da Meia-Noite
Mateus 25.6
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JANEIRO DE 2006 • Ano 37 • Nº 1 • R$ 3,50
Chamada da Meia-Noite Publicação mensal Administração e Impressão: Rua Erechim, 978 • Bairro Nonoai 90830-000 • Porto Alegre/RS • Brasil Fone: (51) 3241-5050 Fax: (51) 3249-7385 E-mail: mail@chamada.com.br www.chamada.com.br Endereço Postal: Caixa Postal, 1688 90001-970 • PORTO ALEGRE/RS • Brasil
Índice Prezados Amigos
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Conferindo o Futuro Mateus 24.1-14
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As Conseqüências do Fracasso Espiritual
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Preços (em R$): Assinatura anual ................................... 31,50 - semestral ............................ 19,00 Exemplar Avulso ..................................... 3,50 Exterior - Assin. anual (Via Aérea) US$ 28.00 Fundador: Dr. Wim Malgo (1922-1992) Conselho Diretor: Dieter Steiger, Ingo Haake, Markus Steiger, Reinoldo Federolf Editor e Diretor Responsável: Ingo Haake Diagramação & Arte: Émerson Hoffmann INPI nº 040614 Registro nº 50 do Cartório Especial Edições Internacionais A revista “Chamada da Meia-Noite” é publicada também em espanhol, inglês, alemão, italiano, holandês, francês, coreano, húngaro e cingalês.
Deus Fala Através de Catástrofes
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Do Nosso Campo Visual
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As opiniões expressas nos artigos assinados são de responsabilidade dos autores. “Mas, à meia-noite, ouviu-se um grito: Eis o noivo! saí ao seu encontro” (Mt 25.6). A “Obra Missionária Chamada da Meia-Noite” é uma missão sem fins lucrativos, com o objetivo de anunciar a Bíblia inteira como infalível e eterna Palavra de Deus escrita, inspirada pelo Espírito Santo, sendo o guia seguro para a fé e conduta do cristão. A finalidade da “Obra Missionária Chamada da Meia-Noite” é:
• Saudades da nossa selva amazônica - 14
1. chamar pessoas a Cristo em todos os lugares; 2. proclamar a segunda vinda do Senhor Jesus Cristo; 3. preparar cristãos para Sua segunda vinda; 4. manter a fé e advertir a respeito de falsas doutrinas Todas as atividades da “Obra Missionária Chamada da Meia-Noite” são mantidas através de ofertas voluntárias dos que desejam ter parte neste ministério.
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Aconselhamento Bíblico • Quando começou o tempo da graça? - 17 • O Arrebatamento é uma ilusão? - 18
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Os votos de Feliz Ano Novo ainda ressoam em seus ouvidos? Tomamos resoluções, estabelecemos novos propósitos, movidos pelo desejo de mudar hábitos e costumes, de buscar transformação na nossa maneira de viver. Mas quantas vezes já nos propusemos mudar, e pouco tempo depois desistimos por não conseguirmos cumprir o que planejávamos. Muitos gostariam de tentar caminhos completamente novos no novo ano que se inicia. Mas temos a garantia e o poder da realização? Será que para nós também tem validade o que está escrito em Provérbios 16.25: “Há caminho que parece direito ao homem, mas afinal são caminhos de morte”? O caminho de morte é o caminho largo, o caminho que deixa lugar para nossos próprios planos e desejos: “larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz para a perdição, e são muitos os que entram por ela” (Mt 7.13). E será que as pessoas que andam no caminho largo conseguem ver que nós, cristãos renascidos, andamos realmente no caminho estreito, dirigidos somente pelos planos e propósitos de Deus, em direção à glória eterna? Como filhos de Deus, quais são os nossos desejos? Qual é o nosso anseio maior, o que buscamos e almejamos acima de tudo? Ouçamos a séria advertência: “Ora, aqueles que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor ao dinheiro é raiz de todos os males...” (1 Tm 6.9-10a). Falando em amor ao dinheiro, pensamos em Acã, da tribo de Judá, que, por sua ganância, trouxe grande derrota sobre todo o povo de Israel, ou no ganancioso Geazi, servo do profeta Eliseu, que foi castigado com a lepra do general sírio Naamã. Paulo escreveu sobre um cooperador seu: “...Demas, tendo amado o presente século, me abandonou e foi para Tessalônica...” (2 Tm 4.10). O amor ao dinheiro, a ganância e a avareza, o desejo de possuir cada vez mais não deveria ser nosso alvo principal no novo ano que inicia. Para começarmos o ano com os propósitos corretos, é de vital importância que estejamos interiormente livres do fascínio pelos bens materiais, praticando o que Paulo recomendou aos coríntios: “...os que compram algo, como se nada possuíssem; os que usam as coisas do mundo, como se não as usassem; porque a
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forma presente deste mundo está passando” (1 Co 7.30b-31, NVI). É um grande contraste com o que Jesus relatou acerca da humanidade madura para o juízo dos tempos de Noé e Ló: “O povo vivia comendo, bebendo, casando-se e sendo dado em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca. Então veio o Dilúvio e os destruiu a todos. Aconteceu a mesma coisa nos dias de Ló. O povo estava comendo e bebendo, comprando e vendendo, plantando e construindo. Mas no dia em que Ló saiu de Sodoma, choveu fogo e enxofre do céu e os destruiu a todos” (Lc 17.27-29, NVI). Vivemos os nossos dias descuidadamente, buscando unicamente atender nossas necessidades e desejos por coisas desta vida, ou somos movidos pela bendita esperança pela volta de Cristo? Ao começarmos um novo ano, deveríamos nos fazer a pergunta bem pessoal: Quais são minhas prioridades? O que é o mais importante para mim? O que toma o primeiro lugar nos meus pensamentos? O que busco antes de tudo? “Consagre ao Senhor tudo o que você faz, e os seus planos serão bem-sucedidos” (Pv 16.3, NVI). Coloquemos nossa vida completa e integralmente à disposição do Senhor, dizendo-lhe as palavras que Maria respondeu ao anjo quando soube que o Senhor queria usá-la em Seus planos: “Aqui está a serva (o servo) do Senhor; que se cumpra em mim conforme a tua palavra” (Lc 1.38). Como seria bom, quantas bênçãos iríamos usufruir se, no começo deste ano de 2006, cada um de nós se entregasse de corpo e alma Àquele para quem nada é impossível! Cada dia do novo ano debaixo da direção e da graça do Senhor, esse deveria ser nosso lema diário. Podemos aprender de Jó, que depois de todos os sofrimentos por que passou, foi restabelecido pela palavra de Deus e confessou: “Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser frustrado” (Jó 42.2). Jó perdeu tudo e esperava tudo do Senhor – e sua espera não foi frustrada! Feliz Ano Novo com o Senhor Jesus Cristo que em breve virá,
Dieter Steiger
R a n d a l l
Os futuristas estão divididos: o discurso do Monte das Oliveiras (o Sermão Profético de Jesus – N.R.) já foi parcialmente cumprido? A discordância polariza-se neste ponto: Mateus 24.4-14 descreve características gerais do período da Igreja1 ou tão somente dos sete anos da Tribulação vindoura? Esses versículos falam de “guerras e rumores de guerras” (v. 6); “fomes e terremotos” (v. 7); tribulação, martírio, traição, ódio, falsos profetas e corrupção (vv. 9-12). Apesar daquilo que alguns ensinam atualmente, os versículos de 4 a 14 só podem ser escatológicos e, por vários motivos, só podem estar se referindo aos acontecimentos da primeira metade da Tribulação.
As Condições As condições descritas precisam ser entendidas como julgamentos divinos e não como desastres “naturais”, seguindo o padrão de reve-
lação estabelecido no Velho Testamento. Jesus disse que “...tudo isto é o princípio das dores [literalmente, “dores de parto”] (v. 8). No Velho Testamento a palavra hebraica para “dores de parto” é usada pelos profetas para simbolizar as terríveis calamidades associadas ao Dia do Senhor (Is 21.3; Is 26.17-18; Is 66.7; Jr 4.31; Mq 4.10), particularmente ao “tempo da angústia de Jacó” (Jr 30.6-7), ao qual Jesus faz referência em Mateus 24.21, quando descreve a Grande Tribulação.2 Muitos judeus, nos dias do Segundo Templo, esperavam um tempo de sofrimentos imediatamente antes do fim. A seita judaica de Qumran (os essênios – N.R.) atribuía a essa angústia “dores, como de parto”. Igualmente, o judaísmo rabínico cita as “dores de parto (em hebraico, chavalim) [relacionadas à vinda] do Messias” como uma série de convulsões globais que anteciparão a Era Messiânica. No Talmude, a
P r i c e
lista dessas condições desastrosas (espirituais, morais, políticas, sociais e ecológicas – que caracterizam “a geração em que virá o Filho de Davi”) em muito se assemelha à lista de Mateus 24.4-14.4 Como o Novo Testamento indica que a Igreja não enfrentará o juízo preparado por Deus para o Dia do Senhor (1 Ts 5.9; Ap 3.10), os versículos de Mateus não podem estar descrevendo acontecimentos da Era da Igreja.
A Seqüência Em segundo lugar, Jesus declarou que esses acontecimentos não seriam “o final” do juízo, mas apenas “o princípio” (v. 8). As dores iniciais serão seguidas de dores mais intensas, no clímax do parto. Como a Tribulação não virá imediatamente após o Arrebatamento da Igreja, pois seu início está previsto para o começo da 70ª Semana de Daniel (Dn 9.27), os versículos de
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Correlação – Quadro 1 Existe um paralelismo entre certos versículos de Mateus 24 e Lucas 21 com versículos no Apocalipse, conforme mostra este quadro. Condição
Evangelhos
Apocalipse 6
Falsos messias/profetas
Mt 24.5,11
v. 2
Guerras
Mt 24.6-7
vv. 2-4
Discórdia internacional
Mt 24.7
vv. 3-4
Fomes
Mt 24.7
vv. 5-8
Epidemias/Pestilência
Lc 21.11
v.8
Perseguição/martírio
Mt 24.9
vv. 9-11
Terremotos
Mt 24.7
v. 12
Fenômenos cósmicos
Lc 21.11
vv. 12-14
Adaptado de “Chronology and Sequential Structure of John’s Revelation” em When the Trumpet Sounds (Thomas Ice e Timothy J. Demy).
Mateus não podem estar descrevendo acontecimentos da Era da Igreja. O maior argumento de que esses versículos se referem ao contexto da Tribulação surge na comparação dos mesmos (vv. 4-14) com os cinco primeiros selos de juízo em Apocalipse 6 (confira o Quadro 1). Essas condições paralelas demonstram que, assim como os selos de Apocalipse 6 são seguidos pelo juízo mais intenso das trombetas e das taças, o “princípio das dores” descrito em Mateus 24.4-14 vem seguido das “dores de parto finais”, mais intensas, descritas em Mateus 24.15-26, que culminarão na vinda do Messias (vv. 27-31). Além disso, o próprio Senhor Jesus fez referência à profecia da 70ª Semana de Daniel: “Quando, pois, virdes o abominável da desolação de que falou o profeta Daniel, no lugar santo (quem lê, entenda), então, os que estiverem na Judéia fujam para os montes” (Mt 24.15-16).
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Tanto Mateus quanto Marcos (Mc 13.14) apontam o texto de Daniel para esclarecimento da profecia feita no Monte das Oliveiras. Conclui-se que Jesus usa a profecia da 70ª Semana de Daniel como patamar para os eventos cronológicos apresentados em resposta às perguntas dos discípulos. Isso também acontece na seção de juízos do livro do Apocalipse (capítulos 4-19), onde Jesus, o Autor da visão recebida pelo apóstolo João (Ap 1.1), concede-a com divisões estruturalmente semelhantes à 70ª Semana de Daniel. Colocando os textos lado a lado (veja o Quadro 2), descobrimos que o “princípio das dores” de Mateus 24.4-14 se ajusta ao juízo dos selos de Apocalipse 4-6, aonde ambos (1) focalizam eventos terrenos; (2) cabem na primeira metade da 70ª Semana de Daniel (Dn 9.27a); e (3) culminam na profanação do Templo (o “abominável da desolação”) tanto em Mateus 24.15 quanto em Marcos 13.14, o ponto cen-
tral da 70ª Semana de Daniel (Dn 9.27b). Em seguida, os eventos intensificam-se e conduzem às dores de parto finais de Mateus 24.16-26, que (1) identificam-se com Apocalipse 7-19, (2) enfocam a dimensão celestial, e (3) culminam no surgimento do “sinal” celestial, que anuncia a vinda do Messias para julgar o mundo (Mt 24.27-31; Ap 19). Esses acontecimentos cabem na segunda metade da 70ª Semana de Daniel (Dn 9.27b), que termina na destruição do desolador do Templo (“o príncipe, que há de vir”, o Anticristo, Dn 9.26). Se os versículos de Mateus 24.414 predizem sinais da futura Tribulação e tratam principalmente do povo judeu nesse período, seu cumprimento não pode estar no passado, especificamente, na queda de Jerusalém em 70 d.C. Ao comparar os eventos descritos nos versículos torna-se evidente que eles não se identificam com fatos históricos do primeiro século. A passagem descreve guerras entre diferentes nações e reinos, não apenas entre uma única nação (Roma) e Israel, como aconteceu na Primeira Revolta do povo judeu contra Roma (66-74 d.C.). As Escrituras também dizem que muitos se levantarão dizendo ser o Cristo (Messias). Mas não existe evidência histórica de alguém que se declarasse messias no primeiro século, até Simão Bar-Kokhba (135 d.C.), um único indivíduo.6 Esses sinais também não devem ser usados pela Igreja “como sinais dos tempos”, apontando a aproximação da volta do Senhor. Muitos cristãos têm usado o aparente aumento de terremotos, apostasia na Igreja, e o declínio moral generalizado da sociedade como indicadores de estarmos rapidamente nos aproximando do Arrebatamento e dos últi-
que permitirão aos santos da Tribulação perseverarem física e espiritualmente enquanto esperam a libertação prometida para o final da 70ª Semana de Daniel. (Israel My Glory) Randall Price é escritor e arqueólogo. Ele é presidente de World of the Bible Ministries.
Mateus 24.4-14 descreve guerras entre diferentes nações e reinos, não apenas entre uma única nação (Roma) e Israel, como aconteceu na Primeira Revolta do povo judeu contra Roma (66-74 d.C.).
Notas: 1. Veja John F. Walvoord, Matthew: Thy Kingdom Come (Chicago: Moody Press, 1974), pp. 182-84. 2. Para estudo adicional veja Randall Price, “Old Testament Tribulation Terms”, em When the Trumpet Sounds, ed. Thomas Ice e Timothy J. Demy (Eugene, OR: Harvest House, 1995), pp. 71-72. 3. David H. Stern, Jewish New Testament Commentary (Clarksville, MD: Jewish New Testament Publications, Inc., 1996), pp. 72-73. 4. Thomas Ice, “The Olivet Discourse”, em The End Times Controversy, ed. Tim LaHaye e Thomas Ice (Eugene, OR: Harvest House, 2003), pp. 167-170.
A respeito, recomendamos os livros > O Sermão Profético de Jesus, > Descomplicando as Profecias de Daniel, > As Profecias de Daniel – Perspectivas de Futuro e > Glorioso Retorno – O Final dos Tempos. Pedidos: 0300 789.5152
Correlação – Quadro 2 mos dias. Contudo, o Arrebatamento não será precedido por sinais; e como as dores de parto somente começarão quando Israel entrar no “tempo da angústia de Jacó” (e não sabemos quanto tempo isso levará depois do Arrebatamento), devemos usar de cautela ao tentar prever a aproximação de eventos escatológicos, baseando-nos na presença dessas condições na era presente. Na Era da Igreja, essas condições gerais (apresentadas em 1 Tm 4.1-3; 2 Tm 3.1-9; 1 Jo 2.18; 1 Jo 4.1-3) servem de alerta quanto a estarmos “nos últimos dias”. Mas durante a Tribulação, as condições dos versículos 4-14 serão sinais específicos dos tempos finais, e os judeus convertidos poderão localizarse dentro da 70ª Semana e perseverar até o final da Tribulação: “Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo” – literalmente liberto do cárcere, quando da vinda do Messias (v. 13). Serão esses sinais – especialmente o acontecimento descrito no versículo 15, “o abominável da desolação” –
Há correlação entre o discurso do Monte das Oliveiras e a seção de juízos do livro do Apocalipse (capítulos 4-19) com as divisões estruturais da 70ª Semana de Daniel no Antigo Testamento. Lembre que essa “semana” profética representa sete anos. Primeira Metade da Semana Dn 9.27a
Início, dores de parto (foco terreno)
Ap 4-6
Juízo dos selos
Mt 24.4-14; Mc 13.4-13; Lc 21.8-19
Sinais preliminares
Segunda Metade da Semana Dn 9.27b
Eventos principais
Ap 7-13
Juízos das trombetas
Mt 24.15; Mc 13.14-23; Lc 21.20-24
O abominável da desolação
Conclusão da Semana Dn 9.27b
Dores de parto finais (foco celestial)
Ap 14-19
Juízos das taças
Mt 24.29-31; Mc 13.24-27; Lc 21.25-28
A parousia (“presença física”) e o encerramento dos tempos finais
Adaptado de The Desecration and Restoration of the Temple as an Eschatological Motif in the Tanach, Jewish Apocaliptic Literature and the New Testament (Randall Price).
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Herb Hirt
Anos atrás, quando ainda tinha pouco tempo de convertido, eu estava obviamente ansioso para aprender a viver como um cristão, e um crente mais antigo me disse que o segredo para uma vida cristã vitoriosa era confiar inteiramente no Senhor em todos os momentos, como fez Josué. “Mas, então”, eu perguntei, “e o que acontece se, depois de uma semana, eu fraquejar e cair? Isso significa que perdi a bênção de Deus? Agora, só vou conseguir uma bênção de segunda categoria, e não o melhor que Deus tem para mim?” Do mesmo modo como aconteceu comigo, muitos cristãos estão confusos a respeito das conseqüências de um fracasso espiritual em seu relacionamento com Deus. Ou, para ser mais claro, eles estão confusos sobre o pecado. Eles se perguntam: “Como posso ter comunhão com Deus e ser abençoado, se ainda sou pecador e ainda falho?” Os israelitas enfrentaram o mesmo dilema. O que significa ter um relacionamento com Deus através de uma aliança que envolve dois as-
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pectos: por meio dela Deus promete abençoar (Aliança Abraâmica, Gn 12.1-3) e, ao mesmo tempo, espera que você demonstre a Ele a sua fé, ou então será disciplinado por sua falta de fé (Aliança Mosaica, Êx 20-24)? A resposta é mostrada na história de Israel. O livro de Números conta a história da incredulidade e do fracasso da primeira geração de israelitas (libertos do Egito no Êxodo). Essa geração era composta pelos que voltaram atrás em Cades-Barnéia e morreram no deserto. Seus filhos, a segunda geração, são os que Josué levou à vitória. Mas será que Josué foi sempre vitorioso? O livro de Josué nos mostra que a estrada que leva à vitória é acidentada, e que aprender a viver pela fé não é fácil. Entretanto, Deus é fiel e cumpre Suas promessas.
Derrota e Vitória em Ai A história das batalhas dos israelitas em Ai é, na verdade, uma continuação da batalha de Jericó. Jericó
foi um ponto alto na fé que os israelitas depositavam no Senhor e na Sua operação milagrosa em favor deles. A lição central desse acontecimento é que, apesar da desvantagem em que Israel se encontrava (Jericó era militarmente forte), Deus lhe deu a vitória, quando o povo confiou nEle e obedeceu à Sua Palavra. O Senhor também havia ordenado aos israelitas que não tomassem nenhum tesouro de Jericó, porque a cidade estava sob maldição (hebraico, cherem). Como o Senhor era o verdadeiro Conquistador, todos os tesouros deveriam ir para Ele (Jo 6.17-19). Mas, ao ver uma bela capa de Sinar, duzentos siclos de prata e uma barra de ouro de cinqüenta siclos, Acã deve ter pensado: “Acertei na loteria! O Senhor me abençoou com uma aposentadoria antes do tempo”. Para infelicidade de Acã, apropriar-se das riquezas do Senhor foi um ato de incredulidade e desobediência. Josué e os outros israelitas não sabiam o que Acã tinha feito, quan-
do atacaram Ai pela primeira vez. Como Ai era uma cidade pequena, em comparação com Jericó, os israelitas nem se preocuparam em enviar o exército inteiro; mandaram apenas alguns milhares de homens. Imagine qual não deve ter sido a surpresa deles quando foram derrotados. De início, eles puseram a responsabilidade no Senhor, dizendo que Ele os havia abandonado. Mas o Senhor não era infiel. Israel, ou, mais especificamente, Acã, é quem tinha sido infiel. Quando foram lançadas as sortes Acã foi o escolhido, e acabou confessando seu pecado. Os tesouros roubados foram encontrados. Acã e sua família foram apedrejados até a morte, e todos os seus bens foram queimados. Depois que a questão do pecado foi tratada e a justiça do Senhor foi satisfeita, Josué escreveu: “O Senhor apagou o furor da sua ira” (Js 7.26). O Senhor, então, orientou Israel a atacar Ai novamente. Dessa vez, Josué não quis correr nenhum risco. Ele não só levou o exército inteiro, como usou muita estratégia militar para derrotar os homens de Ai e conquistar a cidade. Os habitantes de Ai foram mortos e a cidade incendiada; e Israel venceu novamente. Assim, a derrota transformou-se em vitória.
Lições Espirituais de Ai A experiência dos israelitas em Jericó e Ai ensina muito sobre a responsabilidade de cada um de nós diante do Senhor, e sobre as conseqüências do pecado quando estamos em aliança com Ele. 1. As ações de Acã retratam com clareza o processo do pecado. O
Muitos cristãos estão confusos a respeito das conseqüências de um fracasso espiritual em seu relacionamento com Deus. Ou, para ser mais claro, eles estão confusos sobre o pecado.
próprio Acã confessou o que sentiu quando viu a capa, a prata e o ouro: “Cobicei-os” (Js 7.21). Essa foi uma violação direta, não só da ordem que o Senhor tinha dado aos israelitas em Jericó, mas também do décimo mandamento (Êx 20.17). Assim como ocorre com todo pecado, o comportamento de Acã foi um ato de incredulidade. Quando pegou os tesouros para si, Acã negou que pudesse confiar nos cuidados do Senhor para com sua vida. 2. O pecado de Acã afetou toda a congregação de Israel. O Senhor não via Israel como um certo número de indivíduos, mas como uma nação com a qual tinha uma aliança. Portanto, quando um israelita pecava, toda a comunidade era punida. Embora nosso relacionamento com o Senhor, como Igreja, sob a Nova Aliança, seja muito diferente, o princípio de que o pecado de um cristão afeta toda a comunidade ainda se aplica. Como disse Paulo aos coríntios: “Um pouco de fermento leveda a massa toda” (1 Co 5.6). O pecado nunca é apenas uma ques-
tão individual e pessoal. Ele afeta todos os que estão à nossa volta. No caso de Acã, ele afetou toda a nação de Israel e acabou provocando a morte de sua família inteira. Uma advertência: precisamos ter o cuidado de discernir entre sofrer porque somos cristãos, o que é “normal”, e sofrer por causa do pecado. A aparente falta de “vitória” não se deve, necessariamente, ao pecado. Se duas escolas cristãs participam de um jogo de futebol e uma delas perde, será que isso significa que um dos jogadores do time perdedor era um “Acã no acampamento”? Talvez precisemos redefinir o que significa ser vitorioso. Depois que Paulo se referiu ao sofrimento por Cristo, ele disse que nós “somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou” (Rm 8.37). Vencer significa dominar o pecado no nosso coração, e não mostrar para todo mundo que “chegamos no topo”. 3. Embora o pecado de Acã tenha trazido conseqüências negativas para Israel, segundo a Aliança Mosaica, ele não afetou as promessas
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que Deus fez a Israel na Aliança Abraâmica. Assim, o pecado de Acã não cortou o relacionamento entre o Senhor e Israel. Ao contrário, a disciplina que Deus aplicou a Israel faz parte do relacionamento. Conforme escreveu o autor de Hebreus, citando Provérbios 3.12: “Porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe” (Hb 12.6). Deus castigou os israelitas com a derrota para ensinar-lhes uma lição sobre a gravidade do pecado e suas conseqüências, e para que eles pudessem ser “um povo santo”. O Senhor, como todo bom pai, não se afasta de Seus filhos quando estes pecam, mas procura trazê-los de volta ao bom caminho. Portanto, as conseqüências negativas do pecado, embora dolorosas, não são um mero castigo. Seu propósito é nos levar ao arrependimento e à fé.
Engano e Vitória com os Gibeonitas Ao contrário do que aconteceu em Ai, o fracasso dos israelitas diante dos gibeonitas não foi causado tanto por pecado, e sim por negligência. Os gibeonitas aprenderam alguma coisa, vendo o que tinha acontecido com os cananeus de Jericó e Ai. Eles sabiam que não podiam vencer o Deus de Israel pela força. Então, decidiram tentar enganar os israelitas para conseguir um acordo de paz, fingindo viver fora de Canaã e, portanto, não estar sujeitos ao banimento decretado por Deus. Seu plano deu certo. Josué registrou, com toda a sinceridade, que Israel não consultou o Senhor antes de fazer um acordo com eles (Js 9.14) e, assim, deixou de aproveitar o conhecimento do Senhor sobre a fraude dos gibeonitas.
O Senhor, como todo bom pai, não se afasta de Seus filhos quando estes pecam, mas procura trazê-los de volta ao bom caminho. Portanto, as conseqüências negativas do pecado, embora dolorosas, não são um mero castigo. Seu propósito é nos levar ao arrependimento e à fé.
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As conseqüências desse tratado são notáveis. Por um lado, embora os israelitas tivessem feito a paz por causa de uma fraude, eles ainda se sentiam obrigados a cumprir a palavra dada aos gibeonitas. Esse fato é demonstrado pela disposição de Israel em lutar para defender os gibeonitas dos outros cananeus que os atacaram por causa do tratado que tinham feito. Como Israel saiu em socorro dos gibeonitas, Deus lhe deu uma grande vitória sobre os cinco reis cananeus que atacaram Gibeão. Essencialmente, toda a metade meridional de Canaã foi conquistada como resultado desse tratado fraudulento. Poderíamos dizer que o Senhor transformou a negligência de Israel em vitória, um exemplo de que todas as coisas cooperaram para o bem (Rm 8.28). Por outro lado, embora os gibeonitas fossem cananeus, eles continuaram vivos, mas se tornaram servos de Israel (Js 9.21-27). Essa foi a melhor forma de resolver o problema de manter a aliança com os gibeonitas e, ao mesmo tempo, castigá-los pela fraude que cometeram. Mas essa política de permitir que os inimigos se tornassem servos abriu um precedente perigoso. Conforme é dito mais tarde, em Juízes 1.28, isso foi a ruína de Israel na terra, porque os israelitas pensaram que os cananeus já não representavam nenhuma ameaça depois de terem perdido seu poder militar. Infelizmente, eles não imaginaram quais seriam as conseqüências de violar o mandamento do Senhor (Dt 7), nem perceberam o poder da maldade contida na idolatria dos cananeus.
ao Senhor para sermos usados como instrumentos de justiça. O viver cristão vitorioso significa concentrar nossa atenção no que Cristo fez por nós, e não nas nossas próprias experiências. João afirmou que os crentes vencem o mundo por causa da fé em Cristo (1 Jo 5.4-5). Os crentes lutam com o pecado durante a vida inteira. Quando falhamos, mas confessamos nosso pecado, o Senhor está pronto para nos perdoar e nos purificar (1 Jo 1.9-
Jesus disse que os crentes devem ser “prudentes como as serpentes e símplices [inocentes] como as pombas” (Mt 10.16). Isso significa reconhecer que Satanás também sabe o que os gibeonitas sabiam, isto é, que ele não pode derrotar os cristãos usando de força espiritual, mas pode nos enganar e nos levar a pecar.
Lições Espirituais do Episódio com os Gibeonitas Assim como ocorreu com Acã, a experiência com os gibeonitas foi mais uma lição para os israelitas, dentro do aprendizado de como se tornar um povo santo. E aqui estão algumas lições para nós: 1. Jesus disse que os crentes devem ser “prudentes como as serpentes e símplices [inocentes] como as pombas” (Mt 10.16). Isso significa reconhecer que Satanás também sabe o que os gibeonitas sabiam, isto é, que ele não pode derrotar os cristãos usando de força espiritual, mas pode nos enganar e nos levar a pecar. Paulo nos preveniu sobre “as ciladas do diabo” e nos disse como combatê-las (Ef 6.11-18). Paulo afirmou que nós, os crentes, devemos permanecer firmes na verdade
das promessas de Deus para não sermos enganados, e que também devemos orar e vigiar. Só porque Cristo é o Vencedor e o resultado da guerra com Satanás já está definido, isso não quer dizer que a batalha acabou. 2. Jesus também disse: “Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o [...]. E, se a tua mão direita te faz tropeçar, corta-a” Mt (5.29-30). Com isso, Ele queria dizer que o pecado não pode ser domado. É impossível fazer com que ele nos obedeça. Ele precisa ser totalmente erradicado. Qualquer idéia de que um pecado consciente pode ser mantido sob controle na nossa vida mostra o engano do pecado. Como disse Paulo em Romanos 6.12-13, não se pode servir ao Senhor e ao pecado. Deus quer que sejamos libertos do domínio do pecado nos entregando
2.2). Como Seus filhos, sabemos que Ele nunca nos abandonará. Mas “permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante? De modo nenhum!” (Rm 6.1-2). O pecado, embora perdoado, sempre traz conseqüências negativas para nossa família, para nossos irmãos crentes e, certamente, para nós mesmos. E, embora haja restauração, os efeitos do pecado, assim como ocorreu com os gibeonitas, podem ficar conosco por um longo tempo. (Israel My Glory)
Herb Hirt é o diretor do Instituto de Estudos Judaicos de The Friends of Israel.
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Na costa norte-americana os tornados se sucedem. Enquanto isso, tufões violentos ceifam a vida de muitas pessoas no Oriente. Os serviços meteorológicos tentam encontrar explicações para o evidente aumento da força dos ventos, mas a real causa é mencionada claramente em Gênesis 8.1: “...Deus fez soprar um vento sobre a terra...” Precisamos estar conscientes de que a intensidade e o poder das forças da natureza ainda podem aumentar inimaginavelmente. Em 1 Reis 19.11, por exemplo, lemos sobre um vento muito forte que “...fendia os montes e despedaçava as pedras...” Nas áreas atingidas, a destruição maior foi das casas leves, construídas com material pouco resistente. Edificações sólidas resistiram mais. Mas o que aconteceria se o vento realmente alcançasse dimensões bíblicas? O desastre seria inconcebível!
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Deus, em Sua graça, parece ainda reter as forças dos ventos. Ele tem deixado acontecer tempestades de categoria 5 (a mais elevada na escala Saffir-Simpson). Curiosamente, pouco antes dos temporais se abaterem sobre os continentes, parece que o Senhor regula sua intensidade, reduzindo sua fúria. Sem dúvida, Deus está falando. Em 1 Reis 19, Deus enviou manifestações dos poderes da natureza antecedendo Sua presença diante de Elias, e então lhe perguntou: “Que fazes aqui, Elias?” (v.9). Dois versículos adiante, lemos: “Eis que passava o Senhor...” (v.11). Deus liberou três elementos da natureza e lhes concedeu livre curso: um grande e forte vento, um terremoto e um fogo. Certamente, tudo isso nos faz lembrar dos acontecimentos nos últimos tempos. Pensemos no grande maremoto na ilha de Sumatra, que causou a tsunami que devastou
longos trechos do litoral e matou mais de 200.000 pessoas, ou nos incêndios destruidores em Portugal e nos Estados Unidos. No monte Horebe, depois que as manifestações da natureza haviam amainado diante de Elias, veio “...um cicio tranqüilo e suave” (1 Rs 19.12), e novamente Deus questionou Seu profeta: “Que fazes aqui, Elias?” (v.13). Hoje o Senhor também faz uso de diversos meios para falar conosco. Mas com as devastadoras catástrofes da natureza, diante das quais o homem se torna muito pequeno, Ele demonstra Sua onipotência e parece falar mais alto. No Salmo 104.32 está escrito: “Com só olhar para a terra, ele a faz tremer; toca as montanhas, e elas fumegam”. Terremotos e vulcões, ventos e tempestades são permitidos pelo Senhor. O Salmo 11.6 diz claramente: “Fará chover sobre os perversos brasas de fogo
O fogo que Deus envia sobre a terra torna-se evidente também na crescente intensidade dos relâmpagos. No dia 29 de julho de 2005 foi registrado seu maior número na Alemanha: 280.000 raios.
e enxofre, e vento abrasador será a parte do seu cálice”. O fogo que Deus envia sobre a terra torna-se evidente também na crescente intensidade dos relâmpagos. No dia 29 de julho de 2005 foi registrado seu maior número na Alemanha: 280.000 raios. A grande pergunta é se ouvimos a voz de Deus falando, ou se estamos surdos ao que Ele está dizendo, inclusive através das catástrofes que se sucedem. Suas perguntas alcançam nossos ouvidos e chegam ao nosso coração? Após Adão e Eva terem caído em pecado, Deus fez ouvir Sua voz: “...ouviram a voz do Senhor Deus, que andava pelo jardim pela viração do dia...” (Gn 3.8). Como será que era a voz de Deus? Como vento? Como trovão? “E chamou o Senhor Deus ao homem e lhe perguntou: Onde estás?” (v.9). Deus nos pergunta pessoalmente: “Onde estás?” Talvez nos encontremos num lugar escondido, num lugar onde não deveríamos estar, onde pensamos poder fugir da luz divina que alcança os mais recônditos esconderijos. “Que fazes aqui?” Talvez estejamos nos ocupando com algo que é pecaminoso aos olhos do Deus Santo ou simples-
mente des- Ele nos pergunta, especialmente p e r d i ç a n d o nestes dias em que tem havido tannosso tempo. tas manifestações da natureza: “OnTalvez per- de estás?” “Para que vieste?” Ele nos demos o foco questiona para nos despertar e para em relação à expor nossa motivação. E por que nossa tarefa Ele o faz? Porque ainda quer nos no Reino de presentear com tempos de miseriDeus, ou en- córdia, com a oportunidade de fatão menos- zer uso de Sua graça. Que o falar prezamos os poderoso de Deus através das granmandamen- des catástrofes naturais não fique tos de Deus e deixamos de levar a sem uma resposta de nossa parte! sério Suas ordenanças. Nesse lugar, nessa situação, qualquer que Através das catástrofes da natureza Deus faz perguntas a todos nós. seja, Ele faz ouvir Sua voz e nos pergunta: “Onde estás?” Penso que a pergunta mais comovente de Jesus foi a que Ele fez ao traidor Judas: “Amigo, para que vieste?” (Mt 26.50). Por que Ele perguntou? O Senhor Jesus sabia muito bem que Judas tinha vindo para traí-lO. Deus não tem necessidade de nos fazer perguntas. Ele sabe tudo a nosso respeito; Ele conhece nossos propósitos e nossos pensamentos mais secretos. Mesmo assim,
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Saudades da nossa selva amazônica O índio kumu me contou que Jesus era um curandeiro palestino “Anunciai entre as nações a sua glória, entre todos os povos as suas maravilhas. Porque grande é o Senhor e mui digno de ser louvado, temível mais que todos os deuses” (Sl 96.3-4). Lembro que estava me deleitando com a vista da selva lá embaixo, as várias tonalidades de verde da Amazônia intocada, dourada por um sol matinal escaldante, quando iniciamos o processo de pouso no povoado de Pari-Cachoeira, no extremo noroeste do Estado do Amazonas, a vinte quilômetros da fronteira com a Colômbia. Quando o valente monomotor da missão Asas de Socorro, um Cessna Caravan anfíbio, de prefixo PR-ADS, aterrissou naquela pista de barro, sabia que me encontrava num mundo muito diferente daquele em que estava acostumado a viver. Chegar até ali demandou muita disposição e uma certa dose de coragem por parte de todos os tripulantes (dos pilotos Paulo Bachmann e César, dos cardiologistas Nelson Araújo e Eunice, do odontólo-
O pôr-do-sol na selva amazônica com o Rio Negro e suas Anavilhanas (o maior arquipélago fluvial do mundo).
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go Carlos Gonzalez, do biólogo Iraquitam, da coordenadora Ester e de mim). Todos profissionais voluntários, membros de igrejas evangélicas e que estavam ali sem qualquer fim lucrativo.
As comunidades indígenas ao longo do Rio Tiquié Em Pari-Cachoeira embarcamos no barco da ONG Pró-Amazonas, descemos o sinuoso Rio Tiquié com seu leito arenoso e suas águas negras. O Tiquié deságua no Rio Uaupés que é um afluente do Rio Negro. Somente no Rio Negro existem mais de 450 espécies de peixes catalogadas e supõe-se que nos seus afluentes haja mais de 200 espécies ainda não identificadas. Abrimos as portas do nosso barco aos odontólogos do DSEI (Distrito Sanitário Especial Indígena) e juntos visitamos quatro comunidades indígenas na região do Rio Tiquié: São José II, Barreira Alta, Iraíti e Taracuá-Igarapé. Em uma delas, um missionário evangélico está construindo com os nativos uma barragem para desenvolver a piscicultura. Nossa missão na área era puramente social (médico-odontológi-
O cardiologista Nelson embarcando no barco “Pró-Amazonas”, no Rio Tiquié, em Pari-Cachoeira.
ca) e, em cinco dias, tivemos a oportunidade de atender mais de 300 pacientes indígenas com diversas patologias. Essa viagem significou uma experiência profissional e humanitária sensacional. Conhecemos um naco preservado da natureza criada por Deus (vi insetos muito bem nutridos que me impediam de esquecer de usar repelente, vi tucanos nos topos de algumas árvores, nossos pilotos viram uma onça pintada atravessando o rio e se embrenhando na floresta...). Essa rica experiência serviu também para desmistificarmos alguns conceitos, como: “o índio é puro, ingênuo e não-informado”. O que vimos foi exatamente o contrário: fiquei sabendo de casos de estupros e de incestos entre os indígenas. Eles estão muito bem informados sobre a vitória e a ocupação americana na Guerra do Iraque. Sabem também os nomes dos atuais titulares da Seleção Brasileira de futebol. Os de maior idade têm cédula de identidade e título de eleitor iguaizinhos aos meus. Entretanto, apenas a minoria de cada comunidade fala português; a maioria se comunica apenas na língua
Uma parte da nossa equipe na comunidade indígena de Taracuá-Igarapé.
Do Nosso Campo Visual da etnia local. No entanto, na questão religiosa, eles estão sendo mal-informados, mas de forma alguma não-informados.
O benzedor me contou: “Jesus era um curandeiro palestino” Foi na comunidade de São José II que conheci José Vilasboas Azevedo, “o benzedor e curandeiro” local (na língua deles, “kumu”). José é um dos quatro filhos do idoso kumu Feliciano e aprendeu com seu genitor o ofício de benzer e curar. Pedi permissão a ambos para os fotografar e fazer algumas perguntas. Fui prontamente atendido. Primeiro perguntei qual a diferença entre “kumu” e “pajé”. José me explicou: “o kumu só benze e cura. O pajé, além de benzer e curar, pode matar, fazer previsões e é auxiliado por espíritos que vivem na floresta”. Em São José II não havia pajé. Indaguei a José de onde vinha o seu poder de curar. Então, Vilasboas Azevedo me contou uma história fascinante: “Muito tempo atrás só existia o dia e não havia a noite. Os moradores estavam exaustos de tanto trabalhar. Então, meu pai e dois outros senhores da comunidade viajaram até uma outra localidade, onde um velho lhes en-
tregou a noite para que todos pudessem descansar. Meu pai voltou para a comunidade com poder de curar. Aprendi com ele as rezas e o preparo da água para benzer”. Muito curioso, questionei se sempre conseguia efetuar a cura. José me respondeu: “Às vezes cura e às vezes não cura”. Fiz outras perguntas triviais e o kumu sempre me respondeu de bom grado. Já tinha observado que alguns indígenas usavam camisas onde estava escrito: “Nossa Senhora Aparecida”, “Círio de Nazaré”, “Jesus é Rei”... (herança dos padres salesianos que até hoje atuam nessa região). José usava uma camisa com alguns dizeres sobre “Jesus”. Perguntei-lhe quem era Jesus. Prontamente me respondeu: “Jesus era um curandeiro palestino”. Indaguei o que mais sabia sobre Jesus. José me respondeu sorrindo: “Jesus era um homem bom e conseguia até expulsar espíritos maus. Certa ocasião um homem estava endemoninhado e Jesus expulsou os demônios, que entraram em porcos e esses afundaram no rio”. Para não abusar do meu recém-conhecido kumu, agradeci pela conversa e pelas fotos tiradas, me despedi com um abraço, e lhe contei três coisas que sabia sobre o Jesus estampado na sua camisa: 1º) Jesus não era palestino, era israelita, foi descendente do rei
O odontólogo Carlos e o cardiologista Nelson consultando os indígenas no barco do “Pró-Amazonas”.
Davi e Ele próprio disse à mulher samaritana que era judeu (Jo 4.22). O kumu me olhou surpreso. 2º) Jesus é diferente do meu amigo kumu: ao contrário do kumu, Ele curava sempre (nunca houve uma cura pela metade). As rezas do kumu ora funcionam, ora não. As curas de Jesus sempre funcionaram, Ele nunca falhou. O kumu meneou a cabeça afirmativamente, concordando comigo. 3º) Disse ao kumu que procurasse conhecer mais sobre esse Jesus da sua camisa. Finalizei incentivando-o a perguntar mais sobre Jesus ao missionário, pois não iria se arrepender.
A desconstrução das origens de Jesus Cristo Este século apresenta-se, no tocante a valores espirituais, tão sombrio quanto o século que o antecedeu. E não é somente por causa da nova espiritualidade da Era de Aquário, mas também pela desconstrução das origens de Jesus Cristo. Não é culpa do kumu ter dito que “Jesus era um curandeiro palestino”, pois lhe ensinaram errado. Os culpados talvez sejam os salesianos que catequizaram os indígenas no Noroeste do Amazonas. Um indígena, que tinha sido doutrinado pelos católicos, disse a um dos missionários evangélicos daO autor carregando uma indígena, com suspeita de malária, em direção ao barco, na comunidade indígena de Barreira Alta.
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Do Nosso Campo Visual quela área que não podia aceitar o que os evangélicos diziam para não “virar sapo”. Que não gostem dos evangélicos, tudo bem. No entanto, ensinar inverdades acerca de Jesus Cristo é estupidez, irracionalidade e desconhecimento histórico ou é querer ser politicamente correto e espiritualmente pífio. É preciso combater o mal pela raiz, pois as massas, através da mistificação exercida pela propaganda televisiva contrária a Israel (especialmente a veiculada nos noticiários noturnos), são estimuladas a acreditar que a faixa de terra entre o Mar Mediterrâneo e o Mar Morto é a Palestina e não Israel. A Bíblia é muito clara quanto aos limites da terra da nação de Israel. No Velho Testamento, Deus reiterou a Abraão (Gn 13.14-18; Gn 17.7,8), a Isaque antes dele nascer (Gn 17.1922), a Moisés (Êx 6.8 e Dt 11.23-25) e a Josué (Js 1.1-5) as fronteiras da terra de Israel e Sua aliança perpétua com aquele povo. Toda a Canaã foi dada a Israel como possessão perpétua, para sempre (Gn 17.8). De forma que, biblicamente, nunca existiu Palestina. E mais: se a Palavra de Deus é infalível (e sabemos que é), depois que os israelitas retornaram à sua terra em 1948, nunca mais sairão de lá (Am 9.15).
O autor na cozinha do kumu José: “Jesus era um curandeiro palestino”.
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E quanto a Jesus ser “palestino”? Nossa! Que loucura! Jesus era judeu da gema mesmo (basta dar uma olhada na Sua descendência para confirmar isso – Mt.1.1-17) e Ele próprio não negou a Sua raça (Jo 4.22). Ensinar ao indígena que Jesus “era palestino” é tolerar uma contracultura que se opõe aos valores judaico-cristãos e que desconstrói o principal personagem das nossas vidas – Jesus Cristo! Fazer de Jesus um “palestino” é uma constrangedora vacuidade! E aí vai um alerta às editoras que publicaram Bíblias nas duas últimas décadas e colocaram o seguinte título em alguns daqueles mapas que encontramos nas últimas páginas: “A Palestina nos Tempos de Jesus”. Nas versões antigas, esses mesmos mapas eram intitulados “Israel nos Tempos de Jesus”. Com certeza, essas editoras estão, talvez de forma ingênua, avançando de acordo com a maré anti-semita da mídia e dificultando cada vez mais que o meu recém-conhecido curandeiro indígena venha a conhecer o legítimo Jesus Cristo.
Conclusão: saudades da selva amazônica Às 09h45 da manhã da sexta-feira, dia 4 de novembro de 2005, a chuva cessou e nosso habilidoso piloto inicia-
O avião monomotor anfíbio de “Asas de Socorro” ao lado do barco da “Pró-Amazonas”, no Rio Tiquié.
va o processo de decolagem das águas do Rio Tiquié. Havia uma expectativa natural na tripulação enquanto o monomotor ganhava embalo a favor da correnteza e contra o vento. Eu estava sentado atrás do co-piloto e via através da janelinha à esquerda uma barreira nas margens do rio com alguns indígenas observando o nosso avião anfíbio lançar-se ao ar. Vi também na margem do rio o barco que foi o nosso lar nos últimos cinco dias. Jaimesson Nascimento (um tipo de almirante do barco e cozinheiro), Mauro (o comandante do barco), Silvério, com sua esposa e filha, estavam na proa com seus olhares fixos na nossa partida. Todos descendentes de indígenas e crentes no Senhor Jesus. Uma retrospectiva veio à minha memória, revivendo esses últimos dias: repelentes, óculos escuros, boné, prancheta, banho de rio, floresta, onça pintada, tucanos, deslumbrantes borboletas, canoas, barcos, rede, roncos, malária, etnias, curandeiro, palhoças, beijú, mandioca, peixe surubim... enfim, ah! Que saudade dessa selva! “Que variedade, Senhor, nas tuas obras! Todas com sabedoria as fizeste; cheia está a terra das tuas riquezas” (Sl 104.24). Percebi que meus olhos estavam ficando marejados en-
Jaimesson preparando pães na cozinha do nosso barco. Na despedida, ele nos disse: “A viagem terminou, mas a missão continua!”.
Do Nosso Campo Visual quanto o pequeno avião ultrapassava o topo das árvores e alcançava as nuvens. Lembrei-me dos nossos heróicos e abnegados missionários. Que Deus os fortifique, proteja e guie. Recordei-me do kumu (“estou orando por ti, meu amigo”). Veio-me à memória o quanto a igreja cristã já fez pela obra missionária e o muito que ainda tem a fazer. Que Deus tenha misericórdia de nós. Revivi o abraço forte de despedida do Jaimesson (aquele tipo de almirante da nossa embarcação), homem simples e animado, que nunca saiu da selva amazônica, um especialista nos
mistérios desses rios e da floresta e, acima de tudo, um servo do Senhor. Ao se despedir de mim, me marcou com suas palavras tão iluminadas: “A viagem terminou, mas a missão continua!” Que seja assim. “Ó Senhor, Senhor nosso, quão magnífico em toda terra é o teu nome!” (Sl 8.9). (Dr. Samuel Fernandes Magalhães Costa)
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O Dr. Samuel Fernandes Magalhães Costa é médico gastroenterologista com parte de sua formação acadêmica nos EUA. Ele é um pesquisador minucioso e há muito tempo se dedica à análise e estudos de idéias controvertidas quanto à fé cristã. Samuel Costa reside com sua esposa e filhos na cidade de Recife/PE.
Quando começou o tempo da graça? Pergunta: “Eu gostaria de saber quando começou o tempo da graça. Foi por ocasião do nascimento de Jesus ou no dia de Pentecostes? Sou crente em Cristo e espero pela volta do Senhor”.
Resposta: Na verdade, o tempo da graça teve seu início em três etapas: – Quando Jesus Cristo derramou Seu sangue na cruz do Calvário e disse “Está consumado!” foi estabelecida a base para nossa salvação. Se Jesus não tivesse entregado a Si mesmo pelos nossos pecados (Gl 1.4), estaríamos perdidos por toda
a eternidade, pois somente o sangue de Jesus pode nos purificar dos pecados (Ef 1.7; Cl 1.14). – O sangue de Jesus, porém, teria sido derramado em vão, sem eficácia alguma, se Deus o Pai não O tivesse ressuscitado dentre os mortos. Paulo escreve isso em 1 Coríntios 15. Primeiro ele explica, em relação à sua pregação e aos crentes em Corinto: “E, se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã, a vossa fé” (v.14). E no versículo 17 ele diz aos coríntios – e também a nós – de maneira bem concreta o que significaria Cristo não ter ressuscitado: “E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados”. Pois Jesus
“foi entregue por causa das nossas transgressões e ressuscitou por causa da nossa justificação” (Rm 4.25). Por essa razão podemos afirmar ousadamente: “Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós” (Rm 8.34). Mas isso não é tudo! Temos também a esperança viva de que seremos igualmente ressuscitados para estarmos para sempre com Jesus: “Se habita em vós o Espírito daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos vivificará também o vosso corpo mortal, por meio do seu Espírito, que em vós habita” (Rm 8.11).
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Do Nosso Campo Visual – A terceira etapa foi o derramamento do Espírito Santo em Pentecostes. Através desse grandioso acontecimento as comportas do céu se abriram. A salvação havia acontecido, Deus havia aceito o sacrifício de Seu Filho e o tinha legitimado através da ressurreição, e agora o Evangelho da graça começava a ser levado de maneira maravilhosa e miraculosa a uma multidão admirada de pessoas de todos os povos! Começava a era da graça, que é a era da Igreja de Jesus. O Consolador prometido por Jesus (Jo 14.16-17) havia chegado e começava Sua maravilhosa obra na terra. Assim, como salvos, passamos a fazer parte do corpo de Cristo, da família de Deus, da categoria de privilegiados que podem testemunhar: “Nós não temos recebido o espírito do mundo, e sim o Espírito que vem de Deus, para que conheçamos o que por Deus nos foi dado gratuitamente” (1 Co 2.12). (Elsbeth Vetsch)
O Arrebatamento é uma ilusão? Pergunta: “Nosso pastor defende a idéia de que não haverá Arrebatamento, que seria apenas uma invenção de Paulo. Devo sair dessa igreja?”
Resposta: Infelizmente isso não acontece apenas em sua igreja. Muitos negam o Arrebatamento (veja 1 Co 15.51-52; 1 Ts 4.16-17). A heresia que nega o Arrebatamento da Igreja está presente em muitas denominações. O que fazer? Abandonar imediatamente uma igreja dessas? Costumamos sempre aconselhar os que nos procuram em busca de ajuda e direção a não saírem levianamente das suas igrejas. Sugerimos que examinem diante do Senhor se podem ser uma bênção per-
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manecendo na sua igreja, apesar dos dar as costas a uma igreja, principalerros, e se é possível reunir-se com mente quando vemos que não há um grupo menor de membros para mais solução. (Marcel Malgo) orar pelo pastor, pela liderança e por toda a igreja. Um exemplo: de que adiantaria se as Recomendamos os livros > A Esperança do Arrebatamento pessoas sadias e fortes > O Grande Mistério do Arrebatamento fossem as primeiras a > A Verdade Sobre o Arrebatamento. abandonar um navio Pedidos: que está afundando? 0300 789.5152 Quem cuidaria dos fracos, dos enfermos e dos incapacitados? Portanto, deveríamos sempre examinar em oração, diante do Senhor, qual a atitude correta. Obviamente existem situações em que somos obrigados a