Edição Comemorativa de 3 anos
Conheça Santos. Você vai se apaixonar. Variados equipamentos culturais, turísticos e de lazer, e inúmeros espaços ao ar livre atendem aos interesses de visitantes e moradores ao longo de todo o ano. Reconhecida por abrigar belezas naturais, rico patrimônio e completa infraestrutura, a Cidade é destaque no cenário nacional. Santos encanta os visitantes de primeira viagem e é destino certo para quem a conhece.
Saiba mais em www.turismosantos.com
Anúncio pago com dinheiro do contribuinte - R$ 10.500,00
Santos tem diversas atrações e rara beleza, uma Cidade que tem tudo para conquistar você.
Gustavo Porto
EDITORIAL
Estamos em festa! Melhor que festejar três anos de Revista Nove, é o fato de que essa edição comemorativa é a nossa 013. Somos zerotreze com muito orgulho e nossa décima terceira edição não nos deixa mentir. Pra você que nos acompanha desde a primeira edição ou ainda para os que chegaram no meio do caminho desses três prazerosos anos, prepare-se: tudo o que você viu de melhor em nossas páginas estará aqui. E para você que está chegando agora, acredite, está recebendo de uma só vez, em uma única publicação, tudo o que de melhor já foi publicado sobre a Baixada Santista. Nossa edição comemorativa vem com 160 páginas e um compilado das melhores matérias editadas nas 12 edições anteriores. Tudo revisado e atualizado, claro. Um book lindíssimo com as melhores sugestões de passeios, roteiros culturais, entretenimento, lazer, rolês gastronômicos e muito mais nas Nove Cidades da região. E ainda tem um guia de bares e restaurantes com mais de 20 opções para você se acabar. E essa capa? Convidamos o ilustrador Leonardo Leite, do Estúdio Prêo para abrir essa edição com uma ilustração que fosse a nossa cara. E ele acertou em cheio! Quer uma capa mais zerotreze que essa? Muitas coisas aconteceram nessa jornada de três anos: foram mais de 600 páginas de conteúdo; 25 mil exemplares impressos; cerca de 200 lugares visitados pela Baixada Santista; mais de 1000 noticias publicadas em nosso portal e por aí vai. E as novidades não param por aí. E quer saber o que é mais bacana disso tudo? A partir dessa edição, eu pude contar com uma nova parceira, que mergulhou de cabeça nesse projeto e chegou pra somar, trazendo uma lindíssima bagagem na comunicação regional. Mas vou deixar que ela conte tudo isso.
Editores / Reportagens: Diego Brígido | MTB: 64.283/SP Fabiana Oliveira | MTB: 33.624/SP Capa: Leonardo Leite - Estúdio Preo Projeto Gráfico e Design: Agência celeiro.bmd • Christian Jauch Impressão: Nywgraf Editora Gráfica Edição comemorativa de 3 anos • ABR/2019
Com a palavra, a nova editora da Revista Nove, Fabiana Oliveira. Meu contato com a Nove não é recente. A primeira vez que peguei a revista, arregalei os olhos e soltei um sonoro “UAU!”. Lembro perfeitamente do momento. “De onde saiu? Que linda! Quem faz?”. Não conhecia o Diego pessoalmente, mas descobri que era dele que saía, de meses em meses, aquela delícia de publicação. Trabalhar no setor de Turismo me deu a oportunidade de conhecê-lo. Como foi esse encontro, quem sabe um dia eu conto. Acredito que essa nossa parceria profissional, recém oficializada, vai fazer com que as pessoas desejem ainda mais a próxima edição da Nove. E sabe porque tenho certeza disso? Por que acredito no prazer do toque, do virar de páginas, do cheiro do papel; acredito numa vida longa para a publicação impressa (mesmo com uma legião querendo me convencer do contrário, que é o virtual quem manda em tudo hoje!); acredito no potencial que a Revista Nove tem de apresentar a região da Costa da Mata Atlântica para o mundo. Comunicar sempre BOAS NOTÍCIAS é desejo, considerado “utópico”, de milhares de jornalistas. Conquistei a utopia, agarrei esse papel e, junto com Diego Brígido, tenho certeza que a partir de agora CAUSAREMOS como nunca!! Merda pra nós!
Distribuição Dirigida Anuncie na Revista Nove: comercial@revistanove.com.br contato@revistanove.com.br /RevistaNove @RevistaNove www.RevistaNove.com.br
ECOTURISMO
Ecoturismo O LADO VERDE DO LITORAL
ALÉM DOS MAIS DE 160 QUILÔMETROS DE LITORAL, OUTRO ATRIBUTO É TÃO PRESENTE NA REGIÃO QUE INFLUENCIOU A ESCOLHA DO NOME TURÍSTICO DA BAIXADA SANTISTA. A COSTA DA MATA ATLÂNTICA, QUE ABRANGE DE BERTIOGA A PERUÍBE, ESBANJA, CLARO, MUITO VERDE EM TODA SUA EXTENSÃO. BEM POUCO RESTA DE MATA ATLÂNTICA NO BRASIL – CERCA DE 7% DA COBERTURA ORIGINAL–; A BOA NOTÍCIA É QUE GRANDE PARTE DO QUE AINDA EXISTE ESTÁ NA SERRA DO MAR, ESTA MOLDURA EXUBERANTE EM TONS DE VERDES QUE ABRAÇA A REGIÃO. CENÁRIO PERFEITO PARA A PRÁTICA DE ECOTURISMO E TURISMO DE AVENTURA.
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POR DIEGO BRÍGIDO • FOTOS CHRISTIAN JAUCH
Então, deixamos o guarda-sol e as cadeiras de lado e nos jogamos na mata, ávidos por experiências diferentes na Baixada Santista. O resultado você acompanha nas próximas páginas e em nosso portal na internet.
Em Santos, o verde além dos jardins da orla O jardim da orla santista continua sendo o maior do mundo, segundo o Livro dos Recordes. O que a maioria dos moradores e turistas ainda não sabe é que está na área continental a verdadeira vocação da cidade para o ecoturismo. Pertinho da zona urbana, às margens da Rodovia Rio-Santos, o que no passado foi uma plantação de bananas, agora é um dos muitos paraísos verdes da região: a Fazenda Cabuçu. Três quilômetros de trilha, parte em região de planície costeira, parte no sopé da Serra do Mar, revelam belezas que nos fazem esquecer de que estamos ‘na praia’.
Espécies nativas da mata atlântica dividem o percurso com outras plantadas pelo homem. Palmito juçara, bananeiras, cedros, bromélias, orquídeas, ananás e um sem-número de outras plantas proporcionam um momento ímpar: uma pausa para respirar o mais puro ar. Um carinho nos pulmões, na mente e na alma. Conforme a trilha ficava mais fechada, junto à Serra do Mar, mais quente, úmida e interessante ficava a experiência. Uma aula de botânica in loco, com direito a estudar as fezes de uma onça que havia cruzado aquele caminho alguns dias antes, de acordo com o guia que nos acompanhava no roteiro. “Fico mais tranquila que ela tenha passado há dias atrás”, revela uma das turistas que fazia a trilha. Ao final do percurso, a recompensa: a Cachoeira do Rio Cabuçu (ou do Escorrega), uma queda de 10 metros de altura, em formato de tobogã, que forma uma piscina natural de águas límpidas e revigorantes. Energias restauradas para encarar outros três quilômetros de volta.
ACOMPANHE ESSA MATÉRIA, COM A GALERIA DE FOTOS E SAIBA QUAIS SÃO AS AGÊNCIAS QUE OPERAM ESSES ROTEIROS EM NOSSO PORTAL.
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ECOTURISMO
As boas surpresas do manguezal Os manguezais são importantes ‘berçários naturais’, pois abrigam espécies típicas, mas também são redutos de outros animais, aves, peixes, moluscos e crustáceos, em busca de alimento, reprodução e abrigo. É difícil acreditar, mas cerca de 95% do que o homem pesca no mar é produzido nos manguezais. Uma aula sobre a importância deste ecossistema aliada a duas horas de remadas em canoas canadenses, com direito a avistamento de aves e à contemplação deste ambiente revelador é o que propõe o roteiro Canoagem Ecológica no Manguezal de Praia Grande e São Vicente. O passeio começa no Portinho, em Praia Grande, e o percurso é cheio de surpresas e aventuras. São três pessoas por canoa, acompa-
nhadas de um guia especializado, que vai em uma das canoas, orientando o roteiro e dando uma aula sobre – e sobre – os mangues. Já nas primeiras remadas fomos agraciados com um bando de guarás-vermelhos que formavam um majestoso borrão rubro no céu. Considerada uma das aves mais lindas do mundo, vivem em manguezais e têm a coloração vermelha em função do caroteno presente nos crustáceos que eles comem. “O guará-vermelho não nasce vermelho, ele vai ganhando esta coloração conforme vai se alimentando dos crustáceos que têm esta cor”, explica Renato Marchesini, guia e gestor de projetos da Caiçara Expedições. O espetáculo entre as árvores ganhou mais cores com a chegada de novos integrantes. Garças brancas, azuis, socós, colhereiros e maguaris – a maior garça das Américas – juntaram-se aos rubros e fizeram todo o grupo deixar os remos de lado e investir nos cliques. Uma visão de tirar o fôlego, multicolorida, dando graça ao cinza da Ponte do Mar Pequeno, que se via ao longe. O manguezal também é abrigo de jacarés, tartarugas, arraias, tubarões e outros peixes, como a tainha, o bagre e o parati. A possibilidade de deparar com algum deles torna o passeio mais emocionante. É um roteiro contemplativo, que desafia os participantes a conciliarem as remadas com os cliques fotográficos. De volta ao Portinho, dá para repor as energias, em uma das mesas do restaurante junto ao píer.
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POR DIEGO BRÍGIDO • FOTOS CHRISTIAN JAUCH
O portal da Jureia reserva beleza e muita aventura Encravado no meio do Mosaico de Unidades de Conservação da Jureia, o bairro do Guaraú, em Peruíbe, reserva lindas praias, rios, cachoeiras, trilhas e muita aventura. Este reduto caiçara da região, além revelar paisagens inesquecíveis, desconhecidas para a maioria dos moradores e visitantes, é polo de atividades de ecoturismo e turismo de aventura. E, acredite, dá para passar dias por lá. Distante apenas 5 quilômetros do centro da cidade, no Guaraú é possível ser feliz em atividades como ecocanoagem, trilhas em meio à mata atlântica e praias desertas, water treeking, cascade, passeios em quadriciclo, trekking e muito mais.
Como as atividades são realizadas em áreas de reservas ecológicas, há uma grande preocupação com a conscientização e a educação ambiental na realização dos roteiros. Este paraíso também recebe grupos de bikers, caminhadas e 4x4, além de treinamentos empresariais e projetos educativos. Difícil é querer voltar para casa. Todos estes cenários maravilhosos são, claro, redutos para a prática do birdwtching, ou avistamento de pássaros, que tem atraído cada vez mais estrangeiros para a região, mas, sobre esta atividade falaremos nas próximas edições.
VEJA EM NOSSO PORTAL OUTRAS ATIVIDADES DE ECOTURISMO E TURISMO DE AVENTURA QUE VOCÊ PODE PRATICAR NA COSTA DA MATA ATLÂNTICA.
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CENÁRIO
UM MERGULHO NO
Aquário de Santos O SEGUNDO EQUIPAMENTO TURÍSTICO MAIS VISITADO DO ESTADO
É milenar a curiosidade e o fascínio do Homem pelos mistérios e belezas do fundo do mar. A cada descoberta, uma braçada rumo às profundezas ainda intactas pelo ser humano. Talvez essa imensidão seja a razão da incessante busca pelo que acontece por lá. As espécies marinhas encantam, e permitem perceber que a diversidade é a grande sacada para um desenvolvimento pleno do espaço onde vivem. E você, o quanto conhece desse mundo? Tem um espaço em Santos que te leva a diversos setores desse ambiente mágico, topa conhecer?
O Aquário Municipal de Santos é hoje o segundo equipamento turístico mais visitado em todo o estado de São Paulo. Inaugurado na década de 40, é o mais antigo do Brasil, e passou por diversas reformas até chegar ao espaço que é hoje.
Os visitantes podem circular por uma área que ultrapassa os dois mil metros quadrados e reúne 32 tanques de águas doce e salgada, que servem de lar para cerca de 200 espécies de animais, que vão desde polvos e cavalos marinhos, até tubarões e pinguins.
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Em 2008, o parque ganhou dois murais externos do ambientalista norte-americano, Robert Wyland. O Aquário recebe uma média anual de 500 mil visitas. Nos meses de férias, o movimento é muito maior. Pra se ter uma noção, em janeiro deste ano, a média foi de três mil pessoas por dia. A maioria do público é formada por crianças, que ficam maravilhadas já na entrada. Todos os espaços receberam cenografia representativa dos habitats naturais. O tanque dos tubarões é enorme e dá uma tremenda sensação de proximidade pelo formato circular, com 17 metros de diâmetro, 5 metros de altura, e 385 mil litros de água, onde se espalham inúmeros peixes, entre eles, seis tubarões de diferentes espécies. O grande mascote do Aquário de Santos é, sem dúvida, o leão-marinho Abaré-Inti. Ele fica no maior espaço do parque, um tanque envidraçado de 5m de altura, com 80 m², 450 mil litros de água salgada e um deck que é alvo dos olhares da arquibancada, montada especialmente para acompanhar as evoluções do leãomarinho.
POR: FABIANA OLIVEIRA • FOTO: CHRISTIAN JAUCH
O Aquário de Santos foi a primeira instituição brasileira a realizar resgate e promover tratamento de recuperação dos animais marinhos. Tratadores avaliam diariamente as condições de saúde, passando também pela qualidade da água e da alimentação. Monitores de educação ambiental fazem um trabalho exemplar de conscientização com os visitantes. Há um espaço reservado no Aquário sobre o descarte irregular de lixo, e tudo o que isso pode ocasionar.
você somente saberá quais são, numa visita presencial, entendemos o porquê dessa paixão pelo Aquário de Santos. E aí, está pronto para pegar o ingresso e se aventurar? Se liga nos horários e bom mergulho!
Comilança
Haja investimento para manter todo esse espaço que marca a memória de gerações, e continua sendo primeira opção de destino dos passeios com a família ou amigos. Pra citar só a alimentação: os animais consomem cerca de uma tonelada de peixes e frutos do mar por mês. Só a energia do Abaré-Inti, demanda uns doze quilos de peixe por dia.
Pesquisa
O Aquário de Santos é lugar de alegria, entretenimento, mas também de muita pesquisa, ciência e descoberta. Um grande feito dos profissionais que integram, ou já passaram pelo parque foi o nascimento, há 17 anos, do primeiro pinguim em cativeiro do Brasil, a Fraldinha. Em 2006, ela ‘casou’ com o Viriato e, onze anos depois, pôs um ovo. Em novembro de 2017 nasceu o filhote, fato inédito no Brasil: um pinguim nascer de outro nascido em cativeiro. Por tudo isso e mais alguns detalhes especiais, que
O AQUÁRIO MUNICIPAL DE SANTOS FICA ABERTO DE TERÇA A SEXTAFEIRA, DAS 9H ÀS 18H. AOS SÁBADOS, DOMINGOS E FERIADOS, DAS 9H ÀS 20H. A BILHETERIA ENCERRA MEIA HORA ANTES DO FECHAMENTO DO PARQUE, MAS AQUI VAI UMA DICA: RESERVA MAIS TEMPO PARA A VISITA. DURANTE A TEMPORADA DE CRUZEIROS MARÍTIMOS, O PARQUE ABRE AS SEGUNDAS-FEIRAS QUE HOUVER ATRACAÇÃO, E FECHA NO DIA SEGUINTE. VOCÊ CONSEGUE TODAS AS INFORMAÇÕES PARA ORGANIZAR SUA VISITA NO TELEFONE (13) 3278-7830. O AQUÁRIO FICA NA PRAÇA VEREADOR LUIZ LA SCALA, S/Nº - PONTA DA PRAIA.
Anderson Bianchi
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PERSONA
O ZÉ CORNETEIRO MEXE COM O IMAGINÁRIO DAS PESSOAS. ELE AS TIRA DA VIAGEM REAL, O PASSEIO DE BONDE, E AS TRANSPORTA PARA UMA VIAGEM VIRTUAL.
* Rua Tiro 11
ENTENDA EM NOSSO PORTAL O PORQUÊ DESTE NOME
A CASA DO TREM BÉLICO FICA NA RUA TIRO ONZE, NO CENTRO DE SANTOS E ESTÁ ABERTA À VISITAÇÃO, DE TERÇA A DOMINGO, DAS 11H ÀS 17H, COM ENTRADA GRATUITA. O ZÉ CORNETEIRO ESTÁ NO MUSEU AOS FINAIS DE SEMANA E A PERFORMANCE ACONTECE SEMPRE QUE O 12
BONDE TURÍSTICO PASSA NA ESQUINA DA RUA. DISK TOUR: 0800 173887
FOTOS CHRISTIAN JAUCH
Zé Corneteiro
DOS CONTOS DE FADAS, DIRETO PARA O CENTRO HISTÓRICO DE SANTOS
“Soldadinho, soldadinho, cadê você?” Este é o coro entoado pela criançada ao entrar na Casa do Trem Bélico, no Centro Histórico de Santos. Elas estão à procura do divertido Zé Corneteiro, personagem criado há 4 anos pelo monitor do Museu, Miguel Escandon, para atrair público ao equipamento e resgatar o respeito e o orgulho à Pátria. O que as crianças não sabem é que o Zé Corneteiro não é um simples soldadinho, ele tem patente, é um Alferes, figura que desapareceu do escopo do Exército em 1700 e que era responsável por convocar e dar comando aos soldados usando uma corneta. Na Casa do Trem Bélico, o papel do corneteiro é chamar a atenção dos passageiros do bondinho turístico que passa na esquina da Rua Tiro 11*. Ao se aproximar da rua, o motorneiro emite um sinal sonoro no bonde e, então, o soldadinho sabe que tem alguns minutos para sua performance à porta do Museu. Chapéus bem curiosos, cavalinho de cabo de vassoura, guarda-chuva imitando espingarda e adereços confeccionados com materiais reaproveitados compõem o figurino do herói. ‘O Zé Corne-
teiro é um soldado que anuncia a existência de um lugar ainda desconhecido pela maioria das pessoas’, revela Escandon. O personagem desperta a curiosidade dos passageiros – adultos e crianças – embarcados nos bondes turísticos que fazem o trajeto pelo Centro Histórico de Santos. Ao assistirem a encenação, de longe, acabam descendo do bondinho – mesmo a contragosto do motorneiro – para conhecer aquela figura engraçada e aproveitam para visitar a Casa do Trem Bélico. Durante a visita, o Zé Corneteiro interage com as pessoas, envolvendo-as em suas brincadeiras, enquanto conta a história dos materias bélicos expostos no Museu. A ideia do personagem surgiu para que se conseguisse, por meio do lúdico, chamar a atenção das pessoas para este equipamento tão rico em história e tão pouco conhecido pelos santistas e visitantes. Escandon diz que o Zé Corneteiro ainda está em construção e que não há limites para ele. ''Se você passar de bonde duas vezes no mesmo dia pela esquina do Museu, assistirá performances diferentes’, completa o criador.
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ABRINDO O BAÚ
a r i e c i t i e F a Pedra d Quem tem por hábito as caminhadas à beira-mar na Praia do Itararé, em São Vicente, está acostumado a cruzar a Pedra da Feiticeira no meio do caminho. Ora banhada integralmente pelo mar, nas marés cheias; ora exposta em plena areia, nas marés baixas, ela é parte do cenário da cidade. Há alguns anos a pedra ganhou uma escultura em fibra com 3,5 metros de altura, que representa a imagem de uma feiticeira, figura que povoa o imaginário dos vicentinos desde o século XVI. A imagem foi instalada ali em alusão à lenda da 14
Pedra da Feiticeira. Você certamente já ouviu falar, mas sabe qual a história? Reza a lenda que nos idos de 1500 e alguma coisa, quando a praia ainda era deserta e quase sem visão para o mar – em função da altura da vegetação, uma mulher misteriosa vagava pela região, mal vestida e falando sozinha. Nas noites quentes, ela dormia sobre a pedra, que ficou conhecida como a ‘cama da velha’. Apesar de não ser idosa, os trajes desgrenhados e a pele maltratada pelo sol davam à mulher um aspecto de uma velha bruxa.
FOTO CHRISTIAN JAUCH
. a r d e p a m u m e t o h in No meio do cam a. x u r b a m u , m é b m a t , ia No passado, hav
Seu nome era desconhecido, mas a imagem lendária da ‘bruxa da pedra da praia’ era conhecida em todo o povoado. Era inofensiva, não molestava ninguém, mas tinha por hábito dançar, cantar e acenar para os navios que passavam na barra. Nos poucos contatos que tinha com a comunidade, contava de seu amor por um marinheiro português, que visitara a Ilha de São Vicente na juventude, com o qual teve um romance e de quem engravidou. O navegador partiu para Portugal dizendo voltar para buscar a amada e o bebê, promessa que nunca cumpriu. Desmoralizada e desesperada, a mulher
entrou em depressão e desequilíbrio mental, perdendo a gestação. Isolou-se na pedra, local onde ocorriam os seus encontros românticos, e ali permanecia longos períodos, acenando para cada barco que passava, na ilusão de ser o seu amado marinheiro. Certa vez, acreditando ter visto alguém acenar de um barco que passava ao longe, se lançou ao mar, em dia de maré cheia e sob forte correnteza e, então, morreu afogada. Contam que ainda hoje, nas noites de luar, se pode ouvir os gritos da velha feiticeira. Será? 15 Fonte: Instituto Histórico e Geográfico de São Vicente
NOVE
9 Praias para todos os gostos
Mais de 160 quilômetros de litoral abraçam as nove cidades da Costa da Mata Atlântica, região turística que corresponde à Baixada Santista. De todos os municípios, apenas Cubatão não tem praias, quer dizer, não tem praias de águas salgadas. De Bertioga a Peruíbe, tem mar para todos os gostos, até para quem não gosta de mar. Nós elencamos nove praias na região, uma em cada cidade, com perfis diferentes, para agradar todas as tribos. Qual é a sua praia?
2) Praia fluvial, em Cubatão
Aqui a praia fica longe do mar, tem águas doces e límpidas e sem traços de poluição. A cidade que teve
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Marcos Pertinhes
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3) Praia do Tombo, em Guarujá
Com cerca de 900 metros de extensão, o Tombo é a única praia do estado de São Paulo que ostenta, desde 2010, a certificação internacional Bandeira Azul. Isso significa que ela possui excelente infraestrutura, segurança, acessibilidade e qualidade ambiental. Em 2
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RoteiroBR
Protegida por lei, dentro do Parque Estadual Restinga de Bertioga (Perb), é a melhor opção na cidade para quem busca contato com a natureza ainda intocada. Nada de condomínios, shoppings ou quiosques por perto. Não é uma praia para quem busca infraestrutura, mas sossego e um mar multicor. A recompensa é garantida pelo Rio Itaguaré, que deságua na praia, formando um pequeno estuário, a Lagoa Seca, e garantindo um cenário paradisíaco ao pôr do sol. O acesso se dá pela Rodovia Rio-Santos (BR 101), logo após a Praia de São Lourenço. O Caminho das Ostras, no acesso a Itaguaré, completa o passeio, uma sequência de restaurantes que preparam pratos à base de ostras e frutos do mar.
sérios problemas ambientais no passado, hoje é símbolo de recuperação do meio ambiente e caminha para se tornar uma estância turística – ainda é a única da região que não tem este título. Mas tem praia. E que praia! Em meio à exuberante mata atlântica, a praia fluvial está às margens do Rio Perequê, que nasce no Parque Estadual da Serra do Mar e brinda os visitantes com cascatas, corredeiras e piscinas naturais. O entorno é equipado com churrasqueiras, gramado para piquenique e campos de futebol. Também é possível se aventurar por trilhas, subindo o rio até chegar à majestosa cachoeira do Véu das Noivas, com 60 metros de altura.
Divulgação
1) Praia de Itaguaré, em Bertioga
FOTOS DIVULGAÇÃO
4) Praia do Boqueirão, em Santos
A Praia do Boqueirão fica entre o ‘3’ e o ‘4’ e eu estou próximo à barraca de toldo azul, em frente ao Joinville. É assim que um santista explicaria como encontrá-lo em um sábado de sol, referindo-se aos canais 3 e 4, às barracas de associações armadas na areia e à tradicional confeitaria Joinville, na orla da praia. Frequentada por famílias e jovens, que disputam as areias em partidas de futevôlei, tamboréu e caminhadas à beira-mar, oferece barracas com sombra, petiscos e bebidas, além de carrinhos de suco, mate, sorvete, pastel e outras guloseimas. Quem prefere distância da areia, pode curtir a praia nos quiosques do calçadão, que dividem espaço com o famoso jardim santista e com os chuveirinhos, lava-pés e banheiros públicos.
Isabela Carrari
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Com aproximadamente 800 metros de extensão, esta é uma praia eclética, que agrada a todos os públicos. Localizada entre a Praia dos Milionários e a Biquinha, oferece um dos cenários mais bonitos da região: a vista da baía de São Vicente e da Ilha Porchat. Muito procurada por praticantes de esportes náuticos, em alguns trechos é possível alugar caiaques para uma tranquila remada em meio aos que se equilibram nos stand-ups. Há restaurantes e bares por toda a orla e, mais próximo à Biquinha, quiosques no calçadão recebem banhistas ou quem sai para um passeio noturno à beira-mar. Um trecho bem curto entre Milionários e Gonzaguinha é o preferido das famílias com crianças, pois além de um quiosque bem arborizado, chuveirinho e um mar tranquilo, dizem, o pôr do sol ali é um dos mais lindos da região.
6) Canto do Forte, na Praia Grande
Uma praia tranquila, muito frequentada pelos turistas da cidade, por estar em uma região nobre e junto à Fortaleza da Itaipu, conhecida popularmente como Forte Itaipu, importante equipamento da cidade, que marca o nascimento de Praia Grande. Com boa infraestrutura urbana e fácil acesso, proporciona 5
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PMPG - Jairo Marques
mo uma praia de tombo e justifica a grande quantidade de campeonatos nacionais e internacionais que por ali acontecem. O Tombo está na Av. Prestes Maia, nas imediações do Mirante do Morro da Caixa D´Água.
5) Praia do Gonzaguinha, em São Vicente
Divulgação
sua extensão encontram-se cestos de coleta seletiva, salva-vidas, vagas para idosos, rampas para cadeirantes, bebedouros com água potável e placas indicativas. Praia ideal para os surfistas, está em um relevo de grande inclinação, o que a caracteriza co-
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NOVE
A praia mais movimentada da cidade oferece uma gama de atividades para quem não quer se limitar ao banho de sol. Disputada pelos surfistas e pelos turistas, está junto da Plataforma Marítima de Pesca Amadora, uma grande estrutura pesqueira em concreto armado, que avança 400 metros mar adentro, formando um ‘T’, com mais 86 metros para cada lado e boa estrutura para os pescadores amadores. No complexo também está a Feira de Artes, uma construção em madeira e tijolo que dá ainda mais charme à praia. Quiosques espalhados pela orla garantem a experiência gastronômica à beira-mar.
8) Praia do Sonho, em Itanhaém
Esta é uma praia para quem gosta de curtir o pôr do sol e apreciar a paisagem, ouvindo o barulho do mar, sentado nas rochas. Por ser uma das mais conhecidas da cidade, na alta temporada, suas areias
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9) Barra do Una, em Peruíbe
Um recanto ecológico em meio à Estação Ecológica Jureia-Itatins, cercada por morros e por vegetação de restinga. O acesso se dá por uma longa estrada com um trecho de 8 quilômetros asfaltado e outro de 16 quilômetros em terra, que parte da Praia do Centro e garante a chegada a este paraíso. Barra do Una tem grande diversidade de ecossistemas, com mangue, mata, várzea, restinga e dunas e ainda abriga uma vila de pescadores. No seu canto direito deságua o Rio Una do Prelado, que garante um banho de água doce, escura e gelada em meio aos 2 quilômetros de extensão do mar de águas claras e limpas. Há uma pequena estrutura comercial e campings para os aventureiros.
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PMP - Edilson Almeida
7) Praia de Agenor de Campos, em Mongaguá
são bastante disputadas, então, encontrar uma boa pedra em meio ao mar pode ser uma alternativa bacana e uma experiência encantadora. Com 800 metros de extensão, oferece infraestrutura urbana na orla e está próxima de importantes atrativos históricos da cidade, como a Cama de Anchieta. Um caminho que parte da Praia do Sonho dá acesso à Praia dos Pescadores, onde foram gravadas cenas da primeira versão da novela Mulheres de Areia. Há, também, um comércio de peixe próximo, que pode garantir um delicioso almoço no final de semana.
Divulgação
segurança e a agradável sensação de estar ao lado de uma das últimas reservas de mata atlântica do estado. Um dos trechos mais cobiçados, próximo ao morro da Fortaleza, é justamente aquele em que a entrada é proibida, por estar em área militar. Aliás, a visita à Fortaleza é uma boa dica para um passeio diferente em meio a muita história e natureza exuberante, com vistas inesquecíveis de Praia Grande.
#TÁNAPLACA
POR DIEGO BRÍGIDO • FOTO CHRISTIAN JAUCH
a t is t n e h in u Q o ir e z Cru EM CUBATÃO, BOA PARTE DA HISTÓRIA DO BRASIL E DA REGIÃO
Uma cruz, esculpida em blocos de granito natural, revestida com azulejos pintados à mão, é um dos seis monumentos do núcleo Caminhos do Mar, projetados por Victor Dubugras. O Cruzeiro, juntamente com os demais monumentos, foi construído em 1922, a pedido do Presidente do Estado de São Paulo, Washington Luiz de Souza, em comemoração ao Centenário da Independência do Brasil. O Cruzeiro Quinhentista é a única das obras que se encontra na planície, instalada entre o Caminho do Mar e o antigo Caminho do Padre José de Anchieta. A escultura apresenta no seu centro as datas de 1500 e 1922 e os nomes dos colonizadores jesuítas Tibiriçá, José de Anchieta, Mem de Sá, Manuel da Nóbrega, Leonardo Nunes, Martim Afonso de Sousa e João Ramalho. O Caminho do Mar foi a primeira estrada pavimentada em concreto armado na América Latina e, durante muito tempo, a principal via de ligação entre o planalto e o litoral. Sucedeu a Calçada do Lorena (mais tarde Estrada da Maioridade), construída a pedido de Bernardo José de Lorena, o conde de Sarzedas – que governou a capitania de 1788 a 1795 – para melhorar o caminho utilizado por viajantes e tropeiros na Serra do Mar.
VISITAÇÃO A visitação ao Parque Estadual da Serra do Mar é aberta de quinta a domingo, das 9h às 16h, mediante agendamento pelo site http://www. parqueestadualserradomar.sp.gov.br/. O valor do ingresso é R$ 32,00. Estudantes pagam meia e professores da rede pública, menores de 12 anos e maiores de 60 anos são isentos.
PARA CHEGAR Por São Bernardo do Campo - Rodovia SP-148, estrada Caminho do Mar, km 42. Por Cubatão - Rodovia SP-148, estrada Caminho do Mar, km 51, junto à Refinaria Presidente Bernardes.
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UM NOVO OLHAR
Você também pode desfrutar deste paraíso
SESC BERTIOGA
Mais de 400 mil metros quadrados estão à disposição de comerciários e convidados no Centro de Férias SESC Bertioga. São 38 mil metros quadrados de área construída, que contam com um grandioso parque aquático, complexo aquático infantil, ginásio poliesportivo, quadras de tênis e paredão, campos de futebol oficial e minigolfe, bocha, pesca esportiva, spa, sala de ginástica, redário, capela, centro de educação ambiental, viveiro de plantas, casa do caiçara, restaurante, lanchonete, sala de jogos, sala de tecnologia e artes, loja e, claro, um complexo hoteleiro composto de 50 casas e 10 conjuntos de apartamentos com capacidade para mais de 1000 hóspedes. Em cada conjunto há dois
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apartamentos adaptados para pessoas portadoras de necessidades especiais. Você pode estar pensando: ‘grande coisa, não trabalho no comércio e não posso usufruir deste complexo’. Aí é que você se engana, pois há duas formas de curtir este paraíso mesmo que sua empresa não seja contribuinte do Serviço Social do Comércio. A primeira é ser convidado de alguém que tem a carteirinha do SESC – cada comerciário pode levar até dois convidados, além dos dependentes diretos, para curtir um período de hospedagem, que pode ser de duas diárias e meia, quatro diárias e meia ou seis diárias e meia.
FOTO CHRISTIAN JAUCH
A segunda opção não inclui hospedagem, mas é aberta para qualquer pessoa se inscrever, sem a necessidade de um comerciário junto – é o Turismo Balneário. Basta adquirir um ingresso em qualquer unidade do SESC no estado de São Paulo e curtir um dia inteiro, usufruindo de todo o complexo de lazer e atividades programadas para o período. No valor do ingresso também estão inclusos alimentação (conforme o pacote adquirido), estacionamento e vestiário. Mas, atenção: devido à grande procura, no caso do Balneário, é preciso adquirir os ingressos com 30 dias de antecedência. Já no caso do pacote de acomodação, o comerciário precisa se inscrever no sorteio para concorrer às vagas, que, normalmente, acontece 5 meses antes do período da hospedagem.
tivas e esportivas, além de passeios externos para fazer trilhas por Bertioga, visitar a aldeia indígena ou vivenciar os atrativos culturais locais. Outro diferencial: o resort está à beira-mar e oferece atividades e infraestrutura na praia também. Inclusive, uma parceria com a Prefeitura de Bertioga permite que cadeirantes possam entrar no mar utilizando cadeiras anfíbias. Em total equilíbrio e harmonia com a natureza, o Centro de Férias SESC Bertioga é um espaço democrático que promove atividades para todos os públicos e também mantem espaços para quem busca o sossego, a meditação e a contemplação dos 995 mil metros de área verde preservada, no Sopé da Serra do Mar.
PARA MAIS INFORMAÇÕES SOBRE AS POLÍTICAS DE RESERVA E HOSPEDAGEM, ACESSE O NOSSO PORTAL PELO QR CODE OU PELO ENDEREÇO WWW.REVISTANOVE. COM.BR
O complexo tem programação intensa, que começa às 9h da manhã e vai até as 23h, com shows, peças de teatro, sarais, atividades recrea-
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CENÁRIO
PLATAFORMA DE
Pesca Amadora
Não há como ela passar despercebida por quem transita – a pé ou de carro – pela orla da praia em Mongaguá: uma estrutura que avança 400 metros mar adentro e forma um ’T’, com mais 86 metros de extensão para cada lado e que é uma das maiores plataformas pesqueiras em estrutura de concreto armado do mundo.
A Plataforma de Pesca Amadora de Mongaguá, além de integrar o belíssimo cenário da cidade, oferece infraestrutura para pescadores amadores e,
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porque não, profissionais. Após oito anos fechada ao público, reabriu em 2011 e, além de resgatar a autoestima do morador da cidade, voltou a atrair turistas para as praias locais. Boa parte do comércio e do turismo de Mongaguá vive em função deste que é o principal atrativo turístico do município. Talvez você não saiba, mas ela é um dos locais mais visitados por praticantes de pesca esportiva do país. Sua estrutura conta com sanitários e local apropriado para lavagem dos pescados e utensílios de pesca.
FOTO: DIVULGAÇÃO SRCVB
A PLATAFORMA DE PESCA DE MONGAGUÁ FICA NA AV. GOVERNADOR MÁRIO COVAS JÚNIOR, 10.181, NO BALNEÁRIO PLATAFORMA.
É toda iluminada com lâmpadas de vapor de sódio, o que permite a boa visibilidade à noite, inclusive com nevoeiro. A Plataforma fica aberta 24 horas por dia durante todos os dias da semana. O acesso é controlado e a entrada custa R$ 5,00, mas moradores da cidade credenciados no Departamento de Turismo não pagam. Crianças de 3 a 10 anos pagam R$ 3,00 e idosos, acima de 60 anos, pagam R$ 2,50.
E AS ISCAS? É possível comprar uma variedade de iscas nos quiosques em frente à Plataforma, o que vai garantir que você não fique na mão no melhor da festa, quer dizer, da pesca. Peixes como robalo, corvina, betara, pescada, roncador, espada, bagre, baiacu, pampo e sargo são os que mais costumam das as caras por lá.
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#TÁNAPLACA
FOTO CHRISTIAN JAUCH
RUA XV A Wall Street do café Ela é uma das ruas queridinhas dos santistas e já foi considerada a ‘Wall Street’ brasileira tamanha sua importância para a economia da cidade e do país. São cinco quarteirões, desde a Praça dos Andradas até a Praça Barão do Rio Branco, por onde, além do bonde, passavam as figuras mais abastadas de Santos, fazendo as negociações internacionais do café. Inicialmente batizada como Rua Direita, ainda no período colonial, foi ali que nasceu um dos heróis santistas, José Bonifácio de Andrada e Silva, e também era ali que ficavam os mais importantes escritórios, bancos e casas comerciais da cidade. O cruzamento com a Rua Frei Gaspar era conhecido como Quatro Cantos, o lugar mais elegante da cidade, por onde circulavam homens trajados de terno, gravata e chapéu panamá.
Mas, no final dos anos 1990, a ‘wall street’ santista ganhou novo fôlego, com uma revitalização estética que trouxe de volta o charme de outrora. Melhor para os persistentes corretores de café, que ainda mantém suas atividades por lá. Melhor para os demais comerciantes, que circulam diariamente em meio a prédios de grande importância histórica e arquitetônica. A quinta Associação Comercial mais antiga do Brasil ainda funciona neste endereço, onde também está a Construtora Phoenix, na suntuosa construção antes sede do Banco Italiano e a Bolsa Oficial do Café, um dos pontos turísticos mais visitados da cidade.
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Melhor ainda para os moradores e turistas, que podem vivenciar tudo isso nos barzinhos e restaurantes ou durante os muitos eventos que a região do Centro sedia o ano todo.
*Fonte: Memória Santista (www.memoriasantista.com.br)
Com a Proclamação da República, a via foi rebatizada com a data que prometia novos tempos aos brasileiros. Porém, em 1929, com a quebra da Bolsa de Nova Iorque, o comércio do café amargou intensa queda e a rua XV passou a viver tempos difíceis, agravados com o estouro da Segunda Guerra Mundial.
SOCIAL
FOTO ARQUIVO TAM TAM
trintou Ainda funcionava a extinta Casa de Saúde Anchieta, em Santos, quando o Projeto TAMTAM surgiu em 1989, com o objetivo de promover saúde mental, prevenção às doenças, educação, acesso à arte e cultura, diversidade e inclusão social. O trabalho teve origem após intervenção pública municipal no local. Começou, então, um trabalhoso processo de humanização da chamada ‘Casa dos Horrores’, que contou com a atuação de uma grande equipe multidisciplinar e foi liderada pelo médico sanitarista David Capistrano Filho. Foi a partir daí que o arte-educador e pedagogo Renato Di Renzo revolucionou o chamado ‘tratamento’, propondo uma integração inclusiva e diversa, através de espaços para arte e convivência física e urbana dos ‘loucos do manicômio’ com seus familiares, vizinhos e a comunidade. O modelo tornou-se referência nacional e internacional.
Então veio a Associação Projeto TamTam Em 1992 foi fundada, então, a ONG Associação Projeto TAMTAM, objetivando que a ética e a estética fossem mantidas e replicadas. No ano seguinte, a TAMTAM uniu seu trabalho ao Grupo Orgone, fundado pela bailarina Claudia Alonso, conferindo-lhe nova roupagem e uma linguagem única, ampliada, que o caracteriza até os dias atuais. Desde 2003, o Espaço Sócio Cultural e Educativo Café Teatro Rolidei (nós aqui, da Nove, somos apaixonados por esse cantinho e já fizemos uma linda matéria por lá, que você pode conferir no QR Code ao lado) sedia as ações do Projeto, executadas por voluntários e que seguem fomentando a discussão da sociedade em tempos de violência gratuita e banalização da vida e das relações.
Sem verbas, convênios, subvenções ou patrocínios, a TAMTAM atende hoje cerca de 180 beneficiários em atividades gratuitas e inclusivas – Teatro e Expressão, Dança, Ballet Clássico, Jazz, Expressão Corporal, Grupo Lúdico Pedagógico, Musicalização, Literatura e Poesia – para crianças, jovens e adultos, com e sem múltiplas deficiências, de toda a Baixada Santista. O TAMTAM é para todos e por todos e em 2019 completa 30 anos de uma linda história, que vem dando um gelo no preconceito e mostrando que, no fundo, no fundo, de louco todo mundo tem um pouco. Vida longa!
ACOMPANHE A MATÉRIA QUE FIZEMOS NO CAFÉ TEATRO ROLIDEI SOBRE O CENÁRIO CULTURAL NA BAIXADA SANTISTA
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UM NOVO OLHAR
Caminhos do Mar
AS CURVAS DA ESTRADA DE SANTOS PARA CHEGAR: POR SÃO BERNARDO DO CAMPO - RODOVIA SP-148, ESTRADA CAMINHO DO MAR, KM 42.
O roteiro começa a 700 metros de altitude, no km 41 da queridinha de Roberto e Erasmo, Estrada Velha de Santos. São nove quilômetros de percurso dentro do Parque Caminhos do Mar, no Parque Estadual da Serra do Mar, desde o início, em São Bernardo do Campo, até a chegada, em Cubatão. O caminho sinuoso abriga um inestimável patrimônio ambiental, histórico e cultural e revela, em cada curva, uma vista privilegiada e panorâmica da Baixada Santista. Um novo e apaixonante olhar sobre esta bela região, de fazer brilhar os olhos de crianças, adultos e idosos. Após longo período fechado à visitação, o parque reabriu e pode ser conhecido a pé, em um roteiro de aproximadamente quatro ou cinco horas (depende do grupo), pela trilha Ecoturismo Caminhos do Mar. Parece muito tempo, mas a estrada é asfaltada e bem larga e o roteiro garante várias paradas para contemplar a belíssima paisagem e conhecer os seis monumentos históricos instalados em 1922, a mando do presidente Washington Luiz, em homenagem ao centenário de independência do Brasil.
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A VISITAÇÃO AO PARQUE ESTADUAL DA SERRA DO MAR É ABERTA DE QUINTA A DOMINGO, DAS 9H ÀS 16H, MEDIANTE AGENDAMENTO PELO SITE: WWW.PARQUEESTADUALSERRADOMAR.SP.GOV.BR. O VALOR DO INGRESSO É R$ 32,00. ESTUDANTES PAGAM MEIA E PROFESSORES DA REDE PÚBLICA, MENORES DE 12 ANOS E MAIORES DE 60 ANOS SÃO ISENTOS.
A Estrada Velha é a primeira via pavimentada em concreto da América do Sul, inaugurada em 1908, para substituir a Estrada da Maioridade, de 1844, construída para celebrar a emancipação de Dom Pedro II, que teria viajado por ela dois anos depois. Ela foi uma importante via de ligação entre o planalto e o litoral e teve grande responsabilidade no desenvolvimento de São Paulo e de todo o Brasil, marcando o início da ‘era do automóvel’ no estado. Por suas curvas circularam mulas e cavalos, carregando personalidades históricas como Dom Pedro I e Dom Pedro II; depois carroças, que transportavam o café, produzido no interior de São Paulo e exportado pelo Porto de Santos e, finalmente, os carros, até 1985, quando a via fechou para veículos e abriu para os turistas. Nos dias secos é possível percorrer um trecho da Calçada do Lorena, de 1792, construída em pedras ziguezague, que cruza a estrada Caminhos do Mar em três trechos e por onde Dom Pedro I teria passado na viagem entre Santos até as margens do rio Ipiranga para proclamar a Independência do Brasil.
POR DIEGO BRÍGIDO • FOTOS CHRISTIAN JAUCH
Monumentos no caminho Logo no início do trajeto, após cruzar o reservatório Rio das Pedras, que abastece a Usina Henry Borden, em Cubatão, uma parada na Casa de Visitas do Alto da Serra, construída em 1926, para receber os visitantes que chegavam para conhecer as obras do Alto da Serra e da usina. No local, há uma exposição fixa contando a história da Henry Borden, projetada com técnicas inovadoras para a época. Em seguida, o primeiro dos seis monumentos alusivos ao centenário de independência, o Pouso de Paranapiacaba, homenageia a era automobilística. Da construção, avista-se as cidades de São Vicente e Praia Grande e também é onde muitos acreditavam acontecerem os encontros entre Dom Pedro I e a Marquesa de Santos. Os historiadores, no entanto, contestam a lenda, uma vez que a casa foi erguida após a morte de ambos. Também estão no roteiro as ruínas do que teria sido a casa dos engenheiros que construíram a estrada; o Belvedere Circular, um mirante que marca o primeiro dos três cruzamentos entre a Estrada Velha e a Calçada do Lorena; o Rancho da Maioridade; o Padrão do Lorena, homenagem ao Governador da capitania de São Paulo, Bernardo José Maria de Lorena, que mandou construir a calçada e o Pontilhão da Raiz da Serra, no final da Serra. Já em Cubatão, o Cruzeiro Quinhentista marca o final do percurso histórico. Além da instigante história da estrada, contada pelos monitores ambientais do parque – o roteiro é todo monitorado – a fauna e a flora típicas da Mata Atlântica tornam o passeio inesquecível e nada cansativo. Para quem for cumprir o trajeto completo, tem parada para lanche no Rancho da Maioridade, com direito a uma vista deslumbrante de toda a Baixada Santista, além de duas paradas com banheiros e bebedores de água ao longo do caminho. O roteiro pode ser feito de quinta a domingo e inicia sempre às 9h, com limite máximo de 100 pessoas por dia no Parque.
PARA FAZER O CAMINHOS DO MAR, VOCÊ PODE CONTATAR A CAIÇARA EXPEDIÇÕES. A EMPRESA OPERA TAMBÉM OUTROS ROTEIROS PELA REGIÃO. MAIS INFORMAÇÕES:
(13) 3466.6905
WWW.CAICARAEXPEDICOES.COM
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ESPECIAL
ALGO NÃO
IMPORTANTE HÁ
INTENÇÃO
SOBRE DE
ESSA
MATÉRIA:
NENHUMA
APOLOGIA
AO NÃO CONSUMO DE CARNE OU QUALQUER OUTRO ALIMENTO. HÁ, SIM, A PRETENSÃO DE APRESENTARMOS
ALGUMAS
IDEOLOGIAS
QUE
VÊM GANHANDO ESPAÇO, INCLUSIVE NA REGIÃO, CONSIDERANDO
UMA
ALIMENTAÇÃO
MAIS
SAUDÁVEL, MENOS ARTIFICIAL E PREOCUPADA COM O BEM-ESTAR E A SAÚDE, NÃO SÓ DE NÓS, SERES HUMANOS, MAS TAMBÉM DOS ANIMAIS. VAMOS AQUI PONTUAR AS DIFERENÇAS ENTRE VEGANISMO E VEGETARIANISMO, ESCLARECER ALGUNS MITOS SOBRE ESTE ASSUNTO, FALAR SOBRE ALIMENTAÇÃO NATURAL E ALIMENTOS ORGÂNICOS, VERTENTES DA ALIMENTAÇÃO QUE TÊM CONQUISTADO NOVOS PÚBLICOS – INCLUSIVE JOVENS. TAMBÉM NÃO NOS CABE, NESTAS PÁGINAS, TOMAR PARTIDO SOBRE AS DISCORDÂNCIAS ENTRE OS GRUPOS COM RELAÇÃO ÀS TERMINOLOGIAS, MAS USÁ-LAS DA MANEIRA COMO SÃO USUALMENTE APRESENTADAS AOS DIVERSOS PÚBLICOS, AINDA QUE SEJAM QUESTIONADAS PELOS ESTUDIOSOS. O FATO É QUE ESSA NOVA REALIDADE VEM,
AOS
POUCOS,
ALTERANDO
O
CENÁRIO
GASTRONÔMICO DA BAIXADA SANTISTA, FAZENDO SURGIR RESTAURANTES, EMPÓRIOS E GÔNDOLAS NOS SUPERMERCADOS DIRECIONADOS A ESTES NOVOS
CONSUMIDORES,
ATRAINDO,
INCLUSIVE,
FORNECEDORES DE PRODUTOS VEGETARIANOS, VEGANOS E ORGÂNICOS À REGIÃO. OS MOTIVOS PARA TANTOS NOVOS ADEPTOS A ESTA ALIMENTAÇÃO COM MAIS ‘QUALIDADE’ PODEM SER VÁRIOS: SAÚDE, ÉTICA, RELIGIÃO, PREOCUPAÇÃO COM O MEIO AMBIENTE E COM OS ANIMAIS E ATÉ ESTÉTICA. NÃO NOS CABE AQUI JULGAR, MAS APRESENTAR ESSA REALIDADE QUE JÁ ESTÁ INCOMODANDO AS REDES DE FAST FOOD E PODE TRAZER NOVAS OPÇÕES A SUA ROTINA E, DE QUEBRA, DAR UM UP GRADE NA SUA QUALIDADE DE VIDA.
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FOTO: A
POR DIEGO BRÍGIDO • DESIGN CHRISTIAN JAUCH
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ESPECIAL
Vegetarianos e Veganos, dieta ou estilo de vida?
Afinal, qual a diferença ? Seu melhor amigo é vegano, mas, na verdade, você não entende bem o que isso significa, apenas sabe que ele não come carne. Mas nem peixe?! Você costuma ir a um restaurante vegetariano com a turma do trabalho, mas não entende porque tem tantas coisas que não são vegetais no cardápio. Aquela sua prima entrou numas de defender os animais e não come mais ovos e tampouco toma leite. Até a gelatina entrou na lista negra. A gelatina? É muito natural, entre os não adeptos, que haja confusão sobre os conceitos destas duas vertentes, principalmente quando não se está claro o motivo pelo qual fulano ou beltrano não consome carne ou derivados dela. Não é complicado entender se nós dividirmos os vegetarianos em alguns grupos, dentre os quais estão os veganos. Então, vamos aos conceitos. De maneira geral, vegetarianos são todos aqueles que abriram mão do consumo de carne – incluindo frango e peixe – em sua alimentação. Esta decisão pode estar relacionada a questões de saúde ou, como a maioria alega, em defesa da causa animal, uma forma de evitar ou não apoiar a matança das diversas espécies para suprir a alimentação humana. No entanto, algumas variações ocorrem entre os diversos grupos, principalmente no consumo entre os derivados de animais. O não-consumo de carne é comum a todos estes grupos, mas alguns continuam consumindo ovos, laticínios e mel, por exemplo. No extremo oposto, estão aqueles que não consomem nada de origem animal ou que provoque a exploração destes seres, não só na alimentação, mas no vestuário, entre os itens de higiene pessoal, beleza e entretenimento.
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Ovolactovegetarianos Este grupo representa boa parte das pessoas que se dizem vegetarianas, mas, apesar de terem aberto mão do consumo de todo o tipo de carne na alimentação (inclusive frango, peixes e frutos do mar), ainda consomem ovos e laticínios. Como são muitos os produtos que usam derivados de leite em nossa dieta diária, abrir mão dos laticínios é um grande desafio.
Lactovegetarianos
Além de não consumirem nenhum tipo de carne, os lactovegetarianos também não consomem ovos, mas mantêm-se alimentando com leite e seus derivados (manteiga, queijo, iogurte etc). Este tipo de dieta é muito comum em países como a Índia e pode ter relação com crenças religiosas.
Vegetarianos estritos
fonte www.vista-se.com.br
Todos aqueles que abriram mão do consumo de carne animal e também de qualquer produto de origem animal, como laticínios, ovos e mel são chamados de vegetarianos estritos. São considerados os verdadeiros vegetarianos e também confundidos com veganos, pois, do ponto de vista nutricional, de fato, veganos são vegetarianos estritos, mas a questão do veganismo é mais complexa, já que não é exclusivamente uma dieta, passa a ser um estilo de vida.
Veganos
A decisão deste grupo envolve questões éticas e não se limita às restrições alimentares. Os veganos não se alimentam e também não consomem nenhum produto de origem animal, como lã, peles, couro, seda, gelatina (que leva tendões e cartilagens na composição). Eles também se negam a usar produtos testados em animais ou que promovam o sofrimento de qualquer espécie, inclusive não frequentam zoológicos, touradas, circos, parques ou qualquer outro entretenimento que use animais nas apresentações.
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ESPECIAL
Frugívoros e Crudívoros Há, ainda, dois subgrupos com dietas ainda mais restritas: os frugívoros são veganos que só se alimentam de frutas e os crudívoros são vegetarianos que só comem alimentos crus, muitas vezes germinados. Estes não são veganos, pois, normalmente, a escolha da dieta é por questões de saúde e, não raro, se alimentam de mel ou outros produtos de origem animal. Pronto, agora você já conhece os grupos de consumidores que não comem mais carnes e também aqueles que não ingerem sequer os seus derivados. Mas do que se alimentam, como sobrevivem e onde encontram – aqui na Baixada Santista – os seus alimentos? Vamos considerar os vegetarianos estritos e pensar que tipo de alimentos serviriam à dieta diária deste público. Na base da pirâmide alimentar, estão os cereais, preferencialmente os integrais (arroz, centeio, milho, aveia, trigo etc) e os derivados deles, como pães, macarrão, biscoitos e muitas outras opções; vegetais, legumes e frutas também podem ser consumidos generosamente e as leguminosas (feijão, soja, grão de bico, amendoim, ervilha e lentilha) e oleaginosas (castanhas, nozes, pistache, avelã, amêndoa e macadâmia) devem ser consumidas com critérios e integram o topo da cadeia alimentar vegetariana. Para a nutricionista da Dieta Vitória, Angélica Croccia, é preciso cuidado para que se mantenha uma alimentação balanceada, caso contrário
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acaba sendo necessário um suporte medicamentoso para suprir a falta de alguns nutrientes no organismo. ‘As dietas vegetarianas restritivas oferecem alguns riscos, como a falta de ferro, vitamina B12 e proteínas, portanto é preciso acompanhamento profissional’, alerta. Angélica lembra que a carência de alguns nutrientes no organismo pode levar a anemia, fadiga, depressão, deficiência de hormônios, infertilidade, diarreia, branqueamento dos cabelos e até transtornos mentais. Por isso, ao se optar pela dieta vegetariana é importante procurar um especialista. Em contrapartida, conforme lembra a nutricionista Eliane Melo, ‘se a dieta for bem planejada, os vegetarianos, em geral, têm o peso normal, apresentam menor pressão sanguínea e menor nível de colesterol, tendo assim menos risco de adquirir uma doença cardíaca’. Eliane lembra que a dieta ideal de cada pessoa é única e varia segundo fatores como a idade, sexo, clima, atividade, secreções endócrinas, superfície corporal, condições fisiológicas, modo de vida e muitos outros fatores. ‘Por isso, é importante que, assim como todas as pessoas, os vegetarianos se submetam a exames anuais e, no caso dos vegetarianos estritos, semestrais, para garantirem que está tudo bem com a saúde’, conclui.
Junk Food Vegana Nem só de broto de alfafa e cenoura baby vivem os veganos – e os vegetarianos estritos. A onda do junk food também está fazendo a cabeça dos menos ortodoxos do movimento. Uma infinidade de produtos
que simulam algumas delícias à base de carne começou a surgir no mercado para a alegria de uns e desespero de outros. Há quem acredite que as junk foods, ainda que veganas, não ajudam novos seguidores a completarem sua transição para o veganismo. Mas os mais jovens que integram o movimento encaram como uma oportunidade de se alimentarem com uma comida que traz uma sensação de saciedade maior, mas respeita a causa animal. E essas tentações vão desde pizza com queijo vegetal, hambúrguer de soja e cachorro quente com salsicha vegetal até coxinha de jaca (veganos alegam que a textura e o sabor são similares ao frango), burritos sem carne e embutidos diversos, como o chouriço. E, claro, há espaço – e muito espaço – para as sobremesas, como cheesecakes, sorvetes, chocolates e milk shakes, todos com leite vegetal e nenhum ingrediente animal. Está claro, parece, que a escolha pelo vegetarianismo ou veganismo não passa, necessariamente, por uma opção de alimentação saudável, embora não faltem opções para uma boa alimentação. A manteiga de nozes ou de amendoim, o tofu e o tempeh (alimentos à base de soja fermentada, com alta concentração de proteínas), o seitan (com aparência de carne de pato e gosto de carne de frango, altamente proteico), além do miso e do tahini são algumas opções para incrementar – e trazer mais gosto e textura – à alimentação vegetariana, fugindo das junk foods.
Cenário Regional Andressa Gama, arquiteta e urbanista e uma das ativistas veganas na Baixada Santista, afirma que o cenário regional está aquecido e que o veganismo cresce a passos largos por aqui. ‘As pessoas já não se conformam mais com o que a grande imprensa divulga, elas querem saber a origem dos alimentos.’, acredita. Segundo ela, somente Santos já conta com cerca de 20 estabelecimentos com opções veganas declaradas no cardápio, ‘fora os exclusivamente veganos que atendem por delivery, que são muitos’, complementa. Andressa também é idealizadora do Caiçara Vegan Fest, um festival vegano que já realizou 13 edições e que acontece desde 2015 em Santos. A ideia do evento surgiu quando a arquiteta, quatro anos afastada de Santos, retornou à cidade e se deu conta de que não havia opções para veganos por aqui. ‘Uma feira seria o ideal para começar a movimentar o comércio local e impulsionar o mercado para nós’. Desde então, o Caiçara Vegan Fest é frequentado não somente por veganos, mas por simpatizantes ao movimento, inclusive famílias e jovens, muitos de fora da Baixada Santista, que vêm em busca de mais informações sobre o assunto. Além da feira gastronômica somente com opções veganas – das mais saudáveis às junk foods – sempre rolam palestras, oficinas e apresentações musicais.
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ESPECIAL
MAIS DO QUE UM NEGÓCIO, O VEGANISMO, PRA NÓS, É UMA FILOSOFIA DE VIDA. LUCAS DI GIANNI, EMPÓRIO ALL VEGAN
Quem também apostou neste mercado foi Lucas Fernandes Di Gianni, que abriu, em 2017, com a esposa, o primeiro empório vegano de Santos, o All Vegan. Veganos, tinham dificuldade de encontrar produtos do segmento na cidade, mesmo com a procura aumentando cada vez mais. ‘Decidimos, então, buscando atender as nossas necessidades e também as necessidades de um público cada vez maior, abrir o negócio, que vem conquistando mais público a cada dia’, explica Lucas. O empório atende a um público que vai além de veganos, abrangendo pessoas com intolerância à lactose, vegetarianos e aqueles que buscam uma alimentação mais saudável.
Da natureza para o prato ‘Se nessa terra tudo o que se planta, dá’, diz o refrão da música Meu País, sucesso na voz da dupla Zezé di Camargo & Luciano, em 1998. A canção retrata a riqueza de alimentos naturais que nossas terras oferecem e nos faz lembrar de que eles sempre estiveram lá, ainda que somente agora, nós, urbanoides, tenhamos voltado a olha-los com outros olhos. As acelgas e escarolas desprezadas na infância retornam à cena como protagonistas nos pratos de um público cada vez mais em busca de melhoria na qualidade de vida, inclusive jovens. A alimentação natural é mais uma tendência na gastronomia mundial, nacional [e regional], esta sim, ligada diretamente à preocupação com a saúde e o bem-estar. Entende-se por alimentação natural os alimentos, refeições e produtos preparados com componentes 100% naturais, sem a adição de químicos e outros ingredientes industrializados. A ideia é que os alimentos naturais passem pelo mínimo processamento desde a colheita até a mesa do consumidor. Neste sentido, podemos considerar como alimentação natural os vegetais, legumes e frutas comprados nas feirinhas ou colhidos
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direto da horta, as carnes compradas em açougues (esta não é uma regra, é bom deixar claro), cereais, leguminosas, oleaginosas e frutas secas ou quaisquer outros produtos que tenham sofrido o mínimo possível de influência da indústria alimentícia. Para deixar tudo em pratos limpos – com o perdão do trocadilho – alimentação natural é aquela que a natureza nos oferece sem que precise passar por processos químicos. Logo, fica evidente que esta escolha alimentar proporciona melhor qualidade de vida aos adeptos, uma vez que se consome mais fibras, minerais, vitaminas hidrossolúveis (complexo B, vitamina C, B12, ácido fólico etc) e lipossolúveis (vitaminas A, D, E e K, por exemplo) e menos sódio, gordura e açúcar, além de compostos químicos, alergênicos e tóxicos. Conforme esclarece a nutricionista Karina Simas, ‘os alimentos naturais são as verdadeiras fontes de nutrientes que precisamos e quanto menos industrializada a alimentação, mais natural ela será e melhor o nosso organismo irá trabalhar’. A alimentação natural está longe de ser uma novidade, já que é uma prática milenar em muitas sociedades e é encarada como uma forma de o indivíduo se manter conectado com a natureza e respeitar o seu corpo. Os alimentos frescos e mais próximos à terra ajudam a prevenir doenças crônicas como as do coração, problemas respiratórios, gástricos, diabetes, hipertensão, certos tipos de câncer, além de ajudarem a manter o corpo em um peso naturalmente equilibrado. A maneira mais segura de garantir uma alimentação natural é fazer o máximo de refeições em casa, pois, dessa forma, tem-se o controle e sabe-se a procedência do que está comendo. Mas o ritmo de vida alucinante não facilita essa decisão, então, se você acaba se alimentando fora de casa todos os dias, procure focar nos alimentos não industrializados, sem corantes, evitar frituras e ingredientes que passaram por muitos processos antes de chegar ao prato. Karina acredita que é possível, sim, manter uma alimentação natural mesmo comendo em restaurantes todos os dias. ‘O ideal é buscar lugares que tenham essa proposta, mas em restaurantes convencionais, a maneira de manter a alimentação saudável é abusar da salada e das cores, além de buscar carboidratos como batata doce, inhame, cará, abóbora, mandioca, e sempre algum item do grupo do feijão. Com relação à proteína, evitar frituras e produtos com muita gordura na preparação’. Ela também sugere que se substitua os doces por frutas e, caso queira se permitir um abuso, apelar para
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ESPECIAL
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as sobremesas com açúcar no máximo duas vezes por semana, ‘afinal o nosso corpo já recebeu tudo o que precisava na refeição, não precisa de mais nada’, complementa. Snacks saudáveis durante o dia ajudam a controlar o apetite e aumentar a ingestão de nutrientes. As oleaginosas e as frutas secas são excelentes alternativas, além de serem nutricionalmente completas. Também atenta a este mercado, a rede Ao Pharmacêutico, com nove lojas na Baixada Santista, criou um setor exclusivo de nutrição. Rosângela Greghi, diretora da rede, diz que um dos objetivos ao criar um setor voltado a este público nas farmácias foi a proposta de prevenção e promoção da saúde. ‘Sabemos que uma alimentação saudável contribui diretamente para se manter uma melhor qualidade de vida. Além disso, algumas dietas mais restritivas, como celíacos, intolerantes à lactose e portadores diabéticos, necessitam de opções seguras de alimentação adequada, com uma correta orientação’.
Entendi, mas e os orgânicos? Também aumentam nos supermercados e empórios as seções de alimentos orgânicos, que vão além das verduras e legumes, incluindo carnes, ovos e muitos outros produtos. Se a alimentação natural prega a mínima intervenção possível da indústria no cultivo e na produção dos alimentos, a cultura dos orgânicos não aceita o uso de nenhum produto químico sintético prejudicial à saúde humana e ao meio ambiente. Ou seja, alimentos orgânicos são aqueles que foram cultivados em solo saudável, sem o uso de fertilizantes ou agrotóxicos sintéticos. Nestes casos, usam-se fertilizantes naturais e métodos também naturais para adubação e controle de pragas. O princípio da produção orgânica é de que o solo é um organismo vivo e que deve ser tratado com o máximo de cuidado possível para que se preserve toda a vida existente nele.
LEIA SEMPRE OS INGREDIENTES DO QUE ESTÁ COMPRANDO. SE TIVER MUITOS NOMES DESCONHECIDOS NA COMPOSIÇÃO OU SE UM PEQUENO ALIMENTO CONTIVER MUITOS INGREDIENTES, FUJA, SEU CORPO NÃO PRECISA DELE.
KARINA SIMAS,
NUTRICIONISTA
Karina aconselha que se busque pelo selo que certifica que o produto é orgânico, no caso das compras em supermercado ou ainda que se compre em estabelecimentos confiáveis ou direto do produtor, em feirinhas orgânicas. O conceito de orgânicos não se limita à produção agrícola. Já é comum encontrar carne de boi, frango e ovos orgânicos. Nestes casos, os animais devem ser criados soltos, mantendo seus hábitos, e não podem ser tratados com remédios alopáticos ou receber hormônios, bem como o processamento de seus produtos devem estar livres de químicos artificiais. Bom, seja em busca de uma melhor qualidade de vida ou por motivos éticos e religiosos, o fato é que tem muitas outras opções gastronômicas por aí, dividindo mercado com a alta gastronomia. E tudo bem! A gente prefere assim, né? Movimentos como o slow food, que promove uma maior apreciação da comida e valoriza o produtor e o meio ambiente; a macrobiótica, que preconiza o conceito de ‘alma sã em corpo são’ ou ainda a culinária que valoriza os produtos regionais e que já tem representantes na região, como os chefs Eudes Assis e Dario Costa, dariam muitas outras páginas de matéria, mas vamos deixar para uma próxima oportunidade.
CONHEÇA OS ESTABELECIMENTOS COM OPÇÕES VEGETARIANAS, VEGANAS E NATURAIS NA REGIÃO. ACESSANDO O QR CODE OU PELO ENDEREÇO WWW. REVISTANOVE. COM.BR
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CENÁRIO
SÃO VICENTE
Ilha Porchat
Ela integra um dos cenários mais lindos da Baixada Santista e, embora muitos visitantes acreditem que ela esteja em Santos, a Ilha Porchat pertence a São Vicente e está na altura da Praia dos Milionários.
A Ilha Porchat não é, de fato, uma ilha, mas um promontório (uma elevação), pois está ligada à ilha de São Vicente por uma ponte, construída para facilitar o acesso, quando, no passado, a maré subia. Por sua localização estratégica, na entrada da baía, a ‘ilha’ marcava a entrada da Vila fundada por Martim Afonso de Souza. Mas esta elevação já era conhecida dos navegadores antes da colonização, pois como era constituída de densa mata, escondia as sentinelas, em busca de barcos piratas.
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Há muitas histórias sobre a Ilha Porchat e seus diversos proprietários. Uma das versões diz que no passado ela foi adquirida por um português mudo e, por isso, passou a se chamar Ilha do Mudo. Quando foi vendida a Luiz Antônio de Souza, no final do século XVIII, recebeu da população o apelido de Ilha das Cobras, até que passou às mãos de outro português, no início do século XIX, que iniciou a criação de caprinos na ilha, apelidada, então, de Ilha das Cabras. Em meados de 1800 teria sido vendida à renomada família Porchat, que lhe deu o sobrenome, como é conhecida até hoje, mesmo depois de ter pertencido a outros donos, sendo um deles o comendador
FOTO: DIVULGAÇÃO SRCVB
Manuel Alfaya Rodrigues, até ser alienada ao senhor Francisco Fracaroli Sobrinho. Com o passar dos anos, a ocupação imobiliária alterou o cenário da ‘ilha’, que ganhou mansões e construções famosas, como o Cassino da Ilha Porchat, a primeira construção no local, que deu lugar, em 1967, ao tradicional e ainda atuante Ilha Porchat Clube. Em 1964 foi construída a imponente Mansão da Ilha, a terceira construção do promontório, existente até hoje, que já abrigou diversas personalidades históricas.
Além do clube e da famosa mansão, a Ilha Porchat mantem bares e restaurantes tradicionais, com uma privilegiada vista da baía, casa noturna e um dos principais atrativos turísticos de São Vicente: o Monumento dos 500 anos, um mirante projetado por Oscar Niemeyer em comemoração aos 500 anos de descobrimento do Brasil. A obra, além da beleza arquitetônica, que lembra uma ave alçando voo, oferece uma vista panorâmica da cidade e das praias da região. Uma linha imaginária aponta o monumento ao Congresso Nacional, em Brasília.
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ABRINDO O BAÚ
Phantasma do Paquetá VOCÊ PODE NÃO TER VISTO, MAS JÁ OUVIU FALAR
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ARTE CHRISTIAN JAUCH
É bem provável que você acelere os passos ao passar em frente a algum dos cemitérios de nossa região à noite. Lendas de fantasmas povoam o imaginário da população desde os remotos tempos em que a iluminação das ruas era com lampiões, propiciando o clima do sobrenatural. Um fantasma bastante conhecido dos santistas é o Phantasma do Paquetá, que assustou a população no início do século passado, nos idos de 1900. De acordo com o historiador e pesquisador santista Francisco Vazquez Carballa, Maria M., uma jovem beata da alta sociedade santista, teve, no final do século XIX, um caso com um clérigo da velha Igreja Matriz de Santos. Deste relacionamento, nasceu uma criança, que faleceu pouco tempo após o nascimento. O bebê foi enterrado discretamente na ala de crianças do Cemitério do Paquetá, pois Maria havia sido expulsa de casa e era hostilizada pela sociedade da época. Após a morte do filho, Maria M. passou a ir diariamente, vestida de luto, à porta do cemitério, velar pela criança, sempre perto da meia noite, para não ser vista. De acordo com o historiador, a mulher vinha da esquina da rua São Francisco de Paula e seguia pelo gradil do cemitério, na rua Dr. Cocrane, ajoelhava-se no portão, levantava o véu e com um lenço enxugava as lágrimas e acenava para dentro do cemitério. A beata faleceu tempos depois de tristeza e solidão, mas a população da época jura que via o mesmo ritual diariamente. Cansado de ouvir os boatos que amedrontavam os moradores, o então chefe da repartição policial, o major Evangelista de Almeida, ordenou que um pelotão de praça da cavalaria fizesse plantão durante a fria noite de 27 de julho de 1900, em frente ao portão do cemitério. O fantasma não apareceu, mas uma plateia de curiosos, que desejava presenciar sua captura, foi expulsa do local a chicotadas, porretadas e golpes de espadas da guarda. No dia seguinte, o fato foi noticiado pelos jornais A Tribuna e Cidade de Santos. Agora você já sabe, se encontrar uma assombração pelos lados do Paquetá, pode ser Maria M.
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#TÁNAPLACA
FOTO CHRISTIAN JAUCH
Vamos passear no parque DEIXA O MENINO E TODO MUNDO BRINCAR NO QUEBRA-MAR Um espaço para admirar as praias, praticar atividades físicas, apreciar obras de arte e passear. Projetado pelo arquiteto Ruy Ohtake, no José Menino, em Santos, foi fundado em 26 de janeiro de 2009 e celebra os 463 anos da cidade. O cartão-postal se tornou palco de campeonatos de surfe que revelam atletas da região. À beira-mar, a arquibancada garante uma deslumbrante vista da baía de Santos. Ao lado, a colorida torre de observação de 14 metros é o maior mural de grafite da Baixada Santista, produzido por artistas locais. A pista de skate é o point da tribo das manobras radicais. Os pais podem levar as crianças para se divertir no piso de patinação e no playground; para os bikers tem ciclovia e pista de cooper para os corredores. Na área de 42.766 m² ainda há quadra de malha, academias ao ar livre, Escola de Surfe e heliponto. O destaque é a escultura vermelha em aço com 20 metros de comprimento, 15 de altura e 2 de largura. Alguns supõem que retrata as ondas do mar. O monumento da artista plástica Tomie Ohtake, falecida
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aos 101 anos, em 2015, foi inaugurado em junho de 2008 e doado a Santos em homenagem à imigração japonesa.
Um sobrenome conhecido Mais conhecido pelos frequentadores como Emissário Submarino ou Quebra-mar, poucos sabem que o complexo se chama Parque Roberto Mário Santini. Nascido em Santos, em 8 de junho de 1928, Santini presidiu o Sistema A Tribuna de Comunicação entre 1990 e 2007. Iniciou a carreira no jornal A Tribuna em 1948, quando o pai, Giusfredo Santini, dirigia a empresa. Foi assistente de gerência, gerente auxiliar e superintendente, até assumir como diretor-presidente, em 1990. Atuou também na presidência da Fundação Pinacoteca Benedicto Calixto, de 1992 a 2004. O empresário inaugurou a TV Tribuna, o jornal Expresso Popular e a AT Revista. Roberto Mario Santini morreu em 2 de janeiro de 2007, mas deixou seu legado na história do jornalismo e da cultura regional.
oficinadeideias
Unipar, todos os dias do ano com as portas abertas para a comunidade. O Fábrica Aberta é um programa de visitas da Unipar em suas unidades de Cubatão e Santo André (SP) e em Bahía Blanca (Argentina). Inédito no mundo, a empresa está apta a receber visitantes 24 horas por dia, 365 dias por ano. Durante o trajeto é possível conhecer as áreas industrial e ambiental e ver o que fazemos e como fazemos. Para mais informações acesse www.fabricaaberta.com.br Será um prazer recebê-los. Aguardamos sua visita!
/grupounipar
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UM NOVO OLHAR
Fábrica Aberta
UM PASSEIO PELA UNIPAR Cubatão já carregou, no passado, uma imagem negativa em função da poluição causada pelo polo industrial instalado no município. Na década de 1980, chegou a se considerara a cidade mais poluída do mundo, inclusive. Mas, como todos já sabem, essa fama ficou para trás e o município consegui reverter a situação, sendo hoje símbolo de recuperação ambiental. Há, no entanto, um componente nesta história não muito conhecido, embora também esteja longe de ser uma novidade. Algumas indústrias instaladas na região, além de adequarem o seu processo produtivo ao respeito ao meio ambiente e à sociedade, seguindo fielmente a legislação, passaram a abrir suas portas para a comunidade por meio de programas de visitação. A precursora deste processo foi a Unipar, que, em 1985, após uma pesquisa de imagem junto à população, identificou a necessidade de estreitar o seu relacionamento com a vizinhança. A indústria já se preocupava com questões ambientais e sociais naquele momento em que muitas outras empresas pensavam apenas em produzir. O cenário não era favorável para a indústria química no mundo, que carregava uma percepção bastante negativa. ‘Na Unipar, a realidade já era diferente e era preciso mostrar isso’, explica o diretor de Produção, Airton Antônio de Andrade.
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Surgiu, então, o programa Fábrica Aberta, que desde então já recebeu mais 118 mil visitantes. Segundo Andrade, o objetivo do projeto era abrir um canal de comunicação com a comunidade e mudar o olhar que a vizinhança tinha da indústria. ‘O Fábrica Aberta, além de melhorar a imagem perante as pessoas, mudou o comportamento dos funcionários, que passaram a cuidar mais da organização e da limpeza, para receber as pessoas’. A Unipar está aberta à visitação todos os dias do ano, 24 horas por dia, desde que seja feito agendamento prévio. A monitoria é feita por funcionários e aposentados da fábrica, que guiam os visitantes por todo o complexo industrial – em uma das mais modernas plantas de cloro-soda do mundo – e também pela área verde adjacente. ‘É uma visita integrada, pois qualquer funcionário está preparado e disposto a acrescentar informações durante o percurso pela fábrica. Além disso, foi uma forma que encontramos de manter os antigos claboradores ligados à empresa’, explica o diretor. A indústria mantém, desde 1992, uma RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural), e é considerada Mantenedora da Fauna Silvestre, pela Secretaria de Meio Ambiente do Estado
FOTOS ODJAIR BAENA
de São Paulo. São 650 mil metros quadrados de área verde, quase sete vezes o tamanho da planta industrial, que abrigam animais silvestres, um aquário de peixes ornamentais e lagos com carpas. O aquário, chamado de Carboquarium, é abastecido por um sistema criado por um ex-funcionário, em 1986, e usa a água residual do processo de produção, que é tratada e devolvida ao rio. Essa é uma forma de comprovar a qualidade da água que é despejada no meio ambiente. Desde 1964, quando foi inaugurada, a Unipar em Cubatão aumentou sua capacidade produtiva em 22 vezes, sem avançar sobre a mata nativa. É um complexo inteiramente modernizado, que produz, além de cloro e soda cáustica, ácido clorídrico, dicloroetano (um dos componentes do PVC) e hipoclorito de sódio. Os visitantes podem conhecer todo o processo produtivo de forma segura – com equipamentos de proteção individual (EPI), em um roteiro que dura aproximadamente três horas. Um dos pontos altos da visita é a novíssima Sala Interativa de Eletrólise, inaugurada em dezembro de 2015, que explica de forma didática e interativa o processo de produção. Pioneiro no mundo, o programa Fábrica Aberta integra o Roteiro Científico e Ambiental da publicação Circuito Turístico Costa da Mata Atlântica, elaborada pelo Sebrae/SP em 2008 e reeditada em 2015. Também recebeu reconhe-
cimentos como o Prêmio Fiesp de Mérito Ambiental, em 1995; o Prêmio Eco, em 2007 e o 8 º Ranking Benchmarking Brasileiro, em 2010. Além disso, a Unipar foi reconhecida nos quatro últimos anos como a empresa do ano em Cubatão, em votação promovida pela Associação Comercial e Industrial de Cubatão (ACIC).
Crescimento Em dezembro de 2016, a Unipar adquiriu as Fábricas da Solvay Indupa em Santo André e Bahía Blanca (Argentina) e com isso passou a ser a líder no mercado de cloro e soda na América Latina, além se ser a segunda colocada em produção de PVC na região.
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Levando suas práticas voltadas às questões de saúde, segurança e meio ambiente para suas novas unidades, a Unipar também tem atuado para a integração de suas políticas de responsabilidade social, entre elas o Programa Fábrica Aberta. Por isso, em 2018, o programa cresceu e passou a ser adotado também nessas duas novas unidades. Em menos de seis meses após o lançamento, mais de 700 pessoas passaram pela fábrica argentina e cerca de 500 visitaram a unidade do Grande ABC. Um dos destaques do roteiro nessas duas unidades é a visita à chamada “Casa do PVC”, onde estão expostos diversos produtos residenciais produzidos com PVC, como chinelos, tecidos, torneiras e telhas, por exemplo.
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PERSONA
José Luiz Tahan DE REPENTE, LIVREIRO
A livraria mais charmosa – e boêmia – de Santos, no coração do Gonzaga, revela entre centenas de títulos, a história de uma paixão pelos livros que começou ‘quase sem querer’. José Luiz Tahan tinha 18 anos quando decidiu procurar emprego para pagar a faculdade de arquitetura. Apaixonado por desenhos, colocou a pasta debaixo do braço e foi mostrar o seu trabalho em vários estabelecimentos comerciais da cidade. Entrou na já extinta Livraria Iporanga e ofereceu os seus serviços: ‘Sei desenhar e gosto de ler, estes são meus desenhos. Estou deixando um telefone de recados, pois não tenho telefone em casa’. Quinze dias depois, a vizinha que recebeu o telefonema o chamou e disse: ‘ligou aqui um tal de Zé Pedro, lhe oferecendo emprego, mas não sei de onde era’. Tahan voltou nos lugares por onde havia passado e todos deram negativas. Por último, entrou na Iporanga e, embora o telefonema também não tivesse partido de lá, Luigi Marnoto lhe ofereceu um emprego. Tahan começou a trabalhar e entrou na faculdade de arquitetura. Trabalhava de manhã e à noite na Iporanga e durante a tarde cursava a faculdade. Após um ano, Marnoto propôs a ele sociedade na livraria, que foi paga, parte com ajuda da mãe e parte trabalhando sem receber durante anos. Quatro anos mais tarde, em uma conversa de botequim, Marnoto revelou a Tahan que no dia em que ele esteve na livraria, procurando emprego, um amigo que estava no balcão ouviu a conversa e decidiu, dias depois, ligar oferecendo um
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emprego em seu bar, ZéPelin, em São Vicente. O recado distorcido da vizinha levou José Luiz Tahan ao mundo dos livros. Atuou na Iporanga de 1990 a 2004, quando, já com outra unidade na UniSantos e com a atual Realejo funcionando, encerraram as atividades. ‘A Iporanga foi a minha escola. Sempre há o que aprender, pois somos muito menores do que tudo aquilo que nos cerca’, resume Tahan sobre a sua história na cinquentenária livraria.
O livreiro Tahan Tahan é um livreiro tradicional, daqueles que gostam da livraria clássica, com cheiro e atendimento de livraria e, sobretudo, um estoque libertário. ‘Eu não gosto de trabalhar apenas com best-sellers; a livraria de rua deve respeitar a literatura como um todo, na sua essência’. Para ele, o livreiro não precisa ser necessariamente um acadêmico, um intelectual, mas deve estar disposto a ouvir e entender o outro. ‘Construí grandes amizades aqui dentro. A Realejo é um ponto de concentração de ideias, de troca, é uma livraria boêmia’. Neste ambiente exclusivo, onde se reúnem leitores, autores e boêmios da região, para um bate-papo com música ao vivo, acompanhado de um bom café e até mesmo de cervejas artesanais, Tahan inaugurou também a editora Realejo, no segundo piso da loja.
FOTO ODJAIR BAENA
Já são 100 títulos editados de autores do mundo todo e também publicados no exterior. Um deles é ‘As joias do Rei Pelé’, que está sendo vendido na Finlândia e cujos direitos internacionais pertencem à Realejo. Mergulhado em meio aos livros durante o dia, José Luiz Tahan ainda dedica seu tempo a ler de 12 a 15 obras por ano, além dos originais que recebe para a editora. Há 11 anos Tahan realiza a Tarrafa Literária, um festival de literatura que traz autores consagra-
dos para mesas redondas, bate-papos e oficinas, em Santos. O evento acontece sempre no mês de setembro e tem entrada gratuita. ‘A Tarrafa Literária é o amadurecimento deste relacionamento que construí com os autores na livraria’. Um dos livros de cabeceira é ‘Um, nenhum e cem mil’, de Luigi Pirandello, mas Tahan é do tipo de leitor que tem uma literatura para cada momento, dos romances às crônicas, e também é daqueles que se dá o direito de largar um livro pela metade. Muito justo para quem vive cercado deles.
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CENÁRIO
PERUÍBE Estação Ecológica de Jureia-Itatins Com uma área de mais de 92 mil hectares, que integra os municípios de Peruíbe, Itariri, Miracatu e Iguape, a Estação Ecológica de Jureia-Itatins é uma Unidade de Conservação, Patrimônio Mundial da UNESCO, criada por lei em 1986 e gerida pela Fundação Florestal, pertencente à Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo. A Jureia, como é popularmente conhecida, concentra quase 40% da vegetação primitiva da área de todas as unidades de conservação do estado de São Paulo. Isso a caracteriza como um dos pontos mais preservados do litoral paulista, com muitas espécies endêmicas, ou seja, que não são
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encontradas em nenhum outro lugar do planeta e utilizam a região, longe da intervenção humana, para reprodução, alimentação e descanso. A diversidade de ecossistemas e as peculiaridades de cada um deles - areia das dunas, lodo do manguezal, solo com água salobra, árvores típicas de floresta de planície, matas de encosta e vegetais rasteiros das rochas – garantem a variedade de espécies de flora e fauna locais, tornando a Jureia um verdadeiro paraíso ecológico. A Estação Ecológica Jureia-Itatins faz parte do Mosaico de Unidades de Conservação da JureiaItatins, uma área com mais de 110 mil hectares
FOTO: EDILSON ALMEIDA
A Jureia tem uma considerável importância histórica, pois o primeiro acesso à região se deu ainda na época de Martim Afonso de Souza, que pretendia interligar a Capitania de São Vicente à Iguape e Cananeia. Mais tarde, o Imperador Dom Pedro I ordenou a construção do Caminho do Imperador na área, por onde transitava o Correio del Rei - mensageiros que traziam notícias sobre a Guerra do Paraguai. E, ainda mais à frente, Marechal Rondon instalou pontes de ferro que ligavam o Rio de Janeiro ao sul do país, além de uma linha telegráfica.
A população local é conhecida como caiçara, formada da fusão de portugueses, índios e negros, em sua maioria pescadores, mateiros, caçadores e palmiteiros, que mantém ainda hoje algumas tradições locais, como danças, artesanato e crenças religiosas. Há restrições para visitação na Estação Ecológica, mas outras áreas do Mosaico podem ser visitadas e, inclusive, há empresas de ecoturismo que operam roteiros locais. Christian Jauch
que abriga outras três Unidades de Conservação de Proteção Integral – Parque Estadual do Itinguçu, Parque Estadual do Prelado e Refúgio de Vida Silvestre, além de duas Reservas de Desenvolvimento Sustentável, da Barra do Una e do Despraiado. Este cenário indescritível reúne praias, rios, cachoeiras e trilhas.
LEIA AQUI A MATÉRIA DE CAPA SOBRE ECOTURISMO NA PRIMEIRA EDIÇÃO DA REVISTA, QUE FALA SOBRE AS ATIVIDADES NO MOSAICO DA JUREIA-ITATINS.
INFORMAÇÕES E AGENDAMENTOS: (13) 3457.9243
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ABRINDO O BAร
KASATO MARU
e u q a รง n a r e p s e a d io v O na aportou em Santos
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ARTE CHRISTIAN JAUCH
Sua história é digna de filme, mas sem DiCaprio, Kate Winslet ou sequer atores americanos e sim japoneses. Muitos atores japoneses. E russos. Kasato Maru foi construído no Reino Unido e batizado inicialmente de Potosi. Comprado pela Rússia em 1900, passou a se chamar Kazan e foi utilizado como navio-hospital durante a Guerra Russo-Japonesa. Com a derrota na batalha, em 1905, os russos deveriam entregar o navio aos japoneses como indenização de guerra. Contrariados, afundaram o Kazan. Os orientais o recuperaram e o adaptaram para transportar passageiros e levar de volta ao Japão os soldados que haviam lutado na Manchúria. Nos anos que seguiram, 1906 e 1907, o então Kasato Maru passou a transportar imigrantes japoneses para o Havaí, Peru e México. Em 1908, o Brasil entra na história, quando após uma viagem de 52 dias, com início no Porto de Kobe, em 18 de junho, o navio aporta em Santos, no cais do Armazém 14, com o primeiro grupo oficial de imigrantes japoneses, constituído por 781 pessoas (165 famílias). Em busca de melhores condições de vida, os japoneses que aqui chegaram foram trabalhar nos cafezais do oeste paulista. A assinatura da Lei Áurea, que libertou os escravos em 1888, provocou uma grave crise agrícola e os fazendeiros de café reivindicavam mão-de-obra. Então, em 5 de no-
vembro de 1895 foi assinado o Tratado de Amizade, Comércio e Navegação, que abria as nossas portas aos japoneses. Já haviam imigrantes japoneses no Brasil antes da chegada do Kasato Maru, mas foi a chegada deste primeiro grupo que iniciou um fluxo contínuo de japoneses para o Brasil, que hoje somam mais de um milhão e quinhentos. O Kasato Maru ainda voltou ao Brasil em 1917, como navio cargueiro, até que passou a fazer parte da esquadra japonesa na Segunda Guerra Mundial e, em 1945, foi bombardeado – novamente pelos russos – e afundou no Mar de Bering.
Esperança
Expedição Científica Kasato Maru É um sonho da comunidade nipônica brasileira resgatar as peças do navio, que ainda se encontra submerso no mar gelado da Rússia, na Península de Kamchatka. Para isso, a pedido da Embaixada da Federação da Rússia no Brasil, o Governo Russo designou a Sociedade Geográfica Russa para coordenar uma expedição que não só resgatasse as peças do navio naufragado, como realizasse uma pesquisa científica, que envolve questões como aquecimento global e biologia marinha. A Rússia volta à história, desta vez para ajudar.
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#TÁNAPLACA
FOTO AMAURI PINILHA
PRAÇA DA PAZ
A Praça das Cabeças Gigantes, de Praia Grande Provavelmente você a conheça como Praça das Cabeças, pois o que chama a atenção quando se passa entre as avenidas Brasil e São Paulo, no Boqueirão, em Praia Grande, são enormes cabeças contornadas por um espelho d’água. A praça, com 58 metros de diâmetro, foi inaugurada em janeiro de 2007 e exibe sete esculturas que pesam entre 17 e 30 toneladas com até dez metros de altura. São bustos esculpidos em aço carbono e ferro, do escultor Gilmar Pinna, especialista na arte de esculpir em metais, natural de Ilhabela, mas com obras espalhadas mundo afora. As esculturas são ocas, o que permite aos visitantes entrarem nelas. A praça é referência em acessibilidade, com piso podotátil – percebido pelos pés – e placas em braile. Os sete bustos, juntamente com outros três, sendo dois instalados em frente ao Palácio das Artes, também em Praia Grande, compuseram a exposição Retratos da Vida, em 2006, no Memorial da América Latina, em São Paulo, a maior coletânea de obras de Pinna.
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As cabeças As esculturas representam Sérgio Vieira de Melo, Jesus Cristo, Maria - Mãe de Jesus, Papa João Paulo II, Madre Tereza de Calcutá, Mahatma Gandhi e Nelson Mandela. Estas figuras foram importantes expressões da paz mundial e por isso a praça recebeu o nome de Praça da Paz, como um convite às pessoas refletirem sobre a paz no mundo. Uma exposição de arte a céu aberto com um simbolismo que vai além do que se pode ver.
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UM NOVO OLHAR
Jardim da Orla de Santos GALERIA DE ARTE A CÉU ABERTO
Ele é conhecido como um dos espaços mais democráticos da cidade, pois em seus 5.335 metros de comprimento, o Jardim da Praia reúne crianças, jovens, adultos e idosos para caminhadas, pedaladas, bate-papos e muitas outras atividades esportivas, culturais e de lazer. O jardim está no Guinness Book of Records como o maior jardim frontal de praia em extensão do mundo, reconhecido em 2001 e mantendo até hoje a conquista. Este cinturão colorido que abraça Santos abriga mais de 80 tipos de flores, divididas em cerca de 1300 canteiros, floreiras e vasos, além de outras quase 1800 árvores de vários portes, como as palmeiras, as cicas e os chapéus-de-sol. Esta rica flora atrai, é claro, aves de várias espécies, algumas endêmicas, que constroem ninhos e vivem por
Emissário Submarino
É difícil não se emocionar com o conjunto escultórico instalado na entrada do parque, que representa um casal de imigrantes japoneses com o filho, ao chegarem ao Brasil, pelo Porto de Santos. O homem aponta em direção à nova terra e, ao lado, uma pedra traz a inscrição ‘À Esta Terra’, em português e japonês.
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lá e outras que usam o jardim como ponto de descanso nos voos para fora do continente ou para se alimentarem. Mas há um lado deste belíssimo cenário que talvez passe despercebido para alguns: o Jardim da Orla de Santos guarda em todo o seu percurso 38 monumentos, entre estátuas, bustos, placas comemorativas e conjuntos escultóricos que contam partes significativas da história da cidade, do Brasil e do mundo. Desde o Parque Municipal Roberto Mário Santini, no Emissário Submarino, até a Ponta da Praia, é possível conhecer personagens que ajudaram a construir Santos e toda a região nesta verdadeira galeria de arte a céu aberto. Aqui vamos apresentar alguns e convidamos você a conhecer o restante pessoalmente.
Canal 1
Aqui pode-se encontrar uma estátua que homenageia Saturnino de Brito, engenheiro sanitarista que projetou o jardim e os canais de Santos. Saturnino segura o projeto dos canais com a sua assinatura. Uma justa homenagem.
FOTO ODJAIR BAENA * CHRISTIAN JAUCH
Ali também estão os bustos da ‘poetisa das rosas’ Maria José Aranha de Rezende e da escritora Lydia Federici, em homenagem ao Movimento de Arregimentação Feminino e Andarilhos de Enguaguaçu.
Canal 2
Nas proximidades do Canal 2, alguns monumentos podem ser contemplados, como a estátua do poeta Martins Fontes, que viveu nas proximidades, além da homenagem a Osmar Gonçalves, um dos pioneiros do surf no Brasil e o famoso Monumento ao Surfista, pegando onda no centro de uma fonte luminosa. O Monumento a Cristóvão Colombo, em homenagem ao V Centenário da América, mostra o navegador em uma caravela desbravando o mundo.
Gonzaga
Aqui dois monumentos fazem parte da história de santistas e visitantes e já foram registrados em muitas fotos. Um casal de leões integra o jardim há mais de 60 anos, mas o que a maioria não sabe é que a leoa, na verdade, é um jaguar.
Canal 3
Outro conjunto de monumentos marca este trecho do jardim. O Relógio do Sol, uma invenção egípcia de mais de 4 mil anos, marca as horas com a sombra projetada pela luz solar que incide sobre o gnômon, a haste de metal no seu centro. Vicente de Carvalho, ‘o poeta do mar’, também está representado em um conjunto escultórico, onde flutua sobre as ondas cercado por ninfas. O monumento foi instalado em 1946 e dez anos depois foi mudado de lugar e colocado de costas para o mar, causando estranhamento.
mont e uma homenagem aos imigrantes que chegaram ao Brasil nos séculos XIX e XX, além da disputada Fonte do Sapo.
Canal 6
O monumento ‘O Pneu Furou’ marca o fim do trecho do jardim na orla e homenageia os ciclistas que pedalam por ali diariamente a passeio ou a trabalho.
Canal 7
Canal 4
Aqui, na altura da suntuosa Igreja Santo Antônio do Embaré, fora do jardim, do outro lado da avenida, encontra-se a homenagem a Santo Antônio, uma estátua em bronze no centro de uma ilha, que representa o Santo com a mão esticada aos peixes na fonte, que hoje já não podem mais ser vistos.
Aqui uma justa homenagem ao jesuíta José de Anchieta mostra o padre com um crucifixo na mão, ladeado por um jaguar e tendo à frente um índio sendo catequisado. Como dissemos, há muitos outros monumentos a serem conhecidos. Vale um passeio descompromissado e cheio de histórias percorrendo um dos principais cartões postais da região.
Canal 5
Neste trecho outros monumentos se destacam, dentre eles um busto de Alberto Santos Du-
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CENÁRIO
FOTOS: CHRISTIAN JAUCH
MANGUEZAL
O nosso berçário natural O manguezal é mais uma das grandes riquezas naturais da Baixada Santista. Muito presente, mas pouco conhecido, é um ecossistema costeiro, de transição entre os ambientes terrestre e marinho, comum em regiões onde ocorre o encontro do rio com o mar, o que justifica sua água salobra. Os manguezais são considerados berçários naturais, pois abrigam espécies típicas, mas também são redutos de outros animais, como aves, peixes, moluscos e crustáceos, em busca de alimento, reprodução e abrigo. O solo das áreas de mangue é úmido e pobre em oxigênio, mas rico em nutrientes, pois possui grande quantidade de matéria orgânica em decomposição, que serve de alimento à base de uma extensa cadeia alimentar. Dá para acreditar que cerca de 95% do que o homem pesca no mar é produzido nos manguezais? Este ecossistema destina matéria orgânica para os estuários e contribui, com isso, para a atividade primária da zona costeira. Por isso é tão complexo e sua conservação é tão importante. 56
Cerca de 15% do total de mangues no mundo estão no litoral do Brasil, o que equivale a mais de 26 mil km². A Baixada Santista detém parte deste patrimônio, protegido por lei nacional e considerado Área de Preservação Permanente (APP), com 120 km² dos 231 km² existentes no estado de São Paulo, ainda que muito já tenha sido degradado.
Mangue turístico Das nove cidades da região, apenas Mongaguá não possui mangue e algumas das outras oito o utilizam para atividades turísticas. Entre Praia Grande e São Vicente, por exemplo, com saída do Portinho, é possível praticar canoagem ecológica no manguezal. A remada, com cerca de duas horas, é feita em canoas canadenses e oferece uma aula sobre a importância deste ecossistema, com guia acompanhante e direito a avistamento de aves típicas, como o Guará Vermelho, considerada uma das aves mais lindas do mundo, além de garças brancas e azuis, socós, colhereiros e maguaris – a maior garça das Américas.
De Cubatão também é possível contratar roteiros de barco ou lancha pelo manguezal, com opções de pesca, passeios, birdwatching (observação de aves) e educação ambiental, com foco na importância da preservação deste sistema. Em Itanhaém, considerada a Amazônia Paulista, um passeio pelo Rio Itanhaém garante duas horas em meio a um cenário inesquecível, com direito a avistamento de aves, vegetação típica de mangues e paradas para descanso e petiscos. O manguezal também é abrigo de jacarés, tartarugas, arraias, tubarões e outros peixes, como a tainha, o bagre e o parati. Os passeios por este ecossistema são roteiros contemplativos, que garantem novas descobertas e muitos cliques fotográficos.
A CAIÇARA EXPEDIÇÕES OPERA O ROTEIRO DE CANOAGEM ECOLÓGICA NO MANGUEZAL, ALÉM DE OUTROS ROTEIROS PELA REGIÃO. MAIS INFORMAÇÕES: WWW.CAICARAEXPEDICOES.COM
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ABRINDO O BAÚ
MARCO PADRÃO
Presente dos portugueses ao povo vicentino Bem ali, onde teria desembarcado, em 1532, o navegador português Martim Afonso de Souza, na Praia da Biquinha, em São Vicente, foi erguido, 400 anos depois, o Marco Padrão. O monumento homenageia o quarto centenário da fundação da Vila de São Vicente e foi instalado no ilhéu chamado de Pedras do Mato. Presente da colônia portuguesa de Santos e São Vicente, teve sua pedra fundamental lançada em 1932, em meio aos festejos em alusão ao quadricentenário da vila, mas somente foi inaugurado como monumento no ano seguinte, em 19 de março de 1933. O ilhéu onde o Marco Padrão foi erguido, bem em frente à Biquinha de Anchieta, cenário no qual o padre evangelizador catequisava os índios, era ligado ao sopé do Morro dos Barbosas, mas as marés o separaram, criando a composição rochosa que apreciamos hoje.
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A tal coluna de granito tem um significado monumental como ícone de um vilarejo onde se iniciou a construção da pátria, a Céllula Mater da Nacionalidade. O Marco Padrão é composto por um fuste – bastão – cilíndrico, símbolo da imortalidade, que recebe, no topo, um prisma quadrilátero, com quatro escudos: de Portugal Quinhentista, de Martim Afonso de Souza, da Ordem de Cristo e da Pátria Brasileira. Sobre o prisma, uma esfera armilar (um instrumento da astronomia, que representa um modelo reduzido do cosmos), que figurava nas bandeiras dos primeiros navegadores portugueses. E, no topo, a cruz de Cristo, considerado a estrela-guia dos desbravadores do mar. Bem ao fundo do Marco Padrão, como se este, por si só, já não representasse um lindo cartão postal da cidade, exibe-se a Ilha Porchat, para integrar um dos mais belos cenários da Baixada Santista.
FOTO CHRISTIAN JAUCH
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ABRINDO O BAÚ
FORTE SÃO JOÃO
A Primeira fortificação do Brasil A localização privilegiada, à beira do Canal de Bertioga, já é motivo suficiente para você visitar o Forte São João. Foi a primeira fortificação construída no Brasil, em 1532, pelos portugueses, originalmente erguida em paliçada – estacas de madeira ligadas entre si – e batizada de Forte São Tiago. Reconstruído no final do século XVII, em pedra e cal, só foi concluído em 1710, com uma planta de 100 metros quadrados, em formato de polígo-
VISITAÇÃO
AV. VICENTE DE CARVALHO, S/N – PARQUE DOS TUPINIQUINS. TODOS OS DIAS, DAS 9H ÀS 17H. ENTRADA FRANCA.
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no retangular, cujas vértices sustentavam guaritas. Em 1751 o fortim foi demolido a mando do governador da praça de Santos, Luís Antônio de Sá Queiroga, e reedificado com 250 metros quadrados. Em 1760 recebeu nova artilharia e cinco anos depois foi reformado e passou a cruzar fogos com o Forte de São Luís da Armação, em Guarujá. Por volta de 1769, uma ressaca destruiu parte da construção, assim como a Capela de São João, locali-
FOTOS: CHRISTIAN JAUCH
zada na praia, ao lado do fortim. A imagem da capela foi então instalada no forte e este passou a ser denominado Forte São João da Bertioga. O Forte São João também era conhecido como Forte do Registro, pois exercia a função de registrar as embarcações que desejavam aportar no Porto de Santos. Após muitas outras intervenções, o Forte São João foi tombado pelo Iphan, em 1940. Também
serviu de quartel durante a Segunda Guerra Mundial e abrigou o Museu João Ramalho, em 1960. Hoje abriga a réplica de uma armadura medieval, espadas, arcabuzes, espingardas, coletes e capacetes de metal e canhões de murada, além de ostentar em seu entorno o Parque dos Tupiniquins. Também pode ser vista a carta de batismo do Padre José de Anchieta e os votos solenes de Anchieta e Manoel da Nóbrega.
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UM NOVO OLHAR
Dia de Índio
TURISMO NA ALDEIA TABAÇU REKO YPY eles dormem e aprendem a viver na natureza – e da natureza, como indígenas. Em meio à mata, Itamirim ensina as crianças a serem índios. A aldeia é organizada politicamente da seguinte forma: há um cacique e uma vice cacique – o esposo e a mãe de Itamirim e, abaixo deles, as lideranças em várias áreas, como educação e saúde. Estes líderes são os chefes das famílias que vivem na aldeia e formam um conselho, que se reúne periodicamente para discutir interesses comuns. ‘Esta estrutura política foi criada por nós, não é algo da nossa raiz, mas precisamos nos adaptar à realidade atual’, explica a índia.
A aldeia Tabaçu Reko Ypy, na divisa entre Itanhaém e Peruíbe, é nova, tem cerca de quatro anos e divide com outras seis aldeias um espaço de 2965 hectares, que formam a terra indígena Piaçaguera. Itamirim, ‘pedra pequena’ em tupi-guarani, mulher do cacique Verá (Relâmpago) é a porta-voz da aldeia e nos contou sobre o modo de vida da sua tribo. Ela explica que novas aldeias surgem quando um grupo da mesma etinia cresce muito e o espaço comum passa a ficar pequeno. Então, os subgrupos se espalham pelas terras e criam novas aldeias, com ideais políticos e sociais próprios. A aldeia Tabaçu tem dois espaços em meio à mata; um deles, que eles chamam de contemporâneo, mistura as culturas – tem ocas, casas de barro e de madeira, luz elétrica e ali é permitido o uso do celular, internet e televisão. Neste espaço eles podem comer a comida enviada pela prefeitura para manter a merenda escolar, já que Itamirim leciona na aldeia e tem uma sala de aula vinculada ao município. É também o espaço onde eles recebem turistas e visitantes. 64
O outro espaço, após o lago que corta as terras, é onde
As reuniões acontecem junto ao Tataruçú, ‘a grande fogueira’, que para eles é um portal com ligação ao divino (nhandejary) e que os mantém protegidos de brigas e conflitos. Ao lado do Tataruçu há dois tocos, onde são amarrados aqueles que descumprem as regras. ‘Aqui nós pregamos o amor, portanto não permitimos brigas e confusões. Quem desobedece, fica amarrado aos tocos refletindo e pedindo perdão à divindade até que o Morubixaba (cacique) autorize a soltura’.
Os desafios Como em muitas outras tribos, há grandes desafios diários e o principal deles é cuidar para que as crianças e jovens não se deslumbrem com o mundo fora da aldeia. ‘Há jovens que, por serem discriminados na cidade, negam a sua origem e não querem mais viver na tribo’, conta Itamirim. As drogas, a prostituição e o álcool também já chegaram às aldeias pela influência do ‘homem branco’. A aldeia Tabaçu Reko Ypy optou por adotar a prática indígena antiga da coletividade. Alguns índios da tribo têm renda, pois trabalham na cidade ou na comunidade indígena, contratados pelo governo e esta renda é coletiva e mantém toda a aldeia. Todo o dinheiro que entra é para os interesses da aldeia e assim também funciona com o trabalho braçal, todos fazem tudo juntos.
POR DIEGO BRÍGIDO • FOTOS ODJAIR BAENA
Projeto turístico A tribo montou um projeto turístico para atrair grupos de visitantes para conhecerem o verdadeiro modo de vida indígena, com suas tradições, danças, ritos e vivências. ‘Quem vem aqui, presencia como vivemos mantendo nossas raízes. O ingresso que as pessoas pagam ajuda a manter as atividades da tribo’. Para Itamirim, além de mostrar às pessoas o modo de vida do índio, este projeto faz com que os próprios indígenas resgatem os seus valores, pois à medida que eles precisam mostrar para as pessoas como são, eles precisam ser. A tribo mantém alguns rituais indígenas, como o boraý, o ‘canto sagrado’, momento de adoração ao divino, que acontece todas as noites; as danças; a atribuição de nomes às crianças e a fogueira da cura. Tudo isso pode ser vivenciado pelos visitantes, o que inclui banho no lago e muito mais.
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CONHEÇA A ÍNDIA ITAMIRIM, NAS PÁGINAS 132 E 133.
PARA AGENDAR UMA VISITA E CONHECER MAIS SOBRE A ALDEIA: VIVAOKATUR@GMAIL.COM FB.COM/ALDEIA.T.REKOYPY
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CHECK IN
Riviera de São Lourenço EXEMPLO MUNDIAL DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL Considerada o maior projeto de desenvolvimento urbano do litoral brasileiro, a Riviera de São Lourenço é um bairro – não é um condomínio fechado, ao contrário do que muitos pensam – que ocupa menos de 2% do território de Bertioga. Apesar da pequena extensão territorial, a Riviera é responsável por 50% da arrecadação de IPTU da cidade e emprega mais de cinco mil pessoas diretamente e outras milhares indiretamente. Em 1978, São Lourenço era uma praia de São Paulo, como muitas outras, sujeita às consequências desastrosas da ocupação desordenada. Quando foi assumida pela Sobloco Construtora, que implantou e administra ainda hoje o empreendimento, São Lourenço ganhou não somente o status de Riviera, mas um projeto urbanístico de primeiro mundo. Sob o lema ‘melhoria contínua’, a gestão do bairro é focada na sustentabilidade e na garantia de uma excelente qualidade de vida para os moradores. Para
isso, a Riviera conta com um back stage de tirar o chapéu, gerido pela Sobloco e pela Associação de Amigos da Riviera, entidade sem fins lucrativos, mantida pelos proprietários do bairro e que funciona como uma verdadeira prefeitura-privada, sendo a maior empregadora de Bertioga. Mais de duas mil casas, 200 edifícios, shopping center, escolas, consultórios e uma excelente infraestrutura de saneamento básico integram os 70% da área ocupada do bairro, que também valoriza muito as áreas verdes. Luiz Augusto Pereira de Almeida, diretor de marketing da Sobloco, diz que, além da preocupação com o meio ambiente, a Riviera busca oferecer conforto para seus frequentadores. ‘Afinal, quem não quer usufruir de uma praia limpa, livre de poluição, ter água tratada assegurada em suas torneiras e estar rodeado de muito verde?’.
Você pode frequentar a Riviera O acesso ao bairro é liberado, apesar do portal na entrada, que pode inibir os desavisados; inclusive ônibus entram e saem da Riviera a todo momento. Além da bela e limpa praia com, 4,5 km de extensão, o empreendimento dispõe do maior shopping do Litoral Norte, bons restaurantes, centro cultural, quadra de tênis, campo de golfe, centro hípico e ciclovias, além de hotéis e um comércio variado. No verão acontecem eventos envolvendo grandes marcas nacionais e internacionais, que atraem milhares de pessoas para a Riviera de São Lourenço. 66
FOTO DIVULGAÇÃO
Captação e Tratamento de Água O empreendimento dispõe de um moderno sistema de captação, tratamento e distribuição de água, além de um completo programa de coleta, recalque e tratamento de esgotos, ambos servidos por uma malha subterrânea com mais de 118 km, um laboratório de controle ambiental, além de outros programas independentes de preservação do meio ambiente, que envolvem cerca de 80 profissionais das mais diversas áreas. Toda essa estrutura garante que nunca tenha faltado água na Riviera e também a manutenção da bandeira verde da CETESB na praia.
das e da manutenção das áreas verdes são transformados em composto orgânico, que é reutilizado na manutenção dos jardins do bairro. Até o óleo de fritura usado pelos ambulantes na praia, comércio e restaurantes é coletado e encaminhado à reciclagem. Todos estes programas garantiram ao empreendimento a certificação internacional ISO 14001, em 2000, a primeira concedida a um projeto de desenvolvimento urbano em todo o mundo, que vem sendo rigorosamente mantida.
Coleta Seletiva de Lixo Todos os meses são coletadas em média 22 toneladas de lixo reciclável no bairro, o que qualifica a Riviera como tendo um dos mais bem-sucedidos programas de coleta seletiva de lixo do Brasil. A renda resultante é revertida para a Fundação 10 de Agosto, também instalada na Riviera e que promove diversas atividades de cunho social. Além disso, os resíduos vegetais oriundos de po-
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ESPECIAL
PRA ONDE TENHA SOL a d r i g u f r e u q m Verão para quena região rotina A BAIXADA SANTISTA É LINDA EM TODAS AS ESTAÇÕES DO ANO, MAS NO VERÃO NOSSAS CIDADES GANHAM UM BRILHO ESPECIAL. A ORLA E OS EQUIPAMENTOS TURÍSTICOS FICAM AINDA MAIS CONVIDATIVOS E A REGIÃO GANHA NOVAS OPÇÕES DE ENTRETENIMENTO. PARA QUEM NÃO ABRE MÃO DE UM BANHO DE MAR, DÁ PARA ESCOLHER ENTRE DEZENAS DE PRAIAS, COM OPÇÕES PARA TODOS OS PÚBLICOS. MAS O VERÃO NA REGIÃO TAMBÉM TEM PROGRAMAÇÕES PARA QUEM PREFERE SAIR DO LUGAR COMUM. NESSA MATÉRIA ESPECIAL, VOCÊ VAI CONHECER DIVERSAS OPÇÕES PARA CURTIR O VERÃO NA BAIXADA SANTISTA, FORA DA CAIXINHA – E DA CADEIRA DE PRAIA. CAPRICHA NO FILTRO SOLAR, SEPARA A GARRAFINHA DE ÁGUA E CUIDADO PARA NÃO QUEIMAR O PÉ, PORQUE A VIAGEM É LONGA. E PRA ONDE TENHA SOL, É PRA LÁ QUE NÓS VAMOS.
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TEXTO: DIEGO BRÍGIDO FOTO: ANDRE GOMES
Hip Ho e os paraísos escondidos Canoa havaiana ou canoa polinésia são nomes nacionalizados para denominar este esporte, conhecido como Va’a ou Wa’a, que surgiu na região do triângulo polinésio, há mais de 3 mil anos. As canoas eram usadas pelos povos polinésios para colonizar novas terras. Nas praias da Baixada Santista, mais precisamente entre Santos e Guarujá, tem uma turma que também usa a canoa para desbravar paraísos. Os roteiros de canoa havaiana podem ser contratados e são acompanhados por instrutores, com saídas da Ponta da Praia, em Santos. Normalmente, são canoas que levam seis pessoas (ou catamarãs, com duas canoas unidas), incluindo
o instrutor e durante a remada, cada um tem a sua função - enquanto três remam no lado esquerdo, os outros três remam no direito, intercalados. O terceiro remador é quem faz a contagem para a troca de remada, normalmente anunciada na 14ª, com o grito ‘Hip’, quando os demais respondem com ‘Ho’ e trocam o lado do remo. O passeio, entre a preparação e o retorno, dura em média uma hora e meia e contempla uma remada tranquila, acessível a todos, com direito a conhecer paraísos escondidos em Guarujá, como a Praia do Cheira Limão, Praia do Sangava e Ilha das Palmas, onde a canoa fica um tempo para um mergulho e a alegria dos remadores.
Deu vontade de desbravar novas praias, pelo mar, na Baixada Santista? A Canoa Brasil, pioneira em atividades com canoas havaianas no país, foi nossa parceira nesse roteiro e oferece equipamentos seguros, instrutores experientes e várias atividades no mar, além da canoagem. A sede, que também é uma guardaria, com serviço
de marina, fica na R. Afonso Celso de Paula Lima, 16, na Ponta da Praia, em Santos. É possível criar roteiros personalizados com grupos a partir de cinco pessoas. Os telefones são: (13) 3261.2229 e (13) 98233.2229.
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ESPECIAL
História e natureza a bordo Outra opção de passeio, no mar, para todas as idades, são os roteiros de escuna pelas praias da região. Tem saídas em Bertioga, Santos e até no Rio Guaraú, em Peruíbe. Em Bertioga, as saídas acontecem ao lado do Forte São João e já dá para aproveitar a passagem por lá e conhecer este que é o primeiro forte do Brasil (veja matéria nas páginas 14 e 15). A escuna sai do canal de Bertioga, sentido litoral Sul, passando pelo Forte São João e pelo Forte São Luiz e faz a maior parte do roteiro pelas praias do Guarujá: Branca, Preta, Camburizinho, passa pelas ilhas do Guará e Rasa, praias do Pinheirinho e Iporanga, onde fica 20 minutos parada para um delicioso e límpido banho de mar. O passeio dura em média uma hora e meia e a escuna tem capacidade para 130 passageiros. Durante a temporada, as saídas são diárias, a cada duas horas, a partir de 9h, sendo a última saída às 19h. Entre os meses de março e novembro, os roteiros acontecem apenas aos finais de semana e feriados. Para não passar sufoco, é bom chegar com 20 minutos de antecedência.
Nossa parceira neste roteiro foi a Escuna Genesis, com serviço de bar, banheiro, guia e som a bordo. A embarcação é homologada pela marinha, para garantir a segurança dos passageiros. 70
A venda de ingressos acontece na Av. Vicente de Carvalho, 32, em frente ao píer de pesca, em Bertioga. Os telefones para reserva são: (13) 98112.0765 e (13) 99602.8211
FOTOS: ODJAIR BAENA
De barco, na Amazônia Paulista Talvez você não saiba, mas Itanhaém é conhecida como a Amazônia Paulista, devido à extensão de sua bacia hidrográfica: são mais de 2 mil quilômetros de rios, sendo que 180 quilômetros são navegáveis. Um fenômeno similar ao que ocorre com os rios amazônicos Negro e Solimões, acontece também
por aqui, onde os rios Preto e Branco se encontram e formam o rio Itanhaém. Esta maravilha da natureza pode ser presenciada em um passeio de barco, que ainda proporciona a contemplação de fauna e flora típicas de região de manguezal, com pássaros de várias espécies acompanhando todo o percurso e enormes peixes de água doce exibindo-se próximo à embarcação. O roteiro leva cerca de duas horas e meia, em uma embarcação que comporta até 50 pessoas e parte do píer localizado na alameda Emídio de Souza, na Praia dos Sonhos, próximo ao Itanhaém Iate Clube. Até o encontro dos rios, percorre-se 4,5 quilômetros e, logo após, outro ponto alto do passeio é a parada no Country Club, onde se pode alugar pedalinhos e caiaques para explorar o rio por conta própria, além de saborear porções e outras especialidades da casa, em clima rural.
Nosso parceiro nesse roteiro foi o Samuca, que opera os roteiros de barco pelos rios e também faz saídas para pesca em alto mar.
Os passeios acontecem diariamente, às 9h30, 12h30 e 15h30. É necessário, no mínimo, 5 adultos para sair. O telefone para contato é (13) 99784.3302.
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ESPECIAL
Paraísos da Jureia ACOMPANHE ESSA AVENTURA EM VÍDEO EM NOSSO CANAL NO YOUTUBE
Se você ainda não conheceu as praias paradisíacas do Mosaico de Unidades de Conservação da JureiaItatins, em Peruíbe, nós vamos apresentar duas formas de explorar estes cenários maravilhosos com total responsabilidade socioambiental. As duas opções garantem aventura, contato com a natureza preservada e fotos inesquecíveis, tudo isso temperado com água doce e salgada, pois tem mar e riacho pelo caminho. A primeira sugestão é pegar um barco que sai do Rio Guaraú e faz um roteiro por sete praias até a Barra do Una, limite onde a visitação é permitida na Jureia. O roteiro inclui as praias do Arpoador (a mais procurada, pois também oferece banho em uma queda de água doce), Parnapuã, Juquiá, Brava,
Nossos parceiros nesta aventura foram o Dido Lima, que opera passeios de barco, partindo do Rio Guaraú – (13) 99748.6491 e (13) 99717.6064 e o 72
FOTOS: ODJAIR BAENA
Desertinha, Caramborê (que faz limite com o Parque Estadual do Itinguçu) e Barra do Una, uma Reserva de Vida Silvestre (RVS). O acesso às praias, por estarem dentro de uma área de conservação, só pode ser feito acompanhado de um monitor ambiental do município. Então, quando você contrata o barco, sempre haverá um monitor na praia aguardando a chegada. Os barqueiros ficam concentrados no Rio Guaraú e uma saída até a praia do Arpoador, navegando dez minutos, custa R$ 5 por pessoa. Outros roteiros podem ser negociados direto com dono da embarcação. Muitos surfistas contratam o serviço para pegar onda principalmente na praia do Parnapuã. Não é permitido entrar com garrafas, cadeiras e guarda-sol nas praias e o tempo máximo de permanência é de duas horas. Também vale uma parada na Ilha do Guaraú, conhecida como Ilha do Bom Abrigo, que esconde uma piscina natural e oferece um dos mais lindos pores do sol que você vai ver. Outra sugestão é aventurar-se por trilhas, que dão acesso a todas às praias. Pode ser contratado um roteiro de meio dia, com parada na praia do Arpoador ou de dia inteiro, desbravando as sete praias.
Dico Ribeiro, da Biguá Turismo, monitor ambiental, que realiza as trilhas – (13) 99797.2828 e (13) 99602.6378.
FOTO: EDUARDO CASTRO
Equilíbrio e o mar todo pela frente Outra atividade aquática que vem fazendo a cabeça dos apaixonados pelo mar já chegou à Baixada Santista há alguns verões, mas não sai da lista das preferidas – o ano inteiro. O Stand Up Paddle (SUP), Remo em Pé (REP), em português, ou ainda Hoe He’e Nalu, na língua havaiana, originou-se no Havaí, no início dos anos 1960. Conta-se que foi uma forma que os surfistas havaianos encontraram para tirar fotos dos turistas surfando, equilibrando-se em pé, em suas longas pranchas, usando a pá para remar. Há também quem diga que o esporte ressurgiu como uma maneira encontrada pelos instrutores de surf para acompanharem seus grupos de alunos, uma vez que em pé era mais fácil de observar a todos. Certo é que o SUP, como é mais conhecido, é um dos esportes que mais cresce e ganhou adeptos do windsurfe, surfe, canoagem e outros esportes de remo, projetando grandes campeões no Brasil e no mundo.
A modalidade se tornou a queridinha das praias pois pode ser praticada por qualquer pessoa e não exige nenhum grande preparo físico. A única exigência – para iniciantes e experientes – é manter o equilíbrio trabalhando todo o corpo: pés, pernas, abdômen e braços. Além de ser um excelente exercício aeróbico, permite o contato com a natureza e a possibilidade de desbravar lugares maravilhosos. Nas praias da região é possível encontrar pessoas de todas as idades sobre a prancha, com remo na mão e o mar todo pela frente. Os tombos nas primeiras tentativas são normais e fazem parte do aprendizado, além de garantir aquela refrescada nesse calorão. Não passe o verão sem colocar essa aventura na sua listinha de ‘realizadas’. Em diversos pontos da orla, em várias cidades da Baixada Santista, você encontra locais para aluguel de pranchas. Nós acompanhamos três desbravadores durante uma tarde na Praia do Gonzaguinha, em São Vicente, e encontramos pelo menos três pontos para locação por ali.
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UM NOVO OLHAR
Birdwatching em Cubatão
Certamente você já ouviu falar – ou, quem sabe, até tenha avistado – o Guará-Vermelho, uma ave típica de manguezal, de coloração estonteantemente vermelha. O pássaro se tornou símbolo da recuperação ambiental de Cubatão, pois voltou a dar as caras na cidade quando a poluição que gerou a má fama do passado deu uma trégua. Hoje, revoadas de guarás podem ser avistadas por lá (cerca de 1000 Guarás-Vermelhos habitam a cidade), mas nem de longe esta é a única ave que sobrevoa o mangue cubatense. Mais de 200 espécies, entre residentes, migratórias e acidentais já foram observadas na região, mas pelo menos 40 são vistas com frequência. Para tentar avistar parte delas, fizemos um roteiro de observação de aves pelo manguezal da região. Escolhemos um dia excelente, como você pode ver nas fotos. O birdwatching, como a atividade é conhecida mundialmente, é um segmento do ecoturismo que visa observar aves em seu habitat natural, sem interferir no comportamento das espécies ou no ambiente. 74
TEXTO: DIEGO BRÍGIDO • FOTOS: CHRISTIAN JAUCH
Em meio ao manguezal
Saímos perto das 7h da manhã da Marina Náutica da Ilha, na Ilha Caraguatá, em Cubatão, acompanhados do especialista e diretor da marina, Daniel Ravanelli Losada. O roteiro, de barco, segue pelo Rio Casqueiro, quando passa por uma confluência entre as cidades de Cubatão, Santos e São Vicente e segue pelo Rio Cascalho, Rio Cubatão, Rio Mogi e vai até o Canal de Piaçaguera, trecho todo cercado por mangue (três espécies de mangue são comuns aqui: vermelho, preto e branco). É um passeio contemplativo e pode levar cerca de cinco horas, principalmente quando se trata de um grupo de aficionados. ‘As paradas para fotografar podem levar 15 minutos ou mais, pois em muitos casos é preciso esperar a ave aparecer ou mesmo capturar as melhores imagens’, conta Daniel. De acordo com ele, especialistas no assunto, os chamados ‘birders’, chegam a reproduzir, com o uso de iPods ou Celulares, os sons dos pássaros que querem atrair, método que costuma dar certo. As aves mais comuns, avistadas com frequência no manguezal, além do Guará, são o Colhereiro (Cor Rosa), Garças (Branca e Azul), Maguari (Garça Moura), Socós (Caranguejeiro e Dorminhoco), Jaçanã, Águia Pescadora (ave migratória), Gavião Carcará, Falcão Peregrino, Saracuratrês-potes, Batuíras, Maçaricos, Caraúna, Figuinha-do-mangue (espécie endêmica) e muitas outras.
De acordo com Daniel, há cerca de 10 mil espécies de aves em todo o mundo e o Brasil registra algo em torno de 1900 delas. Os ‘birders’ viajam para realizar o birdwatching e registrar novas espécies. ‘A atividade ainda é incipiente no Brasil; temos cerca de 15 mil birders, enquanto nos Estados Unidos 15% da população pratica a atividade – perto de 48 milhões, se considerarmos uma população próxima dos 320 milhões’, explica o especialista.
O roteiro de birdwatching
A saída para a observação de aves tem que acontecer pela manhã, bem cedo, quando elas acordam e saem para comer nas coroas de marisco e nos bancos de lama da região, facilmente avistados com o uso de embarcação. A partir das 10h, a incidência de pássaros diminui, pois o dia começa a ficar quente e já saciadas, precisam poupar energia. Saídas a noite não são comuns pela dificuldade de avistar as aves. A maioria das espécies não voa a noite e fica empoleirada nos galhos das árvores. Durante o roteiro pelo manguezal de Cubatão, que pode ser acompanhado de um técnico, o grupo receberá informações sobre
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este importante ecossistema e sobre as espécies avistadas. ‘Os ‘birders’, que precisam de informações mais específicas, normalmente vão acompanhados de um ornitólogo – especialista em aves’, explica Daniel. ‘Para aqueles que vão apenas para contemplar, sem necessidade de tanto aprofundamento, conseguimos realizar o passeio em duas horas’, complementa.
Itutinga-Pilões: outro reduto de aves em Cubatão O Núcleo Itutinga-Pilões é uma área dentro da Reserva Estadual da Serra do Mar, sob gestão da Fundação Florestal. Com 43,8 mil hectares, de extensão, abrange os municípios de Praia Grande, São Vicente, Santos, Cubatão, São Bernardo do Campo, Santo André, São Paulo e Mogi das Cruzes, mas sua sede está em Cubatão. Este paraíso ecológico abriga os rios Passareúva, Pilões e Cubatão, responsáveis pelo abastecimento hídrico de 80% da Baixada Santista e também dos mananciais da represa Billings. Além disso, o núcleo é mais um reduto de birdwatching na cidade. Mais de 70 espécies de aves podem ser avistadas por lá, no percurso por suas trilhas. Além da exuberância da natureza, o Itutinga-Pilões abriga um acervo histórico riquíssimo, o que inclui as ruínas do primeiro hospital da Vila de Itutinga, construído na década de 1920.
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Mas, apesar de estar aberto a grupos de visitantes para as atividades de ecoturismo, com visitação gratuita mediante agendamento, o Itutinga-Pilões só recebe para o birdwatching grupos de técnicos, que precisam estar acompanhados de um guia especialista.
FOTOS: FÁBIO CUNHA SANTOS E EQUIPE NIP
FOTO: CHRISTIAN JAUCH
Apenas especialistas
Desintoxique o corpo e equilibre sua mente.
CENÁRIO
Praia de Guaratuba
MAR E RIO EM UM CENÁRIO DESLUMBRANTE
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A Baixada Santista abriga praias que agradam os mais variados perfis de públicos, desde as mais urbanizadas, com infraestrutura completa para os banhistas, às quase isoladas, consideradas verdadeiros paraísos naturais.
que encantam qualquer um – dos urbanos aos amantes da natureza. São praias que conquistam pela beleza cênica e, na maioria das vezes, por oferecem muito mais que areia e água salgada.
As oito cidades litorâneas da região, no entanto, escondem alguns trechos de areia
Guaratuba, em Bertioga, é um destes paraísos. Com oito quilômetros de extensão, está
FOTO: RENATA DE BRITO
localizada a 30 minutos do centro da cidade e, por ser uma praia reservada, é preciso deixar o nome e a placa do carro para acessar o local. A extensão de areia separa o mar do rio Guaratuba, garantindo água salgada e doce no mesmo cenário. O encontro entre os dois se dá em um dos cantos da praia, onde o mergulho não é aconselhável, em função da forte correnteza. Na outra extremidade está a praia de Itaguaré, tão linda quanto Guaratuba, continuação deste paraíso. Não é permitido acampar e nem fazer piquenique ou churrasco por lá, além de
também ser proibida a entrada de animais, mas o acesso aos ambulantes é liberado, então, pode tranquilizar-se, que dá para passar o dia na praia sem morrer de fome ou de sede. Não dá para dizer que Guaratuba é um recanto isolado, pois os moradores de Bertioga e os turistas há algum tempo descobriram o local e, principalmente na temporada, a frequência de banhistas é grande por lá. Mas a distância do centro, a água salgada cristalina, a presença do rio e o fato de estar emoldurada pela mata atlântica são fatores que tornam Guaratuba uma praia indispensável para o seu próximo tour pela região.
O ACESSO À GUARATUBA SE DÁ PELA RODOVIA RIOSANTOS, NA ALTURA DE BERTIOGA, ENTRANDO NA ROTATÓRIA DO LOTEAMENTO COSTA DO SOL, À ESQUERDA.
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ESPECIAL
As surpresas da
Pesca Esportiva
na região
Uma história que não é de pescador
Não é papo de pescador, não sinhô. O repórter aqui voltou com um robalo no anzol na primeira vez – na vida – em que lançou uma vara ao mar. O tamanho do peixe não vem ao caso e a foto do feito existe, mas preferimos destacar nestas páginas outras fisgadas de maiores quilates.
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Faltava experiência da minha parte, mas sobrava ao Carlinhos, o guia de pesca que nos acompanhava e que escolheu os melhores pontos na região costeira do Guarujá para a prática da pesca esportiva (ou pesca recreativa, aquela praticada por lazer, da qual não depende a subsistência do pescador).
TEXTO: DIEGO BRÍGIDO • FOTOS: CHRISTIAN JAUCH
Carlos Eduardo Munhoz Gonçalves, o Carlinhos Skinão, é guia de pesca da Marina Dona Rosa, em São Vicente, com três anos de experiência como profissional, mas pescador desde criança. Foi ele quem nos conduziu numa quase madrugada do que já prometia ser um dia lindo, para um roteiro de seis horas no mar. Partimos do Japuí perto das sete da matina, munidos de 100 camarões vivos, que seriam nossas iscas; caprichados lanches preparados pela Lirian Marcelle, proprietária da Dona Rosa, a marina que leva o nome da avó, fundadora do negócio, e um cooler com refrigerantes e águas. ‘Dispenso os refrigerantes’, falei pra Lirian. ‘Vai levar sim, porque no mar vai dar vontade de adoçar a boca’, respondeu sabendo do que estava falando. Nunca uma coca-cola foi tão bemvinda.
Todos a bordo
A bordo de um barco robaleiro de sete metros, que comporta confortavelmente quatro pescadores, além do piloto, saímos para tentar a sorte. ‘Vou levar vocês nos melhores pontos de pesca da região’, garantiu Carlinhos. Além das iscas vivas, também tínhamos jig head e
jump jig (iscas artificiais), anzóis de robalo, chumbos de 45g e 50g e, claro, varas (de 17 libras). Com este equipamento estávamos aptos a pescar robalos, corvinas, pescadas-amarelas, xaréus, sarabiguaras, galos, sargos, miraguaias, entre outros comuns na região. De acordo com o guia, desde a marina, no Japuí, em São Vicente, até a Ilha dos Arvoredos, em Guarujá, são inúmeros pontos bons para a pesca. Ponta Grossa, Saco do Major, Guaiuba e Praia do Moisés são alguns deles. ‘A Ilha da Moela é um dos melhores lugares, pois só ao redor dela são quase 30 pontos propícios’, explica Carlinhos. ‘Só não pescamos próximo do Parque Estadual Xixová-Japuí, entre São Vicente e Praia Grande, pois ali é área de preservação ambiental’. Todos os peixes pescados foram devolvidos ao mar, mas os pescadores podem embarcar o que pescaram, desde que cumpram as normas da polícia ambiental. Cada pescador pode levar 15 kg de peixe mais um exemplar a escolha dele (por exemplo: caso ele pesque um robalo de 8kg, ele pode escolher esse como sendo o exemplar e embarcar mais 15 kg de outros peixes).
TIA FOTO: CHRIS
N JAUCH
FOTOS: ACERVO PESSOAL - CARLINHOS
FOTOS: DIVULGAÇÃO
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ESPECIAL
TEXTO: DIEGO BRÍGIDO • FOTOS: CHRISTIAN JAUCH
É preciso também respeitar o tamanho mínimo das espécies e para isso há uma régua desenhada no barco. O Robalo Peva, por exemplo, só pode ser embarcado com mais de 30 cm e o Robalo Flecha, acima de 50 cm. Encontramos muitos barcos robaleiros pelo caminho e alguns já contabilizavam bons peixes. Uma saída para pesca esportiva da Marina Dona Rosa costuma ir das 7h às 17h, mas o tempo vai depender do grupo. ‘Recebemos muitos estrangeiros e eles gostam de parar nas praias afastadas para fazer churrasco, peixe na brasa e até sashimi. Nós é quem preparamos tudo’, conta o quase sushiman Carlinhos. Mais do que um exercício de paciência, a pesca esportiva (nas águas da nossa região, sobretudo), é uma oportunidade de se reconectar com a natureza, contemplar cenários paradisíacos, navegar por vários tons de azuis e verdes, conhecer praias isoladas – e até grutas (se você estiver bem guiado) e, claro, comemorar cada fisgada de sucesso, torcendo para que não tenha sido um peixinho ladrão de isca. Ao desembarcar de volta na Dona Rosa, por volta das 13h, Lirian nos esperava com a mesma alegria com que nos recebeu às 7h, e um delicioso linguado à Belle Mounière, acompanhado de arroz à grega, batata soutê, camarão na manteiga, champignon e alcaparras. Um prato muitíssimo bem servido e mais que suficiente para três famintos pseudo-pescadores.
AV. TUPINIQUINS, 1410 (ESTRADA DE TERRA EM FRENTE AO CORPUS MOTEL), NO JAPUÍ, EM SÃO VICENTE. TODOS OS DIAS, MENOS ÀS TERÇAS, DAS 6H ÀS 18H. TEL. (13) 3567.1048.
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#TÁNAPLACA
FOTOS CHRISTIAN JAUCH
Vicente de Carvalho
O poeta do mar Seu nome está em placas espalhadas em praticamente toda a Baixada Santista, intitulando ruas, avenidas e até um distrito, em Guarujá. Santista de nascença, recebeu algumas homenagens em sua terra natal: o trecho da avenida da orla da praia entre a avenida Ana Costa e o Canal 4, no Boqueirão, recebe o seu nome, e o famoso jardim, no mesmo perímetro, ostenta, desde 1946, uma estátua e uma fonte luminosa em sua homenagem. Muito justo para quem foi considerado o ‘poeta do mar’, ainda que haja uma polêmica na cidade sobre o motivo de o monumento estar atualmente de costas para a praia. Em Guarujá, Vicente de Carvalho é um distrito, com forte vocação comercial, por onde circulam diariamente cerca de 60 mil pessoas. A avenida principal – Tiago Ferreira – concentra mais de 400 estabelecimentos comerciais e diversidade cultural, com maciça presença de nordestinos, catarinenses e libaneses. Também estão nesta região a estação de barcas e catraias, que fazem a ligação com Santos, a Base Aérea de Santos e alguns dos maiores bairros da cidade.
Mas, afinal, quem foi o poeta do mar? Vicente Augusto de Carvalho nasceu em Santos, em 5 de abril de 1866 e morreu em 22 de abril de 1924. Poeta, apaixonado pelo mar, também acumulava os títulos de jornalista, advogado, político, fazendeiro, deputado, magistrado, contista e abolicionista. Foi colaborador de jornais como A Tribuna e O Estado de São Paulo e fundou, em Santos, o Diário da Manhã. Sua obra de maior destaque na poesia foi Poemas e Canções, publicada em 1908, com prefácio de Euclides da Cunha e com 17 edições. Devemos a ele, em parte, a existência dos jardins da orla e a possibilidade de usufruir da praia, pois, em 1921, denunciou, em carta aberta ao Presidente da República, apropriações ilegais neste trecho.
ATÉ O CEMITÉRIO DO PAQUETÁ, ONDE ESTÃO OS RESTOS MORTAIS DO POETA, TAMBÉM ABRIGA UM BUSTO EM SUA MEMÓRIA.
Nas demais cidades da região também é possível cruzar por placas que dão o nome de Vicente de Carvalho a ruas e avenidas.
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PERSONA
Cristiane Margarida Lopes Lorca A CRIS, DO QUIOSQUE
Você pode até não frequentar, mas certamente já ouviu muito sobre o Quiosque da Cris, na Praia do Itararé, em São Vicente. Especializado no público LGBT, esse cantinho, próximo à Ilha Porchat, acolhe, na verdade, todos os públicos com o carinhoso e personalizado atendimento da Cris. Então, de verdade, você não precisa ser lésbica, gay, bissexual, travesti, transexual, transgênero, crossdresser ou drag queen para se sentir à vontade no Quiosque da Cris. Cristiane começou a frequentar São Vicente em 1986, quando saiu de Pirajuí, no interior de São Paulo, cidade onde nasceu. Se instalou no litoral e comprou um carrinho para vender pastéis na praia, na época em que a orla ainda era tomada pelos trailers de lanches. Se encantou por um trailer cor de rosa que estava fechado e conseguiu arrendar dos donos, que eram de São Paulo. Migrou do carrinho para o trailer, que recebeu o nome de Mudança Radical e ganhou a famosa bandeira do arco-íris. Por ser gay, Cris começou a atrair seus amigos e um público LGBT ao novo espaço, onde ficou por 15 anos, dedicada a este segmento. ‘Apesar de ter me especializado neste público, nunca deixei de receber meus clientes do carrinho de pastel e até hoje recebemos vovôs, vovós, netinhos, famílias e casais heterossexuais aqui no quiosque’, alegra-se. Quando aconteceu a reurbanização da orla, os trailers foram retirados e cada proprietário tinha direito a concessão de um quiosque. Cris conseguiu comprar dos antigos proprietários o quiosque e mudou, então, o nome para Quiosque da Cris. ‘Durante a reurbanização, nós ficamos três meses sem trabalhar, então todos os dias eu sentava numa cadeira na praia e dizia para as pessoas que passavam: olha, é ali que vai ser o Mudança Radical’, lembra emocionada. 86
Nesta transição, Cris assumiu, então, a sua orientação sexual e, no começo, perdeu parte do público que frequentava o carrinho de pastel. ‘As pessoas precisaram de um tempo para se acostumar com a ideia. Mas depois todos voltaram a frequentar o quiosque, pois eu faço questão de manter um ambiente de família e exijo que haja respeito aqui’. O Quiosque da Cris – ou Barraca da Cris, como muitos ainda chamam – é conhecido no Brasil inteiro e recebe, inclusive, turistas de vários lugares do mundo. Cristiane é uma precursora em atender o público LGBT na Baixada Santista, mas essa conquista não veio sem muito sacrifício, preconceito e luta para manter seu negócio de pé. ‘Já apanhei de skinhead e fui parar várias vezes na delegacia, por causa do preconceito’. O ambiente acolhedor, familiar e o atendimento personalizado ajudaram a cativar o público que o quiosque recebe hoje. Cris está praticamente todos os dias por lá – e, é bom lembrar, tem o respaldo da esposa e parceira, Elisa, com quem é casada há 14 anos – e faz questão de cumprimentar todos os clientes nas mesas, com um carinhoso beijo e um brilho no olhar de quem sabe que está no caminho certo. Nos finais de semana com sol, o quiosque recebe até seis mil pessoas e mantem 15 funcionários treinados para atender todos os públicos, sem distinção. ‘Eu sempre digo aos meus clientes: você é muito bem-vindo aqui, eu adoro cuidar de você, mas respeite a minha casa, aqui é um ambiente familiar’.
FOTO/ARTE: CHRISTIAN JAUCH
EU SEMPRE DIGO AOS MEUS CLIENTES:
VOCÊ É MUITO BEM-VINDO AQUI, EU ADORO CUIDAR DE VOCÊ, MAS RESPEITE A MINHA CASA, AQUI É UM AMBIENTE FAMILIAR
CRIS
Certamente, é por isso que no Quiosque da Cris todos os públicos se entendem, se respeitam e convivem em paz. Além de gerir de perto o negócio, Cristiane ainda vai para a cozinha, preparar lanches, porções ou bebidas, quando os clientes pedem. O Quiosque da Cris também ganhou uma extensão pé-na-areia, uma barraca administrada por Elisa, com cadeiras, guarda-sóis e mesinhas. ‘Durante o dia, a barraca enche antes do quiosque e as pessoas ficam aqui esperando vaga para ficar no nosso pé-na-areia’. ‘Mas então é o Complexo da Cris e não mais o Quiosque da Cris’, brinco com ela. ‘Sim, e quem sabe, em breve, colocamos um iate da Cris aqui na frente’, rebate. Vida longa aos negócios da Cris, que têm feito tanto pelo respeito à diversidade!
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CENÁRIO
Mulheres de Areia A NOVELA QUE PROJETOU ITANHAÉM. E O PRESENTE QUE A CIDADE GANHOU Uma das novelas de maior sucesso na teledramaturgia brasileira foi exibida em duas versões, a primeira pela extinta TV Tupi, em 1973 e a segunda, pela Rede Globo, em 1993. O sucesso foi tamanho que a novela foi reprisada mais duas vezes pela Globo, em 1996 e 2011, e uma vez pelo Canal Viva, em 2016. Mas foi a primeira versão que criou uma conexão importante com a Baixada Santista, projetando Itanhaém para todo o Brasil e atraindo turistas para a cidade até os dias de hoje. As cenas do núcleo de pescadores da novela, do qual faziam parte as gêmeas Ruth e Raquel (Eva Wilma), o escultor Tonho da Lua (Gianfrancesco Guarnieri), além de Marcos Assunção (Carlos Zara) e muitos outros personagens, eram gravadas na Praia dos Pescadores, em Itanhaém. As mulheres de areia esculpidas por Tonho da Lua, apaixonado por uma das gêmeas, a ‘Rutinha’, eram,
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FOTO: NÍCOLAS SCHUKKEL
na verdade, criadas pelo artista plástico Serafim Gonzalez, que também atuava na novela, como Alemão. As gravações agitaram Itanhaém por quase um ano e mudaram a vida da cidade e a rotina dos moradores, que acolheram a novela e os atores. Muitos pescadores atuavam como figurantes nas cenas em que os barcos saíam para o mar, pois a direção aproveitava a rotina da praia, que, verdadeiramente, era um reduto de pescadores. Ao final das gravações, em 1975, Serafim Gonzalez presenteou a cidade com uma escultura similar às que ele produzia para a novela, mas em concreto, que foi instalada
nas pedras da Praia dos Pescadores, em frente à Ilha das Cabras. Mais tarde, a escultura foi substituída por uma feita em fibra, pelo filho do autor original, Daniel Gonzalez, e em 2014 foi restaurada para coibir a ação degenerativa. Está lá, firme e forte, representando um importante momento na história da cidade, um dos principais atrativos turísticos de Itanhaém.
Dê um pulinho lá
Quem quiser visitar o monumento e relembrar as Mulheres de Areia pode ir até a Praia dos Pescadores e tentar descobrir se ela se trata da Rutinha, que era boa, ou da Raquel, que era má.
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SOUL PERUÍBE
A ALMA DE PERUÍBE Terra da eterna juventude
Quando você passa alguns dias em Peruíbe, passa a entender facilmente o motivo de a cidade ser carinhosamente conhecida como a ‘terra da eterna juventude’.
O clima de cidade praiana com jeitinho de interior, natureza abundante e um caldeirão rico de lendas e misticismo faz com que Peruíbe caia no gosto de todos os públicos.
Praias e Cachoeiras Se você é da turma da praia e procura agito, a praia do Centro com certeza será a melhor opção. Agora, se o objetivo é curtir um paraíso LEIA NOSSA MATÉRIA SOBRE UM PASSEIO DE BARCO PELAS PRAIAS DA JUREIA
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mais afastado e com um visual incrível, Prainha e Guaraú são boas escolhas. A Prainha é famosa pelo castelinho medieval instalado no alto dos costões rochosos, que, segundo lendas, é mal-assombrado. Já o Guaraú é ideal para quem quer curtir a natureza e ainda aproveitar para praticar esportes. Em um dos seus trechos é possível ver o encontro do rio com o mar. Nessa região é possível alugar pranchas de stand up, caiaques ou até mesmo pegar barcos para visitar praias mais afastadas como o Arpoador e Parnapuã. Esses barcos também levam turistas para a Ilha do Guaraú, conhecida por muitos como o Caribe da Baixada Santista (nós já estivemos por lá e fizemos uma matéria incrível, que você pode curtir no QR Code ao lado). Para os amantes das cachoeiras, Peruíbe coleciona algumas em diferentes regiões
FOTO: CDIVULGAÇÃO
Praia, rios, cachoeiras, ilhas, zona rural, aldeias indígenas, cultura caiçara, ufologia e cenários emoldurados pelo exuberante verde da Jureia. Peruíbe é uma cidade incrível, repleta de belezas naturais e atrativos turísticos que com certeza colaboram com o rejuvenescimento do corpo e alma de quem mora lá ou apenas está de passagem.
da cidade. Na zona rural do município, encontram-se as cachoeiras do Poço Azul e a Cachoeira Rio do Ouro. Elas ficam bem próximas uma da outra, então vale à pena visitar as duas no mesmo passeio. Agora se você topa encarar um desafio, subindo a estrada sentido Barra do Una existem outras duas cachoeiras que são famosas entre os turistas, a Cachoeira do Perequê e a Cachoeira do Paraíso, que como o próprio nome revela, é um cenário de tirar o fôlego.
Às margens do Rio Preto de Peruíbe encontramos o portinho de pesca. Além de garantir pescados fresquinhos, você ainda terá um visual privilegiado para aquela foto arrasadora no Instagram. Ao final do dia, a ponte ao lado do portinho sempre está lotada de pessoas, esperando o espetáculo proporcionado pelo pôr do sol.
Aldeias indígenas Peruíbe abriga os mais diversos tipos de povos, culturas e origens. A cidade conta com 9 aldeias indígenas. Algumas delas realizam um lindo trabalho de ‘Vivência na Aldeia’, onde os participantes são convidados a uma experiência única de sensibilização e conhecimento da cultura indígena, com atividades como interação com as lendas e cantos indígenas, introdução à permacultura, educação ambiental, arco e flecha e muitas outras atividades.
FOTO: CHRISTIAN JAUCH
Para quem gosta de aventura, a cidade conta com diversas trilhas que levam a lugares como a Praia do Índio, a Desertinha e o pico da Serra dos Itatins. Vale ressaltar que para estas atividades é sempre interessante estar acompanhado de um guia de turismo local para realizar o passeio com segurança.
FOTO: ODJAIR BAENA
Pesca e Trilhas
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SOUL PERUÍBE
Cultura caiçara e Zona rural
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MATÉRIA ESCRITA PELO SOUL PERUÍBE, UM BLOG DE TURISMO, LAZER E ENTRETENIMENTO, CRIADO POR UM PAI E UMA FILHA APAIXONADOS PELA CIDADE E POR AVENTURAS.
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A cultura caiçara é algo muito presente na cidade. São frequentes as festas típicas com danças, manifestações artísticas, festa da tainha, dentre outras atrações. Para quem gosta de frutos do mar, diversos restaurantes da cidade servem caldeiradas, moquecas, sequências de camarão, além de outras delícias feitas com os pescados do portinho. Se você gosta do clima da roça, a zona rural de Peruíbe possui diversos haras, restaurantes de comida caipira, pesqueiros e muita diversão para a família toda em meio à natureza.
E os ETs E a fama de Peruíbe não vem somente das praias e belos cenários naturais. Seres extraterrestres, bolas de fogo e discos voadores fazem parte de histórias comuns na região. Segundo especialistas, Peruíbe é uma das cidades com o maior número de registros de atividade extraterrestre no Brasil.
Nos últimos quarenta anos, a cidade registrou mais de 300 casos de atividades extraterrestres. A Estação Ecológica Jureia Itatins, concentra em torno de 40% de todos os relatos sobre avistamentos de OVNIs no Estado de São Paulo. Com tantos casos e relatos sobre OVNIs e atividades extraterrestres, Peruíbe criou o primeiro roteiro de turismo ufológico do Brasil. Com tantos atrativos diferentes em um único lugar, convenhamos, vai, Peruíbe pode ser considerada uma cidade de outro mundo. Mas não é, está aqui, pertinho de nós. Visitar Peruíbe é como fazer várias viagens em apenas uma, pois com tantos passeios lindos e diversos, você com certeza irá encontrar o roteiro ideal, além de deixar seus amigos com inveja da timeline mais divertida da turma. E é por estes e outros motivos que nós somos apaixonados por Peruíbe, e temos certeza de que você também irá se apaixonar.
EDUCAÇÃO
SÃO JUDAS COMEMORA
1 ano na Baixada Santista Formalização da integração com a Unimonte ocorreu em 11 de abril do ano passado
Há um ano, a São Judas chegou a Santos, na integração com a Unimonte, e, em Cubatão, com a Faculdade de Medicina, trazendo a qualidade de uma das dez melhores universidades privadas do País, segundo o Ministério da Educação (MEC), e reafirmando o compromisso de transformar o País pela Educação e de contribuir com o desenvolvimento da região. Tanto a São Judas quanto o Centro Universitário São Judas – Campus Unimonte, que pertencem ao Grupo Ânima, tomaram o caminho natural da integração de suas práticas. Marcado pela inovação constante, o Centro Universitário foi a primeira instituição a trazer o conceito de Campus Maker para a Baixada Santista e a adotar um currículo por competências em seus cursos de Graduação e Graduação Tecnológica. A novidade de 2019 é a implantação da Graduação 4.0 e a oferta de novos cursos no campus Unimonte. A Graduação 4.0 é uma proposta pedagógica diferenciada que une módulos presenciais e on-line, proporcionando mais liberdade e autonomia ao aluno. Nela, o estímulo à crítica e à reflexão é incentivado pelo professor, que conduz a aula, mas o centro desse processo é, de fato, o próprio aluno.
Indicador de Qualidade A qualidade sempre foi um ponto muito importante na trajetória da Universidade São Judas e do Centro Universitário São Judas campus Unimonte. A São Judas – Campus Unimonte obteve nota 4 (de 5) no Conceito Institucional (CI) e no Índice Geral de Cursos (IGC), as principais avaliações do MEC, nos dois últimos anos, figurando no seleto grupo de instituições na faixa de excelência do País. Outro diferencial é a adoção do modelo de ensino baseado nas três melhores universidades públicas da Finlândia, que prioriza competências técnico-profissionais, prática, carreira e ensino multiplataforma, com disciplinas profissionalizantes, livres e digitais, fundamentos, laboratórios de aprendizagem integrada, estágios curriculares, projetos interdisciplinares e empreendedorismo.
SAIBA MAIS: SÃO JUDAS CAMPUS UNIMONTE RUA COMENDADOR MARTINS, 52, VILA MATHIAS, SANTOS TELEFONE: (13) 3228-2100 WWW.UNIMONTE.BR SÃO JUDAS UNIDADE CUBATÃO RUA SÃO PAULO, 328, JARDIM SÃO FRANCISCO, CUBATÃO TELEFONE: (11) 2799-1677 WWW.USJT.BR
Medicina A grande conquista deste ano para a São Judas na Baixada Santista é o início da primeira turma de Medicina em Cubatão. O curso surge com o objetivo de elevar a saúde pública do Município e da Baixada Santista, formando profissionais preparados técnica e socialmente para atuar na localidade.
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CENÁRIO
TEXTO: BRUNA DOMATO • FOTO: CHRISTIAN JAUCH
FORTALEZA DA BARRA GRANDE Quem passa pela avenida da praia, principalmente nas redondezas da Ponta da Praia, em Santos, com certeza conhece e já teve seus olhares atraídos pela Fortaleza da Barra Grande. Uma estrutura imponente, que jamais passaria despercebida, e chama atenção para o outro lado do mar, em Guarujá.
A Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande, como consta oficialmente, é por si só um acervo riquíssimo à nossa inteira disposição. Ela foi construída em 1548 com o objetivo de defender o Porto de Santos. Estamos falando de um raro exemplar histórico da arquitetura militar do Império Luso-Espanhol, que, em 1964, foi reconhecida como Patrimônio Histórico Nacional pelo IPHAN.
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A Fortaleza fica entre a Praia do Góes e a Praia de Santa Cruz dos Navegantes, e a vista indescritível que ela oferece não é o único motivo para visitala. Você também encontra lá dentro o primeiro museu histórico de Guarujá, que atualmente recebe exposições itinerantes. Já no interior da capela, anexa à Fortaleza, é possível contemplar a última obra do pintor japonês Manabu Mabe: o mosaico Vento Vermelho, com 20m².
Uma carga histórica riquíssima e a estonteante vista da orla de Santos em perfeita harmonia para deixar a visita à Fortaleza da Barra Grande completa. Se você der sorte ainda vai encontrar por lá o Ivan di Ferraz, monitor do local e cordelista, que conta toda a história do equipamento em cordel. Nós já falamos dele em edições anteriores e você pode rever essa linda matéria no QR Code ao lado. Uma boa pedida para curtir os dias frescos de Outono de uma forma diferente. Gostou da ideia? Convide os amigos e vá conhecer a Fortaleza da Barra Grande. A aventura já começa nas barquinhas que dão acesso ao local e a entrada é gratuita.
Como chegar Para quem vai pelo Guarujá, o acesso é pela estrada Santa Cruz dos Navegantes, por dentro do clube Saldanha da Gama.
CONHEÇA A HISTÓRIA DO CORDELISTA IVAN DI FERRAZ NAS PÁGINAS 122 E 123.
Vindo de Santos, você pode pegar as barcas que partem da ponte Edgar Perdigão, com saídas frequentes. O horário de visitação é de terça a sexta, das 9h às 17h; Sábado, das 10h às 17h e domingo, das 10h às 15h.
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PERSONA
Dario Costa
EM DEFESA DA COMIDA BOA, FRESCA E AFETIVA
Ele começou lavando louça em um restaurante na Nova Zelândia, para onde foi em 2008 para aprender a falar inglês e surfar. Acabou virando cozinheiro e, a partir daí, encontrou uma profissão que lhe permitiria viajar para trabalhar e ‘pegar onda’. Atuou em cozinhas na Itália e como chef de uma embarcação na Indonésia e então voltou para Santos, formou-se em gastronomia e ganhou destaque à frente de importantes restaurantes da cidade, até ser selecionado para o Programa Masterchef Profissionais em 2017. Em outubro de 2018 inaugurou em Santos o Madê Cozinha Autoral, onde fincou de vez em terras caiçaras a bandeira que já erguia no Masterchef, da cozinha com ingredientes locais e sazonais. Desde então, Dário Costa tem feito de seu restaurante, na badalada Rua Minais Gerais, no Boqueirão, uma verdadeira casa de experiências gastronômicas. Os mais de 10 anos de vivência na cozinha, fazem dele um chef criativo, antenado e ousado. Mais que um cozinheiro, Dario é um estudioso da comida, e nutre um grande apreço pelo movimento comfort food, que prioriza a ‘comida com aconchego’. No Madê, o respeito ao meio ambiente e à produção local estão estampados nos pratos. Dario procura aproveitar o máximo dos alimentos em suas receitas, para evitar desperdícios e também compra tudo o que é possível de pequenos produtores locais. Outra prioridade do cozinheiro são os produtos frescos e da estação: nada de congelados ou ali96
mentos que não estejam na época, o que garante ainda mais personalidade ao menu. De suas viagens pelo mundo, Dario traz as influências da culinária internacional, que resultam num menu de fusão, mas com aquele gostinho de comida de casa de vó e pratos com pouca manipulação, preparo rápido e ingredientes frescos. Madê significa ‘fazer à mão’ na língua Bahasa e é esse o significado que o chef traz à casa, quando propõe pratos simples, mas criativos e bem preparados, num ambiente onde todos podem se sentir à vontade, como se estivessem na cozinha de amigos. E por falar em cozinha, no Madê, a cozinha de finalização é totalmente integrada ao salão, para que todos, clientes e funcionários, sintam-se pertencentes ao mesmo ambiente. Em 2018, Dário começou um projeto – que se estende até hoje – de jantares a quatro mãos, quando convida outros chefs do Brasil para que, juntos, preparem um menu com a fusão das experiências dos dois chefs. O resultado tem sido casa cheia em todas as edições, com convites vendidos antecipadamente. O mais bacana é que no dia do jantar, o anfitrião leva o convidado para um roteiro pela região, para que ele conheça os produtores e fornecedores locais. Ou seja, além de garantir que o chef parceiro participe de todo o processo, Dario reforça o ideal de valorizar a cadeia produtiva local.
FOTO: DIVULGAÇÃO
O menu do Madê é enxuto e, como a ideia é redução de desperdício, dependendo da hora que o cliente chegar, pode já não encontrar algum prato. Mas, pode ter certeza, muitas delícias do cardápio você só vai encontrar na casa de Dário (ou algo parecido na casa da vovó), como a lasanha de churrasqueira (com a borda queimadinha e presunto feito no Madê); o macatum, um linguini ao pesto, com atum levemente grelhadoe finalizado com azeite italiano, queijo cremoso feito na casa e pangrattato ou ainda o ravioli de pupunha, uma opção vegana, que leva palmito pupunha orgânico do sítio da Kátia, no Guarujá, recheado com o próprio palmito super temperado e com uma textura cremosa, servido com molho de tomates assados com castanhas e farofa de pão. Outra aposta de Dário é nos pratos para compartilhar. A proposta é que a mesa peça dois ou mais pratos e todos possam provar de tudo. Dentre as opções, destaque para o churrasco de frutos do mar, uma variação de frutos do mar do dia, legumes grelhados na brasa, batatas crocantes defumadas e aioli de cúrcuma e o peixe do dia na brasa, com banana na brasa e aioli de cúrcuma. É importante reforçar que, como a ideia é trabalhar com a sazonalidade, alguns pratos são substituídos no menu com frequência. Melhor pra nós, que podemos nos fartar com novas opções a cada visita à casa de Dario
EU NÃO QUERO PREPARAR COISAS MIRABOLANTES, TIPO UM PATO QUE VIRA ESTRELA QUANDO O CLIENTE PÕE NA BOCA
DARIO COSTA
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ESPECIAL
Para beber menos
e melhor na região POR DIEGO BRÍGIDO • FOTOS E DESIGN: CHRSTIAN JAUCH
PARECE QUE A CULTURA BRASILEIRA DA ‘LOIRA ESTUPIDAMENTE GELADA’ ESTÁ COM OS DIAS DE UNANIMIDADE CONTADOS. OS APRECIADORES DE CERVEJAS RESOLVERAM SEGUIR A ORIENTAÇÃO OBRIGATÓRIA DOS GRANDES FABRICANTES E, ALÉM DE PASSAREM A BEBER COM MODERAÇÃO, COMEÇARAM A SE PREOCUPAR MAIS COM A QUALIDADE DA CERVEJA E COM O PROCESSO DE PRODUÇÃO. NESTE CENÁRIO, AS CERVEJAS ARTESANAIS COMEÇAM A SE DESTACAR E GANHAR ESPAÇO NAS PRATELEIRAS DOS EMPÓRIOS, SUPERMERCADOS E ADEGAS E CHEGAM COM MAIS FORÇA NAS CARTAS DOS BARES E RESTAURANTES. NA BAIXADA SANTISTA NÃO TEM SIDO DIFERENTE: ALÉM DE AS MICROCERVEJARIAS TIRAREM PARTE DO ESPAÇO ANTES OCUPADO EXCLUSIVAMENTE PELAS GIGANTES DO MERCADO, OS CERVEJEIROS CASEIROS COMEÇAM A DAR O AR DA GRAÇA E JÁ TEM MUITA CERVEJA COZINHANDO EM PANELAS PELAS CIDADES DA REGIÃO.
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TEXTO: DIEGO BRÍGIDO • DESIGN E FOTOS: CHRISTIAN JAUCH
A Cerveja na História
A história da cerveja é tão antiga quanto interessante e remonta aos primórdios da civilização, quando há 10 mil anos atrás a população deixou de ser nômade e passou a se estabelecer em locais onde havia terras cultiváveis. Os cereais passaram a ser cultivados por estes povos e, em algum momento deste período, acredita-se que um pouco de pão produzido com estes cereais teria molhado e começado a fermentar ao ar livre. Aos poucos, vão surgindo as primeiras bebidas fermentadas. Ou seja, a fermentação natural surgiu de um tremendo vacilo, pois era inconcebível estragar comida naquela época. A primeira notícia sobre a prática da cervejaria data – acredite – de 6 mil anos atrás, na Mesopotâmia, pelos Sumérios. Os egípcios e romanos ajudaram a disseminar a cultura daquele líquido escuro, turvo e amargo, que caiu na graça dos povos, principalmente porque causava alegria e era uma alternativa à água, sujeita a contaminações diversas. Na Idade Média, os conventos assumiram a produção de cerveja e os monges puderam aperfeiçoar as técnicas de fabricação. Sim, os monges! Aos poucos, entre os séculos VII e IX, começaram a surgir os artesãos cervejeiros e as tabernas e cervejarias passaram a ser locais onde se discutiam assuntos importantes e se fechavam negócios entre um gole e outro. A cerveja passou por inúmeras transformações desde o seu surgimento, incluindo a adição do lúpulo, na Alemanha, no século IX, e a descoberta do papel das leveduras no processo de fermentação, por Louis Pasteur, no século XIX. Ou seja, a breja que você bebe hoje é completamente diferente do que aquela bebida feita de cevada fermentada – a cervisia – consumida pelos adoradores de Ceres, deusa da agricultura e da fertilidade de outrora. No entanto, o processo de produção – caseiro e artesanal – em ascensão nos dias atuais, está bem próximo daquele utilizado nas cidades europeias do século XII.
Artesanais no Cenário Nacional*
O Brasil já conta com mais de 400 cervejarias, entre grandes e micros, volume que dá ao país a terceira colocação entre os produtores de cervejas no mundo, com 140 milhões de hectolitros ao ano, atrás dos EUA e da China. Deste total de cervejas produzidas, 1,5% é representado pelas cervejarias artesanais, que crescem 40% ao ano no país. A variedade de opções de cervejas artesanais tem alterado o padrão de consumo e as escolhas dos * Informações coletadas em setembro de 2016
consumidores brasileiros. As cervejas especiais ganham cada vez mais espaço na rotina dos apreciadores, que começaram a valorizar as bebidas de puro malte. O relatório de inteligência do Sebrae sobre o assunto, de junho de 2015, aponta que 69% dos consumidores de cervejas já estão dispostos a pagar entre R$ 11 e R$ 20 por uma garrafa de cerveja artesanal e que 47% gasta de R$ 100 a R$ 150 com cervejas especiais por mês. O mesmo relatório mostra que 88% dos que bebem as especiais são homens, com faixa etária de 25 a 31 anos, e 69% têm curso superior. Entre os pesquisados, 84% bebe de uma a três garrafas por situação de consumo, o que reforça a busca pela qualidade e não mais pela quantidade para este público. Afinal, quem ainda prefere a loira gelada acaba bebendo bem mais. O cenário só não é mais favorável devido à alta carga tributária – as microcervejarias amargam até 60% de impostos no valor de venda de seus produtos. A invasão das importadas também atrapalha um crescimento ainda mais rápido do mercado nacional. Mesmo assim, no primeiro semestre deste ano, a rede Mestre-Cervejeiro.com, que tem cerca de 1000 rótulos, vendeu 63% de artesanais nacionais contra 37% de importadas. Especializada em cervejas especiais, a rede abriu o mês de agosto com 50 lojas em todo o Brasil e estima fechar o ano com 71 unidades, prevendo um faturamento 157% maior que o ano anterior, ultrapassando os R$ 17 milhões. O Pão de Açúcar, uma das maiores redes varejistas do país, já oferece mais de 150 rótulos de marcas diferentes em suas prateleiras. As gigantes do mercado de produção industrial estão adquirindo microcervejarias ou investindo em rótulos especiais, de olho nestes consumidores dispostos a pagarem até três vezes mais pelas artesanais. A Ambev, por exemplo, comprou a premiada cervejaria mineira Wäls, em 2015, ampliando seu portfolio com a inserção da primeira cervejaria artesanal do grupo, que já contava com rótulos como a Bohemia Reserva. A Wäls tem faturamento anual de R$ 9 milhões e produz 500 hectolitros de cerveja por mês. No mesmo caminho, a Kirin já havia saído na frente, com a aquisição da Baden Baden e da Eisenbahn. Em ambos os casos, a Ambev e a Kirin se comprometeram em não mexer nas fórmulas das cervejas já produzidas pelas marcas adquiridas. Os apreciadores agradecem. 99
ESPECIAL
Artesanais X Industriais
Com o crescimento das cervejarias artesanais, a cultura do homebrewing – produção de cervejas caseiras – ganhou força. A ideia teve impulso nos anos 1980, nos EUA, e se alastrou, caindo nas graças dos brasileiros, que hoje engrossam o caldo daqueles que produzem cervejas na cozinha ou na garagem de casa. Ao contrário das cervejas consideradas mainstream, de produção industrial, que precisam chegar às prateleiras em grande quantidade e com custos reduzidos, as cervejas artesanais priorizam a qualidade, a exclusividade e a diversidade de estilos, mas não necessariamente são produzidas em pouca quantidade. Já as cervejas caseiras, aquelas feitas em panelas, em casa, também são consideradas artesanais e têm produção limitada a cerca de 20 a 40 litros por vez. Vale reforçar que a cerveja industrializada não deixa de ter qualidade por ser produzida em
Curso de Produção de Cerveja Artesanal na Mucha Breja
PRODUÇÃO CONTROLADA + RECEITAS EXCLUSIVAS + PREOCUPAÇÃO COM A QUALIDADE + SEM ADITIVOS QUÍMICOS + VARIEDADE DE GRÃOS, LÚPULOS E LEVEDURAS + BEBER EM TEMPERATURA MAIS ELEVADA.
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TEXTO: DIEGO BRÍGIDO • DESIGN E FOTOS: CHRISTIAN JAUCH
massa, uma vez que ela atende ao que se propõe. Também é importante ressaltar que as cervejas artesanais podem ser produzidas com tecnologia, mesmo que em menor escala. Certo é que a maioria dos cervejeiros caseiros considera boa parte das cervejas mainstream ‘xarope de milho’. Esta comparação se dá porque, para baratear a produção, as grandes cervejarias substituem até 40% do malte por cereais de mais fácil acesso, como o milho e arroz, alterando sabor, aroma e peso da cerveja, mas tudo conforme rege a lei. A fermentação das cervejas massificadas é acelerada com produtos químicos, para que elas possam ir às prateleiras com mais rapidez. Além disso, corantes, estabilizantes, conservantes e aditivos para fazer espuma são adicionados ao processo. No caso das artesanais, o teor alcoólico deriva da fermentação de ingredientes naturais, como cevada, trigo, centeio, aveia, frutas, ervas ou especiarias.
O produto final de uma microcervejaria é resultado do cuidado especial de um mestre cervejeiro, que definiu o perfil da cerveja por meio de uma receita exclusiva e que controlou o processo do início ao fim, ajustando o que fosse necessário. Ou seja, há a participação efetiva do produtor em todo o processo. Outra diferença das artesanais se comparadas às industriais é que as primeiras usam diversos grãos maltados e não maltados, além de variedades de lúpulos e leveduras, para garantir os inúmeros estilos diferentes de cervejas. Todos estes fatores, somados aos altos impostos já mencionados, tornam as cervejas artesanais mais caras que as de grande escala. Ainda assim, o consumo delas só cresce e conquista um público que dificilmente voltará às comerciais american lagers (que nós erroneamente chamamos de pilsen).
PRODUÇÃO MECANIZADA + RECEITAS PADRÕES + PREOCUPAÇÃO COM A QUANTIDADE + USA ADITIVOS QUÍMICOS + ACRESCENTA MILHO E ARROZ AOS MALTES + BEBER ESTUPIDAMENTE GELADA.
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ESPECIAL
Afinal, o que vai na sua cerveja?
Processo de produção da cerveja artesanal
Você já ouviu falar em Reinheitsgebot? É provável que não, mas saiba que este é um termo muito familiar para os cervejeiros artesanais. Este é o nome alemão da Lei de Pureza da Cerveja, que determina que a bebida só pode conter água pura, malte e lúpulo.
Quer conhecer o processo básico de produção de cervejas artesanais? Acompanhe em nosso portal pelo QR Code à esquerda.
O fermento (levedura) foi autorizado mais tarde, já que ainda não havia sido descoberto em 1516, quando Guilherme IV, duque da Baviera (região alemã onde hoje se encontra Munique) assinou a tal lei. Muitas cervejarias, principalmente as alemãs e belgas, ainda seguem à risca a Reinheitsgebot e, no Brasil, há cervejarias artesanais e cervejeiros caseiros que também são simpáticos à lei e não acrescentam nada mais que os quatro componentes à cerveja.
Os maltes variam entre diversos estilos de grãos e de tosta, assim como também há variações de lúpulos e leveduras. Além do malte base, podem-se usar maltes especiais, que são importados da Bélgica, Alemanha, EUA e Reino Unido. As leveduras também vêm destes países, além da França, Austrália, República Tcheca e Nova Zelândia. 102
TEXTO: DIEGO BRÍGIDO • DESIGN E FOTOS: CHRISTIAN JAUCH
Cervejas para todo gosto Existem hoje mais de 160 estilos de cervejas cadastrados, divididos em três principais famílias, que diferem pela ação das leveduras na fermentação e se subdividem em inúmeros estilos, diferentes entre si pelo método de produção, aromas, ingredientes, cores, sabores etc
Família Lagers
Família Ales
Cervejas de baixa fermentação, na maioria das vezes mais leves e claras. São as mais consumidas no mundo e entre seus estilos está a Pilsener, conhecida popularmente por Pilsen (nome da cidade de origem, na República Tcheca) e erroneamente confundida com a American Lager, aquelas que tomamos geladas, como Brahma, Skol, Itaipava, Budweiser e afins. Neste processo, as leveduras ficam no fundo do mosto.
Fermentadas em temperaturas mais altas, preservam os sabores mais complexos, maltados e lupulados do que as lagers, caracterizando-se como cervejas mais encorpadas e vigorosas. Neste processo, as leveduras ficam sobre o mosto.
As Lagers se dividem em Pale Lagers, as mais claras – além da Pilsener e da American Lager, estão entre os seus subtipos as Premium, mais lupuladas e maltadas (Stella Artois, Heineken e Miller Genuine Draft, além da Brahma Extra, Cerpa, Bavaria Premium e outras), entre outras; as Dark Lagers, a Vienna, originária da Áustria, de cor marrom avermelhada e sabor suave e adocicado de malte levemente queimado; a Bock, tradicionalmente avermelhada, de complexo sabor maltado e alta graduação alcoólica; além de outros subtipos.
Os subtipos de Ales mais conhecidos são as Pale Ales, que se dividem em American Pale Ale, English Pale Ale (ou Bitter), Belgian Pale Ale, Belgian Blond Ale e India Pale Ale (as IPAs, carregadas em lúpulos, criadas pelos ingleses, para aumentar o tempo de conservação das cervejas que seriam levadas para a Índia em navios); as Amber/Brown e Red Ale, as Altbier; as Belgian Strong Ales; as Weissbier, que são as cervejas de trigo, mais claras e opacas, com sabores frutados, de cravo e florais, como a Witbier, e as Stout, negras e opacas, com sabor presente de chocolate, café e malte torrado, além de outras.
Família Lambics Feitas de trigo e têm a fermentação espontânea, pois não são adicionadas leveduras ao mosto, que é fermentado por agentes naturais existentes somente em uma pequena região próxima a Bruxelas, o que justifica a dificuldade em encontra-las e o alto preço. As Lambics lembram espumantes e têm aromas que vão do frutado ao extremamente cítrico. É o tipo de cerveja mais antigo feito no mundo e se divide em Lambic-Fruit, Unblended, Gueuze e Faro.
E o chopp? O chopp vem do alemão schoppe, nome de uma caneca de quase meio litro. É uma cerveja não pasteurizada e, por isso, dura menos tempo – o industrializado dura cerca de 10 dias dentro do barril e não mais que 24 horas após aberto. No caso dos artesanais, assim como a cerveja engarrafada pode variar entre muitos dos estilos acima citados.
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ESPECIAL
Elas invadiram a Baixada Santista Por aqui a onda das artesanais também chegou com força e além de encontrarmos centenas de rótulos espalhados nas prateleiras e cardápios, muitos bares e restaurantes oferecem opções ‘engatadas’ – os chopes. O grupo de cervejeiros artesanais da Baixada Santista no facebook reúne mais de mil integrantes, unidos para difundir a cultura homebrew no litoral. Eles promovem encontros, degustações, cursos, além de venda e troca de rótulos produzidos caseiramente. Há confrarias e grupos de amigos que se reúnem periodicamente para produzir cerveja, trocar informações sobre o assunto e, claro, degustar, degustar e degustar. Acompanhamos um dia de brassagem com o pessoal da Conscerva, uma confraria santista de cervejeiros, que já congrega cerca de 150 frequentadores, que se reúnem semanalmente, às quintas-feiras, num encontro chamado de QUINTA-SIM! De acordo com Edmar Gonçalves, um dos diretores da Conscerva, ‘a QUINTA-SIM é um evento democrático, pois qualquer pessoa pode participar, basta levar a sua cerveja para provar a dos outros’.
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A confraria foi fundada em 2009 e, desde então, além de fomentar o encontro entre cervejeiros caseiros, se propõe também a ser uma escola cervejeira, promovendo cursos de produção de cervejas. Durante a brassagem – o bacana é que todos participam, desde a limpeza e sanitização do material utilizado até esquentar a barriga na panela – muita conversa sobre o assunto e dá-lhe torneirinha do barril aberta. A cerveja ‘brassada’, a ‘Piolho’, uma Extra Special Bitter, receita de Ed Neves, que fermentou por alguns dias e maturou para ser servida na Oktocerva, uma festa anual com mais de 1000 litros de cervejas caseiras produzidas por mais de 20 cervejeiros da região. O dentista Guilherme Curado, o empresário Flávio Beraldo, o advogado Eduardo Brenna e o corretor de imóveis José Augusto Negrão passaram a se encontrar com frequência e explorar o universo das artesanais. Fizeram cursos, compraram equipamentos para homebrewing e há quase um ano começaram a testar as primeiras receitas. ‘Erramos algumas, mas já fizemos muita cerveja boa e até agora já produzimos 10 cervejas de estilos diferentes, com o rótulo Beer4Friends’, conta Flavio Beraldo.
TEXTO: DIEGO BRÍGIDO • DESIGN E FOTOS: CHRISTIAN JAUCH
Quem bebe e quem produz? Definitivamente não há um perfil definido de quem produz cerveja na região e tampouco daqueles que apenas entornam. Certo é que a esmagadora maioria é masculina, principalmente entre os que ‘brassam’, mas há muitas mulheres se permitindo provar a imensa variedade de artesanais e até aquelas que já se arriscam na produção. Nara Lima é uma delas, que além de frequentar os encontros da Conscerva, fez curso de produção de cervejas e usa o malte também na produção de bolos e pães caseiros. Os cervejeiros estão em todas as profissões, inclusive entre os autônomos – é fácil esbarrar com um médico ou um advogado que produz cerveja por aí. Lucas Bento de Paula, sommelier do Mucha Breja, nos conta que o público do pub é composto, em sua maioria, por curiosos, que estão conhecendo este universo agora. ‘É um mercado muito novo no Brasil, que despontou há cerca de cinco anos, então são poucos aqueles que vêm aqui e conhecem bastante sobre cerveja’. Mas, vamos combinar que uma característica deve prevalecer em todos: ser maior de 18 anos.
Lucas Bento de Paula, sommelier
Incentivo à produção artesanal Em 2016 foi aprovado na Câmara de Santos o Projeto de Lei que visa regulamentar e incentivar a produção de cerveja artesanal na cidade.
Turismo Cervejeiro De olho no crescimento deste mercado na Baixada Santista, a agência Parceiros do Turismo, que opera na capital paulista o Beer Night São Paulo, já criou a edição santista do roteiro. O idealizador do projeto, Diogo Dias Fernandes Lopes, conta que ‘o Beer Night oferece aos participantes uma experiência divertida no extenso mundo da cerveja e valoriza a ideia que vem sendo difundida no Brasil: “beber menos e beber melhor”’. O projeto contempla algumas possibilidades de roteiros, como um city tour em Santos com visitação a bares especializados em cervejas artesanais e eventos de brassagem ou a opção que une cerveja e futebol, com visitação à Vila Belmiro e Museu Pelé combinados com um tour cervejeiro. Mais informações em fb.com/ parceirosdoturismo.
NATRAH artesanal da SIN Curso de cerveja
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CERVEJA
Beber menos e beber melhor
FERNANDO RUSSELL Sócio da Seven Kings Burgers N’Beers, em Santos.
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Este lema já virou chavão, mas cada vez mais resume a realidade. Durante muito tempo a cerveja que consumimos no país satisfez o paladar do cervejeiro e alegrou churrascos e happy hours Brasil afora. Muito disso remete a nossa ignorância sobre o que era produzido e consumido há séculos na Europa e há décadas nos Estados Unidos. E, “ignorância”, nesse caso, tem o sentido estrito: nós simplesmente não conhecíamos a cultura tradicional que envolve a cerveja. Em países como Bélgica, Alemanha e Inglaterra, a cultura cervejeira se mistura com a própria história de seus povos. As características climáticas, geográficas e, sobretudo socioculturais, contribuíram diretamente para a criação dos mais de cem estilos da bebida fabricados no velho continente. Por exemplo, o estilo IPA (India Pale Ale), que para muitos por aqui ainda é novidade, foi criada pelos britânicos, provavelmente do século 18. Mais lupulada e, por isso, mais refrescante e resistente, era produzida sob medida para os oficiais ingleses que estavam à serviço da coroa na Índia. Mas o país que mais influenciou a produção brasileira foi a Alemanha. Não à toa, a maioria das cervejas vendidas aqui se auto intitulam Pilsen um estilo que, apesar de original da cidade tcheca de Plzeň, leva a assinatura de um cervejeiro alemão e é baseado nas técnicas que formam a Escola Cervejeira Alemã. Apesar da semelhança com as Pilsens originais, porém, as nossas estão longe de fazerem jus a esse estilo clássico e consagrado.
E por que o lema “beba menos, beba melhor” tem se tornado uma realidade do Brasil? Trata-se, em suma, do reflexo de um movimento de consumo e produção de cervejas artesanais que chegou ao Brasil há alguns anos e não para de crescer: prova disso é a compra de microcervejarias por gigantes do mercado como a multinacional AB Inbev. Estamos descobrindo novos sabores e aromas e mudando nosso hábito de beber cerveja. Com bebidas mais saborosas e, não raro, de teor alcoolico maior - às vezes acima de 12% - o consumo, para muita gente, passou de uma atividade mecânica e pautada pelo volume, para um momento de apreciação voltada para o prazer da degustação. Hoje, é possível comprar cervejas do mundo todo em restaurantes, bares e até em supermercados. Além disso, ela está cada vez mais associada à gastronomia, dividindo atenções com o vinho - até então soberano neste quesito. Atesto isso com propriedade, como sócio da hamburgueria Seven Kings, onde todos os hambúrgueres do cardápio têm indicações de harmonização com estilos de cerveja. Para oferecer a experiência completa, a casa mantém uma carta de pelo menos 20 rótulos diferentes. Tudo bem, o Brasil está chegando um pouco atrasados nessa festa, mas o lado bom é que ela não tem hora para acabar. A produção de cerveja artesanal no Brasil só tem crescido em tamanho e em qualidade e a trajetória parece irreversível.
CAMEMBURGER “O MELHOR HAMBÚRGUER DO BRASIL” ORGULHOSAMENTE DE SANTOS A coroa é cobiçada, mas do nosso soberano ninguém tira! Venha provar o melhor hambúrguer do país na Seven Kings.
RUA DR. LOBO VIANA, 22 . BOQUEIRÃO - SANTOS
MOBILE
Nove Fotos
Cesar Cunha
FEITAS COM MOBILE Para celebrar os três anos da Revista Nove, mais uma vez fizemos uma parceria com a turma da TUmobgrafia (TUmob). Pedimos aos curadores que selecionassem nove fotos clicadas com aparelhos celulares por aqui. Olha que bacana o que o pessoal anda fazendo com os mobiles pelos nossos cenários.
A TUmob A TUmobgrafia (TUmob) é um movimento criado em Santos, pelos fotógrafos André Luiz Saleeby e Tom Leal, e o jornalista Maurício Businari, para promover a fotografia produzida em dispositivos móveis e estimular a criatividade e novos olhares sobre fatos, cenas e objetos do cotidiano.
Soraya Cardim Kleis
O grupo público, criado no Facebook em julho de 2016, conta com mais de mil membros ativos. Todos os dias, Saleeby e Leal selecionam, entre as dezenas de imagens postadas, a ‘Foto do Dia’, que é repostada com uma edição gráfica especial, divulgando o nome do autor, o local da foto e o aparelho utilizado. Entre no grupo e curta a fanpage TUmobgrafia, quem sabe o seu olhar não se destaque por lá também.
Marcia Mestre
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Soraya R. G. Carriao Alves
Tania Chinellato
Bruno Chalaupka
Eduardo Martinelli
Regina Vasquez
JosĂŠ Mota
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ABRINDO O BAÚ
RUINAS DO ABAREBEBÊ A igreja do padre voador resiste, majestosa, em Peruíbe
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FOTOS CHRISTIAN JAUCH
Bem próximo ao centro de Peruíbe encontram-se os vestígios do que teria sido uma das primeiras igrejas do Brasil. Construída com pedra, areia, conchas e óleo de baleia, pelos jesuítas e franciscanos, no século XVI, a igreja Consagrada Nossa Senhora da Conceição foi erguida para catequisar os índios tupi-guarani que viviam na então aldeia de São João Batista. A igreja ficou conhecida como Igreja do Abarebebê, pois era assim que os índios chamavam Leonardo Nunes, padre português que se estabeleceu no aldeamento para catequisar os indígenas.
Abarebebê, em tupi-guarani, significa padre voador: Leonardo Nunes se deslocava muito rapidamente entre os lugares. O monumento foi tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arquitetônico, Artístico e Turístico de São Paulo (Condephaat), em 1984, e é considerado o marco histórico da fundação de Peruíbe. Por sua importância histórica, este sítio arqueológico também foi escavado e estudado recentemente pelo Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo, além de ter sido retratado em obras de pintores consagrados, como as de Benedicto Calixto.
PARA VISITAR AS RUÍNAS PODEM SER VISITADAS DE TERÇA A DOMINGO, DAS 9H ÀS 16H. OS INGRESSOS PODEM SER ADQUIRIDOS NO PRÓPRIO LOCAL.
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ART&FATO
FOTOS: DIVULGAÇÃO
Rota dos Ateliers A Baixada Santista é um celeiro de artistas e abriga criações dos mais diversos segmentos. Muitos destes trabalhos podem ser encontrados nos bazares colaborativos, que têm ganhado espaço na região. Mas também é possível visitar os ateliers e acompanhar o processo de criação, além de conhecer mais peças das coleções de cada um deles. Por isso, preparamos um roteiro com sugestões de ateliers que você precisa conhecer. Assim, você ajuda a valorizar a produção local e melhora o seu repertório de opções de presentes, que tal?
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Morro do Bambu
Objeto Cerâmico por Bárbara Anderáos
A ceramista Maria Angélica Amat Dias transita há muito tempo por várias artes até que chegou à arte cerâmica, a ‘arte do fogo’, como ela define. Esteve recentemente em Yixing, na China, como artista convidada, onde dividiu espaço e conhecimento com vários artistas do mundo.
Bárbara Anderáos é formada em Artes Aplicadas, com ênfase em Cerâmica pela UFSJ e também teve experiências com a cerâmica no exterior, em países como EUA, China e Dinamarca.
Em seu atelier, Morro do Bambu, desenvolve peças para chefs, arquitetos e presentes em geral, além de ministrar aulas em seu estúdio três vezes por semana.
Em seu atelier, trabalha com cerâmica utilitária e decorativa, de alta temperatura, e com projetos exclusivos para arquitetos e restaurantes. Bárbara expõe e comercializa suas peças em eventos de economia criativa e no próprio atelier com agendamento prévio.
@morrodobambu R. Paraguay, 119 – Gonzaga – Santos
www.objetoceramico.com.br @objetoceramico R. Liberdade, 56 - Casa 1 – Santos
Elver Savietto Escultor e ceramista há 40 anos, Elver Savietto mantém um atelier, há 26, na Universidade Santa Cecília, instituição na qual é professor e que tem relação direta com sua trajetória. Pessoas de todas as idades podem ir e aprender as mais variadas técnicas que a cerâmica e a escultura possibilitam. O acervo de Elver abriga materiais como ferro, pedra sabão, placas de aço, azulejos para mosaicos, mármore, colagens e muitos outros, produzidos de modo singular.
@elversavietto R. Oswaldo Cruz, 277 – Boqueirão – UNISANTA - Bloco D - 5º andar - Santos Atelier Elisabeth Ruivo Espaço Quântico de Artes Com quase 30 anos de experiência, o Atelier Elisabeth Ruivo reúne peças que emocionam pela simples contemplação das cores ou ainda pela capacidade de se destacarem no mundo do design e da decoração. São trabalhos em cerâmica, mosaicos, telas e peças produzidas em fusing, arte que consiste na fusão de duas ou mais chapas de vidro que recebem pintura e vão ao forno sobre um suporte, fundindo e tomando a forma do molde.Elizabeth também dá aulas de cerâmica e mosaico com 3 horas de duração.
facebook.com/AtelierElisabethRuivo R. Estados Unidos da Venezuela, 33 Ponta da Praia – Santos Espaço Gravurar Um espaço gráfico que nasceu da necessidade de ampliação do cenário artístico cultural de Santos, concebido como um espaço de produção, formação e difusão de arte e cultura. O Gravurar oferece cursos contínuos e oficinas, grupo de estudo, palestras, mostras e diversas atividades
culturais. A cada tarde é oferecido um atelier livre com acompanhamento e orientação de uma artista da casa. Além das mostras, o Gravurar realiza duas feiras culturais anuais, o GRAVURE-SE, com exposição de vários artistas locais.
www.facebook.com/gravurar/ R. Anhanguera, 18 – Vila Matias – Santos Espaço MrN O Espaço MRN é uma casa multiuso cultural e artística, administrada coletivamente por marcas autorais. A loja colaborativa possui capacidade para abrigar 85 marcas e já abarca produtos dos mais diversos segmentos (acessórios, artes plásticas, calçados, cosmetologia, decoração, gastronomia, infantil, joias e vestuário), além de estrutura para oficinas, aulas e demais atividades culturais. O espaço também é sede do atelier fixo da MRN Bolsas e de um atelier rotativo, um projeto onde marcas recebem ajuda de custo para começar a sua trajetória autoral
@espacomrn R. Goiás 154, Gonzaga – Santos Atendimento de segunda a sexta, das 11h às 19h e sábado, das 12h às 18h Atelier Oficina 44 Criado em 1995 para abrigar artistas na produção de sua arte, o Atelier Oficina 44 é um coletivo de artesãos de vários segmentos, que também realiza exposições, lançamentos de produtos, vernissages e eventos gastronômicos. O Show Room da Oficina 44 é aberto diariamente e o público pode visitar para conhecer os artistas e suas criações.
facebook.com/atelier.oficina44 R. Liberdade, 44 – Boqueirão – Santos
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CENÁRIO
Ilha Diana
UM CANTINHO QUE AINDA GUARDA AS DELÍCIAS DA CULTURA CAIÇARA Um lugar inusitado entre Santos, Guarujá e Bertioga, embora integre o mapa cartográfico santista. Você até já pode ter escutado falar da Ilha Diana, mas já foi até lá? Sabia que é um baita passeio? Assumo, sou uma dessas pessoas que já tinham escutado falar, mas nunca tinham ido lá conhecer tudo de pertinho. E que bom que isso aconteceu agora e vou contar minha impressão pra você.
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no centro de Santos, e fomos recepcionados pelas guias Patrícia e Ângela, do projeto de educação ambiental e Turismo de Base Comunitária, “Vida Caiçara”. Aliás, é esse o projeto responsável por agendar, recepcionar e acompanhar todo o passeio pela Ilha.
O nome feminino tem propósito, pois ela carrega grandeza e persistência em se fazer presente, e ter destaque no imenso leque de belezas do litoral paulista. Daqui a pouco falo mais sobre o nome da Ilha, agora é hora de zarpar.
A dupla, muito simpática e acolhedora, nos levou até a Ilha Diana, onde moram 60 famílias, cerca de 260 pessoas, muitas delas descendentes dos primeiros moradores que fundaram o lugar, em 1940, depois da remoção das famílias que residiam na área onde foi construída a Base Aérea de Santos, em Guarujá.
Eu e mais um grupo de pessoas nos dirigimos até a central de barcas da Dersa, atrás da Alfândega,
No trajeto, olhares e ouvidos atentos à explicação das guias que nos mostraram as características da
POR FABIANA OLIVEIRA • FOTOS FABIANA OLIVEIRA e CHRISTIAN JAUCH
geografia local, com riqueza de detalhes não só sobre as dimensões, mas também sobre a fauna e flora que é um encanto a parte do lugar. Ah, um detalhe, pra quem acreditava conseguir presenciar o sobrevôo de guarás vermelhos somente no Nordeste e em Cubatão, na área recuperada do pólo industrial, enganou-se. A Ilha Diana abriga não só esses pássaros lindos, mas também colhereiros, garças, sem contar as outras espécies de animais, como mamíferos, e aqueles que vivem nas ricas áreas de manguezais.
Um rolê pela ilha
ginou a criação do projeto Vida Caiçara, hoje chegando próximo a independência e autossustentabilidade. E foi nessa caminhada, analisando a dança dos caranguejinhos, que conheci o ‘prefeito da Ilha’, como se autointitula o Seo Adriano. Adriano da Silva Alves tem 50 anos de Ilha Diana. Chegou jovem, causando uma revolução no lugar. “Era só mangue, tudo encharcado, tive que mudar as coisas pra viver. Peguei na enxada e nunca mais larguei, menina. Esse lugar aqui ó fui eu que fiz, com a ajuda de algumas pessoas daqui, mas fui eu que fiz! Pois é, por isso que eu sou o prefeito daqui, cuido de tudo.”,
Chegamos à ilha. A recepção ficou por conta do Valdeci, integrante do Vida Caiçara, que nos levou até um café da manhã delícia, especialmente preparado para o nosso grupo. Barriga cheia, curiosidade aguçada, e seguimos caminhando pela Ilha. A cada casa, a cada espaço, a cada viela aberta, uma descoberta. Pelo caminho, todo o cuidado era pouco já que dividíamos o chão com minúsculos caranguejos espalhados por todo o solo da Ilha. Conhecemos o trabalho feito pela DP World na conscientização ambiental da Ilha Diana, que ori-
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CENÁRIO
me explicou todo orgulhoso, apontando para a Praça das Palmeiras. O zelo dele pela ilha não é segredo, ele faz questão de ter tarefas exclusivas, como é o caso da luz da igreja. “Todos os dias, às seis da tarde em ponto, lá está o Seo Adriano acendendo a luz da igreja. E se ele chega lá e a luz já está acesa, pois ele apaga e acende de novo. Todo dia é isso.”, conta a nora dele, Patrícia. E por falar em igreja, que coisa linda que é a igreja de Bom Jesus da Ilha Diana. Acolhedora, rústica, acabou de ser reformada. Em agosto acontece a Festa do Bom Jesus da Ilha Diana, com a missa campal e uma programação com muita música, artesanato e comida típica caiçara. Imperdível, a Ilha lota de visitantes e convidados.
Comer por lá
Imperdível também é o almoço na Ilha. Eu comi, repeti e, aliás, repetiria novamente, mas aí minha mãe me ensinou que isso é gulodice e me segurei na saudade de voltar pra comer de novo, numa outra oportunidade. Sabe comida caseira raiz? Então, a turma do Vida Caiçara arrasou no cardápio preparado para o nosso grupo.
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A pesca já não é mais a subsistência de quem mora na Ilha Diana, mas ainda é o diferencial que alimenta a tradição e a qualidade de vida. Nesse almoço, o peixe foi pescado horas antes. Tem noção de quanto isso é especial e personalizado? Na mesa, além das saladas, arroz, feijão,
o peixe fresquinho nas versões frito e ensopado, molho de camarão, pirão e um prato que teve destaque no meu estômago e no meu coração: polenta com marisco. Vocês não acreditam o poder que tem esse prato na memória de uma pessoa. Magnifíco! O passeio continuou na água. Entramos num barco e seguimos pelo mangue que envolve a Ilha. Sentido Canal de Bertioga, percebemos a amplitude e a necessidade de se manter vivo esse ecossistema tão importante pro meio ambiente. E foi nesse segundo trajeto de barco que descobri a origem do nome da Ilha, pelo menos a versão que a maioria dos moradores acredita. “O nome da Ilha vem do Rio Diana, né? Dizem que uma índia chamada Diana morava na Ilha e quando mergulhava na água, virava sereia. Inclusive, quando foram construir a escola lá na Ilha, escavaram e acharam muitos ossos. A gente acreditou nessa história, e por isso ficou Rio Diana, e Ilha Diana.”, disse a guia Patrícia, nos deixando com a imaginação aberta pra entender essa história. Combine com a família, com os amigos, com a escola também, e siga rumo a um lugar rico em tradição e pessoas hospitaleiras e queridas! O projeto Vida Caiçara é o grande anfitrião disso tudo. Há diversos tipos de passeio, com diferentes tempos de duração e abordagem, enfim, liga lá e depois vem me contar a tua impressão.
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Gente nossa, arte para o mundo Quando essa edição comemorativa da Revista Nove começou a ganhar corpo, entendemos que um projeto tão especial merecia ter uma identidade própria. Mas, claro, que essa tal identidade deveria estar conectada com o histórico da revista, com tudo aquilo que acreditamos e que você espera. Esse caminhar que já soma três anos, 12 edições impressas e mais de mil publicações no portal www. revistanove.com.br fez com que a Nove desenvolvesse muitas peculiaridades: o visual exclusivíssimo; conteúdo inédito e bem trabalhado; projeto editorial diferenciado, além da conquista de um público exigente e cativo. Essa trajetória nos colocou em contato com a imensa gama de talentos nas mais diversas artes. Se temos tanta gente com talento por aqui, nada mais justo que nossa capa ganhasse a assinatura de um desses mestres. E, então, o destino nos colocou em contato com o Leonardo Leite, da Estúdio Prêo. Mas a nossa capa especial também poderia ser assinada pelo Tija, pela Gabi Miranda ou pela Nice Lopes, os outros três artistas que vamos apresentar nessa matéria. Infelizmente muitos ficaram de fora da matéria, mas não do nosso radar. Ainda teremos outras oportunidades para falar mais sobre o cenário das artes visuais na Baixada Santista.
Sobre a nossa capa Para o processo criativo que ilustra a capa dessa edição, Leo considerou dois, dos principais atributos que representam a Baixada Santista: a praia e a mata atlântica. “Procuramos trazer algo completamente diferente do que a Revista Nove sempre trouxe em suas capas, mas sem perder a essência do projeto. É como se fosse o olhar de um drone sobre a Baixada Santista, com um toque mais artístico e alegre”, explica o artista.
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POR DIEGO BRÍGIDO E FABIANA OLIVEIRA • FOTOS DIVULGAÇÃO
Leonardo Leite: Artesanato e pintura no mesmo contexto Vamos começar pelo artista que ilustra a nossa capa. O Leo Leite é designer de interiores e ilustrador, com mais de 10 anos de experiência em lojas de decoração. O talento surgiu aos nove anos e, desde então, apesar das referências urbanas, ele procura trabalhar com as mais diferentes técnicas. Leo demorou para encontrar personalidade em sua arte, até que resolveu fundar a Estúdio Prêo. Só a partir daí, começou a enxergar a sua essência como artista nos trabalhos. Adepto da arte tradicional e do artesanato, ele é um apaixonado por instalações e pinturas em grandes formatos, quando tem a oportunidade de unir suas criações como artesão às pinturas. Suas referências estão no cotidiano e o processo criativo, no estudo das cores e suas ramificações. Léo é do tipo de artista visual que gosta de tocar na peça e, com as tintas, busca criar algo único e inesperado. O resultado de seu trabalho é algo misto e contemporâneo. Seu público é formado por arquitetos, design de interiores e, claro, consumidores de arte em geral. Você vai encontrar a arte da Estúdio Prêo em restaurantes, cafés, em lojas de decoração, e agora, na capa da revista! Para conhecer mais sobre a arte do Leonardo Leite: @estudiopreo
Renato Tija e a Geometria Intuitiva O Tija é um velho conhecido nosso. Ele é o ‘cara dos desenhos geométricos’, ou da Geometria Intuitiva, como costuma definir a sua técnica. Renato Faustino teve certeza que seria artista aos oito anos de idade, na época, aficcionado por street dance. Podia ter sido dançarino, mas a paixão pelas artes visuais acabou ganhando destaque quando, aos 10 anos, descobriu o talento durante um concurso de bolsa. Aos 15 anos entrou para a escola Panamericana e aos 17 já era assistente de um grande diretor de arte. Ele explica que o objetivo da Geometria Intuitiva é provocar a evolução do processo interativo do cérebro de quem vê a obra. “O trabalho em si ativa as partes mais adormecidas do cérebro do espectador e o coloca em um processo evolutivo com cores e formas”, explica Tija. Renato segue três linhas de trabalho: desenvolve patterns (padrões geométricos) para superfícies na área têxtil, faz gravuras e também pinta murais. “É abstracionismo puro dentro de um contexto sensorial”. Sua arte chega às pessoas por meio dos arquitetos e, claro, das redes sociais. Cerca de 65% de seu público é de mulheres e pessoas que conseguem captar a energia visual de suas obras. Para conhecer mais sobre a arte do Renato Tija: @renatotija e www.renatotija.com Andressa Rocha
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ART&FATO
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Nice Lopes e a infância inventada Além de publicitária, Nice Lopes é ilustradora e designer gráfica. A inspiração pode vir de um inseto pousado numa flor, ou da trilha de formigas na avenida movimentada. O olhar de Nice foca situações que geralmente são desprezadas pela maioria.
Num passeio por suas principais obras, percebe-se a presença do lúdico. De acordo com Nice, a própria infância foi seu ponto de partida, “Gosto muito de desenhar crianças com olhos grandes e cabeças desproporcionais, como se o corpo não fosse aguentar o peso de tantas ideias. Prefiro pensar que faço uma arte que retrata minha infância inventada, como diria Manoel de Barros”. Suas ilustrações reforçam a viagem do imaginário em telas, roupas, revistas, jornais (The Wall Street foi um deles) e livros. Ah, os livros! Nice está em pelo menos cinco infanto-juvenis, sendo que em um deles, Sebastião, também é responsável pelo texto. Há registro da artista também em publicações para gente grande, principalmente para quem trabalha com artes gráficas: Illustration Now!2 e IllustrationNowPortraits, ambos da editora alemã Taschen. Sua arte é mensagem que educa, conscientiza, permite viagem a mundos inconscientes. Seu trabalho está exposto em sua casa-ateliê, o espaço cultural La Casita, em Santos.
Para conhecer mais sobre a arte de Nice Lopes: @nicelopesartist e @lacasitaatelie. Para quem deseja conferir presencialmente as obras da Nice é só marcar pelo lacasitatelie@gmail.com e chegar no La Casita, em Santos, onde promove inúmeros eventos.
Gabriela Miranda e o voo pelo mundo De preto e branco a vida dela não tem nada! Mas o gosto pelas duas cores iniciou um processo transformador na existência da artista Gabriela Miranda. Formada em arquitetura e urbanismo, hoje dedica-se exclusivamente à arte. O sinal do que ‘seria quando crescesse’ veio aos 3 anos, quando fez um desenho que impressionou a família. Aos 15 anos, fazia camisetas customizadas para os amigos. Aos 18, pintou o primeiro mural. Há três anos, começou a investir na arte como profissão. “Um grande desafio foi me impor como artista mulher, defender minhas ideias e conceitos”, conta. Gabi não curte uma linha única de referência artística. “A fotografia acaba sendo a minha principal referência. Gosto de ver a imagem real do que vou produzir e, assim, desenhar do meu jeito”. Conseguir deixar a marca nos mais variados objetos e espaços, a fez dar um salto imenso na carreira. Em 2017, se inscreveu no concurso da ElephantParade, a exposição de arte ao ar livre mais importante do mundo. Num susto, recebeu o convite da organização, “Quando cheguei no coquetel de inauguração, o meu elefante estava na porta”, celebra. Gabriela Miranda é cada vez mais do mundo e, para ela, poder transitar por diferentes lugares tem provado que é possível viver de sua arte.
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Para conhecer mais sobre a arte de Gabi Miranda: @gabimirandas
PERSONA
Ivan di Ferraz
A HISTÓRIA DE UM CORDELISTA APAIXONADO Nascido no pequeno povoado de Bacabinha, hoje munícpio de Paulo Ramos, no interior do Maranhão, ele cresceu ainda mais afastado da cidade. Seus pais – um morador do povoado e uma índia analfabeta – se separaram assim que ele nasceu, então a mãe e ele foram morar com uma prima dela na fazenda.
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Aprendeu a ler e escrever sozinho, com romances que a mãe comprava para ele. ‘Na comunidade, havia sempre alguém que sabia ler e escrever melhor e esta pessoa se propunha a ensinar os outros’, conta Ivan, que passou a ler as histórias para os moradores do vilarejo. No início dos anos 1970 voltaram para Paulo Ramos e, próximo de completar 18 anos, como a maioria dos jovens daquela região, ele resolveu tentar a vida fora do Nordeste. Aí começou a saga de Ivan di Ferraz para viver da sua arte. ‘A primeira tentativa foi tão dificil, que fiquei apenas
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um mês em Brasília e voltei pra casa. Mas aí percebi que na minha cidade seria mais difícil ainda e parti de vez’. Ivan ficou entre São Paulo e Brasília, trabalhando na construção civil e em fábricas. Mas o trabalho braçal não animava o jovem, que já pensava na música. ‘No meu povoado, quando tinha festa, eu não queria dançar, queria ficar junto dos músicos para aprender a tocar’. Em Brasília e São Paulo trabalhou em bares e restaurantes, para interagir mais com as pessoas. Foi morar em pensões no centro de São Paulo, onde conheceu outras pessoas que lutavam para viver de arte. No início dos anos 1980 começou a se reunir com músicos na Praça da Sé e ali passou a entender que queria mesmo viver da sua paixão. Porém, em 1983, o sonho foi interrompido com um casamento seguido do nascimento da primeira filha. Neste período ainda conseguiu fazer um curso de cabeleireiro durante o horário de almoço do trabalho. Ficou cinco anos afastado da música e quando o casamento acabou precisou recomeçar a batalha. ‘Foi outro período muito difícil, pois saí da separação apenas com a roupa do corpo’. Em 1989 um primo que morava em Santos o
FOTO CHRISTIAN JAUCH
convidou para ir à cidade e assim Ivan partiu mais uma vez, de mala e viola nas costas. O primeiro emprego no litoral foi em um salão de snooker e foi ali, preparando as bebidas, que ele resolveu fazer um curso de barman e conquistou o seu segundo certificado. No início dos anos 1990 casou-se novamente e nos anos que seguiram fez cursos de canto, violão, teoria musical, teatro e inglês. Também se formou como técnico em turismo e guia regional.
A descoberta da Fortaleza
‘Um dia, vi uma placa que recrutava voluntários como monitores da Fortaleza da Barra Grande’ e, embora estivesse desempregado, Ivan aceitou o estágio não-remunerado. Passou a viver das gorjetas que as pessoas davam ao final das monitorias.
mais visitantes. Hoje, o cordelista é um grande diferencial do equipamento turístico, que, além da beleza arquitetônica, oferece uma vista deslumbrante da orla da praia santista. De onde vem a inspiração para as letras? – perguntamos. ‘Da minha rotina, do meu percurso entre a Fortaleza e minha casa, na Praia do Góes’. Ivan caminha 15 minutos por uma trilha, na ida e na volta do trabalho, todos os dias, beirando o mar, em meio à mata atlântica. ‘Tem sombra, sol, suor, pedra, ladeira e nascente. Tem tudo no meu caminho’.
Foi contratado pela prefeitura de Guarujá e se mantém até hoje fazendo um duplo e poético trabalho na Fortaleza. Ivan descobriu no equipamento uma maneira de colocar sua paixão em prática e traz um pouco do cordel para contar a história do local aos visitantes. ‘A primeira música que fiz foi o Hino da Fortaleza para um trabalho com as crianças que visitavam o local’. A ideia caiu no gosto dos gestores e passou a atrair
EU VOU CONTINUAR TOCANDO, TENTANDO E QUERENDO QUE MEU TRABALHO SEJA RECONHECIDO DE UMA FORMA MAIS AMPLA IVAN DI FERRAZ CORDELISTA E MONITOR NA FORTALEZA DA BARRA GRANDE EM GUARUJÁ
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CULTURA
OFERECE
FOTOS: CHRISTIAN JAUCH
PRECISAMOS FALAR SOBRE NOSSOS MUSEUS Em setembro de 2018, acompanhamos com o coração partido a tragédia que colocou abaixo o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, e transformou em escombro e cinzas o maior acervo da América Latina. Diante da perda de grande parte de nossos registros históricos, precisamos despertar para a importância de preservar o que há de história e cultura em nosso país, inclusive na Baixada Santista. E, sendo assim, precisamos falar sobre os museus da nossa região. Precisamos coloca-los em evidência, para que não caiam no nosso esquecimento e não sejam vítimas da omissão do poder público e de seus gestores. Valorizar, preservar e contar a nossa história é a única forma de mantê-la viva na memória de qualquer geração, e mesmo que muitos não deem a devida atenção ao assunto, nós ainda estamos aqui para servir de exemplo e espalhar cultura por aí. Então, em parceria com a Associação dos Profissionais do Turismo da Baixada Santista (APT) selecionamos nove museus da Baixada Santista que abrigam parte importante da história da região, do Brasil e do mundo, e que merecem toda atenção e cuidado. Programe-se para conhecê-los, você vai se surpreender com o que vai encontrar por lá.
Museu do Café, em Santos
Instalado no belíssimo Palácio da antiga Bolsa Oficial do Café, o Museu do Café foi criado em 1998 com o objetivo de mostrar a relação histórica entre o café e o Brasil. Em seu acervo, traz
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objetos e documentos que evidenciam a evolução da cafeicultura e do desenvolvimento político, econômico e cultural do país, além das telas e do vitral de Benedicto Calixto. Para começar ou encerrar a visita, vale uma passadinha pela premiada cafeteria do museu.
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Forte São João, em Bertioga
Foi a primeira fortificação construída no país, com o intuito de defender as vilas de São Vicente, Santos e São Paulo, em 1532, batizado inicialmente como Forte São Thiago. O local recebe mostras e exposições que retratam a história do país e a vista do Canal de Bertioga já vale a visita.
Museu de Pesca, em Santos
O conjunto arquitetônico abriga o museu do Instituto de Pesca e seu acervo conta com todo tipo de material ligado ao tema, desde exemplares de tubarões e peças taxidermizadas, ambientes lúdicos e até o famoso esqueleto de baleia Fin com 23 metros de comprimento e 7 toneladas.
Museu de Arte Sacra de Santos, em Santos
Uma das mais importantes instituições museológicas de arte sacra do país, o conjunto arquitetônico já abrigou o Mosteiro de São Bento, e hoje abriga o MASS, aos pés do Morro São Bento. Para apresentar a relação histórica entre a arte sacra e o desenvolvimento da região, o museu apresenta bens móveis e integrados ao mosteiro, objetos de arte sacra, mobiliário, esculturas, pinturas, e muito mais em seu riquíssimo acervo.
Museu Histórico da Fortaleza da Barra Grande, no Guarujá
Construída em 1584 para defender o Porto de Santos, a Fortaleza da Barra Grande divide a atenção dos visitantes entre a vista que proporciona e o museu que abriga, que recebe exposições itinerantes, além do suntuoso mosaico ‘Vento Vermelho’, última obra do pintor japonês Manabu Mabe.
Museu do Porto, em Santos
Abriga um importante acervo histórico dos portos do país, com coleção de peças que resgatam a memória portuária, fotos com cerca de 700 negativos em vidro, biblioteca com mais de 3 mil volumes e uma videoteca com centenas de fitas de vídeo, filmes e slides. A edificação que abriga o museu foi construída em 1902 para servir de moradia aos dirigentes portuários da época.
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OFERECE FOTOS: ODJAIR BAENA
Casa da Cultura Afro-brasileira, em São Vicente Instituto Histórico e Geográfico de O espaço abriga mais de 130 peças em argila do artista Geraldo Albertini, que contam a história da escravidão no Brasil. A experiência vai desde as peças até a construção do ambiente, que simula uma senzala. Nas paredes, é possível ver a rotina nos quilombos retratada, como faziam os escravos. O espaço é totalmente dedicado à cultura afrodescendente.
Palácio das Artes, em Praia Grande
O imponente complexo na entrada da cidade abriga o Museu da Cidade, a Galeria Nilton Zanotti, o Teatro Serafim Gonzalez e o Salão de Eventos. No Museu, é possível encontrar toda a história da cidade, contada por meio de documentos, vídeos, fotos, painéis e muito mais. Já na Galeria, você encontra exposições itinerantes de médio e grande porte durante o ano todo.
Santos, em Santos
Criado em 1938, com o objetivo de preservar a memória da cidade e estimular a produção de pesquisa e trabalhos sobre a história de Santos, de São Paulo e do Brasil. No acervo, é possível encontrar uma biblioteca com aproximadamente 10.000 livros, um pequeno museu e documentos históricos de Santos e região.
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UM NOVO OLHAR
UM NOVO CENÁRIO para o turismo de eventos em Santos O setor global de viagens e turismo cresceu 3,9% ao contribuir com uma cifra recorde de US$ 8,8 trilhões e gerar 319 milhões de postos de emprego em todo mundo em 2018. Pelo oitavo ano consecutivo, este resultado foi superior à taxa de crescimento do PIB mundial, de 3,2%. Os dados são do Conselho Mundial de Viagens e Turismo (World Travel & Tourism Council - WTTC), ao lado da Oxford Economics.
Um em cada cinco novos empregos gerados nos últimos cinco anos Os números impressionam ainda mais se considerarmos que o turismo foi o segundo setor de maior crescimento, atrás apenas de manufaturas (+4%), mas à frente de importantes segmentos como cuidados de saúde (+3,1%), tecnologias da informação (+1,7%) e serviços financeiros (+1,7%). No Brasil são 6,9 milhões de empregos (7,5% do total de trabalhos gerados no Brasil). Houve ainda um aumento na participação com gastos de lazer para 78,5% (acima dos 77,5% em 2017), o que significa que 21,5% foram das viagens corporativas e negócios.
O impacto do turismo de negócios na indústria Além das necessidades que são comuns tanto a quem viaja a negócios quanto ao turista de lazer, um colaborador atuando em outro destino em nome de sua empresa faz uso de uma série de recursos, equipamentos e espaços específicos.
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Assim, além de adquirir passagens aéreas, de alugar um carro para o deslocamento no destino, de alimentar-se na cidade e de reservar um quarto de hotel, o viajante a negócios também requer espaços para realizar eventos, feiras e treinamentos e salas de reuniões. Há também a necessidade de contratar fornecedores locais, profissionais técnicos e de alugar equipamentos e tecnologia para essas ocasiões. Com isso, o colaborador e a empresa que fornece os recursos para a viagem contribuem ativamente para a movimentação dos negócios na cidade de destino e para a indústria do turismo como um todo. Isso torna-se ainda mais significativo nas épocas de baixa ocupação, nas quais os destinos turísticos percebem uma diminuição considerável dos visitantes, mas que não afetam o turismo de negócios. A cidade de São Paulo, por exemplo, recebe milhões de turistas todos os anos — mais especificamente cerca de 3,5 milhões deles. Destes, 67% vão à capital paulista por motivos profissionais, o que faz de São Paulo a capital nacional do turismo de negócios.
O crescimento do turismo de negócios dentro das empresas Segundo dados de junho de 2018 da ALAGEV Associação Latino Americana de Gestores de Eventos e Viagens Corporativas, 46% dos gestores das empresas analisadas reportaram diferentes níveis de aumento nos gastos com viagens corporativas. No setor da hotelaria, o turismo de negócios também representa a maior fonte de lucros. Em 2018, o
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Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB) reportou que, em todos os segmentos de valores de diárias, os hóspedes viajando a negócios somam mais da metade dos clientes.
Santos inserida nesse novo cenário A chegada recente de novos hotéis de redes nacionais e internacionais aumentou notadamente a capacidade de hospedagem e qualificou ainda mais o atendimento na hotelaria santista. Além disso, hotéis que antes eram de administrações familiares também foram assumidos por grandes redes. A tendência é que o mercado passe a considerar mais o destino Santos para eventos corporativos por conta dessa nova realidade. São nomes como Marriot, Atlântica, Accor, Bourbon e Atrio. A composição desse cenário favorável ficará completa com contrução nos próximos anos de um novo e moderno Centro de Convenções de Santos. O espaço terá um total de 29 mil metros quadrados e contará com heliponto na cobertura, pavilhão de feiras e exposições climatizado, salas de evento, auditório para mais de 4,5 mil pessoas e 400 vagas de estacionamento cobertas.
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PERSONA
Itamirim
‘EU SOU A PEDRA PEQUENA E ESTE NOME ME FORTALECE’ Seu nome, Itamirim, ‘pedra pequena’ em tupi-guarani, não traduz a força de sua atuação junto às aldeias indigenas do litoral sul. Ela é uma espécie de porta-voz da aldeia Tabaçu Reko Ypy, na terra indígena Piaçaguera, na divisa entre Itanhaém e Peruíbe. Seu discurso, firme e convicto, é de quem luta pelos direitos do índio continuar sendo índio, mas também de quem sabe que não dá para viver totalmente à parte do mundo ‘lá fora’. Professora, ela é formada pela USP, tem 37 anos e dissemina a cultura indígena na região falando e cantando sobre a importância de os povos indígenas poderem continuar vivendo como tal. ‘Sem os índios, não vejo como conseguiremos preservar a natureza e manter o equilíbrio com o meio ambiente’, afirma. Além das disciplinas como matemática, ciência e português, Itamirim usa o ambiente natural para ensinar as crianças indígenas a serem índios. ‘Eu ensino a fazer fogo sem isqueiro, beber água sem copo, preparar um abrigo em caso de chuva, colher os frutos e saber quais podem ser comidos. Vivência pura’. A ideia é que as crianças cresçam sabendo se virar no ambiente deles. Itamirim e todos os outros 25 índios das sete famílias que moram na aldeia mantêm, dentro de sua terra, as tradições e o modo de vida do seu povo. Conversam em tupi-guarani entre eles, vestem-se apenas com sungas, andam pintados e chamam-se pelo nome em tupi-guarani, apesar de todos terem o seu nome civil, como são conhecidos pela sociedade. ‘O nosso nome verdadeiro é muito importante, pois é sonhado antes de a criança nascer pelo mais velho da tribo ou pela avó da criança. Tem um significado forte para cada um de nós, por isso só usamos o nome civil fora da aldeia’.
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‘Pedra pequena’ já viveu em cinco das outras aldeias da região e decidiu, junto da mãe e do marido, o cacique da tribo Verá (Relâmpago) criar a própria aldeia para fazer um
trabalho de fortalecimento da raíz indígena tradicional. ‘Muitos líderes querem trazer a cidade para dentro da aldeia, mas nossas raízes indígenas ainda são muito fortes dentro de nós, por isso o nome Tabaçu Reko Ypy, ‘o renascer da grande aldeia’. Não falo da aldeia física, mas da aldeia que habita em nós, nossos costumes, nosso jeito de viver em harmonia com a natureza, de criar as crianças, de compartilhar tudo’. Para Itamirim o modo de vida do homem branco é muito sedutor e isso faz com que muitos líderes indígenas sejam influenciados e esqueçam suas raízes. ‘Mas aqui nós definimos que viveremos com 50% da nossa cultura e 50% da cultura de fora, para que não percamos nossa essência e também não fiquemos perdidos diante do mundo. Infelizmente dependemos da tecnologia e de outras coisas do homem branco pois a nossa mata não oferece mais tudo o que precisamos’, lamenta. Ela acredita que quando um líder indígena permite que a cultura do homem branco invada a sua tribo, ele está ajudando a matar a cultura do índio. ‘Não adianta as aldeias se prepararem para receber turistas, encenando um modo de vida indígena e no dia-a-dia não vivenciarem isso de verdade. Aqui nós somos o que somos todos os dias, o que eu propago é o que eu vivo e o que minha gente vive’. Itamirim lamenta que muitas pessoas questionam ‘por que o índio quer tanta terra se ele não faz nada?’ E rebate: ‘nós fazemos o mais importante, que é preservar essas terras para vocês, homens brancos’. ‘Se notamos algum desmatamento, acionamos a Funai, se percebemos queimadas, também denunciamos. E neste sentido, temos apoio dos órgãos responsáveis’. Por meio da música, ela leva sua cultura à cidade e tenta atrair as crianças indígenas para as suas raízes. ‘Eu faço música que conta a nossa história em ritmos populares para que nossos pequenos não se sintam tão deslocados e não achem chato ser índio’.
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PERSONA
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Pagu
PORQUE NEM TODA BRASILEIRA É BUNDA A frase do título pertence à música de Rita Lee e Zélia Duncan, que leva o nome de Pagu e eterniza sua importância na militância política e no cenário cultural brasileiro. Patrícia Rehder Galvão, a Pagu, foi um dos ícones do movimento modernista no Brasil e se destacou como escritora, jornalista, poeta, diretora de teatro, desenhista, e sobretudo agitadora cultural, feminista e militante política. A primeira brasileira no século 20 a ser presa política teve uma vida curta, mas intensa, de lutas e entrega. Morreu em 1962, aos 52 anos, vítima de um câncer, que a levou, inclusive, a uma tentativa de suicídio. Ainda antes de ser Pagu, Patrícia Galvão já era considerada uma menina avançada para a época, pois tinha comportamentos que não condiziam com sua educação conservadora. Fumava na rua, falava palavrões e usava blusas transparentes e cabelos curtos e eriçados. Aos 15 anos, enquanto estudava para ser professora, passou a escrever para um jornal de bairro, em São Paulo, e frequentou o Conservatório Dramático e Musical, onde teve aulas com Mário de Andrade e Fernando Mendes de Almeida. Com 19, por intermédio de Raul Bopp, conheceu o casal de modernistas Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral, que a introduziram no movimento antropofágico. Teria sido Raul o inventor de seu apelido, por achar que seu nome era Patrícia Goulart. No poema ‘Coco de Pagu’, usa o codinome, que viria se eternizar, pela primeira vez.
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Pouco tempo depois, Oswald separou-se de Tarsila e casou-se com Pagu, que já esperava um filho seu, Rudá de Andrade. Alguns meses após o parto, Patrícia Galvão foi a Montevidéu, no Uruguai, participar de um festival de poesia, quando conheceu o líder comunista Luis Carlos prestes.
Ao voltar para o Brasil, Pagu e Oswald se filiaram ao Partido Comunista (PCB) e fundaram o jornal de esquerda ‘O Homem do Povo’. No mesmo ano, em 1931, ela é presa em Santos, ao participar de um comício, durante uma greve dos estivadores, e levada para um cárcere na Praça dos Andradas, conhecido hoje como Cadeia Velha, onde funciona um centro cultural que leva o seu nome. No ano seguinte, Pagu foi morar em uma vila operária no Rio de Janeiro, onde trabalhou como proletária e escreveu o romance proletário Parque Industrial, assinado por Mara Lobo, pseudônimo exigido pelo Partido Comunista, além de uma peça de teatro baseada nele. Em seguida, começou a viajar pelo mundo como correspondente de jornais cariocas e paulistanos. Na China, criou vínculos com o último imperador, Pu-Yi, de quem conseguiu as sementes de soja que iniciam a cultura do cereal no Brasil. Também trabalhou em Paris, como jornalista e tradutora de filmes, onde foi ferida em manifestações de rua e presa três vezes. Nos anos que se seguiram, foi levada para a prisão diversas vezes pelo governo getulista no Brasil, mas continuou uma intensa produção cultural. Em 1940, já separada de Oswald de Andrade, casou-se com Geraldo Ferraz, com quem tem o seu segundo filho, Geraldo Galvão Ferraz. Em São Paulo, publicou crônicas em A Noite, sob o pseudônimo Ariel, além de contos policiais para a revista Detective e outros romances, como A Famosa Revista, em parceria com Geraldo Ferraz. Pagu também foi candidata à deputada federal, pelo Partido Socialista Brasileiro, e escreveu outras obras, incluindo a peça Fuga e Variações.
Em Santos Quando veio morar em São Vicente e em Santos, em 1964, começou a trabalhar para o jornal A Tribuna, onde assinava uma das primeiras colunas de TV no Brasil, com o pseudônimo Gim. Por aqui, também incentivou o teatro de vanguarda, quando coordenou a primeira edição do Festival do Teatro Amador de Santos e Litoral. Em setembro de 1962, Pagu voltou a Paris para se submeter a uma cirurgia em decorrência do câncer. A operação não deu certo e ela tentou o suicídio, sem sucesso. Em dezembro, já muito debilitada, publicou o seu último texto em A Tribuna, o poema Nothing, às vésperas de sua morte, em Santos. Conforme aponta a professora Lúcia Maria Teixeira, pesquisadora de Pagu desde 1988, “Ela sempre sonhou entregar-se totalmente, sem limites, até a aniquilação, ao amor, a uma causa, à vida e até à própria morte”.
Pagú tem uns olhos moles Uns olhos de fazer doer.
Bate-coco quando passa. Coração pega a bater. Eh pagú eh!
Dói porque é bom de fazer doer (...) [POEMA ‘COCO DE PAGU’, DE RAUL BOPP, DEDICADO A ELA, EM 1928]
COM INFORMAÇÕES DE ‘VIVA PAGU – FOTOBIOGRAFIA DE PATRÍCIA GALVÃO’, DE LÚCIA MARIA TEIXEIRA E GERALDO GALVÃO FERRAZ E WWW.PAGU.COM.BR.
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CONCIERGE
...I'ts ok not to be ok... No momento em que a Nove completa 3 anos de vida e, em meio a tantos assuntos possíveis, sobre o que falar? Transformação! Porque não há nada mais sensato do que festejar sua história e o jeito aguerrido com que o seu Editor a fez chegar até aqui do que com um ensaio acerca da mudança. Puxa saco dele? Sem dúvida! E um orgulho que pra caber no peito a gente precisa acomodar bem.
BRUNO REIS Publicitário, bacharel em turismo, especialista em comunicação organizacional e relações públicas e guia de turismo. Há 15 anos atua no mercado de hospitalidade, comunicação e eventos no Brasil e exterior. concierge@revistanove. com.br
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A metamorfose que é a vida – de todos nós, com freqüência, convida à reinvenção. Travestir o que sabemos e, com isso, descobrir que pouco sabemos sobre a gente, os outros, as coisas e também aquilo que é mais sutil. E é também por isso que tá cheio de gente louca, fresca, bêbada, míope, ciumenta, crespa, leve e solta por aí, em busca dessas respostas. Os sensatos, abertos, caretas, visionários, despreocupados e...? Também. Mas quais? Bem, às dúvidas que não irão cessar até que a gente morra. E depois também. Tratemos, então, de aquietar a respiração, os movimentos – que devem ser mais lentos, pra gente poder sentir o real sentido das coisas. O tempo é, de longe, um dos maiores mistérios. A maioria de nós – talvez todo mundo – não sabe muito bem quanto tempo ele tem. Porque a caquética máxima da relatividade da fila do banco versus a hora de acordar pra viagem dos sonhos é deveras real, com pleonasmo e tudo. Mas por que cargas d’água? E o copo? Cheio ou vazio? Vai depender de horas de terapia – as que fazemos sozinho,
principalmente –, bom senso, fé, paixão pela vida e reconhecer que “it`s ok not to be ok”. Ouvi de um jovem – velho – rapaz nesta semana que a gente tende a polarizar as coisas. Sei bem. Acabei de fazer isso! Mas isso faz a gente sofrer, porque tendemos a comparar. Oh, God! Por que a gente quer equiparar o nosso 1 mês ao 1 ano dele? É lógico que os músculos não terão crescido tanto. Pois é... O mais óbvio, no entanto, ainda que a gente não consiga enxergar a primeira vista, é que as coisas são assim. E reconhecer que a diferença existe nos livra de tantas lágrimas e, principalmente, poupa energia para os momentos em que iremos mesmo precisar dela e delas. Oh patinho! Como é feio! Não falei que não sabemos medir o tempo? Mas aí a mulher barbada do filme canta lindamente, tanto que só reparamos na sua, linda, voz. É o copo. This is me! “Esta sou eu”, ela diz, ainda que reconheça que a escuridão é conhecida por ela. Ela é gloriosa. E todos nós somos, mesmo, únicos e, justamente por isso, há contribuições ao mundo que só a gente pode oferecer. E em razão disso é também tão importante que nos afiliemos, envolvamos, troquemos e apoiemos aqueles que, igualmente, oferecerão sua majestade.
E agora? Bem... de agora em diante...
FOTO CHRISTIAN JAUCH
#TÁNAPLACA
ÁREA DE LAZER ÉZIO DALL´ACQUA
O Portinho de Praia Grande
Talvez você já tenha ouvido falar e pode ser até que já tenha passado uma agradável tarde no Portinho, em Praia Grande. Bem ao lado da entrada da cidade e às margens do Mar Pequeno, o complexo é ponto de encontro de famílias e amigos. Aberto ao público, dispõe de quiosques de alvenaria com churrasqueiras, mesas e bancos, quadras poliesportivas, pista de motocross, playground, além de um restaurante, um píer de pesca e estacionamento gratuito. Instalado em meio à mata atlântica e cercado pelo manguezal, o Portinho é um lugar propício para os amantes da natureza e para avistar aves de várias espécies. A agência local Caiçara Expedições opera um roteiro de Canoagem Ecológica com duração de duas horas, em meio ao manguezal para contemplação deste ecossistema, com flora e fauna riquíssimas.
O que você talvez não saiba é que o nome oficial do Portinho é Área de Lazer Ézio Dall´Acqua, em homenagem a um entusiasta do jogo de bocha, que disseminou o esporte na cidade, na década de 1970. Ézio Dall’Acqua contribuiu para a expansão da bocha em Praia Grande e ajudou a inaugurar várias quadras no município. Falecido no final dos anos 1970, foi homenageado pelo prefeito Dorivaldo Loria Júnior, o Dozinho, que nomeou esta tradicional área de lazer da cidade com o seu nome.
O ACESSO AO PORTINHO É GRATUITO, PELA RUA PAULO SÉRGIO GARCIA, JUNTO À ENTRADA DA CIDADE.
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CENÁRIO
FOTO: PMG/PEDRO REZENDE
NO RABO DO DRAGÃO,
a Serra do Guararu
O Guarujá ainda esconde um cantinho preservado entre o Oceano Atlântico e o Canal de Bertioga, no extremo leste da Ilha de Santo Amaro, às margens da estrada GuarujáBertioga.
A Serra do Guararu fica na região conhecida como Rabo do Dragão (a geografia do Guarujá lembra a silhueta de um dragão), distante 27 km do centro da cidade. Área de Proteção Ambiental (APA) desde 2012, a APA guarda uma das últimas porções significativas de Mata Atlântica em bom estado de conservação no litoral paulista e abriga praias secretas, como Iporanga, Praia das Conchas, São Pedro, Praia Branca e Camburi. Na Serra do Guararu também estão importantes
sítios arqueológicos e centenas de nascentes que alimentam o Rio Iporanga. A rica biodiversidade da área acolhe tamanduás-mirins, bichospreguiça, pacas, tatus e gambás, além de centenas de espécies características da Mata Atlântica. Segundo relatos de moradores locais, até onçaspardas, jaguatiricas e veados podem ser avistados por lá. Um cenário de tirar o fôlego e lembrar que nem só de praias vive a Baixada Santista.
NÓS JÁ FALAMOS SOBRE A SERRA DO GUARARU E OUTROS RECANTOS VERDES DA NOSSA REGIÃO NESTA MATÉRIA SOBRE ECOTURISMO, NA PRIMEIRA EDIÇÃO DA REVISTA.
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CENÁRIO
COMPLEXO CULTURAL
Palácio das Artes 140
O novo e o velho estão em perfeita harmonia neste palácio de seis mil metros quadrados logo na entrada de Praia Grande. Do lado de fora, ao longe se avista uma fachada imponente com ares neoclássicos. Quem entra, encontra um espaço moderno e amplo, que abriga o Museu da Cidade, a Galeria Nilton Zanotti, o Teatro Serafim Gonzalez e o Salão de Eventos, com capacidade para 600 pessoas.
O destaque está no gigante lustre com 12 mil pedras de cristal e 120 lâmpadas, que pesa cerca de 350 quilos e faz alusão ao clássico o Fantasma da Ópera. Um enorme terraço no andar superior abriga esculturas e proporciona uma visão panorâmica da cidade. A Galeria Nilton Zanotti é um espaço de exposições, com 320 metros quadrados,
FOTOS: ODJAIR BAENA
O PALÁCIO DAS ARTES FICA NA AV. PRESIDENTE COSTA E SILVA, 1600, NO BOQUEIRÃO, EM PRAIA GRANDE. O TELEFONE PARA INFORMAÇÕES É (13) 3496.5713.
climatizado e com iluminação adequada para abrigar obras diversas em 40 módulos expositivos, nos padrões exigidos por importantes instituições.
um aconchegante foyer que divide a atenção
O Teatro Serafim Gonzalez comporta 513 pessoas, com acomodações confortáveis, elevador para portadores de necessidades especiais e
homenageiam a professora Gabriela Diaz
do público entre uma vista inusitada da Mata
Atlântica e peças de cerâmica marajoara, que Sterque, precursora da cena cultural de Praia Grande.
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PUBLIEDITORIAL
LITORAL PLAZA:
um shopping inovador Empreendimento não para de crescer e é referência de negócio para toda a Baixada Santista Inovação é, certamente, um dos adjetivos que define o Litoral Plaza Shopping, em Praia Grande. Consolidado como o maior complexo de compras da Baixada Santista, há 20 anos o empreendimento está em constante transformação para surpreender cada vez mais o público.
tória, o Litoral Plaza construiu a forte identidade de shopping exclusivo. Sendo hoje cada vez mais comum que grandes redes nacionais escolham o power center para abrir a primeira unidade na Baixada Santista.
Mensalmente são mais de 1,5 milhão de pessoas que frequentam o power center e, para suprir a alta demanda, é preciso investir em algo primordial: o capital humano. Por isso, há alguns anos, o shopping é considerado um dos grandes impulsionadores da economia regional: são 3.500 empregos diretos e mais de 600 vagas temporárias a cada final de ano.
Com 82 mil m² de área bruta locável, outra característica do mega empreendimento são as expansões. A mais recente, a segunda fase do total de três, foi implantada na área onde era o Hipermercado Extra, que foi para o lado externo. Com isso, o shopping ganhou um novo corredor para receber mais lojas e ampliar algumas operações já existentes, como é o caso da CVC.
Exclusividade - Com mais de 300 lojas e plenamente locado, ao longo de 20 anos de muita his-
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Não para de crescer!
Hoje, a loja no complexo mais do que dobrou e possui 125 m² - é a maior do País. “Estamos no
FOTO DIVULGAÇÃO
shopping há cerca de 8 anos e era um desejo antigo expandir a loja, já que recebemos muitos clientes de todas as cidades da Baixada e, por incrível que pareça, da capital e do interior. Sempre digo que o Litoral Plaza é um projeto fantástico e que não encontrei em nenhum outro lugar, aqui parece que é uma cidade a parte de Praia Grande. É incrível o que a direção fez nessa nova expansão”, comenta o proprietário da loja, Marcos Paulim. Ainda para este ano está previsto o início das obras da terceira fase de expansão, que será na área externa do empreendimento e contará com as realocações da loja Telhanorte e da Rede Cinesystem de Cinemas - ambas ficarão em um novo espaço. Com a migração do cinema, o shopping terá o maior complexo da Rede no país e Praia Grande o maior cinema, em número de salas, da Baixada Santista e um dos 5 maiores em todo o estado de São Paulo.
“A operação no Litoral Plaza tem sido um sucesso desde a abertura do cinema, é uma parceria que completa 10 anos e foi coroada com esta oportunidade de expandir o número de salas em novo local. Vamos instalar o que há de mais moderno e inovador no mercado de entretenimento e decidimos investir na unidade em retribuição à comunidade que sempre nos acolheu e que merece esta atualização tecnológica. Acreditamos muito neste projeto arrojado que o shopping está realizando e, como grandes parceiros, estamos ansiosos pela concretização e início da operação na nova área. Certamente o fluxo de clientes irá aumentar, gerando motivos para atrair cada vez mais clientes da região para Cinesystem e Litoral Plaza Shopping”, destaca o diretor operacional da Rede, Ricardo Rossini. Definitivamente, o Litoral Plaza Shopping é inovador, incansável e não irá parar de surpreender o público!
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SEM FILTRO
Bem-vindxs entre nós Recebi essa coluna como presente pela minha chegada à Revista Nove, atual xodó da vida! E aí, pensei: sobre o que escrever? Minha cabeça é praticamente um emaranhado dos mais finos fios de nylon, sem qualquer possibilidade de encontrar as pontas do início ou do fim. Aí respirei fundo, fechei os olhos, limpei a mente e... não aconteceu nada. Prorroguei essa minha construção, segurei até o limite do tempo possível e...nada! Então, fugindo da vontade (quase que obrigação, imposta por mim mesma) de fazer um super texto envolvente, sentei na frente do computador, abri um novo documento e... vou começar! Bom, que horas são? Que dia é hoje mesmo? Ah, tá! Sete de...oi? Hoje é Dia do Jornalista! Olha só, a profissão ainda tem um dia a se comemorar. Será mesmo? Acho que vou escrever sobre isso. FABIANA OLIVEIRA Jornalista e editora da Revista Nove fabi@revistanove.com.br
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Sou jornalista de formação, de coração, de atuação, de convicção, de obstinação. Nesses meus quase 25 anos de carreira passei por muitos lugares, conheci um tanto mais de gente - algumas carrego até hoje e seguem pra vida, outras fiz questão de esquecer até o nome -, modifiquei olhares, potencializei a escuta, me decepcionei, rabisquei inteirinho o livro “O Corpo Fala”,
atingi sonhos (bacana essa constatação, né?), quebrei a cara com seres e projetos, reconstruí a face com resiliência e ressignificação.
Ressignificação! Talvez seja essa a palavra que mais se ouve, ultimamente, da boca dos coleguinhas com mais de 20 anos de carreira. O jornalismo virou profissão de todos. Sabe aquele papo “de médico e louco, todo mundo tem um pouco”? Acrescentaram jornalista na frase e isso transformou a minha profissão. Valores indispensáveis para formar um profissional responsável e ético, passam longe da rotina de muitas pessoas que até conseguem fazer barulho escrevendo, gravando, entrevistando, editando, publicando, ufa! Mas fica só no alarido, a continuidade não existe! A busca investigativa do que é ruim e, principalmente, do que é bom, estagna, atrofia, não vira! O jornalismo nunca esteve tão efêmero. Mas porque eu estou falando tanto do jornalismo? Talvez seja porque, agora com a revista, venha uma nova carga de entusiasmo e esperança. Que eu consiga transformar momentos da vida de centenas de pessoas, em pedacinhos agradáveis e inesquecíveis, no caminhar de suas próprias existências. Sejamos bem-vindxs entre nós! Gente do bem se reconhece, muito prazer!
FOTO KATIA DOENZ
#TÁNAPLACA
PADRE MANUEL DA NÓBREGA
O jesuíta que virou rodovia Você certamente já cruzou a Rodovia SP-55, a Padre Manuel da Nóbrega, para se deslocar na Baixada Santista. Ela parte de Cubatão e vai até Peruíbe, chegando a Miracatu, no Vale do Ribeira. A estrada começou a ser construída em 1951, mas só foi inaugurada dez anos depois, em 1961. De grande importância para o desenvolvimento econômico e turístico da região, facilitou o acesso ao litoral sul – que antes era precário – por carros e linhas de ônibus, que hoje ligam a Baixada Santista à capital paulista e a outros estados. Muitos ainda conhecem a rodovia como Pedro Taques, nome que era dado ao trecho que ia da Via Anchieta, em Cubatão, até a Curva do ‘S’, em Praia Grande. Este trecho, hoje, está sob concessão privada do Sistema Anchieta-Imigrantes, mas também passou a integrar a Manuel da Nóbrega.
Quem foi Manuel da Nóbrega? Um missionário jesuíta português, que comandou a primeira missão jesuítica na América, quando aqui chegou em 1549, na armada de Tomé de Souza. Catequisou os índios e promoveu campanha contra a antropofagia e a exploração pelo homem branco. Percorreu todo o nosso litoral, ainda antes de José de Anchieta, e foi o responsável por desbravar a Serra do Mar, para subir o planalto de Piratininga e fundar a vila de São Paulo.
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CENÁRIO
OFERECE
FOTOS: RODRIGO NATTAN
Guarujá é top o ano todo É inquestionável que o cidadão é o grande veículo de comunicação em quaisquer circunstâncias. Fatos e notícias, ao atingirem a mente e o sentimento das pessoas, ganham pernas e asas, por meio da disseminação objetiva e tangível, crescente e irrefreável.
Na esteira dessa crença que o COMTUR – Conselho Municipal de Turismo de Guarujá aprovou, em 16 de março de 2019, a campanha Guarujá é top do ano todo. Objetivo é mobilizar diferentes públicos e conquistar votos para o município na disputa do troféu Prêmio Top Destinos Turísticos 2018/19.
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No entendimento de Lourival de Pieri, presidente do COMTUR e diretor geral do Casa Grande Hotel Resort & Spa, “a provação da campanha Guarujá é top do ano todo é um indicador do quanto apostamos nas potencialidades turísticas de Guarujá.
Alcançar destaque na premiação Top Destinos Turísticos, mais que uma honraria em si, é uma maneira inteligente de engajar a população local e visitante e ecoar o nome do destino dentro e fora do país”. Sabe-se que elevar a taxa de estima pela cidade, seja pelos moradores ou por aqueles que visitam e mantêm vínculos com a localidade, repercute diretamente na autoestima de cada um. Esse componente está na essência do certame Top Destinos Turísticos, concebido, instituído e lançado pela parceria entre Skål Internacional São
Paulo e ADVB – Associação dos Dirigentes de Marketing e Vendas do Brasil. Na edição anterior, Guarujá venceu a premiação na categoria Sol & Praia. E ficou na quinta posição no ranking dos municípios mais votados. Em torno de 400 deles receberam votos; foram classificados 117 e 39 venceram - três em cada uma das 13 categorias em disputa. O referido ranking leva em conta o total dos votos e o tamanho da população. A meta das lideranças de Guarujá, para a edição de 2019, estreita o foco para Gastronomia; Cultura e Negócios/Eventos, onde se insere o ascendente segmento MICE - Meetings (Encontros), Incentives (Incentivos), Conferences (Conferências) and Exhibitions (Feiras). No entanto, haverá espaço para se prestigiar outros temas relevantes em Guarujá, como diferentes modalidades de esportes náuticos e turismo de aventura.
O comprometimento da sociedade civil organizada de Guarujá faz e tem feito uma grande diferença. Esse desejo de alçar o município a um patamar condizente com os ativos naturais e socioculturais de que dispõe se faz notar no desempenho da Maria Laudenir de Oliveira, a Lau, presidente do GCVB, que encarna o slogan Visite Guarujá. “O Visite Guarujá foi pioneiro, ao tomar a iniciativa de inscrever Guarujá na primeira edição do certame, recebendo prontamente o apoio das demais entidades e do poder público local. Em 2019, queremos (e vamos) alcançar resultados ainda mais significativos. Objetivo é disseminar e fortalecer a ideia de que Guarujá é top o ano todo, assegura a dirigente.
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O jornalista Tadeu Ferreira, secretário de Turismo de Guarujá, apoiador e entusiasta do Top Destinos Turísticos, ressalta que “nossa cidade começa a construir uma nova relação com o Turismo em todas as suas potencialidades. Atua para minorar os efeitos da sazonalidade e foca na potencialização de todas as oportunidades de crescimento. O turismo, altamente promissor em âmbito nacional, é vetor indispensável para o nosso desenvolvimento”
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ABRINDO O BAÚ
MUSEU DE ARTE SACRA DE SANTOS O conjunto arquitetônico ao pé do Morro do São Bento abriga o Museu de Arte Sacra de Santos (MASS) desde 1981, mas o local tem história desde 1644, quando começou a ser construído para abrigar o Mosteiro de São Bento. Em 1725 passou por uma restauração e ganhou a arquitetura que mantém até hoje. Também compõe o conjunto a Capela de Nossa Senhora do Desterro, datada de 1640, quatro anos antes da construção do mosteiro. Muitas histórias passaram pelo complexo, que durante séculos serviu de residência aos monges beneditinos, além de ter abrigado vítimas das epidemias que assolaram Santos em 1874 e servido como internato para jovens refugiados russos, entre 1958 e 1968. Composto por três pavimentos, celas, salas e salões, além da igreja, sacristia e claustro (pátio interno), o museu abriga hoje cerca de 600 peças sacras e religiosas, de cunho erudito e popular, datadas do século XVI ao XXI, entre esculturas, pinVISITAÇÃO O MASS FICA NA R. SANTA JOANA D’ARC, 795, AO PÉ DO MORRO DO SÃO BENTO, EM SANTOS. O HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO É DE TERÇA A DOMINGO, DAS 10H ÀS 17H. A MONITORIA PARA GRUPOS DEVE SER AGENDADA PELO TELEFONE (13) 3219.1111.
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turas, objetos litúrgicos e indumentárias. A instituição do museu se deu em 11 de julho de 1981, dia do Patriarca São Bento, por iniciativa do então Bispo Diocesano de Santos, Dom David Picão, após minucioso trabalho de restauração supervisionado pelos órgãos federal e estadual de preservação. O MASS é tombado pelas três instâncias: federal, em 1948, pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional); estadual, em 1971, pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico); e municipal, em 1990, pelo Condepasa (Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Santos). O museu também recebe exposições itinerantes e a capela Nossa Senhora do Desterro realiza missas dominicais, às 11h30, celebrada pelos freis frasciscanos do Santuário Santo Antônio do Valongo.
FOTOS: CHRISTIAN JAUCH
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CAFÉ NA KAMA
Sexo Celebração Estamos em clima de alegria e vibração com esta edição especial da Revista Nove, e nos inspiramos nessa atmosfera de festividade para refletirmos sobre a forma mais utilizada pelos casais para comemorarem um acontecimento ou uma data especial: o ‘Sexo Celebração’. Na intimidade, o sexo se faz presente em todas as épocas e culturas, nas comemorações, tais como bodas, aniversários do casal ou do relacionamento, dia dos namorados, ano novo, feriados, férias, novo emprego, promoção, conquistas, reconciliações, etc., o sexo, como fonte de prazer, combina praticamente com tudo e com todos. Além de perpetuar a espécie, o sexo é uma importante fonte de deleite da humanidade e ainda proporciona benesses para o corpo e para a mente. MARCIA ATIK Independente do tipo de relacionamento e da frequência, a experiência sexual com qualidade, APARECIDA desde um beijo mais intenso até a relação sexual, FAVORETO produz um estado de bem-estar físico e psíquico, Terapeutas sexuais facilmente perceptível no bom humor no dia seguinte. Nos relacionamentos em que a ternura e a amorosidade estão presentes, o sexo fortalece os laços afetivos, e a relação sexual atua de forma terapêutica melhorando a conexão entre o casal. Mas enquanto muitas pessoas encontram felicidade e prazer no “Sexo Celebração”, outras podem apresentar ansiedade e angústia, principalmente aquelas que se sentem inseguras em relação à sua sexualidade. Cada data comemora150
tiva é recebida com sofrimento, pois, apesar de desejarem, sentem medo de falhar sexualmente e desapontar a parceria. A ansiedade de desempenho sexual, o medo de fracassar, pode atingir ambos os sexos, mas, geralmente, na nossa experiência clínica, são os homens os mais afetados por essa insegurança, frequentemente o medo reside em não conseguir obter ou manter a ereção peniana para o coito. De forma equivocada, a estratégia mais utilizada pela parceria, quando ocorre uma dificuldade de excitação, é o aumento dos estímulos na região genital, atitude esta que raramente tem sucesso devido à ansiedade que inibe a excitação. A frustração decorrente do insucesso sexual pode levar a sentimentos de rejeição, raiva e desarmonia entre o casal. A resposta sexual de excitação promove no corpo a ereção do pênis e a intensa lubrificação na vagina, que são sinais da conexão com o prazer erótico. Sem relaxamento psicofísico não há possibilidade de conexão com as sensações eróticas e, portanto, a excitação não acontece, pois a ereção e a lubrificação são o resultado do prazer que a pessoa está sentindo. Coração disparado, mãos frias, respiração rápida e sudorese são sinais da ansiedade de desempenho, principal interferência na conexão com o prazer. Para se desfrutar do ‘Sexo Celebração’ faz-se necessário desconstruir o ‘Sexo Obrigação’ e, para isso, intimidade é fundamental… e intimidade é poder dizer como se sente, não se sentir obrigada(o) a nada, é ser livre para dizer que quer celebrar de outro jeito, que precisa de tempo ou mais preliminares ou simplesmente que quer ver um filme abraçadinho. A expressão emocional e a liberdade são ingredientes fundamentais para o exercício de uma sexualidade saudável e vibrante em celebração à vida!
CARREIRA E NEGÓCIOS
Os 3 erros mais comuns na contratação de colaboradores para o seu negócio O grande desafio dos empreendedores é tornar o seu negócio rentável e consistente. E, para tornar a sua empresa um negócio de sucesso, é necessário muito mais que a sua própria competência. Uma empresa precisa de colaboradores e saber contratar pessoas é uma das principais chaves para a sua construção. Aqui, apresento os três erros mais comuns que acontecem nas empresas durante a contratação de colaboradores.
Um. Contratar alguém que tenha o mes-
MARISTELA LOW Master Coach e Analista Comportamental DISC
mo perfil do empresário, ou seja, que funcione como você. Essa é uma tendência natural, simpatizamos com as pessoas que sejam iguais a nós, porém contratar alguém assim é um erro porque aquilo que você não gosta de fazer e pretende delegar para esse colaborador, com certeza, com o tempo, ele também não vai realizar.
Dois.Contratar parentes ou amigos seus ou
de pessoas que trabalham na empresa, também pode lhe causar constrangimento no ambiente de trabalho, uma vez que esses laços podem tornar o ambiente menos profissional. As pessoas podem estender as amizades na empresa para fora, mas o contrário já não é adequado.
Três.
Contratar alguém para pagar pouco, sem conhecimento e capacidade, ou pagar muito, pensando que essa é uma solução.
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Para minimizar erros e para que as pessoas performem melhor, é necessário identificar o que exatamente você quer que cada um dos colaboradores entregue nas suas atividades. Outro aspecto é que pessoas desconhecidas das pessoas que já estão na empresa vão fazer com que se gere um time e não um ambiente familiar, que é o que mais prejudica uma empresa. O foco de uma empresa tem que ser o resultado, portanto, propiciar um ambiente favorável para que esse resultado aconteça é fundamental. Modelos ultrapassados, nos quais líderes comandam da forma ‘manda quem pode e obedece...’, ou líderes que incentivam discussões e bate-boca, tornam ambientes turbulentos e propiciam ódio e rancor, que nada favorecem para a busca de resultados. A liderança deve favorecer ambientes sadios e que propiciem a busca de melhorias, a criatividade, a inovação e que o colaborador vislumbre a possibilidade de expansão, crescimento e prosperidade. Para contratar a pessoa certa para o lugar certo é necessário primeiro definir o perfil da vaga a ser preenchida, esclarecer as competências necessárias e avaliar com critério os candidatos. Para facilitar esse processo, eu indico a metodologia DISC, que nos permite obter uma análise do Perfil e Estilo Comportamental das pessoas e, consequentemente, elevar os níveis de satisfação no ambiente em que estão, por meio das funções que podem exercer em uma determinada atividade, as pessoas com as quais se relaciona na empresa ou na vida pessoal, além de reduzir o turnover de profissionais na empresa, assim, otimizando o que as pessoas têm de melhor e fortalecendo o que elas precisam para chegar onde querem.
FOTO DIVULGAÇÃO
#TÁNAPLACA
MORRO DA PADROEIRA
Um complexo de fé e entretenimento em Mongaguá Uma imagem impressiona quem chega a Mongaguá, vindo de Praia Grande, pela Rodovia Padre Manoel da Nóbrega. No Morro dos Macacos, do lado esquerdo, logo na entrada da cidade, uma estátua de Nossa Senhora Aparecida recebe os visitantes e reforça a fé dos mongaguenses. A estátua, que tem 15 metros de altura e pesa aproximadamente 2,5 toneladas, está instalada em uma trilha urbana ao pé do morro, com acesso por passarela de madeira com 150 metros de extensão e dois metros de largura.
meio à mata nativa e a recompensa é, além de estar junto à padroeira, uma vista deslumbrante de Mongaguá e arredores, em um deck, que está localizado a 30 metros acima do chão, de onde se pode avistar pássaros. Aos pés da Santa, há uma capela e, para os skatistas, um Skate Park, aberto a moradores e visitantes. O acesso ao complexo é feito pela Avenida Marina, s/n, todos os dias, das 8h às 22h, com entrada gratuita.
Para chegar até ela, sobem-se 139 degraus em
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CAFÉ DAS NOVE
Se joga! Um silêncio ensurdecedor preencheu minha cabeça no dia 20 de dezembro de 2015, próximo das 18h30, quando eu deixei sobre a cadeira do escritório minhas vestes de funcionário exemplar e não voltei mais para buscar. Dali, eu parti para a aventura mais insana, insegura e deliciosa da minha vida. Eu ainda não sabia, mas pouco mais de um ano depois, vim descobrir que essa maluquice se chamava empreendedorismo. Quando eu decidi engavetar a carteira de trabalho, eu tinha um projeto num pen drive e o sonho que hibernava há anos de ser editor de uma revista, da minha revista. Mas, na faculdade, naquela época (lá se vão quase 20 anos), ninguém tinha me contado sobre isso de ser empreendedor. Muito menos sobre empreender em jornalismo. Que bom, sabe, porque se tivessem contado como seria, a essa hora talvez eu estivesse na mesma cadeira, com as vestes de funcionário exemplar amarrotadas. E frustrado! De lá pra cá, são pouco mais de três anos vivendo o dilema ‘cadê o salário na minha conta X que bom poder fazer o que me dá prazer’. Eu fui para a selva completamente nu, essa é a sensação que tenho, desde que comecei, em janeiro de 2016, a DIEGO BRÍGIDO percorrer o mercado com um Ipad na mão e um certificado de bom profissional no histórico. Jornalista e bacharel em turismo, especialista em comunicação, turismo e hospitalidade. Editor da Revista Nove
Isso não me garantiria muita coisa – e não garantiu, claro. E eu nem me acho um empreendedor nato (Maristela Low, minha coach, que assina um artigo nessa edição, que não leia essa declaração). Acho que estou longe de ser e também, de verdade, não sei se gosto do título. Mas, se um bom projeto e um bom currículo não me garantiriam a sobrevivência, como conseguir me manter num mercado editorial que agoniza? Seduzindo anunciantes, claro! (rs) Brincadeiras à parte – e esse texto não é para explicar como manter
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uma revista impressa viva, porque eu ainda estou tentando descobrir, mas para encorajar qualquer um que queira largar o crachá na gaveta – saia do lugar comum! Sim, a Revista Nove só chegou aqui, nessa edição linda, gorda, exibida e comemorativa, porque nasceu para ser diferente, única. E é! E os mercados – todos eles – carecem de ideias diferentes e, acima de tudo, bem executadas. A constatação é muito mais alarmante quando falamos do segmento de publicações impressas. Se você vai precisar de coragem para largar a vida de CLT, vai precisar de muito mais para peitar todo mundo e mostrar o quão fod* é o seu projeto. Mas, para isso, ele precisa ser fod* mesmo. Ah, vai precisar de bons parceiros também e terá que abrir mão de algumas viagens, bons vinhos e tênis novos no começo. O sexo dá pra manter. Veja, não estamos falando sobre ganhar dinheiro, isso é uma outra etapa, ok? Aí você terá que descobrir.
Se joga!
GUIA GASTRONÔMICO Adega Santista R. Minas Gerais, 66 - Boqueirão (13) 99104.8446 • Terça e quarta, das 11h à meia noite; quinta a sábado, das 11h à 01h e domingo, das 11h às 23h30 • fb. com/adegasantista Sugestão da casa: Bruschettas da Adega (oito opções) com diversos rótulos de cervejas especiais Akioh Sushi & Bar Av. Conselheiro Nébias, 581 - Boqueirão (13) 3301. 7569 • Domingo a quinta, das 18h à meia noite; sexta e sábado, das 18h à 01h • fb.com/akiohsushibar Sugestão da casa: Combinado low carb Arapuka Gastrobar R. Azevedo Sodré, 123 - Gonzaga (13) 3301.3009 • Domingo a sexta, das 17h à 01h; sábado, das 12h à 01h • fb. com/arapukagastrobar Sugestão da casa: Pizza Co Fries (batata frita com molho de tomate caseiro, mussarela e pepperoni - homenagem à casa do mesmo grupo) Bodegaia da Pompeia R. República Argentina, 80 - Pompeia (13) 2202.2396 • Terça a sexta, das 18h à meia noite; sábado, das 13h às 02h; domingo, das 13h às 19h30 • fb.com/bodegaia • Sugestão da casa: Feijoada com samba aos sábados Botequim Mauá R. Pernambuco, 129 - Gonzaga (13) 3322.3873 • Segunda a sexta, a partir das 18h; sábado e domingo, a partir das 12h • fb.com/BotequimMaua Sugestão da casa: Camarão pistola à grega com mussarela empanada, fritas e arroz à grega Candice Cigar Co R. Castro Alves, 38 - Embaré (13) 3227.0076 • Terça a sábado, das 16h à 01h; domingo das 16h às 23h fb.com/candicecosantos Sugestão da casa: Charuto Cubano Romeu Y Julieta Wide Churchil com Whisky Single Malt Macallan Amber
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Cantina di Lucca R. Tolentino Filgueiras, 80 - Gonzaga (13) 3284.7711 • Segunda a sexta, das 11h30 às 15h e das 18h à meia noite; sábado e domingo, almoço até às 16h30 e jantar até a meia noite • fb.com/cantinadilucca Sugestão da casa: Talharim aos 4 formagi Cantina Liliana Av. Washington Luis, 302 - Gonzaga (13) 3233.7374 • Segunda a sexta, das 11h30 às 15h e das 18h30 à meia noite; sábado, das 11h30 às 16h e das 18h às 00h30 e domingo, das 11h30 às 16h30 e das 19h à 00h • fb.com/cantinaliliana Sugestão da casa: Parmegiana Premium (recheado de mussarela e parmesão com fritas e arroz) China in Box R. Tolentino Filgueiras, 54 - Gonzaga (13) 3289.5060 • Segunda a sexta, das 11h às 15h e das 18h às 23h; sábado e domingo, das 11h às 23h • fb.com/chinainboxsantos Sugestão da casa:Yakissoba especial (carne, frango, camarão, macarrão e legumes) ELO Gastronomia R. Goiás, 116 - Gonzaga | (13) 3322.7007 Terça a quinta, das 19h30 às 23h; sexta, das 19h30 à meia noite e sábado, das 13h às 16h e das 19h30 à meia noite. fb.com/elogastronomia • Sugestão da casa: Pesca do dia em crosta de pão e ervas com risoto de tomates assados e alho poro ou Fideuá de camarão Kokimbos Pizzas e Picanha R. da Paz, 61 - Boqueirão | Av. dos Bancários, 64 - Ponta da Praia. (13) 3284-7020 3227.9969 • Domingo a sexta, das 19h à meia noite e sábado, das 12h à meia noite; segunda, apenas para eventos fechados. fb.com/kokimbos Sugestão da casa: Pizza Gabriela (mussarela de búfala, alcachofra, tomate seco, manjericão, azeitonas pretas e lascas de amêndoas) Madê Cozinha Autoral R. Minas Gerais, 93 - Boqueirão (13) 3288.2434 • Terça a quinta, das 11h30 às 15h30 e das 19h às 23h; sexta, das 11h30 às 16h e das 19h à meia noite; sábado, das 12h à meia noite e domingo, das 12h às 17h30 • fb.com/madecozinhaautoral Sugestão da casa: Churrasco de frutos do mar (para compartilhar)
Mar del Plata Av. Alm. Saldanha da Gama, 137 - Ponta da Praia | (13) 3261.4253 • Terça a quinta, das 11h30 às 23h30; sexta a domingo, das 11h30 à meia noite. fb.com/restaurantemardelplata Sugestão da casa: Meca Santista (posta grelhada com dois camarões grandes com risoto de pupunha e farofa de banana com bacon e calabresa)
Quilha Bar e Restaurante R. Azevedo Sodré, 81 - Boqueirão (13) 3385.4443 • Segunda a sexta, das 18h à meia noite; sábado e domingo, das 12h à meia noite • fb.com/quilhabarerestaurante • Sugestão da casa: Lima Ceviche (peixe branco, leite de tigre com aji amarillo – pimenta peruana plantada pela casa, com lula empanada
Mucha Breja Av. Rei Alberto I, 161 - Ponta da Praia (13) 3877.3287 • Segunda a quinta, das 18h à meia noite; sexta, das 18h à 01h; sábado, das 17h à 01h e domingo, das 18h às 22h • fb.com/muchabrejabeerstore Sugestão da casa: Burguer de respeito “O Carburadores del Texas’ (blend da casa, cheddar, onion rings e barbecue defumado)
Seven Kings Burgers n’ Beers R. Dr. Lobo Viana, 22 - Boqueirão (13) 3307.3836 • Terça a quinta, das 12h às 22h; sexta, das 12h à meia noite, sábado, das 13h à meia noite; domingo, das 13h às 21h • fb.com/sevenkingsburger Sugestão da casa: Burger Rei Carlos Magno (akaCamemburger)com cervejas de trigo - Weizenbier ou Witbier
Naus Restaurante Bar R. Dr. Tolentino Filgueiras, 55 - Gonzaga (13) 3288.2829 • Terça a quinta, das 18h à meia noite; sexta e sábado, das 18h às 02h e domingo, das 11h30 à meia noite fb.com/nausrestaurantebar Sugestão da casa: Ancho Filgueiras (bife ancho, batata rústica, palmito grelhado, farofa crocante de castanha de caju, manteiga aromatizada)
Sítio 17 Pça. N. Senhora do Carmo, 17 - Ponta da Praia • (13) 3040.2745 • Terça a quinta, das 12h à meia noite; sexta e sábado, das 12h à 01h; domingo, das 12h às 23h • fb.com/sitio17 • Sugestão da casa: Porco do Sítio
Okumura Izakaya R. da Paz, 17 - Boqueirão| (13) 3307.1290 / 3877-9194 • Terça a sexta, das 18h à meia noite; sábado e domingo, das 13h à meia noite • fb.com/okumuraizakaya Sugestão da casa: Combo com 22 peças (4 uramakis, 6 hotrolls, 8 hossomakis e 4 uramakis skin) Okumura Restaurante Av. Rei Alberto I, 167 - Ponta da Praia (13) 3326.1606 / 3877-9194 • Terça a domingo, das 18h à meia noite fb.com/restauranteokumura Sugestão da casa: Festival de Sabores K8 (Missoshiro, Sunomono, Shimeji na manteiga, Ussuzukuri de salmão, Sushi Okumura, Trio Okumura, Yakisoba e Tempurá)
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Tasca do Porto R. XV de Novembro, 115 - C. Histórico (13) 3219.4280 • Diariamente, das 11h às 16h • fb.com/tascadoporto Sugestão da casa: Bacalhau à Casa (lombo de bacalhau levemente empanado e frito, com olho de cebola, acompanhado de batata à portuguesa) Tekoá Cervejaria Av. Almirante Cochrane, 88 – Canal 5 (13) 99755.2526 • Quarta a sábado, das 18h à 01h e domingo, das 15h às 21h f.com/tekoacervejaria Sugestão da casa: Bolinho de carne seca com abóbora com geleia de pimenta da casa (chefs Douglas Moreira e Caio Souza) e cervejaTekoá muiraquitã - American IPA
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Qual a sua responsabilidade na desordem da qual vocĂŞ se queixa? - Sigmund Freud