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Internato, pós-graduação no CHUA - duas ou mais razões…

Ana Camacho

Assistente Graduada Sénior de Cardiologia

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Diretora do Internato Médico do CHUAlgarve

acamacho@chalgarve.min-saude.pt

Para início de reflexão sobre o tema Internato e pós-graduação, penso que é adequado citar Jean Piaget, psicólogo e biólogo Suíço, quando referia que “o homem constrói o seu conhecimento”.

No mundo actual, por imperativo do desenvolvimento acelerado do conhecimento e da sua ampla divulgação, uma licenciatura constitui-se não tanto como um fim em si, mas sim como uma etapa inicial dum percurso, uma orientação para um futuro que se vai construindo ao longo dos anos.

Nesse sentido, o Internato médico como pós-graduação, constitui-se como uma outra etapa, seguramente muito marcante e profícua na vida dum médico, em que este está predisposto e vocacionado para um intenso desenvolvimento profissional e pessoal, e onde deve haver uma ampla aquisição de conhecimentos e de atitudes práticas, aliado a um elevado interesse pela aprendizagem. Estes são alguns dos desafios que se colocam aos próprios médicos e aos serviços onde estagiam.

Neste seu percurso formativo, o jovem médico deve ter um ambiente propício à aprendizagem, onde nos seus diferentes locais de trabalho, vai aprender com os colegas e onde para além de orientação e de conhecimentos, deve ser dado espaço e a possibilidade de traçar e alcançar os seus objectivos, de desenvolver investigação, de trabalhar em rede com outros centros e desenvolver as suas próprias capacidades de auto-aprendizagem. Isto porque se o local onde se adquirem estas competências técnico-profissionais é importante, as capacidades individuais de cada um, não são menos importantes, pois a construção dum currículo espelha muito o interesse individual de cada percurso.

Embora existam programas bem delineados e estruturados pelos respectivos colégios de especialidade, na prática, a aplicação desses programas é feita duma forma intuitiva e adaptada à realidade de cada local. A maioria dos médicos não tem muitos conhecimentos em pedagogia de ensino, mas diariamente tenta transmitir conhecimentos e conceitos teórico- -práticos, aos colegas mais jovens. A este nível existe uma necessidade identificada, no sentido de se tentar dar aos orientadores de formação, instrumentos que os ajudem a desempenhar da melhor forma essa sua função, para a qual também é necessário tempo, atualmente já consignado na nova legislação.

Mas outro desafio se coloca também às Instituições, aos serviços, é o de saberem qual é a sua capacidade de atratividade, como é que a sua imagem é transmitida para o exterior, quais são os motivos porque um jovem licenciado, escolhe esta ou aquela Instituição ou serviço de Saúde, como local para desenvolver a sua aprendizagem e aí desempenhar o seu trabalho no futuro?

Várias são seguramente as razões, desde logo as condicionantes da classificação obtida nas provas de seriação, passando pela existência de vaga na especialidade de interesse, até a motivações de cariz familiar ou afetivo, ou da existência duma envolvência sociocultural atraente numa determinada região. Mas há uma, que seguramente também é tão ou mais importante que as outras, mas que exige um esforço adicional por parte das Instituições, que é o de se constituírem como centros de referencia, de qualidade de excelência, numa ou em mais áreas do conhecimento.

Essa capacidade de atratividade duma Instituição, depende em parte da mensagem que consegue transmitir para o exterior, passa por um trabalho longo e árduo de conquistas e recuos, dum trabalho conjunto, de todos os intervenientes, médicos, enfermeiros, de todos os profissionais que nela trabalham, da sua interação com os seus utentes, com os cidadãos, e com o tecido social envolvente, em suma, passa pela defesa conjunta dos princípios da Missão, Visão e Valores que propaga.

Todas as Instituições têm os seus pontos fortes e as suas fragilidades, mas as Instituições assim como as pessoas, devem fazer o seu caminho com os olhos postos no futuro, com objectivos bem definidos, sabendo para onde querem ir e qual o trajecto a seguir para aí chegar, devem defender o que há de positivo e corrigir os erros, avaliando resultados para poder ajustar estratégias.

Cada um tem o seu papel a desempenhar, o Interno deve ser ajudado na construção do seu futuro, mas também deve ajudar a Instituição onde trabalha a atingir da melhor forma os seus objectivos. O CHUA deve divulgar e trabalhar na defesa dos princípios inscritos na sua Missão, Visão e Valores, para que continue a ser escolhido como local de formação e pós-graduação, por duas ou mais razões…

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