Jornal ABRA - 20ª edição

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20ª IMPRESSÃO Santa Maria, dezembro de 2009

Jornal Experimental do Curso de Comunicação Social - Jornalismo - UNIFRA

Lição de civismo

Dandara flores

Lazer pede verde e ar livre

Morador do Itararé desde que era criança, o empresário aposentado Nelson Borin (foto abaixo), 76 anos, cumpre diariamente um ritual de cidadania. Há 45 anos, ele hasteia a bandeira nacional e zela pela conservação do canteiro onde está o mastro, no coração do bairro. Histórias assim, e de várias regiões da cidade, ocupam as páginas dessa edição do ABRA. Área da UFSM é opção para passeio e prática de esportes. Pág. 3

Aline Schefelbanis

Obras na Nova Santa Marta

Moradores sonham com melhor estrutura e ruas calçadas. Pág. 5

Parquímetros em discussão fotos Thays Ceretta

Página 5 Luana Baggio

Cobrança por vagas no Centro divide opiniões de motoristas. Pág. 4


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dezembro 2009

Opções no Bairro Tancredo Neves

Opinião

Fellipe Foletto

Expediente Jornal experimental interdisciplinar produzido sob coordenação do Laboratório de Jornalismo Impresso e Online do curso de Comunicação Social Jornalismo do Centro Universitário Franciscano (Unifra) Reitora: profª Iraní Rupolo Diretora de área: profª Sibila Rocha Coordenadora do curso: profª Rosana Zucolo Orientadores: profº Iuri Lammel Marques (MTb/RS 12734), profª Laura Elise Fabrício, profª Liliane Dutra Brignol e profª Sione Gomes (MTb/SC 0743) Equipe de reportagem: Aline da Silva Schefelbanis, Aline Silveira Zuse, Ana Luiza Morosetti Silveira, Andressa da Costa Scherer, Bruna Girardi Kozoroski, Camila Rocha da Cunha, Camilla Tudisco Vilas Boas Compagnoni, Dandara Flores Aranguiz, Djuline Seiffert, Eduardo Rocha Sartori Sendtko, Emanuelle Tronco Bueno, Evelyn Freitas Paz da Silva, Fellipe Bernardini Foletto, Fernanda da Rosa Ramos, Franciele Bolzan, Francielle Bezerra Bueno, Guilherme Kalsing, Iara Thainan de Menezes Betim, Ingrid Lippmann da Cunha Bravo, Jefferson de Oliveira de Andrade, João Alberto de Miranda Filho, Kárin Spezia, Laudia de Oliveira Bolzan, Lidiana da Silva Betega, Luana Baggio, Lucas Machado Souza, Marianna Antunes Ruchiga, Mateus Barreto, Matheus Colvero do Prado, Maurício Saldanha, Pâmela Rubin Matge, Raul Kurtz Cezar, Rita de Cassia Barchet Vieira, Tais Schallemberger Lima, Thales de Oliveira, Thays Cervi Ceretta e Willian Correia. Fotografia: Aline Schefelbanis, Ana Luiza Silveira, Bruna Kozoroski, Dandara Flores, Evelyn Paz, Fernanda Ramos, Francielle Bueno, Iara Betim, Luana Baggio, Lucas Souza, Mateus Barreto e Thays Ceretta. Diagramação: profº Iuri Lammel Marques Impressão: Gráfica Gazeta do Sul Tiragem: 1000 exemplares Distribuição: gratuita e dirigida

Campo de futebol, no Ginásio de Esportes Oreco, é um dos espaços mais frequentados pelos moradores

O

s moradores do bairro Tancredo Neves dispõem de várias opções de lazer. Durante o dia, as pessoas costumam freqüentar o Ginásio de Esportes Oreco, onde também se localiza o campo de futebol e a rampa de skate. À noite, o ponto de encontro mais procurado é o Bar Lancheria do Toco, no Centro Comercial do bairro. Próximo ao Ginásio Oreco, a pracinha é uma atração para as crianças da região. Além disso, o bairro conta com a presença do tradicionalismo, através do CTG Passo dos Ferreiros, na Rua 42. O Bar do Toco é o local onde há a maior concentração de pessoas à noite. Verlane

Seeger, dono do estabelecimento, afirma que o movimento do bar atinge outras regiões da cidade, inclusive do Km 3. Os entrevistados gostam da agitação em frente ao bar e a tem como principal opção de lazer noturno. Porém, Viviane Nunes, 28 anos, também gosta de tomar chimarrão com os amigos no Centro Comercial. Já Alex Martins, 21 anos, tem uma segunda opção, o Bar do Barreto, local que ele pode jogar sinuca com os amigos. Muitas pessoas que não são moradores do bairro simpatizam com as atrações do lugar, como Anderson Souza, que, através de um namoro, conheceu o local e o frequenta até

hoje. O convívio que os moradores têm entre si acaba formando vínculos de amizade. Por outro lado, existem aqueles que nasceram no bairro, frequentaram a pracinha, jogaram futebol no Oreco, foram muito ao Centro Comercial e hoje vão ao Bar do Toco relembrar os velhos tempos. Exemplo de Alexander Naidon, natural do bairro, que vai ao estabelecimento encontrar seu “povo”. Enfim, o bairro Tancredo Neves possibilita aos moradores muitas opções de lazer, dentre elas de repouso, diversão, recreação e entretenimento. Emanuelle Bueno e Evelyn Paz

Skate une moradores

Manobras radicais reuniram cerca de 30 participantes na Av. Paulo Lauda, próximo ao ginásio Oreco, no Bairro Tancredo Neves, no final de outubro. O dia 17 foi escolhido como marco do primeiro Projeto Skate, que tem como objetivo unir crianças do local através do esporte, dando oportunidade também àquelas que nunca tiveram acesso a prática desta atividade. A iniciativa teve apoio da prefeitura municipal de Santa Maria e de algumas lojas, como Sk8 Surf e Litoral Surf Skate, que colaboraram emprestando skates. Os moradores participaram da ação de diversas formas, alguns eram responsáveis pelas inscrições, outros por tirar fotos. “Sempre fui ligado a esse tipo de esporte, pratico skate há muitos anos. Minha vontade era de fazer algo que envolvesse skate, crianças e minha

FranciellE bueno

Ter estado à beira do precipício, as margens da loucura interior, e ter estado assim, contigo então, de mãos dadas com a morte. Imaginava salamandras dançantes, imaginava gafanhotos presos em seu cabelo e comia sanduíche em baixo da chuva que nunca parou de cair. Atormentava-se com os barulhos, e ouvi as vozes, que lhe diziam sempre para acender o gás da cozinha e terminar com o martírio. Ter estado à beira da consciência humana que se perde em devaneios de uma cabeça privilegiada por histórias contadas, mas jamais vividas. A realidade então confundia-se com o imaginário, e a mente vai se abrindo e acreditando estar vendo coisas, estar mais do que isso, vivendo estas coisas. Pena que a vida é mais limitada, pena que as coisas não são como a imaginação gostaria que fosse. Eu vivi a vida toda como se um conto de Caio Fernando de Abreu fosse, interminavelmente, contado. Fui o ator de todas as minhas tragédias, e chorei por todos os personagens, desci no mais profundo dos infernos e também alcancei o mais alto dos céus. E quando descobrimos que a vida não passa de uma farsa que insiste em ser mantida, a loucura nos apetece, nos abriga, nos faz ver a vida por outros olhos, mais além do que se estampa, mais fundo do que o escuro permite ver, mais para dentro de nós mesmo, que se não fosse por ela, jamais penetraríamos. Então é que encontramos o paraíso, então é que podemos sentir o verdadeiro perfume das flores e ouvir o canto dos pássaros. As vozes, que ouvíamos, são as vozes de todos os personagens que interpretamos, milhões de pessoas que ficam em uma fila atrás de você, e que lhe seguem por toda a vida terrena. Ate que você desiste, ate que você se entrega, ate que ouve a musica, aprende os passos, ensaia a dança da morte, e canta a mais estranha alegria de não estar mais vivendo. É assim que eu vejo a vida, não pelos olhos de uma criança, mas sim pela consciência da loucura.

evelyn paz

Olhos de gafanhoto

Projeto oportuniza primeiro contato com a atividade

comunidade, onde nasci e cresci. Comecei a pensar em algo que pudesse unir tudo isso. A idéia era de reunir crianças de todas as idades, tanto as que já dominavam quanto as que nunca tiveram acesso, e até mesmo skatistas mais velhos”, comentou Jarí Carvalho, professor de educação física e idealizador do projeto.

A ação teve o apoio de alguns professores para ser colocada em prática. Eles ensinavam as crianças a andar de skate e as instruíam nos alongamentos, indispensáveis para a prática segura deste esporte. Além disso, o uso de capacetes e joelheiras foi muito recomendado pelos profissionais. “A felicidade das crianças que não param de chegar e se mostram interessadas me motivou ainda mais. O resultado me surpreendeu, pois eu não esperava receber uma resposta tão imediata, tanto da população quanto das lojas, que me atenderam e se prontificaram a colaborar desde o início”, afirmou Jarí. A ideia é dar continuidade ao projeto e buscar cada vez mais recursos para aprimorá-lo e, dessa forma, atrair mais pessoas. Por Francielle Bueno e Marianna Antunes


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Espaço natural em Camobi é destaque como área de lazer

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uando pensamos em lazer, Santa Maria não oferece muitas opções. Uma das poucas áreas e talvez uma das mais frequentadas é encontrada no campus da UFSM, em Camobi. Com a chegada do horário de verão, o local tem um crescente movimento, atraindo boa parte da população da cidade. Pista de caminhada, pracinha recreativa, churrasqueiras, campos esportivos junto com a presença do verde são razões para a grande procura deste já tradicional espaço de descontração na região. Outro importante motivo que agrada a comunidade é a segurança, característica pouco encontrada em praças do Centro, como ressalta a comerciante Silvia Camargo, 44 anos. De acordo com ela, a tranquilidade é um dos motivos que a faz se deslocar de sua casa no KM3 até a UFSM. Além da natureza, desde o início de 2007 a área conta com uma pracinha bem estruturada para a “gurizada”. O projeto de iniciativa de Jeverson de Assumpção Bello, funcionário

fotos dandara flores

A garotada se diverte na pracinha de brinquedos

Pista de caminhada inaugurou os atrativos oferecidos no local

do Centro de Educação Física e Desportos da UFSM (CEFD), teve como intenção criar um ambiente de diversão para as crianças, pois o local não ofe-

recia nada parecido. Sem o apoio da prefeitura da instituição, o projeto só tornou-se realidade devido ao empenho dos funcionários do CEFD. “Ver

Raquel Giacomo aproveita os dias mais longos no verão

a pracinha recebendo pessoas até de fora de Santa Maria é recompensador ao trabalho realizado”, emociona-se Jeverson. Nos arredores da pista de

caminhada é comum encontrar famílias inteiras, muitas vezes também na companhia de seus animais de estimação, fazendo piqueniques e tomando chimarrão. “Com as poucas alternativas encontradas em Santa Maria, a pista é uma boa opção para curtir a família”, diz o autônomo Alessandro Vargas, 32 anos, que, acompanhado da filha, esposa e sogra, costuma aproveitar “o verde da UFSM sempre que o tempo permite”. O espaço destinado às caminhadas, que é o mais antigo atrativo de recreação no campus, tem uma maior procura com a proximidade do verão e os dias mais longos, em função da mudança de horário. A possibilidade de desfrutar do contato com a natureza por mais tempo é uma das causas pela qual a advogada Raquel Giacomo, 39 anos, freqüenta o local. “Com o início do horário de verão posso aproveitar a pista depois de um dia de trabalho”, afirma Raquel. Dandara Flores e Willian Correia

A falta de lazer é um problema preocupante em muitas regiões da cidade, a exemplo do bairro Juscelino Kubistchek, conhecido também como Vila Caramelo. No local, os moradores, em especial as crianças, não têm lugares adequados para prática de atividades recreativas. Uma das poucas áreas reservadas para o lazer ou a prática de esportes era um campo improvisado, cedido por um empresário local. O terreno, agora, está sendo usado para a construção de um supermercado. Outro local que era usado pelos moradores é a pracinha da Igreja Redonda, como é conhecida, que se encontra em condições precárias, o que torna inviável o seu uso. As opções, agora, são as ruas, causando preocupação em pais. No entanto, as esperanças não foram esgotadas. A judoca Aglaia Pavani, 50 anos, coordena, junto aos seus monitores, o Projeto Mãos Dadas de Judô na Escola Municipal de Ensino Fundamental Altina Teixeira. Eles desenvolvem o trabalho na escola há quatro anos, incenti-

www.uglione.com.br

O judô é alternativa Empreendimento Royal Plaza é a aposta do bairro Dores

Crianças e jovens da Caramelo aprendem com o Mãos Dadas

vando o esporte e dando uma opção de recreação para as crianças da região, que nunca haviam tido contato com o judô antes. Sem mais opções para se divertir ou praticar exercícios, as crianças da Vila Caramelo têm uma alternativa além das ruas. Através do projeto, os pequenos judocas, mesmo com as dificuldades enfrentadas pela falta de patrocínios, já participaram de diversas competições. O projeto abrange também outras regiões da cidade e já está em ação há mais de 15 anos. Por Iara Menezes e Eduardo Sartori

Depois de 14 anos de espera foi finalizada a construção do Royal Plaza Shopping, que apesar de não operar com sua capacidade total já é o maior centro comercial de Santa Maria, com 31 lojas. O empreendimento localizado no bairro Dores já contribui para o crescimento da região em vários setores, principalmente na economia. A construção, que é a maior já feita na cidade, vai gerar 800 empregos diretos, segundo o administrador do Royal Plaza, Ruy Giffoni. “O bairro Dores contará com o maior shopping do interior do estado”, afirma. Giffoni diz que a demora para a obra ser concluída gerou expectativa na população. Sobre a pouca utilização de publicidade para o novo shopping, ele comenta que ainda não é o momento certo para o uso de propagandas, mas pretende usá-las quando o shopping operar em sua capacidade total. E complementa: “Propa-

“Só trará benefícios para nossa comunidade”, diz moradora ganda não é a alma do negócio, propaganda é a melhor maneira de dizer que o negócio tem alma”. O administrador também afirma que até dezembro mais de 50 lojas estarão em atividade. Em março do ano que vem se espera que 70 lojas estejam abertas para o público. Os moradores do bairro aprovam a chegada do Royal Plaza, como diz o estudante Filipe Benetti, 19 anos: “É realmente um empreendimento promissor, que só trará benefícios para nossa comunidade”. Maria Antônia da Rosa, 63 anos, aposentada, que vive no bairro

há mais de 30 anos, fala que haverá mais opções de lazer e cultura para a região. Mas há opiniões contrárias, como a do estudante da UFSM Guilherme Amaral, 18 anos: “Esse shopping é só mais um centro de consumo, não era necessária a construção deste. Além de também atrapalhar no trânsito, causando congestionamentos em dias de grande movimento. E nós (estudantes da universidade federal) seremos prejudicados, pois o bairro Dores é a principal rota de ônibus que temos para chegar lá”, acredita. Mesmo com esse ponto contra, o público entrevistado, em sua maioria, se mostra satisfeito com a abertura do shopping e acha que, se tudo o que foi prometido for cumprido, o Royal Plaza Shopping trará um salto de qualidade para Santa Maria. Raul Kurtz Cezar, Mauricio Saldanha e Matheus Colvero do Prado


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Parquímetro, para quê?

ma pergunta freqüente para a maioria dos motoristas é por que pagar paquímetro? Qual é a função dele e que benefício trouxe à cidade? Para o secretário municipal de Controle e Mobilidade Urbana, Sérgio Renato de Medeiros, o paquímetro é uma forma de mais pessoas usarem o local de estacionamento dentro do sistema viário, limitando o tempo de estacionamento a duas horas no máximo. O objetivo é gerar rotatividade. “Com isso tem menos gente circulante, porque as pessoas que ficam procurando vaga, também ficam circulando e com isso elas vão encontrar mais rapidamente uma vaga”, afirma o secretário. As máquinas antigas foram substituídas por equipamentos mais modernos, fáceis de lidar e de melhor funcionamento. Existem cerca de mil vagas de estacionamento rotativo na região central de cidade. Segundo o secretário, com relação à segurança do veículo nem a prefeitura nem a Zona Azul são responsáveis. “Simplesmente você está pagando uma tarifa sobre o uso daquela vaga”, esclarece. O contrato da prefeitura com a Zona Azul prevê que 16% da arrecadação vai para o município, sem destinação específica, e o restante fica com a empresa que é responsável pela demarcação das vagas, placas de sinalização, manutenção das máquinas e pagamento dos funcionários, conforme explica Ingrid Raquel Rodrigues, 26 anos, auxiliar administrativo da Zona Azul. Apesar das tantas vantagens apresentadas pela prefeitura, há uma insatisfação dos motoristas com relação ao paquímetro, principalmente nas ruas Dr. Bozano e Floriano Peixoto. “O

fotos Thays Ceretta

Quatro opiniões

A limitação de tempo de uso gera rotatividade e possibilita que mais pessoas usem as vagas de estacionamento. Sérgio Medeiros, secretário municipal

“Qual é o percentual que fica para Santa Maria? E outro tanto para quem vai? Onde vai? E em que é aplicado?” Tania Cunha, professora

“O difícil é o pessoal estar perto das máquinas, ainda mais quando a gente precisa de troco e nos dias de chuva.” Tielen P. Silva, comerciante

“Eu uso diariamente. Antigamente, o pessoal deixava o carro aqui e esquecia. Hoje tem uma certa regra.” Claudio Schaurach, corretor de seguro

Dificuldade com troco é um dos problemas apontados por usuários

que eu acho difícil é o pessoal estar perto das máquinas, ainda mais quando a gente precisa de troco, principalmente nos dias de chuva. Ficou mais difícil arrumar uma vaga, porque quanto mais máquinas, mais carros têm por perto. Se tivesse algum tipo de segurança eu acho que deveria ser cobrado”, diz a comerciante Tielen Pagnosse Silva, 26 anos. Conforme Cláudio Schaurach, 23 anos, corretor de seguros há ainda poucas vagas de estacio-

namento na cidade. “Tu tem que estar rodando para achar uma vaga, principalmente entre a Venâncio e a Bozano. Eu uso diariamente e mesmo dependendo do horário tu precisa circular. Uma certa diferença é que antigamente o pessoal deixava o carro aqui e esquecia, hoje em dia tem uma certa regra, que é cumprida queira ou não. A única coisa que eu acho errado é pagar por uma vaga pública e que não tem nenhum seguro”, comenta Cláudio.

Tânia Cunha, 60 anos, professora, afirma ter dúvidas sobre o serviço. “Desde que o parquímetro foi instalado eu tenho um questionamento, o qual nunca tive resposta: qual é o percentual que fica para o município de Santa Maria? E outro tanto para quem vai? Onde vai? E em que é aplicado? A informação que nós tivemos em anos anteriores, é que somente 16% de toda a arrecadação do parquímetro fica para o município de Santa Maria e os outros 84% o que

Associação desenvolve projetos pelo bem estar no bairro eleito da associação de moradores, Juarez Mayer, a participação da comunidade nas reuniões e nos projetos realizados é o que mais importa. “No início, não tínhamos muitos moradores nas reuniões. Com o passar dos

meses e alguns projetos sendo realizados, as pessoas começaram a se interessar mais. A participação aumentou consideravelmente, principalmente quando são feitos os projetos de ajuda comunitária”, diz Mayer. A participação dos moradores do bairro nas ações comunitárias pode ser vista no Dia do Vizinho, quando a interação entre todos os vizinhos foi demonstrada nas campanhas de vacinação, tanto de crianças quanto para idosos. Nessas campanhas, o bairro inteiro se encontra na praça, onde se realizam vários eventos educativos e festivos.

Thays Ceretta e Tais Lima divulgação

Com a participação de todos Os moradores do conjunto Residencial Lopes, em Santa Maria, servem com exemplo de dedicação e união para os outros bairros da cidade. Há cerca de cinco anos, criou-se a associação, que inicialmente tinha por objetivo apenas organizar-se para ir até a prefeitura reivindicar projetos e melhorias para a comunidade. Esse pensamento durou até 2005, quando a entidade começou a seguir o caminho com as próprias pernas, fazendo projetos comunitários visando ao bem estar do bairro. Para o primeiro presidente

seria? Pra quem iria? Seria aplicado em quê? Em benefício da comunidade santamariense?”. Isso faz com que Tânia prefira deixar o carro em estacionamentos particulares, enquanto o estacionamento rotativo nas ruas do centro continua sendo uma opção para a maioria dos motoristas que precisam estacionar o veículo nas ruas do centro de Santa Maria.

Dia do Vizinho é oportunidade de confraternização e ações sociais

O exemplo do bairro Residencial Lopes em ter uma associação comunitária organizada, com objetivos claros em lutar por melhorias junto à prefeitura, realizar projetos junto às pessoas mais necessitadas e de conscientização,

pode mostrar que, futuramente, será cada vez mais comuns esse tipo de iniciativa. O fundamental é a participação dos moradores dos bairros. Guilherme Kalsing e Jefferson Andrade


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Um bom lugar para se viver

mês de outubro marcou os 45 anos em que a bandeira do Brasil é hasteada todos os dias no centro do bairro Itararé. Pontualmente às 8 e às 18h, Nelson Borin, 76 anos, cumpre a rotina dando um verdadeiro exemplo de cidadania. O morador reside no bairro desde seu nascimento e tem um papel importante no desenvolvimento do local, praticando ações voltadas para a melhoria da comunidade. “Tenho orgulho de morar aqui. Fui presidente do bairro em 1975, colocamos luz, água, pracinhas, e reformamos o Monumento dos Ferroviários. Trabalhei a vida inteira pela comunidade, isso está dentro de mim”, relata Borin. Ele ainda conta que guarda todas as bandeiras já utilizadas no mastro e que, quando necessário, ele mesmo manda cortar a grama e aparar as árvores. “Se eles não vem, nós fazemos”, garante. O aposentado é também idealizador de um grupo de voluntários que todos os anos no Natal leva mensagens em troca de donativos. Exemplos como o de Borin fazem do Itararé um lugar bom para se viver, com harmonia percebida em uma simples visita. “Por aqui está bom, não pretendo sair daqui nunca”, diz Dirceu Lopes, 57 anos, comerciante. Para Ana Paula Maciel de Azevedo, 27, vice-diretora da escola Walter Jobim, embora pacato, Itararé é um bom lugar. “Há aqui uma valorização do bairro. Não se vê aqui algazarras, as pessoas moram aqui há muito tempo e são conhecidas, principalmente, pelo sobrenome da família. A nossa escola, por exemplo,

fotos Lucas Souza

O Bairro Itararé é considerado berço de Santa Maria, pois seu surgimento remonta à chegada da da estrada de ferro ao município Luana Baggio

Ana Paula ressalta que todos se conhecem por ali

formou gerações e incentivou talentos”, conclui Ana. O Itararé ainda conta com um diferencial: possui uma unidade de saúde com horário de atendimento das 7h às 22h. Possui três escolas estaduais e uma privada, além de diversos pontos turísticos, como a igreja Santa Catarina, o Monumento dos Ferroviários e o morro Cechela.

Dirceu Lopes descarta a hipótese de deixar o lugar

O bairro, localizado na região nordeste de Santa Maria, é considerado o berço da cidade. Teve sua formação com a chegada dos trilhos da Viação Férrea, em 1885, e hoje abriga 12 mil habitantes. Luana Baggio, Lucas Souza e Pâmela Rubin Matge

Nelson Borim presta homenagem à bandeira nacional diariamente

Obras do PAC estão em ritmo acelerado

As obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) são esperadas pelos moradores da Nova Santa Marta, zona oeste de Santa Maria, há 17 anos. A entrega da escritura das terras, que transferiu 254 hectares do bairro, foi feita pela governadora do estado Yeda Crusius ao prefeito Cezar Schirmer. “Vai levar uns dias ainda. Não tem previsão de término”, diz Ubaldo Antônio da Silva, 68 anos, encarregado geral da obra, por uma das empresas responsáveis pelo PAC. Com o uso das máquinas, estão revestindo e colocando pedras nas ruas. As priorizadas pelo projeto são as que ficam próximas

ao Colégio Marista Santa Marta. Com isso, a população poderá ter ruas com infraestrutura, drenagem da água da chuva, redes de esgoto, sete áreas de lazer, sete centros comunitários, melhoria habitacional e retirada das casas em áreas de risco. Segundo o coordenador do Centro Social Marista Santa Marta e, também, da regulamentação fundiária da Nova Santa Marta, Júlio Ricardo Alf, 31 anos, a escola sedia as reuniões por ser um ponto de referência entre as sete associações das vilas. Fazem parte: Alto da Boa Vista, Marista II, Sete de Dezembro, 18 de Abril, 10 de Outubro, Núcleo Central e Pôr-do-sol. Os encon-

tros começaram há quatro anos, organizadas pelo irmão Pedro Ost, a fim de vistoriar as obras e apontar reclamações, sugestões e soluções para remoção de moradores das áreas de risco. Para as moradoras Marilene Wisniwski Bottura, 40 anos, comerciante, e Noemi de Oliveira, 49 anos, costureira, as obras do PAC são ótimas. Elas acabaram com o barro e a poeira, que predominavam na área, ajudando-as também na travessia pelas ruas livremente, coisa que antes não era possível pelos grandes buracos existentes. Aline Schefelbanis e Franciele Bolzan

Aline Schefelbanis

Máquinas preparam as ruas para revestir e colocar pedras


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Internet chega à Vila Block Depois de inserir no mundo palavras como site, arroba, e-mail, domínio, blogs, a Internet é alternativa para conectar lugares isolados, onde até então o acesso era difícil devido à localização geográfica distante. É o que acontece no 5º distrito do município de São Sepé, a Vila Block. Com uma comunidade de pouco mais de 1000 habitantes, a internet chega para mostrar a todos que é possível fazer parte do mundo virtual e aproveitar as facilidades dessa tecnologia. A torre, no ponto mais alto da localidade, oferece um sinal via rádio que chega até as casas dos moradores da Vila Block e também do distrito Passo do Verde, de Santa Maria. A antena foi instalada no dia 9 de outubro, o que foi acompanhado com euforia pelos moradores, que esperam há anos a chegada do serviço. Os avanços tecnológicos permitem que o sinal chegue sem a extensão de cabos, em lugares desfavoráveis como o distrito, distante 23 km de São Sepé e a 30 km de Santa Maria. O auxílio dessa ferramenta agiliza os negócios, permite uma maior comunicação entre os moradores, trazendo informações que possam ser discutidas em sociedade, já que esse meio permite cruzar fronteiras no mundo todo.

Elizete Silva, 29 anos, uma das primeiras a receber o sinal, conta que ficou muito contente com a conquista da internet na sua residência e espera agora poder manter contato com amigos e familiares distantes. “Meu irmão que mora em Bento Gonçalves ficou feliz em saber que agora posso me comunicar com ele diariamente, sem ficar contando os minutos no telefone, pois a ligação é cara. Já a internet eu pago um preço fixo mensal e tenho várias opções de entretenimento”, diz Elizete. O serviço disponibilizado aos moradores da Vila Block tem um custo de R$ 69,00 fixos mensalmente. Até então os poucos moradores que tinham acesso à Internet era por meio de modem 3G, com menos velocidade e a um preço médio de R$ 100,00. “O preço foi considerado acessível pela comunidade, pois são tantas as facilidades que a internet propicia aos seus usuários. Os estudantes terão uma ferramenta mais prática para suas pesquisas escolares aumentando seu conhecimento”, conta Greice Reetz, 33 anos, que também já possui o sinal em sua casa.

Moradores esperavam por serviço mais rápido há anos

fotos mateus barreto

Os moradores do 5º distrito de São Sepé começam a descobrir a diversidade do mundo virtual

Indícios de modernidade

O aparelho que recebe o sinal, enviado a partir do ponto mais alto da localidade, pode ser visto no alto de várias casas da comunidade

Mateus Barreto e Lidiana Betega

Creche do Km 3 arrecada doações para sobreviver

Uma professora e seis voluntários trabalham diariamente para cuidar das 68 crianças matriculadas

O Centro de Desenvolvimento Comunitário Estação dos Ventos é um projeto da comunidade da Invasão do Km 3, que começou por acaso, em abril de 2004. Fabiana Pereira Ribeiro, 35 anos, começou a cuidar, em sua casa, de 18 crianças do local para que as mães pudessem trabalhar. Hoje, são 68 crianças matriculadas. Com uma professora, no turno da manhã, e seis voluntários, que trabalham diariamente, a creche é mantida por doações. Segundo Fabiana, fundadora e coordenadora do projeto, as contribuições são essenciais para o funcionamento da creche. Por não ter auxílio municipal, o grupo Amigos do Bob começou a contribuir com a manutenção da creche em maio de 2006. Felipe Cunha de Mello, 27 anos, integrante do grupo, conta que a alimentação para as crianças é arrecadada em mercados. Além disso, os

amigos ajudam no pagamento da professora. A professora aposentada Jussara Chamun, 66 anos, que auxilia a creche há dois anos, ouviu falar da Estação dos Ventos no rádio e resolveu conhecer o projeto, junto com as amigas. “Fomos atrás e nos apaixonamos”, diz a apoiadora. Recentemente, a creche recebeu doação de computadores do curso de Administração da Unifra e procura por voluntários para a área de informática. Também já conta com os materiais para a construção de um novo berçário, que será executada no período de férias. “Novos apoiadores e doações serão sempre bemvindos”, acrescenta a coordenadora. Quem quiser ajudar pode obter informações no site www.estacaodosventos.com.br. Ana Luiza Morosetti e Djuline Seiffert


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Obra do túnel muda trânsito na Avenida Rio Branco

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om a derrubada do muro da Gare na Viação Férrea, que estava no caminho da obra do túnel da Avenida Rio Branco, os trabalhos no local foram recomeçados no dia 17 de julho. A retomada foi comandada pelo próprio prefeito Cezar Schirmer, que dirigiu a retroescavadeira. Em outubro, foi feito o desvio da linha férrea. A conclusão está prevista para o final deste ano. A prefeitura reiniciou a obra, cujo projeto é de 2004, viabilizada por convênio com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), que destinou para a execução do túnel um valor de R$ 7, 431 milhões, depositado em 2006. Desde lá, a obra passou por diversos problemas, que resultaram na sua paralisação. A construção só foi retomada a partir da atual administração, depois que a prefeitura e o DNIT entraram em acordo sobre o parcelamento da contrapartida do município de R$ 1,1 milhão.

Para a etapa iniciada em outubro, a FZ Construções, empresa responsável pelo trabalho, aguardava a chegada de materiais e a autorização da América Latina Logística (ALL), concessionária da malha férrea, para formação de uma nova rota de cerca de 187 metros de extensão. Esse desvio permite que a obra siga sem interromper a passagem dos trens no local. Após o desvio dos trilhos, que fica onde será feita a passagem subterrânea para os carros, as laterais e as coberturas de concreto começarão a ser colocadas, sendo feita a demolição das duas linhas atuais, onde será construída a laje do túnel. Segundo o engenheiro Fábio Zucolloto, da FZ, ela servirá de base para os trilhos e teto da passagem, seguindo o mesmo formato do viaduto Evandro Behr, no Centro. Moradores do bairro Nossa Senhora do Perpétuo Socorro aguardam a conclusão da obra, afirmando que o túnel é importante porque facilitará a ligação

Conclusão da obra está prevista para o final do ano

IARA menezes

O Treze de Maio, antiga sede do clube de mesmo nome, realiza trabalho de resgate das raízes da comunidade negra na cidade

bruna kozoroski

Desde o projeto, em 2004, até a fase atual, a construção passou por diversos estágios. Acordo entre prefeitura e DNIT pôs fim aos entraves e possibilitou a retomada dos serviços

da Zona Norte ao centro da cidade. “Muitas vezes, saio de casa para ir à escola, e a rua é interrompida para a passagem do trem. Sou prejudicado, pois chego atrasado”, afirma o estudante Thomaz Terribille, mora-

dor do bairro. O prefeito Cesar Schirmer defende que a construção deve contribuir para o resgate da memória ferroviária. Além disso, o túnel pretende acabar com os congestionamentos na

Rua 7 de Setembro, cujo tráfego é interrompido pela passagem de trens, e facilitar o acesso à Casa de Saúde. Bruna Kozoroski Camila Cunha

Museu resgata a cultura negra do Bairro do Rosário “A cultura negra sempre foi escrachada pela sociedade. Os negros foram interpretados como a escória, que na época só servia para o trabalho que os brancos se negavam a fazer”, disse a pesquisadora de história Renata Maciel. O Museu Treze de Maio, antiga sede do clube dos negros, no Bairro do Rosário, realiza hoje um importante trabalho de resgate as raízes da comunidade que habitavam o bairro nas décadas passadas. “As relações da sociedade com os negros na época eram vistas com maus olhos. Os mesmos eram destratados e proibidos de freqüentar determinados lugares considerados de brancos”, afirma a pesquisadora. O museu segue uma nova linha de museologia. Dentro desse conceito, não há acervos fixos, mas oficinas da cultura negra, oferecidas gratuitamente, voltadas a comu-

nidades carentes. Os alunos podem participar de capoeira, danças africanas ou, até mesmo, de pesquisas voltadas ao resgate da sociedade da época, nos arquivos do próprio museu. “Nosso trabalho, aqui dentro, é resgatar exatamente essas peculiaridades da cultura que ficaram no passado. O clube dos negros foi também um local de elite, onde aconteciam bailes de debutantes e todas as festas características dos clubes brancos” afirma. O clube dos negros

“O clube dos negros foi um local de elite, com bailes e festas”

funcionava no prédio onde hoje é o Museu Treze de Maio. O prédio foi construído com sobras de vagões de trens da época. Alguns sócios registrados contribuíam financeiramente para o clube. Entre os registros históricos da entidade, está a visita de um importante compositor, Jamelão da Mangueira. Atualmente, o museu recebe colaborações em dinheiro da sociedade para as reformas do prédio, que foi tombado como patrimônio histórico. O Treze de Maio também é o segundo museu da cultura negra mais importante do Estado, perdendo apenas para o de Porto Alegre. Informações sobre as oficinas oferecidas podem ser obtidas pelo telefone pelo blog www.museutrezedemaio.blogspot.com. Fellipe Foletto e Karin Spezia


20ª Impressão Jornal Experimental do Curso de Comunicação Social - Jornalismo - UNIFRA

dezembro / 2009 abra@unifra.br

Informais preparam as malas fotos fernanda ramos

Expectativas e dúvidas cercam a anunciada mudança dos ambulantes, atualmente instalados no canteiro central da Avenida Rio Branco, para o chamado Shopping Popular

O

Shopping Popular ainda é uma interrogação para os vendedores informais. A mudança do camelódromo, situado na Avenida Rio Branco, para as instalações do antigo Cine Independência, em frente à Praça Saldanha Marinho, é aguardada com expectativas. O espaço foi revitalizado para receber os comerciantes populares, ou seja, camelôs, artesãos e ambulantes. Além das opiniões a favor ou contra, uma é unânime. Os camelôs apontam como reclamação o fato de as informações quanto ao funcionamento e a estrutura do novo shopping, até então, só terem chegado a eles pelos jornais e pelas emissoras de televisão. Para Alonso Mota, vendedor informal há vários anos, surgem medos, como o de serem mandados para lugares menos favoráveis do que onde estão, na avenida central da cidade. Várias dúvi-

Abrigo ao frio e à chuva é visto como vantagem do novo local das passam a existir devido a pouca informação dada aos comerciantes que ocupam o local. Há aproximados 18 anos trabalhando nas bancas da Avenida Rio Branco, Robson Santana de Souza, 34 anos, aguarda, ansioso, a transferência para a praça central, onde se localizará o Shopping Popular. Robson diz acreditar que não haverá tantas mudanças, pois, segundo ele, a maioria dos vendedores que serão transferidos é registrada, paga impostos, luz, guarda e fiscal. Sendo

assim, sabendo se organizar, não será muito diferente. A chuva intensa, o vento forte, os corredores estreitos e a desorganização das bancas são senso comum quando se fala em razões para que haja o deslocamento do camelódromo para prédio do antigo Cine Independência. Os benefícios que serão proporcionados pela ida do comércio informal para o shopping poderão ir além de conforto, afirmam alguns, pois podem vir, ainda, a garantir as vendas em épocas de chuva e frio. Além disso, a população aprova a mudança. Conforme entrevistas feitas na própria Avenida Rio Branco e no Calçadão, santa-marienses acreditam que a revitalização da avenida, após a saída do camelódromo, vai melhorar esteticamente a cidade. Aline Zuse e Fernanda Ramos

Prédio onde funcionou o Cine Independência foi totalmente reformado, inclusive com estilização da fachada original


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