3 minute read

Briefi ng

Next Article
Portifólio

Portifólio

a peculiaridade de timothy willian burton

Estranheza, Adjetivo utilizado para caracterizar alguma reação, ou como diz no dicionário: Característica daquilo que é estranho; Designação de admiração, assombro, espanto ou estupefação; Desconforto, incômodo, desconfiança ou apreensão. Quando falamos essa palavra muitas vezes, o nome dele sempre aparece porque é impossível falar sobre o estranho sem citar ele, o pai dos filmes góticos, criador de mundos sombrios, Tim Burton.

Advertisement

Nascido em Burbank na Califórnia, no dia 25 de agosto de 1958, Timothy William Burton cresceu no subúrbio de Hollywood e teve uma infância diferente das outras crianças pois gostava de filmes de terror considerados “trash”, inventava história sombrias e assistia desenhos animados cheios de monstros. Tim era um adolescente quieto, solitário, melancólico e a maioria de seus personagens também possuem essas características, sendo considerados versões e alter egos do próprio diretor. Além da formação dos personagens, a infância de Burton também influenciou seus filmes no estilo e na questão narrativa, uma vez que vários hobbies e gostos peculiares que ele tinha, transpareciam nas histórias. Um exemplo é o fato de que Burton adorava ler os contos sombrios de Edgar Allan Poe e isso foi uma grande inspiração para o seu curta-metragem intitulado Vincent.

Após o colegial, Tim Burton ganhou uma bolsa de estudos da Disney para estudar animação no Instituto das Artes da Califórnia por 3 anos. Depois desse tempo, ele acabou sendo contratado, mas o que não imaginava era que essa parceria teria divergências criativas no futuro. Lá ele fez alguns projetos importantes como, “Vincent” (animação em stop-motion), “João e Maria” e “Frankenweenie” (ambos live actions).

Apesar de ter dirigido diversos filmes, Burton também escreveu poemas e contos em 1997, publicando então o livro “O Triste Fim do Pequeno Menino Ostra e Outras Histórias”, que aborda para um público infant,il vários temas polêmicos como suicídio, sexo e violência familiar.

Considerado um diretor com uma carreira que se divide entre os altos e baixos, Tim Burton apela para o grotesco, caricaturismo macabro e um desenvolvimento emocional tardio. Seus filmes possuem um estilo único, mostrando a evolução gradual da estética que seus desenhos animados góticos tiveram. Então, o que para alguns pode ser mau gosto, para outros pode ser o início da corrida pelo famoso bilhete dourado.

Tim Burton realmente sabe o que quer e não vacila quando o assunto é a criatividade, mesmo que às vezes o resultado não tenha tanta recepção positiva do público. Ele ousa sem se preocupar com o limite e cria os personagens mais exóticos possíveis, sempre extravagantes, introspectivos, solitários e diferentes do padrão que a sociedade prega. É possível dizer que todos são caricaturas descaradas do diretor, que já comprovou o seu gosto pelo incompreendido. Uma das presenças marcantes nos filmes de Burton é a intensa direção de arte, que engloba desde objetos de cena até figurino e maquiagem de cada ator/atriz, e o sentido que isso provoca na composição do personagem. Em Edward Mãos de Tesoura, percebemos que a roupa é um símbolo que ressalta a dificuldade do personagem, além de protege-lo de si mesmo, assunto que é muito interessante de ser estudado, uma vez que, o que faz ele diferente também o machuca. O curioso é que o diretor além de desenhista também é animador e isso faz com que ele tenha um senso mais apurado para o aspecto artístico. Isso faz com que as pessoas fiquem impressionadas com os filmes que ele faz, mesmo não gostando da história. É possível ver claramente os detalhes e a preocupação com a direção de arte até nas animações, como, “O Estranho Mundo de Jack”, “Vincent”, “Frankenwinnie” e “A Noiva Cadáver”. Em cada uma delas, os figurinos, cenários e objetos foram cruciais no desenvolvimento da narrativa, dando sentido e claro, originalidade a obra. Quando alguém pensa em Tim Burton, logo imagina coisas estranhas, personagens deslocados, fotografia sombria e uma melancolia profunda. É muito fascinante assistir um filme e associar a imagem ao diretor que o fez, pois mostra que o mesmo, tem uma marca registrada que fica fixada na mente dos espectadores. É válido lembrar que Burton se inspira em filmes “B”, mas suas obras sempre tem um elenco muito bom que mergulha fundo na personalidade dos personagens. Ele é um diretor visionário e autoral que conseguiu se manter na indústria cinematográfica durante tantos anos com o mesmo estilo. Tim Burton é ousado, intelectual e fiel ao próprio universo.

This article is from: