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S E R I D Ó
GLORIA KALIL CHIC É SER EDUCADO JOCKEY CLUB À VISTA: HISTÓRIA E TRADIÇÃO ARQUITETURA NY e SP NA MESMA SINTONIA
M A G A Z I N E
L U X U R Y
D E S I G N
L I F E S T Y L E
www.dior.com
CARTA
DO
EDITOR
LUXO DE A A Z Que luxo é esse que procuramos para ter, usufruir e não para ostentar? É a exclusividade. E isso você tem aqui, no 106 Seridó e nesta revista que preparamos para sua leitura: light & cool. Do A de Arte ao XYZ... que, para nós, equivale ao melhor, procuramos apresentar um panorama daquilo que São Paulo e o 106 Seridó têm em comum: a elegância com naturalidade. Passeamos pelas ecológicas saídas de Bike, pelo Colecionismo de carros antigos, pela Decoração do apartamento que aguarda sua visita - a casa, afinal, é (ou será) sua. Partimos para o Esporte com o tenista Dácio Campos, procuramos descobrir o Fetiche de Alexandre Birman e saboreamos a Gastronomia da região, tudo walking distance do edifício. Ouvimos os sonhos realizados de casais que viraram Host/Hostess de pousadas charmosas na Bahia, aprendemos um pouco sobre Imagem com a expert Tania Ginjas, que cria Spas. Fomos fundo na história do Jockey Club, vimos florescer o Lazer no Parque do Povo. Visitamos a dama muito digna que tem Memorabilia na alma e como profissão e ouvimos atentamente a também mestra Gloria Kalil: Noblesse Oblige. A Piscina do Clube Pinheiros aqui é o motivo da pintura de Luiz Pizarro: mergulhe. Os Quatrocentões mostram sua trajetória paulistana e o Relax fica por conta da crônica de um dia chuvoso, você na cama... O Shopping aqui é o deus das compras, prático! A Tecnologia está ao alcance da sua mão e a Uva virou vinho bom na Itália de Paulo e Noemia d’Amico. O Verde ganhou tons importados nos jardins, e o XYZ... é tudo o que você merece: estar em casa de novo, no 106 Seridó. Aproveite! Sergio Zobaran
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Experimente a perfeição.
Energia, firmeza e luminosidade.
The Art Of Beauty LaPrairie • Alameda Lorena, 1386 - São Paulo - SP • Tels. 11 3082-0820 | 11 3063-5697 • www.laprairie.com.br
ÍNDICE
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08 Arte
30 Fetiche
62 Lazer
Como se deve começar uma coleção contemporânea
Na cabeça das mulheres, sapatos! E na do sapateiro Alexandre Birman?
O privilégio de ver um parque nascer bem perto de nós
14 Bike
34 Gastronomia
66 Memorabilia
Bicicleta, uma experiência: de São Paulo ao sul da França
Roteiro a pé para quem quer comer bem, perto de casa
Juliana Benfatti: ousadia nas antiguidades clássicas e modernas
18 Colecionismo
40 Host / Hostess
70 Noblesse Oblige
Carros: cores ousadas para máquinas potentes — e vintage
O sonho e a cena: casais se mudam para a Bahia e abrem pousadas
Educação e bom senso: lição de vida de Gloria Kalil
22 Decoração
48 Imagem
74 Piscina
Luiz Bick e William Simonato, uma dupla de talento assina o projeto de arquitetura e decoração
O que todos procuram no novo conceito de Spa
Luiz Pizarro mergulha nas raias da piscina e da arte
26 Esporte
54 Jockey
78 Quatrocentão
Dácio Campos: das quadras à TV e aos torneios internacionais
Até chegar onde está o Hipódromo, a história de um clube
Todo mundo fala deles, os “quatrocentões”. Quem são, afinal?
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106 SERIDÓ MAGAZINE LUXURY DESIGN LIFESTYLE | EDIÇÃO DE LANÇAMENTO
EXPEDIENTE
Projeto Editorial
PUBLISHING Fabio Pereira Diretor de Criação Sergio Zobaran Editor-chefe Cesar Rodrigues Projeto Gráfico e Direção de Arte Chico Volponi Coordenador de Custom Publishing Giuliano Pereira Diretor de Atendimento
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Raphael Siqueira Diretor Executivo Ana Paula Bueno Gerente de Núcleo Helder L. Tiso Revisão
82 Relax
90 Uva
Osmar Júnior Arte Final
Crônica, porque hoje é sábado, como diria Vinicius
Paolo e Noemia d'Amico, diretamente de seu vinhedo na Itália
Sandro Biasoli Diretor Produção Gráfica
86 Shopping
94 Verde
Iguatemi, o mais tradicional shopping paulistano fica ao lado
Em qualquer estação, a paisagem muda em tons novaiorquinos
88 Tecnologia
96 XYZ
Biometria: sua casa agora é high tech desde a porta de entrada
O que o 106 Seridó tem? Conforto e luxo na medida
Paulo Brenta Fotógrafo Rômulo Fialdini Fotógrafo do apartamento decorado Ana Maria Santeiro Colaboradora
J3P PUBLISHING Rua Artur de Azevedo, 560 Pinheiros - SP - 05404-001 Tel.: 2182-9500 www.j3p.com.br
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ARTE
PARA COMPRAR ARTE, É PRECISO GOSTAR E CONHECER Leia o que diz um expert e descubra que pode ser mais fácil do que se imagina. Fotos: Paulo Brenta
“A
arte sempre foi um símbolo de status na Humanidade, desde a Antiguidade Clássica”, afirma Thomaz Saavedra, carioca baseado em São Paulo, e consultor para o Brasil da tradicional casa de leilões inglesa Bonhams, criada em 1799. “Por isso, o fato de pertencê-la faz – e sempre fez – toda a diferença de um cidadão entre seus pares, em qualquer parte do mundo”, justifica. Exclusiva de uma minoria muito rica até o começo do século XX, a arte era, até então, feita sob encomenda, inclusive e especialmente pela nobreza e pela Igreja. Até que, finalmente, tantos séculos depois dois processos aconteceram: “Por um lado, a melhor distribuição de renda, o que gerou maior acesso a ela em sua consequente democratização; e, no mesmo sentido, um poder de compra e venda que trouxe sua maior liquidez no mercado. Por outro lado, passou a haver, por parte dos artistas, uma livre expressão da criação – daí a proliferação deles e a disponibilidade de um número cada vez maior de obras”, Thomaz raciocina. Por conta deste resultado recente em termos históricos, e positivo sob o ponto de vista comercial, sua posse demonstra hoje claramente, também entre as classes mais abastadas, a conquista de um novo degrau: “vale um ticket de ingresso na sociedade contemporânea”. Em se falando dos preços exorbitantes (milhões de dólares) de algumas obras, Thomaz
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lembra que o número de bilionários existentes no mundo não é mais 100, é de 1.000!: “E eles têm que ser reconhecidos e identificados por alguma coisa – por que não pelas obras de arte que possuem?”. Mas seja de que patamar de riqueza estivermos falando, “a verdade é que atualmente as pessoas querem ter, em geral, algo reconhecível de imediato”, continua ele. Que relembra alguns fatores importantes a colaborar para tal, como a mídia, de forma genérica, o marketing em volta de alguns nomes e a influência poderosa dos marchands e galeristas. Ao mesmo tempo em que a produção é grande, o dado principal é que os grandes colecionadores se obriguem a comprar obras de artistas que todo mundo deseje, o que deságua na concentração das coleções sobre um menor número deles. “Pois o risco na hora do investimento deste porte não pode existir, e a compra tem que se transformar em reserva de valor”, diz Thomaz. E, com certeza, nunca alguém vai colocar seu dinheiro em uma obra de alto valor para depois não conseguir vender, ou mesmo ter que ouvir: “quem é esse cara”? Citando exemplos de clássicos modernos do século XX, como Bacon, Warhol e Picasso, indubitavelmente acima do bem e do mal, Thomaz considera que seria ideal que se passassem duas décadas para se fazer uma avaliação daquilo que ficou, e que é bom para sempre, ou foi apenas a moda passageira de uma época.
Para o consultor da Bonhams Thomaz Savedra, é preciso gostar de arte para adquiri-la, antes de mais nada. Quem quer investir “deve estar plugado no mercado”
ARTE
Como este distanciamento não é possível, a produção inédita, contestadora e bem lançada (vide o inglês Damien Hirst como exemplo internacional; e Vik Muniz para falar de um talento nacional de renome, e boa cotação também lá fora), ligada ao que acontece de mais avant garde, ganha espaço e valorização junto à sofisticação urbana, e é nela que os colecionadores apostam, como investimento e prazer – união que é, afinal, o melhor das artes plásticas. Para não ampliar a margem de erro, algumas observações a quem pretende adquirir obras de arte: “Em primeiro lugar, é preciso gostar dela”, sentencia o consultor. Ainda que pareça óbvia, esta recomendação deve ser levada em
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conta por aquele que vai, de alguma forma, conviver com o quadro, escultura, instalação, etc. “E, em segundo, pretende-se que seja de um artista cuja carreira seja evolutiva (dos primórdios à fase atual), e consistente”, completa. Sendo bem realista, ele propõe uma técnica diferente para corroborar a decisão do comprador: “Consulte pessoas isentas para que deem suas opiniões, e não apenas aquelas que irão ratificar o que se quer ouvir”. Além disso, quem vai investir “deve estar plugado no mercado”. E pode começar comprando peças pequenas, e desta forma ir apurando o gosto, para depois partir para as aquisições maiores: “Como em qualquer ramo de negócios, aliás, em qualquer coisa, é preciso se informar ao máximo, estudar bem antes, e não fazer apenas uma shopping list. Além de ninguém já nascer sabendo, o mais divertido é poder começar a comprar aos poucos, e ir aprendendo e desenvolvendo a sensibilidade”, finaliza.
Eduardo Machado: marchand desde sempre
FAZENDO ARTE COLEÇÃO DE ARTE BEM BRASILEIRA E CONTEMPORÂNEA GANHA FÔLEGO E FLERTA COM PEÇAS ESTRANGEIRAS.
A
coleção começou vinte e três anos atrás. Eduardo Machado, hoje diretor de marca Artefacto Beach & Country, já trabalhava com arte, era marchand estabelecido. E o arquiteto Wair de Paula, hoje diretor de criação da Artefacto, entrou de cabeça com ele nesta onda: resolveram abrir juntos uma empresa que se chamava Arqart, somando a arquitetura de um com as artes plásticas, métier do outro. Passadas mais de duas décadas, ao acompanhar a evolução visível destes dois colecionadores e “art dealers”persistentes, vêm as perguntas que não querem calar. E Wair responde: O que nasceu primeiro: o escritório de arte, a galeria, ou a coleção? E como preferem ser chamados: de galeristas, marchands ou colecionadores? Como já tinha galeria, Eduardo trouxe uma bagagem não só de conhecimento como também física, um grande acervo de artistas de Recife, em sua grande maioria. Eu tinha apenas o conhecimento e paixão por este segmento. Abrimos um pequeno escritório, chamado Arqart, mas não tinhamos $$$... Então, decidimos montar uma ‘barraca’ na feira de artes e antiguidades do Shopping Iguatemi para divulgar nosso acervo e trabalho.
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ARTE
Wair de Paula: colecionador e "art dealer" em sociedade com Eduardo.
Foi o início de tudo. E, ao participarmos da 1ª Mostra Artefacto de Decoração, aqui em São Paulo, na condição de decoradores/arquitetos, o Sr. Bacchi nos convidou para dirigirmos a loja desta marca no Rio de Janeiro, visto que o Eduardo tinha um apartamento na Vieira Souto, em Ipanema. Mudamo-nos para aquela cidade em 1992 e em 1996 abrimos a Coletânea Galeria de Arte, que durou até 2002. Em 2004 voltamos para Sampa, e agora resolvemos abrir também um escritório de arte aqui, na Ministro Rocha Azevedo. E entre as alcunhas de galeristas, marchands e/ou colecionadores, não sei qual prefiro. Acredito que o trabalho atual de marchand inclui uma divulgação muito grande dos artistas, trabalho este que no momento não temos condições de abraçar. Somos “colecionadores & art dealers”(anglicismos à parte...). Quais os highlights (da coleção e do escritório), e como fazem para selecionar os artistas em que investem e/ou vendem? Temos um Hércules Barsotti fantástico, uma obra em papel do catalão Antoni Tàpies, um quadro belíssimo do Macaparana (entre várias obras deste grande artista), um Cruz-Diez adquirido recentemente, um desenho de 1926 de Di Cavalcanti muito bom e algumas monotipias da Mira Schendel, entre várias outras coisas. Em nosso acervo pessoal também constam vários exemplares de arte plumária brasileira, que adoramos – mas não emprestamos, nem vendemos (mesmo porque é proibido atualmente). Selecionamos os artistas baseados num binômio muito pessoal: o que acreditamos e gostamos. O que costumam fazer para se atualizar e conhecer cada vez mais o mercado em que investem? Tenho uma biblioteca sobre o assunto que é constantemente renovada, fora todos os sites, visitas constantes a museus e exposições, assinatura de revistas do segmento, e até pelo Facebook, onde sou membro de várias entidades que tratam deste assunto.
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Macaparana na parede: entre muitos outros do grande artista.
Há uma preferência por artistas brasileiros? Quais? MACAPARANA, em primeiro lugar. Artista fantástico, de qualidade ímpar e histórico impecável. Gilvan Nunes, jovem artista que trabalha bastante em papel, suporte que apreciamos bastante. Barsotti & Mira Schendel são “blue chips”, acima de qualquer discussão. Adoramos o trabalho de Emmanuel Nassar, paraense de produção magnífica – não temos no acervo ainda, mas é questão de tempo. Mario Cravo, fotógrafo baiano. O grafiteiro Stephan Doitschinoff é um “must-have”. Gilvan Samico SEMPRE!!! E alguns importados, também. Mas a lista é longa. Quem compra hoje em dia? Quem tem dinheiro. Brincadeira! O perfil é bastante eclético, depende da obra e do artista. E os arquitetos e decoradores têm muita influência na decisão? Bastante. Geralmente eles têm um maior conhecimento do que a média dos clientes. Não é a regra, mas acontece em sua maioria. Qual o limite entre arte e decoração? A obra de arte não está sujeita a estes ditames. Infelizmente, esta é uma situação mais corriqueira do que gostaríamos – o famoso quadro para combinar com o sofá. Já soube de uma pessoa que quis se desfazer de uma excelente obra porque alguém falou que o Feng Shui reprovava a peça. Bobagens! A boa obra de arte é soberana e não precisa combinar com nada. Respeitando as regras de composição e harmonia, tudo funciona bem. O que indicam para quem quer começar uma boa coleção? Papel e fotografia ainda são bons investimentos e geralmente têm um preço bem mais acessível do que uma tela ou escultura. Quais são os atuais sonhos de consumo de cada um de vocês dois em termos de arte? O que comprariam? Eduardo: uma gravura de Andy Warhol, Flores ou o Mao. E uma do Richard Serra. E um Volpi concreto. Wair: um Emmanuel Nassar. Uma foto do Peter Beard. Uma gravura do Ellsworth Kelly. Uma esculturazinha do Joel Shapiro. Um trabalho antigo do Nelson Leirner em tecido com ziper. Um Volpi preto que vi na última SP-Arte, lindo! E, como bom geminiano, mais uma montanha de coisas.
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Stephan Doitschinoff: “must have”.
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BIKE
BICICLETANDO “Quando vejo um adulto em uma bicicleta, não perco a esperança na raça humana”. (H.G.Wells)
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uem anda pela casa dos 50 anos, mesmo morando em cidades grandes, como São Paulo, conviveu na infância e na adolescência com a bicicleta como meio de transporte para muita gente. O padeiro, o eletricista, o gazista, o tintureiro eram usuários frequentes da bicicleta durante seus horários de serviço e, muito provavelmente, se moravam na região onde trabalhavam, a usavam como meio de transporte até as suas casas. Muitos operários também faziam com ela o trajeto casa-fábricacasa. Na infância, o grande e esperado presente de Natal era a bicicleta, verdadeiro prêmio de um rito de passagem da primeira infância para a infância, com direito a rodinhas na roda de trás, que ajudavam no equilíbrio e, depois, da infância para a adolescência, já sem as tais rodinhas, quando o novo ciclista podia dizer: “Eu agora sou grande”. Andar de bicicleta também era lazer, mesmo que no playground dos edifícios, quando já não se podia brincar à vontade, nas ruas do bairro, pelo crescimento da circulação de automóveis e de todo tipo de veículo motorizado ficara perigoso. As cidades foram ficando mais complexas e novos hábitos se impuseram. As casas viraram apartamentos, e nos condomínios
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Por Ana Maria Santeiro | Fotos: Divulgação
um bicicletário ainda levou tempo para ser oferecido aos moradores. Guardar a bicicleta em casa era (e é) sempre um transtorno. Já que não se podia pedalar livremente pelas ruas, alguns parques foram se transformando em locais onde se levava as crianças para andar de bicicleta, como o Ibirapuera, por exemplo. Sobretudo para os pequenos aprendizes da arte de se equilibrar em duas rodas. No conjunto das ações e mudanças de comportamento para se voltar a uma vida mais saudável, menos estressada pelo barulho, pela poluição pelo calor nos grandes centros urbanos, a bicicleta se tornou um dos símbolos dessa revolução ecológica. Afinal, ela não ocupa muito espaço, não emite nenhum gás e a quantidade de calor gerada pelo esforço físico do ciclista que é dissipado para o ar é muito pequena se comparada ao do automóvel, além de nada influenciar no sistema climático, ou seja, não polui o ar. Considerá-la como mais um componente da mobilidade urbana demandou das administrações públicas das cidades novos desenhos e regras para o trânsito, para a sua circulação com segurança e respeito por parte dos veículos motorizados; afinal, como alguns grupos ciclistas entoam, “Nós somos o trânsito”.
Bicicleta - de melhor lembrança da infância a símbolo da revolução ecológica.
Como resultado, ciclovias e ciclofaixas foram criadas em alguns centros urbanos, determinando uma nova dinâmica no trânsito junto aos veículos motorizados, e com os pedestres. A convivência ainda é árdua, pois os planos diretores das cidades têm o veículo motorizado como o seu vetor. São eles que as vão desenhando. E a indústria automobilística é muito poderosa por conta da intensa capilaridade de outros negócios que gera e engendra. Desmobilizar isso leva tempo. Segundo o geólogo Eduardo Campos, do Grupo Sampa Bikers, “pedalar sozinho pela cidade de São Paulo, por exemplo, é sobretudo um ato de coragem. Entre o frenético, mas pouco eficiente movimento de grandes proporções do tráfego de veículos pelas ruas e avenidas, a imagem do ciclista, ora associada a
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vigor e liberdade, transforma-se numa frágil figura canhestra. Portando sua simplória indumentária de proteção, composta na maior parte das vezes por capacete, luvas e óculos, e munido apenas de sua habilidade motora e determinação, o ciclista, em atitude quixotesca, enfrenta as ávidas motocicletas que ‘costuram’, de forma alucinada, os ônibus e caminhões que o oprimem no meio-fio, os impacientes automóveis ultrapassando-o para logo em seguida fazer conversões bruscas à sua frente, os pedestres que atravessam fora da faixa ou descem repentinamente das estreitas calçadas e ainda os mais variados objetos e excrementos lançados pelas janelas dos veículos”. Mas as mudanças só se realizam pela convicção daqueles que acreditam nela, e a cada dia novos grupos de ciclistas surgem, organizando-se em associações informais, em ONGs, clubes de ciclistas, criando sites e comunidades na web, ocupando o espaço das cidades com pedaladas noturnas, passeios pelos pontos turísticos e até em circuitos intermunicipais; dialogando com as autoridades, pressionando para a continuidade
BIKE
Bike, um carro a menos. À esquerda, passeios pelo interior da França agora são paixão.
do processo de expansão de ciclovias – porque não a criação de um sistema de transporte público de bicicletas? – cada vez mais como um circuito opcional de locomoção e não apenas de lazer, entoando o mote “um carro a menos”. Desde o final da década de 1980 um interessante mercado relacionado à bicicleta e ao esporte com ela, como o mountain biking, vem se solidificando no Brasil. Afinal, o país é o terceiro produtor de bicicletas, com 5.5 milhões de unidades por ano. Aquelas pequenas oficinas surgidas muitas vezes na garagem das casas de aficionados do ciclismo, como a do ex-motocrosser, o carioca Daniel Alipert, tornaram-se sofisticadas lojas especializadas em bicicletas. Em sociedade com o paulista Marcelo Maciel, outro amante das corridas de aventura e apaixonado pelas bikes, Danny Alipert, em 1992, fundou a Pedal Power, na Vila Olímpia, e é um ponto de referência na capital paulista, confirmando que, na cidade, já se percebe uma mudança no comportamento do ciclista – ele já não é eventual ou de fim de semana: usa capacete, vê-se diferentes estilos de
bicicletas e de pessoas em seus diferentes modelos. Longe dos antigos cicles cheio de bicicletas amontoadas, as novas lojas especializadas oferecem desde equipamentos e acessórios de alta tecnologia; organizam torneios; e em parceria com empresas de turismo, viagens de cicloturismo em roteiros dos sonhos, no sul da França, na Itália, Alemanha, ou acompanhando o mais famoso circuito de bicicletas, o Tour de France, com paradas em pousadas sofisticadas e de alta gastronomia. Um mercado que já comporta inclusive uma importante feira do setor em nosso país, a Bike Expo Brasil. Em tal cenário, só nos resta associar-nos à esperança de H.G.Wells, autor dos clássicos A Máquina do Tempo, A Guerra dos Mundos, A ilha do Dr. Moreau, de montar nas magrelas e sair pedalando.
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COLECIONISMO
APAIXONADO POR CARRO (VINTAGE) COMO (QUASE) TODO PAULISTA Carros antigos atraem à primeira vista e viram objeto de uso além do desejo.
Fotos: Paulo Brenta
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les formam um clã de adictos em todo o mundo, e o Brasil nunca ficou de fora. Com encontros regulares de colecionadores, e alguns exemplares nem sempre trazidos a público, a categoria começa a atrair jovens profissionais liberais bem sucedidos e empresários que descobrem o prazer de dirigir um automóvel antigo pelas ruas das cidades. Porsche, Mercedes, Ferrari e Cadillac, não necessariamente nesta ordem. Estas marcas são as preferidas dos clientes ao escolher seus carros vintage de luxo na loja Private Collections, de Ricardo Robertoni, na Av. Cidade Jardim, em São Paulo, a maior no gênero na América Latina. Eles custam de R$ 300 mil a R$ 2,5 milhões, e parecem ser os únicos a circular na zona nobre da cidade fora do padrão de duas cores básicas que se generalizou por aqui, e ganhou o Brasil na última meia dúzia de anos, o que parece que é para sempre: a famosa
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dupla preto e prata que percorre nosso asfalto e preenche as garagens. Eles partem do eixo urbano de luxuosas lojas de automóveis importados que se formou na Av. Europa, e sua continuação até a Marginal, em tons diversos de “azul, vermelho, amarelo e verde”, atesta Robertoni, que tenta explicar o fenômeno: “Nestes carros o colecionador arrisca mais. Ao contrário do veículo utilizado na sua rotina, os carros de coleção/colecionador são aqueles em que se permite variar as cores, saindo do senso comum!”. E se o assunto é risco, dá para acreditar que toda essa série de preferências recai sobre os modelos superesportivos, em geral conversíveis, que acabam circulando entre Manaus e o Rio Grande do Sul, onde vão parar, ou andar sempre. Trata-se, em geral, do segundo ou terceiro carro da família deste consumidor multimarca que vem muitas vezes do mercado financeiro, mas também de qualquer outra categoria profissional, ainda que sempre com alto poder aquisitivo.
Ricardo Robertoni recupera e vende carros vintage de luxo: da Av. Cidade Jardim para Manaus ou Rio Grande do Sul
COLECIONISMO
“NESTES CARROS O COLECIONADOR ARRISCA MAIS. AO CONTRÁRIO DO VEÍCULO UTILIZADO NA SUA ROTINA, OS CARROS DE COLEÇÃO/COLECIONADOR SÃO AQUELES EM QUE SE PERMITE VARIAR AS CORES, SAINDO DO SENSO COMUM!”
À frente de um Mustang cor de sangue e atrás de um Jaguar, Robertoni vê crescer o interesse por carros mais caros.
Um Bugatti 1995, que vai de 0 a 100 km em quatro segundos, chama a atenção num salão envidraçado, ao lado de um Jaguar EType Roadstar 1970, de design premiado. Um Mustang Shelby KR, King of the Year 1967, é outra das meninas dos olhos da Private Collections, revendedora de carros vintage na Cidade Jardim — lançada originalmente naquele ano, a série foi revivida em apenas mil unidades em 2008, e uma única destas preciosidades veio parar no Brasil, obviamente em São Paulo, onde se concentra a venda também deste tipo de carro. “A compra, no caso, deixa de ser racional e passa a ser puramente emocional”, explica o empresário, “pois traduz o poder que se sente ao possuir um carro que, muitas vezes, o avô teve, por exemplo”. Na ordem alfabética das marcas, podemos conhecer no sofisticado galpão de Ricardo Robertoni o seguinte acervo de grifes estrangeiras de automóveis do passado, mesmo que recente: Alfa Romeo, Aston Martin, Audi, BMW, Bugatti como o da foto, Buick, Chevrolet (modelos Bel Air e Impala), Corvette, os citados Ferrari, Ford (além do Mustang, também os Thunderbird), Jaguar, Lotus, Maserati, os
emblemáticos (para todos os brasileiros) Mercedes, MG, Porsche, Rolls Royce (nobres a vida inteira). Colecionadores contumazes, ainda que discretos como o libanês de origem Houssein Jarouche, o proprietário da loja-fenômeno de decoração Micasa, utilizam seus tesouros sempre que podem, ou têm tempo – do passeio lento pelas ruas dos Jardins aos pegas nas pistas do autódromo, para sentir a potência de suas “novas” máquinas. Já o mega empresário baiano João Carlos Cavalcanti, muito atuante na área de mineração, e que passou de voyeur na infância simples a reconhecido colecionador, ficou tão adepto desta brincadeira (cara) para adultos que, após reunir tantos carros quanto sua idade (61), decidiu investir em um parque de diversões voltado apenas para a sua paixão. No interior do estado de São Paulo vai criar a Fundação JC/RC (reunindo as iniciais dos nomes dele e da mulher e, especialmente a sua frota), ali incluindo atrações várias para os demais aficionados: parque com restaurantes, hotéis e postos de gasolina temáticos, das mesmas épocas dos seus carros – dos Anos Dourados aos modernos, uma “Rota 66”.
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DECORAÇÃO
POR FORA, BELEZA E CLASSE POR DENTRO, TRADIÇÃO QUE NASCE Mais novaiorquino que parisiense, o estilo clássico revisitado no 106 Seridó se traduz em duas torres de elegante simetria e interiores de maior conforto.
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novar em estilo clássico é possível? No trabalho do arquiteto William Simonato, com formação na FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP), e sócio do decorador Luiz Bick também no projeto do 106 Seridó, a resposta é sim, claro. Como em muitos dos grandes edifícios norteamericanos, sua fonte de inspiração, os principais elementos do estilo permanecem, especialmente a simetria, que busca a centralização em suas fachadas. “O que deixa seus volumes em harmonia”, orgulha-se. Assim, poucas diferenças externas mostram que os dois apartamentos de cada andar são diferentes em metragem (um com 405 m2, e outro com 501 m2), perdendo ainda a tradicional divisão
106 Seridó para o arquiteto Simonato: “Se for comparar é o Copacabana Palace”. À direita, perspectiva artística da fachada: entrada nobre. .
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em unidades “de frente” e “de fundos”. “Este velho conceito ali não existe, pois as janelas de todos os cômodos (inclusive cozinhas, lavanderias e demais dependências de empregados, além dos banheiros) têm o mesmo tratamento, e estão situadas de forma a não transparecer qualquer diferença visível do lado externo. Mas não tem enfeite”, afirma Simonato: “Trata-se de uma estrutura residencial moderna, com a dignidade do clássico, com aquilo que ele tem de melhor, e que seja fundamental para uma boa arquitetura”. Se formos procurar um par estético no Brasil para o 106 Seridó, ele prefere que seja uma comparação – sem qualquer tentativa de aproximação maior, e mais pela classe e tradição –, com o Hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro: “com aquela tranquilidade”. Tijolos na cor cáqui e paredes grossas caracterizam a construção, que permitiu um pé-direito alto nos apartamentos de grandes janelas acompanhadas de venezianas, em soluções visuais e reais inéditas na cidade. Em relação à área externa, e o que nela foi erguido para trazer conforto aos moradores, Simonato define o modo com que tudo foi conceituado: “Nunca quisemos fazer da área de lazer um grande clube. Criamos um setor isolado, completamente independente, com ambientes amplos, a quadra de tênis oficial, Health Club e o SPA, mas discretos, com a possibilidade do encontro dos vizinhos das duas torres, pois só ali eles irão se cruzar”.
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DECORAÇÃO
Bick e Simonato − decorado assinado em dupla, e arquitetura de William que busca linguagem única.
HISTÓRIA DE VIDA “Nada de modismos ou tendências”, dispara Luiz Bick ao descrever o decorado que propôs junto a seu sócio William Simonato para o 106 Seridó – desenvolvido por eles ao lado de outros tantos layouts, sobre plantas que podem ser personalizadas em configurações diferentes, de forma a atender às mais variadas necessidades dos futuros moradores. Com estrutura clássica também, assim como o prédio que o envolve, a sugestão de decoração do apartamento mescla este estilo e o contemporâneo (como em todos os projetos da dupla, sem dúvida) em sua ambientação com peças de época, especialmente do século XIX, “que são verdadeiras obras de
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arte”, e design dos grandes mestres do século XX. Como se vê, claramente, desde a opção pelos lustres de cristal franceses do hall e do quarto do casal, por exemplo, até os móveis assinados por Saarinen (mesa na entrada), e Mies van der Rohe (as cadeiras Barcelona). De época são, ainda, a cômoda, as cadeiras italianas da sala de jantar e as mesas laterais, entremeadas com o mobiliário contemporâneo, como a marcenaria fixa, a mesa de espelhos... Crus e pretos dão o tom geral, associados “à gama de beges e charutos que gostamos bastante – além dos listrados, que não ficam tão pesados”, descreve Bick detalhadamente. No piso, a escolha recaiu sobre madeira
Living do apartamento decorado: o mix que agrada.
rústica ebanizada na área social – com tapetes de sisal e kilins listrados sobre ela, além de carpetes nos quartos, para dar acolhimento, mármore travertino gold nos terraços e banheiros e o prático porcelanato nas áreas de serviço. Nas paredes, um trabalho em boiserie nas salas, além de pintura e outros trechos forrados em tecido, como no escritório, onde também a estante o recebe, dando uma continuidade à textura. Na arte, uma pintura de David Dalmau, fotografias de Valentino Fialdini e muitas gravuras antigas. “Buscamos uma linguagem única em todo o apartamento”, esclarece o decorador que teve, junto a seu sócio, o cuidado de criar guarnições clássicas adequadas
aos armários embutidos absolutamente modernos que foram escolhidos. “Fizemos um lugar para alguém que vai morar, e por isso existem detalhes que lhe dão vida e uma história”, com a inserção de elementos fundamentais no dia a dia de uma família, “já que pontuamos o decorado com objetos tais como vasos com flores, porta-retratos, livros de verdade”. E muita luz, além da natural que entra pelos grandes vãos das janelas, pois ela dá vida ao ambiente, desde aquela básica, que vem do teto alto, apontando detalhes importantes da casa, como uma escultura ou um quadro, ou ainda uma mesa de centro, até a que chega do abajur, tão gostosa.
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ESPORTE
‘MATCH POINT’ De tenista profissional a comentarista do SPORTV, o empresário Dácio Campos hoje é também o organizador do evento Grand Champions Brasil, em São Paulo – e, do alto de sua experiência, ainda dá dicas aos jogadores iniciantes. Fotos: Paulo Brenta
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oje em dia, o ex-tenista Dácio Campos vê muito mais as partidas de tênis do que as joga. Apesar das quatro quadras à disposição no condomínio em que mora na capital paulista, localizado no Panamby – pois raramente tem tempo de bater uma bola, em função de seu trabalho na TV há dezesseis anos, como comentarista, e de sua atuação como empresário: organiza há quatro edições, através de sua produtora, o torneio Grand Champions Brasil, etapa nacional do evento oficial da mais importante associação de tenistas profissionais internacional (ATP) que reúne os grandes nomes do tênis do passado, e que acontece em doze cidades do mundo ao longo de cada ano. Tudo isso porque, aos vinte e cinco de seus atuais quarenta e seis, quando estava em Londres ao lado de Carlos Alberto Kirmayr e Cássio Mota, entre outros tenistas brasileiros, bateu à porta da sucursal
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da Rede Globo com a ideia de oferecer uma matéria sobre os bastidores da equipe no campeonato de Wimbledon, o que rendeu onze minutos no Fantástico (uma enormidade em termos de notícia na TV, especialmente no horário nobre), pelas mãos de Armando Augusto Magalhães Nogueira, o Manduca, filho de Armando Nogueira (1927-2010), pai do jornalismo da emissora carioca. Daí foi contratado pela SporTV, e até hoje está lá, por cem dias ao ano, comentando o circuito oficial de tênis mundial da ATP. O que inclui, além do torneio de Wimbledon, o U.S. Open, os Masters 1000, e o da Austrália, em Melbourne, além de Roland Garros em Paris. A credibilidade conquistada por todo este tempo na TV ajuda muito na sua outra atividade, o empresariado, para o qual conta com diversos patrocinadores, como os Correios, o banco Icatu Hartford, a Ticket, a Toyota, e o Estado de São Paulo. Com seus dois sócios, toca então o Grand Champions em nosso país há quatro anos, como agora em maio de 2010, quando o evento se realizou no Golden Hall, em São Paulo, em um total de oito partidas realizadas. Dácio Campos relembra como tudo começou: ele aos nove anos, jogando no Tênis Clube Paulista, no bairro da Aclimação, onde nasceu.
Dรกcio Campos: audรกcia em Londres abriu-lhe as portas da TV no Brasil, onde estรก hรก 16 anos
A quadra em São Paulo onde Dácio organiza anualmente o Grand Champions Brasil há 4 edições.
ESPORTE
“NÃO ENTRE EM UM JOGO ESTANDO FORA DE FORMA, OU VOCÊ SE MACHUCA – TEM QUE ESTAR CONDICIONADO”. E, O MAIS IMPORTANTE: “IDENTIFIQUE SEUS PARCEIROS”.
Aos doze para treze anos transferiu-se para o Pinheiros, e se destacou como um dos melhores juvenis do mundo. Ganhou um campeonato mundial em Miami e foi contratado por um treinador americano, cursando à época a faculdade de marketing em uma universidade de Houston, Texas. Voltou ao Brasil aos vinte e dois, e começou a jogar profissionalmente, em tempo integral, tendo disputado Wimbledon e Roland Garros e um aberto na Alemanha, além de três vezes a Copa Davis, “o que é realmente ‘o máximo’ para um jogador”. Momento emocionante, para Dácio, foi quando Guga se sagrou o número 1 do mundo em Lisboa, no ano de 2000 – e ele estava lá trabalhando pela TV. E o momento mais engraçado da carreira foi quando o mesmo Guga, em plena Copa Davis, jogou Dácio numa poça d’água, e ele ficou com barro até a cabeça em frente à camera. Mas o comentarista se saiu bem, pois teve uma saída espirituosa: explicou para o público que tudo aquilo servia apenas para mostrar a eficiência e a qualidade do equipamento (todo sujo de lama) de uma emissora das Organizações Globo.
AS DICAS DO DÁCIO Dácio explica os três passos básicos para quem quer praticar seu esporte: “procurar um professor, porque (mesmo para quem já saiba jogar) você sempre precisa de ajuda técnica para melhorar”, ele inicia. E reforça: “Não entre em um jogo estando fora de forma, ou você se machuca – tem que estar condicionado”. E, o mais importante: “identifique seus parceiros”. Para Dácio, fazer musculação em paralelo à prática do esporte é importante, “ou você acaba lesionado”. Se a contusão deixa a pessoa apenas roxa, “a lesão vai-se construindo, e só se manifesta quando não tem mais jeito; pode pegar qualquer articulação, como ombro, joelho, quadril, e aí...”, alerta ele, que foi pego nessa também – e aprendeu a lição – após jogar seis horas por dia durante vinte e cinco anos, até cansar: “a idade me fez parar”. No 106 Seridó, quem quiser se iniciar no tênis, ou nunca mais parar, vai encontrar uma quadra oficial, com irrigação automática.
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FETICHE
FETICHE: POR QUE OS SAPATOS ATRAEM TANTO AS MULHERES? Fotos: Divulgação
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m bate bola, sem salto alto, com o sapateiro Alexandre Birman, que faz sucesso aqui e no exterior. Homem com pés bem no chão, o empresário mineiro expande suas duas marcas (por enquanto), a Schutz e a Alexandre Birman, esta que acaba de fincar em São Paulo sua primeira loja, depois do sucesso com as it girls americanas e as atrizes de Hollywood. Aos trinta e dois anos, Alexandre se intitula um sapateiro. Fez seu primeiro sapato aos quatorze anos, quando começou a trabalhar com o pai na gigante do ramo Arezzo. Ligado em esportes radicais, criou sua marca Schutz, em princípio voltada para os sapatos masculinos, apropriados para caminhadas, trecking, etc. Mas ela cresceu e fez sucesso quando se voltou para o público feminino. Hoje, Alexandre também é meio paulista. Diz, feliz, que adotou São Paulo. Casado há pouco com a linda catarinense Johanna, vive momento de expansão – novas lojas da Schutz no Rio e em Brasília, e também a abertura da nova loja Alexandre Birman na Oscar Freire, no crème de la crème comercial dos Jardins, primeira vitrine brasileira de sua marca internacional que calça it girls e famosas nos States.
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O mineiro Alexandre Birman, empresรกrio-sapateiro. Dos calรงados para trecking aos femininos.
FETICHE
Por que o sapato é tão desejado pelas mulheres, e as bolsas também? Os dois são símbolos de status. Os acessórios hoje não são meros coadjuvantes. Eles ganharam personalidade própria, e completam qualquer look. Os novos materiais e acabamentos trouxeram ainda mais poder para as bolsas e sapatos. Quem são suas influências neste segmento? Sem dúvida, a maior influência é meu pai Anderson Birman. Ele fundou a Arezzo há 30 anos, e criou um negócio de sucesso que só cresce. É uma referência para minha vida em todos os aspectos. Existe uma tendência mundial a ser seguida, ou há espaço para a livre criação (brasileira)? Sempre há espaço para a criação. As tendências existem, e são importantes como um norte, mas criar faz parte do negócio. O que vende mais no Brasil: o salto alto ou o baixo? Existe mercado para os dois. As situações e os momentos ditam a preferência por sapatilhas, sandálias rasteiras ou plataformas e saltos altos. Afinal, do que a brasileira gosta nos pés? Sapatos de salto são sempre especiais e toda mulher adora, mesmo aquelas que não usam sempre. Afinal um bom salto é realmente mais elegante.
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E quais são as tendências para este inverno? As grandes apostas são as botas estilo biker, reforçadas com amarrações, fivelas ou vazados, a bota estilo calça de sino, além das delicadas booties, estilo lace up, em preto com cores fortes, como royal violet e maxi blue. A cartela de cores vem inspirada nos tons fortes e vibrantes das noites das grandes cidades. Peças com detalhes de laços estilizados, aplicações de rendas e a mistura de materiais exóticos como onça, cobra e couro também são frequentes. Outra referência que continua forte na coleção é a década de 1980, que traz os paetês monocromáticos e as peças com tachas. Como vai sua vida profissional no exterior? A vida profissional vai muito bem! Inaugurei recentemente a primeira loja da marca Alexandre Birman e isso foi uma realização enorme. No mercado externo, a Alexandre Birman conquistou espaços de destaque em pontos como a Neiman Marcus, Bergdorf Goodman e Sak’s, em Nova Iorque; Printemps e Brow’s, em Londres; Harvey Nichols, em Hong Kong, entre outras lojas de luxo em Paris e Dubai. No último ano, os sapatos Alexandre Birman estamparam diversas revistas de moda americanas como a Vogue, Harper’s Bazaar, Elle e In Style. Celebridades de peso como Demi Moore, Kate Hudson, Jessica Alba, Courtney Cox, Leighton Meester são algumas das mulheres que usam os modelos da marca – e adoram, sempre pedem mais novidades.
Um bom salto deixa a mulher mais elegante. Que o digam Demi Moore, Kate Hudson e Jessica Alba.
GASTRONOMIA
ANDAR A PÉ, EU VOU A proposta é alcançar os restaurantes que estejam “walking distance” do 106 Seridó. Duas amigas topam a parada – ou melhor, a pequena caminhada – e redescobrem a delícia de chegar sem estresse a lugares saborosos perto de casa, como neste trecho do Jardim Europa: a pizzaria Cristal, L’Entrecôte de ma Tante, e o espanhol eñe.
Por Sergio Zobaran Fotos: Paulo Brenta
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Não é de hoje que Ana Maria Velloso e Helena Pacheco Fernandes se conhecem. Amigas de infância, e mães, respectivamente, de quatro filhas e dois filhos, todos adultos, as duas adoram se encontrar e conversar. Mas nem sempre têm tempo, pois as atividades de cada uma, ainda que similares (fazem, separadamente, decoração de festas exclusivas de amigos, e às vezes para amigos de amigos), acontecem em horários que deixem tempo livre para uma coincidência como a que propusemos: almoçar fora juntas durante a semana. Saímos a pé do 106 Seridó e fomos percorrer a região que elas bem conhecem. O papo leve e agradável começou no simpático restaurante da Rua Dr. Mario Ferraz, esquina com a Rua Tucumã, que tem como sócio Olivier Anquier, o famoso padeiro francês, apresentador televisivo de programas de viagens culinárias, e agora de novo restaurateur real. À frente, literalmente, de sua casa, o L’Entrecôte de ma Tante (em português, o contrafilé da minha tia), ele circula entre as mesas, seus amigos e clientes, na hora do almoço e do jantar, com um savoir-faire inigualável. E, com o mesmo dom, some de repente, ninguém sabe, ninguém viu. Antes de iniciarmos a refeição, a explicação do garçom Erivaldo sobre o conceito da casa é rápida e rasteira, pois a pedida ali é uma só: o entrecôte, acompanhado de batatas fritas, precedido de salada verde. Mas a gente logo estica o pescoço e os olhos ao ver passar a mousse de chocolate, sobremesa única que segue imensa e gelada para a mesa ao nosso lado. A fome de carne aumenta, o desejo de doce também. Vamos em frente. Aguardamos ansiosos os pratos com “o molho que é segredo da família de Olivier”, como anuncia
Ana Maria Velloso e Helena Pacheco Fernandes fazem o "footing " gastron么mico entre o restaurante de Olivier e o espanhol e帽e.
GASTRONOMIA
Esperando Olivier: Chef aparece todos os dias no restaurante cheio de gente bacana.
orgulhosamente e, ao mesmo tempo, disfarça o Erivaldo, com pinta de quem nunca vai nos conseguir sua receita. Na própria toalha de papel ele desenha um mapinha da mesa parecendo um jogo da velha, e ali anota quem vai comer o que, e como: B de bem passado, P de ao ponto, S de só salada. Tudo certo. Ao final do quarteto couvert-saladaentrecôte/fritas-mousse, só elogios. Afinal, tudo veio como esperado. E ao final, os comentários: “Não conhecia e adorei. Parece mesmo que estamos em Paris”, diz Ana. “Simpático, gostoso, informal sem pretensão, na medida”, diz Heleninha. No caminho para o restaurante eñe, e falando só de comida, os pensamentos se voltam ao passado, as duas relembrando a pizzaria Cristal ali perto, na Rua Professor Arthur Ramos, que frequentam há anos, mais de vinte. “A massa da pizza, super tradicional, continua imbatível, e sempre que vou tomo o sorvete choco l’amour, com aquela farofa deliciosa”, recorda Ana. “E a salada que tem o nome da casa também é uma delícia, além das caipirinhas”, elogia Heleninha. Chegando ao espanhol da esquina da Mario Ferraz com a Arthur Ramos, tudo pertinho, a escolha de cada
uma no menu: “Eu pediria o ravióli de castanha portuguesa com molho de foie gras, ou o creme de mandioquinha com caviar de sagu”, suspira Ana. Já Heleninha optaria pela mini salada de rúcula com redução de vinho do Porto. Bem, fica prá próxima, pois nesta tarde azul de maio só ficou reservado um pequeno espaço no estômago para provarem a mesma Crema Catalana, uma espécie de crème brûllée batido à mão, porém mais leve que esta sobremesa de origem francesa. Ana Maria encerra, na saída: “Deveríamos ter o hábito de andar a pé, que é o que fazemos quando viajamos – e por que não em São Paulo também?”. Todos concordam enquanto continuam a caminhada até o shopping Iguatemi, comentando o bom serviço das três casas: atencioso, discreto, com bons maîtres, garçons ligeiros, à la antiga.
SERVIÇO: L’Entrecôte de ma Tante – Rua Dr. Mario Ferraz, 17 - Tel.: 11 3034.5324 – www.bistroentrecote.com.br Cristal – Rua Professor Arthur Ramos, 551 – Tel.: 11 3031.0828 – www.cristalpizza.com.br eñe – Rua Dr. Mario Ferraz, 213 – Tel.: 3816.4333 – www.enerestaurante.com.br
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LONGE DAQUI, AQUI MESMO ESTENDA A CAMINHADA, OU VÁ DE CARRO. NA RUA AMAURI – QUE NASCE NA CIDADE JARDIM, CRUZA A FARIA LIMA, E CHEGA À 9 DE JULHO – FREQUENTE A RUA QUE FIXOU SUA VOCAÇÃO GASTRONÔMICA DE LUXO HÁ DUAS DÉCADAS.
(diga magári), que se anuncia como a melhor cozinha italiana de São Paulo, a Enoteca Fasano, que não mais é preciso qualificá-la, pois sabe-se que é um ótimo lugar, e até o Siá Mariana, do outro lado da Faria Lima, com comida brasileira. Um mesmo grupo investidor – e muito trabalhador – detém três ícones da região,
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uas lojas (uma de roupas, a Carmim, e a Revistaria d’Amauri) e dois lugares de fast food de boa qualidade (Pizza Hut e coffee shop Starbucks) se destacam no cenário integrado da rua que virou sinônimo de boa concentração de restaurantes. E de pelo menos uma curiosidade arquitetônica – entre tantos projetos que se sucedem na Amauri, assinados pelos melhores profissionais da cidade, e que às vezes viram sócios dos restaurantes – que é a Casa Bola, residência do arquiteto Eduardo Longo, destaque futurista na paisagem arborizada e agradável do principal quarteirão desta via. Tudo isso em uma cidade que se caracteriza também por mais esta peculiaridade, já que tem rua concentrada para tudo: lustres, antiquários, roupas para noivas ou crianças, equipamento médico, manequins de loja, etc., etc., etc. Na Amauri já participei de uma reunião de pauta do site Chic, de Gloria Kalil em plena varanda do então novinho Starbucks), e jantei com o fotógrafo Claudio Edinger, por exemplo na Forneria. Falta conhecer alguns dos demais estabelecimentos: o Yellow, o Trindade, do simpático português Carlos Bettencourt, o Figa, o Sushi Amauri, a Enoteca Fasano e o Magari
lugares de gente bonita e bem sucedida: o Dressing, o Ecco e a Forneria San Paolo. Vamos a eles? Antes: saia um pouco do prumo, pegue a 9 de Julho ali ao lado e conheça dois lugares muito bons: o Thaï Gardens, com cozinha moderna tailandesa, um pequeno palácio, e o La Tambouille (diga latãmbúi), que ano que vem comemora quarenta anos de tradição, à frente o chef italiano Giancarlo Bolla. É caro, mas é muito, muito bom, e para mim é inesquecível tê-lo conhecido em almoço tetê-à-tête com Costanza Pascolato, vinte e cinco anos atrás e da vez em que Charles Cosac se levantou da mesa para me cumprimentar. Tradicional, aos vinte e três anos, por ter iniciado o “processo de ocupação gastronômica” da Rua Amauri, o Dressing oferece cozinha contemporânea e está recém-decorado. E quem me apresentou a ele no início desta década foi Evangelina Seiler, a Van Van, curadora de artes plásticas e hoje diretora da Casa França-Brasil, no Rio, mas que vive por aqui e adora o lugar. Porque sua cozinha minimalista equilibra molhos (et pour cause) agridoces, temperos picantes e altos ingredientes, e é perfeita para um almoço de negócios ou um jantar romântico.
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GASTRONOMIA
FOTO: LUIZ HENRIQUE MENDES
Em destaque no menu: mix de folhas verdes com lascas de bacalhau, gnocchi de mussarela de búfala, risoto de cogumelos selvagens, um robalo, um cordeiro ao forno com riso nero trufado. Nas sobremesas, o tartare de abacaxi com tapioca e creme de gianduia, huuum, e a panqueca de doce de leite, ganache de chocolate e lichia com sorvete de frutas cítricas. Mantém o tradicional buffet de saladas no almoço, e cento e dez rótulos de vinhos. Já o Ecco tem charme natural desde o estrelado time de sócios “casual chic”: os irmãos João Paulo e Pedro Paulo Diniz, Mary Nigri, Sergio Cusin e João Armentano, e é uma combinação de restaurante e pizzaria. Serve para reuniões de negócios também, como a primeira que tive em São Paulo, há anos (o restaurante já tem dez) com Ana Carvalho Pinto, a promoter bacana que tudo conhece e faz “in town”. A cozinha é criativa e diversificada, sob o comando do chef Francisco Chagas, e tem mais de quarenta opções de pratos em versões tradicional e light. Bom, né? O mágico Guto diverte almoços e jantares de sexta-feira a domingo, e a casa conta ainda com uma máquina de fotos localizada na entrada. Oferece mini pastéis de carne e de queijo, saladas como a Caesar’s e ainda pizzas originais e clássicas, além dos pratos quentes, que podem ser leves como o St. Peter com rúcula, Fantasia do Mar (adivinha o que vem nele...) e medalhões de avestruz.
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Três casas com sociedades grifadas: na página da esquerda, o tradicionalíssimo Dressing. Abaixo, em meio a onze ipês amarelos, a pracinha de Isay Weinfeld é extensão da Forneria. Ao lado,o badalado Ecco.
FOTO: LUIZ HENRIQUE MENDES
FOTO: LUIZ HENRIQUE MENDES
A sempre genial arquitetura de Isay Weinfeld convida a entrar na Forneria San Paolo, que conta com extensa seleção de sanduíches à moda italiana, tratados como alta gastronomia. Em pão de miga, ciabatta ou em massa de pizza, são mais de trinta opções de recheio, acompanhados de salada ou batatas fritas. Entre os destaques, os panini, o clássico hambúrguer com queijo cheddar, e o hot dog com salsicha especial, assado no forno à lenha. Da cozinha visível do salão também saem pizzas, saladas, carpaccios, carnes e sobremesas que já renderam diversas premiações: Melhor
Cozinha Rápida - Veja (2004); Melhor Sanduíche - Veja (2003, 2004, 2005, 2008 e 2009), e Guia 4 Rodas (2003, 2004, 2005, 2006, 2007). Bons vinhos são servidos em decantadores. A partir das 23h você pode escolher a música que todos irão ouvir a partir da jukebox: são 600 títulos, dos Beatles a The Clash. O DJ residente Magoo põe o som na caixa. Do outro lado da rua, a Forneria tem uma extensão desde fevereiro: a pracinha em frente foi reformada para atender seus clientes e os frequentadores da rua ao ar livre, em meio a onze ipês amarelos, mesas com ombrelones, bancos e um bar à disposição de quem quiser brindar, beliscar, almoçar, fazer uma happy hour, jantar ou mesmo fumar um cigarro, ler o jornal, relaxar. E até não consumir nada, se alguém conseguir esta proeza na Rua Amauri.
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“ESCAPE”: NÃO TEM PREÇO! A cena que está virando um clássico – casal vai de férias à Bahia e descobre que a vida “não é bem assim” como no eixo Rio-São Paulo. Surgem os novos hoteleiros brasileiros, modelo século XXI. Por Sergio Zobaran | Foto: acervo pessoal
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ocê pegou o avião, um carro, um barco e chegou à Fazenda da Lagoa, em Una, sul da Bahia, perto de Ilhéus. Chovendo no molhado, todo mundo concorda que estamos falando do estado que os paulistas elegeram no Brasil, há cerca de duas décadas, como o melhor lugar do mundo para se ir todo ano, sempre. Mas é do Rio de Janeiro que a hoteleira Mucki Skowronski descreve seu empreendimento, a Fazenda da Lagoa, com abrangência universal: “Acabei de chegar (a sua casa na Gávea, bairro sem praia da Zona Sul), e já com muitas saudades do meu lugar preferido no planeta (a praia onde fica a Fazenda, seu hotel)!”. A artista plástica e empresária carioca Mucki Skowronski, casada com o empresário hoje também hoteleiro Artur Bahia (o sobrenome é real, mera coincidência) formam o casal de anfitriões da Fazenda da Lagoa, donos à frente do negócio. Tudo começou em 2003/2004, quando “fomos com as crianças, que ainda eram crianças, e amigos, para dez dias de férias em Itacaré”, relembra Mucki. “Voltou aquela paixão de adolescência pela Bahia e uma vontade enorme de ter uma casa por lá. Aí veio a grande preocupação ‘quem serão nossos vizinhos’? A Bahia que queríamos era aquela da solidão e natureza intocada, e não a Bahia barulhenta e cheia de gente. Por isso decidimos comprar uma terra maior e depois vender alguns terrenos para amigos queridos – assim a gente escolheria os próprios vizinhos”. Acho que, em nossa experiência como hoteleiros, aprendemos tudo no dia a dia do hotel, que está cada vez melhor e cada vez mais com a filosofia que queríamos desde o começo, um hotel com cara de casa!”.
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Casal Mucki e Artur, da Gávea para a Bahia por quatro meses do ano.
E a vida da família mudou muito? “Tem alguma dúvida que mudou para MUITO melhor, com um terço do nosso ano naquele lugar mágico e intocado?”, ela festeja. Por causa do hotel, Mucki fechou a cadeia de lojas que levava seu nome: “para mim, comércio é muito burocrático e pouco criativo, e nem imagino como consegui ter essas lojas por quase dez anos – nunca mais”, diz a artista . “Mas, em contrapartida, o ateliê que mantenho há vinte e dois anos vai de vento em popa, adoro e é para sempre!”. Como os hóspedes gostam muito da decoração e dos detalhes do hotel, acabam sempre indo lá, para terem suas casas a energia da Fazenda da
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FAZENDA DA LAGOA JÁ RECEBEU ROCK STARS, “GLOBAIS”, EUROPEUS E AMERICANOS BACANAS, ALÉM DE TODO MUNDO QUE SURGE DO EIXO RIO-SP.
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Panos pintados no ateliê de Mucki (à esquerda). Arquitetura e decoração assinadas por Lia Siqueira.
Lagoa. Gente, diferente da que ela estava acostumada a conviver, e para o casal que faz hotelaria com cara de casa, esse é o lado bom da história: a gente nova que apareceu em suas vidas nesses quatro anos. Como o lema ali é privacidade absoluta, não citam nomes, mas a Fazenda da Lagoa já recebeu rock stars , “globais”, europeus e americanos bacanas, além de todo mundo que surge do eixo Rio-SP. Para Arthur e Mucki, “a natureza intocada de uma beleza inacreditável, os sete quilômetros de praia private para somente quatorze bangalôs (de 140 m2), gastronomia impecável, uma lagoa de quatorze hectares de água doce cristalina, a apenas quarenta quilômetros do aeroporto de Ilhéus, sem horário certo para as refeições, faz
você se sentir como se estivesse em casa”. Dando ênfase ao sorriso dos “baianos queridos”, e à privacidade que permite olhar para todos os lados e não ver ninguém, Mucki vai mais longe e realiza sonhos particulares – para ela, eles e os outros. Quando fala de próximos passos do empreendimento, de futuro, é categórica: “Na Fazenda da Lagoa é isso aí, não vai mudar nada, nem crescer. Quero que ela seja sempre aquela praia a perder de vista, de areia branca fina como talco, para sempre: é preservação mesmo!”. Mas daqui a pouco tem novidades, dessa vez na Ilha de Boipeba, sempre com a mesma filosofia (a preservação em primeiro lugar ): um pequeno hotel dentro de uma área grande, sem nada em volta.
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SAVOIR FAIRE Luciano Soares nasceu no Rio de Janeiro e se formou em Arquitetura na Universidade Santa Úrsula. Com uma abordagem de sua profissão mais voltada para a funcionalidade e a plasticidade, construiu uma carreira sólida ao longo de mais de vinte anos. Nos projetos, mais de trezentos, procura criar uma rica profusão de formas fluidas e livres, frutos de seu talento em trazer paisagens exuberantes para dentro do trabalho. Entre residências a condomínios, lojas e hotéis, que traduzem sua paixão pelo mar e pela vegetação nativa, o do seu Hotel Maitei. Pois foi assim: ele, que sempre gostou de praticar esportes e de viajar, há mais de vinte anos se encantou com Arraial d’Ajuda, que na época era menos conhecida e muito menos habitada.
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Érica e Luciano na página da esquerda, e abaixo a piscina do Maitei − em frente ao mar.
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Já com vontade de melhorar sua qualidade de vida e testar novos mercados, viu ali uma oportunidade de começar novos negócios. Investiu no hotel e em projetos na região. Inclusive o de sua casa, perto dali, seguindo as mesmas características que impõe em todo seu trabalho: a união da arquitetura com a natureza. Hoje Luciano mora e trabalha lá full time, com sua mulher e uma filha pequena. E tem mais gente fazendo isso que estes dois casais fizeram, ao escolher refúgios isolados no Sul da Bahia para substituir o cansaço diário da cidade grande. De São Paulo, outro casal parte agora para Santo André, também na região, com seus dois filhos pequenos, ele um talentoso arquiteto, Daniel Fromer. Daqui a um ano, quem sabe, a gente conta mais uma história parecida, de final feliz. Ou seria de um recomeço?
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Instalações confortáveis, materiais naturais e o resto é a Bahia − precisa mais?
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URBANA E ANTENADA Do marketing da área de saúde até a busca permanente e mais atual pelo bemestar, a trajetória da especialista Tania Ginjas, que percorre o mundo atrás de novidades para seus Spas. Foto: Paulo Brenta
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om uma metralhadora giratória de competência, Tania Ginjas discorre sobre o sistema que criou, no Brasil, para termos o que de melhor se apresenta atualmente em termos de Spa no mundo, como naquele que será implantado no empreendimento 106 Seridó. “É um prazer enorme (o que soa absolutamente real vindo dela) percorrer tantos lugares para ver o que se insere no mercado brasileiro”, diz com firmeza seus quase statements objetivos e rapidíssimos, em discurso consistente de quem sabe o que faz. “O conceito é urbano e antenado, diferentemente daquele que tínhamos nos estabelecimentos brasileiros do gênero nas décadas de 1970, 80 e 90 (voltados unicamente ao emagrecimento); agora buscamos agregar espaços que permitam uma maior qualidade de vida”, ela afirma com a certeza de quem conhece a fundo o mercado nacional e internacional. E exemplifica com números e muitos outros dados, marcados pelos anos da grande virada, “em saltos, saltos e mais saltos”, entre 1998 e 2000: “Nos Estados Unidos, passou-se de cerca de 2 mil Spas, até esta época, para os cerca de 16 mil hoje existentes, segundo a associação americana da categoria, quando o
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negócio se democratizou, e se pôde perceber que lá já se utilizavam desta forma de tratamento também, e muito mais, para combater o estresse”. Neste ano de 2000, Tania implantou entre nós o Spa da marca francesa L’Occitane, inicialmente em uma casa localizada nos Jardins e depois na Bahia, no grande hotel de Comandatuba, e por aí foi. “Abriu-se o leque”, diz Tania, “para as pessoas que sentem na vida um excesso de correria, pela falta de tempo”, e precisam e devem se tratar. Diariamente, segundo ela, que recomenda pelo menos um banho relaxante e uma massagem sempre, o que é fundamental para combater o cansaço, “uma palavra que está no código de qualquer criança de hoje; e, infelizmente, nem sempre das gerações mais velhas”. Também em função desta maior abertura, o Spa conseguiu conquistar os homens (hoje entre 30% e 35% de seus usuários), que tanto se queixam de preocupações e
Spas ligados ao bemestar: conceito que gerou sua multiplicação.
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Perspectiva ilustrada do watsu e das banheiras de hidromassagem.
cansaço provocados pelo trabalho. Foi feita então esta identificação e, junto dela, um fator novo e muito importante veio também facilitar o seu uso mais frequente: “A convenience location, ou seja, áreas de Spa estruturadas mais próximas, junto ao seu público (e não mais apenas em lugares distantes dos centros urbanos)”. Assim acontece hoje nos grandes empreendimentos de Hong Kong e Nova York, para citar apenas duas grandes metrópoles. Assim acontece agora também aqui no Brasil, em São Paulo, no 106 Seridó. Com sua implantação orquestrada por Tania, que hoje opera exatos vinte e dois outros Spas no Brasil, de forma mais concentrada no Rio de Janeiro e na capital paulista. “São operações taylor made para cada empreendimento”, explica ela. “Transformamos um espaço existente em algo que se torna vivo, porque oferece todos os serviços”.
RELAXAMENTO INTEGRADO No 106 Seridó, o Spa ganha ares internacionais, portanto, com todos os tratamentos sendo feitos em salas multifuncionais e com equipamentos de última geração. “O relaxamento é integrado e está a poucos metros da casa do cidadão, que possui à
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Imagens Ilustrativas
Luxo que pode ser do cotidiano e “ter um tom orgânico”. Imagens Ilustrativas
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“O RELAXAMENTO É INTEGRADO E ESTÁ A POUCOS METROS DA CASA DO CIDADÃO, QUE POSSUI À SUA DISPOSIÇÃO UMA ESTRUTURA TÃO BOA QUANTO A DE UM HÓSPEDE-MORADOR DE UM RITZ CARLTON OU DE UM FOUR SEASONS...”
sua disposição uma estrutura tão boa quanto a de um hóspede-morador de um Ritz Carlton ou de um Four Seasons, pois nos especializamos em formação de operação que traduz este padrão de hotelaria cinco estrelas para um edíficio residencial, o ano inteiro”. Além das massagens, ali oferecidas em diversas modalidades, e dos banhos perfumados como hábito diário (em que ela insiste), Tania sugere que, nesta busca de todos por saúde e longevidade, as pessoas se utilizem desta que é uma prática milenar de muitas civilizações, como os japoneses até hoje, os indianos, os romanos da Antiguidade: “Não é um luxo, é mais um item do cotidiano. Aí está o luxo!”. Do praticante de esportes contumaz, ao adolescente que começa a frequentar um Spa, todos correm o ano inteiro atrás de saúde (e, para tanto, o 106 Seridó também conta com um Health Club de primeira), não é mesmo? Então aguarde para conhecer as últimas do setor aqui mesmo. Nos Estados Unidos muito fortemente, a moda agora são os produtos orgânicos, que até já produziram Spas especializados, “virou uma febre!”. Mais uma que Tania pretende trazer para nós, junto de seus sabonetes, óleos, cremes, tudo 100% natural e sustentável. “Afinal, um toque de orgânico não faz mal a ninguém, né?”.
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JOCKEY
PALCO ILUMINADO Quem vê o Hipódromo de Cidade Jardim nem sempre conhece a história do Jockey Club de São Paulo, que hoje tem 135 anos – e é a grande vista do 106 Seridó. Agora você vai saber como e por que tudo começou, os nomes diferentes que teve e sua evolução até chegar naquele lugar privilegiado. E vai ver que o belíssimo sítio que você visita para conhecer a edição anual do evento Casa Cor, entre outros acontecimentos importantes que lá se realizam, tem um riquíssimo passado que ainda lhe confere toda a nobreza.
Por Ana Maria Santeiro | Fotos: acervo Jockey Club de São Paulo
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uando a cidade de São Paulo passou a contar com os serviços de água e esgoto, os chamados clubes sociais começaram a ser fundados. Entre eles, o Club São Paulo, constituído pela aristocracia, fazendeiros, comerciantes e políticos. Alguns membros do clube, verdadeiras locomotivas dos negócios e da política paulistana, juntaram-se a Rafael Paes e Barros, advogado, vereador recém-eleito, filho do Barão de Itu, dono de muitas terras na região da Mooca, que se estendiam até Vila Prudente e Vila Alpina, que ficara enlouquecido com as corridas de cavalo que conhecera em uma viagem à Europa, e fundaram o Clube de Corridas Paulistano. Entre eles, Antonio da Silva Prado (empresário, fazendeiro, banqueiro e político), neto do Barão de Iguape, filho de D. Veridiana da Silva Prado; Elias Pacheco Chaves, um dos grandes empreendedores de São Paulo. Corroborava para esta decisão o fato de que todos eram apaixonados por corridas de cavalos, exímios cavaleiros, e criadores de puro-sangue inglês em suas chácaras. Conseguiram reunir 73 sócios e um capital de 9 contos e 980 mil réis. A sede social estabelece-se então na Rua do Rosário, no Centro, e a praça de hipódromo na Rua Bresser, no bairro da Mooca – data de fundação: 14.03.1875.
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As tribunas que hoje abrigam corridas, bons restaurantes e eventos de decoração
Multidões se acotovelavam à beira da pista e torciam por seus favoritos.
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JOCKEY
Hipódromo no bairro de Cidade Jardim: nada a perder de vista.
E assim foi dada a largada para este empreendimento que já tem 135 anos de existência e que, posteriormente, passa a se chamar Jockey Club de São Paulo. Ainda nos tempos do hipódromo na Mooca, o Jockey era o ponto de encontro da sociedade paulistana. Os amantes das corridas encontravam-se na Estação da Luz, onde pegavam o “trem das corridas”, carregavam binóculos, vestiam fraques e, nos dias de grande prêmio, trajavam roupa escura, com casaco preto, calça listrada e cartola. A Mooca foi escolhida para localização do hipódromo porque era um ambiente de alta categoria, considerado um lugar excelente para se morar. Um bairro valorizado, ponto de passagem de carros à tração animal, que faziam a linha Mooca-Centro, facilitando a vida dos aficionados pelo turfe. Com a chegada da estrada de ferro inglesa, um ramal se estendeu até o hipódromo.
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Na reta de chegada, um corpo à frente.
O prado permaneceu na Mooca por 64 anos, atraindo a alta sociedade do café, que vinha do centro fazer a sua fezinha nas corridas. A Marquesa de Santos, já idosa, era frequentadora junto a uma de suas netas. A sede social sempre permaneceu no centro da cidade, mas teve vários endereços: Rua do Rosário, Rua São Bento, Rua 15 de Novembro, Praça Antonio Prado e, finalmente, a Rua Bela Vista, 280. Com a crescente urbanização da cidade no início do século XX, decorrente das grandes movimentações trazidas pela riqueza do café, cogitou-se a transferência do prado da Mooca para a região onde está o Parque Ibirapuera, naqueles tempos uma vasta área de terras conhecida como Várzea de Santo Amaro, onde se projetava a construção de um parque público com área igual à do Hyde Park de Londres, ou metade da área do Bois de Boulogne,
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JOCKEY
Também nos anos 1950, um olho na pista e outro na aposta.
em Paris. Mas os eventos políticos, como a Revolução de 1932, as mudanças de prefeitos, as consequentes alterações nos projetos urbanísticos da cidade, além de outras questões técnicas, puseram por terra esse ideia. A presença do prado como âncora para os empreendimentos na Cidade Jardim, da empresa de urbanismo Cia. City, a levou a ceder um terreno seu na área para a nova praça de hipódromo. Em 1934, estabelece-se o acordo que cria o novo e moderno Hipódromo de Cidade Jardim. Sua inauguração, entretanto, só aconteceria em 25.01.1941. Com instalações novas e modernas, o Hipódromo de Cidade Jardim continua a ser um ponto de reunião da sociedade paulistana e, até o final dos anos 1970, foi um dos mais concorridos clubes sociais da cidade. Sua localização no bairro de Cidade Jardim está distante do centro da capital apenas oito quilômetros, com acesso através da Marginal do Rio Pinheiros.
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À esquerda, construções diversas rodeiam o Hipódromo erguido nos anos 1940. Abaixo, as tribunas que hoje abrigam corridas, bons restaurantes e eventos de decoração.
O arquiteto Elisário da Cunha Bahiana, autor do projeto do Viaduto do Chá, foi o responsável pelo projeto inicial deste Hipódromo, cujas instalações foram remodeladas pelo também arquiteto – e francês – Henri Sajous, da forma com que permanece até hoje. O conjunto conta com tribunas e pistas, paddock e locais para a comissão de corridas, pesagem, controle antidopping, e serviços veterinários e biológicos, laboratórios toxicológicos, tatersal para a realização de leilões, hospital para jóqueis e outros profissionais do turfe, entre diversas edificações como a Vila Hípica, o edifício da administração e residências para os profissionais do turfe, cinema, escola e jardim de infância, além da tribuna oficial dos sócios. Com Sajous, seus salões nobres foram decorados com poltronas e tapeçarias d’Aubusson, cortinas de seda tecidas em Lyon, ainéis em laca da China. O escultor Victor Brecheret, autor do Monumento às Bandeiras, e de quinze esculturas em mármore travertino romano no “novo” Jockey, colaborou com Sajous nos trabalhos de decoração.
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Charme dos anos dourados: em 1954, o Brasil acompanhava as corridas com eleg창ncia.
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JOCKEY
Foto atual do Jockey, no bairro de Cidade Jardim. Foto aérea: Paulo Brenta.
Hoje, o Jockey abriga cerca de 1.500 animais puro-sangue inglês de corrida, mais 500 cavalos abrigados nos centros de treinamento, que ajudam a formar os programas de corrida. O hipódromo conta com 4 pistas, uma de grama com 2.229 metros, e outra de areia, com 1.993 metros de volta fechada, usadas nas corridas oficiais, e mais duas pistas auxiliares de areia, para treinos. Para os cerca de 4.000 sócios e frequentadores, o Jockey oferece, além de seus salões para festas e eventos, um playground para os pequenos, localizado em frente das arquibancadas sociais; e três restaurantes: o Charlô, no primeiro andar da tribuna social; o Cânter Bar, em frente do disco de chegada, e a Mercearia São Roque, mais próximo do estacionamento. Vale lembrar que sua entrada é franca para as corridas, e que nelas o traje é o esporte – com exceção para transitar em algumas áreas e, claro, nos dias de grande prêmio. Parte integrante do circuito turístico da cidade de São Paulo, o Jockey Clube tem capacidade para 2.800 espectadores e tem abrigado grandes eventos em suas instalações generosas, além do tradicional Grande Prêmio São Paulo, uma das disputas mais importantes do turfe brasileiro, cheia de mulheres enchapeladas e homens elegantes, conforme a tradição. Integrado à paisagem, o Jockey Clube de São Paulo tornou os empreendimentos imobiliários em seu entorno muito valiosos, pois uma bela vista não tem preço.
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LAZER
TODO DIA NO PARQUE Ver nascer e crescer um parque é uma oportunidade rara! Aproveite esta chance no Parque do Povo. Foto: Paulo Brenta
“E
stas plantas estão aqui para serem sentidas, tocadas, cheiradas ou comidas...”, diz por escrito, em não tão bom Português daí em diante, o aviso espetado em alguns dos belos canteiros de mudas – estes ao alcance e à altura dos olhos, narizes, mãos e bocas – do Parque Mario Pitanga Camargo, o Parque do Povo, aberto em julho de 2008 no Itaim, junto à Marginal do Rio Pinheiros, pelo Prefeito Kassab e pelo então Secretário Municipal de Coordenação das Subprefeituras de São Paulo, Andrea Matarazzo. Acessível em diversos aspectos, inclusive facilmente por deficientes físicos, como manda a lei, o Parque é jovem, na verdade um bebê que engatinha, e por isso ainda pouco arborizado – a vegetação é rasteira em sua maior parte, apesar das antigas árvores crescidas que sobraram de vinte anos de invasão do belo terreno, e do semnúmero de espécies recentemente plantadas. Tudo convida ao passeio e, especialmente, ao movimento de forma geral. Até porque ele necessariamente começa antes mesmo da entrada, se possível desde que você saia de casa, já que o estacionamento à sua volta é bem restrito. O que, convenhamos, é saudável, contemporâneo, política e ecologicamente correto, mesmo que nem sempre muito prático para todo o mundo. Chegando ali a pé, portanto, a maioria dos usuários sai caminhando ou correndo, com ou sem cachorro (o que também é permitido neste mundo atual de adoração ao animal doméstico), pelas alamedas pavimentadas entre as extensas áreas gramadas, já que nada nos avisa que é proibido pisar a grama (ou na grama, há controvérsias). Mas o consenso na nossa cidade que carece de verde entende que não se deve fazê-lo, pelo menos em lugares em que ela, a grama, começa a tomar corpo e está sempre bem aparada. Para as crianças, dois parquinhos parecem bem alegres, com seus brinquedos modernos e coloridos, bebês, mamães e babás.
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TUDO CONVIDA AO PASSEIO E, ESPECIALMENTE, AO MOVIMENTO DE FORMA GERAL.
Árvores mantidas e grama bem aparada − respeito ao verde no parque novinho em folha.
LAZER
Dando um tempo na bicicleta ou correndo: o parque é de todos os esportes.
Para os mais crescidos, o mesmo estilo vanguardista dos aparelhos, neste caso adequados à musculação, é mantido. E sob os altos e extensos telhados dos pavilhões que abrigam banheiros e salas de administração, além de longas bancadas em alvenaria para alguma atividade a ser inventada, professores de educação física uniformizados podem ser vistos num sábado pela manhã ao lado de colchonetes azuis próprios para os exercícios, à espera de seus alunos, em geral moradores das
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redondezas. As quadras poliesportivas, cercadas de providenciais gradis altos, andam cheias de garotada barulhenta em plena prática do esporte, e o clima é muito agradável nestas tardes de meia-estação. As esculturas em bronze — poucas, pontuais — mantêm o tom lúdico deste Parque que é do Povo e cujo nome pegou logo, e está caindo aos poucos na boca dele da forma esperada: tanto O Homem na Chuva, de Christina Motta, em que um paulista apressado corre na grama de terno e gravata com seu guarda-chuva aberto, como quem pega um temporal com vento, quanto um dos Quadrúpedes do também artista plástico Florian Raiss, sensual e imponente sobre um pedestal em pedra, uma flor à mão...
MEMORABILIA
CONCEITO: ANTIGUIDADES SEM PRECONCEITO Juliana Benfatti e suas peças de impacto (antigas) na decoração (contemporânea). Por Sergio Zobaran | Fotos: Paulo Brenta
E
xcentricidades e curiosidades são o que Juliana Benfatti costuma vender em seu antiquário da Rua Sampaio Vidal. Trabalhando com decoração desde 1970, e com antiguidades desde a década de 1980, por ela já passaram gerações de clientes, e hoje são os netos dos primeiros que vêm bater à sua porta. Mudanças em três décadas, este tempo todo? Sim, e grandes: “Deu para observar que antes era o colecionador, e hoje a procura é mais pelas peças decorativas, com a orientação de arquitetos e decoradores”. E o que se vende mais? “Cômodas, um espelho, um lustre, um bom par de poltronas, como foco importante (de uma sala, de uma casa), único, excêntrico!”. Para ela, normalmente, os objetos devem refletir a preferência dos donos da casa – “e há quem goste de caixas, vasos, porcelanas, esculturas...”, diz uma Juliana sem preconceitos, mas com gosto bem definido pelo original, exclusivo e exótico, se possível, além do
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óbvio conforto, quando é o caso. “Por exemplo: prefiro indicar cadeiras de sala de jantar mais modernas, do século XX ou contemporâneas, por serem peças de uso frequente, e que devem ser resistentes. E gosto sempre de harmonizar uma mesa moderna com, pelo menos, duas cadeiras antigas nas cabeceiras, ou o contrário: cadeiras modernas e mesa antiga”. Afinal, relembra Juliana, já ensinando sem tom didático, mas aquele de quem pesquisou, aprendeu e agora passa adiante seu conhecimento com tranquilidade: “Mesas de jantar são uma invenção do século XIX – antes disso jantava-se em torno de uma grande mesa redonda coberta com tecido, em cadeiras de estilo Luís XV ou XVI, ou em uma mesa retangular também, colocada à frente de um sofá de estilo, nada confortável”. E continua: “mesas de frente do sofá (ou a famosa mesa de centro), também modernas, não eram usadas antigamente, somente as ‘coffee tables’, pequenas, para apoio”.
Original, exclusivo e exótico é o que Juliana garimpa pelo mundo e vende em São Paulo.
MEMORABILIA
Cadeiras: Se a antiguidade for boa, não importa o estilo. O que define é o gosto.
Mesas laterais ao sofá, ela gosta tanto das antigas como das modernas. Mas o que importa é que, na ambientação atual, a antiguidade vai bem sozinha ou no conjunto, e a antiquarista dá sua sugestão: “Proponho uma peça antiga, seja do século XVIII, do XIX, ou de design do século XX, como ponto de partida na decoração – é o eixo. E o resto gira em torno e por causa dela, determinando o tom geral a ser seguido. Porque faz o chic de uma casa o conjunto de sofás contemporâneos confortáveis mais arquitetura arejada mais layout equilibrado mais praticidade de tecnologias atuais”. Lembrando que uma peça de qualidade não sai de moda, pois reflete a personalidade do dono, ela aconselha, sem tirar o papel fundamental dos arquitetos e decoradores, seus parceiros a quem muito respeita, e de quem é amiga: “Também é válido juntar mais antiguidades, deixando o espaço mais preenchido, desde que a casa não fique com um ar cansado, mal tratado, amontoado – e por isso é sempre bom ter a orientação de um profissional”.
VINTAGE DO AMANHÃ Quando se fala em estilo, Juliana Benfatti é realista quanto ao que mais se vende, e o que está na moda: “Não gosto de moda e nem de tendência, no Brasil, por não termos a cultura da Antiguidade. Houve a moda do estilo Biedermeier, Império, e tudo passou. Generalizando: vendem-se cômodas e poltronas Régence, cadeiras dos estilos dos Luises, e há uma grande procura pelo design do século XX, da década de 1920 a de 1970”. Quando se pergunta sobre os materiais que ela entende como belos, confortáveis... o corte é rápido e objetivo: “Escolho as peças pelo impacto que provocam. Em primeiro lugar, por sua boa proporção; em segundo pela madeira com sua pátina natural; e em terceiro lugar, pela cor, quando existe, e pelo conforto, pois ninguém pode sentar numa cadeira de vidro!”. Mas pode até acomodar-se em móveis detonados (ou apenas admirá-los), tão presentes hoje em dia na decoração europeia: “Tenho o maior respeito por uma tapeçaria que reveste uma poltrona antiga, mesmo rasgada, pelo couro que cobre uma club chair de 1930.
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Ambientes nem tão clássicos assim. Algumas peças, como as mesas de centro, são acréscimos modernos.
Há como tratar, limpar, conservar, como se trata nossa pele. Ou deixá-los no estado, quase como uma escultura”. A mestra não diz, obviamente, os locais exatos onde garimpa os móveis e objetos que chegam à sua loja, mas explica como faz: “Me inspiro nos filmes de época, nos livros, biografias, estilos que marcaram, nas viagens, descobrindo o que cada cultura tem de único e essencial. Tenho a sorte de conhecer pessoas que têm estilo, personalidade interessante, histórias curiosas, com hábitos e comportamento que são um aprendizado. E não perco desde uma feirinha de rua até o mais importante salão
de arte e/ou antiguidades internacional”. Ao final da entrevista, propusemos uma aposta. Afinal, no que devemos investir hoje, para que seja o bom vintage de amanhã? E eis a resposta precisa, detalhada e seguida de um alerta: “No bom desenho brasileiro das décadas de 1940/50/60, o que já é valorizado na Europa, pois nosso jacarandá está no fim... Guardaria a poltrona Favela dos Irmãos Campana e prints originais de um bom fotógrafo. Além de peças dos consagrados Giò Ponti, Leleu, todo mobiliário francês das décadas de 1930/40. E digo que você não deve ‘jamais’ jogar fora sua cômoda do século XVIII!”.
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NOBLESSe
OBLIGE
DEVER DE CASA: “NO CONDOMÍNIO, CHIC É SER CIVILIZADO!” A especialista Gloria Kalil reforça a lição que todos devem fazer para viver em apartamentos. Por Sergio Zobaran | Fotos: Divulgação
“N
ão tem acho ou não acho”, diz Gloria Kalil, enérgica, porém delicadamente, do alto do seu conhecimento aprendido e trabalhado, e do bom senso aplicado no dia a dia, e que a levaram à categoria de best seller, durante os últimos quase quinze anos, com seus quatro livros sobre moda e comportamento, até agora: Chic, Chic Homem, Chic [érrimo], e Alô, Chics! Para ela, a regra “número 1”, básica, é seguir a convenção do prédio em que se mora e/ou se trabalha, e que deve sempre estar à vista de todos, nos lugares públicos, o tempo todo: nos elevadores, e nas demais áreas comuns, como o health club, o Spa, a piscina, etc. Assim, todos sabem como devem se comportar e, também, “quando se está desobedecendo”. Afinal, iremos compartilhar, durante anos, o nosso condomínio – e seus espaços de lazer e facilidades, além da portaria e da garagem –, e é preciso que a atitude de moradores e empregados seja civilizada – ou não é chic, certo? Para começar, devemos cumprimentar as pessoas desde o elevador, inclusive as crianças, “sempre esquecidas, como se não fossem gente (ainda que nem sempre se obtenha resposta)”, mas não é necessário bater papo ou desenvolver uma longa conversa. E para continuar, sempre de volta ao “manual”: lembrar-se de respeitar os horários de silêncio
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naquelas horas em que não resistimos e ficamos loucos para pendurar logo um quadro, ou queremos ouvir música alta (e temos home theater!; mas este deve ter tratamento acústico), ou damos festas, ou ainda quando fingimos que esquecemos que temos filhos crianças e adolescentes, e netos... “Morar em edifícios, por mais luxuosos que sejam, tem suas vantagens e desvantagens”, pontua, e “definitivamente não é igual a morar em uma casa” (que também tem suas desvantagens, claro). “Trata-se de uma acomodação urbana, e que envolve vizinhos. Portanto, se a intenção de uma festa é que seja uma rave, por exemplo, porque não transferi-la para um bufê (de eventos)?”. No assunto garagem, também se deve voltar ao princípio e seguir as leis internas. Mas o bom senso e a boa educação indicam que os que chegam da rua devem ter preferência, e que devemos esperá-los entrar para podermos sair, assim como no elevador, da mesma forma. “E não adianta apertar o botão de cima quando se quer descer, e vice-versa!”. É inútil, bem como apertá-lo diversas vezes, e só faz as pessoas perderem ainda mais tempo, naturalmente: “Isso não pode”. O uso do interfone também é lembrado: “depende da intimidade entre os vizinhos”, mas assuntos mais particulares devem ser tratados por outro meio, segundo ela.
Gloria é “chic” há muito mais de quatro livros, até porque é muito bem educada.
NOBLESSE
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Nos condomínios em que se vive, deve-se manter a discrição, da portaria à garagem. À esquerda, perspectiva ilustrada do hall.
Nas reuniões de condomínio, outro exemplo, os proprietários só podem ir acompanhados de pessoas de fora (cuja contribuição se considere indispensável) se estas tiverem sido anunciadas e aprovadas – a cada vez. Aliás, recomenda-se uma relação cordial com o síndico e com os funcionários, seus ou dos outros, como com todas as pessoas que se conhece ao longo da vida, claro. No caso dos seus próprios empregados, é fundamental instrui-los para que cumpram os estatutos, que não deixem seus rádios de qualquer tipo em volume alto, que não gritem com e para as crianças, etc. Como vivemos uns em cima dos outros, “veja que o que se faz em cima reflete embaixo”, e ainda: “Não tente impedir as fofocas” (inevitáveis, entre outros lugares, em salas de motoristas): “É só não dar corda. Pois fofoca não se faz, só acontece quando alguém a ouve”, diz Gloria, rindo. E como é preciso, hoje em dia, conviver com os agentes de segurança, da mesma forma deve-se manter a discrição, e as regras gerais acima, como para todos.
COM QUE ROUPA? No uso do SPA, do health club, da piscina e da quadra de tênis, a situação é mais informal, mas requer os mesmos padrões de vestimenta adotados por aqueles que vão à praia ou ao clube. Um roupão pode perfeitamente ser usado desde casa, no elevador de serviço, bem como bermudas, camisetas e saídas de praia, mas com certeza serão necessários: exame médico e um conhecimento prévio das normas que permitem a entrada de convidados, um ponto polêmico: “Ou não, pois para isso existem as regras, como falamos”. Enfim, devemos ser civilizados com os vizinhos, mas – sem parecer frio ou desumano – a grande vantagem do condomínio é a preservação do anonimato, e poder até querer não falar com os outros. O que não nos impede de sermos civilizados com todos, inclusive quanto aos animais domésticos. “Cachorros são a alegria de seus donos, mas podem ser o calvário dos vizinhos. Há gente que tem alergia ou medo deles, por isso a prioridade dos humanos nos elevadores de serviço deve ser respeitada. Ao encontrar com um vizinho no elevador, segure o cão para que ele não fique cheirando ou lambendo as pernas de quem não o conhece e nem gosta de bichos. Sem falar, é claro, que não se deixa um cãozinho jovem sozinho à noite em casa para que ele não fique ganindo de solidão até seu dono voltar”.
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PISCINA
REI DAS PISCINAS Sem mergulhar, o artista plástico Luiz Pizarro deu um salto profundo na piscina do Esporte Clube Pinheiros e saiu de lá com uma (ou duas) de suas fases mais intensas, em real mergulho no azul.
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á dois anos, o pequeno, ágil, falante e atlético até o último músculo Luiz Pizarro, com pouco mais de cinquenta, atravessou o portão do Clube Pinheiros, a 215 metros do 106 Seridó, por vinte dias seguidos, a fim de registrar os treinos incansáveis dos saltadores de lá. Veio à tona com um rico material, em muitas fotos e um vídeo de vinte minutos, sobre os quais trabalhou em duas fases na sua pintura. Na primeira, imediatamente posterior ao registro, apareciam nas obras os resultados quase abstratos que deixavam transparecer o fundo da piscina, com suas raias pretas tremidas, e a água ondulante depois da queda. Agora, mudou bastante: “Hoje (passado algum tempo, e já trabalhando numa segunda fase), houve uma evolução, com a entrada da figura humana”, Pizarro deixa claro. Um dos pontas-de-lança do movimento Geração 80, que revelou no Parque Lage, no Rio de Janeiro, nomes de alcance nacional e internacional nas artes como Adriana Varejão, Beatriz Milhazes, Daniel Senise e Luiz Zerbini, ele, que antes estava ligado à imagem do salto e de seu efeito, agora tem os saltadores em si como a representação de uma forma: “As imagens foram multiplicadas, e alguns deles, reunidos, ganham o formato de corais, por exemplo”. No entanto, nem o salto, nem a piscina, e não necessariamente o(s) saltador(es) tão somente estão em pleno foco. Ou estão, todos ao mesmo tempo. Pois, em evolução de novo, como o tempo todo, “esta é a ideia do pop (art), deixando de ser apenas a imagem de um saltador”, afirma.
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Pizarro, da Geração 80, nada todos os dias e depois pinta sem parar, como nesta sÊrie das piscinas. Foto: Paulo Brenta.
PISCINA
Raias aparecem no fundo da piscina, primeira fase. E os saltadores que vêm depois (pg. da direita) se unem e parecem corais, segunda fase.
Em fevereiro deste ano, Pizarro expôs e vendeu parte destas duas fases da piscina na Galeria do Frade, no hotel de mesmo nome, em Angra dos Reis, por conta de seu talento e da velha amizade com Helena Borges, mentora do espaço expositivo da família Borges que criou este primeiro resort no Brasil. Portanto, as telas só foram reveladas lá, até agora, mas ainda há muitas obras a serem mostradas, a maioria em tinta acrílica sobre tela, medindo 1mX1m ou 1,5mX2m. Nelas aparecem vermelhos pontuais, verdes e preto. Mas é no azul que ele mergulha mais fundo em suas tintas, como se vê literalmente nas fotos. Do ateliê localizado no Baixo Augusta, o carioca – que expôs também recentemente no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro suas cenas da cidade em parafina branca, com imagens dos morros
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da cidade sobre elas em preto, em tom dramático, quase uma denúncia –, sai diariamente bem cedo em São Paulo, onde se radicou há cinco anos, para a academia ou para uma piscina, onde nada sem parar. Exercício ou inspiração? Parece que ambos, pois sua carreira está marcada por alusões sutis ou explícitas a diversos esportes, como a asa delta, no início, e as lutas marciais. Mas, no momento, o que transparece mesmo é a paixão pela água e pelos líquidos coloridos, as tintas que espirram de suas latas na roupa e nas paredes desta casa-ateliê, e que fazem dele um ser em movimentos constantes, rápidos e precisos, daí a beleza do trabalho, de uma imprecisão voluntária, e de rara beleza que poderíamos chamar de impressionista, mas com toda a contemporaneidade que lhe cabe.
Foto: Paulo Brenta
Quatrocentão
ORGULHO PAULISTA
COM TODA RAZÃO A poucas décadas de se transformarem em “quinhentões”, os “quatrocentões” paulistas existem, sim! E têm muita história, com um passado de grandes realizações. Saiba quem são eles o por que da denominação e conheça a origem da família Prado, a mais emblemática do estado de São Paulo. Por Ana Maria Santeiro | Fotos: Instituto Moreira Salles
O
termo “quatrocentão” designa as antigas famílias de São Paulo descendentes dos primeiros colonizadores, distinguindo-as dos imigrantes de diversas nacionalidades, relativamente recémchegados ao País. Apesar da globalização e cosmopolitismo da sociedade paulista contemporânea, o “quatrocentão” permanece como lembrança dos Bandeirantes pioneiros e povoadores, especialmente os descendentes de João Ramalho e Bartira, com ascendência provada através de livros de acentos de batismos e de casamentos paroquiais de São Paulo, como, por exemplo, os guardados no arquivo da Cúria da Arquidiocese da cidade de São Paulo. O termo “família quatrocentona” foi usado pela primeira vez em 1932 pelo escritor e jurista José de Alcântara Machado de Oliveira e se referia, de maneira elogiosa, às famílias que chegaram à época da fundação da vila, e que resistiram fortes e significativas por sua história. Como ele mesmo se declarou em seu discurso de posse na Academia Brasileira de
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Letras: “um paulista há quatrocentos anos”. Segundo o historiador Marcelo Amaral, o termo ganhou novas conotações quando das comemorações do 4º Centenário de fundação da cidade, em 1954. “Quatrocentão” designaria assim a elite paulista tradicional, ou seja, a antiga aristocracia, descendente dos “barões do café”, empresários rurais bem sucedidos neste ramo ou em outros do comércio e da indústria, descendentes dos Bandeirantes e de colonizadores pioneiros, fundadores de São Vicente, São Paulo e demais vilas quinhentistas paulistas, que fincaram profundas e poderosas raízes econômicas e sociais. Tal condição cunhava uma oposição mais explícita aos descendentes dos imigrantes, naquele momento também já bem sucedidos nos negócios, os “novos-ricos”, em condições de formar uma nova elite, não mais baseada na herança da terra, mas na indústria ou na exportação de café, como é o caso das famílias Matarazzo, Suplicy, Dumont, Schimidt e Lunardelli, entre outras.
Tradição que resta: a Casa das Rosas, projetada por Ramos de Azevedo para sua filha, é o último palacete na Av. Paulista.
No início do século XX, a elite paulistana tentou singularizar-se, separando-se dos imigrantes, através de escolas e clubes exclusivos, aos que, anos mais tarde, teriam seus descendentes classificados como “quatrocentões”: Clube Athletico Paulistano, Jockey Clube de São Paulo, Automóvel Clube de São Paulo e o Velódromo de São Paulo são exemplos desta tentativa segregadora. Pelo seu lado, os imigrantes criavam também seus próprios clubes: o Germânia, atual Esporte Clube Pinheiros, da colônia alemã; o Palestra Itália, atual Palmeiras, e o Juventus, da colônia italiana; o Corinthians dos espanhóis, e o São Paulo Athletic Club, dos ingleses. Mas a força da miscigenação brasileira acabou falando mais alto. Afinal ela se dera desde os primeiros povoamentos da terra brasilis: portugueses, índios, africanos, espanhóis, judeus conversos, degradados e membros da baixa nobreza dos séculos XVI e XVII já haviam se miscigenado, criando uma tradição mameluca que não resistiu às novas levas de italianos, espanhóis, alemães e japoneses dos séculos XIX e XX. Aos poucos, a chamada elite paulistana foi se miscigenando com os imigrantes, e os estrangeiros começaram a ser recebidos naqueles clubes antes frequentados exclusivamente pelas antigas famílias paulistas.
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O mais importante, como indica Maria Luisa Marcílio, professora titular do Departamento de História da USP, em seu livro A Cidade de São Paulo – Povoamento e População (Editora Pioneira, 1974), é que não se formaram guetos na cidade, apesar de haver bairros com presenças étnicas muito fortes, como, por exemplo, os italianos no Brás. A família Prado é exemplo de quatrocentona, tanto pela presença constante nas referências da cidade pelos seus descendentes como pelos nomes que nomeiam ruas e logradouros públicos. O primeiro Prado – Antonio da Silva Prado, chegou ao Brasil no século XVIII. Sonhava em ficar rico com a descoberta do ouro, mas acabou tornando-se comerciante e proprietário de terras no interior de São Paulo. Casou-se com Antonia Vicência Rodrigues de Almeida. Seu filho Antonio da Silva Prado (1778-1875) fez fortuna no comércio de tropas de animais e com a cobrança de impostos sobre a circulação de animais em Sorocaba. Em 1820 ingressa na política municipal. Em tempo de independência do país, mergulha de cabeça na construção do novo país. Foi capitão-mor de São Paulo, vice-presidente da província de São Paulo, comendador da Imperial Ordem de Cristo e oficial da Imperial Ordem da Rosa. Em 1848, pelos relevantes serviços que prestou à causa pública, foi elevado a barão.
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Quatrocentão
Na página anterior: inaugurada em 1891, a Av. Paulista foi impulsionada pelo desejo dos cafeeiros de possuírem residência na cidade.
Sua filha Veridiana Prado (1825-1910) também educou seus filhos para exercer o papel de exemplo, liderança e destaque na política, nos negócios, na vida social e cultural. Casada aos 13 anos com seu meio-tio, Martinho da Silva Prado, teve seis filhos, que seguiram a tradição: Antonio da Silva Prado, o primogênito foi Ministro de Estado, senador, deputado e prefeito de São Paulo, comandou o processo de urbanização da cidade e liderou no Parlamento a aprovação da Lei Áurea. Como empreendedor e homem de negócios, instituiu e comandou empresas e negócios em todas as atividades econômicas que marcaram o extraordinário progresso de São Paulo na virada do século XIX para o século XX: comércio (a exportadora de café Prado Chaves), estradas de ferro (Cia. Paulista de Estradas de Ferro), indústria (Vidraçaria Santa Marina) e banco (Banco Comércio e Indústria-Comind). O segundo filho, Martinico Prado (1846-1906), foi um dos fundadores do partido Republicano paulista, líder abolicionista em São Paulo, um dos responsáveis por organizar a imigração italiana; como importante cafeicultor, foi um dos desbravadores das fronteiras agrícolas do interior de São Paulo. O terceiro, Antonio Caio Prado (1853-1889), foi presidente das províncias de Alagoas e Ceará. Eduardo (1860- 1901), o caçula, foi fazendeiro, dono de jornal, escritor historiador e membro fundador da Academia Brasileira de Letras. As filhas: Anésia casou-se com Elias Pacheco Chaves (1842-1903), grande empreendedor, principal sócio e parceiro econômico dos Prados, também vereador,
vice-presidente e presidente da província de São Paulo. Ana Brandina casou-se com um diplomata, Antonio Pereira Pinto Júnior. Dona Veridiana promoveu encontros de intelectuais, artistas, políticos e cientistas, impulsionando debates políticos e literários na saraus em sua chácara. Antonio, o Conselheiro Prado, fundou clubes para incentivar o esporte, criou teatros, promoveu concertos musicais nas praças públicas para reunir o povo e a elite paulista. Martinico esteve à frente das questões políticas cruciais. Antonio Caio aceitou a missão de presidir as províncias de Alagoas e Ceará, onde faleceu de febre amarela. Eduardo teve importante atuação cultural e literária. Outros descendentes dos Prados ainda deixaram contribuições importantes para a história de São Paulo e do Brasil: o historiador Caio Prado Júnior, autor dos clássicos Formação do Brasil Contemporâneo e História Econômica do Brasil; Fábio Prado, empresário, banqueiro, presidente de importantes empresas como a City Paulista de Terrenos, presidente do Jockey Clube de São Paulo, também vereador e prefeito de São Paulo. O escritor, historiador e mecenas das artes Paulo Prado; Antonio Prado Júnior, prefeito do Rio de Janeiro. Eduardo Pacheco Chaves, primeiro piloto a voar do Rio de Janeiro para Buenos Aires. E João Pacheco Chaves, neto de Elias, presidente do IBC, deputado federal e um dos fundadores do MDB (Movimento Democrático Brasileiro), na década de 1960, em oposição à ditadura militar.
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RELAX
PORQUE HOJE É SÁBADO Em homenagem a Vinicius de Moraes, o poeta e diplomata que soube viver – apesar dos dias de chuva (mas ele nem era paulista!). Por Sergio Zobaran
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em dias que a gente se sente (ops, esta letra é do Chico Buarque) você sabe como. Chove forte lá fora e, em qualquer cidade do mundo, nesse momento, a chatice é uma só. Pior, parece que entra na gente também. Você começa tentando ler o jornal do dia, que logo acaba. A solidão aumenta, e, mesmo que cercado de gente, você gosta. Mas acha chato ao mesmo tempo. Liga pra revistaria, dia de renovar o estoque – hoje não estão fazendo entregas, o mensageiro faltou. Ah, finalmente vai tentar ler o livro que você ganhou, ou trouxe na badalada noite de autógrafos do amigo, ou que foi mais uma compra impulsiva daquele gadget eletrônico que agora chamam de livro, e que ficou ali na mesa de cabeceira, onde mesmo?, e você nunca leu. Chegou a hora, agora, tá ali. Primeira página, rola para a segunda, bocejo, a terceira, mais uma etapa vencida, mas que história sem pé nem cabeça! É muita coisa para um dia: ler o que está (se) devendo, e ainda desta maneira moderninha. Fica para amanhã, então. Para outro dia, e quem sabe você até já passa adiante com generosidade a bugiganga na família mesmo. Boa ação do dia a ser feita, ponto para você. Relaxa. Pega o controle remoto indecifrável (porém universal!) que só usa para aumentar o volume da TV, e subir e descer números que apontam centenas de canais: 30, filme no final; 40, já vi; 50, telejornal, já li sobre o desastre ecológico; 70, seriado chato; 89, seriado velho, reprise; 112, seriado novo, não conheço; 242, girafa, elefante, macaco, déjà vu; sem prestar mais atenção, tudo de novo, 20, 30, 40, 50, esportes radicais, música alternativa,
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política insuportável (até hoje?!?), reprise de novela mexicana que não vale a pena ver de novo, nada. A TV nunca tem alguma coisa que a gente queira ver nessa hora. Nada! No frigir dos ovos (alerta de fome!), ou está acabando o filme espetacular que você imaginou por segundos como tábua de salvação, ou você acaba de perder o game final da partida de tênis imperdível, certo? Tentativa número 5 (depois do jornal que lhe manchou as mãos de preto, do desejo reprimido da revista, e a assinatura ainda não chegou, da possibilidade do livro impresso que virou eletrônico, da TV de sempre: comer! Mas você lembra que acaba de tomar café, ainda meio dormindo, na cama, trazido com carinho. Daí, azar, encara o bombom da caixa ganha na véspera e que prometeu não tocar, dar para as crianças, deixar para as visitas. Um, dois, três, chega. Banho e despertar de vez, pois somos civilizados e não há desculpa para deixar de sair de casa no fim de semana em função de uma chuvinha à toa. Corte para olhar lá fora: chove pacas. Como é que a gente faz quando está em Paris e acontece isso? Sai. E em Nova York? Sai também, até sob a neve, e acha tudo o máximo. Em São Paulo? Bem, aqui chove sempre. OK, quase sempre. De vez em quando, conclui o otimista. Pensa em sair, mas tem que chegar com sugestões concretas para quem está a seu lado, concorda? Cineminha, restaurante, shopping. O trio óbvio nem pensar, vai bater na trave. Inventar programa novo dá um certo trabalho, mas o computador está aí para ajudar. Pega o notebook, pode ser o netbook. Desligado. Sem bateria. Pega o notebook, o netbook, o celular, mas a letra é muito pequena.
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Pega o notebook novinho, que delícia, põe na tomada, aperta o botão, espera abrir, dá uma googada e pronto. O filme que queria ver está passando longe daqui, o show do ano está com os ingressos bons esgotados, claro. Quem mandou deixar para a última hora e dispensar a promoção incrível do cartão de crédito, com direito à entrada na área V.I.P., um drink nacional incluso, à base de um rum também incrível em lançamento, salgadinhos grátis (e você de regime), celebridades ao seu lado e mais algumas milhas na conta? Põe o notebook, o netbook, sei lá, de lado, vira pro outro, diz que vai dar uma descansadinha e não explica porque, e dá uma cochilada rapidinha, sonhando profundamente com aquela entrevista pro programa de TV, você se escondendo, fugindo, não, não, não quero mais ser artista e dar entrevistas falando de meu próximo projeto (não sei ainda se vão me chamar para a novela das oito, dizer o quê?). Não! Acorda meio assustado, mas descobre que a realidade é outra. E que, na TV, o Amaury Jr. está ao lado de seu amigo, que conversa bem feliz e meio bêbado – mudaram o canal ou mudou o seu amigo? Bem, não te avisaram. “Você chegou a roncar!”, ouve sem pestanejar, pois ainda está meio dormindo, não lembra que dia é hoje, onde estou, tudo é tão estranho. Nessa hora você olha pela janela, agora descortinada, começa a descobrir que a chuva diminuiu muito, que tem até possibilidade de o tempo abrir, que rir é o melhor remédio, que as crianças estão dormindo cada uma na casa de um amigo, que tem empregada, que você é casado, que absolutamente não quer ser uma celebridade – e nem precisa dizer isto
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RELAX
“EM SÃO PAULO? BEM, AQUI CHOVE SEMPRE. OK, QUASE SEMPRE. DE VEZ EM QUANDO, CONCLUI O OTIMISTA”.
para o analista, pois está bem resolvido na sua cabeça, não é mesmo? Afinal, hoje ainda é sábado, e dá tempo de uma porção de coisas. Namorar em casa e depois namorar – e comprar! – aquele relógio que você viu na revista (mas que revista? Ou foi no jornal, no site, ou no pulso do amigo na TV), almoçar com tempo no restaurante que adora, e aí a única condição é chegar mais cedo hoje. Depois tem um cineminha gostoso pra ir, pois o shopping é ao lado e tem um monte de salas, nem precisa reservar. Nem reabrir o note-netbook. E como você ainda não viu mesmo nenhum dos filmes indicados ao Oscar de 2011, tanto faz também, né? Basta ser bom, com os atores que você imaginou, pipoca e a companhia que você ama, quer mais o quê? Ih, (agora totalmente alerta)!!! O convite colocado na sua cara adverte: tem casamento hoje. Com recepção mínima, só quinhentos convidados, tipo tem-que-ir, pois sou da família. Roupa, maquiagem e cabelo pra uma, terno e sapato bicudo pro outro, tem camisa branca de colarinho italiana passada? Ah, vai, você sabia de tudo isso. Só que agora acordou de vez. E para tomar decisões bem menos importantes que todas as outras que precisa tomar na semana. Faz o seguinte: vai pro Spa rapidinho, já vem de banho tomado, vamos almoçar fora, o cineminha dançou mesmo, e vai ao casamento. Tem um bando de amigos lá, um uisquinho (de novo: porque hoje é sábado, e amanhã vai ser outro dia). Mas isto não é também letra do Chico? Ah, a chuva parou. Tá o maior sol... Sorria, você está em São Paulo.
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SHOPPING
AS COMPRAS MORAM AO LADO “Iguatemi, a casa que idealizamos ter. Requintada, acolhedora, cheia de si, plena de autoestima. Única.” Ignácio de Loyola Brandão. Por Léa Maria
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om quase meio século de vida, o Shopping Iguatemi, na Avenida Faria Lima, em plena região dos Jardins, é um ícone - e continua(rá) sendo uma referência para a cidade pelo seu pioneirismo no setor, além de extremo bom gosto. Afinal, ele foi, efetivamente, o primeiro entre os atuais cinquenta shopping centers erguidos na capital de São Paulo. Renovando-se continuamente, no decorrer do tempo, é centro de moda e de tendências, se mantém moderno e é frequentado por todos que vão às compras, ou que querem simplesmente encontrar amigos ou relaxar — em um ambiente sempre atraente e super agradável — até porque soube se renovar. No Shopping Iguatemi estão lojas das mais célebres marcas do luxo europeu encontradas nas grandes capitais ocidentais e do Oriente. Dentre as que mais recentemente entraram para o mix do Iguatemi, a Gucci, com a sua linha de couros inigualáveis, a eternamente jovem e ao mesmo tempo tradicional Louis Vuitton, com a qualidade extrema dos seus produtos, a Armani com as recentes coleções de vestidos, a Diesel e seus jeans, a informalidade da Dolce&Gabbana, a grife Louboutin, com seus sapatos de sola vermelha, objeto de desejo feminino total! Além da Swarovski e seus cristais, da Breitling e seus relógios que tem John Travolta como garoto-propaganda, da Rolex não-há-quem-não queira-um, e de todas as melhores marcas nacionais.
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Iguatemi, o mais clássico da cidade.
Na área de entretenimento e de alimentação, há os confortabilíssimos cinemas, com seu hall majestoso em lambris de madeira, chique e moderno como todo o décor, inúmeras cafeterias e restaurantes, o Gero Café logo na entrada, no térreo... No meio do grande jardim da Praça Central, renovado todos os anos pelos melhores paisagistas de São Paulo, o emblemático relógio de água colorida se mantém desde a inauguração, em 1966, quando a Faria Lima ainda era uma rua estreita chamada Iguatemi. O relógio é um dos símbolos da cidade. Nas suas redondezas, torres de prédios residenciais, com apartamentos de luxo, foram sendo erguidas, tornando a região ainda mais especial. Para completar o leque de opções oferecidas pelo Iguatemi, que é a cara do paulistano requintado, tem ainda o salão de eventos que abriga, entre outros eventos, parte dos desfiles do São Paulo Fashion Week, e a reconhecida mostra SPArte/Foto. Regularmente há outras exposições temporárias nas suas praças e nos seus malls. Viver no entorno do mais querido shopping de São Paulo é um privilégio. Lá, as compras, o lazer, os serviços e a diversão moram ao lado — a vida inteira.
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TECNOLOGIA
AUTOMAÇÃO: SIM OU SIM? Da fechadura biométrica* no hall de entrada do apartamento do 106 Seridó ao acionamento de todo o som, imagem, iluminação, persianas e cortinas, ar condicionado e irrigação, além de câmeras de segurança, com possibilidade de controle total pelo seu iPhone, iPod Touch e iPad.
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uem visita o apartamento decorado do 106 Seridó já pode ter uma boa amostra daquilo que vai encontrar de benefícios concretos, reais e até virtuais, dentro de pouco tempo, no seu próprio apartamento. Foi criado um sistema exclusivo de automação básica de cada unidade, para lá de moderno e sofisticado, que pode dar a você o controle total de sua casa pelo iPhone, iPod Touch ou iPad. Quer saber como? O engenheiro Henrique Bozzo, da Computec, que desenvolve sistemas há vinte e cinco anos, criou um exclusivo sistema de automação e distribuição de áudio e vídeo digital que está sendo oferecido no pacote básico a todos os moradores. Seus equipamentos e suas características principais são: painel LCD touchscreen de 7 polegadas com interface gráfica colorida, em sua caixa metálica de acomodação para o painel Netstreams, e leitor biométrico no hall social, o que quer dizer identificação imediata do morador, que assim não precisa carregar chaves quando sai, ou chega, claro. As marcas e modelos dos equipamentos sugeridos por Bozzo obedecem a um critério super rigoroso de avaliação, e inúmeros opcionais podem ser acrescentados. Ele explica: “Podemos oferecer múltiplas zonas de sonorização, pois o sistema apresentado pode controlar zonas independentes. Os
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ambientes terão acesso às fontes em comum: CD, DVD, SKY e iPod. E tanto o som Netstreams quanto a iluminação livelight a serem adquiridas pelos clientes permitem ser acionados por controle remoto universal”. Podem ainda ser acrescentados: controle atual por LCD, acionamento opcional por Keypad ou por controle remoto Netstreams/universal, campainha (MP3) e interfone IP/Netstreams. E pode-se ter o controle Individual de volume, mute, on/off para cada zona. “É possível, ainda, utilizar a entrada de som local para se ligar um iPod (MP3 player), computador ou mesmo um discman, e este som sair apenas no som ambiente local”, complementa.
PARA OS ESPECIALISTAS Henrique Bozzo continua: “Temos previsão para media server – o nosso sistema DHS (Digital Home Server) pode ser utilizado com fonte de áudio IP, usufruindo assim dos playlists já programados no sistema, entre outras opções. Porque opcionalmente pode-se adicionar um sistema com equalização gráfica individual por ambiente. E ampliar as zonas, selecionando fontes de áudio para outros ambientes, em situações específicas, tipo festa, jantar, etc., nos quais o som de um deles venha a ser roteado através dos painéis
Biometria: a tecnologia bate à sua porta, ao alcance de apenas um dedo da mão.
de automação para todos os outros simultaneamente, sem atraso”. A visualização de câmeras IP (Panasonic) também é um belo opcional, assim como o controle de iluminação, persianas e cortinas de todo o apartamento. Da mesma forma pode-se controlar totalmente o ar condicionado (Daikin ou outro compatível), assim como fazer o controle e a visualização através da rede local wi-fi por notebook, celular, PDA ou Pocket PC (outro opcional: acionamento por internet e celular, com Windows mobile e flash). E podem-se adicionar outros painéis com funções iguais ou diferentes, mais keypads de controle de som ou iluminação. Opcional ainda: pode-se integrar o som ambiente ao home theater e distribuir vídeo digital IP para todo o apartamento, além
de integrar o sistema de segurança. Outras facilidades: interface para controle por voz e para telefonia IP. Mais um: ampliação das zonas de dimmerização e controle de iluminação também para todo o apartamento, além de interface para irrigação automática, com adição de quantos painéis de controle LCD forem necessários, e também quantos teclados inteligentes (Keypads) de controle forem desejados. “A grande vantagem de tudo isso para o morador é que ele vai receber uma infraestrutura que lhe permite receber todas estas vantagens, sem precisar quebrar o apartamento para instalá-las”, encerra Bozzo, que promete um verdadeiro computador de bordo (para reger sua casa) a quem optar por usufruir do equipamento completo.
* Sistema de fechadura biométrica: leitora biométrica para 1.000 digitais, de embutir, leitor óptico 3D, para uso autônomo, 2 relés (pânico e porta), led 3 cores. *Para mais informações sobre a automação, consulte o memorial descritivo.
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BÁRBAROS, MAS NUNCA DOCES Vinhos da melhor qualidade, com reconhecimento internacional, são produzidos na Itália em uma propriedade do século XVI pelo sofisticadíssimo casal d’Amico, ele italiano e ela brasileira, nas altas e espetaculares terras que já viram passar legiões de bárbaros, além dos romanos.
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a Itália, em pleno berço da civilização etrusca, região que presenciou a passagem de romanos, godos e lombardos, está o Vale de Vaiano, terra dos “calanchi” (sulco de erosão cortado pelas águas nos escarpados argilosos), que se estende no alto vale do Rio Tibre, nos limites da Toscana, do Lazio e da Umbria. É onde está localizada a Villa Tirrena, imensa em seus 90 hectares, e com um conjunto de estruturas rurais em pedra do século XVI, absolutamente restaurado. A terra é de antiga tradição vinícola, e o casal Paolo e Noemia d’Amico, ele italiano de uma família de armadores e ela brasileira de origem portuguesa, original do Rio de Janeiro, decidiu ali se dedicar à terra e aos vinhos. Tudo começou, nos anos 1980,
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com uma videira Chardonnay que gerou alguns ótimos vinhos e o reconhecimento em seu país e no exterior. A grande casa abriga a cantina com seus tetos altos em volutas, arcos românicos e portões de madeira e ferro forjado. E nestes cerca de vinte e cinco anos, a produção passou das trinta mil garrafas iniciais para as cem mil atuais, entre três vinhos tintos e quatro brancos. Os rótulos dos tintos são: Notturno dei Calanchi, Villa Tirrena e Seiano Rosso. E dos brancos são o Falesia, o Calanchi di Vaiano, o Seiano Bianco e o Noe (leia abaixo entrevista de Noemia, em que fala deste vinho produzido em sua homenagem). Hoje, além das Chardonnay, nas vinhas são cultivadas as uvas Grechetto, Malvasia, Procanico, Pinot preto, Cabernet Sauvignon e Merlot.
O casal Ătalo-brasileiro Paolo e Noemia d’Amico, em sua propriedade, a Villa Tirrena.
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Vinhos aos 25 anos: “É o tempo, sobretudo, que cria a qualidade”, diz Noemia.
O VINHO QUE OUSA DIZER SEU NOME: NOE Com exclusividade, Noemia d’Amico fala de seu vinho – o Noe –, criado especialmente para o Brasil e produzido em sua própria vinícola. No Vale dos Calanchi ele é envelhecido na cave, como os demais, ao som de óperas cantadas por Maria Callas. A história da Noemia (Osório, de nascimento) d’Amico com os vinhos começou nos anos 1980, “quando eu vim morar na Itália, com meu atual marido Paolo d’Amico”. A brasileira Noemia continua: “Então trabalhava para o Christian Dior e, já com dois filhos pequenos de um precedente casamento, nos estabelecemos em Roma. Apesar de continuar com Dior, o sonho dos vinhos, e da “campagna”, nasceu imediatamente junto ao nascimento da nossa primeira filha, Alessia. Como toda história de vinhos e vinhedos, é o tempo, sobretudo, que cria a qualidade. Então, depois de vinte e cinco anos, os vinhos estão no seu apogeu. Existe um vinho Noe (de Noemia), certo? Quais são as suas características? O vinho Noe nasceu para o Brasil. Sentia a necessidade, cada vez que ia ao Rio, minha cidade natal, que precisava de um vinho muito fresco e com pouco teor alcoólico para suportar o Rio 40º!!! Então nasceu o Noe, que virou grande sucesso – não só no Brasil, mas internacionalmente, pois é um vinho de alegria, que pode ser bebido até as cinco da manhã, sem “hang over”!!!
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A adega: vinho envelhecido ao som de óperas.
O que mais aprecia na vinícola: alguma fase específica de sua produção, o lugar, a degustação? A degustação ideal é dentro das nossas caves, com a voz da Maria Callas – que, ao som de suas óperas, faz envelhecer de uma maneira especial nossos vinhos. Ou também olhando o Vale dos Calanchi, que é esse maravilhoso vale, entre as regiões da Umbria, Alto Lazio e Toscana, onde estamos localizados. Como os brasileiros podem ter acesso aos seus produtos aqui no Brasil? Os brasileiros têm total acesso a todos os nossos vinhos, que são brilhantemente importados e distribuídos pela Mistral, não só em São Paulo e no Rio, como em todo o Brasil. E já estão nas melhores enotecas e restaurantes do País. Mas ainda melhor seria poder degustá-los “in loco”, pois a vinícola é aberta ao público, através de reserva prévia. E onde mais eles se encontram no mundo? Nossos vinhos estão bem distribuídos em todo o mundo, desde os E.U.A. e Europa até a Asia. Sendo nossa produção pequena, estamos super bem representados.
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VERDE
SENSAÇÃO: VERDE EM TODOS OS SENTIDOS Em tons amarelados, alaranjados e avermelhados, como em Nova Iorque, é a proposta de paisagismo da “dupla verde” Fabíola Lieberg e Helô Botelho Caparica para os jardins do 106 Seridó.
PERSPECTIVA ARTÍSTICA DA PISCINA
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entamos seguir o estilo da arquitetura no paisagismo”, explica Fabíola Lieberg, da Caparica Lieberg, ao descrever o clima novaiorquino que preparam para ambientar a área externa do condomínio, normalmente restrita a verde e flores (que, por sinal, estão lá também em profusão). “As árvores selecionadas (plátanos, choucos e liquidâmbares, já testadas com sucesso em Campos do Jordão) criam um clima de outono e de primavera em Nova Iorque, ao mesclar tons de amarelo, laranja e vermelho ao verde, mas fazem a sombra necessária para os moradores não sentirem o calor brasileiro”. Como suas folhas cairão sobre os pedriscos em bege, todos poderão passear no meio do complexo sobre elas com muito conforto. É o caso deste espaço livre central, uma praça entre as duas torres, que ganha os tradicionais bancos ripados, como no Central Park. Nela, grandes vasos de cerâmica pintados de preto, ou vitrificados como os vietnamitas, criam surpresas com plantas ornamentais, as camélias e os fícus retorcidos que quebram o ritmo retilíneo do desenho do jardim no seu todo, bolado por elas. As duas arquitetas, formadas há sete anos na Belas Artes, e há três anos e meio trabalhando juntas no desenvolvimento de jardins para residências e edifícios, demonstram a pesquisa que fizeram, e continuam a descrição saborosa da busca de sensações diversas desde a entrada, com gardênias brancas e seu aroma típico, “para conquistar o visitante e o morador que
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PERSPECTIVA ARTÍSTICA DA PRAÇA
chega à casa todos os dias: assim, seus sentidos serão aguçados, da visão ao olfato”. As palmeiras imperiais, muito bem enraizadas no Brasil há séculos, e portanto típicas de palácios e dos melhores jardins botânicos do País, com sua nobreza, pontuam as entradas sociais. “A Praça de Leitura, de apoio ao salão de festas, acolhe uma recepção com outros bancos de madeira diferentes, mais robustos, e vasos no piso e no jardim”, continua Fabíola, “e é acolhedora, como toda a movimentação que criamos, de forma geral”. Na praça do playground, a grama aparece para dar apoio aos pequeninos, por exemplo quando descem do escorregador. E ali também surge um flamboyant colorido, de copa monumental, a dar sombra para eles. Mas cores também existem na circulação até o hall de entrada e na piscina externa, espaços que ganham flores: angélicas brancas e miniixoras vermelhas, que ali fazem uma cerca viva à volta para alegrar as crianças. “Para o SPA, foi criado o chamado “path reflex”, um sofisticado caminho aquático localizado na parte superior do complexo onde se pode atingir a área destinada ao bem-estar através de passadas dentro d´água, até o joelho, sob um pergolado envolto por uma trepadeira. No ar, cheiro de lavanda, alecrim e pitanga, plantadas em tinas de madeira. “Este trecho tem um outro conceito devido à sua utilização, e leva inclusive os famosos bambus missô, que ficam ao vento, trazendo desde o lado de fora o clima de interiorização mental que as atividades lá dentro requerem”, dizem em coro Helô e Fabíola, que não esqueceram em qualquer momento do aspecto preservacionista.
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PERSPECTIVA ILUSTRADA DA ENTRADA
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VOCÊ É MODERNO OU TRADICIONAL? INDOOR OU OUTDOOR? O SEU LIFESTYLE ESTÁ AQUI POR COMPLETO, NO 106 SERIDÓ.
UMA BELA VISTA. GRANDES APARTAMENTOS EM CADA ANDAR: DIFERENTES EM SEUS LAYOUTS, MAS COMO O MESMO VISUAL PARA QUEM ADMIRA A TORRE PELO LADO DE FORA, PRAÇAS E JARDINS EM ESTILO NOVAIORQUINO, NO MELHOR BAIRRO DE SÃO PAULO, E UM SÓ JEITO DE SER: O SEU. COM TUDO O QUE VOCÊ PRECISA E QUER: DA QUADRA DE TÊNIS DE SAIBRO OFICIAL À PISCINA E AO SPA COM KNOW-HOW INTERNACIONAL. DE ACORDO COM O SEU “WAY OF LIVING”, EM QUALQUER ESTAÇÃO DO ANO, A QUALQUER HORA, AQUI. ASSIM É O 106 SERIDÓ.
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O amplo terraço do decorado, acima, e os classicos (à direita): antigos e modernos.
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m pleno Jardim Europa, o 106 Seridó se ergue de um jeito que você nunca viu no Brasil, em seus tijolos típicos de NY – projeto do arquiteto William Simonato. Aqui a Construtora São José e a Yuny Incorporadora apresentam, pela primeira vez em São Paulo, dois modelos de apartamentos muito espaçosos e com DNA de uma casa. Mas com pelo menos duas grandes vantagens: a imensa vista para o Jockey Club e toda a segurança necessária, cercadas da mais alta tecnologia, com a excelência do tratamento acústico que o protege do entorno, além do conforto do gerador de energia. São duas opções de planta tipo, com largos 501 m2 e 405 m2, além das possibilidades de junções e terraços à volta, e que podem conter de uma a cinco suítes, além de luxos como o pé-direito de quase três metros, galerias, closets e banheiros Sr. e Sra. na suíte master.
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FOTO DO APARTAMENTO DECORADO
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À esquerda, amplidão no corredor de acesso. Acima, o contraste clássicomoderno na sala de jantar. Ao lado, detalhe da suíte master.
E que ainda podem ser absolutamente personalizadas de acordo com o tamanho de sua família, e do número de seus empregados, do jeito ideal para o seu dia a dia – e para suas grandes noites também. Praças diversas dão a luz certa e a sombra acolhedora ao terreno deste condomínio com um jardim original que recebe, em sua extensão, uma quadra de tênis de saibro, com irrigação automática, além de uma piscina para os adultos e outra para as crianças. E todas as facilidades e amenidades para você relaxar no Spa, um ambiente de repouso e exercício também, ali junto, no fitness completo com seus equipamentos de última geração.
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Perspectiva ilustrada acima: piscina térmica coberta e quadra de tênis oficial de saibro.
Visite o apartamento decorado, provido de toda a automação high tech que você imaginou, e experimente in loco um lugar muito especial, o seu: “onde os ambientes dão continuidade aos requintados acabamentos de arquitetura, mesclando antiguidades com o melhor do design contemporâneo”, segundo Luiz Bick, que assina a decoração mais que real com seu sócio e arquiteto William Simonato.
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Perspectivas ilustradas do fitness center:�up to date�.
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FICHA
TÉCNICA
Endereço Rua Seridó, Jardim Europa Área do terreno Área Real 11.000 m2 Total de unidades 2 subcondomínios, cada 1 com 2 alas com 64 apartamentos Nº de pavimentos 31 tipos + cobertura duplex Nº de dormitórios 4 e 5 suítes ÁREA PRIVATIVA
501 m2 tipo
930 m2 dúplex
405 m2 tipo
717 m2 dúplex
Nº DE VAGAS
405 m2 tipo - 5 vagas
501 m2 tipo - 6 vagas
717 m2 dúplex - 7 vagas
930 m2 dúplex - 8 vagas
Nº DE ELEVADORES
2 sociais e 1 de serviço por ala
FACILIDADES PARA O SUBSOLO • Sala de motorista, uma para cada subcondomínio • Box lavagem, um para cada subcondomínio • 5 vagas e 1 depósito vinculados e determinados para os apartamentos de 405 m2 • 6 vagas e 1 depósito vinculados e determinados para os apartamentos de 501 m2 • 7 vagas e 1 depósito vinculados e determinados para as coberturas de 717 m2 • 8 vagas e 1 depósito vinculados e determinados para as coberturas de 930 m2 • Altura mínima livre de 2,60 m nos 3 subsolos • Dimensões das vagas - 2,30 x 4,70 m; 2,30 x 5,00 m; 2,50 x 4,70 m; 2,30 x 5,00 m; 2,50 x 5,50 m • Depósito de lixo comum e reciclável
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Perspectiva ilustrada da fachada
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405 m2 PRIVATIVOS 4 Suítes 5 vagas
“Os móveis, objetos de decoração, louças, metais, revestimentos de piso e parede são sugestões de decoração, não fazendo parte integrante do contrato e memorial descritivo. Os detalhamentos dos serviços, equipamentos e acabamentos que farão parte deste empreendimento constarão no memorial descritivo, na convenção de condomínio e no compromisso de compra e venda. Plantas com medidas livres entre paredes sujeitas a alteração em decorrência dos acabamentos a serem utilizados. Projeto executivo em desenvolvimento, podendo sofrer alterações durante as compatibilizações técnicas.”
405 m2 PRIVATIVOS 3 Suítes 5 vagas
“Os móveis, objetos de decoração, louças, metais, revestimentos de piso e parede são sugestões de decoração, não fazendo parte integrante do contrato e memorial descritivo. Os detalhamentos dos serviços, equipamentos e acabamentos que farão parte deste empreendimento constarão no memorial descritivo, na convenção de condomínio e no compromisso de compra e venda. Plantas com medidas livres entre paredes sujeitas a alteração em decorrência dos acabamentos a serem utilizados. Projeto executivo em desenvolvimento, podendo sofrer alterações durante as compatibilizações técnicas.”
501 m2 PRIVATIVOS 5 Suítes 6 vagas
“Os móveis, objetos de decoração, louças, metais, revestimentos de piso e parede são sugestões de decoração, não fazendo parte integrante do contrato e memorial descritivo. Os detalhamentos dos serviços, equipamentos e acabamentos que farão parte deste empreendimento constarão no memorial descritivo, na convenção de condomínio e no compromisso de compra e venda. Plantas com medidas livres entre paredes sujeitas a alteração em decorrência dos acabamentos a serem utilizados. Projeto executivo em desenvolvimento, podendo sofrer alterações durante as compatibilizações técnicas.”
501 m2 PRIVATIVOS 4 Suítes 6 vagas
“Os móveis, objetos de decoração, louças, metais, revestimentos de piso e parede são sugestões de decoração, não fazendo parte integrante do contrato e memorial descritivo. Os detalhamentos dos serviços, equipamentos e acabamentos que farão parte deste empreendimento constarão no memorial descritivo, na convenção de condomínio e no compromisso de compra e venda. Plantas com medidas livres entre paredes sujeitas a alteração em decorrência dos acabamentos a serem utilizados. Projeto executivo em desenvolvimento, podendo sofrer alterações durante as compatibilizações técnicas.”
Implantação
1. Vagas de veículos - Visitantes e Serviços 2. Acesso de veículos - Visitantes e Serviços 3. Acesso de pedestres (Social) 4. Acesso de pedestres (Serviço) e plataforma para cadeirantes 5. Portaria blindada 6. Acesso de veículos (social) 7. Lobby 8. Hall social dos apartamentos de 405 m2 9. Hall de serviço dos apartamentos de 405 m2 10. Galeria 11. Hall de serviço dos apartamentos de 501 m2 12. Hall social dos apartamentos de 501 m2 13. Lounge 14. Salão de festas 15. Praça de apoio ao salão de festas 16. Bosque da leitura 17. Playground 18. Praça do playground 19. Praça da árvore 20. Piscina 21. Quadra de tênis de saibro 22. Praça de apoio à quadra 23. Sala de pilates 24. Fitness center 25. Vestiários 26. Piscina coberta 27. Watsu e hidromassagem 28. Saunas 29. Salas de tratamento
ANÚNCIO