Imobiliário turístico português desperta interesse de brasileiros e angolanos
Nº 124 › Mensal › Janeiro 2013 › 2.20# (IVA incluído)
Vítor Costa Presidente da Cantial
Amadeu Remane Diretor Geral da LPR Portugal
Diogo Rodrigues Diretor Geral da Zenki Real Estate (Angola)
Geberit
Na vanguarda da tecnologia José Seabra, diretor geral da Geberit Portugal, destaca a capacidade de inovação em louças sanitárias da multinacional suíça
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› Head
Ficha Técnica
Editorial
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Redacção › Manuel Gonçalves › Valdemar Bonacho › Jorge Alegria
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Grafismo & Paginação › António Afonso
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Alguns desafios em 2013 Está a começar o ano de 2013 e Portugal enfrenta grandes desafios, sejam ao nível do Estado, sejam ao nível das empresas e das famílias. Este ano poderá mesmo constituir o ano mais difícil em termos económicos e sociais da nossa vivência democrática. O Orçamento do Estado aprovado impõe pesados sacrifícios, particularmente aos cidadãos, com o registo de um brutal aumento de impostos. Ao Estado está compelido o maior desafio, precisamente o de adequar a sua dimensão à capacidade real do país pagar a sua sustentação, o que manifestamente não foi capaz de conseguir desde há décadas. É porventura o desafio mais sério que este país enfrenta, e temos sérias dúvidas de que o atual poder governativo consiga levar essa tarefa a bom porto. Oxalá o consiga, porque Portugal não pode continuar a ter um Estado que suga tudo o que está à sua volta para ele próprio poder continuar a banquetear-se e pouco produzir de útil para a sociedade que o suporta. Mas também o novo ano constitui um desafio premente e duro para as empresas portuguesas. Que começaram muito mais cedo do que o Estado, é preciso frisar, a adequar as suas estruturas e meios aos recursos e ao ambiente de negócios existente no país. Além de que reforçaram de forma muito significativa a procura de encontrar no estrangeiro mercados alternativos ao nacional e que lhe possibilitasse não apenas a sobrevivência ameaçada pelas agruras do mercado interno, mas sobretudo o seu desenvolvimento e sustentação. Esta procura do aumento das exportações tem de continuar, talvez até com redobrado esforço e persistência. Mas, talvez para muitas empresas tenha chegado a hora de analisarem a possibilidade de internacionalizarem a sua atuação, já não apenas com o incremento das exportações, mas para passarem a estarem presentes de forma efetiva e permanente nos mercados internacionais, incluindo com uma presença industrial ou fornecedora de serviços locais. Todos os mercados poderão ser importantes, pois existem potencialidades e oportunidades em todas as partes do Mundo. No entanto, é preciso explorar a fundo todas as possibilidades nos países de língua portuguesa, onde sobressaem naturalmente países como o Brasil, Angola, Moçambique e Cabo Verde, não esquecendo esse ponto nuclear que se chama Macau, ponto que abre as portas para o gigantesco mercado chinês. Jorge Gonçalves Alegria
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Índice Grande Entrevista José Seabra, Diretor Geral da Geberit Portugal, lidera a empresa no nosso país e aposta num reforço da quota de mercado no setor das louças sanitárias. Na dianteira mundial das tecnologias aplicadas num setor bastante específico e de elevado design, a Geberit distribui em Portugal um conjunto significativo de equipamentos que proliferam cada vez mais em todos os setores do imobiliário nacional, desde a área habitacional à restauração, dos edifícios de escritórios à área da hotelaria.
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Ainda nesta edição…
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Grande Plano
Vale Meão com nova adega
Sofid e Banco Mundial apoiam projetos Câmara Portuguesa de São Paulo centenária
Irmãos Tavares investem no Rio Grande do Sul Lusoarenas interessada na gestão do Maracanã Galp Energia com novas descobertas em Moçambique Famex projeta-se em África e no Brasil Ideal Drinks é referência no mundo dos vinhos Cuatrecasas, Gonçalves Pereira, uma referência na advocacia VII Encontro de Negócios na Língua Portuguesa
Num momento em que o Governo decidiu avançar com os designados “Vistos Gold”, nome para a concessão de vistos a cidadãos estrangeiros que apliquem pelo menos 500 mil euros em Portugal e que assim poderão aceder a um visto permanente em Portugal, logo, com acesso a todo o espaço comunitário, é cada vez mais relevante o interesse de cidadãos brasileiros, angolanos, russos e chineses, que se juntaram aos tradicionais ingleses, holandeses, alemães e irlandeses, pelo imobiliário turístico em Portugal. O presidente da Remax Brasil, entrevistado nesta edição, confirma esse interesse dos seus compatriotas pela aquisição de ativos imobiliários em Portugal. Mas também fomos ver como uma empresa com accionistas e quadros portugueses está a dar cartas na consultoria imobiliária em Angola.
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› IMOBILIÁRIO Renato Teixeira, Presidente da Remax Brasil, esteve em Portugal e confirma interesse de investidores brasileiros em adquirirem ativos imobiliários no país
Portugal pode atrair investidores brasileiros Aproveitando uma visita ao resort Aldeia dos Capuchos, próximo da Costa da Caparica, e com as vagas do Atlântico a espraiarem-se nas areias da costa portuguesa, a País Económico entrevistou Renato Teixeira, Presidente da Remax Brasil. Confirmando o interesse crescente de muitos cidadãos e investidores brasileiros pelo potencial de aquisição de ativos imobiliários em Portugal e Espanha, o líder da Remax no Brasil acredita que a Península Ibérica pode ser um dos principais focos do interesse brasileiro na procura de ativos imobiliários com potencial de valorização futuro. Já quanto à evolução da área imobiliária no Brasil, Renato Teixeira acredita na solidez do setor e sublinha mesmo para as grandes potencialidades existentes no seu país, nomeadamente em áreas fora das grandes capitais mas que atravessam fortes índices de desenvolvimento imobiliário e habitacional. Texto › JORGE Alegria | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS Quais são os principais objetivos da sua presença em Portugal?
É importante referir que o Brasil está a viver um momento muito especial, que é um momento de crescimento como nunca tínhamos visto nas últimas décadas. Com esse crescimento, assiste-se a uma nova ascensão nas classes sociais levando a cada dia que passa à existência de 19 novos milionários no país. Essas pessoas estão a investir em alguns países, como aconteceu há dois ou três anos na zona da Florida, nos Estados Unidos, mas mais recentemente começaram a descobrir as possibilidades existentes em Portugal e Espanha. Então, os brasileiros já começaram a investir no setor imobiliário português, o que é compreensível até pela afinidade linguística e cultural existente entre os dois países. A crise económica em Portugal e Espanha desvalorizaram os ativos na área imobiliária em ambos os países. Isso constituiu também um motivo suplementar para os brasileiros desejarem investir nesses ativos na Península Ibérica?
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Sem dúvida. Realmente esses ativos, que no passado eram muito dispendiosos, no presente, apresentam-se já de forma bastante mais acessível. Os brasileiros fazem turismo, mas alguns deles também vão realizando aquisições de imóveis. Na rede Remax temos recebido muitos pedidos de aquisição de imóveis. Perante este crescente interesse, considerámos de inegável interesse e importância a minha deslocação a Portugal, de forma a verificar quais as regiões do país com mais ativos interessantes que possam interessar aos potenciais investidores brasileiros, que queiram não apenas poder aqui adquirir uma moradia, mas eventualmente de igual forma um ativo passível de futura valorização. Por outro lado, esta minha visita a Portugal permite-nos também realizar uma aproximação mais intensa com a própria rede Remax em Portugal, de forma a podermos estabelecer um trabalho mais profundo e coordenado com vantagens mútuas e inequívocas para a Remax Portugal e para a Remax Brasil, mas fundamentalmente para os nossos clientes, que assim
poderão receber um apoio e um serviço de alto nível e completa segurança nos seus investimentos. Quais são as áreas preferenciais de investimentos imobiliários dos brasileiros nos mercados português e espanhol?
Fundamentalmente a aquisição de imóveis de natureza residencial, naquela que será a terceira moradia de lazer. No entanto, gostaria de sublinhar um aspeto que me parece importante. Existem também cidadãos de origem portuguesa a viverem no Brasil há 30 ou 40 anos e que sentem um forte saudosismo das suas origens em Portugal, pelo que vários deles também têm mostrado a pretensão de adquirirem um imóvel em Portugal, na maioria das vezes já não para a sua própria utilização, antes para usufruto de um filho ou de algum neto. A Remax pretende ser um agente ativo na identificação e colocação no mercado brasileiro dessas potencialidades existentes em Portugal?
Evidentemente. É normal que quando uma pessoa pretende adquirir um imóvel noutro país necessite de concretizar essa
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› IMOBILIÁRIO aquisição através de entidades de confiança, que sejam capazes de lhe assegurarem uma confiabilidade jurídica desse investimento. É aí que precisam de uma empresa como a Remax. Os brasileiros que pretendam adquirir um imóvel em Portugal poderão fazê-lo através do apoio da nossa rede, com plena garantia e confiança. Existem oportunidades de negócios muito bons, acreditamos que nos próximos 10 anos a Europa recuperará o seu desempenho económico, e nessa recuperação, os brasileiros terão ativos valorizados em Portugal e em Espanha. Imobiliário brasileiro está sólido Como é que avalia a evolução na área imobiliária no Brasil?
No nosso país assistimos a uma evolução estável no que ao crescimento económico e social diz respeito. As estatísticas apontam que até ao ano de 2020 o Brasil registrará um crescimento contínuo que deve resultar em que toda a classe D que está em ascensão e a migrar para a classe C poderá ser erradicada, acabando assim com a pobreza que ainda se vive no nosso país. O Brasil partirá então para uma situação em que a classe menos favorecida seja já a classe C, não existindo mais uma classe D. A ideia geral é a de que o Brasil, no fundo, permaneça no topo do crescimento habitacional até 2050. O projeto Minha Casa Minha Vida, uma
positiva de 53%. Eu diria que onde quer que o investidor opte, ele vai ter oportunidades de realizar um bom investimento. Em termos de segmentação do setor imobiliário brasileiro, onde residem as melhores oportunidades?
Essa pergunta é feita muitas vezes e eu compreendo-a, mas respondo referindo que o Brasil registra ainda neste momento um défice habitacional muito grande, na ordem dos 7,8 milhões de pessoas ainda não possuem uma habitação própria para viverem. Perante estes números, todos os prognósticos da evolução do cenário imobiliário brasileiro, tanto os realizados pelos institutos ligados ao governo federal como aos das grandes incorporadoras imobiliárias, não apontam, de todo, para que estaremos caminhando para alguma “bolha imobiliária”. Por outro lado, os próprios brancos no Brasil apresentam enormes dificuldades e são particularmente exigentes na concessão de crédito para a aquisição de imóveis, o que leva a que não se comentam exageros na expansão descontrolada do setor imobiliário, que é assim bastante confiável e seguro no cenário brasileiro.
iniciativa do Governo Federal, insere-se na perspetiva habitacional, justamente
Há novas regiões para investir no Brasil
nesse esforço de acabar com a falta de
Onde aconselharia um investidor inter-
habitação para pessoas brasileiras mais
nacional a investir na área imobiliária no
carenciadas?
Brasil?
Esse projeto veio exatamente resgatar a dignidade daquelas pessoas com condições de vida muito difíceis. Este projeto veio aliás mudar o cenário psicológico dessas pessoas. O projeto Minha Casa Minha Vida está em curso e deve beneficiar naturalmente todo o povo brasileiro.
O Brasil está aberto a um vasto conjunto de oportunidades. Possuímos desde grandes fundos imobiliários sendo montados pelas grandes corporações, como temos investimentos de pessoas que pretendem aproveitar as suas poupanças e concretizarem investimentos no Brasil, onde a região do nordeste brasileiro assume um protagonismo muito forte e onde as estimativas apontam para um crescimento de cerca de 128%, ao passo que a região sul do país deverá assumir uma evolução
Alguns vozes exprimem-se por vezes apontando receios quanto ao ritmo de expansão do imobiliário no Brasil não ser sustentável a médio e longo prazo. Existe um risco de uma “bolha imobiliária” futura?
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As grandes oportunidades no presente centram-se na área da logística, pois o governo brasileiro tem realizado um esforço muito grande de modo a criar zonas especiais que facilitem a exportação de produtos brasileiros e isso levará igualmente a alterações profundas nas próprias plantas industriais de muitas empresas brasileiras, além de as próprias infraestruturas rodoviárias, portuárias e aeroportuárias estão em profunda transformação, despertando em todas elas grandes oportunidades de investimentos. O setor turístico e hoteleiro continuam a ser boas áreas para se investir no Brasil?
Como sabe, vamos ter dois grandes eventos à escala planetária que se realizarão no Brasil, respetivamente, a Copa do Mundo em 2014 e os Jogos Olímpicos em 2016, fatores que têm levados muitos investidores a demandarem o Brasil na busca de oportunidades de investimento, também nas áreas que referiu. O setor do turismo ainda está em crescimento e registra, portanto, excelentes oportunidades de investimento, sem dúvida.
Grupo Amorim entregou primeiro condomínio infraestruturado na Praia do Forte (Bahia)
O Sonho mais perto da mão O Grupo Amorim entregou no dia 1 de Dezembro o primeiro condomínio do projeto
Que conselho deixaria aos investidores
residencial que está a empreender na Praia do Forte, localizado no litoral norte do estado
portugueses e espanhóis que queiram investir no imobiliário brasileiro?
brasileiro da Bahia. O projeto aponta para a edificação global de cerca de 500 lotes de
Sublinho este ponto que me parece importante. As margens de negócios obtidas na área imobiliária no Brasil ainda são muito altas. A população está próxima dos 200 milhões e continua a crescer, além de que o país se está desenvolvendo economicamente. As necessidades infraestruturais são grandes e os investimentos que se estão a concretizar, e os que se concretizarão no futuro, estão abrindo novas regiões, descentralizando as grandes capitais, com a migração de muitas pessoas dessas grandes cidades para as regiões circunvizinhas, abrindo oportunidades de negócios para todos os que queiram apostar nessas novas áreas de desenvolvimento. ‹
moradias e para 215 apartamentos. O Condomínios Piscinas Naturais, como é designado, desenvolvem-se junto às praias da Costa dos Coqueiros onde pontifica a famosa vila da
O
Praia do Forte, sinónimo de tranquilidade, lazer, sofisticação e grande qualidade de vida.
Grupo Amorim entregou no passado dia 1 de Dezembro as infraestruturas e zonas de apoio dos primeiros lotes do empreendimento Condomínios Piscinas Naturais. Localizado na Praia do Forte, município da Mata de São João, litoral norte do estado brasileiro da Bahia, este empreendimento é o primeiro que o grupo Amorim está a desenvolver na Bahia, embora projete já um outro no litoral sul, mais precisamente na designada Península de Maraú. Segundo António Meireles, administrador da empresa do Grupo Amorim responsável pelo empreendimento, a cerimónia baseou-se na entrega do «condomínio em si com as infraestruturas de áreas comuns de clube, piscinas e quadra de ténis». O primeiro a ser entregue foi o “Condomínio das Acácias”, que oferece frações
de 544 a 800 metros quadrados. Este condomínio possui 88 lotes, estando praticamente todos vendidos. Também em fase muito adiantada de venda estão os lotes do “Condomínio dos Ipês”. Já o “Condomínio dos Jacarandás” foi lançado agora no final do mesmo mês de Dezembro. Por outro lado, o projeto contempla também a edificação de três villages com o mesmo nome dos três condomínios acima referidos, existindo já pré-reservas efetuadas, tendo as vendas sido iniciadas também no final de Dezembro. Estima-se que as obras do empreendimento devam ter início em Maio do corrente ano. De referir que o Village das Acácias está a ser construído em parceria com as empresas baianas Santa Helena e Axxo. ‹
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› grande plano Vítor Costa, Presidente da Cantial, quer captar novos investidores estrangeiros para o resort Aldeia dos Capuchos, na Caparica
Brisa, Abbot Laboratórios, Novartis, Liberty Seguros, BES, CGD, Banco Popular, Bosch, Danone ISCTE, entre muitos outros do firmamento empresarial nacional e internacional têm requisitado as salas do Meliã Aldeia dos Capuchos num total de 8 salas com capacidade para 500 pessoas para as suas reuniões empresariais. O campo de golfe constitui outro dos elementos nucleares do empreendimento Aldeia dos Capuchos. Sendo um dos elementos estruturantes do resort Aldeia dos Capuchos, o campo de golfe tem acolhido muitos praticantes famosos no mundo golfista sendo um complemento fundamental tanto para a componente hoteleira do empreendimento bem como de todo o projeto turístico e imobiliário que já está em desenvolvimento.
Brasil, Angola, Rússia e China são mercados muito interessantes
N
O ligeiro declive do terreno, a leve brisa que sofra no rosto do praticante de golfe, a vista tranquila que se perde no horizonte das vagas vindas do Atlântico tão perto, constituem elementos simbólicos que distinguem aquele que foi considerado o melhor Resort Urbano da Área Metropolitana de Lisboa e um dos dez melhores de Portugal. Estamos a falar do resort Aldeia dos Capuchos, localizado numa fantástica área sobranceira à Costa da Caparica, onde o Oceano Atlântico se abre em toda a sua beleza e espetacularidade. Vítor Costa, presidente da Cantial, empresa proprietária e promotora do empreendimento Aldeia dos Capuchos, descreveu à País €conómico os principais elementos constituintes do projeto, o seu atual estado de desenvolvimento e os passos que estão a ser dados para captar novos clientes para o resort, onde os mercados brasileiro, angolano, russo e chinês, estão entre as principais prioridades. O investimento global, quando todo o projeto estiver concluído, deverá ascender a cerca de 300 milhões de euros. Texto › JORGE Alegria | FOTOGRAFIA › cedidas pela aldeia dos capuchos
o início dos anos oitenta, a Cantial começou a desenvolver o empreendimento imobiliário do Funchalinho, próximo da Costa da Caparica, mas num momento de grande visão sobre o futuro, o seu presidente, Vítor Costa, reparou no extraordinário potencial dos terrenos vizinhos, sobranceiros à vila da Costa da Caparica e com uma deslumbrante vista sobre as praias e o próprio Oceano Atlântico. E se bem pensou, melhor o concretizou adquirindo um conjunto de parcelas que em 1986 já alcançavam os 14 hectares, evoluindo depois para a presente área total de 30 hectares. Foi aí que nasceu o resort Aldeia dos Capuchos, uma marca incontornável na paisagem urbana e turística da Área Metropolitana de Lisboa, e justamente distinguido como um dos dez melhores resorts turísticos em Portugal. Vítor Costa recebeu a País €conómico no magnífico Hotel Meliã Aldeia dos Capcuhos, tendo-nos conduzido por diversos
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espaços magnificamente decorados até ao Wellness Center, de onde se desfruta de uma visão espetacular sobre o campo de golfe do empreendimento e sobre as águas do Atlântico mais ao longe. O presidente da Cantial traçou-nos um percurso percorrido pelo projeto até chegar a 2007, ano da abertura do Hotel Apartamento Meliã Aldeia dos Capuchos Golf & Spa, uma unidade hoteleira de quatro estrelas superior, onde impera uma modernidade tranquila, complementada por um serviço muito atencioso e personalizado para com os clientes. Em 2009, o Meliã Aldeia dos Capuchos Golf & Spa foi reconhecido pela Trivago, um site especializado em viagens, como “O Melhor Hotel de Família da Costa de Lisboa”. Dispondo de 229 quartos a unidade tem percorrido um percurso de crescente afirmação enquanto referência na região de Lisboa. O seu Sea Spa Wellness Center, com uma área de sete mil e quatrocentos e oitenta metros quadrados divididos em várias salas de massagens e lazer e repouso, além de uma fantástica piscina aquecida com vista para o Oceano, é um
dos espaços da unidade mais requisitados e visitados em toda a região da capital portuguesa, aproveitando do facto de se situar apenas a cerca de 15 minutos do centro de Lisboa e de 20 minutos do aeroporto da Portela. Este pormenor é, na opinião de Vítor Costa, um dos aspetos distintivos do resort da Aldeia dos Capuchos e «que foi muito importante para termos sido distinguidos como “Best Urban Resort of Lisbon Coast”, ou seja, constituiu o reconhecimento de que o resort da Aldeia dos Capuchos é um projeto muito bem planeado, implantado num local de excelência com total exposição a poente e com total vista de mar, não apenas no que concerne ao concelho de Almada, mas no enquadramento global da Área Metropolitana de Lisboa». Aliás, não tem sido por acaso que a componente de Wellness Business Center, uma área composta por quatro salas multifunções e que poderão albergar globalmente cerca de 400 pessoas, tem sido procurada por muitas empresas para a realização de eventos e convenções de diversa índole empresarial. Nomes como a BP,
“The Residences” O presidente da Cantial recorda que o projeto contempla uma multiplicidade de segmentos para além do hotel, do wellness center e do campo de golfe já referidos. O primeiro desses segmentos assentou na construção dos apartamentos urbanos designados como “The Residences”, um conjunto global de 431 apartamentos com vista para o mar e cujas vendas têm sido um caso de inegável sucesso. Para assegurar uma qualidade de vida completa dentro do resort, foi também inaugurado um supermercado da marca Pingo Doce, qua acabou por constituir um elemento âncora do projeto permitindo a todos os que residem na Aldeia dos Capuchos efetuar as suas compras com completa tranquilidade e segurança, sem necessitar portanto de percorrer grandes distâncias ou ser confrontados com filas automóveis indesejáveis. “The Villas” Mas, se para o conjunto dos apartamentos, o maior número de clientes acabou por serem portugueses, já no que respeita ao projeto das villas Vítor Costa admite, até pela conjuntura económica difícil por que passa o país, que o principal foco de vendas poderão situar-se em clientes
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› grande plano
provenientes dos mercados brasileiro, angolano, russo e chinês «sem descurar naturalmente o potencial de captação de potenciais clientes de outros mercados europeus», sublinha o líder da Cantial. Não foi por acaso (ver páginas anteriores) que dias antes desta entrevista, o resort da Aldeia dos Capuchos foi visitado pelo presidente da Remax Brasil, que em declarações à País €conómico assegurou que existem muitos investidores brasileiros que começaram a olhar com atenção para o potencial imobiliário português. O projeto das villas foi desenhado pelo arquiteto João Paciência, conhecido pelo seu toque de grande modernidade e elegância nas linhas que desenha. Ao todo serão 77 as moradias (villas) construídas no resort Aldeia dos Capuchos, sendo que na primeira linha serão construídas moradias unifamiliares enquanto nas linhas mais recuadas serão construídas moradias bifamiliares, ou seja, detendo a mesma área de construção das moradias unifamiliares, mas poderão
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ser divididas para ocupação por duas famílias. “The Tonwhouses” De modo a contemplar uma maior diversificação na área habitacional do resort, prevê-se igualmente a construção dos edifícios designados por Tonwhouses, com 18 frações as dispõem de três quartos cada uma e uma estupenda vista para o Atlântico. “The Terraces” Um outro projeto em que a Cantial vai apostar de forma muito forte prende-se com o empreendimento “The Terraces”, onde surgirão 244 apartamentos turísticos ligados ao setor da saúde. O objetivo, aproveitando as excepcionais condições naturais de Portugal e da Aldeia dos Capuchos em particular, que, recorde-se, se encontra muito próxima tanto do centro de Lisboa, como do próprio aeroporto da capital portuguesa, será o de atrair pessoas de toda a Europa que queiram dispor de condições provavelmente ímpares no con-
tinente europeu para manterem melhores níveis de saúde num ambiente natural e muito agradável, com assistência médica de elevada qualidade. Segundo Vítor Costa, esses 244 apartamentos (com cerca de 500 camas) destinam-se a constituírem «uma resposta de grande qualidade à cada vez maior longevidade dos cidadãos europeus e que aqui poderão disfrutar de excelentes condições para terem uma vida de mais qualidade, com grande tranquilidade, excelente assistência médica e apoio de toda a ordem». Este projeto, adiantou o presidente da Cantial poderá vir a ser construído através de uma parceria com um outro grupo económico. Ainda ligado à área do turismo de saúde, mas numa outra área do resort, a Cantial prevê avançar com uma unidade de resi-
dências assistidas, que possuirá cerca de 180 camas. Residências Universitárias Por último, é de destacar o ambicioso projeto de construir uma residência para estudantes universitários. O concelho de Almada alberga presentemente cerca de vinte mil estudantes universitários e existem informações que apontam para a provável vinda para o concelho de mais um estabelecimento universitário. Contudo, na área do município apenas existem atualmente cerca de 400 camas em 2 residências universitárias, numero manifestamente insuficiente para responder à procura. Então, surgiu a ideia de avançar com um projeto de construção de um edifício que terá 500 camas e que poderá responder dessa forma as carências com que se de-
batem muitos dos estudantes que estudam nas universidades do concelho de Almada/Lisboa. Este projeto deverá ter o seu início já em 2013. Neste momento, o empreendimento está concluído em cerca de 30% do projeto global. A empresa, como foi referido, aposta agora numa maior diversificação de produtos e mercados internacionais os quais revelam maior pujança económica e financeira, capazes de alavancarem o desenvolvimento também área residencial do projeto erigido próximo do Convento dos Capuchos e com uma vista soberba para o Atlântico. Vítor Costa menciona explicitamente os mercados angolano, brasileiro, russo e chinês como tendo grande potencial de atração de clientes para o resort. O empresário acredita que o novo sistema criado pelo
governo para atrair investidores para Portugal oferecendo-lhes um visto permanente de residência (visto gold) poderá ajudar a atrair mais compradores de imóveis em Portugal, recordando que sempre defendeu a importância e o potencial do turismo residencial como uma verdadeira exportação, enquanto captador de divisas e estimulo ao consumo em Portugal. No entanto, alerta que outros países, nomeadamente a vizinha Espanha, estão também a lançar iniciativas semelhantes (visto gold), mas por valores substancialmente inferiores (500 mil euros) ao mínimo exigido por Portugal para atribuir esse visto dourado, o que poderá colocar o nosso país em inferioridade concorrencial com os outros países que seguiram essa via na atração de investimento estrangeiro para a área imobiliária e há portanto que estar atento ao mercado global. ‹
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› IMOBILIÁRIO António Neves, Presidente da Junta de Freguesia da Costa da Caparica, quer eliminação de barracas à entrada da Costa
Precisamos de mais investimento privado A Costa da Caparica é indubitavelmente das mais importantes zonas balneares em Portugal. No entanto, António Neves, o histórico presidente da Junta de Freguesia da localidade, aponta dificuldades no crescimento turístico da Costa da Caparica, tanto pela incapacidade do projeto Pólis ir mais além dos dois planos de pormenor que foram concretizados, como pelos valores muito elevados pela concessão dos terrenos para construir novos hotéis na frente de praias. «É preciso mais investimento privado para desenvolver a Costa da Caparica, mas quando se pedem 12 milhões de euros por uma área destinada a construir um hotel, nos tempos que correm, é praticamente impossível alguém avançar com essa quantia. E quem perde é o turismo na Costa da Caparica», lamenta António Neves, que termina fazendo um apelo à autarquia de Almada para acabar com as barracas existentes à entrada da vila turística da margem sul e que «são
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um péssimo cartão postal para quem entra na Costa da Caparica». Texto › JORGE Alegria | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS
uase a entrar no seu último ano do último mandato, António Neves gostaria de deixar as rédeas da Freguesia da Costa da Caparica com um desenvolvimento mais sustentado de uma das principais zonas turísticas do país. Sublinhando que a área da freguesia possui alguns complexos turísticos de grande referência como é a Aldeia dos Capuchos, a Herdade da Aroeira, e ainda um outro empreendimento já próximo do concelho do Seixal, ainda assim, António Neves lamenta a falta de algumas infraestruturas, nomeadamente de caráter cultural e de lazer que pudessem fixar mais os turistas na própria Costa da Caparica. As próprias infraestruturas rodoviárias de acesso à localidade e aos cerca de vinte e cinco quilómetros de praias cujas areias se estendem até à Lagoa de Albufeira, continuam a estarem baseadas no agora denominado IC20, o que faz com «que todos os que vem à Costa da Caparica demoram no período do Verão cerca de três horas para aqui chegarem e outras três horas para daqui saírem. É impossível assim assegurar
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um eficaz desenvolvimento desta zona turística, que penso ser muito importante para a Área Metropolitana de Lisboa e para o próprio País», enfatiza o líder autárquico da Costa. Então, o projeto Pólis não alterou nada na Costa da Caparica, questionámos? António Neves recordou as várias peripécias e reestruturações por que passou o projeto na Costa da Caparica, um projeto que englobava sete planos de pormenor, mas onde apenas dois deles, o jardim urbano e a frente urbana de praias com a colocação de um vasto manancial de equipamentos ao longo do paredão e «que conferem muito dignidade tanto no âmbito da restauração como na componente do lazer», sublinha António Neves, é que foram concretizados. O presidente da Junta em face das dificuldades financeiras que o país atravessa afirma-se bastante descrente que mais alguma obra no âmbito do Pólis se venha futuramente a concretizar na Costa da Caparica. Por outro lado, a convicção da dificuldade de atrair investimento público para
a zona, seja através da Sociedade Pólis, seja através da própria Câmara de Almada, leva António Neves a sublinhar para a importância de conseguir a atração de investimento privado para a região. Mas também nesse aspeto reconhece dificuldades, não somente pelo grave momento económico e empresarial que o país atravessa, mas igualmente pelo que considera os valores exagerados que são pedidos no concurso lançado para a concessão de uma área em frente ao mar destinada à construção de mais uma unidade hoteleira na vila. Segundo António Neves, «pediram 12 milhões de euros pela concessão de um terreno para a construção de um hotel, o que é um exagero nesta altura. Quem é que está disposto hoje em dia a investir 12 milhões da euros só pela concessão de uma área, a que se juntaria depois o custo da própria construção da unidade, e esperar assim por um período ainda bastante mais longo do que habitual para poder rentabilizar o seu investimento hoteleiro?», interroga-se com pertinência o presidente da Jun-
ta da Costa da Caparica. Sentindo o que refere como «o estrangulamento cada vez mais acentuado da Costa da Caparica», ainda assim António Neves sublinha que é preciso encontrar mais investimento privado que possa sustentar o progresso turístico da região. Por outro lado, em jeito de desabafo, mas igualmente como um apelo muito forte,
António Neves aponta a existência de um conjunto de barracas à entrada da Costa da Caparica (do lado esquerda quem chega à Costa através do IC20) e que «são um péssimo cartão postal para uma zona turística como a nossa». O presidente da Junta lembra que a presidente da Câmara de Almada, os vereadores e muitos funcionários municipais se
deslocam com grande frequência à Costa da Caparica, pelo que possuem pleno conhecimento da situação, apontando «alguma permissividade com a permanência de uma situação deste género, pelo que, a Costa da Caparica precisa que se acabe de vez com esta situação que só prejudica a nossa imagem e afeta o desenvolvimento do turismo», remara António Neves. ‹
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› IMOBILIÁRIO Diogo Rodrigues, Diretor Geral da Zenki Real Estate, empresa do Grupo Zenki especializada em consultoria imobiliária em Angola
Apoiámos grandes empresas mundiais a se instalarem em Angola Um grupo de jovens empreendedores liderados por Gonçalo Rodrigues, decidiram em 2005 juntar as suas forças e competências e constituírem um novo grupo empresarial. Designaram-no por Grupo Zenki. Inicialmente com uma aposta na área da consultoria de comunicação e marketing estratégico, assente na Bus Consulting, empresa que se fundiria já em 2010 com a brasileira Fischer dando azo à nova Fischer+Bus. Entretanto, fruto de contatos em Angola, deparou-se ao grupo poder trabalhar na construção e desenvolvimento de marcas no mercado local, facto que permitiu depois evoluir para as áreas da consultoria estratégica e mais recentemente, a partir de 2010, fruto da parceria estabelecida com a gigante multinacional norte-americana CBRE, passaram a ser afiliados desta empresa em Angola. Nascia a Zenki Real Estate, dirigida por Diogo Rodrigues na qualidade de seu Diretor Geral. Em entrevista à País€conómico concedida em Lisboa, o gestor e empresário, irmão de Gonçalo Rodrigues, um dos fundadores do Grupo Zenkin, descreve a intervenção que a empresa tem tido em Angola, sobretudo no apoio na instalação dos escritórios e unidades imobiliárias de grandes empresas mundiais, incluindo igualmente algumas portuguesas. Diogo Rodrigues não tem dúvidas de que Angola ainda dispõe de fortes oportunidades para as empresas portuguesas, mas sublinha o quanto importante é poderem contar com o apoio de empresas altamente profissionais, com recursos humanos muito qualificados. «Desde o início, sempre dissemos que não pretendíamos que a Zenki Real Estate fizesse um negócio, queríamos fazer 100 anos de negócios em Angola. É para isso que lá estamos e atuamos para deixar um legado para o futuro do país».
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Texto › JORGE Alegria
Grupo Zenki nasceu em 2005 com o foco principal na área da comunicação e do marketing estratégico, através da empresa Bus Consulting, e logo nesse ano pode aplicar o seu
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| FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS
forte expertise no apoio às campanhas eleitorais autárquicas de Fernando Seara em Sintra, e de Moita Flores em Santarém. Ambos venceram esses combates autárquicos, facto que se repetiria em 2009,
novamente apoiados pelas equipas da Bus Consulting. Diogo Rodrigues lembra estes acontecimentos para sublinhar que o início do grupo esteve muito focado nas áreas co-
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› IMOBILIÁRIO municacionais e de marketing, sempre numa óptica de intervenção estratégica. Foi assim que por razões casuais alguns dos elementos do grupo foram também ainda em 2005 a Angola, e depois vieram a concluir que o país detinha interessantes oportunidades para aplicar o know how «para trabalhar e desenvolver as marcas no país, questão em que já estávamos a concretizar em Portugal, onde relevamos o nosso importante envolvimento com a Samsung, e que no mercado angolano ainda estava praticamente tudo por fazer», lembra Diogo Rodrigues. E se o grupo visualizou essa oportunidade, melhor tratou de a aproveitar e instalar-se no país. Diogo Rodrigues lembra que a Castel, detentora da conhecida marca de cerveja Cuca constituiu um dos grupos «onde desenvolvemos um trabalho muito relevante, assim como destaco o operador de telecomunicações Movicel», adiantando ainda o profundo trabalho desenvolvido com o universo empresarial da Endiama, a conhecida empresa angolana do setor diamantífero. Todos estes contatos e conhecimentos levou que o grupo começasse a ser solicitado para atuar numa abordagem mais estratégica de apoio à concepção, planeamento e desenvolvimento estratégico de várias empresas e grupos empresariais que chegavam a Angola. É de referir que desse trabalho com as grandes marcas em Portugal e em Angola, surgiu o projeto Superbrands, considerado o momento alto na atividade anual da Fischer+Bus em ambos os mercados, sublinhando com esse momento marcante para as marcas com maior notoriedade e visibilidade em cada um dos respetivos mercados, o quão importante é o trabalho das empresas em elevarem as marcas dos seus produtos ou serviços, quando não mesmo as marcas das próprias empresas. Os Superbrands «constituem uma grande iniciativa e um grande orgulho do nosso grupo», apontou Diogo Rodrigues. Surgiu então a oportunidade de desenvolver a área da consultoria estratégica pelo que o grupo fundou a Zenki Consulting já em 2008. O convite para participar
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num vasto processo de reestruturação estratégica do então Gestigrupo, constituiu uma oportunidade que não poderia ser desperdiçada e a equipa liderada por Diogo Rodrigues passou mais de um ano no interior desse grupo analisando todas as vertentes e empresas, de forma a empreender um plano coerente e articulado de reestruturação, que passou inclusivamente pelo apoio na alienação posterior de empresas, uma das quais, a Gestimóvel viria a ser alienada ao Grupo Amorim. No entanto, enquanto a Zenki Consulting mais desenvolvia o negócio da consultoria estratégica, surgiam solicitações para apoiar empresas que pretendiam encontrar oportunidades concretas no setor imobiliário, ou mesmo empresas que pretendiam apoio para instalarem as suas filiais em Angola, particularmente na cidade de Luanda. A importância da relação com a CBRE Então, segundo adianta Diogo Rodrigues, surgiu a convergência de dois interesses, respetivamente, a do Grupo Zenki poder entrar na área da consultoria imobiliária e o interesse da multinacional norte-americana CBRE, através da sua filial portuguesa, de vir a estar presente em Angola. As conversações decorreram ao longo de todo o ano de 2009 e no ano seguinte seria possível formalizar um acordo em que a recentemente (na altura) constituída Zenki Real Estate (novel empresa do Grupo Zenki para atuar na área imobiliária do mercado angolano) passou a ser uma afiliada da CBRE. Com esta ligação, abriu-se à atuação em Angola da Zenki Real Estate o acesso às grandes empresas mundiais, particularmente do setor petrolífero, cujo peso na economia angolana é por demais conhecido, e que através do CBRE pretendiam instalar-se no país. A Zenki Real Estate tem apoiado, portanto, desde 2010, um grande conjunto de empresas internacionais a procurarem e a se instalarem com os seus escritórios em Luanda, sendo de realçar nomes como a Repsol, a General Electric Energie, a Halliburton
ou o Commerzbank, mas igualmente no apoio à Embaixada dos estados Unidos da América. A Zenki Real Estate também apoiou neste período várias empresas portuguesas em Angola, com destaque para o Grupo Pinto Basto, «aqui tanto como detentor de património imobiliário em Angola e em que apoiámos na definição sobre quais as melhores formas de uso e respetiva rentabilização, bem como enquanto utilizador de escritórios, ou seja, na qualidade de cliente», sublinha Gonçalo Santos, responsável pelo departamento de agência da Zenki Real Estate. Entretanto, independentemente deste trabalho possivelmente mais visível de apoiar a instalação de grandes empresas mundiais em Angola, a empresa do setor imobiliário do Grupo Zenki iniciou desde o arranque das suas operações no país, uma «importante parceria com o banco Millennium Angola, tendo iniciado um trabalho na área das avaliações imobiliárias, participando desde então num vasto conjunto de acções e avaliação de ativos diversificados na matriz imobiliária», sublinha Kellman Sequeira, responsável pela área de avaliações e consultoria da Zenki Real Estate, adiantando que a empresas seria depois e de forma natural a ser procurada pelos próprios clientes do Millennium Angola para efetuar avaliações imobiliárias para essas mesmas empresas. Potencial imobiliário de Angola é muito grande Interrogado quanto à sua avaliação do potencial e das oportunidades ainda existentes no mercado imobiliário angolano, Kellman Sequeira sublinha que é preciso efetuar uma clara distinção entre a cidade de Luanda e todo o resto de Angola, «é como se de dois mundos muito diferentes se tratasse». No que respeita à capital, ainda existem oportunidades em toda a cidade mesmo na zona central, onde o ritmo da edificação de escritórios continua grande, mas ainda assim insuficiente para responder à forte procura que se mantém. Já no que respeita ao resto do país, Diogo Rodrigues aponta claramente para o po-
Kellman Sequeira, Diogo Rodrigues e Gonçalo Santos
tencial e para as oportunidades existentes em Benguela, no Soyo e em Huambo. Realça mesmo a região compreendida por Benguela e pelo Lobito, lembrando que os projetos da instalação de uma nova refinaria e de uma nova cimenteira por parte da Secil, constituem investimentos para os quais não existem atualmente a devida capacidade para receber e acondicionar as pessoas que estão empenhadas nesses projetos. «É uma oportunidade muito grande e que as empresas, mormente as portuguesas, poderão e deverão aproveitar, mas para a qual é preciso contarem com um apoio muito profissional e de elevada qualidade». Recursos humanos muito qualificados e motivados A Zenki Real Estate poderá ser esse apoio? Com que recursos humanos atua em Angola? Diogo Rodrigues não pestaneja para nos responder e referir que o setor imobi-
liário apenas passou a atuar num ambiente devidamente profissional precisamente em 2010, «o que não significa que tenha sido apenas pela nossa entrada, mas por necessidades globais do setor em se ajustar às novas condições do mercado, nomeadamente as de cariz financeiro com as entidades bancárias a alterarem a forma como se relacionavam e apoiavam o setor imobiliário no país». A Zenki Real Estate dispõe de uma equipa muito qualificada, «em que mais de metade dos nossos colaboradores já são angolanos. É com muito orgulho e satisfação que aqui destaco o fato do Gonçalo Santos e do Kellman Sequeira, se terem transformado nestes últimos dois anos, em dois dos melhores quadros a atuar no mercado imobiliário angolano. Mas também temos investido muito para ajudar a formar outros colaboradores angolanos da Zenki justamente para que possam evoluir profissionalmente e assim prosseguir o nosso caminho com uma energia redobrada de
sermos uma empresa cada vez mais qualificada, com recursos humanos altamente capacitados e satisfeitos com a sua evolução como profissionais e como seres humanos, no fundo, para a Zenki Real Estate poder prestar um serviço de alto padrão aos nossos clientes», refere Diogo Rodrigues. O empresário termina sublinhando que desde «o início da nossa presença em Angola afirmámos que não estávamos no país para fazer um negócio, mas para fazer 100 anos de negócios, para transmitirmos um legado para o futuro de um país em que acreditamos muito e em que nos envolvemos de sobremaneira, e para isso acontecer é necessário termos pessoas não só altamente qualificadas como extremamente motivadas e empenhadas. O Grupo Zenki está em Angola para contribuir para o desenvolvimento deste país. Estamos para ficar por muitos anos em Angola», enfatizou a terminar Diogo Rodrigues. ‹
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› NOTÍCIAS
› A ABRIR
Subindo na Pirâmide
Pedro Reis
António Monteiro O antigo Bastonário da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas, foi designado pelo governo para ser o novo Presidente da Comissão de Normalização Contabilística (CNC), entidade que possui como incumbência a de emissão de normas e procedimentos contabilísticos, de acordo com as normas europeias e internacionais. ‹
Rui Paula Criou um menu para um jantar vínico que integra o vinho “Grandjó”, uma marca registada em 1912 da Real Companhia Velha, embora se acredite que seja mais antiga. Natural de Alijó, O Chef Rui Paula sempre esteve muito ligado ao Douro, onde na casa de família da sua avó desenvolveu o gosto pela cozinha e pela culinária. ‹
Pedro Pinto É o Associate Partner da InnovWave, devido ao contributo continuado para o crescimento do negócio na tecnologia em Portugal e além-fronteiras. Com experiência em mais de 10 como Consultor de TI e forte apetência para a liderança de equipas, vai ter agora a responsabilidade global nas áreas da TV Interativa, Business Inteligence, Data Integration, Aplicações Móveis e Quiosques. ‹
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O Presidente da Aicep Portugal Global acompanhou o ministro dos Negócios Estrangeiros a vários estados do Golfo Pérsico, e ajudou decisivamente várias empresas portuguesas a realizarem negócios por paragens onde o dinheiro abunda e o interesse pelas empresas e produtos e/ou serviços portugueses registam forte crescimento. A Aicep também começa a mostrar resultados na captação de investimento para o nosso país. ‹
Ramos Catarino construiu nova adega da Quinta do Vale Meão
Marco na paisagem do Douro A empresa Ramos Catarino, empresa de Engenharia e Construção do Grupo Catarino, acabou de construir a nova adega da Quinta do Vale Meão, propriedade da família da lendária D. António Adelaide Ferreira, conhecida popularmente como “a Ferreirinha”, hoje detida pelo seu trineto Francisco Javier de Olazabal, que desde 1998, em conjunto com o seu filho e enólogo Francisco de Olazabal y Nicolau de Almeida, produzem no Vale de Meão alguns dos melhores vinhos saídos da região do Douro. A nova adega da Quinta do Vale Meão é um projeto do arquitecto Arnaldo Barbosa e abrange uma área de mil e quinhentos metros quadrados de construção, rodeada por uma zona com mais quatro mil metros quadrados. Com esta construção do Vale Meão, a Ramos Catarino engrossa o seu portfólio de construções nos setores da enologia e da oleicultura, destacando-se as construções anteriores da Adega Campolargo, na Anadia, da Quinta da Romaneira, em Alijó, do Lagar de Maria da Guarda, em Serpa, ou a Adega Aldeia Póvoa Dão, em Silgueiros. ‹
Mirabilis é ex-libris da Quinta Nova O novo Mirabilis Grande Reserva branco 2011 é a grande aposta da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo para o período da Passagem de Ano e para os frios dias de Janeiro, onde os apreciadores deste grande néctar nascido no Douro poderão deliciar-se com um branco topo de gama, tipo “Borgonha”, apresentando-se suave e crocante, muito elegante, onde a frescura e a acidez se entrelaçam. No fundo, sem dúvida, um vinho sublime. Ao aproximar-se o período natalício e a mudança de ano, a Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo para além da produção de vinho do Douro e do Porto, tem-se dedicado aos produtos naturais da região revitalizando matérias-primas autóctones, conseguindo assim a gama gourmet mais completa do Douro. ‹
SOFID e Banco Mundial apoiam setor privado
Empresas portuguesas com mais hipóteses de financiamento A SOFID – Sociedade para o Financiamento do Desenvolvimento e o IFC, instituição do Banco Mundial dedicada ao apoio ao setor privado, assinaram um memorando de entendimento para o cofinanciamento de projetos de investimento em países emergentes e em desenvolvimento. O acordo surgiu da necessidade de aumentar e coordenar a colaboração entre as duas instituições de modo a dar resposta às necessidades de financiamento de empresas privadas que desejem investir em mercados emergentes, promovendo a criação de emprego e o crescimento económico. Este acordo entre as duas instituições permite a harmonização dos procedimentos que cada instituição financeira deve seguir quando se junta ao IFC no cofinanciamento de projetos, poupando tempo e recursos aos seus promotores e sendo mais eficiente, com benefícios também para os países para onde se destinam os investimentos. Segundo Diogo Gomes de Araújo, Presidente da Comissão Executiva, «a SOFID tem o importante mandato de apoiar empresas portuguesas que queiram investir em países emergentes, contribuindo para o crescimento e para o desenvolvimento económico destes países», adiantando ainda que «este acordo com o IFC do Banco Mundial permitirá à SOFID chegar a mais empresas, acrescentar valor aos diferentes parceiros e ter um maior impacte nos países que mais interessam a Portugal e às empresas portuguesas». Atualmente, a SOFID já tem aprovados 22 projetos num montante global de 25 milhões de euros, em países como Moçambique, Angola, Brasil, Marrocos, África do Sul e México. A SOFID é igualmente a entidade gestora do InvestimoZ – Fundo Português de Apoio ao Investimento em Moçambique, dotado de 94 milhões de euros para apoio ao nível do capital de risco a parcerias empresariais luso-moçambicanas. ‹
Daniel Traça O Sub-Diretor da Nova School Business and Economics, representa a força de uma instituição universitária portuguesa que foi recentemente distinguida como a 29ª melhor escola de economia e gestão da Europa, a primeira portuguesa num dos mais exigentes rankings publicados e reconhecidos internacionalmente. Praticamente 40% dos alunos que frequentam a Nova SBE são estrangeiros, o que diz bem do seu prestígio. ‹
Filipe de Bottom O Presidente Executivo da Logoplaste é um dos grandes empresários portugueses, com uma empresa que quase mensalmente cria uma nova empresa no estrangeiro, afirmando a capacidade de inovação e de serviço ao cliente de uma importante empresa portuguesa. O empresário aposta também na ajuda para conseguir uma maior atenção da diáspora empresarial portuguesa espalhada pelo mundo para as potencialidades de apostar em Portugal. ‹
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› GRANDE ENTREVISTA José Seabra, Diretor-Geral da Geberit Portugal
«Há muito que marcamos as novas tendências na tecnologia sanitária» É líder de mercado em soluções sanitárias inovadoras e representa em Portugal o prestigiado Grupo Geberit, com sede em Jona (Suiça). Em entrevista que concedeu à País €conómico, José Seabra, Diretor-Geral da Geberit Portugal sublinha o contributo que a sua empresa vem prestando ao longo dos seus vinte e um anos de presença no nosso país ao nível das tecnologias sanitárias e dos sistemas de tubagem, onde continua a marcar as novas tendências. «Temos uma gama de produtos inovadores, resistentes e eficientes do ponto de vista ecológico, representando benefícios importantes para os nossos clientes, quer para construção nova, quer para renovação e projetos de modernização. E todos eles com um único objetivo: permitir qualidade de vida e bem-
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estar aos nossos clientes», sublinhou José Seabra. Texto › VALDEMAR BONACHO | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS
setor da Construção Civil em todas as suas componentes está a viver uma das suas crises mais agudas, e este fenómeno estende-se igualmente ao setor Imobiliário. Como é que a Geberit Portugal, que há uns tempos atrás concentrava muito da sua atividade nestes dois setores está a conviver com estes momentos menos fáceis? José Seabra, Diretor-Geral da Geberit Portugal, e que serve esta empresa desde o seu início reconheceu que existe neste momento uma crise significativa no setor da Construção Civil, tanto na vertente da construção nova como no segmento habitacional. Mas reage à nossa questão. «Naturalmente que todas as empresas enquadradas nestes setores têm de saber adaptar-se a esta situação, procurando encontrar oportunidades que permitam ultrapassar estas dificuldades. E é isso que está a acontecer com a Geberit. Nós estamos a ser afetados por uma crise que se direciona (à partida) para produtos baratos que em nada se preocupam com a qualidade, que a meu ver é uma política errada, e por outro lado a nível macroeco-
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nómico Portugal ainda é um país pouco desenvolvido. Mas com políticas acertadas a Geberit tem conseguido atravessar esta tempestade, não diria com toda a facilidade, mas com alguma naturalidade e muita esperança no futuro», deixou claro José Seabra. Reabilitação Urbana é oportunidade a aproveitar E estas diretrizes para ajudar a suprir a crise partem da vossa Casa-Mãe, de Jona, Suiça? «As políticas são sempre definidas localmente através de produtos adaptados, e essa orientação parte de mim e da equipa que comigo trabalha», referiu o Diretor-Geral da Geberit, que aproveitou o ensejo para debruçar-se pelas formas que têm permitido dar à volta à crise. «Nós consideramos que o mercado da Reabilitação Urbana está, pouco e pouco, a gerar oportunidades de negócios e, por isso mesmo, estamos a focalizar as nossas iniciativas em sistemas e produtos que estão mais adequados a esse segmento, procurando evidenciar junto de todos os intervenientes nesse mesmo segmento as
vantagens que poderão advir da sua utilização», lembra José Seabra, que após uma breve pausa, prossegue o seu discurso. «Dado que a legislação não está ainda devidamente regulamentada, ou por outras vias nem todos os intervenientes ainda a consideram uma boa lei ou uma boa regulamentação, as expectativas em relação a esta área são grandes e interessantes». A propósito da área da Reabilitação Urbana, o Diretor-Geral da Geberit lembrou que no nosso país existem centenas de milhares de edifícios que se encontram degradados e que mais tarde ou mais cedo irão merecer uma intervenção visando a sua recuperação. «Este é um mercado para o qual a Geberit e naturalmente outras empresas que estão direcionadas para o setor da Construção Civil e para os Sistemas Sanitários têm que estar atentas. Nós como empresa de prestígio e com experiência na Europa temos de saber aproveitar esta oportunidade. Além disso, na Europa a maior percentagem das vendas ocorre nos segmentos da Reabilitação e Renovação. Como é sabido há a situação em que nós estamos
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› GRANDE ENTREVISTA cansados com o tipo de equipamentos que temos nas nossas Casas de Banho, e decidimos dar um aspecto mais moderno. A outra situação tem a ver com o facto das Casas de Banho estarem de tal maneira degradadas que se tornam inoperacionais, levando-nos a fazer obras visando a sua reabilitação», esclareceu José Seabra. Saber garantir o futuro Portanto a Geberit está confiante em relação ao futuro? – Interpelámos. E José Seabra voltou a ser incisivo na resposta. «O futuro é sempre uma incógnita, mas ele está de certa maneira sempre “garantido” desde que as análises sobre as condicionantes do passado tenham sido bem-feitas e que, simultaneamente, tenhamos aprendido com os obstáculos com que nos defrontámos no passado, porque eles com diferentes matrizes acabam sempre por surgir mais tarde ou mais cedo no futuro. Agora se tivermos experiência sobre a forma como os devemos ultrapassar, mais fácil esta tarefa se torna no futuro. Isto significa experiência, significa produtos adaptados a cada um dos mercados e às suas características, com níveis de preços competitivos e qualidade», observou o Diretor-Geral da Geberit, aproveitando para lembrar que a sua empresa considera na sua vasta gama produtos e soluções direcionados às populações mais idosas com problemas de mobilidade. «A população portuguesa está a dirigir-se para um nível etário envelhecido e com mais fraca mobilidade. Portanto, todos os equipamentos que sejam postos à disposição destas pessoas são bem-vindos e a Geberit está sempre muito atenta a esta questão», disse José Seabra para deixar ainda um outro registo. «Lembro que as áreas da Reabilitação e da Renovação são mercados de futuro e vão estar muito atentos ao seu desenvolvimento. Eles são o segmento motor da recuperação do setor da Construção Civil, e a Geberit quer ter aí um papel determinante pondo à disposição a excelência dos seus produtos», evidenciou. José Seabra referiu que a Geberit está preparadíssima para estes novos desafios. «Estamos preparados para sermos um
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player forte, e vamos atualizando essa cooperação, adaptando-nos sucessivamente através de novas técnicas sanitárias e novos produtos», sublinhou. Geberit um grupo fortíssimo O Grupo Geberit é o líder de mercado europeu no setor da tecnologia sanitária e a sua estratégia está orientada para o mercado global. Desde a sua fundação em 1874 que é uma das empresas pioneiras do setor, marcando as novas tendências com sistemas e soluções adequadas, e desde 1999 que está cotada na Bolsa de Valores da Suiça, tendo registado um volume de negócios de 2,1 mil milhões de francos suíços em 2011. Opera neste momento em mais de 100 países e está representada em 41 países com aproximadamente 6000 funcionários, e dispõe de 16 fábricas localizadas em sete países. Segundo José Seabra, em 2012 a Geberit Portugal vai ter uma quebra na sua faturação, que já era previsível e que já estava enquadrada no seu plano de negócios, «porque somos muito rigorosos (e continuaremos a ser) em termos de pagamentos». Disse, para acrescentar a este propósito que «para nós é preferível manter um nível financeiro sólido, como temos, em detrimento de uma quebra no volume de negócios. O que é prioritário para nós é assegurar as cobranças das vendas que fazemos e não vendermos a qualquer um que nos crie essa dificuldade. Mas ainda voltando à faturação da Geberit Portugal para 2012, a nossa previsão é de uma descida de mais de 20 por cento em relação ao ano passado», assegurou o Diretor-Geral da Geberit Portugal. A propósito José Seabra diria também que há duas componentes que têm de se cruzar numa boa gestão de empresa: as Vendas, que traduzem a componente económica, e os Meios Financeiros. «Nós consideramos que neste momento de crise é componente essencial salvaguardar a solidez financeira da empresa. Porque estando o mercado em retração, logo a expansão do mercado não se vai verificar no curto prazo. O que temos é de fortalecer os nossos benefícios financeiros para que,
perante oportunidades de mercado, possamos utilizá-los devidamente». Geberit Portugal – empresa de marketing técnico A Geberit Portugal é uma empresa de Marketing Técnico, cuja missão é estudar
o mercado, apoiá-lo em todos os seus intervenientes, apresentar as soluções que melhor sirvam os interesses dos seus clientes: melhoria do valor dos equipamentos que estão na construção (melhoria da qualidade). É uma empresa que não produz em Portugal, mas que continua a
ter uma intervenção ativa em tudo o que diz respeito ao desenvolvimento de novos produtos que se adaptem às exigências do mercado português. «O mercado está em forte receção, não existem dados estatísticos suficientemente seguros, mas certamente que nestes
últimos anos a redução da construção residencial e habitacional foi superior a 50 por cento, não temos dúvida nenhuma. Nesse aspeto nós diminuímos menos do que a quebra da construção. Logo, embora seja uma quota de mercado ganha à custa de diminuição, ela não deixa de ser signi-
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› GRANDE ENTREVISTA
ficativa», observou o Diretor-Geral da Geberit Portugal. José Seabra reconhece que pertencer a um grupo com o prestígio da Geberit é uma grande mais-valia, e sublinha os quase 140 anos de existência do grupo cuja essência de vida assenta principalmente no seu Know-How. «É um grupo com enorme prestígio, para além do seu know-how extraordinário, isto na vertente do conhecimento hidráulico e de várias outras áreas e, para além disso, temos laboratórios de investigação em nove áreas de negócios nas quais temos um fantástico know-how que nos serve para apoiar o mercado em soluções que se enquadrem nessas áreas de investigação, desde a hidráulica à acús-
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tica. É um know-how que representa uma grande força», salientou, para em seguida se debruçar pelos pilares que sustentam a Geberit Portugal, uma empresa que apresenta no mercado Casas de Banho com inspiração. Uma das melhores marcas mundiais «Os pilares que têm garantido a nossa sustentabilidade assentam essencialmente no facto de termos até agora apresentado no mercado sistemas e produtos que vão de encontro à necessidade que as pessoas têm de melhorar a qualidade das suas Casas de Banho. Este é o primeiro pilar. Depois, apresenta uma inovação em termos
tecnológicos e em termos de facilitação de uso e à economia de água e de energia. Por outro lado temos apresentado uma gama larga de produtos (mais de três mil produtos e sistemas). Na prática, a Geberit é das poucas empresas em Portugal que apresenta sistemas sanitários e sistemas de tubagem. Só não apresentamos louças sanitárias, espelhos e outros acessórios. Mas ao nível da tecnologia sanitária, tudo o que tem a ver com distribuição de água, equipamentos sanitários, tubagem para drenagem de águas residuais, somos das poucas empresas que põem à disposição este tipo de oferta», sublinhou, a concluir esta entrevista José Seabra, Diretor-Geral da Geberit Portugal. ‹
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› LUSOFONIA › Brasil
Termelétrica Energia do Pecém iniciou exploração comercial
EDP e MPX reforçam produção elétrica Câmara Portuguesa de São Paulo comemorou o centenário
100 anos a promover relações económicas entre Portugal e Brasil A Câmara Portuguesa de São Paulo realizou um evento comemorativo do seu centenário, onde distinguiu a figura da atual Presidente do Brasil, Dilma Rousseff, cuja placa do prémio “Personalidade de 2012” foi recebida pelo ministro da Educação brasileiro, Aloizio
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Mercadante.
omemorando tão importante data no ano em que se celebra o Ano de Portugal no Brasil, estiveram presentes na Sociedade Hípica Paulista importantes da vida política e empresarial do Brasil e de Portugal. O Presidente da Câmara Portuguesa de São Paulo, Manuel Tavares de Almeida Filho, aproveitou para justificar a distinção atribuída à presidente brasileira, referindo que «a Presidente Dilma Rousseff realiza um grande governo desde que assumiu no início de 2011. Ela tem incentivado as relações comerciais e diplomáticas entre o Brasil e Portugal, priorizando o desenvolvimento social e económico no país e assumido a liderança nos grandes fóruns mundiais de discussões políticas e económicas. Por isso, considerámos mais do que justa a homenagem da nossa comunidade à Presidente Dilma», sublinhou o líder da câmara portuguesa na capital económica e em-
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presarial do Brasil, adiantando que «a homenagem à Presidente Dilma Rousseff tem por objetivo simbolizar e coroar esses laços fortíssimos que existem entre nossos países». Além de celebrar os 100 anos de existência da Câmara Portuguesa, o evento também faz parte das comemorações do Ano de Portugal no Brasil, que tem por objetivo promover encontros que estimulem a criatividade e a diversidade do pensamento, das manifestações artísticas e culturais dos dois países, além de intensificar o intercâmbio científico e tecnológico e estreitar as relações económicas entre as duas nações. De referir que a Câmara Portuguesa foi fundada a 23 de Novembro de 1912, onde passou na altura a funcionar no Consulado de Portugal e contava com a participação de cidadãos portugueses que moravam e trabalhavam na cidade de São Paulo. ‹
Num investimento conjunto da EDP, empresa do Grupo EDP Energias de Portugal, e da MPX, empresa pertencente ao grupo EBX do empresário brasileiro Eike Batista, entrou em exploração comercial a Usina Termelétrica Energia do Pecém, localizada no estado brasileiro do Ceará. As duas empresas são sócias num investimento de três mil milhões de reais (cerca de 1,11 mil milhões de euros) e que possui uma capacidade geradora instalada de 720 MW, o que equivale a metade do parque gerador de energia do estado do Ceará. Segundo Eduardo Karrer, CEO e Diretor de Relações com os Investidores da MPX, «a entrada em operação da Energia Pecém enfatiza a já comprovada capacidade da MPX no desenvolvimento de projetos greenfield e marca a transição da companhia para
uma empresa operacional, de grande porte e com destacado papel no setor da energia brasileiro». Por outro lado, o vice-presidente de Geração e Comercialização de Energia da EDP no Brasil, Luiz Otávio Henriques, aproveitou a ocasião para referir que «sempre buscamos oportunidades para crescer e continuar com nosso plano de ampliar o portfólio em geração de energia. Energia Pecém é resultado disso, já que com a entrada em operação a primeira unidade geradora da Usina, a EDP no Brasil alcança a marca de 2.012 MW de capacidade instalada».De sublinhar que a Energia Pecém se posiciona como a terceira usina térmica mais barata do subsistema nordeste. Durante a sua construção foram gerados cerca de 20 mil empregos diretos em diversas áreas, como a construção civil, montagem eletromecânica, soldagem e mecânica industrial. ‹
EDP vai construir nova barragem no Brasil
Irmãos Tavares investem no Rio Grande do Sul
A EDP ganhou a construção de mais uma barragem no Brasil, tendo a concessão sido obtida num leilão realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica. A futura barragem hidroelétrica terá a denominação de Cachoeira Caldeirão e ficará localizada no rio Araguari, no estado do Amapá, no norte do país. A nova barragem possuirá uma capacidade instalada de 219 MW possibilitando “o reforço da presença da EDP Brasil no mercado da produção”, sublinha o comunicado da elétrica portuguesa, onde se acrescenta que o investimento deverá ascender aos 405 milhões de euros, com entrada em funcionamento prevista para Janeiro de 2017. ‹
A empresa portuguesa fabricante de gruas Irmãos Tavares, com sede no concelho de Santa Maria da Feira, assinou um protocolo de intenção com o governo do estado brasileiro do Rio Grande do Sul, para realizar um investimento industrial no município de Dois Lajeados, localizado a cerca de 180 quilómetros da cidade de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul. O investimento da Irmãos Tavares ascenderá a 20 milhões de reais (cerca de 7,4 milhões e euros). O investimento surge na sequência de contatos anteriormente realizados em Portugal por Tarso Genro, Governador do Rio Grande do Sul. De acordo com Fernando Tavares, administrador da Irmãos Tavares, a decisão de instalar o investimento teve em conta as boas perspetivas de evolução do mercado, além de que «visualizámos no RS condições favoráveis para investir e para viabilizar o projeto de crescimento da empresa». ‹
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› LUSOFONIA › Brasil
África
› LUSOFONIA
Galp Energia com novas descobertas em Moçambique
Martifer construiu a cobertura do Castelão, em Fortaleza
Primeiro estádio pronto para a Copa O estádio Castelão, na cidade brasileira de Fortaleza, foi o primeiro dos estádios integrantes do projeto da Copa do Mundo de 2014 que ficou pronto e foi entregue num ato simbólico realizado no passado dia 16 de Dezembro, com a entrega das chaves do recinto pelo Governador do Ceará, Cid Gomes, à Presidente do Brasil, Dilma Rousseff. Depois de ter participado com as obras da cobertura do novo estádio Arena Grémio
em Porto Alegre, inaugurado no dia 8 de Dezembro, a empresa portuguesa Martifer assegurou também as obras a estrutura metálica da cobertura (mais de duas mil toneladas) bem como a instalação de 34 mil metros quadrados de revestimento de cobertura, produzidos nas fábricas da Martifer. O estádio Castelão possui uma capacidade de 67 mil lugares, enquanto a Arena Grémio pode albergar 60 mil espetadores.
Copa do Mundo gerará 68 mil milhões de euros A realização da Copa do Mundo em 2014 no Brasil deverá gerar de receitas na ordem dos 68 mil milhões de euros na economia do país até 2019. As estimativas apontam que o setor público e privado deverão receber nesse período cerca de 3,7 milhões e turistas, dos quais cerca de 600 mil serão estrangeiros., turistas esses, que só no período do evento, deverão gerar cerca de 3,5 mil milhões de euros para a economia brasileira. Além da forte projeção turística do país para todo o mundo, espera-se também que a Copa possa gerar mais de 700 mil postos de trabalho, entre permanentes e temporários. É ainda de sublinhar que antes da Copa realizar-se-á já no próximo ano a Copa das Confederações, e em 2016 a cidade do Rio de Janeiro receberá os Jogos Olímpicos. ‹
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Além dos dois estádios referidos, a empresa liderada por Jorge Martins também está a construir a cobertura dos estádios Fonte Nova, em Salvador da Bahia, e Vivaldão, em Manaus. A Martifer, recorde-se, tem em laboração uma fábrica no Brasil com capacidade para produzir 12 mil toneladas de estrutura metálica por ano e já tem uma carteira de encomendas de cerca de 110 milhões de euros no país. ‹
Rio Nave quer estaleiros de Viana A empresa brasileira Rio Nave é uma das duas candidatas na privatização dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC), e já se comprometeu, caso venha a ser escolhida pelo governo português para ficar com os 95% do capital social previstos no caderna da privatização, a investir cerca de 30 milhões de euros na modernização da empresa vianense. Segundo Mauro Campos, da Rio Nave, «os ENVC precisam de renovação de todas as suas condições plenas para poderem funcionar. Isso vai exigir recursos, um esforço financeiro importante, para colocar os estaleiros na sua plena capacidade de produção». Relembre-se que além da Rio Nave candidatou-se à aquisição dos ENVC a RSI Trading do empresário russo Andrei Kissilov. ‹
A Galp Energia, parceira do consórcio para a exploração da Área 4 na bacia de Rovuma no offshore de Moçambique, anunciou novas descobertas de gás natural no complexo Mamba, concretamente nos poços de avaliação Mamba Souht 2 e Coral 2, que são respetivamente o sexto e sétimo poço perfurados na Área 4. Estas novas descobertas aumentam os recursos da Área 4 em pelo menos 6 biliões de pés cúbicos (tcf) de gás no jazigo, confirmando um volume mínimo de 68 tcg de gás no jazigo já descoberto. Os recursos localizados em reservatórios exclusivamente na Área 4 estão estimados em pelo menos 23 tcf de gás no jazigo e o potencial total das descobertas na Área 4 está estimado em 75 tcf de gás no jazigo, volumes estes que serão avaliados com os próximos poços. A Galp Energia detém uma participação de 10% no consórcio que explora a Área 4, cabendo 70% à ENI (operadora), 10% à Kogas e outros 10% à ENH. Na outra costa da África Austral, a Galp Energia assinou um acordo de farm-in com a empresa brasileira HRT Participações em Petróleo (HRT) para a aquisição de uma participação de 14% em três licenças de exploração petrolífera (PEL), localizadas no offshore da Namíbia, nomeadamente a PEL 23, na bacia de Walvis, e a PEL 24 e PEL 28 na bacia de Orange. Após este acordo, a HRT continuará a ser a operadora destes PEL. Ambas as bacias, Walvis e Orange, estão localizadas em áreas consideradas de “nova fronteira”, numa província emergente de hidrocarbonetos com potencial para descobertas relevantes de petróleo e gás natural. De referir que no presente, a Galp Energia está em 13 países, respetivamente, Portugal, Espanha, Brasil, Angola, Moçambique, Venezuela, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Suazilândia, Gâmbia, Timor-Leste, Uruguai e Guiné Equatorial. ‹
Soares da Costa ganha obra em Angola O grupo Soares da Costa anunciou que foram adjudicadas ao consórcio liderado pela sua subsidiária Sociedade de Construções Soares da Costa, e que integra a Edifer Angola, as obras de infraestruturas básicas do Pólo Industrial de Fútila (PIF), na província de Cabinda. Segundo o comunicado do grupo português, “este projeto do Pólo Industrial de Fútila, criado em 1998, deverá ocupar uma área de 2.345 hectares, e é financiado pelo Banco Mundial, pela petrolífera angolana Sonangol, e pelos governos central e provincial de Cabinda, entre outras entidades”.
Segundo a mesma fonte da Soares da Costa, a obra agora adjudicada “inclui a execução de infraestruturas do parque industrial (arruamentos e redes de eletricidade, águas e esgotos) e de 7 edifícios de apoio (designadamente, edifício administrativo, portaria, quartel de bombeiros, armazéns e edifício de segurança e saúde)”. O prazo de execução será de 12 meses e o contrato ascende a 68 milhões de dólares (cerca de 52 milhões de euros). A Soares da Costa possui 50% do consórcio construtor. ‹
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› empreendedorimo Pedro Pontes, Diretor Geral da Famex, destaca a qualidade dos seus produtos e destaca as prioridades estratégicas de crescimento
Vamos crescer em Angola e Brasil
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A Famex é dos mais importantes produtores portugueses de equipamentos para cozinhas industriais, lavandarias e frio industrial. Pedro Pontes é o Diretor Geral da empresa com sede em Paio Pires, concelho do Seixal, onda a partir da sua unidade industrial partem equipamentos que têm servido para equipar algumas das mais importantes fábricas e hotéis em Portugal. Por outro lado, a partir de 2006, a empresa começou a exportar para Angola, país onde detém uma empresa e admite como provável vir futuramente a construir uma unidade industrial. Unidade industrial que a Famex, também presente já no Brasil, admite vir a construir «num num prazo máximo de quatro anos» para atender ao forte potencial do mercado brasileiro, além da unidade poder servir outros países do sul do continente americano. Exportação e internacionalização constituem, pois, a alavanca para a sustentação e crescimento da Famex, visto que o mercado português, «apesar de existir trabalho, está com condições muito difíceis para o poder concretizar», sublinha o gestor. Texto › JORGE Alegria | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS
ascida em 1988, a Famex procurou desde os primórdios da sua existência afirmar-se pela diferença. Diferença em relação ao material que na época era produzido em Portugal e que a empresa passou a importar de algumas das mais importantes marcas italianas. Diferença posterior na introdução de capacidade de adaptação e de inovação que permitiram à empresa conseguir apresentar aos clientes produtos diferentes, inovadores e de superior design e qualidade. Diferença também quando evoluiu para deter capacidade de produção própria, apresentando-se ao mercado como uma empresa com cariz e identidade própria e com capacidade de afirmar-se em patamares superiores do mercado, numa primeira fase em Portugal, depois, já na segunda década deste século, também no plano da exportação dos seus produtos para os mercados internacionais, onde Angola assumiu o papel de porta-estandarte para a Famex.
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A Famex projeta, fabrica, instala e presta assistência técnica a equipamentos de cozinha, lavandarias e frio industrial. Ao longo destes quase 25 anos de vida, a empresa localizada em paio Pires, concelho do Seixal, segundo Pedro Pontes, tem equipado com os seus produtos muitas empresas portuguesas, bem como hotéis de referência como sejam o Ritz Four Seasons, o Oitavos na Quinta da Marinha, algumas unidades do grupo Vila Galé, bem como vários outros do firmamento hoteleiro nacional. Não foi certamente por acaso que ao longo da evolução da empresa, a Famex abriu delegações no Porto, no Algarve e nos Açores. O objetivo, sublinha Pedro Pontes, «foi o de estarmos mais próximos dos clientes e podermos atendê-los mais rápida e eficazmente. O nosso serviço de pós-venda é muito importante e temos uma atenção permanente em estar próximo e interagir com os nossos clientes de modo a estarem seguros e confortáveis com os nossos produtos».
No entanto, o gestor admite que os últimos tempos têm sido difíceis, apontando a forte degradação das condições financeiras operacionais de muitas empresas, «o que dificulta a realização de negócios, pois os produtos que fabricamos são de valores bastante elevados e necessitamos de certezas aquando da firmação dos contratos de que receberemos os valores respeitantes à venda dos nossos produtos. Mas reconheço que o mercado não está fácil e agora temos de acorrer ao trabalho que existe, que felizmente existe, mas é preciso muita ponderação para não colocarmos dificuldades à nossa própria empresa. O país atravessa grandes dificuldades e poucos apoiam as nossas empresas, particularmente as pequenas e médias empresas portuguesas», enfatiza Pedro Pontes. Aliás, para uma empresa que exporta desde há vários anos, questionámos se as sucessivas greves dos portos portugueses têm afetado o ritmo das exportações da Famex. Sem rebuços, Pedro Pontes respondeu com um rotundo «sim!», adian-
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› empreendedorimo
guesa estabeleceu uma parceria com uma empresa brasileira (50%-50%) e entrou no capital de uma empresa com sede em Salvador, capital do estado da Bahia. Porquê o Brasil? Pedro Pontes sorri e sublinha que «quase não preciso de explicar o porquê. O Brasil é um país muito grande, com grandes potencialidades e oportunidades, o setor onde atuamos possui alguns players importantes mas estão sobretudo localizados no sul do país, particularmente na região de São Paulo, pelo que o seu atendimento a toda a região do nordeste brasileiro é bastante incipiente. Quer um exemplo? Se eu instalar uma cozinha industrial numa unidade empresarial brasileira, por exemplo em Salvador, em Recife ou Natal, consigo lá coloca-la cerca de quatro meses antes de um meu concorrente da zona de São Paulo, apesar dele enviar o seu produto do próprio país e de eu enviar a partir daqui de Portugal. Além de que temos produtos e equipa-
tando até um exemplo que pode parecer caricato, mas talvez seja exemplificativo ao estado a que um certo país (Portugal) chegou: «sabe, tínhamos um produto já dentro do contentor aqui na fábrica, que no entanto não seguia para o porto para ser exportado devido à greve, e reportávamos essa informação ao nosso cliente. Este, pensando que o estávamos a enganar, veio a Portugal de propósito para verificar se nós estávamos a falar verdade e que o produto estava feito e só não seguia viagem por causa dessa greve. Foi uma situação ridícula e que não prestigia ninguém, antes, quem sofre em termos de imagem somos nós as empresas exportadoras. Enfim », sublinhou com um ar indignado, aliás, justamente. Entretanto, em 2010, já prevendo os tempos difíceis que se avizinhavam, a Famex debateu internamente os possíveis caminhos que pudessem sustentar o desenvolvimento e crescimento da empresa. Uma aposta mais acentuadas nas exportações constituía o caminho a seguir, embora houvesse a consciência de que seria tam-
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bém necessário reforçar a capacidade de inovação e de criação de novos produtos para responder às exigências dos diferentes mercados internacionais. A aposta em Angola poderá passar pela vertente industrial Apesar da empresa já exportar desde 2006 para Angola, a partir da unidade de Paio Pires a Famex começou igualmente a conseguir chegar a outros mercados africanos, como Moçambique e Cabo Verde, tendo conseguido mais recentemente entrado na Argélia, «um mercado que se pode revelar bastante promissor», acrescenta Pedro Pontes. Ainda no que respeita a Angola, o empresário elogia o país e refere que é um espaço de grandes oportunidades para as empresas portuguesas. A própria Famex adquiriu uma empresa em Angola, cujo capital social é substancialmente dominado pela empresa portuguesa, mas conta com um parceiro angolano, que presta todo o apoio e permite à empresa penetrar no mercado de uma forma muito sus-
mentos de nível superior ao que normalmente se encontra no próprio mercado brasileiro. Por todas estas razões, e pelo parceiro que encontrámos, é evidente que fazia todo o sentido entrarmos no Brasil, o que ocorreu em 2012, estando nós já presentes em Salvador, Recife e Belo Horizonte». Caso o caminho no Brasil decorra conforme o planeado e as expetativas de afirmação e crescimento se concretizem, a Famex assume o objetivo de também construir uma unidade industrial de fabrico no país? Mais uma vez, Pedro Pontes responde afirmativamente e refere que «num prazo máximo de quatro anos deveremos dar esse passo». Quanto ao estado onde deverá ficar localizada essa futura fábrica, o responsável da Famex também aponta inequivocamente o estado da Bahia, «um estado bastante amigo dos investidores e que proporciona um bom ambiente para
o investimento e para a concretização de negócios no Brasil», enfatizou o empresário. Em resumo, e apesar das nuvens que pairam na evolução dos negócios em Portugal, a Famex pela voz do seu mais alto responsável está convicto da certeza da estratégia delineada e prosseguida, acredita na grande mais-valia dos recursos humanos da empresa e sobretudo na «enorme capacidade que em cada momento demonstramos de que somos capazes de servir os nossos clientes com produtos de elevada qualidade e fiabilidade, que geram valor para o seu negócio e que nos permitem crescer e afirmarmo-nos no panorama nacional e sobretudo internacional, onde depositamos muitas esperanças de que seremos cada vez mais bem sucedidos e a Famex será cada vez mais reconhecida como um produtor mundial que em termos qualitativos está no topo do nosso setor», termina Pedro Pontes. ‹
tentável e assim ser um player importante no seu setor. Por outro lado, interrogado se a consolidação em Angola poderá passar a prazo pela evolução para a construção de uma unidade industrial, Pedro Pontes admitiu claramente essa hipótese, acrescentando que nesse caso a unidade poderá também atender às necessidades de outros mercados africanos em países circunvizinhos, nomeadamente Moçambique, país no qual o Diretor Geral da Famex deposita fortes esperanças no seu desenvolvimento futuro. No entanto, para além das exportações para os países africanos antes referidos, a Famex em Portugal também exporta os seus equipamentos de elevado padrão qualitativo para alguns dos mais exigentes mercados europeus, como são os casos de Espanha e de Inglaterra. Aposta no Brasil é um passo gigante O Brasil é, contudo, a última grande aposta da Famex. Já este ano, a empresa portu-
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› EMPREENDEDORISMO Amadeu Remane, Diretor-Geral da LPR Portugal
«Fomos sempre uma empresa de sucesso» Amadeu Remane, Diretor-Geral da LPR Portugal está satisfeito com o percurso de sucesso da sua empresa, líder no nosso país no aluguer de paletes para a indústria agroalimentar. Em entrevista que concedeu à País €conómico este empresário fez questão de sublinhar que a LPR Portugal foi sempre uma empresa de sucesso. «Temos tido desde sempre um crescimento ascendente e isso faz com que neste momento a nossa quota de mercado se situe nos 50 por cento. Dividimos o mercado com a nossa concorrência e 140 dos maiores players portugueses do setor alimentar trabalham connosco», deixou claro Amadeu Remane, que nesta entrevista regozijou-se também com o facto da LPR Portugal estar desde há um ano ligada à Euro Pool System. «Esta aliança é uma maisvalia importante porque vai permitir-nos um maior reforço da nossa capacidade de crescimento».
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Texto › VALDEMAR BONACHO
o longo dos seus doze anos de existência a LPR Portugal tem conseguido através de um padrão de gestão forte e disciplinado, manter um percurso sólido que lhe tem garantido um crescimento sustentável. É hoje o principal operador no ramo do aluguer e fornecimento de paletes (Les Palettes Rouge), tendo na sua lista de clientes os principais gigantes da indústria agro-alimentar. «Temos cerca de 140 clientes que mantém a preponderância no setor do grande consumo, nomes sonantes como a Central de Cervejas, Unicer, Compal, Parmalat, Nestlé, Renova e tanto outros, e essa preferência pelos nossos serviços é uma grande honra para nós», sublinha Amadeu Remane. O Grupo LPR nasceu em 1992 e rapidamente se tornou no 2º maior operador de pooling de paletes da Europa, dedicando-se exclusivamente ao setor do grande consumo, gerindo anualmente mais de 60 milhões de paletes. O Grupo LPR está representado em França, Itália, Espanha, Alemanha, Reino Unido, Benelux e Portugal. Amadeu Remane está entusiasmado com o sucesso da LPR em Portugal, e quando
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| FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS
lhe perguntamos uma opinião sobre o modo como este projeto tem sido enraizado no nosso país, reage com muita naturalidade. «A LPR foi sempre uma empresa de muito sucesso, o seu crescimento tem-se processado de maneira ascendente. Isso faz com que tenhamos uma quota de mercado na ordem dos 50 por cento. Diria que a LPR divide o mercado a meio com as restantes empresas nossas concorrentes. Somos praticamente líderes de mercado nesta área em Portugal, ou seja, as maiores quotas nacionais ou maiores clientes portugueses da indústria agro-alimentar trabalham connosco. Neste momento temos 140 clientes que se distribuem por esse setor de atividade, sem esquecer a área da Higiene na sua versão mais alargada», esclarece Amadeu Remane. O Diretor-Geral da LPR Portugal tem um orgulho muito especial pela equipa que ele escolheu para a sua empresa, e nesta entrevista fez questão de evidenciar a satisfação de ter conseguido escolher um grupo coeso, inteligente, disponível, que a todo o instante sabe prestigiar a “camisola” da LPR.
Excelência dos Recursos Humanos «Somos um grupo formado por 26 pessoas, bem estruturado, constituído por jovens com formação e capacidade para levarem a empresa a um lugar de topo, e isso é de louvar. Entendo e desejo que eles se divirtam com as tarefa que lhes são entregues no dia-a-dia e que sintam um prazer muito grande naquilo que fazem. Este sentimento também é benéfico para a empresa, que só tem a lucrar com esse comportamento», destaca Amadeu Remane, para acrescentar uma nota que desconhecíamos. «Esta empresa foi praticamente criada por mim. Eu é que dei o pontapé de saída para o nascimento deste projeto». Amadeu Remane não escondeu o prazer que lhe ia na alma por ter ocasião de uma vez mais recordar esse episódio. «Fui eu que fundei esta empresa. Eu trabalhava numa área totalmente diferente desta, mas um determinado dia para a LPR de Espanha e perguntei se a LPR de Espanha tinha intenções de entrar em Portugal. Eles disseram-me que a entrada em Portugal da empresa fazia todo o sentido, mas que naquela altura não estavam prepara-
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› EMPREENDEDORISMO dos para avançar com a ideia. E perguntaram-me se eu estaria na disposição de o fazer. Lembro-me de ter andado durante quatro ou cinco meses a fazer prospeção de mercado por minha própria conta, e quando achei que existiam condições para avançar com o negócio, foi criada a LPR Portugal. E todas as pessoas que neste momento estão a trabalhar aqui foram todas elas admitidas e formadas por nós, e sentimo-nos felizes por isso». Grande espírito de equipa O Diretor-Geral da LPR Portugal não poderia estar mais satisfeito com o sucesso da sua empresa. «Não há maior felicidade para um gestor do que ter na sua empresa uma equipa coesa, onde o factor inteligência predomina. Não temos aqui problemas pessoais nem conflitos pessoais, absolutamente nada. O ano passado por esta altura perdemos um grande cliente
de referência, a Lactogal, que naquela altura significava 30 por cento do volume das nossas vendas e que passou para a concorrência, e nós num espaço de um ano conseguimos recuperar a perda do volume de negócios que mantínhamos com a Lactogal. Tudo isto só foi possível com o esforço da nossa equipa, com a coesão e espírito de grupo. Custou-nos muito perder um cliente como a Lactogal, mas há um a coisa que me deixa satisfeito que é sabermos que a qualidade do nosso trabalho ficou lá e, quem sabe, talvez um dia voltemos de novo a ter a Lactogal no nosso lado », referiu Amadeu Remane, para lembrar ainda que «deixámos na Lactogal uma boa impressão, e toda a gente lá dentro gosta de nós». Em 2001 a LPR faturou 14 milhões de euros e para este ano as previsões apontam para um volume de negócio dentro daqueles valores. Amadeu Remane aproveita a
oportunidade para abordar esta questão. «O ano de 2012 foi o ano de recuperação da perda de faturação que tínhamos com a Lactogal, e por isso vamos fechar o ano com uma faturação a rondar esse montante», referiu o Diretor-Geral da LPR Portugal que, abordado pelas consequências da crise, reagiu. «Acho que o setor alimentar é o último a sentir os efeitos da crise. É evidente que haverá um ou outro segmento deste setor, por exemplo as águas e os iogurtes, onde haverá algumas restrições, mas não quero dizer com isto que sejam restrições fortes», esclareceu Amadeu Remane. Saber preparar o futuro A LPR Portugal é uma empresa que desde o primeiro dia se tem preparado para os desafios do futuro. E uma das marcas des-
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sa preocupação está patente na preocupação que Amadeu Remane teve em ver a sua empresa certificada com a norma ISO 9001:2000. Esta ferramenta tem sido importante para a LPR Portugal? «A certificação foi uma ideia minha. A LPR França já obtivera esta certificação quatro ou cinco anos antes de termos nós tomado esta iniciativa. Mas a seguir a França fomos nós o segundo país a seguirmos esse rumo. Seguir-se-iam mais tarde os outros países onde a LPR está presente. Mas nós para além da certificação ISO 9001:2000, também somos certificados no âmbito da PFC, que é uma norma que tem a ver com a utilização madeiras provenientes de explorações florestais sustentadas. E nesse capítulo fazemos auditorias aos nossos fornecedores, fazemos
auditorias às empresas que nos fornecem paletes, para certificarmos que utilizamos madeira proveniente de florestas sustentadas», salientou Amadeu Remane. Relação transparente com o cliente Os serviços prestados pela LPR Portugal são executados com base no “preço por movimento”, e Amadeu Remane fala-nos desta modalidade de negócios. «A LPR Portugal é uma empresa que sempre pugnou por ter uma relação transparente e de abertura com todos os seus clientes. E nós somos uma empresa que fatura o seu serviço por aluguer da palete. Uma das nossas preocupações é dizer ao cliente que tem aquele custo associado ao aluguer da palete. Não há variações para dias ou horas de aluguer. O preço do aluguer cobre
todos os serviços, incluindo a entrega nas instalações do cliente e a recolha no utilizador final», lembrou Amadeu Remane, Diretor-Geral da LPR Portugal, empresa que neste momento tem no país armazéns logísticos em locais como Bragança, São Mamede Infesta, Mealhada, Bombarral, Palmela, Quarteira (Algarve), Funchal (Ilha da Madeira), São Miguel e Ilha Terceira (Açores). Amadeu Remane fecharia esta entrevista dirigindo exclusivamente aos seus clientes. «Quero que saibam que podem continuar a contar com os serviços de qualidade da LPR Portugal, e que estaremos sempre ao vosso lado, apoiando-os no seu progresso e desenvolvimento. E já agora, que o ano de 2013 vos traga a todos muitas prosperidades e muito sucesso». ‹
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› agroalimentar Carlos Lucas, CEO da Ideal Drinks, muito confiante
«Este ano crescemos 700 por cento» Em entrevista que concedeu à País €conómico, Carlos Lucas, CEO da Ideal Drinks mostrou-se muito confiante em relação ao futuro desta empresa que tem como grande mentor o empresário português Carlos Dias fundador da Roger Dubois, uma firma suíça de relógios de luxo onde o requinte e a altíssima qualidade são notas que sobressaem. Segundo Carlos Lucas, os vinhos produzidos nas três adegas da Ideal Drinks, especialmente o “Colinas”, estão a ter uma aceitação muito positiva tanto no mercado nacional como no mercado externo. «Os resultados são muito positivos, vamos este ano ter um crescimento de 700 por cento em relação ao ano anterior, e isso deve-se muito à excelência dos nossos vinhos e à indesmentível competência das Pessoas que dão o seu contributo para que a Ideal Drinks seja, por outro lado, uma empresa inovadora e altamente competitiva em Portugal e no estrangeiro», sublinhou Carlos Lucas que
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apontou a exportação como a prioridade das prioridades da Ideal Drinks. Texto › VALDEMAR BONACHO | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS
arlos Lucas é talvez um dos mais reputados enólogos portuguesas, respeitado em Portugal e além-fronteiras. Deixou em 2011 o Grupo Dão Sul, onde era administrador e enólogo, para assumir o projeto de Carlos Dias, empresário que nos últimos anos também tem estado em evidência por ter adquirido várias propriedades ligadas ao setor dos vinhos, como são exemplos a Colina de São Lourenço (Bairrada), Quinta Dão Bella Encosta (Dão), Quinta da Pedra, Milagre e Quinta Paço de Palmeira (Minho/ Vinhos Verdes), hoje pertença da Ideal Drinks, uma sub-holding do Grupo Ideal Tower. Porque é que Carlos Lucas aceitou o convite para assumir as funções de enólogo e administrador da Ideal Drinks?! «Aceitei este projeto por ser um projeto inclusivamente diferente, um projeto no mundo dos vinhos completamente diferente do que eu já fazia. Porquê? O Dr. Carlos Dias é uma pessoa de grande carisma e de grandes convicções, e quando conversámos sobre o projeto Ideal Drinks logo de imediato me suscitou grande interesse,
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porque é um projeto que nivela os portugueses para um patamar de excelência, de qualidade. Por outro lado havia de princípio uma grande vantagem neste projeto, pois tudo estava por fazer, era um projeto todo de raiz, e isso entusiasmou-me muito. Além disso não vinha substituir ninguém, o lugar que ocupo hoje na empresa foi expressamente criado para mim. Por isso aceitei de imediato esse convite e sinto-me muito orgulhoso de fazer parte dele», destacou Carlos Lucas. Vinte anos de carreira como enólogo Como enólogo, Carlos Lucas completa este ano vinte anos de carreira. «Esta vocação nasceu por acaso. Era uma profissão completamente impensável para mim. Esta ideia nasceu de uma maneira muito simples. Acabei o meu curso de Engenharia Agrícola em Coimbra e pensei fazer uma viagem pela Europa. Entretanto apaixonei-me por uma francesa que conheci em Coimbra, mas ela fugiu Fui atrás dela e dei comigo em casa do meu futuro sogro em França a beber vinhos, a falar de
vinhos e a viajar pelo mundo das vinhas em França. Isto há 25 anos atrás. Nessa altura estava a terminar os estudos, enviei currículos para várias empresas, e acabei por ir parar ao Dão», recorda Carlos Lucas para após uma brevíssima pausa prosseguir. «Fui a várias propriedade e ajudei a fundar e a dinamizar, enquanto acionista e administrador a Dão Sul, empresa que ainda hoje existe, e da qual ainda sou acionista». A Ideal Drinks tem três anos de existência e, no entender de Carlos Lucas ela despertou e ainda está a despertar em termos de visão para o mercado neste último ano. «De facto a Ideal Drinks é uma empresa que tinha muito trabalho feito e em ajudei a transmitir novas ideias, fruto da minha experiência neste ramo», justificou o CEO da Ideal Drinks. Para exportar é preciso uma boa base em Portugal Quando resolveu aceitar este convite de Carlos Dias tinha a convicção de que estava perante uma caminhada que poderia não ser fácil, até porque nessa altura já
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› agroalimentar
de exportar alguma coisa que é conhecida em Portugal. Ninguém pode ir para o mercado externo dizer que tem o melhor vinho se ele em Portugal não for conhecido. Há aqui um trabalho paralelo. É preciso que se saiba que o vinho que se produz em Portugal é o mesmo vinho que se exporta, que as qualidades que exibimos em Portugal são precisamente as mesmas que exportamos com nossos vinhos. Temos de ter capacidade para sabermos equilibrar estas coisas. E a Ideal Drinks tem conseguido construir esse equilíbrio», salientou Carlos Lucas, que aproveitar para revelar à P€ que este ano a Ideal Drinks vai ter um crescimento de 700 por cento, «e este número (penso eu) é bem justificativo do trabalho que temos vindo a desenvolver em Portugal e no estrangeiro».
existiam rumores de que em breve Portugal e o Mundo poderiam estar à beira de uma crise económica e até social? Nessa altura pensou nisso?
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Carlos Lucas pensou uns segundos e não hesitou na resposta. «A crise existe e não a podemos esconder, acho até que devemos enfrentá-la. Mas este é um também
um projeto com cariz de exportação e aqui existem sinais muito positivos. Não pensamos só no mercado nacional, pensamos também no mercado da exportação.
Mas aqui quero deixar bem sublinhado que ninguém consegue exportar se não tiver uma boa base em Portugal. Quando falamos de exportação, falamos sempre
Crescer em Portugal e lá fora Relativamente a este crescimento, Carlos Lucas explicou que ele se fica a dever (e muito) às vendas de vinhos que a Ideal Drinks realiza para mercados como o Brasil, a Bélgica, Hong-Kong, Alemanha, Canadá e Inglaterra, mas lembra que o mercado interno também disparou para a Ideal Drinks. «O mercado interno teve este ano um comportamento muito interessante, e isso faz-nos crer cada vez mais que ainda temos uma grande margem para crescermos no mercado interno. Temos ainda aqui uma grande margem para conquistar. As marcas “Colinas de São Lourenço”, “Quinta da Pedra”, “Royal Palmeira” estão cada vez mais a ganhar o seu espaço pela qualidade. Mas neste momento a “ Colinas de São Lourenço” é a marca que mais se tem afirmado em Portugal e no estrangeiro, porque é uma marca que já existia no mercado. Não fui em que o concebi, não foi vinificado por mim, mas o trabalho do enólogo não é só vinificar, conta muito também a parte do estágio e do engarrafamento, e aqui penso que te-
nho tido uma participação muito ativa», enfatizou o CEO da Ideal Drinks. Carlos Lucas fez questão de salientar que a Ideal Drinks é um projeto onde as Pessoas desempenham um papel fundamental e decisivo. Uma equipa de elevada qualidade De facto, tanto Carlos Dias como Carlos Lucas tiveram a preocupação de constituir uma equipa altamente profissionalizada e tecnicamente superior, de que fazem parte nomes preponderantes no mundo dos vinhos. Carlos Lucas deu alguns exemplos. «Custódio Dias é o responsável pelas vinhas e pelas três adegas da Ideal Drinks; Pascal Chatonnet é um produtor e consultor de vinhos franceses e um dos mais prestigiados especialistas que se dedica ao estudo das propriedades organolépticas dos vinhos; Gianni Capovilla é visto como um dos melhores destiladores existentes em todo o mundo; e João Gouveia, considerado o maior especialista português em olivicultura e, por isso mesmo, cabe-lhe a coordenação da produção dos azeites que a Ideal Drinks produz com a marca “Principal”. O CEO da Ideal Drinks diria que a escolha da equipa desta empresa coube inteiramente a Carlos Dias, verdadeiro mentor deste projeto. «A equipa foi escolhida por ele, mas obviamente que eu agora tenho a meu cargo toda a equipa e a escolha de outros colaboradores com o perfil ideal para fazerem parte do nosso staff, visto este ser um projeto que não pára», deixou claro Carlos Lucas, que aproveitaria o ensejo para referir também que Angola é um mercado que está a ser equacionado pela Ideal Drinks, porque esta é uma economia que muito tem crescido nos últimos anos, e que continua a ter índices de crescimento muito aceitáveis. ‹
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› direito Diogo Perestrelo e João Mattamouros Resende, respetivamente, Diretor Geral e Sócio da Cuatrecasas, Gonçalves Pereira, explicam como estão a apoiar as empresas portuguesas na sua internacionalização
Apoio seguro aos nossos clientes em todo o Mundo Em 2003 as sociedades de advogados espanhola Cuatrecasas e a portuguesa Gonçalves Pereira decidiram fundir-se e formar uma só sociedade ibérica, designada Cuatrecasas, Gonçalves Pereira. Em Portugal, Diogo Perestrelo (DP) é um dos Diretores Gerais da sociedade, e em conjunto com João Mattamouros Resende (JMR), também sócio da sociedade e até há pouco responsável pelo escritório de São Paulo, receberam a País €conómico em Lisboa e apresentaram alguns dos aspetos mais relevantes no apoio jurídico que prestam às empresas ibéricas em várias partes do mundo. Texto › JORGE Alegria | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS A Cuatrecasas, Gonçalves Pereira, é uma das mais importantes sociedades de advogados luso-espanholas, mas regista um assinalável empenho no apoio à internacionalização das empresas ibéricas particularmente nos países de língua portuguesa. Este conjunto de países que falam português é estratégico na vossa afirmação internacional?
DP – Sem dúvida que sim. No entanto, permita-me recordar alguns traços mais antigos da nossa sociedade. O nosso nome é Cuatrecasas, Gonçalves Pereira, e o próprio nome reflete uma parceria ibérica muito diferente do que é habitual, na medida em que é um nome com uma componente espanhola e um com uma componente portuguesa, e é assim que é utilizado tanto em Espanha como em Portugal, bem como em todos os escritórios internacionais da nossa sociedade. Eu recordo que a internacionalização constitui também uma prática já anterior à fusão da Cuatrecasas com a Gonçalves Pereira, que ocorreu em 2003, quando a Cuatrecasas já em 1986 abriu um escritó rio em Bruxelas, ou a própria Gonçalves Pereira em 1998 inaugurou um escritó-
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rio em Maputo, e que entretanto se veio a tornar no mais importante escritório de advocacia de Moçambique. Refiro apenas que devido a alterações na legislação moçambicana, os advogados estrangeiros deixaram de poder ser sócios de sociedades de advogados moçambicanas, pelo que esse escritório continua hoje a ser o nosso parceiro exclusivo naquele país. Entretanto, depois a Cuatrecasas, Gonçalves Pereira decidiu abrir escritórios em Paris, Londres, Xangai (China) São Paulo, Casablanca e Nova Iorque, sendo que os escritórios em Londres e Nova Iorque são apenas escritórios de representação da sociedade. Mais recentemente passamos também a estar representados em Luanda, que por razões similares à situação moçambicana, apenas nos permite possuir um acordo com uma sociedade de advocacia local e que nos represente em Angola. Essa dispersão internacional permite à Sociedade prestar um apoio efetivo às empresas onde quer que estejam.
DP – Efetivamente, assim é. O nosso objetivo é acompanhar os nossos clientes que nas suas operações internacionais pre-
tendam ter o mesmo tipo de apoio e de segurança jurídica nesses países tal como possuem nos seus países de origem. No entanto, sublinho que essa nossa presença em várias latitudes, para além desse acompanhamento das operações dos nossos clientes, também nos têm permitido angariar clientes nesses próprios países, mormente de clientes que pretendem ter um melhor conhecimento sobre as potencialidades de investimento ou mesmo quando concretizam investimentos na Península Ibérica. Presença direta no Brasil Já quanto ao Brasil, a evolução da vossa presença foi diferente. Pode explicar porquê?
DP – No Brasil tínhamos uma parceria com cerca de dez anos com uma importante sociedade de advogados brasileira, mas chegou a uma altura em que entendemos que poderíamos acrescentar mais algum valor se nos estabelecêssemos diretamente no país através de um escritório e de uma equipa própria. Sabe, o Brasil é um país muito grande, que gera grandes operações e muitas vezes os
grandes escritórios para atenderem a essas grandes operações, não dão o devido acompanhamento a operações de investimentos de média e de pequena dimensão. E recordo que, em geral, os investimentos portugueses e espanhóis no Brasil são de média ou de pequena dimensão, e considerámos que tínhamos aí uma oportunidade de nos estabelecermos diretamente e seguimos essa via tendo inaugurado o escritório em 2009, um escritório pequeno mas com um elevado nível de representação, atualmente com a presença de três sócios (eram quatro quando lá estava o doutor João Mattamouros Resende), a que se juntaram mais três advogados e um advogado estagiário. O escritório de São Paulo já apoio a concretização de investimentos portugueses e espanhóis no Brasil?
JMR – Não posso detalhar essas operações em concreto, mas posso sublinhar que o nosso trabalho no Brasil foi sobretudo o de realizar uma articulação das empresas
ibéricas com o mercado brasileiro, além de apoiar e assessorar empresas brasileiras que queiram investir no estrangeiro. É importante sublinhar que as empresas brasileiras atuam num mercado pujante, estão capitalizadas e dispõem de uma relação cambial favorável, pelo que a queda dos valores dos ativos na Europa e nos EUA, colocam muitos desses ativos na mira das empresas brasileiras. Respondendo à sua questão a respeito das empresas portuguesas, a Cuatrecasas, Gonçalves Pereira através do escritório de São Paulo tem assessorado operações em praticamente todas as áreas de atividade, com destaque nas áreas da distribuição, construção (que está a sofrer uma forte crise em Portugal e que encontra no Brasil um mercado em expansão), e na área das Parcerias Público Privadas, um mercado ainda recente no Brasil e no qual as empresas portuguesas, provenientes de um mercado mais maduro nesta área, tem colocado no terreno a sua experiência. Aliás,
o mesmo tem acontecido com a ação do nosso escritório, onde temos aproveitado os conhecimentos e as experiências angariadas em Portugal para as colocarmos ao serviço dos nossos clientes no mercado brasileiro. Por outro lado, uma outra área de importante intervenção do nosso escritório tem acontecido em matéria da obtenção de financiamentos. Como sabe, em Portugal e na generalidade da Europa não tem sido fácil obter financiamentos para as empresas. No Brasil, apesar dos juros continuarem elevados, ainda assim existe capital para acorrer às necessidades das empresas, pelo que empresas ibéricas têm utilizado o Brasil na obtenção desses financiamentos, área que temos também participado enquanto sociedade de advogados em apoio a vários clientes. É ainda de sublinhar que a Cuatrecasas, Gonçalves Pereira, tem apoiado também empresas brasileiras na participação em
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› direito
Sandra Braga
Analista de Risco na SOFID
O CÓDIGO FISCAL AO INVESTIMENTO NA REPÚBLICA DA GUINÉ BISSAU
A Diogo Perestrelo, Diretor Geral da sociedade
processos de privatização de empresas em Portugal. Empresas brasileiras podem ter interesse em privatizações em Portugal Pode dar exemplos?
JMR – Posso. Por exemplo, apoiámos a Cemig no processo de privatização da EDP (n.d.r. – em que saiu vitoriosa uma empresa chinesa), e estamos neste momento a apoiar a Zurich no processo de privatização da ANA, à qual se associou num segundo momento a empresa brasileira CCR. Quais os principais cuidados que uma empresa portuguesa deverá ter para estar no mercado brasileiro?
JMR – Serão vários. Entre os principais, eu distinguiria três aspetos muito importantes. Em primeiro lugar é preciso ter a noção de que não existe um só Brasil, mas vários brasis. O que é que isso quer dizer? Significa que além do corpo legislativo federal que se aplica em todo o país, o Brasil possui vários estados e cada um deles possui a sua própria legislação. E para além dessas legislações federais e estaduais, um investidor ainda se depara também com a existência de uma legislação municipal
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João Mattamouros Resende, sócio da sociedade
aplicável em cada um dos municípios brasileiros, pelo que a complexidade legislativa no país é bastante grande e densa. Essa densidade e diversificação legislativa são, aliás, também extensivas ao próprio ambiente de negócios, onde as culturas em cada zona do Brasil são bastante diferentes umas das outras. Por exemplo, o mercado de São Paulo é muito competitivo e agressivo, enquanto noutras regiões a cultura de negócios é diferente. É preciso conhecer essas particularidades e saber agir em função delas. Existe ainda um segundo aspeto que considero assaz relevante. Prende-se com o fato das empresas portuguesas e europeias terem já quase esquecido as práticas das pautas aduaneiras, fruto da sua queda no processo de integração europeia. No entanto, no Brasil existem pautas aduaneiras na importação/exportação e é necessário ter muita atenção a essas matérias, tanto em razão de natureza fiscal bem como na própria gestão e controlo das mercadorias. Finalmente, anoto um terceiro aspeto de grande importância e delicadeza. Como é sabido, em Portugal, Espanha e em muitas legislações europeias, existe a limitação da responsabilidade nas sociedades, onde
quem responde pelas dívidas das sociedades é o património das mesmas. Não é exatamente assim no Brasil, e existem situações relevantes em que o património dos sócios pode ser chamado a responder pelas dívidas da sociedade. Como perspetivam o ano de 2013?
DP – Com muito trabalho e com expetativas positivas, apesar de ninguém conseguir passar ao lado das dificuldades económicas que se vivem na Península Ibérica. A intervenção da Cuatrecasas, Gonçalves Pereira, na assessoria a clientes nos processos de privatização em Portugal deverá continuar, estando nós neste momento envolvidos no apoio ao consórcio da Zurich no processo de privatização da ANA. Esperamos naturalmente participar também em 2013 em processos relacionados com os setores das águas e dos correios, que se anunciam como os próximos a serem alvo de privatização. Por outro lado, se é verdade que registamos uma cada vez maior concorrência, também estamos conscientes da capacidade e da grande qualidade dos nossos advogados para prestarem um grande serviço aos nossos clientes em Portugal e nos restantes países onde temos uma assinalável presença. ‹
República da Guiné-Bissau evidencia um enorme potencial económico devido aos recursos naturais existentes e à margem de progressão que determinados setores de atividade exibem. É neste sentido que o país tenta captar investimento externo, que permita a dinamização e o desenvolvimento da economia nacional. Uma das recentes medidas implementadas pelo Governo Guineense foi a aprovação do novo código de investimento (Lei nº. 13/2011) e a criação de um organismo responsável pela tutela do investimento privado, a Direção Geral da Promoção do Investimento Privado. O anterior código de investimento pretendia ser simples, transparente e procurava promover o investimento tanto nacional como estrangeiro. Porém, a inexistência de um pacote efetivamente atrativo de incentivos, inibia a aposta neste país, em detrimento de outros. É neste contexto que importa conhecer o novo código do investimento da Guiné-Bissau, pois este será, certamente, um país com elevada capacidade de atração de investimento direto estrangeiro nos próximos anos. Critérios de elegibilidade: a) Investimentos, qualquer que seja o setor de atividade a que se destinam (com exceção de investimentos em zonas francas e os conexos com as áreas de exploração mineira, petrolífera e florestal); b) Todo e qualquer investidor, singular ou coletivo, independentemente da sua nacionalidade ou forma jurídica. Transferências cambiais: Considerando que uma das principais preocupações do investidor externo é a possibilidade de repatriação de lucros, dividendos e capitais, o novo código assegura este direito, garantindo, igualmente, o pagamento de capitais mutuados, juros e bens e serviços, desde que contratados com entidades externas.
Incentivos ao investimento: No sentido de atrair investimento externo, o novo código prevê 4 tipos de incentivos, que podem ser concedidos a investimentos que perfaçam, no mínimo, 34 mil dólares americanos e que visem a criação de novas empresas, a modernização de atividades já existentes ou a renovação de equipamentos.
1) Fase de Investimento: Isenção dos direitos aduaneiros (Tarifa Exterior Comum) e do Imposto Geral sobre Vendas (IGV), por um período máximo de 3 anos. 2) Fase de Operação: Redução gradual da contribuição industrial, durante o prazo máximo de 7 anos (concedido apenas a empresas recém-criadas, com exceção do setor financeiro). 3) Formação Profissional: Dedução à matéria coletável de duas vezes os custos com despesas de formação profissional especializada, realizada no país ou no estrangeiro. 4) Investimento em Infraestruturas: Os investidores que se instalem fora do Setor Autónomo de Bissau poderão deduzir, no ano de investimento e até aos 3 exercícios seguintes, a totalidade das despesas com a construção de infraestruturas públicas. Não obstante o enquadramento legal existente parecer contribuir para a promoção e captação de investimento externo, a instabilidade política que sistemicamente afeta o país tem desencorajado os investidores. A SOFID privilegia a criação de parcerias com a banca local já que estas poderão contribuir para uma maior rapidez e simplificação na obtenção de financiamento bancário. Aos promotores recomenda que se articulem com as autoridades locais e estabeleçam parcerias com sócios, conhecedores da experiência local, de modo a garantir o sucesso do projeto e a sua sustentabilidade financeira. ‹
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› ECONOMIA IBÉRICA
EDITORIAL S
eja pela globalização, a crise ou as oportunidades de negócio que aparecem, a deslocação de trabalhadores revela uma tendência sempre crescente. E acontece com todo tipo de trabalhadores: desde os menos qualificados até aos diretivos com mais prestígio. O mercado laboral espanhol não é alheio a esta tendência e tem vindo a receber na última década um número muito significativo de trabalhadores estrangeiros, em particular da Europa e da América. No que diz respeito aos quadros diretivos, o cuidado na altura da contratação deve ser máximo pelas consequências da sua atividade no futuro de um projeto ou da própria empresa. Na edição deste mês, vamos prestar atenção à normativa espanhola que regula os contratos para estes casos. Como sempre, podem dirigir as suas dúvidas ou perguntas para vigo@avinalabogados.com ou madrid@avinalabogados.com. A CONTRATAÇÃO DE QUADROS DIRETIVOS EM ESPANHA É cada vez maior a presença de quadros diretivos portugueses em empresas espanholas ou de capital português em Espanha. A relação entre as empresas e os seus quadros dirigentes difere de forma notável nas legislações laborais espanhola e portuguesa. O Código de Trabalho apenas contempla alguns artigos específicos espalhados entre as normas gerais. Em Espanha foi criado um regime especial, chamado de alta dirección, para dar uma resposta mais apurada às necessidades deste grupo de trabalhadores. O que é, portanto, um contrato de alta dirección? O Real Decreto
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1382/85, de 1 de Agosto, regula esta figura e define, no seu artigo 1º, este tipo de trabalhadores como aqueles que exercem poderes inerentes à titularidade jurídica da empresa, e relativos aos objetivos gerais desta última, com autonomia e plena responsabilidade, apenas limitadas pelos critérios e instruções emitidos pela pessoa ou órgãos superiores de governo e administração. A partir daí podemos extrair várias consequências. Por um lado, a legislação aplicável não será já o Estatuto de los Trabajadores (equivalente ao Código do Trabalho), mas sim o Real Decreto referido e, de forma subsidiária, a legislação civil e comercial. Por outro, o trabalhador que seja contratado sob esta modalidade deverá informar-se sobre os seus direitos e obrigações para evitar surpresas no futuro. Além do seu conteúdo material, o Real Decreto determina os aspetos formais deste tipo de contrato. zDeverá, então, reduzir-se a escrito e conter, no mínimo, os seguintes elementos: a) identificação das partes; b) objeto do contrato; c) retribuição acordada; d) duração; e) as demais cláusulas exigidas pela norma. É claro que a redação deste tipo de contratos deve estar muito bem cuidada, de forma que os direitos e obrigações das partes não deixem lugar a dúvidas, nomeadamente quanto a dois aspetos: a) os objetivos que a empresa pretende atingir mediante o trabalho do diretivo; b) a remuneração deste, acautelando, especialmente, a incidência da fiscalidade. Antonio Viñal Menéndez-Ponte Antonio Viñal & Co. Abogados madrid@avinalabogados.com
I.- GALIZA E A EURO-REGIÃO GALIZA– NORTE DE PORTUGAL ABERTURA DO “CENTRO DE NEGOCIOS E INICIATIVAS EMPRESARIALES “ DO PARQUE EMPRESARIAL DE PORTO DO MOLLE No início do próximo ano, o “Centro de Negocios e Iniciativas Empresariales” abrirá as suas portas no Parque Empresarial de Porto do Molle situado en Vigo. Este centro conta com capacidade para cem actividades simultâneas, tanto de empresas já consolidadas como de projetos de empreendedores. Contará ainda com um espaço para “co-working” e um “acelerador de empresas” para iniciativas tecnológicas, que serão apoiadas financeiramente pelo Consórcio da Zona Franca de Vigo. PMES DA GALIZA COM MAIS VENDA “ONLINE” As pequenas empresas galegas de mais de 10 empregados e as microempresas, aumentaram em 40% as vendas online nos dois últimos anos. Só a contratação pela net nas microempresas aumentou em 17,6 %, superando o crescimento estatal (12,2%). CRESCE A REDE IBÉRICA DE ENTIDADES TRANSFRONTEIRIÇAS Em total 15 associações empresariais da Galiza e do Norte de Portugal passaram a formar parte da Rede Ibérica de Entidades Transfronteiriças (RIET) o que perfaz um total de 27 entidades. O objetivo desta rede é desenvolver uma estratégia sobre questões transfronteiriças de interesse europeu. Este é o maior lobby de fronteira dos existentes em qualquer fronteira Europeia, que conta com representação tanto política como empresarial. CAMPUS DO MAR E INSTITUTO POLITÉCNICO DE LEIRIA EM COLABORAÇÃO No passado mês de Novembro, o Instituto Politécnico de Leiria e o Campus do Mar de Vigo, assinaram um convénio de colaboração para impulsionar ambas entidades. Assim, poderão incorporar-se
investigadores do instituto luso aos clusters de I+D do Campus do Mar e cooperar em atividades docentes e nos programas de doutoramento ou do máster do Campus. O convénio terá uma duração de quatro anos. II.- APOIOS E SUBVENÇÕES AJUDA PARA PROJETOS DE INVESTIMENTOS EMPRESARIAL SUPERIORES A 500.000 € AJUDA: Projeto de investimento empresarial superior a 500.000 € PRAZO: Até 31 de dezembro de 2012 OBJETIVO: Favorecer a implantação de projetos de investimento empresarial superior a € 500.000 para a criação de novos estabelecimentos; ampliação de um estabelecimento já existente; diversidade de produção de um estabelecimento em novos produtos adicionais, câmbios essenciais no processo geral de produção de um estabelecimento existente. BENEFICIÁRIOS: Sociedades comerciais existentes ou em constituição que realizem uma iniciativa empresarial na Galiza. VALOR DA AJUDA: Até ao limite máximo de 30% das despesas passíveis de apoio; para projetos específicos de proteção e melhora ambiental podem conceder uma ajuda mínima de 15%. SERVIÇOS AVANÇADOS INTENSIVOS NO EMPREGO AJUDA: Serviços avançados intensivos no emprego PRAZO: Até 31 de Dezembro de 2012 OBJETIVO: Serviços avançados na Galiza com um investimento superior a € 200.000 e uma criação de emprego ligado ao investimento igual ou superior a 10 novos postos de trabalho de carácter indefinido. BENEFICIÁRIOS: Sociedades comerciais existentes ou em constituição que realizem uma iniciativa empresarial na Galiza. VALOR DA AJUDA: A ajuda resultante é calculada como uma percentagem sobre o salário bruto do pessoal que se contrate ou sobre o investimento passível de apoio.
FEIRAS E EXPOSIÇÕES SETEMBRO 2012 DATA
EVENTO
LUGAR
21 Dezembro a 6 de Janeiro
EXPONADAL
Alicante
26 – 29 Dezembro
ZAGALANDIA
Barbastro
16 – 18 Janeiro
EXPO RECLAM (Internacional muestra de regalo promocional y publicidad)
Madrid
16 – 20 Janeiro
BISUTEX (Feria internacional de bisutería y accesorios)
Madrid
16 – 20 Janeiro
INTERGIFT (Feria internacional de regalos)
Madrid
16 – 20 Janeiro
IBERJOYA (Salón internacional de joyería, platería, relojería e industrias afines) de colección)
Madrid
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› A FECHAR
VII Encontro de Negócios na Língua Portuguesa a 22 e 23 de Abril
Belo Horizonte reúne empresários lusófonos Nos próximos dias 22 e 23 de Abril, decorrerá na cidade de Belo Horizonte, capital do estado brasileiro de Minas Gerais, o VII Encontro de Negócios na Língua Portuguesa, evento promovido conjuntamente pela Federação das Câmaras Portuguesas de Comércio no Brasil e pela Câmara Portuguesa de Comércio em Minas Gerais. Tendo começado por ser uma iniciativa de plataforma e troca de conhecimentos entre empresários brasileiros e portugueses, a iniciativa alargou-se a partir da quinta edição (realizada em 2009 na cidade de Fortaleza) para incluir empresários dos restantes países de língua portuguesa. O próximo encontro em Belo Horizonte pretende reforçar essa ligação empresarial entre a lusofonia. Para o efeito, o presidente da Federação das Câmaras Portuguesas de Comércio
no Brasil, Raul Penna, em conjunto com Fernando Meira Dias, Presidente da Câmara Portuguesa de Comércio de Minas Gerais, mantiveram intensos contatos institucionais e empresariais em Brasília, a capital federal do Brasil, contatos que incluíram os embaixadores dos países de língua portugueses ali acreditados, e cujos resultados foram considerados como muito positivos. Ainda segundo apurou a País €conómico, são esperados cerca de mil e duzentos participantes num encontro que debaterá os acordos regionais de comércio e investimento, sobre as oportunidades e desafios da nova ordem política e económica, o renascimento económico de África bem como a cooperação sul-sul e as parcerias para o desenvolvimento sustentável. ‹
Porto de Setúbal exporta minério
Pavilhão Rota dos Móveis com energia solar O Pavilhão Municipal Rota dos Móveis, em Lordelo, concelho de Paredes, conta desde o início do mês de Novembro, com um sistema de miniprodução de energia através de painéis solares fotovoltaicos colocados na sua cobertura, com ligação à rede de distribuição de eletricidade. Com esta solução, o Município de Paredes, em parceria com a empresa “Circuitos Energy Solutions”, empresa sedeada em Lordelo, reforça a sua aposta nas energias renováveis, diminui a dependência de combustíveis fósseis e reduz as emissões e CO2. A empresa “Circuitos Energy Solutions” atua na área das energias renováveis, abrangendo os setores residencial, hospitalar, distribuição e industrial, e será responsável pela certificação energética do Edifício (Pavilhão Rota dos Móveis) e todos os custos de exploração durante o período da concessão. ‹
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O Porto de Setúbal voltou a exportar concentrado de cobre da Almina – Minas do Alentejo, numa operação que decorreu entre os dias 21 e 26 de Novembro, no Terminal de Praias do Sado. Foram embarcadas do terminal junto ao Sado cerca de cinco mil toneladas no navio “Beatrice”, agenciado pela Portmar e operado pela Navipor. Tratou-se da primeira operação de exportação de minério da Almina através do Porto de Setúbal, desde Dezembro de 2008, estando previstos mais carregamentos no Terminal de Praias do Sado durante o decorrer do ano de 2013. ‹
Digidoc lança solução para advogados A Digidoc, empresa focada na área de Gestão Documental, lançou recentemente a Virtual Data Room (VDR), uma plataforma de partilha de informação que oferece altos níveis de confidencialidade e segurança, regras de acesso e funcionalidades de auditoria aos documentos. Segundo Pedro Cadete, gerente da Digidoc, «a VDR é uma ferramenta que digitaliza e disponibiliza online uma considerável quantidade de informação produzida por Sociedades de Advogados para consulta a qualquer hora e em qualquer lugar». Esta nova oferta da Digidoc resulta de uma parceria estabelecida pela empresa com a Bright Minds enquanto parceiro tecnológico. ‹
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