A prática do discurso: um ponto de vista sobre como elaborar pronunciamentos políticos marcantes José Roberto Martins1 A principal regra do discurso é que deve haver um motivo para que o mesmo se distinga do silêncio. Jerome Bruner Desde as primeiras palavras, ainda bebê, o ser humano quer se manifestar e ser ouvido. E há tanto por dizer! O anúncio de uma notícia ou decisão importante. A argumentação num pedido de casamento. Um bom conselho diante de uma dúvida. O pronunciamento de um líder, capaz de mudar rumos. A palavra comove, move, acolhe, une – é só saber usá-la. Mas também aparta, indigna, fere, desorganiza – basta lidar mal com ela. Como lembra Chris Anderson (2016, p. 9), presidente e curador-chefe do TED Talks: “Para um líder – ou um militante –, a fala em público é fundamental para gerar empatia, provocar emoções, compartilhar conhecimentos e ideias, promover um sonho em comum”. O professor e escritor Ricardo Sondermann avança: A política não pode existir sem a palavra. Ela atravessa e se mistura no espaço de discussão, para que sejam definidos os ideais e os meios da ação política. A palavra é essencial no espaço da ação, para que sejam organizadas, distribuídas e concretizadas as tarefas, leis e realizações. Por fim, ela intervém no espaço de persuasão, para que os entes políticos possam convencer os cidadãos de seus programas de governo, as decisões que tomam e as consequências de seus atos. (SONDERMANN, 2018, p. 35)
Nesse sentido, a palavra fundamenta o exercício do poder, como demonstraram notáveis do porte de Winston Churchill, Juscelino Kubitschek, 1. Jornalista, com pós-graduação em Marketing e MBA em Comunicação Governamental e Marketing Político. Atua há mais de 25 anos como redator, roteirista, editor-chefe, produtor e diretor de documentários, para emissoras de televisão, clientes corporativos, campanhas eleitorais e mandatos políticos.
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