C&M CENÁRIOS Nº 9/2013
CENÁRIOS PARA A ECONOMIA INTERNACIONAL E BRASILEIRA HENRIQUE MARINHO JUNHO DE 2013
Economia Internacional Atividade Econômica A divulgação dos resultados do crescimento econômico dos países desenvolvidos no primeiro trimestre de 2013 confirma que as economias ainda estão em dificuldades e a ONU revisa para baixo a previsão de crescimento mundial para 2013 e 2014, prevendo que a economia mundial deve crescer 2,3% este ano e 3,1% em 2014. A Organização das Nações Unidas (ONU) voltou a revisar para baixo suas previsões de crescimento mundial, de 2,4% para 2,3% em 2013. Para 2014, após uma melhora ligada à recuperação da economia dos EUA, o crescimento da economia mundial deve ser a 3,1%, ante previsão anterior de 3,2%. No último ano, a ONU revisou várias vezes para baixo suas previsões de crescimento do PIB mundial: de 2,7% a 2,4% e agora a 2,3% para este ano; e de 3,0% a 3,2% e agora a 3,1% para 2013. Também o Banco Mundial em seu relatório “Perspectivas Econômicas Globais”, divulgado em 16 de junho, projeta crescimento de 2,2% para o PIB global neste ano, 3,0% em 2014 e 3,3% em 2015. Para o conjunto de países em desenvolvimento, as estimativas são de expansão de 5,1% neste ano, 5,6% em 2014 e 5,7% em 2015. Para a América Latina e o Caribe, o Banco Mundial projeta expansão de 3,3% do PIB neste ano. O relatório aponta também que o crescimento do PIB do conjunto de países de alta renda deve ficar em modesto 1,2% neste ano, pressionado pela consolidação fiscal, pelo desemprego elevado e pelos baixos níveis de confiança entre famílias e empresas. O crescimento desse grupo deve acelerar-se para 2,0% no ano que vem e para 2,3% em 2015. A estimativa de contração da zona do euro neste ano, por sua vez, piorou de 0,1% para 0,6%. Em 2014, a área de moeda comum deve crescer 0,9% e em 2015, 1,5%.
Segundo a OCDE as economias emergentes continuam crescendo em 2013 e continuarão nesse ritmo no próximo ano A OCDE reduziu a previsão de crescimento econômico da China para 7,8% neste ano e 8,4% em 2014, em comparação com as estimativas anteriores de expansão de 8,5% e 8,9%, respectivamente. Em seguida, entre os grandes emergentes que estão fora da OCDE, aparece a Indonésia, com expansão revista de 6%, e Índia, com 5,3%. Entre os demais, todos crescerão bem menos: Brasil (2,9%), África do Sul (2,8%) e Rússia (2,3%). Para 2014, os países devem ganhar ritmo, mostra a previsão com a China também deve liderando a expansão, com 8,4%. Em seguida, estão Índia (6,4%), Indonésia (6,2%), África do Sul (4,3%), Rússia (3,6%) e Brasil (3,5%).
Inflação e Juros Os cenários para Inflação da zona do euro e Estados Unidos continuam a mostrar estabilidade, com índices abaixo da meta estipulada de 2%. Desta forma, os principais bancos centrais não alteraram a política monetária no mês de maio. Economia Brasileira Atividade Econômica Novamente o resultado do PIB trimestral decepciona e cresce apenas 0,6% no primeiro trimestre de 2013 e mercado reajusta para baixo as projeções de crescimento para 2,49% no ano O Produto Interno Bruto (PIB) a preços de mercado apresentou variação positiva de 0,6% na comparação com o quarto trimestre de 2012, na série com ajuste sazonal. O maior destaque foi a agropecuária, com avanço de 9,7%. Os serviços cresceram 0,5%, ao passo que a indústria caiu 0,3%. Na comparação com igual período de 2012, houve aumento do PIB de 1,9% no primeiro trimestre do ano. No acumulado dos quatro trimestres terminados no primeiro trimestre de 2013, o PIB registrou crescimento de 1,2% em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores. Em valores correntes, o PIB a preços de mercado alcançou R$ 1.110,4 bilhões, sendo R$ 940,4 bilhões referentes ao Valor Adicionado (VA) a preços básicos e R$ 170,0 bilhões aos Impostos sobre Produtos líquidos de Subsídios.
Juros e Inflação COPOM, em sua reunião de maio, eleva a taxa SELIC de 7,5% para 8,0%, acima das expectativas do mercado e emite nota explicativa em tom “curto e grosso” do combate efetivo à inflação, ao afirmar: “Dando prosseguimento ao ajuste da taxa básica de juros, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 8,00% ao ano, sem viés. O Comitê avalia que essa decisão contribuirá para colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano.”
Com a divulgação do IPCA de maio, a taxa de inflação dá um leve recuo no mês, mas retorna ao limite superior da meta de 6,5% para 2013. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou variação de 0,37% em maio, 0,18 ponto percentual abaixo da taxa de 0,55% registrada em abril. Essa é a menor taxa para o IPCA desde junho de 2012 (0,08%).
Com isso, o acumulado no ano ficou em 2,88%, enquanto havia se situado em patamar inferior em igual período de 2012, com 2,24%. Considerando os últimos doze meses, o índice ficou em 6,50%, muito próximo dos 6,49% relativos aos doze meses encerrados em abril. Em maio de 2012, a taxa havia ficado em 0,36%.
Em resumo, as principais previsões para a economia brasileira para os próximos anos para PIB, inflação, taxa de juros e taxa de câmbio, segundo apurado em 22/06/2013, pela C&M Consultoria no Sistema de Expectativas de Mercado- FOCUS, do Banco Central, são os seguintes: Com o resultado do PIB do primeiro trimestre, observa-se uma deterioração das expectativas do crescimento do PIB com recuo de 3,0% em maio para 2,49% na penúltima semana do mês de junho, da mesma forma com a projeção da inflação que passou de 5,80% para 5,83% no mesmo período. Mesmo com a resistência da inflação e com o recado transmitido pelo Banco Central na última Ata do Copom, as expectativas da taxa Selic para o final do ano foram elevadas de 8,25% em maio para 9,0% neste mês, conforme dados apurados pela C&M nos dois períodos que reproduzidos a seguir. Mais um fator de incerteza tem alimentado as expectativas além da inflação. Desta vez é a taxa de câmbio que disparou nos últimos dias para US$ 2,24 em média, mesmo com fortes atuações de venda de operações swap pelo Banco Central. Esse “overshooting” tem algumas explicações como o resultado negativo constante das transações correntes, mas não tem explicação com relação às reservas internacionais que continuam em torno de US$ 376bi. Não se verifica, portanto, “ataque especulativo” contra a moeda nacional. Tudo parece ser novamente um teste do mercado quanto à capacidade de reação do Banco Central que tem se mostrado ineficaz para reverter a tendência. Com isso, as expectativas para a taxa de câmbio no final do ano passaram de US$ 2,01 em maio para US$ 2,10 em junho, talvez criando, para o mercado, um novo patamar da taxa para o ano atual e subsequentes, conforme tabelas a seguir. Previsões de junho Previsão anual para inflação, Juros a Taxa de Câmbio Discriminação PIB IPCA IGP-M IGP-DI TAXA SELIC TAXA DE CÂMBIO
2013 2,49 5,83 4,49 4,60 9,00 2,10
Fonte: FOCUS-expectativa de Mercado, em 22/06/2013
2014 3,20 5,83 5,28 5,17 9,00 2,15
2015 3,00 5,83 5,00 4,87 9,00 2,18
2016 3,20 5,83 5,00 5,00 9,00 2,20
Previsões de Maio Previsão anual para inflação, Juros a Taxa de Câmbio Discriminação PIB IPCA IGP-M IGP-DI TAXA SELIC TAXA DE CÂMBIO
2013 3,00 5,80 4,51 4,43 8,25 2,01
2014 3,50 5,80 5,41 5,10 8,25 2,05
2015 3,50 5,42 4,91 4,80 9,00 2,10
2016 3,50 5,20 4,65 4,85 8,75 2,12
Fonte: FOCUS-expectativa de Mercado, em 16/05/2013
Finalizado em 22 de Junho de 2013
FONTE DOS DADOS: FMI, EUROSTAT, OCDE, CEPAL, BACEN, IBGE, CNI, CNC, FGV, BM, JORNAIS FOLHA, ESTADÃO E VALOR ECONÔMICO.