Central Skate Mag - #7

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EXPEDIENTE ::editorial Diego Almeida diego@centralskatemag.com.br :: Editor Fotografia Alex Seabra :: redação Renata Oliveira renata@centralskatemag.com.br :: colaboraram nessa edição: foto: Léo Barreto, Renan Agá, Alex Seabra, Diego Almeida, Carlos Hauck, Pedro Macedo, Paulo Macedo, Igor Wiemers, Jean Nunes, Andre Barros, Fernando Menezes, Victor Oliveira, Victor Rocha, Daniel Madsen, Flaney Gonzales, Diala Coelho, Phelipe Lira, Leonardo Silva & Mariana Piccoli texto: Igor Calixto, Victória Acerbi & Renata Oliveira. :: comercial contato@centralskatemag.com.br :: editor portal Rodrigo Marcel rodrigomarcel@centralskatemag.com.br :: periodicidade Bimestral :: para anunciar contato@centralskatemag.com.br As matérias e fotos publicadas não refletem necessariamente a opnião da revista e sim de seus autores.




Queríamos fazer um texto bem “rua” nessa página, mas resolvemos deixar de mimimi e por o Barbosa pra rasgar tudo! Filipe Barbosa - Drop Foto: Alex Seabra




CRIATIVIDADE E SKATE TEXTO: VICTORIA ACERBI

Desde que nos entendemos por gente, estamos ligados à arte, direta ou indiretamente. Aquele quadro cafona da sua vó que está na parede há anos, um desenho sensacional em alguma embalagem comercial, o silk de uma camiseta, um grafite na parede ou um rabisco do seu primo pirralho. Tudo isso se engloba em manifestações artísticas, que são interpretadas de forma totalmente subjetiva: uns amam, outros odeiam e, surpreendentemente, alguns ainda não são capazes de enxergar a beleza. A questão é que a vida não tem a menor graça quando não há a união de cor e poesia. Senão, com o que adoçar os olhos? Por sorte, somos salvos por quem respira arte. É a realidade da dupla Cabron, formada por Jhon Douglas e Julio Diniz, responsáveis por trabalhos artísticos de peso de várias vertentes, como pintura manual e digital, aquarela, intervenção artística nas ruas, vídeos, decoração interna e consultoria de ideias para algumas empresas. A união dos caras apresentou um trabalho de responsa, que teve início em janeiro desse ano. Eles trabalhavam juntos em uma agência de publicidade, e depois de muita afinidade, conseguiram enxergar que tinham talento para arte em um mesmo nível, mas com pegadas diferentes. Foi então que juntaram todas as ideias e forças e criaram o cabuloso Studio Cabron, com o foco direcionado a colocar, sempre, a arte em primeiro plano. E o resultado, foi cabreiro.



De acordo com Jhon, que anda de skate há 13 anos, tudo o que ele aprendeu e viveu dentro da cena do skate foi fundamental para direcionar e influenciar o seu trabalho atual. “Conviver com todo tipo de gente, aprender a sacar a malandragem, viver sempre na rua, saber onde não ‘se meter’ e toda a zoeira entre os amigos acrescentaram uma bagagem fortíssima para que eu pudesse desenvolver o meu trabalho.” Segundo os Cabrons, o skate é uma faculdade para o caminho artístico. Eles relatam que muitos de seus amigos foram para algum ramo da arte, depois de conhecerem o skate. Fotografar o role da galera e estar conectado no fabuloso mundo dos vídeos de skate também foram ações fundamentais para que Jhon pudesse enxergar mais arte na vida. “O skate faz nascer o seu mundo de criação, particular e explosivo”, explica. O outro cabron, Julio, também já deu muitos roles de skate, mas está mais inserido na cena musical. É isso que torna a união dos caras mais do que perfeita: arte, skate e música. E os parceiros carregam referências pesadas que resultam em um traço perfeito. De histórias e bizarrices da humanidade a grandes talentos como Pat Perry, Mcbess, Todd Mcfarlane, Kent Williams e Bicicleta sem freio.

inspiração cabron

Pat Perry

Mcbess

Todd Mcfarlene

Kent Williams

Bicicleta Sem Freio


Umas das inspirações para a dupla Cabron são os caras geniais da Bicicleta Sem Freio, que, coincidentemente, complementam a segunda parte da matéria. Como a própria denominação do grupo diz, essa galera anda ligada “no 12”, sem nenhuma intenção de diminuir a velocidade. Renato Reno Pereira Barreira, Douglas de Castro Pereira e Victor Oliveira Rocha se conheceram na faculdade de Design Gráfico pela UFG, em Goiânia, em 2003. Um ano depois, se juntaram em um congresso de design e, por lá mesmo, decidiram amontoar os colegas de responsa para formar o bando BSF. A intenção era que a união pudesse juntar todas aquelas forças, para que os garotos criassem, na raça, um traço único, mesclado com a psicodelia poética, que tanto predomina no trabalho deles. Os serviços da Bicicleta Sem Freio carregam uma amplitude pesada: ilustração, criação de pôsteres, direção de arte, design gráfico, peças gráficas relacionadas à música e até criação de uma identidade visual para bandas. Mas o talento do trio, não para por aí. Não satisfeitos apenas com o trabalho visual, o grupo BSF montou uma banda nervosa, Black Drawing Chalks, que é extremamente valorizada na cena goiana e pelo Brasil afora (apenas Renato não participa da banda). Segundo eles, a banda foi criada para ser o cliente perfeito e nunca negar um desenho da Bicicleta Sem Freio. E a maior beleza nisso tudo é que o som da banda dá voz a arte BSF e a arte BSF ilustra todo o contexto musical do Black Drawing Chalks. “Quando o rock é muito a gente volta para o design e quando o design fica chato a gente cai no rock”. Os meninos escutam música o dia inteiro e se escondem em meio aos inúmeros pôsteres dedicados às bandas que curtem. “A música te leva para soluções gráficas muito inusitadas, o que nos deixa um pouco perdidos, mas é só ouvir um som que uma luz surge para acender as ideias”, explicam.



A Bicicleta Sem Freio jรก fez trabalhos para Absolut, NOKIA e Brahma.


Os BSFs não possuem uma rotina metódica de produção, mas uma constância focada no desenho. Com o tempo e a experiência adquirida, eles separaram o trabalho por afinidade e tipo de traço, o que também não exclui a atividade em grupo, já que os três sempre estão em conjunto participando de cada criação. A elaboração dos projetos do bando carrega uma individualidade entre os integrantes, onde cada um tem uma forma para expressão gráfica, mas com uma constante mudança no traço, buscando sempre crescer ainda mais. E como o Studio Cabron, os caras sacam totalmente a relação da arte visual com o skate. Nenhum dos BSFs anda de skate, mas sob o olhar deles, uma das coisas mais admiráveis é a amizade, a raça e o esforço da galera skatista, que se dedica ao máximo naquilo que amam, sempre se divertindo e trabalhando duro, mesmo muitas vezes, sem recurso algum. E foi mergulhados nesse contexto, que a Bicicleta Sem Freio pintou uma pista de skate cabulosa, em Goiânia, na Ambiente Skate Shop. Desde então, foi desenvolvida uma parceria forte entre as duas vertentes. “Tudo que gira em torno da Ambiente e do lifestyle deles, nos dão um gás para tocar em frente. O sentimento é que formamos uma grande família, onde podemos pedir ajuda sempre que precisarmos” afirmam os ciclistas em queda livre na horizontal.

Arte da BSF na Ambiente Skate Shop

Foto: Victor Rocha


A prova da arte desses dois bandos, Studio Cabron e Bicicleta Sem Freio, só reforça a ideia de que as manifestações artísticas estão coligadas, nas mais variadas vertentes. A relação do skate com a arte visual é gritante. No estilo de vida skatista, para qualquer lado que você olhar, lá estará: a arte, nas suas mais distintas expressões. Os vídeos de skate arregalam a beleza cinematográfica, as referências musicais cabreiras e a simples leveza do ato de andar de skate. As ilustrações de shapes, silkes e adesivos, que explodem psicodelia e bom gosto. O estilo único de cada um se vestir, mas compondo uma harmonia fantástica entre o bando. É tudo arte, basta educar os olhos.

cabron WWW.beHance.net/studiocabron Foto: Diego Almeida

bicicleta sem freio WWW.bicicletasemfreio.com Foto: Daniel Madsen



ROLÊ SUABLE!

Quem já viu o Portuga andando admite a sua base firme no rolê técnico, com uma pitada de agressividade nos TEXTO: VICTÓRIA ACERBI. gaps e escadas. Mas quem vê a esqueitada de Thiago Neves, 26 anos, nem imagina os maus bocados que o cara já passou. Ele nasceu em Brasília, passou uma fase em Portugal com a sua mãe, voltou para o Brasil e depois voltou pra Europa de novo, com 19 anos. Mas dessa vez, foi salivando pra desfrutar do skate da gringa, aquele que carrega o sentido mais original desse lifestyle. Desbravou picos incríveis, conheceu caras de responsa do meio, se jogou (literalmente) no que podemos chamar de skatelife. Mesmo inserido nesse cenário de sonho de muitos skatistas, alguma coisa ainda o incomodava: era a pressão de “fazer algo que lhe dê retorno financeiro”. E não é que ele voltou pra pequena cidadezinha do interior de Goiás, totalmente desiludido? Mas, é claro que isso durou pouco e ele logo caiu em si. Hoje, o português acredita que o skate seja o combustível para mantê-lo vivo. A entrevista foi na mesma cidadezinha interiorana de Goiás, Itaberaí, durante uma união dos verdadeiros parceiros do cara. Saca só!


Por que você começou a andar de skate? Foi na minha escola, em Portugal. Eu era muito amigo de um moleque, Davida, que já andava e que me vendeu um skate dele baratinho. Era o meu único amigo brasileiro, tínhamos uma afinidade massa. Como foi a trajetória da sua vida na visão de um skatista? Durante toda a minha vida no skate, eu sempre andei porque era divertido. Uma coisa natural, que já fazia parte de mim, meio que instintivo. Depois que comecei a dar o meu rolê encontrei uma família, que são os meus amigos verdadeiros, tanto em Portugal, quanto no Brasil. Os meus amigos do skate sempre foram os amigos diferentes, que me olhavam como se eu os representasse dentro do grupo, tanto em campeonatos, quanto no role de rua. No skate, você sempre representa uma crew, uma galera que pensa como você e sempre é representado por ela. Você nunca está sozinho na parada. Depois de muito rolê de peso na Europa, em picos inimagináveis e com caras que representam o skate mundialmente, você decidiu largar tudo e voltar para o Brasil. O que aconteceu? Naquele momento, eu vi que o skate não era uma coisa que duraria pra sempre, que um dia eu teria que parar. Eu desfrutei dele enquanto foi produtivo pra mim. Achava que eu tinha que pensar em algo que garantisse o meu futuro, porque se eu ficasse só ligado nisso, talvez eu não conseguisse. Também rolou uma pressão da minha família, que não acreditava no skate.


Nollie Flip Noseslide Big Spin Out Foto: Renan Agรก


e Hoje você ainda pensa assim? Hoje, depois de tudo o que eu vivi, eu penso que eu ando de skate porque é a parada que eu gosto de fazer e eu aprendi a representar o que eu gosto. Hoje eu dou valor em mim em primeiro lugar e antes eu me enganava, sendo alguém que eu não era. Um dia, trocando ideia com uma mina muito especial, ela me disse: ‘Você tá me dando um conselho, mas está indo totalmente contra ao que tá dizendo’. Ela se referia ao fato de eu ter largado o skate. A partir desse momento, me senti desafiado e foi aí que eu acordei e voltei a andar. Comecei a ir pra Goiânia ver meus amigos e andar de skate e isso foi me aproximando de Brasília, onde está o meu berço, os amigos que cresceram comigo. que diferença você viu em relação ao skate da europa e do brasil? Na Europa, o skate não tem rótulo, é um esporte como qualquer outro e aqui é taxado como atividade de vagabundo, maloqueiro. Lá, você anda sendo você mesmo, coloca o skate em baixo do braço e vai trabalhar, naturalmente. Agora o fato de ter morado em Itaberaí, interior de Goiás, me fez ser oprimido, justamente por andar de skate. Mas pelo menos, eu encontrei os amigos certos, a crew Asa de Frango. No momento em que eu mais estava precisando, me juntei aos moleques que me deram força pra continuar a andar.


B/s Flip Foto: Alex Seabra

Switch F/s Flip Foto: Diego Almeida



S/s Ollie Foto: Paulo Macedo



B/s Feeble Grind to Suski Grind Foto: Renan Agá

Portuga, depois de tudo o que você viveu, o que você espera dessa vida? Eu não espero muito, só colher as coisas boas que plantei e tentar aprender com os erros que cometi. Aprender o que é certo, não só pra mim, mas pra minha família, que é muito importante. Eu acho que você tem que acreditar em pessoas que acreditam em você.


Hoje em dia, a gente vê o quanto o skate se propagou no Brasil, é moleque pra todo lado roletando. Vc acha que com essa propagação, a essência e o lifestyle do skate está se perdendo? De certa forma, sim. Os mais velhos não tiveram a vida que os novinhos têm hoje, andavam mais na raça. O skatista de antigamente não era skatista do condomínio. Esses dias eu tava sentado no Bancário, em Brasília, aí chega o moleque e diz: ‘ah, vim andar aqui no bancário porque lá no condô...’ aí eu já soltei ‘Condô? Que porra de condô o que mano? Na minha época você tinha que pegar o baú e ir pra uma skatepark longe pra cacete e era foda de andar’. É isso que eu acho: andar pela essência, pelo que você acredita, porque hoje a essência do skate está ficando comercial ‘o que eu vou ganhar andando de skate?’ e não ‘o que eu sou andando de skate?’ Que ideia você passaria pra um moleque que tá começando agora? Ande de skate porque é massa, é divertido e é a partir dessa parada que você vai realizar vários sonhos, não monetariamente, mas o que te alimenta por dentro. Você vê o seu boneco do Mortal Kombat dar aquele especial nervoso e você acaba se sentindo no poder de dar várias manobras da hora também (gargalhadas). Ande de skate por diversão, não por fama, visibilidade. Não queira ser o Neymar do skate, porque não vai rolar. Apenas seja você.


Nollie Heelflip Foto: Alex Seabra



Nollie 360 Flip Foto: Diego Almeida


UM2 DOIS TEMPOS Rio de Janeiro - RJ // Foto: Jean Nunes




Lehi Leite - Flip BrasĂ­lia - DF Foto: Paulo Macedo


Pedro Barros - B/S Ollie Philadelphia - USA Foto: Andre Barros


Rodrigo Laroqui - F/S Grind BrasĂ­lia - DF Foto: Diego Almeida



Jay Alves - B/S Blunt Slide Belo Horizonte - MG Foto: Carlos Hauck



Lucas Cofrinho - Tucknee Rio de Janeiro - RJ Foto: Pedro Macedo


Gibson - B/S Smith Grind Rio de Janeiro - RJ Foto: Fernando Menezes


Eduardo “Dudu” - Nollie B/s Heelflip Cuiabá - MT Foto: Diego Almeida


Vagner Neves “Índio” - S/s F/s Flip Brasília - DF Foto: Paulo Macedo


Samuel Jimmy - F/s Boardslide BrasĂ­lia - DF Foto: Leonardo Barreto



Maicon Medeiros - B/S Crooked Francisco Beltr達o - PR Foto: Igor Wiemers



Paulo Galera - F/S Pivot Grind Fortaleza - CE Foto: Victor Oliveira


MOMENT LÉO BARRETO

Nascido em Belém do Pará, Leonardo Barreto é o típico skatista apaixonado por fotografia. Com um olhar apurado, transmite a real essência do skate e foi através dele e com sua câmera na mão que percorreu diversos cantos do Brasil até chegar ao velho continente (Europa). Viagens que trouxeram boas amizades e uma grande bagagem cultural. Léo relembra algumas de suas experiências, nos conta um pouco de sua história e deixa claro sua mensagem que o skate vai muito além do que as lentes podem captar.

TEXTO: RENATA OLIVEIRA / FOTOS: LÉO BARRETO


acHo que o skate mais do que tudo tem que ser as amizades, e eu sou feliz por mantê-las, independente do que eu tenHo feito ou qual meu envolvimento com o negócio.

como você começou a fotografar skate? Desde moleque eu colecionava as revistas de skate (tenho até hoje umas Transworlds clássicas, edições especiais de fotografia) e já via aqueles ‘moments’ e aquelas fotos. Ficava vidrado no processo de captura e na plasticidade do skate como uma espécie de ‘arte corporal’, tanto em movimento quanto congelado numa fotografia. Em 2006 ou 2007 eu comecei a fotografar mais diversamente, rolou uma camerazinha melhor (Nikon 70s, que eu guardo até hoje) e eu comecei a clicar mais o skate.


TĂşlio Alberto - Wallride To Fakie


Você fez uma trip pela Europa, como foi sair do seu país e fotografar skate lá fora? Quais as diferenças que você percebeu de cultura e de visão das pessoas com relação ao skate? Existia muita diferença com relação a isso? Quando surgiu a oportunidade para conhecer o Velho Mundo não hesitei, até tranquei meus estudos por essa temporada lá fora. Já tinha um conhecido em Lisboa, que se tornou amigão, que eu falava pelo Flickr sobre as fotos de skate. Ele me apresentou pro resto da galera que morava por lá. Todos respiravam skate e foram acolhedores, percebi que os portugueses respeitavam muito os skatistas brasileiros, tanto pelo rolê pesado quanto pela atitude irreverente. Quando souberam que eu estava com meu equipamento de fotos e já tinha uma porta aberta em uma revista de skate nacional, eles viram uma oportunidade para mostrar os picos e o nível do rolê. Até porque os portugueses pareciam fazer questão de deixar os skatistas brasileiros em segundo plano nas mídias de Portugal.


Quanto tempo você ficou pela europa? Fiquei “só” 3 meses... Saí de lá no dia que a Espanha venceu a copa (2010), e eu estava em Barcelona. A cidade estava fervendo, quase que eu não voltava de lá. Ainda fui detido no dia anterior, porque fui me meter numa confusão com um skatista que é lenda na Europa, o Flo Marfaing. Veio um francês discutir com ele e começou a apontar pra nós, o Flo era nosso parceirão lá, estava mostrando os picos e apresentando a galera em BCN, um cara totalmente do bem, e ele era baixinho e veio outro francês grandão querendo bater nele, aí fechamos o cara, o bicho pegou, quando eu vi estava na delegacia de Barcelona tentando explicar que “nariz de porco não era tomada” rs. O delegado falava um português todo tosco que ele estudou em algum curso online. Era cômico! Mas, ainda bem que eles viram que eu não era de má índole e me liberaram no ato. hehe

Alan - Hardflip


Você ainda fotografa skate? Com relação à fotografia de skate dei uma esfriada, porque fotografar skate assim como andar, envolve pura paixão e andar de skate ou fotografá-lo, tem que acontecer antes de tudo porque você QUER, não porque TEM que fazer. O skate, a arte, as coisas tem que fluir naturalmente. Certa hora eu vi que sim, contribuía para minha cena, mas chegou um momento que eu percebi a cena da mídia de skate muito fechada para novos talentos, principalmente os que não eram dos centros comerciais do skate (sul e sudeste). E como eu não fui para nenhum desses centros por motivos familiares e também por $$, acabei tendo que trabalhar mais e andar um pouco menos de skate, porque a vida não é exatamente um conto de fadas, na verdade não é um conto de fadas para grande maioria. Você pode se espelhar, correr atrás, se encantar, mas tem que saber que a mídia, as fotos, os vídeos, mostram apenas uma face de uma realidade mais ampla. O skate nunca saiu da minha alma, sangue, meus amigos, minhas inspirações, minha essência e raiz, de atitude, de filosofia etc. Porém, eu saí do “game” do skate até antes de entrar de cabeça. Mas, com certeza se eu morasse em outra cidade acho que ainda estaria fazendo uns cliques esporadicamente. Atualmente você trabalha com o quê? Hoje estou trabalhando com comércio. Mas, agitando e investindo em outro aspecto cultural urbano, o sound system de reggae. Comprando discos de vinil, equipamento analógico, aumentando minha coleção e cultura e ao mesmo tempo levando uma cultura de paz, humildade e união para minha região, através do som. Sempre em conexão tanto com a cultura como com os amigos de longa data que o skate me trouxe. Acho que o skate mais do que tudo tem que ser as amizades, e eu sou feliz por mantê-las, independente do que eu tenho feito ou qual meu envolvimento com o negócio.


Diogo Smith - B/S Salad Grind

MaurĂ­cio Parmalat - Switch B/S Tailslide


agradecimentos

Chico - Switch B/S Crooked

BSB/GYN - Calixto, Jimmy, Aladin, Zago, Paulo, Bala e Dezzen. Galera do Sul: Parmalat, Didinho, Patrick, Iqui, JP e Gordo RJ: Dornelas, Dhani B, Fernando Martins e Renê Jr. SP: Mario Marques, Thyago Ribeiro, Cotinz. São muitos que deram uma força. Aqui em Belém, toda a velha guarda e nova guarda também. Gabriel, Batman, Menandro, Tatá, Túlio, Elizer, Formiga, Fellipe Francisco Chico, Nego Alan e Jr. Brasília, Gustavo III Mundo, Crew em peso, irmandade aqui da city no corre do som. Nordeste: Detefon e Adelmo. Equipe da Europa: Ruzy, Gui, Java, Poleão, Diogo, Thaynan, Tekilla, Flo, Malandro, Andrezinho. E um salve aos editores das revistas que escolheram publicar mesmo que por uma vez meu trampo: Samelo, Vianna, Viegas, Gyrao. Enfim, só lembrando alguns que passaram pelo meu caminho e fortaleceram de alguma maneira. E JAH no comando, sempre.


MARCA PASSO TEXTO: IGOR CALIXTO

“É um dispositivo de aplicação médica que tem o objetivo de regular os batimentos cardíacos. Isto é conseguido através de um estímulo elétrico emitido pelo dispositivo quando o número de batimentos em um certo intervalo de tempo está abaixo do normal, por algum problema na condução do estímulo natural do coração”. Da mesma forma funciona a música pra mim e acredito que não sou o único, até mesmo porque essa correlação entre o aparelho eu ouvi a primeira vez de um camarada EMECEE. Com o máximo respeito, peço licença pra chegar e compartilhar o presente que a música oferece constantemente aos nossos ouvidos. Já não é nenhuma novidade que a música é ligada ao skate, assim tanto quanto gêmeos siameses e quem aí não gosta de soltar aquela pedrada para inspirar a sessão, não é mesmo? Essa coluna é dedicada aos amantes, pesquisadores incansáveis e também a você, que é apenas um bom ouvinte à procura de novidades. E a partir de agora iniciamos nossas atividades. Vou trazer as boas novas do que anda rolando nos estéreos da Black Music mundial, cena que sempre procuro me manter informado. Mas calma, não nos prenderemos a um só estilo, a música é rica e é capaz de ultrapassar barreiras e estereótipos de gêneros, tudo passando pela malha fina do que realmente vale a pena escutar. E sem mais papo vamos ao que interessa:


Henrique fuentes - agora De volta a cena do rap alternativo, Henrique Fuentes, Mc do já não existente grupo Simples, que tinha nomes como Kamau, Stephanie, DJ Will e Dieguinho Beat Box. O coletivo lançou um EP muito bom em 2005, desde então Henrique Fuentes só havia feito participações. Em 2012, Henrique Fuentes lançou um single exclusivo para a vídeo parte do skatista amador de São Paulo Felipe Nery, a música “firme e forte” é uma das ótimas faixas que encorpam o álbum AGORA, lançado em Outubro. O disco foi lançado com o selo da “Marreta Records” e conta com produções de Coyote Beatz e Dj Erick Jay, também com participações de Kamau, Stephanie, Elo da Corrente e Savave. Bum bap do início ao fim, sem dúvida um dos melhores álbuns independentes do ano! DestaQque para as faixas: 2 - Cuide mais do seu jardim 4 - Amigos 8 - ótimo e zen e 14 -Simples Assim (Pt Kamau & Stephanie).

a tribe called quest “midnignt maruders” - 20 anos 20 anos de um dos melhores álbuns de rap já lançados, o clássico “Midnight Maruders” do A Tribe Called Quest completa duas décadas em 2013 se você já voltou para casa satisfeito depois da balada pode ter certeza de que o DJ tocou pelo menos uma faixa desse álbum. E em clima de celebração o DJ Chris Read lançou uma mixtape com as originais e as sampleadas do disco, que você pode baixar no Soundcloud do DJ: https://soundcloud.com/wax-poetics



neguim beats/darker tHan Wax-sWeet life ep O beat maker goiano Neguim Beats vem ganhando muito respeito na cena dos loops. Com um estilo suave e clássico Neguim tem conseguido trazer a alma dos samples em suas produções uma boa pedida pra quem gosta de neo soul e Smooth jazz. Esse ano o beat maker trouxe a tona seu primeiro EP intitulado “sweet life”, que se destacou em diversos sites e blogs internacionais. Neguim evoca uma conexão inata com o ouvinte. Para comprar o EP acesse a página do beat maker no Bandcamp: http://darkerthanwax.bandcamp.com/album/sweet-life-ep

xxyyxx - xxyyxx Não se preocupe o título não é um palavrão que censuramos! XXYYXX é o nome artístico de Marcel Everett, de 17 anos. Está no cenário da música desde 2011, e é originário de Orlando, FL. Marcel cria música com beats de minimal que conseguem provocar emoção e transmitem imagens vívidas de paz e de ainda tristeza. Marcel tem sido comparado com James Blake, J Dilla e Star Slinger. A sua música tem sido referida e aclamada nos sites XLR8R, The Needle Drop, Earmilk, Indie Shuffle, BIRP e muito mais. Nesse álbum o produtor sintetiza os loops em alta freqüência dando ênfase a solos de contrabaixo que lembram um pouco Daft Punk. melo b jones Minha mais recente descoberta entre as cantoras de Neo Soul. “I just wanna sing and share my music” (Eu só quero cantar e compartilhar a minha musica), assim Melo B Jones se introduz em seu profile no Soundcloud, diretamente de Johannesburg, África do Sul, Melo traz um estilo bem suave em suas canções. Destaque a algumas interpretações de faixas de artistas como Q-Tipe (Gettin UP) e Miguel (Quikie). Melo não tem ainda nenhum álbum lançado, mas já tem algumas mixtapes rolando pela net, inclusive um EP inteiro em acapella intitulado “Acapella Fella” no qual mostra a habilidade da sua voz. Ótima pedida para um dia de chuva e uma boa companhia, ”You Know what i mean”. (Risos).


DIVAS RESPONDEM TEXTO: RENATA OLIVEIRA

Para acabar de vez com isso de que tal lugar é melhor pra andar de skate, tal região é o paraíso do skate feminino, nessa edição as Divas falam sobre a vantagem e a desvantagem dos lugares onde moram. O fato é que no Brasil não existe nenhum pico com a frase que todas nós gostaríamos de ler: “Vem pra cá, que skate feminino tá tendo”. Então, vamos viver a realidade, fazer nosso corre e conquistar cada vez mais espaço seja em qualquer lugar.


que o skate feminino é tido como menos favorecido, carente de patrocínio e que mesmo assim a cena vem crescendo no país, isso nós já sabemos. o que eu quero saber é como vocês encaram esse universo do skate feminino e quais os pontos favoráveis e negativos da região que vocês moram?


Marina Isabella Veiga 21 anos, 7 anos de skate Curitiba – PR Eu já fiquei muito revoltada com essas coisas, tanto que expressava isso em redes sociais, já me pilhei demais com competições e patrocínios, me cobrava muito e acabava me frustrando. Hoje ando de skate sem muita expectativa, somente por amor e principalmente para glorificar o nome de Jesus, e o reconhecimento será apenas consequência. A região em que moro apenas me favorece pelas amizades que tenho e família, pois dão muito apoio, porém para a prática do esporte é muito complicado, as pistas públicas estão muito deterioradas e quanto aos patrocínios, estão cada vez mais se fechando para os atletas. As competições estão cada vez mais raras e não há algo direcionado para a categoria feminina, que com isso está cada vez mais dispersa no estado do Paraná.

F/s Smith Grind Foto: Leonardo Silva


Foto: Mariana Piccoli

natália micHels 27 anos, 4 anos de skate florianópolis - sc Creio que o skate feminino vem crescendo mesmo sendo considerado menos favorecido e carente de patrocínio, porque não é só disso que vive o skate. Skate vive dentro de nós, é uma forma de amor e de amar, transcender e se superar. Patrocínio e apoio são frutos de foco e dedicação ao esporte como um todo. Eu sou do Sul, moro em Florianópolis e o skate aqui está crescendo com apoio principal do privado, de pessoas que dedicam sua atenção a esse esporte maravilhoso, e pistas, principalmente bowls, surgindo em várias partes da cidade.


jess sWan 22 anos, 4 anos de skate maceió – al Não só o skate feminino é menos favorecido, qualquer esporte dentro do território nacional é desfavorecido pelos órgãos públicos, mas dentro do contexto skate, creio que deve ser ainda pelo número reduzido de meninas no esporte. As marcas vendem mais para meninos, o público maior são os homens, acho que quando as meninas entrarem de cabeça mesmo nessa, tudo ficará melhor para nós. As meninas já estão começando a engrenar e acho que daqui pra frente é só evolução em todos os sentidos, em questão de patrocínio, manobras, etc. Eu encaro isso tudo como a paixão da minha vida, acho que todo skatista sonha sim em ser profissional, viver de skate, mas temos que levar acima de qualquer “profissionalismo” o amor que temos pelo “carrinho”. Na minha cidade tem pistas muito boas em relação a obstáculos, mas não temos manutenção das pistas então fica difícil, mas temos ótimos picos de rua.

F/s Boneless Foto: Flaney Gonzallez


lorena fernanda 18 anos, 6 anos de skate belo Horizonte – mg O preconceito com o skate em Minas Gerais é muito grande, maior ainda com a categoria feminina, o que desanima as garotas a começarem a praticar, por isso não temos muitas skatistas de alto nível. As competições têm poucas participantes, o que enfraquece a categoria. Por serem poucas atletas aquelas que se dedicam se destacam mais e conseguem apoio. Acho que aqui em BH não tem pontos positivos. Mas, mesmo sem apoio ainda encontramos garotas que praticam.

Ollie Foto: Diala Coelho


mirelle sampaio 17 anos, 3 anos de skate fortaleza – ce

F/s Noseslide Foto: Victor Oliveira

O skate feminino na minha região cresceu bastante, muitas meninas começando a andar e muitas mostrando presença na cena e evoluindo muito. A galera tá incentivando as meninas e muitas já têm apoio ou patrocínio de marcas e lojas. O lado negativo é que apesar da evolução que tivemos, ainda em muitos campeonatos não tem a categoria feminino e muitas vezes quando tem, somos desvalorizadas com premiações injustas pro valor da inscrição e ainda rola um certo desrespeito com as meninas.


elizandra reis pereira 25 anos, 5 anos de skate gama – df No DF o skate feminino vem crescendo realmente e o apoio ou patrocínio, para as meninas são grandes, pois praticamente todas as lojas ou marcas têm uma mina para representar. Mas, ainda há muito espaço para ganharmos. As meninas são firmes, não se abalam, existe um respeito nas skateparks ou nos picos, são muitos pontos positivos. Agora, às vezes, vamos a um campeonato e falam que vai ter categoria feminina, daí chega na hora dizem que não vai ter mais, isso é muito triste, pois gera falsas expectativas, mas mesmo assim simplesmente falamos: “Não vai ter? Beleza! Então vamos pra outro pico”. Não apoiamos quem não nos apóia e fora isso não tenho do que reclamar do skate no Distrito Federal.

F/s Grind Foto: Phelipe Lira


Ollie Foto: Diego Almeida

yara oliveira 15 anos, 2 anos de skate cuiabá – mt Encaramos com muita força de vontade e dedicação. O principal ponto favorável é a variedade de bons picos espalhados pela cidade. Já o negativo é a falta de pistas, pois temos apenas uma, e bastante degradada. O descaso do poder público da cidade com o skate está em alta.



BASTIDORES CEARÁ WORLD CUP FOTOS: VICTOR OLIVEIRA



FINALIZAMOS COM O SOLO EM DIA


Robson Galego - Hard Heelflip Brasília - DF Foto: Renan Agá



Fabio Carvalho - B/S Heelflip BrasĂ­lia - DF Foto: Alex Seabra


ACABOU?


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