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Reinvenção

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A Escola ausente

A Escola ausente

Reinvenção

Paulo Antunes6

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O ano de 2020, foi profissionalmente marcante para mim. Após diversos anos em equipas diretivas assumi pela primeira vez as funções de diretor, num agrupamento TEIP, em plena pandemia, durante o 3º período letivo. Esta nova realidade, implicou a mudança de escola e por mais experiência e formação que tenha adquirido ao longo de 25 anos, não se está preparado para uma pandemia como esta e suas implicações na comunidade educativa. A escola reinventou-se e eu também. Às responsabilidades intrínsecas das funções assumidas, passei a lidar com novas exigências ao nível dos protocolos de saúde, transposição de regimes e burocracia inerente ao preenchimento de novas plataformas. Assim, passou-se a conviver por um lado com as preocupações ligadas à saúde física e emocional e, por outro lado, com a desestabilização da área pedagógica com as mudanças intermitentes de regime presencial e não presencial. Ao longo do último ano fomentou-se de forma transparente e democrática, a criação de condições para o sucesso escolar dos alunos, transmitindo uma imagem da escola como espaço de aprendizagem e de segurança, onde há investimento efetivo na criação de condições para o cumprimento da escolaridade de doze anos e do PASEO. No entanto, não podemos ficar indiferentes aos novos desafios colocados aos docentes com a lecionação online e consequente mudança na gestão da sala de aula. Os alunos que querem aprender, são curiosos, colocam questões e gostam de debater assuntos, aprendem em aulas presenciais ou em aulas síncronas. Mas aprendem melhor na escola. Os alunos que não fizeram aprendizagens anteriores em algumas disciplinas, ou que não se esforçam, ficam cada vez mais distantes dos seus

6 Diretor do AE de Maximinos, Braga

colegas, em termos de conhecimentos, se as aulas forem todas em casa, através da plataforma online. Foram várias as turmas que nos surpreenderam com o resultado de dinâmicas de aula que conduziram a aprendizagens que ficarão para sempre: sobre matérias de disciplinas, que são úteis para a vida diária, e aprendizagens que se fazem ao nível social, através de trabalhos em que a partilha de informação e a descoberta nos mostram que aprendemos mais quando estamos juntos do que quando cada um está em sua casa, isolado dos outros. Se numa 1ª fase, o desafio foi colmatar as carências profissionais para trabalhar em ambiente virtual, bem como a disponibilidade de recursos tecnológicos para o desenvolvimento educacional online, a prioridade nos próximos tempos, centra-se na minimização dos impactos emocionais das medidas de isolamento social na aprendizagem dos alunos, considerando a longa duração do regime não presencial no 2º período letivo. Foi um ano muito exigente e complexo, no âmbito de: Problemas – falta de pessoal não docente, absentismo escolar. Desafios – credibilidade do processo de ensino e aprendizagem online, sucesso educativo, cumprimento das metas do TEIP, jovem diretor vs reconhecimento pelos pares, avaliação interna, acolhimento de refugiados. Receios – que algum aluno fique para trás, impactos psicológicos da pandemia na comunidade escolar. Sentimentos vivenciados – Angústia, Resiliência, Esperança. Alegrias – o regime presencial, renovação da escola secundária, retirada do amianto na escola básica com 2º/3º ciclo, aumento do número de alunos.As redes –Diretores de Braga, Parceiros do TEIP. Ações mais gratificantes – Projeto “Ninguém fica para trás”, Programa de Incentivo à Inteligência Socioemocional e Desenvolvimento pessoal, Plano de E@D, Acolhimento de refugiados, Ação do Perito externo. Aprendizagens - os programas são instrumentos, não são um fim em si, as aprendizagens trabalhadas como DAC facilitam a interação dos alunos, discutir estratégias de ensino e avaliação formativa... o fim não é cumprir programas...mas sim

garantir aprendizagens, avançar no sentido da gestão das Aprendizagens Essenciais, entre os vários agentes para proporcionar aprendizagens concisas, no ensino secundário o aluno terá tanto mais sucesso... quanto mais aprender (os exames não dispensam que nos foquemos nas aprendizagens dos alunos), está nas mãos dos professores ensinar e encontrar formas que facilitem a aprendizagem dos alunos, o professor precisa da colaboração dos alunos na sua atuação para que a missão/tarefa seja mais fácil, o princípio vital da aprendizagem é colocar os alunos a agir...a interagir... para aprenderem, o professor monitoriza e inventaria formas de ativar a participação dos alunos (procura soluções), é importante o consenso quanto a linhas de ação em Equipas Educativas de Ano, no E@D o tempo atribuído não é sinónimo de aprendizagens dos alunos, no E@D temos de investir mais na qualidade do tempo: usar o tempo escasso, não para debitar “matéria” mas para promover a ação dos alunos... orientando-os. Em suma, desafios pedagógicos e administrativos não faltaram no último ano aos diretores. A pandemia, obriga a repensar os modelos atuais de ensino, os modelos organizacionais das escolas, as práticas de gestão, o processo de ensino e aprendizagem e a forma com que as famílias se envolvem no processo de ensino e aprendizagem de seus filhos. Deste período, como diretor, retive que a gestão escolar tem de ser ainda mais participativa e menos centralizadora, de maior proximidade com a comunidade escolar, pautada em princípios e valores éticos, com estreita ligação aos protocolos de saúde. Ocorrerá também a reinvenção do Projeto Educativo, dado ser de fulcral importância que, decorrente da pandemia, abarque o Plano de Transição Digital e de E@D, visando uma melhor adequação às novas propostas e metodologias de ensino. Nesta organização, continuamos ON, com espírito de missão, coesos, o que nos fez ultrapassar os nossos limites e nos mostrou que conseguimos fazer a diferença. É nossa missão cumprir o serviço público de educação em articulação com o M.E. e a colaboração permanente da autarquia e parceiros, otimizando um modelo pedagógico centrado no sucesso educativo dos alunos. Transformar o Agrupamento de Escolas de Maximinos num espaço privilegiado de construção e defesa de valores e crenças claras, designadamente na promoção do trabalho colaborativo, conhecimentos e competências facilitadoras da realização de percursos pessoais e valorizar a escola

enquanto espaço privilegiado para o exercício da cidadania, procurando atingir um elevado grau de satisfação da comunidade educativa.

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