DOENÇAS RELACIONADAS AO SANEAMENTO AMBIENTAL João Barbudo Filho
1. Introdução O saneamento básico no Brasil ainda é precário, uma vez que pouco mais da metade dos municípios (55,2%) possuem algum serviço de esgotamento sanitário por rede coletora e cerca de 35 milhões de pessoas não têm nem mesmo acesso à água potável. Ademais, apenas 20% desses municípios que são atendidos dispõem de tratamento do esgoto, o que torna o cenário atual cada vez mais preocupante (IBGE, 2010; MADRI, 2015). No âmbito rural brasileiro persiste uma problemática comum na questão sanitária; na maioria dos casos, os dejetos são dispostos diretamente (in natura) nos corpos d’água, em fossas rudimentares, fossas secas, valas a céu aberto, dentre outros meios inadequados, potencialmente impactantes ao meio ambiente e à saúde humana (CRUZ et. al., 2013; IBGE, 2010). Esses tipos de destinação contribuem para a deterioração ambiental, principalmente dos lençóis freáticos e do solo, além de comprometerem a qualidade de vida das pessoas, sendo fontes de diversas enfermidades que podem se proliferar por meio da contaminação dos alimentos e da própria água (TONETTI et. al, 2011; CALGARO, 2016). Em um trabalho técnico relacionado ao saneamento rural no Brasil (Impacto da fossa séptica biodigestora), COSTA & GUILHOTO (2014) relatam que a falta de tratamento do esgoto sanitário doméstico traz várias consequências negativas para a sociedade. A literatura cita a saúde como a principal variável impactada pelas condições sanitárias da população; nesse contexto, a consequência da falta de tratamento de esgoto, seja rural ou urbano, ocasiona diversas doenças, denominadas doenças feco-orais. Estudo do Instituto Trata Brasil mostrou que o Brasil convive com centenas de milhares de casos de internação por diarreia todos os anos (400 mil casos em 2011, sendo 53% de crianças de zero a cinco anos de idade), sendo a falta de saneamento o principal fator gerador. Estudo do BNDES 25