Domínio FEI 6: 70 anos com muitos motivos para comemorar

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DOMÍNIO FEI | JANEIRO A ABRIL DE 2011


EDITORIAL

70 anos! Padre Paulo Severino Theodoro Peters S.J. Presidente Centro Universitário da FEI

Em março completaram-se 70 anos da instalação do curso de Administração, em 1941, pela iniciativa do Pe. Roberto Saboia de Medeiros. Este foi o ponto de partida para a realização dos sonhos e expectativas deste jesuíta cujo lema inflamava a todos que aceitaram colaborar, apoiando-o: “o que falta me atormenta”, em latim: “quod deest me torquet”. Saboia ousou perscrutar o futuro do Brasil e diagnosticou para o desenvolvimento do País a necessidade de preparar quadros humanos bem qualificados na área específica de Administração e Gerência, e na de Engenharia e Tecnologia. Empreendedor contagiante, não hesitou em oferecer ao Brasil, em São Paulo, cursos pioneiros que evoluíram continuamente. Inspirado nas ideias sociais e humanísticas do Cardeal John Henry Newman, colocou bases para a Faculdade Católica no País. Saboia vislumbrava o convívio mestre-discípulo para além da sala de aula como fundamento estratégico para a recíproca formação continuada, geradora da investigação, produtora de saber científico, transmissora dos valores humanos, sociais, políticos e espirituais. Saboia antevia que a universidade plenamente instalada geraria conhecimentos, descobertas, invenções, métodos, realizações para a melhor qualidade da sociedade. A universidade deve interagir, através da formação de pessoas, para transformar o ambiente onde está instalada, ultrapassando os próprios campi, gerando cultura estimulante para que cada pessoa, conhecendo-se, desenvolva todo o seu potencial e capacidade. Ele colocou a semente, irrigou a terra, cultivou a plantinha que se transformou em árvore frondosa, bem enraizada, produzindo frutos de qualidade para a humanidade. Saboia faleceu com 50 anos, em 31 de julho de 1955, deixando como assinatura pela vida as suas faculdades: Administração de Negócios e Engenharia Industrial, atualmente articuladas em Centro Universitário, oferecendo cursos de graduação e pós-graduação com qualidade auferida em avaliações internas e externas, com corpo docente altamente qualificado para o ensino e a pesquisa, para o desenvolvimento de trabalho em redes nacionais e internacionais, com participação em competições estudantis que exigem dedicação de mestres e estudantes para atingirem os bons resultados. Ultrapassando os horizontes, comunica os avanços alcançados em reuniões científicas, congressos, simpósios nacionais e internacionais, concorre em busca de financiamento nas várias agências de fomento com projetos altamente qualificados. As visitas aos campi encantam pela ordem e manutenção, envolvimento das pessoas e dedicação a projetos de pesquisa, monitoria, estágio, graduação, mestrado e, agora, doutorado. Saboia sorriria de felicidade ao constatar a força de suas iniciativas, a sinergia geradora da articulação de energias individuais em realizações palpáveis, admiráveis, vencedoras. Saboia se comoveria com sua marca com capacete e óculos nos projetos automotivos do Baja, se orgulharia com as exposições de TCC e as iniciativas para sediar eventos e feiras da mais alta qualidade. Otimista acima da média, quase exagerado, compararia o sonho do passado com a realização do presente. Saboia diria: sigam adiante, articulando a teoria e a prática, a sala de aula, o laboratório com a realidade empresarial e social, avancem para serem reconhecidos como universidade de pleno direito, com autonomia para a instalação de seus cursos. Saibam que o segredo da formação humana consiste no pleno desenvolvimento de cada personalidade, na descoberta do lugar apropriado para cada talento, na avaliação de que cada formado ofereça mais do que tenha recebido para a humanidade: inteligência, cuidado, perspicácia, trato com todas as pessoas, confiança em si, inovação empreendedora, justiça em todas as ações, atenção à realidade sabendo, ao mesmo tempo, que forte da força de Deus é chamado a apresentar-se como sua imagem, pela coerência, e agir à sua semelhança. É o espírito para revisitar o septuagésimo aniversário, lançando-se no presente para o futuro que o Centro Universitário deseja ajudar a construir com todas as instituições e pessoas de bom discernimento. JANEIRO A ABRIL DE 2011 | DOMÍNIO FEI

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ESPAÇO DO LEITOR

REVISTA DOMÍNIO FEI Publicação do Centro Universitário da FEI

EXPEDIENTE “Foi uma ótima surpresa receber, pela primeira vez, um exemplar da revista Domínio FEI. Maravilha de publicação, com qualidade, que nos atualiza sobre quanto a FEI cresceu e desponta em diversos segmentos, na pesquisa e no desenvolvimento tecnológico. Realmente é de nos dar orgulho. Parabéns.” Luiz Carlos Lampreet Engenheiro Eletricista – Turma 1987 “Gostaria de parabenizá-los pelas matérias que vêm realizando na revista Domínio FEI. Por ser um ex-feiano formado em 2005, fico atualizado trimestralmente sobre as notícias da escola.” Bruno Shida Engenheiro Eletricista – Turma 2005 “Amei ter recebido a revista em minha casa. Fiquei muito orgulhosa em ver que a faculdade na qual estudei está sempre na vanguarda dos assuntos voltados à tecnologia. Mas, o que me impressionou mesmo foi ver a quantidade de mestres diferentes. Como sugestão, seria legal falar do paradeiro dessa gente toda! Tive aula com grandes personalidades como Trevisan, Bechara, entre outras lendas.” Simone Contrufo França Eng. de Produção Química – Turma 1995 “Vi, pela primeira vez, na casa de uma amiga nossa, ‘feiana’, é claro, a revista da FEI. Sou formado na turma de 1981 da MecAut e minha mulher, que também é ‘feiana’, turma de 1982,

Elétrica/Eletrônica, também viu e gostou. Parabéns pela publicação.” Mario A. Cintra Correa Engenheiro Mecânico – Turma 1981 Sonia Y. Takemoto Correa Engenheira Elétrica – Turma 1982 “Encontrei a edição da revista Domínio FEI número 5 e confesso que adorei! Sou um exfeiano, formado em 1996. Gostei da matéria dos reencontros e digo que a nossa turma de formandos em Elétrica-Computadores se encontra todos os anos. Nos últimos 14 anos de formados não falhamos um ano.” Fernando Nomelline Engenheiro Eletricista – Turma 1996 “Foi uma grata surpresa ler a revista Domínio FEI, que recebi em minha empresa. Foi a primeira vez que vi este material e não pude me conter em tecer alguns comentários a vocês. Sou ex-feiano e, atualmente, gerencio um grupo de projetos onde conto com a colaboração de vários profissionais formados em nossa faculdade. A FEI prepara engenheiros para o mercado com uma visão e flexibilidade esperadas pela indústria. Os engenheiros da FEI se destacam nas atividades de projeto e desenvolvimento muito em função da sua formação. A revista está de parabéns pelo trabalho, pela qualidade gráfica, pela isenção em seus artigos e, principalmente, pela qualidade das matérias apresentadas.” Henrique Basilio Pereira Engenheiro Mecânico – Turma 1985

Fale com a redação A equipe da revista Domínio FEI quer saber a sua opinião sobre a publicação, assim como receber sugestões e comentários. Escreva para Av. Humberto de Alencar Castelo Branco, 3972, Bairro Assunção - S.B.Campo - SP - CEP 09850-901, mande e-mail para redacao@fei.edu.br ou envie fax para o número (11) 4353-2901. Em virtude do espaço, não é possível publicar todas as cartas e e-mails recebidos. Mas a coordenação da revista Domínio FEI agradece a atenção de todos os leitores que escreveram para a redação. As matérias publicadas nesta edição poderão ser reproduzidas, total ou parcialmente, desde que citada a fonte. Solicitamos que as reproduções de matérias sejam comunicadas à redação pelo e-mail redacao@fei.edu.br.

Centro Universitário da FEI Campus São Bernardo do Campo Av. Humberto de Alencar Castelo Branco, 3972 – Bairro Assunção São Bernardo do Campo – SP – Brasil CEP 09850-901 – Tel: 55 11 4353-2901 Telefax: 55 11 4109-5994

Campus São Paulo Rua Tamandaré, 688 – Liberdade São Paulo – SP – Brasil – CEP 01525-000 Telefax: 55 11 3207-6800 Presidente Pe. Theodoro Paulo Severino Peters, S.J. Reitor Prof. Dr. Fábio do Prado Vice-reitor de Ensino e Pesquisa Prof. Dr. Marcelo Pavanello Vice-reitora de Extensão e Atividades Comunitárias Profª. Drª. Rivana Basso Fabbri Marino Conselho Editorial desta edição Professores doutores Rivana Basso Fabbri Marino, Hong Yuh Ching, Rodrigo Magnabosco, Carlos Eduardo Thomaz e Vagner Barbeta Coordenação geral Andressa Fonseca Comunicação e Marketing da FEI Produção editorial e projeto gráfico Companhia de Imprensa Divisão Publicações Edição e coordenação de redação Adenilde Bringel (Mtb 16.649) Reportagem Adenilde Bringel, Marli Barbosa, Elessandra Asevedo, Fernanda Ortiz, Aline Nascimento (estagiária) e Fabrício Fernando Bomfim (FEI) Fotos Alex Lodovico, Guilherme Tadeu, Jésus Perlop e Ilton Barbosa Programação visual Thiago Alves e Eramir Neto Tiragem: 16 mil exemplares

CENTRO UNIVERSITÁRIO DA FEI Instituição associada à ABRUC

www.fei.edu.br

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SUMÁRIO

14 ENTREVISTA O empresário Gisvaldo de Godoi, dono da Construtora Godoi e do Colégio Albert Sabin, em São Paulo, afirma que a formação em Administração é uma excelente forma de valorizar a carreira

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06 ANIVERSÁRIO FEI completa 70 anos de história com nível de excelência na formação

DESTAQUES Administração oferece doutorado com dupla validação Centro Universitário entra para o SOI Consortium Diname reúne pesquisadores e especialistas Comprometimento dá bons resultados em competições Estudantes contróem pontes com palitos de sorvete

DESTAQUE JOVEM Engenheiro químico formado pela FEI em 1999 tem uma carreira de sucesso PESQUISA & TECNOLOGIA Laboratórios de ensino garantem que alunos pratiquem o que aprendem em sala de aula Professores da Instituição apresentam trabalhos em inúmeros eventos nacionais e internacionais Transistor desenvolvido por dois docentes da FEI garante mais eficiência em circuitos integrados

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ARQUIVO Curso de Engenharia Têxtil foi criado em 1963 e é um dos que mais se destacam no Brasil

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GESTÃO & INOVAÇÃO Redes sociais são uma grande aposta e representam um mercado potencial para o setor empresarial

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PÓS-GRADUAÇÃO FEI lança novos cursos de especialização em construções sustentáveis e segurança da informação

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RESPONSABILIDADE SOCIAL Sistema computacional desenvolvido na FEI ajuda no reconhecimento de pessoas desaparecidas

38 Mestrado SEÇÕES 41 Agenda 42 Artigo JANEIRO A ABRIL DE 2011 | DOMÍNIO FEI

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70 anos de história FEI comemora o aniversário e a excelência na inovação e na formação de profissionais altamente qualificados para o setor empresarial

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história do Centro Universitário da FEI começou em 1941 com a criação do primeiro curso de Administração do Brasil. Com a sua visão futurista sobre o processo de industrialização que ocorria no País, o padre jesuíta Roberto Saboia de Medeiros fundou a Escola Superior de Administração de Negócios (ESAN), no bairro da Liberdade, em São Paulo, em 4 de março de 1941. Na comemoração dos 70 anos da FEI, o curso de graduação em Administração tem muitos motivos para festejar, pois recebeu nota 4 no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE) e no Índice Geral de Cursos (IGC) do Ministério da Educação e acaba de ter aprovado o doutorado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

O início da trajetória da FEI foi marcado por doações de empresários que acreditaram na iniciativa do Pe. Saboia de Medeiros de criar uma instituição para formar profissionais altamente qualificados para o setor empresarial, mas com aptidões para a pesquisa científica e sem esquecer o perfil humanista e os valores éticos. Em 1945, para ser a mantenedora da Instituição sem fins lucrativos, o Padre instituiu a Fundação de Ciências Aplicadas (FCA) e, após um ano, criou a Faculdade de Engenharia Industrial (FEI) com o curso de Engenharia Industrial modalidade Química. Posteriormente foram criados os cursos de Engenharia Mecânica e as demais áreas consideradas industriais, como Eletrotécnica, Eletrônica, Metalurgia, Têxtil e Produção.

Anos mais tarde foi instituída a formação em Engenharia Civil. No início da década de 1960, com o crescimento do Grande ABC por causa da instalação das montadoras de automóveis, os cursos de Engenharia foram transferidos para um novo campus, em São Bernardo do Campo, onde a Instituição está até hoje. Em 1999, a Faculdade de Informática (FCI) iniciou as atividades oferecendo o curso de Ciência da Computação. Em 2002, a ESAN, a FEI e a FCI foram agregadas em uma única Instituição com a criação do Centro Universitário da FEI, mantido pela Fundação Educacional Inaciana Padre Saboia de Medeiros (FEI). A mudança garantiu à Instituição a autonomia acadêmica necessária para o trabalho interdisciplinar Instituição ganhou novo campus em São Bernardo do Campo no começo da década de 1960, para onde foram transferidos os cursos de Engenharia

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Administração foi o primeiro curso do Brasil, criado graças à visão futurista do Padre Roberto Saboia de Medeiros

e multidepartamental, e possibilitou a elevação dos níveis de graduação e das pesquisas por meio da ampliação da massa crítica científica de professores e pesquisadores. Nos anos seguintes, algumas modalidades de Engenharia foram extintas e novos cursos foram criados, como o de Engenharia de Materiais. Em 2004, o Centro Universitário da FEI implantou o curso de mestrado em Engenharia Elétrica, nas áreas de concentração de Dispositivos Eletrônicos Integrados e Inteligência Artificial Aplicada à Automação. Três anos depois foram criados os cursos de mestrado em Engenharia Mecânica nas áreas de Concentração de Materiais e Processos, Produção e Sistemas da Mobilidade, assim como o mestrado de Administração na área de Gestão Estratégica da Inovação. Em 2008, a FEI criou a graduação em Engenharia de Automação e Controle, que nasceu com a expertise que a Instituição detém nos cursos de Engenharia Mecânica, Engenharia Eletrônica, Engenharia de Produção e Ciência da Computação. Neste ano, a CAPES aprovou o doutorado em Administração (leia mais na página 8). Ao longo da sua história, a FEI já formou mais de 50 mil profissionais nos vários cursos de graduação, pós-graduação e mestrado. Além disso, sempre estimulou a pesquisa e o desenvolvimento de projetos por parte de alunos e professores e, hoje, desenvolve estudos nas áreas de gestão da inovação, processos de inovação, metodologias aplicadas às organizações, automobilística, robótica, inteligência artificial, engenharia de produção, logística, novos materiais, nanotecnologia, biocombustíveis e energia.

ADMINISTRAÇÃO Em ano de celebração, o curso de graduação em Administração e a FEI comemoram conquistas importantes. O curso recebeu nota 4 do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE), que integra o Sistema Nacional da Educação Superior (SINAES) e tem como objetivo avaliar o rendimento dos alunos de graduação do primeiro e último anos do curso. “A nota 4 é muito boa e reflete o esforço de alunos, professores e da Instituição para a manutenção do ensino de qualidade. No entanto, nosso objetivo é obter a nota 5, que é a nota máxima, na próxima avaliação”, revela o professor doutor Hong Yuh Ching, coordenador do curso e chefe do departamento de Administração da FEI. No Índice Geral de Cursos (IGC), instrumento do Ministério da Educação que mede o desempenho das instituições de ensino superior no País, a FEI também recebeu a nota 4. No Brasil, apenas 15 centros universitários conseguiram essa importante pontuação. O curso de Administração do Centro Universitário da FEI também está com nova estrutura curricular desde fevereiro de 2010, para atender às mudanças do mercado de trabalho. “A nova grade curricular está estruturada em três eixos transversais que perpassam e influenciam o conteúdo, que são inovação, empreendedorismo e sustentabilidade, considerando as suas naturezas econômica, social e ambiental”, ressalta o professor Hong Yuh Ching. JANEIRO A ABRIL DE 2011 | DOMÍNIO FEI

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Dmitriy Shironosov/Istockphoto

Doutorado com foco em Gestão e Inovação Com a aprovação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), o Centro Universitário da FEI passa a oferecer, a partir deste ano, o doutorado em Administração – pós-graduação stricto sensu. O curso tem foco em Gestão da Inovação e visa preparar pesquisadores, docentes e profissionais para a reflexão com base científica sobre temas atuais da Administração. Com abordagem integrada e interdisciplinar, a FEI quer proporcionar aos alunos de doutorado os principais fundamentos que contribuem para a orientação de estratégia de criação e gestão da inovação. As aulas começaram em março e são ministradas três vezes por semana no campus São Paulo. Neste primeiro semestre foram abertas cinco vagas e, em julho, serão oferecidas mais cinco. Os alunos terão quatro anos para terminar o curso. Os três primeiros semestres são dedicados a quatro disciplinas que envolvem técnicas de pesquisas quantitativas e qualitativas, comuns a todos os alunos, e a duas disciplinas específicas às linhas de pesquisas presentes no programa: Sustentabilidade, Capacidades

Organizacionais e Mercados e Consumo. Para a criação do doutorado, o Centro Universitário investiu na contratação de professores pesquisadores em tempo integral, passando de oito – que já faziam parte do mestrado – para 14. Segundo o professor doutor Edmilson Alves de Moraes, coordenador do programa de pós-graduação em Administração da FEI, a infraestrutura e o corpo docente, aliados ao trabalho de produção científica, fazem a Instituição ser reconhecida e isso foi fundamental para a aprovação do doutorado na primeira submissão feita à CAPES. “É memorável ser aprovado na primeira tentativa, pois mostra o reconhecimento da comunidade científica para com o trabalho que estamos realizando. Esta conquista se soma à de 2006, quando recebemos a autorização para ter o curso de mestrado na primeira submissão do projeto, e à conquista do ano passado, quando a CAPES elevou a nota do curso de três para quatro na primeira avaliação trienal”, comemora o professor. O curso de doutorado da FEI possibilita ao aluno ter o diploma franco-brasileiro (double degree) devido ao convênio com o Conservatoire National des Arts et Métiers (CNAM), escola tradicional de Paris, na França. Os doutorandos que fizerem essa opção terão um professor orientador brasileiro e um coorientador francês durante o desenvolvimento do trabalho. A tese também terá de ser aprovada nos dois países para que os alunos recebam os dois diplomas.

Prêmio por uso de normas técnicas O presidente do Centro Universitário da FEI, Pe. Theodoro Paulo Severino Peters, S.J., e o reitor da Instituição, professor doutor Fábio do Prado, receberam no dia 9 de novembro de 2010, em uma cerimônia realizada em Brasília, o Prêmio CAPES/ASTM, pelo fato de a FEI ser a Instituição privada que mais utilizou as normas técnicas da base ASTM International em atividades de ensino, pesquisa e extensão. A premiação fez parte da solenidade de comemoração do 10° aniversário do Portal de Periódicos da CAPES e teve a participação de representantes do órgão, editores e representantes de instituições premiadas em diferentes categorias.

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Andrey Volodin/Istockphoto

Excelência em microeletrônica FEI é a primeira Instituição de ensino da América Latina a ingressar no seleto grupo do SOI Industry Consortium

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experiência e os estudos de professores pesquisadores do Centro Universitário da FEI no segmento de microeletrônica levaram a Instituição a fazer parte do SOI Industry Consortium, desde outubro de 2010. O consórcio é formado por um seleto grupo que agrega as principais instituições de ensino e indústrias de microeletrônica atuantes na tecnologia SOI (silício sobre isolante), uma das mais importantes alternativas para as próximas gerações de computadores de alto desempenho. A FEI é a primeira Instituição de ensino da América Latina a integrar o grupo, o que confirma sua importância no cenário nacional e internacional nessa área de atuação. Com a missão de acelerar o desenvolvimento da tecnologia SOI, o consórcio auxilia na solução de problemas tecnológicos para superar barreiras técnicas e econômicas, a fim de viabilizar sua adoção em uma ampla faixa de aplicações, como a fabricação de processadores de altíssimo desempenho e baixo consumo. “O silício sobre isolante é uma tecnologia de alto desempenho que oferece processo de fabricação mais simples que o silício em massa e tem se mostrado uma das mais importantes alternativas para as próximas gerações de computadores de alto desempenho e capacidade de processamento de informação”, explica o professor doutor Marcelo Antonio Pavanello, vice-reitor de Ensino e Pesquisa do Centro Universitário da FEI. O coordenador do Departamento de Engenharia Elétrica, Renato Giacomini, lembra que a aproximação da FEI com o SOI devese ao grupo de pesquisadores da Instituição, que desenvolve linhas de pesquisa associadas a essa tecnologia, além das participações em conferências internacionais. “Há muito tempo nossos professores desenvolvem linhas de pesquisa associadas ao silício sobre isolante. No entanto, foi a partir de 2005, com o início do programa de mestrado de Engenharia Elétrica, que passamos a atuar mais fortemente nessa área, o que destacou ainda mais nosso trabalho e a possibilidade de participar das discussões”, ressalta. O SOI Industry Consortium tem a participação de empresas líderes em microeletrônica, como IBM, Samsung e United Micro-

electronics Corporation, além de instituições de ensino como Massachusetts Institute of Technology (MIT), Illinois Manufacturing Extension Center (IMEC) e Stanford University. Segundo o professor Marcelo Pavanello, é um privilégio para a FEI ser a primeira Instituição de ensino da América Latina a integrar esse fórum de âmbito mundial. “O ingresso no consórcio é um marco, pois evidencia o reconhecimento internacional das pesquisas realizadas pelo Centro Universitário”, comemora. VANTAGENS Além de colocar em evidência o trabalho realizado pelo Centro Universitário da FEI no segmento de pesquisas com silício sobre isolante, o ingresso no SOI Industry Consortium agrega importante valor para os cursos de mestrado e graduação em Engenharia Elétrica e Automação e Controle. “O grande benefício para os alunos é participar de um grupo de pesquisa com reconhecimento mundial, que possibilita a troca de informações por meio de fóruns, eventos, novas pesquisas e dispositivos”, ressalta o vice-reitor.

(Da esq.): O professor Renato Giacomini e o vice-reitor Marcelo Antonio Pavanello destacam a participação no SOI

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Simpósio discute a di o controle de sistemas FEI foi o principal organizador do encontro internacional, realizado no litoral de São Paulo

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troca de conhecimentos e as novidades em trabalhos e pesquisas na área de dinâmica e controle de sistemas mecânicos foram os destaques do 14th International Symposium on Dynamics Problems of Mechanics – Diname 2011, que reuniu acadêmicos, pesquisadores, cientistas e engenheiros brasileiros e de vários outros países, considerados referências mundiais na área. O Centro Universitário da FEI foi o principal organizador do encontro, realizado entre os dias 13 e 18 de março em São Sebastião, litoral norte de São Paulo. Durante o Diname 2011 foram apresentados 59 papers, seis palestras e quatro minicursos sobre os mais recentes estudos e trabalhos desenvolvidos no segmento. Realizado a cada dois anos, desde 1986, pelo Comitê de Dinâmica da Associação Brasileira de Engenharia e Ciências Mecânicas (ABCM), o Diname é um espaço exclusivo para engenheiros, pesquisadores e acadêmicos explorarem, discutirem e apresentarem os mais recentes estudos na área e novas soluções para a indústria. Para o coordenador do programa de mestrado em Engenharia Mecânica da FEI e chairman do Diname 2011, profes-

(Da esq.): Rahmat Shouresshi e Bernd Schaffer, da University of Denver, e Nicklas Norrick, da Technische Universit at Darmstadt

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sor doutor Agenor de Toledo Fleury, o encontro vai além da troca de informações sobre as pesquisas para o setor. “Com um nível de reconhecimento internacional e com a presença de profissionais do mais alto gabarito, o simpósio possibilita que jovens pesquisadores divulguem trabalhos de altíssima qualidade e permite um intercâmbio de conhecimentos”, destaca. No Diname 2011 foram apresentados 59 papers desenvolvidos por estudantes de graduação, mestrado e doutorado, professores e pesquisadores de diversos países, sobre temas relacionados às áreas de robótica, máquinas rotativas, mecânica e sistema de controles não lineares, biomecânica e energy harvesting (que busca energia de qualquer ‘corpo’ que se movimente), entre outros. Nos encontros setoriais, pesquisadores apresentaram estudos que apontam soluções para a indústria. “Na área de robótica, por exemplo, que é um dos setoriais mais reverenciados, um dos papers abordou o desenvolvimento de um equipamento capaz de auxiliar vítimas de algum tipo de acidente nos membros a fazerem exercícios fisioterápicos em casa. Outros trabalhos abordaram risers, tubulações que trazem petróleo a 2 mil metros de profundidade para as plataformas”, ressalta o chairman do encontro. Outros destaques apresentados no Diname 2011 foram os papers convidados ‘Robust Modelling Using Bi-Lateral Delay Lines for High Speed Simulation of Complex Systems’, de Peter Kruss, professor da Linköping University, da Suécia, e um dos idealizadores do Centro Sueco-Brasileiro de Pesquisa e Inovação,


nâmica e mecânicos que está sendo instalado no município de São Bernardo do Campo e terá a cooperação das universidades locais; ‘On a Simple Model for the Dynamics of the Vertical Collapse of Buildings’, dos professores Celso P. Pesce e Leonardo Casetta, da Universidade de São Paulo (USP); e ‘Comparing Needs of Employers to Learning Outcomes of Engineering Curricula in Europe: Preliminary Results of ECCE Project’, dos professores Nicolò Bachschmid, Federico Cheli, Alessio Castelli e Clementina Marinoni, do Politecnico di Milano, na Itália.

(Da esq.): Paulo Roberto Gardel Kurka, da Unicamp, e Eduardo Gildin, ex-aluno da FEI e professor da University of Texas

Alto nível nas palestras Entre os congressistas, um dos destaques foi Luiz Bevilacqua, ex-reitor da Universidade Federal do ABC (UFABC) e atual professor de pós-graduação e pesquisa de Engenharia do Instituto Alberto Luiz Coimbra da Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPE/UFRJ), que ministrou a palestra ‘An Open Problem in Wave Dynamics’. Outros palestrantes foram o ícone mundial na área de análise experimental de estruturas, David Ewins, ex-professor do Imperial College de Londres e atual diretor da Blade/Bristol Laboratory for Advanced Dynamics Engineering, no Reino Unido, que abordou o tema ‘Challenges and Opportunities in Structural Dynamics’; o professor Daniel Inman, do Center for Intelligent Materials Systems and Structures, da Virginia Tech, nos Estados Unidos, que explanou sobre ‘Energy Haverting for Wireless Applications’; o reitor de Engenharia e Ciência da Computação da Universidade de Denver, nos Estados Unidos, Rahmat Shouresshi, que apresentou a palestra ‘Bio-inspired Self-Adaptive Structures’; e Eduardo Gildin, ex-aluno da FEI formado em 1995 e atual professor da Universidade do Texas, também nos Estados Unidos, que apresentou a temática ‘Closed Loop Reservoir Management in a System Framework’. “A presença desses profissionais do mais alto nível evidencia ainda mais a importância e qualidade dos trabalhos apresentados no simpósio”, argumenta o professor Agenor de Toledo Fleury. O docente da FEI ressalta o resultado do encontro, que reuniu 120 participantes, e destaca que o Centro Universitário, como principal organizador, teve a oportunidade de divulgar amplamente o trabalho em pesquisa realizado na Instituição. Para a organização do Diname 2011, a FEI recebeu o apoio da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade de São Paulo (USP). O patrocínio do evento é da Associação Brasileira de Engenharia e Ciências Mecânicas (ABCM).

(Da esq.): O vice-reitor Marcelo Pavanello e o professor Agenor de Toledo Fleury representaram a Instituição

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Comprometimento garante suce Equipes da FEI conquistam o hexacampeonato do Baja e tetracampeonato do Fórmula SAE

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urante meses, os integrantes das equipes Baja FEI e Fórmula FEI substituíram passeios por livros e pesquisas e trabalharam incansavelmente nos projetos. Todo o esforço e comprometimento dos alunos resultou em importantes conquistas nas competições estudantis promovidas pela SAE Brasil. A mais recente vitória foi durante a 17ª Competição Baja SAE Brasil-Petrobras, realizada de 25 a 27 de março em Piracicaba, no interior de São Paulo, quando as equipes FEI Baja 2 e FEI Baja 1 foram campeã e vice-campeã, respectivamente. Com a vitória, além do heptacampeonato, a FEI ganhou o direito de representar o Brasil na competição Baja SAE Kansas, em Pittsburg, nos Estados Uni-

dos, de 26 a 29 de maio. As equipes da Instituição também foram as melhores em quatro dos sete quesitos avaliados pelos juízes. A FEI Baja 1 recebeu, ainda, o 1º lugar no Prêmio Fiat Boas Práticas de Engenharia por desenvolver o carro mais leve do concurso da montadora, com 149 kg. A equipe Baja 2 ficou com a terceira colocação. A FEI levou para a competição os bajas Dipton e Zaya. No Dipton, os estudantes adotaram novo sistema de fixação do motor estrutural e parte do chassi foi retirada para a colocação do motor. A mudança, que contribuiu para a redução de três quilos no peso, influenciou na rigidez do chassi, tornando o veículo mais leve, econômico e com melhor desempenho em aceleração, velocidade final e frenagem. Para o capitão da FEI Baja 2, Renato Storti Lotto, do curso de Engenharia Mecânica Automobilística, o trabalho em equipe foi determinante para o resultado. “Toda a equipe é muito unida e dedicamos muito tempo ao baja. Com esse resultado, todo o nosso esforço é recompensado”, comenta.

Baja 1 e Baja 2 venceram a 17ª competição realizada em março, em Piracicaba

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TETRACAMPEONATO Com a vitória na 7ª Competição Fórmula SAE Brasil-Petrobras 2010, em novembro do ano passado , a equipe Fórmula FEI, composta por 20 alunos de Engenharia Mecânica e Elétrica do Centro Universitário da FEI, venceu seis das oito categorias e conquistou o título de tetracampeã da competição. O veículo RS5 tinha inúmeras inovações, como as pinças de freios desenvolvidas pelos próprios estudantes e a redução do peso em 40 kg, obtida graças à utilização de um motor de um cilindro e do conjunto de rodas e pneus aro 10’, além de nova suspensão e chassi, que possibilitaram mais agilidade ao carro. “Para garantir um bom desempenho na competição prezamos sempre pela confiabilidade, por isso, desenvolvemos o projeto com muita atenção, além de realizarmos inúmeros testes e manutenções, evitando a quebra do veículo durante o torneio”, explica Lucas Kira, estudante do oitavo ciclo de Engenharia Mecânica e capitão da equipe Fórmula FEI. Outra novidade foi a implantação do sistema


sso nas competições estudantis de telemetria. Desenvolvido pelos estudantes de Engenharia Elétrica, o equipamento permite o envio de informações em tempo real para a equipe nos boxes. Para o professor Roberto Bortolussi, coordenador do curso de Engenharia Mecânica e dos projetos Baja e Fórmula FEI, o desafio dos estudantes ao participarem das competições é sempre buscar aprendizado, desde a resolução de problemas e convivência em equipe até o desenvolvimento de novas tecnologias para os carros. “A participação dos estudantes nesses projetos oferece uma experiência mais próxima da realidade industrial e isso aumenta a empregabilidade no futuro”, comenta o docente. Com a vitória no ano passado, a equipe Fómula FEI representará o Brasil na competição internacional Fórmula SAE, que também será realizada em maio deste ano em Michigan, nos Estados Unidos. Com objetivo de ficar entre os 10 primeiros colocados da competição, os estudantes da FEI já iniciaram a construção do novo protótipo RS6, que promete novas mudanças e melhor desempenho.

Alunos vão representar o Brasil no Fórmula SAE, nos Estados Unidos

A força dos palitos de sorvete Com o objetivo de agregar conhecimento, desenvolver e estimular novas habilidades, raciocínio, trabalho em equipe e cooperação entre os estudantes, além de outros princípios e práticas essenciais para a formação profissional e pessoal, foi realizada, de 9 e 12 de novembro de 2010, a segunda edição do Concurso Travessia. A competição reuniu aproximadamente 230 estudantes do Centro Universitário da FEI e de escolas do ensino médio, divididos em 59 equipes. Realizado anualmente, o Travessia desafia os estudantes a construir uma ponte apenas com cola e palitos de sorvete, para suportar o maior peso possível. Na categoria PRO, destinada aos estudantes a partir do terceiro ciclo de Engenharia, a equipe ‘Amigos do Andrezão’ conquistou o primeiro lugar ao construir uma ponte que suportou 150 kg de carga. Já na categoria ABC, que tem participação de alunos de Administração, Ciência da Computação, primeiro e segundo ciclos de Engenharia, a equipe ‘Job’s Done’ foi a campeã, com uma ponte que aguentou 10 kg de peso. Na categoria EMC, destinada a estudantes do ensino médio, os vencedores foram os alunos da equipe ‘Sutrilhos’, do Colégio São José, de São Bernardo do Campo, cuja ponte suportou 60 kg de carga. JANEIRO A ABRIL DE 2011 | DOMÍNIO FEI

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ENTREVISTA – GISVALDO DE GODOI

Empreendedorismo a serviço da educação N

a década de 1950, um fazendeiro da Zona da Mata mineira resolveu construir uma escola, com uma única sala de aula, e convidou os filhos de colonos da região para estudar no local. Um desses meninos, na época com 12 anos de idade, era Gisvaldo de Godoi, que morava na área rural de São Pedro dos Ferros. Ao entrar na sala de aula recém-construída, o menino decidiu que, um dia, teria uma escola. E, em 1993, finalmente inaugurou o Colégio Albert Sabin, em São Paulo. Antes, porém, fez uma carreira de sucesso como proprietário da Construtora Godoi, atualmente administrada pelo filho. A escola, que tem 2,6 mil alunos, está entre as melhores da Capital e é o orgulho desse administrador de empresas formado pela FEI – na época Escola Superior de Administração de Negócios (ESAN) – em 1974.

O QUE O SENHOR CONSTRUIU AO LONGO DA VIDA ESTAVA EM SEUS PLANOS DESDE MENINO? Meus sonhos eram muito menores. Na verdade, eu sabia que queria melhorar de vida, mas, aonde eu iria chegar, não tinha a menor noção. A primeira coisa que fiz foi sair da zona rural de Minas, ainda criança. Minha família era protestante e, lá em casa, iam muitos missionários, todos arrumadinhos, engravatados, e eu tra-

balhando na lavoura. Aí pensei: não vou ficar aqui. Com 14 anos vim para São Paulo e fui morar na casa de uma tia, onde fiquei por 11 meses. Com 15 anos incompletos saí da casa dela e fui morar sozinho em uma pensão. Morei em várias pensões. Quando cheguei a São Paulo trabalhei em um curtume, em Carapicuíba. Depois, trabalhei em uma metalúrgica na Barra Funda. E, com 16 anos, fui trabalhar na construção civil, porque neste setor ganharia um salário mínimo inteiro. Naquela época havia o salário de aprendiz, então, o menor de idade ganhava meio salário mínimo, mas, na construção civil, eu ganharia um salário inteiro! O SENHOR TRABALHOU COMO PEDREIRO? Fui servente alguns anos e trabalhei como ferreiro por quatro anos. Nessas passagens por pensões, conheci uma pessoa que foi uma luz na minha vida: Alcides Domingo do Amaral. Ele era estudante da Universidade de São Paulo e morávamos no mesmo quarto na pensão. Ele me incentivou a estudar. Eu era novo ainda, tinha só 21 anos, e resolvi voltar a estudar. Mas, como só tinha feito o primário (hoje, fundamental 1), se fosse voltar para a escola normal, fazer o ginasial (fundamental 2) e o ensino médio, ia demorar muito. Então, optei por fazer um curso para pres-

tar concursos públicos. Fiz o curso do Júlio Cunha, no Edifício Martinelli. Comecei a estudar e tive a sorte de, na segunda tentativa, ser aprovado no concurso do Banespa como escriturário. O Banespa era um emprego sensacional, era o sonho de muitos jovens. Eu tive sorte, muita sorte, porque só tinha o primário e, normalmente, os candidatos que prestavam esse concurso estavam fazendo faculdade ou tinham pelo menos o antigo científico. ENTÃO, O SENHOR JÁ SE DIFERENCIAVA DE ALGUMA FORMA, TINHA ALGO DE ESPECIAL? Sorte! E estudei muito. Não sabia muito bem o que estava estudando, mas fui decorando tudo. Nesse curso do Júlio Cunha aprendi muitas coisas que não havia estudado ainda e, na segunda tentativa, fui aprovado. E isso fez toda a diferença na minha vida: passei a ganhar um belíssimo salário, que nunca tinha visto. Passei no concurso em 1964, em 1965 tomei posse e aí a vida mudou, porque pude morar melhor, ter mais acesso às coisas. Aí, sim, voltei a estudar para fazer o supletivo. Fiz o supletivo do ginasial e depois o técnico de contabilidade, prestei vestibular para Administração e fui estudar na ESAN. POR QUE A OPÇÃO PELA ADMINISTRAÇÃO? Até hoje tenho certa predileção por Ad-

“Meus sonhos eram muito menores. Na verdade, eu sabia melhorar de vida, mas, aonde eu iria chegar, não tinha a 14

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ministração. Aconselho muito os nossos alunos a fazer, principalmente, Administração, Economia e Direito, porque são cursos que dão uma formação básica e ampla, abrindo um leque de possibilidades de especializações. No meu caso, entre outros motivos, escolhi o curso de Administração porque eu poderia estudar e continuar trabalhando. O

SENHOR ACHA QUE NESSAS CARREIRAS HÁ

MUITAS POSSIBILIDADES DE FUTURO?

Sem dúvida. Essas áreas oferecem uma chance grande de crescimento profissional. O administrador, o economista e o advogado têm grandes chances de passar em concursos públicos, por exemplo, pois, hoje, o poder público é o maior empregador no Brasil. Determinadas profissões no serviço público exigem o curso de Direito ou de Administração. Acredito que esses cursos abrem uma porta bastante grande para o jovem depois de formado. QUANDO O SENHOR ESCOLHEU ADMINISTRAÇÃO JÁ TINHA EM MENTE OUTRO OBJETIVO ALÉM DE CRESCER NA CARREIRA NO BANESPA?

Não, naquele momento imaginava fazer uma carreira no banco, e fiz realmente uma bela carreira. Com 13 anos de Banespa eu já tinha chegado a um ponto em que faltavam apenas duas posições para chegar ao topo da carreira, foi muito rápido. Mas, naquela altura, já pensava em outras coisas. Já não queria mais ser empregado, queria ser empregador. Saí do banco e fui montar minha própria construtora. QUAL FOI A LÓGICA DA SUA DECISÃO? AFINAL, O SENHOR ERA ADMINISTRADOR DE EMPRESAS E TRABALHAVA EM UM BANCO...

A surpresa não é só sua. Na época, quando pedi demissão, fui encaminhado ao ser-

que queria menor noção” JANEIRO A ABRIL DE 2011 | DOMÍNIO FEI

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ENTREVISTA – GISVALDO DE GODOI viço social para conversar com a psicóloga. Mas, na verdade, eu conhecia a construção civil. Afinal, foi na construção civil que trabalhei durante cinco anos. Portanto, eu tinha uma noção da área e resolvi encarar o desafio. Pedi demissão e fui montar a construtora. E há um detalhe nessa história que gostaria de contar. Eu fazia parte de um grupo de seis empregados do Banespa que gostariam de montar uma empresa. Assim, fizemos um acordo: um sairia do banco e iria montar a empresa e os cinco seriam sócios. Acertamos tudo e, na hora de definir quem sairia do banco, eu me candidatei. O acordo era que cada um pagasse um percentual do salário para aquele que estava saindo, porque este faria o trabalho dos outros na construtora. Na última hora, porém, todos desistiram. O SENHOR JÁ TINHA PEDIDO DEMISSÃO? Não. Cheguei em casa muito chateado, conversei com a minha esposa e ela me apoiou. E fomos em frente. Montamos a empresa em 1978, meu cunhado e eu. Chamava-se Marques e Godoi Construtora. Tivemos uma carreira muito brilhante e muito rápida, porque percebemos que a lucratividade da construção de casas é mais ou menos constante. Qualquer empresa que esteja construindo e for relativamente eficiente terá determinado lucro. Entretanto, percebemos que poderíamos ampliar o lucro aumentando a velocidade da construção. Enquanto era regra demorar um ano para construir uma casa, passamos a construir em seis meses. Com isso, ganhávamos o dobro. Começamos com dois sobrados no bairro do Rio Pequeno e, em quatro ou cinco anos, estávamos construindo 100 casas. Hoje, são mais de 5 mil unidades construídas por nós. A QUE O SENHOR ATRIBUI O GRANDE SUCESSO DO SEU PRIMEIRO NEGÓCIO? Eu atribuo à velocidade da obra. Esse foi o nosso grande diferencial. Velocidade na construção foi o ‘ovo de Colombo’. Sempre fomos muito sérios na nossa profissão. Várias pessoas que compraram a

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primeira casa conosco, depois venderam e compraram outra. Há pessoas que chegaram a comprar cinco, seis, sete casas, não cumulativamente, claro, mas trocando, melhorando, fazendo o upgrade. E, como ficamos muito centrados em um bairro, o Butantã, tínhamos muita facilidade de vender. Aliás, esses imóveis até hoje têm facilidade de ser revendidos. Nossos imóveis têm uma marca no bairro.

“O curso de Administração dá uma abertura muito maior à formação... Eu acho um curso maravilhoso...” QUANDO O SENHOR RESOLVEU FINALMENTE REALIZAR O SONHO DE TER SUA PRÓPRIA ESCOLA? Nós tínhamos um diretor na construtora cuja esposa era educadora e se aposentou. Ela queria montar uma escolinha e me convidaram para ser sócio. Começamos a conversar, planejamos, procuramos um terreno. A condição era que fosse uma escola para, no máximo, 300 alunos. Afinal, meu negócio era a construção civil e não queria uma escola grande. Como eu morava no Butantã, procurei o loteador do bairro Parque dos Príncipes e propus a ele que construíssemos a escola aqui dentro, desde que ele doasse o terreno. Ele estava na Grécia, na época. O projeto foi encaminhado e ele despachou de próprio punho, mas, com a condição de que a escola não fosse no ‘diminutivo’. Ele queria uma escola de verdade. Conversamos, e

ele concordou em doar 50% do terreno, mas exigiu que fosse uma escola grande, que devia ter pelo menos 10 mil metros quadrados de terreno. Assim, construímos a escola que, na época, era somente um prédio e um ginásio de esportes. COM ISSO, O SONHO DA SUA ESCOLA EXTRAPOLOU MUITO A IDEIA ORIGINAL? Imagine que a nossa previsão era levar oito anos para encher a escola, programada para 1,5 mil alunos, e temos, hoje, após 18 anos, 2,6 mil. Em todos os nossos planejamentos, econômico e financeiro, achávamos que íamos precisar de oito anos para atingir a capacidade da escola. No primeiro dia, tivemos 1.450 alunos. No primeiro dia de aula! No segundo ano, já estávamos construindo o segundo prédio. A QUE O SENHOR ATRIBUI ESSE SUCESSO? Ao trabalho muito bom de equipe. A história na construtora também foi uma alavanca muito importante, porque as pessoas que compraram nossas casas e tinham filhos aprovavam a nossa maneira de trabalhar e trouxeram seus filhos para cá. No primeiro dia, tínhamos alunos de 64 escolas diferentes fazendo matrícula. O SENHOR TOMOU GOSTO POR SER EDUCADOR DEPOIS DE COMEÇAR A TRABALHAR NO SABIN?

Eu adoro. Comecei vindo um pouco aqui, indo um pouco à construtora. Há três anos não vou mais à construtora, que é administrada pelo meu filho. Só vou, excepcionalmente, às reuniões, e fico o dia todo aqui. Muitas coisas aqui, realmente, foram e são pensadas por mim. QUAL

É O PRINCIPAL PAPEL DE UM ADMINIS-

TRADOR DE EMPRESAS EM UMA ESCOLA?

É garantir o sucesso do projeto, seja do ponto de vista acadêmico, seja do ponto de vista administrativo e financeiro.Temos por aí, todos os anos, uma série de escolas quebrando. Não sabem administrar, não pagam os tributos corretamente, não respeitam a clientela e, de repente, a escola quebra, fecha as portas.


O

EM SUA OPINIÃO, O QUE O CURSO DE ADMINISTRAÇÃO AGREGA DE IMPORTANTE PARA QUALQUER CARREIRA? O curso dá uma abertura muito maior à formação. Existe uma pesquisa recente, no Brasil, indicando que mais de 50% dos profissionais não continuam na primeira carreira. No entanto, quem cursar Administração, Direito e Economia poderá até seguir para outras áreas de trabalho, mas com uma bagagem que será utilizada o tempo todo. Eu acho um curso maravilhoso, que abre muitas possibilidades.

SENHOR TEM NOTÍCIAS DE EX-ALUNOS DA

ESCOLA COM SUCESSO NA CARREIRA?

O Brasil mudou nos últimos oito anos, mais fortemente nos últimos quatro anos. Houve uma mudança muito forte, com a oferta de mais de 10 milhões de empregos com carteira assinada. Até então, estávamos em uma década perdida. As pessoas se formavam e não tinham emprego, e muitas pessoas desistiram de estudar ou não se prepararam para um crescimento desses. O Brasil, em 2010, cresceu 7,5%. Não é fácil atender a essa demanda toda. Por outro lado, a educação no Brasil não prepara para esta realidade. Um aluno sai da escola sem a menor condição de exercer uma profissão. O Sabin procura dar uma visão generalista ao aluno, mas não deixa de ser muito forte. A escola é nova, mas temos notícias muito gratificantes do sucesso de nossos formandos. A FEI

TEM COMO CARACTERÍSTICA BÁSICA A

FORMAÇÃO HUMANÍSTICA. ISSO AGREGOU VALORES À SUA FORMAÇÃO?

Quando fiz o meu curso na ESAN eu tinha um professor, cujo nome não recordo, mas era um padre e dava aula em todos os anos do curso, do primeiro ao quarto. Nunca perdi uma aula dele, e era o único professor que não pressionava o aluno por aprovação. Ele chegava no primeiro dia de aula e dizia: ‘aluno meu tem chance de receber três notas: nove, sete ou menos do que cinco. Se estudar bastante e for bem inteligente tira nove; se assistir a todas as minhas aulas e não me atrapalhar tira sete; se me atrapalhar tira menos do que cinco.’ Ele seguia a regra à risca e era o único professor que dava aulas com alunos sentados no chão, porque a sala não tinha cadeiras suficientes, tamanha a procura por suas aulas. Isso foi um marco, foi algo importantíssimo na minha vida. Outro aprendizado muito bom na ESAN, que eu soube aproveitar, foi propiciado pelas várias cadeiras de Direito oferecidas pelo curso de Administração. Tínhamos um professor de Direito Tributário muito importante e eu não perdia uma aula dele. Até hoje, tenho

LÁ NO FUNDO, O SENHOR CONTINUA COM O VELHO E BOM SONHO DE EDUCAR PESSOAS?

“O grande talento do bom administrador é saber lidar com gente” um conhecimento diferenciado em Direito Tributário, graças à FEI. QUAIS SÃO SUAS LEMBRANÇAS DA FACULDADE? O campus da ESAN era uma porta na linha do passeio da rua e, lá dentro, só havia corredores e salas de aula, não tinha espaço sequer para uma cantina. Ainda era o prédio da rua São Joaquim e as condições eram bem precárias. Tinha uma secretaria do lado direito, na entrada, a sala dos professores do lado esquerdo e mais nada, absolutamente nada. Nos fundos havia uma faculdade grande, com um campus maravilhoso, mas era a ESAN que enchia suas salas e que já começava o ano sempre com as salas superlotadas. Valeu a pena escolher a ESAN. Faria de novo, sem dúvida alguma.

Acho que sim, acho que nisso fomos felizes. O Sabin é uma escola diferenciada. Montamos, no ano passado, 10 peças de teatro dentro da escola, que foram apresentadas muitas vezes. Temos o programa de esportes, que é o mais amplo entre as escolas de São Paulo. Temos 16 modalidades de atividades extracurriculares, 12 modalidades esportivas e quatro culturais, que são ofertadas a todos os estudantes, sem custo. Qualquer aluno pode escolher uma modalidade individual, uma coletiva e uma cultural. EXISTE ALGUM TALENTO ESPECIAL PARA SER UM BOM ADMINISTRADOR? Acredito que o grande talento do bom administrador é saber lidar com gente. O sucesso dessa escola deve-se ao trabalho da equipe e à confiança das famílias. O QUE O SENHOR DIRIA PARA UM JOVEM QUE ESTÁ ESCOLHENDO ESTUDAR ADMINISTRAÇÃO? Acho uma carreira maravilhosa, que dá uma abertura enorme. Ele vai poder fazer quase qualquer coisa depois de formado. A FEI ESTÁ COMPLETANDO 70 ANOS E O SENHOR FAZ PARTE DESTA HISTÓRIA. QUAL FOI A IMPORTÂNCIA DA ESAN NA SUA VIDA? Grande. O grupo de professores era fantástico, eles eram verdadeiros mestres. Eu tive muita sorte de fazer o curso de Administração na ESAN. JANEIRO A ABRIL DE 2011 | DOMÍNIO FEI

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DESTAQUE JOVEM

Jovem alquimista Engenheiro químico formado pela FEI em 1999 encara os desafios e constrói uma carreira de sucesso

O

interesse pelas fórmulas químicas faz parte da vida de Gilfranque Leite desde a infância. Mas, foi a partir de um episódio do programa Globo Repórter, que abordava a poluição em Cubatão na década de 1980, que o menino, com apenas 10 anos de idade, decidiu que iria estudar Química. “Afinal, se a química poluía, também haveria de ter o poder de despoluir”, pensava. A decisão tomada na infância acompanhou a vida do estudante, que cursou o técnico em Laboratório Industrial na ETE Lauro Gomes, em São Bernardo do Campo, fez o primeiro estágio em um laboratório, foi aprovado em um concurso para operador na Petrobras, pediu demissão do cargo alguns anos depois para ser estagiário de Engenharia e, hoje, com apenas 37 anos de idade, é gerente geral da planta de polipropileno da

Braskem, a maior empresa petroquímica das Américas, localizada no Polo Petroquímico do Grande ABC. “Quando decidi que era hora de cursar Engenharia Química, em 1995, escolhi a FEI, porque era muito conceituada e eu já tinha amigos na Engenharia Mecânica que gostavam muito da faculdade”, lembra. Mestre pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (POLI-USP), Gilfranque Leite voltou à FEI em 2004 como professor na área de Controle de Processos, onde permaneceu por um ano. Embora esteja formado há apenas 12 anos, o engenheiro químico já enfrentou muitos desafios. Um deles, no início da carreira, foi participar da implantação da nova fábrica de polipropileno no Polo do Grande ABC – na época, a planta pertencia à Polibrasil –, em 2003. Responsável pelo controle avançado de processos e simuladores, o engenheiro acompanhou desde o projeto até a partida da petroquímica. Na sequência, foi designado para um grupo de tecnologia responsável pela automação e controle das três plantas da empresa, localizadas nos polos do Grande ABC, de Camaçari (Bahia) e de Duque de Caxias (Rio de Janeiro). Aos 32 anos, Gilfranque Leite já era o coordenador de produção da planta de Camaçari. Aos 34, foi promovido a gerente de Engenharia e Projetos da então Suzano Petroquímica. Nesse período, foi responsável pela construção do terminal marítimo na Baía da Guanabara, além da ampliação de capacidade das plantas de Duque de Caxias e do Grande ABC. Quando concluiu a expansão assumiu a gerência da fábrica do ABC. “Tenho orgulho de ter sido o gerente de fábrica mais jovem do grupo. Os desafios são oferecidos e o mercado está repleto de oportunidades. Depende de cada profissional ter a formação adequada, se dedicar e aproveitar as oportunidades que surgem”, acredita. Segundo o gerente, um dos pré-requisitos para o sucesso é gostar do que se faz e estar sempre disponível a assumir responsabilidades. SUSTENTABILIDADE Animado com as possibilidades que se abrem para a indústria petroquímica, Gilfranque Leite espera por maiores desafios. “Já somos o oitavo produtor em volume de resinas no mundo e o mercado está em processo contínuo de expansão”, destaca. O engenheiro lembra que a Braskem já desenvolveu o primeiro polietileno verde nacional, a partir do etanol da cana-de-açúcar, mas o desafio para o futuro é promover a química cada vez mais voltada à sustentabilidade. “Há toda uma nova concepção do negócio petroquímico se desenvolvendo nesses nossos dias”, enfatiza.

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PESQUISA & TECNOLOGIA

Aprendizado visa prática e pesquisa Estrutura de laboratórios permite formação diferenciada para os estudantes

E

leita a melhor Instituição privada na área de conhecimento – Engenharia e Produção pelo Guia do Estudante 2010, o Centro Universitário da FEI possui estatísticas comprovando que cerca de 90% dos alunos em fase final de curso desenvolvem atividade remunerada e são rapidamente absorvidos pelo mercado. Esse índice deve-se à rígida formação, baseada nos conceitos teóricos e na visão social, ética e humana, mas também à excelente estrutura de laboratórios do Centro Universitário, que permite aos estudantes colocar a teoria em prática. Os laboratórios também são utilizados para o desen-

volvimento de atividades extracurriculares, como a participação em competições estudantis, e para desenvolvimento de trabalhos de mestrado e de iniciação científica. Entre 60% a 70% das aulas dos cursos de Engenharia e Ciência da Computação são realizadas nos laboratórios, segundo o professor doutor Devair Aparecido Arrabaça, coordenador da área. A estrutura atende, ainda, aproximadamente 60 trabalhos de conclusão de curso (TCC) de graduação, a cada semestre, além dos trabalhos dos programas de iniciação científica e mestrado. Para isso, o setor de laboratórios possui 50 colaboradores em período integral, um subchefe para cada área e técnicos capacitados e treinados para manutenção e manuseio de equipamentos. “Muitos desses equipamentos são delicados e exigem condições específicas de acondicionamento, como salas com controle de umidade, temperatura e vibração. Alguns inclusive,

só podem ser manipulados na presença de um professor”, informa o coordenador. Com 14 mil m², a estrutura dos laboratórios de Engenharia está dividida em três modernos centros – Centro de Laboratórios Mecânicos (CLM) e Centro de Laboratórios Elétricos (CLE), com 35 laboratórios cada, e Centro de Laboratórios Químicos (CLQ), com 18. Cada um oferece aos estudantes de todos os cursos de graduação a oportunidade de contato com materiais específicos de última geração, voltados para a realidade do mercado. “Cerca de R$ 2 milhões são investidos anualmente pelo Centro Universitário para aquisição de novos equipamentos”, destaca o professor Devair Arrabaça. Entre os exemplos de aquisições recentes estão um infravermelho por transformada de Fourier, um aparelho para determinação de temperatura de deflexão e um microscópio eletrônico de varredura. JANEIRO A ABRIL DE 2011 | DOMÍNIO FEI

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PESQUISA & TECNOLOGIA

Referência no Brasil Destaque entre instituições de ensino no Brasil, o Centro de Laboratórios Mecânicos (CLM) abriga o laboratório de automação e o centro de usinagem, que possibilitam o processamento de peças e a aplicação da mecânica de precisão. Os laboratórios de Engenharia Têxtil, que em sua maioria fazem parte do CLM, possuem máquinas industriais para estudo dos processos produtivos e equipamentos para controle de qualidade, inexistentes até em algumas empresas do setor. O CLM atende, ainda, a área de Materiais através dos laboratórios de materiais poliméricos, centro de desenvolvimento de materiais cerâmicos, centro de caracterização de materiais e centro de tratamento térmico e comportamento mecânico dos materiais. Segundo o coordenador do curso de Engenharia de Materiais, professor doutor Rodrigo Magnabosco, essas unidades receberam investimento de mais de US$ 1 milhão nos últimos cinco anos. O Centro de Laboratórios Químicos também tem recebido investimentos substanciais, sobretudo na montagem do laboratório de combustíveis e lubrificantes, com aquisição de equipamentos de última geração que têm permitido o desenvolvimento de pesquisas relacionadas à produção e caracterização de biodiesel. Equipamentos de ponta estão igualmente presentes no Centro de Laboratórios Elétricos, possibilitando a realização de experimentos baseados em conceitos de mecânica quântica, do qual fazem parte os laboratórios de robótica, áudio e vídeo, telefonia, engenharia biomédica e microeletrônica, entre outros.

O coordenador de laboratórios da FEI, professor Devair Aparecido Arrabaça

Constituído por 25 laboratórios com média de 30 computadores em cada um, além dos três recentes laboratórios criados em 2009, o Centro de Computação Integrada (CCI) oferece aos estudantes de todos os cursos uma estrutura capaz de ampliar o aprendizado com novas técnicas. Os novos laboratórios, que atendem os alunos de Ciência da Computação e Engenharia, abrigam três áreas distintas de atuação. No Laboratório de Rede os alunos podem criar redes com uso de ferramentas como switch, voip e roteador. Já o Laboratório de Hipermídia é equipado com webcam, placas de vídeo e de som e possibilita a criação de interfaces. No Laboratório de Sistemas Operacionais, os estudantes podem testar e aprofundar o conhecimento em todas as plataformas do Windows, além da plataforma Linux. Os laboratórios são constituídos por equipamentos de última geração e recebem manutenção de uma equipe formada por nove técnicos.

Iniciação científica usa recursos Cerca de 80 trabalhos do programa de iniciação científica são realizados anualmente na FEI utilizando a estrutura de seus laboratórios. “Essa infraestrutura oferece a oportunidade de desenvolvimento de projetos de alto nível, inclusive com colaborações internacionais”, afirma a coordenadora do programa, professora doutora Rosangela Barreto Biasi Gin. Relacionadas aos programas de mestrado, a FEI produz pesquisas científicas utilizando recursos de laboratórios próprios. Segundo o coordenador do mestrado em Engenharia Mecânica, professor doutor Agenor de Toledo Fleury, a FEI é a Instituição de ensino que tem os melhores laboratórios do País, o que permite a realização de pesquisas científicas de altíssima qualidade como o desenvolvimento de compósitos de polímeros e fibras naturais, como coco e palha de arroz que, ao invés de serem descartados, seriam agregados a materiais de construção, por exemplo. “São trabalhos desenvolvidos com critério e rigor científico, desde a aquisição de dados até a análise crítica de resultados, com mérito acadêmico comprovado através do apoio de agências de fomento”, complementa o professor doutor Carlos Eduardo Thomaz, coordenador do mestrado em Engenharia Elétrica. Entre os exemplos de pesquisa da área estão os trabalhos de análise de imagens do cérebro humano, para orientação de diagnóstico e tratamento, e análise de imagens da face para reconhecimento de crianças desaparecidas (leia mais nas páginas 36-37), desenvolvidos em conjunto com a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).

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Oportunidade valorizada A participação em práticas de laboratório e nas competições estudantis, aliando o lúdico, o esporte e a criatividade com o saber, transforma o aluno em elemento ativo e dinâmico do processo ensino/aprendizagem. Tricampeã mundial, além de sete vezes campeã e cinco vezes vice-campeã nacional das competições de veículos Baja promovidas pela Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE), o sucesso da FEI é fruto da motivação de professores, funcionários e alunos, mas também da estrutura oferecida pelo Centro de Laboratórios Mecânicos (CLM). Os resultados altamente positivos obtidos pela FEI no processo de formação de engenheiros e nas competições foram levados a dois importantes encontros que tratam do desenvolvimento e ensino da Engenharia: a 7a Conferência Internacional de Avanços em Mecânica Experimental, realizada em Liverpool, na Inglaterra, pela British Society for Strain Measurement, e o 38º Congresso Brasileiro de Educação em Engenharia (Cobenge), realizado em Fortaleza pela Associação Brasileira de Educação em Engenharia (Abenge). Os trabalhos apresentados pelo professor Renato Miranda, do Departamento de Engenharia Mecânica, mostram como a participação nas competições reflete positivamente no aspecto didático. “Agregadas às práticas de laboratório, a participação nas competições mostra como aplicar conceitos teóricos na solução de problemas específicos e estimulam habilidades como liderança, cooperação, comunicação e espírito esportivo, entre outras”, frisa. No encontro internacional, o trabalho foi apresentado com o título ‘The Role of Experimental Stress Analysis at Graduation and Post Graduation Courses – a Brasilizan Case’. Já no Cobenge,

considerado o principal encontro nacional para discussão do ensino da Engenharia, recebeu o título ‘A Importância do Laboratório e das Competições no Processo de Ensino e Aprendizagem de Resistência dos Materiais e Mecânica dos Sólidos’. “Os trabalhos demonstram como a técnica pedagógica incentivada pela FEI, que usa fabricação de protótipos para participar de competições e estimular a criatividade e responsabilidade dos alunos, está sendo bem-sucedida para tornar o estudante um profissional com visão ampla da Engenharia Mecânica, ao repassar conceito moderno de interação entre as disciplinas”, enfatiza o professor. ALUNOS APROVAM Os departamentos de Engenharia Mecânica, Engenharia Civil e Ciência da Computação propõem aos alunos a participação em outras competições, como Fórmula SAE e Aerodesign, também promovidos pela SAE, Aparato de Proteção ao Ovo (APO) e Concrebol, patrocinados pelo Instituto Brasileiro de Concreto (Ibracon), e Robocup, entre outras. “O aluno que participa de um projeto certamente terá o reconhecimento do mercado”, acredita Marcio Henrique Leme Maia, do último ciclo de Engenharia Mecânica e capitão da equipe Baja FEI. O aluno destaca que participar do projeto e da construção do carro é como um trabalho profissional, porque tem hierarquia, exige organização, iniciativa e contato com profissionais da indústria. Para Caio Grazzini, formando da turma de 2010 de Engenharia Mecânica e que atuou como monitor do CLM, as experiências práticas oferecem uma visão ampla e de vanguarda da Engenharia, além de conhecimento da tecnologia disponível e habilidade para lidar com vários equipamentos.

O professor Renato Miranda (dir.), com o aluno Marcio Henrique Leme Maia, usa o laboratório nas aulas de Mecânica. No detalhe, Caio Grazzini, engenheiro formado em 2010

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PESQUISAE&TECNOLOGIA TECNOLOGIA PESQUISA

Importância no meio Participação em congressos internacionais demonstra o reconhecimento da FEI na área de pesquisas

A

o completar sete décadas, o Centro Universitário da FEI é reconhecido pela alta qualidade das suas pesquisas e produção intelectual, legitimada pela presença em eventos internacionais de grande representatividade. Além de promover a interação com a comunidade científica mundial, os investimentos em pesquisa promovem a integração interna entre professores e alunos e entre os vários departamentos, já que, muitas vezes, as pesquisas são realizadas conjuntamente por integrantes de cursos distintos. Além de garantir presença em eventos pelo mundo, a Instituição tem sido requisitada para fazer parte da organização de encontros internacionais sediados no Brasil. Neste ano, a FEI foi a principal organizadora do 14th International Symposium on Dynamics Problems of Mechanics (Diname 2011), realizado de 13 a 18 de março em São Sebastião, litoral de São Paulo (leia mais nas páginas 10 e 11). O coordenador do programa de mestrado em Engenharia Mecânica e chairman do Diname, professor doutor Agenor de Toledo Fleury, destaca entre os congressistas a presença do ex-aluno da FEI, Eduardo Gildin, formado em 1995 e professor da Texas A&M University, nos Estados Unidos, que ministrará o curso ‘Dinâmica e Controle de Sistemas de Grande Escala’. “O tema está relacionado a reservatórios de petróleo e tem interesse estratégico para o Brasil”, frisa o professor. Em 2010, a FEI organizou e sediou outro evento internacional de grande repercussão, o Joint Conference, um dos mais importantes encontros nas áreas de robótica e inteligência artificial da

América Latina. O evento, cuja coordenação geral ficou a cargo do professor doutor Flavio Tonidandel, coordenador do curso de Ciência da Computação da FEI, recebeu mais de 380 participantes para os eventos científicos e 700 para a competição de robótica. “O grupo de professores da FEI que atua nesta área está muito envolvido, o que gera reconhecimento com a comunidade científica mundial”, reforça o docente. Graças à estrutura disponível na Instituição e à participação de docentes altamente qualificados em regime de dedicação integral, os programas de mestrado em Engenharia Mecânica e Engenharia Elétrica também são responsáveis pela produção de material de pesquisa e inovação que abastece constantemente encontros científicos nacionais e internacionais. Somente do programa de mestrado em Engenharia Elétrica a FEI apresenta, em média, mais de 10 trabalhos anualmente em congressos e simpósios internacionais. “A participação faz parte da rotina de desenvolvimento de pesquisa de alto nível na FEI e isso é muito importante, pois estamos interagindo com a comunidade científica mundial”, ressalta o coordenador do curso, professor doutor Carlos Eduardo Thomaz. AGENDA LOTADA A FEI iniciou o ano com participação em dois renomados eventos internacionais. Para o Euro-SOI 2011, realizado de 17 a 19 de janeiro em Granada, na Espanha, foram levados oito trabalhos de quatro professores e alunos de mestrado na área de microeletrônica, caracterização elétrica, circuito e eletrônica de baixa temperatura e inteligência artificial (leia mais na página 25). No The Second POMS-HK International Conference, realizado em Hong Kong, na China, dias 6 e 7 de janeiro, a Instituição foi representada pelo professor João Chang Junior, do Departamento de Engenharia de Produção, que apresentou dois trabalhos em convênio com a Polícia Militar do Estado de São Paulo.

Administração quer se tornar referência Igualmente engajado no espírito de pesquisa, o curso de mestrado em Administração, que começou em 2007, pretende se tornar um dos principais centros brasileiros na geração de conhecimento em sua área de atuação. E os resultados nesta direção já se tornaram visíveis com a participação da Instituição, no início deste ano, da Society for Consumer Psychology Conference (SCP), realizada de 24 a 26 de fevereiro em Atlanta, nos Estados Unidos. No encontro, o professor José Mauro Hernandez representou a FEI com o artigo ‘The Effect of Attribute Diagnosticity and Brand Name on the Awareness of the Unknown or Missing Features of a Product’, desenvolvido em parceria com pesquisadores norte-americanos da Universidade de Cincinnati. O SCP é um dos capítulos da Associação de Psicologia Americana (APA) que, além de promover encontros anuais, edita o Journal of Consumer Psychology, um dos mais prestigiados periódicos da área de Marketing.

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científico Outras participações em 2010 √

No 18th International Gerpisa Colloquium, em Berlim, na Alemanha, em junho, a professora Gabriela Scur da Silva, do Departamento de Engenharia de Produção, apresentou o artigo ‘Re-organization of the R&D Management of General Motors Corporation: the Emergency of Brazil as a Center of Global Product Development’, de autoria dela e dos professores Flavia Consoni, Roberto Bernardes e Ronnie Shibata.

Alessandro Marzo/Istockphoto

Um dos temas apresentados foi ‘The Affective Organizational Commitment of the Military Police Captains in Brazil as a Major Factor in the Strategic Management’, resultado da tese de doutorado em Ciências de Segurança Pública do Major Paulo Barthazar, do qual o professor foi coorientador. No trabalho ‘Standardization of the Operations and Fire Truck Specification through Fuzzy Logic’, o docente foi orientador da tese de doutorado em Ciências de Segurança Pública do Ten. Cel. José Walber Rufino Tavares. Aproveitando a viagem à China, o professor esteve na The University of International Business & Economics (UIBE), em Pequim, onde se encontrou com o Padre Roberto Mesquita Ribeiro, diretor do The Beijing Center for Chinese Studies, para tratar de possível parceria entre os alunos do centro de estudos chinês e dos cursos de graduação em Engenharia de Produção e Administração da FEI. A movimentação continuará intensa durante todo o ano. O professor Ricardo Belchior Tôrres, coordenador do Departamento de Engenharia Química, participará, com apresentação de trabalhos, da 34a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química, em maio, em Florianópolis, Santa Catarina, e do 25o European Symposium on Applied Termodynamics, em junho, na cidade de São Petersburgo, na Rússia. O professor também participará do 43rd IUPAC World Chemistry Congress, em agosto, na cidade de San Juan, em Porto Rico, e da 19th European Conference on Thermophysical Properties, em setembro, na cidade de Thessaloniki, na Grécia. Na área de Ciência da Computação, a FEI estará representada no III Workshop on Complex Networks – CompleNet, em outubro, na Flórida, Estados Unidos.

√ No 17th International Annual EurOMA Conference, em Porto, Portugal, de 6 a 9 de junho, a professora Gabriela Scur da Silva apresentou os artigos ‘Operations Strategy and the Environmental Variable: the Automotive Assembler Option’, de sua autoria e do professor Guilherme Heinz; e ‘The Supply Chain of Fresh Vegetables in Brazil: the Relations between Retailers and Fresh Vegetable Suppliers’, de sua autoria e dos professores Roberta de Castro Souza, Patrícia Prado Belfiore e João Chang Junior. √

No 65º Congresso Anual Internacional da ABM, no Rio de Janeiro, em julho, o professor Rodrigo Magnobosco, coordenador do curso de Engenharia de Materiais, foi coordenador técnico da sessão de iniciação científico-pedagógica, além de participar como coautor de cinco trabalhos nas áreas de comportamento mecânico e transformação de fases.

No European Conference on Artificial Inteligence – ECAI 2010, realizado em julho, em Lisboa, o professor Reinaldo da Costa Bianchi, do Departamento de Engenharia Elétrica, apresentou trabalhos relacionados ao aprendizado de robôs.

No Polymer Processing Society 26th Annual Meeting, no Canadá, em julho, o professor do Departamento de Engenharia de Materiais, Baltus Bonse, apresentou o trabalho ‘Effect of Compatibilizer and Bamboo Fiber Content on the Mechanical Properties of PP-g-MA Compatibilized Polypropylene/Bamboo Fiber Composites’.

Na 21st IUPAC International Conference on Chemical Thermodynamics, realizada no Japão de 31 de julho a 6 de agosto, o professor Ricardo Belchior Tôrres, coordenador do curso de Engenharia Química, apresentou os trabalhos ‘Volumetric Properties of Methyl Ter-butyl Ether (MTBE) + Alcohols Mixtures at Different Temperatures and Atmospheric Pressure’; ‘Excess Molar Volumes of Methyl Ter-Butyl Ether (MTBE) + Alcohol Mixtures at t = 298.15 K and Atmospheric Pressure: Theoretical Results using the ERAS Model’; e ‘Viscosity of Binary Mixtures Containing Methyl Ter-t-butyl Ether (MTBE) and Alcohol at Different Temperatures and Atmospheric Pressure’.

Na 32ª Annual International Conference of the IEEE (Engineering in Medicine and Biology Society), em Buenos Aires, Argentina, de 31 agosto a 4 setembro, o professor Marko Ackermann, do Departamento de Engenharia Mecânica, apresentou trabalhos de pesquisa em biomecânica e dinâmica do movimento humano.

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PESQUISA & TECNOLOGIA

Uma ideia brilhante Transistor desenvolvido na FEI chama a atenção da comunidade científica

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lógicos, o que possibilitará também a fabricação de equipamentos eletrônicos menores e mais econômicos, sem qualquer custo adicional, já que utiliza a tecnologia convencional empregada na fabricação de circuitos integrados pelas indústrias. Marca-passos tão pequenos que poderão ser implantados sob a pele sem causar desconforto aos pacientes, aparelhos de audição com dimensões reduzidas e aplicação em satélites com diminuição no consumo de energia são algumas das possibilidades enumeradas pelo professor doutor Salvador Gimenez, que teve a ideia de alterar o formato do transistor depois de realizar estudos de efeitos de canto, entre 2008 e 2009. “Não é para menos que o MOSFET Diamante, assim denominado devido ao formato semelhante ao de um diamante lapidado, está chamando a atenção da comunidade científica mundial”, ressalta. ALTAS TEMPERATURAS O professor Marcello Bellodi, que desenvolve trabalhos relacionados a dispositivos eletrônicos operando em altas temperaturas, foi o responsável pelos testes do novo transistor em situações extremas. Os testes, desenvolvidos nos laboratórios da FEI, envolveram a capacidade de operação do transistor desde a temperatura ambiente, de

Kirsty Pargeter/Istockphoto

omputadores do tamanho de salas imensas foram reduzidos a dimensões de calculadoras de bolso graças ao advento da capacidade tecnológica na redução das dimensões do transistor, resultante do desenvolvimento da tecnologia dos circuitos integrados, que vem ocorrendo há cerca de 40 anos. A partir de então, a eletrônica caminhou a passos largos rumo à miniaturização e na busca de menores custos e maior eficiência. Presente em quase todos os circuitos integrados, tanto digitais quanto analógicos, os transistores MOSFET (Metal-Oxide-Semicondutor Field Effect Transistor) são os principais componentes dos chips, o coração dos equipamentos eletrônicos, que permitem uma grande velocidade de operação e o aumento de memórias de acesso rápido, como no caso das multimídias, onde imagens complexas são processadas por milhares de transistores concentrados em chips diminutos.

Agora, um novo transistor patenteado pelo Centro Universitário da FEI e desenvolvido pelos professores do Departamento de Engenharia Elétrica, Salvador Pinillos Gimenez e Marcello Bellodi, permitirá que circuitos integrados, tanto digitais quanto analógicos, tornem-se ainda mais eficientes. Por meio de uma mudança simples e inovadora de layout em relação ao transistor convencional – que passou de retangular para hexagonal – foi possível obter vantagens elétricas como um considerável aumento de corrente elétrica e maior amplificação de sinais ana-

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(Da esq.): Os docentes Marcello Bellodi e Salvador Gimenez desenvolvem trabalhos relacionados a dispositivos eletrônicos

aproximadamente 23ºC, até o extremo de 300ºC. “Este é o limite de operação do nosso equipamento, mas pode ser que o transistor tenha capacidade de ir até mais”, explica. No entanto, o professor lembra que, acima desta temperatura, o transistor pode

ter a sua funcionalidade comprometida por ter um componente interno suscetível à temperatura, que é o alumínio, utilizado para os contatos elétricos. Os transistores resistentes às altas temperaturas têm inúmeras aplicações na

indústria automobilística como, por exemplo, para dispositivos de controle, no sistema de freios ABS, sistema de exaustão de gases e sistema de injeção eletrônica do combustível. Além disso, são comumente utilizados em equipamentos aeroespaciais, como satélites, e em aviões, que podem sofrer com altas temperaturas e precisam ter eletrônica embarcada que suporte tais condições de operação. “Nossa proposta era desenvolver um transistor que permitisse também aumentar a aplicação de transistores em ambientes com temperaturas mais elevadas, quando comparado aos limites dos convencionais. Com os testes, percebemos que, na medida em que houve o aumento da temperatura, o desempenho do dispositivo foi muito bom, o que demonstra que pode ser importante para esse nicho de aplicações”, assegura o professor Marcello Bellodi.

Reconhecimento da comunidade científica A revista Solid-State Electronic, um dos periódicos mais importantes da área, publicou em 2010 um artigo de autoria do professor Salvador Gimenez intitulado ‘Diamond MOSFET: an Innovative Layout to Improve Performance of ICs’, no qual o docente demonstra as vantagens do novo transistor. O convite para a publicação ocorreu após apresentação desses resultados no EuroSOI 2009, em Gotemburgo, na Suécia. Resultados experimentais também foram detalhados em Las Vegas, nos Estados Unidos, durante o 218th ECS Meeting, congresso internacional que reúne pesquisadores da área de componentes eletrônicos do mundo todo, onde o professor da FEI apresentou o trabalho intitulado ‘Comparative Experimental Study between Diamond and Conventional MOSFET’, em coautoria com o aluno de mestrado da Instituição, Daniel Manha Alati, bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Os transistores usados para os estudos foram fabricados com processo comercial CMOS, via MOSIS, um programa educacional com sede na Califórnia, que fabrica circuitos integrados, gratuitamente, para fins acadêmicos de pesquisa. “Os resultados experimentais comparativos entre os MOSFETs Diamantes e seus equivalentes convencionais validaram os resultados de simulações obtidos anteriormente”, frisa Daniel Alati que, em 2009, também foi aluno de iniciação científica sob orientação do professor Salvador Gimenez e realizou as simulações numéricas tridimensionais utilizando o simulador Sentaurus Device. Outros resultados da simulação foram apresentados em janeiro no EuroSOI 2011, na cidade de Granada, na Espanha.

Trabalho foi apresentado em coautoria com o aluno de mestrado da Instituição, Daniel Manha Alati

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Tecelões do futuro Com o primeiro curso de Engenharia Têxtil do Brasil, a FEI desempenhou um papel fundamental para o crescimento do setor

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‘morro’, em São Bernardo, como era chamado o local quase sempre frio onde o nevoeiro aparecia repentinamente, era o ponto de parada de uma pequena turma de jovens obstinados que se deslocava entre as aulas teóricas no bairro da Liberdade, em São Paulo, e a cidade do Grande ABC para ter aulas práticas nos laboratórios instalados, provisoriamente, no pavilhão inacabado da Escola Técnica Industrial (ETI). Naquela época, quase ninguém tinha carro e a saída era usar os ‘poeirinhas’, como eram chamados os ônibus desconfortáveis que transportavam aquela turma alegre e valente. Esses jovens seriam os primeiros engenheiros têxteis formados no Brasil pela Faculdade de Engenharia Industrial (FEI), que nascia da necessidade urgente da indústria têxtil e do idealismo e espírito empreendedor de líderes empresariais.

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Naqueles primeiros anos da década de 1960, o governo de João Goulart, às voltas com a crise política e econômica desencadeada com a renúncia de Jânio Quadros em 1961, não atendia às reformas estruturais requisitadas pelo Sindicato das Indústrias de Fiação de Tecelagem (Sinditêxtil), que incluíam medidas urgentes para formação de mão de obra especializada. Os líderes empresariais decidiram, então, constituir uma comissão para cuidar do assunto e levaram a proposta de criação de um curso superior de Engenharia Têxtil à FEI, que aceitou o desafio. O curso começou em agosto de 1963, destinado a formar os chamados engenheiros operacionais. Naquela época, o setor têxtil passava por uma situação delicada. Embora continuasse na posição de importante geradora de empregos, era visível a dificuldade em acompanhar a modernização geral da indústria. A queda da rentabilidade e a lentidão do crescimento tinham uma explicação consensual entre os empresários: a obsolescência tecnológica e reduzida produtividade, agravada pela carência de mão de obra adequada. Com isso, a indústria têxtil era obrigada a contratar técnicos no exterior ou formar seus próprios técnicos de maneira incompleta, dentro das fábricas. O trabalho para implantação de um curso sem precedentes no País foi enorme. Antes da implantação foi preciso buscar recursos financeiros e equipamentos, preparar os currículos, encontrar professores... Depois do início, mais máquinas e equipamentos eram necessários, assim como novos professores e adaptações curriculares. Nesta verdadeira batalha, as indústrias e a FEI sempre atuaram lado a lado. Uma precisava da outra e, passo a passo, iam vencendo as dificuldades que já eram esperadas. Os próprios empresários doaram máquinas e equipamentos ou foram em busca de doações em outras empresas e de financiamento junto a órgãos públicos. Os professores das matérias técnicas também foram trazidos das indústrias. Eram engenheiros ‘importados’ pelas empresas para suprir a carência nacional, que se esforçavam para repassar os conhecimentos que traziam do exterior e da prática nas fábricas. Os alunos, igualmente esforçados, venciam as dificuldades e a distância entre o campus da Liberdade, em São Paulo, e as instalações da antiga Escola Técnica Industrial (ETI), em São Bernardo, cedidas pelo prefeito Lauro Gomes enquanto eram concluídas as instalações definitivas da FEI no Bairro Assunção, em área também doada por ele.


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Os primeiros laboratórios do curso, na década de 1960 (acima e à esq.) e os novos esquipamentos usados pelos alunos (abaixo)

O curso iniciou como Engenharia Operacional Têxtil, com apenas 10 alunos, com previsão para durar três anos. Além da Engenharia Operacional Têxtil, a FEI implantara cursos do gênero em outras áreas, criados para suprir rapidamente a indústria de mão de obra necessária à sua modernização. Os cursos de Engenharia Operacional, no entanto, sempre estiveram cercados de polêmica por parte de outras escolas de Engenharia, da própria FEI e do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA). Logo no início, seus idealizadores perceberam que o curso operacional não era exatamente o que o setor necessitava e decidiram iniciar um reestudo do currículo, visando garantir o diploma de engenheiro pleno aos alunos que já haviam iniciado o curso. No entanto, isso só seria possível com a complementação de mais dois anos de estudo. Assim, surgiram os cursos de Engenharia Industrial Modalidade Mecânica – Opção Têxtil e Engenharia Industrial Modalidade Química – Opção Têxtil. A turma dos chamados ‘engenheiros de macacão’ foi graduada em junho de 1966 e, na sequência, continuou os estudos para formação plena escolhendo entre as duas modalidades da área têxtil. A primeira turma de Engenharia Industrial Têxtil concluiu o curso em junho de 1968, mas os diplomas só foram validados em outubro de 1971, o que significa que ficaram mais de três anos na expectativa de que fossem reconhecidos. Entretanto, isso não atrapalhou em nada o início da vida profissional daqueles jovens. Aguardados ansiosamente pela indústria, os novos engenheiros têxteis eram disputados pelo mercado mesmo antes do término da graduação. JANEIRO A ABRIL DE 2011 | DOMÍNIO FEI

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Idealismo foi determinante O industrial Jacks Rabinovich teve atuação decisiva e é considerado um dos principais articuladores da criação do curso de Engenharia Têxtil na FEI. Na época, já dirigia a Fiação e Tecelagem Campo Belo, empresa fundada em 1946 por seu pai, Sam Rabinovich. O empresário relata sobre suas realizações sem qualquer sinal de vaidade, como algo que tivesse mesmo de ser feito. “O País estava crescendo e o ramo têxtil precisava de profissionais especializados. E queríamos que esses engenheiros fossem formados aqui no Brasil”, afirma. Jacks Rabinovich enaltece os empresários que cederam máquinas e equipamentos e os professores que davam aulas voluntariamente, e conta que as aulas práticas, ministradas também no Serviço Nacional da Indústria (SENAI), partiram de uma proposta dele. Com o início do curso, o jovem empresário viu recompensados seus esforços de mais de dois anos. Batendo incansavelmente de porta em porta atrás de doações para os laboratórios da FEI, visitando instituições e agências de financiamento em busca de patrocínio e recursos ou discutindo o projeto com os parceiros do Sinditêxtil, Jacks Rabinovich conseguiu implantar a nova modalidade na FEI, criando uma carreira acadêmica e profissional. “As dificuldades eram grandes, mas éramos idealistas”, resume o empresário, que mais tarde seria sócio da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e da Vicunha, uma das maiores indústrias têxteis do mundo. Hoje, com 81 anos, o industrial é considerado pelo segmento têxtil como um dos grandes responsáveis por seu desenvolvimento no Brasil.

O empresário Jacks Rabinovich é considerado um dos principais articuladores da criação do curso

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Pioneirismo Os sete primeiros engenheiros têxteis formados no Brasil – Hideshi Akiyama, José Eduardo Brandi, Luiz Alberto Nunes Cabral, Luiz Carlos Bayerlein, Luiz Augusto Figueiredo Maragliano, Mario Miranda Sales Junior e Toshiko Watanabe, a única moça da turma – tiveram de se desdobrar para concluir o curso em cinco anos. Natural de Suzano, a primeira engenheira têxtil formada no País se interessou pela carreira em uma palestra do Sinditêxtil. A engenheira, que é professora de graduação do Centro Universitário da FEI, relata a vida dura que levavam com aulas aos sábados e o vai e vem entre São Paulo, São Bernardo e as indústrias que cediam suas instalações para aulas práticas. “Uma dessas empresas era a ENIA, de propriedade do professor Jandyr Guilherme João Falzoni”, recorda a professora Toshiko Watanabe. Os acertos do currículo também complicaram a vida dos alunos. “Sofremos um bocado com as várias adaptações do programa visando atingir a carga exigida pelo MEC para aprovar nosso diploma como engenheiro industrial”, lembra José Eduardo Brandi, hoje gerente industrial da Pelican Têxtil. O engenheiro também relata o esforço dos estudantes para entender os professores, a maioria estrangeira. Seu colega de turma, Luiz Augusto Figueiredo Maragliano, atualmente consultor de empresas, que foi monitor, primeiro professor em tempo integral do curso e subchefe do departamento, conta que tiveram de se desdobrar para fazer as modificações necesssárias na época, apesar da inexperiência, da pouca idade e dos enormes desafios a serem vencidos. O consultor acrescenta que as apostilas trazidas pelo professor Roland Raphael Sonsino, que veio da França para coordenar o curso, eram escritas em francês, o que o obrigou a aprender o idioma. “Por conta das dificuldades, a união entre os colegas era muito grande”, ressalta. O espírito de superação não foi menor por parte dos funcionários que acompanharam os primeiros passos do curso. Um deles é José Carlos Barreiro, atual supervisor do setor de pessoal (RH) no campus São Bernardo, admitido como laboratorista em 1966, quando tinha apenas 14 anos, e cujo teste de datilografia foi aplicado pelo próprio coordenador do curso, o professor Roland Sonsino. Além das tarefas administrativas, José Carlos Barreiro dava suporte aos laboratórios de Fiação e Tecelagem, limpando as máquinas com estopa e querosene. No Laboratório de Química Têxtil, o colaborador também preparava os corpos de prova e os produtos que os alunos utilizavam nas aulas práticas. Quando ingressou no Departamento Têxtil, no ‘morro’ eram apenas mais três funcionários além dele. “O número de alunos era pequeno, o de professores e funcionários também. Porém, existia uma cumplicidade e todos se movimentavam para o sucesso do curso”, garante.


recompensado

A professora da FEI, Toshiko Watanabe, era a única mulher da primeira turma de Têxtil

Entre suas lembranças, José Carlos Barreiro menciona as aulas de Química do professor Jandyr Guilherme João Falzoni que, além de lecionar com seu inseparável cachimbo, fornecia todas as amostras de corantes e produtos químicos para uso dos estudantes. Já as aulas práticas eram conduzidas pelo professor Jean Pierre Fleissig. “Na sua pronúncia entre português e suíço, o professor ensinou muito sobre profissionalismo, comprometimento e, principalmente, respeito ao próximo”, frisa. Em 1967, o professor Roland Sonsino montou o Laboratório de Controle de Qualidade, com apoio do professor Szabolus Karoly Nagy, para prestar serviços a várias indústrias. Com essa iniciativa, conseguiu conquistar clientes e desenvolver um bom trabalho em uma época em que qualidade era algo ainda incipiente para muitas empresas. CRESCIMENTO SUSTENTADO A transferência do curso de Engenharia Têxtil para o novo campus foi um marco, permitindo alavancar o crescimento sem as restrições físicas anteriores. Como primeira Faculdade de Engenharia Têxtil do País, a FEI conseguiu rápido reconhecimento e prestígio, recebendo frequentes ofertas de colaboração material e didática por parte das indústrias do setor. Dentro do programa de melhoria de ensino foram criadas, em 1987, as habilitações em Engenharia Têxtil e em Engenharia de Produção Têxtil. Com a criação do Centro Universitário da FEI, em 2002, o currículo foi adaptado para atender a proposta de exce-

José Eduardo Brandi lembra o esforço dos alunos

lência e integração que abrangeu todos os cursos da Instituição. Em 2004 houve uma nova reestruturação e, além de a FEI dar foco mais científico aos trabalhos de conclusão de curso (TCC), readequou e otimizou a carga horária das disciplinas.

José Carlos Barreiro dava suporte aos laboratórios de Fiação e Tecelagem, limpando as máquinas com estopa e querosene

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Curso da FEI tem Desde que o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE) começou a ser aplicado, em 2004, a FEI tem sido considerada a Instituição de maior destaque dentre as que oferecem o curso de Engenharia Têxtil no Brasil. Em 2008, inclusive, o curso obteve a nota máxima no exame. Os alunos também são constantemente prestigiados junto a instituições e empresas, conquistando prêmios nacionais e internacionais como o Prêmio de Incentivo ao Estudo, da Associação Brasileira dos Químicos e Coloristas Têxteis (ABQCT), nas edições de 2009 e 2010, que garantiu aos vencedores o direito de participar de estágio na Universitat Politècnica de Catalunya, na Espanha; o Rieter Award 2009, que possibilitou a visita ao grupo industrial da Rieter, em Winterthur, na Suíça; o 1º Italian Textile Technology Award 2009, possibilitando visitas em indústrias têxteis sediadas na Itália, além de um curso na Universidade Politécnica de Milão; e o Whirlpool Inova 2009/2010, com premiação em dinheiro para os alunos e para investimentos nos laboratórios didáticos. A maioria dos professores do curso

possui pós-graduação e mestrado no Brasil e no Exterior, mas o grande diferencial é que os docentes atuam na indústria têxtil e ensinam as disciplinas de sua maior especialidade e experiência. Muitos são exalunos da FEI, como Paulo Pedro Maria Alfieri, que há 36 anos tem conciliado suas atividades de consultor industrial com as de professor e que chefiou o Departamento de Engenharia Têxtil de 1984 a 1994. Formado em 1973, o professor fez especialização na Escola Politécnica de Milão e mestrado na Universidade de Manchester, na Inglaterra. Atualmente, ministra aulas em seis disciplinas na área de Fibras, Texturização, Tinturaria e Desenvolvimento de Produtos e é coordenador do curso de Especialização em Produtos Têxteis da Instituição. Com maciça formação prática, o curso dispõe de laboratórios dotados de equipamentos de alto nível tecnológico, condizentes com a realidade industrial. Da estrutura do departamento fazem parte os laboratórios de Tecnologia da Fiação, Tecelagem, Malharia, Nãotecidos, Confecção, Controle de Qualidade e Bene-

Alunos são disputados pela indústria O Centro Universitário da FEI já formou mais de 1,3 mil engenheiros têxteis. Destes, a absoluta maioria é reconhecida pelo mercado e ocupa cargos de importância na indústria. “O engenheiro têxtil da FEI sempre foi muito bem aceito dentro das empresas”, garante Aguinaldo Diniz Filho, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Têxteis (ABIT), que cita como fator importante para essa valorização a disposição que a FEI sempre teve em rever suas grades curriculares em função das demandas do mercado. Formado em 1990, Rafael Cervone Netto concorda que a FEI tem contribuído com bons profissionais para o mercado, desde a época em que era estudante da Instituição. O engenheiro iniciou a carreira como estagiário da Santista e, atualmente, é diretor da Technotex, além de exercer as funções de presidente do Sinditêxtil-SP, 1º vice-presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP-SP), diretor-executivo do Programa Texbrasil e membro do Conselho Superior de Meio Ambiente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP). “Não posso imaginar como teria sido minha carreira sem o curso de Engenharia na FEI, pois não tenho nenhuma origem familiar que me levasse ao mundo têxtil”, enfatiza Marcos De Marchi, presidente da Rhodia América Latina, que iniciou a carreira na empresa como estagiário enquanto ainda era aluno da FEI. Para o executivo, que também foi professor na Instituição, a FEI tem participação efetiva na profissionalização e no aprimoramento do nível tecnológico da indústria brasileira. Marcos De Marchi informa que os produtores de fibras têxteis, que se instalaram nos últimos 50 anos no Brasil, aproveitaram os engenheiros que a FEI formava para lançar e inovar em suas fibras químicas. Formado em 1979, o engenheiro tem boas recordações da época de estudante. “Existia um clima de camaradagem entre todos. Os professores eram de excelente nível, vinham dar aula após o trabalho e torciam por nós”, resume.

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nota 10 ficiamento Têxtil. A estrutura permite que trabalhos de iniciação científica possam atender às necessidades específicas das indústrias, inclusive por meio de convênios firmados com empresas. Atualmente, o curso tem investido em equipamentos voltados à avaliação do desempenho de produtos têxteis, como o gerenciamento de transporte de umidade e sua influência na funcionalidade e conforto dos tecidos, destacando-se os estudos comparativos entre as principais fibras em aplicações, inclusive para a prática esportiva.

A coordenadora Camila Borelli e o ex-aluno e professor Paulo Pedro Maria Alfieri

a gestão industrial e de atividades comerciais”, enfatiza. Durante o curso, o aluno estuda desde tecnologias de fabricação dos fios, tecidos, malhas, nãotecidos e artigos confeccionados, incluindo também os processos químicos de beneficiamento, até comercialização, marketing e

assistência técnica. O foco para temas atuais, como o crescimento sustentável, questões ambientais, reciclagem de têxteis e afins, assim como tecnologias de ponta como a nanotecnologia, estão envolvidas na formação dos engenheiros têxteis da FEI. Fotos: Divulgação

SINTONIA COM O MERCADO Segundo a coordenadora do Departamento de Engenharia Têxtil, professora doutora Camilla Borelli, o curso é constantemente reavaliado para que permaneça em sintonia com as necessidades das indústrias. A professora ressalta que o engenheiro têxtil não é um projetista de máquinas têxteis, muito menos um profissional de moda. “A atuação é ligada ao desenvolvimento de produtos têxteis. Além disso, o engenheiro está apto para

O presidente da Rhodia América Latina, Marcos De Marchi, concluiu o curso de Engenharia Têxtil na FEI em 1979

Rafael Cervone Netto, presidente do Sinditêxtil, reforça que a Instituição forma bons profissionais

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GESTÃO & INOVAÇÃO

Redes so a cultura logorilla/Istockphoto

Cada vez mais populares, ferramentas constituem espaço interativo que permite novos negócios

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om 2 bilhões de usuários no mundo e 68 milhões no Brasil, segundo dados da International Telecommunication Union, a internet está em constante processo de crescimento, com a inclusão de novas tecnologias e ferramentas cada vez mais populares. Facebook, Twitter, Orkut, Youtube e tantos outros sites de relacionamento que formam as redes sociais cresceram de forma relâmpago nos últimos anos e constituem um espaço de interação que permite a construção coletiva e o compartilhamento de interesses mútuos daqueles que as compõem. Esse fenômeno, que atinge todo o planeta, tem provocado uma mudança no comportamento de empresas e consumidores, que buscam laços virtuais de negócios. Com isso, os canais de comunicação se transformaram em sinônimo de sociabilidade em um universo onde são inquestionáveis as facilidades que a internet oferece.

Brasil quer expandir o Segundo informações da Telebrasil – Associação Brasileira de Telecomunicações, outro fator que colabora para o crescimento de acessos nas redes no País deve-se ao Plano Nacional da Banda Larga, aprovado em maio de 2010 e que prevê a democratização ao acesso à internet, com a redução de 70% do valor médio cobrado pelo serviço disponível no Brasil. A meta é atingir 88% da população, alcançando cerca de 40 milhões de domicílios em 4.278 municípios até 2014. Para a professora Cláudia Mattos, são essas perspectivas que fazem com que as empresas se sintam cada vez mais atraídas em participar e entender melhor o que é uma rede social.

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ciais revolucionam da internet

A professora Cláudia Aparecida de Mattos destaca a importância das novas mídias

Pesquisa divulgada pelo Comitê Gestor de Internet sobre o uso das tecnologias de informação e da comunicação no Brasil indica que a participação em redes sociais cresceu significativamente nos últimos cinco anos. Dos internautas entrevistados, 79% mencionaram ter usado o Orkut nos últimos três meses, 77% o MSN e 60% o Youtube. Facebook (11%) e Twitter (17%), menos populares no País, também foram citados, assim como os blogs (18%), demonstrando um inegável poder de difusão

de informação. “Em função desses dados é difícil ignorar que as redes sociais sejam importantes ferramentas de comunicação, que abrem espaços e novas formas de viabilizar um processo interativo entre profissionais, organizações e clientes”, argumenta a professora do curso de Administração da FEI, Cláudia Aparecida de Mattos. O processo de difusão da informação via redes sociais está no centro de fenômenos econômicos na organização industrial, como estratégia, produtividade, finanças, marketing, comunicação e inovação. Portanto, empresas que estiverem mais bem preparadas para trabalhar essa oportunidade terão condições de gerar um diferencial competitivo. A professora lembra que a inserção nessas redes é fundamental, pois possibilita uma interatividade que pode gerar negócios, troca de conhecimento e inovação, além de possibilitar uma mudança na forma de empresas e clientes se relacionarem. “A rede virtual pode ser um meio de viabilizar negócios e um novo elemento de apoio à estratégia da empresa, no entanto, as formas tradicionais vão coexistir, assim como o contato pessoal”, completa.

MERCADO POTENCIAL As redes sociais são uma grande aposta e representam um mercado potencial para o setor empresarial. “O crescimento está atribuído ao número expressivo de pessoas incluídas na tecnologia da informação, mas é preciso saber utilizar essas ferramentas, pois, da mesma forma que trazem benefícios, se mal aproveitadas podem provocar grandes riscos às organizações”, argumenta o professor do curso de Administração da FEI, Willian Francine. Os docentes ressaltam que o resultado organizacional esperado com essas tecnologias pode resultar em grande produtividade e em um ambiente altamente colaborativo, fazendo com que as práticas que envolvem conhecimento se tornem mais visíveis. O importante não é estar na rede, mas saber estar. “Fazer parte de uma rede social é muito mais que criar um perfil. É explorar esse espaço para difundir uma marca ou empresa, capturar informações de clientes, se apropriar dessa nova ferramenta de comunicação buscando a integração com pessoas e processos”, acrescenta a professora Cláudia Mattos.

acesso da população Com um futuro promissor, a tendência é a profissionalização do uso das redes sociais, para que os usuários possam conhecê-las melhor e explorar sua potencialidade de forma multidimensional. Há, ainda, a possibilidade de as empresas criarem suas próprias redes, desde que tenham infraestrutura que possibilite esse acesso. “Para garantir o sucesso de seu uso e atrair resultados positivos é necessário aprimorar o conhecimento coletivo, criando diferencial competitivo, melhorando custos e oferecendo agilidade de processos de negócios”, resume o professor Willian Francine.

O professor Willian Francine ressalta a necessidade de aprimorar conhecimentos

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PÓS-GRADUAÇÃO

Edificações sustentáveis Novo curso de especialização discutirá inovações para a construção civil

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pesar da indiscutível importância para a economia nacional, o ramo da construção civil é apontado entre os que mais impactam o meio ambiente. Entretanto, o setor quer melhorar esse quadro e está investindo cada vez mais no potencial das edificações sustentáveis, que começam a ganhar espaço e prestígio no mercado imobiliário. Com o objetivo de preparar profissionais para atender a essa nova demanda, o Centro Universitário da FEI iniciou, neste semestre, o curso de pós-graduação lato sensu em Planejamento e Gestão de Construções Sustentáveis. Segundo o professor Kurt André Pereira Amann, que coordena o curso juntamente com o professor Ailton Pinto Alves Filho, sustentabilidade ainda é um conceito em construção para o setor e, por esse motivo, a proposta da FEI é discutir uma ampla análise do que pode melhorar em relação ao que existe no mercado. Uma das metas do curso é buscar formas de democratizar as práticas de sustentabilidade – atualmente restritas a empreendimentos luxuosos – a outros segmentos do mercado imobiliário, como conjuntos habitacionais populares, edifícios comerciais e indústrias. A construção civil sustentável faz uso de materiais ecologicamente corretos e eficientes e de soluções tecnológicas para promover a economia de recursos, como água e energia elétrica. Além disso, reduz a emissão de gases de efeito estufa, tanto na produção de matéria-prima quanto na operação normal das edificações, e busca a melhoria da qualidade do ar no ambiente interno e o conforto de seus moradores e usuários. Segundo informações do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS), a sustentabilidade nas construções pode render uma economia de até 40% de água e 30% de eletricidade e, para

isso, basta investir de 3% a 5% do valor do imóvel em tecnologias ambientalmente saudáveis. “A tendência não se limita aos prédios residenciais. Prédios comerciais, centros de compras e agências bancárias também estão sendo construídos de maneira a reduzir o uso de energia e recursos naturais”, lembra o professor Kurt Amann. Em vários países já surgiram certificações voltadas para os chamados ‘edifícios verdes’, como a norte-americana Leadership in Energy and Environment Design (LEED) e a francesa Haute Qualité Environment (HQE). A certificação Alta Qualidade Ambiental (AQUA), baseada na HQE, é o primeiro referencial técnico adaptado à realidade brasileira para construções sustentáveis. No Rio de Janeiro, na Cidade Nova, o prédio da Universidade Corporativa da Petrobras é o primeiro prédio nacional de grande porte com certificação LEED. As aulas do curso de pós-graduação lato sensu em Planejamento e Gestão de Construções Sustentáveis da FEI são ministradas duas vezes por semana (terça-feira e quinta-feira), das 19h às 22h30, no campus São Bernardo do Campo. Outras informações pelo telefone 4353-2900 ou e-mail iecat@fei.edu.br.


Informação segura A

tecnologia, que cresce a cada dia e em ritmo acelerado, permite que os usuários de computador realizem compras, pagamentos e inúmeras operações bancárias com apenas um click, além de possibilitar a comunicação entre pessoas de um lado a outro do planeta. Para acompanhar essa evolução é necessário que as empresas tenham profissionais qualificados para garantir a segurança desses sistemas de informação e, com isso, previnam e impeçam que esse trânsito de dados cause danos a pessoas e organizações. Para suprir a carência desse mercado, o Centro Universitário da FEI criou o curso de especialização em Gestão e Tecnologias de Segurança da Informação. O coordenador do novo curso, professor Rodrigo Filev, explica que a especialização tem como objetivo formar profissionais para atuar na área da segurança da informação de forma ampla, que engloba desde a especificação e discussão de tecnologias a serem aplicadas em diversos contextos de plataformas computacionais e na gestão de situações de risco de segurança, até a gestão de processos e pessoas relacionados à segurança da informação em uma organização. “O curso visa preparar os participantes para entender as principais tecnologias utilizadas atualmente, apresenta tendências de tecnologias que estão surgin-

do no mundo e aborda a gestão, cuja missão é preparar o aluno a lidar com pessoas e situações que envolvam as necessidades do negócio em relação à segurança da informação”, resume o docente da FEI. Uma das condições exigidas para participar do curso é que o aluno seja graduado em Ciência da Computação, Engenharia da Computação, engenharias e áreas afins, ou que comprove experiência e conhecimentos em tecnologia da informação que envolvam redes de computadores e sistemas de comunicação de dados. Ao término do curso, o profissional poderá atuar como interlocutor entre as áreas de negócios de uma organização e o setor de tecnologia. O professor Rodrigo Filev ressalta que, atualmente, existe um distanciamento entre essas áreas na maioria das empresas, o que implica em demora na tomada de decisões e no cumprimento de metas. “O profissional formado no curso poderá ocupar uma posição chave na organização, pois será capaz de lidar com questões de negócios relacionadas à área de segurança da in-

formação. Desta forma, poderá trabalhar para que a organização atinja resultados com menores custos relacionados, como retrabalho e especificações mal entendidas entre negócio e tecnologia, sem abrir mão da confidencialidade e confiabilidade das informações”, reforça. OPORTUNIDADES Os dois importantes eventos esportivos que o Brasil vai sediar em 2014 e 2016 – a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos, respectivamente –, deverão impulsionar a área de tecnologia e segurança da informação, com consequente aumento de procura por profissionais especializados. “Mais empresas estarão na rede fazendo negócios e, para isso, novos serviços e sistemas de segurança terão de ser construídos”, adianta o professor da FEI. O profissional formado no curso da Instituição também terá condições de participar de certificações internacionais na área de segurança da informação, pois o currículo abrange os tópicos das principais certificações mundiais.

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FEI cria curso de pós-graduação para preparar profissionais em segurança de dados

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RESPONSABILIDADE SOCIAL

Em busca de pessoas FEI faz parceria com USP para criação de sistema computacional que ajuda a identificar faces

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Brasil registra, anualmente, 40 mil casos de desaparecimento de crianças e adolescentes, sendo 9 mil só no Estado de São Paulo, segundo dados da Polícia Civil. A gravidade aumenta diante do número limitado de medidas efetivas que existem para a busca de desaparecidos e no insuficiente suporte psicológico oferecido às famílias atingidas. Para ajudar nesta questão tão delicada têm sido desenvolvidas pesquisas nacionais multidisciplinares que envolvem diferentes departamentos da academia e alguns setores da socie-

dade. Desde o ano passado, a FEI também começou a dar sua contribuição por meio da elaboração de um sistema computacional de reconhecimento de faces. O projeto ‘Integração Tecnológica e Inovação para Identificação e Prevenção do Desaparecimento de Crianças e Adolescentes com Deficiência’ visa criar um programa de computador que utiliza a imagem da face para fazer uma busca no banco de dados de desaparecidos. Um dos responsáveis pelo trabalho é o professor doutor Carlos Eduardo Thomaz, coordenador do curso de mestrado em Engenharia Elétrica da FEI, que desenvolve esse projeto com a colaboração de André Sobiecki, Vagner do Amaral e Vinícius Vono Peruzzi, mestrandos da Instituição. O trabalho é coordenado pela biomédica e professora doutora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) Gilka Gattás e integrará o projeto ‘Caminho de Volta’, que existe desde 2004 em parceria com a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo. O projeto auxilia as famílias de crianças e adolescentes desaparecidos com a criação de banco de dados de DNA, além de oferecer apoio psicológico e capacitação de profissionais envolvidos no tema. Embora a FEI já estivesse trabalhando com essa tecnologia há cerca de dois anos, em setembro do ano passado foi formalizada a parceria com a USP e o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). BANCO NACIONAL A FEI é responsável por toda a área de computação e trabalha na elaboração de um programa que servirá para fazer a triagem no processo de busca de desaparecidos. Para isso, o sistema formatará as fotos de crianças desaparecidas e daquelas que forem encontradas em abrigos e nas ruas, para a remoção de possíveis defeitos, como iluminação irregular, rasuras e outros artefatos, como chupetas. Após a reparação, por meio de uma sequência de métodos de processamento e reconhecimento de imagens, o programa vai procurar, entre as fotos do banco, quais as faces que mais se assemelham com a imagem já formatada. “O objetivo é desenvolver um sistema que seja capaz de processar toda e qualquer informação discriminante da face, considerando a foto como um todo ou apenas partes dela, como olhos e nariz”, explica o professor Carlos Eduardo Thomaz. Com a comparação entre as imagens do banco de dados, o programa selecionará apenas as crianças com as mesmas características da foto em questão e vai colaborar com o próximo passo do projeto ‘Caminho

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desaparecidas

(Da esq.): O professor da FEI, Carlos Eduardo Thomaz com os mestrandos André Sobiecki, Vagner do Amaral e Vinícius Vono Peruzzi

de Volta’, que consiste em avisar aos familiares sobre a possibilidade de ter encontrado o desaparecido e realizar o exame de DNA, etapa considerada de grande impacto emocional e alto custo relativo. O projeto da FEI também se destaca pelo fato de trabalhar com crianças e adolescentes com deficiência, fator que gera desafios, pois cada indivíduo tem uma particularidade e, dependendo do tipo de deficiência, pode ter problemas de comunicação, dificultando ainda mais o processo de identificação. Além de fazer uma triagem das fotos, o trabalho da FEI consiste em criar um banco nacional padronizado de imagens de crianças e adolescentes para que seja mais fácil encontrá-las em caso de desaparecimento. Para isso, os colaboradores estão visitando instituições de crianças com deficiência e tirando as fo-

tos. “A ideia geral do trabalho é que o sistema computacional faça sozinho o reconhecimento de face, possibilitando que os órgãos responsáveis, como a Polícia Civil, utilizem essas informações de forma simples e rápida”, explica Vagner do Amaral, mestrando da FEI e colaborador no projeto. Embora esteja concentrado em São Paulo, o projeto poderá ser estendido para todo o País, uma vez que os desaparecidos costumam se deslocar para outros locais. A conclusão desta fase do trabalho e a parceria com a FAPESP será até agosto de 2012. No entanto, o grupo de estudos está aberto a apoio financeiro e à entrada de novos alunos que queiram se engajar no projeto. Para outras informações, os interessados devem entrar em contato com o professor doutor Carlos Eduardo Thomaz pelo e-mail cet@fei.edu.br.

Envelhecimento de imagem Paralelamente ao trabalho realizado com o projeto ‘Caminho de Volta’, a FEI desenvolve pesquisas que visam criar um programa que atualiza a imagem ‘envelhecida’ da face dos desaparecidos. Hoje, este trabalho é realizado de forma artística por um profissional altamente especializado e, além de demandar tempo e verba, pode não gerar resultados coerentes. “Para chegar mais próximo da realidade, o sistema levará em conta as características comuns aos familiares, com o uso de imagens de parentes próximos, como pais e irmãos”, acrescenta o professor Carlos Eduardo Thomaz.

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MESTRADO

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Dissertações defendidas por alu Administração DISSERTAÇÃO – Desenvolvimento de Capacidades Locais para a Inovação: Estudo de Caso Sobre uma Subsidiária de uma Corporação Multinacional do Setor Agroquímico

DISSERTAÇÃO – Adoção de Modelos de Gestão para Sustentabilidade em Empresas Operando no Brasil: uma Investigação das Causas de suas Contradições e Dificuldades

AUTOR – Seimor Wallchhutter

AUTOR – Eduardo Gomes P. Colallillo

ORIENTADOR – Professor Roberto Bernardes

ORIENTADOR – Professora Patrícia Mendonça

RESUMO – O autor do trabalho desenvolveu sua análise teórico-analítica com base nas perspectivas teóricas da Visão Baseada em Recursos e nos estudos baseados na Gestão Estratégica da Inovação, pretendendo caracterizar os esforços de adensamento das atividades de P&D e do processo de desenvolvimento de produtos, os quais permitirão entender os fatores que estão motivando a subsidiária a desenvolver um modelo de capacidades para capturar informações do mercado no qual está inserida, adequando seu próprio conhecimento, recursos e eficiência no planejamento, alocação e coordenação dos fatores essenciais para a inovação para, através desta, alcançar resultados econômicos satisfatórios e aumentar sua posição competitiva no mercado.

RESUMO – O objetivo deste trabalho é estudar os fatores que geram contradições, ambiguidades e dificuldades nas empresas que adotam a sustentabilidade em sua gestão. Para fundamentar este trabalho, utilizamos a Teoria Institucional, com a qual procuramos entender aspectos como legitimidade, campo organizacional e processos isomórficos. A metodologia aplicada neste estudo segue uma abordagem qualitativa, na qual fizemos uma pesquisa bibliográfica, uma pesquisa documental seguida de nossa pesquisa de campo, em que utilizamos um roteiro de entrevistas semiestruturadas para a coleta de dados junto às empresas pesquisadas. Para a nossa análise de dados criamos categorias para avaliar o Grau de Adoção e o Grau de Internalização da Sustentabilidade nas organizações.

DISSERTAÇÃO – Os Desafios da Implementação do Modelo de Gestão de Pessoas em uma Empresa de Grande Porte

DISSERTAÇÃO – A Adoção da Certificação de Empreendimentos Imobiliários Sustentáveis por um Banco de Grande Porte: Um Estudo de Caso

AUTOR – Flavia Regina de Lima AUTOR – Luiz Sergio Mendonça Coelho ORIENTADOR – Professor Edmilson Alves de Moraes ORIENTADOR – Professora Isabella Vasconcelos RESUMO – Este trabalho tem por objetivo identificar os desafios do processo de implementação do modelo de gestão estratégica de pessoas em uma empresa brasileira de grande porte. Para tanto, foi necessário realizar um estudo de caso na empresa Alpha que, por sua vez, faz parte de um dos maiores grupos industriais brasileiros, além de possuir um modelo de governança corporativa com reconhecimento internacional. Com o intuito de identificar e entender o processo de implementação do modelo foram realizadas entrevistas semi-estruturadas na universidade corporativa da própria organização, entre funcionários com mais de três anos na empresa, pois, assim, identificamos os cenários antes e depois da implementação do modelo, bem como os benefícios na visão dos entrevistados.

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RESUMO – Esta dissertação propõe o estudo sobre as razões pelas quais um banco de grande porte brasileiro construiu um primeiro empreendimento – uma agência – totalmente sustentável, visando obter a certificação oficial do LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), órgão certificador norte-americano nesta área. A certificação de empreendimentos imobiliários, fenômeno novo no Brasil, merece ser mais bem compreendida em pesquisas e este estudo de caso procurou contribuir para esta compreensão ao verificar que as principais razões para se adotar este tipo de certificação estão ligadas à imagem institucional, ganhos financeiros e recursos, mas também a uma maior contribuição para a instauração de práticas bem definidas, mais éticas e transparentes na construção civil.


Engenharia Mecânica DISSERTAÇÃO – Projeto de um Sistema de Controle Adaptativo para Laminação a Frio Baseado em Sistema Inteligente com Cancelamento das Perturbações por Filtro Inverso

DISSERTAÇÃO – Propriedades Volumétricas e Viscosimétricas de Soluções Líquidas Binárias contendo Metil Terc-Butil Éter (MTBE) + Álcoois: Estudo Experimental e Modelagem

AUTOR – Luís Caldas

AUTOR – Heloisa Emi Hoga

ORIENTADOR – Professor Fabrizio Leonardi

ORIENTADOR – Professor Ricardo Belchior Tôrres

RESUMO – O objetivo deste trabalho é projetar um sistema de controle da espessura de saída para laminadores a frio. A estrutura de controle proposta é integrada por dois módulos, sendo um controlador adaptativo e um cancelador para as perturbações. O cancelador é baseado no esquema de controle IMC, sendo que as perturbações são separadas na saída da planta e injetadas em um filtro adaptativo inverso e subtraídas da entrada da planta. Os modelos da planta e do seu inverso são obtidos por meio de uma modelagem via rede neural fuzzy. Os resultados obtidos por simulação mostram que o sistema de controle proposto apresenta ótimo desempenho quanto à precisão de controle, desconsiderando-se o esforço de controle.

RESUMO – Neste estudo, densidade e viscosidade de soluções líquidas binárias de metil terc-butil éter (MTBE) + metanol, ou etanol, ou 1-propanol, ou 2-propanol, ou 1-butanol, 1-pentanol, ou 1-hexanol têm sido determinadas como uma função da composição a diferentes temperaturas e à pressão atmosférica. As temperaturas estudadas foram 293,15, 298.15, 303,15 e 308,15 K. Os resultados experimentais foram usados para calcular o volume molar excesso e a viscosidade excesso. As propriedades excesso foram correlacionadas usando um polinômio do tipo Redlich-Kister e outras propriedades volumétricas foram calculadas. Além disso, os valores do volume molar excesso foram usados para testar a aplicabilidade do modelo da Solução Associada Real Estendido (Modelo ERAS).

DISSERTAÇÃO – Análise de uma Alternativa para o Acionamento da bomba de Água de um Sistema de Arrefecimento Automotivo através de Simulação Computacional

DISSERTAÇÃO – Influência da Temperatura de Recozimento Intrecrítico no Comportamento Mecânico de Aço Bifásico

AUTOR – Felipe Hoffmann Bussacos

AUTOR – Arnaldo Forgas Jr.

ORIENTADOR – Professor Paulo Eduardo B. de Mello

ORIENTADOR – Professor Rodrigo Magnabosco

RESUMO – O trabalho apresenta um modelo numérico do sistema de arrefecimento de um veículo de porte médio, trabalhando com etanol. A validação, que é a comparação dos resultados fornecidos pelo modelo com resultados experimentais, foi feita para várias condições de utilização. A comparação dos resultados numéricos com os resultados experimentais mostrou que o modelo numérico descreve adequadamente o comportamento do sistema real, permitindo a avaliação de diferentes alternativas de projeto para o sistema de arrefecimento. Os resultados mostraram que este tipo de acionamento não reduziria o período de aquecimento do motor (warm-up) e também não permitiria reduções nas dimensões do radiador. Entretanto, de acordo com os resultados da simulação, espera-se redução no consumo de combustível e também na emissão de poluentes.

RESUMO– Investigou-se a influência da temperatura de recozimento intercrítico (de 715°C a 800°C) no comportamento mecânico de um aço bifásico baixo-carbono de aplicação automobilística, como forma de propiciar aumento de segurança e redução de massa dos veículos. Verificou-se que, com o aumento da temperatura de recozimento, a fração em volume de martensita aumenta, gerando aumento nos valores dos limites de resistência e de escoamento. A amostra tratada a 715°C apresentou a maior energia absorvida no impacto, mas todas as condições têm temperaturas de transição dúctil–frágil abaixo de -66°C, garantido excelente tenacidade. Avaliou-se cada propriedade mecânica em relação à fração de martensita obtida, gerando parâmetros de processamento desse aço de forma a se maximizar as propriedades mecânicas. JANEIRO A ABRIL DE 2011 | DOMÍNIO FEI

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nos de mestrado da FEI

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MESTRADO

DISSERTAÇÃO – Análise de Técnicas Aplicadas à Detecção e Reconhecimento de Placas de Trânsito

AUTOR – Fernando Pizzo Ribeiro

AUTOR – Danilo Eduardo da Silva

ORIENTADOR – Professor Marcello Bellodi

ORIENTADOR – Professor Flavio Tonidandel RESUMO – Estudo e aplicação de diferentes técnicas para reconhecimento e classificação de placas de trânsito. São analisadas técnicas como Redes Neurais, Visão Computacional, Convolução, processos de segmentação de imagens, Transformada de Hough, entre outras, em diversos ambientes e em dias nublados e ensolarados. O resultado é uma análise de quais técnicas aplicadas em conjunto produzem um resultado melhor para reconhecimento e classificação automática de placas de trânsito.

DISSERTAÇÃO – Desenvolvimento de um Classificador Automático de Pessoas para Sistemas de Automação Residencial Inteligente

RESUMO – Este trabalho apresenta estudos referentes ao comportamento de um inversor lógico SOI MOSFET operando de 27oC até 300oC. Para o desenvolvimento deste trabalho foram realizadas simulações tanto no comportamento estático quanto dinâmico. Os resultados mostram que o inversor lógico apresenta comportamentos diversos nas curvas de transferência estática de tensão e corrente para cada comprimento de canal dos transistores. Curvas estáticas foram obtidas para diversas relações de comprimentos de canal, bem como da corrente do inversor. Estudou-se o comportamento do inversor em regime dinâmico variando-se as dimensões dos transistores, temperatura e frequência de operação. Notou-se que a elevação da temperatura influencia fortemente no funcionamento do circuito, devido à variação da tensão de inversão e da corrente que flui pelo inversor lógico.

AUTOR – Rodolfo Artur Fussek Júnior ORIENTADOR – Professor Flavio Tonidandel RESUMO – Os sistemas de automação residencial visam o conforto no interior da residência. Entretanto, tais sistemas obrigam os habitantes a mudarem seu modo de vida, adaptando sua rotina diária aos sistemas automatizados em suas residências. Um sistema de automação residencial inteligente tem como premissa aprender e se adaptar ao comportamento dos habitantes, evitando que mudem seus hábitos. Em trabalhos anteriores foram desenvolvidos sistemas com este objetivo, porém, considerando a existência de um único habitante na residência. A proposta deste trabalho é desenvolver um sistema de identificação e classificação de habitantes em uma residência, por meio da aplicação de raciocínio baseado em casos e a partir das combinações de suas roupas e objetos pessoais, de modo a permitir que um sistema de automação inteligente possa agir em uma residência com mais de um habitante.

DISSERTAÇÃO – Análise do Comportamento Estático e Dinâmico de Inversores Lógicos SOI MOSFET Operando em Altas Temperaturas

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DISSERTAÇÃO – Um Modelo Bayesiano com Divergência de Kulback-Leibler Estentida para Reconhecimento de Objetos 3D Baseado em Múltiplas Visões AUTOR – Fernando Caruso Olivio ORIENTADOR – Professor Paulo Sérgio Rodrigues RESUMO – Este trabalho apresenta um modelo Bayesiano que combina as características de cor, forma e textura para o reconhecimento de objetos em três dimensões. As interações espaciais ou temporais de longo alcance dessas características permitem modelar a probabilidade de se observar cada uma dessas evidências nos objetos com a distância de Kullback-Liebler estendida, que é um conceito recentemente proposto na mecânica estatística. O modelo Bayesiano proposto pode ser usado em diversas aplicações, mas enfatizamos o trabalho cooperativo de diversos observadores para executar a tarefa de reconhecimento tridimensional. Os experimentos com uma base de dados de informações a priori sugerem que o modelo atinge o seu melhor desempenho a partir da inclusão do terceiro observador, indicando resultados promissores.

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Engenharia Elétrica


AGENDA

MARÇO 4

FEI 70 anos

No dia 4 de março, o Centro Universitário da FEI completou 70 anos de história. Uma trajetória marcada por muita luta, dedicação, trabalho, ética e respeito, e sempre à luz dos princípios cristãos da defesa da Fé, da promoção da Justiça, da dignidade humana e dos valores éticos. Nossa história é motivo de muito orgulho, pois são 70 anos de intensa dedicação à educação. Por esse motivo, 2011 será um ano para resgatar os valores da Instituição, ressaltar a sua essência e a excelência no ensino e na pesquisa nas áreas de Administração, Engenharia e Ciência da Computação.

ABRIL/MAIO 04/04 a 27/05

Concurso Empreender FEI

Centro Universitário da FEI O concurso visa estimular o espírito empreendedor nos estudantes do terceiro ano do ensino médio, de qualquer escola, seja privada ou pública, e alunos de graduação em Administração da FEI. Os estudantes participarão em grupos de no mínimo dois e máximo quatro. As inscrições terminam em 27 de maio. Acesse o hotsite www.fei.edu.br/concursoempreender e veja como participar.

MAIO 21

FEI Portas Abertas

Centro Universitário da FEI O evento tem como objetivo apresentar aos alunos do ensino médio, fundamental, cursinhos e comunidade em geral o que a FEI desenvolve no campo da tecnologia, pesquisa e inovação, por meio de seus projetos, laboratórios e experimentos. O visitante tem a oportunidade de experimentar e conhecer, na prática, como funcionam as experiências, pesquisas e projetos. A programação completa está disponível no site www.fei.edu.br/portasabertas.

Ano Internacional da Química Em dezembro de 2008, a Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) declarou 2011 o Ano Internacional da Química, para comemorar mundialmente as contribuições da química para o bem-estar da humanidade. Durante todo este ano serão realizadas atividades educacionais interativas para públicos de todas as idades em todo o planeta, sob o tema 'Química - nossa vida, nosso futuro'. O Departamento de Engenharia Química do Centro Universitário da FEI também vai realizar, ao longo de 2011, uma série de atividades como palestras, visitas a empresas e minicursos com o objetivo de mostrar para a comunidade acadêmica a importância do papel da química na sociedade.

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ARTIGO

Braulio Oliveira é doutor em Administração pela FEA/USP e professor permanente do programa de pós-graduação stricto sensu do Centro Universitário da FEI

Desafios para o turismo M esmo com o crescimento de cerca de 10% nos gastos dos turistas estrangeiros no Brasil no período de janeiro a outubro de 2010, ante o mesmo período de 2009, de acordo com dados do Banco Central, a verdade é que, além de atrairmos poucos turistas estrangeiros, seus gastos são pequenos em nosso País. É preciso compreender que o turismo, por se tratar de um fenômeno multidisciplinar e multifacetado, requer muito mais do que a elaboração de um logotipo, de um slogan e da sua promoção. Aspectos relativos à infraestrutura aeroviária, viária, de informações, de comunicação, de segurança e de equipamentos turísticos, assim como preços competitivos de produtos e serviços em termos internacionais, são fundamentais. Embora não seja o ideal, pelo fato de que já poderíamos estar colhendo os frutos de um turismo receptivo internacional mais desenvolvido, temos duas grandes oportunidades de criar rupturas na velocidade em que vimos evoluindo nessa questão: a Copa do Mundo de

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Futebol, em 2014, e os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos, que serão realizados em 2016. Passar de 5 milhões para 8 milhões de turistas estrangeiros em nosso País até 2014, conforme expectativa divulgada pelo Ministério do Turismo, requer a reestruturação e a expansão de grande parte da infraestrutura relacionada ao turismo. Algumas ideias, como a construção de novos aeroportos, de transporte de massa em alta velocidade e outras tantas dificilmente são factíveis em termos de tempo para os referidos eventos, muito embora possam ser pensadas sob outro prisma. Ainda assim, é possível fazer ajustes que nos deem condições de bem lidar com essas demandas. Contra nós estamos apenas nós mesmos, pois há muito que fazer e o tempo é impiedoso. Está mais do que na hora de tratarmos o turismo como recurso estratégico, que deve ser trabalhado de forma integrada com outras questões, para que possamos dele colher contribuições para nosso desenvolvimento econômico e social.


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