Notícias de Israel - Ano 28 - Nº 10

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BETH-SHALOM

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OUTUBRO DE 2006 • Ano 28 • Nº 10 • R$ 3,50

O massacre de Lisboa Pág. 17



índice 4

Prezados Amigos de Israel

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Já/Ainda Não?

Notícias de

ISRAEL É uma publicação mensal da “Obra Missionária Chamada da Meia-Noite” com licença da “Verein für Bibelstudium in Israel, Beth-Shalom” (Associação Beth-Shalom para Estudo Bíblico em Israel), da Suíça. Administração e Impressão: Rua Erechim, 978 • Bairro Nonoai 90830-000 • Porto Alegre/RS • Brasil Fone: (51) 3241-5050 Fax: (51) 3249-7385 E-mail: mail@chamada.com.br www.chamada.com.br Endereço Postal: Caixa Postal, 1688 90001-970 • PORTO ALEGRE/RS • Brasil Fundador: Dr. Wim Malgo (1922 - 1992) Conselho Diretor: Dieter Steiger, Ingo Haake, Markus Steiger, Reinoldo Federolf

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As Raízes do Nazismo

Editor e Diretor Responsável: Ingo Haake Diagramação & Arte: Émerson Hoffmann Assinatura - anual ............................ 31,50 - semestral ....................... 19,00 Exemplar Avulso ................................. 3,50 Exterior: Assin. anual (Via Aérea)... US$ 28.00 Edições Internacionais A revista “Notícias de Israel” é publicada também em espanhol, inglês, alemão, holandês e francês.

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As Origens do “Revisionismo Histórico”

As opiniões expressas nos artigos assinados são de responsabilidade dos autores. INPI nº 040614 Registro nº 50 do Cartório Especial

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HORIZONTE • O massacre de Lisboa - 15 • A psicologia dos atentados por homens-bomba - 17 • Críticas à liderança israelense - 20

O objetivo da Associação Beth-Shalom para Estudo Bíblico em Israel é despertar e fomentar entre os cristãos o amor pelo Estado de Israel e pelos judeus. Ela demonstra o amor de Jesus pelo Seu povo de maneira prática, através da realização de projetos sociais e de auxílio a Israel. Além disso, promove também Congressos sobre a Palavra Profética em Jerusalém e viagens, com a intenção de levar maior número possível de peregrinos cristãos a Israel, onde mantém a Casa de Hóspedes “Beth-Shalom” (no monte Carmelo, em Haifa).


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paz com Israel, apesar do primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, ter lhe oferecido negociações de paz por diversas vezes e de realmente não existirem empecilhos para a paz entre Israel e o Líbano. Isso mostra que o Líbano faz parte da Frente de Rejeição a Israel liderada pelo Irã e apoiada pela Síria. Outro fenômeno também representa motivo de preocupação: a indisposição contra Israel está aumentando constantemente no mundo islâmico. Até mesmo um país como a Turquia, que até agora mantinha boas relações com o Estado judeu, mudou de tal maneira suas atitudes que Israel preferiu não ter soldados turcos participando das tropas da ONU junto à sua fronteira. As palavras do Salmo 120.6-7 descrevem bem a atual situação: “Já há tempo demais que habito com os que odeiam a paz. Sou pela paz; quando, porém, eu falo, eles teimam pela guerra”. Jesus disse sobre os acontecimentos que antecederiam a Sua volta: “...não vos assusteis, porque é necessário assim acontecer” (Mateus 24.6). Para nós, esses eventos são um sinal claro da Sua vinda. Unido com vocês nessa maravilhosa esperança, saúdo com um sincero Shalom!

r Fredi Winkle

DVDs e CDs do VIII Congresso Profético - 2006 Remessa a partir de 30/11/2006.

“Já há tempo demais que habito com os que odeiam a paz. Sou pela paz; quando, porém, eu falo, eles teimam pela guerra” (Salmo 120.6-7). A guerra no Líbano terminou, mas agora a pergunta é: quem foi realmente o vencedor? A respeito, não existe uma resposta definitiva. Sem dúvida, porém, o Hizb’allah (Partido de Alá) levou um golpe bastante duro: ele ficará enfraquecido por muito tempo e não se recuperará rapidamente. Mas também para Israel a guerra trouxe surpresas e certa desilusão. Muitas fraquezas e falhas foram reveladas e agora é necessário encontrar soluções para elas. O xeque Nasrallah, líder do Hizb’allah, deu a entender que não esperava uma reação israelense tão dura ao sequestro dos soldados judeus. Segundo ele, mesmo assim o Hizb’allah não arrefecerá em sua luta contra Israel no futuro, mas apenas adaptará sua estratégia à nova situação. A guerra terá influências também sobre a organização terrorista palestina Hamas, que está considerando o Hizb’allah como seu exemplo. O Hamas deve reconhecer que os constantes ataques a Israel com mísseis causa mais prejuízos do que vantagens à sua causa. Por isso, certamente os inimigos de Israel vão procurar novos meios de ação contra o Estado judeu. Na luta contra Israel, a propaganda tem importância fundamental. Durante esse conflito recente, Israel foi novamente apresentado como agressor cruel através de imagens de refugiados e ruínas. Os leitores e telespectadores já tinham esquecido quem realmente havia iniciado o confronto. Ao mesmo tempo, parece que ninguém se interessava pelo fato de que o lançamento de milhares de mísseis do Hizb’allah contra Israel só poderia ser interrompido por meio de bombardeios maciços. Apenas através desses ataques, o governo libanês, que sempre deu apoio ao Hizb’allah, foi obrigado a agir e a concordar com as condições para um cessar-fogo. Entretanto, agora a pergunta decisiva é: o que acontecerá no futuro? As tropas internacionais serão a garantia de uma solução duradoura? Um contingente de paz pode resolver temporariamente a situação, mas uma solução genuína somente poderá ser alcançada através de um acordo de paz entre Israel e o Líbano. Porém, o primeiro-ministro libanês, Fuad Siniora, já deu a entender que o Líbano será o último país a fazer a

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O Dispensacionalismo Progressivo tornou-se publicamente conhecido através do livro Dispensationalism, Israel and the Church (O Dispensacionalismo, Israel e a Igreja), de Craig Blaising e Darrell Bock, publicado em 1992. Dois outros livros, Progressive Dispensationalism (Dispensacionalismo Progressivo) e The Case for Progressive Dispensationalism (A Defesa do Dispensacionalismo Progressivo), escritos respectivamente por Blaising/Bock e Robert Saucy, foram publicados em 1993. O slogan que expressa a crença básica do Dispensacionalismo Progressivo é: “Já/Ainda Não”. Ele representa a perspectiva teológica que defende a idéia de que, num senti-

do, o Reino de Deus, predito no Antigo Testamento, “já” está presente aqui; contudo, noutro sentido, “ainda não” [está].

Seu ensino fundamental Os dispensacionalistas progressivos alegam que o Reino “já” se encontra aqui num sentido espiritual. No momento em que Cristo subiu aos céus e se assentou à direita do Pai no trono celestial, assumiu o governo espiritual sobre a corporação dos santos, a Igreja. Desse modo, afirmam os dispensacionalistas progressivos, Ele estabeleceu uma forma espiritual do futuro Reino de Deus predito no Antigo Testamento.

Entretanto, o futuro Reino de Deus predito no Antigo Testamento “ainda não” está aqui no sentido político. Essa forma de Reino só será estabelecida quando Cristo voltar a este mundo, por ocasião de Sua Segunda Vinda, para exercer o governo de Deus sobre toda a terra. O Antigo Testamento revela que o Messias se assentará no trono de Davi, Seu antepassado, no momento em que inaugurar o futuro Reino de Deus. Essa revelação, associada à crença de que Cristo já estabeleceu uma forma espiritual do futuro Reino de Deus ao assentar-se à direita do Pai no trono celestial, induz os dispensacionalistas progressivos à

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conclusão de que o trono celestial é o mesmo que o trono de Davi. Tal perspectiva, em essência, é a mesma dos teólogos aliancistas que se denominam pré-milenistas históricos. No que diz respeito a isso, o Dispensacionalismo Progressivo dá um passo na direção da Teologia Aliancista, afastando-se do Dispensacionalismo tradicional (posição em que cremos), o qual afirma que nenhum aspecto do futuro Reino de Deus, predito no Antigo Testamento, se encontra presente agora e não se manifestará até que Cristo volte à terra na Sua Segunda Vinda, após a Grande Tribulação.

Os problemas inerentes O primeiro problema: A argumentação dos dispensacionalistas progressivos quanto ao lugar do trono de Davi é crítica. Eles afirmam que este se localiza no céu. Porém, o trono de Davi não pode ser equiparado ao trono de Deus no céu por várias razões. Em primeiro lugar, porque diversos descendentes de

Davi se assentaram no seu trono, mas apenas um descendente de Davi, Jesus Cristo, está assentado para sempre no trono celestial (Hb 12.2). Em segundo lugar, porque o trono de Davi foi estabelecido no transcurso da vida desse rei (2 Sm 3.9-10). Em comparação, se Deus sempre tem exercido o governo sobre Sua criação, é evidente que Seu trono celestial foi estabelecido muito tempo antes do estabelecimento do trono de Davi (Sl 93.1-2). Em terceiro lugar, porque a declaração que Deus faz a Seu Filho, “O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre” (Hb 1.8), parece demonstrar que Deus, o Pai, identifica o trono de Jesus como algo diferente do Seu próprio trono no céu. Em quarto lugar, porque o trono de Davi era na terra, não no céu. Davi e os respectivos descendentes que se assentaram no seu trono exerceram um governo terreno e nunca governaram no céu, nem do céu. Por esse motivo, o trono de Davi é também chamado de “o trono de Israel” pelo próprio Davi (compare 1 Rs

Jesus demonstrou que partiria para o céu, por um período de tempo, a fim de receber a posse do futuro Reino de Deus predito no Antigo Testamento. Depois de recebê-la, Ele voltaria à terra para estabelecer o referido Reino. Portanto, o futuro Reino de Deus só poderia ser estabelecido na ocasião da Segunda Vinda de Cristo.

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1.30 com 1 Rs 2.4) e por Salomão (Jr 33.17; compare 1 Rs 3.6 com 1 Rs 8.20). Em comparação, a Bíblia especifica que o trono de Deus está no céu (Sl 11.4; Sl 103.19). Em quinto lugar, porque as Escrituras descrevem o trono celestial como o trono de Deus (Lm 5.19; At 7.49; Hb 8.1; 12.2; Ap 7.15; 12.5; 14.5). A Bíblia nunca chama o trono de Deus, localizado no céu, pelo designativo “trono de Davi”. Em sexto lugar, porque, comparativamente, a descrição bíblica do trono de Davi indica que o trono pertence a Davi. Quando Deus falou com Davi acerca desse trono, referiu-se ao mesmo como “o teu trono” (2 Sm 7.16; Sl 89.4; 132.12). Nas ocasiões em que Deus fez menção do trono de Davi a outras pessoas, utilizou as expressões: “o seu [de Davi] trono” (Sl 89.29,36; Jr 33.21), e “o trono de Davi” (Jr 17.25; Jr 22.2,4,30). Em sétimo lugar, porque o texto de Apocalipse 12.5 revela que o Messias, na Sua ascensão ao céu, foi “arrebatado para Deus até ao seu trono”, não para o trono de Davi. Em oitavo lugar, porque várias décadas após assentar-se no trono de Deus, Cristo estabeleceu uma distinção entre esse trono e aquele no qual se assentará no futuro, o Seu trono (Ap 3.21). O segundo problema: No final do artigo que escrevi sobre a Teologia Aliancista (publicado na edição 6/06), apresento várias razões pelas quais afirmo que nenhuma manifestação ou forma do futuro Reino de Deus, predito no Antigo Testamento, foi estabelecida neste mundo a partir do instante em que Cristo se assentou no trono de Deus. Além daquelas, outra razão é a parábola que Jesus proferiu a Seus discípulos (Lc 19.11-27), “visto... lhes parecer que o reino de Deus havia de manifestar-se imediatamente” (Lc 19.11).


Por intermédio dessa parábola, Jesus demonstrou que partiria para o céu, por um longo período de tempo, a fim de receber a posse do futuro Reino de Deus predito no Antigo Testamento. Depois de recebê-la, Ele voltaria à terra para estabelecer o referido Reino. Portanto, o futuro Reino de Deus só poderia ser estabelecido na ocasião da Segunda Vinda de Cristo, um longo tempo depois de Sua ascensão ao céu. (Israel My Glory) Renald E. Showers é autor, professor e conferencista internacional a serviço de The Friends of Israel.

Em julho de 2005, Elliot Stein, um jovem de 23 anos do Brooklin, Nova York, jantava com sua namorada num restaurante à beira-mar em Nova Jersey. Após o jantar, o senhor Stein recebeu a conta e ficou chocado com o que viu. Na nota estavam rabiscadas as seguintes palavras: casal judeu.

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Ao reclamar, disseram-lhe que a anotação fora feita para que a garçonete identificasse a mesa do casal. Mais tarde naquele mês, a mesma anotação apareceu em seu extrato do cartão de crédito. A Procuradoria Geral de Nova Jersey abriu uma investigação a respeito. Quatro anos antes desse incidente, o embaixador da França na Grã-Bretanha, Daniel Bernard, participou de um jantar festivo em Londres, durante o qual se re-

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feriu ao Estado de Israel como “aquele paisinho de m****”.1 Será que esses incidentes são meras aberrações isoladas? Se você fizer uma pesquisa pela internet em busca da expressão anti-semitismo verá que não são. O mundo tem testemunhado um aumento alarmante no número de incidentes anti-semitas, inclusive ataques contra cemitérios, sinagogas, empresas e estabelecimentos comerciais de judeus. Segundo uma recente pesquisa feita pela Anti-Defamation League (Liga Antidifamação), doze países europeus são fortemente anti-semitas.2 Em agosto de 2005, o papa Bento XVI ratificou tais constatações ao declarar que “hoje em dia, lamentavelmente, estamos testemunhando o surgimento de novos indícios de anti-semitismo”.3 A comunidade judaica ao redor do mundo observa com muita preocupação esse clima que relembra a Alemanha nazista antes do Holocausto. Naquela época, as ocorrências, aparentemente isoladas, eram apenas o prenúncio do que estava por vir: o anti-semitismo da pior espécie que se podia imaginar – a aniquilação planejada de 6 milhões de judeus. O mesmo sentimento que levou ao Holocausto está ressurgindo na atualidade.

O legado de Martim Lutero Dois fatos indiscutíveis permeiam as Escrituras Sagradas: (1) Deus escolheu o povo judeu para ser o Seu povo; (2) Ele decidiu dar a esse povo um território específico (a terra de Israel) por direito perpétuo. Infelizmente, surgiu uma certa teologia que rejeita esses fatos. Tal teologia segue o seguinte pensamento: Em virtude do povo judeu ter rejeitado a Jesus como seu

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Messias, ele perdeu o direito às promessas que lhe foram feitas. Essa concepção originou-se em 321 d.C. durante o reinado de Constantino, o qual declarou o Cristianismo como religião oficial do Império Romano. Muitos criam que os judeus eram semelhantes a Judas, que traiu Jesus. Judas foi amaldiçoado. Então, chegaram à conclusão de que os judeus são amaldiçoados e de que Deus, portanto, os rejeitou e não quer mais saber deles. Essa teologia alega que Deus escolheu um outro povo (a Igreja) e um outro lugar: Roma. Até a grande emancipação ocorrida no século XVIII, a Igreja [Católica] chegou mesmo a incentivar os gentios a agirem contra os “assassinos de Cristo”. Durante anos a Igreja [Católica] ensinou que os judeus eram inimigos odiosos de Deus e rebeldes, culpados pelo assassinato do Filho de Deus. Esses “cristãos” instigaram reinos a elaborar leis que obrigassem o povo judeu a usar emblemas distintivos em suas roupas,

a viver separados dos gentios em guetos e, se necessário, a serem expulsos para que a ordem social fosse preservada. A história eclesiástica está repleta de exemplos de clérigos que ridicularizaram o povo judeu; Inácio, Justino Mártir, João Crisóstomo e Gregório de Nissa são apenas alguns deles. Eles criam que o pecado dos líderes judeus de exigir a morte de Jesus passou ao povo judeu para sempre. De todos os líderes da Igreja, verdadeiramente nascidos de novo, que assumiram tal posição, nenhum causa mais tristeza do que Martim Lutero, o grande reformador nascido na Alemanha. Embora tenha escrito muitos tratados maravilhosos para benefício dos crentes em Cristo, Lutero era um anti-semita ferino. Em seu livro intitulado On the Jews and Their Lies (Quanto aos Judeus e Suas Mentiras), ele retratou os judeus como “peçonhentos”, “vermes miseráveis” e “bichos nojentos”,4 além de incentivar a violência contra eles:

Uma teologia surgida em 321 d.C. alega que Deus rejeitou Israel e escolheu um outro povo (a Igreja) e um outro lugar: Roma.


O que nós, cristãos, devemos fazer com os judeus, esse povo rejeitado e condenado? Incendiar suas sinagogas ou suas escolas e [...] enterrar e cobrir de entulho tudo o que não for destruído pelo fogo, para que ninguém mais veja uma pedra ou as cinzas deles [...]. Eu recomendo que suas casas sejam arrasadas e destruídas [...] que todos os seus livros de oração e escritos talmúdicos [...] sejam confiscados, [...] que seus rabinos sejam proibidos de ensinar [...] Recomendo a suspensão do salvo-conduto para os judeus nas estradas [... e] que todos os seus valores em dinheiro, bem como seus tesouros em ouro e prata, sejam confiscados.5

O que o levou a escrever de maneira tão desprezível? Ele cria que “depois do Diabo, não há inimigo mais cruel, mais venenoso e violento do que um verdadeiro judeu”.6 As críticas violentas de Lutero contra os judeus foram muitas vezes recicladas como justificativa para o anti-semitismo. Elas ainda são usadas até hoje.

A obsessão pelo nacionalismo Quando Napoleão levou a França à vitória contra a Alemanha no final do século XVIII, os franceses ocuparam o território alemão por vinte e cinco anos. Durante esse tempo, eles propagaram os ideais do Iluminismo, que davam ênfase à razão, ao progresso do conhecimento, à liberdade e à justiça para todos os cidadãos. Os judeus na Alemanha se tornaram beneficiários do pensamento “iluminista”. O povo alemão, com ódio da ocupação francesa, ofendeu-se com os benefícios estendidos ao povo judeu. Entre os alemães surgiram dois filósofos, ambos ferrenhos nacionalistas: Conhecido como o pai do nacionalismo alemão, Johann Gottlieb

Fichte ensinava filosofia na Universidade de Berlim. Ele considerava os judeus como corruptos, uma ameaça à riqueza da herança e às habilidades do povo alemão. Caracterizava a comunidade judaica como “um poderoso Estado [que] se estende por quase todos os países da Europa, o qual tem intenções hostis e se envolve constantemente em disputas com todos os outros países”.7 Com a morte de Fichte em 1814, o manto nacionalista não poderia ter caído Quando Napoleão levou a França à vitória contra a Alemanha no final do século XVIII, os franceses sobre ninguém mais ocuparam o território alemão por vinte e cinco anos. do que Georg WiDurante esse tempo, eles propagaram os ideais do Iluminismo, que davam ênfase à razão, ao progresso lhelm Friedrich Hedo conhecimento, à liberdade e à justiça gel. Para Hegel, o Espara todos os cidadãos. tado (a Alemanha) era tudo e servia como um purificador moral. Transcendia a importância de qual- ção, o Volk personificava a alma do quer indivíduo. Hegel ainda dizia povo alemão, seu senso de particique todo cidadão alemão tinha a pação e seu destino comum. A mentalidade do Volk, associaresponsabilidade e o dever de servir da à postura religiosa de que o Poao Estado. A partir de então, os judeus fo- vo Escolhido de Deus fora amaldiram vistos como “os outros”, estra- çoado na condição de assassino de nhos ao Estado alemão. Os símbo- Cristo, instilou medo no povo julos alemães foram usados publica- deu e fez com que ele estivesse mente contra os judeus em sempre sob suspeita. Christian Lassen (1800-1876), manifestações. Em 1819 estouraram violentos distúrbios anti-semi- professor da matéria de Civilizações tas e as multidões cantavam em co- Antigas na Universidade de Bonn, ro: “Morte e destruição a todos os afirmou categoricamente que o povo semita é inerentemente “interesjudeus!”8 A barreira de separação entre ju- seiro e exclusivista”.9 O filósofo aledeus e alemães aumentou. Os ale- mão Paul Lagarde (1827-1891) mães foram desafiados a adotar o descreveu os judeus como uma bacVolk (povo), um conceito que in- téria patogênica: Uma pessoa teria que ter um coracorporava a essência germânica. Maior do que apenas o povo, maior ção tão duro quanto o couro de um do que a terra, a cultura ou a tradi- crocodilo para não sentir pena dos

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pobres e explorados alemães e [...] para não odiar os judeus e desprezar aqueles que – desprovidos de sentimento humano – defendem esses judeus ou são muito covardes para pisar e esmagar essa gente usurária até a morte. Com vermes parasitas e bactérias não se negocia, nem devem tais vermes e bactérias ser instruídos; eles precisam ser exterminados completamente o mais rápido possível.10

raça ariana e dizia que os judeus “se alimentavam deles [dos alemães] e sugavam – em todos os níveis sociais – a sua força vital”.12 No livro Foundations of the 19th Century, ele escreveu que: (1) os judeus eram hostis e corrompiam a civilização; (2) Os arianos eram os responsáveis por todas as contribuições importantes para a civilização; (3) Jesus não tinha sido judeu, mas ariano. (4) A análise da fisionomia Dois importantes livros também era uma ciência legítima capaz de acenderam mais as chamas do sen- predizer o caráter por traços físicos. timento antijudaico. Foundations of Esse livro vomitava jargões relithe 19th Century (Fundamentos do giosos anti-semitas que, na maioria Século XIX), de C. S. Chamber- das vezes, eram citações dos escrilain, sempre foi considerado “a Bí- tos de Martim Lutero. Publicado blia dos racistas”.11 Chamberlain em 1895, o livro chegou à marca de exercia grande fascínio sobre as 28 edições até 1942, “com mais de massas com suas “provas” falsifica- 250 mil conjuntos de dois volumes” das a respeito da superioridade da vendidos, segundo escreveu David A. Rausch em A Legacy of Hatred (Um Legado de Ódio).13 Duas pesO Kaiser (imperador) alemão Guilherme II era soas extremamente verextremamente versado no livro de Chamberlain. sadas no livro de Mais tarde, o mesmo ocorreu com Adolf Hitler. Chamberlain foram o Kaiser (imperador) Guilherme II e, mais tarde, Adolf Hitler. A segunda obra literária de maior relevância foram Os Protocolos dos Sábios de Sião (veja artigo a respeito na edição 8/06). Essa poucavergonha sinistra afirmava que havia (e que ainda há) uma conspiração judaica para assumir o controle do mundo. Originalmente escrito por Maurice Joly em 1864 para delinear o desejo de Napoleão de controlar o mundo, o livro foi, mais tarde, fraudulentamente forjado para se transformar nos infames Protocolos, atra-

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vés da substituição da palavra francês e suas correlatas, pelo termo judeu e seus semelhantes. Essa obra influenciou profundamente o povo alemão, levando muitas pessoas a crer no engodo de que um grupo de judeus agia secretamente para se apoderar da Alemanha e do mundo. Em 1927, Henry Ford, o magnata da indústria automobilística, publicou trechos extraídos dos Protocolos dos Sábios de Sião no jornal The Dearborn Independent. Tais pensamentos levaram à proliferação das opiniões anti-semitas na Alemanha. Em 1879, o historiador alemão Heinrich von Treitschke publicou uma série de artigos anti-semitas, o último deles intitulado: “The Jews Are Our Misfortune” (“Os Judeus São a Nossa Desgraça”).14 O livro dele instigou 250 mil pessoas a fazerem um abaixo-assinado exigindo que os judeus fossem proibidos de assumir cargos governamentais ou de ensino.15 Os políticos locais começaram a utilizar essa plataforma ideológica anti-semita em suas campanhas, ao declararem que protegeriam a Alemanha do perigo representado pelos judeus, os quais, segundo eles, contaminavam a sociedade. Requerimentos circularam no intuito de coibir a imigração judaica. Em 1890, Hermann Ahlwardt conquistou um assento no Reichstag (o Parlamento alemão) embasado na plataforma política-ideológica de que os judeus eram uma epidemia de cólera, bacilos patogênicos e feras predadoras. Em resposta, os judeus tentaram demonstrar sua lealdade aos alemães. O Judaísmo Reformado (liberal) tinha começado na Alemanha, em parte como uma maneira dos judeus manterem sua identidade judaica, aparentando, todavia, um jeito de ser mais gentílico. Muitos ju-


deus procuraram ser menos distintivos no seu caráter judaico e começaram a se misturar na sociedade ao levar uma vida mais contextualizada, preservando, porém, a sua identidade.

A amargura da derrota Em 28 de junho de 1919, derrotada e humilhada depois de uma guerra terrivelmente custosa, a Alemanha foi forçada a assinar sua rendição em Versalhes, na França. As condições de paz impostas pelo Tratado de Versalhes, obrigaram a Alemanha a abrir mão da ideologia do Volk que tão ardentemente adotara, bem como levaram os alemães a admitir que foram os únicos culpados por aquela que posteriormente ficou conhecida como a I Guerra Mundial. A Alemanha foi obrigada a reduzir seu exército para 100 mil homens, teve que devolver territórios e pagar indenizações. A região da Alsácia-Lorena foi restituída à França; os territórios conquistados por Otto von Bismarck foram devolvidos à Bélgica, Dinamarca e Polônia. Indenizações foram fixadas no valor de 132 bilhões de marcos de ouro, “ou cerca de 33 bilhões de dólares, uma soma praticamente impossível de ser paga por eles”.16 A sexta parte de toda a população de judeus da Alemanha, aproxi-

madamente 100 mil pessoas, lutou bravamente pelo seu país na guerra e 12 mil deles perderam sua vida. Entretanto, a culpa pela derrota foi colocada nos judeus. Circularam acusações de que os soldados judeus não lutaram pela Alemanha, mas sim para “assumir o controle da nação”.17 Em conseqüência da derrota, [o imperador Guilherme II abdicou] e a forma de governo adotada na Alemanha passou a ser a República de Weimar. Enquanto alguns alemães aceitaram essa nova república, outros ficaram amargurados pela humilhação sofrida em Versalhes. Um dos soldados que sobreviveram à guerra achou o gosto da derrota amargo demais; o nome dele era Adolf Hitler.

A Alemanha foi preparada para dar as boas-vindas a um líder imbuído do orgulho da mentalidade do Volk, que a livraria daquelas criaturas traiçoeiras (os judeus). Em 1933, surgiu um homem determinado a fazer exatamente isso. Seu nome era Adolf Hitler.

O caos econômico

Em virtude das pesadas indenizações que tinham de ser pagas, a economia alemã cambaleou. A inflação subiu como um foguete para o espaço. Em 1919, nove marcos alemães valiam um dólar. Por volta de 1923, esse mesmo valor equivalia à assombrosa quantia de 4,2 triRecomendamos os livros: lhões de marcos. O presidente Paul von Hindenburg conseguiu renegociar o pagaPedidos: 0300 789.5152 mento das www.Chamada.com.br indenizações

com os Aliados e estabelecer medidas de controle da inflação pela emissão de uma nova moeda, o Reichsmark. O país começou a progredir. Apesar do clima anti-semita, os judeus também prosperavam. Então aconteceu a quebra das bolsas de valores em 1929. O incidente gerou desemprego, que produziu desânimo, que criou ressentimento e fez com que todos visassem os judeus. Em muitos círculos religiosos, sociais, políticos e acadêmicos, a própria existência do povo judeu se tornou a desculpa para todos os problemas da Alemanha. Os alemães acreditavam que se conseguissem resolver o “problema” judeu, todos os seus outros problemas desapareceriam. O país foi preparado para dar as boas-vindas a um líder imbuído do orgulho da mentalidade do Volk, que o livraria daquelas criaturas

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traiçoeiras. Esses “inimigos” do Reich tinham que ser identificados, isolados e eliminados sem que a Alemanha se sentisse culpada. Em 1933, surgiu um homem determinado a fazer exatamente isso. Seu nome era Adolf Hitler. Mais de meio século se passou desde que Hitler empreendeu esforços na tentativa de exterminar os judeus do mundo. No entanto, em 2001 um diplomata europeu de alto escalão não teve o mínimo escrúpulo de chamar Israel de “aquele paisinho de m****”. Na Europa, hoje em dia, as sinagogas são novamente depredadas e os judeus espancados nas ruas. Dois jovens em Nova Jersey foram discriminados como “casal judeu” e essa expressão designativa acabou registrada no extrato oficial do cartão de crédito. À me-

dida que o anti-semitismo aumenta, será que não é justo perguntar se o mundo contempla a linha do horizonte à espera de outro líder que tente fazer o mesmo novamente? (Israel My Glory) Steve Herzig é diretor de The Friends of Israel nos EUA.

Notas: 1. “Anti-Semitic French Envoy Under Fire”, publicado em 20 de dezembro de 2001 no site www.newsearch.bbc.co.uk/1/hi/world/europe/1721172.stm. 2. “ADL Survey in 12 European Countries Finds Anti-Semitic Attitudes Still Strongly Held”, publicado em 7 de junho de 2005 no site www.adl.org/PresRele/ASint–23/4726–13.htm. Os resultados da pesquisa também estão disponíveis nesse site. 3. McHugh, David, “Pope Warns of Increase in Anti-Semitism”, publicado em 19 de agosto de 2005 no site www.apnews.myway.com/article/2050819/D8C2T1MO0.html. 4. Rausch, David A., A Legacy of Hatred, Chicago: Moody Press, 1984, p. 29.

5. Luther, Martin, On the Jews and Their Lies (de 1543), traduzido da obra original por Martin H. Bertram, publicado em Luther’s Works, no tópico “The Christian in Society”, pelos editores Franklin Sherman e Helmut T. Lehman, Filadélfia: Fortress Press, 1971, 47:268. 6. Dawidowicz, Lucy S., The War Against the Jews, 1933-1945, Nova York: Bantam Books, 1975, p. 29. 7. Katz, Jacob, From Prejudice to Destruction: Anti-Semitism, 1700-1933, Cambridge, Mass: Harvard University, 1980, p. 60; citado por Rausch, p. 33. 8. Rausch, p. 34. 9. Dawidowicz, p. 41. 10. Ibid. 11. Rausch, nota 5, p. 43. 12. Langer, Howard J., The History of the Holocaust: A Chronology of Quotations, Northvale, N.J.: Jason Aronson Inc., 1997, p. 20. 13. Rausch, p. 43. 14. Bauer, Yehuda, A History of the Holocaust, Nova York: Franklin Watts, 1982, p. 47. 15. Ibid. 16. Lutzer, Erwin W., Hitler’s Cross, Chicago: Moody Press, 1995, p. 30. Disponível em português: A Cruz de Hitler, Editora Vida. Pedidos: www.Chamada.com.br ou 0300 789.5152. 17. Rausch, p. 47.

Engana-se quem associa a negação do Holocausto com a extremadireita. O Revisionismo nasceu entre os comunistas e é a esquerda a sua maior propagadora nos dias de hoje.

Em dezembro de 2003, quando saiu finalmente a sentença do Supremo Tribunal Federal contra Siegfried Ellwanger, toda a imprensa nacional se referiu ao editor gaúcho de livros anti-semitas como “editor de extrema-direita”. Para quem não sabe, Ellwanger, também conhecido como S. E. Castan, é o proprietário da Editora Revisão,

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dedicada exclusivamente à publicação de propaganda nazista e de material que nega a matança de milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Ellwanger e sua editora são adeptos do Revisionismo Histórico, um movimento pretensamente acadêmico que se dedica a tentar provar que o Holocausto judeu durante a Segunda Guerra Mundial não passou de uma invenção. Alegam que Hitler e seus asseclas na verdade eram umas flores de bondade e que tudo o que se publica sobre o assunto é parte de uma grande conspiração midiática de dominação mundial por malvados judeus. As “descobertas” (perdoem-me pelo excesso de aspas, mas elas são inevitáveis) seriam fruto de “revisões” de depoimentos e pesquisas, daí eles se chamarem de “revisionistas”. Em resumo, trata-se de uma mixórdia sem nenhuma sustentação histórica, tratada com o devido desprezo por todos os pesquisadores sérios. De fato, a associação entre neonazismo e extrema-direita é automática e ambas as expressões são encaradas como sinônimos. Até ser processado e condenado em todas as instâncias jurídicas, S. E. Castan agregou em torno de si um pequeno grupo de jovens que agiram em Porto Alegre em pequenos putches anti-semitas nos anos 80 e 90. Merece plenamente o epíteto de nazista. Mas o dito “revisionismo” (que eu prefiro chamar de negacionismo), por mais fraudulento e malintencionado, tem também a sua história. E vale a pena conhecê-la. A primeira vez em que se publicou material que negava a existência de campos de extermínio erguidos pelos nazistas foi na França, na década de 50. Não por acaso, a França foi o país que menos lutou contra a ocupação alemã durante a

guerra. O Regime de Vichy foi, de fato, cúmplice voluntário das barbaridades nazistas e a França também foi o berço do Affaire Dreyfus (1), a terra de Gobineau (2) e de Édouard Drumont (3). “Franceses nazistas”, pensará o leitor a esta altura. Errado. Curiosamente, não foram ex-colaboracionistas os primeiros negacionistas, mas justamente o contrário. Pierre Guilleume, militante do grupo trotskista SOB (“Socialismo ou Barbárie”) e posteriormente fundador da dissidência Pouvoir Ouvrier, ao lado de Serge Thion, proprietário de uma pequena casa editora chamada La Vieille Taupe (“A Velha Toupeira”), foram os primeiros publicadores de livros anti-semitas baseados nessas teorias negacionistas. A estrela da “Velha Toupeira” era um membro da Resistência, Paul Rassinier, militante comunista e que usava sua condição como salvo-conduto. Rassinier alegava que ao ser capturado pelos nazistas fora testemunha do tratamento dispensado aos seus prisioneiros. E que nunca testemunhara maus-tratos a nenhum judeu enquanto esteve preso. Logo, todos os testemunhos que atestavam a matança nos campos de extermínio nazistas seriam falsos. O fato de que foram os soviéticos que primeiro chegaram aos campos e registraram a matança não afetava Rassinier, pois como trotskista ele poderia duvidar dos relatos “stalinistas” do Holocausto. Para os trotskistas franceses, o sionismo era a consolidação dos planos explicitados em Os Protocolos dos Sábios de Sião[a], velha fraude produzida pela polícia secreta czarista e apresentada como uma compilação de “planos judaicos de dominação mundial”. Mas Paul Rassinier não era um caso isolado. Tampouco agia por

conta própria. Alguns milhares de quilômetros a Leste da França, mais precisamente em Moscou, nascia a “sionologia”, uma pretensa ciência sócio-política (bem ao gosto marxista) e adotada como política acadêmica oficial na União Soviética, onde as teses negacionistas e conspiratórias eram a base para a produção de farto material contra Israel. Em 1963, Trofim K. Kichko (posteriormente agraciado com um diploma pelo Partido Comunista da Ucrânia) publicou pela Academia de Ciências da Ucrânia O Judaísmo sem Maquiagem, livro que parte de um trecho de Os Protocolos dos Sábios de Sião para afirmar que “o expansionismo e a crueldade israelenses estão determinados no Talmude”. Em 1969, Yuri Ivanov publicava Cuidado! Sionismo!, um tosco panfleto onde o sionismo era apresentado como “uma ideologia de organizações conectadas para a prática política da burguesia judaica

Raissinier alegava que ao ser capturado pelos nazistas fora testemunha do tratamento dispensado aos seus prisioneiros. E que nunca testemunhara maus-tratos a nenhum judeu enquanto esteve preso.

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e fundida com as esferas monopolistas nos EUA”. A partir do livro de Ivanov, as obras “sionológicas” foram consideradas leitura obrigatória na formação de quadros políticos e militares da União Soviética e nos países sob sua esfera de influência. Disseminados pelos formandos da Universidade dos Povos Patrice Lumumba[b], os livros anti-semitas soviéticos formaram gerações de militantes de esquerda que assimilaram e reproduziram a visão expressada pela terceira edição da “Grande Enciclopédia Soviética” sobre o sionismo: O sionismo é um postulado reacionário, chauvinista, racista e anticomunista. A Organização Sionista Internacional é detentora de grandes fundos financeiros monopolistas que influenciam a opinião pública ocidental capitalista e serve como frente avançada do colonialismo. O rompimento entre os soviéticos e o movimento sionista ocorreu

Mahmoud Abbas, ex-militante do Fatah e atual presidente da Autoridade Palestina, é formado em história pela Escola Oriental de Moscou e autor de um livro negacionista, publicado em árabe sob o patrocínio soviético na década de 70.

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ainda antes da independência do Estado de Israel, em 1948. Josef Stalin desejava desencorajar o sionismo com a criação do Birobidjão, uma república soviética onde os judeus deveriam se instalar e permanecer, sempre tutelados sob a sombra da influência de Moscou. Stalin também usou o sionismo e a recente fundação de Israel como pano de fundo de seu último grande expurgo, a “Conspiração dos Médicos”. Mesmo depois da morte de Stalin, a União Soviética continuou frontalmente contra Israel, embora o movimento sionista tenha sido majoritariamente formado por militantes socialistas e por pessoas de sólida formação marxista. Após a Guerra dos Seis Dias, em 1967, quando Israel venceu uma coalizão de oito países sob a direta influência política da União Soviética, a sionologia encontrou um território perfeito para se disseminar. Não é exagero afirmar que o surgimento dos grupos terroristas árabes e a sionologia se retroalimentaram. Yasser Arafat foi treinado pelo serviço secreto do leste europeu[c] e Mahmoud Abbas, ex-militante do Fatah e atual presidente da Autoridade Palestina, é formado em história pela Escola Oriental de Moscou e autor de um livro negacionista, publicado em árabe sob o patrocínio soviético na década de 70. Uma das táticas mais presentes entre os sionologistas para se respaldarem é a utilização de autores judeus. Já nos anos 60 eram escolhidos membros dos partidos comunistas de origem judaica para emprestarem seus nomes às publicações. Essa prática perdurou e gerou o surgimento de intelectuais de esquerda como Noam Chomsky e Norman Finkelstein, que sem serem negacionistas seguem a linha mestra da sionologia de demoniza-

ção do sionismo e da identidade judaica. Curiosamente, até os mais ferrenhos negacionistas citam Chomsky e Finkelstein como fontes para suas idéias. O encontro entre negacionistas, comunistas e terroristas que formou a sionologia não impediu que militantes neonazistas absorvessem o discurso sionológico. A verdade é que ao se comparar o discurso neonazista com o discurso de boa parcela da esquerda não se encontrarão muitas diferenças. O negacionismo e a sionologia fazem parte dos discursos tanto de esquerdistas ilustres, como José Saramago e os já citados Chomsky e Finkelstein, quanto de verdadeiros expoentes da extrema-direita, como Lyndon LaRouche, malgrado seu passado de militante trotskista. Curiosamente, ultra-direitistas e ultra-esquerdistas colaboram entre si quando o objetivo é o anti-semitismo. Comunistas como Rassinier usam de sua ideologia para separar seu discurso das lembranças nazistas, enquanto os nazistas usam a colaboração de judeus comunistas como salvo-conduto para escaparem da acusação de anti-semitismo. Seguidores brasileiros de Siegfried Ellwanger mantêm várias páginas eletrônicas onde se encontram links, tanto para sites onde a matança de judeus é exaltada quanto para textos acadêmicos de esquerda onde se pode ver Norman Finkelstein “protestando contra o uso capitalista das indenizações de guerra”. E no meio dessa mixórdia [há] várias “provas” de que não houve nem matança e nem expropriação de bens de judeus. A propósito, Ellwanger nunca se apresentou nem como neonazista e nem como esquerdista. Mas o maior eco da sionologia pode ser visto hoje nas ações e nos discursos do atual líder iraniano,


logia necessária para a construção de armas de destruição em massa. Fora do mundo islâmico, a linha de frente que apóia as reivindicações de Ahmadinejad tem sido – como sempre – a esquerda, cada vez mais enO maior eco da sionologia pode ser visto hoje nas ações e nos cantada pelo discursos do atual líder iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, que declarou em dezembro de 2005 que “o Holocausto é um mito”. discurso sionologista. No momenMahmoud Ahmadinejad, que de- to em que vemos o empenho de clarou em dezembro de 2005 que uma boa parcela da opinião pública “o Holocausto é um mito”: mundial em atacar Israel enquanto Fabricaram uma lenda sob o no- esse país se defende das covardes me de “massacre dos judeus”, e dão agressões de grupos terroristas, a mais importância a isso do que a emergência do discurso negacionisDeus, à religião e aos profetas. ta e sionologista demonstra o sucesAhmadinejad vem afirmando so que seus criadores obtiveram e que “a lenda” é o que manteria como o Terror se aproveita dele. O uma suposta opressão do Ocidente fato do negacionismo e da sionolocontra os países islâmicos e com is- gia não serem necessariamente uma so vem desafiando a comunidade criação da extrema-direita não anuinternacional ao fomentar o terro- la o fato de que esta também faz rismo e insistir em adquirir a tecno- uso deles. Mas a ligação automática

que mormente se faz é inexata. A negação do Holocausto é criação dos acadêmicos comunistas e é a esquerda a sua maior useira e vezeira nos dias de hoje. (extraído de www.MidiaSemMascara.com.br)

O massacre de Lisboa

90 mil judeus tinham sido admitidos em Portugal por D. João II. Proeminentes membros da comunidade judaica castelhana haviam negociado com o rei a acolhida dos exilados em troca de vultosos impostos de entrada. O grande abalo na vida dos judeus teve início quando o sucessor de D. João II, D. Manuel I, contratou ca-

Há pouco mais de 500 anos, incitada por clérigos fanáticos, uma multidão perseguiu, torturou e matou milhares de judeus conversos. A matança durou três dias, de 19 a 21 de abril de 1506.

Os dramáticos fatos ocorreram durante o reinado de D. Manuel I, nove anos após o rei ter decretado a conversão forçada dos judeus em Portugal. Após sua expulsão da Espanha, em 1492, pelos reis católicos, mais de

Victor Grinbaum é jornalista no Rio de Janeiro.

Notas: [a] http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=1548 [b] http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=266 [c] http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=2086 Notas do Autor: (1) O Caso Dreyfus em 1894, foi a falsa acusação que o oficial francês de origem judaica Alfred Dreyfus sofreu por ser espião dos alemães. Baseado em documentos forjados por nacionalistas franceses, um tribunal militar condenou Dreyfus ao degredo na Ilha do Diabo. Graças a uma campanha movida pelo escritor Émile Zola, Dreyfus foi novamente julgado e desta vez inocentado. Foi cobrindo o Caso Dreyfus que o jornalista austríaco Theodor Herzl criou o sionismo. (2) Joseph Arthur de Gobineau (1816 – 1882), escritor e diplomata francês e autor do Tratado sobre a desigualdade das raças humanas, publicado em 1853 e considerado o primeiro livro de teoria racista. (3) Édouard Drumont (1844 – 1917), autor de La France Juive (“A França Judia”), em que defendia a expulsão dos judeus do país, baseado na teoria de que estes seriam conspiradores e traidores antinacionalistas. Foi um dos principais propagadores de libelos antiDreyfus.

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Horizonte samento com Dª Isabel, princesa de Espanha. Fazia parte do contrato nupcial uma cláusula que exigia a expulsão dos “hereges” (mouros e judeus) de todo o território português. O rei viu-se diante de sério dilema pois não queria perder a riqueza e os talentos judaicos, que tanto benefício traziam a Portugal. [Entretanto,] às vésperas do casamento, assinou o decreto que previa, em um prazo de dez meses, a expulsão dos “hereges” de Portugal. Para os judeus, restava uma única alternativa: a conversão ao cristianismo [catolicismo]. O rei tinha esperanças que muitos se batizassem, ainda que apenas “pro forma”. Mas a maioria dos judeus, que fugira da Espanha justamente para não abandonar sua fé, decidiu então, abandonar Portugal. O rei, no entanto, diante dessa possibilidade de grande evasão de capital

do país junto com a população judaica, publicou um novo decreto proibindo a partida dos judeus de Portugal e forçando-os a se converterem. Em outubro de 1497, os que ainda não o haviam feito, foram brutalmente arrastados à pia batismal. A grande maioria, porém, continuou a praticar o judaísmo em segredo. D. Manuel tentou, em vão, promover a integração da massa de conversos à população de cristãos-velhos. Os cristãos-novos, como eram também chamados, continuavam a ser identificados pelos demais como judeus.

Inicia-se a violência

Respeitados cronistas da época registraram os trágicos acontecimentos de abril de 1506. Entre eles se destacam o rabino Salomão Ibn Verga; Samuel Usque, erudito judeu português nascido pouco antes do massacre; Damião de Góis, historiador, em A legenda da gravura diz: “Da Contenda Cristã, que sua “Crônica de D. MaRecentemente Teve Lugar em Lisboa, Capital de nuel I” (Cap. II-1); GarPortugal, Entre Cristãos e Cristãos-Novos ou Judeus, cia de Resende e, no Por Causa do Deus Crucificado”. século XIX, os historiadores portugueses Alexandre Herculano e Oliveira Martins. O número das vítimas é incerto; sabe-se que acima de 300 conversos foram queimados. Segundo Damião de Góis, mais de 1.900 morreram; para Herculano, tal número teria ultrapassado os 2.000. Samuel Usque e Garcia de Resende afirmam que as mortes chegaram a mais de 4.000. Os acontecimentos se desenrolaram com rapidez e violência. Naquele abril de 1506 o ar pesava de tensão e

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incerteza; a peste e a fome assolavam Lisboa desde outubro do ano anterior. A partir de janeiro, a situação piorara, mais de cento e trinta indivíduos morriam por dia e preces públicas pediam o auxílio divino. D. Manuel e sua corte haviam fugido para Abrantes por causa da peste, deixando a cidade praticamente sem controle, tão poucas eram as autoridades remanescentes na sede do governo. A violência explodiu em 19 de abril de 1506, domingo de Pascoela, na semana seguinte à Páscoa. No Mosteiro de São Domingos, enquanto os fiéis rezavam pelo fim das desgraças, alguém jurou ter visto um clarão iluminar o altar – “fato” logo interpretado como sinal de milagre, quiçá uma mensagem de misericórdia. Entre os presentes, alguns manifestaram incredulidade. Damião de Góis relata: “Entre eles, um cristão-novo que teria afirmado que lhe parecia (haver) uma candeia acesa...”. Imediatamente se acendeu contra ele a indignação dos crentes, incitada pelos frades dominicanos. O converso foi calado e espancado até a morte por uma massa enfurecida que, em seguida, queimou o que lhe restava do corpo. Um frade excitava o povo, atraído pelo tumulto, com violentas declarações, enquanto outros bradavam: “Herege! Herege!” O rabino Salomão Ibn Verga, em sua obra Sefer Shebet Yehudah (Livro do Cetro de Judá), escrito em Portugal pouco depois do massacre, afirma que o suposto “milagre” nada mais fora além de um artifício propositalmente planejado pelos dominicanos. Seu objetivo único era atiçar a fúria do povo contra os conversos. Escreve o rabino Ibn Verga: “Fizeram um crucifixo oco com uma abertura atrás, recoberto de vidro, na frente, por onde passavam uma vela, fazendo supor e alardeando que a chama emergia do crucifixo; enquanto isso, o povo se prostrava, aos brados de ‘Vede o grande milagre!”’ A partir daí, três dias de massacre se


Horizonte

D. Manuel I estava a caminho de Beja quando se iniciou o massacre. Alertado dos acontecimentos, despachou seus magistrados para pôr fim ao banho de sangue.

sucederam, com a violência se alastrando rapidamente pela cidade. As tripulações dos navios do Tejo se juntaram à multidão nos saques à cidade. Em bandos, as massas iam à caça dos conversos. Quando encontrados, eram espancados até a morte, arrastados sem piedade pelas ruas, às vezes ainda vivos, até às fogueiras construídas nos bairros da Ribeira e do Rossio. E os sinos conclamavam os fiéis à matança. Os frades incitantes prometiam a absolvição dos pecados dos últimos cem dias para quem matasse os “here-

ges”. Os judeus eram torpemente acusados de serem o motivo da profunda seca e da peste que assolavam o país. As cenas eram [de multidões] ensandecidas; pelas ruas corria o sangue enquanto pairava no ar um forte cheiro de carne queimada. Logo no primeiro dia pereceram mais de quinhentas pessoas. Nada parecia acalmar as massas; a violência grassava, desenfreada. Os conversos tiveram suas casas invadidas e saqueadas; sua gente, massacrada, violada, queimada, indistintamente, quer fossem homens, mulheres, crianças ou idosos. Os recém-nascidos eram arrancados dos braços das mães e atirados contra a parede. Além disso, vinganças pessoais e roubos corriam soltos em meio ao caos que imperava na cidade. Só no terceiro dia a violência cedeu – não porque a turba se tivesse acalmado, mas, como escreve Góis, porque já não tinham a quem matar, pois todos os cristãos-novos, escapados da fúria insana, foram postos a salvo por pessoas honradas...” D. Manuel I estava a caminho de Beja quando se iniciou o massacre. Alertado dos acontecimentos, despachou seus magistrados para pôr fim ao banho de sangue. As tropas e os oficiais da Coroa chegaram a Lisboa para restaurar a ordem, com poderes especiais para castigar os envolvidos no massacre. Foram confiscados os bens dos culpa-

A psicologia dos atentados por homens-bomba Pierre Rehov é um cineasta francês que já tinha feito seis documentários sobre a intifada (rebelião) durante viagens ocultas a terras palestinas. Seu filme mais recente, “Suicide Killers” [“Assassinos Suicidas”, lançado

nos Estados Unidos no começo de 2006], é baseado em entrevistas com familiares de assassinos suicidas e com homens-bomba cujos atentados fracassaram, numa tentativa de descobrir os motivos que levam essas pessoas a cometer tal

dos, muitos dos quais acabaram presos e enforcados, entre eles seus instigadores, os frades dominicanos. Há indícios de que o Convento de S. Domingos tenha ficado interditado durante oito anos, como punição real. O Massacre de Lisboa e, trinta anos depois, o estabelecimento da Inquisição com a entrada em vigor do Tribunal do Santo Ofício Inquisitorial em território luso, fizeram milhares de conversos abandonar o país. Alguns foram para o Norte da Europa, onde fundaram comunidades sefarditas em Amsterdã, Hamburgo, Antuérpia, entre outras. Houve também os que retornaram ao Oriente, estabelecendose na Turquia, bem como em outros países e na Terra Santa. O Massacre de Lisboa em 1506 caiu no esquecimento. Hoje são poucos os historiadores que lhe fazem referência. Em abril de 2006, meio milênio após os terríveis acontecimentos, os judeus de Portugal recordaram o nefasto episódio. (extraído de www.morasha.com.br)

Bibliografia: – Artigos de I a IX sobre os “500 Anos: O massacre de Lisboa”, publicados no site http://ruadajudiaria.com – Artigo de Ana Marques Gastão “Velas na Praça do Rossio pelo Pogrom de Lisboa”, publicado no jornal Diário de Noticias no dia 16 de abril de 2006. – Revista Tikvá n.º 57, 6º ano.

tipo de atentado. Após um debate na rede de TV americana MSNBC, Pierre Rehov aceitou responder algumas das minhas perguntas. Pergunta: O que o inspirou a produzir “Suicide Killers”, seu sétimo filme? Resposta: Eu comecei a trabalhar com vítimas de ataques suicidas para fazer um filme sobre PTSD (Perturbação Pós-traumática do Stress) e fiquei fascinado pela personalidade daquelas

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Horizonte pessoas que perpetravam esse tipo de crime, considerando as descrições que as vítimas faziam repetidamente deles. Especialmente pelo fato de esses homens-bomba estarem sempre sorrindo um segundo antes de se explodirem.

céu como um lugar onde tudo será finalmente permitido – e promete 72 virgens a esses garotos frustrados – matar outras pessoas e matar a si mesmos para alcançar a redenção torna-se a única solução.

– Por que esse filme é particularmente importante?

– Como foi a experiência de entrevistar os homens-bomba frustrados em seus ataques, os seus familiares e as vítimas sobreviventes dos atentados?

– As pessoas não compreendem a cultura devastadora que se esconde por detrás desse fenômeno inacreditável. Meu filme não é politicamente correto, pois ele aborda o problema real: mostra a verdadeira face do Islã. Ele mostra e acusa uma cultura de ódio, na qual pessoas sem qualquer educação sofrem uma lavagem cerebral de tal ordem que sua única solução na vida passa a ser matar a si mesmos e a outros em nome de Alá, cuja palavra, segundo lhes disseram outros homens, tornou-se sua única segurança.

– Que tipo de percepção íntima você adquiriu a partir do filme? O que você sabe agora que outros especialistas não sabem? – Eu cheguei à conclusão de que estamos vivendo uma neurose ao nível de uma civilização inteira... Nesse caso, estamos falando de crianças e jovens que vivem suas vidas em pura frustração... Como o Islã descreve o

Mulher-bomba com seu filho.

Foi uma experiência fascinante e aterradora ao mesmo tempo. Você está lidando com pessoas aparentemente normais, de muito boas maneiras, com sua lógica própria e que, até certo ponto, pode fazer sentido – já que elas estão convencidas de que o que dizem é verdade. É como lidar com a simples loucura, entrevistando pessoas num sanatório: o que elas dizem é, para elas, a mais absoluta verdade. Eu ouvi uma mãe dizendo: “Graças a Alá, meu filho está morto”. Seu filho havia se tornado um shahid (mártir), o que para ela era uma fonte de orgulho maior do que se ele tivesse se tornado um engenheiro, um médico ou um ganhador do Prêmio Nobel. Esse sistema de valores é completamente invertido, sua interpretação do Islã valoriza a morte muito mais do que a vida. Você está lidando com pessoas cujo único sonho, cujo único objetivo é realizar aquilo que elas acreditam ser seu destino: ser um shahid ou parente de um shahid. Eles não vêem as pessoas inocentes que são assassinadas, eles enxergam apenas os “impuros” que têm de destruir.

–Você disse [no debate anterior na MSNBC] que os homensbomba experimentam um momento de poder absoluto, acima de qualquer punição. Seria a morte o poder supremo? – Não a morte como um fim, mas como uma passagem para o “além-vida”. Eles buscam a recompensa que Alá lhes prometeu. Eles trabalham para Alá, a autoridade máxima, acima

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de toda e qualquer lei dos homens. Assim, eles experimentam esse momento único e ilusório de poder absoluto, em que nada de mau pode atingi-los pois eles se tornaram a espada de Alá.

– Existe um perfil típico da personalidade de um homembomba? Descreva essa psicopatologia. – A maioria são jovens entre 15 e 25 anos que carregam inúmeros complexos, geralmente complexos de inferioridade. Eles certamente foram doutrinados religiosamente. Geralmente não têm uma personalidade bem desenvolvida. São usualmente idealistas bastante impressionáveis. No mundo ocidental, eles facilmente se tornariam viciados em drogas – mas não criminosos. É interessante, eles não são criminosos porque eles não enxergam o bom e o mau como nós enxergamos. Se eles tivessem crescido na cultura ocidental, eles detestariam a violência. Mas eles batalham constantemente contra a ansiedade da própria morte. A única solução para essa patologia tão profundamente arraigada é querer morrer e ser recompensado numa vida após a morte, no paraíso.

– Os homens-bomba são motivados principalmente por convicção religiosa? – Sim, esta é a única convicção que eles possuem. Eles não agem assim para conquistar um território, ou para encontrar liberdade, ou mesmo dignidade. Eles apenas seguem Alá, o juiz supremo, e aquilo que ele manda que façam.

– Todos os muçulmanos interpretam a jihad (guerra santa) e o martírio da mesma maneira? Todos os muçulmanos religiosos acreditam que, no final, o Islã prevalecerá sobre a terra. Acreditam que a sua é a única religião verdadeira e não há qualquer espaço, em suas mentes, para interpretações. A principal diferença entre muçulmanos moderados e extremistas é que os moderados não acreditam que irão testemu-


Horizonte nhar a vitória absoluta do Islã durante o tempo de suas vidas e, assim, eles respeitam as crenças dos outros. Os extremistas acreditam que a realização da profecia do Islã e seu domínio sobre todo o mundo, como descrito no Corão, é para os nossos dias. Cada vitória de Bin Laden convence 20 milhões de muçulmanos moderados a se tornarem extremistas.

– Descreva-nos a cultura que forja os homens-bomba. – Opressão, falta de liberdade, lavagem cerebral, miséria organizada, entrega a Alá do comando sobre a vida cotidiana, completa separação entre homens e mulheres, ...destituição de qualquer tipo de poder às mulheres e total encargo dos homens de zelar pela honra familiar, o que diz respeito principalmente ao comportamento de suas mulheres.

– Quais as forças sócio-econômicas que sustentam a perpetuação dos homens-bomba? – A caridade muçulmana é geralmente um disfarce para a assistência a organizações terroristas. Mas deve-se observar igualmente que países como o Paquistão, a Arábia Saudita e o Irã, que também dão apoio às mesmas organizações, utilizam-se de métodos diferentes. O irônico, no caso dos terroristas suicidas palestinos, é que a maior parte do dinheiro chega através do apoio financeiro fornecido pelo mundo ocidental, doado a uma cultura que, no fim das contas, odeia e rechaça o Ocidente (simbolizado principalmente por Israel).

– Existe uma rede de incentivo financeiro para as famílias dos homens-bomba? Em caso positivo, quem faz os pagamentos e qual o peso desse incentivo sobre a decisão [de animar um filho a se tornar um assassino suicida]? – Havia um incentivo financeiro à época de Saddam Hussein (US$ 25.000 por família) e Yasser Arafat (valores menores), mas isso já é passado. É um erro acreditar que essas fa-

mílias sacrificariam seus filhos por dinheiro. Entretanto, os próprios jovens, que são muito presos às suas famílias, costumam encontrar nessa ajuda financeira uma outra razão para se tornarem homens-bomba. É como comprar uma apólice de seguro e, depois, cometer suicídio.

– Por que tantos homens-bomba são jovens do sexo masculino? – ...a sexualidade é fator soberano. Também o ego, pois esse é um caminho certo para se tornar um herói. Os shahid são os cowboys ou os bombeiros do Islã. Ser um shahid é um valor positivamente reforçado nessa cultura. E qual criança nunca sonhou ser um cowboy ou um bombeiro?

– Qual o papel desempenhado pela ONU nessa equação terrorista?

Foto de meninos vestidos como combatentes no “Festival da Criança Palestina” no Iêmen (publicada no site do Hamas).

deploráveis. Quatrocentos milhões de dólares são gastos anualmente, subsidiados principalmente por impostos dos EUA, para sustentar 23.000 funcionários da UNRWA, muitos dos quais sabidamente pertencem a organizações terroristas (sobre esse assunto, consulte o meu filme “Hostages of Hatred” [Reféns do Ódio]).

– A ONU está nas mãos dos países árabes, dos países do Terceiro Mundo ou de antigos regimes comunistas. É uma instituição de mãos atadas. A ONU já condenou Israel mais vezes do que qualquer outro país do mundo, in– Você disse anteriormente que cluindo os regimes de Fidel Casto, Idi um homem-bomba é, simultaneaAmin ou Kadafi. Agindo dessa forma, mente, uma “bomba estúpida” e a ONU deixa sempre o caminho livre, uma “bomba inteligente”. Pode já que não condena abertamente as explicar o que isso significa? organizações terroristas. Além disso, – Diferentemente de um artefato através da UNRWA [Agência das Na- eletrônico, um homem-bomba tem, até ções Unidas de Assistência aos Refu- o último segundo, a capacidade de giados da Palestina] a ONU está dire- mudar de idéia. Na verdade, ele é tamente conectada a organizações terroristas como o Hamas, que representa Homens-bomba suicidas posando com o Corão. 65% de todo seu aparelhamento nos assim chamados campos de refugiados palestinos. Como forma de apoiar os países árabes, a ONU vem mantendo os palestinos nesses campos, na esperança do “retorno” a Israel, por mais de 50 anos – fazendo, assim, com que seja impossível assentar essa massa populacional que ainda vive em condições

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Horizonte nada mais que uma plataforma política representando interesses alheios a si mesmo – ele apenas não se dá conta disso. Como podemos dar um fim na perversidade desses ataques suicidas e do terrorismo em geral? Parando de ser politicamente corretos e parando de acreditar que essa cultura é uma vítima da nossa. O islamismo radical hoje é simplesmente uma nova forma de nazismo. Ninguém tentava justificar ou desculpar Hitler na década de 1930. Nós tivemos que destruí-lo para que fosse possível a paz com o povo alemão.

– Esses homens têm viajado em grande número para fora de suas regiões nativas? Com base em sua pesquisa, você diria que estamos começando a assistir a uma nova onde de ataques suicidas fora do Oriente Médio? – Cada novo ataque terrorista bem sucedido é considerado uma vitória pelos radicais do Islã. Em todos os lugares para onde o Islã se expande há conflitos regionais. Agora mesmo há milhares de candidatos ao martírio fazendo fila nos campos de treinamento

Batalhas ganhas – guerra perdida?

Críticas à liderança israelense Durante a guerra no Líbano, os israelenses ficaram unidos, mas logo depois surgiram as críticas. Mesmo que o exército tenha com-

batido com sucesso, Israel parece ter perdido essa guerra. À primeira vista, parece que Israel ganhou todas as batalhas e alcançou

Manifestantes israelenses exigem investigações sobre a condução da guerra no Líbano.

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da Bósnia, do Afeganistão, do Paquistão. Dentro da Europa, centenas de mesquitas ilegais preparam o próximo passo da lavagem cerebral em jovens rapazes perdidos, que não conseguem encontrar uma identidade satisfatória no mundo ocidental. Israel está muito melhor preparado para lidar com essa situação do que o resto do mundo jamais estará. Sim, haverá mais ataques suicidas na Europa e nos EUA. Infelizmente, isso é apenas o começo. (Andrew Cochran, “The Antiterrorism Blog” – extraído de www.DeOlhoNaMidia.org.br)

seus objetivos estratégicos antes do cessar-fogo. Entretanto, diante das maciças críticas que surgiram entre os cidadãos após o fim da guerra, as opiniões a respeito parecem ser divergentes. Aparentemente, a maioria dos israelenses acredita que o país ganhou as batalhas, mas perdeu a guerra. A opinião pública israelense contava com uma guerra de curta duração. Desejava-se ver as Forças de Defesa de Israel (FDI) em ação, observando seu potencial posto em prática e alcançando uma vitória gloriosa. Isso corresponde à fama do espírito lutador das FDI. A respeito, os israelenses recordam especialmente a Guerra dos Seis Dias em 1967, mas lembram também como foram capazes de reverter a situação após o ataque-surpresa dos vizinhos árabes em 1973 (na Guerra do Yom Kippur). Como nada disso aconteceu na guerra de 2006 e logo ficou claro que os combatentes do Hizb’allah (Partido de Alá) eram não apenas terroristas, mas soldados iranianos bem treinados e equipados, a opinião pública israelense mudou. O resultado: os líderes políticos e militares sofrem pesadas críticas e ouve-se constantemente a acusação de que não foi Israel, e sim o Hizb’allah, que ganhou essa guerra. (Zwi Lidar)



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