Congresso de Inovação 2016 - Megatendências 2050

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REALIZAÇÃO

IoT transformando nossa maneira de viver é tema de painel

Painel debate sustentabilidade e competitividade com executivos de importantes empresas Líderes das principais empresas do País discutem IoT e Qualidade de Vida


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Sumário

SESSÃO DE ABERTURA Representantes do governo e da FEI abordam a relação da educação com a tecnologia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04 PAINEL 1 IoT transformando nossa maneira de viver . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 06 FÓRUM 1 IoT riscos e oportunidades. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 PAINEL 2 IoT e a sustentabilidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 PAINEL 3 Sustentabilidade e competitividade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 PAINEL 4 IoT e qualidade de vida. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 PAINEL 5 As tecnologias para a qualidade de vida. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 PAINEL 6 IoT na conectividade e mobilidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 PAINEL 7 IoT e a indústria 4.0. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 SESSÃO DE ENCERRAMENTO Pronunciamento das autoridades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33


Especial Congresso de Inovação 2016 Megatendências 2050

Os grandes desafios do futuro – Megatendências 2050, Inovações e Internet das Coisas

Sessão de Abertura

O Centro Universitário FEI promoveu, entre os dias 10 e 14 de outubro de 2016, a primeira edição do seu Congresso de Inovação, tendo este ano o título “Megatendências 2050 – Inovações e Internet das Coisas”. Cerca de 2 mil pessoas, entre profissionais, professores e alunos participaram do evento de forma presencial no campus de São Bernardo do Campo ou assistiram pelo site da Instituição, alcançando mais de 13.250 visualizações durante os quatro dias de evento. O Congresso teve como objetivo discutir os principais impactos das novas tecnologias no cotidiano da sociedade até 2050. Foram abordados temas como as mudanças proporcionadas pela Internet das Coisas (IoT), o impacto da Indústria 4.0, perfil do profissional do futuro, os desafios e as oportunidades trazidas pelas novas tecnologias, a sustentabilidade em um mundo de inovação, o impacto da IoT na qualidade de vida das pessoas, e como se pensa a questão da mobilidade e conectividade para essa nova era. Para isso, foram realizados painéis e mesas redondas, além de palestras organizadas pelos departamentos de ensino da Instituição. A sessão de abertura foi presidida pelo reitor do Centro Universitário FEI, professor doutor Fábio do Prado, e contou com a participação do presidente da Instituição, Pe. Theodoro Peters, S. J., do secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Álvaro Toubes Prata, e do secretário executivo adjunto do Ministério da Educação (MEC), Felipe Sigollo. Em seu discurso de abertura, o reitor destacou o pensamento de diversos estudiosos, entre eles Erik

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Brynjolfsson, diretor do Laboratório de Economia Digital do MIT, e Andrew McAfee, grandes pensadores da atualidade sobre o impacto das novas tecnologias no mundo, autores do livro The Second Machine Age (2014). Segundo os pensadores “quando imaginamos uma máquina para realizar qualquer tarefa humana, podemos ter a certeza de que, se esta máquina autônoma ainda não existir, há pelo menos uma boa chance de que alguém, em algum laboratório ou em alguma oficina qualquer, está trabalhando em cima da versão 0.1”. Para o reitor Fábio do Prado, ao avaliar este cenário, é possível ter a certeza de que estamos vivenciando um ponto de inflexão e que nos encontramos nas fases iniciais de uma mudança tão profunda como aquela provocada pela revolução industrial. “Conhecer os cenários que envolvem esta realidade e nos adiantarmos às tendências do futuro deve ser o nosso papel enquanto profissionais, e nossa missão enquanto formadores e líderes dessa nova geração de administradores, de engenheiros e de profissionais da computação e da informação”. O Pe. Theodoro Peters, S. J., alertou sobre a importância de apoiar a formação das novas gerações para as transformações que o mundo tem presenciado. “Precisamos preparar os estudantes para o mercado de trabalho da melhor forma possível. A proposta da FEI avança nas inovações contínuas, na indústria 4.0”, afirmou. Para o presidente da FEI, esse caminho envolve pesquisadores, estudiosos e estudantes em busca de um bem comum pela inovação. O secretário nacional de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do MCTIC, Álvaro Toubes Prata, também participou da solenidade de abertura do Congresso. Ele lembrou das revoluções ocorridas na indústria até hoje,

Da esq. p/ dir.: Alvaro Toubes Prata, Secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações; prof. Dr. Fábio do Prado, Reitor do Centro Universitário FEI; Felipe Sigollo, Secretário Executivo Adjunto do Ministério da Educação (MEC) e Pe. Theodoro Peters, S. J., Presidente da Fundação Educacional Inaciana “Pe. Sabóia de Medeiros” (FEI)


CERIMÔNIA DE ABERTURA

desde o advento da máquina a vapor até ao conceito mais atual de Internet das Coisas (IoT). “Atualmente vivenciamos mais uma transformação da indústria, com a IoT, que vai trazer mais funcionalidade entre os produtos e atribuir inteligência aos robôs. Teremos sistemas cada vez mais sofisticados”, afirmou. O secretário ressaltou ainda a importância do empreendedorismo nesses novos tempos em que a responsabilidade está depositada em cada indivíduo. Preocupação com o ensino - O secretário executivo adjunto do MEC, Felipe Sigollo, apresentou as principais mudanças na reforma do ensino médio brasileiro. Segundo dados trazidos pelo secretário, cerca de 2 milhões de jovens não conseguem aplicar os conceitos básicos de português e matemática, e isso exige do governo medidas urgentes para reverter o quadro. Outro número alarmante é a porcentagem de jovens entre 15 e 24 anos que não estudam, nem trabalham, da ordem de 20% atualmente. Segundo o secretário, a medida provisória que reforma o Ensino Médio possibilita que

“NOS ADIANTARMOS ÀS TENDÊNCIAS DO FUTURO DEVE SER O NOSSO PAPEL ENQUANTO PROFISSIONAIS, E NOSSA MISSÃO ENQUANTO FORMADORES E LÍDERES DESSA NOVA GERAÇÃO.” FÁBIO DO PRADO estudantes escolham, já no ensino médio, a área em que têm mais aptidão, entre cinco possibilidades. São elas: linguagem, matemática, ciências da natureza, ciências sociais e humanas ou formação técnica e profissional. O secretário destacou ainda que uma das prioridades do governo é levar banda larga para as 25 mil escolas públicas do ensino médio no curto prazo.

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Pedro Wongtschowski; Ă lvaro Toubes Prata; Araken Alves Lima; Edvaldo Santos; Andre Ferrarese e SĂ­lvio Matos

PAINEL 1

IoT transformando nossa maneira de viver 6


INTERNET DAS COISAS

FUTURE FLASH: Pedro Wongtschowski, Conselheiro da Ultrapar Participações e Coordenador da MEI (Mobilização Empresarial para a Inovação) Engenheiro químico, mestre e doutor em Engenharia pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (POLI-USP). Foi diretor superintendente da Oxiteno e presidente da Ultrapar. É presidente do Conselho de Administração do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais, do Conselho de Administração da EMBRAPII e do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial.

MODERAÇÃO: Sílvio Matos, Presidente e Diretor Criativo da Agência Idealista e Membro do Conselho de Curadores da Fundação Educacional Inaciana Pe. Sabóia de Medeiros Foi diretor de criação e vice-presidente executivo de algumas empresas até se tornar CEO da multinacional Foote, Cone & Belding. Nos últimos dez anos, foi CEO, presidente, diretor geral de criação e sócio do maior grupo de comunicação e marketing do mundo, o WPP. Silvio tem mais de 150 prêmios em sua carreira. Hoje, é responsável pela Idealista, empresa de marketing que trabalha com estratégia, conteúdo digital e desenvolvimento de negócios.

Painelistas Álvaro Toubes Prata Secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações Professor titular do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Possui graduação em Engenharia Mecânica e em Engenharia Elétrica pela Universidade de Brasília, mestrado em Engenharia Mecânica pela UFSC e doutorado em Engenharia Mecânica pela Universidade de Minnesota (EUA). Possui ampla atuação no desenvolvimento de projetos com o setor industrial.

Edvaldo Santos Diretor do Centro de Inovação da Ericsson Telecomunicações para a América Latina Responsável pelo Centro de P&D da Ericsson na América Latina e pela estratégia de inovação aberta e parcerias com universidades. Ocupou posições de destaque em escritórios da empresa no exterior, como Suécia, Alemanha, Holanda, Noruega, Finlândia e Japão. É Engenheiro Eletricista, tem MBA e mestrado científico em Administração Estratégica.

Andre Ferrarese Gestor de Inovação da Mahle Há mais de 15 anos trabalha com o desenvolvimento de componentes de motor. Em 2006 se tornou responsável mundial pelo desenvolvimento de anéis de pistão no grupo MAHLE. Em 2011, assumiu a coordenação mundial do departamento de inovação envolvendo todos os produtos da unidade de negócios de componentes de motor. Também é diretor da ANPEI, onde desenvolve ações para divulgar melhores práticas de gestão da inovação.

Araken Alves Lima Chefe da Seção de Exame e Difusão Regional do INPI em Santa Catarina Graduado em Ciências Econômicas e possui especialização em Economia Agroindustrial pela Universidade Federal de Alagoas. É mestre em Desenvolvimento Econômico, Espaço e Meio Ambiente e doutor em Economia Aplicada pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). É docente e pesquisador dos programas de Mestrado Profissional e Doutorado em Propriedade Intelectual e Inovação do INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial).

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“PRECISAMOS ESTIMULAR OS ESTUDANTES PARA QUE ELES CRIEM SUAS PRÓPRIAS EMPRESAS. MUITOS NEGÓCIOS SURGIRAM A PARTIR DO POTENCIAL DESSES JOVENS” ÁLVARO TOUBES PRATA

Pedro Wongtschowski; Álvaro Toubes Prata; Araken Alves Lima; Edvaldo Santos; Andre Ferrarese e Sílvio Matos

Dizem os especialistas que a grande conquista do século XX foi a chegada da internet. Em pouco mais de 20 anos a rede mundial de computadores trouxe inúmeras transformações em nossa maneira de viver. Atualmente, 58% da população brasileira está conectada à internet, ou seja, mais de 100 milhões de pessoas estão inseridas na era digital. E com o desenvolvimento da Internet das Coisas (IoT) tudo estará conectado: computadores de alta performance ligando indústria aos seus consumidores, revolucionando a saúde ou mudando totalmente a mobilidade humana. Foi com esse intuito que o primeiro dia do Congresso mostrou a visão dos profissionais ao analisarem quais serão os maiores desafios. O empreendedorismo foi um tema recorrente neste painel. Dentro deste contexto, os executivos apontaram diferentes soluções que podem contribuir para a formação do profissional do futuro. “Não há um ser humano que não esteja ligado a esse tema. Nas próximas décadas veremos transformações importantíssimas”, afirmou Sílvio Matos. Na esfera industrial, as atividades estão cada vez mais conectadas. O armazenamento de dados está em nível crescente e tem-se conseguido atuar com muito mais propriedade na eficiência energética. Segundo dados trazidos por Pedro Wongtschowski, os gastos mundiais com IoT hoje ainda são muito baixos, da ordem de US$ 348 milhões, mas o potencial para 2025 é que eles cheguem a US$ 1 trilhão. “Isso estará presente na indústria, na energia, na logística, na mobilidade urbana, na saúde, no chão de fábrica, no esporte, nas residências (com controle de

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temperatura, controle dos aparelhos domésticos, etc.) ”, afirmou, acrescentando que a convergência traz inúmeras oportunidades. Entre elas está o armazenamento na nuvem, o RFID (do inglês Radio Frequency Identification – Identificação por radiofrequência), o Big Data, o wireless e a virtualização (quando diferentes sistemas rodam na mesma máquina). A versão 6 do protocolo da internet, o IPV6, foi outro ponto destacado. Entre as tecnologias críticas estão as fábricas inteligentes, produtos conectados, análise preditiva, computação de alta performance, design digital, simulação e integração, robótica avançada, manufatura aditiva (impressão 3D), design de código aberto e realidade aumentada. Essas tecnologias vão gerar riquezas e aumentar a produtividade, estagnada no Brasil há duas décadas. Outros dados trazidos por Wongtschowski são do ranking de competitividade mundial, no qual o Brasil caiu seis posições em 2016 e 33 posições desde 2012. A indústria 4.0 será, importantíssima nesse processo de mudança de cenário. O déficit de profissionais e o altíssimo nível de evasão em cursos como o de Engenharia são alguns dos desafios a serem superados. Álvaro Toubes Prata lembrou que 84% dos alunos não dão continuidade aos estudos após o ensino médio e, dos que continuam, 80% fazem cursos que não estão ligados à tecnologia. “Diante disso, temos de ter outro olhar. Educar é nos ajudar a descobrir nosso próprio potencial como pessoa. Claro que a formação tradicional é importante, mas precisamos estimular os estudantes para que eles criem suas próprias empresas. Muitos negócios surgiram a partir do potencial desses jovens”, disse.


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A questão da propriedade intelectual é determinante em um mundo que dará cada vez mais importância para a inovação. Segundo Araken Alves Lima, do INPI, o Brasil ainda tem muito a evoluir nesse aspecto. Na balança comercial de serviços, no item “Serviços de Propriedade Intelectual”, o Brasil vendeu US$ 300 milhões e comprou US$ 6 bilhões, o que resulta em um déficit de mais de US$ 5 bilhões. Ele destacou que as empresas que dominam a tecnologia no mundo são justamente aquelas que têm uma cultura integrada de propriedade intelectual. “Os desafios são muitos nessa área. Essas empresas gastam bilhões de dólares em pesquisa e desenvolvimento que se transformam em direito de propriedade intelectual. Com isso, estudam planos de negócio basea­ dos nesse portfólio de produtos”, explicou Araken.

Aqueles tempos em que cada empresa se fechava e desenvolvia competências para projetos que vinham de clientes acabou. Então, essa troca de experiências entre as empresas, estudantes e a academia é fundamental. Precisamos mostrar um Brasil que não só consome, mas que produz tecnologia. Edvaldo Santos

Desde a máquina a vapor, as inovações têm ganhado importância em nossas vidas. Seremos

Para alavancar essa mudança, o País precisa de gente interessada e qualificada. Edvaldo Santos ressaltou que o brasileiro é muito bem qualificado, embora ainda em número insuficiente. “Quando ele é exposto lá fora, ele se destaca por ser flexível e criativo. Às vezes o profissional passa seis meses no exterior e volta trazendo conhecimento e até empregos”, afirmou.

sempre humanos e o desafio é como trazer os va-

De fato, a revolução tem de estar acompanhada da capacidade de aprender, sendo esse um desafio da educação. “Temos de promover um ambiente mais interessante para o aluno, para os jovens, para que eles escolham estudar esses temas”, afirmou Andre Ferrarese, da Mahle. O executivo lembrou também o papel importante das parcerias. “Conectar institutos e universidades abre espaço para que mais pessoas estejam cientes de oportunidades”, declarou. A Mahle recebe, segundo Andre Ferrarese, cerca de 7 mil visitantes por ano na sua área de pesquisa e desenvolvimento.

deveriam ter essa preocupação de continuamente se

Esse tem sido um movimento constante na cultura da inovação: o compartilhamento de conhecimento. Muitas empresas adotam o chamado intraempreendedorismo, ou seja, ilhas de empreendedores que trabalham o tema dentro da empresa como se fossem startups internas. Há um movimento grande também de grandes empresas comprando pequenas empresas tecnológicas, como foi o caso do Waze, adquirido pela Google. Segundo Edvaldo Santos, muitas vezes a Ericsson opta pela compra por ser um caminho mais rápido do que iniciar um processo de P&D do zero. Álvaro Toubes Prata fechou o debate incentivando que os estudantes sejam empreendedores, sejam donos de seus próprios negócios ou empreendedores dentro da empresa em que atuam. “Grande parte dos novos avanços tecnológicos surgiram porque alguém resolveu ousar”.

lores humanos para essa nova realidade, em que cada vez mais os robôs estarão presentes. Álvaro Toubes Prata

Todas as empresas do setor de engenharia atualizar em um mercado muito mutante. Parabéns à FEI por essa iniciativa. Pedro Wongtschowski

As universidades basicamente ensinavam os alunos a aplicar os conhecimentos. Hoje, o desafio é cada vez mais desenvolver as aplicações do conhecimento, modificar esse conhecimento. É importante que haja uma sinergia entre governo, empresas e academias. Agora, torçamos para que todas essas discussões se materializem nas salas de aulas e nas ementas que vão desafiar o aluno para essa constante busca da inovação. Andre Ferrarese

Estamos falando de transformações que vão afetar todas as áreas de nossas vidas. Nesse contexto, a formação profissional passa por um desafio sem comparação na nossa história. Araken Alves Lima

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Da esq. p/ dir.: Ricardo Pelegrini; Rodrigo Suzuki; Afonso Lamounier; Danilo Lapastini; William Waack

FÓRUM 1

IoT riscos e oportunidades Painelistas

MODERAÇÃO: William Waack, jornalista William José Waack é jornalista e professor. É formado em Jornalismo pela Universidade de São Paulo e em Ciência Política, Sociologia e Comunicação na Universidade de Mainz, na Alemanha.

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Ricardo Pelegrini Gerente Geral de Serviços da IBM América Latina Ocupou diversas posições de liderança executiva na IBM, como presidente da IBM Brasil, VP de Indústrias & Soluções Estratégicas para Mercados Emergentes, gerente geral de Serviços para IBM Itália e VP de Serviços Financeiros para América Latina. É graduado em Administração, com pós­ graduação em Marketing pela FGV e especialização em Marketing pela Universidade de Columbia (EUA).

Rodrigo Suzuki Chefe do Departamento de Informação e Segurança LATAM da PromonLogicalis Graduado em Processamento de Dados, pós-graduado em Análise de Sistemas e tem mestrado em Ciências da Computação. Possui 25 anos de experiên­cia em TI e é professor universitário há mais de 20 anos, atualmente lecionando no curso de pós–graduação em Segurança da Informação da FEI. Também é diretor de educação e certificações do capítulo São Paulo da ISACA (Information System Audit and Control Association).


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Afonso Lamounier Vice-presidente de Relações Governamentais da SAP América Latina

Danilo Lapastini Vice-presidente da Hexagon Manufacturing Intelligence – South America

Possui mais de 17 anos de experiência no desenvolvimento de oportunidades de negócios com governos, setores de educação e saúde no Brasil e em toda a América Latina. Possui experiência também no desenvolvimento de negócios e entradas de mercado para importantes empresas nacionais e internacionais, como ATKearney, Promon, Microsoft e SAP.

Tem 30 anos de experiência na área industrial, sendo 10 dedicados à área de manufatura e 20 dedicados à área de metrologia. Atuou em tradicionais empresas do ramo, como Cosa Intermáquinas e Mahr. Atualmente dirige a divisão de M.I. do grupo Hexagon na América do Sul.

Em um mundo cada vez mais conectado estaremos mais vulneráveis ou mais seguros? Ao mesmo tempo em que, por meio de um simples dispositivo como o celular, qualquer pessoa pode saber nossa localização, nossos hábitos e nossa rotina, as empresas têm investido em segurança como nunca antes. “As redes sociais e a tecnologia terão um papel cada vez mais ativo na nossa vida. Basta ver o que aconteceu nas eleições americanas, que foram bastante influenciadas pela mídia social. Estamos sendo vigiados a todo momento”, afirmou o jornalista William Waack, mediador do painel “IoT riscos e oportunidades”.

“AS REDES SOCIAIS E A TECNOLOGIA TERÃO UM PAPEL CADA VEZ MAIS ATIVO NA NOSSA VIDA. BASTA VER O QUE ACONTECEU NAS ELEIÇÕES AMERICANAS, QUE FORAM BASTANTE INFLUENCIADAS PELA MÍDIA SOCIAL. ESTAMOS SENDO VIGIADOS A TODO MOMENTO”

Hoje a questão da segurança tecnológica vem sendo abordada já no momento de concepção de um novo projeto. As empresas estão mais conscientes de que de nada adianta lançar um produto totalmente revolucionário e tecnológico se ele oferecer risco ao usuário. Para Afonso Lamounier, estamos muito mais seguros já que a Internet das Coisas possibilita avanços como o rastreamento por GPS. Ele alertou, no entanto, que as empresas devem estar cientes da sua responsabilidade dentro desse cenário. Outro exemplo benéfico apontado foi a rapidez em se concluir diagnósticos. Um paciente de câncer, por exemplo, pode receber um retorno sobre seu tratamento em apenas dois minutos, bem diferente de anos atrás quando tinha de esperar no mínimo duas semanas. Uma outra oportunidade trazida pela Internet das Coisas, segundo os painelistas, é o desenvolvimento do parque industrial brasileiro, que é muito atrasado em comparação a outros países. Danilo Lapastini acredita que os sistemas de segurança têm acompanhado a evolução tecnológica e que as atualizações estão cada vez mais constantes. “Existe hoje uma real necessidade dessa tecnologia evoluir para termos mais produtividade. Nosso parque industrial está sucateado. Nossas máquinas são dos anos 1960, 1970. Vamos estar mais protegidos porque as próprias empresas vão investir nisso”, concluiu. “O tempo médio de uma máquina no Brasil é de 30 anos enquanto a média mundial é de sete anos”, completou Afonso Lamounier.

WILLIAM WAACK “Os nossos engenheiros têm total capacidade para reverter esse quadro, independentemente de incentivos governamentais. O brasileiro é muito resiliente”, resumiu Danilo Lapastini. O executivo destacou também que a Internet das Coisas trará mais benefícios do que riscos e que mesmo os riscos que trouxer poderão ser revertidos em oportunidades. “Empresas que oferecem soluções de segurança, por exemplo, aumentarão seus negócios”. As redes eram consideradas seguras até hoje por serem privadas e desconectadas. A partir do momento que há conectividade entre os dispositivos, a segurança é levada a outro patamar. Rodrigo Suzuki lembrou de algumas tentativas de ataques em sistemas de energia e transporte durante os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, mas que não tiveram grandes consequências. Um grande desafio, segundo Suzuki, é a privacidade. “Muitas pessoas não percebem

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mas, ao acessarem serviços gratuitos, disponibilizam informações importantes a seu respeito e que podem ser utilizadas tanto para o bem quanto por indivíduos mal-intencionados”, alertou. Ricardo Pelegrini chamou atenção para o fato de 90% dos dados existentes hoje terem sido gerados nos últimos dois anos. Ele alertou, porém, que de todas as informações disponíveis 80% não estão estruturadas ainda. São fotos, vídeos e textos sem qualquer conexão. “Hoje você já tem processos que extraem valor desses dados, já que eles sozinhos não servem de nada”. O executivo lembrou ainda que o celular é um forte ponto de acesso do funcionário dentro das empresas e que muitas empresas adotam o chamado Bring Your Own Device (BYOD), em que os colaboradores levam seus próprios dispositivos. “Isso é uma preocupação muito grande das empresas, já que o funcionário pode infectar toda a organização se seu aparelho tiver vírus”, afirmou. Apesar de trazer riscos, Pelegrini disse acreditar mais nas oportunidades, como descobrir os hábitos de consumo dos clientes sem precisar fazer os conhecidos focus groups, apenas analisando suas redes sociais. A acuracidade dos dados é importante, por exemplo, para o lançamento de produtos. “Eu sou um otimista, para mim os benefícios sempre serão maiores que os riscos”, afirmou Afonso Lamounier, da SAP.

O que estamos vendo é uma transformação nesse processo de qualificação da mão de obra. Quem estiver conectado vai se desenvolver e capturar as oportunidades. Ricardo Pelegrini Acreditamos fortemente que, por exemplo, em segurança da informação, temos uma demanda muito forte de pessoas que realmente entendam do negócio e de tecnologia. As empresas no Brasil têm uma necessidade muito grande de inovação e tentam, de forma equivocada, suprir com profissionais internos. Mas as companhias têm centros de excelência preparados para captar e formar seus principais alunos para gerar soluções. O investimento em uma educação de qualidade, alinhado com o mercado, é um modelo que funciona muito bem na Europa e Estados Unidos. Rodrigo Suzuki Temos um modelo diferente de outras grandes empresas de tecnologia. Normalmente, elas têm um grande centro em sua matriz e um outro na China ou na Índia. A SAP tem 14 espalhados pelo mundo inteiro. Queremos ser mais flexíveis, mais rápidos. E o estabelecimento de parcerias com as instituições de ensino para a criação de novos centros de inovação é fundamental. Afonso Lamounier

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Na visão dos especialistas, os riscos aumentam a partir do momento que se usa as redes sociais para fazer negócio, mas aos poucos a sociedade tem aprendido a lidar com isso. “Uma fabricante de dispositivos para insulina admitiu recentemente uma vulnerabilidade em seu sistema por meio da qual o hacker poderia mudar as informações do paciente, inclusive os níveis de açúcar no sangue, o que poderia matá-lo. Ou seja, é claro que riscos existem, mas é preciso evoluir”, argumentou Rodrigo Suzuki. Os painelistas também concordaram em um ponto: o de que é preciso comunicar melhor. “O desafio é mostrar para os empresários, principalmente os de pequeno porte, quais são as ferramentas disponíveis para que eles inovem cada vez mais”, disse Ricardo Pelegrini, da IBM. “Há um desconhecimento enorme do empresário de que com pouquíssimo investimento ele consegue aprimorar sua infraestrutura”, completou Danilo Lapastini. Outro ponto em comum é que a segurança total é inatingível. “A partir do momento que alguma coisa está sendo criada, há risco”, disse Pelegrini. O vice-presidente da SAP completou: “risco é ficar parado”.

Estamos falando muito em riscos de segurança, de informação, mas os riscos da falta de recursos humanos é tão grande ou maior. Se não estivermos próximos das faculdades, teremos um apagão de mão de obra. Equipamentos sem mão de obra não funcionam. Existem cerca de dez instituições no país, como a FEI, que formam uma boa mão de obra. Essas são diferenciadas. Danilo Lapastini Em que medida a Internet das Coisas afeta os jornalistas e profissionais de comunicação? Eu acho que o Big Data é extremamente útil para se estabelecer comportamentos de consumo. Mas nem todos os comportamentos funcionam da mesma maneira. O maior erro que se pode ter na atividade que eu exerço, de profissional de comunicação, ligado particularmente ao campo da política, é tentar ler, por exemplo, em pesquisas de intenção de voto ou pesquisas de opinião, comportamentos imediatos e conteúdos políticos. Em outras palavras: se deixar levar pela análise do Big Data, como maneira de tomar decisões editoriais, é um erro crasso. William Waack


SUSTENTABILIDADE

Marcos Troyjo; Roberto Rodrigues; Marcos Antonio De Marchi; Vagner Barbeta; Antonio Lacerda.

PAINEL 2

IoT e a Sustentabilidade

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FUTURE FLASH: Marcos Troyjo, diretor do BRICLab da Universidade de Columbia, EUA Diretor do BRICLab na Universidade Columbia, em Nova York, um fórum sobre Brasil, Rússia, Índia e China. É professor-adjunto da Columbia-SIPA, School of International and Public Affairs, colunista do jornal Folha de S. Paulo e colaborador regular da mídia eletrônica e impressa no Brasil e no mundo, com destaque para Financial Times, The World Financial Review, The Huffington Post, e CNN en Español.

FUTURE FLASH: Roberto Rodrigues, coordenador do Centro de Agronegócio da FGV, embaixador especial da FAO para as Cooperativas e presidente do LIDE Agronegócios Engenheiro agrônomo e agricultor, coordenador do Centro de Agronegócio da FGV, Embaixador Especial da FAO para as Cooperativas e Presidente do LIDE Agronegócios. Participa de inúmeros conselhos empresariais, institucionais e acadêmicos. Foi secretário de Agricultura do Estado de São Pauto (1993/1994) e ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (2003/2006).

MODERAÇÃO: Vagner Barbeta, diretor do Instituto de Pesquisas e Estudos Industriais (IPEI) da FEI e coordenador da Agência FEI de Inovação Bacharel em Física pelo Instituto de Física da Universidade de São Paulo – IFUSP e formado em Tecnologia em Processamento de Dados pela Faculdade de Tecnologia de São Paulo. Possui mestrado e doutorado em Física pela Universidade de São Paulo, com estágio “sanduíche” na Universidade da Califórnia, San Diego.

Painelistas

Antonio Lacerda Vice-presidente Sênior de Químicos, Produtos de Performance e Sustentabilidade da BASF para a América do Sul Formado em Engenharia Agronômica pela Universidade Federal de Viçosa e com MBA pela Universidade de São Paulo (USP), possui mais de 10 anos de experiência no comando de importantes áreas de negócio da BASF. Ingressou na empresa em 2005 como gerente de departamento de nutrição animal para a América do Sul. Anteriormente atuou na Monsanto e na norueguesa Norske Skog.

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Marcos Antonio De Marchi Diretor-presidente da Elekeiroz e Presidente do Conselho de Administração da Abiquim Engenheiro mecânico – modalidade Têxtil pela FEI. Cursou o Programa de Gestão Avançada (PGA) da Fundação Dom Cabral e do INSEAD (Fontainebleau) e outros cursos em renomadas instituições internacionais (Columbia University e IMD-Lausanne). Desde abril de 2012 é diretor-presidente e diretor de relações com investidores da Elekeiroz S.A., que integra a holding Itaúsa. Foi presidente da Rhodia América Latina (2005-2012), tendo desenvolvido 32 anos de carreira nesta empresa, no Brasil, Alemanha e Suiça.


SUSTENTABILIDADE

Antonio Lacerda; Marcos Troyjo; Roberto Rodrigues; Marcos Antonio De Marchi; Vagner Barbeta.

Vivemos uma época de transformações rápidas e fortes. A população mundial caminha para os 9 bilhões de pessoas em 2050. Como alimentar tanta gente? Qual o impacto dessas transformações no meio ambiente e nas áreas social e econômica? No painel “IoT e a Sustentabilidade”, os especialistas expuseram sua visão sobre como lidar com essa dinâmica e que consequências esperar.

mento Econômico (OCDE) mostra que a produção de alimentos no mundo deverá aumentar 20% para atender a demanda até 2020. O Brasil é o país que ampliará a produção, com previsão de aumento de 40% no período.

Marcos Troyjo fez uma viagem no tempo usando como exemplo o filme “De Volta para o Futuro” e falou sobre os antigos computadores mainframe, uma inovação de 30 anos atrás. Trazendo o tema para o presente, discorreu sobre a nova filosofia das empresas de ser menos formais, mais lúdicas e sobre a troca do termo capitalismo pelo talentismo. “Do ponto de vista corporativo, talento vem de core business; já do ponto de vista dos países de vantagens comparativas; e do ponto de vista do indivíduo, talento vem de vocação”, resumiu.

REVOLUÇÃO TÃO GRANDE NO CAMPO QUANTO O BRASIL E FIZEMOS ISSO PRESERVANDO OS RECURSOS NATURAIS, QUE É UM DESAFIO PARA O SETOR. O MUNDO OLHA PARA NÓS E PEDE: BRASIL CRESÇA 40% A SUA OFERTA DE ALIMENTOS”

Troyjo afirmou que o perfil do novo profissional é aquele que é especialista em conexões, ao passo que as empresas mais resistentes são aquelas capazes de se reinventar. Alguns exemplos do mundo corporativo são a Mont Blanc, que passou de uma fabricante de canetas para uma fornecedora de experiências de luxo; e a Samsung, que foi da exportação de crustáceos para a tecnologia. “Trazendo isso para o nosso universo diria que temos de ser um país com múltiplas vocações”. No agronegócio, os desafios serão muitos. Um estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvi-

“NENHUM PAÍS FEZ UMA

ROBERTO RODRIGUES 15


Outro dado importante é que enquanto a área plantada de grãos cresceu 53% nos últimos 25 anos, a produção expandiu 260%. Isso foi possível graças à tecnologia empregada no campo. O relatório do Global Food and Drink Trends 2016 mostra que a energia alternativa, as embalagens menores, os alimentos orgânicos e as alternativas free from (livre de ingredientes alergênicos) são algumas das tendências do setor agrícola, mas é preciso de uma estratégia integrada para a agricultura. A gestão da sustentabilidade é uma das questões mais importantes quando se fala em novas tecnologias e IoT. “Um documento da FAO mostra que seremos 9 bilhões de pes­ soas em 2050. Como será a vida dessas pessoas? Será que teremos água potável para todo mundo? Como os dispositivos IoT podem ajudar no aumento de produtividade? A tecnologia tem de ser uma aliada”, provocou Vagner Barbeta. Marcos Antonio De Marchi tocou em outro ponto sensível: “será que é normal a China produzir para todos os países e nós gastarmos tanto com transporte? Tem algo muito errado nisso, já que sustentabilidade é fazer mais com menos – menos resíduos, menos gastos, menos água, menos efluentes e menos transporte”. Uma das explicações para isso é que ainda há muito desconhecimento sobre a área de agronegócio e, principalmente, sobre a tecnologia empregada. “Temos uma restrição de terra gigantesca e uma necessidade crescente de aumentarmos a produção. Você só faz isso com o auxílio da tecnologia”, afirmou Antonio Lacerda. Marcos Troyjo completou dizendo que não há na história qualquer país que tenha subido de patamar sem aproveitar seu diferencial, que no caso do Brasil é, sem dúvida, a agricultura. “No início dos anos 90, o Brasil investia cerca de 1% do PIB em pesquisa e desenvolvimento, o mesmo de hoje. A China investia 0,2% e hoje está em quase 2%”. Um consenso para reverter esse quadro é que o País precisa negociar mais produtos com valor agregado. “Vendemos um terço do café verde comercializado no mundo. Já a Itália e a Alemanha que não têm um pé de café são os maiores exportadores”, disse Roberto Rodrigues. Os painelistas foram unânimes também ao afirmar que o Brasil tem total capacidade de ser líder e não seguidor na questão tecnológica, principalmente no campo, mas precisa de líderes. “Estudantes, sejam mais ecléticos e mais específicos. O que eu quero dizer com isso? Tenham uma área de atua­ção, mas não percam a visão holística”, aconselhou Lacerda.

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O Brasil fez uma verdadeira revolução no campo nos últimos anos. Temos instituições fortes, mas estamos na era das novas tecnologias e um dos fatores mais importantes será a sustentabilidade. O consumidor quer saber de onde vem o alimento que ele consome. Temos de nos preocupar com isso. Roberto Rodrigues

Volto com muita felicidade à FEI, onde me formei em 1979 e depois estive, entre 1985 e 1987, como professor no Departamento Têxtil. Tive a oportunidade de trabalhar na Alemanha e na Suí­ ça e nunca me faltou escola de engenharia. A FEI sempre me deu uma boa base que eu precisava. E com um grande diferencial, o de aplicar estudos de Ciências Sociais, que acabaram trazendo um componente fundamental para a compreensão da sustentabilidade (é fazer mais com menos, em todos os aspectos). Marcos Antonio De Marchi

As pessoas terão de ser especialistas em conexões ao passo que as empresas mais resistentes são aquelas capazes de se reinventar. Marcos Troyjo

O País precisa de startups no mercado de agro e não somente voltadas à eficiência da produção de grãos. Há muitas oportunidades na área de fermentação, por exemplo. Antonio Carlos Lacerda


SUSTENTABILIDADE

Pedro Ernesto; Rodrigo Purchio; Ricardo Sennes; Andre Clark Juliano; Marcos Blumer; Marcelo Pavanello.

PAINEL 3

Sustentabilidade e Competitividade 17


MODERAÇÃO: Prof. Dr. Marcelo Pavanello, Vice-reitor de Ensino e Pesquisa do Centro Universitário FEI CV: Engenheiro Eletricista formado pela FEI. Mestre e doutor em Engenharia Elétrica – Microeletrônica pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Desde 1999 pertence ao corpo docente do Centro Universitário FEI, tendo coordenado o Programa de Pós–Graduação Stricto Sensu em Engenharia Elétrica no período de 2007 a 2010, assumindo a Vice-reitoria de Ensino e Pesquisa a partir de 2010.

Painelistas Pedro Ernesto Diretor de TI da Scania América Latina Formado em Economia, está na Scania há 38 anos, atualmente como diretor de TI, mas acumulou experiência nas áreas de Contabilidade, Economia e Finanças também. Foi expatriado pela Scania de 2004 a 2007 na Holanda, tendo a responsabili­ dade de TI nas unidades de produção da Scania na Holanda e na França. Tem formação também em Psicanálise.

Marcos Blumer CEO da Voith Hydro Latin America Atual presidente do Conselho e CEO da Voith Hydro América Latina, responsável por negócios envolvendo hidrelétricas no Brasil e na América Latina. Entre suas principais atividades estão o desenvolvimento do mercado na América Latina, o desenvolvimento de novos negócios e a reestruturação e competividade da empresa.

Andre Clark Juliano Diretor da Acciona Brasil Formado em Engenharia Química pela Escola Politécnica da USP e tem MBA em Finanças e Gestão de Operações pela Stern School of Business. Possui 10 anos de experiência no segmento de papel e celulose e oito anos em construção civil na Camargo Corrêa.

Formado em Engenharia Mecânica Automobilística pela FEI. Iniciou sua carreira na Volkswagen do Brasil em 2000. Atuou também como especialista e supervisor de Engenharia de Manufatura, somando 12 anos de experiência em manufatura.

Ricardo Sennes Sócio-diretor da Prospectiva Consultoria Brasileira de Assuntos Internacionais Doutor e mestre em Ciência Política pela Universidade de São Paulo (USP) e coor­ denador geral do Grupo de Análise da Conjuntura Internacional (Gacint) da USP. Atual­ mente é parceiro não residente do programa latino-americano do Atlantic Council e membro do Conselho de Assuntos Estratégicos da FIESP e do Conselho da Revista Foreign Affairs (México e EUA).

O Brasil vive uma necessidade de tornar seus processos mais eficientes e sustentáveis. A boa notícia é que o País conta com uma matriz energética mais limpa que em outros lugares. As energias renováveis por aqui representam 39% do total produzido no Brasil contra apenas 13% da média mundial. Mas ainda há questões a serem resolvidas. Com o avanço tecnológico, a demanda energética será maior. As empresas conseguirão ser sustentáveis e ao mesmo tempo competitivas? Como ficará essa questão nas próximas décadas? Esses foram alguns dos temas discutidos pelos especialistas no painel “Sustentabilidade e Competitividade”.

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Rodrigo Purchio Gerente de Estratégia Corporativa da Volkswagen do Brasil

O professor Marcelo Pavanello, vice-reitor de ensino e pesquisa do Centro Universitário FEI, observou o alto consumo de energia proveniente do uso cada vez mais frequente dos dispositivos móveis. De fato, uma das maiores preocupações das empresas hoje, principalmente as ligadas à tecnologia, é como reduzir o gasto energético dos data centers, que são grandes consumidores de energia elétrica. Com a popularização da computação em nuvem, esse é um tema que vem ganhando cada vez mais importância.


SUSTENTABILIDADE

“A SUSTENTABILIDADE É SOBRE A REDUÇÃO DE RISCOS PARA ATRAIR CAPITAL. PENSAR SUSTENTÁVEL É O ÚNICO MITIGADOR DE RISCO REALMENTE EFICAZ” ANDRE CLARK JULIANO Para Pedro Ernesto, diretor de TI da Scania América Latina, em um cenário de transformações, avaliar o impacto que as inovações terão na sustentabilidade é crucial para a sobrevivência das empresas. Já Rodrigo Purchio, gerente de Estratégia Corporativa da Volkswagen do Brasil, acrescentou que a questão da competitividade passa necessariamente pela sustentabilidade e que não há mais como dissociar os temas. Andre Clark Juliano, diretor da Acciona Brasil, foi categórico: “a sustentabilidade é sobre a redução de riscos para atrair capital. Pensar sustentável é o único mitigador de risco realmente eficaz”. Nesse sentido, alguns avanços já estão sendo vistos tanto no Brasil quanto no exterior. Na avaliação de Marcos Blumer, CEO da Voith Hydro Latin America, há uma forte tendência de compartilhamento. “As pessoas estão abrindo mão de serem proprietárias em prol de economia e redução de desperdício”.

É uma oportunidade maravilhosa participar desse primeiro Congresso de Inovação. É bom discutir sem uma preparação prévia, poder falar sobre o que achamos e acreditamos, transmitindo nosso conhecimento e experiências para os estudantes, para esse estudo de futuro. Precisamos dessa turma jovem, capacitada, disposta e de olho nas tendências. Precisamos entender quais as grandes demandas do futuro e como essa massa de estudantes pode contribuir para achar as soluções. Rodrigo Purchio A sustentabilidade tem de vir atrelada a ganhos econômicos, principalmente no ramo industrial. A IoT vem ajudar a criar ferramentas que vão permitir um mundo mais sustentável. Hoje você está inserido em uma cadeia global e precisa seguir padrões globais. A sustentabilidade está cada vez mais latente nesse novo mercado. Marcos Blumer

“Temos muitos recursos para explorar a energia barata”, afirmou Marcos Blumer. “Se tem uma área em que podemos dar um salto é a tecnologia. O Brasil tem liderado esse tema na área bancária e no sistema eleitoral. Além disso, os brasileiros adotam muito rápido as novas tecnologias”, avaliou Ricardo Sennes, sócio-diretor da Prospectiva Consultoria Brasileira de Assuntos Internacionais. O executivo apontou, porém, os desafios do País para modernizar seu parque industrial, que ainda é de média ou baixa tecnologia. Para Sennes, a IoT pode ajudar a acelerar essa transformação. Outro aspecto importante levantado pelos empresários foi o tratamento da questão sustentabilidade com os fornecedores.

Trazer o mundo real para dentro da universidade é algo muito importante na formação universitária. Esse será o mundo que o jovem vai encontrar quando sair de lá. A falta de mão de obra qualificada nesse cenário em que a revolução tecnológica é constante, infelizmente é uma triste realidade. Não sou um especialista em educação, mas o que vejo no mundo corporativo é a falta de candidatos às vagas especializadas que temos. Isso me preocupa muito. Pedro Ernesto Como a velocidade de transformação tecnológica hoje em dia é muito rápida, é necessário, cada vez mais, profissionais especializados, mas também multidisciplinares que tenham a capacidade de não só fazer bem a atividade para qual são especialistas, mas também tenham conhecimento básico e até habilidades maiores em outras áreas e situações, que podem acontecer, conforme a carreira se desenvolve. Andre Clark Juliano

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Ingo Plรถger; Weber Porto; Antonio Cesar Santos; Jorge Lรณpez; Joel Garbi.

PAINEL 4

IoT e Qualidade de Vida

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QUALIDADE DE VIDA

FUTURE FLASH: Ingo Plöger, Presidente do Conselho Empresarial da América Latina (CEAL) Líder empresarial brasileiro, de origem alemã, que atua na relação Brasil – Alemanha, Mercosul-Europa e América Latina. Graduado em Engenharia Mecânica na Alemanha pela Universidade Tecnológica de Darmstadt com pós-graduação em Ciências Econômicas e do Trabalho realizada na Universidade Tecnológica de Munique.

MODERAÇÃO: Joel Garbi, Diretor Geral da Nextstep Consultoria em RH Formado em Engenharia Eletrônica pela Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) com experiência de mais de 35 anos em empresas como Philips, Toko, Nikon, Beats by Dre (Apple Computer) e Boyden Executive Search. Na Next Step, trabalha na busca e seleção de executivos e especialistas para indústrias, empresas de tecnologia e redes de varejo.

Painelistas

Antonio Cesar Santos Especialista em Tecnologia IoT e M2M da Diretoria de Produtos B2B da Telefônica Brasil Gerente de Inovação com ampla experiência em metodologia de inovação e projetos de telecomunicação, trabalhando com Internet das Coisas (IoT), Cidade Inteligente e iniciativas LPWA.

Weber Porto Presidente Regional América do Sul e Central da Evonik

Jorge López Fundador do Jalasoft, da Bolívia Em suas duas décadas liderando empresas de tecnologia como a NetIQ e a Adobe Systems, Jorge teve um papel fundamental em desenvolvimentos inovadores como o Adobe Illustrator, Adobe Photoshop 3.5, Adobe Premiere 5.0 e o NetIQ AppManager, atualmente a terceira maior plataforma de TI no mundo. Em 2001 fundou a Jalasoft.

É graduado em Engenharia Química pela FEI. Iniciou sua carreira na empresa Evonik Degussa em 1983, passando por várias funções no Brasil, Alemanha e Argentina. Em 2000 assumiu a presidência da Evonik Degussa Brasil, passando a ter responsabilidades pela América Central e América do Sul.

A qualidade de vida é resultado da melhora das condições básicas da vida como saúde, educação, mobilidade, bem-estar, e influi nos relacionamentos sociais e na formação das redes. No painel “IoT e Qualidade de Vida”, os profissionais discutiram até que ponto a IoT empoderará as pessoas e seus grupos e em que ponto ela oferecerá um distanciamento entre as pessoas com diversos interesses, níveis educacionais ou idade. O moderador do painel, Joel Garbi, diretor geral da Nextstep Consultoria em RH, abriu as discussões falando sobre a grande geração de dados e da necessidade de processamento e armazenamento dessas informa-

ções. Ele alertou também para a transição do papel das empresas nesse cenário. Na sequência, o presidente do Conselho Empresarial da América Latina - CEAL e membro do Conselho de Curadores da FEI, Ingo Plöger, discorreu sobre a busca por uma sociedade mais próspera, justa e harmoniosa. Plöger mostrou a evolução da sociedade desde o conceito de sociedade civil 1.0, na época do pergaminho, passando pela 2.0, a época do livro à mão, a 3.0, era do telégrafo, do rádio, do telefone e da televisão, até chegar à 4.0, dominada pelos celulares e pelas redes.

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Ingo Plöger; Weber Porto; Antonio Cesar Santos; Jorge López; Joel Garbi.

Nesta nova era, caminhamos para uma sociedade mais próspera, justa e harmoniosa e, consequentemente, para uma melhora na qualidade de vida da população. Tudo isso com base em dez megatendências divulgadas pela publicação “El mundo en el año 2050”, do editor Harinder S. Kohli, e que foram apresentadas por Ingo Plöger. São elas: Demografia - vamos ter 9,7 bilhões de pessoas em 2050, como elas viverão? Urbanização - até 2050 viveremos uma onda de migração urbana, principalmente na Ásia e na África;

“O SER HUMANO MAIS FLEXÍVEL É O QUE TERÁ A LIDERANÇA MAIS EFICAZ, PARA TAL DEIXAREMOS ALGUMAS FORMALIDADES DE LADO.” INGO PLÖGER

Comércio internacional - teremos aumento da globalização na relação entre os países; Globalização das finanças - a crise financeira global foi uma “chamada de despertar” que as instituições precisam se preparar para lidar com novos desafios; Ascenção de uma enorme classe média - em 2050, o percentual da população mundial classificada como classe média pode subir mais de 80%; Competição por recursos naturais – os avanços tecnológicos ajudarão a reduzir a demanda por recursos naturais. Limitação do crescimento ou crescimento dos limites, por inovações; Mudanças climáticas - as transformações serão cada vez mais rápidas. Olhar para as fontes em abundância (água e água do mar; energia e energia solar);

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Progresso tecnológico - em 2050, praticamente todas as conexões com a internet poderão ser via dispositivos móveis. Tecnologias desruptivas e reinvenção frequente; Crescimento das economias emergentes - essas economias representarão quase três quartos da população mundial; Crescimento das turbulências e incertezas - para reduzir as ameaças é essencial melhorar as condições econômicas, de seguridade e fortalecer as instituições. Com essas mudanças, o executivo acredita em uma inversão da relação de poder e que os relacionamentos ficarão cada vez mais simples, para isso será necessário deixar o ego de lado. “O ser humano mais flexível é o que terá a liderança mais eficaz, para tal deixaremos algumas formalidades de lado. Não chamaremos


QUALIDADE DE VIDA

mais os doutores pelo seu título, por exemplo, mas pelo seu primeiro nome”. Essa é uma mudança que já vem ocorrendo em algumas empresas. Na Jalasoft, empresa boliviana de tecnologia, não há mais a figura do gerente, como conta seu fundador, Jorge López. “Temos um líder que está a serviço de um grupo de pessoas e que, juntos, estudam as melhores soluções para cada projeto”. Esse tipo de estrutura, segundo Jorge López, simplifica a estrutura e aproxima o líder da base. Nesse contexto, Weber Porto, presidente regional das Américas do Sul e Central da Evonik, uma das maiores empresas do mundo de especialidades químicas nas áreas de saúde, nutrição e eficiência de recursos, destacou uma preocupação com a segurança alimentar. “Temos uma população em nível de crescimento avançado, um consumo de energia também em expansão e uma área plantada que reduz a cada ano. Precisamos equacionar isso”. Para a área de telecomunicações, segundo Antonio Cesar Santos, especialista em Tecnologia IoT e M2M da diretoria de produtos B2B da Telefônica Brasil, o grande desafio será passar de provedor de serviços de dados para provedor de serviços digitais,

As megatendências estão sendo debatidas na área empresarial e na sociedade. Agora, chega ao meio acadêmico. O Congresso de Inovação e Megatendências organizado pela FEI oferece a oportunidade aos jovens alunos e porque não, às empresas, de discutir e atuar no planejamento e nas proposituras de soluções sociais e tecnológicas decorrentes das grandes transformações que a sociedade está passando e irá passar ainda mais. O evento nos dá a oportunidade de olharmos para o futuro, para prepararmos os profissionais sintonizados com esta agenda, aptos a proporem ações inovadoras, assumindo o protagonismo do desenvolvimento das bases científicas e tecnológicas necessárias para suportar as demandas do novo modelo de produção da chamada Indústria 4.0. Ingo Plöger Na indústria química, e acho que não somente nela, a inovação é fundamental. É questão de sobrevivência. Quem não inova em produtos e serviços está morto. A indústria química tem uma grande responsabilidade nessas megatendências. A população está crescendo, o consumo de energia também. A química tem tudo a ver com isso. Weber Porto

dando como exemplo a questão das smart cities, com serviços públicos interconectados de segurança, saúde, educação, energia, etc. O moderador do painel, Joel Garbi, diretor Geral da Nextstep Consultoria em RH, destacou também a preocupação com a grande geração de dados e a necessidade de processamento e armazenamento dessas informações. E como melhorar a vida das pessoas e do consumidor quando nos deparamos com esse cenário que prevê tantas mudanças? Esse foi um ponto bastante comentado pelos painelistas, os quais concluíram que as novas tecnologias vão trazer mais oportunidades do que riscos e que os benefícios só serão atingidos com a educação. “O avanço tecnológico demanda pessoas com mais conhecimento”, afirmou Jorge López. Weber Porto, da Evonik, lembrou que por mais que as máquinas tenham contribuído para a redução de alguns postos de trabalho, outros tipos de emprego surgiram, principalmente na área de tecnologia. Ingo Plöger e Antonio Cesar Santos destacaram a necessidade de os estudantes de hoje terem iniciativa e se engajarem em atividades fora da universidade e de seu ciclo de estudos.

É um horizonte de longo prazo, mas precisamos formar desde já um estudante com olhos na revolução da sociedade e da Indústria 4.0. Mas sinto que a iniciativa privada e as universidades ainda estão em descompasso. Nós da Telefônica temos uma parceria muito legal com a FEI, mas não conseguimos enxergar muitas outras empresas fazendo o mesmo com outras instituições. São pontuais as iniciativas. E dessa forma acaba havendo um gap entre a formação básica e o grau de tecnologia que o mercado demanda. Antonio Cesar Santos A tecnologia vai nos trazer muitas coisas boas e vai transformar a nossa forma de viver e das empresas em fazer seus negócios. O mais importante para mim é propagar a tecnologia da América Latina. Nós, na Bolívia, infelizmente, enfrentamos muitas barreiras, especialmente com os impostos altos, por exemplo. Como latino-americanos não ganhamos como os americanos e europeus, mas estamos demonstrando que somos capazes e podemos produzir a nossa própria tecnologia. Temos eventos que discutem as transformações tecnológicas, mas sem a mesma profundidade do que no Brasil. O que nos consola é que pouco a pouco temos recebido apoio do governo boliviano nos últimos 15 anos. Mas precisamos de muito mais. Jorge López

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Wilson Zampini; José Luiz Gomes do Amaral; João Emilio Gonçalves; Igor Meskelis; Antonio Roberto Batista.

PAINEL 5

As Tecnologias para a Qualidade de Vida 24


QUALIDADE DE VIDA

MODERAÇÃO: Antonio Roberto Batista, Vice-presidente da FEI Médico formado pela Escola Paulista de Medicina. Especialista em Saúde Pública (USP) e Medicina do Trabalho (EPM - Unifesp). Mestre em Ciências - FFLCH - USP - Sociologia e especialista em Filosofia pela PUC-Campinas Vice-presidente da Fundação Educacional Inaciana - FEI.

Painelistas

Wilson Zampini Ex-presidente Regional Latin America e Diretor Geral da Ottobock do Brasil Técnica Ortopédica Zampini é formado na área Biomédica pela Universidade São Paulo (USP) com pós-graduação em Administração pela Fundação Getulio Vargas (FGV), foi diretor para América Latina da Ottobock HeathCare GmbH e diretor geral da Ottobock do Brasil. Anteriormente atuou na DeLaval, do Grupo Tetra Pak, MD Brasil e MD Argentina.

João Emilio Gonçalves Gerente-executivo de Política Industrial da Confederação Nacional da Indústria

José Luiz Gomes do Amaral Professor Titular da disciplina de Anestesiologia, Dor e Terapia Intensiva do Departamento de Cirurgia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM-UNIFESP) Graduado em Medicina pela EPM-UNIFESP. Especialista em Anestesiologia e Medicina Intensiva. Foi assistente estrangeiro na Faculdade de Medicina da Universidade Louis Pasteur de Strasbourg (França). Possui mestrado e doutorado em Cirurgia Vascular, Cardíaca, Torácica e Anestesiologia pela EPM-UNIFESP.

Igor Meskelis Diretor-presidente da Polar Electro Brasil

Economista formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e doutor em Economia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Está na Confederação Nacional da Indústria (CNI) desde 2011, quando assumiu o cargo de assessor de Política Industrial. Em fevereiro de 2014, tornou-se gerente-executivo de Política Industrial.

Executivo do Grupo Adidas nos últimos sete anos, sendo os últimos quatro com foco em e-commerce e últimos dois anos como líder do e-commerce para América Latina. É membro do Management Team LATAM. Teve passagens também pela McKinsey e pela Accenture. Trabalhou e morou em Houston, Madrid, NY, Washington-DC, entre outras cidades.

A saúde e o bem-estar das pessoas podem estar ligados à inovação nas áreas da medicina, próteses, alimentação, saúde de maneira geral e preparo para a extensão da qualidade de vida na terceira idade. O segundo ciclo de debates do dia seguiu discutindo a qualidade de vida e como as novas tecnologias influenciam questões nas áreas da medicina, alimentação e saúde.

O vice-presidente da FEI, Antonio Roberto Batista, foi o moderador do painel que teve como tema “As Tecnologias para a Qualidade de Vida”. Ele fez uma breve introdução sobre a influência da tecnologia no aumento da expectativa de vida no mundo. “A medicina evoluiu muito dos anos 1970 para cá. Hoje é possível fazer diagnósticos pela tela do celular, por exemplo. Mas não foi só a me-

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QUALIDADE DE VIDA

dicina que evoluiu. Tivemos avanços tecnológicos aliados a outros fatores, como segurança alimentar, transporte de alimentos, etc.”. Para o vice-presidente da FEI outros desafios surgiram com esse novo cenário, entre eles os de gestão, os educacionais e os éticos. Para Igor Meskelis, o mais importante nesse novo cenário é o uso que podemos fazer de todo esse avanço tecnológico. “Poderemos ficar mais tempo com nossas famílias? Praticaremos mais esporte? Isso nos ajuda ou nos gera mais ansiedade?”, indagou, acrescentando que a saúde é um ponto fundamental da qualidade de vida e que o esporte é um dos principais transformadores da qualidade de vida. Meskelis falou sobre os dispositivos existentes hoje por meio dos quais qualquer pessoa pode controlar como está seu batimento cardíaco e sua performance durante o exercício. Para os painelistas, há um desafio enorme em levar esse avanço para todas as regiões. “O Brasil é um país gigantesco e isso é uma dificuldade. Como fazer com que essa tecnologia seja para todos? Há também um mito de que as novas tecnologias geram custo, portanto, outro desafio é mostrar como na verdade elas cortam custos com um diagnóstico precoce, por exemplo”, afirmou João Emilio Gonçalves. Entre as grandes contribuições da tecnologia para a saúde e qualidade de vida na avaliação de José Luiz Gomes do Amaral, da Unifesp, estão aquelas relacionadas ao saneamento básico e à higiene. “As grandes epidemias do passado estavam ligadas às questões de higiene. Isso dizimava populações. Hoje você tem acesso a água limpa e vacinas. Isso mudou drasticamente a expectativa de vida. Mesmo assim, em alguns lugares essa expectativa ainda é de 40 anos, em média. Precisamos entender isso”.

Wilson Zampini destacou o papel das novas tecnologias no setor de equipamentos para pessoas com deficiência. “A sociedade brasileira tem focado sua atenção para melhorar a qualidade de vida e o dia a dia das pessoas deficientes com o auxílio de tecnologias assistivas”. Para o executivo, no entanto, ainda há grande dificuldade na formação de pessoas que adaptem as novas tecnologias para a realidade de quem tem algum tipo de deficiência. “Não existe integração entre quem trabalha com pessoas deficientes e quem está desenvolvendo tecnologias para elas. Há bastante avanço na área de pesquisa, os conceitos são muito bons, mas colocar isso em prática é bastante difícil. O benefício real só existirá quando houver essa integração”. O vice-presidente da FEI lembrou que a introdução dessas tecnologias ainda é cara e que é preciso tornar o conhecimento mais acessível. Outro ponto destacado foi o abuso que muitas vezes se faz desse avanço, quando situações simples são tratadas com métodos complexos. “O uso disso tem de ser racional”. Igor Meskelis, da Polar, acrescentou que os smart­phones são uma fonte adicional para se ganhar tempo, mas que é preciso ver o que é realmente aplicável em nosso dia a dia. José Luiz Gomes do Amaral concordou: “no desenvolvimento das novas tecnologias temos de pensar: ‘o problema é relevante?’; ‘já existe alternativa para tratá-lo?’; ‘esse tratamento é eficaz?’; ‘quanto custa?”. Outro ponto destacado pelos painelistas é a questão ética no desenvolvimento de novas tecnologias. “Um exemplo: a maior parte dos casos de acidente de carro envolve o uso de drogas, lícitas ou não. Eu não posso hoje monitorar o indivíduo para saber o que ele usou e com isso fornecer um tratamento mais eficaz. Esse é um assunto sobre o qual a sociedade precisa se debruçar”, afirmou o Dr. José Luiz.

A distância entre iniciativa privada e a academia acon-

As grandes epidemias do passado estavam ligadas às

tece mesmo, mas precisamos mudar isso, com entendimento

questões de higiene. Isso dizimava populações. Hoje você tem

e diálogo, promovendo e ampliando as interações. A FEI é um

acesso à água limpa e a vacinas. Isso mudou drasticamente

exemplo para superar a barreira que não deveria existir na

a expectativa de vida. Mesmo assim, em alguns lugares ela

formação dos futuros profissionais, atuando como um grande

ainda é de 40 anos, em média. Precisamos entender isso.

canal de transferência de tecnologia.

José Luiz Gomes do Amaral

João Emilio Gonçalves

Quando falamos de tecnologia assistiva, do ponto de

O que importa é o uso que faremos dessa tecnologia.

vista do engenheiro, pensa-se no puro desenvolvimento de

Um ponto fundamental da qualidade de vida é a saúde. Sem

alguma solução tecnológica. Na minha visão, isso tem que

saúde podemos fazer muito pouco. O esporte é um dos maio-

estar integrado com a sociedade, a cultura e as demandas

res transformadores da qualidade de vida e com o advento da

que existem e todas as áreas que precisam interagir para esse

tecnologia você consegue controlar muitas coisas, como bati-

desenvolvimento.

mento cardíaco, desempenho, etc.

Wilson Zampini

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Igor Meskelis


MOBILIDADE

Mauro Kern; Besaliel Botelho; Elcio Brito da Silva; Rodrigo Filev.

PAINEL 6

IoT na Conectividade e Mobilidade 27


FUTURE FLASH: Mauro Kern, Vice-presidente Executivo de Operações da Embraer Engenheiro Mecânico graduado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Iniciou sua carreira na Embraer­ em 1982, onde atuou por 13 anos em várias posições técnicas e gerenciais. Desde 2015 é vice-presidente executivo de Operações – COO. Tem participação nos conselhos curadores da Fundação Nacional da Qualidade e do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações.

MODERAÇÃO: Rodrigo Filev, Professor do Departamento de Ciência da Computação da FEI Graduado e mestre em Engenharia Elétrica e doutor em Engenharia da Computação (EPUSP). Professor de TI do Centro Universitário FEI e coordenador do Laboratório Vivo-FEI de Internet das Coisas. Coordenador do curso de pós-graduação em Segurança da Informação, diretor da Arcarius Engenharia, responsável por projetos de telecomunicações.

Painelistas

Besaliel Botelho Presidente da Robert Bosch América Latina

Elcio Brito da Silva Diretor de operações de tecnologia da SPI

Graduado em Engenharia Eletrônica e Telecomunicações

Doutor em Engenharia Elétrica pela Poli/USP, mestre em En-

pela Universidade de Karlsruhe, na Alemanha, e possui MBA

genharia de Produção pela FEI, master Systèmes d’Information et

em Administração Internacional de Negócios pela Universidade

d’Organisation pela Universidade Pierre Mendès (França), mas-

Estadual de São Paulo. Botelho ingressou no Grupo Bosch no

ter in Business Administration em Gestão de TI pela FIA-USP e

Brasil em 1985 e, desde então, atuou em diferentes áreas de

Administrador de Empresas pela FAAP. É membro do Conselho

engenharia e desenvolvimento de produto e vendas técnicas.

Superior de Inovação e Competitividade (CONIC) da FIESP.

“TEREMOS UM MUNDO MAIS DENSO, MAIS RÁPIDO, MAIS IMPREVISÍVEL, MAIS CONTRADITÓRIO, MAIS FINITO, MAIS INSTÁVEL COM RELAÇÃO ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E MAIS INSEGURO.” MAURO KERN 28

A Internet das Coisas possibilitará ganho de tempo e de dinheiro nos deslocamentos. Teremos veículos cada vez mais inteligentes. A fabricante Tesla, por exemplo, já anunciou que todos os seus veículos sairão da linha de produção com sistema 100% autônomo, capazes de serem conduzidos sem a interferência humana. Os carros do futuro vão disparar alertas e fornecerão informações importantes sobre o caminho escolhido pelo motorista. Diante de tantas transformações, como será a vida do cidadão e das cidades? A mobilidade e o papel da Internet das Coisas para sua evolução foram o tema do painel “IoT na Conectividade e Mobilidade”, no último dia de debates do Congresso de Inovação. “Teremos um mundo mais denso, mais rápido, mais imprevisível, mais contraditório, mais finito, mais instável com relação às mudanças climáticas e mais inseguro. Precisamos saber como nós vamos nos posicionar diante dessas mudanças”, afirmou o


MOBILIDADE

vice-presidente executivo de operações da Embraer, Mauro Kern. Em contrapartida, disse Kern, estaremos mais interligados, mais participativos, mais sustentáveis, mais tecnológicos e mais vir­ tuais. O executivo trouxe também alguns números importantes. “Em 2020, teremos 4 bilhões de pessoas conectadas e mais de 25 bilhões de dispositivos conectados. O mercado de IoT será enorme. Em 10 anos deve atingir o PIB da Alemanha e, em 20, o dos Estados Unidos”. Para o executivo, será cada vez mais simples, rápido e seguro ir de um ponto a outro. Ele lembrou um projeto europeu que trabalha para que 90% de qualquer movimentação dentro do continente seja realizada em até quatro horas. Os novos modelos de negócio também foram destacados, como o caso do Uber se tornar obsoleto com o advento dos carros autônomos. Rodrigo Filev destacou que a IoT é uma grande oportunidade para a nossa indústria, especialmente no que diz respeito à mobilidade de transporte de bens de valores. “A questão é: como vamos equacionar a questão do transporte de bens valiosos, como vacinas, para não termos perdas? A IoT pode ser um mecanismo para ajudar nisso”. O grande impacto, na avaliação do diretor de Operações de Tecnologia da SPI, Elcio Brito da Silva, é na sociedade. “A IoT cola os três mundos: o digital, o físico e o biológico, mas precisamos mudar o modelo mental. Não é uma simples análise incremental, mas sim disruptiva, por isso a mudança na mentalidade é essencial”.

Na indústria da aviação a IoT já é uma realidade. “O número de parâmetros medidos a bordo multiplicou por 10 mil do primeiro modelo da Embraer até hoje. O sistema smart integration está crescendo muito. Hoje se uma aeronave apresenta algum problema durante o voo já conseguimos conectar com a equipe em terra e quando o avião pousa a peça já está pronta para ser trocada”, afirmou Mauro Kern, da Embraer. Do ar para a terra, Besaliel Botelho disse acreditar que o carro do futuro será a segunda sala de estar dos indivíduos e que, por isso, não será mais possível ter um automóvel desconectado. “O sistema de car sharing também vai crescer, transformando o modelo de negócio das montadoras. Elas vão começar a ganhar por quilômetro rodado e não mais por produto”. Elcio Brito da Silva, da SPI Sistemas, concordou. “Com o car sharing e outras evoluções tecnológicas vamos ver cada vez mais empresas sem ativos, que é o que acontece hoje com o Uber e o Airbnb” E com tantas transformações acontecendo tão rapidamente como desenvolver um projeto que não se torne obsoleto antes de ser lançado no mercado? Mauro Kern, da Embraer, falou sobre a indústria aeronáutica, que começa a desenvolver um avião para começar a operar dentro de cinco ou seis anos. “É um desafio grande, pois na aviação, por exemplo, você demora até 6 anos para lançar uma aeronave que tem que operar por mais 20, 30 anos para se pagar. Uma das competências para isso é ter visão de tendências, se antecipar”.

Viemos trabalhando com as

Acho que a universidade

Com tudo o que foi discutido,

instituições no sentido de serem pro-

tem um papel fundamental para

creio que teremos um farto material

tagonistas na construção desse futu-

formar líderes e empreendedores.

para a FEI desenvolver pesquisas que

ro. Existem conhecimentos a serem

É importantíssimo que se faça uma

possam contribuir, não só com a so-

compartilhados, muitas ideias a serem

discussão mais ampla dos efeitos

ciedade no Brasil, como no mundo

difundidas e muita criação a ser feita.

das novas tecnologias não só na

inteiro. Dessa forma conseguimos

A velocidade dessas transformações é

questão da mobilidade, mas da In-

projetar o Brasil numa discussão

muito grande. Tenho fascínio e apreen-

ternet das Coisas como um todo. E

global que está acontecendo. É um

são pelo que vem por aí. Estamos viven-

é essencial que isso ocorra no âm-

privilégio para os alunos da FEI rece-

do um momento singular na história da

bito da universidade, que formará

berem informações dessa qualidade

humanidade e precisamos estar prepa-

o futuro.

tão cedo.

rados para tornar o mundo melhor.

Besaliel Botelho

Elcio Brito da Silva

Mauro Kern

29


Ailton Barberino do Nascimento; Renato Buselli; João Carlos Visetti; José Antonio Garrido Filho; Fábio Lima.

PAINEL 7

IoT e a Indústria 4.0

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INDÚSTRIA 4.0

MODERAÇÃO: Fábio Lima, professor do Departamento de Engenharia de Produção da FEI Possui graduação em Engenharia Elétrica com ênfase em Acionamentos e Controle pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), mestrado pela Universidade de São Paulo - Escola de Engenharia de São Carlos e doutorado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (POLI-USP). Possui experiência em temas como acionamento e controle de motores elétricos e acionamentos sensorless.

Painelistas

Ailtom Barberino do Nascimento Vice-presidente da Stefanini

Renato Buselli Vice-presidente da Divisão Digital Factory da Siemens

Responsável por desenvolvimento de negócios em operações

Graduado em Engenharia Eletrônica pela FEI, com especia-

globais e relações institucionais. Em sua trajetória profissional

lização em Administração Industrial pela Universidade de São

acumula 35 anos de carreira em TI e Negócios, sendo 20 anos no

Paulo (USP) e MBA pela Siemens Academy/ Duke University. Ao

Banco Itaú. Possui passagens por empresas indianas como Tata

longo de mais de 30 anos de carreira no mercado brasileiro e

Consultancy Services onde foi vice-presidente da área comercial

latino-americano, acumulou experiências como CEO em outras

para o Brasil e HCL como general manager da área financial ser-

unidades do grupo Siemens.

vices para a América Latina.

João Carlos Visetti Diretor-presidente da Trumpf

José Antônio Garrido Filho Diretor Industrial da Saint-Gobain Sekurit para o Brasil e a Argentina

Engenheiro com MBA em Administração de Empresas

Formado em Engenharia Mecânica pela Unicamp, possui

e Marketing com sólida experiência profissional adquirida

pós-graduação em administração de empresas pela FGV (Fun-

em empresas multinacionais, atuando em diferentes áreas

dação Getúlio Vargas). Trabalha há 23 anos no Grupo Saint‑Go-

como projeto de sistemas, instalação industrial, data center,

bain, tendo ocupado diversas posições nas áreas de manufa-

equipamentos elétricos, equipamentos para infraestrutura

tura, gestão de projetos, gerência geral e recursos humanos,

de TI e máquinas-ferramenta, operando tanto em clientes da

tanto no Brasil quanto no exterior.

administração pública quanto privada.

31


INDÚSTRIA 4.0

O último painel do Congresso de Inovação trouxe à tona um dos temas mais comentados dos últimos anos no setor industrial: a Indústria 4.0, sob o tema “IoT e a Indústria 4.0”. Segundo a PwC, a expectativa é que até 2020, 72% das organizações do País estejam digitalizadas. Os dados mostram que esse fenômeno é uma realidade mundial, que afetará não somente as organizações, onde as máquinas serão mais autônomas e se comunicarão entre si, mas também os postos de trabalho tradicionais. Mas como anda essa tendência no Brasil e como os profissionais estão se preparando para o futuro? Apesar da importância do tema, um estudo da CNI mostra que atualmente 42% das empresas desconhecem a importância das novas tecnologias para sua competitividade e 52% não usam nenhum tipo de tecnologia. Na avaliação de Ailtom Barberino do Nascimento, vice-presidente da Stefanini, a transformação desse cenário só será possível se houver uma discussão séria sobre a cultura da inovação, tanto do ponto de vista público quanto privado. “O Brasil precisa assumir uma política de inovação. Temos feito muitas discussões e muitas iniciativas, mas precisamos convergir e as parcerias com as universidades são essenciais nesse processo”, disse. O grande problema é que a indústria brasileira ainda está na versão 3.0. “Temos uma política de juros altos na qual o retorno

do investimento fica comprometido”, avaliou João Carlos Visetti, diretor-presidente da Trumpf. As grandes barreiras destacadas pelos especialistas ainda são o acesso à informação e o custo da automação industrial. Um terceiro obstáculo é a preparação das equipes. “Costumo brincar que nós temos que trocar a turbina do avião com ele voando”, afirmou José Antônio Garrido Filho, diretor Industrial da Saint-Gobain Sekurit para o Brasil e a Argentina. Os painelistas concordaram que o avanço tecnológico passa pela formação de parcerias. O vice-presidente da Stefanini afirmou que as empresas têm que arriscar mais, ter mais modelos de parceria, inclusive com outras empresas. “Isso agiliza a modernização dos parques industriais. Temos que trabalhar no modelo colaborativo”. Na opinião de Renato Buselli, vice-presidente da Divisão Digital Factory da Siemens, a transferência de conhecimento é o primeiro benefício das parcerias. O segundo caminho é o modelo de negócios. “A Siemens desenvolveu um projeto no qual colocou US$ 1 bilhão e qualquer pessoa pode inscrever projetos para captar uma parte desse dinheiro”, afirmou. Na FEI, lembrou o professor Fábio Lima, o Laboratório de Manufatura Digital recém-inaugurado tem servido de apoio a empresários brasileiros. “Tivemos procura de pequenas empresas que tinham algum tipo de problema e precisavam de ajuda. Os estudantes acabaram utilizando isso como case para seus trabalhos”.

Muita gente imagina que essa

A mensagem que fica de tudo

Eu entendo que a indústria 4.0

revolução é industrial, mas não é. É

o que foi discutido é que os estudan-

no Brasil ainda está engatinhando.

uma revolução para o mundo, e ao

tes empreendam. Não tenham medo

Não que o Brasil esteja muito atrasa-

contrário de outras revoluções indus-

de apresentar projetos, de correr ris-

do, mas temos uma grande parcela

triais que afetaram o mundo, essa

cos. O jovem de hoje vê a inovação no

das empresas nos modelos 3.0 e 2.0. O

será mais rápida. Essa vai afetar o

seu dia a dia, está mergulhado nisso.

potencial que se entende de Indústria

mundo, as pessoas e de maneira

É importante lembrar também que as

4.0, temos muito a explorar e muita

abrupta e drástica. Vai também, por

melhores ideias nascem em grupos. É

coisa a aprender.

outro lado, abrir imensas portas de

preciso fazer parcerias, falar com as

oportunidades. Por isso precisamos

empresas.

entender essas necessidades. Renato Buselli

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Ailtom Barberino do Nascimento

José Antônio Garrido Filho


Pe. Theodoro Peters, S.J, Presidente da Fundação Educacional Inaciana Pe. Sabóia de Medeiros (FEI); Fábio do Prado, Reitor do Centro Universitário FEI; Gilberto Kassab, Ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações; Antonio Roberto Batista, Vice-presidente da FEI.

ENCERRAMENTO

Política Nacional de Incentivo à Ciência, Tecnologia e Informação 33


“NÓS ESTAMOS VIVENDO UM MOMENTO MUITO SENSÍVEL AQUI NO BRASIL, DE CRISE, E NÃO HÁ PAÍS QUE TENHA SAÍDO DA CRISE SEM INVESTIR EM INOVAÇÃO E EM PESQUISA” GILBERTO KASSAB Gilberto Kassab, Ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.

O encerramento oficial do Congresso contou com a

dentro desse processo. “Nós estamos vivendo um mo-

presença do Ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações

mento muito sensível aqui no Brasil, de crise, e não há

e Comunicações, Gilberto Kassab, que compôs a ceri-

país que tenha saído da crise sem investir em inovação

mônia de encerramento com as autoridades do Centro

e em pesquisa”.

Universitário FEI, o presidente da FEI, Pe. Theodoro Peters, S. J., o vice–presidente, Antonio Roberto Batista e o reitor, Fábio do Prado.

O presidente da FEI, Pe. Theodoro Peters, S.J., lembrou o papel da Instituição de formar profissionais capacitados e a importância do evento nesse

O ministro, em seu pronunciamento, destacou o

contexto. “Durante essa semana articulamos com os

papel do Centro Universitário FEI dentro do tema ino-

principais atores dessa inovação para formar pro-

vação. “A FEI tem dado provas inequívocas de que se

fissionais inovadores. Queremos que nosso profis-

preo­cupa com a evolução não só do Brasil como do

sional esteja apto não para procurar emprego, mas

mundo. Eu, como figura pública, estou aqui para in-

para servir a seus próprios negócios”. Pe. Peters afir-

centivar cada vez mais esse trabalho”, disse. O minis-

mou ainda que antecipar o futuro é a missão da FEI

tro frisou a importância das parcerias público-privadas

como universidade.

Quando falamos e nos dedicamos ao tema da inovação, isso começa por uma inovação da própria Instituição, uma reflexão sobre ela própria e sobre sua postura em relação ao que o futuro propõe. Antonio Roberto Batista

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Pe. Theodoro Peters, S.J, Presidente da Fundação Educacional Inaciana Pe. Sabóia de Medeiros (FEI); Gilberto Kassab, Ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações; Antonio Roberto Batista, Vice-presidente da FEI; Fábio do Prado, Reitor do Centro Universitário FEI.

O Congresso não é mais um evento, mas é o primeiro com uma nova roupagem de um evento que já desenvolvíamos anualmente com a Semana de Engenharia, Administração e Ciência da Computação. No entanto, era um evento muito técnico, com uma visão muito imediatista. E nós resolvemos mudar, com um replanejamento da política de inovação da Instituição. Afinal, não adianta formarmos alunos só para as tecnologias vigentes e emergentes, porque muitas delas, como foi expressamente mencionada durante o congresso, serão obsoletas antes mesmo de muitos alunos se formarem. A tecnologia pode ser obsoleta, mas o homem bem formado não. Ele será capaz de abordar e debruçar sobre qualquer tecnologia que venha a frente, mesmo aquela que ele nem imagina que possa existir. Por isso, estamos reformulando nosso currículo, trabalhando com nossos professores e profissionais administrativos para que possam vivenciar essa inovação e, dentro da atividade curricular, dar espaço às ações que valorizem a criatividade e o empreendimento. Como bons gestores de projetos inovadores, eles precisam entender e enxergar o futuro. Daí surgiu a pauta do congresso, com tendências e megatendências. Precisamos enxergar o amanhã. Fábio do Prado

Estamos muito felizes com a realização do congresso. Primeiro porque foi uma proposta bem recebida pelo corpo docente, pesquisadores e os estudantes. O projeto foca os alunos e também os representantes das empresas que aqui estão. Aliás, conseguimos reunir um leque muito especial de grandes companhias, que são referências em várias áreas no País. E ter todo esse pessoal escutando e participando, abre grandes perspectivas onde a indústria e as empresas percebem a vida da FEI. Eles têm um olhar sobre a engenharia, mas também enxergamos a gestão, a informática. As empresas e a sociedade, assim como nós, estamos preocupados com o futuro. A palavra para unir professores, estudantes, empresários e nós, como mantenedores da FEI, é sinergia. A marca da FEI é inovação. O nosso estudante não está sendo preparado para ser empregado, mas para ser empregador. Pe. Theodoro Peters, S. J.

A FEI é sempre um exemplo no setor educacional. Um congresso como esse de tecnologia é importante não apenas pelos resultados que serão colhidos, mas que seja uma referência para outras instituições, maiores ou menores, que possam também investir em inovação. Investir em inovação significa pensar no futuro do País, em um modelo de atuação do jovem que permita a ele se preparar para sua formação profissional. Eu tenho uma relação pessoal com a FEI, seja pelo meu pai como vice-presidente no passado ou pelos amigos que conheço, portanto, sou suspeito em falar da Instituição. A FEI é uma das instituições de excelência que contribui muito na formação do nosso País. As megatendências, como diz o próprio nome, são tendências. Essas tendências, para 2050, poderão ser transformadas. Mas é fundamental estarmos preparados para encará-las, seja no ambiente da IoT ou nos novos processos industriais. Precisamos gerar conhecimento e preparar mão de obra. Gilberto Kassab

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