boletim informativo do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável
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Esquentando para RIO+20
5 José Goldemberg
6 Vicente Andreu
Orestes Marracini Gonçalves
7 Jorge Wilheim
8 Marcelo Furtado
notícias
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agenda
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entrevista
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posicionamento
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saiba mais sobre o CBCS
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editorial Brasil está no centro dos holofotes mundiais e já é protagonista na agenda dos principais eventos anuais em prol da economia verde.
Por Marcelo Takaoka e Diana Csillag
Há alguns anos, o Brasil abandonou o papel de pouca expressividade no cenário internacional para assumir um lugar entre os protagonistas na economia mundial. A ascensão proporciona visibilidade e participação mais efetiva nas decisões de importância estratégica para o mundo. E traz, também, uma série de responsabilidades. Uma delas diz respeito às ações efetivas de combate aos danos causados ao meio ambiente pelos processos produtivos da indústria, da agricultura e da construção civil, conjugados com a preservação dos recursos naturais. Torna-se necessário, portanto, adotar atitudes que promovam a redução do consumo de água e energia, além da mitigação da emissão de CO2, diariamente lançado em excesso para a atmosfera pelas atividades humanas comumente praticadas nos grandes centros urbanos.
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O posicionamento do Brasil diante dessas questões é fundamental e pode impactar o direcionamento de outros países neste segmento. Com uma imensa biodiversidade e condições ambientais que favorecem a geração de energia elétrica por meios renováveis, o país tem obrigação de investir em criatividade e desenvolvimento tecnológico para atender à demanda com impactos ambientais reduzidos. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável – RIO+20 trata-se de um dos mais importantes encontros internacionais com
A escolha da cidade de São Paulo para a realização do encontro internacional do SBCI – Sustainable Buildings and Climate Initiative, vinculado ao PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), da ONU, também é um forte indicativo da importância do Brasil no setor da construção civil sustentável mundial. Trata-se de reunião preparatória para RIO+20 que acontecerá nos dias 12, 13 e 14 de junho no SESC SP e será hospedada pelo CBCS em parceria com o Secovi-SP, a Secretaria Municipal do
foco ambiental. O evento irá acontecer nos dias 20, 21 e 22 de junho de 2012, na cidade do Rio de Janeiro, concentrando as discussões sobre o tema no Brasil. Com o objetivo de renovar compromissos políticos para o desenvolvimento sustentável, o foco desta conferência será a economia verde e a erradicação da pobreza mundial. Para contribuir com o debate o CBCS desenvolveu o posicionamento Plataforma Global de Avaliação do Ciclo de Vida Simplificado para Construção Sustentável, que você pode conferir com exclusividade nas páginas 10 e 11. Com o objetivo de contar com a participação de especialistas atuantes em diversas áreas que possam refletir sobre os desafios do desenvolvimento sustentável e o encontro da RIO+20 no contexto atual, lançamos o especial “Esquentando para a RIO+20”, que nessa edição traz depoimentos do arquiteto urbanista Jorge Wilheim, do Doutor em Ciências Físicas José Goldemberg, do Diretor Presidente da Agência Nacional de Águas (ANA) Vicente Andreu Guillo e do Diretor Executivo do Greenpeace Brasil Marcelo Furtado sobre o tema Habitação, Infra Estrutura, Urbanismo e Qualidade de Vida.
Verde e Meio Ambiente, a CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) e o Ministério das Cidades e está na pauta do nosso boletim. Confira, ainda, matéria sobre a escolha do Brasil para sediar as celebrações globais do Dia Mundial do Meio Ambiente (WED, na sigla em inglês), comemorado anualmente no dia 5 de junho. Na seção Entrevista, o conselheiro e coordenador do Comitê Temático Água do CBCS – Orestes Marracini Gonçalves – irá expor os resultados da primeira etapa de um minucioso trabalho que está sendo desenvolvido para a unificação das normas de sistemas prediais para uso de água fria e água quente em edificações brasileiras. Trata-se de um importante estudo que busca estimular o uso racional da água e envolve todos os elos da cadeia produtiva dos sistemas hidráulicos. Esse número expõe, ainda, os resultados de um importante estudo que o professor Carlos Leite da USP SP desenvolveu sobre indicadores de sustentabilidade urbana junto ao SECOVI SP. Boa leitura!
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Esquentado para RIO+20
Com o objetivo de estimular o debate e a troca de opiniões entre diversos especialistas que possam refletir livremente sobre o desafio do desenvolvimento sustentável e a realização da RIO+20 no contexto atual, o CBCS traz o tema – “Quais os desafios do desenvolvimento sustentável para melhorias efetivas no setor da Habitação, Infra Estrutura, Urbanismo e Qualidade de Vida?”
Confira depoimentos dos especialistas convidados pelo CBCS no aquecimento rumo a RIO+20.
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Energia e Meio Ambiente Por José Goldemberg Existe uma mobilização crescente nas universidades, organizações não governamentais, centros de estudos e até governos para evitar que a RIO+20 se transforme num evento puramente retórico. A própria Assembleia Geral das Nações Unidas pareceu resignada a dar à RIO+20 apenas este papel quando escolheu como temas centrais do evento “economia verde” e a necessidade de oferecer a mais de 2 bilhões de pessoas no mundo acesso a formas modernas de energia. As agencias das Nações Unidas, UNEP - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e a UNIDO – Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial cumpriram seu papel preparando extensos relatórios sobre os temas pelos quais são responsáveis. O Secretariado das Nações Unidas coletou e organizou as propostas que se originaram dos países e outras organizações da sociedade, que servirão de base para o documento que os chefes de Estado presentes no Rio de Janeiro, em junho, adotarão. Dentro da retórica, que ocupa a maior parte do documento, existem, contudo, proposições úteis que poderão ainda ser melhoradas até junho. Em particular, o parágrafo 70, que diz respeito à energia e abre boas possibilidades. O que é proposto é que a taxa de crescimento da eficiência energética dobre até 2030 e que dobre a fração de energia renovável na matriz energética mundial também até 2030.
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Universidade da São Paulo
Vale lembrar que nos documentos adotados na Conferência do Rio em 1992, energia estava simplesmente ausente devido à pressão dos países produtores de petróleo.
Hoje, todos reconhecem que a forma com que usamos energia de origem fóssil (carvão, petróleo e gás) é a principal fonte dos gases que estão provocando o aquecimento da Terra, da poluição do ar nas grandes cidades, de doenças respiratórias e dos problemas de segurança energética. O que falta nos documentos das Nações Unidas é especificar quais as medidas concretas que países podem adotar para atingir as metas estabelecidas para 2030. Em particular, o setor da Construção Civil pode fazer uma contribuição importante para este fim porque é o segmento consome entre 30% a 40% de toda a energia consumida no mundo. Construções mais sustentáveis poderiam reduzir substancialmente este consumo. Os estudos técnicos mais recentes indicam que nos países industrializados é possível economizar até 90% da energia usada para aquecimento/refrigeração residencial nos edifícios antigos. Nos países em desenvolvimento, onde se constrói muito mais devido ao “déficit” habitacional, é ainda mais fácil atingir estas metas. Incluir resoluções deste tipo nas decisões a serem tomadas na RIO+20 é o desafio que temos a nossa frente.
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Esquentado para RIO+20
RIO+20: oportunidade a ser aproveitada Por Jorge Wilheim
Arquiteto Urbanista
Além do fato de realizar-se no Rio de Janeiro, o Brasil tem
impondo, por acordo global, uma taxa sobre todas as
a oportunidade, quando não a responsabilidade, de ser
operações em bolsas, assim como um “pedágio” so-
o ator principal deste evento. Os representantes gover-
bre todo movimento internacional de passageiros, e
namentais dos países europeus e da América do Norte,
outra sobre tonelagem de carga transoceânica, crian-
assoberbados por uma crise sistêmica cuja face mais
do-se um fundo exclusivamente destinado à solução
dramática é a do desemprego,- não privilegiam por ora
de questões ambientais e sociais.
a questão ambiental e provavelmente prefeririam que o conclave não se realizasse agora. A experiência brasileira do programa do álcool combus-
Em segundo lugar, no campo tecnológico, devemos seguir o exemplo de Bates que instituiu um amplo crédito a quem se propusesse a criar um novo
tível, iniciado em 1976, hoje “internacionalizado” como uso
sanitário; é uma tese pela qual tenho me batido há
do etanol em veículos,- deu ao Brasil uma súbita relevância,
uns 30 anos, até constantes de meu livro semi-ficcio-
como país capaz de inovar tecnologicamente, elaborar políti-
nal (“Fax, mensagens de um futuro próximo”): se, no
cas públicas ambientais e de servir de exemplo...Lembro-me
campo da biologia e da química desenvolvermos um
que, em 1978, fui convidado, na qualidade de Secretário
produto que esteriliza e desidrata os resíduos sólidos
Estadual de Planejamento responsável pelas medidas de
humanos, no local em que eles são produzidos (os ba-
contenção energética, a expor em Paris, em conclave da
nheiros de nossos domicílios e locais de trabalho), es-
ONU, aos 200 representantes da indústria automotiva
taremos tornando desnecessárias as caríssimas redes
mundial, o que estávamos realizando: a substituição par-
de coleta e as grandes estações de tratamento...
cial da gasolina por álcool. A descrença foi total, pois não
Em outros termos: substituiríamos finalmente a
estavam preparados a aceitar uma inovação vinda de país
antiga tecnologia romana da cloaca máxima por algo
ao sul do equador, mormente em assunto tão tipicamente
mais moderno; a economia para as cidades do terceiro
primeiro-mundista!
mundo, muitas delas, como Lagos e Mumbai, desprovi-
A imagem (e a realidade) do país mudou e tal fato aumenta nossa responsabilidade no que tange ao RIO+20. Embora não tenha havido suficiente debate
das de rede de esgoto, seria imensa, avançando-se nas políticas de saúde pública. A Conferência, ao ventilar temas de solução possível,
nacional sobre a conferência, ainda há tempo para
mesmo reconhecendo a prioridade a ser dada à garantia
ventilar alguns tópicos que poderiam animar debates
de empregos, deveria arrastar os governos a pelo menos
e, talvez, até obter compromissos globais. Em pri-
comprometer-se a trazer resultados quantitativos precisos
meiro lugar, no campo ambiental e social, penso que
para uma data próxima. É preciso não perder a oportuni-
cabe voltar, 50 anos depois (!), à proposta de Tobin,
dade; é preciso avançar...
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Reúso de água na construção civil: uma solução que vale a pena Por Vicente Andreu
Diretor-presidente da Agência Nacional de Águas
No Brasil, 26% da água retirada dos corpos
usos mais nobres, como abastecimento doméstico. Em
hídricos superficiais são destinadas ao uso urbano.
1958, o Conselho Econômico e Social das Nações Unidas
Embora este setor não seja responsável pela maior
estabeleceu uma política de gestão para áreas carentes de
retirada e consumo de recursos hídricos, é o que
recursos hídricos que dá suporte a este conceito: “a não
chama mais atenção da sociedade, uma vez que
ser que exista grande disponibilidade, nenhuma água de
o acesso à água de boa qualidade é importante
boa qualidade deve ser utilizada para usos que toleram
para a sobrevivência humana e exige gasto mensal
águas de qualidade inferior”.
significativo das famílias.
Para aumentar a oferta de água e melhorar a gestão
Além disso, está cada vez mais difícil dispor de
da demanda em ambientes urbanos, são necessários
mananciais para abastecer com folga as populações com
investimentos em desenvolvimento tecnológicos e ações
água em quantidade e qualidade, principalmente nas
como reuso, reciclagem, redução de perdas e desperdícios,
grandes cidades. O Atlas Brasil de Abastecimento Urbano de
minimização da geração de efluentes e medição
Água – lançado pela ANA – Agência Nacional de Águas no
individualizada, associadas a práticas conservacionistas.
ano passado, revelou que 3.059, ou 55% dos municípios
Práticas relacionadas à conservação de água podem e
brasileiros, precisam de investimentos prioritários em
devem ser reforçadas quando da formação de profissionais
mananciais ou sistemas de produção.
de engenharia e por empreendedores imobiliários, que
Justifica-se, portanto, a necessidade de usar a
devem ressaltar que a diferença de preço de venda pode
água de maneira cada vez mais eficiente no ambiente
ser compensada com a diminuição dos custos condominiais,
urbano como, por exemplo, a reutilização da água
já que a água é o segundo item em importância econômica
contida nos efluentes gerados. Esta é uma solução que
nos condomínios, perdendo apenas para mão de obra.
deve ser plenamente adotada pelo setor da construção
Grandes edifícios devem implementar programas
civil, já que para garantir a sustentabilidade
de conservação de água para subsidiar síndicos
é importante que sejam observadas questões
na escolha de ações técnicas apropriadas e
ambientais associadas aos efluentes e resíduos
economicamente viáveis para otimizar o uso da água,
líquidos originados na atividade. O aproveitamento
resguardando a saúde dos usuários e o perfeito
desses resíduos, além de proteger o meio ambiente,
desempenho dos sistemas envolvidos.
estabelece uma fonte de água alternativa.
Esse tipo de ação contribui, com certeza, para uma
Ações desse tipo valorizam o conceito de “substituição
economia verde, foco de discussão da RIO+20, e deve ser
de fontes”, uma solução para satisfazer demandas menos
o objetivo de todas os países, principalmente de economias
restritivas, para liberar água de melhor qualidade para
em franca expansão, como a brasileira.
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Esquentado para RIO+20
RIO+20 deve as respostas às ruas e não no carpete Por Marcelo Furtado
Diretor-Executivo Greenpeace Brasil
acordo em um ponto: O sistema econômico atual
e em 2002 (a RIO+10), veremos que 20 anos se passaram e os governos não implementaram o dever de casa. Os temas presentes são os mesmos. O que todos querem é que, dessa vez, o resultado não seja apenas a repactuação de promessas acordadas anteriormente, mas a ação.
está falido e falta visão e liderança para desenvolver
Em 2012, o Brasil passou a ser a sexta maior
um novo modelo. Davos promove uma reforma e o
economia do mundo e segue entre os cinco maiores
Fórum Social Mundial pede uma revolução estrutural.
poluidores do mundo. O país permanece desigual e
A juventude ao redor do mundo está indignada
injusto. Tem governo forte, oposição anêmica, cor-
com a desigualdade, a falta de oportunidade e a au-
porações poderosas e uma sociedade civil fraca e
sência de perspectiva de um futuro sustentável. Estão
fragmentada. Ou seja, um país sem pesos e contra-
ocupando as praças e ruas na Europa, EUA, e no
pesos suficientes para garantir o balanço de forças no
mundo Árabe. O Brasil, Índia e China são lembrados
debate democrático e pela sustentabilidade.
A RIO+20 ocorre num momento complexo. O mundo está mais inseguro devido às crises econômicas, sociais e políticas varrendo a Europa, Américas, Oriente Médio e Ásia. Davos e a sociedade civil organizada estão de
de que com poder vem a responsabilidade.
Os jovens querem que a RIO+20 seja 1% sobre o processo oficial e 99% sobre o engajamento público para realmente transformar o curso insustentável do nosso planeta. O Marco Zero, documento com as primeiras diretrizes do encontro, se tornou um balde de água fria para todos que acompanham esse processo. Se observarmos o que foi feito em 1992
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O debate do Código Florestal demonstrou um grande fosso entre o parlamento e a população. O Congresso aprovou com ampla maioria o novo código que promove a anistia aos desmatadores e libera as motosserras para cortarem ainda mais nossas florestas. Entretanto, a maioria dos brasileiros (80%) segundo pesquisa do Datafolha (junho 2011), defendem a proteção das florestas e rios e 79% apoiam o veto pela Presidenta Dilma.
O Brasil tem a possibilidade de liderar um salto tecnológico. O investimento feito para promover o desmatamento e a poluição poderia ser utilizado para promover um novo paradigma de desenvolvimento, baseado em energias limpas, sem desmatamento, com empregos verdes e descentes para um planeta justo e igualitário.
A aventura off-shore do Pré-Sal colocará o país entre os cinco maiores produtores de petróleo do mundo com emissões no mesmo nível que o desmatamento ocupa hoje. O mundo verá um custo econômico e de vidas muito mais elevado devido aos impactos das mudanças climáticas. Portanto, a questão não será a quantidade de petróleo que tivermos em reserva, mas o fato que o mundo não poderá queimar combustíveis fosseis. O Brasil tem a possibilidade de liderar um salto tecnológico. O investimento feito para promover o desmatamento e a poluição poderia ser utilizado para promover um novo paradigma de desenvolvi-
vamos priorizar as conversas e ações que estarão acontecendo nas ruas. Vamos articular uma mobilização com a sociedade brasileira exigindo da presidente Dilma Rousseff o veto ao projeto do Código Florestal aprovado na Câmara Federal e no Senado. Vamos promover uma lei popular pelo fim do desmatamento. Vamos engajar a sociedade para promover a energias limpas como solar, eólica, biomassa e pequenas centrais hidroelétricas para gerar a energia que necessitamos para promover nosso desenvolvimento. No ano da RIO+20 estamos comemorando 20 anos de atuação no Brasil. Este é um momento para celebrar esta rica história cheia de vitórias
mento, baseado em energias limpas, sem desma-
desde a proibição da importação de lixo tóxico;
tamento, com empregos verdes e descentes para
a luta dos transgênicos; a moratória do mogno,
um planeta justo e igualitário.
soja e carne; da luta pela revolução energética e
Para isto, necessitamos de novas pontes entre os
contra as usinas nucleares; e da obtenção de uma
diferentes atores da sociedade civil, governos, aca-
meta de emissões de gases de efeito estufa para
demia e setor privado engajados com a cidadania e
o Brasil. Entretanto, melhor que falar do passado
a transformação de nossa realidade.
é construir o futuro, sobre a criação de um Brasil
No Greenpeace, nosso compromisso principal é com a cidadania. Portanto, no ano da RIO+20,
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verde. A RIO+20 deve responder a este dilema e não se reduzir a uma conversa no carpete”.
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notícias
São Paulo é eleita para sediar encontro internacional de construção sustentável Reunião preparatória para RIO+20 acontecerá em junho no SESC SP e será hospedada pelo CBCS em parceria com o Secovi-SP, a Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente, a CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) e o Ministério das Cidades. A cidade de São Paulo candidatou-se e foi eleita para sediar em 2012 o encontro internacional anual do SBCI (da sigla em inglês Sustainable Buildings and Climate Initiative), cujo objetivo é analisar, debater e propor ações para reduzir o impacto da construção de empreendimentos no meio ambiente. O evento acontecerá nos dias 12, 13 e 14 de junho em São Paulo, no SESC Pinheiros. “Vinculado ao Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), da ONU, o SBCI congrega os stakeholders chaves do setor da construção civil (indústria, negócios, governo, autoridades locais, instituições de pesquisa, universidades, especialistas e ONGs) e trata especificamente da sustentabilidade em assuntos relacionados à edificação e ocupação urbana, especialmente no que diz respeito à preservação de recursos naturais, disseminação de conhecimentos e implantação de novas tecnologias para promover as melhores práticas na área”, afirma o presidente do CBCS, Marcelo Takaoka, que atualmente também exerce a função de presidente do conselho do SBCI. 10
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Resultado de uma parceria do CBCS com o Secovi-SP, a Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente, a CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) e o Ministério das Cidades, a reunião anual do SBCI irá congregar os mais importantes nomes do setor da construção civil sustentável em âmbito mundial para discutir soluções, já que o setor é responsável por uma parcela significativa do consumo de recursos naturais e das emissões globais de CO2. Na ocasião serão realizadas as discussões preparatórias para RIO+20 - Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. “O evento acontece num momento muito oportuno, uma vez que antecede a RIO+20, programada para 20 a 22 de junho de 2012, no Rio de Janeiro. São grandes as chances de o setor imobiliário levar alguma proposta concreta para essa grande discussão global sobre o futuro do planeta e de todos nós”, considera o vice-presidente de Sustentabilidade do Secovi-SP, Ciro Scopel.
Pesquisa apresentada nos EUA explora a megacidade paulista e sua maior favela. Estudo “Indicadores de Sustentabilidade Urbana”, coordenado pelo professor Carlos Leite, inclui laboratório voltado para Heliópolis. São Paulo se reinventa rapidamente, extrapolando o desenvolvimento urbano formal quando observado o contexto informal de suas grandes favelas, por exemplo. Esse cenário de transformações e a discussão em torno da sustentabilidade da maior megacidade brasileira são abordados na pesquisa “Indicadores de Sustentabilidade Urbana”, desenvolvida junto ao Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, sob a liderança do professor Carlos Leite. O docente apresentou o trabalho em turnê pelos Estados Unidos no último mês de dezembro. Foram quatro palestras: Columbia University, City University of New York, New York University e Parsons the New School, todas em Nova Iorque. A pesquisa contempla dois laboratórios: de Observação de Sustentabilidade Urbana e de Co-criação de Soluções Urbanísticas em Territórios Informais, este aplicado em Heliópolis, maior favela paulistana. O primeiro laboratório sinaliza parâmetros para São Paulo, que passa por um processo de reciclagem contínua do território, por meio do levantamento de 176 indicadores de sustentabilidade urbana, agrupados em 9 temas, 34 subtemas e 85
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grupos. Os temas foram: infraestrutura e construção sustentável; governança; mobilidade; habitação; oportunidades; planejamento e gestão da terra; serviços e equipamentos; questões ambientais; e segurança urbana e inclusão social. Já o segundo, em parceria com a Academia de Arquitetura de Amsterdã (Holanda) e a Parsons Nova Escola de Design de Nova Iorque (EUA), além do apoio da Secretaria Municipal de Habitação e de associações comunitárias de Heliópolis, está voltado para uma região de cerca de 100 mil habitantes. A iniciativa trabalha ideias para a melhora urbanística e de qualidade de vida da favela a partir de dentro, propondo que os moradores sejam criativos co-criadores de ações e mudanças após identificarem potencialidades e oportunidades. Visa, com isso, criar um espaço público que reforce as interações sociais locais sem que seja preciso remover pessoas dali. Docente na graduação e na pós do Mackenzie, Carlos Leite, pós-doutor pela California Polytechnic State University (Estados Unidos), lançará em breve o livro “Cidades Sustentáveis, Cidades Inteligentes”, pela editora Bookman. 11
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agenda
Brasil será sede do Dia Mundial do Meio Ambiente de 2012 Anúncio oficial foi feito pelo Diretor Executivo do PNUMA e pela Ministra do Meio Ambiente do Brasil durante coletiva de imprensa realizada na sede do PNUMA em Nairóbi. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) anunciou recentemente que o Brasil, dono de uma das economias que crescem mais rápido no mundo, será a sede das celebrações globais do Dia Mundial do Meio Ambiente (WED, na sigla em inglês), comemorado anualmente no dia 5 de junho. O tema deste ano: “Economia Verde: Ela te inclui?” convida o mundo a avaliar onde a Economia Verde está no dia-a-dia de cada um e estimar se o desenvolvimento, pelo caminho da Economia Verde, abrange os resultados sociais, econômicos e ambientais necessários em um mundo de 7 bilhões de pessoas, que deve chegar a 9 bilhões de pessoas em 2050. O Brasil foi sede do WED em 1992, durante a Cúpula da Terra, quando chefes de Estado, líderes mundiais, oficiais de governo e organizações internacionais se encontraram para reorientar, recalibrar e traçar um caminho rumo ao desenvolvimento sustentável. “Ao celebrar o WED no Brasil em 2012, estamos voltando às raízes do desenvolvimento sustentável contemporâneo para criar um novo caminho que reflita as realidades, mas também as oportunidades do novo século”, declarou Achim Steiner, Subsecretário Geral da ONU e Diretor Executivo do PNUMA.
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“Três semanas após o WED, o Brasil receberá a RIO+20, onde líderes mundiais e nações se reencontrarão para desenhar um futuro que faça do desenvolvimento sustentável uma prática bem-sucedida – um futuro que pode fazer crescer economias e gerar trabalhos decentes sem pressionar os limites do planeta”, adicionou. O Brasil tem o quinto maior território do mundo, com quase 8,5 milhões de Km² onde vivem mais de 200 milhões de pessoas, o que o torna o quinto país mais populoso do mundo. Em anos recentes, o Brasil deu grandes passos para resolver problemas como o desmatamento da Amazônia por meio do monitoramento da região. Estimativas mostram que o Brasil alcançou uma redução significativa de gases causadores de efeito estufa como resultado da redução das taxas de desmatamento. Segundo o relatório do PNUMA chamado Economia Verde: Caminhos para o Desenvolvimento Sustentável e a Erradicação da Pobreza, o Brasil tem tido uma posição de destaque na construção de uma economia que inclui a reciclagem, a energia renovável e a geração de empregos verdes.
O tema deste ano: “Economia Verde: Ela te inclui?” convida o mundo a avaliar onde a Economia Verde está no dia-a-dia de cada um e estimar se o desenvolvimento, pelo caminho da Economia Verde, abrange os resultados sociais, econômicos e ambientais necessários em um mundo de 7 bilhões de pessoas, que deve chegar a 9 bilhões de pessoas em 2050.
A indústria de reciclagem do Brasil gera um retorno de dois bilhões de dólares, ao passo que reduz as emissões de gases de efeito estufa em dez milhões de toneladas. Só no Brasil, na China e nos Estados Unidos, a reciclagem, em todas as suas formas, já emprega doze milhões de pessoas. O Brasil é também líder na produção sustentável de etanol como combustível de veículos e está se expandindo em outras formas de energia renovável como a eólica e solar. Recentemente, a construção de 500.000 novas casas com instalações de paineis solares no Brasil gerou 300 mil novos empregos. “Nós estamos muito felizes por sediar as celebrações globais pelo meio ambiente. O Dia Mundial do Meio Ambiente no Brasil será uma grande oportunidade para apresentar os aspectos ambientais do Desenvolvimento Sustentável nas semanas que antecedem a Conferência RIO+20”, declarou a Ministra do Meio Ambiente do Brasil, Izabella Teixeira, que esta semana está participando da Sessão Especial do Conselho Administrativo do PNUMA em Nairóbi, Quênia. “A história do Brasil, com a complexidade de sua economia diversa e dinâmica, a sua riqueza de recursos naturais e seu atual papel nas relações internacionais,
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oferece uma perspectiva única por meio da qual um resultado amplo e transformador se tornará possível na RIO+20”, adicionou Achim Steiner. “O forte comprometimento do Brasil com a equidade social e seu papel de destaque entre economias desenvolvidas e em desenvolvimento, pode guiar e moldar debates”. “O conceito contemporâneo de desenvolvimento sustentável nasceu no Brasil e podemos considerar que o potencial que esse modelo apresenta para responder a desafios e oportunidades futuras será definido no Brasil daqui a quatro meses”, completou Steiner. As celebrações do WED no Brasil, na semana do dia 5 de junho, é parte de milhares de eventos que acontecem no mundo todo. O WED 2012 vai enfatizar o modo como ações individuais podem ter um impacto exponencial, com uma variedade de atividades que vão desde uma maratona até mutirões de limpeza, competições entre blogueiros, exibições, seminários, campanhas nacionais e internacionais. Confira mais informações no site do WED: www.unep.org/wed Veja também o relatório Economia Verde: www.unep.org/greeneconomy Em português: www.pnuma.org.br
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entrevista
Prof. Orestes Marracini Gonçalves O conselheiro e coordenador do Comitê Temático Água, Professor Orestes Marracini Gonçalves traz em bate papo exclusivo com o CBCS Notícias #2 detalhes e resultados da primeira etapa concluída de um minucioso trabalho que vem sendo desenvolvido em busca da unificação das normas de sistemas prediais para uso de água fria e água quente em edificações brasileiras. Resultado da integração de toda a cadeia produtiva do setor, o estudo aponta para a evolução em busca de melhores índices de consumo e uso racional da água.
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Como surgiu a ideia de unificar as normas de sistemas prediais de água fria e de água quente? Até o presente momento, conta-se com duas normas: uma para os sistemas prediais de água quente e a outra para o de água fria. A intenção de unificar os dois procedimentos normativos já existe há muito tempo e então pensou-se em transformar as duas normas em uma só. Levando em consideração que as normas dos dois sistemas prediais evoluíram durante muitos anos lado a lado, sem a necessária integração, os parâmetros estabelecidos ficaram diferentes, o que não faz sentido. Por exemplo, diferentes velocidades de escoamento de água fria e de água quente podem provocar diferentes pressões em cada um dos dois sistemas, junto aos pontos de utilização, o que dificulta o ajuste da temperatura da água no nível adequado ao uso final e, consequentemente, resulta no desconforto dos usuários e desperdício de água. Situações como esta mostravam que era importante unificar estas normas.
E como foram os primeiros passos para o debate pró-unificação? Existem dois momentos: o pré-CBCS e o pós-CBCS. A ideia da unificação normativa foi retomada com a criação do Comitê Temático Água, do CBCS, que estabeleceu parceria com a ANA – Agência Nacional de Águas logo no início das suas atividades. A partir daí, desenvolveu-se um programa de ações que levou a resultados positivos. Uma das atividades desenvolvidas pelo CT Água, por exemplo, foi a realização de reuniões e oficinas de trabalho que apontaram a necessidade da revisão de documentos normativos com o objetivo de incorporar critérios que contemplem a redução da demanda e o uso racional da água. Foi então que ficou evidenciado que o melhor caminho seria o da unificação das normas com o objetivo de melhorar o desempenho dos sistemas prediais de água, incluindo requisitos que promovam o uso racional da água. Afinal de contas os parâmetros de projeto da nova norma unificada devem considerar, por exemplo, a evolução do desempenho dos materiais e componentes de sistemas hidráulicos
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prediais, convencionais e economizadores, um conjunto de soluções construídas setorialmente pela indústria nacional nos últimos 15 anos, que contou também com o apoio de profissionais que atuam no CBCS. As reduções dos indicadores de consumo e da demanda de água obtidas em diferentes tipologias de edifícios mostram que o comportamento dos sistemas prediais em uso tem se alterado sensivelmente e os requisitos e critérios de projeto permaneceram os mesmos, o que indica a inadequação da concepção e do dimensionamento dos elementos destes sistemas. Com as alterações observadas ao longo do tempo, as normas ficaram para trás e passaram a demandar revisão. Esse é um movimento extremamente salutar, porque estimula a evolução constante do setor e o consumidor só tem a ganhar.
Já aconteceram outras tentativas de unificar as normas para água quente e fria. Por que o senhor acredita que funcionará desta vez? Praticamente todos os elos da cadeia produtiva dos sistemas hidráulicos prediais estão envolvidos no atual processo de unificação das normas. As entidades setoriais interessadas no tema, que patrocinaram a elaboração do texto base da nova norma, são a Abrasip, associação das sociedades de engenharia de projeto e de consultoria de sistemas, o SindInstalação, sindicato das empresas instaladoras e montadoras de sistemas, o SindusCon SP, sindicato das empresas construtoras, o SECOVI-SP, sindicato das empresas de real estate, a ASFAMAS, associação dos fabricantes de materiais e componentes de sistemas prediais e saneamento, a ABRAFAC, associação de gerenciadores de facilities, que operam os edifícios durante a fase de uso, e o CBCS com foco nas questões relacionadas à conservação e uso racional da água. Como pode-se constatar, nesta nova etapa as entidades se mobilizaram e trabalharam para que o texto fosse consistente e contivesse requisitos relevantes para o adequado desempenho dos sistemas prediais de água fria e quente. Logicamente no desenvolvimento dos trabalhos surgiram pontos de conflito, devidos aos diferentes impactos em cada
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entrevista um dos elos da cadeia . No caso CBCS, os requisitos referentes à segurança, à qualidade da água e dos componentes dos sistemas e à gestão da demanda e economia dos insumos água e energia foram pontuados e trabalhados no novo texto. Podemos citar como exemplos, o estabelecimento de critérios de projeto de reservatórios envolvendo a estagnação da água, a facilidade de manutenção e a diminuição dos volumes a serem armazenados, decorrente das medidas de redução do consumo, tais como a utilização de aparelhos sanitários convencionais de melhor desempenho e dos economizadores.
De que forma a norma unificada trata a qualidade da água consumida no dia a dia? O texto base proposta tem um item dedicado à proteção sanitária e preservação da potabilidade da água nos reservatórios de água. Os requisitos de desempenho e os procedimentos de projeto e instalação tratam da proteção contra a incidência da luz, da estanqueidade e da estagnação da água. Outro aspecto relacionado à qualidade da água envolve os cuidados para evitar a ocorrência de conexão cruzada, ou seja do contato da água potável com água de outras origens, provenientes de diferentes elementos do sistema predial ou de outros subsistemas do edifício.
E como o texto aborda o aproveitamento de água não-potável? É usual entender-se que a conservação e uso racional da água aborda apenas a redução da demanda de água potável, seja pela implementação de medidas de redução do consumo de água ou pela utilização de água proveniente de fontes alternativas. Na conservação de água também é necessário trabalhar forte e atentamente na manutenção dos padrões de qualidade da água, seja ela potável ou não-potável. Usa-se água não-potável para fins específicos, onde a água potável não é necessária. Entretanto a cada finalidade específica de uso deve-se associar um padrão de qualidade de água. Na gestão da oferta desta
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Prof. Orestes Marracini Gonçalves água não-potável, ação esta realizada nos programas de conservação de água, o padrão de qualidade deve ser mantido e garantido. Veja que quando emprega-se fontes alternativas de água nos sistemas prediais, o gestor de facilities passa a assumir a função de produtor do insumo, e consequentemente a responsabilidade sobre risco sanitário de contaminação. Considerando necessário um maior embasamento técnico e gerencial para a sua inclusão neste texto normativo, as entidades envolvidas na elaboração da norma unificada recomendaram que o uso de água proveniente de fontes alternativas deve ser tratado em norma específica, concebida para esta finalidade. Assim, a norma unificada de sistemas prediais de água, fria e quente, trata unicamente do uso da água potável.
De que forma a nova norma aborda o tema do uso racional da água? Os requisitos e práticas estabelecidos no texto base da norma unificada fundamentam-se nos seguintes três princípios: bom desempenho dos sistemas, uso racional da água e energia e garantia da qualidade da água. O texto base proposto incorpora elementos tecnológicos e gerenciais importantes para o uso racional da água, que devem ser considerados na concepção e dimensionamento dos sistemas hidráulicos prediais. No projeto dos sistemas, a topologia da rede de distribuição interna de água deverá possibilitar a setorização de áreas de consumo, de forma a facilitar a medição do consumo, a operação e a manutenção dos subsistemas e componentes. Nos programas de uso racional é imprescindível para a gestão da demanda de água a obtenção e avaliação dos indicadores de consumo por setor de interesse específico, o que será possível com a instalação de hidrômetros setorizados, de leitura local ou remota. O exemplo mais comum é o da medição individualizada de água em edifício residencial e comercial, em que o setor medido é a unidade autônoma, seja ela o apartamento ou a unidade comercial.
Praticamente todos os elos da cadeia produtiva dos sistemas hidráulicos prediais estão envolvidos no atual processo de unificação das normas. As entidades setoriais interessadas no tema, que patrocinaram a elaboração do texto base da nova norma, são a Abrasip, o SindInstalação, o SindusCon SP, o SECOVI-SP, a ASFAMAS, a ABRAFAC, e o CBCS que traz o foco nas questões relacionadas à conservação e uso racional da água.
Com a mudança da topologia das redes prediais e com o emprego de metais e louças sanitárias de melhor desempenho e de consumo reduzido, é recomendável utilizar novos modelos de projeto e dimensionamento que melhor representem essas mudanças. A norma unificada recomenda o emprego de métodos probabilísticos e de simulação para a determinação das vazões de projeto e do consumo de água, em substituição aos modelos atuais de base empírica, como é o caso do método dos pesos para o cálculo das vazões nos sistemas de água fria e quente. A redução das pressões dinâmicas de operação do sistema resultará na diminuição das vazões unitárias dos aparelhos sanitários, com a consequente redução do desperdício e do consumo diário de água. O novo texto base estabeleceu um valor máximo para a pressão dinâmica da água no ponto de utilização, a montante da peça de utilização, significativamente inferior à pressão estática máxima. Comparado com o normas de água fria e de água em vigência, o texto proposto aborda os aspectos do uso racional da água de forma mais efetiva.
Como tem sido os comportamentos das interfaces nesses debates? Há desafios? O processo de elaboração e discussão da norma unificada foi longo e pode-se considerar que teve duas fases distintas. Na
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primeira fase as entidades colocavam suas visões, os pontos de interesse de cada segmento e externavam preocupações com o aumento de atribuições e de custos devidas à implementação de novos requisitos normativos. Numa segunda fase, com a evolução dos trabalhos, as convergências vieram e o ambiente tornou-se propício para o estabelecimento de um texto normativo que atende adequadamente às necessidades dos usuários dos sistemas predais de água fria e quente. Duas lições foram aprendidas neste processo. A primeira delas refere-se à importância da produção e organização do conhecimento para embasar as atividades de regulamentação e normalização técnica. É fundamental que aconteça uma maior aproximação entre as entidades de pesquisa e inovação com as entidades e empresas do meio produtivo, com o objetivo de prospectar, gerar e organizar o conhecimento tecnológico nesta área. A outra lição é que as entidades envolvidas no desenvolvimento de normas técnicas de procedimentos de projeto e implantação de sistemas, como é o caso da norma de sistemas prediais de água fria e quente, devem se reunir numa periodicidade estabelecida, que em minha opinião não deve ser superior a dois anos, para avaliar a necessidade de atualização do documento normativo, em função das inovações observadas no período e da evolução das exigências dos usuários destes sistemas.
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Posicionamento CBCS para RIO+20 Plataforma Global de Avaliação do Ciclo de Vida Simplificado para Construção Sustentável Relevância do tema
da elaboração de planos em nível nacional e internacional, ao
De acordo com UNEP-SBCI, globalmente os edifícios são
comunitário e individual, passando por decisões de consumo,
responsáveis por 40% do consumo anual de energia e res-
inclusive no âmbito do comércio internacional.
ponsáveis por até 30% do consumo de energia relacionado
Esta realidade limita seriamente o engajamento efetivo da in-
à emissão de gases de efeito estufa. Coletivamente, o setor
dústria, do comercio, do setor público e dos consumidores em geral
da construção é responsável por um terço do consumo de re-
na promoção da sustentabilidade, tal como previsto na Agenda 21.
cursos naturais, incluindo 12% de todo o uso de água doce, e pela produção de até 40% de resíduos sólidos.
O contexto
De acordo com UNEP - Climate Neutral Network o transporte
A Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), promovida há várias décadas
pessoal e comercial consome cerca de 20% da oferta global de
pela UNEP, já é a ferramenta padrão para quantificar o impacto
energia sendo que 80% dos quais provenientes de combustíveis
ambiental de produtos. A integração de impactos sociais dentro do
fósseis. A Infraestrutura de transporte contribui para o desenvolvi-
seu escopo vem sendo trabalhada. Seu conceito é bem estabelecido
mento econômico e social permitindo o comércio e proporcionando
e normatizado. A ferramenta procura integrar todos os fluxos am-
oportunidades de emprego, educação e lazer.
bientais (entradas e saídas de materiais nos processos produtivos),
Esses dados são estimativas globais. Quantificações por
permitindo calcular os impactos ambientais e identificar os mais
país e setor produtivo são necessários para identificar os
relevantes em cada produto, o que pode fundamentar intervenções
principais impactos de cada setor.
acertadas no processo. Entretanto, com a abrangência proposta a ACV é de implantação cara e complexa, pois exige a medição de
Proposta
uma grande quantidade de variáveis, muitas das quais requerem
Propomos o estabelecimento de um painel internacional, reu-
complexo aparato e recursos humanos altamente especializados,
nindo empresas, governos, academia e ONGs, para estabelecer
que não estão disponíveis em muitas regiões e além do alcance
uma Plataforma Global de Avaliação do Ciclo de Vida Simpli-
financeiro de boa parte dos agentes econômicos.
ficada (ACV-s), que priorize os principais desafios da agenda
Estes fatos têm impedido a disseminação da ACV. Estão dispo-
socioambiental global e que seja capaz de tornar-se numa
níveis no mercado internacional algumas poucas bases de dados
ferramenta para a tomada de decisão com base no desenvol-
comerciais. Estas bases incluem dados oriundos principalmente
vimento sustentado do setor da construção civil.
de países desenvolvidos e menos ainda que detalhem empresas (declaração ambiental de produto). Apenas poucos países pos-
A visão
suem bases de dados publicas e gratuitas. De uma forma geral
A promoção da sustentabilidade exige que as decisões de aqui-
a velocidade de atualização e lenta, o que leva a tomada de
sição de produtos considerem os múltiplos impactos ambientais
decisões com dados desatualizados. A maior parte dos dados
e sociais ao longo do ciclo de vida dos produtos. Até o momen-
não esta detalhada em nível de empresas, pois a sua aplicação
to a quantidade de informações sobre estes impactos é muito
esta fora do alcance técnico e econômico da maioria delas. Esta
limitada, de acesso caro e difícil. Na maioria dos países em de-
carência elimina a possibilidade de escolha de fornecedor base-
senvolvimento informações de produtos locais, são inexistentes.
ada em critérios ambientais. Em consequência a seleção baseada
Esta carência de informações afeta todos os níveis de decisão,
em preço e desempenho técnico continua predominante. Esta
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carência de informações impede a concorrência baseada em
consequência estas ferramentas dão resultados incoerentes
sustentabilidade e em muitas situações faz com que ganhem
entre si e não permitem minimizar os impactos negativos em
mercados fornecedores com práticas insustentáveis. Em resumo,
todos os projetos. Em mercados onde existem múltiplos selos é
a ausência de informações de impactos ambientais em nível de
possível aos agentes de mercado selecionar a ferramenta mais
empresa impede que o mercado promova a sustentabilidade.
conveniente. A adoção de selos elaborados em outras realidades e países reduz ainda mais a eficácia destas iniciativas, e
O desafio
podem levar a decisões incorretas, pois as diferenças da agen-
É, portanto, prioritário construir um sistema público aberto
da socioambiental entre países e regiões é muito grande. Uma
gratuitamente para toda a sociedade que gerencie um conjunto
simples comparação do conteúdo de CO2 da eletricidade, que
mínimo de informações quantitativas, consistentes, verificáveis e
varia uma ordem de grandeza entre diferentes países evidencia
confiáveis que de suporte às decisões de aquisição de produtos
este limite. Metodologias de certificação que tenham por base
com base em múltiplos critérios, baseado no conceito de analise
informações quantitativas dos impactos ao longo do ciclo de
do ciclo de vida, simplificado. Este sistema deve ser desenvol-
vida dos produtos efetivamente empregados na construção, ma-
vido, implantado e gerenciado de forma transparente por uma
nutenção e uso poderão vir a fornecer resultados consistentes
coalização que reúna órgãos governamentais, empresas e o
e relevantes. As ferramentas BIM facilitam a realização desta
terceiro setor. A eficácia deste sistema cresce proporcionalmen-
analise, desde que existam os dados.
te ao número de produtos e empresas que dele participam. As
Um exemplo de sucesso na quantificação de impactos é a abor-
chances de sucesso crescem se este sistema for de implantação
dagem do GHG Protocol que tem ganhado a adesão de empresas,
e manutenção tão simples que o torne viável em pequenas em-
mesmo em países em desenvolvimento. A metodologia abre a
presas de países em desenvolvimento. A simplicidade facilita a
possibilidade de usar dados que podem ser coletados com certa
atualização dos dados, outra chave da sua eficácia.
facilidade, mas também oferece modelos de estimativa genéricos
Para facilitar a sua adoção por diferentes países, sua implan-
de aplicação mais fácil, embora com resultados mais conservadores.
tação deve ser progressiva, começando com dados de insumos
A metodologia é também apoiada por um crescente número de
básicos em escala nacional evoluindo de forma a abranger parcela
manuais e ferramentas dedicados a processo produtivos específicos
crescente dos produtos e, finalmente, incorporando resultados
e adaptações por diferentes países, o que facilita a sua aplicação.
de empresas individuais. A quantidade de aspectos ou impactos
Espelhando-se no GHG Protocol, o desenvolvimento de uma
incluídos deve ser evolutiva, permitindo que países, empresas e
metodologia simplificada de análise do ciclo de vida é uma alter-
seus clientes aprendam no processo. Para permitir o comércio
nativa para viabilizar as medições de impacto ambiental, tornar
internacional deve ter uma metodologia padronizada, com bases
os dados acessíveis e escalar rapidamente o hábito de basear as
interligadas e de acesso universal.
decisões em critérios ambientais múltiplos.
Embora este tipo de sistema de suporte a decisão seja importante para todos os setores da economia, ele é particularmente prioritário
Conclusão
para o setor da construção, que é responsável pela maior parcela
Portanto propomos o estabelecimento de um Painel Internacional
de consumo de recursos naturais, geração de resíduos e consumo
formado por empresas, governos, academia e ONGs, para estabelecer
de energia e também pela qualidade de vida da população.
uma Plataforma Global de Avaliação do Ciclo de Vida Simplificada
Análises de desempenho ambiental de produtos continuam
(ACV-s), por meio de uma metodologia de análise que contempla os
sendo feita através de metodologias proprietárias (selos verdes),
principais desafios da agenda socioambiental global para tornar-se
baseadas em critérios que promovem soluções consideradas
uma ferramenta para a tomada de decisão com foco no desenvol-
de menor impacto e que foram eleitas pelos seus autores. Em
vimento sustentado do setor da construção civil.
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saiba mais sobre o CBCS
Prêmio Pini 2011 faz homenagem ao LabEEE/UFSC O LabEEE – Laboratório de Eficiência Energética em Edificações da UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina, parceiro do CBCS, foi o homenageado do Prêmio Pini 2011 como a Iniciativa Social de Destaque 2011. A premiação concedida pelo Grupo Pini, editora de publicações do mercado da construção civil, foi motivada pelos projetos desenvolvidos pelo centro de pesquisas, entre eles o sistema de etiquetagem, que classifica imóveis de acordo com seu nível de eficiência energética. Fundado em 1996, o LabEEE é coordenado pelo professor e conselheiro do CBCS Roberto Lamberts e atualmente vive fase de expansão em pesquisas. O sistema de etiquetagem, que já é referência nacional, será ampliado e, com apoio do Ministério de Minas e Energia, dará origem ao CB3E – Centro Brasileiro de Eficiência Energética em Edificações. Trata-se de uma nova entidade que será dedicada a atividades complementares à etiqueta, como a elaboração de normas para medir as propriedades térmicas e óticas dos materiais usados na construção civil. 20
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Acompanhe e curta o CBCS nas mídias sociais O CBCS, como entidade de estudos e geração de conteúdo em seu segmento, está presente no ambiente virtual e mantém contas oficiais no Twitter e Facebook, gerenciadas pela equipe de assessoria de comunicação. No Twitter, ultrapassamos os 900 seguidores. No Facebook, já são mais de 3.000 amigos e 320 fãs. São espaços de debate e discussão de ideias, além de divulgação das ações do CBCS e de matérias publicadas na imprensa com participação dos conselheiros e diretores. Confira!
expediente CBCS Conselho Deliberativo 2011-2012 Presidente do Conselho Deliberativo Marcelo Vespoli Takaoka Conselheiros Adriana Levisky Carlos Eduardo Garrocho de Almeida Cristina Montenegro Fabio Feldmann Leôncio Pedrosa Marcelo Vespoli Takaoka Olavo Kucker Arantes Orestes Marracini Gonçalves Paulo Itacarambi Paulo Machado Lisboa Rachel Biderman Roberto de Souza Roberto Lamberts Ubirajara Freitas Vahan Agopyan Vanderley Moacyr John Vera Fernandes Hachich Diretoria Diana Csillag Paola Torneri Porto Wilson Saburo Honda
Conselho Fiscal
Coordenação Comitês Temáticos CBCS
Titulares Mário Sérgio Pini Roberto Aflalo Márcia Mikai Junqueira de Oliveira
CT Água Orestes Marracini Gonçalves Lucia Helena Oliveira Marina Ilha
Suplentes Rubens de Almeida Francisco Ferreira Cardoso Valério Gomes Neto
CT Avaliação Francisco Cardoso
Jornalista responsável Clarissa Turra - Mtb 52086/SP Coordenação Técnica Érica Ferraz de Campos Secretaria Giselly Souza Direção de Arte Angulodesign Fotografia Acervo CBCS www.sxc.hu
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CT Energia Roberto Lamberts CT Economico Financeiro Marcelo V. Takaoka CT Materiais Vanderley M. John Vera Hachich CT Projeto Paulo Lisboa Adriana Levisky Eloise Amado CT Urbano Alex Abiko
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