Guia de Estudos Elaborado por: Júlia Vasconcelos & Leoni Rezende Revisado por: João Paulo Cabrera, Ana Beatriz Azevedo & Vitor Lopes Design e Diagramação: Wendel Anthuny Supervisão: João Paulo Cabrera.
Sumário
Carta aos Delegados............................................................................ 4 Direitos Humanos ............................................................................... 6 Hugo Chavez e o Chavismo ................................................................. 7 Venezuela Atual .............. ................................................................ 11 Posicionamento dos Países ............................................................. 15
Carta aos delegados Senhores delegados, É com um imenso prazer que abrimos a segunda edição do CEAMAP. A Guerra da Caxemira é uma crise que se estende há décadas. Localizada no subcontinente Indiano, a Caxemira tem sido palco de guerras entre a Índia e o Paquistão, que lutam pelo seu território desde o fim da colonização britânica. O Conselho de Segurança precisa agir urgentemente. Não podemos deixar as relações entre as nações continuem se desgastando. Cabe a vocês, senhores diplomatas, tentar achar uma resolução para esse conflito. Peço aos senhores que procure informações além das contidas no guia. Esperamos um debate produtivo e que finalmente cheguemos a uma resolução em relação ao tema de extrema preocupação internacional. Agradecemos a todo o Secretariado por acreditarem em nós com a responsabilidade de criar um comitê como esse.
Atenciosamente, seus Diretores, Weverton Bonfim e Max Silva.
1. Introdução à Organização das Nações Unidas A Organização das Nações Unidas, criada em 1945, tem como finalidade basilar o Impedimento de conflitos, principalmente de grandes proporções, como a Segunda Guerra Mundial. Além da promoção da paz, é pretendido pelo escopo da ONU: o Desenvolvimento pacífico das relações entre os países e o progresso nos âmbitos social e econômico dos paísesmembros. (UN, s.d.). A Carta das Nações Unidas foi concebida por representantes de 50 Estados presentes na Conferência de São Francisco (1945). Contudo, a Organização das Nações Unidas passa a existir, de fato, no dia 24 de outubro daquele mesmo ano, quando 51 Estados ratificaram a Carta, oficializando a criação da ONU (UN, s.d.). A Organização das Nações Unidas possui seis órgãos principais que são a base de sua estrutura e responsáveis pelo seu funcionamento: (1) o Conselho de Segurança, (2) a Assembleia Geral, (3) o Conselho Econômico e Social, (4) o Conselho de Tutela (este esvaziado, desde 1994), (5) a Corte Internacional de Justiça e (6) o Secretariado. Cada um dos órgãos
supracitados tem sua atuação focada em diferentes âmbitos da política internacional ainda que, na maioria dos casos, seus trabalhos estejam interligados (UN, s.d.).
1.1. Introdução ao Conselho de Segurança O Conselho de Segurança, fundado em 1946, é o principal órgão da ONU no que diz respeito à manutenção e garantia da paz e segurança internacional. É composto por cinco membros permanentes – Estados Unidos da América, Federação Russa, República Popular da China, Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, República Francesa – e mais dez membros não permanentes, estes com mandatos de dois anos de vigência e respeitando uma lógica geográfica e equitativa. Os membros não permanentes são determinados por grupos regionais e validados pela Assembleia Geral. Ao passo que os grupos regionais das Américas, da Europa Ocidental, da Ásia e da África escolhem dois membros cada, o grupo regional da Europa Oriental escolhe um membro e a última posição é alternadamente, em cada período de dois anos, da Ásia ou da África (UNSC,s.d.).
Cada membro do Conselho de Segurança possui direito a um voto. As decisões sobre questões procedimentais necessitam de nove votos afirmativos em meio aos quinze membros. As questões substanciais também precisam de nove votos afirmativos, incluindo o dos cinco membros permanentes. É também permitido que as delegações abstenham-se das votações ou se declarem como não participantes do processo de votação. Deve-se destacar que os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança detêm o direito do “voto especial”, desta forma, caso algum dos supracitados apresentem voto contrário a um projeto de resolução, o mesmo não será aprovado (UNSC, s.d.). De acordo com a Carta das Nações Unidas (1945), todos os seus constituintes assentam em concordar e cumprir com as decisões do Conselho. O Conselho funciona permanentemente e qualquer Estadomembro da ONU, ainda que não pertença ao Conselho de Segurança como membro, pode tomar parte dos debates, sem direito a voto, se o primeiro considerar que os interesses do Estado em questão estejam sendo especialmente afetados (UNSC, s.d.). Quando surge alguma situação de conflito ameaça à paz e a segurança internacional, primeiramente o Conselho recomenda que as partes tentem chegar a um acordo pacífico para a resolução do problema. Em casos em que isso não é possível, o Conselho toma para si a responsabilidade e utiliza as
ferramentas necessárias para iniciar um procedimento de mediação. Para isso, podem ser enviados negociadores ou até mesmo o Secretário Geral em alguns casos. Em situações em que não se consiga resolver as disputas diplomaticamente, e as tensões evoluam a uma situação de conflito armado, o Conselho pede para que as partes encerrem o conflito e cessem fogo. Nesse âmbito, as operações de peacekeeping acabam merecendo um olhar mais detalhado, uma vez que são um instrumento usado pelo Conselho de Segurança a fim de reduzir as tensões em áreas de conflito, manter os atores belicosos afastados e criar condições para a retomada do diálogo. O Conselho também pode optar por sanções econômicas, embargos ou ação militar coletiva. Contudo, os Estados em conflito ainda podem se opor, de maneira negativa, vindo a prejudicar certas ações preventivas realizadas pelo Conselho. Caso isto ocorra, eles podem sofrer uma suspensão do seu exercício como membro, não desfrutando mais dos 6 direitos que acompanham a participação na ONU. Se o membro mesmo assim persistir em se colocar contra o Conselho e violar os princípios da Carta da ONU ele poderá ser expulso da Organização das Nações Unidas pela Assembleia Geral, por recomendação do Conselho de Segurança. De acordo com a Carta das Nações Unidas, as funções e poderes que competem aos membros do Conselho de Segurança, são: Manter a paz e a
segurança internacional de acordo com os princípios da ONU, capítulos VI e VII. Devem também investigar qualquer situação que possa levar a um possível conflito, recomendando assim, as formas pelos quais se deve tentar chegar a uma resolução pacífica, formulando planos e demandando de outros membros a aplicação de sanções econômicas que sejam vitais para prevenir a deflagração de conflito. Ao mesmo tempo, devem tomar ações mais enérgicas em termos militares contra uma agressão, caso entendam tal atitude como necessária. No artigo 26 da Carta, o Conselho recebe uma responsabilidade adicional ao ser encarregado de desenvolver planos para o estabelecimento de um sistema para a regulação de armamentos. Recomendar a admissão de novos membros também faz parte dos deveres dos membros do Conselho de Segurança assim como recomendar à Assembleia Geral a indicação do Secretário Geral e eleger os juízes da Corte Internacional de Justiça. Estrutura do Conselho de Segurança Dessa forma, podemos dividir o Conselho de Segurança em três comitês e cada um com representantes dos Estados membros. Esses comitês são: o comitê de admissão de novos membros, o comitê de
reuniões fora dos quartéis-generais e o comitê de especialistas. Além disso, há um comitê Ad Hoc, convocado quando necessário, para debater questões pontuais. Também podemos mencionar o comitê de sanções, responsável por medidas que visem restabelecer a paz e a segurança internacional. Tais medidas incluem aspectos econômicos, principalmente, sem envolver o uso de força armada. O Conselho faz uso das sanções mandatórias como uma ferramenta, quando os esforços diplomáticos se esgotarem. O Conselho de Segurança também possui os Grupos de Trabalho, sendo estes destinados a lidar com questões específicas. Dessa forma, tais grupos lidam com as questões técnicas, desenvolvendo recomendações e maneiras gerais de aumentar a efetividade das sanções da ONU. Dentro destes grupos, presta-se detalhe às missões de peacekeeping, que visam auxiliar os países que se encontram na dolorosa transição de condições belicosas para condições pacificas. Tais missões são guiadas por três princípios básicos: consenso das partes, imparcialidade e o não uso da violência, a não ser em casos de autodefesa e defesa do mandato.
2. Fim da Colonização Britânica e a Criação dos Estados A independência indiana teve início em 1885, quando movimentos intelectuais indianos se mostraram favoráveis ao fim da colônia britânica porém não tiveram muita relevância em sua história. Ao fim da Segunda Guerra Mundial, a Inglaterra se mostrava enfraquecida economicamente, o que significava que ela não teria forças para manter suas colônias. Os movimentos sociais na Índia não tinham compatibilidades ideológicas entre Hindus e Muçulmanos. No meio de tantos grupos, um se destacava com um grande número de hindus chamado Quit India, liderado por Mahatma Gandhi e adotava uma postura pacifica. Em 1947, a Índia conseguiu sua independência em troca de que entrasse na Commonwealth, Isso também resultou na criação de dois novos Estados devido as divergências religiosas com os hindus criando a Índia, e os muçulmanos criando o Paquistão.
2.1. Primeira guerra Indo-paquistanesa A Primeira Guerra Indo-Paquistanesa ocorreu ainda em 1947, em relação ao controle da região de Jammu e Caxemira. Após a retirada das forças britânicas das terras indianas, os principados deveriam escolher qual território se anexaria, o lado indiano hindu, ou o lado paquistanês Islâmico, da forma mais adequada. A Caxemira, com 80% de sua população muçulmana, é localizada entre Índia e Paquistão e se recusava a unir-se a ambos. Contudo, o Paquistão enviou soldados disfarçados de moradores locais para lutarem na guerra. Os paquistaneses rapidamente seguiram rumo a capital do Estado de Jammu e Caxemira. Pressionado pela força do levante, o então chefe de Estado buscou apoio da Índia para conter o progresso paquistanês. Aproveitando a situação desfavorável do marajá Hari Singh, o primeiroministro indiano conseguiu firmar um acordo onde a Índia teria livre acesso militar e econômico na Caxemira. O governo paquistanês, infeliz com o rumo da ofensiva indiana, oficializou seu envolvimento no conflito com o envio de suas tropas regulares. A índia conseguiu reaver grande parte dos territórios perdidos na caxemira e temendo um desgaste maior, seu primeiro-ministro levou o assunto para o Conselho de Segurança da ONU em 1947.
A ONU condenava veemente a intervenção paquistanesa e pediu para que ambos os países chegassem a um consenso em relação ao território. Assim, criaram a resolução 47 em que uma das cláusulas previa um plebiscito entre o povo da caxemira para resolver o futuro político entre Jammu e a Caxemira. O plebiscito nunca foi realizado, fazendo com que a Caxemira fosse anexada à Índia, e o Paquistão ficasse com 1/3 do território. A Caxemira então passou a fazer parte da Índia devido ao acordo assinado com o marajá em 26 de outubro de 1947. Mesmo com o acordo, a guerra se estendeu até 1948 e em 1949 foi estabelecido um cessar fogo com monitoria do Conselho de Segurança.
2.2 Guerra Sino-Indiana Com a crescente tensão na Caxemira e temendo um novo ataque paquistanês, o governo indiano investiu fortemente nas suas forças armadas e na militarização de suas fronteiras. Paralelamente, a China havia rompido relações com a União Soviética e suas duas províncias passavam por um período de revolta, liderado por Dalai Lama, o que a deixava insegura quanto a sua soberania e segurança.
Desde sua independência, a Índia mantinha relações cordiais com a China no intuito de afastar possíveis conflitos entre suas fronteiras, porém, devido a militarização forte na área de suas fronteiras e o asilo de Lama em solo indiano fez com que a China rompesse suas ligações com a Índia, desconfiando de envolvimento indiano em seus problemas internos e que tal estivesse ligada aos Estados Unidos. Em outubro de 1962, a China lançou suas ofensivas contra a Índia. Devido a altitude da área de conflito e a impossibilidade do uso de força aérea e naval, a guerra ficou conhecida pelo alto nível de estratégia militar. Depois da declaração chinesa de cessar fogo e da retirada de suas tropas da área, a guerra deu-se por fim em novembro de 1962, tendo a China vencedora do confronto, o que gera insatisfação na Índia até os dias atuais.
2.3 Conflitos de 1965 e 1971 Três anos após o conflito sino-indiano, a Índia volta e se envolver numa guerra contra o Paquistão pelo controle total da Caxemira. O Paquistão Infiltra guerrilheiros entre o povo nativo da Caxemira liderando uma revolta e realizando atos de sabotagem para precipitar uma insurreição do estado contra o domínio indiano. A tática recebia o nome de “Operação Gibraltar”.
Depois da perca de seu território para a China, o a Índia promoveu um reforço nas suas linhas de fogo aumentando significantemente seu poder militar. O Paquistão, não havendo conseguido a mobilização local esperada, teve suas tropas facilmente dominadas pela ofensiva indiana que decidiu fechar as fronteiras e atravessou parte da caxemira sob administração paquistanesa. Em contra partida, o Paquistão abre uma nova ofensiva atacando pelo sul da Caxemira fazendo disso um ataque surpresa. Os paquistaneses conseguem adentrar o território indiano chegando a ameaçar a ligação indiana com a Caxemira. Os indianos, numa nova resposta invade a fronteira do Paquistão, dominando Punjabi, região vizinha a capital Lahore. Os paquistaneses tentam retaliar o avanço indiano com o envio de tropas a região de Khen Karan, sem sucesso, fazendo da índia vencedora do conflito. Pouco tempo depois, as duas nações caminhavam novamente para mais um impasse. Diante de tamanha barbárie, o caso foi levado ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, criando assim, o tratado de Tashkent, que selou o fim do conflito mas não impediu a corrida armamentista entre os dois. Anos mais tarde, o Paquistão acaba por enfrentar uma crise política. O Paquistão oriental inicia uma luta por sua independência e rapidamente
acaba ganhando apoio da índia que acaba tendo influência direta. A Índia se une ao Paquistão oriental, dando treinamento e armas a um grupo chamado Mukti Bahini. Mukti Bahini era o grupo paramilitar que lutava pela independência do Paquistão Oriental, apoiado por membros exilados da Liga Awami e com sua maioria consistindo de civis, com o objetivo de afastar, junto às forças armadas de Bangladesh, a minoria ocidental do poder. O Paquistão Ocidental e o Oriental tinham em comum o Islamismo, porém era muito diferente em cultura, raça e estrutura econômica. Eles eram separados pela Índia por 1.600km. Com medo de uma ressalva de refugiados vindo da parte Oriental, a índia passa a apoiar a criação de um novo estado. Com o crescimento do clima de tensão entre os dois países, a índia, por apoiar a criação de Bangladesh, e o Paquistão, por não querer perder uma parte de seu país, ambos começaram a se concentrar na fronteira que ligavam os dois países. Numa noite do dia 3 de dezembro de 1971, o Paquistão bombardeou as principais bases aéreas indianas dando início a terceira guerra indopaquistanesa. A índia se aproveitava de ataques surpresas, o que lhes permitiam causar mais dano ao Paquistão. Mais tarde, apoiado pelo grupo
Mukti Bahini, fazendo bombardeio em cidades fronteiriças ao Paquistão, atacou as tropas ali presente. O conflito teve seu fim com a assinatura do Acordo de Simla, em 3 de Julho de 1972, por ambas as partes. O acordo estabelecia que os princípios e propósitos da Carta das Nações Unidas governariam as relações entre os dois países; que os mesmos devem resolver suas diferenças por negociações bilaterais ou por outros meios pacíficos decididos por acordos mútuos; e que em Jammu e Caxemira a Linha de Controle resultada do cessar fogo de Dezembro de 1971 deve ser respeitada por ambos os lados. Nota-se que o acordo não deixa de dar relevância à questão da Linha de Controle, estabelecida em 1947 entre Jammu e Caxemira e às regiões de administração paquistanesa. De fato, a Linha de Controle é frequentemente vista como sendo uma fronteira permanente entre as duas nações, embora o Paquistão a considere temporária e pendente a uma solução. Apesar de ambos os Estados se comprometerem a abster-se do uso da força para violar a linha, a resolução definitiva do conflito indo-paquistanês foi adiada, visto que subsistiam imensas divergências relativamente à interpretação do acordo.
3. Insurgência na Caxemira Em 1989, movimentos de revolta tiveram início entre a população da Caxemira tanto do lado governado pela Índia tanto pelo Paquistão. Os grupos se partiam em três facções ideológicas, os que eram à favor da Índia, os que eram à favor do Paquistão e os que desejavam uma Caxemira independente. Movimentos desde então são motivos de constantes trocas de acusações de ambos os lados. A Índia afirma que os rebeldes são Mujahideen afegãos, grupos associados com o extremismo islâmico, que entraram na caxemira após o final da guerra soviética-afegã. Os nacionalistas do Paquistão e Caxemira argumentam que os Mujahideens não deixaram o Afeganistão em grandes números até 1992, três anos após a insurreição começar. O Paquistão também alega que os insurgentes são cidadãos de Jammu e Caxemira e estão lutando contra o exército indiano em um movimento de independência. Afirma Também que o exército indiano está cometendo graves violações dos Direitos Humanos para os cidadãos habitantes e nega que esteja dando armamentos para ajudar os Insurgentes. A índia, por sua vez, acusa o Paquistão de administrar os grupos insurgentes e os consideram terroristas islâmicos e que lutam para Jammu
e Caxemira se integrarem ao Paquistão. Acusa também o Paquistão de dar armas aos insurgentes e treinamento em seu território, e afirma que os terroristas têm assassinado cidadãos da Caxemira e violando os direitos humanos, negando ao mesmo tempo que sua força militar é responsável pelo mesmo. Os Estados Unidos acredita que a Al-Qaeda e o Talibã estão ajudando a organizar uma campanha de terror na Caxemira. Já o Paquistão diz que há militantes estrangeiros que estão envolvidos em nome da religião.
3.1. Guerra de Kargil Quando o exército paquistanês invade parte da fronteira pertencente à Índia, dá-se início a uma nova guerra. No início o Paquistão alegava que eram insurgentes independentes da Caxemira, mas documentos encontrados juntos com os corpos dos soldados e declarações do primeiroministro paquistanês e do chefe do estado-maior do exército revelaram envolvimento de grupos paramilitares do Paquistão. Durante o inverno, é comum o exército indiano descer dos altos picos e patrulhar altitudes mais baixas, impedindo que fiscalizem da linha da fronteira como de costume. Aproveitando-se disso, os rebeldes tomaram vantagem ocupando vários pontos vagos da montanha da faixa de Kargil com vista à estrada da Caxemira indiana.
Eles pretendiam cortar a única ligação entre o Vale da Caxemira e Ladakh no que acabou sendo uma das disputas mais sangrentas dessa extensa guerra. A luta não se focou apenas em Kargil, se estendeu ao longo das fronteiras. O exército indiano junto com a sua força aérea, voltou a reconquistar o espaço que havia perdido pela infiltração de soldados paquistaneses e rebeldes. Houve apoio da oposição diplomática internacional que condenava os atos paquistaneses. Com medo da guerra acabar em lançamentos de ogivas nucleares, os Estados Unidos decidiu pressionar o Paquistão para que recuasse com as suas tropas da área de Kargil. O Paquistão, que se via cada dia mais derrotado pelo número de mortos e territórios perdidos, decidiu retirar suas tropas, acabando assim com a guerra. A Índia voltou a ter controle sobre Kargil e monitora suas áreas até hoje.
4. Territórios 4.1. China A China entrou em uma guerra com o estado indiano em 1962, as áreas em disputa eram a Aksai Chin que a Índia requisitava com parte da Caxemira e consequentemente parte do estado indiano e a região do Tibete do Sul ou Aruanachal Prandesh. A guerra, segundo Zhou Enlai tinha o único objetivo de “ensinar uma lição à Índia” (Jornal de Negócios). Após um mês de guerra, a China acenou com um cessar fogo sobre a prerrogativa de continuar com os territórios então conquistados em relação a região de Aksai Chin e recuando no Tibete do Sul. A grande questão é que a relação Sino-Indiana nunca mais foi a mesma e continua causando problemas como em 2006, onde a China diz que a área da Arunachal Pradesh é de bandeira chinesa (área que foi disputada durante a guerra entre os dois países na fronte oriental) e em 2010 quando um general indiano teve seu visto negado pelo governo chinês.
4.2 Paquistão Em relação ao Paquistão a situação é mais complicada e começou desde o fim da colonização da região. Desse território dominado surgiram dois países, estes sendo Paquistão e Índia. Para se entender o contexto da briga entre Paquistão e Índia, deve se atentar a figura do Marajá Hari Singh Bahadur, que controlava o território. Segundo os indianos, o acordo com o marajá deve ser respeitado, uma vez que ele passou a sua administração das regiões pertencentes a Caxemira para domínio Hindu. Já o Paquistão não reconhecia o Marajá como líder legítimo e utilizou de seus artifícios para reprimir de forma abrupta o povo da Caxemira. Além desta acusação ao líder da região da Caxemira, o Paquistão diz que a Índia ignorou totalmente as vontades de Junagadh de se juntar ao país islâmico e a independência de Hyderabad, que foram anexados a força pela Índia sobre o argumento de ter maioria Hindu. Outros argumentos utilizados é a maioria esmagadora de muçulmanos na região da Caxemira e que os próprios não se sentem representados por Nova Déli.
5. Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares O Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares é um acordo onde os países signatários se comprometem a utilizar armas nucleares apenas para fins pacíficos e não mais em caráter bélico. Existem divisões sobre os países entre nuclearmente armados, aqueles que construíram ou utilizaram uma bomba antes de primeiro de janeiro de 1967 e não-nuclearmente armados que não construíram ou utilizaram armas após a data tida como limite. Embora exista uma divisão, todos estão sobre a prerrogativa de não fornecer, produzir e adquirir qualquer tipo de arma atômica. Apenas quatro países não são signatários do tratado: Israel, Paquistão, Índia e Coreia do Norte. A constante tensão entre Índia e Paquistão faz o mundo temer uma guerra nuclear, uma vez que não assinaram o acordo e vem tendo o número de ogivas cada vez maior, 120 mísseis do lado de Islamabade e 110 do lado de Nova Déli.
5.1. Corrida Armamentista A constante tensão entre as partes em relação a Caxemira aquece a indústria bélica. A Índia hoje é a maior importadora de armas do mundo, com 14% no período 2009-2013 e comprando, por exemplo, três quartos do total de exportações da Rússia, a segunda maior importadora do mundo em relação às armas e tendo vencimentos equivalentes à 11 Bilhões de Dólares. Já do lado paquistanês é o terceiro maior comprador de armas do mundo com o equivalente de 5% do total de armas importadas entre 2009-2013. Seus maiores fornecedores são China com 53% e Estados Unidos com 27% das vendas bélicas. A China é o segundo maior importador de armas do mundo, importando 6% e exportando 5% do total mercado, o que leva Pequim ao quarto lugar no ranking de venda de armas de todo o mundo. A China se mostra totalmente flexível com o país vizinho e é o seu maior exportador, visto que na eminência de uma guerra, o Paquistão seria seu parceiro bélico e aliado em relação as questões territoriais na Caxemira.
5.2. Grupos Separatistas Hoje existem cerca de 12 grupos separatistas pró-paquistaneses. Os mais importantes estão a Conferência Hurriyat e Jammu e Caxemira/Frente de libertação, JKLF, que defende independência para a região. Outros grupos
de relevância que defendem a vertente de que a Caxemira deve ser administrada por Islamabade como o Lashkar-e-Toiba, Jaish-e-Mohammed e o mais forte e abrupto dos grupos em atentados contra Nova Déli. O Hizbul Mujahideen que é sempre assunto de desconfiança da parte indiana, uma vez que a própria acusa constantemente o Paquistão de financiar não só o Hizbul como outros grupos que tentam contestar seu poder na região e anexação ao país muçulmano, Islamabade sempre responde que os grupos são formados pela própria população e que luta contra a opressão na região.
5.3. Conferência Hurriyat É uma organização que foi formada em 10 de março 1993 que engloba a grande maioria dos grupos separatistas da Caxemira Indiana e conta com cerca de 27 membros dentre os integrantes estão tanto grupos quanto pessoas importantes para as questões da independência. Grupos que querem a anexação da Caxemira ao Paquistão, grupos que querem a independência e a criação de um novo estado em toda a Região da Caxemira e órgãos paquistaneses como Agência de Inteligência Paquistanesa.
Lista de Membros:
Nome do Partido
Líder
Aawami Action Committee
Mirwaiz Umar Farooq
Jammu & Kashmir Peoples
Bilal Ghani Lone
Conference Anjamani Auqafi Jama Masjid
Mohammad Umar Farooq
Anjaman-e-Tablig-ul Islam
Syed Qasim Shah Bukhari
Ummat Islami
Qazi Ghulam Mohammad(RA) Islamabad Anantnag
Auquaf Jama Masjid
Ghulam Muhammad Butt
Employees and Workers Confederation Employees & Workers Confederation (Arsawi Group) All Jammu & Kashmir Employees’ Ishtiaq Qadri Confederation Jamiate Ulama-E-Islam
Abdul Gani Azhari
Jamiat-e-Hamdania
Moulana M. Yasin Hamdani
Jammu and Kashmir People's Conference Jammu Kashmir Liberation Front Muhammad Yasin Malik Jammu and Kashmir Human RightsNoor-Ul-Hassan Committee Jammu and Kashmir People's Basic Mufti Bahauddin Farouqi Rights (Protection) Committee Liberation Council
Azhar Bhat
Kashmir Bazme Tawheed
Tajamul Bhat
Kashmir Bar Association
Zaroon bhat
Muslim Khawateen Markaz
Zaid Bhat
Muslim Conference
Khokhar e aazam
Inter-Services Intelligence(ISI): the Pakistan intelligence agency Tehreek-e-Huriati Kashmiri
Saqib Bhat
People's League
Sheikh Yaqoob
Peoples Political Party
Eng Hilal Ahmad War
Imam Ahmad Raza Islamic Mission Rafeeq Ahmad Mir Saut-Ul-Aliya
Moulana Abdul Rashid Dawoodi
Jammu and Kashmir People's
Muhammad Farooq Rehmani
Freedom League
Duas representações da Conferência devem ter uma atenção especial, no caso a Frente Para a Libertação de Jammu e Caxemira, Hizbul Mujahideen. Já um outro grupo que não é ligado a conferência, o Lashkar-e-Taiba, tem destaque em ataques contra Nova Déli.
6. A Frente Para a Libertação de Jammu e Caxemira A organização foi criada em Birmingham, na Inglaterra em Maio de 1977. A JKLF foi considerada um grupo terrorista até 1994 quando um dos seus líderes abdicou da luta armada e acabou dividindo o grupo em duas facções. Suas ramificações estão espalhadas por várias cidades do Reino Unido e outros países europeus. Os Estados Unidos e o Oriente Médio também contam com filiais. Em 1982 chegaram ao Paquistão, e em 1987 na região do conflito. Diferente da grande maioria dos grupos, a Frente se declara nacionalista e acha que a Caxemira e adjacências devem ser independentes.
Em um relatório do Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados, é ratificado o desejo de ser realmente um estado livre mas o desejo seria sair das amarras indianas e se tornar uma espécie de república autônoma do Paquistão, uma vez que o próprio financiou e deu treinamento para o grupo.
6.1. Hizbul Mujahideen Fundada em 1989 no próprio Vale da Caxemira e com sede em Muzaffarabad, Paquistão, o Hizbul é uma organização Islâmica que atua na região. O grupo luta pela integração do território ao Paquistão e prega por uma Caxemira islâmica. Seu contingente não atinge mais do que 1500 combatentes e atua em 5 diferentes divisões.
Divisão Norte para Kupwara-Bandipora-Baramulla Divisão Central para Srinargar Divisão Sul para Anantnag e Pulwama Divisão Chenab para Dota e Gool Divisão Pir Panjal para Rajouri e Poonch O grupo tem alguns atos de relevância como um ataque contra um quartel militar em Srinagar com morte de 5 soldados da força de segurança e deixou 10 feridos.
6.2 Lashkar-e-Taiba O grupo que tem a tradução literal de Exército do Bem ou Exército dos Puros e foi fundado em 1990 no Afeganistão e com sede em Punjab no Paquistão e com campos de treinamento na Caxemira Livre, Paquistão. O grupo participou dos ataques contra o Parlamento em 2001 e os ataques em Mumbai em 2008.
7. Política Externa Argentina A Argentina adota um discurso de que todas as partes devem chegar a um acordo diplomático. A delegação da América Latina foi signatária e consequentemente a favor em, pelo menos, duas resoluções para a questão, estas são as resoluções 39 e 47 do Conselho de Segurança. A primeira resolução diz a respeito sobre uma comissão para situação com um membro paquistanês, um membro indiano e um terceiro a escolha dos dois. Já a segunda é em relação ao plebiscito que deveria ter sido realizado e boicotado pela Índia.
Austrália A posição australiana no Comitê é na tentativa de não utilizar a força, e sim procurar uma negociação mútua. Seguindo a lógica de que a Austrália foi signatária de duas das resoluções 122, 123 e 126 de 1957 sobre o assunto Jammu e Caxemira, uma delas sobre o plebiscito nunca realizado na região. A Austrália entende que a autodeterminação dos povos deve ser cordialmente respeitada dentro do comitê.
China A China é um dos países envolvidos na questão territorial da Caxemira e já travou uma guerra com sua vizinha, Índia, com o pretexto de “dar uma lição”. As relações diplomáticas entre China e Índia não são das melhores, seja pelo desconforto que a guerra gerou ou pelas trocas de farpas e atitudes gerados pelo lado Chinês. Em 2006 a China declarou publicamente, após a visita de um delegado indiano para as eleições da região de Arunachal Pradesh, que o território citado seria por direito chinês. Já em 2010, a Índia cancelou uma das reuniões com a China após um General indiano ter seu visto negado.
Chile e Coreia do Sul Os países são integrantes da comissão de observação das Nações Unidas na Índia e no Paquistão que chegou à região em 1949 com objetivo de policiar as partes envolvidas e se o cessar fogo perduraria. As ações da comissão são diretamente limitadas pela Índia em seu lado da fronteira. A posição desses países é pedir as negociações sobre a região e principalmente a ação dos enviados da ONU na região para uma real transparência na fronteira.
Estados Unidos da América Os Estados Unidos fornece material nuclear sobre a prerrogativa de ser utilizados para fins pacíficos. Em 2010 o ministro de Relações Exteriores pediu a ajuda do presidente estadunidense na questão e ainda salientou que os Estados Unidos devem tomar medidas, uma vez que a situação ameaça a região como um todo. Obama se pronunciou e disse a resolução das disputas na Caxemira é de interesse estratégico para que a paz e estabilidade chegue até o local. Ainda como candidato, Obama declarou que a Índia e o Paquistão deveriam resolver seus problemas para que então Islamabade focasse suas forças totais contra terroristas que transitam pelo território paquistanês e no país vizinho, Afeganistão.
França A França tem um papel mais alinhado aos países que desejam que plebiscito estabelecido pelo Conselho de Segurança e em reunião do G-8 em 2002 criticou veemente o Paquistão por não impedir que grupos extremistas ajam na região da Caxemira, seja na Caxemira livre ou na região de Jammu e Caxemira na Índia e pede que a Índia leve as negociações a sério. Em 2013 o ministro de Defesa Francês que a concentração de terroristas no Paquistão com armas convencionais e principalmente nucleares é
preocupante. Na mesma declaração, o ministro disse que os atentados são desculpas para a Índia não negociar e resolver a questão.
Índia Um dos protagonistas da discussão, a Índia tem a posição de defender suas conquistas dos territórios ocupados durantes todas as guerras que participou na região, seja contra o Paquistão ou contra China, dentre os territórios disputados estão Aksai Chin e uma parte da Caxemira que foi cedida pelo Paquistão à China ao leste. A Índia ainda critica veemente os grupos separatistas terroristas e acusa o governo paquistanês de financiar, sediá-los em seu território e dar treinamento militar a eles, seja partindo das suas tropas regulares ou do seu serviço de inteligência.
Jordânia A Jordânia preza por um debate pacífico sobre as questões dos territórios da Caxemira. Em um congresso de cooperação entre Índia e Jordânia no ano de 2006, o Rei fez um pedido direto as autoridades do país Hindu para que as coisas de resolvessem sem conflito. Já no Conselho de Segurança, em uma das resoluções em relação ao tema, resolução 209, votou a favor das medidas para que o cessar fogo acontecesse e que os países tomassem suas linhas anteriores ao conflito.
Federação Russa Desde a primeira vez que a questão da Caxemira foi levada ao Conselho de Segurança, existe um apoio russo, desde os anos soviético, à índia. Em 1966, a União Soviética foi o único país no mundo que conseguiu um acordo no mundo para uma resolução conjunta e pacífica, um cessar-fogo. Constantes reuniões da Rússia com o Paquistão tentam encorajar o país a prezar pela Caxemira e Índia e assumir uma posição moderada. A Rússia entende que não quer um terceiro elemento no conflito e que apenas uma resolução bilateral entre as nações poderá resolver o problema, respeitando a soberania de cada país.
Reino Unido O parlamento britânico discutiu a situação da Caxemira e entende que a resolução do conflito é de extrema importância para a paz mundial. O governo Britânico não pode se ausentar de uma situação que causa consequências desde sua saída da região e a formação dos dois países. Presando pela autodeterminação dos povos e com que as vontades do povo sejam ouvidas e consequentemente entendendo que apenas o povo da região pode decidir de que lado ficar ou se tornar independente.
Lituânia Ex-República Soviética e novo membro da União Europeia, a Lituânia entende que as políticas indianas têm sido de opressão e principalmente uma manobra para abafar o desejo do povo da Caxemira de ser independente. Em 1990, a Lituânia teve sua independência readquirida depois de uma série de protestos populares contra a URSS. Logo, a Lituânia entende que com que o povo tenha sua voz ouvida e suas demandas atendidas, rumo a independência.
Nigéria e Ruanda A posição destes países no comitê é diretamente alinhada com a posição da Organização para cooperação Islâmica, OCI, que tem como objetivo, promover a solidariedade e a cooperação entre dos estados para com o povo muçulmano espalhado pelo mundo. Em 2013, em comunicado conjunto, o OCI pediu para que ONG's visitassem e averiguassem a atual situação da região. O pedido foi negado pelo governo indiano sobre a prerrogativa de que a OCI não tem jurisdição sobre a região. O posicionamento tanto da Nigéria, quanto do Ruanda é de tentar garantir com que as ONG's tenham seus caminhos livres para entrarem e investigarem qualquer tipo de violação de direitos humanos e principalmente prezar pelos direitos básicos dos muçulmanos que moram na região.
Luxemburgo Luxemburgo tem uma posição mais conciliadora para a questão da Caxemira. O país preza pela paz e principalmente pela que as reuniões entre as partes do conflito se tornem constantes e principalmente se tire algum proveito destes encontros. Assim como os outros países da União Europeia, Luxemburgo pede para que o plebiscito prometido em 1947 seja realizado.
Chade O Chade tem uma população de maioria muçulmana e entende que o Paquistão tem o direito de administrar as terras seguindo a regra de autodeterminação dos povos, logo uma vez que a maioria da região é muçulmana, as regiões devem pertencer ao lado que o povo escolher, seja pelo plebiscito preestabelecido ou pelas negociações entre Índia e Paquistão.
Paquistão O Paquistão chega ao comitê com a política de ter toda a Caxemira para seu domínio. Ao decorrer das guerras, os paquistaneses foram perdendo terreno e constantemente dizem que as terras devem ser livres para escolher o lado mais apropriado para se anexar. A maioria esmagadora de muçulmanos na região de Jammu e Caxemira, insatisfação da população
com o governo indiano e a ausência de um plebiscito prometido há mais de 60 anos, fazem com que o Paquistão, seguindo a lógica da autodeterminação dos povos, tenha direito à região da Caxemira.