Revista Nove #12

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ÍNDICE

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Gustavo Porto

CAPA | Comida, Diversão e Arte

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CHECK IN | Sheraton Santos

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ENTREVISTA | Márcio França

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ESPORTE | Instituto Gabriel Medina

16 A Bordo >> Temproada de cruzeiros 20 Cenário >> Serra do Guararu 29 Offline >> Trocando Ideias 32 Qualidade de vida >> Primavera além das flores

EXPEDIENTE

34 Cultura >> Precisamos falar sobre nossos museus

38 Persona >> Pagu - Patrícia Galvão 40 Eventos >> Fórum Mice 42 Art&fato >> A nova pracinha do Casa Velha 44 Noves fora >> No feriado, eu vou para o litoral 48 Mercado >> A nova casa da Nove

PARCEIROS DESTA EDIÇÃO Anseven Associação dos Profissionais de Turismo (APT) Casa Velha Chefs Daniel Stucchi e Marcio Okumura CAPA Marcio Okumura e Daniel Stucchi em momento descontraído às vésperas da inauguração do Sítio 17

Editor Chefe: Diego Brígido | MTB: 64283/SP 4

Projeto Gráfico e Design: Agência celeiro.bmd | Christian Jauch Impressão: Nywgraf Editora Gráfica

Chocolatier Fabio Portugal Mendes Tur São Judas Campus Unimonte Sofitel Guarujá Jequitimar Visite o Guarujá Vita & Succhi W/Morais

Chegou a primavera e, junto com ela, a 12ª edição da Revista Nove. Toda colorida, aromática e, sem dúvida, a nossa edição com maior variedade de conteúdo. São 15 matérias, incluindo uma super reportagem de capa falando sobre comida, diversão e arte, além de 7 colunistas – a Ludmilla Rossi é nossa convidada especial desse número. Também falamos da temporada de cruzeiros 2018/2019, com a chegada do majestoso MSC Seaview, o maior deste ano; sobre o primeiro hotel 5 estrelas de Santos, o Sheraton e, claro, sobre as frutas ideais para consumir na estação das flores. Nesta edição estamos mais ousados, fomos até o litoral norte e trouxemos um roteiro pelas praias mais badaladas de lá e aproveitamos para uma passada no Instituto Gabriel Medina, em Maresias. Ah, claro, não posso esquecer: a Nove está de casa nova e nós vamos contar isso também nesta edição. E sabe quem é a nossa Persona da vez? Ninguém menos que Pagu, a excêntrica Patrícia Galvão. Tem muito mais, claro, mas vou deixar você folhear e descobrir. Boa leitura! Diego Brígido Editor

Distribuição Dirigida Anuncie na Revista Nove Cidades: (13) 99167-8068 comercial@revistanove.com.br

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MÁRCIO FRANÇA GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO POR DIEGO BRÍGIDO • FOTOS: DIVULGAÇÃO

ELE COMEÇOU A VIDA PÚBLICA COMO LÍDER ESTUDANTIL NA FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SANTOS, ONDE SE FORMOU ADVOGADO. ATUOU COMO OFICIAL DE JUSTIÇA DE SANTOS E, EM 1988, SE FILIOU AO PARTIDO SOCIALISTA BRASILEIRO (PSB), NO QUAL SE MANTÉM ATÉ HOJE. FOI DUAS VEZES VEREADOR EM SÃO VICENTE E PREFEITO DA CIDADE POR DOIS MANDATOS, DE 1997 A 2004. MAIS TARDE FOI ELEITO DEPUTADO FEDERAL POR SÃO PAULO, EM 2006 E 2010, QUANDO FOI CONVIDADO PELO GOVERNADOR PAULISTA ELEITO, GERALDO ALCKMIN, PARA SER SECRETÁRIO DE TURISMO DO ESTADO. FOI AINDA SECRETÁRIO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO E VICE-GOVERNADOR DE GERALDO ALCKMIN ATÉ ASSUMIR COMO GOVERNADOR, EM ABRIL DE 2018, QUANDO ALCKMIN DEIXOU O CARGO PARA CONCORRER À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. COMO SECRETÁRIO DE TURISMO, CRIOU PROGRAMAS COMO O RODA SÃO PAULO, QUE ESTIMULA O TURISMO PELA BAIXADA SANTISTA A PREÇOS POPULARES; O FESTIVAL GASTRONÔMICO SABOR SP E O PROGRAMA DE CAMINHADA PASSOS DOS JESUÍTAS. COMO SECRETÁRIO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO, INCENTIVOU A ECONOMIA CRIATIVA; CRIOU O MERCADO SP PARA OS PRODUTOS RURAIS PAULISTAS E INCENTIVOU OS PARQUES TECNOLÓGICOS. FOI COMO O ATUAL GOVERNADOR DO ESTADO QUE MÁRCIO FRANÇA CONVERSOU CONOSCO SOBRE OS PROJETOS EM ANDAMENTO PARA A BAIXADA SANTISTA, NA ENTREVISTA QUE VOCÊ CONFERE NAS PRÓXIMAS PÁGINAS.

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A SUA LIGAÇÃO COM A BAIXADA SANTISTA É MUITO FORTE. EM SÃO VICENTE, O SENHOR FOI VEREADOR POR DOIS MANDATOS E PREFEITO DUAS VEZES, COM PROJETOS DE DESTAQUE, INCLUSIVE NO TURISMO. FOI SECRETÁRIO DE TURISMO DO ESTADO DE SÃO PAULO ENTRE 2011 E 2012. COMO O SENHOR ENXERGA, ENTÃO, A REGIÃO NO CENÁRIO ESTADUAL PARA PAUTAS COMO TURISMO E CULTURA?

Quando fui prefeito, tentamos resgatar a autoestima dos vicentinos e um dos caminhos foi dar visibilidade à riquíssima história do município com o maior espetáculo teatral à beira-mar do planeta, que é a Encenação da Fundação da Vila de São Vicente. Com o apoio do ex-governador Mário Covas, também transferimos a capital do estado de volta para São Vicente durante as comemorações pelos 500 anos de descoberta do Brasil. Tudo isso projetou a cidade para o mundo. Assim, atraímos turistas, empresários construíram novos hotéis e foram


geradas novas oportunidades de emprego. Além disso, investimos com determinação no maior cartão postal do município, que são as praias. No Itararé floresce um belo jardim onde antes havia mato e prostituição. Mas todo nosso litoral tem cenários deslumbrantes, história, gastronomia, cultura. Essas atrações estão aí, à nossa disposição. Na Secretaria de Estado do Turismo criamos o RODA SP, que desde 2011 percorre as cidades da região levando cultura e lazer a preços populares (R$ 10,00). Em 2018, já são quase 35 mil passageiros transportados. Também valorizamos a economia criativa, tanto que criamos duas Escolas Técnicas de Economia Criativa na Baixada Santista e trouxemos para cá uma das etapas do festival gastronômico Sabor SP 2018, que ocorreu em Santos, tendo três pratos típicos da região selecionados para participar da final, em novembro, na capital. O AEROPORTO REGIONAL É UMA DAS GRANDES EXPECTATIVAS PARA ALAVANCAR O TURISMO NO LITORAL DE SÃO PAULO, MAS É UM ASSUNTO SEM UM DESFECHO AINDA CERTO. QUAIS SÃO AS REALIDADES DA BASE AÉREA DE SANTOS, EM GUARUJÁ, E DO AEROPORTO ESTADUAL ANTÔNIO RIBEIRO NOGUEIRA JÚNIOR? A Prefeitura de Guarujá concluiu um novo edital para construção e exploração do Aeroporto Metropolitano. Só falta um parecer da Força Aérea Brasileira quanto ao uso de uma nova área da Base Aérea. Será um formato mais flexível, que exigirá menor investimento no início e mais rapidez na operação. Então, devemos ter um número

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ENTREVISTA: MÁRCIO FRANÇA maior de empresas interessadas na exploração desse aeroporto. Importante que a Azul já demonstrou interesse em voar para Guarujá e a Prefeitura acredita que seja viável começar as operações em 2019. A expectativa é que, em dez anos, o aeroporto do Guarujá esteja movimentando um milhão de passageiros. O Aeroporto de Itanhaém vem cumprindo bem o seu papel, de apoio às Plataformas da Bacia de Santos, com aumento significativo no número de voos a cada ano. OUTRO PROJETO QUE TEM GERADO EXPECTATIVAS HÁ MAIS DE 50 ANOS E QUE CADA VEZ MAIS FAZ-SE NECESSÁRIA É A LIGAÇÃO SECA ENTRE SANTOS E GUARUJÁ. QUE PRÓXIMOS PASSOS PODEM-SE ESPERAR E QUAIS AS EXPECTATIVAS DO GOVERNADOR PARA A OBRA? O projeto funcional já está em análise na Artesp (Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado). É uma obra importante, com vários detalhes a serem observados para não atrapalhar os navios nem o tráfego de aviões para a Base Aérea. É preciso projetar a estrutura, a geometria, fazer sondagens de solo, avaliar a drenagem da região que será afetada. E cada um desses itens exige um projeto executivo. Mas, até o final do ano assinamos o aditamento do contrato com a Ecovias autorizando que ela faça a obra com recursos dela, em troca do prolongamento da concessão do Sistema Anchieta Imigrantes. O que nós buscamos é uma solução conjunta que incremente o turismo, facilite a vida dos trabalhadores que se deslocam diariamente entre as duas cidades, mas que também viabilize a circulação de cargas entre as duas margens do Porto. NOSSA REGIÃO, APESAR DOS INÚMEROS ATRATIVOS CULTURAIS, HISTÓRICOS E ECOLÓGICOS, AINDA TEM AS PRAIAS COMO PRINCIPAIS CARTÕES POSTAIS. NO ENTANTO, SOFRE COM A FALTA DE BALNEABILIDADE NA MAIORIA DELAS. TEMOS EM VISTA ALGUM PROJETO PARA QUE NOSSO LITORAL OSTENTE MAIS BANDEIRAS VERDES QUE VERMELHAS? 8

Nos últimos anos, o Governo do Estado investiu quase R$ 2 bilhões na expansão do sistema de esgoto através do Programa Onda Limpa. Expandimos a rede para 324 mil pessoas na Baixada Santista. Isso ampliou a coleta de 53% para 76% na Região Metropolitana. Foram construídas sete novas estações de tratamento de esgotos entre Bertioga, Guarujá, Cubatão, Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe, fora o Sistema de Disposição Oceânica da Vila Caiçara, em Praia Grande, e a melhoria do Sistema Integrado de Santos e São Vicente. Foi um investimento importante, mas temos de dar continuidade nesse trabalho. A próxima etapa do Onda Limpa está sendo planejada e são estimados mais R$ 1,8 bilhão em novos investimentos para que se atinja a universalização dos serviços de esgoto na Baixada Santista. A REGIÃO TEM UMA VOCAÇÃO CULTURAL MUITO GRANDE E SEDIA FESTIVAIS DE MÚSICA, DANÇA, CINEMA E TEATRO QUE JÁ SÃO REFERÊNCIAS E PROJETAM A BAIXADA SANTISTA NACIONALMENTE. COMO O GOVERNO DO ESTADO ATUA E/OU PODE ATUAR, FOMENTANDO AINDA MAIS A PRODUÇÃO ARTÍSTICA LOCAL? Somos caiçaras, somos dessa gente que sabe diferenciar siri de caranguejo. E isso nos faz diferentes dos demais paulistas. Temos uma cultura própria, riquíssima, e precisamos valorizar essas manifestações, esse jeito de ser, enfim, ter orgulho dessa identidade própria. Independente disso, no governo do Geraldo Alckmin, de quem eu fui o vice-governador, a Secretaria de Estado da Cultura manteve uma intensa programação para a Baixada Santista. Temos convênios que preveem a liberação de recursos para oficinas de artes visuais, dança, fotografia, circo, literatura e gestão cultural. Só em 2017, 195 mil pessoas participaram dessas oficinas patrocinadas pelo Estado. Itanhaém, Praia Grande e Cubatão integram o grupo de 90 cidades do Estado parceiras da Secretaria de Cultura no Programa de Incentivo à Leitura que leva escritores consagrados para encontros com a comunidade. O Circuito Cultural Paulista promove a formação de novas plateias e já levou grandes nomes para o litoral. De


março a novembro, as cidades participantes recebem espetáculos gratuitos de circo, teatro, dança, música e arte para crianças. Cubatão, Itanhaém, Praia Grande, Peruíbe e Bertioga já participaram. O Projeto Guri tem polos em Itanhaém, Mongaguá, Peruíbe, Santos e São Vicente. As aulas são gratuitas e realizadas no contraturno escolar. Instrumentos musicais e materiais didáticos são fornecidos gratuitamente pelo programa, em parceria com as prefeituras, que disponibilizam o espaço e se responsabilizam por sua manutenção. Em Santos, o Estado ainda mantém o Museu do Café. Só em 2017, a antiga Bolsa Oficial do Café recebeu 162 mil visitantes. O TURISMO TEM REPRESENTADO CERCA DE 10% DO PIB DO ESTADO DE SÃO PAULO NOS ÚLTIMOS ANOS, O QUE TEM ESTIMULADO, A CRIAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O SETOR. UMA DELAS É A CONSTITUIÇÃO DOS MIT – MUNICÍPIOS DE INTERESSE TURÍSTICO, QUE POSSIBILITOU QUE MAIS DE 50 MUNICÍPIOS PLEITEASSEM VERBAS PARA O TURISMO. NA BAIXADA SANTISTA TODAS AS CIDADES, COM EXCEÇÃO DE CUBATÃO, SÃO ESTÂNCIAS TURÍSTICAS E RECEBEM VERBA DO DEPARTAMENTO DE APOIO AO DESENVOLVIMENTO DAS ESTÂNCIAS

(DADE). CUBATÃO CONQUISTOU O TÍTULO DE MIT E CAMINHA PARA VIRAR ESTÂNCIA. QUAIS SÃO AS EXPECTATIVAS PARA A REGIÃO TENDO TODAS AS CIDADES BENEFICIADAS COM VERBAS PÚBLICAS ESTADUAIS PARA O TURISMO? Só entre 2015 e 2018, o Estado repassou mais de R$ 177 milhões para Peruíbe, Itanhaém, Mongaguá, Praia Grande, São Vicente, Santos, Guarujá e Bertioga investirem em obras e equipamentos voltados ao turismo. Isso significa que o Departamento de Apoio aos Municípios Turísticos do Governo do Estado tem sido um importante parceiro no desenvolvimento do setor, que movimenta a economia regional, gera empregos e atrai investimentos. Foram financiados mais de cem projetos nessas oito estâncias turísticas em três anos e meio. Isso demonstra a importância da Baixada Santista no desenvolvimento do turismo em São Paulo. Além disso, ficamos muito felizes em chancelar Cubatão como MIT (Município de Interesse Turístico). Esse ato reforça nossa convicção de que a Região Metropolitana é uma referência internacional no setor. Com isso, a exemplo do que já acontece nos outros oito municípios da Baixada, Cubatão também passará a receber recursos do Estado para investir em suas atrações turísticas e parques.

SOMOS CAIÇARAS, SOMOS DESSA GENTE QUE SABE DIFERENCIAR SIRI DE CARANGUEJO. MÁRCIO FRANÇA

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CHECK IN

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SHERATON SANTOS HOTEL O primeiro cinco estrelas da cidade Mais uma rede hoteleira aportou em Santos, dessa vez com um empreendimento cinco estrelas. O Grupo Mendes e a Marriott International inauguraram recentemente o Sheraton Santos Hotel, a primeira unidade da rede Marriott na cidade.

Foram investidos mais de R$ 90 milhões no hotel, que está incorporado ao edifício de uso misto Praiamar Corporate e promete o mais alto padrão de qualidade, eficiência e excelência em hospedagem. Situado no bairro da Aparecida, o Sheraton Santos Hotel dispõe de 212 quartos, com 15 suítes executivas e uma presidencial com vista para o mar, além de um club lounge. A decoração moderna e o ambiente suntuoso e acolhedor impressionam hóspedes a negócios ou a lazer.

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A estrutura do hotel conta com piscina indoor com bar, salões de jogos para jovens ou adultos, academia e SPA. Para as crianças, o Sheraton oferece programa de recreação infantil, além de ser pet friendly, ou seja, bichinhos de estimação são bem-vindos, com algumas restrições. Conforme explica Gil Zanchi, Gerente Geral da rede Marriott International no Brasil, “a abertura do Sheraton Santos marca um momento importante, pois é o primeiro hotel de bandeira Sheraton nesta região do Brasil”.


Alta gastronomia É claro que não poderia faltar um bom restaurante, com padrão de qualidade equiparado ao do empreendimento, no complexo. A alta gastronomia fica por conta de O Lagar, restaurante com influência da culinária portuguesa, comandado pelo renomado chef Erick Domenico, que ostenta uma adega com mais de duas mil garrafas.

Para quem vem a negócios Para atender as demandas executivas, o hotel tem uma sofisticada estrutura de eventos. São 10 salas, auditório para até 500 pessoas e espaço de coworking, além de um business center para maior comodidade e praticidade de quem visita o Sheraton Santos Hotel a trabalho.

Praiamar Corporate O Praiamar Corporate, edifício de uso misto onde está instalado o Sheraton, contempla, além do hotel, unidades residenciais e corporativas. Com investimento total de R$ 300 milhões, todo o prédio foi construído visando gerar o mínimo impacto ambiental, com soluções sustentáveis como infraestrutura seca para cabeamento digital em fibra ótica, lâmpadas LED, gerenciamento automatizado dos gastos energéticos e ar-condicionados VRF. As salas corporativas contam com heliporto com hangar para quatro helicópteros, único em empreendimentos corporativos do Brasil e uma passarela suspensa que faz conexão com o Praiamar Shopping. Trata-se de um conceito inovador, inteligente e sustentável, em total sintonia com a moderna tendência de arquitetura corporativa de importantes cidades do mundo, com arrojadas linhas de design e soluções criativas e de aplicações tecnológicas que respondam às exigências do futuro

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CAFÉ NA KAMA

A Renovação Passado o inverno, cinza, de árvores desbotadas e desfolhadas, emoções bastante complexas, que evocam tempo perdido, sonhos não realizados e dificuldades não ultrapassadas que nos atingem a alma, chega a primavera, luminosa, calorosa e florida. A primavera é a estação mais colorida do ano - flores desabrochando, a natureza se renovando, inspirando encontros, paixões e amores - é época que propicia reencontros, lavar a sujeira acumulada, recolher folhas mortas, reparar o reboco da alma. Talvez você não saiba, mas ofertar flores para a amada ou amado pode ir muito além de uma gentileza ou um gesto de afeto; pode ser um convite, uma expressão de desejo erótico e sexual. Sem dúvida as flores possuem outros significados e intenções, mas quando a oferta se dá dentro de uma relação ou entre amantes, seja MARCIA ATIK uma orquídea ou um buquê de flores, a mensaAPARECIDA gem oculta é de desejo e erotismo. FAVORETO Uma curiosidade, no passado quando se descoTerapeutas sexuais briu que as flores eram os aparelhos reprodutivos das plantas, alguns religiosos ficaram horrorizados e se rebelaram contra essa descoberta e tentaram desacreditar o pesquisador em questão, pois a repressão sexual, na época, era tão grande que era inconcebível para eles que a criação divina pudesse ter permitido essa exposição indecente na natureza.

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As flores geralmente estão presentes no início do relacionamento, na fase da conquista e do encantamento, fase essa que os casais relembram com muita saudade e nostalgia, principalmente porque se remetem à primeira relação sexual ou primeiros encontros eróticos. Mas nem tudo são flores nas primeiras relações sexuais, muitas vezes as pessoas estão tão tensas e ansiosas que podem apresentar dificuldades ou inadequações sexuais. Para uma boa relação sexual quer seja rompendo a barreira da virgindade ou que seja a primeira de um novo relacionamento são necessários alguns ingredientes para que o corpo se prepare e o desejo exploda, tais como relaxamento, intimidade, tranquilidade, autoconhecimento, segurança e principalmente permitir-se passear pelo corpo do outro como se fora explorar, descobrir e desnudar. Além desses aspectos, as preliminares repletas de toques, cheiros, massagens, abraços e beijos são fundamentais para o despertar do sensual e erótico, caso contrário, podemos nos deparar com dificuldades e até desenvolver disfunções sexuais. Sexo bom é vida, renovação e envolvimento. Ser e saber ser merecedor do prazer sexual para poder usufruir mais e querer sempre mais, apesar de algumas perdas, fazendo com a vida o que tão bem Cecília Meirelles decanta em versos.

"Aprendi com a primavera a me deixar cortar. E a voltar sempre inteira”.


ESPORTE

TEXTO: DIEGO BRÍGIDO • FOTOS: DIVULGAÇÃO

GABRIEL MEDINA Do surf ao instituto Foi nas ondas de Maresias, em São Sebastião, que o primeiro brasileiro campeão mundial de surf, Gabriel Medina, aprendeu a surfar. É lá também que ele está deixando um legado para as novas gerações de surfistas, por meio de um projeto idealizado e financiado com recursos próprios. A ideia do Instituto Gabriel Medina surgiu antes da conquista do campeonato mundial, mas virou realidade em fevereiro de 2017 (Medina conquistou o título em 2014, aos 20 anos). O projeto surgiu para formar novos campões no surf, inspirados pela trajetória do maior ídolo da modalidade brasileira na atualidade e já se tornou referência no Brasil e até no exterior como centro de preparação de alto rendimento para jovens talentos do esporte.

A seleção Os integrantes do projeto, jovens de 10 a 17 anos, são selecionados no Circuito Medina de Surf e o IGM oferece, gratuitamente, toda a estrutura necessária para se tornarem campeões, além de proporcionar aos atletas aulas de idiomas. Os jovens também recebem alimentação, pranchas e roupas de borracha, custeio de viagens para competição, além de outros benefícios como treinamentos de natação e de apneia, apoio psicológico e tratamentos fisioterápico e odontológico. Como contrapartida, o Instituto exige a frequência nos treinos e na escola, no contraturno.

Gabriel Medina Nascido em 22 de dezembro de 1993, Medina começou a surfar aos nove anos, influenciado pelo pai, Charles Saldanha, em Maresias. O primeiro título de destaque nacional veio aos 11 anos no Rip Curl Grom Search, na categoria sub12, em Búzios, no Rio de Janeiro. A primeira conquista no exterior foi o segundo lugar no Volcom Sub14, na Califórnia. Em 2009, Medina assinou contrato com a Rip Curl e iniciou a carreira profissional. No mesmo ano venceu a etapa do Mundial, no Brasil, e em 2011 se garantiu na elite mundial, com apenas 17 anos, o mais jovem até hoje. Foi campeão mundial Pro-Júnior, também pela World Surf League (WSL), em 2013, comemorando o título no Brasil, na Praia da Joaquina, em Florianópolis. No ano seguinte, se consagrou o primeiro brasileiro campeão mundial, que garantiu a Gabriel o status de ídolo nacional.

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GASTRONOMIA

Saberes e Sabores por aí Ah... a gastronomia! Nesses anos todos em que atuo nessa área, no início como professora e hoje também como coordenadora de curso, passaram por nossos bancos escolares, cozinha e laboratórios, inúmeros alunos que chegam com muitos sonhos, seguindo na busca de conquistas, realizações e ‘transformação’. Os ‘meus alunos’, como gosto de dizer, buscam na Gastronomia muito mais que aprender a cozinhar; muitos buscam conquistar o mais alto grau de destaque no cenário criado pelos concursos, em que colocam à prova o aprendizado adquirido aqui junto a sua experiência profissional. Nos orgulhamos muito de ver a coragem desses meninos, pois não é nada fácil passar por todas as etapas de seleção e pela participação nos concursos. Eu penso que não sei se conseguiria enfrentar a pressão dos tais realitys.

FÁTIMA DUARTE GONÇALVES Chef de cozinha, professora e coordenadora do curso de gastronomia da São Judas Campus Unimonte

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Dos nossos alunos, participaram do programa Masterchef Profissional, Dario Costa, que, em sala de aula, era inquieto e sempre atento às práticas e técnicas, buscando a inovação na forma de fazer e servir os pratos produzidos nas aulas. Formado, foi em busca de mais aprendizados no exterior, onde passou por várias cozinhas, nos mesmos lugares onde praticava o Surf. Além disso, fez um curso de especialização na Itália e por esse e outros motivos chegou ao programa por se destacar e galgar o 3º lugar. Participou também do Masterchef Profissional o nosso aluno Frank Bin, um confeiteiro de ‘mão cheia’ que, mesmo antes de se formar, estagiou em vários restaurantes da região e, como consequência, foi reconhecido e contratado pelo extinto e saudoso Guaiaó e pela Enoteca Decanter. Com toda a experiência adquirida, foi para São Paulo em busca de novos desafios, onde, atuando no Kinoshita (uma estrela Michelin), também conquistou a tão sonhada vaga para o reality. Apesar de não ter avançado na competição, a experiência adquirida levará por toda a sua vida profissional.

Mas a participação dos nossos alunos em concursos não acaba por aí: recentemente, nosso também ex-aluno, Leonardo Guru, ganhou o 1º Lugar na Copa Brasil Best Sushiman 2017 e por conta dessa conquista foi ao Chile conhecer a produção de salmão. Agora no mês de agosto ganhou um curso no Japão, onde concorreu no World Sushi Cup 2018 e conquistou o 7º lugar. Leonardo foi uma grata surpresa, pois parecia ser um aluno despretensioso. No entanto, após uma indicação minha para estagiar num restaurante de culinária japonesa no centro de Santos, conheceu pessoas e adquiriu experiência nesta cozinha. Hoje ele nos enche de orgulho com tamanho profissionalismo que dedica as suas práticas diárias como sushiman. E ainda tem mais. Lucas Cavalcanti, também ex-aluno da casa, participou, ainda como aluno, do Concurso Paladar Caiçara, criado pelo colegiado do curso para estimular a pesquisa da culinária regional. Foi o vencedor, juntamente com sua amiga Ilda Boton. Formado, atuou em vários estabelecimentos, e hoje atua como chef de cozinha no empório Casa Porto. Recentemente, participou do Desafio Expo Brasil Chocolate 2017, com a torta ‘5 chocolates’, que o levou ao vice-campeonato. Neste ano, participou do Festival Gastronômico de São Paulo com sua sobremesa KÃmu-si (panacotta de coco com calda de cambuci e crocante de amendoim e alecrim), que foi publicada na revista prazeres da mesa na edição especial dos 15 anos. Nesse mesmo concurso, o aluno Carlos Barreto participou da categoria Raiz Caiçara, representando a culinária do Restaurante Tahiti, no Guarujá, com o bolinho de peixe com ceviche de banana da terra. Esses são alguns dos muitos alunos que atuam no mercado e nós do São Judas Campus Unimonte temos a consciência e a certeza de que o Curso de Gastronomia, com os seus 12 anos de trajetória, mudou e vem mudando o cenário gastronômico da região. Não quero ser injusta. Citamos alguns alunos, mas muitos outros estão espalhados pelo Brasil e até no exterior, trabalhando muito e levando o nosso nome. Isso nos leva a crer que estamos atingindo o nosso maior proposito que é o de ‘transformar o país pela educação’ com direito a muitos saberes e sabores.


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A BORDO

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Eles estão chegando Temporada de Cruzeiros 2018/2019 Sol, praia, mar e aquele ritual que nós adoramos por aqui de acenar para os transatlânticos que deixam nosso litoral. Em breve, já tem navio deixando os mares europeus para a temporada brasileira de cruzeiros 2018/2019 - a primeira saída do Porto de Santos para roteiros pelos nossos mares será no dia 24 de novembro. A temporada segue até abril, com a última partida de Santos programada para o dia 13.

Na temporada passada, mais de 530 mil passageiros passaram pelo porto santista, entre embarque, desembarque e trânsito, distribuídos em 87 escalas. Foi uma temporada grandiosa, mas como navegar é preciso (e viver nem tanto, já dizia o poeta), a temporada atual promete aventuras ainda maiores para os que desejam se lançar ao mar. Além do aumento considerável no número de cabines, roteiros maiores são a grande promessa dessa vez, já que os pacotes são, na grande maioria, de 7 noites. No ano passado, os minicruzeiros ganharam destaque nos mares de cá.

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Chegada em grande estilo

Dentre os 11 navios que atracarão em Santos, de armadoras como a Costa Cruzeiros, MSC Cruises, Pullmantur, Oceania Cruises e outras, tem um estreante que merece destaque e promete arrancar suspiros de quem vai embarcar e invejinha em quem vai só dar bye bye: o MSC Seaview. Com mais de duas mil cabines e capacidade para até 5.331 hóspedes, o Seaview é o maior em operação da temporada 2018/2019. Ele está em curso desde junho de 2018, quando partiu para roteiros pelo Mar Mediterrâneo, e logo chega à América do Sul. Sua primeira parada em Santos está marcada para o dia 6 de dezembro e a maioria dos pacotes estão


sendo comercializados para cruzeiros de 7 noites, com destino ao nordeste, mas também é possível optar por minicruzeiros de 3 a 4 noites pelo sul do país e Rio de Janeiro, em algumas poucas datas. A proposta do MSC Seaview é fazer com que o hóspede tenha uma experiência ainda mais próxima do mar. São muitas as atrações que reforçam essa missão, incluindo a fabulosa Ponte dos Suspiros, uma ponte de vidro totalmente transparente a 40 metros acima do mar. E se

isso não te parece aventura o suficiente, você pode experimentar a tirolesa de 105 metros, que, além do frio na barriga, garante também uma vista espetacular do oceano. Crianças de todas as idades encontram um lugar ideal para se divertir na viagem, nas salas temáticas LEGO, no teatro e até em um parque aquático. A comida é uma atração à parte, já que o Seaview conta com 10 restaurantes de culinárias diversas e 19 bares e lounges para os boêmios a bordo. Quanto à acomodação, existe uma opção para cada tipo de hóspede, desde cabines mais intimistas até opções para acomodar toda a família. Para não perder todas as atrações que a temporada de cruzeiros 2018/2019 reserva, é bom correr para fechar o seu pacote e não ficar só a ver navios.

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TECNOLOGIA

O grande potencial do Mobile Marketing

GABRIELA MORAIS CEO da W/Morais www.wmorais.com.br gabriela@wmorais. com.br

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Os dispositivos móveis têm ganhado um público bem fiel, influenciando em algumas mudanças nos hábitos da sociedade, por exemplo, na forma de se comunicar e no jeito de consumir informações. Hoje em dia, há mais dispositivos móveis do que pessoas em alguns países e muitos usuários afirmam fazer tudo o que os usuários de desktop fazem, desde que seja apresentado de uma forma responsiva e que garanta uma navegação adequada. Para se ter uma ideia, mais de 70% dos brasileiros não saem de casa sem seus smartphones, considerando o item mais importante a ser levado com eles, mais importante até do que os documentos pessoais e dinheiro. Os aparelhos móveis já se tornaram uma espécie de segunda tela, sendo um dos principais meios de acesso à internet, além de influenciar no poder de decisão de compra. Inclusive, o Google já prioriza os sites "mobile-friendly" nos resultados de busca, pois 4 em cada 5 consumidores utilizam o smartphone para realizar compras online. Com isso, pode-se afirmar que o Mobile Marketing já demonstra um grande potencial de crescimento e evolução.

Mas o que é o Mobile Marketing?

Ele nada mais é do que o uso de dispositivos móveis para estratégias de marketing, ou seja, é, literalmente, o marketing pelo celular. Ele se refere ao ato de criar campanhas utilizando ações estratégicas de mobile para entender e atender às necessidades do público-alvo a qualquer momento, afinal, os aparelhos móveis estão praticamente "grudados" em seus donos 24 horas por dia, permitindo que os mesmos permaneçam em contato com a sua empresa, por exemplo, independentemente do local ou da tarefa que eles estejam realizando.

Por esse motivo, é importante que as estratégias de marketing sejam renovadas e adequadas sempre que surgir um novo meio de comunicação ou um novo hábito de consumo, mas sem mudar o direcionamento delas, pois este deve ser sempre o seu público-alvo. Então, procure ter definido quais são os horários de maior audiência, os formatos de anúncios, as mídias sociais que se encontram e, claro, os conteúdos considerados mais relevantes pelo seu público. Dessa forma, você vai fazer com que a pessoa certa visualize a informação certa e na hora em que precisa.

Invista em Mobile Marketing, ele vai dar o que falar!

Esse segmento tem crescido na mesma velocidade que a demanda por celulares e outros dispositivos móveis. Esses dispositivos tecnológicos estão cada vez mais versáteis, e versatilidade hoje significa também mobilidade. A queda vertiginosa na venda de desktops prova que as pessoas querem estar conectadas a aparelhos que possam ser carregados em qualquer lugar. Para começar o planejamento e análise de potenciais estratégias de Mobile Marketing, pesquise sobre ferramentas de envio de mensagens (SMS e MMS), criação de sites responsivos, e-mail marketing e até mesmo de desenvolvimento de aplicativos. Lembre-se de investir nesse canal que promete crescer (e muito!) nos próximos anos: esteja presente nele porque este é um dos meios de comunicação mais pessoal que existe, demandando muita dedicação e estratégias eficientes de acordo com o segmento do negócio e os interesses do público-alvo.


CHOCOLOVERS

OFERECE

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Para quem gosta do bom chocolate

Se você é da turma dos #chocolovers, mas daqueles de respeito, que gosta do bom chocolate, vai comemorar com muito gosto esta doce novidade. Santos acaba de ganhar uma nova confeitaria baseada em... chocolate.

A Origens Chocolateria fica na Rua do Comércio, 34, no Centro Histórico de Santos. Funciona de segunda a sexta, das 10h às 18h contato@ origenschocolateria. com.br

Nós já falamos dos chocolates artesanais da Origens por aqui e lá no portal também, mas a Origens Chocolateria cresceu, e está agora no Centro de Santos com uma confeitaria e loja multimarcas. Além das tradicionais barras de chocolate, brownies e trufas que levam a marca da Origens, agora é possível encontrar também barras de chocolates ‘craft tree’ e ‘bean to bar’, produzidos por alguns dos melhores chocolate makers do Brasil. O sabor especial da marca é resultado da combinação entre o melhor da matéria-prima nacional e importada. Um exemplo é o uso dos chocolates e cacau em pó do grupo franco-belga Barry Callebaut nas produções próprias da chocolateria. Todo esse cuidado faz link com o objetivo da Origens: desenvolver a cultura do chocolate em Santos e região. Para isso, o proprietário Fábio Portugal também organiza eventos de degustação e harmonização, palestras, cursos e workshops, e participa de imersões, festivais e eventos de todos

os tipos para aprimorar suas técnicas e conhecer as saborosas novidades do setor. Além da inauguração da nova loja, a Origens ainda tem outras novidades por vir, que devem ser oficializadas em breve, como o lançamento da loja virtual. As entregas em Santos serão feitas pela EcoBike Courier (são eles que fazem a entrega da Revista Nove também) e por Sedex para os demais locais.

Alguns produtos que merecem destaque no menu da Origens

O mel de cacau (polpa líquida do cacau que leva, em média, nove cacaus na produção); o chocolate quente produzido com chocolate belga, cacau em pó processado na França, creme de leite, leite e uma fava africana e as barras já conhecidas e premiadas nos principais festivais do mundo, como Prêmio Bean to Bar Brasil, International Chocolate Awards e Academy of Chocolate Awards.

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CENÁRIO

VISITE GUARUJÁ

Viva Guarujá o Ano Todo

OFERECE

TEXTO: NOVE CONTENT • FOTO: PMG / PEDRO REZENDE

No Rabo do Dragão, a Serra do Guararu O Guarujá ainda esconde um cantinho preservado entre o Oceano Atlântico e o Canal de Bertioga, no extremo leste da Ilha de Santo Amaro, às margens da estrada GuarujáBertioga.

A Serra do Guararu fica na região conhecida como Rabo do Dragão (a geografia do Guarujá lembra a silhueta de um dragão), distante 27 km do centro da cidade. Área de Proteção Ambiental (APA) desde 2012, a APA guarda uma das últimas porções significativas de Mata Atlântica em bom estado de conservação no litoral paulista e abriga praias secretas, como Iporanga, Praia das Conchas, São Pedro, Praia Branca e Camburi. Na Serra do Guararu também estão importantes

sítios arqueológicos e centenas de nascentes que alimentam o Rio Iporanga. A rica biodiversidade da área acolhe tamanduás-mirins, bichospreguiça, pacas, tatus e gambás, além de centenas de espécies características da Mata Atlântica. Segundo relatos de moradores locais, até onçaspardas, jaguatiricas e veados podem ser avistados por lá. Um cenário de tirar o fôlego e lembrar que nem só de praias vive a Baixada Santista.

NÓS JÁ FALAMOS SOBRE A SERRA DO GUARARU E OUTROS RECANTOS VERDES DA NOSSA REGIÃO NESTA MATÉRIA SOBRE ECOTURISMO, NA PRIMEIRA EDIÇÃO DA REVISTA.

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CAPA

TEXTO: DIEGO BRÍGIDO • FOTOS: CHRISTIAN JAUCH

Comida, diversão e arte

"Você tem sede de que? Você tem fome de que?’ Estas são as duas perguntas insistentes na canção ‘Comida’, dos Titãs, de 1987. E a mesma letra ainda fala ‘a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte. A gente não quer só comida, a gente quer saída para qualquer parte’. A música tem 31 anos, mas o tema não poderia ser mais atual, já que, cada vez mais, a comida faz parte de um contexto que vai além da alimentação. Sair para comer é uma experiência multissensorial com um forte apelo estético. Se antes, famílias e grupos de amigos saíam para comer em busca de confraternizar, hoje essa vivência é muito mais ampla e complexa. Na era dos reality shows gastronômicos e do Instagram, a comida ganhou dimensões que vão além do sabor. Muitos chefs apostam na culinária de resgate, que trabalha nossas memórias e nos levam de volta à infância, ao conforto do lar, à comida da vó; é o que chamam de comfort food. É uma experiência que vai além da comida em si, embora, neste caso, o visual tenha pouca importância – aqui vale a sensação que o alimento provoca, os sentimentos que ele desperta. No entanto, mesmo a comida simples, nos dias de hoje, ganha um cenário que valoriza a experiência como um todo. Tem arte, tem diversão, tem política e tem status em nossos pratos e isso torna o ritual muito mais rico, beirando ao exibicionismo, em muitos casos. Mas, que mal há nisso? Uma louça produzida artesanalmente por uma ceramista local; um coquetel servido sobre uma boia em formato de sereia; paredes criadas para comporem cenários para o Instagram; cozinhas-show, que permitem que os clientes assistam ao preparo dos pratos e ambientes tematizados para um simples – mas de primeiríssima qualidade – café após o almoço. Tudo isso traz à comida um caráter que vai além da nutrição, que ajuda a alimentar não só o corpo, mas a alma, o ego, as relações sociais e as mídias sociais, claro. 22

O cenário santista Já falamos em outras edições sobre o cenário gastronômico santista – temos, cada vez mais, opções de culinárias diversas, com propostas que seguem as principais tendências paulistanas e até internacionais. Não só a gastronomia, mas a coquetelaria, o barismo e o ‘botequismo’ estão muito bem representados por aqui. Jovens empreendedores da região têm apostado neste cenário rico de sabores, aromas, cores e tantas outras experiências. Tem comida, diversão e arte por toda parte em Santos. Tudo isso junto, em ambientes descolados, modernos, despretensiosos (ou bem pretensiosos, se avaliarmos bem) e cênicos. Os drinks deixaram de ser servidos em copos e passaram a vir em banheiras, urnas, canecas em forma de caveira, dentro de bolas e por aí vai; os pratos propõem apresentações que nos fazem ter dó de enfiar garfo e faca; os cafés são coados na própria mesa, em rituais cheios de pompa e explicações e os estabelecimentos gastronômicos são quase parques temáticos da gastronomia. Resultado: casas com filas na porta, paredes coloridas super disputadas e perfis nas redes sociais exibindo obras de arte comestíveis e bebíveis.


Fizemos um tour por algumas dessas casas do momento em Santos e vamos contar um pouco sobre o conceito de cada uma delas. E como você já notou, obviamente, ficou uma matéria bem fotográfica. Bem divertida. Bem artística. Mas, antes disso, conversamos com cinco especialistas de diversas vertentes gastronômicas, durante um bate-papo que levou o mesmo título desta matéria, realizado em parceria com o Encontro de Criadores e a São Judas Campus Unimonte, e perguntamos a eles: Comida é arte?

Veja o que cada um pensa sobre o assunto “É indiscutível a importância que a comida tem como um atributo que conecta as pessoas e resgata memórias. Uma boa apresentação, a ambiência e tudo o que se cria em torno da comida pode mudar uma abordagem, independente da militância”.

Andressa Gama é militante do veganismo e empresária de culinária vegana

“Quando se pensa em arte, se pensa em cores, texturas e vibrações. E tudo isso a comida oferece. Eu não sou a favor da valorização da estética acima do sabor, mas o link entre arte e comida é bem real”. Dario Costa é chef de cozinha e proprietário do Madê Cozinha Autoral

“Um cozinheiro é também um artista, pois muitas decisões em torno da cozinha têm relação com a criatividade e o improviso. É um universo muito rico, cheio de experiências”. Fátima Duarte Gonçalves é chef de cozinha e coordenadora do curso de gastronomia da São Judas Campus Unimonte

“Arte é aquilo que pode te impactar e te transformar e a comida tem esse poder. Mas eu também acredito que a proximidade entre as culturas pode fazer com que uma seja estrangulada pela outra e que se perca identidade e isso se reflete também na gastronomia”. Fernanda Lopes é chef de cozinha e jornalista especializada em gastronomia

“O cozinheiro coloca no prato as suas referências, a sua identidade. A culinária é uma mistura de aromas, sabores e texturas, logo, tem toda a relação com a arte. Mas é fundamental que nós tenhamos consciência do valor da nossa cultura para que isso seja impresso no prato”. Luciana Marchetti é chef de cozinha, nutricionista e professora de gastronomia

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TEXTO: DIEGO BRÍGIDO • FOTOS: CHRISTIAN JAUCH

Arapuka Gastrobar O primeiro bar santista especializado em drinks tem um menu inspirado em coquetéis de sucessos de vários lugares do mundo, além de versões exclusivas. A casa, despojada e intimista tem dois andares e decoração temática, com ambiente externo e uma playslist própria no Spotify (nós somos fãs por aqui – procura lá: Arapuka).

Seguindo a tendência da coquetelaria mundial, o Arapuka tem no cardápio drinks à base de rum e uma seleção de Gin & Tônica Premium, com gins de vários países do mundo.

Você também vai encontrar os clássicos, como Cosmopolitan, Manhattan, Dry Martini, além de mules, spritz, negronis e os Drinks da Casa, que são releituras exclusivas do Arapuka com apresentações que lembram obras de arte.

Black Smoked Negroni leva gin importado, Vermouth Rosso, Campari, laranja bahia, carvão ativado e fumaça de jatobá. Experiências gustativas, olfativas e visuais.

USE O QR CODE ACIMA E CONFIRA A PLAYLIST DO ARAPUKA NO SPOTIFY

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O Monkey Tub leva vodka, Curaçao Blue, limão siciliano, água com gás e espuma de gengibre e é servido dentro de uma banheira.

O Drunk in Love tem a apresentação de uma poção do amor e é uma mistura de gin Tanqueray, licor de laranja, xarope de hibisco, suco de laranja bahia, suco de limão siciliano, angostura, clara de ovo e alecrim.


Naus Restaurante Bar O Naus acabou de aportar em Santos e é, sem dúvida, a casa mais cênica da cidade. O ambiente todo temático foi especialmente criado para uma excelente experiência gastronômica, claro, mas também visual. Cada detalhe foi pensado para render uma linda foto no Instagram.

Um enorme aquário de água salgada recebe os clientes logo na entrada e sustenta o bar da casa. Paredes coloridas e com pinturas que remetem ao mar; drinks servidos nos mais exóticos formatos – até Wilson, a bola do Náufrago (Tom Hanks, 2000), serve de aparato para um coquetel, o Nausfrago – e ambientes com temáticas pirata, porto e descobrimento fazem parte da experiência.

Aniversariantes da noite ganham um ‘parabéns a você’ especial, com direito a bolo cenográfico com brindes e fanfarra de garçons vestidos de marinheiros. O espaço kids, também tematizado, faz a criançada entrar na farra. Quem der sorte, vai encontrar por lá o marujo, mascote do Naus, que desce a escada dançando, com luz e música de balada.

O menu oferece porções, lanches e pratos bem servidos e muito bem apresentados, além, claro, das bebidas ultra fotogênicas. Mas como tudo no espaço parece ter sido criado para entreter, você terá que dividir sua atenção entre uma garfada, um gole e uma selfie. É pura diversão.

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Foto: Marcela Martins

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Madê Cozinha Autoral O Madê também é uma casa nova no cenário gastronômico de Santos – está completando um ano em outubro –, mas já emplacou inúmeras novidades desde a inauguração, resultado das ideias do inquieto chef Dario Costa.

Na cidade que foi ícone do café, faltava uma cafeteria focada em cafés de qualidade e que aliasse a isso, apelo cultural e boa música. Faltava, não falta mais.

A proposta da casa atrai um público com mais de 40 anos, apreciador de cafés e boa música, que vai encontrar também mesa de pebolim e videogame com jogos retrô. Muita diversão e arte.

O recém-inaugurado Save the Queen foi inspirado em um misto de café e pub, que existiu em Londres entre 1958 e 1985, com o mesmo nome. Uma viagem dos sócios à capital inglesa despertou o interesse na história desse lugar, frequentado por integrantes de bandas como Rolling Stones e The Animals, antes da fama. Resolveram então recriar a história do Save the Queen em Santos e resgatar o forte apelo cultural, musical e da história do café na cidade. O ambiente é todo tematizado e a casa só trabalha com cafés de qualidade.

Foto: Marcela Martins

Eles têm a maior quantidade de cafés da região – são sete, sendo quatro curitibanos e três mineiros, entre eles um dos melhores do Brasil. Também recriaram os tradicionais lanches de padaria, com receitas exclusivas e servem drinks famosos do Reino Unido, chás preparados na prensa francesa e chai latte (chá com leite e especiarias).

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Dario procura usar produtos da estação, frescos e insumos muitas vezes desprezados por outros chefs. O menu é enxuto e os ingredientes são limitados, o que garante comida fresca e refeições sem desperdício. Os pratos são servidos em louças também produzidas por artistas locais, o que torna, sim, a comida uma riquíssima experiência, carregada de arte. O ambiente é moderno e muito bem decorado, com plantas por todos os lados, madeira e vidro. A cozinha de finalização também é aberta e os comensais podem acompanhar o preparo dos pratos de perto. A última novidade do Madê são os pratos para compartilhar: a ideia é que todos na mesa possam provar um pouco de todos os pratos pedidos, compartilhando as experiências.

Foto: Christian Jauch

Save the Queen

Ao contrário dos demais estabelecimentos, o foco do restaurante não está no visual dos pratos, mas na simplicidade e na qualidade da comida. E é justamente aí que está impressa a arte do Madê: comida simples, mas bem-feita, com respeito aos ingredientes e aos produtores.


TEXTO: DIEGO BRÍGIDO • FOTOS: CHRISTIAN JAUCH

Lo.Cal Este é um daqueles lugares superdescolados e no melhor estilo americano ‘faça-seu-pedido-retire-sua-comida-e-descarte-o-seu-lixo’. A arquibancada com o luminoso ao fundo ‘Smile like a banana’ é o espaço mais disputado da casa: é cool e vale fotinhos no Instagram. A proposta do Lo.Cal é baseada em uma alimentação mais saudável, com baixa caloria (low-calories) e em oferecer opções de escolha aos clientes. São quase 400 combinações de sucos e uma infinidade de saladas, com mais de 40 itens que podem ser combinados. A casa fica aberta o dia inteiro, para café da manhã, almoço e jantar e tem no menu também opções de sanduíches e cafés (aqueles dos copinhos-baldes americanos que adoramos ver nos filmes). Inspirada nas bakeries e casas de suco de Nova Iorque e Miami, o ambiente é jovem e moderno e todo o preparo dos pedidos é feito na frente dos clientes, com ingredientes frescos e boa parte dos insumos produzidos no Lo.Cal. Apesar da proposta americana, que traz agilidade ao serviço e estimula a rotatividade, é muito comum ver jovens papeando por um bom tempo no espaço, com seus bowls de salada descartáveis e smoothies coloridos na mira das selfies.

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TEXTO: DIEGO BRÍGIDO • FOTOS: CHRISTIAN JAUCH / GUSTAVO PORTO

Sítio 17

O Sítio 17 é a mais fresca das novidades gastronômicas da região, pois nem havia aberto as portas ainda até o fechamento dessa edição (a previsão, até aqui, é para a primeira quinzena de outubro). Mas nós visitamos o espaço em fase de finalização e a sensação é de estar em uma grande cozinha de sítio.

A fusão da simplicidade da cozinha do campo com os sabores do mar, tão presentes na culinária regional, vem das experiências profissionais dos dois chefs. Daniel tem larga vivência nos Estados Unidos e atuou em casas de sucesso em São Paulo; em Santos, comandou durante anos a cozinha do Oca. Foi eleito chef revelação pela Revista Veja, em 2006 e ainda ganhou prêmios como o do Festival Gastronômico Sabor de São Paulo, em 2014, e o Menu Goût de France, em 2015, idealizado pelo renomado chef Alan Ducasse. Marcio é filho de imigrantes japoneses e desde cedo, vivendo na colônia japonesa em Santos, aprendeu a lidar com pescados. Foi surfista profissional e durante os campeonatos preparava sushi e sashimi para os amigos atletas, além de também ser faixa preta de jiu-jitsu e o responsável por trazer o esporte a Santos, praticar kitesurf e pesca submarina. Toda essa ligação com o mar resultou em dois restaurantes orientais com a marca Okumura que já fazem sucesso na cidade, desde 2007. O Sitio 17 é um lugar acolhedor, repleto de elementos que remetem à simplicidade e à rusticidade de um sítio, com muita madeira e plantas. Logo na entrada, uma belíssima parede de renda francesa traz a natureza ao local, que ganha ainda mais força com os vasos de pacová e pau d´água no entorno. O ambiente é decorado com obras de artistas como Rodrigo Matsuda, Gino Pasquato e Rica Mota e a cozinha, assim como no sítio, é integrada à casa, para que os clientes possam acompanhar o preparo. Um belíssimo projeto do arquiteto Edgar Pistelli. 28

A preocupação com o uso de produtos da estação também está presente no Sitio 17, que propõe um cardápio bastante flexível, em função da época de cada insumo. Os temperos e os brotos são plantados na horta do restaurante, que também possui sua própria charcutaria, onde se produzem o bacon, a linguiça, a salsicha, o pastrame e o presunto. Os pães e os doces também são de fabricação própria e boa parte dos produtos estará exposta para venda em uma rústica estante também com jeitão de sítio. Apesar da proposta de simplicidade, o contemporâneo está bem presente no Sítio, com as exclusivas louças de cerâmica do Atelier Morro do Bambu e a possibilidade de fazer os pedidos por um sistema de autoatendimento, diretamente das mesas.

Foto: Christian Jauch

É esse mesmo o propósito dos chefs Daniel Stucchi e Marcio Okumura – que, aliás, ilustram a nossa capa – e dos outros três sócios da casa (Marcos Andrade, André Lettieri e Ricardo Franzese): criar um ambiente rústico, que oferece comida simples e autoral, mas com apresentação moderna e preço justo.

Foto: Gustavo Porto

Foto: Gustavo Porto


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TEXTO: NOVE CONTENT • FOTOS: ANDREA CAICHJIAN

Trocando Ideias Porque, afinal, existe vida offline

A oitava edição do Encontro de Criadores aconteceu nos dias 9 e 10 de junho no novíssimo e moderno Espaço Plataforma, na Ilha Porchat, em São Vicente. Além de continuar valorizando a cultura do ‘feito à mão’ e os criadores e criativos da Baixada Santista, abrindo espaço para venderem seus produtos, esta edição teve como tema a provocação ‘Existe Vida Offline’.

Durante os dois dias de evento, rolaram seis rodas de conversa com temáticas atuais que estimularam a troca de ideias e cumpriram muito bem o papel de resgatar a experiência da convivência.

A temática reforça a ideia do evento de ser uma plataforma multicultural de criatividade para fomentar expressões criativas e valorizar a experiência de vida e a troca humana.

Bora falar sobre elas...

E para confirmar a proposta, o Encontro de Criadores estreou uma novidade na edição vicentina, em parceria com a Revista Nove (sim, nós!), o Centro Universitário São Judas Campus Unimonte, o Juicy Santos e a Tarrafa Literária: o Trocando Ideias, um espaço colaborativo para troca de conhecimento. Foi lindo!

A primeira roda de conversa do dia 9 foi proposta pela Revista Nove e trouxe o tema ‘Experiências que fazem a diferença - Como os labs e coletivos podem nos ajudar a construir juntos?’. O bate-papo foi mediado pelo designer Niva Silva, professor e coordenador do Dínamo, o laboratório de inovação da São Judas Campus Unimonte. Os convidados Marina Pereira (LABx - Instituto Procomum); Diogo Luz (Osmose Coworking, O EDITOR DIEGO BRÍGIDO FEZ A ABERTURA DAS RODAS DE CONVERSA E MEDIOU DUAS DELAS

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de São Paulo); Rafael Forte (Coletivos O Bote e Abismo) e Eduardo Viana (LAB 4D) trouxeram suas experiências e conversaram sobre espaços e iniciativas que nos levam a lugares novos e nos estimulam a construir em conjunto. Cada um com o seu case mostrou que a construção coletiva tem sido a saída encontrada por profissionais de diversos segmentos não só para driblar a crise, mas para construir projetos com ideais compartilhados, em busca de um mundo mais justo e colaborativo. Na sequência, José Luiz Tahan bateu um papo divertido e ácido com Xico Sá, com o tema ‘Tudo Certo e Nada Resolvido - Quebrando a cabeça, fazendo a diferença’. Xico contou sua experiência como escritor e, sobretudo, como leitor e como a literatura – de todo tipo – pode fazer de nós melhores leitores, escritores e até melhores pessoas. Ele defendeu que uma frase perdida em um livro

de Machado de Assis, por exemplo, pode em algum momento nos ser mais útil que um livro de autoajuda inteiro. Para ele, a literatura é para vida toda.

Xico falou ainda do conflito que todos nós travamos diariamente com as redes sociais e como elas podem ser nocivas à leitura convencional.

O terceiro e último bate-papo do primeiro dia do Trocando Ideias foi conduzido por Ludmilla Rossi e Flavia Saad, do Juicy Santos, que convidaram Carol Sanseverino, Rita Zaher e Denise Tardelli, para discutirem o tema ‘Amor de internet faz verão?’. Elas debateram as novas tendências dos relacionamentos na era digital e como os conceitos e o comportamento – inclusive no sexo – mudaram com o advento da internet. A primeira roda de conversa do dia 10 foi condu-


zida pelo editor da Revista Nove, Diego Brígido, e trouxe o tema ‘Comida, diversão e arte! - Sua alimentação diz muito sobre quem você é’. Os convidados Fernanda Lopes (Boa Mesa); Andressa Gama (Caiçara Vegan Fest); Luciana Marchetti (gastrônoma e nutricionista); Fátima Gonçalves (chef e coordenadora do curso de gastronomia da São Judas) e Dario Costa (ex-Masterchef e proprietário do Madê Cozinha Autoral) falaram sobre a comida com vertentes que vão além da alimentação. A conversa girou em torno das escolhas alimentares de cada um de nós e como isso nos retrata diante da sociedade, sendo, inclusive, uma decisão política. O segundo bate-papo do domingo abordou ‘A eficiência e felicidade no trabalho na era pós-digital’, também com as meninas do Juicy Santos,

que trouxeram Dani Junco e Morris Litvak para debater a nova realidade das relações profissionais na era digital e de que forma isso interfere na nossa felicidade. A sexta e última conversa do Trocando Ideias trouxe o tema ‘Escrever para construir e desconstruir estereótipos’, com os convidados Lu Menezes; Thainá Rocha; Leandro Marçal (escritores) e José Luiz Tahan (livraria Realejo), também mediados pelo jornalista Diego Brígido. A conversa foi pautada pela ideia de que todos nós temos algo a contar e, sendo assim, todos podemos escrever. Os convidados, com suas experiências, nos mostraram que a escrita é, sobretudo, um misto de técnicas – é claro -, com prática de escrita e leitura. Cada um de nós pode percorrer um caminho na literatura, mas todos levam a revelar um pouco de cada um de nós.

FIQUEM LIGADOS PORQUE VEM UMA NOVA EDIÇÃO DO ENCONTRO DE CRIADORES E DO TROCANDO IDEIAS POR AÍ. E VOCÊ ACOMPANHA TUDO EM NOSSO PORTAL, CLARO. WWW. REVISTANOVE. COM.BR

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QUALIDADE DE VIDA

OFERECE

TEXTO: NOVE CONTENT FOTO: DIVULGAÇÃO

Primavera além das flores

Estamos na estação mais colorida do ano, época em que as flores desabrocham e perfumam nossa rotina. As ruas ficam mais alegres e os jardins ainda mais bonitos. Porque – afinal – ‘é Primavera, [...], meu amor’. Mas a estação das flores também é a estação das frutas, legumes e verduras, período em que muitos deles estão no auge do seu frescor e nutrição. Sabe aquela expressão ‘frutas da estação’? Pois é, ela não é um discurso vazio. Existem mesmo frutas, assim como legumes e verduras, típicos de cada estação. E aqui nós falaremos sobre os alimentos típicos da Primavera, é claro. Hoje em dia é possível encontrar uma grande variedade de frutas, verduras e legumes durante todo o ano. Isso, graças a técnicas modernas de produção agrícola, com sementes modificadas, adubos e agrotóxicos. Muitos agrotóxicos. Se por um lado parece bom pela disponibilidade durante o ano inteiro, por outro, temos consumido, cada vez mais, produtos contaminados. Por isso, o ideal é comprar alimentos da época, que não precisam de intervenção tecnológica mais intensa. Além de serem mais nutritivos e frescos, os alimentos da estação são mais baratos e, de acordo com a nutricionista Amanda Lopes Motta, estão com menor concentração de agrotóxicos e, portanto, são menos prejudiciais à saúde. “Os agrotóxicos têm sido responsáveis, a longo prazo, juntamente com aditivos químicos, como corantes e conservantes, pelo desenvolvimento de cânceres e doenças autoimunes, por isso, consumir produtos frescos é muito melhor”, explica.

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Frutas da estação

Legumes da estação

Verduras da estação

As frutas típicas da Primavera são abacaxi, banana nanica, banana prata, caju, coco verde, framboesa, jabuticaba, laranja pera, maçã, mamão, manga, maracujá, melancia, melão, nectarina e pêssego.

Já os legumes típicos da Primavera são abóbora, abobrinha, alcachofra, berinjela, cenoura, nabo, pepino, pimentão amarelo, tomate, rabanete, beterraba e vagem.

As verduras da Primavera são alho poró, almeirão, aspargos, brócolis, couve, espinafre, orégano, erva doce, endívia, mostarda e rúcula.

Sucos são uma boa - e saudável - opção Uma das maneiras de incluir as frutas na alimentação é por meio dos sucos. Mas, para que possamos usufruir de todos os seus benefícios, eles devem ser naturais, sem adição de açúcares ou aditivos químicos. Os sucos prensados a frio, por exemplo, além de não levarem açúcar, pois o processo de produção aproveita a frutose, que é o açúcar natural da fruta,

não levam água, já que as próprias frutas têm o seu percentual de água. Amanda reforça que “além dos benefícios já mencionados, os sucos prensados a frio com frutas da estação, são ricos em fibras, que ajudam na saciedade e no funcionamento do intestino e têm uma função detox, que auxilia na desintoxicação do organismo”. E já que nem só de flores vibra a Primavera, explore os aromas dos alimentos da estação e ‘saúde!”.

A Vita & Succhi usa as frutas da estação no preparo de seus sucos, que são prensados a frio, com nove sabores divididos em três linhas: Magna (quatro combinações para um dia a dia saudável); Attesa (três combinações funcionais para quem quer cuidar da saúde e Detox (duas combinações para desintoxicar o organismo).

@vitapravoce • (13) 98124.2999 contato@vitapravoce.com.br

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CULTURA

OFERECE

TEXTO: NOVE CONTENT • FOTOS: CHRISTIAN JAUCH

Precisamos falar sobre nossos museus No início de setembro acompanhamos com o coração partido a tragédia que colocou abaixo o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, e transformou em escombro e cinzas o maior acervo da América Latina. Diante da perda de grande parte de nossos registros históricos, precisamos despertar para a importância de preservar o que há de história e cultura em nosso país, inclusive na Baixada Santista. E, sendo assim, precisamos falar sobre os museus da nossa região. Precisamos coloca-los em evidência, para que não caiam no nosso esquecimento e não sejam vítimas da omissão do poder público e de seus gestores. Valorizar, preservar e contar a nossa história é a única forma de mantê-la viva na memória de qualquer geração, e mesmo que muitos não deem a devida atenção ao assunto, nós ainda estamos aqui para servir de exemplo e espalhar cultura por aí. Então, em parceria com a Associação dos Profissionais do Turismo da Baixada Santista (APT) selecionamos nove museus da Baixada Santista que abrigam parte importante da história da região, do Brasil e do mundo, e que merecem toda atenção e cuidado. Programe-se para conhecê-los, você vai se surpreender com o que vai encontrar por lá.

Museu do Café, em Santos

Instalado no belíssimo Palácio da antiga Bolsa Oficial do Café, o Museu do Café foi criado em 1998 com o objetivo de mostrar a relação histórica entre o café e o Brasil. Em seu acervo, traz Foto: Christian Jauch

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objetos e documentos que evidenciam a evolução da cafeicultura e do desenvolvimento político, econômico e cultural do país, além das telas e do vitral de Benedicto Calixto. Para começar ou encerrar a visita, vale uma passadinha pela premiada cafeteria do museu.


Foto: Christian Jauch PARA SABER ENDEREÇOS, HORÁRIOS DE FUNCIONAMENTO E POLÍTICAS DE INGRESSO DE CADA MUSEU, ACESSE PELO QR CODE E LEIA EM NOSSO PORTAL.

Forte São João, em Bertioga

Foi a primeira fortificação construída no país, com o intuito de defender as vilas de São Vicente, Santos e São Paulo, em 1532, batizado inicialmente como Forte São Thiago. O local recebe mostras e exposições que retratam a história do país e a vista do Canal de Bertioga já vale a visita.

Museu de Pesca, em Santos

O conjunto arquitetônico abriga o museu do Instituto de Pesca e seu acervo conta com todo tipo de material ligado ao tema, desde exemplares de tubarões e peças taxidermizadas, ambientes lúdicos e até o famoso esqueleto de baleia Fin com 23 metros de comprimento e 7 toneladas.

Museu de Arte Sacra de Santos, em Santos

Uma das mais importantes instituições museológicas de arte sacra do país, o conjunto arquitetônico já abrigou o Mosteiro de São Bento, e hoje abriga o MASS, aos pés do Morro São Bento. Para apresentar a relação histórica entre a arte sacra e o desenvolvimento da região, o museu apresenta bens móveis e integrados ao mosteiro, objetos de arte sacra, mobiliário, esculturas, pinturas, e muito mais em seu riquíssimo acervo.

Museu Histórico da Fortaleza da Barra Grande, no Guarujá

Foto: Christian Jauch

Foto: Christian Jauch

Construída em 1584 para defender o Porto de Santos, a Fortaleza da Barra Grande divide a atenção dos visitantes entre a vista que proporciona e o museu que abriga, que recebe exposições itinerantes, além do suntuoso mosaico ‘Vento Vermelho’, última obra do pintor japonês Manabu Mabe.

Museu do Porto, em Santos

Abriga um importante acervo histórico dos portos do país, com coleção de peças que resgatam a memória portuária, fotos com cerca de 700 negativos em vidro, biblioteca com mais de 3 mil volumes e uma videoteca com centenas de fitas de vídeo, filmes e slides. A edificação que abriga o museu foi construída em 1902 para servir de moradia aos dirigentes portuários da época.

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OFERECE TEXTO: DIEGO BRÍGIDO • FOTOS: ODJAIR BAENA

Foto: Odjair Baena

Casa da Cultura Afro-brasileira, em São Vicente

O espaço abriga mais de 130 peças em argila do artista Geraldo Albertini, que contam a história da escravidão no Brasil. A experiência vai desde as peças até a construção do ambiente, que simula uma senzala. Nas paredes, é possível ver a rotina nos quilombos retratada, como faziam os escravos. O espaço é totalmente dedicado à cultura afrodescendente.

Palácio das Artes, em Praia Grande

O imponente complexo na entrada da cidade abriga o Museu da Cidade, a Galeria Nilton Zanotti, o Teatro Serafim Gonzalez e o Salão de Eventos. No Museu, é possível encontrar toda a história da cidade, contada por meio de documentos, vídeos, fotos, painéis e muito mais. Já na Galeria, você encontra exposições itinerantes de médio e grande porte durante o ano todo.

Instituto Histórico e Geográfico de Santos, em Santos

Criado em 1938, com o objetivo de preservar a memória da cidade e estimular a produção de pesquisa e trabalhos sobre a história de Santos, de São Paulo e do Brasil. No acervo, é possível encontrar uma biblioteca com aproximadamente 10.000 livros, um pequeno museu e documentos históricos de Santos e região.

CONHEÇA O TRABALHO DA ASSOCIAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DO TURISMO DA BAIXADA SANTISTA E TORNE-SE UM ASSOCIADO. A ENTIDADE TEM ATENDIMENTO AO PÚBLICO E SEUS ASSOCIADOS ÀS SEGUNDAS, QUARTAS E SEXTAS-FEIRAS (EXCETO FERIADOS) DAS 14H ÀS 18H. Foto: Odjair Baena

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R. CARVALHO DE MENDONÇA, 93 SALA 15 - ENCRUZILHADA/SANTOS. TELEFONE: (13) 3221.4741 APTBS@APTBS.COM.BR FACEBOOK.COM/APTBAIXADASANTISTA


JUICYBAZAR

Porque entrar no armário e a renovação dos nossos valores Eu nunca entendi a cara de choque das pessoas quando comento que o meu vestido mais glamouroso e preferido eu comprei num brechó. Foi em 2013, numa viagem a São Francisco, na Califórnia, na famosa Haight Street. Os mais sinceros explicaram o espanto: “Sei não, essa história de comprar roupa usada, você não sabe de quem é, a energia que vem junto…”. Nossos costumes vêm carregados de tabus. E pouco percebemos que alguns deles são construídos pelo próprio mercado e pela indústria. O novo, o jovem, o fresco, nos magnetizam sem percebermos que em muitos casos é tudo uma questão de perspectivas.

LUDMILLA ROSSI Juicy Santos

JUICYBAZAR 2018 27 DE OUTUBRO, DAS 10H ÀS 19H NA AABB PARA DOAR PEÇAS USADAS E CONTRIBUIR COM A ARRECADAÇÃO DO JUICYBAZAR USE A JUICY COLETA. LIGUE OU ENVIE WHATSAPP PARA (13) 981706160. SERVIÇO DISPONÍVEL DE SEGUNDA A SEXTA-FEIRA, EM SANTOS. WWW.JUICYBAZAR.COM.BR

Nem sempre eu gostei de comprar em brechós. Na adolescência eu não era muito adepta, mas aos 17 anos, depois de ganhar um pouco de autoconfiança (um processo que é contínuo, diga-se de passagem), eu me deparei com o desafio de caçar uma fantasia aqui em Santos. Foi justo num brechó que encontrei a solução - mas não apenas isso. Eu descobri um mundo de possibilidades criativas para me vestir. Desde então, passaram-se quase 20 anos e minha curiosidade por brechós, bazares, feiras de antiguidades e brocantes só crescem. Nas minhas férias, uma das primeiras coisas que faço antes de chegar a um destino turístico é descobrir onde ficam os brechós, antiquários e feiras do gênero. É um lazer que hoje ocupa boa parte do meu armário. Nesse processo de descobertas de lugares para comprar roupas e acessórios de segunda mão eu descobri o tamanho desse mercado - e o quanto ainda estamos iniciando esse movimento aqui no Brasil. Nos Estados Unidos, conheci inúmeras lojas de peças de segunda mão e algumas são verda-

deiros cases. A Out Of The Closet é uma das mais interessantes: a grana que eles arrecadam na venda de roupas de segunda mão é usada para oferecer testes de HIV gratuitos. A Goodwill é outra iniciativa legal: uma rede de brechós fundada em 1902, que vende coisas usadas e toda a grana é destinada para instituições de caridade. Ou seja, não é apenas uma questão de pensar em ressignificar peças usadas, mas fazer com que elas gerem algum valor para a nossa sociedade. Aproximadamente 18% dos americanos já entenderam isso e são consumidores frequentes das “thrift stores”. Aqui em Santos os brechós e bazares beneficentes são lugares clássicos onde eu aproveito para garimpar. Mas sempre senti falta de outras opções. O Juicybazar é filho dessa inquietação, de fazer a população de Santos repensar o descarte e o consumo. Depois de sete anos realizando o evento, eu e a Flávia Saad temos muito orgulho de olhar para trás e ver que evitamos que mais de 30.000 produtos fossem jogados no lixo, ou descartados sem a oportunidade de serem reinseridos no mercado. E que já geramos mais de R$ 220.000,00 para ONGs que fizeram grandes benfeitorias com esse dinheiro. De quebra a gente sempre se divertiu muito fazendo essa mobilização e garimpando no evento. Hoje posso dizer que boa parte do meu armário é composto por preciosidades que comprei no próprio Juicybazar e em bazares ao redor do mundo. Mais do que renovar valores de como eu consumo, fazer isso é para mim, um exercício de autoconhecimento. Uma certa audácia. Um desafio ao status quo das fast fashion e das tendências tão voláteis. Eu acredito num mundo onde todo mundo deveria poder sair do armário. E a única coisa que deveria entrar no armário seriam valores renovados e roupas cheias de histórias. 37 37


PERSONA

TEXTO: DIEGO BRÍGIDO • FOTOS: DIVULGAÇÃO

Pagu

PORQUE NEM TODA BRASILEIRA É BUNDA

A frase do título pertence à música de Rita Lee e Zélia Duncan, que leva o nome de Pagu e eterniza sua importância na militância política e no cenário cultural brasileiro. Patrícia Rehder Galvão, a Pagu, foi um dos ícones do movimento modernista no Brasil e se destacou como escritora, jornalista, poeta, diretora de teatro, desenhista, e sobretudo agitadora cultural, feminista e militante política. A primeira brasileira no século 20 a ser presa política teve uma vida curta, mas intensa, de lutas e entrega. Morreu em 1962, aos 52 anos, vítima de um câncer, que a levou, inclusive, a uma tentativa de suicídio. Ainda antes de ser Pagu, Patrícia Galvão já era considerada uma menina avançada para a época, pois tinha comportamentos que não condiziam com sua educação conservadora. Fumava na rua, falava palavrões e usava blusas transparentes e cabelos curtos e eriçados. Aos 15 anos, enquanto estudava para ser professora, passou a escrever para um jornal de bairro, em São Paulo, e frequentou o Conservatório Dramático e Musical, onde teve aulas com Mário de Andrade e Fernando Mendes de Almeida. Com 19, por intermédio de Raul Bopp, conheceu o casal de modernistas Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral, que a introduziram no movimento antropofágico. Teria sido Raul o inventor de seu apelido, por achar que seu nome era Patrícia Goulart. No poema ‘Coco de Pagu’, usa o codinome, que viria se eternizar, pela primeira vez.

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Pouco tempo depois, Oswald separou-se de Tarsila e casou-se com Pagu, que já esperava um filho seu, Rudá de Andrade. Alguns meses após o parto, Patrícia Galvão foi a Montevidéu, no Uruguai, participar de um festival de poesia, quando conheceu o líder comunista Luis Carlos prestes.

Ao voltar para o Brasil, Pagu e Oswald se filiaram ao Partido Comunista (PCB) e fundaram o jornal de esquerda ‘O Homem do Povo’. No mesmo ano, em 1931, ela é presa em Santos, ao participar de um comício, durante uma greve dos estivadores, e levada para um cárcere na Praça dos Andradas, conhecido hoje como Cadeia Velha, onde funciona um centro cultural que leva o seu nome. No ano seguinte, Pagu foi morar em uma vila operária no Rio de Janeiro, onde trabalhou como proletária e escreveu o romance proletário Parque Industrial, assinado por Mara Lobo, pseudônimo exigido pelo Partido Comunista, além de uma peça de teatro baseada nele. Em seguida, começou a viajar pelo mundo como correspondente de jornais cariocas e paulistanos. Na China, criou vínculos com o último imperador, Pu-Yi, de quem conseguiu as sementes de soja que iniciam a cultura do cereal no Brasil. Também trabalhou em Paris, como jornalista e tradutora de filmes, onde foi ferida em manifestações de rua e presa três vezes. Nos anos que se seguiram, foi levada para a prisão diversas vezes pelo governo getulista no Brasil, mas continuou uma intensa produção cultural. Em 1940, já separada de Oswald de Andrade, casou-se com Geraldo Ferraz, com quem tem o seu segundo filho, Geraldo Galvão Ferraz. Em São Paulo, publicou crônicas em A Noite, sob o pseudônimo Ariel, além de contos policiais para a revista Detective e outros romances, como A Famosa Revista, em parceria com Geraldo Ferraz. Pagu também foi candidata à deputada federal, pelo Partido Socialista Brasileiro, e escreveu outras obras, incluindo a peça Fuga e Variações.


Em Santos Quando veio morar em São Vicente e em Santos, em 1964, começou a trabalhar para o jornal A Tribuna, onde assinava uma das primeiras colunas de TV no Brasil, com o pseudônimo Gim. Por aqui, também incentivou o teatro de vanguarda, quando coordenou a primeira edição do Festival do Teatro Amador de Santos e Litoral. Em setembro de 1962, Pagu voltou a Paris para se submeter a uma cirurgia em decorrência do câncer. A operação não deu certo e ela tentou o suicídio, sem sucesso. Em dezembro, já muito debilitada, publicou o seu último texto em A Tribuna, o poema Nothing, às vésperas de sua morte, em Santos. Conforme aponta a professora Lúcia Maria Teixeira, pesquisadora de Pagu desde 1988, “Ela sempre sonhou entregar-se totalmente, sem limites, até a aniquilação, ao amor, a uma causa, à vida e até à própria morte”.

Pagú tem uns olhos moles Uns olhos de fazer doer.

Bate-coco quando passa. Coração pega a bater. Eh pagú eh!

Dói porque é bom de fazer doer (...) [POEMA ‘COCO DE PAGU’, DE RAUL BOPP, DEDICADO A ELA, EM 1928]

COM INFORMAÇÕES DE ‘VIVA PAGU – FOTOBIOGRAFIA DE PATRÍCIA GALVÃO’, DE LÚCIA MARIA TEIXEIRA E GERALDO GALVÃO FERRAZ E WWW.PAGU.COM.BR.

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EVENTOS

OFERECE

TEXTO: TIAGO GUEDES

Fórum MICE e Eventos do Litoral Paulista traz grandes nomes do turismo à região Organizado pelo Costa da Mata Atlântica Convention & Visitors Bureau, o Fórum MICE e Eventos do Litoral Paulista acontece no dia 18 de outubro, e reunirá diversos profissionais ligados às áreas de marketing, RH, compras, viagens e incentivo que buscam alternativas inovadoras por meio da troca de informações com um público qualificado. Renê Hermann, da Costa Cruzeiros; Juan Pablo De Vera, da Reed Exhibition e Toni Sando, do Visite São Paulo, já estão confirmados como palestrantes.

mo e negócios, associados do Convention Bureau, que estarão com seus estandes na exposição paralela ao Fórum.

Além de atualizar os conhecimentos e das oportunidades de networking, os participantes poderão interagir com empresas do segmento de turis-

Serão, ao todo, cinco palestras durante o dia inteiro de programação do MICE, que ainda promete uma palestra-show de encerramento.

MICE: o segmento que não para de crescer MICE (Meetings, Incentives, Conferences and Exhibitions ou Encontros, Incentivos, Conferências e Exposições, em português) é um segmento específico do turismo em que grandes grupos, geralmente planejados com antecedência, se reúnem para um propósito particular. O turismo MICE representa um nicho reconhecidamente exigente, o que demanda a profissionalização por parte das empresas que operam na área.

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O turismo de negócios de maneira geral é um grande alavancador da economia, já que gera aumento na ocupação dos hotéis, restaurantes e no comércio. Uma convenção, por menor que seja, sempre irá trazer incrementos para a economia local. Esse tipo de evento costuma ocorrer geralmente em períodos de baixa temporada para manter aquecido o setor hoteleiro.


Programação do Fórum

Inscrições

9h30

Credenciamento

11h

Case Operadora de Turismo Internacional

As inscrições podem ser feitas pelo QR Code ao lado. Empresas associadas ao Costa da Mata Atlântica Convention & Visitors Bureau têm entrada franca e empresas associadas à APT - Associação dos Profissionais do Turismo da Baixada Santista têm 25% de desconto.

10h

12h 13h 14h

15h 16h

16h30

Case Costa Cruzeiros Marítimos, com Renê Hermann (Diretor da Costa Cruzeiros)

Visita à Expo Brunch

Case Turismo e Eventos Oportunidades para um destino, com Toni Sando (Presidente do Visite São Paulo)

A ANSEVEN APOIA ESSA INICIATIVA

O evento acontece no Mendes Plaza Hotel (Av. Marechal Floriano Peixoto, 42, Gonzaga - Santos). Mais informações pelo telefone (13) 3232.5080 ou pelo email atendimento@visiteacosta.com.br

Case Eventos Corporativos, com Juan Pablo De Vera (Senior Vice-President Latin America - Reed Exhibitions) Intervalo

Palestra-Show de Encerramento

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ART&FATO

OFERECE

TEXTO: NOVE CONTENT • FOTOS: DIVULGAÇÃO

Cultura e Sustentabilidade

[e a nova Pracinha do CasaVelha] O CasaVelha está sempre em nossas pautas, e não é à toa, já que tem sempre novidades nesse cantinho aconchegante e criativo ali no miolão do Gonzaga, no charmoso boulevard Othon Feliciano. A família que comanda a casa tem uma história de amor antiga com o prédio onde hoje funciona o CasaVelha. O local abrigou por 46 anos a tradicional loja de presentes Magazine New York, sob o comando do espanhol José Montes Soage - o Sêo Montes – que, hoje aos 90 anos, ainda transita pelo espaço agora comandado pela filha, o genro e as netas.

A idade não é um impeditivo para ele, que continua firme ao lado da família no atual CasaVelha, ‘tirando cafezinhos’ ou preparando sucos durante o almoço. O espaço foi inaugurado com o objetivo de resgatar a tradição das comidas de boteco, missão que vem sendo cumprida rigorosamente por toda a equipe, o que inclui a chef Natália Scapuccin, uma das netas do Sêo Montes.

Pracinha do CasaVelha Desde 2003, o CasaVelha transforma, em vários momentos do ano, o boulevard em um espaço vivo e pulsante. E vem mais novidades por aí, já que até o final de 2018 será inaugurada a Pracinha do CasaVelha, um espaço de convivência e descanso, com ar mais descontraído, no meio do boulevard. Uma parte das mesas e cadeiras de madeira já tradicionais serão substituídas por cadeiras de praia para compor o ambiente da ‘pracinha’, bem em frente à descolada e precursora Lojinha do CasaVelha.

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Conforme explica Livia Scapuccin, a outra neta do Sêo Montes, arquiteta idealizadora da ‘pracinha’, “o projeto parte da ideia de transformação dos espaços onde atuamos frequentemente para que possamos fortalecer a relação da população com a cidade, criando oportunidades e experiências”. A estrutura da Pracinha do CasaVelha será desmontável, assim como já é feito com as mesas e cadeiras utilizadas pelo restaurante.


Descarte o Descartável

Tem mais, hein...

Sobre a Lojinha do CasaVelha nós já falamos aqui, mas ela também vem com novidades em 2018, seguindo uma linda – e sem volta – tendência. O selo Descarte o Descartável chega para fortalecer a mudança necessária em relação aos nossos hábitos e o uso de descartáveis como copos, canudos, sacolas, guardanapos, etc. “Seja a mudança que você quer ver no mundo”. Foi inspirada nessa frase, de Mahatma Gandhi, que a turma do CasaVelha trouxe um novo conceito para a Lojinha. Com este selo, chegam novos produtos sustentáveis: a ecobag de fabricação própria; os canudos de inox da Beegreen; os canudos de vidro da Mentah; os discos demaquilantes de crochê da Lo Casulo; os guardanapos de tecido da Gato Negro Artesanias e os copos de silicone da Menos 1 Lixo.

Outras boas iniciativas da casa são o Quintal do CasaVelha, um espaço para receber eventos, aniversários ou confraternizações e o Mercadinho do CasaVelha, com produtos para levar e saborear em casa, como molhos, geleias, compotas e azeites (esses são novidade no espaço). Se você ainda não conhece o CasaVelha.arte. comida.petisco agora tem mais motivos para incluir esse cantinho efervescente da cidade no seu rolê do fim de semana. Se preferir, pode pedir alguma das delícias do restaurante pelo telefone, iFood ou Uber Eats. Boulevard Othon Feliciano, 10, no Gonzaga, em Santos barcafecasavelha@yahoo.com.br | (13) 3284.1425 fb.com/casavelha.arte.comida.petisco

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NOVES FORA

TEXTO: DIEGO BRÍGIDO E BRUNA DOMATO • FOTOS: DIVULGAÇÃO

No feriado, eu vou para o litoral Amigo 1: "O que você vai fazer no feriado?" Amigo 2: "Vou para o litoral, e você?" Esse é um diálogo entre dois amigos que moram... no litoral, aqui na Baixada Santista. E um deles até poderia ser você, fala a verdade? Sabe-se lá por qual motivo, dentre inúmeras outras peculiaridades de nós, caiçaras, uma delas é nos referirmos ao litoral norte de São Paulo como litoral, o nosso litoral. É como se lá fosse ‘a nossa praia’, como a Baixada Santista é a praia de muitos paulistanos. E, estranhamente, é como se aqui não fosse litoral. Coisas de quem usa o ‘tu’ sem conjugar o verbo; de quem paga tudo com ‘mango’ ou pede 4 médias na padoca. Esquisitices de quem mora em algum canal e vai até a praia de magrela, ali na altura do CPE. Fato é que com a Primavera dando o ar das graças, já podemos começar a pensar nos ‘rolês pelo litoral’ – norte. Então, preparamos um roteiro superbacana com nove sugestões de praias muito charmosas que você precisa visitar no Litoral Norte de São Paulo. E se já conhece, chegou a hora de voltar. Separe a prancha, o protetor solar e o guarda-sol e prepare-se para uns dias de sol e água fresca na outra direção do litoral.

Camburi, em São Sebastião

Se você quer um dia de praia e agito ao mesmo tempo, Camburi é o destino ideal. A praia atrai turistas de todos os tipos, com um comércio movimentado, boa gastronomia e diversas opções de hospedagem pela região. Além disso, vale atravessar o rio que divide as praias e visitar Camburizinho.

Barra do Sahy, em São Sebastião Barra do Una, em São Sebastião

Águas cristalinas, areia branca e o encontro entre o mar e o Rio Una, que é uma das características mais marcantes da praia de Barra do Una. Essa é uma das queridinhas do Litoral Norte, conhecida também pela grande concentração de marinas e garagens náuticas. Quem vem de longe, encontra facilmente hotéis e pousadas nas proximidades do local.

Juquehy, em São Sebastião

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Juquehy fez sua fama e garantiu seu lugar no coração dos diversos turistas que passam por lá, já que além da bela praia de areia fofa e do pôr-do-sol de tirar o fôlego no verão, a vida noturna na temporada de sol também é agitada na região. Para completar, você encontra boas opções de restaurantes, hotéis e até pequenos shoppings.

As águas tranquilas da praia da Barra do Sahy atraem frequentemente os amantes de canoagem e stand up paddle. Também é válido esticar a o passeio e fazer uma visita de barco às ilhas ao redor. Para completar o rolê, vale uma parada de descolada Praia da Baleia, que fica junto de Barra do Sahy, também uma ótima pedida para a pratica de esportes. Quase não há comércios e agito noturno por lá e o acesso é feito pela entrada de Barra do Sahy ao sul ou Cambury ao norte.


Bonete, em Ilhabela

Ao sul de Ilhabela você se depara com um dos muitos cenários deslumbrantes da ilha. A praia do Bonete é ótima opção também para os surfistas, mas principalmente para os turistas dispostos a se desconectar do caos urbano por um tempo. É possível encontrar também algumas cachoeiras nas redondezas.

Maresias, em São Sebastião

Você pode até não conhecer Maresias pessoalmente, mas com certeza já ouviu falar dessa praia que tem vida própria e é um distrito de São Sebastião. Provavelmente a mais famosa do Litoral, Maresias é um dos destinos favoritos de surfistas, sendo a melhor da região para praticar o esporte. Além disso, o lugar é extremamente agitado e abriga uma das mais famosas casas noturnas do país, o Sirena.

Santiago, em São Sebastião

Fugindo um pouco do agito, você pode encontrar a Praia de Santiago, uma praia pouco movimentada, para aqueles que buscam calmaria. Esse cantinho do Litoral Norte é rico em belezas naturais, e oferece ainda uma ducha natural para lavar a alma e tirar o sal do corpo nos dias quentes.

Calhetas, em São Sebastião

Outro cantinho mais tranquilo do Litoral, a Praia de Calhetas é uma pequena península e abriga uma beleza indescritível, entre Toque-Toque Pequeno e Toque-Toque Grande. O acesso é permitido apenas a pedestres, já que ela fica em um condomínio particular. A praia fica rodeada de coqueiros e conta ainda com uma cachoeira por perto. Trata-se de uma praia sem infraestrutura, então é importante levar água e alimentos para o dia.

Itamambuca, em Ubatuba

Itamambuca é uma praia para diversos públicos, desde surfistas, que aproveitam as suas ondas perfeitas, até famílias que buscam mais tranquilidade próximo ao rio e amantes do ecoturismo. Opções de passeios não faltam, e não há quem resista aos encantos de suas areias brancas e finas. Enfim, de um extremo ao outro do Litoral Norte, há praias para todos os gostos. E já que o litoral é tão pertinho da gente, aproveite sua estada por lá e explore outras praias, pois a região guarda muitos cenários emoldurados pela mata atlântica e pelo mar azulzinho.

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CONCIERGE

Além do arco-íris

Eu tenho festejado a falta de rotina faz pouco mais de um ano, ainda que sua ausência possa representar, igualmente, repetição. Então, se a carência de algo implica, também, em sua existência, tristeza e felicidade seriam sinônimos? Mas não são antônimos? Pode até parecer confuso, mas, em essência, a dualidade é verídica e garante, inclusive, que sentidos de euforia e caos coexistam e sejam idealizados, experimentados e negados.

BRUNO REIS Publicitário, bacharel em turismo, especialista em comunicação organizacional e relações públicas e guia de turismo. Há 15 anos atua no mercado de hospitalidade, comunicação e eventos no Brasil e exterior. concierge@revistanove. com.br

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Isso parece explicar o porquê das experiências suicidas, que, em nome da dor de viver, abdica do prazer de permanecer vivo. Mas por que sentem o mal-estar? Provavelmente - e não cabe aqui uma resposta técnica - porque há tanta falta de propósito na vida que, simplesmente, morrer soa bem mais atrativo. São fracos! Não! Só não gozam de sua plena energia, que impede que nos arremessemos do alto de uma escada com intenção. É o corpo e a mente nos protegendo. Mas com eles não é assim. A introdução pode parecer inconveniente, mas é fatídica, assim como perduram sorrisos que, nem sempre, são de verdade, mas buscam ser e, ainda que possam sugerir jogo de encenação, estão tentando afastar-se do alto da escada. Depressão é um mal do tempo que vivemos. Antes não era assim! Era, sim! Era? Acho que era. É que, não obstante as vidas contemporâneas turbulentas - que nos amedrontam e con-

fundem, a gente se mostrava menos, afinal, o que os vizinhos iriam pensar? As fotos precisavam ser sorridentes, né? Ué?! Hoje também. É melhor, então, gorfar a verdade triste em contraponto à cenográfica paz? Não e não. Por outro lado, definitivamente, a menos que se queira uma úlcera de respeito, buscar sorrir sempre é melhor do que chorar às vezes. Remédio? Sim, de tarja preta, vermelha, verde, azul, amarela, um arco-iris chamado família e amigos de verdade. Terapia? Sim, senhor, também. E assim encontrará, no pote, dias de paz, diversão, conforto de alma e trabalho, que, mais do que dignifique e pague contas, tenha propósito. E solitude, que não é nem prima distante da solidão, para que os momentos sós sejam carregados de energia e os divididos com os outros sejam igualmente e verdadeiramente transbordantes de emoção, ainda que silenciosos, de lacrimejar, de alegria.


EM COMUM

Qual poeta santista você já leu hoje? Lewis Hyde é um intelectual estadunidense que escreve sobre os bens comuns. Ele estuda esse tema há muitos anos, e um de seus livros mais importantes se chama A Dádiva: como o espírito criativo constrói o mundo. É um clássico contemporâneo, extremamente lido no Vale do Silício, onde são desenvolvidas a maior parte das inovações que nós utilizamos no nosso dia a dia. Hyde, no entanto, no capítulo de apresentação, diz que seu livro foi escrito para poetas. Sim, poetas, aqueles que Platão queria fora de sua República por conta da discórdia que causam. Hyde explica sua predileção afirmando que são justamente os poetas que captam a essência de todo processo criativo, e que sem eles o mundo não ganha contorno.

RODRIGO SAVAZONI Realizador multimídia Produtor cultural Diretor do Instituto Procomum

Uma cidade que será sede do encontro mundial de cidades criativas jamais assumirá sua plena forma sem afirmar o labor dos poetas e seus poemas (a poesia não existe apenas no poema, mas potencialmente em tudo). Poetas e poemas, porém, não sobrevivem sem leitores e justamente por isso aproveito este espaço para perguntar se você está dando sua contribuição à criatividade: qual poeta santista você já leu hoje? Não sabe como responder? Nem por onde começar a procurar? Dou algumas dicas, então. A primeira delas é acompanhar o trabalho constante do pessoal do Fórum da Cidadania de Santos. Sob a batuta do Luis Soares, eles promovem regularmente festas de livros onde os poetas são homenageados. Sempre ofertam oficinas, também, com escritores que são os principais expoentes de nossa cidade.

A segunda sugestão é ficar de olho na programação de lançamentos da Realejo Livros, nossa livraria de rua, agora com seu indefectível parklet. A terceira opção é, ao final dessa coluna, encomendar algumas das obras que vou citar. Da nova safra de livros de poetas santistas, há o Torrão e outros poemas (Patuá), de Paulo de Toledo. Ele, herdeiro de Leminski e, portanto, dos concretos e tropicalistas, destaca-se por sua voz singular, crítica e bem-humorada. Neste trabalho, mergulha mais fundo na nossa cidade e suas contradições. “Peço poesia no sinal/o tio, todo prosa, fecha/a janela, não faz mal”. E há também Como Domar um Coração Selvagem, trabalho de estreia da poeta, performer e fotógrafa Ornella Rodrigues, um livro em que palavra e corpo se fundem na construção de uma obra de amor. Ornella é uma mulher negra e, embora sem essa informação seja impossível compreender sua obra, desenvolve uma poesia que não é para ser recitada em saraus, mas sussurrada ao pé do ouvido. Destaco também outros quatro poetas da cidade reconhecidos nacional e internacionalmente. Ademir Demarchi, editor da revista BABEL, uma das mais importantes publicações contemporâneas de poesia, é essencial de ser lido; Flávio Viegas Amoreira acaba de publicar Pessoa Doutra Margem, em homenagem ao poeta português Fernando Pessoa, e já acumula mais de dez títulos; Marcelo Ariel, que está para lançar Ou o silêncio contínuo, sua poesia reunida de 2007 a 2017: “Suprema alegria/sentir a morte na/própria carne/morrer/para que a poesia/possa viver”; e Manoel Herzog, também romancista com grande reconhecimento, um sonetista profano, autor de Sonetos de Amor em Branco e Preto, entre outros. Vejamos se Lewis Hyde estava certo. 47


MERCADO

TEXTO: DIEGO BRÍGIDO • FOTO: SARAH ISABELLE

A nova casa da Nove e de vários outros negócios locais

Estamos de casa nova, oba! Desde o início de agosto, a equipe da Revista Nove se uniu a várias outras equipes e empreendedores de negócios locais para compartilhar o espaço, ideias e experiências.

Na era do ‘vamos fazer juntos’, os coworkings ganham cada vez mais espaço e notoriedade. E foi para um deles que nós viemos, de mala, cuia, notebook e a roupa do corpo. : ) The House Coworking. O nome não poderia ser mais propício, porque é assim que temos nos sentido aqui: em casa. E a casa é completa e superestilosa, na pacata e charmosa rua Luiz Suplicy, no Gonzaga, em Santos. Junto com a Nove estão outras 15 marcas, espalhadas em três salas, sendo duas compartilhadas para até oito pessoas. A casa, de três andares, também tem três salas de reunião; sala de treinamento com projetor e lousa in-

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terativa; área de convivência com café e água disponíveis; solário, com mesas e ombrelones e uma lanchonete fit. Para os coworkers – frequentadores do espaço – tem bicicletário (a gente pira!); armários individuais; internet de alta velocidade; impressora multifuncional; gerenciamento de correspondências e central de recados telefônicos, além de vagas para carros. O The House Coworking oferece vários planos de horas, que atendem desde o empreendedor individual que precisa usar uma sala algumas horas por mês ou agendar reuniões esporádicas, até empresas com quatro funcionários que usam o escritório diariamente.


Um espaço de trocas Mais que escritórios compartilhados, os coworkings são espaços de troca, para compartilhar experiências e até projetos. A The House, especialmente, é um ambiente inspirador, muito bem decorado, superdescolado e que abriga uma galera realmente disposta a trocar. A sala onde instalamos o nosso QG, por exemplo, é ocupada também pela turma da Orvalho Filmes e outros negócios ligados à criação e comunicação. Estamos ou não bem acompanhados? Eduardo Ferreira, diretor criativo da Orvalho Filmes, foi um dos que escolheram a The House, juntamente com sua equipe, para ser a sede da produtora. Ele conta que optaram por um coworking por ser um espaço dinâmico, que permite ao empreendedor focar no que lhe é mais importante, seu negócio. “Além da comodidade de ter à disposição todos os serviços de um escritório convencional, existe um diferencial, que é a troca. Mais do que compartilhar espaço, o coworking permite compartilhar ideias, negócios e produtividade”, celebra. Transitar pela The House durante o expediente é se abrir para novas relações e possibilidades de parcerias a todo momento. Aliás, uma correção: horário de expediente é algo que não existe por aqui, cada um faz o seu, já que a casa fica aberta até às 20h.

a casa, que ficava ociosa durante o dia – inicialmente o espaço foi alugado para comportar a crescente demanda de alunos da The House Idiomas, mas só era ocupado a noite. “Eu comecei a pensar em coisas que eu gostava de fazer e que faziam sentido para mim. Sempre gostei de conectar pessoas e já vinha estudando o conceito de coworking há bastante tempo. Então, fui juntando as ideias e me encanta muito estar em um espaço de trocas, onde pessoas compartilham ideais e se estimulam, inclusive fazendo negócios entre si”, explica. Na The House, os coworkers podem receber visitantes para uma reunião em qualquer uma das salas que estejam disponíveis; na simpática área de convivência, com jardim vertical ou ainda no solário. Lá em cima, no sossego do terceiro andar, o único risco é encontrar outro coworker curtindo o visual com o seu notebook e uma long neck na mão. Um brinde aos novos formatos de negócios! Um brinde compartilhado vale por mil.

Venha visitar nosso QG e conhecer a The House R. Dr. Luiz Suplicy, 31, no Gonzaga, em Santos (13) 2191.0016 | (13) 99665.1844 contato@thehousecoworkingclub.com.br

À noite, chega a turma ‘dos idiomas’ – ah, sim, a The House Coworking é a extensão da The House Idiomas, que fica do outro lado da rua – e traz ainda mais agito para a casa. Nada disso, porém, tira a seriedade do projeto e a garantia de que você conseguirá trabalhar em paz, concentrado. Todos produzem muito por aqui, o dia todo, todo tipo de coisa. Lizandra Hernandez Louzada, idealizadora e gestora do espaço, conta que a The House Coworking surgiu da necessidade de ocupar

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CAFÉ DAS NOVE

Yes, nós temos jambu [e outras coisinhas mais]

São dois anos e tanto à frente da Revista Nove e outros 13 anteriores já trabalhando com turismo, cultura e comunicação na Baixada Santista. Conheço bem o cenário cultural, gastronômico e de entretenimento de Santos e região e circulo vez ou outra por terras paulistanas em busca de experiências ‘gastroculturais’. Apaixonado que sou pelas terras daqui – e bairrista como todo bom santista – ainda assim consigo ser bastante justo, creio, no julgamento no que tange nossas carências, que são muitas. Mas, sobretudo, estou sempre muito mais aberto a receber as novidades, que, cada vez mais, são abundantes. O cenário gastronômico e cultural (perdoem a redundância, vez que gastronomia é cultura também) da região, com mais força em Santos, por motivos óbvios, tem recebido grandes incrementos nos últimos anos. Bares e restaurantes abrem a cada esquina (com a mesma frequência com que fecham outros, é fato, mas isso é assunto para uma outra coluna) e trazem conceitos inovadores da capital e do exterior. Nós já contamos isso entre as páginas 22 e 28, na matéria de capa.

DIEGO BRÍGIDO Jornalista e bacharel em turismo, especialista em comunicação, turismo e hospitalidade. Editor da Revista Nove

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A [alta gastronomia], que já esteve [em alta] e soberana, com boas casas em solo caiçara, agora divide espaço com outras propostas, mais despojadas e repletas de elementos cênicos. A coquetelaria chegou com força e cheia de influências gringas e frufruzinhos que, fala sério, a gente adora. Ainda estamos criando o

hábito – que em Sampa, BH e no Rio, por exemplo, já é corriqueiro – de nos encontrarmos para um happy hour na terça. E os bares da moda estimulam isso, com promoções durante a semana, dias especiais para as mulheres, double cerveja e drinks durante o happy hour e por aí vai. A programação cultural vai para o mesmo caminho. Temos recebido, cada vez mais, festivais diversos e eventos alternativos, que ocupam espaços antes escondidos sob escombros, principalmente no Centro Histórico de Santos. Temos sim! E se você insiste em dizer que não, saia da zona de conforto e vá à caça. Acesse, por exemplo, diariamente o nosso portal, que você vai se surpreender com o que tem rolado por aqui. Eu sou um devoto de alguns dos nossos cenários, como o jardim da orla (pedalo, corro, caminho e passeio com minha cachorra, leio as placas sobre os pássaros e fotografo os monumentos); a Pinacoteca Benedicto Calixto (queria morar lá); o Centro Histórico (sempre que tem evento ali, meus amigos sabem bem, quero ser o primeiro a chegar e o último a sair), dentre outros. Adoro redescobrir os cantos da região e descobrir coisas novas; sou desses de vivenciar as novidades, de provar drinks da moda e menus exóticos. E, aliás, foi numa dessas expedições que conheci uns drinks bem ousados preparados com jambu, aquela florzinha amazônica que provoca dormência na boa, lá no Arapuka. Devido à logística complicada do jambu, não se sabe por quanto tempo eles conseguirão manter no cardápio. Um dos drinks ainda não tinha nome (pois não estava nem no menu) e, em decisão conjunta com o barman criador, o Sérgio Senopoli, e um dos sócios da casa, o Diogo Junqueira, batizamos o coquetel de Nove. : ) O Nove é uma deliciosa mistura de rum infusionado com flores de jambu; bitter de semente de mostarda com linhaça dourada; Fallernum artesanal (um xarope caribenho com base de rum) e bitter de salsinha. Ele vem com a florzinha exótica decorando e os mais ousados podem comê-la também. Eu comi, vale a experiência! Permita-se. Há muito o que descobrir por aqui. E um brinde às novas descobertas!



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