Revista País Economico

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DOSSIER PORTUGAL-ANGOLA – INVESTIMENTOS A CRESCER

Nº 121 › Mensal › Outubro 2012 › 2.20# (IVA incluído)

James Correia Secretário da Indústria da Bahia

José Gonçalves Presidente do SMAS de Almada

Carlos Bayan Ferreira Presidente da CCIPA

Vagão inovador impressionou Berlim Luís Silva Santos, Director-geral da Metalsines, destaca a presença da empresa na Innotrans, através do vagão Eco-Pickers

Outubro 2012 | País €conómico › 1


› Head

Ficha Técnica

Editorial

Propriedade Economipress – Edição de Publicações e Marketing, Lda.

Sócios com mais de 10% do capital social › Jorge Manuel Alegria

Contribuinte 506 047 415

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Redacção › Manuel Gonçalves › Valdemar Bonacho › Jorge Alegria

Fotografia › Rui Rocha Reis

Grafismo & Paginação › António Afonso

Departamento Comercial › Valdemar Bonacho (Director)

Direccção Administrativa e Financeira › Ana Leal Alegria (Directora)

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Morada Avenida 5 de Outubro, nº11 – 1º Dto. 2900-311 Setúbal

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Distribuição Logista Portugal Distribuição de Publicações, SA Ed. Logista – Expansão da Área Ind. do Passil Lote 1-A – Palhavã – 2890 Alcochete Inscrição no I.C.S. nº 124043

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Mais impostos para alimentar o “Monstro” Os senhores juízes do Tribunal Constitucional decidiram há poucos meses que para resolver o problema do défice público português, não poderia o Governo no próximo ano retirar os subsídios de férias e de natal aos trabalhadores da administração pública e aos reformados e pensionistas, porque violava tal situação o princípio da equidade. Referiram os senhores, que não era justo que tal medida abrangesse apenas aqueles que trabalham ou servem a administração pública. Independentemente de se considerar que eventualmente os senhores juízes do Tribunal Constitucional ao tomarem a sua douta decisão estivessem também a olhar para os interesses das suas próprias carteiras enquanto servidores do Estado, não causou propriamente espanto neste país que se considere que para resolver o défice do Estado, não tenha de ser o próprio Estado, e apenas o próprio Estado, a resolver o problema das suas dívidas. Ao que sabemos, quando qualquer privado – cidadão, família ou empresa – assumem dívidas, não é o Estado que tem de arranjar dinheiro para as pagar. São os próprios. Mas quando se fala do Estado decidir em causa própria, já é outra situação, esta muda completamente de figura. Dentro do seu estatuto de poder impositivo sobre a sociedade, considera que os pesados impostos que a sociedade civil – a que não trabalha para o Estado – já paga, não chega. É preciso mais para pagar o défice do Estado, esse “Monstro” como há vários anos lhe chamou o actual Presidente da República – que na altura, ainda não o era. “Obviamente” que o acórdão do Tribunal Constitucional foi aproveitado pelo Governo para anunciar que vem aí mais impostos para o próximo ano. Para cobrir o défice do Estado. E em nome da equidade – expressão muito grata aos juízes do Tribunal Constitucional, e a todos os que trabalham e/ou dependem do Estado – vá de aplicar um aumento de impostos generalizado que abrangerá os trabalhadores do setor público mas igualmente os do setor privado. Tudo em nome da equidade para pagar o défice do estado, que por sua vez não paga o défice dos privados, e paga (muito) tardiamente os seus compromissos aos fornecedores privados, levando-os em muitos casos até à asfixia, senão mesmo à falência financeira. Um autêntico esbulho que leva os cidadãos a trabalharem cada vez mais dias anualmente para alimentar o Estado. Vivemos com um Estado que o país que produz não consegue suportar. Mas, alegremente, não se corta a sério no tamanho e nas funções desse mesmo Estado. Isso levará ao despedimento de muita gente que trabalha no Estado? E depois? Muita gente no setor privado não tem sido sujeita ao mesmo? Que mudem de vida. Paciência, é a vida, como dizia António Guterres! Jorge Gonçalves Alegria

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Índice Grande Entrevista Luís Silva Santos, administrador da Metalsines, explicou em entrevista à País €conómico a importância da presença recente da empresa na InnoTrans 2012 em Berlim, que aconteceu na Alemanha e que reforçou o prestígio da empresa além-fronteiras, além do igualmente importante reforço da carteira de encomendas da empresa. De sublinhar, igualmente, a capacidade de inovação e qualidade que esta empresa localizada em Sines tem revelado, sinónimo de que em Portugal as empresas nacionais – e a Metalsines e a Compelmada são exemplos magníficos – possuem condições de competitividade à escala internacional e podem afirmar-se no Mundo.

pág. 16 a 20

Ainda nesta edição…

13 14 15 22 24 28 32 33 34 43 44 50 50

Nova Etapa forma profissionais de saúde em Angola Aicep Parques e IPS em parceria

PFR Invest destinguida

Bahia quer atrair investimentos portugueses

V Seminário de Oportunidades de Negócios Bahia/Portugal

Sata começou a voar para Salvador

Nanium investe em Minas Gerais

Embraer inaugurou fábricas em Évora

Jayme da Costa aposta nas energias renováveis

Grande Plano O relacionamento entre Portugal e Angola continua a registar forte crescimento. Quase oito mil empresas portuguesas exportam para Angola, e este país é sustentadamente o quarto destino mundial das exportações nacionais. Apesar da crise financeira que assola muitas empresas portuguesas, ainda assim, o investimento luso em Angola continua a registar índices apreciáveis, embora tenha diminuído nos últimos anos. Já o investimento angolano em Portugal continua em alta, sendo que no primeiro semestre deste ano já cresceu 273% face ao período homólogo do ano anterior.

pág. 06 a 13

Casa Agrícola Cortez de Lobão inaugurou lagar em Serpa

Encontro Nacional do Azeite em Ferreira do Alentejo Grupo Vila Galé considerado o Melhor em Portugal

Nova SBE sobre no ranking do Finantial Times

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› gRANDE PLANO Relações luso-angolanas continuam a crescer e tem oportunidades para acelerarem ainda mais

Portugal é o primeiro fornecedor de Angola

E

m 2011 foram 7.893 as empresas portuguesas que exportaram bens e serviços para Angola, num valor global que ascendeu a 2.335 mil milhões de euros. Portugal foi assim o primeiro fornecedor de Angola no ano passado, passando de uma quota de 16,87% do mercado angolano em 2010 para uma quota de 21,38% em 2011. E os dados do primeiro semestre do corrente ano também são positivos. Da mesma forma, tem crescido acentuadamente as vendas de petróleo angolano a Portugal, colocando o país africano com vendas no ano passado em 1.177 mil milhões de euros. No entanto, sendo os números importantes como medidores do relacionamento entre os dois países, saliente-se que o potencial e as oportunidades de crescimento continuam a existir, embora haja também a

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consciência de se registar uma evolução nesse relacionamento, pois as empresas portuguesas precisam de estarem mais engajadas no próprio território de Angola, situação para as quais as parcerias locais são muito importantes. Voltando aos números, Angola solidificou-se como o quarto principal cliente mundial dos bens e serviços portugueses, subindo de uma percentagem nas exportações nacionais de 5,21% em 2010 para 5,52% em 2011. De referir, que no primeiro semestre de 2012, essa percentagem continuou a subir, no caso para os 5,74%. Já no que respeita à importação de produtos angolanos, num leque onde o petróleo pesa 99,3%, o peso daquele país da costa ocidental de África atingiu no ano passado 2,04% das importações portuguesas e no primeiro semestre deste ano subiu

para 3,05%. Angola é presentemente o sétimo fornecedor de Portugal, representando o nosso país 2,76% das exportações angolanas. No que respeita aos principais produtos exportados por Portugal para Angola, saliência para as máquinas e aparelhos (21,7%), produtos alimentares (18,1%), metais comuns (12,9%), produtos agrícolas (7,9%), químicos (7,1%), plásticos e borracha (4,5%), veículos e outro material de transporte (4,1%), minerais e minérios (4,1%), pastas celulósicas e papel (3,4%) e instrumentos de óptica e precisão (2,4%). No que respeita ao investimento directo, um tema muito em voga nas relações empresariais luso-angolanas, é de referir que as empresas portuguesas têm diminuído nos últimos anos os investimentos em Angola, registando-se maiores níveis de desinvestimento. Em 2010, os investimentos portugueses atingiram 669.472 milhões de euros, enquanto em 2011 se reduzia drasticamente para 246.371 milhões de euros. No primeiro semestre do presente ano, o investimento nacional em Angola atingiu os 118.937 milhões de euros, um crescimento de 7,7% em relação ao período homólogo do ano passado. Cada vez mais presente em Portugal tem sido os capitais de empresas angolanas, com investimento importantes nos setores da banca, telecomunicações, energia e vitivicultura. Em 2010, o investimento angolano em Portugal atingiu os 32.842 milhões de euros, enquanto no ano seguinte chegava aos 70.328 milhões de euros. No primeiro semestre de 2012, os investimentos angolanos em Portugal atingiram a cifra de 130.699 milhões de euros, um aumento de 273,7% face ao mesmo período do ano passado quando se ficaram pelos 34.976 milhões de euros. ‹

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› grande plano Carlos Bayan Ferreira, Presidente da Direção e da Comissão Executiva da Câmara de Comércio e Indústria Portugal-Angola (CCIPA)

Angola é um país para as empresas portuguesas apostarem Quase oito mil empresas portuguesas exportam para Angola, e várias centenas decidiram investir naquele país africano. Carlos Bayan Ferreira, é o Presidente da CCIPA, e nesta entrevista à País €conómico traça o quadro positivo em que se movem actualemente as relações entre os dois países, referindo que existem condições para aumentar os fluxos de investimento, até em virtude do programa de privatizações em Portugal, que poderá ser muito interessante para a internacionalização de várias empresas angolanas. Texto › VALDEMAR BONACHO

As relações económicas entre Portugal e Angola estão a viver um dos seus melhores momentos, havendo mais de 7000 mil empresas portuguesas com presença em Angola. Com a crise que se instalou em Portugal é previsível que os empresários portugueses continuem a ver em Angola um mercado de oportunidades que lhes permita a sustentabilidade das suas empresas?

Existem, presentemente, 7000 a 8000 empresas portuguesas exportadoras para Angola. Embora a sua presença no mercado angolano não assente na existência de um estabelecimento estável local, nos últimos anos (principalmente a partir de 2002) muitas tradings portuguesas optaram por constituir empresas de direito angolano e abrir sucursais em Angola, pois perceberam que seria mais fácil para a sua actividade e para os próprios consumidores dos seus produtos estarem em ambos os mercados: como fornecedoras em Portugal, como importadoras e distribuidoras em Angola, eliminando desta forma alguns intermediários e assegurando o contacto directo com os seus clientes locais. Não obstante Angola ser um mercado natural para Portugal como Portugal o é para Angola (pela partilha de uma língua

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| FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS

comum, pela fácil adaptação cultural entre portugueses e angolanos, pelo bom relacionamento interpessoal resultante de laços históricos antigos e profundos), a crise vivida nos últimos anos em Portugal tem afectado, principalmente, as relações de investimento entre os dois países, pois a descapitalização das empresas nacionais dificulta-lhes sobremaneira investir num país que, para além de longínquo e que implica elevados custos burocráticos, técnicos, humanos e de contexto, ainda apresenta algum risco do ponto de vista cambial e económico. No domínio do comércio, a realidade é diferente: 2011 e os primeiros sete meses de 2012 mostraram que os fluxos comerciais bilaterais se intensificaram, apresentando a balança comercial bilateral a favor de Portugal um saldo positivo cada vez menor relativamente a Angola, tendo mesmo registado, em Janeiro-Fevereiro de 2012, um saldo positivo a favor desta. Ou seja: se as exportações portuguesas aumentaram, o mesmo sucedeu com as exportações angolanas, com o petróleo a assumir cerca de 99% do seu total. Em números: em 2011 e relativamente a 2010, as exportações portuguesas para Angola cresceram 22%, enquanto as im-

portações nacionais provenientes de Angola aumentaram cerca de 109%. Entre Janeiro e Julho de 2012, as exportações portuguesas para o mercado angolano atingiram €1.596,6 milhões de euros e as exportações angolanas para o mercado português registaram €930,6 milhões de euros, representando acréscimos, respectivamente, de 39,7% e 118,4% relativamente a igual período de 2011. Acha que o mercado de Angola poderá compensar as quebras provocadas pela crise europeia junto das empresas portuguesas?

O mercado angolano não é e não pode ser visto como uma alternativa aos mercados europeus, que são os que se estão a ressentir da crise internacional. Com efeito, a organização interna da economia angolana assenta em procedimentos e características próprias e os mecanismos de acesso e de fixação não são idênticos aos que uma empresa portuguesa utilizaria se estivesse a ponderar investir, por exemplo, na Europa central. Isto implica que um potencial investidor em Angola, no domínio do investimento directo ou do comércio ou da prestação de serviços às empresas, efectue um atu-

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› grande plano rado estudo prévio da realidade que vai encontrar, visite o mercado e verifique se os seus produtos têm aceitação local, observe os concorrentes de outros países e a sua implementação no mercado, aprecie as formas locais de fazer negócio e, depois de ponderados os prós e os contras de um investimento que ficará a cerca de 7000 Km de distância, decida racionalmente se vale a pena correr os riscos envolvidos. Trabalhar com Angola não é um desígnio ao alcance de qualquer empresa! Se a decisão do empresário se der pela positiva, então o investidor português tem em Angola um amplo espaço onde desenvolver a sua actividade, pois os produtos fabricados em Portugal, os serviços prestados e as obras realizadas por empresas portuguesas continuam, em muitos casos, a ser a primeira escolha dos consumidores angolanos, oferecendo o mercado boas perspectivas de crescimento e desenvolvimento. Investimentos em Angola têm de ser sustentados Angola é - todos sabemos - um projeto de futuro. Mas será que em termos de sustentabilidade financeira todas as empresas portuguesas que operam em Angola têm condições para continuar o seu processo de internacionalização com aquele País?

As variáveis que determinam o sucesso ou o fracasso de um projecto empresarial são muitas, seja qual for o mercado de que estejamos a falar. No caso particular do mercado angolano, para além de, como dissemos, implicar custos elevados em termos humanos, técnicos, de contexto, financeiros, apresenta um conjunto de características próprias que é preciso ter em conta. Principalmente, é fundamental respeitar e obedecer às normas definidas pelas autoridades angolanas, o que levanta a questão da importância do acompanhamento da actividade da empresa por uma sociedade de advogados local, com valências diversas, apta a apoiar o projecto desde o seu embrião até à sua implementação e ao seu funcionamento regular, incluindo as relações

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com as autoridades locais (Ministério do Comércio, Finanças, Segurança Social, Imprensa Nacional, IAPI, IANORQ, entre outros). Se o empresário que pretender desenvolver a sua actividade em Angola tiver um projecto sustentável de médio ou longo prazo, respeitar o modus operandi local, estabelecer uma rede de contactos úteis e agir correctamente do ponto de vista técnico, comercial, ético, diríamos que tem criadas as condições para ter sucesso em Angola. Não podemos, naturalmente, ignorar a existência de empresários que, por motivos diversos, não se encontram vocacionados para integrar e respeitar a estrutura do mercado nacional e, neste caso sim, é provável que num curto espaço de tempo não disponham de condições financeiras, humanas e relacionais que lhes permitam prosseguir a sua estadia em Angola.

De entre as muitas áreas viáveis, destacaríamos, para o curto e o médio prazos: a construção e os materiais de construção, a electricidade, as telecomunicações, o saneamento, a metalurgia e a metalomecânica, a agroindustrial e a agroalimentar, a banca, a energia, a prestação de serviços às empresas, a distribuição, a hotelaria, a formação e qualificação profissional. A estabilização política do país não permitiu, apenas, a expansão das actividades empresariais tradicionais mas originou, também, a diversificação dos produtos e serviços postos à disposição dos consumidores, justificando o aparecimento de novas necessidades e preocupações resultantes, nomeadamente, do aumento da população. Actividades como o marketing e a concepção de campanhas publicitárias adequadas às características do mercado angolano; a preocupação com a protecção do ambiente, através da recolha e tratamento do lixo, construção de aterros, reciclagem e compostagem; as medidas de preservação dos recursos naturais, da fauna e da flora nativas; o aparecimento de unidades de saúde privadas especializadas e de carácter geral; a multiplicação dos meios de comunicação escritos como sejam os jornais e as revistas de natureza genérica mas também técnica e especializada… enfim, é toda uma panóplia de actividades que vêm complementar as tradicionalmente de “sucesso garantido” e que resultam do desenvolvimento do mercado, da sua cada vez maior abertura ao exterior e dos contactos com parceiros oriundos das mais diversas partes do mundo.

100% relativamente a 2010 (não existem, ainda, dados disponíveis para 2012). O crescimento da economia angolana ao longo dos últimos anos proporcionou aos agentes económicos nacionais condições adequadas à expansão das suas actividades a nível interno e, no caso de algumas empresas mais dotadas do ponto de vista financeiro e técnico, à sua internacionalização. Parece-nos que esta nova orientação do investimento angolano e a viragem da economia de Angola para o exterior tenderá a consolidar-se num futuro próximo, assente num continuado e acentuado crescimento e no forte desenvolvimento económico e financeiro do país. Por outro lado, o programa de privatizações em curso em Portugal, que inclui empresas, nomeadamente, nos sectores da energia, banca, navegação aérea, cultura, saúde e meios de comunicação, com um bom desempenho e resultados muito atractivos, tem suscitado o interesse de potenciais investidores provenientes de diversas origens geográficas, incluindo Angola. Nesta sequência, afigura-se-nos expectável e normal que os empresários angolanos, e dado o bom relacionamento existente entre os dois países, participem na privatização de empresas portuguesas e se assumam como seus accionistas, num duplo movimento de internacionalização que, baseado em Portugal, lhes abre simultaneamente as portas para os mercados europeus. Embora haja diversos privados angolanos por detrás destes investimentos, o principal investidor até agora tem sido

Angola investe bastante em Portugal

a SONANGOL, que foi acumulando uma

Na sua opinião, quais são os setores de

Quanto valem hoje os investimentos an-

português - Milennium BCP - e também

atividade que poderão ter mais sucesso

golanos em Portugal? No final de 2010

na Galp Energia. Esta fase menos boa

em Angola?

o investimento angolano representava

que Portugal vive é convidativa para os

Praticamente todas as áreas de actividade poderão ser áreas de sucesso em Angola, dado que a produção nacional é, ainda, incipiente; as carências são muitas; a economia angolana apresenta índices de crescimento e desenvolvimento dos mais elevados do mundo.

3,6% do mercado accionista português,

investidores angolanos reforçarem os

um total de 2,18 mil milhões de euros.

seus investimentos no nosso País?

Esta situação melhorou muito? Que sig-

As empresas portuguesas com capacidade para crescerem dentro e fora de fronteiras encontram-se, na maior parte dos casos, cotadas em Bolsa, o que significa que podem ser alvo de compra e venda e de

nificado tem ela?

O investimento directo angolano em Portugal em 2011 atingiu € 70.328 milhares, o que significou um crescimento superior a

participação no meio bancário privado

“troca” de accionistas, incluindo nos seus processos de aumento de capital. A presença em Bolsa de empresas com bons índices de crescimento sólido e consolidado – como é o caso da banca em geral e da GALP - atrai, naturalmente, as atenções de outras empresas de outros países que visam ampliar e expandir as suas actividades e presença para outros destinos. É, pois, natural, que a Sonangol, a par de outras empresas angolanas dotadas de capacidade financeira e com uma estratégia de crescimento além-fronteiras, estejam atentas às possibilidades que se lhes abrem em países tradicionalmente seus parceiros e que dispõem de projectos atractivos, consentâneos com os seus modelos de crescimento e apetecíveis aos seus investimentos. Não nos parece que a entrada dos investimentos angolanos em Portugal seja função da situação menos boa vivida em Portugal mas antes das características da nossa economia e da forma como a economia angolana se está a estruturar, nomeadamente ao nível da abertura do seu próprio mercado de capitais. São relações económicas internacionais comuns nos meandros da actividade financeira em Bolsa. O investimento português também está a registar nota positiva?

A crise vivida pelas empresas portuguesas tem tido um impacto negativo nos fluxos de investimento directo português em Angola: sofreu uma quebra de 63,20% de 2010 para 2011, com valores absolutos respectivos de € 669,5 milhões e € 246,4 milhões. A descapitalização das unidades económicas nacionais dificulta-lhes a implementação de projectos além-fronteiras, vendo-se elas obrigadas a procurar salvaguardar a sua subsistência em território nacional. Outros factores relacionados com a actual situação menos positiva do investimento português em Angola prendem-se com aspectos como: - a entrada em vigor da nova Lei de Investimento Privado em Angola, em Julho de 2011, que subentende o investimento de 1

milhão de USD para que possam ser atribuídos incentivos e benefícios previstos na Lei, nomeadamente no que se refere ao repatriamento dos resultados da actividade empresarial. Sendo o tecido empresarial português constituído, principalmente, por pequenas e médias empresas, é compreensível que grande parte dos potenciais investidores se vejam limitados na concretização das suas pretensões, optando por estar presentes no país sob outras formas menos onerosas. Esta opção não significa que estas empresas sejam menos úteis ao processo de crescimento e desenvolvimento económico angolano, pois podem participar como fornecedoras, por exemplo, de matérias-primas aos grandes projectos, ou como consumidoras dos seus produtos e serviços finais. Algumas das limitações inerentes à dimensão das empresas portuguesas poderão ser atenuadas se elas privilegiarem a apresentação de projectos comuns, preferencialmente em parceria com empresários angolanos, pois estas parcerias permitir-lhes-ão alcançar maior dimensão financeira, aproveitar as diversas capacidades de cada um e assim assegurar uma maior adequação dos seus projectos às necessidades da economia angolana; - a existência de instrumentos insuficientes ou de lentidão nos processos de atribuição de financiamento aos projectos de internacionalização das empresas portuguesas contribui para que o investidor esmoreça e acabe por desistir da sua pretensão, pois se por um lado não pode concretizá-la com recurso a capitais próprios, por outro lado, arrisca-se a perder a oportunidade de negócio; - no domínio do comércio externo, as limitações impostas às operações de invisíveis correntes em Angola podem ocasionalmente contribuir para atrasar os pagamentos aos exportadores. Contudo, é de salientar que Angola é uma economia sólida e em desenvolvimento e toda a política cambial e económica que tem prosseguido nos últimos anos assegura aos seus parceiros internos e externos a regularização de eventuais situações em curtos espaços de tempo. ‹

Outubro 2012 | País €conómico › 11


› GRANDE PLANO

notícias

Angola: avisos à navegação

E

m notícia recentemente veiculada por alguns órgãos da imprensa angolana, a Agência Nacional de Investimento Privado (ANIP) terá assinalado que existirão empresas estrangeiras a operar em Angola sem passar pela ANIP. A agência alerta que se trata de uma situação ilegal da qual a única forma de sair passa pela respetiva legalização. Ainda recentemente, em conversa com um empresário estabelecido em Angola, esta situação foi-me confirmada e aparentemente até elogiada tendo em consideração a demora, a burocracia e as novas exigências levantadas pelo processo de legalização do investimento estrangeiro no país, que parecem não compensar face aos benefícios e ao tratamento que na prática as empresas legalmente constituídas obtém relativamente àquelas que atuam à margem da lei. Esta prática não é nova e apesar dos enormes riscos que encerra tem sido frequentemente utilizada por alguns empresários como forma de agilizar o processo de implantação das suas empresas no território. Mesmo sem conhecer as motivações que terão levado às recentes declarações Francisco Faria, Diretor de Risco da SOFID da ANIP não será de estranhar que se esteja a assistir ao seu aumento tendo nomeadamente em conta a entrada em vigor da nova legislação sobre o investimento estrangeiro (investimento privado na denominação legal – Lei nº 20/11 de 20 de Maio) que define como limite mínimo para as operações de investimento externo o montante de USD 1 milhão por cada investidor para garantir o repatriamento dos capitais gerados com o investimento, ou sejam lucros e dividendos. É certo que a nova lei, colhendo os ensinamentos de oito anos de aplicação da lei que a antecedeu, procura ajustar a captação de IDE aos interesses da economia angolana, tentando limitar a saída de capitais do país que, ainda que muitas vezes de forma legal,

12 › País €conómico | Outubro 2012

vinha correspondendo a retornos demasiado rápidos de investimentos que desse modo pouco contribuíam para o desenvolvimento de Angola. Recordo a intervenção do Dr. Aguinaldo Jaime em Julho de 2011, quando na apresentação da nova lei aos empresários portugueses em Lisboa referiu que essa “fuga de capitais” foi particularmente relevante nos finais de 2009 como consequência da crise que o país então viveu, em nada ajudando à sua superação e tornando-se mesmo numa situação insustentável. Desta forma a nova lei acentua a necessidade de captação de investimento estruturante, o “bom investimento”, em detrimento do investimento oportunista e de curto prazo, o “mau investimento”. Mas se são compreensíveis as limitações introduzidas à repatriação de lucros e dividendos em função dos prazos do investimento, do impacto socioeconómico e da sua influência na diminuição das assimetrias regionais, já parece mais difícil perceber a limitação imposta pela sua dimensão. Com efeito, nem todo o grande investimento é bom e nem todo pequeno investimento é mau. A necessidade de grandes investimentos associados quer ao desenvolvimento de infraestruturas, quer à implantação de grandes projetos industriais ou agrícolas não dispensa a existência no tecido empresarial de PME que complementem a atuação das grandes empresas quer em sectores onde estas não tem vocação, interesse ou vantagens em estar presentes, quer no fornecimento dos seus consumos intermédios. Num país em que a classe empresarial é ainda muito reduzida esta medida arrisca-se a ter um enorme impacto negativo na criação de uma classe nacional de pequenos e médios empresários bem como na criação de emprego e na diminuição da economia informal que tanto parece preocupar a ANIP (pequenos investimentos fora de controle). ‹

ASK cresce em Angola e Brasil

Nova Etapa forma recursos humanos em Angola A Nova Etapa, empresa portuguesa com sede em Lisboa, firmou um Protocolo de Cooperação com o Ministério da Saúde de Angola (MINSA), com vista ao desenvolvimento de programas de formação profissional para os trabalhadores da área da saúde, em todas as províncias do país. No âmbito do acordo assinado, a Nova Etapa irá também colaborar na organização de centros de formação que terão como áreas de intervenção prioritárias a formação em qualidade, gestão, liderança, segurança e higiene no trabalho, gestão administrativa, formação de formadores, de modo a atingir objectivos globais como sejam as de recriar as instituições de saúde angolanas, de valorizar e dignificar os seus colaboradores e humanizar os cuidados de saúde aos utentes. Segundo António Mão de Ferro, Director Geral da Nova Etapa, «estamos certos de que, tal como em Portugal, também em Angola, a Nova Etapa se afirmará como um referência na formação profissional e na consultoria. Da parte angolana, o protocolo foi assinado por António Costa Alves, Director Nacional dos Recursos Humanos do Ministério da Saúde de Angola. ‹

IFE promove Millennium acções Angola em Luanda distinguido A IFE – International Faculty for Executives, sob a insígnia IFE Angola, vai levar a cabo neste mês de Outubro, uma série de acções de formação em Luanda, com programas presenciais desenhados à medida das empresas angolanas. Organizados em executive trainings de três dias, seminários de dois dias e conferências de um dia, os temas abordados nestas acções abrangem áreas importantes da actuação das empresas. No final, os participantes receberão material de apoio e um certificado de formação. ‹

O Banco Millennium Angola foi eleito pela segunda vez consecutivo, o Melhor Banco com capital maioritariamente estrangeiro em Angola, distinção atribuída pela revista EMEA (Europa, Médio-Oriente e África) Finance. Segundo o júri da publicação, o Millennium Angola distinguiu-se pelo seu desempenho sustentado, inovação contínua, crescimento sólido e capacidade de produção de resultados acima das expectativas. A distinção considerou igualmente o facto do maior banco privado português em Angola ter como maior accionista a empresa angolana Sonangol e o Banco Privado Atlântico. ‹

A ASK – Advisory Services Kapital, empresa portuguesa de assessoria financeira pretende lançar até ao final do presente ano um fundo de “private equity” no mercado brasileiro, onde já dispõe de escritórios. Segundo Nuno Miranda, presidente executivo da ASK, em entrevista ao portal Portugal Funds People, referiu a sua avaliação positiva na integração das actividades da empresa entre Portugal, Angola e Brasil, «apesar das dificuldades em fazer negócios». Para o responsável da ASK, «em Angola estamos focados na prestação de serviços de assessoria financeira. E essa área tem crescido muito, essencialmente na assessoria de contratação de passivos bancários para as empresas». A empresa tem sede em Lisboa e conta com 35 colaboradores e escritórios em Portugal, Brasil e Angola. ‹

Myspace chega a Angola e Moçambique A Myspace, o maior site de entretenimento do mundo e em Portugal, e a 38K Media & Entertainment, anunciaram uma extensão da parceria estratégica que os une no mercado português, para Angola e Moçambique. Segundo João Martins, sócio-fundador da 48K, e que passou agora a acumular à direcção geral do Myspace Portugal, as de Angola e Moçambique, «o potencial destes mercados em expansão é inegável, e a 48K acredita que pode utilizar a sua estrutura e know how do negócio do entretenimento e da música, não só para lançar operações locais, mas também para construir pontes importantes para marcas que investem no segmento e têm também elas negócio potencial nestes países». ‹

Outubro 2012 | País €conómico › 13


› NOTÍCIAS

› A ABRIR

Subindo na Pirâmide

Adília Lisboa

Cavaco Silva

A Presidente da Comissão Executiva da

O Presidente da República assumiu um papel que o país generalizadamente considerou como muito positivo na crise política e social que se agudizou em Setembro, agindo como moderador de tensões e atuando como elemento aglutinador do diálogo e de consensos mínimos entre os vários agentes do poder e da sociedade. É esse o seu papel, e desta

Confederação do Turismo de Portugal recebeu das mãos da secretária de Estado do Turismo a Medalha de Mérito Turístico, reconhecimento do seu trabalho e empenho em prol do turismo nacional e da ocupação de vários cargos públicos da maior relevância, incluindo a de Chefe de Gabinete da Secretaria de Estado do

vez desempenhou-o muito bem. ‹

Turismo. ‹

Aicep Parques e IPS cooperam Gonçalo Rebelo de Almeida O Diretor da Marketing e Vendas do Grupo Vila Galé, segundo maior grupo hoteleiro português, com forte presença em Portugal e no Brasil, recebeu em Coimbra o prémio de Melhor Grupo Hoteleiro em Portugal, atribuição da prestigiada publicação turística Publituris. Inovação, qualidade do serviço prestado e comunicação, estiveram na base do prémio atribuído à Vila Galé. ‹

Nuno Paisana É o novo Diretor de Comunicação da Pressinform, a mais nova agência de comunicação criada no panorama nacional das agências de comunicação empresarial. O novo responsável é detentor de uma larga experiência e conhecimento do mercado português, apostando agora numa nova via de comunicar e contribuir para o crescimento de várias empresas nacionais suas clientes.. ‹

14 › País €conómico | Outubro 2012

A Aicep Global Parques e o Instituto Politécnico de Setúbal assinaram um protocolo visando a partilha de experiências e conhecimento entre as duas entidades. Destacam-se sobretudo a disponibilidade de espaços no BlueBiz – Parque Empresarial de Setúbal da Aicep Global Parques, para a localização de empresas start-ups do IPS com condições especiais e a possibilidade de utilização dos serviços prestados pelo IPS às empresas do BlueBiz. No ato da assinatura do protocolo, Francisco Sá, Presidente Executivo da Aicep Global Parques referiu que «este protocolo revela o nosso empenho no desenvolvimento económico da região de Setúbal», adiantando ainda que «o alargamento de serviços do BlueBiz, graças à parceria com o IPS tornará o Parque mais competitivo e atrairá mais empresas à região». Para o presidente do IPS, Armando Pires, «esta parceria permite uma cooperação mais estreita com as empresas instaladas no BlueBiz, como tem vindo a acontecer em alguns casos, e ainda a possibilidade de estender a oferta a novas empresas, quer pela disponibilização de mão-de-obra qualificada quer pela participação em projetos de cooperação». ‹

Porto de Setúbal exporta mais A atividade exportadora através do Porto de Setúbal cresceu 5% no período compreendido entre Janeiro e Agosto do presente ano, tendo-se cifrado em cerca de 2,9 milhões de toneladas exportadas pelo porto sadino. Segundo nota emitida pela APSS, nos primeiros oito meses do ano destacaram-se o desempenho dos terminais Multiusos Zona 2, Secil, Termitrena e Praias do Sado. De referir que as mercadorias com maior peso no papel exportador do Porto de Setúbal têm sido o cimento com 977 mil toneladas, o clínquer com 667 mil toneladas, os produtos siderúrgicos com 353 mil toneladas, os minérios com 292 mil toneladas, o papel com 146 mil toneladas e as viaturas novas com 68 mil toneladas. ‹

Mário Vilalva

“Paços de Ferreira – Investir no Lugar Certo”

PFR Invest recebeu prémio europeu A PFR Invest foi distinguida com o 1º Prémio na categoria de Melhoria do Ambiente Empresarial dos Prémios Europeus de Promoção Empresarial. Criado pela Comissão Europeia e dinamizado em Portugal pelo IAPMEI, este galardão reveste-se de significativa importância em Portugal, na medida em que concorreram um elevado número de candidaturas (mais de 90), na sua maioria de elevada qualidade. A PFR Invest concorreu com o projeto de dinamização empresarial “Paços de Ferreira – Investir no Lugar Certo”. A Cidade Industrial (zonas industriais) com a Cidade Tecnológica (solução integrada de acolhimento empresarial) e o Sistema de Incentivos ao Investimento foram reconhecidos numa estratégia considerada de excelência, que valeu à empresa da Capital do Móvel o primeiro lugar e o reconhecimento de todos os presentes no Fórum Tecnológico de Lisboa (Lispolis), espaço onde decorreu a entrega dos prémios. Depois de ter recebido o prémio em causa, Rui Coutinho, presidente da PFR Invest, teve a oportunidade de apresentar o projeto à plateia reunida no Lispolis, onde sublinhou que «temos de continuar a trabalhar cada vez mais para apoiar as nossas empresas, reduzir a burocracia e baixar os custos de contexto. Só assim será possível gerar mais emprego e mais riqueza». É de sublinhar, refere a PFR Invest em comunicado, que entre 2005 e 2011 o volume de negócios do concelho de Paços de Ferreira cresceu 100% e o volume de exportações cresceu 127%. ‹

O Embaixador do Brasil em Portugal, cargo que ocupa pela segunda vez, tem desempenhado um papel muito importante no passar da mensagem às empresas brasileiras de que devem apostar em Portugal e que o programa de privatizações portuguesas vale a pena ter a presença de empresas brasileiras. A inauguração das fábricas da Embraer em Évora foi outro triunfo deste brilhante diplomata brasileiro. ‹

António Castro Henriques O Presidente Executivo da Soares da Costa é um gestor que pauta a sua atuação pela discrição, mas que é de uma eficácia a toda a prova. Prova disso estão expressos no acordo de rescisão contratual com muitos funcionários em Portugal, mas igualmente nas várias obras que o grupo tem ganho em África e no Brasil e Venezuela, tudo sem grande alarido, mas com enormes e reconhecidos proveitos. ‹

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› GRANDE ENTREVISTA Luís Silva Santos, Diretor Geral da Metalsines, SA

«A inovação dos nossos vagões impressionou no “Innotrans-2012”» Em entrevista à País €conómico o diretor geral da Metalsines, SA expressou a sua satisfação pelo sucesso que causou a presença no “InnoTrans-2012” dos vagões Ecopickers fabricados por esta empresa de Sines, que estiveram presentes nesta que é considerada a maior feira do mundo na componente de material circulante ferroviário, e cuja última edição decorreu em Berlim, entre os dias 18 e 21 de Setembro. Luís Silva Santos sublinhou que esta presença elevou a inovação portuguesa. «Tivemos a oportunidade de mostrar em Berlim a pujança da nossa inovação».

A

Texto › VALDEMAR BONACHO

Metalsines, SA é uma empresa portuguesa com mais de 30 anos de experiência no fabrico e exportação de vagões. E esta sua presença no “InnoTrans-2012”, em Berlim, traduziu-se numa oportunidade para lançar uma nova tecnologia multimodal, o Eco-pickers, que Luís Silva Santos classifica de «uma nova geração de vagões, todos com registo de patente, que esperamos venham a tornar o transporte multimodal acessível a todos». Na opinião deste técnico superior, que para além de diretor geral da Metalsines desempenha iguais funções na Compelmada – Internacional, SA, empresa que iniciou a sua atividade em 1994 e que ao nível da manutenção tem uma vasta experiência em Refinarias, Petroquímicas e Centrais Térmicas, «os vagões Eco-pickers não são mais nem menos do que uma resposta aos imperativos ambientais, económicos e sociais que exigem transportes cada vez mais eficientes e menores emissões de gases poluentes». Luís Silva Santos não esconde a sua satisfação pelo

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| FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS

sucesso deste equipamento em Berlim, e desabafa: «O Eco-pickers é um vagão destinado a melhorar o mundo, e mais do que isso, representa o melhor da inovação portuguesa». De referir desde já que a Metalsines, e Compelmada são empresas que partilham as mesmas instalações, tendo a primeira delas 25 trabalhadores e a segunda cerca de 150 trabalhadores. «Mas os trabalhadores temporários são à volta das duas centenas», informou Luís Silva Santos. Concorrência desigual da EMEF O diretor geral da Metalsines, que é um defensor da especialização das empresas, sabe bem que as crises como aquela que vivemos hoje em Portugal, são por vezes geradoras de oportunidades. «No caso da Metalsines, o problema é o seguinte: um dos nossos concorrentes é o Estado, mais concretamente a EMEF – Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário. A EMEF que fazia a manutenção de vagões, há cerca de uma década atrás começou também a construir vagões. Quer isto di-

zer que uma empresa do Estado passou a fazer concorrência a uma empresa privada, e que a Metalsines passou a trabalhar em plano de desigualdade, sem as mesmas armas e sem os mesmos argumentos. Nós não temos acesso a crédito, eles têm. Os salários deles estão sempre disponíveis nos finais dos meses, mas os nossos não. Por outro lado, eles podem perder dinheiro, mas nós não. Se perdermos dinheiro desaparecemos como empresa», reage Luís Silva Santos, que fecharia este seu argumento com mais uma afirmação pertinente. «Ainda por cima usam um argumento que não faz sentido. Como a CP Carga tem 90 por cento do capital social da EMEF, usam um decreto-lei do tempo do Salazar (uma legislação retrógrada) que ainda está em vigor, em que através dela se adjudica em concurso. Isto é matar uma empresa como a nossa…», rematou o diretor geral da Metalsines. Que fazer então perante um cenário como este?! Luís Silva Santos ouve a pergunta do jornalista da P€, e após um brevíssima pausa, esclarece. «Temos aqui umas

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› GRANDE ENTREVISTA

instalações soberbas que o país desperdiça por causa de toda esta envolvência do governo. Pagamos uma renda mensal e temos um direito de superfície de aproximadamente sessenta anos. E já cá estamos há 30 anos. Para além disso estamos estrategicamente localizados junto ao porto de águas profundas de Sines, com ligação direta à rede ferroviária nacional e ainda acessos rodoviários, diretos e por auto-estrada, às principais cidades do país e da Europa. Tudo isto são ingredientes para uma empresa como a nossa estar no

mercado, participando do desenvolvimento de Portugal, como já aconteceu tempos atrás», resumiu Luís Silva Santos, para lembrar que a Refinaria de Sines foi quase toda ela construída com tecnologia nossa. Optar pela diversificação Luís Silva Santos passaria a fixar o seu discurso na crise e nas soluções que a sua empresa vai encontrando para fazer face a esta mesma crise. «Há uma crise no país e a CP também não está a investir, e quando investe utiliza a sua participada.

Nós ficamos, um bocado, com as sobras. O que eles não querem fica para nós. Sendo assim, decidimo-nos pela diversificação. Através da Compelmada, que é a outra empresa do grupo FTM, a que estamos ligados, nós temos estado a executar obra, sobretudo para o estrangeiro, para clientes multinacionais, e voltamo-nos para os Skids. A Metalsines apresentou com muito sucesso na última edição do InnoTrans, em Berlim, onde estivemos presentes de 18 a 21 de Setembro, o protótipo do Shiploader de 1300 toneladas, em construção no porto de Sines. Foi todo ele construído pela Metalsines e será exportado para a Mauritânea através do porto de Sines, entre 10 a 15 milhões. Estamos a falar de uma transação à volta dos 6 milhões de euros, e há outros interessados», revelou o diretor geral da Metalsines. Numa referência direta aos vagões Eco-pickers, Luís Silva Santos reconhece que a presença em Berlim deste produto de inovação portuguesa, impressionou o mercado internacional. Vagões Eco-pickers: baixo custo e funcionais Mas o que são os vagões Eco-pickers?! Destinam-se ao transporte de camiões ou semirreboques, e ao contrário das so-

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luções atualmente disponíveis no mercado, dispensam qualquer dispositivo elétrico, pneumático ou adicional. Além disso, operam praticamente em qualquer local, permitem carregar e descarregar de forma fácil e rápida, não necessitando de um terminal específico nem de recurso a equipamento adicional para a operação (como gruas). «Uma verdadeira revolução da tecnologia portuguesa», como salientou a determinado passo desta entrevista o diretor geral da Metalsines. Ainda a respeito do Eco-pickers e seguindo as explicações de Luís Silva Santos, existem dois modelos destes vagões. O “Woles”, que possuindo dois bogies pode transportar um camião inteiro; e o “Multi” – especialmente indicado para semi-reboques, cada vagão possui apenas um bogie (partilhado). «É um vagão a muito baixo custo, que vai permitir a conciliação do transporte rodoviário com o ferroviário, permitindo, e pela primeira vez, um funcionamento com entregas praticamente porta-a-porta uma vez que pode carregar/descarregar

um camião praticamente em qualquer estação ferroviária», segundo declarações do CEO da Eco-Pickers à TR, que são na íntegra comungadas por Luís Silva Santos. Metalsines e Compelmada complementam-se O diretor geral da Metalsines sabe bem que o caminho da sua empresa é o das exportações. E imaginação (inovação) não falta. «Os Shiploader, os vagões Eco-pickers e as gruas são bons exemplos daquilo que a Metalsines pode produzir para exportar, já que Portugal é, neste capítulo um mercado “pouco interesse”, mais talhado para a vertente da manutenção, outro setor onde somos (Metalsines e a Compelmada) fortíssimos. Na realidade, enquanto a Metalsines continua a ser uma boa referência na área do fabrico de material circulante ferroviário, intervindo também em áreas como a construção civil, obras públicas e particulares; caldeiraria e atividades correlativas; e a juntar a estas as da manutenção indus-

trial em unidades industriais e terminais de carga e transporte, a Compelmada foi criada para a construção metalomecânica e manutenção industrial, e ambas estão aptas para operar em Portugal e no estrangeiro. Muitas intervenções na área da Manutenção Estas duas empresas faturam por ano cerca de 20 milhões de euros, e na sua lista de clientes constam nomes como a Repsol, Galp, Borealis, e outras. «Neste momento em Portugal o maior volume do nosso trabalho está relacionado com a área da manutenção. Tivemos na Repsol uma obra que ascendeu a 1,5 milhões de euros, temos em Leça uma outra grande intervenção, temos também algumas obras na Refinaria de Sines, temos igualmente trabalhos em colaboração com a Setilgest, e estamos ainda a realizar uma obra de reparação e alteração de uns drenos ali na zona do enxofre para a Petrogal. Estão também programadas reparações nuns tanques cujo valor

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› GRANDE ENTREVISTA

da obra ronda os 1,5 milhões de euros, e temos para o porto uma outra paragem no valor de 1,5 milhões de euros. A Repsol e a Galp são neste momento as empresas que vão alimentando a nossa atividade», pormenorizou Luís Silva Santos, para a este respeito dizer ainda que a sua empresa aproveita estes trabalhos que representam 30 por cento do seu ne-

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gócio, procurando no estrangeiro os outros 70 por cento. Produção de skids é uma oportunidade «O ano passado faturámos cerca de 20 milhões de euros, quando em 2010 tínhamos faturado 15 milhões. O acréscimo registado deveu-se à obra que realizámos na

Refinaria de Sines (Petrogal), e para 2012 estamos a contar ficar ao nível das faturação de 2011», esclareceu o diretor geral da Metalsines, com tempo para divulgar aos jornalistas da P€ que a grande aposta futura da sua empresa recai na construção de skids para a indústria petroquímica e para as plataformas petrolíferas. «Estamos a desenvolver este produto com uma multinacional norte-americana há cerca de 3 ou 4 anos, e continuamos a apostar nele. Já fizemos skids para o Irão, Espanha, Argentina, e também aqui para Portugal. Como é um negócio que nos tem corrido bem, vamos continuar a apostar nele. É um mercado que está muito ligado às refinarias, petrolíferas e empresas de prospeção de petróleo, áreas que apesar da crise, estão a funcionar muito bem e são geradoras de bons negócios. Sendo assim, temos de saber aproveitar esta oportunidade, e adianto-lhe que nesta altura já nos foram feitas mais duas adjudicações», concluiu Luís Silva Santos, diretor geral da Metalsines e Compelmada. ‹

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› DOSSIER BAHIA-PORTUGAL Estado brasileiro da Bahia aponta a mira a Portugal como parceiro estratégico no seu desenvolvimento económico

A Bahia de todos os investimentos

Em 1500 o navegador português Pedro Álvares Cabral tocava pela primeira vez em solo brasileiro, num ponto próximo do que veio a ser depois a cidade de Porto Seguro, localizada na zona sul da Bahia. Esse momento madrugador da giesta portuguesa no continente americano constituiu o impulso decisivo para a constituição do Brasil, o país continente que ascendeu no ano passado à condição de sexta maior economia mundial. A Bahia, no contexto brasileiro, é a sexta maior economia do país e a principal da região nordeste. Com um território com uma dimensão superior à da França, com mais de 14 milhões de habitantes, possui grandes riquezas e potencialidades, a todos os níveis. Salvador, a capital da Bahia, está ligada por voo diário a Lisboa, pelo que as empresas portuguesas possuem todas as condições para aproveitarem o potencial económico baiano, um estado brasileiro que se afirma de braços abertos para acolherem os portugueses e as suas empresas, no fundo as suas oportunidades de negócios e de investimentos.

L

ocalizada no sul da região nordeste, mas com um posicionamento privilegiado nas comunicações norte-sul e leste-oeste do território brasileiro, o estado da Bahia ocupa uma área de 567.295,669 km2, uma área superior à do território francês. Contando com 14 milhões de habitantes, a Bahia tem a sua capital em Salvador, que durante mais de dois séculos (até à segunda metade do século XVIII) foi a capital do Brasil. Outras cidades importantes, são Feira de Santana, Vitória da Conquista, o bipolo Itabuna-Ilhéus, Barreiras e o bipolo Juazeiro Petrolina e Porto Seguro. Destaque ainda para os importantes municípios na região metropolitana de Salvador, como são Camaçari, Lauro de Freitas e Simões Filho. A economia baiana é bastante diversificada, mas na qual a agricultura e a agro-indústria assumem um papel muito importante. A Bahia é o principal produtor brasileiro de cacau, sisal, coco, feijão e mandioca. Possui também elevados índices na produção de milho e cana-de-açúcar, além de

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Texto › JORGE Alegria

| FOTOGRAFIA › ARQUIVO

ser um importante produtor de gado bovino, caprino e ovinos. A indústria extrativa possui igualmente um papel relevante na economia baiana, existindo reservas consideráveis de minérios e de petróleo, neste caso, com acentuada produção on shore (em terra).

constituindo mesmo o principal polo petroquímico do Brasil e da América do Sul. Uma quantidade significativa de grandes multinacionais está instalada em Camaçari, como sejam a Ford e a Dow Chemical, mas também um importante centro da Portugal Telecom. Portugueses a chegar O setor do turismo e da construção civil tem merecido fortes apostas empresariais na última década. Contando com a maior extensão de costa atlântica no território brasileiro, a Bahia tem desenvolvido de forma muito significativa as suas infraestruturas e estruturas turísticas e hoteleiras. E neste caso, diga-se, os investimentos portugueses tem sido dos mais significa-

Os principais recursos minerais do estado são o ouro, cobre, magnésio, cobre, manganês, chumbo, urânio, ferro, prata, cristal de rocha e zinco. O setor industrial baiano está em pleno desenvolvimento, sendo o polo industrial de Camaçari um dos principais do país,

tivos, com hotéis reconhecidos pela sua qualidade como são os da Vila Galé (Salvador e Guarajuba), Pestana (Salvador e Pousada de Portugal no Convento do Carmo), Tivoli (Praia do Forte, além de vários

outros hotéis de menor porte espalhados ao longo da luxuriosa costa baiana. Várias outras empresas portuguesas de outros setores de atividade desenvolvem importante ação na Bahia. Sem ser exaustivo, destaque para os grupos Lena e Ramos Catarino, na construção civil, a Cotesi e a Cordebrás na área da indústria do sisal, da Moldit (moldes), da Durit e da Martifer na metalomecânica, sendo de sublinhar que a Martifer é que está a construir e montar a cobertura metálica do estádio Fonte Nova, em Salvador, palco que receberá jogos de futebol da Taça das Confederações em 2013 e do Campeonato do Mundo em 2014. No entanto, para além das realidades presentes, o estado da Bahia quer chegar

mais longe e aposta num vasto e ambicioso programa de modernização das suas infra-estruturas e na capacitação dos seus cidadãos para atingir níveis de desenvolvimento e de bem-estar social mais elevados. Como sublinha o Secretário de Estado

James Correia, em entrevista nesta edição, sob o impulso dos últimos governos federais de Lula da Silva e Dilma Rousseff, e do Governador Jacques Wagner, a Bahia atravessa um momento pujante de investimentos que deverão transformar muito significativamente a economia estadual. Segundo dados do governo da Bahia, estão previstos a concretização de um conjunto de 470 empreendimentos que totalizarão um investimento de 32,5 mil milhões de dólares e a criação de 63 mil empregos. De entre estes, grande destaque para a construção em curso da ferrovia leste-oeste, para o complexo logístico intermodal Porto Sul e a via expressa Baía de Todos os Santos, além dos projetos previstos da Ponte Salvador-Itaparica e as obras de mobilidade urbana. Destaque para os investimentos muito significativos a realizar no Porto de Aratu, que ascenderão a 4,2 mil milhões de dólares. Para atrair empresas nacionais e internacionais, além de fomentar o empreendorismo interno, os empresários na Bahia poderão contar com um conjunto significativo e generoso de incentivos fiscais e beneficiar de programas financeiros específicos de apoio ao investimento. Por isso, é que as autoridades estaduais e municipais no estado sublinham que é a “Bahia de todos os investimentos”. ‹

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› DOSSIER BAHIA-PORTUGAL António Coradinho, Presidente da Câmara Portuguesa de Comércio no Brasil – Bahia, realiza o V Seminário de Oportunidades de Negócios Bahia/Portugal

A Bahia é o melhor local para investir no Brasil António Coradinho é o presidente da Câmara Portuguesa de Comércio na Bahia e tem sido um dos grandes protagonistas do impulso nas relações empresariais entre Portugal e aquele estado do nordeste brasileiro. As suas inúmeras visitas a Portugal para promover as potencialidades da Bahia, além da sua permanente disponibilidade para acolher e encaminhar os empresários portugueses no desbravamento do terreno na Bahia, o colocam como uma personalidade incontornável no desenvolvimento das relações económicas e empresariais entre os dois lados do Atlântico. O V Seminário de Oportunidades de Negócios Bahia/Portugal, que reunirá empresários baianos e portugueses no hotel Vila Galé Guarajuba entre os dias 18 e 20 de Outubro, será a cereja em cima do bolo dessa atividade incessante em prol das relações entre a Bahia e Portugal.

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Texto › JORGE Alegria

urante três dias, algumas centenas de empresários baianos e portugueses, além de diversas autoridades institucionais da Bahia e de Portugal, estarão reunidos no hotel Vila Galé Guarajuba, para analisarem a evolução das relações económicas e empresariais entre a Bahia e Portugal, visando encontrar plataformas concretas e viáveis de expandir o comércio e incentivar o investimento. Num momento em que a economia portuguesa atravessa dificuldades evidentes, a expansão internacional, seja por via do aumento das exportações, seja por via do investimento externo, assume uma importância acrescida. O Brasil em geral, e a Bahia em particular, tem constituído nos últimos anos destino privilegiado da aposta de muitas empresas portuguesas. Não apenas de grandes empresas portuguesas, mas igualmente de empresas de médio e pequeno porte, mas que encontraram no mercado baiano condições privilegiadas para ali se instalarem e em vários casos para a partir da Bahia atingirem depois outras zonas do território brasileiro. Neste V Seminário de

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| FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS Oportunidades de Negócios Bahia/Portugal, organizado pela Câmara Portuguesa de Comércio no Brasil – Bahia, e em que a revista País €conómico é Media Partner, estará uma significativa delegação empresarial portuguesa, com destaque para os empresários oriundos dos distritos de Santarém e de Castelo Branco, cujas associações empresariais regionais, Nersant e Nercab, respetivamente, se empenharam a fundo para estarem em força em Guarajuba. No Seminário merecerão destaque especial a análise ao potencial a Bahia em setores como a agroindústria, a indústria, a energia, os serviços, além de aspetos e áreas mais específicas como as perspetivas e potencial nos queijos, vinhos, sumos, indústria naval, construção civil, metalomecânica e o turismo. Neste caso, sabe a País €conómico, a perspetiva de se realizar um importante investimento português na área da formação turística estará em cima da mesa. Depois do seminário, os participantes terão a oportunidade de visitarem algumas infraestruturas e polos industriais e da agroindústria no território baiano. ‹

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› DOSSIER BAHIA-PORTUGAL James Correia, Secretário da Indústria, Comércio e Mineração do Governo do Estado da Bahia

Precisamos de mais negócios entre a Bahia e Portugal Em visita realizada em Junho passado a Portugal, James Correia mostrou o forte potencial do estado brasileiro da Bahia para os negócios, sejam na área do investimento, seja no plano comercial. Agora, em entrevista exclusiva à País €conómico, o Secretário da Indústria, Comércio e Mineração do Governo do Estado da Bahia, aponta os fatores concretos que podem mobilizar os empresários a apostaram na maior economia do nordeste brasileiro e na sexta mais importante do país. Com um tamanho superior ao da França, a Bahia possui uma terra riquíssima e uma localização estratégica central nesse país continente que é o Brasil. ENTREVISTA › JORGE Alegria

O estado da Bahia é a principal economia do nordeste brasileiro e uma das principais do país. Como carateriza o potencial econômico da Bahia?

A Bahia é um estado competitivo, entre outros fatores, porque possui uma localização estratégica entre as regiões Sul-Sudeste e Norte-Nordeste do Brasil, esta última representando mercados em franca expansão, principalmente de consumidores das classes C e D. É um mercado com um potencial de consumo maior do que muitos países europeus. A Ford tem na Bahia uma das fábricas mais produtivas do grupo. A montadora e as grandes indústrias instaladas no Estado não cansam de repetir: o trabalhador baiano é o que produz mais, com mais resultados e mais qualidade. Uma grande empresa brasileira de cosméticos, O Boticário, por exemplo, escolheu a Bahia para a sua segunda grande fábrica – e a maior - por causa da excelente localização geográfica: meio de caminho entre o Sudeste e o atrativo mercado do Nordeste. A Avon, outra gigante do setor, também escolheu a Bahia para instalar o seu grande centro distribuidor. Então, temos excelente mão-de-obra, boa infra-estrutura, recursos naturais abundantes e exuberantes e ótima qualidade de vida: todos os bons pré-requisitos para quem quer investir. O Brasil ainda possui alguns gargalos na sua infraestrutura, estando neste momento a desenvolver um conjunto de projetos no sentido de ultrapassar essas dificuldades. No domínio das infraestruturas rodoviárias, ferroviárias, portuárias e aeroportuárias, quais são os principais projetos em desenvolvimento ou a desenvolver na Bahia? Como é que eles contribuirão para alavancar o desenvolvimento sócio-econômico do Estado?

Temos dois grandes projetos estruturantes em curso: o Porto Sul e a Ferrovia Oeste-Leste. São grandes complexos logístico-produtivos no eixo Oeste-Sul da Bahia, com porto off shore, polo industrial e a Ferrovia Oeste-Leste, integrando o Sudoeste da Bahia ao Centro-Oeste brasileiro, regiões ricas em grãos e em minérios. Há um grande pacote viário em execução, contemplando a BR-324

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| FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS e os 125 Km do sistema BA-093, que atendem a um dos maiores polos industriais do Brasil. Há investimentos na modernização de portos, aeroportos, além da construção de novos portos privados. Eles contribuirão decisivamente para tornar ainda mais arrojada e pujante a economia da Bahia. E quanto ao investimento privado, quais são os principais projetos em curso?

Até 2016, temos uma previsão de investimentos privados da ordem de R$ 90 bilhões. Destacaria investimentos de grandes corporações, como a Ford, BASF, JAC Motors, Mirabela, Grupo O Boticário, Pepsico, Saint Gobain, Alstom, Gamesa, Petrobras, Petrochina, Foton, Kawasaki, IBM, Kirin, Semp Toshiba, Portugal Telecom, Ambev, Coca-Cola, entre outros. Somente em investimentos em mineração, a previsão até 2016 é de R$ 20 bi. Mercado em forte expansão Para um investidor estrangeiro, quais são as principais condições e incentivos para se instalar na Bahia?

Temos boa mão-de-obra, que é facilmente capacitada, energia, água abundante, infra-estrutura logística pronta, ou em expansão, e um mercado consumidor em franco crescimento. Na questão dos incentivos, temos um programa estadual chamado Desenvolve, que reduz bastante a carga de impostos e encargos no processo de instalação física e montagem industrial. Temos também terras abundantes e relativamente baratas que reduzem significativamente os aportes imediatos na implantação do empreendimento. Mais informações podem ser obtidas no site da nossa Secretaria: ww.sicm.ba.gov.br

do 2014 e vai necessitar de bons investimentos em setores que lidam diretamente com o atendimento a turistas, como hospedagem, alimentação, lazer e transportes. Quanto aos investimentos portugueses, na nossa avaliação, eles são ainda muito tímidos. Poderiam ser muito mais volumosos, porque temos aquilo que é mais cobiçado por um investidor: mercado de consumo. Aliás, um mercado ampliado pelas políticas públicas implementadas pelo ex-presidente Lula e pela presidenta Dilma.

do, tudo dá”. Temos uma relação histórica e de amizade. Falta-nos uma maior relação de negócios, mais agressividade, para criarmos o grande mercado comum português.

A Câmara Portuguesa de Comércio na Bahia vai realizar um

Como avalia o investimento português na Bahia? Quais os seto-

evento de negócios que pretende contribuir para incrementar

res da economia baiana serão os mais promissores para receber

as relações empresariais entre os dois lados do Atlântico. Como

investimentos portugueses?

é que o Governo da Bahia perspetiva este encontro no âmbito

Existem possibilidades em todos os setores: comércio, mineração, metalurgia, petróleo e gás, automóveis, energia, química, turismo e serviços. A Bahia será uma das cidades-sede da Copa do Mun-

do desenvolvimento econômico do Estado?

Portugal é a nossa principal porta de entrada na União Europeia. Pela nossa integração histórica, linguística e cultural, Portugal e Brasil deveriam ser parceiros, de fato, na integração econômica. Portugal tem a localização estratégica e tem o conhecimento; nós temos um dos maiores mercados consumidores do mundo. Já namoramos, noivamos e casamos. Só nos falta agora deixar esta lua-de-mel duradoura e ter filhos, muitos filhos. ‹

Ampliar as oportunidades de negócios. Como na Carta de Caminha a El-rei D. Manuel, continuamos ser a terra do “em se plantan-

As empresas brasileiras estão cada vez mais internacionalizadas. Enquanto Secretário da Indústria e Comércio considera existirem na Europa, a começar por Portugal, boas oportunidades empresariais e comerciais que também devem ser aproveitadas pelas empresas brasileiras, e da Bahia em particular?

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› DOSSIER BAHIA-PORTUGAL

Carlos Costa visitou Porto de Sines Carlos Costa, secretário da Indústria Naval e Portuária do Estado da Bahia, visitou o Porto de Sines, onde foi recebido pela presidente Lídia Sequeira e pelo administrador Duarte Lynce de Faria. Na visita ao principal porto português de águas profundas, o responsável baiano da área dos portos, mostrou particular interesse pela área da tecnologias de informação empregues no Porto de Sines, com realce para a JUP – Janela Única Portuária. Carlos Costa visitou igualmente o Centro de Sistemas e Helpdesk. O secretário dos Portos da Bahia enquadrou esta visita na construção que decorre naquele estado brasileiro de um porto de águas profundas, offshore, com caraterísticas similares ao de Sines. O novo projeto brasileiro (Porto Sul), a instalar próxima da cidade de Ilhéus, destinar-se-á principalmente à movimentação de Granéis Sólidos, nomeadamente grãos (soja e milho), seguindo-se também a construção de um terminal de contentores. ‹

Casa Museu Jorge Amado com projeto português

Viv Brasil em Entre Rios Licínio Lima é o impulsionador do projeto da Viv Brasil, empresa que já concluiu as adaptações necessárias num edifício cedido pela Prefeitura de Entre Rios, localizada a 180 quilómetros de Salvador, no estado brasileiro da Bahia, pelo que está pronto para dar início ao projeto industrial que o levou a voar de Viana do Castelo para aquela zona do nordeste brasileiro. O projeto inclui a produção para o mercado brasileiro de postes em fibra de vidro, módulos solares fotovoltaicos, aquecedores solares e equipamentos para iluminação pública. Segundo assegurou Licínio Lima à País €conómico, o início da produção industrial daquele conjunto de equipamentos acontecerá até ao final do presente ano. Por outro lado, no passado mês de Agosto, Licínio Lima estabeleceu um acordo com a CSC Engenharia, uma empresa baiana de construção civil, que adquiriu uma participação de 50% da Viv Brasil. Aliás, segundo o empresário português, à atividade normalmente desenvolvida pela CSC Engenharia, e contando com o know how da portuguesa BMVIV, introduzirá também no seu portfólio de atuação da empresa brasileira atividades ligadas à certificação energética de edifícios, eficiência energética de edifícios, análise da qualidade do ar, inspeção e limpeza de condutas de HVAC, execução de empreitadas de HVAC, energias renováveis e eletricidade e telecomunicações. ‹

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O projeto de transformação da casa onde viveu o escritor Jorge Amado com a família em museu, terá a assinatura do arquiteto português Miguel Correia. Autor de projetos em várias partes do mundo, o arquiteto luso esteve em Salvador e visitou a designada Casa do Rio Vermelho, onde viveu o famoso escritor brasileiro, e apresentou um projeto às autoridades municipais e estaduais da Bahia para transformar a casa num museu com o acervo global da obra do escritor que viveu várias décadas em Salvador. ‹

Sata voa para Salvador Desde o passado dia 27 de Setembro que a companhia aérea Sata, detida pelo Governo regional dos Açores, passou a voar semanalmente de Lisboa para Salvador, capital do estado da Bahia. A aeronave da Sata parte de Lisboa à quinta-feira e aterra no mesmo dia na capital baiana, onde poucas horas depois volta a descolar para aterrar na capital portuguesa ao início da manhã seguinte. Para além do voo diário da TAP entre as duas cidades, agora é acrescida a oportunidade de portugueses e brasileiros aproveitarem a concorrência oferecida pela Sata. ‹

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João Marcelo Alves

Superintendente de Desenvolvimento Industrial, FIEB

Grandes oportunidades surgem em tempos de crise

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urante a crise, as empresas estão mais propensas à cooperar e buscar novas alternativas ao crescimento. A concorrência acirrada por um mercado consumidor que diminui rapidamente, limita a receita e pressiona as margens dos negócios, empurrando as empresas para a busca por mercados que crescem. A crise econômica europeia emerge enormes desafios para as empresas portuguesas, mas também abre uma janela de oportunidades para aquelas que possuem o ímpeto e o conhecimento necessário para explorá-las. Países como o Brasil, que possui uma classe média em rápida ascensão, ávida por consumir bens de maior valor agregado, com acesso à crédito de longo prazo, podem ser uma ótima alternativa para a diversificação e a inserção em novos mercados. No Brasil, a Bahia é um dos estados com maior crescimento da renda média e da taxa de consumo e apresenta grandes oportunidades de investimento em diversos segmentos industriais. Para o empresário português, a língua comum pode ser um facilitador, mas é fundamental que tenha o apoio de estruturas locais para melhor conhecer o ambiente de negócios e criar uma interlocução mais produtiva com os empresários da região e o governo estadual. A FIEB - Federação das Indústrias do Estado da Bahia é a entidade privada que representa a indústria baiana. Congrega 40 sindicatos patronais de diferentes segmentos industriais que são responsáveis por 90% da transformação industrial do estado e 85% do valor exportado. Através do seu Centro Internacional de Negócios (CIN), recebe o empresário industrial que deseja investir na Bahia, compartilhando informações sobre os diferentes segmentos industriais do estado, o ambiente de negócios e acesso ao financiamento da atividade produtiva. Ao entender o perfil e as necessidades do empresário português, o CIN-FIEB poderá buscar empresas interessadas em parcerias e acordos de cooperação, indicar serviços de apoio à atividade industrial prestados pelo Sistema FIEB, como formação de mão de obra, qualificação de fornecedores locais,

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adequação à legislação federal e estadual, meio-ambiente e muitos outros. As pequenas e médias empresas industriais portuguesas possuem know-how em processos e produtos, tecnologia e máquinas e equipamentos de ponta com baixo índice de utilização que podem ser ativos relevantes para o estabelecimento de parcerias com indústrias locais. Da mesma forma, o conhecimento do mercado, dos canais de distribuição e a carteira de clientes das empresas baianas são ativos complementares importantes para redução dos riscos de entrada e o sucesso do negócio. Em recente viagem a Portugal, a FIEB, em missão promovida pelo Governo da Bahia, visitou alguns núcleos empresariais e teve contato direto com dezenas de pequenas e médias empresas portuguesas de diferentes segmentos industriais. Foi possível apresentar em detalhes as oportunidades de investimento no estado, esclarecer as dúvidas e discutir as dificuldades das empresas em realizá-lo. Nos dias 18, 19 e 20 de outubro a Câmara Portuguesa de Comércio no Brasil – Bahia, com o apoio do Governo do Estado e da FIEB, promove um encontro entre empresários portugueses e brasileiros com o objetivo de promover negócios e facilitar investimentos. O encontro será composto por workshops setoriais, rodadas de negócio e visitas técnicas à empresas locais. Estreitar os laços e compreender o mercado e as necessidades de potenciais parceiras é o primeiro passo para o estabelecimento de alianças duradouras e lucrativas para ambas as partes. O Centro Internacional de Negócios da FIEB tem por objetivo apoiar as empresas e empresários que desejam investir na Bahia nessa tarefa. Centro Internacional de Negócios, FIEB Telefone: +55 71 3343-1327 / 59 e-mail: cin-fieb@fieb.org.br

Grupo Vila Galé conta com quase 700 quartos na Bahia em duas unidades de cinco estrelas

Na Bahia para ficar Ainda na primeira metade da década passada, o grupo hoteleiro português Vila Galé decidiu investir no estado da Bahia e foi aqui que erigiu a segunda e terceira unidades hoteleiras no Brasil. A primeira foi o Vila Galé Salvador, e depois o Vila Galé Guarajuba, um resort de elevada categoria e que tem merecido muitos elogios de turistas e publicações especializadas do trade turístico brasileiro e internacional. Na Bahia, o grupo liderado por Jorge Rebelo de Almeida possui quase 700 quartos, distribuídos pelos 447 da unidade de Guarajuba e os 224 da unidade de Salvador. Ambos os hotéis possuem a categoria de cinco estrelas.

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Texto › JORGE Alegria

| FOTOGRAFIA › Cedidas pela Vila Galé

primeiro hotel do grupo português na Bahia foi o Vila Galé Salvador, localizado em cima da Praia de Ondina, na cidade de São Salvador, a capital da Bahia. Com facilidade de acesso tanto ao aeroporto internacional Luís Eduardo Magalhães como ao centro da cidade, o hotel é considerado um dos melhores da capital baiana e proporciona todas as condições para usufruto de lazer assim como para a realização de reuniões ou de convenções. Destaque igualmente para a gastronomia que poderá degustar no restaurante Versátil, onde além da famosa gastronomia baiana poderá também usufruir de gastronomia portuguesa, incluindo os vinhos que o próprio grupo Vila Galé produz na sua propriedade em Portugal, ao sul da cidade de Beja. A 42 quilómetros de Salvador, junto à famosa praia de Guarajuba, está localizado o Hotel Vila Galé Guarajuba, que mais do que um hotel é um autêntico resort turístico, pois enquadra-se numa

paisagem natural luxuriante e de grande beleza natural, o que também foi refletido na própria construção da unidade hoteleira, tendo sido privilegiado a utilização de materiais naturais na sua construção. O Vila Galé Marés possui 447 unidades de alojamento, das quais 74 se situam em chalés. A unidade possui uma piscina de enormes dimensões, além de um centro náutico e de mergulho. Destaque igualmente para o SPA Satsanga, um dos de maior dimensão e diversidade do grupo no Brasil. De referir ainda que pelo Vila Galé Gaurajuba tem passado alguns dos maiores eventos realizados no estado da Bahia, sinónimo do reconhecimento da sua qualidade e ampla capacidade para receber eventos de grande dimensão, como será agora o caso do V Seminário Oportunidades de Negócios Bahia/Portugal, que se realizará entre os dias 18 e 20 de Outubro. ‹

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› DOSSIER BAHIA-PORTUGAL

Martifer cobre Fonte Nova A construtora portuguesa Martifer está a construir a cobertura metálica do estádio Fonte Nova, em Salvador da Bahia, um dos estádios selecionados para a Copa das Confederações em 2013 e da Copa do Mundo em 2014. O Fonte Nova é um dos três estádios brasileiros que a empresa portuguesa foi selecionada para colocar as estruturas metálicas superiores, sendo os restantes dois recintos o Castelão em Fortaleza e a Grémio Arena em Porto Alegre. Por outro lado, a Martifer ganhou também um projeto de 40,4 milhões de reais (cerca de 16 milhões de euros) para a construção de uma siderurgia da empresa GV no município de Pindamonhangaba, estado de São Paulo. O projeto será iniciado ainda este ano e será inaugurado em 2013. Os vários projetos da empresa no Brasil ascendem a um total de 178 milhões de reais (cerca de 71,2 milhões de euros). ‹

Sorvetes Rochinha quer entrar em Portugal A Sorvetes Rochinha, empresa brasileira do estado de São Paulo, pretende exportar os seus produtos para a Europa e está estudando o mercado português como porta de entrada no velho continente. A empresa acabou de construir novas instalações na cidade de São José dos Campos, onde investiu cerca de 3,2 milhões de euros em infraestrutura e novos equipamentos industriais. Segundo um comunicado da empresa, “estamos trabalhando a entrada do produto em mais lugares no Rio de Janeiro e já estudámos a exportação para países como Portugal, Estados Unidos e Emirados Árabes Unidos”. ‹

Lena cresce no Brasil Os negócios do Grupo Lena estão em crescimento na América do Sul, com realce para o Brasil e Venezuela. No primeiro semestre do presente ano, o grupo português registou uma faturação superior a 63 milhões de euros na região sul-americana, destacando-se obras de grande importância na Venezuela e no estado brasileiro da Bahia. O Grupo Lena atingiu também uma forte expressão em África, onde se destacaram a obra de construção de 225 quilómetros de estrada entre Lucusse e Moxico, em Angola. De referir que no primeiro semestre de 2012, o Grupo Lena atingiu um volume de negócios próximo dos 300 milhões de euros e um resultado líquido de 8,5 milhões de euros. ‹

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Tivoli cresce na Bahia Representando um investimento de cerca de 30 milhões de euros, a cadeia hoteleira portuguesa Tivoli Hotels & Resorts finalizou em Setembro a construção do seu primeiro condomínio de luxo na Bahia, o Tivoli Ecoresidences Praia do Forte, que possui 42 unidades residenciais. O condomínio, segundo declarações de João Eça Pinheiro, diretor de operações do grupo, ao jornal Brasil Econômico, cerca de 70% das unidades já estão vendidas, na maioria por hóspedes frequentes do Ecoresort Praia do Forte, que o grupo possui em terreno contíguo. De referir que o resort do grupo na Praia do Forte, já foi escolhido entre os três estabelecimentos que irão receber seleções no Campeonato do Mundo de Futebol em 2014. De destacar que a Tivoli Hotels & Resorts já possui a aprovação para a construção de uma unidade hoteleira em Salvador, o Hotel Sotero, no Stiep, e que será voltado para negócios e turismo. O investimento nesta futura unidade ascenderá a seis milhões e euros. ‹

Embraer inaugurou fábricas em Évora A Embraer, terceiro maior fabricante de aviões do mundo, inaugurou no passado dia 21 de Setembro, duas fábricas na cidade de Évora, um investimento de 177 milhões de euros e que emprega 600 pessoas diretamente e gerará também cerca de 1.400 empregos indiretos. As duas unidades inauguradas pelo presidente português Cavaco Silva fabricarão componentes para os aviões executivos Legacy. Uma das fábricas agora inaugura-

das vai fabricar estruturas metálicas (partes das asas), enquanto a outra unidade de Évora produzirá materiais compósitos (componentes para caudas). Segundo palavras de Frederico Fleury Curado, presidente da Embraer, este investimento constitui um «passo para a melhoria da produtividade e da competitividade da Embraer». Recorde-se que a presença da Embraer em Portugal já acontecia através da participa-

ção que a empresa brasileira dispõe na Ogma, em Alverca. De referir ainda que a Embraer Defesa e Segurança, a Ogma e a EEA – Empresa de Engenharia Aeronáutica assinaram contratos de parceria para o programa KC-390, que no acordo estabelecido em Dezembro do ano passado, Portugal desenvolverá o projeto de engenharia de componentes do jacto e reabastecedor militar KC-390, que serão fabricados na Ogma. ‹

Lisbon MBA Os alunos do Lisbon MBA, uma parceria das faculdades de economia da Universidade Nova de Lisboa e da Universidade Católica de Lisboa, estão a desenvolver laboratórios internacionais com o Brasil e a China, visto que no caso particular do Brasil, estima-se a necessidade de novos oito milhões de profissionais qualificados, pelo que as oportunidades são evidentes. Os laboratórios internacionais constituem uma iniciativa do Lisbon MVA e que permite durante dois meses, que os alunos trabalhem como consultores de um projeto no brasil ou na China de forma a resolver problemas reais apresentados por empresas. Por exemplo, recentemente, um grupo de trabalho preparou para a EDP brasil “estratégias de introdução de novos produtos da EDP que não estão presentes no Brasil”. ‹

Nanium investirá 40 milhões de euros em Minas Gerais A Nanium, fabricante português de semicondutores e fornecedora de serviços de desenvolvimento, testes e engenharia, vai ser a unidade âncora do Parque Tecnológico da cidade de Juiz de Fora, no estado brasileiro de Minas Gerais. O projeto do parque tecnológico foi desenvolvido pela Universidade Federal de Juiz de Fora, num protocolo de intenções assinado em Belo Horizonte, e que prevê um investimento de cerca de 40 milhões de euros e a criação de 140 empregos. Segundo Paulo Nepomuceno, secretário do Desenvolvimento Tecnológico da UFJF, a vinda da empresa portuguesa, coloca a cidade como pioneira no setor de tecnologia de semicondutores, visto que «além da linha de montagem de equipamentos, a empresa irá trazer a engenharia, pelo que será uma oportunidade de transferência de conhecimentos de uma área que ainda é pouco explorada no país». Já para André Zuchi, secretário municipal de Planejamento e Desenvolvimento, «a chegada da Nanium pode ser comparada à vinda da Mercedes em 1993». ‹

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› EMPRESARIADO Álvaro Castro, Administrador da Jayme da Costa

«Mercado Externo é para nós uma prioridade» Sem esconder que uma empresa como a Jayme da Costa não pode deixar de estar muito atenta às potencialidades e oportunidades proporcionadas pelo mercado interno, Álvaro Castro, Administrador desta empresa com sede em Grijó/V.N. Gaia fez questão de sublinhar, em entrevista que concedeu à País €conómico, que o mercado externo é nesta altura uma das principais prioridades da Jayme da Costa, que ao longo dos seus 96 anos de vida sempre procurou desenvolver a sua atividade de forma sustentada, adaptando medidas que visaram o equilíbrio entre aspectos económicos, ambientais e sociais.

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Texto › VALDEMAR BONACHO

Jayme da Costa tem um percurso quase centenário, uma história que na opinião de Álvaro Castro passou por várias etapas, umas mais positivas, e outras de maiores dificuldades. Todas estas etapas enriqueceram o património intangível da empresa. Mas qual foi o segredo para a Jayme da Costa conseguir perdurar tantos anos nas áreas onde opera, com a mesma vitalidade que exibe nos tempos de hoje? Álvaro Castro não hesitou na resposta. «Acima de tudo quero recordar o empenho, dedicação e capacidade dos acionistas, das equipas de gestores e do conjunto dos colaboradores que deram o seu contributo valioso à Jayme da Costa nestes últimos vinte e cinco anos, e recordar também os acionistas anteriores, as famílias fundadoras da empresa e que também foram decisivos para que ela se mantivesse sempre viva e ativa no decorrer de todos este processo e construíram um património de saberes e competências que hoje conferem um aspecto diferenciador da empresa no mercado. Foi necessário muito trabalho, muita honestidade e muita dedicação da parte das muitas pessoas que ao longo destes 96 anos deram o seu contributo à Jayme da Costa», recordou Álvaro Castro que aproveitaria o ensejo para deixar bem claro que as «Pessoas continuam a ser o ativo mais importan-

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| FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS

te da Jayme da Costa». A Jayme da Costa estende a sua atividade a áreas como a Energia e Instalações Elétricas, chamando a si a conceção do projeto, o design, a montagem de instalações elétricas, nomeadamente centrais hidroéletricas, cogeração, parques eólicos, subestações, postos de transformação e instalações industriais, a Aparelhagem e Equipamentos, com a concepção e fabrico de aparelhagem ligeira para as redes de distribuição eléctrica, as Infraestruturas Gerais onde pode realizar redes de águas, saneamento, telecomunicações, gás e electricidade. É uma vastíssima área de atuação que faz da Jayme da Costa uma das mais referenciadas empresas do seu género a operarem em Portugal e, seguramente, a mais antiga. Como está a Jayme da Costa a conviver com os efeitos negativos da crise económica e social que afeta Portugal? Antes de responder a esta questão, Álvaro Castro lembrou que na anterior intervenção do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Portugal, isto há 28 anos atrás, o nosso país não estava na União Europeia, o comércio internacional era muito mais limitado, tínhamos uma moeda que podíamos baixar ou aumentar, e também tínhamos outros instrumentos que possibilitavam que os governos em termos de política económica respondessem aos choques negativos de outras formas e, provavel-

mente, exigiam menos dos agentes económicos e das empresas. «Há duas décadas a esta parte que sentimos que Portugal é um mercado pequeno para a Jayme da Costa. Em termos demográfico, a população portuguesa pouco ou nada cresce, e sendo a Jayme da Costa uma empresa que opera essencialmente em áreas como a Eletricidade e as Instalações Elétricas, onde se constata que as redes estão concluídas havendo apenas algum trabalho ao nível da manutenção dessas mesmas redes, as hipóteses de voltarmos a crescer como crescemos nos anos 60 e 70 são escassas ou praticamente nulas. E perante um cenário como este, resolvemos iniciar o nosso processo de internacionalização», esclareceu o jovem administrador da Jayme da Costa. Já tínhamos iniciado o processo de internacionalização antes da crise de 2008 eclodir, mas a opção estratégica de continuarmos a crescer e tirar partido do património intangível construído ao longo de tantas décadas e a contração do mercado interno acelerou este caminho. Enveredar a tempo pela internacionalização Quando a Jayme da Costa resolveu dar os primeiros passos na internacionalização as atenções concentraram-se nos Palop s. «Em termos técnicos, os produtos que a Jayme da Costa punha então à disposição

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› EMPRESARIADO me da Costa – Espanha), e mais tarde, em 2006, com a Jayme da Costa Energie, em Paris (França). Hoje em dia nesta área de atividade temos um leque muito alargado de clientes, portugueses mas sobretudo investidores internacionais», referiu Álvaro Castro, que ainda a este propósito fez questão de sublinhar que tudo isto foi um desafio para a Jayme da Costa. «Já tínhamos um grande know-how técnico, agora o grande desafio colocou-se ao nível logístico. Mas vencemos mais este desafio e hoje podemos afirmar que temos capacidade para desenvolver este tipo de projetos em qualquer ponto do Mundo», garantiu Álvaro Castro.

dos Palop s, nomeadamente para as redes de distribuição elétrica, eram os mais adequados, mas não esquecemos que alguns destes países passaram por fases bastante conturbadas e tinham estruturas e enquadramentos institucionais bastante débeis, que felizmente têm vindo a evoluir de forma bastante rápida. Aliás, a Jayme da Costa já havia iniciado este processo há uns anos atrás, o primeiro país em que estivemos presentes de uma forma direta foi Cabo Verde através da MCV – Marpe Cabo Verde, SA, que desenvolve neste país as atividades do Grupo Jayme da Costa, nomeadamente em trabalhos de infraestruturas e construção civil, e que acabaria por ser um desafio que nos foi lançado por uma empresa portuguesa. Estávamos em 2005. Fizémos ali um primeiro projeto que correu muito bem, essencialmente na área imobiliária e turística. A MCV desenvolveu naquele território trabalhos de relevo para projetos imobiliários e turísticos». Uma breve pausa, e Álvaro Castro desenvolve o seu raciocínio. «Cabo Verde era

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um mercado muito procurado, inclusivamente por investidores europeus que queriam comprar património neste país, concretizar investimentos e fazer aplicação de poupanças, ou para usufruírem desse património, nomeadamente vivendas e apartamentos. Com a crise de 2008 todo este cenário mudou e esse investimento em Cabo Verde abrandou de forma considerável. Em 2007 a nossa empresa em Cabo Verde faturava 5 milhões de euros, e agora esse valor anda por pelos 2 milhões de euros. Apesar de ser um mercado pequeno, continuamos a estar presentes em Cabo Verde», sublinhou Álvaro Castro. Saber ganhar o desafio das renováveis Em 1989 a Jayme da Costa decidiu apostar num segmento de mercado das energias renováveis, na altura constituído pelas mini-hídricas e pelas cogerações, e mais tarde pelas eólicas, fotovoltaicas, biomassa e biogás. «Hoje em dia a Jayme da Costa tem elevadas competências nestes mercados, estando apta para tra-

balha nas diversas fases do projeto, desde a conceção até à operação e manutenção destas infraestruturas», chamou a atenção Álvaro Castro, para logo de seguida acrescentar que nesta altura a Jayme da Costa é «um dos maiores instaladores em Portugal deste tipo de instalações», realçando também o facto da Jayme da Costa ter participado naquele que é, talvez, o maior projeto levado a cabo em Portugal na área das renováveis. «Estamos a falar do ENEOP – Energias Eólicas de Portugal, destacou o administrador da Jayme da Costa, para dizer também que a partir de 2004 ou 2005 esta área foi encarada pelo Jayme da Costa como uma oportunidade. «Foi uma oportunidade para começarmos nesta área a olhar para fora de Portugal, essencialmente para países europeus. Haviam muitos investidores que vinham a Portugal fazer esse tipo de contrato eólico, e que eram investidores que também estavam presentes noutras geografias, noutros países. O primeiro passo da Jayme da Costa foi Espanha, começámos a trabalhar neste país vizinho em 2004 através da Jay-

Europa, América Latina e África Ainda ao nível da internacionalização, que como já foi dito aqui é uma das grandes prioridades da Jayme da Costa, esta empresa de Grijó/Vila Nova de Gaia já iniciou os primeiros investimentos na área das energias renováveis na América Latina, onde o Uruguay constituirá a porta de entrada. Foi constituída uma filial no Uruguay, mais concretamente em Montevideu. «É um país pequeno como Portugal, mas é o tipo de país que nós procurávamos para nos lançarmos nesta parte do Globo. Para já no Uruguai vamos construir um parque eólico, mas estaremos atentos a outras oportunidades que possam surgir», frisou o nosso entrevistado, lembrando-nos que em termos de internacionalização a Jayme da Costa também está em Moçambique, e em Angola onde tem concretizado vários contratos na área do equipamento elétrico e instalações eléctricas. «Posso-lhe dizer que desde 2009 já faturámos em Angola qualquer coisa como 16 milhões de euros. Mas em Angola temos encontrado uma dificuldade que se prende com questões relacionadas com liquidez da economia. Todavia, não deixo de reconhecer que estamos na presença de uma economia em franco desenvolvimento e muito prometedora. Mas nós em Angola gostaríamos de poder ter mais apoio por parte do Estado », desejou Álvaro Castro. Em Moçambique existem

muitas oportunidades de negócio. A Jayme da Costa constituiu já uma filial em Maputo e está muito atenta às oportunidades que irão surgir. Para já temos uma carteira de encomendas que nos permitirá crescer em 2013. Na Europa, especialmente em França, o volume de negócios supera os 45 milhões de euros e com perspetivas para crescer através de outros países. Ganhamos a primeira encomenda na Roménia. «Estaremos sempre atentos às oportunidades que nos surgirem, já que a Jayme da Costa é uma empresa que está hoje apta a operar em qualquer parte do Mundo», conclui o administrador desta empresa do Norte. Em 2011 o volume

de negócios consolidado ascendeu a 91 milhões de euros, sendo que mais de dois terços foram realizados fora do território nacional. «Não há muitas empresas portuguesas nesta situação, com este perfil e com as perspetivas de crescimento nos mercados internacionais que temos» afirmou Álvaro Castro, que em 1995 obteve a certificação no âmbito da ISO 9002, tendo sido a primeira empresa do seu género a obter esta certificação, e que três anos depois, em 1998, conquistou a ISO 9001 e a certificação ambiental ISO 14001. Hoje este conjunto de certificações foi estendido a todas as empresas do Grupo, mesmo as que operam fora do país. ‹

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› ambiente José Gonçalves, Presidente dos SMAS de Almada, destaca política de inovação e modernização

«Atingimos o limiar da Excelência» O presidente dos SMAS de Almada não tem dúvidas que a sua empresa atingiu o limiar da Excelência. Em entrevista concedida à revista País €conómico dias antes de assinalarmos o “Dia Nacional da Água”, José Gonçalves fez questão de sublinhar que estes bons resultados são fruto da cultura de inovação e modernização implementada ao longo dos 61 anos de vida dos SMAS de Almada. «Nós consideramos que atingimos esse grau. Somos uma entidade com resultados que nos orgulham, que para além das avaliações que são conhecidas é reconhecida desde logo por quem mais nos interessa: os nossos consumidores, que têm demonstrado reconhecerem o nosso esforço, o nosso trabalho, a nossa dedicação e a nossa capacidade», sublinhou José Gonçalves que em reforço das suas palavras lembrou ainda que recentemente os SMAS de Almada receberam mais um indicador importante, que foi o índice de satisfação dos seus clientes, que atribuíram a esta entidade uma classificação elevada. «Pelo segundo ano consecutivo, os resultados do ECSI Portugal revelam que os SMAS de Almada ocupam a segunda melhor posição entre os Serviços Municipalizados do país e o quarto lugar no ranking das entidades estudadas», sublinhou o presidente dos SMAS de Almada.

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Texto › VALDEMAR BONACHO

om o ciclo urbano da água a 100%, com as conformidades da qualidade da água a atingirem neste momento índices superiores a 99%, com o grau de satisfação dos clientes com índices elevados e a juntar a tudo isto os valores significativos que atingimos no que respeita à drenagem e tratamento de águas residuais, José Gonçalves tem razões de sobra para se sentir satisfeito com o percurso dos SMAS de Almada, entidade que em Janeiro passado comemorou 61 anos de vida. «Temos feito um percurso de planeamento e de ascendência que permitiu o desenvolvimento dos Serviços Municipalizados, assumindo numa primeira fase que o importante era a infra-estruturação: levar a água e o saneamento às casas dos nossos consumidores. Esse nível foi atingido e neste momento a nossa prioridade é sermos mais eficientes, mais responsá-

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| FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS

veis do ponto de vista ambiental, conseguirmos desenvolver a nossa atividade com menos impacto ambiental, e isso tem sido conseguido através de medidas inovadoras e da obtenção e utilização de novas tecnologias. Para desenvolvermos esta tarefa cabalmente, estamos constantemente a verificar o que de melhor existe no mercado mundial, mantendo por outro lado uma relação intensa com universidades e centros de pesquisa portugueses e estrangeiros. Muitos dos nossos técnicos são membros de comissões especializadas, como é o caso da Associação Portuguesa de Distribuição e Drenagem de Águas (APDA), trabalhamos também com a Entidade Reguladora de Águas e Resíduos (ERSAR), procuramos também por esta via trazer para a nossa Organização os conhecimentos mais atualizados que sobre estas matérias existem. Os próprios SMAS internamente desenvolvem uma

cultura de inovação e de modernização. Se estivermos atentos verificaremos que todos os meses, os SMAS de Almada acrescentam alguma coisa na forma de fazer diferente. Fomos a primeira entidade a aprovar um plano de segurança da água e possuímos neste momento uma viatura ligeira ao serviço do Piquete de Água, completamente mecanizada e equipada com todos os meios necessários a uma rápida resposta às ocorrências, nomeadamente na reparação de roturas de água. Estes são exemplos de modernização que partem dos nossos técnicos e que são fruto do conhecimento que eles vão adquirindo. Há meses foi também apresentado um robot de vídeo-vigilância que permite verificar o interior das redes a intervir (coletores e condutas) e, assim, determinar com exatidão o local onde essa intervenção deverá ser feita», esclareceu, orgulhoso, José Gonçalves, presidente dos SMAS de Almada.

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› ambiente ETAR da Quinta da Bomba é um investimento de 11 milhões de euros É verdade que 2010, 2011 e 2012 têm sido anos de crise em Portugal e na Europa, a aconselhar um abrandamento de investimento por parte das empresas. Mas curiosamente os SMAS de Almada neste capítulo parecem viver em contraciclo. Enquanto outras entidades optam por não investir ou investir menos, os SMAS de Almada continuam a realizar os seus investimentos e alguns deles de muito significado. Um exemplo desta nossa afirmação está bem patente no orçamento dos SMAS para 2012. Foi aprovado um orçamento de 33,3 milhões de euros, e desse valor, 14,9 milhões de euros destinam-se a investimentos na renovação de redes de água e saneamento. Colocada a questão, José Gonçalves foi uma vez mais incisivo na sua resposta. «O investimento nos SMAS de Almada tem sido permanente. Coincidiu nestas circunstâncias que tivéssemos aqui programado um conjunto de intervenções, nomeadamente ao nível da renovação das ETAR, intervenções que neste momento estão em curso, e que considero muito positivas. É preciso dar trabalho às empresas, ajudá-las, e entidades como a nossa têm neste capítulo um papel determinante a desempenhar. Se deixarmos de

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investir ficaremos todos mais pobres. Ao investir e manter obras de grande significado, os SMAS de Almada estão a dar um contributo ao Concelho, à região e ao País por exemplo, a obra da ETAR da Quinta da Bomba é nos dias de hoje a maior obra em desenvolvimento na região, representa um investimento de 11 milhões de euros e deverá ficar concluída em Março de 2014. Esta é, a meu ver, a grande obra deste meu mandato», enfatizou José Gonçalves. «Entre as obras que os SMAS de Almada têm neste momento em curso, a intervenção da ETAR Quinta da Bomba é aquela que tem maior significado. É uma ETAR que irá beneficiar cerca de 140 mil pessoas, populações dos municípios de Almada e do Seixal», salientou José Gonçalves. A prioridade é a renovação das redes Para algumas entidades como os SMAS de Almada a prioridade deixou de ser a expansão e passou a ser a requalificação das redes. Que pensa o presidente José Gonçalves sobre esta matéria?! «Temos mais de 2 mil quilómetros de rede de abastecimento de água, drenagem de águas residuais e pluviais. Somos uma entidade gestora de todo o ciclo urbano da água, o que significa que temos a Alta e a Baixa na Água e no Saneamento, e temos ainda as Águas Pluviais. Deste modo a nossa prioridade já não é a expansão da rede, mas sim a sua requalificação. Nesse ponto de vista, temos atualmente em desenvolvimento um projeto inovador de gestão de rede, que é partilhado por entidades nacionais que estão a trabalhar com o LNEG e com a ERSAR e, portanto, a grande prioridade dos SMAS de Almada para os próximos anos vai ser essa. O objetivo é não deixar atingir a degradação das redes de água e de saneamento, pondo em causa a permanência no abastecimento. Isso significa que nós temos de conhecer muito bem a rede, temos de saber, em cada ano, quais são as áreas onde vamos intervir e renovar e temos de ter também técnicas adaptadas para essa intervenção», disse o presidente dos SMAS

de Almada, para lembrar, a propósito, que 80 e 90 foram os anos grandes da infra-estruturação. SMAS ajudam mais de 500 famílias carenciadas Portugal está a viver uma das suas maiores crises económicas e sociais. E uma entidade como os SMAS de Almada, habitualmente atenta a estes fenómenos, deci-

diu reagir da melhor forma para ajudar as famílias mais carenciadas. Há nove meses a esta parte – sensivelmente – os SMAS de Almada puseram em marcha um plano de apoio a essas famílias que permitiu às mesmas o acesso gratuito a 5 metros cúbicos de água por mês. «Esse plano está em curso, começou em Janeiro de 2012 e está a correr muito bem. Estamos a implementar o nosso

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› ambiente

energia

«Essa motivação é-nos transmitida desde logo pela relação que temos com os nossos munícipes. Somos eleitos do Poder Local e naturalmente temos uma relação fortíssima com a nossa Comunidade. E depois essa motivação tem muito a ver com os resultados que vamos conseguindo. E é evidente que neste caso é muito gratificante ver que a nossa empresa consegue prestar um serviço de grande qualidade e que os nossos munícipes reconhecem isso», justificou o presidente dos SMAS de Almada, que não vê interesse que a sua empresa siga a via da internacionalização. Orgulho nos seus trabalhadores Os SMAS de Almada possuem cerca de 500 trabalhadores e isso também dá um alento muito especial ao nosso entrevistado. «Gostava de realçar que somos uma empresa com um grande conhecimento. Temos um know-how muito significativo, concebido nesta escola, uma escola de formação permanente. Aliás, os nossos trabalhadores que têm participado nas provas de perícia dos Encontros Nacionais de Entidades Gestoras de Água e Saneamento – ENEG, obtiveram o primeiro e o terceiro lugares há quatro anos, e o ano passado em Santarém obtiveram o segundo e o quarto lugar. Isto para mim é mais um estímulo, significa que sabemos fazer», respondeu com satisfação o presidente dos SMAS de Almada.

novo Regulamento que consagra essa medida, enviámos a todos os nossos 107 mil consumidores um folheto indicando as condições de apoio às famílias carenciadas e isso fez com que crescesse o número de pessoas a solicitarem este apoio. E ainda bem, porque significa que estamos a cumprir o nosso objetivo. Quem demonstrar que tem dificuldades (e sabemos que muitas são as famílias que estão nesta situação) os SMAS de Almada asseguram 5 metros cúbicos de água totalmente gratuitos, que são considerados necessários para

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uma família se abastecer condignamente de água. Para ter acesso a esta medida, o utilizador tem que contactar os nossos Serviços, justificar que tem um agregado familiar e que o seu rendimento é insuficiente. Neste momento teremos mais de 500 famílias a beneficiarem desta medida, mas a tendência (perante a crise) é para que esse número aumente consideravelmente», esclareceu José Gonçalves, que diz ter, há muito, encontrado motivação para levar por diante o seu projeto.

Dia Nacional da Água A entrevista a José Gonçalves estava a chegar ao fim, mas ainda com tempo para obtermos do presidente dos SMAS de Almada uma mensagem alusiva ao Dia Nacional da Água. «Aproveito para assinalar esta data e pedir que usem bem a água de Almada, que é de excelente qualidade, e lembrar que os SMAS de Almada saberão assegurar sempre este bem precioso e que desenvolverão todas as suas competências no sentido de garantirem a permanência do abastecimento e qualidade deste bem. E esperamos ainda que os Almadenses dêem como retorno um bom uso desta água, deste bem essencial à vida humana». ‹

Martifer conclui centrais fotovoltaicas no Algarve A Matifer Solar concluiu a construção de duas centrais fotovoltaicas no Algarve, uma na localidade e Ferreiras, concelho de Albufeira, e a segunda em Alvalades, no concelho de Silves. Estas centrais foram objeto de concurso lançado pelo governo em 2010, e representaram um investimento de cerca de 50 milhões de euros. O investimento nestas novas estruturas de produção de energia foi concretizado pelo fundo BNP Paribas Clean Energy Partners, a quem a Martifer Solar alienou estes activos, numa linha estratégica definida em que a empresa assegura o desenvolvimento, construção e manutenção das centrais solares fotovoltaicas, transferindo para terceiros o investimento e exploração. As centrais de Ferreiras e de Alvalades possuem em conjunto uma capacidade de 22,4 megawatts, permitindo ambos os projetos um fornecimento de eletricidade a cerca de 17.500 pessoas. A central de Ferreira ocupa uma área de 41,2 hectares, enquanto a de Alvalades ocupa uma área de 16,1 hectares. ‹

Novo projeto olivícola em Serpa

Investimento português de 14 milhões de euros A Herdade Maria da Guarda, localizada no concelho de Serpa, Baixo Alentejo, concluiu um investimento de 14 milhões de euros na construção de um lagar e da plantação de novos olivais. Propriedade da Casa Agrícola Cortez de Lobão, o projeto foi agora finalizado com a inauguração do lagar que implicou um investimento de 3,5 milhões de euros, já englobado no investimento total dos 14 milhões de euros. O novo lagar possui a capacidade de moagem de 250 toneladas por dia e poderá produzir 120 mil toneladas de azeite por ano. A Herdade Maria da Guarda conta atualmente com 1,1 milhões de oliveiras numa área de 575 hectares. Em 2012, espera-se uma produ-

ção de 3,2 milhões de toneladas de azeitonas, a que corresponderá a produção de 600 toneladas de azeite. Mas, o investimento agora concluído permitirá que dentro de dois anos a produção de azeite cresça para duas mil toneladas

de um produto que além de ser exportado para vários países europeus, particularmente do norte da Europa, também é exportado para o Brasil, EUA e China. No presente ano as exportações devem atingir entre 80 a 90 por cento da produção. ‹

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› agro-indústria Encontro Nacional do Setor do Azeite, em Ferreira do Alentejo, marcou crescimento do setor na região e no país

Exportações ultrapassaram as importações Há 10 anos, Portugal importava mais de metade do azeite que consumia. Ema década depois, a realidade alterou-se quase radicalmente. Na campanha anterior (2011-2012), a azeitona recolhida e o azeite dela produzido permitiu alcançar uma auto-suficiência na ordem dos 93% das necessidades nacionais no que ao consumo de azeite diz respeito. É certo que o país também exporta, e cada vez mais, azeite para vários países a nível mundial, mas o ponto de equilíbrio está quase atingido. E poderá ser alcançado brevemente, pois continuam-se a plantar novos olivais, principalmente no Alentejo, além de que vários outros plantados nos últimos cinco anos ainda estão longe de alcançarem o pleno da sua capacidade produtiva. Ferreira do Alentejo afirma-se como a “Capital do Azeite”, e por iniciativa da Câmara Municipal local, levou a efeito o Encontro Nacional do Setor do Azeite, que a 13 de Setembro juntou naquela vila alentejana os principais players de um setor cada mais estratégico para o país. Texto › JORGE Alegria | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS

“F

erreira do Alentejo – Capital do Azeite” é o slogan registado pela autarquia local, e no seu discurso de abertura do Encontro Nacional do Setor do Azeite, que reuniu quase centena e meia de empresários e outros agentes do setor naquela vila do Baixo Alentejo, Aníbal Costa, destacou a importância do setor oleícola na economia do concelho e da região, além do progressivo aumento do seu valor enquanto produto nacional de exportação. O presidente da Câmara de Ferreira do Alentejo recordou que nos últimos cinco anos começaram a funcionar cinco novos lagares no concelho, além de que todos eles possuem assinalável dimensão e estão dotados com as mais sofisticadas tecnologias do setor a nível mundial. Essa nova realidade, sublinhou Aníbal Costa, «alterou substancialmente o panorama económico do nosso concelho e contribuiu de forma significativa também para a evolução do setor no próprio Alentejo, além do facto igualmente importante do seu contributo para equilibrar a balança comercial nacional no setor do azeite». No entanto, o edil de Ferreira adiantou que a realidade do setor oleícola no concelho atingiu um patamar mais global, destacando a construção de uma central e bagaço de azeitona e de uma outra unidade industrial (em curso, com abertura prevista para o final do presente ano) de uma central de gaseificação, cuja matéria-prima é proveniente justamente da azeitona e que terá como resultado a produção de energia elétrica, que será depois injetada na rede respetiva. A finalizar, Aníbal Costa considerou que «o investimento económico é a panaceia para o desenvolvimento do concelho e da re-

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gião», pelo que defendeu o términus do investimento global previsto no projeto Alqueva, bem como a conclusão da auto-estrada entre Sines e Beja (que dias depois, a Estradas de Portugal vinha anunciar que já não seria concluída, a não ser num pequeno troço entre a saída de Grândola Sul da A2, até Santa Margarida do Sado, já no concelho de Ferreira do Alentejo). Alentejo produz 62,1% da produção nacional Este Encontro Nacional do Setor do Azeite foi moderado por Armando Sevinate Pinto, antigo ministro da Agricultura e atual consultor da Presidência da República para as questões da agricultura e do mundo rural. O antigo governante lembrou as suas origens de Ferreira do Alentejo, mas logo recordou que «há alguns anos possuíamos uma olivicultura letárgica, exceptuando em algumas zonas de Trás-os-Montes e do Alentejo. Estas duas regiões contribuíram em 2011, respetivamente, com 17,4% e 62,1% da produção nacional de azeite (ver quadro). Por outro lado, de igual forma, é preciso sublinhar que desde os anos 50 que não tínhamos tanto e tão bom azeite em Portugal». Sevinate Pinto apontou as principais condições que permitiram ao país, e muito particularmente ao Alentejo, em dispor das condições para registar o crescimento que aconteceu nesta última década. Um programa negociado com a União Europeia para poder plantar 30 mil hectares de olivais novos, a existência de terra disponível em grande quantidade, particularmente no Alentejo (além da disposição de muitos proprietários para venderem as suas terras), água com crescente abundância, além de crédito mais fácil e conhecimento técnico e científico.

Aníbal Reis Costa, Jean Louis Barjol e Armando Sevinate Pinto

Uma das estrelas deste Encontro do Azeite foi o Diretor Executivo do Conselho Oleícola Internacional, Jean-Louis Barjol. Lembrando que Portugal é o quarto maior produtor mundial de azeite (a seguir a Espanha, Grécia e Itália), num universo de países produtores que ultrapassam as quatro dezenas, o COI é um organismo fundado há mais de 50 anos e que tem desenvolvido um profícuo trabalho para harmonizar estatísticas e vários tipos de normas no setor a nível internacional. No entanto, o responsável pelo organismo internacional destacou a importância da divulgação e promoção do azeite, sobretudo junto das gerações mais jovens, mesmo nos principais países produtores do pro-

duto, «visto que também são os principais consumidores a nível mundial, sem prejuízo de se alargar e reforçar as promoções sobre o valor do azeite noutros países. É o que estamos a fazer e vamos fazer de forma ainda mais acentuada, sobretudo nos designados mercados emergentes». Jean-Louis Barjol destacou a importância do crescimento do consumo de azeite em mercados como os Estados Unidos da América, o Brasil e a China. De Espanha, principal país produtor de azeite no Mundo, veio a voz de José Penco, responsável pela Associação dos Municípios Olivícolas Espanhóis. Lembrando que os principais olivais no país vizinho estão localizados nas províncias

da Andaluzia e da Extremadura, com uma área global plantada em Espanha de 2,45 milhões de hectares, José Penco abordou essencialmente a questão “como pode atuar um olivicultor para que o seu olival seja rentável?”. Lembrando que os custos com os olivais tradicionais (mecanizados e não mecanizados) são superiores aos relacionados com os designados olivais intensivos e superintensivos, o responsável espanhol destacou a forte possibilidade de na próxima campanha (2012-2013) se registar um abaixamento de produção em Espanha, o que está a influenciar o preço do azeite desde há alguns meses, com repercussão nos restantes mercados internacionais.

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› agro-indústria de Mariana Matos, responsável da Casa do Azeite, onde mostrou uma comparação entre Portugal e os seus principais concorrentes mundiais no setor, sublinhando que estamos alinhados na capacidade de exportação, mas ainda abaixo no que respeita aos níveis de produção e de consumo. Um dado muito significativo foi a informação transmitida a respeito da produção e da importação nas campanhas de 2010/2011 e 2011/2012. Aumentou o nível de produção e diminuiu o nível de importação (ver quadro). Neste mesmo período, sublinhe-se que a necessidade de consumo subiu das 82 para 85 mil toneladas, mas as exportações cresceram de 55.200 toneladas para 68.000 toneladas, fruto da afirmação do azeite português nos mercados internaEm 2011 o saldo comercial (importações/ exportações) voltou a ser favorável Depois da relevante intervenção de Francisco Avilez da empresa Agro.Ges, onde explicou a evolução da política agrícola comum e as suas incidências no setor oleícola, destaque para a intervenção

cionais. Mariana Matos destacou que o auto-aprovisionamento (produção interna/utilização interna) já atingiu os 93%, mas como o país assume uma posição cada vez mais forte como exportador de azeite, a auto-suficiência (produção interna/necessidades totais) ainda

José Baptista, Gerente da Cooperativa Agrícola da Vidigueira

Vamos estar a sério no Brasil Como avalia a importância deste Encontro?

É importante no quadro da evolução do nosso setor, particularmente aqui no Alentejo, que se transformou de modo muito significativo na última década. Refiro também a oportunidade deste encontro num momento em que os preços do azeite estão a subir – depois de três anos de quedas sucessivas – e que poderá possibilitar uma recuperação económica de muitas empresas do nosso setor. Em que situação se encontra a Cooperativa Agrícola da Vidigueira, uma das mais tradicionais produtoras de azeite do Alentejo?

Estamos numa fase sustentada da nossa existência, tanto no que respeita à capacidade produtiva e à gestão empreendida na empresa, bem como no que respeita à renovação e modernização dos olivais desenvolvidas pelos nossos associados no campo. A Cooperativa realizou um conjunto de investimentos que nos proporcionaram uma capacidade acrescida de transformação do produto provindo dos nossos associados, eles próprios que também atravessaram muitos deles uma fase de investimento e renovação, possibilitando-nos apostar de uma forma mais decisiva e sustentada nos mercados externos, onde o azeite do Alentejo, e também o da Vidigueira, é cada vez mais aceite e apreciado. Quais são os principais mercados externos do azeite da Vidigueira?

Em África destacam-se países como Angola e a África do Sul, enquanto na América do Sul, o realce vai naturalmente para o Brasil, embora ainda não estejamos em grande força neste mercado, o que deverá certamente suceder até ao final do presente ano. Olhamos igualmente com muito interesse para países como a China e o Japão que no futuro poderão ser importantes pontos para a exportação do azeite da Vidigueira. ‹

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ronda os 50%. Caso não exportássemos azeite, praticamente a produção interna daria para as necessidades de consumo nacional do país. Exportar tornou-se imperioso para todos os setores da produção nacional. Naturalmente, o azeite também não podia fugir a esse cenário. Em 2007, as exportações portuguesas de azeite atingiram as 27.655 toneladas. Quatro anos (2011) depois, o país já exportava 61.015 toneladas. Um acréscimo bem superior a 100%. Em 2011, as exportações para o Brasil representavam 53% do total do setor, seguindo-se a Espanha com 25%, e depois Angola e Itália, ambos com 5%,

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› agro-indústria

João Passanha, administrador da Taifas – Herdeiros Passanha e os Estados Unidos com 3%. A justificação para a percentagem exportada para Espanha 8que em 2007 representava apenas 8% das exportações portuguesas), deve-se ao facto de muitos investimentos realizados em Portugal terem origem em Espanha, e muito do azeite a granel ser depois exportado para o país vizinho e lá embalado e enviado para outras partes do mundo. O mesmo, embora em menor escala, se passa com as exportações para Itália. Ainda a respeito da balança comercial do país, é de sublinhar que em 2011, pela primeira vez, Portugal atingiu um superavit na balança comercial do azeite, com um saldo favorável ao país de 30.586 milhões de euros. O secretário de Estado da Agricultura, José Diogo, encerrou o Encontro, e começou por elogiar o setor pela sua capacidade de aumento das exportações nacionais, e lembrou as virtualidades da designada diplomacia económica que permitiu a conclusão de um acordo com o Brasil, o principal mercado de destino para as exportações nacionais, e que garante a continuação das condições de acesso do produto ao mercado brasileiro. O responsável governamental da agricultura sublinhou também a garantia que o projeto global do Alqueva será para concretizar até 2015. ‹

Falta de crédito bancário estrangula atividade Qual é a importância deste Encontro?

Reputo de grande importância, sobretudo pelo facto dos agentes do sector poder fazer um intercâmbio de contatos e de conhecimentos. É importante ter aqui pessoas ligadas aos meios universitários e de outros setores que poderão trazer conhecimentos importantes para a evolução do setor do azeite. Como está a evoluir a Taifas com a produção do azeite Quinta de S. Vicente?

O nosso projeto é ambicioso, mas desde o início que nos debatemos com a conjuntura financeira adversa, pois assim que começámos a atividade, um dos bancos que financiavam o projeto retirou-nos esse financiamento e tudo se complicou. E com o agravar da crise financeira global, essa tendência tem tido um forte agravamento. A falta de crédito bancário afeta-nos de sobremaneira, assim como afeta o setor e a atividade económica em geral. Como tem tentado ultrapassar esse problema?

Exportando cada vez mais – exportamos já mais de 90% da nossa produção, mas, paradoxalmente, quanto mais exportamos, maiores também têm sido as dificuldades de tesouraria, pois em crédito bancário também se torna difícil trabalhar todo o potencial do setor exportador. Essencialmente para onde exportam?

Sobretudo para alguns países do Norte da Europa, mas também para os EUA, Canadá, Brasil, Angola, África do Sul e no que respeita ao Oriente, principalmente para a China, Macau e Coreia do Sul. ‹ Mariana Matos, Secretária-geral da Casa do Azeite

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› A FECHAR

SOFID inaugurou ciclo de reflexão estratégica – Clube de Sábios

Pedro Feytor Pinto analisou potencial de Marrocos Aproveitar a experiência de cidadãos portugueses com largos conhecimentos e mundo calcorreado, levou a SOFID a criar o Clube de Sábios. O primeiro orador foi Pedro Feytor Pinto, que passou pela administração do então ICEP (hoje Aicep) e como diretor da agência em várias partes do mundo. O final da sua carreira decorreu ao serviço do país em Marrocos, onde esteve quatro anos. Pedro Feytor Pinto realçou que Marrocos é um país com grande potencial e que admira Portugal e os portugueses. Destacou a presença de cerca de 120 empresas portuguesas em território marroquino, destacando a importância da presença em áreas como os cimentos, construção civil e telecomunicações. O antigo responsável do Icep acentuou a importância para quem quer apostar em Marrocos de conhecer bem o mercado local, utilizar os meios diplomáticos e consulares nacionais existentes naquele país do norte de África, e de encontrar um parceiro local. Já quanto às oportunidades para quem pretenda demandar o mercado marroquino, Pedro Feytor Pinto mencionou novamente a construção civil, a saúde, o saneamento básico, as tecnologias de informação, as energias renováveis ou a área farmacêutica. ‹

Nova SBE sobe no Finantial Times A Nova SBE subiu onze lugares na tabela publicada em meados de Setembro pelo jornal britânico Finantial Times a respeito do ranking de mestrados de gestão, estando agora na 50ª posição. Já a Católica Lisbon SBE conseguiu a proeza de se alcandorar à quarta posição no ranking da lista de programas com melhores colocações no mercado de trabalho. É ainda de referir, segundo Daniel Traça, Subdiretor da Nova SBE, que esta instituição universitária «é a única escola portuguesa a leccionar o CEMS – Master in International Management, classificado como o 3º melhor do mundo no ranking do FT». ‹

Vila Galé classificada como Melhor Cadeia Hoteleira O Grupo Vila Galé foi eleita a Melhor Cadeia Hoteleira pelos prémios “Publituris Portugal Travel Awards 2012”. A cerimónia de entrega dos prémios aconteceu no Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, em Coimbra, Gonçalo Rebelo de Almeida recebeu o prémio atribuído ao grupo após a avaliação de fatores como a inovação, qualidade de serviço e a comunicação. Segundo o Diretor de Marketing e Vendas do grupo, «esta distinção não teria sido alcançada sem o esforço diário de todos os nossos colaboradores, em cada uma das unidades e em cada departamento que constitui a Vila Galé». A Vila Galé é o segundo maior grupo hoteleiro português e possui atualmente 17 unidades em Portugal e seis no Brasil, dispondo de um total de 11.918 camas. ‹

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Pestana e Porto Business School com parceria O Grupo Pestana e a Porto Business School desenvolveram uma parceria no âmbito do curso de Pós-Graduação em gestão de Turismo e Hotelaria. O objetivo é ajudar o maior grupo hoteleiro português na seleção de profissionais qualificados para as suas operações em África e nas Américas, num contexto em que a expansão internacional do grupo vem implicar um processo de recrutamento de quadros qualificados necessários ao crescimento da sua atividade. Nos últimos seis anos, o programa que foi desenvolvido e implementado entre as duas partes permitiu formar mais de cem profissionais com competências comportamentais e técnicas capazes de desenhar e gerir de forma integrada as atividades de domínio turístico, como é o caso da gestão hoteleira. ‹

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