Domínio FEI 28: Os Grandes Desafios do Futuro: Megatendências 2050 - Inovações e Internet das Coisas

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Publicação do Centro Universitário FEI - Ano VII - nº 28 - Setembro a Dezembro 2016

Os grandes desafios do futuro: Megatendências 2050 – “Inovações e Internet das Coisas” Tema do Congresso de Inovação 2016 denota que as demandas da sociedade estão voltadas a um futuro de inovação

Elias Rogério da Silva responde pela presidência da filial brasileira da Diebold nixdorf, líder global em tecnologia, software e serviço

dois novos Projetos de Engenharia Mecânica são inovações importantes no setor

inauguração do Laboratório de Efeitos da Radiação Ionizante (LERI) coloca o país em novo patamar na indústria espacial



editorial

DESAFIOS E

OPORTUNIDADES

E

Professora doutora Rivana Basso Fabbri Marino, Vice-reitora de Extensão e Atividades Comunitárias

“O ser humano e a sociedade têm uma capacidade muito grande de se reinventar, de inovar e de se superar.”

stamos chegando ao final de mais um ano e, neste período, procuramos refletir sobre muitas questões e acontecimentos que fizeram parte de nossas vidas, seja pessoal ou profissional. A retrospectiva dos noticiários denota que 2016 se encerra em meio a turbulências econômicas e políticas no Brasil e no mundo. Muitos escândalos políticos, desastres naturais, mercados oscilantes, incertezas, entre tantos outros fatores permearam o cenário mundial. Por outro lado, nos deparamos com muitas manifestações de solidariedade e de posicionamento ético ou inclusivo. Temos visto, também, muitas mudanças. Novas formas de compartilhamento de informações, de bens, de espaços, de meios de transporte. Novas formas de comunicação. Novas formas de disseminação do conhecimento. O ser humano e a sociedade têm uma capacidade muito grande de se reinventar, de inovar e de se superar. Devemos saber procurar as melhores respostas. Particularmente, creio na educação como alternativa para encontrar melhores soluções, por seu potencial de contribuição na formação de pessoas mais críticas de suas responsabilidades e direitos no exercício da cidadania; economicamente ativas e capazes de empreender na construção de uma economia mais sustentável e solidária. Também por intermédio da educação de qualidade, formaremos profissionais preparados para proporem novas soluções de sustentabilidade dos negócios e da vida no planeta; para o desenvolvimento tecnológico que os novos modelos de produção e comunicação exigem na manutenção da competitividade das empresas. Os desafios são muitos, como também são muitas as oportunidades. Essa visão de futuro implica em mudanças práticas. Investir e capacitar as novas gerações para que tenham essas habilidades. É por isso que o tema que permeia

grande parte das matérias dessa edição é a inovação e o futuro. A escolha dessa abordagem não foi por acaso. Em 2016, o Centro Universitário FEI reforçou o seu compromisso de formar profissionais inovadores desde o início de sua jornada, de incluir todos os seus estudantes em um universo de inovação e conhecimento, preparando-os para os desafios de um mundo mais conectado, globalizado e sustentável. Entre as diversas matérias apresentadas, destaco aqui o Congresso de Inovação e Megatendências 2050. Em uma iniciativa inédita, ao longo de quatro dias, reunimos profissionais de mercado, executivos, jornalistas, professores e alunos para debaterem as grandes oportunidades e desafios do futuro. Como resultado, o evento gerou uma aproximação ainda maior de nossa Instituição com as indústrias, governo e institutos de pesquisa e desenvolvimento públicos e privados, além de proporcionar a toda a comunidade acadêmica a oportunidade de olhar o futuro por diferentes ângulos, conhecer as previsões e tendências que irão traçar um novo panorama de mercado e, consequentemente, irão afetar a vida da sociedade como um todo. Trazemos, ainda, para dentro das páginas da nossa Revista, as conquistas de nossos egressos; prêmios e reconhecimentos que recebemos recentemente, denotando a importância e a peculiaridade dos projetos e iniciativas de nossos alunos; a cobertura de diversos eventos que promovemos para disseminar e debater a qualidade em diversas áreas e o legado que estamos deixando como resultado de nossas pesquisas à toda a nossa comunidade interna e externa. Para finalizar, espero que apreciem mais esta edição e que os desafios enfrentados em 2016 tenham nos fortalecido para olharmos para 2017 motivados e cientes de nossas responsabilidades para o futuro.

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expediente Centro Universitário FEI Campus São Bernardo do Campo Av. Humberto de Alencar Castelo Branco, 3972 - Bairro Assunção São Bernardo do Campo - SP Brasil - CEP: 09850-901 Tel.: 55 11 4353-2901

VOCÊ SABIA? Em 75 anos de existência, muito já aconteceu em nossa trajetória, marcada por dedicação, trabalho e responsabilidade, e esse espaço tem como objetivo compartilhar algumas histórias e curiosidades da FEI. Por exemplo:

Campus São Paulo Rua Tamandaré, 688 - Liberdade São Paulo - SP - Brasil CEP: 01525-000 Tel.: 55 11 3274-5200 Presidente Pe. Theodoro Paulo Severino Peters, S.J. Reitor Prof. Dr. Fábio do Prado Vice-reitor de Ensino e Pesquisa Prof. Dr. Marcelo Pavanello Vice-reitora de Extensão e Atividades Comunitárias Profª. Drª. Rivana Basso Fabbri Marino Conselho Editorial desta edição Prof. Dário Alliprandini Prof. Gustavo Donato Prof. William Francini Coordenação geral Andressa Fonseca Comunicação e Marketing da FEI Produção editorial e projeto gráfico Core Group Edição e coordenação de redação Cristiane Melitto - MTB 25693 Reportagem Graziele Dal-Bó - MTB 02343 Fotos Arquivo FEI, Leonardo Britos e Ilton Barbosa Programação visual Core Group Tiragem: 19 mil exemplares Impressão e distribuição: Edições Loyola

A capela Santo Inácio de Loyola, situada no campus São Bernardo do Campo, foi idealizada pelo Pe. Aldemar Moreira S.J. para ser uma construção digna, que fosse símbolo marcante e permanente do desenvolvimento justo do homem. Construída em concreto aparente e com o telhado em formato de livro, segundo projeto executado pelo arquiteto Dudus Zoltan, a capela, de linhas sóbrias e acolhedoras, teve sua primeira missa rezada em 18 de novembro de 1977. Dotada de obras artísticas de escultura, pinturas

e vitrais, como os desenhados e confeccionados por Conrado Sorgenicht Filho, em junho de 2012, a Capela sofreu algumas reformas. Sua nave foi ampliada, além disso, no projeto do renomado artista sacro brasileiro Cláudio Pastro, falecido no último mês de outubro, o presbitério recebeu novo altar em mármore “fiore di pesco”, mesmo material utilizado para a sédia e ambão. O sacrário, mantido em sua concepção original, foi instalado em espaço próprio, também revestido no mesmo mármore.

FALE COM A REDAÇÃO A equipe da revista Domínio FEI quer saber a sua opinião sobre a publicação, assim como receber sugestões e comentários. Mande e-mail para redacao@fei.edu.br. Em virtude do espaço, não é possível publicar todas as cartas e e-mails recebidos. No entanto, nossa equipe agradece a atenção de todos os leitores que escreveram para a redação. As matérias publicadas nesta edição poderão ser reproduzidas, total ou parcialmente, desde que citada a fonte.

www.fei.edu.br

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Solicitamos que as reproduções de matérias sejam comunicadas antecipadamente à redação pelo e-mail redacao@fei.edu.br.


SUMÁRIO

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• Programa PACE premia dois projetos da FEI: REVO e Laboratório de Manufatura

pesquisa & tecnologia • Trabalhos sobre unificação de corpo de prova para polímeros e transdutor de rodas são inovações importantes para a melhoria de projetos mecânicos

• Solução proposta por alunos do Centro Universitário é reconhecida no GM Experience 2016 • Presidente e CEO da GE do Brasil, Gilberto Peralta, palestra sobre o futuro da indústria • Campus SP sedia encontro que debateu a reformulação dos indicadores de avaliação do ensino superior • “Inovação para a Vida” foi tema da Semana da Qualidade no Ensino, Pesquisa e Extensão • Conferência do Setor Têxtil & Confecções do Grande ABC abordou as inovações da área no campus São Bernardo • FEI promove encontros periódicos para debater inovação em Supply Chain • XXIX Simpósio de Gestão da Inovação Tecnológica 2016 e VII EnAPG (Encontro de Administração Pública e Governança) aconteceram pela primeira vez em SP • Centro Universitário recebeu jovens empreendedores e especialistas na Startup Weekend ABC • Pedro Jaime, professor da FEI, lançou o livro “Executivos Negros: Racismo e Diversidade no Mundo Empresarial” • Inaugurado Laboratório de Efeitos da Radiação Ionizante (LERI), que coloca o Brasil em novo patamar na indústria espacial

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• Congresso “Megatendências 2050 – Inovações e Internet das Coisas” reúne especialistas da área de tecnologia e inovação, executivos de empresas nacionais e multinacionais, jornalistas e professores para debater os impactos das novas tecnologias no cotidiano da sociedade

• XIV Congresso Latino-Americano de Dinâmica de Sistemas foi realizado pela segunda vez no país • FEI assina convênio de parcerias do programa de interação com universidades e institutos • Contato de estudantes com o tema inovação é estimulado em Feira de Empreendedorismo

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entrevista Elias Rogério da Silva, presidente da Diebold Nixdorf no Brasil, fala sobre o seu desafio em ajudar a posicionar a companhia como uma conexão entre o dinheiro digital e o físico

responsabilidade social • Projeto TransFORMAR, desafio realizado em escolas públicas e privadas de ensino médio e técnico, visa melhorar o ambiente escolar por meio de desenvolvimento de projetos inovadores

• Fabio Rego, gerente de Produto da Atlas Copco, na Itália, discorre sobre sua carreira em empresas multinacionais

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gestão & inovação

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ARTIGO • Coordenador do Curso de Administração, Professor William Francini, discorre sobre a gestão de inovação em pequenas empresas

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PROJETOS DA FEI SÃO PREMIADOS EM PROGRAMA INTERNACIONAL DE INCENTIVO À INOVAÇÃO SISTEMA DE TRANSPORTE ALTERNATIVO E LABORATÓRIO DE MANUFATURA FORAM DESTAQUES NO PROGRAMA PACE, NOS ESTADOS UNIDOS

O REVO foi destaque nas quatro categorias que compõem o prêmio: Design, Consumidor, Manufatura e Engenharia e foi projetado por uma equipe formada por alunos da FEI e de outras cinco instituições

O

s investimentos realizados pela FEI para formar profissionais qualificados e atualizados com as tecnologias mais modernas têm sido reconhecidos por importantes instituições no Brasil e no exterior. Na última edição do Annual PACE Forum, em que equipes integradas por instituições de diversos países desenvolvem veículos com conceito inovador, a FEI foi destaque com o REVO, projeto de sistema de transporte alternativo. Já o Laboratório de Manufatura Digital foi apresentado como exemplo de espaço multi e interdisciplinar para ensino, pesquisa acadêmica e inovação. O evento foi realizado em julho, na cidade de Cincinnati, em Ohio, nos Estados Unidos. O REVO foi premiado por propor um sistema de transporte alternativo. A cada edição do PACE, os alunos têm um tema para ser trabalhado. O desafio deste biênio era construir um veículo para atender os propósitos da mobilidade nas supercidades do futuro. As oito equipes concorrentes tiveram dois anos para desenvolver o projeto

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completo. Na primeira fase, em 2015, foi analisado o design do veículo. Já na segunda etapa, os critérios envolveram a viabilidade, o custo, o processo de fabricação, entre outros aspectos. Os universitários tiveram de elaborar um plano de negócios, com estudo de mercado, manufatura e a criação da maquete. O veículo da equipe formada por alunos do Centro Universitário FEI, da ITESM-Toluca (México), da Universidad Iberoamericana (México), do College For Creative Studies (EUA), da University of Puerto Rico Mayaguez (EUA) e do Instituto Mauá de Tecnologia (Brasil) foi destaque nas quatro categorias que compõem o prêmio: Design, Consumidor, Manufatura e Engenharia. Projetado para ser um veículo compartilhado, o REVO possui um mecanismo de “sanfona”, com um interior reconfigurável, que permite expandir a cabine e adaptá-lo conforme a quantidade de passageiros. Ele pode ser utilizado por uma ou até quatro pessoas e serve ainda para o transporte de carga. O aluguel é feito por trecho e por tempo.

APP localiza veículo O usuário é informado sobre a localização do veículo mais próximo por meio de um aplicativo. Seu sistema de utilização é o mesmo do que ocorre hoje com as bicicletas compartilhadas, ou seja, o usuário aluga o carro em um ponto e pode devolvê-lo em diferentes estações. O app indica também se há mais alguém interessado em dividir o uso e as despesas do trajeto. O veículo é compacto, possui tração elétrica, tem design inovador e foi pensado para ser colocado em circulação em 2030. “O REVO seguiu uma tendência que será muito forte no futuro, que são os carros sem dono. Os grandes diferenciais do projeto foram a criatividade e o uso de ferramentas de engenharia. Os estudantes tiveram que decidir onde esse veículo seria fabricado, quais seriam suas características de produção e o mercado consumidor”, explica Roberto Bortolussi, professor de Engenharia Mecânica do Centro Universitário FEI.


Laboratório de Manufatura Digital foi eleito pelo programa como o Laboratório do Ano entre 59 instituições participantes

Indústria 4.0 O REVO não foi o único projeto da FEI reconhecido pelo PACE. O Laboratório de Manufatura Digital foi eleito pelo programa como o Laboratório do Ano entre 59 instituições participantes, a maior parte delas estrangeira. “A avaliação dos laboratórios é bastante rigorosa, não adianta apenas ter boas instalações e equipamentos, esses itens são básicos. Os julgadores analisam de que forma a estrutura está ligada à pesquisa e à inovação e qual sua influência na disseminação do conhecimento. Ser eleito o Laboratório do Ano reforça o alto nível dos projetos da FEI”, afirma o professor Bortolussi, responsável pela inscrição na competição. Inaugurado em fevereiro deste ano, o Laboratório de Manufatura Digital conta com softwares e hardwares de última geração, além de uma moderna estrutura de robótica, e foi desenvolvido para atender um dos pilares da chamada Indústria 4.0 ou quarta revolução industrial. Esse é um conceito ainda novo na indústria, cujas primeiras discussões iniciaram há apenas quatro anos, mas que somente em 2016 ganhou força. A Indústria 4.0 trabalha dentro do preceito de que no futuro as máquinas serão mais independentes e poderão, inclusive, se comunicar sem que exista a interação de um humano. O objetivo é que as fábricas trabalhem cada vez mais integradas, em um cenário sem distinções entre as áreas. Mais produtividade De fato, segundo dados da consultoria PwC, somente 9% das empresas incorporam

ao seu cotidiano processos de digitalização e automação. A expectativa para os próximos anos, porém, é de que esse número se reverta. Até 2020, a estimativa é que 72% das organizações do país estejam digitalizadas. Essa visão inovadora vai racionalizar não somente os custos, mas a produtividade da indústria como um todo. “Com a manufatura digital, você consegue, por exemplo, reduzir o tempo de desenvolvimento de um produto de seis meses para até três meses”, explica o professor Alexandre Massote, do curso de Engenharia de Produção, que participou da concepção e implementação do Laboratório. Massote destaca que o grande diferencial do Laboratório de Manufatura Digital da FEI é ser um espaço voltado ao compartilhamento de conhecimento nessa área e não apenas um local para uso exclusivo dos alunos e professores da universidade. “Esse é um dos únicos laboratórios do mundo pensado na formação das pessoas desse mercado. O objetivo é que os profissionais que trabalham na indústria utilizem essa estrutura para se atualizar, que participem de cursos aqui. Queremos que esse espaço seja usado para discutir a Indústria 4.0”, conta o professor Massote. O próximo passo é ampliar o conceito de Indústria 4.0 com a manufatura aditiva, em que não será preciso transportar peças: os projetos serão trocados entre as fábricas e as peças serão produzidas por meio de uma impressora 3D. Além da redução com o custo de transporte, a inovação agilizará os processos e transformará toda a forma de trabalhar da indústria.

Sobre o

PACE

O PACE é um dos principais programas de incentivo ao desenvolvimento de novas tecnologias. Liderada pela GM, a iniciativa existe desde 2002, é desenvolvida em parceria com empresas de hardware e software e tem como objetivo aproximar instituições de ensino e empresas do setor automobilístico para incentivar estudantes universitários a desenvolverem projetos inovadores. A cada biênio, equipes formadas por instituições de ensino superior de países diferentes que participam do programa idealizam, desenvolvem e apresentam um projeto completo de veículos inovadores. Elas devem avaliar concorrência, aderência ao mercado, processo de produção, design, entre outros fatores. Além disso, todos os anos, o programa elege o melhor projeto de desenvolvimento relacionado a uma instalação das instituições de ensino participantes. A avaliação leva em conta as instalações, as condições de ensino, as atividades desenvolvidas no laboratório e suas ligações com o ensino multidisciplinar, com a pesquisa e com a inovação, bem como as perspectivas de crescimento.

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destaques

FEI É A ÚNICA INSTITUIÇÃO BRASILEIRA A ESTAR NA FINAL DO GM EXPERIENCE 2016

Equipe da FEI foi a vice-campeã do GM Experience

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odos os anos, a montadora americana GM incentiva alunos de escolas de destaque de todo mundo a apresentar soluções inovadoras para problemas reais e desafiadores a executivos da companhia por meio do GM Experience. Em 2016, pela primeira vez, a competição contou com instituições brasileiras e a FEI foi a única a estar presente na final mundial, que aconteceu em outubro, na cidade de Detroit (EUA). Sob a orientação do professor Gustavo Donato, do departamento de Engenharia

Mecânica, os alunos Rodrigo Sandrin, Victor Pereira Santos e Raphael Marim, do curso de Engenharia Mecânica; e Matheus Monezi, do curso de Engenharia de Automação e Controle, terminaram o desafio em segundo lugar. Para o professor, o grande segredo da orientação foi não se limitar aos aspectos técnicos. “Além da aplicação de estratégias avançadas de tratamento de dados, debatemos sobre o contexto macroeconômico mundial e a conjuntura atual do mercado com foco no setor automotivo, sobre as habilidades comportamentais e pessoais que se espera de um jovem promissor, e, até mesmo, sobre técnicas de comunicação e expressão”, afirma. O caminho para chegar à final foi longo. Primeiro, os estudantes passaram por uma etapa interna, na qual se inscreveram 18 equipes. Eleitos para representar a FEI, receberam o primeiro case em julho e tiveram 20 dias para resolvê-lo.

A solução proposta pelos estudantes foi escolhida como uma das três melhores pela GM e passou à final nacional. Eles foram, então, convidados a resolver mais um case, dessa vez em apenas duas horas, durante evento realizado na sede da montadora em São Caetano do Sul, quando venceram para representar o país na etapa mundial. Os alunos concorreram com outras 20 instituições. Foram três dias intensos de competições, nos quais os estudantes precisaram mostrar aos principais executivos da GM que suas soluções eram as mais criativas e inovadoras, ao mesmo tempo em que eram seguras e rentáveis. Entre todos os participantes, apenas a apresentação da Ohio State University foi considerada superior à apresentada pelos alunos da FEI. “Foi uma experiência incrível e uma exposição mundial valiosa para os nossos estudantes e para a FEI”, destaca o professor Gustavo Donato.

CEO DA GE DO BRASIL FALA SOBRE O FUTURO DA INDÚSTRIA A pauta inovação, que é e será inesgotável para a FEI, foi tema do IPEI Infoco, evento organizado, em outubro, pelo Instituto de Pesquisas da FEI-IPEI e pela Agência FEI de Inovação, e que reuniu líderes da Instituição, professores, alunos da FEI, bem como ex-alunos e empresários da região, para falar sobre o futuro da indústria e as perspectivas para os próximos anos. Na oportunidade, o presidente e CEO da GE do Brasil, Gilberto Peralta, ministrou uma palestra na qual fez questão de ressaltar que, mesmo em meio ao momento crítico que o país atravessa, é possível olhar para um horizonte de crescimento, principalmente se as oportunidades que surgirem forem aproveitadas e se os investimentos forem bem aplicados. “O Brasil tem um grande problema com a forma que utiliza os investimentos. Aplicamos pouco em inovação, por isso,

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crescemos pouco. Precisamos ter foco em nossos investimentos e naquilo que dá lucro. Um bom exemplo são os nossos parques geradores de energia eólica. Temos o maior e melhor parque de torres eólicas do mundo, mas não conseguimos aproveitar de forma correta a energia que ele pode produzir”. Acreditar e investir em quem promove a inovação é outro fator essencial para qualquer organização, empresa ou país que almeja crescer, e, segundo Gilberto, a maior parcela desses inovadores estão nas universidades e seus centros de pesquisa. “A GE tem investido algo em torno de 5 bilhões de dólares em inovação, e a maior parte deste investimento vai para as universidades. Nós adquirimos as patentes das pesquisas, mas em troca a universidade e seus pesquisadores tem à sua disposição a melhor infraestrutura para se trabalhar e todo suporte necessário para que os

Gilberto Peralta, CEO da GE do Brasil

alunos, professores e pesquisadores possam desenvolver as suas pesquisas”, pontuou. A Indústria 4.0, outra nova tendência que está revolucionando o setor industrial e o mundo, também foi destacada pelo executivo. Segundo o CEO da GE, embora seja chamada a “revolução das máquinas”, ela não representa uma ameaça para a mão de obra humana, mas uma oportunidade para que o profissional se reinvente.


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POSSÍVEIS MUDANÇAS DO MEC NA FORMA DE AVALIAÇÃO DO ENSINO EVENTO REALIZADO NA FEI DEBATEU A REFORMULAÇÃO DE NOVOS ÍNDICES E SUAS POSSÍVEIS CONSEQUÊNCIAS PARA AS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR

Representantes da FEI, da ANGRAD, do CRA-SP e de outras instituições de ensino fizeram parte do debate

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s conceitos por trás de novos indicadores de avaliação dos cursos de graduação, bem como os impactos dessas mudanças nos cursos de Administração, permearam os debates do Encontro Regional de São Paulo da ANGRAD (Associação Nacional dos Cursos de Graduação em Administração), realizado em agosto, no campus São Paulo, pelo Centro Universitário FEI, em parceria com a própria Associação e com o CRA-SP (Conselho Regional de Administração de São Paulo). O evento teve a condução do professor Hong Y Ching, representante da ANGRAD no Estado de SP, coordenador e chefe do departamento de Administração do campus São Bernardo do Campo. Para o reitor da Instituição, professor doutor Fábio do Prado, trata-se de um momento oportuno para falar sobre qualidade, inclusive do processo de avaliação. “Estamos há 12 anos da Lei 1061, que transformou a avaliação em commodities para todas as instituições de ensino superior do país, o que gera a necessidade de revisitá-la e reavaliá-la”, destacou. O novo modelo foi, portanto, a aborda-

gem principal das palestras e das mesas redondas promovidas no encontro que contou com a presença do presidente da Angrad e professor Henrique Guilherme Heidtmann Neto, o qual adiantou, na ocasião, que a missão da Associação hoje é discutir qualidade mais do que cobertura territorial em educação. Segundo ele, provocar e acompanhar as mudanças no cenário educacional brasileiro fazem parte da missão da ANGRAD e isso tem como consequência natural inserir os associados, professores e parceiros em um ambiente de discussão de temas recentes sobre o assunto. Na opinião do presidente do CRA-SP, Roberto Carvalho Cardoso, que foi um dos integrantes da mesa redonda sobre os indicadores de avaliação, a apreciação do ensino superior é um ponto fundamental para que tenhamos profissionais qualificados, capacitados e preparados para o mercado de trabalho, por isso, o debate sobre novos indicadores se faz tão importante. “É necessário que todos tenham a ampla visão da educação e o entendimento de todo o processo”, destacou.

Entre os parâmetros que se pretende analisar, tema ainda em discussão no Ministério da Educação, além da proficiência dos concluintes, estão as taxas de conclusão e desistência de alunos e o desempenho institucional, o qual visa avaliar o ensino, projetos de pesquisa e extensão – pouco abordados no sistema atual. Ao discorrer sobre os conceitos por trás dos novos indicadores, o professor doutor José Francisco Soares, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), defendeu, por exemplo, a aferição de três resultados: fluxo, aprendizado e satisfação. Para ele, é preciso considerar fatores como matriz de referência dos testes de formação geral e específica; obrigatoriedade: estudante ou curso; frequência: anual ou em ciclos; informatização e cadastro online de formandos. Já ao serem abordados os possíveis impactos das mudanças dos indicadores, o professor doutor Kaizô Iwakami Beltrão lembrou que o Conceito Preliminar de Curso (CPC) é constituído de oito componentes, agrupados em três dimensões que se destinam a avaliar a qualidade dos cursos de graduação: desempenho dos estudantes, corpo docente e condições oferecidas para o desenvolvimento do processo formativo. “O tipo de estratégia para melhoria do conceito dependerá de cada um dos indicadores que compõem o CPC e como esse conceito está afetando o resultado geral. Por exemplo, uma instituição que tenha baixo número de doutores, pode fazer um investimento nesse sentido”, afirmou. O evento teve ainda a apresentação de cases de sucesso, expostos pelo professor Taiguara Langrafe, vice-reitor da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP); e pelos professores doutores do Centro Universitário FEI, Edson Coutinho da Silva e Ângela Christina Lucas.

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A IMPORTÂNCIA DE DESENVOLVER E PROMOVER A CULTURA DA INOVAÇÃO

COMO ESTIMULAR AINDA MAIS O EMPREENDEDORISMO NOS ALUNOS E QUAIS SÃO AS DIFICULDADES ENCONTRADAS PARA O DESENVOLVIMENTO DE ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO FORAM ALGUNS DOS ASPECTOS DEBATIDOS NA SEMANA DA QUALIDADE NO ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO ressaltou a necessidade de revisar e aprofundar o conceito de inovação. “É preciso formatar os currículos de modo a orientá-los para formação de jovens para vida cidadã”, pontuou. “Reflexões sobre educação inovadora” Ao abordar essa temática, o reitor do Centro Universitário, professor doutor Fábio do Prado, destacou a importância da instituição de ensino desenvolver e promover uma cultura capaz de transformar o estudante, tornando-o protagonista do processo de aprendizagem, devendo também favorecer o empreendedorismo, a autonomia intelectual e a proatividade. “O projeto de ensino inovador tem de ir além daquele que ensina para que o aluno responda às demandas atuais. Deve prepará-lo para solucionar novos desafios sociais e tecnológicos, que requerem domínio do processo criativo e inovador. Precisa ser empreendedor em sentido mais amplo, bem como estimular a coletividade e não a competitividade”, afirmou o reitor, instigando os docentes presentes a pensarem e repensarem sobre suas respectivas posturas em sala de aula de modo a refletir sobre suas contribuições para o ensino inovador, o que é possível fazer para estimular ainda mais o empreendedorismo nos alunos e quais são as dificuldades encontradas para colocar em prática a inovação.

Professor doutor Fábio do Prado, reitor do Centro Universitário FEI

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cada semestre, o primeiro compromisso de docentes, coordenadores de cursos, reitor, vice-reitores e colaboradores do Centro Universitário FEI é refletir conjuntamente sobre temas importantes e atuais na área de educação, compartilhar experiências e debater sobre os caminhos a serem traçados. Ao abrir, em agosto, a Semana da Qualidade no Ensino, Pesquisa e Extensão do segundo semestre deste ano, tendo como tema “Inovação para a Vida” e na qual se propôs a discutir as formas para desenvolver e promover uma cultura de inovação capazes de trazer protagonismo ao estudante, Pe. Theodoro Peters, S.J., presidente da Fundação Educacional Inaciana “Pe. Sabóia de Medeiros”,

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Internacionalização Com um formato de sala de aula invertida, alunos que participaram de programas de intercâmbio promovidos pela FEI em parceria com o Governo Federal relataram suas experiências na mesa redonda que debateu o tema “Universidade sem Fronteiras: a Experiência Discente pelo Mundo e Diferentes Modelos Pedagógicos” e contou com a coordenação do professor doutor João Chang Júnior, coordenador Institucional do Programa Ciência sem Fronteiras e do Programa CAPES-BRAFITEC. Na ocasião, Chang fez uma breve introdução a respeito dos programas de intercâmbio da Instituição, destacando os avanços decorrentes, principalmente, do Programa Ciência sem Fronteiras e do convênio com o ICAM (Institut Catholique d’Arts et Métiers), para a dupla diplomação. Até julho de 2016, o Centro Universitário


Da esq. p/dir.: prof. dr. João Chang Júnior; os engenheiros Barbara Guazelli e Gilmar Fernandes dos Santos; e os alunos Isabel Pereira Colonna Romano, Lukércio de Abreu e Marcos Rogério Tenório

FEI havia contabilizado a participação de 317 alunos de graduação em programas de intercâmbio internacional. Em seus relatos, os engenheiros formados pela FEI Barbara Guazelli do Espírito Santo e Gilmar Fernandes dos Santos, sendo que este cursa mestrado na Instituição, além dos alunos Isabel Pereira Colonna Romano, Lukercio de Abreu Lopes e Marcos Rogério de Oliveira Tenório, abordaram suas respectivas experiências no exterior, as diferenças culturais nos países visitados e as características das instituições que os receberam, bem como as técnicas e metodologias empregadas dentro e fora da sala de aula e carga horária, desde o ensino mais baseado em memorização, na Korea, até a aula não obrigatória, na Alemanha. O principal ponto levantado pelos estudantes é que as instituições estrangeiras estimulam a autonomia do aluno frente ao universo acadêmico. De diferentes formas, eles assumem responsabilidade por sua formação ao optar por disciplinas e construir sua grade curricular, se engajar em atividades extracurriculares, se preparar com o estudo prévio sobre os temas de aulas etc. E, assim, ser ativamente responsável pela sua formação. O desafio de se criar ambientes de inovação na Indústria O modelo de trabalho da EMBRAPII para o fortalecimento da cultura de inovação na indústria brasileira foi apresentado à FEI pelo doutor Carlos Eduardo Pereira, diretor de operações da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (EMBRAPII) e professor titular do curso de Engenharia de Controle e Automação da UFRGS. Pereira recordou que o modelo de inovação adotado se baseia na parceria entre universidade, governo e mercado, a chamada Tripla Hélice da Inovação, fundamentado em outros exemplos de países como Alemanha e Estados Unidos. Segundo ele, no entanto, tal sinergia é difícil de ser obtida, uma vez que as empresas e as universidades normalmente têm tempos e objetivos diferentes. “Há um gap de valores e necessidades de aproximação entre ambas. Também corre-se o risco de a instituição, seja ela empresa ou academia, perder sua identidade e acabar ocorrendo uma competição entre os pesquisadores da universidade e da indústria, o que é pouco produtivo”, pontuou ele, destacando ainda que a inovação é o elo que une a indústria e a universidade, pois é uma necessidade da primeira e uma vocação da segunda. Outro ponto levantado por Pereira é que, hoje, a situação do Brasil no contexto da América Latina é preocupante. Em termos

de inovação, o país está atrás do Chile, do México e, até mesmo, da Costa Rica. No ranking mundial, ocupa a 70ª posição (2014). E também caiu nos índices de competitividade emitidos anualmente pelo Fórum do Banco Mundial. Pereira observou, ainda, que o número de patentes emitidas no Brasil estacionou e que, contudo, não é papel da universidade pública expedi-las – isso é trabalho das empresas. Em sua opinião, o país desaprendeu a inovar. A produção científica está em franco crescimento – hoje, o Brasil ocupa o 13º lugar no ranking mundial de publicações acadêmicas –, mas isso não se traduz em inovação tecnológica. Para o diretor da EMBRAPII, esse fenômeno pode ser entendido parcialmente pelo fato de 70% dos cientistas brasileiros atuarem exclusivamente na academia, em dedicação parcial à pesquisa. Somente 30% estão inseridos na indústria. Ao concluir sua exposição, Pereira destacou que a inovação aproxima a universidade e a empresa sem perda de identidade, já que cada organismo tem sua expertise e sabe quais tarefas precisa executar. O governo deve se inserir nessa equação como fomentador e criador de condições favoráveis à inovação, desde a educação básica até a pesquisa acadêmica. Ainda no contexto do fomento à inovação, o diretor de Planejamento e Gestão da instituição, José Luis Gordon, explicou, ao longo de sua explanação, que a EMBRAPII, desde sua criação há três anos, adotou um modelo de negócio compartilhado, que consiste na criação de órgãos e empresas de apoio à pesquisa que atendem às demandas da indústria. A ideia básica de criar conceitos de sistema de inovação é que o desempenho inovativo depende não apenas das empresas e organizações de ensino e pesquisa, mas também de como elas interagem entre si e com vários outros atores, e como as instituições afetam o desenvolvimento dos sistemas. Hoje, a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial é composta de mais de 20 centros de Pesquisa de Inovação (unidades EMBRAPII), com grande capacidade técnica para resolver as demandas das empresas por soluções tecnológicas, e já firmou parcerias com organizações como Votorantim, EMBRAER, GE, Whirlpool, Petrobras e Vale, com aportes de até 46% dos recursos de projetos. Até o momento não há dados consolidados sobre o impacto da EMBRAPII na competitividade das empresas brasileiras, mas segundo Gordon, o prognóstico é positivo.

À esquerda e à direita da foto, Carlos Eduardo Pereira e José Luis Gordon, da EMBRAPII; e, no centro, o professor da FEI, Vagner Bernal Barbeta

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FEI SEDIOU CONFERÊNCIA DO SETOR TÊXTIL & CONFECÇÕES DO GRANDE ABC INICIATIVA, QUE REUNIU ESPECIALISTAS DA INDÚSTRIA TÊXTIL E DO VESTUÁRIO, FEZ PARTE DAS ATIVIDADES DO ABC FASHION E BUSCOU DEBATER AS INOVAÇÕES DO SEGMENTO, QUE SÓ NO ABC PAULISTA EMPREGA MAIS DE NOVE MIL PESSOAS

Presidente da ABIT, Rafael Cervone, falou sobre as tendências do segmento

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egundo dados da ABIT (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e Confecção), o setor soma um faturamento de 53,6 bilhões de dólares anualmente e, mesmo com a crise econômica, ainda foi responsável por 1,5 milhão de profissionais empregados de forma direta no último ano. Outros números da Associação mostram que o setor é o que mais emprega pessoas, de forma direta e indireta, depois do segmento de alimentos e bebidas juntos; além de ser a quarta maior indústria do mundo. No ABC Paulista – que abrange as cidades de São Bernardo, São Caetano e Santo André – a indústria emprega cerca de nove mil pessoas atualmente. Por isso, desde 2015, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo de SBC se uniu às empresas do Arranjo Produtivo Local do setor Têxtil para, com o apoio do Centro Universitário FEI e da Universidade Anhanguera, fazer o ABC Fashion, evento voltado para empresários da área com objetivo de discutir o futuro do setor na região. Uma das atividades da edição 2016, a Conferência do Setor Têxtil e Confecções do Grande ABC, aconteceu no campus São Bernardo do Campo do Centro Universitário FEI, em setembro, com o intuito de abordar as inovações da área. “A ideia foi reunir os empresários para discutir as perspectivas para o setor da indústria têxtil e de confecções. Esse debate é importante para avaliar a situação atual e buscar o melhor caminho para alavancar o setor”, contou a professora Camilla

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Borelli, do curso de Engenharia Têxtil do Centro Universitário FEI, pontuando que, como referência de ensino na área, a Instituição participa como apoiadora no processo de desenvolvimento da indústria e como fonte de pesquisa para inovações. Isso porque, segundo ela, é fundamental que a comunidade acadêmica também acompanhe esse debate. “Formar profissionais é mais do que passar a técnica, é necessário que eles saiam da faculdade com conhecimento do setor, para que possam apresentar soluções para os futuros questionamentos da indústria”, disse Borelli. Na ocasião, ao apresentar a palestra sobre “Situação Econômica e Internacionalização do Setor”, o presidente da ABIT, Rafael Cervone, discorreu sobre as principais tendências que afetam o segmento, como a volatilidade econômica, social e cambial; os aumentos dos custos trabalhistas em grandes países produtores; a estagnação do consumo nos grandes mercados; o crescimento do consumo nos mercados emergentes; o compliance; e os acordos de livre comércio. Cervone também pontuou dois quesitos que merecem atenção especial para os que atuam no setor. Um deles é o fato de 80% dos jovens com idade abaixo dos 20 anos visitarem sites de empresas têxteis e 70% deles comprarem online; o outro, é a ascendência da Indústria 4.0, que trará impactos para o setor. Neste quesito, a professora Borelli lembrou que o futuro do setor segue rumo à tecnologia, com roupas integradas com sensores e dispositivos eletrônicos, e tecidos sensíveis ao toque. “Já desenvolvemos trabalhos assim na FEI e a ideia é passar esse conhecimento para a indústria inovar e crescer”, contou ela. Durante a Conferência, houve ainda a explanação da dra. Maria Thereza Pugliesi, diretora do Sindicato do Vestuário, sobre as relações de trabalho, uma vez que se trata de um segmento de alta empregabilidade, mas com grandes problemas na área trabalhista. Ela esclareceu aos participantes as principais questões legais e trabalhistas relacionadas a tópicos como experiência, discriminação, violação de intimidade, documentação, testes de aptidão e exame médico admissional. O evento contou ainda com a participação de Carlos Alberto Gonçalves, secretário-adjunto da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de São Bernardo do Campo; Dr. Rafael Cervone, presidente da ABIT; Fernando Barros de Vasconcelos, coordenador do curso de Engenharia Têxtil da FEI; Jerônimo de Almeida Neto, assessor de Programas e Projetos do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC; Giovanni Rocco Neto, secretário Executivo da Agência de Desenvolvimento do Grande ABC; Arthur Eugênio Furtado Achoa, gerente do Sebrae no ABC; Jurandir Santos, gerente do Senac São Bernardo do Campo; e Antonio Valter Trombeta, presidente do Sindiroupas, que integra o Sindivestuário, e coordenador do APL Têxtil da região.


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Público prestigia encontro organizado pelo professor da FEI, Mauro Sampaio, do departamento de Engenharia de Produção

FÓRUNS PROMOVEM DEBATE SOBRE INOVAÇÃO EM SUPPLY CHAIN

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OBJETIVO DO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA FEI É REALIZAR ENCONTROS PERIÓDICOS PARA APROXIMAR ACADEMIA E INICIATIVA PRIVADA

m dos maiores desafios em inovação é aproximar os três principais elementos desse processo: a academia, onde novas ideias são estudadas; os centros de pesquisa, onde as ideias são desenvolvidas e aperfeiçoadas; e a iniciativa privada, na qual são testadas e implementadas novas tecnologias e conceitos. Com o objetivo de reduzir essa distância, o departamento de Engenharia de Produção do Centro Universitário FEI está promovendo uma série de fóruns voltados à inovação para discutir e compartilhar novidades no campo de conhecimento de logística e gestão de redes de suprimentos. A ideia é que os encontros ocorram periodicamente no campus São Bernardo do Campo da FEI. Coordenados pelo professor dr. Mauro Sampaio, do departamento de Engenharia de Produção, e parceiros como empresas de consultoria, empresas privadas e órgãos governamentais, os fóruns pretendem trazer temas ainda novos a respeito da gestão de redes de suprimentos e provocar o debate. “Nosso desafio é reunir em um único local as empresas, as consultorias e a academia. Hoje cada um vive em um mundo separado”, afirma Alexandre de Oliveira, diretor da empresa de consultoria Cebralog. A cada edição, os convidados falam a respeito de um tema inovador para a área de conhecimento. O primeiro fórum dentro desses moldes foi realizado em setembro e o segundo evento em novembro.

Benefício para a sociedade “Queremos ser um fórum neutro para discutir ideias. Hoje diferentes organizações desenvolvem projetos inovadores, mas não têm tempo de compartilhar os resultados alcançados. Nossa proposta é servir como um ponto de encontro desses vários elementos da rede de suprimento com um único objetivo: trazer benefícios para a sociedade”, explica o professor Mauro Sampaio. Outra questão importante incentivada pelo Fórum de Inovação em Supply Chain é que a inovação deve ser transformada em ação e resultado e, por isso, um fórum de debate é essencial. “A inovação não tem dono, pode surgir no mercado, na academia ou na consultoria. A ideia deste fórum é aproximar estas organizações para juntas construírem uma relação de confiança e divulgação do conhecimento”, completa o professor.

“A inovação não tem dono, pode surgir no mercado, na academia ou na consultoria.”

Importância da integração Os assuntos já discutidos vêm exatamente nessa direção. Entre eles, estão a importância da integração de diferentes equipes e empresas no processo de gestão de projetos; a plataforma de inovação aberta entre Brasil e Suécia do Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro (CISB); e o projeto de inovação na gestão portuária, o Sea Traffic Management, que tem sido desenvolvido a partir da reunião de conhecimento entre vários países da Europa, e pode ser utilizado em breve em portos brasileiros.

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BRASIL AVANÇA EM INOVAÇÃO NA ÁREA ADMINISTRATIVA OS RUMOS DO SETOR FORAM DEBATIDOS EM DOIS EVENTOS QUE ACONTECERAM PARALELAMENTE NO CAMPUS SÃO PAULO DA FEI

Público prestigia debate na área de inovação

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Brasil tem conseguido importantes avanços na área de inovação em Administração, principalmente em gestão pública. As cidades inteligentes e os programas de incentivo à formação de núcleos tecnológicos na saúde pública são alguns exemplos dessa evolução. Para debater modelos de sucesso nesse tema, a FEI recebeu, entre os dias 20 e 22 de novembro, os principais especialistas da área durante o XXIX Simpósio de Gestão da Inovação Tecnológica 2016. Paralelamente, foi realizado o VII EnAPG (Encontro de Administração Pública e Governança). Essa é a primeira vez que os eventos são realizados em São Paulo. O principal objetivo do Simpósio de Gestão da Inovação Tecnológica é fomentar o desenvolvimento da área de estudos em Gestão de Ciência, Tecnologia e Inovação no Brasil, considerando os diferentes subsistemas e dimensões de análise, por meio de artigos teórico-empíricos, ensaios teóricos e artigos

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tecnológicos. Já o VII EnAPG visa ampliar as discussões acerca da Administração Pública no país. “O Simpósio e o Encontro de Administração Pública estão em consonância com o novo marco institucional da FEI, que é debater sobre a produção científica com aplicação para a realidade e, principalmente, com compromisso social. Nesses três dias mobilizamos toda a comunidade científica que estuda a inovação na área de Administração”, afirma o professor Roberto Bernardes, do Programa de Mestrado e Doutorado em Administração da FEI e um dos organizadores do evento. Para estruturar um debate robusto, os eventos receberam as três principais pontas da cadeia da inovação: instituições de pesquisa, iniciativa privada e governo. A Internet das Coisas (IoT) foi um tema amplamente discutido. Isso porque ela tem ajudado a colocar o tema inovação nas agendas da administração pública e privada. De fato, os governos vêm

“Nesses três dias mobilizamos toda a comunidade científica que estuda a inovação na área de Administração.”


sendo cada vez mais desafiados a aumentar sua eficiência, diminuir seus custos, reduzir sua estrutura e aumentar sua agilidade. Mas como fazer isso em um setor mais “engessado” que o privado? Esse é o grande desafio para o poder público. Enquanto na iniciativa privada a lógica é a do equacionamento do custo com a criatividade, nas autarquias é preciso obedecer ao propósito para qual ela foi criada. Isso torna o segmento menos interdisciplinar – ou seja, cada um deve cumprir sua função, sem muita colaboração ou pensamento em equipe –, o que dificulta o processo criativo. Urna eletrônica foi avanço importante Apesar dos obstáculos, a administração pública brasileira tem conseguido evoluir no quesito inovação, segundo os especialistas presentes nos eventos. Um exemplo é o processo eleitoral. As urnas eletrônicas foram utilizadas pela primeira vez no país em 1996 e logo se tornaram um exemplo para o mundo. O voto informatizado tornou o processo mais seguro e menos oneroso. Além disso, em poucas horas já é possível saber quais são os candidatos vencedores. O Poupatempo, projeto do governo de São Paulo que reúne em um mesmo local diversos serviços de utilidade pública, como a renovação de Carteira de Motorista e 2ª via de documentos, é mais um caso de como o serviço público tem evoluído. Um dos grandes desafios para as próximas décadas, tanto do ponto de vista público quanto privado, é formar os jovens de hoje para que trabalhem com os temas de inovação. Atualmente há um grande movimento para que os trabalhos de conclusão de curso sejam projetos que resolvam problemas reais e não mais trabalhos de referência bibliográfica. Para chamar a atenção dos estudantes, novos conceitos vêm sendo abordados nas salas de aula. Entre os modelos voltados à inovação e debatidos nas escolas estão o Canvas e o Design Thinking. O primeiro é uma ferramenta de planejamento estratégico, que permite desenvolver e esboçar modelos de negócio novos ou existentes. Já o Design Thinking é uma abordagem centrada no usuário, que utiliza linguagem multidisciplinar para a resolução de problemas. É um dos principais métodos para a aplicação de tecnologias disruptivas, como inteligência artificial e IoT. Embrapii reforça incentivo à inovação Um incentivo importante no processo de transformação para uma sociedade mais criativa e voltada para a inovação foi a criação, em 2013, da Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial), que se propõe a apoiar instituições de pesquisa tecnológica para que executem projetos de desenvolvimento de pesquisa tecnológica para inovação, em cooperação com empresas do setor industrial. A organização social foi moldada com base nos princípios da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), que já existe há mais de quatro décadas e tem como foco a geração de conhecimento e tecnologia para agropecuária brasileira. O agronegócio, aliás, esteve também entre os temas abordados nos painéis. A sustentabilidade, por sua vez, foi considerada essencial no processo de inovação. Com uma população mundial que caminha para 10 bilhões em algumas décadas, o grande questionamento é como fica a segurança alimentar nesse contexto.

Os três dias de eventos foram marcados por reconhecimento, apresentação de trabalhos e palestras

Trabalhar com informações estruturadas, advindas de ferramentas e sistemas robustos, ajudará na tomada de decisões e, consequentemente, na redução de riscos. Um ponto em comum entre os especialistas presentes nos eventos é que a gestão, nesses casos, faz toda a diferença. “O Brasil tem avançado muito. Você tem políticas de formação de gestores e programas de MBA e mestrados voltados à inovação crescendo bastante”, resume o professor Bernardes.

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FEI RECEBE EDIÇÃO DO MAIOR EVENTO DE EMPREENDEDORISMO DO MUNDO STARTUP WEEKEND ABC ACONTECEU ENTRE OS DIAS 4, 5 E 6 DE NOVEMBRO E CONECTOU JOVENS EMPREENDEDORES E ESPECIALISTAS

Mais de 70 pessoas participaram da maratona inovadora

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FEI tem somado esforços para se tornar cada vez mais referência em inovação e empreendedorismo. À luz de eventos como o Congresso de Inovação (veja reportagem na página 33), a Instituição tem disseminado essa cultura entre os estudantes e a sociedade. Com base nesse posicionamento, o Centro Universitário recebeu jovens empreendedores e especialistas, entre os dias 4 e 6 de novembro, na Startup Weekend ABC, que faz parte da Startup Weekend, o maior evento de empreendedorismo do mundo, com cerca de duas mil edições em 120 países. Promovida por empresas de raiz inovadora, como Google, Amazon e Coca-Cola, a Startup Weekend tem como objetivo conectar empreendedores com ideias criativas e especialistas de diversas áreas. Empresas como o Easy Táxi, aplicativo de solicitação de táxi, nasceram em edições passadas do evento. Essa é a segunda vez que a Startup Weekend é realizada no ABC. Mais de 70 pessoas participaram da maratona inovadora durante os três dias de atividades.

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Mentoria ajuda no modelo de negócio Os grupos precisaram trabalhar como se fossem uma empresa de verdade. Foram 54 horas para discutir sobre os problemas, apontar soluções e construir um protótipo – o chamado MVP (Minimum Viable Product) - para ser apresentado ao júri. Para transformar a ideia em um modelo de negócio viável, os jovens empreendedores contaram com a ajuda de mentores, profissionais com experiência em áreas relacionadas à inovação. Essa consultoria é essencial para quem deseja investir no seu próprio negócio. “É muito importante que a FEI esteja incentivando os alunos a inovar, transformando o ABC em um polo de empreendedorismo. A cultura que tínhamos no país até hoje era de formar profissionais para o mercado e isso vem mudando”, afirmou Ahmad Amame, ex-aluno do curso de Engenharia de Produção da FEI e um dos organizadores do evento. A grande vencedora desta edição foi a Pet Hour, um aplicativo de celular que tem como objetivo fidelizar os donos de pets com seus pet shops. O propósito dos empreendedores com a ideia é vender o Pet Hour para os donos de pet shops para auxiliá-los nessa fidelização por meio do envio de SMS, pop-up, notifications, entre outros recursos. “A Startup Weekend trouxe o conhecimento necessário para tirar uma ideia do papel com as mentorias e me incentivou a seguir adiante com a ideia, tornando-a um negócio. Fazer FEI também me auxiliou, por causa das aulas de inovação e custos. Me ajudou a pensar de forma diferente”, explicou Khalil Gamal, que é um dos integrantes do grupo ganhador, e cursa Engenharia Química na FEI. O segundo lugar ficou com a Travel by Price, aplicativo de viagens customizadas por preço, no qual o app mostra as opções conforme o orçamento do usuário. A Zuppy, aplicativo que conecta prestadores de serviço, ficou com a terceira colocação. Foi entregue ainda uma menção honrosa para a Einstein, que oferece produtos financeiros para pequenos e médios negócios com base em inteligência artificial. Foram distribuídos mais de R$ 19 mil em prêmios. Entre os reconhecimentos, as equipes vencedoras receberam cursos de pré-aceleração para startups, posições de coworking durante um mês, assessoria jurídica, serviços de gerenciamento em cloud computer, peças para campanha nas redes sociais, serviços de divulgação, mini cursos de pitch e workshops de lean startups.

“A Startup Weekend trouxe o conhecimento necessário para tirar uma ideia do papel com as mentorias e me incentivou a seguir adiante com a ideia, tornando-a um negócio. “


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LIVRO DE PROFESSOR DA FEI ANALISA DESIGUALDADE RACIAL NO MUNDO CORPORATIVO PESQUISAS MOSTRAM QUE A PARTICIPAÇÃO DOS NEGROS NOS CARGOS DE LIDERANÇA NAS GRANDES EMPRESAS É MUITO BAIXA NO BRASIL

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desigualdade racial ainda é uma realidade no mundo corporativo em nosso país. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social com a cooperação do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e divulgada em 2016 mostra que os negros correspondem a somente 6,3% dos profissionais que ocupam cargos de gerência e 4,7% daqueles que estão nos postos de direção nas 500 maiores empresas do Brasil. A fim de analisar essa questão e fornecer subsídios para que lideranças empresariais, administradores públicos, gestores organizacionais, ativistas dos movimentos sociais, representantes sindicais e agentes de cooperação internacional revejam seus posicionamentos, o professor do Curso de Graduação e do Programa de Mestrado e Doutorado em Administração da FEI, Pedro Jaime, lançou em novembro – mês da Consciência Negra – o livro Executivos Negros: Racismo e Diversidade no Mundo Empresarial. A obra é uma adaptação e atualização da sua tese de doutorado defendida em 2011 e vencedora em 2013 do Prêmio Tese Destaque USP como o melhor trabalho de doutoramento realizado na universidade no biênio 2011-2012 nas diferentes disciplinas das ciências humanas. Segundo o professor Jaime, a baixa participação de negros nos postos de maior poder, prestígio e remuneração do mundo corporativo no Brasil reflete uma fragilidade institucional do país em relação a políticas de combate as desigualdades raciais. Esse cenário fica mais claro quando se compara a realidade brasileira com a dos Estados Unidos. Lá, segundo dados do The Executive Leadership Council, os negros constituem 12,6% da população e totalizam 9,4% dos gestores situados em posições de direção nas 100 maiores companhias listada na Fortune. Para que a representação de negros no mundo empresarial brasileiro seja mais próxima daquela encontrada nos EUA, que já é desigual, deveríamos contar com 39,5% de negros nos postos de direção das grandes empresas, um percentual oito vezes superior aos atuais 4,7%. “Se os Estados Unidos possuem números bem melhores do que os brasileiros é porque esse país implementou desde os anos 1960, após o fim do regime de segregação racial, políticas de ação afirmativa voltadas para a inclusão dos negros no mercado de trabalho. Tal iniciativa produziu respostas empresariais. Nada semelhante aconteceu no Brasil e a meu ver isso explica o fato de ainda não termos feito progressos significativos no combate às desigualdades raciais no mundo empresarial”, explica o professor. Ele acrescenta que o mais impressionante é que cerca de 85%

Professor Pedro Jaime, autor do livro “Executivos Negros: Racismo e Diversidade no Mundo Empresarial”

dessas 500 maiores empresas que operam no Brasil reconhecem não ter medidas para incentivar e ampliar a participação de negros em cargos de direção ou gerência; e somente 3,5% dizem possuir políticas com metas e ações planejadas para esse fim, segundo o mesmo levantamento do Instituto Ethos. Além de apresentar as estatísticas que revelam as desigualdades raciais no mundo empresarial brasileiro, a publicação traz à tona as histórias de vida que se escondem por trás desses números. “Procurei apresentar ao leitor as trajetórias sociais e os percursos profissionais de executivos e executivas negros/as, os obstáculos que encontraram e como superaram essas barreiras”. O professor buscou ainda evidenciar os contextos institucionais, em termos de políticas públicas, de pressões dos movimentos sociais e de construções culturais, que explicam os padrões diferentes no desenho de carreira de duas gerações de executivos negros. Com isso, pretende ajudar a formar novas gerações de administradores. “Uma geração mais atenta à necessidade de respeitarmos as nossas diferenças e eliminarmos as desigualdades”.

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LABORATÓRIO INAUGURADO NA FEI COLOCARÁ BRASIL EM NOVO PATAMAR NA INDÚSTRIA ESPACIAL LABORATÓRIO DE EFEITOS DA RADIAÇÃO IONIZANTE (LERI) ESTUDARÁ EQUIPAMENTOS ENVIADOS AO ESPAÇO

Da esq. p/ dir: Marcelo Pavanello, vice-reitor de Ensino e Pesquisa da FEI; Saulo Finco, coordenador geral do projeto CITAR; Profª. Marcilei Guazzelli, docente do Departamento de Física; Pe. Theodoro Peters, S.J., presidente da FEI; Fábio do Prado, reitor do Centro Universitário; e o Prof. Manfredo Harri Tabacniks, vice-diretor do Instituto de Física da USP

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radiação é um grande desafio para o setor espacial, pois afeta o funcionamento e a vida útil dos componentes utilizados nos satélites, podendo causar falhas de comunicação, interferências e, até mesmo, inutilizar equipamentos. Por isso, estudar seus efeitos é de extrema importância. Hoje, o Brasil tem um déficit enorme nessa área. O país sofre, inclusive, embargos para utilizar componentes tolerantes à radiação. Com o objetivo de transformar esse cenário, foi inaugurado, em novembro, no campus São Bernardo do Campo da FEI, o Laboratório de Efeitos da Radiação Ionizante (LERI). Foram investidos no Laboratório, com recursos da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), em torno de R$ 650 mil em equipamentos, que incluem um irradiador e difratômetro de raios X, um sistema de caracterização elétrica portátil de alta precisão, uma câmara de ionização e computadores para aquisição e análise de dados. O Laboratório faz parte do projeto de Circuitos Integrados Tolerantes à Radiação, conhecido como CITAR, criado em 2012 e

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que tem um papel importante na indústria espacial. Ele é responsável pelo estudo, desenvolvimento e capacitação de componentes resistentes à radiação cósmica ionizante, usados em equipamentos enviados ao espaço. O projeto é uma iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), em parceria com o Centro Universitário FEI, com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), com o Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI/MCTI), com o Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IFUSP), com o Instituto de Estudos Avançados do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (IEAv-DCTA), com a Agência Espacial Brasileira (AEB/MCTI) e com o Instituto Mauá de Tecnologia. “Estamos desenvolvendo toda a capacitação e a metodologia de testes para criarmos normas mais adequadas para a qualificação dos componentes eletrônicos modernos, porque hoje usamos normas internacionais desenvolvidas para gerações tecnológicas anteriores. É muito importante investirmos na formação e capacitação de pessoal


especializado em áreas estratégicas para o país”, explicou a professora Marcilei Guazzelli, docente do departamento de Física do Centro Universitário FEI e coordenadora institucional do projeto e do Laboratório. Segundo a professora, essa é a chance de conseguir um alto nível de independência para os projetos em ambiente espacial e levar esse tipo de tecnologia nacional a um outro nível. “Esses testes também são de grande importância para sistemas eletrônicos utilizados na aviação, aceleradores de partículas e medicina nuclear”, afirmou. “O objetivo também é que o Laboratório seja um espaço multidisciplinar e que ajude no desenvolvimento de trabalhos em outros cursos, como os de Engenharia Elétrica. Ele será de extrema importância ainda para o Programa Brasileiro de Desenvolvimento de Satélites, coordenado pelo INPE”, completou o professor Roberto Baginski, coordenador do departamento de Física da FEI. Em 2018, o Brasil deve lançar o primeiro satélite de médio porte totalmente projetado e construído no país. Chamado de Amazonia 1, seu objetivo será monitorar os recursos naturais brasileiros. Ele será importante, por exemplo, na contenção do desmatamento da Amazônia e ajudará a prever as safras agrícolas. “Esse projeto permite que participemos do desenvolvimento de uma área estratégica para o país, a espacial, e cujas aplicações têm aumentado. No agronegócio, por exemplo, precisamos cada vez mais de processos de mapeamento e de sensoriamento remoto. Hoje, esse serviço é contratado fora”, explicou o professor Baginski, complementado que no Laboratório será possível simular em apenas 30 minutos os efeitos da radiação em um componente que está há 10 anos no espaço. Para Saulo Finco, coordenador geral do projeto CITAR e executor do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer, o Laboratório disponibilizará infraestrutura capaz de realizar testes com equipamentos eletrônicos em ambientes hostis, além de formar recursos humanos para operar as máquinas utilizadas nesse tipo de ensaio. “Com isso, teremos condições de realizar todos os ensaios para saber se um componente está dentro das normas e quanto ele aguenta de radiação. Será um instrumento importante também para os desenvolvedores de componentes para satélite do INPE”, disse.

Infraestrutura disponibilizada pelo Laboratório permite a realização de testes com equipamentos eletrônicos em ambientes hostis

Mais de 10 anos de estudos em radiação ambiental Há mais de uma década a FEI conta com um laboratório onde são desenvolvidos estudos de environmental radioactivity ou radiação ambiental, o Laboratório de Física das Radiações (LAFIR). “Eu diria que o LERI é uma extensão do LAFIR, pois neste tema principal - física das radiações - desenvolvemos vários estudos relacionados à radiação natural”, afirmou a professora Marcilei, que já estudou mais de 300 amostras de solo. Entre elas está a da represa Billings, em São Bernardo do Campo, a de parques das cidades do Grande ABC, a do bairro paulistano de Interlagos e a de praias do litoral sudeste e nordeste do Brasil. Em algumas praias, segundo a professora, as análises mostram níveis elevados de dose efetiva de radiação, superando os valores apresentados como média mundial (entre 0,3 e 1,0 mSv/ano) estabelecidos pelo United Nations Scientific Committee on the Effects of Atomic Radiation (UNSCEAR).

Também neste tema, os docentes e alunos da FEI estudam a transferência de radionuclídeos do solo para partes de plantas e a dinâmica desta transferência, materiais de construção, considerados TENORM (Technologically Enhanced Naturally Occurring Radioactive Materials), e subprodutos da indústria de mineração. “Atualmente estamos finalizando a análise das amostras de solo de Mariana, após a contaminação com subproduto da extração de minério de Ferro”, afirmou a professora. No início do ano, a professora Marcilei apresentou as pesquisas realizadas pela FEI na área de física das radiações no XII International Symposium on Radiation Physics, que aconteceu no México e reuniu importantes especialistas da área. “Anualmente, temos trabalhos apresentados também na maior e mais importante conferência sobre efeitos da radiação em dispositivos eletrônicos: RADECS (Radiation effects on Comnponents and Systems), patrocinada pela IEEE, NASA, entre outros”, concluiu.

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FEI SEDIA XIV CONGRESSO LATINOAMERICANO DE DINÂMICA DE SISTEMAS DURANTE TRÊS DIAS ESPECIALISTAS DISCUTIRAM COMO A METODOLOGIA PODE AJUDAR A RESOLVER PROBLEMAS SOCIAIS COMPLEXOS

Da esq. para a dir.: Paulo Edy Nakamura, do Capítulo Brasileiro da Sociedade de Dinâmica de Sistemas; Karim Chichakly, da Isee Systems; o reitor Fábio do Prado e o professor Edmilson Alves de Moraes, da FEI

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om as constantes transformações vividas nas últimas décadas, antecipar-se à resolução de problemas sociais complexos, como os decorrentes de crises econômicas, mudanças ambientais e epidemias é cada vez mais importante. Uma das formas de estudar esses fenômenos e propor soluções baseadas em simulações é por meio da Dinâmica de Sistemas. Essa metodologia é voltada ao estudo e compreensão de sistemas complexos e utiliza modelos computacionais que ajudam a compreender o impacto da não linearidade nos sistemas sociais. Entre os dias 19 e 21 de outubro, especialistas nesse tema estiveram reunidos no campus São Paulo do Centro Universitário FEI para discutir e aprofundar assuntos relacionados a essa teoria e suas aplicações práticas. As apresentações contaram com a participação de destacados autores e consultores, tanto do Brasil quanto do exterior. A programação incluiu também uma sessão de pôsteres e plenárias, nas quais os participantes puderam abordar pontos específicos e contribuir com temas e tópicos sobre a metodologia. “Estamos muito contentes em sediar esse evento e, particularmente, fiquei bastante impressionado com a qualidade dos trabalhos. Gostaria de destacar também o importante papel das parcerias. A FEI está muito engajada nisso”, afirmou o reitor do Centro Universitário, professor doutor Fábio do Prado. O professor Edmilson Alves de Moraes, do programa de Doutorado em Administração, um dos organizadores do Congresso, complementou a fala do reitor ressaltando que a FEI é uma universidade focada em inovação e eventos como esse são importantes para trazer pesquisadores internacionais e facilitar os contatos

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para futuros trabalhos em conjunto. Outro fato pontuado por ele é que esse tipo de iniciativa torna a Instituição conhecida pelas escolas, abrindo portas para convênios, intercâmbios e desenvolvimento de pesquisa em conjunto. Integração latino-americana Essa é a 14ª edição do Congresso e a segunda vez que o evento é realizado no Brasil. A primeira foi em Brasília, em 2006. Mais de 80 artigos foram inscritos e 45 apresentados. Os trabalhos abordaram temas variados, como o cenário de energia eólica no país, a análise de fatores de acidentes com motocicletas e o uso da dinâmica de sistemas no campo da economia e gestão da inovação. Além da apresentação de artigos acadêmicos, o evento contou com palestras de nomes importantes no cenário internacional (veja mais no box na página ao lado). “Essa é uma grande oportunidade para integrar a comunidade latino-americana e trazer soluções para problemas atuais. As instituições estão muito diferentes de anos atrás, principalmente por conta do aumento da complexidade. Esse cenário exige novas ferramentas”, explicou Paulo Edy Nakamura, presidente do Capítulo Brasileiro da Sociedade de Dinâmica de Sistemas. Glória Pérez Salazar, presidente do Capítulo Latino-americano, acrescentou que o evento contribui para o desenvolvimento do tema dentro da América Latina. “Esse Congresso permite que as pessoas desenvolvam capacidades e aprendizado, além de estimular a formação de redes de pesquisa”, disse. A próxima edição será realizada em 2017 na cidade de Santiago, no Chile.


destaques SOBRE OS PALESTRANTES KARIM CHICHAKLY, ISEE SYSTEMS E WPI, EUA Karim realizou diversos projetos de modelagem em estratégia de negócios, gerenciamento de projetos, serviços de saúde, políticas públicas e meio ambiente. Possui grande experiência em ensino e treinamento. É professor adjunto de Dinâmica de Sistemas na Worcester Polytech Institute e professor adjunto em Ciência da Computação no Capitol College. Possui formação em Matemática, Engenharia, Ciência da Computação e Dinâmica de Sistemas. É diretor de Desenvolvimento de Produtos na Isee Systems há mais de 20 anos. Também desenvolveu os padrões XMILE de arquivo e interoperabilidade dos modelos dinâmicos.

KIM WARREN, STRATEGY DYNAMICS E WPI, UK Kim é um profissional da estratégia, professor e escritor. Seu trabalho está focado na prática e desenvolvimento do método chamado “Strategy Dynamics”, desenvolvido para auxiliar negócios e organizações de qualquer tipo e tamanho no planejamento e implementação de estratégias. É autor de diversos livros premiados: “Competitive Strategy Dynamics”, “Strategic Management Dynamics” e a obra digital “Strategy Dynamics Essentials”. Também é fundador da Strategy Dynamics Ltd, de produtores do software Sysdea. Possui formação em engenharia, MBA e PhD pela London Business School.

HAZHIR RAHMANDAD, MIT, EUA Hazhir é professor assistente de Dinâmica de Sistemas no MIT Sloan School of Management. Sua pesquisa está baseada na aplicação da modelagem dinâmica na solução de problemas organizacionais complexos, além de contribuir para a expansão das ferramentas de modelagem por meio da estimativa de parâmetros e validação de métodos para modelos dinâmicos. Possui formação como engenheiro industrial pela Sharif University of Technology e PhD em administração pelo MIT.

ETIËNNE ROUWETTE, RADBOUT UNIVERSITY, HOLANDA Etiënne é professor associado no departamento de Metodologia da Nijmegen School of Management (Radboud University Nijmegen, Holanda). Sua pesquisa está focada em métodos de auxílio à decisão em grupos e impactos dos métodos de auxílio à decisão nas interações, cognições e comportamentos. Atualmente supervisiona trabalhos envolvendo serviços de saúde, habitação e problemas de energia. Etiënne é o atual presidente da System Dynamics Society.

CONVÊNIO DE PARCERIAS INCENTIVA O DESENVOLVIMENTO DAS MICRO E PEQUENAS INDÚSTRIAS DOCUMENTO FOI ASSINADO PELA FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DE SÃO PAULO, PELA FEI E POR OUTRAS 15 UNIVERSIDADES

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s micro e pequenos negócios representam mais de 90% das empresas brasileiras e têm atuação significativa na geração de emprego e renda no país. Para incentivar a evolução das micro e pequenas indústrias, a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), por meio do Departamento da Micro e Pequena Indústria (DEMPI), o Centro Universitário FEI e outras 15 instituições assinaram, no mês de outubro, um convênio de parcerias do programa de interação com universidades e institutos. O plano de atividades prevê um conjunto de ações, como o desenvolvimento de programas de cursos, palestras e workshops; a promoção de assessorias técnicas, atendimento e consultoria de forma individual ou coletiva; a disponibilização de base de dados para consulta de todos os envolvidos; o intercâmbio de visitas técnicas (de estudantes às micro indústrias ou das micro e pequenas industriais às universidades) e a oferta de estágio para os universitários nessas indústrias. Segundo o professor Vagner Barbeta, diretor do Instituto de Pesquisas da FEI (IPEI), que participou da assinatura do convênio, o documento é uma formalização do trabalho que a FEI já vinha fazendo há pelo menos quatro anos com o DEMPI. Além disso,

Representantes de diversas instituições participam da cerimônia de assinatura do convênio

Barbeta explica que, com a assinatura, a Instituição mostra que está alinhada às diretrizes do governo brasileiro de incentivo ao setor e também à lei estadual que dispõe que as micro e pequenas empresas devem ter acesso aos institutos de pesquisa. “A obrigatoriedade é para as instituições públicas, mas essa agenda com a Fiesp coloca a FEI em papel de destaque no apoio a esse importante segmento industrial”, resume. Embora as palestras, cursos, workshops e consultorias, que são todos gratuitos, terem foco nas micro e pequenas indústrias representadas pelos 132 sindicatos filiados ao DEMPI da Fiesp, os eventos são abertos à participação do público em geral.

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DESTAQUEs

FEIRA DE EMPREENDEDORISMO ESTIMULA O DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS INOVADORES ESTUDANTES DE ADMINISTRAÇÃO DO CAMPUS SP APRESENTARAM SOLUÇÕES INOVADORAS NA ÁREA DE EMPREENDEDORISMO E DIGITAL. APLICATIVOS DESTINADOS A MELHORAR A QUALIDADE DE VIDA E FACILITAR O DIA A DIA DAS PESSOAS FORAM DESTAQUE

DOGFIT foi escolhido por professores, investidores e público

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contato com o mundo da inovação é um estímulo importante para os universitários. O profissional do futuro deverá ser mais do que um ótimo executivo, precisará ser criativo para sugerir soluções que atendam à demanda de uma sociedade em transformação. Na 20ª Feira de Empreendedorismo, realizada, em novembro, no campus São Paulo da Instituição, os alunos do departamento de Administração tiveram a oportunidade de expor trabalhos que integram os conhecimentos das diversas disciplinas do curso para desenvolver novos negócios. A Feira, aberta ao público, recebeu visitantes durante dois dias, os quais tiveram a oportunidade de conhecer aplicativos destinados a melhorar o bem-estar, facilitar os estudos, localizar trabalho voluntário e alimentação saudável. Segundo o professor Luiz Ojima Sakuda, coordenador do evento e professor do curso, a Feira é um instrumento importante para manter a academia próxima do mercado. Já para João Alfredo Rodrigues Paula, investidor anjo e um dos avaliadores dos projetos, o evento ajuda os estudantes a pensarem a possibilidade do empreendedorismo depois de formados. “É um caminho difícil, mas que tem ganhado força aqui no Brasil”. Esse ano, além dos trabalhos expostos, os alunos e visitantes participaram de palestras e debates sobre empreendedorismo, que

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abordaram as tendências de mercado para os próximos anos, formas de alavancar o negócio, comunicação e marketing digital. “O objetivo da Feira é que os alunos tenham contato com o mundo da geração de negócios, que aprendam na prática como captar recursos e técnicas de gestão”, afirma o professor William Sampaio Francini, coordenador do curso de Administração do campus São Paulo. Investidores, professores e público em geral elegeram os melhores projetos apresentados pelos alunos. Dos 17 projetos expostos, dois deles se destacaram na opinião dos professores e investidores e ficaram empatados. O projeto DOGFIT, que também foi o ganhador pelo voto popular é um e-commerce que oferece um plano de alimentação saudável para os animais. “Em conversas com profissionais da área de saúde veterinária, ficou claro que a base alimentar mais benéfica aos cachorros é de fato alimentos como verduras, legumes, alguns grãos, e tudo in natura”, explica Bianca Shyu, uma das integrantes do grupo. Segundo a estudante, o projeto não é o primeiro a funcionar com um plano de assinaturas de entregas semanais, mas seu diferencial é a personalização dos pacotes de acordo com as especificidades de cada cão, já que alguns deles acabam tendo restrições alimentares em função de determinadas doenças. A DOGFIT prevê um plano flexível em que o cliente pode escolher quando ele quer que os pacotes sejam entregues. O segundo projeto vencedor, Cochlear Securities, tem como foco fornecer seguros para as peças do implante coclear após o término do prazo de garantia de fábrica dos equipamentos. Os

Idealizadores de um dos projetos vencedores, o Cochlear Securities


custos de manutenção dessas peças podem variar de R$ 300 a R$ 4 mil por ano. A ideia para o projeto surgiu da necessidade de um dos alunos, Leandro Andres Rubro, que é deficiente auditivo e tem o implante coclear. Andres já passou três semanas sem poder exercer suas atividades diárias porque a peça do aparelho quebrou e demorou para ser reposta. “Com o seguro, queremos ter um estoque de peças para que essa troca seja feita em até 48 horas”, conta Matheus Rocha, que integra a equipe desenvolvedora do Cochlear Securities. Aplicativo cria rede de apoio para Alzheimer Outro projeto voltado à área da saúde apresentado durante a feira e que chamou a atenção dos visitantes foi o Memories, aplicativo voltado aos familiares, cuidadores e pacientes que possuem Mal de Alzheimer. Hoje cerca de 1,2 milhão de pessoas sofrem dessa doença no Brasil. Apenas metade delas se trata, e, a cada ano, surgem 100 mil novos casos, segundo a Associação Brasileira de Alzheimer. O intuito do Memories é criar uma rede de apoio e facilitar o acesso a informações sobre cuidadores, tratamentos e a doença. O aplicativo oferece também informações sobre cursos, workshops, grupos e permite que os familiares troquem experiências. “Esse é o primeiro aplicativo no país a destacar a doença”, explica Ilan Domingues, um dos integrantes do grupo. No evento, foram apresentados também três projetos com foco em educação: o English 4, centro educacional que promove especialização e imersão por meio de cursos livres voltados para business, ministrados em inglês; o Estudando, aplicativo que tem como objetivo auxiliar na fase educacional de crianças e adolescentes reproduzindo o conteúdo da sala de aula; e o Pra Quê? III, que explica aos alunos o propósito de estarem estudando determinada matéria. A crescente demanda por serviços relacionados à melhoria da qualidade de vida e alimentação saudável fez com que os estudantes focassem esse nicho de mercado. O Energize, projeto apresentado por um grupo de alunos, é uma espécie de estúdio itinerante que vai às empresas em caminhões ou vans oferecer pacotes de massagens, espaço laboral e lazer. A Gaia Alimentos Saudáveis é um aplicativo que dispõe de produtos saudáveis, com tabelas nu-

Estudantes fazem papel de empresas pesqueiras

Projetos Memories, Gaia, Estudando e Bora de Bike estavam entre as 17 iniciativas expostas

tricionais, receitas e vídeos que irão melhorar aspectos de vida do cotidiano dos clientes. Já a proposta da FIT é unir as tendências de consumo dos próximos anos, assim como as tendências do mercado de alimentos no Brasil. Com atuação na área social, a ONG4US e a Go Help têm o objetivo de ligar pessoas e ONGs, conectando-as de forma inteligente e permitindo ao voluntário ter acesso às instituições de acordo com seu perfil. Para tentar sanar um problema crônico das grandes cidades, o Bora de Bike é um app que tem como meta formar grupos de ciclistas com o objetivo de otimizar o uso das ciclofaixas, principalmente em deslocamentos rotineiros. Outros projetos apresentados foram o Neverland, acampamento inspirado na Disney que oferece um espaço de diversão e lazer especializado em crianças; o Don’t Stop, consultoria de empregos para pessoas prestes a se aposentar e aposentadas; o SPTripper, aplicativo que apresenta os pontos turísticos e agenda de eventos da semana em São Paulo; e o Anneliese Joias, e-commerce de revenda de joias. FISHBANKS Paralelamente à Feira de Empreendedorismo, a FEI promoveu o Desafio FEI de Administração, que nesta edição rodou o serious game Fishbanks entre alunos do ensino médio. O Fishbanks é uma simulação criada pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology), na qual os participantes fazem o papel de empresas pesqueiras e procuram maximizar seu patrimônio líquido enquanto competem com outros jogadores e lidam com variações nos estoques de pescado e na captura. Os participadores compram, vendem e encomendam barcos, decidem onde pescar e negociam entre si. As decisões tomadas pelas empresas geram resultados financeiros e para o meio-ambiente, o que suscita discussões sobre sustentabilidade e empreendedorismo nos alunos do ensino médio, contribuindo para ampliar a visão de negócios antes mesmo de entrar na universidade.

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DESTAQUE JOVEM

ATUAÇÕES E EXPERIÊNCIA DIVERSIFICADAS

EX-ALUNO TRAÇOU UMA SÓLIDA CARREIRA EM EMPRESAS MULTINACIONAIS E HOJE RESPONDE PELA GERÊNCIA DE PRODUTO DA ATLAS COPCO, NA ITÁLIA

Fabio Rego, gerente de Produto da Atlas Copco, na Itália

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o unir conhecimentos de Administração, Economia e Engenharia para desenvolver o trabalho, aprimorar técnicas de produção e controlar as atividades financeiras, logísticas e comerciais das empresas, o engenheiro de Produção acaba por se tornar um profissional completo e generalista, o que o possibilita atuar nas mais variadas áreas e segmentos. E foi justamente essa característica que levou o ex-aluno da FEI, Fabio Rego, a optar por tal área, embora tenha iniciado a Faculdade pensando em cursar Mecânica Automobilística. “No meu caso, a escolha provou ser assertiva, pois, ao longo da minha carreira, passei pelas áreas de Planejamento de Produção, Logística, Suprimentos, Engenharia, Marketing e Vendas”, conta ele, que atualmente, aos 39 anos, responde pela Gerência de Produto da Atlas Copco, na Itália, líder mundial em compressores, equipamentos para construção e mineração, ferramentas industriais e sistemas de montagem. Aliás, a trajetória profissional de Rego, construída em empresas

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multinacionais e em países como Brasil, Bélgica e Itália, também foi pautada pela diversidade. Ainda estudante, ingressou, em 1996, como estagiário da área de Pós-Venda na Mitsubishi Motors, e, ao se formar, em 2000, foi efetivado como engenheiro de Planejamento. Ao final daquele ano, almejando galgar novos degraus em sua carreira, se mudou para Porto Real, no Rio de Janeiro, para trabalhar como analista de Planejamento, na PSA Peugeot Citroën, na qual permaneceu por dois anos até iniciar sua trajetória na Atlas Copco, que se estendeu por 12 anos e foi marcada por experiências nas filiais brasileira, belga e italiana da companhia. Em 2014, seu espírito desbravador o levou a nova mudança de emprego, mais precisamente, para a Robertshaw, antiga Invensys. No entanto, pouco mais de um ano depois, voltou para a Atlas Copco, agora na Itália, ocupando a posição de gerente de Produto, função que exerce até hoje. Ao se recordar de como foi trabalhar para essas empresas, Rego narra que a sua experiência na Mitsubishi Motors foi fantástica, pois lá teve contato com uma das suas grandes paixões - os carros - e desenvolveu atividades muito diversas, atuando em áreas como Treinamentos, Pós-Venda, Marketing, Competições e Planejamento de Produção. Já a passagem profissional pela PSA foi um divisor de águas para ele, pois foi a primeira vez que saiu de casa para morar sozinho e, ao mesmo tempo, trabalhar em uma grande multinacional que estava iniciando sua história no Brasil. “Com todo orgulho, posso dizer que amassei barro em Porto Real, uma vez que quando cheguei lá a fábrica ainda não funcionava e trabalhávamos em galpões temporários preparando tudo para iniciar a produção. E foi também na PSA a minha primeira vivência internacional, porque como não existia produção no Brasil, trabalhei dois meses em uma planta em Ryton, na Inglaterra, para aprender a manejar o ERP (sigla derivada do nome Enterprise Resource Planning que significa “Planejamento dos Recursos da Empresa”) da organização e depois retornar ao território nacional e treinar os outros planejadores”, lembra Rego, apontando, ainda, que essa foi uma oportunidade única de ver uma indústria sair do zero e se tornar uma grande fabricante de automóveis. Mas foi na Atlas Copco que sua carreira foi sedimentada. Segundo Rego, uma das explicações para isso está no fato de ser uma empresa na qual o desenvolvimento pessoal e a responsabilidade andam de mãos dadas, ou seja, em que não existem duas trajetórias de carreira idênticas e o desenvolvimento profissional depende apenas de cada um, uma vez que a companhia fornece todas as ferramentas necessárias para auxiliar no crescimento de seus colaboradores. “Lembro-me, como se fosse hoje, do meu pri-


meiro dia na empresa, meu gerente me olhou nos olhos e disse: ‘eu conheço bem rapazes com o seu perfil. Você é ambicioso e gosta de mudar de trabalho, mas vai ficar aqui no mínimo 10 anos.’ Na hora, achei que ele estava louco, pois nunca imaginei que ficaria tanto tempo em uma organização, mas no total já se foram mais de 12 anos e aqui estou”. Anos na mesma companhia Rego iniciou sua trajetória no grupo Atlas Copco em dezembro de 2002 como analista de Logística. Depois de dois anos, tornou-se engenheiro de Compras, período em que passou a ter contatos frequentes com os colegas da Bélgica, que vinham ao Brasil para visitar fornecedores ou promover auditorias, por ter um inglês fluente. Num desses encontros um dos gerentes lhe perguntou se ele não tinha interesse em ir trabalhar na Bélgica. O fato é que a proposta lhe interessou e o fez iniciar uma busca por oportunidades no exterior, por meio de uma ferramenta de recursos humanos da companhia chamada “Internal Job Market”, na qual é possível pesquisar e selecionar uma das inúmeras vagas abertas pela organização no mundo todo. Como resultado, em maio de 2006, passou a trabalhar na filial belga como líder de Compras e, em 2007, foi promovido para gerente de Compras Estratégicas, cargo que ocupou até 2010. “Depois disso, achei que precisava de um novo rumo na minha carreira, pois já tinha passado por áreas como Planejamento de Produção, Logística e Suprimentos, e negociado de tudo, de parafuso até contrato de terceirização de Tecnologia da Informação. Foi então que encontrei novamente, por meio do processo de seleção interna, uma vaga de gerente de Produtos na Itália e acabei ingressando na minha primeira passagem pelo país”, conta Rego, que um ano depois retornaria ao Brasil para trabalhar como gerente de Linha de Negócios para uma das marcas do grupo Atlas Copco – a Chicago Pneumatic. Passados quatro anos, resolveu tentar algo novo fora da empresa e foi para a Robertshaw, onde teve dificuldades em se adaptar. No entanto, o networking que havia desenvolvido na Europa possibilitou que as portas da Atlas Copco se abrissem para que ele pudesse voltar para Itália para a vaga de gerente de Produtos novamente, em uma das quatro fábricas que a multinacional mantém naquele país, a Ceccato Aria Compressa, hoje a terceira maior fábrica de compressores tipo parafuso do mundo. Entre as responsabilidades de sua atual função está responder pelo volume de negócios gerado pelos compressores de ar tipo parafuso lubrificado até 30kW, e pelo desenvolvimento de novos produtos dentro dessa família. “Como a Itália é o centro de design deste produto, todas as linhas que desenhamos ou desenvolvemos aqui são vendidas no mundo inteiro diretamente por meio da fábrica italiana, em Brendola, ou pelas plantas locais, situadas na China, Índia, Turquia e Brasil”, destaca Rego. Entre os atributos inerentes à posição, o gerente de Produto destaca que o profissional precisa não só dominar a gestão de projetos, mas também ter sólidos conhecimentos de mercado, vendas e negócios, além de muita liderança e organização. “O maior desafio dessa função é manter-se atualizado com o mercado e caminhar na

frente, o que requer muita pesquisa em Marketing, Engenharia e outras disciplinas, além de um olhar apurado sobre comportamento de vendas, tendências, concorrentes e novas tecnologias”. Outro ponto levantado por Rego é que as áreas de Marketing e de Desenvolvimento de Produtos são posições-chave em qualquer empresa, portanto são os setores certos para se trabalhar, caso deseje conquistar reconhecimento. É que, segundo ele, são as que geram extrema visibilidade por permitir contatos diretos com pessoas de dentro e de fora da corporação, ou seja, desde o presidente da companhia, que aprova o business case e investimentos, até os engenheiros que desenham os produtos, passando por clientes, escritórios de venda, agências de comunicação etc. Sucesso e carreira internacional Aos que querem conquistar o mercado de trabalho internacional, Rego ressalta que trabalhar no exterior é uma experiência única, na qual a capacidade de adaptação e o aprendizado profissional e pessoal são levados ao extremo. “É fascinante, mas não é um mar de rosas. Visitar e fazer turismo na Europa por algumas semanas é uma coisa, mas trabalhar e morar em países como a Bélgica ou a Itália durante anos é algo completamente diferente”, afirma. Para o engenheiro, no prazo que vai dos primeiros seis meses até um ano, você passa por um processo de empolgação, porque tudo é novidade; mas, ao mesmo tempo, é doloroso, pois tem que se adaptar aos costumes, à cultura, ao clima, à comida e à ausência da família e de amigos etc. Após esse período, já estará mais familiarizado com tudo e conseguirá colocar seu estilo e suas práticas em seu dia a dia. “Porém, pelo menos na minha situação, chega uma hora em que a vontade de voltar acaba surgindo. E, para mim, isso aconteceu quando soube que ia ser pai. Achei que era importante meu filho nascer no Brasil, perto da família, junto das nossas raízes e, por isso, resolvi voltar. Mas cada caso é um caso”. Já ao ser indagado sobre a receita de sucesso e quais fatores contribuem para alcançá-lo, Rego enfatiza que se trata de algo relativo, ou seja, pode ter um significado para ele e outro completamente diferente para o colega que senta ao seu lado. “Existem pessoas que acreditam que o sucesso é ser um gerente de primeira linha ou diretor ou um presidente. E há as que creem que é ser um excelente engenheiro ou especialista no que faz. Todas as empresas precisam dos dois perfis de profissionais. Entretanto, uma coisa que eu aprendi ao longo dos anos é que quanto mais você sobe em uma organização ou quanto mais ambição possui, mais tem que estar disposto a se comprometer e a comprometer a sua vida pessoal”, relata. Não existe, na sua opinião, jantar de graça, ou seja, aqueles que querem ser um top manager, diretor ou assumir outro cargo de liderança têm que estar preparados para viajar bastante e trabalhar muitas horas por dia, que são o preço que se paga para se ter um ótimo salário, bens e satisfação profissional. “Para chegar no nível que me encontro hoje, trabalhei duro, me comprometi e sempre tive bem claro em minha mente aonde queria chegar. Hoje estou satisfeito com o que eu consegui atingir, mas ainda quero mais.”

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entrevista - Elias rogério da silva

MISSÃO: POSICIONAR A EMPRESA COMO UMA CONEXÃO ENTRE O DINHEIRO DIGITAL E FÍSICO FORMADO EM 1987 EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO MECÂNICA PELA FEI, ELIAS ROGÉRIO DA SILVA RESPONDE ATUALMENTE PELA PRESIDÊNCIA DA DIEBOLD NIXDORF NO PAÍS, RECONHECIDA NACIONALMENTE COMO LÍDER NO SEGMENTO DE AUTOATENDIMENTO E AUTOMAÇÃO BANCÁRIA

Elias Rogério da Silva, presidente da Diebold Nixdorf no Brasil

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om uma carreira de mais de 25 anos em liderança em várias empresas do segmento financeiro e de tecnologia, Elias Rogério da Silva, engenheiro de Produção Mecânica formado pela FEI, e com MBA pela Universidade Vanderbilt, em Nashville, Tennessee (EUA), assumiu, em 2015, a presidência da Diebold Nixdorf no Brasil, com a missão de comandar toda a operação comercial e de serviços da subsidiária dessa marca líder global no fornecimento de soluções de autoatendimento, sistemas de segurança, serviços, software e produtos para automação bancária e comercial. Elias destaca que seu principal desafio hoje é ajudar a posicionar a companhia como uma conexão entre o dinheiro digital e o dinheiro físico. Trata-se de mais uma transformação na história de 157 anos da empresa, que iniciou sua trajetória produzindo cofres de aço e caixas fortes em Cincinatti, estado de Ohio (EUA), um dos principais polos industriais americanos. Conte-nos um pouco sobre sua trajetória profissional, que contempla passagens pelo Unibanco, como superintendente e depois como diretor; pela CPM, como diretor executivo de Unidade de Negócios; e pela NCR, na qual ficou até o ano passado. Sou da turma de 1983 da FEI, ou seja, me formei em Engenharia de Produção Mecânica em 1987. Assim, vivenciei profissionalmente todas as crises que nosso país passou nesses últimos 30 anos. Nesse período, dependendo de como estava o mercado, era a indústria ou as instituições financeiras que mais disponibilizavam oportunidades de emprego. A minha primeira experiência profissional foi na Arno, em 1986. Na época eles buscavam no mercado estudantes de engenharia e engenheiros formados que pudessem colaborar com os projetos de microtecnologia que a empresa estava investindo, como controle de processos, atendimento just in time, entre outras iniciativas na área. Fiquei ali por três anos até receber o convite para ir trabalhar na Credicard, novamente na área de tecnologia. Em seguida, tive uma rápida passagem de dois anos pela Metal Leve, quando então o Governo Collor decidiu abrir o mercado e colocar à prova a competitividade da indústria nacional. Lamentavelmente os impactos para a Metal Leve foram fortes e tive a amarga experiência de ser demitido. Mas, como sempre, preservei o meu networking e logo fui chamado pelo Unibanco, que estava desenvolvendo o Projeto 30 Horas. Esse, com certeza, foi um divisor de águas na minha carreira. Na ocasião, tinha menos de 30 anos e assumi o desafio de responder pela diretoria executiva do banco e liderar uma equipe de mais de mil colaboradores. Lá, além do desenvolvimento profis-

sional, também tive a oportunidade de aprimorar as minhas competências, sendo selecionado entre os 20 líderes promissores da empresa para cursar um MBA interno (Probanc). Mais tarde, o Unibanco me patrocinou um MBA Executivo, realizado por meio de uma parceria entre a Fundação Instituto de Administração (FIA) e a Universidade Vanderbilt (EUA). Após a conclusão desse complemento importante para minha formação, recebi um novo convite, desta vez da CPM Braxis Capgemini, maior integradora de tecnologia do Brasil, na qual fiquei por cerca de oito anos como diretor executivo. No final de 2004, tive a grata surpresa de poder vivenciar a minha primeira experiência profissional numa multinacional. Foi quando assumi a função de country manager da NCR Brasil, que é uma das principais fabricantes de ATMs bancários do país. Nesta companhia fiquei até 2014, época em que respondia pelos resultados no negócio de serviços financeiros, como vice-presidente da América Latina e Caribe.

E como foi a sua saída da NCR para assu“Para se ter uma mir o cargo de presidente da Diebold Nixideia, hoje de cada dorf no Brasil? dólar que faturamos, Desde o início da minha trajetória profissional tinha em mente vivenciar a experiência de 60% são relativos ao trabalhar em indústrias diferentes. E esse foi desenvolvimento de um norte durante todos esses anos. Além dissoftwares e serviços so, tenho por hábito fazer a cada três, quatro anos um balanço pessoal e profissional. Seme 40% de produtos. Em pre após esses assessments, promovo algumas mudanças, se julgar necessário. 2015, por exemplo, caso, depois de dez anos trabalhanessas duas vertentes do Neste na NCR, entendi que era o momento de principais representaram sair e tinha uma grande vontade de voltar 56% do faturamento meus esforços para o mercado nacional. E acabei sendo sondado por uma empresa de global da companhia.” headhunter para ir para a Diebold Nixdorf, que estava passando por mudanças e sucessão na sua linha de frente no país. Resolvi aceitar esse novo desafio e, desde o ano passado, tenho o privilégio de responder pela presidência da Diebold Nixdorf no Brasil, assumindo todas as operações da empresa no país e comandando mais de três mil colaboradores. Quais estão sendo os seus principais desafios nessa multinacional? Atualmente, o cenário mundial vive uma crise sem precedentes na nossa história. Então, você ser o gestor de um negócio nessa situação por si só já é um desafio grande. Soma-se a isso o fato do mercado atual ser altamente sofisticado, sem espaço para amadores, além de obrigar a empresa a sair da sua zona de conforto e atacar novos mercados e fontes de receitas. Nessa empreitada, as ofertas de softwares e serviços passam a ter mais peso, o que já reflete no nosso modus operandi e nos

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entrevista - Elias rogério da silva

nossos resultados. Para se ter uma ideia, hoje de cada dólar que faturamos, 60% são relativos ao desenvolvimento de softwares e serviços e 40% de produtos. Em 2015, por exemplo, essas duas vertentes principais representaram 56% do faturamento global da companhia. De uma forma geral, estamos mais atentos às tecnologias disruptivas que surgem a todo momento. É o caso de softwares de segurança para transações através de celular, que oferecemos com a GAS Tecnologia, ou serviços de consultoria para transformação de agências bancárias, algo que deve acontecer muito rapidamente para adequar esse importante canal de atendimento às exigências das novas gerações de clientes. Enfim, essas são algumas provocações mercadológicas que estão nos movimentando, sem contar as dificuldades que temos no mercado nacional, como a desvalorização da moeda, custos logísticos que encarecem os produtos e a retração dos negócios com o governo devido à crise político-econômica que o país está atravessando.

“Em qualquer das frentes que atuamos, buscamos desenvolver soluções criativas, com eficiência econômica para que nossos clientes tenham o menor TCO (Custo Total de Propriedade) e o melhor custo benefício. “ 28

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Além dessas transformações, a Diebold recentemente comprou a rival alemã Wincor-Nixdorf, por € 1,7 bilhão. Fale um pouco sobre essa estratégia e seus impactos. A aquisição da Wincor foi formalizada no último mês de agosto, quando a nossa companhia foi rebatizada para Diebold Nixdorf. Com isso, a empresa chegou a um milhão de equipamentos instalados, ultrapassando a americana NCR e assumindo a liderança global do setor. A partir dessa base instalada, o plano é dar escala à diversificação. A cobertura geográfica, o portfólio e as carteiras de clientes complementares reforçam essa visão. Enquanto a Diebold possuía maior presença na região nas Américas – antes da compra, 60% de sua produção estava nessa região – a Wincor concentrava boa parte de sua atuação na Europa. A aquisição traz clientes estratégicos de software para a Diebold, como o Santander, o Bradesco e o Sicredi. Outro ganho é a abertura de um novo campo: a oferta de softwares para o varejo. É que a Wincor tinha em sua carteira local grandes redes, como o Carrefour. Nessa área, o portfólio inclui, por exemplo, sistemas que integram as lojas físicas e os canais móveis e digitais dos lojistas. Atenta a esse potencial, prevemos ter na Diebold Nixdorf entre 15% e 20% da receita local originada no varejo, em cinco anos. Precisamos reduzir a dependência dos bancos, setor que hoje está restrito a quatro grandes clientes. Aliás, falando especificamente sobre o mercado financeiro, os ATMs, criados como uma alternativa dos bancos para reduzir o movimento nas agências, ganharam a concorrência das transações pela internet e smartphones. Somado à violência, que inibe a instalação de novos caixas ou a reposição dos danificados, isso tem feito o uso dessas máquinas cair de forma acentuada. Como a Diebold Nixdorf vem enfrentando essa questão?


Primeiramente, gostaria de destacar que quando falamos de hardware o Brasil é o terceiro mercado mundial em número de ATMs e a Diebold Nixdorf responde por 51% do market share no segmento. Embora a violência afete o setor, o que mais tem nos desafiado é o impacto das transações online. Para se ter uma noção, do total de transações realizadas no ano passado no país, 19% foram feitas via ATMs; três anos antes, essa fatia era de 25%. Atentos a esse contexto, temos investido fortemente em inovação. Em qualquer das frentes que atuamos, buscamos desenvolver soluções criativas, com eficiência econômica para que nossos clientes tenham o menor TCO (Custo Total de Propriedade) e o melhor custo benefício. Também temos compensado a queda nesse segmento diversificando nossas áreas de atuação, como o desenvolvimento da plataforma de venda de terminais financeiros para lotéricas, por meio de uma parceria com a Caixa Econômica Federal, e a participação na licitação do Tribunal Superior Eleitoral para o fornecimento de 100 mil urnas eletrônicas, o que representa 20% do total utilizado nas últimas eleições. Por outro lado, a participação dos softwares nos gastos de tecnologia dos bancos subiu de 39%, em 2014, para 44%, em 2015. Então, tomamos a iniciativa de ampliar nossa participação nessa área, apostando, novamente, em um portfólio de inovações. O leque inclui um sistema que integra os ATMs a outros dispositivos. O cliente consegue pré-programar uma transação – um saque, por exemplo – pelo smartphone. E essa solução foi desenvolvida pelo meu time brasileiro da Diebold Nixdorf.

mo clima organizacional que se reflete em produtividade e saúde dos colaboradores. A empresa direciona ainda atenção para projetos voltados à qualificação profissional, com a implantação de alguns programas de desenvolvimento de funcionários, como cursos de idiomas “in house” e convênios com algumas instituições para cursos de extensão universitária. Na área técnica, existe um setor de treinamento que mantém os profissionais sempre atualizados. Hoje a Diebold Nixdorf tem operações em várias partes do mundo. Fale um pouco sobre quais são os focos atuais da organização. Trabalhando com foco nas áreas de serviços e softwares, atualmente a Diebold Nixdorf atua em mais de 130 países. No Brasil, estamos direcionados ao desenvolvimento de softwares de segurança para a plataforma móvel e utilização em outras verticais, como transações B2B e até varejo digital, além de exportar para países da América Latina e Estados Unidos. Além disso, há planos de investimento no Brasil no segmento de electronic security – setor onde a matriz dos EUA é líder, e de promover alianças e parcerias estratégicas com empresas da área de tecnologia, de maneira a complementar e expandir portfólios tanto da Diebold Nixdorf como da parceira em foco. Atuando nos mercados de automação bancária, comercial, eleitoral, desenvolvimento de softwares e criação de produtos especiais, nossa marca é sinônimo de excelência nesses segmentos no território nacional, onde temos uma fábrica em Manaus dedicada à produção de caixas eletrônicos e equipamentos da linha PC, além da fabricação de cofres para ATMs; e outra, em Santa Rita do Sapucaí, em Minas Gerais, onde fabricamos as urnas eletrônicas.

“...dos três mil funcionários do país, cerca de dois mil são responsáveis pela assistência técnica em todo o território nacional e 500 são dedicados à inovação, o que denota a sua relevância e o papel que a subsidiária exerce no mapa global da empresa.”

Como se dá o investimento em talentos na Diebold Nixdorf, que também é reconhecida por ter estruturado a maior rede de assistência técnica própria do país? Na Diebold Nixdorf temos três pilares básicos de sustentação: P&D (Pesquisa e Desenvolvimento), Merger & Acquisitions (Gerenciamento de Oportunidades) e Human Capital (Capital Humano). Especificamente no Brasil, dos três mil funcionários do país, cerca de dois mil são responsáveis pela assistência técnica em todo o território nacional e 500 são dedicados à inovação, o que denota a sua relevância e o papel que a subsidiária exerce no mapa global da empresa. Não somos apenas um escritório de vendas. Tenho total autonomia para definir os rumos da companhia no país. Outro ponto a destacar é que, desde 2008, trabalhamos com um programa de Lean Manufacturing, em consonância com as unidades fabris da corporação em outros países. Também por meio de um estilo moderno e informal de liderança, possuímos agilidade nas tomadas de decisões e transparência nas relações entre líderes e liderados, o que proporciona um óti-

Em sua opinião, quais são os caminhos para se desenvolver uma carreira de sucesso? Para mim, o grande segredo está em ter algumas características básicas como resiliência, paciência, perseverança, espírito de luta, empreendedorismo e vontade de fazer acontecer e fazer certo. Acredito, ainda, que podemos ter sucesso trabalhando de forma ética e profissional. Por fim, gostaria de destacar que carreira é algo extremamente importante para você delegar para alguém administrar. Para encerrar, como a sua formação acadêmica influenciou na construção de sua trajetória profissional? O fato de ter cursado a FEI, que está entre as melhores faculdades de engenharia do país, me abriu muitas portas. Posso dizer que sinto orgulho de ter cursado uma instituição de renome.

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pesquisa & tecnologia

Da esq. p/ dir.: o aluno Daniel Tavares e o seu orientador, o professor Gustavo Donato

PROJETOS DE ENGENHARIA MECÂNICA DA FEI CONTRIBUEM PARA TORNAR PEÇAS MAIS EFICIENTES E REDUZIR CUSTOS TRABALHOS SOBRE UNIFICAÇÃO DE CORPO DE PROVA PARA POLÍMEROS E TRANSDUTOR DE RODAS SÃO INOVAÇÕES IMPORTANTES PARA A MELHORIA DE PROJETOS MECÂNICOS

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m dos grandes desafios da área de Engenharia atualmente é buscar a maior otimização das peças produzidas, sejam elas de metais ou de polímeros, para torná-las cada vez mais leves, seguras e eficientes, atendendo a todas as necessidades funcionais. Além de contribuir para o aperfeiçoamento dos projetos, o desenvolvimento de componentes mais eficientes ajuda a reduzir os custos e o desperdício de matéria-prima. Mas para garantir a excelência em um cenário de surgimento de novos materiais, de aprimoramento da tecnologia mecânica e da crescente complexidade das aplicações, existem dois pontos fundamentais: conhecer

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os esforços atuantes nos componentes; e aprimorar a forma como é medida a resistência dos materiais empregados. Dois projetos apresentados recentemente nos programas de pós-graduação da FEI vêm exatamente a esse encontro. Um deles é o do aluno Daniel Barduzzi Tavares, que propõe um corpo de prova unificado para ensaios mecânicos de polímeros termoplásticos injetados. “O trabalho traz benefícios para qualquer setor que trabalhe com componentes termoplásticos injetados, como o automotivo e o de linha branca”, afirma Tavares. A escolha por polímeros termoplásticos injetados se deu por re-


presentar a maior parcela dos polímeros empregados pela indústria. Eles são utilizados, por exemplo, para a fabricação de peças veiculares, de eletroeletrônicos e eletrodomésticos, bem como na construção civil e na indústria alimentícia. O projeto está alinhado com as transformações desse mercado. Nas últimas décadas, há um movimento forte de substituição de parte dos componentes de metais por polímeros, tanto pela facilidade de fabricação quanto pela possibilidade de geração de formas mais complexas e até mesmo pela redução de custo e massa. Segurança e eficiência No entanto, segundo o professor e coordenador do Curso de Engenharia Mecânica, Gustavo Donato, que orientou o projeto, uma grande lacuna nesse processo é que muitas das técnicas de projeto utilizadas atualmente para o desenvolvimento de peças poliméricas ainda são baseadas em critérios de falha e procedimentos de ensaio desenvolvidos para metais. “A participação dos polímeros tem crescido significativamente em todos os setores da Engenharia, por isso, temos que entender e descrever melhor sua resistência e comportamento mecânico para que os componentes sejam cada vez mais seguros e eficientes”, explica o professor. Esse é o grande desafio do projeto de corpo de prova unificado: propor uma nova geometria que permita medir a resistência dos polímeros para qualquer tipo de carregamento, seja ele tração, torção ou compressão. Ainda que seja fabricada por injeção, o que confe-

re baixo custo e propriedades bastante similares às aplicações reais, esse tipo de amostra fornece propriedades mecânicas precisas. Hoje, o que ocorre é que as peças acabam muitas vezes sendo superdimensionadas, pois não se conhece com precisão o limite do material. Além disso, os critérios de projeto mais amplamente empregados não são desenvolvidos especificamente para os polímeros. “Há seis anos estamos estudando o tema. A grande tônica é sensibilizar as equipes de Engenharia de Desenvolvimento que, pensando mais a fundo sobre os fundamentos e os métodos aplicáveis a cada material, podem ser atingidas reduções de massa muito mais expressivas do que se busca com as técnicas correntes”, afirma Donato. De fato, em alguns estudos de caso chegou-se a reduções de massa de 20%, sem que houvesse perda de segurança ou resposta estrutural. Com o corpo de prova unificado é possível determinar também o desbalanceamento dos materiais, conceito pouco estudado, mas extremamente relevante para o potencial de redução de massa. “Hoje, quando uma peça é projetada na indústria, não se leva em conta o desbalanceamento do polímero, que nada mais é do que quanto este material apresenta a mais de resistência em compressão do que em tração. Quando você considera esse conceito, consegue prever em que ponto o componente vai falhar com mais precisão e, a partir daí, é possível otimizar a distribuição e reduzir a quantidade de material empregada, resultando em economia”, conta Tavares.

USO DO PLÁSTICO NOS DIFERENTES SETORES DA INDÚSTRIA

Fonte: Abiplast (Associação Brasileira da Indústria do Plástico)

OUTROS SETORES

25,7% 43,2% 19%

CONSTRUÇÃO CIVIL Os plásticos são muito utilizados em tubos, conexões, esquadrias, isolações acústica e térmica. Esse tipo de material também vem sendo aplicado para a redução do uso de concreto e consequente diminuição no peso das estruturas, melhorando inclusive as características de segurança e resistência das construções.

12,1%

ALIMENTOS AUTOMÓVEIS E AUTOPEÇAS Desde os anos 1980, o uso do plástico nos veículos automotores proporciona vantagens como segurança, redução de peso, flexibilidade, aumento da resistência à corrosão, possibilidade de designs mais modernos, automóveis mais silenciosos, entre outras.

As embalagens plásticas apresentam várias soluções e inovações proporcionando segurança alimentar, redução de desperdícios e aumento do tempo de prateleira (shelf life) pelas suas características de barreira física. Atualmente, as inovações e desenvolvimentos possibilitam a criação de novas embalagens, como as “embalagens ativas”, que interagem com o produto embalado proporcionando ainda mais proteção ao conteúdo.

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pesquisa & tecnologia

Transdutor de rodas mede esforços dos veículos Outro trabalho de pós-graduação da FEI ligado à inovação em projetos avançados de Engenharia Mecânica é o do aluno Anderson Luiz de Souza Gouvêa. Sua pesquisa envolveu o desenvolvimento de um transdutor capaz de medir os esforços devido a ação da pista de rolamento sobre o veículo. Criado para atender uma demanda dos carros Baja FEI, veículo off-road que permite aos alunos de graduação e pós-graduação participarem de estudos e desenvolvimento de projetos automotivos, empregando tecnologias e estimulando os estudantes a introduzirem conhecimentos práticos sobre projeto, otimização, construção, montagem, manutenção de sistemas e aprendizado organizacional e permitindo maior conexão entre a teoria e a prática, o sistema se mostrou robusto e eficaz. Gouvêa, então, resolveu compartilhar a metodologia pela internet com aqueles interessados no projeto. “A inovação parte de uma ideia criativa que, além dos bons resultados, deve gerar um bem para a sociedade”, afirma o professor Sérgio Delijaicov, que orientou o projeto. O equipamento é instalado na roda do veículo para medir simultaneamente os seis esforços (três componentes de força e três componentes de momento), que são transmitidos da pista para a estrutura. Com isso, é possível conhecer os esforços reais no veículo e aprimorar seu projeto. Segundo o professor Delijaicov, hoje não existem empresas nacionais fabricantes destes sensores. Um conjunto de transdutores para quatro rodas com os respectivos siste-

mas de condicionamento, aquisição e transmissão de sinais, chega a custar milhões de dólares. O grande diferencial do transdutor de rodas da FEI é exatamente ser um projeto baseado em uma metodologia híbrida de otimização. Para criá-lo, Gouvêa desenvolveu um algoritmo computacional que permitiu avaliar virtualmente inúmeras configurações de sensores e obter ao final a estrutura ótima do transdutor. Essa metodologia foi colocada à disposição dos usuários na internet. “O interessado em construir um transdutor de rodas precisa fornecer alguns dados da roda do veículo em que ele será instalado (carro, ônibus, caminhão etc) e o sistema fornecerá as medidas ótimas para a produção do equipamento”, explica o aluno. Próximos passos No caso do transdutor construído para atender os carros Baja, o equipamento já foi projetado, construído e instrumentado com os sensores elétricos. Os próximos passos envolvem a adaptação à roda do veículo e a instalação do sistema de aquisição e transmissão de sinais. Todo esse trabalho será realizado pela equipe responsável pelo veículo Baja com a orientação de Gouvêa. Entre os benefícios do transdutor de rodas está a possibilidade de entender melhor o projeto do veículo e antecipar problemas. “Para desenvolver um veículo mais eficiente é preciso conhecer seus esforços e todo o impacto na sua estrutura”, afirma o professor orientador do projeto.

Da esq. p/ dir.: o professor Sérgio Delijaicov, orientador do aluno Anderson Luiz de Souza Gouvêa

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gestão & inovação

CONGRESSO DE INOVAÇÃO E MEGATENDÊNCIAS DEBATEU FUTURO ATÉ 2050

CERCA DE 2.000 PESSOAS, ENTRE PROFISSIONAIS, PROFESSORES E ALUNOS, PARTICIPARAM DO EVENTO DE FORMA PRESENCIAL NO CAMPUS DE SÃO BERNARDO DO CAMPO OU ASSISTIRAM PELO SITE DA INSTITUIÇÃO, QUE ALCANÇOU MAIS DE 13.250 VISUALIZAÇÕES

Da esq. para a dir.: Álvaro Prata, do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações; professor doutor Fábio do Prado, reitor da FEI; Felipe Sigollo, do MEC; e Padre Theodoro Peters, presidente da FEI

P

ara debater as grandes oportunidades e os desafios do futuro, especialistas da área de tecnologia e inovação, executivos de empresas nacionais e multinacionais, jornalistas e professores estiveram reunidos no campus São Bernardo do Campo do Centro Universitário FEI, entre os dias 10 e 14 de outubro de 2016, na primeira edição do Congresso de Inovação Megatendências 2050 – Inovações e Internet das Coisas. O evento teve como objetivo discutir os principais impactos das novas tecnologias no cotidiano da sociedade até 2050. Foram abordados temas como as mudanças proporcionadas pela Internet das Coisas, o impacto da Indústria 4.0, o perfil do profissional do futuro, os riscos e as oportunidades trazidas pelas novas tecnologias, o papel da sustentabilidade em um mundo de inovação, o impacto da IoT na qualidade de

vida das pessoas e como ficará a questão da mobilidade e conectividade nessa nova era. Para isso, foram realizados painéis, além de mesas redondas e palestras organizadas pelos departamentos de ensino da Instituição. Para encerrar o Congresso, foi promovido o IV Simpósio de Iniciação Científica, Didática e de Ações Sociais de Extensão da FEI (SICFEI), em que os alunos apresentaram 186 trabalhos de pesquisa em diversas áreas do conhecimento. A sessão de abertura foi presidida pelo reitor do Centro Universitário FEI, professor doutor Fábio do Prado, e contou com a participação do presidente da Instituição, Padre Theodoro Peters; do secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Álvaro Toubes Prata; e do secretário executivo adjunto do Ministério da Educação (MEC), Felipe Sigollo.

Em seu discurso, o reitor destacou o pensamento de diversos estudiosos, entre eles Erik Brynjolfsson, diretor do Laboratório de Economia Digital do MIT, e Andrew McFee, um dos grandes pensadores da atualidade sobre o impacto das novas tecnologias no mundo. Segundo os pensadores “quando imaginamos uma máquina para realizar qualquer tarefa humana, podemos ter a certeza de que, se esta máquina autônoma ainda não existir, há pelo menos uma boa chance de que alguém, em algum laboratório ou em alguma oficina qualquer, está trabalhando em cima da versão 1.0”. Para o reitor Fábio do Prado, ao avaliar este cenário é possível ter a certeza de que estamos vivenciando um ponto de inflexão, e que nos encontramos nas fases iniciais de uma mudança tão profunda como aquela provocada pela revolução industrial. “Conhecer os cenários que envolvem esta realida-

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gestão & inovação

Da esq. p/ dir.: os participantes do painel “IoT transformando nossa maneira de viver”, e William Waack, que mediou o segundo painel do primeiro dia de Congresso

de e nos adiantar às tendências do futuro deve ser o nosso papel enquanto profissionais, e nossa missão enquanto formadores e líderes dessa nova geração de administradores, de engenheiros e profissionais da computação e da informação”. O presidente da FEI, Pe. Theodoro Peters, acrescentou que é importante apoiar a formação das novas gerações para as transformações que o mundo tem presenciado. “Precisamos preparar os estudantes para o mercado de trabalho da melhor forma possível. A proposta da FEI avança nas inovações contínuas, na Indústria 4.0”, afirmou. Uma das transformações que ocorrerão é no perfil do profissional do futuro, já que, segundo Álvaro Toubes Prata, a responsabilidade estará cada vez mais depositada em cada indivíduo. “Nesses tempos, o empreendedorismo terá papel de destaque. Estamos vivendo mais uma transformação da indústria, que vai atribuir inteligência aos robôs. É preciso saber lidar com isso”, afirmou. Entretanto, para capacitar esse novo profissional é preciso que a mudança comece na base. E, nesse sentido, o país tem muito a evoluir. O secretário Felipe Sigollo apresentou dados preocupantes, entre eles o que mostra que cerca de dois milhões de jovens não conseguem aplicar os conceitos básicos de português e matemática. “Queremos reverter isso e a tecnologia será uma aliada. Uma das prioridades do governo é levar banda larga para as 25 mil escolas públicas do ensino médio no curto prazo”, afirmou.

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O papel do profissional do futuro com as novas tecnologias Desde a virada do século, com o chamado bug do milênio, o mundo tem vivido uma verdadeira transformação tecnológica. Se em séculos anteriores as inovações demoravam a acontecer, hoje elas se sobrepõem a cada segundo. Atualmente, 58% da população brasileira está conectada à internet, o que significa dizer que mais de 100 milhões de pessoas estão inseridas na era digital. Como se preparar para essas mudanças? Quais os desafios para planejadores e executores e qual o papel do profissional de hoje e do futuro? Um dos pontos discutidos no painel “IoT transformando nossa maneira de viver” foi a importância do jovem estudante estar inserido desde os primeiros anos da graduação em um ambiente de inovação. Dentro deste contexto, os executivos apontaram diferentes soluções que podem contribuir para a formação do profissional do futuro. “Não há um ser humano que não esteja ligado a esse tema. Nas próximas décadas veremos transformações importantíssimas”, afirmou Sílvio Matos, presidente e diretor criativo da Agência Idealista e membro do Conselho de Curadores da Fundação Educacional Inaciana Pe. Sabóia de Medeiros. O consenso é que esse profissional deve ser cada vez mais empreendedor. Segundo André Ferrarese, gestor de Inovação da Mahle, esse deve ser um tema recorrente nas escolas e universidades. “Temos que promover um ambiente mais interessante para os jovens, para que eles reconheçam a importância do empreendedorismo”. O

conselheiro da Ultrapar Participações e coordenador do Mobilização Empresarial para a Inovação (MEI), Pedro Wongtschowski, lembrou que muitas empresas adotam o chamado intraempreendedorismo, ou seja, ilhas de empreendedores que trabalham o tema dentro da empresa como se fossem startups internas, e que esse é mais um caminho do empreendedorismo. Há um movimento grande também de grandes companhias comprando pequenas empresas tecnológicas, a exemplo do Waze, adquirido pelo Google, o que incentivará ainda mais o empreendedorismo digital. Esse é o caso da Ericsson e deve ser um movimento cada vez mais comum até 2050. “Muitas vezes optamos pela compra, por ser um caminho mais rápido do que iniciar um processo de P&D do zero”, afirmou Edvaldo Santos, diretor do Centro de Inovação LATAM da Ericsson Telecomunicações. A inovação e o desenvolvimento de novos produtos foram pontos destacados também por Araken Alves Lima, chefe da Seção de Exame e Difusão Regional do INPI em Santa Catarina. “As empresas que dominam a tecnologia no mundo são justamente aquelas que têm uma cultura integrada de propriedade intelectual”, disse. O secretário Álvaro Toubes Prata encerrou o painel com um incentivo aos alunos: “Grande parte dos novos avanços tecnológicos surgiram porque alguém resolveu ousar. Ousem!”. Os riscos e as oportunidades da Internet das Coisas Em um mundo cada vez mais conecta-


do, estaremos mais vulneráveis ou mais seguros? Ao mesmo tempo em que por meio de um simples dispositivo como o celular qualquer pessoa pode saber nossa localização, nossos hábitos e nossa rotina, as empresas têm investido em segurança como nunca antes. “As redes sociais e a tecnologia terão um papel cada vez mais ativo na nossa vida. Basta ver o que aconteceu nas eleições americanas, que foram bastante influenciadas pela mídia social. Estamos sendo vigiados a todo momento”, afirmou o jornalista William Waack, mediador do painel “IoT riscos e oportunidades”. Hoje, a questão da segurança tecnológica vem sendo abordada já no momento de concepção de um novo projeto. As empresas estão mais conscientes de que de nada adianta lançar um produto totalmente revolucionário e tecnológico se ele oferecer risco ao usuário. Um ponto em comum entre os painelistas é que a segurança total será inatingível. “A partir do momento que alguma coisa está sendo criada há risco”, disse Danilo Lapastini, vice-presidente da Hexagon Manufacturing Intelligence – South America. Embora estejamos mais expostos com dispositivos que indicam onde estamos e o que estamos fazendo, Afonso Lamounier, vice-presidente de Relações Governamentais da SAP - América Latina, disse acreditar que a segurança está associada à responsabilidade. “A Internet das Coisas possibilita avanços como o rastreamento por GPS, mas as empresas devem estar cientes da sua responsabilidade dentro desse cenário, afinal, estão lidando com a privacidade das pessoas”. Para Rodrigo Suzuki, chief information

and security officer LATAM da PromonLogicalis, a partir do momento que há conectividade entre os dispositivos, a segurança é levada a outro patamar. “Um grande desafio é a privacidade. Muitas pessoas não percebem, mas ao acessarem serviços gratuitos disponibilizam informações importantes a seu respeito, que podem ser utilizadas tanto para o bem quanto por indivíduos mal-intencionados”. Esse é uma preocupação constante nas empresas, já que muitas delas adotam o chamado Bring Your Own Device (BYOD), em que os colaboradores levam seus próprios dispositivos. “O funcionário pode infectar toda a organização se seu aparelho tiver vírus”, afirmou Ricardo Pelegrini, gerente geral de serviços da IBM América Latina. Por outro lado, o avanço da tecnologia ajudará na evolução do parque fabril brasileiro, que segundo os especialistas é bastante antigo. “Nossas máquinas são dos anos 1960, 1970. Precisamos evoluir e a tecnologia é um importante instrumento nesse movimento. Vamos estar mais protegidos porque as próprias empresas vão investir nisso”, afirmou Danilo Lapastini. “O tempo médio de uma máquina no Brasil é de 30 anos enquanto a média mundial é de sete anos”, completou Afonso Lamounier. Os painelistas também concordaram em um ponto: o de que é preciso comunicar melhor. “O desafio é mostrar para os empresários, principalmente os de pequeno porte, quais são as ferramentas disponíveis para que eles inovem cada vez mais”, disse Pelegrini, da IBM. “Há um desconhecimento enorme do empresário de que com pouquíssimo investimento ele

Marcos Troyjo, da Universidade de Columbia (EUA), no painel “IoT e a Sustentabilidade”

consegue aprimorar sua infraestrutura”, completou Lapastini. Os desafios em prol da sustentabilidade em um cenário de transformações Vivemos uma época de transformações rápidas e fortes. A população mundial caminha para nove bilhões de pessoas em 2050, segundo estudos da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Como alimentar tanta gente? Qual o impacto dessas transformações no meio ambiente e nas áreas social e econômica? No painel “A IoT e a Sustentabilidade”, os especialistas expuseram sua visão sobre como lidar com essa dinâmica e que consequências esperar. Estamos vivendo um movimento intenso de mudanças. Há 30 anos, a novidade eram os computadores mainframe, que ocupavam salas inteiras. Hoje, as transformações acontecem em todos os campos. “As pessoas terão de ser especialistas em conexões ao passo que as empresas mais resistentes são aquelas capazes de se reinventar”, afirmou Marcos Troyjo, diretor do BRICLab da Universidade de Columbia, EUA. No Agronegócio, os desafios serão muitos. Um estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostra que a produção de alimentos no mundo deverá aumentar 20% para atender a demanda até 2020. O Brasil é o país que ampliará a produção, com previsão de aumento de 40% no período. “Nenhum país fez uma revolução tão grande no campo quanto o Brasil e fizemos isso preservando os recursos naturais, que é um desafio para o setor”, disse Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura e atual coordenador do Centro de Agronegócio da FGV, embaixador especial da FAO para as Cooperativas e presidente do LIDE Agronegócios. Antonio Lacerda, vice-presidente Sênior de Químicos, Produtos de Performance e Sustentabilidade da BASF para a América do Sul, complementou dizendo que “o país precisa de startups no mercado de agro e não somente voltadas à eficiência da produção de grãos, mas que envolvam o processo como um todo”. Em um contexto de necessidade de aumentar a produção, Vagner Barbeta,

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gestão & inovação

Da esq./ para dir.: vice-reitor de Ensino e Pesquisa da FEI Marcelo Pavanello, com os executivos que participaram do painel “Sustentabilidade e Competitividade”; e Ingo Plöger, do CEAL, que falou sobre as Megatendências 2050 e seus cenários

diretor do Instituto de Pesquisas da FEI e coordenador da Agência FEI de Inovação, responsável pela moderação do painel, afirmou que a gestão da sustentabilidade é uma questão essencial. “Um documento da FAO mostra que seremos nove bilhões de pessoas em 2050. Há uma preocupação muito grande em como vamos alimentar toda essa população. Ao mesmo tempo temos um desperdício gigante de alimentos. A tecnologia vai ajudar a reverter esse quadro”, afirmou. Marco De Marchi, diretor-presidente da Elekeiroz e presidente do Conselho de Administração da Abiquim (Associação Brasileira das Indústrias Químicas), tocou em um ponto sensível: “será que é normal a China produzir para todos os países e nós gastarmos tanto com transporte? Tem algo muito errado nisso, já que sustentabilidade é fazer mais com menos – menos resíduos, menos gastos, menos água, menos efluentes e menos transporte”, concluiu o executivo. Competitividade no ambiente IoT: como ser sustentável? O Brasil vive uma necessidade de tonar seus processos mais eficientes e sustentáveis. A boa notícia é que o país conta com uma matriz energética mais limpa que em outros lugares. As energias renováveis por aqui representam 39% do total produzido no Brasil contra apenas 13% da média mundial. Mas ainda há questões a serem resolvidas, já que com o avanço tecnológico e a demanda energética será maior. Marcelo Pavanello, vice-reitor de Ensino e Pesquisa do Centro Universitário FEI, abriu o painel “Sustentabilidade e Compe-

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titividade” apontando o alto consumo de energia proveniente do uso cada vez mais frequente dos dispositivos móveis. De fato, uma das maiores preocupações das empresas hoje, principalmente as ligadas à tecnologia, é como reduzir o gasto energético dos data centers, que são grandes consumidores de energia elétrica. Com a popularização da computação em nuvem, esse é um tema que vem ganhando cada vez mais importância. Para Pedro Ernesto, diretor de TI da Scania América Latina, em um cenário de transformações, avaliar o impacto que as inovações terão na sustentabilidade é crucial para a sobrevivência das empresas, pois os consumidores estarão cada vez mais criteriosos com relação a isso. Já Rodrigo Purchio, gerente de Estratégia Corporativa da Volkswagen do Brasil, acrescentou que a questão da competitividade passa necessariamente pela sustentabilidade e que não há mais como dissociar os fatos. André Clark Juliano, diretor da Acciona Brasil, foi categórico: “a sustentabilidade é sobre a redução de riscos para atrair capital. Pensar sustentável é o único mitigador de risco realmente eficaz”. Nesse sentido, alguns avanços já estão sendo vistos tanto no Brasil quanto no exterior. Na avaliação de Marcos Blumer, CEO da Voith Hydro Latin America, há uma forte tendência de compartilhamento. “As pessoas estão abrindo mão de serem proprietárias de seus carros, por exemplo, em prol da economia e da redução de desperdício”. “Temos muitos recursos para explorar energia barata”, afirmou Marcos Blumer. De fato, cerca de 39% da matriz energética bra-

sileira é composta de energia renovável contra 13% da média mundial. “Se tem um segmento em que podemos dar um salto é o de tecnologia. O Brasil tem liderado esse tema na área bancária e no sistema eleitoral. Além disso, os brasileiros adotam muito rápido as novas tecnologias”, avaliou Ricardo Sennes, sócio-diretor da Prospectiva Consultoria Brasileira de Assuntos Internacionais. Os impactos da IoT na qualidade de vida das pessoas A qualidade de vida influi na melhora das condições básicas da vida como saúde, educação, mobilidade, bem-estar, até nos relacionamentos sociais e na formação das redes. No painel “IoT e Qualidade de Vida”, os profissionais discutiram até que ponto a IoT empoderará as pessoas e seus grupos, e em que ponto ela oferecerá um distanciamento entre as pessoas com diversos interesses, níveis educacionais ou idade. Ingo Plöger, presidente do Conselho Empresarial da América Latina (CEAL) e membro do Conselho de Curadores da FEI, introduziu o painel abordando o tema “Em busca de uma sociedade mais próspera, justa e harmoniosa”. Plöger acredita em uma inversão da relação de poder e que os relacionamentos ficarão cada vez mais simples. “Não chamaremos mais os doutores pelo seu título, por exemplo, mas pelo seu primeiro nome”. Essa é uma mudança que já vem ocorrendo em algumas empresas. Na Jalasoft, empresa boliviana de tecnologia, não há mais a figura do gerente, como contou seu fundador, Jorge López. “Temos um líder que está a serviço de um grupo de pessoas e que, juntos, estudam as melhores


soluções para cada projeto”. Esse tipo de ordenação, segundo Jorge López, simplifica a estrutura e aproxima o líder da base. Caminhamos para uma sociedade mais próspera, justa e harmoniosa no futuro e, consequentemente, para uma melhora na qualidade de vida da população. Tudo isso com base em 10 megatendências divulgadas pela publicação “El mundo en el ano 2050”, do editor Harinder S. Kohli, e que foram apresentadas por Ingo Plöger. São elas, em síntese: • Demografia - vamos ter 9,7 bilhões de pessoas em 2050, como elas viverão?; • Urbanização - até 2050 viveremos uma onda de migração urbana, principalmente na Ásia e na África; • Comércio Internacional - teremos aumento da globalização na relação entre os países; • Globalização das Finanças - a crise financeira global foi uma “chamada de despertar” que as instituições precisam se preparar para lidar com novos desafios; • Ascenção de uma Enorme Classe Média - em 2050, o percentual da população mundial classificada como classe média pode subir mais de 80% em relação a hoje; • Competição por Recursos Naturais - os avanços tecnológicos ajudarão a reduzir a demanda por recursos naturais; • Mudanças Climáticas - as transformações serão cada vez mais rápidas; • Progresso Tecnológico - em 2050, praticamente todas as conexões com a internet poderão ser via dispositivos móveis; • Crescimento das Economias Emergentes - essas economias representarão quase três quartos da população mundial; • Crescimento das Turbulências e Incertezas - para reduzir as ameaças é essencial melhorar as condições econômicas, de seguridade e fortalecer as instituições. Nesse contexto, Weber Porto, presidente regional América do Sul e Central da Evonik, uma das maiores empresas do mundo de especialidades químicas, na qual as atividades se concentram nas megatendências de alto crescimento, sobretudo nas áreas de saúde, nutrição, eficiência de recursos e globalização, destacou uma preocupação com a segurança alimentar. “Temos uma população em nível de crescimento avançado, um consumo de energia também em

expansão e uma área plantada que reduz a cada ano. Precisamos equacionar isso”. Para a área de telecomunicações, segundo Antonio Cesar Santos, especialista em Tecnologia IOT e M2M da diretoria de Produtos B2B da Telefônica Brasil, o grande desafio será passar de provedor de serviços de dados para provedor de serviços digitais. Ele citou a questão das smart cities, com serviços públicos interconectados de segurança, saúde, educação, energia etc. O moderador do painel, Joel Garbi, diretor geral da Nextstep Consultoria em RH, destacou também a preocupação com a grande geração de dados e a necessidade de processamento e armazenamento dessas informações. E como melhorar a vida das pessoas e do consumidor quando nos deparamos com esse cenário que prevê tantas mudanças? Esse foi um ponto bastante comentado pelos painelistas, os quais concluíram que as novas tecnologias vão trazer mais oportunidades do que riscos e que os benefícios só serão atingidos com a educação. “O avanço tecnológico demanda pessoas com mais conhecimento”, afirmou Jorge López. A qualidade de vida e os avanços na medicina e saúde A saúde e o bem-estar das pessoas podem estar ligados à inovação nas áreas da medicina, próteses, alimentação, saúde de maneira geral e preparo para a extensão da qualidade na terceira idade. O segundo ciclo de debates do penúltimo dia de Congresso discutiu a qualidade de vida e como as novas tecnologias influenciam questões nas áreas da medicina, alimentação e saúde. “A medicina evoluiu muito dos anos 1970 para cá. Hoje é possível fazer diagnósticos pela tela do celular, por exemplo. Mas também tivemos avanços tecnológicos aliados a outros fatores, como segurança alimentar, transporte de alimentos etc.”, afirmou Dr. Antonio Roberto Batista, médico e vice-presidente da FEI que moderou o painel com o tema “As tecnologias para a qualidade de vida”. Para Igor Meskelis, diretor-presidente da Polar Electro Brasil, o mais importante nesse novo cenário é o uso que podemos fazer de todo esse avanço tecnológico. “O celular, por exemplo, é uma grande fonte

de informação, de economia de tempo, mas não é todo mundo que usa para esse fim. Muita coisa está acontecendo, mas é de responsabilidade de cada um utilizar conforme sua rotina, suas necessidades”. A tecnologia é uma das principais responsáveis pelo aumento da longevidade e o Brasil tem grandes perspectivas nessa área. Um desafio, no entanto, é levar esse avanço para todas as regiões, na avaliação de João Emilio Gonçalves, gerente-executivo de Política Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Uma das grandes contribuições da tecnologia para a saúde e qualidade de vida, na avaliação de José Luiz Gomes do Amaral, professor titular da disciplina de Anestesiologia, Dor e Terapia Intensiva do departamento de Cirurgia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), é em questões relacionadas ao saneamento básico e à higiene. “As grandes epidemias do passado estavam ligadas às questões de higiene. Isso dizimava populações. Hoje você tem acesso à água limpa e a vacinas. Isso mudou drasticamente a expectativa de vida. Mesmo assim, em alguns lugares ela ainda é de 40 anos, em média. Precisamos entender isso”. Se em muitas áreas a evolução foi gigantesca, em outras ainda há muito trabalho a ser feito. Esse é o caso das tecnologias assistivas, voltadas às pessoas com deficiência. “Não existe integração entre quem trabalha com pessoas com deficiência e quem está desenvolvendo tecnologias para elas. Há bastante avanço na área de pesquisa, os conceitos são muito bons, mas colocar isso em prática é bastante difícil. O benefício real

“As tecnologias para a qualidade de vida” foi o tema do quinto painel

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gestão & inovação

só existirá quando houver essa integração”, afirmou Wilson Zampini, que foi presidente regional Latin America e diretor geral da Ottobock do Brasil Técnica Ortopédica. A influência da Internet das Coisas na área de mobilidade Nas próximas décadas será cada vez mais simples, rápido e seguro ir de um ponto a outro. A Internet das Coisas possibilitará ganho de tempo e de dinheiro nos diversos tipos de deslocamentos, seja a pé, de carro ou de avião. Na Europa, por exemplo, segundo dados levados ao painel por Mauro Kern, vice-presidente Executivo de Operações da Embraer, um projeto trabalha para que 90% de qualquer movimentação dentro do continente seja realizada em até quatro horas. Nesse contexto, como será a vida do cidadão e das cidades? “Teremos um mundo mais denso, mais rápido, mais imprevisível, mais contraditório, mais finito, mais instável com relação às mudanças climáticas e mais inseguro. Precisamos saber como nós vamos nos posicionar diante dessas mudanças”, apontou Mauro Kern. Em contrapartida, disse, estaremos mais interligados, mais participativos, mais sustentáveis, mais tecnológicos e mais virtuais. “Em 2020, teremos quatro bilhões de pessoas conectadas e mais de 25 bilhões de dispositivos conectados. O mercado de IoT será enorme. Em 10 anos deve atingir o PIB da Alemanha e, em 20, o dos Estados Unidos”. Os novos modelos de negócio também foram destacados, como o caso do Uber se tornar obsoleto com o advento dos carros autônomos. A fabricante Tesla, por exemplo, já anunciou que todos os seus veículos sairão da linha de produção com sistema 100% autônomo, capazes de serem conduzidos sem a interferência humana. Os carros do futuro vão disparar alertas e fornecerão informações importantes sobre o caminho escolhido pelo motorista. Rodrigo Filev, professor do departamento de Ciência da Computação da FEI e responsável pela moderação do penúltimo painel do Congresso que abordou o tema “Iot na Conectividade e Mobilidade”, destacou que a IoT é uma grande oportunidade para a nossa indústria, especialmente no

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que diz respeito à mobilidade de transporte de bens valiosos, como o caso das vacinas, que muitas vezes são perdidas por conta do tempo de deslocamento. Para o diretor de Operações de Tecnologia da SPI, Elcio Brito da Silva, o grande impacto é na sociedade. “A IoT cola os três mundos: o digital, o físico e o biológico, mas precisamos mudar o modelo mental. Não é uma simples análise incremental, mas sim disruptiva, por isso, a mudança na mentalidade é essencial”. Na indústria da aviação a IoT já é uma realidade. “O número de parâmetros medidos a bordo multiplicou por 10 mil do primeiro modelo da Embraer até hoje. O sistema smart integration está crescendo muito. Hoje, se uma aeronave apresenta algum problema durante o voo já conseguimos conectar com a equipe em terra e quando o avião pousa a peça já está pronta para ser trocada”, afirmou Kern, da Embraer. Do ar para a terra, Besaliel Botelho, presidente da Robert Bosch América Latina, acredita que o carro do futuro será a segunda sala de estar dos indivíduos e que, por isso, não será mais possível ter um automóvel desconectado. “O sistema de car sharing também vai crescer, transformando o modelo de negócio das montadoras. Elas vão começar a ganhar por quilômetro rodado e não mais por produto”. Indústria 4.0: os desafios da quarta geração do processo industrial O último painel do Congresso de Inovação trouxe à tona um dos temas mais comentados dos últimos anos no setor industrial: a Indústria 4.0, sob o tema “IoT e a Indústria 4.0”. Segundo a PwC, a expectativa é que, até 2020, 72% das organizações do país estejam digitalizadas. Dados como esse mostram que esse fenômeno é uma realidade mundial que afetará não somente as organizações, onde as máquinas serão mais autônomas e se comunicarão entre si, mas os postos de trabalho tradicionais. Segundo um estudo da CNI, 42% das empresas desconhecem a importância das novas tecnologias para sua competitividade e 52% não usam nenhum tipo de tecnologia. Na avaliação de Ailtom Barberino do Nascimento, vice-presidente da Stefanini,

provedora de soluções de negócios baseadas em tecnologia, a transformação desse cenário só será possível se houver uma discussão séria sobre a cultura da inovação, tanto do ponto de vista público quanto privado. “O Brasil precisa assumir uma política de inovação. Temos feito muitas discussões e muitas iniciativas, mas precisamos convergir e as parcerias com as universidades são essenciais nesse processo”, disse. O desafio é grande, pois a indústria brasileira ainda está na versão 3.0. “Temos uma política de juros altos na qual o retorno do investimento fica comprometido”, avaliou João Carlos Visetti, diretor-presidente da TRUMPF. As grandes barreiras destacadas pelos especialistas ainda são o acesso à informação e o custo da automação industrial. Um terceiro obstáculo é a preparação das equipes. “Costumo brincar que nós temos que trocar a turbina do avião com ele voando”, afirmou José Antônio Garrido Filho, diretor Industrial da Saint-Gobain Sekurit para o Brasil e a Argentina. Os painelistas foram unâmimes sobre a importância das parcerias para o avanço tecnológico. Neste contexto, o vice-presidente da Stefanini foi enfático ao afirmar que as empresas têm que arriscar mais, ter mais modelos de parceria, inclusive com outras organizações. “Isso agiliza a modernização dos parques industriais. Temos que trabalhar no modelo colaborativo”. Na opinião de Renato Buselli, vice-presidente da Divisão Digital Factory da Siemens, a transferência de conhecimento é o primeiro benefício das parcerias. O segundo caminho é o modelo de negócio. “A Siemens desenvolveu um projeto no qual colocou US$ 1 bilhão e qualquer pessoa pode inscrever projetos para captar uma parte desse dinheiro e investir em melhorias para a empresa”, afirmou. Na FEI, lembrou Fábio Lima, moderador do painel e professor do departamento de Engenharia de Produção da FEI, o Laboratório de Manufatura recém-inaugurado tem servido de apoio a empresários brasileiros. “Tivemos procura de pequenas empresas que tinham algum tipo de problema e precisavam de ajuda. Os estudantes acabaram utilizando isso como case para seus trabalhos”.


SICFEI encerrou o Congresso incentivando a pesquisa

Ministro Gilberto Kassab: “FEI se preocupa com a evolução não só do Brasil como do mundo.”

Gilberto Kassab participou do encerramento O encerramento oficial do Congresso contou com a presença do Ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, que compôs a mesa de encerramento com as autoridades do Centro Universitário FEI, o presidente da FEI, Pe. Theodoro Peters; o vice-presidente, Antonio Roberto Batista; e o reitor, professor Fábio do Prado. O ministro em seu pronunciamento destacou o papel do Centro Universitário dentro do tema inovação. “A FEI tem dado provas inequívocas de que se preocupa com a evolução não só do Brasil como do mundo. Eu, como figura pública, estou aqui para incentivar cada vez mais esse trabalho”, disse. Frisou, ainda, a importância das parcerias público-privadas dentro desse processo. “Nós estamos vivendo um momento muito sensível aqui no Brasil, de cri-

se, e não há país que tenha saído da crise sem investir em inovação e em pesquisa”. Para o vice-presidente da Instituição, Antonio Roberto Batista, esse Congresso contribuiu para a inovação também dentro da universidade. “Quando nós falamos e nos dedicamos ao tema da inovação, isso começa por uma inovação da própria instituição, uma reflexão sobre ela própria e sobre sua postura em relação ao que o futuro propõe”. O presidente da FEI, Pe. Peters, lembrou o papel da Instituição de formar profissionais capacitados e a importância do evento nesse contexto. “Durante essa semana articulamos com os principais atores dessa inovação para formar profissionais inovadores. Queremos que nosso profissional esteja apto não para procurar emprego, mas para servir a seus próprios negócios”. Pe. Peters afirmou ainda que antecipar o futuro é a missão da FEI como universidade.

LUIZA TRAJANO FALOU SOBRE EMPREENDEDORISMO AOS ESTUDANTES Além dos painéis e das mesas redondas, o Congresso de Inovação atingiu uma abrangência ainda maior em sessões paralelas, que foram organizadas pelos departamentos de ensino, palestras e minicursos com a participação de empresários e especialistas de diferentes áreas. Um dos destaques foi a palestra da empresária Luiza Trajano, presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza, que falou sobre empreendedorismo aos estudantes a convite do departamento de Administração da FEI.

A empresária deu conselhos importantes para quem deseja administrar seu próprio negócio. “Não adianta ter apenas a técnica, o empreendedor precisa ser um inconformado, tem que estar sempre em busca de novidades. Duas coisas distinguem quem vai ter sucesso nessa área: o conhecimento e a vontade de fazer acontecer”, disse. A empresária também listou características importantes do profissional de sucesso, muitas delas apontadas pelos executivos que participaram dos debates, como a capacidade de pensar grande, a coragem para assumir riscos, a criatividade, o protagonismo, a capacidade de inovar, o inconformismo, a adaptação rápida às mudanças, a busca por soluções, o comprometimento e o fazer acontecer.

No último dia do Congresso de Inovação, foi realizado também o IV Simpósio de Iniciação Científica, Didática e de Ações Sociais de Extensão da FEI (SICFEI), que tem como objetivo fortalecer o compromisso da Instituição com a pesquisa desde a graduação. Participaram alunos de graduação com bolsas de Iniciação Científica, Didática e de Ações Sociais de Extensão, aprovadas pela FEI ou por outras agências de fomento, como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), entre outras. Foram 186 trabalhos apresentados pelos alunos nas áreas de Administração, Ciência da Computação, Ciências Sociais e Jurídicas, Matemática e Engenharia Civil, Elétrica, Física, de Materiais, Mecânica, de Produção, Química e Têxtil. Entre eles, os avaliadores destacaram cinco projetos. Os vencedores da edição 2016 na Categoria Iniciação Científica foram os alunos Natasha Cristine Cezarino Merzbahcer, com o trabalho “Estudo da Tensão de Ruptura em Transistores Mosfet de Potência em Ambientes Extremos”; Pedro Tendolin de Lima Costa, com o tema “Implementação do Microcontrolador em uma FPGA”; e Bruno Souza Pires, com o projeto “Cinética de Recristalização no Aço Inoxidável Ferrítico UNS S43932”. Na categoria Iniciação Didática, o projeto de destaque foi o da aluna Giovanna Melone Cesario, com o tema “Jogos de Empresas na Área de Sustentabilidade como Ferramenta para Treinamento e Atividades Didáticas”. Já na categoria Ações Sociais o melhor projeto foi desenvolvido pelo aluno Bruno Rafael Santos de Oliveira, com o trabalho “Reforço Escolar: Monitoria de Língua Portuguesa (2)”. “Tenho percebido uma evolução não só na qualidade, mas também na quantidade de trabalhos inscritos, o que mostra um aumento de interesse dos alunos pelos programas de iniciação científica”, afirmou a professora Michelly de Souza, coordenadora do Programa de Iniciação Científica (PBIC-FEI).

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responsabilidade social

PROJETO TRANSFORMAR INCENTIVA INOVAÇÃO ENTRE OS ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO DESAFIO REALIZADO EM ESCOLAS PÚBLICAS E PRIVADAS TEM COMO OBJETIVO DESENVOLVER O ESPÍRITO EMPREENDEDOR DOS JOVENS

Estudantes de ensino médio e técnico assistem palestras promovidas pelo Projeto TransFORMAR

O

mundo está em constante transformação. E essas mudanças acontecem de forma cada vez mais rápida e profunda. É fato que as relações de trabalho daqui a algumas décadas não serão as mesmas de hoje, já que a atual cultura existente de formar profissionais para atender o mercado de trabalho vai aos poucos dando lugar ao empreendedorismo. Pensando nesse novo modelo de sociedade, a FEI Júnior, empresa júnior ligada ao curso de Administração do Centro Universitário FEI - campus São Paulo, criou o Projeto TransFORMAR, desafio realizado em escolas públicas e privadas de ensino médio e técnico voltado para melhorar o ambiente escolar por meio do desenvolvimento de projetos inovadores. A ideia surgiu de experiências dos próprios membros da empresa júnior que eram incentivados a ter novas ideias, mas não

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conseguiam tirá-las do papel por uma série de motivos. O projeto começou a ser planejado em janeiro de 2016 e foi desenhado em quatro etapas, que passaram pelo cadastramento das equipes e das ideias, pela participação em atividades, dinâmicas e palestras para aperfeiçoar os conceitos sugeridos, pela introdução aos ambientes digitais para aumentar a visibilidade dos projetos e, finalmente, os projetos mais votados expuseram suas propostas para uma equipe avaliadora formada por professores da FEI. O caminho para chegar à premiação foi extenso. Para participar, os alunos formaram equipes e desenvolveram um projeto para a própria escola em uma das seguintes categorias: Sustentabilidade, Inovação e Empreendedorismo. Eles também elegeram um líder da equipe e um professor orientador.


Da esq. p/dir.: as equipes Neoliderança, Urban Nap e Colere, que estão entre as 10 vencedoras

Incentivo à inovação local Ao todo foram inscritas 35 equipes. Dessas, 10 foram vencedoras. Na categoria Empreendedorismo ganharam a TAP (Turismo Alternativo no Bairro de Perus), da ETEC Gildo Marçal Bezerra Brandão, com o projeto para implantar no bairro uma empresa de turismo alternativo, a fim de incentivar a economia local; a Urban Nap, da ETEC Júlio de Mesquita, que propõe a criação de cabines individuais para rápido descanso; e a Pega no Livro, da ETEC Zona Sul, que incentiva a leitura de livros nas comunidades. Na categoria Inovação venceram a MedFilas, aplicativo desenvolvido pela ETEC Jorge Street para a área de saúde que visa reduzir as filas nos hospitais; a EntulhABC, da ETEC Jorge Street, aplicativo com foco na reciclagem; e a Neoliderança, da ETEC Sebrae, que tem como objetivo incentivar a liderança entre os jovens. Já na categoria Sustentabilidade, os projetos ganhadores foram o Colere, da ETEC Carapicuíba, um centro cultural móvel; o Multiplicadores Sustentáveis, um mini kit de educação ambiental produzido pela ETEC Doutora Maria Augusta Saraiva que visa a conscienti-

zação das crianças com o objetivo de que elas se tornem agentes multiplicadores; o Diversidade Cultural, projeto de oficinas artísticas para levar mais cultura aos alunos da ETEC Sebrae; e o Árvore Pensante, da Escola Estadual Basílio Bosniac, que tem como objetivo a criação de uma árvore artesanal multidisciplinar que abriga, em seus galhos, no lugar das folhas, livretos e redações que contemplem os componentes curriculares de escola pública. “A avaliação levou em conta projetos que ajudam realmente a transformar a comunidade em que os jovens estão inseridos”, explica Alisson Souza, presidente da FEI Júnior SP. De fato, o mote do projeto era: “Você quer mudar o mundo? Que tal começar pela sua escola?”. Com essa premissa, o TransFORMAR foi um importante instrumento para incentivar o protagonismo dos jovens estudantes do ensino médio a partir de ações simples e criativas no ambiente escolar, despertar o interesse nos alunos em temas relacionadas ao empreendedorismo, inovação e sustentabilidade, além de colocar o estudante em contato com o ambiente universitário.

“Você quer mudar o mundo? Que tal começar pela sua escola?”

PREMIAÇÃO

Alisson Souza, presidente da FEI Júnior SP

Todas as equipes inscritas ganharam acesso a palestras exclusivas, bolsa de estudos de 25% para o módulo de inglês no CNA, 25% de desconto no processo seletivo da FEI e uma bolsa de 100% na Geekie, plataforma de ensino online para alunos de 3º ano. Os finalistas receberam um curso de oratória da JCI Brasil-Japão, participação no Desafio de Administração da FEI, um curso de empreendedorismo, inovação e sustentabilidade, bolsa de estudos de 50% para o módulo de inglês no CNA e desconto de 50% no vestibular da FEI. Já as equipes ganhadoras, além da bolsa de estudo de 100% no módulo de inglês do CNA e da inscrição gratuita no processo seletivo da FEI, foram premiadas com um curso de empreendedorismo social e coaching com a JCI Brasil-Japão e a FEI Júnior. Segundo Alisson, os resultados foram tão bons que a ideia é transformar o projeto em um evento anual. “Vários representantes de escolas já nos ligaram para perguntar se ano que vem vamos promover o TransFORMAR novamente porque eles querem divulgar internamente e preparar os alunos.”

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artigo

O PAPEL DAS PMES NOS MERCADOS É FUNDAMENTAL

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emos inúmeras evidências da importância das pequenas e médias empresas na formação do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, assim como na geração de empregos e na massa de salários. Uma das fontes, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), destaca que os pequenos negócios na economia brasileira respondem Professor William Francini, por 27% do PIB, 52% dos emprecoordenador do Curso de gos com carteira assinada e 40% Administração do Centro Universitário FEI dos salários pagos. (SEBRAE, 2016) Por outro lado, temos ouvido com muita frequência, há vários anos, a palavra inovação. Ela se tornou um mantra na agenda da sociedade. Parece haver um consenso de que a inovação pode gerar valor em diversas formas – por meio da geração de mais conhecimento, educação, novos produtos e serviços, úteis não somente a consumidores e clientes, mas muitas vezes aos cidadãos e suas comunidades. Claro, perspectivas críticas são sempre importantes, e questionamentos sobre esta ‘onda de inovação’ podem ser bastante interessantes. A palavra inovação é frequentemente aplicada como uma invenção que foi bem sucedida comercialmente, isto é, deixou o laboratório ou a bancada e foi colocada no mercado. Em contrapartida, uma invenção pode ter sido gerada, mas nunca ter deixado o laboratório, nem encontrada uma aplicação prática ou viabilidade econômica. Quanto ao processo de inovação e de desenvolvimento de novos produtos, montantes consideráveis de tempo e dinheiro, dentre outros recursos, são investidos pelas organizações na busca de novas oportunidades, uma vez que tais investimentos aumentam a capacidade de criar, usar conhecimentos novos e recombinar e reutilizar outros existentes. Já o processo criativo está ligado à geração e gestão de ideias. A correlação entre a gestão de ideias e a geração de novos produtos e serviços é alta no contexto econômico-organizacional. Para tanto, faz-se necessário que o processo de execução da inovação esteja devidamente estruturado, e cuja referência internacional é denominada FEI (Front End of Innovation). É possível resumir os principais processos de inovação em grandes temas centrais, como as estratégias de inovação, o sistema de gestão de ideias, a gestão de portfólio de projetos e a gestão da cultura de inovação. Outros pilares podem ser considerados, como inteligência tecnológica e incentivos legais para a inovação. A importância de métricas de desempenho com vistas ao mapeamento do nível de maturidade da inovação nas organizações torna-se mais evidente. E o radar da inovação constitui uma das ferramentas disponíveis para esta função. Estas são algumas das variáveis ligadas ao processo de gestão

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da inovação. E quanto a realidade da inovação nas PMEs? Aqui não estamos considerando somente as empresas iniciantes, com base tecnológica, mas as milhares de PMEs em operação no mercado. Sabidamente este grupo de empresas tem maior dificuldade em obter crédito, taxas de juros mais competitivas, e acesso a instituições de fomento e órgãos do governo - no caso, a projetos com vistas na melhoria da competitividade empresarial. Neste sentido, mencionamos alguns dos instrumentos de apoio à inovação em âmbito nacional, que em tese devem estar à disposição, inclusive às pequenas empresas. Seguem alguns exemplos, citados no guia de apoio à inovação, da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (ANPEI). O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e suas linhas, como a Capital Inovador (foco na empresa), Inovação Tecnológica (foco no projeto), Cartão BNDES para Inovação, e Programas específicos setoriais, tais como PROFARMA, PROSOFT, FUNTTEL e PROENGENHARIA. Ainda dentre os instrumentos de apoio financeiro existem as linhas de incentivo fiscal – como incentivos fiscais para P&D em qualquer setor industrial (Lei do Bem, capítulo III), e incentivos para P&D no setor de informática e automação (Lei 11.077/2004), assim como linhas de Capital de Risco, além dos fundos privados de capital de risco. Existem ainda outras linhas, como o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. Ainda como instrumentos de apoio à inovação, existem os Instrumentos de Apoio Tecnológico e Gerencial, dentre os quais destacamos aqueles ligados ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), como os Fundos Setoriais, Portal Inovação, Sistema Brasileiro de Tecnologia (Sibratec), Sistema Brasileiro de Resposta Técnicas (SBRT) e Programa Nacional de Incubadoras (PNI), e aqueles ligados à FINEP, como seus programas de Cooperação entre ICTs e Empresas, Apoio à Pesquisa e Inovação em Arranjos Produtivos Locais (PPI-APLs) e Projeto INOVAR. O SEBRAE conta também com o SEBRAEtec, o Programa Agentes Locais de Inovação (ALI), Programa SEBRAE de Incubadoras de Empresas e Programa Alavancagem Tecnológica (PAT). Finalizando, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) oferece o Programa SENAI de Inovação Tecnológica, o Instituto Euvaldo Lodi (IEL) promove programas focados em informação e consultoria para negócios, propriedade intelectual na indústria e capacitação em gestão e estratégias de inovação para Empresas de Pequeno Porte. Por último, temos o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) que gerencia o processo de patenteamento no país. Como vemos, sobram linhas de apoio à inovação no Brasil. Por que o avanço tecnológico e a inovação nas pequenas empresas ainda parecem estar em níveis modestos, vis-à-vis tantas linhas e programas com este enfoque?


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