HUMANA
UMA REVISTA DO CENTRO CLÍNICO GAUCHO ANO 2 - N 4 - ABR/MAIO/JUN - 2008 O
Índice SEÇÕES EDITORIAL ....................................................3 ENTREVISTA - SÉRGIO GONÇALVES .................... 18 CRÔNICAS ..........................................28 E 30 ESPAÇO LIVRE ............................................29
MEDICINA E SAÚDE SAÚDE - AUDIÇÃO EM PERIGO ........................... 7 FUTURO - REMÉDIOS SOB MEDIDA ....................9 DOENÇAS BUCAIS - BOCA SADIA, CORPO SÃO .... 11 DOR NAS PERNAS - E SUAS MÚLTIPLAS CAUSAS .12 ESTRESSE - FALHAS DE MEMÓRIA ...................... 13 ATENÇÃO - CUIDADOS PARA O IDOSO ................14 BLEFARITE - PROBLEMAS À VISTA......................... 17 DISTÚRBIO - APENAS DIFERENTES....................23 SAÚDE - POLUIÇÃO DOMÉSTICA .......................24 MICOSES - QUEM NÃO PASSOU POR ISSO? ........25
GESTÃO DA MEDICINA EM GRUPO E NEGÓCIOS ANIVERSÁRIO DE 17 ANOS – UMA TRAJETÓRIA DE OUSADIA E INOVAÇÃO ......................................4 CLIENTE SAUDÁVEL – CONFIANÇA COMPANHIA DE SEGUROS .................................................6 PROFISSIONAIS DE DESTAQUE – DRA. CHRISTIANE RECHDEN E SOLANGE LAVRATTI .....................31 NOVIDADES CCG ................................32 E 33 POR DENTRO DA REDE – CITOCLIN ..................34
Centro Administrativo Rua Coronel Frederico Linck, 25 Porto Alegre - RS - CEP 90035-010 Fone (51) 3287-9200
Unidades de Atendimento Alvorada - Cachoeirinha - Canoas - Esteio Gravataí - Guaíba - Porto Alegre São Leopoldo - Viamão Confira endereços acessando o site www.centroclinicogaucho.com.br
EDITORIAL
PASSADO, PRESENTE E FUTURO
S
Ser a maior empresa de medicina de grupo no Estado nos remete a trabalhar incansavelmente para manter esse lugar conquistado no mercado e para fazer jus à confiança depositada por gestores de recursos humanos e diretores de centenas de empresas, que contam conosco para restabelecer e promover a saúde de seus colaboradores, e de outro tanto de usuários que individualmente optaram por nossos serviços, tendo em vista sua tranqüilidade pessoal. Chegamos até o atual estágio, 17 anos de existência e mais de 205 mil vidas sob nossa cobertura, com uma forte base, que consiste num relacionamento humano pautado na ética e em oferecer o melhor ao nosso público. Desde que abrimos, em 1991, em Canoas, ampliamos continuamente nossos negócios. Ano após ano quase dobrávamos a carteira de clientes, claro que sempre atentos ao crescimento compatível de nossas instalações e da equipe de profissionais para atendimento. Na condição de sócios fundadores, o somatório de nossas experiências remete a incontáveis vivências e relações com o setor da saúde. Jamais seríamos alçados à condição de maior sem oferecer o que há de mais atualizado. Temos plena consciência disso. Motivo pelo qual foi e segue sendo necessário observar as necessidades de quem assistimos, ter criatividade e ousadia na condução da empresa e respeito pela vida das pessoas. Não cuidamos somente de restabelecer a saúde, mas promover uma vida mais saudável. Por isso, divulgamos e estimulamos bons hábitos e uma conduta preventiva em relação à saúde em vários de nossos programas e ações. Nossos resultados atuais são maiores do que no passado, pois contamos com a dedicação de 1.500 colaboradores. Reconhecemos a importância da atualização profissional e dos investimentos em prevenção à saúde para criar um ambiente seguro e saudável para quem habita a nossa casa. Sabemos que cuidar dela é primordial para o sucesso lá fora. Cumprimos o que planejamos, nossa visão de empresa tem relação com o futuro. Já estamos vivendo uma parte dele, o que nos propusemos ser efetivamente somos, a melhor operadora de planos de saúde do Rio Grande do Sul. Sabemos que não dá para parar por aqui. O espírito empreendedor que nos move dá a certeza de que é possível evoluir ainda mais. Uma condição essencial para nós e para a satisfação de quem nos garante esta situação privilegiada, que são os clientes, usuários e colaboradores. A diretoria
3
Aniversário de 17 anos
Uma trajetória de ousadia e foto: Caroline Morelli/Agência Bossa
Mais de 205 mil usuários, 1,5 mil colaboradores, 20 unidades de atendimento, qualidade nos serviços e crescimento constante marcam o Centro Clínico Gaúcho
Luiz Cláudio Leopoldo, Claudia Costi, Fernando Vico da Cunha (sentados), Francisco Antônio Santa Helena e César Franco de Lima fundaram e dirigem o Centro Clínico Gaúcho. Carlos Eduardo Ruschel (ao centro), executivo contratado, é o superintendente da empresa.
N
o dia 30 de abril a maior operadora de medicina de grupo do Rio Grande do Sul completa 17 anos de vida. Um empreendimento, que nasceu na cidade de Canoas, com conceitos criativos de profissionais que já atuavam no segmento e inovaram na assistência médica ambulatorial, hospitalar e odontológica no Estado, desde o início. “Éramos quatro diretores e convidamos mais seis profissionais da área da saúde para participar do projeto. Foi uma idéia do grupo, pois trabalhávamos em uma operadora que estava em processo sucessório. Buscávamos espaços próprios”, conta o diretor-administrativo, Luiz Cláudio Leopoldo. A descentralização da assistência à saúde foi um dos fatores de sucesso na conquista de clientes. A região da Grande Porto Alegre foi escolhida como primeira sede por apresentar o segundo Produto
4
Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul e porque os empreendedores perceberam que pacientes tinham de deslocar-se à Capital quando precisavam de determinados serviços. “Não existiam plantões médicos na cidade na época, no dia primeiro de maio começamos a operar a clínica, 24 horas por dia, e atuamos até hoje, nunca interrompemos o serviço”, conta Leopoldo. O diretor-f inanceiro, Fernando Vico da Cunha, recorda que a inaug uração teve uma festa de confraternização e um atendimento de urgência. “O nosso ‘batismo’ em assistência à saúde ocorreu na mesma noite. Recebíamos convidados, mais de 200 pessoas, e o prédio tinha um luminoso grande em que constava ‘pronto-atendimento’. Às 23h30 fomos surpreendidos por uma senhora trazendo uma criança com uns quatro anos de idade, com queimaduras no
corpo, que foi atendida na hora por médicos e técnicos da equipe que lá estavam.”
AVANÇO CONTÍNUO
Os diretores tinham experiência anterior em medicina de grupo, o que foi essencial ao crescimento do negócio. Leopoldo recorda que, quatro meses depois da abertura, foi firmado contrato de prestação de serviços com importante cliente de Canoas, o de número 100 na seqüência dos que foram entrando. “De mil vidas, passamos a assistir cerca de seis mil. Encerramos o primeiro ano com 10 mil. Foi um salto significativo. Em 1992, abrimos uma unidade em Esteio, pequena, mas que permitiu começarmos a consolidar a trajetória de crescimento”, relata o diretor-administrativo. Dois contratos novos eram fechados por dia. Na seqüência, unidades foram sendo abertas em Gravataí, Viamão, Guaíba, Cachoeirinha, Alvorada e São Leopoldo. Em 1995, o Centro Clínico Gaúcho chegou a Porto Alegre e, em 1999, o Laboratório Marques D’Almeida foi integrado ao negócio. Os diferenciais logo começaram a aparecer. O grupo buscava qualidade no atendimento. Em Canoas não existiam plantões médicos 24 horas. O serviço chegou à cidade pelas mãos da empresa. “Tivemos dificuldades, mas nossa união nos leva a vislumbrar o futuro de nossas famílias aqui dentro. Nos primeiros anos de existência da empresa trabalhávamos até 14 horas por dia”, conta Cunha. A idéia era apresentar produtos novos e postura mercadológica inovadora, pois o grupo entendia que precisava ampliar sua estrutura na região da Grande Porto Alegre. Surgiram, na época, os exames de ecografia. “Nenhuma outra operadora disponibilizava esse diagnóstico com auxílio dessa tecnologia e nós já inauguramos oferecendo os quatro tipos disponíveis, além de fisioterapia e odontologia”, diz o diretor-financeiro.
VALOR AO TRABALHO
Segundo o diretor-médico, Francisco Antônio Santa Helena, os sócios sabiam de suas qualidades. “Montamos uma empresa que cresce em meio à turbulência que o Brasil passa em matéria de saúde e, hoje, temos consciência de que devemos o sucesso às pessoas”, destaca. Para ele, é imprescindível ter o foco no paciente. “Certamente, sentimos o mercado por vezes fragmentado, a concorrência acirrada. Procuramos, diante disso, com novas tecnologias e de uma forma muito particular, transpor as barreiras que surgem e interagir com o paciente. Se olharmos nossas vidas com auxílio de um espelho retrovisor, saberemos que o trabalho e o respeito ao ser humano construíram o tamanho de nossa empresa. Os impulsos que tivemos nos conduziram a esse futuro promissor”, declara Santa Helena. A médica e coordenadora de Saúde Ocupacional, Claudia Costi, fala da maior preocupação dos empreendedores, ligada à incorporação de avanços científicos e tecnológicos nas áreas médicas e odontológicas aos serviços prestados aos usuários. “Em nossa rotina estão integrados programas de treinamentos, cursos e palestras. Introduzimos os Protocolos Assistenciais. Sempre visando ter padrão de atendimento em nível mundial ao alcance do usuário,
SÃO LEOPOLDO
ESTEIO GRAVATAÍ
CANOAS CACHOEIRINHA
O FUTURO
A idéia é reforçar a posição de pioneirismo, de vanguarda. O processo de profissionalização, iniciado há três anos, permite preparar a empresa para o futuro. “Trabalhamos hoje com a governança corporativa. Uma passagem de um conceito de empresa familiar ou de amigos para uma empresa profissional. Em 2008 vamos concluir a criação do conselho de sócios e será definido o de administração”, diz o executivo Carlos Eduardo Ruschel, superintendente do Centro Clínico Gaúcho. “A garantia da continuidade na assistência à saúde tem como base a formação técnica aprimorada e a missão da empresa, que os colaboradores cumprem todos os dias, em nossas unidades”, entende. “Geramos milhões de atendimento com qualidade. São consultas e exames que atestam nossa credibilidade junto ao nosso maior avalista: o usuário. Consolidar o trabalho já realizado e ficar atento às oportunidades que permitam construir mais desenvolvimento é o que está por vir”, declara.
Relato de um cliente fiel Há 12 anos, o Centro Clínico Gaúcho cuida da saúde de cerca de mil pessoas, entre colaboradores e familiares das empresas Brozauto e Montreal. Segundo o gerente de Recursos Humanos, Jorge Sphor, a escolha ampliou a cobertura na área da saúde, que atualmente inclui atendimento ambulatorial, internações, emergências e cirurgias. “O relacionamento com o prestador de serviço facilita o atendimento aos nossos funcionários e traz agilidade para resolvermos situações que aparecem no dia-adia”, afirma o gerente. Formado em administração de empresas e há 24 anos no grupo, ele vê que os colaboradores valorizam o benefício de terem à disposição um plano de saúde empresarial. A Brozauto foi fundada em 1969 pela família Zanatta, em Canoas. O grupo é formado por quatro empresas: Brozauto Veículos, Montreal Veículos, Brozauto Locadora e Brozauto Corretora de Seguros. foto: Inês Arigoni/Agência Bossa
inovação
o maior patrimônio que temos”, classifica. “Trabalhamos com a vida das pessoas, não só com a saúde”, afirma o diretor comercial e de atendimento ao cliente, César Franco de Lima. Há um entendimento no grupo de que o cliente sempre quer o melhor para si e há a consciência de que a tarefa não é simples. “O bem maior é a vida e treinamos nossos funcionários para cuidar de algo extremamente valioso”, conceitua. Com quatro mil clientes pessoa jurídica, ele faz as contas: “Temos a responsabilidade de atender uma cidade com mais de 200 mil habitantes”.
ALVORADA
PORTO ALEGRE GUAÍBA VIAMÃO
Mapa de Porto Alegre e cidades da região metropolitana onde o Centro Clínico Gaúcho possui unidades.
Jorge Sphor, gerente de RH das empresas Brozauto e Montreal, cliente há 12 anos, atesta a assistência personalizada e a abertura para sugestões do Centro Clínico Gaúcho.
5
Cliente saudável
Proteção dentro e fora de casa Uma das mais antigas seguradoras do País, com mais de 350 colaboradores, conta com assistência médica e odontológica do Centro Clínico Gaúcho
C
fotos: Cristine Rochol/Agência Bossa
riada em 22 de janeiro de 1872, por meio do Decreto Imperial no 4.920, assinado pelo Imperador do Brasil, Dom Pedro ll, a Confiança Companhia de Seguros optou por contratar planos de saúde do Centro Clínico Gaúcho para a metade de seus funcionários porque identificou um modelo de atendimento diferenciado e vantagens que não teria em outras empresas do segmento de medicina de grupo. Desde janeiro de 2001, os colaboradores e seus dependentes têm cobertura para consultas, exames, internação hospitalar e odontologia. Com sede em Porto Alegre, a Companhia teve seu controle acionário assumido pela GBOEX – Previdência Privada em 24 de maio de 1974. Desde esse momento, sua posição é de destaque no ranking das empresas de seguros no Rio Grande do Sul, na comercialização de seguros de automóveis, vida e acidentes pessoais. Em sua missão estampa a obrigação
de oferecer segurança, proteção e tranqüilidade, com plena consciência de suas responsabilidades, da qualidade de seus produtos, de um serviço diferenciado e competente, que proporciona satisfação aos segurados, corretores, parceiros e funcionários. “Neste sentido, a empresa se preocupa com a saúde dos colaboradores e percebe que os diferenciais oferecidos pelo plano de saúde são importantes”, coloca a gerente de Recursos Humanos da empresa, Marilda Martins Jardim. Mensalmente, profissionais do Centro Clínico Gaúcho a visitam para avaliar a assistência à saúde. É quando coletam sugestões. “Quando preciso solucionar problemas, sou atendida com presteza e rapidez”, diz. Cerca de 10% dos automóveis segurados no Estado têm a apólice da Confiança. A estrutura comercial é descentralizada: são cinco lojas de seguros e 26 assessorias, para dar cobertura a todos os municípios gaúchos
A fachada do prédio onde funciona a matriz da companhia, no centro da Capital, na Rua Sete de Setembro, 604. O site é www.confiancaseguros.com.br.
6
e escritórios nas cidades de Florianópolis (SC), Curitiba (PR), Brasília (DF), Resende (RJ) e Rio de Janeiro (RJ). Trabalhando com recursos próprios, a Confiança aposta na diversificação da linha de produtos – ao todo, nove – e em coberturas com qualidade e preço atrativo.
Marilda Martins Jardim, gerente de Recursos Humanos da Confiança Companhia de Seguros, percebe nos diferenciais oferecidos pelo Centro Clínico Gaúcho os principais atrativos da empresa.
Saúde
Audição em perigo Compactos e potentes, fones de ouvido podem lesionar o órgão se usarmos exagerada e incorretamente
J
Keli Vasconcelos
á faz parte da paisagem das grandes – e barulhentas – metrópoles: basta olhar para o lado e ver alguém com um tocador de música, rádio ou celular com fones de ouvido. Também é motivo de confissão: quem nunca se “empolgou” e aumentou o volume do portátil – e versátil - iPod? Com os avanços tecnológicos dos equipamentos musicais eletrônicos, fica a dúvida se o hábito do fone prejudica a saúde auditiva. Levantamento do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), divulgado em janeiro deste ano, revelou que 35% dos casos diagnosticados de lesões auditivas na unidade estão
relacionados a ruído, por exposição prolongada e exagerada a sons altos. O mais preocupante, segundo o estudo, é a incidência crescente do problema entre crianças e jovens. Um exemplo é o da estudante do curso técnico de enfermagem Nuria Teixeira Morelatto, de 19 anos, de São Paulo. Amante de samba e black que ouvia no já considerado “antiquado” radinho AM/FM de pilha, a estudante passou para o moderno MP3, adquirido há um ano e utilizado em média por duas horas seguidas, sem intervalo, todos os dias. “Ando muito a pé e com o fone no ouvido direto. Como fico distraída com a música, não percebo o tempo passar. Uso também para não
atrapalhar os outros, principalmente em casa. Antes, não ouvia com o som no volume tão alto, mas de uns quatro anos para cá mudei. Até brinco que tenho uma surdez inacreditável e, por isso, aumento o volume.” A perda auditiva, popularmente chamada de surdez, é a diminuição da capacidade de ouvir. Os primeiros sinais surgem quando a pessoa não entende o que é dito pelo interlocutor, como também outras sonoridades. A medição desta perda é analisada em um exame chamado audiometria. Os fones de ouvido são considerados pelos especialistas os mais prejudiciais, pois carregam sons diretamente para o canal auditivo, acarretando o aparecimento de zumbido, antes de provocar a surdez. “Campainhas” ou “tinidos” se caracterizam por um barulho intermitente – ou contínuo – que somente o indivíduo afetado escuta. O zumbido é definido ainda pela comunidade médica como “ilusão auditiva”, por se tratar de uma sensação sonora não relacionada a estímulos externos.
Até coceira no ouvido
Nuria reconhece que não consegue, esporadicamente, escutar palavras e partes de um bate-papo em ambiente sem muito barulho por algumas horas, principalmente após desligar o dispositivo. “O que mais sinto, além da surdez, é muito zumbido e até coceira no ouvido.” Mesmo sabendo dos problemas causados pelo uso prolongado do acessório, a estudante prefere as canções favoritas no volume máximo. “Sei que fico ‘surda’ por causa do aparelho, mas não desisto.” São recomendados e suportados pelo ouvido humano sons na casa dos 80 decibéis (dB). “Acima de 85 decibéis já é sinal de alerta”, informa a otorrinolaringologista Tanit Ganz Sanchez, do Grupo de Pesquisa em Zumbido do HCFMUSP. Ela conta que extrapolar o uso dos acessórios prejudica a audição por três fatores. “Primeiro porque o som do fone vai para dentro do tímpano, na via auditiva; segundo, pelo abuso do volume médio direto e terceiro são as horas seguidas que
7
o ouvido recebe este ruído.” E aconselha: “Recomendamos que a pessoa não ultrapasse o volume médio do aparelho, controlando, e que use no máximo por uma hora consecutiva. Depois faça um intervalo de hora em hora para ouvir de novo”. Música no volume mais alto dos acessórios alcança de 100 até 120 decibéis em aparelhinhos de MP3 e correlatos. O professor titular da disciplina de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Ricardo Ferreira Bento, alerta também para a exposição seguida a outros sons externos. Para ele, se utilizado em volume aceitável, o fone não causa danos à audição. Caso contrário, pode levar a prejuízos nas chamadas células ciliadas cocleares, ou seja, lesões neurossensoriais. “A menos de 75 dB provavelmente ninguém vai ter sua orelha interna irreversivelmente lesada. Sons acima de 110 dB tornam-se dolorosos. Em shows de rock, por exemplo, atinge-se em média de 100 a 115 dB.” Ele constata alguns indícios perceptíveis de falhas na audição. “Em adolescentes, deve-se estar atento a quem assiste à televisão muito próximo do aparelho e que pede sempre para que o volume seja aumentado; só responde quando a pessoa fala de frente para ela; não reage a sons que não pode ver; pede que repitam várias vezes o que lhe foi dito, perguntando ‘o quê?’, ‘como?’, ou tem problemas de concentração na escola.”
Uma questão de tempo
Tanit Sanchez comenta que os jovens não se preocupam com distúrbios posteriores por não sentirem nenhum sintoma imediato. “Outro agravante é que eles não acreditam em problemas futuros, porque não sentem nada no presente. Quando recorrem ao auxílio médico, já é tarde. Somos bombar deados pelos ruídos da vida moderna e pegou esta moda de ouvir som alto por horas contínuas. Para a perda auditiva é uma questão de tempo.” Além dos fones de ouvido, o zumbido – que necessita de acompanhamento especializado – pode surgir
8
fotos: dreamstime.com
Saúde
de diversas causas, de alterações da tireóide até abuso de doces ou cafeína. Estima-se que o problema afeta 28 milhões de brasileiros. Diversas razões desencadeiam a surdez. Ricardo Bento aponta o cuidado com as otites. Infecções nos ouvidos, especialmente as repetidas e que não foram avaliadas e tratadas adequadamente, podem diminuir a capacidade de “conduzir” o som até o ouvido interno. Há ainda fatores genéticos e doenças que têm esta seqüela como rubéola, varíola, sarampo ou caxumba. “Devem ser evitados objetos utilizados para ‘limpar’ os ouvidos, como grampos, palitos e até cotonetes”, enfatiza o profissional. A perda auditiva acomete todas as idades e seu estágio dependerá da sensibilidade auditiva de cada um, cumulativamente, ou seja, quanto mais exposto à “barulheira”, mais provável adquirir avarias às vias auditivas futuramente. Segundo os especialistas, os idosos têm uma incidência do distúrbio maior por causa do envelhecimento natural do canal auditivo, denominado presbiacusia. “Os aparelhos auditivos podem ser testados sempre que a pessoa se incomoda com o grau de perda auditiva que possui. Até onde sabemos atualmente, dificilmente os fones de ouvido isoladamente causariam uma perda auditiva que necessite de aparelho. Entretanto, temos que
lembrar que o problema é cumulativo, ou seja, piora com o tempo se a exposição ao ruído for se acumulando – fones de ouvido mais casas noturnas, shows de música, trabalho – em lugar barulhento, como o de dentistas, gráficos, metalúrgicos, cantores, DJs etc. Portanto, depois de alguns anos, a exposição continuada a vários sons altos realmente pode dar um grau de perda auditiva que atrapalhe a vida da pessoa”, explana Tanit. Ressalta-se, também, que o uso do aparelho auditivo dependerá do grau de deficiência de cada paciente, bem como sua adaptação ao procedimento, ambos avaliados por um especialista. “Nas crianças, recomenda-se o uso do aparelho sempre que houver diagnóstico de perda auditiva não tratável clínica ou cirurgicamente. Essa fase é crítica para o desenvolvimento da fala e da linguagem. Em adultos, a indicação não é relacionada puramente ao nível de audição e sim ao quanto há de prejuízo social ao indivíduo. Isto é bastante variável de acordo com a profissão e o estilo de vida. Trata-se, portanto, de uma decisão conjunta entre o indivíduo e seu otorrinolaringologista”, endossa Ricardo Bento. Entre os milhares de sons ouvidos diariamente, na primeira “pista” de que o canal auditivo esteja lesionado, nada melhor que ouvir a voz da prevenção e procurar um médico. P keliv_1@hotmail.com.br
Futuro
Remédios sob medida Dentro de alguns anos, será possível comprar na farmácia o medicamento compatível com sua herança genética e, por isso, muito mais eficaz medicação individualizada, com alta probabilidade de obter os efeitos desejados e, ao mesmo tempo, eliminar os indesejados, deixou de ser futurismo. Em países como Estados Unidos, Japão e Espanha, já é possível encontrar, na bula de alguns remédios, informações que permitem adequar o princípio ativo e a dose às características genéticas de cada paciente. Essa guinada está sendo preparada pelos farmacogeneticistas, cientistas dedicados à nova ciência que surgiu nos anos 1950 – a farmacogenética, também chamada farmacogenômica. Eles buscam identificar os fatores genéticos que interferem nos princípios ativos dos remédios e em outras substâncias, levando a reações benéficas ou prejudiciais. “A farmacogenômica irá acabar com os testes empíricos da medicina de hoje, quando o clínico medica primeiro e depois verifica se houve resposta e efeitos colaterais”, observa o farmacêutico bioquímico Mario Hiroyuki Hirata, do Laboratório de Biologia Molecular Aplicada ao Diagnóstico da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo. “Conhecendo o perfil genômico do paciente, tanto em relação à doença, quanto à classe de medicamento que pretenda prescrever, o médico saberá, antecipadamente, como se dará sua metabolização, podendo substituí-lo, se for o caso”, explica. É o caso da administração da estatina e da ezetimiba no tratamento do colesterol alto (hipercolesterolemia) e na prevenção de aterosclerose. “Em pacientes que sofrem efeito colateral com a estatina, como dor muscular e fraqueza nas pernas, será possível diminuir esse princípio ativo asso-
foto: dreamstime.com
A
Claudia Atas
ção da farmacogenética, acusada de “ciência racista”. “A farmacogenômica separa os indivíduos por grupos, na maioria das vezes, mas, sem dúvida, alguns medicamentos são mais tóxicos para determinadas etnias – as estatinas, por exemplo, são menos toleradas pelos orientais”, esclarece Hirata. “Por isso, a administração de um medicamento terá de ser avaliada antes de qualquer dedução, caso contrário, voltaremos à medicina empírica.” Essa avaliação dependerá do conhecimento dos profissionais de saúde – farmacêutico, analista clínico e médico, entre outros – e de sua postura. Na opinião de Hirata, a conduta médica terá de ser muito mais transparente e os clínicos precisarão estudar mais farmacologia e genômica, “senão, nem eles poderão utilizar adequadamente esse tipo de informação”.
Rede brasileira
ciando a ezetimiba, o que reduzirá o colesterol de forma satisfatória em pacientes que não toleram a estatina nas doses terapêuticas recomendadas”, informa Hirata, com base no estudo em desenvolvimento na USP. O conhecimento genético, portanto, será um santo remédio para todos: “Haverá mais controle no tratamento, mais segurança entre os médicos e menos gastos”.
Produtos étnicos
A aprovação de um medicamento “para negros”, nos Estados Unidos, gerou uma polêmica mundial. Desenvolvido pelo laboratório Nitromed para tratar a insuficiência cardíaca, o BiDil mostrou, nos testes realizados em 2004, ser mais eficiente em indivíduos negros. Recomendado aos afro-descendentes e saudado como o primeiro produto étnico, o BiDil provocou efeitos adversos na reputa-
No conjunto das pesquisas farmacogenéticas em andamento no Brasil, 17 grupos desenvolvem estudos já consolidados, envolvendo instituições respeitáveis como as universidades federais do Ceará, Paraná, Rio Grande do Sul e a católica de Brasília. Os objetos dessas pesquisas, segundo o site da Rede Nacional de Farmacogenética/Farmacogenômica (www.refargen.org.br), relacionam-se a neoplasias; tuberculose; toxicogenética; genética do sistema imunológico; doenças genéticas, cardiovasculares e neuropsiquiátricas; dependência à nicotina; transtorno de déficit de atenção e hiperatividade; transtornos psiquiátricos e antiinflamatórios nãoesteróides, entre outros. “Faltam, no Brasil, recursos para grandes estudos”, queixa-se Hirata. “Aqui na USP, também temos algumas limitações. Às vezes, a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) não compreende a importância de determinados estudos nesta área e nega verbas ou bolsas.” Ele acha que o Brasil ganharia muito com
9
Futuro estudos mais amplos: “Nossa população é a mais heterogênea do planeta e uma pesquisa farmacogenômica, nessa dimensão, seria muito esclarecedora”. O aspecto econômico também entra nas considerações do professor. “A
medicação individualizada, ou mais bem conduzida no sentido de evitar efeitos colaterais, ajudaria o país a economizar o significativo volume de dinheiro gasto nos tratamentos da medicina convencional. Isso já
foi comprovado nos Estados Unidos, Canadá, Japão, Reino Unido, Espanha e outros países europeus, onde já se encontram bulas com recomendações farmacogenômicas.” P clapmark@terra.com.br
Perspectivas de uma jovem ciência As pesquisas farmacogenéticas avançam, mas precisarão de mais tempo para viabilizar as possibilidades abertas pela nova ciência. As dificuldades, os limites e as promessas da farmacogenética são tratadas nesta entrevista com a farmacêutica bioquímica Rosario Hirata, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo, onde desenvolve estudos em Biologia Molecular Aplicada e Farmacogenética, Como o médico irá prescrever um remédio sob medida? A partir de um teste farmacogenético, que ele precisará solicitar a um laboratório clínico autorizado. Este teste é feito com uma amostra de sangue e permitirá conhecer a característica genética do paciente relacionada com a resposta a um medicamento específico. [Este conhecimento é necessário porque] Nem todos os indivíduos respondem bem à dose padronizada de um dado medicamento. Alguns precisam de doses maiores – os chamados metabolizadores rápidos de medicamentos; outros precisam de doses menores – os metabolizadores lentos. Essas diferenças dependem de características genéticas específicas que, no futuro, estarão descritas na bula do medicamento. Qual é a diferença entre a medicação atual e o tratamento personalizado? A novidade da farmacogenética é que o médico terá uma ferramenta a mais para elaborar a prescrição do medicamento de forma mais adequada ao paciente, e isso independe de o medicamento ser fabricado na indústria ou formulado na farmácia. Nos medicamentos industrializados, ao ser incluída a informação farmacogenética, também será incluída a dose recomendada. Um exemplo hipotético – o metabolizador lento tomaria meio comprimido, enquanto o metabolizador rápido tomaria um comprimido e o ultra-rápido, dois comprimidos. Mas isso não é tão simples assim, e essa é a razão por que somente alguns poucos medicamentos tiveram
10
aprovada a inclusão do dado farmacogenético na bula. Que benefícios a farmacogenética proporcionará aos pacientes? Alta probabilidade de acerto, tanto no princípio ativo como na dosagem. Quanto à dosagem, o metabolizador lento terá menos chance de desenvolver efeitos colaterais. Quanto ao princípio ativo, também, pois alguns pacientes com alterações genéticas mais graves, mesmo com uma dose reduzida do princípio ativo, poderão sofrer efeitos adversos, sendo necessário substituir o medicamento. Por outro lado, se o paciente é um metabolizador rápido, a dose terá de ser aumentada para se obter o efeito desejado do medicamento. É possível que disso resulte a exacerbação dos efeitos adversos – então, o princípio ativo precisará ser substituído. Com a farmacogenética, será possível prever o tipo de resposta do paciente, e, com isso, o tratamento correto será mais rápido e eficaz. É preciso ter em mente que o sucesso de um tratamento medicamentoso, porém, depende de outros fatores também, como a interação com outros medicamentos, alimentos, produtos vegetais, estado de saúde do paciente e doenças concomitantes. Essa nova terapêutica eliminará os efeitos imprevisíveis? Não há como saber se ocorrerão efeitos imprevisíveis devido aos demais fatores que interferem no processo e que devem ser conhecidos. Mesmo na medicação atual, é comum as pessoas não comentarem que estão bebendo algum tipo de chá que pode interferir com o medicamento que estão tomando. A farmacogenética vai ajudar, mas não resolverá todos os problemas. Que medicamentos estão sob análise para medicação individualizada? A FDA tem uma lista com vários medicamentos e biomarcadores genéticos associados, como varfarina, um anticoagulante regularmente utilizado; voriconazol (antifúngico); fluoxetina (antidepressivo);
isoniazida + rifampicina + pirazinamida (antituberculose); bussulfan (usado no tratamento da leucemia mielóide crônica), entre outros. Em que fase estão os estudos? As informações farmacogenéticas de alguns medicamentos estão sendo discutidas nas agências regulatórias dos Estados Unidos (FDA – Food and Drug Administration) e da Europa (Emea – European Medicines Agency). Mas ainda serão necessárias muitas pesquisas para determinar os medicamentos que precisam ter as informações genéticas. O conhecimento do perfil genético poderá estimular a automedicação? Não. É preciso ter conhecimento dos testes farmacogenéticos necessários para cada medicamento específico, inclusive para sua interpretação. Esse tipo de conhecimento é restrito aos profissionais de saúde: farmacêutico, analista clínico, médico e outros. Quando o tratamento personalizado será prática comum entre os médicos brasileiros? Não há previsão, pois as informações farmacogenéticas ainda não estão presentes nas bulas dos medicamentos. Primeiro, elas precisam ser fornecidas pela indústria farmacêutica e, depois, analisadas e aprovadas pela Anvisa (Agência Nacional e Vigilância Sanitária). Uma vez disponíveis essas informações, os laboratórios clínicos deverão estar preparados para fazer os testes genéticos e disponibilizar esse serviço para os médicos. O Brasil está atrasado nessa área? Não. As pesquisas dos grupos brasileiros são atuais e de nível internacional nas áreas de medicamentos para uso em doenças cardíacas, psiquiátricas, infecciosas, câncer e outras. O próximo passo será formar grupos na Anvisa para regulamentar as informações farmacogenéticas que deverão constar nas bulas dos medicamentos.
Doenças bucais
foto: dreamstime.com
Boca sadia, corpo são
Doenças que aparecem na boca podem ser tratadas se uma visita ao cirurgião-dentista for feita assim que aparecerem os primeiros sinais Luís Fernando Russiano
U
ma boca saudável depende diretamente do nível de atenção que cada pessoa tem com seus próprios dentes. Muitas vezes o simples hábito de escovar os dentes não é suficiente para que a boca fique livre de doenças como a cárie e a gengivite. Quanto mais rápido for o diagnóstico dos problemas que acometem a cavidade oral, melhor será o tratamento das eventuais lesões já existentes, chegando, inclusive, a reverter o quadro e a prevenir doenças em todo o organismo. Milhões de pessoas em todo o mundo têm algum tipo de problema nos dentes. O pior deles, sem dúvida, é a cárie. Nas três últimas décadas, a prevalência da cárie, na maioria dos países desenvolvidos, apresentou uma tendência de declínio. Porém, mesmo nestas regiões, principalmente nas áreas mais afastadas dos centros urbanos e entre determinados grupos populacionais, a incidência de cárie é mais acentuada. Um estudo de
2004, realizado na região espanhola de Valência, indicou que as crianças imigrantes têm mais cáries que as nascidas na Espanha. Segundo o cirurgião-dentista da Clínica Paulista de Odontologia Especializada, Jorge Alberto Jorge, apesar de o índice de dentes permanentes cariados, perdidos e restaurados ter diminuído no Brasil, ainda persiste um quadro de iniqüidade na distribuição de cárie que pode ser explicado pelas precárias condições de existência a que é submetida a ampla maioria da população. Para o doutor Jorge Alberto, que também é pós-graduado em periodontia e especialista em implantes dentários, “a comparação das tendências observadas em cada país permite explorar conexões entre as taxas de ocorrência de doenças bucais ao longo do tempo e aspectos gerais ligados ao desenvolvimento humano e às políticas nacionais de saúde bucal”.
Visitar um cirurgião-dentista com freqüência deve ser um hábito, pois somente ele poderá indicar e orientar a higiene oral e, ainda, impedir que sejam retiradas partes dos dentes ou, até mesmo, sua extração total. Além da cárie, que é uma doença infecto-contagiosa degenerativa que destrói os dentes, e de microorganismos que atacam e danificam o tecido que dá suporte a eles, estão enfermidades como: • Gengivite: inflamação da gengiva, causada pela presença de placa bacteriana e tártaro no dente, próximos à gengiva. • Boca seca (xerostomia): é causada por diversos fatores que incluem o fumo, o uso de antidepressivos e a ocorrência de doenças sistêmicas. A secura na boca pode provocar a halitose (mau hálito). • Boca de trincheira: infecção gengival dolorosa e não contagiosa que causa dor, febre e fadiga. As extremidades das gengivas entre os dentes sofrem erosão e são cobertas por uma camada cinzenta de tecido morto. As gengivas sangram facilmente e a ingestão de líquidos e sólidos provoca dor. • Bruxismo: devido, principalmente, ao uso excessivo da musculatura, que com freqüência decorre de um estresse psicológico que faz com que o indivíduo aperte firmemente ou ranja os dentes, até mesmo enquanto dorme. • Câncer bucal: ocorre, geralmente, nos lábios, dentro da boca, na parte posterior da garganta, nas amídalas ou nas glândulas salivares. O fumo, combinado com o excesso de bebida alcoólica, é um dos principais fatores de risco. “É importante que a pessoa procure um profissional de confiança assim que perceber algo diferente na boca. Se uma ferida, por exemplo, não sumir em duas semanas, existe uma grande chance de ser indício de uma doença séria”, explica o cirurgiãoP dentista Jorge Alberto Jorge.
11
Dor nas pernas
E suas múltiplas causas Uma queixa comum nos consultórios médicos e importante fator limitante na atividade profissional
É
Neusa Pinheiro
fotos: dreamstime.com
fundamental que, diante da dor nas pernas ou apenas em uma delas, o médico seja consultado, pois nem sempre a situação clínica é tão simples como aparenta. Os indivíduos que sentem dor nas pernas ao caminhar, que cessa ao parar de andar, encaram o problema como uma manifestação normal da idade. Essa dor pode ser sintoma de uma doença mais séria que sinaliza um problema circulatório arterial, cujo tratamento adequado pode evitar tromboses e amputações. Segundo o professor Antonio Carlos Lopes, da Clínica Médica do Departamento de Medicina da Universidade Federal de São Paulo – Unifesp, “quem apresenta dor na perna deve observar se a cor da pele continua normal, bem como a sua temperatura. A cor arroxeada é preocupante, pois denota deficiência de circulação local”. Os problemas de circulação do sangue e o surgimento de varizes estão cada vez mais freqüentes na vida das pessoas, fatos que não deixam de ser uma conseqüência do atual ritmo de vida. Por exemplo, o sedentarismo
12
é problema para alguns, o excesso de movimento para outros, mas a má alimentação e a obesidade são fatores que atingem boa parte da população. As veias que se dilatam comumente na região das pernas podem trazer complicações muito além da questão estética. Há a possibilidade da ocorrência de f lebites, eczemas e ulcerações, mas as principais queixas dos pacientes com varizes são as sensações de peso e cansaço nos membros inferiores, principalmente à tarde ou após longos períodos em pé. Problemas de coluna é outro exemplo e merecem minuciosa investigação. Os ligamentos, ossos e articulações desta região responsáveis pela sustentação de grande parte do peso do corpo, entre outros, estão ligados aos membros inferiores por meio dos nervos que saem da medula, que é a estrutura interna da coluna. A hérnia do disco lombar é um desses problemas e está relacionada a um traumatismo direto nas costas, assim como o estresse físico em virtude do excesso de peso, da prática de exercícios ou postura inadequada. Diante de tais
situações, o disco que serve como “amortecedor” entre as vértebras desloca-se para trás ou para o lado, comprimindo algum nervo da coluna e causando dor intensa. Conforme o nervo afetado, a dor se irradia para braços, pernas e cabeça.
É importante um diagnóstico correto
Carlos Lopes explica que ansiedade, falta de atividade física regular e problemas de postura são outras possíveis causas de dor nas pernas. Para cada problema há uma característica, porém para todos os casos a orientação é uma só: procure um médico. Leve ao especialista todas as informações, descreva quando sente mais desconforto. O fato de a dor acontecer durante a atividade ou o repouso, pela manhã ou no final do dia, pode indicar onde e como começar a investigação. O doente não deve se automedicar com analgésico ou tratamento alternativo. Ainda que aliviem a dor, só devem ser consumidos após avaliação médica e com expressa indicação profissional. Eliminar a dor não é eliminar o problema. O tratamento só acontece de maneira efetiva com o diagnóstico correto. Além do histórico e exame clínico, é imprescindível ampla investigação para determinar a causa da dor ou descartar uma série de problemas. Estimativas mundiais indicam que 10% das pessoas com idade acima de 50 anos sofrem com a doença arterial obstrutiva. Pouco comum, seu diagnóstico pode ajudar a prevenir enfartes e derrames. Cerca de 95% dos casos da DAOP (doença arterial obstrutiva) são facilmente detectados em consultório médico. Exames mais sofisticados, como a arteriografia, comprovam o diagnóstico. A imagem mostra um estreitamento da artéria ilíaca que fornece sangue para as pernas, no membro inferior direito do paciente. Já as varizes, segundo o angiologista e cirurgião vascular José João
Lopes, “requerem atenção e tratamento, pois, quando elas se tornam mais salientes e interferem em toda a circulação da perna, colocam a saúde em risco e podem até causar hemorragias”. Dependendo do tamanho e do local da veia, o problema que tanto incomoda as mulheres é avaliado como varizes ou microvarizes, que não apresentam risco para a saúde, não necessitando de remoção. Apesar de não aumentarem de tamanho, as microvarizes se multiplicam, comprometendo a estética, além de provocar sensação de peso, podendo também causar hemorragias.
Suas múltiplas causas
“Mas sempre dá tempo de cuidar da saúde e da beleza”, diz o angiologista, “quando os procedimentos vasculares são feitos a laser. Cada sessão de raio laser representa de duas a três sessões de injeções esclerosantes.” Ele explica que antes o laser era utilizado para completar o tratamento. Hoje, acontece exatamente o contrário, a injeção é complemento. “Quando, o tratamento é associado (laser + injeção), o resultado é infinitamente superior”, afirma.
As microvarizes podem surgir também na face, no nariz e no colo por predisposição genética, hereditariedade, gravidez, distúrbios hormonais, sedentarismo ou prolongadas atividades em pé. Os vasos bem finos, tipo fio de cabelo, são classificados como telangiectasias e trazem somente problemas estéticos, não interferindo na circulação. São pequenas veias avermelhadas e rosadas e se localizam em geral na face, nariz, colo, coxas, pernas e pés. As microvarizes são azuis ou azul-es-
verdeadas, que se localizam nas pernas. Já as varizes são veias dilatadas que medem mais de 4 mm de espessura e se localizam nas pernas e nos pés, podendo causar dores, trombose e fendas de difícil cicatrização. No tratamento com laser o ang iolog ista pode resolver muitos problemas. Trata-se de um método não-invasivo e pode ser aplicado em diferentes tipos de microvarizes, com a vantagem de exigir cuidados menos rigorosos como a exposição ao sol após cada sessão e sem deixar hematomas. Pode ser feito em qualquer tipo de pele. Nas varizes, o tratamento é sempre perigoso, tanto pelo método convencional quanto pelo novo método a laser de Diodo 810 mm, podendo-se andar e dirigir em 24 horas, voltando, se necessário, ao trabalho em 48 horas. O tratamento é rápido e eficaz, pouco traumático e com mínimos riscos. Esse novo tratamento é indicado para varizes de médio e grosso calibre, inclusive nas safenas, produzindo melhora imediata nos sintomas e permitindo volta rápida ao trabalho. P neusapinheiro@ig.com.br
Estresse
foto: dreamstime.com
Falhas de memória É fundamental procurar ajuda médica para tentar descobrir os motivos que levam à perda de memória
S
ão muitas as causas possíveis para a falha da memória. E é muito importante que o paciente investigue o motivo, procure ajuda e uma solução para o problema, o mais rápido possível. Diferentes fatores podem prejudicar o funcionamento da memória humana, que é um sistema complexo, intimamente ligado a outros sistemas mentais, como a atenção e a inteligência, que é influenciada por fatores não-cognitivos, ambientais e emocionais.
Os fatores cognitivos diretamente ligados à memória são dificuldade da armazenagem e dificuldade no entendimento e resgate da informação. Se um material não é bem organizado ou codificado, ele não permanece na memória. Veja um exemplo. Se você guarda seus livros de maneira desorganizada, alguns na sala, outros no quarto, revistas no banheiro, quando precisar encontrar algum, terá dificuldades. A memória é semelhante: se o material recebido não está bem
13
Estresse organizado, no momento do resgate será mais difícil para lembrar. Algumas pessoas não conseguem concentrar sua atenção em um único foco. Por exemplo, um guarda-noturno deve ser capaz de olhar para vários lugares ao mesmo tempo. Mas não dá para ele ler um jornal enquanto realiza sua atividade. Para que uma pessoa consiga memorizar uma informação, é necessário que sua atenção esteja voltada para um único foco, aquela informação. É sempre importante voltar a atenção para o foco se você realmente estiver interessado em gravar na memória o que está fazendo. É comum as pes-
soas se queixarem da falta de memória e dificuldade de atenção. Os déficits sensoriais, como o de audição e visão, impedem o funcionamento da atenção e merecem cuidado constante. Os fatores não-cognitivos emocionais como o estresse, a ansiedade e a depressão, entre outros, são alterações de afeto ou humor e que também influenciam a memória. Estudos mostram que pessoas que praticam atividade física têm bom desempenho de memória. O fator principal é o tempo do exercício. Para exercitar sua memória, leia as palavras ao lado e coloque-as em ordem alfabética:
Pão
Maçã
Casa
Sapo
Garrafa
Xale
Gato
Caderno
Mesa
Livro
Amor
Vasp
Vinho
Lixo
Neve
Zara
Bola
Foca
Agora, sem olhar para a lista, veja quantas palavras você consegue lembrar. P neusapinheiro@ig.com.br
Atenção
Cuidados para o idoso Tapetes soltos no chão, tomadas ou pontos de luz difíceis de alcançar são algumas das várias causas de acidentes dentro de casa
O
Cláudia Atas
lar pode e deve ser sinônimo de tranqüilidade e segurança, especialmente para moradores da terceira idade. Mas as estatísticas mostram uma realidade diferente: de acordo com o SUS – Sistema Único de Saúde, cerca de 75% das lesões em pessoas com mais de 60 anos acontecem dentro de casa, a maior parte (46%) no trajeto entre o banheiro e o quarto, principalmente à noite. Com a idade, as quedas se tornam mais freqüentes por diversos motivos, entre eles, fraqueza dos ossos, diminuição da visão e vertigens. E, segundo os especialistas, cerca de 25% das quedas são fatais em idosos e pacientes com osteoporose. As causas não são nada misteriosas – tapetes soltos, escadas com degraus acima de 15 cm ou com alturas diferentes, pouca iluminação nos ambientes, gavetas abertas, andar de meias ou chinelos, perda gradual dos sentidos, especialmente da visão (veja quadro). Mas nada é
14
pior que o trajeto quarto–banheiro, principalmente à noite – é o campeão das quedas, causando, na maioria das vezes, fraturas do colo do fêmur, segundo a Coordenadoria de Saúde do Idoso do Ministério da Saúde. A casa precisa se adaptar aos moradores e vice-versa, já que a segurança envolve o tipo e a disposição de móveis, objetos, arquitetura e construção do prédio. Com tese de doutorado sobre moradia para idosos e um livro publicado sobre o assunto (Hospedando a Terceira Idade – Recomendações de projeto arquitetônico), a arquiteta Maria Luisa Trindade Bestetti indica móveis com cantos arredondados, assentos com altura e resistência adequadas, boa iluminação (natural ou artificial) em todos os espaços; bom contraste de cores, especialmente nos espaços de transição, além do cuidado em fixar tapetes e eliminar obstáculos em áreas de passagem.
Checklist da casa segura
Em 1999, Ano Internacional do Idoso, a Soc iedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia criou o Projeto Casa Segura – um conjunto de ambientes equipados com itens de segurança. Com essa mostra, a entidade buscava conscientizar os empresários sobre a importância de sua aplicação em novas construções e, ao mesmo tempo, motivar a população a adotar medidas simples e de baixo custo nas residências dos idosos. A arquiteta Cybele Barros participou dessa iniciativa e decidiu continuar pesquisando o assunto. O resultado foi o lançamento, em 2000, do livro Casa Segura e, em seguida, do site www.casasegura.arq.br. Ali, o visitante encontra muitas informações úteis sobre os diversos aspectos do tema geriatria, além de um vídeo sobre segurança no lar e uma checklist interativa: o interessado assinala entre as opções “sim” e “não” e pode começar a fazer pequenas alterações na casa, providenciá-las, e, ainda, enviar o resultado eletronicamente, que será comentado pela arquiteta.
Um erro comum é limitar ao teto os pontos de luz, tornando a troca de lâmpadas – geralmente no escuro e com auxílio de banquetas ou escadas – um dos principais fatores
de acidente. “É importante manter luminárias auxiliares, como abajur, ou instalar arandelas na parede, onde o morador pode se apoiar para fazer a troca”, explica Maria Luisa. Quanto às tomadas, ela recomenda que sejam instaladas em posições mais altas para ficarem mais visíveis e mais fáceis de utilizar. Dispositivos de segurança para fogões, como sensores de fumaça e de corte de gás, fazem parte da lista de segurança. “Por exemplo, eles avisam quando o fogo for apagado por leite derramado.”
E os cinco sentidos, como vão? Visão - Observe se sua vista leva mais tempo para se ajustar da luz para o escuro e vice-versa; se o olho fica muito suscetível à claridade; e se está mais difícil perceber distâncias, contrastes e cores – por exemplo, distinguir os limites de um tapete, de uma soleira, ou de superfícies molhadas. Lembrese que lentes bifocais impedem um julgamento correto quando se olha para baixo. Tato - Com a idade, a sensibilidade pode se alterar. Um idoso talvez não perceba que a água está quente a ponto de queimá-lo, até que seja muito tarde, ou pode ainda sofrer hipotermia, por não sentir frio. O lfato - A menor sensibilidade do olfato cria riscos, como ingestão de comida estragada e a incapacidade de perceber um escapamento de gás ou uma fumaça no ambiente, dois sinais de possível acidente sério. Audição - Indivíduos da terceira idade costumam ser menos sensíveis a sons altos. Para quem sofre uma perda parcial de audição, o som é percebido de forma distorcida, ou lhes parece muito baixo. Assim, fica difícil atender a telefones, campainhas, alarmes de incêndio etc. Essa mudança também pode afetar a estabilidade e tornar o risco de queda mais freqüente. Equilíbrio - Depende de boa visão, tônus muscular e f lexibilidade das articulações. Quaisquer destes fatores podem mudar em função da idade, tornando difícil manter e recobrar a estabilidade do corpo. Os exercícios são, portanto, muito importantes para a prevenção das quedas.
Influência
das cores
Em ambientes profissionais, é preciso pensar mais na perspectiva do paciente que na estética ou nas conveniências pessoais. “Em geral, há
sentimentos de angústia relacionados à consulta e, mais ainda, ao ambiente profissional propriamente dito, onde assepsia é importante. Mas se o paciente sentir-se seguro e confiante,
Dicas para prevenir quedas e outros acidentes
Evitar • Andar no escuro; banheiro com iluminação embaçada ou fraca; box e tapetes no banheiro; entrar no banho sem testar a temperatura da água; lavar o piso com sabão para não deixá-lo escorregadio; móveis frágeis e posicionados em locais de passagem; mudanças bruscas de iluminação entre os diferentes cômodos; subir em bancos ou escadas; tapetes, principalmente nos corredores – em último caso, que sejam bem fixados.
Providenciar:
No banheiro • Assento ajustável para dar ao idoso mais estabilidade no banho; banheira e box com barras de apoio ou corrimãos; barras de apoio e portas largas no banheiro; cabides para toalha próximos da pia e do chuveiro para evitar molhar o chão e torná-lo escorregadio e para não andar molhado após o banho; esfregão com cabo longo para limpar box e/ou banheira evitará o abaixa-levanta; piso e tapete antiderrapantes, se possível com ventosas; vaso sanitário mais elevado e alças de apoio; testar a temperatura da água antes de entrar no box ou banheira. Cozinha • Alarme para identificar vazamentos de gás; armários e estantes na altura da cintura ou do peito, para facilitar o acesso aos utensílios; sempre que possível, procure fazer sentado suas tarefas rotineiras na cozinha; evite levantar peso, como carregar panelas pesadas - em cozimentos, use uma xícara para levar o alimento à panela, já próxima ao fogão; use colher apropriada, coador de metal ou peneira para retirar legumes de dentro da água quente, em vez de levar a panela para escorrer - faça o mesmo com o macarrão; mantenha os números de emergência (hospital, pronto-socorro, ambulância) ao lado do telefone, ou fixado em ímãs à geladeira; nunca use líquidos inflamáveis para nenhum outro propósito que não o indicado para o produto e não use nem armazene esses líquidos dentro de casa, muito menos na cozinha; tenha luz de emergência na cozinha, para o caso de falta de energia. Quarto • Cama e colchão com altura de mais ou menos 45 cm e boa largura para que, ao se movimentar, o idoso não caia; mantenha os números de emergência (hospital, pronto-socorro, ambulância) ao lado do telefone, na sua mesinha de cabeceira; procure se vestir sentado, posição que ajuda a manter o equilíbrio; coloque lâmpadas fotossensíveis (que brilham no escuro) nas passagens e em pontos estratégicos do quarto e nos corredores; mantenha os itens de uso freqüente em locais de fácil acesso. Em geral • Corrimão de escadas, dos dois lados, com prolongamento além do último degrau - evite descer ou subir degraus carregando objetos grandes ou pesados e, em qualquer circunstância, mantenha livre uma das mãos e se apóie no corrimão; escadas, iluminadas, com altura máxima de 15 cm entre os degraus e sinalização diferenciada no primeiro e no último deles; interruptores próximos às portas, em altura mediana; pisos antiderrapantes; sofás e cadeiras mais altos que os convencionais, preferivelmente com braços de apoio; considere a instalação de sensor de presença, que acende automaticamente a lâmpada quando uma pessoa se aproxima da porta; abaixe-se e levante-se com cuidado ao pegar coisas no chão, para evitar tontura; tenha uma lanterna e pilhas em lugar acessível e fácil de lembrar e apanhar para o caso de emergência. Fontes: www.ca sasegura.arq.br e Ministério da Saúde
15
Atenção a probabilidade de interação positiva com o profissional da saúde aumentará”, observa a arquiteta. Salas de espera pequenas e fechadas são meio “claustrofóbicas” e as situadas ao longo de corredores facilitam tropeções e desequilíbrios. O ideal é uma área de espera bem definida, cômoda e reconfortante, com pintura em cores frias, como verde, azul e violeta. Outra possibilidade é “esfriar” as cores quentes como amarelo, laranja, vermelho, com tons de cinza, criando tonalidades pastéis. Nos hospitais, as condições de acolhimento aos pacientes e seus familiares têm melhorado, segundo a especialista. Há mais cuidado em relação às características físicas dos locais – como acessibilidade, identificação de setores e ambiente de espera – e mais atenção às condições emocionais de todos os envolvidos, o que inclui funcionários e profissionais da saúde. “Se temos conforto e segurança, sentimos bem-estar.”
16
Ainda é pouco. “Em comparação com Japão, Holanda e outros paí ses europeus, o Brasil está muito atrasado no atendimento a pessoas da terceira e quarta idades (a partir de 90 anos)”, afirma Maria Luisa. “Apesar do Estatuto do Idoso e dos
Moradias assistidas
programas criados para essas faixas etárias, ainda é preciso investimento em materiais e treinamento para que todos possam usufruir os benefícios de um estado de conforto de bom nível.” clapmark@terra.com.br
Viver com segurança e conforto, mantendo relacionamento social com amigos e parentes é mais que um projeto de vida para os idosos. Denominado “Moradia Assistida”, o conceito já foi assimilado em diversos países europeus e na América do Norte. No Brasil, há exemplos de moradia assistida nas cidades de São Paulo, Campinas e Barueri. Segundo a arquiteta Maria Luisa Trindade Bestetti, especialista em moradia para idosos, a Holanda possui uma experiência interessante de moradias assistidas em área próxima a creches, incentivando a convivência entre gerações, sem forçá-la. Maria Luisa reconhece, porém, que esse tipo de solução é mais viável em países de baixíssima população, caso da Holanda. “Nos Estados Unidos, onde é tradicional a busca por moradias assistidas após a aposentadoria, a classe média já enfrenta dificuldade para encontrá-las, o que demonstra a necessidade de programas governamentais mais eficientes para atender esse grupo”, observa a especialista. No Japão, a solução tem sido diferente. “Apesar da tradição de respeito e reverência aos mais velhos, o ritmo de vida contemporâneo fez surgir iniciativas de atendimento ao idoso em centros-dia”, explica Maria Luiza. “Dessa forma, eles não ficam sós e podem receber atenção de profissionais especializados durante a jornada de trabalho de seus cuidadores originais, geralmente filhos.”
Blefarite
Problemas à vista foto: dreamstime.com
Cuidados
As enfermidades do olho podem manifestar-se em qualquer idade e é importante procurar auxílio médico
I
Neusa Pinheiro
nflamação comum e persistente do bordo externo das pálpebras, com sintomas como irritação, prurido e, em alguns casos, olho vermelho, pode ser uma doença chamada blefarite. Esta condição afeta freqüentemente pessoas que têm tendência a apresentar pele oleosa, caspa e secura ocular. O problema pode começar na infância, causando granulação nas pálpebras, e continuar por toda a vida como uma afecção crônica, ou iniciar mais tardiamente. Segundo Leôncio de Souza Queiroz Neto, médico no Instituto Penido Burnier, de Campinas, a superfície da pele normal contém bactérias e, em algumas pessoas, elas podem estar presentes na pele dos cílios. A irritação daí resultante, às vezes associada com a atividade excessiva das glândulas sebáceas vizinhas, produz escamas parecidas com caspa e partículas que se formam ao longo dos cílios e das pálpebras. Em algumas ocasiões, as escamas ou as bactérias produzem somente irritação e pru-
rido leves, porém em outras podem causar ardência e sensação de areia nos olhos. A blefar ite pode conduzir a complicações mais graves, como inflamação dos tecidos oculares, em especial a córnea. E pode não ser curável, porém é possível controlá-la mediante algumas medidas diárias, informa Queiroz Neto, alertando para a conveniência de, pelo menos duas vezes ao dia, aplicar compressas mornas sobre as pálpebras fechadas durante dois a três minutos. Este procedimento, segundo ele, descola as escamas e os detritos, além de solubilizar as secreções oleosas das glândulas sebáceas farsais, prevenindo assim o aparecimento de calázio, que é um tipo de inf lamação da glândula sebácea palpebral. Utilizando a ponta do seu dedo envolta em um pano fino ou uma haste de algodão (cotonete), esfregue com delicadeza a base dos cílios por aproximadamente 15 segundos em cada pálpebra, complementa.
importantes
Se o médico prescreveu pomada com antibiótico, aplique uma pequena quantidade na base dos cílios, preferencialmente na hora de dormir. Estas simples medidas higiênicas diárias reduzirão ao mínimo a necessidade de medicações adicionais que alguns pacientes requerem para controlar os sintomas do problema. Lágrimas artificiais devem ser aplicadas para aliviar os sintomas do olho seco; corticosteróides oculares podem ser utilizados por um breve período de tempo para reduzir a inflamação; pomada com antibiótico ou comprimidos antibióticos podem ser empregados para diminuir a quantidade de bactérias nas pálpebras. Na blefarite, as pálpebras superior e inferior estão recobertas por detritos oleosos e bactérias em torno da base dos cílios. O paciente refere irritação ocular e, em certos casos, inflamação do olho. A limpeza regular e completa da borda palpebral contribui para o controle da inflamação. As enfermidades do olho podem manifestar-se em qualquer idade. Muitas delas não causam sintomas até que tenham produzido lesão. Por isso, exames médicos realizados regularmente por um oftalmologista são muito importantes, já que muitos casos de cegueira são preveníveis quando diagnosticados e tratados a tempo. P
neusapinheiro@ig.com.br
17
D
esde a Antigüidade, os seres humanos sabem o quanto é importante o saneamento para a promoção da saúde. Ruínas de uma civilização desenvolvida ao norte da Índia, há cerca de quatro mil anos, já indicavam a existência de banheiros nas construções. Até na Bíblia, no Velho Testamento, há referências claras às práticas sanitárias do povo hebreu. Apesar do conhecimento acumulado há séculos, existem, ainda, muitos países que convivem com as doenças causadas por falta de água tratada e coleta de esgoto. O Brasil é um deles. Segundo Sérgio Gonçalves, diretor de Articulação Institucional do Ministério das Cidades, as enfermidades causadas
Sérgio Gonçalves Sueli Zola
por ausência de saneamento chegam a atingir até 65% das internações hospitalares e de atendimentos ambulatoriais. As crianças são as principais vítimas, por serem mais suscetíveis às moléstias gastrointestinais e parasitárias. A cura para o mal parece simples: basta expan-
dir as redes de esgotamento sanitário que, hoje, beneficiam apenas 48,3% da população brasileira. Parece simples, mas não é. As obras para ampliação desse serviço têm custos altos e, embora sejam essenciais, não estavam sendo tratadas como prioridade nas três esferas de governo. Mas a situação tende a melhorar nos próximos anos. O Programa de Aceleração do Desenvolvimento (PAC) vai destinar R$ 40 bilhões, no período de 2007 a 2010, ao saneamento. “Estes são os maiores investimentos, após muitas décadas, que estão sendo realizados com recursos federais”, afirma Sérgio Gonçalves, que concedeu uma entrevista exclusiva a esta revista. Leia a seguir.
Sem saneamento não há saúde Qual é o cenário do saneamento básico no Brasil? Para acompanhar os indicadores de atendimento dos serviços de água e esgotos no país, o Ministério das Cidades se utiliza, além de outras fontes importantes de dados, do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), que está sob a coordenação da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental. Em dezembro de 2007, foi lançada a 12o edição do SNIS, que traz várias informações gerenciais e de evolução da área de saneamento. O Brasil apresenta, para o abastecimento de água, o índice de
18
atendimento urbano de 93,1% e, para a coleta de esgotos, o índice de 48,3%, sendo que deste 32,2% são tratados. É importante destacar que nos últimos indicadores da Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar (PNAD), o saneamento tem acompanhado o crescimento e gradualmente abatido seu déficit histórico. Compare a situação brasileira com a realidade em outros países, espe cialmente os países emergentes. Infelizmente não temos os indicadores internacionais. O que podemos dizer é que os países emergentes estão
se esforçando no intuito de melhorar os indicadores de saneamento. Este esforço está sendo acompanhado pela ONU, cujo secretário-geral possui um grupo assessor específico para o tema. Na composição desse seleto grupo está presente um brasileiro, o engenheiro Antonio da Costa Miranda Neto, que, entre outras atividades, é ex-presidente da Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento e ex-secretário municipal de Saneamento do Recife. Existem diferenças entre a situ ação do saneamento nas regiões do
foto: Rodrigues Nunes
Entrevista
Brasil (Norte, Nordeste, Sul, Sudeste etc.)? Qual região sofre mais com a falta de saneamento? Sim, existe. A região Norte é a que possui os menores indicadores urbanos de atendimento em abastecimento de água e coleta de esgotos, respectivamente, 62,7% e 6,1%, seguida do Nordeste com 92,5% e 26,4%. O Sudeste apresenta 95,7% e 69,6%; o Centro-oeste tem 98% e 45,9% e o Sul, 99,2% e 35,2%.
Os indicadores de internações hospitalares e de atendimento ambulatoriais por enfermidades causadas por ausência de saneamento são muito elevados Quais são os benefícios do sanea mento para a promoção da saúde pública? É inegável e consensual que o saneamento tem um papel de relevância quando se trata da prevenção de doenças e de agravos à saúde. Os indicadores de internações hospitalares e de atendimentos ambulatoriais por enfermidades causadas por ausência de saneamento são, ainda, muito elevados, chegando, em alguns lugares, a até 65% das notificações, com doenças gastrointestinais e parasitárias. Entre essa população, destacam-se as crianças como as mais sensíveis e recorrentes. Muito se fala em proporcionalidades de valores que, se gastos em saneamento, significam vários reais em economia na área de saúde. Embora não tenhamos ainda essa mensuração de forma científica, algumas instituições e pesquisadores afirmam que, para cada R$ 1,00 investido em saneamento, são enconomizados R$ 4,00 em saúde. A Organização PanAmericana da Saúde possui estudos
para outros países, que não o Brasil, e em todos eles reforça e confirma a importância das ações de saneamento para a saúde. Se o saneamento é tão essencial para a promoção da saúde, como o senhor avalia o fato de mais de 50% da população brasileira não ter aces so ao esgotamento sanitário? Essa é uma realidade nacional, que se torna um dos principais desafios da área de saneamento. Nas últimas décadas, o Brasil evoluiu muito especificamente no abastecimento de água, o que não ocorreu com a coleta de esgoto, com o manejo de águas pluviais urbanas e com o manejo dos resíduos sólidos. Este fato deveu-se principalmente pela ausência de recursos em valores suficientes para investimentos em todas as áreas do saneamento básico. Esta ausência ocorreu nas três esferas de governos – federal, estaduais e municipais. Para exemplificar, se observarmos os investimentos disponibilizados pelo governo federal, com recursos de financiamento provenientes do FGTS e FAT no período de 1999 a 2002, estes foram irrisórios, não ultrapassando a cifra de R$ 230 milhões para o período. Se comparados ao mesmo espaço temporal, de quatro anos, e a mesma fonte de financiamento, no período de 2003 a 2006, a atual administração federal contratou R$ 6,2 bilhões. Se observarmos, historicamente, os investimentos em água eram muito superiores aos de esgoto, o que está gradualmente se invertendo, ou seja, atualmente os valores disponibilizados já são praticamente iguais, para água e para esgoto, com a tendência crescente dos investimentos para esgoto. Esta, também, é uma política federal para a área de saneamento.
Quais são as principais doenças que podem ser prevenidas e erra dicadas com a expansão do sanea mento? Devemos tomar um pouco de cuidado quando falamos em erradicação de qualquer doença. Os estudos e o controle epidemiológico são muito importantes para auxiliar e focar políticas públicas. O saneamento básico é uma política pública de caráter essencial e, como tal, deve merecer seu espaço na pauta das agendas dos três níveis de governo. Ao buscarmos a universalização dos serviços de saneamento básico de forma integral e planejada, estaremos ajudando a conter e “erradicar” as doenças diarréicas em geral, a cólera, a febre tifóide, a dengue e a leptospirose, entre outras doenças. A mortalidade infantil poderia reduzir significativamente no Brasil, caso houvesse maiores índices de coleta de esgoto e abastecimento de água tratada? Sim. Com a coleta, tratamento e destino final adequado dos esgotos, estaremos auxiliando para que um número menor de crianças sofra com doenças por ausência de saneamento, o que diminuiria, em muito, a mortalidade infantil. Como já disse, as crianças são mais suscetíveis a essas enfermidades.
O Brasil evoluiu muito no abastecimento de água, mas isso não aconteceu com a coleta de esgoto, com o manejo de águas pluviais e de resíduos sólidos De que forma a nova Lei 11.445 de 2007 (que estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico) traz melhorias efetivas para a popu
19
Entrevista lação carente que não tem acesso aos serviços de água e esgoto? Podemos começar falando que a lei estabeleceu o saneamento como um serviço público essencial. Isso traz uma responsabilidade adicional ao poder público. Vários outros pontos podemos salientar, como o próprio conceito de saneamento básico, hoje definido como o abastecimento de água, o esgotamento sanitário e o manejo dos resíduos sólidos e das águas pluviais urbanas. Merecem destaque, também, os quatro alicerces da política de saneamento básico que são a obrigatoriedade do planejamento de forma integrada, a fiscalização, a regulação e o controle social que deve estar presente em todas as fases. A lei, por si só, pode não resolver, mas dá à população instrumentos importantes de participação e controle. Quanto às comunidades mais carentes, cabe a determinação pelos governos locais do estabelecimento de políticas e metas a serem cumpridas pelos prestadores de serviços de saneamento, sejam eles públicos ou privados. As companhias de saneamento estão preparadas para realizar os serviços de coleta de resíduos sólidos e drenagem, inclusas no conceito de saneamento pela nova lei? E quem pagará a conta? Subirá a tarifa para o usuário? Algumas empresas estaduais de saneamento, que historicamente só prestavam os serviços de água e esgotos, já estão se preparando para atuar em resíduos sólidos. Um dos pontos favoráveis pode ser a abrangência e o ganho de escala. A Companhia do Estado do Paraná, a Sanepar, já está atuando em resíduos sólidos. Outro exemplo relevante é o desempenho do Semasa – autarquia do município de
20
Santo André (SP), precursora do planejamento integrado e da atuação em todos os componentes do saneamento, assim como também opera na defesa civil e no licenciamento ambiental. Quanto à conta, sempre será paga pela população usuária dos serviços de saneamento. Dependendo do arranjo institucional e da escala dos serviços, os preços poderão baixar, conforme preconizado na Lei de Saneamento.
Com o saneamento básico, estaremos ajudando a conter e erradicar as doenças diarréicas em geral, a cólera, a febre tifóide, a dengue e a leptospirose, entre outras doenças O governo federal anunciou a destinação das verbas do PAC para o saneamento. Qual será o montante a ser investido no país? Para o quadriênio 2007-2010, o governo federal irá investir o montante de R$ 40 bilhões, sendo para o setor público R$ 12 bilhões com recursos do Orçamento Geral da União (OGU) e R$ 12 bilhões com recursos de financiamento (FGTS e FAT). Para o setor privado estão disponíveis R$ 8 bilhões da fonte de financiamento. Os R$ 8 bilhões restantes serão investidos como forma de contrapartida dos tomadores dos recursos do governo. Estes são os maiores investimentos, após muitas décadas, que estão sendo realizados com recursos federais. Qual critério foi utilizado para se lecionar os municípios que serão be neficiados com as verbas do PAC? Os indicadores do governo demonstram que nas regiões metropolitanas, nas capitais e nas grandes cidades (com mais de 150 mil habitantes) está concentrada a maioria da população
que necessita dos serviços de sanea mento básico. Por isso, no primeiro momento o PAC centrou as negociações com prefeitos dessas áreas e todos os governantes estaduais. Isso ocorreu no período de março a agosto de 2007. Os projetos aprovados e que estão sendo apoiados pelo PAC foram apresentados pelos próprios entes federados e exaustivamente debatidos de forma criteriosa e rigorosa. Esses investimentos serão sufi cientes para mudar o atual cenário do saneamento no país? No ano de 2003 o governo federal, por intermédio do Ministério das Cidades, divulgou estudo que apresenta a necessidade de investimentos de R$ 178 bilhões para a universalização dos serviços de água e esgotos no Brasil. Este estudo foi um marco importante para o planejamento da área de saneamento, pois possibilitou o acompanhamento dos investimentos e do espaço temporal e a quantidade de recursos anuais necessários. Como já disse, após uma forte recessão, os investimentos voltaram em 2003 de forma sistemática e consistente. Acrescenta-se a isso a sansão da Lei de Saneamento, em 2007, que coloca o setor num ambiente de regras claras. Não tenha dúvida de que estes investimentos darão uma inflexão importante, que deverá ser seguida pelos próximos governos. Cabe lembrar que o governo federal é um dos responsáveis pelos investimentos e pela política de diretrizes, mas o principal trabalho é dos governantes locais que são os titulares dos serviços e que, além de investirem financeiramente, são responsáveis pelo planejamento, fiscalização e regulação dos serviços. Esperamos que os governos subseqüentes continuem realizando PACs para o saneamento.
Emprego
Uma acirrada disputa Instrumento para o futuro emprego, o processo seletivo hoje está mais avançado e valorizado pelas empresas
E
Keli Vasconcelos
spera. Palavra sublinhada no dicionário de muitos candidatos a uma vaga no competitivo mercado de trabalho. Superação. É o sentimento que outros apreciam quando recebem o resultado – positivo ou não – de um processo seletivo. Quem ainda pensa, no entanto, que a entrevista para conquistar a sonhada recolocação se resume apenas numa “passada de olhos” no currículo e uma breve conversa com o possível patrão já está desatualizado. Hoje, as grandes empresas brasileiras e mundiais investem em seleções longas, avançadas – algumas priorizam a contratação daqueles que estão começando como estagiários e trainees – e com exposição do candidato a várias situações que poderá ter no ambiente de trabalho, além de exames psicológicos, de raciocínio, entre muitos, reais ou até “virtuais”. Também estão democráticos, já que dão a oportunidade de o candidato expressar sua personalidade e o que oferecerá à companhia; e não apenas o que tem a dizer no momento da entrevista. A palavra de ordem é a seleção por competências. Ela avalia, entre out ros cr itér ios como habilidades em resolver problemas do cotidiano da empresa, a capacidade do indivíduo em controlar suas emoções. Se um candidato foi tímido (leia-se, também, nervoso) em determinada
prova e não obteve uma boa pontua ção, mas foi classificado no teste on-line de idiomas, por exemplo, ele tem a oportunidade de superar-se na próxima fase e não ser eliminado, aumentando as chances de ser contratado. Na Ticket Ser viços, do Grupo Accor, são realizados diversos processos e treinamentos, tanto para os candidatos quanto para o quadro de funcionários já atuante, que hoje é de 860 colaboradores. O objetivo é estimular pessoal para a “gestão contínua de desempenho”. A seletiva da empresa é dividida em fases conforme a colocação e demanda de vagas. Há painéis com consultores, aplicação de testes, uma série de entrevistas com o departamento de recursos humanos (RH) e, enfim, com
o futuro gestor. “O processo seletivo é feito de acordo com o cargo e o perfil da vaga. Normalmente, quando começamos a triagem dos currículos, selecionamos 20 currículos. Destes, geralmente 10 participam das fases seguintes do processo. No final das avaliações, temos, em média, cinco bons candidatos. Desses, apresentamos os três finalistas ao gestor que será responsável pela contratação”, explica Maria do Carmo Pina, supervisora de recrutamento e seleção da Ticket. Ela completa que a companhia usa das mais modernas ferramentas existentes no mercado para fazer um balanço dos candidatos como experiência profissional, perfil psicológico e potenciais. “O objetivo de cada avaliação é reunir informações que possam ajudar o gestor a decidir pelo candidato ideal”, pontua.
Prepare-se
devidamente
É interessante que em cada eliminatória o entrevistado trace estratégias sobre a função pretendida. “O candidato tem que estar preparado para o cargo, caso contrário, é melhor não participar do processo, pois tem grandes chances de não ser escolhido e, caso seja, terá chances de ser demitido após o período de experiência”, alerta Augusto Costa, diretor geral da consultoria de recursos humanos Manpower, de São Paulo. As dicas dos consultores de RH é que o entrevistado, inicialmente, conheça o site da companhia, ao mesmo tempo indague sobre o posicionamento do cargo e da empresa no momento da entrevista. Isso conta pontos a favor, já que demonstra interesse do
fotos: dreamstime.com
21
Emprego candidato em ser conhecedor deste universo. “É importante que ele saiba e que tenha informações sobre a posição, devendo se assegurar de que possui condições para ser avaliado, sabendo que será comparado com outros profissionais”, lembra a gerente de atratividade e seleção do Grupo Pão de Açúcar, Eliana Ponzio. Ela levanta alguns aspectos como: atualizar-se por meio de leitura tanto especializada quanto global (ler/ouvir jornais), estudar bastante (ainda que não sejam livros didáticos), freqüentar palestras sobre a carreira, buscar informações sobre a empresa antes de ir para a entrevista e, dependendo da situação, conversar com profissionais mais experientes. O grupo, com 63 mil funcionários entre corporação e operações, desenvolve um elaborado recrutamento que tem particularidades moldadas com a especificidade da área e o tamanho da posição, que incluem entrevistas individuais com o RH e o requisitante, bem como mapeamento e hunting – literalmente a “caça” ao candidato compatível a exercer a função. As eliminatórias (nas empresas entrevistadas) duram em média de 15 a 30 dias. Em cargos executivos salta para 45 dias. Tudo depende das profissões e exigências a serem preenchidas. É praticamente, portanto, inadmissível que o entrevistado antes de enfrentar esta maratona não saiba sobre a missão e objetivos da contratante, que podem ser o alcance de metas estabelecidas ou ações de responsabilidade social. As empresas atuais esperam profissionais pró-ativos que apostem na filosofia da companhia e estas estimulam, inclusive, em cursos de reciclagem periódicos. Colaboradores que opinam, discutam e, sobretudo, cresçam com e na empresa são mais valorizados que o mero funcionário cujo afã é cumprir jornadas de horários. Eliana Ponzio, do Grupo Pão de Açúcar, aponta, também, outros “pecados” cometidos pelos candidatos durante a(s) seletiva(s). “Vir para entrevista sem conhecer o negócio,
22
incluir informações no currículo as quais não tem como comprovar, excesso de informalidade, trajes inadequados, não demonstrar interesse pela posição, não fazer perguntas sobre o processo ou posição ao entrevistador, colocar a remuneração em primeiro lugar, falar mal do antigo chefe ou empregador etc.”
O
peso do currículo
Mas, para que a pessoa esteja no rol dos processos seletivos, além de evitar atrasos no dia das dinâmicas/ entrevistas, ela deve cuidar do seu cartão de visitas: o tão citado currículo. “É a porta de entrada. Ele deve ser sucinto, claro e objetivo”, diz Maria do Carmo, da Ticket. Já Eliana, do Gr upo Pão de Açúcar, enumera pormenores do documento que chamam a atenção e auxiliam o recrutador. “O currículo vale mais quando é claro do que quando é ‘bonito’. Deve iniciar com os dados pessoais do candidato, em seguida um resumo de suas principais atividades exercidas num tópico que pode ser nomeado ‘qualificações’. Logo após, um breve relato, em tópicos, das empresas, cargo e tempo em que ele permaneceu; a seguir, deve conter as principais formações do candidato, idiomas e viagens ao exterior, se for o caso”, expõe.
Augusto Costa, da consultoria Manpower, complementa que o currículo “deve ter ‘zero erro’ de português, ser fácil de ler e bem diagramado”. Motivação e serenidade são, também, os combustíveis para que o candidato não seja “nocauteado” pelos concorrentes. Costa aconselha que “se a pessoa foi chamada para a entrevista é porque o currículo preenche os requisitos da vaga, ou seja, ‘você é um candidato em potencial para a vaga!’. Assim sendo, a coisa mais importante é ser você mesmo: a verdade vai ajudálo a se manter calmo e tranqüilo, aumentando assim as chances de ser o escolhido para a vaga”. Esses fatores são verificados pelo consultor desde o cumprimento entre ele e o entrevistado na sala do RH até sua estada naquele emprego. “A empresa espera que o candidato seja comprometido com os resultados dela e da área, que entenda do negócio, que seja torcedor da empresa, que compartilhe de seus valores, que seja arrojado, dinâmico, para acompanhar o ritmo do varejo e principalmente que tenha prazer em servir”, comenta Eliana Ponzio, do Grupo Pão de Açúcar. A taxa de desocupação em dezembro de 2007 foi estimada em 7,4% nas seis regiões metropolitanas do Brasil (São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Salvador e Recife) pesquisadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgada em janeiro deste ano. Esse indicador atingiu o menor valor da série, iniciada em março de 2002. Já a população ocupada (21,4 milhões de pessoas) não se alterou significativamente em comparação a novembro de 2007 (-0,3%), mas cresceu 3% em relação a dezembro de 2006. Os números apresentam aquecimento desse campo, mas transparecem que a procura por empregos e a almejada carteira assinada conti nuam disputadas. Para a sobrevivência na carreira, é preciso galgá-la em dois termos às vezes esquecidos ou, pior, descartados: preparo e empenho. P keliv_1@hotmail.com.br
Distúrbio
Apenas diferentes Apesar das deficiências na leitura e na escrita, disléxicos apresentam inteligência acima da média e capacidade de desenvolver carreiras de sucesso foto: dreamstime.com
Liliane Simeão
E
la atinge de 10% a 15% da população mundial. Mesmo assim, ainda é confundida com preguiça, falta de inteligência e até mesmo com deficiência mental. Apesar de comum, a dislexia parece se mostrar uma incógnita, não apenas para quem vive o problema dentro de casa, mas também para muitos profissionais da saúde e da educação. Não se trata de uma doença. De fato, a dislexia é um distúrbio de aprendizagem. Apesar de a maioria apresentar inteligência acima da média, os disléxicos são lentos na leitura, na reprodução de textos, na elaboração de redações, além de cometerem trocas ortográficas, omissões e inversões de fonemas. “Sabemos que a dislexia tem origem genética e hereditária. A causa está no funcionamento diferenciado de uma parte do cérebro que está relacionada com a leitura e a escrita”, explica a psicóloga da Associação
Brasileira de Dislexia (ABD), Mônica Bianchini. “O disléxico não tem déficit de inteligência, não apresenta nenhum tipo de síndrome ou deficiência física”, afirma. Normalmente, quando conseguem ler, os disléxicos têm dificuldade de interpretação do texto e não captam a mensagem. Isso porque lêem de maneira muito silabada. A escrita espontânea também tem características próprias, como inversão de letras, o que impossibilita o registro das idéias em forma de redação. A dislexia é classificada em leve, moderada e severa. A leve pode passar despercebida em grande parte da vida. “Conheço advogados e jornalistas disléxicos que terminaram a graduação sem diagnóstico. Talvez pudessem ter enfrentado menos dif iculdades se soubessem com antecedência”, explica a psicóloga. Quando os casos são mais graves, normalmente, são identificados já na
alfabetização, enquanto os médios demoram alguns anos mais. Segundo Mônica, o diagnóstico correto é realizado de maneira multidisciplinar e tem início com a avaliação de um oftalmologista. O objetivo é afastar qualquer problema de visão, que possa estar impedindo o paciente de ler e escrever corretamente. Encaminhá-lo ao fonoaudiologista é ato contínuo. “Também submetemos o paciente à avaliação de um neurologista. Se estivermos diante de uma criança muito esperta e que não apresente nenhum teste positivo nessas três especialidades, a possibilidade de se tratar de um disléxico é grande”, conta. Mesmo assim, a avaliação ainda demanda muitos testes psicológicos e de avaliação de QI. “Não existem exames, como ressonância magnética ou tomografia computadorizada, que possam detectar a dislexia. Uma vez diagnosticada, com um tratamento adequado, o indivíduo pode alcançar 70% de recuperação. Em alguns casos, pode chegar a 90%”, garante. E, segundo Mônica, quando ocorre o diagnóstico, normalmente, o que se vê são pais e mães aliviados, assim como os próprios pacientes. “Os disléxicos, antes de serem diagnosticados, são rotulados como preguiçosos, porque são espertos, são criativos, mas sempre se esquivam da leitura, fogem da resolução de problemas, porque não conseguem cumprir. Você pode imaginar o que passa na cabeça de uma pessoa que se sente capaz, mas não consegue efetuar uma tarefa que consideramos relativamente simples?”, indaga. E esse cenário de angústia muitas vezes leva a problemas psicológicos, como depressão, síndrome do pânico e transtorno obsessivo compulsivo. “A auto-estima afetada acaba desencadeando problemas secundários."
Convivendo com o problema
Uma vez diagnosticada, a dislexia precisa ser enfrentada. Muitas vezes,
23
Distúrbio
QI elevado
Um disléxico diagnosticado pela ABD pode estudar idiomas, prestar vestibular ou tirar a carteira de motorista sem dificuldades. A entidade é a única do Brasil cujo laudo é reconhecido também no Exterior, graças à seriedade dos processos e ao fato de ser ligada à International Dislexy Association (IDA). “Realizamos a investigação completa. Quando não detectamos dislexia, mostramos qual é o problema enfrentado pelo paciente”, afirma Mônica. “Quando mostramos todos os testes para os pais e para a criança, o alívio é muito grande”, revela. Isso porque muitos se acham incapazes e doentes. “E o que vemos na prática é que a maioria tem QI acima da média”, afirma. Uma pesquisa realizada pela ABD corrobora os conceitos emitidos pela psicóloga Mônica Bianchini. Os dados, divulgados em novembro do ano passado, mostram que 71% dos 59 disléxicos de grau severo avaliados possuem QI acima da média. Com relação à avaliação da habilidade da linguagem, como na memó-
24
ria operacional (aritmética), memória verbal (dígitos) e memória de longo alcance (informação), o desempenho se mostrou abaixo do esperado. Na avaliação psicomotora, 51% ficaram abaixo da média de suas idades. Outro dado apresentado pelo estudo mostrou que todos os 59 indivíduos avaliados possuem auto-estima rebaixada, dificuldade de nomear objetos e disgrafia, ou seja, letra feia. Os testes de linguagem oral e escrita e processamento visual e auditivo apresentaram resultados alterados. Muitas dessas conclusões também foram levantadas nos exames realizados por Pedro, de 11 anos. Depois de diversas passagens por especialidades médicas diferentes, o garoto saiu de Rio das Ostras, no Rio de Janeiro, acompanhado dos pais Tadeu e Adeilde Cunha, direto para São Paulo, para ser atendido na ABD. “Apesar de ser esperto, inquieto
e curioso, seu desempenho na escola não era satisfatório”, conta a mãe. “Ele não finalizava as tarefas e os resultados dos testes na escola não condiziam com o tanto que ele estudava”, completa o pai. Apesar disso, Pedro toca bateria, flauta e desenha muito bem. Esses fatos deixavam os familiares ainda mais confusos. “Foi um alívio descobrir que o problema é a dislexia”, diz Adeilde. “Sabemos contra o que estamos lutando e podemos trabalhar a auto-estima dele, que já estava apresentando queda”, completa Tadeu. Durante a conversa com seus pais, Pedro corria pela sala e interagia com as outras crianças, enquanto aguardava o atendimento de Mônica. “Ele é um garoto muito sensível, de QI elevadíssimo e que terá um futuro muito bonito”, garante a psicóloga. P lisimeao@uol.com.br
Saúde
Poluição doméstica Espirros e tosse ao entrar em casa, coceira na garganta quando no quarto... fique esperto, o perigo pode estar aí! Neusa Pinheiro foto: dreamstime.com
pequenas atitudes podem ser suficientes para provocar grandes mudanças na vida do disléxico. Provas orais são bons exemplos de medidas simples que trazem grandes resultados. “Nessa hora, é preciso prevalecer o bom senso. Se o aluno tem dislexia, a professora não pode reduzir sua nota por um erro de grafia. E ela tem que ter a disposição de conversar com o aluno para entender o que ele quis dizer em determinada resposta”, exemplifica. Gravar as aulas e solicitar textos de apoio também são atitudes recomendadas. Em situações mais graves, sessões com fonoaudiólogos também são eficientes. Mas é importante que o profissional tenha conhecimento técnico sobre dislexia para que o tratamento funcione. “Apesar de a dislexia atingir mais homens do que mulheres, em uma relação de 3 para 1, é mais comum ver as disléxicas buscando mais ferramentas para seu desenvolvimento”, opina.
V
árias pesquisas vêm mostrando que o ar em nossas casas e no local de trabalho pode estar mais poluído do que o ar das ruas, mesmo em grandes cidades industrializadas. Muitos produtos tóxicos apresentam níveis duas a cinco vezes maiores dentro do que fora de casa. Fontes domésticas emissoras de gases ou partículas microscópicas são a causa principal de problemas na qualidade do ar em nossas residências. Uma ventilação inadequada aumenta os níveis internos de agentes nocivos ao não permitir a renovação e diluição adequada da atmosfera do ambiente. Temperaturas elevadas e altos níveis de umidade também
aumentam as concentrações de certos poluentes e, ao final do dia de trabalho na empresa, escritório ou consultório, chegando em casa para um mais que merecido descanso, nosso corpo passa a se engajar em um luta estressante contra poluentes e carcinógenos. De acordo com Alessandro Loiola, médico especialista em cirurgia geral pela Santa Casa de Belo Horizonte, “a importância relativa de uma determinada fonte depende da quantidade da emissão do poluente e quão prejudicial é esta emissão. Algumas fontes, como depósitos de materiais de construção e produtos para `refrescar o ar´ liberam poluentes de maneira mais ou menos contínua, dependendo da freqüência de uso. Outras fontes relacionadas a várias atividades desenvolvidas em casa, tais como tabagismo, o uso de solventes, produtos de limpeza e pesticidas, liberam poluentes de forma intermitente. Consideram-se como principais fontes de poluição doméstica produtos como o óleo usado em frituras, o gás
usado nos fogões, querosene, tabaco, material de construção, tapetes e carpetes feitos de material inapropriado, produtos de limpeza, cosméticos e até mesmo o ar condicionado. Geralmente os problemas de alergia não decorrem do carpete ou tapete, mas da poeira doméstica acumulada por falta de limpeza adequada.
Desconforto quase imediato
O ar do ambiente externo entra em casa infiltrando-se pelas frestas, ventilação natural, portas e janelas abertas e ventilação mecânica (exaustores e ventiladores). Apartamentos apresentam os mesmos problemas das casas. Os efeitos da exposição à poluição podem surgir imediatamente ou levar anos até aparecerem, os mais rápidos podem ser, ainda que temporários e tratáveis, irritação dos olhos, nariz e garganta, cefaléia, tonteira e fadiga. A reação à presença da poluição doméstica depende da idade, sensibilidade individual e doenças preexis-
tentes e, infelizmente, as pessoas mais expostas à poluição são as idosas e, especialmente, doentes críticos. Estas são as mais suscetíveis aos seus efeitos e também as mais prejudicadas. A maioria dos efeitos imediatos sugere resfriado ou doenças virais leves. Em muitos casos é difícil determinar se os sintomas foram causados por exposição à poluição doméstica e, por isso, é bom ficar atento ao local e ao período em que os sintomas apareceram, se eles se repetiram sempre que se tem contato com determinado ambiente. Ainda não estão bem definidos a concentração dos poluentes domésticos e o período de exposição necessário para afetar a saúde. As reações variam de pessoa para pessoa e muitos efeitos podem levar anos para se manifestar ou só aparecem após um longo período de exposição. Por isso, é prudente e aconselhável melhorar a qualidade do ar em sua casa, mesmo sem que tenha aparecido qualquer sintoma. P neusapinheiro@ig.com.br
Micoses
Quem não passou por isso?
S
e aparecer uma coceirinha no corpo, é hora de observar se uma manchinha nova apareceu ou se a unha amarelou. Existem cerca de 300 tipos de fungos. Como eles se desenvolvem melhor em locais quentes e úmidos, muitas micoses são mais freqüentes durante o verão. Embora o termo micose tenha se popularizado, ele vale apenas para doenças causadas por fungos e podem manifestar-se em qualquer parte do corpo. Segundo os dermatologistas, a micose acontece porque o fungo encontra um meio propício. O in-
fotos: dreamstime.com
Coceira, ardor, manchas e descamação são alguns sintomas do problema. Frieira é o tipo mais freqüente divíduo está sempre em contato com esses fungos, mas, em geral, o organismo se defende. Por isso, quando a resistência da pessoa baixa, ela fica mais suscetível a ter micose. De acordo com os especialistas, é preciso observar os pés, a virilha, o dorso, o peito, as unhas e até o couro cabeludo. Coceira, ardor, manchas e descamação podem ser sintomas de um problema. A micose mais comum é a pitiríase, que são manchinhas do tamanho de lentilhas, que podem ser brancas, castanhas ou avermelhadas e se es-
25
Micoses Evite
palham por costas, pescoço e nuca. Quando as pessoas se bronzeiam, elas ficam mais evidentes. Outra característica é que essas manchinhas se espalham com muita rapidez. Esse tipo de micose não manifesta sintomas e, para tratá-la, é preciso medicação oral, creme e sabonete no local. Como o esporo (fungo em repouso) pode ficar no couro cabeludo, se não tratar a região, ele pode despertar e voltar a atacar. É obrigatório o tratamento da cabeça, explica o dermatologista Mário Grinblat, do Hospital Albert Einstein. O tratamento leva mais de um mês e só depois de controlar o fungo é que a pessoa pode voltar a tomar sol e igualar a cor do local afetado.
Cuidados
simples
Se as manchinhas forem maiores, fica difícil perceber a diferença entre elas e a pele normal. Pode tratar-se de outro fungo, o pitiríase alba, que não é micose e sim pele ressecada, que deve ser tratada com banhos demorados e muito quentes. Quando surgem placas vermelhas formando anéis em qualquer lugar no corpo, pode ser tinha, que é um problema que ataca o corpo inteiro, mas é mais comum na virilha, principalmente nos homens. A candidíase é a mais conhecida, principalmente pelas mulheres, porque a vaginal é um problema muito comum. Trata-se de um fungo que pode aparecer na virilha e pequenas dobrinhas e até sob a mama. Nesses casos, há descamação úmida, coceira e placas vermelhas. Outra micose bem popular são as frieiras. A umidade entre os dedos dos pés, fechados nos sapatos ou tênis criam ambiente perfeito para os fungos. Além de coçar, podem causar rachaduras, às vezes perigosas, que devem ser tratadas assim que aparecem para evitar a ocorrência de outras infecções. No caso da onimicose, a vítima é a unha. Ela começa a ficar amarelada ou esverdeada e descola da pele. Um pozinho branco e
26
malcheiroso pode se alojar nesse espaço. A dermatologista Luciane Scattone avisa: “Não se deve limpar embaixo porque descola mais a unha e vai ajudar o fungo a se instalar”. O tratamento é longo e pode durar anos. Mas, se não tratar, ele pode destruir até a matriz da unha.
Muitas pessoas têm vergonha por ter micoses. Algumas regras simples podem preveni-las Muita gente tem medo ou vergonha de ter micoses. A chave para não ter é controlar a umidade. Algumas regrinhas simples previnem as frieiras, tais como secar bem entre os dedos após o banho, deixar o sapato arejar e tomar sol, evitando calçar o mesmo par por dias seguidos, usar meias de algodão, mas trocar se estiverem molhadas, e utilizar chinelos em locais de freqüência coletiva, como piscinas e vestiários.
a automedicação
Cuecas e calcinhas de algodão absorvem a umidade e são melhores para a pele da virilha e partes íntimas. Homens e mulheres devem deixar a região arejar um pouco, portanto dormir sem roupa íntima é saudável. O bíquini molhado na praia contribui enormemente para a candidíase vaginal. As unhas precisam ser observadas sempre, por isso não é bom ficar com esmalte o tempo todo. É aconselhável também mantê-las curtas. Quando a unha sofre traumatismo, é bom tratar, desde o início, com antifúngico porque a parte descolada pode alojar fungos. As manchinhas nas costas são difíceis de evitar, mas os dermatologistas aconselham o uso de sabonetes com enxofre ou ácido salicílico, que diminuem a chance de o fungo se alastrar. Em nenhuma situação deve-se fazer a automedicação, assim como não tentar fazer sozinho o diagnóstico de micose, pois algumas doenças dermatológicas são parecidas e têm causas e tratamento diferentes. Para identificar a causa da micose, é necessário um exame médico para descobr ir o tipo de f ungo que está causando o problema, já que existem 300 tipos diferentes. Para tanto, o dermatologista coleta material e o encaminha ao microbiologista. Alguns hábitos podem favorecer o surgimento de micoses. Mas as pessoas mais propensas são as obesas, por terem mais pele e dobras onde acumulam suor e umidade, e diabéticos, pois estes têm o suor mais adocicado (glicosado). Existem vár ias for mas de se contrair micose, dependendo do problema. Os fungos estão em diversos lugares, até mesmo nas pessoas, mas nem sempre encontram as condições para proliferar-se. Pode-se “pegar” pelo contato com outra pessoa (comum entre as crianças) ou animais e em locais como piscinas, vestiários, areia, vegetação úmida.P
neusapinheiro@ig.com.br
Abramge
Por que o parto normal Abramge faz road show pelo parto normal, reformula o Atendimento Nacional e prepara o seu 13o Congresso
P
arto, exceto o de alto risco, é um acontecimento natural. No entanto, a preferência pela cesariana tem sido crescente no Brasil e no mundo, mesmo sabendo-se que nos partos agendados, com dia e hora para acontecer, a chance de a mãe ter alguma hemorragia é oito vezes maior do que no parto normal, em que um processo físico e hormonal serve para terminar o amadurecimento do bebê, principalmente seus sistemas respiratórios, imunológico e nervoso. A freqüência de cesarianas no Brasil é variável, dependendo da localidade e do tipo de maternidade. Em instituição pública ou privada, no entanto, supera em muito o índice preconizado pela Organização Mundial de Saúde que é de 15%. Em algumas instituições atinge níveis escandalosos superiores a 80%. Preocupada com a grande incidência de partos pelo método cesariano, 75% no sistema privado, a Abramge vem promovendo intensa campanha junto às suas operadoras de planos de saúde associadas com o objetivo de priorizar o parto natural. Nesse sentido desenvolve um processo educativo a que chamou de Projeto Parto é Normal, formulando propostas consubstanciadas em três principais linhas de atuação: educação em saúde, dirigida às gestantes; educação continuada, para médicos, e gestão, destinada às operadoras associadas. E está distribuindo material educativo, em que lista 10 motivos para a opção pelo parto normal, enfatizando que o parto cirúrgico só se justifica quando há algum risco na gravidez que, de-
vidamente avaliado pelo médico, impeça a gestante de trazer ao mundo uma criança de forma natural. No lançamento dessa campanha em São Paulo, no dia 22 de fevereiro, que contou com a presença de representantes da Agência Nacional de Saúde Suplementar, foi dado início a um road show pelas principais cidades do país. Na ocasião, o presidente da Abramge, Arlindo de Almeida, anunciou também que as parturientes optantes pelo parto normal terão sua opção reconhecida, recebendo um delicado pingente folheado a ouro em estilizado desenho representando a gravidez.
Atendimento Nacional
Nesse mesmo evento, o diretor Pedro Ramos fez a exposição do novo sistema de Atendimento Nacional, apresentando o material desenvolvido para a sua identificação e orientação dos diversos setores, chamando a atenção para a importância da participação também da direção de cada operadora na sua implantação. O Atendimento Nacional é o sistema de atendimento a urgências e emergências de associados de empresas li-
gadas à Abramge quando em trânsito, isto é, na eventualidade de necessitar de atendimento quando estiver fora de seu domicílio. Intensa divulgação sobre as diretrizes, programas, material de orientação ( já enviados às operadoras) será realizada no mesmo road show que tratará da campanha Parto é Normal.
Congresso Abramge
Araxá, cidade mineira de caras tradições, este ano será a sede do 13o Congresso Abramge que terá por tema Sinergia para Soluções na Saúde. O evento prevê a abordagem de temas como o da concentração do mercado, suas vantagens e desvantagens, administração de riscos, tendências nas grandes cidades e a realidade nas cidades do interior; novos desafios, como o de cumprir as cotas de funcionários com pessoas especiais, o de resolver o desafio do novo rol de procedimentos sem reajustes, a migração com portabilidade e o envelhecimento da população; as tendências na medicina de grupo, formas de remuneração a prestadores, fator moderador, verticalização; programa de qualificação da ANS versus qualidade na saúde, qualidade do atendimento, qualificação do médico, sabendo-se que 70% dos médicos não têm residência; novas tecnologias diagnósticas e terapêuticas; tecnologia da informação, além de cases sobre o sistema de gestão com resultados. O evento se desenrolará no Hotel Ouro Minas, daquela cidade, nos dias 21 e 22 de agosto deste ano. P
27
Crônica
Médicos e literatura (II) Ser médico e escritor ao mesmo tempo exige capacidade intelectual e disposição física
A
relação entre médicos e literatura oferece a qualquer estudioso um dos mais profícuos campos de estudo. Diferentemente do caso do jornalista-escritor, que foi objeto de interessante encontro no ano passado em São Paulo, o médico enfrenta situação em que o conhecimento das minúcias dificulta uma abordagem mais generalizante. Em sua eterna preocupação com causas e efeitos, nem sempre ele consegue escrever para grande público. Mais comum é o médico escrever livros e mais livros sobre sua especialidade, ou didáticos, o que o coloca na situação de um escritor superdotado, de inteligência fora do comum, mas, por isso mesmo, não consegue uma linguagem acessível. Casos raros são os de Içami Tiba, autor de Quem Ama, Educa, que atinge milhões de leitores com suas experiências em torno de educação infantil, ou de José Knoplick, que chegou a vender 195 mil exemplares de seu Viva Bem com a Coluna que Você Tem, livro de cabeceira de quem sofre da coluna. São livros de leitura simples, ao alcance de qualquer um, e que, por isso mesmo, se transformam em best sellers. Outros valem por sua precisão científica, como Mentes Inquietas, de Ana Beatriz B. Silva, que aborda a momentosa questão da hiperatividade. A psiquiatria, por exigir exposições mais longas, já que suas questões são essencialmente discursivas, é talvez a especialidade médica que fornece maior quantidade de temas e respectivas variações. Apenas uma área do Instituto de Psquiatria, por exemplo, a de doenças afetivas, subdivide-se em dezenas de outras que originam livros importantes sobre depressão, esquizofrenia, ansiedade etc. Na área de sexualidade, a Dra. Carmita Helena Najjar Abdo já lançou vários livros.
28
Recentemente, a Dra. Stella Tavares, juntamente com seus colaboradores Pedro Paulo Porto Júnior, Pedro Luiz Mangabeira Albernaz, Márcia Carmignani e Andréa Mangabeira Albernaz, lançou o livro Durma Bem Viva Melhor. Os autores são do Hospital Albert Einstein. Provavelmente, eles não se consideram escritores. São grandes especialistas, que reuniram em livro suas experiências, num trabalho fundamentado, mas ao mesmo tempo acessível. Nada obsta que sejam considerados escr itores, embora no caso não se trate de um trabalho de criação, característica que se exige de um ro-
Flávio Tiné mance ou qualquer out ra peça literária. Outro médico que lançou um bom livro, recentemente, foi o professor Adib Jatene. Trata-se de Carta a um Jovem Médico, em que faz recomendações aos que pretendem ingressar na carreira. Mais interessante de que seus conselhos, importantes, porém óbvios, pois são baseados em que só deve abraçar o ofício aquele que tem amor ao próximo, é seu próprio testemunho de vida, ou seja, a trajetória de um menino que saiu dos cafundós (Xapuri, AC) e tornou-se professor titular da melhor faculdade de Medicina do país e ministro da Saúde. Ser médico e escritor ao mesmo tempo exige capacidade intelectual e disposição física para escrever entre um trabalho e outro. Como a maioria precisa do lazer nos fins de semana, sobram os que têm gosto especial por esse tipo de atividade. Além de tudo isso, para ser médico e escritor, precisa ter duplo talento. P Flávio Tiné, jornalista, foi assessor de imprensa do HCFMUSP durante 20 anos. jftine@terra.com.br
Espaço Livre Cecy Sant’Anna ilustrações: Moriconi
Teias de aranha – Novas pesquisas da Universidade Tufts revelam que a seda das teias produzidas pelas aranhas, combinadas com partículas de sílica, cria um novo material que poderá ser usado para produzir e reparar ossos humanos. Aranhas costumam usar essas teias para capturar insetos. Os cientistas estudam os benefícios destas fibras longas e flexíveis. Este novo tecido promete melhorar a qualidade do implante ósseo em cirurgias. Crianças obesas têm mais asma – Crianças gordinhas têm duas vezes mais chances de desenvolver asma. É o que sugere estudo realizado pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. A descoberta é uma razão a mais para que os pais ajudem os gordinhos a emagrecerem. Coração gelado – Cada vez mais pacientes que sofrem paradas cardíacas têm deixado o hospital graças à hipotermia clinicamente induzida, que diminui a temperatura do sangue e do corpo em cinco a oito graus quando o fluxo do oxigênio até o cérebro pára ou é reduzido. Esta técnica e pesquisas recentes combinadas com reanimação cardiopulmonar e cuidados hospitalares mais agressivos aumentam as chances de sobrevivência e previnem lesões cerebrais. Válvula cardíaca comprimível – Uma técnica menos invasiva pode se tornar padrão nas cirurgias cardíacas. Como na angioplastia, médicos terão acesso ao corpo através de um vaso sangüíneo na virilha. Por ele, poderão inserir dispositivos até o coração – uma válvula pode ser comprimida até ter o diâmetro de um lápis – e operar acompanhando as imagens em aparelhos de ecocardiograma e raios X. Esse procedimento permitirá reparação ou substituição de válvulas em pacientes que não suportariam uma cirurgia “a céu aberto”. O procedimento será menos doloroso e o tempo de recuperação menor.
Controle de câncer de mama – Usando imageamento por elasticidade, uma nova técnica de ultra-som, é possível aos radiologistas distinguirem lesões mamárias malignas de benignas. Com essa técnica, pesquisadores identificaram lesões cancerosas, assim como achados benignos em 80 casos estudados. Em média, 48 mil mulheres recebem o diagnóstico de câncer de mama no Brasil a cada ano. Se for possível reproduzir os resultados em vários centros de pesquisa, a técnica poderá reduzir o número de biópsias de mama, diz Richard G. Barr, da Faculdade de Medicina da Universidade Northeasten Ohio, nos EUA. Alho no cardápio diário – Temperar as refeições com alho todos os dias pode diminuir o risco de câncer de bexiga, segundo estudo da Universidade de Oeste Virginia. Os pesquisadores acreditam que o alho fortalece a ação do sistema imunológico, que, por sua vez, se encarregaria de destruir células defeituosas da bexiga. Pulmões de ferro – As mulheres tem 25% mais chance de sobreviver ao câncer de pulmão em comparação aos homens, revela um novo estudo da Escola de Medicina de Mount Sinai (EUA) que analisou 18.967 casos da doença. Diferenças genéticas no tecido do pulmão podem ser responsáveis por isso. Escrever ajuda doentes crônicos – Pôr no papel suas tristezas pode ser um alívio. Pacientes com asma ou artrite reumatóide que escrevem sobre situações estressantes podem aliviar seus sintomas. É o que sugere estudo da Universidade de Dakota do Norte, nos Estados Unidos, após estudo com 112 voluntários em quatro meses de tratamento. Relaxe – Para relaxar os músculos, torça o corpo. Sentado em uma cadeira, vire-se para trás com a coluna ereta como se alguém o estivesse chamando. Cura da varíola – Cientistas podem ter encontrado uma cura para a doença. Embora o vírus da varíola tenha sido apagado oficialmente do mapa em 1980, amostras desconhecidas ainda podem estar circulando por aí. A nova droga SIGA.-246, atualmente nos estágios finais de desenvolvimento e teste, protege contra a varíola e consegue deter sua propagação. A droga deverá ser útil para variantes do vírus, como a varíola dos macacos e das vacas que podem sofrer mutação e se tornar perigosas.
Casar faz bem – Segundo estudo realizado na Universidade de Madri (Espanha), casar faz bem pelo menos para os homens. Casados, eles bebem menos e comem de maneira mais saudável. Á lcool pode prevenir úlcera e câncer – Pequenas quantidades de álcool podem prevenir infecções pela bactéria Helicobacter pylori. Este microorganismo agride o estômago e é capaz de provocar o aparecimento de gastrite, úlceras e até tumores no órgão. A descoberta foi feita por pesquisadores da Universidade de Ulm, na Alemanha. O resultado mostrou que quem bebeu 20 gramas de álcool por dia teve uma incidência muito menor da bactéria. Chocolate amargo é o melhor – Evidências sugerem que comer um pouco de chocolate pode ajudar a prevenir coágulos que bloqueiam artérias e provocam enfartes. Pesquisadores da Universidade Johns Hopkins descobriram que coágulos se formavam mais lentamente no sang ue dos “chocólatras” do que naqueles que não comiam chocolate A semente do cacau possui substâncias químicas (flavonóides) que parecem afinar o sangue de forma semelhante à da aspirina, que reduz a concentração de plaquetas. O chocolate amargo que contém menos açúcar e gordura é a forma mais saudável de aproveitar essas descobertas. Cérebro ca nsado – A s mulheres também são menos propensas à perda de memória, dizem pesquisadores britânicos que testaram a função cerebral de 150 mil adultos. Constatou-se que a progesterona protege o cérebro feminino.
29
Crônica
Senectude Sexta-feira passada foi um desses dias inesquecíveis. À mesa éramos uns doze. Cada um contando suas histórias
H
á anos se reúnem às sextas-feiras. São os brasilienses, candangos ou não. No início, eram seus pais ou avós que, cansados da labuta da construção da cidade, se encontravam nas mesas rústicas das biroscas para beber cerveja e contar casos de cada obra. Nessa época, os encontros eram nas tardes de domingo, dia da única folga semanal. As conversas não eram muito diferentes das de hoje, a diferença se fazia notar nas botinas enlameadas e nas calças “faroeste” impregnadas de poeira. Cada um tinha uma história. O pai do João contava as dificuldades que tivera para perfurar um poço artesiano. O avô do Pedro aumentava a força que tivera que fazer para levantar um caminhão atolado perto do Palácio do Planalto. Alguns diziam que JK, preocupado com a saúde física dos operários, descia do jipe e colocava os braços sob o párachoque para ajudar a erguer o veículo. Outros afirmavam ter visto imensos animais que mais pareciam porcos gigantes. Os acostumados na vida da roça logo esclareciam que eram capivaras. Houve contadores de histórias que viram girafas correndo pelo cerrado. Os céticos resolveram tirar a versão a limpo e, junto ao companheiro, espreitaram o animal para confirmar o relato. Eram avestruzes que corriam com seus longos pescoços impressionando o
30
observador. De onde vinham tantas espécies não se sabia, mas muitos chegaram a assistir a evoluções de discos voadores lá pros lados de Sobradinho. Bem ali, onde será erguida a torre de televisão digital, a tal “Flor do Cerrado”. A evolução das aeronaves fez a fama de muitos que até andaram pelo espaço sideral. Foi a união desses pioneiros que fez de Brasília esta miscelânea de raças, temperamentos, comportamentos, profissões e uma gente que vive muito e feliz. Nas reuniões das sextas-feiras — precedidas nos idos de 1960 pelas do Bar Cambusa da 103 Sul — que acontecem nos vários bares e restaurantes da cidade, é comum que mesas se formem com pessoas que desenvolvem interesses comuns. Uns esperam fazer um novo negócio. Outros querem divulgar seus pensamentos, mas todos querem mesmo é jogar conversa fora. Conversas sobre tudo e sobre todos. Os ausentes sofrem um pouco mais com a língua ferina que não se recusa a repetir a fala, na próxima sexta, na presença do faltoso. Não há o espírito maldoso tão comum naqueles que vivem de fofocas. Só observações desinteressadas com o intuito de acentuar o comportamento do amigo que se deixou levar por um momento de vaidade no exercício de algum cargo ou função. Todos gostariam que o amigo continuasse mandando; como caiu, após alguns dias, seus desvios são colocados à mesa como fraturas expostas de acidentados de trânsito. Não sobra osso sobre osso. Os especialistas apresentam suas razões e dizem que, se estivessem na função, fariam isto e aquilo e
Paulo Castelo Branco que o mundo seria melhor. Poderá ser aplaudido ou execrado. Nesses convescotes, nenhum sapato novo ou relógio de marca passa despercebido. Os jovens, que ocupam as mesas centrais, falam de suas vantagens, dos seus carros e das viagens maravilhosas ao redor do mundo. Quase todos optaram pelo celibato e marcam em suas pulseiras as conquistas femininas como se fossem velhos pistoleiros que marcavam seus revólveres, indicando cada vítima da certeira pontaria. A sexta-feira passada foi uma dessas inesquecíveis. Parecia que um ônibus de turismo havia estacionado à frente do Piantela e descarregado todos os brasilienses que haviam se refugiado nas águas quentes de Porto de Galinhas, nas maravilhas da Barra de São Miguel, em Alagoas, em Búzios, na Parnaíba e em outros locais pelo mundo. A volta das férias trouxe gente com as marcas do sol inclemente no litoral brasileiro, mas também gente branquinha com o nariz escorrendo do frio de cidades e montanhas nevadas da Europa e dos Estados Unidos. À mesa, éramos uns doze, cada um contando suas histórias. Idade média, 60 anos. Foi quando chegou o Sinfrônio. Vinha bronzeado pelo sol de Angra. Aos 67 anos, parecia um menino. Físico de bailarino espanhol. Apesar dos cabelos grisalhos, aparenta muito menos idade. Cumprimentou a cada um pelo nome ou apelido. De um dos últimos, recebeu um “– Oi, Fernando!”. Reagiu indignado: – Pô, cara, depois de quase quarenta anos de amizade você esquece o meu nome? O amigo, constrangido, pediu-lhe desculpas. Só não disse que cada velho envelhece de um jeito. Uns com os males físicos e mentais da longa vida, outros com a incompreensão, que também é sinal de senectude. P O autor é escritor. www.paulocastelobranco.adv. br, paulo@paulocastelobranco.adv.br
Profissionais de destaque fotos: Inês Arigoni/Agência Bossa
DRA. CHRISTIANE LANGWIELER RECHDEN vaidosa. Formada pela Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas (FFFCMPA), em Porto Alegre, está há 10 anos no Centro Clínico Gaúcho, o seu primeiro emprego. “Sou comprometida com a empresa e muito grata por tudo o que ela me ‘oportunizou’ até hoje. Aqui me sinto em casa”, diz a ginecologista e obstetra. Sua rotina é uma vida corrida e dedicada essencialmente ao trabalho. “Viajar ajuda a me desligar”, conta ela, com 13 anos de profissão, período em que acumulou inúmeras vivências. Resgata uma delas, que descreve como das mais emocionantes: há sete anos chegou-lhe uma temerosa futura mamãe que já tinha perdido dois bebês e, no terceiro parto, apresentou pré-eclâmpsia. Diferentemente das experiências anteriores, o final foi
GINECOLOGISTA E OBSTETRA feliz, a criança nasceu bem. Como gratidão, a menina foi batizada com seu nome. “É algo que nunca vou esquecer.” Orgulhosa do mural em seu consultório, em que fotos dos bebês que vieram ao mundo por suas mãos estão expostas, ela celebra a vida antes de tudo. “Gosto de olhar as ‘carinhas’ deles porque me dedico mesmo, coloco muito amor no que faço”, afirma. Casada com o ginecologista José de Freitas, comemora já ter realizado mais de mil partos. “Defendo a vida em primeiro lugar. Independentemente de ser parto normal ou cesárea o mais apropriado, isso na teoria, não podemos deixar de avaliar caso a caso.” É preciso, segundo a médica, ver na prática o que é melhor para a mãe e para o bebê.
A A relação humana se sobrepondo médica Christiane Langwieler Rechden, 37 anos, é conhecida na Unidade de Canoas por ser
SOLANGE LAVRATTI
C
omo a Dra. Chr ist iane, da U nidade C anoas , S olange Lavratti já dedicou uma década de trabalho ao Centro Clínico Gaúcho. A auxiliar administrativa, locada na Unidade Zona Norte, na Capital, considera-se uma pessoa tímida. No entanto, exercendo sua função garante sentir-se à vontade, estando sempre pronta para ajudar. “As pessoas idosas se identificam comigo, me preocupo com as necessidades delas, conversamos e temos uma relação muito bonita. Alguns pacientes, acompanho-os desde que entrei aqui, me emociono com o carinho e, principalmente, com a troca que conseguimos estabelecer”, relata. Aos 57 anos, Solange tem uma filha de 29 e torce pela chegada de um neto, o mais breve possível. Ela gosta de ler, caminhar, mas,
AUXILIAR ADMINISTRATIVA especialmente, aprecia o que faz profissionalmente. Chega a visitar pacientes hospitalizados, o que lhe rende convites para aniversários e outros tipos de festa. “São amigos que acabo fazendo, pessoas que me querem bem”, classifica. Solange conta que alguns pacientes relatam que não têm com quem conversar. Quando vão ao Centro Clínico Gaúcho em busca de atenção à saúde, aproveitam para bater papo. “E são muito bem acolhidos quando contam suas histórias. Adoram vir aqui para falar de novidades que ocorrem em suas vidas, até de problemas, como uma forma de desabafar sobre o que os apreende no momento.” A profissional faz questão de dar atenção e sempre fazer algo a mais. Solange não pensa em aposentadoria e, quando tira férias, sente
saudades, acha que não vai conseguir ficar muito tempo longe. “Dá vontade de ligar para minha chefe, pedindo para voltar.”
31
Novidades Centro Clínico Gaúcho
No Dia Mundial da Saúde, a opção é sua
I
nstituído pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e fundamentado no direito do cidadão à saúde e na obrigação do Estado em promovê-la, 7 de abril é o Dia Mundial da Saúde. Neste ano, o Centro Clínico Gaúcho celebrou a data com a campanha intitulada “Todo mundo por uma vida mais saudável”. Desenvolvida pelo Departamento de Marketing, em conjunto com programa Saúde em Dia, visou atingir usuários do plano e colaboradores da empresa. De 3 de março a 11 de abril, o jingle da campanha foi veiculado em emissoras de rádio no Estado, foram entregues folders aos funcionários, usuários e clientes durante o período e todas as unidades do Centro Clínico Gaúcho e algumas empresas-cliente receberam cartazes. Também foi disponibilizado um Quiz ( jogo de perguntas e respostas) no hotsite www.centroclinicogaucho.com.br/ escolhassaudaveis. De 7 a 11 de abril a campanha recebeu reforço, quando a equipe do Saúde em Dia e do Recursos Humanos/Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (RH/SESMT) realizou ações de saúde com distribuição de folder educativo em todas as Unidades do CCG. Os 160 colaboradores que atuam na sede administrativa da instituição também receberam, no dia 7, cuidados como a aferição da pressão arterial, medição do HGT (hemoglicoteste), avaliação nutricional e entrega de folder educativo. Estes procedimentos serão repetidos nas empresas SOPAL, Hospital Banco de Olhos e na Associação Comercial e Industrial de Alvorada (ACIAL). “A iniciativa mostra nossa preocupação com a prevenção da saúde de nossos clientes e colaboradores. Reforça a idéia de que prevenir é o melhor remédio e que é possível viver
32 32
de um jeito mais saudável, incorporando novos hábitos de vida”, diz a coordenadora de Marketing, Tatiana Moojen Canevese. Segundo a coordenadora, a campanha foi potencializada, uma vez que foi desenvolvida pensando em diferentes segmentos de pessoas que têm relacionamento com a empresa. “Profissionais de vários departamentos tiveram acesso ao material da campanha e o utilizam
em ações com clientes e usuários”, explica. Os alertas da campanha vão desde o controle do peso, prática de exercícios físicos, realização de exames preventivos e controle do estresse, até dicas para um sono tranqüilo. Confira algumas dicas:
Novidades Centro Clínico Gaúcho
N
as 24 horas do dia, todos os dias da semana, cinco cirurgiões que formam a equipe de médicos do setor de emergências médicas do Centro Clínico Gaúcho estão de sobreaviso para atender os usuários. Realizam o primeiro atendimento ao paciente, na chegada, formulam o diagnóstico, dão seg uimento aos procedimentos ambulatoriais, se for o caso, e a
PREVENÇÃO É TUDO “Há uma máxima que diz: por traz de um acidente há sempre um fator que poderia ter evitado o mesmo”, coloca o médico. Suas dicas são: - No trabalho, usar os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) fornecidos pelo empregador, ter muita atenção em atividades de risco e não consumir bebidas alcoólicas. - Com as crianças, proteger as tomadas elétricas, evitar acesso fácil ao fogão, não deixar janelas sem proteção, deslocamento de automóvel usando cinto de segurança ou cadeira adequada à idade.
O
assistência no período pré e pósoperatório para os que têm indicação de cirurgia. O cirurgião-geral Rogério Fett Schneider, mestre e doutor em diagnóstico genético e molecular e coordenador da disciplina de Trauma e Emergência da Ulbra – Universidade Luterana do Brasil, fala sobre o grupo do qual faz parte: “Somos uma equipe comprometida e capacitada em videocirurgia, pronta para a resolução dos casos nas suas diferentes complexidades na área de cirurgia geral, capaz de estabelecer uma relação próxima e afetiva com os pacientes”. Sobre seu papel no grupo, explica: “Sou um ‘canal aberto’, que atua no sentido de esclarecer, de orientar os colegas das unidades quando estes se deparam com situações em que têm de decidir rápido”. Sobre o atendimento de emergência, define: “A agilidade é essencial, pois vai determinar o retorno do paciente às suas atividades, o quanto antes, melhor”.
Saúde em Dia com novos grupos
programa Saúde em Dia, desenvolvido há dois anos pelo Centro Clínico Gaúcho, apresenta nos meses de abril e maio novas frentes. O grupo de Apoio a Pacientes Oncológicos, que iniciou no dia 23 de abril, é uma parceria entre o programa e a especialidade de oncologia da instituição. O grupo visa proporcionar, por meio de uma equipe multidisciplinar, atendimento acolhedor e integral para que os pacientes e familiares possam vivenciar de maneira segura seus sentimentos e emoções, percebendo que não
estão sozinhos nas suas dificuldades. “Acreditamos que esta troca de experiência possibilita renovação de energia e motivação, sempre visando melhorar a qualidade de vida”, destaca a psicóloga do programa, Daniela Telles.
PRÓXIMOS GRUPOS:
8 de maio - Apoio ao Tratamento da Obesidade 5 de maio - 3o Grupo de Controle do Tabagismo 20 de maio - 2o grupo de apoio a Diabéticos e Hipertensos
foto: Caroline Morelli/Agência Bossa
Expertise em emergências médicas
Rogério Fett Schneider, cirurgião-geral.
Fale com a redação da revista Humana
revistahumana@centroclinicogaucho.com.br Coordenação: Tatiana Moojen Canevese (Departamento de Marketing) Reportagem e edição: Influence (Porto Alegre/RS) www.influence.com.br Jornalista responsável: Maria Inês Möllmann Registro profissional MTb/RS 8472 Reportagem: Cristina Cinara Arte: Morganti Publicidade (São Paulo/SP) Capa: Th Comunicação (Porto Alegre/RS) Tiragem:
6 mil exemplares
Distribuição: Gratuita para empresas-cliente, serviços de saúde que integram a rede de assistência do Centro Clínico Gaúcho, autoridades da área da saúde, jornalistas e formadores de opinião A revista Humana é uma parceria entre o Centro Clínico Gaúcho e a Abramge nacional
33
Por dentro da rede
Diagnóstico preciso e ágil foto: Caroline Morelli/Agência Bossa
Confiabilidade é prática do Citoclin, que participa do Programa de Incentivo ao Controle de Qualidade
Flávia Carvalho Früstöckl, uma das sócias, fala sobre a confiança mútua: o Centro Clínico Gaúcho envia pacientes para exames e é o plano de saúde dos funcionários do Citoclin.
H
á sete anos o Laboratório Citoclin presta serviços aos usuários do Centro Clínico Gaúcho e escolheu a empresa para oferecer assistência à saúde de seus funcionários. Sobre a relação com o plano de saúde, uma das sócias do Citoclin, a médica especialista em colposcopia Flávia Carvalho Früstöckl, qualifica como excelente. “Sempre houve respeito e comunicação e esse é o segredo de uma parceria como a nossa.” Os exames que fornece aos pacientes que chegam ao laboratório por meio do Centro Clínico Gaúcho são citopatologia, anatomia e colposcopia. Fundado em 1997 com a proposta de oferecer serviços de alta qualidade, já virou referência na área ginecológica. São 54 profissionais, entre eles, 13 médicos e uma bióloga, uma equipe que realiza 11 mil exames mensais. O aprimoramento tecnológico e a qualidade técnica já inseridos no diaa-dia da gestão da empresa geram a precisão diagnóstica, entende Flávia. Explicando de forma operacional, a
34
norma adotada requer que o material dos exames seja coletado por médicos especializados. Assim como está apto a coletar material e entregar resultados em todo o Estado, tanto via Correios, Internet ou no consultório do médico que solicita. “A equipe de motoboys é própria, proporcionando qualidade na logística, ganhando em rapidez”, coloca a médica. O laboratório participa do Programa de Incentivo ao Controle de Qualidade (PICQ), da Sociedade Brasileira de Patologia, visando ao controle externo de qualidade. Para o controle interno, preza pelo cuidado primoroso na elaboração, revisão e emissão dos laudos e conta com um sistema de integração entre os profissionais especialistas em cada área. Dos casos de citopatologia, 100% são revisados integralmente. Todos os casos alterados ainda passam por junta composta de três médicos revisores. A confiabilidade dos exames também é garantida pela tecnologia em captura de imagem, que propor-
ciona diagnósticos documentados por fotografia em laudos. Elevar a satisfação e a motivação do grupo de pessoas que trabalham no laboratório está entre as metas permanentes e um projeto consistente é realizado nesse sentido. Em 2006 foi criada a Comissão Interna para Prevenção de Acidentes (CIPA), que desenvolve o projeto de ginástica laboral. O grupo de colaboradores participa de inúmeras atividades voltadas à qualidade de vida no trabalho, como treinamento em biossegurança, e de cuidados com o próprio corpo. Passa, ainda, por avaliações físicas semestrais, quando recebe orientação sobre nutrição e exercícios. As instalações do laboratório obedecem rigorosamente às normas da vigilância sanitária. A matriz está localizada no Centro de Porto Alegre (Rua dos Andradas, 1727, sala 90) e as filiais, igualmente no Centro das cidades de Canoas, Gravataí e Lajeado. O site é www.citoclin.com.br. www.citoclin.com.br.P
35