B&C BEACH&COUNTRY 07 ARTEFACTO

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UNIVERSO B&C NAVEGANDO PELO CONHECIMENTO

CONFISSÕES LARS GRAEL DEDICAÇÃO E SUPERAÇÃO

À MESA ANTIQUARIUS - COZINHA PORTUGUESA EM TERRAS BRASILEIRAS


a r t e f a c t o b c . c o m . b r

Rio de Janeiro


São Paulo

São Paulo Av. Brasil, 1.823 Jardim América t: 11 3894.7000

Estacionamento no local Segunda a sábado, das 10 às 20h Domingos e feriados, das 14 às 18h

Rio de Janeiro Av. Ayrton Senna, 2.150, Bloco K - Casashopping Barra da Tijuca t: 21 3325.7667

Segunda, das 12 às 22h. Terça a sábado, das 10 às 22h. Domingos, das 15 às 21h






CARTA AO LEITOR

Vamos dar a meia volta, volta e meia vamos dar... O trecho da ciranda dá um pouco o norte deste exemplar – vamos, voltamos, não ficamos apenas. Nossos ancestrais ousaram navegar por mares nunca dantes navegados, à procura de terras estranhas e exóticas, outras culturas, outros povos, outros credos. A ousadia destes exploradores possibilitou que nosso povo tivesse uma base multicultural e exemplarmente desprovida de preconceitos, visto ter sido criado à sombra de culturas ancestrais das mais diversas origens. Para nós, navegar é preciso sempre, estamos acostumados a essa frase (geralmente creditada à Fernando Pessoa, que esclarece em seu próprio poema a origem desta), acreditamos na mudança, no deslocamento – talvez em virtude de termos sido descobertos quase ao acaso, numa procura pelas Índias. Então, orientados por este tema, decidimos fazer o caminho inverso, demos a volta até Portugal para penetrar no universo do poeta português através do olhar do pernambucano José Paulo Cavalcanti Filho. Hospedamos-nos em terras além-mar nos domínios da Pérola do Atlântico, como é conhecido o hotel Reid´s Palace, na Ilha da Madeira. De lá até Marrakesh um pulinho com Adriana Bittencourt que dá dicas preciosas da cidade vermelha. Penetramos na arquitetura e nas paisagens de Bruno Miguel, jovem artista plástico de talento inconteste, embalados por uma trilha sonora que também navega entre o pop de Nelly Furtado (filha de...portugueses) e a melodia etérea do Madredeus, para concluírmos que novamente o poeta estava certo: o que é necessário é criar. Para nós da Artefacto Beach&Country, a criação é a mola, o mote, o combustível que nos faz dar a meia volta, a volta e meia...

J. Wair de Paula Jr. Eduardo Felipe F. Machado

NOSSOS ENDEREÇOS: SÃO PAULO • AV. BRASIL, 1823 - JARDIM AMÉRICA - TEL.: 11 3894-7000. DE SEGUNDA A SÁBADO, DAS 10H ÀS 20H - DOMINGOS E FERIADOS, DAS 14H ÀS 18H. RIO DE JANEIRO • AV. AYRTON SENNA, 2150 - BLOCO K - CASASHOPPING - BARRA DA TIJUCA - TEL.: 21 3325-7667. SEGUNDAS, DAS 12H ÀS 22H. DOMINGOS, DAS 15H ÀS 21H.

8 | JUNHO 2011


Making Of JUNHO 2011 | 9


Índice 26

Universo B&C Navegar é preciso... Assim como é preciso viver!

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Leitura Fernando Pessoa: Quase uma autobiografia.

38

38

À Mesa Bacalhau: O rei dos mares nórdicos dá água na boca no mundo inteiro.

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Brasil no Mundo Estilo sem fronteiras.

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Trilha Sonora Nelly Furtado A voz de múltiplas línguas e emoções.

46

2

10

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bússola A Península Ibérica volta a ganhar atenção de turistas.

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Refúgio Internacional Reid's Palace, o cenário ideal para se refugiar do mundo.

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The look of Home 01 Sonhar é uma forma de viagem.

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Perfil One Sinônimo de criatividade e sucesso.


82

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Refúgio Nacional Para descansar a alma.

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The look of Home 02 Na praia a combinação azul e branco traz para dentro de casa as cores do mar.

02

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Confissões Lars Grael, um exemplo de Dedicação e superação.

2

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0

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Perfil Two Sonia Racy, informações de poder direto das melhores fontes.

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Arte

O fantástico mundo de bruno, o jovem artista que se consagra como um dos nomes da arte contemporânea.

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DNA

Ana Salazar, a estilista portuguesa Que veio conquistar o brasil.

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The look of Home 03 A dupla guilherme saggese e jorge nascimento nos oferece uma sala de almoço plena de sabores.

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Na Rede Navegue pelos sites que nós escolhemos.

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www.docol.com.br

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COLABORADORES Expediente Diretoria Artefacto Beach&Country Albino Bacchi Fundador Artefacto Bráulio Bacchi Diretor-Executivo Artefacto Paulo Bacchi CEO Internacional Artefacto Eduardo Machado Diretor de Marca e Relacionamento Pedro Torres Superintendente Wair de Paula Diretor de Criação Projeto Editorial

Rua Artur de Azevedo, 560 - Pinheiros - SP - 05404-001 Tel.: (55 11) 2182-9500 - www.j3p.com.br

Fabio Pereira Diretor de Criação Cesar Rodrigues Projeto Gráfico Direção de Arte

Wair de Paula Diretor de Criação

Chico Volponi Gerente de Custom Publishing Iana Merisse Assistente de Arte Luciana Fagundes Revisão Ana Luiza Vaccarin Arte Final Giuliano Pereira Diretor Responsável Pamela Gerard Gerente de Contas Tatiana Volpe Supervisora de Contas Helena Montanarini Redação e Edição Felipe Petroni Filizola Jornalista Paulo Brenta Fotógrafo Diego Makul Publicidade diegomakul@portalartefacto.com.br

Eduardo Machado Diretor de Marca e Relacionamento

Contato revista@artefactobc.com.br www.artefactobc.com.br

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Executivas de conta Ana Conde Cindy Vega Clarice Mattiello Elisangela Lara Viviane Bruno Colaboradores Adilson Rocchi, Ailton Alves, Bruna Brandão, Carlos Zaluski, Cesar Rodrigues, Edison Garcia, Fabio Augusto, Fabio Novaes, Mariane Thamsten, Marilia Teixeira, Meire Silva, Miriam Perdigão, Mônica Galvani, Nabi Neves, Rejane Zaverucha, Ricardo Amaral, Tânia Rodrigues, Carla Dutra (Neiva Assessoria).


ECO Lumber




UNIVERSO B&C

NAVEGAR É PRECISO...

ASSIM COMO É PRECISO VIVER! Por HELENA MONTANARINI Fotos divulgação


De cima para baixo Uma típica embarcação fenícia. Os famosos “navios dragão” dos Vikings muito utilizados em viagens ao extremo oriente. Posídon. Na mitologia grega, assumiu o status de Deus Supremo do Mar.

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termo navegar significa viajar, percorrer, atravessar. No sentido mais literal, é o ato de fazer um navio ou avião seguir rota determinada pelo curso de água ou pelos ares. O ato em si também implica uma aventura em busca de determinado objetivo, pelas ocorrências inesperadas que podem acontecer no meio da jornada. Hoje, pelo meio de instrumentos de alta tecnologia, esses fatores surpresas se minguaram a poucas adversidades que, com raras exceções, podem ser controladas e superadas. No entanto, nem sempre foi assim. Em uma época que a Terra era considerada plana e quadrada, navegar podia significar correr o risco de “cair” para fora do mundo. A falta de instrumentos também era responsável pelo não-retorno de muitos navios, o que ajudava a criar mitos e histórias sobre o que poderiam aguardar os navegantes. Os Fenícios e os Vikings, dois povos que historicamente estão associados à conquista dos mares, acreditavam em monstros aquáticos, sereias encantadas e outros tantos castigos de Deus, caso algumas tradições e rituais não fossem seguidos à risca. Na Roma Antiga a frase “Navegar é preciso; viver não é preciso” (do latim Navigare necesse; vivere non est necesse), atribuída a Pompeu, encorajava marinheiros amedrontados que recusavam viajar durante a guerra. Para o império romano, o qual o sol nunca se punha por completo, era fundamental viagens constantes para que todo o seu território se mantivesse unido e novos territórios pudessem ser conquistados. Esse motivo também incentivou as Grandes Navegações portuguesas durante o Renascimento Europeu. A fundação da Escola de Sagres pelo infante Dom Henrique visava a chegada e a conquista da Índia pelo litoral africano. O interesse em transformar Portugal em uma nova porta de entrada para especiarias, porcelanas e tecidos da Pérsia, China e Índia desenvolveu a arte da navegação, e assim foram inventadas a bússola, o astrolábio e a caravela. J U N H O 2 0 1 1 | 19


DESTINOS

Mapa com novo e velho mundo.

Se Bartolomeu Dias encontrou o Cabo da Boa Esperança,no extremo sul do continente africano, em 1488, dez anos mais tarde Vasco da Gama finalmente chegou ao destino tão desejado. Por força do destino, da natureza ou por algum feliz erro, em 1492, o italiano Cristóvão Colombo, em missão espanhola “descobriu” a América, ainda que acreditasse que estivesse na Índia. Portugal, por sua vez, enviou Pedro Álvares Cabral aos mares, e o resultado foi sua chegada em Porto Seguro, em abril de 1500.

NAVEGANDO PELO CONHECIMENTO Séculos mais tarde, o autor português Fernando Pessoa exalta a palavra navegar em seu poema “Navegar é Preciso” (leia no box página 32). Sem a conotação literal do verbo, Pessoa discorre sobre a navegação pela vida e como ela deve ser acompanhada de bons feitos, gerando legado, inteligência e amor. Suas palavras transmitem a grandiosidade do espírito desse autor de tantos nomes, conhecido como um dos maiores poetas de todos os tempos. 20 | J U N H O 2 0 1 1


Cabo da Boa Esperança, “dobrado” pela 1ª vez em 1488, pelo navegador português Bartolomeu Dias.

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DESTINOS

Cristóvão Colombo e família.

Em um dos versos, Fernando Pessoa afirma que “viver não é necessário; o que é necessário é criar”. E a criação, ora pois, é justamente a navegação pelo conhecimento, aprofundando-o e atravessando-o. É preciso a coragem de desbravar caminhos nunca antes percorridos com um objetivo. Às vezes, assim como Colombo, o insucesso de uma navegação pode levar a destinos muito maiores do que os esperados inicialmente. É uma forma de retribuição pela coragem e dedicação, que move mares de pessoas em busca do “novo” e do “melhor”. Foi assim com as maiores descobertas e invenções da história, como o fogo, a roda, a eletricidade, as leis da física e de todos os aparatos modernos que garantem o nosso conforto dos dias atuais. Também foi na busca do aperfeiçoamento e da perfeição que nasceram as grandes obras de arte. Mais importante é constatar a paixão que os autores de cada um desses feitos tinham pela vontade de se tornarem ainda melhores de algum modo, sem que o objetivo fosse meramente a ambição financeira. Van Gogh, por exemplo, deixou sua vida em 1890 sem que nenhum de seus quadros houvesse sido vendido ou sequer reconhecido. Mas isso não o impediu de navegar pelo mundo das cores pós-impressionistas e influenciar, posteriormente, os movimentos fauvistas e expressionistas.

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Van Gogh navegou pelo mundo das cores p贸s-impressionistas.

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DESTINOS Godard, diretor do filme Socialism que navega pelas relações humanas em geral.

NAVEGANDO PELA ERA DIGITAL Coincidência ou não, o ato de explorar páginas na internet resgatou o verbo navegar. A web permite a viagem por um mundo sem limites de conhecimento, no qual novas janelas surgem a cada clique e páginas que levam a outras tantas páginas. Com o mundo ao alcance de nossos olhos e dedos, fica a cargo de cada um de nós a decisão de viajar sem rumo para onde a imaginação nos levar. Nessa era digital, no entanto, cada vez mais são valorizadas as navegações pelo mundo real, para conhecer países, saborear restaurantes e vinhos e apreciar obras de arte ao vivo. Prazeres que não podem ser substituídos por facilidades tecnológicas. Nessa viagem da vida é primordial não esquecermos que atrás de telas de computadores estão outros seres humanos. Nada se compara aos encontros físicos com amigos e família, capazes de criarem lembranças inesquecíveis para o nosso “diário de bordo”. São desses momentos que surgiu a película Film Socialism, de Jean-Luc Godard, em 2010. O diretor foi agraciado com um Óscar honorário pela sua contribuição ao cinema. O enredo é uma sinfonia de histórias entre passageiros de diversas nacionalidades e idades durante um cruzeiro de férias no verão do Mediterrâneo. Os turistas da história navegam entre as relações familiares, políticas e filosóficas de suas vidas. O epílogo do lindo filme nos traz a certeza, mais uma vez, que navegar é preciso. 24 | J U N H O 2 0 1 1

Fernando Pessoa disse com sabedoria que “Navegar é Preciso”.

Navegar é Preciso Fernando Pessoa Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa: “Navegar é preciso; viver não é preciso”. Quero para mim o espírito desta frase,transformada a forma para a casar como eu sou: Viver não é necessário; o que é necessário é criar. Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso. Só quero torná-la grande, ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a (minha alma) a lenha desse fogo. Só quero torná-la de toda a humanidade; ainda que para isso tenha de a perder como minha. Cada vez mais assim penso. Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir para a evolução da humanidade. É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.



LEITURA

Fernando Pessoa, uma quase autobiografia O pernambucano José Paulo Cavalcanti Filho desvenda as máscaras do maior poeta português. Por FELIPE FILIZOLA Fotos divulgação

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onduzido por uma obsessão pessoal, o advogado e escritor pernambucano José Paulo Cavalcanti Filho lançou o livro “Fernando Pessoa uma quase autobiografia”. Seu objetivo era biografar o maior poeta da língua portuguesa tomando como base seus próprios poemas e textos em prosa. O resultado é de mais de 700 páginas com a análise da vida de um poeta tido como “imaginativo demais” pelo autor. Com apenas 3 anos, Fernando Pessoa já juntava letras que via em jornais e revistas. Aos 4, escrevia frases inteiras. Ainda bastante jovem, lia um livro por dia. Aos 18, prometia dobrar essa quantidade: “um

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de poesia ou literatura, outro de ciências ou filosofia”. Foi um escritor compulsivo e ao longo de sua curta vida (1888 a 1935) encheu aproximadamente 30 mil folhas, o equivalente a 60 livros de cerca de 500 páginas. Diluiu o excesso de verbo em uma multidão de “autores” e chegou a usar 202 nomes diferentes. Cavalcanti cita no livro que, no início dos anos 1990, eram conhecidos apenas 72 heterônimos de Pessoa. O recém-lançado livro acrescentou 55. O conceito de heterônimo que adotou é amplo e não se restringe à definição padrão: “nome imaginário que um criador identifica como o autor de suas obras e que apresenta tendências diferentes das desse criador”.


COLEÇÃO E EXPOSIÇÃO O livro inclui todos os nomes, tendo estilo próprio ou não, com os quais o poeta assinou seus textos. A decisão pode ser contestada, mas a intenção de Cavalcanti nunca foi fazer uma biografia convencional. As excentricidades já começam pelo subtítulo: “Uma (quase) Autobiografia”. O autor se refere ao trabalho como o “livro que escrevi com meu amigo Pessoa”. A “amizade” é das mais antigas. Começou em 1966, quando Cavalcanti leu “Tabacaria”, um dos principais poemas do autor. Na obra, o escritor explica que começou a se interessar por fazer o livro quando pretendeu saber quantos foram os heterônimos do escritor português. José Paulo percorreu alfarrabistas em busca de edições raras e livros sobre Pessoa. Só em um deles, gastou 10 mil euros de uma vez em livros. Por outros 10 mil euros, levou a coleção de selos do poeta. A partir daí, viria a montar umas das principais coleções sobre vida e obra de Pessoa. O poeta deixou mais de 30 mil páginas com anotações sobre si mesmo, literatura, família e fatos cotidianos. Cavalcanti usou tantos trechos que chega a dizer que seu livro tem “mais frases de Pessoa do que minhas”. “Mas não se trata”, explica, “de Pessoa falando sobre si, é a palavra

de Pessoa falando sobre ele. Ou melhor: é o que quero dizer, mas por palavras dele”. Cavalcanti foi ainda além: para dar unidade estilística ao texto, tentou escrever como Pessoa. Reduziu os adjetivos e adotou outro hábito dele: o uso, em média, de três vírgulas antes de um ponto final. O lançamento do livro em março desse ano coincidiu com a exposição “Fernando Pessoa - plural como o universo”, na qual são expostos textos originais, revistas e objetos pessoais do poeta português, a maioria objetos adquiridos em leilões na Europa pelo advogado pernambucano. A exposição é sobre um autor português no Museu da Língua Portuguesa carioca, e pretende mostrar a multiplicidade da vida e da obra do poeta, que se revela nos versos das dezenas de heterônimos e personagens literários criados por ele. Poemas impressos e projetados, facsímiles de documentos, imagens de Pessoa e quadros de pintores portugueses compõem o visual da exposição, que tem ainda um vídeo feito pelo documentarista Carlos Nader, com roteiro de Antônio Cícero. A exposição tem a curadoria de Carlos Felipe Moisés e Richard Zenith e cenografia de Hélio Eichbauer. J U N H O 2 0 1 1 | 27


À MESA


Bacalhau O REI DOS MARES NÓRDICOS DÁ ÁGUA NA BOCA DO MUNDO INTEIRO. Por FELIPE FILIZOLA Fotos divulgação

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ão há como não pensar em bacalhau quando se fala de comida portuguesa. Ainda que a iguaria seja de origem norueguesa, ele está relacionado à cultura de Portugal há mais de 600 anos. O motivo nos leva de volta à era das navegações, nos séculos XIV e XV. Pelo tempo de duração das viagens e falta de métodos de conservar alimentos, era necessário que os navios estivessem abastecidos de opções que não estragassem tão facilmente. Assim, o peixe gardus mohua era uma ótima opção com baixo teor de gordura e alta concentração de proteína, além do método de salgar e secar o peixe garantir a conservação de nutrientes.

Na Noruega, o processo de salga e cura retira em média 50% da umidade do bacalhau.


À MESA

No Brasil, o hábito alimentar chegou com a corte portuguesa no início do século XIX e logo se difundiu pelo território. Data dessa época a primeira exportação oficial de bacalhau da Noruega para o Brasil, que aconteceu em 1843. Na edição do Jornal do Brasil de 1891 está registrado que os intelectuais da época, liderados por Machado de Assis, reuniam-se todos os domingos em restaurantes do centro do Rio de Janeiro para comer um autêntico “Bacalhau do Porto” e discutir os problemas brasileiros. Durante muitos anos o bacalhau foi um alimento barato, sempre presente nas mesas das camadas populares. Era comum nas casas brasileiras o bacalhau servido às sextasfeiras, dias santos e festas familiares. Após a 2ª Guerra Mundial, com a escassez de alimentos em toda a Europa, o preço do bacalhau aumentou, restringindo o consumo popular. Ao longo dos anos o perfil do consumidor do peixe mudou e o seu consumo ganhou status de celebração. Hoje, totalmente incorporado à cultura culinária brasileira, ele aparece nos menus dos melhores restaurantes, e o famoso bolinho de bacalhau tornou-se um dos quitutes de preferência nacional. E como matéria-prima tradicional, sua compra nos remete aos tradicionais mercados municipais das capitais. Em São Paulo, alguns dos boxes oferecem famosos e recheados pastéis e bolinhos feitos com o peixe comprado ali mesmo. 30 | J U N H O 2 0 1 1

ANTIQUARIUS Sua importância na cozinha portuguesa em terras brasileiras. E se o papo é bacalhau e comida portuguesa, nada mais justo do que falarmos do mais emblemático restaurante português no Brasil: o Antiquarius. Com lojas em São Paulo e Rio de Janeiro, o restaurante conquistou milhares de clientes em busca de gastronomia de ponta. Inaugurado no Rio de Janeiro em 1977 e em São Paulo em 1990, a premiada cozinha é prestigiada por uma corte de políticos, empresários, artistas e intelectuais nas duas cidades, pela garantia de ingredientes frescos e tratamento personalizado. A casa foi fundada em Portugal pelos portugueses e sócios Carlos Perico e Antônio Pimentel na Pousada de Santa Luzia, em Elvas, ao lado de um antiquário local. O restaurante chegou a ser considerado o melhor de Portugal, ganhando a cotação máxima de três estrelas pelo guia francês Michelin. A Revolução dos Cravos em 1974 mudou o destino da dupla, que desembarcou em terras cariocas influenciada pelos clientes brasileiros. Já instalados, reabriram o Antiquarius no Leblon, seguindo o mesmo esquema da primeira casa, inclusive com os objetos de decoração vindos do antiquário à venda.


FOTO: PAULO BRENTA

FOTO: PAULO BRENTA

O Arquiteto João Mansur

O Antiquarius tem ambiente clássico. Sua decoração, é composta, entre outros, por inúmeras obras de arte escolhidas em leilões internacionais e nacionais.

A chegada do restaurante em São Paulo é fruto do trabalho de Thales Martins, genro de Carlos, e estabeleceu um marco na alta gastronomia paulista. Ainda que o vasto cardápio ofereça diversas opções, inclusive feijoada (eleita pela revista Veja Rio a melhor da cidade em 2010), o bacalhau ainda é o maior destaque do cardápio; só na casa paulista, cerca de 250 quilos semanais são servidos de mais de oito maneiras diferentes (veja quadro na página 44 com uma das receitas). Para manter o alto nível da cozinha, o cardápio segue sazonalidades e é baseado na disponibilidade de produtos frescos e de qualidade garantida. A tradição da casa – o maître Aragão está há décadas atendendo os fiéis clientes – não deixa que ela caia na monotonia. Uma reforma está sendo programada para o ponto de São Paulo, e seus frequentadores poderão contar com uma varanda aberta. No Rio, a abertura do Antiquarius Grill em 2007, na Barra da Tijuca, comemorou os 30 anos de vida, com estilo “contemporâneo da noite de Lisboa” sem perder o primor nos pratos. E ainda em 2011 será aberto um ponto em Brasília, seguindo o conceito mais despojado do restaurante da Barra.

João Mansur A B&C entrevistou João Mansur, responsável pelo interior dos restaurantes Antiquarius, para saber mais sobre a decoração e escolha das peças. B&C: Como começou o seu envolvimento com o Antiquarius? João Mansur: Meu envolvimento com o Antiquarius já vem de longa data! Começou em meados dos anos 70, quando da abertura do restaurante no Rio de Janeiro. Ainda existia o glamour da ex-Capital Federal. O Antiquarius abria as portas trazendo o charme e aconchego das casas portuguesas, com um menu de cozinha portuguesa e internacional de altíssima qualidade. Ainda havia a decoração primorosa maestrada por Pedro Leitão, que além de designer do interior, era um excelente retratista da nobreza europeia. Além do mais, tinha a grande sensação de ser um restaurante no térreo e um antiquário no mezanino. Uma grande novidade na época! Contando com um excepcional acervo de mobiliário, prataria e porcelana luso-brasileiros dos séculos XVII ao XIX, logo se tornou point absoluto do Rio de Janeiro. E também um dos antiquários mais prestigiados da cidade. M A R Ç O 2 0 1 1 | 31


FOTO: PAULO BRENTA

À MESA

Durante uns cinco anos antes de minha mudança para São Paulo, eu, minha família e meus amigos éramos clientes frequentes do Antiquarius. Quando mudei para SP, continuei frequentando o restaurante em minhas constantes visitas ao Rio. B&C: Como você passou de cliente a fornecedor deles? João Mansur: No início dos anos 90, o Antiquarius abriu as portas em São Paulo, nos mesmos moldes da matriz carioca e de imediato se tornou um sucesso total! Continuei como cliente, mas sempre curtindo muito o importante acervo também exposto na filial paulistana. Por volta de 1997, fui convidado pela Sra. Maria Eduarda Perico Martins a repaginar e atualizar o décor do restaurante, mas sempre respeitando a proposta inicial do Pedro Leitão. E também me solicitaram para fazer o garimpo, a seleção e a curadoria do antiquariato. Tarefa muito gratificante, que pratico feliz até hoje. B&C: Como traduzir o estilo João Mansur para o Antiquarius? João Mansur: O estilo João Mansur está totalmente conectado 32 | J U N H O 2 0 1 1

ao estilo Antiquarius: cores fortes e contrastantes, iluminação cênica, dramaticidade e importante crivo na seleção e escolha do antiquariato. As casas do Rio e de São Paulo, como todo restaurante internacional que se expande, têm a mesma proposta e a mesma leitura. B&C: O novo restaurante de Brasília tem uma proposta mais casual. Nos conte do projeto. João Mansur: O Novo Antiquarius em Brasília segue a mesma proposta do Antiquarius Grill da Barra, no Rio. A proposta do Antiquarius Grill seria como uma releitura do Antiquarius tradicional. Pisos em tábuas de peroba, paredes em tijolos aparentes, grandes vãos em vidro, pé-direito duplo e mezanino apoiado em estrutura de ferro envelhecido, dando um aspecto de um armazém que foi restaurado e renovado. Continua a exposição de antiquariato, mas em uma proposta mais jovem, com peças dos séculos XVIII ao XX, das porcelanas Cia. das Índias, passando pelo Art Deco, Muranos, Biombos Chineses e importantes peças internacionais de design consagrado dos anos 30 ao século XXI.


FOTO: PAULO BRENTA

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À MESA

BACALHAU AO FORNO À PORTUGUESA (RECEITA ANTIQUARIUS) Ingredientes • 2 postas de bacalhau (250 g cada) • 2 cebolas médias cortadas em tiras • 4 dentes grandes de alho fatiados • 2 batatas médias fatiadas • 4 ramos de brócolis • 1 tomate sem pele e sem semente • 2 ovos cozidos • Azeite extravirgem a gosto Modo de preparo Bacalhau O primeiro passo é dessalgar as postas de bacalhau. Isso deve ser feito com 3 dias de antecedência. Mergulhe a carne em uma vasilha com água fria e leve à geladeira. Troque a água de duas a três vezes por dia. Finalizado o processo da dessalga, o bacalhau deve ser grelhado em fogo alto. O ideal é usar uma chapa ou uma 34 | J U N H O 2 0 1 1

frigideira grande antiaderente. Doure cada lado da posta do bacalhau de 3 a 4 minutos. A carne deve ficar crocante por fora e macia por dentro. Reserve. Acompanhamentos Em uma frigideira, coloque um pouco de azeite e doure a cebola cortada em tiras. Na sequência, use a mesma frigideira para dourar as batatas. Em uma pequena assadeira, acomode as rodelas de batata já douradas e coloque as postas de bacalhau por cima. Complete com mais batatas nas laterais da assadeira e cubra tudo com a cebola dourada. Regue com azeite e leve ao forno médio durante 30 minutos. Retire do forno e adicione à assadeira os ovos e o brócolis, que já devem estar previamente cozidos. Junte o tomate

cortado ao meio, sem pele e sem sementes e, por fim, o alho frito e dourado em azeite. Cubra a assadeira com mais uma camada generosa de azeite e leve ao forno novamente, dessa vez em temperatura baixa, por 10 minutos. Esse processo faz com que todos os ingredientes sejam aquecidos por igual. Montagem Em um prato raso, disponha uma das postas de bacalhau sem desmanchar o apoio de batatas em que ela foi assada. Coloque um dos ovos, metade do brócolis e do tomate. Coroe com mais um pouco de azeite e sirva acompanhado de um bom vinho tinto encorpado.



BRASIL NO MUNDO


Estilo sem

fronteiras Por FELIPE FILIZOLA Fotos ARQUIVO PESSOAL E DIVULGAÇÃO

Quando Sarah Jessica Parker esteve no hotel La Mamounia durante as gravações de Sex And The City 2, ela cruzou com a estilista brasileira Adriana Bittencourt para perguntar de onde era sua blusa. Frustrada por não encontrar nada que gostasse para comprar em Marrakesh, a atriz ganhou na hora a peça de criação própria da estilista.

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BRASIL NO MUNDO

Representante brasileira do jet set internacional, Adriana divide seu tempo entre São Paulo, Paris e Marrakesh. Desde 1994 suas bijoux e joias agradam clientes internacionais e apareceram inúmeras vezes nas mais celebradas revistas de moda europeia e americana. Bittencourt já ganhou uma página inteira de destaque na In style grega e diversas matérias em publicações como a L'Express, equivalente francesa à brasileira Veja. Foi a primeira designer não inglesa a ter suas criações na vitrine externa da Harrods, em Londres. Atualmente, suas criações estão em lojas como Mercury (Moscou), Bon Marché (Paris), Harrods (Londres), além das boutiques mais badaladas do momento em Capri, St. Tropez, St. Barth e Ibiza.

Estilo encantador Há sete anos, a bela morena também desenha caftans para sua marca Nour, com inspiração mediterrânea e estampas que viraram o talk-of-town das luxuosas praias do verão europeu. Acompanhada de um 38 | J U N H O 2 0 1 1

espírito livre e simples, cercada de amigos no mundo todo e viajando sem parar, busca sempre trazer todas suas experiências culturais para suas criações. E essas experiências culturais compõem o mix eclético chic da designer, que transformou seu estilo místico, sedutor, oriental e com um toque francês e da bossa brasileira, numa mistura fina e cheia de charme. Essa mistura de referências encanta clientes famosas, como as socialites Roberta Armani, Delfina Delletrez e Margherita Missoni, além das top models Gisele Bündchen, Naomi Campbell e Kate Moss, e das artistas Barbra Streisand e Sienna Miller. Workholic assumida, Adriana sempre está com a agenda cheia. Além de lançar sua nova coleção e trazer para o Brasil sua marca de beachwear Beach Bum (que significa rata de praia), ela mantém uma flagship store em São Paulo. O espaço é o templo brasileiro de suas criações, entre elas joias, batas e kaftans, necessaires, bolsas e outros acessórios, além das velas e os biquínis que conquistam a cada dia mais brasileiras.


Paixão marroquina Apaixonada pela obra de Yves Saint Laurent, Adriana dividiu sua paixão pelo Marrocos com o estilista, falecido em 2008. Ela visitou o Marrocos pela primeira vez há 14 anos e nunca mais quis ir embora. “Estava passando o Carnaval em Istambul e decidi de última hora parar para fazer pesquisas para a minha coleção de bijoux. Um amigo me buscou no aeroporto e logo tive uma sensação de já ter estado ali”, relata. Quando está na cidade, a estilista fica no Riad Nour (casa da luz), uma residência projetada por Bill Willis, responsável também pelas casas de John Paul Getty Jr., Saint Laurent, Alain Delon e das famílias Rothschild e Hermès.

O Riad do século XVIII é um verdadeiro palácio das mil e uma noites, com azulejos de cores pastéis e turquesa feitos pelo mesmo fornecedor dos palácios reais marroquinos. As marcas registradas de Willis estão presentes em toda parte, como a assinatura “L´Amour Nour”, no terraço, e a lareira no salão rouge. Entre os destaques da decoração estão as almofadas do terraço bordadas em forma de bijoux Touareg antigas, além de diversos objetos de uma família real de Damasco, na Síria. Aproveitando o olhar atento e exigente de Adriana, a B&C aproveitou a oportunidade para pedir as melhores dicas para dias e noites perfeitos em Marrakesh.

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BRASIL NO MUNDO

Em Marrakesh....

HOTEL:

FOOD:

La Mamounia: “Místico, reformado por Jaques Garcia. Adoro tomar um drink no bar Churchil e o brunch de sábado na piscina é imperdível.” “Place to be!”

Café de la Poste & Hotel Amanjena: “Almoço incrível.” Dar Moha: “Para tomar chá na antiga casa de Pierre Balmain.” Museu do Jardin Majorelle: “Museu de Yves Saint Laurent.” Dar Yacout: “um tradicional jantar marroquino.” Bo-Zin: “O restaurante super-cool.” Azar: “Libanês delicioso.”

SHOPPING: Atica: “A loja dos melhores mocassins.” Darkoum: “Para comprar objetos de decoração.” Moor: “Porque roupas nunca são demais.” Souk: “Merece a visita, mas é difícil encontrar algo que não seja cacareco: cinzeiros, lanternas, bule de chá...”

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TRILHA SONORA

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NELLY

F U R TA D O A voz de múltiplas línguas e emoções. Por FELIPE FILIZOLA Fotos divulgação

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ilha de um casal de portugueses, a cantora Nelly Furtado é um exemplo da globalização atual. Nascida em Victoria, na província canadense Colúmbia Britânica, em 1978, já vendeu mais de 20 milhões de álbuns e 18 milhões de singles em 3 diferentes línguas: português, inglês e espanhol. Os acordes de pop music que canta resumem influências do fado português, da bossa-nova brasileira e da música indiana, além do hip-hop e folk norte-americano. O que poderia se tornar uma salada musical resulta em álbuns bem resolvidos e produzidos. Por ser compositora, música e produtora da maioria das faixas que canta, ela consegue fazer com que todas se encaixem dentro de seu estilo musical e da capacidade de sua voz grave. O resultado pode ser conferido nos seus 6 álbuns, além de 2 versões com remixes, uma edição gravada ao vivo e outras tantas participações especiais em músicas de outros artistas. Sua versatilidade lhe levou a cantar junto com Ivete Sangalo, em 2010, durante a turnê da brasileira no Madison Square Garden em Nova York, além de emprestar sua voz para o single “Who Wants To Be Alone”, do popular DJ holandês Tiesto. Outras parcerias memoráveis foram com o cantor latino Juanes na canção “Fotografia”, em 2003, e com o jovem inglês James Morrison, com quem gravou “Broken Strings” e ganhou as paradas do mundo todo em 2008.

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TRILHA SONORA

Carreira intuitiva Furtado começou sua carreira em 1996, quando se mudou para Toronto e colaborou com sua voz para um grupo de hip-hop. A convivência com outros cantores ajudou Nelly a produzir seu primeiro demo, que caiu nas graças da gravadora DreamWorks. Seu primeiro single “Party's Just Began (Again)” foi incluso na trilha sonora do filme “Brokedown Palace”, de 1999. Dois anos depois, a cantora lançou seu primeiro álbum intitulado de Whoa, Nelly!, e a música “I'm Like a Bird” entrou no top-ten da Billboard em todos os países em que foi lançada. O feito lhe rendeu um Grammy de cantora pop e outra indicação para o prêmio de música do ano. Do mesmo álbum saíram as também famosas “Turn Off The Lights” e “Shit On The Radio (Remember The Days)”. Na época, revistas especializadas disseram que a musicalidade do álbum era um prazeroso e refrescante antídoto contra o exército de “princesas pop” e bandas de rap-metal que ganharam popularidade na virada do milênio. O estrondoso sucesso de Whoa, Nelly! trouxe segurança para a cantora ex44 | J U N H O 2 0 1 1

plorar novas fronteiras musicais no seu segundo álbum, Folklore, lançado em novembro de 2003. Entre os highlights do disco estão “Powerless (Say What You Want)” e a melódica balada “Try”. Em Folklore está a canção “Island Of Wonder”, cantada em inglês junto com Caetano Veloso, e também “Força”, em português, que se tornou música-tema da Copa Europeia UEFA de Futebol de 2004, sediada em Portugal. No entanto, Folklore não obteve o sucesso do primeiro disco por conter músicas menos pop e por ser lançado durante a venda da gravadora DreamWorks para a Universal Records, o que dificultou a promoção do álbum. Em 2006, a bela cantora morena de olhos azuis convidou o produtor Timbaland, conhecido como o Midas do mercado musical americano, para produzir o álbum Loose. Experimentando sons de R&B e hip hop, logo as músicas lançadas alcançaram o pódio das paradas. Com as canções “Promiscuous” e “Say It Right”, Furtado conquistou 11 discos de platina ao redor do globo. Tamanho sucesso motivou a turnê “Get Loose”, que se transformou em um DVD.


Sucessos recentes Mais recentemente, em 2009, lançou o disco Mi Plan, somente com canções em espanhol, que renderam um Grammy Latino à cantora por melhor álbum de voz feminina. A turnê de Mi Plan viajou por toda América Latina, inclusive pelo Brasil, onde apresentou um show intimista dentro do programa Big Brother. Durante a viagem, Furtado trabalhou em dois novos álbuns lançados quase simultaneamente no final de 2010. O primeiro foi uma versão só com remixes de Mi Plan, enquanto o outro foi uma compilação de suas melhores músicas. Este ano, consolidou de vez sua carreira fazendo um dueto com Elton John para a trilha sonora da animação Gnomeo & Juliet (ainda sem lançamento previsto para o Brasil). Com tantos projetos e tamanho sucesso, ela fundou a Nelstar, sua própria gravadora. E também soube aproveitar-se de sua fama para causas nobres, como participação em concertos e CDs de cunho filantrópico. Entre os destaques estão o show World AIDS Day, em 2006, na África do Sul, e o single Wavin'Flag, em 2010, com renda revertida para o Haiti.

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TRILHA SONORA

MÚSICAS DE DESTAQUE DA CARREIRA:

Folklore • Island Of Wonder (feat. Caetano Veloso) (2003) • Powerless (2003) • Try (2004) • Força (2004)

Mi Plan • Manos Al Aire (2009) • Who Wants To Be Alone (feat. Tiesto) (2010) • Crocodile Rock (feat. Elton John) (2011)

Whoa, Nelly! • I´m Like a Bird (2000) • Turn Off The Lights (2001) • Fotografia (feat Juanes) (2003)

Loose • Promiscuous (2006) • Say It Right (2007) • Broken Strings (feat. James Morisson) (2008)

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Cortinas, Colchas, Tapeçaria, Persianas e Manutenção (lavanderia de alta tecnologia) Rua Outeiro da Cruz n° 51 - T. 11 2978 3480 Cel. 11 7835 8179 ou 7835 1161 mb.bagatelli@uol.com.br www.monicabagatelli.com.br


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Cidade de Aveiro, conhecida como a “Veneza de Portugal”.


Navegar (e viajar) é preciso! A PENÍNSULA IBÉRICA VOLTA A GANHAR ATENÇÃO DE TURISTAS. Por FELIPE FILIZOLA Fotos divulgação

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ortugal e Espanha, depois de séculos, navegam em busca de um novo futuro contra a estagnação que lhes foi atribuída no último século. Descobriram que a modernidade não é a antítese de renegar o passado, e sim de saber valorizá-lo sem que ele se torne um empecilho para chegar ainda mais longe. Os países das grandes navegações, lado a lado, se recriam, misturando ares cosmopolitas ao seu legado histórico. Os dois países aprenderam a importância de vislumbrar a pluralidade cultural adquirida durante a época das colônias nas Américas e, hoje, se tornaram destino turístico certeiro para quem busca refúgio em suas lindas praias, modernas cidades, rico interior e inesquecível história. Também impossível não falarmos do Marrocos. Apesar de estar do outro lado do Mediterrâneo, a proximidade de terras no Estreito de Gibraltar favorece o intercâmbio com as nações da Península Ibérica e atrai interessados nas culturas muçulmana e islâmica.

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Fachadas coloridas na cidade do Porto, conhecida por sua arquitetura e vinhos.

PORTUGAL Lisboa recentemente foi a Capital Europeia da Cultura, em 1994, sediou a Exposição Mundial de 98 e a Copa Europeia de Futebol, em 2004. Sua vida urbana contrasta com monumentos históricos como o Arqueduto das Águas Livres, a Torre de Belém e o Mosteiro dos Jerônimos. O alto PIB per capita da cidade é maior que a média da Europa, e isso reflete nos ótimos serviços encontrados pelos seus 53 bairros ou freguesias. A agitada vida cultural oferece desde jantares ao som de fado quanto festivais de música – a cidade sediou duas edições do Rock in Rio –, cinema, teatro, moda e dança. No sul do país, o Atlântico banha a região de Algarve com uma beleza ímpar, onde barcos flutuam sob a água cristalina vistos do alto de enormes rochas e falésias. A popularização de visitas às caves de fermentação do Vinho do Porto e o surgimento de cruzeiros no Rio Douro trouxeram Porto de volta ao panorama cultural do país. A cidade ainda abriga a Fundação Serralves e a Casa da Música, programas obrigatório para os visitantes. Nem só o litoral de Portugal é marcado por passeios. No interior, quase na divisa com a Espanha, estão as Fortificações de Elvas. Em um resultado que deve sair ainda em 2011, as construções abaluartadas portuguesas são concorrentes para se tornar Patrimônio Mundial da Humanidade da UNESCO. Injusto não citar também, entre os importantes destinos, Coimbra e sua famosa universidade e o santuário de Nossa Senhora de Fátima. 50 | J U N H O 2 0 1 1


O PORTUGUÊS PEDRO D´OREY, editor de viagens da

Ritz Four Seasons

Condé Nast, DÁ SUAS DICAS PESSOAIS DA CIDADE: • O hotel da cidade é definitivamente o Ritz Four Seasons. Patrimônio à escala mundial; serviço top e com um spa eleito todo ano como um dos 10 melhores do mundo. Obrigatório ficar no Ritz para sentir a cidade. • Os meus restaurantes favoritos são o Pap'Açorda, a Bica do Sapato e um restaurante familiar na rua das Flores absolutamente imperdível. É a minha cantina na cidade. • Sou fiel a marcas italianas e é fácil encontrá-las em Lisboa. A Oficina Mustra é um paraíso para quem, como eu, adora Piombo, Aspesi e Italia Independent. Outra opção para calçados masculinos é a Rosebud em que me abasteço de sapatos Carshoe sempre que posso.

Bica do Sapato

• Não perca o Museu da Cidade, com jardins de autoria da reconhecida artista plástica Joana Vasconcelos e performance das criações de Bordallo Pinheiro. É uma ode criativa sem descrição. • Duas lojas que fazem parte do meu périplo lisboeta: A Vida Portuguesa, cuja proprietária Catarina Portas é umas das portuguesas que tem animado a cidade e aumentou o estímulo de ser português com vaidade. Outro point é uma galeria de revistas nos Restauradores, onde você encontra revistas de todo o mundo.

A Vida Portuguesa

• Uma fuga ou escapada nem que seja por um dia é a Comporta. É o paraíso easy-chic mais hi-lo do planeta. Mar azul a perder de vista, paisagem sublime e um peixe ao sal que vai fazer você suspirar por muito tempo. Duas dicas: o Museu do Arroz e o Diniz. Imperdíveis. Comporta J U N H O 2 0 1 1 | 51


bĂşssola


Em Barcelona, com vista para o mediterrâneo, o Parque Güell se destaca por seus elementos arquitetônicos feitos por Gaudí.

ESPANHA Montanhas cobertas de neve, lagoas cristalinas, praias deslumbrantes, cidades históricas cosmopolitas e comida fantástica. A imagem cliché de touradas e sangria ainda existe, mas a Espanha tem muito mais para oferecer. Madrid não é apenas a capital da Espanha, é também o centro do país, construída especificamente para se situar no centro geográfico da Península Ibérica, ou o Kilómetro Cero. Se ignorarmos os subúrbios, a sisuda cidade manteve a sua arquitetura aberta e sem arranhacéus, pontuada de parques verdes, palácios e galerias de arte. Os bares de tapas abundam, e a cultura ferve nos imponentes museus do Prado, Reina Sophia e ThyssenBornemisza. Ao norte de Madrid fica a região de Rioja, produtora de vinho. O norte é pitoresco com altas montanhas e uma linha costeira selvagem. À medida que se viaja para oeste, a paisagem alpina dá lugar às terras de pastoreio da “Espanha Verde” e uma costa marcada por vilas e praias de areia. O sul reserva grandes joias como Sevilla, Córdoba e, claro, o fantástico palácio Alhambra em Granada, castelo construído durante a invasão moura no século XIII. Não longe da fronteira com a França fica Barcelona, a capital da Catalunha e a segunda cidade da Espanha – embora os catalães acreditem que é a primeira. Desde as Ramblas à Sagrada Família de Gaudí e passando pela herança romana da cidade, a efervescente vida noturna e o clima ameno transformaram Barcelona em um dos destinos mais procurados nos últimos anos. No Mediterrâneo, as ilhas Baleares brilham como destino para todas as idades. A agitada Ibiza, a deslumbrante Formentera e a rica Mallorca (e sua irmã Menorca) atraem turistas à procura de sol, diversão e descanso, não necessariamente nesta ordem. J U N H O 2 0 1 1 | 53


bĂşssola

Com o advento dos descobrimentos, a Espanha renascentista torna-se poderosa e rica, fato que se reflete na arquitetura


A diretora de arte Marina Cassalderey, da revista espanhola Hola, no Brasil, divide com os leitores seus amores na cidade: • Descer caminhando pela ilha central do Paseo del Prado, pela manhã. Parar no Museo del Prado para dar uma olhada na sala de Goya, e depois continuar até o Museo Reina Sofia, para alguma expo nova. Do Reina, caminhar pelas pequenas ruazinhas e chegar no bairro da La Latina bem na hora do aperitivo e "tapear" pelos bares. Vale a pena procurar a Casa Lucio, na Cava Baja – Madrid em versão intravenosa! • Outro passeio delicioso que acaba em “tapas” é o Mercado de San Miguel, ao lado da Plaza Mayor. Depois da reforma, agora ele só tem delicatessen, que você pode ir provando de barraquinha em barraquinha. Eu “perco a cabeça” com os bombons do Horno San Honofre. • A melhor livraria para quem gosta de design, arquitetura e literatura moderna é a Panta Rhei, nos arredores da Calle Fuencarral. • Da Calle Fuencarral, ande em direção ao bairro de Chueca até Alonso Martinez. Você irá tropeçar em galerias de arte, cafés e lojinhas charmosíssimas; é uma ruazinha mais bonita que a outra. • Cocktelerias: as duas melhores estão lado a lado, na Calle Reina. O Del Diego, com um whisky sour, digamos, intenso, e o Cock. Este último é mais clássico, a parte de trás do Museo Chicote, outro totem da antiga noite madrilenha que passou por uma boa reforma – e entrou na onda “trendy”. • Duas ideias para comer rápido, numa cultura em que isso é quase impossível: o Home Burger, lanchonete moderna de hambúrgueres com um twist, e Lulú Taco Bar, com os cuates mexicanos mais animados para varar a noite tomando tequilas. • Essa é para os pais que, como eu, acreditam que existem programas legais com crianças que não façam parte do universo Disney: a loja Babydeli é um espaço que tem até workshops para os pequenos, um jardim com café para ler o jornal enquanto eles estão lá, e opções de lanches orgânicos enquanto você enche o carrinho de coisinhas eco-friendly deste mundinho. Uma das sócias do espaço é a filha da Carolina Herrera. J U N H O 2 0 1 1 | 55


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MARROCOS Logo ao sul do Estreito de Gibraltar está o Marrocos, reino fundamental para entender o contexto da Península Ibérica. Sua proximidade com a Europa explica a beleza da Alhambra na Andaluzia espanhola. Também podemos relacionar aos mouros os ensinamentos de economia, as técnicas de iluminação em arquitetura e o know-how de irrigação e elevação pluvial para mover bombas de água. O reino ensolarado no noroeste da África surpreende pela sua diversidade de elementos naturais com lagos e cachoeiras, assim como desertos e montanhas com os cumes pontuados por neve. Fez, Marrakesh, Meknés e a capital Rabat são as principais cidades históricas marroquinas, que fundamentaram a colonização árabe islâmica a partir do século VII e se tornaram centros políticos de sua época. Nelas encontram-se traços que caracterizam a tradicional arquitetura urbana marroquina: uma medina (centro comercial e residencial), uma mesquita central, o palácio real, o mellah (bairro judeu) e os suqs (mercados); tudo cercado por uma muralha que servia para fortificar a cidade. Em Marrakesh, o frenético mercado montado numa praça circular no centro da cidade reflete toda a mágica de Marrocos. O movimento começa cedo com o sol já ardendo sob a cidade:

encantadores de serpente, mágicos, malabaristas, acrobatas, muçulmanos sentados em tapetes lendo o Alcorão e dentistas que exibem milhares de dentes extraídos como prova de sua competência. Tudo ao mesmo tempo. Casablanca habita o imaginário universal depois que ganhou fama com o filme homônimo de 1942. Ao menos neste caso, o cinema é fantasia, pois nenhuma cena do filme foi gravada ali. Na verdade, Casablanca é uma cidade portuária e industrial, cujo nome tem sentido literal: a primeira casa construída depois do terremoto, em 1755, sendo branca para servir como ponto de referência aos viajantes que cruzavam o país e aos navios que se aproximavam da costa. Os mercadores espanhóis oficializaram o nome atual e mantiveram a característica básica da arquitetura da cidade: as casas, como Rabat, são todas brancas. Todas as cidades, curiosamente, são definidas por uma cor básica de suas construções: Marrakesh é a cidade vermelha; Meknés, a verde; Fez é amarela; Rabat, a cidade branca do litoral atlântico. E para se banhar no Estreito de Gibraltar, não deixe de visitar Tânger, onde Marrocos quase toca a Espanha. São 16 quilômetros de praias que ficam cheias no verão marroquino quando diversos europeus estão em férias. *Para dicas de Marrakesh, não deixe de ver a matéria com Adriana Bittencourt na página 50.

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Totalmente distinto de qualquer cultura, no Marrocos há uma grande mistura de influências africana, mulçumana e europeia.




REFÚGIO INTERNACIONAL


Reid's Palace O CENÁRIO IDEAL PARA SE REFUGIAR DO MUNDO.


REFÚGIO INTERNACIONAL

Por FELIPE FILIZOLA Fotos divulgação

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elegante Reid's Palace, localizado na Ilha da Madeira, é também conhecido como “Pérola do Atlântico”. Com seus 120 anos de história completados em 2011, faz parte do seleto grupo de hotéis da rede Orient Express. Sua localização privilegiada na área central de Funchal e no topo de um morro traz a beleza dos jardins e a vista do mar para perto dos hóspedes do hotel cinco estrelas. Aberto pelo britânico William Reid, em 1897, para servir como ponto de descanso para navegadores ingleses a caminho das colônias, o hotel é um dos mais conhecidos e tradicionais do mundo. A localização paradisíaca e distante dos grandes balneários de verão europeus ajuda a manter a exclusividade do local, que combina o estilo Edwardiano com amenidades e confortos de última geração. O hotel foi o escolhido por Sir Wiston Churchill como o local de descanso depois do término da Segunda Guerra. Na época, seu Rolls-Royce cinza foi levado à ilha para o transporte do estadista durante a visita. Entre os outros célebres hóspedes está o dramaturgo irlandês Bernard Shaw, que em 1924 aproveitou o conforto do Reid's por seis semanas. A imperadora Sissi da Áustria, ainda nos primeiros anos do hotel, utilizou a beleza da ilha para se recuperar da dor da morte de seu filho. Em homenagem, a bandeira austríaca era hasteada diariamente durante sua estadia por marinheiros militares britânicos como forma de condolência. Entre os 128 quartos e 35 suítes, é difícil escolher qual tem a melhor vista, já que eles contam com varandas ou terraços apontando para o oceano. Assim como também difícil é a escolha do melhor lugar para fazer as refeições. O dinning room é a mais séria e chique opção, aberto diariamente para o jantar. Ao ar livre, há o Ristorante Villa Cipriani com menu italiano preparado com ingredientes locais. Durante o ameno inverno, o restaurante Les Faunes, de alta cozinha francesa, abre suas portas e salões decorados com litografias de Picasso. Hóspedes que visitam o hotel durante o verão têm o prazer de aproveitar o Brisa do Mar e seus saborosos peixes e frutos do mar. Pela origem inglesa do hotel, o chá da tarde é servido comme il faut no lounge ou no terraço.

Beleza na água, terra e ar para todas as idades Aproveitando a riqueza de produtos locais, o hotel se aproveita das matérias-primas da região nos pratos de seus restaurantes e nos luxuosos tratamentos do spa. Os funcionários são treinados e conscientizados da importância do uso de produtos orgânicos e locais como forma de preservar o ecossistema da região e fortalecer a economia local. Entre os destaques estão a banana prata servida nos cafés da manhã ao lado de outras tantas frutas. No almoço, o destaque é o “bolo de caco”, com massa feita a partir de batata-doce e manteiga de alho.

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Entre os tratamentos de beleza oferecidos em ambiente decorado por tramas de vime e tecidos bordados típicos da ilha, aparece a opção de massagem com óleo extraído de sementes de uvas orgânicas. O “Reid’s Palace Signature Treatment” une essa massagem com outros tratamentos feitos com cremes de Aloe Vera produzidos na ilha. Ainda no spa, a vista para o mar completa o ambiente relaxante das quatro suítes de tratamento, que contam com academia, banheiras de hidromassagem e chuveiros de alta pressão. Para os mais ativos, outros tantos modos de relaxamento estão à disposição. A água do mar pode ser encontrada nas dependências do hotel, em uma piscina ao ar livre e outra aquecida, além de uma terceira piscina de água doce. Os amantes da água ainda têm a opção de ski aquático, windsurfing, mergulho e canoagem acompanhados de funcionários do Reid's. As temperaturas tropicais permitem que esses esportes sejam praticados o ano inteiro, assim como os dois campos de golf com 18 buracos, as quadras de tênis e o montanhismo nas rochas vulcânicas da Ilha da Madeira. Se a vontade do hóspede é sentir nas alturas o ar puro desta ilha do Atlântico, ainda há a opção de paragliding e parasailing. 64 | J U N H O 2 0 1 1


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A Ilha e suas belezas Outro passeio oferecido é a visita às vinícolas locais, uma experiência encantadora e inesquecível. Como resort de férias escolhido não apenas para casais, mas também para famílias inteiras, o Reid's Palace oferece babás para os pequenos e programação para crianças a partir de 3 anos, com excursões e atividades ao ar livre. Essa atitude family friendly do hotel se estende à recepção, com entrada exclusiva para famílias com crianças, e aos quartos, que contam com roupões, chinelos e amenidades desenvolvidos para crianças de todas as idades. Os adolescentes de até 18 anos são privilegiados com um clube para eles, com videogames de última geração e opções de atividades a todo momento. São pequenos detalhes e preocupações como estas que reforçam a qualidade do hotel, que figura no topo da “Gold List” de hotéis feita pela editora Conde Nast Traveler sem interrupção desde 2006. 66 | J U N H O 2 0 1 1

Sendo um arquipélago com um clima subtropical e paisagens deslumbrantes, a Madeira é justamente conhecida como “o Jardim Flutuante”. Localizada em alto mar a cerca de 900 km de Portugal e 600 km de Marrocos, a ilha é o miradouro da Europa para o Oceano Atlântico. O arquipélago é formado, não só pelas ilhas habitadas, que são a Madeira (a maior) e o Porto Santo, mas também por dois pequenos grupos de ilhas desabitadas apelidadas de Desertas e Selvagens. Além do esplendoroso azul do céu e do mar e da imponência dos vales e das montanhas, onde a flora é diversa e abundante, a região tem uma variedade de raras atrações. A ilha é famosa pelo seu vinho, pelas talentosas bordadeiras, pelo “bolo de mel” e pelas flores e frutos exóticos, que nascem do solo vulcânico. Se adicionarmos a isto tudo um clima balsâmico, é fácil de perceber porque é que essa ilha paradisíaca se tornou um dos destinos de férias mais desejados do mundo.


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The Look of Home 01

Sonhar Ê uma forma de viagem. E os quartos propostos por Ana Maria Vieira Santos e Adriano Amado induzem a isto com charme e elegância.



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Patricia Anastassiadis


Projeto da 1ª loja conceito da Valisere.

Por FELIPE FILIZOLA Fotos divulgação

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frente de um dos mais renomados escritórios de arquitetura do país, o nome Patricia Anastassiadis tornou-se sinônimo de criatividade e sucesso. Graduada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, no curso de Arquitetura e Urbanismo, Patricia abriu seu próprio escritório aos 22 anos. Com o apoio do irmão Eudoxios administrando o escritório, nasceu a Anastassiadis Arquitetos. A criatividade e humanidade impressa em todos os seus projetos é o resultado de suas viagens pelo mundo, das inspirações humanas e das suas lembranças de aromas, sabores, paisagens, músicas, cidades, etc. Toda essa bagagem cultural adquirida serviu para tornar Patricia uma observadora detalhista das formas, cores e texturas, fixando em sua memória a dinâmica e os costumes das cidades e das pessoas de todos esses lugares por ela conhecidos e que, até hoje, são usados diariamente como inspiração para seus projetos. A arquitetura de interiores, a inovação de conceitos, o design e a criação de soluções fazem parte do prazer profissional e do extenso e vitorioso currículo de Patricia Anastassiadis. Capaz de ordenar, personalizar e aprimorar de forma única cada projeto realizado, a arquiteta hoje é referência de profissionalismo e empreendedorismo no setor. Essa busca por projetos exclusivos e personalizados fez com que Anastassiadis Arquitetos se tornasse referência em virtude da confiabilidade e do valor que sua marca confere aos seus projetos, em que cada detalhe do produto é reconhecido pela qualidade assegurada através da assinatura da arquiteta.


PERFIL ONE Projeto da Loja Adidas na Rua Oscar Freire, em São Paulo

O ESCRITÓRIO A Anastassiadis Arquitetos é um dos mais renomados escritórios de arquitetura e design do país. Fundado em 1993, conta hoje com uma equipe de mais de 40 profissionais que desenvolvem projetos e formulam conceitos, buscando unir a preocupação estética com as melhores soluções técnicas e funcionais para cada espaço. Ao longo desses 18 anos de existência, procura projetar e planejar espaços onde a arquitetura e o design propiciem bemestar, conforto e a percepção de se estar num lugar único. O escritório tem mais de 300 projetos desenvolvidos, em sua maioria, nas áreas comercial, corporativa, hoteleira, empreendimentos imobiliários e de entretenimento que, somados a clientes residenciais exclusivos, formam o universo de projetos da Anastassiadis Arquitetos. São clientes que buscam e reconhecem o trabalho único e conceitual desenvolvido pelo escritório. Foram os projetos de um bar e restaurante, o Filomena, e de um banco, o Interfinance, ambos em São Paulo, que deram início a uma série de outros projetos que se tornaram frequentes no bureau. São projetos que aliam o significado e a comunicação de marcas corporativas e comerciais à arquitetura. A estes projetos iniciais logo se somaram outros restaurantes, lojas, hotéis e projetos para grandes corporações, como Bank Boston, Club Med, Deutsche Bank, Adidas, Dupont, Tivoli Hotels & Resorts, Ritz Carlton, TXAI, Sony, McDonald’s, entre outras; além de empresas do setor imobiliário, como Cyrela, Gafisa, Odebrecht, Rossi Residencial, Tishman Speyer, Company, entre outras.

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Projeto do Bar Escobar em Moema, São Paulo.

Hoje, desenvolve projetos em todo o Brasil e, desde 2000, teve sua área de atuação ampliada para o mercado internacional, desenvolvendo projetos em Portugal, Espanha, EUA, Chile, Emirados Árabes e alguns outros países. Por sua vivência no mercado imobiliário e através da integração de profissionalismo e visão de mercado, em 2003, a Anastassiadis Arquitetos deu origem à Alfa Realty Empreendimentos Imobiliários. Uma empresa que estendeu suas atividades ao mercado de incorporação imobiliária, desenvolvendo produtos diferenciados e inovadores, como o Île de La Cité, em São Paulo – empreendimento vencedor do Prêmio Master Imobiliário 2006 –, e o Office Garden – vencedor do Prêmio Master Imobiliário 2010. B&C: Como foi o começo da carreira e o surgimento do interesse por arquitetura? Patricia Anastassiadis: Passei minha infância correndo entre as máquinas de costura da confecção da minha família, no Bom Retiro – bairro de imigrantes em SP. Tinha certeza que o meu futuro seria com roupas e moda. Como a primeira faculdade de moda da cidade abriu no mesmo ano em que eu prestaria o vestibular, meu pai me aconselhou a repensar na ideia de cursar uma turma novata. Ele me mostrou que a arquitetura foi a escola de grandes nomes da moda, artes e pintura, e seria uma boa escolha profissional. Foi assim, meio sem querer, que descobri a minha vocação; encontrei na arquitetura o melhor jeito de entender o comportamento das pessoas. É um desafio projetar pensando em desejos e ansiedades. Abri meu escritório aos 22 anos, logo após me formar na universidade Mackenzie. No início foi um mix de oportunidade, perseverança e vontade, e, ainda hoje, esses três pilares são fundamentais para me dar sustentação e fechar novos contratos..

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perfil 1 Projeto Casa Cor 2010.

B&C: Você tem algum projeto que sonha fazer como, por exemplo, um hotel de praia, uma casa de fazenda, um escritório em algum prédio tombado? Por quê? Patricia Anastassiadis: Ao longo desses 17 anos de profissão, tenho realizado muitos projetos com os quais “sonhei” em fazer – hotéis cosmopolitas, hotéis litorâneos, condomínios, edifícios, restaurantes, bares, bancos de investimentos, flagships, residências, empreendimentos imobiliários, mostras de decoração, design de produtos... Procuro sempre realizar um excelente trabalho. Tomo como inspiração a história de cada projeto, as necessidades e as expectativas do meu cliente. O resultado final ser um sucesso torna o meu trabalho cada vez mais gratificante. B&C: Nos últimos 11 anos você fez muitos projetos no exterior. Quais as maiores semelhanças entre os clientes brasileiros e os estrangeiros? Há algum denominador comum no desejo estético? Patricia Anastassiadis: Tenho trabalhado sim com projetos fora do Brasil (temos projetos realizados em Angola, Portugal, Espanha, Chile, EUA e São Tomé e Príncipe) e participado de concorrências (como recentemente em Abudhab), o senso estético, o acesso à informação e as necessidades desse mercado são muito parecidos com o mercado brasileiro. Infelizmente ainda noto diferença em relação ao respeito pelo profissional arquiteto, o respeito à assinatura do design, à especificação correta de uma peça ou material e à valorização de uma escolha. Tenho fé que, com a globalização, todos possam perceber a diferença e a importância de uma boa peça, uma boa escolha, um bom design.

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Mostra Artefacto 2009

Mostra Artefacto 2010

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Mostra Artefacto 2010

B&C: Nesses 18 anos de carreira, como você vê a evolução da arquitetura? Percebe alguma macrotendência surgindo nos últimos anos, após o boom da sustentabilidade? Patricia Anastassiadis: Uma forte tendência na arquitetura mundial foi a arquitetura “superstar” – grandes obras e edifícios enormes (como o boom de Dubai) – com ostensividade e superficialidade profissional. Atualmente, sinto que as pessoas estão se voltando para o lado “humano” de cada um – indivíduo e planeta – , valorizando cada vez mais o exclusivo, o menor, o único. No planeta, a sustentabilidade e a responsabilidade social batem de frente com uma arquitetura mais planejada, funcional – com as questões de economia de energia, água e materiais, e o uso mais responsável perante a natureza e o planeta. B&C: Você faz projetos muito variados, desde empreendimentos imobiliários até projetos para bancos, restaurantes, empresas de moda e hotéis. Como o estilo Patricia Anastassiadis permeia esses projetos? Patricia Anastassiadis: Diria que o estilo Patricia Anastassiadis é mergulhar a fundo no perfil de nosso cliente – analisar, questionar, ler o que o cliente precisa e, principalmente, o que ele ainda não percebeu que precisará –, enxergar à frente e direcionar a arquitetura e o projeto ao melhor resultado final.

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Projeto: Arq. Sérgio Gonzzalez

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Rua Prof. Toledo, 373 - Sorocaba

15 3224.2316

As telas Double Screen permitem visualização simultânea de imagens por suas duas faces, agregando tecnologia, beleza e sofisticação aos ambientes.

AUTOMAÇÃO

PATENTE REQUERIDA

Screen

Double

Áudio – Vídeo – Automação Residencial Detalhes que tornam a vida ainda melhor!


refúgio nacional

a alma

PARA DESCANSAR A TERRA QUE ENCANTOU AMÉRICO VESPÚCIO, EM 1503, SE MANTÉM FIRME COMO DESTINO DE APAIXONADOS PELO MAR.

Por FELIPE FILIZOLA Fotos divulgação

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A

Bahia sabe, como poucos, enfeitiçar turistas do mundo inteiro encantando-os com seus infinitos recursos naturais. Porta de entrada para os primeiros colonizadores europeus, o sul da Bahia não se destaca apenas por ter sido o local no qual pela primeira vez aportaram os descobridores do Brasil. Seu fascínio, tantas vezes cantado em verso e prosa por artistas e intelectuais, se deve também aos muitos quilômetros de praias maravilhosas orladas por coqueiros; à temperatura sempre morna de suas águas, preferidas pelas baleias da espécie jubarte para a reprodução; ao Parque Nacional Marinho dos Abrolhos; ao complexo recifal mais importante do Atlântico Sul; à alegria e simplicidade de seu povo sempre acolhedor; à tenra preguiça que paira no ar quando finalmente se abandonam os costumes da cidade grande rendendo-se ao modo baiano de ser. O formato circular do Arquipélago de Abrolhos corresponde à boca de um vulcão. Os historiadores atribuem o nome do arquipélago a Américo Vespúcio que, em 1503, por ali passou em expedição exploratória em companhia de Gonçalo Coelho. Ao constatar o perigo que os recifes representavam para as embarcações, relatou em seu diário de navegação: “Quando te aproximares da terra, abre os olhos”. Assim, o lugar ficou conhecido por Abrolhos.

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refĂşgio nacional


Estadia aconchegante Para quem deseja visitar o local, a melhor opção de estadia é o hotel Marina Porto Abrolhos. Localizado no município de Caravelas, em meio a um coqueiral em frente à praia, o ambiente agradável e acolhedor recepciona os hóspedes que buscam diversão e descanso na tranquilidade da natureza do sul da Bahia. A hospedagem em bangalôs de estilo polinésio construídos próximos ao mar aumentam o charme do local. As suítes, para duas a cinco pessoas, têm vista para a piscina e jardim. Cada bangalô é carinhosamente batizado com nomes de personagens do grande escritor baiano Jorge Amado, dando um toque ainda mais baiano e mágico ao ambiente. Com os cuidados do proprietário Gabriele Canestrelli, genovês amante das artes, o Marina Porto Abrolhos ganhou obras de arte em forma de quadros, esculturas e entalhes, que fazem da decoração um atrativo. Sempre preocupados em manter sua excelência, além da melhoria constante de infraestrutura, toda a equipe do hotel se destaca pela presteza e cordialidade nos serviços oferecidos. Em frente ao hotel, a tranquila praia do Grauçá – que juntamente com as praias Iemanjá e Ponta das Baleias perfazem mais de 20 km de praias virgens – convida você para relaxantes caminhadas. A comodidade de se localizar próximo ao local de onde partem passeios para paraísos ecológicos completa o seu conforto. Situados a cerca de 30 km da costa caravelense, os recifes do Parcel das Paredes são assim chamados por apresentarem suas paredes abruptamente verticais. É a maior formação recifal do sul da Bahia e a maior parte de seu topo emerge durante as marés baixas, formando indescritíveis piscinas naturais. Outra opção de passeio é ao longo do estuário do Rio Caravelas que, em suas inúmeras ramificações, permite ao visitante contemplar a beleza de um dos maiores complexos de manguezais do Brasil.

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refúgio nacional

O espetáculo marinho atrai olhares de turistas e cientistas encantados pelo tamanho e beleza desses animais...

Entre os meses de junho e novembro podemos observar o espetáculo dos saltos e cantos das baleias em Abrolhos.

Para quem quiser passar mais tempo no hotel poderá aproveitar sua área social que conta com piscinas para adultos e crianças, espaço para massagens, sala de ginástica, minigolf, quadras de vôlei e tênis e salão para carteado. Há no hotel também uma boutique com artesanatos locais e diversos outros artigos. A pequena biblioteca oferece um local para folhear livros e assistir filmes. Um delicioso e variado café da manha é servido a partir das 6h30, atendendo perfeitamente àqueles que precisam sair cedo para os passeios náuticos e àqueles que desejam degustar os quitutes locais. Como opção para refeições, o hotel oferece um restaurante com pratos tradicionais do sul da Bahia e uma gostosa creperia.

A visita das baleias Como se todo o contexto insólito de Abrolhos não fosse suficiente, ainda existe a visita das baleias jubarte para o arquipélago entre julho e setembro. Entre esses meses, as baleias conhecidas cientificamente como megaptera novaeaengliae

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saem da Antártida, onde se alimentam, e vêm para as águas mornas e tranquilas do litoral da Bahia e Espírito Santo. Anualmente, cerca de quatro mil baleias migram para esta região para se reproduzir e amamentar os filhotes. O espetáculo marinho atrai olhares de turistas e cientistas encantados pelo tamanho e beleza desses animais, conhecidos por seu temperamento dócil e pelas acrobacias que realizam, saltando e exibindo a própria cauda, sua impressão digital. As baleias são famosas pelo desenvolvido sistema de vocalização: o seu canto melancólico – de construção musical sofisticada – é repetido pelo macho. Acredita-se que uma das funções prováveis desse canto seja atrair a fêmea para o acasalamento. A preservação do local com a criação do Parque Nacional Marinho de Abrolhos, em 1983, garante segurança e proteção para os animais. O parque marinho, inclusive, foi o primeiro a ser criado no Brasil, tornando-se uma das mais significativas áreas do litoral brasileiro, pela sua enorme biodiversidade e importantes ecossistemas.





Na praia a combinação azul e branco

traz para dentro de casa as cores do mar,

das conchas, das nuvens...





CONFISSÕES

UM EXEMPLO DE DEDICAÇÃO E SUPERAÇÃO.

Lars Grael Por FELIPE FILIZOLA Fotos MATIAS CAPIZZANO



CONFISSÕES

L

ars Grael começou a velejar cedo, só que de maneira lúdica. Filho de militar amante de Educação Física e grande incentivador do desporto, sua família sempre gostou de praticar esportes. Quando morou em Brasília, Lars frequentou as aulas de vela do Iate Clube e começou a competir na classe Optimist e Pinguim. Aos 16 anos, seguindo os passos dos irmãos mais velhos, foi morar com a avó na fluminense Niterói, onde podia levar adiante a prática da vela e o sonho olímpico. Sempre muito ligado à família, Lars velejou primeiro ao lado do irmão Torben e depois se juntou ao primo Glenn Haynes, com quem participou de sua primeira Olimpíada em Los Angeles, aos 20 anos. Mas foi no Tornado, o velocíssimo catamarã olímpico, que Lars mais títulos conquistou. Além das duas medalhas de bronze — em Seoul, em 1988, e Atlanta, em 1996 —, ele ainda foi pentacampeão sul-americano, 10 vezes campeão brasileiro e campeão de tradicionais semanas de vela, como Kiel, na Alemanha, além de representar o Brasil também nos Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992. Em 1998, o iatista sofreu um fatídico acidente na praia de Camburi, no Espírito Santo. Seu barco colidiu com uma lancha que invadiu a área da prova, e a tragédia terminou com a perda de sua perna direita.

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Carreira política e a volta por cima O exemplo de superação veio com o convite do então presidente Fernando Henrique Cardoso a integrar os quadros dirigentes do INDESP — Instituto de Desenvolvimento do Desporto —, uma autarquia ligada ao então Ministério do Esporte e Turismo. De lá, por sua postura sempre firme, correta e apaixonada na defesa do esporte nacional, Lars galgou vários postos chegando a ser Secretário Nacional de Esportes no governo FHC. No final do governo, foi convidado pelo Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, a assumir a Secretaria Estadual da Juventude, Esporte e Lazer, cargo que ocupou até março de 2006. Em fevereiro de 2009, após 11 anos, Lars Grael voltou a integrar a Equipe Permanente de Vela Olímpica ao conquistar a Semana Pré-Olímpica em Porto Alegre. Em 2010, chegou a ocupar a 4ª colocação do ranking internacional da classe Star da Federação Internacional de Vela — ISAF. Pai coruja, vê os filhos mais novos, Nicholas e Sophia, herdarem a paixão pelas águas. Nascido em 97, Nick começou a velejar e se classificou para disputar o campeonato brasileiro da classe Optimist. Em 2009, ele se classificou em campeonatos internacionais e vem demonstrando ser totalmente focado e determinado. Sofia pediu para aprender a velejar aos 7 anos porque queria ficar igual ao resto da família. Com dez anos, em 2010, tornou-se a campeã brasiliense feminina da classe Optimist. Mais uma alegria para Grael, que também é pai de Trine. A maneira como enfrentou a luta pela vida, a aceitação de sua nova condição, os novos paradigmas e desafios, as mudanças de planos e novos objetivos, a luta contra o preconceito, as novas vitórias no esporte e na gestão pública têm uma carga muito forte de mensagens que servem de exemplo para os mais variados públicos. Por isso, Lars tem sido chamado pelas mais diversas organizações para compartilhar um pouco das suas experiências por meio de palestras.


Lars Grael e o proeiro Rony Seifert

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CONFISSÕES

B&C: Como nasceu o interesse específico pelo iatismo e vela? Lars Grael: A paixão pela vela é um legado de família e transmissão de conhecimento. O meu avô materno, Preben Schmidt, era dinamarquês e trazia consigo o sangue viking e o espírito náutico sempre muito intenso. Foi campeão de hipismo rural e cavaleiro imperial mas, como todo bom dinamarquês, praticava vela. Chegou ao Brasil em 1924 e escolheu a cidade de Niterói, Rio de Janeiro, para morar. Como o hipismo era pouco desenvolvido e com a Baía de Guanabara à disposição – se hoje é o encanto que é, imagina naquela época em que a serra do mar ainda virgem encontrava as águas então transparentes –, foi um dos precursores da vela de competição e conduziu esse pensamento a minha mãe e aos meus tios – tricampeões mundiais nos anos 60, medalhistas de ouro e prata nos Jogos Pan-Americanos e velejadores olímpicos. Sentimos muito orgulho com os feitos dos nossos tios e aprendemos a velejar com nosso avô. A vida nômade que meu pai levava por ser militar nos trouxe até Brasília nos anos 70, local onde de fato comecei minha carreira competindo pelo Iate Clube, na classe Optimist. B&C: Seu irmão mais velho, Torben, também é velejador. Vocês chegaram a competir juntos, inclusive. Como ele incentivou seu interesse pelo esporte? Lars Grael: Torben sempre exerceu forte influência sobre minhas escolhas na vela e na vida. Além de irmão, é o maior símbolo do esporte olímpico brasileiro com suas 5 medalhas olímpicas. Velejamos juntos e fomos campeões mundiais de Snipe, em 1983. Obtivemos outros títulos juntos, como na classe 12 metros. Nosso barco, o “Wright on White”, venceu as etapas de Valência e Cannes da Copa do Centenário da classe.

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B&C: Você participou de 4 Jogos Olímpicos – LA, Seoul, Barcelona e Atlanta. Alguma história curiosa desses eventos? Lars Grael: Seriam muitas. Fato marcante foi a absoluta precariedade nas condições de preparação, sobretudo nas duas primeiras experiências olímpicas. A geração atual encontra uma condição muito menos difícil. Destaque ainda para as condições severas de mar e vento que enfrentamos na raia de Pusan, na Coreia do Sul, nos jogos de 1988. Um misto de competição e sobrevivência. Inesquecível! B&C: Um dos momentos mais difíceis da sua vida foi o acidente de 1998. Como isso afetou sua relação com a água? Que lição tirou dele? Lars Grael: Em primeiro, a luta pela vida e, em segundo, entender um sentido para viver. Após perder a perna, eu dependia totalmente do meu desempenho físico. Não foi fácil aceitar essa nova condição. Acabei me inspirando em vários atletas e para-atletas que passaram por situações semelhantes e que deram depoimentos fundamentais para que eu pudesse superar essa fase. Ser útil ao país, não só como atleta, mas como dirigente desportivo durante oito anos, também foi fundamental.


Sinônimo de superação, Lars tem lutado pelo desenvolvimento do esporte nacional.


CONFISSÕES

B&C: Você foi o Secretário Nacional de Esportes. O que falta para sermos o número 1 do mundo? Lars Grael: O governo trabalha bem para o esporte. Eu não tenho uma visão crítica do papel do governo, muito pelo contrário, acho que o Ministério aumentou de porte, importância e é mais ativo do que antigamente. O orçamento cresceu em progressão geométrica e o Brasil vem fazendo o seu melhor para sediar grandes eventos, como os jogos mundiais militares em 2011, Copa em 2014 e Olimpíadas em 2016. Natural que existe uma preocupação, porque o tempo que era nosso aliado e que é fundamental para a organização e sucesso de qualquer evento está se esvaindo à medida que, em função do calendário eleitoral, pouco ou nada se faz. Em termos de desempenho, não se pode construir uma nação olímpica em quatro ou seis anos, mas o Brasil vem crescendo, pois o Comitê Olímpico faz um bom trabalho, as Confederações buscam um modelo de governança melhor e prometem um bom desempenho nos Jogos de Londres — entre 15 a 25 medalhas. E para os jogos do Rio de Janeiro, em que o investimento vai ser muito maior, os atletas vão contar com o valor climático e o fator torcida. Seria uma falácia acharmos que será uma potência em 2016. O Brasil vai crescer sim, e acredito que vai ficar entre os dez primeiros países nas Paraolimpíadas. Acho que falta, porém, dar ao Desporto Educacional a mesma relevância que é dada à promoção de grandes eventos esportivos internacionais. O Brasil só será uma potência esportiva se investir no esporte na escola e na valorização dos clubes como formadores de atletas. B&C: Como você vê as mudanças no panorama dos deficientes físicos no Brasil? Lars Grael: Houve uma mudança gradativa no campo da legislação e dos direitos. Mas entre o espírito das leis, para seu cumprimento, ainda falta bastante. A conscientização já aumentou muito e o esporte paraolímpico tem um papel fundamental neste sentido. B&C: Quais são seus projetos para o futuro? Lars Grael: Continuar a exercer minha paixão pelo mar; ajudar na formação e capacitação de novos navegadores; levar meu depoimento de vida e superação para mais brasileiros através de palestras. Continuar a tentar fazer a diferença em nosso Brasil.

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De cima para baixo Na Argentina, em abril deste ano, quando a dupla conquistou o tricampeonato Sul-americano de Star. A comemoração de mais uma conquista merecida. Com a esposa Renata Greal.



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Sonia Racy INFORMAÇÕES DE PODER DIRETO DAS MELHORES FONTES. Por HELENA MONTANARINI Foto divulgação

O fechamento de revistas e jornais são, no mínimo, emocionantes. Com prazos apertados e a vontade do jornalista em ter certeza que a informação que será transmitida é relevante, interessante e adequada, e-mails e telefonemas se multiplicam. Some a isso o peso de escrever uma das colunas diárias mais importantes do mundo dos negócios, no jornal de maior circulação do país. É com esta constante cobrança que vive a jornalista Sonia Racy. Entre os 300 e-mails e seis horas diárias ao telefone, Sonia assina a coluna “Direto da Fonte” para o jornal O Estado de São Paulo. Além da coluna impressa, Sonia ainda escreve para a versão on-line do jornal, adiantando assuntos que não podem e nem devem esperar até a manhã seguinte para chegarem aos leitores. Nesta agenda atribulada, ela também encaixa espaço para sua participação na rádio Eldorado AM, com o programa próprio de economia “Coluna Dois”. Bem nascida, bonita e inteligente, Sonia lutou contra preconceitos em redações desde o início de sua carreira. Carreira, aliás, que começou como modelo da Ford Models em Nova York e durou apenas 8 meses. Logo depois, passou a assinar uma coluna para a Vogue Brasil, que expandiu ainda mais seu universo profissional. De lá, foi para a Folha de São Paulo assinar o caderno “Casa e Companhia”. O trabalho na Folha deu lugar à sociedade em uma assessoria de imprensa, mas sua paixão sempre foi economia. Assim sendo, não titubeou ao aceitar o convite do O Estado de São Paulo. 98 | J U N H O 2 0 1 1

Formada em administração de empresas, Sonia lê todos os jornais pela manhã, almoça com “fontes” e passa as tardes em contato com empresários, ministros, banqueiros, dirigentes de federações, presidentes e ex-presidentes do Banco Central. “A notícia nunca chega sozinha”, diz ela. “As informações precisam ser garimpadas”. Com sua credibilidade, ganhou confiança dos principais nomes do país e, hoje, mantém fácil acesso a todos. Apaixonada por psicologia, costuma ler Freud, Jung e Nietzsche. Aliás, vira e mexe relata que, se fosse seguir por outra carreira, seria a psicologia. O paralelo entre as duas profissões é claro, afinal a economia e o mercado funcionam muito à base de expectativas e especulações – fatores altamente comportamentais e distantes de ciências exatas. “Economistas adoram teoria, mas como diz uma das minhas fontes: “Em sendo a vaca quadrada...”, só que a vaca nunca é quadrada, por isso as teorias nunca conseguem ter sucesso total na realidade”, completa. A B&C conversou com Sonia para entender um pouco mais da importância da coluna “Direto da Fonte”. B&C: Como foi a mudança de jornalista econômica para jornalista social? Sonia Racy: Na verdade não houve mudança, já que a coluna mantém o mesmo nome e perfil, apenas está inserida em um diferente caderno. O objetivo do “Direto da Fonte” é cobrir o poder em todas as áreas: moda, esporte, economia, política, arte... Nós cobrimos todos os

tipos de eventos abertos, como mostras, exposições, congressos, seminários, acontecimentos com pessoas de destaque, jantares de partidos políticos, de banqueiros. O que houve foi uma ampliação do escopo da coluna. Por isso também decidimos manter o nome dela. B&C: As fontes são as mesmas? Sonia Racy: Como a abrangência aumentou, expandimos também a quantidade de fontes. Mas sempre lembrando que a coluna visa retratar pessoas que merecem ser reconhecidas pelo que fazem, e não pelo que têm. Acredito que poder não se herda, se conquista. Levo essa máxima para o dia a dia e penso sempre nestas pessoas na hora de escolher as notícias. B&C: Como você vê a influência da “Direto da Fonte” no cenário paulistano? Sonia Racy: Modéstia a parte, apesar do jornal ser de São Paulo, acredito que a coluna tem influência no cenário nacional. Às vezes recebo respostas negativas, principalmente quando ponho algum artista ou político em destaque, mas, em geral, tenho um feedback bastante positivo. É um enorme prazer saber que o nosso trabalho agrada. O destaque e influência aparecem com os furos. Fui a primeira a dar a notícia de quebra do banco Panamericano. Também divulguei em primeira mão a fusão do Pão de Açúcar com a Casas Bahia. Inclusive, esta foi uma notícia que divulgamos na coluna on-line para não perder tempo e exclusividade. Manter o formato digital é um desafio próprio que tem trazido ótimos frutos.



ARTE

O

FANTÁSTICO

MUNDO

DE

BRUNO O JOVEM ARTISTA SE CONSAGRA COMO UM DOS NOMES MAIS ENTUSIASMADOS DA ARTE CONTEMPORÂNEA NACIONAL. Por FELIPE FILIZOLA Fotos divulgação

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Comemorando com Hugh Hefner, 2008 - esmalte sintético e colorjet sobre banner 140 X 185 cm - Coleção Particular.

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arte

O artista plástico Bruno Miguel.

C

om recém completados 30 anos de idade, o artista plástico Bruno Miguel desponta entre sua geração como um dos nomes mais promissores da arte brasileira contemporânea. Trazendo à tona temas como arquitetura e paisagismo, Bruno explora materiais e técnicas inusitadas e diversas para alcançar a grandiosidade de suas obras. Seu trabalho é definido “como pintura de paisagem ou como uma pesquisa sobre o tempo da e na paisagem, pensado a partir de possíveis construções e representações da mesma”, define o autor. “Utilizando para isso um “pensamento pictórico” como ponto de partida e agregando a ele minhas referências, a história da arte, mídias e cultura popular. Ah, e também é algo com doses de prazer, diversão e beleza com “leves” camadas de ironia e humor”, acrescenta. Apesar do fato de a arte contemporânea não privilegiar linguagens, caracterizando-se pela ampliação dos meios tradicionais – tais como pintura e escultura – e a utilização dos mais variados meios de expressão (fotografia, vídeo, instalação, performance, entre outros), uma linguagem permanece bastante atual e por isso é explorada por um grande número de artistas: o desenho.

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Série Paisagem Postal S2, Buenos Aires, 10X18 cm - coleção do artista.

Série Paisagem Postal S2, MAC RJ IV 2010, 9X15 cm - coleção do artista.

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arte

Série História da Arquitetura CSH 10, 2009 - fundo para galvanizados sobre ardósia - 40X40 cm - coleção do artista.

ARTE SEM MARGENS Se nos desenhos feitos em 2008 com nanquim (série Diálogos), tinta acrílica e esmalte de unha (série Paisagens Construídas) ou canetas Stabilo sobre papel xadrez (série Paisagens) as plantas, árvores e casas apareciam retratadas em formatos planos, sua série de plantações e maquetes levam o apreciador de obras a se deparar com a natureza viva. Tacos de madeira colocados sob uma espécie de gramado ou o revestimento de uma escada com plantas no Salão de Itajaí geram o diálogo sobre a interferência e mutação de suas obras pelo crescimento botânico. A obra "Construindo Paisagens" apresentada na V Bienal de Arte Contemporânea em La Paz, em 2007, pela qual recebeu uma menção especial, mostrava a criação de estampas no chão do Museu Tambo Quirquincho.

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Série História da Arquitetura CSH 6, 2009 - fundo para galvanizados sobre ardósia - 40X40 cm - coleção do artista.

Através de desenhos feitos com pequenas “manchas” de plantas ao longo de um pátio, a instalação interagia e interferia na circulação do local. São também em suas pinturas que os limites de sua arte são discutidos. Feitas sobre telas ou suportes alternativos, como banners de propaganda, lonas vinílicas de toldos e tecidos populares estampados industrialmente, as pinturas geram a linguagem e experimentação proposta por Miguel. "Em vez do início no branco infinito, a partida de um suporte que já traz uma história em sua carga permite a extensão do tempo da obra para antes do início da minha pintura, problematizando questões que vão além do tempo e agregando discussões a respeito da apropriação e do papel do pintor além da parte técnica. Essa inserção do “outro” como coartista expande a pintura e transbordam as margens de tempo e espaço dos quadros. "

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arte

Tributo a todos que documentaram de maneira estereotipada as nossas paisagens, 2010 - tinta acrílica, tinta a óleo, esmalte, tinta serigráfica e colagem sobre tecido estampado 1,60 x 2,40 m.

Nessas pinturas também surgem referências populares e de ícones de arquitetura presentes nos desenhos e plantações. Quadros estampados com gobelinos (tapeçarias ricamente ilustradas) ganham sombras e volumes brancos com contornos de museus históricamente famosos, como o Guggenhein de Bilbao, o MAC de Niterói e o londrino Tate Modern. Seguindo uma linha parecida, essas sombras brancas e esses volumes brancos de prédios de arquitetura chamativa mundial aparecem em uma série de cartões postais antigos, como as pirâmides egípcias e o Pantalón da Cidade do México. A sua exposição individual Spring Love, em 2010, permitiu que os visitantes viajassem pelas obras do artista. Com curadoria de Fernando Cocchiarale, a mostra que ficou em cartaz no Galpão na galeria Largo das Artes oferecia uma bela seleção do peculiar trabalho de Bruno, passando pelas pinturas, esculturas, desenhos, quebra-cabeças e plantações.

GOSTO ACADÊMICO Por falar em cartões postais, o carioca Miguel desfrutou das belezas da cidade maravilhosa durante toda sua vida. Nasceu no Leblon, morou também na Gávea e no Humaitá, até mudarse com sua família para a Ilha do Governador quando tinha cerca de 14 anos. Ele deixa essa aura carioca permear esteticamente pelo seu trabalho. Na escola que passou a frequentar, o Colégio Operon, teve aulas de teatro por cerca de cinco anos. Levando o assunto a sério, procurou desafios além de atuar, chegando a escrever, dirigir, fazer a cenografia e pensar nos figurinos. Foi quando percebeu que seu forte estava na criação. Passou no vestibular para a Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em que se formou em 106 | J U N H O 2 0 1 1

Um Jardim para Beuys, 2010 - Site-specific realizado no Salão de Itajaí.

Educação Artística e em Pintura. No quinto período da faculdade, passou a lecionar no próprio Colégio Operon e em várias escolas também da Ilha. Mais tarde, integrou o projeto UFRJMAR, que levava educação inovadora para cidades do litoral carioca. No começo de 2010, tornou-se professor substituto de pintura e desenho da Belas Artes. Depois de cinco anos fazendo diversos cursos livres na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV), projeto do governo estadual do Rio de Janeiro, surgiu o convite do local para ministrar dois cursos relacionados à pintura e desenho contemporâneos, ao lado de seus mestres João Magalhães, Marcio Botner, Franz Manata, Glória Ferreira, Pedro Varela e Luiz Ernesto. Na mesma escola, Bruno é assistente pessoal de Carlos Zilio, função que exerce desde 2006 Apesar do grande envolvimento acadêmico, nem só de grandes nomes eruditos se faz a lista de referências do artista. Bruno confessa que além de Picasso, Van Gogh, Helio Oiticica, Yves Klein, Marcel Breuer e Oscar Niemeyer, seu pensamento é influenciado por gente como Nelson Rodrigues, Quentin Tarantino, Takashi Murakami, Guel Arraes, Stanley Kubrik, Lady Gaga, o funk carioca e Terry Richardson, entre tantos outros. Bruno ainda ressalta a importância de “bons olhos e ouvidos, pra perceber todas as suas relações do mundo à sua volta”. Como conselho às mais jovens gerações, é emblemático: “Disciplina pro trabalho, foco nos objetivos e tempo pro lazer! Um não funciona sem os outros. E tem que fazer o que gosta também. Em artes, sentir prazer no que faz tem que ser obrigatório. Errar é fundamental desde que você aprenda com os erros. E nunca se acomodar.” Sem dúvidas, ainda ouviremos falar muito de Bruno Miguel.


arte contempor창nea | pintura decorativa | quartos infantis | casa de praia e campo


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Ana Salazar A ESTILISTA PORTUGUESA QUE VEIO CONQUISTAR O BRASIL. Por HELENA MONTARINI Fotos divulgação

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as últimas duas edições do SPFW muito se falou sobre um nome aparentemente novo no calendário de desfiles da semana de moda paulista. O rebuliço foi em torno de Ana Salazar, estilista portuguesa que escolheu também o Brasil para mostrar suas mais recentes coleções. Ainda que o nome pouco remetesse a uma grande marca, mesmo para alguns dos visitantes do evento, a estilista lusitana é um dos maiores nomes da moda de seu país. Nascida em Lisboa em 1941, é pioneira do mundo fashion em Portugal. Na década de 70, revolucionou a forma de apresentar estilos inovadores de roupas criando, para o efeito, acontecimentos de moda, como desfiles destinados a grandes audiências, exposições e outros eventos. Em 1978, começou a criar coleções com o nome Ana Salazar, que eram vendidas nas suas lojas próprias e multimarcas da Europa.

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A coleção Protection, desfilada em janeiro deste ano, trouxe para as passarelas do SPFW as criações cheias de atitude.

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Arte, perfumes e prêmios A partir de 1980, Ana Salazar começou a divulgar novos talentos da moda portuguesa, curando os trabalhos que seriam expostos no Museu do Traje, em Lisboa. Em 1985, estendeu seu business para a França, abrindo uma loja em Paris. Na época, foi considerada um dos novos templos da moda na capital gaulesa pela revista de moda francesa Marie Claire. Dois anos depois, representou Portugal no Festival Internacional de Moda, em Paris, e participou da exposição “La Mode au XXéme Siécle” (A Moda no Século XX), no Museu do Louvre. A mesma mostra viajou a Lisboa para o Museu do Traje, que serviu de lançamento para um livro com o mesmo título da exposição. A consagração veio no mesmo período, quando passou a apresentar suas criações em Lisboa, Paris, Milão e Nova Iorque simultaneamente, e resultou no contrato com um grupo francês para fabricar, comercializar e distribuir as suas coleções internacionalmente. O próximo passo de expansão foi o lançamento em 1989 de seu perfume feminino e a linha de produtos para a casa. A gama de produtos cresceu com o passar dos anos, multiplicando em perfumes masculinos, óculos e até uma linha de roupas para homens. Sentindo cada vez mais necessidade de estender a sua veia artística a outra área, em 1993, levou uma escultura de sua autoria à exposição Variations Gitanes,

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no Museu do Louvre. No final da década passou a colecionar prêmios e distinções pela sua carreira, tendo, em 1997, sido ordenada pelo então presidente português Jorge Sampaio, como Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique. Em 1998, a agência Elite Models atribuiu à Ana o Prêmio de Carreira e, no ano seguinte, a revista Nova Gente distinguiua como a melhor criadora de moda daquele ano. Recebeu ainda o prêmio prestígio da Associação Moda Lisboa e participou da exposição Mode Portugaise, La Révélation (Moda Portuguesa, A Revelação), em Paris. Sempre procurando expandir seus negócios, não ficou parada ao ver o crescimento do mercado de moda brasileira, com toda a visibilidade do SPFW. Para surpreender os brasileiros, desfilou com exclusividade sua coleção de inverno 2011 em terras paulistas. A coleção, que aborda o tema da densidade de florestas e pássaros, traduziu com cores, texturas e formas a questão da camuflagem e proteção ambiental. Os looks eram suavizados com brilhos de metais nos acessórios e peças de silhueta envolvente. A revista B&C conversou com a estilista para entender os motivos que a trouxeram para o Brasil, o perfil de seus clientes e as referências que a incitam a cada coleção.


B&C: Como foi a escolha do SPFW para mostrar as suas coleções? Ana Salazar: O SPFW é uma das semanas de moda mais importantes da atualidade. Por outro lado, o mercado brasileiro é um objetivo – dada a situação econômica atual – e tem uma apetência muito significativa pela moda. B&C: Qual a expectativa da estilista quanto ao mercado brasileiro? Ana Salazar: É um mercado como todos os outros. Para conquistar objetivos tem que se criar de uma forma contínua e bastante representativa, pois o introduzir de uma marca em São Paulo é difícil. B&C: Quais as principais diferenças da cliente portuguesa e brasileira? Ana Salazar: Eu tenho sempre um tipo de target que se baseia essencialmente na mulher com personalidade segura, que gosta de ousar na diferença. B&C: A marca está presente na Espanha, Itália e Japão. Como é desenvolver uma coleção para clientes tão diferentes cultural e socialmente? Ana Salazar: A marca em qualquer parte do mundo nunca é feita especificamente em função do mercado desses diferentes países. O que mais varia são os tamanhos. Para o Japão, por exemplo, os tamanhos pedidos são sempre menores. B&C: A última coleção mostrou uma atitude rocker-chic misturado a influências de cavaleiros medievais. De onde surgiu a ideia? Como essa coleção reflete o air du temps em que vivemos? Ana Salazar: A influência rocker-chic, podemos até dizer com um pouco de punk, está sempre presente nas minhas coleções. A ideia desta coleção teve como tema “Protection” e penso que reflete bem o estado de espírito que vivemos na atualidade. B&C: Você continuará o trabalho no SPFW para a edição de verão? O que podemos esperar do verão 2012? Ana Salazar: Sim, estarei no SPFW na coleção de verão. Quanto ao que vou apresentar, ainda é top secret! Mas vai, como sempre, ser uma continuação do conceito Ana Salazar. J U N H O 2 0 1 1 | 111


The Look of Home 03

Complementada pelos espaรงos de Adriano Amado, a dupla Guilherme Saggese e Jorge Nascimento nos oferece uma sala de almoรงo plena de sabores.





NA REDE

Sem dúvida Navegar é Preciso, por isso escolhemos aluguns sites e blogs para uma navegação por caminhos e rotas variados. Aproveite. Por BRUNA BRANDÃO CESAR RODRIGUES

www.labanane.com

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O hotel foi fundado pelo falecido Jean-Marie Rivière, astro do mundo do cabaré parisiense, na década de 1950, e faz jus ao estilo retrô-chique. Ideal para admiradores de arte moderna, cada bungalow (são nove no total) traz o nome de um artista, designer ou artesão, além de peças modernistas dignas de colecionadores, como as de Le Corbusier.

Bicicletas exclusivas, feitas à mão e com design diferenciado. Essa é a proposta do Kinfolk Bicycles que possui décadas de experiência na construção de bicicletas totalmente moldadas aos desejos e à imaginação do cliente. Os pedidos são feitos por encomenda e o site possui serviço de entrega para o mundo todo, com previsão de 30 a 60 dias.

Maior construção do mundo esférico, a arena Ericsson Globe foi construída em Estocolmo no tempo recorde de dois anos e meio e já recebeu a visita dos melhores artistas do mundo e estrelas do esporte. O seu design inovador atrai milhares de turistas à cidade e permite a realização de diversos eventos desde um ringue de hóquei no gelo a um jantar de gala.

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A arte do carro desportivo é a principal estrela no novo Museu Porsche em Stuttgart. A coleção de 80 veículos inclui um Spyder 550 - modelo que James Dean dirigia quando faleceu em uma colisão no ano de 1955. Além dos carros, estacionados em dois andares, os visitantes do museu também podem conferir os motores, a mostra interativa e a memorabília Porsche.

Desde 1999, Hélio e Mara vivem no mar a bordo do barco MaraCatu, construído pelas próprias mãos do casal. O blog caracteriza-se como um espaço divertido e inspirador, que abrange as histórias e bastidores das aventuras da dupla ao redor do mundo.

Esta é para os fãs de Star Wars: Imagine a voz de Darth Vader dando as coordenadas do seu GPS. Com o novo produto da saga, agora é possível. Além da versão do vilão, também estão disponíveis os aparelhos caracterizados pelos personagens Yoda, C-3PO e Han Solo.

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Pinheiros R. Henrique Schaumann 462 - 3897 8484 D&D Shopping Av. das Naçþes Unidas 12.555 Piso Boulevard - 5105 7755



Fotografia: Sheila Oliveira

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