Domínio FEI 1: Inteligência Artificial

Page 1

AGOSTO DE 2009 | DOMÍNIO FEI

1


2

DOMÍNIO FEI | AGOSTO DE 2009


EDITORIAL

Pe. Theodoro Paulo Severino Peters, S.J. Presidente do Centro Universitário da FEI

Alma Mater universitária Chegou o momento, e é agora, para concretizar o desejo de aprofundar o relacionamento atual da Alma Mater universitária com seus formados plenamente inseridos na Sociedade do Conhecimento profissionalmente. A escola superior visa apoiar a formação continuada de sua comunidade acadêmica (docente, discente, funcional) através das propostas curriculares. O aluno da FEI – engenheiro, informata, administrador – diferencia-se pelo respeito e dignidade com que é recebido, acolhido para avançar profundamente na ventura do conhecimento teórico e de sua aplicação prática. A dignidade, ser a pessoa centro referencial da Pedagogia Inaciana, para a geração de todas as suas atividades, envolve o estudante plenamente na vida e ação comunitária. Pessoas formam-se, apoiam-se, estimulam-se reciprocamente. A FEI, no agir presente visa o futuro, vislumbrando o desempenho de seus parceiros. No proceder e na atuação dos ex-alunos, a assinatura da FEI é reconhecida: homens e mulheres capazes de decidir, de propor a melhor solução, de argumentar com pertinência, de relacionarem-se como pessoas, refletindo a ‘imagem e semelhança com Deus’ (Gen. 1,27). A expressão institucional do relacionamento forjado no tempo de estudos permite a cada pessoa sentir-se parte de uma comunidade viva, atuante, trilhando caminhos novos e referenciando-se em sua Identidade, Missão e Vocação. A Identidade da FEI, forjada desde seus inícios, é cooperar para que os altos valores humanos, espirituais e científicos impregnem cada elo de nossa comunidade intelectual, a partir da visão otimista cristã sobre a pessoa humana e toda a natureza: ‘Deus viu que tudo era muito bom e descansou’ (Gen.1,31 e 2,2.3). A Missão referenciada pela Companhia de Jesus, desejosa de que a situação alcançada seja a plataforma para visar à melhor qualidade. Santo Inácio de Loyola expressava: ‘Tudo para a Maior Glória de Deus – AMDG – Ad Maiorem Dei Gloriam’. ‘A glória de Deus é formulada em ‘serviço da fé, da qual a promoção da justiça constitui uma exigência absoluta’. (C.G.XXXII, Decreto 4 nº 2). O Padre Roberto Sabóia de Medeiros, fundador da FEI, adotou como lema ‘o que me falta me atormenta’ (quod deest me torquet). A Vocação da FEI é para formar uma comunidade viva, testemunhando continuamente que é bom ser bom em todos os empreendimentos: aulas teóricas e práticas, competições, argumentações, avaliações. A cada hora, a FEI melhora pela qualidade de sua comunidade acadêmica de Ensino, Pesquisa e Extensão, agora envolvendo você e outros colegas na construção do futuro almejado por todos e cada um dos que fazem e refazem a FEI de nossos sonhos e reais expectativas. AGOSTO DE 2009 | DOMÍNIO FEI

3


ESPAÇO DO LEITOR

REVISTA DOMÍNIO FEI Publicação do Centro Universitário da FEI

“A revista Domínio FEI é importante para mostrar à sociedade e aos ex-alunos que a FEI continua inovadora e na vanguarda do desenvolvimento científico e tecnológico.” Prof. Dr. Flavio Tonidandel Coordenador do curso de Ciência da Computação – FEI

“A iniciativa da revista Domínio FEI é uma prova de que o Centro Universitário está acompanhando as mudanças do mundo e do mercado, pois atualmente não basta ser uma excelência em tecnologia, pois tanto alunos e profissionais interagem com seres humanos e cada vez mais a união entre competência e convivência marca por completo todo o resultado de um processo, tanto de formação quanto profissional.” Marcio Manzione Gerente comercial – Tekbra do Brasil Ltda

“A FEI é o primeiro canal entre o futuro engenheiro e o competitivo mercado de trabalho. E a revista é uma excelente ferramenta de divulgação do sério e comprometido trabalho para com seus alunos e ex-alunos. Quem leva no currículo o nome FEI já tem um diferencial no mercado.” Rodrigo Foratto – Campeão da 38ª Expo MecAut – 2006 – Eng. de Validação de Subsistemas Iluminação Externa

“Todos os meios de comunicação são importantes. Mas aqueles que desempenham um papel na educação e no desenvolvimento de novas tecnologias sempre têm um papel de destaque, pois trazem à tona novos meios e caminhos a serem seguidos. Como ex-

aluna, acho que será de grande importância para a FEI divulgar os novos cursos, novos projetos, professores, inovações. Já está na hora de abrir mesmo as portas para matarmos as saudades e para saber como anda o meio acadêmico e a instituição de ensino que nos graduou.” Ana Elisa Carvalho Pontes Technical Applications Engineer KHS Indústria de Máquinas Ltda

“A revista Domínio FEI oferece mais um canal de informação e oportunidade de atualização, aproximando a instituição de sua comunidade. Muito há de benefícios que podem ser colhidos desta iniciativa: troca de informações, transferência de conteúdo, aproximação de pessoas e, o mais importante, aprendizado e conhecimento. Quanta riqueza de condições de aprendizagem e gestão do conhecimento pode ser gerada por meio deste veículo de comunicação.” Prof. Dr. Theodoro A. Peters Filho Coordenador do curso de Administração – FEI

"Sou filho adotivo da FEI. Conheci a FEI depois de formado, através de seus ex-alunos, na antiga CMW, cuja competente equipe era feiana, em sua maioria. Lembro que fiquei impressionado de quanto as pessoas se orgulhavam dessa escola. Fazer bem feito dá mesmo orgulho. Neste sentido, a chegada da Domínio FEI é importante, pois reforça um vínculo natural, afetivo e profissional, e cria um novo espaço de troca." Prof. Dr. Renato Camargo Giacomini Coordenador do curso de Eng. Elétrica da FEI

EXPEDIENTE Centro Universitário da FEI Campus São Bernardo do Campo Av. Humberto de Alencar Castelo Branco, 3972 – Bairro Assunção São Bernardo do Campo – SP – Brasil CEP 09850-901 Tel: 55 11 4353-2901 Telefax: 55 11 4109-5994 www.fei.edu.br Presidente Pe. Theodoro Paulo Severino Peters, S.J. Reitor Prof. Dr. Marcio Rillo Vice-reitor de Ensino e Pesquisa Prof. Dr. Fábio do Prado Vice-reitora de Extensão e Atividades Comunitárias Profª. Drª. Rivana Basso Fabbri Marino Coordenação geral Andressa Fonseca Departamento de Comunicação e Marketing da FEI Equipe de Comunicação FEI Fabrício Fernando Bomfim (Mtb 55.265) Silvana Vieira Mendes Arruda Produção editorial e projeto gráfico Companhia de Imprensa Divisão Publicações Edição e coordenação de redação Adenilde Bringel (Mtb 16.649) Reportagem Adenilde Bringel, Juliana Fernandes, Karina Candido Fotos Rafael Guadalupe e Setor de Audiovisual da FEI Programação visual Maicon Silva

Fale com a redação

Colaboração Felipe Gonçalves Eramir Neto

A equipe da revista Domínio FEI quer saber a sua opinião sobre a publicação, assim como receber sugestões e comentários. Escreva para Av. Humberto de Alencar Castelo Branco, 3972, Bairro Assunção - S.B.Campo - SP CEP 09850-901, mande e-mail para redacao@fei.edu.br ou envie fax para o número (11) 4353-2901. Em virtude do espaço, não é possível publicar todas as cartas e e-mails recebidos. Mas a coordenação da revista Domínio FEI agradece a atenção de todos os leitores que escreveram para a redação.

4

DOMÍNIO FEI | AGOSTO DE 2009

CENTRO UNIVERSITÁRIO DA FEI Instituição associada à ABRUC


CARTA DO REITOR

Orgulho e satisfação Caros leitores, Com o lançamento da revista Domínio FEI, que chega às suas mãos a partir de agora, o Centro Universitário da FEI pretende ficar ainda mais próximo de ex-alunos, empresários, professores, empreendedores, gestores do setor empresarial e instituições. Com esta publicação pretendemos levar a vocês informações sobre tecnologia, ciência, mercado, pesquisa, gestão e inovação, que são produzidas dentro de nossa instituição por professores especializados em diferentes áreas, pesquisadores e também pelos nossos alunos, ou mesmo pelos nossos egressos, que atuam como profissionais em posições de destaque no mundo corporativo. Nossa intenção com esta publicação é, também, mostrar como a FEI tem evoluído ao longo dos anos e de que forma domina o conhecimento. Ao mesmo tempo, queremos incentivá-los a utilizar todo o conhecimento do Centro Universitário como instrumento para seu próprio aperfeiçoamento, seja por meio desta publicação ou de uma forma mais abrangente, participando do desenvolvimento e da produção deste conhecimento na pesquisa e na extensão, os quais estão inseridos, na sua essência, nos cursos de graduação, pós-graduacão lato sensu – especialização e MBA e stricto sensu – e mestrado. Gostaríamos que, a partir desta iniciativa, estivéssemos cada vez mais juntos, incentivando e estimulando mutuamente a integração empresaescola, a fim de contribuirmos para a formação das novas gerações de profissionais, para o desenvolvimento social e para a ciência, a tecnologia e a inovação em nosso País. Nesses 68 anos de história, a FEI conseguiu se firmar como sinônimo de excelência no ensino superior de Engenharia, Administração e Ciência da Computação e passou por várias transformações (veja matéria nas páginas 26 a 29). No entanto, nunca perdeu o foco da sua missão principal, que é a formação de profissionais altamente capacitados para o setor empresarial e com fortes valores humanísticos, sustentados pela ética, respeito ao próximo e justiça. Também estamos investindo fortemente na formação profissional de alta qualidade voltada à pesquisa, e passamos a incentivar, cada vez mais, a criação do conhecimento por meio da pesquisa científica. A cada edição da revista Domínio FEI vocês conhecerão alguns dos projetos que demonstram nossa atuação e evolução nesta área. A FEI vem aprimorando seus meios de comunicação com toda a comunidade e, com o lançamento da revista Domínio FEI, resgata também o contato com seus ex-alunos. Sentimos muito orgulho de saber que mais de 40 mil profissionais inseridos no mercado, e que ocupam posição de destaque em empresas e instituições, foram formados pela FEI. Sejam muito bem-vindos! Um abraço. Prof. Dr. Marcio Rillo Reitor do Centro Universitário da FEI

AGOSTO DE 2009 | DOMÍNIO FEI

5


Capa: Ktsimage/istockphoto.com

SUMÁRIO

12 ENTREVISTA CEO da Votorantim Novos Negócios conta trajetória de sucesso

7 10 16 22 24 26 30 32 34 INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL Pesquisadores da FEI desenvolvem inúmeros estudos com recursos de IA

6

DOMÍNIO FEI | AGOSTO DE 2009

19

DESTAQUES Em 11 anos, a FEI inscreveu seu nome em 13 missões, tanto brasileiras quanto da NASA Estudantes de Engenharia participam de competições e se destacam pelo talento PESQUISA & TECNOLOGIA Projetos em nanotecnologia da FEI envolvem segmentos de interesse da indústria nacional GESTÃO & INOVAÇÃO Inovação é a palavra de ordem no mercado e profissionais devem estar bem preparados Sustentabilidade socioambiental é fator fundamental para as empresas na atualidade ARQUIVO História do Centro Universitário começa em 1941, com um padre jesuíta vanguardista PÓS-GRADUAÇÃO Cursos em parceria com a SGS propiciam qualificação em Gestão Ambiental e Qualidade QUALIDADE DE VIDA Estresse em excesso pode trazer consequências danosas à saúde de indivíduos de todas as idades SUSTENTABILIDADE Projeto ‘Reciclagem de Resíduos’ dá destinação mais nobre ao material reciclável da FEI

SEÇÕES 35 Aconteceu 38 Agenda 40 Dicas 42 Artigo


DESTAQUES

Experimentos no espaço FEI é a única instituição privada do País a participar do programa de microgravidade da AEB

CTA/IAE

D

esde 1957, ano em que o primeiro satélite entrou em órbita – o soviético Sputnik –, a humanidade busca oportunidades fora do planeta que contribuam para avanços científicos. O ambiente de microgravidade, em que a ação gravitacional é quase nula, ajuda nessa empreitada. Os estudos a respeito do comportamento de reações bioquímicas em ambiente de microgravidade podem contribuir para a melhoria de processos industriais, químicos e biológicos, realizados em solo. Atentos a esse nicho, os departamentos de Engenharia Mecânica, Elétrica e Química da FEI pesquisam, desde 1998, o comportamento em microgravidade de algumas enzimas de interesse industrial, por meio do envio de experimentos em voos suborbitais e espaciais. A FEI é a única instituição privada brasileira a participar do programa de microgravidade da Agência Espacial Brasileira (AEB). Em 11 anos, a universidade inscreveu seu nome em 13 missões, tanto de foguetes de sondagem brasileiros quanto em voos do ônibus espacial Discovery, da NASA, em 1998, e a bordo da nave russa Soyuz TMA-8, que seguiu rumo à Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) durante a Missão Centenário, em 2006, e teve entre os tripulantes o astronauta brasileiro Marcos Pon-

tes. Os próximos embarques estão previstos para o segundo semestre deste ano e partirão do Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão. Em 2010, experimentos da FEI devem seguir em outra missão à ISS, partindo do Cazaquistão, na Ásia. Com o trabalho, a equipe formada por professores, pesquisadores e alunos do Centro Universitário da FEI pretende conhecer os agentes que mais influenciam, em microgravidade, reações bioquímicas envolvendo a enzima invertase. Posteriormente, espera-se que as informações obtidas permitam ajudar no melhor entendimento dos mecanismos de ação dessas enzimas em solo para, se possível, potencializar a catálise (aceleração) das reações químicas na indústria, assim como pensar em futuras aplicações de processos enzimáticos no espaço. Porém, as respostas obtidas até o momento não são conclusivas. “Os ensaios devem ser repetidos em número suficiente de vezes, tanto em solo como no espaço, para verificar se há confirmação dos resultados. Só assim poderemos tirar conclusões”, explica Alessandro La Neve, professor titular do Departamento de Engenharia Elétrica da FEI e coordenador do Projeto Microgravidade. O professor ressalta que a experiência tem sido positiva com relação ao desenvolvimento dos dispositivos, minilaboratórios dentro dos quais os experimentos embarcam. “Temos desenvolvido equipamentos cada vez mais sofisticados, como resultado do conhecimento específico adquirido pela equipe nesta área, que é da competência de poucos, atestando seu amadurecimento”, ressalta.

Veículo de sondagem VSB-30, na operação Cumã II, uma das missões que teve participação da FEI

AGOSTO DE 2009 | DOMÍNIO FEI

7


DESTAQUES

Trabalho minucioso e testes Da esq.: O aluno Renato Luiz Alves Cabral, os professores Maurício Silva Ferreira, Alessandro La Neve e Marcello Bellodi, e o funcionário do Laboratório de Elétrica Acácio Nunes

Projetados e construídos de acordo com requisitos pré-definidos, os dispositivos são submetidos, antes da aprovação para embarque, a testes rigorosíssimos em laboratórios do CTA (Comando Geral de Tecnologia Aeroespacial) e do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), ambos especializados na homologação de equipamentos que atendam ao padrão de qualidade espacial. No caso dos foguetes de sondagem nacionais, que são lançados da base de Alcântara, são realizados diversos ensaios de ordem mecânica, elétrica e química para garantir que os equipamentos possam suportar as condições severas e adversas a que são submetidos, tanto durante o lançamento como em voo. Os ensaios incluem, entre outros, testes de pressão,

vibração, vácuo, variações extremas de temperatura e umidade, estanqueidade, impacto e interferência eletromagnética. Os equipamentos devem funcionar satisfatoriamente em ambiente de microgravidade, sem sofrer nem causar qualquer tipo de dano aos outros experimentos ou equipamentos embarcados. Nas missões realizadas a bordo da ISS, outras exigências são observadas pelos avaliadores brasileiros e russos a fim de garantir a segurança, tanto da nave como dos astronautas. Entre outros, são verificados os tipos e a concentração de gases emitidos para o interior da nave, pelo experimento ou pelo equipamento, a fim de que não provoquem contaminações ou explosões. “A complexidade oferece uma dinâmica multidisciplinar e enriquecedora, pois envolve várias áreas da FEI e pesquisadores do INPE”, destaca Adriana Célia Lucarini, professora do Departamento de Engenharia Química da instituição, também envolvido nos estudos. Atualmente, a equipe da FEI trabalha no DMLM III (Dispositivo de Mistura de Líquidos em Microgravidade) e no CIM (Cinética da Invertase em Microgravidade), dispositivos presentes nas próximas missões no foguete brasileiro e na Estação Espacial Internacional, respectivamente. Outro projeto da FEI que embarcará no segundo semestre deste ano para a realização de experimentos dentro do Programa Microgravidade da AEB envolve um cabo elétrico recoberto por nanotubos de carbono depositados sobre uma superfície de alumínio. O objetivo é confrontar os resultados obtidos em solo por outra frente do trabalho já concluída na FEI (veja pág. 16).

Por que estudar enzimas? No corpo humano ou na natureza, as enzimas são proteínas que promovem e aceleram reações bioquímicas. A não-toxicidade e as vantagens diante de catalisadores químicos, como menor consumo energético e maior velocidade de reação, são características que também conferem às enzimas um importante papel na indústria. Entre as diversas enzimas existentes, a lipase e a invertase foram escolhidas pela FEI para os estudos pela farta literatura existente sobre o comportamento em solo, o que proporciona um parâmetro importante de comparações com resultados obtidos em microgravidade. No entanto, somente a invertase embarcará nos próximos lançamentos. As duas enzimas encontram uso nos setores alimentício, farmacêutico, de cosméticos e de limpeza. “A invertase, por exemplo, pode transformar sacarose (açúcar da cana) em frutose (açúcar das frutas), que tem alto valor comercial devido ao poder adoçante 20% maior”, aponta Adriana Lucarini. O mercado mundial de enzimas industriais movimenta mais de US$ 2 bilhões anuais.

8

DOMÍNIO FEI | AGOSTO DE 2009


rigorosos

CTA/IAE

“Esperamos obter perdas ainda menores de energia em ambiente de microgravidade”, ressalta Marcello Bellodi, do Departamento de Engenharia Elétrica da FEI, ao afirmar que o experimento com nanotubos em microgravidade é uma iniciativa pioneira em nível internacional. O estudo alavancará novas linhas de pesquisa e trará grandes benefícios comercialmente, como a redução da espessura de fios elétricos e da dimensão de transformadores em linhas de transmissão de energia, além da criação de equipamentos eletrônicos com maior portabilidade, entre outros. “A participação de universidades como a FEI, que foi a pioneira, em operações como essa é muito interessante”, enfatiza Flávio de Azevedo Corrêa Junior, membro do Grupo de Engenharia de Sistemas do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) e integrante do Programa Microgravidade da Agência Espacial Brasileira. O especialista acredita que esse tipo de iniciativa incentive outras pesquisas voltadas não só à microgravidade, mas à tecnologia aeroespacial.

ESTÍMULO NACIONAL As experiências da FEI no espaço são possíveis devido ao Programa de Microgravidade da Agência Espacial Brasileira (AEB). Com a iniciativa, criada em 1998, a AEB abriu espaço para que grupos de pesquisa em instituições nacionais, como universidades, tenham acesso ao ambiente de microgravidade para a realização de estudos em voos suborbitais e orbitais. Enquanto os primeiros são de curta duração – os experimentos ficam expostos à microgravidade por menos de 10 minutos – os orbitais, como os da ISS, permitem um tempo de exposição maior, de dias e até de meses. Além da FEI, o grupo de instituições brasileiras presentes no programa inclui a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), entre outras.

AGOSTO DE 2009 | DOMÍNIO FEI

9


DESTAQUES

Apren Alunos de Engenharia demonstram talento em competições universitárias

A TRADIÇÃO Com a colocação nos Estados Unidos, os futuros engenheiros reafirmam a tradição de bons resultados da FEI que, somente na categoria Baja, detém cinco títulos nacionais (2001, 2002, 2005, 2007 e 2009) e três mundiais (2004, 2007 e 2008). “O esforço ensina a dividir tarefas, estabelecer cronogramas e lidar com as falhas que surgem ao longo do processo”, afirma o capitão da equipe, Pedro Luiz.

aproximação de estudantes com a realidade das empresas é um desafio para as universidades. Em setores como a indústria automobilística, por exemplo, os níveis de exigência de qualidade, inovação e atendimento de prazos tornam esse contato ainda mais importante. Para integrar o futuro engenheiro ao competitivo mercado de trabalho, provas entre universidades são vitrines para apresentação de ideias materializadas em protótipos projetados e construídos pelos próprios estudantes. A frequente participação nessas iniciativas, o investimento realizado, o acompanhamento dos professores, a tecnologia e o talento

Fórmula entre os 10 melhores do mundo A outra categoria em que estudantes da FEI têm feito história é a Fórmula, cujos protótipos, semelhantes a carros de Fórmula 1, são preparados para rodar no asfalto. Apesar de as provas dessa modalidade serem disputadas nacionalmente há apenas cinco anos, a FEI já acumula dois títulos brasileiros, conquistados em 2006 e 2008, e um 10º lugar, inédito para o Brasil, na etapa mundial deste ano no SAE Michigan, o que colocou a equipe en-

10

DOMÍNIO FEI | AGOSTO DE 2009

tre as 10 melhores do mundo. A competição reuniu 92 protótipos de equipes universitárias de oito países, em maio, na cidade de Brooklyn, nos Estados Unidos. O protótipo da FEI, o RS4, foi um dos 33 carros a completarem todas as provas. “Um intenso trabalho de desenvolvimento nos ajudou a alcançar essa marca”, indica o capitão da equipe Jean Horcaio. Para exemplificar, o estudante do último ano de Engenharia Mecânica destaca os pneus, desenvolvidos em parceria com a

Pirelli. A inovação resultou em ganhos de velocidade e estabilidade, e destacou a equipe como a única da competição a rodar com pneus fabricados exclusivamente para o protótipo. Neste ano, o time Fórmula FEI tentará o tricampeonato na 6ª SAE Brasil-Petrobras, que será realizada em novembro, na cidade de Americana, interior de São Paulo. Se vencer novamente, a equipe ganha o direito de representar outra vez o Brasil na etapa mundial, em 2010.


der na prática dos alunos fazem do Centro Universitário da FEI uma das instituições brasileiras com o maior número de títulos e colocações de destaque em competições nacionais e internacionais promovidas pela Sociedade de Engenheiros Automotivos SAE (Society of Automotive Engineers). Na mais recente participação, 14 estudantes de Engenharia Mecânica, Mecânica Automobilística e Elétrica retornaram ao Brasil com o vice-campeonato na SAE Wisconsin, prova mundial da categoria Baja, cujos carros são projetados em estrutura tubular de aço para ambiente off-road. Liderada por Pedro Luiz Souza Pinto Filho, estudante de Engenharia Mecânica Automobilística, a equipe conquistou 937,19 pontos com o protótipo Dipton, ficando muito próxima dos campeões da Oregon State University, dos Estados Unidos, que fecharam o campeonato com 942,92 pontos. “Fica-

mos muito satisfeitos com a colocação. A diferença mínima de pontos para a primeira colocada mostra que o campeonato foi bem competitivo”, avalia Pedro Luiz, capitão do time há dois anos. O grupo obteve o segundo lugar no enduro de resistência e nas provas de aceleração e velocidade máxima, a terceira posição em relatório de custos do protótipo e foi o melhor na apresentação do projeto. Neste último item, Pedro Luiz destaca que as inovações na parte elétrica, como o uso de placas de aproveitamento da energia solar para carregar baterias e alimentar faróis, agradaram os jurados. A competição foi disputada em junho em Burlington, nos Estados Unidos, com mais de 100 equipes de nove países das Américas, África, Ásia e Europa. O próximo desafio da equipe Baja FEI é a prova SAE Brasil – Etapa Sudeste, nos dias 12 e 13 de setembro, em Minas Gerais.

“Projetos como o Baja e o Fórmula contribuem muito para o nosso desenvolvimento, pois nos propiciam uma vivência prática que não temos em sala de aula”, afirma o capitão Jean Horcaio.

Oportunidade internacional Graduado no curso de Engenharia Têxtil em 2008, Caio Amaral Sado (foto) venceu o Rieter Award 2009, organizado desde 1989 pela empresa Rieter Textile Systems, divisão da multinacional suíça produtora de máquinas e sistemas para a fabricação de fios e nãotecidos. A iniciativa, que destaca os melhores trabalhos universitários na área, oferecerá a Caio e a outros estudantes da Índia, Cazaquistão e Bangladesh uma viagem à Suíça, entre 28 de setembro e 3 de outubro, com visita à matriz da Rieter na cidade de Winterthur. “A oportunidade será enriquecedora na aquisição de experiências para minha qualificação como um profissional cada vez melhor”, ressalta o engenheiro de 22 anos, melhor aluno da turma de formandos 2008 da FEI, de acordo com premiação concedida pelo Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de São Paulo (CREA-SP), pelo Instituto de Engenharia (IE) e pelo Conselho Regional de Química (CRQ). Caio Amaral, que é analista de qualidade da Dalila Têxtil, em Santa Catarina, concorreu ao prêmio com dois trabalhos enviados ao concurso em novembro de 2008, quando cursava o último semestre na FEI. Um deles abordava a influência no produto final das alterações de regulagens das máquinas presentes na fabricação de nãotecidos. O segundo – que foi o trabalho de conclusão de curso – comparava uma análise de fios e tecidos de malha produzidos a partir de fibras de viscose de bambu com a viscose tradicional. O ex-aluno considera a graduação na FEI fundamental para a conquista. “É a faculdade quem escolhe o candidato que irá representá-la e, com o status que o curso de Engenharia Têxtil da FEI tem no Brasil, certamente a indicação conta bastante”, avalia.

AGOSTO DE 2009 | DOMÍNIO FEI

11


Talento O engenheiro de Produção Paulo Henrique de Oliveira Santos, formado pelo Centro Universitário da FEI (na época Faculdade de Engenharia Industrial) em 1983, alcançou sucesso na carreira graças à sua competência, dedicação e formação. Depois de alguns anos de atuação no setor bancário, Paulo Henrique recebeu a missão de estruturar uma nova empresa para o Grupo Votorantim e criou a Votorantim Novos Negócios (VNN), da qual é diretor-presidente desde 2000. O executivo, que é pós-graduado em Administração de Empresas e tem especialização na Harvard Business School, conta nesta entrevista exclusiva como obteve sucesso na carreira e para onde caminham os negócios da empresa que dirige.

APESAR DE JÁ TER UMA CARREIRA CONSOLIDADA NO BRASIL E NO EXTERIOR, ASSUMIR A RESPONSABILIDADE DE CRIAR A VOTORANTIM NOVOS NEGÓCIOS FOI UM GRANDE DESAFIO? Sem dúvida foi meu maior desafio, porque começamos do zero, com um pedaço de papel em branco. Além disso, na época em que criamos a empresa havia a expectativa dos acionistas do Grupo Votorantim de criar algumas opções de investimento no mundo da internet. A ‘bolha’ da internet explodiu logo depois que criamos a empresa e, por sorte, e por uma questão de visão estratégica também, não tínhamos muitos investimentos em inter-

12

DOMÍNIO FEI | AGOSTO DE 2009


ENTREVISTA – PAULO HENRIQUE DE OLIVEIRA SANTOS

para encarar desafios net, então não perdemos muito dinheiro. Não quero dizer que não poderíamos ter criado valor investindo na internet, só quero dizer que quando estávamos montando a VNN já sentíamos que estávamos atrasados para aproveitar aquela onda.

do Brasil; e a Votorantim Novos Negócios. São três holdings que respondem ao Conselho do Grupo Votorantim. As empresas da carteira da Votorantim Novos Negócios são parte do Grupo, mas respondem à nossa empresa.

A VOTORANTIM NOVOS NEGÓCIOS FOI CRIADA COM QUAL OBJETIVO? Os objetivos basicamente são dois: criação de valor acima dos negócios tradicionais do Grupo, e expor aos executivos e acionistas do Grupo Votorantim novos modelos de negócios, novas ideias e novas tecnologias para criação de opções estratégicas de negócios futuros. Montamos e compramos algumas empresas no decorrer desses nove anos que criaram muito valor para os acionistas, e também empresas novas e diferentes, que trouxeram novos conhecimentos e novas opções, tanto para os acionistas quanto para os executivos do Grupo. Poderia dizer que os dois objetivos traçados foram, até agora, alcançados.

ESSES NOVOS NEGÓCIOS SÃO ADQUIRIDOS PARA

AS

NOVAS EMPRESAS PASSAM A FAZER PARTE

GRUPO VOTORANTIM? As empresas fazem parte do Grupo Votorantim, mas embaixo da estrutura da Votorantim Novos Negócios. O Grupo tem três grandes holdings: a Votorantim Industrial, que tem os principais ativos como cimento, papel, celulose, metais; a Votorantim Finanças, com o Banco Votorantim, que agora tem parceria com o Banco DO

SEREM NEGOCIADOS OU FICAM DENTRO DO

GRUPO VOTORANTIM? O fim é que as novas empresas sejam negociadas, tanto para o próprio Grupo como para terceiros ou por abertura de capital. É uma estrutura de transição. Se o negócio crescer e ficar bem interessante, o Grupo pode adquirir. Se o Grupo achar o negócio interessante, mas um desafio muito distante da sua área de competência, temos a possibilidade de vender para um terceiro. A abertura de capital dessas empresas também faz parte do mandato da VNN. O SENHOR AFIRMOU RECENTEMENTE QUE A CRISE ECONÔMICA MUNDIAL PODERIA CRIAR MUITAS OPORTUNIDADES DE NEGÓCIOS, PRINCIPALMENTE PARA AQUISIÇÃO DE EMPRESAS POR UM PREÇO MAIS JUSTO.

ESSAS

OPORTUNIDADES

FORAM EFETIVAMENTE CRIADAS?

Não vimos muitos ajustes de preço nas empresas com a crise econômica. Acho que isso está acontecendo, mas de uma maneira mais lenta do que esperávamos. Mas acredito que ainda teremos algumas oportunidades no decorrer deste e do próximo ano.

AS EMPRESAS DA VOTORANTIM NOVOS NEGÓCIOS SÃO DIVERSIFICADAS OU DE UM SEGMENTO ESPECÍFICO? São ativos diversificados. Temos empresas na área de biotecnologia, Tecnologia da Informação (TI), distribuição e mineração. Atualmente, a empresa com mais peso no portfólio é a Tivit, que é da área de TI. A Tivit, de certa forma, foi um bom resultado do boom da internet. Em 2002, logo após o estouro da bolha da internet, compramos um ativo que estava quebrando, desenvolvemos um novo modelo de negócio e consolidamos a Tivit com a compra de outros ativos. Até que, em 2007, em uma fusão com outra empresa que era do nosso portfólio também, criamos a Tivit atual. Estamos crescendo como estava programado. O crescimento da Tivit beira 40% ao ano. Hoje, a Tivit é uma empresa de aproximadamente R$ 1 bilhão de faturamento. COMO É POSSÍVEL ADMINISTRAR EMPRESAS DE SEGMENTOS TÃO DISTINTOS? Dividimos o portfólio em áreas de conhecimento, áreas de afinidade entre os executivos da VNN. No meu caso, sou um generalista, porém, desenvolvi conhecimento específico em algumas indústrias, como a de TI. COMO ESTÁ O TRABALHO DA VNN NA ÁREA DE BIOTECNOLOGIA? Nós tínhamos duas empresas focadas em biotecnologia onde desenvolvíamos

“Não vimos muitos ajustes de preço nas empresas com a crise econômica. Acho que isso está acontecendo, mas de uma maneira mais lenta do que esperávamos” AGOSTO DE 2009 | DOMÍNIO FEI

13


ENTREVISTA – PAULO HENRIQUE DE OLIVEIRA SANTOS variedades transgênicas e não-transgênicas de cana-de-açúcar, mas vendemos em outubro passado por entender que esse negócio, sob nossa administração, já tinha atingido o seu valor máximo. Hoje, temos um investimento na área, que é a participação em uma empresa chamada Amyris, que desenvolve diesel a partir do melaço do açúcar. É uma tecnologia patenteada pela companhia, que já mostra resultados bastante promissores. Já temos diesel sendo produzido, mas ainda em uma escala não industrial. Mas está indo muito bem, melhor do que estávamos esperando. QUAIS SERÃO OS PRÓXIMOS PASSOS DA EMPRESA A PARTIR DE AGORA? Não sairemos muito dessas áreas. No segundo semestre deste ano discutiremos a inclusão de uma ou outra área. Mas não é nossa intenção abrir muito o leque de indústrias. A FORMAÇÃO EM ENGENHARIA FOI IMPORTANTE PARA QUE O SENHOR SEGUISSE ESSA TRAJETÓRIA DE SUCESSO? Muito importante. A formação foi fundamental para que eu seguisse essa trajetória. Acredito que foi a Engenharia que me deu essa base para chegar aonde cheguei. Sem dúvida foi importante. O SENHOR SE FORMOU EM 1983 EM ENGENHARIA, MAS NÃO EXERCEU A PROFISSÃO... Formei-me engenheiro em uma época duríssima, em que era muito difícil arrumar emprego como engenheiro. A maioria dos engenheiros acabava indo trabalhar nas instituições bancárias e foi mais ou menos o que eu fiz. Fiz um estágio no quarto ano da faculdade na antiga Metal Leve – hoje Mahle – e vi que não era com Engenharia que queria trabalhar. Mas o curso dá uma base muito forte em Matemática e na FEI era preciso ter muita disciplina e dedicação nos estudos para passar de semestre. E isso me deu a base muito forte para chegar aonde eu cheguei. Depois de formado, surgiu a opor-

14

DOMÍNIO FEI | AGOSTO DE 2009

tunidade de trabalhar em um banco brasileiro que tinha participação de um banco estrangeiro e eu fui. Trabalhei como tesoureiro, gerente de relacionamentos. Fui para os Estados Unidos como colaborador desse banco, onde fiquei três anos, voltei ao Brasil em 1992 e fui para o Banco Votorantim. Dentro do Grupo Votorantim atuei também na área de metais, mineração e metalurgia, fiz privatizações e, por fim, montei a Votorantim Novos Negócios.

“A Engenharia foi fundamental para que eu seguisse essa trajetória” O SENHOR ACHA QUE O MERCADO PARA FORMADOS EM ENGENHARIA APRESENTOU ALGUMA MELHORA NOS ÚLTIMOS ANOS? Sim. Com a estabilidade da economia brasileira e o consequente aumento de investimentos, nacionais e estrangeiros, houve uma melhora sensível nas oportunidades de emprego para engenheiros em várias áreas. QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS FERRAMENTAS PARA SEGUIR UMA CARREIRA DE SUCESSO COMO A SUA?

Hoje, mais do que antes, a competição é muito acirrada. Vai se destacar, principalmente no início da carreira, quem tiver uma boa formação, mas é preciso ter muita vontade e dedicação para se conseguir alguma coisa. Sorte também é importante. Além disso, é fundamental gostar do que se faz.

É DIFÍCIL ENCONTRAR PROFISSIONAIS BEM FORMADOS E QUALIFICADOS ATUALMENTE? Sempre é difícil encontrar, atrair e principalmente reter bons profissionais. Mesmo em um período como o que estamos vivenciando no momento, em que a economia não está tão aquecida, os bons profissionais são sempre muito disputados. OS JOVENS CHEGAM PREPARADOS OU PRECISAM SER LAPIDADOS NAS EMPRESAS? É natural que o profissional recémformado precise ser treinado para enfrentar os problemas nessa nova fase da sua vida. Na minha opinião, as faculdades têm por obrigação enfatizar a formação teórica, porém, deveriam ensinar sem perder o foco na parte prática. Entretanto, a lapidação e o treinamento mais profundo para a necessidade da empresa terá de vir da própria empresa e da experiência que se obtém no dia-a-dia. O

QUE DIRIA PARA OS JOVENS QUE ESTÃO SE

FORMANDO E QUEREM SEGUIR UMA CARREIRA DE SUCESSO?

Sempre procurar se atualizar, saber aonde quer chegar e planejar a carreira. Eu sempre planejei a minha carreira, desde a saída da faculdade. Planejo a minha vida, em ciclos de cinco em cinco anos, e até agora tem dado razoavelmente certo. Claro que não é uma linha reta, às vezes é preciso replanejar no meio, mas nunca deixo de fazer esse exercício. E é assim também na minha vida particular. O SENHOR JÁ CHEGOU AONDE QUERIA? Já cheguei a uma posição bastante interessante, mas é sempre bom sonhar com mais. Não se pode parar de sonhar. Se pararmos de sonhar estamos fadados a definhar. É sempre bom ambicionar alguma coisa a mais. O

QUE O SENHOR FAZ PARA ELIMINAR O ES-

TRESSE DA ROTINA DIÁRIA?

Tenho uma atividade física intensa. Sempre fiz esportes. Corro quase todos os dias há pelo menos 15 anos. Também


“Se fosse começar de novo a minha vida não faria nada diferente” tenho uma família muito bem estruturada, o que é importante para não estressar mais ainda. Tenho três filhos e sou casado há 25 anos. Além disso, gosto do que faço. O estresse maior é quando fazemos aquilo que não gostamos. QUAIS

SÃO SUAS MELHORES LEMBRANÇAS DA

FACULDADE?

A faculdade me trouxe um senso de responsabilidade que eu não tinha. Entrei na faculdade com apenas 17 anos e, na época, não era irresponsável, mas muito desligado. Mas, na FEI não tinha esse negócio de dar uma ‘enroladinha’ na matéria, e isso foi muito importante para a minha formação. Quem não tinha disciplina não conseguia se formar. Acho que as lições aprendidas e as experiências vividas na faculdade foram fundamentais para a minha vida pessoal e profissional. O SENHOR SE LEMBRA DE ALGUM CASO ENGRAÇADO DA ÉPOCA?

Eu me lembro de uma prova de Desenho Industrial que pedia para duplicar o tamanho de uma figura. Então, vejo um

amigo com a prova na mão já para entregar. Olhei no desenho e vi que ele tinha errado a escala e que, ao invés de multiplicar por dois, tinha dividido por dois

“Não se pode parar de sonhar. Se pararmos de sonhar estamos fadados a definhar” (risos). O desenho ficou minúsculo, mal dava para enxergar os detalhes. Isso virou piada o resto do curso. A faculdade foi uma época boa. Foi uma época muito gostosa e que me traz boas recordações.

POR QUE A ESCOLHA PELA FEI? Sinceramente, eu era muito jovem e não sabia direito o que queria fazer. Acho que isso continua sendo o problema da maioria dos jovens. Sabia que gostava muito de Matemática. Então resolvi que queria fazer uma faculdade de Engenharia com uma boa reputação e, como vários amigos estavam entrando na FEI, também prestei vestibular na FEI. ATUALMENTE, A FEI TEM CURSOS NAS ÁREAS ENGENHARIA, CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO. QUAL A SUA OPINIÃO SOBRE ESTAS ÁREAS? A Ciência da Computação, sem dúvida, é uma das áreas mais promissoras hoje e será daqui a 20, 30 anos. Já Engenharia e Administração são áreas mais tradicionais que dão uma abrangência muito grande de conhecimento para os jovens. Considero as três áreas muito interessantes. DE

SE

FOSSE PARA COMEÇAR NOVAMENTE, O SE-

ENGENHARIA? Sem dúvida. Se fosse começar de novo a minha vida não faria nada diferente. NHOR FARIA

AGOSTO DE 2009 | DOMÍNIO FEI

15


PESQUISA & TECNOLOGIA

Mundo em miniatura Nanotecnologia já é uma realidade no Centro Universitário da FEI

A

ssociada a áreas de pesquisa e produção como Medicina, Física, Química e Engenharia, entre outras, a nanotecnologia surgiu com a proposta de formular novos produtos e trazer inovações aos já existentes, por meio de tecnologias que têm em comum o fato de manipularem materiais nanoestruturados na ordem de tamanho de 10-9m. Os benefícios do desenvolvimento dessa ciência – que estuda a manipulação de átomos e moléculas que podem ser até 70 mil vezes menores que um fio de cabelo – são os mais variados. Para a Medicina, a nanotecnologia traz grandes esperanças no tratamento de doenças como o câncer, graças à possibilidade de dirigir uma partícula para um tipo de célula específica, sem atingir as demais. Na área de materiais, tanto é possível desenvolver novos produtos como torná-los mais resistentes, mais leves ou com propriedades diferenciadas. No Centro Universitário da FEI, diversos trabalhos são desenvolvidos com o uso da nanotecnologia. Em um dos estudos, intitulado 'Nanotubos de Carbono: reduzindo perdas em

Marcello Bellodi integra o Grupo de Estudos da área na FEI

sistemas de transmissão de energia', o estudante Eric Costa Diniz, do curso de Engenharia Elétrica, conseguiu reduzir em 65% as perdas de energia elétrica durante transmissão feita por cabos de alumínio usados na construção civil. O trabalho envolveu um cabo elétrico recoberto por monocamadas de nanotubos de carbono depositadas sobre fios de alumínio. “Com o depósito dos nanotubos, a resistência elétrica do material metálico, no caso o alumínio, é menor, o que facilita a passagem da corrente elétrica e gera economia no gasto de energia”, explica o

16

DOMÍNIO FEI | AGOSTO DE 2009


Ricardo Belchior Tôrres, da Engenharia Química, desenvolve pesquisa com catalisadores

Da

vid

Fre

un

d

Estudos incluem produção de biodiesel

professor do Departamento de Engenharia Elétrica e integrante do Grupo de Estudos sobre Nanotecnologia da FEI, Marcello Bellodi. Eric conquistou o primeiro lugar da categoria ‘Estudante Novas Ideias – Energia’, na terceira edição do Prêmio Werner von Siemens de Inovação Tecnológica, em dezembro de 2008. O projeto foi escolhido entre 253 trabalhos inscritos por alunos de graduação e pós-graduação do Brasil. O projeto de nanotubos pode ter vários desdobramentos nas áreas de Engenharia Elétrica, Química e Mecânica, entre outras.

Em um dos projetos do curso de Engenharia Química da FEI há um estudo sobre o uso de nanopartículas como catalisadores heterogêneos na produção de biodiesel. O objetivo das pesquisas é favorecer, no futuro, o aprimoramento dos processos e a redução de custos para a produção de biodiesel em escala industrial. Embora ainda estejam no começo das pesquisas, alguns resultados com óleo de soja já são considerados promissores. Segundo Ricardo Belchior Tôrres, professor do Departamento de Engenharia Química da instituição, nos estudos preliminares em laboratório o uso de nanopartículas de óxido de alumínio dopado com magnésio como catalisador na reação de transesterificação do óleo de soja tem se mostrado uma possível alternativa no processo, em substituição aos catalisadores convencionais como hidróxido de sódio e hidróxido de potássio. Um projeto em colaboração do professor Ricardo Tôrres e o professor Ricardo Castro, da Universidade de Davis, na Califórnia, está sendo submetido à National Science Foundation (NFS) com o objetivo de desenvolver nanopartículas que possam ser utilizadas como catalisadores. Realizados preliminarmente em escala laboratorial, os estudos têm como objetivo avaliar as diferentes variáveis de processo para produção de biodiesel, como tempo e temperatura de reação. Em reações de produção de biodiesel utilizando catalisadores homogêneos com diferentes oleaginosas, como óleo de mamona e girassol, além de óleo de fritura reciclado, os projetos desenvolvidos no departamento têm obtido um grau de conversão acima de 90%. “A viabilidade técnica da reação usando catálise heterogênea pode levar ao desenvolvimento de catalisadores que poderão reduzir custos de produção no futuro”, informa Ricardo Tôrres.

AGOSTO DE 2009 | DOMÍNIO FEI

17


DigitalVision

Trabalhos centralizados

Nanotecnologia contra o câncer Um dos maiores desafios dos especialistas que atuam na área de nanotecnologia é descobrir como determinada substância que já existe em escala macro irá se comportar em escala nanométrica, já que as propriedades podem ser muito diferentes. O coordenador do Departamento de Física da FEI, Vagner Bernal Barbeta, e o professor Roberto Baginski estudam o comportamento de nanopartículas magnéticas como a magnetita (óxido de ferro), com objetivo de compreender as propriedades do material em diferentes escalas para futuro desenvolvimento de novas tecnologias para diversas aplicações. O ímã, em sua forma macro, tem propriedades conhecidas, mas sabe-se que em escala nano as propriedades se alteram. “Nesta escala, cada nanopartícula se

18

DOMÍNIO FEI | AGOSTO DE 2009

comporta como um pequeno ímã que reage a um campo magnético de modo muito mais intenso do que em escala macroscópica”, explica Roberto Baginski. Tal característica traz grandes benefícios, por exemplo, no tratamento do câncer, pois as nanopartículas magnéticas inseridas na composição do medicamento são capazes de guiá-lo especificamente até as células cancerígenas, sem afetar as saudáveis. Muitos pesquisadores acreditam que, uma vez injetadas no organismo, as nanopartículas trarão ainda mais avanços na luta contra a doença. A expectativa se justifica porque, submetidas a um campo magnético oscilante, as nanopartículas serão capazes de aumentar a temperatura do tecido de células cancerígenas, que não costumam resistir a temperaturas superiores a 41ºC.

Em 2008, o Centro Universitário da FEI criou o Grupo de Nanotecnologia. Coordenado por Francisco Ambrozio Filho, coordenador do Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais, o grupo tem por objetivo unificar todas as iniciativas em nanotecnologia existentes na instituição, independentemente da área à qual esteja vinculada. “Nossa intenção é gerar incentivo para que mais alunos e professores se envolvam no desenvolvimento de pesquisas em nanotecnologia, um segmento tão promissor”, enfatiza Ambrozio Filho. Até 2015, estudos indicam que o mercado de produtos nanotecnológicos vai superar US$ 1 trilhão e que metade dos produtos a serem lançados, independentemente do setor econômico, terão base nanotecnológica.

Francisco Ambrozio Filho, coordenador de Metalurgia e Materiais


PESQUISA & TECNOLOGIA

Da ficção para a realidade P

Andrey Volodin

Recursos de Inteligência Artificial envolvem dezenas de projetos na FEI

resente em filmes como '2001 – Uma odisseia no espaço', de Stanley Kubrick, no qual uma equipe de astronautas é enviada a Júpiter totalmente sob controle do computador HAL 9000; e o próprio 'A.I. – Artificial Intelligence', de Steven Spielberg, que conta a história de um cientista que cria um robô-menino com sentimentos e feições humanas, a Inteligência Artificial (IA) sempre foi alvo de muitas especulações e debates. Digna de grandes expectativas, essa área de pesquisa ligada à Ciência da Computação visa a criação de sistemas que aprendem a tomar decisões corretas e de forma automática, para resolução de problemas em curto período de tempo. Basicamente, o que diferencia um sistema com inteligência artificial dos outros

é a presença de alguma função que soluciona o que as técnicas existentes não conseguem resolver. Novidades com recursos da IA estão cada vez mais presentes no dia-a-dia das pessoas do mundo inteiro – embora muitas nem percebam – e instituições de ensino e pesquisa também dedicam grandes esforços no sentido de desenvolver inovações na área. No Centro Universitário da FEI, os últimos anos têm sido de importantes avanços em estudos de inteligência artificial. Além da evolução das técnicas utilizadas, o que já é realidade na FEI, a IA desperta cada dia mais interesse em professores e alunos. Muitos trabalhos com uso de ferramentas da IA também têm sido publicados em forma de artigos técnicos e científicos nacionais e internacionais.

AGOSTO DE 2009 | DOMÍNIO FEI

19


PESQUISA & TECNOLOGIA Rosângela Gin, do Departamento de Física, atua no estudo

Projeto Relâmpago Com objetivo de avaliar o comportamento de descargas atmosféricas na região de São Bernardo do Campo, seis estudantes dos cursos de Engenharia Elétrica, Mecânica e Ciência da Computação da FEI, juntamente com os professores Reinaldo Bianchi e Mario Kawano, do Departamento de Engenharia Elétrica, e Rosangela Gin, do Departamento de Física, desenvolveram sensores elétricos e óticos que ficam espalhados pelo campus da FEI, para monitoramento de tempestades. Capazes de capturar e armazenar informações como tipo de relâmpago – de longa ou curta duração, alta ou baixa periculosidade – , quando ocorreu e outras características, os sensores óticos identificam e clas-

sificam os fenômenos por meio do recurso de visão computacional de inteligência artificial. “Conhecer os fenômenos nos permite saber quais tempestades podem provocar enchentes, qual o período de maior atividade e quais as áreas de maior risco, para auxiliar órgãos de Defesa Civil”, enfatiza Rosangela Gin. Um dos membros da equipe, o aluno de mestrado em Engenharia Elétrica Marcelo Biancão, está desenvolvendo um sistema que aplica diversas ferramentas de uma das áreas da inteligência artificial – Visão Computacional – para, usando algoritmos de processamento e classificação de imagens, realizar a captura e análise de imagens de forma automática.

Um passo no futuro

20

Mais conforto e simplicidade

Doenças psiquiátricas e reconstrução de faces

Um sistema de automação residencial inteligente baseada em comportamentos, desenvolvido pelo professor Flavio Tonidandel, utiliza IA e identifica os habitantes por meio das combinações de roupas e acessórios, além de aprender os hábitos de cada morador para que possa desempenhar automaticamente ações repetitivas, proporcionando comodidade sem exigir nenhuma adaptação no modo de vida. Outro projeto da FEI que visa facilitar a vida das pessoas é o Interface Adaptativa Inteligente, que utiliza a IA para identificar perfis e criar uma interface WEB mais dinâmica e que se adapte automaticamente para o tipo de perfil do usuário, seja avançado ou novato. Em todos esses projetos, a inteligência artificial serve para identificar perfis e comportamentos e tomar decisões. “Apenas com a aplicação de IA isso é possível, caso contrário, teríamos apenas um sistema padrão rígido e com pouca adaptabilidade”, enfatiza Flavio Tonidandel.

O projeto visa a criação de modelos computacionais de análise de neuroimagem do cérebro humano para detecção de desordens cerebrais. “O programa é submetido a modelos matemáticos de IA, que decidem se aquela imagem é de um cérebro com Alzheimer ou não e por quais características”, exemplifica o professor do Departamento de Engenharia Elétrica da FEI, Carlos Eduardo Thomaz, que coordena o trabalho junto com o professor Paulo Eduardo Santos. O programa é desenvolvido com a ajuda de radiologistas e psiquiatras da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e recebe apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Carlos Eduardo Thomaz coordena, ainda, projeto apoiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) que propõe a criação de um programa para modelagem e reconstrução de imagens de face de crianças e pessoas desaparecidas. Por meio de ferramentas de reconhecimento de padrões, o programa faz o envelhecimento automático da face do indivíduo, baseado nas características dos familiares, para informar, por exemplo, como a criança estaria cinco anos depois.

DOMÍNIO FEI | AGOSTO DE 2009


Futebol inteligente Robôs capazes de interagir para alcançar um objetivo, que é marcar gols e evitar gols do adversário, é outro projeto de IA desenvolvido na FEI. Desde 2003, um grupo de alunos de Ciência da Computação, Engenharia Elétrica e Engenharia Mecânica, junto com o coordenador do curso de Ciência da Computação e professor da disciplina de IA, Flavio Tonidandel, desenvolve o projeto Futebol de Robôs. Projetados e construídos pelos estudantes, os robôs são comandados por um programa executado em tempo real no computador. Duas câmeras, instaladas a uma altura de três a quatro metros, captam as imagens da partida e enviam ao computador que, via radiofrequência, controla os robôs. Dentre os recursos de IA utilizados estão algoritmos de visão computacional, que fornecem informações sobre a posição da bola e dos jogadores; planejamento, para que o robô saiba fazer uma jogada e marcar gol; e sistemas multiagentes de raciocínio, baseados em ações do ser humano. A equipe participa de competições nacionais e mundiais, o que incentiva ainda mais o envolvimento dos estudantes. Paralelamente, o professor do Departamento de Engenharia Elétrica, Reinaldo Bianchi, desenvolve projeto de aprendizado para futebol de robôs que visa ensinar quais algoritmos de visão um robô deve usar para desempenhar melhor as tarefas.

Flavio Tonidandel coordena o curso de Ciência da Computação

Conhecimento espacial e cirurgias robóticas

Modelagem craniofacial e diagnóstico preciso

O projeto trabalha a aplicação de um sistema de raciocínio espacial em robôs a partir de dados de visão estéreo (com duas câmeras, o que permite ver em três dimensões), para interpretação e atuação em ambiente que qualquer agente inteligente está inserido. “A partir da informação visual, os robôs conhecem os movimentos dos objetos e seu próprio movimento, começam a explorar outras informações, interpretam os dados e definem ações para mudar aquele mundo”, diz o coordenador do projeto e professor adjunto do Departamento de Engenharia Elétrica da FEI, Paulo Eduardo Santos. O professor também coordena um trabalho de solução automática para problemas espaciais que envolvem materiais flexíveis. O problema espacial é transformado em fórmula com linguagem que o computador possa entender, resolver e associar ao objeto real. O conhecimento pode ser aplicado, por exemplo, na movimentação da agulha ao realizar sutura no estômago em cirurgias robóticas.

Um software desenvolvido na FEI é capaz de analisar dados e modelar próteses craniofaciais personalizadas para pessoas com defeito na face. “O software consegue distinguir o que é osso e o que é prótese, e classifica partes do crânio humano com recursos da IA, como redes neurais”, afirma o coordenador do projeto, Paulo Sérgio Rodrigues, professor do mestrado de Engenharia Elétrica e especialista em visão computacional. Desenvolvido para auxiliar radiologistas a realizarem um diagnóstico mais preciso, outro projeto coordenado pelo professor propõe a criação de um software que, ao encontrar um tumor na imagem de ultrassom da mama, saiba, automaticamente, se há maior probabilidade de ser maligno ou benigno. O programa possui recursos de IA para tomar decisões a partir de um banco de dados com todas as características dos tumores. A realidade aumentada é mais uma tecnologia trabalhada na FEI, na qual o computador é capaz de reconhecer e codificar um símbolo, por meio de um marcador artificial. A novidade é que o sistema combina iluminação, textura e cor de modo a tornar a composição final mais realista. AGOSTO DE 2009 | DOMÍNIO FEI

21


GESTÃO & INOVAÇÃO

Mercado exige inovação Ba

rt

e Co

nd

É importante se renovar para atender às necessidades do mundo globalizado, que precisa de gestores com diversidade étnica, cultural e tecnológica

ers

Perspectiva social e ambiental As empresas inovadoras são capazes de se transformar, desenvolvendo novas competências e negócios com visão voltada para o futuro. Mas, sobretudo, são companhias que avaliam o impacto social e ambiental de suas ações, o que exige dos gestores, além de competência, sensibilidade a esses fatores. Os mais recentes conceitos pregam que uma

22

DOMÍNIO FEI | AGOSTO DE 2009

organização inovadora sustentável deve estar em constante processo de aprendizagem e pautar seus negócios baseada em três frentes: social, ambiental e desenvolvimento econômico. A professora de graduação e mestrado de Administração da FEI, Isabella Vasconcelos, afirma que as ações devem ser internas (direcionadas aos funcionários)

e externas (voltadas à comunidade). Esse modelo pressupõe respeito às comunidades e às culturas locais, inserção de minorias e parcerias com órgãos e entidades para programas de desenvolvimento regional. “Não adianta ser inovador se essa ação gera depredação ao meio ambiente e prejuízos sociais. Não há como separar sustentabilidade de inovação”, avalia.


A

cada ciclo de desenvolvimento surge a exigência de um novo perfil de profissional, que deve estar alinhado com as necessidades das empresas e da sociedade dentro de um contexto mundial. Se até a década de 1990 o mercado precisava de gestores com experiência técnica, qualificados para difusão de novas práticas de gestão aliadas à eficiência, critérios de qualidade e produtividade, atualmente há necessidade de profissionais capacitados com as novas competências de gestão, liderança de projetos inovadores, consciência e ética financeira, responsabilidade ambiental e social e habilidade de formação de pensamento estratégico global. Além disso, os gestores devem estar amplamente alinhados com as novas visões de inovação e sustentabilidade. O conceito de inovação surgiu na década de 1980 nos países da União Europeia e ganhou relevância com a publicação do Manual de Oslo, lançado em 1992 pela Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento do Departamento Estatístico da Comunidade Europeia, com diretrizes sobre inovação tecnológica. Entre outras afirmações, o manual destaca que ‘o desenvolvimento tecnológico e a inovação são cruciais para o crescimento da produtividade e do emprego’. No Brasil, o conceito começou a ser adotado com a abertura da economia, na década de 1990, quando ocorreu a expansão das operações de investimento estrangeiro no País.

Durante aproximadamente 10 anos, entretanto, as inovações estavam direcionadas à tecnologia, e foi somente a partir do ano 2000 que as corporações perceberam que havia uma fragilidade na gestão de negócios. “Foi a partir daí que o empresário brasileiro incorporou estratégias inovadoras como modelo do negócio”, explica o professor de graduação e do Programa de Mestrado de Administração da FEI, na área de Estratégia e Gestão da Inovação, Roberto Bernardes. Com isso, as empresas passaram a procurar profissionais mais bem preparados para atuarem seguindo o contexto da nova realidade empresarial, que exigia mais sintonia com as melhores práticas mundiais de gestão. A maior prova da necessidade de profissionais comprometidos com a gestão inovadora dos negócios é a quantidade de programas de pós-graduação em Administração e MBA (Master Business Administration), que surgiram no Brasil a partir de 2000. “Atualmente, são 80 programas de pós-graduação e 3 mil cursos de MBA no Brasil, além de 3.420 cursos de graduação em Administração”, reforça Bernardes. Entre os fatores que influenciam na formação de um bom gestor está a diversidade étnica, cultural e tecnológica, e princípios de diplomacia empresarial. Além disso, o mercado busca profissionais que tenham experiência na área social, exerçam a ética nos negócios e saibam tomar decisões com perspectiva global.

Para ser considerada uma organização inovadora sustentável também é preciso que a empresa mantenha aberto o debate, de forma a estimular o confronto criativo e a diversidade de opiniões e metas. “Para tanto, o principal executivo deve saber promover o confronto criativo sem deixar recair para o lado pessoal, o que nem sempre é uma tarefa fácil”, opina a professora.

Estimuladas a se enquadrarem nesse novo conceito, muitas organizações já buscam profissionais com diferentes formações para o papel de gestor, como engenheiros, administradores e especialistas em RH, além de contratarem consultores formados em Filosofia para estimular o debate de alto nível. “Se todos pensam de maneira igual o debate fica mediocrizado”, diz.

Roberto Bernardes: empresas buscam profissionais mais bem preparados

Inovador Um gestor que pretenda gerenciar projetos inovadores deve ter competência para criar o projeto, desenvolver o plano de negócio, adquirir competências em P&D, captar recursos de financiamento, interagir com o sistema nacional de inovação e gerir processos de conhecimento e co-propriedade intelectual. Tudo isso aliando um conjunto de interesses de vários parceiros para sua viabilização, porque os fluxos de investimentos e de conhecimento podem vir de diferentes países, com realidades políticas e características econômicas distintas. O novo perfil do profissional de Administração exige, ainda, conhecimento, capacidade de liderança e vocação empreendedora com sensibilidade social. “Gestores devem ser líderes transformadores e não executivos por detrás de uma mesa”, diz Roberto Bernardes.

Isabella Vasconcelos afirma que diferentes formações tornam o debate de alto nível

AGOSTO DE 2009 | DOMÍNIO FEI

23


Theodoro Agostinho Peters Filho coordena o curso de Administração da FEI

Panorios/istockphoto.com

GESTÃO & INOVAÇÃO

Administrad ores Administradores com visão global Comprometida com as necessidades de um mercado cada vez mais exigente e inovador, a formação em Administração na FEI abrange todas as áreas da atividade empresarial, sempre direcionada à atualidade dos negócios. O curso tem como principal objetivo formar líderes com visão global, proposta de valores e foco no mercado. Voltada à formação completa dos alunos, marca registrada da FEI, a instituição prepara profissionais capazes de lidar com a gestão de pessoas e problemas com flexibilidade, ao mesmo tempo em que recebem formação técnica em cada área específica da Administração. “Na vida precisamos ao mesmo tempo de flexibilidade e padronização para executar inúmeras tarefas, o que é um desafio para a administração e gestão”, afirma o professor doutor Theodoro Agostinho Peters Filho, coordenador do curso de Administração da FEI. O curso de graduação acaba de passar por realinhamento do plano pedagógico que incluiu disciplinas como Gestão Socioambiental e conceitos de Responsabilidade Social, Inovação e Empreendedorismo. O curso também inclui aulas de Ética, Filosofia e Sociologia, consideradas fundamentais para desenvolver uma visão mais ampla e abrangente da sociedade. O professor reforça que o mercado precisa de administradores com habilidades e conhecimentos diversificados, pois as exigências para as organizações, sejam públicas ou privadas, com ou sem fim lucrativo, são crescentes. “Para formar um gestor socioambiental é preciso estar em uma organização de caráter humanístico”, resume a professora Isabella Vasconcelos. Além disso, o profissional deve investir constantemente na carreira, com aprimoramento contínuo, que pode ser conquistado por meio de cursos de pós-graduação e mestrado.

24

DOMÍNIO FEI | AGOSTO DE 2009

N

o fim da década de 1980, as empresas de todo o mundo passaram a se preocupar com a qualidade de forma mais sistemática depois da criação da norma ISO 9000, que estabeleceu diretrizes mundiais para produtos e serviços. Em seguida foi a vez de o meio ambiente ser contemplado com uma norma específica – ISO 14000 –, com procedimentos para a padronização dos processos das indústrias que utilizassem recursos tirados da natureza ou provocassem algum dano ambiental com suas atividades. Neste começo de século 21, a sustentabilidade socioambiental é a palavra de ordem em empresas de todos os segmentos e tamanhos, que devem repen-

sar suas práticas de gestão para manter uma relação mais ética com a sociedade e com o meio ambiente. A sustentabilidade socioambiental surgiu da evolução da responsabilidade social, que envolve práticas corporativas direcionadas à sociedade com objetivo de propiciar bem-estar, qualidade de vida, saúde e educação, entre outras ações. “Sustentabilidade e responsabilidade social são gêmeas siamesas” afirma André Mascarenhas, professor do curso de graduação e mestrado em Administração da FEI. Para o especialista, no entanto, é a sustentabilidade que garante a perenidade das ações das em-


Sustentabilidade envolve toda a sociedade Gestores devem estar preparados para promover o crescimento aliado ao desenvolvimento sustentável

presas, mas essa ação depende de uma postura de responsabilidade socioambiental, geralmente assumida pelos gestores da corporação. Mascarenhas lembra que, embora fundamental no nível ideológico, não há um sistema que exija o cumprimento de metas de sustentabilidade socioambiental e, por isso, as ações ainda dependem da exigência do mercado e dos consumidores. “No mestrado da FEI teremos uma linha de trabalho voltada exatamente a formar gestores mais comprometidos com a sustentabilidade socioambiental. Na graduação já há uma disciplina direcionada a isso, que está em

processo de reformulação”, anuncia a professora do curso de graduação e mestrado Patrícia Mendonça, que pesquisa questões de desenvolvimento e responsabilidade social há mais de 10 anos. O conceito envolve ações voltadas a funcionários, clientes, fornecedores e consumidores, e pressupõe que todas as partes envolvidas sejam devidamente atendidas em suas necessidades. Para Patrícia, a sustentabilidade socioambiental é uma questão de sobrevivência das empresas e muitas já se adiantaram, inclusive no Brasil, para aderir e enquadrar os negócios a essas práticas de gestão. A professora ressalta que as organizações que se propõem a trabalhar com essa nova visão de negócio terão de mudar a gestão e se renovar. “Em muitos segmentos, como o de mineração, por exemplo, só mudando as práticas já é possível causar um impacto positivo, tanto ambiental como social”, ensina.

REVOLUÇÃO André Mascarenhas lembra que há cerca de 10 anos vem ocorrendo uma verdadeira revolução na administração, e que o conceito atual de desenvolvimento exige uma mudança qualitativa na sociedade, com impactos gerados por ações que têm o poder de transformar o modo de vida das pessoas de forma positiva. Essas ações podem ser governamentais, sociais ou empresariais, pois têm relação com todo o conjunto da sociedade organizada. “Antes, as corporações geravam emprego e, com isso, beneficiavam as pessoas. Hoje, têm de ter profissionais pensantes e voltar os olhos para as pessoas, o que é muito diferente”, analisa. As corporações também têm papel proativo no desenvolvimento e na geração de transformações e, por isso, atualmente há uma variedade de novos desafios na gestão de pessoas, que devem ser assumidos pelos profissionais que atuam nas áreas de administração e recursos humanos. Mascarenhas lembra que, para acompanhar essa tendência, os gestores terão de gerar desenvolvimento e provocar transformações, e os profissionais de recursos humanos precisarão ter mais de um parâmetro para suas atividades. “A tendência é alargar o escopo de responsabilidades empresariais, o que trará uma série de novos desafios para os quais os gestores ainda não estão totalmente preparados”, alerta. AGOSTO DE 2009 | DOMÍNIO FEI

25


ARQUIVO

Formação humanista Ao longo de 68 anos, FEI mantém a credibilidade por meio de ações e, antes de tudo, seguindo a missão de seu fundador

E

m 1941, o Brasil ainda era tipicamente agrícola e tinha nos grandes fazendeiros os principais agentes econômicos. Na época, o País era governado pelo presidente Getúlio Vargas e os estados de São Paulo e Minas Gerais abrigavam as suas principais economias, especialmente por serem os grandes produtores de café e de leite, respectivamente. Mas foi exatamente neste ano que um padre vanguardista e visionário, o jesuíta Roberto Sabóia de Medeiros, anteviu o processo de industrialização e o progresso tecnológico e fundou a primeira instituição de ensino de Administração do Brasil: a Escola Superior de Administração de Negócios (ESAN), no Bairro da Liberdade, em São Paulo. Para viabilizar o sonho, o padre conseguiu doações de importan-

26

DOMÍNIO FEI | AGOSTO DE 2009

tes empresários da época, que compreenderam os objetivos do jesuíta e concordaram com a importância da iniciativa. Para ser a mantenedora da instituição sem fins lucrativos que havia planejado, em 1945 o Pe. Sabóia institui a Fundação de Ciências Aplicadas (FCA) e, um ano depois, criou a Faculdade de Engenharia Industrial (FEI), com o curso de Engenharia Industrial modalidade Química, também em São Paulo. Na sequência foi criado o curso de Engenharia Mecânica e, posteriormente, todas as demais áreas consideradas ‘industriais’, como Eletrotécnica, Eletrônica, Metalurgia, Têxtil e Produção. A Engenharia Civil foi implementada anos depois para completar o leque de opções. No início da década de 1960, ao perceber que a região do ABC estava se transformando em um grande polo industrial paulista, que passava a abrigar as principais indústrias que se instalavam no País, a FEI transferiu as instalações dos cursos de Engenharia para São Bernardo do Campo, onde a instituição está até hoje. Pioneiro no ensino superior, no ensino técnico e nas Ciên-

cias Sociais e Administrativas, o projeto do Pe. Sabóia tinha por objetivo formar profissionais altamente qualificados para o setor empresarial e com aptidões para a pesquisa científica. Desde que foi fundada, a instituição sempre teve como missão oferecer meios para assegurar a realização da educação e da ação social no mais alto nível de qualificação. E, para isso, um dos pontos mantidos até os dias atuais é o perfil humanista na formação acadêmica. “Em praticamente todos os semestres os alunos têm aulas na área de Humanas, como Sociologia, Ética e Filosofia. Isso é absolutamente irrenunciável”, enfatiza o reitor do Centro Universitário da FEI, professor doutor Marcio Rillo, ao acrescentar que transmitir valores éticos aos estudantes é uma das principais preocupações da instituição.


por excelência AUTONOMIA ACADÊMICA Consciente de que era preciso gerar cada vez mais conhecimento para a sociedade, em 2002 a Faculdade de Engenharia Industrial (FEI), a Escola Superior de Administração de Negócios (ESAN) e a Faculdade de Informática (FCI) foram agregadas em uma única instituição com a criação do Centro Universitário da FEI, mantido pela Fundação Educacional Inaciana Pe. Sabóia de Medeiros (FEI), nova denominação da FCA. Com isso, a instituição ganhou a autonomia acadêmica necessária para aliar o ensino, a pesquisa e a extensão universitária, o que favoreceu o trabalho interdisciplinar e multidepartamental de docentes e estudantes. Essa mudança possibilitou a elevação dos níveis de graduação e das pesquisas em diversas áreas do conhecimento, por meio da ampliação da massa crítica científica de professores e pesquisadores. Desde o início das atividades, a instituição estimula a pesquisa e o desenvolvimento de projetos inovadores por alunos e professores. Entre os exemplos estão os carros conceito criados a partir de 1968, chamados de FEI X, que já estão na versão X-20. O último modelo, apresentado em 2008 no Salão do Automóvel de São Paulo, alia tecnologia nas áreas de mecânica, eletrônica e inteligência artificial, além de design arrojado e futurista. Alunos de graduação também têm a oportunidade de fazer parte de uma rede de pesquisado-

res e cientistas que trabalham para criar novas tecnologias e metodologias competitivas, que agreguem valor a produtos e processos destinados aos vários setores empresariais. A qualidade da produção científica da FEI ganha reforço, ainda, com a institucionalização da pesquisa em redes internas e externas, nacionais e intercontinentais, e com laboratórios com equipamentos de última geração. “A criação do Centro Universitário possibilitou à FEI, além de continuar formando profissionais qualificados, aplicar ainda mais conhecimento em pesquisa e desenvolvimento, principalmente em áreas que interessem ao setor empresarial“, reforça o reitor Marcio Rillo. O resultado dessa iniciativa pode ser comprovado pelos números. A FEI já possui mais de R$ 2 milhões investidos em projetos financiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP). Entre as prioridades estão pesquisas nas áreas de gestão de inovação, processos de inovação, metodologias aplicadas às organizações, automobilística, robótica, inteligência artificial, engenharia de produção, logística, novos materiais e nanotecnologia, biocombustíveis e energia. “Os resultados dessa política têm sido considerados brilhantes, pois a FEI já contabiliza o registro de três patentes e a proposta de outras 10 em andamento”, enfatiza o Pe. Theodoro Paulo Severino Peters, presidente da FEI-Fundação Educacional Inaciana Pe. Sabóia de Medeiros.

Especialização Acompanhando a necessidade de oferecer aos profissionais especializações voltadas às necessidades do mercado, a FEI vem ampliando as atividades de pesquisa e pós-graduação stricto sensu por meio dos programas de mestrado e de cursos lato sensu desenvolvidos pelo Instituto de Especialização em Ciências Administrativas e Tecnológicas (IECAT). Essa preocupação de formar e aperfeiçoar profissionais para atender o setor empresarial confere à instituição uma posição privilegiada, com a participação de representantes da FEI no Conselho de Tecnologia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) e na Agência de Desenvolvimento do Grande ABC. “Nosso objetivo é desenvolver uma familiaridade com o profissional do mercado, para que ele sinta que aqui é o centro gerador de atitudes, o que chamamos de Alma Mater”, reflete o Pe. Theodoro Paulo Severino Peters.

AGOSTO DE 2009 | DOMÍNIO FEI

27


ARQUIVO

Um pouco da história 1941 a 1951 1941 - O padre jesuíta Roberto Sabóia de Medeiros criou a Escola Superior de Administração de Negócios (ESAN), no Bairro da Liberdade, em São Paulo, que se baseava no modelo de ensino da Graduate School of Business Administration da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.

1945 - O Pe. Sabóia instituiu a Fundação de Ciências Aplicadas (FCA), instituição sem fins lucrativos vinculada à Companhia de Jesus, para ser mantenedora da escola.

1957 a 1957 - O professor Lucas Nogueira Garcez, ex-governador do Estado de São Paulo, foi diretor da FEI.

1946 – Com objetivo de atender a indústria que começava a se instalar no País foi fundada a Faculdade de Engenharia Industrial (FEI), em São Paulo. 1947 – A FEI dá início ao curso de Engenharia Mecânica. 1951 – Em 20 de janeiro foi realizada sessão solene da Congregação para a Colação de Grau da primeira turma da Faculdade de Engenharia Industrial.

1961 – O presidente da República, Juscelino Kubitschek de Oliveira, assinou o decreto que tornou a ESAN-SP a primeira Escola Superior de Administração de Empresas do País a ser reconhecida e oficializada pelos poderes públicos. O mesmo decreto reconheceu a validade dos diplomas dos alunos formados a partir de 1941.

1998 e 1999 2002 a 2008 1998 - No âmbito dos projetos acadêmicos foi criado um programa amplo de concessão de bolsas permanentes para apoio a projetos de iniciação científica (P-BIC), iniciação didática (PRO-BID) e de ações sociais de extensão (PRO-BASE), totalmente financiadas pela mantenedora. 1999 - A Faculdade de Informática (FCI) iniciou suas atividades em São Bernardo do Campo, oferecendo o curso de Ciência da Computação.

28

DOMÍNIO FEI | AGOSTO DE 2009

2002 – As marcas FEI, ESAN-SP, ESAN-SBC e FCI passaram a compor o Centro Universitário da FEI, mantido pela Fundação Educacional Inaciana Pe. Sabóia de Medeiros.

2003 – Com a reestruturação das matrizes curriculares foram extintas as modalidades de Engenharia Metalúrgica, Produção Mecânica, Produção Elétrica, Produção Metalúrgica, Produção Química e Produção Têxtil. Foram criados os cursos de Engenharia de Materiais e Engenharia de Produção. O curso de Engenharia Mecânica Automobilística comemorou 40 anos.


1966

1975 a 1982 1975 – O Instituto de Pesquisas e Estudos Industriais (IPEI) foi criado para promover o desenvolvimento e a transferência de tecnologia para o setor produtivo, prestar assessoria e executar serviços tecnológicos especializados, constituindo um elo com a indústria.

1963 – As instalações da FEI foram transferidas para área com 8.457m2, doada por Lauro Gomes, prefeito de São Bernardo do Campo. No novo local começaram a funcionar os cursos de Engenharia de Operação nas modalidades Máquinas Operatrizes e Ferramentas, Refrigeração e Ar-Condicionado, Eletrotécnica, Eletrônica, Química, Metalurgia, Têxtil e Produção. No mesmo ano foi criado o primeiro curso de Engenharia Mecânica com ênfase em Automobilística do País. 1964 - Criada a Escola Superior de Administração de Negócios de São Bernardo do Campo (ESAN-SBC), com o propósito de suprir as necessidades geradas pela industrialização, que continuava a se expandir na região.

1978 – Construção da Capela Santo Inácio de Loyola em concreto aparente, que possui 725m2.

1982 – Criado o Instituto de Especialização em Ciências Administrativas e Tecnológicas (IECAT), que desenvolve cursos de pós-graduação lato sensu e cursos de extensão.

1966 – A FEI dá início ao curso de Engenharia de Produção.

FEI hoje 2004 - Implantação do curso de mestrado em Engenharia Elétrica, com áreas de Concentração em Dispositivos Eletrônicos Integrados e Inteligência Artificial Aplicada à Automação. 2007 – Criação dos cursos de mestrado em Engenharia Mecânica com áreas de Concentração em Materiais e Processos, Produção e Sistemas da Mobilidade; e do mestrado de Administração na área de Gestão Estratégica da Inovação.

2008 - Criação da graduação em Engenharia de Automação e Controle. O curso nasceu com a expertise que a instituição detém nos cursos de Engenharia Mecânica, Engenharia Eletrônica, Ciência da Computação e Engenharia de Produção.

2009 – O Centro Universitário da FEI oferece cursos de graduação em Administração, Ciência da Computação e Engenharia nas áreas da Mecânica, Mecânica com ênfase em Automobilística, Automação e Controle, Química, Elétrica com ênfase em Eletrônica, Telecomunicações e Computadores, Têxtil, Produção, Civil e Materiais. Além de cursos de especialização, aperfeiçoamento e extensão, e três cursos de pós-graduação stricto sensu (mestrado) nas áreas de Administração, Engenharia Elétrica e Engenharia Mecânica.

70

anos

2011 – A FEI comemora 70 anos de atividades dedicados ao ensino e à formação de jovens.

AGOSTO DE 2009 | DOMÍNIO FEI

29


Pós-graduação

Certificações garantem valor à marca Diferencial competitivo tem validade para as empresas e para o currículo

30 36

N

o atual ambiente de negócios, todas as empresas querem ter asseguradas condições de conformidade a padrões e requisitos internacionais como forma de proteção à sua reputação. Na prática, isso significa que a organização precisa controlar e reduzir os riscos comerciais e institucionais, associados à cadeia produtiva, nas questões que envolvem desde temas como a qualidade e o próprio impacto da atividade industrial para o meio ambiente até questões sociais. Da produção à estocagem, passando pela comercialização e distribuição, o valor de uma marca está necessariamente associado à capacidade e habilidade da organização em atender às demandas do consumidor. Nesse sentido, o papel de uma certificação voluntária é fundamental, pois é a demonstração pública do atendimento a essas demandas e, consequente­ mente, do compromisso da empresa com os valores da sociedade que consome seus produtos. Segundo a multinacional prestadora de ser­ vi­ços nas áreas de inspeção, verificação, testes e certificação SGS, que atua no Brasil há 70 anos e é parceira da FEI nos cursos de ‘Estratégia para a Qualidade e a Competitividade’ e ‘Gestão Ambiental Empresarial’, o diferencial de empresas

Domínio FEI | Agosto de 2009 ingeniu fei | março e abril de 2009

certificadas é que, a partir do momento em que implementam um sistema de gestão, podem ter a visão real de cada processo produtivo, o que permite a sistematização e gestão dos riscos ou impactos associados a cada atividade. “Com isso, a organização ganha competência e profissionalismo”, ressalta a gerente de Certificações da SGS, Luciene Dias. Ao demonstrar eficiência na gestão e desempenho na ação, a partir de uma validação externa e independente, a organização se diferencia de maneira real da concorrência que não tem as mesmas práticas, criando valor em suas relações de negócio e com o consumidor. A especialista afirma que não existe limite mínimo ou máximo para a qualidade, e as certificações podem ser obtidas por qualquer tipo de organização, de todos os tamanhos e setores. No entanto, muitas vezes a empresa opera sem se dar conta de que precisa ter pessoal capacitado, processos padronizados e instalações adequadas para assegurar um bom produto final. Luciene Dias acrescenta que, quando a empresa parte para a busca de uma ISO 9001, por exemplo, e se dá conta de que precisa formatar ou ajustar processos, treinar pessoas e, dependendo do caso, até adequar as instalações, sabe que terá de sair


Wagner T. Cassimiro “Aranha”/Wikipédia

LajosRepasi/istockphoto.com

Parceria FEI e SGS Em março deste ano, o Centro Universitário da FEI firmou uma parceria com a SGS para realização de cursos em conjunto. Inicialmente serão ministrados dois cursos de pós-graduação latu sensu: ‘Gestão Ambiental Empresarial’ e ‘Estratégia para Qualidade e a Competitividade’. “A parceria uniu a excelência de mais de 130 anos da SGS com a FEI, uma instituição de ensino tradicional, conceituada e focada no atendimento às necessidades da indústria. Além disso, o mercado precisa de profissionais qualificados nessas áreas abordadas pelos cursos”, comenta Erb Ubarana, coordenador de Educação da SGS Academy. Os cursos são realizados na unidade da avenida Paulista, nº 807, conjunto 1701, em São Paulo.

da zona de conforto e trabalhar duro no ajuste das condições que a levarão até o reconhecimento público da sua qualidade. “Atualmente, o ambiente de negócios exige um profissional que tenha capacidade de otimizar processos ou atividades a partir das melhores práticas do mercado. Para chegar na frente, as empresas precisam investir na capacitação dos profissionais com treinamentos cada vez mais práticos, que permitam um contato mais próximo com a operação”, define.

Tipos de certificações • • • • • • • • •

ISO 9001 - Qualidade ISO 14001 - Meio Ambiente ISO 22000 - Segurança do Alimento OHSAS 18000 - Saúde e Segurança do Trabalho ISO TS 16949 - Qualidade Automotiva ISO 13485 - Equipamentos Médicos SA 8000 - Responsabilidade Social CERFLOR e FSC - Certificações Florestais IECQ HSPM 080000 - Gestão de Substâncias Perigosas

Fácil acesso à avenida Paulista estimula participação nos cursos

Saiba mais • O curso Estratégias para a Qualidade e a Competitividade tem como

objetivo o aprofundamento na análise crítica e na aplicação de princípios, métodos e técnicas que possibilitem uma gestão eficaz da qualidade. Estratégias para a Qualidade, Técnicas e Ferramentas para a Qualidade, Qualidade Ambiental, Técnicas Estatísticas Aplicadas à Qualidade e Estratégias para a Competitividade são temas abordados. • Em Gestão Ambiental Empresarial, os profissionais são capacitados

para atuar em diversos segmentos relacionados ao meio ambiente, como assessoria ambiental de instituições privadas e órgãos públicos e avaliações de impacto de novos projetos. Nas disciplinas são abordados temas como Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Legislação Ambiental, Adminis­tração dos Recursos Ambientais, Gestão dos Recursos Hídricos e Agro­florestais, Auditoria Ambiental e Qualidade Ambiental de Produtos. | ingeniufei agosto 2009de| 2009 Domínio marçode e abril fei

31 37


QUALIDADE DE VIDA

Sob contínua pressão Para evitar o estresse agudo, a recomendação é exercício físico, atividade de lazer ou hobby e alimentação balanceada

A

rotina dos executivos e gestores não é nada fácil. A agenda sempre repleta de compromissos e a frequente pressão pelo cumprimento de metas e pela tomada de decisões em curto espaço de tempo são comuns no dia-a-dia desses profissionais, em empresas de todos os segmentos e tamanhos. Com o cenário de crise econômica dos últimos meses, essas situações se tornaram ainda mais corriqueiras, exigindo dos executivos um esforço maior em busca de estratégias que possibilitassem driblar as dificuldades. Nessas horas, o estresse é inevitável. Reação orgânica natural diante de situações desafiadoras ou perigosas, na dose certa o estresse é importante, pois aumenta a produtividade e a disposição. O problema ocorre no instante em que as demandas ultrapassam as capacidades de

32

DOMÍNIO FEI | AGOSTO DE 2009

enfrentamento do indivíduo. Neste momento, o cérebro envia descargas maiores de hormônios de alerta (adrenalina e cortisol) ao organismo e interpreta, equivocadamente, que pequenos problemas do cotidiano representam ameaças à vida. O bombardeio hormonal contínuo pode produzir desde nervosismo e inquietação até falhas de memória, alergias, diabetes e problemas cardiovasculares. Para reduzir as reações advindas do ‘mau’ estresse, especialistas sugerem exercícios físicos regulares, a prática de atividades fora da área profissional e uma alimentação balanceada, entre outras medidas. Segundo o médico psiquiatra e ortomolecular Cyro Masci, a receita funciona porque as práticas como pintura, escultura e fotografia estimulam áreas não-verbais do cérebro e as atividades físicas liberam hormônios benéfi-

cos que dão sensação de bem-estar. Além disso, o consumo regular de nutrientes, entre os quais aminoácidos e vitaminas presentes na carne, no leite, nas frutas, verduras e nos legumes, atuam na formação de substâncias químicas envolvidas no funcionamento de áreas cerebrais responsáveis pelas emoções. Estudos também indicam que pausas periódicas durante o trabalho, de dois a cinco minutos a cada hora ou hora e meia, tornam o dia mais produtivo. Após a interrupção, é saudável respirar profundamente, pois nos momentos de tensão a respiração torna-se rápida e superficial, comportamento que o cérebro percebe como sinal de perigo. “A entrada e saída do ar de forma lenta e controlada, ao contrário, é interpretada como um bom sinal. Melhor ainda se o indivíduo inspirar pelo nariz, fazendo com que o ar entre pelos músculos


Tensão controlada O engenheiro mecânico formado pela FEI em 1988, Vladmir Stancati, há quatro anos promoveu alterações na rotina para lidar melhor com as pressões da vida profissional. Gerente de Desenvolvimento de Pessoas responsável pelas unidades da Elevadores Atlas Schindler na América Latina, o executivo de 42 anos tem reservado um tempo maior na agenda para atividades fora do trabalho. “Depois de uma avaliação médica retomei a caminhada e a corrida, praticadas na juventude. Hoje, acordo muito mais disposto e ainda eliminei oito quilos”, comemora Vladmir, que também é professor de pós-graduação na Fundação Getúlio Vargas (FGV). Além da prática regular de atividades físicas, tanto na academia quanto no Parque da Independência, em São Paulo – na pista que leva o nome de seu pai, Vinício Stancati – o engenheiro, que é filho de ex-maratonistas, relaxa com a observação de pássaros. “Nas férias, sempre procuro locais de mata nativa para gravar os cantos das aves. Também gosto de música, leitura e de estar na companhia de meus filhos, que são minhas válvulas de escape”, afirma. Para administrar bem o tempo, Vladmir aposta na equipe de profissionais com quem trabalha e se sente seguro ao delegar tarefas. Com o trabalho bem distribuído pela equipe, o gerente diminui a necessidade de permanecer na empresa além do horário e, consequentemente, sobra espaço para o lazer e a família.

do abdome em vez do tórax. A respiração abdominal libera hormônios antagonistas do estresse”, explica o médico. ÁPICE DO ESTRESSE Se, de periódicas, as pressões no trabalho passam a prolongadas, abre-se caminho para a Síndrome de Burnout (do inglês, algo totalmente queimado, calcinado), cujos principais sinais são a des-

motivação, a avaliação negativa de si mesmo e a insensibilidade, respostas típicas do estresse crônico. Indivíduos diagnosticados com Burnout geralmente são perfeccionistas ao extremo ou mantêm expectativas muito elevadas sobre a carreira. Os sintomas do problema são cefaleia, alterações gastrointestinais e insônia, e as consequências podem ser graves, incluindo depressão e dependência

química. “O desgaste se reflete também nas relações familiares, com separações e brigas frequentes, e no trabalho, determinando diminuição do rendimento e aumento do absenteísmo”, aponta Maria Lúcia Rossi, psicóloga do Centro Psicológico de Controle do Stress (CPCS) de São Paulo – unidade Vila Olímpia. O tratamento inclui acompanhamento psicológico e medicação adequada.

Avalie o seu estresse Exaustão emocional Pode ser física ou psicológica. O indivíduo se sente sem energia e desgastado, não se sensibiliza com a dor alheia e torna-se irritável e pessimista.

Despersonalização O ‘outro’ é visto como um objeto que deve ser tratado com eficiência, mas não, necessariamente, com carinho ou compreensão. O profissional perde a capacidade de empatia, o que pode levar ao cinismo, à irritabilidade, baixa tolerância e falta de paciência.

Falta de realização pessoal A autoestima sofre um rebaixamento. O indivíduo sente que o trabalho não é importante e fica desmotivado e indiferente. Em um primeiro momento, os sentimentos negativos se voltam para os clientes e colegas de trabalho e, depois, atingem a família e ele próprio.

AGOSTO DE 2009 | DOMÍNIO FEI

33


SUSTENTABILIDADE

Meio ambiente e promoção social Atitudes simples envolvendo a comunidade estudantil fazem a diferença na vida de pessoas carentes

U

m projeto social desenvolvido pelo Departamento de Ciências Sociais e Jurídicas da FEI tem contribuído não só para a preservação do meio ambiente, mas também para a transformação de lixo reciclável em uma fonte de recursos destinada à ação social. O projeto ‘Reciclagem de Resíduos’, iniciado em abril de 2000, é resultado de levantamento feito por uma comissão formada por professores e funcionários da instituição, que definiu os tipos mais comuns de lixos recicláveis dos campi e constatou que as 11 toneladas de material reciclável, entre plásticos e papéis produzidos pela FEI, poderiam ter destinos mais nobres que os lixões públicos. Após trabalho de conscientização com alunos, professores e funcionários, coletores de resíduos foram instalados nos campi para separação de papéis, vidro, metais e plásticos. Por meio de um projeto realizado pela Prefeitura de São Bernardo, a Associação Cristã Verdade e Luz, chamada por ‘Lar da Mamãe Clory’, foi a escolhida para receber o material. O Lar, fundado na década de 1940 por Clory Fagundes Marques, atualmente com 92 anos de idade, desenvolve diversos trabalhos sociais, além de oferecer abrigo a crianças e idosos, cursos de informática, oficinas de capacitação profissional a jovens entre 12 e 17 anos e cursos de artesanato, entre outras atividades.

34

DOMÍNIO FEI | AGOSTO DE 2009

Segundo a ‘Mamãe Clory’, como prefere ser chamada, a ideia das oficinas é fazer com que o jovem fique longe das ruas e aprenda uma profissão. “A maioria dos jovens que passou por aqui está empregada”, orgulha-se. Outro trabalho desenvolvido pela entidade é o de reciclagem. O coordenador do centro de reciclagem da associação, Gilson Inácio Rodrigues, informa que mensalmente a entidade recebe cerca de 60 toneladas de material, como plástico e papelão. Equipe com 16 funcionários faz a separação dos materiais, que são prensados, embalados e vendidos a empresas de reciclagem. A verba da comercialização é destinada ao pagamento dos funcionários e ajuda na manutenção da casa. A fundadora ressalta que não é possível sustentar o Lar apenas com a verba do material reciclado, por isso, a entidade mantém um sebo de livros, revistas e CDs, um bazar e um brechó. “Uma caçamba com aproximadamente 1,5 tonelada de papelão é vendida por apenas R$ 150”, exemplifica. Mesmo com um retorno tão baixo, Gilson afirma que o trabalho no centro de reciclagem é muito importante, inclusive para os funcionários. “Certa vez, um de nossos colaboradores, ao receber seu primeiro salário de R$ 400, disse que ‘nunca tinha visto tanto dinheiro na vida’. Nunca esqueci este dia”, relata.

Clory Fagundes Marques administra entidade em São Bernardo

ALUNOS ENGAJADOS Empolgados com o projeto ‘Reciclagem de Resíduos’, estudantes de diversos cursos da FEI fizeram trabalhos de conscientização em escolas de São Bernardo, para informar sobre a coleta seletiva e a importância do processo de reciclagem para a preservação do meio ambiente. O resultado foi compensador, pois as crianças se mostraram interessadas no assunto ao abordar temas como a limpeza do bairro, da represa e de córregos próximos à região.


ACONTECEU

1º Fórum de Automobilismo reúne clássicos de corrida

V

eículos de corrida que marcaram época em Interlagos, como o Berlinetta nº 22, Bino Mark I, Bino Mark II, Carcará, Carretera DKW nº 10, Carretera 18 do piloto Camilo Christófaro, Copersucar FD01 e, ainda, o Maverick Berta, foram as atrações do I Fórum de Automobilismo da FEI ‘Entre Ases e Reis de Interlagos’, realizado nos dias 13 e 14 de maio no campus São Bernardo. O evento, promovido pelo Departamento de Engenharia Mecânica, começou com a palestra do ex-piloto de corrida Bird Clemente, que contou um pouco da história do automobilismo no Brasil, e foi seguido de um bate-papo com os jornalistas Lito Cavalcanti, da Rede Globo, e Flávio Gomes, da ESPN Brasil, e com o professor da FEI Ricardo Bock. Além de alunos e professores da FEI, grandes nomes do automobilismo prestigiaram o encontro, como Chico Lameirão, Donato Malzoni, Ge-

raldo Meireles, Anísio Campos, Vinícius Lossaco, Silvio Zambelo, Rui Amaral Lemos e Luiz Pereira Bueno. O I Fórum de Automobilismo da FEI ‘Entre Ases e Reis de Interlagos’ foi visitado por aproximadamente 2,5 mil pessoas e teve como objetivo resgatar a história dos clássicos de corrida e dos pilotos que se destacaram.

Encontro promoveu bate-papo com o ex-piloto Bird Clemente, os jornalistas Lito Cavalcanti e Flávio Gomes, e o professor Ricardo Bock

AGOSTO DE 2009 | DOMÍNIO FEI

35


ACONTECEU

FEI realiza exposição de projetos de formatura Alunos do Centro Universitário da FEI apresentaram, entre os dias 17 e 25 de junho, seus trabalhos de conclusão de curso. Projetos de Engenharia Mecânica, Mecânica Automobilística, Elétrica e Ciência da Computação foram avaliados por comissão julgadora composta por representantes de grandes empresas de diversas áreas da Engenharia e Ciência da

Computação, em exposições realizadas no campus São Bernardo do Campo. Um minitrator multifuncional e um girocóptero pulverizador radiocontrolado foram alguns dos projetos apresentados durante as exposições. Entre familiares, professores e convidados estiveram presentes aproximadamente 1,2 mil pessoas.

MECAUT – 1º lugar SKID - Minitrator Multifuncional

EXPOCOM - 1º lugar SIGEPAPP - Patterns e Anti-Patterns Associados a Personas

MECPLENA 1º lugar Girocóptero Pulverizador Rádio

ELEXPO - 1º lugar Telemetria Hospitalar

Helmut Lunghammer

Robôs na Áustria

36

Equipe da FEI

DOMÍNIO FEI | AGOSTO DE 2009

O time de futebol de robôs da FEI conquistou uma importante e inédita façanha: figurar entre as 12 melhores equipes do mundo da Robocup, na categoria Small Size, cujo pré-requisito é que os robôs caibam dentro de um círculo de 180mm de diâmetro. A equipe competiu com outras 21 concorrentes na categoria. A participação da FEI na Robocup foi a primeira experiência da instituição em competições internacionais de robôs. O torneio, realizado de 29 de junho a 5 de julho na cidade de Graz, na Áustria, envolveu mais de 400 equipes, de 40 países.


Com a proposta de permitir que estudantes de ensino médio conheçam a rotina de uma faculdade de Engenharia, a FEI promoveu, pelo segundo ano consecutivo, o projeto FEI JOVEM (Jornadas para Valorização das Engenharias no Ensino Médio). Na última edição, cerca de 300 estudantes do ensino médio, de quatro escolas da Grande São Paulo, estiveram no campus São Bernardo e conheceram alguns dos projetos e pesquisas desenvolvidos nos cursos de Engenharia. Temas como robótica, construção de carros, experimen-

Visitantes italianos Uma comitiva com 50 integrantes do governo de Maróstica, entre eles o prefeito da cidade italiana, visitou o Centro Universitário da FEI e conheceu toda a infraestrutura de ensino e pesquisa da instituição, considerada a maior escola de Engenharia do Brasil e que faz parte do potencial industrial de São Bernardo do Campo. Durante a visita, o grupo acompanhado pelo vice-reitor de Ensino e Pesquisa da FEI, professor doutor Fábio do Prado, e membros do governo da cidade de São Bernardo do Campo, assistiu a uma apresentação institucional. Os participantes também conheceram os laboratórios e projetos desenvolvidos nos cursos de Engenharia Mecânica e Mecânica Automobilística, principais objetivos da comitiva.

tos químicos, biocombustíveis, resistência do concreto e produção de hidrogênio foram apresentados por professores e estudantes da FEI. O projeto é apoiado pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). A FEI é a única instituição privada selecionada pelo MCT no Estado de São Paulo a participar do projeto, que reúne estudantes das escolas estaduais Professor Benedito Tolosa e Rui Bloem, e dos colégios São Luís e Vera Cruz, todos da Capital.

Feiras de Vestibular O Centro Universitário da FEI participou de mais de 20 feiras de vestibular ao longo do primeiro semestre deste ano, para apresentar e divulgar os cursos de graduação nas áreas da Engenharia, Ciência da Computação e Administração por meio de palestras e plantão de dúvidas, entre outros. Um dos destaques foi a 12ª Feira do Estudante, no Pavilhão da Bienal, que foi visitada por aproximadamente 50 mil jovens. Até o fim deste ano, a FEI participará de outros eventos do gênero.

AGOSTO DE 2009 | DOMÍNIO FEI

37


2009

AGENDA AGOSTO D S

26

T Q Q S

02 09 16 23 30

03 10 17 24 31

04 11 18 25

05 12 19 26

06 13 20 27

07 14 21 28

S 01 08 15 22 29

SETEMBRO D S T

Q Q S S

06 07 13 14 20 21 27 28

02 09 16 23 30

11

01 08 15 22 29

03 10 17 24 31

04 11 18 25

05 12 19 26

O vice-presidente da General Motors do Brasil, José Carlos Pinheiro Neto, irá ministrar palestra sobre as atualidades da nova GM no dia 26 de agosto, a partir das 19h30, no campus Liberdade. A palestra é direcionada a alunos e ex-alunos da FEI e demais profissionais interessados.

26 e 27

Feira de Recrutamento

Com o objetivo de aproximar os alunos do mercado de trabalho e abrir a possibilidade de recrutamento para vagas de estágio e de trainee, o Centro Universitário da FEI realizará, nos dias 26 e 27 de agosto, a 6ª Feira de Recrutamento. Exclusiva para estudantes da instituição, a exposição reunirá grandes empresas expositoras, de diversos setores. A feira, que é organizada pela empresa Jr. da FEI, será no Ginásio de Esportes do campus São Bernardo, das 13h às 21h. No dia 2 de setembro, o evento será realizado no campus São Paulo, das 18h30 às 21h. APirelli e a GE são patrocinadoras do evento.

Promove etapa final

Durante mais de seis meses, aproximadamente 150 estudantes do ensino médio, de quatro escolas da Grande São Paulo, estiveram empenhados na produção de biodiesel e no desenvolvimento de robôs e de carrinhos motorizados, desenvolvidos com a orientação de professores do Centro Universitário da FEI. Agora, chegou a hora de os estudantes mostrarem os resultados durante a etapa final do projeto JOVEM (Jornadas de Valorização das Engenharias no Ensino Médio), dia 11 de setembro, a partir das 9h, no campus São Bernardo.

38

Palestra sobre a nova GM

1

a

4

Semana de Estudos Integrados

O diretório acadêmico do curso de Administração da FEI realizará, entre os dias 1 e 4 de setembro, a Semana de Estudos Integrados. Profissionais de grandes empresas vão ministrar palestras e discutir temas atuais do cenário socioeconômico do País. As palestras serão ministradas no Auditório Valentim dos Santos Diniz do campus São Bernardo, a partir das 19h30.

12 e 13

FEI Baja Nos dias 12 e 13 de setembro, os alunos da FEI disputarão a competição SAE Brasil – Etapa Sudeste, em Minas Gerais.


2009 14

AGENDA OUTUBRO

Portas Abertas

O Centro Universitário da FEI abre suas portas e convida todos os alunos do ensino médio e fundamental a conhecerem o campus de São Bernardo do Campo, no dia 14 de outubro, das 9h às 17h. O objetivo é proporcionar aos jovens experiências nas áreas das engenharias com visitas aos laboratórios, oficinas, salas de aula, projetos e toda a infraestrutura da FEI. Mais informações no site www.fei.edu.br/portasabertas ou pelo e-mail portasabertas@fei.edu.br.

22 a 25

D S T

Q Q S S

04 05 06 07 11 12 13 14 18 19 20 21 25

26

27

01 08 15 22

02 09 16 23

03 10 17 24

28 29

30

31

NOVEMBRO

AeroDesign

Alunos dos cursos de Engenharia Mecânica e Engenharia Elétrica do Centro Universitário da FEI participarão da 11ª Competição SAE Brasil AeroDesign, entre os dias 22 e 25 de outubro, no Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA), em São José dos Campos. A equipe da FEI participa de duas categorias: a Classe Aberta e a Classe Regular. Os estudantes da FEI enfrentarão 76 equipes nacionais e estrangeiras.

D S T

Q Q S S

01 08 15 22

02 09 16 23

03 10 17 24

04 11 18 25

29

30

31

05 12 19 26

06 13 20 27

07 14 21 28

26 a 30

O Centro Universitário da FEI realizará, de 26 a 30 de outubro, a I Semana de Engenharia. Durante cinco dias serão ministradas palestras, workshops e minicursos, além de visitas técnicas aos laboratórios, envolvendo todos os cursos de Engenharia da FEI: Automação e Controle, Civil, Elétrica, Materiais, Mecânica, Produção, Química e Têxtil. Por meio deste evento, o aluno poderá complementar sua formação acadêmica, conhecer produtos e serviços do mercado de trabalho e ampliar sua visão técnica sobre a Engenharia. Entre os palestrantes estão especialistas de diversas empresas e instituições de renome. O evento tem o apoio da empresa Lorenzetti. Mais informações no site www.fei.edu.br.

7

e

8

6

a

8

Fórmula FEI

Os estudantes do Centro Universitário da FEI estarão em busca do tricampeonato nacional na 6ª Fórmula SAE Brasil-Petrobras, de 6 a 8 de novembro, no campo de provas da Goodyear, em Americana, interior de São Paulo.

Vestibular - 1º Semestre de 2010

As provas do Processo Seletivo do primeiro semestre de 2010 serão aplicadas nos dias 7 e 8 de novembro. A FEI oferece 2.016 vagas, distribuídas nos cursos de Engenharia, Ciência da Computação e Administração. As inscrições estarão abertas a partir de outubro.

39


DICAS

Livros Gestão Estratégica de Pessoas Autor: Mascarenhas, André Ofenhejm Editora: Cengace Learning

A obra, escrita pelo professor de graduação e mestrado do Centro Universitário da FEI, André Ofenhejm Mascarenhas, recupera as perspectivas pioneiras na área durante a década de 1980, discute a renovação do modelo de gestão estratégica de pessoas na década de 1990, aprofundando-se nos temas contemporâneos à área, como a gestão das competências, a gestão das mudanças e a gestão da diversidade. Assim, o livro retrata em profundidade a evolução dos discursos e práticas em gestão estratégica de pessoas, que passam pela temática da cultura organizacional para valorizar, mais recentemente, perspectivas baseadas em conhecimento e a noção de aprendizagem organizacional.

Gestão de Produtos, Serviços, Marcas e Mercados Autor: Oliveira, Bráulio

Editora: Atlas

O livro aborda todo o processo de planejamento de marketing de produtos envolvendo estruturação organizacional, fontes de informações para marketing, análise e projeção da situação, desenvolvimento e lançamento de novos produtos, construção e gestão de marcas de valor, além da definição de objetivos e metas de marketing. O autor da obra é o professor de graduação, especialização e mestrado em Administração do Centro Universitário da FEI, Bráulio Oliveira.

Inovação em serviços intensivos em conhecimento Autor: Bernardes, Roberto

Editora: Saraiva

O tema da vez é a inovação. E o setor de serviços, que tem despertado grande interesse por sua importância no fomento do progresso técnico e criação da riqueza social, é discutido nesta obra por alguns dos principais especialistas nacionais e internacionais na área. O livro, organizado pelo professor de mestrado em Administração da FEI, Roberto Bernardes, possui a participação de outros professores do mestrado em Administração da instituição, que tem seu foco em Gestão da Inovação, como Bráulio Alexandre Contento de Oliveira, Melby Karina Zuniga Huertas, Suzane Strehlau e Theodoro Agostinho Peters Filho.

40

DOMÍNIO FEI | AGOSTO DE 2009

Marketing de Luxo Autor: Strehlau, Suzane Editora: Cengace Learning

O comportamento do consumidor de produtos de luxo, a falsificação de marcas e outros aspectos, como mercado e o conceito de luxo aplicado ao marketing, são abordados no livro da professora dos cursos de graduação e mestrado em Administração do Centro Universitário da FEI, Suzane Strehlau.


SET Broadcast & Cable

Feiras & Eventos Feira Internacional de Tecnologia para Laboratórios, Análises, Biotecnologia e Controle de Qualidade Data: 8 a 10 de setembro, das 13h às 20h Local: Transamérica Expo Center (TEC) São Paulo – SP.

Broadcast & Cable 2009 Feira Internacional de Tecnologia em Equipamentos e Serviços para Engenharia de Televisão, Radiodifusão e Telecomunicações Data: 26 a 28 de agosto, das 12h às 20h Local: Centro de Exposições Imigrantes – São Paulo – SP. www.broadcastcable.com.br

Feira Internacional de Tecnologias Térmicas Data: 6 a 8 de outubro, das 14h às 21h Local: Centro de Exposições Imigrantes – São Paulo – SP.

Feira Internacional de Tecnologias em Metais Data: 6 a 8 de outubro, das 14h às 21h Local: Centro de Exposições Imigrantes – São Paulo – SP.

XVII Simpósio Internacional de Engenharia Automotiva – SIMEA 09 Responsabilidade Socioambiental da Engenharia da Mobilidade Brasileira: Máquina e Meio Ambiente em Equilíbrio Sustentável Data: 16 e 17 de setembro Local: Centro de Convenções Milenium – São Paulo.

Feira Internacional de Tecnologias para Produção e Distribuição de Energias Limpas e Renováveis Data: 7 a 9 de outubro, das 14h às 20h Local: Centro de Exposições Imigrantes São Paulo – SP.

Nanotec 2009 5ª Feira e Congresso Latino-americano de Nanotecnologia Data: 24 a 26 de novembro Local: Centro de Exposições Imigrantes São Paulo – SP. www.nanotecexpo.com.br

AGOSTO DE 2009 | DOMÍNIO FEI

41


ARTIGO

Luiz Sérgio Mendonça Engenheiro civil e professor do Centro Universitário da FEI Oonal/istockphoto.com

Cidadania em prol da limpeza urbana

O

lixo mal acondicionado ou depositado sem controle e aleatoriamente pode provocar efeitos perigosos a todos os habitantes do planeta. De acordo com a Constituição Federal, cabe ao Poder Municipal legislar sobre serviços públicos – em especial neste caso da limpeza urbana –, porém, exercer a cidadania é fundamental. Ser cidadão é, entre muitas coisas, evitar o consumo de água exagerado – ter bom senso ao tomar banho e ao usar a válvula da descarga, por exemplo –, utilizar adequadamente o sistema de transporte, não jogar lixo em locais públicos, não poluir córregos e rios, entre outros procedimentos. Em contrapartida, ser cidadão também é receber direito à escola,

42

DOMÍNIO FEI | AGOSTO DE 2009

saúde, trabalho, lazer, segurança, habitação. Ao enfrentar um problema junto à comunidade, o cidadão deve saber que nem sempre haverá uma solução isolada, pois a população deve ser atendida como um todo. É a velha história: o que é satisfação para alguns, é insatisfação para outros. Então, como exercer a cidadania? O porteiro Júlio Augusto da Silva, do bairro Demarchi, em São Bernardo, é um bom exemplo. Com uma ação simples – ele colocou uma caixa de coleta de resíduos, inclusive com tampa, em frente à sua residência –, Júlio dá uma valiosa contribuição ao seu bairro e à cidade. Imaginem os municípios cheios de senhores como o Júlio: não teríamos tanto lixo espa-

lhado pelas ruas, que acabam causando assoreamento dos córregos, enchentes, alagamentos... Cidadania é isso: não basta cobrar dos governos, é preciso que cada um faça a sua parte. Além de contribuir com a qualidade de vida de todos, pessoas como o Júlio Augusto da Silva também são um exemplo para muitos. Afinal, há outros cidadãos como ele, que cuidam de suas calçadas, da preservação do meio ambiente, da economia de água, ajudam na limpeza de praças, colaboram com a coletividade. Então, o desafio está lançado às associações de bairro: promovam a cidadania e a educação de seus associados. Cobrem do governo não só ações, mas programas de treinamento para desenvolver as habilidades da cidadania.


Anúncio

AGOSTO DE 2009 | DOMÍNIO FEI

43


44

DOMÍNIO FEI | AGOSTO DE 2009


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.