Revista Pais Economico

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Agroalimentar português quer ajudar o país a exportar

Nº 123 › Mensal › Dezembro 2012 › 2.20# (IVA incluído)

Carlos Setra Presidente da Edol

Luís Martins Presidente da Ancpa

João Moita CEO da Firstlink

30 anos da Interaves António Fernando Correia, administrador da Interaves, descreve uma história de sucesso com 30 anos, e projeta a empresa portuguesa para a internacionalização

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› Head

Ficha Técnica

Editorial

Propriedade Economipress – Edição de Publicações e Marketing, Lda.

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Redacção › Manuel Gonçalves › Valdemar Bonacho › Jorge Alegria

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A par da aprovação do Orçamento de Estado para 2013, que já nesta coluna anteriormente manifestámos as nossas profundas discordâncias com a estratégia escolhida pelo governo que preferiu atacar o problema do país por via de um catastrófico aumento fortíssimo de impostos do que de uma clara e significativa redução da despesa do Estado, importa-nos hoje sublinhar algumas das boas notícias que têm surgido recentemente em Portugal. Essas notícias começam pela proposta do ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, e já aceite pela Comissão Europeia, de colocar uma taxa de IRC de apenas 10% para novos projetos de investimento a implementar em Portugal. A captação de investimento, seja nacional, seja estrangeiro, depende também de um sistema fiscal mais competitivo e estável, coisa que esta redução garante no primeiro dos aspetos, mas que não garante no que ao segundo aspeto diz respeito. Mas não por culpa do ministro da Economia, é preciso sublinhar. O segundo leque de boas notícias respeita precisamente a novos investimentos em Portugal, e também a alguns de empresas portuguesas fora do país, na consolidação de projetos de internacionalização bem sucedidos. Neste último caso, saliência para a aquisição de uma empresa brasileira pela Mota-Engil, ou um novo investimento hoteleiro do grupo Vila Galé, no caso na cidade do Rio de Janeiro. Mas outros poderiam ainda ser apresentados, como os projetos da Jerónimo Martins na Colômbia, ou da Sonae Continente em Angola, que poderão ajudar a que mais empresas portuguesas exportem para as unidades de distribuição desses grupos portugueses nos países mencionados. Os anúncios do reforço do investimento da Tyco em Évora e da Autoeuropa em Palmela, o novo investimento da alemã SGL na Fisipe do Barreiro, ou ainda o previsível reforço do investimento da Bosch em Braga, constituem exemplos muito significativos de que Portugal poderá estar a ficar novamente no radar de alguns grupos industriais muito importantes a nível internacional, garantindo com estes novos investimentos o reforço da competitividade empresarial do país e a criação de novos e qualificados empregos. Jorge Gonçalves Alegria

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Índice Grande Entrevista Samuel Cunha é Administrador das Tintas Europa, uma das mais conceituadas empresas portuguesas produtoras de tintas, e cuja unidade fabril se localiza no concelho de Alijó. Com delegações de norte a sul do país, a empresa está a assumir uma forte vertente inovadora para responder com novos produtos à quebra do tradicional mercado da construção civil em Portugal, ao mesmo tempo que continua a apostar em Angola, mercado onde espera inaugurar uma unidade fabril em 2014. Moçambique, segundo o administrador das Tintas Europa, também está no radar futuro da empresa transmontana.

pág. 32 a 37

Ainda nesta edição…

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Grande Plano

Fitch confirma solidez da Prévoir-Vie Meios Tec aumenta capital para apostar em África Novos investimentos chegam a Portugal Martifer ganha obras no Brasil Unicer investe com a Super Bock no Brasil Correios brasileiros querem comprar CTT Porto Sul em Ilhéus recebe autorização Câmara Portuguesa em Pernambuco centenária Promovalor consolida projeto em Pernambuco Aicep Global Parques divulga potencial de Sines

A gora que se aproxima a época natalícia, as questões relacionadas com o vasto e diversificado setor agroalimentar merece uma atenção ainda mais especial dos cidadãos e sobretudo dos agentes do setor. Nas várias áreas escrutinadas nesta edição, poderá afirmar-se que o setor agroalimentar está a crescer e a consolidar-se, contribuindo cada vez mais para que Portugal se aproxime de uma situação de auto-sustentação alimentar, bem como está produzindo produtos de elevada qualidade, contribuindo no domínio das exportações para o reequilíbrio da balança comercial portuguesa com o exterior.

pág. 6 a 29

Firstlink quer operar nos países lusófonos Vila Galé Rio de Janeiro mostra como será

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› GRANDE PLANO António Fernando Correia, Administrador da Interaves, fundou a empresa há 30 anos

Uma história de sucesso e confiança A Interaves foi criada no dia 25 de Novembro de 1982. Fundada por António Fernando Correia em associação com o grupo Valouro, a empresa trilhou um caminho seguro rumo a um dos patamares cimeiros no setor avícola português. António Fernando Correia recebeu a País €conómico na fábrica localizada na Abrigada, concelho de Alenquer, e antes da sua partida nesse mesmo dia para Cabo Verde, onde pretendia impulsionar as vendas da empresa para aquele mercado africano, descreveu-nos com enorme entusiasmo mas de forma também muito segura o que a Interaves está a fazer para consolidar esse trajeto e sustentar a sua posição no mercado português, ao mesmo tempo que reforça a sua aposta nas exportações, que já valem 15% da produção no presente, mas igualmente na assunção da possibilidade de apostar num investimento produtivo no exterior, admitindo mesmo conversações adiantadas com a Arábia Saudita, além de outras possibilidades, como poderão acontecer no Egito, Sudão do Sul ou Angola. Texto › JORGE Alegria

Como é que foi o percurso da Interaves

| FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS

dia 25 de Novembro?

administrado de um grande grupo do setor para ao fundar a Interaves passar a ser empresário, o que, sendo uma realidade nova, eu sentia-me completamente prepa-

O percurso da Interaves ao longo destes 30 anos foi muito interessante do ponto de vista pessoal, profissional e empresarial. É um facto, o senhor foi um dos fundadores da Interaves, participou no “nascimento da criança” e depois contribuiu decisivamente para o seu crescimento até ao que a empresa é nos dias de hoje. Concerteza de que nos poderá apresentar um testemunho muito vivencial dessa trajectória de sucesso nestes 30 anos. Realmente, eu sou fundador da Interaves, empresa que foi criada por mim em associação com o Grupo Valouro, e constituiu realmente um projeto deveras interessante, que começou do zero e que depois não só acompanhei como transmiti todo o meu saber e energia. Realmente, estes 30 anos de história da Interaves foram muito interessantes. Por outro lado, em termos pessoais, representou também a passagem de um percurso consolidado de

rado para assumir essa responsabilidade e o inerente risco, o que é igualmente deveras fascinante. Descrevendo um pouco alguns dos momentos mais significativos da nossa história, e para além do ponto marcante que foi a constituição da própria empresa, na primeira fase a nossa maior atenção esteve virada para a consolidação da produção,

ao longo dos 30 anos de atividade e que tiveram o seu ponto grande no passado

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a que se seguiu uma segunda fase, esta mais virada para a industrialização, ou seja, para a fase da transformação com a criação desta unidade industrial de abate e transformação de aves. É importante referir a importância do que designo como a terceira fase marcante no percurso da Interaves. A fase da introdução de uma filosofia de sistematização da qualidade. A qualidade esteve obviamente sempre presente desde a primeira hora nas nossas preocupações e na nossa atuação, mas entendemos a partir de uma determinada altura da importância e da necessidade de enveredarmos por uma cultura e uma prática de sistematização dos processos da qualidade, o que passou por sermos auditados por entidades externas à empresa e obtermos as respetivas certificações, o que realmente aconteceu em 1998. Aliás, dando mais uma vez um testemunho pessoal, eu próprio necessitei de proceder a uma espécie de reciclagem e realizei formação na Europa, nos Estados Unidos e no Japão, pois entendi da pertinência em estar completamente prepara-

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› GRANDE PLANO do para os novos tempos que aí vinham e para uma nova etapa na vida da Interaves. E devo realçar que foi uma aposta ganha, não apenas por mim, mas por toda a estrutura da empresa, na medida em que a aplicação de uma cultura de qualidade e a sua execução tem de acontecer em todos os níveis da estrutura da empresa. Só assim ela é efetiva e tem consequências no que fazemos e na qualidade e segurança dos produtos que disponibilizamos aos nossos consumidores. Felizmente, como presentemente é reconhecido pelo mercado, a Interaves está na linha da frente na qualidade e segurança alimentar nos produtos de aves consumidos em Portugal. A importância da sistematização da qualidade Essas exigências ao nível da qualidade na atuação da empresa estão hoje tão presentes como estavam há 15 anos na altura da certificação?

Codornizes Gourmet A Interaves é líder no mercado português no segmento das codornizes gourmet. Este tipo de codorniz é maior do que a codorniz tradicional, com grande qualidade e pode ser confecionada tanto nos restaurantes como servir para uma excelente refeição das famílias nas suas residências. Segundo António Fernando Correia, administrador da Interaves, «a codorniz gourmet que lançámos está a registar um crescimento de vendas muito apreciável, com destaque para a cada vez maior preferência que está a merecer por parte dos consumidores na restauração mais exigente e de qualidade. Já temos restaurantes em Portugal com uma estrela Michelin que introduziram um prato tendo por base a nossa codorniz gourmet e tem sido um verdadeiro sucesso». ‹

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Concerteza, mas mais refinadas. A gestão da qualidade deve ser transversal, o que significa que na Interaves todas as pessoas são importantes. Sensibilizámos toda a nossa estrutura, e ela respondeu, e continua a responder, de forma muito afirmativa e positiva nas boas práticas e no cumprimento das normas constantes da ISO 9011:2000. Na Interaves, os quase 300 colaboradores diretos empenham-se e orgulham-se do que fazem diariamente na empresa. No entanto, gostaria de associar neste caminho e neste trabalho, os muitos colaboradores e associados indiretos que temos ao longo de todo o país, pois a Interaves possui produção em todo o país. Realmente os pequenos e médios produtores que trabalham em exclusividade para a Interaves, através de um contrato na medida em que são criadores integrados, estão também eles próprios envolvidos no mesmo processo da qualidade. A título de exemplo, posso adiantar-lhe que estamos a desenvolver neste momento um conjunto de ações de formação para em todos os nossos produtores, para que também eles estejam certificados e em linha com as boas práticas da qualidade, que entende-

mos uma completa necessidade em estar disseminada por toda a fileira produtiva. A satisfação dos clientes é, portanto, o foco essencial de toda a atuação da Interaves e de todos os que com ela se relacionam?

Respondo à sua questão com um sim natural, pois os nossos clientes constituem o que de mais essencial existe na atuação de uma empresa, assim como poderá depreender na minha resposta anterior também possuímos uma forte preocupação em ajudar a desenvolver o mundo rural deste país, até porque permita-me sublinhar que esse conjunto de avicultores que se relacionam com a Interaves são excelentes pessoas e excelentes profissionais, e respondem de forma exemplar às excecionais condições que Portugal possui para desenvolver a nossa avicultura e todo a fileira da produção animal. Gostaríamos que as autoridades oficiais do nosso país,

e falo de todos os governos que têm passado e pelo presente, pudessem oferecer melhores condições para os nossos agricultores aproveitarem em toda a sua plenitude as condições realmente muito boas que possuímos, com particular incidência nas condições para a criação de proteína animal. É preciso criar condições para o desenvolvimento do setor Quais são essas melhores condições que considera importantes a serem asseguradas para o setor em Portugal?

Parto da constatação de que só agora se começa a observar e a falar da importância do setor agrícola para garantir o auto abastecimento do país. É uma preocupação que deveria ter chegado há mais tempo, isto é, o país já deveria ter criado uma efetiva cadeia produtiva, começando nos cereais e terminando na carne.

No entanto, é preciso sublinhar que atualmente as condições de acesso aos meios financeiros por parte das empresas são muito difíceis, como é público e notório, atingindo particular incidência no caso das PMEs, isto para não referir a quase completa impossibilidade das micro-empresas acederem ao crédito. Aliás, no presente, aquelas empresas que ainda conseguem dispor de condições para acederem ao crédito, só o conseguem com o pagamento de elevadas taxas de juro. Realmente, as empresas portuguesas vivem momento difíceis em termos do contexto da União Europeia, o que leva a situações de completa dificuldade em podermos competir com as empresas de muitos outros países europeus nos mercados internacionais. A Interaves também tem sentido esses constrangimentos no acesso ao crédito bancário?

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› GRANDE PLANO A Interaves não tem quaisquer dificuldades de acesso ao crédito bancário, mas devo sublinhar que não temos queixas por que nos prevenimos em devido tempo e sempre procurámos gerir a nossa tesouraria com muita prudência e rigor o que nos levou a que no final de 2010 liquidássemos tudo o que então ainda devíamos a qualquer banco. Nesta altura, nada devemos a qualquer banco. Mas enfatizo o facto de termos tido a argúcia de prevenirmos os tempos difíceis que já então se adivinhavam que aí vinham e termos preparado a empresa para uma situação de grande solidez financeira. Os sócios da Interaves desde há muitos anos que não retiram dividendos da empresa, antes investem nela todos os lucros alcançados, fundamentalmente porque acreditamos muito neste projeto. A Interaves tem futuro e não está dependente da banca. Aumentar as exportações é muito importante Esse futuro está na exportação?

Sem dúvida que sim. A Interaves possui desde há alguns anos um excelente cliente no Luxemburgo, que faz chegar ao mercado os nossos produtos e devo informá-lo que as repercussões que nos chegam são sobre a excelente qualidade e apresentação. Isso acontece com os produtos da Interaves, mas igualmente com vários outros produtos portugueses presentes naquele mercado. Aliás, entendo que embora Portugal não tenha capacidade para atingir grandes produções, o que fazemos é de enorme qualidade – pelas nossas condições naturais excecionais – e podermos ganhar uma presença muito significativa em nichos relevantes dos mercados mais exigentes e sofisticados. Por outro lado, os produtos da Interaves chegam a cerca de vinte países, na maioria países europeus, como sejam a Alemanha, Holanda, Bélgica, França, Espanha, entre outros, mas também no continente africano, como são os casos de Angola, Gabão, Guiné Equatorial, Cabo Verde, entre outros. E queremos reforçar a presença nos mercados deste continente. Por falar em continente, mas no caso da

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marca de supermercados do grupo Sonae, a futura presença dessa rede em Angola poderá fazer aumentar as vendas da Interaves para este país?

Consideramos da máxima importância esse investimento da Sonae em Angola. A Interaves já estar a aumentar de forma muito significativa as exportações para o mercado angolano, onde os nossos produtos merecem felizmente a preferência dos consumidores angolanos, que sempre tiveram, e continuam a ter, um especial carinho e preferência pelos produtos portugueses. É óbvio que a presença das principais marcas portuguesas de distribuição no mercado angolano constituirá uma vantagem suplementar para os produtores portugueses. Nós já estamos em Angola com presença no grupo Auchan. Aliás, gostaria de sublinhar que todas as cadeias nacionais de distribuição têm tido uma grande abertura e interesse em que possamos trabalhar com eles e para disporem dos nossos produtos nas unidades comerciais que possuem fora do território português. Neste momento qual é a percentagem da produção da Interaves que é exportada?

Em torno dos 15%, mas com tendência para aumentar. Estamos muito focados em aproveitar todas as oportunidades que se nos deparam para aumentar as exportações, o que é bom para a Interaves e é bom para o país. Em virtude da crise económica que atravessamos, aumentar as exportações é fundamental, e devo sublinhar de forma suplementar que quando exportamos não corremos qualquer risco, na medida em que os seguros de crédito em Portugal funcionam muito bem. Podemos vir a investir no exterior Está fora de causa a possibilidade da Interaves realizar algum investimento produtivo no estrangeiro?

Posso adiantar-lhe nessa matéria que existem contatos muito avançados para desenvolvermos projetos avícolas na Arábia Saudita, bem como no Sudão do Sul e no Egito. Mas também estamos a desenvol-

ver contatos sérios nesse sentido noutros países africanos, como é o caso de Angola. Sabe, a grande vantagem que possuímos e que podemos oferecer é know how e tecnologia, pois o nosso país possui essa saber fazer de forma quase ímpar e que muitos poucos possuem. E as empresas portuguesas do setor avícola estão com certeza na dianteira internacional do que de melhor se produz a nível mundial, pelo que compreendemos a razão de estarmos a ser solicitados para colaborar na criação e concretização de projetos em vários pontos do mundo. De entre os países que referiu qual o que poderá estar mais avançado na futura concretização de um projeto envolvendo a Interaves?

A Arábia Saudita é com quem temos mantido um diálogo mais intenso, até ao momento apenas realizado em Portugal, mas será muito natural que em breve uma equipa da Interaves se desloque àquele país do Golfo Pérsico para continuarmos essas negociações. Caso seja concretizado, será igualmente uma boa oportunidade profissional para jovens engenheiros e jovens veterinários portugueses em trabalharem nestes países. Teme uma quebra de consumo na quadra natalícia que se aproxima?

Realmente vamos começar agora a travessar a época natalícia e aproveito para desejar um Natal muito solidário a todos os portugueses. Naturalmente que confio perfeitamente que nesta quadra se vai continuar a consumir o peru campestre, o frango campestre, o frango tradicional, as codornizes, entre outros produtos avícolas. As aves fazem parte da tradição natalícia dos portugueses, pelo que confio que os consumos neste tempo não tenham quebra porque constituem os produtos mais seguros e mais baratos. As aves são seguras e possuem grande qualidade, logo são das espécies mais acessíveis para os consumidores. Como prevê o futuro da Interaves, digamos não num prazo de mais 30 anos, mas de curto e médio prazo?

O país atravessa uma crise, mas é nos tempos de crise que também surgem boas

oportunidades, incluindo para medirmos as nossas forças. É em momentos de crise que poderemos mostrar verdadeiramente o que valemos. Eu costumo dizer que gerir uma empresa numa fase de crescimento económico é fácil, difícil é gerir uma empresa em momentos de crise económica na sociedade em que vivemos.

Como lhe referi anteriormente, a Interaves precaveu-se em tempo útil e oportuno, resolvendo as questões de natureza financeira, e garantindo uma solidez muito importante para atravessarmos com alguma segurança estes tempos de incerteza em que vivemos. Não podemos, nem queremos, desperdiçar esta oportunidade do

tempo em que vivemos. Estamos todos muito confiantes de que vamos trilhar um caminho vitorioso, mas temos e trabalhar muito e bem. A crise é um grande teste à nossa capacidade, incluindo a minha, mas tenho a esperança e a firme convicção de que vamos vencer. ‹

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› GRANDE PLANO Luís Fernando Bulhão Martins, Presidente da ANCPA não tem dúvidas

«Os nossos porcos são os melhores da Península Ibérica» Em entrevista à País €conómico, o presidente da Associação Nacional dos Criadores de Porco Alentejano (ANCPA) não esconde a sua preocupação perante a enorme crise que o seu sector enfrenta neste momento. «Temos sentido a crise enormemente e sabemos que a caminhada que temos pela frente não é nada fácil», reconheceu Luís Bulhão Martins, para afirmar logo de seguida que, infelizmente já concluiu que a melhor maneira de reagir a esta situação negativa, é reduzir a actividade. «Não é parar a actividade, é reduzí-la...», sublinhou, lembrando que a esperança está agora na grande qualidade da Raça Suina Alentejana. «Os nossos porcos são os melhores da Península Ibérica».

C

Texto › VALDEMAR BONACHO

omo dar a volta a esta situação? O presidente da ANCPA sabe que esta pergunta guarda dentro de si uma resposta muito difícil, mas mesmo assim não hesitou em deixar-nos o seu depoimento. «As estratégias mais comuns para ultrapassar a crise, como sejam as de conquistar novos mercados, diversificar comercialmente, baixar custos de produção e ser mais eficiente, diminuiram de intensidade porque o contexto não ajuda nada. Mas quero desde já apontar alguns pontos que nos preocupam. Em primeiro lugar, os nossos produtos são de qualidade e como tal destinam-se a um segmento de mercado médio e alto. Estávamos a popularizar o consumo dos nossos produtos, e neste momento essa acção está a arrefecer grandemente devido em boa parte às dificuldades porque passa neste momento a classe média portuguesa e o mercado de Espanha, que absorve a maioria das nossas exportações, também estar em profunda crise», comentou Luís Bulhão Martins, que diz não se recordar de uma crise como esta. «Já tinhamos passado por

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| FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS

algumas crises cíclicas, e quando ainda não estávamos integrados no euro passamos por crises de ajustamento da economia, mas eram crises que nada tinham a ver com esta que vivemos no presente», recorda o presidente da ANCPA A Associação Nacional dos Criadores de Porco Alentejano já chegou a ter 300 associados inscritos, mas hoje, associados activos são 160. Será que uma crise como esta porque estamos a passar desmobiliza alguns dos vossos associados, que não acreditando no futuro das suas explorações chegam à conclusão que o melhor é abandonar a actividade? Perguntámos a Luís Bulhão Martins, que de certo modo nos confirmaria aquilo que previamos. «Como presidente da Ancpa é com imensa tristeza que assisto ao abandono de alguns dos nossos associados. Mas aqui na Ancpa procuramos sempre incentivar os nossos associados para que, com a nossa ajuda técnica e técnica-económica, encontrem as formas mais adequadas que permitam minimizar estas situações de gravidade, e consigam o rumo da re-

cuperação que é sempre muito desejado. Mas não deixamos de reconhecer que os tempos actuais são de grande dificuldade para todos nós...»., enfatizou Luís Bulhão Martins, para reafirmar que é um dos objectivos fundamentais da sua associação é preservar o potencial de produção junto de cada um dos associados e dar-lhes forças para que não desistam de ir em frente. «Não podemos dizer aos nossos clientes que desistam porque as condições são muito difíceis em termos de rentabilidade. O que procuramos é transmitir-lhes a mensagem da necessidade de se baixarem os custos de produção para desse modo tornarem-se mais competitivos nos mercados onde estão inseridos», esclareceu Luís Bulhão Martins. Governo aposta no desenvolvimento do sector O presidente da Ancpa não ignora o impacto que a Política de Desenvolvimemto Rural pode ter no incremento deste umportante sector de actividade, e nesta entrevista que concedeu à P€ reconheceu que a ministra Assunção Cristas e a pró-

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› GRANDE PLANO recentes de Pedro Bento, secretário-geral da Ancpa, a Raça Suina Alentejana poderá estar ameaçada a curto prazo, uma vez que oficialmente não existem neste momento mais do que 5000 reprodutoras. «Isto põe em causa a raça autóctone e o seu património genético», lembrava nessas declarações Pedro Bento. Dar preferência ao produto nacional Esta situação também preocupa Luís Bulhão Martins. «Na verdade, o sector pode estar em risco. A redução do efectivo reprodutor é o primeiro sintoma do panorama muito negro em que neste momento estamos a desenvolver a actividade. As reprodutoras são as mães da produção e o facto do efectivo estar a diminuir deve-se exactamente a não haver condições comerciais para vender maior volume de produção e termos de baixar esse volume.

pria tutela têm demonstrado interesse em encontrarem as melhores soluções para o sector. «Este Governo, apesar do contexto muito difícil em que exerce a governação, é um Governo muito mais favorável aos agricultores e ao desenvolvimento da actividade do que o Governo anterior. Este é um Governo que marcadamente aposta no nosso sector, reconheceu Luís Bulhão Martins para a este propósito dizer ainda que esta atitude do Governo é boa e benéfica «porque cria-nos expectativas muito positivas, e faz-nos crer que temos da parte dele um aliado», disse o presidente da Ancpa. Política de Desenvolvimento Rural Luís Bulhão Martins direcciona o seu discurso para as virtudes desta Política de Desenvolvimento Rural. «Desde logo é

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uma política que aguça a competitividade das empresas, e quando digo empresas estou também a referir-me às explorações agrícolas. É uma política que apela à modernização e à inovação, à susentabilidade do mundo rural. Esta é uma política que chama a atenção para a competitividade e através dela criar condições e garantias favoráveis para que a actividade prossiga. E a competitividade é tudo: á a oportunidade das explorações se modernizarem, de se inovarem, de conquistem mais mercados, produzirem os produtos dentro do mais mais elevados parâmetros de qualidade, renovar o tecido empresarial. Competitividade é tudo isto. E tudo isto são auxílios preciosos para os sectores produtivos, são ajudas importantes para o mundo rural, são desenvolvimentos novos. Depois, é sustentar aquilo que é de interesse nacional e que não funciona só

Receio esta situação, mas ao mesmo tempo tenho esperança de que ela seja ultrapassada rapidamente. Para isso é preciso existir uma grande coesão entre os indústrias do porco, produtores e consumidores, defendendo afincadamente a necessidasde de dar preferência ao produto nacional, que é de excelência», resumiu o presidente da Ancpa, que aproveitou o ensejo para elogiar a qualidade do porco alentejano. Incrementar a agro-indústria nacional «O Porco Alentejano é um profundo valorizador dos recursos endógenos portugueses. Ou seja, valoriza o campo como ninguém. Ele como coisas como ninguém mais come, ele cria carne à conta disso, e carne com as melhores características. O Porco Alentejano é hoje uma marca indesmentível em Portugal e em Espanha. É um produto de grande afirmação que

nos honra a todos», destacou Luís Bulhão Martins. Será que com a crise existente no mercado espanhol o presidente da Ancpa já estuda outras alternativas de mercado? Luís Bulhão Martins não hesitou: «Eu penso imensamente nisso, mas nós temos de perceber uma coisa que é uma dificuldade portuguesa. A agro-indústria forte do porco está em Espanha, e a agro-indístria com marcas mais sonantes do mercado também está em Espanha. Portanto, é absolutamente impensável não viver dividido entre o mercado português e o mercado espanhol, e outros mercados que possam eventualmente existir. Agora alternativas existem, e elas podem passar pelo incremento da agro-indústria nacional, e até por exportações para os Palop s», concluiu o presidente da Associação Nacional dos Criadores de Porco Alentejano. ‹

através das regras da economia propriamente ditas. Há determinadas actividades e presenças no campo que oferecem à sociedade um conjunto de bens públicos muito interessantes. A Agricultura para além de ser geradora de produções agrícolas, de emprego e pugnar pela segurança alimentar, ela é uma boa contribuidora para o Produto Inteno Bruto (PIB). E é uma actividade que tem crescido em termos de exportações e, como tal, a sua presença na contabilidade pública permite melhorar o saldo da Balança Comercial», sublinhou o presidente da Ancpa. Apesar de tudo, há quem afirme que a actividade a que a Ancpa está ligada poderá estar em risco, se não forem tomadas medidas urgentes e adequadas. Por exemplo, são muito perto das 6000 as reprodutoras existentes e segundo declarações ainda

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› GRANDE PLANO Alfredo Martins, Diretor Geral da Zêzerovo

«O nosso objetivo é manter a liderança» Apesar de o incêndio que no passado dia 2 de Abril de 2012 deflagrou nas instalações da Zêzerovo ter destruído um dos seus pavilhões, causado a morte de 150 mil galinhas poedeiras e dizimado cerca de 300 mil ovos, num prejuízo estimado em 2,5 milhões de euros, ninguém nesta empresa baixou os braços, e um novo pavilhão acaba de ser construído contribuindo deste modo para que a Zêzerovo mantenha o seu equilíbrio produtivo e granjeie o estatuto de maior empresa de produção e comercialização de ovos a nível nacional. «O infortúnio que nos atingiu naquele dia acabou por nos tornar mais fortes», sublinhou Alfredo Martins, Diretor Geral desta empresa de Ferreira do Zêzere. Texto › VALDEMAR BONACHO | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS

«A

quele dia foi trágico», refere Alfredo Martins ao recordar uma vez mais o incêndio ocorrido no passado dia 2 de Abril. «Em 26 anos de existência da Zêzerovo nunca havíamos passado por uma situação daquelas, e isso abalou-nos profundamente. Desde logo a nossa preocupação foi conhecer as causas do incêndio. A PJ este durante vários dias no terreno a acompanhar tudo ao pormenor, e a conclusão que nos foi dada a conhecer diz que o incêndio ficou a dever-se ao super aquecimento de um motor, facto que não deixou de nos causar alguma estranheza até porque até então nada de semelhante acontecera na Zêzerovo», lembra Alfredo Martins que deixou bem vincada uma nota que consideramos muito importante e que revela bem a crença e a determinação da Administração da Zêzerovo. «A nossa preocupação imediata foi esquecer rapidamente o que nos tinha acontecido e reunirmos todas as forças que conduzissem à construção de um novo pavilhão que substituísse aquele que fora destruído pelo fogo. E essa determinação está consubstanciada no facto de já termos a funcionar um novo pavilhão», reforça o Diretor Geral da Zêzerovo. A Zêzerovo tem neste momento 22 pavilhões instalados com uma capacidade

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para 1,3 milhões de galinhas poedeiras. «Desenvolvemos aqui todo o processo, desde a recria. Adquirimos o pinto com um dia de vida, este permanece cerca de 16 semanas (4 meses) em ambiente de gaiola para se adaptar ao ambiente que vai ter na postura. Depois com 16 ou 17 semanas entra nos pavilhões em postura e está 52 semanas (1 ano) em produção» esclareceu Alfredo Martins, que avançaria em seguida um dado que evidencia a dimensão do projeto Zêzerovo. «Produzimos aqui 1,1 milhões de ovos por dia. Mas para além da produção própria, temos também três produtores integrados a quem controlamos a produção, que é toda para a Zêzerovo. Isto faz com que o efetivo total seja de 1,5 milhões de galinhas poedeiras, que produzem mais de 1,3 milhões de ovos por dia», fez questão de nos esclarecer o Diretor Geral da Zêzerovo. Maior produtor nacional de ovos A Zêzerovo é a maior empresa de produção e comercialização de ovos em todo o espaço nacional, e este facto enche de orgulho Alfredo Martins. «Estes ovos são comercializados em todo o país de Norte a Sul, grande parte deles na Grande Distribuição, mas também para o mercado grossista e a retalho. Nos meses de Maio e Junho, onde por norma o mercado nacional consome menos, a nossa opção vai para a exportação. Mas estamos a falar de valores pouco significativos: cerca de 5 por cento do que produzimos»,

sublinhou Alfredo Martins para a este propósito dizer também que uma parte da escolha que fazem, tanto na produção como na classificação, e que representa cerca de 10 por cento de ovos que por terem casca mais fraca, por estarem sujos ou partidos, são enviados para a indústria transformadora. Nada se perde, ou perde-se muito pouco», frisou o nosso entrevistado. Durante os seus 26 anos de vida, a Zêzerovo tem tido sempre um percurso ascendente. A empresa tem tido uma evolução sustentável, apoiada em pilares fundamentais onde sobressaem a grande qualidade do produto e a preocupação de adquirir com frequência a melhor tecnologia disponível na Europa. «Só deste modo a Zêzerovo consegue atingir o grau de competitividade que é reconhecido, e consegue ser a empresa moderna que é», observa Alfredo Martins. «Os investimentos da Zêzerovo são contínuos, e a melhor provas disso reside no facto de termos o maior pavilhão de produção existente em Portugal. Só assim conseguiremos manter a posição de liderança que temos tido até hoje no mercado», precisou Alfredo Martins. Neste momento a grande parte da produção de ovos da Zêzerovo é destinada ao mercado português. «Só exportamos em caso de necessidade, e pelas razões que já apontámos anteriormente. Só exportamos quando há excesso de produto, quando a procura em Portugal é menor, e isso acontece por vezes durante os meses de Maio e Junho. Entretanto quero adiantar que já temos exporta-

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› GRANDE PLANO

do para países como Espanha, Alemanha, Inglaterra, França, mas estamos a falar de exportações com pouca expressão: 5 por cento das nossas vendas», explicou à P€. Zêzerovo investiu 11 milhões Por exigência da própria União Europeia, a Zêzerovo executou recentemente um projeto de investimento que ascendeu a 11 milhões de euros e que teve a ver com a transformação da totalidade da capacidade instalada de permanência de aves em capoeiras, norma que foi instituída pela EU para o setor. «Tratou-se de uma diretiva comunitária de 1999 que obrigou a alterar o modo de alojamento das galinhas poedeiras, medida que não nos surpreendeu muito, mas que continha alterações que discordamos, porque na prática algumas são medidas que não se adaptam. É evidente que aumentar o espaço dos animais é importante, mas há situações em que não estamos de acordo, como seja um espaço para a galinha poder bicar ou esgravatar, até porque na prática este procedimento conduz a que venhamos a ter

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um maior número de ovos sujos, uma vez que o ovo vai estar em contacto com matéria orgânica, coisa que não acontecia antes», alertou o Diretor Geral da Zêzerovo, lembrando que este investimento de 11 milhões de euros já está implementado, mas «estamos contudo ainda a fazer algumas alterações, pois esse investimento incluiu não só a produção como também a parte de classificação e embalamento, o que nos levou a adquirir também alguma tecnologia importada», referiu Alfredo Martins. A Zêzerovo está ligada a um forte grupo económico de empresas: a Agrozel – Agro-Pecuária do Zêzere, SA; a Sicarze – Sociedade Industrial de Carnes, SA; e a Rações Zêzere. No entender de Alfredo Martins esta ligação é-nos favorável até como vos dizia há pouco, nós adquirimos o pinto com um dia de vida, a Agrozel é quem faz a recria do pinto, a adaptação à gaiola de postura, e temos depois as Rações Zêzere que fabricam a alimentação das falinhas poedeiras», elucidou Alfredo Martins. De referir que este alimento para as falinhas poedeiras é produzido e controlado

com o equipamento mais moderno, incluindo Feed Processor FP34 que elimina a salmonela e as bactérias patogénicas através do tratamento térmico da ração. O Centro de Inspeção e Classificação de Ovos tem capacidade para classificar 420 mil ovos/hora, fator que garante prontidão nas entregas e que designou a Zêzerovo como «a empresa com maior Capacidade para a Inspeção e Classificação de Ovos em Portugal». Salientar também o facto de a Zêzerovo acompanhar diariamente as características naturais dos ovos, efetuando testes de rotina com o apoio de laboratórios externos. Para além disso a Zêzerovo foi a primeira empresa do setor a obter as certificações através da APCER das normas NP EN ISO 9001:2008 e da NP EN ISO 22000:2005, que se prendem com o seu Sistema de Gestão da Qualidade e Segurança Alimentar. «Numa empresa como a Zêzerovo estas certificações são importantes porque atestam o esforço que a empresa realiza neste âmbito, reconheceu Alfredo Martins, quer continuar a ver a Zêzerovo no topo da liderança deste setor de atividade. ‹

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› GRANDE PLANO Sónia Neves da Silva, Diretora Geral da Campil, elogia a capacidade e qualidade do tomate produzido em Portugal

Exportamos 95% da produção

A Campil nasceu em 1968 e em 2001 foi adquirida pela família detentora da TOUL, outra empresa da indústria do tomate localizada na Azambuja. A Campil já se situa no vizinho concelho do Cartaxo, e Sónia Neves Pereira, Diretora Geral da empresa, em entrevista à País €conómico, sublinhou a importância que a empresa e a própria indústria em geral para as exportações do país, pois falamos de um setor que em geral exporta 95% da produção portuguesa de tomate e arrecada nesse movimento exportador 250 milhões de euros. A Campil quadruplicou a sua capacidade produtiva em 10 anos, estando agora capacitada em produzir 135 mil toneladas anuais. Crescer está no ADN do grupo salienta a responsável da empresa, mas a Campil aposta sobretudo em manter uma forte solidez e capacidade competitiva no mercado internacional. Texto › JORGE Alegria | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS A Campil dedica-se à produção de concentrado de tomate e nos últimos 10 anos terá quadruplicado a sua produção. Como é que foi possível conseguir essa quadruplicação?

A Campil teve a sua origem em 1968, e manteve desde a sua origem uma matriz familiar. Em 2001, a empresa foi adquirida pela TOUL, que é uma empresa dedicada ao tomate desidratado e que se localiza aqui bem próximo na Azambuja. Realmente, quando adquirimos a Campil em 2001, a sua capacidade era relativamente pequena, e a sua aquisição teve sobretudo o propósito de garantir através da Campil o abastecimento da própria TOUL, mas também um segundo objetivo que apontava para a entrada no mercado internacional vendendo concentrado de tomate, uma área em que a TOUL sabia comprar, mas nunca tinha tido a experiência de vender, o que a Campil já fazia. Portanto, em 2001, realizámos a nossa primeira campanha do tomate no âmbito da Campil, realizando logo no ano seguinte um primeiro investimento na área da embalagem asséptica, partindo depois em 2003 para um investimento de maior amplitude e que se traduziu no aumento da capacidade da fábrica. Aproveito esta

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ocasião para referir que numa fábrica de concentrado de tomate não basta aumentar os equipamentos para a evaporação, é preciso também realizar investimentos desde a fase do tratamento das águas até à fase do enchimento, assim como nas áreas de descarga, de modo a garantir que o produto quando chega à nossa unidade é imediatamente levado para a área da evaporação. Este tipo de fábricas trabalha em tempo real, o que significa que o tomate é apanhado num determinado momento e dentro das mesmas 24 horas ele tem de ser transportado e processado de forma a garantir o melhor resultado possível, além de garantir igualmente uma completa rentabilização na performance da unidade industrial.

vel poupança energética, na medida em que o equipamento produz vapor e através de turbinas permite alimentar energeticamente outros equipamentos fabris. Estas foram, em síntese, as razões para que em 10 anos tenhamos conseguido quadruplicar a capacidade de produção da Campil. De 19 mil para 135 mil toneladas Em termos de tonelagem no que é que se traduziu essa quadruplicação?

Mas os investimentos continuaram para

A capacidade é medida em termos de tomate fresco entrado na fábrica, pelo que a Campil produzia em 2001 apenas 19 mil toneladas de tomate fresco, e agora possui uma capacidade instalada para transformar entre 130 a 135 mil toneladas.

além de 2003?

Uma fábrica produtora de concentrado

É verdade. Em 2005 realizámos mais alguns pequenos investimentos, e já em 2008 foi o ano em que concretizámos o último dos grandes investimentos industriais na Campil. Esse investimento resultou sobretudo na introdução da mais recente tecnologia na área do concentrado de tomate, permitindo-nos melhorar a nossa qualidade em termos de produto, e igualmente em concretizar uma assinalá-

de tomate terá de ter certamente uma forte relação com o campo, origem da matéria-prima. Como se processa essa relação?

A nossa relação com o campo é muito boa. Aliás, para as coisas funcionarem bem, não podiam deixar de ser. Os agricultores são os nossos parceiros por excelência. Todavia, gostaria de esclarecer que a nossa relação direta é com as designadas Or-

ganizações de Produtores (OP), cada uma composta por um conjunto de produtores associados, aliás como está definido desde 1998 através de uma diretiva comunitária. Quando realizámos os investimentos que descrevi anteriormente, onde aumentávamos de forma muito significativa a capacidade de produção da empresa, necessitámos também de saber se o próprio campo estava disponível e em condições de também ele aumentar a sua capacidade

de produção e consequente fornecimento da matéria-prima de que necessitávamos. A resposta que recebemos foi muito positiva, pois também os agricultores precisavam de crescer, mas só o poderiam fazer se a capacidade industrial a jusante também o pudesse fazer. Portanto, foi um feliz casamento estratégico entre a Campil e o campo que nos fornece o tomate de que necessitamos. A Campil, através das Ops, intervém di-

retamente no campo para assegurar a qualidade do produto que é fornecido à fábrica?

Como referi, a nossa relação direta é com as Ops, que possuem técnicos altamente qualificados com quem dialogamos permanentemente e que depois intervêm diretamente no campo junto dos produtores. A intenção da produção e da indústria é que haja sustentabilidade e qualidade na produção, utilizando, por exemplo, apenas

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› GRANDE PLANO

os pesticidas e fungicidas que são necessários em cada momento, e não mais do que essa quantidade que é importante ser aplicada. No fundo, para garantir que o produto que sai do campo vem em perfeitas condições de sanidade e de qualidade. E isso tem sido garantido de forma exemplar.

tir um controle muito forte para produtos entrados no mercado britânico, mas que depois acabou por ser extensiva a praticamente todo o mundo. Somos auditados na altura da produção, que é no Verão, através da Loyds. Quem são os vossos principais clientes?

Qualidade garantida pelas certificações mais exigentes

Como sabe, Portugal é um país pequeno e desenvolve muito pouco a sua capacidade de inovação e de lançamento de novos produtos. Esse handicap é histórico e praticamente não mudou. Então, essa situação levou a indústria nacional na área do tomate a exportar a quase totalidade daquilo que se produz no nosso país. Eu diria que exportamos cerca de 95% do que se produz em Portugal, o que também acontece no caso concreto da Campil. Nós fornecemos alguns dos grandes players mundiais como são os casos da Campbel, Heinz, Unilever, Nestlé, entre outros, que utilizam o nosso concentrado de tomate para adicionarem aos produtos que vendem aos consumidores.

Ao nível da qualidade e respetivas certi-

Pelos nomes que nos referiu, onde se

ficações, em que patamares se situam a

concentram os principais mercados da

Campil?

empresa?

A qualidade é uma condição sine qua non para uma empresa que fornece a indústria alimentar no mercado internacional e que exporta cerca de 95% do que produz. É onde se posiciona a Campil, que possui todas as certificações necessárias, mesmo as mais exigentes e reconhecidas no plano internacional. A nossa empresa possui a certificação ao nível do HACCP, assim como da ISO 22000 e a BRC, uma norma inglesa criada por um organismo deste país para garan-

Exportamos fundamentalmente para a Europa, e através da TOUL também chegamos à Austrália, Japão, China, África do Sul e vários outros países. Devo referir que os mercados para onde exportamos se têm revelado estáveis, embora se registem crescimentos na zona do Médio Oriente.

A Campil apenas adquire tomate em Portugal ou também o faz no exterior?

Apenas adquirimos tomate em Portugal, na medida em que o país produz o suficiente para abastecer a capacidade de transformação existente no país, além de ser de excelente qualidade. Aliás, posso dizer-lhe que quem vem comprar tomate em Portugal, precisamente devido à sua excelente qualidade, são os nossos vizinhos espanhóis, neste ano em menor quantidade, mas em anos anteriores, em quantidades muito apreciáveis.

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O grupo poderá vir a realizar algum outro investimento, seja em Portugal, ou no estrangeiro?

Seria uma imprudência da minha parte estar a dizer que no futuro isso não pode-

rá ocorrer. No entanto, dizendo isso, pensar numa possibilidade desse género não está neste momento dentro das nossas prioridades estratégicas, antes o de rentabilizar efetivamente os investimentos que aqui foram concretizados. Mas, volto a sublinhar que poderemos no futuro pensar nessa possibilidade mediante a análise de oportunidades concretas que s e venham a colocar à empresa. É uma possibilidade que não afastamos, pois o investimento está no ADN da família que detém este grupo formado pela Campil e pela TOUL. O volume de negócios deverá crescer em 2012 face ao período homólogo ou não? Em 2011, o nosso volume de negócios ultrapassou os 11 milhões de euros. Este ano, fruto de algum travão mundial no consumo de tomate no ano anterior, ficámos com algum stock na fábrica, que estamos a escoar no presente ano, além da venda da própria produção da campanha de 2012, pelo que estimo que possamos aumentar o volume de vendas de forma significativa. Mais de 20% face ao ano anterior?

Certamente que sim. O grupo onde a Campil se insere atingiu o pódio do setor da produção de tomate em Portugal. Chegar ao mais alto lugar do pódio da indústria no país está nos vossos horizontes?

Vou responder-lhe sobre o que move a Campil e o próprio grupo. Constituímos um grupo cem por cento nacional, de raiz familiar, sem participações de organizações financeiras, sólidos e que sempre tivemos retorno na nossa atividade. Pretendemos estar dessa forma sólida, agora e no futuro, tanto no mercado nacional como internacional, seja sobretudo na área do tomate, sejam possivelmente de outros produtos. Naturalmente que fará todo o sentido o grupo TOUL/Campil progredir e aumentar a sua capacidade, mas mantemos principalmente o objetivo de sermos melhores, muito competitivos e continuarmos a dispor de uma reputação e solidez impecáveis. ‹

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› GRANDE PLANO Luísa Amorim, Administradora da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, destaca a qualidade do projeto vitivinícola da família Amorim na região do Douro

O Douro produz dos melhores vinhos a nível mundial Em 1756 o Douro recebia a denominação de região demarcada na produção de vinhos, a primeira a nível mundial. Oito anos depois, foi criada a primeira adega na Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, inscrição que faz parar de admiração todos os que visitam a propriedade que corre ao longo de 1,5 quilómetros na margem norte do rio Douro, perto do Pinhão. Mais de dois séculos depois, precisamente em 1999, a família do empresário Américo Amorim adquiriu a Quinta com o firme propósito de desenvolver a cultura da vinha e do vinho, elevando os produtos dali saídos ao mais elevado patamar de qualidade e reconhecimento nacional e internacional. Luísa Amorim, filha mais nova de Américo Amorim, é a Administradora da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, e em entrevista à País €conómico, descreve o que mudou na propriedade desde então, os investimentos realizados na vinha e na adega, dos vinhos de alto padrão que exporta para 23 países, e do imenso orgulho que o projeto associado do enoturismo está a ter para agrado dos milhares de visitantes que demandam o Douro e a própria Quinta à procura de melhor conhecer a região e um terroir abençoado da natureza. Texto › JORGE Alegria | FOTOGRAFIA › Cedidas pela Quinta Nova

“H

á muito que a família Amorim se destaca no panorama empresarial português. Além da sua atividade principal, como líder mundial na indústria da cortiça, desde 1870 que a família desenvolve várias áreas de atuação. Conhecedora, desde 1870, do potencial dos produtos de cortiça de alta qualidade que complementam os grandes vinhos, a família Amorim voltou-se para a região demarcada do Douro, com a aquisição da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, em 1999”. Esta introdução inscrita num folder promocional da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, resume de forma cristalina a relação e o porquê da estratégia do Grupo Amorim em entrar na área dos vinhos, precisamente por essa relação umbilical da cortiça com o vinho. E a ambição

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de Luísa Amorim é colocar a propriedade junto ao Pinhão a produzir os melhores néctares de baco que o mundo poderá absorver e deliciar-se.

A administradora executiva da Quinta Nova entrou na área dos vinhos um ano depois da aquisição da propriedade no Douro, entrando para a direção de marke-

ting da J.W. Burmestre, empresa na qual o grupo Amorim tinha passado a deter uma importante participação. Entretanto, em 2005, Luísa Amorim assumia a direção da empresa proprietária da quinta

no Douro e passava a dedicar-se de alma e coração à tarefa difícil e exigente, mas essencialmente apaixonante de contribuir para produzir vinhos que o mundo viesse a reconhecer como de grande qualidade.

O início da produção de grandes vinhos Seria no ano seguinte, em 206, que a Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo desenvolve uma estratégia de vinhos do Douro no segmento de topo de gama. Luísa Amorim sublinha que no mundo atual, os players do setor só podem realisticamente posicionar-se ou no segmento de nicho (niche player) ou do mercado de massas (mass market player). A gestora refere então que a escolha para a empresa foi óbvia e posicionou-se no primeiro dos segmentos referidos, a da procura da produção de vinhos de alta qualidade e o consequente posicionamento em nichos de mercado bem definidos, nomeadamente os topos de gama. Luísa Amorim recorda que para chegar aos vinhos que já começaram a sair da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, foram necessários concretizar uma série de importantes investimentos, a começar na própria vinha, sublinhando que quando a quinta foi adquirida existiam apenas 35 hectares de vinha plantada, ao passo que nos investimentos realizados no campo foi possível aumentar essa área de vinha plantada para os atuais 85 hectares, «o que para uma região como o Douro, onde predominam as plantações de muito pequena dimensão, conseguir juntar numa só propriedade 85 hectares de vinha, isto numa propriedade que globalmente possui 120 hectares, é realmente extraordinário, mas também nos faculta uma possibilidade ímpar de desenvolver um projeto de grande qualidade, com muita racionalidade e exigência, e sobre-

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› GRANDE PLANO tudo capaz de produzir vinhos muito interessantes e de enorme qualidade», enfatiza a responsável da empresa. Por outro lado, para além dos investimentos realizados na própria vinha, em 2003 foi inaugurada a nova Adega da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, embora «a marca identificativa da adega original, criada no ano de 1764, continue a encimar a nossa adega e a recordar a todos a enorme responsabilidade do trabalho que temos de desenvolver para honrar as muitas pessoas que deram o seu melhor pela quinta e pela produção de vinho nas suas instalações, sendo presentemente a nossa

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missão de prosseguir nessa caminhada, elevando os patamares de excelência que sempre foram caraterística da Quinta Nova», refere Luísa Amorim. A nova adega foi equipada com a melhor tecnologia existente no mundo para a produção de vinhos topo de gama e nela trabalham um corpo de colaboradores muito qualificados, sendo de referir o nome do enólogo Pedro Pina Cabral, que entrou na Quinta Nova como enólogo residente em 2010. Segundo Luísa Amorim, em 2011 atingiu uma faturação de cerca de dois milhões e euros resultante de uma produção de

220 mil garrafas de vinho, tendo atingido o décimo primeiro lugar em volume de negócios no ranking DOC Douro, ou seja, no ranking que apura as vendas de vinhos em valor, e não propriamente em quantidade absoluta, «o que para uma empresa extremamente jovem como a nossa na região é deveras interessante e penso que traduz uma evolução muito positiva, além de premiar o magnífico trabalho de todos os que laboram na nossa propriedade do Douro», salienta a gestora. Vinhos com distinções internacionais Produzir vinhos da mais alta qualidade constitui um risco grande, mas os proveitos também podem ser de grande amplitude. O reconhecimento é sempre bem-vindo e chegou há alguns meses no guia de Robert Parker, quando colocou os três Grandes Reservas da Quinta Nova (Referência, Quinta Nova e Touriga Nacional) com distinções bastante elevadas, respetivamente, com 94, 93 e 92 pontos. O portfólio dos vinhos tintos e brancos (estes já representam 25% da produção) produzidos na Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo apresentam-se com as marcas Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo (DOC Douro e Vinho do Porto), Grainha, Pomares, ambos também na categoria DOC Douro. De sublinhar que aproveitando o potencial produtivo da quinta, a empresa produz também uma família de produtos gourmet, nomeadamente azeite e alguns produtos tradicionais, como o Doce Extra de Uva, Mel, ou ainda o grupo das tisanas, produtos à base de ervas aromáticas colhidas na altura da sua floração. Retomando a área dos vinhos, segundo Luísa Amorim, são já 23 os países para onde são exportados os vinhos da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, com realce para as apostas mais recentes nos mercados dos Estados Unidos da América e do Brasil. A gestora salienta mesmo que «nos últimos dois anos, temos optado por trabalhar com vários importadores regionais nestes mercados», embora também saliente que a empresa mantém uma

aposta firme de reforçar as suas posições já alcançadas em diversos mercados europeus, sendo de recordar que neste ano de 2012 as exportações já deverão representar cerca de 50% para a produção global dos vinhos produzidos na quinta do Douro. Questionada sobre as dificuldades que muitas vezes se colocam aos produtores portugueses em vingarem com os seus vinhos nos mercados internacionais, Luísa Amorim sublinha que o mercado dos vinhos a nível mundial se desenvolveu muito nas últimas duas décadas, com a introdução de novas tecnologias de ponta no setor, com a chegada de novos países produtores e de milhares de marcas aos mercados mundiais, «além de que Portugal e Espanha ficaram muito tempo um pouco adormecidos e sem saberem exatamente onde se posicionarem estrategicamente neste mercado mundial em

defrontamos países muito reconhecidos pelos seus vinhos de alta qualidade como são a França e a Itália. Mas temos de nos posicionar nesse segmento e Portugal, devemos assumir isso, produz vinhos magníficos, particularmente na região do Douro, cada vez mais reconhecida e valorizada a nível mundial», finalizou Luísa Amorim.

mudança. Penso que Portugal já perdeu definitivamente o comboio dos mercados de massas, pelo que tem de apostar decisivamente nos mercados de nicho, elegendo a qualidade como seu paradigma e referência de atuação e posicionamento. É evidente que mesmo aí não é fácil, pois

Primeiro Hotel do Vinho em Portugal Para além da produção vitivinícola, e não esquecendo a importância da loja gourmet que foi criada na estação ferroviária do Pinhão, onde os visitantes que ali entram podem apreciar e comprar o portfólio de vinhos e restantes produtos da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, Luísa Amorim destaca com evidente orgulho para o projeto do enoturismo criado na quinta e cujo hotel do vinho criado em Portugal – Hotel Rural Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo – nascido em 2005 (ano em que Luísa Amorim assumiu a responsabilidade da Quinta e aí pode aplicar todos os seus conhecimentos adquiridos no curso de gestão hoteleira da Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Porto e do CESE em Marketing que tirou na Universidade of California Irvine -EUA) e que resultou da reabilitação de uma casa senhorial oitocentista. «O projeto do enoturismo permitiu-nos aproximar a quinta das pessoas que visitam o Douro em cada vez maior número, que pretendem conhecer in loco como se faz o vinho, no fundo conhecer e compreender o terroir que produz aquilo de que tanto gostam, além dessa possibilidade extraordinária de poderem tomar uma excelente refeição no “Conceitus Winery Restaurant”, onde além das especialidades próprias do Douro, poderá provar toda a nossa gama de vinhos», sublinha Luísa Amorim, recordando também a possibilidade dos visitantes poderem percorrer um circuito com doze quilómetros de extensão, «todo dentro da nossa propriedade, o que é muito bom para quem se desloca a um local privilegiado como é de facto a Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo». ‹

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› GRANDE PLANO António Silvestre Ferreira, Presidente da Sociedade Agrícola do Vale da Rosa

Vamos aumentar a quota de exportação Com uma mercado nacional em profunda crise, a Herdade do vale da Rosa, próximo de Ferreira do Alentejo, aumentou este ano a produção, as exportações e consequentemente o volume de negócios. António Silvestre Ferreira, presidente da empresa do Vale da Rosa, que presentemente já é mais do que uma empresa, é a mais reconhecida marca portuguesa de uva de mesa, explica que os novos investimentos na vinha, na recepção das uvas e na área do frio, acompanhadas pelas acções de melhoria da formação dos quadros da empresa permitiram melhorar ainda mais a qualidade das uvas que são produzidas numa região – o Alqueva - que António Silvestre Ferreira

A

apelida como tendo «tudo para ser uma das regiões de agricultura nobre da Europa». Texto › JORGE Alegria | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS

conjuntura do consumo do mercado nacional tem sido altamente desfavorável no presente ano, e António Silvestre Ferreira não espera melhorias em 2013. Por isso, «num ano em que aumentámos a nossa produção de 4.500 toneladas de uva de mesa produzidas no ano passado para as cinco mil toneladas produzidas neste ano, foi no aumento das exportações que conseguirmos, e de que maneira, compensar a forte contracção do mercado interno, na medida em que conseguimos atingir outros mercados no exterior e, consequentemente, elevar a nossa quota de exportação de 25% alcançados em 2011 para 35% em 2012. E pretendemos continuar a subir essa percentagem no próximo ano», lança com contundência e acentuada ambição o líder da principal empresa portuguesa produtora de uva de mesa, que encerrará o presente ano com uma faturação na ordem dos 7,5 milhões de euros. Os novos mercados alcançados este ano forma essencialmente a Holanda, a Bélgica, Angola e China, «para onde seguiu recentemente o nosso primeiro contentor», além do reforço do tradicional mercado britânico, onde «a Marks & Spencer é o nosso principal cliente e está muito satisfeito com o nível de qualidade e o serviço das uvas do Vale da Rosa, hoje em dia

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reconhecida no reino Unido como um produto fantástico e de elevada qualidade e sabor», enfatiza António Silvestre Ferreira. Sublinhando o excelente resultado alcançado na exportação para o mercado

holandês, responsável em grande medida pelo aumento das exportações no corrente ano, o líder da propriedade de Ferreira do Alentejo pretende reforçar no próximo ano a atenção ao mercado angolano, mercado para onde já exportou no presente

ano, mas possui o objetivo de reforçar exponencialmente a sua presença em 2013. Aumentar as exportações António Silvestre Ferreira referiu à País €conómico que a Herdade do Vale da Rosa, fruto dos investimentos concretizados nos últimos anos na expansão da área plantada de vinha, além das melhorias introduzidas com novas estufas e ainda melhor apoio técnico, é possível aumentar a capacidade de produção de uvas nos próximos anos, permitindo dessa forma ultrapassar as cinco toneladas produzidas em 2012 e elevar igualmente a performance no capítulo das exportações que saem em número cada vez maior para várias par-

tes do mundo, conseguindo atingir cada vez mais mercados com elevado grau de exigência e sofisticação na qualidade dos produtos que consomem, mas oferecendo em contrapartida mais elevados retornos pelos produtos adquiridos, ou seja, as uvas do Vale da Rosa pretendem chegar a mesas e consumidores que possibilitem um maior valor acrescentado e ganho nessa caminho da qualidade e das exportações. Aliás, o empresário não se cansa de sublinhar que «Portugal é um país que imprime aos seus produtos um sabor inigualável, e se trabalharmos com profissionalismo, se investirmos na formação das pessoas, poderemos ter um presente e um futuro na agricultura portuguesa muito promisso-

res». António Silvestre Ferreira destacou mesmo o enorme potencial da região do Alentejo diretamente influenciada pela Barragem do Alqueva, «que está a transformar a tradicional agricultura de sequeiro em terras de regadio, permitindo a prática de uma nova agricultura em terras em que algumas das quais eram até agora praticamente virgens e que agora demonstram todo o seu potencial para produzir os produtos agrícolas de que o país precisa e de que podemos também exportar, como estamos a provar no Vale da Rosa», enfatizou um empresário que desde o início da década de setenta do século passado atua com grande destaque na produção de uva de mesa de excelência. ‹

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› NOTÍCIAS

› A ABRIR

Subindo na Pirâmide

Autoeuropa, SGL, Tyco, Sonae e Bial com novos investimentos

Alemães preparam novos investimentos em Portugal

Dana Redford Este académico norte-americano foi o coordenador do primeiro estudo de Intraempreendorismo que foi recentemente apresentado em Portugal e que teve a especial colaboração do Lisbon MBA. Neste estudo foram apresentados doze exemplos “best practices” em termos empresariais, tanto em Portugal como noutros pontos do mundo. ‹

Bruno Charneca É o novo Diretor de Negócios da Mind Source, empresa de base tecnológica especializada em Consultoria e Outsourcing. O novo responsável vai acompanhar os clientes da empresa e também ter uma participação direta na criação de uma empresa na Polónia, onde será o futuro Diretor na empresa a criar naquele país do leste europeu. ‹

Fitch confirma solidez da Prévoir-Vie A Agência Fitch Ratings confirmou a solidez financeira (Insurance Finatial Strengh – IGS) das sociedades Prévoir-Vie e Prévoir-Risques Divers, ao classifica-las com A . A Agência de rating confirmou igualmente a nota A- (Long Term Issuer Default Rating – IDR) à holding do grupo, a Societé Centrale Prévoir. Todas estas empresas segundo a conhecida agência de rating possuem uma perspetiva de evolução estável. Recorde-se que a Prévoir-Vie é a sucursal portuguesa do Groupe Prévoir, especialista nos seguros de pessoas. Opera exclusivamente em Portugal ma área dos seguros de vida e de previdência. A Prévoir-Vie possui a sua sede na cidade do Porto, e conta com cerca de 350 mediadores, espalhados pelos seus atuais 14 escritórios, respetivamente, em Amarante, Aveiro, Braga, Coimbra, Évora, Figueira da Foz, Lamego, Leiria, Lisboa, Vila Real, Porto, Santarém, Viana do Castelo e Viseu. A nível internacional, para além de Portugal, onde está desde 1996, o grupo francês está também presente na Polónia, Vietname, Brasil e mais recentemente no Cambodja. ‹

Meios Tec aumenta capital

Luís Correia É um dos novos Financial Analysts da Servdebt – Capital Asset Management, empresa independente de recuperação e gestão de ativos. Esta contratação surge na sequência da estratégia de crescimento e intervenção em novos mercados e que permitem à empresa gerir ativos na ordem dos mil e quinhentos milhões de euros. ‹

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A Meios Tec, empresa de integração de Sistemas e Serviços de Engenharia na área das TI, decidiu reforçar os seus capitais próprios, reforçando o seu capital social dos 200 mil euros para 350 mil euros. Este reforço de capitais será fundamentalmente destinado a suportar os investimentos associados ao processo de internacionalização, onde no final do presente ano os negócios no exterior já deverão valer cerca de 35% da faturação da empresa. A Meios Tec pretende estar operacional nos mercados de Angola e de Moçambique, pelo que Luís Parreira, administrador da empresa portuguesa sublinhou que «o processo de internacionalização está a correr com a linha de estratégia definida e atravessa uma fase crucial para o seu sucesso, com a consolidação da parceria no mercado angolano e a celebração de um acordo tripartido com um parceiro do mercado moçambicano». No final de 2012, os mercados internacionais deverão valer 35% da faturação de 600 mil euros da Meios Tec. Em 2013 o pipeline rondará um montante de dois milhões de euros em Angola e cerca de 4 milhões de euros em Moçambique. ‹

A Autoeuropa está a ser afetada pela retração na aquisição de viaturas em vários mercados mundiais, mas a empresa da Volkswagen vai investir quase 110 milhões de euros no próximo dois anos na fábrica na optimização dos processos produtivos e em várias áreas de inovação, «isto independentemente de virmos a captar ou não um novo modelo para a unidade, embora seja naturalmente desejável e importante que isso possa vir a suceder», referiu recentemente António Melo Pires, Diretor Geral da VW Autoeuropa, garantindo simultaneamente que os postos de trabalho atuais na empresa de Palmela se vão manter em 2013. Por outro lado, o ciclo de investimentos alemães em Portugal passou também pela vizinha zona do Barreiro, onde a SGL Group investiu 29 milhões de euros para adquirir a Fisipe, e pretendem reforçar esse investimento em mais 25 milhões de euros para reforçar a capacidade de produção da empresa. Segundo a SGL Group, a Fisipe não só vai manter os atuais 330 postos de trabalho, como vai criar mais 12 postos de trabalho em virtude do investimento na remodelação e ampliação de duas linhas de produção da Fisipe. Por sua vez, a Tyco Electronics, produtora de relés para a indústria automóvel, vai expandir a sua unidade fabril em Évora com um investimento de 30,6 milhões de euros, dos quais 25 milhões de euros de incentivos comunitários, e que permitirá a criação de novos 25 postos de trabalho, além da manutenção dos atuais 1537. Mas, enquanto as empresas alemãs investem em Portugal, e poderá estar também na calha um novo investimento da Bosch na sua unidade de Braga, a portuguesa Sonae mantém a aposta no reforço da internacionalização da sua operação de retalho, tendo inaugurado recentemente a abertura da sua primeira loja Zippy (vestuário de bebé e criança) na Venezuela, e a breve prazo entrará na Colômbia e no Panamá. Por outro lado, a farmacêutica Bial, com sede na Maia, prepara a sua entrada nos mercados da Colômbia e do Peru, embora isso só deva ocorrer em 2014. A empresa já visitou o Peru «em duas ou três ocasiões», reconheceu António Portela, presidente da Bial, no decorrer de uma cerimónia em Lisboa com o presidente do Peru. ‹

Cinco consórcios disputam privatização da ANA – Aeroportos de Portugal

Portugueses presentes O Governo escolheu cinco consórcios para concorrerem ao processo de privatização da ANA – Aeroportos de Portugal. Os cinco consórcios são, respetivamente, a Blink, que integra os colombianos da Odinsa e os portugueses da Mota-Engil, a Eama, que junta os argentinos da Corporacion América com os grupos portugueses Sonae Sierra, Auto Sueco e Empark, e a brasileira Engevix, os alemães da Fraport, a francesa Vinci e os suíços Flughafen Zurich, aos quais se juntaram recentemente os brasileiros da CCR e o Global Infraestructure Partners. Os cinco consórcios concorrentes terão de apresentar as suas propostas vinculativas ao Governo até ao próximo dia 14 do corrente mês. O governo português espera realizar um encaixa financeiro a rondar os 2,5 mil milhões de euros com a privatização da ANA. ‹

António Melo Pires O Diretor Geral da VW Autoeuropa foi o primeiro português a assumir o principal posto na fábrica da multinacional alemã em Palmela e está apostado em desenvolver a mais importante unidade industrial do setor automóvel existente no nosso país. Anunciou novos investimentos no valor global de 109 milhões de euros na melhoria da fábrica e está apostado em ganhar um novo modelo da VW para ser fabricado no nosso país. ‹

Jorge Rebelo de Almeida O Presidente do Grupo Vila Galé continua na senda dos investimentos e da aposta no mercado brasileiro, com o anúncio da construção do futuro Hotel Vila Galé Rio de Janeiro que deverá estar pronto antes do início do Mundial de Futebol em 2014. Em Portugal continua a construção do futuro Vila Galé Palácio dos Arcos, a primeira unidade de cinco estrelas do grupo em Portugal. ‹

Francisco Ribeiro Telles O Embaixador de Portugal no Brasil apenas chegou no início deste ano a Brasília, mas está a ajudar de forma muito significativa a que os produtos portugueses não sejam prejudicados no mercado brasileiro. Foi o que aconteceu recentemente com o vinho e com o azeite. O diplomata é um dos ícones da nova diplomacia económica portuguesa à escala global. ‹

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› GRANDE ENTREVISTA Samuel Cunha, Administrador de Tintas Europa

«Queremos consolidar o nosso futuro com uma boa presença em Angola e Moçambique» Instalada há quase 35 anos na Aldeia do Freixo, concelho de Alijó, a Tintas Europa é uma empresa especializada na produção de tintas, esmaltes e vernizes, que tem no mercado nacional uma forte presença. Com a crise que ocorre em Portugal e que nos últimos anos tem afetado grandemente o setor da Construção Civil, que é vital para a sua sustentabilidade, as atenções das Tintas Europa estão também voltadas para Angola (onde tem uma delegação) e Moçambique, um mercado a levar em conta. Em entrevista que concedeu à País €conómico, Samuel Cunha, administrador da Tintas Europa, lembra que os últimos cinco anos foram os mais difíceis da história da sua empresa. «Foram tempos complicados que nos levaram a ter de reajustar a empresa, preparando-a para melhor poder enfrentar os desafios inerentes a um setor tão competitivo como este. E agora estamos no bom caminho, muito esperançados com a ajuda que o mercado externo nos poderá dar, porque qualidade e inovação não nos falta», sublinhou Samuel Cunha que quer manter a Tintas Europa por muitos e bons anos, prestigiando

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essencialmente o concelho de Alijó e a região de Trás-os-Montes. Texto › VALDEMAR BONACHO | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS

amuel Cunha não esconde que o setor da Construção Civil foi sempre determinante no desenvolvimento e sustentabilidade da sua empresa, e nesta entrevista que concedeu à P€ fez questão de lembrar que devido à crise quase profunda onde aquele setor está mergulhado, a Tintas Europa viveu nos últimos cinco anos o período mais difícil da sua existência. Foi precisamente há cinco anos que Samuel Cunha assumiu o cargo de administrador da Tintas Europa, tinha então 23 anos de idade. Seu pai, António Cunha, e mais um seu irmão, têm a responsabilidade de levar por diante os negócios da Tintas Europa em Angola, onde está há duas décadas. Queremos com isto dizer que coube a Samuel Cunha a missão de

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comandar um processo de reestruturação da empresa para diminuir os efeitos dessa crise, e prepará-la para o futuro. A abrir esta entrevista Samuel Cunha reviveu esta parte difícil do percurso da Tintas Europa. «Nos últimos cinco anos temos tido pela frente uma caminhada muito difícil. A crise económica instalou-se na Construção Civil, que é uma área onde nos movimentamos muito bem, e isso fez com que estes últimos cinco anos tenham sido os mais difíceis da vida da nossa empresa. Foram anos muito complicados, até porque já vínhamos de uma pequena recessão, e face as essas circunstâncias tivemos a necessidade de reajustar a empresa, fazer algum corte na despesa (sobretudo controlar a despesa) e, para além disso, distribuir melhor as áreas de

trabalho dos nossos colaboradores. Tivemos basicamente que fazer uma reestruturação da empresa. Nessa altura (e a ideia foi minha) achámos também por bem alterar a imagem institucional da empresa. Foi uma reestruturação fortíssima, que tinha de ser feita para que a Tintas Europa não perdesse identidade e ritmo competitivo. E estas alterações beneficiaram grandemente a nossa estrutura empresarial», refere o administrador da Tintas Europa. Há 15 anos atrás, com a Construção Civil em ascendência e a viver tempos áureos, a Tintas Europa também decidiu desencadear uma ofensiva de marketing, onde a nota mais relevante se traduziu no patrocínio ao Desportivo de Chaves, e nessa altura demos um salto muito grande em termos promocionais, o que nos valeu ser-

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› GRANDE ENTREVISTA

mos conhecidos em todo o país, incluindo ilhas. Mas viríamos a ter uma quebra significativa, porque a empresa não soube fazer cortes no momento em que a economia já dava sinais de desaceleração e o setor da Construção Civil começava a perder vitalidade. Direi que de certa maneira não soubemos prever esta crise», relata Samuel Cunha, que após uma breve pausa, prossegue o seu esclarecimento. Quando Angola é uma oportunidade «Nessa altura o meu pai já estava em Angola (ele e a Tintas Europa já lá estão há mais de 25 anos, e ele costuma dizer

que já se sente tão angolano como português), e quando se fala que as crises (como esta que estamos a viver) proporcionam oportunidades, direi que neste momento é muito complicado reconhecer que Portugal é uma oportunidade. Ao contrário, direi que Angola é neste momento uma oportunidade». Uma nova pausa, e Samuel Cunha reforça o seu discurso. Optar pela área da impermeabilização «Face a este momento de crise na Construção Civil, a nossa iniciativa tem de passar por procurar mercados que até hoje não temos acompanhado. Isto obviamen-

te sem esquecer sempre a importância do mercado nacional, que continua, apesar de tudo, a ser para nós um mercado estratégico. Agora passa por criar produtos alternativos para além das tintas, para além dos vernizes, para além dos esmaltes, estamos propriamente dito a falar de produtos adaptáveis à área das impermeabilizações, porque este, sim, é um mercado onde ainda não existe muita concorrência. E neste capítulo a Tintas Europa quer

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antecipar-se e poderá fazer uma grande aposta nesta vertente», chamou a atenção o jovem administrador da Tintas Europa, para a este propósito sublinhar ainda que a experiência da empresa na área da impermeabilização está a ter um grande sucesso. «Estamos a descer um pouco as vendas ao setor da Construção Civil, mas por outro lado estamos a ser compensados pelas vendas no mercado destes produtos auxiliares. Mas estamos a falar de

vendas ainda pouco expressivas, uma vez que este é um produto muito específico que nem toda a gente consegue aplicar porque envolve uma mão-de-obra muito técnica», especificou Samuel Cunha. «O surgimento deste segmento ficou-se a dever essencialmente a muita pesquisa de mercado, opiniões obtidas junto dos nossos clientes, e a muito trabalho de inovação conduzido pelos nossos inves-

tigadores no nosso laboratório», lembra Samuel Cunha, adiantando que «o nosso laboratório teve a inteligência para começar a procurar um produto, e perante os nossos fornecedores a procurar matérias-primas que permitissem resolver os problemas dos nossos clientes. Foram dois ou três anos de desenvolvimento do produto, de vários testes, e hoje estamos muito satisfeitos com os resultados obtidos com este produto que está no mercado há dois

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› GRANDE ENTREVISTA

anos», elucidou o administrador da Tintas Europa.

futuro», reage o administrador da Tintas Europa.

Faturação em Angola cresce 27 por cento Em 2011 a faturação da Tintas Europa somou 2,6 milhões de euros. Entretanto, levando em consideração o desenvolvimento das vendas até Novembro de 2012, Samuel Cunha admite que este ano possa existir um decréscimo à volta de 6% em relação ao ano anterior. Mas não são contas definitivas, até porque até ao fim do ano a situação pode melhorar um pouco. «Enquanto há um retrocesso na nossa faturação em Portugal, em Angola nesta altura estamos com um crescimento nas vendas da ordem dos 27%, ou seja mais 11/12 por cento que em 2011. A Tintas Europa foi em 1998 distinguida com o Prémio Prestígio, e atribuição deste prémio mereceu um breve comentário de Samuel Cunha. «Antes de mais é um estímulo, é a prova de que estamos no bom caminho, que as nossas ideias estão a ser seguidas e que a empresa é credível no mercado financeiro e no mercado de trabalho. Logicamente que isso nos dá confiança para melhor enfrentarmos os desafios do

Exportar é palavra de ordem Esta empresa de Alijó emprega neste momento 40 pessoas, distribuídas pela sede e pelas seis lojas existentes no país: Ilha Terceira (Açores), Braga, Viseu, Ermesinde, Sintra e Boliqueime (Algarve). «Nesta altura e dado o risco elevado que comporta uma iniciativa deste género, não pensamos abrir novas lojas. Mas no futuro isso poderá acontecer», observou p administrador da Tintas Europa, para deixar claro que neste momento a perspectiva passa pela exportação. «Todas as nossas lojas dão retorno, nenhuma delas nos dá prejuízo, e vamos mantê-las porque queremos estar perto dos nossos clientes. Mas a exportação é agora uma prioridade indesmentível», sublinhou Samuel Cunha. «Neste momento o nosso principal mercado externo é Angola e Moçambique também passa pelo nosso futuro, até porque é um mercado em franco crescimento. A Guiné-Bissau também esteve este ano na nossa agenda, mas os problemas que tiveram a ver com a revolta militar que aconteceu este ano naquele país, adiaram esta nossa iniciativa. Portanto, para além

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das boas prestações que temos tido em Angola ao longo destes 25 anos, estamos a envidar esforços para tentar entrar no mercado de Moçambique. Qualquer um destes mercados dão-nos boas perspetivas», destacou Samuel Cunha, que nesta entrevista avançou com um pormenor que nós próprios classificamos vital nas relações com os PALOP. Referimo-nos

à Língua Portuguesa. «Nas relações comerciais com estes mercados temos uma grande vantagem em relação aos restantes países da Europa, que é a nossa língua, a nossa identidade», alertou Samuel Cunha, que questionado sobre um eventual interesse da Tintas Europa pelo mercado brasileiro, foi perentório: «Para já é mais distante que o mercado africano, e neste

momento as nossas perspetivas não passam pelo Brasil. É uma hipótese que está posta de parte, embora reconheçamos ser um mercado de grandes potencialidades», rematou Samuel Cunha. Os produtos concebidos pela marca Tintas Europa são sujeitos a um rigoroso critério de avaliação da sua qualidade. «Só assim teremos a certeza de bem servir os nossos

clientes, que são sempre a nossa principal preocupação», sublinhou Samuel Cunha que, a este propósito, elogiou a grande entrega de todos os que trabalham na Tintas Europa no processo de certificação no âmbito da Qualidade: a ISO 9001:2000, «que em termos organizacionais e competitivos foi uma mais-valia importante», reconheceu o administrador da Tintas Europa. ‹

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› LUSOFONIA › Brasil

Martifer ganha estádio de Manaus Depois de ganhar a construção da cobertura metálica dos estádios de futebol brasileiros em Fortaleza, Salvador e Porto Alegre, a Martifer acabou de conquistar a colocação da cobertura de um quarto estádio brasileiro de futebol, mais propriamente a do estádio de Manaus, mais conhecido como o “Ninho de Pássaro”. Exceptuando o caso do estádio do Grémio de Porto Alegre, os outros três estão seleccionados para receberem jogos do campeonato mundial em 2014, sendo que o Castelão (na foto) em Fortaleza será já inaugurado no próximo dia 21 do presente mês de Dezembro. A obra no estádio da capital do Amazonas redundará numa receita para a Martifer de 48 milhões de euros. No entanto, as boas notícias vindas do Brasil para a empresa com sede em Oliveira de Frades não se circunscreveram ao estádio de Manaus. Também do Rio de Janeiro vieram duas obras juntarem-se

Associação da Raia Histórica aproxima-se de Minas Gerais

Protocolo e geminação entre municípios

ao portfólio da empresa no Brasil. A primeira, o do futuro Museu do Amanhã, projeto do arquiteto espanhol Santiago Calatrava, que constitui um projeto âncora na revitalização da zona portuária do Rio de Janeiro. Já no que respeita à Transcarioca será um corredor viário que ligará ao longo de 38 quilómetros a zona da Barra da Tijuca ao Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão). Nestas duas obras, a Marifer terá um encaixe na ordem dos 74 milhões de euros. ‹

Aicep mostra Portugal em São Paulo

Mostra do Imobiliário Português no Rio de Janeiro

A Aicep vai realizar nesta primeira semana de Dezembro, no Parque Ibirapuera, em São Paulo, uma Mostra de Portugal Moderno, Sentir Portugal, pretendo com esta iniciativa apresentar um país inovador e dinâmico, cosmopolita, de qualidade e virados para setores de ponta e contemporâneos, como a ciência, tecnologia, arquitetura, design, moda, calçado, têxteis, cortiça, turismo, além de vários outros. Carlos Moura, diretor da Aicep Portugal Global no Brasil tem estado muito ativo na divulgação das potencialidades do nosso país no Brasil, como aconteceu em Outubro na Bahia, e no final desse mês promoveu em São Paulo um encontro com a comunidade empresarial portuguesa sediada na capital económica e financeira do Brasil, encontro que contou também com a presença do Cônsul português Paulo Lourenço, e com o Presidente da Câmara Portuguesa de Comércio, Manuel Tavares de Almeida Filho. Este constitui o primeiro encontro realizado e procura aproximar a estrutura da Aicep dos executivos portugueses em São Paulo, ampliando o conhecimento e a atuação da estrutura da entidade no Brasil. ‹

A Câmara Portuguesa de Comércio e Indústria do Rio de Janeiro, em parceria com a Consultan e a WL Partners, vai promover nos dias 7, 8 e 9 deste mês de Dezembro, no Palácio São Clemente, sede do consulado português na cidade carioca, a 1ª Mostra do Imobiliário Português no Rio de Janeiro (MIP 2012). O evento foi concebido pelo presidente da câmara portuguesa no Rio, Paulo Elísio de Souza, e pretende oferecer aos cariocas a possibilidade de conhecerem vários projetos imobiliários portugueses, considerados como uma oportunidade para um bom investimento brasileiro em Portugal, além de possibilitarem aquando da aquisição de imóveis acima dos 500 mil euros um visto de residência permanente em Portugal, com extensão a toda a Europa comunitária. ‹

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Portugal exporta mais Em Outubro, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil, as exportações portuguesas para o Brasil voltaram a crescer tendo atingido os 88,4 milhões de dólares, um valor acima dos 77,5 milhões de dólares que o país importou do mercado brasileiro. Outubro constituiu o terceiro mês em 2012 onde as exportações portuguesas para o Brasil superaram as importações originárias deste país. No acumulado dos primeiros dez meses deste ano, as exportações portuguesas para o Brasil atingiram os 805,8 milhões de dólares, um crescimento de 26,7 por cento, enquanto as importações atingiram até Outubro o valor de 1,4 mil milhões de dólares, uma diminuição de 22% face ao período homólogo do ano passado. O azeite continua a ser o principal produto português exportado para o Brasil, com uma quota de 19%, enquanto o petróleo é o principal produto brasileiro importado. ‹

A Associação da Raia Histórica, com sede no município de Trancoso, distrito da Guarda, assinou a 8 de Novembro em Belo Horizonte, capital do estado brasileiro de Minas Gerais, um protocolo com a Câmara Portuguesa de Comércio de Minas Gerais, e no dia seguinte assinou o acordo de geminação com o município mineiro de Itabirito. Na capital mineira, Júlio Sarmento, presidente da Associação Raia Histórica, assinou com Fernando Meira Dias, presidente da Câmara Portuguesa de Comércio em Minas Gerais, um protocolo de cooperação para o desenvolvimento e aprofundamento de acções que visem a promoção económica, social, turística e cultural nos respetivos territórios de intervenção. No acordo celebrado, ambas as entidades estabelecem propósitos de “dinamização dos tecidos económico, social e outros a eles associados, bem como uma ampla participação na promoção, divulgação e intercâmbio de produtos, pessoas e serviços que fortaleçam os laços de cooperação”. A Associação Raia Histórica compreende os concelhos de Trancoso, Pinhel e Figueira de Castelo Rodrigo, todas no distrito da Guarda. Já em Itabirito, Júlio Sarmento, na qualidade de presidente da Câmara Municipal de Trancoso, assinou com o seu homólogo Manoel da Mota Neto, um protocolo

de geminação entre as duas cidades, uma “geminação que tem como fundamento, o interesse cultural e histórico de aprofundar a ligação entre Itabirito no Brasil e Trancoso”. De referir ainda que um dos objetivos da geminação passará pela realização do estudo histórico e científico do topónimo Itabirito com base na história e na acção do seu fundador, Luís Figueiredo Monterroyo, senhor de Torre de Terrenho, concelho de Trancoso. ‹

Vinhos verdes promoveram-se em Belo Horizonte

Câmara de Minas e Fumsoft no Porto

Seguindo o caminho de forte crescimento registado no mercado brasileiro, a Comissão de Viticultura dos Vinhos Verdes, em conjunto com várias empresas deste segmento do vinho português, realizaram em meados de Novembro, uma acção promocional em São Paulo e em Belo Horizonte. Segundo a Comissão dos Vinhos Verdes, na última década as suas exportações para o Brasil subiram 114%. Os resultados do primeiro semestre de 2012 comprovam a subida das exportações de vinho verde português para o Brasil, com a venda de 572 mil litros, mais 51 mil litros do que em igual período do ano anterior. Estas vendas resultaram numa receita de 1,2 milhões de euros. Para além da própria Comissão, estiveram presentes nas capitais paulista e mineira, as adegas cooperativas de Barcelos, Monção, Ponte de Lima, Vale de Cambra, e pelas empresas Aveleda, Enoport, Garantia das Quintas, Vinhos Norte, Provam, Quinta da Lixa, Quinta da Raza, Quinta das Arcas, Quinta de Carapeços, Quinta de Gomariz, Quintas de Melgaço e Viniverde. ‹

A Câmara Portuguesa de Comércio de Minas Gerais e a Fumsoft, entidade de promoção tecnológica do Estado brasileiro, vão promover de 10 a 16 de Dezembro, uma missão empresarial a Portugal para intercâmbios de natureza tecnológica, tendo como interlocutor a Universidade do Porto. Os integrantes desta missão mineira ao Porto debaterão com cerca de 40 empresas incubadas no Centro Tecnológico da Universidade do Porto as oportunidades de integração e parcerias de negócios. O sentido dos empresários brasileiros é mostrarem aos seus congéneres portugueses as vantagens de parcerias com o setor tecnológico brasileiro. Recorde-se que já em Abril do presente ano, empresas tecnológicas de Minas Gerais tinham efetuado uma visita a Lisboa e ao Porto. As tecnológicas mineiras também visitaram Moçambique e segundo a Fumsoft em 2013 as acções estarão voltadas para a América Latina, Moçambique, França e EUA. ‹

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› LUSOFONIA › Brasil

Correios do Brasil querem CTT

Porto Sul em Ilhéus vai ser realidade

Com a privatização dos CTT no horizonte para o início de 2013, um dos primeiros candidatos anunciados à compra dos correios portugueses são precisamente os seus homólogos brasileiros. Uma proposta dos Correios e Telégrafos do Brasil para a aquisição dos CTT é incentivada pelo próprio governo brasileiro, e segundo o jornal Folha de São Paulo tem o aval do governo português. Um dos modelos avançados como possíveis, poderá passar por uma parceria dos Correios do Brasil com o próprio Banco do Brasil de forma a criar futuramente um banco postal em Portugal. Segundo declarações em Novembro ao diário paulista, o presidente da estatal brasileira, Wagner Pinheiro de Oliveira, admitiu interesse nos correios portugueses, embora tenha referido um lacónico «ainda não pensámos nisso», para referir a seguir que «o que queremos e no que estamos a trabalhar é aprofundar a relação com os CTT», de modo a reforçar as parcerias com países de língua portuguesa de forma a facilitar a entrada e saída de correio do Brasil. ‹

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) confirmou a concessão da Licença Prévia para a construção do Porto Sul, no distrito de Aritaguá, próximo à cidade de Ilhéus, no sul do estado brasileiro da Bahia. A aprovação de um dos projetos de maior alcance estratégico para o governo baiano liderado pelo Governador Jaques Wagner, permitirá avançar com a construção de um terminal público e de um outro privado, além de um quebra-mar localizado a 3,4 quilómetros da costa. De referir que o terminal privado será utilizado pela empresa Bahia Mineração (Bamin) e escoará o minério de ferro, clinquer, soja, etanol e váJaques Wagner, Governador da Bahia, acompanhado do seu especial amigo Manuel Rodrigues, empresário português do setor rios outros produtos sólidos, marítimo/portuário muitos dos quais trazidos cebeu a notícia «com grande alegria», o que foi depois confirmado pela nova ferrovia (em construção) oeste-leste, que terminará através da assessoria de imprensa do governo com o governador a justamente no Porto Sul. Segundo o secretário da Casa Civil, Rui Costa, «a decisão do Ibama confirma a qualidade e a sustentabiligarantir que «tanto o governo quanto o empreendedor acertaram dade deste projeto, que é prioridade para o Governo da Bahia». O todas as condicionantes para que o projeto traga desenvolvimento secretário adiantou também que o Governador Jaques Wagner resustentável», finalizou Jaques Wagner. ‹

Super Bock avança para o Brasil António Pires de Lima, presidente da cervejeira portuguesa Unicer, que produz a Super Bock, prepara-se para entrar no mercado brasileiro, o que deverá acontecer no início do próximo ano. Em declarações efetuadas no mês passado, o líder da cervejeira com sede em Leça do Balio, referiu que «a partir de 2013, vamos ter equipas no Rio de Janeiro, São Paulo, Nova Iorque e Maputo para poderem desenvolver in loco as oportunidades que, entretanto, detectámos de crescimento da marca Super Bock, bem como da nossa marca “Pedras”». A respeito do mercado brasileiro, Pires de Lima ainda adiantou que «estamos a ultimar a contratualização (com o parceiro brasileiro) de forma a podermos avançar com a produção local durante o primeiro trimestre de 2013». O líder da cervejeira portuguesa referiu igualmente que a empresa está em forte desenvolvimento em Angola, Cabo Verde, Guiné, França e Espanha, pretendendo agora, para além do Brasil, apostar intensamente nos mercados norte-americano e moçambicano. ‹

Rio Nave quer estaleiros de Viana do Castelo A empresa brasileira Rio Nave é um dos dois candidatos à aquisição dos 95% do capital dos estaleiros navais portugueses de Viana do Castelo (ENVC), estando em competição com uma empresa russa, concretamente o grupo JSC. O projeto apresentado pela Rio Nave contempla uma parceria entre os portugueses da Lisnave e os Estaleiros Navais de Viana do Castelo, de forma a potenciar a área de reparação naval nos estaleiros de Viana. Segundo o presidente da Rio Nave, Mauro Campos, «a Lisnave tem uma rede internacional muito forte de reparações e essa rede pode ser uma forma de potenciar os ENVC». O líder da empresa brasileira, em declarações ao Diário Económico, também referiu que os ENVC estão em boas condições e prontos a operar, embora admitindo que sejam necessários alguns investimentos, «na ordem das dezenas de milhões de euros numa primeira fase, sobretudo na infraestrutura do próprio estaleiro, nas oficinas e na manutenção da maquinaria». ‹

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Abreu Advogados no Brasil A sociedade Abreu Advogados assinou recentemente um protocolo de cooperação e parceria com a sua congénere brasileira Siqueira Castro Advogados, uma das mais destacadas sociedades de advogados do Brasil. O objetivo desta nova parceria luso-brasileira será a de apoiar os clientes de ambos os escritórios em Portugal, no Brasil, bem como em países como Angola e Moçambique. ‹

EDP Escelsa certificada A EDP Escelsa, empresa de distribuição elétrica do grupo EDP no Brasil, com atuação no estado do Espírito Santo, recebeu a certificação ISSO 14001, do Sistema de Gestão Ambiental (SGA), atestando que as instalações físicas no Centro Operacional de Carapina e as Subestações de Maguinhos, na Serra, e de Goiabeiras, em Vitória, estão adequadas aos mais rigorosos padrões ambientais. A EDP Escelsa tem atuação no estado do Espírito Santo e atende nesta região brasileira cerca de 1,29 milhões de unidades consumidoras em 70 municípios capixabas. ‹

Porto de Salvador aumentado

Portugueses no Brasil em debate

As obras de expansão do Tecon Salvador, o terminal de contentores operado pel Wilson Sons, deverão ser finalizadas ainda no presente ano. Quando a nova infraestrutura estiver operacional, o porto da capital baiana e um dos principais do Brasil, estará em condições de receber e operar navios pós-panamax, embarcações que medem geralmente mais de 300 metros de extensão e possuem capacidade para transportar mais contentores que as usualmente utilizadas nos portos brasileiros. O Tecon Salvador movimentou 74,5 mil TEUS (contentor de 20 pés) no terceiro trimestre deste ano, uma queda de 4,1%. No acumulado do ano, o terminal de contentores operado pela Wilson Sons movimentou até Setembro 200,8 mil TEUS. ‹

O futuro dos portugueses no Brasil estará em debate em três sessões distintas, tendo a primeira sido já realizada no princípio deste mês em São Paulo, enquanto a segunda sessão está prevista para o próximo dia 6 na cidade do Rio de Janeiro, e finalmente a 11 de Dezembro, será o salão da Associação Comercial da Bahia, em Salvador, a receber o debate intitulado “Os Portugueses no Brasil – Novos Desafios”, onde uma das discussões será moderada por António Coradinho, presidente da Câmara Portuguesa de Comércio na Bahia. Nesta sessão em Salvador estará presente o embaixador de Portugal no Brasil, Francisco Ribeiro Telles. ‹

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› LUSOFONIA › Brasil Câmara Portuguesa de Comércio em Pernambuco (Brasil) comemorou 100 anos

Relações empresariais entre Portugal e Brasil devem passar por Pernambuco Não é todos os dias que se fazem 100 anos. Foi o que aconteceu à Câmara Brasil Portugal em Pernambuco, uma instituição agora centenária e que no passado dia 22 de Novembro, reuniu cerca de uma centena de empresários e autoridades institucionais dos dois países numa unidade hoteleira da cidade de Recife, capital de Pernambuco, para discutirem o estado atual das relações económicas luso-brasileiras, e sobretudo para perspetivar novos relacionamentos comerciais e de investimentos entre os dois lados do Atlântico. Arménio Diogo, presidente da Câmara Portuguesa não tem dúvidas: «Pernambuco é o ponto do Brasil para onde devem olhar os empresários portugueses». E tem sido muitos a olhar para este estado do nordeste brasileiro.

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Texto › JORGE Alegria

| FOTOGRAFIA › Cedidas pela Câmara Brasil Portugal em Pernambuco

um ambiente de forte fervor lusófono, foram muitos os empresários brasileiros e portugueses, assim como autoridades institucionais dos dois países que se associaram às comemorações do Centenário da Câmara Brasil Portugal em Pernambuco. Na sua intervenção no seminário realizado numa unidade hoteleira da capital pernambucana, Arménio Diogo, presidente da agora centenária instituição de origem portuguesa, referiu que «este ano estamos comemorando um século de existência da nossa Câmara de Comércio em Pernambuco. Nesta caminhada fizemos o possível tanto na parte comercial como na social,

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para obtermos o nosso objetivo. No começo eram os portugueses que aqui desembarcavam com sua ânsia de vencer, e agora são os brasileiros que desembarcam em Lisboa para apreciar aquela linda cidade. A luta continua e esperamos muito em breve que Portugal atinja o seu melhor nível e que o Brasil continue brilhando na esfera mundial». Presente também no evento, esteve o secretário de Estado Adjunto do Ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares do governo português, Feliciano Barreiras Duarte, sublinhando «que o governo português está empenhado em reforçar os laços políticos e económicos com o Brasil,

pelo que tem desenvolvido várias ações para criar condições políticas e legais para incentivar os empresários brasileiros a identificar noas oportunidades de investimentos no mercado português». O responsável do governo português aproveitou a ocasião para referir que o potencial de negócios entre os dois países é expressivo e que vai muito para além do comércio tradicional que ainda marca a pauta das exportações portuguesas para o Brasil, como acontece com o azeite, vinho e pera rocha. No entender de Feliciano Barreiras Duarte existe espaço para a realização de investimentos em empresas baseadas em inovação e tecnologia. De referir que no ano passado, as exportações de Portugal para o Brasil atingiram um total de 585,2 milhões de euros, um crescimento face a 2011. Entretanto, nos primeiros nove meses deste ano, as exportações portuguesas para o mercado brasileiro continuaram a crescer acima dos 20%. O Diretor da Aicep no Brasil, Carlos Moura, também presente no encontro de Recife, sublinhou que o Brasil constitui o terceiro maior foco de investimentos de empresas portuguesas no exterior, fican-

do apenas atrás dos Estados Unidos e da China. Já para o presidente da Agência de Desenvolvimento de Pernambuco, Roberto de Abreu e Lima Almeida, é grande o interesse dos empresários portugueses em investirem no nordeste brasileiro, constituindo o estado de Pernambuco um dos principais focos estratégicos do investimento português na região. Segundo ainda o responsável da agência de captação de investimentos pernambucana, entre os cerca de quatro empresários que semanalmente procuram o organismo que dirige para identificar oportunidades de investimentos, 50% são portugueses e espanhóis, «o que diz

bem do vosso interesse pelo nosso estado e pelas suas potencialidades e oportunidades», onde as áreas mais procuradas são o turismo e a construção civil. Roberto Lima aproveitou a ocasião para sublinhar dados do crescimento pernambucano, informando que no ano passado o crescimento do PIB estadual atingiu os 4,5% enquanto o crescimento do PIB brasileiro se ficou pelos 2,7%. Já para 2012, e seguindo a mesma tendência, o PIB de Pernambuco deverá atingir um crescimento de 3,5% contra um crescimento de apenas 1,8% do PIB brasileiro. Efetivamente, são várias as empresas portuguesas que têm realizados investimentos em Pernambuco, abrangendo áreas

como o turismo e hotelaria, construção civil, indústria e viticultura. Nas áreas do turismo e da hotelaria, saliência para o investimento do grupo madeirense Enotel em Porto de Galinhas, ou do também grupo madeirense Dorisol com uma grande unidade hoteleira na avenida da Boa Viagem na cidade de Recife. Mais recentemente, o grupo Promovalor, liderado por Luís Filipe Vieira e Tiago Vieira, em conjunto com a brasileira Odebrecht, iniciaram um forte investimento na Reserva do Paiva (ver páginas seguintes), com a construção de edifícios para escritórios, residenciais e o futuro Hotel Sheraton Reserva do Paiva. Prevê-se ainda a construção de uma grande unidade hoteleira da portuguesa Teixeira Duarte na antiga Casa do Governador. Mas, também noutras áreas da economia existem investimentos portugueses em Pernambuco. Destaque para a unidade de fabricação de transformadores elétricos da Efacec no Complexo Industrial e Portuário de Suape, ou ainda para o importante projeto vinícola que a Dão Sul em conjunto com a brasileira Expand, estão a desenvolver próximo da cidade de Petrolina, no interior pernambucano. ‹

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› empresariado

Novo Mundo Empresarial

Terraço Laguna

Sheraton Reserva do Paiva Hotel and Convention Center

Promovalor faz o balanço da primeira grande aposta no Brasil

um ‘novo mundo’ com um projeto estruturante, planejado e integrado, que pela sua dimensão vai dar uma nova perspetiva a todos os seus frequentadores”. A Promovalor regista o sucesso de vendas à data, o Terraço Laguna já vendeu cerca de 95% das unidades e o Novo Mundo Empresarial mais de 70%. Prevê-se que o Hotel esteja concluído em Março de 2014 a tempo de acolher a Copa do Mundo de 2014. O Condomínio Terraço Laguna e o Novo Mundo Empresarial têm como data prevista de conclusão Setembro de 2014.

Reserva do Paiva: Uma aposta de sucesso A Promovalor Investimentos iniciou a internacionalização para o Brasil no ano de 2011 e faz agora o balanço do primeiro investimento do Grupo no estado de Pernambuco no nordeste brasileiro. A primeira aposta do Grupo Promovalor, em parceria com a Odebrecht Realizações Imobiliárias, consiste num investimento de cerca de 186 milhões de euros

A

no desenvolvimento da terceira fase da Reserva do Paiva.

construção desta etapa do primeiro bairro planeado de Pernambuco, cada vez mais uma realidade, arrancou no primeiro trimestre de 2012 e terá mais de 150 mil m2 de construção. Numa localização estratégica a aproximadamente 30 minutos de Recife e a apenas 15 km do Aeroporto Internacional de Guararapes e do Complexo Industrial e Portuário de Suape. Representa uma nova perspetiva para a Reserva do Paiva, com a inclusão do Novo Mundo Empresarial, um Centro de Negócios Multiusos com edifícios empresariais e um Open Mall, o novo Sheraton Reserva do Paiva Hotel and Convention Center, além

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do novo Condomínio Terraço Laguna, que introduzem uma significativa diversidade de oferta e uma nova vivência a este espaço. O projeto irá permitir desenvolver um novo pólo residencial, de negócios, de comércio e serviços, de turismo, de convenções e de lazer na Região Metropolitana do Recife, com uma forte geração de emprego. Segundo Tiago Vieira, administrador da Promovalor, “Este foi o primeiro investimento do Grupo Promovalor no Brasil e a escolha recaiu sobre a Reserva do Paiva porque o projeto tem um conceito inovador e claramente diferenciador, além de gozar de uma localização com um enquadramento natural único. Este é

Terraço Laguna – Condomínio Residencial Um condomínio residencial, chamado Terraço Laguna, com cerca de 30 mil m2 e com 224 apartamentos distribuídos por sete torres de oito pisos. Com apartamentos que variam entre 112 m2 e 198 m2, com dois modelos de apartamentos - Laguna e Jardim - o novo Condomínio Terraço Laguna sugere um modelo de apartamento mais compato, focado nas famílias mais reduzidas e no quotidiano dos executivos, mantendo o padrão de qualidade da Reserva do Paiva. Todos os condomínios residenciais da Reserva do Paiva trazem uma completa estrutura de lazer para toda a família. No Terraço Laguna será composto por três piscinas, pavilhão polidesportivo, salão de festas, espaço gourmet, cinema, ludoteca, ginásio, SPA com sauna, salas de massagem e de relaxamento, campo de ténis, pista de cooper e ciclovia.

Novo Mundo Empresarial – Edifícios Empresariais e Open Mall O complexo denominado de Novo Mundo Empresarial introduz uma nova perspetiva na Reserva do Paiva, integrando um centro de negócios multiusos de 92 mil m2, constituído por seis torres com 1118 salas empresariais com áreas de 32 m2 a 55 m2, com várias opções de junções horizontais, até pisos corporativos entre 250 m2 e 1.000 m2. Um mundo onde tecnologia e sustentabilidade estão interligadas, num centro auto-suficiente que possibilita o mais alto nível de tecnologia, segurança e conforto. No Novo Mundo Empresarial existe também uma área de comércio e serviços que chega ao empreendimento através de um novo conceito, Open Mall, um shopping aberto, que terá aproximadamente 3.000 m2, com jardins, espelhos d´água, vistas livres para a mata e para o mangue, um projeto totalmente integrado ao ambiente de praia e ao clima tropical Pernambucano, com 40 lojas entre serviços, comércio e restauração. Este “Novo Mundo” destina-se a todos os moradores da Reserva do Paiva, residentes nas redondezas, visitantes locais e turistas e para quem trabalha no Suape. Sheraton Reserva do Paiva Hotel and Convention Center O Grupo Promovalor é o empreendedor do primeiro hotel cinco estrelas da Reserva do Paiva, uma aposta fortalecida com a associação a um parceiro internacional de prestígio, o Grupo Starwood Hotels & Resorts Worldwide, Inc. e a sua maior e mais global marca, a Sheraton Hotels & Resorts. O Sheraton Reserva do Paiva Hotel and Convention Center será inaugurado em 2014, mas já se pode gabar de fazer parte da melhor rede de Hotéis do Brasil com o prémio “O melhor de Viagem & Turismo 2012/2013”. O novo Sheraton Reserva do Paiva Hotel and Convention Center será construído numa das faixas de praia mais bonitas do Nordeste, com 8,6 km de extensão. Dispondo de 289 quartos e uma ampla estrutura de lazer (nomeadamente SPA, ginásio e Club Lounge). Diferenciar-se-á das demais estruturas existentes em Pernambuco por abarcar um moderno Centro de Convenções com mais de 2.800 m2, uma grandiosa estrutura com capacidade para receber 2.100 pessoas, configurando-se na maior estrutura hoteleira com convenções na Região Metropolitana do Recife. ‹

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› EMPRESARIADO Carlos Setra, presidente da EDOL

«Indústria farmacêutica passa por um dos seus piores momentos» O presidente da Edol está na indústria farmacêutica há quarenta anos e não se recorda de uma crise tão aguda no setor. Entrevistado pela País €conómico, Carlos Setra sublinha o papel que o Mercado Externo desempenha neste momento para a grande maioria das empresas farmacêuticas que operam em Portugal. «Exportar é a única saída para contrabalançar a quebra que ocorre no mercado nacional, e no que diz respeito à Edol estamos a procurar intensificar as exportações dos nossos produtos para países como a Líbia, Iraque, Marrocos, Cabo Verde, Moçambique, e tantos outros. Mas também não é uma tarefa fácil», reconhece Carlos Setra que adianta que o setor farmacêutico precisa de estabilidade, previsibilidade e de um clima que permeie e valorize as empresas, de modo a se poder inverter esta grave situação. «Se medidas como estas não

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forem tomadas, receio muito pelo futuro desta indústria em Portugal». Texto › VALDEMAR BONACHO | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS

á quem afirme que o mercado farmacêutico nacional na sua globalidade – indústria, grossistas e farmácias – estão a atravessar um dos piores momentos desde a Segunda Guerra Mundial Carlos Setra, presidente da Edol, que há quatro décadas está ligado à indústria farmacêutica comunga da mesma opinião, dizendo-se extremamente preocupado com atual momento da indústria dos medicamentos em Portugal, e recusa a ideia de que o setor a que está ligado tenha alguma vez passado por tempos áureos. «Em abono da verdade tenho de afirmar que não me recordo que a indústria farmacêutica nacional alguma vez tenha vivido esses tempos áureos. Se esses tempos áureos existiram, não foram certamente com a indústria farmacêutica nacional. É evidente que houve um período melhor,

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mas não poderemos considerá-los tempos áureos», considerou Carlos Setra, que após uma breve pausa desenvolveu o seu pensamento, alertando para os maus momentos porque passa a indústria farmacêutica nacional. «Estamos a viver tempos muito difíceis porque os preços dos medicamentos estão a baixar constantemente, e isto reflete-se em todos os players do setor, nomeadamente farmácias e armazenistas que vêem também as suas margens esmagadas». A Apifarma disse recentemente que o dia em que o preço do custo do medicamento será maior que o da venda, não andará muito longe. E Carlos Setra diz que não pode estar mais de acordo. «Esta é uma verdade irrefutável. Só quem não quiser ver as coisas objetivamente é que não a entende como tal, porque se nós repararmos no esmagamento que tem existido

no preço dos medicamentos, reconhecerá facilmente que esta situação já não tem margens de manobra. Chegámos limite dos limites», chama a atenção o presidente da Edol, para a este propósito dizer ainda que não sabe se a tutela tem a noção da situação que está sendo criada ou se isto se deve à necessidade absoluta de se poupar. Sistema de comparticipações está errado No entender de Carlos Setra tem de haver equilíbrio e razoabilidade nas atitudes. «Eu há muitos anos que advogo uma solução que considero a mais integrada. Não há governo nenhum que consiga manter um sistema de comparticipação como o nosso. Este sistema de comparticipação está completamente errado, porque tanto tem os medicamentos comparticipados

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› EMPRESARIADO uma pessoa que tem um ordenado de 20 mil euros como uma pessoa que ganha mil euros. Quem ganha mais deveria pagar mais, quem ganha menos deveria pagar menos ou até não pagar nada. Agora aqueles que pagassem tudo na totalidade, deveriam poder repercutir essa despesa no seu IRS. Não tenhamos dúvidas que esta seria a melhor forma de o Estado subvencionar os medicamentos», comentou o presidente da Edol. Como associado da Apifarma já levou a sua ideia a esta associação? – Insistimos. E Carlos Setra não hesitou na resposta. «Devo dizer que a Apifarma como associação está sobretudo dominada por multinacionais. Como é uma associação com uma multiplicidade muito grande de indústrias e dessas a grande maioria não produz cá em Portugal, põe preços absolutamente diversos. Portanto, estamos a defender numa associação coisas que não são iguais para todos. Para mim a Apifarma devia ter só as indústrias que produzem em Portugal», sublinhou Carlos Setra que nos confessar já ter temido pelo futuro da sua empresa. «E continuo a temer, porque a gente não sabe o que é que o governo vai decidir», lembra. Na Edol não estão previstos despedimentos Mas o governo sabe que a indústria farmacêutica continua mesmo assim a ser uma boa contribuidora para o Produto Interno Bruto (PIB) e uma boa geradora de emprego. «Mas também é verdade que com a situação que foi criada á indústria farmacêutica já há registo de muitos despedimentos, e por este andar muitos mais vão haver. Ninguém faz chouriços sem carne. Mas também vos digo que aqui na Edol não se pensa em despedimentos e que tudo faremos para manter os postos de trabalho das 120 pessoas que colaboram connosco. Mas como já disse, tudo vai depender das atitudes futuras do governo. Não aguentamos mais descidas nos preços dos medicamentos», avisou o presidente da Edol. Apesar da crise, a Edol não pode descurar o mercado interno, até porque ele represen-

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ta neste momento uma faturação que em 2012 será ligeiramente superior a 12 milhões de euros. «Estamos em contra ciclo, até porque estamos num nicho de mercado muito específico, com produtos de excelência em áreas com a Oftalmologia, Dermatologia, Dermocosmética, e produtos na área da Otorrino, e temos realizado um esforço muito grande para nos mantermos no topo. Temos de perceber que o nosso mercado é pequeno (estamos a falar de um país com 10 milhões de habitantes) e que por isso mesmo estamos no limite. Por isso eu digo que a solução está nas exportações e que neste capítulo a Edol continua a lutar para que a curto ou a médio prazo elas representem 50 por cento do total da sua faturação. É um objetivo de algum tempo, e não descanso enquanto a Edol não atingir esse mesmo objetivo. Já estamos a fazer registos em muitos países. A Edol está a registar produtos em Angola, Moçambique, Cabo Verde, Marrocos, Líbia, Iraque, Libano, e temos ainda outros países. Estes registos a que me refiro são na Oftalmologia, de Dermatologia e também da Dermocosmética, uma área que antevemos de grande futuro. Agora não escondo que a Oftalmologia continua a ser a área mais forte da Edol», esclareceu Carlos Setra. O presidente da Edol atribui a situação de contra ciclo que está a verificar-se em 2012, com a faturação a ter uma ligeira subida em relação a 2011, ao muito trabalho e ao esforço conjunto de todos os trabalhadores da empresa. «Em 2012, e apesar da crise, devemos subir a faturação para 12,5 milhões, os que para os tempos de hoje não é nada mau. Mas o objetivo que temos de atingir 50 por cento no mercado externo (e não vou desistir dessa meta) mudará a empresa em termos de sustentabilidade. E esse objetivo ainda não foi atingido devido em grande parte à demora que se verificar nos registos dos produtos nos diversos países. O trabalho que nos competia desenvolver está feito, a outra parte está nas mãos desses países », frisou Carlos Setra. Com os acontecimentos que ocorreram há uns meses atrás na Líbia, Marrocos e Iraque (mercados onde a Edol está enraiza-

da), houve alguns carregamentos que não se fizeram, e isso trouxe para esta empresa de Carnaxide alguns contratempos. Mas a situação – segundo Carlos Setra – está já ultrapassada. Angola, Moçambique e Brasil O presidente da Edol reconhece que Angola é um mercado de grandes potencialidades, um mercado de futuro, mas também sabe que é um mercado que demora algum tempo a pagar. «Angola e Moçambique são mercados interessantes que estão a merecer da nossa parte uma atenção muito especial. Temos uma delegada de informação médica a trabalhar para nós em Moçambique e Angola neste momento vale para a Edol 1,5 milhões de dólares, o que é muito pouco para um país

tão grande», explicou Carlos Setra, que não poderia esquecer o Brasil. Já disséramos numa entrevista anterior ao presidente da Edol que o mercado brasileiro está desde há muito na mente de Carlos Setra. E nesta entrevista voltámos a falar desta possibilidade. Carlos Setra já nos disse um dia que já visitou o Brasil em negócios vezes sem conta, mas que ainda não conseguiu encontrar uma forma de fabricar e vender ali os seus produtos. Qual é o atual ponto da situação em relação ao Brasil?! «Construir naquele país uma fábrica para produzirmos os nossos produtos está fora de causa, até porque estaríamos a falar de um investimento incompatível com as nossas possibilidades. Sendo assim a solução que nos inte-

ressava era a de arranjarmos alguém que nos fabricasse e comercializasse os nossos produtos naquele país. Mas esta solução ainda não foi encontrada, não obstante os inúmeros contactos realizados nesse sentido. Sabemos que o Brasil não é o mercado que muita gente imagina, mas não desisto dele. Tenho esperanças de que um dia encontraremos a melhor solução, que tem de passar forçosamente por alguém produzir e vender naquele país os produtos da Edol», referiu Carlos Setra que ainda se referiu nesta entrevista ao grande desejo em ver concluída a última fase de construção da sua linha de produção, na moderna unidade de Carnaxide. «É urgente e importante levar por diante esta fase de obra na nossa linha de produção, que dará à Edol maiores possibilidades

competitivas. Mas estamos a falar de um investimento muito significativo, próximo dos 4 a 5 milhões de euros. Para isso teríamos de encontrar um comprador para as nossas antigas instalações, o que até agora não aconteceu», justificou Carlos Setra, que a finalizar esta entrevista à P€ traçou os objetivos imediatos da sua empresa. «Queremos continuar a ser uma empresa que se destaca pela qualidade dos seus produtos, e ser também uma empresa inovadora. Daremos sempre uma atenção e um carinho muito especial ao mercado nacional, onde queremos continuar a crescer, e concentraremos grande parte das bossas forças na consolidação do mercado externo, uma porta que consideramos imprescindível para garantir o futuro da Edol», finalizou o presidente Carlos Setra. ‹

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› empreendedorismo Aicep Global Parques

Especialistas em localização Empresarial A aicep Global Parques é uma empresa detida maioritariamente pela aicep Portugal Global. A sua atividade é dedicada à gestão de Parques Empresariais e à prestação de serviços de localização industrial e logística em Portugal Continental – Global Find e Global Force. A aicep Global Parques garante desta forma condições de captação, e acompanhamento na instalação de projetos de investimento nacional e estrangeiro,

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auxiliando o seu acionista maioritário.

om cerca de 30 trabalhadores (órgãos sociais incluídos), a empresa é bastante dinâmica e flexível, conseguindo através da centralização das áreas funcionais vitais à empresa gerir parques geograficamente dispersos – a Zils em Sines, o BlueBiz na Península de Setúbal e o Albiz em Albarraque - e ainda prestar serviços em áreas relevantes, onde foi acumulando um largo know how. O Global Find, uma plataforma com base em sistemas de informação geográfica está disponível gratuitamente na web e identifica soluções de localização em Portugal continental em função dos requisi-

tos de determinado projeto. Os serviços Global Force englobam o procurement de localizações pela equipa de especialistas da aicep Global Parques com a elaboração de pormenorizados relatórios, o auxílio ao processo de instalação empresarial e o apoio à gestão e promoção de parques empresariais que não estão sob administração direta. Dos Parques sob a gestão direta destacamos a Zils – Zona Industrial e Logística de Sines, não só pela sua dimensão – mais de 2.000 ha com a possibilidade de expansão aos 4.000 ha – ou pela sua localização de excelência, junto a um Porto de águas

profundas e no centro das grandes rotas marítimas internacionais. Realçamos também a oferta que proporciona aos seus clientes com a enorme capacidade de infraestruturas e de utilities disponíveis e o acompanhamento personalizado em todo o processo de instalação. A equipa técnica da aicep Global Parques analisa criteriosamente o potencial projeto e recomenda a melhor localização na Zils tendo em conta as infraestruturas e utilities necessárias. Desta forma é proposta uma solução à medida de cada investimento. Existe uma oferta de lotes já infraestruturados, nos quais, caso seja necessário, se pode realizar um upgrade de infraestruturas. Este facto é muito benéfico para a atração de projetos onde o cronograma exige rapidez. No caso de nenhum lote responder às exigências específicas de uma determinada atividade, a aicep Global Parques realiza um loteamento novo à medida destas exigências. Neste caso o cronograma dependerá da área escolhida e das caraterísticas definidas. Um fator facilitador desta atividade prende-se com o facto de a aicep Global Parques estar apta a licenciar as localizações industriais e logísticas dos clientes instalados nos parques sob sua gestão direta pela Lei nº 60/2007, de 4 de Setembro. Centro de Negócios facilitador O Centro de Negócios da Zils possui uma ampla oferta de escritórios, salas de reu-

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nião/formação e Conferências que permitem apoiar os Investidores na sua fase de instalação e também a localização de empresas de serviços que desenvolvem a sua atividade na região. Em 2012 a oferta alargou-se com a disponibilização do novo serviço de Escritórios Virtuais. Este produto vem alargar a possibilidade de mais empresas desenvolverem a atividade na região com um investimento mínimo em localização. A estreita ligação às escolas da Região como facilitador no recrutamento de mão de obra qualificada Outro dos fatores primordiais é a facilidade no recrutamento de mão-de-obra qualificada e a possibilidade de promover cursos à medida das necessidades das empresas. As diversas escolas adicionam valor à Zils e às empresas instaladas, dis-

ponibilizando formação adaptada às necessidades concretas. A ETLA – Escola Tecnológica do Litoral Alentejano localiza-se na Zils desde 1998. Esta escola disponibiliza cursos superiores em eletrónica, automação e sistemas de instrumentação, eletricidade, química analítica e industrial, processamento de dados, saúde e segurança. O CENFIM – Centro de Formação da Indústria Metalúrgicas, com intervenção formativa nas áreas de construções metálicas, em particular, e de soldagem de estruturas tubulares, com capacidade a curto prazo de intervenção em outras áreas técnicas, como o desenho assistido por computador, construções mecânicas (tecnologias convencionais) ou mesmo no campo da manutenção industrial. De referir também a importância da parceria da aicep Global Parques com o IPS-Instituto Politécnico de Setúbal, for-

malizado com o estabelecimento de um protocolo que, entre outros, pretende promover estágios profissionais em empresas instaladas no parque para alunos que terminam os cursos nesta escola. O IPS tem igualmente capacidade para promover formação superior adaptada às necessidades concretas de uma empresa que se localize nos Parques geridos pela aicep Global Parques. Todos estes fatores têm conduzido a uma crescente notoriedade da Zils que consegue competir regularmente nas short lists de potenciais localizações para grandes projetos de investimento estrangeiro. A atração e a manutenção de investimentos na Zils promovem continuamente o desenvolvimento sustentável da região, que se afirma como um polo industrial contribuinte para a riqueza nacional. ‹

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› empreendedorismo João Moita, CEO da Firstlink, o único grupo independente em Portugal na área da prestação de serviços no setor naval e portuário

Estamos a apostar nos países de língua portuguesa Em 2003 surgiu a Firstlink, o primeiro grupo independente português a atuar na prestação de serviços no setor naval e portuário. Constituído por um conjunto de quadros com vasta experiência e conhecimentos acumulados por muitos anos neste setor estratégico a nível mundial, a Firstlink apostou desde a primeira hora em reunir um conjunto de expertise especializado nas várias empresas que o constituem, além de aproveitar a vasta rede de conhecimentos e contatos a nível mundial que os seus responsáveis angariaram ao longo de algumas décadas. João Moita é o CEO da Firtslink, e em conjunto com Manuel Rodrigues, Presidente da Navegar, uma das empresas integrantes da Firstlink, concedeu uma entrevista à País €conómico, onde descreveu a estratégia do grupo que passa fundamentalmente pela aposta muito forte nos países de língua portuguesa, como será o caso de Angola, Moçambique e do Brasil, países onde poderão vir a constituir empresas com parceiros locais, bem como no espaço dos países do antigo arco da União Soviética, onde depois de muitos anos de estagnação, esperamse agora vários anos de grandes investimentos na reconstrução das frotas navais de muitos desses países, a começar pela própria Federação Russa.

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Texto › JORGE Alegria

m Outubro de 2003 formou-se a Firstlink, uma sociedade gestora de participações sociais para liderar um grupo empresarial que nascia nessa altura fruto da aposta de um conjunto de pessoas com uma experiência de várias décadas de ligação aos setores naval, portuário e logístico, e que pretenderam aproveitar essa ocasião da primeira metade da década passada par iniciar um novo percurso empresarial, visando não só a prestação de um conjunto alargado de serviços no plano nacional, mas igualmente o de aproveitar um vasto conjunto de conhecimentos e de contatos um pouco por todo o mundo, para fazer chegar o know how do novo grupo a todos os mares que compõem o globo terrestre.

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| FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS

João Moita é o Presidente Executivo (CEO) da Firstlink e explicou à País €conómico a estrutura do grupo e o que é que cada uma das empresas integrantes desenvolve. A Firstlink agrupa um conjunto de empresas que centram a sua atividade no setor da indústria marítima, prestando serviços tão diversificados como na área da gestão de navios (gestão técnica, gestão de tripulações, recrutamento e formação, seguros), mas também na consultoria em projetos de investimento e agenciamento. Numa segunda fase do seu percurso, a Firstlink diversificou as suas atividades para a prestação de serviços especializados nas áreas de reparação e construção de navios, construção civil e obras marítimas, além da área de trading.

João Moita destaca a capacidade da participada SCMA, empresa possuidora de uma vasta e especializada gama de serviços que disponibiliza aos seus clientes, como sejam, a gestão técnica de navios e equipamentos flutuantes, apoio técnico, gestão de seguros, sistemas de informação, contabilidade, gestão de tripulações (incluindo formação), compra e venda de navios, fretamento/afretamento de navios, consultoria em transportes marítimos, supervisão de construção de navios, docagem e supervisão de inspeções e projetos de construção de navios. É de salientar, segundo João Moita, que a SCMA, no âmbito da prestação de serviços de gestão técnica, é responsável por uma frota de oito navios químicos (gestão

partilhada), um navio Ro-To Day Pax Ferry (gestão total), 16 ferries de passageiros, sendo que 14 são catamarãs de alta velocidade (gestão técnica), equipamento flutuante para a construção da ponte sobre o Zambeze em Caia/Moçambique (gestão total), equipamento flutuante para a construção da ponto sobre o Cachéu em S. Vicente/Guiné-Bissau (gestão total), e a gestão do equipamento flutuante para a construção da ponto sobre o rio Douro em Crestuma-Lever, em Portugal. Estaleiros de Peniche podem ajudar países de expressão portuguesa Manuel Rodrigues, presidente da Navegar, e um dos homens-fortes do Firstlink, aproveitou para lembrar igualmente que a SCMA possui a representação de alguns estaleiros mundialmente conhecidos, a começar pelos estaleiros portugueses de Peniche, mas igualmente dos também portugueses estaleiros do Mondego, dos estaleiros de Damen Shipyards Group, na Holanda, e dos estaleiros Baltisky Zavod, estaleiros russos especializados em navios militares e navios de carga. O presidente da Navegar, empresa armadora portuguesa com estreitas ligações à Essberger (grupo alemão Rantzau), empresa que opera navios de produtos químicos, aproveitou esta entrevista para destacar a capacidade construtiva dos estaleiros de Peniche, «que poderão ser muito úteis e interessantes na construção de certo tipo de navios adequados para operarem em determinado locais e condições, sobretudo para os países de língua portuguesa. E a SCMA está inteiramente capacitada e à disposição das autoridades oficiais e dos armadores desses países – Angola, Moçambique, Cabo Verde – assim como de todos os outros potencialmente interessados, para encaminhar as necessidades em termos de navios desses países para Peniche, estaleiros com um excelente know how e possuidor de uma estrutura técnica e operacional de elevada qualidade e experiência. Digo mais, os estaleiros de Peniche poderão ser muito úteis na melhoria significativa a médio e longo prazo

de algumas componentes das frotas navais dos países de expressão portuguesa», destacou Manuel Rodrigues. Vamos apostar em Angola e Brasil A respeito dos países de língua portuguesa, a Firstlink está a desenvolver uma

aposta muito significativa para entrar de forma decisiva nesses mercados. João Moita assumiu o adiantado das conversações com parceiros locais para a constituição de uma empresa de gestão de navios em Angola, país ainda bastante carente da prestação de serviços técnicos especializados de gestão de navios, facto

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› empreendedorismo

agravado pela circunstância de Angola dispor de uma significativa frota naval, muito direcionada para o transporte de combustíveis, mas «onde subsistem fortes carências ao nível da gestão, redundando na paragem por períodos prolongados de muitos desses navios», referiu o CEO da Firstlink, adiantando que «a constituição de uma empresa em Angola, onde contará com o forte know how português nessa matéria, facilitará de sobremaneira o desenvolvimento da atividade naquele país da costa ocidental de África». Já na costa oriental de África, a Firstlink também tem sido sondada pelo próprio governo moçambicano para estar representada empresarialmente no país. Todavia, João Moita sublinhou que o âmbito do convite que «partiu do próprio Ministro dos Transportes de Moçambique» não permitiu uma completa rentabilização do investimento que será necessário concretizar para operar em profundidade no país. Será necessário, acrescenta o responsável do grupo português, «a criação de atividades envolventes e complementares daquele

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economia ibérica

que nos foi proposta pelo Senhor Ministro dos Transportes, para podermos efetivamente vir a estar em Moçambique. Continua a ser uma possibilidade que estamos a avaliar até porque existem outros projetos em Moçambique em que estamos no presente e outros em que poderemos estar no futuro. Vamos ver », deixando assim a possibilidade de ter futuramente uma presença direta junto às margens do Índico. Atravessando o Oceano Atlântico, a Firtslink está igualmente muito empenhada em entrar no vasto e importante mercado brasileiro, não desdenhando a possibilidade de a partir dessa geografia atingir outros mercados do continente americano. Segundo João Moita, existem conversações adiantadas, mas ainda não concluídas, que poderão configurar no futuro a prestação de serviços técnicos de gestão ao serviço marítimo de transporte fluvial que a empresa brasileira CCR realiza entre as cidades do Rio de Janeiro e de Niterói. Para o gestor português, o desempenho do transporte marítimo atualmente desenvolvido tem carências notórias «a

vários níveis» e entende que os resultados para o desempenho dos navios e a própria qualidade do serviço anualmente prestado a quase 30 milhões de passageiros «poderá ser significativamente corrigido no sentido de uma maior eficácia e rentabilidade dessa operação marítima e portuária». Caso as conversações sejam finalizadas com sucesso, a Firtslink avançará também com a constituição de uma empresa no Brasil, que ficará diretamente encarregue de prestar os serviços que na ocasião forem contratados, como poderá servir de plataforma para catapultar os serviços do grupo Firstlink em conjunto com a CCR noutras latitudes do continente americano. Finalmente, em termos estratégicos, a Firstlink e as suas empresas associadas, onde se destaca igualmente a Euroshide enquanto empresa especializada em engenharia e capacitada para a elaboração e construção de projetos de navios, continuam a realizar uma forte aposta nos mercados do leste europeu, com particular incidência nos países que antigamente constituíram a ex-União Soviética, a «começar pela própria Federação Russa, que tem no seu orçamento uma estimativa colossal de investimento para a renovação da frota naval para operar apenas nos seus mares interiores, não menciono portanto a componente naval em termos militares, e que é na ordem dos muitos biliões de dólares», salienta João Moita, sublinhando que a Firstlink fruto dos muitos conhecimentos adquiridos há muitos anos por aquelas paragens é muitas vezes contatada e requisitada para a prestação de serviços, tanto em termos puramente técnicos de gestão de navios como no afretamento de navios ou para encontrar navios no mercado mundial para armadores daqueles países. «É uma relação que estamos e queremos também aprofundar», finalizou João Moita. ‹

Conferência Exame/Banco Popular debateu o futuro de Portugal

País precisa de olhar para os bons exemplos Numa conferência marcada pela intervenção inicial de Enrique Santos, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso Espanhola (CCILE), onde apresentou números sobre a importância e interligação entre as duas economias ibéricas, a última conferência do ano da revista Exame em conjunto com o Banco Popular, apontou através de diversas intervenções de empresários portugueses e espanhóis, para a necessidade de se olhar para os bons exemplos empresariais que existem em Portugal, até como forma de

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estímulo e de exemplo do que os portugueses podem e devem fazer. Texto › JORGE Alegria | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS

egundo Enrique Santos, presidente da CCILE, existem cerca de 1.200 empresas espanholas identificadas com atuação em Portugal e cerca de 400 empresas portuguesas com presença direta no mercado espanhol. Esse conjunto de empresas espanholas em Portugal geram um volume de negócios de cerca de 16 mil milhões de euros, o que corresponde a cerca de 8% do PIB português, e empregam mais de 82 mil trabalhadores. A Repsol é a maior empresa espanhola em Portugal, destacando-se ainda a Cepsa, os bancos Santander Totta, Banco Popular e BBVA, o El Corte Inglés, além da construtora Somague e a Pescanova. Já a presença portuguesa em Espanha é mais limitada, mas ainda assim realce para a presença de empresas como a Galpenergia, a EDP, Sonae Sierra, Amorim, Soporcel, Lactogal, CGD, BES, Inapa, entre outros. Segundo dados da CCILE, até Agosto do presente ano, as exportações espanholas para Portugal tinham atingido os 10.072 milhões de euros, enquanto as vendas portuguesas para Espanha atingiram nesses primeiros oito meses de 2012 a cifra de 5.760 milhões de euros. De registar que o comércio luso-espanhol, devido à crise que perpassa os dois lados da fronteira, estavam a descer nesse período. Entretanto, no painel seguinte que juntou empresários portugueses e um espanhol com investimentos em Portugal, mas igualmente o presidente da Aicep Portugal Global, Pedro Reis, foi referido que o país ainda tem um caminho a percorrer em aspetos muito importantes para o investimento e o fluir dos negócios, como é o da desburocratização e a diminuição dos designados “custos de contexto”, realçando o presidente da Aicep as altera-

ções introduzidas na diplomacia portuguesa e na própria estrutura externa do organismo, que está muito mais pró-ativo e em devida articulação com a diplomacia económica praticada pelas embaixadas portuguesas no Mundo. Destaque para a intervenção do empresário espanhol José Luís Prado, que lidera o projeto da Prado Investimentos, com importantes projetos na área do olival e da produção de azeite (e do vinho em menor escala) no Baixo Alentejo, referindo ter encontrado condições para investir e desenvolver os seus projetos em Portugal, como em nenhuma outra parte, incluindo em Espanha. Já Peter Villax, da Hovione e Filipe de Botton, da Lagoplaste, explicaram o porquê do sucesso internacional das suas empresas, sublinhando ambos que muitas outras empresas portuguesas, dentro e fora do país, poderão seguir os seus exemplos, embora também tenham reclamado de um ambiente mais favorável e amigo ao investimento em Portugal, incluindo na área fiscal. ‹

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› ECONOMIA IBÉRICA

EDITORIAL

O

dinheiro não conhece fronteiras. Esta frase responde a uma realidade incontornável e que muitas empresas aproveitam bem. Seja para procurar o melhor rendimento a um investimento ou por motivos de estratégia empresarial, os limites são impostos por cada um de nós. Por isso, da mesma forma que muitas empresas escolhem Portugal para investir nos PALOPs, também muitas outras escolhem Espanha para investir na Hispanoamérica. Na edição deste mês vamos ver um dos motivos que podem aconselhar optar pela Espanha: a ETVE ou holding espanhola. Como sempre, podem dirigir as suas dúvidas ou perguntas para vigo@ avinalabogados.com ou madrid@ avinalabogados.com

PLATAFORMA ESPANHA: A HOLDING ESPANHOLA O que têm em comum Starbucks, Repsol, Telefónica, Vodafone ou American Express? Além do seu carácter de multinacional, todas constituíram uma holding em Espanha como parte da sua estratégia de internacionalização. Com efeito, as holdings espanholas, chamadas entidades de tenencia de valores extranjeros (ETVE), revelaram-se como um instrumento atrativo e competitivo na altura de planificar investimentos no exterior. Cabe dizer, em primeiro lugar, que a ETVE não conforma um tipo específico de sociedade, mas tanto a sociedade anónima como a sociedade por quotas podem constituir-se como holdings. Nesse sentido, e para as sociedades por quotas, basta um capital social mínimo de € 3.000. Porquê ter então una holding em Espanha? Que vantagens traz a

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holding espanhola? Como motivos principais do interesse que suscitam entre os investidores podemos apontar: a) facilidade de constituição e manutenção; b) objeto social que pode incluir outras atividades além da mera detenção e gestão dos valores; c) tratados de dupla imposição assinados com 70 países, com especial destaque para os países europeus e do continente americano; d) isenção fiscal no caso de dividendos, participações em lucros e mais-valias; e) os dividendos distribuídos a sócios não residentes não estão sujeitos a retenção; f) compensação dos prejuízos fiscais pela atividade holding com as receitas obtidas mediante outras atividades; g) podem formar parte de um grupo que siga o regime de consolidação fiscal. Que requisitos devemos cumprir para beneficiar deste regime? Em primeiro lugar, um investimento mínimo da ETVE nas filiais de 5% (direto ou indireto) ou de 6 milhões de euros, mantido durante, pelo menos, um ano. Ainda, as filiais devem desenvolver uma atividade predominantemente industrial ou comercial. Não obstante, também podem desenvolver atividades financeiras quando se realizem em favor de residentes no mesmo país que o da filial, se usarem os seus próprios meios materiais e pessoais. Por último, as filiais devem estar sujeitas a um imposto análogo ao IRC espanhol. Podemos, portanto, concluir, que a ETVE pode ser um excelente instrumento, com vantagens, nalguns casos, superiores às holdings de países como a Holanda ou o Luxemburgo.

I.- GALIZA E A EURO-REGIÃO GALIZANORTE DE PORTUGAL A PRODUÇÃO INDUSTRIAL GALEGA EM POSITIVO As estatísticas mais recentes sobre a evolução do índice de produção industrial coloca a Galiza como a única região espanhola que registou um aumento do IPI em Setembro, e que foi de 2,2 % relativamente ao mesmo mês de 2011. O progresso deve-se principalmente à energia, cuja produção aumentou 17% em Setembro e 7,1 % desde Janeiro. Em segundo lugar, seguem os bens de consumo, que subiram 10,7% em Setembro, especialmente para alimentos. A CRIAÇÃO DE EMPRESAS AUMENTA NA GALIZA 18% A criação de empresas na Galiza aumentou 18% relativamente ao mês de Outubro do ano passado. Os setores mais dinâmicos foram o comércio e serviços de negócios. Pontevedra soma mais 159 empresas, A Corunha 141, Lugo 34 e Orense 28. No total anual a Galiza atinge 3.571 novas empresas, mais 4% relativamente ao ano passado. COMPROMISSO PARA MODERNIZAR A LINHA VIGO-PORTO Responsáveis das organizações empresariais, da UE, da Xunta da Galiza e da Diputación de Pontevedra celebraram, numa cimeira

de urgência que teve lugar em Monforte de Lemos (Lugo), o compromisso dos governos de Espanha e Portugal de solicitar fundos comunitários extraordinários para a modernização da linha entre o Porto e Vigo. O EIXO ATLÂNTICO RECLAMA UM SISTEMA ELETRÓNICO DE PORTAGENS EUROPEU O Secretário-Geral do Eixo Atlántico, Xoan V. Mao, apresentou uma carta ao comissário do Mercado Interior e Serviços da Comissão Europeia, Michel Barnier, sobre a interoperabilidade dos dispositivos para pagamento das portagens, onde lhe solicita a criação do Sistema Elétrónico de Portagens Europeu por parte da Comissão Europeia - uma criação que a Comissão promulgou há 6 anos e que até à data não foi cumprida. II.- APOIOS E SUBVENÇÕES AJUDA: PROGRAMA PARA A CRIAÇÃO DE CONSORCIOS DE EMPRESAS PARA ACEDER A CONCURSOS PÚBLICOS INTERNACIONAIS

ORGANISMO: Conselleria de Economia e Indústria, Xunta da Galiza A ajuda contempla um apoio integral à criação de consórcios para o período 2012-2013, que inclui a formação e acompanhamento individualizado para as empresas participantes durante o processo de criação. Cabe frisar que só serão selecionadas 15 empresas.

FEIRAS E EXPOSIÇÕES SETEMBRO 2012 DATA

EVENTO

LUGAR

16-17 NOVEMBRO

FUNERGAL (Feria de productos y servicios funerarios)

Orense

22-25 NOVEMBRO

INTUR (Feria del Turismo de Interior)

Valladolid

25-27 NOVEMBRO

MADRID GOLF

Madrid

27-29 NOVEMBRO

EIBTM (Salón de la industria de viajes de negocios, congresos e incentivos)

Barcelona

27-30 NOVEMBRO

SMART CITY EXPO WORLD CONGRESS (Salón del Equipamiento para las Ciudades y el Medio Ambiente)

Barcelona

6-9 DICIEMBRE

AUTO RETRO BARCELONA (Exposición de coches y motocicletas de colección)

Barcelona

Antonio Viñal Menéndez-Ponte Antonio Viñal & Co. Abogados madrid@avinalabogados.com

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› a fechar Futuro Hotel Vila Galé Rio de Janeiro mostra as primeiras imagens

Marco hoteleiro na “Cidade Maravilhosa” Como noticiámos na nossa última edição, em 2014 abrirá portas o Hotel Vila Galé Rio de Janeiro, uma unidade que vem preencher um desejo e uma oportunidade estratégica na presença do grupo liderado pelo empresário Jorge Rebelo de Almeida no Brasil. A marca deu agora a conhecer as primeiras imagens, ainda que virtuais, do que será a configuração da futura unidade carioca com a marca Vila Galé, onde se conjugará a traça do edifício tradicional no Bairro da Lapa que o grupo adquiriu com uma componente mais moderna no edifício principal do empreendimento hoteleiro. Recorde-se que o Hotel Vila Galé Rio de Janeiro, que Jorge Rebelo de Almeida espera ter pronto ainda antes do arranque do Campeonato Mundial de Futebol, em Junho de 2014, terá 289 quartos e suites e será decorado segundo a influência e estilo da Bossa Nova, algo tão profundamente ligado ao imaginário carioca. O investimento deverá ultrapassar os 30 milhões de euros. ‹

Paços de Ferreira e Santa Maria unidos O município português de Paços de Ferreira recebeu no passado dia 15 de Novembro a visita de uma comitiva da cidade brasileira de Santa Maria, no âmbito de um protocolo existente entre o Município de Paços de Ferreira, a PFR Invest e o Instituto Politécnico do Porto. No caso, foi celebrado um protocolo entre o próprio Município de Paços de Ferreira, a Prefeitura Municipal de Santa Maria, o Instituto Politécnico do Porto, a Universidade Federal de Santa Maria, a Associação Empresarial de Paços de Ferreira, a Câmara de Comércio e Indústria de Santa Maria, a PFR Invest e a Agência de Desenvolvimento de Santa Maria, visando uma colaboração activa para o desenvolvimento sustentado de Paços de Ferreira e de Santa Maria, “no sentido da qualificação dos recursos humanos, no estímulo às actividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação, do incremento das relações comerciais e de mecanismos que garantam a transferência de tecnologia, com vista a uma melhoria das habilitações técnicas, profissionais e escolares dos ativos de ambos os municípios”. ‹

Mota-Engil compra no Brasil A Mota-Engil anunciou a aquisição de uma posição maioritária no capital social da construtora brasileira Empresa Construtora Brasil (ECB). Em comunicado enviado à CMVM, a construtora portuguesa referiu que “apostando na experiência dos atuais sócios da ECB, a Mota-Engil Brasil assinou um acordo para a aquisição de uma participação de maioria mínima de controlo por 52,6 milhões de reais (cerca de 19,4 milhões de euros), tendo sido também acordada a injeção de parte desse montante na sociedade por aumento de capital”. A ECB faturou em média cerca de 116 milhões de reais (cerca de 43 milhões de euros) nos últimos anos. ‹

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Dilma Rousseff na Câmara Portuguesa de São Paulo A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, estará presente e será homenageada no jantar comemorativo do centenário da Câmara Portuguesa de Comércio no Brasil (São Paulo). O evento terá lugar no dia 7 de Dezembro e decorrerá na Sociedade Hípica Paulista, e o presidente da Câmara Portuguesa no estado de São Paulo, Manuel Tavares de Almeida Filho, promete uma acontecimento de grande importância no relacionamento económico e empresarial entre o Brasil e Portugal. ‹

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