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Peixes do Rio das Velhas

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Peixes do Rio das Velhas

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Apesar dos problemas que enfrenta, especialmente ligados à ausência de saneamento em alguns trechos, a bacia do Rio das Velhas conta com uma variedade significativa de peixes, resiliente e perseverante. Conheça alguns deles:

CURIMATÃ-PIOA (Prochilodus costatus)

O Curimatã-pioa é endêmico do Rio São Francisco. Possui corpo mais baixo e, geralmente, é menor do que o curimatã-pacu. Esta espécie é menos abundante do que seu similar no Médio São Francisco e no Rio Pandeiros, mas apresenta maior quantidade na cabeceira do São Francisco e no Rio Cipó, onde forma grandes cardumes. São peixes de grande importância na pesca de rios brasileiros. Na década de 1980, 20% de todo o pescado capturado no Brasil eram de peixes desta família. Os curimatãs têm lábios grossos e bastante móveis, providos de dentículos (quase imperceptíveis à vista desarmada) que servem para raspar o leito do rio. É comum observar esse peixe em plena atividade alimentar durante o dia e, durante a noite, normalmente permanece em estado inativo.

MANDI-AMARELO (Pimelodus maculatus)

O mandi habita remansos das margens dos rios, locais com areia e cascalho no fundo. É um peixe de couro. Suas nadadeiras possuem manchas negras e pequenas, com esporões farpados (com muco tóxico) nas nadadeiras peitorais e dorsal. Tem o corpo alongado a ligeiramente comprimido, alto, no início da nadadeira dorsal, afunilando em direção à cabeça e à nadadeira caudal. Sua cabeça é cônica com os olhos situados lateralmente. Os barbilhões maxilares ultrapassam a metade do corpo. Possui coloração parda, na região dorsal, passando para amarelada nos flancos e branca no ventre com uma linha escura no dorso. Apresenta 3 a 5 séries de grandes manchas escuras ao longo do corpo. É uma espécie de porte médio, chegando a alcançar 40 cm de comprimento e peso de até 3 Kg.

CASCUDO-PRETO (Rhinelepis áspera)

O Cascudo-preto possui uma couraça recobrindo o seu corpo. Na verdade, são pequenas placas ósseas adaptadas à maneira de escamas, que percorrem o corpo em várias fileiras (de três a quatro), o que confere ao Cascudo aparência visual e sensação tátil de lixa. Seu corpo possui coloração parda com algumas manchas escuras. Vive principalmente em locais de fundo de pedras e de correnteza. Pode atingir mais de 4kg de peso. Sua carne é firme, saborosa e sem espinhos. Ainda é capturado em grande número nos Rios Paracatu e Preto (pertencentes à bacia do São Francisco).

MATRINXÃ (Brycon orthotaenia)

O Matrinxã é um peixe de escamas. Possui corpo alongado, alto e comprimido. Sua coloração é prateada, com as nadadeiras alaranjadas, sendo a nadadeira caudal escura. Apresenta uma mancha arredondada escura na região umeral. Os dentes são fortes, multicuspidados, dispostos em várias fileiras na maxila superior. Pode chegar aos 80 cm de comprimento e 7 Kg de peso. É um peixe onívoro, alimentando-se de frutos, sementes, flores, insetos e, ocasionalmente, de pequenos peixes (inclusive da própria espécie).

PIAU-VERDADEIRO (Leporinus obtusidens)

De corpo prateado, nadadeiras douradas, com duas manchas negras arredondadas nos flancos e várias faixas escuras no dorso, o piau-verdadeiro vive nas bacias dos Rios São Francisco e do Paraná. Focinho um tanto proeminente e boca sub-inferior. Pode atingir porte acima de 8 kg de peso corporal, sendo o peixe de maior tamanho dentre as espécies de piaus da bacia do São Francisco. Alimenta-se de frutos, caramujos, grãos e ramos vegetais. No período reprodutivo, os machos emitem sons (roncos) para atrair as fêmeas.

PIRÁ (Conorhynchos conirostris)

O Pirá destaca-se por sua cor azul brilhante, focinho cônico que lembra o do Tamanduá. Pode alcançar um metro de comprimento e total de 13 quilos de peso corporal. Sua carne branca e sem espinhos é muito apreciada. Peixe símbolo da bacia hidrográfica, o Pirá está praticamente extinto na região do Baixo São Francisco. Por ser uma espécie que realiza a reprodução no período da piracema, o peixe necessita realizar grandes migrações como estímulo natural à ovulação. Porém, devido aos barramentos ao longo do Rio São Francisco, essas migrações não são mais realizadas.

PIRANHA (Pygocentrus piraya)

Nativa da bacia do São Francisco, a Piranha possui corpo romboide e comprimido, focinho curto, arredondado, mandíbula saliente e dentes afiados. Possui um espinho pré-dorsal e quilha ventral dotada de espinhos. É uniformemente colorida. Pode pesar até 6 kg. Alimenta-se de peixes. É famosa por suas mordidas no homem e em outros animais. Tal façanha é possível em razão da disposição de seus dentes tricúspides (com três bordas cortantes), que são capazes de arrancar pedaços de suas presas.

SURUBIM (Pseudoplatystoma corruscans)

Conhecido como pintado, surubim-caparari, caparari, brutelo, loango, e moleque é um peixe de água doce que habita as calhas dos rios das bacias do São Francisco, Paraná e Prata, embaixo de malhas de aguapés e camalotes e em bocas de corrichos. Tem o hábito noturno. O macho alcança até 180 cm de longitude e um peso máximo de 86 kg. Sua característica mais importante são os múltiplos pontos pretos desenhados em sua pele que é acinzentada no dorso e esbranquiçada no ventre. As barbatanas mostram um tom avermelhado. Apresenta longos barbilhões.

TRAÍRA (Hoplias malabaricus)

A Traíra habita águas paradas de lagos, represas, brejos, remansos e rios, tendo preferência por barrancos com vegetação, onde espreitam e emboscam suas presas. É um peixe carnívoro, alimentando-se de pequenos peixes, rãs e insetos. Espera a presa imóvel, junto ao fundo de lama ou em locas de pedras, desferindo um bote rápido e fatal. É um peixe de escamas. Possui corpo cilíndrico, boca grande, olhos grandes e nadadeiras arredondadas, exceto a dorsal. Sua coloração é marrom ou preta manchada de cinza. Possui dentes poderosos e afiadíssimos. Apesar do excesso de espinhas, em algumas regiões é bastante apreciado como alimento. Pode atingir 60 cm de comprimento e 4kg de peso.

PIRAPITINGA (Brycon nattereri)

A pirapitinga é um peixe da família Bryconidae que inclui o dourado, a tabarana e a piraputanga. Sua alimentação é baseada em insetos e material vegetal, como flores e frutos, provenientes das matas ciliares. Ao longo do ano a pirapitinga desempenha curtas migrações, por isso suas principais ameaças são o desmatamento e a construção de represas, que interrompem suas rotas migratórias. Atualmente, a pirapitinga está listada como ameaçada de extinção, na categoria vulnerável.

O Dourado (Salminus franciscanus)

O espelho d’água de um rio reflete a sociedade com a qual interage. Por isso, nessa luta pelo Rio das Velhas o peixe é considerado um indicador de saúde coletiva ambiental da bacia hidrográfica.

Pensando nisso, o CBH Rio das Velhas elegeu em 2020 o Dourado (Salminus franciscanus) como símbolo da bacia hidrográfica. A espécie nativa é reconhecida pela população como peixe nobre, lutador e bravio.

Em 2022, uma votação popular na internet batizou o novo mascote de Piraju. Palavra de origem tupi, Pirajú significa peixe amarelo/ dourado, em referência à sua coloração característica.

É um peixe de escamas, cada uma com um pequeno risco preto no meio, formando linhas longitudinais da cabeça à cauda. Possui uma coloração dourada por todo o corpo, com reflexos avermelhados. Tem uma cabeça grande, com uma boca que alcança a metade desta, repleta de caninos em forma cônica. Possui nadadeira caudal bastante robusta. Existem relatos de espécimes capturados com 130 cm de comprimento e peso de mais de 30 quilos.

O Dourado é um peixe apreciado por seu sabor, sendo conhecido como o “Rei do Rio”. Muito apreciado pelos pescadores esportivos, é lendário por sua bravura e resistência uma vez fisgado.

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