Olhares entre Vouga e Caramulo Revelar um território graças aos Homens

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Olhares entre Vouga e Caramulo Revelar um territรณrio graรงas aos Homens

Catarina Bento Director de estudo : Claude Chazelle Escola Nacional Superior de Paisagem Trabalho pessoal de fim de curso Versalhes, 2017

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Os documentos graficos dos quais as fontes nĂŁo foram mencionadas foram produzidas por Catarina Bento. As cartas foram realizadas com base IGEoE. 3


O C EA N

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A caminho para Portugal...

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De carro um trajeto de 15 à 20 horas em fonção do estado físico e do transito. De avião, 2h30 de Paris Orly ao Porto e 1h20 de carro do Porto até Silvite pela autoestrada.

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Índice Prefácio p.13 Marcha p.15

Introdução

p.19

circunstâncias,

morfológicas e climáticas p.20 Uma base granítica p.22 Grandes Maciços e Serras do centro de Portugal p.24 Delta do Vouga / Serras verdejantes / Terras aridas

p.27 No coração dos MaciçoS graníticos, um teRritório desperta: O concelho de Vouzela p.28 p.32 p.36

Carta do concelho de Vouzela Perímetro do Parque Natural Local Vouga-Caramulo Lugares e elementos notáveis do Parque Natural Local Vouga-Caramulo p.42 Encontro com o Parque Natural Local Vouga-Caramulo

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p.57

ao longo do Zela

A pedra em todos os seus estados p.62 p.64 p.68

encontro entre o zela e o vouga a vila de vouzela: promontório na confluência zela através da rocha

Passagem discreta ao pé do Monte Castelo

p.76 p.80 p.84 p.104 p.108

planalto de portelo o monte do lafão

: referência

o vale de vila nova: Unico

espaço amplo no caminho do zela

aperto d’ânsara, extinguir o monumental

nascimento, abertura de adsamo sobre o país de lafões

p.114

Desnudando o sistema do vale do Zela

p.117

Revelar as paisagens

p.119 p121 p123 p129

Revelar a estrutura Cultivar a floresta Valorizar lugares notáveis Redescobrir sabers-fazers e conhecimentos

Considerar

p.131 Conclusão p.137

Bibliografia

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Je suis née ici, Engendrée dans la chaleur des profondeurs J’ai été hissée hors de l’ombre d’un geste brutal Mise à la lumière du jour, j’ai subi Subi, La pluie, le vent, les éléments La pluie lavant mes rugosités Le vent les balayant Le soleil réchauffant ma peau de plus en plus lisse Explosée, découpée, manipulée Multiplier Je me trouve ici, partout à la fois Modeler Je suis de mille formes Composer Je me tiens et maintiens Je suis reine de ces paysages La pierre

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Nasci aqui, Engendrada no calor das profundidades Içada da obscuridade por um gesto brutal Colocada à luz, fui atormentada Atormentada, Pela Chuva, o vento, os elementos A chuva lava as minhas asperezas O vento varre-as O sol aquece a minha pele cada vez mais suave Explodida, cinzelada,manipulada Multiplicada Encontro-me aqui, em todos os lugares ao mesmo tempo Modelada Sou de milhares de formas Arranjada Seguro-me e amparo Sou a rainha destas paisagens A pedra

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Prefácio Sou natural do concelho de Vouzela. Os meus primeiros anos de vida foram passados em Silvite, numa pequena aldeia do vale do Zela, com uma vista frontal para o monte do Lafão. Os meus pais foram viver para França, tinha eu quatro anos. Acabar com o trabalho difícil das terras, quatro filhos para criar, uma situação precária. Deixaram a família, com a esperança de uma vida mais confortável. Todos os anos voltamos, para as férias, os casamentos, os funerais. A nossas vidas estão em dois lugares diferentes. Em França, trabalhamos, temos os nossos amigos, os nosso lazeres, em Portugal temos a nossa família. Quando voltamos a Portugal é para estar com eles e ver o Monte do Lafão, sem o qual o horizonte seria menos encantador. Durante toda a minha vida, tive este monte à frente, e contavam-me histórias de bruxas, de mouras, de lobisomens que vivem neste monte. Estes seres fantásticos, podiam ser visto ou podíamos ver os traços deles. Grande paradoxo desta sociedade católica, que conta e tenta de manter os contos e as lendas do seu território, apesar da missa todos os domingos.

1.Trabalho Pessoal de Fim de Curso

A escolha do meu território de estudo não é anódina. Baseada sobre a vontade de conhecê-lo mais e entendê-lo. Entender a minha admiração, entender porquê ele é tão atraente para mim e para os turistas que o percorrem todos os anos. Primeiro interesse, as minhas raízes, que apesar dos anos ficaram aqui bem enraizadas. Para mim, este território é sinónimo de liberdade, onde tudo é possível. Segundo interesse,a sociedade atualmente mantem uma ligação à terra, mas não como meio de subsistência. Terceiro interesse, a criação do parque natural local Vouga-Caramulo, que chamo a minha atenção de paisagista. Fiquei entusiasmada com está ferramenta, que eu vejo como um potencial de desenvolvimento, mas que não foi bem recebido pela população do concelho e que fica a ser unicamente uma ferramenta para o turismo. Por fim, o desaparecimento do saber e do saber-fazer apaga os valores deste território e pouco a pouco ele se desumaniza. Com a vontade de implicarme profissionalmente neste território, pareceu-me interessante fazer este primeiro passo com o meu TPFE1.

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Marcha Redescobrir : considerar algo ou alguém que estava encoberto, escondido com olhos novos, para recuperar a consciência de algo a que já não era dado pensamento, interesse ou importância. Conhecendo o território com os olhos de criança, precisei do reconhecer. Para o reconhecer precisei do redescobrir. Redescobri-lo com olhos de paisagista. Redescobrir caminhos conhecidos e descobrir os desconhecidos. Interrogar pessoas conhecidas e encontrar novas pessoas a interrogar. Ler nas paisagens mais do que a sua beleza, as suas características, os seus fundamentos, os valores que os rendem extraordinários. Dizer o indizível... A emoção dissimulada atrás de palavras, lindo, grande, panorama, paisagem, floresta, casa, em baixo, pedras, rochedos, terra, vento, fogo... Palavras comuns para descrever emoções fora do comum e uma dedicação irracional para um território, frente aos elementos.

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Introdução Entre a Serra do Caramulo e a vertente Sul do Rio Vouga, há territórios que parecem esquecidos, entre duas grandes entidades geográficas e simbólicas. A volta de Vouzela, as aldeias estão a ficar vazias, as terras desaparecem e a floresta densifica-se, os afluentes do Vouga desaparecem e acabam por ser esquecidos. Este território, investido por economias externas, está dividido entre resignação e o desejo de ver suas encostas novamente recuperar vida. Este desejo é tal que as superfícies adormecidas são disponibilizadas para quem tente renascer das suas cinzas, estes espaços, socalcos, colinas, vales, habitados pelo passado. As populações em situações precárias, parecem às vezes prontas a fazer qualquer coisa que seja. Investimentos maciços de vários milhões com o risco de destruir suas vidas, tentativa desesperada de encontrar um emprego trabalhando de graça. Mas muitos estão satisfeitos com o pouco que eles têm, esquecendo seus sonhos ou suas ambições.

Antigo território de riqueza, a Região de Lafões deslocou-se, sendo dividido entre Vouzela, São Pedro do Sul e Oliveira de Frades. Essa deslocação enfraqueceu o imaginário que existia em torno desta entidade Lafões agora sem território reconhecido. No concelho de Vouzela, as explorações mineiras pararam, o mítico comboio do Vale do Vouga parou, a Vitela de Lafões desapareceu das pastagens, o vinho de Lafões de origem protegida desapareceu, a cooperativa fechou, os corações das aldeias vaziam-se. As estradas nascem e os caminhos desaparecem, com a chegada de zonas industriais, aviários, plantações frenéticas de eucaliptos, as eólicas. Para estar de acordo com essas estruturas cada vez mais massivas, as habitações começaram a crescer, a surgir onde o espaço era amplo, muitas vezes casas habitadas um mês no ano. A partida de uma parte da população dessas aldeias colocou as culturas locais em dificuldade, as tradições nem sempre foram renovadas ou enriquecidas com a contribuição contemporânea. Novos estilos de vida mudaram parcialmente o relacionamento com o território. A falta de tempo, o stress, as contas para pagar retiraram os habitantes de suas florestas e das Serras, que devem ser lucrativas, as terras são cultivadas para subsistência. A nostalgia cada vez mais presente de um momento em que havia pessoas e todos se ajudavam. O trabalho de campo acompanhado de cantares por cinco ou seis pessoas, ou mais durante as colheitas. As festas tradicionais, muitas vezes religiosas, foram uma fonte de entusiasmo para as gerações mais antigas, que viveram esses momentos com certa liberdade. Hoje, tudo isto é um peso, um fardo que os jovens já não querem. 15


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Perente tais mudanças e dualidades entre a gerência ancestral deste território e a brutalidade trazida por novas fontes económicas, será que a paisagem pode ser uma resposta? Pode criar continuidade quando houve uma rutura? Rutura social e aspirações a modelos económicos em conflito com as capacidades do território. O território desliza assim para um lugar cujos valores e os conhecimentos são perdidos porque já não são reconhecidos. Como é que o projeto de paisagem pode ser uma resposta a esta desumanização e participar de uma reconquista de conhecimentos? Como acompanhar estas transformações? Para encontrar uma junção entre os habitantes e seu território, para definir os valores e os conhecimentos para que seja novamente autenticado. Banhado num rico património, cultural e natural concelho de Vouzela criou o Parque Natural Local Vouga-Caramulo para preservar o carácter do concelho ameaçado pelas plantações de eucalipto. O parque valoriza monumentos, fauna e flora, mas esquece o que mais o caracteriza: as suas paisagens e as populações que o habitam. O nome escolhido para o parque é indicativo deste esquecimento e trai a falta de reconhecimento da própria identidade. «Parque Natural Local Vouga-Caramulo», concentra-se em duas entidades fortes já reconhecidas, indicando o que o limita e não o que ele é.

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circunstâncias, morfológicas e climáticas

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Uma base granítica

A área de estudo está localizada no coração de maciços graníticos, que algumas falhas vieram fraturar. A fraturar desta rochas fizeram elevar maciços que determinam a morfologia do território. Depois do Porto, a costa portuguesa alarga-se, dando uma planície aluvial profunda. Ao longo do rio Vouga, as cidades de Albergariaa-Velha e Águeda marcam o início de uma região de terrenos acidentados (ver mapa p.24). Uma sucessão de barreiras montanhosas, dificulta o avanço das precipitações. A primeira barreira é formada pelo Maciço da Gralheira (1077 m) e a Serra do Caramulo (1075 m) e a segunda é formada pela Serra da Estrela (1993 m) e a Serra de Montemuro (1381 m). Estas duas barreiras oferecem a sub-região Viseu/Dão-Lafões encostas férteis e inúmeros nascentes. Paisagens verdejantes no coração das montanhas como em Farves. As precipitações médias aqui são de 2000 mm/ano. Em contraste com os territórios orientais da Serra da Estrela, a região de Salamanca, na Espanha, com uma precipitação média de 400 mm/ ano, apresenta colinas suaves e extensões áridas e desérticas e um solo vermelho.

Território estudado

Ao mais recente alluvions, limons alluvions, limons alluvions, grès et argile calcaire, dolomie et grès calcaire, dolomie calcaire, quartzite, ardoise et grès quartzite et grès gneiss, schiste granite zone supérieure granite zone supérieure et intermédiaire granite zone intermédiaire et inférieure failles

Do mais antigo

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1993

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25

23 50 km


/ Delta do Vouga

Delta do rio Vouga, Paul Teixeira

Delta do rio Vouga, ria de Aveiro Paulo Magalhães

As abundantes chuvas no centro de Portugal, oferecem paisagens verdejantes a este maciço granítico. Essas águas acumulam-se no coração dos maciços que os restringem, até se espalharem num largo delta pantanoso na fachada Atlântica.

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/ Serras

Serra do Caramulo solagasta.com


verdejantes

Aldeia de Farves concelho de Vouzela

/ Terras aridas

Carcavas, Fresno de Cantespino, Castilha e Léon L. MIRA L.

Arredores de Salamanca Região de Castilha e Léon Espanha elevation.maplogs.com

As chuvas raras na região de Salamanca, criam paisagens desérticas e áridas. Algumas árvores emergem no meio desta expansão ocre vermelha, devido à oxidação do ferro.

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No coração dos Maciços graníticos, um território desperta : O concelho de Vouzela

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Carta do concelho de Vouzela

Vales cultivados, montanhas rochosas arborizadas e as Serras nuas, onde encontramos as pedras selvagens rio Vou

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oliveira de frades

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Socalcos

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Floresta

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2,5

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7,5 km

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O Concelho de Vouzela é limitado a Norte pelo Vouga e a Sul pelo maciço do Caramulo. A presença de muitos nascentes, faz deste território um campo verde. No verão, leva tons dourados e secos, com a rarificação das águas superficiais. O rio Vouga é caracterizado por vales cultivados, graças às encostas mantidas por paredes de pedra seca. Cúpulas secas onde o vento varre a rocha que se expressa livremente na forma de acumulação de pedra chamado caos-de-blocos. Estes espaços já foram utilizados como espaço de pastagem. As florestas ocupam as encostas e as montanhas abandonadas pela agricultura e pelo pastoreio.

Culturas em quelhas, que revelam os vales

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Os espaços ventosos ou recentemente afetados pelo fogo, revelam a rocha, o elemento fundador do território

As florestas instalam-se nas cimeiras, apagando gradualmente seu caráter rochoso


Grandes estruturas desenvolvem-se e reduzindo a perceção do território, que nos últimos anos está cada vez mais empurrado pela indústria. As florestas tornam-se altamente produtivas com plantações intensivas de eucalipto, pinheiros, com cortes claros expondo solos e empobrecendo-os. O eucalipto é uma espécie de rápido crescimento com alta necessidade de água e nutrientes. As estruturas de vários milhões de euros transformam o agricultor num banqueiro, demovem-no da agricultura e colocam-no à frente de milhares d’aves... As zonas industriais perturbam o valor estratégico das montanhas, privatizam o privilégio da visão panorâmica, fragmentando-as.

Corte claro de parcelas de eucalipto

Estruturas agrícolas , reduzem a perceção do território

A zona industrial de Vouzela comprime o Monte Cavalo, reduzindo-o

Neste contexto de rutura entre atividades humanas maciças e uma apreensão fina do território, Seria necessário uma orientação. O Concelho de Vouzela em 2015 criou o Parque Natural Local Vouga-Caramulo (PNLVC), que poderia ser uma nova orientação. 31


rio Voug

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PerĂ­metro do Parque Natural Local Vouga-Caramulo

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O Parque Natural Local de Vouga-Caramulo (PNLV-C) foi criado em 2015 com o objetivo de proteger a floresta de carvalhos cada vez mais ameaçada pelas plantações de eucaliptos e de pinheiros. Espécies de crescimento rápido vendidas a indústria da celulose. A criação do parque criou algumas dificuldades de diálogo entre a população e a câmara. A dificuldade deve-se, sobretudo, ao ênfase na administração florestal e aos regulamentos implementados para o controle de plantações e abate de árvores. Os portugueses em geral, mas ainda mais nas áreas rurais, estão ligados à sua propriedade privada, o que é bastante paradoxal, sabendo que o país ainda não está totalmente cadastrado. Este novo regulamento é percebido como um ataque à propriedade privada que levou a vários processos judiciais contra o parque natural, mas que não deram razão à parte privada. Este parque é o décimo terceiro de interesse regional do país e o primeiro designado como Parque Natural Local. O PNLV-C possui três vocações principais: . Preservação da natureza e biodiversidade . Valorização do património natural e paisagístico . Promover atividades essenciais ao conhecimento e divulgação de valores naturais.

Quercus robur

Quercus pyrenaica

O parque natural é atualmente uma ferramenta turística, permite comunicar sobre o território. O parque é mais frequentemente apresentado pelos seus espaços naturais com alta qualidade ambiental e pelos seus locais patrimoniais onde a cultura rural está, em parte, preservada. Na prática, a paisagem e a sua avaliação ainda são pouco consideradas. Um dos desafios para levar em conta a paisagem neste território, é de destacar o conhecimento das pessoas que o habitam e o transformam, de modo a colocá-las no centro do Parque Natural. A apresentação é feita pela suas imagens naturais e patrimoniais e não pela suas paisagens. Além da pedra omnipresente, que está na base da transformação deste território pelo homem, a dimensão patrimonial não é muito na perspectiva da paisagem. O nome do parque natural é indicativo da falta de visibilidade deste território, o fato de nomeá-lo Parque Natural Local Vouga-Caramulo, atribui-lhe duas entidades reconhecidas, o Vouga e o Caramulo, que certamente o alimentam e influenciam, mas através disso, sente-se um défice de reconhecimento do concelho de Vouzela à escala nacional e uma abstração do que faz com que este território seja diferente dos outros? O que lhe dá interesse? O que é reconhecível? Para definir este parque natural, devemos falar sobre as suas paisagens e o que está na base delas, a sua morfologia e o que o torna extraordinário. O Parque Natural Local de Vouga-Caramulo poderia ser a garantia da personalidade, e portanto, da paisagem, de uma grande encosta 34

Quercus suber

1. Variadades de carvalhos que se encontram no concelho : Quercus robur (chêne pédonculé), Quercus pyrenaica (chêne tauzin) et le Quercus suber (chêne liège)


do Caramulo. A sua encosta mais suave é aquela em que nascem muitos afluentes do Vouga. As premissas desta Serra estão aqui. O parque poderia garantir que este gigante não perca o que o torna tão reconhecível e icónico. Torções, vales e seus córregos, quelhas e muros que lutam contra a erosão. O parque inclui áreas florestais consideradas de interesse para sua fauna e flora, mesmo que colocassem em perigo terrenos cultivados anteriormente, fundos do vale agrícola, algumas aldeias cujo caráter foi preservado. O objetivo é proteger esses espaços da plantação de eucalipto e reconhecer seus valores através de uma divulgação turística (ver mapa p.38).

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Lugares e elementos notรกveis do Parque Natural Local Vouga-Caramulo

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Vias romanas

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Casas nobres

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Museu Igrejas

Carvalhal de Vermilhas

Cimeiras

Florestas notaveis

Reserva botanica

Fornelo do Monte Percursos pedestres

0

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5 km37


10. Rhododendron na Reserva BĂ´tanica de Cambarihnho CMV

1. Vouzela,Corpo de Deus

2. Igreja da MisericĂłrdia de Vouzela

3. Vista de Vouzela

4. Igreja Matriz de Vouzela

14. Rio Couto

16. Agricultores em Cavalhal de Vermilhas, Joao Cosme

15. Carvalho de 239 anos

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38

postal

postal

Capuxa postal

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Joao Cosme


18. Torre medieval de Vilharigues

11. Torre medieval de Cambra Joao Cosme

Alto do Couto

Joao Cosme

17. Caminho marcado pelas passagem das charruas, Joao Cosme

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13. Joana Martins Joao Cosme

Canastro, Joao Cosme

12. Dolmen da Meruje http://onossorasto.blogspot.fr

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6. Poldras Joao Cosme


9. Ponte romana de Vila Nova

5. Via romana Joao Cosme

7. Rio Zela postal

8. Rio Zela Joao Cosme

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Encontro com o Parque Natural Local Vouga-Caramulo

O fogo passou por lรก, revelou todos os caos-de-blocos, todos os picos Os picos em torno de Fornelo do Monte, somos pequenos ...

Algumas ovelhas e cordeiros para completar a reforma, Fornelo do Monte

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Ir ao encontro do Parque Natural foi o princípio, identificar, mas também ver o que não foi revelado, a parte do esquecimento, o que contribui para a manutenção das paisagens que conhecemos. Começa com a morfologia do território, ir encontrá-la e conhecer as pessoas que o praticam e que a cultivam.

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Acima da floresta, no topo de uma rocha, poderĂ­amos voar Floresta de Penoita

Troncos labirĂ­nticos ... confiar na rocha Floresta de Penoita

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Interferindo nas florestas tão apreciadas pelos habitantes, por várias razões, económicas, turísticas, fantásticas, património, ainda que essas florestas parecem muito pouco utilizadas ...

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Pequeno corgo (ribeiro), pequeno fio de água, mas todas essas pedras ... para acreditar que muita água passa por lá. Aldeia de Figueiras

Chegada da água à quelha, a oportunidade de refrescar sob as videiras, muito apreciada durante o verão.

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Atravessando torrentes que, mesmo quando são tranquilas, ainda deixam ler os traços da sua raiva. Os homens conseguiram canalizar essa raiva para suavizar e acalmar a água, para tornar essas terras viáveis ​​ e acolhedoras. Um trabalho laborioso, século após século, pedra após pedra ... Um legado que parece imutável, que pensamos que pode ser adquirido muitas vezes, enquanto a erosão faz o seu trabalho, pela água, pelo vento, pelas raízes, colocando as pedras suavemente e desviadamente em movimento ...

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Agricultura com técnicas ancestrais, da atualidade num mundo onde se procura modos de culturas mais humanos. Em Mogueirães

«Se não tiveres herdeiros, faz casa d’adobes e planta pessegueiros» Citação do meu bisavô. Mogueirães

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A domesticação da pedra, a melhoria das técnicas para lidar com ela permitiu a construção de habitações e reter a terra. A pedra foi durante muito tempo o primeiro material de construção, agora é usado em «pastiche»1, apenas para revestir as fachadas e os pisos.

1. A Imitar as casas antigas que eram em pedra.

Atravessar o Parque Natural permitiu-me apontar para um vale, o vale do Rio Zela, em que são encontrados vários pontos de interesse e que é para mim um território subestimado.

Os acrescentos das casas são feitos ao lado ou por cima, das partes mais antigas em pedra.

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Termas

Sao Pedro du Sul

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Morfologia do vale V do Zela

Monte Cavalo

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Vouzela Caritel

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Monte do Gamardo Quintela

Monte do Lafão

Ventosa Corujeira

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Ventosa

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Vila Nova

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Casal Bom

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Sacorelhe

910 - 860 m 860 - 810 m

Ânsara

810 - 760 m

Covelo

760 - 710 m

Casal de Ouzenda

710 - 660 m

Monte Modonas

Monte Pena

660 - 610 m 610 - 560 m

Joana Martins

560 - 510 m 510 - 460 m 460 - 410 m 410 - 360 m 360 - 310 m 310 - 260 m 260 - 210 m

Adsamo

210 - 160 m

Monte Abas

50

As primícias da Serra du Caramulo

160 - 110 m 0

Covas

1000 m


O vale do rio Zela ainda é pouco conhecido. O Rio Zela nasce do encontro de várias fontes a norte de Adsamo, uma pequena aldeia pousada entre dois picos a 940 m de altitude até às premicias do Caramulo. Este rio, com cerca de sete quilometros de comprimento, desliza de Sul para Norte num vale estreito cercado pelos sopés do Caramulo, antes de entrar no rio Vouga, a norte de Vouzela. A fertilidade deste vale é trazida pelas águas do Zela, que permitem a irrigação de todos as quelhas que o cercam. O Zela é um verdadeiro vínculo físico entre essas duas entidades. O reconhecimento do seu valor é essencial para ancorar o parque no seu território. Além disso, o Zela é limitado pelo Monte Lafão, que já é um símbolo conhecido do território e deve ser reconhecido. Para demonstrar as qualidades da paisagem do território, seguiremos o Zela. Esta escolha é motivada por pelo menos três razões.

Primeiro, ele liga o Caramulo e o Vouga, é o vínculo físico entre estas duas entidades fortes, pelas quais o parque é definido. O Zela acompanha um braço do maciço de Caramulo até ao Monte do Castelo. Este braço guia-nos até o cume desta montanha, apesar do seu aparente desprendimento, é uma mão estendida aos habitantes de Vouzela. Adsamo parece ser uma porta de entrada para esta Serra.

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VOU(GA) + ZELA VOUZELA

Monte Cavalo

Vouzela

O segundo, a vila de Vouzela toma o nome da união entre o Vouga e o Zela. Ela é a vila da confluência. Mesmo que a origem do nome da vila permaneça incerta e discutida.

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O monte do Lafão ponto de referencia

Vale de Cambra

Manhouce

São Pedro do Sul Sever do Vouga

Oliveira de Frades Vouzela

Viseu A25

águeda 0

10 km

O antigo concelho de Lafões, aqui delimitado em preto agrupava; Oliveira de Frades, São Pedro do Sul e Vouzela, até 1835, seguindo as revoluções populares, o concelho foi deslocado. 1. concelho de Lafões, descrito pelo geógrafo Amorim Girão: « um todo homogéneo, correspondendo a uma verdadeira região natural » Leite de Vasconcelos :

O terceiro, o vale do Zela é limitado pelo Monte Lafão. Esta montanha tem um forte valor simbólico e provavelmente desempenhou um papel importante neste território. é desde há milénios é um marco. Há vestígios que datam do neolítico. Ele também é um marco para toda a região, dando-lhe o seu nome, primeiro ao Concelho de Lafões1, ainda conhecido como país de Lafões. Agora dá o seu nome à região de Viseu Dão-Lafões, com visibilidade internacional (mapa p.56)

« Existe uma unidade territorial ou subregião denominada Lafões »

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Espinho Arouca Ovar

Vale de Cambra Sever do Vouga

Albergaria-a-velha

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Manhouce São Pedro do Sul Sátão Vouzela

Viseu

Macinhata do Vouga

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Mangualde

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0 Região de Viseu Dão-Lafões, delimitada a preto.

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20

40 km


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ao longo do Zela A pedra em todos os seus estados

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paisagens do vale do Zela

Vouzela

Monte Cavalo

Caritel

Monte do Castelo

Vilharigues

Monte do Lafão

Monte do Gamardo Ventosa Quintela

Corujeira

Touça

Vila Nova Fragueira

Paços

Silvite

Ventosa

Figueiras

Casal Bom

Sacorelhe Ânsara

Covelo

Monte Pena

Carta elaborada a lápis de cor e em papel vegetal, com base em carta militar, carta orthofoto e observações in Situ.

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Casal de Ouzenda

Joana Martins

Monte Modonas

Adsamo

Monte Abas


legendas e motivos de paisagens água [linhas] photo canaux

photo Zela

irriga, evacua, arrastar

Quelhas Áreas cultivadas [linhas de pedra] Manter e reter

Vilas e aldeias [aldeia agrupada ou aldeia rua] pontuar Estradas e caminhos

[linhas] acompanha, guia, cruza

Autoestrada e Viaduto [linhas] referência, monumento, belvedere

Floresta [superfície] recurso económico, abandono

Áreas rochosas e secas [massa] referência, rochedos, horizontes

0

1000

2000 m

59


60


Ao longo do Zela, atravessamos as idades. Deixamos o mundo, ou nos oferecemos a ele. Existem aqui experiências físicas e filosóficas fortes. Estamos connosco, enfrentando este território bruto e selvagem que nos surpreende com o amor que os homens têm pelas coisas bem-feitas e a atenção que eles dão à terra. Este rio é pontuado por várias atmosferas. As atmosferas são determinadas pelas diferentes vegetações, as maneiras pelas quais a pedra aparece e marca da presença do Homem em contato com esta água, tão vital. Contra a corrente, de Vouzela até Adsamo ...

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Encontro entre O Zela e O Vouga

Termas

Vouzela

Um é camponês, o outro já não sabe. Eles são diferentes, mas aqui, o que quer que aconteça, eles encontram-se. O Zela viajou um pouco mais de sete quilometros, alimentando-se de córregos e torrentes. No seu curso, é adornado com blocos de rochas, que com as suas forças forma seixos, e oferece ao Vouga o que tem de mais precioso, pedras de granito trabalhadas pelas suas águas. O Vouga é um rio discreto, mostra poucas qualidades. Ele não tem reconhecimento nem os homens lhe atribuem importância; Eles conhecem rios maiores e mais bonitos, como o Douro e o Mondego. Ele também tentou oferecer lindas encostas para as vinhas, mas os homens abandonaram-nas. Os ventos vindos do Atlântico pelo vale do rio não davam «bom gosto» ao vinho. O Vouga, desaparece generosamente num grande delta, oferecido aos Aveirenses, antes de se jogar no oceano. O Zela é para Vouga como muitos outros rios, mas sem eles o Vouga não existiria. Eles estão ligados, são suas forças cumulativas que dão ao Vouga a sua energia para combater todas as rochas e maciços. Às vezes, a sua energia é tão grande que ele inunda as locadidades que o cercam, como: águeda, Macinhata, São Pedro do Sul, Aveiro, Angeja. Em cada confluência entre o Vouga e um afluente, há um problema importante, o do futuro das localidades que fazem fronteira com o rio a jusante. Territórios como o de Vouzela são reservatórios. Eles retém as águas limitando, os riscos a jusante, esta vocação de reservatórios, diminui gradualmente, pois a terra é menos cultivada à medida que as quelhas desaparecem. O desafio é primeiro para a vila de Vouzela, mas também para as localidades mais a jusante que fazem fronteira com o Vouga em direção ao Atlântico.

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Ar ad a

águeda

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Viseu

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Rio Vouga

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Vouzela

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1077 Gralheira d iço da ra r c S e erra S da Ma tal 1071 F

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1075

0

12,5

25 km Em vermelho, as cidades afetadas por inundações quase anuais.

Site de estudo

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a vila de vouzela:

promontório na confluência

Vouzela Caritel

Subindo o Zela, a passagem é estreita, sinuosa e escura. O Zela permanece discreto sob as copas das árvores abaixo do Monte Cavalo, onde a zona industrial goza da vista do vale de Vouga. Ela anuncia a chegada a Vouzela. O céu abre-se graças às quelhas cultivadas nos tempos livres. Essas características, que divergem e convergem, desencadeiam diante dos nossos olhos a força e o poder do porão granítico. A Vila situda no coração das montanhas, implantada num promontório que domina a confluência entre Zela e Vouga, uma situação estratégica. As partes mais baixas da cidade, mais próximas do Zela são quelhas cultivadas. A Vila, esta pousada em cima destas estruturas de pedra, fundações da Vila, enfatizando a sua base. Vouzela é dominada por uma gigantesca ponte, que atravessa o vale do Zela. Esta antiga ponte ferroviária permitiu que este território conhecesse a lendária linha Vale do Vouga que ligava Espinho a Viseu. A locomotiva a vapor trouxe consigo uma efervescência, agora desaparecida. A linha foi desmantelada, mas a ponte ainda revela a extensão do vale.

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Oferece uma visão notável da Serra da Gralheira e da Vila, da qual se tornou o símbolo. Na Vila, sentimos e experimentamos a morfologia, na qual se instalou. As encostas macias, escondidas sob a vegetação, são reveladas pelo uso quando se caminha na velha estrada romana, que se torna áspera!

O Viaduto ferroviário, A Ponte

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Horta em torno de Vouzela, onde a agricultura na Vila persiste.

«As encostas macias, escondidas sob a vegetação, são reveladas pelo uso quando se caminha na velha estrada romana, que se torna áspera!».

Revelando a morfologia por elementos vegetais como aqui um eucalipto.

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Rio Zela a montante de Vouzela, cercado por quelhas abandonadas.

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O zela através da rocha

Passagem discreta ao pé do Monte Castelo Vouzela Caritel

Mont du Castelo

Monte do Gamardo

Vouzela

Mont du Gamardo

Monte do Castelo O Vouga

A montante de Vouzela, os meandros se estreitam. O Zela passa uma passagem estreita, cercada pelo Monte do Castelo e pelo Monte do Gamardo. O Monte do Gamardo é encimado por um monumento dedicado à independência de Portugal. Salazar produziu em massa esses monumentos que foram colocados em todo o país, em locais visíveis, no momento da Exposição Universal de Paris em 1940 para mostrar e divulgar o país e sua força. O Monte do Castelo é também um lugar onde se domina o vale do Zela e do Vouga. No seu cume, a capela de Nossa Senhora do Castelo, foi um lugar alto de encontro dos sacerdotes. Hoje, as procissões não se realizam na capela mencionada, ainda celebramos uma festa em Agosto. Este monte esconde minas no seu subsolo. Uma infinidade de galerias das quais foram extraídas entre 1871 e 1990 o volfrâmio. 68


Mas vários túneis testemunham a exploração de minerais e ferro já no momento da ocupação romana. «O volfrâmio foi para as populações do Norte, deserdadas de Deus, o que o mana foi para os Israélitas atraves do deserto faraónico. Imagine -se o que seriam os impulsos da horda esfaimada ante o alimento providencial no afogo do de jejum». Aquilino Ribeiro, Volfrâmio, 1944. Naquela época, quando a montanha pululava com homens atarefados, o mineral era exportado por todo o mundo, especialmente durante a Segunda Guerra Mundial. Essas minas ainda são visíveis, algumas derrubaram, criando vazamentos, outras fechadas e algumas ainda estão acessíveis. Tornaram-se o playground de alguns jovens que escapavam do ensino médio em busca de arrepios. Abaixo deste lugar, ouvimos o Zela, escondido debaixo da folhagem. As árvores apegam-se às encostas inclinadas. O curso do Zela é menos sinuoso, ele está mais vivo. A sua força permitiu a instalação de muitos moinhos, mas também de cavar a rocha sobre a qual parece deslizar hoje, formando grandes bacias naturais. O maior, o Poço do Pego, está agora cheio, mas ainda está nas memórias. Era um buraco de vários metros de profundidade que as pessoas temiam. Na passagem de um banco para o outro agarravam-se a uma corda, para se certificar de que não caiam no abismo. Este lugar, no entanto, continua fascinante pela sua atmosfera, apreciável no verão, quando o fluxo do rio torna esses bancos acessíveis e a possibilidade de nadar. É um lugar que permaneceu selvagem.

No fundo, discretamente o Zela flui.

As quelhas agrícolas que fazem fronteira com o Zela, abaixo do Monte Castelo, foram abandonados, minas e caminhos também. Lugares temidos e ainda interpretados como tal, são de difícil acesso e, portanto, invisíveis. Este lado do Monte do Castelo parece fazer

Desaparcimento do caminho, a vegetação está a avançar, enquanto as pedras estiverem lá, o encontraremos.

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Vouzela Caritel

Monte do Castelo

A morfologia restringe o rio, criando uma atmosfera íntima

Monte do Gamardo

parte de outra época, inacessível devido à crescente vegetação e no entanto perto do parque de campismo. Um contraste marcado entre um espaço cheio de vida e outro no esquecimento. Esses lugares, no entanto, oferecem uma viagem extraordinária no tempo. Podemos ler usos, agora abandonados: os moinhos, as quelhas, dizem -nos que a terra era fértil e que as encostas eram mais abertas. A cama do rio também nos fala do caráter da água, preciosa e impetuosa. Sua força é destacada pela presença de moinhos, mas também pequenas e grandes lagoas esculpidas na rocha.

70

360 Rio Zela

450

Monte do Castelo


430

Monte do Gamardo

0

50

100 m

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Vouzela Caritel

O rio é «apertado», a água ganha velocidade

Monte do Castelo

Monte do Gamardo

Tantas indicações que poderiam nos avisar, diante do abandono de estruturas que dominam e mantêm a água. Essas estruturas, paredes de pedra secas, atravessam os séculos. A pedra é uma matéria-prima inesgotável e reutilizável. Modulável conforme as necessidades dos homens.

Criação de pequena lagoa no rio

Num buraco natural da rocha, algumas pedras ficam presas. A força da água coloca-as em movimento.

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Ao longo dos anos, o buraco alarga-se, pela erosão da rocha pelas pedras.

Uma lagoa formou-se.


O rio Zela e seus afluentes

Moínhos

Presas de agua

Direção dos fluxos de água.

Fontes, poços, moinhos, fluxos de água de acordo com o mapa militar de 1945. Estes dados estão ausentes dos mapas atuais do território, no entanto, eles são dados extremamente importantes para o seu desenvolvimento deste, mas também para sua gestão.

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Deixando o rio, sob os pinheiros e os eucaliptos, as pedras, dão a esperança de descobrir vestígios, ruínas.

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Planalto de Portelo

Monte do Castelo

Planalto de Portelo Monte do Lafão

Portelo é uma planice agrícola que parece flutuar entre o Monte do Lafão e o Monte do Castelo. Uma grande abertura plana, verde suave, entre dois gigantes arborizados a verde escuro. Espaço raro num ambiente montanhoso, as terras deste planalto são conhecidas pelo seu valor agronómico. A terra é diferente, é cor de laranja, certamente vem de uma rocha xistosa, enquanto que no setor a maioria das rochas são graníticas. Algumas parcelas ainda são plantadas com couves e feijões, mas a maioria é aveia ou milho para alimentar gado ou pousio. Para limitar a limpeza, alguns proprietários começaram a plantar vinhas ou olivais para consumo próprio. As parcelas na borda do planalto são as primeiras a serem abandonadas. Essas parcelas de tamanho menor, tornando seu cultivo mais difícil e menos interessante. Como a floresta, os espaços agrícolas também são habitados por muitas histórias fantásticas. Na curva de uma parede, elas emergem... Dizem que um dia um homem conheceu uma moura, que ele ajudou. Em troca de sua ajuda, ela ofereceu-lhe um cinto. Ele não podia dizer a ninguém como o tinha obtido. Voltando aos campos, ele contou a um habitante a sua aventura. Antes de voltar ao trabalho, ele colocou o cinto ao redor de um tronco duma oliveira, já imaginando a sua esposa vestida com ele. Ao virar-se, para ver o efeito do acessório, o cinto transformou-se numa cobra... Os habitantes conhecem muitas histórias que ocorreram no território de Vouzela.

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Terra dourada, a rocha é diferente, provavelmente xistosa.


A planície de Portelo rodeada com bosques, vemos o Gamardo à esquerda.

O planalto de Portelo, agrícola, as suas franjas fecham-se pela vegetação.

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Portelo era um planalto habitado, permanecem algumas ruínas da aldeia, apenas agricultores locais conhecem a localização. A causa da desertificação desta aldeia é desconhecida. Hoje, os únicos habitantes são os campistas que se instalam no acampamento municipal para as férias, há vários anos, eles procuram a calma e aproveitam para explorar os arredores.

À beira do planalto, no fundo, o Gamardo, no lado esquerdo do Castelo, atrás de nós, o Lãfao.

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Parcela abandonada por mais de dez anos, julgando o tamanho das árvores. Parcela abandonada recentemente ao ver a vegetação dominada por gestas.

As bordas das planícies de Portelo desaparecem gradualmente, as terras desaparecem sob a vegetação. E com elas, o cuidado da terra, as paredes, a água e o conhecimento. O Monte do Lafão expande-se cada vez mais no planalto. A perda da sua leitura e sua compreensão são apagadas à medida que o Lafão se estende, pelo avanço dos pinheiros.

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O Monte do Lafão : referência

Portelo Monte do Lafão

Vila Nova

Caminhando na estrada que atravessa o Monte do Lafão, a vista do vale é obstruída pelos pinheiros que adornam todo o monte. O interesse é cativado pela rocha, por todos estes blocos gigantes, imóveis, em equilíbrio. Vemos que certas pedras parecem não ter sido organizadas de forma natural, oferecendo abrigos. Uma pedra redonda que apoia uma plana, degraus, muito bem desenhados para terem sido o trabalho da erosão. Nada é provado, mas algo aqui é diferente e a sensação de descoberta que acompanha dá um sorriso. O Monte do Lafão é um emblema, cujo valor é desconhecido. Porquê este Monte, mais do que todos os outros? A questão permanece aberta, mas parece que foi várias vezes propriedade de pessoas importantes. O nome de algumas parcelas testemunham: «A eira do rei», «A laje dos mouros». O próprio nome de Lafão tem um forte poder evocativo. Mas é difícil determinar o que evoca, o que está relacionado? Uma primeira evocação são as lendas de Lafões. Elas contam histórias sobre aldeias ou lugares do antigo concelho, mas a história deste Monte e do seu território ainda fica por descobrir e contar. Sem a bagagem cultural, é difícil entender o valor deste lugar. Mas a sua floresta de pinheiros (Pinus pinaster), leva-nos a um mundo misterioso, os caminhos que desaparecem, conduzem-nos sem saber para onde avançamos. O espírito vagueia, histórias de bruxas convidam-se à nossa caminhada. O caminho chega à frente de um aviário, uma volta difícil à realidade.

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A cúpula do Monte do Lafão. Os habitantes de Vila Nova, três anos atrás, voltaram para o topo da montanha para substituir uma cruz de madeira. A antiga foi queimada durante o último incêndio em 2002.

O Lafão ainda tem histórias para contar. O Homem habita esta montanha e estas paisagens há séculos, mas as histórias destes lugar ainda não foram descobertas.

A montanha começa a hospedar estruturas que não queremos em outros lugares, mas será que nós realmente queremos-las aqui? Nesta montanha que é um marco ...

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Monte do Castelo

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Monte do Lafão

O Lafão e seu irmão, Monte do Castelo, vistos de Silvite. Lafão vem de uma palavra árabe que significa «os dois irmãos». David Lopes escreve num artigo na revista Hispânica que Lafões seria o nome dado a dois castelos fronteiriços perto de Viseu. source: https://sites.google.com/site/pacosdevilharigues/home/localizacao/historia/patrimonio-cultural/patrimonio-cultural-de-vouzela

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o vale de vila nova:

único espaço amplo no caminho do zela

Portelo

Monte do Lafão Corujeira Vila Nova Silvite Casal Bom Sacorelhe

Depois de uma passagem estreita e escura, o rio Zela, escondido e murado atravessa o vale, em torno do qual várias aldeias se estabeleceram. A chegada a este vale é marcada por uma ponte que atravessa o Zela que data da época romana. A presença deste antigo elemento ainda usado por carros, tratores, cabras, dá a medida da presença de humanos neste território. Entendemos que este vale ancora a sua história, vários milênios atras. As aldeias estão principalmente no meio das encosta, perto de rios, córregos, mas acima dos níveis de água. Apenas os moinhos ficam juntos às águas. As aldeias foram estabelecidas de acordo com a disponibilidade de recursos, mas também de acordo com as características do terreno, protegidas do vento, boa exposição e localização geográfica avantajosa. Constata-se que os corações das aldeias, com casas de granito, caem em ruínas. Novas casas são construídas longe das aldeias, comendo as terras agrícolas e encostas, com solos mais ricos. Os corações das aldeias são abandonados, as casas são vistas como desconfortáveis e demasiado dispendiosas para reabilitar. Não há uma política aplicada para manter os corações das aldeias. As ruínas lembram-nos que, apesar da permanência das pedras, as pessoas partiram e continuam a ir. Nenhuma pedra se segura para sempre ... Vila Nova está num pequeno promontório nos sopés do Monte do Lafão com vista para o Zela. Em frente, Silvite, uma pequena aldeia que conta cerca de vinte almas, formada por uma única rua que fornece acesso ao Monte da Rapoza e as aldeias que são mais acima em torno do Zela. Silvite e Casal Bom marcam, a sul, a entrada na planície de Vila Nova, onde o Zela é acompanhado por dois importantes riachos. 84

Monte do Castelo

direção Vouzela


Vila Nova Planalto de Portelo Monte do Lafão

Rio Z el

a

Rio

Zela O Zela atravessa esta planície, permitindo que os habitantes cultivam estas quelhas. Onde quer que o Zela passe ou os seus afluentes, há agricultura.

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Mont du Lafão

Corujeira Vila Nova Silvite Casal Bom Sacorelhe

direção Vouzela

550

Monte do Lafão

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Espaço inundável

Um corgo orientado sudoeste / nordeste que nasce perto de Joana Martins e alimenta a pequena alcova à volta de Figueiras. O outro, orientado sudeste / nordoeste e alimenta a alcova em torno de Sacorelhe. Estes dois afluentes são tão importantes aqui como o Rio Zela. Os seus tamanhos são comparáveis e as águas acumuladas durante o inverno inundam regularmente as terras mais baixas de Vila Nova. Mas as memórias lembram-nos que este rio já foi mais perigoso do que agora.

As aldeias estabeleceram-se fora das águas, onde a morfologia do solo era a mais vantajosa.

450

360 Rio Zela

Silvite direção Covelo

0

50

100 m

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Os vales frequentemente inundados são ​​ ocupados pela agricultura. As partes mais baixas do vale são utilizadas para a produção de feno. Em geral, o feno local é reconhecido pela sua qualidade. As quelhas são parcelas alimentares, onde se cultivam coves, batatas, cebola, grelhos... A abertura do coração do vale, é um sopro de ar fresco. Entre planícies e planaltos agrícolas, a vida diária ocorre. Os habitantes, sempre atarefados, são, no entanto, hospitaleiros.

direção Vouzela

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Sociedade que se modernizou, mas onde todos continuam agricultores.

Cultivo de feno

Engenheiro na fábrica durante a semana, agricultor ao fim de semana. Funcionário de manutenção de manhã, agricultor à tarde. Carpinteiro a tempo completo e agricultor no seu tempo livre. Funcionario das 8:30 às 18:00 e das 18:00 às 21:00, agricultor. Agricultor a tempo completo, antes e depois da ordenha. Padeiro e agricultor. Raras são as pessoas que não têm as suas mãos na terra durante o dia. Um povo agrícola que deve viver no seu tempo e dar a possibilidade de serviços modernos para as gerações mais jovens.

direção Covelo

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O feno acaba de ser cortado, a cada dois dias será mexido. Secará durante alguns dias.

Depois então, é colhido em fardos.

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As águas destes lugares preparam o cenário Uma sucessão de planos montanhosos Luz brumosa Primeiro ato São quase seis horas da manhã Os tractores entram em cena ...

Sensação de estampa1

Les eaux de ces lieux préparent le décor Une succession de plans montagneux Lumière brumeuse Premier acte Il est près de six heures du matin Les tracteurs entrent en scène... Sensation d’estampe1

1. «retratos do mundo flutuante» Imagem pintada sobre papel com tinta. Estampa chinesa

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À beira das aldeias, as quelhas agrícolas persistem formando em torno das aldeias clareiras. Essas clareiras são cada vez mais arborizadas. O cultivo das quelhas é permitido pela gestão rigorosa das águas. As quelhas permitem uma cultura de alimentos para os habitantes, que se esforçam ano após ano para manter o maior espaço cultivado possível, para se alimentarem, mas também para alimentarem os seus animais.

direção Vouzela

Os espaços moldados e domesticados pelas quelhas e os canais produzem a singularidade deste sítio. Estas estruturas funcionam graças a vários séculos de trabalho, elas são importantes na existência deste território. Sua engenhosidade permite que este vale aproveite um terreno estável num ambiente onde cada pedra e gota de água estão em movimento.

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Cultivo em quelhas

direção Covelo

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Roteio da água para as quelhas do Vale de Vila Nova

As Águas Torrents, ressurgimentos, córregos, rios. A água tem sido um motor neste vale, encontramos isso em diferentes movimentos: Tirando água, nos rios e córregos. Água esperando nos tanques. Água escondida, revelada por poços e furos.

A água vem dos cumes, por vários riachos e córregos. Acumula-se para formar o rio...

Deixando a sua forma natural, é murado pelo homem

O Zela murado atravessa a planície rodiado por couves, oliveiras, laranjeiras, limoeiros e feno.

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A água é levada ao rio e conduzida em canais, subterrâneos, por sobrecarga ou canalizada.

Todas essas águas são duplas. Abundância e opulência de água, no inverno. Uma alegria de ver a água que flui dos menores interstícios entre as pedras e flui sob as pontes. Invisível, evaporada no verão. As populações são vigilantes, muitos provérbios permitem prever se os anos serão secos ou não. O sistema de gerenciamento da água é complexo e fino para guiar a água através de múltiplos canais para irrigar todas as quelhas. Uma obra de bruto, para partir a pedra e ao mesmo tempo de gênio para gerenciar os declives em centenas de metros. A precisão dos gestos para guiar a água com a enxada, para irrigar as culturas. Gesto, aprendidos desde pequenos.

Quando os tornos de água o exigem, a água é armazenada em tanques em pedra ou em cimento. Quando surgir a necessidade, so será necessário abrir a água ao tanque.

A água desliza na superfície da terra como uma carícia.

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Rego

Futura plantação de abóboras... Por enquanto, o solo está preparado para permitir a chegada da água pelos regos.

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Espaço de cultura


A rega ĂŠ feita com a enxada, gestos constantemente repetidos com humildade, mas em conexĂŁo com o mundo.

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Cultivo de cove galega

Estes quelhas desempenham um papel invisível dos mais cruciais: a retenção de água. Chove na região em média 2000 mm de água por ano, chuva semelhante a do departamento do Gard em França, onde em 2016 as inundações causaram grandes danos. Um papel fundamental para as cidades que se desenvolveram ao longo do Vouga. O abandono destas estruturas ou o estabelecimento de floresta sobre estas estruturas frágeis, colocam em perigo as populações nas margens do Vouga, mas também as do vale do Zela. Um conhecimento notável está a perder-se e com ele as paisagens. Nos olhos das gerações mais jovens, o valor destas estruturas continua a ser comprovado. A tendência é de construir as paredes em cimento 98


Cultivo de batatas

em vez de pedra seca. O desaparecimento dos agricultores é o primeiro fator que põe em perigo este património cultural e intangível pelo saber-fazer que representa. O sistema de quelhas é acompanhado por um sistema de canais que permite a irrigação de cada parcela. Este sistema é parte integrante da própria estrutura de manutenção da terra. Cada quelha era cercada por videiras, servindo de vedação, mas também para as uvas utulizadas na fabricação de vinho caseiro. A redução no uso de terras agrícolas, levou alguns proprietários a plantar árvores nestas quelhas, colocandoas em perigo. 99


Monte do Castelo

Planalto de Portelo

direção Vouzela

As áreas arborizadas descem cada vez mais nos vales. Aproximando -se das casas e dos espaços económicos. Este avanço põe em perigo os espaços de vida, porque com isso vem o risco de incêndio que queima todos os anos vários hectares e centenas de casas. Poucas coisas são feitas para lidar com este risco... Começando pelo manejo florestal adequado.

100

As florestas descem no vale


Vila Nova

Monte do Lafão

direção Covelo

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tipos de arborização que podemos encontrar : O pinhal é constituido por pinheiros com uma mata baixa de urze e fetos, uma atmosfera seca, mas agradável pelo seu cheiro. Sob os nossos pés, uma almofada de caruma amolece a caminhada. O pinheiro é usado principalmente para lenha ou para a indústria da celulose. O eucaliptal tem um ambiente árido e muito seco. O eucalipto é uma árvore de rápido crescimento com importantes requisitos de água e nutrientes. Introduzido em Portugal no século XIX, esta essência da Austrália aclimatou-se muito bem. A sua madeira é vendida principalmente para a celulose, da qual os industriais obtêm um ótimo rendimento. As árvores caducas permanecem principalmente nas áreas ribeirinhas onde as plantações de eucaliptos e coníferas são controladas. Muitas vezes, encontramos salgueiros, carvalhos, freixos que se desenvolvem espontaneamente. Estes ambientes são preservados.

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A antiga parcela agrĂ­cola, tornou-se espontaneamente num carvalhal, perto de Adsamo.

Floresta de pinheiros no topo de LafĂŁo, regenerada apĂłs a passagem do fogo.

Eucalipto na rocha

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Aperto d’Ânsara

atingir o monumental

Ânsara

Covelo

Continuando a seguir o Zela, a montante de Silvite e Casal Bom, o vale aperta-se. Essa sensação é reforçada pela arborização das encostas. O Zela desaparece novamente, como se tivesse outra vida para viver fora das vistas. Os habitantes d’Ânsara instalaram-se mais acima do rio. Eles aproveitam a visão do Monte Lafão e do vale. As culturas em quelhas abrem o vale de Ânsara para o Zela, domesticando a sua margem esquerda muito íngreme. À beira do rio, um antigo moinho, um ponto de passagem inevitável para atravessar a costa de Ânsara para o Covelo. Em torno desta aldeia, há uma multidão de afluentes e as suas semelhanças com o Zela perturbam-nos. Um afluente do Zela que passa em torno de Joana Martins também é chamado de rio zela pelos habitantes de Joana Martins... Localmente, existem dois rios chamados Zela e encontram-se a montante do Covelo. Um residente garantiu-me que havia apenas um Zela e que ele vem de Adsamo. No entanto, o zela afluente é parecido com o Zela rio. Talvez seja um pouco arrogante e menos reservado do que o Zela, provavelmente devido ao viaduto gigantesco que o cruza. Esta multidão de fluxos e a confusão que eles criam indicam uma perda de conhecimento do que compõe o território, mas especialmente a importância de cada fluxo. As suas dimensões são semelhantes, assim como as paisagens que produzem. Os habitantes que ainda trabalham a terra, apesar da perda dos nomes destes riachos, trazemlhes interesse, mesmo que desapareça à medida que os habitantesagricultores desaparecem. Os córregos permitem, certamente, a irrigação por sistemas hidráulicos construidos pelos agricultores, mas é um sistema reversível: da mesma forma que permite a irrigação, também permite a evacuação da água durante chuvas fortes. As paisagens das quelhas e riachos que descobrimos são mais do que uma ferramenta agrícola ou belas paisagens, são sistemas complexos, 104


Aldeia na encosta, Ânsara, apoiada em quelhas cultivadas.

Covelo 450

450

Ânsara

360 Rio Zela

Chegada a Covelo, o Zela está debaixo dos nossos pés, as quelhas abrem uma pequena passagem discreta.

0

50

100 m

105


O viaduto da autoestrada A25 dá a medida do vale

O vale desaparecesou na vegatação

para permitir a vida neste ambiente bruto e hostil, de pedra e água. Este sistema permitiu reter a terra graças à pedra e tornar esta terra fértil graças à água, uma água agora alisada e controlada. Passou de um regime torrencial para uma água calma que se espalha lentamente na superfície da terra. Esta água macia respeita essa terra frágil e leve, que uma água forte levaria. É ao seguir o Zela, mergulhando em seus vales mais estreitos, que realmente se torna consciente o papel principal da pedra e da água, que são indissociáveis ​​na manutenção e produção destas paisagens que caracterizam todo o Val do Zela. O Zela desaparece novamente, corre pelas ruínas, certamente de uma antiga aldeia. 106


O pastureio coabita com o viaduto, infra-estrutura moderna e vetor da velocidade do deslocamento.

Paralelamente à vida, há o esquecimento. Os lugares estão desaparecendo pouco a pouco e os fundamentos destas paisagens com eles. As paredes começam a abrir ... 107


Nascimento, abertura de Adsamo sobre o país de Lafões

Adsamo uma aldeia num desfiladeiro

Adsamo

Monte Abas

Adsamo Monte Abas

A serra é o ponto mais alto do território, a rocha nua submetida a ventos às vezes violentos, os caos de pedras dominam acompanhados de vegetação baixa. Principalmente herbáceas, algumas gestas amarelas e brancas aparecem em sítios mais protegidos do vento. A aldeia está entre duas montanhas que a protegem dos ventos predominantes provenientes do Nordoeste ou do Sudeste. A paisagem é seca ou verde. Os pastores traziam os seus rebanhos para esta cúpula no início do ano para pastar nas terras que, de outra forma, seriam difíceis de aproveitar. Os pastores gozavam dos panoramas dos quais agora são nostálgicos. A serra ela também é abandonada. Os rebanhos desapareceram, e o pouco gado que alguns pastores têm, permanecem principalmente no celeiro. As eólicas substituíram as cabras e as vacas. Adsamo está à porta do Parque Eólico (o que dá muito orgulho à população local), mas também às portas da Serra do Caramulo. Esta aldeia tem uma localização estratégica, que deve ser mais enfatizada.

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Monte Abas


Adsamo

O Zela

Longe do Vouga, o Zela nasce ao pé da aldeia de Adsamo, graças aos vários pequenos córregos que o alimentam. Daqui, ele está longe de imaginar, as rochas que enfrentará, as montanhas que encontrará, as paisagens que ele criará. 109


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Paisagem de contemplação, recebemos o sol da mesma maneira que a pedra, sem se poder esconder. Sofremos o vento sem podermo-nos proteger dele. No entanto, abrimos os braços, largamos as mãos e deixamo-nos levar por ele. A Serra é a solidão no alto deste mundo. Uma grande liberdade ou um grande desespero, cada um o vive à sua maneira.

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Uma vez que chegámos a esta aldeia, depois desta subida, das paisagens e dos encontros, teremos aprendido que o Homem ocupou este território há vários milênios. A sua maneira de viver no espaço é humilde é a sua ferramenta mais útil. O concelho de Vouzela, existe graças aos homens que o habitam e que o mantêm há vários milhares de anos. As vocações deste território parecem ter mudado pouco, o que mudou foram as práticas, a relação do Homem com seu território. O homem acostumou-se com o bom funcionamento do sistema: a retenção da terra pelos muros de pedra, os regos de água, a terra fértil, os espaços abertos, mas este sistema requer para que ele continue a ser virtuoso, uma gestão específica. Ao atravessar este território, encontramos lugares peculiares, que caracterizam o vale do Zela, que nos falam de sua história e seus habitantes. Encontramos lugares, com várias características. Abandono, esquecimento, «a monte», tantos sintomas de um território entre dois movimentos: entre gestão ancestral fina e novas fontes económicas nem sempre adaptadas ao território e suas restrições . Restrições morfológicas, terreno irregular, acesso restrito, restrições climáticas cada vez mais severas, com os anos cada vez mais secos, restrições de gerenciamento de recursos hídricos e onde o risco de incêndio está sempre presente. Existem restrições reais e significativas, mas o homem sempre se adaptou. Ele sempre encontrou o forma de viver aqui gerenciando os recursos da melhor maneira. O homem deve adaptar-se constantemente. Aqui, a adaptação significa: reconhecer o conhecimento ancestral adaptado ao território, reconhecendo a importância da pedra como matéria-prima através da qual podemos moldar o território, reconhecer as características do território, adaptar a agricultura e as produções. As apostas para este território estão aqui, no reconhecimento do que era, para orientá-lo sobre o que será no futuro.

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revelar o sistema do vale do Zela

Vouzela

Monte Cavalo

Caritel

Monte do Castelo

Vilharigues

Monte do Lafão

Monte do Gamardo Ventosa Quintela

Corujeira

Touça

Vila Nova Fragueira

Paços

Silvite

Ventosa

Figueiras

Casal Bom

Sacorelhe Ânsara

Covelo Casal de Ouzenda

Monte Pena

Monte Modonas

Joana Martins

Adsamo

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Monte Abas


Estas quatro ações, além das definidas no plano do programa do PNLV-C, destinam-se inicialmente a envolver de novo os habitantes na transformação do seu território. Ao confiar no seus modos de vida, eles permitem revelar lugares, modos de cultura, que podem ser divulgados aos visitantes deste território. Todas estas ações devem permitir desenvolver uma estratégia territorial sustentável para apoiar as futuras transformações do PNLV-C, a curto, médio e longo prazo. As quatro ações propostas aqui não têm como objetivo desenvolver o território, mas determinar uma linha orientadora com potenciais ferramentas que podem ser facilmente implementadas. Eles estão localizados em partes do território, mas são ações típicas que podem ser replicadas para outros locais ainda não identificados.

Revelar a estrutura A pedra compõe as paredes que estruturam este território e as suas paisagens. Elas exigem reconhecimento como património material.

Cultivar a floresta A necessidade agrícola, permitiu as mutações do sítio, esta atividade justifica todas as modificações. Por esta atividade, será possível manter as estruturas e, portanto, as paisagens. Para isso é necessário adaptar o tipo de agricultura ao território e fazer novas escolhas de cultura que serão adaptadas ao clima e à estrutura.

Expansão de áreas agrícolas acompanhadas por um corte de floresta.

Valorizar lugares notáveis Reconhecer esse território exige definir suas particulariadas, os seus valores. Isso requer o reconhecimento da sua morfologia específica para fazer surgir lugares, que permitam contar a

Sítios notável

história e ir ao encontro do território.

Morfologia notável

Redescubrir o saber-fazer e conhecimentos O saber-fazer e o conhecimento devem primeiro ser reconhecidos como património cultural intangível e em seguida, ser divulgados. Para reconhecê-los, mas também para reconhecer a importância das pessoas que os detêm. Com esse reconhecimento, o território recuperará os seus valores. Isso também ajudará a colocá-lo no centro do desenvolvimento territorial com base nas suas experiências e conhecimentos.

0

500

1000

1500 m

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Revelar as paisagens Considerar

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Revelar a estrutura A pedra compõe as paredes que estruturam este território e suas paisagens. Eles exigem reconhecimento como patrimônio material. O reconhecimento de paredes de pedra secas que estruturam o território, requer comunicação com as pessoas para torná-los conscientes de sua herança. Também requer fundos e saber-fazer para ajudar as pessoas a manter e restaurar as paredes. O PNLV-C deve trazer esse olhar e interesse para as paredes de pedra seca, que estão na base das paisagens características do território.

Para fazer isso, algumas ações devem ser consideradas: 1. Criação de uma comissão específica para este tipo de património dentro do PNLV-C. 2. Fazer um inventário dos muros (muros de contenção de quelhas e paredes de pedra seca). 3. Criação de subsídios públicos específicos ou de crowfunding para a reabilitação e renovação das estruturas mais danificadas. 4. Considerar a aquisição de certas parcelas, de lineares ou quelhas; os mais negligenciado ou considerado de utilidade pública (estrutura territorial, gestão e preservação de recursos). Por exemplo em França: direito de apreensão em áreas naturais sensíveis, o DUP trabalhos, a Consorvatória do Litoral tem esse tipo de direito (ver: ENS). 5. Sensibilizar as populações em questão. Formações podem ser oferecidas às populações com associações e pessoas com o saber-fazer necessário para manutenção ou reconstrução dessas estruturas de pedra.

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Reconquista agrĂ­cola do vaL do Zela

Vila Nova

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Cultivar a floresta A necessidade agrícola, permitiu as mutações do sítio, esta atividade justifica todas as modificações. Por esta atividade, será possível manter as estruturas e, portanto, as paisagens. Para isso é necessário adaptar o tipo de agricultura ao território e fazer novas escolhas de cultura que serão adaptadas ao clima e à estrutura.

1. Mapeamento de áreas florestais sob regime privado ou público. 2. Criar uma reserva de terra, comprar terras para fins de utilidade pública. 3. Determinar os lotes florestais a serem preservados, no setor de madeira ou turismo e os seus objetivos, mas também as parcelas que serão removidas para a segurança dos habitantes: - O setor madeireiro: determinar se é produtivo ou para lazer? Qual setor de madeira? Qual certificação? - O sector do turismo: determinar trilhos, comunicação no sistema florestal português, parcelas experimentais. - Remoção de certas parcelas para restaurar um perímetro de segurança em torno das casas, o que pode permitir a recuperação agrícola do território.

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4. Gestão e usos de parcelas privadas e públicas: - Gestão pastoral e florestal - Limpeza - Provisão contratual de terras para agricultores ou grupos de habitantes 5. Uma gestão para fazer o quê? Criação de parcelas coletivas com associação, gerenciamento de extremas, produção em circuito local, pomares coletivos...

Terras novamente cultivadas Espaço de pastagem

para Vouzela

Para Covelo

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Valorizando lugares notáveis Reconhecer esse território exige definir suas particulariadas, os seus valores. Isso requer o reconhecimento da sua morfologia específica para fazer surgir lugares, que permitam contar a história e ir ao encontro do território. 1. Cartografar lugares destacados compartilhados por todos. 2. Tornar perceptível o Zela com as infra-estruturas que o atravessam. 3. Confiar na ocupação histórica do sítio para oferecer novas visões sobre o Vale do Zela. 4. Determinar as ações a serem tomadas para tornar estes lugares notáveis ​​perceptíveis.

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O viaduto da A25 torna-se um elemento construído que revela o vale do Zela. Algumas ações são necessárias para descobrir este lugar: 1. Determinar um trilho e a sua sinalização para descobrir o local. 2. Limpar os arredores do caminho existente através do pastureio e manutenção dos mesmos. 124


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A contextualização das formas de habitat ancestral revela o Vale de Vila Nova. 1. Identificação espacial de habitats ancestrais (aldeias neolíticas, abandonadas) utilizando estudos arqueológicos (atualmente em desenvolvimento). 2. Desvastar algumas encostas e parcelas para abrir o campo de visão sobre o vale agrícola e a floresta da Penoita.

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Redescubrir saber-fazer e conhecimentos

O saber-fazer e o conhecimento devem primeiro ser reconhecidos como património cultural intangível e em seguida, ser divulgados. Para reconhecê-los, mas também para reconhecer a importância das pessoas que os detêm. Com esse reconhecimento, o território recuperará os seus valores. Isso também ajudará a colocá-lo no centro do desenvolvimento territorial com base nas suas experiências e conhecimentos. 1. Fazer um inventário do conhecimento relacionado à gestão ancestral do território: gestão da água, construção de muros de pedra seca, manutenção dessas estruturas, moinhos. 2. Criar eventos temáticos em torno desses conhecimentos: encontros para limpar o rio e os canais, dias de restauração dos moinhos, dias pedagógicos, etc.

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O desenvolvimento do mapa da paisagem permitiu-me entrar em detalhes na área de estudo. Este mapa é para mim, o ponto de partida para estabelecer um diálogo entre o PNLV-C, os habitantes, as associações, os representantes económicos que moldam o território do Zela. O objetivo é levá-los a uma abordagem de projeto que reúna questões ambientais, habitacionais, de estilo de vida e paisagens. Este diploma é uma experiência e um começo de minha visão da paisagem. A minha abordagem e as minhas descobertas são baseadas na informação facultada pelos habitantes, é para mim primordial e o movimento do território virá deles. As suas decisões, ações ou inacções envolverão outras populações a jusante. Isso permitiu-me desenvolver ferramentas de prioridade, numa escala local, tendo em vista o desenvolvimento de uma estratégia para o território do PNLV-C. Esta estratégia implica considerar as populações que vivem nas margens do Vouga e que dependem da consciência da população do Concelho de Vouzela a montante. Daí a importância de se interessar por estes territórios remotos, que são reservatórios na escala do vale do Vouga. O projeto de paisagem torna-se uma ferramenta para unir os habitantes em torno de tópicos comuns. Eles tornam-se representantes das transformações, ligados às origens e à história do território.

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Sous une pluie obscure Entre le printemps et l’hiver Séparé de la roche mère Embarqué par une foule sans pouvoir m’en défaire Par un matin printanier Ébloui de lumière Découverte d’un monde Domestiqué, organisé Les pierres tiennent la terre Les pierres guident l’eau L’eau humidifie la terre Abondance verdoyante Écrasant été orageux L’eau évaporée Camaïeu doré Sommets en feu Couleurs humide d’automne Brouillard odeur fumée Le déluge m’emporte J’aurais souhaité rester

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Prise dans un torrent


Por uma chuva escura Entre a primavera e o inverno Separado da rocha mãe Embarcado por uma multidão sem poder livrar-me dela Por uma manhã de primavera Deslumbrante de luz Descoberta dum mundo Domésticado, organizado As pedras mantêm a terra As pedras guiam a água A água humedece a terra Abundância verdejante Sufocante verão tempestuoso Água evaporada Gradação dourada Cimeiras em chamas Cores húmidas de Outono Nevoeiro cheiro de fumo O dilúvio me leva Queria ficar

Tomada numa torrente

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O fogo passou durante a noite do 15 de outubro de 2017 ...

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Bibliografia « Nus et paysages », Alain Roger « Paysage de terrasses », Régis Ambroise, Pierre Frapa, Sébastien Giorgis , 1993 « De l’origine de l’oeuvre d’art », Martin Heidegger « Le parti pris des choses », Francis PONGE « Le goût du Monde », Jean-Marc BESSE « Par-delà Nature et culture », Philippe Descola « Minas da Bejanca, historia(s) de terras e gentes », Fernando Manuel Vale ed. Municipio de Vouzela « L’écologie des images », Ernest GOMBRICH « Mouvance 70 mots pour le paysage», Augustin Berque « Trinta árvores em discurso directo», António Bagão Félix « Lendas de Lafões», antologia, 1997. « Carta arqueológica do concelho de Vouzela», Jorge Adolfo de Menese Marques « Vouzela património cultural, olhares sobre a ruralidade», João Cosme « Património natural, arvóres e florestas do concelho de Vouzela», ed. Municipio de Vouzela « La biorégion urbaine, petit traité sur le territoire comme bien en commun», Alberto Magnaghi « Caracterizaçao da flora vascular e do padrao e dinâmica da paisagem na Serra do Caramulo. Analise do estado de conservaçao de taxa prioritarios » Thèse Pedro Miguel da Costa Ribeiro 2006, Departamento de botânica faculdade de ciencias e tecnologias de Universidade de Coimbra.

FilmograFIA Histoire du Portugal : https://www.youtube.com/watch?v=rrV_m2YtjZY https://www.youtube.com/watch?v=0ZZC6BTgrFE https://www.youtube.com/watch?v=5idd0sJE5NQ «A Luz vem do Alto» Henrique Campos, 1959

RevISTAS Gazeta da Beira Notícias de Vouzela

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Agradeço A aventura TPFE leva-nos a encontros. Encontros que nos ajudam a avançar nas nossas pesquisas, mas também a encontrarmo-nos no trabalho de paisagista, para refinar os nossos pensamentos e às vezes redefinir os nossos desejos e objetivos. Agradeço ao Claude Chazelle pela sua disponibilidade, a sua supervisão exemplar e a sua visão paisagística rica e humana. Agradeço a Câmara Municipal de Vouzela pelo seu apoio e pelos pastéis de Vouzela, ao Senhor Presidente Rui Ladeira, à Leonor Bandeira, ao Renato Rebelo e aos funcionários que ajudaram neste trabalho. Agradeço aos membro do juri, Catherine Dumoura, Manuel Duveau, Jean-Pierre Clarac e Filomena Vilafanha, agradeço as suas observações e esclarecimentos e a sua presenças neste dia importante. Obrigado também às pessoas que conheci durante as minhas visitas, o senhor Jaime e os seus vizinhos, à senhora Piedade de Ânsara, ao senhor das cabras em Covelo e à sua filha, à senhora desconhecida que chegou no momento certo perto de Joana Martins, o senhor reformado com as suas vacas em Adsamo, o reformado e suas ovelhas em Fornelo do Monte, a senhora das cabritas em Farves, e todos que eu conheci e que possa ter esquecido. Obrigado à minha família, tio Carlos, tia Lina, Tiago, Afonso, Luana pela sua hospitalida e companhia e a Ana Rita pela correção do meu português manhoso, à minha madrinha Lúcia e o meu padrinho José pelas suas deliciosas refeições e um lugar ao cantinho do fogo com minha prima Carolina e meu primo Fernando e pelo o carro. Obrigado ao meu tio António e à tia Belmira e aos meus primos e priminhos que são muito numerosos, à minha tia Joaquina e à minha prima Rosa pela correção, e também ao meu tio Armando, Rosa, Elisabeth, Pedro, obrigado. Obrigado também à senhora da bicicleta, Lurdes pela sua boa disposição. Finalmente, obrigado aos meus pais e irmãos que sempre me apoiaram durante todos estes anos de estudo. Obrigado ao Alexis por me ter aturado este tempo todo do trabalho, a minha amiga Mathilde pela correcção em francês, a outra Mathilde pela sua amisada em todas as circonstências e aos meus colegas de atelier pelos dias animados e as boas dicas nos momentos difíceis.

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