Domínio FEI 15: Química Verde

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DO MÍNIO FEI Publicação do Centro Universitário da FEI - Ano IV - Nº15 - Abril a Junho de 2013

Química verde Líquidos iônicos permitem uma série de aplicações

O engenheiro eletricista Julio Semeghini é o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Regional de São Paulo

O Brasil enfrenta A educação é grandes desafios relacionados à infraestrutura

logística

um dos focos da Companhia de Jesus desde a fundação, no século 16


Editorial

O valor da marca

Rivana Basso Fabbri Marino Vice-reitora de Extensão e Atividades Comunitárias Centro Universitário da FEI

A credibilidade de uma marca é reflexo de uma série de fatores que, ao longo do tempo, fazem com que seja reconhecida pela qualidade e pelo compromisso com o que se propõe a realizar. Na área educacional, a marca de uma instituição de ensino se consolida quando consegue formar profissionais que constroem uma sólida carreira e se destacam no concorrido mercado de trabalho. Ao longo de seus 67 anos de história, a marca FEI – que começou com a Faculdade de Engenharia Industrial, em 1946 – tem consolidado seu prestígio graças à sua vocação para formar profissionais que atingem grande sucesso em suas carreiras. Nos últimos 12 anos foi estabelecido um novo posicionamento para a marca, quando a Instituição se transformou em Centro Universitário. Os cursos de Administração e Ciência da Computação passaram a agregar a marca FEI e a Instituição viveu um reposicionamento que aprofundou seu foco em pesquisa e extensão. No entanto, a FEI manteve seu objetivo primeiro de preparar profissionais com fortes características técnicas aliadas à formação cidadã, pois sabe que boa parte dos seus alunos se transformará em profissionais em posições decisivas no trabalho e que, consequentemente, interferirão na constituição da sociedade. A formação humanista/cidadã tem como essência preparar profissionais aptos a entender que têm responsabilidades pela formação das pessoas, por decisões que vão interferir no futuro das empresas, pelo emprego de muitos indivíduos, pela qualidade de vida dos seus colaboradores e, também, pelo desenvolvimento econômico e social da cidade, do Estado e do País em que estão inseridos. Nossa meta é formar profissionais aptos a desenvolver o avanço da ciência e da tecnologia, mas sem perder a preocupação com questões sociais. Queremos que nossos alunos se transformem em empreendedores, empresários, executivos e técnicos com a característica da inovação e a vontade de desafiar o conhecimento. Queremos preparar pessoas cientes de que o conhecimento precisa avançar, que não é estático, por isso, é preciso intensificar a busca pela inovação e pela formação tecnicamente mais profunda. Esta é a visão institucional atual que tem mudado, inclusive, o perfil do graduado no ensino superior, além de preparar os alunos de mestrado e doutorado. A formação científica, hoje, é parte da rotina da FEI e não é exclusiva a quem faz pós-graduação. Ao olharmos para o passado, percebemos que a FEI seguiu uma rota segura ao formar grandes executivos, mas queremos aprimorar essa história de sucesso para o futuro. Sabemos que qualquer marca só se mantém forte se passar por um processo contínuo de renovação, fundamentada na história, mas reconstruída a cada dia. É um trabalho árduo, que precisa do comprometimento de todos os envolvidos no dia a dia da Instituição. Todos têm a mesma missão de trabalhar para a formação integral desses jovens que terão a responsabilidade de colaborar para o crescimento do País, para o bem-estar das pessoas, para a qualidade de vida e para a sustentabilidade da sociedade.

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Espaço do Leitor

Revista Domínio FEI Publicação do Centro Universitário da FEI

expediente “Nesta edição número 14 da revista Domínio FEI bato palmas para a matéria da página 14, esse esforço de formar profissionais de visão integrada acerca do mundo, da sociedade e de si mesmos. Entendo que a informação é um dado das TIC, produto generoso da ciência moderna. A educação, porém, máxime a superior, está sendo chamada, cada vez mais, a formar para ‘o que fazer com a superfetação da informação’, com o objetivo de torná-la não apenas eficaz e eficiente, senão igualmente humana e útil ao desenvolvimento das pessoas e da sociedade. Estamos mexendo (e a FEI há muito sabe disso) com um tecido de Sociologia e Economia, Psicologia e Filosofia, as quais, por definição, não se contentam com receitas. Sou um admirador da obra universitária do Padre Sabóia e um leitor fiel da revista Domínio FEI. Com o permanente interesse e prazer de escutá-los.”

Antonio Gomes Pereira Especialista em educação Washington, DC, USA “Sou ex-aluno, formado em Mecânica Plena, 1985, e Mecânica de Produção, em 1986. Sempre é uma grande satisfação receber a revista Domínio FEI, principalmente quando vejo que meus antigos professores ainda estão na ativa. Nesta última edição, fiquei feliz em saber que o professor Álvaro Puga Paz comemorou seus 50 anos de FEI. Por favor, transmitam a ele meus parabéns. Que saudades das aulas de Cálculo Numérico!!! Recentemente, comemoramos nossa

formatura com um grupo de aproximadamente 10 colegas e são somente recordações dos bons anos de FEI. Continuem o ótimo trabalho de entrevistas e reportagens e não esqueçam sempre de lembrar do alicerce desta Instituição: os bons professores que passaram por aí.”

Carlos Alberto Murad Engenharia Mecânica Plena e de Produção – Turma 1985 e 1986 “No dia 17.03.2013 (dia da colação de grau) completei 25 anos de formando e gostaria de manifestar meu apreço por esta Instituição, que soube transmitir conhecimento suficiente para minha turma de Engenharia Metalúrgica.”

Cícero Augusto Lima Franco Engenharia Metalúrgica – Turma 1988 “Sou ex-aluno da primeira turma de Engenharia Operacional em Máquinas-Ferramentas, 1963, e sou muito grato à FEI pelo aprendizado que me proporcionou ao longo da vida. Fomos pioneiros no curso e verdadeiros desbravadores da FEI, no ‘morro’ e em Santa Olímpia, amassando barro e abrindo caminho. Isso nos desenvolveu de maneira única o espírito empreendedor que aplicamos no chão de fábrica, ao instalarmos as máquinas e os processos, que eram verdadeiras novidades tecnológicas nos anos de 1960. Cabe saudar o Pe. Saboia de Medeiros e o prefeito Lauro Gomes por sua visão.”

Alfredo Colenci Junior Engenharia Operacional – Turma 1963

Fale com a redação A equipe da revista Domínio FEI quer saber a sua opinião sobre a publicação, assim como receber sugestões e comentários. Escreva para Av. Humberto de Alencar Castelo Branco, 3972, Bairro Assunção S.B.Campo - SP - CEP 09850-901, mande e-mail para redacao@fei.edu.br ou envie fax para o número (11) 4353-2901. Em virtude do espaço, não é possível publicar todas as cartas e e-mails recebidos. Mas a coordenação da revista Domínio FEI agradece a atenção de todos os leitores que escreveram para a redação. As matérias publicadas nesta edição poderão ser reproduzidas, total ou parcialmente, desde que citada a fonte. Solicitamos que as reproduções de matérias sejam comunicadas à redação pelo e-mail redacao@fei.edu.br.

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Centro Universitário da FEI Campus São Bernardo do Campo Av. Humberto de Alencar Castelo Branco, 3972 – Bairro Assunção São Bernardo do Campo – SP – Brasil CEP 09850-901 ­– Tel: 55 11 4353-2901 Telefax: 55 11 4109-5994 Campus São Paulo Rua Tamandaré, 688 – Liberdade São Paulo – SP – Brasil – CEP 01525-000 Telefax: 55 11 3274-5200 Presidente Pe. Theodoro Paulo Severino Peters, S.J. Reitor Prof. Dr. Fábio do Prado Vice-reitor de Ensino e Pesquisa Prof. Dr. Marcelo Pavanello Vice-reitora de Extensão e Atividades Comunitárias Profª. Drª. Rivana Basso Fabbri Marino Conselho Editorial desta edição Professores doutores Rivana Basso Fabbri Marino, Ricardo Belchior Tôrres, Fábio Gerab, Carlos Rodrigues e Agenor de Toledo Fleury Coordenação geral Andressa Fonseca Comunicação e Marketing da FEI Produção editorial e projeto gráfico Companhia de Imprensa Divisão Publicações Edição e coordenação de redação Adenilde Bringel (Mtb 16.649) Reportagem Adenilde Bringel, Elessandra Asevedo, Fernanda Ortiz, Fabrício F. Bomfim (FEI) e Thais Valverde (estagiária) Fotos Arquivo FEI, Jésus Perlop, Vitor Jardim e Ilton Barbosa Programação visual Felipe Borges Tiragem: 17 mil exemplares

Centro Universitário da FEI Instituição associada à ABRUC

www.fei.edu.br


sumário

20 ENTREVISTA O engenheiro Julio Semeghini, formado na FEI em 1981, é o atual secretário de Planejamento e Desenvolvimento Regional do Estado de São Paulo

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DEstaques

Semana de Engenharia e Computação discute o mercado Aluno de Engenharia de Produção vence competição Departamento de Química participa de congressos Portas Abertas recebe mais de 2,5 mil visitantes Ex-aluno ganha prêmio global de excelência de processos Forma-Engenharia quer estimular novos estudantes Olimpíada Brasileira de Robótica foi realizada na FEI Convênio instala laboratório de eletrônica de potência Semana da Administração mostra projetos inovadores Centro Universitário participa com estudos do I ContexMod

Trifonov, Ukraine/istockphoto.com

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matéria de Capa

Líquidos iônicos começaram a ser estudados pela FEI em 2010 e envolvem docentes e alunos do Departamento de Engenharia Química

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DESTAQUE JOVEM Engenheira eletricista formada em 2003 pela FEI é a gerente da área de Business Intelligence do portal UOL

PESQUISA & TECNOLOGIA

Estudos relacionados à robótica envolvem estudantes e professores do Departamento de Engenharia Elétrica

GESTÃO & INOVAÇÃO

Logística de distribuição no Brasil tem deficiências históricas que atrapalham a competitividade

ARQUIVO

Desde a fundação, a Companhia de Jesus se dedica à evangelização e à educação em todos os níveis

PÓS-GRADUAÇÃO

Especialização em Automação Industrial e Sistemas de Controle já formou 27 turmas e mais de 500 profissionais

RESPONSABILIDADE SOCIAL

Alunos do Centro Universitário são estimulados a aplicar o conhecimento também para questões sociais

40 Mestrado Seções 41 Agenda 42 Artigo abril a junho DE 2013 | Domínio fei

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destaques

Programação voltada para a atualização de estudantes Palestras e minicursos ajudam os alunos de Engenharia e Computação a terem mais informações sobre o mercado

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elecomunicações, gestão, tecnologia, inovações e as perspectivas da Engenharia no País foram alguns dos assuntos apresentados durante a Semana de Engenharia & Computação do Centro Universitário da FEI, realizada entre os dias 22 e 26 de abril no campus São Bernardo do Campo. Com o objetivo de complementar a formação acadêmica dos alunos, a atividade oferece anualmente a possibilidade de ampliação de conhecimentos sobre diversas áreas, informa sobre mercado de trabalho, inovações e produtos, além de receber representantes de grandes empresas e de vários setores.

O cenário das telecomunicações no País foi um dos temas abordados nas palestras realizadas ao longo da semana. O professor Marcondes de Oliveira Buarque, assessor técnico da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), explicou como está a estruturação, funcionalidade­ de sistemas e o desenvolvimento das novas tecnologias neste segmento. “É incrível participar dessa iniciativa, que nos permite estreitar laços com estudantes de graduação, pois ampliamos o horizonte desses jovens”, afirma. A inovação foi a temática da palestra ministrada pelo engenheiro de produto da Volkswagen, Marcus Vinicius Bueno Cardoso de Sousa, que explicou como os profissionais desenvolvem inovações e como isso interfere nos produtos desenvolvidos pelo Departamento de Engenharia Elétrica da montadora. “É um privilégio participar do evento e ter a oportunidade de apresentar aos futuros engenheiros as inovações que desenvolvemos para melhor atender os consumidores”, acrescenta.

O palestrante Renato Castellan, da SMS Tecnologia Eletrônica, conversando com estudantes

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Para o aluno Jayme Oliveira da Costa, do 6º ciclo de Engenharia Mecânica, a oportunidade de assistir as palestras e conhecer a realidade das empresas mais de perto é muito interessante, principalmente pela possibilidade de ter contato direto com as indústrias e as áreas de seu interesse. “É importante saber o que acontece nos bastidores das empresas, a rotina de trabalho e como as tecnologias são desenvolvidas”, avalia. Oportunidades Com o tema ‘Inovação para um mundo mais sustentável’, Fernando Resende, responsável pelo Mercado de Construção Civil da América Latina e Head do Programa EcoCommercial Building da Bayer, abordou o Programa de Sustentabilidade da empresa e ressaltou que participar das atividades na FEI faz parte do conceito de inovação aberta. “O mercado também ganha quando está próximo das universidades. O desenvolvimento tem de ser feito em conjunto, pois criamos um vínculo com quem cria as inovações, reconhece necessidades e dá origem às soluções”, acentua. Segundo Pedro Amaro, aluno do 4º ciclo de Engenharia Civil, conhecer as expectativas das empresas e ter acesso aos seus programas de estágio foi uma oportunidade interessante. “Achei a programação bem legal, pois descobri que posso atuar em diversas empresas, inclusive naquelas que eu achava que eram segmentadas apenas para uma determinada área”, argumenta. Para Hector Calil de Arruda, do 8º ciclo de Engenharia Elétrica, a iniciativa é válida devido às possibilidades que oferece aos estudantes. “Já participei de outras edições e acho a programação sempre muito interessante, pois


Hector Calil de Arruda aprova a iniciativa

podemos conhecer o trabalho realizado pelas empresas, os programas de estágio e as possibilidades que o mercado nos oferece”, comenta. As palestras – 66 no total – foram ministradas por especialistas de empresas de ponta como UOL, Toledo do Brasil, Rhodia/Solvay, Sistran Engenharia/CPTM, Central de Intercâmbio e Braskem, entre outras. A Semana foi patrocinada pela Bayer e Central de Intercâmbio com apoio da Sandvik Coromant, Volkswagen do Brasil e Associação Brasileira do Alumínio.

As 66 palestras envolveram profissionais do mercado

Minicursos também agradaram Os 26 minicursos realizados durante a Semana de Engenharia e Computação abordaram temas como LabVIEW, Aplicações de Excel em Engenharia Química, Combustíveis – Usos, Formulação e Caracterização, Robótica Móvel e Projetos Eletrônicos com CAD Eagle. A estudante do 3º ciclo de Engenharia Química, Marila Braga, participou do minicurso ‘A produção de Petróleo no Brasil – Perspectivas do Pré-Sal’, ministrado pelo professor Ronaldo Gonçalves dos Santos, do Departamento de Engenharia Química da FEI. “Foi ótimo conhecer um pouco mais sobre a produção, comercialização, possibilidades de atuação e os novos desafios das companhias petrolíferas para a produção na região do pré-sal”, pontua. Já o aluno Igor Wentzcovitch, do 9º ciclo de Engenharia Elétrica, achou excelente o minicurso ‘Energia Eólica’, ministrado pelo professor Mario Kawano, também do Departamento de Engenharia Elétrica. Além de falar sobre sua experiência com geração de energia elétrica para comunidades carentes, o professor abordou temas como eficiência e potência de geradores, energia solar e energia hidráulica.

Igor Wentzcovitch e Marila Braga gostaram da oportunidade

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Estudante de Engenharia de Produção vence competição nacional da empresa KPMG

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ntre sete mil inscritos para o processo seletivo de trainees da empresa de consultoria KPMG, o aluno do 12° ciclo de Engenharia de Produção do Centro Universitário da FEI, Luiz Constâncio, destacou-se entre os melhores classificados na etapa final do processo. Integrando um time de quatro trainees, o aluno venceu a seletiva nacional da competição de cases promovida pela empresa e, com isso, ganhou o direito de disputar a etapa internacional. A etapa nacional consistiu na análise de cases reais do mercado e, durante um período de três horas, era preciso identificar os problemas, analisar os riscos, propor e implementar soluções para uma banca de jurados formada por sócios da empresa. “Foi uma competição que exigiu uma linha de raciocínio rápido e o conteúdo vis-

to na FEI ajudou a criar as soluções”, explica o estudante que, após vencer a fase nacional, foi efetivado na empresa. Na fase internacional, os finalistas, de 23 países, receberam o desafio de desenvolver soluções para situações reais de negócios. Além de ter novos cases para serem solucionados, a meta de Luiz Constâncio era estar entre as melhores equipes do mundo. A 10ª edição da International­Case Competition (KICC), realizada em Madri, na Espanha, atraiu mais de 15 mil estudantes, de aproximadamente 400 universidades. O aluno ressalta que, apesar de a equipe brasileira não ter ganhado a final em Madri, foi uma grande oportunidade de iniciar a carreira. “É muito gratificante receber o reconhecimento de uma das maiores organizações de auditoria e assessoria do mundo”, enfatiza o jovem, para quem o conteúdo do curso de Engenharia de Produção da FEI é uma bagagem de conhecimento utilizada diariamente na

Luiz Constâncio (ao centro) e a equipe de brasileiros vencedores do prêmio

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O melhor entre os melhores

carreira. Esta é a segunda vez que um aluno da FEI participa do KICC e vence a etapa nacional. Em 2012, a ex-aluna de Engenharia de Produção, Larriane Moreira Lopes, participou da competição e foi para Hong Kong representar o Brasil. Segundo o coordenador do curso de Engenharia de Produção da FEI, professor doutor Alexandre Massote, estes prêmios refletem a qualidade dos alunos do Centro Universitário da FEI, cujo perfil condiz com as expectativas de empresas de ponta como a KPMG. Para a coordenadora de Recursos Humanos da KPMG, Ana Carolina Coelho, os estudantes da Instituição se destacam por três vertentes importantes. “Por serem jovens, apresentam uma visão sistemática do mercado e conseguem abordar outros temas e debates. Além disso, vêm preparados tanto de forma técnica como comportamental, sabem lidar com a competitividade, conseguem trabalhar sob pressão e com prazo curto, ações que fazem parte do nosso processo seletivo. E, por último, possuem raciocínio lógico rápido, o que se torna um grande diferencial. Acredito que isso é devido à grade curricular da Instituição, que prepara o aluno para atuar para muito além do que lhe é proposto. Com isso, enquanto muitos acessam o Google, os alunos da FEI pensam e agem”, resume.


FEI apresentará estudos em congressos mundiais Eventos reúnem grandes cientistas e profissionais da área química

O professor doutor Ricardo Belchior Tôrres

Química da FEI apresentará cinco trabalhos. O estudo ‘Chemical Engineering at FEI: Six Decades of History in the Formation of Chemical Engineers for Brazil’ contará a história de quase 70 anos do curso de Engenharia Química da Instituição. Já o trabalho intitulado ‘Growth of Chemical Engineering in Brazil: Current Perspectives and New Challenges’ mostrará um panorama atual da Engenharia Química no Brasil. Ambos serão apresentados na sessão ‘Chemical Engineering Education’. “As pesquisas foram desenvolvidas a partir de informações da FEI e do Ministério da Educação (MEC) e será uma oportunidade única para divulgarmos mundialmente a Instituição, no momento em que a FEI está buscando a sua internacionalização”, afirma o docente. Durante a sessão ‘Progress in Current Chemical Technologies’, o professor apresentará o trabalho ‘Syntheses and Characterization

of New Ionic Liquids from Carboxylic Acids and Aliphatic Amines’, que envolve a síntese e caracterização de novos líquidos iônicos (leia mais na página 28). Na sessão ‘Fundamentals in Chemical Engineering’ serão apresentados dois estudos envolvendo propriedades termodinâmicas de sistemas líquidos: o ‘Partial Molar Volumes at Infinite Dilution of {Methyl Tert Butyl Ether (MTBE) + Alcohols} Mixtures at T = 290 K and P = (1-35) MPa’ e o ‘Application of Prigogine-Flory-Patterson Theory to Excess Molar Volumes of Mixtures of 2 (Dimethylamine) Ethyl Methacrylate +Alcohol at T = 298.15 K’. “O mais importante desses estudos é que todos são resultados de projetos desenvolvidos por nossos alunos de Iniciação Científica e de mestrado. Isso mostra a institucionalização de pesquisa no nosso departamento”, afirma o docente.

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Centro Universitário da FEI tem recebido cada vez mais o reconhecimento da comunidade científica, nacional e mundial, pelos estudos desenvolvidos em diferentes áreas do conhecimento. Muitos desses trabalhos estão sendo apresentados em diversos eventos científicos de importância internacional. Neste ano, o Departamento de Engenharia Química apresentará resultados de pesquisas desenvolvidas na FEI em dois eventos mundiais: o 44th IUPAC Word Chemistry Congress e o 9th World Congress of Chemical Engineering, que ocorrerão em agosto, respectivamente, em Istambul, na Turquia, e em Seul, na Coreia do Sul. O IUPAC Word Chemistry Congress, organizado pela International Union of Pure and Applied Chemistry (IUPAC), é o mais importante congresso de química do mundo com a participação de vários cientistas vencedores do Nobel de Química. Na edição deste ano, o professor doutor Ricardo Belchior Tôrres, coordenador do Departamento de Engenharia Química, apresentará os trabalhos ‘Excess Gibbs Energy of Activation of Binary Mixtures of (Acetonitrile + Glycols) at Differents Temperatures’ e ‘Density and Speed of Sound of Binary Mixtures of Diethyl Adipate + Methanol at Different Temperatures and Atmospheric Pressure’, ambos resultados de pesquisas realizadas com seus alunos de Iniciação Científica. Durante o World Congress of Chemical Engineering, que ocorre a cada cinco anos, o Departamento de Engenharia

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O Centro Universitário da FEI na

A quinta edição do Portas Abertas reuniu mais de 2,5 mil visitantes

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studantes e professores de escolas públicas e privadas do Grande ABC, da Baixada Santista, região metropolitana e do interior de São Paulo aproveitaram a oportunidade de conhecer de perto mais de 85 laboratórios, projetos e a infraestrutura do campus São Bernardo do Campo do Centro Universitário da FEI, dia 18 de maio. A quinta edição do FEI Portas Abertas recebeu mais de 2,5 mil visitantes, que participaram de aproximadamente 70 experiências científicas, palestras e plantões de dúvidas. O evento anual tem como objetivo compartilhar o conhecimento, as pesquisas e

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inovações que são produzidos no Centro Universitário, além de disponibilizar aos visitantes a oportunidade de conhecer toda a infraestrutura da Instituição. Com uma programação variada, o Portas Abertas contemplou todas as áreas de atuação da FEI. Para apresentar o curso de Administração e reforçar suas principais áreas de atuação foram apresentadas palestras sobre o mercado de trabalho e finanças pessoais, entre outras. Na Ciência da Computação, os visitantes puderam assistir a apresentação de robôs humanoides e do time de futebol de robôs. Já na Engenharia foram realizadas diversas experiências em laboratórios, como o Luminol, substância usada pela polícia científica para detectar vestígios de sangue em roupas e outros objetos, a produção de diferentes materiais têxteis no laboratório de Engenharia Têxtil, o

funcionamento dos robôs em uma linha de produção, como é o processamento de imagens na TV e a experiência de explorar alguns fenômenos elétricos associados às tempestades atmosféricas no Laboratório de Eletricidade Atmosférica da FEI, entre outras experiências que são realizadas todos os dias pelos alunos da Instituição. Apaixonado por automobilismo, o estudante do 3º ano do ensino médio do Colégio SESI, de Cubatão, Guilherme Cabral Ialongo, veio conferir de perto toda a infraestrutura, os laboratórios e projetos que pretende utilizar em breve, já que está decidido a cursar Engenharia Mecânica na FEI no próximo semestre. “Realmente, a FEI é um universo acadêmico diferenciado. Além da Mecânica, fiquei impressionado com os laboratórios da Têxtil, Química e Elétrica, todos muito bem equipados e à disposição dos alunos, o que é muito im-


prática Brasil ganha prêmio global PEX Awards

Interação Para o professor do Colégio Carbonel, de Guarulhos, Fábio Alves, o FEI Portas Abertas é importante para que os estudantes de ensino médio estejam mais próximos da universidade, inclusive das aplicações da Química, Física, cálculos e outros elementos muito utilizados em aula e que, no evento, verificaram na prática. “Iniciativas como o FEI Portas Abertas são, para muitos estudantes, um divisor de águas, pois ajudam a esclarecer as diversas dúvidas que existem sobre determinadas profissões e cursos, além de possibilitar uma interação com alunos que já estão na universidade”, ressalta o professor.

Reconhecimento internacional recebido por ex-aluno da FEI consagra iniciativas de processo de excelência

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rimeiro brasileiro a conquistar o PEX Awards, prêmio global referência em excelência de pro­ cessos concedido pela International Quality & Productivity Center (IQPC), o engenheiro Bruno Marcelo Peres Arruda é formado em Engenharia Química pela FEI desde 2008. Com o projeto ‘Aumento de Produção de Polisobuteno na Área 1100’, o engenheiro venceu 7 mil inscritos de todo o mundo e garantiu o primeiro lugar na categoria ‘Global Process Excellence Awards – Best Projec Under 90 Days’. A premiação, realizada anualmente, ocorreu durante a Process

Excellence Week, em Orlando, na Flórida, entre os dias 20 e 26 de janeiro. Segundo o engenheiro, o prêmio conquistado é o reconhecimento pelos resultados alcançados desde que o projeto foi colocado em prática, no fim de 2011, na planta de polisobuteno (PIB) da Braskem localizada no Polo Petroquímico do Grande ABC. “Com objetivo de aumentar a produtividade da planta, reduzir custo energético e diminuir a variação da qualidade do produto, o projetado era ter um lucro líquido de R$ 3 milhões. No entanto, tivemos como resultado final R$ 17 milhões, sendo R$ 11 milhões de lucro líquido”, enfatiza, ao lembrar que trata-se de um projeto com forte excelência técnica, soluções perfeitas e capacidade de implementação.

Destaque da empresa

FotografiaBasica/istockphoto.com

portante para o aprendizado e a formação profissional”, afirma. Muitos pais também estiveram presentes no evento, a exemplo de Cassia Lima Santana, mãe da estudante do 2º ano do ensino médio do Colégio El’Shaday, de São Paulo, Giovana Carolina Santana. Segundo Cassia Santana, esta oportunidade é de extrema importância para muitos jovens que estão indecisos sobre qual carreira seguir. “Em cada prédio que visitamos, nas experiências que participamos e em tudo o que vimos foi possível experimentar e visualizar um pouco do que é cada profissão, e essa experiência é fundamental para os jovens que estão em fase de vestibular”, destaca a visitante.

Com este mesmo trabalho, em dezembro do ano passado Bruno Arruda garantiu o primeiro lugar no Prêmio Destaque Braskem 2012, que avalia processos que geram resultado com inovação, no qual concorreu com outros 200 projetos de todas as plantas brasileiras da companhia.

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Incentivo à formação de engenhei Centro Universitário da FEI participa de quatro projetos do Forma-Engenharia

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mbora os dados sejam controversos, é consenso que faltam engenheiros em número suficiente para atender à demanda da indústria brasileira. Segundo dados do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), entre os países do BRIC, o Brasil é o que menos forma engenheiros anualmente – são cerca de 30 mil no País contra 190 mil na Rússia, 220 mil na Índia e 650 mil na China. Por isso, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em parceria com a Companhia Vale, que selecionou propostas encaminhadas por instituições de ensino de Engenharia de todo o País, lançou o Programa Forma-­Engenharia, no fim de 2012. A meta é estimular a formação de engenheiros no País, combater a evasão

que ocorre, principalmente, nos primeiros ciclos dos cursos da graduação e despertar o interesse vocacional dos alunos do ensino médio e técnico pela profissão e pela pesquisa científica e tecnológica. Com oferta de 2,5 mil bolsas para professores, estudantes de graduação, ensino médio ou técnico, a iniciativa inédita no setor privado nasceu da preocupação de o Brasil sofrer ainda mais, a partir de 2020, com a falta de profissionais qualificados no setor, caso a economia do País mantenha o atual ritmo de crescimento. Dos projetos inscritos nas diversas áreas da Engenharia, o Centro Universitário da FEI foi contemplado como instituição executora de quatro deles. Coordenados por professores da Instituição, os projetos tiveram início em fevereiro deste ano e têm duração de um ano. Cada trabalho é realizado em parceria com uma escola de ensino médio e envolve um professor coordenador da instituição co-executora e cinco bolsistas, um deles do Centro Universitário da FEI e quatro alunos da escola de ensino médio. As escolas participantes são o Colégio Uni-

versitas, em Santos; Escola Estadual Nail Franco de Mello e Escola Estadual Dr. Francisco Emygdio Pereira Neto, ambas em São Bernardo do Campo. Um dos projetos desenvolvidos na FEI visa resgatar o aprendizado do desenho geométrico no ensino médio, extinto desde a década de 1970. Este é o tema central do projeto desenvolvido em parceria com o Colégio Universitas, em Santos, pelo professor doutor Armando Pereira Loreto Junior, do Departamento de Matemática da FEI. “Esta lacuna precisa ser preenchida, pois é um dos motivos da evasão nos primeiros ciclos da graduação em Engenharia, já que muitos alunos têm dificuldade em acompanhar o conteúdo das disciplinas correlatas, como o desenho técnico e mecânico”, informa o docente. A proposta é que, durante a vigência do projeto, a equipe de bolsistas do ensino médio tenha um aprendizado intensivo de desenho geométrico, propiciado através de quatro horas de aula semanais ministradas pelo professor bolsista do Colégio Universitas, utilizando os instrumen-

Concursos e aprendizado Partindo da experiência do Concurso Travessia, o projeto ‘Plataforma de desenvolvimento de competições de modelos estruturais com materiais reciclados’, realizado na Escola Estadual Nail Franco de Mello, em São Bernardo do Campo, tem como objetivo estimular os alunos a explorar a temática dos concursos para despertar o interesse pelas Ciências Exatas e, consequentemente, pela Engenha­ria. “Na primeira etapa, os bolsistas têm feito pesquisas para identificar competições já existentes e possíveis opções de estruturas”, explica o professor doutor Kurt André Pereira Amann, coordenador do Depar­tamento de Engenharia Civil da FEI e autor do projeto. Definida a estrutura a ser utilizada, a proposta é realizar o concurso dentro da escola de ensino médio, avaliar o envolvimento dos alunos e o aumento do interesse pelas áreas tecnológicas após essa iniciativa, e criar uma página dentro do site da FEI para divulgar todo o processo,

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assim como fomentar a disseminação dessa experiência em outras escolas. “Estamos gerando o primeiro banco de dados com as informações do projeto e pretendemos que fiquem acessíveis”, informa o docente. Também na Escola Estadual Nail Franco de Mello, mas com grupo diferente de alunos, a professora doutora Lania Stefanoni Ferreira, do Departamento de Ciências Sociais e Políticas, implantou o projeto ‘Engenharia na Escola – conscientização e interesse dos alunos em ser engenheiro’, cuja proposta é abordar o que é a Engenharia, as áreas de atuação e o mercado de trabalho, entre outros assuntos comuns. “Durante o ano serão ministradas palestras sobre o tema, grupos de discussões, visitas monitoradas na FEI e, por fim, os bolsistas poderão escolher um dos nossos laboratórios para ficar durante um dia todo, conhecendo a rotina e as atividades desempenhadas na graduação”, explica a professora.


Vik_Y/istockphoto.com

ros tos convencionais (régua, compasso, lápis e borracha) e softwares. A equipe se incumbirá da produção do material didático e também irá oferecer workshops, não somente para alunos da instituição co-executora, mas também para estudantes de outras instituições públicas da cidade de Santos. “Desta forma, os bolsistas do ensino médio terão oportunidade de exercer a cidadania, executando um trabalho social relevante na sua comunidade”, argumenta o docente. Paralelamente, o estudante bolsista da FEI selecionará exemplos de aplicação do desenho geométrico nas disciplinas do ciclo básico nas diversas áreas da Engenharia e, assim, esses exemplos poderão ampliar a visão dos futuros estudantes de Engenharia sobre a profissão. O resultado final desse trabalho integrado será um documento que poderá ser divulgado em nível nacional.

Entre os melhores Contribuição da Matemática A resolução de problemas e a contribuição da Matemática no ensino médio para despertar o interesse pela Engenharia é o projeto aplicado na Escola Estadual Dr. Francisco Emygdio Pereira Neto, em São Bernardo do Campo, pelo professor doutor Custódio Thomaz Kerry Martins, também do Departamento de Matemática da FEI. “A proposta é que os alunos construam uma coleção de problemas coletados no material didático da escola, em vestibulares ou avaliações externas, cujas situações se aproximem da Engenharia”, comenta o professor. Simultaneamente, o bolsista da FEI buscará ferramentas computacionais para elaborar e ilustrar as resoluções. A expectativa do docente, que contará com a participação de engenheiros para propor exercícios mais específicos, é que a coleção fique interessante e possa ser ampliada para os demais alunos da escola envolvida no projeto, além de outras do entorno da FEI.

Grupo de alunos da Escola Estadual Nail Franco de Mello, em visita ao campus São Bernardo do Campo

Os estudantes de Engenharia Mecânica e Elétrica batalharam como nunca para executar melhorias no protótipo RS7 e conseguiram, mais uma vez, estar entre os 10 melhores do mundo na competição Fórmula SAE deste ano, que ocorreu entre os dias 8 e 11 de maio em Michigan, nos Estados Unidos. A equipe Fórmula FEI, composta por 10 integrantes, conquistou o oitavo lugar e concorreu com 120 escolas de Estados Unidos, Áustria, Alemanha, Canadá, Coreia do Sul, Estônia, México, Singapura e Venezuela. “O resultado foi muito bom. Nenhuma outra equipe brasileira ficou entre os 10 melhores”, afirma o professor doutor Roberto Bortolussi, coordenador do curso de Engenharia Mecânica da FEI e do projeto Fórmula SAE. Para os estudantes, participar das competições é um diferencial. O capitão da equipe Fórmula FEI, Renato Durães Fontana, decidiu cursar Engenharia Mecânica na FEI já pensando nas competições da SAE. Segundo o aluno, o resultado correspondeu às expectativas. “Sempre me interessei por automobilismo e participar dessas competições fará diferença na minha profissão”, ressalta.

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Competição de robótica envolve mais de 50 escolas Os robôs tinham como missão seguir uma trilha cheia de obstáculos

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elo segundo ano consecutivo, o Centro Universitário da FEI foi escolhido para abrigar a etapa regional da Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR), competição que reuniu cerca de 100 equipes, de mais de 50 escolas públicas e privadas do Estado de São Paulo, no dia 25 de maio, no campus de São Bernardo do Campo. Somadas, as instituições trouxeram para a FEI aproximadamente 400 estudantes para a disputa de vagas da fase nacional da competição, que ocorrerá em outubro, em Fortaleza. A competição, que é uma forma de incentivar os estudantes a seguirem na área da robótica como profissão, consideradas por especialistas um setor estratégico para o desenvolvimento do Brasil, possui modalidades teórica e prática, nas quais o desafio dos robôs é resgatar vítimas em ambientes

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hostis. Totalmente autônomos, os robôs tinham como missão seguir uma trilha cheia de obstáculos e desafios, superar redutores de velocidade sem ficar presos, atravessar terrenos desconhecidos onde a trilha não podia ser reconhecida, desviar de escombros e subir montanhas para salvar uma vítima – que era representada por uma lata de refrigerante – transportando-a para uma área segura. Admirador de programação lógica, Eduardo de Oliveira Prado Contine Parma, estudante do 9º ano do Colégio Etapa, de Valinhos, interior de São Paulo, encontrou na robótica a oportunidade de aperfeiçoar seu aprendizado em programação lógica. “Além de envolver diversas áreas de ensino profissional, a robótica nos desafia a desenvolver projetos que precisam ter um estilo próprio, de forma prática e não apenas teórica”, acredita. Para a aluna do Colégio Cidade Jardim Cumbica, de São Paulo, Lilian Pereira Rodriguez, a robótica também contribui para que o estudante amplie o conhecimento em outras disciplinas, como Física e Matemática. Outro fator importante no envolvimento com a robótica é a possibilidade de estimular os jovens estudantes a escolherem uma carreira. O professor do Colégio

Jean Piaget, de Santos, Jeferson Silva Morgano, afirma que a era tecnológica é a era do futuro e que a grande maioria dos estudantes se interessa cada vez mais pela tecnologia. “Principalmente para os alunos do ensino médio, que estão mais próximos do período de vestibular, uma competição como a OBR é muito importante, pois coloca esses jovens em contato com outros robôs, outras tecnologias e com a infraestrutura da universidade, o que aguça mais o interesse deles pelas áreas de tecnologia”, comenta. Apoio da indústria Para especialistas do mercado, como o CEO da Lego Education no Brasil, Julio Bonila, eventos como a OBR são muito importantes, pois crianças, adolescentes, jovens e até adultos aprendem fazendo, e a metodologia utilizada na robótica desenvolve uma série de habilidades e competências, como a capacidade de resolução de problemas, trabalho em grupo, superação e busca para além do conhecimento adquirido em sala de aula. “O encontro é realmente magnífico e nós, como parte dinâmica da educação tecnológica no Brasil, nos animamos muito com este tipo de iniciativa”, ressalta o executivo.


Convênio entre FEI e SMS permite instalação de laboratório na área de eletrônica de potência

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ioneira na fabricação de fontes chaveadas para computadores e líder no segmento de equipamentos para proteção de energia elétrica, a SMS Tecnologia Eletrôni­ ca­tornou-se a mais nova parceira do Instituto de Pesquisas e Estudos Industriais (IPEI) do Centro Universitário da FEI. Por meio de um convênio firmado em fevereiro, a empresa investiu na implantação de um laboratório de excelência em eletrônica de potência que vai possibilitar um programa de cooperação e intercâmbio científico e tecnológico. O convênio terá duração de 12 meses, com o objetivo de apoiar o desenvolvimento de pesquisas relacionadas ao domínio tecnológico de geração de energia limpa, que também acarretará em soluções inovadoras para o aumento da eficiência dos conversores CC/CA usados em nobreaks. A SMS contará com o Laboratório de Eletrônica de Potência e com uma equipe formada por três professores do Centro Universitário da FEI (Milene Galeti, Michele Rodrigues e Mario Kawano), um engenheiro eletrônico especializado em sistemas de controle e três estagiários do curso de eletrônica, coordenados pelo professor doutor Devair Aparecido Arrabaça. “Toda a equipe estará envolvida no desenvolvimento de pesquisas que poderão levar a novas soluções e ao aperfeiçoamento de produtos da empresa”, ressalta o professor doutor Vagner Barbeta, diretor do IPEI. A função dos sistemas de energia ininterrupta (nobreaks) é condicionar a energia da rede em uma bateria para que, caso ocorra algum problema externo, como queda de energia, o equipamento forneça energia à carga por mais algum tempo. “A qualidade da energia está relacionada aos equipamentos conectados à rede, sendo que os nobreaks também podem gerar ruídos na rede. Portanto, a proposta é atualizar um nobreak de 3kVA

istockphoto.com/3D Render of Glowing Cables

Parceria para a formação de excelência com o objetivo de melhorar a qualidade da energia fornecida, evitando perturbações na rede e maiores problemas ao consumidor”, explica o professor doutor Devair Aparecido Arrabaça, que também é coordenador do Centro de Laboratórios da FEI. O convênio também funciona como uma sinergia de interesses, pois a área de atuação da SMS vem sentindo uma forte carência de mão de obra especializada e o projeto permitirá que, na FEI, os alunos sejam estimulados a se interessar pela pesquisa na área de eletrônica de potência. “Com isso, além de a SMS poder contar com um grupo de pesquisa estudando assuntos de interesse comum, os alunos da FEI terão a oportunidade de se aprofundarem em uma área de grande interesse no mercado”, reforça o diretor do IPEI. Com uma área de 90m² e equipamentos com alta capacidade para estudo e análise de desempenho de nobreaks, o laboratório começou as atividades em maio deste ano.

O professor Devair Aparecido Arrabaça e a professora Milene Galeti (2º e 3º à dir.) com os demais profissionais envolvidos com o convênio

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Espírito empreendedor, inovação

Comissão de alunos que organizou e comandou as atividades no campus São Paulo

Trabalho em equipe foi a marca da Semana da Administração do campus São Paulo

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grande diferencial da última edição da Semana da Administração do Centro Universitário da FEI, campus São Paulo, realizada de 13 a 17 de maio, foi a organização, a cargo de 25 alunos de todos os ciclos do curso, que cuidaram da coordenação, divulgação, convite aos representantes de empresas e logística do evento. A Semana teve um total de 17 palestrantes, nos períodos da manhã e noite e, para deixar a discussão dos temas mais interessante, os organizadores decidiram pelo formato de ‘talk-­ show’ no lugar das tradicionais palestras. Em paralelo foi realizada a Feira de Negócios e Empreendedorismo, com projetos inovadores e criativos apresentados pelos alunos do curso. “Essa foi uma nova feira com um novo perfil e identidade, mais informal e com uma linguagem de aluno para aluno”, ressalta Christian Calais, do 7º ciclo de

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Administração, ao acrescentar que a experiência foi importante pelo fato de os estudantes colocarem em prática questões específicas da função do administrador, como planejamento, liderança e gerenciamento. Fernando Guimarães, Anderson Calado e Gesiel Santos, do 8º (os dois primeiros) e 5º ciclos do curso na FEI, respectivamente, afirmam que a possibilidade de estar à frente da organi­zação possibilitou um aprendizado fundamental e agregou um importante valor à formação. “Fizemos uma pesquisa sobre os

profissionais que poderiam abordar os temas definidos para as palestras e os convidamos. Alguns foram indicados pelos professores, mas a maioria foi mesmo na base do networking de cada aluno”, destaca Gesiel Santos. Além dos convidados, os alunos da comissão organizadora recrutaram, selecionaram e treinaram os estudantes do curso que fizeram o papel de mediadores. “Com espírito crítico de todo o grupo, e muita colaboração, conseguimos uma grande interação e gostamos do resultado”, reflete Anderson Calado.

Convidados da palestra de abertura da Semana da Administração do campus São Paulo da FEI


e criatividade

1 O professor doutor William Sampaio Francini, coordenador do curso de graduação em Administração da FEI, campus São Paulo, ressalta que a participação nesse tipo de atividade é enriquecedora, pois contribui para o aprendizado e prepara os futuros administradores para os desafios que encontrarão durante a trajetória profissional. “Os alunos estão de parabéns pelos trabalhos desenvolvidos e pela dedicação e organização da 6ª edição da Semana de Administração e 13ª Feira de Negócios e Empreendedorismo”, enfatiza. Ideias inovadoras Um restaurante japonês que serve sushis e outros pratos orientais em uma esteira rotativa, conhecida no Japão como ‘Rotary Sushi’, foi o projeto vencedor da Feira de Negócios e Empreendedorismo, uma das atividades da Semana da Administração da FEI. O projeto ‘Kazoku Sushi, onde você é o chefe’, de autoria dos estudantes Jessica Aparecida de Almeida, Roberta Rodrigues Cardoso, Tamiris de Oliveira Silva, Vivian da Costa Gomes, Paula Harue Tosaki e Ayrton Motoyama (foto 1) garantiu o primeiro lugar na votação dos alunos e da banca examinadora, formada por professores e profissionais

do mercado, graças ao planejamento e à criatividade da equipe. “Nossa proposta foi apresentar um cardápio com grande variedade de pratos típicos de peixes e frutos do mar, originalmente nacionais, além dos clássicos já conhecidos. Além disso, pensamos em uma maneira de atrair o público infantil, que poderá confeccionar seus próprios sushis com materiais e acessórios dispostos nas esteiras”, explica Roberta Rodrigues Cardoso­. Na segunda posição, o destaque foi o projeto MusculaCão, uma academia para donos e seus pets, criado pelos alunos Antonio Vitor Ferrari Rosalem, Gustavo Andrade da F. Tanaka, José dos Anjos Moreno Jr., Larissa Linhares Gonçalves e André Luiz R. de Paula Oda (foto 2). Na área de Saúde e Pets, ocupando a terceira colocação, ficou o projeto ‘MedPet’, de autoria dos alunos Livia Maria Barchi Losinskas, Raquel da Silva Burei, Tiago Custódio da Fonseca e Alessandra Praciteli Tavares. Voltado ao ramo de planos de saúde para animais domésticos, o diferencial é oferecer, além de serviços veterinários, parceria com pet shops para tratamentos estéticos. Além destes, os visitantes conhece­ ram os trabalhos ‘Clube Anjos’, um clube

2 exclusivo para o público da terceira idade; ‘Puzz Gaming’, empresa focada no comércio de games e tecnologias que tem como diferencial o atendimento virtual mobile; ‘Batendo Bolão’, salão de beleza voltado para o público masculino com serviços de excelência e entretenimento, em um ambiente agradável e exclusivo; ‘Neobook’, empresa de tecnologia voltada à criação e desenvolvimento de livros interativos no segmento de e-book; e ‘CarE’, prestadora de serviços de cuidados automotivos para carros de alto padrão, com utilização de produtos biodegradáveis e água de reuso, evitando o desperdício. O professor do curso de Administração, Luiz Ojima Sakuda, um dos coordenadores da atividade, afirma que o objetivo da Feira de Negócios é desenvolver o espírito empreendedor dos estudantes e estimular a prática de ne­gócios para que, no futuro, possam execu­tar com conhecimento e segurança as atividades profissionais na área. “Mesmo com o suporte de um grupo de professores, os alunos tomaram a frente das decisões, cuidaram de orçamentos, reserva de espaços, solucionaram problemas e enfrentaram as dificuldades com maturidade e responsabilidade”, comemora. abril a junho DE 2013 | Domínio fei

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Inovações para a área têxtil Trabalhos de estudantes e professores da FEI foram apresentados no I ContexMod

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om a proposta de ser um novo espaço para intercâmbio de ideias e apresentação de trabalhos científicos que contribuam para o desenvolvimento do segmento têxtil, o ContexMod – Congresso Científico de Têxtil e de Moda reuniu professores, pesquisadores e estudantes e permitiu a divulgação de produções acadêmicas nas áreas de Gestão, Tecnologia e Moda. Na primeira edição da mostra, realizada em abril no Expo Center Norte, em São Paulo, o Centro Universitário da FEI foi um dos principais apoiadores. O congresso, primeiro na área científica do setor, uniu os elos da cadeia produtiva e importantes instituições de ensino e de pesquisa com interesse em apresentar artigos científicos. “Esta iniciativa gerou a primeira oportunidade para publicar trabalhos acadêmicos e dividir experiências na área têxtil, o que demonstra que está ocorrendo uma mudança de cenário e uma maior preocupação com o desen-

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volvimento de pesquisa científica aplicada ao setor”, comenta a professora mestre Camilla Borelli, chefe do Departamento de Engenharia Têxtil do Centro Universitário da FEI e uma das coordenadoras do comitê científico do evento. Com aproximadamente 40% das apre­­ sentações na linha de tecno­logia, a participação da FEI foi muito significativa. A maioria dos trabalhos fez referência ao estudo das propriedades do transporte de umidade, um dos parâmetros mais importantes no conforto de artigos têxteis e que integra a principal linha de pesquisa desenvolvida nos laboratórios da Instituição. Segundo a docente, participar do evento foi uma excelente oportunidade de mostrar o potencial da FEI na área de pesquisas, a forma como os trabalhos são direcionados e, principalmente, pela possibilidade de criar uma rede de interesses comuns. O professor do Departamento de Engenharia Têxtil da FEI, Fernando Barros de Vasconcelos, participou do congresso com o trabalho ‘Transporte de vapor e umidade em malhas de microfibra de poliamida e poliéster’ e foi orientador e coorientador de mais quatro alunos que participaram do encontro. “Além de divulgar os trabalhos e a Instituição, esse evento incentivou os estudantes a desenvolverem pesquisa acadêmica, deixando de ser meros expec-

tadores do congresso para ter participação ativa perante um seleto público do segmento”, avalia. Para a aluna de Iniciação Científica do 9º ciclo de Engenharia Têxtil, Raíssa Buri, a pesquisa agrega valor à formação, pois abrange o que não é aprendido em sala de aula. “É uma busca contínua por conhecimento, por respostas e por desenvolver algo novo, que possa contribuir para futuros trabalhos e, até mesmo, para a aplicação na indústria”, ressalta a estudante, que apresentou a pesquisa ‘Propriedades de transporte de umidade e pilling em meias’, orientada pela professora Toshiko Watanabe, com foco no conforto e na durabilidade dos produtos existentes no mercado.

Raíssa Buri desenvolve pesquisa em meias


destaque jovem

Marketing de inteligência Engenheira eletricista formada pela FEI gerencia o Business Intelligence do UOL

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or oferecer uma formação am­ pla e extremamente dinâmica,­ a Engenharia permite que o pro­fissional trabalhe em diversas áreas, ocupando qualquer posição. A afirmação resume o que aconteceu com a carreira da engenheira­eletricista Viviane Mar­ chioni Figueiredo Neubert, de 33 anos, formada em 2003 pelo Centro Universi­ tá­rio da FEI. Apesar de ter iniciado na carreira atuando como estagiária de desen­volvimento de software na IBM, hoje a engenheira traba­lha na área de marketing como gerente de Inteligência de Mercado do UOL, maior portal de internet do Brasil. Na área de marketing desde 2004, Viviane Neubert comanda uma equipe de 17 profissionais e é responsável pelo Business Intelligence, que reúne informa­ ções gerenciais da companhia sobre seus clientes. Além disso, tem sob sua respon­ sabilidade a gestão do Database Marke­ ting da empresa, que reúne a informação dos assinantes dos diversos produtos do UOL, a gestão do CRM e estratégias de segmentação de clientes, além de pesquisa e monitoramento de mercado. No início da sua carreira profissional, a engenheira fez estágio na IBM, em 2000, o que permitiu ter uma atribuição mais técnica voltada à Engenharia. Após um ano e meio foi trabalhar na Alcatel Te­ lecomunicações, no setor de pós-venda.­ No entanto, como já era graduada e a área não estava em alta, decidiu mudar de São Paulo e fixou-se em Ribeirão Preto, onde trabalhou em uma multinacional do segmento de automação industrial, a

SMAR. Na empresa, era a única mulher na Engenharia de aplicações da área inter­nacional e atuava ao lado de outros 38 engenheiros. “Até então, eu havia traba­lha­do com as três principais frentes da Engenharia Elétrica, que são software, telecomunicação e automação industrial. Mas, em 2004, surgiu o convite­para ser transferida para o marketing, iniciando minha carreira na área”, ressalta. No novo cargo, a engenheira teve a pri­ meira experiência como coordenadora de equipe, que tinha outros quatro engenhei­ ros. Por se tratar de um marke­ting foca­ do em empresas, o time era responsável­ pela especificação e documentação dos equipamentos e levantamento de dados do mercado. “Permaneci neste cargo até o fim de 2006, aprendi muito sobre o setor e fiz MBA em Gestão de Marketing. Foi nes­ sa época que decidi voltar para São Paulo para trabalhar no setor de inteligência de mercado da NET”, resume. Em 2008, iniciou o mestrado em Administração de Empresas com foco em recursos estraté­

gicos e inovação e, durante o curso, foi indicada para assumir o cargo no UOL. Determinação Além de fazer estágios e estudar para concluir o curso sem dependências,­a en­ tão estudante fez Iniciação Científica com orientação do professor Aldo Belardi, foi tesoureira do Diretório Acadêmico, fez curso de espanhol e se inscreveu para fazer parte da Júnior FEI. “Isso é resultado do preparo emocional e psíquico, mas tam­ bém da inteligência emocional para coor­ denar as habilidades que a FEI proporciona aos alunos. A Instituição oferece uma visão muito crítica e prepara o profissional para a solução de problemas e visão de projetos, além de desenvolver habilidades críticas, preparando o profissional para o mercado”, enfatiza. Viviane Neubert espera chegar a uma posição superior no UOL. No entanto, esse caminho ficará em pausa por alguns meses, pois, em maio, nasceu Luca, seu primeiro filho, e as atenções estão todas voltadas ao novo membro da família. Abril a junho DE 2013 | Domínio fei

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Entrevista – Julio semeghini

Um engenheiro no serv A formação em Engenharia Elétrica na antiga

Faculdade de Engenharia Industrial (FEI) deu o alicerce para uma forte atuação na área de telecomunicações, mas também possibilitou a Julio Semeghini estruturar uma carreira na política. O deputado federal, formado na FEI em 1981, é o atual secretário de Planejamento e Desenvolvimento Regional do Estado de São Paulo e ressalta, nesta entrevista exclusiva, que o País tem muitos desafios pela frente e vai precisar de profissionais altamente qualificados, além de pesquisa, desenvolvimento e inovação, para enfrentá-los. O senhor é engenheiro eletricista, mas se tornou um especialista em telecomunicações. Como começou esse seu envolvimento com o setor?

“Minha vida profissional sempre foi como engenheiro. Trabalhei cinco anos em telecomunicações, seis anos com automação bancária e mais seis anos em uma empresa de O&M... 20

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Sou engenheiro eletricista formado na FEI e fiz especialização em telecomunicações. Trabalhei cinco anos na área, em uma empresa chamada Embracom, depois trabalhei na área de informática uns 20 anos e depois, já como deputado federal, atuei bastante na comissão de Ciência e Tecnologia, com um foco muito voltado para criar um marco regulatório para pesquisa e desenvolvimento no Brasil. Peguei exata­mente o início do processo das privatizações das telecomunicações, o início da agência reguladora, e precisávamos tomar decisões importantes sobre as frequências do padrão de 3G, que era a terceira geração. Essas decisões envolviam como seriam as concorrências, quais seriam os desafios de qualidade e de universalidade, como poderíamos garantir o acesso à população... Minha vida profissional sempre foi como engenheiro. Trabalhei cinco anos em telecomunicações, seis anos com automação bancária e mais seis anos em uma empresa de O&M (Organização & Métodos) com produtos de informática e telecomunicações para o mundo todo, para uma série de empresas, nacionais inclusive, e conheci bastante o mercado e aquele que era potencial ou não aqui no Brasil. Como o Brasil está posicionado neste setor?

Hoje, o Brasil está entre os maiores mercados de telefonia do mundo e cada vez mais esse setor migra para o móvel e cada vez mais o móvel migra para um valor adicionado de conexão à internet. O Brasil acabou de fazer a licitação e, há pouco tempo,


iço público foi inaugurada a quarta geração (4G). Este é um passo significativo, pois a quarta geração é uma geração moderna que vai mudar muito o uso da internet. Além de permitir uma velocidade muito maior de comunicações, a quarta geração tem a vantagem de operar em uma faixa nobre de 2,5 giga-­hertz, que amplia mais o espectro para oferecer telefonia móvel. Com isso, a telefonia dá um salto muito grande de novas oportu­nidades, porque permite downloads muito mais rápidos, de pequenos filmes, imagens, dados, fotos, essas coisas. Isso deverá revolucionar a mídia, porque cresce significativamente a qualidade do up-load, que permite filmar ou tirar uma foto e transmitir em alta definição de uma boa câmara, sem precisar de link, como hoje é feito pelas grandes emissoras. Quais são os gargalos mais importantes que devem ser solucionados?

Em relação à agência reguladora, fica faltando ainda uma nova frequência que é muito boa, principalmente para serviços­ públicos e área de segurança, que é a frequência de 700 mega-hertz. Temos a expectativa que o governo faça essa licitação até 2014, e aí creio que realmente vamos nos igualar com o nível de uso de espectro dos melhores países do mundo. Para isso, falta o compromisso de investimento das empresas, que está dentro da estratégia do leilão da quarta geração, que é pagar menos pelo uso da frequência e ter mais compromisso de criar infraestrutura e de universalizar rapidamente o serviço. Também falta aprimorar toda a legislação para o uso de antenas, sobre instalar ou não as antenas de mais baixa potência, de menor impacto para a saúde, já totalmente padronizadas em muitos países há algum tempo. Importante que se instale uma comissão permanente, que já está prevista na lei e que o governo federal não fez ain-

da, para permitir que seja monitorada, na verdade, qualquer dúvida que haja sobre riscos à saúde ou ao meio ambiente. O que falta também é tanto o setor público como o privado desenvolver aplicativos para usar esse padrão de tecnologia. O que São Paulo pode fazer, principalmente em termos de segurança, quando essa rede já estiver consolidada?

São Paulo fez até um lote piloto, como pioneiro no Brasil, instalando algumas antenas de 700 mega-hertz para permitir fazer os testes. Por que 700 mega-hertz? Porque é uma frequência mais baixa do que a de 2,5, precisa de menos antena e, com a mesma potência, consegue mandar um sinal para uma área maior de cobertura. Além disso, existem dispositivos na ponta, que são os handsets, já preparados para uso de serviços públicos, para segurança, para serviço de água, de energia, de saúde, que o resto do mundo usa. O governo de São Paulo tem vários projetos na área de saúde, na segurança, totalmente testados nos 700 mega-hertz. Se vier a ser licitado, essa é a frequência que vamos adotar; se não vier, vamos migrar parte desse sistema para 2,5, que é mais caro, tem menos opção, mas teremos de fazer isso. O Brasil tem profissionais suficientes para atender a essa demanda?

Na medida em que ampliamos a base, a cobertura e a oportunidade de novos telefones, handsets cada vez mais atualiza­ dos­para conexão com a internet e novos aplicativos, cria-se um grande mercado no Brasil. Primeiro, as empresas são obrigadas a investir em pesquisa e desenvolvimento e o Brasil, hoje, é um dos maiores centros de desenvolvimento de software e de produtos para a área de telecomunicações móvel, para telefonia móvel. Faltam realmente muitos profissionais para que possamos ampliar esse setor. Há falta de

engenheiros no Brasil em geral, mas, em alguns pontos, a carência é muito maior, e a área de telecomunicações se destaca pela grande oportunidade do momento que estamos vivendo no País. É muito importante investir na especialização em profissionais de telecomunicações, não só engenheiros, mas também mestres e doutores, para consolidar essa área de pesquisa e desenvolvimento que o Brasil precisa. A FEI investe para formar mais mestres e doutores. Esse deve ser o caminho das instituições de ensino?

Claro que sim. Além de formar em Engenharia, é importante que as univer­ si­d ades assumam a responsabilidade de formar também mestres e doutores, porque assim vamos ampliando a base de novas oportunidades de desenvolvimento,­ que são feitas através de doutores e, muitas vezes, até de mestres, para aumentar a capacidade dessa mão de obra. O desafio do Brasil nessa próxima década é muito grande, e é necessário assumir uma respon­sa­ bilidade conjunta com todas as universi­ dades, com os governos estaduais e o governo federal, para buscar recursos para continuar aumentando a qualificação dos nossos professores na área de Engenharia, assim como nas escolas técnicas. A formação de mestres e doutores tem sido muito estimulada e acho que a responsabili­dade de vencer esse desafio no País é também de todas as universidades. A FEI, que tem grandes professores e grandes cursos, precisava realmente dar um salto maior na formação de mestres e doutores, o que está fazendo de uma maneira muito bem feita, e temos acompanhado isso de perto. Quando foi que o engenheiro virou político?

Eu venho de uma família de políticos. Na FEI, eu era o vice-presidente do Centro Acadêmico e, por perdermos o nosso preabril a junho DE 2013 | Domínio fei

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Entrevista – Julio semeghini sidente, que era conhecido por Ceará e era muito popular, acabei virando presidente. Na época era Diretório Acadêmico e ali vivi de perto uma experiência universitária importante. Era um momento difícil no Brasil, com o início da volta da democracia, e São Bernardo do Campo era um polo por causa dos sindica­tos, das mobilizações. Acabei vivendo isso de perto, mas não foi isso que me levou para a vida política. Depois de quase 20 anos, fui trabalhar com o governador Mário Covas e assumi a presidência da Prodesp, que é o centro de processamento de dados do governo. Ali pude discutir e aplicar o conhecimento de um engenheiro da tecnologia na gestão pública: informatizamos totalmente essa área de IPVA, do pagamento de impostos e de uma série de coisas para, acima de tudo, facilitar a vida do cidadão. Um projeto que até hoje é referência no Brasil e para grande parte de outros países é o Poupatempo, que desenvolvemos naquela época em que eu era o presidente da Prodesp. Quando o governador Mário Covas foi candidato à reeleição, pediu que eu fosse candidato a deputado e me disse que, provavelmente, eu não me elegeria, mas precisaria de mim e de outros para formar uma base e ajudá-lo na reeleição. O governador queria mostrar tudo que tínhamos feito e, na área de tecnologia, o homem escolhido era eu. Imediatamente abri mão do meu cargo. E, para surpresa minha e do partido, fui eleito naquele pleito, em 1998. Depois, me reelegi mais três vezes. Sua atuação como deputado sempre foi voltada à área de tecnologia?

Durante 12 anos me dediquei muito à comissão de Ciência e Tecnologia. Construímos um grande marco regulatório, criamos os fundos setoriais, garantimos o dinheiro para bolsas do CNPq, que não era verba orçamentária. Naquela época, tínhamos formação de poucos doutores no Brasil, mas conseguimos reverter isso e hoje são perto de 10 mil por ano graças a esses aumentos de recursos e a essa regularidade no fornecimento das bolsas.

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“Me dediquei bastante à área de Ciência, Tecnologia e Inovação, porque era um grande desaf io do Brasil...” Criamos um marco regulatório muito importante de pesquisa, criamos a MP do Bem e a Lei de Inovação, que permitiu uma grande integração das universidades, do pesquisador, dos institutos de pesquisa com a iniciativa privada para possibilitar parcerias, o que foi um avanço muito grande. Fizemos muitos incentivos à lei da informática e telecomunicações para que essas empresas fabricassem produtos e investissem em pesquisa aqui no Brasil. Enfim, me dediquei bastante à área de Ciência, Tecnologia e Inovação, porque era um grande desafio do Brasil poder fazer essas mudanças. Dentro desse núcleo está clara a necessidade da mão de obra do engenheiro, dos mestres e doutores de todos os setores, mas, acima de tudo, temos a necessidade de aumentar a quantidade de mestres e doutores nas Ciências Exatas: engenheiros, matemáticos, físicos, químicos, para que possam participar das pesquisas ou da formação cada vez melhor de novos universitários ou de novos pesquisadores. Foi uma experiência muito boa, que me compensou muito e fizemos grandes projetos. Finalmente, acabei sendo convidado pelo governador Geraldo Alckmin para assumir a Secretaria de Planejamento, onde estou há dois anos. quais são os grandes desafios da sua secretaria?

O Estado de São Paulo, nos últimos 20 anos, se modernizou muito e investiu

muito na área de pesquisa. Todo ano, 1% da nossa receita líquida é investida em pesquisa, e isso foi criando um ambiente de inovação forte no Estado. São Paulo investe, por exemplo, 1,7% do seu PIB em pesquisa, isso é igual aos países desenvolvidos, como Canadá e Itália. São Paulo é muito parecido com a Argentina: temos 42 milhões de habitantes e eles têm 41 milhões; temos 5 mil e tantas escolas públicas, e eles têm um número parecido, por isso, nos comparamos muito. No entanto, em pouco menos de 20 anos, São Paulo passou a ter um PIB que era exatamente o dobro da Argentina, e isso mostra quanto o Estado tem se desenvolvido, crescido e ampliado a sua base. Temos recebido muitos investimentos de fora do Brasil, não só na capital, mas também em grande parte do interior. Então, nosso desafio é, primeiro, criar uma infraestrutura que permita às pessoas se movimentarem para trabalhar, para estudar, para o seu lazer. Estamos investindo fortemente na criação de metrô, de trens, principalmente trens sobre trilhos, e na duplicação de estradas. Neste momento, São Paulo foca muito no desafio de realizar seus investimentos e buscar parcerias público/privadas para ajudar a vencer esses desafios. Quanto a sua formação em Engenharia colabora para sua atuação?

A Engenharia é uma grande infraestrutura, é um alicerce muito grande, muito completo para permitir que o profissional depois se especialize em qualquer outra área. A Engenharia tem pautado, sobretudo, minhas oportunidades de vitória, seja na iniciativa privada, no serviço público ou como homem do executivo ou do legislativo, pela capacidade de entender e de resolver os problemas de maneira objetiva, de equacionar e buscar uma solução prática para eles, que tenha começo, meio e fim. E isso tem pautado a minha vida. Acho que a formação de engenheiro, além da minha formação ética e de valores, permite que eu possa estar ajudando todo esse trabalho que construiu a minha vida. Tenho certeza absoluta que toda a base técnica para o


trabalho que tenho está na minha formação em Engenharia e, principalmente, na Faculdade de Engenharia Industrial.

que pude viver isso de uma maneira muito democrática e muito intensa.

Por que o senhor escolheu a FEI para se formar engenheiro?

O que mais gosto e pude curtir é o mar, eu adoro o mar, adoro mergulhar. Criei meus filhos aprendendo a mergulhar, pois o contato com a água é uma coisa muito linda para mim, muito rica. O esporte marítimo permite contato com a natureza e muita integração do grupo e adoro isso. Adoro também a convivência com os amigos, mas, nos últimos 15 anos, tenho me dedicado mesmo ao trabalho, à vida pública. É uma vida de muitos desafios, pois temos acesso ao mundo todo, viajamos por todo o planeta, conhecemos as principais feiras, as principais oportu­nidades, e isso vai nos embebedando, vai nos absorvendo, nos apaixonando, e acabamos fazendo disso a nossa própria vida. A mistura do trabalho com o hobby e com a satisfação de estar vendo as coisas acontecerem no Brasil dá muito prazer, mas precisamos tomar cuidado, porque é necessário cuidar da vida própria, dos nossos amigos e da família.

Porque eu era apaixonado pela indústria. Sempre acreditei que um país que não tivesse indústria, que não pudesse transformar e criar os seus produtos, seria um país só de produção de matéria-prima básica e não teria sucesso. Na verdade, eu tinha entrado em outra escola no interior, porque eu era do interior, mas me transferi e vim para a FEI em busca da indústria. Também havia passado em um dos estágios mais concorridos no Brasil na época, na CESP, mas era para trabalhar no escritório e não aceitei. Coloquei uma sacolinha no ombro, fui bater nas portas das indústrias e comecei a trabalhar em uma indústria de telecomunicações, como peão, onde atuei na mecânica, fazendo a infraestrutura, nos distribuidores gerais de telecomunicações das operadoras... A minha paixão era a indústria. Eu queria ver os produtos serem projetados e produzidos até chegar à sociedade. Esse era o meu sonho e foi assim que construí minha vida durante 20 anos, trabalhando dentro das indústrias na ligação com o mercado e com a capacidade de produzir tecnologia, fosse nacional ou internacional. De que engenheiro o Brasil precisa?

O País precisa de muitos especialistas,­ mas, acima de tudo, precisa de um enge­ nheiro com visão mais aberta, para um mundo novo, dessa nova economia, des­­sas novas oportunidades, muito empreendedor, não só buscando carreira dentro da indústria como a gente buscava 30 anos atrás, mas capaz de se adaptar a esse mundo que, com uma velocidade muito grande, muda os produtos, muda a tecnologia, mudam as oportunidades. Precisamos de engenheiros com visão geral, mas que tenham noção do potencial brasileiro na indústria, da sua capacidade de desenvolver os produtos e de produzilos aqui, que estejam atentos às novas

Qual é o seu hobby?

“O País precisa de um engenheiro com visão mais aberta, para um mundo novo...”

qual seria o Brasil ideal?

oportunidades que surgem em um mundo muito dinâmico, enfim, que sejam muito empreendedores. Quais são suas melhores lembranças da época da faculdade?

Primeiro as amizades, mas também me lembro dos professores, que trabalhavam para valer nas indústrias e abriam as portas para a gente. Todos os problemas que tinha na minha vida profissional eu podia trazer para dentro da faculdade, debater com quem tinha conhecimento de fato e podia levar essa solução para as indústrias. Isso sempre deu oportunidade ao estudante da FEI que trabalhava nesse mundo das indústrias, de levar solução, de levar conhecimento para dentro das empresas em que trabalhavam. Isso para mim foi um ponto forte que encontrei na FEI. Mas, o momento da universidade é muito rico para todos nós, é um momento em que nos firmamos como empreendedores, e acho

O País está em um bom caminho, mas penso que o Brasil ideal é aquele que precisa fortalecer um pouco mais as suas instituições, com a consolidação, autonomia e independência dos seus poderes, sejam financeiras ou políticas, porque isso é realmente o equilíbrio da democracia. O Brasil será, ainda por um tempo, o País que precisa transformar os núcleos de ponta, mas é importante que cada vez mais abra essas oportunidades e distribua o acesso a todas as pessoas, incluindo essas tecnologias sobre as quais estamos falando. Discutimos muito o que o Brasil tem e o que vai ter, mas, se não fizermos disso um direito de todo brasileiro, cada vez mais vamos separar, não só o rico do pobre, mas o próprio rico que mora longe e não tem acesso a essas tecnologias, a todos esses produtos e a essas inovações. É muito importante que se distribua renda e garanta o acesso a esse mundo novo que estamos ajudando a criar para todos os brasileiros. abril a junho DE 2013 | Domínio fei

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pesquisa & tecnologia

A evolução da Novas linhas de pesquisa desafiam estudantes e professores do Centro Universitário da FEI

C Lucas Malassise Argentim (acima) é um dos alunos envolvidos com o estudo que tem como objetivo implantar um sistema robótico com múltiplos pontos de vista de robôs autônomos (abaixo)

Arducopter

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onsiderada a terceira revolução industrial, a robótica está amplamente presente na indústria – de carros a alimentos –, nas quais os robôs são responsáveis por tarefas que exigem extrema precisão, como soldas, forjas e pinturas. Além disso, está entre as mais modernas ferramentas da Medicina e propicia que máquinas e médicos dividam os centros cirúrgicos,

permitindo que os procedimentos sejam muito mais seguros e menos invasivos. Agora, tem início uma nova revolução da robótica, com o desenvolvimento de pesquisas que visam deixar os robôs ainda mais próximos das pessoas. O Brasil tem aumentado as pesquisas relacionadas à robótica, tecnologia e Inteligência Artificial nas últimas décadas e, com isso, começa a se tornar referência internacional. O desafio dos próximos anos é aliar a produção científica ao desenvolvimento tecnológico, já que os sistemas robóticos deixam de ser máquinas com operações específicas e pré-programadas para serem capazes de se locomover e interagir com objetos e indivíduos. Referência por manter importantes estudos nesta área, o Centro

Linkquad da UAS Technologies Sweden


robótica Universitário da FEI trabalha com linhas de pesquisas para fazer robôs atuarem de forma mais autônoma. Com o tema ‘Raciocínio espacial para múltiplos robôs’, o projeto coordenado pelo professor doutor Paulo Eduardo Santos, docente do Departamento de Engenharia Elétrica da FEI, e financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), tem como objetivo implantar um sistema robótico com múltiplos pontos de vista de robôs autônomos. “Um robô terrestre terá determinado ponto de vista da cena e vai traduzi-lo em informação para guiar o posicionamento e a navegação dos robôs aéreos que, simultaneamente, farão o mesmo. A soma dessas informações resultará em uma base de conhecimento

AscTec Pelican da Ascending Technologies

único, capaz de extrair informações e executar inferências”, explica. Segundo o professor, embora seja direcionada para a comunidade científica mundial, a indústria também poderá se beneficiar desta pesquisa e aplicá-la em inúmeros ambientes. “É possível utilizar este conhecimento em uma linha de montagem com sensores que precisam se comunicar, em sistemas de comunicação aérea, em veículos autônomos não tripulados, na busca e no resgate de pessoas, no patrulhamento de florestas, na vigilância das fronteiras marítimas e terrestres e, em longo prazo, até mesmo no desenvolvimento de um sistema automático de monitoramento em, por exemplo, grandes eventos esportivos”, enumera. A pesquisa, que teve início em agosto

de 2012 e tem participação de alunos de Iniciação Científica, mestrado e doutorado, assim como pesquisadores de pós-doutorado, está direcionada a várias vertentes que se somarão no decorrer do processo. “Há diversos trabalhos em desenvolvimento, entre eles sistemas de comunicação e controle automático dos robôs aéreos, proposta de sistemas de satisfação de restrições espaciais e sistema que identifica e faz com que os robôs se reconheçam”, pontua o coordenador. Os estudos sobre a semântica dos comandos já começaram e, com base nos dados dos robôs, já foi definido um conjunto de expressões espaciais. O próximo passo é captar a imagem do campo de visão e traduzir expressões em termos de lógica probabilística.

Arducopter

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pesquisa & tecnologia

Conhecimento compartilhado Lucas Malassise Argentim, do 7º ciclo de Engenharia de Automação e Controle, é um dos alunos de Iniciação Científica participantes do estudo. “Tenho pesquisado de que forma os robôs aéreos podem cumprir as tarefas designadas sem que haja interferência humana. O quadrirotor deve ser capaz de voar autonomamente dadas quaisquer condições do ambiente. Como aluno de Iniciação Científica, busco extrair o máximo des­ sa pesquisa para meu crescimento em áreas não percorridas durante a graduação”, relata. Já o aluno de mestrado em Engenharia Elétrica, Abel Augusto Ribeiro Guimarães, está trabalhando na visão dos robôs e sua pesquisa consiste

em avaliar como poderão enxergar a mesma cena e se comunicar para a troca de informações. Para o estudante, o mais importante desta participação é o alcance de conhecimento que a pesquisa vai possibilitar, o que complementará de forma robusta seu aprendizado. Doutoranda da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (POLI-USP), a estudante Valquíria Fenelon desenvolve seu trabalho nos laboratórios da FEI com coorientação do professor doutor Paulo Eduardo Santos. “Estou em um momento que preciso encontrar algo novo que contribua efetivamente para a robótica, ampliando informações e agregando valores”, afirma a aluna, cuja função

O aluno de mestrado Abel Augusto Ribeiro está trabalhando na visão dos robôs e a doutoranda da POLI-USP Valquíria Fenelon, que escolheu a FEI para desenvolver seu trabalho, quer algo novo que contribua para a robótica

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no projeto é trabalhar na interpretação de imagens para deixar os robôs mais autônomos. Embora não esteja totalmente vinculado ao projeto, o pós-doutorando Murilo Martins utiliza a FEI como instituição sede para o desenvolvimento da sua linha de pesquisa. O pesquisador trabalha no desenvolvimento de soft­wa­re­e algoritmos buscando aplicações e resultados práticos. “Depois de passar por todas as etapas de aprendizado, vejo que cada processo foi fundamental para meu crescimento profissional. Ser pesquisador em tempo integral me permite contribuir de forma efetiva para o desenvolvimento da Ciência”, ressalta.


Robôs humanoides jogadores de futebol Desenvolvido desde 2003, o Futebol de Robôs da FEI é uma linha de pesquisa contínua coordenada pelos departamentos de Engenharia Elétrica e Ciência da Computação, que vem sendo adaptada ao longo dos anos. Projetados e construídos por alunos da Instituição, o grande desafio é produzir robôs com programas cada vez mais eficientes, que os façam jogar de maneira inteligente. O projeto tem crescido ao longo dos anos e, hoje, a intenção é contribuir para o avanço científico e tecnológico dos alunos de graduação e pós-graduação do Centro Universitário. Há cerca de três anos, o professor doutor Reinaldo Augusto da Costa Bianchi e sua equipe do Departamento de Engenharia Elétrica têm trabalhado no desenvolvimento, na construção e na programação de um robô humanoide capaz de fazer jogadas, baseado nas ações que um ser humano consegue realizar. “Neste processo, temos utilizado a técnica de aprendizado por reforço, que basicamente treina o robô a aprender sozinho, ficar de pé sem cair e ter estabilidade, além de chutar para a direção certa. Temos desenvolvido a programação básica e a de controle de movimentos e ações”, informa o docente. Embora ainda esteja na fase inicial, o robô humanoide já anda, mas nunca competiu. Atualmente, a FEI tem um time de Futebol de Robôs bem estruturado na categoria Small size, que coleciona títulos brasileiros e ocupa o ranking dos 10 melhores do mundo. Ao longo de quase sete anos nas competições robóticas, já foram desenvolvidos mais de uma dezena de projetos por estudantes da FEI relacionados ao Futebol de Robôs. Em competições, a equipe da FEI participou de cinco campeonatos nacionais, sendo duas vezes campeã, outras duas vezes vice-campeã e uma vez terceira colocada, além de conquistar diversos prêmios em competições menores e demonstrações. “A participação em competições nacionais e internacionais motiva a equipe a desenvolver novas tecnologias e sistemas mais eficientes, estudando técnicas de raciocínio para fazer táticas mais complexas”, argumenta o professor Reinaldo Bianchi.

O professor doutor Reinaldo Augusto da Costa Bianchi desenvolve linha de pesquisa na Engenharia Elétrica

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pesquisa & tecnologia

Solventes do futuro Pesquisas com líquidos iônicos começaram em 2010 e são foco do Departamento de Engenharia Química

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íquidos iônicos (ILs) são, geralmente, líquidos que consistem somente de íons, definidos como sais cujo ponto de fusão é menor do que 100oC. Dentre os ILs, encontramse os líquidos iônicos à temperatura ambiente (RTILs), que são sais líquidos à temperatura ambiente. Os RTILs são constituídos de cátions orgânicos assimétricos relativamente grandes e ânions orgânicos ou inorgânicos relativamente pequenos e que são líquidos na temperatura ambiente devido ao fato de sua entalpia de fusão ser relativamente baixa e da sua entropia de fusão ser elevada. Isso resulta em uma baixa temperatura de fusão. Entre as diversas aplicações estão o uso desses compostos como lubrificantes, fluidos térmicos, líquidos eletricamente condutores em

eletroquímica, em catálise e biocatálise e em síntese de nanomateriais. As perspectivas do uso dos líquidos iônicos na Engenharia Química têm como objetivo principal utilizar esses compostos como substitutos dos solventes convencionais. “A principal característica dos RTILs como solventes é a possibilidade de sin­­tetizar um que apresente as propriedades necessárias para uma aplicação específica. A escolha do cátion e do ânion proporciona a característica particular do RTILs. Estudos na literatura estimam que o número possível de líquidos iônicos é da ordem de 109”, explica o professor doutor Ricardo Belchior Tôrres, chefe do Departamento de Engenharia Química e coordenador de projetos com líquidos iônicos no Centro Universitário da FEI. Segundo o docente, a possibilidade­de combinação de milhares de cátions e ânions, juntamente com o aproveitamento de suas propriedades para um determinado processo, proporcionam aos ILs propriedades extraordinárias, que são extremamente importantes em várias aplicações tecnológicas. As pesquisas envolvendo líquidos

iônicos no Departamento de Engenharia Química da FEI começaram em 2010 após a aprovação do projeto ‘Propriedades volumétricas, de transportes e acústicas de sistemas bi­n ários contendo líquidos iônicos: estudo experimental e modelagem’, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), sob a coordenação do professor Ricardo Belchior Tôrres. Com a aprovação do projeto e a aquisição de equipamentos, foi possível realizar medidas experimentais de propriedades termodinâmicas de sistemas líquidos contendo líquidos iônicos. O líquido iônico estudado foi o 1-butil3-metil-imidazólio hexafluorfostato [BMIM][PF6]. A partir de 2012, as pesquisas se intensificaram com a participação da professora doutora Andreia de Araújo Mo-

Os estudantes de mestrado, Fabio Henrique Odorico, e graduação, Lucas Rissato Dognani: interesse no assunto

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Ecologicamente amigáveis

Zmeel Photography/istockphoto.com

Comparado aos solventes orgânicos convencionais, o uso dos líquidos iônicos para sínteses e extração tem inúmeras vantagens, mas a mais impressionante propriedade é a sua não detectável pressão de vapor, reduzindo consideravelmente problemas de toxidade. “Isso proporciona a utilização dos ILs como um solvente ideal em substituição aos solventes convencionais em busca de uma química verde”, explica o professor Ricardo Belchior Tôrres.

randim-Giannetti, e o professor dou­tor Rodrigo Cella, integrado recentemente­ ao corpo docente do Departamento de Engenharia Química, que também fará parte do grupo de pesquisa. Agora, o

grupo trabalha com o objetivo de sintetizar e caracterizar novos líquidos iônicos ainda desconhecidos e não apenas na determinação experimental desses compostos. “Nosso objetivo atual é estudar a possibilidade de sintetizar líquidos iônicos relativamente baratos, pois os existentes no mercado ainda são muito caros. Com a redução dos custos, esses compostos

poderão substituir, no futuro, os solventes convencionais na indústria química e petroquímica. Isso abrirá caminhos para uma grande linha de pesquisa no departamento”, explica o coordenador. Congresso Os resultados conquistados pelas pesquisas até o momento estão sendo apresentados em conferências internacionais e submetidos para publicação em revistas internacionais. O estudo ‘Syntheses and characterization of new ionic liquids from carboxylic acids and aliphatic amines’ será apresentado no 9th World Congress of Chemical Engineering, entre os dias 18 e 23 de agosto na cidade de Seul, na Coreia do Sul.

Alunos participam dos estudos As pesquisas com líquidos iônicos também já têm a participação de três alunos de Iniciação Científica de Engenharia Química e dois alunos de mestrado em Engenharia Mecânica, orientados pelo professor Ricardo Belchior Tôrres. O mestrando em Engenharia Mecânica, Fabio Henrique Odorico, é um dos que fará estudos com solvente iônico para deslignificação de compostos lignocelulósicos, tema com poucos trabalhos na literatura. “O uso de ILs no processo de deslignificação da celulose está diretamente ligado à sustentabilidade e à química verde, gerando um grande interesse na indústria que usa este processo, como as indústrias de celulose e de etanol”, argumenta. Com o projeto de Iniciação Científica ‘Obtenção e caracteriza­ ção de líquidos iônicos a partir de ácidos carboxílicos e aminas

alifáticas’, o estudante do 7º ciclo de Engenharia Química, Lucas Rissato Dognani de Oliveira, descobriu, a partir das características observadas no processo de obtenção e caracterização dos ILs, pressupostos de que estes compostos podem ser implementados não só como solventes em aplicações industriais, mas em diversas áreas. “Os líquidos iônicos suportam altas temperaturas – permanecem estáveis até 400ºC –, não são inflamáveis, têm pressão de vapor desprezível e são capazes de conduzir corrente elétrica. Por isso, são uma ótima opção para indústrias que trabalham com reações em temperaturas elevadas, visto que os ILs podem substituir solventes que degradam facilmente com o aumento da temperatura, além da baixa toxicidade destes compostos. No entanto, no Brasil esta tecnologia não é muito aproveitada e desenvolvida”, lamenta.

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gestão & inovação

Desaf ios para competitivida Problemas históricos de infraestrutura afetam a logística de distribuição no País

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Brasil começa a caminhar para ser a quinta potência econômica mundial no ranking dos maiores PIBs do planeta, mas o cenário que deveria ser totalmente positivo esbarra em uma deficiência fundamental: a infraestrutura logística do País. As deficiências nesta área, geradas por uma histórica falta de investimentos, atingem todos os setores de transporte e atrapalham o escoamento da produção por rodovias, ferrovias, portos e cabotagem. Essa falta de infraestrutura, que afeta a demanda e eleva os gastos, encarece os custos da cadeia produtiva e pode ocasionar uma perda importante de competitividade. De acordo com a Empresa de Planejamento e Logística (EPL), o Brasil precisaria investir R$ 100 bilhões por ano, durante cinco anos, somente para recuperação da infraestrutura de transporte atual, mas só aplica atualmente R$ 25 bilhões. “As necessidades do País são plurais e volumosas, e os recursos como sempre são limitados. Ficamos praticamente 30 anos sem investimentos em infraestrutura, transporte e logística, que era menos de 0,1% do PIB até 2002. A partir de 2002, quando o Brasil começou realmente a crescer, esse percentual passou para 0,6%, aumentou, mas ainda é insuficiente para atender às necessidades de décadas sem investimentos. Precisa-

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ríamos investir na casa de 3,5% do PIB, como a China fez recentemente”, ressalta o professor doutor Mauro Sampaio, do Programa de Mestrado em Engenharia Mecânica do Centro Universitário da FEI. Especialista em Logística e Supply Chain Management, o docente explica que as empresas instaladas no Brasil melhoraram seus processos internos, mas acabam perdendo competitividade pelos elevados custos da logística do País. O custo logístico no Brasil é, no mínimo, o triplo do equivalente em países concorrentes, o que torna difícil a tarefa de ser competitivo. “É necessário investir na infraestrutura logística para reduzir custos e melhorar a confiabilidade dos tempos de entrega, diminuindo as ineficiências do processo de exportação”, resume o professor doutor José da Cunha Tavares, coordenador do curso de especialização em Administração de Produção da FEI, ao lembrar que o Brasil perde competitividade no mercado internacional quando o produto agrícola

sai das propriedades rurais com preços baixos e chega ao destino final com custos altos devido a problemas logísticos. Segundo o docente, não é possível resolver essa situação de um dia para o outro, já que a solução envolve investimentos em grandes obras de infraestrutura. Gargalos Um dos maiores gargalos logísticos do País é a falta de integração entre os modais de transporte. Rodovias e ferrovias, por exemplo, concorrem entre si, quando na verdade deveriam ser complementares. Recentemente, foi criada a Empresa de Planejamento e Logística (EPL), convocada pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, que estruturará, por meio de estudos, o processo de planejamento integrado de logística no País, interligando todos os modais e assumindo a função de empreendedor para efeito de licenciamento ambiental de projetos. “O governo vem tentando acabar com os monopólios

Os professores José da Cunha Tavares e Mauro Sampaio comentam dificuldades do País


a de em portos, ferrovias, cabotagem e rodovias, saindo do debate político de privatização x empresas públicas que paralisou a inovação na última década, para uma agenda mais positiva de concessão de operação de recursos públicos pela iniciativa privada em função da menor tarifa, que estimula a competição no setor e reduz custos para o mercado. Porém, como toda grande mudança conceitual, os resultados virão em médio e longo prazo”, ressalta o professor Mauro Sampaio. Um bom exemplo de dificuldade é a

crise portuária brasileira, agravada pela superssa­fra de grãos, especialmente da soja, que chegou a 170 milhões de toneladas neste ano, o que tem causado transtornos devido ao atraso com contratos e prazos de entrega, principalmente para a Europa e China. “A incapacidade de escoamento traz consequências em relação a custos de distribuição e perdas por falta de capacidade de armazenagem, eliminando a competitivi-

dade de empresas e produtores brasileiros”, acentua o professor José da Cunha Tavares, ao lembrar que, tradicionalmente, o Brasil tem utilizado o agronegócio para promover o desenvolvimento econômico fundamentado na exportação de produtos do setor primário.

Investimentos em busca de soluções voltado ao desenvolvimento tecnológico. “A regulamentação não pode ser excessiva. Deste modo, poderemos agilizar a acessibilidade aos portos e possibilitar a construção urgente de ferrovias convencionais e não de trens de alta velocidade”, reforça. Entre as soluções apontadas para melhorar o escoamento da produção, evitando um possível ‘apagão logístico’ para exportação, estão diminuir a dependência do modal rodoviário com investimento maior no sistema ferroviário como, por exemplo, a construção e implantação do ferroanel no entorno de São Paulo, a construção da ferrovia Norte-Sul, já interligada às demais ferrovias; investir mais na cabotagem e no transporte fluvial, aumentar a capacidade de armazenamento nas origens agrícolas com a construção de silos, promover a integração rodoferroviária por meio da implantação de terminais intermodais e investir na melhoria e revitalização dos portos. “O ideal seria uma maior integração entre empresas, operadores logísticos e modais de transporte para o planejamento

Professor Creso de Franco Peixoto

da rede de suprimento e escoamento da produção em todo o País, fazendo com que os recursos, que já são limitados, sejam mais bem empregados em projeto com retorno mais imediato”, acentua o professor Mauro Sampaio. O docente acrescenta que de nada adianta liberar centenas de caminhões do campo para os portos se estes últimos não têm capacidade de embarque, pois o resultado são as imensas filas de caminhões nas rodovias. Além disso, falta um sistema inteligente para rastrear e coordenar toda a operação de movimentação, com paradas estratégicas em pulmões (se eventualmente necessário) entre o campo e o porto.

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Jeka Gorbunov/istockphoto.com

Os especialistas da área concordam que as empresas precisam investir em pessoas e competências, pois, atualmente, o País sofre com a falta de profissionais qualificados em várias frentes – especialmente na Engenharia –, o que também reflete na área de logística. “Até mesmo quando os recursos são limitados não conseguimos usar efetivamente, pois não existem projetos básicos e de execução. As obras começam, mas precisam ser aditadas a todo tempo, o que deixa evidente sua ineficácia. É preciso capacitar mais engenheiros, por exemplo, para que sejam qualificados a produzir melhores projetos e estudos de integração efetiva de cargas”, acredita o professor mestre Creso de Franco Peixoto, do Departamento de Engenharia Civil da FEI. O docente acrescenta que, se o Brasil tiver bons projetos para um sistema logístico eficiente, será possível manter a competitividade da indústria brasileira no âmbito internacional. No entanto, para que isso ocorra, as mudanças precisam ser regulamentadas e é preciso haver investimento

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Ordem religiosa voltada

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esolla/istockphoto.com

A Companhia de Jesus foi fundada por Inácio de Loyola e se dedica, desde então, à evangelização e à educação

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m meados do século 16, em plena época do Renascimento, das navegações, das grandes descobertas intercontinentais e da Reforma Protestante de Martino Lutero, a Igreja Católica passava por grandes transformações e desafios. E foi neste ambiente que um grupo de jovens, filhos da nobreza europeia que estudavam na Universidade de Paris – o francês Pedro Fabro, o português Simão Rodrigues e os espanhóis Francisco Xavier, Alfonso Salmeron, Diego Laynez e Nicolau Bobadilha –, liderados pelo basco Íñigo López de Loyola, conhecido posteriormente como Inácio de Loyola (Santo Inácio), fundou uma ordem reli­giosa chamada Companhia de Jesus. Embora o objetivo dos fundadores fosse levar a vida de consagrados a Cristo e viver em Jerusalém, o Papa Paulo III deu a eles outra missão: ajudar a igreja na defesa e propagação da fé, vivendo a vida apostólica. A Companhia de Jesus, reconhecida pelo Papa Paulo III­­em 1540, desenvolveu ao longo dos séculos um intenso­trabalho nos diversos campos do aposto­lado missio­nário da Igreja, no mundo científico, cultural, artístico e social. Com isso, tornou-se uma das mais poderosas organizações da Igreja Católica durante muitos séculos. Hoje, com a eleição do Papa Francisco, ocupa a posição de maior destaque no Vaticano. Desde o tempo de Santo Inácio, a educação se tornou o trabalho principal da Companhia. “A missão de formar capital humano através da educação formal e informal tornou-­ se um apostolado com forte atuação da Companhia de Jesus. Inácio não o tinha previsto, mas as exigências apostólicas confirmadas pelos pedidos de papas, bispos e leigos para estabelecer escolas influíram na tomada de decisão em vista do bem maior da Igreja”, descreve o Padre Theodoro Peters, S.J., presidente da Fundação Educacional Inaciana Padre Sabóia de Medeiros, mantenedora do Centro Universitário da FEI, que também foi diretor do Colégio São Luís e suas faculdades e reitor da Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP). No fim do governo de Inácio de Loyola, em 1556, 75% dos jesuítas disponíveis, excluindo irmãos e estudantes, trabalhavam em educação. Em 1749, os jesuítas mantinham 669 colégios, 176 seminários e 61 casas de estudos jesuíticos, além das 24 universidades total ou parcialmente controladas pela Companhia. Os jesuítas se destacaram, também, na formação do clero. O Co-


à formação das pessoas légio Romano, inaugurado em 1551 por Santo Inácio e conhecido a seguir como Universidade Gregoriana – desde o tempo de Gregório XIII – foi a instituição mais famosa e o primeiro seminário moderno. A maioria dos colégios jesuítas era destinada a alunos que vieram de todas as classes sociais e não havia anuidades, porque os colégios eram patrocinados pelo siste­ma­ de fundações com apoio da nobreza católica. “Inicialmente, os jesuítas dedicavam-­ se­à catequese e à Teologia, mas Inácio de Loyola percebeu que a evangelização seria mais eficiente se o trabalho fosse desenvolvido com a formação de líderes. Os líderes influenciam na transformação das pessoas”, comenta o Padre Paulo de Arruda D’Elboux, S.J., assistente religioso no Centro Universitário da FEI e ex-reitor dos colégios jesuítas do Rio de Janeiro, de São Paulo e Belo Horizonte. Toda a ênfase na educação levou a Companhia de Jesus a desenvolver uma metodologia e critérios próprios para seu trabalho educacional. A Ratio Studio­rum, de 1586, estabelecia um conjunto de normas criado para regulamentar o ensino nos colégios jesuítas. Sua primeira edição, de 1599, ganhou status de norma para toda a Companhia de Jesus, ordenando as atividades, funções e os métodos de avaliação nas escolas jesuítas. O documento, que continha 467 regras, surgiu da necessidade de unificar o procedimento pedagógico dos jesuítas diante da explosão do número de colégios confiados à Companhia. “O apostolado da educação é mais forte na Companhia desde muito tempo, mas não era o pretendido por Santo Inácio. Ele não pensava em colégios como se vê hoje, nem em trabalho acadêmico, mas, pela necessidade, compreendeu que somente com o apostolado instruído poderia atingir sua finalidade”, acrescenta o Padre Carlos Alberto Contieri, S.J., diretor do Pateo do

Collegio e do Museu de Arte Sacra dos Jesuítas de Embu das Artes, em São Paulo, e coordenador do Apostolado Intelectual e de Ensino Superior da Província CentroLeste da Companhia de Jesus, que envolve os estados de Tocantins, Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, além do Distrito Federal. Novo mundo Por serem missionários, os jesuítas também receberam a incumbência de acompanhar os grandes navegadores. A história da Companhia de Jesus no Brasil começa com a chegada de Tomé de Souza, em 1549, na Bahia. Os jesuítas – entre eles José de Anchieta – eram comandados pelo Padre Manuel da Nóbrega e tinham a missão da catequese dos índios e da educação formal dos filhos dos portugueses residentes na colônia. Na Bahia, construíram o primeiro colégio, a Igreja dos Jesuítas, hoje Catedral Basílica de Salvador, e o prédio da antiga Faculdade de Medicina. Em 1554, no dia da conversão de São Paulo, fundaram em Piratininga­ um colégio (atual Pateo do Collegio), que deu origem à cidade de São Paulo. Por 200 anos, os jesuítas realizaram atividades voltadas para a moralização dos costumes, educação dos colonos e catequese dos índios até que foram expulsos pelo Marquês de Pombal – secretário de Estado do Reino durante o reinado de D. José I – em 1760. Na época da expulsão do Brasil, os jesuítas tinham 25 residências, 36 missões e 17 colégios e seminários, além de seminários menores e escolas de alfabetização instaladas nas cidades onde estavam presentes. “O Marquês de Pombal era contra a Companhia de Jesus por muitos motivos, mas o fator preponderante para este ódio era o fato de que, no seu apostolado, os jesuítas ensinavam as pessoas a pensar, e as pessoas que pensam compreendem

O Padre jesuíta Theodoro Peters, presidente da Fundação Educacional Inaciana Padre Sabóia de Medeiros (FEI)

sua situação no mundo e não se deixam escravizar”, ressalta o Padre Carlos Alberto Contieri, que também é o organizador no Brasil das celebrações de 200 anos da restauração da Companhia de Jesus pela Igreja Católica, a ser comemorada em 7 de agosto de 2014 (leia mais na página 35). Segundo o Padre Paulo de Arruda D’Elboux, com a expulsão dos jesuítas a educação brasileira sofreu uma grande ruptura no processo já implantado e consolidado como modelo educacional, o que levou à perda da qualidade na formação de várias gerações e ao atraso na instalação de universidades no Brasil, em relação a outros países da América Latina. “As escolas jesuítas foram fechadas exatamente no momento em que se construía uma linha educativa para o Brasil, que caminhava para a independência de Portugal. Com isso, o Brasil ficou sem um projeto educacional consistente. A Europa, embora também tivesse vivido a exclusão da Ordem, já tinha uma história de pensamento e cultura consolidada e, por isso, não foi tão afetada por essa extinção”, ressalta. abril a junho DE 2013 | Domínio fei

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arquivo

Educação baseada na Pedagogia Restaurada em 1814, a Companhia de Jesus hoje está presente em mais de 130 países, dos cinco continentes, e administra uma rede composta por mais de 3 milhões de estudantes, distribuídos por cerca de 180 colégios, 200 universidades e faculdades e 2724 centros de Educação Popular Fé e Alegria, amplo projeto que promove atividades nas áreas de educa­ ção em vários países, principalmente na América Latina. No Brasil, são 15 colégios, três universidades, um Centro Universitário (FEI), uma faculdade de Filosofia e Teolo­gia e 15 unidades do Fé e Alegria. No País, a Rede Jesuíta de Educação atende aproximadamente 150 mil alunos e todas as instituições têm projetos de responsabilidade social, inclusive com a concessão de bolsas de estudos. Há, ainda, mais de 70 projetos sociais e educacionais espalhados por todo o território nacional, que beneficiam milhares de pessoas. “A pedagogia humanista da Companhia de Jesus é inspirada no espírito de Santo Inácio, e tudo o que ele ensinou foi

O Padre Manuel Madruga Samaniego

baseado em sua experiência pessoal, pois era um homem muito preparado”, reforça o Padre Manuel Madruga Samaniego, S.J.. O espanhol de nascimento, de 88 anos de idade, radicado no País, que faz

O Padre Paulo de Arruda D’Elboux

atendimento personalizado a alunos e professores no Centro Universitário da FEI semanalmente, chegou ao Brasil na década de 1950 e ajudou a fundar o Colégio Jesuíta de Juiz de Fora e a Faculdade

Características educacionais bem definidas Durante séculos, a educação jesuíta foi baseada na Ratio Studiorum até que o Padre Superior Geral Pedro Arrupe, em 1980, promulgou em Roma o documento ‘Nossos Colégios Hoje e Amanhã’, que dinamizou totalmente as escolas da Companhia de Jesus. “O documento mudou todo o estilo dos colégios jesuítas e mostrou que poderíamos fazer muito do que ainda não fazíamos”, relata o Padre Manuel Madruga. Em 1982 fora estabelecida a Comissão Internacional para o Apostolado da Educação Jesuíta, da qual fez parte o padre Luiz Fernando Klein. Quatro anos depois, foi redigido por esta comissão o documento ‘Características da Educação da Companhia de Jesus’, destinado a je-

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suítas e leigos envolvidos com as escolas jesuítas no mundo. Em 1993, um novo documento foi lançado, sob o título ‘Pedagogia Inaciana, uma proposta prática’. Entre as premissas desse documento está a contribuição que as instituições jesuítas devem dar à sociedade por meio do processo educativo, que inclui incorporar um estudo rigoroso e perspicaz dos problemas e preocupações cruciais do homem. Segundo o Padre Manuel Madruga, o paradigma pedagógico proposto pelo documento apresenta um estilo e processo didáticos que começam na experiência do aluno, acentuando também a reflexão, a ação e a avaliação. “A pedagogia inaciana alia o intelectual (a razão), o afetivo (o

sentimento) e a prática (a ação)”, completa o Padre Paulo D’Elboux. Segundo o presidente da FEI, Padre Theodoro Peters, mais importante que formar pessoas é ajudá-las a realizar e decidir, desenvolvendo todo o seu potencial para que se tornem plenamente humanas, por meio das aulas, do esporte, das monitorias, da Iniciação Científica, da pesquisa aplicada e das atividades complementares. “O aluno não é um ser abstrato: tem nome, sobrenome, endereço, dificuldades, família, história... A educação humanista visa formar pessoas capacitadas a desenvolverem, entenderem e se envolverem em cada projeto, pois o objetivo é usar a força intelectual para levar a sociedade para a frente”, reflete.


de Teologia do Rio Grande do Sul, foi reitor de inúmeros colégios jesuítas em vários estados e provincial da Companhia de Jesus no Nordeste. O religioso lembra que a essência do educador está na própria formação do jesuíta, iniciada nos dois anos de noviciado, dois de juniorado – que inclui oratória, literatura e línguas –, três anos de Filosofia, estágio de Magistério, além de quatro anos de Teologia. “O jesuíta não é formado para ser professor ou padre operário, mas todos têm uma formação abrangente para enfrentar situações diferenciadas. Todo jesuíta tem de saber falar, escrever, explicar”, complementa o Padre Theodoro Peters. Esta formação, que inclui a leitura de bons livros – inclusive para os colegas no seminário, em voz alta, durante as refeições –, aliada a aulas de idiomas, História, Geografia e Matemática, entre outras disciplinas, prepara os jesuítas para que tenham boa fonética, forte conhecimento pedagógico e raciocínio lógico.

O religioso lembra que, no Brasil colônia, a missão dos jesuítas era, sobretudo, com os índios e, para isso, utilizaram a música e a arte para transmitir o Evangelho e repassar valores cristãos. Hoje, a educação jesuíta oferece as mesmas ferramentas, por meio de espaços para festas, lazer e cultura, apoio nos estudos, estrutura de laboratórios e corpo docente altamente qualificado. “Nosso grande objetivo é criar uma comunidade onde é bom ser bom, é bom ser melhor, é bom ultrapassar os limites do próprio potencial. Criando este modo de ser, esta atitude, nossos alunos e nossos professores vão conseguir colaborar com a sociedade”, acredita.

Bicentenário com muitas comemorações A partir de 31 de julho deste ano (Festa de Santo Inácio), a Companhia de Jesus estará realizando uma série de atividades, em todo o mundo, para comemorar os 200 anos de restauração. Depois de ser extinta pelo Papa Clemente XIV, em 1773, e de ter praticamente desaparecido – somente a czarina Catarina II não aceitou a extinção dos jesuítas, na Rússia – a Companhia de Jesus foi res­taurada pelo Papa Pio VII, em 1814, e­começou um longo processo de reestruturação. As comemorações, que vão até o dia 8 de agosto de 2014, data da bula papal que restaurou a Companhia de Jesus, tem três objetivos principais: difundir o conhecimento histórico sobre a Companhia, no período imediatamente anterior e posterior à restauração; aprofundar a história, por meio de pesquisas e iniciativas criativas que contribuam para a compreensão deste período; e promover uma reflexão para fazer o que Santo

Foto: Companhia de Jesus

Inaciana

O Padre Carlos Alberto Contieri

Inácio dizia nas experiências espirituais: ‘refletir para tirar proveito’. Segundo o Padre Carlos Alberto Con­ tieri, responsável pela organização, o ob­jetivo é motivar a todos para a ampla difusão deste período da Companhia de Jesus. “Teremos um simpósio nacional sobre a supressão e restauração da Companhia, em São Paulo, que reunirá intelectuais, historiadores, estudantes e colaboradores de obras para pensar nesse período, que é um buraco negro da nossa história”, adianta. A Companhia de Jesus preparou dois documentos base para essa reflexão e, após o encontro, serão publicados artigos sobre o tema. A Companhia No Brasil, a Companhia de Jesus se divide em três províncias e uma região. A Brasil Meridional (BRM) corresponde aos estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A Província do Brasil Nordeste (BNE) engloba o Espírito Santo, Bahia, Ceará, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí e Maranhão. A Brasil Centro-Leste (BRC) abrange os estados de Goiás, Tocantins, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e o Distrito Federal. A região Brasil Amazônia (BAM) é formada pelos estados do Acre, Amazonas, Roraima, Amapá e Pará.

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pós-graduação

Especialização permite Pós-graduação em Automação Industrial e Sistemas de Controle foi criada em 1996

C

om o mercado globalizado, as empresas procuram aumentar sua competitividade investindo na automação dos seus processos e plantas industriais. Com isso, cresce a demanda por especialistas com perfil generalista capazes de desempenhar diferentes atividades dentro da função. Voltado para profissionais, principalmente engenheiros

Carlos Henrique Santos veio de Minas

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eletricistas, eletrônicos ou mecânicos que atuam ou desejam trabalhar na automação ou no controle de sistemas industriais, nos quais a robótica é um dos pontos centrais, o curso de pós-graduação em Automação Industrial e Sistemas de Controle do Centro Universitário da FEI, que teve início em 1996, já formou 27 turmas, totalizando mais de 500 profissionais. Com seis disciplinas, todas com abordagem de conhecimentos gerais, o aluno aprende sobre controladores lógicos programáveis (CLP), microprocessadores, sistemas hidráulicos e pneumáticos, controle de sistemas, instrumentação e robótica. “Com esse conteúdo, o curso forma especialistas em automação capazes de desempenhar diversas funções e de encontrar soluções rápidas e precisas”, garante o professor doutor Agenor de Toledo Fleury, coordenador do curso de especialização em Automação Industrial e Sistemas de Controle e do Programa de Pós-graduação, nível Mestrado, de Engenharia Mecânica da FEI. Ao final do curso, o aluno apresenta uma monografia com base em um dos temas abordados durante a especialização. “Os trabalhos são de muito bom nível e os alunos têm mostrado grande dedicação, o que é resultado de uma rica grade curricular e, principalmente, de um corpo docente de primeira linha, constituído por profes-

sores titulados e por especialistas em áreas específicas com experiência na indústria, em pesquisa e novas tecnologias”, reflete o coordenador. Segundo o professor, essa especialização ‘abre mentes’, pois aborda pontos específicos de mais de uma Engenharia. Para manter os profissionais afinados com o mercado, o curso é constantemente atualizado, incorporando novas metodologias de ensino. “Por ser mais curta e de aplicação mais imediata, a especialização tem como característica acompanhar mais rapidamente as necessidades dos profissionais do setor, assim como o mercado e como as tecnologias se desenvolvem”, enfatiza o professor, ao explicar que o curso possui um viés moderno e há uma procura cada vez mais significativa. Mais qualificação A escolha da FEI pela reputação e pela excelência em ensino superior foram os fatores que motivaram o engenheiro Carlos Henrique Santos a vir de Minas Gerais para cursar a especialização em Automação Industrial e Sistemas de Controle. “O ambiente é fantástico e as aulas excelentes, pois são ministradas por professores ligados à indústria e com carga de conhecimento e experiência muito elevadas, o que me motiva a ser mais confiante para buscar melhores oportunidades na minha área


de atuação”, assegura o engenheiro que, atualmente, ocupa a função de gerente de produção na Chama Indústria e Comércio. Formado em Engenharia Elétrica pela FEI, Leonardo Navarenho de Souza Fino cursou a especialização, pois sentiu a necessidade de ampliar seu conhecimento em busca de uma melhor colocação profissional. “O ambiente da Instituição, a qualificação dos professores e a grade curricular foram essenciais para minha escolha. O curso foi excelente pelo ganho de experiência e, principalmente, por conseguir aplicar o conhecimento adquirido na minha rotina de trabalho”, explica o engenheiro de produto do departamento Teardown & VAVE (Value Analysis & Value Engineering) da General Motors. A excelência do curso o motivou a investir na pesquisa. O enge­nhei­ro­finalizou o mestrado e cur­sa­o doutorado em Dispositivos Eletrônicos Integrados, também na FEI.

Graduação em Automação e Controle

microolga/istockphoto.com

formação generalista Prestes a formar sua primeira turma, o curso de Engenharia de Automação e Controle foi criado em 2009 para atender a uma necessidade que já existia há algum tempo, principalmente pelo crescimento da demanda do mercado e pela busca por profissionais com competências para concepção e manutenção de sistemas de automação e controle de processos industriais. Criado por professores dos departamentos de Mecânica, Elétrica, Produção e Ciência da Computação, o curso tem uma visão ampla de todas as disciplinas necessárias para a formação do engenheiro multidisciplinar. Com a mesma estrutura dos demais cursos, a Engenharia de Automação e Controle se destaca por ter uma carga horária menor. “O aluno tem a opção de selecionar o que irá estudar fora do período letivo, ou seja, poderá escolher atividades opcionais, porém curriculares, como atividades complementares registradas no histórico, cursos extras, grupos de estudos, disciplinas ministradas fora da FEI, projetos e iniciação científica, entre outras”, pontua o chefe do Departamento de Engenharia Elétrica e coordenador do curso, professor doutor Renato Camargo Giacomini. Outra característica, comum entre a graduação e a especialização, é a forte fundamentação científica com pesquisadores de primeira linha, que qualificam o curso e, consequentemente, os egressos. “Nossos alunos têm excelente desempenho e, por terem escolhido um curso menos tradicional, podem ser considerados desbravadores”, informa o coordenador, ao garantir que o engenheiro de automação e controle é um profissional generalista e com mais flexibilidade, pois está preparado para atuar em diversas áreas.

O curso Objetivo – Atender à crescente demanda de profissionais especializados em automação e processos, atualizando ou aprofundando seus conhecimentos nesta área, para que possam desempenhar suas funções com qualidade e solucionar problemas com rapidez e precisão. Público-alvo – Profissionais que atuam ou desejam atuar na automação de sistemas industriais e em robótica. Pré-requisitos – Graduação em Engenharia – análise de currículo e entrevista. Duração do curso e local – 432 horas-aula, distribuídas em três semestres letivos, duas noites por semana, no campus São Bernardo do Campo e, também, sob consulta no campus São Paulo. Informações – Campus São Bernardo do Campo – (11) 4353-2909. Envio de currículos para análise – iecat@fei.edu.br

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responsabilidade social

O voluntariado como Estudantes da FEI utilizam o conhecimento técnico adquirido em sala de aula em ações voluntárias

A

Fotos: Pedro Queiroga

lém do compromisso em formar excelentes profissionais, o Centro Universitário da FEI se preocupa em contribuir para a formação do aluno como ser humano, despertando o melhor em cada pessoa para criar uma sociedade melhor e estimular um novo modo de agir. Esses princípios, iniciados por Santo Inácio de Loyola desde a criação da Companhia de Jesus, têm sido vivenciados por muitos alunos da FEI. Dentre os vários sentimentos e atitudes que fazem parte desses princípios está o voluntariado, ação que tem fortalecido o caráter pessoal de muitos alunos da FEI, que usam parte do conhecimento adquirido

em sala de aula para ajudar a quem precisa. A iniciativa é estimulada pelos trabalhos sociais e de iniciação realizados na própria Instituição, como o que foi desenvolvido com aproximadamente 16 adolescentes do Lar Pequeno Leão, em São Bernardo do Campo, que cuida de crianças e adolescentes carentes. No início deste ano, o aluno do 3º ciclo de Ciência da Computação, Rafael Prado, ensinou noções básicas de Word, Excel e internet aos adolescentes, algo simples para muitos, mas que, para quem sequer chegou perto de um computador alguma vez na vida, como alguns daqueles adolescentes carentes, significa muito. O estudante explica que, no voluntariado, não são apenas as pessoas assistidas as beneficiadas, mas também os doadores. “O meu ganho nessa experiência foi em âmbito pessoal, pois tive contato com uma realidade diferente da minha. Na hora do curso, especialmente no momento do lanche, tive a oportunidade de conhecer cada um deles mais de perto, suas histórias, um pouco de suas vidas, foi uma oportunidade única”, relata o jovem, que também está desenvolvendo, de forma voluntária, o site do Lar. A professora do Departamento de Ciências Sociais e Jurídicas da FEI, Gisele Larizzatti Agazzi, responsável pelo trabalho desenvolvido com o Lar Pequeno Leão, explica que um dos objetivos do projeto foi estimular ações de responsabilidade social nos alunos da FEI, proporcionando oportunidades de aprender com a comunidade. “A FEI tem um enorme potencial para contribuir com a comunidade e aprender com ela, e programas como os de Ações Sociais e de Extensão, por exemplo, dão condições para que os alunos desenvolvam atividades em âmbito acadêmico e de responsabilidade social”, reforça. O próximo passo com o Lar Pequeno Leão é oferecer aulas de Língua Portuguesa.

Por que ser um voluntário?

Alunos envolvidos no projeto TETO

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A coordenadora do Departamento de Ciências Sociais da FEI, professora doutora Carla Andrea Soares, explica que o envolvimento com o voluntariado traz ao indivíduo a experiência de construir o bem dentro de uma realidade social diferente da qual se vive e proporciona, principalmente ao jovem, um amadurecimento e uma lição de que existem grupos com necessidades específicas que não podem passar despercebidas. “O compartilhamento de conhecimentos e dons é algo importante para o ser humano, pois ajuda a concretizar quem ele é e como pode ajudar a construir uma sociedade mais justa”, argumenta. O envolvimento com diferentes realidades também proporciona ganhos na vida profissional. Segundo a professora, quem tem a capacidade de olhar para a realidade e responder às suas


Foto: Jésus Perlop

crescimento pessoal A professora Gisele Larizzatti Agazzi e o aluno Rafael Prado participam do trabalho desenvolvido no Lar Pequeno Leão

Direito a um teto Este é o lema de um grupo de alunos e ex-alunos da FEI que fazem parte de um projeto que, desde 2006, está ajudando a melhorar o estilo de moradia de centenas de famílias carentes. O projeto TETO, cujo objetivo é construir ‘casas emergenciais’ feitas com madeira para famílias que vivem em situações precárias de moradia, tem ajudado muitos jovens a entenderem a importância do voluntariado e a enfrentarem desafios, que são aprendizados para a vida pessoal e profissional. Recém-formado em Engenharia Mecânica Automobilística, Pedro Marcelo Queiroga Cruz é um dos representantes da FEI no corpo de voluntários do projeto e se dedica a aplicar um pouco de seu conhecimento técnico para ajudar o próximo. O engenheiro explica que o prazer em proporcionar um lugar melhor para essas pessoas se mistura com a responsabilidade e o desafio de entregar a casa pronta em um fim de semana, pois cada família beneficiada precisa se desalojar por este período

para dar espaço aos voluntários que construirão a nova moradia. “Temos de trabalhar e fazer com que a casa fique pronta em dois dias, faça chuva ou faça sol. Caso isso não ocorra, a família vai passar mais uma noite sem ter um teto digno e, neste caso, nos organizamos para voltar na segunda-feira e concluir o que ficou pendente”, relata. Pedro Marcelo Queiroga Cruz lamenta, entretanto, que esteja difícil encontrar jovens dispostos a participar de ações como esta. O jovem acentua que, durante o fim de semana da construção, é preciso se dedicar integralmente ao trabalho, abrindo mão da vida pessoal. “Durante a construção, acordamos cedo e dormimos tarde, não lavamos as mãos cada vez que sujamos com lama, não comemos sentados à mesa... Diversas vezes é possível identificar pessoas se questionando ‘por que eu vim parar aqui?’. Simples, porque esta realidade também nos pertence! Ela pode não ser vista no nosso dia a dia, mas existe, e cabe a nós trabalhar para mudar este quadro”, acredita.

necessidades é muito mais coerente, pois não fica preso a uma ideia, e sim a concretiza. “Aprender esse diálogo com o outro, com as necessidades e realidades sociais do outro, aumenta o potencial de diálogo com tudo. Profissionalmente, o indivíduo vai aprender a dialogar com realidades diferentes, com a diversidade, com demandas e escassez de recursos, ampliar sua capacidade de relacionamento interpessoal, de comunicação e de protagonismo, pois a experiência de interação social pode lhe atribuir maior potencial de identificar demandas e selecionar possibilidades e, de forma mais flexível, buscar soluções criativas adequadas à realidade”, complementa. O aluno Rafael Prado acredita que, assim como ele, existem muitos outros estudantes da FEI que adorariam passar um pouco

do que sabem adiante e realizar um trabalho de apoio à formação de jovens carentes, como foi feito com os adolescentes do Lar Pequeno Leão. “Sempre existe algo para ser aprendido ou ensinado e a experiência de poder ajudar a quem precisa é inexplicável”, resume. Já Pedro Cruz enfatiza que experiências como as que ele e os colegas da FEI estão vivendo com o projeto TETO são positivas em todos os aspectos. “O trabalho voluntário beneficia os dois lados, tanto o que tem uma carência quanto o voluntário que, ao sair de uma construção popular, por exemplo, passa a dar mais valor para sua casa, sua família, suas oportunidades”, reflete. Além de Pedro Cruz, a equipe de voluntários no projeto TETO inclui os alunos Mayara Morelli, Bruna Duca, Larissa Marques, Ana Carolina Shimada, e ex-alunos como Arthur Stéfani e Rafael Gambini.

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Inovação e sustentabilidade Pesquisa de mestrado abordou energias renováveis em empresa do setor elétrico brasileiro

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a área de administração de

empresas, a definição mais fre­ quente para a forma da Organi­ za­ção Inovadora Sustentável é aquela que a conceitua como uma organização em aprendizagem, que fomenta polí­ ticas de desenvolvimento sustentável, entre outras características. Não se trata simplesmente de ser uma organização inovadora e sustentável, pois é necessário ir além. A empresa deve, ainda, oferecer

Marcelo Pinheiro Soruco é o autor do trabalho

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condições para que o contexto onde atua se desenvolva, melhorando as condições do entorno. Ao promover políticas de de­ senvolvimento sustentável, as empresas devem inovar e desenvolver, na medida do possível, políticas sociais e de desen­ volvimento econômico. No setor elétrico, isso significa implementar fontes de gera­ ção de energia elétrica renováveis como, por exemplo, biomassa ou energia eólica. Desenvolvida pelo engenheiro eletri­ cista e mestre em Administração Marcelo Pinheiro Soruco, o trabalho ‘A adoção da forma de organização inovadora susten­ tável por uma empresa do setor elétrico brasileiro: a implementação de políticas de desenvolvimento sustentável e fontes de energias renováveis’, orientado pela professora doutora Isabella Vasconcelos, do Departamento de Administração da FEI, teve como objetivo estudar uma grande empresa do setor elétrico brasi­ leiro, pertencente ao sistema Eletrobrás, e sua estrutura de organização, visando compreender se esta empresa se adequa à tal forma organizacional. Com várias características favoráveis para o desenvolvimento do trabalho, a empresa apresentava ações de sustentabi­ lidade, responsabilidade socioambiental e assuntos relacionados à inovação, total­ mente aderentes à forma da Organização Inovadora Sustentável. Segundo o autor, o mais importante do trabalho foi dese­ nhar o contexto de energia renovável no

Brasil, principalmente a eólica, e enten­ der o que acontece e como essa empresa específica se enquadrava neste cenário. O mestrando fez uma análise utilizando técnicas de estratégia e aplicando concei­ tos relacionados à capacidade dinâmica e Visão Baseada em Recursos (RBV) para compreender se a empresa apresentava uma vantagem competitiva. Como conclusão, foi possível entender o contexto das empresas de geração de energia no Brasil, em especial a que foi objeto da pesquisa, e a necessidade de investir em novas alternativas. “Com a maior exigência dos órgãos ambientais em reduzir os impactos ambientais causa­ dos pela geração hidrelétrica, observa-se uma preocupação com investimentos em novas fontes, principalmente na eólica, que é abundante, renovável, limpa e dis­ ponível em muitos lugares, especialmente na região Nordeste”, explica Marcelo Pi­ nheiro Soruco. Para a professora Isabella Vasconcelos, a originalidade do trabalho foi contribuir para o desenvolvimento deste conceito e explorar sua aplicação no setor elétrico brasileiro. “O ponto inovador foi o avanço no tema das organizações inovadoras sus­ tentáveis, pesquisando a implementação de energias renováveis, principalmente a eólica, e de que forma este cenário está ligado ao conceito de desenvolvimento sustentável e responsabilidade social”, reforça a docente.

skodonnell/istockphoto.com

mestrado


AGENDA

Segundo semestre de 2013 01

a

3 de agosto

27

a

29 de agosto

Recruta FEI XIV International Symposium on Computer Simulation in Biomechanics Praiamar Natal Hotel – Ponta Negra – Natal/RN

O simpósio, que tem o Centro Universitário da FEI como a única instituição brasileira organizadora, juntamente com a Loughborough University/UK, será um evento técnico e científico para pesquisadores e estudantes de todas as áreas de simulação computacional na biomecânica do movimento, especialmente humano, controle motor e robótica, relacionados à biomecânica. Saiba mais sobre o evento no www.isbweb.org/~tgcs/iscsb-2013.

08

a 09 de outubro

Concurso Travessia Campus São Bernardo do Campo da FEI

O objetivo do concurso, que é dirigido a estudantes do ensino médio e alunos da FEI, é agregar conhecimento, desenvolver e estimular novas habilidades nos estudantes, estimular o raciocínio, o trabalho em equipe e a cooperação, entre muitos outros princípios e práticas essenciais para a formação como estudante, futuro profissional e indivíduo. Os participantes deverão construir um protótipo miniatura de estrutura representativa de uma ponte, usando apenas palitos de sorvete comuns, barbante, clips e cola. Saiba mais no site www.fei.edu.br/concursotravessia.

Campus São Bernardo do Campo da FEI

Evento organizado pela Júnior FEI que tem como objetivo possibilitar o contato direto entre empresas e alunos. As empresas têm a possibilidade de divulgar seus programas de estágio, trainee e demais informações, enquanto os estudantes podem fazer contatos e conhecer melhor a realidade do mercado. Além da exposição, as empresas podem realizar palestras e workshops sobre temas pertinentes à proposta do evento. Saiba mais sobre o Recruta FEI na página www.jrfei.com/recruta.

21

a 23 de outubro

I Workshop of Chemical Engineering of FEI Campus São Bernardo do Campo da FEI

O I Workshop de Engenharia Química (I ChEFEI),­ que possui como tema central ‘Produção e Exploração no Pré-Sal: Desafios para a Engenharia Química’, tem como objetivo unir profissionais da Engenharia Química e áreas correlatas em torno do debate técnicocientífico de temas relacionados à pesquisa, ao desenvolvimento e à inovação no setor petrolífero e às diversas etapas do processo produtivo da indústria do petróleo, com destaque para o aproveitamento das reservas nacionais do pré-sal. O evento propõe a construção de um ambiente produtivo de ideias, envolvendo discussões sobre políticas de desenvolvimento científico e tecnológico, formação de recursos humanos, equipamentos e processos industriais. Saiba mais sobre o evento no site www.fei.edu.br/chefei.

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artigo

Prof. Dr. Agenor de Toledo Fleury Coordenador de Mestrado de Engenharia Mecânica Prof. Dr. Carlos Eduardo Thomaz Coordenador de Mestrado/Doutorado de Engenharia Elétrica Centro Universitário da FEI

Benefício inédito na pós-graduação

C

omo uma reafirmação da sua histórica vocação em formar recursos humanos de alta qualidade e gerar conhecimento e tecnologia para atender aos interesses atuais da indústria e da sociedade, os cursos de pós-graduação stricto sensu do Centro Universitário da FEI receberam recentemente um benefício inédito do governo federal: auxílios de taxas escolares para discentes com vínculo empregatício. Por meio de uma nova estruturação do Programa de Suporte à Pós-Graduação de Instituições de Ensino Particulares (PROSUP), da agência de fomento CAPES, é possível, a partir do exercício de 2013, apoiar financeiramente parte dos alunos de mestrado e doutorado que tenham interesse em desenvolver soluções para problemas considerados não triviais e importantes, no médio ou no longo prazo, para a empresa em que trabalham, sem a obrigatoriedade de dedicação integral ao curso. Em um cenário nacional de recursos humanos de alto nível imprescindíveis ao desenvolvimento do País, mas escassos, tal apoio expande consideravelmente a possibilidade de aprofundamento de conhecimento científico e tecnológico dos profissionais da indústria. Em particular, para os cursos de Engenharia Elétrica e Engenharia Mecânica da FEI, que concentram a maior parte das suas atividades no período noturno, esse apoio pode ser visto como um prêmio ao esforço institucional e dos docentes pesquisadores em ministrar

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um curso de pós-graduação do nível de um mestrado e de um doutorado fora do horário de funcionamento típico, e também como um reconhecimento federal aos padrões acadêmicos de excelência perseguidos desde 2005. São diversas linhas de pesquisa contempladas que visam formar mestres e doutores com características de pesquisa e desenvolvimento, não só para disseminação e atualização de conhecimento científico nas universidades, como docentes, mas, principalmente, para evolução desse conhecimento como pesquisadores nas empresas e nos institutos de pesquisa. Oportunidades de parcerias entre indústrias interessadas e a FEI sempre existiram, em todos os níveis. Deve ser destacado, no entanto, o empenho das principais agências de fomento – federais, como a CAPES/MEC ou o CNPq, e estaduais, como a FAPESP –, em estimular o aprimoramento científico dos profissionais ligados à indústria. Cada vez mais, a disponibilização de recursos humanos de alto nível se torna fator decisivo no crescimento de uma empresa ou na atração de centros de pesquisa, desenvolvimento e inovação para uma determinada região. Embora o Brasil tenha construído, em poucas décadas, um dos melhores sistemas de pós-graduação no mundo, apenas uma pequena parte dos egressos é absorvida pelas empresas. Pelas recentes iniciativas, esse panorama começa a mudar.


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