Revista Humana - nº5 - jul-ago-set 2008

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Humana

Uma Revista do Centro Clínico Gaucho Ano 2 - n 5 - Jul/Ago/Set - 2008 o

Índice Seções Editorial....................................................3 Entrevista - Moacyr Scliar......................... 18 Crônicas...........................................28 e 30 Espaço Livre.............................................29

Medicina e Saúde Vesícula - Uma questão de cálculo............. 7 Caspa - Na cabeça de muitos.......................8 Cigarro - Enfisema pulmonar....................... 9 Bruxismo - Será que eu tenho?.................11 Atenção - Intoxicação por medicamentos.... 13 Piercing bucal - Bocas exóticas.................15 Distúrbio - Comportamento doentio................ 16 Diagnóstico - Ovários policísticos. .............22 Pele - Retratos da vida.............................24

Gestão da Medicina em Grupo e Negócios Segurança no futuro. .................................4 Cliente saudável – Forjasul Canoas............6 Profissionais de destaque – Dr. Alexandre Simon e Berenice dos Santos Paulette.......31 Novidades CCG.................................32 e 33 Por dentro da rede – Clínicas de Olhos Cachoeirinha e Canoas..............................34

Centro Administrativo Rua Coronel Frederico Linck, 25 Porto Alegre - RS - CEP 90035-010 Fone (51) 3287-9200

Unidades de Atendimento Alvorada - Cachoeirinha - Canoas - Esteio Gravataí - Guaíba - Porto Alegre São Leopoldo - Viamão Confira endereços acessando o site www.centroclinicogaucho.com.br

Editorial

O PLANO, O PROFISSIONAL DA SAÚDE E O PACIENTE

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Não há dinheiro que compre saúde. Ela é um bem tão importante que nossos esforços não têm limites quando enfrentamos algum problema, por menor que seja, em nosso corpo, a morada de nossa mente. O atual padrão de serviços de saúde no Brasil apresenta posições polarizadas de seus participantes. As operadoras de planos de saúde atuam para definir os direitos de seus clientes, os médicos são prestadores de serviços e o governo, em situação financeira caótica há muitos anos, não tem a capacidade de arcar com todas as despesas que a Constituição Federal determina que leve a cabo. O resultado desta situação é a necessidade de o Estado transferir esta responsabilidade à iniciativa privada, o que não é diferente em outros segmentos da economia. As instituições participam de um mesmo segmento de negócios, mas não se relacionam para a troca de experiências e soluções, o que gera uma crise de modelo. Por isso, a necessidade de mudança de paradigma, de um olhar renovado sobre o fato. Para o sucesso de uma nova proposta de saúde se faz necessário que o Defendemos a idéia comportamento de todos os envolvidos de que as operadoras neste sistema mude. Estamos fazendo passem a ser gestoras nossa parte para implantar este novo de saúde; que o médico modelo. Defendemos a idéia de que e demais profissionais as operadoras passem a ser gestoras da área assumam o de saúde; que o médico e demais papel de cuidadores profissionais da área assumam o papel de cuidadores do paciente e que este do paciente e que este tenha consciência dos cuidados que tenha consciência dos deve ter com o próprio corpo. cuidados que deve ter A operadora de saúde precisa se com o próprio corpo preocupar com prevenção, inquietar-se com as questões sociais que envolvem esta pessoa. O cuidador, como o termo sugere, precisa cuidar e não apenas determinar procedimentos. Os atuais consumidores de saúde devem estar voltados para obter mais informação sobre o bem mais valioso que possuem, de forma a adotar alimentação adequada, realizar exames médicos de forma regular, praticar exercícios físicos, não beber ou fumar, entre outros hábitos saudáveis. Todo este processo passa pela educação e esta reestruturação é a saída mais viável para termos um futuro sustentável do sistema. A diretoria

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Futuro planejado e garantido Conferir solidez e transparência aos negócios e facilitar o acesso ao capital são resultados do modelo de gestão adotado pelo Centro Clínico Gaúcho

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rgão que define estratégias e políticas e demanda ações para executivos da empresa, o conselho de administração do Centro Clínico Gaúcho (na foto, reunido em 15 de julho, na sede administrativa, em Porto Alegre) é formado por quatro dos atuais acionistas e diretores e por dois conselheiros independentes: Luiz Cláudio Leopoldo (diretor-administrativo), Agostinho Dalla Valle (conselheiro independente), Francisco Antônio Santa Helena (diretor-médico e presidente do conselho), Luiz Carlos Mandelli (conselheiro independente), Fernando Vico da Cunha (diretorfinanceiro) e César Franco de Lima (diretor comercial e de atendimento ao cliente). Em 2004, o Centro Clínico Gaúcho lançou um projeto de profissionalização da empresa, com o intuito

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de implantar um sistema que agregasse valor ao negócio e projetasse o futuro do maior empreendimento de medicina de grupo do Rio Grande do Sul. A partir de 2005, com a criação da superintendência e a adoção do organograma da instituição, começou a assumir um novo modelo de gestão. Nesta época, teve início o projeto de implantação da governança corporativa. A governança corporativa é o sistema pelo qual as sociedades são dirigidas e monitoradas, envolvendo os relacionamentos de acionistas e cotistas, conselho de administração, diretoria, auditoria independente e o conselho fiscal da empresa. Este preceito se dá para estabelecer as regras de relacionamento entre os donos da empresa e as pessoas que a gerenciam. No mês de abril deste

ano, o projeto de implantação da governança corporativa foi ratificado com a criação do conselho de administração. Esse conselho é o órgão máximo da empresa. Define as estratégias e políticas e demanda ações a serem desenvolvidas pelo corpo executivo. O presidente do conselho explica que as visões empresariais e de negócios, além das dicas expressas pelos conselheiros cont ratados, durante as reuniões realizadas este ano, já geraram resultados como ajustes no orçamento e planejamento financeiro e econômico. “Estamos evoluindo, adaptando a rota da empresa.” Santa Helena afirma que já são percebidas movimentações na gestão. “Respostas da nossa capacidade de trabalho. Como sempre fomos uma empresa empreendedora, dimensionamos para este lado. O conselho reúne pensadores do futuro de uma empresa.” Porém, antes de ser introduzido na administração, os acionistas com-

foto: Cristine Rochol/Agência Bossa

Governança corporativa


foto: Caroline Morelli/Agência Bossa

puseram um entendimento. “Tratou-se de uma negociação, onde todos os aspectos relativos à sucessão, remuneração do capital, adição de novos sócios, venda e compra de empresas, crescimento, aposentadoria de acionistas, entre outros temas, foram abordados e definidos em um acordo societário”, explica o superintendente, Carlos Eduardo Ruschel. Esta etapa da governança corporativa permite que, hoje, os envolvidos no negócio conheçam as regras para, no mínimo, os próximos 20 anos. O ajuste foi organizado por uma consultoria, que iniciou o trabalho em 2006. Primeiramente, um diagnóstico foi elaborado. A construção do acordo deu-se durante 2007 e a assinatura em março deste ano. “Em uma das regras estabelecidas está a criação de um conselho de administração e a adoção do regime de governança corporativa”, coloca Ruschel.

Continuidade

assegurada

A prática de governança corporativa tem a finalidade de aumentar o valor das sociedades, facilitar o acesso ao capital e contribuir para a perenidade da empresa. “Realizamos este processo para que o CCG detenha mais valor, mostre-se mais transparente para o mercado a respeito de como funciona, tenha acesso a mais capital e para que tenha um tempo de vida maior do que, normalmente, as empresas têm”, expõe o superintendente. A implantação deste sistema não tem um vínculo direto com o cotidiano do trabalho de colaboradores ou mesmo com o que é oferecido aos clientes. Porém, o usuário e a empresa-cliente passam a ter a certeza de que seu plano de saúde está calcado nas melhores práticas de gestão, alinhado e preocupado com seu futuro. “Isso permite que nossos serviços tenham um amanhã garantido e nenhum problema de

A governança corporativa é o sistema pelo qual as sociedades são dirigidas e monitoradas, envolvendo os relacionamentos de acionistas e cotistas, conselho de administração, diretoria, auditoria independente e o conselho fiscal da empresa, expõe o superintendente, Carlos Eduardo Ruschel.

Empresa familiar com alta gestão

continuidade. Estamos preparando a empresa para todos os movimentos eventuais existentes no mercado de saúde. O usuário tem a certeza de que temos um negócio sólido, não somente agora, mas também daqui para a frente”, ressalta. Outros resultados podem surgir na implantação desta prática. O posicionamento dos sócios passa a ter enfoque fortalecido com a criação dos conselhos de sócios e de administração em que todas as questões sobre gestão do capital, políticas e valores são debatidas com maior isenção. Geralmente, quando implantado, esse conceito auxilia os sócios a exigirem mais qualidade nas operações da empresa e tomam decisões imparciais e racionais. Os executivos passam a ter liberdade para desenvolver o trabalho e prestar conta, assim não misturam os papéis. Para o diretor-médico, todos que, hoje, conhecem a empresa a percebem mais organizada. “É parte do sucesso de nosso projeto. A empresa estabeleceu um alicerce sólido nestes 17 anos, mas precisávamos mudar alguns paradigmas, principalmente da imagem. Alcançamos o crescimento vislumbrando o futuro”, diz Santa Helena. P

A consultora de gestão para empresas familiares, que também implanta a governança corporativa, Magda Geyer Ehlers, explica que este princípio começou a ser implantado nos Estados Unidos, com a formulação da lei que regulamenta as Sociedades Anônimas (S.A.) e obriga as empresas a manterem um conselho de administração. “Ao vir para o Brasil, este modelo foi ajustado. Nos últimos dez anos tem sido objeto de estudo por consultores. Adaptamos às empresas familiares, é uma solução porque acomodamos a inquietação dos sócios, das famílias e dos gestores”, esclarece. A consultora afirma que esse tipo de princípio gestor é indicado para todas as empresas com associados, pois encaminha soluções com muita propriedade. De acordo com ela, trata-se da alta gestão que se organiza para administrar o capital dos acionistas, a gestão da empresa e a família dos acionistas. “Sempre temos três dimensões: a do capital (que envolve ações, lucros e resultados), a do negócio em si (que avalia os rumos, segmento e possibilidade de ter mais rentabilidade) e a da família do acionista (que precisa regulamentar quem irá participar da empresa, como e que direitos tem)”, explica. 5


Cliente saudável

Assistência médica segura e equilibrada fotos: Cristine Rochol/Agência Bossa

A Forjasul, uma das dez empresas do grupo Tramontina, fundada há 49 anos, conta com o Centro Clínico Gaúcho para cuidar da qualidade de vida dos 135 colaboradores

Gerente de Recursos Humanos, Claudio Onofre Souza

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á 17 anos, a Forjasul Canoas S.A. percebeu no Centro Clínico Gaúcho uma empresa feita por profissionais com entusiasmo para crescer e confiou o bem-estar de seus colaboradores à operadora. Atualmente, 135 funcionários são beneficiados com planos de saúde ambulatorial, hospitalar e executivo. O atendimento dedicado ao cliente é visto como diferenciado e reafirma a opção feita em setembro de 1991. “Escolhemos a operadora com base em sua localização, por estar próxima. Porém, teve influência a impressão positiva que tivemos, desde os primeiros contatos, com o corpo diretivo. Percebemos a capacidade de empreendedorismo do grupo, sabíamos que iriam crescer e, por conseqüência, oferecer melhores serviços”, explica o gerente de Recursos Humanos, Claudio Onofre Souza. De acordo com o gerente, a transparência nas relações

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e a flexibilidade nas situações críticas e excepcionais são pontos positivos. “Eles nos apresentam soluções seguras e equilibradas.” Uma das dez empresas do Grupo Tramontina – produz cerca de 16 mil itens e exporta seus produtos para

mais de 120 países –, a Forjasul foi fundada em 10 de março de 1959 e, desde esse momento, tem se preocupado em fabricar produtos de aço forjado de qualidade. Os artefatos recebem variadas aplicações: na indústria automotiva, tratores, implementos agrícolas, petrolífera, naval e siderúrgica. Além destes, a empresa possui linha própria de ferramentas e de peças forjadas (eletroferragens), utilizadas na transmissão e distribuição de energia elétrica, e produz o gancho forjado para içamento de carga, sendo que, na fabricação dos dois últimos, foi pioneira no Brasil. Os itens da Forjasul são comercializados, com mais intensidade, na região central do país, mas os produtos também têm como destino o Exterior. Preocupada com a excelência do que fabrica, a garantia dos forjados está assegurada pelo Sistema de Gestão da Qualidade, certificado pela norma ISO 9001. Desde 1996, a empresa está presente nas plataformas marítimas da Petrobras. Os ganchos para ancoragem submarina, desenvolvidos em parceria com a estatal, são utilizados na ancoragem de plataformas de perfuração e extração de petróleo. P A Forjasul está localizada em Canoas (Rua Tupi, 200). O site é www.forjasul.com.br


Vesícula

foto: dreamstime.com

Uma questão de cálculo

Parecem inofensivas, mas as pedras na vesícula ocasionam complicações quando migram para outros órgãos

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Keli Vasconcelos

magine seu fígado como uma pia que recebe diariamente alimentos consumidos – e estes, digamos, seriam os “pratos”. Não é preciso, então, de um agente de limpeza para “lavá-los”? Eis que surge a bile produzida pelo próprio fígado, que é armazenada na vesícula, órgão em formato de pêra localizado abaixo do fígado. A função da vesícula é coletar a bile e concentrá-la. Quando o indivíduo ingere um alimento, o líquido é liberado auxiliando na digestão. A bile, explicando de forma metafórica, seria o “limpador natural” do intestino. “A principal função da bile é de detergente, emulsificando as gorduras para posterior ação da enzima pancreática lipase. Esta enzima somente consegue desdobrar as gorduras transformandoas em partículas menores (micelas) para que possam ser absorvidas pelo intestino delgado, após emulsificação prévia pela bile. A bile é produzida pelo fígado em forma diluída, sendo a função da vesícula absorver a água e eletrólitos da bile”, explica Carlos de

Barros Mott, gastroenterologista do Hospital Sírio-Libanês. Os cálculos biliares, as populares pedras na vesícula, atingem de 10% a 15% da população ocidental, com incidência maior nas mulheres, sobretudo as obesas e que tiveram muitos filhos (multíparas). Surgem freqüentemente na terceira e quarta décadas de vida, no entanto há casos, inclusive, em pessoas mais jovens. Não se sabe ao certo qual a causa específica, mas diversas situações podem desencadear o quadro de cálculo biliar, como jejum prolongado e emagrecimento rápido – em algumas doenças como diabetes, cirrose hepática e problemas intestinais –, além de estar relacionado a fatores hereditários. Neste caso – hereditariedade –, a complicação é denominada litíase biliar. Existem dois tipos de pedras: pigmentar (bilirrubinas, mais escuras) e de colesterol (aspecto amarelado). Mas como ocorre a formação dos depósitos de substâncias na vesícula que se unem e se “petrificam”? Carlos Mott responde: “A bile é composta de três

elementos principais: colesterol, sais biliares e fosfolípides, dispostos em equilíbrio. Quando há um desequilíbrio quantitativo desses elementos, principalmente do colesterol, ocorre precipitação de partículas de colesterol dando origem ao cálculo biliar. Contribui para a formação de cálculo biliar de colesterol principalmente a secreção pelo fígado de bile supersaturada em colesterol, também chamada de bile litogênica. Quem consome mais alimentos em geral, em particular ricos em colesterol, tem maior probabilidade de desenvolver cálculo – tanto que a incidência é significativamente maior nos obesos, embora outros fatores, tais como genéticos, étnicos, hormonais e metabólicos, também tenham implicação na gênese do cálculo biliar”.

Cólicas biliares

A maioria dos casos é assintomática. Em outros pode ocorrer sensação de “peso” no estômago, principalmente após as refeições, além de intolerância alimentar que gera ou não vômitos e intensas dores na parte superior direita do abdome: as cólicas biliares. Era o que “torturava” a costureira Alaíde Soares de Lima, 38 anos, de São Paulo. Segundo ela, por volta dos 18, 19 anos já sentia as crises, tratadas à base de analgésico. “Sentia uma dor muito forte que passava pela barriga, nas costas e no estômago. Ia à farmácia para tomar injeções. Passava a dor, mas logo voltava”, conta. Após vários diagnósticos, em um ultra-som constataram-se seis pedras na vesícula da costureira, que foram retiradas há 14 anos. “Na época, o médico achou melhor operar e retirar a vesícula ao invés de explodir as pedras, que eram grandes, com laser, porque poderiam migrar e comprometer outras partes [do organismo]”, relata Alaíde. “A cólica é um alarme e não é tratando do sintoma que o indivíduo estará curado”, endossa Alberto Goldenberg, professor de Gastroenterologia Cirúrgica da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

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Vesícula Ele se refere, inclusive, à colecistite aguda, infecção da vesícula decorrente do bloqueio no curso da bile provocado pelos cálculos, causando distensão e pus na parede vesicular. Outro perigo está na migração dessas pedrinhas, desencadeando uma série de complicações no organismo que vão de icterícia a atingir regiões nobres como o pâncreas. O gastroenterologista Carlos de Barros Mott também alerta: “Os cálculos biliares, quando pequenos (microcálculos), podem eventualmente sair da vesícula através do canal cístico e atingir o canal maior da bile (colédoco) e permanecerem impactados na papila

onde desemboca também o canal principal do pâncreas – ducto de Wirsung. Com a dificuldade da saída do suco pancreático pela presença do cálculo impactado na papila, ocorre a inflamação aguda do pâncreas, a pancreatite aguda, doença esta de evolução imprevisível, às vezes grave, podendo mesmo ser fatal”. Em virtude desse leque de disfunções, o recomendado pelos médicos é a colecistectomia, retirada da vesícula biliar, assim que detectados os primeiros sintomas; mas é restrita somente em casos muito específicos, como quando se apresentam contra-indicações à operação. Em

eventos assintomáticos, a conduta é discutida entre o médico e o paciente. “O procedimento com melhores resultados é a colecistectomia via laparoscopia. É o que chamamos de cirurgia minimamente invasiva, em que se realizam quatro punções no abdome do paciente cuja recuperação é rápida. Ele fica internado por 24 horas e em 48 horas volta às suas atividades normais”, informa Alberto Goldenberg, concluindo: “Viver sem a vesícula é plenamente possível. Aliás, o indivíduo com o problema já vivia sem ela, pois o órgão estava cronicamente doente”. P keliv_1@hotmail.com.br

Caspa

Na cabeça de muitos Nem os bebês estão livres da caspa, doença que causa descamação do couro cabeludo, principalmente no inverno om a chegada do inverno, as roupas pesadas são tiradas dos armários, as comidas gordurosas são mais ingeridas e, obviamente, a temperatura do banho aumenta. O conforto no momento de entrar embaixo do chuveiro pode se transformar em um dos vilões para aqueles que sofrem de caspa. A água quente, somada ao tempo mais seco, típico desta época do ano, irrita a pele do couro cabeludo e aumenta a incidência da descamação. Descamação e coceira provocam, inevitavelmente, muito constrangimento. Por falta de informação, há quem pense que caspa é sinônimo de falta de higiene. Na verdade, trata-se de uma doença. “A caspa é a forma mais leve da dermatite seborréica. Quando esta dermatite é inflamatória, pode gerar prurido, descamação e até mesmo infecções no couro cabeludo”,

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explica a dermatologista Flávia Addor, diretora de Comunicações da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) – Regional São Paulo. De acordo com Flávia, a caspa é decor rente do aumento da atividade da glândula sebácea. Isso normalmente ocorre em indivíduos com maior predisposição genética. “A colonização pelo fungo Pityrosporum ovale é um dos gatilhos desse problema. O tempo seco e frio, algumas drogas como corticóides orais e estresse emocional agem como fatores de piora do quadro, assim como doenças hormonais e a redução da imunidade”, afirma. Apesar da maior incidência em homens adultos (a glândula sebácea é ativada pelos hormônios sexuais masculinos), a caspa pode atingir pessoas de qualquer característica – estima-se algo em torno de 5% da população mundial. Tem início após foto: divulgação

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Liliane Simeão

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vilão do desequilíbrio

O processo de reposição da pele do couro cabeludo é contínuo. A cada 28 dias, a pele atinge a maturidade, morre e dá início à troca. É praticamente invisível quando se desprende da cabeça no processo normal do ciclo de vida. Porém, quando a regeneração ocorre em tempo reduzido, as células mortas se desprendem em conjunto e passam a ser perceptíveis. A aceleração da troca da pele é causada pelo fungo Pityrosporum ovale. É importante ressaltar que este fungo vive em equilíbrio no couro cabeludo dos indivíduos desde os sete anos de idade. Ele apenas provoca a caspa quando o equilíbrio deixa de existir, ou seja, quando o Pityrosporum ovale é produzido em maior quantidade.

a puberdade e independe do tipo de cabelo, apesar de ser mais freqüente em fios oleosos e grossos. O uso contínuo de capacetes, chapéus, bonés e toucas também contribui para o desenvolvimento da caspa. Mas o couro cabeludo não é o único alvo do problema. A dermatite pode se manifestar sob a forma de lesões avermelhadas que descamam e coçam também nas sobrancelhas, barba, atrás


e dentro das orelhas, no peito, nas costas e nas dobras de pele (axilas, virilhas e debaixo dos seios). O mais importante: nenhuma dessas manifestações é contagiosa. A caspa também não causa queda de cabelo. Na verdade, o maior prejuízo é o social. A má notícia fica por conta da falta da cura definitiva para o problema. Por ser um problema crônico, demanda grande persistência do paciente. As alternativas existentes visam ao controle do quadro, com a remissão dos sintomas, deixando a pessoa sem os incômodos característicos: a descamação, a coceira e a vermelhidão na pele. Por isso, é fundamental atuar de maneira preventiva, com xampus

adequados, melhora na qualidade de vida e diminuição na temperatura da água do banho. “Na maioria dos casos, os produtos tópicos à base de ácido salicílico ou mesmo antifúngicos já levam a bons resultados no controle da caspa”, afirma Flávia. Segundo ela, os corticosteróides tópicos também podem ser úteis em casos com grande inflamação e coceira. Xampus contendo cetoconazol, enxofre, piritionato de zinco e coaltar também são utilizados por alguns profissionais.

A caspa dos bebês

Bebês também têm caspa? Na verdade, trata-se da crosta láctea,

outra forma de dermatite seborréica. Esta placa gordurosa adere ao couro cabeludo e também pode aparecer nas sobrancelhas e nas áreas onde há contato com as fraldas, por causa da umidade. Ela se caracteriza por escamas espessas amareladas e oleosas e também é causada pelo excesso de produção das glândulas sebáceas. Normalmente, a crosta surge entre duas e doze semanas de vida e tende a desaparecer em até um ano. Não há atitudes eficientes para a prevenção do problema. O ideal é manter o bebê sempre limpo e seco, evitando o acúmulo de óleos e de células mortas. P lisimeao@uol.com.br

Cigarro

foto:s dreamstime.com

Enfisema pulmonar

Doença progressiva e de evolução lenta, não tem cura, mas pode-se impedir que avance

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Neusa Pinheiro

enfisema é uma doença resultante da destruição gradual e progressiva dos alvéolos pulmonares. Os pulmões são constituídos por bolsas microscópicas muito finas que permitem a passagem do oxigênio para o sangue. São os alvéolos, minúsculas

estruturas esponjosas e elásticas, através dos quais ocorre a oxigenação do sangue. A principal causa do enfisema é o fumo, embora outras substâncias irritantes como poluentes do ar e vapores químicos também possam provocá-lo.

Na doença, esses alvéolos se transformam em bolsas r íg idas, g randes e de paredes espessas, que prendem o ar em seu interior. É como se fossem bexigas de ar, envelhecidas, sem elasticidade, que não conseguem se esvaziar completamente. Além do cigarro, o enfisema pode ter duas outras causas, a exposição constante à sílica ou a deficiência de uma enzima no organismo. Mas, a grande maioria das vítimas é fumante. Fatores genéticos podem explicar por que não-fumantes e algumas famílias têm maior tendência a desenvolver a doença. Segundo o pneumatologista Ricardo Kairalla, professor da Universidade de São Paulo, o primeiro sintoma do enfisema pulmonar é a falta de ar. Alguns poucos degraus que o paciente podia subir sem grande dificuldade tornam-se um grande problema que lhe custa vencer e lhe rouba o fôlego, obrigando-o a aspirar fundo antes de começar a falar. Essas pequenas alterações de fôlego não parecem ser coisa séria, o indivíduo se acostuma a elas e, quando percebe que suas atividades diárias custam

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Cigarro

mais para serem realizadas, acha que a causa é a idade, o sedentarismo ou o estresse da vida moderna. Gripes e resfriados ficam mais freqüentes e mais prolongados e podem provocar complicações infecciosas como sinusites, bronquites e até pneumonias. ”Não resta nenhuma dúvida”, assegura Kairalla, “de que a principal causa do enfisema é o cigarro. Quanto maior for a quantidade de cigarros fumados ao longo dos anos, maior a probabilidade de desenvolvimento da doença, maior a velocidade da progressão e a precocidade do aparecimento dos sintomas. As pessoas que trabalham em pedreiras, fábricas de vidro ou em qualquer outro tipo de ambiente onde é usada uma substância química chamada sílica podem desenvolver a doença ao respirar o ar contaminado. Pessoas que tenham deficiência da enzima alfa-1-antitripsina e sejam fumantes, igualmente, podem desenvolver a doença.”

Fumantes passivos

“Algumas pesquisas constataram que os pacientes passivos não desenvolvem a doença, mas devem ser alertados de que precisam evitar o contato com a fumaça de cigarro”, explica o pneumatologista. Outros

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estudos realizados no Brasil indicam que entre 15% e 20% dos fumantes desenvolvem enfisema, que só é notado quando a pessoa tem mais de 50 anos. Não há prevalência quanto ao sexo. Quem tem contato com sílica deve usar máscaras protetoras e exigir que o ambiente tenha umidificadores, que fazem as partículas da substância permanecerem no chão, longe do sistema respiratório do trabalhador. A evolução da doença, no caso do fumante, segundo o especialista, depende da quantidade de cigarros que o paciente consome por dia, mas, em geral, ocorre depois de mais de uma década de uso de fumo. Quando se instala, porém, a doença costuma fazer estragos impossíveis de se corrigir. Ela ataca os alvéolos pulmonares, estruturas existentes dentro dos pulmões e responsáveis pela principal função do órgão, a troca do gás carbônico, que precisa ser eliminado pelo oxigênio, também necessário para a manutenção da vida. O oxigênio é absorvido do ar que respiramos, que, em média, contém 21% de oxigênio que o sistema respiratório consegue filtrar. Por meio dos alvéolos, o oxigênio chega às células, que precisam dele para produzir energia e realizar outros processos. Desses procedimentos resulta gás carbônico, que o organismo precisa eliminar. À medida que o enfisema evolui, explica Kairalla, os alvéolos deixam de funcionar e, como são muitos, os efeitos demoram a ser notados. Como o pulmão tem uma capacidade muito grande, quase nunca totalmente usada, isso ajuda a retardar os efeitos do enfisema. Com o passar do tempo, porém, a doença vai comprometendo os alvéolos a ponto de deixar o paciente sem fôlego, mesmo quando faz alguns esforços simples, como tomar banho ou cortar uma fruta. Freqüentemente, ele precisará recorrer a tubos de oxigênio, para uma ação mínima, como movimentar a xícara para tomar café. Quando o paciente deixa de fumar, a doença costuma estacionar, mas nem sempre isso acontece.

Chiado no peito, respiração ofegante e tosse crônica com secreção são sintomas inseparáveis do enfisema e, à medida que a falta de ar se agrava, tornam-se mais intensos. Nas fases finais, o doente perde o fôlego ao fazer pequenos esforços, e atividades insignificantes como fazer a barba, almoçar ou chegar ao

Recomendações práticas • Parar de fumar, embora o paciente só consiga fazer isso após três ou mais tentativas. Se não conseguir, deve reduzir o número de cigarros. Cada um deles é um dano a menos para seus pulmões. • Tomar fôlego antes de fazer qualquer esforço: encha o pulmão antes de levantar-se da cadeira ou abaixar para calçar os sapatos. Faça essas tarefas enquanto estiver expirando. • Se a falta de ar for g rande, procurar respirar com os lábios semifechados como se fosse assobiar, para canalizar o ar e aumentar sua pressão de entrada nos pulmões. • Parar e descansar ao primeiro sinal de falta de ar ao fazer qualquer esforço, para evitar crises de dispnéia intensa. • Tomar banho, fazer a barba, a maquiagem e vestir-se sentado. • Procurar usar roupas folgadas, fáceis de vestir e despir. Substituir o cinto por suspensórios. • Emagrecer se estiver acima do peso. • Se for necessário, usar o balão de oxigênio suplementar, mesmo em público. O uso do oxigênio aumenta a sobrevida e melhora a qualidade de vida do paciente. Todos os que sofrem de enfisema devem fazer provas periódicas da função pulmonar e exames de laboratório, além de receber acompanhamento médico em intervalos regulares. O enfisema é uma doença que não tem cura, mas pode parar de evoluir. Há medicamentos que podem melhorar significativamente seus sintomas.


banheiro representam um enorme esforço. Nessa fase a secreção pulmonar é espessa e abundante, o que agrava ainda mais o quadro. Surge, então, a dependência do oxigênio. O paciente não consegue fazer mais nada sem ter o balão ao lado. No estágio final da doença, o sofrimento é longo porque a evolução é muito lenta. Para muitos pacientes, talvez o pior seja o grau de limitação e dependência que o enfisema impõe aos seus portadores. Mas há algumas

possibilidades de tratamento e o prérequisito básico é parar de fumar. Dois outros tratamentos que visam a uma melhor qualidade de vida do doente podem oferecer bons resultados. Um deles é a reabilitação pulmonar. À medida que a doença evolui, o paciente deixa de fazer uma série de coisas, pois torna-se mais sedentário e a musculatura se atrofia. Assim, respirar se torna cada vez mais difícil. Para interromper esse circulo vicioso, há programas de treinamento mus-

cular que podem recuperar parte da capacidade de realizar alguns esforços, embora a doença continue inalterada. Outro tratamento é cirúrgico. O paciente é operado para retirar as áreas mais afetadas pelas bolhas que empurram o diafragma, impedindo-o de exercer suas funções normais. Esse é um tratamento novo que apresenta boas perspectivas. Para a deficiência congênita, algumas terapias genéticas já estão sendo estudadas. P neusapinheiro@ig.com.br

Bruxismo

foto: dreamstime.com

Será que eu tenho?

O distúrbio pode causar terríveis dores e a perda precoce dos dentes Luís Fernando Russiano

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o acordar de uma noite de sono maldormida, Maria da Conceição sentiu que algo estranho tinha acontecido no interior de sua boca. Foi ao espelho do banheiro, abriu a boca e viu com espanto que um dos dentes pré-molares estava completamente trincado. Logo saiu em direção ao consultório odontológico em que costuma fazer tratamento dentário para saber o que tinha acontecido e o que poderia ser feito com aquele dente. Assim que ela abriu a boca, o

dentista analisou toda a arcada dentária e verificou o que causara aquele trincamento no dente falando: “Você tem bruxismo!”. Assustada, dona Maria imediatamente fez o sinal da cruz e disse ao dentista: “Deus me livre, doutor, eu não mexo com macumba não!”. O dentista começou a rir e respondeu à sua paciente, que estava sem entender o porquê da risada: “Que bom, eu também não, e pode ficar sossegada que eu vou lhe explicar direitinho o

que aconteceu com esse dente e depois você vai rir também”. Ao contrário do que muitos podem pensar, bruxismo nada tem a ver com bruxas e feitiçarias, embora ainda digam que a origem do nome tenha surgido na Idade Média quando se acreditava que as pessoas que rangiam os dentes à noite estavam tomadas por algum tipo de bruxaria. O termo que designa o hábito de ranger os dentes de forma inconsciente foi empregado pela primeira vez na França, no início do século XX, como la bruxomanie, ou, em português, bruxomania. Derivada do grego, a palavra significa mania de triturar ou ranger os dentes. O costume de apertar e ranger os dentes, batizado como bruxismo, pode ocorrer enquanto a pessoa está acordada ou dormindo. Trata-se de uma rotina desastrosa para o sistema mastigatório e, principalmente, para os dentes. O problema, que é mais comum do que se imagina e afeta homens e mulheres em todas as idades, faz com que a pessoa perca os parâmetros e só acabe percebendo o distúrbio se prestar atenção na própria tensão muscular ou se alguém ouvir o ranger noturno dos dentes. Esse hábito causa, além de um desgaste anormal no esmalte que recobre os dentes, fraturas dentárias e dores em determinados componentes do sistema mastigatório, articulação, cabeça e ouvidos.

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Bruxismo As causas da terrível mania estão relacionadas à má oclusão, isto é, à disposição inadequada dos dentes na arcada e, principalmente, às pressões da rotina do dia-a-dia. Em situações de estresse, o corpo humano pode reagir de diferentes formas. Hormônios são liberados e ativam glândulas que atuam na substância cortisol que, em excesso na corrente sangüínea, pode levar a uma destruição das células de defesa, causando predisposição negativa do sistema imunológico do organismo, possibilitando o aparecimento e o desenvolvimento de doenças. A freqüência e a gravidade do ranger dos dentes podem variar e aumentar a cada noite e está altamente associada ao estresse emocional e físico. O bruxismo noturno envolve movimentos rítmicos semelhantes aos da mastigação, com longos períodos de contração dos músculos mandibulares. Um dos tratamentos paliativos mais utilizados para evitar o bruxismo e o conseqüente desgaste dos dentes é a utilização de placas de silicone e outros materiais plásticos que reduzem a atividade dos músculos durante a noite protegendo os dentes dos danos provocados pelo hábito. Em casos de pessoas com próteses e núcleos, os cuidados devem ser redobrados, porque o bruxismo pode acabar com a sustentação dos elementos e até mesmo com o pino que segura o dente à raiz, fazendo-o quebrar em razão do movimento e da pressão exercida sobre eles. “A função da placa estabilizadora, na realidade, é proteger os dentes e demais componentes do sistema mastigatório durante as crises noturnas de bruxismo. Além disso, a placa ainda pode diminuir a atividade elétrica de músculos elevadores da mandíbula reduzindo, assim, a atividade tensional. Antiinflamatórios e drogas biorrelaxantes podem ser usados quando o quadro do distúrbio estiver mais sério”, explica o cirurgião-dentista e membro da Academia Americana de Estética, Jorge Alberto Jorge. Em casos de maior gravidade, aconselha-se o paciente a utilizar a placa, inclusive, durante o dia.

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Se a placa é uma opção para quem já apresenta o problema, o melhor para quem não o tem ou que pretende parar de ranger os dentes de noite é fazer um tratamento preventivo que elimine estados tensionais, estressantes ou ansiosos que produzam o bruxismo. Um especialista deve sempre ser consultado para que seja avaliada a gravidade de cada caso e feito o diagnóstico com a realização de exames de tomografia computadorizada. Outros hábitos como mascar chicletes e morder objetos como tampas de caneta também devem ser considerados vícios prejudiciais a quem tem o distúrbio e têm de ser eliminados durante o tratamento. Embora o bruxismo seja uma desordem funcional dentária tão antiga

quanto a existência humana, não se pode falar isso sobre o estresse que também pode causá-lo, pois cabe a cada um administrar de forma saudável a sua rotina de vida sem que sejam necessários rompantes de desequilíbrio hormonal que levem a um estado emocional extremamente tenso. Assim como aconteceu com a personagem do início do texto, o fato pode ocorrer a qualquer momento e a qualquer pessoa. Portanto, ao perceber que algo estranho aconteceu na boca, nunca deixe de fazer uma manutenção preventiva com o dentista, pois ele poderá identificar corretamente os casos de bruxismo e fazer as orientações necessárias para prevenir ou diminuir seus efeitos. P lfrussiano@uol.com.br

Congresso

Sinergia para soluções na saúde Dias 21 e 22 de agosto os vários segmentos da saúde suplementar se reúnem em Araxá, MG

O

envelhecimento da população é hoje um fenômeno universal. Alguns dos fatores responsáveis por isso são as melhores condições de vida e o avanço da Medicina. Esse é um dos principais assuntos que será abordado no 13o Congresso Abramge e 4o Congresso Sinog que acontecem em Araxá, Minas Gerais, nos dias 21 e 22 de agosto. Para discutir esse tema, o Sistema Abramge/Sinog convidou Alexandre Kalache, ex-coordenador do Programa de Envelhecimento da Organização Mundial de Saúde e fundador do Departamento de Epidemiologia do Envelhecimento da Universidade de Londres, e Marília Ehl Barbosa, presidente da Unidas – União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde.

A portabilidade entre as operadoras de planos de saúde – a transferência de usuários sem o uso de carência – também terá capítulo especial no encontro, explorando semelhanças com outras áreas, bem como a abordagem da administração de riscos. Fausto Pereira dos Santos, presidente da ANS – Agência Nacional de Saúde Suplementar, e Adib Domingos Jatene, ex-ministro da Saúde e diretor geral do HCor – Hospital do Coração, confirmaram presença. Eles vão abordar a assistência médica e as perspectivas futuras da saúde suplementar. Confira a programação completa do evento que tem como tema central “Sinergia para soluções na saúde” e faça sua inscrição no site da Abramge (www.abramge.com.br). P


Atenção

Intoxicação por medicamento foto: dreamstime.com

Um analgésico/antitérmico tomado em caso de febre não atinge a causa da febre e pode mascarar o diagnóstico

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utomedicação e remédio ao alcance da criança. Não é preciso muito mais para entender por que os medicamentos são os maiores agentes de intoxicação – e as crianças as principais vítimas. Segundo o Centro de Vigilância Sanitária, órgão da Secretaria de Estado da Saúde, 85% dos registros de intoxicação por medicamentos referem-se a acidentes em casa, atingindo majoritariamente crianças até 5 anos de idade. As estatísticas do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas confirmam: em 2005, os acidentes domésticos com medicamentos envolveram mais as crianças naquela faixa etária. A lguns cuidados, no entanto, teriam reduzido drasticamente essas

ocorrências. Por exemplo, dizer às crianças que remédio é gostoso pode facilitar a administração, mas também estimula o consumo por conta própria. “Os comprimidos e drágeas já se parecem muito com doces e balinhas, pois são coloridos e em formatos semelhantes. Por isso, os pais não devem fazer esta associação”, adverte Eliane Gandolfi, coordenadora do Núcleo de Toxicovigilância do Centro de Vigilância Sanitária, órgão da Secretária de Estado da Saúde do governo paulista. “Os adultos devem ter claro que medicamentos não são inócuos, apresentam riscos, são substâncias estranhas ao organismo e, dependendo da dosagem, podem matar”, diz Eliane. Para ela, todos eles devem ser

SOS 24 horas Em caso de intoxicação por medicamentos: São Paulo: 0800-7713733 – inclusive para obter informações e telefones dos Centros de Informação e Assistência Toxicológica em outras cidades. Para todos os Estados: (21) 3865-3247/3865-3246, para informações e telefones de unidades do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas, ou pelo site: www.fiocruz.br/sinitox.

mantidos em local seguro e trancado, fora do alcance das mãos e dos olhos das crianças, para não despertarem sua curiosidade. Outra recomendação é usar remédio só com receita médica. “A automedicação pressupõe que o indivíduo saiba diagnosticar seu problema de saúde e conheça os medicamentos e posologias adequadas para tratá-lo”, diz Eliane. “Um analgésico/antitérmico tomado em caso de febre não atinge a causa da febre e pode mascarar o diagnóstico desta causa.” A adequação à idade também é crítica: “Crianças e idosos são mais vulneráveis à intoxicação por suas características de desenvolvimento e metabolismo. Analgésicos como a dipirona e o paracetamol, tomados de modo indiscriminado, ocasionam muitos casos de intoxicação, assim como os antiinflamatórios do tipo sais de diclofenaco”. L er a bula e o rótulo dos remédios antes de consumi-los; tomar só as doses indicadas; descartar sobras de remédios vencidos e pedir ao médico para escrever a receita de forma legível são precauções que melhoram o tratamento e salvam vidas. Erro freqüente é aumentar as doses pensando em aumentar o efeito ou apressar a cura. “É muito comum a intoxicação por uso de descongestionantes nasais e analgésicos usados excessivamente”, conta Eliane. Quanto às sobras de medicamentos, ela aponta duas inconveniências: “Uma vez aberto, o produto pode se estragar ou se contaminar, dependendo do tipo de apresentação, como os colírios e as suspensões”. A outra é a facilidade ou tentação de usar a sobra, sem orientação médica.

Rigor necessário

Duas especialistas da Fundação Oswaldo Cruz – Lusiele Guaraldo, gerente de Risco Sanitário-Hospitalar do Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas, e Neusa Maria Castelo Branco, analista de gestão em saúde

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foto: CD Medical

Atenção do Instituto Nacional de Controle da Qualidade em Saúde – dão dicas sobre como enfrentar o perigo da intoxicação medicamentosa. Armazenagem • Todos os medicamentos devem ser guardados longe do alcance das crianças, em ambiente seco, armário fechado, ao abrigo da luz e umidade. • Jamais os guarde nos armários da cozinha ou do banheiro, ambientes úmidos, quentes e sem ventilação adequada. O conteúdo pode se modificar ou se deteriorar, e a rotulagem se danificar. • Os medicamentos que precisam ser armazenados em baixas temperaturas (insulina, por exemplo) devem ser mantidos em geladeira, de preferência isolados dos alimentos. • É importante conser vá-los na embalagem original, com as devidas bulas. A vantagem é poder checar as informações e verificar os respectivos prazos de validade. Lembre-se que a embalagem original foi preparada e testada para proteger o produto. • Nunca utilize sobras de medicamentos para aplicação nos olhos e nariz, medicamentos vencidos ou com sinais de alteração de cor, odor, presença de manchas ou grumos. • Medicamentos não devem ser misturados com outros produtos, como alimentos, cosméticos, perfumes e artigos de limpeza. Também não devem ser guardados ao lado ou próximo de medicamentos com embalagens parecidas – por exemplo, medicamento de uso adulto com o de uso pediátrico. Remédios fracionados • Medicamentos fracionados levam uma vantagem sobre os não-fracionados: são vendidos na quantidade prescrita pelo médico e, usados corretamente, não haverá sobras. Os medicamentos “inteiros” contêm uma quantidade geralmente superior à que foi prescrita

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e será usada. O perigo das sobras está na possibilidade de uso fora do prazo de validade, como substituto de outro medicamento similar sem autorização do médico, além de significarem mais medicamento guardado em casa, ou seja, mais risco de intoxicação infantil. • Para comprar um fracionado, o consumidor precisa de receita médica, e a farmácia, de um local apropriado para proceder ao fracionamento. • É importante que as prescrições médicas indiquem a quantidade exata necessária para o tratamento requerido. • Mesmo quando a unidade posológica for um só comprimido, a embalagem deverá conter nome e concent ração do pr incípio ativo, lote, validade, fabricante e registro no Ministério da Saúde – indispensáveis para sua identificação e rastreamento. Administração • Não saia da consulta com dúvidas a respeito da receita médica.

• No momento da compra, confira o produto com a receita. • Só o médico pode substituir o remédio prescrito por outro similar. • Antes de usar o medicamento, leia o rótulo e a bula; verifique a validade e o estado de conservação do produto. • Confira a dose (gotas, colheres, ml). Use o frasco medidor da embalagem. • Fique atento na hora de tomar o remédio. Se usar óculos, esteja com eles no momento da administração. • Não tome ou dê medicamentos no escuro, o que pode levar a trocas perigosas. • Ao ser interrompido, tomando ou dando medicamento para outra pessoa, guarde o produto em lugar apropriado. • Evite tomar remédio na frente de crianças. • Após o término do tratamento, jogue fora as sobras. • Descarte os medicamentos vencidos. P


Piercing bucal

Bocas exóticas Objetos estranhos à boca podem interferir de maneira grave na saúde, mas mesmo assim tem gente que usa uitas pessoas consideram o piercing um acessório para ser usado no dia-a-dia, assim como brincos, anéis, pulseiras e colares. No entanto, mais do que um acessório, o piercing tem vários significados. Povos ancestrais, como os Maias, utilizavam este adorno na boca em ritos de passagem. Ainda hoje, índios das mais diversas etnias também utilizam objetos pequenos em várias partes do cor po para diferenciarem-se das demais tribos. Os jovens da sociedade moderna, entretanto, utilizam o adereço, principalmente na língua, nos lábios e na bochecha, como forma de manifestação da moda vigente ou, então, para identificar quem é da sua “tribo”. O que eles não sabem é que a utilização do piercing na região bucal pode trazer sérios riscos à saúde e, até mesmo, o aparecimento do câncer bucal. Seg undo a cir urg iã-dent ista Caroline Jorge Zar vos, há várias conseqüências para o usuário do piercing, como dentes quebrados ou lascados, gengivas inflamadas ou irritadas, mucosas e palato feridos, interferência na mastigação e deglutição, dificuldades na fala, além de possíveis reações alérgicas. Podem acontecer também a perda do paladar e a ocorrência de infecções, pois a boca contém inúmeras bactérias. Em casos extremos, a língua incha muito e pode obstruir as vias aéreas. Ela também alerta para os casos em que as peças são engolidas. “Uma vez atendi uma paciente que precisou fazer uma cirurgia para retirar o piercing do estômago. Quando ela usava a jóia, tinha o hábito de ficar brincando com a peça na boca e acabou engolindo. Nunca mais ela quis saber de piercing ou qualquer outro

objeto estranho na boca ou no corpo”, lembra a Dra. Caroline, que também é especialista em odontopediatria. Todo material diferente, quando é colocado no corpo, pode levar o organismo a adaptações que podem ser danosas para o indivíduo. Quem usa piercing na língua sabe que a dor e o inchaço são as primeiras complicações que surgem. Pode acontecer de a perfuração atingir regiões vascularizadas ou nervosas, provocando sangramentos prolongados ou parestesia (sensações de frio, calor e formigamento). Além de tudo isso, a dificuldade de higienização do local onde repousa a jóia torna-o um foco de infecção que pode ocasionar, além da perda da peça, infecções generalizadas no indivíduo. Portanto, uma eficiente higiene bucal e, inclusive, do piercing deve ser realizada com muita atenção e paciência, pois é praticamente certo que, depois de um determinado tempo, o indivíduo apresente algum dano nos tecidos da boca levando à perda precoce de dentes. Junta-se a isso que o hábito do consumo de álcool e do fumo ou a disposição genética podem levar ao câncer. “É essencial que o usuário do piercing faça um acompanhamento com um cirurgião-dentista para avaliar as condições de higiene. Caso o paciente já apresente algum problema decorrente do uso da peça, é recomendável que ela seja retirada imediatamente. Somente profissionais da saúde estão habilitados a prescrever antibióticos na fase pós-operatória ou no desenvolvimento de alguma infecção por falta de precaução”, adverte a Dra. Caroline. Apesar de todas as advertências e informações a respeito dos danos causados à boca, as pessoas acabam

foto: dreamstime.com

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Luís Fernando Russiano

deixando-se influenciar pela moda ou pela estética e fazem o procedimento para usar o piercing na boca sem nenhum medo. Neste caso, é preciso ficar atento ao estabelecimento e à qualificação de quem executará o serviço. Nem sempre os estabelecimentos que colocam as peças seguem as normas da Vigilância Sanitária quanto aos quesitos de assepsia e de esterilização dos materiais. Muito menos aqueles que fazem a intervenção na boca, pois sequer têm a profissão reconhecida. A falta de cuidados com a biossegurança favorece a transmissão de hepatite e de Aids. O tamanho da peça e a qualidade do material que será utilizado também têm influência direta, pois a boca é muito sensível e qualquer alteração no meio bucal pode causar, além do incômodo, problemas a curto, médio e longo prazos. No período de cicatrização que vai de quatro a cinco semanas, para a língua e os lábios, respectivamente, é necessário redobrar a atenção para evitar a contaminação e infecção do local. Nessa fase, o usuário do piercing deverá evitar levar à boca alimentos apimentados e ácidos, sem esquecer de utilizar antissépticos bucais toda vez que se alimentar. Sem contar que os beijos nunca mais serão os mesmos. P lfrussiano@uol.com.br

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Distúrbio

Comportamento doentio Os transtornos alimentares atingem mais as mulheres e podem levar à morte Liliane Simeão e Margareth Meza

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ão são apenas as roupas e os acessórios que entram e saem de moda com o passar do tempo. O formato do corpo, principalmente das mulheres, também enfrenta as diferentes preferências entre um período e outro da história. Ficou para trás o tempo das gordinhas. De algumas décadas para cá, a ditadura da magreza impera, atormentando o sexo feminino. Hoje, os padrões impostos pela moda e pela televisão atingem em cheio a mente das mulheres. Não apenas as mais jovens. Todas as gerações se sentem obrigadas a manter o corpo esbelto, a qualquer custo. Nessa linha, as manifestações de transtornos alimentares – principalmente a bulimia e anorexia nervosa – não param de ocorrer. Cada uma apresenta características muito particulares. A semelhança entre elas é que ambas fazem com que a vítima tenha distorções da imagem corporal. A anorexia é o transtorno alimentar campeão de mortalidade. De acordo com o coordenador da equipe de Psicoterapia do Ambulim (Ambulatório de Bulimia e Transtornos Alimentares) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), Cristiano Nabuco de Abreu, apenas 30% das pacientes atingem a cura. Em um terço dos casos não há recuperação e, nos demais, há melhoras, mas as mulheres continuam apresentando distúrbios, como IMC (índice de massa corpórea) abaixo do normal e comportamentos estranhos em relação à alimentação. A anorexia é diagnosticada quando a paciente apresenta excessiva preocupação com o peso e a forma corporal e IMC abaixo de 17,5 gm/ m². Muitas vezes, está associada à

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amenorréia (interrupção da menstruação por três ciclos consecut i vos). Possui dois grandes picos: aos 14 (maior incidência) e aos 17 anos. “Atingem, geralmente, meninas inteligentes, boas alunas, filhas comportadas, porém introspectivas. Alguns estudos mostram que a personalidade pré-mórbida pode indicar propensão à anorexia, mas ainda não há nada provado sobre isso”, explica a psiquiatra do Programa de Orientação e Assistência a Pacientes com Transtornos Alimentares (Proata) da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Veruska Lastoria. Já a bulimia atinge pacientes mais velhas, entre 19 e 24 anos, que apresentam auto-estima baixa, tendem a ser perfeccionistas, tímidas, pouco auto-afirmativas e com dificuldades no relacionamento interpessoal. Pode estar associada à sintomatologia depressiva e ansiosa, isolamento social, comportamento impulsivo e comportamentos aditivos, como abuso de álcool e drogas. Caracteriza-se pela ingestão exagerada de alimentos, seguida de atos de expurgo, como vômito ou uso excessivo de laxantes e diuréticos. Às vezes, os doentes optam por longos períodos de jejum ou exercícios físicos exagerados para compensar o grande volume ingerido. “As bulímicas, normalmente, sentem muita vergonha logo após o episódio. Isso as leva a esconder o problema dos familiares e amigos”, alerta a psiquiatra. “Nos momentos de compulsão chegam a ingerir até 20 mil calorias”, afirma o coordenador do Ambulim. As conseqüências são graves, como patologias gástri-

cas e perda da dentição, provocada pelo contato do suco gástrico com a boca. “Por causa do gosto ruim do vômito, escovam os dentes e acabam espalhando a substância, que pode levar ao desgaste progressivo dos dentes”, alerta Abreu.

Diferentes tratamentos

De acordo com Veruska, o diagnóstico ocorre primeiro em casos de anorexia. Isso porque a doença é identificada mais facilmente. “Com a perda excessiva de peso, os familiares acabam levando o paciente ao médico. Já os casos de bulimia, geralmente, são identificados em momentos mais avançados porque é mais fácil de o doente esconder da família. Ambos os tratamentos são longos e cansativos, levando em torno de três anos, e envolvem equipes multidisciplinares. Mas apresentam eficiência”, explica a psiquiatra.


Outras doenças

Os especialistas são enfáticos: o culto ao corpo perfeito é a principal causa dos t ranstor nos alimentares como a anorexia e a bulimia. Mas não pense que estes são os únicos distúrbios relacionados ao tema. Existem diversos outros que ocorrem em menor proporção (e que não são classificados isoladamente como doenç a), mas que também necessitam de tratamento especializado. São eles: síndrome de gourmet, transtorno da compulsão alimentar pe r iódic a (ou

Diagnóstico precoce De acordo com o coordenador da equipe de psicoterapia do Ambulim, Cristiano Nabuco de Abreu, a atenção a alguns comportamentos reincidentes pode ajudar familiares a identificarem os transtornos alimentares. Os pacientes que apresentam distúrbios alimentares há menos de três anos terão maiores perspectivas de melhora. Veja a seguir os comportamentos freqüentes a serem observados mais de perto: • realização de dietas muito seletivas que eliminam praticamente tudo, mantendo-se apenas com barras de cereais e folhas; • idas freqüentes ao banheiro após as refeições para vomitar; • pavor de engordar; • perda de peso muito grande em um curto espaço de tempo; • eliminação de refeições; • recusa de envolvimento em situações sociais que incluam idas a restaurantes.

binge eating), transtorno alimentar noturno, pica. Na síndrome de gourmet, os pacientes levam uma vida aparentemente normal, mas vivem preocupados com a preparação de pratos exóticos. Eles fazem isso o tempo inteiro e até perdem o interesse pela vida social. “O paciente pode apresentar deficiências nutricionais por causa de uma dieta mal equilibrada”, afirma a professora do Departamento de Pediatria e Coordenadora do Instituto de Hebiatria da Faculdade de Medicina do ABC, Maria Regina Domingues de Azevedo, Ataques de comer. Esta é a tradução literal de binge eating. O transtorno, que atinge cerca de 2% da população, a maior parte obesa, é uma compulsão incontrolável que leva o indivíduo a consumir grandes quantidades de alimentos em um curto espaço de tempo. “O comedor compulsivo não faz uso de métodos purgativos, como os laxantes, e constitui uma exceção, pois não se preocupa com o peso e a forma do corpo”, explica a especialista. Os assaltos noturnos à geladeira constituem a principal característica do transtorno alimentar noturno, que também pode apresentar quadros de bulimia. Normalmente, os pacientes cometem o ato inconscientemente e costumam não se lembrar do que fizeram na calada da noite. “No entanto, durante o dia fazem dieta rigorosa e, quando comem muito neste período, vomitam para não se sentirem culpados”, afirma Maria Regina. Já a pica, um transtorno muito raro, atinge crianças na maioria das vezes, mas pode ser encontrada ocasionalmente em grávidas. Consiste na ingestão de produtos nãocomestíveis, como argila, lápis, tijolo, insetos e sabonete, e está associada a déficits alimentares e hábitos culturais. “Certos povos, como os chineses, se alimentam de alguns insetos”, ressalta a profissional. P fotos: dreamstime.com

Infelizmente, a taxa de mortalidade na anorexia é alta, porque é uma doença que tende a cronificar-se. Ainda há controvérsias sobre o uso de medicamentos e os tratamentos são conduzidos com internação e interação entre psiquiatra, psicólogo, nutricionista e clínico. “Nos casos de bulimia, o uso de medicação já está estabelecido. Os mais utilizados são os inibidores seletivos de recaptação da serotonina (antidepressivos). Mais recentemente temos optado por anticonvulsivantes, que reduzem os quadros compulsivos”, descreve a psiquiatra. A bulimia leva a alterações no hemograma e nos níveis de potássio, arritmia cardíaca, esofagite, gengivite e úlceras, inchaço e dor nas glândulas salivares, desbalanceamento eletrolítico, constipação intestinal, diminuição da libido e aumento da probabilidade de suicídio. A anorexia também pode causar osteopenia e osteoporose prematuras, além de problemas cardíacos, desnutrição e anemia. “São doenças mais comuns no universo feminino, mas já atingem homens. A proporção é de 10 mulheres para cada homem em ambos os casos. Porém, a procura por tratamento por parte dos homens vem aumentando”, explica Veruska.

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Entrevista

Talento em dose dupla

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foto: divulgação

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xiste algo em comum entre a Medicina e a literatura? Se considerássemos só as aparências, a resposta seria negativa. Afinal, a prática médica baseia-se no saber científico, enquanto a criação literária voa nas asas da imaginação. Embora pareçam tão diferentes, os dois campos do conhecimento se encontram num ponto: “ambos têm a ver com a condição humana”. Quem afirma é Moacyr Scliar, o famoso escritor brasileiro que também é médico. Há outros exemplos desse duplo ofício na história brasileira: Guimarães Rosa e Pedro Nava são os dois nomes mais conhecidos. Mas, na brilhante arte literária deles, a Medicina não é um tema tão presente quanto nas obras de Scliar. O elo entre as duas profissões vem desde o início das atividades do escritor. O seu primeiro livro publicado, em 1962, chamou-se Histórias de um médico em formação e reúne contos inspirados em sua experiência como estudante. Mais tarde vieram outros títulos como A paixão transformada: história da medicina na literatura (Companhia das Letras, 1996);

Sueli Zola

Moacyr Scliar

"Há muita coisa entre Medicina e Literatura. Ambas têm a ver com a condição humana" Meu filho, o doutor: medicina e ­judaísmo na história, na literatura e no humor (Artes Médicas, 2000) e O olhar médico - Crônicas de medicina e saúde (Editora Ágora, 2005), entre outros. Autor de 80 livros, Scliar passeia por todos os gêneros: romance, conto, crônica, ficção infanto-juvenil e ensaios. Suas obras já foram lançadas em 19 países, entre os quais Rússia, República Tcheca, Noruega, Polônia e Bulgária.

Considerado um dos escritores mais representativos da literatura brasileira contemporânea, Scliar conquistou uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, em julho de 2003. Foi agraciado com dezenas de prêmios literários, como o Jabuti (1988, 1993 e 2000); Casa de Las Américas (Cuba, 1989) pelo livro A orelha de Van Gogh; e José Lins do Rego, da Academia Brasileira de Letras (1998), concedido ao romance A majestade do Xingu, que narra a história de um médico sanitarista judeu. Nascido em 1937, na cidade de Porto Alegre, formou-se pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), especializando-se em saúde pública. Trabalhou na Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul, onde durante muito tempo coordenou o Programa de Educação em Saúde. Atuou também na Fundação Nacional de Saúde e foi consultor do Ministério da Saúde e da Organização Pan-Americana de Saúde. Leia a seguir a íntegra de sua entrevista concedida com exclusividade a esta ­revista.


O que significa, para o senhor, o ato de escrever? Escrever, para mim, é um ato que tem muitos significados. Em primeiro lugar é uma forma de criação, uma maneira de expressar idéias, sentimentos ou emoções sob a forma de um conto, de um romance, de uma crônica, de um ensaio. Em segundo lugar é uma fonte de um prazer quase lúdico, prazer que, na minha opinião, deve ser um componente essencial tanto para quem escreve como para quem lê. Por último, mas não menos importante, é um processo de autodescoberta, de descoberta do mundo e da realidade em que vivemos. Como e quando começou a escrever? Houve uma determinação própria ou recebeu estímulos de outras pessoas? Comecei a escrever na infância, movido por um impulso que a gente poderia chamar de vocação e influenciado por muitas pessoas: meus pais, meus parentes, professores e, claro, os numerosos escritores cujas obras eu devorava: Monteiro Lobato, Érico Veríssimo, Machado de Assis, Guimarães Rosa, Clarice Lispector. O senhor é filho de imigrantes russos, criado dentro da cultura judaica. Sua origem influenciou sua literatura? De que forma? Sim, o fato de eu ser filho de imigrantes judeus russos foi importante, em primeiro lugar pela experiência da imigração: eram pessoas que viam o Brasil de uma forma diferente, com uma admiração sem limites. De outro lado eu me sentia vinculado a uma cultura milenar, que tem no texto escrito um importante instrumento e que criou narrativas originais, caracterizadas,

por exemplo, pelo humor judaico, aquele humor melancólico, filosófico, que representa uma defesa contra o desespero.

“Apesar da pobreza, apesar das deficiências educacionais, o Brasil é um país de enorme energia criativa” Como se explica o fato de o Brasil, um país pobre e com educação precária, possuir grandes nomes na literatura como Guimarães Rosa, Machado de Assis e tantos outros, incluindo o senhor? Apesar da pobreza, apesar das deficiências educacionais, o Brasil é um país de enorme energia criativa, um país de incrível diversidade cultural. Ser escritor no Brasil é fácil; basta olhar a nosso redor, basta evocar nossa história, basta prestar atenção à nossa cultura. Pobreza não é, neste caso, fator limitante (ainda bem!).

“Considero-me uma pessoa afortunada por ter conseguido trabalhar em áreas tão importantes e tão ricas em emoção” Por que escolheu a profissão de médico? Desde criança doença era para mim uma coisa misteriosa, desafiadora, amedrontadora. Eu não tinha medo de ficar doente (até gostava, porque assim estava dispensado de ir à escola), mas, quando meus pais ou irmãos adoeciam, eu ficava muito assustado. E isto acabou me atraindo para a Medicina.

A literatura influenciou a sua prática médica? De que forma? A literatura desenvolve, tanto no escritor como no leitor, a sensibilidade para com o outro – a empatia –, coisa que é fundamental no exercício da Medicina. Doença, sofrimento e morte estão presentes em suas obras. Se não fosse médico, sua literatura seria diferente? Por quê? Se eu não fosse médico, não poderia contar com a enorme experiência que me proporcionou o contato com os doentes e também o trabalho de saúde pública, minha especialidade. Além do senhor, temos outros exemplos do duplo ofício de médico e escritor (Guimarães Rosa, Pedro Nava, isto para citar só alguns brasileiros). Há pontos de intersecção ou denominadores comuns entre as duas artes? Há muita coisa em comum entre Medicina e literatura. Ambas têm a ver com a condição humana; ambas valorizam a palavra, no caso do médico como instrumento de diagnóstico (na anamnese) e tratamento (psicoterapia, por exemplo) e, no caso da literatura, como instrumento de criação estética. Por quanto tempo o senhor atuou como médico? Como foi essa experiência e o que lhe trouxe de bom (ou ruim)? Formei-me em 1962, trabalhei como clínico até 1970, depois dirigi-me para a saúde pública, área na qual me especializei e doutorei. Também fui professor de saúde coletiva. Atualmente reduzi minha atividade, mas continuo ligado a grupos de trabalho na área

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Entrevista da saúde, além de escrever muito sobre o tema. Foi uma experiência da qual só resultaram coisas boas. Considero-me uma pessoa afortunada por ter conseguido trabalhar em áreas tão importantes e tão ricas em emoção. Quando o senhor public ou o seu primeiro livro já estava formado em Medicina. Como fez para conciliar duas atividades profissionais tão ligadas ao ser humano? Deu muito trabalho. Tive de aprender a me organizar, tive de sacrificar o lazer: nada de férias, nada de fins de semana... Mas não me arrependo, porque foi uma vivência muito gratificante. Por que escolheu especializarse em saúde pública? E como foi a sua especialização em Israel? Fui para a saúde pública porque, recém-formado, trabalhei como clínico num sanatório para tuberculosos e ali conheci o programa nacional de tuberculose, que me fascinou: pela primeira vez eu via a possibilidade de tratar a doença não só de forma individual, mas na população. Isto, por outro lado,

atendia à inquietação social que foi característica de minha geração. E finalmente tive a sorte de trabalhar num grupo de notáveis técnicos na Secretaria da Saúde do Rio Grande do Sul. Com uma bolsa da Organização dos Estados Americanos fiz um curso de medicina comunitária em Israel que me deu a base para começar.

“Ainda temos muitos problemas, mas, baseado em minha experiência, não tenho dúvida de que continuaremos a melhorar” Por que deixou de exercer a medicina sanitária? Não deixei. Só diminuí a minha atividade. Na condição de sanitarista, como o senhor avalia a saúde pública no Brasil? Da época em que eu comecei a trabalhar na área até agora as mudanças foram notáveis. Por exemplo, a mortalidade infantil

diminuiu muito, a expectativa de vida aumentou, doenças infecciosas experimentaram uma notável redução (e, no caso da varíola e da pólio, foram erradicadas). Ainda temos muitos problemas, e a epidemia de dengue o demonstra, mas, baseado em minha experiência, não tenho dúvida de que continuaremos a melhorar. O que falta ao nosso país em termos de políticas públicas para a promoção da saúde? O que mais falta são os recursos. O SUS cuida de saúde pública e de assistência médica, e esta é muito cara – e continua encarecendo. Qual é a sua opinião sobre a prática da Medicina hoje? Não há uma ênfase exagerada no aspecto tecnológico em detrimento do contato humano? Acho que sim, mas a verdade é que nunca a tecnologia salvou tantas vidas. Precisamos manter esta base científica e tecnológica e acrescentar a ela um treinamento que permita aos médicos um melhor relacionamento humano com os pacientes.

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Carreira

Planejar para mudar Repensar a profissão ou migrar para outros segmentos exige estratégia definida

"O

Keli Vasconcelos

que você quer ser quando crescer?” – é a pergunta que se ouve quando criança sobre qual carreira seguir, sendo esta determinada no fim da adolescência e tendo a universidade como “passaporte” com destino a uma profissão “definitiva”, sem escalas. Hoje, com a rotatividade corporativa e a variedade de programas de aperfeiçoamento profissional, perduram ainda dúvidas sobre trilhar

não apenas uma, mas muitas carreiras correlatas ou até dizer não à formação inicial. Um matemático, por exemplo, pode se especializar num MBA ou curso seqüencial em administração, migrar para o ramo das humanas, da música, da filosofia. Foi o caso do funcionário público Arnaldo Teixeira, de 37 anos. Ele mudou o rumo de sua carreira durante um curso técnico em Eletrônica. “Conheci um amigo que trabalhava (no setor

Dicas 1. Reflexões • Habilidades: Pense no que fez e realizou bem profissionalmente e na vida pessoal. Questões como: “O que gosto de fazer? O que faço de melhor?”. • Interesses: Faça uma “análise para trás” do que pode ser aprofundado na sua experiência profissional e de vida. Desenhe um mapa de atividades com as quais se identifica. • Foco de busca: Procure pontos fortes na sua carreira. Esse é o

público) e estudava no Senai porque atuava na área de telecomunicação e queria se especializar em equipamentos eletrônicos. Ao término do curso realizei o concurso público e dentro da empresa tomei conhecimento do departamento de informática e as suas atribuições”, comenta. Interesses e curiosidade sobre o corpo humano e as doenças relacionadas ao trabalho com informática, além de uma complementação de horário, o levaram a cursar Fisioterapia, sem deixar o funcionalismo público. “Durante a universidade participei de diversos programas de serviços de saúde comunitária e depois de formado realizei um tratamento com uma paciente com problemas neurológicos acamada por três meses.” Diplomado desde 2005, Teixeira optou em continuar no departamento de informática a atuar em consultórios. “Entre as diversas áreas que a profissão oferece, aquela que escolhi – propedêutica da coluna vertebral – tem cursos de especialização com preços elevados, realizados em outros municípios e estados, e a sociedade desconhece a terapêutica, dificultando a oportunidade de trabalho, fora os baixos salários”, analisa. Ter um panorama dos caminhos a percorrer não é tarefa fácil e isso vale tanto para o recém-formado quanto para quem já está empregado. Repensar sobre a profissão é um comportamento normal, mas, se o indivíduo enfurece-se a cada segunda-feira e

para o plano de carreira

meio de conferir itens vantajosos no seu histórico profissional (e/ou pessoal) e uma “bússola” para as chances disponíveis no mercado de trabalho. • Mercado: Examine em qual(is) corporação(ões) se encaixa e tem a oportunidade de usar as habilidades e interesses, aplicar o que deve ser melhorado. 2. Plano de ação • Determine metas e prazos estabelecidos para a busca por trabalho.

• • •

Atente para seu fôlego financeiro e emocional. Estude estrategicamente as oportunidades de crescimento e não pense somente no fator salarial. Implante táticas para entrar no(s) setor(es) escolhido(s): networking, análise de mercado, informações da Internet, livros, cursos, estudos e eventos. Cadernos de empregos divulgam os movimentos das áreas de atuação. Elabore um bom currículo, claro e objetivo. Fonte: Right Management

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Carreira está desmotivado, é hora fazer um check-up da vida profissional. O trabalhador deve se questionar sobre três aspectos importantes que consistem o “DNA” da carreira, conta Elaine Saad, gerente da consultoria de carreira Right Management, de São Paulo. “O primeiro ponto é a expectativa de crescimento profissional dentro da empresa; o segundo seria a remuneração, se ela é ‘justa’. Digo ‘justa’ para separar o que é ganhar bem ou ganhar o valor de determinado cargo. Quando perguntamos se a pessoa ganha bem, certamente ela dirá que não, mas, se pensarmos na remuneração compatível à função, muda-se de figura. O terceiro item é o prazer de trabalhar, não todos os dias, mas a maioria deles.” Para a consultora, o indivíduo precisa monitorar o equilíbrio desses pilares. “A tendência é pelo menos dois deles acima da média. Se os três estiverem em baixa após quatro a seis meses, se traçarmos uma média, e essa insa-

tisfação perdurar, já é um bom fator para mudar”, pondera. Mas, antes de abandonar a firma, o profissional necessita elaborar, antecipadamente, um plano de carreira (veja quadro na página anterior), que ultrapassa o ato de ler os classificados e mandar currículos. Um dos receios de quem está no momento de transição é a redução financeira. Do mesmo modo que, para abrir um negócio próprio, fazemos um “pé-de-meia” para eventuais “apuros”, tal precaução serve para explorar outro setor, principalmente se distinto da carreira de origem, levando-se em conta, inclusive, a parcela comportamental nessa fase. Elaine Saad explica: “Se tenho, por exemplo, fôlego financeiro suficiente para um ano, então posso ficar mais tempo em busca de recolocação. Mas, se tenho fôlego de apenas um mês, preciso mudar de estratégia, já que não terei suporte para me sustentar, considerando que um processo seletivo leva de 60 a 90 dias. O segundo

fôlego é o emocional. A maioria das pessoas sai da empresa que trabalhou e sente um alívio. Umas se sentem melhor em ficar mais dias em casa, já outras se desesperam, ‘pegam’ o primeiro emprego que aparece pensando em se recolocar. Não é bem assim. É preciso pensar nesses dois fôlegos antes de decidir em sair da organização, para depois partir em busca de novas oportunidades de trabalho”. Vale lembrar que essa mudança requer um know-how da(s) atividade(s) desejada(s): acionar contatos (net­ working), participar de eventos, completar a biblioteca pessoal com literatura específ ica. Não basta, também, o profissional “culpar” a empresa por sua “tristeza corporativa”. Dilemas que envolvem o casamento “felicidade e carreira” como adaptação à cultura da corporação, trabalho em equipe e salário podem ser resolvidos com uma conversa, aberta e planejada, com a chefia. P keliv_1@hotmail.com.br

Diagnóstico

Ovários policísticos Uma em cada cinco mulheres apresenta sintomas ou sinais da síndrome Neusa Pinheiro

O

fotos: dreamstime.com

s ovários policísticos, na maior parte dos casos, não têm nenhuma importância fisiológica, não mudam nada no corpo da mulher. Esta síndrome é caracterizada por sinais de hiperandrogenismo e/ou disfunção ovariana. Entretanto, cerca de 10% deles estão associados a outros sintomas, principalmente a alterações menstruais que ocorrem a longos intervalos, às vezes de meses, entre dois ciclos. Pode estar associada, ainda, ao aparecimento de pêlos no corpo, acne e obesidade, e esse conjunto de manifestações é que caracteriza a doença. O ovário policístico é constituído por tecido normal, embora possua pequenos cistos, geralmente ao redor

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de dez. Seus principais sintomas são as alterações menstruais, o aumento de pêlos no rosto, nos seios e no abdome, além da obesidade que costuma piorar a síndrome. Algumas vezes, a paciente engorda e as manifestações sintomáticas aparecem, em geral, entre os 20 e 30 anos. Cerca de 20% a 30% das mulheres têm ovários policísticos, mas apenas 5% a 10% manifestam a síndrome, as outras são assintomáticos, menstruam normalmente, têm filhos e não apresentam outros sintomas. Até 1960 era raro o diagnóstico. Era preciso fazer uma pneumopelvigrafia, aplicando-se uma injeção no abdome para visualizar os órgãos pélvicos e tirava-se uma radiografia, mas, com o passar do tempo, mudaram os meios para estabelecer o diagnóstico. Atualmente, a sonda do ultra-som sobre a superfície externa do abdome permite um diagnóstico preciso.


As mulheres vão ao médico porque souberam da existência do problema ou porque apresentam alterações menstruais, excesso de pêlos ou porque não ficaram grávidas. Freqüentemente as mães levam as filhas que fizeram um ultra-som e receberam o diagnóstico de ovários policísticos, pois seu maior receio é que isso possa causar algum problema relacionado à reprodução.

Da puberdade à menopausa

A diferença entre cisto no ovário e ovário policístico está no tamanho e no número de cistos. Geralmente, na síndrome existem de dez a vinte pequenos cistos com meio centímetro de diâmetro, enquanto os dos cistos de ovário são únicos e bem maiores, medindo entre três e dez centímetros. Eles só não são únicos nos casos de estimulação ovariana para fertilização assistida, quando podem ocorrer de cinco a dez cistos grandes. De acordo com especialistas, essa mulher tem, provavelmente, uma alteração no controle da função ovariana que leva à produção do cisto. Por exemplo, ela pode ter um problema no hipotálamo ou na hipófise, que não faz parte da síndrome, uma patologia crônica para a qual ainda não se encontrou a cura. O problema começa na puberdade e vai até a menopausa. Alguns casos tornam-se assintomáticos com o tratamento, mas são crônicos. Por isso, é comum a mulher com ovário policístico procurar vários médicos ao longo da vida em busca de tratamento. A gravidade ou não do caso depende da fase da vida que a mulher atravessa. Na puberdade e na adolescência, os pêlos causam maior incômodo. Depois, na idade do casamento, a maior preocupação são as alterações menstruais que podem ser sinais de infertilidade. Outro problema é a obesidade, ocasião em que assume maior ou menor relevância de acordo com a fase da vida da mulher. Segundo o especialista Hans Halbe, professor de ginecologia na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, localizar a causa do problema é importante porque 50% das mulheres

que o manifestam têm hiperinsulinismo, isto é, produção exagerada de insulina. Os outros 50% apresentam problema no hipotálamo, na hipófise, nos ovários ou nas supra-renais e produzem mais hormônios masculinos do que o normal e isso favorece o hirsutismo. O hiperinsulinismo é quando a insulina encontra uma célula receptora que não responde bem e não consegue acumular glicose. Conseqüência: o nível da glicose sobe no sangue e o pâncreas é estimulado a produzir mais insulina. Esse defeito no receptor de insulina é de origem genética e sua manifestação, às vezes, está associada à obesidade que, certamente, piora as condições para a ação da insulina. A paciente começa, então, a ter perturbações menstruais e aumento dos pêlos, mas isso tende a regredir com o emagrecimento.

Atacam-se os sintomas

A mulher com ovários policísticos apresenta desequilíbrio hormonal, produzindo andrógenos em maior quantidade. O principal problema que esse desequilíbrio provoca está relacionado com a ovulação. A testosterona interfere nesse mecanismo e, ao mesmo tempo, aumenta a possibilidade da incidência de cistos, porque eles resultam de um defeito na ação dos hormônios do ovário e isso impede a ovulação. Os cistos, na verdade, representam a parada do desenvolvimento dos folículos para ovular. O folículo, normalmente, atinge estágio em que arrebenta e expele o óvulo. Quando isso não acontece, o líquido se acumula nesse local. Como mais ou menos dez folículos se desenvolvem todos os meses, surgirão dez ou quinze pequenos cistos característicos do ovário policístico. Essa mulher não ovula porque lhe faltam condições endócrinas para isso. Na mulher normal, esses folículos ou desaparecem ou liberam o óvulo. A causa do desequilíbrio hormonal é do sistema, que não consegue fazer progredir a ovulação porque os folículos não se desenvolvem bem. Além disso, o tecido ovariano onde os folículos estão localizados ajuda a piorar a situação. Ele se chama estro-

ma e também produz andrógeno. Por isso, o ovário típico da síndrome tem volume maior e estroma aumentado. E fica masculinizado em sua função, pois não deveria produzir a quantidade de andrógenos que produz.

Normalmente os ovários policísticos são encontrados através do exame ultra-som ou no de toque realizado no exame ginecológico de rotina. Basta examinar a paciente para localizar os dois ovários aumentados. O tratamento indicado depende da fase de vida da mulher. Como se trata de uma doença crônica, atacam-se os sintomas. Por exemplo, se a paciente tiver entre 15 e 16 anos, um pouco obesa, com pêlos, acne e perturbações menstruais, é preciso antes de mais nada fazê-la emagrecer. Muitas vezes só a perda de peso provoca a reversão do quadro, porque a obesidade gera resistência à insulina e essa resistência produz o aumento de andrógenos, os hormônios masculinos. Se ela não for obesa, torna-se necessário diminuir a produção dos hormônios masculinos e uma das maneiras mais simples de fazê-lo é por meio da pílula anticoncepcional. Qualquer pílula, porque todas deprimem a função ovariana diminuindo a produção do hormônio masculino. A pílula atua também na unidade pilo sebácea, reduzindo o crescimento dos pêlos e a produção do sebo. Dessa forma, melhoram os quadros de hirsutismo, acne e as alterações menstruais. P neusapinheiro@ig.com.br

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Pele

Retratos da vida

C

om o passar dos anos, a pele – órgão responsável por regular a temperatura do corpo e protegê-lo – torna-se frágil e sujeita às agressões do meio ambiente. O envelhecimento da cútis varia de acordo com a predisposição genética e os hábitos do indivíduo ao longo da vida. A ação cumulativa da radiação solar determina uma série de alterações na pele que levam ao chamado fotoenvelhecimento. De acordo com o tipo de pele e o tempo de exposição continuada ao sol, os sinais desse envelhecimento se acentuam e se manifestam de várias maneiras, como, por exemplo, pelo afinamento da pele, por uma tonalidade amarelada, o aparecimento de rugas, vasinhos dilatados (telangiectasias) e as manchas escuras (melanose solar ou mancha senil). Estas podem se tornar avermelhadas e grossas (queratose actínia), ou surgir desde o início vermelhas ou acastanhadas e ásperas e até se transformar em câncer de pele. Segundo Solange Pistori Teixeira, professora de dermatologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de São Paulo – Unifesp, mancha senil (também conhecida por melanose actínia) é, portanto, um dos sinais de fotoenvelhecimento – ou envelhecimento causado pela exposição crônica e excessiva ao sol. “Elas são popularmente chamadas assim (manchas senis) porque costumam aparecer em pessoas com idade mais avançada. Trata-se de manchas de cor castanho-claro a escuro, arredondadas ou ovaladas, que ocorrem predominantemente em áreas expostas como a face, mãos, antebraço, colo e pernas de pessoas principalmente de pele clara e, em geral, após os 40 anos de idade”, diz a especialista.

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foto: divulgação

As manchas senis ocorrem em áreas expostas do corpo, como face, mãos, antebraço, colo e pernas, em geral após os 40 anos

Essas manchas ocorrem em virtude do aumento do número e da atividade dos melanócitos, células responsáveis pela produção de melanina – o pigmento que dá cor à pele, causada pela radiação ultravioleta. Quanto mais clara a pele e quanto mais sol a pessoa toma durante a vida, sem a proteção adequada de filtros solares, mais melanoses actínicas irão surgir no decorrer dos anos, podendo ser observadas em quase 90% das pessoas caucasianas com idade acima dos 60 anos. P ara o dermatologista carioca Alexandre de Almeida Filippo, existem dois tipos de envelhecimento da pele: o intrínseco – cronoenvelhecimento –, que é a degeneração natural; e o extrínseco, provocado pela exposição ao sol. “O cronoenvelhecimento tem início a partir dos 25 anos. É caracterizado pela perda do colágeno e da elastina, proteínas

que dão firmeza e elasticidade à pele, redução do tecido gorduroso e diminuição hídrica”, diz ele. “Esses fatores causam o ressecamento bem como a diminuição da estrutura óssea, normal com o avançar da idade”, acrescenta. Já a professora Solange Teixeira explica que as manchas senis não são câncer de pele. Porém, a sua presença é o resultado de extensa exposição ao sol e, portanto, podem estar associadas a outros danos causados pelo sol como queratoses actínicas (lesões pré-cancerosas) e câncer de pele. Mas, o primeiro passo é a prevenção. É indispensável o uso de protetor solar diariamente. A maioria deles perde o efeito após quatro horas e deve ser reaplicado no decorrer do dia. É importante escolher bem o filtro, procurar os que sejam tanto contra o UVB como contra o UVA, que penetram mais profundamente na pele e estão mais relacionados à prevenção ao fotoenvelhecimento e manchas. E também é sempre aconselhável procurar um dermatologista no primeiro aparecimento de manchas. Ele poderá fazer o diagnóstico correto, indicar o melhor tratamento e até detectar precocemente a presença de lesões pré-cancerosas.

Tratamentos

Para as lesões instaladas existem vários tipos de tratamentos disponíveis, que vão desde cremes para aplicação local, com clareadores e ácido; peelings químicos; até a aplicação de nitrogênio líquido, de laser e luz intensa pulsada, conhecidos como o “padrão-ouro” de tratamento. O peeling químico consiste na aplicação de uma substância cáustica – geralmente um ácido – sobre a lesão ou área afetada. O tratamento causa leve ardência e a área pode ficar esbranquiçada por alguns minutos. Depois ocorre um eritema (vermelhidão) e nos dias seguintes a área tratada torna-se escura e descama-se, eliminando a lesão.


Já a crioterapia é um procedimento que provoca o congelamento das manchas a temperaturas muito abaixo de zero, levando à sua destruição por meio da morte das células do local tratado. A aplicação é feita utilizando-se spray que produz um jato muito fino de nitrogênio, aplicado diretamente sobre a lesão – ou mediante o uso de ponteiras ou palitos embebidos no nitrogênio líquido que são encostados na pele a ser tratada. Após a aplicação há uma vermelhidão e um

edema (inchaço) localizado e, dependendo do tempo do congelamento, podem surgir bolhas. As lesões vão escurecer formando crostas que descamam em uma a duas semanas. Existem vários tipos de aparelhos a laser e luz intensa pulsada para tratar as melanoses actínicas. Eles atuam seletivamente nas manchas, ou seja, a energia a laser é absorvida pela melanina ou no pigmento escuro, levando a resultados estéticos muito bons e com

dano restrito à área comprometida. Logo após a sessão, as manchas escurecem, como se tivessem sido queimadas. Ocorre a formação de uma crosta no local da aplicação, que se desprende da pele em cinco a dez dias. Esses tratamentos proporcionam ótimos resultados, quando realizados de forma profissional e sob a responsabilidade de um médico; caso contrário, podem deixar manchas brancas, escuras ou cicatrizes. P

Educação continuada

Preparação para o parto foto: dreamstime.com

Abramge oferece curso a distância para profissionais de saúde

A

Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o índice anual de apenas 15% para os partos cesarianos do total de partos realizados em um país. No entanto, segundo o Ministério da Saúde, a média desse procedimento médico no Brasil é quase três vezes maior: 43%. E pior, em várias instituições do setor privado, esse percentual pode chegar a mais de 80% – e tal opção ainda causa sérias conse­q üências para o recém-nascido e para a mãe.

Para diminuir o índice de cesáreas desnecessárias e incentivar o parto normal, a Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge), em parceria com a Universidade de Campinas (Unicamp), abre inscrições para o curso “Preparação Psicológica e Física para a Gestação, Parto, Puerpério, Aleitamento & Atenção ao Parto de Baixo Risco”. Coordenado pelo professor Dr. Hugo Sabatino, da Unicamp, o curso é ministrado pela Internet.

Podem participar do curso pela web desde médicos, parteiras e fisioterapeutas, até psicólogos, terapeutas ocupacionais, nutricionistas e outros profissionais da área de saúde. A iniciativa conjunta Abramge/Unicamp faz parte da campanha Parto É Normal, lançada no início do ano pela Abramge, que prevê eventos regionais durante todo o ano em road show nas principais metrópoles do país – já foram realizados lançamentos do Parto É Normal em várias cidades das regiões Nordeste, Sudeste e Sul do Brasil. Essa campanha de cunho educativo é desenvolvida em três linhas de atuação: educação em saúde – para gestantes e o público em geral, com distribuição de folhetos explicativos sobre as vantagens do parto natural nas unidades de atendimento das operadoras de saúde; gestão – dirigida às operadoras de medicina de grupo, com informação, capacitação e até estabelecimento de performances para a redução das cesarianas em hospitais próprios da rede associada; e educação continuada – destinada aos profissionais de saúde, com a promoção de eventos de atualização e capacitação como esse novo curso a distância ministrado pela Internet. Os interessados no curso pela web podem entrar em contato com a Abramge pelo telefone (11) 3289-7511 ou pelo e-mail eventos@abramge. com.br (com Nalva). P

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Trabalho

O início e o sucesso profissional foto: dreamstime.com

Programas de estágio e de trainee têm diferenças, mas o mesmo objetivo

O

Liliane Simeão

mercado de trabalho está cada vez mais competitivo. Ano após ano, os cursos técnicos e superiores despejam no mercado milhares de jovens ansiosos por darem início à carreira profissional na área em que concluíram o terceiro grau. Certamente, terão mais chance de sucesso aqueles que passaram pelo período de estágio. Mais ainda, os privilegiados participantes dos programas de trainee. Ambos os casos se configuram como boas oportunidades de início de carreira. Mas essa talvez seja a única semelhança entre eles. Na prática e, principalmente, na legislação, os programas de estágio e de trainee apresentam diferenças fundamentais. Os estagiários estão amparados por legislação específica, a Lei no 6.494/77, com as modificações realizadas pela Medida Provisória no 2.164-41, de 24 de agosto de 2001. “Não há vínculo empregatício. Além disso, o estagiário deve obrigatoriamente estar matriculado e freqüentar curso de educação profissional de nível médio ou superior ou, ainda, educação especial. E, principalmente, o estudante deve atuar em sua área de estudo”, explica Eduardo de Oliveira, superintendente

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operacional do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE). “O estágio tem a função principal de possibilitar que o aluno coloque em prática tudo o que aprendeu na sala de aula”, afirma. Apesar de a legislação não exigir remuneração, o CIEE recomenda que se pague bolsa-auxílio mensal ao estagiário. “Grande parte estuda em instituições particulares e necessita de recursos para garantir a continuidade dos estudos”, diz Oliveira. Segundo ele, a maioria das empresas oferece a bolsa-auxílio e algum tipo de benefício, como vale-refeição e valetransporte. Sobre a bolsa-auxílio não incidem contribuições para o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) nem há recolhimento para o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). “Sugerimos que os estágios não ultrapassem um tempo maior que dois anos, período suficiente para que o estagiário complete o conhecimento necessário para desempenhar as funções de empregado”, opina. Para garantir que o estágio transcorra de maneira adequada e sem explorações por parte das empresas, o CIEE atua como mediador. É a organização que indica os estudantes às

empresas, como aval das instituições de ensino, além de se responsabilizar pela redação do contrato de estágio e por um seguro de vida oferecido ao estudante. “Hoje, temos cerca de 65% de efetivação”, conta. Um dos motivos para que o número não seja maior está nos programas de estágio desenvolvidos em órgãos públicos, nos quais não há possibilidade de efetivação (as contratações se dão por meio de concurso público). A contratação do estagiário como funcionário é facultativa. Já os programas de trainee não dispõem de legislação específica, nem seguem padrões muito rígidos. As regras são criadas pelas próprias empresas. E, exatamente por não terem regras próprias, os programas de trainee devem seguir a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), ou seja, os trainees são funcionários com carteira assinada, com direito a 13o salário, férias remuneradas, FGTS e demais contribuições. “Participam desses programas jovens com até dois anos de conclusão do curso de graduação. Normalmente, os trai­nees passam por diferentes áreas para garantir conhecimento generalista e experiência ampla. Ao final do programa, são promovidos, no mínimo, para o cargo de coordenação”, explica Oliveira. Segundo ele, o CIEE possui banco de dados importante de recémformados e atua no recrutamento e na seleção destes profissionais para os programas desenvolvidos pelas empresas. Independentemente das regras, uma coisa é certa: tantos os programas de estágio como os de trainee são fundamentais para o desenvolvimento de uma carreira de sucesso. Essa é a opinião do consultor Gilberto Guimarães, diretor da BPI, empresa especializada em reestruturação de empresas e gestão de carreira. Segundo ele, o modelo brasileiro de educação apresenta falhas já que se concentra na


fotos: divulgação

teoria muitas vezes desvinculada da realidade empresarial. “O estágio é a última fase do aprendizado. É um degrau fundamental, uma vez que oferece o que a escola não propicia”, observa. O consultor baseia-se em sua própria história para justificar seus conceitos. “Cursei engenharia e tive a oportunidade de atuar como assistente de um engenheiro em uma

empresa siderúrgica. Apesar de eu sentir um grande orgulho de estar lá, essa experiência foi fundamental para que eu percebesse que aquela não era minha real vocação. O estágio também tem este papel. Ele mostra ao futuro profissional se está na profissão correta”, diz. Os programas de trainee também são apontados por Guimarães como primordiais para o desenvolvimento.

A possibilidade de realizar o job rotation é o grande diferencial. “Com essa experiência, certamente, o profissional saberá identificar o que ele faz com prazer e o que ele definitivamente não quer para sua carreira. Tanto os programas de trainee como os de estágio apresentam o feedback imediato, que é muito eficiente principalmente neste momento profissional”, completa. P lisimeao@uol.com.br

Do estágio à diretoria

Prêmio Melhores Empresas

A s lembranças da época de estágio ainda são muito vivas na mente de Sara Isabel Behmer, ex-diretora de Recursos Humanos da Avon Cosméticos. No quarto ano da faculdade de psicologia, Sara iniciou seu estágio na área de recrutamento e seleção em uma indústria química. Dedicada, atuou com afinco durante os dois anos do programa. E o resultado não poderia ser melhor. Recém-formada, foi contratada como coordenadora de RH para substituir sua própria chefe, que estava de mudança para outra companhia. “Pulei várias etapas, porque me dedicava muito. Toda situação difícil que eu vivia na empresa levava para a aula e discutia com meus professores. Com isso, conseguia encontrar soluções mais modernas e competentes, o que me ajudou a conquistar a confiança da empresa”, relembra. De lá, Sara foi para empresas do setor têxtil e eletroeletrônico até chegar a Avon, em 1990, quando assumiu como diretora de RH. Ela deixou a empresa em março deste ano para atuar como consultora e também se dedicar à academia. “O estágio é importante porque se apresenta como uma fase de testes. É o único momento da carreira em que é permitido errar. Isso ajuda muito no amadurecimento do profissional. Durante meu estágio, consegui montar um processo de seleção muito profissional, voltado para o perfil da empresa. E isso ocorreu numa época em que tudo era muito empírico”, completa.

Com 43 anos de fundação, o Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) não cuida apenas das relações de estágio entre instituições de ensino e estudantes. O CIEE dispõe de programas de cunho social (Programa de Desenvolvimento Estudantil), que preparam jovens para o mercado de trabalho por meio de cursos gratuitos de idiomas, informática e oficinas de capacitação, além de oferecer alfabetização para adultos e promover seminários, palestras e debates sobre a realidade social e educacional brasileira. Há três anos, a instituição ampliou ainda mais sua atuação, criando o prêmio Melhores Empresas para Estagiar. O objetivo da iniciativa é avaliar o ambiente empresarial dos programas de estágio e dos estagiários e reconhecer aquelas que se destacam. Este ano, segundo Celina Sobral Acioli da Silva, supervisora da Qualidade do Estágio do CIEE, o prêmio apresenta algumas evoluções com relação ao ano passado. As empresas que desejarem participar devem ter no mínimo 15 estagiários em seu quadro funcional. “O prêmio anterior exigia um mínimo de 10 vagas. Subimos para atingir programas mais bem estruturados”, explica. Para conceder o prêmio, o CIEE conta com a parceria do Ibope Inteligência e da Associação Brasileira de Recursos Humanos – Seccional São Paulo (ABRH-SP). A avaliação é realizada por meio de questionários respondidos pelos próprios estagiários. As empresas mais bem avaliadas são visitadas pelo CIEE para verificação da veracidade das informações. “Uma grande vantagem de participar do prêmio é que, ao final do processo, todas as empresas recebem uma avaliação do seu próprio programa e das empresas vencedoras para que possam fazer um diagnóstico a respeito do momento em que estão e do que é necessário melhorar. As informações são enviadas de maneira sigilosa, sem identificar as empresas”, explica. O resultado da edição deste ano será divulgado em 28 de novembro. As 50 melhores empresas são reconhecidas.

para

Estagiar

Acompanhe alguns números do CIEE: • 300 mil estudantes dos ensinos médio, técnico e superior em estágio no Brasil; cerca de 7 milhões de estudantes encaminhados para estágio em 220 mil empresas e órgãos públicos, desde sua fundação; 20 mil instituições de ensino conveniadas; 2.050 cursos cadastrados, sendo 70% do nível superior e 30% de educação profissional; 1,2 milhão de jovens cadastrados em seu banco de dados; mais de 3 mil estudantes com deficiência encaminhados para estágio; 35 mil recémformados cadastrados (renovados a cada dois anos) para programas de trainee. Fonte: Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE)

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Crônica

Vale a pena ser longevo? Há algum tempo não pago para assistir aos concertos, nas manhãs de domingo

A

inda não descobr i se v iver depois dos 70 é um privilégio. Acumular informações pode ser uma vantagem, já que o cérebro não consegue apagar fatos pretéritos. Pode ser que a experiência dê aos idosos maior capacidade de discernir certas coisas, mas até que ponto isso tem importância? Com o Estatuto do Idoso algumas vantagens foram ampliadas. O idoso pobre viaja de graça pelo Brasil, se quiser fazê-lo de ônibus e provar sua miserabilidade. Pode utilizar transporte coletivo, furar filas nos bancos, freqüentar teatros públicos com desconto ou, às vezes, de graça e até alguns supermercados fazem-lhe mesuras, dando-lhes vaga especial

no estacionamento e oferecendo cafezinho. A Justiça promete acelerar a resolução de eventuais demandas, dando prioridade aos maiores de 60 anos. Os bancos acenam com outras vantagens, como empréstimos com desconto em folha e mensalidades a perder de vista. Os ingênuos que entram nessa fria pagam mensalidades menores, a perder de vista, mas com juros idem. Alguns idosos abusam dos direitos que lhes concedem. Há poucos dias testemunhei cena desagradável em que um velhinho serelepe exigia que determinado cidadão lhe cedesse o lugar no ônibus, alegando seus privilégios legais. O cidadão recusou-se a sair e a explicar por que não saía do lugar. O serelepe passou a exigir providências do motorista e a discursar em voz alta sobre os direitos dos idosos. Não encontrando apoio de ninguém, desceu duas quadras depois, ameaçando chamar a polícia para fazer valer os seus direitos.

Flávio Tiné Após sua saída, o agredido explicou-se aos demais passageiros. Embora não aparentasse, era também um idoso, com mais de 60 anos e dificuldade de locomoção, por causa de artrose na coluna. Não quis discutir, preferindo ouvir em silêncio o discurso do indignado passageiro. Esses momentos, às vezes, são mais divertidos do que dramáticos. Situação diversa é encontrada nos espetáculos ao ar livre proporcionados ora pela prefeitura de São Paulo, ora pelo Estado. Em geral, os idosos são acomodados nas cadeiras mais próximas do palco. No Teatro Municipal de São Paulo, os idosos são gentilmente convidados a retirar-se da fila da bilheteria e recebem convites para lugares nobres. Há algum tempo não pago para assistir aos concertos, nas manhãs de domingo, nesse teatro que freqüento há 52 anos. Suponho que isso seja um privilégio, não tão grande quanto o de ouvir os grandes mestres em espetáculos memoráveis. Lamento apenas quando alguém se recusa a me acompanhar, argumentando que isso é programa de velho. Não deixa de ser, pois parte do público é atraído pela curiosidade em torno da beleza arquitetônica da casa. Para alguns, música clássica é coisa para dormir. Talvez a maior alegria da longevidade seja o contato com os netos, quando se tem algum. Melhor não têlos, diria o poeta, referindo-se a filhos, que dão muito trabalho. No caso dos netos é só alegria. Eles representam a certeza de que valeu a pena viver tanto, só para ter um neto pra chamar de seu. P Flávio Tiné, 71, foi assessor de imprensa do HCFMUSP durante 21 anos

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Espaço Livre Cecy Sant’Anna ilustrações: Moriconi

Nova arma contra o câncer Pesquisadores americanos descobriram uma proteína – Brd4, que reduz a malignidade de tumores na mama. Foram realizados testes em cobaias e meios de cultura de células cancerosas. Os tumores não desapareceram, mas cresceram apenas um décimo do normal. A aplicação clínica ainda vai levar algum tempo. Raiva demais atrapalha a vida Segundo estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Ohio e publicado na revista Brain Behavior and Immunity, os pacientes que controlam a raiva se recuperam mais rapidamente de cirurgias. O estresse provocado pela raiva pode interferir de forma negativa no restabelecimento do organismo. Níveis elevados de cortisol, hormônio associado ao estresse que provoca infecções, retardam a cura. Preste atenção nas unhas - Observar bem as unhas pode ser o primeiro passo para o diagnóstico de uma doença mais séria. As unhas com ondulações merecem uma atenção maior. Segundo artigo de Robert Baran, criador do primeiro centro de diagnóstico e tratamento das doenças das unhas, publicado na revista Scientific American Brasil, as unhas convexas e sem brilho são típicas de portadores de doenças cardíacas ou pulmonares crônicas. E as unhas côncavas, especialmente em crianças, podem indicar déficit de ferro crônico. Relaxar na banheira - Pesquisadores de um estudo com 1.063 gestantes do Programa Kaiser de Cuidados Médicos Permanentes, na Califórnia, EUA, descobriram que usar banheiras dobra o risco de aborto. “As pessoas tendem a ficar imersas tempo demais”, explica Jon Barrett, chefe de Medicina MaternoFetal do Centro de Ciências da Saúde Sunnybrook, em Toronto, Canadá.

O descanso do cérebro - Cientistas noruegueses descobriram que, ao realizar tarefas monótonas e repetitivas, o cérebro entra em “modo de descanso”. Monitorando funções cerebrais, conseguiram prever quando alguém estava perto de cometer um erro. O estudo pode ajudar a criar um sistema que avise quando é preciso ter mais cuidado e atenção. Unha-de-gato contra o Alzheimer - Erva usada contra inflamações, pode ser eficiente no tratamento do mal de Alzheimer, uma das mais graves doenças degenerativas do cérebro. Cientistas da Universidade de Washington, nos EUA, deram um composto de unha-de-gato a camundongos e observaram que ela interferiu na formação de placas malignas de proteína que são encontradas em pacientes com Alzheimer. Sabonete áspero pode causar eczema - Nina Goad, da Associação Britânica de Dermatologia, pesquisadora do Hospital Pediátrico Great Osmond ­Street, em Londres, desaconselha o uso de sabonetes ásperos em crianças, pois eles eliminam a oleosidade natural da pele, o que as deixa vulneráveis às irritações e infecções. O ideal para quem tem eczema ou outros problemas relacionados à pele seca é usar creme hidratante. Cientistas alteram proteína da memória - Cientistas da Universidade de Buenos Aires, na Argentina, conseguiram manipular uma proteína que interfere na memória para eliminar as lembranças quando são invocadas. A descoberta é útil para tratar fobias e estresse pós-traumático. Por meio de experimentos com ratos, os especialistas em farmacologia e bioquímica demonstraram que a capacidade de lembrar pode ser alterada caso sejam injetadas substâncias que anulam a proteína da memória. Teclado do computador Segundo uma pesquisa da revista britânica Computing Which, muitos teclados de computador podem abrigar mais bactérias que assentos sanitários. Foram analisados 30 teclados da redação da própria revista e descobertas bactérias capazes de causar desde diarréia até intoxicação alimentar. Examinada a tampa de um vaso sanitário do escritório, descobriram que estava mais limpa que muitos teclados.

Sofá engorda - Ficar sentado no sofá desativa os queimadores de gordura, afirmam cientistas da Universidade do Missouri, nos EUA. Depois de examinar o tecido muscular de pessoas ativas e sedentárias, concluíram que o ato de ficar sentado desliga uma enzima que evita o acúmulo de gordura. Esta enzima é encontrada nos músculos que mantêm a pessoa de pé. Quando se senta, a enzima não funciona. Então, a ordem é correr e caminhar. Doenças ligadas à obesidade - De acordo com pesquisas publicadas pelo Ministério da Saúde, as doenças ligadas à obesidade já são responsáveis por um terço das mortes no Brasil. E mais: cerca de 60% dos adultos obesos foram crianças obesas. A obesidade na infância é considerada o mais importante fator de risco para doenças cardiovasculares na vida adulta. Adultos precisam se tornar mais ativos. Uma hora ou mais por semana de atividade física moderada e intensa, como correr, pode reduzir o risco de doença cardíaca. Piscar sem parar - O ato de piscar sem parar, blefaroespasmo, é uma distonia facial em que se perde o controle sobre o movimento das pálpebras. Costuma ocorrer depois dos 50 anos. A origem pode estar em doenças como a esclerose múltipla e também em decorrência da exposição à luz – mesmo de computador –, fadiga e tensão emocional, explica o oftalmologista Renato Neves, da Clínica Eye Care Oftalmologia, em São Paulo. Se não tratado, o problema pode se intensificar a ponto de levar à perda da visão funcional. Atenção total - Estudo realizado no Instituto Politécnico de Oxford, no Reino Unido, concluiu que a pimenta vermelha eleva a temperatura do corpo e faz o metabolismo aumentar sua atividade em 20%, além de ajudar a digestão e retirar gordura das artérias.

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Crônica

Passe livre A profissional do sexo afirmou que poderia atendê-lo na quarta-feira

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pequeno envelope azul chegou às suas mãos por intermédio de um motoboy. Seu nome na etiqueta não deixava dúvida de que era para ele mesmo: Deoclécio Fernandes. Dentro um cartão com o nome do famoso Motel Internacional e um texto: “Vale por período de 4 horas em suíte de luxo, de segunda a quinta. A consumação de bebidas e alimentação não está incluída no benefício de gratuidade”. Estranhou o presente. Aos 75 anos de idade, viúvo, aposentado, sem namorada e sem nenhum poder na administração pública, não viu razão alguma para ser presenteado com o inusitado passe livre. Chamou-lhe a atenção o número 1848, indicando a quantidade de pessoas igualmente favorecidas. Telefonou para o motel em busca de informações sobre quem poderia ser o remetente do cartão. A recepcionista afirmou-lhe que “estaria verificando” o solicitado. Aguardou uns dez minutos até obter a resposta: – Este cartão é enviado a pessoas vips, como o senhor. Nosso gerente somente acata a determinação dos proprietários do estabelecimento. Pelo número do seu cartão, pude verificar que o remetente é o Sr. Eustáquio Silveira, um dos sócios. O senhor o conhece? Sim, respondeu, agradecendo à informação. Eustáquio fora seu colega de ginásio e de farras no interior de Minas Gerais. Não o via há anos e nem sabia que ele vivia por aqui. Não procurou o amigo e guardou o cartão no fundo de uma gaveta. O frio chegando, a saudade da esposa apertando, lá se foi Deoclécio em busca de uma companhia para compartilhar o brinde. Telefonou

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para sua enfermeira, Inês. Marcou hora para tomada de pressão e aplicação de vacina contra a gripe. Inês chegou no horário. Ele, sentado, de roupão, submeteu-se aos serviços da enfermeira e engatou o papo. – Inês, você é minha amiga há anos e quero lhe fazer um convite. Sei que você é viúva, como eu, e também deve sofrer de solidão. Recebi um cartão para uso gratuito do melhor motel da cidade e gostaria da sua companhia. Você aceita? Inês, surpresa, reagiu com indiferença: – Seu Deoclécio, eu nunca fui a um motel quando era

jovem. O senhor acha que serei uma boa parceira? Estou velha, cansada e não tenho nenhum interesse sexual; e, mesmo que tivesse, iria procurar um homem jovem para satisfazer meus desejos. Por que o senhor não procura uma jovem? Pegou o jornal e passou os olhos nos classificados. “Julieta, morena fogosa. Atendo a domicílio e hotéis”. Telefonou para o número indicado. Do outro lado da linha uma voz rouca atendeu: – Julieta, em que posso servi-lo? Ficou desconfiado com o tom de voz. Desligou sem falar nada. Percorreu outros anúncios e escolheu um de Valeska: “Senhora, com aparência jovial e muita experiência. Atendo somente na parte da tarde de

Paulo Castelo Branco segunda a quinta-feira”. Telefonou. A profissional do sexo afirmou que poderia atendê-lo na quarta-feira. Pegou a senhora às duas da tarde no Eixo Norte. No caminho, conversaram banalidades. Na portaria do motel mostrou o cartão preferencial. Foi atendido prontamente. Recebeu as chaves da suíte 10, voltada para o Lago, disse o porteiro. No apartamento, a senhora retirou a roupa com rapidez de batedor de carteira. Ficou estático, sem nenhuma reação erótica, vendo aquele corpo maltratado pela vida. Desistiu do programa. Na volta, não conversaram nem coisas banais. Durante dias ficou olhando o cartão sobre a mesa de cabeceira. Pensou em devolver ao amigo. Ficou com vergonha de ter que contar que não tem mais condições ou interesse em sexo. Meditou e decidiu não prescindir de um lugar tão agradável quanto a suíte do motel. Às quartas-feiras, passa no supermercado, compra seis latas de cerveja, batata frita e amendoim torrado. Coloca as cervejas numa caixa de isopor, pega o calção de banho e segue para a suíte 10. Lá, depois de mergulhar na piscina e usar a sauna, deita-se enrolado na toalha felpuda sobre a cama redonda e assiste à sessão da tarde na televisão de plasma. Na saída, deixa 10 reais de gratificação ao porteiro que anda desconfiado de não ver mulher dentro do carro. Imagina que o cliente vip esconde, no banco de trás, alguma senhora de conduta ilibada que não pode ser reconhecida. P O autor é escritor. www.paulocastelobranco.adv. br, paulo@paulocastelobranco.adv.br


Profissionais de destaque Dr. Alexandre Simon

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Ortopedista e traumatologista

fotos: Caroline Morelli/Agência Bossa

bom humor e a simpatia do médico Alexandre Simon contagiam usuários e colegas do Centro Clínico Gaúcho (CCG) há nove anos. O ortopedista e traumatologista é formado pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e atua nas unidades Zona Norte, em Porto Alegre (Av. do Forte, 171) e Canoas (Av. Boqueirão, 33). Natural de Santa Cruz do Sul, veio para a Capital gaúcha para a residência e, cerca de quatro meses depois, conquistou sua oportunidade no CCG. Modesto ao exibir o reconhecimento de destaque na empresa, dá a dica para os colegas desenvolverem um bom trabalho: “O imprescindível é ter seriedade e ser honesto” – virtudes que devem estar presentes em todos os níveis de relacionamento, quer seja

com pacientes ou colaboradores. Ao defender a “seriedade”, ressalta gostar muito de brincadeiras, o que não impede o bom exercício da profissão. Para alcançar o sucesso profissional, basta gostar do que se faz. “Nunca tive outra opção de trabalho ou estudo em mente. Meu tio é médico e isso pode ter me influenciado um pouco”, supõe. Com 38 anos, tem um filho – Bernardo, de dois anos –, que garante lhe dar trabalho, mas também muito prazer. Nas horas em que não está no consultório passa bons momentos com a família e assiste a alguns filmes em casa. Por destinar várias horas do dia aos pacientes, prefere a intimidade do lar para lazer e, claro, para descanso. “Sou muito caseiro”, define. P

Alegria em atender pessoas Berenice dos Santos Paulette

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auxiliar-administrativo Berenice dos Santos Paulette, do Departamento de Relacionamento com o Cliente do Centro Clínico Gaúcho diz que a frase “É na experiência da vida que o homem evolui”, de autoria de Harvey Spencer Lewis, rege suas escolhas e atitudes. Colaboradora da empresa desde 1999, conta que cresceu dentro da empresa. “Já fui auxiliar de arquivo, fiquei na recepção e agora encontro soluções para os problemas dos usuá­r ios e das empresas”, relata. Simpática, sabe que ajudar os outros faz bem. “Gosto daqui, de procurar, e achar, alternativas para amenizar dificuldades das pessoas. Ao nosso setor cabe, essencialmente, satisfazer o cliente, ter qualidade no atendimento, além de mantermos um bom relacionamento entre os membros da equipe.”

Auxiliar-administrativo

Junto com os colegas e amparada pelo Centro Clínico Gaúcho, atualiza-se em cursos e eventos. Ac redita na aprendizagem que acontece com as relações de trabalho e amizade. Muito ocupada durante sua jornada, ela evita se envolver, emocionalmente, com todos os problemas que, diariamente, precisa resolver. “Assim me sinto melhor”, define. Berenice mora em Cachoeirinha, na região metropolitana, e nasceu em Porto Alegre. Cursou disciplinas da graduação de Serviço Social, suspendeu as aulas por um período, e agora retoma os estudos. Nas horas de folga gosta de dançar com os amigos e assistir a bons filmes. Para ela, a leitura é uma atividade agradável e arrisca indicar uma das bibliografias que a emocionou: P “Uma mente brilhante”.

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Novidades Centro Clínico Gaúcho

Incentivo à prática de esportes

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Centro Clínico Gaúcho patrocina o triatleta gaúcho Thiago Menuci, de 26 anos, que participou do Ironman Brasil, em maio, em Florianópolis. O Ironman Brasil é uma prova de triatlon de longa distância, em que o participante nada 3,8 quilômetros, pedala outros 80 e corre mais 42. Conquistou o terceiro lugar na categoria entre 25 e 29 anos e o 19o lugar no resultado geral, entre os 1.250 inscritos. A prova durou mais de nove horas. O apoio valeu a pena: ele está classificado para disputar o mundial de Ironman, no dia 20 de outubro, no Havaí. “Foi de grande importância para mim e para o triatlon, pois temos a oportunidade de divulgar o esporte. A confiança da qual fui depositário contribuiu para chegar a este resultado e me dá a oportunidade de competir em provas de alto nível”, coloca. Em agosto, o gaúcho participa do Reebok Long Distance, no Rio de Janeiro e, em dezembro, disputa uma prova em Punta Del Este, no Uruguai. P

O

Estudantes recebem apoio

s pós-graduandos do curso de Treinamento de Força e Musculação, Luciano Ribeiro e Rodrigo Dall’Aqua, receberam apoio do Centro Clínico Gaúcho para realizar trabalho que foi apresentado durante o IV Simpósio de Cardiologia em Educação Física, de 12 a 14 de junho, em Gramado. Vinte e dois voluntários participaram de testes de esforço ergométrico para traçar a “Análise e comparação das respostas cardiovasculares em usuários e não-usuários de esteróides anabólico-androgênicos (EAA)”. “O auxílio recebido foi o fator principal para desenvolver o estudo, pois todos os testes foram realizados na empresa”, explica Dall’Aqua. P

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O triatleta gaúcho Thiago Menuci vai disputar o mundial de Ironman em 20 de outubro, no Havaí, com patrocínio do Centro Clínico Gaúcho.

Palestras sobre

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contracepção

nformações sobre laquea­ dura e vasectomia foram apresentadas nas palestras g r at u it as promov idas p elo programa Saúde em Dia, do Centro Clínico Gaúcho, durante o mês de julho. Os usuários participaram dos eventos nas unidades de São Leopoldo, Porto Alegre, Cachoeirinha e Canoas. P


Novidades Centro Clínico Gaúcho

Centro Clínico Gaúcho obteve do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção do Pólo Petroquímico (Sindiconstrupolo) o apontamento como operadora de referência no fornecimento de planos de saúde. O sindicato realizou um levantamento de mercado com o objetivo de dar suporte às empresas do Pólo Petroquímico de Triunfo na escolha de fornecedores. "As empresas estão à vontade para contratar outras operadoras, mas estamos apontando os serviços do Centro Clínico Gaúcho como referência de excelência em benefícios médicos e odontológicos” esclarece Valdemir Estran, presidente do Sindiconstrupolo. O Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção do Pólo Petroquímico foi fundado em 1989, representando atualmente mais de três mil trabalhadores, que atuam em 24 empresas. Há dois anos o benefício era reivindicado. “Negociamos questões de ordem salarial e cláusulas sociais.

foto: Inês Arigoni/Agência Bossa

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Operadora de referência

Buscávamos uma operadora que apresentasse uma rede de hospitais reconhecidos, clínicas que possam atender a qualquer momento e estejam próximas da moradia dos trabalhadores, que ofereça um plano sem carência, nem limite de consultas e que o custo seja acessível para as empresas que irão conceder o benefício”, esclarece. P

Apoio ao Senac Saúde

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Centro Clínico Gaúcho apóia o programa Senac Saúde, que no dia 29 de setembro apresenta o congresso “Qualidade de Vida e Promoção da Saúde”. O evento acontece na AMRIGS (Av. Ipiranga, 5311, em Porto Alegre) e pretende reunir médicos, enfermeiros, empresários e especialistas nas áreas da estética, farmacologia, massagem, nutrição, óptica, podologia e segurança de trabalho. Painéis, oficinas e palestras irão ocorrer durante o congresso. Entre os convidados para os debates estão o médico e autor Moa­c yr Scliar, o cirurgião cardiovascular Fernando Lucchese e o médico cancerologista Drauzio Varella, articulista do jornal Folha de S. Paulo, da revista Carta Capital, autor do livro Estação Carandiru e conhecido por desenvolver trabalhos de divulgação de temas médicos na rede Globo, Canal Universitário e na Rádio Bandeirantes AM.

Inscrições e informações:

www.senacrs.com.br/senacsaude ou (51) 3341-0444

P

Valdemir Estran, presidente do Sindiconstrupolo, que congrega trabalhadores das empresas do Pólo Petroquímico de Triunfo, comemora o plano de saúde ter sido conquistado no acordo coletivo 2008.

Fale com a redação da Revista Humana

revistahumana@centroclinicogaucho.com.br Coordenação: Tatiana Moojen Canevese (Departamento de Marketing) Reportagem e edição: Influence (Porto Alegre/RS) www.influence.com.br Jornalista responsável: Maria Inês Möllmann Registro profissional MTb/RS 8472 Reportagem: Cristina Cinara Arte: Morganti Publicidade (São Paulo/SP) Capa: TH Comunicação (Porto Alegre/RS) Tiragem: 6 mil exemplares Distribuição: Gratuita para empresas-cliente, serviços de saúde que integram a rede de assistência do Centro Clínico Gaúcho, autoridades da área da saúde, jornalistas e formadores de opinião

A revista Humana é uma parceria entre o Centro Clínico Gaúcho e a Abramge nacional

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Por dentro da rede

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Especialização em saúde visual

foto: Caroline Morelli/Agência Bossa

s Clínicas de Olhos Cachoeirinha e Canoas têm como missão de negócios satisfazer seus pacientes. Por meio de uma parceria com o Centro Clínico Gaúcho que dura mais de seis anos, a clínica de Cachoeirinha, unidade criada em 2002, atende aproximadamente 600 pacientes por mês em consultas oftalmológicas, exames complementares e procedimentos cirúrgicos. Canoas, fundada no ano passado, recebe todos os meses cerca de 850 pacientes. Sob a super visão do diretormédico e oftalmologista Roberto Gabriel – formado pela Universidade Federal do Rio Grande e com especialização em oftalmologia no Hospital da Lagoa (Rio de Janeiro) –, uma equipe de oito profissionais, ent re eles cinco médicos especialistas, realizam atendimentos e cirurgias de catarata com anestesia tópica (realizada com o uso de um colírio) e pequena incisão, glaucoma, cirurgias com laser para correção de miopia, hipermetropia e astig-

matismo, além de procedimentos em vias lacrimais, plásticas oculares (ênfase em plásticas nas pálpebras), tumores palpebrais e cirurgia de pterígio (também conhecido como catarata externa). As cirurgias são realizadas em hospitais conveniados pelas clínicas. O diretor-médico explica que as clínicas foram fundadas visando, principalmente, aos atendimentos em parceria com o CCG. “Desde que iniciamos o trabalho, temos como preocupação atender todo e qualquer paciente de forma exclusiva e personalizada”, afirma. Gabriel ressalta que o diferencial do trabalho desenvolvido pela equipe está na especialização em diferentes áreas da oftalmologia, “oferecendo ao paciente a certeza do tratamento adequado ao seu problema”. Para garantir a qualidade, os profissionais recebem treinamento em congressos da Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO). Sobre a parceria, o oftalmologista destaca que o modo como o

relacionamento é conduzido entre as partes permite que o trabalho seja executado de forma profissional e eficaz. “Traz resultados positivos para os pacientes que se beneficiam diretamente de um atendimento de qualidade e eficiente”, enfatiza. De acordo com Gabriel, o perfil dos serviços prestados nas duas clínicas deve chegar a Porto Alegre com a implantação de uma unidade na capital gaúcha. Os atendimentos em Canoas e Cachoeirinha acontecem de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 11h30 e das 13h30 às 19h30, e nos sábados, das 8h30 às 11h30. P

Onde estão as unidades Clínica de Olhos Cachoeirinha Av. Flores da Cunha, 1320, sala 1003 Telefone: (51) 3439-3829 Clínica de Olhos Canoas Rua Fioravante Milanez, 68, salas 504 e 505 Telefone: (51) 3059-6613 O diretor-médico e oftalmologista Roberto Gabriel conta que as clínicas foram fundadas tendo como base a parceria com o Centro Clínico Gaúcho

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