajoelhei próximo dele, respirando pela boca e me forçando a ter paciência, quando tudo o que queria fazer era balança-lo. – Não é sua culpa. Você estava fazendo o necessário para sobreviver, e eu tenho certeza que eles entenderiam se soubessem. E nós podemos te ajudar a encontrá-los, eventualmente. Mas primeiro, eu preciso que você me diga… – Não, cara, você não entende. – Sua cabeça pendeu de lado a lado tentando imitar movimentos voluntários. – Eu estava lá. Eu podia ter parado. Exceto que isso não fazia sentido. A questão toda era que ele não estava lá, e por isso tudo desmoronou. Evidentemente, ele chegou à parte da viagem de bêbado onde ele não tinha noção da realidade. Maravilhoso. Alona franziu a teste e se ajoelhou ao meu lado. – Na festa? No telhado? – Sobre o que você está falando? – Eu perguntei para ela. – Pergunte para ele, – ela insistiu e me deu uma cotovelada forte nas costelas quando eu hesitei. Eu a encarei, mas repeti depois dela.

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– Na festa? No telhado? Ed olhou para cima, seu olhar vidrado, mas era, pelo menos, o primeiro contato direto nessa conversa. Ele se inclinou para frente com uma súbita intensidade na sua expressão, e eu me afastei um pouco caso essa fosse a sua cara “euvou-vomitar-aqui-mesmo”. – Não, – ele sussurrou, como se estivesse revelando um grande segredo. Eu olhei para Alona, era a minha vez de rolar meus olhos para ela, mas ela não estava prestando atenção em mim. – Onde você estava? – ela perguntou a Ed. Com um suspiro, eu repeti a pergunta em voz alta, sem esperar outra cotovelada dela. Minhas costelas ainda doíam da ultima vez. – No campus. No meu quarto. – ele disse, na mesma voz sussurrada, e lágrimas caíram dos seus olhos lacrimejantes até suas bochechas. – Ela queria que eu fosse junto para aquela estupida festa a fantasia, expandir nossos horizontes sociais, o que quer que isso signifique. Ela estava nervosa em ir sozinha. E então eu entendi. Ele não estava falando sobre seus pais, mas sobre a irmã e sua morte. Alona me deu um olhar triunfante. – Nós discutimos sobre isso, e ela foi sozinha. Eu estava tão cansado de fazer tudo juntos. – Ele encostou sua cabeça contra a parede, e a garrafa que ele estava segurando frouxamente inclinou. Se ele não tivesse bebido mais que a metade, o whiskey teria derramado no carpete. – A mesma universidade, o mesmo dormitório, a mesma

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graduação em economia. E ela estava mudando, se transformando nessa pessoa que eu não conhecia. Lentes de contato, penteado diferente… – Que tal só o penteado em geral? – Alona murmurou, olhando os cachos fora de controle no topo da cabeça de Ed. –… trocando seus jeans e camisetas por roupas que as garotas de

fraternidade

estavam

usando,

saindo

com

babacas

de

fraternidade… e ela queria que eu mudasse também. Dizendo-me com quem conversar, o que vestir. Nada diferente do que ela tinha feito, mas de repente eu estava cheio daquilo. Eu não gostava de quem ela estava se transformando, toda falsa e plastificada, e eu não queria fazer parte disso. Mas se ela se reinventasse sem mim, então quem eu era, sabe? – Ele largou a garrafa para esfregar seu rosto, e o líquido saiu da garrafa, manchando o carpete. – eu estava… era confuso. Eu estava tentando lidar com isso, pensar no que fazer. Então eu disse não para ela naquela noite, provavelmente pela primeira vez. Ela ficou irritada, mas eu pensei, “é só uma noite, não tem problema”. Pelo contrário, teve problema. – ele dobrou seus joelhos até alcançarem sue peito e encostou sua testa neles. – era só uma estupida festa, – ele disse sua voz abafada. Eu teria dito para Alona que, por enquanto, nós só precisaríamos nos preocupar em achar Erin. Mas eu percebi que ter o Ed para nos dizer onde Erin poderia querer ir não seria o suficiente. Não com toda essa culpa que existia conectando os dois. Os negócios inacabados de Ed com alguém que era essencialmente sua outra metade era o problema real. Sem ele, não seria possível chegarmos a qualquer tipo de resolução, mesmo se conseguirmos achar a Erin.

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Eu fiz uma decisão executiva: – Você precisa ir com a gente. Precisamos da sua ajuda com a Erin. Ele apertou os olhos para mim: – Você fica falando “nós”. – Meu espirito guia, Alona, está aqui. – Eu disse. – Isso era realmente necessário? – Ela resmungou. – Sério? Ei, Alona. – Ed acenou para um ponto bem acima do lugar onde ela estava ajoelhada do meu lado. Ela revirou os olhos. Ele esfregou seu rosto e sentou mais reto. – No que vocês precisam da minha ajuda? A Erin está bem? Alona suspirou. – Eu não faria, se fosse você, – ela me disse, – Só vai fazer as coisas piorarem. Eu a ignorei: – É meio que uma longa história, – eu disse a Ed. – Mas para resumir, Erin meio que se apossou de um corpo que não pertence a ela, e nós precisamos de sua ajuda para consertar isso. Ele se balançou bruscamente para frente, me fazendo temer sobre a possibilidade de vômito a qualquer momento. – Um corpo? – Ele enrugou sua cara, – Ela está possuindo alguém? Isso é possível? – Sério, – Alona disse, – você alguma vez me ouve?

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Ela se levantou e se afastou. – Mais ou menos, – Eu disse a Ed, – como eu disse, é complicado. Nós precisamos da sua ajuda para a encontrarmos e a levarmos de volta para onde ela pertence. Ele se forçou para focar, esfregando seus olhos. – Mas ela está em um corpo? Tipo, ela está viva? Ah, merda. – Eu te avisei, – Alona cantarolou em algum lugar atrás de mim. Eu me recusei a olhar para ela. – Não exatamente, – eu disse a Ed, forçando a continuar no tópico, – O ponto é, o corpo não pertence a ela. Nós precisamos trazêla de volta a um espirito, para que ela possa resolver seus assuntos e se mover para a luz. É isso o que você quer, não? – Ela está feliz? – ele perguntou. Eu me lembrei de Erin contentemente esmagando minha boca na dela. Feliz seria um jeito de descrevê-la. Extasiada seria mais correto. Mas isso não mudava o fato de que ela tinha feito algo errado. Ela estava nisso só por ela mesma. Ela não se importava quem se machucava, Alona, Lily, a família da Lily... – Eu não acho que você entendeu… – Eu comecei. – Não, você não entendeu. Eu devo a ela. – Ele bateu seus punhos contra suas pernas. – O que aconteceu foi minha culpa. Eu poderia ter a impedido de ir, ou eu poderia ter ido com ela, como ela queria, e ela não teria bebido tanto. Então nada disso teria acontecido.

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Ele gesticulou ao redor, obviamente incluindo seus pais e seus problemas financeiros no meio. – Se ela está feliz agora, eu não vou parar isto. Pelo menos algo decente irá acontecer no meio dessa confusão. Eu o encarei. – Você não está me ouvindo? Ela está possuindo uma pessoa inocente! – Ela é minha irmã, – ele disse, levantando um dedo trêmulo na minha direção, – e eu a matei. Eu me levantei e deu um passo para longe dele, frustrado. – Não, você não a matou. – É o mesmo que eu tivesse. – Ele ficou encarando cabisbaixo o chão. – Olha, foi uma decisão dela ir para a festa e beber na bosta do telhado. Ela morreu, e precisa seguir em frente. Fim da história. – Eu balancei meu cabelo, tentando achar as palavras que o fariam entender. – As escolhas dela não são suas responsabilidades. E às vezes nós precisamos deixar as pessoas irem. Assim que as palavras saíram da minha boca, eu soube que tinha cometido um erro. Eu ouvi a rápida inspiração de Alona e me virei rapidamente para ficar de frente para ela. – Eu não quis dizer você. Ela me deu um triste sorriso. – Por que não? As mesmas regras que são aplicadas a Erin, são aplicadas para mim também. É o que eu tenho tentado te falar.

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– É diferente, – eu insisti, – Você foi mandada de volta por uma razão, mesmo que ninguém tenha lhe dito qual. – Feliz em saber que você agora pensa assim, – ela disse quietamente. Ed, é claro, não notou nada disso. Ele forçou em riso. – Deixar as pessoas irem? Fique repetindo isso para você, cara. Deixe-me informado em como isso vai se desenrolar para você na vida real. Droga. Bêbado e ridículo, Ed tinha razão.

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Alona

Eu segui Will escada abaixo depois que esbravejou passando por mim. Ele começou a andar na sala vazia, indo e voltando em frente da janela desaparecendo rapidamente com os quadrados de luz do sol do tapete. Eu inclinei-me contra a parede no hall de entrada e observei. A frustração saiu dele em ondas quase visíveis, e senti uma pontada de simpatia por ele. Ele estava fazendo o seu melhor. Dito isso, eu não poderia deixa-lo assim. Nós não podíamos apenas sair para passear na casa vazia e esperar que tudo isso se resolvesse por si mesmo. Quer dizer, eu penso que nós poderíamos fazer, mas não sem um monte de danos colaterais que nós estávamos esperando evitar. —Então, o que agora?— Eu perguntei. Will parou para olhar para mim. —Eu não sei, ok?— ele esfregou suas mãos sobre seu rosto. —Você está certa.— ele disse, sua voz abafada. —Este é um plano estúpido. Ele parecia miserável, e isso me puxou de uma maneira que eu normalmente teria trabalhado muito duro para ignorar. Exceto... isso era isso. O fim. Com esse conhecimento, eu senti uma confiança e liberdade que eu nunca tinha experimentado antes.

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Eu me ajeitei e me aproximei dele cautelosamente, meus passos silenciosos no tapete. Quando eu toquei seu ombro, ele levantou a cabeça assustado. —Está tudo bem.— eu disse. —Não é um plano estúpido. Há apenas mais variáveis do que nós contamos, só isso. Na verdade mais variáveis do que ele tinha contado. Eu tinha previsto que Ed não seria tão fácil de manobrar quanto Will tinha pensado, e Will poderia ter evitado algumas destas se ele tivesse me escutado. Mas eu não vi nenhum ponto em trazer isso agora e o fazer sentir-se pior. Hei, olhe para mim crescendo como uma pessoa. Ele riu amargamente. —Você não pode me enganar. Você está se regozijando por dentro. Você tentou me dizer, e eu não ouvi. Aquilo doeu. Talvez eu não fosse perfeita ainda, mas eu estava tentando. Eu me afastei dele, mas para minha surpresa, ele estendeu a mão e me envolveu em seus braços puxando-me mais perto e enterrando seu rosto contra meu pescoço. —Eu sinto muito. Eu apenas queria que todas as coisas fossem mais fáceis, como eram antes.— ele sussurrou, seus lábios movendo-se contra minha pele. Por alguma estúpida razão, isso provocou lágrimas nos meus olhos. Eu dei uma risada trêmula. —Quem não queria?— Eu alisei seu cabelo para baixo; era mais suave do que parecia e mais curto do que tinha sido quando ele tinha sido forçado a tomar conhecimento real dele. A ideia de que em algum momento ele tinha saído e conseguido um corte de cabelo sem meu conhecimento fez meu coração doer. Ele tinha uma vida sem mim, e ele continuaria uma vez que eu fosse

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embora. Era ridículo ficar chateada sobre isso, e eu sabia disso, mas eu não podia parar a mim mesma, também. Eu pisquei um monte de vezes, tentando manter minhas emoções sobre controle, e clarear minha garganta. —Você sabe, não foi tão grande antes. Eu era uma espécie de cadela ás vezes, e você estava se escondendo de tudo. Ele sorriu, e eu senti a vibração dele debaixo de minha mão em seu pescoço. Eu sentiria falta disso. Eu sentiria falta dele. —Parece mais difícil agora porque nós não estamos acostumados a isso.— eu continuei, engolindo o nó na minha garganta. —Nem acostumados a ser outra coisa além daquilo que nós éramos. —Você é tão malditamente prática.— ele disse com outro sorriso, um que mantinha mais do que um pouco de tristeza. Ele se inclinou para trás de mim sem deixar ir e estendeu a mão para tocar meu rosto, escovando o polegar sobre minha bochecha, talvez para pegar uma lágrima que havia escapado. —Ninguém teria jamais imaginado isso antes, muito menos eu. Eu podia ver o calor em seu olhar e sentir as palavras se erguendo de dentro dele, palavras que nenhuma única pessoa tinha jamais tido para mim e o que realmente significavam. Minha mãe amava que ela tinha tido alguém para culpar, meu pai amava que ele tinha tido outra pessoas para limpar sua bagunça. Meu ex-namorado Chris

tinha

aparentemente

amado

alguém

completamente

diferente...—Não.— eu disse rapidamente, afastando-o. Ele franziu o cenho. —Por que não?.Porque Will me conhecia de uma maneira que as outras pessoas não o faziam, e eu poderia ter acreditado nele. E isso parecia de um modo muito perigoso,

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especialmente agora. Eu me afastei dele e enxuguei meus olhos, como se meu rímel tivesse escorrido. —Isso não muda nada.— eu disse em meu altivo tom. Que marchou nele como se eu não tivesse dito nada. —Se as coisas fossem diferentes...— ele começou. —Mas elas não são.— eu o lembrei. —Elas poderiam ser. Ele queria dizer ser Ally novamente por bem. Se nós pudéssemos rastrear Erin, se isso fosse mesmo possível que esse acordo pudesse durar, seu eu quisesse literalmente ser outra pessoa para o resto de minha vida... se, se, se...—Talvez. Ele suspirou e caminhou alguns passos longe antes de voltar a me enfrentar. —O que você quer fazer?.—O que?— Eu perguntei certa que eu tinha ouvido ele incorretamente. Will me deu um olhar que sugeria que eu podia ter de repente desenvolvido uma deficiência mental grave. —Eu estou perguntando o que você quer fazer.— ele disse lentamente. Eu olhei para ele, ainda não tendo certeza se ele estava falando sério. Ele nunca tinha me perguntado isso antes. Pois tudo que ele tentava evitar ser um falador de fantasmas, com as implicações que vinham com isso, ele tinha sempre tido opiniões definidas sobre as coisas certas e o erradas a se fazer em qualquer situação. E tê-lo a ver as coisas do meu jeito tinha normalmente exigido algum tipo de suborno ou chantagem. —Nós estamos ficando sem opções, e isso não está funcionando como eu pensei. Ele acenou com as mãos em direção as escadas e no

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segundo, de onde altos roncos ecoavam através da casa vazia. Ed tinha evidentemente desmaiado. Will hesitou, então disse, —Eu não estou indo empurrar você dentro de algo que não é você. Ele forçou um riso. —Literalmente. Eu não sabia o que dizer. Alguém pensando em mim primeiro – isso era o que eu sempre tentei requerer, que eu tinha manipulado a existir quando eu podia. E aqui Will estava fazendo por conta própria. —Se você quer deixa-lo ir... deixe tudo ir, eu encontrarei outro modo para consertar a situação de Erin. Ele fez uma careta, e eu sabia que ele estava pensando na Ordem. Quem sabia o que custaria a ele engajar sua ajuda? Mas ele fazia isso, se necessário. Se eu dissesse que sim. Por um segundo, um parte profunda de mim queria dizer, Esqueça isso tudo, esqueça todos exceto eu. Se estas foram minhas poucas últimas horas, então porque não gastá-las do modo que eu queria? Isso era a única vantagem de saber que você está a ponto de não existir mais, um benefício que eu não tinha sido me oferecido na minha morte anterior. Nós poderíamos levar Alona Dare na visita de maior sucesso – visitar todos os locais importantes que eu estaria deixando pra trás, uma última vez. Meu banco fora da nossa escola. Meu antigo quarto na casa da minha mãe, que estava agora vazio como a casa dos pais de Ed. Krispy Kreme. Eu não poderia realmente comer um donut, mas eu seria capaz de ver eles e cheirar eles. Isso valeria alguma coisa, não valeria?

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Nós poderíamos ouvir minhas canções favoritas – maioria das quais Will provavelmente odiaria – e dar uns amassos em sua cama – o que ele definitivamente não odiaria e nem eu. Tudo isso... ou passar mais horas perseguindo uma garota que nós não devíamos nem ser capaz de encontrar ou salvar. E mesmo se nós conseguíssemos salvá-la e pegar o corpo de Lily de volta por bem, eu não seria eu, não a eu dos meus primeiros dezoito anos de minha vida. Esta não era uma pequena decisão. Mas por agora, tudo que eu tinha que fazer era decidir continuar tentando. E eu poderia fazer isso. Will merecia tanto. Sem mencionar que eu, por alguma razão, não podia suportar a ideia de ver a decepção no seu rosto se eu dissesse não. Definitivamente colocaria um friso em qualquer potencial plano de amassos. —Tudo bem, tudo bem.— eu disse com um suspiro. —Nós manteremos procurando... assim que nós encontramos outro lugar para tentar. Mas Will não se moveu ou explodiu em aplausos de êxtase por minha decisão. Na verdade, Will e —êxtase— não pertenciam realmente a mesma sentença. Jamais. Ainda assim, sua falta de resposta deixou algo a desejar. —Não há ponto em continuar procurando.— ele disse com cautela, —se você não esta indo – .—Não me empurre.— eu bati. —E eu não sou a única que devia estar pensando esse pensamento. Eu dei um passo para frente até que eu estava a centímetros de meu rosto. — Nós estamos falando em definitivo aqui. E isso significa mais do que penteados e tentar nova maquiagem. Eu serei Ally Turner. Eu irei para

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a escola como Ally Turner. Deus salve-me. —Eu namorarei como Ally Turner. Eu coloquei meu dedo no peito dele com essas últimas palavras. Ele se encolheu. —Sim, isso é o que eu pensava. Eu recuei. Sua boca se apertou, e ele fez uma cara infeliz. —Vamos acabar com isso.

*** Na ausência de alguma outra, atividade mais produtiva, nós decidimos voltar para o andar de cima para recuperar Ed. Nós precisaríamos dele, muito provavelmente, se nós encontrarmos Erin; e além do mais, o deixar dormir na sua abandonada casa de infância, propriedade do banco, e que seria acordado por um agente imobiliário gritando, que provavelmente chamaria a polícia, parecia um tipo de crueldade. Infelizmente, revivê-lo provou além de nossa capacidade, mesmo com minhas habilidades e experiência nesta área. —Nós vamos ter que carrega-lo.— eu disse, sem fôlego por puxar o braço de Ed para colocar ele em seus pés. Ele continuou se debatendo como uma boneca de pano. —Como se isso não parecesse suspeito. Will estava dobrado ao meio, mãos em sue joelhos, na mesma condição sem fôlego. Ed não era um cara particularmente grande, mas em sua atual desossada, condição de bêbado, nosso tentativa de transferi-lo estava tomando mais esforço do que seria de outra forma. Com minha mãe, eu tinha

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frequentemente desistido e a cobria com um cobertor onde ela estava deitada. Muito, muito mais fácil. Eu acenei com a preocupação distante. —Você pode colocar o carro na entrada da garagem, vai estar escuro em breve. A menos que você tenha uma sugestão melhor. Will balançou a cabeça. —Não. —Tudo bem. Pegue seus braços. Ele deu um passo ao redor de mim para agarrar os pulsos de Ed, e eu movi seus tornozelos. —Pronto?— Eu perguntei. —Não realmente.— Ele murmurou. —Você percebe que isso tecnicamente é sequestro. Eu dei de ombros. —Um dos nossos crimes menores. É para seu próprio bem. —Você pode dizer isso para a polícia... Oh, espere. Está certo. Você não pode. Ele deu-me um olhar azedo. —Ha-há. Eu agarrei os punhos dos jeans desgastados que Ed usava. —Pronto? Levante. Nós tropeçamos em direção as escadas com Ed balançando entre nós, pendurado acima do tapete por uma mera fração de polegada. — Então, ela disse alguma outra coisa para você? Qualquer coisa entre ‘hamburguês e cervejas’?— Eu perguntei através dos dentes cerrados. —Nós já passamos por isso.— Will ofegou, enquanto ele recuava em direção ao primeiro passo. —Bem, passaremos por isso de novo.— eu disse. Eu não podia deixar de sentir que nós estávamos perdendo algo. Essa garota não era complicada. Sim, ela seria inteligente. Ela era tudo sobre sensações e

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experiências – novos garotos para beijar, mais chances para dançar, mais cerveja para beber... Ela não ia perder tempo procurando qualquer daquelas coisas. Mas ela não conhecia ninguém – ou não sabia que ela, como Lily, conhecia alguém. E não podia vê-la procurando por estranhos para experiências aleatórias; embora, talvez... eu parei de repente enquanto um pensamento ocorreu-me, e Will cambaleou para frente, quase caindo em Ed. —Ela beijou você?— eu exigi. A cor rosa já corando seu rosto. —Filho da puta.— eu disse e cai aos pés de Ed. —Olha, não foi uma grande coisa. Ele colocou sua metade de Ed para baixo mais cuidadosamente no topo das escadas. —Eu já sabia que não era você, e –.—Isso é suposto para me fazer sentir melhor?— Eu perguntei, cruzando meus braços sobre meu peito. Eu não estava certo do porque isso me incomodava tanto. Eu pensei que isso não era justo que ele já tivesse beijado aquela boca – minha boca, mais ou menos – sem eu presente. —Não foi assim— ele protestou. —Não conta. Ela enfiou a cara contra a minha e...—Não está ajudando! —Tanto faz. Nós podemos ter essa discussão em um momento posterior, como quando nós estivermos seguros no carro?— ele perguntou, agarrando os braços do Ed. —Vamos levar ele escada abaixo antes que alguém decida vir e descobrir o porquê sua van tem estado na entrada da garagem por tanto tempo. Relutantemente, eu peguei os pés de Ed, mas eu deixei Will tomar mais do peso desta vez, apesar de que ele estava andando para trás. Ele merecia isso.

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—De qualquer forma...— Will franziu a testa para mim como se eu fosse a única errada. Por favor. Como podia ele ter a deixado beijálo sabendo que ela não era eu? —Eu cheguei a casa e Misty abriu a porta.— ele disse, cuidadosamente gerenciando seu caminho para baixo no primeiro par de degraus. Levou um segundo para perceber que ele estava concordando com meu pedido anterior e passando por cima dos acontecimentos sobre que eu tinha perdido na casa de Misty. —Ela parecia saber que algo estava acontecendo com... Ally. Ele balançou sua cabeça. —Mas ela não disse nada para mim, pelo menos não de modo direto. —Ou talvez não. Talvez ela não percebeu nada, uma vez que evidentemente nós estávamos completamente intercambiáveis naquele corpo de qualquer modo. — eu murmurei, sentindo a necessidade de ser uma pouco desagradável. Ele me olhou incisivamente, e eu olhei para baixo, passando os pés do Ed, para ver a mim mesma, cintilando. Sinal. —Eu percebi que você está apenas tentando ser útil. Fraqueza, em termos de uma coisa legal para dizer, mas isso devia estar funcionando, enquanto eu parei de cintilar. Por agora. —Mas então nós entramos na cozinha.— ele continuou, —E eu vi você... bem, eu acho que era você, toda confortável com Leanne Whitaker, o que era estranho. Ele parou, esperando por mim para encontrar meu caminho ao longo da borda do primeiro passo para baixo com meus pés. —Ainda mais estranho considerando sua fixação com germes.

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Eu olhei para ele enquanto eu dava o próximo passo. —Não é fixação. Você sabe quantas dessas doenças você pode pegar por compartilhar comida? —Não, mas eu aposto que você sabe.— ele disse em voz baixa, lutando enquanto ele alcançava a curva da escada. —Tudo bem. Tire sarro. — Eu pareei peças clicando juntas em minha cabeça, criando uma horrível nova pintura. —Espere. Espere um minuto. Will olhou para cima, preocupado. —Eu estava...— Eu fiz uma careta e corrigi a mim mesma. —Ela estava com Leanne, e Leanne estava sendo legal?.Ele assentiu. Meu coração afundou. —Oh, merda. Eu cai aos pés de Ed, e a gravidade puxou ele em direção a Will. Will tropeçou mais alguns passos, no momento impulsionando Ed para trás. —Hei.— ele protestou. —O que você está... —Eu sei onde Erin está.— eu disse severamente.

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Will —Você não pode estar certa.— eu disse a Alona. Mas eu estava começando a pensar que isso poderia ser uma ilusão, ao invés de um argumento racional, isso me mantinha lutando. Com Ed agora enfiado com segurança no banco de trás de meu carro – sem chamar a atenção dos vizinhos, tanto quanto nós podíamos dizer – nós estávamos nos dirigindo para fora da cidade, mas Alona e eu ainda estávamos discutindo sobre sua afirmação de que ela sabia onde Erin estava, ou, melhor, onde Erin estaria. Incrível, eu sei. Alona rolou seus olhos. —Oh, por favor. É um raciocínio dedutível simples. Leanne queria o maior acidente de trem que ela pudesse encontrar, e Erin está demasiada feliz em condescender. Ela caiu de volta do assento do passageiro. Para ser justo, Alona não estava particularmente entusiasmada sobre a possibilidade de estar certa nesse caso, qualquer um dos dois. Mas ela não estava recuando. —Leanne a convidou para a festa, assim como ela estava falando quando eu a ouvi, e Erin, em busca de criar sua própria versão pessoal de Garotas Tornam-se Selvagens, disse sim. Alona balançou sua cabeça. —Não há outro modo que isso poderia ter acontecido..A festa de Ben Rogers de volta-as-aulas na floresta atrás de sua McMansion era uma tradição anual, um último adeus para os sêniores que deixam a faculdade, e esse ano, muito provavelmente, uma última chance para o pervertido Ben atingir a vulnerabilidade e inocência das meninas

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calouras voltando pra a Escola de Ensino Médio Groundsboro. Sim, ele era aquele cara. Era também, muito possivelmente, o pior lugar no mundo de Erin/Lily estar, dado a tudo que tinha acontecido da última vez que Lily tinha estado nas festas de Ben. Uma humilhante e muito pública separação com o rei dos idiotas, Rogers, seguido por um horrível acidente de carro. Foi aquele acidente que tinha enviado seu espírito para a luz, mas num capricho do destino, deixou seu corpo danificado, embora ainda funcionasse, e aberto a possessões. É claro, somente Alona e eu sabíamos disso. Para o resto do mundo, Lily tinha sobrevivido e tinha recentemente acordado inesperadamente de quase um ano de coma. O que era exatamente o porquê de Leanne Whitaker, semeadora e instigadora de fofocas em abundância, poderia querer engenhar esse particular desastre em espera para acontecer. Todo mundo estaria assistindo, se não zombando abertamente, a pessoa que eles pensavam que Lily Turner era, e somente Deus sabia o que Erin faria em resposta ou retaliação ou por apenas não dar a mínima sobre quem era para ela supostamente ser. Ela não tinha nenhuma ideia de onde ela estava se metendo. Poderia também ser o pior lugar imaginável de partida para se resgatar Lily ou confrontar Erin Poe. Alona estava bem. Nenhum dos festeiros seria capaz de ver ela, Exceto por Erin. Na verdade, razão pela qual Erin provavelmente seria capaz de vê-la – e provavelmente deduziria nosso plano pela presença de Alona – seria melhor se Alona ficasse escondida até o último segundo possível.

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Mas eu... eu seria o único que teria de marchar até lá e tentar encontrar Lily/Erin e arrastá-la para fora. Lidar com Ben e sua plateia – formada pelos amigos de Alona – na escola era ruim o bastante. Entrar em suas festas, no entanto, me pareceu bastante fatal. Nós tínhamos todos nos graduado, sim, mas eu não era estúpido o bastante para pensar que a linha que tinha nos dividido e os rótulos que nos identificavam tinha ido embora durante a noite. Em termos de status social (a acentos na cafeteria), essa multidão era a primeira camada – ou desesperadamente aspirante à segunda camada de pessoas – e eu estava fora do gráfico, e não no bom sentido. Entrar em um evento para causar problemas, onde eu estaria em desvantagem, oh, em aproximadamente cinquenta para um, não era algo a se subestimar. Especialmente quando Ben e sua turma tinha mostrado nenhum remorso no passado sobre provar seus pontos com seus punhos. O pensamento me deixou enjoado. —É um salto, e não um que eu queria dar, a menos que nós estivéssemos certos. Além de meu próprio desejo de sobreviver à provocação com o menor número de ossos quebrados possível, eu também não queria perder tempo desnecessariamente na procura por Lily/Erin. Alona poderia não tê-lo de sobra. —Você não conhece eles como eu os conheço.— Alona lembroume. —Obrigada Deus por isso.— Eu murmurei. Ela suspirou alto acima do ronco bêbado de Ed na parte de trás. —Eu posso provar isso.

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Eu bufei. —Certo. Como?.Ela encolheu os ombros. —Ligue para Misty. Eu ri antes de perceber que ela estava falando sério. —Você quer que eu ligue para sua ex melhor amiga, a atual comandante-chefe da patrulha esnobe, para ajudar? Por que ela iria querer nos ajudar nisso?. Sim, ela tinha me dado à dica de que algo estava errado com — Lily— antes, mas eu não estava certa se ela generosamente iria mais longe, especialmente se suas amigas – bem, Leanne, pelo menos – estavam se conduzindo para o esquema. Alona olhou-me, provavelmente, para o comentário sobre a patrulha esnobe. —Porque, até onde ela sabe, você e sua estranha amiga ‘Ally’ salvaram a sua bunda de mim, o grande, mal, demoníaco espirito que a caçava, lembra-se?— Ela levantou um ombro. —E ela não é má. Completamente diferente do mal encarnado que ela tinha acreditado que Misty era somente poucos minutos atrás. —Confie em mim, ela fará isso.— ela disse, detendo sua mão para meu telefone. —O que é isso, exatamente?— Eu perguntei, sem fazer um movimento para dar meu telefone para ela. —Ela nos dirá com certeza se Erin estará lá hoje à noite.— ela disse impaciente. Eu conduzi para a rodovia, guiando-nos em direção a Decatur e Groundsboro. —E como é que ela vai fazer isso? São apenas oito e trinta, e você disse que suas festas não começam até mais tarde.

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—Porque se Leanne está tramando alguma coisa, ela se gabará sobre isso para Misty. Esse é apenas o modo como ela funciona.— ela disse, em um tom que sugeria que eu tinha questionado as leis da gravidade. —Bem.— eu murmurei. Eu peguei meu celular de meu bolso e deslizei em sua palma. Pelo menos, esse era o plano. O que aconteceu, foi que ele deslizou através de sua mão trêmula e desbotada mão para o assento abaixo, e então saltou para o chão. Pânico acendeu no meu interior. Eu desviei para o lado da estrada, ignorando buzinadas irritadas dos motoristas ao redor de mim, e parei no acostamento. —Você está bem?— Eu perguntei, apressadamente colocando o carro no estacionamento. Atrás de nós, Ed continuava a roncar de forma pacífica. Alona

não

olhou

para

mim,

focando-se

no

painel

de

instrumentos. —Me de apenas um segundo.— ela disse. Ela sussurrou para ela mesma, muito silenciosamente para eu ouvir sobre o barulho dos carros passando, mas depois de um momento de parar o coração, sua fisicalidade retornou, mudando de transparente para um tipo de borrão sólido mais uma vez. Eu abaixei-me e peguei o telefone, resistindo à urgência de perguntar mais uma vez se ela estava bem. A verdade era, ela não estava e não ficaria. E não havia nada que ela pudesse dizer e fazer sobre isso agora, exceto todo que nós já estávamos fazendo. Eu segurei o telefone para ela silenciosamente, mas ao invés de alcança-lo, ela virou-se para olhar pela janela e recitou o número de

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Misty para mim. Isso enviou um calafrio através de mim, vendo-a retirar-se da ação, como se ela já tivesse desistido de algum modo. Eu tive que pedir para ela repetir, em seguida eu o acionei, e enquanto o telefone começava a tocar do outro lado, eu coloquei ele no viva-voz. —Alô?— Misty respondeu em uma voz suspeita de quem não reconheceu o número no seu identificador de chamada. —Oi, Misty, é, uh Will Killian. De antes?— Eu me mudei no assento e olhei para Alona por segurança. Ela acenou para ir adiante, impaciente, mas uma fraca imitação do que teria sido em outras circunstâncias. —Sim?— Misty soou cautelosa. —Eu sinto muito incomodar você, mas eu estou procurando por minha amiga, aquela que estava na sua casa hoje à noite?— Eu não estava certo se a chamava de Lily ou Ally. Misty bufou alto —Por que você está me perguntando? Ela saiu daqui com você..—Eu sei, mas –.—E a mãe dela me ligou aqui, toda assustada sobre ela ter ido. Merda eu tinha esquecido sobre isso. —O que você disse a ela?— eu perguntei. Se ela tivesse insinuado para Senhora Turner que Lily foi a essa festa... —A mesma coisa que eu direi a você. Ela saiu com você, e eu não tenho visto ela desde então. A voz de Misty subiu em uma nota defensiva no final. Eu dei a Alona um olhar-de-eu-disse-a-você. Alona balançou a cabeça. —Ela sabe, apesar de tudo. Ela sempre sabe. Leanne não podia fazer nada sem uma plateia.

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Um farfalhar veio do lado de Misty, seguido por um barulho mais alto e um fluxo de palavrões. —Olha, eu tenho que ir. Eu estou tentando ficar pronta e –.Eu respirei fundo, apostando que Alona conhecia aquelas pessoas tão quanto ela dizia. —Leanne convidou ela para a festa do Ben hoje à noite, não convidou?.Misty tomou um fôlego. —Como você sabe isso? Como você inclusive sabe que há uma festa?— Ela fez isso soar como se eu tivesse de alguma forma decifrado um complicado código em torno de suas supersecretas atividades de elite. Como se eu tivesse sido, cego, surdo ou mudo ao longo dos quatro anos do ensino médio. Eu ignorei suas palavras e o insulto atrás delas. —Lily disse que ela estava indo?.Ela ficou quieta por um longo momento, e eu pensei que nós pudéssemos ter perdido a conexão, mas logo que eu que eu levantei o telefone para verificar, Misty suspirou. —Olhe.— ela disse cansada. —Eu não quero qualquer parte nisso. Esse último na foi duro o suficiente –.Alona deu-me um aceno satisfeito. —Eu te disse. —Apenas diga-me o que aconteceu.— eu disse para Misty. —Leanne convidou ela para o pré-jogo e para ir à festa de Ben juntas. Mas eu não sei se as garotas estão realmente indo. Eu quero dizer, todo mundo estava indo para lá, incluindo Ben. E eles estavam indo se divertir com ela. Ela sabia disso. Misty hesitou. —Ela teria sido estúpida… ou louca. Não poderíamos descartar nada nessa situação. —Obrigada, Misty. Eu movi minha mão para desligar. —Espera.— ela disse rapidamente. —Você não está realmente indo para festa, está?.Eu não disse nada; melhor não dar a qualquer

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um aviso prévio. Talvez eu fosse capaz de entrar e sair sem aviso prévio para Erin/Lily. —Ouça, eu aprecio tudo o que você fez.— ela disse em uma corrida. —Isso me ajudou saber que Alona está em paz. Próxima a mim, a garota em questão rolou os olhos. —Mas você tem que saber que ir a festa do Ben hoje à noite... isso é uma má ideia. Ela soou quase preocupada. —Tipo, realmente uma má ideia. Eu fiz uma careta. —Obrigado, eu manterei isso em mente.— eu disse, e desliguei. Infelizmente, más ideias, ideias realmente ruins, era as únicas que nós tínhamos.

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Alona Uma vez que nós estávamos de volta a Groundsboro, eu dei a Will as direções da casa de Ben, embora ele não parecesse precisar delas. Isso fazia sentido em suponho. Cidade pequena, escola relativamente pequena, e as festas de Ben eram o material de fervorosa fofoca, você não precisava ter realmente participado de uma para saber como encontrar sua localização oficial. Sem mencionar o fato que aproximadamente uma milha de distância da casa atual de Ben nós tínhamos passado A árvore, a única que Will reconheceria tão bem, a mesma que tinha nos colocado nesta confusão. Bem, isso podia ser um exagero. Essa situação particular era, eu suponho, mais minha culpa por ter pegado o corpo de Lily do que da árvore por simplesmente existir para Lily colidir. Mas assim mesmo. Eu olhei para a árvore enquanto nós passávamos por ela. Parecia que ela deveria ter alguma marca de seu significado – se não algum brilho celestial sobrenatural ou uma gigante seta brilhando sobre o topo dela, talvez o dano maciço deixado pela colisão – um sinal que algo trágico e importante tinha ocorrido ali. Mas não havia brilho nem seta, e se havia danos, eu não podia ver na escuridão. Era apenas uma velha árvore gigante. Um brilho de casca esbranquiçada na varredura de nossos faróis, e então ela foi, perdida nas sombras enquanto nós fazemos a curva Lily tinha perdido.

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—Você está bem?— Will me perguntou. —Você está quieta. Isso está tipo me assustando. Eu mostrei a língua para ele, mesmo que ele provavelmente não pudesse ver isso sob a luz fraca do painel. Eu estava cansada demais para fazer mais esforço. Parecia que eu estava tomando tudo o que eu tinha para me manter junta... literalmente. —Apenas pensando. —Por que começar agora?.Eu lhe dei um leve soco no ombro. —Vai ficar tudo bem. Ele estendeu sua mão para mim. Certo, desde que nossas duas definições daquela palavra não eram muito diferentes, eu não estava tão certa nesse momento. Mas eu peguei sua mão do mesmo jeito, entrelaçando nossos dedos juntos e amando a sensação de segurança e calor enquanto isso durava, pelo tempo que fosse. Quanto mais perto da casa do Ben nós chegávamos, o número de carros estacionados em ambos os lados da rua, na tentativa de merda de estacionar paralelamente, aumentava, e eu podia ouvir a batida da música a distância mesmo sobre o som do motor. Apesar de tudo, e eu quis dizer algo, alguma parte de mim reagiu ao estímulo familiar, e meu batimento cardíaco lançado a um nível de ansiedade e antecipação. Como se isso fosse permanente codificado como uma parte de minha identidade. E talvez isso não fosse muito longe da verdade. As festas de Ben tinham sido tanto de minha vida escolar quanto as líderes de torcida e as aulas. Eu vinha desde as sétima série, embora aquelas festas iniciais fossem mais —sete minutos no paraíso— e reforçada com Sprite do que má conduta sexual e intensos barris de cerveja.

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Eu olhei em direção a eles com partes iguais de ansiedade e temor. Eu quero dizer, hei, quem não ama uma festa? Exceto que isso era um par de horas para estar em guarda, outra chance para minha farsa de vida cuidadosamente construída cair em torno de mim se eu dissesse ou fizesse algo errado, mostrasse fraqueza, falasse com alguém que eu devia ter ignorado, ou bebesse muito ou muito pouco. De fato, eu não bebia em tudo. O que só adicionava outra camada de complicação, geralmente, vendo isso como se isso não fosse regra. Era outra coisa que tinha sido, se não algo encoberto, pelo menos não de conhecimento aberto de modo a evitar perguntas. Isso me ocorreu agora, pensando acerca de tudo isso, como muito pouco de minha vida tinha sido real. Tinha, entretanto, sido exaustivo. E ainda que eu me lembrasse de rir com Misty na cozinha tentando encontrar uma batata frita com uma mais-do-que generosa representação da anatomia masculina – um bobo momento estúpido, mas engraçado – e breve sensação de segurança que vinha de estar ao redor de meus amigos e seguidores, pessoas que eu pensei que se importavam comigo. Bem, eu tinha aprendido mais desde então, mas isso não tinha feito as lembranças irem embora – apenas manchadas como uma saudade e nostalgia de uma tempo que não tinha realmente existido. —Você vai ter que se virar para encontrar um lugar para estacionar.— eu disse. —Está cheio perto da casa, e ninguém sairá ainda. —A entrada da garagem está vazia.— ele apontou, inclinando sua cabeça em direção para fazer uma varredura da entrada de tijolos

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da garagem. A unidade era grande o bastante para três carros na transversal e provavelmente quatro fileiras de profundidade, e tinha um enorme retorno circular no final. O pai de Ben tinha uma revenda de carros, o que eu podia dizer? —Sim, regras do Ben. Algo sobre fazer isso menos óbvio quando a festa está sendo realizada ou alguma coisa. Como se seus vizinhos já não estivessem todos por ela acordados. Eu suspeitava que seu pai devia ter subornado eles. Quanto teria custado para um negociador presentear com um carro ou dois, afinal?.Os lábios de Will curvaramse, e ele girou o volante para a direita, enviando o carro para a entrada da garagem e uma ridícula fonte de pedra que eles tinham no centro do retorno. —Sim, isso é bom.— eu disse. —Sutil. Ele deu um encolher de ombros emburrado. Will não gostava de Ben. Eu não o culpava, mas agora não era a hora. —Você pode apenas ser menos um cara agora e focar?— Eu soltei sua mão – fazendo-me tão veloz e sem relutância ao deixar – e alcançando a porta. Todo mundo já estava na parte de trás da casa; ninguém surtaria sobre uma porta abrindo por si mesma. Will agarrou meu braço. —Espere, onde você está indo?.—Dãh. Alguém tem que ter certeza que Erin está realmente aqui antes de nós irmos entrarmos. —Mas se ela ver você –.Eu levantei uma sobrancelha. —Ao contrário das dezenas ou mais que definitivamente verão você?.Will liberou meu braço com um suspiro e caiu de volta em seu assento. — Apenas... seja cuidadosa.

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Ele parecia tão abatido e preocupado que eu não pude resistir. Eu soltei a porta e deslizei em direção ao assento. Eu inclinei sobre ele, firmando-me com uma mão no braço do assento central e o outro na porta. Eu estava apenas um par de centímetros de seu rosto antes dele descobrir o que eu estava fazendo. Ele tomou uma respiração profunda em antecipação e o calor espalhou-se através de mim. Bom que eu ainda podia provocar essa reação. Eu rocei sua boca levemente com a minha, focando nos detalhes. Seu familiar aroma de roupa limpa de garoto e a suave fricção de seus lábios por baixo dos meus. Will surpreendeu-me em seguida, inclinando-se para o beijo e levantando sua mão para minha nuca para me segurar mais perto. Sua boca moveu-se ferozmente sobre a minha, e era como se derramasse todas as palavras que ele não podia dizer, todas as complicações que nós não podíamos desembaraçar todas as frustações e medos, num único momento. E eu não podia pensar, capturada pelo gosto dele, a sensação de cada centímetro de calor seu em mim, mas eu não podia tocá-lo, não sem cair... e eu realmente, verdadeiramente queria. Ambos os toque e queda. Meus braços começaram a tremer... Não, espere, nada disso – tudo em mim estava tremendo. Mas eu não me importava. Eu queria ficar aqui para sempre. Então Ed tossiu e murmurou algo em seu sono do banco de trás, surpreendendo a ambos. Eu tinha esquecido que ele estava aqui.

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Eu me afastei de Will, minha respiração toda irregular e meu coração batendo, e calmamente de volta para meu banco. Eu me peguei imaginando o que teria sido estar em Ally durante o beijo. Isso tinha sido intenso como isso foi, mas eu sentia tão mais quando eu estava nela. Eu tremi. Will observou-me recuar com um calor em seus olhos que sugeriam que eu não era a única que tinha perdido a noção do tempo, lugar, e circunstâncias. Eu mordi meu lábio, que parecia inchado e formigando; eu estava tão tentada a ficar. Mas por quanto tempo? Esse único pensamento foi o suficiente para despejar um balde de água fria metafórico em minhas superaquecidas emoções. Eu afastei-me de Will e tateei pela porta. —Eu já volto. Eu não sabia o que dizer, pega entre o que eu queria e o que eu podia controlar. Então eu não disse nada.

*** Um longo pedaço de um fato estabelecido de sabedoria das noitadas de Ben era que isso não era uma festa até alguém estar vomitando nos arbustos. Especificamente nos rododentros

6

, da

Senhora Rogers. Felizmente, Katee Goode estava preenchendo esse papel muito admiravelmente – e tipo de forma impressionante – quando eu vim ao dobrar o canto.

6 Espécie de canteiros lados.

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Esse segundo ano. Eu balancei minha cabeça em desgosto e comecei a caminhar ao redor, e então eu parei com uma súbita percepção. Katee era uma júnior agora. A escola estava começando de novo em um par de semanas. Todo mundo estava mudando-se, mais velho saindo. Todo mundo exceto eu. Eu olhei para a parte traseira sua cabeça loira – claramente visível no brilho da luz da lua – vindo à tona acima da vegetação, e senti uma pontada aguda de inveja. Katee iria, em teoria, permanecer outros dois anos no Groundsboro e seguir em frente para a faculdade e em seguida para o resto de sua vida, onde esse momento seria uma memória distante. Ela tinha sua vida toda pela frente. Eu não tinha. Eu senti minhas unhas cravarem em minhas palmas enquanto eu fechava a minhas mão em punhos. Eu, que nunca tinha invejado nada nem ninguém – exceto talvez Lily por sua família – invejava a garota vômito nos arbustos? De jeito nenhum. Isso era patético. Qualquer um burro o bastante para vir aqui e obter esse desperdício, especialmente sozinha – uma mera estudante do segundo ano, movendo-se para o terceiro escalão – não merecia ser invejada. Talvez sim. Talvez não. Mas isso não mudava como eu me senti. Eu suspirei e continuei. O quintal de Ben parecia de algum modo as outras festas que eu tinha visto aqui. A comida – batatas fritas variadas agrupadas em

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tigelas plásticas, e pizza que já estava na maioria passada – dispostas em várias mesas de carteado. O barril estava provavelmente apenas dentro da linha de árvores nos fundos da propriedade, baseado no fluxo constante de coposvermelhos de convidados indo e voltando daquela vaga direção. A maioria das pessoas se reunia na grama aberta entre o pavimento e a floresta, dançando, conversando em pequenos grupos, e geralmente tropeçando ao redor. As luzes externas ligadas, e alguém, provavelmente Ben, tinha estaqueado o chão com aquelas bregas tochas de bambu em intervalos variados através do quintal. As chamas cintilantes projetavam sombras selvagens através do rosto daqueles que ficavam em pé perto delas. A batida forte da música dos enormes alto-falantes perto do pavimento – algum iPod estava ligado nelas, produzindo uma mistura em meio a festa que era a maior parte baixo e nada reconhecível naquele volume. Vi meus amigos – antigos amigos, na verdade – espalhados por todo o quintal. Misty e Chris não pareciam estar aqui ainda – nenhuma surpresa nisso, já que Misty estava sempre atrasada para tudo. Mas Ashleigh Hicks e Jennifer Meyer estavam dançando juntos próximos ao deck de uma forma que provavelmente pretendia ser provocante. Infelizmente, isso tornou-se mais assustador e estranho, dada a suas roupas iguais (como sempre) saias curtas azul-marinho e camisetas brancas listadas e seus selvagemente díspares tipos de corpo. Jennifer era uns bons cinco centímetros mais alta do que Ashleigh. Além disso, elas pareciam mais ou menos como putas em roupa de marinheiro da década de 70.

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Jeff Parker, o público-alvo da dita dança sexy, não estava prestando atenção, sua cabeça inclinada sobre sua guitarra e uma adorável caloura de pé ao lado dele, perguntando sobre a guitarra ou tocando ou algo assim. Ah, bom pra ele. Eu sempre tinha gostado de Jeff – ele era o menos propenso a participar de nossas besteiras. Pelo menos ele não tinha me ridicularizado abertamente depois de minha morte. Ao contrário de algumas pessoas... Miles Stevens estava indiferente de um lado, observando. Ele estava vestido sofisticadamente como de costume, em uma camisa de mangas compridas e calças caqui, apesar do persistente calor de Agosto. Eu não podia ter certeza pela sua distância, mas eu estava disposta a apostar que, graças a mim, seu visual nerd era agora planejado. E Leanne estava perto de Miles, olhando para a multidão com ele e provavelmente sussurrando comentários maldosos em seu ouvido. Mas onde estava Erin/Lily? Eu não a vi perto deles. Meu coração afundou. Talvez ela não estivesse aqui afinal. Ela estaria perto de Leanne, à única pessoa que ela conhecia, não estaria? Eu cheguei mais perto para ver melhor, contornando a borda da multidão e tecendo meu caminho através das tochas. Não foi até poucos metros de Leanne que eu percebi que ela não estava observando a multidão em geral, mas estava focada muito atentamente em alguém ao alguma coisa. Seus olhos estavam brilhando com despeito e diversão... sem mencionar com algo muito terrível como ódio. E ela não era a única a observar o que quer ou quem quer que fosse. De fato, uma boa maioria das pessoas deste lado da festa parecia

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estar desfrutando o mesmo espetáculo, apontando, cochichando e sussurrando e... Oh, Deus. Eu congelei com medo de virar. Somente uma pessoa faria os olhos de Leanne brilharem com um ódio como esse – Ben Rogers. Ben e Leanne tinham ficado juntos no primeiro ano, e quando ele tinha deixado ela, ela nunca tinha superado completamente isso. Qualquer chance que ela pudesse encontrar para causar confusão para ele – e obter risos disso – seria uma oportunidade que ela pegaria. Mas sua presença por si só não teria sido o bastante para desencadear muita atenção de Leanne ou dos festeiros. Essa era, afinal, sua festa. É claro que ele estaria aqui. Muito provavelmente cercado por qualquer que fosse a garota bêbada ou estúpida que ele pudesse encontrar... E de repente eu estava com medo que eu soubesse exatamente quem uma delas seria. Vamos ser claras. Eu nunca esperei a Erin/Lily na festa com o Ben seria um bom cenário. Eu tinha ouvido o bastante de Erin para saber que se ela estava aqui, ela estava procurando depravação em seu melhor. Ou pior. Não importava o que. Combine isso com pessoas pensando que ela era Lily e lembrando que tinha afundado na última festa que ela tinha participado e nós já estávamos em níveis desconhecidos do desagradável. Mas eu tenho que confessar, quando eu finalmente convenci a mim mesma a virar e ver o que todos também estavam vendo apenas quinze metros de mim, eu nunca esperei que fosse tão ruim. Erin/Lily estava enrolada em torno do Ben Rogers como se ele fosse um palco para estripes. Batom escuro – sem uma cor lisonjeira ou uma que fosse escolhida por Ally – estava manchada através de seu rosto; seu top tinha uma enorme mancha molhada de cerveja que ela devia ter derramada na frente dele; e ela tinha manchas de grama em seus jeans

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de onde ela tinha provavelmente caído. Ela também tinha de algum modo perdido um sapato. Mas isso não era a pior parte. Não. O pior – oh, doce Senhor – era sua língua agora enfiada no interior da garganta do Ben que eu meio que esperava que estivesse cutucando através da parte de trás de sua cabeça. E tudo isso enquanto usava MEU rosto e MEU corpo. Bem, um rosto e um corpo que eu ainda pesava como meu próprio; eu tinha visto eles no espelho todos os dias por um mês. Eu engasguei primeiro – oh, tantos germes; eu não poderia jamais pensar sobre o que estava vivendo na boca de Ben Rogers – e então um lampejo de fúria tomou conta de mim, queimando tudo para fora, incluindo o bom senso. A coisa esperta teria sido virar antes que Erin me notasse, voltar para o carro para conversar sobre isso com Will, e chegar a algum tipo de plano para tirar ela daqui...ou pelo menos longe de todos os outros. “Sua vadia estúpida”. As palavras voaram de minha boca em um grito, como se eu não tivesse controle, e naquele momento, eu não tinha. Tanta coisa inteligente para fazer. Erin ouviu-me, mesmo sob a música, e olhou ao redor, confusa e assustada. Mas ela ainda manteve seu domínio sobre Ben. Inaceitável. Minha visão embaçou com raiva, eu atirei-me passando por Leanne e colidi com Erin/Lily fortemente. Ela precisava aprender. Você não mexe comigo. Qualquer versão de mim. Passado, presente ou possível.

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Will Ed acordou com resfolegar segundos depois que Alona deslizou pela porta. Os dois eventos estavam provavelmente não relacionados. Pareceu tomar dele uns poucos segundos para se orientar no mundo de novo. No espelho retrovisor, eu observei enquanto ele sentava lentamente, uma mão segurando sua cabeça e a outra alcançando para tocar o teto do carro, como se ele não estivesse certo que era real. Ele arrotou nessa maneira alarmante que, frequentemente, precede uma evacuação estomacal. —Onde nós estamos?— ele sussurrou, mais para si mesmo do que para mim. Eu virei em meu assento para conseguir uma visão melhor dele. —Prestes a ser chutado fora do meu carro se você está pensando sobre vomitar. Ele olhou para mim. —Hei, eu conheço você—. Ele deu-me um trêmulo sorriso bêbado. —Você é aquele garoto que vê fantasmas...— Seu sorriso desapareceu enquanto mais detalhes voltavam para ele. — Você estava na casa de meus pais—. Ele inclinou sua cabeça para um lado. —Mas eles não estavam lá. O lugar estava vazio...— Ele fungou ruidosamente. Ele moveu-se desconfortável. —Sim, olha, eu sinto muito sobre...

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—Onde nós estamos?— Ainda segurando sua cabeça, ele inclinou para olhar para o lado de fora do para-brisa, o mais provavelmente para a monstruosidade de tijolos que era a casa de Bem. Eu tomei uma respiração profunda. É claro que Alona não estaria aqui para essa conversa. Ela era muito mais... bem, brusca. Isso era provavelmente termo mais legal para isso. Insensível, ocasionalmente queria dizer, brutalmente honesta – essas eram provavelmente mais precisas. E exatamente o que precisávamos nessa situação. —Nós estamos tentando encontrar sua irmã. —Erin está aqui? —Talvez—. Eu olhei de volta para o lado da casa, onde Alona tinha desaparecido. Até agora ela tinha alcançado a festa e estava provavelmente procurando. Dado ao caos que as festas de Ben eram relatadas por causar, devia levar a ela poucos minutos para determinar se Erin estava lá e, então relatar ao voltar. —Nós estamos tentando descobrir. Ele passou a mão pelo rosto. —Você disse... Você disse que ela tinha um corpo—. Ele soou vulnerável e incerto, como se ele não tivesse certo se ele estava lembrando corretamente, ou como se ele estivesse com medo que ele tivesse de alguma forma incorporado um a realidade de um sonho bêbado irreal. Eu fiz uma careta. E aqui vamos nós... —Sim, ela pegou o corpo de uma amiga minha—. Verdade, independente das circunstâncias. — E nós precisamos de sua ajuda para tirá-la. —Não—, ele disse, tão firme quanto antes. —Se o que você está dizendo é verdade, então eu...

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—Sim, sim você deve a ela, é tudo culpa sua. Entendi—, eu disse impacientemente. —Nós abordaremos isso. Mas você precise me ouvir—. Eu torci-me em meu assento para encará-lo, esperando que isso o ajudasse a entender a gravidade da situação. —Não é apenas sua vida que isso está bagunçando. Há uma família inteira afetada por suas ações. Se ela se importa com eles ou não—. Alona, a seu crédito, tinha feito seu melhor para manter isso em mente, pelo menos. Ele balançou sua cabeça e abriu sua boca para falar, mas eu o cortei. —E aqui está a verdade: você tem que admitir isso, homem. Se você quer acreditar que é sua culpa porque você a deixou ir para uma festa sozinha, tudo bem.— Ele retrocedeu. —Mas se nenhum de vocês está se movendo até você lidar com isso. Ela está aqui por sua causa. Porque você está mantendo ela aqui—. Isso era, de fato, um palpite de minha parte. Mas fazia sentido. Os dois tinham sido tão amarrados em vida, seguiriam assim, fosse o caso em morte também. Ele olhou para cima bruscamente. —Sim, você. Baseado em meu reconhecimento limitado de interações com Erin, ela não parecia ter uma razão específica para ficar ao redor, outra do que viver mais – e qual fantasma não queria isso? E francamente, Edmund podia vê-la, quando ele não teria capacidade interior para fazê-lo. Isso tinha que significar alguma coisa. Não é? Uma vez de novo, teria sido muito mais fácil se esse trabalho viesse com rótulos e um manual de instruções, mas não importava o que, nessa situação, eu tinha ido com meus instintos e esperava que eles fossem o bastante. Mesmo se Alona não quisesse ser – ou não

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pudesse ser – Ally de novo, eu não poderia deixarão poderia deixar Erin no corpo de Lily. Eu apenas... não podia. —É melhor do que não existir.— Ed murmurou. Eu tomei uma respiração profunda, lutando para manter minha paciência. Para a maioria das pessoas esse era um território novo, e Ed não tinha a vantagem de anos vendo fantasmas do mundo do meio. — Foi um acidente, um horrível acidente. Mas não havia nada que você pudesse fazer para mudar isso agora. Ele balançou sua cabeça. —Não havia nada que você pudesse ter feito, mesmo se você estivesse lá—, eu disse, ficando exasperado. —Eles disseram que foi uma coisa estranha. A queda do telhado da varanda era somente acerca de oito metros em arbustos e outras coisas. Ela provavelmente teria sobrevivido se eles não tivessem colocado aquela passarela, como, aquela manhã—. Ed olhou para cima. —O que?— Ele parecia mais pálido de repente, mesmo na penumbra daquela luz. Finalmente eu estava alcançando ele. —Ela caiu do telhado da varanda—, eu repeti. —E ela provavelmente estaria bem, talvez um ou dois ossos quebrados, exceto que havia esses paralelepípedos empilhados que eles colocaram-no caminho para mais cedo naquela manhã. Ela bateu sua cabeça, aparentemente. Ed deixou-se cair para trás em seu acento com uma expressão aturdida. Aparentemente isso era novo para ele. Nem tudo isso surpreendeu, eu suponho, dado que ele provavelmente não tinha estado propenso a ler artigos sobre seu acidente de volta quando isso

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tinha acontecido. Talvez sabendo que não havia nada que ele pudesse ter feito era tudo o que ele precisava. Encorajamento, eu tentei retornar ao meu ponto original, o único que eu tinha tentado abrir caminho de volta para a casa dos pais de Ed. —Se você pudesse a deixar ir, seria melhor para ambos os dois. É óbvio que para você, ela não existirá mais. Mas isso não é o fim. Pelo menos, não tem sido. Ele virou sua cabeça para olhar para fora da janela, mas pelo menos não estava discutindo. Isso era um progresso. —Você não pode a deixar fugir, homem. É o pior para ambos. Você ainda estará vivo, mas você será uma sombra do que você supostamente era—. Eu sei disso por experiência, sempre vivendo com medo dos fantasmas espreitando. Ter Alona como minha guia espiritual tinha ajudado, mas ainda hoje, quando eu finalmente tinha enfrentado a morte eu mesmo, eu não tinha percebido o quanto isso tinha pesado em mim. Eu sentia-me mais livre do que eu tinha sido... bem, sempre. Eu estava prestes a lançar meu discurso de a luz existe e é incrível quando a música da festa teve uma pausa e, uns três segundos de intervalo entre as canções, e eu ouvi gritos de algum lugar atrás da casa. Era alto o suficiente para eu ouvir isso claramente do carro, mas não distinto o bastante para eu entender as palavras. Eu tinha, entretanto, reconhecido a voz e a nota de indignação nela. Alona. Meu peito se contraiu de medo. Ela estava em apuros. —Merda— . Eu sai do carro sem esperar para ver se Ed me seguia.

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*** Como devia ser óbvio para quase qualquer um até agora, eu nunca tinha estado em um dos bailes de Roger, nem tinha jamais desejado participar. Ainda assim, isso meio que me surpreendeu, depois de dobrar o canto em uma corrida, para achar isso tão... banal, à primeira vista. Ninguém estava cheirando cocaína sobre o peito de qualquer um. Isso eu podia ver. Em vez disso, o pátio estava cheio com pessoas intoxicadas cambaleando, comendo babatas fritas, e ouvindo uma música realmente de merda, podia ter sido uma noite dos meus velhos tempos e meus poucos amigos sairiam juntos, exceto que estavam lá fora, com cerca de mais de cem pessoas, e bem, nossa música não tinha sucção. Era uma espécie de decepção depois de toda a propaganda, francamente. Então, é claro, eu percebi que, apesar da chamada música, ninguém estava dançando. A maioria das pessoas estava amontoada em torno do espaço aberto entre o deck e a floresta, observando alguma coisa. Eu aposto que sabia o que, também. A gritaria tinha parado, mas eu

podia

ouvir

as

ocasionais

palavras

gritadas

e

rosnadas.

Definitivamente Alona e Erin. Eu abaixei a cabeça e fiz meu próprio através da multidão. —Ela está tendo uma convulsão ou algo assim—, alguém sussurrou enquanto eu passava.

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—Tirem ela de mim. Façam alguma coisa— a voz rouca de Lily mantinha um gemido atípico, e ela soava sem fôlego. —Não, cara. Ela parece, como louca ou algo assim—, outra declaração genial. Eu dei uma cotovelada em meio à última camada de meus excolegas e algozes e cheguei para encontrar mais ou menos o que eu tinha esperado Alona e Erin/Lily lutando por uma posição e rolando no chão. A multidão, porém, olhava isso simplesmente como se Lily estivesse se jogando em torno de si mesma sem razão. Leanne Whitaker estava em pé ao lado, se dobrando de tanto rir. Algumas das ex-companheiras de torcida pareciam vagamente concentradas... ou talvez imprecisas era como elas pareciam o tempo todo. Ben observava impacientemente, como se isso fosse algo na televisão que era talvez uma pouco irritante, mas principalmente chato. Imbecil. Nenhum deles podia ver Alona, é claro, mas eles podiam ver uma garota em óbvio sofrimento de algum tipo. E nenhum deles tinha feito um movimento para ajudar. Erin como Lily já parecia bastante bagunçada, seu batom manchado em todos os lugares e suas roupas sujas. Mas Alona estava em sua pior forma, seu corpo mudando entre sólido e transparente, como alguém presa em raios de transporte de alguma daqueles velhos episódios de Star Trek. Jesus. Eu corri para frente e agarrei os ombros de Alona. Ela estava, por um momento, em cima. —Hei, pare com isso!

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Ela girou e olhou para mim, assustada, mas com a fúria estampada em suas feições, como se ela pudesse me atacar por interromper. —Olhe para si mesma—, eu sussurrei para ela. Ela olhou para baixo e ficou rígida com o choque. Erin/Lily deitou a cabeça no chão e sorriu com o abandono que veio com alívio e embriaguez total. —Eu disse—, ela arrastou. Fabuloso. Alona olhou de volta para mim em pânico. —Apenas fique calma—, eu disse a ela, tentei seguir meu próprio conselho. Claramente, nosso plano original tinha explodido em um inferno. E agora eu não sabia se Alona tinha força o bastante para continuar existindo, muito menos encaminhar-se para o corpo de Erin. Eu nunca devia ter a deixado ir à minha frente. Naquele momento, eu estava dividido entre o desejo de agarrar Alona e transportá-la de lá para algum lugar seguro – que, é claro, isso era uma ilusão nesta situação, dado que a ameaça de desaparecer não era algo que pudesse ser precedido pela mudança de localização – eu ajoelhei-me para segurar Erin então Alona poderia tentar bem ali, se ela quisesse. Mas como, se vê, eu não tive a chance de fazer nenhum dos dois. —Will Kill?— Ben perguntou incrédulo e desgostoso atrás de mim. Eu congelei. Merda. Eu forcei a mim mesma a virar em sua direção. Eu não o queria vindo pelo meu lado cego.

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Ele tropeçou um ou dois passos em direção a mim, e eu tive que lutar com a urgência de me mover para trás. —Quem convidou você?— ele demandou. Não precisava de muita imaginação para ver que Ben estava bêbado. —Fique calmo—, Alona murmurou. —Ele está bêbado. Oh, bom, ele não iria nem mesmo sentir se conseguisse bater nele. Meu coração batendo, eu mantive as mãos para cima. Eu estava muito em desvantagem aqui. Era pior do que até mesmo uma vez que eu fui para a primeira seção para falar com Alona. Adicione álcool e eu não tinha certeza de qual seria o resultado dessa vez. Pior do que um olho roxo, isso era certo. —Eu estou aqui para buscar minha amiga. Ben bufou. —Devia saber, loucos atraem loucos. Absurdamente, alguém no meio da multidão realmente vez um som de ooooh, como se Ben tivesse vindo com algum tipo de queima ao invés de praticamente dar uma declaração absurda que continha apenas o insulto de me chamar de louco, que todo o mundo já tinha assumido de qualquer maneira. Tanto faz. Alona gritou de repente, e eu virei para ver que Erin/Lily tinha tomado à vantagem de nossa distração e deslizado debaixo de Alona e estava correndo para a floresta, sua perna ruim retardando-a apenas ligeiramente. Se ela fosse embora, nós nunca poderíamos ser capazes de achála de novo. Eu cambaleie atrás dela, mas Ben agarrou meu braço.

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—Onde você pensa que está indo, homem? Nós estamos conversando. Alona levantou sobre seus pés instáveis, ainda piscando. Eu puxei meu braço livre do aperto de Ben e me foquei nela. Ela inclinou a cabeça para o lado para olhar para mim, seu cabelo brilhando a luz das tochas e seus olhos brilharam com lágrimas não derramadas. Ela levantou a mão e tocou meu rosto, seus dedos alternando entre quente e sólido, e frio e quase não estando lá. E eu sabia que isso era um adeus. Eu balancei minha cabeça em silêncio, com lágrimas. —Não—. —Você está chorando, Kill Will?— Ben perguntou. Ela se inclinou em mim, pressionando sua bochecha contra a minha, e sussurrando, —Seja cuidadoso—, em seguida, sumiu antes que eu pudesse agarrá-la. —Não!— Eu comecei a ir atrás dela, mas Ben deu a volta para me bloquear. Eu peguei um vislumbre de sua passagem pela multidão pessoas que se deslocavam involuntariamente para longe por um frio estranho perto deles. Mas então ela tinha ido, além do alcance das luzes, e dentro das sombras da floresta. —Nós não terminamos de falar sobre como você caiu em minha festa, aberração—, Ben disse, dando-me um empurrão. Outros atrás dele – juniores ambiciosos, os novos seniores agora – circulando em antecipação, cerveja fluindo suas necessidades de provar algo. De repente eu estava cansado. Cansado de toda essa estúpida postura e besteira onde a coisa mais importante – vida-e-morte acontecendo – estava indo.

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Eu suspirei. – Olha, o ensino médio terminou. E se você não fosse tão idiota, você saberia disso. Nós somos apenas pessoas agora, ok? Todos nós. E você não é melhor do que qualquer... Foi quando ele me deu um soco. Forte.

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Alona Doeu mais do que eu imaginei, deixar Will para trás. Eu não queria fazer isso sozinha. Não queria morrer novamente... sozinha. Eu afastei esses pensamentos, me forçando a concentrar na tarefa à mão. Encontrar Erin. Felizmente, mesmo no escuro, não foi tão difícil. O luar estava muito brilhante... e ela estava caindo através do mato como um elefante apaixonado. – É chamada graça e talvez um pouco de coordenação, – eu murmurei quando a ouvi bater no chão com um baque. Eu pausei por um segundo para recuperar meu fôlego - iria levar algum tempo para ela se levantar e tentar novamente - e me inclinei para frente, minhas mãos sobre meus joelhos. Infelizmente, eu podia ver através da minha metade inferior até a árvore atrás de mim, até o detalhe sobre o casco. Com esforço, eu tentei mudar para pensar em felizes lembranças. A alegria de Sra. Turner com a perspectiva de uma viagem de compras com a filha. Will sorrindo de mim. A mão de Will na minha. A maneira que ele discutia comigo, não tendo medo de forçar a barra. Muitos deles eram relacionados a Will e os últimos meses. Bem, meio que fazia sentido. Eu não tinha realmente vivido até depois que eu morri, em alguns aspectos.

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Mas, desta vez, focando o positivo não parecia fazer qualquer diferença. Eu ainda podia ver através de mim. O que significava que acabou. Eu respirei profundamente, sentindo-me surpreendentemente calma com a ideia. Mas havia mais uma coisa que eu tinha que fazer. Eu reuni minhas últimas forças e me dirigi para onde eu tinha escutado Erin pela última vez. Como esperado, ela estava tentando se levantar do chão. Eu dobrei meus braços sobre meu peito, esperando que me fizesse parecer mais imponente, que é, francamente, uma façanha difícil quando você está na maior parte invisível. – Erin. Ela girou ao redor, assustada e quase caiu novamente. Bom sofrimento. – O que você está fazendo aqui? - Ela perguntou, tropeçando até ela recuperar seu equilíbrio. Evidentemente, ela não tinha me ouvido seguindo-a no meio de todo o ruído que ela fazia. Chocante. Eu bufei impaciente. – Você sabe por que estou aqui. Ela riu, balançando. Quanto ela bebeu? – Não, ainda não, – ela declarou. – Não acabei com minha vez ainda. – Ela mexeu suas mãos para baixo a sua frente, sucedendo na remoção de algumas folhas mortas e galhos. Eu espreitei em direção a ela, fechando a distância entre nós. – Isto não é um jogo. Ela pisou para trás com cautela. – Talvez não para você.

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– Não devia ser para você também, estúpida. – Opa, aí eu estava sendo negativa novamente. Acho que isso não importava agora. – Onde você pensa que você vai? Ela olhou sobre seu ombro, mais dentro da floresta. – Tem que ter uma rua ou uma rodovia ou algo assim... eventualmente. – Não como aquilo. – Eu rolei meus olhos. – Quero dizer, você já ficou pendurada no meio por cinco anos. Quanto tempo você acha que vai durar? Outro cinco anos? Cinco dias? Tudo o que posso dizer é que não vai ser para sempre, e é muito menos agora do que você está soprando energia carregando–a ao seu redor. – Eu assenti com a cabeça em direção a seu corpo apropriado. – Você está mentindo. – Não, eu não estou. Eu estava lá uma vez, lembra? E olhe para mim agora. – Eu fiz um gesto para baixo no vago contorno de meu corpo. Seus olhos se estreitaram. – Você está apenas dizendo isso porque você quer que eu saía, assim você pode tomar posse novamente. – Você acha sinceramente que eu vou ser capaz de fazer muita coisa como estou? – Doía–me admitir isso para ela. Seu olhar presunçoso retornou. – Então eu acho que estamos terminadas aqui. – Mas, em seguida, ela soluçou, destruindo o que eu tenho certeza que ela imaginava um triunfante momento. Eu suspirei. – Nem perto. Olha, a menina cujo corpo você está usando, ela tem uma família. – E?

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– E... – Eu resisti ao impulso de adicionar "sua idiota", porque eu queria ter tempo para terminar a conversa. – Ela não é um brinquedo. Ela é uma verdadeira pessoa com pessoas que se preocupam com ela. Você não pode apenas circular por aí como ela, fazendo o que quiser. Eles estão preocupados com ela. Pensando que ela fugiu ou foi raptada ou algo assim. Na verdade, a imagem da Sra. Turner curvada ao telefone à espera de notícias, como ela tinha uma vez sentado perto da cabeceira de Lily, esperando algum sinal de vida de sua filha, me matou. Eu odiava que eu não poderia chegar a agradecer-lhe, no entanto, indiretamente, tudo o que ela tinha feito por mim, mesmo que ela acreditasse que era para sua filha. ... Ela se importava. Realmente se importava. E foi, bem, uma experiência agradável, mesmo se uma desconhecida. Erin acenou uma mão desconsiderando. – Como se você se preocupou com isso quando você era ela. Eu rangi os dentes. – Eu fiz, na verdade. – Por quê? – ela perguntou, soando genuinamente surpresa. – Qual é a questão? – A questão é que na morte, assim como na vida, nem tudo é sobre você! – As palavras explodiram da minha boca antes que eu tivesse tempo para considerá-las, e quando eu fiz... descobri que eu acreditava nelas. Hum. – Todo mundo está lutando do seu próprio jeito, - eu disse, tentando encontrar as palavras para convencê-la, para fazê-la entender. – Se você pode ver isso ou não. Se você não pode fazer as

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coisas melhor, você tem a obrigação de tentar, pelo menos, não piorálas. Entendeu? – Quem disse? – Ela exigiu. – Deus ou algo assim? – Não sei, – disse cansadamente. Eu podia sentir minha energia desvanecendo, sussurrando no meu ouvido que eu deveria parar de lutar e deitar. – Que tal decência humana? Erin abriu a boca para protestar, mas levantei minha mão. – Tudo o que estou dizendo é que suas escolhas vão voltar para você. Confie em mim. – Sentei-me na base da árvore mais próxima e inclineime contra o tronco, sentindo uma pequena ponta de alívio. Erin olhou-me com uma carranca. – Mas eu não tive minha chance, – ela disse em uma voz baixa. – Sim. Você teve, – eu disse. – E você estragou para estar um pouco demasiadamente perto da borda. Chato ser você. Ela olhou para mim. – Mas o ponto é que se você está determinado a ficar com isso... com ela – eu fiz um gesto para seu corpo – você ainda tem a oportunidade de fazer a coisa certa para outra pessoa. Uma família que nunca fez nada para você, que nunca lhe custou qualquer parte de sua vida. Ela fez uma careta. Sim. Ter uma forma corpórea era muito menos uma festa quando você tinha que pensar nos sentimentos de outras pessoas. Ha. Bem– vindo ao meu mundo. – Erin?

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Ela olhou assustada e eu me virei para ver o Ed, o luar refletindo nitidamente em seus óculos, tropeçando através do mato em nosso encontro. Ótimo. – Ed? O que você está fazendo aqui? – Ela deu um passo em direção a ele e então se lembrou da minha presença e parou, talvez com medo, que eu alcançasse seu tornozelo quando ela andasse para o outro lado. E... quem sabe? Eu poderia fazer isso, se eu pudesse aguentar o esforço. Ele parou a alguns metros de distância, colocando-me entre eles e pendeu sua cabeça para um lado. – É realmente você aí? – Como você me encontrou? – Ela perguntou, desdobrando seus braços e, em seguida, redobrando-os, como se ela não soubesse bem o que fazer com seu corpo nesta situação. Eu podia imaginar. Ela era uma gêmea, provavelmente acostumada em olhar para Ed e ver alguma versão de si mesma. Não mais. Ele elevou-se sobre ela. – Eu segui você da festa, – disse ele, estudando-a como se ele não tivesse certeza do que ele estava vendo. Ela suspirou. – Quando você bateu a cabeça sobre a mesa de café, porque eu estava perseguindo você... — Você disse à mamãe que era o cão, – ele disse tristemente. – Satisfeito? – ela perguntou com um sorriso. – O que é... O que você está fazendo? – Ele franziu a testa. Ela se balançou novamente. – Gostou? É um novo estilo. Eu gemi. – Você estava pelo mesmo ouvindo qualquer coisa que eu disse? – Eu exigi.

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Ela olhou para mim e depois voltou sua atenção para seu irmão. – Então? – Quem é ela? – Ele perguntou finalmente, balançando a cabeça em direção ao corpo dela. Ela inclinou para trás, obviamente, não esperava essa pergunta. – O quê? – Eu quero dizer, quem é? – Ele perguntou, soando exausto, como se ele tivesse tido esta conversa, ou algum tipo dela, durante anos. – Sou... sou eu. – Ela deu um riso nervoso. – Já abordamos isso, lembra? Ele não disse nada. – Oh, qual é, Eddie, não seja chato. O que é o grande negócio? Isso é bom para todos nós, – disse ela suplicante. – Eu posso ter a vida que eu perdi e você não precisa mais se culpar. Eu estou fazendo as coisas melhores, para nós dois. Então, claramente, nada que tivesse dito tinha ficado com ela. – Então esta é sua solução, tomar o que você quer, como sempre? – Sua voz era aparentemente calma, mas até eu pude ouvir o segmento de raiva abaixo da superfície. Aparentemente, Erin também. – Não tenho que ouvir isto. – Ela virou-se, apontando o nariz para cima em indignação, mas ela tropeçou e caiu novamente quando ela tentou sair. – Sinto muito, – Ed disse em um tom claro, calmo, com raiva. Ela olhou sobre seu ombro para ele, seus olhos com pânico.

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– Eu deveria ter ido com você, – ele disse, nem que fosse nem que fosse para impedi-la de se ferir. – O que você está fazendo? Pare. Nós não falamos sobre isso. – Ela se esforçou em seus pés. – Nunca falamos sobre isso! – Ela parecia indignada e talvez um pouco de medo. – Mas a verdade é que eu estava cansado de fazer sempre o que você dizia, e eu estava começando a pensar por mim mesmo. E você sabia disso. – Ele avançou sobre ela, parecendo mesmo comigo. – Você estava perdendo o controle sobre mim, e você queria me punir por isso. – Não. – Ela balançou a cabeça. – Foi um acidente! – Apesar da raiva em sua voz, Erin estava chorando. Eu podia ouvir seu fungado. Eu simpatizei. Eu não sabia como Erin era, mas Lily era uma chorosa, com certeza. Naquele corpo, não tinha outra maneira. Zangada, feliz, triste, surpresa, Lily teria soluçado através de tudo isso. – Não foi. Quer saber como eu sei? – Ed exigiu. – Você tem medo de alturas, – ele continuou sem esperar por uma resposta. – Eu nunca pude entender porque você estava naquele telhado em primeiro lugar. A única razão que você teria ido lá para cima era para provar algo. Eu pensei que era para aquelas outras pessoas, os rapazes da fraternidade e quem quer que fosse, mas eles não saberiam o que significava para você fazer isso, saberiam? Mas eu sabia. – Foi um acidente, – ela repetiu. – Eu escorreguei e... – Não. – Ed sacudiu a cabeça com veemência. – Isso é como todas as outras vezes: Escoteiras, a feira de Ciências, o baile de formatura. Eu não estava participando, então você fez tudo o que você pensou que seria necessário. Alguns solavancos e contusões de um escorregão de um telhado, e você sabia que eu faria de tudo, que você não iria

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sozinha, mesmo que isso significasse ficar sentado em um canto durante toda a noite enquanto você andava ao redor falando com as pessoas. Merda. Erin tinha feito isso a si mesma? Por acidente, parecia, mas ainda... isso era hardcore. – Você não quis se matar, – Ed continuou, – mas... – Claro que não! – Ela gritou, seus punhos cerrados em seus lados. – É culpa sua que eu estou assim. – Ela fez um gesto para si mesmo, e eu tive que assumir que ela quis dizer estar morta, ao invés de no corpo de Lily. O último era tudo culpa dela. – Se você estivesse comigo, da forma como eu tinha pedido, do jeito que você deveria, então, nada disso teria acontecido. Mas oh, não, Edmund sempre teve que ser difícil. Não importa o que eu estou tentando fazer por nós. – Não queria ser alguém novo, falando sobre carrinhos de barril e festas da fraternidade. Eu gostava de quem éramos - ele disse. – Nós éramos perdedores! – Ela retrucou. – Eu estava tentando nos fazer melhor, mas você é tão egoísta... – Tão egoísta quanto se machucar para fazer com que outras pessoas façam o que você quer? – Ele exigiu. Ela baixou suas mãos em frustração. – Como se eu tivesse uma escolha! – Há sempre uma escolha! – Ele gritou de volta para ela. Então ele parou, visivelmente esforçando-se para se acalmar. – Você fez a sua, e eu estou fazendo a minha. Você me possuiu nos últimos cinco anos. Deixando que eu me torturasse com culpa por algo que você fez. Mas eu estou farto. Esta é a minha vida, e quero vivê-la.

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Uh–oh. Eu podia sentir algum tipo de mudança iminente, como uma carga no ar ao nosso redor. Eu teria falado em advertência, mas de repente parecia que era muito esforço. Eu não me incomodei em olhar para baixo para verificar o andamento do meu desaparecimento. Não era como se fosse ficar melhor, certo? Erin parecia sentir a mudança, também. Ela parecia realmente assustada pela primeira vez e pisou em direção ao seu irmão gêmeo, suas mãos em um gesto para que ele esperasse. – Eddie, espere, escute. Não era desse jeito. Ele olhou para ela de um jeito calmo, avaliador que realmente me fez sentir pouca simpatia por ela. – Sinto muito que você está morta, e tenho certeza de que vou sentir saudades... eventualmente. Oh, ai. Ela se encolheu. Ele respirou profundamente e inclinou seu rosto em direção ao céu escuro acima de nós. – Eu estou deixando-a ir. Ela não precisa estar aqui para mim mais, – ele declarou. Um calafrio deslizou pela minha pele com suas palavras. Ele e Will devem ter tido outro bate-papo depois que eu deixei o carro. – Edmund! – Erin gritou, suas mãos sobrevoando acima de sua cabeça como se para se defender de alguma força invisível de cima. Mas nada aconteceu. Inicialmente. Então seus olhos rolaram e ela desabou... ou, melhor, o corpo de Lily caiu no chão. E acima dele estava o contorno fino de Erin em sua forma original, pouco visível ao luar brilhante. O rosa de seu biquíni era uma mera sugestão da cor em sua rápida aparição que desvanecia.

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Ele a tinha libertado, completando seus negócios inacabados com ela e agora ela estava desaparecendo, sua energia esgotada por possuir o corpo de Lily. O que restava de Erin, mais sombra do que pessoa, pausou em direção a seu irmão, mas ele olhou para longe. Ela olhou ao redor descontroladamente até que ela me viu. Me ajude, ela murmurou. Eu balancei minha cabeça, que senti como se pesasse cerca de trinta quilos. Eu poderia ter lhe dito para tentar reivindicar seu irmão, como eu tinha feito com Will, mas eu não tinha certeza que fosse funcionar. Mesmo com a tentativa de muitos pensamentos positivos e comentários. Eventualmente ela teria terminado do mesmo jeito onde eu estava... desaparecendo de vez. – É isso. – Eu forcei para colocar as palavras para fora. – Última chance. Mais uma oportunidade para fazer a escolha certa. Ela revirou os olhos. Eu fiz um ruído frustrado. – Você não entende. Você vai por este caminho e não há nada mais. Perdida para sempre. Os olhos de Erin se arregalaram. – Então, não seja uma idiota, – eu disse cansadamente. Mas para ser honesta, eu pensei que era esperar muito. Afinal, eu estava desaparecendo, também - um pouco mais devagar, graças a minha ligação com Will, mas ainda estava acontecendo. E a luz não tinha vindo por mim. Quais eram as chances de que ela viria para ela, mesmo se ela conseguisse deixar de ser estúpida e dizer a coisa certa para o seu irmão?

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Nós estávamos ambas ferradas, provavelmente. Mas se ela pudesse fazer um pouco melhor a existência de Ed antes que ela se fosse, só poderia ajudar. Ela mudou sua atenção para seu irmão gêmeo, que ainda não estava olhando para ela. Desculpe-me. Eu podia ver as palavras se movimentarem através de sua boca, mas é claro que ele não podia ouvi-las. Ele nem ao menos olhou - não viu ela se esforçando. E aquilo finalmente pareceu desencadear uma sensação de pânico nela. Ela balançava seus braços ao redor na frente dele, seus lábios se movendo em um fluxo rápido de palavras. Mas seu irmão permaneceu alheio, meio afastado dela. – Oh, qual é, – eu disse a ele, sabendo que ele não poderia me ouvir, mas incapaz de resistir ao desejo de dizer algo. – Olhe para ela. – Teria sido uma coisa para ela tentar e falhar de qualquer maneira, mas para que ela tente e ele nem ao mesmo estar ciente disso? Isso não era justo para qualquer um deles. Ela parou de pular e gritar, então, olhou para ele, seu foco quase palpável. Sim, como se isso fosse funcionar. Mas para minha surpresa, depois de apenas alguns segundos, ele se virou rapidamente, quase como se ele não soubesse que ele estava se movendo até que fosse tarde demais para parar e seus olhares se fixaram. Pela primeira vez, eu reconheci claras semelhanças entre eles.

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Ele era mais velho agora, é claro, então eles pareciam mais como irmãos regulares do que gêmeos. Mas a cor de cabelo, a forma de seus rostos... eu podia ver agora. Desculpa. Eu não quis... Ela murmurou as palavras, lenta e distintamente, mas seu olhar transmitiu o desespero. A cínica em mim meio que pensou que isso provavelmente tinha mais haver com seu pânico pelo seu próprio estado do que com algum desejo intenso de fazer que tudo ficasse certo com seu irmão. Mas então ela estendeu a mão para tocar seu braço, mesmo que isso não fosse possível, e eu senti uma estranha espécie de pressão no ar, como uma bolha nos empurrando para fora. Então, um calor muito familiar e um brilho começaram a derramar por cima. Não. De maneira nenhuma. Meu intestino torceu em choque e decepção. Filha da puta. Ela recebe luz? Erin piscou em surpresa, seu corpo tenso como se ela estivesse prestes a enlouquecer. Mas eu vi o momento em que o calor passou sobre ela. Sua aparência solidificando, assumindo o brilho da luz, e ela relaxou com um sorriso, praticamente nadando em sua recémencontrada paz e aceitação. E eu desejei que eu pudesse bater nela. Olhando para a luz, Ed levantou sua mão sobre seus olhos, lágrimas deixando brilhantes traços em suas bochechas. Eu tinha certeza que eu estava chorando, também, embora mais de fúria e amargura. Eu estava sendo deixada para trás novamente. Mesmo depois de tudo que eu tinha feito. Que surpresa.

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Ed assistiu o brilho antinatural lentamente caindo, como o mel de um frasco e ele andou rapidamente, como se ele pudesse tentar ir com ela. – Erin! Mas ela estendeu a mão para detê-lo e deu-lhe um sorriso de quem sabe tudo, pacífico, que sugeriu que ela tinha chegado alguma introspecção nova sobre a vida (e morte) naqueles poucos segundos. Ou talvez apenas estar na luz fez tudo parecer menos importante por comparação. Eu não sabia - a maioria das minhas memórias do meu tempo na luz tinha desaparecido. Enquanto eu assistia, Erin acenou adeus a seu irmão. Ed pareceu estar mal conseguindo ver tudo isso, baseado na maneira que seus ombros tremiam, mas ele conseguiu acenar de volta. Então eu olhei com inveja incondicional enquanto Erin entrava totalmente para a luz, o rosto inclinado para cima para entrar no calor que eu mal lembrava. Sua forma ficou mais brilhante até que se misturou com a luz e desapareceu. Engasgando em soluços, Ed virou-se e fugiu, deixando-me sozinha com o corpo amassado de Lily. Eu suspirei. Ou tentei. Nenhum ruído saiu. Senti-me com um pico de pânico. Parecia que eu estava apenas segundo atrás de Erin, em seu caminho anterior para o desaparecimento e a luz com certeza não ia aparecer sobre a minha cabeça para me pegar no último segundo. Exceto...

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A luz não tinha se retirado ainda, percebi no momento. Ao contrário de meus anteriores encontros com ela, a luz estava persistente, uma dourada e bem vinda coluna a apenas a alguns metros de distância. Como se estivesse esperando por algo. Por mim? Esperança pulsou através de mim. Seria mesmo possível? Fiquei com medo de mexer, como se eu fizesse alguma coisa para atrair a sua atenção, ela pode desaparecer... novamente. Com apreensão, arrastei-me alguns centímetros para frente, testando; mas para minha surpresa, ela não foi para trás. Se alguma coisa, ela se aproximou... ou talvez ela simplesmente expandiu até a borda exterior chegar até mim. Senti seu calor e força se infiltrando em mim, e eu quase chorei com alívio. Eu olhei para baixo e vi meu corpo retornando, preenchendo e tornando-se sólido novamente, só que desta vez, com um brilho que eu reconheci como parte da luz. Empurrando-me para rastejar novamente, descobri que era mais fácil do que antes, como se eu fosse capaz de ficar de pé e caminhar para a luz. Após alguns metros, eu dei uma pausa para ouvir, tentando identificar um novo som que ainda era de alguma forma familiar. Áspera, rouca, desigual. Eu olhei e encontrei-me ao lado do corpo de Lily. Ela estava virada para o lado, seus braços balançando molemente e sem Erin, ela estava, como esperado, morrendo. Aquele novo som era ela lutando para respirar.

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Eu congelei mesmo nos confins do calor eterno, incerto do que fazer. Sem mim, Lily iria morrer. Nenhuma dúvida. Mas eu estava sendo oferecida a chance que eu esperava. A luz estava aqui. Para mim, neste momento. Eu desejava a luz como o ar que eu uma vez precisei para respirar, como Lily ainda fazia e isso perto dele, eu me senti puxando para mim como se fosse uma casa que eu nunca iria conhecer e ainda sentia falta desesperadamente. Mas eu estava sendo oferecida uma escolha aqui, não estava? E tinha que haver uma razão para isso... Certo? Talvez. Sentei-me para trás em meus joelhos em frustração. Sempre foi sobre escolhas, assim como eu tinha dito a Erin. Mas como eu deveria saber o que era certo nesse cenário? Eu tinha a sensação que esta escolha - para ficar ou ir - poderia ter sido uma que eu tinha lutado antes. Tinha um sentido vago e enevoado de familiaridade que cercava tudo que eu lembrava - ou não - sobre a luz. Era possível que eu não tivesse sido enviada de volta, mas tivesse escolhido voltar, por meu próprio livre-arbítrio? Eu nunca tinha entendido por que eu não poderia recordar a paz de estar na luz. Eu tinha pensado que talvez a remoção dessas memórias fosse parte da punição que me enviou de volta à vida. Mas se eu tivesse escolhido retornar, então talvez não lembrar da luz - e a felicidade que eu provavelmente teria experimentado enquanto estava lá, era na verdade uma gentileza. Mas mesmo se isso era o que tinha acontecido antes, não me ajudava agora, confrontar está decisão.

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– Fan-térrivel-tástico, – eu murmurei. – Assim você não pode me dar uma dica aqui? Isso iria matá-lo? Mas a luz permaneceu quente, acolhedor e silencioso; e a menina ao meu lado continuou morrendo. Eu suspirei. – Claro que não. – Isso poderia realmente fazer isso mais fácil. Eu desejei que eu pudesse falar com Will uma última vez antes de... bem, apenas antes.

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Will – Ei! Você é realmente tão estúpido? – Uma voz feminina disse em algum lugar nas proximidades. Por um segundo, de minha posição no chão, com meu rosto enterrado na grama e sujeira e sangue, eu pensei que fosse Alona falando comigo. E enquanto eu concordava que apanhar não era a coisa mais inteligente que eu já tinha feito, não era como se eu pudesse parar. Eu tive meus momentos, mas não o suficiente. Não perto de suficiente. E de novo, isso era o que acontecia quando você estava em uma situação de dezesseis contra um. –

Ei,

disse

ela

novamente,

e

a

pancadaria

parou

momentaneamente. – Ele está quebrando o portão, – disse Ben, sem fôlego. Desculpe se bater muito em mim fez tão mal para você, cara. Eu queria rastejar para longe, mas tudo doía muito para que eu me mexesse. Respirar doía. Eu estabeleci-me para mexer a minha cabeça, então eu poderia pelo menos ver o que viria depois. Minha nova visão do mundo mostrou-me a Misty Evans em pé acima de mim, um copo vermelho em sua mão e seu namorado, Chris Zebrowski, ao seu lado. Misty foi minha defensora? Isso não faz nenhum sentido. Mas ela tinha parado Ben, temporariamente pelo menos, que me pareceu (sem trocadilhos) como uma coisa boa de qualquer maneira.

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– Ele veio depois da outra aberração, aquela menina Lily. – A voz de Ben continha uma quantidade arrepiante de desprezo, como se ele nunca tivesse tido um pensamento de Lily com carinho. – Aparentemente, você não achava que ela era tão estranha poucos minutos atrás, – Misty respondeu prontamente, e algumas pessoas se espantaram. Oh. Oh, não, Erin, o que você fez? Se ela tivesse dando em cima de Ben, isso, pelo menos, explicaria o desvio do plano de Alona e seu ataque vale-tudo para cima de Erin. – O que você quer, Evans? – Ben passou as costas de sua mão no sangue escorrendo do nariz. Sim, eu tinha feito isso. Eu podia ter sentido orgulho, se eu tivesse sido capaz de sentir algo além de dor e meio que quebrado. – Que tal começar faculdade sem antecedentes criminais? - Ela exigiu. – Você se lembra de o que aconteceu da última vez que aquela garota entrou em problemas com um dos seus convidados? Policiais em todos os lugares. Um murmúrio se espalhou através da multidão, como se esta fosse à primeira vez que eles tinham considerado a possibilidade da intervenção de policiais. Idiotas. Só porque Ben era invencível na escola não significava que o mesmo conceito era aplicado aqui. – E bater nele vai ajudar como? – Misty continuou, no mesmo tom agressivo que eu reconheci de Alona. – Você está apenas fazendo que fique pior para si mesmo. Tudo o que ele tem que fazer é dizer a polícia que chegou para levá-la e você o atacou.

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O murmúrio da multidão cresceu mais alto, e Ben, sempre o anfitrião experiente, olhou em volta e viu os seus colegas à beira do pânico. Ele balançou a cabeça e cuspiu no chão ao meu lado em desgosto. – Que seja. – Ele chutou a minha perna, mas já que ele não tinha a maioria da sua força anterior, foi mais para mostrar do que qualquer outra coisa. – Pegue-a e vá embora. Ele se virou e foi embora. – Não vamos deixá-los estragar nossa festa! – Ele gritou para seu público. – Tempo para bater em um fresco! Um grito festivo subiu daqueles que estavam em torno de mim, e a multidão começou a dissipar-se, sem que ninguém me desse uma segunda olhada, deixando-me sozinho, muito menos para ver se eu estava bem. O show acabou, e eu tinha todo o significado de um descartado. Acima de mim, Misty deu a Chris um empurrão suave para acompanhar Ben, mas em vez de ir com ele, como eu esperava, ela parou por um segundo rápido e me olhou da cabeça aos pés, como se ela estivesse verificando por ossos quebrados aparecendo. – Obrigado, – eu consegui balbuciar. Misty tinha me salvado. Eu talvez pudesse ver agora porque Alona estava grata a ela, mesmo depois do que Misty fez o que fez com Chris. Por um longo momento ela não respondeu, e então ela balançou a cabeça para mim. Era pouco perceptível - no caso de quem estava assistindo, obviamente - mas estava lá. Então, ela andou para longe, o copo de cerveja na mão e gritando uma estridente saudação a uma das suas colegas líderes de torcida do outro lado do quintal. Na mente de Misty, nós estávamos quites agora. Muito justo.

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Eu rolei para o lado e a dor me fez parar para respirar, mas eu me empurrei até meus joelhos e então lentamente para os meus pés. Devagar, eu poderia sentir inúmeros hematomas e arranhões, e a forte dor no meu lado esquerdo cada vez que eu inalava e exalava, eu estava apostando em costelas quebradas. Eu podia, no entanto, ainda respirar, então provavelmente não tinha um pulmão perfurado, ou qualquer coisa. Deus. Que bom para mim. Levantei meu olhar para a linha da árvore à distância, tentando me preparar para a caminhada para encontrar Alona e Erin, onde quer que eles tenham desaparecido (e com situação de Alona poderia apenas rezar para que não fosse, literalmente, o caso) e congelei quando eu olhei bem para a floresta. A luz - brilhante quente e gloriosa - alcançava acima das árvores em uma coluna reluzente. Ela tinha vindo para alguém. Erin... ou Alona? Ou ambas? Alona teria ido antes que eu tivesse uma chance de dizer adeus? Um adeus verdadeiro? Um último beijo e a chance de dizer a ela que ela tinha feito minha vida melhor, mesmo que ela me deixava louco? Que estávamos melhores juntos do que eu jamais seria sozinho, mas que por causa dela, eu estaria bem? Não ótimo, mas bem, e eu que devia tudo a ela? Não. Eu precisava vê-la uma última vez. Meus olhos quentes e ardendo, eu pressionei a minha mão contra minhas costelas na tentativa de mantê-las juntas e decolar em um caminhar trôpego.

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Eu mal tinha chegado à floresta e passado alguns casais bêbados que não tinham se incomodado em ir para a casa de Ben para um tempo sozinho quando Ed veio para fora e quase bateu em mim. – O que você está fazendo? – Eu perguntei, espantado de vê-lo aqui. Eu não tinha o visto deixar o carro depois de mim, mas ele deve tê-lo feito. Ele estava chorando, seus óculos em sua mão. – Ela se foi. Meu coração despencou em direção ao meu estômago. – Alona? Ele franziu para mim, sua testa enrugando. – Quem? Antes que eu pudesse responder, ele sacudiu a cabeça. – Não, Erin. Ela... a luz... foi tão brilhante, e ela só... foi. – Ele soou todo admirado e triste ao mesmo tempo. Normalmente, eu teria ficado com ele, tentado ajuda-lo no momento. A primeira vez que você via a luz, especialmente se ela não estava vindo para você, era um pouco como uma experiência alucinante. Mas eu não podia neste momento, não agora. Passei por ele e continuei. – Ei, você está bem? – Ele falou por trás de mim. – Você não parece tão bem. Eu o ignorei e me foquei na coluna de luz próxima. Tornou-se mais brilhante o mais profundo que eu ia para a floresta. Mas eu não poderia dizer se foi porque eu estava me aproximando ou se as árvores estavam bloqueando a luz da casa de Ben. E, em seguida, ela desapareceu. Como se alguém tivesse virado um interruptor gigantesco. Eu tropecei ao parar, cegado pela escuridão repentina.

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– Não, não, não. – Eu podia ouvir as palavras quebradas em minha voz saírem, mas parecia que eles estavam vindo de outra pessoa. Quando minha visão voltou, eu comecei a avançar na direção de onde eu pensei que a luz estava, mas tudo parecia o mesmo escuro. Árvores. Em todos os lugares. – Ally! – Eu gritei. Era o único nome que eu poderia usar em segurança para ela com tanta gente nas proximidades, e um que eu passei a associar com ela, de todo jeito. Sem resposta, e embora eu meio que esperava, não me impediu de sentir aquela sensação de socado no estômago, com o qual eu estava recentemente familiarizado. Eu continuei procurando cegamente alguma coisa, qualquer coisa, quando o luar pegou uma forma pálida no terreno cerca de dez metros à minha frente. Oh, não. Corri para frente, ignorando minhas costelas, meu cérebro gritando para eu me apressar, mesmo que alguma parte de mim sabia que já era tarde demais. Tudo o que tinha acontecido aconteceu. E não havia nada que eu pudesse fazer para mudar. Eu escorreguei em folhas mortas e cai no lugar ao lado dela. Reunindo-a em meus braços, eu senti o cheiro perceptível de cerveja, mas também o perfume mais fraco do shampoo cheiroso que ela usou, tanto Ally quanto Alona. O corpo de Lily ainda estava respirando, eu podia dizer, mas não havia nenhum sinal de vida diferente daquele. Alona tinha ido embora, e tinha acabado.

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Então...

era

isso.

Lágrimas

derramaram

pelas

minhas

bochechas, quentes, molhadas e ardendo em meus vários cortes e arranhões, mas eu não me importei. Eu a levantei, mantendo-a mais perto, seu rosto pressionado contra o meu ombro. – Me desculpe. Eu deveria ter estado aqui. Eu não queria te deixar sozinha… – Você sabe, eu tive muitos problemas para ficar, – ela disse calmamente, sua voz abafada contra mim. Eu pulei um pouco com o som e então comecei a rir e chorar ao mesmo tempo, sentindo-me ridículo, mas incapaz de parar. – Você está aqui. – Seria bom se você não me sufocasse logo depois, – ela continuou, soando exausta. Eu tirei a cabeça para longe de meu ombro, para que eu pudesse ver seu rosto. – Você está bem? – Cansada. Realmente cansada, mas bem. Nada que um galão de bochechos e um chuveiro de descontaminação total não resolvam. Ela levantou a cabeça lentamente, como se fosse um esforço, e provavelmente era. Eu mantive a minha mão atrás de seu pescoço para ajudar a suportá-lo. Ela tocou minha bochecha suavemente, e eu recuei. – O que aconteceu com você? – Ela perguntou. – Ben estava se sentindo artístico. – Queria reorganizar meu rosto. Eu procurei seus olhos, procurando por sinais de que ela estava tão bem como ela pretendia dizer. Batom ainda estava manchado

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através de sua boca, e usei o lado do meu polegar para esfregá-lo. Ela iria odiar tão logo ela visse que ele estava manchado. Ela sorriu. – Cara engraçado. Mas há boas notícias. – O que é? – Você parece bem em vermelho de sangue, também, eu acho. Eu rolei meus olhos. – Oh, você é uma descontrolada. – Eu tento, – disse ela com um encolher de ombros modestos. Então foi tudo muito e seus olhos ficaram brilhantes e claros, com lágrimas, e ela olhou para longe. – Eu pensei... – ela começou com uma voz trêmula. – Eu sei. – Segurei-lhe mais apertado, ignorando a dor em minhas costelas e vários inchaços e contusões. Nada disso parecia importante neste momento. – A luz, – eu disse. – Você... – Sim, – ela disse suavemente. – Eu poderia ter ido. Ele estava me dando uma escolha. Como da última vez. O que era uma novidade para mim e, mesmo que estivesse pouco iluminado como estava aqui na floresta, deve ter tido luz suficiente para ela ler a minha expressão. – Sim, eu não sabia, também, – ela disse, olhando para baixo. – Não me lembrava. Não até estar aqui e eu estava nas margens dela. – Você não ficou por mim. – Eu hesitei. – Não é? – Tão lisonjeiro como isso ia ser, eu não queria na minha consciência. Ela riu, realmente bufou. – Por favor. Quem você acha que sou? – Ela sentou-se reto, parecendo crescer mais forte quanto mais

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estávamos aqui. – Eu fiquei porque eu podia, – disse ela simplesmente. – Porque eu podia estar terminada, mas eu não acho que eu estou. Ainda não. Eu não tinha certeza do que isso significava, exatamente, mas agora, eu não me importava. Ela estava aqui. – Mas, – ela disse, evitando cuidadosamente o meu olhar, sua presença contínua pode ter sido uma regalia que considerei. Eu me escondi atrás de seu ombro, onde o cabelo dela não iria ficar por causa de seu novo corte de cabelo. – Eu acho que, uh, eu poderia estar apaixonado por você, – eu disse, minha voz soando grossa e estranha ao mesmo tempo para meus próprios ouvidos. Estranho depois de tudo o que nós tínhamos passado juntos que isso seria tão difícil de dizer, mas foi. Eu não podia sequer olhar para ela, focando em um errante fio de cabelo. – Isso vai ser um problema? – Perguntei duramente quando ela não respondeu. Ela riu. – Provavelmente. Provavelmente muitos problemas. Mas – ela colocou suas mãos sobre meus ombros quando eu tentei me afastar – nós vamos resolvê-los. Eu não vou a lugar algum. – Ela envolveu seus braços em volta do meu pescoço e segurou firmemente. Levaria mais tempo e paciência para ela chegar ao ponto onde ela estivesse confortável o suficiente para dizer que ela me amava, mas eu sabia que neste momento ela o fazia. Eu me inclinei para trás para olhar para ela, só ela, essa menina que foi Ally, mas também Alona, e que tinha uma semelhança com um amigo que eu tive uma vez, mas era alguém novo. Alguém, que eu poderia viver sem, mas não queria.

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Eu me aproximei mais, atraído pelo desejo de marcar este momento, na realidade, em toque e gosto. Ela se afastou um pouco, a mão cobrindo a boca como se ela tivesse o hálito de alho. – Você tem alguma ideia de quem Erin estava beijando? – Sim, então nós vamos escovar nossos dentes realmente, realmente bem mais tarde, – eu disse, batendo suavemente o seu nariz com o meu. Eu não ia deixar ninguém estragar este momento. Ela abaixou sua mão ligeiramente. – E queimar nossas escovas de dente? – ela persistiu. – Vou comprar um novo par delas, – prometi meus lábios movendo-se contra sua bochecha. Ela assentiu com a cabeça e baixou a mão do resto do caminho. Eu passei minha boca contra a dela. Ela estremeceu, e suas mãos se moveram para tocar o meu cabelo e puxar-me mais perto. Eram beijos castos, em deferência à noite que ambos tivemos, mas elétrico em seu potencial. Eu podia sentir o futuro neles. Um futuro que nunca pensei que eu teria, e um que eu quis mais do que qualquer coisa.

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Ally Will estava me esperando na área da entrada e saída, em frente à escola quando eu saí no final do meu primeiro dia. À vista dele, parei completamente, piscando no super brilhante sol da tarde, sem ter certeza se eu estava vendo o que eu queria ou o que realmente estava lá. Tinha sido duas semanas desde a última que o vi. Quando Will me levou para casa para o muito preocupado, muito chateado Turners, eu expliquei que ele tinha ido atrás de mim em uma festa e tinha me levado até em casa. Eles ficaram duvidosos, mas insisti e eles eventualmente agradeceram−lhe, embora, com relutância. Então eles ficaram me abraçando em turnos até que eu não conseguia respirar... e me deixaram de castigo por um mês todinho. Sem visitantes, sem telefone e sem INTERNET. Diversão. Quase tinha sido suficiente para me fazer desejar voltar à escola. Na verdade, não. Não tinha. Will manteve sua distância pelo último par de semanas tentando respeitar os desejos dos Turners, ele disse, em alguns dos poucos sussurrados telefonemas que eu consegui fazer. OK, sim, bem, eu entendi, mas eu sentia falta dele - mais do que eu estava disposta a admitir. E foi o suficiente para me fazer começar a ficar preocupada. Nós já tínhamos passado por mais coisas que duas

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pessoas devem passar em várias vidas, o que não era surpreendente, tendo em conta as circunstâncias. E se, depois de ter tempo para pensar longe do calor do momento, ele tinha reconsiderado? Eu não tinha certeza que eu poderia culpá−lo. Não iria mudar minha escolha de ficar como Ally - eu não podia, realmente, enfim mas me machucaria. Muito. Então, eu estava obcecada sobre o que eu diria, como eu faria particularmente com o outro item que eu tinha na minha agenda quando eu o vi novamente, não esperando que fosse por mais um par de semanas. Que foi por isso que eu me perguntei, ao vê-lo me esperando fora da escola, se ele era uma invenção da minha imaginação. Mas ele não desapareceu no nada ou se transformou em outra pessoa. Era definitivamente Will. Ele estava encostado no Dodge, suas mãos em seus bolsos, olhando todos com cautela, como se esperando alguém proclamar que tinha havido um erro e tenta-lo arrastá-lo de volta para o edifício. Eu comecei a andar em direção a ele e quando ele me viu, sua tensão pareceu aliviar, e ele se endireitou com um sorriso que fez meu coração - sim, meu, porque para todos os efeitos era agora, mesmo que eu não tenha nascido com ele, e fazer novas distinções neste momento parecia ridículo - deu uma batida extra - rápida. Eu tinha que verificar o desejo de correr para ele. Primeiro, porque correr? Ainda não era minha coisa favorita com a perna, embora que estivesse melhorando com o tempo e fisioterapia. Segundo, porque, olá, era melhor agir normal, mesmo agora... apenas no caso.

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− O que você está fazendo aqui? − Perguntei, aproximando-me no que eu esperava era um ritmo razoável, mas provavelmente ainda era muito rápido e não tentando sorrir muito. Tanto para agir normal. Ele disse que ele me amava. Este é o cara que me conhece e me AMA. As palavras correram em um refrão constante vertiginoso na minha cabeça. Eu tentei ignora-las. Ele deu de ombros, parecendo um pouco presunçoso. − Tenho a permissão dos Turners para buscá-la hoje. Disse-lhe que jogar pelas regras iria funcionar. − Ele deu um passo de lado e abriu a porta para mim. Eu falei com ele enquanto eu subia. − Fui eu quem te ensinou isso. Ele riu. − Yeah, bem, você ainda está de castigo por enquanto, então eu tenho que te deixar em casa em meia hora. − Ele bateu a porta e andou em torno para entrar no lado do condutor. − E Tyler? − Eu perguntei com uma carranca quando Will deslizou atrás do volante. Eu não queria abandoná-lo na escola com nenhuma palavra sobre onde eu iria ou o que deveria fazer. Não agora que ele e eu tínhamos chegado a uma trégua tênue entre nós depois do último par de semanas. Eu acho que ele ainda não estava certo do que fazer comigo, como combinar quem eu era agora com a irmã que ele tinha conhecido antes. Mas ele estava tentando; ambos estávamos. E ele tinha achado meu conhecimento do funcionamento interno da escola pelo menos um pouco valioso e fascinante. Ele me pediu para ajudá-lo a escolher algo para vestir hoje. Graças a Deus. − Sra. Turner disse que ela iria deixá-lo saber para pegar o ônibus sem você, − disse Will.

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Tyler provavelmente não ficaria feliz por isso, mas neste momento, eu não me importei. Meia hora sozinha com Will após duas semanas de praticamente nenhum contato valia a pena. Além disso, morava apenas a oito minutos da escola. Seis, se ele dirigisse rapidamente. O que faríamos com os restantes vinte e quatro minutos? Eu poderia pensar em algo. Meu coração começou batendo mais rápido em antecipação. Mas Will não fez nenhum movimento em direção a mim. Apenas ligou o carro, como se ele estivesse me levando para casa. Realmente? − Então, como foi hoje? - Ele perguntou. Eu me movi no meu lugar. − É meu segundo primeiro dia do segundo ano. Como você acha que foi? Graças a Deus eles tinham me permitido testar o restante do "meu" primeiro ano. Todo mundo estava surpreso com o quão bem eu saí nos meus exames. Francamente, eu também. − Considerando que eu tinha aprendido a maioria do material um ano e um meio atrás ou mais. Mas eu tinha estado além de motivada. Mais dois anos no ensino médio? Inaceitável. Um ia ser ruim suficiente. − Algum problema com fantasmas? Como é engraçado que ele estava me perguntando isso. Embora ele tivesse aparentemente lidado bem o suficiente sem mim no último par de semanas. Como eu tinha sempre suspeitado, uma vez que ele deixou os espíritos saberem, em termos inequívocos, que ele mandava invés do contrário, as coisas tinham sido melhores para ele. − Nada que eu não possa lidar, − eu disse. Eu podia ver espíritos, agora, mais do que nunca. Minha "visão" tinha chegado totalmente

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depois que eu tinha retornado ao corpo de Lily pela segunda vez. A luz passou sobre nós, antes de desaparecer, e era como se a conexão final tivesse sido feita. Eu era agora uma mediadora tanto quanto Will. − Bom. − Ele sinalizou para se juntar à linha de carros esperando para sair do estacionamento. Sério? Ele realmente ia me levar para casa agora? − Você está muito tranquila aí. Eu sinto como se eu pudesse ter que completar uma frase. Eu olhei para ele. − Oh, cala a boca. − Assim é melhor - ele disse alegremente. Uma vez que claramente não haveria qualquer beijo no momento - e por que diabos não? - eu pensei que eu poderia também assustá-lo de uma vez só. Terminar logo com isso. Pensei na pasta cheia de papelada que eu estava carregando na minha bolsa pelo menos pela última semana, mentalmente folheando os potenciais argumentos iniciais que eu havia criado. Durante meu tempo na terra, eu tive muito tempo para pensar sobre coisas. Coisas futuras. Will estava indo para a Faculdade Comunitária de Richmond para sua educação geral e ele teria o seu próprio apartamento no próximo semestre. Não pude deixar de tremer com a ideia de um lugar que seria nosso. Bem, dele, mas mais nosso do que na casa de sua mãe ou de Sam - já que a mãe de Will estava se mudando para lá - ou na minha casa com os Turners. Precisávamos de um plano. Pelo menos, eu precisava - que era como eu trabalhava melhor. Eu queria isso, eu acho, se ele quisesse fazer parte.

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− Então... Eu estive pensando sobre as possibilidades de negócios do nosso dom - eu disse cuidadosamente. − Se você olhar para a relação das pessoas que precisam... − Você quer que nós ganhemos dinheiro com as pessoas? − Ele falou abruptamente e dirigiu-se à borda do estacionamento, não muito longe da linha quente onde ele uma vez tinha estacionado. − Não, quero ajudar as pessoas. E cobrar adequadamente, − eu rebati. Eu tinha este discurso todo trabalhado, se ele apenas me deixasse terminá-lo. Eu respirei profundamente. − Olha, médicos não trabalham de graça, certo? E eles estão salvando vidas. Nós estamos ajudando pessoas completarem a deles. Ele abriu a boca para falar, mas eu lhe cortei. − Sem truques, sem nada engraçado. Se nós não conseguimos o espírito que eles querem, então nós não enganamos. Ponto final. − Eu não estava nisso para enganar as pessoas. Mas eu queria uma maneira de ajudá−los sem tentar ter um emprego regular, onde, na maioria das vezes, tenho de ignorar os espíritos que eu deveria estar ajudando. − Nós vamos continuar fazendo algumas coisas, ajudando os espíritos sem amigos ou parentes que vivem para nos pagar, porque isso é apenas o que fazemos. Mas se você olhar para o lucro que Ed estava fazendo sem ser capaz de ver outros fantasmas, você verá que é possível, especialmente com nós dois. − Eu alcancei a minha bolsa para pegar a pasta e entreguei a Will. Eu tinha feito uma planilha usando os dados que eu tinha pegado de Ed. Ele tinha feito contato uma vez que ele encontrou seus pais. Ele estava morando com eles em Springfield. − Vejo que Ed encontrou você, também, − Will disse secamente. Tínhamos dado Ed uma carona até a estação de ônibus naquela noite

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depois da festa e compartilhamos algumas de nossas histórias com ele. Bem, tivemos de dizer-lhe algo, quando ele me viu e sabia que não era sua irmã. Nós tínhamos feito uma grande impressão, eu acho, e ele queria ficar em contato. − Pelo primeiro ano ou mais eu teria que trabalhar para você, − eu disse. Will levantou suas sobrancelhas. − Apenas em nome, − acrescentei rapidamente, dando-lhe um olhar azedo. − Como, um estagiário ou algo assim, até eu fazer 18 anos... novamente. − Tão chato! − Depois disso, teríamos de reestruturar, provavelmente como um LLP 7 .− Eu fiz uma pausa. − Pense nisso como uma espécie de uma agência de detetives particulares, somente com fantasmas em vez de armas e sem uma licença. Por hora. Ele não disse nada, e eu continuei para preencher o silêncio. − Nós não vamos ser capazes de ter uma vida normal como todo mundo faz, mas e daí? Por que não usá-lo para nossa vantagem? Você pode se graduar em o que você quiser. Eu vou tentar administração, eu acho. Marketing talvez. − Eu sou boa em levar as pessoas a fazerem o que eu quero. Exceto o Will, talvez. Will olhou para cima das projeções de negócios e as ideias de logotipo que eu tinha fixado fora da pasta. − Você colocou um monte de tempo nisso.

7 *LLP (Limited Liability Partnership) – Parceria de Responsabilidade Limitada é uma parceria em que alguns ou

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todos os sócios (dependendo da jurisdição) tem responsabilidade limitada.


− Olá, sucesso não apenas acontece, lembra? − Eu dobrei meus braços sobre meu peito, lutando contra a vontade de fingir que eu não me importava com o que ele pensava. − Então, você quer trabalhemos juntos, − ele disse devagar, como se eu tivesse sugerido que fossemos de férias para o lado escuro de Marte. Eu enrijeci. − Não é necessário. Eu posso fazer isso sozinha. − Eu arrebatei a pasta dele. − Não. − Ele pegou a pasta de volta. − Você não está entendendo o que eu estou... − Bem, talvez se você tentasse ser mais claro sobre o assunto, − eu disse. Ele expirou profundamente alto em frustração e eu me preparei para a próxima rodada, já preparando os pontos eu poderia trazer em resposta a seus argumentos. Além disso, isto tinha que dar certo. O que mais nós deveríamos fazer? Sair por aí fingindo que os últimos três meses não tinham acontecido? Que não fazia sentido, e a ideia de fazia meu peito doer. Eu não era o que eu tinha sido naquela época, literalmente, e eu não poderia voltar. Nem eu queria. Eu estava distraída, pensando sobre tudo isso, então eu não pude notá-lo inclinando-se sobre mim até que ele pegou meu queixo na sua mão para virar meu rosto em direção a ele. − É um bom plano, − ele disse, acariciando minha bochecha. − Você só tem a dar-me mais de dez segundos para pensar sobre isso. − Tão impaciente... Então ele me beijou lento e profundo, até que eu senti como se eu pudesse flutuar... ou derreter. Oh, Olá.

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Eu estendi a mão e as envolvi na sua camisa para ancorar-me, mas a sensação de sua pele quente só fez piorar... e era tão melhor. − Okay? − Ele murmurou depois de um longo momento. Sim, sim, definitivamente okay. Assenti com a cabeça, mas não consegui parar de fazer a pergunta que tinha sido irritante para mim. − Por que não antes? Ele mexeu-se em seu assento, puxando-se ligeiramente e soltando seu olhar. − Eu não tinha certeza, − ele disse cautelosamente. − Eu sei que você ainda tem que ir para a escola aqui, e se você quer se entrosar... Eu me inclinei e o empurrei para trás em seu assento, apreciando a surpresa no seu rosto e o calor em seu olhar. – Esqueçaos, − eu sussurrei, antes de pressionar minha boca contra a sua e dar o meu melhor para fazê-lo sentir tão tonto e fora de controle como ele me fazia sentir. Após um segundo, ele estendeu a embreagem na minha cintura e um de nós - não, nós dois estávamos tremendo. Foi, puro e simplesmente, um dos melhores momentos da minha vida - antes ou depois. − Se pegando quente. Eu sou uma má influência para você, − ele disse ofegante quando eu parei pra respirar. − Terrível, − eu concordei com um sorriso. E eu não teria tido de outra forma.

FIM

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Trilogia Finalizada!

Site: http://www.staceykade.com

Tradução Ren, Ana Julia, Laura, Giovanna, Helena, Sara, Fernanda, Raquel

Revisão Luara, Nathy

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