NOVOS CENÁRIOS PARA A ECONOMIA INTERNACIONAL E BRASILEIRA
HENRIQUE MARINHO
OUTUBRO DE 2012
Economia Internacional Atividade Econômica Em seu último Relatório de Inflação, publicado em 27/9, o Banco Central traça cenário difícil para a economia mundial, comentando que a economia global segue com perspectiva de baixo crescimento por um período e tempo prolongado. Nos Estados Unidos, a despeito de o mercado imobiliário ter apresentado sinais de melhora em meses recentes, o ritmo de atividade segue influenciado por risco de contenção fiscal e de fragilidade do mercado de trabalho, que se somam aos associados à crise europeia. Na Zona do Euro, embora iniciativas recentes tenham contribuído para reduzir a probabilidade de ocorrência de eventos extremos nos mercados financeiros internacionais, permanecem incertezas políticas e o ceticismo sobre a solidez do sistema bancário em alguns países da região, o que sustentam perspectivas desfavoráveis para a atividade. Nesse contexto, nas economias maduras, restrições no espaço de utilização de políticas contracíclicas, mercado de trabalho debilitado, destruição de riqueza e mercado de crédito ainda restritivo compõem o cenário de baixo crescimento. A economia norte-americana cresceu menos do que o previsto anteriormente no segundo trimestre, afetada por gastos mais moderados dos consumidores e pela estiagem na região do Meio-Oeste. O PIB dos EUA cresceu à taxa anualizada de 1,3% no segundo trimestre, de acordo com a segunda e última revisão do Departamento do Comércio. Na primeira revisão, a expansão do PIB no período havia sido estimada em 1,7%. O número revisado, que leva em conta dados mais completos do que o relatório do mês passado, indicou um ritmo de crescimento mais fraco devido a revisões dos investimentos em estoques, gastos dos consumidores e exportações. A economia da zona do euro teve uma contração mais forte do que a prevista inicialmente no segundo trimestre, segundo dados revisados divulgados no dia 05/10, pela agência oficial de estatísticas da União Europeia. A Eurostat, como é conhecida a agência, agora estima que o Produto Interno Bruto (PIB) do bloco de 17 nações que compartilham o euro teve queda de 0,9% no segundo trimestre ante igual período de 2011. No mês passado, a redução havia sido estimada em 0,5%. Em relação ao primeiro trimestre, o PIB da zona do euro encolheu 0,2% entre abril e junho, confirmando a estimativa anterior, de acordo com a Eurostat. A economia da França continuou a mostrar sinais de estagnação no segundo trimestre do ano, contida pela retração do consumo, de acordo com dados divulgados nesta sexta-feira pelo instituto nacional de estatísticas, o Insee. Entre abril e junho, a economia do país apresentou crescimento zero em relação aos primeiros três meses do ano. O resultado final do período veio em linha com o dado preliminar e com as expectativas dos economistas. A contração da economia do Reino Unido no segundo trimestre deste ano foi menor do que o calculado inicialmente, de acordo com revisão do Escritório para Estatísticas Nacionais (ONS, na sigla em inglês). O PIB caiu 0,4% entre abril e junho, na
comparação com o primeiro trimestre, menos do que a queda de 0,5% anunciada antes.
Esses dados recentes têm provocado alterações nas previsões de crescimento das principais economias para 2012 e 2013 De acordo com a Fitch Ratings, em novas previsões publicadas em 27/09/2012, a economia global está diante de uma série de riscos e, por isso, reduziu a projeção de crescimento para este ano, de 2,2% para 2,1%. Para 2013, a expectativa é que o PIB global cresça 2,6% e, para 2014, a previsão é de alta de 3%. A estimativa anterior – feita em junho – era de avanços de 2,8% e 3,1% para 2013 e 2014, respectivamente. Segundo a agência, a economia da zona do euro deve recuar 0,5% neste ano. A região deve crescer 0,3% no próximo ano e 1,4% em 2014. Nos Estados Unidos, a taxa de desemprego persistentemente alta e a desaceleração do crescimento são alguns dos indícios do momento delicado que o país atravessa. Neste contexto, a Fitch rebaixou a sua previsão de crescimento do PIB em 2013 para 2,3%. A estimativa de 2012 manteve-se inalterada em 2,2%. Os países emergentes também enfrentam desafios cada vez maiores, devido às vulnerabilidades domésticas e às fracas perspectivas externas. Na China, a Fitch não espera uma desaceleração abrupta e prevê crescimento de 7,8% em 2012, de 8,2% em 2013, e de 7,5% em 2014. Na Índia, o crescimento econômico vai acelerar em 2013 e chegar a 7%. O Banco Mundial cortou as projeções de crescimento para a China em relatório divulgado no dia 8 de Outubro. A instituição espera que a desaceleração chinesa tenda a piorar e durar mais que o previsto e informou que a China terá um crescimento de 7,7% neste ano e 8,1% em 2013. A previsão anterior era de 8,2% em 2012 e de 8,6% no ano que vem. Para a América Latina a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), organismo das Nações Unidas, reduziu a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da América Latina e do Caribe, de 3,7% para 3,2% em 2012. A Argentina terá um crescimento maior que o do Brasil, pelas estimativas da Cepal, de 2%. Segundo as projeções, o crescimento em 2012 na região será encabeçado pelo Panamá (9,5%), seguido do Haiti (6%) e do Peru (5,9%). Bolívia, Chile, Costa Rica, Nicarágua e Venezuela crescerão 5% e o México, 4%. Pelas estimativas, somente o Paraguai registrará uma contração de 2% 'por fatores climáticos excepcionais que destruíram parte de sua produção de soja, principal produto de exportação'. Ainda com respeito aos cenários para a América Latina e Caribe, o Banco Mundial destaca em seu Relatório Semestral, divulgado em 03/10, que os países da
Região crescerão à taxa de 3% neste ano, mais em linha com as tendências globais, A projeção do Banco Mundial aponta desaceleração liderada pelas duas maiores economias da região, como crescimento econômico do Brasil estimado em 2% ou menos em 2012. Em 2010, o PIB da América Latina e Caribe cresceu à taxa de 6%, com desaceleração para 4% em2011, informa a instituição. De acordo com as estimativas do Banco Mundial, muitos países na região ainda poderão crescer acima da média regional, como Bolívia, Colômbia, Costa Rica, Chile, República Dominicana, Equador, México, Uruguai e Venezuela. Segundo o relatório, as economias do Panamá e Peru continuam a ser os principais destaques de crescimento da região em 2012, com taxas de expansão econômica similares às da Ásia, de 8% e 6%, respectivamente.
O FMI reduz mais uma vez suas projeções para a economia Mundial O FMI também reduziu, de 3,5% para 3,3%, a previsão crescimento para a economia global em 2012. Para 2013, a expectativa também ficou menor, recuando de 3,9% para 3,6%. Segundo o fundo, a crise na zona do euro continua sendo a ameaça mais “óbvia” às perspectivas globais. Apesar das ações tomadas para resolver o problema, “a crise na zona do euro se aprofundou e novas intervenções foram necessárias para prevenir uma deterioração rápida da situação”. Na zona do euro, a previsão é de uma contração de 0,4% na economia este ano, com uma leve retomada e crescimento de 0,2% em 2013. O PIB da Itália deve se contrair em 2,3%, e o da Espanha, em 1,5%. A Alemanha, no entanto, deve seguir com crescimento modesto, de 0,9%. Em relação aos Estados Unidos, no entanto, o FMI revisou para cima sua previsão de crescimento em 2012, passando de 2,1% no relatório de julho para 2,2%. Em 2013, a alta do PIB deve ficar pouco menor, em 2,1%. Países Selecionados - Variação Anual do PIB real (%) Discriminação Mundo Economias Avançadas Canadá Estados Unidos Japão Reino Unido Zona do Euro Alemanha Espanha França Itália Fonte: FMI, World Economic Outlook out/2012
2012 3,3 1,3 1,9 2,2 2,2 -0,4 -0,4 0,9 -1,5 0,1 -2,3
2013 2012:Dif. Jul 2013 Dif.Jul 3,6 -0,2 -0,3 1,5 -0,1 -0,3 2,0 -0,2 -0,2 2,1 0,1 -0,1 1,2 -0,2 -0,3 1,1 -0,6 -0,3 0,2 -0,1 -0,5 0,9 0,0 -0,5 -1,3 -0,1 -0,7 0,4 -0,2 -0,5 -0,7 -0,4 -0,4
Entre os países do Bric, houve redução também nas previsões para o crescimento da Índia este ano (de 6,2% em julho para 4,9%) e Rússia (de 4% para 3,7%). Segundo as projeções do FMI, a economia da China deve crescer 7,8% em 2012 – 0,2 ponto percentual a menos que o esperado no relatório divulgado em julho. Se confirmada, será a menor expansão desde 1999, quando o país cresceu 7,6%. Em 2013, a previsão é de alta de 8,2%. Para o Brasil, a redução das estimativas de crescimento do PIB cpairam de 2,5% em Julho para 1,5% em outubro.
Brics - Variação Anual do PIB real (%) BRICs Brasil Rússia Índia China África do Sul
2012 1,5 3,7 4,9 7,8 2,6
2013 2012:dif. Jul 2013;Dif.Jul 4,0 -1,0 -0,7 3,8 -0,3 -0,1 6,0 -1,3 -0,6 8,2 -0,2 -0,2 3,0 0,0 -0,3
Fonte: FMI, World Eco. Outlook Database, Out 2012
O FMI prevê que América Latina e Caribe devem se expandir 3,2%, ante projeção de 3,4% há três meses. A projeção para o crescimento do México foi levemente reduzida --em 0,1 ponto percentual-- ante julho, para 3,8% em 2012 e 3,5% em 2013. Segundo o FMI, o Peru deve crescer 6% neste ano e 5,8% em 2013, a Venezuela, 5,7% em 2012 e 3,3% no ano que vem, o Chile, 5% e 4,4%, respectivamente, e a Colômbia, 4,3% e 4,4%. O órgão alertou que Venezuela e Argentina, particularmente, correm riscos de pressão inflacionária --embora o nível de preços continue acima do centro da meta para muitos países.
Em agosto, o desemprego alcançou 18,196 milhões de pessoas na zona do euro, contra 11,4% em julho (número revisado), segundo a Eurostat. A Espanha registrou taxa de 25,1% e ficou à frente da Grécia (24,4%, segundo os últimos dados disponíveis de junho). O desemprego na zona do euro atingiu 11,4%, arrastado pela Espanha, onde o índice foi de 25,1%, anunciou a agência oficial de estatísticas Eurostat nesta segunda-feira (1º). A taxa ficou estável em relação a julho. Na União Europeia, o índice ficou em 10,5%, também mostrando estabilidade na comparação com o mês anterior. Tanto na zona do euro quanto na União Europeia, as taxas aumentaram em relação a agosto de 2011, quando registraram 10,2% e 9,7%, respectivamente. Entre os países da zona do euro, a Áustria tem a menor taxa de desemprego (4,5%). Em seguida aparecem Luxemburgo (5,2%), Holanda (5,3%) e Alemanha (5,5%).
Inflação e Juros A taxa anual de inflação da zona do euro registrou aceleração em setembro, influenciada pela alta dos preços de energia e a elevação de impostos sobre as vendas imposta por governos locais que implementam programas de austeridade. A agência oficial de estatísticas da União Europeia, a Eurostat, disse que o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) da região subiu 2,7% no período de 12 meses até setembro, depois de avançar 2,6% nos12 meses até agosto. Os preços de energia aumentaram 9,2% nos12 meses até setembro, após subirem 8,9% nos12 meses até agosto, segundo a Eurostat. O consenso nos mercados era de uma taxa positiva de 2,4%. A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgou que a taxa anual de inflação entre seus 34 membros ficou em 2,0% em agosto, após a leitura de 1,9% em julho. É a primeira aceleração em um ano, puxada pela alta nos preços de energia. Entre os membros da OCDE, os preços de energia tiveram alta anual de 3,5% em agosto, após a expansão de 0,7% em julho. Mas a inflação dos alimentos desacelerou-se para 2,1%, de 2,3% no mês anterior. Excluindo alimentos e energia, o núcleo da inflação medido pela organização ficou em 1,6% em agosto, de 1,8% em julho. Na divisão por países que fazem parte da OCDE, a taxa mais elevada de inflação foi registrada na Turquia, onde os preços tiveram alta anual de 8,9% em agosto. Já a taxa mais baixa foi na Suíça, onde os preços caíram 0,5%.
Na última rodada de definição de taxa de juros, os bancos centrais, tendo em vista o cenário recessivo, mantiveram as taxas inalteradas por mais um período, a saber: O Banco Central Europeu (BCE) manteve a taxa básica de juro em 0,75%, em decisão unânime, mantendo os custos de empréstimos em mínimas históricas, à medida que a zona do euro provavelmente se dirige para uma recessão. Para o BCE, a inflação na zona do euro deve permanecer acima de 2% em 2012, devido a aumentos nos preços do setor de energia e em impostos indiretos em alguns países do bloco. Também o Banco da Inglaterra (BOE) manteve a taxa básica de juros em 0,50% e o programa de compra de ativos em 375bilhões de libras. Em comunicado publicado em sua página na internet, o BOE disse que seu Comitê de Política Monetária espera que o programa necessite de mais um mês para ser concluído e que seu tamanho continuará sendo avaliado. O Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) decidiu manter inalterada a sua política monetária. Ao término da sua reunião de dois dias, a diretoria do BoJ decidiu, por unanimidade, manter a taxa de juros na faixa entre 0% e 0,1%. Também manteve seu programa de compra de ativos em 80 trilhões de ienes.
Economia Brasileira Atividade Econômica O Banco Central (BC) revisou a projeção de crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) para 1,6% em 2012, informou a autoridade monetária ao divulgar o Relatório Trimestral de Inflação de setembro. A estimativa anterior era de expansão de 2,5%, número que foi revisado no documento de junho. No início do ano, a instituição apostava em crescimento de 3,5%. O desempenho da economia esperado pelo BC é mais modesto do que a projeção oficial do Ministério da Fazenda – expansão de 2% e está em linha com a mediana das projeções apuradas entre analistas pelo boletim Focus (1,57%). A estimativa do Banco Central para o crescimento do PIB em doze meses até junho do ano que vem é de 3,3% - acima, portanto, dos 1,6% estimados para este ano. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) reviu para baixo suas estimativas de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) e do setor industrial para este ano. O Informe Conjuntural do terceiro trimestre, divulgado em 27 de setembro, prevê uma elevação do PIB de 1,5%, contra 2,1% no estudo do trimestre anterior, e estagnação da indústria como um todo, quando o Informe passado previra evolução de 1,6%. A indústria de transformação, calcula a CNI, registrará queda de 1,9% em 2012. A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) reduziu também a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro neste ano de 2,7% para 1,6%. A estimativa consta no relatório Estudo Econômico da América Latina e do Caribe 2012, divulgado em 02 de outubro, em Santiago, Chile. Inflação O Banco Central (BC) passou a projetar inflação acima do centro da meta neste ano. A autoridade monetária calcula que a variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fecharia o ano em 5,2%, na hipótese de a taxa básica de juros manter-se em 7,5% ao ano. No relatório anterior, divulgado em junho, a inflação projetada para 2012 era de 4,7%. A CNI também alterou a projeção de 5% para 5,5% do o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), acima do centro da meta de 4,5% perseguida pelo BC, mas ainda abaixo do teto de 6,5%. O Fundo Monetário Internacional manteve, em outubro, a projeção da alta da inflação no Brasil de 5,2% para este ano e reduziu suavemente a estimativa para 2013, pois passou de elevação de 5% para 4,9% FONTE DOS DADOS: FMI. BACEN, CNI,BM, JORNAIS FOLHA, ESTADÃO E VALOR