Revista Pais Economico

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DOSSIER PORTUGAL-CABO VERDE

Nº 115 › Mensal › Abril 2012 › 2.20# (IVA incluído)

Carlos Torres Presidente da Resul

Ângelo Costa Director Geral da Reclamoeste

Fernando Dias Presidente da Câmara Portuguesa de Comércio de Minas Gerais

Geocapital

Ponte para a Lusofonia Diogo Lacerda de Araújo, Administrador da Geocapital, sublinha que a empresa continuará a apostar nos países Abril 2012 | País €conómico › 1 de língua portuguesa


› Head

Editorial

Ficha Técnica Propriedade Economipress – Edição de Publicações e Marketing, Lda.

Sócios com mais de 10% do capital social › Jorge Manuel Alegria

Contribuinte 506 047 415

Director › Jorge Gonçalves Alegria

Conselho Editorial: › Bracinha Vieira › Frederico Nascimento › Joanaz de Melo › João Bárbara › João Fermisson › Lemos Ferreira › Mónica Martins › Olímpio Lourenço › Rui Pestana › Vitória Soares

Redacção › Manuel Gonçalves › Valdemar Bonacho › Jorge Alegria

Fotografia › Rui Rocha Reis

Grafismo & Paginação

Está a acelerar a volatilidade dos corpos acionistas de muitas empresas portuguesas, com o renovado interesse de várias empresas estrangeiras, particularmente algumas provindas do espaço dos países de língua portuguesa, em adquirirem ativos valiosos dessas mesmas corporações na-

› António Afonso

cionais.

Departamento Comercial

Os exemplos têm sido multiplicados nos últimos meses, sendo os mais

› Valdemar Bonacho (Director)

Direccção Administrativa e Financeira

visíveis as aquisições concretizadas de importantes parcelas do capital da

› Ana Leal Alegria (Directora)

EDP e da REN, ou do renovado e insistente interesse da Sonangol em par-

Serviços Externos

ticipar diretamente no capital da Galp Energia. Outros exemplos menos

› António Emanuel

mediáticos poderiam ser apontados.

Morada

A questão essencial é que o interesse tem residido em empresas com eleva-

Avenida 5 de Outubro, nº11 – 1º Dto. 2900-311 Setúbal

Telefone 26 554 65 53

Fax

do e reconhecido know how, com uma posição internacional relevante em alguns dos principais domínios do seu core business. Todavia, ao contrário do que seria esperado, ou talvez não em face do valor concreto das empre-

26 554 65 58

sas em referência, a aquisição desses ativos tem sido efetuada por valor

Site

bastante elevados e não por montantes que talvez inicialmente não fosse

www.paiseconomico.eu

e-mail paiseconomicopt@gmail.com

Delegação no Brasil Aldamir Amaral NS&A Ceará Av. Santos Dumont, 3131-A-SL. 1301 Torre del Paseo – Aldeota CEP: 60150-162 – Fortaleza – Ceará – Brasil Tel.: 005585 3264-0406 • Celular: 005585 88293149

e-mail

considerado possível em face da crise financeira internacional e da natural depreciação de muitas empresas na Europa, incluindo Portugal. O resultado obtido mostra a importância estratégica das empresas portuguesas empreenderem antecipadamente um processo de internacionalização consistente, com a casa devidamente arrumada no próprio país, e capacitadas para darem um passo fundamental no seu processo de crescimento e sustentabilidade.

aar@terra.com.br

A recessão no mercado interno, aliado ao fraco crescimento da generali-

Pré-impressão e Impressão

dade dos países europeus, configuram a necessidade das empresas portu-

Lisgráfica Rua Consiglieri Pedroso, 90 Queluz de Baixo 2730-053 Barcarena

Tiragem

guesas olharem com urgência para outras geografias, onde naturalmente os países de língua portuguesa deverão assumir um papel preponderante, embora não único, nesse processo que leve muitas das nossas empresas

30.000 exemplares

(e também muitos cidadãos) a apostarem no exterior, ganhando com isso

Depósito legal

elas próprias mas ganhando também o país, desde que este crie as con-

223820/06

Distribuição Logista Portugal Distribuição de Publicações, SA Ed. Logista – Expansão da Área Ind. do Passil Lote 1-A – Palhavã – 2890 Alcochete Inscrição no I.C.S. nº 124043

2 › País €conómico | Abril 2012

Internacionalizar é essencial

dições globais para a manutenção da ligação dessas empresas a Portugal, inclusivamente ao nível do investimento que conseguem efetuar com os resultados de um sólido processo de internacionalização. Jorge Gonçalves Alegria

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Índice Grande Entrevista Diogo Lacerda Machado, Administrador da Geocapital, a empresa de capitais luso-chineses que foi criada em 2006, tendo a sua sede em Macau, e que montou uma estratégia de investimento nos países de língua portuguesa, com predominância para as apostas concretizadas no sistema financeiro de vários desses países, como sejam os casos de Cabo Verde, Guiné-Bissau e Moçambique, mas preparando-se também para criar bancos de investimento em Macau e em Timor-Leste. No que respeita a Portugal, é o próprio administrador da Geocapital que o sublinha o papel de aconselhamento e de interlocutor junto de grandes empresas chinesas para levar que algumas destas invistam em Portugal. Como aconteceu recentemente na EDP e na REN. E que poderá acontecer brevemente noutras empresas nacionais, pois as empresas chinesas começaram a olhar para Portugal com outra atenção e interesse.

pág. 24 a 31

Ainda nesta edição…

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Grande Plano

Bes cresce em Espanha

Sonae Sierra inaugurou shopping em Uberlândia

Bahia vai acolher encontro empresarial em Junho

Aquapura quer construir resort no Ceará Centro Oeste tem apoios para apoiar investidores portugueses

Hipogeste vai criar rede de frio em Angola

Compal-Sumol investe em fábrica em Moçambique Mota-Engil e Visabeira ganham obra em Moçambique

Região Norte lidera exportações

Porto de Sines em crescimento

Porto de Setúbal melhora ligação ferroviária a Espanha

Vieira de Castro investe em nova fábrica

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As relações entre Portugal e Cabo Verde continuam de boa saúde e se recomendam. Apesar de uma ligeira diminuição no comércio e no investimento empresarial entre os dois países registado no ano passado, as perspetivas são do relacionamento continuar a desenvolver-se e a aprofundar-se, constituindo Portugal um parceiro incontornável no desenvolvimento económico, empresarial e social de Cabo Verde, sendo que esse aprofundamento deverá implicar no futuro o alargamento de ambos os países como plataformas das empresas de ambos os países chegarem de forma mais intensa aos mercados regionais em que ambos os países estão inseridos.

pág. 06 a 21

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› grande plano Relações entre Portugal e Cabo Verde continuam fortes, mas podem crescer

Parceria estratégica fortalecida

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ortugal e Cabo Verde possuem uma forte relação estratégica, não apenas no direto contexto bilateral, mas igualmente enquanto articuladores privilegiados nos espaços económicos regionais onde ambos os países se inserem. A convertabilidade do escudo cabo-verdiano na sua relação com o euro contribuiu sem dúvida para credibilizar a moeda de Cabo Verde e para fortalecer a posição internacional do arquipélago no contexto das relações económicas e financeiras internacionais. Apesar da ligeira descida no valor das exportações portuguesas para Cabo Verde em 2011 (diminuiu de 263.4 milhões de euros em 2010 para 255.2 milhões de euros em 2011, uma redução de 3,1%), ainda assim Portugal continua a ser o principal fornecedor do país com uma quota de 44,67%. Portugal é também o segundo principal cliente dos produtos cabo-verdianos, com uma quota de 16,89%, tendo as compras portuguesas atingido no ano transato um valor de 9,971 milhões de euros.

Apesar do ligeiro recuo no valor global das exportações portuguesas no ano passado, ainda assim aumentaram o número de empresas que exportaram para Cabo Verde, tendo passado de 2.785 (2100) para 2.833 (2011). Já o número de empresas importadoras diminuiu no ano passado para 77 quando no ano anterior se cifravam em 91. Por último é de destacar no que respeita ao fluxo de investimento (IDE) entre os dois países, é de sublinhar a acentuada descida verificada em 2011, com o investimento das empresas portuguesas a atingirem os 17.360 milhões de euros enquanto esse valor tinha atingido em 2010 os 49.624 milhões de euros, uma redução de 65%. Já o investimento de empresas cabo-verdianas em Portugal atingiu no ano passado apenas a cifra de 6.000 milhões de euros, um valor 28,1% inferior ao registado em 2010. De referir que Cabo Verde representou em 2011 apenas 0,11% do investimento português no exterior, constituindo o vigésimo destino do investimento lusitano além-fronteiras. ‹

Estudo da Ceso CI aponta os setores da alimentação, hotelaria e construção, como os mais promissores

Cabo Verde é um mercado com potencial

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consultora Ceso CI, por solicitação da AIP, apresentou um estudo de mercado onde apontou as principais potencialidades para o comércio e o investimento das empresas portuguesas, no seu relacionamento com Cabo Verde. Apesar de reconhecer que Cabo Verde constitui um mercado de reduzida dimensão, aliás traduzido nos valores das exportações portuguesas (ver dados na página anterior), ainda assim o estudo também salienta que o arquipélago “oferece um ambiente de negócios ímpar no contexto africano e em que a exposição ao risco é sensivelmente menor face a outros destinos de investimento e exportação, nomeadamente no espaço PALOP”. A Ceso CI aponta sobretudo que “a estabilidade social, associada ao crescimento económico tem vindo a alargar a espessura da classe média cabo Verdiana e a dinamizar o mercado de consumo, abrindo oportunidades interessantes para o setor alimentar”. Por outro lado, adianta o mesmo estudo, “a crescente implantação de cadeias de hotéis, veio conceder uma escala nova às operações de exportação, mas também coloca desafios de competitividade. São oportunidades e desafios que importa conhecer, num contexto interno que, cada vez mais, impõe às empresas portuguesas, não já o desafio, mas a necessidade de internacionalização”. Aliás, é sublinhado que “o setor da hotelaria, fortemente alavancado pelo enorme potencial turístico de Cabo Verde, constitui um dos domínios da atividade económica que muito beneficiou com

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a estabilização social e económica. Prestigiadas cadeias internacionais (algumas portuguesas) têm vindo a instalar-se no país e com elas transportam novas necessidades e oportunidades de negócio”. Aliás, é referido em complemento que o próprio setor hoteleiro (e não só) oferece oportunidades no setor da construção e dos materiais de construção. Com efeito, e analisando as exportações portuguesas e o potencial de incremento dessas mesmas exportações, mas igualmente ao nível dos investimentos diretos, o estudo da Ceso CI. Apesar da já presença muito relevante dos produtos portugueses exportados para Cabo Verde, o estudo sublinha que ainda existem “oportunidades por explorar por parte das empresas portuguesas”. E identificou cerca de duas dezenas de produtos específicos e em que o investimento no mercado justifica plenamente “salvaguardados os aspetos de competitividade e qualidade”. Esse conjunto de produtos situa-se nas áreas dos produtos alimentares, leite e nata, concentrados ou adicionados de açúcar ou de outros edulcorantes, carnes e miudezas, comestíveis, frescas, refrigeradas ou congeladas, das aves, arroz, milho e trigo de mistura com centeio. De referir que em 2011 Cabo Verde importou de Portugal um total de 255.203 milhões de euros, colocando-se como o 21º cliente de Portugal, representando então uma percentagem de 0,60% do total das exportações portuguesas. ‹

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› grande plano João Manuel Chantre, Presidente da Câmara de Comércio, Indústria e Turismo de Cabo Verde

«Empresários portugueses devem investir mais em Cabo Verde» Em entrevista à País €conómico o presidente da Câmara de Comércio, Indústria e Turismo Portugal Cabo Verde diz que está satisfeito por constatar que já há muitos empresários portugueses que incluem Cabo Verde no seu processo de internacionalização, mas por outro lado deixa alguns reparos muito pertinentes. Diz João Manuel Chantre que ao mesmo tempo que se promove ou que se deseja a internacionalização, «não há incentivos para que isso aconteça». Por outro lado – acrescenta - «aquilo que se entende hoje como internacionalização da economia portuguesa é apenas a exportação e não formas de investir, analisar mercados e investir neles para que se instalem e se defendam as suas quotas». João Manuel Chantre refere que hoje em dia essa é uma via praticamente saturada e que o passo seguinte é o investimento no território e, consequentemente, a instalação dessas empresas portuguesas naquele arquipélago.

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Texto › VALDEMAR BONACHO

nasce porque em Portugal era necessário promover esta nova realidade da economia cabo-verdiana e angariar investimento externo português para Cabo Verde», referiu João Manuel Chantre. E está satisfeito com o interesse dos empresários portugueses em incluírem Cabo Verde no seu processo de internacionalização? «Naturalmente que satisfeito estarei. Eu diria que não estou satisfeito é com o facto de alguns empresários que hoje em dia chegam a Cabo Verde não ser consequência de uma política ou de uma estratégia de internacionalização das empresas, mas sim pela necessidade de procurarem outros destinos quando Portugal se encontra em dificuldades», referiu João Manuel Chantre, presidente da Câmara de Comércio, Indústria e Turismo Portugal Cabo Verde que este ano comemora 20 anos de existência.

Este responsável referiu, ainda a propósito desta questão, que não é novidade que Cabo Verde sempre se afirmou como um destino de investimento de negócio em geral: comércio e investimento entre Portugal e Cabo Verde. «Quem analisa estas tendências já o entendia na altura (há 20 anos atrás). Mas é contraditório que ao mesmo tempo que se promove ou que se deseja a internacionalização das empresas, não haja incentivos para que isso aconteça. Aquilo que se entende hoje como internacionalização da economia portuguesa é apenas a exportação, e não formas de investir, analisar mercados e investir neles para que se instalem e se defendam as suas quotas», sublinhou o nosso entrevistado. E esta não é uma das tarefas da CCITPCV? «Essencialmente a Câmara de Comércio, Indústria e Turismo Portugal Cabo Verde

sempre analisou tendências do desenvolvimento de Cabo Verde e promoveu antecipadamente sectores para a internacionalização de empresas portuguesas para Cabo Verde, mas na linha daquilo que nós entendíamos que era adequado para Cabo Verde. Se em tempos nós promovemos o negócio que se fazia na exportação, hoje em dia entendemos que essa é uma via praticamente saturada e que o passo seguinte é o investimento no arquipélago, as empresas poderem-se instalar no arquipélago de Cabo Verde e promoverem as indústrias», salientou João Manuel Chantre. Cabo Verde espera os investidores turísticos Mas não é verdade que por parte dos empresários portugueses, nomeadamente os ligados ao sector do turismo, tem existido um grande entusiasmo em apostarem em

| FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS

á quem afirme que a criação, em Novembro de 1991, da Câmara de Comércio, Indústria e Turismo de Cabo Verde é uma consequência legítima do primeiro Acto Eleitoral livre e democrático ocorrido nesse ano em Cabo Verde. João Manuel Chantre concorda com esta afirmação. «Eu creio que se pode dizer isso, precisamente porque o novo regime democrático e económico que foi implantado em Cabo Verde a partir de 1991 (estamos a falar das primeiras eleições livres e democráticas ocorridas neste arquipélago) levou a que a política desse novo governo entendesse que a abertura da economia ao exterior era uma prioridade. Embora já houvesse alguma legislação visando a atracção de investimento externo, ela era pouco clara e pouco atractiva e foi a partir de 1991, com o governo do MPD e com a vontade séria de atrair investimento estrangeiro, que o Ministério da Economia, na altura, criou não só a carga de investimentos mas também um conjunto de legislação que permitiu a Cabo Verde tornar-se um destino de investimento estrangeiro, sem limitações e com incentivos e benefícios para o investidor estrangeiro. E a CCITPCV

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› grande plano Cabo Verde? O presidente da CCITPCV não concorda. «Eu não diria tanto. Se há entusiasmo é apenas praticamente como turistas, como investidores não. Nós temos poucos exemplos de investimento turístico português de dimensão em Cabo Verde. Ainda na BTL que decorreu em Lisboa muito recentemente, nós promovemos alguns encontros entre os principais hoteleiros portugueses e a Cabo Verde Investimentos, porque entendemos que os empresários portugueses do sector do turismo estranhamente têm procurado o Brasil e a meio caminho têm Cabo Verde que pode ser um destino de muito sucesso para estes mesmos empresários», chama a atenção João Manuel Chantre, que sublinha o facto de Cabo Verde ter hoje unidades hoteleiras espanholas de grande dimensão, ter investimento de grupos ingleses nos sectores hoteleiro e imobiliário também com dimensão. «Os italianos já estiveram de 1995 a 2005, mas hoje em dia estão mais desaparecidos por força de uma série de factores que não interessa agora explicar, mas de qualquer modo os portugueses nunca foram na estatística de investimento externo no turismo muito importantes». Este encontro que a CCITPCV teve na BTL com empresários portugueses serviu para os sensibilizar para uma aposta em Cabo Verde? João Manuel Chantre não podia ter sido mais claro. «Nós gostaríamos que este encontro desse os seus frutos. Estes contactos que temos feito com estes investidores ou com estes hoteleiros de dimensão, tem vários objectivos. Um deles é perceber porque é que até agora não olharam para Cabo Verde da forma como nós gostaríamos e perceber quais são os constrangimentos que eles encontram para o não terem feito até agora. Por outro lado estes encontros visam promover o investimento e encontrar aqui um conjunto de verdadeiros interessados, e levá-los a Cabo Verde para se inteirarem das condições de investimento, que são bastante atractivas». João Manuel Chantre gostaria de ver em Cabo Verde investimento que substituísse

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as importações cabo-verdianas. «Portugal tem sido o principal fornecedor de Cabo Verde, tem sido a origem das importações cabo-verdianas. Portugal é o principal parceiro comercial de Cabo Verde. Não consegue ultrapassar a quota dos 50 por cento, porque eu acredito que a nova fase é precisamente instalar no mercado as empresas que hoje exportam, e trabalharem o produto, trabalharem o mercado, eventualmente alargá-lo, mas defendendo-o de outras investidas que vêm de Espanha, que virão do Brasil, que vêm da China», salientou o presidente da CCITPCV. É verdade que Cabo Verde é um país que quase não tem dívida externa? Como é que se consegue isso? «Tudo isto é fruto de uma boa gestão e de humildade. Cabo Verde não tendo riquezas naturais, que não as Pessoas, vê-se obrigado a gerir muito bem os recursos. Se houver alguém que se aventure a desafiar esse equilíbrio, dá cabo completamente do país. E ninguém quer ser responsável por uma situação

dessas. Cabo Verde é um país demasiado pequeno, muito jovem e com um futuro muito grande pela frente. A humildade e a responsabilidade têm sido os principais factores do equilíbrio das contas externas que hoje Cabo Verde desfruta», recordou João Manuel Chantre. O facto de haver estabilidade política, este não poderá ser também um factor determinante para se investir em Cabo Verde? «Os empresários portugueses de certa forma levam isso em conta, mas também é verdade que os empresários portugueses têm uma visão a muito curto prazo. Desta forma Cabo Verde não corresponde a essa imagem. Cabo Verde é um país onde se investe a longo prazo e onde os frutos levam algum tempo a obter. Por isso eu digo que os empresários portugueses quando vão para Cabo Verde têm de ter na sua estratégia de internacionalização essa viagem para um novo destino de investimento, e não fugir para resolverem problemas de curtíssimo prazo que têm em Portugal». ‹

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› grande plano Carlos Torres, Presidente da RESUL – Equipamentos de Energia, SA

«Os últimos três anos foram os melhores da vida da empresa» Há 30 anos no mercado, a Resul é uma empresa especializada em redes de distribuição de energia eléctrica e de gás natural e GPL, que tem no mercado externo o seu maior pólo de atracção. Entrevistado pela País €conómico, Carlos Torres, presidente da Resul, faz eco da importância das exportações na vida da empresa, sublinhando que 70 por cento da facturação da Resul são o resultado das vendas para o estrangeiro. Carlos Torres salienta que a sua empresa tem andado em contra-ciclo e que os últimos três anos foram os melhores da vida da Resul, que em 2011 facturou 49 milhões de euros, prevendo-se que continue a crescer em 2012 e nos anos seguintes. «O nosso volume de encomendas é tal que nos leva a concluir que os próximos anos continuarão a ser de crescimento acentuado para a Resul», que tem em Angola, Moçambique e Rússia os seus principais mercados externos.

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Texto › VALDEMAR BONACHO

Resul foi constituída em 1982, sob a denominação de sociedade por quotas, mas em Junho de 2000 sofreu uma alteração ao seu pacto social com a passagem da empresa a sociedade anónima e com a denominação de Resul – Equipamentos de Energia, SA. Carlos Torres recorda o percurso da Resul ao longo destes 30 anos de vida. «Tem sido um percurso feito de degrau em degrau. A empresa nasceu muito pequenina, inicialmente era uma empresa de cariz comercial, mas desde logo apostou no sector produtivo. Por isso criámos duas associadas de produção, que ainda as temos, e que constituem a nossa rectaguarda fabril. Hoje ainda temos uma outra rectaguarda produtiva em Moçambique». Considerando-se uma empresa cerebral e imaginativa, a Resul estuda, concebe, desenvolve, produz e propõe soluções de altíssima qualidade relacionadas com redes de distribuição de energia eléctrica, redes de distribuição de gás natural e GPL, redes de iluminação pública, redes de distribui-

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| FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS

ção de água, aquecimento central, e soluções relacionadas com fontes de energias renováveis. Sobre a crise que afecta Portugal e o Mundo, Carlos Torres é bem claro. «É evidente que a crise nos preocupa. Agora digo que a Resul nunca a sentiu, porque de facto os nossos mercados principais são mercados onde a crise não se coloca nos termos em que ela está sendo colocada na Europa. E como nós temos uma empresa bastante versátil quer na venda dos produtos que oferecemos, quer nos mercados onde estamos, todos os anos há sempre factores de compensação. Posso-lhe dizer que em 2011 mercado russo baixou consideravelmente, mas foi compensado pelo mercado de Moçambique, onde o ano passado crescemos bastante. Portanto, há mercados que diminuel e há outros que aumentam a sua actividade. E por outro lado, estamos sempre à procura de novos mercados», sublinhou o Presidente da Resul. Como já foi dito, a Resul aposta numa estratégia globalizante de conquista de

novos mercados, e é por isso que a sua facturação relativa aos mercados externos ultrapassa (e muito) a do mercado nacional. Está fortemente implantada no sector energético nacional, tendo a EDP, a REN, a EDA, a EEM e ainda os principais instaladores portugueses como principais clientes. A Resul exporta para 27 países em todo o Mundo, mantendo uma actividade regular de exportação para mercados tão diversos como todos os países Palop s, Rússia, diversos mercados da União Europeia (Franaça, Bélgica, Espanha e Suécia), Macau, Israel e Ucrânia. O exemplo que a Resul tomou ao longo da vida optando em força pela internacionalização deveria ser seguido por muitas mais empresas portuguesas? Quando o caminho certo é a internacionalização «Eu diria que esta é uma obrigação moral. Repare que nesta crise em que o País está

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› grande plano

mergulhado uma coisa que não nos está a correr mal são as exportações. Isto significa que os empresários portugueses muitas vezes só reagem em momentos de adversidade. E por isso eu intrepreto este bom comportamento das exportações portuguesas neste momento de crise nesta conjuntura difícil, porque muitos dos empresários portugueses ou iam à procura de mercados externos, ou simplesmente morreriam. Eu repito aquilo que disse no início desta entrevista. Eu nunca enntendi uma certa timidez dos empresários portugueses em irem à procura de mercados externos», comentou o Presidente da Resul. Segundo Carlos Torres um dos grandes trunfos da Resul assenta no facto da em-

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presa ter conseguído mobilizar os 50 trabalhadores que a ela dão diariamnente o seu contributo, «e para mim é um orgulho muito grande dizer que tenho aqui comigo pessoas que trabalham para a Resul desde o primeiro dia». «Acho que conseguímos criar um ambiente extremamente motivador, descontraído, e não tem sido difícil liderar esta equipa, que é altamente qualificada. Se calhar hoje tenho esta equipa a trabalhar para a Resul, porque ela está imensamente motivada para enfrentar os desafios actuais e os desafios que ainda hão-de vir», reconheceu Carlos Torres, presidente da Resul. Carlos Torres faz uma ligeira pausa para concentrar o seu discurso no mercado ex-

terno, uma das grandes bases de sustentação da Resul. «A história do mercado externo?! Aí eu diria que ela tem muito que ver com a minha postura pessoal. Eu nunca entendi qual era o temor das empresas portuguesas irem à procura do mercado externo, isto porque a globalização tem muitas desvantagens, mas também tem algumas vantagens, e uma delas é esta: Desde que uma empresa tenha um produto com qualidade demonstrada e demonstrável, e tenha preço competitivo, não há fronteiras. Assim, três anos após a criação da empresa, em 1985, já estava a visitar alguns mercados externos. Claro que na altura comecei pelos mercados africanos de expressão portuguesa – os Palops - . Portanto, esta saga de exportação da Resul, começou logo no princípio do nascimento da empresa, e tem vindo sempre a crescer. Hoje o mercado externo representa para a Resul 70% do total da sua facturação, e nós hoje exportamos para 27 países espalhados pelo mundo», recordou Carlos Torres. Estando esta edição da P€ direccionada de certo modo para Cabo Verde, e sabendo nós que este país é um dos mercados externos da Resul, achámos oportuno pedir a Carlos Torres uma opiniãp sobre as reais capacidades deste mercado. Cabo Verde é um mercado atractivo «Cabo Verde é um mercado que tem-se comportado muito bem. Estamos em Cabo Verde há cerca de 25 anos e o que lhe posso dizer desde já é que estamos a falar de um mercado muito especial no contexto africano, porque é um país organizado, sempre muito cauteloso no assumir dos seus compromisso. No nosso caso, (a Resul é uma empresa especializada e vocacionada para o fornecimento de equipamentos para redes de distribuição de electricidade e de gás), quando começámos a trabalhar com Cabo Verde, este país em termos de electrificação rural estava muito atrasado. Naquela altura a taxa de cobertura eléctrica deste país era muito reduzida. E por isso durante muitos anos Cabo Verde foi para a Resul um mercado

muito maior do que o seu território e o seu número de habitantes indicariam. Isto porque de facto havia uma grande necessidade de implementar a chamada electrificação rural, levar a rede eléctrica a todas as pessoas. Por isso, eu repito, Cabo Verde durante muitos anos foi um mercado bastante maior que aquilo que o seu tamanho e a sua população faziam supor. Hoje já não é tanto assim (infelizmente para nós e felizmente para Verde), porque este país tem hoje tem uma cobertura eléctrica notável, ou seja, já na precisa tanto de material para novas electrificações. Mas devo-lhe dizer que Cabo Verde continua a ser um mercado muito importante para nós», referiu o Presidente da Resul. Angola, Moçambique e Rússia Carlos Torres centrou o seu discurso naquilo que o mercado externo representa para a vida da Resul. «Os mercados alvo da Resul terão de ser necessariamente mercados em vias de desenvolvimento. A nós o que os interessa é de facto os mercados onde ainda haja

muito trabalho por fazer em termos de electrificação, isto porque o mercado europeu onde Portugal se insere já não é mais o mercado das novas electrificações, mas apenas e só de substituição e reparação de redes. Nòs hoje continuamos a ser um fornecedor importante da EDP em Portugal, mas o mercado da EDP hoje é apenas o da substituição, manutenção e reparação de redes. Já não é um mercado de novas electrificações, porque Portugal está 100 por cento electrificado. Por isso eu digo que os principais mercados alvo da Resul são os países em vias de desenvolvimento, ou, como é o caso da Rússia, países onde as condições climatéricas determinam um tempo de vida das redes eléctricas, que é sempre mais baixo do que em outros países», esclareceu Carlos Torres, que considerou Angola, Moçambique e Rússia como sendo os principais mercados da Resul neste momento. Será que se Carlos Torres não tivesse tomado, em 1985, a decisão de escolher o mercado externo como forma de conseguir um desenvolvimento sustentado

para a Resul, hoje esta empresa seria diferente, para pior? Posta a questão, o nosso entrevistado respondeu sem hesitações. «Tenho a consciência que se não tivesse tido essa decisão a Resul não tinha no mercado a posição que tem hoje. Era impensável. Mas é difícil responder a esta pergunta, porque o mercado externo sempre esteve intrínseco na visão desta empresa. Se não fosse o mercado externo eu até lhe diria que se calhar a empresa não tinha sobrevivido, ou se tivesse sobrevivido teria uma dimensão completamente diferente», reconheceu Carlos Torres, para adiantar que em 2011 a facturação da Resul andou pelos 49 milhões de euros, o que significou um bom crescimento em relação ao ano anterior. «Eu tenho uma conversa em contra-ciclo, porque nós temos sabido de facto ultrapassar esta crise. Os três últimos anos foram os melhores da vida da empresa. E 2012 ainda vai ser melhor que em 2011. Com o nível de encomendas que já temos em carteira, vai se seguramente um ano melhor que em 2011». ‹

Abril 2012 | País €conómico › 15


› grande plano Nuno Mateus, Administrador de SOLFÉRIAS

«Cabo Verde é um destino de preferência» Por intermédio da operadora turística Solférias, em 2011 mais de 27 pessoas passaram férias em Cabo Verde, o que significou um crescimento de 50 por cento em relação ao ano transacto. Entrevistado pela País €conómico, Nuno Mateus, administrador da Solférias atribui o facto à proximidade, à língua, às belezas naturais do arquipélago, à sua Cultura , hospitalidade e gastronomia. No entender deste responsável e apesar da crise, há que saber encontrar soluções que mobilizem o turista a visitar este país. «É isso que

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temos procurado fazer», sublinhou Nuno Mateus. Texto › VALDEMAR BONACHO | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS

á dois anos que Nuno Mateus está ligado ao projecto Solférias. Homem com uma larga experiência no ramo do turismo, decidiu abraçar este projecto, após uma passagem pela Soltrópico. Nuno Mateus diz ter uma paixão pelo turismo e que quando se decidiu pela Solférias foi com o propósito de ajudá-la a impor-se num mercado onde há muita concorrência. «O meu percurso tem tido uma evolução e em relação à Solférias o que tenho para dizer que ele é um projecto aliciante, que tem crescido ao longo destes dois anos, que tem-se afirmado dentro do mercado do turismo, até porque nós vendemos exclusivamente às Agências de Viagem», refere, para em relação ao comportamento do mercado nacional dizer que neste momento de crise «há que saber tornar mais fáceis as coisas difíceis, de modo a se poder dar a volta à situação». «As crises por vezes criam oportunidades e por isso é preciso saber inovar, criando produtos adequados e de qualidade. Além do mais é preciso ter-se uma boa capacidade de resposta, e quando falo em boa resposta estou a referir em trabalhar com os agentes de viagens de uma mais transpsarente. No caso concreto da Solférias temos procurado marcar a diferença, porque um operador de viagens só se justifica se realmente for uma mais valia para o mer-

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cado, e é isso que nós tentamos fazer. A par disso temos de estar atentos e saber apostar nas ferramentas tecnológicas, imprescindíveis numa actividade como esta. E a Solférias tem feito essa aposta, e ao mesmo tempo tem procurado rodear-se de uma boa equipa, outro ponto determinante numa actividade como o turismo», salientou Nuno Mateus. Abordando os reflexos que a acrtual crise possa ter no sector do turismo, numa altura em que muitos já afirmam que em finais de 2012 ou no início de 2013 já iremos observar melhorias na economia, Nuno Mateus vai directo à questão. «2012 está a mostrar-se um ano diferente e para os portugueses é muito difícil prever a evolução deste ano. É verdade que nos primeiros dois meses deste ano se registou procura, mas tem havido a necessidade de vender programas a preços mais económicos. O preço dos programas tem uma importância fundamental na opção dos portugueses que pretendem viajar.Agora também é verdade que hoje em dia há uma mentalidade diferente, há uma evolução, os turistas procuram fazer férias. Podem não optar por um programa tão caro, optar por um programa mais económico, mas manifestam o desejo de fazer férias. Por isso ter de haver algumas adaptações de parte a parte, em termos de procura e

em termos de oferta», disse o administrador da Solférias. A importância do destino Cabo Verde Estava na altura de abordarmos o destino Cabo Verde e o que ele representa para os negócios da Solférias. Sentem-se “culpados” pelo acréscimo de interesse por este destino turístico? «Em parte, sentimo-nos, porque nós investimos muito no destino Cabo Verde, Portugal e não só, e fazemos muitas formações para as agências de viagens. Fazemos também alguma publicidade para que o destino de Cabo Verde seja apelativo aos portugueses, e a outra parte dessa promoção é feita pelas cadeias hoteleiras e pelas transportadoras aéreas. Agora uma das grandes vantagens de Cabo Verde, nomeadamente nos tempos que correm, é a proximidade. Esta é uma vantagem porque conseguímos oferecer a um preço apelativo um bom produto que tem no fundo não só a componente de lazer, como ainda a cultura, a gastronomia, e outros factores importantes. Não podemos ver Cabo Verde só pelas praias...», salientou Nuno Mateus. A Solférias em 2011 levou a Cabo Verde mais de 27 mil pessoas, mais do que 50% das que levara em 2010. Isso ficou a dever-se a quê?

«Ficou-se a dever a factores internos e a factores internos. Factores externos que contribuiram para o aumento do fluxo de Cabo Verde, foi o Norte de África (Marrocos, Argélia, Tunísia, Egipto) que optaram por Cabo Verde. Esta foi uma das questões. A segunda questão é que abriram hotéis novos em Cabo Verde, este país cada vez mais prima pela qualidade, e Cabo Verde que era até há relativamente poucos anos um mercado sazonal, neste momento acaba por ser um mercado que tem uma

população anual muito elevada. De Novembro a Abril Cabo Verde está completamente esgotado, muito naturalmente pelo mercado inglês, pelo mercado alemão e de outros países. Por isso eu digo que há destinos que se adequam mais nestes meses, e Cabo Verde tem a grande vantagem da proximidade, do preço, da língua, da hospitalidade, da gastronomia. Todos estes factores juntos fazem com que Cabo Verde seja realmente um destino de preferência», sublinhou o adminis-

trador da Solférias. Nesta entrevista Nuno Mateus referiu-se a outros produtos e destinos que a Solférias vem promovendo, e foi-nos dito que a Solférias está a conseguir crescer em todos os seus destinos, incluindo Portugal Continental, Açores, Madeira e Moçambique. «Portugal é um dos produtos mais evoluídos dentro da Solférias, e vamos continuar a promover este destino, que se justifica mais do que nunca, numa altura em que o nosso país está em crise», concluiu o administrador da Solférias. ‹

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› grande plano COSEC está onde o seu negócio estiver

Asseguramos os riscos na exportação No mercado há mais de 40 anos, a COSEC – Companhia de Seguros de Créditos, SA é líder em Portugal nos ramos do seguro de crédito e caução, oferecendo as melhores soluções de apoio à gestão e controlo de créditos no mercado interno e externo. É igualmente responsável por conta e ordem do Estado Português pela cobertura e gestão dos riscos de crédito, caução e investimento em países de risco político. Em entrevista à País €conómico, Maria José de Melo, directora do Departamento Internacional da Cosec sublinha que a missão da sua empresa é fazer com que «as empresas exportadoras sintam mais confiança e mais segurança quando se abalançam a exportar para países e clientes que desconhecem, e também para a sua perspectiva de ir em frente internacionalmente».

S

Texto › VALDEMAR BONACHO

egundo Maria José de Melo a Cosec é uma empresa que está no mercado desde Dezembro de 1969 e que tem por objectivo segurar o risco de incobráveis nas vendas a crédito. Relativamente à importância da Cosec e ao facto desta ser líder em Portugal nos ramos de seguro de crédito e caução, Maria José de Melo reconhece que este é um aspecto muito importante a destacar «porque temos uma quota de mercado de 50 por cento e a crescer, e no ramo deseguro cauçãoembora sejamos também importantes, a nossa quota de mercado ronda os 44 por cento, devendo-se esta diferença ao facto da Cosec estar em concorrência com a Banca, na questão das garantias bancárias». Como é que se consegue o estatuto que a Cosec atingiu de ser actualmente a melhor seguradora de créditos para que os empresários desenvolvam os seus negócios sem risco? Maria José de Melo justifica esta realidade, lembrando antes de mais que a Cosec está no mercado há mais de quatro décadas. «Nós temos uma estrutura accionista que tem o BPI, que é o 4º maior banco privado nacional e a Euler Hermes que é o maior grupo mundial de seguradoras de

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| FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS

créditos.Através da base de dados da Euler Hermes nós temos -a possibilidade de monitorizar e de avaliar o risco de crédito de empresas em todo o mundo, e -esse facto é decisivo para que as nossas empresas reconheçam na Cosec esta capacidade de segurarem os riscos de crédito que enfrentam em todos os mercados e perante - a carteira dos seus clientes». Seguro de créditos é ferramenta fundamental Quisemos saber da directora do Departamento Internacional da Cosec se numa situação de crise como a que estamos hoje a atravessar, fazia cada vez mais sentido os empresários investirem neste tipo de seguros. Maria José de Melo não tem dúvidas. «Eu diria que nos tempos que vivemos, em que está fortemente abalada a confiança do mercado, e na valia das empresas, o seguro de créditos representa uma ferramenta fundamental e imprescindível para a vida das empresas. Tal como as pessoas na sua vida pessoal fazem os seguros das suas habitações, fazem os seguros dos seus automóveis, não se compreende como é que os empresários portugueses não procuram ainda mais os seguros de

créditos. E, realmente, nós temos também compreendido que os empresários vão progressivamente reconhecendo a valia deste instrumento, que é (repito) um instrumento fundamental na gestão empresarial». Viver em contra-ciclo Como tem sido o percurso da Cosec?! «Eu diria que nas fases em que o mercado está mais optimista e mais confiante, os seguros de créditos não têm tanta procura. Nós actuamos em contra-ciclo, e é precisamente nesta altura que o nosso papel se torna tão relevante», referiu a directora do Departamento Internacional da Cosec. Mas a Cosec não está à espera de situações de crise como a que vivemos para poder triunfar?! «Com certeza que não. Nós achamos que o seguro de créditos deve fazer , de forma natural, parte integrante dosinstrumentos de gestão do risco das empresas portuguesas, e como tal penso que é uma oportunidade para depois da crise passar, os empresários portugueses continuarem a reconhecer os méritos deste instrumento», esclareceu Maria José de Melo. Quando a crise passar é legítimo pensar que a Cosec pode vir a ter uma diminui-

ção na sua actividade?! Maria José de Melo respondeu dizendo que «estamos optimistas e confiantes que não…». Cosec sempre atenta ao mercadoAfirma-se que já existem alguns sinais de recuperação da economia da União Europeia, e em relação a Portugal diz-se que esses sinais surgirão já em 2013. Perante este cenário a Cosec já está a elaborar alguma estratégia face a esses possíveis sinais de melhoria? Maria José de Melo diz que a Cosec está muito atenta ao mercado. «Estamos sempre muitos atentos ao mercado. Aliás, como temos uma grande base de monitorização das empresas e como estamos em permanente contacto com os nossos empresários, nós acompanhamos de muito perto e de forma muito atenta os seus anseios, para assim podermos corresponder da melhor maneira, inovando produtos e indo ao encontro das necessidades das empresas». A inovação do produto é uma constante na vida da Cosec. «Isso faz-se sobretudo escutando os anseios do mercado e escutando as empresas, e compreendendo que dentro do quadro legal em que nós actuamos, podemos ir ao encontro dessas necessidades, criando produtos mais flexíveis e apropriados às exigências do mercado», revelou Maria José de Melo, que a este propósito adiantou que a Cosec está a desenvolver algumas consultas neste âmbito, mas que seria ainda prematuro falar delas. «Oportunamente todo o mercado será informado das novidades, e vindo da Cosec certamente que serão boas novidades», sublinhou a directora do Departamento Internacional da Cosec. Através da Euler Hermes a Cosec tem uma presença fortíssima na Europa e Mediterrâneo, América, Ásia e África, e no que concerne às vantagens do seguro de créditos queremos destacar a protecção contra perdas financeiras (dívidas de clientes) e gestão segura de tesouraria; melhor gestão comercial e de risco de crédito; equilíbrio entre o seguro de créditos e as necessidades financeiras; aumento das receitas e da rentabilidade; produção de custos; e melhorar a classificação de risco do próprio segurado. ‹

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› grande plano

Cabo Verde: retoma à vista com diáspora no horizonte

U

m país não se restringe ao seu espaço geográfico. As diásporas que se espalham pelo mundo levam consigo a cultura, a língua e a vontade de manter laços com o seu país, constituindo uma extensão natural deste. Alguns dos emigrantes que deixaram o seu país devido à falta de perspetivas, trabalharam duro, integraram-se nas comunidades que os acolheram, alcançaram o sucesso profissional e conseguiram dar uma melhor educação e, consequentemente, melhores perspetivas aos seus filhos. Parte destes emigrantes, na esperança de um dia regressarem, foram enviando as suas poupanças de volta para a sua terra, contribuindo, através dessas remessas, para a economia do seu país natal. Outros, decidiram poupar ou investir no país de destino, dadas as perspetivas de aí permanecer, apesar de manterem com o país de origem uma forte relação emocional e cultural. Independentemente do tipo de emigrante, as diásporas têm muitas qualidades e um potencial que pode e deve ser aproveitado pelos seus países de origem. E há medida que as remessas de emigrantes perdem a importância de outrora, é necessário pensar em formas de atrair os empresários da diáspora para investirem no seu país de origem. No caso de Cabo Verde, há já alguns emigrantes que regressaram e investiram no seu país. No entanto, muitos fizeram-no de forma intuitiva, sem planearem ade-

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quadamente e movidos mais pela emoção do que pela razão. Por isso, o sonho de terem um pequeno negócio na sua terra natal, infelizmente, pode terminar num pesadelo.

É por isso que as autoridades locais têm de enquadrar de forma mais adequada os empresários cabo-verdianos que pretendem investir no seu país de origem, disponibilizando-lhes melhor informação, mais formação ao nível de empreendedorismo e, também, incentivando-os a investirem em áreas de negócio que conhecem, em vez de se aventurarem em setores para os quais não dispõem de vantagens competitivas nem têm conhecimentos específicos. Só assim aumentam as possibilidades de ter sucesso. E com o seu sucesso,

estão também a contribuir para o êxito do seu país, criando emprego, transferindo competências e permitindo que o estado disponha de mais receitas para cumprir os seus deveres de serviço público. Claro que a questão da reduzida dimensão do mercado doméstico, do fraco poder de compra dos cabo-verdianos, da descontinuidade do estado disperso por diversas ilhas e da sua natureza insular e a inexistência de fronteiras terrestres com países vizinhos, continuam a preocupar o investidor que procura os melhores locais para fazer crescer os seus negócios. É por isso que, além de enquadrar melhor os investidores cabo-verdianos que pretendem regressar ao seu país, se deve apostar em soluções que potenciem o investimento em Cabo Verde. A aposta nos recursos marítimos, diversificando da componente turística imobiliária, na formação dos seus cidadãos, na exploração de vantagens que levem empresas a investir em Cabo Verde como, por exemplo, os acordos de comércio com importantes países como os Estados Unidos da América ou o Canadá, será determinante para se continuar a inverter uma situação que, permanecendo difícil, apresenta sinais de que o futuro, com a ajuda da sua diáspora, é soalheiro para Cabo Verde. ‹ por Diogo Gomes de Araújo, Presidente Executivo da SOFID

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› NOTÍCIAS

› A ABRIR

Subindo na Pirâmide

Eduardo Catroga

Antonio Huertas É o novo Presidente da MAPFRE, revelando que vai procurar reformar os negócios do

Litoral Alentejano quer mais competitividade

grupo segurador espanhol, com realce

RUCI apoia projetos na região

para a presença na América latina, e muito particularmente no Brasil, onde o grupo segurador possui uma parceria com o Banco do Brasil. ‹

Magda Merali É a nova Marketing Manager da Bright Partners, ficando responsável pelas áreas de marketing e comunicação da empresa, com enfoque na Bright Experience, área que analisa a utilidade e relevância, além do valor criado em cada reunião. ‹

Luís Paisana É o reeleito presidente da AMBA – Associação dos Moradores do Bairro Alto, para o mandato entre 2012 e 2015. O lema do seu mandato será “Por um Bairro Alto habitável”, com particular destaque para a observância da lei do ruído e do direito ao descanso dos moradores do bairro lisboeta. ‹

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SOFID avança com primeira operação em Magreb

Vibeiras investe em Marrocos A SOFID – Sociedade para o Financiamento do Desenvolvimento e a Vibeiras assinaram um contrato para o financiamento de um projeto de investimento em Marrocos no setor da arquitetura paisagística. Integrada no Grupo Mota-Engil, a Vibeiras procedeu em 2011 ao início do seu processo de internacionalização com a criação da Vibeiras Maroc, tendo em vista a prestação de serviços associados aos projetos em cursos de requalificação urbana e ambiental, de desporto e também projetos promovidos pelo setor privado, pelo crescente número de hotéis, condomínios e campos de golfe. O projeto de investimento apresentado à SOFID, no montante global de cerca de 900 mil euros, visa a implementação, desenvolvimento e apetrechamento da Vibeiras Maroc, tendo em vista responder mais eficazmente à procura de serviços de manutenção de espaços verdes, designadamente através da prestação de um serviço “chave na mão”. Após a assinatura do contrato, Diogo Araújo, Presidente Executivo da SOFID, sublinhou que «o apoio a empresas portuguesas que pretendam internacionalizar-se para os países do Magreb, nomeadamente para Marrocos, corresponde a uma das prioridades da SOFID». Esta primeira operação é para o gestor da SOFID uma «prova de como se pode avançar depressa quando, por um lado temos empresários que apresentam projetos viáveis e sustentáveis, e por outro temos uma instituição financeira ágil e empenhada em apresentar soluções para as empresas poderem continuar a crescer». ‹

A RUCI – Rede Urbana para a Competitividade e a Inovação do Alentejo Litoral, foi apresentada em Santiago do Cacém, no âmbito de um debate subordinado ao tema “Caminhos com História, Centros Urbanos e Património”. A Rede de Aglomerados Urbanos do Alentejo Litoral, aprovada no âmbito do Programa Operacional Regional InAlentejo, visa apostar na cooperação interurbana dos municípios de Alcácer do Sal, Grândola, Odemira, Santiago do Cacém e Sines, tendo sido baseada num plano estratégico elaborado por Augusto Mateus, com investimentos na ordem dos 7,5 milhões de euros, dos quais cinco milhões de fundos comunitários. De referir que a Rede inclui os cinco municípios e a Comunidade Intermunicipal do Alentejo Litoral (Cimal) e a Associação dos Resorts do Alentejo Litoral (Areal). Segundo o Presidente da Câmara de Santiago do Cacém, Vítor Proença, «os cinco municípios partiram do princípio que esta candidatura não era a solução mágica para resolver os problemas, mas a Rede faz parte da estratégia que visa potenciar a atratividade e a competitividade da região, para desenvolver a cooperação interurbana para explorar as potencialidades dos nossos aglomerados urbanos e, ao mesmo tempo, marcar a diferenciação entre eles». O RUCI do Alentejo Litoral já está no terreno, sendo que os projetos aprovados estão em curso e alguns já foram mesmo concretizados, como é o caso do Festival de Músicas do Mundo e a Escola de Artes de Sines, ou a criação de ligações a bairros em Alcácer do Sal e de uma ponte pedonal sobre o rio Mira, em Odemira. ‹

BES comprou agências em Espanha O Banco Espírito Santo comprou 25 agências à NovaGalícia em Espanha, Segundo o jornal espanhol “Expansion”, nove dessas agência estão localizadas em Madrid, enquanto outras seis estão em Barcelona e três na Galiza. As restantes sete estão distribuídas por várias cidades espanholas. Com esta nova aquisição, o número de agências detidas pelo BES no país vizinho sobre para meia centena. De sublinhar que em Madrid, a filial do banco português detinha apenas duas agências, passando agora para nove, o que poderá impulsionar de sobremaneira a exposição do banco na capital espanhola. ‹

Eleito Presidente do Conselho Geral e de Supervisão da EDP, o antigo ministro das Finanças tem todas as condições para ajudar a administração executiva da elétrica a assumir com sucesso o processo de integração dos novos acionistas chineses e continuar a fazer da EDP um caso de sucesso empresarial português no mundo. ‹

Ferreira de Oliveira O Presidente Executivo da Galp Energia concluiu com sucesso a operação de venda de 30% do capital da Petrogal Brasil aos chineses da Sinopec, processo que permitiu o reforço dos capitais da empresa para a aposta bem-sucedida na exploração petrolífera no pré-sal brasileiro. ‹

Fernando Brites O Presidente da Câmara Portuguesa de Comércio em Brasília (Brasil) veio uma vez mais a Portugal alertar os empresários portugueses para as oportunidades e apoios que poderão dispor para investimentos no Centro Oeste brasileiro, a região que mais cresce num país fundamental na internacionalização das empresas portuguesas. ‹

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› GRANDE ENTREVISTA Diogo Lacerda Machado, Administrador da Geocapital, admite que mais empresas chinesas possam vir a investir em Portugal

A Geocapital é uma ponte no plano empresarial nas relações da China com a lusofonia A Geocapital surgiu em 2006 para dar corpo no plano empresarial aos princípios definidos no Fórum de Macau que estabeleceu um profícuo diálogo de cooperação económica entre a China e os países de língua portuguesa. Jorge Ferro Ribeiro, Stanley Ho e Ambrose So são os três acionistas da empresa com sede em Macau, possuindo em comum uma já longa história de negócios conjuntos desde a década de oitenta do século passado. Diogo Lacerda Machado, Administrador da Geocapital, sublinha nesta entrevista à País €conómico, a importância do relacionamento estabelecido ao longo de séculos entre chineses e portugueses em Macau, e de como fruto dessa experiência a China encarou de forma estratégica as relações com os países de língua portuguesa, materializadas nas relações comerciais com o Brasil e Angola, e muito recentemente com os investimentos de empresas chinesas na EDP e na REN. A Geocapital ao longo destes anos efetuou importantes investimentos em Portugal e nos países de língua portuguesa, com realce para o setor financeiro (Guiné-Bissau, Cabo Verde e Moçambique) e segurador (Cabo Verde), dispondo-se a contribuir para que mais investimentos chineses aportem a Portugal, mas também que empresas portuguesas da área industrial se possam internacionalizar, particularmente para Angola. E o futuro, acredita Diogo Lacerda Machado, poderá estar nos biocombustíveis, setor onde a empresa deverá lançar importantes projetos de desenvolvimento em Moçambique e na Guiná-Bissau, além de estar a construir um centro de investigação em parceria com o Estado de Cabo Verde. Texto › JORGE Alegria | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS A Geocapital foi fundada em 2006, tendo a sua sede em Macau, mas regista uma importante presença em África e Portugal, e já esteve também no Brasil. O que é e o que faz a Geocapital?

A Geocapital é um projeto que começou a ser concebido pouco depois da transição de Macau para a China, e que assentou na ideia de que a singularidade histórica de Macau como o lugar de encontro provavelmente da primeira globalização, que foi e continua a ser um extraordinário exemplo de convívio harmonioso entre culturas muito diferentes ao longo de cinco séculos. Esta singularidade histórica de

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Macau deve ser projetada no futuro e na altura foi igualmente percebido de que a China iria internacionalizar a sua economia e constituir um agente económico ativo no mundo, contribuindo para a emergência de uma nova geoeconomia. Então, nessa ocasião, foi também considerado que essa singularidade de relacionamento do povo chinês com o povo português poderia ser aproveitada e estendida na relação entre a China e os países de língua portuguesa. Consequentemente, foi criado em Macau o Fórum para a Cooperação Económica entre a China e os Países de Língua Portuguesa, e cuja con-

sequência já no presente é a de que esse relacionamento evoluiu para um caráter e importância estratégica para a própria China, senão vejamos que o Brasil é na atualidade o maior parceiro mundial da China, com saliência para os planos alimentar e das comoditties, assim como Angola é o segundo maior fornecedor de petróleo da China, apenas suplantada pela Arábia Saudita. Por outro lado, Moçambique é um país que está a ganhar importância sobretudo devido aos seus grandes recursos minerais e de gás natural, logo, recursos susceptíveis de serem transportáveis ou utilizados na incorporação de

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› GRANDE ENTREVISTA diversos elementos, pelo que assume também cada vez mais importância para a própria China. Com efeito, pelo que acabei de descrever, fácil se torna perceber como no presente existe um conjunto de países de língua portuguesa com uma enorme importância para a China.

do, e constituiu, como constitui, um caso extraordinário de entendimento e de sucesso em vários empreendimentos realizados em conjunto. Já na fase de transição do processo de Macau, entenderam que, eles próprios, também poderiam emprestar um contributo para as relações entre a China e os países de língua portuguesa.

É nesse contexto estratégico que surge

Um dos principais investimentos em Por-

a Geocapital?

tugal pela Geocapital, através da Energy

Precisamente. Naturalmente foi em face dessa percepção e relacionamento existente que se deram os passos para a criação do Fórum em Macau, e consequentemente começou a ser concebida e desenhada a Geocapital como projeto para poder dar concretização no plano empresarial ao que foi afirmado no plano dos princípios do Fórum.

Finan ce, foi na EDP. Como observaram a

O que surgiu a seguir na sua implemen-

com a China Three Gorges para aconse-

tação?

lhar este gigante empresarial chinês a

Essencialmente, a concretização dos investimentos nos setores básicos da economia de cada um dos países de língua portuguesa, justamente criando essas ligações de Macau e da China com esses países. O primeiro setor da nossa aposta foi o sistema financeiro, e depois entrando também no designado segundo ciclo, que se iniciou no ano passado com a estruturação de projetos nas áreas das infra-estruturas, energia e aproveitamento de recursos naturais, sempre com a preocupação de que estes projetos possam beneficiar daquilo que a China possui hoje em super abundância – capital – além de contribuírem efetivamente para o desenvolvimento económico e social desses países, mas serem igualmente interessantes para a própria China.

apostar na EDP?

A Geocapital tem como seus accionistas, um investidor português (Jorge Ferro Ribeiro) e dois conhecidos investidores de origem chinesa (Stanley Ho e Ambrose So). Esta conjugação empresarial tem

entrada recente no capital da EDP pela China Three Gorges Corporation?

Como um sinal extraordinário da realização justamente dos desígnios do Fórum e sobretudo como a aceitação clara de que existe um contexto novo e que deve ser bem aproveitado pelo lado português. A Geocapital manteve algum contato

A Geocapital em todos os contatos que estabelece regularmente na República Popular da China com as autoridades e com as grandes corporações, o que acontece desde há cerca de seis anos, vem assinalando que existem excelentes oportunidades em Portugal, designadamente na área da energia, além de outras naturalmente. Nós vínhamos falando designadamente sobre a EDP com várias empresas chinesas ao longo dos últimos anos. A escolha recaiu sobre a China Three Gorges, porque dentro do grupo de empresas de energia da China, é a única exclusivamente centrada nas energias renováveis, controlando nomeadamente a Central Hidroelétrica das Três Gargantas, a maior do mundo. Além disso, convém sublinhar, esta corporação chinesa detinha um perfil ajustado ao que a EDP projetou e desenvolveu nos últimos anos, no caso vertente, de ser uma campeã no domínio das energias renováveis.

sido um factor relevante no campo empresarial para o incremento das relações empresariais luso-chinesas?

Muito. A associação e a parceria estabelecida entre o doutor Jorge Ferro Ribeiro e os doutores Stnaley Ho e Ambrose So, remonta à década de 80 do século passa-

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É previsível que venham mais investimentos chineses para Portugal

A EDP ganha um reconhecimento da sua enorme importância com um player mundial, e isso é muito compensador justamente num momento em que o nosso país está a ficar mais pequeno, visto que temos uma empresa que é um agente ativo no mercado mundial de energia ao ponto de constatarmos que o primeiro grande movimento internacional da China é concretizado com a escolha de investimento na EDP. Pensamos que agora a EDP necessita de mostrar que possui capacidade não apenas para atrair o capital da China Three Gorges, o que acabou por suceder, mas sobretudo por ser capaz de ela própria entrar na China Three Gorges, não necessariamente com um investimento na própria empresa chinesa, antes mostrar que o seu know how e experiência constitui um contributo inestimável e muito útil em novos projetos que a China Three Gorges tenha pela frente para realizar. Com este investimento na EDP, a que se seguiu a da State Grid na REN, considera que poderemos assistir brevemente a novos investimentos chineses em Portugal, ou em plataformas empresariais portuguesas para mais facilmente atingir outros mercados?

Eu acredito que vai existir no futuro mais investimento chinês em Portugal. Nas nossas conversas regulares com grandes empresas chinesas sentimos um crescente interesse por Portugal, e sem dúvida que estes primeiros grandes investimentos de que mencionámos contribuíram indelevelmente para reforçar o papel de Portugal junto da China, mas igualmente no âmbito do próprio Fórum como porta de acesso aos mercados de língua portuguesa. É que Portugal é já presentemente observado com outra atenção e interesse por outras empresas chinesas, e várias empresas portuguesas podem desempenhar um importante papel de cooperação virtuosa triangular.

em Portugal. Quanto a nós, não escondemos que neste momento estamos mais apostados em procurar boas oportunidades de investimento noutras geografias do mundo lusófono. Cabo Verde é um país extraordinário Passamos, então, ao continente africano, e se me permite, numa rota de norte para sul, começamos por Cabo Verde, país onde a Geocapital possui participações relevantes numa das principais instituições financeiras do país, bem como numa companhia seguradora de referência. Além de que através de uma parceria com o Estado cabo verdiano, estabeleceu o Centro Internacional de Investigação e Desenvolvimento dos Biocombustíveis. O que representam os investimentos em Cabo Verde para a Ge-

A própria Geocapital está à procura de

ocapital?

O que é que a EDP poderá beneficiar na

novos investimentos em Portugal?

sua atividade global com a entrada da

Estamos sobretudo abertos a mobilizar empresas chinesas e a ajudar a investirem

Em primeiro lugar, gostaria de sublinhar que Cabo Verde constitui um caso extraordinário de sucesso enquanto criação e afir-

empresa chinesa?

mação de um país, um país detentor de pessoas extraordinárias e que se tornou num estado perfeitamente viável e com fortíssimo reconhecimento internacional, sendo considerado muito justamente um exemplo em África. Por outro lado, tendo atingido padrões de desenvolvimento e capacidade de aproveitar os seus melhores recursos – os seus cidadãos – Cabo Verde poderá aspirar a ser no Atlântico uma espécie semelhante ou aproximada do que são as Ilhas Maurícias na costa oriental africana (n.d.r. uma conhecida e sólida praça financeira com forte expressão internacional). Desse modo, Cabo Verde poderá projetar-se para toda a região sul e ocidental de África, oferecendo serviços aos diversos países e agentes económicos da região, ou seja, assumindo um papel relevante no contexto da organização e desenvolvimento da economia da região africana onde está inserido. Neste sentido, e chegando à Geocapital, onde recordo que Cabo Verde é uma das origens do doutor Jorge Ferro Ribeiro,

sempre afirmámos que a nossa estratégia passava em nos posicionar no sistema financeiro do país, pelo que, em consequência, nos tornámos um acionista de referência – para além do próprio Estado – na Caixa Económica de Cabo Verde, com uma posição direta de 27,5%, além de que a companhia seguradora IMPAR onde também possuímos uma participação estratégica, possui ela própria, uma posição de 12% no capital da Caixa Económica de Cabo Verde. Em conformidade com o que referi, poderia sublinhar que a estratégia de Geocapital é a estratégia da Caixa Económica de Cabo Verde, no fundo, é a estratégia de desenvolvimento de Cabo Verde. Gostaria de enfatizar que a Caixa Económica de Cabo Verde é a única instituição de crédito para quem Cabo Verde é o centro do mundo. A Caixa é, de longe, a instituição financeira do país a que mais se identifica com os próprios cabo-verdianos, mas também é a Caixa que dispõe das melhores condições e está apetrechada para protagonizar a

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› GRANDE ENTREVISTA ideia que referia anteriormente de projeção internacional do sistema financeiro cabo-verdiano ao nível regional da África Ocidental.

culação e de trabalho em conjunto para poderem protagonizar uma estratégia ambiciosa no futuro de desenvolvimento na região africana envolvente.

A Caixa Económica de Cabo Verde tem protagonizado essa estratégica de internacionalização que referiu?

Sem dúvida, e uma das ações visíveis são as relações de cooperação com o BAO – Banco da África Ocidental, a principal instituição financeira da Guiné-Bissau, na qual a Geocapital detém também uma posição acionista estratégica. Esse relacionamento entre a Caixa e o BAO está em pleno desenvolvimento e aprofundamento e tem corrido da melhor forma. Aliás, a Geocapital tem pugnado por uma maior cooperação e relacionamento entre as instituições financeiras onde detém participações diretas em África, nomeadamente entre a Caixa Económica de Cabo Verde, o BAO e o Moza Banco, de Moçambique.

É verdade o que afirma. No entanto, sublinho que isso acontece sem que nenhuma das entidades que mencionou perca a sua identidade própria. A Geocapital possui participações qualificadas nessas instituições financeiras, mas não exerce um poder de controle. Essas instituições, que nos casos de Cabo Verde e da Guiné-Bissau, constituem as maiores instituições financeiras dos respetivos países, são entidades financeiras profundamente enraizadas na cultura financeira de cada um dos três países e a Geocapital está muito satisfeita e confortável que assim seja, porque o nosso interesse fundamental é que sejam instituições que contribuam efetivamente para o desenvolvimento dos seus povos. Se me permite, gostaria ainda de referir ao caso do BAO na Guiné-Bissau, que constitui uma instituição que caso o pretendesse poderia abrir de imediato representações em mais oito países da CEDEAO, região onde o país se integra. O relacionamento e a parceria entre o BAO e a Caixa Económica de Cabo Verde, que representa igualmente uma espécie de reencontro feliz entre dois povos com uma história com marcos vividos em comum, significa também a capacidade de arti-

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Biocombustíveis desempenharão um importante papel Regressando aos investimentos da Geocapital a Cabo Verde, mantém o interesse no Centro de Investigação dos Biocombustíveis?

O nosso interesse nesse projeto mantém-se. A Geocapital já estuda a questão dos biocombustíveis há vários anos, com particular enfase numa planta designada Jatrofa, precisamente uma planta que não necessita de terrenos férteis para se desenvolver. Cabo Verde não possui obviamente áreas para uma plantação fundiária extensiva desta planta e que seja capaz de abastecer uma fileira industrial, mas possui inegavelmente condições para entrar diretamente na fase da investigação tecnológica, pelo que surgiu quase naturalmente a ideia de realizar este centro de investigação no arquipélago e que pudesse contribuir para o desenvolvimento dos restantes países de língua portuguesa no setor dos biocombustíveis. O Centro está neste momento em construção. Esse novo centro na área dos biocombustíveis poderá vir a apoiar o designado Projeto Golfo que pretendem desenvolver na Guiné-Bissau?

Obviamente que deverá apoiar todos os projetos em que estamos envolvidos, e esse será um deles. É preciso, entretanto, recordar o enorme interesse pelos biocombustíveis quando o petróleo chegou próximos dos 150 dólares há alguns anos, e temos a plena convicção de que esse interesse profundo regressará com o aumento praticamente imparável que o crude continua a registar. A Geocapital realizou um trabalho profundo para tentar perceber se a produção de biocombustíveis fazia sentido do ponto de vista político, económico, social e ambiental nos países de língua portuguesa. A nossa conclusão, após inúmeros estudos

e contatos com as mais diversas autoridades nos vários países onde atuámos foi o de que fazia realmente sentido se conseguíssemos combinar tudo isso com as questões relacionadas com o uso da terra para a produção alimentar que constitui a questão mais importante nos países que estamos a falar, e sobretudo no que aos próprios biocombustíveis diz respeito com a utilização das chamadas terras marginais , justamente porque a planta utilizada (Jatrofa) não necessita de terras com aptidão agrícola. Todavia, estando nos casos da Guiné-Bissau e de Moçambique os respetivos processos em conversações com as autoridades de ambos os países, para a Geocapital a implementação dos projetos só faz sentido se numa perspetiva global eles tiverem uma conceção integrada da cadeia de valor e em claro benefício para as gentes da terra e para os seus países. No caso que referiu do Projeto Golfo na Guiné-Bissau, só há cerca de um ano e meio é que conseguimos instruir devidamente o processo após um longo percurso de estudo e definição das condições essenciais em que poderíamos atuar no país em relação aos vários items que referi anteriormente, pelo que depois efetuámos o pedido ao Governo do país para uma concessão de terras, aliás, a mesma coisa que fizemos em Moçambique. A Geocapital não possui demasiada pressa, mas gostaríamos com certeza de poder começar quanto antes a concretização e desenvolvimento destes projetos, na medida em que como anteriormente sublinhei cada um deles possui uma componente de produção alimentar que julgo não ser despiciente, pelo contrário, para cada um dos dois países em referência. Biocombustíveis em toda a cadeia de valor

agrícola de produção da matéria-prima básica, no fundo estaríamos a replicar os velhos conceitos predatórios. A Geocapital sempre fez questão de sublinhar que nos nossos projetos uma parte significativa da componente de transformação industrial teria de acontecer nos próprios países. No caso da Guiné-Bissau dificilmente será uma grande refinaria, mas certamente que conseguirá instalar unidades industriais de extração do óleo que poderão significar centenas ou mesmo alguns milhares de postos de trabalho, algo de muito importante do ponto de vista económico e social para a Guiné-Bissau.

Os dois projetos que referiu – na Guiné-Bissau e em Moçambique – pressupõem também um investimento de caráter industrial?

É claro que essa componente faz parte integrante dos nossos projetos. Aliás, se os projetos se limitassem à componente

Geopactum quer levar projetos industriais portugueses para Angola Entre a Guiné-Bissau e Moçambique situa-se Angola, país de língua portuguesa com maior potencial, mas que

também é curiosamente um país onde a presença e a atividade da Geocapital parece ser mais restrita e contida. Verdade ou ilusão?

Verdade à primeira vista, mas ilusão como passarei a explicar. Angola é de fato já uma referência económica há muito tempo. Neste país, possuímos um acordo já há algum tempo com um grupo empresarial encabeçado pela Global Pactum, que entre outros ativos controla o Banco Privado Atlântico (BPA), e com quem formámos a Geopactum. Esta empresa tem como missão essencial a de mobilizar investimentos, quer chineses, quer portugueses, para Angola. No caso dos portugueses, trata-se essencialmente de aproveitar algum know how industrial que existe em Portugal, mas que aqui começa a ter dificuldades em se manter competitivo. Todavia, ao invés, dispõe de boas condições de internaciona-

lização se for encarado numa perspetiva de deslocalização dessas capacidades industriais e tecnológicas, e Angola poderá ser um país de eleição para acolher essa deslocalização industrial, visto que o país continua a necessitar de se desenvolver precisamente nas áreas industriais. Dentro desta lógica, a Geopactum e o BPA estão interessados e possuem as condições para estruturarem o investimento e encontrarem a solução económica e financeira que viabilize um processo em que fundamentalmente a parte portuguesa entra com as componentes associadas ao seu know how, que é muito valorizado pela parte angolana. No entanto, é preciso referir que além do objetivo de mobilizar investimentos portugueses para Angola, como referi acima, também faz parte dos objetivos da Geopactum a captação e encaminhamento de investimentos chineses para Angola,

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› GRANDE ENTREVISTA

designadamente o investimento chinês da nova vaga, que chega através das empresas chinesas e já não por intermédio do Estado chinês, como acontecia anteriormente. Mas, existe um outro aspeto muito relevante na estratégia da Geopactum e que vai ao encontro dos objetivos já mencionados do Fórum para as relações entre a China e os países de língua portuguesa, que para além de pretender aproximar a China deste conjunto de países, pretende igualmente aproximar estes países da própria China, sobretudo numa lógica de reciprocidade. Ora, no caso de Angola, este constitui precisamente um país que está a dar passos

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no processo de internacionalização da sua economia, e já tem concretizado várias ações nesse caminho precisamente no local onde se sente mais confortável, em Portugal. No entanto, é legítimo que o país pretenda ir mais além nesse esforço de internacionalização económica, pelo que temos analisado com os nossos parceiros angolanos oportunidades de investimento noutras geografias, e em particular na China, onde Macau poderá desempenhar um papel de grande relevância e preponderância. Em conformidade, em conjunto com os nossos parceiros angolanos, já efetuámos um pedido de licença para abrir um banco de investimento em Macau, o que corres-

ponde ao grande interesse angolano de aproximar o BPA da China, e efetuar desse modo, o caminho inverso preconizado nos princípios do Fórum de Macau. Estamos com a perspetiva de poder receber a breve prazo a informação da autorização para avançar com essa nova instituição bancária no território macaense. Moçambique precisa de aproveitar muito bem o Vale do Zambeze Apesar de já temos abordado a questão do vosso projeto dos biocombustíveis em Moçambique, é neste país que a Geocapital efetuou uma das mais fortes apostas no setor financeiro do continen-

te africano, ao dar corpo em conjunto

moçambicano. A área financeira em Mo-

tância do Moza Banco no panorama do sistema financeiro moçambicano. Além de que, nunca o escondemos, a operação de alienação dos 25% do capital ao grupo Espírito Santo, resultou numa transação muito favorável para a Geocapital, possibilitando um retorno do investimento inicial muito interessante.

çambique deixou de ser prioritária para

Em Moçambique, além da participação

a Geocapital?

no Moza Banco, é de sublinhar a presen-

De modo nenhum. A Geocapital vendeu a posição que referiu porque ficou claro para nós que o alargamento da parceria ao grupo Espírito Santo, bem como o consequente reforço de capital do banco, constituía um fator relevante na consolidação do projeto e do reforço da impor-

ça da Geocapital na Zamcorp – Zambeze

com vários empresários moçambicanos ao projeto do Moza Banco. Entretanto, muito recentemente, a Geocapital alienou 25% do capital que detinha ao grupo Espírito Santo, ficando apenas com uma posição de 24% no capital do banco

Corporation. Qual é a ambição do grupo no estratégico setor mineralifero do país?

O Vale do Zambeze constitui uma área de enormes potencialidades e Moçambique deverá aproveitar integralmente os frutos

das enormes riquezas nessa vasta área do seu território. A Geocapital detém atualmente a totalidade do capital da Zamcorp, e estamos em estreitos contatos com as autoridades moçambicanas para poder desenvolver projetos de interesse para o país e para a própria empresa detida pela Geocapital, particularmente, como referi noutro passo desta entrevista, a projetos na área da produção alimentar e dos biocombustíveis. Consideramos que a Zamcorp poderá constituir um dos players importantes no desenvolvimento empresarial, económico, social e ambiental na região do Vale do Zambeze e portanto do próprio país que é Moçambique. ‹

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› lusofonia brasil Fernando Meira Dias, Presidente da Câmara Portuguesa de Comércio no Brasil – Minas Gerais

Empresas portuguesas têm um grande mercado em Mimas Gerais

rais para atrair investimento português?

€conómico, traça os objetivos que a Missão mineira pretende alcançar em Portugal,

Temos recebido contatos e Missões Empresariais portuguesas que abrangem todos os setores, desde indústria metalomecânica, comunicação, elétrico-eletrônica, até arquitetura, construção civil, tecnologias em meio ambiente, entre outros. Como referi anteriormente, Minas Gerais tem um projeto de desenvolvimento, buscando diversificar sua base. Assim sendo, setores como prestação de serviços de software, geração de energias alternativas, tecnologias para indústria aeroespacial, equipamentos para geração de energias alternativas, e pequenas centrais elétricas, hotelaria, construção civil e equipamentos para extração de gás, são alguns segmentos que podemos destacar.

sempre com o objetivo de reforçar as relações económicas e empresariais entre os dois

Existem apoios públicos em determina-

Na última semana de Abril desloca-se a Portugal uma missão empresarial do estado brasileiro de Minas Gerais, numa organização liderada pela Câmara Portuguesa de Comércio no Brasil – Minas Gerais, a que se associaram outras organizações públicas e empresariais daquele estado brasileiro. Fernando Meira Dias é o Presidente da Câmara Portuguesa de Comércio em Minas Gerais, e nesta entrevista exclusiva à País

lados do Atlântico. E lembra que Minas Gerais têm cerca de 20 milhões de habitantes, pelo que possui grandes potencialidades e oportunidades para as empresas portuguesas. Texto › JORGE Alegria | FOTOGRAFIA › arquivo No final do presente mês de Abril, estará em Portugal uma Missão Empresarial de Minas Gerais. Quais são os objetivos essenciais desta visita a Portugal?

O principal objetivo desta Missão Empresarial será conseguir uma maior compreensão dos empresários portugueses e mineiros sobre as condições para se investir em Portugal e Minas Gerais, fontes de financiamento, apresentar oportunidades de negócios que Portugal e Minas oferecem. Além disto, possibilitar aos empresários um conhecimento maior das possibilidades destes dois mercados, bem como da importância da união de forças para as pequenas e médias empresas enfrentarem o desafio de uma economia globalizada. Pretendemos que, ao final desta Missão Empresarial, surjam fatos concretos de parcerias efetivas entre empresários portugueses e mineiros, com investimentos para Portugal e Minas Gerais. Em Portugal, a Missão busca sobretudo a captação de investimento português para Minas Gerais, ou avaliará também eventuais oportunidades de investimento empresarial mineiro em Portugal?

Pretendemos conseguir investimentos nas duas direções. Será importante para

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o empresário português conhecer as potencialidades de se investir no Brasil, e em Minas Gerais em particular, que tem uma população com cerca de 20 milhões de habitantes, com altas e seguras taxas de crescimento, mercado consumidor e renda crescente, e com possibilidades variadas. Para o empresário brasileiro, pretendemos apresentar Portugal como um excelente ambiente de negócios, com ótima qualificação de mão-de-obra, moderna infraestrutura, e como um país que tem projetado seu desenvolvimento na inovação e tecnologia. Além disto, a possibilidade de ser a “porta de entrada” para o mercado europeu, e também para os países da CPLP. Como avalia o estado atual da economia mineira? A internacionalização empresarial é um paradigma presentemente assumido pelos empresários mineiros?

A economia mineira tem apresentado índices de crescimento bem acima da média do Brasil. É uma economia que ainda tem sua base no extrativismo mineral, mas que vem buscando aumentar e melhorar sua base tanto nos segmentos industrial, comércio e serviços. No estado de Minas Gerais está localizada a única fábrica de

helicópteros do Brasil, e a Fiat Automóveis. Além disto, dentro de um projeto de desenvolvimento elaborado pelo Governo do Estado de Minas Gerais, temos um polo de desenvolvimento aeroespacial e de tecnologia na cidade de Lagoa Santa, região metropolitana de Belo Horizonte, o Polo de Eletrônicos da cidade de Santa Rita do Sapucai, Polo Calçadista da cidade de Nova Serrana, Polo Moveleiro da cidade de Ubá, dentre outros. Isto demonstra a preocupaçção do governo mineiro em democratizar o desenvolvimento, regionalizando-o e buscando atingir os seus 853 municípios. O processo de internacionalização das empresas tem sido encarado com seriedade pelas entidades empresariais mineiras, principalmente em relação às pequenas e médias empresas. A necessidade do pequeno e médio empresário mineiro de buscar parcerias estratégicas com empresas estrangeiras é essencial para que elas continuem competitivas em um mercado global.

das áreas de atividade para o apoio e promoção do investimento empresarial em Minas Gerais?

O Governo do Estado de Minas Gerais, em conjunto com os municípios, tem vários programas de incentivo à implantação de novas indústrias e empresas no estado. Em razão disto, além de apoiar a Missão Empresarial, enviará um representante para fazer uma palestra sobre o apoio para novos investimentos no estado. Os dados referentes ao comércio entre Minas Gerais e Portugal não são muito expressivos. O que pode ser feito para aumentar as trocas comerciais entre ambos os lados do Atlântico?

Em primeiro lugar, criar uma linha direta de negócios entre Portugal e Minas Gerais. Minas Gerais é grande consumidora de produtos portugueses que são importados por empresas que tem sua sede em outros estados. Por outro lado, temos que avançar na melhoria das relações empresariais entre Minas Gerais e Portugal. Temos que incentivar as parcerias empresariais entre portugueses e mineiros, como forma de gerar mais investimento e sustentabilidade para as empresas.

Muitos setores promissores em Minas

De que forma o início há poucos anos de

Quais são as principais potencialidades

Belo Horizonte tem vindo a incrementar

de investimento no estado de Minas Ge-

o relacionamento entre as duas partes?

ligações aéreas da TAP entre Lisboa e

Em primeiro lugar, o aumento de fluxo de turistas entre Portugal e Minas Gerais. Em segundo lugar, o aumento das viagens a negócios, e em terceiro lugar, a exportação/importação de produtos. Esta relação tem sido tão bem sucedida que a frequência de voos só tem crescido, sendo que, conforme informações recentes da Tap,

passaremos a ter frequências de voos diários ligando Minas a Portugal, e vice-versa. Preparados para apoiar as empresas portuguesas em Minas Gerais Qual tem sido o papel da Câmara Portuguesa de Comércio no Brasil – Minas

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› lusofonia brasil

Sonae Sierra em Uberlândia A Sonae Sierra Brasil, participada da Sonae Sierra, inaugurou no passado dia 27 de Março, o Uberlândia Shopping, localizado nesta cidade do estado de Minas Gerais. O investimento ascendeu aos 62 milhões de euros para um shopping com uma área bruta de 43.600 metros quadrados. Segundo um comunicado da empresa portuguesa, até ao final do presente ano, a empresa ainda deverá inaugurar este ano no Brasil o shopping Boulevard Londrina, no estado do Paraná, que deterá uma área bruta locável de 47.800 metros quadrados e representará um investimento de 88 milhões de euros. Já para o próximo ano, está previsto a inauguração do novo Passeio das Águas Shopping, na cidade e Goiânia, capital do estado de Goiás, um investimento de 167 milhões de euros e que será a 13ª unidade do grupo no Brasil, país onde a Sonae Sierra admitiu poder efetuar novas aquisições no mercado dos shoppings centers, isto já depois de ter aumentar a participação de 30 para 60% no Shopping Plaza Sul, em São Paulo. ‹

Gerais, para dinamizar as relações econômicas e empresariais entre Minas e Portugal?

A Câmara Portuguesa de Comércio no Brasil-Minas Gerais tem buscado diversas formas para incrementar as relações comerciais e empresariais entre Minas Gerais e Portugal. Principalmente com o estreitamento das relações com entidades governamentais de incentivos comerciais e empresariais, e com as entidades de clas-

se representativas tais como Associação Industrial Portuguesa, Associação Empresarial de Portugal, Confederação Internacional Empresarial Portuguesa, Associação Comercial de Lisboa, Cotec, Federação das Indústrias de Minas Gerais, Associação Comercial de Minas, Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais, dentre outras, para promover ações que visem o aumento das relações comerciais e empresariais. Além disto, realização e apoio a

Missões Empresariais, Rodadas de Negócios, Provas de Vinhos e eventos enogastronômicos portugueses, etc. A Câmara está apta a prestar também todo o apoio para levantamentos de mercado, estudos e análises de inteligência comercial, projetos de internacionalização de empresas, match-making internacional e abertura de empresas no Brasil e em Portugal. Como perspetiva o futuro das relações econômicas entre Minas Gerais e Portugal?

Temos expectativa positiva no incremento das relações econômicas entre Minas Gerais e Portugal. Historicamente Minas Gerais tem sido um estado muito receptivo a investimentos portugueses e, recentemente acolheu empresas como a Alert, Naniun, Remax, Sabseg, além de investimentos do Grupo Espírito Santo. Entendemos que necessitamos aumentar o fluxo de investimentos mineiros em Portugal. Temos a firme convicção de que o primeiro passo será dado com a Missão Empresarial Minas Gerais-Portugal, no próximo mês de Abril. ‹

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Unidas recupera no Brasil A Unidas, participada brasileira do grupo português SAG, fechou 2011 com um prejuízo de 27,3 milhões de euros, ainda assim uma recuperação de 48,8% face aos resultados negativos obtidos no ano anterior. Segundo o comunicado da empresa com sede em São Paulo, “o ano de 2011 foi muito importante para a Unidas pela consolidação da sua estratégia de crescimento com foco em rentabilidade, assim como pelo fortalecimento da sua estrutura de capital e em conjunto dos seus accionistas, que permitirão à companhia aproveitar as oportunidades de crescimento que se apresentam no mercado de locação de veículos no Brasil ao longo dos próximos anos”. Este ano, ainda segundo o comunicado, a Unidas pretende abrir mais 10 lojas próprias, 12 lojas franqueadas e quatro lojas de venda de veículos. A empresa pretende ainda reformular o visual da sua rede de atendimento. ‹

Rio de Janeiro náutico O secretário de estado de Turismo do Rio de Janeiro, Ronald Ázaro, informou recentemente em Lisboa que o estado carioca vai apostar na construção de marinas públicas flutuantes nos municípios de Arraial do Cabo, Paraty, Angra dos Reis, Mangaratiba e Armação dos Búzios. O investimento global ascenderá a cerca de 8,4 milhões de euros. Segundo o responsável do governo do Rio, «o Brasil, em especial o Rio de Janeiro, passa por um momento de grande exposição no mercado internacional por conta dos mega eventos que estão agendados, como sejam, em Junho deste ano, a Rio+20 e, nos próximos anos, a Jornada Mundial da Juventude, a Copa das Confederações, a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos». ‹

Martifer consolida no Brasil O mercado brasileiro já representa 18,6% de todas as encomendas da Martifer, enquanto o conjunto da Península Ibérica, apenas representa 17,3% do portfólio de obras da empresa liderada por Carlos e Jorge Martins. No Brasil o conjunto de obras ultrapassam os 120 milhões de reais (cerca de 50 milhões de euros), além do Vale Verde Shopping, em São Paulo, a empresa portuguesa tem a responsabilidade de fornecer as estruturas metálicas de três estádios de futebol em que dois deles acolherão partidas da Copa do Mundo em 2014, respetivamente, os estádios Fonte Nova (Salvador da Bahia), Castelão (Fortaleza no Ceará) e o novo estádio do Grémio de Porto Alegre (Rio Grande do Sul). A Martifer apontou estes números por ocasião da divulgação dos seus resultados de 2011, onde no que respeita aos proveitos foi salientado que os mercados brasileiro e angolano já representam em conjunto 7,8% dos resultados. ‹

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› lusofonia brasil Câmara Portuguesa de Comércio na Bahia organiza evento empresarial em Junho

Aproximar as economias baiana e portuguesa A Câmara Portuguesa de Comércio no Brasil – Bahia, vai levar a efeito nos dias 14 e 15 de Junho, um grande evento empresarial e de negócios, que se realizará no Hotel Pestana, em Salvador da Bahia. Segundo referiu à País €conómico António Coradinho, Presidente da Câmara Portuguesa de Comércio na Bahia, o objetivo do encontro será o de aproximar e intensificar ainda mais o relacionamento já existente entre as economias do estado brasileiro da Bahia e a portuguesa. Por isso, adiantou o empresário, são esperados cerca de 50 empresários portugueses que estarão em Salvador integrados numa Missão Empresarial da AIP à Bahia (e a São Paulo), e que se juntarão aos mais de 150 empresários baianos que marcarão presença da unidade hoteleira do grupo Pestana na capital da Bahia. Ainda segundo António Coradinho, o tema do Seminário será “Unindo Mercados-Quebrando Fronteiras”, sendo as áreas de abordagem e de contatos mais relevantes as da indústria naval, indústrias de cerâmica e mineração, indústrias de materiais de construção, energias alternativas (eólica, solar, biodiesel e etanol), agroindústrias, química e petroquímica (terceira geração), infraestrutura, turismo, imobiliário, além da abordagem da temática da mão-de-obra portuguesa qualificada, e que cada vez é mais importante no Brasil. Constituindo um dos pontos alto da programação anual das atividades da Câmara Portuguesa de Comércio na Bahia, é de realçar que já no próximo dia 13 do corrente, organizará um jantar com a presença da Ministra Mariana Calmon, Chefe da Corregedoria Brasileira. ‹

Semapa investe em fábrica de cimento no Paraná A Semapa, detida por Pedro Queiroz Pereira, vai investir 300 milhões de euros no setor cimenteiro no Brasil, dos quais 240 milhões de euros serão investidos na nova fábrica de cimento em Adrianópolis, no estado do Paraná. Este investimento vem de acordo com o investimento da Semana na aquisição de 50% do capital da cimenteira Supremo, com sede no vizinho estado de Santa Catarina, e que deverá ultrapassar os 55,7 milhões de euros. ‹

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Projar na Feicon Batimat O grupo português Projar, com sede no concelho de Mortágua, esteve presente na Feicon Batimat, que se realizou no final de Março na cidade de São Paulo. O grupo português esteve representado através das suas participadas Bach, Sisaf e Tria, onde tiveram a oportunidade de apresentar as suas soluções de portas resistentes ao fogo e outros produtos de protecção dos edifícios contra incêndios. Criado em 2006, o grupo Projar é presidido pelo empresário António Lourenço Ferreira, e teve no ano passado um volume de negócios que ultrapassou os 26 milhões de euros. As participadas do grupo estão localizadas nas cidades de Coimbra, Carregado, Almada, Ponte de Lima e Pombal, em Portugal, além de Madrid, em Espanha. ‹

Leya chega ao Rio O grupo português Leya ampliou a sua presença no Brasil, com a abertura de um novo escritório na cidade do Rio de Janeiro, que será liderado por Maria João Costa. O objetivo da chegada do grupo à Cidade maravilhosa, e que acolherá acontecimentos importantes como a Final da Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, será o de descobrir autores, captar tendências e criar projetos editoriais, com o foco na não ficção. Segundo a Leya, “a presença no Brasil é estratégica para o cumprimento da missão de dar a conhecer os autores em todo o espaço lusófono e do desígnio de ser um grupo editorial de referência na língua portuguesa”. ‹

Presidente do Brasil visitou o empreendimento Aquiraz Riviera

Dilma Rousseff recebida no Hotel Dom Pedro Laguna A Presidente Dilma Rousseff visitou no passado dia 28 de Fevereiro o empreendimento luso-brasileiro Aquiraz Riviera, tendo passado algumas horas no Hotel Dom Pedro Laguna e aproveitado para almoçar no restaurante “White”, que faz parte da unidade hoteleira que é o ex-libris do empreendimento localizado a 35 quilómetros da cidade de Fortaleza, a capital do estado nordestino do Ceará. A presidente brasileira estava acompanhada pelo Governador Cid Gomes (Ceará) e foi recebida por Jorge Chaskelmann, Diretor Geral do Aquiraz Riviera, e por Emanuel Freitas, Gerente Geral do Hotel Dom Pedro Laguna. Os responsáveis do maior investimento de capitais portugueses no turismo brasileiro sublinharam que o Dom Pedro Laguna constitui o primeiro hotel no resort ecológico de luxo Aquiraz Riviera, que constitui o maior empreendimento turístico de padrão internacional no país, e que ocupa uma

área total de 300 hectares, estando já implementados também um campo de golfe de 9 buracos, mas que crescerá para 18 buracos, além de já ter sido também inaugurado o Centro de Ténis, que compreende quatro courts e um polidesportivo, além de uma piscina junto ao Club House de Golfe. ‹

Municípios de Moura e Tauá em cooperação Grupo Aquapura quer construir resort no Ceará O grupo português Aquapura apresentou em Março ao Governador Cid Gomes um projeto para a construção de um complexo imobiliário e turístico no estado, que corresponderá a um investimento de cerca de 125 milhões de euros. Projeto será desenvolvido em parceria com a empresa Juriti e designar-se-á por Península das Águas Belas, localizado no município de Cascavel, compreendendo um complexo de hotéis, residenciais, campos de golfe e um parque temático Terra da Mónica. Segundo informação prestada pelo governo cearense resultante da reunião efetuada, o projeto da Aquapura deverá gerar cerca de 3.300 empregos diretos e mais de dez mil indiretos. O objetivo dos promotores é de que o início das obras do empreendimento aconteçam em Junho do corrente ano assim como o complexo comece a operar em 2014. ‹

Representantes da Câmara Municipal de Moura estiveram na cidade cearense de Tauá, na sequência de um projeto de geminação entre as duas cidades que se iniciou em 2010. Unem as duas cidades o facto de possuírem cada uma delas a mais importante central solar fotovoltaica em cada um dos dois países, uma aposta decisiva nas energias renováveis, em particular na área do solar fotovoltaico. A delegação de Moura foi liderada pelo presidente da Câmara Municipal, José Maria Prazeres Pós-de-Mina, e além do Ceará visitou também o estado de Santa Catarina e a capital federal Brasília, onde teve a oportunidade de se reunirem com diversos organismos do governo federal e do congresso brasileiro. A experiência no domínio da energia renovável em Moura foi reconhecido e apreciado por diversos membros das autoridades do país. De sublinhar que a delegação e Moura foi acompanhada e apoiada no Ceará e em Brasília, pelas respetivas câmaras portuguesas de comércio nestes dois estados brasileiros. ‹

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› lusofonia brasil Centro Oeste brasileiro mostrou oportunidades em Portugal e quer aumentar intercâmbio de comércio e de investimentos. E tem apoios a conceder a quem quer investir nesta zona central do Brasil

Sudeco têm 3.000 mil milhões de euros para apoiar projetos de investimento O Distrito Federal (Brasília), Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, são os quatro estados do Centro Oeste brasileiro, a região do país a que muitos já chamaram o “celeiro do Brasil”. Grande parte das principais comoditties que o país produz e que permitiram revolucionar a balança comercial brasileira na última década tiveram a sua origem no Centro Oeste. Mas, esta zona central do território brasileiro, onde se cruzam as principais vias rodoviárias, hidroviárias e as ferroviárias em construção, não se limita a mostrar a sua força no designado agronegócio, aposta cada vez mais na inovação, na indústria com incorporação de altas tecnologias e em serviços qualificados. A Superintendência de Desenvolvimento do Centro Oeste (Sudeco), liderada por Marcelo Dourado, chefiou uma delegação institucional e empresarial brasileira que veio a Portugal mostrar as enormes potencialidades do Centro Oeste, mas também a sublinhar que a par do desejo do reforço das relações comerciais nos dois sentidos do Atlântico, existem um vasto conjunto de possíveis apoios financeiros, logísticos e fundiários que poderão constituir uma enorme alavanca para acolher o investimento e projetos de empresas portuguesas ou de parcerias entre empresas portuguesas e brasileiras para apostarem nesta região central do Brasil. E a Sudeco, sublinhou Marcelo Dourado, dispõe de 7.000 milhões de reais (cerca de 3.000 milhões de euros) para apoiar investimentos em projetos sustentáveis na região, para além naturalmente dos apoios fiscais, estaduais e municipais que possam complementar o apoio direto da Sudeco. Aliás, não foi por acaso que a delegação integrou altos representantes em Portugal e na Europa (Londres) do Banco do Brasil e do BNDES, respetivamente. Cabe agora a palavra aos empresários e decisores portugueses.

A

Texto › JORGE Alegria

inda desconhecida para muitos portugueses, mesmo para a maioria da classe empresarial lusitana, o Centro Oeste constitui uma das regiões brasileiras que registam das maiores taxas de crescimento. Os números do chamado corredor Brasília-Goiânia (capital do estado de Goiás), com uma extensão de pouco mais de duzentos quilómetros ao longo da BR-060, são expressivos e indiciam um crescimento do que se costuma designar por “taxas de crescimento chinês”.

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| FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS

O Centro Oeste produz uma quantidade muito expressiva das comoditties que o Brasil produz. A balança comercial brasileira com o exterior é cada vez mais influenciada pelas enormes e crescentes produções que partem do Centro Oeste para o país e para o Mundo. Mas, a região não é apenas agronegócio e comoditties, é um enorme centro logístico articulador e distribuidor para todo o Brasil, não sendo por acaso que é na cidade de Anápolis (que dista 40 quilómetros de Goiânia e 160 quilómetros de Brasiília) que se cruzam as

estratégicas linhas ferroviárias Norte-Sul e Este-Oeste, ambas em construção (ver texto na página 37 desta edição onde se relata a recente visita da Presidente Dilma Roussseff a alguns dos troços em construção no estado de Goiás) e que prometem revolucionar a logística brasileira. Desde a Capital Federal (Brasília), presentemente a urbe brasileira com o maior rendimento per capita de todas as cidades brasileiras, superando claramente São Paulo e o Rio de Janeiro, até Campo Grande, a capital do estado de Mato Gros-

so do Sul, passando por Goiânia (capital do estado de Goiás) e de Cuiabá (capital do estado de Mato Grosso), o Centro Oeste possui grandes potencialidades e oportunidades bastantes, em todos os setores de atividade, para merecerem um outro olhar e uma acrescida atenção da classe empresarial portuguesa, para não dizer da classe empresarial internacional no seu sentido global. Aliás, são muitas as empresas multinacionais que têm aportado aos estados em referência, não apenas interessadas nos setores do agronegócio, mas igualmente em setores industriais de ponta, como são os casos dos setores farmacêutico, automobilístico e aeronáutico, muito importantes por exemplo no estado de Goiás. Todos os estados mostraram numa concorrida sessão realizada na AIP as potencialidades de cada um dos estados integrantes desta missão. No seu conjunto, apresentam condições de atração de investimento deveras interessantes, além de que o seu crescimento do rendimento dos seus cidadãos colocam estes estados num padrão de crescente consumo de

bens e serviços que formam uma oportunidade para as empresas que pretendam conquistar posições comerciais neste cada vez mais importante mercado no contexto interno brasileiro. Centro Oeste é «a terra prometida» O Presidente da Câmara Portuguesa de Comércio no Distrito Federal (Brasília), Fernando Brites, na sua intervenção no auditório da AIP apelidou mesmo o Centro Oeste como «a terra prometida», lembrando que dos atuais pouco mais de 10 milhões de habitantes, a região espera chegar num prazo de 15 anos a uma população superior a 20 milhões de habitantes, o que significa «importar para o Centro Oeste uma população semelhante àquela que Portugal possui presentemente. Isso indicia grandes potencialidades e grandes oportunidades. Enquanto cidadão luso-brasileiro e presidente da Câmara Portuguesa de Comércio no Distrito Federal, desejo contribuir para que Portugal, desde já, aproveite de forma intensa e expressivamente estas potencialidades, por isso

aqui estamos a dizer claramente “venham que nós ajudamos a concretizar as oportunidades e os projetos” das empresas portuguesas no Centro Oeste. Aliás, já criámos uma sucursal em Goiás e vamos criar sucursais da nossa câmara de comércio em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, que depois se transformarão naturalmente em câmaras de comércio autónomas e com vida própria no seu esforço de pugnar pelo incremento das relações comerciais e empresariais entre cada um dos seus estados e Portugal», sublinhou o empresário vindo de Brasília. Na sessão que decorreu num auditório da AIP completamente repleto de empresários portugueses, destaque para as apresentações que os diversos representantes dos estados brasileiros do centro oeste efetuaram. António Apolinário Figueiredo falou em representação do governo do Distrito Federal e das potencialidades de Brasília, enquanto Igor Montenegro e Orcínio Silva Júnior, intervieram em representação do governo do estado de Goiás, estado que esteve também exemplarmente representado por Pedro Alves de Olivei-

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› lusofonia brasil

Delegação de Goiás com a representante da AIP

ra, Presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás. Já Mato Grosso esteve representado por Márcio Luiz de Mesquita, enquanto Paulo Engel interveio a mostrar o melhor de Mato Grosso do Sul. Finalmente, destaque igualmente para as intervenções de Renato Gerúndio, principal responsável do Banco do Brasil em Portugal e de Vinícius Vidal de Almeida, responsável do BNDES na Europa (Londres). Aliás, estes dois elementos foram muito procurados por vários empresários portugueses, bastante interessados em saber das condições de financiamento que poderão encontrar para operarem no mercado brasileiro.

No entanto, é necessário destacar a intervenção de Marcelo Dourado, Superintendente da Sudeco, o organismo do Ministério da Integração Nacional e que gere o designado FCO – Fundo Constitucional de Financiamento do Centro Oeste, o principal instrumento de apoio ao desenvolvimento económico e social da região central do Brasil e que dispõe de cerca de 7.000 milhões de reais (cerca de 3.000 milhões de euros) para apoiar projetos de desenvolvimento empresariais e de infraestruturas no Centro Oeste. Marcelo Dourado lembrou que é nas épocas de crise que se geram as grandes oportunidades. Sublinhou que o Centro Oeste possui em abundância os três recursos

fundamentais que asseguram o progresso da humanidade: terra, água e sol. Mas assegurou que a região é presentemente uma zona em forte crescimento e que possui espaço e condições ímpares para que todos possam intervir e se desenvolver. Incluindo, naturalmente, «os empresários portugueses, que são muito bem-vindos e temos um forte conjunto de apoios para aqueles que de forma sustentada queiram apostar e investir no Centro Oeste». Destaque nesta visita a Portugal para a réplica da conferência realizada na AIP para a que decorreu dois dias depois na AEP, em Matosinhos, a que se seguiu uma importante visita ao Centro Ibérico de Nanotecnologia em Braga. Antes da subida ao norte do país, a delegação visitou também a Central Solar Fotovoltaica na Amareleja e esteve na cerimónia da inauguração da Fase 1B do terminal XXI do Porto de Sines, admitindo vários membros da missão brasileira que o principal porto português de águas profundas, e que já possui uma rota marítima direta com o Brasil, ligando os portos de Santos e de Itaqui (Maranhão) ao próprio porto de Sines, poderá constituir no futuro uma excelente oportunidade para receber as mercadorias do Centro Oeste em trânsito para o continente europeu. No breve diálogo que mantiveram com o Primeiro-Ministro português, Pedro Passos Coelho, essa possibilidade foi aflorada e ficou a promessa de novas conversas sobre esta matéria. ‹

Presidente do Brasil visitou obras ferroviárias em Anápolis (Goiás)

Obras ferroviárias são para acelerar A Presidente Dilma Rousseff visitou as obras de construção da Ferrovia Norte-Sul, entre as cidades de Anápolis e Goianira, ambas no estado de Goiás. Acompanhada do Governador de Goiás, Marconi Perillho, a presidente brasileira visitou as obras do túnel 2 nesse trecho ferroviário entre Anápolis (Goiás) e Palmas, capital do vizinho estado do Tocantins. A ferrovia faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e quando ficar totalmente concluída terá cerca de três mil quilómetros de extensão que farão a integração de várias regiões do país, permitindo reduzir o custo do transporte de cargas e favorecimento de projetos agropecuários e agroindustriais nesse eixo. Na ocasião, o Governador Marconi Perillo sublinhou que a Ferrovia Norte-Sul vai mudar o perfil económico de Goiás, com melhoria na área da logística. O projeto da ferrovia é executado pela Valec – Engenharia, Construções e Ferrovias, uma empresa pública pertencente ao Ministério dos Transportes. ‹

Osorinho em Lisboa A Expedição Turística de Osorinho, no município de Serranópolis, região sudoeste do estado brasileiro de Goiás, será apresentada como modelo no 13º Congresso Mundial de Sociologia Rural, que decorrerá de 29 de Julho a 4 de Agosto próximo, em Lisboa, congresso esse subordinado ao tema “O novo mundo rural: da crise às oportunidades”. A Expedição Turística de Osorinho é promovida pela Associação de Condutores de Turismo de Expedição de Serranópolis desde 2009, contando para o efeito com o apoio da própria Prefeitura de Serranópolis, por meio da Secretaria

de Cultura e Turismo, além do Sebrae Goiás. A Expedição deve-se ao guia Osório Rodrigues de Moraes, que aos 74 anos ainda é uma figura lendária naquele município localizado a 364 quilómetros de Goiânia, a capital de Goiás. Em Lisboa, a Expedição do Osorinho será apresentada pela professora Cátia Assis Leal, da Universidade Federal de Goiás, do campus Jataí (GO) – cidade vizinha de Serranópolis. A intervenção dos técnicos do Sebrae-GO foi o de transformar o potencial em produto turístico formatando numa perspetiva de sustentabilidade social e ambiental. ‹

Empresas em Manaus beneficiam de isenções

Paulo Engel – Mato Grosso do Sul

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Marcelo Dourado – SUDECO

António Figueiredo – Distrito Federal

As vendas internas realizadas pelas empresas instaladas na Zona Franca de Manaus, no estado brasileiro do Amazonas, estão isentas de pagar o Programa de Integração Social (PIS) e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Confins). Esta confirmação foi feita pela 2ª turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que equiparou os embarques feitos pelas companhias às exportações, em processo movido pela Fazenda Nacional contra a Samsung Brasil. O ministro relator do processo sublinhou no seu acórdão que “a interpretação do artigo 4º do Decreto-Lei nº 288, de 1967, não deve ser restritiva, como entende a Fazenda Nacional. O dispositivo equipara a tributação das entradas de produtos na Zona Franca à das exportações”. A decisão do STJ foi unânime. ‹

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› lusofonia brasil

BTL promoveu Brasil como destino turístico

A

BTL – Bolsa de Turismo de Lisboa destacou este ano o Brasil enquanto país convidado, pelo que o stand do turismo brasileiro na FIL ocupou uma área bem superior ao que normalmente ocupou em anos anteriores, além de que a TAP efetuou um esforço acrescido em coordenação com a Embratur para trazer mais operadores turísticos europeus a Lisboa, que assim tiveram uma oportunidade suplementar de conhecer com maior profundidade e detalhe as potencialidades e os circuitos turísticos nos diversos estados brasileiros, também eles presentes em força no certame lisboeta. Os maiores destaques este ano na representação brasileira na BTL foram para a promoção dos estados do Rio Grande do Sul, Distrito Federal (Brasília), Goiás e Amazonas, para além da forte aposta da cidade de São Luís, a capital do estado nordestino do Maranhão. A País €conómico conversou com alguns dos representantes destes estados e

cidades brasileiras, tendo referido Gisela Camargo, da Secretaria de Turismo do Rio grande do Sul, que depois da abertura das ligações aéreas diretas entre Porto Alegre e Lisboa, é agora possível aos gaúchos e aos portugueses conhecerem o que melhor possuem as duas culturas, onde o turismo deverá desempenhar um importante papel. Já Luís Otávio Rocha, secretário do Turismo do Distrito Federal, lembrou a monumentalidade de Brasília e o enorme potencial turístico da cidade que os portugueses deverão descobrir. Descoberta de Goiás é o que pretende também Thiago Ferreira, da Secretaria de Turismo do Estado de Goiás, lembrando as maravilhas do cerrado e as águas quentes que fazem do estado o possuidor do maior conjunto termal do Brasil. Já mais para norte, destaca-se a aposta da Secretaria de Turismo da cidade de São Luís, a capital do estado do Maranhão, onde o secretário Liviomar Costa recordou que a cidade é um autêntico museu

da presença portuguesa naquela parte do Brasil, destacou também alguns investimentos hoteleiros portugueses já concretizados na cidade, como são os hotéis Luzeiros e Pestana São Luís. Registámos a intensa atividade desenvolvida em Lisboa, nomeadamente para a TAP avançar no futuro com voos diretos entre Lisboa e São Luís. A demarche não foi bem sucedida, apurámos, mas parece que a tentativa junta da Atlantic Airways, pertencente ao Grupo Pestana e a Tomaz Metelo poderá ter mais sucesso em termos de levar alguns voos charters para a capital maranhense. Oreni Braga da Silva é a presidente da Amazonastur, o organismo estadual do estado do Amazonas, e que considera que as belezas do seu estado, a começar pela capital Manaus, a cidade mais a norte do Brasil que receberá jogos da Copa do Mundo em 2014, merecem uma visita dos portugueses, que afinal foram dos primeiros europeus a penetrarem nesse território belíssimo há alguns séculos atrás. ‹

ProCopa financia turismo O BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social anunciou a aprovação de um financiamento de cerca de 32 milhões de reais (cerca de 13,5 milhões de euros) para a ampliação e modernização de três hotéis em Pernambuco. O financiamento corresponde a 96% do

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investimento total, e foram concedidos no âmbito do programa BNDES ProCopa Turismo. Até ao momento, este programa já financiou a reforma ou construção de dez unidades hoteleiras nos estados de Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Bahia e São Paulo. ‹

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› lusofonia áfrica

Hipogest constrói rede de frio em Angola

Banco da CGD e da Sonangol vai avançar Poucos dias depois do Chairman da CGD (Faria de Oliveira), agora foi o ministro das Finanças de Portugal (Vítor Gaspar) a afirmar em Luanda que o arranque do novo banco de investimento oficialmente criado em 2009 entre a Caixa Geral de Depósitos e a Sonangol, entrará em operação até ao final do presente ano. No final de Fevereiro, um administrador da Sonangol tinha referido com o início das operações da futura instituição financeira estava dependente da evolução da conjuntura financeira internacional, mas depois de contatos diretos com o governo angolano e

Aproveitando a presença da ministra da Agricultura Assunção Cristas em Angola, a Hipogest anunciou que em parceria com empresários angolanos vai avançar com um investimento de 38 milhões de euros para criar naquele país africano uma rede de frio a nível nacional, criando para o efeito cinco pólos no país, podendo assim melhor garantir o escoamento e distribuição de produtos alimentar no território. A ministra portuguesa sublinhou na ocasião a grande experiência de Portugal nas áreas da logística, do frio e da refrigeração, destacando a propósito do anunciado investimento da Hipogest que «a presença de empresas portuguesas em Angola é conhecida em várias áreas, desde o ambiente ao tratamento de águas, passando pelo saneamento e gestão de resíduos, construção e também na agricultura há presença de empresas portuguesas. É muito crítico Angola dar este passo para ter uma rede de frio que permita que a produção aumentando possa também chegar em boas condições ao seu destino». ‹

PT lançou serviço inovador em Cabo Verde

Cimpor pode construir fábrica em Moçambique

IES e Insead em Moçambique

A Cimentos de Moçambique, participada da Cimpor no país da África Austral, está a estudar a construção de uma fábrica, projeto que poderá representar um investimento de 100 milhões de euros. Segundo referiu à Bloomberg o CEO da Cimentos de Moçambique, João Nunes Pereira, «estamos a realizar os estudos de viabilidade de instalar uma fábrica de produção de clinquer junto à nossa unidade em Dondo». Caso o projeto venha a avançar demorará cerca de 36 meses a ser implementado. Entretanto, a cimenteira portuguesa, cujo capital é maioritariamente detido pelas brasileiras Votorantim e Camargo Corrêa, fechou o ano transacto com um crescimento de 13,1% do seu volume de negócios no Brasil, tendo atingido 688,9 milhões de euros, consolidando-se assim como o principal motor de crescimento da Cimpor. Já em Portugal, a empresa fechou as contas com um volume de negócios de 378,2 milhões de euros, enquanto na vizinha Espanha teve negócios de 249,8 milhões de euros. ‹

Moçambique será o primeiro país lusófono a receber programas do Instituto do Empreendorismo Social (IES), de acordo com o protocolo assinado com a escola de negócios Insead. O acordo tem o apoio da Câmara de Cascais e da Fundação EDP, sendo Moçambique o primeiro país lusófono a receber os programas IES – Powered by INSEAD já em 2012, com o apoio da Odebrecht. Com este programa de investigação e formação, o Insead quer contribuir para a criação e disseminação de modelos de gestão para o sector da inovação social. ‹

Mota-Engil e Visabeira em Moçambique A Mota-Engil e a Visabeira conseguiram um novo contrato de obras em Moçambique, numa adjudicação no valor de cerca de 30 milhões de euros, respeitante à empreitada de construção de uma parcela do corredor ferroviário da Beira, numa extensão de 68 quilómetros. A obra deverá iniciar-se em breve e depois decorrerá ao longo de seis meses. ‹

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com próprio banco Nacional de Angola, foi agora o próprio ministro português a confirmar que a instituição que será detida em partes iguais pela CGD e pela Sonangol, vai mesmo avançar em 2012. Na altura da assinatura do acordo entre a CGD e a Sonangol, era assumido que o futuro banco de investimento a constituir pelas duas instituições tinha como principais objetivos o de apoiar e financiar projetos de maior dimensão na economia angolana, particularmente na área das grandes infra-estruturas. ‹

A CVMóvel, operadora de telecomunicações de Cabo Verde e participada da Portugal Telecom, lançou recentemente um serviço inovador no arquipélago, precisamente o “Dá Saldo Internacional”. Presente na apresentação deste novo serviço esteve Zeinal Bava, o presidente executivo da Portugal Telecom, que aproveitou a oportunidade para sublinhar que a

“comunidade cabo-verdiana em Portugal é muito grande, pelo que, para que estas pessoas se mantenham em contato com as que estão em Cabo Verde, vamos lançar agora este serviço”. O “Dá Saldo Internacional” consiste na possibilidade de qualquer cliente TMN efetuar carregamentos em Portugal para a população cabo-verdiana residente em

qualquer das ilhas de Cabo Verde, cliente da CVMóvel. A solução inversa dos carregamentos móveis – CVMóvel/TMN – já está a ser desenvolvida e deverá ser lançada em breve. Zeinal Bava aproveitou para referir na ocasião que a CVMóvel constitui uma referência na inovação não só em Cabo Verde mas em toda a África. ‹

Sumol-Compal investe 8 milhões em Moçambique O Grupo Sumol-Compal assinou um acordo para a aquisição de uma unidade fabril em Moçambique, num “investimento da ordem dos oito milhões de euros”, estando previsto para o “primeiro ano de actividade de uma fábrica que deverá garantir a produção e comercialização de produtos das marcas da empresa no mercado de Moçambique e em 12 dos restantes 13 países” que também fazem parte da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral. No entanto, fonte da empresa, referiu que apesar de pertencer à SADC, Angola não ficará abrangida por este projeto. Segundo o comunicado da empresa, no ano passado, a Sumol+Compal vendeu um total de 80 milhões de euros para os mercados externos, um acréscimo de 30% face ao período homólogo. ‹

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› LUSOFONIA ÁFRICA Associação Comercial de Lisboa promoveu conferência sobre recursos e oportunidades no espaço da CPLP

Lusofonia é crucial para as empresas portuguesas

O

espaço dos países lusófonos, que presentemente comportam quase 250 milhões de habitantes nos oito países que compõem, assume uma importância cada vez mais decisiva para Portugal e para as empresas portuguesas. A descontinuidade geográfica da CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, que noutros tempos poderia ser considerada uma entropia, é assumida no presente com um fator potenciador para cada um dos países que a compõem, e naturalmente também para o próprio conjunto dos oito países integrantes. O fato de grande parte de cada um dos países pertencerem a uma organização regional releva a sua importância estratégica para os seus parceiros no âmbito da CPLP. O fato de Portugal pertencer à União Europeia, é importante para os restantes membros da CPLP. Assim como a pertença do Brasil no Mercosul, de Angola e de Moçambique na SDAC, ou da Guiné-Bissau e de Cabo Verde na CEDEAO. No entanto, avisadamente, nesta conferência organizada pela Associação Comercial de Lisboa (ACL), o Presidente da Direção da ELO (e também responsável da Confederação Empresarial da CPLP), Francisco Mantero, veio recordar que o PIB dos oito países integrantes da CPLP corresponde a 3,5% do PIB mundial, e que 4,2% do comércio mundial tem origem nos oito países integrantes da CPLP, mas no interior da organização, o comércio efetuado entre os próprios oito estados membros é muito pequeno, para não dizer insignificante. Por outro lado, Francisco Mantero também veio dizer que a União Europeia dispõe de um orçamento para a coopera-

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ção com os países ACP (África, Caraíbas e Pacífico) superior a 50 mil milhões de euros, dos quais 4,6 mil milhões de euros poderão ser alocados a projetos empresariais da iniciativa privada. No entanto, existe um fraco aproveito desses recursos financeiros disponíveis por partes das empresas, nomeadamente das empresas portuguesas, o que se torna urgente alterar. Exemplos de sucesso empresarial no mundo Nesta conferência ouviram-se testemunhos de empresas portuguesas de referência no domínio da internacionalização, como são os casos da bicentenária Pinto Basto (agência de navegação) e da Efacec, cujo protagonismo e visibilidade nos últimos anos atingiram uma forte expressão, a primeira em Angola, a segunda em várias partes do globo, incluindo em vários países da CPLP. Aliás, presente na ACL esteve Alberto Barbosa, membro da Comissão Executiva da empresa, que recordou que a Efacec ultrapassou no ano passado pela primeira vez o patamar de vendas de mil milhões de euros, mas que 75% já provém dos mercados externos, mercados onde se concentram 2.100 dos 4.900 trabalhadores que a empresa possui a nível mundial. E sublinhou que no número referido do exterior, são mais de 400 os que correspondem à operação brasileira e que no que concerne à presença em Angola e Moçambique já ultrapassam as duas centenas. Todavia, também é de realçar os testemunhos de Alberto Barbosa e de Bruno Bobone (Pinto Basto) quanto à diferença entre cada um dos mercados que corres-

pondem aos oito países da CPLP. «Cada um é diferente do outro, a língua é semelhante, mas existem muitas questões diferentes, incluindo no plano das legislações aplicáveis a diversos domínios da atividade económica e comercial», sublinhou Bruno Bobone. Antes da declaração final de Domingos Simões Pereira, Secretário Executivo da CPLP, merece uma especial referência a intervenção de Fernando Brites, Presidente da Câmara de Comércio Brasil-Portugal em Brasília, que aproveitou a ocasião para sublinhar as potencialidades do Centro Oeste brasileiro, enquanto polo de forte dinamismo e progresso económico e empresarial, enfatizando o fato do FCO – Fundo Constitucional de Financiamento do Centro Oeste dispor de 3.000 milhões de euros para apoiar projetos empresariais na região do Brasil que mais cresce, o que naturalmente poderá e deverá constituir uma oportunidade para as empresas portuguesas. O Secretário Executivo da CPLP encerrou a conferência reforçando a ideia da importância da integração de cada país integrante da CPLP nas dinâmicas regionais de cada um deles, na medida em que isso deverá potenciar o seu papel facilitador de integração das empresas dos restantes países da CPLP. Domingos Simões Pereira sublinhou também que as várias etapas de aprofundamento na integração dos países da CPLP deverão levar brevemente à criação do Conselho Económico e Social da CPLP, aprofundando assim as dinâmicas económicas e sociais entre os povos e respetivas organizações no interior dos oitos países que falam português no mundo. ‹

Miguel Horta e Costa – FIEP

Domingos Simões Pereira – CPLP

Alberto Barbosa – Efacec

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› EMPRESARIADO

«Queremos crescer de maneira sustentável» Há mais de vinte anos no mercado da fabricação de reclamos luminosos, a Reclamoeste – Reclamos Luninosos do Oeste, Lda é considerada uma referência nesta área de actividade. Sob a batuta de Ângelo Costa, Director Geral da Reclamoeste, esta emprsa de Casais de Santa Bárbara, Lourinhã, tem registado um crescimento sustentado fruto de um gestão cuidada que tem sido fortificada por uma equipa de profissionais de elevada capacidade. Já foi distinguída com os estatutos de PME Lider e PME Excelência 2011, atributos que para Ângelo Costa revelam a confiança que a Banca e o próprio IAPMEI depositam na sua empresa. Texto › VALDEMAR BONACHO

A RECLAMOESTE, Reclamos Luminosos do Oeste, Lda. Foi constituída em 10 de Dezembro de 1990, passou a cariz familiar a partir de 1992, e em Dezembro de 2005, mais precisamente a 20 de Dezembro, deixou o cariz familiarpara poder deste modo seguir novos voos. No entender de Ângelo Costa, Director Geral da Reclamoeste a referida alteração da estrutura societária visou inclusivamente fazer a empresa crescer de uma forma sustentada «num mercado extremamente competitivo como o dos reclamos luminosos». Segundo este empresário, o mercado dos reclamos luminosos é bastante aguerrido, mas tem uma particularidade: «Aparecem muitas empresas, mas depois e por diferentes vicissitudes, desaparecem». Porquê esta constatação? «Porque este tipo de empresas exige também um profissionalismo na sua gestão», recordou o nosso entrevistado, que a propósito disse ainda: «Uma empresa como a nossa dispõe de uma gama de valências técnicas diferenciadas, desde as visitas aos clientes e à prospecção de mercado, trabalho que tem de ser exercido por profissionais extremamente preparados e atentos. Um comercial que não domine este mercado e que se inicie de novo, nunca está bem pre-

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| FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS

parado para poder aconselhar um cliente em menos de um ano ou um ano e meio. Quando vemos um reclamo luminoso ou vemos trabalhos que são quase artísticos, não nos apercebemos das grandes dificuldades que envolvem esta matéria, e um comercial nunca demora menos de um ano ou um ano e meio para estar bem preparado e dominar esta área de actividade», resumiu Ângelo Costa. E tem sido fácil conseguir estes profissionais? Ângelo Costa é peremptório na resposta. «Não tem sido fácil. Hoje em dia a Reclamoeste tem uma equipa comercial de três elementos, dois séniores e um outro que tem um ano e pouco de actividade nesta área, mas para se conhecer os produtos, saber interpretar aquilo que o cliente deseja, não é por vezes fácil, exige tempo e muito trabalho». PME Líder e PME Excelência Quando Ângelo Costa adquiriu a Reclamoeste, foi com o intuito de torná-la mais moderna e competitiva. «Como é sabido, a esmagadora maioria das empresas familiares estagnam ou ficam pelo caminho, muitas das vezes fruto de desentendimentos entre familiares. Há excepções, mas por regra é assim. E no caso concreto da Reclamoeste, começámos por fazer um

diagnóstico à empresa nas suas diferentes vertentes – um diagóstico operacional e estratégico -, a partir daí traçámos um plano de acção da empresa que veio permitir o seu crescimento, e em 2008 tivémos a grata satisfação de vermos a Reclamoeste ser distinguída com o estatuto de PME Líder, e em 2011, pela sua forma dec estar no mercado em todas as suas vertentes, a Reclamoeste viu ser-lhe atribuído o estatuto de PME Excelência. Isto foi importante para nós, porque estas distinções revelam da parte da Banca e do IAPMEI o reconhecimento de que somos uma empresa séria e de confiança, que desempenha exemplarmente os seus métodos de gestão e métodos de trabalho», lembra o Director Geral da Reclamoeste. Reclamoeste: Empresa especializada A Reclamoeste é uma empresa especializada na produção de todo o tipo de suportes publicitários, com especial incidência na fabricação de publicidade luminosa. É uma empresa que ao longo dos anos tem sabido criar valor acrescentado para os seus clientes, baseado em trabalho de equipa e relações de confiança, pondo à disposição do mercado uma oferta diversificada de produtos e serviços, onde se

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› EMPRESARIADO

destacam: Reclamos Luminosos, Pórticos, Mupis, Outdoors, Neons, Decoração de Viaturas, Quiosques, Estores/Cortinas Publicitárias, Design Gráfico, e Soluções para Imagem Corporativa. Ângelo Costa diz-se satisfeito por ver a sua empresa crescer. «Fico imensamente satis-

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feito, mas isto é resultado de um trabalho de equipa. Eu sozinho não conseguiria fazer o que estamos a fazer, mas tudo é mais fácil quando se tem, como é o nosso caso, uma equipa de bons colaboradores e bons profissionais que com o seu esforço e a sua dedicação têm ajudado a empresa

a crescer sustentadamente e a tornar-se cada vez mais competitiva», reconheceu o Director Geral da Reclamoeste. Uma empresa de grande consciência social O plano de acção a que Ângelo Costa se refere visou à Reclamoeste a procura de novos mercados. «De facto este foi um dos objectivos deste plano de acção. Mas quando falamos em mercados, temos de ver aqui duas situações. No que concerne à situação de novos mercados ao nível do trabalho feito em Portugal, nós estamos muito virados para os Reclamos Luminosos, mas há a área Publicitária, a área dos Pórticos, a área dos Outdoors, e também a área de Interiores, que vamos desenvolvendo e valorizando de uma forma calculada. Sabendo que o desenvolvimento destas áreas implica investimentos, temos de saber calcular o tempo desses investi-

mentos, até porque temos também que levar em conta a imprevisibilidade de alguns mercados, que por vezes se mostram um pouco “traiçoeiros”. Às vezes seguimos um caminho que nos parece ser o melhor, e depois somos surpreendidos. Tudo isto tem de ser levado em conta numa actividade como a nossa. Tem de haver sempre um risco calculado a nível dos investimentos, porque já quase 30 famílias dependem das nossas decisões», sublinha Ângelo Costa, para a este propósito acrescentar ainda: «A Reclamoeste dá emprego a 26 pessoas , e há que ter um pouco de cuidado com esta matéria, porque qualquer opção errada que se tome, ela pode conduzir a situações desagradáveis para outras pessoas. Temos de ter aqui uma grande consciência social de modo a que as nossas decisões não impliquem danos colaterais para as pessoas que aqui trabalham». Ângelo Costa adquiriu a Reclamoeste em Junho de 2004, e desde então tem incutido nela o mesmo aspecto socializante que adapta em relação a outras empresas a que está ligado, como é o caso da Prorácio, que desenvolve a sua actividade de consultoria orientada para o crescimento dos seus clientes.

«Tenho tido esta filosofia de vida em relação a todas as empresas a que tenho estado ligado. Fui durante algum tempo trabalhador por conta de outrém, e por isso mesmo aprendi a respeitar aqueles que comigo hoje trabalham», deixa bem vincado o Director Geral da Reclamoeste, um homem que durante anos esteve ligado ao sector automóvel, e que em 1992 fundou a Prorácio. «Todos nós temos na vida a ambição de um dia trabalharmos por conta própria, surgiu essa oportunidade, e não hesitei. Felizmente temos crescido de maneira harmoniosa e isso deixa-me orgulhoso e com vontade de ir mais além», revelou Ângelo Costa. O Director Geral da Reclamoeste não gosta de se considerar um empresário de sucesso. Ele diz que tudo isto é subjectivo. «Falar-se hoje em empresários de sucesso é muito relativo, porque (como sabe) há empresas que apesar de serem bem geridas e bem administradas, hoje estão bem, mas passados uns meses ou alguns anos, podem vir a enfrentar uma realidade bem diferente, para pior. Há hoje um problema grave que se está a passar no mercado português e que está a a conduzir à queda de algumas empresas, até mesmo boas empresas, que é a falta de liquidez

proveniente do não pagamento dos clientes. Existem no país empresas que foram sempre certinhas nas suas contas e que hoje, face a este tipo de procedimentos, lutam com extremas dificuldades. E nós não queremos cair neste caminho. Queremos honrar sempre os nossos compromissos, impondo uma gestão criteriosa e verdadeira», disse Ângelo Costa. Dirigir uma equipa coesa e disciplinada Com 58 anos de idade, Ângelo Costa já tem uma experiência considerável como empresário e, como tal, sabe reconhecer o esforço e o trabalho daqueles que hoje para ele trabalham, tudo fazendo para manter esta equipa vitoriosa. «Temos tentado ter um naipe de remunerações acima da média do mercado, temos tentado (e conseguido) manter bons níveis de formação porque há áreas que comportam equipamentos novos que adquirimos e que exigem um tipo de formação específica, isto para já não falar das exigências informáticas própria da época em que vivemos, e que é matéria a levar a sério. No grupo de 26 pessoas que constituem o quadro da Reclamoeste, 5 são licenciadas». ‹

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› EMPRESARIADO Amorim Energia compra parte da posição da ENI na Galp Energia

Américo Amorim será o novo Chairman Américo Amorim vai ser o novo Chairman da Galp Energia, substituindo no cargo Murteira Nabo. O atual CEO da petrolífera, Manuel Ferreira de Oliveira, mantémse também no cargo que tem desempenhado ao longo dos últimos anos. Estas confirmações surgem depois da Amorim Energia ter informado a CMVM de que tinha assinado um acordo com a ENI e a Caixa Geral de Depósitos, de modo a ter a opção de compra de até 15,34% do capital detido pela ENI, possibilitando assim o reforço futuro

O

para uma percentagem de 48,68%.

acordo estabelecido pelas três partes – Amorim Energia, ENI e CGD – liberta a ENI da obrigação de vender em bloco a sua posição de 33,34% que detém na Galp Energia, enquanto a própria Amorim Energia cede os direitos de preferência sobre os 18% remanescentes do capital detido pela empresa italiana, que assim venderá no mercado ou a instituições financeiras essa percentagem, embora o vá fazer de forma faseada. No mesmo acordo, ficou estabelecido que a Caixa Geral de Depósitos garante o “direito de exigir a venda da participação de que dispõe, 1% do capital da Galp Energia no âmbito da (s) venda (s) da participação referida, de 18% da ENI”. No acordo estabelecido ficou igualmente consagrado que o empresário Américo Amorim, que controla a maioria do capital da Amorim Energia, será o novo presidente do Conselho de Administração da Galp Energia, substituindo na função o atual presidente Francisco Murteira Nabo. Com a entrada de Américo Amorim para Chairman da petrolífera ficou logo assegurada a manutenção de Manuel Ferreira de Oliveira no cargo que já desempenha de Presidente da Comissão Executiva da Galp. Por outro lado, em face do acordo agora estabelecido, se é certo que se inicia o caminho para a saída progressiva da ENI da Galp Energia, com o acordo da

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António Almeida Henriques em Paredes, não tem dúvidas

Norte será motor de crescimento económico do país

O

empresa italiana vender no mercado ou a instituições financeiras os seus remanescentes 18%, poderá ficar igualmente aberto o caminho para a entrada direta da petrolífera angolana Sonangol no capital da Galp, ambição sempre afirmada

pela empresa angolana, mas negada até agora pela própria Amorim Energia, onde a Sonangol e a empresária Isabel dos Santos controlam apenas uma parte minoritária da holding energética liderada por Américo Amorim. ‹

secretário de Estado Adjunto do Ministro da Economia, António Almeida Henriques, foi o convidado principal da Conferência “Exportações – Uma Lição do Norte”, uma iniciativa conjunta do Município de Paredes e do semanário Grande Porto, e sublinhou que «Portugal não pode virar as costas à Europa», mas acrescentou que dificilmente as exportações portuguesas poderão crescer nos mercados europeus. «Onde está então o nosso futuro», interrogou-se Almeida Henriques, para logo dar a sua opinião de que «precisamente do lado contrário, ou seja, em países da América Latina e África, onde podemos tirar partido da língua portuguesa como plataforma de negócio». Falando para empresários de um concelho que é líder do cluster português do mobiliário, o presidente da Câmara de Paredes, Celso Ferreira, lembrou que o município em 2007 tinha mais de nove mil empresas, mas no presente se cingem a cerca de 7.200, mas «produzimos, ainda hoje, cerca de 65% do mobiliário português, mas passámos de mais de 1.260 fábricas para pouco mais de 700». No ano passado, segundo Gualter Morgado, presidente da Associação Empresarial de Paredes, as exportações de mobiliário das empresas do concelho de Paredes ascenderam a 390 milhões de euros, levando a que Almeida Henriques sublinhasse que «temos de olhar para o Norte do país como o motor do crescimento económico do país, já que se trata de uma região que representa cerca de 40% do total das exportações nacionais». ‹

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› economia ibérica Internacionalizar não é só uma palavra; é uma atitude. Significa orientar e desenhar a atividade da empresa de acordo com esse fim. As dificuldades são muitas: culturais, geográficas, tecnológicas, legais... Daí a necessidade de alinhar todos os departamentos em prol do objetivo comum. E, tendo em conta as dificuldades que estão a sentir muitas

P

pmes, esse trabalho não sempre é fácil.

or isso, convém conhecer e estudar os programas de apoio à internacionalização. Espanha em geral e a Galiza em particular oferecem excelentes programas que podem e devem ser aproveitados pelos empresários portugueses. A seguir analisamos os mais relevantes, demonstrando que o mercado ibérico significa também tirar vantagem destas oportunidades. Para qualquer dúvida ou sugestão não hesitem em contatar-nos em vigo@avinalabogados.com. NOTÍCIAS DA GALIZA E DA EURO-REGIÃO GALIZA-NORTE DE PORTUGAL PONTEVEDRA LIDERA O COMÉRCIO EXTERIOR ESPANHOL DE PEIXE A Alfândega da província de Pontevedra registou aproximadamente 500 mil toneladas das 1,327 milhões de toneladas de peixe importado a nível nacional. Nas exportações, das 816 de toneladas nacionais, 350 mil corresponderam a Pontevedra. Nesse sentido, Espanha é o principal país tanto importador como exportador da UE durante o 2011. A seguir a Espanha no capítulo importador, temos a Alemanha, com 817 mil toneladas e França, com 816 mil toneladas; no capítulo exportador, temos os Países Baixos com 653 mil toneladas e a Dinamarca, com 539 mil toneladas. O SALÃO FRANQUIATLÁNTICO CELEBROU A SUA XII EDIÇÃO EM VIGO A XII edição de Franquiatlántico celebrou-se nos dias 3 e 4 de Março no Auditório Mar de Vigo e à qual assistiram quatro mil pessoas, a maioria empreendedores interessados em informar-se sobre o modelo de negócio e empresários à procura de um franchising. O salão reuniu duzentas marcas representadas por quarenta firmas. Entre os setores presentes figuram agências de viagens, restauração, moda, informática, clínicas, educação, compra e venda de ouro, impressão, telecomunicações e lojas eróticas. Também participaram consultoras nacionais e internacionais e os principais suportes digitais do setor, bem como o Igape e a Conselleria de Educação. O salão repetirá o próximo ano em Vigo com mais superfície, após o êxito de participação. ESPANHA E PORTUGAL DESENHARÃO UMA NOVA PROPOSTA PARA O COMBOIO VIGO-PORTO

A Ministra de Fomento, Ana Pastor e o Ministro português de Economia e Emprego, Álvaro Santos Pereira, acordaram elaborar

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uma proposta para melhorar a ligação ferroviária entre as duas cidades para garantir de forma eficiente o serviço público. Também patuaram dar-se um prazo de seis meses para encontrar a melhor solução para compatibilizar os sistemas de telepeagem das autoestradas dos dois países e resolver os problemas que tenham os condutores galegos com o pagamento das peagens. O comboio entre Vigo e Porto será coberto com dois serviços em cada sentido por dia, embora as despesas geradas por esta linha são consideradas excessivas pelo Governo português. Ambos os ministros decidiram criar um grupo de trabalho que deverá apresentar em breve uma proposta sobre os possíveis cenários que garanta de forma eficiente o serviço público. ENGENHEIROS DA GALIZA E PORTUGAL INSTAM A ESPECIALIZAÇÃO DOS AEROPORTOS O Colegio de Ingenieros da Galiza e a Ordem do mesmo setor profissional do Norte de Portugal apostam pela coordenação dos quatro aeroportos do noroeste através da especialização dos seus tráfegos. Reclamam que os terminais do Porto, A Corunha, Santiago e Vigo deixem de concorrer entre si para serem complementares. Os engenheiros julgam que o aeroporto de Sá Carneiro tem que ser percebido como uma oportunidade, sobre todo para o sul da Galiza. APOIOS E SUBVENÇÕES AJUDAS À INTERNACIONALIZAÇÃO AJUDA: Linha Participação em eventos expositivos que se celebrem fora da Espanha (2012) PRAZO: 30/04/2012 OBJETIVO: Favorecer a participação em eventos expositivos e promocionais internacionais que se celebrem fora da Galiza de tipo comercial ou técnico. BENEFICIÁRIOS: › Empresas que tenham sede social na Galiza › Consórcios de exportação com personalidade jurídica própria domiciliados na Galiza › Associações empresariais, conselhos reguladores de denominação de origem e clusters › Centros tecnológicos e centros de apoio à inovação tecnológica domiciliados na Galiza DESPESAS PASSÍVEIS DE APOIO: › Despesas de aluguer do espaço de exposição › Despesas de aluguer do mobiliário e equipamentos audiovisuais

› Despesas de envio e, se for o caso, de catálogos, produtos, stands e outros materiais necessários para o projeto › Despesas de desenho, montagem e desmontagem e construção do stand › Despesas de viagem desde Galiza e estadia MONTANTE: a) Limite por candidatura:

› 50 % das despesas passíveis de apoios com um limite máximo de 10.000 € no caso de participação organizada ou promovida pela Xunta de Galicia ou pelo ICEX. › 70 % das despesas passíveis de apoios com um limite máximo de 15.000 € no caso de participação por organismos intermédios. b) Limites por conceito:

› Despesas de desenho, montagem e desmontagem e construção do stand: o máximo da subvenção será de 150 € por metro quadrado do stand. › Despesas de viagem: › Para viagens com destino Portugal: 500 € por viagem passível de apoio › Para viagens com destino o resto de Europa: 1.000 € por viagem passível de apoio › Para viagens com destino fora de Europa: 1.500 € por viagem passível de apoio

BENEFICIÁRIOS: Pequenas e médias empresas que tenham sede social na Galiza Associações empresariais, conselhos reguladores de denominação de origem e clusters DESPESAS PASSÍVEIS DE APOIO: Terão consideração de despesas passíveis de apoio durante um máximo de 12 meses compreendidos entre o 1 de Janeiro do exercício até ao 30 de Setembro, os seguintes: Arrendamento dos escritórios, locais, salas de exibição, show rooms e outros espaços quando a atividade do projeto passível de apoio o justifique. Para aqueles solicitantes que, previamente à sua implantação definitiva, decidam realizar a sua atividade de prospeção dentro de centros de negócios, será subvencionado o custo de arrendamento ou quota correspondente. Despesas de viagem e alojamento desde Galiza ao estrangeiro MONTANTE: › 50 % das despesas passíveis de apoio de projetos cujos solicitantes sejam empresas com um limite de 20.000 €. › 60 % de despesas passíveis de apoios de projetos cujos solicitantes sejam organismos intermédios com um limite máximo de 30.000 €. Limite por conceito:

AJUDA: Linha Prospeção Internacional (2012) PRAZO: 30/04/2012 OBJETIVO: Apoiar a prospeção em novos mercados do estrangeiro, prévia a uma possível implantação comercial estável, favorecendo assim a promoção exterior e o incremento da competitividade da empresa mediante o estabelecimento em novos mercados.

Despesas de viagem: foram estabelecidas os seguintes montantes máximos da subvenção em conceito de despesas de viagem e estadia: › Para viagens com destino Portugal: 500 € por viagem passível de apoio › Para viagens com destino resto de Europa: 1.000 € por viagem passível de apoio › Para viagens com destino fora de Europa: 1.500 € por viagem passível de apoio.

EVENTOS E FEIRAS DATA

EVENTO

LUGAR

Abril

CONSTRULAN (Salón de la Construcción, Equipamento e Instalaciones

Bilbao (Vizacaya)

13-15 Abril

EUROBIJOUX & MIBI (Feria Internacional de Fabricantes de Bisutería)

Barcelona

17-19 Abril

IN-COSMETICS (Materias Primas para Perfumería y Cosmética)

Barcelona

18-19 Abril

FUTURMODA, 1ª edición (Salón Internacional de la Piel, Maquinaria y Compon. para Calzado y Marroquineria)

Elche (Alicante)

18-21 Abril

FERIA INTERNACIONAL DEL MUEBLE DE MADRID (Salón Internacional de Mobiliario e Interiorismo)

Madrid

19-21 Abril

EXPOFRANQUICIA (Salón de la Franquicia)

Madrid

19-22 Abril

SITC (Salón Internacional del Turisme a Catalunya)

Barcelona

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› INFRA-ESTRUTURAS

Porto de Setúbal ligado a Madrid

Primeiro-Ministro inaugurou a Fase 1B do Terminal XXI no Porto de Sines

Mais contentores aportam a Sines

O

Primeiro-Ministro Pedro Passos Coelho presidiu à cerimónia de inauguração da Fase 1B do Terminal XXI (Terminal de Contentores) no Porto de Sines, onde também estiveram presentes o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, a presidente da Administração do Porto de Sines, Lídia Sequeira, bem como David Young, CEO da PSA Europa e Mediterrâneo, a empresa de Singapura a quem está concessionado o Terminal XXI. A Fase 1B compreendeu a ampliação do cais em 350 metros, para um total de 730 metros, além da ampliação da área de armazenagem de contentores de 20 hectares para 25 hectares. O terminal está esquipado com cinco pórticos de cais de última geração e 12 gruas de parque, sendo o sexto pórtico de cais e mais três gruas de parque esperados até ao final deste ano. Este investimento vem aumentar a capacidade do Terminal CCI para 1 milhão de TEUs (unidade correspondente a um contentor de 20 pés) por ano. Em 2014, quando a Fase 2 for concluída o investimento total neste terminal atingirá mais de 200 milhões de euros. De acordo com Lídia Sequeira, presidente da APS, «a parceria com a PSA, o maior operador do Mundo de carga contentorizada, constituiu uma garantia de sucesso associando as condições naturais do Porto de Sines e da sua envolvente e o know how de uma entidade que acreditou no projeto e assumiu integralmente o risco de construção e da operação». Já David Young, CEO da PSA Europa e Mediterrâneo, sublinhou que «com este novo investimento a PSA Sines terá capacidade para operar simultaneamente dois megacarriers. E graças às dra-

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O Porto de Setúbal está ligado a Madrid, e ao resto de Espanha, pelo serviço de transporte de mercadorias por ferrovia através da Iberian Link, uma parceria entre os operadores português CP Carga e o espanhol Renfe Mercancías, com uma oferta de três viagens semanais, sendo as partidas do porto sadino às terças, quintas e sextas-feiras. A oferta engloba desde o transporte de contentores isolados até à contratação de comboios completos, com capacidade de 48 TEU. Os pontos de embarque no Porto de Setúbal são os terminais

Sadoport e Rodofer/SPC/Sapec. O tempo de viagem até Madrid Abroñigal ronda as 15 horas, sendo que o prolongamento da viagem até às cidades como Saragoça, Tarragona, Barcelona, Valência ou Bilbao, demoram 24 horas. Com este serviço, estão criadas condições excecionais para o alargamento do hinterland do Porto de Setúbal até Espanha, bem como para o aumento da massa crítica que promova a competitividade e eficiência do porto através de economias de escala, quer na ferrovia, que ao nível do frete marítimo. ‹

gagens dos acessos marítimos e da zona de manobra do Terminal XXI efetuados pela APS, o terminal está agora pronto para receber os futuros grandes porta-contentores de 18.000 TEUs». Pedro Passos Coelho aproveitou a deixa para recordar que em 2014 deverá ser inaugurada a obra de alargamento do Canal do Panamá, o que constituirá justamente uma oportunidade para o aumento estratégico da importância do Porto de Sines, enquanto infra-estrutura portuária de ligação entre vários continentes e local por excelência de transbordo de mercadorias que circulam de forma transoceânica. O líder do governo português agradeceu à PSA o investimento concretizado em Sines, e sublinhou a sua importância como fator de criação de oportunidades de desenvolvimento para o próprio porto mas também para o país. O Primeiro-Ministro não deixou de sublinhar que falta concretizar agora uma ligação ferroviária entre o Porto de Sines e a Europa, esperando que até 2014 essa ligação seja concretizada, pois assegurou que o ministro da Economia (ali presente) estava muito empenhado e em diálogo permanente com os seus colegas espanhol e francês de modo a assegurar que o investimento se concretiza do lado português e que é compatível com os investimentos ferroviários dos lados espanhol e francês, precisamente para que as mercadorias descarregadas em Sines possam chegar ao coração do continente europeu. Todavia, Pedro Passos Coelho não deixou também de aproveitar a cerimónia para referir que a par dos investimentos concretizados no Porto de Sines, os restantes portos portugueses também continuarão a ser modernizados e desenvolvidos. ‹

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› A FECHAR

Semana da Comunidade Portuguesa em Porto Alegre Decorrerá de 19 a 27 de Abril a Semana da Comunidade Portuguesa no estado brasileiro do Rio Grande do Sul, com a realização de diversas cerimónias comemorativas da presença e do papel muito relevante que ao longo de três séculos diversas gerações de portugueses, com particular destaque para os emigrantes açorianos, tiveram, e ainda têm, no de-

senvolvimento do estado mais ao sul do território brasileiro. As comemorações terão início no próprio dia 19 de Abril com uma exposição na Assembleia Legislativa Estadual, na cidade de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, seguindo-se ainda no mesmo dia uma palestra e um debate sobre o Portugal Contemporâneo, que decorrerá na

Escola de Negócios da PUC – Pontifícia Universidade Católica, igualmente em Porto Alegre. Até ao final das comemorações, destaque também para uma exposição fotográfica e a cerimónia de homenagem ao “Dia da Comunidade Luso-Brasileira e aos 260 Anos de povoamento Luso-Açoriano do RGS”, que ocorrerá no dia 26 de Abril. ‹

Vieira de Castro investe A Vieira de Castro, empresa de Vila Nova de Famalicão que produz várias marcas do ramo alimentar, como são os casos das bolachas Maria ou das amêndoas Torra, vai investir 25 milhões de euros numa nova fábrica no concelho. De referir que parte deste investimento na terceira unidade fabril, dirigida à produção de bolachas, principiou a ser concretizado ainda no ano passado. Ana Raquel de Castro, administradora do grupo referiu em declarações ao Diário Económico que «nesta altura, a primeira linha de montagem da nova fábrica já está a funcionar e vamos instalar uma segunda linha devido ao aumento das encomendas». A nova unidade permitirá aumentar a capacidade instalada para mais 15 mil toneladas, duplicando assim a capacidade das duas outras fábricas da empresa, igualmente instaladas naquele concelho minhoto. Cerca de metade das vendas da empresa destinam-se à exportação, destacando-se as vendas para os mercados brasileiro e angolano num total de 45 mercados externos. No final do presente ano a Vieira de Castro estima alcançar um volume de negócios de cerca de 30 milhões de euros. ‹

Intersismet inaugurou Unicer investe sede em Luanda 80 milhões de euros A Intersismet, empresa portuguesa de consultoria e gestão de projetos, inaugurou no início de Março a sua sede em Luanda. A inauguração da nova localização na capital angolana envolve uma nova estratégia de formação e absorção progressiva de novos quadros e consultores angolanos, a que se deverá igualmente seguir a abertura do capital da empresa a sócios angolanos. Fundada em 1978, a Intersismet atua nas áreas da Gestão Pública e Local, com presença em Portugal, Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Guatemala. Em Angola, a empresa conta atualmente com 75 colaboradores. ‹

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António Pires de Lima, CEO da Unicer, informou recentemente que a empresa vai avançar com um investimento de 80 milhões de euros, a concretizar na modernização da unidade industrial de Leça do Balio, no concelho de Matosinhos, e que estará concretizado até Março do próximo ano. O projeto de modernização passará por colocar a fábrica a funcionar com mais duas novas linhas de enchimento, tecnologicamente mais avançadas, além de possui igualmente uma maior capacidade instalada de produção e enchimento que será de 450 milhões de litros, e que poderá mesmo ser estendida até aos 600 milhões de litros. Pires de Lima adiantou que este investimento permitirá também realizar uma poupança de 12 milhões de euros por ano naquela que será, sublinha, «a melhor fábrica de cerveja da Europa». ‹

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