Revista Pais Economico | Edição 141

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NORDESTE BRASILEIRO MOSTRA POTENCIAL PARA ATRAIR MAIS INVESTIMENTOS PORTUGUESES

Nº 141 › Mensal › Junho 2014 › 2.20# (IVA incluído)

Rômulo Soares Ex-Presidente da CBPCE

Humberto Costa Presidente da Armasul

Queremos estar nas 30 Maiores do Sector em França José António da Costa, Presidente da AMG, empresa francesa de um dos mais destacados empresários portugueses em França, que ganha cada vez mais espaço na área das limpezas industriais e da segurança. Admite começar a sua actividade em Portugal.

Luís Cervantes Administrador da Sabseg

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Ficha Técnica

Editorial

Propriedade Economipress – Edição de Publicações e Marketing, Lda.

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Redacção › Manuel Gonçalves › Valdemar Bonacho › Jorge Alegria

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Grafismo & Paginação › António Afonso

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França e Brasil são pilares na internacionalização empresarial A internacionalização da economia e das empresas portuguesas é cada vez mais um fator chave para o sucesso das próprias, mas igualmente a fórmula do país no seu interior continuar a funcionar com alguma força económica. Na verdade, as coisas neste país não estão fáceis, pois continuamos a viver um clima de incerteza e de anemia económica. Nesta edição da PAÍS €CONÓMICO damos destaque a duas áreas essenciais da relação económica e empresarial de Portugal com o exterior. Por um lado, o relacionamento com o mundo que fala português, no caso vertente, com a região do Nordeste brasileiro, onde um conjunto muito alargado de empresas portuguesas estão a apostar desde há cerca de duas décadas, e por outro lado, a França, país fundamental da União Europeia para o relacionamento económico de Portugal, até porque é aí que vive certamente a mais forte diáspora empresarial de matriz portuguesa fora de Portugal. Em França está neste momento a acontecer um fenómeno curioso e muito interessante, e que não é muito habitual no sentimento e no mudus operandi dos portugueses. Que é justamente o de interagirem uns com os outros e serem capazes de trabalharem e colaborarem entre si, fugindo ao tradicional individualismo, tão típico da maneira de ser portuguesa. Neste momento, estão a ser os empresários da diáspora empresarial portuguesa em França, que com base nos projetos que lá desenvolvem, estão a chamar outros empresários em Portugal para irem trabalhar com eles em França e ali poderem mostrar e desenvolver as suas capacidades empresariais. Desenvolver, sim, porque o mercado francês, em muitos aspetos, para além de ser mais organizado, é mais sofisticado e competitivo, e as empresas portuguesas, na sua generalidade, terão de melhor se organizar e melhorar as suas performances técnicas e administrativas para poderem ter um sucesso sustentado em França. Mas, o caminho faz-se caminhando, e o que está a suceder é muito positivo. Também o Nordeste brasileiro é uma terra de oportunidades e de possibilidades para as empresas portuguesas. Não é um território fácil, muito pelo contrário, é preciso sobretudo contar com a experiência e o saber de que já lá está, insistir em parcerias com empresas locais e apostar a fundo numa presença física direta, porque quem pensar que poderá gerir à distância de Lisboa ou do Porto negócios no Brasil, será o primeiro passo para o fracasso. Também no Nordeste brasileiro, é preciso que os portugueses colaborem uns com os outros, a começar pela busca das câmaras portuguesas de comércio que existem em vários estados daquela parte do Brasil. Elas podem ajudar a percorrer o chamado “caminho das pedras” para os empresários portugueses terem sucesso no Brasil. JORGE GONÇALVES ALEGRIA

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Índice Grande Entrevista Humberto Costa, Presidente da Armasul, empresa localizada em Corroios, concelho do Seixal, e que se dedica à comercialização de material eléctrico. Fundada há 26 anos, atravessou naturalmente os períodos de expansão e de crise na economia portuguesa, mas como sublinha, com a perseverança e a qualidade e a dedicação dos seus colaboradores, a empresa afirmou-se cresceu e é presentemente uma das grandes referências nacionais no setor do fornecimento de equipamentos de material eléctrico. A internacionalização está na calha para o futuo.

pág. 26 a 29

Ainda nesta edição…

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Grande Plano

Efacec fornecerá Expo 2017 no Cazaquistão Mota-Engil ganha obras de 520 milhões na América Latina Teixeira Duarte vai construir estádio na Argélia Imobiliário português atrai investidores franceses Metaloviana na remodelação do estádio Velódrome em Marselha Francesa Ecoslops investe 14 milhões em Sines Conforama quer ter 10 estabelecimentos em Portugal até 2017 Deputados sauditas visitaram parlamento português Vicaima forneceu portas para o Sofitel no Dubai

Dossier França-Portugal Mais uma vez, deslocámo-nos à região da Grande Paris para realizar um novo conjunto de trabalhos com a designada diáspora empresarial portuguesa em França. Em bom momento estivemos em terras gaulesas, pois aconteceu nesse período o Salão do Imobiliário e do Turismo de Portugal em Paris, bem como o lançamento da primeira pedra do megaempreendimento do Paris-Asia Business Center, liderado pelo empresário português Carlos Matos, presidente do Groupe St. Germain. ‹

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O Nordeste Brasileiro atravessa um período de forte crescimento económico, com grandes projetos a serem desenvolvidos, desde infraestruturas a grandes e médias indústrias, ao progresso da agricultura e da energia, e agora com o advento da Copa do Mundo, que trouxe estádios novos ao futebol brasileiro e infraestruturas de mobilidade urbana nas grandes cidades. Neste trabalho demos uma atenção muito especial ao Rio Grande do Norte e ao Ceará, sem esquecer o importante investimento que a portuguesa Promovalor está a realizar em Pernambuco, onde abrirá este mês de Junho o novo Sheraton Reserva do Paiva Hotel.

pág. 06 a 23

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› GRANDE PLANO Comércio Luso-Brasileiro cresceu nos quatro primeiros meses deste ano

Valor ultrapassa os 606 milhões de dólares As trocas comerciais entre Portugal e o Brasil atingiram nos primeiros quatro meses deste ano a soma de 606,7 milhões de dólares, um crescimento de mais de 17% face ao mesmo período de 2013, isto segundo dados apurados junto do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil. Só no mês de Abril, as trocas comerciais ultrapassaram os 211 milhões de dólares. Entre Janeiro e Abril, as exportações de Portugal para o Brasil atingiram os 413,6 milhões de euros, um acréscimo de 34,8% face ao período homólogo do ano passado. Já as exportações brasileiras para Portugal ficaram-se pelos 193 milhões de dólares, menos 9% do que em igual período do ano passado.

Entre os produtos exportados por Portugal para o Brasil, a pauta continua a ser liderada pelo azeite, que representou 16% do total das exportações portuguesas. Seguiram-se o gás natural liquefeito, com 11,5%, e depois em terceiro lugar os fornos industriais, também com 11,5%. Já o bacalhau ficou em quarto lugar, com 9%. Merece saliência ainda as exportações portuguesas de componentes para helicópteros e aviões, e sulfetos de minério de cobre e pêras frescas. No que respeito à pauta das exportações brasileiras para Portugal, realce para a soja, com uma quota de 33%, seguindo-se os ácidos resínicos, peças para motores, combustíveis para aeronaves, café, couros e açúcar. ‹

Universidade Afrobrasileira inaugurada na Bahia O primeiro campus da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afrobrasileira (Unilab), foi inaugurada na cidade baiana de São Francisco do Conde, evento que contou com a presença do ex-presidente brasileiro Lula da Silva, assim como do Governador da Bahia, Jaques Wagner, e da Prefeita de São Francisco do Conde, Rilza Valentim. Numa nota divulgada na ocasião, o Governador Jaques Wagner referiu que «esta é uma universidade cuja marca é o inter-

câmbio com a África e com países de língua portuguesa. O Recôncavo é sabidamente o espaço baiano que Em primeiro plano Rilza Valentim, Prefeita de São Francisco do Conde, ao lado de Rodrigues, Diretor da Câmara Portuguesa da Bahia. Ao fundo vêem-se mais concentra Manuel também António Coradinho, Presidente da Câmara Portuguesa da Bahia, e José afrodescenden- Lomba, Cônsul de Portugal na Bahia. tes, e Salvador é a maior cidade africana nas áreas de humanidades e letras, além fora de África». A unidade oferece 200 de 360 alunos que já fazem faculdade por vagas para ensino superior presencial meio do ensino à distância. ‹

Galp aumenta produção no Brasil A produção petrolífera da Galp Energia no Brasil cresceu 45% no primeiro trimestre deste ano, tendo atingido nesse período uma média diária de 17,3 mil barris. Já em Angola, no mesmo período, a produção da petrolífera portuguesa atingiu uma média diária de 7,3 mil barris, uma diminuição de 10% face ao período homólogo. Segundo o relatório da Galp Energia referente à sua atividade no primeiro trimestre deste ano, o forte aumento da produção no Brasil deveu-se essencialmente à área nordeste do campo Lula, no pré-sal brasileiro. Globalmente, o investimento da empresa portuguesa no setor petrolífero brasileiro, onde além de atividade ao largo dos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, também tem atividade off-shore e on-shore no Rio Grande do Norte, foi neste primeiro trimestre de 2014 de 197 milhões de euros, mais 4,2% do que em igual período de 2013. ‹

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Rômulo Alexandre Soares foi homenageado na Câmara Municipal de Fortaleza (Ceará) com o título

Nota do Enem aceite na Universidade de Coimbra Os estudantes brasileiros que obtiverem boas notas no Enem Exame Nacional de Ensino Médio podem entrar na Universidade de Coimbra, a mais antiga universidade portuguesa e uma das mais antigas da Europa, sem necessitarem de fazer o vestibular (prova de acesso). Esta possibilidade insere-se na alteração recente que permitiu às universidades portuguesas de criarem sistemas próprios para a admissão de estudantes internacionais. ‹

Cidadão de Fortaleza Rômulo Alexandre Soares nasceu em Moçambique quando ainda era colónia portuguesa, mas chegou ao Brasil em 1980. Fixou-se com a família na cidade de Fortaleza, capital do estado brasileiro do Ceará. Aí estudou e se formou em advocacia, foi presidente da Câmara de Comércio Brasil-Portugal no Ceará e depois presidente do Conselho das Câmaras Portuguesas de Comércio no Brasil. Sempre olhando para a sua cidade de Fortaleza como foco da sua atenção e trazendo para a capital do Ceará importantes eventos nas relações económicas e empresariais entre o Ceará e Portugal. Agora, continua com estreitas ligações á sociedade empresarial luso-cearense e firma-se num escritório de advocacia de elevado prestígio no Brasil e, como não podia deixar de ser, com fortes ligações a Portugal. No passado dia 30 de Maio foi homenageado pela Câmara

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Municipal de Fortaleza, onde recebeu o título de Cidadão de Fortaleza! TEXTO › JORGE ALEGRIA | FOTOGRAFIA › CEDIDAS PELA CCBP-CE

m sessão solene realizada no passado dia 30 de Maio, a Câmara Municipal de Fortaleza, capital do estado brasileiro do Ceará, por proposta do vereador Ronivaldo Maia, atribuiu o título de Cidadão de Fortaleza a Rômulo Alexandre Soares, o histórico ex-presidente da Câmara de Comércio Brasil-Portugal no Ceará, que segundo as palavras do proponente teve uma grande «importância no relacionamento da cidade com a economia lusa», enfatizando ainda que esta homenagem «só concede o que já é de direito a Rômulo Alexandre, a cidadania»,

adiantando que «este momento para mim é um orgulho. Rômulo vem colaborando para que os laços entre Fortaleza e Portugal sejam estreitados». O homenageado, aproveitou a ocasião para sublinhar a importância da presença do seu pai (André Fernando) e do irmão (Hélio), que representam a sua família portuguesa, e da esposa (Renata) e dos seus dois filhos (Bruno e Cecília), que representam a sua família brasileira. Rômulo Soares, no seu discurso, salientou que «esta homenagem é um resultado coletivo de muitos portugueses», tendo destacado

o cônsul honorário Alexandre Vidal. Para o advogado luso-brasileiro «Fortaleza é a cidade que eu amo. O dia de hoje estará permanentemente na minha memória. Divido com a minha família e com cada um de vocês, meus amigos, a alegria da homenagem e a esperança de uma Fortaleza melhor». Assistiram à solenidade o atual vice-cônsul de Portugal no Ceará e Piauí, Francisco Brandão, do Prefeito de São Gonçalo do Amarante, Cláudio Pinho, e do advogado Cândido Albuquerque, conselheiro federal da Ordem dos Advogados do Brasil. ‹

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› NORDESTE BRASILEIRO Estado do Ceará recebeu mais de 2,6 biliões de reais de investimento estrangeiro nos últimos 18 anos

Portugal e Espanha foram os maiores investidores

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egundo dados recentes divulgados em Fortaleza sobre o investimento estrangeiro direto no Ceará, nos últimos 18 anos, estado do nordeste brasileiro recebeu cerca de 2,6 biliões de reais, grande parte dele proveniente de investidores portugueses e espanhóis. Segundo o referido estudo, neste momento, existem 5.315 empresas de capital estrangeiro no Ceará, tendo sido criadas 273 durante o ano de 2013. Apresentado no passado dia 27 de Maio na cidade de Fortaleza por Rômulo Alexandre Soares, advogado e atual diretor Ceará-Piauí da Federação das Câmaras de Comércio Exterior do Brasil, e ex-presidente da Câmara de Comércio Brasil-Portugal no Ceará, referiu na ocasião que o investimento estrangeiro realizado no Ceará é analisado desde meados da década de 1990, altura em que a participação de investidores estrangeiros na economia cearense começou a crescer continuadamente. No entender de Rômulo Soares deve-se «à implementação da linha aérea Lisboa-Fortaleza, inicialmente semanal e, posteriormente, diária, ligando, até hoje, a capital cearense à Europa». Ainda segundo

Ceará é estratégico no crescimento do grupo português

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o palestrante, «navios transportam cargas, aviões transportam pessoas e investidores». Participaram neste evento uma centena de pessoas, entre as quais o atual presidente da Câmara de Comércio Brasil-Portugal no Ceará, José Maria Zanocchi, o

superintendente do Centro Internacional de Negócios do Ceará, Eduardo Bezerra, o presidente da ZPE Ceará, César Augusto Ribeiro, o secretário Estadual do Desenvolvimento Econômico Cede, Alexandre Pereira, além do vice-cônsul de Portugal no Ceará, Francisco Brandão. ‹

Câmara Portuguesa do Ceará faz missão a Portugal em Novembro A Câmara de Comércio Brasil-Portugal no Ceará (CBPCE) vai realizar uma missão empresarial a Portugal, que decorrerá entre os dias 15 e 23 de Novembro deste ano. O objetivo, segundo referiu José Maria Zannochi, presidente da entidade com sede em Fortaleza, aponta para o fortalecimento das alianças de cooperação económica, e que pretende por esse efeito levar dezenas de empresários e instituições cearenses a Portugal, lembrando que é o país europeu mais próximo de Fortaleza. Ainda no dizer de José Maria Zannochi, «o objetivo da missão é empreender negociações em diversos setores e trazer investimentos produtivos para o Ceará, melhorando a eficiência da nossa indústria e dos nossos serviços». É que o Ceará, segundo o líder

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Grupo Vila Galé lidera resorts turísticos no Brasil e no Nordeste

da CBPCE, apresenta-se aos investidores portugueses como um mercado emergente muito interessante para a internacionalização das empresas portuguesas. «É que o Ceará é a porta de entrada para mais investidores portugueses para o Brasil». Não foi por acaso que o anúncio da missão aconteceu no dia da apresentação e um estudo sobre o investimento estrangeiro no Ceará, que aponta que nos últimos 18 anos, os portugueses e os espanhóis foram os maiores investidores estrangeiros neste estado do nordeste brasileiro. «estamos convencidos que com esta missão, o investimento estrangeiro de capital português no Ceará irá aumentar», enfatizou Zannochi. ‹

m 2001 o Grupo Vila Galé abriu o seu primeiro hotel no Brasil, concretamente junto à Praia do Futuro, em Fortaleza. Depois foi um percurso sempre em crescendo que levou o segundo maior grupo hoteleiro português a abrir dois hotéis na Bahia, outro no Cabo de Santo Agostinho em Pernambuco, e também o Vila Galé Cumbuco, no Ceará, onde numa área bastante mais vasta desenvolve um arrojado projeto turístico e imobiliário, já traduzido na construção do VG Sun Residence. Em entrevista concedida no início deste ano à País Económico, Jorge Rebelo de Almeida, presidente do Grupo Vila Galé, salientou que o grupo é líder no setor dos resorts turísticos no Brasil, onde os estados no nordeste assumem uma importância vital na estruturação e na oferta hoteleira do grupo no país. Apesar das unidades que a marca Vila Galé possui na Bahia e em Pernambuco, é no Ceará que se dão as maiores apostas do grupo Vila Galé, sobretudo na área do Cumbuco, a cerca de 30 quilómetros de Fortaleza, onde além de uma unidade de cinco estrelas que funciona no sistema all inclusive, dispõe de uma área de grande dimensão onde está apostado no desenvolvimento de projetos turísticos e imobiliários,

BRICS reúnem-se em Fortaleza Depois da final da Copa do Mundo, no Rio de Janeiro, os líderes dos designados BRICS (Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul) seguem para a cidade de Fortaleza, capital do estado do Ceará, onde terão a reunião de cúpula anual. Na reunião presidida por Dilma Rousseff, presidente do Brasil, os líderes dos países presentes deverão tomar decisões a respeito da consolidação do banco e do fundo Brics. O banco do grupo deverá ter um fundo inicial de 50 biliões de dólares, destinados sobretudo a empréstimos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável. ‹

admitindo a Vila Galé a possibilidade de outros grupos hoteleiros internacionais poderem tomar posições em áreas desse espaço propício a receber várias unidades hoteleiras e projetos de desenvolvimento imobiliário e turístico. ‹

Ceará no top dos investidores estrangeiros Segundo dados do Ministério do trabalho e Emprego, as concessões e vistos a estrangeiros como pessoas físicas, mostram de forma significativa o perfil de quem investe no Brasil. No que respeita ao Ceará, foram emitidos 237 vistos permanentes, ficando somente atrás de São Paulo, com 294 autorizações concedidas em 2013. No Brasil, no ano passado, os maiores investidores foram os italianos, seguidos dos portugueses e dos chineses. É de salientar que no ano passado foi a primeiro vez que o Ceará atingiu a posição cimeira entre os estados nordestinos, tendo superado o Maranhão. ‹

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› GRANDE PLANO SABSEG – Corretora de Seguros do Mundo Lusófono - De Portugal para o Mundo, fazendo paragem no NORDESTE do Brasil

«Já estamos a desenhar um novo ciclo de desenvolvimento» Em Dezembro de 2011, entrevistamos Luís Cervantes, Administrador do Grupo SABSEG, num momento em que o Grupo comemorava os 12 anos de existência e o projeto de expansão está na fase de lançamento e ambicionava atingir em Portugal o TOP 3 no ranking da distribuição de seguros. Cerca de dois anos e meio após essa entrevista, voltamos a encontrar Luís Cervantes, para uma entrevista onde o desenvolvimento do Grupo SABSEG no Brasil é o tema principal, sem deixar de fazer uma rápida retrospectiva sobre a evolução do Grupo. Em 2011 apresentavam como ambição

e estar presente nos principais países do

concluir que suplantamos os objectivos a que nos tínhamos proposto para 2014 e estamos já a desenhar um novo ciclo de desenvolvimento.

Mundo Lusófono. Qual é o balanço atual

Quais as principais ações desse novo ci-

da SABSEG?

clo de desenvolvimento?

O período 2011 / 2014 foi, apesar da crise económica que Portugal atravessou, a fase de afirmação do Grupo SABSEG em Portugal. Uma estratégia equilibrada entre o crescimento orgânico e um processo de aquisições muito criteriosa permitiu-nos atingir o 2º lugar no ranking em Portugal, tendo as empresas que compõe o Grupo SABSEG atingido em 2013 um volume total de comissões na ordem dos 11,7 Milhões de Euros. No que respeita ao desenvolvimento internacional, temos em Espanha uma operação, em Joint-Venture com a RSM que está numa boa fase de crescimento, em Angola e Moçambique as operações tiveram um bom crescimento em 2013 e quer a SABSEG.AO, quer a SABSEG.MZ são já operações de referência nos respectivos mercados. No Brasil estamos presentes com escritórios em S. Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e Fortaleza. Em 2014 prevemos abrir um escritório no Rio de Janeiro, bem como iniciar a operação em Cabo Verde e estamos a estudar outros mercados. Podemos

Em Portugal, continuar a desenvolver a estratégia multissegmento que temos implementado, dando forte enfoque às parcerias que temos vindo a desenvolver com Instituições de Relevo como seja a Liga Portuguesa de Futebol, a Liga dos Bombeiros Portugueses, a União das Misericórdias Portuguesas, a associação com o Benfica para a gestão da Benfica Seguros, entre outras que nos permite hoje chegar ao contacto com cerca de 2 Milhões de Portugueses. Inovar e desenvolver soluções para estes alvos é uma das principais ações que temos em curso. Por outro lado, a retoma económica cujos sinais começam a aparecer, trará também novas oportunidades de desenvolvimento no segmento de empresas.

do vosso projeto atingir, em 2014, o TOP 3 na distribuição de seguros em Portugal

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E no plano internacional, quais são as vossas prioridades?

Além da consolidação da posição relevante em Espanha (em joint-venture com a RSM), Angola e Moçambique, continuamos muito focados no crescimento no Brasil, onde prevemos abrir este ano o

escritório do Rio de Janeiro complementando a rede já existente em S. Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e Fortaleza. Mas estudamos também novos mercados. Está já programada a abertura este ano de Cabo Verde e estamos na fase final de análise de um mercado, que na gíria internacional dizemos que é a segunda cidade de Portugal, Paris. Por outro lado, em conjunto com o nosso parceiro espanhol, Ricardo Soler da RSM, estamos a estudar os mercados da Colômbia, do Chile e do Peru como alvos complementares do Brasil na América Latina. Neste nosso número da País Económico, realizamos um Dossier Nordeste. O que representa para a SABSEG a aposta neste mercado?

A SABSEG veio para o Nordeste, abrindo escritório em Fortaleza, em meados de 2012. Existe um conjunto relevante de Grupos Económicos de origem Portuguesa que estão instalados neste mercado há vários anos e que foram naturalmente o nosso alvo. Destacamos, por exemplo, o Grupo Entreposto que tem Sede em S. Luís do Maranhão, mas desenvolve a sua atividade em vários estados no Nordeste, estando também presente em Fortaleza, tal como outras empresas da área do Turismo e da Construção Civil.

Aproveitar a oportunidade para ser o corretor de referência nesta região, num contexto em que o mercado de seguros está em forte expansão no Brasil foi a nossa aposta. No Ceará desenvolveram-se grandes empresas em vários sectores que se afirmam como fortes motores da economia brasileira, na área da Construção, na Farmacêutica, nos Cereais, etc. Também o grande projeto do Pecém trará novas fontes de desenvolvimento ao Nordeste do Brasil. É uma operação que tem um forte espaço de progressão. Quais foram os principais desafios que enfrentaram neste processo de instalação no Nordeste?

Para responder a essa pergunta vou recorrer a uma máxima que é constantemente utilizada pelo nosso Administrador Delegado no Brasil, João Abreu: “ O Brasil é uma terra de oportunidades, mas não de facilidades”. As prioridades que elegemos para o arranque foram: a qualidade dos Recursos

Humanos, o estabelecimento de relações privilegiadas com os fornecedores locais, e uma forte determinação na afirmação da nossa qualidade de serviço. O mercado brasileiro, e particularmente no Nordeste está ávido de subir um patamar no que respeita à qualidade do serviço na área de corretagem de seguros. Como vêm a atual situação económica do Brasil?

É inegável que se verificou um certo arrefecimento nas perspectivas de crescimento de médio prazo. Também a Copa do Mundo2014, que em 2011 se previa que fosse um evento catalisador e propiciasse uma melhoria da imagem do Brasil ao nível económico e atraísse cada vez mais turistas, não está tendo o impacto inicialmente previsto. Porém, consideramos que são dificuldades conjunturais que não colocam em causa o crescimento de médio e longo prazo. Existem vários temas funcionais que o Brasil tem que corrigir, mas o potencial de desenvolvimento é enorme. Que posicionamento pretendem alcan-

çar no Nordeste do Brasil?

Pretendemos em primeiro lugar sermos reconhecidos pela nossa qualidade de serviço na área de Empresas, e estar presente na gestão dos riscos das mais representativas. Hoje já temos contratos de gestão de risco e corretagem com 3 das principais empresas do Ceará. Durante o primeiro semestre de 2014 iniciamos em Fortaleza uma operação de varejo, cujos sinais nos 3 primeiros meses são muito positivos. Estamos também iniciando a expansão, através da abertura de uma sucursal da SABSEG em S. Luís do Maranhão no âmbito da nossa parceria com o Grupo Entreposto. Estamos também a desenvolver um conjunto de ações no âmbito dos Grupos de Afinidade e a desenvolver uma oferta de micro-seguro para suprimir um conjunto de lacunas ao nível da oferta que atualmente existe neste mercado. Pretendemos em 2015/2016 ser um dos corretores de referência desta região, reconhecidos pelos clientes e pelas Companhias de Seguros locais. ‹

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› NORDESTE BRASILEIRO

Promovalor abre hotel este mês próximo de Recife

Sheraton Reserva do Paiva Hotel O Sheraton Reserva do Paiva Hotel & Convention Center, desenvolvido pela portuguesa Promovalor Investimentos, grupo liderado pelo empresário Luís Filipe Vieira, vai abrir as suas portas ainda durante este mês de Junho e será um dos principais hotéis do segmento de alto luxo no nordeste brasileiro, e muito em particular no estado de Pernambuco. O fato da nova unidade hoteleira ser operada por uma das principais cadeias hoteleiras internacionais, coloca o Sheraton da Reserva do Paiva entre os mais

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exclusivos de todo o Brasil, e certamente em toda a região nordeste. TEXTO › JORGE ALEGRIA | FOTOGRAFIA › CEDIDAS PELA PROMOVALOR

um investimento aproximado de 260 milhões de reais (cerca de 86 milhões de euros), o Sheraton Reserva do Paiva Hotel & Convention Center contará com uma ampla estrutura de lazer e restaurantes, bar, club lounge com aproximadamente 120 m2, Shine SPA (2º na América Latina) e fitness center – com mais de 600 m2, piscinas e Beach Club com 500 m2, incluindo um infinity pool com área lounge. Abrigará ainda um Centro de Convenções com uma área total de 2.800 m2 com capacidade para 1.679 pessoas, configurando-se na maior estrutura hoteleira com convenções na Região Metropolitana de Recife.

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O hotel será composto por uma torre com oito andares e contará com 298 quartos (174 quartos de casal, 105 quartos de solteiro, 18 suites e uma suite presidencial). Uma questão importante será o da implementação neste projeto hoteleiro é o do sistema LEED New Construction, um sistema de certificação ambiental de edifícios com maior reconhecimento a nível internacional. As especificações técnicas gerais consideradas nos projectos pertinentes a este empreendimento, que são mandatórias e ou pré-requisitos para a certificação LEED. O Hotel Sheraton anuiu ao sistema de certificação voluntário com a im-

plantação de estratégias de alta performance ambiental em projetos e construção, atendendo aos seguintes requisitos: desenvolvimento de terreno sustentável; uso racional de água; eficiência energética; seleção de materiais; qualidade do ambiente interno; inovação e regionalidade. Adicionalmente, há um importante plano de integração com a comunidade do entorno, seja com ações sociais ou geração de empregos diretos e indiretos. No que respeita à criação de emprego, a nova unidade prevê a criação de 700 novos empregos diretos e indiretos a partir do início da sua operação. A localização do Sheraton Reserva do Paiva Hotel & Convention Center possui uma localização estratégica, em primeiro lugar devido a estar situado na Reserva do Paiva, um resort de alto nível e o primeiro devidamente planeado em Pernambuco, sendo num complexo imobiliário de luxo com componentes residenciais, comerciais, turísticos e de lazer. Além disso, o empreendimento situa-se a apenas 30 minutos de Recife, a capital do estado de Pernambuco, e apenas a 15 quilómetros do Aeroporto Internacional dos Guararapes e do Complexo Industrial e Portuário de Suape, um dos principais infraestruturas industriais e portuárias de todo o nordeste e mesmo do próprio Brasil. Como afirmam os seus promotores, “o Sheraton Reserva do Paiva Hotel & Convention Center” está projetado para ser um dos mais importantes empreendimentos do setor turístico, de negócios e lazer no âmbito nacional e internacional”. ‹

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› GRANDE PLANO Rio Grande do Norte

Oportunidades no centro do oásis do Nordeste brasileiro A região Nordeste do Brasil é um oásis do desenvolvimento. Em meio ao clima semi árido, com sol marcante o ano inteiro, um potencial enorme para o crescimento de empresas, produtos, desde atividades primárias vocacionadas, como a agricultura irrigada, a fruticultura e criação de camarão até segmentos mais avançados como a indústria da mineração e geração de energia eólica, cuja liderança no Brasil é exercida com maestria pelo Rio Grande do Norte.

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TEXTO › JEAN VALÉRIO E LOUISE AGUIAR

ituado na região mais próxima da Europa e dos Estados Unidos, geograficamente o Rio Grande do Norte tem uma larga vantagem sobre os demais Estados brasileiros. Ainda mais agora com a inauguração, no dia 31 de Maio de 2014, do novo Aeroporto Aluízio Alves, em São Gonçalo do Amarante, na região da Grande Natal, capital do Estado. O novo aeroporto é um dos maiores da América Latina, inclusive capacitado para receber e escoar cargas diversas. O novo aeroporto faz parte do conjunto de obras que o Rio grande do Norte recebeu para sediar a Copa do Mundo da Fifa Brasil 2014. Ao todo, foram mais de R$ 1 bilião em obras de infraestrutura e drenagem. As autoridades garantem: nada disso viria para as terras potiguares se não fosse o Mundial. A Revista País Econômico fez uma pesquisa sobre as obras que estão sendo tocadas pelo Governo do Estado e Prefeitura de natal. Algumas delas não serão concluídas até ao início do mundial, mas deverão ser finalizadas até ao final do ano. Quatro grande obras estão sob a responsabilidade do Governo do RN: reestruturação da avenida Engenheiro Roberto Freire, Pró-Transporte da Zona Norte, acessos do aeroporto de São Gonçalo do Amarante e o prolongamento da avenida Prudente de Morais.

14 › PAÍS €CONÓMICO | Junho 2014

| FOTOGRAFIA › ARQUIVO

A avenida Roberto Freire, que leva à praia de Ponta Negra, ganhará regularização das calçadas, construção de ciclovia, criação de uma via expressa para ônibus e três túneis que darão maior fluidez ao trânsito. Serão gastos R$ 260 milhões nessa obra. A obra do Pró-Transporte, que liga o centro da cidade de Natal até à Zona Norte, custará R$ 100 milhões. O tempo gasto para fazer o percurso entre a ponte e a BR101 será a grande vantagem depois desse projeto. Se hoje o trajeto só pode ser feito entre 40 e 50 minutos, não ultrapassará 15 minutos depois dessas mudanças. As vias que ligam ao aeroporto de São Gonçalo somam quase R$ 80 milhões e estão sendo desenvolvidas em quatro frentes de serviço, nos acessos Norte e Sul. Coube à governadora do Rio Grande do Norte, Rosalba Ciarlini, acrescentar o acesso Sul ao terminal aeroportuário e conseguir recursos para realizar a obra. Sob tutela da Prefeitura de Natal, há mais de R$ 500 milhões de obras para serem executadas em infraestrutura e drenagem. Os três lotes somam R$ 361 milhões e já estão em andamento. A primeira etapa envolve as avenidas Capitão Mor Gouveia e Jerônimo Câmara, saindo do início da Mor Gouveia e indo até à BR-226, onde será construído um binário. Só para esse lote o Governo Federal

destinou R$ 114 milhões. As obras estão em andamento. O segundo lote são as obras no entorno da Arena das Dunas. Serão seis intervenções que envolvem a Avenida Prudente de Morais, Rua Raimundo Chaves, Capitão Mor Gouveia, Jerônimo Câmara, Lima e Silva, Romualdo Galvão e marginal BR-101. O Consórcio formado pelas empresas Ferreira Guedes e Queiroz Galvão deu início às obras, orçadas em R$ 222 milhões. A previsão de entrega é Julho. O terceiro lote envolve a regularização de calçadas e construção de paradas de ônibus. Serão 110 quilômetros de calçadas implantadas, ou 55 quilômetros de ruas beneficiadas. Nessa etapa da obra, serão injetados pouco mais de R$ 25 milhões. Outra obra importante é o túnel de drenagem da Arena das Dunas e Centro Administrativo, orçado em R$ 126 milhões. O túnel já está sendo construído sob o modelo não destrutivo, subterrâneo, no qual em alguns pontos atingirá uma profundidade de 40 metros. Há ainda no pacote toda a reestruturação da orla marítima, da Ponta Negra à Praia do Forte, que vai custar R$ 14 milhões. Será feita a recuperação da calçada e colocação de quiosques, uma verdadeira mudança no visual da orla natalense.

A Arena do entretenimento e dos negócios Encravada no coração de Natal, a Arena das Dunas já é a capital dos grandes eventos e negócios do Rio Grande do Norte. Embaixadora natalense da modernidade, miss beleza arquitetônica, há muitos anos o Estado necessitava de um equipamento multiuso com estas caraterísticas. Do ponto de vista desenvolvimentista, pode-se dizer que a economia local marcou um “verdadeiro gol de placa”. A Arena das Dunas já é a “meca” dos produtores culturais e esportivos, clubes de futebol, eventos e corporações. Todos querem conhecer e realizar seu evento ali. A nova arena, além de linda, é extremamente funcional e não deixa a desejar a nenhuma operação do género em todo o mundo. Ocupando área de 120 mil metros quadrados, em lagoa Nova, entre avenidas

Presidente Prudente ed Morais, Lima e Silva e BR-101, a Arena vai contribuir para catalisar ainda mais o crescimento do bairro agregando, além das antigas e tradicionais residências, áreas comerciais e administrativas. Neste círculo já estão sendo erguidos novos hotéis, apartamentos residenciais e shoppings. Na Arena das Dunas, uma outra oportunidade que pode ser explorada pelas empresas é a associação de marcas através das veiculações de VTs nos telões (intervalos dos jogos), nas TVs internas, nas fachadas, nas placas indicativas e nas ações diferenciadas. RN tem o novo aeroporto hub do Brasil O aeroporto de São Gonçalo do Amarante realizou, finalmente, o seu primeiro vôo comercial. Com investimentos de R$ 410 milhões até á Copa do Mundo – e um total

de R$ 650 milhões até ao fim da concessão – o terminal é uma das grandes promessas para o desenvolvimento do Rio Grande do Norte. O Consórcio Inframérica, gestor das obras e dono da concessão pelos próximos 28 anos, diz que, na visão da empresa, o terminal é um hub para o Brasil. “Hub” é o nome dado a aeroportos que são os principais centros de operações de vôos comerciais e transporte de cargas. O aeroporto está no ponto brasileiro mais próximo da Europa e possui localização estratégica para escoamento de cargas internacionais e para ser a porta de entrada de produtos importados, especialmente da Europa. A Inframérica enxerga grande potencial para crescimento das rotas de aviação comercial no Rio Grande do Norte. O Consórcio está atuando para mapear novas rotas nacionais e internacionais. O terminal

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› GRANDE PLANO

Obras de infraestrutura e drenagem que Natal vai receber Mobilidade: R$ 361 milhões (lotes 1, 2 e 3) – Responsabilidade: Prefeitura de Natal Drenagem: túnel da Arena das Dunas – R$ 126 milhões – Responsabilidade: Prefeitura de Natal Recuperação da orla marítima: R$ 14 milhões – Responsabilidade: Prefeitura de Natal Pró-Transporte Zona Norte: R$ 88 milhões em obras + R$ 10 milhões em desapropriações – Responsabilidade: Governo do Estado Acessos aeroporto São Gonçalo do Amarante: R$ 80 milhões – Responsabilidade: Governo do Estado Prolongamento da Avenida Prudente de Morais: R$ 55 milhões – Responsabilidade: Governo do Estado Reestruturação Avenida Engenheiro Roberto Freire: R$ 260 milhões – Responsabilidade: Governo do Estado Total: Quase R$ 1 bilião em obras A verba vem do Governo Federal, com algumas contrapartidas

opera com capacidade inicial de 6,2 milhões de passageiros por ano, atendendo a demanda de passageiros anuais. São oito pontes de embarque e 45 posições móveis de check-in, adequadas às demandas das companhias aéreas. Há 850 vagas de estacionamento e a maior pista de pouso e decolagem do país, com três mil metros de comprimento por 60 m de largura.

A estrutura do novo terminal ainda abriga 55 estabelecimentos comerciais, 22 elevadores, oito escadas rolantes, cinco esteiras de bagagens e dez posições remotas. A área operacional nesta primeira fase é de 40 mil metros quadrados. A expectativa é de uma geração de quatro mil empregos diretos e indiretos.

Números da Arena • Comprimento: 271 m – Largura 248 m • Altura: Da praça de acesso até ao topo da cobertura: 47,11 m – Do gramado até ao topo da cobertura: 50,50 m (ponto mais alto da cobertura). • Área construída: 77.783,50 m2 • Distâncias: entre linha do campo (lateral/fundo) e arquibancadas: Atrás do gol: 15 m • Nas laterais: 14,80 m. • Dimensões do terreno onde a arena está inserida: Área 114.063 m2 • Capacidade de público: Junho de 2014: 42.000 / Depois 31.375 • Acessos: 19 entradas, sendo 3 PNE (Portadores de necessidades especiais) e elevadores para o público • Concreto Utilizado: 19.776 m3 • Quantidade de Cimento: 7.910.400 Kg • Quantidade de aço utilizado: 1.584 toneladas • Consumo diário de cimento: 100 toneladas • Exploração da Arena: 20 anos – 03 de construção e 17 de operação • Quatro reservatórios de água – • Reservatório de Águas Pluviais: 846 m3 Reservatório de Água Potável: 738,48 m3 Reservatório de Água Tratada: 501,67 m3 Reservatório de Água Irrigação: 180 m3

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RN é a terra das ZPEs: boa para investir Mais de 20 indústrias, com preponderância de multinacionais, já procuraram a Unihope Imobiliária, Administração e Construção, empresa que venceu a licitação e é responsável por administrar a mova Zona de Processamento de Exportações (ZPE) de Macaíba, oficializada no início do ano pelo Governo do estado do Rio Grande do Norte. Eles buscam um ambiente favorável para desenvolver seus negócios. Criada em 2010 pelo Governo Federal, a ZPE passou, por meio de concessão pública, para as mãos da Unihope, que tem direito a 25 anos de exploração, sendo responsável pela implantação da infraestrutura, administração e captação de indústrias. Antes da instalação da ZPE de Macaíba, o Governo do estado assegurou o investimento mínimo de R$ 580 mil, recursos que serão investidos nas primeiras obras realizadas na área industrial. A assinatura para a implantação da ZPE de Macaíba foi firmada no último dia 21 de Fevereiro, pela governadora Rosalba Ciarlini. «Dotar o Rio grande do Norte de estrutura, condições e projetos para que as oportunidades possam ser aproveitadas pela população é um trabalho que tem sido realizado por esse Governo», declarou a governadora. A ZPE de Macaíba é uma das três primeiras do Brasil a ser gerida por meio da iniciativa privada. Trata-se de área industrial

onde as empresas nela instaladas operarão com sistema diferenciado de redução ou isenção de impostos, desde que a maior parte de sua produção seja voltada para o mercado externo. As empresas operam nas ZPEs com suspensão de sete impostos federais, como o Imposto de Importação, Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins). Têm também liberdade cambial; podem manter no exterior, permanentemente, as divisas obtidas nas exportações. O presidente da Fiern (Federação das Indústrias do Estado do RN), Amaro Sales, destaca que a ZPE traz «desenvolvimento econômico, empregabilidade, empresas novas, melhoria de arrecadação e ainda a responsabilidade para preparar a cidade e o estado». O presidente disse ainda que as empresas potiguares poderão ampliar competitividade. E que as empresas de fora deverão empregar profissionais da terra, que devem ser capacitados pelo Sistema Fiern. Pela lei, empresas localizadas em ZPEs não precisam pagar os seguintes tributos: • Imposto de Importação; • Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI); • Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Confins);

• Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social devido pelo Importador de Bens Estrangeiros ou Serviços do Exterior (Cofins-Importação); • Contribuição para o PIS/Pasep; • Contribuição para o PIS/Pasep-Importação; e • Adicional de Frete para a Renovação da Marinha Mercante (AFRMM) ZPE de Assu deve ser implantada A operação bem sucedida da concorrência pública para o direito de exploração da ZPE de Macaíba deu ao Governo o fôlego para retomar as tratativas a respeito de uma outra ZPE no Estado, de importância significativa para o Oeste. É a ZPE de Assu, a “ZPE do Sertão”, alternativa de incentivo para investimentos e geração de empregos na região, fomentando os negócios de vocação natural como fruticultura, mineração e produção de sal. O processo de concorrência para a exploração será realizado ainda este ano. A nova “ZPE do Sertão” deverá ser um investimento 100% privado, mas a empresa que desejar entrar terá que emitir garantias e demonstrar capacidade de investimentos. A infraestrutura do local, bem como toda a estrutura da alfândega da Receita Federal, por exemplo, são apenas algumas das

obrigações que deverão ser arcadas pelo futuro administrador da ZPE Consultor defende investimento 100% privado Consultor de negócios para a ZPE de Macaíba, o empresário Lauro leite, tem se especializado na área de desenvolvimento e atracão de indústrias. Lauro é entusiasta do programa de ZPEs e é hoje nomeado pelo Grupo Unihope (vencedor da licitação da ZPE de Macaíba) para tratar de assuntos de interesse da ZPE criada. Há mais de 5 anos ele trabalha com o tema e atualmente está focado nas negociações com indústrias que desejam instalar-se no RN. Lauro Leite defende o modela de ZPE com investimento 100% privado. «A ZPE é um negócio atrativo. Para quem administra. E para quem se instala. Sabemos das dificuldades governamentais. O Governo precisa incentivar. E deixar o investimento com a iniciativa privada. Isso reduz o risco de termos problema, uma vez que não vai se administrar recursos públicos. E amplia as chances de sucesso porque quem aportar investimento certamente vai querer ver o negócio funcionando», destacou o empresário. Negócios.Net – O que a ZPE de Macaíba representa para a economia do RN?

Lauro Leite – Nós acompanhamos com atenção este processo da criação da ZPE

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› GRANDE PLANO do pelo Governo do RN, onde o investidor arca com todos os investimentos?

Data do Leilão: 22/08/2011 – o Aeroporto de São Gonçalo do Amarante foi arrematado por R$ 170 milhões (ágio de 228,82%) Data do início das operações: 31 de Maio de 2014 Prazo de Concessão: 28 anos Valor do Investimento: Até à Copa do Mundo: R$ 410 milhões / R$ 650 milhões até ao final da concessão Avanço da Obra: 99% Geração de Empregos: 4000 empregos diretos e indiretos CAPACIDADE DO AEROPORTO 1ª fase: 6,2 milhões de passageiros atendendo a demanda até 2014. 11 milhões de passageiros até 2038 Pontes de Embarque: oito pontes Vagas de Estacionamento: 850 vagas Check-in: 45 posições Torre de Controle: 100% operação Inframérica Pista Pouso e Decolagem: Uma pista: 3000x60 metros Acesso Aeroporto: 2 acessos – obra da responsabilidade do governo do Rio Grande do Norte Escadas Rolantes: Oito escadas Esteiras de Bagagens: Cinco esteiras Posições Remotas: 10 posições Área Operacional em 2014: Na primeira fase 40 mil m2 Área de Pátio em 2014: Área de 210.132 mil m2 Distância do Centro da Cidade: 33 km Elevadores: 22 elevadores Tempo de Conclusão das Obras: 15 meses Novos estabelecimentos Comerciais: 55 Área Total Sítio Aeroportuário – 1.500 hectares

de Macaíba. Isso porque era algo que se arrastava há mais de vinte anos. Infelizmente, neste país, tudo que envolve governo e burocracia pública acontece com muita dificuldade. Mas é preciso reco-

nhecer que o atual Governo Estadual, na pessoa da governadora Rosalba Ciarlini, deu celeridade e concluiu o que, no futuro, será reconhecido como um marco para a economia potiguar: a criação da ZPE. A

A ZPE é um negócio atrativo. Para quem administra. E para quem se instala. Todos sabemos das dificuldades governamentais. O Governo não tem dinheiro suficiente para resolver todos os problemas. Então precisa incentivar. Se puder fomentar o investimento através da iniciativa privada melhor. Isso reduz o risco de termos problemas, uma vez que não vai se administrar recursos públicos. Além do que amplia as chances de sucesso, porque quem aportar investimentos certamente vai querer ver o negócio funcionando e obter retorno. licenças de operação e demais documentações necessárias para o funcionamento legal e pleno da ZPE. Quem são estes grupos internacionais? O Estado pode conquistar investimentos em que áreas da indústria?

Existem tratativas em andamento, no âmbito formal. E também informais, que são aquelas conversas onde são sondadas as condições oferecidas. No momento adequado vamos ter autorização para

divulgar os nomes das operações. É que precisamos aguardar os trâmites naturais e até mesmo a oficialização dos contratos para somente depois anunciar. Mas podemos antecipar que há interesse na área automotiva, temos conversas avançadas com indústrias automotivas. E ainda nas áreas de informação, produção de pescados, frutas, peças, reciclagem, segurança, entre outras. O senhor acredita no modelo desenvolvi-

E quando poderemos ver a ZPE funcionando de fato, com obras sendo executadas e empresas se instalando no local?

A concorrência foi concluída e os contratos assinados. Estamos agora trabalhando nos projetos e licenças. Isso deve demorar ainda cerca de dez meses. Após a libertação das licenças ambientais, de operação e instalação, as obras começam. E não demoram a ser concluídas. Será feita a estrutura comum e o complexo todo cons-

ZPE é a redenção da nossa indústria forte. Porque proporciona incentivo para quem já trabalha e sofre com a carga tributária e lhes dá a possibilidade de concorrer internacionalmente. Também atrai novas indústrias através dos incentivos fiscais, tributários e logísticos, estes fortalecidos com o novo aeroporto de São Gonçalo. Tudo isso vai refletir na melhoria da qualidade de vida da população que terá acesso a emprego e educação. A ZPE de Macaíba foi criada e a concorrência vencida por uma empresa de fora. A ZPE vai acontecer? Há viabilidade para empreendimento deste porte do Estado?

A ZPE de Macaíba é extremamente viável. E vai acontecer sim. Aliás ela já aconteceu. Já temos negociações com vários grupos empresariais, interessados em aportar investimentos no Rio Grande do Norte. Mas precisamos manter os contatos e avançar agora na porta que considero mais demorada que é a burocrática, da obtenção das

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› GRANDE PLANO

Parques Eólicos em Operação no RN Nº

Usina Eólica

Potência (kW)

Município

01

RN 15 – Rio do Fogo

49.300

Rio do Fogo

02

Alegria II

100.650

Guamaré

03

Alegria I

51.000

Guamaré

04

Macau

1.800

Macau

05

Aratuá I

14.400

Guamaré

06

Mangue Seco 3

26.000

Guamaré

07

Mangue Seco 2

26.000

Guamaré

08

Mangue Seco 1

26.000

Guamaré

09

Mangue Seco 5

26.000

Guamaré

10

Santa Clara I

30.000

Parazinho

11

Santa Clara III

30.000

Parazinho

12

Morro dos Ventos VI

28.000

João Câmara

13

Morro dos Ventos I

28.000

João Câmara

14

Morro dos ventos IX

30.000

João Câmara

15

Santa Clara VI

30.000

Parazinho

16

Santa Clara IV

2.000

Parazinho

17

Santa Clara II

16.000

Parazinha

18

Morro dos Ventos III

28.800

João Câmara

19

Morro dos Ventos IV

28.800

João Câmara

20

Parque Eólico Cabeço Preto

19.800

João Câmara

21

Areia Branca

27.300

Areia Branca

22

Eurus VI

8.000

Parazinho

23

Miassaba II

14.400

Guamaré

truído em módulos, facilitando seu funcionamento ágil. O senhor acredita que há espaço para a criação e o sucesso de mais uma ZPE no RN, a ZPE do Sertão, em Assú?

A ZPE e Assú é muito viável. Não compete com Macaíba. É outra região, com outras características, vocação focada em fruticultura, minério de ferro, produção de peixe, camarão, sal. Eu diria que há vo-

Estado Capacidade Instalada (MW) Rio Grande do Norte 736,7 Ceará 721 Rio Grande do Sul 598 Bahia 233,1

20 › PAÍS €CONÓMICO | Junho 2014

cação natural com forte tendência na atividade primária. Isso é fantástico. Já pensou explorar as riquezas que o RN tem de melhor de forma competitiva? A ZPE do Sertão tem tudo para dar certo. Bom é investir em imóveis no RN O mercado imobiliário potiguar está longe de ser engolido por uma nova bolha imobiliária. Os preços caíram bastante, ocasionados pelo volume elevado dos estoques. Mas trata-se de uma liquidação consciente. A boa notícia é que o défice habitacional continua alto no Rio Grande do Norte, assim como o número de trabalhadores que sonham em ter a casa própria. Em Natal, segundo o presidente do Sindicato da Indústria da Construção

Civil do RN (Sinduscon), Arnaldo Gaspar, o mercado imobiliário cresce e está consolidado, sem sinal de bolha. «Tenho uma visão bastante otimista para este ano, mas sem euforia. Hoje as coisas estão avançando, mas com muito pé no chão, como deve ser sempre. Acho que um bom mercado é aquele que cresce com consistência, com taxas compatíveis com o crescimento do país», ressaltou, informando que, nos três primeiros meses de 2014, Natal vendeu uma média de 500 unidades habitacionais por mês. Diferentemente do que muitos imaginam, o preço do metro quadrado em Natal é um dos melhores do país. De acordo com o diretor do Siduscon, Carlos Luiz, o metro quadrado em natal está entre R$ 4.500 a R$ 5.000, enquanto a média nacional está

em R$ 7.363 (Índice FizeZap de Fevereiro). Capitais próximas, como Recife (PE) e Fortaleza (CE), apresentam média ainda maior, ficando em R$ 5.673 e R$ 5.177, respetivamente. O preço do imóvel em Natal tem se mantido estável nos últimos anos, com um aumento menor do que o que tem sido praticado em outras cidades. Vetor Norte é nova promessa imobiliária Natal já tem sua nova área de expansão imobiliária e turística. Fomentado pela infraestrutura que chega com velocidade e pelos investimentos e projetos da iniciativa privada e obras públicas, o eixo de desenvolvimento norte da Grande Natal finalmente começa a tornar-se realida-

de. Obras como a Ponte Forte-redinha, o prolongamento da Avenida Moema Tinôco (zona norte) interligando-a à BR-101 Norte e o novo Aeroporto Internacional de São Gonçalo de Amarante são impulsionadores desta região, hoje única área com espaço e condições propícias para abrigar a nova remessa populacional natalense. De olho neste filão mercadológico, grandes empresas e empreendedores de visão trabalham forte na execução de projetos diversificados no segmento imobiliário, como condomínios fechados de casa, apartamentos, loteamentos, clubes de campo, áreas industriais, terrenos comerciais, entre outros. Somente o grupo Alphaville já assinou, na área conehcida como Pólo Pitangui, entre

os municípios de Extremoz e Ceará-Mirim, 22 contratos para desenvolver projetos ousados nesta região. Alguns condomínios de elevado padrão na região de praia, como o Palms Springs (da empresa Ritz Property) em Mariú e o Bosque da Praia (Ecomax Engenharia) em Jacumã, foram lançados, vendidos e obras estão prestes a ser concluídas. O incremento da infraestrutura urbana era o que os empresários esperavam para dar o “start” inicial do que deverá ser a nova “Meca imobiliária” do RN. Estima-se que já estejam sendo aplicados investimentos na ordem de R$ 500 milhões. Numa análise pouco otimista dos empreendimentos já confirmados, o Valor Geral de Vendas (VGV) ultrapassa a soma dos R$ 3 biliões. RN ganha seu primeiro campo de golfe Criado na Escócia, difundido na Europa e consolidado nos Estados Unidos da América, o golfe é hoje universal e atrai milhares de novos atletas e curiosos. No Brasil, a prática cresce principalmente em empreendimentos residenciais horizontais de campo, onde figura como elemento capaz de agregar valor aos projetos do mercado imobiliário. Já existem mais de 80 campos de golfe brasileiros consolidados, principalmente nas regiões Sul e Sudeste. A bola da vez agora é o Nordeste do país. E o Rio Grande do Norte terá seu primeiro campo oficial, dentro de um empreendimento de campo. O “glamour” do golfe, usufruído no passado apenas pelos consumidores de luxo, já está acessível aos clientes da classe média. A menos de 20 quilômetros do novo aeroporto de São Gonçalo, está sendo construído o Reserva Lago das Garças Golf Club, que será o maior condomínio de campo do Rio grande do Norte. O empreendimento conta com 400 hectares de terra boa. 400 lotes já estão prontos e serão entregues porque fazem parte da primeira etapa do projeto. A segunda etapa compreenderá um campo de golfe de 60 hectares e 18 buracos e mais de mil lotes residenciais.

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› GRANDE PLANO

O Reserva Lago das Garças Golf Club será, finalmente, o primeiro grande empreendimento totalmente integrado com a natureza e equipado com um campo de golfe profissional do Estado. Até Abril próximo, será entregue a primeira fase do campo de golfe, já com bater green e driving range (local próprio para treino ou diversão com tacadas). Para realizar o estudo, a supervisão e a implantação do campo de golfe dentro da Reserva Lago das Garças, no Rio Grande do Norte, foi contratada a empresa NGA Golf, que acumula experiência em dezenas de empreendimentos do tipo no Brasil. A NGA tem em seu comando Sebastião Neves, profissional que atua no golfe desde os 10 anos de

22 › PAÍS €CONÓMICO | Junho 2014

idade, hoje na construção de campos. Sebastião destaca como diferencial do campo de golfe do RN a sustentabilidade e integração total do equipamento esportivo com a natureza. «O nosso campo no Rio Grande do Norte é o maior aliado da natureza. E na verdade ele já nasceu 50% pronto. O restante será apenas modelado e adaptado ao esporte», destacou Sebastião. Energia eólica é o grande negócio do RN

A governadora do RN, Rosalba Ciarlina, visitou no final do mês de Maio, duas empresas que atuavam na área da energia eólica no município de Areia Branca. Esta-

va acompanhada do Secretário do Desenvolvimento Econômico, Silvio Torquato, e diretores gerais da Acciona Windpower, Cristiano Forman, e da Voltalia, Roberto Klein. A Acciona é uma das maiores fabricantes de componentes de aerogeradores do país. Em Areia Branca foi instalada uma fábrica para a produção de torres de concreto para aerogeradores. Com este tipo de material é possível construir torres mais altas, de 120 metros, que significam maior eficiência na produção de energia. A visita da governadora do RN faz parte de uma intensa agenda de apoio que ela tem desenvolvido em estímulo à produção de energia eólica. Os esforços da governante estão surtindo efeito. Dados da Agência nacional de Energia Elétrica (ANEEL) divulgados em Abril apontam o Rio Grande do Norte como líder em geração de energia eólica, com uma potência instalada de 736,75 MW a partir de 29 parques eólicos em operação. O estado já supera o líder anterior, o Ceará (que conta com 721 MW) e o Rio Grande do Sul (521 MW). A expetativa é que este número aumente com a entrada em operação de mais 356,64 MW, alcançando o total de 1.093,39 MW. É sendo o primeiro estado brasileiro a quebrar a barreira de 1 GW de capacidade instalada, valor superior à de vários países do mundo. O Rio Grande do Norte conta hoje com 48 usinas produtoras de energia, sendo 30 delas eólicas. A matriz eólica potiguar (percentagem de energia produzida por fontes eólicas) é de 59,22%, valor considerado bastante expressivo. Se as previsões de todos os especialistas e empresas que exploram o setor se mantiverem, o Rio Grande do Norte deve quebrar a barreira de 1 GW eólico ainda neste primeiro semestre de 2014, a partir da entrada em operação de outros novos parques. O RN assumiu a liderança e não a pretende largar. Isso porque já conta com dezenas de parques eólicos em construção, o que ampliará em 1447,6 MW a capacidade instalada. Até 2018, deverão ser construídos outros 49 parques, representando mais 1349,7 MW de energia eólica em solo potiguar.

Incentivos fiscais federais atraem projetos para o RN Após garantirem incentivos fiscais federais, cinco usinas eólicas já estão sendo certas de serem implantadas no Rio Grande do Norte. O Ministério de Minas e Energia (MME) aprovou que os projetos fossem enquadrados no Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura (Reidi). O regime isenta as

contribuições do PIS/Pasep e Cofins sobre bens e serviços adquiridos por empresas ao investir em empreendimentos aprovados pelo governo federal. Com o benefício, as empresas irão economizar mais de R$ 20 milhões com as obras dos projetos eólicos. A autorização para as empresas Gestamp e Rialma foi publicada no Diário Oficial da União. Com a suspensão dos impostos, a Rialma Eólica Seridó III vai gastar R$ 95,41 milhões na implan-

tação de uma usina com 30 mil quilowatts (KW) e potência, o que com o pagamento sairia por R$ 104,24 milhões. Esta usina ficará entre os municípios de Tenente Laurentino Cruz e São Vicente e será executada entre 1º de Julho de 2015 a 1º de Maio de 2017. Os dois projetos do grupo Gestamp ficarão em João Câmara e as obras acontecerão no dia 30 de Maio até ao final de Dezembro de 2015. A usina Cabeço Preto III, que terá 28,8 mil KW de capacidade instalada, gastará R$ 114,66 milhões, aproximadamente de R$ 4,34 milhões a menos. A usina Cabeço Preto V, que tem a mesma potência da Cabeço Preto III, custaria R$ 118,96 milhões e com a suspensão dos tributos pelo Reidi o custo estimado é em cerca de R$ 114,62 milhões. O município de Santana do Mato também vai receber uma usina eólica. Para a construção da Macambira I, de capacidade de 20 mil, vai investir R$ 73,5 milhões, gasto original de R$ 76,28 milhões. A usina Macambira II investirá R$ 69,48 milhões para construir em lagoa Nova com 18 mil KW de capacidade. O valor inicial da Macambira II era de R$ 72,12 milhões. ‹

Junho 2014 | PAÍS €CONÓMICO › 23


› NOTÍCIAS

› A ABRIR

Subindo na Pirâmide

Mota-Engil ganha contratos na América Latina e firma parceria com Visabeira para Angola

Construtora ganha obras de 520 milhões

Paulo Lopes É Presidente Executivo da SOFID desde Novembro de 2013. Pretende prosseguir e aprofundar o trabalho anteriormente desenvolvido pelos responsáveis da sociedade financeira detida maioritariamente pelo Estado, nomeadamente no apoio ao investimento das empresas portuguesas em vários países emergentes, com destaque para os de língua oficial portuguesa. O líder da SOFID é quadro da CGD. ‹

Vítor Rodrigues É o novo Country Leader da MicroStrategy para Portugal, Angola e Moçambique. O novo responsável possui uma experiência de 18 anos na área das tecnologias de informação e foi anteriormente Country Manager da Oracle em Portugal. Agora vai ajudar a desenvolver e potenciar as capacidades da nova empresa na área de analytics, Big Date e Mobile. ‹

Catarina Bianchi É a nova Diretora de Recursos Humanos da Milestone Consulting, empresa portuguesa que se dedica à prestação de serviços e consultoria de Tecnologias de Informação. A nova responsável delineará e comandará a política de recrutamento, seleção, formação e desenvolvimento de pessoal que servem de suporte a uma adequada gestão dos colaboradores da empresa. Terá ainda a responsabilidade da gestão da comunicação interna da empresa. ‹

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Paulo Portas presenciou assinatura de contratos por empresas portuguesas no Cazaquistão

Engenharia e vinhos portugueses no Oriente O Vice-Primeiro Ministro Paulo Portas liderou a comitiva portuguesa que esteve presente no Fórum Económico de Astana (Cazaquistão), onde teve a oportunidade para se reunir com altos responsáveis governamentais do país, incluindo o próprio primeiro-ministro, e depois efetuou uma intervenção no Fórum. Acompanhado do Presidente da Aicep, Miguel Frasquilho, Paulo Portas presenciou em cerimónia à margem do evento, a assinatura de contratos por parte das empresas portuguesas Efacec e Casa Ermelinda Freitas – Vinhos. No caso da Efacec, vai assessorar a Expo 2017 Astana, e numa segunda fase, o desenvolvimento de um sistema de mobilidade elétrica, que deverá englobar também uma parceria com a Volkswagen e a Caetano Bus. A empresa portuguesa assinou ainda um contrato com a empresa local Alageum, prevendo, numa segunda fase, a assemblagem local de equipamentos de média e alta tensão. Já a Casa Ermelinda Freitas – Vinhos, aproveitou a deslocação a Astana para assinar um contrato para exportar de imediato 16 mil garrafas de vinho para o Cazaquistão. Além deste primeiro contentor, estão ainda previstas exportações até ao final deste ano de até meio milhão de euros anuais. De referir que as exportações portuguesas para o Cazaquistão têm vindo a subir todos os anos, com um crescimento médio anual no período entre 2009 e 2013 de quase 50%. ‹

Novos investimentos em Portugal O governo português, pelo voz do Vice-Primeiro Ministro Paulo Portas, anunciou em Maio alguns importantes investimentos na indústria portuguesa, além de outros de empresas nacionais na esfera internacional. Neste caso, destaque para o contrato firmado pelo grupo Visabeira com o grupo Force 10 dos Emirados Árabes Unidos, que abrange o desenho, fabrico e instalação de 706 cozinhas mob num condomínio de luxo no Abu Dhabi, num valor superior a 4,5 milhões de euros. Destaque também para outros contratos de investimento em Portugal, como sejam os casos da Portucel (56,3 milhões de euros), da Wuhan Industries (27,9 milhões de euros), além da Borgwamer Emission, da Visteon, da Europac, da Borgstena Textile da Polipropigal. ‹

A Mota-Engil anunciou a obtenção de um conjunto de obras em países da América Latina que somam cerca de 520 milhões de euros, possibilitando elevar para cerca de 730 milhões de euros a carteira de encomendas na região. No México, a construtora portuguesa obteve três obras no país, a primeira liderando um consórcio para a construção, operação, conservação e manutenção da concessão rodoviária Cardel-Poza Rica, no estado de Veracruz, por um prazo de 30 anos, um prijeto com uma extensão de 128 quilómetros e implica um investimento de 250 milhões e euros. Um segundo contrato decorreu para a construção da primeira fase do metro ligeiro de Guadalajara, no valor global de 200 milhões de euros. Finalmente, através da sua participada local Gisa, obteve a concessão por 20 anos da recolha de resíduos sólidos urbanos na cidade de Leon, prevendo um volume de faturação de 100 milhões de euros. Recorde-se que anteriormente, a Mota-Engil tinha anunciado a obtenção de um primeiro contrato de concessão na Colômbia, onde em consórcio liderado por uma empresa local, para a construção da concessão rodoviária Ligação Pacífico 2, com uma extensão de 98 quilómetros e um investimento total de 700 milhões e euros. Neste consórcio, a Mota-Engil possui uma quota de 10%. A construtora liderada por António Mota anunciou igualmente a constituição de uma parceria com o grupo Visabeira destinada ao mercado angolano, com atuação prevista nas áreas da energia e transporte e distribuição elétrica. A parceria será materializada através da empresa conjunta designada por Via Power. O investimento inicial é de três milhões e euros e criará 155 postos de tabalho. ‹

Teixeira Duarte constrói estádio na Argélia A construtora portuguesa Teixeira Duarte vai construir em conjunto com uma sua congénere argelina, um estádio de futebol com capacidade para 50 mil pessoas, em Constantine, no nordeste da Argélia. A novidade foi dada em Lisboa pelo ministro argelino dos negócios estrangeiros, Ramtane Lamamra, que sublinhou que «a parceria entre Portugal e a Argélia é prometedora e ocupa um lugar cas vez mais importante numa economia argelina em plena expansão». ‹

Missão Empresarial do Pará em Portugal Está em Portugal uma Missão Empresarial do estado brasileiro do Pará (norte do país), numa organização da Câmara de Comércio Brasil-Portugal no Pará. Os empresários integrantes da missão estarão no dia 6 de Junho em Lisboa e depois no dia 12 na cidade do Porto. Recorde-se que a partir de 3 de Junho, a cidade de Belém, capital do Pará passou a estar diretamente ligada a Lisboa, com o início do voo da TAP, que liga a capital portuguesa a Manaus (no Amazonas) e a Belém, de onde regressa a Lisboa. Estas ligações acontecem três vezes por semana. ‹

CARLOS MATOS O Presidente do Groupe St. Germain lançou no passado dia 17 de Maio a primeira pedra do megaempreendimento Paris-Asia, que se localiza junto ao Aeroporto Charles de Gaulle, em Paris. O empresário português, radicado em França há várias décadas, mostra a sua visão e a sua fibra de grande empresário, além de estar a levar outras empresas portuguesas para participarem na construção do empreendimento que será uma ponte comercial entre a Europa e a Ásia. ‹

MANSOUR SALEH AL SAFI O Embaixador da Arábia Saudita em Portugal ajudou em Maio a impulsionar de forma intensa as relações entre o seu país e Portugal. Primeiro foi a realização dos Dias da Arábia Saudita em Lisboa, e no final do mês a visita de uma delegação parlamentar saudita ao nosso país. No futuro promete novas iniciativas para desenvolver e aprofundar as relações políticas, económicas e empresariais entre os dois países. ‹

CARLOS VINHAS PEREIRA O Presidente da Câmara de Comércio e Indústria Franco-Portuguesa em França pode comemorar o facto do Salão do Imobiliário e do Turismo Português em Paris ter sido um grande sucesso, com grande participação de empresas portuguesas, e sobretudo com grande interesse, curiosidade e desejo de comprar por parte de muitos cidadãos franceses. Abrir portas às empresas portuguesas em França também está a merecer uma grande atenção por parte da CCIFP. ‹

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› GRANDE ENTREVISTA Humberto Costa, Presidente da ARMASUL – Distribuidor de Materiais Eléctricos, SA

«Aqui, damos prioridade máxima ao Cliente» Com sede na Zona Industrial de Santa Marta do Pinhal, Corroios, a Armasul, SA, criada em 1987, é uma empresa especializada no armazenamento e distribuição de materiais eléctricos e iluminação, sendo no seu género das mais cotadas empresas portuguesas. Em entrevista que concedeu à PAÍS €CONÓMICO, Humberto Costa, presidente da Amarsul não escondeu as dificuldades que teve de enfrentar, há 26 anos atrás, quando se decidiu pelo arranque deste projecto, e faz questão de relembrar que a perfeita combinação entre profissionalismo e dedicação permitiu à Amarsul transformar-se numa das empresas mais dinâmicas do sector. «Nesta casa privilegiamos a proximidade com o cliente, e ele sempre foi a nossa principal prioridade», disse Humberto Costa, que vê agora no mercado externo uma oportunidade para que a sua empresa consolide a sua expansão e se torne ainda mais sólida e competitiva. Por sua vez, Bruno Costa, administrador da Armasul, filho do presidente e fundador desta empresa, que também participou nesta entrevista, não tem dúvidas. «Somos uma empresa com alicerces sólidos, com solvabilidade financeira, muito competitiva, com ótimos recursos humanos, que quer conquistar a Excelência».

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TEXTO › VALDEMAR BONACHO

ão se pense que o percurso da Armasul foi isento de dificuldades. O próprio presidente da empresa fez questão de dizer aos jornalistas da P€ que no início do arranque da Amasul teve de saber ultrapassar obstáculos já que a situação, na altura, era bastante complicada. «Na altura em que eu parti para o negócio era muito difícil abrir portas, porque as próprias marcas já estavam condicionadas aos seus distribuidores. Havia muita gente a representá-las e ter acesso directo a elas era uma tarefa quase intransponível. Conseguimos ultrapassar esta situação exibindo sempre um bom trabalho de imagem junto dos nossos clientes. Aliás, a política de proximidade, serviço e melhoria continua que desde sempre foram implementadas pela Armasul, foram e continuam a ser um argumento poderosíssimo no desenvolvimento deste projeto. E é uma ação que não pára, já que a proximidade, a disponibilidade e a rapidez são

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| FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS

factores de peso na nossa estrutura empresarial», sublinhou Humberto Costa, presidente da Armasul, que acrescentou: «Desde sempre que nos habituámos a tratar os nossos clientes pelo próprio nome, não por números, e isso revela bem a nossa preocupação em estarmos cada vez mais próximos deles, sentir as suas necessidades e ajudá-los da melhor maneira a resolverem os seus problemas. É esta a nossa maneira de estar e será assim que construiremos o nosso projecto», frisou o presidente da Armasul. Hoje, fruto do trabalho realizado no seio da Armasul, esta empresa representa um número alargado de conceituadas marcas nacionais e internacionais de materiais eléctricos, casos da Efapel ,Philips, Osram, Legrand, Hager, Schneider, Cooper, Obo Betterman, entre outros No entender de Humberto Costa, representar marcas tão importantes, quer nacionais quer internacionais, «é fruto do muito trabalho que temos vindo a desen-

volver ao longo dos anos e das parcerias sólidas que temos firmado com parceiros comerciais. A posição conquistada pela Armasul permitiu ser hoje uma empresa de referência no sector onde opera e também uma marca de prestígio», sublinhou o presidente da Armasul, salientando ainda que o sucesso que a Armasul granjeia hoje, «deve-se muito à qualidade e espírito de entrega dos seus 88 colaboradores, que através do tempo souberam interiorizar o carácter e a filosofia da empresa. Muitos deles foi onde se formaram como profissionais », destaca Humberto Costa. Sempre sonhei ter uma empresa como esta Quando em 1988 decidiu arrancar com o projeto Armasul, alguma vez pensou que ele poderia, 26 anos depois, ter a dinâmica e a pujança que patenteia hoje? «Sempre sonhei ter um projeto com a dimensão da Armasul e servi-me de al-

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› GRANDE ENTREVISTA «Um elemento que não quero deixar de passar, tem a ver com a entrada na empresa do meu filho Bruno Costa, isto há cinco anos atrás, licenciado em Gestão e que se tem revelado uma pedra fundamental dentro de toda esta estrutura empresarial, até pela dinâmica que trouxe ao projeto e pela introdução de novos conhecimentos e ideias, que na prática se têm revelado cruciais dada a forte componente inovadora», esclareceu Humberto Costa, que perante o facto da Armasul se posicionar no “Top 10” das melhores empresas do sector, reagiu: «Isto significa antes de mais que a Armasul está no caminho certo, e que pode avançar ainda muito mais », sublinhou o presidente.

guns bons exemplos de empresas que cresceram nos mercados apoiadas por filosofias onde se destacavam o trabalho, a solidariedade, a seriedade e a vontade de vencer. E julgo que decorridos todos estes anos, consegui incutir esses valores no seio da Armasul, e fico feliz por ver que esses mesmos valores foram seguidos rigorosamente por todos aqueles que aqui trabalham», reconheceu o presidente da Armasul. Humberto Costa não esconde que a Armasul também sentiu (de certo modo) os efeitos da crise que atingiu o país, mas fez questão de afirmar que soube ter engenho e arte para passar um pouco ao lado dessa mesma crise. «Soubemos corrigir o que pudesse estar mal, afastamos algumas ervas daninhas que pudessem interferir com o bom funcionamento da empresa, e isso permitiu-nos passar pela crise com alguma tranquilidade e ver nela algumas oportunidades», observou Humberto Costa, que foi peremptório ao reconhecer que

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a solidez das bases da Armasul valeu-lhe imenso na convivência com esta crise. «A Armasul sempre foi uma empresa robusta, porque soube através da sua existência rodear-se de princípios sólidos e claros, com particular relevância para o compromisso de proximidade e seriedade para com os seus clientes. Sempre respeitámos

escrupulosamente os compromissos com os nossos clientes e sentimos também o respeito da parte dos nossos fornecedores pela postura séria como nos apresentamos perante o mercado», deixou muito claro o presidente da Armasul, que aproveitaria para introduzir no contexto desta entrevista um dado muito importante.

Excelência também em recursos humanos Como já aqui foi dito, a Armasul dá prioridade máxima ao cliente, e isso implica possuir uma equipa de vendas capaz de aconselhá-lo da melhor forma e satisfazer as suas necessidades mais exigentes, de uma forma eficiente e actualizada. «A Armasul sabe que num mercado tão competitivo, tão inovador e tão exigente como este, dispor de uma equipa de recursos humanos à altura desses desafios

é extremamente importante. E a Armasul possui também esses recursos, que se têm mostrado determinantes para o sucesso da empresa», revela Bruno Costa, administrador da Armasul, que a este propósito disse ainda que faz parte das preocupações da empresa proporcionar aos seus recursos humanos uma formação contínua ao longo da vida. Boa organização logística A Armasul detém um a forte organização logística que tem permitido estar cada vez mais próxima dos seus clientes. Assim, através de um Armazém com 5200 metros quadrados, construído em 2002 /2003, e com uma capacidade de armazenagem de 30 mil produtos que representou um investimento à volta dos 3 milhões de euros, a empresa consegue atempadamente satisfazer os seus inúmeros clientes num espaço de 24 horas. «Este é um outro pormenor importante que nos distingue: disponibilidade e rapidez», sublinhou Bruno Costa. Para Humberto Costa «este Armazém tem uma imagem muito forte que condiz com o espírito empreendedor do Administrador da Armasul. Sabemos que este investimento em instalações próprias

permitiu-nos encarar o futuro com otimismo, já que armazena mais de 30 mil produtos». Exportações já valem 30 por cento Como não podia deixar de ser a Armasul que comercializa e distribui uma vasta gama de materiais eléctricos, não podia deixar de pensar no mercado externo. «As exportações da Armasul significam neste momento 30 por cento do volume de negócios da empresa e os mercados preferenciais são, por ordem decrescente, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Marrocos e Argélia. E a Guiné Equatorial também está na mira da Armasul», esclareceu Bruno Costa que, tal como seu pai, gostaria de poder ver um dia a Armasul a exportar a excelência dos seus produtos para a Arábia Saudita. «Temos conseguido boas parcerias até a nível das exportações, e uma experiência com a Arábia Saudita seria muito bem vista por nós», reforçou Humberto Costa, presidente da Armasul, que quer ver a sua empresa subir o volume das exportações e ter uma posição ainda mais consolidada no mercado nacional, que representa 70 por cento da sua faturação. ‹

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› HEAD

DOSSIER FRANÇA PORTUGAL ›

França e Portugal intensificam relações

Diáspora empresarial portuguesa em grande afirmação

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TEXTO › JORGE ALEGRIA

ealizámos em meados de Maio uma segunda visita à região da Grande Paris, com o propósito de visitarmos mais um conjunto de empresários e empresas portuguesas ou de matriz portuguesa, e com reconhecida e relevante presença no mercado francês. As expectativas foram plenamente reconhecidas, tanto mais que aterrámos em Paris no dia seguinte ao encerramento do Salão do Imobiliário e Turismo de Portugal que decorreu num dos principais parques de exposições parisienses, bem como se tinha dado também na véspera a cerimónia de lançamento da primeira pedra do grande empreendimento Paris-Asia Business Centre, um projecto liderado pelo empresário português Carlos Matos, e que conta também com a participação da construtora lusa Alves Ribeiro.

A presença e o desenvolvimento da diáspora empresarial portuguesa em França é de grande importância para os dois países – França e Portugal – porque está aí o principal cimento que poderá contribuir para o aprofundamento do relacionamento comercial e de investimento entre portugueses e franceses. E existem sinais claros dessa evolução, não apenas traduzidos no aumento do comércio entre ambos em 2013, como no crescimento dos investimentos, tanto de empresas como de cidadãos, particularmente dos franceses em Portugal. É preciso continuar esse esforço de relacionamento e queremos aqui, nessa matéria, expressar o nosso justo e enfático reconhecimento do papel que tem vindo a ser desempenhado pela Câmara de Comércio e Indústria Franco-Portugal em França. ‹

ESPECIAL

FRANÇA – PORTUGAL

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› DOSSIER FRANÇA-PORTUGAL José António da Costa, Presidente da AMG – Propreté, Sécurité & Multiservices

Queremos chegar ao Top 30 em França no ramo das limpezas industriais Ainda se lembra da data que chegou a França: 6 de Janeiro de 1973. José António da Costa, Presidente da AMG – Propreté, Securité & Multiservices, conta em entrevista exclusiva à País Económico, o longo percurso profissional e empresarial da sua vida. Uma vida de trabalho, empreendorismo e sucesso. Lidera presentemente a empresa posicionada no 68º lugar do ranking das maiores empresas francesas na área da limpeza industrial, mas o ritmo de crescimento empreendido desde sempre, mas acelerado desde 2011 quando comprou a posição na empresa do seu ex-sócio e passou desde aí a dirigir em exclusivo a AMG. José António da Costa revela a ambição de entrar dentro de poucos anos nos trinta primeiros lugares desse ranking, mas sublinha que a subida acontecerá sobretudo através do crescimento orgânico, embora não descarte a hipótese de adquirir alguma outra empresa do sector que possa reforçar as valências e mais-valias que a empresa já possui actualmente. Admitindo poder actuar em Portugal na área das limpezas industriais, e sabemos que recebeu uma sondagem de um grande centro comercial do norte do país para esse efeito, o empresário destaca que já está a preparar os seus dois filhos (José Manuel da Costa e Bruno da Costa) para mais tarde tomarem

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conta do grupo e o fazerem crescer de forma sólida e sustentada.

om doze anos de idade chegou a França. Recorda-se bem desse dia, na já longínqua data de 6 de Janeiro de 1973. Lembra que o seu pai o levou imediatamente para trabalhar nas obras, a profissão do progenitor. José António da Costa foi durante bastante tempo estucador, mas uns tempos depois, por baixa médica do pai, passou a fazer em conjunto o que ambos faziam. «Ganhávamos ao metro, ou seja, quanto mais fazíamos, mas ganhávamos. Na ausência do meu pai reconheceram a minha competência e a qualidade do meu trabalho, pelo que quando o meu pai regressou ao trabalho, dividimos melhor as nossas tarefas e também os nossos proveitos», recorda com ca-

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rinho as atenções paternas. Chegado aos 20 anos começou a pensar em constituir a sua própria empresa, mas no ano seguinte no decurso de uma obra teve um grave problema físico que lhe trouxe problemas de continuidade enquanto trabalhador nas obras, pelo que ficou momentaneamente sem emprego nem trabalho para executar no imediato. No entanto, o jovem José António da Costa não tinha espírito para estar parado, nem tinha ido para França para não trabalhar. Enfatiza que logo que pode procurou trabalho noutra área, precisamente na área da limpeza, isto numa altura, recorda também, que estava a fazer um curso de formação. Ao fim de seis meses de tra-

balho nessa empresa de limpeza, tomou a consciência de que aquela área poderia ser justamente a que lhe interessava para iniciar a sua actividade empresarial. Dirigiu-se então ao seu responsável e lhe disse « vou fundar a minha própria empresa, se quiser acompanhar-me nesse desafio terei muito gosto. Não me respondeu logo, mas algum tempo depois veio ter comigo e perguntou-me se ainda continuava com a ideia de avançar com a empresa. Disse-lhe que sim, e em Abril de 1986 fundámos a empresa e começámos a trabalhar». A Luso-net começou a desenvolver uma actividade significativa no emergente negócio daquela época que eram os centros comerciais, principalmente na região da

grande Paris. José António da Costa recorda também que em 1989 fundou em Vila Nova de Gaia (Portugal) a empresa Portugal Limpo, que um ano depois já empregava uma centena de pessoas. Nesse ano de 1990, a empresa em França atingia as duas centenas de funcionários, mas diferenças de opinião com o sócio da altura levaram-nos a separarem os negócios, tendo José António da Costa ficado com os negócios em França, e o ex-sócio com a empresa de limpeza em Portugal. Trabalho, profissionalismo, rigor e respeito por todos Concentrado e focado a partir daí na condução das suas empresas em França, o

empresário português sublinha que «em três anos dobrei o nosso volume de negócios». A chave para o sucesso, salienta José António da Costa, «foram o trabalho, o profissionalismo, o rigor e o enorme respeito por todos, a começar pelos nossos próprios colaboradores, depois pelos nossos clientes, e finalmente pelo público em geral que frequenta os espaços dos centros comerciais ou lugares públicos. Esses são valores e princípios que, ontem como hoje, fazem parte da cultura e da forma de estar desta casa, pois só assim poderemos construir relações fortes e sólidas com todos os intervenientes com os quais nos relacionamos», enfatiza o líder do presentemente designado Grupo AMG.

O empresário recorda-se que no dia em que completou 25 anos a sua empresa participou na abertura de um centro comercial na zona de Villepinte, em Paris Nord, «e o contacto estabelecido com o presidente da empresa proprietária, que também estava a abrir o seu primeiro centro comercial, foi extremamente positivo, pois tinha-nos visto a trabalhar arduamente para termos todas as condições para abrir na data prevista esse seu primeiro centro comercial, e então convidou-me para participar na abertura dos centros comerciais que se preparava para inaugurar de seguida em várias partes da França, o que constituía para nós um desafio formidável. Mas, a verdade é

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› DOSSIER FRANÇA-PORTUGAL

que corremos velozmente e conseguimos um enorme sucesso na abertura dos seus centros comerciais nesse mês de Maio de 1987 nas cidades francesas de Estrasburgo, Le Mans e Lyon, a que se seguiram depois os centros em cidades como Grenoble, Nantes e Nice e toda a region de Paris. Recordo que em 1990, quando me separei do meu sócio da altura, a empresa de limpeza facturava em frança 12 milhões de

O Grupo AMG trabalha com várias das maiores referências empresariais da França e de todo o mundo. Aqui ficam alguns desses gigantes, para que conste: Ikea, Leroy Merlin, Amgen, Marques Avenue, Quai des marques, Swatch Group, Crédit Mutuel, Eurest, CGI, Domus, Unibail-Rodamco, Virbac, Motul, Les Armoiries, Heppner, Altarea COGEDIM, SCC, Hammerson, Groupe Fayat, Groupe RAPP, Geodis, entre vários outros nomes de grande referência nacional e internacional. ‹

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francos, o que constituía um valor muito expressivo na época para uma empresa tão jovem». Continuando a desfilar com evidente orgulho esse percurso profissional sempre em rota ascendente, José António da Costa, apresenta agora a faceta do empresário, que sendo naturalmente ambicioso e perspectivando o crescimento, não deixa de ser igualmente ponderado e que reflecte em todas as vertentes, mesmo nos próprios riscos do negócio. «Sabe, nessa altura, cerca de 80% do nosso volume de negócios tinham por base esse cliente dos centros comerciais, o que comportava um risco natural e muito forte para a estrutura de negócios da nossa empresa. Se acontecesse alguma coisa a essa empresa dos centros, poderíamos ficar com a nossa actividade em risco. Era necessário diversificar o portfólio dos clientes e mesmo ao nível do segmento de negócios em que participávamos», sublinha. Diversificação empresarial A estratégia de diversificação de clientes passou então por passar a concorrer aos

concursos públicos para a prestação de serviços de limpeza em instituições públicas. Foi assim que a empresa ganhou a 13 de Outubro de 1990 o contrato com o TGI (tribunal de grande instancia) da cidade de Nanterre, «onde nos mantivemos durante três anos». Venceu também a 26 de Dezembro de 1990 o concurso para prestar serviços na Universidade de Nanterre, uma instituição pública universitária com mais de 30 mil alunos e 70 mil m2 onde a Luso-Net empregava mais de 50 trabalhadores. Manteve-se na instituição durante oito anos. «Com este alargamento ao sector público, e mais alguns outros contratos que fomos ganhando, a empresa passou em três anos de 12 milhões de francos de facturação (1990) para 21 milhões de francos três anos depois», relembra José António da Costa. No entanto, a entrada na prestação de serviços no sector público, trouxe também para a empresa a participação dos sindicatos, mas o empresário revela-nos nesta entrevista que não estava muito preparado para actuar num clima de permanente negociação e por vezes dificuldades de

Bruno da Costa e José Manuel da Costa, filhos do Presidente da AMG, e seus futuros sucessores na condução do grupo empresarial

alinhamento estratégico com os responsáveis sindicais. «Eu tinha então 30 anos, não estava devidamente preparado para agir nesse cenário, não possuía a equipa que hoje existe nesta casa, pelo que me saturei com a situação, e decidi colocar a empresa de limpeza industrial à venda», o que sucederia algum tempo depois. Entretanto, em 1992, numa perspectiva de alargamento da sua actividade empresarial, «decidi adquirir uma empresa de decoração de interiores, que tinha sido fundada em 1964, e que era bastante conceituada no mercado francês do seu sector. Adquiri essa empresa em conjunto com um amigo meu, tenho o orgulho de lembrar que realizámos importantes obras de decoração, inclusivamente no Eliseu, na altura em que o presidente era François Mitterrand. Em quatro anos, a facturação passou de 7 para 15 milhões de francos». Apesar de ter entretanto concretizado a venda da área das limpezas industriais e

da manutenção de jardins, José António da Costa era constantemente abordado pelos seus antigos clientes da área dos centros comerciais «que me manifestavam que não estavam inteiramente satisfeitos com o serviço que lhe era prestado por quem nos tinha substituído. Eu manifestei disponibilidade para regressar ao sector, mas logo adverti de que tinha de estar quatro anos sem voltar a entrar na área das limpezas, porque tinha sido esse o período que ficou contratualmente estabelecido quando vendi anteriormente a empresa». De volta às limpezas industriais Mas, a insistência continuava forte e passados esses quatro anos, José António da Costa, em conjunto com um novo sócio (Antigo colaborador) decidiu fundar a AMG Propreté e voltar ao sector da limpeza industrial, o que ocorreu em 1997. A partir daí foi trabalhar para recuperar

clientes, angariar novos clientes e registar um crescimento forte, sólido e sustentável. A empresa sublinha que em França existem no seu sector 29.333 empresa, e a AMG Propreté está posicionada no 68º lugar, «o que não é nada mau», profere com um sorriso nos lábios. É muito bom, acrescentamos nós! Para chegar àquela posição entre as 70 maiores empresas francesas do sector das limpezas industriais, a AMG Propreté trabalhou intensamente ao longo de mais de década e meia para angariar um conjunto de clientes que «são as maiores empresas gestoras de centros comerciais em França. Só um grupo com quem trabalhamos possui 12 centros comerciais, que é o nosso principal cliente. A AMG Propreté actua em toda a França, mas, recentemente fomos desafiados para trabalhar no nosso ramo num importante centro comercial no norte de Portugal, muito próximo da cidade do Porto. Ainda não respondi ao

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› DOSSIER FRANÇA-PORTUGAL

desafio que nos foi colocado, mas é uma possibilidade que decidiremos brevemente», admite José António da Costa. «Não tenho estratégia definida de investimentos em Portugal» Trabalhar em Portugal será uma situação que o empresário admite, como acabou de referir, mas salienta que não possui uma estratégia de investimento no nosso país. «É verdade que tenho alguns investimentos pessoais em algumas partes de Portugal, um dos quais em Arcos de Valdevez, onde em conjunto com dois sócios, vamos empreender um loteamento habitacional. Com um outro sócio, tenho também uma participação numa empresa que detém grande parte do centro comercial Eiffel, em Braga, sendo o propósito de renová-lo e transformando-o num centro de negócios. Mas, como sabe, a conjuntura económica em Portugal não está fácil, e só avançaremos com esse projecto quando a situação geral do país apresentar evidentes sinais de melhoria. Mas, estes, como ainda alguns outros pequenos investimentos que tenho particularmente em Portugal, são situações pontuais, que poderão ocorrer novamente no futuro, mas não tenho nenhuma estratégia assumida de investimentos em Portugal», assume José António da Costa. Entrada na área da segurança

A par da AMG Propreté ligada à área das limpezas industriais, já em 1998, um ano depois de voltar ao sector original, José António da Costa decidiu 36 › PAÍS €CONÓMICO | Junho 2014

também enveredar pelo sector da segurança, fundando a AMG Securité, e tendo como seu principal cliente uma empresa da área dos outlets. A evolução da empresa de segurança também tem sido constante e segura, dispondo presentemente de 100 colaboradores, «todos devidamente formados, com condições de fardamento impecável, com capacidade de actuação imediata e altamente profissional», refere o líder da empresa, recordando que actualmente factura 4 milhões de euros, mas possui a ambição de «nos próximos cinco anos chegarmos a uma facturação na ordem dos 15 milhões de euros». «Queremos crescer, mas só de forma sólida»

No entanto, assumindo que a AMG Propreté é a principal empresa do grupo com sede em Fontenay-sur-Bois, na zona norte/este de Paris, José António da Costa quer fazer evoluir uma empresa que no ano passado facturou 7,6 milhões de euros, e que para este ano aponta para uma facturação anual na ordem dos 8,5 milhões de euros. No próximo ano quer atingir o número redondo dos 10 milhões de euros, ou seja, apontando para um crescimento orgânico sólido, «sempre com o foco no trabalho de relacionamento com o sector privado». Contudo, este crescimento previsto, e que está a ser seguido, não chega para satisfazer o que José António da Cos-

ta pretende para o futuro da empresa. Acredita que poderá chegar nos «próximos quatro a cinco anos» ao patamar das trinta primeiras empresas francesas do sector, e admite a eventual possibilidade de adquirir algumas «pequenas ou médias empresas, que representem 20 ou 30% da nossa empresa, então poderemos comprá-la e assim crescermos de forma mais rápida. Mas, gostaria de sublinhar uma coisa. Queremos crescer, é verdade, mas não queremos crescer a qualquer custo e de qualquer forma, porque quem cresce muito depressa e de forma pouco sólida, também dá um trambolhão muito rápido, e não queremos isso para o Grupo AMG», enfatiza o empresário português radicado em França há mais de 30 anos. Para além desta possibilidade, e numa altura em que a empresa de limpeza industrial agrega cerca de 400 colaboradores, José António da Costa já começou a perspectivar o futuro do desenvolvimento do seu grupo empresarial desde há alguns anos. «E o futuro passará indiscutivelmente pelos meus dois filhos, que já trabalham comigo, o José Manuel na área comercial, e o Bruno na área administrativa e financeira. Estão a ganhar experiência e formação de natureza académica para estarem completamente habilitados a tomarem as rédeas do Grupo AMG quando eu decidir passar a presidente não executivo e eles então tomarem conta da direcção do grupo. Esse futuro não demorará muito tempo a chegar, até porque a minha saúde não é das melhores, mas asseguro que o futuro está plenamente assegurado e quando chegar a esse momento, a passagem de testemunho acontecerá com toda a tranquilidade e segurança. Acredite, os meus filhos estão muito bem preparados para desenvolver e fazer crescer os negócios do Grupo AMG», finaliza José António da Costa. ‹ Junho 2014 | PAÍS €CONÓMICO › 37


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› DOSSIER FRANÇA-PORTUGAL Carlos Vinhas Pereira, Presidente da Câmara de Comércio e Indústria Franco-Portuguesa

A França tem oportunidades para as empresas portuguesas Carlos Vinhas Pereira já nasceu em França, mas afirma-se um português dos “sete costados”. Com um percurso profissional ligado à banca e aos seguros (é o actual Director Geral da Fidelidade em França) no mercado francês, assumiu a presidência da Câmara de Comércio e Indústria Franco-Portuguesa em França (CCIFP), onde tem desenvolvido um trabalho notável para abrir espaço às empresas portuguesas no mercado francês, bem como estimular o relacionamento económico e empresarial entre os dois países. E sobretudo, naturalmente, aprofundar o relacionamento entre as empresas da designada diáspora empresarial portuguesa em França. O recente Salão do Imobiliário e Turismo Português em Paris foi um sucesso e demonstrou a correcção da estratégia seguida pela CCIFP. Enquanto presidente da Câmara de Comércio e Indústria Franco-Portuguesa em França, o que representa poder contribuir para o reforço das relações comerciais e empresariais entre Portugal e a França?

Significa muito poder contribuir para o aprofundamento dessas relações. Já nasci em França, para onde os meus pais tinham anteriormente emigrado, sou, pois, da designada segunda geração de portu-

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gueses em França. Tenho um percurso académico também feito em França, e desde cedo comecei a trabalhar, tendo integrado os quadros do então Banco Pinto & Sotto Mayor, em 1994. Apesar de já ter nascido em França, como referi, sempre me senti português, fruto das raízes familiares e dos laços culturais que os meus pais me proporcionaram e incentivaram. Então, com a força dessas raízes de ligação a Portugal e do aprofun-

damento das próprias ligações à comunidade portuguesa residente em França, me questionei se não poderia fazer mais pelo aprofundamento das relações entre os dois países. É óbvio de conclui que sim, e logo no Sotto Mayor tive a preocupação por trabalhar de forma para que o banco possuísse os produtos mais adequados à situação específica dos portugueses em França. Mais tarde, já integrado nos quadros da seguradora Fidelidade, tive a felicidade de integrar a iniciativa do embaixador António Monteiro tendente a criar a Câmara de Comércio e Indústria Franco-Portuguesa em França, na altura integrando um núcleo de 18 fundadores. No presente, a CCIFP, a que tenho a honra de presidir, constitui um caso de inegável sucesso, e sentimo-nos efectivamente a trabalhar e a contribuir para o desenvolvimento do relacionamento entre Portugal e França, assim como para o fortalecimento da nossa comunidade empresarial da diáspora em terras gaulesas. É que os empresários de origem portuguesa aqui em França, antes do surgimento da Câmara,

normalmente não se juntavam. A CCIFP alterou essa situação e já se começaram a juntar. Quantos associados possui presentemente a Câmara Franco-Portuguesa?

Recordo, antes de tudo, que a CCIFP foi criada apenas em 2006, pelo que somos uma câmara ainda bastante jovem. Mas, já somos cerca de 400 associados e a nossa estratégia passa por atingirmos no final deste ano o meio milhar de associados. É preciso não esquecer que segundo estudos realizados existirão cerca de 45 mil empresas de origem portuguesa em França, logo existe um forte potencial para de interação entre este vasto conjunto de empresas, além de facilitar as parcerias com empresas que vindo de Portugal têm interesse em se instalar em França ou de aqui investir. Aliás, pegando na sua resposta, está a acontecer um movimento interessante de parceria entre empresas de origem portuguesa em França (da diáspora que referiu) com empresas que estão a deslocar-se de Portugal para o mercado francês. As parcerias empreendidas pelo Groupe St. Germain, liderado pelo empresário Carlos Matos, com empresas de Portugal, nomeadamente para participarem no projecto Paris-Asia, é deveras significativo. Destacou um excelente exemplo. O Groupe St. Germain é membro da Câmara, e é realmente de destacar o facto de ser um empresário português, o Sr. Carlos Matos, há longos anos radicado em França, de ter tomado a iniciativa para se fazer acompanhar num grande projecto que está a erigir próximo de Paris, designado Paris-Asia, pela construtora portuguesa Alves Ribeiro. E tem convidado outras empresas a associarem-se ao grupo e a trabalharem com ele no mercado francês. Repare, a França possui ainda uma taxa de natalidade de 2.1, pelo que continuará nos próximos anos a necessitar de cerca de 300 mil alojamentos por ano. Quem vai construir essa quantidade de habitações não será na sua totalidade os franceses, pelo que existem efectivamente várias oportunidades para as empresas

“Hotel de Empresas” ajudará a instalar empresas em França

do uma verba entre os 750 e os 800 euros mensais. Depois, quando avaliarem bem o mercado e poderem tomar uma decisão final sobre a sua presença, ou avançam para um espaço próprio, ou se consideram voltar a Portugal, o investimento realizado não foi pesado.

A Câmara tomou também uma iniciativa

Quando é que será inaugurado esse es-

tendente a apoiar a instalação de em-

paço?

presas portuguesas em Paris, ao criar

Penso que ainda este mês será aberto o “Hotel de Empresas”, onde esperamos ter a presença de um membro do governo português.

estrangeiras neste mercado, e aqui os portugueses, que são reconhecidos pelo seu mérito e qualidade, possuem boas oportunidades.

um “Hotel de Empresas”. O que é esse projecto?

Realmente prefiro a designação de “Hotel de Empresas” do que a expressão inglesa de Business Centre. É uma forma de defendermos a língua portuguesa. É um facto que possuir uma morada em França facilita para competir e vencer no mercado francês, pois inspira com essa circunstância uma maior confiança aos diversos agentes com quem vai interagir neste mercado. No fundo, o “Hotel de Empresas” permitirá à empresa que chega a Paris instalar-se num espaço já com redes eléctricas, telefónicas, informáticas, com uma pessoa capacitada para responder a todas as chamadas em português e em francês. No fundo, a empresa ou empresário que vem de Portugal terá sobretudo de trazer o seu computador que aqui encontrará as condições para começar a trabalhar sem realizar um grande investimento. Repare, as empresas que se instalarem no local estarão em pleno centro de Paris, suportan-

Gostaria também, se me permite, de acrescentar que também temos no mesmo espaço, uma incubadora de empresas, com o objectivo de ali acolher jovens empreendedores com projectos potencialmente válidos e onde também procuraremos parceiros para os ajudar (business angels). Quem sabe se não poderá surgir dali o criador do Facebook português?

Fórum Empresarial em Outubro A CCIFP tem novos projectos para o futuro?

O próximo passo será o da realização de um fórum de empresários em Outubro deste ano, com o objectivo de juntar 500 empresários portugueses e outros tantos franceses. Importante para nós, é que além das intervenções protocolares e identificativas das oportunidades gerais de investimento e de negócios entre os dois países, haja depois a possibilidade

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› DOSSIER FRANÇA-PORTUGAL

Fidelidade continuará a ser uma marca portuguesa

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pesar do grupo empresarial chinês Fosun ter adquirido 80% do capital da companhia seguradora portuguesa Fidelidade, Carlos Vinhas Pereira, Director Geral da companhia em França, sublinha em entrevista à País Económico que nada mudará no perfil e no posicionamento da Fidelidade em França. Para o responsável pela operação da seguradora portuguesa em território francês, «a Fidelidade continuará a ser uma marca portuguesa, com distribuição dos seus produtos através dos balcões da Caixa Geral de depósitos durante 25 anos conforme ficou acordado, além de que, aqui em Paris, abrimos também uma agência própria da Fidelidade, onde atendemos os clientes e comercializamos os nossos produtos». A comunidade portuguesa em França constitui naturalmente o principal núcleo de clientes da Fidelidade, mas Carlos Vinhas Pereira adiantou que a seguradora está igualmente muito activa no mercado do desporto profissional em França, «onde somos líderes do mercado gaulês, o que acontece tanto na área do futebol, bem como de ou-

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tros desportos. A nossa companhia está presente em grandes acontecimentos que ocorrem em França, como sejam a Volta à França, em ciclismo, ou o torneio de ténis de Roland Garros», sublinhou. Competindo também com um conjunto de produtos específicos para o mercado francês, por exemplo, no domínio dos seguros de rendas dos inquilinos, a Fidelidade inova também na própria relação com a comunidade portuguesa, «pois temos a especial preocupação de apresentar produtos que se adaptem às suas especificidades e ao próprio relacionamento que mantém com Portugal. A Fidelidade possui essa capacidade de inovação e de adaptação, sempre com produtos que possam satisfazer os nossos clientes, e, neste caso, muito em concreto, a vasta comunidade portuguesa residente em França, comunidade que mantém uma forte relação com as suas raízes da portugalidade, e como tal, privilegia muito as marcas que representam esses valores, como é indiscutivelmente o caso da Fidelidade», finalizou o principal responsável da companhia em França. ‹

dos empresários presentes se poderem encontrar de forma organizada, estabelecendo um primeiro contacto e permitindo visualizar em vários desses encontros possibilidade e oportunidades de potenciais parcerias ou negócios futuros. Este encontro, na nossa perspectiva vai igualmente surgir num momento muito importante em que as empresas francesas estão a apostar cada vez mais no exterior do país, pelo que se poderá perspectivar um maior volume de investimento francês em Portugal, e se tal for feito em alguns casos em parceria com empresas portuguesas, melhor. Investimento francês em Portugal, embora mais ao nível individual, também esteve no centro das atenções no recente Salão do Imobiliário e do Turismo de Portugal, que a CCIFP levou a efeito em Paris. Quais foram as principais conclusões do evento?

Fantástico. É a palavra certa para definir a forte presença de empresas portuguesas no Salão, tendo esgotado com bastante antecedência todos os espaços disponíveis, assim como para a presença de muitos franceses interessados em observar as oportunidades no mercado português, naturalmente com maior incidência ao nível da aquisição de imobiliário, sendo certo que o novo regime fiscal implementado em Portugal no ano passado, e que tem um prazo de duração de dez anos, é muito favorável para os reformados franceses. É preciso aproveitar esse regime fiscal favorável, bem como das magníficas condições de segurança e climatéricas de Portugal para interessar os franceses a investirem no país, além de que com esse investimento certamente que surgirá depois oportunidades de criação de novos serviços e consequentemente na criação de novos postos de trabalho. Pelas nossas contas já cerca de 2.200 franceses em apenas um ano aproveitaram para investirem em Portugal. O potencial é bastante grande, pois existem cerca de 15 milhões de reformados em França. Está na hora de Portugal atrair muitos deles. ‹

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› DOSSIER FRANÇA-PORTUGAL Lançamento do mega projecto Paris-Asia reuniu autoridades e empresários de França, Portugal e China

Uma ponte comercial entre a Europa e a Ásia

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o passado dia 17 de Maio realizou-se a cerimónia do lan250 das 388 lojas previstas na primeira fase do empreendimento. çamento da primeira pedra do grande empreendimento O Paris-Asia compreenderá igualmente três hotéis com capacidade para 200 quartos cada um, perspectivando-se que um ou dois Paris-Asia, uma iniciativa do Groupe St. Germain, liderado pelo empresário português Carlos Matos, sejam de origem portuguesa. Está também ao qual se associaram várias associações coprevista a instalação da clínica portuguesa merciais chinesas da capital francesa. Maló, além de vários restaurantes e instituições financeiras e seguradoras. Quase mil e duzentas pessoas assistiram à Carlos Matos, presidente do Groupe St. Gercolocação da primeira pedra do Paris-Asia Business Center, estrategicamente localizado a main, referiu à margem da cerimónia, que cerca de um quilómetro do aeroporto Charles «estamos agora numa nova fase de comercialização de espaços para empresas portuguesas de Gaulle, o segundo mais movimentado em e francesas e já temos algumas reservas. Não toda a Europa. Além do presidente do Groupe pretendo que o Paris-Asia seja apenas asiátiSt. Germain, destaque igualmente para a presença do secretário de Estado português das co, antes que seja também português, francês, Comunidades, José Cesário, dos deputados italiano, no fundo, do mundo inteiro». Segundo João Pereira de Sousa, administrador da portugueses Paulo Pisco e Carlos Gonçalves, construtora Alves Ribeiro, em declarações ao do embaixador de Portugal em França, Moraes semanário Expresso, «temos várias obras em Cabral, do Maire (Presidente da Câmara MuniCarlos Matos, presidente do Groupe St. Germain cipal) de Tramblay-en-France, François Asensi, curso em Angola, Moçambique, três no Brasil do Presidente da AFRTP (proprietária dos terrenos), Thierry Lae agora esta em França. Esta parceria com a St. Germain surgiu joie, além de Zheng Xuefen, presidente da estrutura de comerciaprecisamente desta necessidade de procurar oportunidades fora lização do empreendimento. de Portugal que está a passar por uma crise profunda». Por último, o secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, O Paris-Asia Business Center é um projecto liderado pelo Groupe aproveitou o momento para sublinhar que o investimento é de St. Germain (70%) e onde participa também a construtora portuguesa Alves Ribeiro, com uma quota de 30%. O empreendimento grande importância e traduz o «sucesso de um empresário português e de uma empresa portuguesa», além de que «isto vai dar deverá ter um investimento de 180 milhões de euros, e pretende uma grande visibilidade à presença da comunidade portuguesa em tornar-se na principal ponte comercial entre a Europa e a Ásia, França, o que é extremamente positivo até porque em França existe com destaque natural para o relacionamento directo entre a França e a China. Aliás, não é por acaso, que os chineses já sinalizaram uma imagem de qualidade associada a tudo ao nível económico». ‹

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› DOSSIER FRANÇA-PORTUGAL Armindo Gameiro de Abreu, Administrador da ACR – Entreprise Générale du Bâtiment

25 anos de muito trabalho na construção em França Teve uma primeira passagem por França em 1987, mas não ficou e saltou para a vizinha Suíça, onde este dois anos em Lausana, trabalhando na área da construção. Em 1989, pensava regressar a Portugal, mas decidiu passar primeiro por Paris. Aí encontrou Luís Neto Ferreira, que o desafio para avançar em conjunto com um projecto de criar uma empresa de construção. Gostou do desafio e ficou na capital francesa, dando início com o seu sócio desde essa altura a ventura da ACR, empresa que completou recentemente 25 anos de actividade. Armindo Gameiro de Abreu é a pessoa de quem falamos, sendo sócio e administrador da ACR – Entreprise Générale du Bâtiment. Com um percurso ascendente na construção de qualidade em França, a ACR pode orgulhar-se de apresentar nestes 25 anos um portfólio de obras na Grande Paris de enorme valia e sempre marcada pelo reconhecimento dos clientes quanto à qualidade da construção da empresa. Com uma carteira de obras praticamente garantida até ao final de 2015, a ACR está a ponderar

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quanto ao melhor caminho para se desenvolver e crescer no futuro.

rmindo Gameiro de Abreu surgiu-nos como um homem bastante determinado e orgulhoso do percurso da empresa que dirige desde há 25 anos em conjunto com o seu sócio Luís Neto Ferreira. Lembra que a ideia de fundar a empresa surgiu no seu regresso da Suíça, onde tinha como destino final seguir para Portugal, mas foi aliciado por Luís Neto Ferreira para constituir uma empresa e actuarem em concreto na área da construção em França. Só dessa forma, do ponto de vista legal, poderia permanecer em França. Lembra que foram conversar com uma pessoa que era contabilista e convidaram-no para se associarem a eles e entrar como accionista da ACR. Aceitou, ficando com a responsabilidade da parte administrativa da empresa, enquanto Armindo de Abreu e Luís Ferreira ficaram com a gestão produtiva da empresa. Mais tarde, recorda ainda o administrador da ACR, foi decidido que a melhor decisão seria ficar-

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mos apenas eu e o Luís Ferreira no corpo accionista da empresa, e o nosso outro sócio sair, mas, friso isso, não deixou de ser o nosso contabilista e foi muito importante nessa fase. Então, passei eu a responsabilizar-me pela área administrativa e o Luís Ferreira a continuar a responsabilizar-se pela parte operacional da construção. A primeira obra da ACR, refere Armindo Abreu com um sorriso «foi precisamente o da construção de uma habitação para o pai do nosso sócio contabilista. Foi um bom início, sem dúvida e mantemos essa lembrança com muita satisfação», aponta o gestor. No entanto, quando questionado de qual foi a obra que mais marcou a empresa neste percurso já longo de 25 anos, Armindo de Abreu não hesita e refere que foi a construção de oito apartamentos em 1990, numa parceira que foi proposta à empresa «pelo Senhor Raymond, que era marido da secretário de Michel Rocard, um político francês eminente nessa época.

O Senhor Raymond construiu doze apartamentos e nós oito, e essa parceria correu muito bem, o nosso trabalho foi realizado de uma forma que mereceu os mais rasgados elogios de toda a gente, incluindo daqueles que foram depois viver nesses apartamentos. Ficámos muito orgulhosos com essa obra da ACR», recorda o administrador desta empresa luso-francesa. Depois, fruto de problemas gerais da evolução da economia francesa, onde existia construção «mas pouco se vendia», assistimos a algum decréscimo da nossa produção, fase que decorreu até praticamente 1997. Trabalhámos nessa altura bastante na área da reabilitação e da recuperação habitacional, que no fundo era o que ainda tinha alguma saída», salienta. Ciclo de crescimento que começou em 1998 No entanto, a partir já da parte final da década de noventa do século passado, a ACR voltou a crescer na área da constru-

ção. Segundo o responsável da empresa que recebeu com grande simpatia a País Económico na sede da empresa em Aulnay-sous-Bois, nas redondezas de Paris, o patamar construtivo em que se coloca a ACR é dentro do segmento médio alto, «não ao nível do luxo, mas sem dúvida num patamar de grande qualidade, que diria ser claramente médio alto. E as muitas obras que temos realizado nestes 25 anos comprovam o que acabo de afirmar. Veja o exemplo, que sei que conhece pessoalmente, para a obra que realizámos em Pierrefite da nova Pastelaria Canelas (n.d.r. onde se vende os melhores pastéis de nata de origem portuguesa em toda a região de Paris), ou para as várias obras que temos feito na zona ribeirinha do Rio Sena, por vezes com declives acentuados, onde a capacidade e o know how do construtor é fundamental e de importância enorme. A ACR tem correspondido e mostrado que é capaz em qualidade e em prazo, sem qualquer dúvida», sublinha Armindo de Abreu. O empresário lembra igualmente que neste momento está precisamente a começar a construção de doze apartamentos novos

em Paris, num projecto chave na mão, característica aliás «muito própria da ACR», que actua na maior parte das suas intervenções como empreiteiro geral e «poucas vezes como subempreiteiros, pois preferimos intervir de forma completa e nas diversas áreas que uma obra exige», salienta Armindo de Abreu. Reforço da capacidade de formação dos colaboradores Demonstrar em cada obra que a ACR dispõe de uma equipa de enorme competência e capaz de executar os desafios mais difíceis que se colocam à empresa. O empresário sublinha que a ACR tem prosseguido desde há muitos anos uma política de formar os seus colaboradores, «de modo a poderem ser melhores, mais competentes e mais eficazes na execução das funções que cada um desempenha nas obras que a empresa executa, assim como mesmo ao nível administrativo. Repare, hoje em dia compramos materiais em vários países, como são a Alemanha, na Bélgica, na Suécia, mas também em Portugal e Espanha. Ora, isso requer que tenhamos colaboradores que dominem o

inglês. Avançámos com essa formação, assim como nas várias áreas de grande importância para o trabalho da empresa nas obras que executamos. A ACR é hoje uma empresa com forte capacidade e dotada do know how para ser cada vez melhor e mais competitiva no mercado francês onde actuamos». A ACR facturou no ano passado cerca de quatro milhões de euros de volume de negócios, «e temos crescido sempre mais de 500 mil euros em cada ano, o que é muito bom e revelador do crescimento sólido e sustentado da ACR», sublinha Armindo de Abreu. Mencionou compras de materiais em Portugal. Questionado sobre que materiais compra no seu país de origem, Armindo de Abreu referiu que adquire em Portugal sobretudo materiais em alumínio, mas também na área da serralharia, onde sublinha que «existem empresas portuguesas de enorme valia». Aliás, o empresário acredita que existem cada vez mais áreas no nosso país com capacidade e qualidade naquilo que produz, «por isso é que compramos bons materiais produzidos por empresas portuguesas, que tem qualidade, tem preço e

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› DOSSIER FRANÇA-PORTUGAL

tem cumprimento de prazos», enfatizou Armindo de Abreu. A ACR possui actualmente cerca de 40 colaboradores, 85% dos quais são portugueses ou de origem portuguesa. O pulsar da lusitanidade da ACR é indiscutível, e o próprio Armindo de Abreu assume que a sua raiz continua bem viva em Portugal,

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apesar de já ter dois filhos (um filho e uma filha) que nasceram em França e falarem muito melhor francês do que português. «Mas a minha raiz está lá, na terra onde nasci. É por isso que vejo com muito interesse e felicidade o crescimento das relações comerciais entre Portugal e a França, com

o nosso país a vender cada vez mais para o mercado francês, o que é naturalmente muito útil para Portugal, mas também para muitos portugueses que trabalham em França e aqui estão radicados e fazem através de empresas como a ACR crescer a economia dos dois países», finaliza o empresário português. ‹

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› DOSSIER FRANÇA-PORTUGAL Miguel Pires, Presidente da Braga Constroi

Em França continua a construir-se Nasceu em pleno Gerês, essa lindíssima zona da região do Minho, mas apaixonou-se pela cidade de Braga. Veio muito novo para França, onde já tinha um irmão, e cedo revelou arte e ambição para se tornar empresário. Miguel Pires, Presidente da Braga Constroi, fundou esta empresa em 2007 com o nome da cidade da sua paixão, «uma homenagem a uma terra que até tremo quando fá-lo dela», e agora é um dos bem sucedidos empresários portugueses na área da construção civil em França. Apostando numa construção de qualidade, o empresário já tem os seus dois filhos a trabalhar com ele, sublinhando desejar consolidar uma estrutura que o leva a facturar entre 10 a 15 milhões de euros anuais.

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hegou a França em 1984 já depois de sair da sua região minhota, onde depois de sair do seu berço do Gerês passou ainda moço pela restauração nas cidades de Guimarães e de Braga. Antes de entrar no desfilar do seu percurso empresarial em solo francês, Miguel Pires sublinhou a sua paixão por Braga, referindo que viveu na cidade dos

arcebispos alguns dos melhores momentos da sua mocidade, onde trabalhou num restaurante «que ainda hoje existe no Campo das Hortas», mas «destaco a grande convivência que existia entre todos os que habitavam a zona história da cidade». Esses momentos levaram o empresário, já depois do seu estabelecimento em França, a ser o principal impulsionador da cons-

tituição da Casa do Braga em Paris, «que funciona num café, mas é um local onde os bracarenses e muitos outros minhotos se reúnem e torcem pelo nosso Sporting Clube de Braga». Para além de ter um fácil acesso ao Estádio Axa em Braga, Miguel Pires conta um episódio deveras interessante da sua relação sentimental com o clube bracarense. Em Maio de 2011, o Braga jogava a final da Liga Europa com o Porto na cidade de Dublin, na Irlanda. A vontade de levar um forte conjunto de adeptos bracarenses à capital irlandesa para apoiar o clube do seu coração levou-o a conseguir cerca de duas centenas de adesões e consequentemente a alugar um avião para os transportar de Paris até Dublin. Com um forte brilho nos olhos, Miguel Pires refere que «foi uma das melhores coisas que fiz na vida pelo nosso querido Sporting Clube de Braga». Aposta na qualidade da construção Miguel Pires chegou a França em 1984, ainda de tenra idade. «Comecei a trabalhar como trolha nas obras e aprendi muito nessa profissão, habilitando-me para os passos que no futuro empreendi como empresário», salienta. Lembra que a primeira obra em que participou foi na

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construção de um hospital junto à Gare do Norte, em Paris. «Depois trabalhei em várias firmas da região parisiense». No entanto, em 2000, em conjunto de um sócio, ergueu a empresa SRM, que durou até 2007. Miguel Pires salienta que essa empresa atravessou uma fase de forte construção em França e muito particularmente na região de Paris, «tendo só em 2005 facturado cerca de 70 milhões de euros. Chegámos a possui 87 obras abertas ao mesmo tempo, incluindo algumas a terminar e outras a se iniciarem. É com orgulho que lembro que tivemos na altura 46 gruas de pé em simultâneo, prova de uma participação muito forte nessa fase de intensa construção que atravessava a região parisiense». No entanto, essa sociedade acabou em 2007, mas no mesmo ano Miguel Pires fundava a Braga Constroi. Apostando mais na qualidade do que na quantidade de obras construídas, o empresário minhoto salienta a grande alegria que constituiu para si o facto de os seus filhos terem vindo trabalhar consigo. «Eu trabalho todos os dias para que esta empresa seja

uma referência para os meus dois filhos, para que sintam orgulho em trabalhar nesta casa», enfatiza, para logo adiantar que sendo verdade que a Braga Constroi começou do zero na altura da sua constituição em 2007, logo foi à procura de clientes para arrancar com uma actividade de construção cada vez mais forte. Miguel Pires sublinha que a empresa possui no presente um volume de obras anual de cerca de 10 milhões de euros, «estando agora numa fase de consolidação de estruturas na área da engenharia e na busca permanente de clientes que permitam à Braga Constroi construir obras de qualidade reconhecida. Neste Momento estamos confortáveis em termos um conjunto de obras na Grande Paris que nos permitam um volume de negócios anual de cerca de 10 milhões de euros, sendo nosso propósito futuro poder eventualmente chegar até aos 15 milhões de euros». O empresário compra praticamente todos os materiais em França, embora também compre alguma coisa (pouca) em Portugal, «normalmente apenas a designada «pedra moca creme, oriunda da

zona de Viana do Castelo, que é utilizada no chão de algumas residências». Construir com qualidade leva ao natural reconhecimento dos clientes. Miguel Pires refere que já muitos dos seus compatriotas do Minho têm adquirido apartamentos nas suas construções na região de Paris, «sinónimo de que reconhecem a nossa grande qualidade construtiva». Quanto a investir em Portugal, lembra que possui activos imobiliários na cidade de Braga, mas salienta que a «conjuntura económica não é muito atractiva para investir em Portugal. Por isso, espero naturalmente por melhores oportunidades, assim como espero que os nossos políticos consigo desenvolver o nosso país, coisa que não têm conseguido fazer, o que é uma pena». ZO empresário critica o estado de coisas em Portugal, pois considera que no seu país de origem quase nada se produz, ao contrário de França, «onde a situação económica geral também não é famosa, mas é um país que continua a apostar em se fazer coisas e em se produzir. Por isso, aqui estou e estarei», finaliza Miguel Pires. ‹

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› DOSSIER FRANÇA-PORTUGAL Adérito Faneca, Director comercial da Metaloviana

Estamos em obras emblemáticas em França O mercado de construção de obras públicas e particulares continua trepidante. A Metaloviana, por intermédio da sua subsidiária francesa M Batimetal, fundada em 2012, já está envolvida em algumas grandes obras em França, como é o caso do estádio Velódrome de Marselha, no centro comercial Terrasses du Port, ambos na cidade de Marselha. Adérito Faneca, engenheiro, Director comercial da Metaloviana, está directamente envolvido na operação francesa do grupo. Em entrevista concedida à PAÍS €CONÓMICO na sede da Metaloviana em Viana do Castelo, referiu que a empresa se dotou de meios para estar ao nível das melhores empresas do sector da metalomecânica e está a conseguir ser parceiro de grandes construtoras francesas em obras em terras gaulesas. Com uma presença internacional em Angola, Moçambique e Argélia, para além da França, Adérito Faneca sublinha que a Metaloviana aposta muito na internacionalização, mas mantém toda a sua estrutura técnica e produtiva em Portugal. «Tudo começa aqui em Viana do Castelo, e temos muito orgulho disso, em Portugal, podemos competir ao nível dos melhores, como em qualquer parte do mundo», remata. Quando é que a Metaloviana entrou no mercado francês e como surgiu essa oportunidade?

Em 2012 algumas empresas da nossa área de actividade começaram a trabalhar no mercado francês e apontavam-no como um mercado com várias oportunidades para o sector da metalomecânica. Pesquisámos então o mercado e realizámos um estudo sobre o mesmo. Um dos aspectos mais interessantes que constatámos foi o de que existia uma grande quantidade de obras públicas e de obras camararias que estavam a ser lançadas no mercado, além de termos também percebido que naquele país se utilizava uma percentagem de estrutura metálica bem superior à que é normalmente utilizada em vários outros mercados, aliás, muito mais do que acontece em Portugal. Constatámos também uma crescente procura de empresas francesas por empresas portuguesas para trabalhar nas obras que estavam a realizar em França. Em consequência dessa avaliação, a Metaloviana, tomou a decisão estratégica de avançar para o mercado francês e, conse-

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quentemente, de fundar uma empresa de direito francês, a MBatimetal, com sede em Saint Germain em Laye, próximo da cidade de Paris. Para a Metaloviana ter tomado essa decisão, certamente que avaliou a sua capacidade para responder aos desafios do mercado francês?

Evidentemente. Avaliamos, estudamos a organização, o potencial do mercado francês, as suas regras de funcionamento e a nossa própria capacidade instalada em Portugal. O que nos permitiu concluir que detínhamos as competência para poder estar em qualquer parte do mundo, mesmo para nos mercados do norte da Europa, conhecidos por serem tecnicamente muito avançados. A Metaloviana está completamente dotada e capacitada para competir no seu sector com os melhores a nível internacional, no caso, para concorrer em plano de igualdade com as nossas congéneres francesas. Claramente demonstrado, a nossa empresa tem seguido um percurso ascendente e afirmativo em França. Os vossos recursos humanos estavam

também preparados para corresponder a esse desafio?

Obviamente que tivemos de formar e preparar vários dos nossos quadros para actuarem num mercado com regras e normas diferentes, mais complexo e, portanto, mais sofisticado, do que o mercado português ou outros onde também marcamos uma presença directa. Mas, o que é certo, é que também no plano humano e técnico, respondemos igualmente de forma excepcional e detemos hoje os quadros e o pessoal devidamente qualificado e preparado para responder a mercados complexos, como é indiscutivelmente o francês. Ética empresarial e profissional inatacável Mas, para a Metaloviana entrar e vencer no mercado francês certamente que teria de aportar a esse mercado um conjunto de mais-valias para ser aceite e ganhar obras em França. O que levou a Metaloviana para terras gaulesas?

Reporto-lhe o que os clientes da Metaloviana têm referido a nosso respeito: “ É uma empresa com grande capacidade téc-

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› DOSSIER FRANÇA-PORTUGAL subcontratação industrial de grande importância no panorama empresarial francês, garantiu-nos visibilidade no mercado. Na Midest constatámos a importância do mercado industrial em França, da sua força e das suas oportunidades, o que também constitui um aspecto interessante para podermos diversificar o nosso portfólio de clientes e parceiros no mercado francês, sem prejuízo obviamente de prosseguirmos a nossa estratégia de parceria e ligação às construtoras francesas. Gostávamos de estar no Paris-Asia

de forma muito apurada e consciente. Os nossos investimentos a vários níveis, inclusivamente no corpo técnico são correspondentes aos desafios que vamos atravessando e desenvolvendo. No caso francês, além do apoio de toda a nossa estrutura existente em Portugal, apostamos sobretudo numa estrutura comercial capaz de estar directa e fisicamente presente junto dos nossos parceiros e clientes, factor crítico de sucesso em França. É preciso estar lá e apostar numa estratégia de contacto directo com os players do mercado. A internacionalização é a chave para a

Neste momento, a grande coqueluche

sustentabilidade e o desenvolvimento

da construção do mercado francês – o

futuro da Metaloviana?

lançamento da primeira pedra foi no

A internacionalização tornou se numa necessidade para a sustentabilidade das

passado dia 17 de Maio – é o projecto Pa-

empresas portuguesas, a Metaloviana não é um caso a parte. Integramos as melhores estratégias e práticas que as boas empresas têm adoptado nesse âmbito. Se há pouco trabalho em Portugal, o que infelizmente é o caso, então temos de procurar e aproveitar as oportunidades externas para desenvolver a empresa. Para além de França, estamos também em Angola, Moçambique e na Argélia, mas quero destacar que continuamos a ter a nossa sede e a nossa capacidade de produção em Portugal, o que não acontece com muitas das outras empresas. Nós continuamos a produzir em Portugal e é aqui que continuamos a gerar emprego e a desenvolver competências, naturalmente para depois poder estar ao mais elevado nível em qualquer parte do mundo. ‹

ris-Asia, liderado pelo grupo de origem portuguesa St. Germain. A Metaloviana aspira a estar presente nesse projecto que está a nascer próximo de Paris?

nica, trabalha com rigor, cumpre prazos e possui princípios dos quais não abdica.” Realmente, a Metaloviana trabalha sempre com grande ética empresarial e profissional, um traço que nos caracteriza e nos acrescenta valor no mercado. Qual tem sido a estratégia seguida para ter sucesso no mercado francês?

A estratégia que sempre seguimos em Portugal foi a de sermos parceiros das grandes construtoras. Em França, entendemos que não poderia ser diferente, ou seja, para entrarmos e

vingarmos no mercado francês teríamos de adoptar o mesmo procedimento com as construtoras francesas. Foi o que fizemos, até com vantagens para a própria aprendizagem. Pois para estarmos absolutamente alinhados com a complexidade, sofisticação das regras para actuar em França é preciso conhecer profundamente os processos administrativos. A nossa ligação às empresas franceses operantes no sector permitiu obter esse conhecimento e capacitar-nos para actuar em conformidade. No Velódrome de Marselha Em 2012 constituíram a M Batimetal. Desde a entrada no país, quais as principais obras em que têm estado envolvidos em França?

Destaco essencialmente a nossa participação na obra de construção do Hospital de Orleans, cuja construtora é a DV Construction, bem como na remodelação do estádio Velódrome de Marselha, uma obra a cargo da GFC Construction, ambas do grupo Bouygues (2ªmaior construtora francesa). Ainda, em Marselha, a Metaloviana participou até muito recentemente

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na construção de um dos maiores shoppings centers da Europa para o grupo Vinci (1ª maior construtora francesa). Na cidade de Paris em Clichy, participamos na obra do parque Martin Luther King, para a construtora francesa Fayat, que é a quarta maior construtora gaulesa. No entanto, é importante referir a nossa participação na obra de construção de uma nova prisão francesa com estruturas metálicas e serralharias (prison des baumettes), obra da responsabilidade da construtora francesa Vinci. As grades das celas desse estabelecimento prisional estão todas a ser fabricadas aqui em Viana do Castelo pela Metaloviana, o que é um orgulho e um facto demonstrativo da capacidade técnica e de produção da nossa empresa em Portugal. Esta constitui uma obra exemplar e é demonstrativa do processo de crescimento e solidificação da nossa presença no mercado francês, um mercado onde queremos continuar a crescer. Todo este percurso permitirá a médio expandirmo-nos nos mercados de países vizinhos. A nossa presença, em Outubro do ano passado, na feira Midest, uma feira de

Em Setembro do ano passado, um mês antes da realização da Midest, que referi anteriormente, decidimos contactar directamente o senhor Carlos Matos, presidente do Groupe St. Germain, no sentido de integrar esse grande projecto de desenvolvimento junto ao aeroporto Roissy Charles de Gaulle, onde qualquer empresa de construção portuguesa gostaria de participar. Presentemente, estamos a trabalhar nesse processo e vamos ver o que acontecerá no futuro. Será importante nesse processo de afirmação no mercado francês estar presente no projecto Paris-Asia Business Center?

Sem dúvida. É uma obra de volume muito apreciável e será também emblemática, não apenas em França, mas até numa perspectiva do relacionamento empresarial entre a França e a China. Como referi, estamos a trabalhar nesse processo e estaremos preparados para trabalhar nele, se for caso disso, como é evidente. Até onde a Metaloviana pretende chegar no mercado francês?

As empresas têm a noção das suas forças e das suas limitações. A Metaloviana também possui naturalmente essa noção

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› DOSSIER FRANÇA-PORTUGAL Fernando da Costa, Presidente da Eurelec Distribution

Estamos a crescer de forma muito sólida Nasceu no último dia do ano de 1962, em Ourém. Ainda não tinha completado os cinco anos quando veio com a mãe para França, onde já se encontrava o pai desde finais da década de 50. Mais tarde estudou electrotecnia e foi já em 1986 que iniciou a sua actividade empresarial na área da electricidade. Quando em 1997 encontrou um local com visibilidade e impacto para se instalar decidiu fundar a Eurelec Distribution. «Foi aí que começou a aventura da Eurelec», sublinha Fernando da Costa, o empresário português que comanda um grupo de distribuição de material eléctrico e de iluminação em França, um grupo que no ano passado já facturou 23 milhões de euros e este ano pretende chegar aos 26 milhões de euros. Crescer a dois dígitos, «mas de forma sólida», constitui a ambição do empresário que aposta em estar cada vez mais na globalidade do mercado francês bem como apostar na inovação e no desenvolvimento da recente

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tecnologia de iluminação LED.

m 1986 Fernando da Costa iniciava o seu percurso empresarial ao fundar a empresa SEGI, «uma pequena empresa de electricidade, com poucos meios, mas sobretudo muita vontade de fazer algo e de conquistar o mercado pela qualidade e assim gerar uma confiança nos clientes». As primeiras obras, recorda o empresário português, foram essencialmente na área habitacional, «o que na altura até foi um pouco estranho para mim, que estava habituado a desenvolver a minha actividade profissional mais na área da electricidade industrial. Mas temos de nos habituar e crescer nas áreas que estão disponíveis e onde nos podemos afirmar. Foi o que fizemos na altura e, felizmente, as coisas correram bem», salienta Fernando da Costa. Até que em 1997, já com uma actividade já bem mais desenvolvida e consolidada, a empresa pretendeu dar um passo adiante e procurar novas instalações para se instalar. Ao encontrar um espaço com uma grande vitrina, ou seja, uma área com forte visibilidade a quem passava próximo, Fernando da Costa tomou a decisão de passar também a distribuir material eléctrico. «Surgiu então a grande aventura da

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Eurelec Distribution, que constitui ainda hoje a principal firma do nosso grupo empresarial». Questionado a respeito do fornecimento de obras de nomeada em França, o presidente da Eurelec destaca, antes, que a empresa «está essencialmente no mercado doméstico, sendo certamente no presente os maiores fornecedores na região parisiense de material eléctrico para a área da habitação. Concerteza que temos fornecido muito material eléctrico para edifícios habitacionais em toda a região da capital francesa e mesmo para algumas outras regiões deste país, além de estarmos igualmente presentes, incluindo com representação própria da Eurelec, nas ilhas ultramarinas francesas da Martinique, Guadalupe e na Guiana Francesa», destaca o empresário luso. Liderança na Região de Paris Actualmente, a Eurelec Distribution possui quatro pontos de venda de material eléctrico na Grande Paris, tendo a sua sede (e showroom) em Villiers sur Marne, e as restantes duas em La Varenne/St Maur Des Fossés e em St. Denis. A firma possui ainda um ponto mesmo no interior da ci-

dade de Paris. Todavia, Fernando da Costa não afasta a hipótese de no futuro o grupo empresarial que lidera poder estender-se para outras regiões continentais do território francês, «caso hajam reais e sustentáveis oportunidades de estarmos noutras regiões e podermos acrescentar valor com os nossos produtos e equipamentos», salienta. O mercado habitacional francês continua a evoluir, «pois devido a uma taxa de natalidade de 2.1 ainda existente em França, este país continua a precisar anualmente de várias centenas de milhar de novos fogos, pelo que quem vende material eléctrico ainda possui espaço de consolidação e crescimento nos próximos cinco a dez anos», refere Fernando da Costa, adiantando que será sobretudo na área da habitação social que se registará o principal crescimento no mercado habitacional francês nos próximos anos. Mas, crescer e afirmar-se num mercado altamente competitivo como é o da iluminação e dos equipamentos que lhe dão suporte, terá de surgir pela associação a marcas de grande qualidade e fundamentalmente reconhecidas no mercado. Distribuidora da Efapel em França

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› DOSSIER FRANÇA-PORTUGAL pessoas em nome de empresas que não nos merecem muita credibilidade. Alguns desses até têm afectado o grande respeito e credibilidade com que os portugueses em geral e as empresas de raiz portuguesas em particular gozavam em França», lamenta Fernando da Costa. Mas, a este empresário português importa sobretudo olhar para a sua empresa e a respectiva capacidade de se afirmar e expandir no mercado gaulês. Por isso, a área de desenvolvimento é muito importante, e numa visita guiada que proporcionou ao jornalista da País Económico, Fernando da Costa mostrou com indisfarçável orgulho a aposta na iluminação LED e na capacidade da empresa em inovar e apresentar produtos diferenciadores nessa área. A Eurelec distribui e comercializa em França algumas das mais prestigiadas marcas de equipamentos de electricidade, como são os casos da Legrand, Schneider, da Hager, da Noirot, da GE Power, Philips, da portuguesa Efapel, entre outras. A presença dos equipamentos da Efapel no portfólio da distribuição (exclusiva) da Eurelec em território francês constitui uma mais-valia para a empresa liderada por Fernando da Costa, como o próprio reconhece, mas é também uma prova da qualidade e da capacidade de afirmação num mercado altamente competitivo da empresa com sede em Serpins, próximo de Coimbra. Fernando da Costa informa que a parceria estabelecida com a Efapel para o mercado francês já dura há praticamente oito anos, mostrando a sua satisfação pela progressão das vendas «no muito competitivo mercado francês, dominado por gigantes mundiais como a Legrand e a Hager Schneider». Além da qualidade dos próprios equipamentos produzidos pela Efapel e «pela capacidade de cumprir prazos, questão muito importante para competir em mercado altamente qualificados e competitivos como o francês», o empresário salienta que a progressão dos equipamentos da marca portuguesa se vai fazendo naturalmente, mostrando a sua satisfação com a parceria estabelecida.

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No entanto, se o empresário elogia a qualidade e o serviço da Efapel, o mesmo já não acontece com outros agentes da indústria portuguesa do sector. Fernando da Costa refere que já tentou trabalhar com outras empresas portuguesas fornecedoras de equipamentos e materiais para o sector eléctrico em França, mas destaca que «hoje em dia, se é verdade que a qualidade da produção em Portugal melhorou significativamente, ainda continuamos a registar desvantagens ao nível dos prazos de entrega e mesmo ao nível dos preços. Em Espanha, e até mesmo na Alemanha quando pretendemos comprar cabos, se compram produtos por preços inferiores aos seus semelhantes fabricados em Portugal. Isso representa naturalmente uma desvantagem competitiva para os produtos portugueses em mercados altamente concorrenciais, como é o caso do francês», enfatiza o empresário nascido em Ourém. Questionado se a Eurelec tem sido requisitada por empresas portuguesas que nos últimos anos têm apostado no mercado francês da construção, Fernando da Costa sublinha que a empresa tem realmente sido contactada, existindo um cuidado grande na selecção dos seus clientes, «pois se é certo que nos aparecem aqui empresas vindas de Portugal já devidamente estruturadas e com capacidade demonstrada, outras vezes nos aparecem aqui

Tecnologia LED é uma grande aposta Aliás, a área da iluminação LED, lançada há três anos, constitui uma das apostas mais recentes e mais fortes da empresa do grupo, designada EVA LIGHTING, especialista na comercialização dos produtos nesse segmento do sector eléctrico. Crescimento sustentado é o lema o Grupo Eurelec no presente momento e para os próximos anos. Segundo Fernando da Costa, consolidar a posição do grupo na região parisiense constitui a estratégia principal, sem deixar de estar atento a oportunidades de expansão que possam surgir noutras partes do território hexagonal francês, assim como de consolidação nas ilhas ultramarinas da França. De referir, que o grupo emprega actualmente 60 pessoas, na sua maioria de origem portuguesa, e que em 2013 facturou 23 milhões de euros, dos quais só a Eurelec Distribution arrecadou vendas de 15,5 milhões de euros. Já para o presente ano, «que está a correr bem», assegura o empresário lusitano, o grupo estima atingir os 26 milhões de euros de facturação, dos quais 18 milhões directamente conseguidos pela Eurelec Distribution. No futuro, o grupo pretende manter um ritmo de crescimento a dois dígitos, «mas sempre de forma muito sustentada e consolidada», finaliza Fernando da Costa. ‹

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› DOSSIER FRANÇA-PORTUGAL Fernando Cerqueira, Presidente da Lusatec – Properté & Multiservices

Apostamos nos serviços ao segmento do luxo Fernando Cerqueira, 48 anos, é um homem que transmite uma forte energia ao seu discurso, e que corresponde ao espírito de empreendorismo que emprega no comando de uma empresa, onde tem a companhia directa da sua irmã Natércia da Mota, e da prima Lúcia Carvalho. O empresário chegou a França em 1987 e depois de um percurso profissional sempre ligado às limpezas industriais, fundou em 2003 a Lusatec, uma empresa que já atingiu o segundo posto entre os prestadores de serviços na área do luxo na capital francesa. Nomes famosos como Yves St. Laurent, Gucci, Le Boucheron e Michael Kors, fazem parte da lista de clientes da empresa de matriz portuguesa. Admitindo trabalhar em Portugal no mesmo segmento de alta qualidade, a Lusatec atravessa actualmente, segundo o seu responsável, um período de “velocidade de

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cruzeiro”, mas admite crescer no futuro a curto e médio prazo.

hegou a França pela mão de um tio, decorria o ano de 1987. Foi trabalhar com ele na área das limpezas industriais, ramo empresarial seguido por esse seu familiar, mas, como confessa, a evolução da empresa nunca foi de molde a alimentar as suas esperanças de um futuro profissional brilhante em terras gaulesas. Então, decidiu mudar para uma empresa de muito maior porte, das maiores existentes existente no sector das limpezas industriais em França, onde reencontrou a sua prima Lúcia Carvalho. Um dia, recorda, foram chamados ao gabinete da directora geral da empresa, que os informou de que iria vender a empresa a uma multinacional e que considerava que eles (Fernando Cerqueira e Lúcia Carvalho), pelas qualidades que possuíam ficariam algo subaproveitados numa empresa de tão grandes dimensões e com um estilo algo impessoal. Mais, incentivou-os a seguirem o seu próprio percurso e a fazerem alguma coisa de natureza empresarial. «Esse incentivo foi muito importante para nós, porque realmente temos um modo muito especial de lidar e de nos relacionarmos com as pessoas e entendemos então estar na altura de avançarmos com

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a criação de uma empresa própria para actuar neste sector de que somos especialistas», referiu Fernando Cerqueira. E se bem o pensaram, melhor o fizeram. Em 2003 foi constituída a Lusatec tendo precisamente o objectivo de desenvolver uma actividade na área da limpeza industrial. A importância de Yves Saint Laurent O empresário português, que esteve nesta entrevista à País Económico acompanhado por Lúcia Carvalho, referiu o quanto importante foi ter conhecido pouco depois o famoso costureiro francês Yves Saint Laurent, que «nos convidou para prestarmos serviço na empresa que liderava em Paris. Como deve calcular, possuir uma referência de tão elevado prestígio como o que acabei de referir, transformou-se num click muito importante como montra para atingirmos outros clientes na área do luxo». Continuando a referir o percurso da Lusatec, onde voltou a sublinhar que a área do que se poderá designar por luxo é muito importante na estratégia de desenvolvimento e afirmação da empresa no mercado francês, Fernando Cerqueira adianta

que dez anos depois, já após o falecimento do famoso costureiro e rosto da casa St. Laurent, o director geral do grupo apresentou a empresa de limpeza a todas as áreas, «o que nos possibilitou entrar nos pontos de vendas de marcas como a Gucci, Boucheron, Pinot ou a própria Yves Saint Laurent. Este conjunto de marcas e os seus respectivos espaços na grande Ile de France (Grande Paris), a que poderíamos juntar outros nomes como Michael Kors, Lanvin ou Stella McCartnery, possibilitou-nos um percurso de afirmação que nos levou ao segundo lugar entre as empresas prestadoras de serviços de limpeza industrial na região parisiense, além de que nos abriu igualmente as portas, no caso da Gucci, a entrar também no Luxemburgo». Por outro lado, a Lusatec desenvolveu igualmente o segmento dos edifícios e residências, um «segmento completamente diferente do que mencionei anteriormente, onde as oscilações na economia se fazem sentir de forma muito mais forte e os recursos empregues também são diferentes, embora a rentabilidade, em geral, possa ser maior, provavelmente ao contrário dos que muitas pessoas pensam, pois na área do luxo, os recursos empregues, para além de serem altamente qualificados, são

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› DOSSIER FRANÇA-PORTUGAL

Natércia da Mota, Fernando Cerqueira e Lúcia Carvalho, administradores da Lusatec

bastante dispendiosos e a rentabilidade não é muito elevado. Mas, reconheço, que é muito importante e a Lusatec aprecia muito os seus clientes nesse alto segmento do mercado francês». Na Tour de La Villete Na área dos edifícios, é de realçar a intervenção da Lusatec na área da Porta de La Villette, onde presta serviço no renomado YXIME Building – Tour La Villete, em Paris. Na capital francesa, a empresa comandada por Fernando Cerqueira também já angariou as escolas (liceus) Janson de Sailly e Chaptal, respectivamente. Questionado se não estará futuramente na mira da empresa entrar na área universitária, o empresário não descartou essa hipótese, mas logo referiu que «temos de ir passo a passo, embora tenhamos estruturado a Lusatec para ter a dimensão suficiente para termos novos clientes. Se aparecer hoje ou amanhã novos e importantes clientes em dimensão, estamos devidamente capacitados para responder aos desafios».

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Poderemos estar em Portugal Questionado também se pondera estender a actividade da Lusatec a Portugal, Fernando Cerqueira não nega essa hipótese, pois a chegada de várias marcas de luxo ao nosso país, particularmente à Avenida da Liberdade, em Lisboa, «onde a Gucci possui um franchising mas pondera reaver a loja para uma intervenção própria e directa, e como eles pretendem selecionar duas ou três empresas que lhes prestem serviço em qualquer parte da Europa onde estejam presentes, será, pois, natural que venhamos a acompanhar esse movimento no caso de a Gucci passar futuramente a estar directamente em Portugal», sublinha o responsável da Lusatec. Quanto ao futuro, perguntámos a Fernando Cerqueira se a Lusatec não possui a ambição de chegar ao primeiro lugar na área do luxo. O empresário sorriu de forma misteriosa, mas preferiu referir que «naturalmente todos desejamos crescer, embora neste momento a Lusatec esteja essencialmente na chamada “velocidade de cruzeiro”, mas podemos vir a conseguir

reaver um cliente de grande prestígio, que já foi anteriormente nosso cliente, e caso assim seja, poderemos melhorar a nossa posição». Estará aqui, talvez, a chave da luta pela liderança do tal sector do luxo na Grande Paris no que às empresas de limpeza industrial diz respeito. O desvendar da equação poderá ficar para a próxima edição da País Económico No entanto, Fernando Cerqueira não deixou de apontar que a empresa pretende naturalmente crescer e elevar a sua quota de mercado. «Poderá acontecer no futuro virmos a adquirir alguma pequena empresa, até que nos faça ter uma presença mais efectiva em países vizinhos da França. É uma possibilidade, mas não estamos neste momento a equacionar nenhuma coisa em concreto. Vamos ver », finalizou o empresário português, que se afirma «um patriota de primeira, e por isso é que colocámos o nome de Lusatec à nossa empresa. Temos cerca de 200 colaboradores e cerca de 80% são portugueses ou de origem portuguesa. E aqui dentro fala-se português»! Chapeau. ‹

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› DOSSIER FRANÇA-PORTUGAL

NOTÍCIAS

Ecoslops investe 14 milhões em Sines

Hotel Campanille Taverny ***

L

ocalizado numa zona muito agradável, a apenas 20 quilómetros da cidade de Paris, o Hotel Campanille em Taverny dista apenas cerca de 300 metros da Autoestrada A 115, além de possui acesso muito fácil aos aeroportos Charles de Gaulle (Paris) e de Beauvais. Esta moderna unidade hoteleira possui 77 quartos, todos equipados com telefone, internet. O restaurante do hotel está aberto para almoços e jantares, oferecendo aos clientes um conjunto de pratos tradicionais e de cozinha internacional, além de oferecer uma carta de vinhos de excelente nível. Procurado sobretudo por clientes empresariais durante o período da semana de trabalho, o Campanille Taverny dispõe de uma sala de reuniões e eventos capaz de acolher entre 15 a 20 pessoas devidamente acomodadas. Também é procurado por muitos turistas

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estrangeiros em busca de descobrir as velezas da região e de visitar a cidade de Paris. A todos os clientes o hotel oferece uma equipa de profissionais altamente competentes e atenciosos, dirigidos pelo Senhor Franck Melin, Director, e por Vanessa Collette, Sub-directora da unidade de Taverny. A revista País Económico foi recebida de forma muito profissional e com inexcedível simpatia por toda a equipa do Hotel Campanille Taverny, a quem expressamos os nossos agradecimentos. Etablisement situe dans un cadre três agréable à environ 20 kilomètres de Paris, l’hôtel dispose de 77 chambres équipées de TV et internet, à 300 m de l’autoroute A 115 avec um accès direct aux aéroports de Roissy Charles de Gaulle et Beauvais. Fort d’une occupation à 75% par une clientele d’affaire, l’hôtel Campanille est aussi très recherché par les groups touristiques désireux de visiter la capital. Une clientèle locale s’y retrouve également autor d’une restauration traditionelle qui offer un choix de plats à la carte, renouvelés au fil des saisons. Le restaurante accueille jusqu’a 60 personnes et l’établissement dispose dune sale de reunion qui accueille de 15 à 20 personnes. Excellent service profissionnel dirigé par Mr. Melin Franck, directeur, et Madame Helmer Vanessa – sous directrice. Pais Económico a été reçu chaleureusement par une sympathique equipe et la direction. ‹

A Ecoslops, empresa francesa especializada no tratamento e reciclagem de resíduos específicos de navios, está a realizar um investimento de 14 milhões de euros na evolução tecnológica da ETAL – Estação de Tratamento de Águas de Lastro dos navios, e que está localizada no interior do terminal de Granéis Líquidos do Porto de Sines. Segundo a empresa francesa, trata-se de efectuar uma profunda intervenção de “revamping”, que inclui a instalação de uma unidade, cujos trabalhos deverão decorrer até ao final do corrente ano. Esta nova unidade da ETAL será fortemente automatizada e serão criados 35 novos postos de trabalho directos para a sua operação em regime de turnos. Um dos aspectos mais relevantes deste investimento é o da instalação de um novo processo inovador de tratamento dos slops, exclusivo a nível mundial, que junta ao processo tradicional de decantação, para a separação da água dos óleos, o tratamento da água com recurso a tratamento biológico. Com este investimento, a unidade de Sines ficará com uma capacidade de recolha e tratamento de 87 mil toneladas de slops por ano. ‹

Conforama quer chegar às 10 lojas em Portugal A Conforama pretende chegar às 10 lojas em Portugal já dentro de três anos, anunciou recentemente Manuel Estévez, director-geral da Conforama Ibérica, acrescentando que o investimento para atingir esse objectivo deverá atingir os 20 milhões de euros e criar 240 novos postos de trabalho até 2017. Em Setembro deste ano, no decurso deste plano, a marca francesa vai já chegar à Madeira com a abertura do seu espaço na cidade do Funchal. Segundo Manuel Estévez, «sabemos que estes são momentos difíceis para a economia portuguesa e, por isso, este investimento faz parte da nossa estratégia de expansão para reforçar o posicionamento da merca no mercado mobiliário. Queremos alcançar o segundo lugar na venda de mobiliário e decoração em Portugal». A nível mundial, a Conforama conta actualmente com uma rede de 272 lojas, incluindo 206 em França e 66 distribuídas por Portugal, Espanha, Suíça, Luxemburgo, Malta, Itália e Croácia. ‹

PrimelT contrata em França A PrimelT, empresa 100% portuguesa, está num processo de contratação de 150 pessoas, das quais 40 serão dirigidas para França, a fim de trabalharem na Prime Engeniering, localizada em Paris. De acordo com Ricardo carvalho, CEO Founder do Grupo PrimelT Consulting, «o maior activo da empresa são os colaboradores e este projecto vai permitir-nos reforçar de forma sustentada a equipa, estreitando a relação entre a empresa e os candidatos». ‹

Brisa alia-se à francesa Egis A empresa de mobilidade da Brisa localizada na Holanda, a BNV Mobility, concretizou uma parceria com a líder mundial do sector da engenharia e das operações de serviços, a francesa Egis. A BNV Mobility foi criada em 2011, e tem concretizado projectos para descongestionar o trânsito nos arredores da cidade holandesa de Roterdão, uma das maiores cidades do país. Segundo Rik Joosten, presidente executivo da Egis Projects, os serviços da BNV Mobility «são um excelente complemento» para a marca francesa nos 2.400 quilómetros de operação e manutenção de estradas. Já para Daniel Amaral, director executivo da Brisa, a entrada da Egis permite «adicionar valor ao projecto» da BNV Mobility. ‹

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› DOSSIER FRANÇA-PORTUGAL Luís da Rocha, Director Internacional do Santander Totta – Representação em França

Apoiamos quem queira investir em Portugal O Banco Santander Totta está em França desde os finais dos anos oitenta possuindo escritórios de representação nas cidades de Paris e de Lyon. Luís da Rocha é o responsável da operação do banco em França, e nesta entrevista sublinha o grande apoio que a instituição presta aos cidadãos de origem portuguesa em terras gaulesas. Por outro lado, o responsável do banco aponta também as grandes oportunidades que neste momento se deparam a quem pretende investir em Portugal, sempre portugueses a residir em França, sejam mesmo os muitos reformados franceses que aproveitando as vantagens fiscais proporcionadas por Portugal estão a escolher o nosso país para aqui se instalarem ou comprarem imobiliário. Há quantos anos está presente o Santander Totta em França? Qual é a dimensão (em termos de agências e pessoas) do banco em terras gaulesas?

O Banco Santander Totta, que resulta da fusão dos antigos Totta & Açores e Crédito Predial Português com o Banco Santander (Portugal), está em França desde finais dos anos 80 e tem actualmente dois Escritórios de Representação, um em Paris e outro em Lyon, contando com um total de seis colaboradores. A razão da nossa presença é a nossa comunidade muito numerosa e fortemente ligada a Portugal. Entendemos que os Escritórios de Representação são a forma que melhor permite apoiar os que residindo em França nos privilegiam com as suas contas em Portugal porque, não tendo actividade de banca global local, não se dispersam noutros objectivos. A comunidade portuguesa em França é muito expressiva em termos numéricos. Essa comunidade é o primeiro público-alvo do banco em França? Existem outros públicos e segmentos de negócios onde o Santander Totta também possui uma presença expressiva em França?

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Nós dirigimo-nos sobretudo à comunidade portuguesa. No entanto, estamos abertos a todos os que pretendam ter ligações com Portugal e por essa razão necessitem de aí ter uma conta, não obstante a sua origem.

ta tem acompanhado na sua operação francesa as mudanças que se registam no mercado e na sociedade?

Santander Totta atento às necessidades dos clientes

É verdade que os últimos anos têm sido marcados pelo incremento de novos emigrantes que chegam normalmente com empréstimos em curso que pretendem honrar e que se viram na contingência de ter de sair de Portugal devidos ao momento que o país atravessa. O Santander Totta desde cedo criou soluções para os clientes que atravessam dificuldades temporárias e os clientes de França não são excepção. Por outro lado, ao chegarem a França os clientes contam com a ajuda dos Escritórios de Paris e Lyon para informações relacionadas com a realidade francesa. O Santander Totta acompanha com muita atenção a evolução do mercado e por esse motivo criou a Super Conta Residentes no Estrangeiro que inclui uma série de vantagens específicas para este segmento.

Com a chegada de novos emigrantes

A diáspora empresarial portuguesa em

Conforme já referimos, nós trabalhamos apenas com os clientes que têm contas em Portugal. As empresas da diáspora precisam sobretudo de contas em França e por esse motivo não as podemos apoiar directamente. No entanto, sempre que uma empresa queira instalar-se em Portugal e para isso precise de uma conta, pode contar sempre com o maior apoio dos nossos Escritórios.

portugueses a França, chegam também

França é também muito significativa. O

Recentemente realizou-se a terceira

certamente novas exigências e necessi-

Santander Totta trabalha com muitas

edição da Feira do Imobiliário e do Turis-

dade de introdução de novos produtos

dessas empresas da diáspora de origem

mo de Portugal em Paris. Como avalia o

para os vossos clientes. O Santander Tot-

portuguesa em França”?

interesse que o mercado imobiliário por-

Quais os principais produtos financeiros comercializados pelo banco nesse país?

Um Escritório, por definição, não comercializa produtos financeiros. Trata-se de uma estrutura complementar de ligação à rede de balcões em Portugal e esses sim comercializam os referidos produtos. Podemos, no entanto, adiantar que os clientes que nos contactam procuram sobretudo informações sobre soluções de poupança e créditos imobiliários mas também sobre cartões e netbanco – serviço que permite acesso fácil às contas através da internet.

tuguês está a despertar junto dos franTotta nesse desafio de apoiar as transa-

franceses poderá beneficiar, constituem um potencial de crescimento neste mercado muito interessante.

ções de aquisições imobiliárias entre os

Como avalia o futuro da presença do

dois países?

Santander Totta no mercado francês?

Avaliamos com muito interesse. Portugal dispõe de óptimas infraestruturas e condições de vida, com bom clima, sem problemas de segurança ou conflitos étnicos, boa gastronomia e hospitalidade e tudo isto a duas horas de avião de Paris. Estes factos aliados ao stock imobiliário actualmente disponível e às vantagens fiscais que uma grande parte dos reformados

Com confiança. A nossa comunidade, não obstante já ser madura, continua a cultivar hábitos de poupança e ligação a Portugal. Por outro lado, a recente vaga de emigração tem contribuído para algum rejuvenescimento e agora o interesse dos franceses em instalarem-se em Portugal veio reforçar a razão da nossa presença. ‹

ceses e como se posiciona o Santander

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› DOSSIER FRANÇA-PORTUGAL Alberto Alves, Administrador da Portugal des Saveurs

Os produtos portugueses de alta qualidade são reconhecidos pelos franceses Está há muitos anos em França e começou a trabalhar na área do comércio da importação de produtos portugueses em Julho de 1980. Alberto Alves é um dos dois sócios e administradores da empresa Portugal des Saveurs, especializada na representação de marcas portuguesas para o mercado francês. Casal Garcia e Aveleda constituem símbolos estratégicos na presença da Portugal des Saveurs no mercado francês. Que é cada vez menos um mercado étnico dirigido especificamente aos portugueses, mas que se alarga para o cada vez maior número de descendentes de portugueses e mesmo dos franceses. O empresário lusitano é crítico da postura de muitas empresas portuguesas que querem “dispensar” os tradicionais representantes em França, «e depois não existe acompanhamento dos produtos e estes, em muitos casos, acabam por não se venderem», enfatiza Alberto Alves. No entanto, destaca que cada vez mais os produtos portugueses de alta qualidade são apreciados pelos franceses, «mas é preciso uma aposta muito maior em promoção e publicidade das empresas portuguesas

A

no mercado francês», pede Alberto Alves.

lberto Alves é um homem frontal e diz claramente o que pensa. Por exemplo, que os produtos que hoje são produzidos em melhor qualidade do que anteriormente, continuam a ser entendidos pelos portugueses radicados em França da mesma forma que o eram há vinte e trinta anos, isto é, certamente mais baratos e apreciados de forma inferior aos seus congéneres franceses. Dá um exemplo sintomático. Apesar do mercado francês ser o principal mercado de exportação para o vinho do Porto, «aqui a sua presença e a competição faz-se sobretudo pelo preço, não tanto pela qualidade, como acontece por exemplos nos mercados inglês e canadiano. E isso acontece porque as marcas portuguesas produtoras de vinho do Porto não apostam fundamentalmente numa presença rele-

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vante através das suas próprias marcas e pela qualidade do produto que comercializam aqui. O mesmo poderia acrescentar relativamente a outras áreas de produtos portugueses vendidos em França», salienta Alberto Alves. Todavia, o empresário reconhece que os produtos portugueses melhorar a sua qualidade em comparação com os seus antepassados de há vinte ou trinta anos, «mas a sua percepção por parte da emigração portuguesa continua a ser a mesma de antigamente, ou seja, os produtos melhoraram de qualidade, mas os portugueses aqui continuam a vê-los como tendo de ser mais baratos e menos qualificados como eram há três décadas. Repare neste exemplo. Existem vinhos portugueses que têm ganho inúmeras medalhas, incluindo de ouro, em concursos internacionais de

vinhos, muitos deles reconhecidamente como de alta qualidade e credíveis, mas depois, esses vinhos quando aparecem aqui galardoados com todas essas medalhas e de qualidade comprovada, por vezes até bem melhores do que alguns concorrentes franceses, repito, os portugueses aqui que os consomem consideram que esses vinhos portugueses terão de ser obrigatoriamente mais baratos do que os seus congéneres franceses, apenas porque são portugueses, e porque temos de nós próprios uma ideia de coitadinhos e de produtores baratos. Precisamos de mudar essa mentalidade e terá de ser a segunda geração de descendentes de portugueses aqui em França, além dos próprios portugueses, a assumirem a liderança dessa necessária mudança de mentalidades na forma como vemos os produtos portugue-

ses no mercado francês», aponta Alberto Alves. A Portugal des Saveurs é essencialmente um representante de marcas portuguesas no mercado francês. «Representamos marcas. Por exemplo, quando representamos a marca de um determinado vinho português de uma região, não representamos qualquer outra», adianta Alberto Alves, para de seguir mencionar fundamentalmente a importância de representar em França as conhecidas marcas portuguesas Aveleda e Casal Garcia. A Portugal des Saveurs possui um só estabelecimento na localidade de La Courneuve, às portas da capital francesa, e tem como clientes sobretudo hipermercados, supermercados, lojas e restaurantes. Alberto Alves refere que a empresa fornece os supermercados que vendem produtos portugueses, mas igualmente várias cadeias de hipermercados francesas como

são os casos dos grupos Auchan, Carrefour e Makkro. Enfatizando que o consumidor francês aprecia cada vez mais a qualidade dos produtos portugueses, embora «a diferenciação exacta de que é de origem portuguesa ou quem é só francês já não é muito nítida, visto que existiram – e existem - cada vez mais casamentos de luso-descendentes com franceses, pelo que é cada vez mais extensa a população francesa com vocação para consumirem produtos portugueses», adianta. Contudo, o empresário apela directamente para que as empresas portuguesas «se consideram que os mercados internacionais, particularmente o francês, é cada vez mais importante para as suas exportações, então também precisam de entender que tem de se promover muito mais no mercado francês, fazer mais acções demonstrativas da qualidade e da excelência dos seus produtos, fazer mais publicidade em

jornais e revistas, no fundo, mostrar que os produtos portugueses nos dias de hoje podem competir com os melhores em qualidade», solicita Alberto Alves. A terminar, Alberto Alves dá a nota do contínuo seu grande afecto a Portugal, e refere que «tenho duas filhas que são francesas como continuam a consumir produtos portugueses. Esta empresa é uma construção para o presente e para o futuro. Por isso, tanto eu como o meu sócio, temos preparado as minhas duas filhas, e o seu filho, para a seu tempo, tomarem conta da empresa e do negócio. E certamente que o vão fazer crescer. Os portugueses desta segunda geração estão muito melhor preparados do que a geração anterior para fazer evoluir o comércio. Certamente que o relacionamento comercial entre a França e Portugal vai beneficiar com isso», termina o empresário lusitano. ‹

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› DOSSIER FRANÇA-PORTUGAL

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Tina Dumont, Administradora da R. Dumont & Fils

Uma portuguesa na Região do Champanhe Tina Dumont é originária do distrito da Guarda, em Portugal, mas há muitos anos rumou a França para ensinar português aos filhos de emigrantes. Foi parar à região da Champagne, na França profunda, mais propriamente à pequena cidade de Bar Sur Aube, onde existia uma pequena comunidade portuguesa. Aí ensinou a língua de Camões e aí casou, tendo resultado desse matrimónio dois filhos. Pelo casamento ficou ligada à prestigiada empresa R. Dumont & Fils, produtora de champanhe desde há três séculos. Actualmente, está no comando da empresa em conjunto com um cunhado e um primo, onde produzem alguns dos mais afamados néctares produzidos na região e para onde comercializam não apenas para o próprio mercado francês, bem como para vários outros países. Tina Dumont continua a vir várias vezes por ano a Portugal, referindo que «para mim é um refúgio, uma forma de recarregar as baterias Preciso de ser Portuguesa para

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me sentir bem Francesa».

família Dumont produz champanhe há três séculos, sempre registando uma constante evolução, dando-se em 1985 uma nova fase na vida da empresa com a construção de uma nova adega e novas caves, proporcionando condições operacionais e tecnológicas muito mais avançadas. A R. Dumont & Fils é aquilo a que os franceses designam por “Propriétaire Récolant”, ou seja, são proprietários das vinhas, das caves onde se elabora e produz o champanhe, bem como comer-

cializa a seguir o próprio produto. Como sublinha Tina Dumont, «fazemos tudo de A a Z, desde o início nos 25 hectares até à produção e comercialização das cerca de 200 mil garrafas anuais que produzimos». A produção é sobretudo comercializada em França, sento igualmente exportada para países como os Estados Unidos, Inglaterra, Suíça, Bélgica, Luxemburgo e Itália. As exportações já representam actualmente cerca de 35% da produção da empresa. A empresa produz na AOC Champagne três castas de uvas, res-

Agrocluster do Ribatejo promoveu produtos em Paris

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um evento organizado pelo Agrocluster Ribatejo, decorreu no passado dia 27 d Maio, na sala Vasco da Gama, em Créteil, próximo de Paris, na gala denominada “Portugal Gourmet” foram promovidos um largo conjunto de produtos portugueses, numa iniciativa pouco comum em terras gaulesas que permitiu juntar várias estrelas Michelin para promover uma fusão das cozinhas portuguesa e francesa, e que possibilitou igualmente divulgar internacionalmente alimentos gourmet portugueses. A iniciativa inseriu-se no projecto “Portugal Gourmet Plaisir Insensé”, que decorreu na capital francesa com o apoio da Embaixada portuguesa em Paris e da delegação local da Aicep. No seu âmbito foram vários os produtos alimentares portugueses de alta qualidade, e que visou dar um reconhecimento cada vez maior dos alimentos portugueses, permitindo nomeadamente consolidar o aumento das exportações do sector registado nos últimos anos. Antes do evento em Créteil, decorreu na própria Cidade Luz, mais propriamente no espaço L’evenement Gourmet, uma Master Classe orientada pelos chefs Michelin Miguel Laffan e Serges Vieira,

onde foram apresentadas propostas inovadoras de fusão das duas cozinhas, e onde assistiram cozinheiros, bloggers culinários, jornalistas e alunos de escolas de hotelaria parisienses. ‹

pectivamente, Pinot Noir e Pinot Meunier, que são uvas pretas, mas esmagadas rapidamente onde se obtém sumo branco, e Chardonay, que é uma uva branca e obtém também um sumo branco. Segundo a administradora, a empresa produz um puro Blanc de Blanc, 100% chardonay, um outro 100% pinot noir, bruto natural, isto é, isento de licor de expedição, um terceiro que é um Blanc de Noir Vintage 2000, seguindo-se um champanhe Rosé puro Pinot. Destaque ainda para um champanhe Meio Doce, que é uma mistura Pinot Chardonay e finalmente a seleção principal 90% Pinot e 10% Chardonay. ‹

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› ECONOMIA IBÉRICA

EDITORIAL Retoma ou não retoma parece ser a pergunta das últimas semanas, mas só sabemos com segurança que, por um lado, há sinais esperançosos, e, por outro, que o esforço para transformar esses sinais em postos de trabalho ainda será grande. No CPNG deste mês apontamos algumas notícias que indiciam essa recuperação, como o aumento de sociedades constituídas, e outras que fazem jus ao dito “a união faz a força”, como o alargamento da Euro-região Galiza-Norte de Portugal. Enquanto chegar a retoma efetiva, convém não perder de vista o que já foi conquistado e continuar a construir sobre esta base. Como sempre, as dúvidas e sugestões são bem-vindas em lisboa@avinalabogados.com. FINANCIAMENTO ATRAVÉS DO ICO

Uma das maiores preocupações atuais das empresas, tal vez a maior, tem a ver com o financiamento dos seus projetos, nomeadamente, a falta dela ou as condições onerosas de acesso. Os recursos alternativos nem sempre são viáveis o que pode determinar a morte prematura de um projeto. Em Espanha há uma instituição que pode proporcionar uma saída a esta situação difícil: o Instituto de Crédito Oficial (ICO). O ICO é um banco público que depende do Ministério de Economia, com natureza jurídica de entidade de crédito, e com personalidade jurídica, património e tesouraria próprios. Oferece vários tipos de linhas de crédito, quer para atividades nacionais ou internacionais. No primeiro grupo encontramos, por

I.- GALIZA E EURO-REGIÃO GALIZA-NORTE DE PORTUGAL

exemplo, a linha “Empresas e Empreendedores 2014”, “Inovação Fundo Tecnológico 2013-2015”, “Comércio a retalho 2014” ou “Comércio Interior 2014-2015”. No segundo grupo, dispõe da linha “Internacional 2014”, “Exportadores Curto Prazo 2014” e “Exportadores Médio e Largo Prazo 2014-2015”. Cada linha tem características próprias: período de amortização (que pode atingir até 20 anos), montantes emprestados, período de carência e taxas de juro. As candidaturas são apresentadas junto das entidades de crédito privadas, as quais determinarão o tipo de garantia a prestar, se for o caso. Quando uma operação é formalizada a entidade de crédito privada deve, obrigatoriamente, entregar o montante total à empresa, não sendo possível o seu fracionamento. Porém, após a sua formalização, a entidade não pode mudar de entidade de crédito. Convém saber que uma empresa não espanhola sem sede social em Espanha pode apresentar uma candidatura ao ICO. Na linha “Empresas e Empreendedores 2014”, por exemplo, o financiamento deverá servir para uma atitvidade produtiva em Espanha; na linha “Exportadores Médio e Largo Prazo 2014-2015”, para adquirir bens ou serviços exportados por uma empresa espanhola. Portanto, as empresas portuguesas têm à sua disposição mais uma ferramenta financeira, em condições mais vantajosas e para um amplo leque de atividades. Uma oportunidade a não perder.

AUMENTA O NÚMERO DE NOVAS EMPRESAS NA GALIZA No mês de Março foram constituídas 444 novas sociedades na Galiza, todas elas na modalidade por quotas, o que supõe um aumento de 21,3 % relativamente ao ano de 2013. O total na Espanha durante esse mês foi de 9.516 sociedades constituídas, o que significa um aumento de 2%. RECORDE DE VENDA DE PEIXE FRESCO EM VIGO A Lota do Porto de Vigo comercializou no mês de Março um total de 5.168.314 quilos de peixe fresco. Esta comercialização resultou numa faturação de 12,9 milhões de euros e reforça a posição do Vigo como principal porto pesqueiro espanhol.

EURO-REGIÃO GALIZA-NORTE DE PORTUGAL COM NOVOS ALIADOS No passado 9 de Maio, a região espanhola das Astúrias e a Região Centro assinaram a sua integração na macroregião. Com estas novas incorporações a Euro-região ganha em visibilidade, pois já estão presentes o Norte de Portugal, a Galiza e Castela e Leão, o que lhes permitirá a todas optar a mais apoios europeus no futuro.

Antonio Viñal Menéndez-Ponte Antonio Viñal & Co. Abogados. Lisboa lisboa@avinalabogados.com

II.- APOIOS E SUBVENÇÕES ACESSO AO FINANCIAMENTO OPERATIVO PRAZO: Até 31 de Outubro de 2014 OBJETIVO: Facilitar o acesso ao financiamento para as pequenas e médias empresas. BENEFICIÁRIOS: Pequenas e médias empresas, pessoas singulares, agrupamentos de pessoas singulares ou coletivas, comunidades de bens. VALOR DA AJUDA: A ajuda será outorgada sob forma de garantia, a qual consistirá num reaval do Instituto Galego de Promoción Económica (IGAPE) durante a vigência da operação de empréstimo. AJUDAS PARA A ABERTURA DE NOVOS ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS PRAZO: Até 30 de Junho de 2014 OBJETIVO: A abertura de novos estabelecimentos comerciais. BENEFICIÁRIOS: Comerciantes que sejam pessoas singulares ou coletivas, públicas ou privadas sem personalidade jurídica, comunidades de bens ou qualquer outro tipo de unidade económica, legalmente constituídas que desenvolvam a sua atividade na Galiza, que empreguem no mínimo 10 trabalhadores, que figurem no Registo Galego de Comércio ou tenham a pedido a sua inscrição. DESPESAS PASSÍVEIS DE APOIO: Serão despesas passíveis de apoio o acondicionamento de local comercial, a melhora da imagem exterior e aquisição de mobiliário e equipamento, investimentos em tecnologias da informação e comunicação. ‹

EVENTOS E FEIRAS

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DATA

EVENTO

LUGAR

20 – 22 MAIO

BROADCAST (Salão profissional internacional da tecnologia audiovisual)

Madrid

20 – 22 MAIO

NAVALIA (Feira internacional da indústria naval)

Vigo (Pontevedra)

20 MAIO – 1 JUNHO

SPORTS UNLIMITED VALENCIA

Valencia

22 MAIO – 1 JUNHO

SALÓN DEL AUTOMÓVIL DE MADRID

Madrid

2 – 7 JUNHO

BIEMH (Bienal espanhola da máquina-ferramenta)

Bilbao (Vizcaya)

3 – 5 JUNHO

SIL (Salão internacional da logística e da manutenção)

Barcelona

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› A FECHAR

Em primeiro plano, Fernando Negrão, presidente do Grupo Parlamentar de Amizade Portugal/Arábia Saudita, Mansour Saleh Al Safi, Embaixador da Arábia Saudita, e o deputado saudita Assaf Aboethnin

Deputados sauditas visitaram Portugal Um grupo de deputados do parlamento da Arábia Saudita (Shura) visitaram Portugal no final de Maio, onde tiveram a oportunidade de visitarem a Assembleia da República e aí se reunirem com os seus homólogos portugueses do Grupo Parlamentar de Amizade Portugal/ Arábia Saudita, liderada pelo deputado Fernando Negrão. A delegação parlamentar saudita foi formada por onde deputados, entre os quais uma deputada, tiveram a oportunidade de debaterem com os seus colegas portugueses formas de aprofundar as relações políticas e parlamentares entre os dois países, bem como analisaram formas de se aprofundar as relações económicas entre Portugal e a Arábia Saudita. Aliás, nesse sentido, os deputados da Arábia Saudita encontrara-se durante os três dias que permaneceram no nosso país com vários membros do governo, onde a tónica do aprofundamento e desenvolvimento das relações entre ambos os países, com especial realce na esfera económica esteve bem evidente. No final da visita, os deputados sauditas e os seus homólogos portugueses trocaram lembranças numa cerimónia que ocorreu na residência oficial do embaixador da Arábia Saudita em Portugal, o embaixador Mansour Saleh Al Safi. ‹

3ª Edição da Corrida VW Autoeuropa No próximo dia 22 do corrente será realizada a terceira edição da Corrida VW Autoeuropa, que decorrerá num percurso de doze quilómetros e que pela primeira vez partirá da vila de Palmela, terminando como habitualmente nas instalações da fábrica da empresa na Quinta da Marqueza, também no concelho de Palmela. Esperando novamente uma elevada participação, tanto de colaboradores e familiares destes, bem como de populares, esta corrida tem a caraterística muito especial de decorrer em grande medida no interior de uma unidade industrial, no caso, da própria fábrica onde se produzem as viaturas automóveis que a VW Autoeuropa exporta para várias partes do mundo. Será, certamente, uma corrida a não perder. ‹

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Vicaima equipou Sofitel no Dubai A Vicaima acabou de ser a empresa selecionada para equipar o Sofitel Dubai Downtown, nos Emirados Árabes Unidos, a mais recente unidade da cadeia hoteleira Sofitel Luxury Hotels. A empresa com sede em vale de Cambra forneceu para os vários espaços do hotel soluções taylormade, que incluem portas, aros e painéis de revestimento. Segundo Arlindo da Costa leite, presidente da Vicaima, «somos, cada vez mais, reconhecidos como um dos principais players internacionais e no Médio Oriente já conquistámos diversos empreendimentos de luxo e isso é reflexo do know how e qualidade da produção nacional. O Sofitel Dubai Downtown é, sem dúvida, um dos mais relevantes projetos para a Vicaima». A Vicaima foi a empresa responsável pelo fornecimento dos painéis de revestimento, peças para mobiliário, roupeiros e rodapés para aquela terceira unidade no Dubai. Este projeto junta-se, assim, a outros conquistados pela empresa portuguesa no Médio Oriente, como o Central Market Abu Dhabi ou o Standpoint Burj Dubai. ‹

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› HEAD

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