Revista On Line SulAmerica2º Edição.

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A n o 0 1 | N º 0 2 | O U T. 2 0 1 1

Claudia Raia estreia Cabaret

“É uma obra que continua atual”

Gastronomia

Da Amazônia para o eixo Rio-SP

Vida em Família

Prepare sua aposentadoria


Em uma grande empresa é normal que existam problemas. Mas a saúde dos seus funcionários não precisa ser mais um. O SulAmérica Saúde traz agilidade e transparência para quem não quer saber de aborrecimentos. Ele oferece diversas opções de planos, ampla cobertura e atendimento de qualidade. Tudo de um jeito cada vez mais rápido, claro e fácil. Afinal, seguro é para resolver os aborrecimentos e não para ser mais um. Consulte seu corretor de seguros e contrate já.

SulAmérica Saúde. Se aborrecer pra quê?

sulamerica.com.br

ANS nº 000043

SulAmérica Saúde, a melhor receita para evitar aborrecimentos na sua empresa.


EDITORIAL

Caro leitor, Dedicamos a capa desta edição a um dos espetáculos que encerram a temporada deste ano do Circuito SulAmérica de Música e Movimento. Criado em 2008, com o objetivo de patrocinar grandes produções nacionais e internacionais de dança, música e circo, o Circuito SulAmérica já promoveu diversos espetáculos. Xanadu, com Danielle Winits, e Cabaret, com Claudia Raia, são as nossas próximas produções. A ligação da SulAmérica com a arte e a cultura é histórica. Fomos uma das primeiras companhias privadas a investir em cultura no País. Em 1949, por ocasião da inauguração da filial no Rio de Janeiro, a companhia promoveu a maior exposição de arte moderna já realizada no Brasil até então. Do portfólio cultural da SulAmérica fazem parte atrações como apresentações dos tenores Luciano Pavarotti e José Carreras, a mostra do pintor francês Claude Monet e os shows de homenagem ao poeta Vinicius de Moraes, em 2000, por ocasião do seu aniversário de 87 anos. Patrocinamos por cerca de duas décadas, em parceria com o jornal O Globo, o Projeto Aquarius, um dos movimentos culturais mais longevos do País, que chegou a reunir um público

de mais de 7 milhões de pessoas no período em que foi apoiado pela seguradora. Multidões reunidas nas areias de Copacabana puderam usufruir o que há de melhor na música e na dança. No mundo da dança, graças ao patrocínio da SulAmérica, o Brasil pôde conhecer, em 2004, o evento Dança da China, que trouxe o que havia de mais representativo no panorama de dança chinesa. Já com o Circuito SulAmérica de Música e Movimento, a companhia passou a centralizar suas ações para atingir um público ainda mais abrangente, democratizando o acesso à cultura e promovendo, por meio da música, dança e arte, o desenvolvimento social e cultural. Um trabalho vigoroso que incluiu o musical Gaiola das Loucas, o espetáculo de dança italiana Kataklò, a companhia de bailarinos ilusionistas Momix Dance Theatre e a companhia de dança contemporânea Complexions, entre outros. Além de cultura, esta edição da revista ON Line também trata de pessoas. Esta companhia não seria o que é se não contasse com a força produtiva de seus mais de 5 mil colaboradores em todo o País. Nosso objetivo é engajar todos os funcionários e dar a eles ferramentas para que possam construir uma carreira de sucesso alinhada aos objetivos da SulAmérica. Para isso, contratamos recentemente a executiva Vanessa Pina para comandar a diretoria de Capital Humano da SulAmérica, que nos conta em uma entrevista exclusiva o conceito de gestão de pessoas que pretende implantar na companhia. A próxima edição da ON Line está prevista para o primeiro semestre de 2012. Até lá, caro leitor, você poderá acompanhar as novidades da SulAmérica pela internet, no site corporativo ou em nossa fan page no Facebook. Boa leitura! Thomaz Cabral de Menezes

3 _Outubro 2011


Sumário

06 SOBRE RODAS

LOUCOS POR CARROS E PELA WEB

A paixão dos brasileiros por carros invade a internet

12 VIDA SAUDÁVEL PÉ NA AREIA

Os benefícios do futevôlei e de outros esportes praticados na areia

18 PERFIL

CLAUDIA RAIA E O CABARET

Um musical para sempre

24 FORA DA FIRMA

DO ROCK À CERÂMICA

Os hobbies de Fábio Ferreira e Beth Santoro

04_Outubro 2011

28 CORPORATIVO

O VALOR DO CAPITAL HUMANO

Vanessa Pina e sua metodologia de valorização do profissional

32 SUSTENTABILIDADE LIXO ELETRÔNICO

O descarte adequado dos aparelhos eletrônicos

40 GASTRONOMIA OS SABORES DA AMAZÔNIA

A riquíssima culinária da região amazônica

48 VIDA EM FAMíLIA O PAÍS ENVELHECE

A preparação rumo a uma boa aposentadoria


Conselho Editorial Zeca Vieira Diretor de Marketing Corporativo Solange Guimarães Superintendente de Comunicação Institucional Daniela Campos Gerente de Comunicação Institucional Sara Dalsin Analista de Comunicação Institucional Fotos Photocâmera Projeto Editorial

PUBLISHING Rua Artur de Azevedo, 560 - Pinheiros - SP 05404-001 - Tel.: ( 55 11) 2182-9500 www.j3p.com.br

Fábio Pereira Diretor de Criação

52 CONTA CORRENTE NA ONDA DOS BONS VENTOS O Brasil experimenta os benefícios do bônus demográfico

58 CASA E ARQUITETURA LAR DOCE ESCRITÓRIO

Para deixar seu ambiente de trabalho mais funcional e agradável

64 BRASIL S/A

LEONEL ANDRADE, PRESIDENTE DA CREDICARD

A importância das parcerias estratégicas e como anda o mercado de cartões

70 hUMOR

POR DIOgO SALLES

Cesar Rodrigues Direção de Arte Projeto Gráfico Melissa Rondon Direção de Arte Chico Volponi Coordenador de Custom Publishing Débora Moysés e Luciana Fagundes Revisão Osmar Tavares Junior Arte Final Giuliano Pereira Diretor Responsável Sergio Zobaran Conteúdo Colaboradores Eduardo Zobaran Françoise Terzian Léa Maria Aarão Reis Verônica Couto (textos) Paulo Brenta Fernando Frazão (fotos) Nelson Aguilar (fotos)

Saúde Ativa

05 _Outubro 2011


ACERVO PESSOAL

Sobre Rodas

6_Outubro 2011


APAIXONADOS

PoR C@RRoS Os automóveis – e seus fãs blogueiros – invadem a internet

POR EDUARDO ZOBARAN

A

À esquerda: Ony Coutinho começou sua paixão por carros quando entrou para a faculdade de economia e ganhou o antigo carro da família

paixão dos brasileiros por automóveis cresce a cada dia, sem que seja necessária a construção de qualquer autódromo. Bastam uma conexão na internet e uma rápida visita aos sites de buscas para encontrar centenas de endereços em português que tratam do assunto. Carros de corrida, antigos ou modificados são apenas algumas das opções no vasto cardápio digital, no qual as mulheres, antes vistas apenas na hora de segurar o guardasol sobre o capacete dos pilotos de Fórmula 1, ganham posições. “Ainda existe muito preconceito nesse universo por eu ser uma mulher e conhecer do assunto. É até pior do que no futebol. Tento não dar muita bola para isso e só expor as minhas opiniões. Assim já convenço a pessoa que sei do que estou falando e a birra acaba” – relata Bárbara Franzin, do blog velocidade.org.

07 _Outubro 2011


ACERVO PESSOAL

Sobre Rodas

Bárbara Franzin criou um blog de automobilismo sem pretensões e o hobby se tornou trabalho

“Eu vejo a participação das mulheres crescendo cada vez mais, tanto nas pistas quanto nas coberturas”

Bárbara Franzin

08_Outubro 2011

Apaixonada por corridas, a jornalista de 27 anos começou a frequentar autódromos em 1998. O interesse inicial era pela Fórmula 1, mas invadiu outras categorias do automobilismo. Em 2005, queria investir seu tempo no assunto e criou o blog com a ajuda do noivo, que deu dicas para o design da página. Não parou mais. Desde 2007, o blog faz um podcast, bate-papo de Bárbara com outro blogueiro, Thiago Raposo, do Café com F1. Recentemente, um terceiro blogueiro, Thiago Rosa, também do velocidade.org, foi adicionado ao programa que já ultrapassou sua centésima edição. “Durante a semana temos textos mais variados ou opinativos, o podcast e a coluna Diário de Bordo. No fi m de semana cobrimos as categorias que estão rolando. Confesso que não é fácil esse ritmo de atualizações. A média é de um ou dois posts por dia, aumentando para quatro ou cinco no sábado e domingo” – explica Bárbara, mostrando que o blog deixou de ser brincadeira há muito


SHUTTERSTOCK

Automobilismo: paixão nacional ACERVO PESSOAL

tempo. “Temos um grupo de editores no Facebook com quem compartilhamos sugestões de pauta ou ideias, e quem estiver livre naquele momento avisa que escreverá sobre o assunto.” Contaminada pela vida de blogueira e pelas competições, Bárbara também se dedica a interagir com os leitores do blog. É de lá que recebe muitos elogios pelo fato de ser uma mulher e manter um blog sobre o universo dos carros. “Eu vejo a participação das mulheres crescendo cada vez mais, tanto nas pistas quanto nas coberturas. São mulheres que trabalham em equipes, assessoram pilotos, são enviadas de seus veículos ou que correm mesmo. Podemos ver na Indy, em que temos três mulheres no grid e sempre chamando atenção. Tem muita mulher fã de corrida também, e esse número aumenta cada dia mais.” Para uma jovem jornalista de São Paulo, a escolha por um blog para falar de sua paixão foi natural. Um economista de 50 anos, que trabalha numa empresa de consultoria imobiliária no Rio de Janeiro, escolheu a mesma ferramenta para divulgar sua paixão. Aficionado por um modelo específico de carros da americana Chrysler, o DeSoto, Ony Coutinho fez da internet uma prateleira para a coleção que guarda na garagem de seu prédio. Algo que poderia ter ajudado a garimpar informações quando resolveu reformar com peças originais o presente que seu pai ofereceu a ele quando ingressou na faculdade em 1980, um DeSoto Diplomat Special De Luxe Sedan de 1947. “Queria fazer uma bela reforma, 100% original. Levei mais de três anos restaurando. Fiz muitos contatos com sócios do Veteran Car Club – o clube de carros antigos com representação em várias cidades do Brasil – e escrevia para o exterior. Era tudo via correio, um verdadeiro estudo para obter informações”, relembra.

A blogueira posa no Autódromo de Interlagos ao lado do piloto brasileiro Luiz Razia

09 _Outubro 2011


Sobre Rodas

CARRO ZERO, VANTAGENS MIL SulAmérica Auto Zero km A SulAmérica tem o produto ideal para quem acabou de realizar o sonho de comprar um carro novo: o SulAmérica Auto Zero km. O produto foi elaborado para atender às necessidades dos clientes que acabaram de investir em um veículo zero, garantindo a segurança do patrimônio. O seguro traz vantagens exclusivas aos proprietários de carros novos, veículos de passeio e picapes, entre elas a possibilidade de contratação do seguro do veículo pelo valor pago no ato da compra, por toda a vigência do contrato, e para os casos de sinistro com perda total, na modalidade Valor Determinado. Além disso, o cliente conta com serviços diferenciados dentro do pacote da Assistência 24 Horas, como o serviço Leva e Traz para a primeira revisão do automóvel, em que um profissional busca o veículo segurado e direciona à concessionária escolhida pelo cliente para a revisão disponibilizando um táxi, sem custo, para transportá-lo de volta à sua casa ou à concessionária para a retirada do veículo. O cliente que contratar o plano 4 da Assistência 24 Horas conta também com cobertura para danos nas lanternas, retrovisores e faróis gratuita, opção disponível para veículos de fabricação nacional. Para os veículos com chave codificada, um benefício extra: em caso de perda, a seguradora providenciará a segunda via sem custo adicional. Mulheres ganham em dobro Mulheres motoristas que acabaram de comprar um carro novo terão vantagens duplicadas. Isso porque, além de todos os diferenciais que a cliente ganha ao ter o seguro para o público feminino – como o Motorista Amigo, troca de pneus ilimitada e profissional para acompanhá-la à delegacia para a efetivação do boletim de ocorrência, por exemplo –, ainda pode incluir todas as vantagens do SulAmérica Auto Zero km na apólice.

10_Outubro 2011

Mesmo quando encontrava uma peça, a certeza de tê-la não existia. Em uma de suas buscas, localizou um pequeno holofote no melhor estilo dos carros de polícia e que tanto queria. Com um valor inestimável, o dono topou uma troca com uma condição: que o ajudasse a encontrar uma lente para seu Ford de 1929. “Quem tem boca vai a Roma e naquela época era assim mesmo. Hoje, os livros estão na internet. É link, é fórum, é tudo” – explica Coutinho, que participa diariamente de um movimentado fórum com donos de Chryslers antigos dos Estados Unidos. “Isso só acrescenta. Para montar meu carro, tive que viajar, ir para feiras, garimpar as peças em ferros-velhos. Hoje existem mercados das pulgas nos eventos e também na internet. Está tudo mais fácil.” Coutinho prefere não responder quantos carros possui na garagem, mas seu blog, desotony.blogspot.com, dá a dica ao apontar seis, dos quais quatro são DeSoto. Tem ainda outro que utiliza no dia a dia para evitar desgastes das relíquias. As raridades ganham as ruas nos fi ns de semana, seja quando Coutinho vai jogar peteca com os amigos na praia ou jantar com a família em um restaurante. Os manobristas, no entanto, nunca desfrutam a oportunidade de guiar seu carro. Só poucos amigos têm o privilégio. “Estacionar? De jeito nenhum. Só quando tem encontro de carros antigos em Araxá é que deixo um amigo dirigir. Levo sempre dois carros. Vou em um e ele no outro” – conta Coutinho, citando o encontro que acontece na cidade mineira a quase 800 km do Rio de Janeiro.


ACERVO PESSOAL

Para manter sua paixão por carros antigos, Ony aprendeu a mecânica dos veículos e é ele quem faz os reparos

Curiosamente, o primeiro dos DeSoto parou na mão dele por acaso. Caçula de cinco irmãos, seu pai estava com as economias apertadas quando o fi lho ingressou na faculdade. Todos os irmãos já haviam levado um automóvel para casa quando passaram no vestibular e a solução encontrada foi deixar o fi lho mais novo com o carro encostado na garagem. Antiquado, o DeSoto fazia uma de suas irmãs passar vergonha sempre que era utilizado pela família. Trinta e um anos depois, fez do economista apaixonado por carros um verdadeiro mecânico. “Aprendi com todos os meus mecânicos calibres, medições e todos os cuidados que deveria ter. Hoje, quem faz a oficina sou eu: freio, embreagem, carburador”, orgulha-se.

“Para montar meu carro, tive que viajar, ir para feiras, garimpar as peças em ferros-velhos. Hoje existem mercados das pulgas nos eventos e também na internet. Está tudo mais fácil” Ony Coutinho

11 _Outubro 2011


Vida Saudável

SUOR nA AREIA Disponíveis em grande parte do Brasil, as praias são um ambiente democrático para a prática de esportes ao ar livre POR EDUARDO ZOBARAN | FOTOS FERNANDO FRAZÃO

A

bola sobe junto à rede e o jogador tem apenas um toque para passá-la para a quadra adversária. Em uma partida de vôlei, bastaria um toque com a mão para conquistar o ponto. Mas o jogo é de futevôlei, e a única opção para Rafael Abdo, corretor de seguros, é lançar um dos pés à altura da rede de mais de 2 metros – e a bola vira ponto. Depois da manobra plástica, vai de encontro ao chão. A areia da praia da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, amortece o impacto. A poucos metros dali, duas duplas disputam uma animada partida de beach tennis, uma modalidade que chegou há poucos anos no Brasil. Amigos conversam durante um trote leve pela areia fofa, e uma pelada começa a ser disputada por meninos e meninas. Tudo na areia, um espaço democrático e presente em todo o litoral brasileiro, que oferece condições únicas para a prática esportiva e está ao lado de um refrescante mergulho.

Rafael Abdo sobe para cabecear a bola nas areias de praia carioca


“Não faço academia. Só o que faço de exercício é jogar futevôlei. Nos fins de semana, chego na rede às 8h da manhã e passo o dia inteiro jogando. Só saio no final da tarde. Quando tenho algum tempo nos dias de semana, seja bem cedo ou depois do trabalho, dou uma passada por lá e isso já basta”, conta Abdo, sócio da Paper Assessoria de Seguros. A dedicação já rendeu vitórias em torneios amadores realizados na praia ou em condomínios. Abdo chegou a se inscrever em um torneio em Miami, nos Estados Unidos, mas, na última hora, por conta do trabalho, acabou tendo que cancelar a participação. O troféu mais importante foi conquistado no inédito Mundial de Futevôlei 4x4 SulAmérica, disputado entre março e abril deste ano, em Ipanema. Enquanto o Paraguai de Romerito e Quicho – melhor jogador do campeonato – desbancou equipes brasileiras de Romário e Renato Gaúcho, Abdo venceu no torneio paralelo, disputado apenas por amadores. Além do troféu, ele se apressa em contar que ainda levou para casa uma bicicleta. Abdo já trocou passes com o ex-jogador da seleção brasileira Júnior e com Júlio César, atual goleiro da seleção. Flamenguista, no início de julho, pela primeira vez, dividiu a quadra com Ronaldinho Gaúcho, craque de seu time do coração. Uma responsabilidade. “Fiz dupla com ele. É uma pressão e, ainda por cima, estávamos jogando contra o melhor jogador do Brasil. Fomos muito bem e ganhamos por 24 a 22.”

Abdo e seu time são premiados pelo diretor Carlos Alexandre ao final do Futvôlei 4x4 SulAmérica

Brasil e Paraguai fizeram a grande final

“Não faço academia. Só o que faço de exercício é jogar futevôlei. Nos fins de semana, chego na rede às 8h da manhã e passo o dia inteiro jogando” Rafael Abdo

Thomaz Cabral de Menezes com Romário

13 _Outubro 2011


Vida Saudável

O que Abdo escolheu como estilo de vida há 11 anos, muitas assessorias esportivas investiram como fonte de motivação para seus alunos. Dos grupos de corrida de rua aos consultores individuais de atletas amadores ou profissionais que exigem melhoria no rendimento, não há quem não aproveite as características únicas da areia para auxiliar na busca por melhores tempos e qualidade de vida. “Muitas pessoas usam o treino na areia para dar um condicionamento físico ou recuperar lesões. Você tem que aplicar muito mais força na areia e as passadas são irregulares, diferentemente do que acontece no asfalto. Muda a amplitude da passada, a forma de pisar é diferente, a força aplicada no pé também. Como é uma atividade sempre irregular, acaba trabalhando muito os músculos estabilizadores, da parte interna e externa da perna”, explica Ricardo Hirsch, diretor técnico da Personal Life, com mais de 350 alunos em São Paulo e no Rio de Janeiro. A areia fofa absorve o impacto, outro benefício, mas o trabalho, ressalta Hirsch, exige orientação de um especialista. Mesmo para aqueles que já estão habituados a correr no asfalto ou na esteira, a transição para a areia deve ser lenta e gradual. “Meia hora na areia pode representar até uma hora e meia na rua. Tem que começar devagar, com 5 ou 10 minutinhos”, conta Hirsch, que também usa a areia como estímulo para a fuga dos ambientes fechados das academias.

“Muitas pessoas usam o treino na areia para dar um condicionamento físico ou recuperar lesões” Equipe de corrida treina na areia fofa da Praia do Leblon. Ao fundo, o Morro dos Dois Irmãos

14_Outubro 2011

Ricardo Hirsch


Na corda, um esporte “cabeça” A areia fofa das praias amortece as quedas de outra turma de atletas. São os praticantes do slackline. O esporte, criado por escaladores em períodos de distração e treinamento, é uma versão moderna da corda bamba. Ao cruzar a corda, presa em duas árvores em praias ou parques, os praticantes testam seu equilíbrio. “É um esporte de desafios e sempre em harmonia com a natureza”, explica Gildeão Melo, o Xaropinho, atleta da Slackline Brasil. “Para quem está em forma, em duas horas já dá para atravessar um slack de 7 ou 8 metros.” A distância, é claro, já ficou pequena para Gildeão. Escalador, ele pratica o esporte há mais de três anos – que

é exatamente o tempo em que a prática virou febre no Brasil. Já são mais de 3 mil praticantes no País, mas poucos fazem o que Gildeão consegue. Ele treina o longline, com cordas de 25 a 30 metros. Tudo para se aventurar no highline, que é o longline em altitude. “Um dos melhores lugares é atravessar alguns pontos da Pedra da Gávea, na zona Sul do Rio. São mais de 800 metros de altitude com vento forte e a vista mais bonita da cidade”, conta ele, que, por precaução, veste um cinto de segurança ligado à corda. “O esporte trabalha abdômen, panturrilha e coxa. Mas o que mais exercita é a cabeça”, completa.

Slackline: a nova moda que invade as praias cariocas

15 _Outubro 2011


Vida Saudável

Beach tennis: competição e performance

O futebol de areia e o vôlei de praia são esportes já consagrados, assim como o frescobol. Nos últimos dois anos, um esporte nem tão novo invadiu as areias do Rio de Janeiro e conquistou praticantes de todas essas modalidades. Inventado há mais de 30 anos em Ravenna, na Itália, o beach tennis, ou tênis de praia, trabalha membros inferiores e superiores sem deixar de lado a competitividade. Samantha Barijan e Joana Cortez são as representantes brasileiras no circuito mundial feminino. Samantha é a sétima colocada no ranking mundial, e Joana, que é bicampeã pan-americana de tênis, quinta. “Virou uma epidemia no Rio de Janeiro e quase que um estilo de vida para algumas pessoas.

16_Outubro 2011

Assim como o frescobol, é fácil de jogar e de aprender. E também tem a parte competitiva”, explica Samantha. As regras são parecidas com as do tênis, com partidas divididas em sets e games. A rede lembra a do vôlei, com 1,70 m, e a raquete é mais parecida com a do frescobol. Já a bola é como a utilizada nas partidas de tênis, só que despressurizada. Há partidas simples e de duplas, e longas disputas são comuns. “O curioso é que o beach tennis trouxe a turma que já frequentava a praia para jogar futebol, vôlei e frescobol. O pessoal do tênis gostou e entrou também”, conta Samantha, que dá aulas em uma academia da Barra da Tijuca e na praia. “Tem gente que não gosta de academia.


SHUTTERSTOCK

A saúde começa pela boca

SulAmérica Odontológico cresce e se consolida no mercado

Aqui a gente trabalha membros inferiores e superiores. É um esporte completo.” Independentemente do esporte ou mesmo da superfície em que for praticado, é sempre importante a atenção com a saúde. Histórico familiar de doenças e exames médicos atuais são algumas das informações que devem ser passadas ao profissional que orientará as atividades. Se não forem bem trabalhados, os exercícios na areia podem ser arriscados. E as lesões, diz Hirsch, nem sempre aparecem imediatamente: “A lesão não é ação e reação. Você dá uma corrida agora, amanhã e depois, mas só muito na frente é que vai ver um resultado negativo, como uma lesão”.

Da respiração à circulação de um atleta, muito de sua saúde passa pela boca. Aqueles que praticam esporte precisam estar aptos para “entrar em campo” sem diminuir o rendimento físico ou sofrer traumas – prevenindo-se e tratando integralmente de sua saúde. O SulAmérica Odontológico oferece, entre as vantagens, opções de coberturas adicionais às exigidas por lei. Além disso, todos os clientes contam ainda com uma rede nacional referenciada com profissionais qualificados e com títulos de especialização, incluindo dentistas habilitados a tratar de pacientes portadores de necessidades especiais, e reembolso no Brasil e no exterior. Aquele que optar por contratar o seguro odontológico com a SulAmérica dispõe ainda da opção de contratação do plano Prestige, o que inclui, entre os diferenciais, a emergência odontológica domiciliar, concierge, courier para retirada de documentos de reembolso, rede referenciada exclusiva, clareamento a laser e o Spa Odontológico, um serviço exclusivo para um tratamento dentário completo, podendo ser realizado em um único dia, para maior comodidade do segurado. O SulAmérica Odontológico oferece contratação flexível, sem carência, e é destinado a empresas do segmento PME, de 3 a 29 pessoas, e grupos acima de 30 membros. Todo cliente que adquire o seguro tem como benefício o Saúde Bucal Ativa, programa de prevenção e promoção à saúde bucal, cujo principal objetivo é combater as causas e gerenciar doenças crônicas por meio de uma equipe de profissionais especializados da SulAmérica.

17 _Outubro 2011


Perfil

“Quero ser Bibi Ferreira e Marília Pêra quando crescer” Claudia Raia estreia em São Paulo o eterno musical Cabaret, com patrocínio da SulAmérica, e dá entrevista exclusiva à ON Line POR SERGIO ZOBARAN | FOTOS ARQUIVO PESSOAL

Não se pode fazer qualquer analogia entre a personagem Sally Bowles, uma prostituta, eternizada no filme Cabaret por Liza Minneli (o que lhe rendeu um Oscar em 1973), com a vida ou a obra de Claudia Raia. Para a atriz, que está prestes a dar vida à personagem na versão brasileira da história, a grande diferença entre as duas é que, enquanto Sally Bowles não consegue entrar em contato com ela mesma, Claudia busca se conhecer profundamente. “Neste último ano dei de cara comigo mesma”, comenta. São 28 anos de uma sólida carreira, de muito sucesso. Do cult ao pop, foram 13 peças de teatro (da pioneira Chorus Line, aos 17 anos, até a atual Cabaret), 13 novelas (de Roque Santeiro a Ti-ti-ti, passando pela Rainha da Sucata e A Favorita), sete programas de televisão (entre eles TV Pirata e Não Fuja da Raia) e quatro minisséries (destaque para Engraçadinha, de Nelson Rodrigues), sempre na TV Globo, além de cinco filmes de longa-metragem, como Matou a Família e Foi ao Cinema e Os Normais. Dirigida por José Possi Neto, em versão brasileira de Miguel Falabella e direção musical de Marconi Araújo – e com estreia em outubro, no Teatro Procópio Ferreira, em São Paulo –, Cabaret segue depois para o Rio de Janeiro, em março de 2012: Claudia Raia não para.

18_Outubro 2011


FOTO : PASCHOAL RODRIGUEZ BELEZA: DANIEL HERNANDEZ STYLING: FABRICIO MAIA


Perfil

ON Line: Vimos você pela primeira vez no musical Chorus Line, uma produção do Walter Clark, no Rio de Janeiro, num teatro em Copacabana... Claudia Raia: Chorus Line estreou em São Paulo no Teatro Sérgio Cardoso e no Rio foi no Teatro Tereza Rachel. Era o meu início, e o teatro me arrebatou. ON Line: Você fazia a Sheila, a mais velha do elenco de bailarinos, a ex-mulher do Zack, não era isso? Como se sentia, tão garotinha, fazendo aquele papel? Claudia Raia: Foi um grande desafio, já que eu tinha 17 anos e nunca tinha trabalhado como atriz. Entrei no susto, e o exercício de representar me fez uma atriz. On Line: O musical Cabaret volta aos palcos brasileiros mais de 20 anos depois (a primeira produção brasileira foi assinada por Jorge Takla, em 1989). Por quê? Claudia Raia: Cabaret é uma obra que não envelhece, continua atual. É possível visitá-la e reinventá-la, agora e para sempre.

On Line: Ao comprar os direitos do espetáculo junto com Sandro Chaim, o que vocês têm em mente, além de um sucesso estrondoso, como sempre acontece com seus musicais? Claudia Raia: Temos a paixão pelo teatro musical e a coragem de remontar uma obra tão conhecida sob um novo olhar. On Line: Como vê a cena brasileira no gênero? Acha que ajudou a reabrir o caminho para o musical no Brasil? Claudia Raia: Claro que sim, e não fiz isso sozinha. Miguel Falabella, Charles Möeller, Claudio Botelho, Wolf Maya, Marília Pêra, Jorge Takla e Bibi Ferreira contribuíram muito e lutaram pelo teatro musical. On Line: Inspira-se em alguma dama do teatro, do musical ao rebolado? Claudia Raia: Tenho dois lindos exemplos a seguir, Bibi Ferreira e Marília Pêra, duas grandes atrizes, cantoras, show women. Quero ser como elas quando crescer.

Linha do tempo da carreira teatro (T), novelas (N), programas de TV (P), minisséries (M) e filmes (F).

ROQUE SANTEIRO (N) Personagem: Ninon Autor: Dias Gomes e Aguinaldo Silva Direção: Gonzaga Blota, Jayme Monjardim, Marcos Paulo e Paulo Ubiratan 1983 CHORUS LINE (T) Personagem: Sheila Autores: James Kirkwood e Nicholas Dante Direção: Michael Bennett

1986 CIDA, A GATA ROQUEIRA (P) Personagem: Cida Autor: Paulo César Coutinho Direção: Roberto Thalma

1984 JÔ SOARES (P) Autor: Max Nunes, Milton Marques e Paulo César Maruzzi Direção: Cecil Thiré

1987 SASSARICANDO (N) Personagem: Tancinha Autor: Silvio de Abreu Direção: Cecil Thiré, Lucas Bueno e Miguel Falabella O OUTRO (N) Personagem: Edwiges Autor: Aguinaldo Silva Direção: Miguel Falabella

1985 GATÃO DE ESTIMAÇÃO (T) Autor: Gérard Lauzier Adaptação: Luis Fernando Veríssimo

20_Outubro 2011

1988 SPLISH SPLASH (T) Autor: Flávio Marinho Direção: Wolf Maya TV PIRATA (P) Autor: Casseta & Planeta, Luis Fernando Veríssimo, Patricia Travassos e Mauro Rasi Direção: Guel Arraes KUARUP (F) Autor: Antonio Callado Direção: Ruy Guerra 1989 LOJA DOS HORRORES (T) Autor: Roger Corman Tradução: Flávio Marinho Direção: Wolf Maya BOCA DE OURO (F) Autor: Nelson Rodrigues Direção: Walter Avancini


On Line: Fale sobre a escolha da direção por José Possi Neto e a versão brasileira de Miguel Falabella. Eles, de alguma forma, atualizaram a peça? Claudia Raia: O Possi é um antigo sonho, acho um diretor extraordinário, autoral e com uma estética muito sofisticada e inesperada. Miguel, com todo o seu talento e humor, traz para nossa versão um pouco da brasilidade – sem perder a Alemanha dos anos 1930. On Line: A caracterização feita por Liza Minneli a influenciou? Claudia Raia: Sem dúvida influencia, já que a Liza Minneli é Sally Bowles, e eu entro de coadjuvante neste grande sucesso que deu o Oscar a ela. A personagem nada tem a ver com o meu momento, nem com a minha personalidade, a Sally Bowles é uma prostituta que vive muitos personagens dentro dela e não consegue entrar em contato com ela mesma. Já eu busco me conhecer e me administrar e neste último ano dei de cara comigo mesma.

FOTO: PASCHOAL RODRIGUEZ | BELEZA: DANIEL HERNANDEZ | STYLING: FABRICIO MAIA

1990 RAINHA DA SUCATA (N) Personagem: Adriana (bailarina das pernas grossas) Autor: Silvio de Abreu Direção: Jorge Fernando TV PIRATA (P)

1991 MATOU A FAMÍLIA E FOI AO CIMENA (F) Autor: Júlio Bressane Direção: Neville D’Almeida 1992 DEUS NOS ACUDA (N) Personagem: Maria Escandalosa Autor: Silvio de Abreu Direção: Jorge Fernando 1993 ED MORT – NUNCA HOUVE UMA MULHER COMO GILDA (P) Personagem: Gilda Autor: Luis Fernando Veríssimo Adaptação: Jorge Furtado Direção: Guel Arraes

1991/92/93 NÃO FUJA DA RAIA (T) Autor: Silvio de Abreu Direção: Jorge Fernando

LISBELA E O PRISIONEIRO (M) Personagem: Inalda Autor: Osmar Lins Direção: Guel Arraes

1995/6: NÃO FUJA DA RAIA (P) Autor: Silvio de Abreu Direção: Jorge Fernando 1993/94/95/96 NAS RAIAS DA LOUCURA (T) Autor: Silvio de Abreu Direção: Jorge Fernando

1995 ENGRAÇADINHA (M) Personagem: Engraçadinha Autor: Nelson Rodrigues Direção: Denise Saraceni e Johnny Jardim

21 _Outubro 2011


Perfil

On Line: Como está o seu preparo físico e emocional para encenar o espetáculo? Claudia Raia: Não só meu preparo físico é intenso, mas também o meu preparo vocal. Malho pelo menos quatro vezes por semana, faço aula de balé clássico seis vezes por semana e aula de canto também, além de seguir uma dieta balanceada; tudo com supervisão de excelentes profissionais. On Line: A estreia em São Paulo tem uma razão estratégica? Por quê? Claudia Raia: São Paulo é a grande capital do cenário artístico nacional. Aqui temos um público preparado e com poder aquisitivo. E já viciado em musicais. On Line: Qual a importância do patrocínio na realização de uma peça? Como foi até vocês chegarem à SulAmérica? Claudia Raia: Bom, seria impossível sem o apoio dos patrocinadores. São projetos caríssimos e com manutenção cara também, e o preço dos ingressos jamais supriria as necessidades da produção. Portanto, é inviável sem patrocínio. A SulAmérica já é parceira da Chaim Produções há algum tempo, e agora sinto muito orgulho em ter uma seguradora com tanta credibilidade unindo seu nome ao nosso.

“Cabaret é uma obra que não envelhece, continua atual. É possível visitá-la e reinventá-la, agora e para sempre”

Claudia Raia

Linha do tempo da carreira teatro (T), novelas (N), programas de TV (P), minisséries (M) e filmes (F).

1999 5 X COMÉDIA (T) Autor: Miguel Falabella Direção: Miguel Falabella 2000 TERRA NOSTRA (N) Personagem: Hortência Autor: Benedito Ruy Barbosa Direção: Jayme Monjardim e Carlos Magalhães 1996 CAIA NA RAIA (T) Autor: Silvio de Abreu Direção: Jorge Fernando 1998 TORRE DE BABEL (N) Personagem: Ângela Vidal Autor: Silvio de Abreu Direção: Denise Saraceni

22_Outubro 2011

2000/01 O BEIJO DA MULHER ARANHA (T) Personagem: Aurora Baseado no romance de Manuel Puig Versão musical: Claudio Botelho Direção: Wolf Maya

2001/02 AS FILHAS DA MÃE (N) Personagem: Ramona Autor: Silvio de Abreu Direção: Jorge Fernando OS NORMAIS (P) Direção: Guel Arraes 2002 O BEIJO DO VAMPIRO (N) Personagem: Mina Autor: Antônio Calmon Direção: Marcos Paulo e Roberto Naar 2003 ABRACADABRA (F) Personagem: Madrasta da Branca de Neve Autor: Flávio de Souza Direção: Moacir Góes

2004/05 BATALHA DE ARROZ NUM RINGUE PARA DOIS (T) Personagem: Ângela Autor: Mauro Rasi Direção: Miguel Falabella 2005 MAD MARIA (M) Personagem: Teresa Autor: Benedito Ruy Barbosa Direção: Jayme Monjardim 2006 BELÍSSIMA (N) Personagem: Safira Autor: Sílvio de Abreu Direção: Denise Saraceni


Cabaret e Xanadu Circuito SulAmérica de música e movimento: é tempo de grandes musicais Com estreia marcada para a segunda semana de outubro no Teatro Procópio Ferreira, em São Paulo, Cabaret é mais uma grande peça musical internacional patrocinada pela SulAmérica este ano, em seu Circuito SulAmérica de Música e Movimento. Ao lado de Hair, um símbolo vivo da cultura hippie dos anos 1960, e de Xanadu, que revive o auge da era das discotecas, Cabaret, que tem direção de José Possi Neto e direção musical de Marconi Araujó, promete marcar a história dos musicais no País. O enredo do espetáculo conta a história da cantora e dançarina

americana Sally Bowles, que se envolve com um professor de inglês e um nobre alemão em plena Alemanha nazista, nos anos 1930. Cabaret fica em cartaz na capital paulista até março, seguindo para o Rio de Janeiro, onde cumpre temporada por todo o primeiro semestre do próximo ano. Xanadu estreia no Rio de Janeiro em dezembro deste ano, com Thiago Fragoso, além de Danielle Winits à frente do elenco como a bela musa grega Kira, que cai do Monte Olympus diretamente em Venice Beach, na Califórnia, na década de 1980. SERVIÇO CABARET A partir de 27 de outubro Teatro Procópio Ferreira Rua Augusta, 2.823 – São Paulo 30% de desconto para clientes, funcionários e corretores SulAmérica

2008 A FAVORITA (N) Personagem: Donatela Fontini Autor: João Emanuel Carneiro Direção: Ricardo Waddington

2006/07 SWEET CHARITY (T) Personagem: Charity Autor: Neil Simon Direção: Charles Möeller Versão musical: Claudio Botelho 2007 SETE PECADOS (N) Personagem: Ágatha Autor: Walcyr Carrasco Direção: Jorge Fernando

XANADU A partir de 1º de dezembro Teatro Oi Casa Grande – Rua Afrânio de Mello Franco, 290 – Rio de Janeiro 30% de desconto para clientes, funcionários e corretores SulAmérica

2010 TI-TI-TI (N) Personagem: Jaqueline Autor: Maria Adelaide Amaral Direção: Jorge Fernando

2009 OS NORMAIS 2 - A NOITE MAIS MALUCA DE TODAS (F) Direção: José Alvarenga Jr.

2009/2010 PERNAS PRO AR (T) Personagem: Helô Autor: Luis Fernando Veríssimo Direção: Cacá Carvalho

2011 Cabaret (T) Personagem: Sally Bowles Versão brasileira: Miguel Falabella Direção: José Possi Neto FOTO: PASCHOAL RODRIGUEZ | BELEZA: DANIEL HERNANDEZ STYLING: FABRICIO MAIA

23 _Outubro 2011


Fora da Firma

LADO B o LADo InTERESSAnTE E DESConHECIDo DE QUEM VoCÊ ConHECE Para o paulista Fábio Ferreira, supervisor de sinistro de seguro saúde e baterista da banda Garbage Truck, a possibilidade da realização de um hobby no dia a dia, em paralelo ao trabalho e à família, é importantíssima e o leva longe. Já para a carioca Beth Santoro, não existe hora ou local para o momento da criação. Segundo esta corretora e ceramista – simultaneamente –, ele chega de repente, unindo natureza, ciência e arte.

Fabio Ferreira descobriu o rock com Led Zeppelin

24_Outubro 2011


NELSON AGUILAR

Fábio Ferreira

“Ao ouvir Led Zeppelin, entendi o que é tocar uma bateria, não só com as mãos, mas com o coração e a alma.” O depoimento é do supervisor de sinistro de seguro saúde da SulAmérica, Fábio Ferreira, cuja vida mudou a partir daí. Em paralelo ao seu trabalho na seguradora e à sua família, a bateria, sua paixão, é seu instrumento na banda Garbage Truck (caminhão de lixo), uma homenagem à californiana Creedence Clearwater Revival, em que todos trabalhavam com caminhões – alguns eram até lixeiros – e conseguiram seus instrumentos em depósitos de descartes. “Nossa banda toca releituras de outras bandas e intérpretes, como Eric Clapton, B.B. King, Rolling Stones, Ray Charles, Elvis Presley, ZZ Top, Chuck Berry, Buddy Guy e outros nomes, a lista é enorme.” A banda se apresenta em eventos, na maioria das vezes, em moto clubes do Rio, Minas Gerais e São Paulo, como no encontro de carros Kultura Kustom, no ABC, região metropolitana da capital. Assim, o “caminhão”, como a banda chama a Kombi abarrotada de músicos e instrumentos, roda o ano todo, em lugares e cidades diferentes. Eles também fazem seu show em pubs e bares com foco neste gênero de música, em especial as casas de blues, rock e classic rock, como o Woodstock Bar, Manifesto, Rústico, Blackmor Rock, Charles Edward, Mr. Blues, Café Piu-Piu, Little Darling e O’Malleys Pub, entre outros. “Eu sou compositor, escrevo músicas nacionais, voltadas ao R&B – Ritmo em Blues –, para cantores e cantoras do segmento, e, às vezes, gravo a bateria destas músicas junto a outras bandas do gênero”, diz Fábio, que tem como compositores favoritos os brasileiros Cazuza e Frejat, além de Fernando Fernandes e Marcelo Schevano. “Meus pais me incentivaram a comprar minha primeira bateria no antigo Mappin, na rua São Bento. Atualmente, minha família (a mulher, Shirlei, e os filhos, Gabriel, 12, e Vinicius, 6), continua dando todo o apoio para que eu não pare de tocar e compor.” Fábio também valoriza o caminho que segue com a banda. “À noite nos proporciona grandes amigos, muitos músicos, intérpretes e compositores, todos muito unidos, fora nossos amigos de moto clube, que enchem as casas onde tocamos.”

25 _Outubro 2011


NELSON AGUILAR

Fora da Firma

Com sua banda nos ensaios de terça à noite

É possível viver de música? “É possível viver com ela, mas todos nós da banda temos família e muitos compromissos”, afirma. Em casa, Fábio tem apenas um amplificador e uma guitarra usados para compor, e sua bateria fica desmontada, aguardando o novo show, enquanto sonha com a possibilidade de mais investimento em cultura por parte das grandes companhias nacionais. “Os jovens de hoje estão cada vez mais deixando de se interessar por tocar um instrumento. Gostaria que as escolas fossem como a minha, que tinha aulas de iniciação musical, incentivando a paixão pela música”, desabafa.

Beth Santoro

A formação universitária foi em arquitetura, em 1982. Mas, em tempos de construção civil em crise e com vontade de ter seu próprio negócio, Beth Santoro foi incentivada pelo cunhado, que trabalhava na área de seguros, a mudar de ramo e ser corretora. No curso da Funenseg, realizado em 1989, conquistou o primeiro lugar entre as 13 turmas do curso, logo começou a exercer a carreira, em parceria com

26_Outubro 2011

a SulAmérica. “Em 1994, junto com meu sócio e marido, Eduardo Lima, abri a Relgo Corretora de Seguros, localizada no Rio de Janeiro, onde trabalho até hoje. Construímos um negócio sólido, em que a nossa especialidade é o segurado, pessoa física ou jurídica. Porém nosso principal projeto, sempre em crescimento, é a família. Temos 35 anos de casados e três filhos: Luciana, Tatiana e Eduardo Filho; e três netos: Gabriel, Mateus e Julia.” Mas Beth sentia que faltava algo: “ideias borbulhavam em minha mente; foi quando encontrei na cerâmica a forma de expressar meus sonhos e sentimentos”. Começou em 1993 a mexer com o barro e fez diversos cursos – modelagem, massas cerâmicas e coloridas, esmaltes, paleteado e outros –, “mas me considero autodidata”. Já o vidro entrou em sua vida quando conheceu o trabalho do vidreiro e mestre Roberto Bonino. “Ele me mostrou como um material tão frágil pode ser transformado com o calor, sem quebrar, em algo tão belo. O fusing me arrebatou, passando a fazer parte da minha arte.” Para poder participar de exposições, teve a ajuda dos seus companheiros na Relgo, que seguraram a barra deixando seu tempo livre para a criação.


“Ideias borbulhavam em minha mente, e na cerâmica encontrei a forma de expressar meus sonhos”

Beth Santoro fez diversos cursos, mas se denomina autodidata

FOTOS ACERVO PESSOAL

ACERVO PESSOAL

Beth Santoro

Técnicas diversas em vidro e cerâmica

Assim, fez várias exposições em museus e galerias, ganhou prêmios, foi presidente da Associação de Ceramistas do Rio de Janeiro, desenvolveu cursos na Universidade Estácio de Sá, trabalhou em pesquisas e projetos com a Incubadora Cultural da PUC-RJ, participou do projeto Portas Abertas - Caminho das Artes, recebeu Moção Congratulatória pela Assembleia Legislativa do Estado, concluiu a pós-graduação em Docência do Ensino Superior, em 2002, e ministrou workshops e cursos para adultos e crianças – ufa! Admiradora do trabalho de artistas como Mariana Canepa, Francisco Brennand e Helio Rodrigues, entre outros, Beth curte a cerâmica de alta temperatura, queimada a 1.240 ºC. E amassar, moldar e transformar o barro em peças artísticas, nas quais busca formas orgânicas e abstratas. No ramo das peças utilitárias, desenvolveu uma linha de panelas e pratos para fondue. Mas o que mais a fascina é o raku, uma técnica desenvolvida no Japão no século XVI, associada ao ritual do chá e da filosofia zen budista – e na qual uma peça nunca fica igual à outra. “Atualmente estou envolvida em projetos de cerâmica e vidro para a construção civil e na elaboração de um novo ateliê na Barra da Tijuca, com cursos de cerâmica e vidro, e um espaço para exposição e comercialização. Em paralelo, o projeto prevê o curso de oleiro, com o objetivo social de aproveitar os jovens de escolas públicas, em especial de baixa renda.

27 _Outubro 2011


Corporativo

GENTE

a melhor estratégia

A nova diretora de Capital Humano da SulAmérica, Vanessa Pina, acredita em um modelo estratégico de gestão de pessoas, desenvolvido em parceria com as lideranças da empresa, capaz de promover uma administração de talentos totalmente alinhada ao negócio POR VERôNIcA cOUtO FOTOS DIVULGAÇÃO

A

s pessoas são únicas, não há uma mesma receita para lidar com elas”, afirma a nova diretora de Capital Humano da SulAmérica Seguros e Previdência, Vanessa Pina, com 20 anos de experiência na área de recursos humanos em empresas multinacionais, de capital local ou consultorias. Por isso mesmo – por serem tantas individualidades e jeitos próprios de reagir às circunstâncias – não é uma missão trivial estar à frente da área de recursos humanos e reger todas essas diferenças, num conjunto de 5 mil funcionários, em 55 filiais pelo Brasil, e sintonizar todos nos mesmos objetivos. Ela não se assusta. “As pessoas desejam se realizar no trabalho. Nossa razão de ser, em recursos humanos, é ajudar os líderes e todos os colaboradores a encontrar a melhor forma de viabilizar esta meta, agregando valor para todos os envolvidos. Suas responsabilidades na posição anterior, antes de se integrar ao time da SulAmérica, abrangiam a América Latina, o Caribe e o Canadá. “Tive a oportunidade de lidar com diferentes culturas,

28_Outubro 2011

diferentes visões de mundo e experiências diversas. Você entende, claramente, que uma prática de sucesso em um local ou em uma empresa não necessariamente dará certo se for copiada em outra”, conta. Na diretoria de Capital Humano da SulAmérica, Vanessa vai conduzir projetos e iniciativas em linha com as muitas evoluções em curso dentro da companhia. “O Brasil vive um momento de aquecimento no segmento de seguros. O consumidor brasileiro aumentou seu poder de compra, especialmente na classe C, e quer inovação, novas tecnologias, novos produtos financeiros. Tudo isso tem impacto na força de trabalho”, afirma. Entre os efeitos desses movimentos, a diretora aponta uma maior concorrência por talentos e a busca por profissionais versáteis e criativos. “Precisamos preparar nossa força de trabalho para mudanças constantes.” Isso significa, diz Vanessa, ter colaboradores capazes de responder rapidamente às novas demandas do mercado, que lidem bem com processos de reestruturação e que saibam aprender formas diferentes de atuar e fazer negócio.


Vanessa Pina

29 _Outubro 2011


Corporativo

Experiência para reger 5 mil funcionários, em 55 filiais pelo Brasil, e sintonizar todos nos mesmos objetivos

“Faz parte da iniciativa capacitar todos os funcionários”

Vanessa Pina

30_Outubro 2011

Para desenvolver e manter essas competências, ela garante que há metodologias específicas, destinadas a preparar os milhares de profissionais da empresa. A executiva explica como se dá essa necessidade na prática. “A SulAmérica, ao vender um seguro, por exemplo, vende um compromisso com o nosso consumidor. O compromisso de que, se nosso cliente tiver um problema com seu carro, estaremos lá para apoiá-lo. Que, se houver um sinistro e ele precisar de seu seguro saúde, a SulAmérica estará presente. Que, quando ele se aposentar, estaremos lá também. E, assim, em todas as nossas linhas de negócio. Nosso relacionamento estende-se por longo tempo. E todos os nossos 5 mil funcionários precisam estar aptos a atender bem nosso consumidor de forma ágil e transparente. Precisamos estar alinhados em todos os momentos. Quando se fecha uma venda, todos devem celebrar, porque todas as áreas da empresa contribuíram para isto.” A proposta de Vanessa, então, é construir uma área de recursos humanos que siga o ritmo de evolução futura projetada para a empresa. Para isso, ela quer engajar as lideranças com o objetivo de mobilizar e capacitar todos os funcionários. O primeiro passo é identificar como o conhecimento é desenvolvido na empresa, principalmente nas áreas de competências-chave, entre elas: gestão de risco, cálculos atuariais, desenvolvimento de produtos, etc. Depois, definir também as características pessoais que são importantes: flexibilidade, capacidade de adaptação, de gerenciar stakeholders – externos e internos –, de definir prioridades e de “fazer acontecer”. Essas informações serão a base para a criação de uma plataforma estruturada de gestão de pessoas e de conhecimento.


Essa plataforma, continua a executiva, tem como sustentação a Universidade Corporativa da seguradora, a UniverSAS. Mas isso não significa apenas treinamentos. “Aproximadamente 70% do processo de capacitação de um profissional ocorre na prática do trabalho, 20% por meio de coaching e suporte do gestor e apenas 10% através de treinamentos formais.

Prioridade na agenda de Capital Humano Três principais pilares de trabalho estão na agenda da área de Capital Humano da SulAmérica. “O primeiro é a evolução dos processos de gestão de pessoas”, diz Vanessa. Neste pilar, encontram-se os modelos e programas de RH. “A partir da definição de aonde a companhia quer chegar a curto, médio e longo prazo, identificamos o perfil de nossos colaboradores e o que esperamos deles”, explica. Em contrapartida, a empresa constrói o que os especialistas chamam de Employee Value Proposition (EVP), ou, numa tradução livre, proposta de valor para o empregado, que é o conjunto de recompensas oferecido de acordo com a performance esperada. Esse pilar inclui o processo de recrutamento e seleção dos funcionários. “A SulAmérica é uma empresa muito especial e precisamos divulgar isto no mercado, criando o desejo nos talentos de trabalhar na empresa”, diz a diretora. O que não acontece sem que se estabeleçam, por exemplo, trilhas de carreiras, modelos de remuneração e de reconhecimento. E também de sucessão, observa Vanessa. A clareza nesses aspectos apoia a tomada de decisão dos gestores e serve de guia para os próprios funcionários no que se refere ao seu desenvolvimento. O segundo pilar da plataforma é o desenvolvimento das lideranças. “O papel dos gestores de pessoas é elemento-chave na construção de uma empresa ainda melhor para se trabalhar. Nosso modelo de gestão deve garantir que eles estejam alinhados aos valores da SulAmérica e tomem decisões com base neles. Isso vai resultar na mobilização dos funcionários e, consequentemente, na alta performance”, diz a executiva. E o terceiro pilar é a plataforma de comunicação. Ou seja, a ação de abrir canais e diminuir barreiras entre a alta liderança e a base, fazendo fluir informações para que todos entendam os objetivos e as estratégias em andamento. “O grande objetivo é garantir o engajamento dos funcionários”, afirma Vanessa.

Demanda de negócios O tema pessoas encontra-se no topo da agenda dos presidentes das empresas. De um lado, deve existir uma direção que saiba o que quer de RH, e, do outro, um RH que saiba enxergar a empresa com a cabeça dos negócios. Nesse sentido, Vanessa afirma que conta com a parceria do principal executivo da SulAmérica, Thomaz Cabral de Menezes, e dos demais dirigentes da empresa. “A agenda de gestão de pessoas faz parte da prioridade do negócio. Não é responsabilidade apenas da área de recursos humanos”, reforça a executiva, para quem também não estão fora da agenda ações voltadas para os parceiros. “Entendemos que temos o papel de apoiar o desenvolvimento dos nossos corretores, pois trata-se de um importante canal de distribuição.” Para transformar ações e planejamento em resultados tangíveis, “estaremos aplicando as melhores práticas do mercado para entregar soluções de gestão que respondam às necessidades de negócio. Não por meio de modelos prontos, mas com ferramentas customizadas a demandas dinâmicas e bem específicas”. A executiva dá um exemplo prático. Supondo que haja um gestor novo na equipe ou que determinado grupo de trabalho não esteja funcional. A área de Capital Humano vai usar o conhecimento disponível na plataforma, capacitar o gestor, avaliar se os objetivos corporativos não estão claros, se o perfil do gestor ou da equipe não está adequado à função e tentar entender o que precisa ser mudado. Vanessa afirma que a área de recursos humanos terá uma atuação estratégica claramente comunicada, que inclui a visão de futuro e o que a empresa deve fazer hoje para tornar viável sua sustentabilidade; identifica as barreiras que impedem o bom desempenho e inclui planos de ação para eliminá-las; inclui um profundo entendimento do perfil atual dos colaboradores, suas características e necessidades e como este perfil deve ser no futuro; tem uma clara definição das prioridades de curto, médio e longo prazo; e monitora indicadores constantemente. E por que Vanessa mudou o nome da diretoria de recursos humanos para Capital Humano? “Acredito que o conceito de recursos humanos está muito associado a questões físicas, financeiras, materiais. E o principal ativo da SulAmérica são as pessoas”, afirma.

31 _Outubro 2011


Sustentabilidade

LIXO ELETRÔNICO: O PERIGO MORA DENTRO DE CASA

Com a aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, crescem as opções de serviços para o consumidor descartar adequadamente os aparelhos que não usa mais. Jogá-los em qualquer lugar pode provocar sérias contaminações às pessoas e ao ambiente POR VERôNIcA cOUtO


SHUTTERSTOCK

O

Brasil produz por dia nada menos do que 2,6 quilos de lixo eletrônico – ou e-lixo – por habitante, segundo dados citados por Lina Medeiros, sócia da Regenero, empresa carioca especializada no descarte de produtos de tecnologia da informação. E esse total só tende a crescer. Até 2012, espera-se que a indústria eletrônica dobre o número de equipamentos vendidos - hoje, da ordem de 120 milhões a 150 milhões de unidades por ano, dos quais cerca de 70% são para substituir aparelhos usados, que serão “encostados”, de acordo com a estimativa do diretor da Descarte Certo, outra empresa de gestão de e-lixo, Ernesto Watanabe. Se contarmos apenas os computadores, já são cerca de 10 milhões/ano fabricados no País, dos quais uma parcela pequeníssima é reciclada. Quase ninguém se dá o trabalho de jogar fora seus aparelhos antigos. Os dados apresentados por Lina indicam que cerca de 70% dos computadores que deixam de ser usados ficam largados num canto da casa ou da empresa. Outros 15% vão para aterros sanitários, o que é ilegal e perigoso, porque há várias substâncias nos componentes do equipamento que podem contaminar o solo (veja o quadro). E só 11% são destinados à reciclagem, isto é, para sua transformação e reaproveitamento produtivo.


Sustentabilidade

Perigo escondido

Após 19 anos de tramitação no Congresso Nacional, foi finalmente sancionada em 2010 a lei 12.305, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, para disciplinar o descarte de uma série de tipos de produtos, inclusive os eletrônicos. No ano passado, também se aprovou a sua primeira fase de regulamentação, que, no entanto, manteve vários aspectos do problema indefinidos. Por exemplo, a lei estabeleceu que são corresponsáveis pelos produtos o fabricante ou importador, o canal que o vendeu e o consumidor. Mas não está claro quem paga a conta. Ou seja, quem assume os custos de transporte e reciclagem do equipamento descartado. O tema está na pauta dos comitês interministeriais que, junto às entidades empresariais e da sociedade civil, se dedicam aos próximos passos da regulamentação da lei. Watanabe observa que, embora as pessoas e as empresas já remunerem a prefeitura para que recolha o lixo comum, por meio de impostos ou taxas, ainda resistem à ideia de pagar pelo descarte dos eletrônicos. “Um produto desse tipo deve passar por um processo chamado de manufatura reversa: ser desmontado para se separar todos os elementos com que foi criado,” explica. Uma parte deles será reciclada e outra, depois de limpa, destinada ao aterro.

34_Outubro 2011

Além de gases, plástico e vidro, os produtos eletrônicos contêm várias substâncias que podem causar problemas de saúde, se forem expostos ao contato humano. Por isso, eles não podem simplesmente ser jogados fora e lançados ao solo dos aterros sanitários, que, como as pessoas, ficam sujeitos à contaminação. Confira alguns desses perigos escondidos nos aparelhos. Mercúrio – provoca distúrbios renais e neurológicos (irritabilidade, timidez e problemas de memória), mutações genéticas, alterações no metabolismo e deficiências nos órgãos sensoriais (tremores, distorções da visão e da audição). Cádmio – é um agente cancerígeno, causador de danos ao sistema nervoso. Acumula-se principalmente nos rins, no fígado e nos ossos. Provoca dores reumáticas e mialgias, distúrbios metabólicos que levam à osteoporose, disfunção renal e câncer. Chumbo – provoca perda de memória, dor de cabeça, irritabilidade, tremores musculares, lentidão de raciocínio, alucinação, anemia, depressão, insônia, paralisia, salivação, náuseas, vômitos, cólicas, perda do tônus muscular, atrofia e perturbações visuais, além de hiperatividade. Lítio – afeta o sistema nervoso central, gerando visão turva, ruídos nos ouvidos, vertigens, debilidades e tremores. Níquel – causa dermatites, distúrbios respiratórios, gengivites, sabor metálico, efeitos carcinogênicos, cirrose e insuficiência renal. Zinco – provoca vômitos e diarreias. Cobalto e seus componentes – presentes na bateria de lítio, causam asma, bronquite e conjuntivite. Bióxido de manganês – usado nas pilhas alcalinas, provoca anemia, dores abdominais, vômitos, crises nervosas, dores de cabeça, seborreia, impotência, tremor nas mãos e perturbação emocional. FONTE: Regenero


SHUTTERSTOCK

Dos cerca de 10 milhões de equipamentos fabricados no Brasil, apenas uma pequena parcela é reciclada

Para que essa operação dê lucro, os componentes aproveitáveis devem ser integrados novamente à cadeia de produção, como insumos, gerando valor. Para que isso aconteça, são necessários processos de beneficiamento muitas vezes caros e só disponíveis no exterior.

Fora do armário A Descarte Certo e a Regenero, entre outras empresas que surgem para atender a essa demanda, coletam os aparelhos nas casas das pessoas – ou nas empresas –, tratam até certa medida as suas partes e peças e encaminham o que não conseguem processar para empresas autorizadas, por certificações e normas de qualidade, a fazer o restante do trabalho. Mas Watanabe ressalta que um dos maiores desafios para uma política de resíduos funcionar é motivar o consumidor a tirar os equipamentos do armário. As pilhas e baterias, por exemplo, já contam com uma resolução sobre descarte do Conselho Nacional do Meio Ambiente, Conama, desde 1999, mas de baixa eficácia. “Não há fiscalização, ninguém se sente estimulado a buscar os postos de coleta”, diz. No caso da nova lei, ele acredita que seu efeito também depende de como vão evoluir as regulamentações.

“Pessoas ainda resistem à ideia de pagar pela coleta e reciclagem” Ernesto Watanabe

35 _Outubro 2011


Nesse sentido, o Comitê para Democratização da Informática (CDI), organização não governamental que atua em comunidades de baixa renda, começou este ano a apoiar a coleta e o tratamento do e-lixo, informa o diretor de Operações da matriz da entidade, José Edimilson Canaes. Das suas 17 regionais, quatro vão atuar na coleta e reciclagem dos produtos, ou do seu encaminhamento para o processamento correto: Minas Gerais, Rio de Janeiro, Distrito Federal e Manaus – as duas últimas já com atividades em curso. No Rio, 6 das 66 escolas da ONG já se tornaram pontos de entrega de lixo eletrônico dos moradores dos seus bairros. Depois de reunidos os equipamentos, a NDMetais, empresa parceira do CDI, passa nas comunidades para recolhê-los. O que não é recuperado para reúso segue para prestadores de serviços capazes de desenvolver os diferentes processos de reciclagem ou descarte. Para corporações, a ONG também pode assegurar o destino final da sua base de sistemas, de acordo com os termos da legislação. “Os custos dessa operação, contudo, são altos”, diz Canaes. Alguns processos podem ser contratados no Brasil, geralmente em São Paulo; outros, só no exterior. Para ser sustentável, argumenta o diretor da entidade, a gestão do descarte deve movimentar uma cadeia ampla de reaproveitamento. Por isso, o CDI pleiteou ao governo do Estado do Rio de Janeiro o financiamento de um projeto orçado em R$ 900 mil para transferência e disseminação de métodos recicladores. A ideia é dar conta, localmente, de 200 toneladas por mês de resíduo tecnológico, 80% da demanda local. Na proposta, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) entra com a tecnologia para componentes complexos, como os monitores de TVs de plasma e outros, que, depois, seria repassada para uma rede de pequenos recicladores locais.

Serviço de coleta A entidade divide os lixos eletrônicos entre aqueles da linha branca, como as geladeiras; os da linha verde, dos itens tecnológicos (fax, computador, celular, impressora, videogames, etc.); e os da linha marrom, dos produtos de entretenimento. Entre esses últimos, Canaes chama a atenção para previsões de que a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016 vão resultar em 130 milhões de aparelhos de TV com tubo de CRT descartados. “Em um computador, 48% são partes de metal, 23% de plástico e 25% de vidro, se for um monitor tradicional, de CRT. Em uma televisão, o vidro chega a 62%.”

36_Outubro 2011

ACERVO PESSOAL

Sustentabilidade

José Edimilson Canaes


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“O CDI quer processar 200 toneladas por mês de resíduo tecnológico, 80% da demanda local. A UFRJ entra com a tecnologia para componentes complexos, como os monitores de plasma” Lina, da Regenero, lembra das dificuldades que ela e seus outros quatro sócios enfrentavam para conseguir descartar os produtos da empresa em que, na ocasião, os cinco trabalhavam, todos na área de informática. “Nós precisávamos transportar os equipamentos para São Paulo, custava caro, e a diretoria não aprovava. Até que, no ano passado, um dos nossos amigos teve um insight: por que a gente não cria uma empresa para isso?” Atualmente, a Regenero coleta cerca de 5 toneladas por mês de e-lixo, a maioria de pessoas físicas e, em maior volume, televisores e monitores de tubo (CRT). A empresa separa por tipo de peça e destina a refinarias, em que os componentes serão incinerados ou fundidos. Os componentes incluem chumbo, prata e ouro, entre outros metais, plástico, alumínio, cobre e partes de PVC. Da ordem de 98% a 99% do conjunto pode ser reintroduzido na cadeia industrial. Pelo serviço de coleta, a empresa cobra uma taxa de R$ 0,90 por quilômetro – a contar da sua sede no bairro da Cidade Nova, região central da capital carioca. São aceitos produtos de informática e eletroeletrônicos em geral (com exceção de geladeiras). Se é possível recauchutar o equipamento para uso, Lina diz que o encaminha para doação. Watanabe, da paulista Descarte Certo, acredita que, em quatro ou cinco anos, o descarte apropriado dos produ-

José Edimilson Canaes

tos estará incluído na venda, da mesma forma como, hoje, a garantia contra defeitos. A empresa dele tem vários modelos de cobrança e de parcerias. O usuário pode entrar no site, agendar o dia de coleta, pedir um orçamento e fechar a contratação on-line. Também pode comprar o serviço nas lojas do Carrefour. Por exemplo, junto com a aquisição de um televisor, levar o descarte do modelo velho, e, para uma data futura, também do novo. Outra forma de atuação é com parceiros industriais. A Descarte Certo é responsável, por exemplo, pelo recolhimento e destinação dos cartuchos dos usuários de uma grande marca de impressoras. “É preciso criar formas atrativas, associar com outros serviços, como cartão de crédito e seguros, para estimular o usuário a tratar corretamente seus produtos”, argumenta Watanabe. Por enquanto, ele acredita que menos de 5% do e-lixo brasileiro tenha o tratamento adequado.

37 _Outubro 2011


Sustentabilidade

SulAmérica e CDI – parceria para a inclusão digital As escolas do programa CDI Comunidade oferecem conteúdos educacionais para conscientizar os consumidores de eletrônicos dos riscos relacionados ao seu descarte inadequado. “Lixo é um problema sério. Como somos indutores de lixo eletrônico, pelo uso de tecnologia no fomento a projetos e avanços sociais, já ensinamos o que fazer com ele, onde depositar, os riscos para a água, as plantas, a saúde das pessoas”, conta o diretor de Operações do CDI matriz, José Edimilson Canaes. E, nas escolas que já começaram a atuar como postos de coleta, também há uma orientação especial, “para que a pessoa entenda que está trabalhando com uma coisa valiosa e que jogar o aparelho fora como um lixo qualquer pode provocar uma contaminação séria”. O programa CDI Comunidade, focado no apoio a áreas de baixa renda, desenvolve várias atividades. Seu fundamento está na educação – inclusão digital, eficiência no consumo de energia, educação financeira, etc. –, que envolve uma metodologia própria da entidade, mas sempre associada a uma parceira local, como uma associação de moradores. Todo o trabalho, segundo Canaes, é voltado à transformação da sociedade. São cursos e serviços já sistematizados pela rede CDI e que são oferecidos nos CDIs Comunidade, as escolas de que fala o diretor da ONG. Desde os mais tradicionais – como o de montagem e manutenção de computadores – até os de edição de vídeo e criação de blogs, por exemplo, cujas demandas são crescentes. A SulAmérica mantém uma parceria com o CDI para promover ações na comunidade do bairro do Estácio de Sá e Cidade Nova, no Rio de Janeiro, onde estão as suas instalações. O propósito é reduzir as condições de risco social e estimular o

38_Outubro 2011

desenvolvimento local por meio de inclusão digital e social, fomentando iniciativas de voluntariado, acesso à tecnologia e à educação. A unidade CDI Comunidade Estácio de Sá - Cidadão de Berço atende 38 alunos em cursos de Office e multimídia. Este ano, vão passar por eles cerca de 180 moradores da região, a maioria de 15 a 29 anos. Como as demais escolas da rede no Rio, vai se transformar em um posto de coleta de lixo eletrônico, até o final do ano. O Comitê para Democratização da Informática (CDI) foi fundado em 1995, com foco no uso da tecnologia como ferramenta para combater a pobreza e a desigualdade, estimulando o empreendedorismo e criando novas gerações de empreendedores sociais.

Para ler a íntegra da lei que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, acesse: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm


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Gastronomia

Filhote com tucupi e tapioca, do restaurante D.O.M., em São Paulo

AMAZÔNIA (quase) DESConHECIDA O Pará se divide entre o Norte e o Sul e traz para São Paulo sua riquíssima culinária POR LUIZA FEcAROttA, repórter do caderno comida, da Folha de S.Paulo FOTOS DIVULGAÇÃO

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Blinis de moqueca e camarão grelhado com creme e farofa de castanha-do-pará, do chef Roland Villard, do Le Pré Catelan, no Rio

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ão faz nem três anos que o chef Alex Atala trouxe da Amazônia um fruto do mar de mangue esquisito, com aspecto de lombriga, que se abriga em troncos. E foi de um pedaço de tronco, no meio do salão de seu restaurante D.O.M., em São Paulo, que ele tirou o turu para servir à nata – da nata – dos chefs da vanguarda espanhola, em seu auge. Estavam reunidos ali Ferran Adrià, Martín Berasategui, Juan Mari Arzak e mais uma comitiva de cozinheiros da Espanha que se amontoaram diante daquilo, curiosos. Alex Atala não é só o chef mais celebrado do Brasil – e considerado o sétimo melhor do mundo pela revista britânica Restaurant. Ele representa e encabeça esse espírito desbravador

Surpresa de chocolate e creme de coco com sorvetes de frutas da Amazônia, açaí, cupuaçu e taperebá, do restaurante Le Pré Catelan, no Rio

de conhecer o Brasil que os próprios brasileiros desconhecem. E é aí que surgem suas incursões na floresta e sua busca obstinada por ingredientes que aos trancos e barrancos – e quase nunca – chegam a São Paulo. Assim ele dá base e fomenta a cozinha do Brasil que faz uso de técnicas de vanguarda, mas explora ingredientes nativos. E dessas andanças e testes saem curiosidades (apenas para nós, sulistas) como o jambu, uma erva com a capacidade de anestesiar ligeiramente a língua quando mastigada. O jambu é que dá forma a pratos tradicionais e típicos do Pará, como o tucupi, um caldo ralo feito a partir da raiz da mandiocabrava, que entra na composição do tacacá, caldo feito com a goma da mandioca, temperado com alho, sal e pimenta.

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Gastronomia

Pirarucu fresco grelhado com tucupi e minilegumes, servido no restaurante Tordesilhas, em São Paulo

Chef Alex Atala, do restaurante D.O.M., um dos mais prestigiados no mundo

No D.O.M., Alex emprega a erva no preparo do consommé de cogumelos ao perfume de ervas, por exemplo, que leva ainda chicória e alfavaca do Pará, duas outras ervas da floresta. Para chegar mais perto da Amazônia, porém, é preciso provar de suas frutas, que quase nunca chegam intactas por aqui, depois de uma viagem longa, e dos peixes de rio. O filhote, de carne branca e firme, é uma das estrelas. Aparece também em seu cardápio, servido na companhia de tucupi e tapioca. Há poucos dias, protagonizou um festival comandado a quatro mãos no restaurante Tordesilhas, quando a chef Mara Salles recebeu em sua cozinha Thiago Castanho, do restaurante Remanso do Peixe, em Belém do Pará. Ele é um dos nomes em maior ascensão naquelas bandas e mostrou em São Paulo um trabalho marcado por ingredientes de lá, que, aliás, trouxe na mala. Foram quilos e quilos de

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matéria-prima (quase 200 kg, no total), divididos em cinco isopores, autorizados pelo governo a embarcar. Fez uma versão do filhote que serve em seu restaurante: o peixe fresco, criado solto, sem ração – hoje muitos são criados em cativeiro — e que chega à mesa num ensopado espesso de tucupi temperado com chicória, jambu, pimentão, cebola, alfavaca e coentro. Esse prato ganha a companhia de uma farinha chamada ovinha, da região de Uarani: um achado. Ela é preparada às margens do rio Solimões — e somente lá — e, depois de hidratada, transforma-se em pequenas bolinhas que lembram ovas de peixe e sêmola de cuscuz marroquino. Antes de tudo, o chef abriu o apetite dos comensais com um beiju cica com manteiga de aviú e tucumã. Ahn? A massa do beiju, seca e quebradiça, é feita da massa da tapioca prensada. Aviús são os minicamarões — minúsculos mesmo! — de água doce de Santarém, que são secos e salgados. Tucumã é um fruto típico da região amazônica, oleoso e alaranjado, que incrementa a receita da manteiga, com base na polpa da fruta e banha de porco. No cardápio do festival, ainda apareceram uma salada de folhas e ervas da Amazônia, com vinagrete de taperebá, fruta de casca fina e polpa alaranjada de sabor azedo, típica da Amazônia e da Mata Atlântica. Mais: pirarucu defumado artesanalmente, de sabor acentuado, cozido em leite de coco e servido com banana-da-terra cozida e grelhada; um prato da ilha de Marajó (porco cozido em tucumã); sorvete de bacuri


Ambiente do restaurante D.O.M., do chef Alex Atala, eleito o 7º melhor do mundo pela revista britânica Restaurant

Filhote ao molho de hortaliças com purê de banana-da-terra, do restaurante Tordesilhas, em São Paulo

(saborosa fruta da região) com flor de vinagreira empanada com farinha, de sabor delicadamente azedo. Vinagreira, diga-se, é uma hortaliça que provavelmente se originou na África e no Brasil é usada principalmente na cozinha maranhense. O festival acabou, com reservas esgotadas, mas o Tordesilhas permanece um bom lugar para provar daquela cozinha de raiz amazônica. Fixo no cardápio, há o clássico pato ao tucupi, o chibé, um caldo refrescante de origem indígena que leva ervas amazônicas, água gelada e farinha ovinha de Uarini. Ainda desfilam pirarucu fresco grelhado com tucupi e minilegumes, filhote ao molho de hortaliças com purê de banana-da-terra e, para encerrar, três sorvetes: cupuaçu, açaí e tapioca. E só é preciso lembrar que são pratos de valor um pouquinho salgado. Natural, para chegarem em São Paulo em boas condições, esses ingredientes exigem um caríssimo transporte aéreo que leva os preços lá para o alto. Mas vale a pena.

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Gastronomia

Receita do chef Alex Atala, do restaurante D.O.M.

Consommé de cogumelos com perfumes de ervas da horta e da floresta Ingredientes: • 6 ciboulettes Para o consommé • 1 galho de cerefólio • 1 litro de água • 1 galho de salsa crespa • 200 g de shitake seco • 1 galho de manjericão • 30 g de cebola cortada em meia lua • 1 galho de coentro • Sal • 1 galho de salsa lisa • 2 pimentas-de-cheiro • Brotos de beterraba • 50 ml de vinagre de vinho tinto • Brotos de azedinha • 100 ml de tucupi • Brotos de rúcula selvagem • 5 galhos de coentro • Brotos de mache Sautée de cogumelos • Brotos de mentruz • Azeite de alho • Flor de jambu • Azeite de ervas Ervas da Floresta • 30 g de shimeji • 1 maço de alfavaca do Pará • 30 g de shitake • 1 maço de chicória do Pará • 30 g de paris • 1 maço de jambu • 20 g de yamabushitake • 1 maço de caruru • 20 g de pleurotos eryngu Azeite de alho • 20 g de nameko enoritake • 500 g de alho • Sal e pimenta-do-reino • 1 litro de azeite de oliva Ervas da horta para finalização Preparo: • Azeite de ervas Tire a casca do alho, aqueça uma panela

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com água e deixe-o imerso por cerca de 5 minutos. Dispense a água e retire a casca do alho. Bata no liquidificador junto com o azeite. Guarde na geladeira. Para o consommé Cozinhe em fogo baixo por 40 minutos o shitake seco com a água e o vinagre. Deixe descansar por 1 hora, coe e reserve (dispense uma parte dos cogumelos). Adicione a cebola, o tucupi, a pimenta-de-cheiro, o coentro e acerte o sal. Coe e reserve. Para o sautée Fatie finamente os cogumelos. Em uma frigideira, salteie-os com o azeite de alho, reservando alguns para a decoração. Adicione as ervas da floresta picadas e o azeite de ervas. Num prato fundo, disponha no centro o sautée de cogumelos, decore com as ervas da horta e os cogumelos crus. Salpique pimentado-reino e no momento do serviço, com o auxílio de uma jarra, sirva o consommé na frente do comensal.


Ao lado: Chef Roland Villard, do restaurante Le Pré Catelan, no Rio, que faz menu-degustação apoiado em ingredientes amazônicos Abaixo: Chef Felipe Ribenboim, do extinto Dois – Cozinha Contemporânea, um entusiasta dos ingredientes brasileiros

Alternativas e descobertas

A cozinha amazônica é um bom caminho para conhecer e resgatar - quem sabe – o Brasil de antigamente. Foi ali naquela região ao norte, que avança inclusive por outros territórios, que a culinária se manteve mais preservada, em relação ao resto do País. Pela dificuldade de acesso, as comunidades – e suas cozinhas – ficaram isoladas e, aos poucos, vão aparecendo para o mundo, via trabalho de chefs. O uso desses ingredientes aparece também como uma forma de preservar a região via culinária. E faz do Brasil uma potência gastronômica para o mundo que atrai olhares de chefs internacionais para a riqueza de suas possibilidades. Para Felipe Ribenboim, que acaba de fechar as portas de seu restaurante Dois - Cozinha Contemporânea, para um período de incubação (que desaguará em um novo projeto com estreia prevista para 2012), está claro que ainda se tem pouco acesso a muitos desses produtos, mas nasce uma preocupação, tardiamente, de entrar em contato com o que é nosso, brasileiro. “Sempre tivemos muito acesso a ingredientes importados, agora estamos invertendo esse cenário e conhecendo mais os nossos produtos que sempre foram tratados como inacessíveis”, ou desinteressantes. Ainda se conhece muito pouco. Muito pouco do que existe e muito pouco dos usos que tais matérias-primas permitem na cozinha. E ainda há uma dificuldade enorme em trazer isso para São Paulo. Mas há alternativas. Inspirado pelo trabalho de Ferran Adrià, com quem já fez estágio, Ribenboim aproveita seus estudos para testar produtos para criar saídas curiosas. Ele fazia no Dois, por exemplo, um ossobuco de vitela com polenta mole e ervilha-torta incrementado com uma redução de iquiriba - especiaria aromática muito usada em banhos de cheiros, com perfume floral e sem tanta picância. Mas a iquiriba é difícil de encontrar aqui – compravam, aliás, em lojas

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Gastronomia

Beiju de tapioca recheado com crustáceos e palmito fresco acompanhado de geleia de pimenta e brandade de tucunaré ao leite de coco, do restaurante Le Pré Catelan

de umbanda e candomblé. “A gente desenvolveu uma essência dessa iquiriba com uma empresa de aromas porque não tínhamos acesso a isso sempre”, diz Ribenboim. Empenhado nas descobertas de técnicas que ajudam a desvendar as possibilidades de uso de cada ingrediente, Ribenboim também elaborou uma receita de ravióli de palmito pupunha recheado de cogumelos e salada de brotos e germinados (muitos deles do Norte). Em uma de suas versões, o ravióli leva uma pincelada de tucupi reduzido, inspirado no antigo tucupi preto, seco ao sol e temperado com formiga pelos índios. No Rio de Janeiro, um dos mais celebrados chefs de cozinha da cidade, o francês Roland Villard, apresenta em seu sofisticado res-

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taurante Le Pré Catelan, no hotel Sofitel Rio, em Copacabana, um menu dedicado integralmente à Amazônia. Villard, que foi um dos primeiros nomes a disseminar ingredientes brasileiros por meio de técnicas francesas, ainda nos anos 80 – assim como fizeram seus conterrâneos Claude Troisgros e Laurent Suaudeau neste país –, resgata sabores nacionais ainda desconhecidos. Brandade de tucunaré (um peixe de médio porte típico das águas dos rios amazônicos, que se alimentam de peixes menores e pequenos crustáceos) ao leite de coco abre o menu-degustação que se desenrola em dez etapas, por R$ 250. Na sequência, surgem receitas como o beiju de tapioca recheado com crustáceos e palmito fresco finalizado com geleia de pimenta ou o pastel


Ambiente do sofisticado restaurante Le Pré Catelan, no Rio

Pastel de carne de siri com “pérolas” de sagu de tapioca e chutney de bacuri, do chef Roland Villard

de carne de siri com chutney de bacuri (fruto esverdeado do bacurizeiro usado sobretudo na elaboração de doces e sorvetes) e “pérolas” de sagu de tapioca marinadas na caipirinha. Nas receitas de Villard também aparecem outros ingredientes característicos da cozinha amazonense, como o pirarucu, um peixe de feições pré-históricas, com gordura entremeada em sua carne, castanha-do-pará, jambu, tambaqui (outro peixe de lá pelo qual o chef se encantou em suas andanças), farinha de mandioca e frutas daquela região, como açaí, cupuaçu e taperebá. Com o time de chefs como Felipe Ribenboim, Alex Atala, Mara Salles, Roland Villard e Thiago Castanho, a Amazônia vai saindo das suas fronteiras e surgindo em mesas dentro e fora do Brasil. Esperemos mais novidades. Hão de vir.

SERVIÇO | ONDE COMER SÃO PAULO D.O.M. Rua Barão de Capanema, 549, Cerqueira César, tel.: 11 3088-0761 Tordesilhas Rua Bela Cintra, 465, Consolação, tel.: 11 3107-7444 RIO DE JANEIRO Le Pré Catelan (Hotel Sofitel Rio) Av. Atlântica, 4.240, Copacabana, tel.: 21 2525-1160 BELÉM DO PARÁ Remanso do Peixe Travessa Barão do Triunfo, 2.590, Casa 64, tel.: 91 3228-2477

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Vida em Família

A atual terceira idade tem mais preocupações com sua própria saúde

A NOVA TERCEIRA IDADE A figura do idoso inativo não existe mais. O Brasil agora se vê diante de um novo perfil de pessoas com mais de 60 anos POR LÉA MARIA AARÃO REIS

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m país com cara jovem, mas com os primeiros cabelos brancos: esta é a imagem que o médico Renato Veras costuma usar para se referir ao rápido envelhecimento da população no país. O Brasil está assumindo um perfil demográfico de países mais velhos e desenvolvidos, com um franco aumento da terceira idade e simultânea redução da taxa de natalidade, dizem os especialistas. E eles acrescentam: o que era chamado de pirâmide etária, hoje se assemelha a um círculo que caminha para a forma de uma pirâmide invertida, como ocorre nos países europeus. Além disso, o perfil desta população é outro. O idoso de hoje é extremamente ativo. Muitos deles continuam trabalhando mesmo já tendo atingido a idade para se aposentar e mantêm-se produtivos por muitos anos. Os novos idosos também têm uma maior consciência sobre os cuidados que devem ter com sua saúde e praticam esportes e atividades físicas. O avanço da medicina e da tecnologia, que permitem ao homem ultrapassar a barreira dos 90 anos, e a mudança na dinâmica familiar, que passa a ter no máximo dois filhos por casal, complementam o atual cenário. Ou seja: o Brasil tem hoje, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE), uma formidável população de cerca de 20 milhões de pessoas acima dos 60 anos de idade – o que significa praticamente dez por cento de sua população. Em Estados como o de São Paulo, com PIB e Índice de Desenvolvimento Humano(IDH) elevados, os números são ainda maiores. Com este quadro, duas perguntas pedem respostas precisas: como fica a estrutura da família brasileira com tantos idosos para cuidar? E quais são as preocupações básicas daqueles que se aposentaram ou estão em vias de parar de trabalhar diante de mais 30 anos que a vida agora lhes oferece de presente? Para a psicanalista Elisabeth Adler, que atende a grupos de idosos no seu consultório no bairro do Jardim Botânico, na zona sul do Rio de Janeiro, “a velhice ainda é um fenômeno de gênero feminino”. Ao fazer este comentário, Elisabeth está se referindo à imensa maioria de senhoras viúvas, de mais de 80 anos de idade, de classe média, que vive com acompanhantes mesmo quando contam com o carinho e a atenção dos filhos. “Elas são mais longevas. Enquanto vivem, em média, 76 anos, os homens brasileiros apenas chegam aos 70.” Já na opinião de Veras, diretor da Universidade Aberta da Terceira Idade (UNATI), que funciona na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), com mais de dois mil alunos, “é cada vez maior o nú-

“Há empresas que oferecem programas de preparação para esse momento delicado e, quando fazemos palestras para esses grupos, mostramos os benefícios de não parar todas as atividades” Renato Veras

mero de idosos vivendo sozinhos. As famílias atuais são menores, têm grande mobilidade, e pouco conservam da estrutura da família nuclear do passado”.

Projetos de aposentadoria É importante o profissional se preparar para a aposentadoria. Seja do ponto de vista financeiro ou pensando no aspecto emocional. “Há empresas que oferecem programas de preparação para esse momento delicado”, diz Veras, “e quando fazemos palestras para esses grupos, mostramos os benefícios de não parar todas as atividades”. Consultorias nessa idade, por exemplo, são bem-vindas e podem até ser contratadas pela própria empresa que está aposentando o funcionário. Projetos de trabalhos acalentados durante toda uma vida, talvez possam ser realizados a partir da aposentadoria. Nos primeiros meses pode ser muito interessante acordar, levantar da cama e não ter qualquer atividade obrigatória; mas depois cansa. É quando, geralmente, aparece a depressão. Para ele, “as empresas estão preocupadas e começaram a perceber as vantagens em aproveitar a nova força de trabalho dos mais velhos, com experiência, maior poder de decisão e de análise abrangente dos assuntos; os mais idosos têm uma visão mais sofisticada do contexto das situações e assim podem vê-las com mais nitidez. É claro que estes indivíduos poderão se sair bem em determinadas tarefas e não em outras. Como um atleta com performances extraordinárias quando era jovem, que, depois, ao envelhecer, continua com bom condicionamento físico”.

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Vida em Família

Os programas de preparação para a aposentadoria têm sido cada vez mais frequentes

O fato é que, segundo Veras, a realidade do tempo de trabalho profissional se inverteu: hoje, com frequência, trabalhamos durante menos anos do que o período em que se estará aposentado. Por isto, para ele, a conta da previdência não pode fechar e o atual momento é de transição no que se refere aos cuidados familiares proporcionados aos mais velhos. “Veja-se, por exemplo, o bairro de Copacabana, onde a concentração de idosos é a maior do país e até do mundo – já bateu a da Flórida, nos Estados Unidos. Lá, há prédios em que 80% dos moradores têm mais de 60 anos de idade e vivem sozinhos. Contam com o conforto de serviços à mão, bancos, farmácias, consultórios, restaurantes, cafés, academias, clubes, cinemas, e contam até com a assistência e a atenção especial dos porteiros dos seus edifícios. Eles conhecem os hábitos dos moradores e são treinados pela campanha Porteiro Amigo, um movimento criado pelos comerciantes e instituições locais para socorrê-los rapidamente em casos de urgência, para monitorar seus horários e para ajudá-los de algum modo quando entram ou saem.

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Previdência privada para um futuro tranquilo A população brasileira vem envelhecendo a um ritmo surpreendente de duas décadas para cá. Em 1990, 4,8% das pessoas faziam parte da chamada terceira idade. Hoje, este montante saltou para 7,4% de acordo com o Censo 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com o aumento do poder aquisitivo do brasileiro, seu maior acesso à saúde e melhora na qualidade de vida, as pessoas estão vivendo mais.Porém, são poucas as que pensam na vida pós-aposentadoria emuita gente acaba se vendo desamparado e sem recursos financeiros no futuro. Com uma atitude preventiva e colaborações mensais mínimas, é possível assegurar uma velhice tranquila. Para caber no bolso de todos, a SulAmérica oferece planos de previdência sob medida que ajudam o indivíduo a acumular recursos gradativamente de forma a assegurar uma renda no momento em que desejar parar de trabalhar. Para ter acesso aos produtos não é preciso investir um grande volume de capital. A partir de R$ 100 por mês, é possível comprar um plano de previdência e investir em fundos de renda fixa ou até 49% em renda variável. Em resumo, o cliente poupa um percentual mensal da renda mensal, aplica este dinheiro nos melhores fundos de investimento e, ao se aposentar, passa a receber a quantia investida em forma de renda.


São iniciativas como essas que virão substituir os cuidados familiares do passado e às quais devemos estar todos atentos, porque as mudanças, no Brasil, acontecem muito rápido, ao contrário dos países europeus, onde elas são bem mais lentas.”

Negação da velhice O aspecto relativo aos aposentados que mais chama a atenção de Elisabeth Adler é a garantia – tanto do poder público como do privado – de condições dignas de moradia, atendimento médico-dentário, de alimentação, atividades interessantes, convívio com outros aposentados, amigos, familiares e cuidadores. A boa preparação para a aposentadoria, tanto para o homem como para a mulher, deve ser feita ao longo de toda a vida, tomando-se as providências necessárias, construindo projetos, exercitando a capacidade de mudar, de transformar e praticando o desapego”, diz ela. “Um dos males psicológicos nesse momento é a depressão que pode ser desencadeada pela perda do vigor físico, pela solidão e isolamento, e/ou por dificuldades financeiras, pelo ócio e pelo tédio.” Os programas chamados de PPA – preparação para a aposentadoria – são fundamentais, na opinião da psicanalista, “para despertar a reflexão, já que ainda vivemos numa cultura que nega a velhice e a aposentadoria e, em última instância, a morte”. Tendo trabalhado em serviço público, com indivíduos das classes mais pobres, Adler também oferece uma visão geral dos cuidados e cuidadores dos idosos. “Nas classes médias o casal trabalha, sai cedo de casa e volta tarde para dormir. As crianças vão cada vez mais cedo para as creches e a ajuda da avó ou das avós é episódica. Nas classes populares, encontramos cada vez mais famílias constituídas de mãe trabalhadora, pai ausente ou desconhecido e filhos que contam com a ajuda fundamental, constante e contínua da avó materna.” Há estudos recentes, de 2010, desenvolvidos pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) que registra um número maior de idosos (avós) auxiliando financeiramente filhos e netos do que desses ajudando os familiares mais velhos. É um dos sinais da importância da expressão social e econômica dos novos velhos brasileiros – expressão aliás, que vem a ser título de livro a ser lançado pela Editora Record: Os Novos Velhos. E é bom não esquecer que daqui a uma geração, em 2050, pelo que prevê a Organização das Nações Unidas ( ONU) haverá mais brasileiros acima dos 80 anos do que na faixa de 20 a 24 anos. E seremos o sexto país mais velho do mundo.

Uma aposentadoria ativa e confortável São cinco as preocupações sugeridas para o cidadão que ainda está no pleno exercício de suas habilidades profissionais. Enquanto se encontra valorizado no mercado de trabalho ele deve: 1. Procurar poupar mesmo que sejam valores pequenos, mensais; 2. Aplicá-los em fundos de previdência confiáveis; 3. Organizar-se para continuar desenvolvendo atividades produtivas (e rentáveis) depois da aposentadoria; 4. Não esquecer que, aposentado, o estilo de vida eventualmente pode mudar; 5. Para chegar à velhice confortavelmente, deve-se investir na saúde. Lembra o Dr. Renato Veras: “A aposentadoria pode ser considerada o final de uma fase da vida. Para alguns, pode representar o ingresso em um grupo de inativos para os quais a vida carece de significado. Mas, para outros, pode ser a possibilidade de realização de novos projetos. Nas últimas décadas a economia mudou radicalmente em todo o mundo. O assalariado sabe que, atualmente, não existe um sistema de seguridade social, qualquer que seja, baseado nas aposentadorias que garanta um nível de vida estável. Ele tem consciência que este nível pode se deteriorar continuamente depois de aposentar-se – com algumas exceções. Tenta defender-se, então, reduzindo gastos e buscando serviços necessários a preços diferenciados. O trabalho complementar é uma solução para compensar a insuficiência de recursos das aposentadorias. Para viver no mesmo padrão de antes é preciso elaborar um esquema razoável das próprias possibilidades, antes da aposentadoria, embora seja fundamental contar com rendimentos que proporcionem um nível de vida mínimo e digno. Preparar-se para a aposentadoria envolve o desenvolvimento de um projeto de vida. É o que pode dar sentido à existência. Os aposentados que não chegam a conseguir o mínimo necessário para sobreviver têm maior dificuldade para realizar seus projetos de vida. Portanto, é necessário, enquanto adulto, conseguir meios financeiros para garantir a sobrevivência básica e aí sim projetar a vida futura porque nada é mais frustrante para o ser humano do que a falta de objetivo para viver - mesmo que a satisfação pessoal não possa ser alcançada totalmente. Para desenvolver o seu projeto de vida, o aposentado – ou, mesmo antes, durante a vida adulta - deve identificar que tipo de recursos o seu projeto requer e planejar a sua realização para, então, começar a exercitar a atividade.”

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Conta Corrente

BÔNUS DEMOGRÁFICO:

Como aproveitar os bons ventos

A pirâmide etária brasileira promete alta produtividade e um salto no crescimento interno do País. Especialistas analisam as melhores opções de investimentos para conseguir taxas acima da média, a longo prazo

POR VERôNIcA cOUtO

P

ela primeira vez, o Brasil experimenta os benefícios de um fenômeno até então típico das nações desenvolvidas: o bônus demográfico. É assim que são chamados os ganhos resultantes de um período em que a população em idade produtiva se torna bem maior do que o total de dependentes – crianças e idosos aposentados. E significa, na prática, uma grande oportunidade para o País dar um salto no seu desenvolvimento. Para o investidor, o contexto de reservas em caixa e juros em queda sinaliza a hora de buscar novas aplicações, capazes de tirar proveito das perspectivas otimistas do bônus demográfico e oferecer taxas melhores do que os ativos financeiros tradicionais. No SulAmérica Summit 2011, realizado em São Paulo, cujo tema foi “Uma visão de longo prazo: o Brasil nos próximos dez anos”, especialistas discutiram como vão

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se comportar os mercados durante essa onda de prosperidade e quais serão as melhores alternativas de investimento para os próximos 20 anos. Segundo o vice-presidente da SulAmérica Investimentos, Marcelo Mello, o bônus ou dividendo demográfico se caracteriza por baixas taxas de natalidade e de mortalidade, população predominantemente urbana e um excesso de renda disponível em relação aos gastos com as necessidades básicas. Ou seja, sobra dinheiro no orçamento doméstico. Se os mais jovens são propensos a gastar, o executivo observa que as pessoas em idade produtiva, agora majoritárias, têm maior inclinação a poupar. “As sociedades com grande percentual de pessoas em idade produtiva aumentam a velocidade do crescimento econômico”, diz. Entre 2005 e 2015, 70% do crescimento da população latino-americana vai ocorrer no intervalo de 20 a 70 anos.


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O que acontece em um cenário de bônus demográfico, explica Mello, “é que a economia passa por um processo de acumulação de capital, em nível individual e agregado; cresce a arrecadação fiscal do governo, que pode, assim, proporcionar maiores investimentos em infraestrutura; e caem as necessidades de gastos públicos com saúde e educação, devido à faixa etária da maioria da população”. Nos Estados Unidos e na Europa, essa distribuição privilegiada da pirâmide etária ocorreu durante os anos das décadas de 60 e 70. Deve chegar aos países emergentes na próxima década e começou no Brasil no ano 2000, devendo se estender até 2020. Por outro lado, de acordo com Mello, os portfólios de ações são apenas 11% do total

de ativos administrados no Brasil, em comparação a 44% nos Estados Unidos e mesmo a 82% na Alemanha. Além disso, o valor de mercado dos ativos representam 73% do PIB do País, menos do que os 80% na Colômbia, ou dos 163% no Chile, ou, ainda, dos 113% nos Estados Unidos. O que sugere, em síntese, que há bastante potencial para desenvolver a indústria brasileira de fundos de investimentos, atualmente formada por cerca de 7 mil fundos, ou US$ 972 bilhões.

Mapa das oportunidades Para identificar as áreas com melhores potenciais e elaborar as estratégias para oferecer novas opções de rentabilidade, a SulAmérica Investimentos criou a Superintendência de Longo Prazo (veja o quadro).

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Conta Corrente

Bônus Demográfico 2000

2025

80-84

80-84

Fem.

70-74

Fem.

70-74

Masc.

Geração com alta taxa de natalidade atinge a idade de 15 anos

60-64 50-54 40-44 30-34 20-24 10-14

Masc.

60-64 50-54 40-44 30-34 20-24 10-14

0-4

0-4

8.6

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2.2

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2.2

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6.5

8.6

8.6

• Largamente rural • Alta taxa de natalidade • Alta taxa de mortalidade

• Queda na taxa de natalidade • Queda na base da pirâmide etária

4.3

2.2

0.0

2.2

4.3

6.5

8.6

• Predominantemente urbana • Baixa taxa de natalidade • Baixa taxa de mortalidade

• Crescimento desproporcional da força de trabalho • Excesso de renda gerado em relação às necessidades básicas

“Para conseguir aferir lucros ou taxas mais satisfatórias de retorno, os investidores vão precisar buscar teses mais elaboradas para suas aplicações”, alerta o titular responsável pela nova área, Fernando Tendolini. “Os grandes clientes, como os fundos de pensão e os investidores institucionais – que têm compromissos futuros com metas atuariais, ou seja, com uma rentabilidade mínima, como no caso dos planos de previdência –, estarão cada vez mais atentos a formas diferenciadas de buscar retorno.” A Superintendência de Longo Prazo, entre outras missões, vai estruturar fundos baseados em investimentos com ciclos mais longos e, claro, capazes de oferecer retornos mais altos. Algumas áreas de negócios, nesse sentido, destacam-se. Na opinião de Tendolini, o fenômeno de amadurecimento da população aumenta o contingente no mercado de trabalho, a geração de renda e os gastos com educação, planos de saúde e imóveis (construção civil). Segmentos que se juntam a projetos de infraestrutura, que também serão necessários para dar conta do movimento de expansão econômica.

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6.5

“Estamos estudando o mercado interno, a sociedade brasileira e os seus vetores de crescimento” Fernando Tendolini


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“A pergunta a ser feita é quais setores específicos vão sentir os impactos desse incremento”, analisa o executivo. “Por exemplo, nos aeroportos, a parte comercial e os ramais logísticos podem crescer muito e ser melhor explorados.” De modo a obter essas respostas, ele conta com uma equipe dedicada a se debruçar sobre o desenvolvimento de estratégias de longo prazo. “Estamos estudando o mercado interno, a sociedade brasileira e os seus vetores de crescimento.” O crescimento dos planos de saúde suplementar, por exemplo, estaria diretamente associado à expansão do emprego formal – não só porque a pessoa passa a ter mais condições de adquirir o serviço, mas porque a grande maioria das médias e grandes empresas oferece o benefício a seus funcionários. “E há bastante espaço para novos negócios”, assinala Mello. Atualmente, apenas 22% da população têm plano privado de saúde, um índice baixo em comparação a outros mercados internacionais – 59,9% no México e 84,7% nos Estados Unidos. Os adultos jovens, na faixa dos 20 aos 30 anos, também mudam mais de casa, notícia que aquece a construção civil. Além dos efeitos da renda maior, esse mercado experimenta os ganhos do crédito facilitado. Mesmo assim, no Brasil, as pessoas trocam de casa em média três vezes durante a vida, total que, nos Estados Unidos, chega a 11,7 vezes. Com base em dados do IBGE, da Fundação Getúlio Vargas e do JP Morgan, o vice-presidente da SulAmérica Investimentos apontou uma demanda de 1,5 milhão de unidades de imóveis por ano, equivalentes a cerca de R$ 185 bilhões, com lançamentos crescendo a um ritmo de 18% ao ano. Mas as incorporadoras listadas em bolsa atuam apenas nas cidades com mais de 200 mil habitantes, onde a procura é estimada em R$ 81,7 bilhões/ano – ou seja, só 57% do mercado potencial.

55 _Outubro 2011


Conta Corrente

Podemos entender, então, que as famílias vão mudar mais. E impactar, assim, não só a indústria da construção civil propriamente, mas toda a cadeia do setor: vendas de cimento, materiais de construção, etc. Já com relação ao setor educacional, é significativo que mais da metade dos pais brasileiros queiram que os filhos tenham pelo menos a graduação, e mais de 20%, que consigam também um doutorado. Os dados são de pesquisa recente e foram apresentados no Summit 2011. Tendolini, da Superintendência de Longo Prazo, também observou a tendência às consolidações nessa área, que já vem de algum tempo e deve continuar. É uma indústria aquecida, com fusões, aquisições frequentes e altas taxas de crescimento. Para se ter ideia do quanto ainda se poderia avançar neste setor, estudos feitos pelos técnicos da SulAmérica, com base em diferentes fontes, revelam que a educação representa 7% da renda familiar bra-

sileira; em comparação a 17% na Coreia. Da mesma forma, a maior parcela (ou 77%) dos universitários entre 18 e 35 está na classe A; e apenas 9% são da classe C. Somando todas as classes, teríamos um mercado potencial de 47 milhões de estudantes – mais de quatro vezes o atual, de 10 milhões –, se o País conseguir prover o financiamento dessa demanda. Nessa área, o número de vagas criadas pelas universidades públicas anualmente tem sido bem inferior ao total das particulares. A tendência, de acordo com os analistas da SulAmérica dedicados aos cenários futuros, é que o governo atue com financiamentos de longo prazo na educação superior, disponibilizando ao jovem universitário maior renda mensal. Todas essas áreas, contudo, e toda a perspectiva de crescimento resultante do cenário favorável esbarram em gargalos de infraestrutura. Há grandes expectativas de investimentos nesse campo.

4,3% 4,3%

2007

3,9%

4,2%

2006

Crescimento do PIB Potencial

4,1%

4,3%

4,5% 4,5%

4,8%

4,9% 5,0%

3,5% 3,0%

56_Outubro 2011

2015(p)

2014(p)

2013(p)

2012(p)

2010

2009

2008

2005

2004

2003

2002

2001

2000

2,2%

2011(p)

*(p) previsão

1999

1998

1997

1,7% 1,7% 1,7%

1,9%

2,5%


DIVULGAÇÃO

No ranking de competitividade 2010/2011 do Fórum Econômico Mundial, o Brasil aparece em 62º lugar, com baixo risco político e mercado de capitais bem desenvolvidos. Mas, em termos de qualidade das estradas, vai à 105ª posição; e à 123ª quando o assunto são os portos. O custo local para movimento de um contêiner chega a US$ 1,440 mil, fortemente baseado no transporte rodoviário (61%); enquanto, na China, onde apenas 12% do transporte é feito por estradas, o valor é de US$ 545. É importante mudar a forma de transportar carga no Brasil, alertam os analistas. Essa transformação envolve capital intensivo e aspectos regulatórios, para aumentar o uso de outros modais. A vitalidade econômica desses segmentos já é notável. No Summit 2011, o diretor de Investimentos da SulAmérica, Marcelo Saddi, ressaltou que 84% dos IPOs realizados a partir de 2004 estão associados a setores beneficiados pelo bônus demográfico. Essas áreas, contudo, ainda não estão representadas no comportamento dos indicadores da bolsa de valores, que não refletem sua força para a composição do PIB brasileiro. Na verdade, os índices de mercado continuam lastreados principalmente nos segmentos exportadores, que variam principalmente conforme as circunstâncias internacionais. Mesmo assim, espera-se uma nova rodada de grandes investimentos diretos, sem falar nas aplicações já em curso para a exploração do petróleo em águas muito profundas – a camada pré-sal. A estimativa é que se alcance, em 2015, uma taxa média de investimento e poupança de 21,9% sobre o PIB – para uma previsão de 19,3% em 2011. Desse índice, a parcela de poupança externa seria da ordem de 3,5% contra 2,8%, no cenário calculado para este ano. Em resumo, superadas as barreiras de infraestrutura, formação educacional e profissional e de ajustes regulatórios, novos setores da economia prometem gerar novos patamares de ganho para investidores que souberem, a tempo, identificar neles as melhores oportunidades. O bônus demográfico é uma realidade para o Brasil e está só começando.

Governança sólida, para ganhar a longo prazo O SulAmérica Expertise Fundo de Investimentos em Ações é o primeiro produto da Superintendência de Longo Prazo da SulAmérica Investimentos, unidade especializada em gestão de recursos de terceiros, do grupo SulAmérica. A ideia desse fundo se baseia em dois grandes pilares: a diversificação em relação aos tradicionais fundos de investimentos; e uma postura ativa do ponto de vista da governança corporativa, explica o superintendente de Longo Prazo, Fernando Tendolini. “A proposta é que sejamos investidores com participação nos Conselhos de Administração e Fiscal das corporações, engajados em melhorar a percepção de valor das empresas no mercado, por meio dos instrumentos de governança.” Governança é palavra-chave nessa operação, que trabalha com empresas com alto potencial de crescimento e grande rentabilidade a longo prazo. Tendolini assumiu o novo posto, tendo atuado nos últimos dez anos como gestor de Renda Variável, principalmente em fundos reconhecidos por promoverem avanços na governança corporativa das empresas em que aportaram recursos. “O que sustenta essa ideia é que o cenário de médio e longo prazo aponta para juros reais descendentes e para variáveis macroeconômicas, que são dadas com grande perspectiva de crescimento para diferentes setores”, afirma o executivo. “Estamos apostando no dinamismo do Brasil.” Por enquanto, a superintendência vai atuar concentrada no mercado de ações. No futuro, podem ser incluídas operações com créditos de longo prazo, private equity, etc. Com a nova área, a SulAmérica Investimentos passa a ter, no segmento de Renda Variável, duas equipes dedicadas a este tipo de ativo e oito analistas. A asset tem sob sua gestão R$ 20,2 bilhões, um crescimento de 25,2% em comparação a um desempenho geral da indústria de 19,7%. Para mais informações, acesse: www.sulamericainvestimentos.com.br

57 _Outubro 2011


Casa e Arquitetura

LAR DOcE ESCRITÓRIO Boa iluminação, conforto e muita disciplina: as dicas de renomados arquitetos para trabalhar em casa ou em um escritório de pequeno porte POR SERGIO ZOBARAN FOTOS DIVULGAÇÃO

O escritório da arquiteta Adriana Da Riva, tem janelões que dão para o jardim de bambus - ela foi para lá quando a equipe precisou crescer, há nove anos


E

conomia de tempo e dinheiro, além da tranquilidade de se ter realmente tudo à mão – dos elementos básicos de um escritório tradicional às refeições e até aos filhos –, fazem da casa um dos melhores espaços do mundo para exercer uma atividade profissional em tempos globalizados e altamente tecnológicos. Afinal, se hoje é possível trabalhar de qualquer lugar para qualquer lugar via computador, a opção pelo home office pode se mostrar eficiente e até sustentável, evitando deslocamentos e gastos de energia altamente desnecessários. Mas é importante seguir algumas regras e se impor muita disciplina para manter uma rotina produtiva e que não nos transforme em workaholics convictos – ou trabalhadores dispersos. Dos horários previamente estipulados à busca permanente pela concentração, tudo deve ser pensado para se obter o melhor rendimento e conquistar esta liberdade tão desejada de atuar individualmente, sem sofrimento e com muito orgulho e prazer, itens fundamentais para se obter o melhor resultado na hora das tarefas que trazem o pão nosso de cada dia. A revista ON Line foi buscar opiniões de alguns dos melhores profissionais do mercado para nos ajudar a montar um canto de trabalho para chamar de seu e ouviu os arquitetos paulistanos Fernanda Marques, Guto Requena e Adriana Da Riva, que fazem sucesso em sua profissão aqui e fora do Brasil com seus projetos. Eles nos deram seus depoimentos pessoais, além de dicas precisas e preciosas para a montagem de um escritório em casa. Afinal, se hoje optaram por trabalhar em grandes escritórios que carregam suas grifes e competências comprovadas, foi em casa que tudo começou.

Fernanda Marques mantém em casa uma bancada de trabalho voltada para o verde


Casa e Arquitetura

O jovem arquiteto Guto Requena levou de casa a informalidade e a diversão para o novo local de trabalho, onde atua de forma integrada com seus sócios e parceiros

60_Outubro 2011

Vivendo a mesma paixão pela arquitetura, cada um com seu estilo, Fernanda, Adriana e Guto concordam que a organização é a base de tudo – mas reforçam que o fato de estar cercado daquilo de que se precisa e gosta é o mais importante na hora da montagem adequada deste ambiente. E qual é o maior segredo para se trabalhar num home office ou em um pequeno escritório? Segundo Adriana Da Riva, que antes de se mudar para uma casa nos Jardins, que abriga sua equipe, chegou a abrir todas as paredes de seu apartamento para transformá-lo em um escritório integrado, “é, antes de tudo, ser muito rigoroso com horários e ser organizado”. E, ainda, “ter um espaço flexível e reconfigurável”, como complementa Guto Requena, que acaba de montar seu novo escritório na rua Oscar Freire por absoluta necessidade de crescer. Para ambos, existem vantagens e desvan-

tagens no home office. “A principal vantagem é não perder tempo com deslocamentos. E a grande desvantagem é ter sempre que organizar a vida privada para ela não ser invadida”, afirma Guto. Adriana assume que tomou essa atitude por desejo materno: “Optei por trabalhar em casa, pois ficaria mais próxima de minha filha pequena. Mas, ao mesmo tempo, era difícil que ela entendesse que eu estava trabalhando quando ela queria brincar”. Enquanto Guto sugere como dica de decoração do escritório caseiro ou mesmo do escritório de pequenas dimensões estar cercado de objetos com memória afetiva, lembranças da família ou da infância, Adriana lembra que a situação ideal, na sua opinião, é estar o mais possível em contato com a natureza, o que sempre ajuda no desenrolar de um bom trabalho. Atuando agora num espaço único com seus demais arquitetos, ela garante saber o que está acon-


tecendo a todo momento (como foi em casa um dia), enquanto Guto – também cercado por seus pares – afirma que é indispensável manter um clima informal e divertido. E por que não da mesma forma quando se está só? Fernanda Marques, à frente de sua empresa que ocupa três andares de um edifício comercial, em função do crescimento de seu escritório, alerta que em casa o ideal é escolher um local que seja bem ventilado e iluminado, já que muitas horas serão despendidas neste ambiente. E dá dicas práticas: a altura da mesa deve ficar entre 72 e 75 cm, no máximo, e a cadeira deve ter regulagem de altura e inclinação de encosto – uma garantia para um dia de trabalho mais produtivo. Além disso, para ter a mobilidade necessária no dia a dia, o ideal é o uso de uma cadeira de rodinhas. “Isso permite alcançar o telefone ou um objeto que se faça necessário”, explica. “Aliás, um telefone sem fio é a

solução. A base pode ficar próxima à previsão do seu ponto fixo, sem necessidade de mudanças drásticas na fiação, e o receptor próximo ao usuário”, completa a arquiteta. E o computador? “Deve ficar do lado onde a incidência de luz não seja direta na tela, nem contra um plano que emita luz diretamente no rosto do usuário. Em outras palavras, é o mesmo raciocínio usado para definirmos a localização de um televisor.” Fernanda ressalta que, para conseguirmos manter nosso ambiente de trabalho o mais em ordem possível, gaveteiros móveis são uma boa dica, pois permitem que tenhamos nossos objetos de uso mais constante sempre à mão, como pastas elásticas para documentos e caixas para miudezas (“e uma boa dose de disciplina”). Uma recomendação importante da arquiteta é ter uma iluminação difusa, porque os focos de luz tendem a interferir negativamente: “Lâmpadas fluorescentes

Adriana preza a boa iluminação na casa térrea, tanto a natural quanto a artificial

61 _Outubro 2011


Casa e Arquitetura

Guto Requena Adriana Da Riva

No mezanino de Adriana está a sala de reuniões compartilhada pela equipe da redação que edita a revista Bamboo, de arquitetura, decoração, design e paisagismo

62_Outubro 2011


Fernanda Marques

são ideais para atingir este resultado, além de emitir pouco calor”. Apreciadora das artes, como Guto e Adriana, Fernanda entende que obras de arte e objetos pessoais são bem-vindos, “pois é importante reconhecermos no espaço de trabalho a nossa personalidade”. E encerra: “Para aqueles que têm a necessidade de receber clientes, o home office não deverá se localizar na área íntima da casa”. Portanto, quanto mais próximo seu escritório estiver da porta de entrada da casa ou apartamento, melhor.

Conheça mais os arquitetos e seus estilos Em 1995, Fernanda Marques abriu seu próprio escritório para atender aos ramos residencial e imobiliário depois de se graduar na USP em arquitetura e urbanismo, em 1988. O local de trabalho da arquiteta é localizado num dos três andares que ocupa em prédio emblemático do Itaim Bibi. Lá a integração entre os arquitetos e demais funcionários se dá através da transparência que as divisórias de vidro oferecem: todos se veem, mas ainda assim mantêm a privacidade e a concentração necessárias na hora do trabalho. Seu estilo é marcado pela contemporaneidade e o minimalismo. A quase engenheira Adriana Da Riva cursou arquitetura no Mackenzie e trabalhou com um arquiteto especialista em construções de madeira, parceria que durou sete anos. Ao final desta fase, decidiu abrir seu próprio escritório, há nove anos – inicialmente em casa, num apartamento transformado em loft. Hoje, cercada de bambus numa casa dos Jardins, projeta os espaços de grandes grifes da moda nacional e internacional. Formado em arquitetura na USP, Guto Requena defendeu o mestrado Habitar Híbrido: Interatividade e Experiência na Era da Cibercultura, e, em 2008, abriu em casa seu Estúdio Guto Requena, projeto de baixo custo e apenas 80 m², apresentado como um desdobramento de sua pesquisa. Este ano foi obrigado a sair ‘da toca’ porque, junto com o escritório Athié Wohnrath, está desenvolvendo o projetoconceito para a nova sede da Google em São Paulo, um trabalho de porte que exige maior estrutura.

Proteção para sua empresa

O seguro para hotéis e pousadas, bares e restaurantes, shopping centers e padarias Optou por abrir seu negócio? Além dos cuidados com a estrutura do local de trabalho, é importante preocupar-se com a proteção do imóvel para evitar desgastes financeiros no futuro e não comprometer seu negócio. A SulAmérica Seguros e Previdência investiu na segmentação de seus produtos ao desenvolver uma linha de seguros voltada especialmente para determinados setores. A solução é destinada aos segmentos de bares e restaurantes, hotéis e pousadas, shopping centers e padarias, oferecendo melhores condições e serviços para os corretores de seguros e clientes por meio de descontos e coberturas exclusivas para cada nicho de mercado. Com a segmentação do produto Empresarial, o corretor de seguros pode potencializar suas vendas oferecendo condições específicas para determinadas atividades, com coberturas que realmente interessam ao negócio e tranquilizam o empresário.

63 _Outubro 2011


Brasil S/A

Leonel Andrade, presidente da Credicard


PARCERIAS PARA CHEGAR MAIS LONGE O presidente da Credicard, Leonel Andrade, quer ter alianças com players de grande representatividade em cada segmento de mercado

POR VERôNIcA cOUtO FOTOS NELSON AGUILAR

O setor brasileiro de cartão de crédito deve crescer de 17% a 18% este ano, segundo estimativas de mercado citadas pelo presidente da Credicard no Brasil, Leonel Andrade. Parece muito. Mas a empresa projeta uma taxa ainda maior para seu próprio resultado, que, segundo ele, deve chegar a 19%. Ou seja, obter um faturamento de R$ 31 bilhões em 2011. “Você conhece alguém que não tenha cartão de crédito?”, pergunta o executivo. “É um mercado de altíssimo crescimento. Há mais de 15 anos, supera os 10% ao ano, mesmo durante a crise global, entre 2008 e 2009. A pessoa sem cartão se sente discriminada. Ele virou, de fato, um substituto do dinheiro.” A sala de trabalho do executivo fica no 17º andar de um prédio na Água Branca, de onde se pode ver, no inverno, um espetacular pôr do sol. Andrade, baiano de Salvador, trabalha há nada menos do que 18 anos com cartões, os últimos cinco no grupo Citibank – ali, há cerca de três anos, assumiu a presidência da Credicard. Desde o início da carreira, esteve nove anos no antigo Banco Nacional (três

deles com o Cartão Nacional), outros três na Visa, quase oito na Losango, em que também foi presidente e de onde saiu para a financeira do grupo Citibank, a atual Credicard Financiamentos. Na opinião dele, o segmento de cartão de crédito avançou de tal forma que o produto pode ser comparado hoje ao aparelho de telefone celular. Todos têm um, às vezes vários cartões. “Não dá para participar fortemente do mercado no Brasil sem pensar na classe C.” Embora, destaca o executivo, a Credicard esteja presente em todas as faixas sociais. “Dos nossos 7 milhões de clientes, a grande maioria vem da classe C. Somos muito a cara do Brasil. E, além da marca Credicard, temos a marca Citibank e a Diners Club, de posicionamento para consumidores de maior renda.” Para avançar nessa demanda tão aquecida, as alianças estratégicas são prioridade para a Credicard, afirma Andrade. Na definição das alianças, “a proposta é, em cada segmento, ter um grande parceiro, com alta representatividade”.

65 _Outubro 2011


Brasil S/A

“Dos nossos 7 milhões de clientes, a grande maioria vem da classe C. Somos muito a cara do Brasil”

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A empresa já tem alianças com representantes dos setores de aviação, terceiro setor, entretenimento e varejo. “Faltava o setor de seguros, agora coberto com o acordo feito com a SulAmérica (veja o box)”, comenta. “Neste caso, temos serviços muito complementares e públicos-alvo parecidos, além de estarmos em dois segmentos que têm as maiores taxas de crescimento no Brasil, em termos de mercado financeiro”, diz o presidente da empresa de cartões. A Credicard é a empresa mais tradicional desse mercado e a mais antiga, fundada em 1970. Era controlada, então, pelo Citibank, Itaú e Unibanco, numa operação que conciliou interesses e competências complementares. “O Citibank já era o maior banco em cartão de crédito no mundo; queria ter um negócio no Brasil, mas não tinha canal de distribuição”, conta Andrade. “Os bancos brasileiros, por sua vez, também queriam explorar o segmento de cartão de crédito, tinham a distribuição, mas não a experiência. Abriram, então, a Credicard, com um terço para cada sócio.” O que se seguiu é que a marca se tornou top of mind. Em 2002, o Unibanco decidiu sair e os sócios restantes dividiram 50% a 50% o capital. E, em 2006, fizeram um split (separação de ações) da companhia, dividida ao meio. O Citibank manteve a marca Credicard, e os clientes foram distribuídos entre as duas instituições. O acordo previu, ainda, o uso da marca pelo Itaú até dois anos atrás. Hoje, ela é 100% Citibank. “Somos o quarto do mercado”, afirma Andrade.


67 _Outubro 2011


Brasil S/A

“A proposta é, em cada segmento, ter um grande parceiro. Faltava o setor de seguros”

A empresa e os famosos Pela sala do executivo, fica clara a estratégia da empresa em associar sua marca a pessoas notórias de diversos segmentos. Pôsteres e objetos dos ícones e parceiros da empresa, como a foto de Roberto Carlos, com quem a Credicard lançou o cartão Credicard Emoções; o capacete de Ayrton Senna, referência ao trabalho conjunto com o Instituto; e a garota-propaganda da marca, Grazi Massafera, estão espalhados pelo local de trabalho de Andrade. A empresa também patrocina o Bel, do grupo baiano Chiclete com Banana. Nomes que, de acordo com o presidente da empresa, são representativos dos diferentes segmentos do conjunto do público brasileiro. Mais recentemente, a Credicard fechou contrato com Felipe Neto, o vlogueiro (um blogueiro de vídeo) preferido dos jovens, que o acompanham no Youtube. “É o vlog mais assistido na internet pelos universitários”, diz Andrade. Para lançar o cartão Meu Credicard, ele explica que a empresa teve de se dirigir ao público universitário. “E, para isso, precisou falar a língua em que esse jovem está.” A estratégia da Credicard foi desenvolver uma campanha muito forte de mídia on-line. Celebridade da web, Felipe Neto postou um vídeo em seu canal no Youtube, o “Não faz sentido”. “Conseguiu mais de 1 milhão de visualizações em poucos dias e levou as pessoas que gostaríamos de atingir para a fan page do Meu Credicard no Facebook”, conta. Para a Credicard, diz Andrade, “foi muito importante aproveitar a audiência que o Felipe Neto tem entre os jo-

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vens e utilizar a mídia on-line como veiculação prioritária para lançar um produto diferenciado para esse grupo”. E ‘essa galera’ não é um público-alvo desprezível. Segundo o Target Group Index, estudo do Ibope Mídia, na chamada geração Y (de 20 a 29 anos), 69% havia feito alguma compra pessoal no mês anterior à pesquisa, e a maioria enxerga o cartão de crédito como um “facilitador” para adquirir bens. Essa geração também foi a que apresentou, na pesquisa, o maior número de brasileiros dispostos a comprar casa no prazo de um ano. E 75% querem atingir o topo mais alto de suas carreiras. De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços, o mercado de cartões continua aquecido, apesar de medidas de contenção do governo, como o aumento da taxa de juros. No primeiro trimestre, o faturamento em cartões de crédito no Brasil cresceu 23% em relação ao mesmo período de 2010, o equivalente a uma receita da ordem de R$ 83,7 bilhões. Levando em conta cartões de crédito, débito e de lojas, o ticket médio (valor médio das transações) aumentou 17% em relação ao mesmo período do ano de 2010.


Cartão SulAmérica – mais vantagens para os segurados A Credicard espera conquistar 200 mil novos clientes em três anos, dos quais 20 mil ao longo deste segundo semestre, como resultado direto da parceria fechada com a SulAmérica Seguros e Previdência para lançamento de um cartão de crédito co-branded, o SulAmérica Credicard Auto. A partir deste ano, o cartão está disponível para 1,5 milhão de clientes do seguro de automóveis da SulAmérica. Para o presidente da Credicard, Leonel Andrade, a empresa e a SulAmérica têm pontos em comum, como serem grandes players em seus segmentos e não trabalharem com canais próprios de distribuição física. “Operamos via internet, mala direta, telemarketing e parceiros, que asseguram ampla capilaridade aos produtos”, explica. Do ponto de vista do cliente, ele acredita que a combinação de benefícios, ao trazer vantagens e comodidade, vá representar um forte instrumento de fidelização para as duas parceiras. “Para nós, a aliança permite chegar a um canal de vendas único e importante, que são os 30 mil corretores de seguros que trabalham com a SulAmérica. Com esse acordo, tenho acesso à base integral dos clientes de seguro para automóvel e todo um novo canal de distribuição.” Por outro lado, a Credicard poderá

dar à SulAmérica, na opinião dele, um diferencial competitivo e maior rentabilidade. “Todos vão ter algum benefício”, afirma o executivo. “Os corretores aumentam a possibilidade de rentabilizar o negócio ao agregar valor ao seu produto prioritário, que é o seguro.” Para eles, há uma estrutura de comunicações, treinamentos, promoções e incentivo, além de programas de capacitação por e-learning (ensino pela internet) e presenciais, oferecidos com a coordenação da SulAmérica. São vários os ganhos para os clientes das duas empresas promovidos pelo co-branding. Todos os portadores do cartão de crédito têm 25% de desconto em shows no Credicard Hall e no Citibank Hall, além de direito à compra de ingressos em pré-venda para todos os espetáculos de Roberto Carlos ou realizados pela Time for Fun (a mesma que trouxe o U2 ao Brasil), com quem a Credicard tem contrato. Junto à SulAmérica, poderão parcelar o seguro com prazo maior em vez de quatro vezes sem juros, em uma entrada mais seis parcelas sem juros. E, toda vez que usar o cartão, o cliente acumula pontos que poderão ser trocados por descontos na compra de autopeças, serviços mecânicos e até na compra dos veículos.

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70_Outubro 2011


Proteção nunca é

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71 _Outubro 2011


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