Sons das vertentes

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SOM

DAS VERTENTES


2 Fotografia: CecĂ­lia Santos


editoriaL Sons das Vertentes é o projeto de extensão do curso de Música da UFSJ que propõe gravar composições de grupos musicais da região! E essa revista vai registrar e informar o que está rolando no projeto, além de contar um pouco sobre processos de gravação e música de um modo geral. Nessa edição, vamos falar um pouco sobre o grupo Chora Genésio e sua participação no Sons das Vertentes e esclarecer alguns tópicos sobre as Leis de Incentivo a Cultura! Se você se interessa por música, acompanhe nossa revista!

EXPEDIENTE

SUMÁRIO

Redação: Caio Sena/ Cecília Santos/ Maria Catarina Fotografia: Ana Beatriz Peres/ Cecília Santos/ Maria Catatina/ Ricardo Avellar Design: Cecília Santos Finalização: Cecília Santos

REC- Estúdios Independentes e Democratização da Mídia_Pág: 4 Projeto Sons das Vertentes- Re gistro e Preservação de Música Brasileira _ Pág: 8 Dicas- A arte de negociar Projetos Culturais_ Pág: 12 Escuta aí_ Pág: 16

Fotografia de Capa: Cecília Santos

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REC.

ESTÚDIOS INDEPENDENTES E DEMOCRATIZAÇÃO DA MÍDIA Por Caio Sena As gravadoras no Brasil tiveram papel fundamental na descoberta e lançamento de grandes cantores ao longo dos anos. Elas tinham como funções, identificar o músico prodígio, gravar o CD físico de sua música e posteriormente fazer uma propaganda de peso sobre a imagem dele, que rapidamente ficava famoso, pois tais gravadoras possuíam muito poder de divulgação em massa, como é o caso da SOMLIVRE, que tem como veículo de divulgação, a GLOBO. O cantor, na maior parte das vezes, não precisava possuir um investimento inicial, a gravadora fazia todo esse trâmite financeiro. Porém, com essa

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facilidade de iniciar, vinha muitas restrições imposta. Os cantores recebiam um valor muito pequeno sobre os CD’s vendidos, e em contra partida, começavam a lucrar mais em SHOWS. Essas imposições das gravadoras criavam um mal estar e uma ligação desequilibrada entre cantor e gravadora. No final dos anos 90, a tecnologia começou a facilitar as formas de gravar música. Pessoas com pouco conhecimento e com equipamentos tecnológicos adequados podiam fazer gravações com muita facilidade. Esse novo advento da tecnologia criou o que chamamos hoje de Estúdios Independentes.


Esses estúdios começaram a gravar as músicas de vários cantores, porém não possuíam a responsabilidade de divulgar, e cobravam, na maior parte das vezes, um preço fixo pelo serviço. Houve então uma migração em massa de cantores famosos para estúdios desse tipo, pois se desvinculava das amarras das gravadoras que impunham muitas restrições. O estúdio grava o áudio do cantor e muitas das vezes este até se filia às gravadoras para a divulgação, porém como o capital parte do próprio cantor, ele não precisa fazer contratos muito rígidos com as gravadoras. Amaury Lopes, proprietário do Studio V8 localizado em São João del-Rei, afirma “O surgimento dos estúdios independentes foi à grade oportunidade de cantores e artistas lançarem seu CD, antigamente chegava milhares de fitas, naquela época era fita, para as gravadoras, sendo que nem a metade delas era escutada. Hoje o cantor pode gravar sua música e lançar na rádio ou na inter-

net, não precisa esperar que a gravadora o perceba.” Os estúdios independentes atualmente no Brasil desestruturaram a antiga forma das gravadoras, atualmente as gravadoras se preocupam basicamente em dar visibilidade ao ator, pois a gravação física da musica é atualmente feita por estúdios. Ian Icaro, cantor amador, já participou da gravação de um CD através de estúdios amadores e conta “Os estúdios independentes vieram para dar fôlego aos pequenos cantores. Participei de uma gravação de um CD gospel onde eu era o “back vocal” e percebi a facilidade de um cantor em gravar através desses estúdios. O valor pago é altamente negociável e recebemos um produto de qualidade.” Os estúdios facilitam potencialmente a vida dos cantores, proporcionando uma facilidade na gravação. Essa facilidade faz com que cantores de pequeno porte não sejam esmagados pela veracidade do mercado, democratizando os meios musicais. 5


CHORA GENÉSIO 6


7 Fotografia: CecĂ­lia Santos


PROJETO SONS DAS VERTENTES

REGISTRO E PRESERVAÇÃO DE MÚSICA BRASILEIRA O grupo de chorinho sanjoanense Chora Genésio participa do processo de gravação de músicas no Sons das Vertentes. Por Caio Sena e Cecília Santos

“A gente tá plantando a semente O conjunto se formou em 2009 e da música popular brasileira” diz Márcio atualmente conta com um cavaquinho (PaBarcelar, psicólogo e violonista do grupo san- blo Araújo), um violão sete cordas (Márcio joanense Chora Genésio. O choro, ou Bacelar), um pandeiro (Milena Lopes) e “A chorinho, é considerado o primeiro uma flauta transversal (Bill Davison). ideia do gênero de música popular urbana Segundo o filósofo e cavaquista Pabrasileira que surgiu no século XIX, grupo é fazer blo Araújo, o repertório do grupo no Rio de Janeiro. E é esse gênero um resgate da é bastante variado do ponto de que os integrantes do Chora Genévista cronológico, indo desde música sio se propõem a pesquisar. Milemúsicas de compositores pré-Pixinstrumental iguinha até músicas de chorinho na Lopes, musicista, toca pandeiro na banda: “A ideia do grupo é fazer brasileira.” contemporâneas. Callado, Ernesto um resgate da música instrumental Nazareth e Humberto Junqueira são brasileira. Então, é muito interessante alguns dos músicos presentes nas apreporque realmente é um grupo de estudo, a sentações do Chora. gente estuda choro”, relata O grupo de choro se apresentou esse

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ano no 27° Inverno Cultural da UFSJ em São João del-Rei, no Festival da Cachaça em Conselheiro Lafaiete, e entre outros eventos. Também, no ano de 2014, foi selecionado para participar, junto com outras dezenove bandas, do pocesso de gravação de três músicas no projeto de extensão do curso de Música da UFSJ Sons das Vertentes.

PROCESSO DE GRAVAÇÃO Apanhei-te cavaquinho e Tenebroso, ambas de Ernesto Nazareth, e Chorinho pra ele de Hermeto Pascoal foram as músicas que o Chora Genésio selecionou para gravar no projeto. Este está na terceira etapa, assim, a banda já fez uma gravação ao vivo de seus

Fig.1: Grupo Chora Genésio. Fotografia: Ricardo Avellar

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demonstrativos (segunda etapa) e está pronta pra gravar os áudios definitivos (dia 15/12) que contará com orientação dos professores de música. Segundo Leonardo Avellar, bolsista do projeto e estudante de música, o Sons das Vertentes é uma grande oportunidade para

O registro de canções como chorinho ajuda na preservação do patrimônio imaterial brasileiro. Para Pablo Araújo, a música que ao vivo é transitória, se torna eterna ao ser gravada. Desse modo, há a possibilidade de escutá-la sempre e guardá-la para pesquisas e estudos sobre a MPB. O músico também evidencia a importância da gravação de uma canção como forma de atingir um maior número de pessoas. Milena Araújo declara que a documentação do momento e do o-lhar que a banda tem de uma música, de um arranjo, é algo que torna o processo gravação notável e marcante para eles. Assim, o projeto Sons das Vertentes abre um espaço para vários grupos Fig. 2: Pablo Araújo, integrande do grupo Chora Genésio, durante as gravações no da região que desejam projeto Sons das Vertentes. Fotografia: Maria Catarina Carvalho. perpertuarem e registrar os grupos que querem registrar suas com- em suas visões sobre o conceito de música. posições. “Para as bandas, é uma oportuni- Ao final das gravações definitivas, o dade de terem acesso ao estúdio e gravações projeto publicará os áudios no website. O de seus trabalhos, principalmente dos grupos Chora Genésio pretende utilizar o registro autorais, porque ainda é muito caro gravar das canções para se inscreverem em editais em uma qualidade razoável.”, evidencia. e futuramente gravarem um CD.

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O Som das Vertentes se divide em quatro etapas de produção: 1° Etapa: Seleção de vinte grupos musicais da região das vertentes interessados em gravar suas músicas 2° Etapa: Gravação dos demonstrativos dos grupos e mixagem. Produção do website que conterá informações e o áudio dos músicos. 3° Etapa: Gravação do áudio definitivo com a orientação de professores do curso de Música da UFSJ. 4° Etapa: Pós-Produção. Edição, mixagem, masterização e disponibilização do áudio na internet

Fotografia: Cecília Santos

ENTENDA O PROJETO

ETAPA ATUAL Atualmente, o projeto está na terceira etapa. Ela consiste na gravação definitiva de três músicas dos grupos. No caso do Chora Genésio: Apanhei-te cavaquinho e Tenebroso, ambas de Ernesto Nazareth, e Chorinho pra ele de Hermeto Pascoal. Essa é uma das etapa mais importante do projeto e conta com a presença dos professores de música que orientarão os grupos.

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DICAS

A ARTE DE NEGOCIAR PROJETOS CULTURAIS A forma de como conseguir vender sua ideia e obter sucesso com seu projeto. Por Maria Catarina Carvalho

A

aprovação de um projeto cultu ral é bem sucedida quando há a preocupação em desenvolver uma ideia diferenciada, bem elaborada, com argumentos objetivos dentro de normas especificas de cada edital. Após isso, a captação de recursos se torna o grande problema, um “bicho de sete cabeças” para o músico ou empreendedor cultural que ainda sem experiência busca por incentivo. É preciso nesta hora, mais que criatividade, é necessário ter jogo de cintura, conhecimentos na área de marketing, e saber direcionar o que se pretende com o projeto e, principalmente, identificar o seu público alvo e finalmente um patrocinador em potencial para investir na sua ideia.

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Fig. 3: Martelo: Grupo sãojoanense consegue aprovação na lei estadual, mas não consegue captar recusos.


As opções de fontes de financiamento são várias e divididas em três esferas: federal, estadual e municipal. Além das leis de incentivo, há vários outros editais na área de cultura e mais especificamente na área de música, que propõem não só a produção musical como gravação de discos e turnês, como também intercâmbio de artistas para dentro e fora do país e opções de formação na área da cultura. Este é um caminho que permite que o artista de pé a sua ideia através de pa-

trocínio de empresas, que em busca de desconto em impostos investem em cultura. O investimento fica em troca da divulgação do nome do patrocinador, que atráves do projeto pretende expandir o nome da marca e, consequentemente, abranger maior público possível. Aí aparece um dos problemas iniciais na captação, que são os critérios que cada empresa tem para a aceitação de um projeto, sendo um deles o alto valor. Assim, é preciso se atentar a três fatores principais antes de procurar um patrocínador: o de pesquisa de empresas que possuem o perfil que o projeto pretende desenvolver, análise de público alvo da empresa e do projeto. “Saber, pesquisar, quais os projetos a empresa costuma patrocinar, o foco do patrocínio da empresa, e levar até ela o projeto que seja o casamento do interesse dela com o seu projeto.”é como o produtor cultural, Marcelo Aouila, proponente da Exposição Caymmi 100 anos indica para quem tem um projeto aprovado e está em busca de patrocínio. A falta de conhecimento em captação de recursos e marketing é um dos fatores que muitas vezes impedem que um projeto seja negociado com empresas. E este foi um dos fatores que fez com que a banda Martelo de Pano não conseguisse compradores

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para a ideia do projeto de gravação de um diferença na hora da negociação. Para não erálbum autoral, através da Lei de Incentivo do rar, basta o estudo minucioso do projeto. IdenEstado de Mina Gerais. O projeto “Comédia tificar quais são os objetivos que se pretende do Cotidiano” foi aprovado em 2012, porém, atingir, e qual a causa social que o projeto valnão captado dentro do prazo por dificul- oriza e contribui. Tendo isso em mente, com dades em negociar com as empresas. “ Uma muita clareza é só esboçar a justificativa que vez aprovado, tem o outro passo que é vai apresentar ao empresário da emprea captação de recursos, então, foi aí sa, que por análise foi definida como “Saber que a coisa travou …” conta Rauma patrocinadora em potêncial. O fael Wobert, baixista da banda layout da apresentação também é pesquisar Martelo de Pano. quais os projetos considerado fator deciciso como Não apenas a falta afirma o músico, Guilherme de conhecimento na área, a empresa costuma Montalvão “Para o empresário patrocinar, o foco mas também pelo fato do você pode levar projeto em valor do projeto ser baixo, do patrocínio da em- slides, ou leva encardenado. ocasionou a não captação de presa, e levar até ela Colocar capa com desenhos 80% do valor do projeto avalque já dá uma ideia do que é o o projeto que seja o projeto. Assim, você demostra iado em 31.000 reais “A gente se deparou com a grande casamento do inter- seu projeto de maneira que o dificuldade, no caso, de ir até patrocínador perceba um deesse dela com o as empresas. E nas poucas que talhamento do seu projeto feito seu conseguimos chegar foi concom bom senso, sabedoria, dediprojeto.” vencer, porque por incrível que cação.” pareça algumas demostravam des Com projeto já aprovado pela interesse pelo valor ser muito baixo.” Funarte e outros em andamento, Guilafirma o músico. herme Gabriel, reitera a forma de conseguir Com isso, a procura por pessoas ca- com sucesso um projeto aprovado e captado pacitadas para a negociação de projetos vem “...Ter registros, ler o edital, escrever várias aumentando cada vez mais. Uma boa apre- vezes, ter exercício de escrever o objetivo e a sentação das ideias em números, layout, justificativa com muita clareza é essencial”. currículo do corpo de trabalho, fazem toda a

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FONTE DE FINANCIAMENTO Durante o ano todo diversas são as opções de financiamento para seu projeto. Confira abaixo uma lista com publicações de editais aberta anualmente e outras que permite a inscrição a qualquer momento. - Lei Estadual de Minas Gerais - Fundo Estadual de Cultural - Fundo Municipal de Cultural - Lei Federal de Incentivo à Cultura - Programa Música Minas - Programa de Intercâmbio e Difusão Cultua - Programa de Apoio a Orquestras - Bienal de Música Brasileira Contemporânea - Programa PetrobrasMúsica - Natura Musical - Rumo da MúsicaItáu

ETAPA DO PROCESSO DE CAPTAÇÃO DE RECURSOS A etapa de captação de recursos é trabalhosa e exige bastante foco. A busca por uma empresa com o mesmo público alvo que seu projeto quando encontrada é sucesso na certa. Para facilitar o entendimento veja abaixo as demandas deste processo. - Estudo: estudo do projeto. - Propeção: pesquisa dos possíveis patrocinadores - Diagnóstico: lista de possíveis patrocinadores - Negociação: apresentação do projeto na empresa - Fechamento de negócio: fechamento do contrato - Acompanhamento: prestação de contas

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PLAY Sabe aquele álbum que vicia, ou aquele artista que fica na sua cabeça por dias e você saí falando pra todo mundo conhecer o trabalho dele que é genial? Então, essa é a ideia do Escute aí, e saber qual é o som do momento nos players dos músicos do Sons das Vertentes. Tem samba, rock, experimental, gente de Juiz de Fora, Bahia... Confira aí e depois aqueça os ouvidos com essas dicas.

Por: Maria Catarina Carvalho

Gustavo Furtado Onze:20 “Uma banda de uma cidade próxima com um cenário musical de altíssima qualidade, os Juiz Foranos da banda Onze:20, vem conquistando espaço a cada dia que passa. Com o recém lançado disco “VidaLoka”, o segundo cd de inédita deles, mantém uma receita de rock, reggae e pop. Denominam isso de “Roots, Rock, Reggae”. Com músicas que emplacaram nas rádios e até em trilhas sonoras de novela, a Onze:20 procura uma nova receita onde o puro rock não sobrevive à mídia, misturando sons e criando uma identidade própria.”

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Yuri Vieira- Baterista Marambaia “ Samba do Malaco Moco”- Sandro Haick “Acho que tem uma afinidade com o projeto, pois mostra o sucesso de um músico que optou por ser um multi instrumentista, além de produtor musical e técnico de áudio. Na música em questão, ele executa todos os instrumentos bem como realiza a gravação. Isso é muito interessante pela autonomia que ele criou, e por quebrar o tabu de que o músico deve se dedicar a vida toda a um instrumento para tocá-lo bem. E nesse caso, ele toca todos muito bem, rs.”


Natália Vargas- Vocalista Sagarana Caetano Brasil, Juiz de Fora “As composições de Caetano são sensíveis e expressivas. Ele sabe combinar o Jazz com uma pegada “brasuca” fina, que herdou do choro.”

Ivan Maquiné Vocalista e Guitarrarista Lef Behind "Cosmic Genesis"- Vintersorg “Indico Vintersorg, por ser uma banda com um som único, que mistura estilos diversos, como metal progressivo e folk com influências da música sueca.”

Bona Garcia- Percussionista Risoflora e Cifras no Varal

Jéssica Máximo- Vocalista Guingueto Urbano

“Na Trilha do Sol”Luiz Nascimento

“Paisagem Invisível”- Andreia Mota

“Indico o disco do Luiz Nascimento “Na Trilha do Sol”, pela mistura de ritmos e timbres e pela inovação no modo de compor e arranjar as músicas e também pelo bom gosto na mixagem do disco, ainda mais ei sabendo que o disco foi todo gravado, produzido e mixado no quarto do Luiz. Tenho ouvido bastante, e considero um dos melhores discos que ouvi nos últimos meses.”

“Ela é uma cantora contemporânea que, como nós dos Sons da Vertentes, luta por um espaço do mercado musical. Suas canções são melodicamente e harmonicamente muito ricas. Lançou seu primeiro CD "Paisagem Invisível" em fevereiro de 2014 o qual vale muito à pena conferir.” Ouça: “Papoula Brava”

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Acompanhe também os trabalhos do projeto Sons das Vertentes em sua página: www.facebook.com/ sonsdasvertentes Curta a página do grupo Chora Genésio e fique por dentro de sua agendas: www.facebook.com/choragenesiogrupo Revista feita para a disciplina de Assessoria de Comunicação do Curso de Jornalismo da UFSJ. Professor: Ivan Vasconcelos

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