Edição 28 - Fevereiro de 2024 / ISSN 2527-2160
DISCIPLINA POSITIVA NA PRÁTICA
Chapel difunde conceitos da filosofia em que gentileza e firmeza andam lado a lado
OLHAR NATURAL Ex-aluno David Frey revela sua paixão pela fotografia
EDUCAÇÃO INTENCIONAL
Ensaio de Claudia Alaminos
EM BUSCA DA ESSÊNCIA DE CADA UM
Professora Maxine Rendtorff potencializa o que os alunos têm de melhor
MAIS CONVERSA, MENOS PUNIÇÃO
Precursora da Disciplina Positiva no Brasil, Fernanda Lee mostra a importância da conexão e do afeto nos relacionamentos
FIRMEZA E GENTILEZA, COMBINAÇÃO POSSÍVEL
Pr ezada comunidade escolar, queridas leitoras e queridos leitores da nossa revista, a presente edição da Inside Chapel abre espaço para a apresentação dos conceitos pedagógicos seguidos pelo colégio. Em meio a um conjunto amplo de influências, destaca-se a Disciplina Positiva, filosofia que ajuda a guiar as práticas nas salas de aula e em todos os nossos ambientes.
Trata-se, em linhas gerais, de valorizar o diálogo e abandonar a ideia tradicional de punição – sem que isso represente, no entanto, abdicar da necessidade de dar diretrizes claras e tomar decisões sempre que necessário. O que a Disciplina Positiva nos mostra é a possibilidade de ser amoroso e firme ao mesmo tempo, embora chegar ao meio termo ideal certamente não seja uma missão fácil.
Encontrar o “jeito certo” de educar é um desafio para todos que lidam com crianças e adolescentes, tanto no ambiente escolar quanto no doméstico. Mães e pais devem estar sintonizados às diretrizes pedagógicas do colégio e, para isso, é essencial, antes de tudo, conhecer essas diretrizes. Por isso, a decisão de aprofundarmos este tema na presente edição da revista.
Quando começou a ser adotada pela Chapel, a Disciplina Positiva encontrou já em aplicação pelo colégio uma série de abordagens com valores semelhantes. Um exemplo, como veremos nas páginas a seguir, é a Responsive Classroom, conjunto de estratégias para criar comunidades escolares seguras, alegres e envolventes. Uma dessas estratégias é o Morning Meeting, roda de conversa para compartilhar sentimentos, experiências e combinados, adotada desde o Pré 1 até o 6º ano.
Os objetivos da Disciplina Positiva, cujas bases foram lançadas no início da década de 1980 pela psicóloga e educadora norte-americana Jane Nelsen, incluem criar com as crianças a consciência de que elas são capazes de resolver problemas e que errar faz parte do crescimento e do aprendizado. Se eu pudesse me arriscar a sintetizar os benefícios de tudo isso em uma única palavra, eu diria que essa palavra é “autonomia”, atributo essencial para a sequência da trajetória dos nossos estudantes.
Mãe e pais podem ter certeza de que o nosso colégio continuará sempre atento à adoção de metodologias e filosofias que possam contribuir para a nossa missão, ensinando sempre a conexão como elemento-chave das relações. Talvez esse assunto nunca tenha sido tão importante quanto agora, em que vivemos num mundo tomado por telas e novas tecnologias que surgem a todo momento.
Esse mesmo tema – a conexão – foi tratado na edição anterior da Inside Chapel, com uma abordagem mais voltada às relações familiares. Naquela ocasião, eu me despedi dos leitores desejando um belo início de ano letivo. Faço o mesmo agora, só que em relação ao ano novo, 2024: que seja cheio de realizações – e com muitas conexões!
EDITORIAL
Pe. Lindomar Felix da Silva OMI, Provincial dos Missionários Oblatos de Maria Imaculada da Província do Brasil
EXPEDIENTE
INSIDE CHAPEL É UMA PUBLICAÇÃO SEMESTRAL
DA CHAPEL SCHOOL WWW.CHAPELSCHOOL.COM
CONSELHO EDITORIAL CHAPEL SCHOOL:
Miguel Tavares Ferreira, Marcos Tavares Ferreira e Luciana Brandespim
EDITORA:
Paula Veneroso MTB 23.596 (paulaveneroso@gmail.com)
ASSISTENTE EDITORIAL:
Fernanda Caires (publications@chapelschool.com)
COLABORADORES DESTA EDIÇÃO:
Adriana Calabró, Claudia Alaminos, Maurício Oliveira e Paula Veneroso
FOTOS:
Arquivos Pessoais, Arquivo Chapel, David Frey e Paula Marina
DESIGN GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO:
João Henrique Moço
TRADUÇÕES: Chapel School
IMPRESSÃO:
Eskenazi
Ms. Juliana Menezes, Diretora Escolar e Diretora do Elementary School
A28ª edição da Inside Chapel dá as boas-vindas ao segundo semestre do ano letivo de 2023-2024! Queremos estender as calorosas e sinceras boas-vindas a cada um de vocês. É uma alegria ver nossos corredores repletos de energia, de risadas e do entusiasmo de nossos alunos e funcionários mais uma vez.
Ao embarcarmos juntos neste novo capítulo, convido você a ler esta edição, na qual aprendemos sobre a essência das jornadas educacionais de nossos alunos dentro e fora do campus escolar. Nas próximas páginas, você explorará o poder transformador da Disciplina Positiva – um princípio que orienta e inspira amor, compreensão e empatia em nossas interações com os alunos.
A Disciplina Positiva não consiste apenas em corrigir ou redirecionar o comportamento; mais que isso, trata-se de promover um ambiente estimulante no qual as nossas crianças possam prosperar, aprendendo os valores da honestidade, do respeito, da conexão e da comunicação aberta.
Nesta edição, você conhecerá a história inspiradora da Fernanda Lee, uma brasileira que é Lead Trainer da Disciplina Positiva e que recentemente compartilhou sua experiência com a Chapel ao trabalhar com pais e professores. Junte-se a nós para explorar os passos e as estratégias implementadas no ECEC e no Elementary School.
Na condição de responsáveis pela educação e criação dos nossos filhos, buscamos cultivar um espírito de colaboração e de compreensão. Juntos, criamos um ecossistema no qual nossas crianças possam atingir o sucesso acadêmico, social, emocional e físico.
Acima de tudo, lembremos sempre que, com amor, respeito e comunicação aberta, temos o poder de impactar a vida das nossas crianças e das gerações futuras. Cultivando conexões sólidas e compartilhando valores, estabelecemos a base para o seu crescimento e desenvolvimento holístico.
EDITORIAL
COLABORADORES
ADRIANA CALABRÓ
[Volta às origens, p. 30] é jornalista, escritora e roteirista. Foi premiada nas áreas de comunicação (Best of Bates International, Festival de NY, Clube de Criação) e literatura (Selo Puc/Unesco Melhores livros de 2017, ProAc – bolsa de literatura, Prêmio Off-Flip – finalista, Prêmio João de Barro – 1º lugar, Prêmio Livre Opinião – finalista e Prêmio Paulo Leminski –finalista). Idealizou e atua desde 2005 como facilitadora da Oficina de Escrita Criativa Palavra Criada (palavracriada.com.br).
CLÁUDIA ALAMINOS
[Quer influenciar seu adolescente? Antes de qualquer coisa, busque a conexão, p. 36]. É esposa do Antonio há 28 anos, mãe do Pedro há 24. Fonoaudióloga pela USP, psicopedagoga, mestre em Psicologia e Educação e educadora parental. Seu trabalho é ajudar pais de adolescentes a encontrar leveza na relação com seus filhos.
Instagram: @claualaminos.
MAURÍCIO OLIVEIRA
[Os caminhos da Disciplina Positiva na Chapel, p. 15] já escreveu para os principais veículos da imprensa brasileira, como Veja, Exame, O Estado de S. Paulo, Valor Econômico e UOL Com mestrado em História Cultural e doutorado em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), tem mais de 30 livros publicados, como Amores Proibidos na História do Brasil, Garibaldi, Herói dos Dois Mundos e Pelé, O Rei Visto de Perto
PAULA VENEROSO
[Para fazer melhor não é preciso se sentir pior, p. 20, e Ensinar é estabelecer vínculos, p. 09] é editora da Inside Chapel. Jornalista e mestre em Língua Portuguesa pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), atuou como revisora, redatora e repórter nas revistas Veja, Veja São Paulo e no jornal Folha de S.Paulo. Por mais de 20 anos lecionou técnicas de redação jornalística em cursos de graduação. Atualmente, trabalha como preparadora e revisora de livros, e na produção e edição de reportagens para mídias impressas e digitais.
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ESTABELECENDO VÍNCULOS
De acordo com a professora Maxine Rendtorff, para entender o aluno, é imprescindível se colocar no lugar dele.
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DISCIPLINA POSITIVA
Em entrevista exclusiva, Fernanda Lee prega mais dignidade e respeito mútuo em todos os relacionamentos.
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QUEM É VOCÊ?
Ensaio de Claudia Alaminos convida os pais a se conectarem com os filhos adolescentes.
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TALENTOS & PAIXÕES
Fique por dentro das atividades e hobbies que inspiram dois professores e sete alunos do colégio.
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CONEXÃO ANTES DA CORREÇÃO
Como as ações da Disciplina Positiva se integram ao currículo socioemocional da Chapel.
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PAISAGENS PELO MUNDO
Conversa com o ex-aluno David Frey, que após trilhar uma bem-sucedida carreira corporativa se revelou um fotógrafo excepcional.
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SPOTLIGHT
Medalhas no concurso Canguru, inovações na Feira de Livros, projeto “Minhas Aventuras na Leitura” e oficinas de Cidadania Digital. O que foi notícia na Chapel.
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GALLERY
Registro de eventos que reuniram e divertiram a comunidade escolar: Young Trojans Festival, ECEC Family Afternoon, ES Family Active Morning, Feira de Livros, Halloween, Almoço Especial e as cerimônias de posse do NHS e do NJHS.
SUMÁRIO
ENSINAR É ESTABELECER VÍNCULOS
SEMPRE OLHO PARA CADA SER HUMANO EM BUSCA DA SUA ESSÊNCIA MAIS PURA
E MAIS NOBRE, E TENTO ME CONECTAR COM AQUILO QUE É MELHOR EM CADA ALUNO. O MAIS INCRÍVEL É QUE ISSO NÃO MUDA, SE APLICA A TODAS AS IDADES, DOS 3 ATÉ OS 18 ANOS, POIS É DO SER HUMANO”, AFIRMA MAXINE RENDTORFF, PROFESSORA DA CHAPEL HÁ DEZ ANOS, E QUE USA A CONEXÃO
INTERPESSOAL COMO MOTOR PARA SUAS AULAS E ATIVIDADES EXTRACLASSE, OBTENDO ÊXITO ATÉ MESMO NAS SITUAÇÕES MAIS DESAFIADORAS.
Maxine Rendtorff tinha pouco mais de 20 anos de idade quando teve certeza da sua vocação: estava na cidade de Beira, em Moçambique, na África, lecionando inglês para alunos de uma escola pública numa comunidade de pobreza extrema. Ela havia concluído a graduação na Inglaterra, em Psicologia, com especialização em Literatura, e abraçou o desafio de, durante dois anos, morar no continente africano, como voluntária de uma ONG, lecionando inglês como segunda língua às crianças da comunidade. Para tanto, ela cursou uma licenciatura TOEFL antes de assumir as aulas. Lá, existiam muitas pessoas doentes em razão de uma epidemia de HIV. Dessa forma, ela conta, “para a gente ensinar e conscientizar os alunos, acabamos nos valendo muito do teatro e também da arte, para que eles expressassem seus sentimentos”. E esse foi o momento em que ela se abriu para as artes teatrais e visuais. Após esses dois anos, voltou para o Brasil e logo ingressou em outra especialização: Arteterapia por meio de poemas. “Comecei a unir a literatura e a arte com temas socioemocionais”, explica. Depois disso, já começou a trabalhar como assistente na Educação Infantil em uma escola internacional. Filha de pais anglo-argentinos, Ms. Rendtorff é brasileira, e sempre estudou em escolas internacionais. Assim que finalizou o High School, tirou um gap year antes de rumar para a Inglaterra, onde faria a graduação. Nesse período, atuou na Chapel, como assistente de sala na Educação Infantil, embora não passasse pela sua cabeça ser professora ou, menos ainda, atuar na Chapel no futuro. Ela conta que sua motivação para estudar veio da educação que recebeu na escola, “Tive sorte de ter professores muito inspiradores, e isso me levou a querer estudar.
INSIDE CHAPEL
9 PERFIL
Por Paula Veneroso Fotos: Arquivo Chapel
Meus professores eram incríveis com a gente, muito atenciosos e atentos, e alguns me inspiravam muito, a ponto de me incentivarem a tentar o meu melhor, a fim de aprender a amar a literatura e a arte, e a desenvolver minha criatividade”, conta. A influência dos pais também foi fundamental para Ms. Rendtorff. Leitores assíduos, eles sempre lhe proporcionaram eventos e viagens culturais inspiradoras. Foram os responsáveis por plantarem na filha as sementes do que é ser um cidadão global íntegro, com valores claros, e sensível aos problemas do mundo. E ela tem profunda gratidão por essa influência positiva.
Tempo de colheita
Se a escola e os pais plantaram na jovem Ms. Rendtorff sementes de paixão pela leitura e pelo aprendizado, foi dela a motivação para expandir seus conhecimentos, a fim de, além de se tornar melhor, poder ajudar os outros. “Escolhi estudar psicologia porque sempre quis entender o que move o ser humano. Quais são as motivações que fazem com que as pessoas se comportem da forma como elas se comportam?
Quais são as metas? Os sonhos de cada um?”, questiona. Enquanto se graduava, aproveitou para se dedicar a outros conhecimentos, notadamente as artes, por meio de pinturas e outras técnicas. “Sempre amei artes, então eu comecei a mesclar essa ideia: tentei entender o ser humano através da psicologia, através dos textos literários e também um pouco pela arte”, revela.
Ms. Rendtorff regressou da África diretamente para o Brasil, onde passou a trabalhar em escolas internacionais. Atuou na Monica School, como assistente de educação infantil, depois foi para a St. Francis, já como professora do Elementary, e, em seguida, para o Pueri Domus, onde permaneceu por dez anos. “Lá, eu desenvolvi muitas habilidades em projetos. Trabalhar o socioemocional dos alunos, em classes democráticas e com o teatro”, afirma.
Depois dessa experiência, ingressou na Chapel, onde está há dez anos lecionando e encantando os alunos dos sétimos e oitavos anos, além de coordenar o Clube de Teatro. “O meu exercício com todos os alunos, indistintamente, é: “Antes de ter um
aluno, tenho um ser humano na minha frente. Portanto, como a gente pode se encontrar de uma forma a potencializar aquilo que ele tem de melhor?” E isso se aplica até mesmo aos seus filhos, Alex e Stella, que estudam, respectivamente, no 10º e no 8º ano da Chapel.
E Ms. Rendtorff faz de tudo para aprender com os alunos e se valer, na sala de aula, de todas as motivações que eles precisam para conseguirem aprender. Ela credita seu entusiasmo à sua própria formação, ao ser estimulada a ler muito. Até hoje sempre tem dois ou três livros na sua cabeceira: “Quanto mais você lê, mais você consegue calçar os sapatos de outra pessoa. Em português, essa expressão é análoga a: quanto mais você conseguir se colocar no lugar do outro, mais você consegue ver por outras perspectivas que são diferentes das suas”, afirma. E ela se vale dessa máxima para enxergar, nos alunos, um ponto de crescimento, pois, segundo ela, o diferente é uma oportunidade de crescimento, é uma oportunidade de expansão do olhar: “Porque existem muitas perspectivas e muitas histórias, e cada um só está fazendo o melhor que pode dentro daquilo que ele viveu. Todo mundo
ESTUDEI PSICOLOGIA PORQUE SEMPRE QUIS ENTENDER O
QUE MOVE O SER HUMANO. QUAIS SÃO AS MOTIVAÇÕES
QUE FAZEM COM
QUE AS PESSOAS SE COMPORTEM DA FORMA COMO ELAS SE COMPORTAM.
11 PERFIL –MAXINE RENDTORFF
quer ser feliz, todo mundo quer ser visto e ser melhor. Então, se a gente sabe disso, e uma criança não está se comportando da melhor forma ou não está dando o seu melhor, existe alguma coisa que está interferindo no caminho, e nosso papel é tentar entender o que está havendo”, avalia. Segundo ela, se o aluno está sofrendo alguma coisa em casa, ou vivendo algum desafio, ou está sofrendo por algum motivo, é preciso prestar atenção: “Sempre que você não está no seu melhor, é porque alguma coisa está fora do eixo”, sentencia.
Vínculos potentes
Com experiência desde a Educação Infantil até o Ensino Médio, Ms. Rendtorff já atuou com todas as faixas etárias. E o que ela percebe de comum em todas elas se resume numa só palavra: conexão. “Se você não estabelecer um vínculo com o aluno, ele não vai aprender”, afirma a professora. Para ela, a primeira meta é a conexão: “É você tentar achar aquele ponto de entrada em cada ser humano, porque todo mundo tem
uma coisa que ama, outra que teme, algo que gosta, e algo de que não gosta”, explica.
Outro ponto importante, para ela, é permitir que os alunos expressem seus talentos e suas inteligências da melhor forma possível. E a palavra inteligências é no plural mesmo: “Atualmente, na sala de aula, conseguimos, além das inteligências linguísticas e matemáticas, que são muito valorizadas, tentar entender quais são as outras inteligências do aluno, porque todo mundo tem uma. Pode ser uma inteligência criativa, organizacional, ou uma inteligência inter-relacional”. Empolgada, ela lista as várias habilidades que percebe nos estudantes: “Há alunos que são muito talentosos nas relações sociais, ou são bons comunicadores, ou são muito organizados, ou são muito gentis ou são líderes natos, ou são atléticos, ou gostam de editar filmes ou gostam muito de escrever, então, a ideia é tentar explorar qual é o talento que cada um tem, e, quanto mais a gente descobre sobre um aluno, mais tentamos focar
naquilo em que ele é bom”, relata. Segundo ela, esses são exemplos de entradas para a conexão com as crianças e os jovens, a fim de que desenvolvam ou aprimorem suas habilidades. O engajamento é outra forma de estabelecer vínculos. “Tento providenciar escolhas para que os alunos se sintam motivados. É muito importante dar espaço para eles desenvolverem a própria voz, a identidade, quem eles são como leitores, quem eles são como escritores, e isso os ajuda muito a se empoderarem e a solidificarem), ou a terem orgulho da sua identidade, conseguindo expressar isso da melhor forma”, afirma. Todas as produções textuais dos alunos são compartilhadas, variando os produtos finais para manter a motivação.
“Às vezes eles filmam um trailer, às vezes eles dramatizam uma parte do texto, às vezes eles leem a própria história para a turma, ou produzem um pôster visual criativo; mas sempre apresentando aos colegas o que produziram”, comenta.
12 INSIDE CHAPEL
A regra é clara
Ms. Rendtorff explica que é importante ter regras muito claras no trabalho em sala de aula, explicando aos alunos as expectativas e as consequências. Conversar à parte com o estudante que não esteja seguindo as expectativas é uma estratégia que, na maioria das vezes, proporciona bons resultados. “Tenho por objetivo sempre ajudar o aluno a criar metas para o dia. E tento criar expectativas para todo mundo se sentir seguro”, afirma. Também é muito importante entender em que
momento acadêmico o estudante está. “Em termos de entendimento e de habilidade, cada um está em um momento, e, assim que eles chegam, em um ano novo, tento entender que lugar é esse”, explica. A qualidade da equipe pedagógica da Chapel é, também, responsável pelos bons resultados. “Temos no colégio um apoio socioemocional muito forte, que nos ajuda a entender o aluno como um todo. E isso nos dá informações para conseguirmos lidar com o aluno da melhor forma possível: emocionalmente, socialmente
e academicamente. E, claro, nos ajuda a ter mais empatia pelo outro”, afirma a professora, finalizando a entrevista com um depoimento emocionante: “Eu amo o que faço. Amo trabalhar na Chapel, me sinto muito abençoada. Tenho entusiasmo pelos meus alunos e os admiro muito, e espero estar fazendo o melhor para motivá-los a serem melhores. Porque quero formar alunos com empatia, com bondade. Fazer o bem e ter empatia é uma força, significa você olhar o outro e entender que ele tem um coração, e acho que isso os empolga e a mim também”.
QUANTO MAIS VOCÊ LÊ, MAIS VOCÊ CONSEGUE CALÇAR OS SAPATOS DE OUTRA PESSOA. EM PORTUGUÊS, ESSA EXPRESSÃO É ANÁLOGA A: QUANTO MAIS VOCÊ CONSEGUIR SE COLOCAR NO LUGAR DO OUTRO, MAIS VOCÊ CONSEGUE VER POR OUTRAS PERSPECTIVAS QUE SÃO DIFERENTES DAS SUAS.
13 PERFIL –MAXINE RENDTORFF
Por Maurício Oliveira
Fotos: Arquivo Chapel
OS CAMINHOS DA DISCIPLINA POSITIVA NA CHAPEL
OS CONCEITOS DA FILOSOFIA
GANHARAM FORÇA
NA INSTITUIÇÃO
A PARTIR DE UM CURSO DE IMERSÃO NOS ESTADOS
UNIDOS, EM 2018
Ocontato mais próximo da Chapel School com a Disciplina Positiva começou em 2018, quando a diretora escolar, Juliana Menezes, participou de uma formação presencial nos Estados Unidos. Foram quatro dias de imersão com a equipe inspirada no trabalho de Jane Nelsen. “Essa experiência marcante me tirou da zona de conforto e me fez refletir sobre muitas ações que tendemos a reproduzir no dia a dia de forma automática”, lembra Ms. Menezes.
O interesse dela pela Disciplina Positiva havia sido despertado alguns anos antes, na fase em que deixou de ser professora do Kindergarten para se tornar coordenadora da Educação Infantil da Chapel. “Eu interagia apenas com um grupo de crianças da mesma idade e passei a circular por outras salas, o que me levou a observar o desafio da educação de forma mais ampla, considerando uma diversidade maior de circunstâncias e experiências.”
Em busca de ferramentas, Ms. Menezes chegou à Disciplina Positiva. À medida que se aprofundava no estudo, percebia afinidades dessa filosofia com várias práticas já adotadas pela Chapel, como a Responsive Classroom (Sala de Aula Responsiva), abordagem de ensino e disciplina que desde 2009 apoia educadores a criar salas de aula e comunidades escolares seguras, alegres e envolventes. Uma das dez estratégias da Responsive Classroom para demonstrar respeito pelas crianças e lidar com desafios de comportamento é o Morning Meeting (Encontro Matinal), adotado desde o Pré 1 até o 6º ano. Nessas turmas, o tempo inicial na sala de aula, de 15 a 30 minutos, é dedicado a uma roda de conversa sobre sentimentos, troca de experiências e combinados sobre as atividades que serão desenvolvidas.
INSIDE CHAPEL
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Em função do papel decisivo de definir como será o dia, é essencial que o Morning Meeting seja acompanhado por todos os alunos desde o início, às 8h. “Quem participa desde o início sabe exatamente o que fazer e esperar do dia escolar, o que certamente contribui para o sucesso do planejamento e a sensação de pertencimento”, observa Ms. Menezes.
Gentileza com firmeza
A imersão nos Estados Unidos vivenciada por Ms. Menezes envolveu um grupo de quarenta pessoas, de diversos países e perfis – havia mães, pais, educadores e outros profissionais que lidam com crianças e adolescentes no dia a dia, como motoristas e babás. As dramatizações foram especialmente marcantes, pois ajudaram os participantes a sentir como é ser uma criança em diversas situações do
cotidiano. “É de extrema importância se colocar no lugar do outro – neste caso, no lugar da criança. Costumamos falar muito sobre empatia, mas não é comum que os adultos se coloquem no lugar da criança”, lembra Ms. Menezes. Igualmente relevante é a ideia de estabelecer a conexão antes da correção. O simples movimento de equiparar-se à altura dos olhos da criança para conversar ou redirecionar um comportamento indesejado causa um impacto diferente na abordagem.
“Quando nos dirigimos à criança em situação de redirecionamento e permanecemos em pé, falando lá do alto, isso reforça a relação de autoridade e potencializa o medo.”
Um dos aspectos que mais chamaram a atenção de Ms. Menezes para a Disciplina Positiva é a forma de lidar com as consequências – ou seja, como encaminhar situações
em que a criança ou adolescente cometeu alguma ação que prejudica a si mesma ou a outras pessoas. “Nossa geração cresceu com a ideia do castigo, da punição. Pensar diferente exige uma mudança de mindset, e isso não acontece de forma automática. Muitas vezes precisamos parar por alguns minutinhos, pensar e alinhar as filosofias. Dar esse tempo a nós mesmos é essencial para que possamos tomar decisões informadas e coerentes”, ela analisa. “A Disciplina Positiva nos ajuda a direcionar o foco para a ação e a solução. Nosso maior objetivo é o aprendizado em longo prazo a partir dessas situações.”
Outro ponto essencial é o entendimento de que não há nada errado com o fato de sentir e de manifestar o que está sentindo. O problema surge, muitas vezes, na ação que a criança ou adolescente toma a
CINCO PREMISSAS DA DISCIPLINA POSITIVA
1 Ajuda as crianças a sentir um senso de conexão (pertencimento e significado);
2 É mutuamente respeitosa e encorajadora (gentil e firme ao mesmo tempo);
3 É efetiva em longo prazo (considerando que a criança está pensando, sentindo, aprendendo e decidindo sobre ela mesma e seu mundo – e o que fazer no futuro para sobreviver e prosperar);
4 Ensina importantes habilidades sociais e de rotina (respeito, preocupação com os outros, resolução de problemas e cooperação, assim como habilidades que contribuem para a casa, a escola e a comunidade como um todo);
5 Convida as crianças a descobrir quão capazes elas são (encorajando o uso construtivo do poder pessoal e da autonomia).
Fonte: Positive Discipline Parenting Tools (Jane Nelsen and Adrian Garsia).
INSIDE CHAPEL 17 INSTITUCIONAL –DISCIPLINA POSITIVA
DISCIPLINA POSITIVA NA PRÁTICA
Selecionamos alguns exemplos de aplicação dos conceitos da Disciplina Positiva
Atitudes para mães e pais Atitudes para educadores
Criar uma conexão antes da correção é um ótimo exemplo de gentileza e firmeza. “Amo você e a resposta é não”; “Sei o quanto você quer isso, e sinto muito que você não poderá ter isso agora”.
Quando você demonstra confiar na criança, ela desenvolve coragem e confiança nela mesma. Em vez de dar bronca ou tomar a iniciativa de consertar algo, diga: “Confio em você para consertar isso”. Valide sentimentos: “Sei que você está chateado/a. Eu também estaria. Eu acredito em você”.
A criança irá ouvir você DEPOIS de se sentir ouvida também. Pare e apenas ouça. Não há problema em fazer perguntas como “Você pode me dar um exemplo?” ou “Algo mais?”. Após compartilhar, busque uma solução que funcione para ambos.
O exemplo é o melhor professor. Você espera que a criança controle seu comportamento quando você não controla o seu? Quando você cometer algum erro, peça desculpas à criança.
Usar o “E” une o gentil e a firmeza para evitar extremos. Comece validando sentimentos e/ ou demonstrando compreensão. Ofereça escolhas quando possível. “Eu sei que você não quer escovar os dentes, e podemos fazer isso juntos”; “Você gostaria de continuar brincando e é hora de ir para a cama. Você quer uma história ou duas?”
Veja os erros como oportunidades de aprendizado. Reaja com compaixão e gentileza em vez de dar sermão, culpar ou envergonhar. Quando apropriado, faça perguntas para ajudar a criança a “explorar” as consequências de suas escolhas.
Apenas dizer às crianças que elas são capazes não é efetivo. Elas precisam ter experiências em que se sintam capazes. Preste atenção em cada oportunidade para dizer “preciso da sua ajuda” –e deixe claro o quanto você aprecia essa ajuda.
O elogio é como um doce: um pouco já é bastante, e demais não é saudável. O elogio ensina a dependência da validação externa. Já o incentivo ensina a autoavaliação. Elogio: “Gostei de sua redação. Estou tão orgulhosa/o de você”. Incentivo: “Percebi que você se dedicou muito. Deve estar orgulhosa/o de si mesma/o”.
Estudantes FAZEM melhor quando se SENTEM melhor. As palavras de incentivo devem se concentrar no esforço e no progresso, não na ideia de perfeição. “Você encontrou um jeito de fazer isso”; “Você confiou em si mesma/o e chegou a uma solução”; “Conte como você fez isso”.
Modele e ensine os 4Rs para se redimir dos erros. RECONHEÇA que cometeu um erro (sinta o constrangimento e depois o deixe ir); RESPONSABILIZE-SE pelo erro sem culpa ou vergonha; RECONCILIE-SE ao pedir desculpas quando outros estão envolvidos; RESOLVA por meio do foco nas soluções.
Evite recompensas. Um objetivo da Disciplina Positiva é ensinar os estudantes a fazer a coisa certa quando ninguém está olhando. Recompensas ensinam motivação externa, enquanto as ferramentas da Disciplina Positiva ensinam a motivação interna. Ajude os estudantes a apreciar a sensação de se sentirem capazes e de oferecer contribuições.
Envolva os estudantes na criação de diretrizes para a classe – assim eles terão a sensação de propriedade. Convide a turma a fazer uma lista de diretrizes, a exemplo de “Ser gentil”, “Ser respeitoso”, “Evitar interromper a fala do outro”. Quando uma diretriz não estiver sendo seguida, aponte para a lista e pergunte: “Vocês percebem que diretriz precisa ser seguida agora?”.
Humor apropriado na sala de aula pode resolver rapidamente situações leves. Educadores que usam humor apropriado, do tipo que não causa desconforto a ninguém, são respeitados e queridos pelos alunos.
Fonte: Positive Discipline Parenting Tools (Jane Nelsen e Adrian Garsia).
Fonte: Positive Discipline Parenting Tools (Jane Nelsen e Kelly Gfroerer).
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partir do que está sentindo. Por isso a importância de entender e acolher os sentimentos e as circunstâncias que deram origem à determinada ação – a qual, muitas vezes, é apenas a ponta de um iceberg que permanece submerso. Assim, em vez de infligir humilhação, culpa ou castigo diante de um erro, o melhor caminho é ajudar a criança ou adolescente a encontrar uma forma de compreender as consequências dos seus atos e a corrigir os danos.
Ms. Menezes lembra que, culturalmente, temos no Brasil a tendência a favorecer a permissividade. Isso se manifesta, por exemplo, na proliferação de elogios fáceis às crianças e na falta de firmeza para estabelecer o cumprimento de regras e combinados. “Um dos grandes ensinamentos da Disciplina Positiva é que podemos e devemos ser gentis e firmes ao mesmo tempo, porque uma coisa não elimina a outra. A gentileza e a firmeza andam lado a lado, e buscar o equilíbrio entre essas duas atitudes é fundamental”, diz a diretora escolar da Chapel.
Incentivo às soft skills
Assim que voltou da imersão nos Estados Unidos, Ms. Menezes cumpriu a missão de compartilhar os conhecimentos adquiridos durante a experiência. O primeiro grande passo foi a aquisição de um grande número dos livros em que Jane Nelsen expõe os princípios da Disciplina Positiva, além de apostilas com exercícios práticos.
As obras foram distribuídas para todos os educadores até o 6º ano, com reuniões semanais para troca de impressões sobre os trechos lidos no período. Houve também dramatizações, inspiradas na imersão vivida pela diretora escolar. Em meio a esse grande processo de alinhamento das consciências, a chegada da pandemia de covid-19 adiou a evolução do projeto dentro da Chapel.
Durante a retomada pós-pandemia, Ms. Menezes conheceu o trabalho de Fernanda Lee, precursora no Brasil de ferramentas de relacionamento para pais, escolas e casais, baseadas na Disciplina Positiva. As duas passaram a trocar experiências e acertaram uma visita de
Fernanda à Chapel, realizada no dia 27 de março de 2023. A especialista liderou uma oficina de três horas para mães e pais e uma outra, com a mesma duração, para todos os educadores da Chapel. Era a última segunda-feira do mês, quando a escola adota o half day justamente para permitir atividades extraclasse.
O processo de disseminação dos conceitos da Disciplina Positiva na Chapel continuou ao longo de todo o ano. Ms. Menezes acredita que esses princípios influenciarão os estudantes não apenas durante a trajetória escolar, mas na sequência da vida. “São diretrizes que estão diretamente relacionadas ao desenvolvimento das soft skills, as habilidades socioemocionais, cada vez mais valorizadas no mercado de trabalho como complemento essencial aos conhecimentos técnicos”, ressalta. Para saber mais: www.positivediscipline.com
INSIDE CHAPEL 19 INSTITUCIONAL –DISCIPLINA POSITIVA
Por Paula Veneroso Fotos: Arquivo Pessoal
PARA FAZER MELHOR NÃO É PRECISO SE SENTIR PIOR
PIONEIRA NA DIFUSÃO DA DISCIPLINA
POSITIVA NO BRASIL, FERNANDA
LEE ABRAÇOU A METODOLOGIA
QUE PREGA MAIS CONVERSA E MENOS PUNIÇÃO NA EDUCAÇÃO
DOS FILHOS, QUANDO SE SENTIU AFLITA AO LIDAR COM OS DESAFIOS DA MATERNIDADE.
SUA PRÁTICA FOI TÃO BEM-SUCEDIDA
QUE DECIDIU DIVULGAR PARA OUTRAS FAMÍLIAS, E ACABOU SE TORNANDO PARCEIRA DA NORTE-AMERICANA JANE NELSEN, CRIADORA DA ABORDAGEM QUE SE BASEIA EM DOIS CONCEITOS – CONEXÃO E AFETO – A FIM DE PROMOVER MAIS DIGNIDADE E RESPEITO MÚTUO EM
TODOS OS RELACIONAMENTOS.
Aentão administradora de empresas Fernanda Lee atuava na área financeira de uma grande empresa e morava em São Paulo, com o marido e o casal de filhos pequenos, quando conheceu a Disciplina Positiva. As crianças, com 1 e 3 anos, frequentavam diariamente um berçário que adotava o Project Zero, da Faculdade de Educação de Harvard, modelo de educação baseado no desenvolvimento das potencialidades humanas. Um dia, ao buscá-los no berçário, os dois começaram a brigar, sem motivo aparente, assim que a viram. Fernanda foi caminhando pelo corredor, ao encontro dos filhos, pensando no que fazer para contornar a situação e, ao encontrá-los, tentou apartar a briga, intercedendo como “juíza” e, ao mesmo tempo, buscando negociar com e por eles, mas nada adiantou, todos foram embora chorando. No dia seguinte, mesmo se sentindo constrangida e péssima mãe, ela os levou novamente à escola, quando foi abordada pela diretora, que segurava um livro nas mãos.
“Eis aqui um livro que, talvez, te ajude a lidar melhor com a briga entre irmãos. Não é uma receita, mas uma maneira de aplicar a educação”, disse a diretora. Era a obra Positive Discipline, da psicóloga norte-americana Jane Nelsen, especialista em Desenvolvimento Infantil. Fernanda leu o livro de ponta a ponta e pensou: “Como é que não recebemos isso ao sair da maternidade?” O episódio acabou operando uma grande transformação na sua família e na de muitas outras, o que ela relata em entrevista exclusiva da sua casa, em San Diego, Califórnia, à Inside Chapel
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ENTREVISTA
para ser uma boa mãe é montar um bom enxoval, fazer um chá de bebê bem elegante, com prosperidade, e esquecemos de nos preparar internamente para isso. No entanto, seria muito mais importante sairmos da maternidade com um livro dessa natureza, a fim de entendermos o que está acontecendo em nossa sociedade. E a leitura do livro me motivou muito. No final de cada capítulo, havia perguntas a serem discutidas em grupo. Então, juntei algumas amigas e as convidei para lermos e discutirmos o livro juntas. A minha formação acadêmica não tinha nada a ver com educação. Eu havia atuado em auditoria no Bank of America, e a minha vida era totalmente voltada a planilhas, logística, centrada na área de exatas. Para mim, cuidar de filho era preparar uma boa planilha com
pretensão de me tornar uma educadora.
Qual foi o seu objetivo ao fazer o curso de Educação Parental?
FL: Sinceramente, eu só queria que meus filhos entrassem no banho na hora que eu falasse, que dormissem no horário combinado, que pudessem parar de brigar, porque eu tive dois filhos e queria que eles se dessem bem. Esses eram os meus objetivos maiores. No entanto, o trabalho da Dra. Jane foi me cativando de uma tal maneira que me senti capaz de poder ensinar outras pessoas. Quando terminei o curso, eu precisava colocar os ensinamentos em prática, porque aprendemos mais quando ensinamos. Para tanto, montei um grupo de mães da classe da minha filha, com quem eu tinha mais afinidade, e perguntei se elas gostariam de aprender a metodologia da Disciplina
NÃO EXISTE SER HUMANO QUE EXERÇA AUTONOMIA SEM ESCOLHA. É PRECISO TER ESCOLHA PARA EXERCER AUTONOMIA.
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Positiva enquanto eu também estaria aprendendo. Elas aceitaram, e a escola, que era muito acolhedora, nos cedeu uma sala. Dessa forma, todas as segundas, depois que deixávamos as crianças na escola, nos reuníamos por duas horas, durante as quais eu podia ensiná-las sobre o que eu havia aprendido. Essas reuniões se estenderam por sete semanas.
E hoje você já é uma lead trainer. Como foi esse percurso?
FL: Naquele momento, há dez anos, eu atuava como facilitadora do conhecimento, não como especialista, e fui percebendo que tinha competência para ensinar sobre aquilo. Foi então que resolvi fazer o mestrado em Educação,
pois nos EUA as universidades abraçam a diversidade. Quando fui aplicar para o mestrado, eles gostaram justamente porque eu tinha um background diferente da Educação e da Pedagogia. Fiz o mestrado em Educação e uma especialização de dois anos e meio em Ludoterapia, já que brincar é a linguagem das crianças e dos adolescentes. Nesse percurso, eu terminei a certificação em Disciplina Positiva e, pela metodologia, o aprendizado continua por meio de mentorias, que são encontros com outras pessoas, tanto as certificadas quanto as que ainda estão estudando. Nós aplicamos atividades juntos e trocamos ideias em encontros presenciais. No
primeiro encontro em que eu fui, logo depois de ter o meu certificado, quem estava lá? Jane Nelsen! Não acreditei. Ela é acessível e também simpática. Além de tudo, é humilde! Ela não apenas escreve sobre Disciplina Positiva, ela vive tudo o que estuda. Jane Nelsen “é” a Disciplina Positiva.
E como foi esse encontro?
FL: Ela ficou muito encantada pelo fato de a Disciplina Positiva estar alcançando tantos países e eu fui a primeira brasileira que realmente se apropriou dessa filosofia de vida, desse material, e começou a colocá-lo em prática, traduzir, se interessar em compartilhar com outras pessoas. E sou a pioneira
É IMPORTANTE TERMOS EM MENTE QUE A AUTORIDADE NÃO É COMPARTILHADA, MAS O PODER, SIM, O PODER ADEQUADO À CRIANÇA. 23 INSIDE CHAPEL ENTREVISTA –FERNANDA LEE
em levar a Disciplina Positiva, em língua portuguesa, para o Brasil, Portugal e para alguns países da África. Eu pensei: essa certificação mudou a minha vida, e se eu a oferecesse para outras pessoas?
Será que outras pessoas também querem mudar? Então, eu passei a frequentar todas as mentorias; a Jane e eu começamos a desenvolver uma amizade que dura até hoje, inclusive nos encontramos toda semana para estudar e discutir sobre espiritualidade e outros temas. Nossa amizade é muito grande, ela já veio passar um tempo na minha casa, ela me vê aplicando a Disciplina Positiva, enfim, temos uma amizade muito muito leal e muito forte.
O que você considera mais importante na educação dos filhos?
FL : O autoconhecimento. Quando os pais se conhecem, conhecem a sua dor, conhecem os seus traumas, conhecem as suas perdas, conhecem os seus pontos fortes, as suas metas, nos tornamos mais conscientes na educação dos filhos
e, em vez de transferir para eles os nossos desejos, começamos a celebrar a individualidade deles. Algumas coisas vão ser similares e outras serão diferentes. Mas, nessa diferença, como todos aprendem? Como a gente transmite os valores? Precisamos refletir sobre isso.
Você teve a oportunidade de criar os seus dois filhos dentro dessa metodologia. Como eles estão hoje? FL: Amém, se não já teria arrancado todos os cabelos (risos). Meu filho, Chris, tem hoje dezoito anos, e está estudando do outro lado do país, na Pensilvânia. E está super feliz. E a minha filha, a Kate, tem dezesseis anos, mora com a gente ainda e temos um relacionamento maravilhoso. O que mais me tocou nessa metodologia é que os desafios são oportunidades para ensinar. E eu achava que os desafios de comportamento que os nossos filhos estavam apresentando eram um problema diretamente ligado a minha falta de competência como mãe.
OS CINCO PILARES DA DISCIPLINA POSITIVA
Dê um exemplo disso.
FL: Quando os meus filhos não queriam entrar no banho, eu achava que não os estava educando corretamente. Acreditava que precisava ser rígida porque meus pais foram rígidos comigo. E a rigidez fazia, sim, a criança entrar no banho, mas ao custo da autoestima. Então, ao mesmo tempo em que eu não queria fazer igual aos meus pais, eu também não sabia fazer diferente. E eu acabava cometendo os mesmos erros que eles. Quando você é apresentado a uma outra maneira de educar, você passa a ter escolhas. Então, quando é hora de ir para o banho, em vez de eu simplesmente mandar os meus filhos irem, eu vou construir um quadro de rotina com eles. E aí a gente vai tirar foto desses passos. E eles vão me falar o que têm de fazer para a hora do banho não virar um pesadelo. E, atente, isso não significa fazer da casa uma escola.
Como os pais devem proceder para garantir uma rotina mais amena?
FL: A ideia é colocar os nossos filhos
Como promover um ambiente saudável e respeitoso em casa e na escola, com comentários de Fernanda Lee
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Conexão
Importância do relacionamento entre pais e filhos. Crianças e adolescentes que se sentem amados e conectados aos pais são mais cooperativos e se comportam melhor. “Temos duas necessidades básicas: de aceitação e de contribuição. Eu preciso sentir que faço parte e preciso ter um senso de que sou importante.”
Respeito mútuo 2
Redução de conflitos em casa. O respeito aos pais deve ser ensinado, assim como os adultos devem respeitar as necessidades e entender os desejos dos filhos. “Eu respeito você e você me respeita.”
Comunicação efetiva 3
Comunicação clara e respeitosa. Pais que se expressam de maneira assertiva, aberta e honesta com os filhos, lhes ensinam a se comunicarem da mesma forma. “A educação é um ensinamento de longo prazo
Não ensinamos só uma vez. Não podemos ter tanta pressa de eliminar o problema, pois o desafio é uma oportunidade para ensinar.”
Responsabilidade e autodisciplina 4
Ensinar os filhos a se responsabilizarem por suas ações e a tomarem melhores decisões é sempre melhor do que puni-los por eventuais erros. “Devemos convidar as crianças a descobrirem o quão capazes são e como podem usar o seu poder pessoal de maneira construtiva.”
Solução de problemas e cooperação 5
Quando pais e filhos trabalham juntos na solução de problemas, de maneira criativa, as crianças e adolescentes desenvolvem habilidades importantes para a vida, como a cooperação e a empatia. “A Disciplina Positiva ensina habilidades sociais e de vida. Isso vale tanto na escola quanto na vida: o saber escutar, a resiliência, a cooperação, a criatividade, o pensamento crítico, a empatia, o altruísmo, a honestidade.”
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PARA HAVER
CONEXÃO ENTRE PAIS E FILHOS, A CONVERSA DEVE SER
CLARA E FRANCA, PORQUE UM PILAR DA CONFIANÇA É A TRANSPARÊNCIA.
para pensar no que eles têm de fazer. Em alguns dias vai dar certo, outros dias não vai, mas, em longo prazo, por exemplo, o meu filho, que hoje está na faculdade, consegue se autorregular, consegue pensar na rotina que ele tem de cumprir. Por quê? Porque foram anos e anos de consistência e repetição, que permitiram a ele desenvolver essa habilidade.
Para criarmos uma rotina desse tipo os pais têm que estar dispostos. Qual seria o seu conselho para os pais? FL: Para qualquer ferramenta que usemos da Disciplina Positiva, ou seja, para qualquer intervenção da Disciplina Positiva, temos que entender o porquê de estarmos fazendo isso. Eu quero filhos obedientes ou eu quero filhos que quando crescerem sejam pessoas de caráter que tomem decisões, que resolvam problemas? Questiono isso, pois, se eu não tiver uma mentalidade que me impulsiona a usar aquela ferramenta, eu não vou ter o resultado em longo prazo. Por exemplo, a sua pergunta me
fez pensar que, realmente, podemos mandá-los tomar banho. Hoje, isso pode ser muito mais fácil para você. Mas, se isso se repetir ao longo do tempo, qual é o resultado quando eles tiverem quatorze, dezesseis, dezoito anos e forem sair de casa? Qual será o resultado neles? Será que eles não vão buscar alguém que vai mandar neles porque, simplesmente, não sabem olhar para dentro de si?
Então, estamos falando de consistência educativa ao longo do tempo, certo? FL: Sim. Às vezes, queremos resolver o nosso problema hoje e criamos um muito maior amanhã. E toda vez que estamos interagindo e nos conectando com os nossos filhos, apesar de levar mais tempo hoje, é como se fosse uma conta bancária. Você vai colocando depósitos. De ensino, de conexão, de autoestima, de senso de capacidade, afirmando: “Você é capaz”. E, quando eles enfrentarem problemas, vão realmente saber como resolver. Ou se eles não souberem resolver, eles vão ter a resiliência de se
levantar e poder resolver. Quando meu filho completou dezoito anos e entrou na faculdade, eu não cheguei e disse: “Pronto, agora você é quem vai cuidar da sua vida, tá? Eu não vou mais administrar o seu dinheiro, eu não vou mais lavar a sua roupa, você que vai fazer tudo isso porque vai morar na faculdade...”. Já pensou quanta coisa eu teria que ensinar para ele, a fim de que chegasse à faculdade e fosse bem sucedido?
Como foi esse processo com o seu filho?
FL: Educação financeira foi ensinada a ele desde pequeno, com mesada. Se ele, depois de acumular alguns dólares, queria ir à loja e gastar tudo em carrinho, eu tinha que me segurar. Eu pensava: “Meu filho, guarda um pouco”. Mas, ao mesmo tempo, eu queria que ele gastasse, porque no mês seguinte ele não teria nada. E foi assim que ele aprendeu. “Ah, gastei tudo”. Então, fica sem no próximo mês. E é esse tipo de raciocínio que os pais
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devem exercitar, de acompanhamento, afinal, estamos educando o tempo todo. Ajudando essa criança a olhar para dentro de si mesma e perceber: “Cometi um erro”. “É mesmo, filho? Então, o que você faria diferente da próxima vez?” “Eu guardaria meu dinheiro.” Hoje, o meu filho está fazendo o quê? Ele estuda Economia, tem a própria conta bancária e administra o próprio dinheiro, tem poupança, tem investimento, e quer ser um analista do mercado financeiro.
Você está dizendo que os erros são oportunidades de aprendizado, é isso?
FL: Nunca sabemos o que as oportunidades que vamos dando ao longo da vida vão despertar neles. E, se a gente tenta controlar muito o ambiente da nossa vida e resolve o nosso problema agora, a gente rouba deles. Roubamos deles a oportunidade de descobrirem em quem eles estão se tornando.
De que forma os pais conseguem ser autoridades para os filhos sem se tornarem autoritários?
FL: Pais são autoridades dentro de casa, e ponto final. A maneira como
manifestamos essa autoridade pode ser punitiva e autoritária (“Quem manda aqui sou eu”), que é a posição do adulto sobre a criança, ou pode ser permissiva (“Meu filho é tão fofinho, tenho tanto dó dele, deixa eu fazer por ele”), que é a posição da criança sobre o adulto. É importante termos em mente que a autoridade não é compartilhada, mas o poder, sim; o poder adequado à criança. Uma criança mais nova não tem os mesmos direitos que o seu irmão mais velho, como usar a faca na cozinha ou poder andar sozinha na rua, por exemplo, mas todos têm direito à dignidade e ao respeito. O poder tem que ser compartilhado adequadamente ao que a criança é capaz de fazer. Você não vai dar a mesma responsabilidade para uma criança de sete anos e para uma de dois. Devemos compartilhar um poder adequado e apropriado a cada faixa etária.
Como os pais podem ajudar os filhos a usarem seu poder pessoal de maneira construtiva?
FL: É simples. Dando o poder com o qual os filhos têm capacidade de lidar. No entanto, os pais querem fazer o quê?
“Você vai usar essa roupa, você vai sentar
aqui, você vai comer isso, você vai fazer isso direito”. Quantos comandos a gente dá por dia? Por volta de duzentos. Não existe ser humano que exerça autonomia sem escolha. É preciso ter escolha para exercer autonomia. E quando você não tem escolha, porque a sua vida é tão regrada e tão ditada, você vai usar o seu poder de maneira destrutiva. Exemplos disso seriam a rebeldia, a vingança e até a automutilação. A apatia também. A criança pode desistir. E ela desiste completamente porque sabe que não consegue atingir o patamar que lhe foi colocado.
E como os pais conseguem dosar o poder que demandam à criança?
FL: A palavra é autoconhecimento. Em primeiro lugar, temos que analisar o que estamos fazendo que está contribuindo para o útil ou para o inútil, e aprender outras ferramentas para podermos usar, pois não existe apenas uma. Por exemplo, perguntas curiosas são uma ferramenta. Pergunta curiosa é uma maneira de compartilhar poder. Um irmão está brigando com o outro. Você pergunta: “O que é que você quer que não está conseguindo com palavras? Tente dizer”. Isso é uma parábola. Isso é uma pergunta
NÃO PODEMOS SER HIPÓCRITAS E FAZER DIFERENTE DO QUE FALAMOS. NÓS TAMBÉM TEMOS QUE
SEGUIR A REGRAS, POIS QUANDO SERVIMOS DE MODELO SOMOS O MELHOR PROFESSOR.
DA DISCIPLINA POSITIVA À FILOSOFIA POSITIVA:
A Disciplina Positiva foi criada pela psicóloga e educadora norte-americana Jane Nelsen por volta de 1980. A abordagem foi inspirada nas ideias dos psicólogos humanistas Alfred Adler e Rudolf Dreikurs, que defendiam as conexões afetivas como motores do comportamento. O austríaco Alfred Adler foi o fundador da psicologia do desenvolvimento individual, e já em 1870 defendia que todas as pessoas tinham direitos iguais. “Antes de se ter neurociência, antes de se considerar a psicologia como uma ciência, esse profissional já falava em dignidade e respeito. Era um visionário”, comenta Fernanda Lee. Ao se valer dos conhecimentos de Adler e Dreikurs, Jane Nelsen escreveu o livro Positive Discipline, publicado em 1981, marcando o nascimento desta abordagem em sua forma moderna.
Anos mais tarde, Jane Nelsen se encontrou com a estudiosa Lynn Lott e, em razão da afinidade entre elas, resolveram desenvolver a associação global da Disciplina Positiva, fundando a Positive Discipline Association, cujo conhecimento, hoje, alcança 88 países. “A Dra. Jane continuou desenvolvendo Disciplina Positiva para adolescentes, para crianças com deficiência na sala de aula e para pais solteiros. Ela tem uma série de vinte livros, incluindo livros infantis e muito material. E Lynn Lott desenvolveu uma teoria muito similar, chamada consultoria e encorajamento. Enquanto a Disciplina Positiva tem ferramentas para ajudar os pais a educarem os filhos, a consultoria e encorajamento tem ferramentas para ajudar os pais a recriarem a sua criança interior”, relata Fernanda Lee, que resolveu unir o trabalho das duas, traduzir e oferecê-lo como educação para os pais e para os profissionais da saúde.
“Dentro da família da Disciplina Positiva, eu ampliei o espectro,
ABORDAGEM HUMANISTA PARA A VIDA
porque tanto a Disciplina Positiva quanto a consultoria e encorajamento são baseados na teoria humanista de Alfred Adler”, explica.
Fernanda Lee foi pioneira em traduzir os livros da Disciplina Positiva para o português. Traduziu o manual da certificação parental, o manual para escola, a ser usado em sala de aula, o manual da educação infantil, um manual para empoderar pessoas no ambiente de trabalho e o manual para cultivar a alegria nos relacionamentos. Ela também foi precursora da certificação em educação parental. “Comecei oficialmente em 2015, quando levei a Jane Nelson ao Brasil. Hoje eu certifico pais, profissionais da saúde, professores e qualquer pessoa que tenha interesse em educar com respeito”, conclui.
curiosa. Pergunta curiosa é quando você faz uma pergunta bem formulada e para, a fim de escutar a resposta. Se você só fizer uma pergunta e não estiver curioso para saber a resposta, não adianta. Precisamos aprender a formular a pergunta: Como? Por quê? Qual? “Deixeme ver seu entendimento sobre isso: Por que você quer jogar mais videogame? Me explica o que você mais gosta nesse videogame.” “É porque estou jogando com os meus amigos.” “Ah, então seu valor de vida é você estar com os seus amigos, correto?” “Correto.” “Então, me explica, que horas seus amigos jogam?” “Eles estão jogando agora, vai, libera aí.” “Entendi. Quando é que esse jogo acaba e como pode ser o nosso combinado sobre a hora que você acaba de jogar com os seus amigos para você poder fazer outras coisas na vida?”. Quando a gente abre espaço
para a outra pessoa falar sobre o que é importante para ela e a gente valoriza o que é importante para ela, ela vai querer valorizar o que é importante para você, e aí você ganha a cooperação em vez de competir pelo poder.
E o que se ganha com essa atitude?
FL: Primeiro que a gente vira o mundo dos pais de cabeça para baixo, porque, ao abandonarmos a tirania em casa, o clima muda. Tudo muda, as crianças adoecem menos porque o sistema imunológico não é atiçado o tempo inteiro pelo alerta. É fenomenal. O que eu mais escuto dos pais depois que fazem o curso é que a Disciplina Positiva é um divisor de águas. E que é necessária, tanto em casa quanto na escola, nesse mundo que está mudando rapidamente. Com a ampliação do acesso à informação, o mundo está muito mais
igualitário. E quem não se atualizar vai ficar para trás. Uma dessas consequências é a crise de saúde mental, que já estamos vivendo. As pessoas não conseguem se conectar, e o relacionamento é o que pode fazer a diferença. Precisamos criar um ambiente democrático dentro de casa para que os filhos consigam viver fora dela. O primeiro modelo de sociedade é dentro de casa e, nesse sentido, o método da Disciplina Positiva é democrático. Lembrando que democracia não significa fazer tudo o que queremos. Ela implica direitos e deveres. Numa democracia, todos têm direito de fala, mas nem tudo será acatado.
Dê um exemplo dessa democracia em casa.
FL: Meu filho tem o direito de falar o que quer para o jantar, a roupa que quer usar, ou se quer ir a uma festa, por
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COMO APLICAR OS PRINCÍPIOS DA DISCIPLINA POSITIVA?
Menos punição, mais elogios nos acertos.
Ser consistente, estabelecendo regras claras.
Agir de forma respeitosa, amorosa e cooperativa.
Oferecer escolhas, evitando conflitos desnecessários.
Evitar mal-entendidos, comunicando-se objetivamente.
QUANDO EDUCAMOS, TEMOS QUE ANALISAR O QUE ESTAMOS FAZENDO QUE ESTÁ CONTRIBUINDO PARO O ÚTIL
OU PARA O INÚTIL, E APRENDER OUTRAS FERRAMENTAS PARA PODERMOS USAR, POIS NÃO EXISTE APENAS UMA.
exemplo. E eu respeito a opinião dele. No entanto, eu também tenho obrigação de cuidar da sua saúde e da sua segurança. E essa é a conversa que tenho com os meus filhos: “Se você não dorme à noite, filho, pelo menos oito horas, você não tem o direito de usar o carro no dia seguinte, porque você sabe o que acontece com o teu cérebro quando você não consegue dormir pelo menos oito horas?”. “Mas, mãe, eu fico super descansado...”. “É assim: eu falo a regra e você decide quantas horas você quer dormir, porque o cérebro precisa passar por um processo de limpeza. E quando você não dorme essas oito horas, vai acordar meio cansado,como se estivesse embriagado. Você deixaria a mamãe e o papai dirigirem embriagados?”. “Não”. Então, eu também não vou deixar você dirigir embriagado, principalmente porque você leva a sua irmã à escola.” Então, ele pode dormir a hora que quiser, mas meu carro não vai usar. E isso é democracia. Há o direito de escolher, mas há parâmetros a serem seguidos. E é assim que geramos confiança.
E são os pais os responsáveis por impor os parâmetros, mas também devem segui-los, certo?
FL: Exato. Não podemos ser hipócritas e fazer diferente do que falamos. Nós também temos que seguir as regras, pois quando servimos de modelo somos o melhor professor. Para haver conexão, a conversa deve ser clara e franca, porque um pilar da confiança é a transparência. Não adianta querermos controlar o comportamento dos filhos sem convidálos a pensar junto sobre o problema. E a escola deve adotar essa mesma postura. Quando aplicamos a Disciplina Positiva na sala de aula, ensinamos em roda, passamos o bastão da fala, pois estamos falando sobre algum problema. Assim, todos viram líderes, e alguns já têm essa habilidade de escuta melhor do que outros, e essa é a ideia, a de que nem todo mundo seja igual. A ideia, na escola, é estabelecer regras para trabalharmos juntos, para a gente aprender, para poder ensinar e todos se divertirem. Se a escola for chata, ninguém vai querer voltar, mas ela não pode ser apenas divertida, a ponto de não poder ensinar. Então, quais são as
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regras que vamos criar? No primeiro dia de aula, você já convida os alunos a transformar a atmosfera e o clima da escola em um lugar onde todos queiram permanecer. Porque o aluno sente que faz a diferença ali.
Falando em escola, a Chapel adota, já há muitos anos, o currículo socioemocional, que tem tudo a ver com a Disciplina Positiva. Você o conhece?
FL: Sim, na Chapel isso já se tornou bom senso. Em vez de gritar com o aluno, há uma conversa dizendo que determinada atitude não foi legal e há o questionando acerca de como reparar o erro. E não adianta apenas responder “I’m sorry”. Não, I’m sorry não é suficiente. É preciso ainda reconhecer o erro, se reconciliar e resolver. E se o aluno não sabe o que fazer, não tem
PARA SABER MAIS
DISCIPLINA POSITIVA
DISCIPLINA
POSITIVA PARA CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA
problema, a gente ensina. E ensinamos quantas vezes forem necessárias. Isso é educação. A palavra educação vem do latim, e significa extrair. Somos bons educadores quando sabemos extrair do outro o que de melhor ele tem.
Se a Disciplina Positiva não diz respeito apenas aos pais ensinarem os filhos, o que os seus filhos te ensinaram de mais relevante no seu percurso como mãe e profissional?
FL : Eu acho que o que mais me marcou foi o exercício de muita doação, o tempo inteiro. O quanto eu renunciei e ainda renuncio a algumas coisas para fazer por eles, para eles, para que tenham uma casa que tenha não só comida, cobertura e abrigo, mas também que me tenham emocionalmente presente. Digo
DISCIPLINA POSITIVA EM SALA DE AULA
DISCIPLINA POSITIVA
PARA PAIS
OCUPADOS: COMO EQUILIBRAR VIDA
PROFISSIONAL E CRIAÇÃO DE FILHOS
DISCIPLINA POSITIVA PARA CRIANÇAS DE 0 A 3 ANOS
isso porque, se a minha cabeça está totalmente tomada pelo estresse, como posso estar presente para eles? E, apesar de ser um exercício de doação muito grande, o que me deixa mais feliz de ter descoberto a Disciplina Positiva é que eu estou deixando dois legados para o mundo: duas pessoas que tiveram e ainda têm acesso a um tipo de educação que não precisou de castigo corporal para ser exitosa. Meus filhos tanto não maltratam seus parceiros quanto não aceitam ser maltratados. Então, a maior lição que podemos deixar é que a Disciplina Positiva funciona e que isso vai ser levado para frente. Pois gerações que têm traumas levam traumas adiante, enquanto gerações que têm amor e recebem amor vão levar amor.
DISCIPLINA POSITIVA PARA CRIANÇAS DE 3 A 6 ANOS:
COMO CRIAR FILHOS INDEPENDENTES E FELIZES
DISCIPLINA POSITIVA DE A A Z: 1001
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CONHECER-SE É AMAR A SI PRÓPRIO: EXERCÍCIOS PARA DESENVOLVER A AUTOCONSCIÊNCIA E PARA REALIZAR MUDANÇAS
POSITIVAS E ENCORAJADORAS
ENTREVISTA –FERNANDA LEE
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VOLTA ÀS ORIGENS
DEPOIS DE UMA CARREIRA DE GRANDE SUCESSO NO MUNDO CORPORATIVO
INTERNACIONAL, DAVID FREY VOLTOU ÀS ORIGENS.
REENCONTROU SEU
PAÍS, SUA HISTÓRIA FAMILIAR, SEUS AMIGOS E TAMBÉM A PAIXÃO POR FOTOGRAFAR QUE SURGIU NA INFÂNCIA.
Quando o correio fazia a entrega na casa do Alto da Boa Vista, em São Paulo, alguém mais além da destinatária, Eileen Paris, se interessava pelo conteúdo do pacote. O neto dela, com seus sete anos de idade, corria entusiasmado para ver a revista National Geographic, que chegava todo mês. O menino, que já amava brincar em meio à natureza, num dos bairros menos explorados da cidade naquele tempo, se encantava com as fotos da famosa publicação, com suas paisagens marcantes, em diversos lugares do mundo, clicadas por grandes fotógrafos. É com essa memória que David Frey, ex-aluno da Chapel School, da turma de 1984, começa a nos contar a sua história.
O bairro, que hoje já é totalmente integrado à urbanidade, nos idos dos anos 70 era formado por chácaras, onde muitas famílias de imigrantes se estabeleceram. A de David era uma delas. Como em sua maioria falavam a língua inglesa, a região concentrava colégios como a Chapel School. Foi lá que ele e sua irmã foram estudar, formando raízes e amizades que duram até os dias de hoje.
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INSIDE CHAPEL
Por Adriana Calabró
ALUMNUS
Fotos: Paula Marina e David Frey
Na família de origem de David há americanos, ingleses e suíços que vieram ao Brasil para trabalhar no mercado do café, em Santos. Foi nessa cidade que ele nasceu e ficou até os sete anos de idade e, quando seus pais se separaram, mudou-se para São Paulo para morar com a mãe. A casa ficava num terreno comprado pelos bisavós que hoje comporta a sua casa, a casa de sua mãe e também a da sua irmã, além de uma área comum em um extenso jardim. “Eu comecei a estudar num colégio brasileiro, mas minha família pensou que eu poderia esquecer o inglês, então na 4ª série me matricularam na Chapel”, conta ele. Num primeiro lugar, houve um choque, porque a nova escola tinha outra dinâmica, com mais disciplina e exigências, se comparada à primeira, onde as professoras ainda eram chamadas de “tia”.
Mas assim que ele se acostumou com as novidades, passou a adorar a escola e a nutrir um carinho especial pela Sister Benjamin, sua primeira professora. Outra figura importante citada por David é o técnico J.C. , um ícone para todos os meninos daquela época. “Não era fácil controlar a molecada e ele conseguia. Tinha uma tradição, porque a gente já tinha ganhado vários campeonatos de futebol e o J.C. não queria perder, então o treino era duro. Naqueles tempos, tudo era aberto e ele fazia a gente subir, correr na calçada, descer e completar o circuito”. Esse ambiente de muito
estudo e esporte foi determinante para David, que se considera alguém com muita sorte por ter um núcleo de amigos que se manteve unido do 4º ano do Fundamental até o 3º do Ensino Médio. “Sendo uma escola internacional, muitas vezes as crianças vinham com os pais, ficavam dois ou três anos e iam para outro país”, explica. Ele também recorda das atividades que aconteciam fora da Chapel, reunindo a comunidade, entre elas, o BBQ do 4th of July, em que as pessoas cozinhavam, confraternizavam e, claro, faziam um belo churrasco.
Laços de afeto
Desse universo de relações estabelecidas na Chapel, David conta três histórias emblemáticas. A primeira, com Michael O’Neill, um dos cinco melhores amigos de colégio, que ele reencontrou, depois de 20 anos. Graças às redes sociais, e também a um post do Led Zeppelin, que chamou a atenção de David, eles tiveram uma conversa de quase uma hora e meia ao telefone. O bate-papo acabou rendendo uma jornada fotográfica em conjunto pelas paisagens do Canadá, que ambos estavam planejando fazer há tempos. Vale dizer que nesse momento da entrevista, David enaltece o amigo como um dos melhores fotógrafos subaquáticos do mundo, contando dos prêmios recebidos por ele pelo British Museum, um grande reconhecimento da área. Quanto a enaltecer a si
MINHA MÃE SEMPRE
ME DISSE: AS AMIZADES QUE VOCÊ VAI FAZER
NESSE TEMPO DE ESCOLA E FACULDADE
SÃO AS QUE VÃO
FICAR PARA SEMPRE, NÃO IMPORTA O
TEMPO. E FOI O QUE ACONTECEU COMIGO.
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próprio, bem, não é o estilo do nosso entrevistado, que chama seu trabalho fotográfico de hobby. As fotos que ilustram esta matéria estão aí para refutar tamanha modéstia.
A segunda história, que confirma a teoria de que amigos feitos na infância duram para sempre, é sobre o grupo de Whatsapp criado por um dos alunos da sua turma e que hoje reúne 29 pessoas, de nove países. Pelo menos uma vez por dia há uma mensagem de alguém da Chapel, vinda de alguma parte do mundo. “Estamos tentando organizar alguma reunião para todos se encontrarem”, revela David. Quanto à terceira história, é a cereja do bolo e envolve sua atual esposa, Daniela. “Estudamos juntos da 4ª à 8ª série. Depois, ela foi para outra escola, terminou o colégio, casou, teve filhos, eu casei, tive filhos. Ou seja, perdemos o contato, até porque naquela época não tinha celular, nem nada disso”. Foram nada menos do que quarenta anos distantes até que um dia, quando David voltou ao Brasil para ver a família, e ambos já estavam separados dos respectivos cônjuges, tiveram um encontro. Resultado: não se largaram mais. Daniela, uma mulher de elegância natural, extremamente simpática e, como David, apaixonada
pela natureza, nos acompanhou durante a entrevista e se mostrou uma grande incentivadora, entre outras coisas, do trabalho fotográfico dele.
Carreira sólida
Quando Frey se formou na Chapel, em 84, não tinha certeza do que queria fazer, mas sabia que era a área de negócios, então optou por uma faculdade mais generalista: Brown, em Rhode Island, Estados Unidos. Seus pais acharam ótimo ele ter a experiência de morar fora sozinho. Quatro anos se passaram até a formatura, quando decidiu voltar ao Brasil, com o título em Economia e um trabalho em vista na Dow, multinacional americana. Era uma fase muito difícil para o país, mas uma verdadeira escola para quem se interessava pelo mundo das finanças. “A Economia era toda indexada, a inflação batia 40% ao mês e o CDI chegou a bater 3% ao dia. Os pacotes econômicos mudavam de uma hora para a outra e, se você conseguia sobreviver, entendia muita coisa num curto período de tempo”, relembra. O caminho de ascensão de David, embora narrado com sua habitual discrição, foi notável. Trabalhou por dois anos na subsidiária brasileira, na área de finanças, e foi transferido para
a sede da empresa para a América Latina, em Miami, para ser assistente do tesoureiro.
Aos 27 anos, voltou a São Paulo para assumir como gerente financeiro do Brasil. Foram quatro anos de muito trabalho, celebrado por um convite para trabalhar na matriz, em Michigan, onde a empresa foi fundada. Mais uma jornada de desafios e conquistas dentro da empresa, sendo primeiro na parte de tesouraria e financiamentos em nível global, depois, na área de M&A Global, mais estratégica e próxima do negócio. Finalmente, assumiu e permaneceu por oito anos, como CFO da maior divisão da corporação, a de Performance Plastics. Ao todo foram três décadas de empresa e esse marco coincidiu com outros dois fatos: a reestruturação global da Dow, com fusões e novas estratégias, e as transformações na sua vida pessoal, com um processo de separação e os filhos indo para a universidade. Foi ali que ele resolveu se aposentar.
“Os últimos 20 anos de trabalho foi no sistema 24/7, então eu estava meio cansado, precisava dar um reenergizada e decidi tirar um sabático longo, que mais ou menos eu continuo até hoje!” (risos).
QUANDO MEUS FILHOS ESTAVAM
SAINDO DE CASA, EU PENSEI: PRECISO DE UM HOBBY, DE ALGO PARA EQUILIBRAR MELHOR AS COISAS.
Paixão revelada
A brincadeira feita por David sobre seu sabático é interessante, pois quando ele abre o livro de fotos de sua autoria, dado de presente apenas a familiares, o que se pode ver é um fotógrafo profissional. As imagens trazem sensibilidade e técnica e, embora sejam definidas por ele como um hobby, têm uma qualidade comparável às produzidas pelos melhores fotógrafos de natureza do mundo. Não por acaso, a National Geographic, sim, aquela mesma revista da sua infância, quis comprar uma foto de David para incluir em suas páginas. Uma relação editorial que provavelmente não vai parar por aí. Mas voltemos um pouco no tempo para entender o executivo que virou fotógrafo.
“Quando meus filhos estavam saindo de casa, eu pensei: preciso de um hobby, de algo para equilibrar melhor as coisas”. Foi então que o interesse pela fotografia, que já existia desde criança, voltou com força total. Uma paixão que nunca o abandonou. Tanto que, quando David estava na universidade, fazia parte do currículo um semestre de estudo na Itália. Ele fazia Economia e Ciência Política, mas a matéria optativa que captou sua atenção foi a fotografia em preto e branco! “Eu estudava naquelas dark rooms, com revelação das fotos feitas manualmente. Foi a melhor escolha, eu viajava de mochila pela Europa, fotografava e revelava minhas próprias fotos. Foi um curso que fez a diferença”, conta ele.
Ao se aposentar, a primeira coisa que fez foi comprar uma câmera, agora na versão digital, e a retomada foi instantânea. Aprendeu os mecanismos, começou a fotografar e... quase desistiu! “Eu via as fotos que eu tirava e as das revistas ou da internet e pensava, ‘isso não é para você’. Então tive a sorte de fotografar com pessoas mais experientes. Passei a ir atrás dos fotógrafos que eu gostava para aprender. Liguei para um deles e falei: ‘eu gosto da sua fotografia, estou querendo ir para o Oregon no final do ano, sei que é meio difícil, mas você está disponível para fotografar?’ E ele: ‘Sim, tô passando por uma separação, quero sair daqui, vamos embora”. Assim,
ALÉM DE PAISAGENS DE TODO O MUNDO, DAVID TAMBÉM
CAPTOU FOTOS DE ONÇAS NO PANTANAL, UM DOS GRANDES DESAFIOS PARA OS FOTÓGRAFOS DE NATUREZA.
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ele passou o Réveillon fotografando na Bandon Beach Oregon, com um desconhecido, aprendendo e estudando fotografia, e deu continuidade a essa dinâmica até conquistar a excelência técnica que desejava. O resultado, assim como na sua carreira corporativa, foi muito bem-sucedido. Aliás, se há algo em comum entre as duas facetas de David é o planejamento. Esse asset de um executivo de alto escalão permanece de forma constante em todas as jornadas fotográficas que empreende.
Mas vale lembrar que na arte de fotografar não basta técnica, é preciso emoção também, e isso é visível em David quando ele conta de seu novo ofício. Seu rosto se ilumina e o sorriso vem fácil. “Paisagem é luz. E a direção da luz. Então quando eu planejo ir para algum lugar, uma praia, eu já procuro no Google Earth, onde está, qual o horário do amanhecer, qual o horário do pôr do sol. Vejo nos aplicativos a direção do sol também. Se for foto
de mar é ainda mais complicado, porque tem a maré, então são muitos elementos para pensar. Só muito raramente você tem a sorte de ter os deuses da fotografia ao seu lado, chegar e clicar. Na maioria das vezes são horas para conseguir a foto ideal”. E quando se trata de David, foram centenas, talvez milhares de horas: Death Valley, Carrizo Plains, Pfeiffer Beach na Califórnia; lagos de bolhas de metano congeladas no Canadá, os famosos sea stacks na costa do Oregon, uma oak tree gigante, espécime vivo mais velho da região do Mississipi; a famosa locomotiva que deu origem ao filme Polar Express, os barnes, ou celeiros, do Michigan, isso sem contar as paisagens do Brasil: Lençóis Maranhenses, Pantanal (e suas onças!), Fernando de Noronha e muitas outras incríveis paisagens. Uma das maiores incentivadoras desse percurso é Daniela, a esposa, que também o acompanha nas viagens. “Ele se transforma com
uma câmera na mão, parece outra pessoa”, afirma ela. Um bom exemplo disso, no melhor estilo “não tente fazer isso em casa”, é uma aventura de David em um farol coberto por gelo cristalizado, em que teve de cruzar uma área perigosa sobre águas geladas, sem qualquer proteção, além das botas para o gelo. “Quando voltei, percebi que tinha exagerado e que corri riscos”, diz ele, mostrando o impressionante resultado do clique.
Outra aventura foi com membros do povo inuit, da Groenlândia. David não conseguiu acompanhar o pique de um grupo de fotógrafos-hikers ao qual se juntou e o guia ofereceu hospedagem em sua casa, no vilarejo inuit. “Chegamos lá e tinha uma casinha em que ele morava com a família e outra, com um colchonete no chão, onde fiquei. Pude conviver com eles por dois dias e até fiz compras do supermercado, orientado pela mulher do guia, para o preparo do jantar. Perna de cordeiro foi o menu escolhido por ela”, relembra, com satisfação.
Em família
Do primeiro casamento, David teve dois filhos gêmeos, um menino, Cris, e uma menina, Carol, de quem tem muito orgulho. Eles nasceram no Brasil, mas saíram daqui com um ano de idade rumo aos Estados Unidos, onde cresceram e construíram suas vidas. “Eles adoram vir para cá, viajar, ficar com a família, com minha mãe, gostam da comida, acham tudo muito exótico, muito interessante”, conta o pai que não se furta em elogiar dotes intelectuais dos rebentos. “Eu não sei de onde eles pegaram o gene científico, mas foram para esse lado. Minha filha está completando um PHD em engenharia de materiais em Santa Barbara e meu filho está na outra costa, no laboratório de física aplicada da John Hopkins, perto de Washington DC. O que eles fazem é bem acima do que eu consigo compreender”, brinca ele. Outro membro da família que David inclui na conversa com orgulho é sua mãe, Lula Reed. Como a casa dela fica no mesmo terreno, a equipe de reportagem fez uma breve visita e confirmou o que já havia sido dito
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pelo filho: aos 90 anos, a simpática matriarca sabe o nome de todas as espécies de plantas que vivem ali. E em latim! “Ao voltar ao Brasil, pude me reconectar com a minha mãe e também com meu pai, que morava em Santos e faleceu no ano passado. Pude ficar um pouco mais com ele, porque quando eu trabalhava eu só conseguia vê-los uns três ou quatro dias por ano”. Para ele foi um retorno às origens, ao lar que abrigou a história da sua família e as suas memórias de infância, entre elas, as caixas de National Geographic no porão.
Quando perguntado sobre seus planos futuros, após conquistar um portfólio invejável com imagens de paisagens, araras e onças, o inveterado planejador conta da ideia de fotografar os beija-flores existentes no país, algo que já começou, mas que vislumbra como um projeto de longo prazo.
“Os beija-flores só existem nas Américas, e como há uma senhora da Califórnia que se propôs a fotografar as 360 espécies do mundo, tenho o compromisso de pelo menos fotografar os 80 do Brasil!”, diverte-se ele. Aliás, a primeira peça que comprou com Daniela quando se reencontraram, em 2019, foi justamente uma escultura de beija-flor. Seria um sinal das tais musas da fotografia? Seja como for, parece que elas estão se sentindo em casa na nova fase de David Frey.
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CRÔNICA
Por Claudia Alaminos
Fotos: Arquivo Pessoal
QUER INFLUENCIAR SEU ADOLESCENTE?
ANTES DE QUALQUER COISA, BUSQUE A CONEXÃO
EDUCAR ADOLESCENTES
NUNCA FOI SIMPLES, MAS
QUANDO ADICIONAMOS
A TECNOLOGIA À VIDA DOS JOVENS, AS FUNÇÕES
DESEMPENHADAS PELOS
PAIS E EDUCADORES DE ADOLESCENTES SE TORNARAM
AINDA MAIS COMPLEXAS.
Éraro encontrar pais de adolescentes que acreditam ter as competências necessárias para um bom desempenho da parentalidade. É raro, também, encontrar pais que buscam educar seus filhos levando em consideração mudanças que o mundo sofreu. Muitos ficam presos em repetir a educação que receberam. E tenho que ressaltar: educar adolescentes no piloto automático tem aumentado as dificuldades para pais e filhos. Precisamos ser intencionais.
Pergunte-se: que adultos eu gostaria de ter tido ao meu lado quando tinha a idade do meu filho? Qual seria a maneira mais produtiva para eles reagirem diante dos meus erros e dificuldades? Qual é o meu objetivo ao educar meu filho? O que eu preciso fazer para atingir esse objetivo? É isso que eu chamo de Educação Intencional.
Somado a isso, a nossa sociedade põe uma carga negativa sobre a adolescência. Muitos pais dizem ter medo da chegada dos seus filhos à fase. Os adultos, não obstante, ao se referirem a esse período utilizam a medonha e injusta palavra “aborrescente”. Os jovens enfrentam a todo momento julgamentos e rejeição durante a adolescência, momento em que a identidade não terminou de se consolidar e, por
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isso, ainda é frágil. Diante desse cenário torna-se urgente a necessidade de mudar a narrativa cultural em torno dos adolescentes, e isso pode começar por cada um de nós.
A boa notícia é que entendemos muito mais sobre o desenvolvimento adolescente hoje do que no passado, e podemos usar isso a nosso favor para educar os jovens de forma respeitosa.
Compreender o desenvolvimento da adolescência, saber como o cérebro adolescente se desenvolve e funciona, ajudar os adolescentes no gerenciamento dos riscos, ensinar empatia, promover resiliência, saber fazer combinados e se comunicar bem são competências que pais e profissionais que lidam com adolescentes podem aprender e ensinar.
É interessante conhecer algumas particularidades do cérebro adolescente que facilitam a compreensão de determinados comportamentos deles:
1. O cérebro humano finaliza seu desenvolvimento em torno dos 24 ou 25 anos;
2. A última parte do cérebro a se desenvolver é o córtex pré-frontal. Ele é responsável por funções como: tomada de decisões racionais e planejadas, controlar impulsos, gerenciar emoções, focar em uma atividade, gerenciar o nosso tempo, antecipar consequências dos nossos atos, entre várias outras;
3. Enquanto o cérebro ainda não está completamente desenvolvido, os adolescentes interpretam as situações utilizando a amídala cerebral (parte emocional do cérebro) e é por isso que eles são impulsivos, sensíveis e levam muitas das nossas atitudes para o pessoal;
4. Gritar ou se exasperar com um adolescente não é produtivo porque os gritos ativam a resposta de “luta ou fuga”, também desempenhada pela amídala cerebral. Ou eles
ficam furiosos, fazendo reflexo ao nosso comportamento, ou ficam completamente desligados e sequer compreendem o que dizemos;
5. O cérebro adolescente passa pelo processo de poda neural, o que faz com que fiquem mais quietos, isolados e esquecidos.
Percebem como alguns comportamentos que criticamos, e às vezes até punimos nos adolescentes, são resultado do estágio do desenvolvimento cerebral pelo qual estão passando? Podemos ser muito mais efetivos na nossa educação por sabermos disso porque poderemos diferenciar um mau comportamento de um comportamento esperado para a idade. Lembrando que mesmo um comportamento esperado para a idade possa necessitar de intervenção educativa, é necessário que o modo com que julgamos o comportamento mude.
É importante ter em mente que todo comportamento é uma forma
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de comunicação e a expressão de uma necessidade, e pode ser de grande auxílio se nos questionarmos: o que meu adolescente está querendo comunicar com o comportamento dele? Que necessidade dele pode ser suprida para que ele mude de comportamento? Se nos portarmos como detetives, em vez de sermos juízes, julgando seus comportamentos como, a certo ou errado, bom ou mau, podemos fazer parte da solução e ajudar o jovem a suprir suas necessidades.
Tenho conversado com muitos adolescentes e, dentre as várias necessidades que eles apontam, três têm se mostrado fundamentais para que se sintam mais confortáveis na sua própria pele: pertencimento, importância e competência
Ter a certeza de que pertence a uma família, uma escola, um grupo de amigos é uma necessidade importantíssima que os adolescentes têm e traz uma sensação de segurança e de acolhimento.
Como um adolescente pode se sentir importante? Quando não nos acostumamos com o isolamento dele, quando o convidamos para alguma atividade, quando dizemos que estamos com saudades, quando fazemos programas a dois com ele.
E sobre se sentir competente? Quando pedimos opinião; quando pedimos para o jovem nos ensinar algo; ou para ele fazer algo que já consegue fazer, mas que muitas vezes insistimos em fazer por ele, como preparar um lanche para a família, ajudar a cuidar de uma criança ou um idoso; quando ele sabe que dá conta de algo e que nós, adultos, confiamos nisso.
Se, além de nos atentarmos a essas necessidades, conseguirmos ressaltar o que o adolescente tem de bom e o que ele faz de positivo, as chances de melhorarmos nosso relacionamento com ele e o seu próprio comportamento aumentam consideravelmente.
Mas Claudia, eu estou atento às necessidades do meu adolescente e tudo parece tão difícil! Como posso me aproximar e ser ouvido por ele? Esta tem sido a pergunta que mais ouço nas minhas sessões de aconselhamento parental. Vou oferecer alguns exemplos de atitudes que podem ser tomadas e que melhoram a conexão e, consequentemente, o comportamento dos adolescentes. Ressalto
que abordagens específicas necessitam de uma sessão individual.
1. Quer influenciar um adolescente? Conecte-se a ele antes. Para se conectar não precisa ficar grudado ou saber de tudo da vida dele. A conexão começa com a intervenção do adulto: interesse-se pelos interesses dele; queira conhecer o novo gosto para música ou para roupas que ele tem; valorize as mudanças que a adolescência traz e trate-o de forma diferente da que fazia na infância; escute-o ativamente, sem distrações.
2. Adolescentes são impulsivos em decorrência do seu próprio estágio de desenvolvimento cerebral. Para que um adolescente consiga melhorar a avaliação de riscos que uma ação poderá trazer, é importante que os lembremos da voz interior que todos nós possuímos. Diga mesmo assim: se algo te constranger, se algo parecer errado, pare e pense antes de tomar qualquer decisão. Se algo parece errado, provavelmente é errado, mesmo que todo mundo esteja fazendo ou que estejam te pressionando a fazer. É importante que demonstremos confiança no nosso filho e na educação que demos. Lembra que ele precisa se sentir competente?
3. Ao educarmos, tendemos a focar no que não vai bem, no que precisa melhorar ou ser corrigido. Fazemos isso com a melhor das intenções. Mas, devo dizer, precisamos manter um certo equilíbrio. É fundamental apontar também coisas positivas que os adolescentes fazem, isso tende a fazer diferença em seu comportamento e disposição para ajudar. Quando apontamos só o que não está bom, fazemos com que o adolescente se sinta sempre devedor, como se não fosse suficiente para ocupar o lugar do filho sonhado;
4. Como pais, podemos colocar regras sobre o que é inegociável para a nossa família.
Mas ressalto que se tivermos muitas dessas regras, ficará quase impossível acompanhar o cumprimento delas. Tenha poucas regras, deixe-as claras. Para as outras situações, faça acordos Antes de você pensar que já fez os famosos combinados e o adolescente não cumpriu, deixe-me explicar: em um acordo as duas partes colaboram, há uma negociação, as duas partes abrem mão de algumas reivindicações para que se chegue a uma solução possível para todos. Além disso, um acordo deve ter um prazo determinado (se o adolescente deve fazer uma atividade doméstica, por exemplo, deve determinar qual é o horário máximo para que ele a execute). Importante ter em mente que o acordo não é garantia de cumprimento e os adultos precisam acompanhar o cumprimento deles. Lembra que o cérebro adolescente ainda precisa se desenvolver para que ele seja capaz de gerenciar o tempo da mesma maneira que um adulto?
5. Como último conselho, digo: escolha suas batalhas. Às vezes abrimos mão de momentos tranquilos e felizes na companhia do nosso adolescente porque os corrigimos com muita frequência. Abra mão de ser educativo o tempo todo, viva e se divirta com seu adolescente, faça convites despretensiosos e saia com seu filho como você sai com um amigo; sejam boa companhia um para o outro. Como abri este artigo, educar adolescentes nunca foi simples, mas estudar sobre a fase, tomar atitudes práticas e fazer alguns ajustes na abordagem aos adolescentes pode fazer muita diferença no comportamento deles e na relação entre pais e filhos. Não se deixe influenciar por esse discurso corriqueiro que diz que esta geração é pior do que aquelas que a antecederam. Essa geração é diferente da nossa, as relações de autoridade se modificaram, uma boa parcela das dificuldades que enfrentamos ao educar nossos adolescentes ocorre pela repetição de modelos. Eles têm um potencial magnífico e também podem nos ensinar muitas coisas. O primeiro passo que podemos dar é nos abrir para eles.
Abraços maternos. Claudia Alaminos.
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ANOS INICIAIS DO ES VIVEM AVENTURAS NA LEITURA
Afim de que os alunos do 1° e do 2° ano adquiram cada vez mais interesse pela leitura, desenvolvam autonomia e internalizem esse hábito de maneira prazerosa e divertida, as professoras-suporte de Leitura Amanda Manea e Andrea Campos criaram o projeto “Minhas Aventuras de Leitura”, implantado no início deste ano letivo, em agosto de 2023. Os pequenos leitores foram incentivados a criar um diário de leitura, que vai sendo preenchido semanalmente com as impressões sobre as obras lidas ao mesmo tempo em que incorporam os principais elementos das narrativas como enredo, personagens e cenário.
Ms. Campos relata que a Chapel “preza a leitura como um hábito que deve ser gerado e sempre alimentado para a vida, e isso é o que norteou o projeto”. Segundo ela, trata-se de um incentivo para que os alunos cumpram com prazer a tarefa de vinte minutos diários de leitura, a qual os acompanha até o 6° ano. Para tanto, um evento com os pais dos alunos do 1º ano foi organizado para que eles
se familiarizassem com o projeto e pudessem, em casa, fornecer o suporte necessário para os filhos. Além de uma atividade conjunta, as famílias preencheram uma página do diário, a fim de entender a atividade. “Além disso, a última página do diário de leitura traz um QR Code por meio do qual é possível acessar um tutorial em vídeo com as explicações”, explica Ms. Manea.
Os estudantes podem expressar os sentimentos e opiniões sobre os livros lidos por meio da escrita e do desenho, de acordo com a faixa etária e o nível de alfabetização em que se encontram. No decorrer do projeto, as professoras vão lançando desafios para que os alunos se engajem ainda mais na leitura. “Em outubro passado, por exemplo, por causa do Halloween, fizemos um bingo, do qual eles participaram com bastante entusiasmo”, relata Ms. Manea. Apesar de os objetivos serem semanais, os pequenos leitores expressam suas impressões de leitura diariamente: “A cada dia, eles representam alguma impressão da leitura, de sentimentos e
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emoções que tiveram ao ler até a algum aspecto relacionado aos personagens, por exemplo”, explica Ms. Campos.
Semanalmente, as professoras analisam os diários e os devolvem aos estudantes com suas apreciações e comentários. “Celebramos bastante as conquistas de cada um, fazendo com que reflitam sobre o que produziram. É esse o intuito, afirma Ms. Manea.
No final de cada mês, as professoras publicam uma lista dos livros que eles mais gostaram, os quais são avaliados com estrelas. “Isso é outra estratégia de ouvir os alunos, pois assim conseguimos indicar outras leituras afins aos seus interesses”, explica Ms. Manea. Depois de quase um ano da implantação do projeto “Minhas Aventuras de Leitura”, as professoras já notam a gradual substituição da obrigação pela motivação de leitura. Afirmam que os alunos se sentem orgulhosos, pois conseguem compartilhar pelo diário a emoção do percurso da leitura, e não somente as impressões do resultado final.
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OFICINA DE CIDADANIA DIGITAL ENGAJA PAIS
No semestre passado, os pais de estudantes de todas as séries da Chapel participaram da oficina de Cidadania Digital, com o objetivo de estabelecer uma parceria com as famílias para que possam ajudar os filhos a se comportarem online da mesma forma que se comportam na vida: com responsabilidade, educação e segurança. A ideia do encontro foi estender a filosofia do colégio para as casas, já que a Chapel é certificada pelo Common Sense Education - organização norte-americana sem fins lucrativos, dedicada a melhorar a vida de todas as crianças e famílias, fornecendo informações confiáveis, educação e opiniões independentes, necessárias para prosperar no século 21 -, de modo que os alunos passam por aulas de cidadania digital desde os primeiros anos da Educação Infantil (ver box). “É importante obter uma boa e saudável relação com a tecnologia, o que inclui uma parceria entre escola e casa para promover uma visão responsável e segura do uso de suas ferramentas”, afirma Javier Rebagliati, coordenador de Tecnologia da Chapel.
Mais do que entenderem o programa de cidadania digital, no encontro, realizado em agosto, os pais
passaram pela experiência de uma aula, com momentos de discussão, de reflexão e trabalho em grupo. O tema da oficina foi Midia Balance , que discutiu a quantidade e a qualidade do tempo que as pessoas passam diante das telas. “Falamos da quantidade de tempo que passamos nas telas e que efeitos isso traz; compartilhamos dados de uma pesquisa internacional da Common Sense e os convidamos a pensar sobre a qualidade do tempo que passam online e a verificar como funcionam os aparatos em suas casas”, explica Mr. Rebagliati.
A orientadora educacional de Middle Years, Erika Ferreira, afirma que o objetivo é capacitar os pais além de educar os filhos. Ela explica que parte do corpo docente da Chapel são certificados pelo Common Sense Education, e é importante que os pais entendam a maneira como o colégio trabalha o ambiente virtual com os alunos. O resultado foi bastante positivo, e o projeto veio para ficar. “Os pais adoraram, com certeza faremos outras. Foi importante as famílias entenderem o que os seus filhos já sabem do assunto, até mesmo para saberem como e o que abordar com eles”, afirma Ms. Ferreira.
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COMPETÊNCIA DIGITAL DESDE OS
Baseado nos princípios do Common Sense Education, o currículo de cidadania digital da Chapel começa a ser trabalhado ainda no Kindergarten e visa educar as crianças para que se tornem cidadãos digitais competentes. Parte-se do princípio de que a tecnologia permeia todos os momentos da vida da criança, e, assim, do Kinder ao 6º ano, os professores Learning Innovation para o ECEC e Elementary School trabalham em conjunto com os professores de sala ministrando aulas com diferentes tópicos. Desde ensinar a criança a avaliar a quantidade de tempo de utilização de telas usadas durante o dia e estimulá-la a saber a hora de parar, até tratar da privacidade nas redes, refletindo sobre o que é pessoal e o que é público, as aulas abordam tudo o que se relaciona com a rede mundial de computadores, com metodologias adequadas às diversas faixas etárias. O trabalho com os alunos é intensivo. Tem início na primeira semana de aula e dura dois meses, perfazendo
PRIMEIROS
oito sessões de Cidadania Digital, e culmina com um ‘acordo’ assinado eletronicamente pelos pais, pelos filhos e devolvido para a escola. Com os mais velhos, já no High School, todos os alunos do 7º ao 12º anos devem completar o programa de Cidadania Digital todos os anos, a fim de renovar e fortalecer seu compromisso de se envolver em práticas seguras e responsáveis através da assinatura do Acordo de Cidadania Digital. Além disso, por meio das aulas de Advisory, os alunos discutem e debatem os princípios da Cidadania Digital e como aplicá-los às suas próprias vidas. Dentro do programa, são tratados temas como o uso de mídias sociais, cyberbullying, fake news e copywriting, entre outros. As temáticas são retomadas de acordo com a faixa etária, de maneira transversal, e abordadas junto com o currículo socioemocional. Segundo Mr. Rebagliati, “para o Ensino Médio, a abordagem é dividir o conteúdo
ANOS
ao longo do ano para incentivar constantemente os alunos a considerar a importância da Cidadania Digital em todos os aspectos de suas vidas digitais”.
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CHAPEL AMPLIA PARTICIPAÇÃO NO CONCURSO CANGURU DE MATEMÁTICA 2023
Em março passado, doze alunos da Chapel, do 7º ao 12º ano, participaram da edição 2023 do Concurso Canguru de Matemática, competição internacional realizada anualmente e destinada a alunos que vão desde o 3º ano do Ensino Fundamental ao último ano do Ensino Médio. Com origem na França (ver box), o concurso é administrado globalmente pela Associação Canguru sem Fronteiras (AKSF), e, no Brasil, a prova é aplicada pelo grupo UpMat –na última edição participaram quase um milhão de brasileiros. De acordo com o professor de Matemática do High School Caio Gragnani, a prova é bastante acessível e traz um novo olhar para a tão temida disciplina: “Os alunos relatam que a prova é divertida, e realmente ela é muito bem produzida;
a intenção é que o candidato construa o conhecimento, não se trata de um concurso conteudista”, explica ele, que ficou feliz ao ver aumentar a participação dos alunos da Chapel no concurso. “Fico feliz por engajar os alunos nessa forma diferente de se fazer matemática, uma forma mais investigativa, divertida e de descoberta”, comemora.
Da equipe da Chapel, quatro alunas foram premiadas. Pelo regulamento do concurso, os premiados têm direito a certificados digitais de medalhas e a medalhas de: ouro (grupo de 1% dos participantes com melhor desempenho no seu nível), prata (2%) e bronze (3%). A organização também disponibiliza um certificado de honra ao mérito para todos os estudantes que tiveram um desempenho louvável no concurso.
Beatriz Abram, atualmente no 11º ano, participa do Canguru há três edições. Conquistou medalha de prata na primeira vez e foi ouro nas duas últimas edições. Ela conta que, quando era mais nova, ficava muito nervosa antes da prova e estudava muito, até o dia anterior, e, mesmo assim, tremia ao fazer o exame. “Hoje em dia, eu deixo a matemática fluir. A proposta do Canguru é a lógica e, com a prática, fui vendo que pode ser mais leve. Além disso, hoje eu já interiorizei a matemática, e não fico nervosa porque sei que, na hora da prova, conseguirei aplicar os meus conhecimentos”, afirma. Segundo ela, participar regularmente do concurso permitiu-lhe desenvolver mais confiança, o que a incentiva a conquistar cada vez mais melhores resultados.
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Participando pela segunda vez do Canguru, Lara Cavalcanti conquistou medalha de ouro na última edição e pretende participar das próximas. “Eu costumo acompanhar olimpíadas de matemática com meu pai; é algo que fazemos juntos, e por isso me senti motivada a participar do Canguru. Estudei resolvendo provas de edições anteriores”, conta a aluna, que atualmente cursa o 10º ano.
Também medalhista de ouro, Vibha Komala, do 9º ano, afirma que, apesar de estar confiante no dia da prova, ficou surpresa com a premiação: “Não imaginei que seria medalhista, e isso acabou sendo uma experiência motivadora para eu continuar aprendendo cada vez mais, pois gosto de matemática desde pequena e sempre estudei por vontade própria”, revela. Ela, que se divertiu fazendo a prova, sentiu-se orgulhosa com o resultado e diz que pretende participar das próximas edições.
A estreante Julia Segui, do 8º ano, se inscreveu no Canguru para se integrar e também por causa de suas amigas. Ela acabou conquistando medalha de bronze. “Eu era nova na Chapel e queria fazer algo para me divertir; fiquei chocada com o resultado”, afirma, rindo.
“Mas também fiquei feliz, claro. Já havia participado de campeonatos esportivos como natação, basquete e futebol, mas matemática foi a primeira vez”, comenta.
Para Mr. Gragnani, a Chapel tem grande potencial de obter cada vez melhores resultados nesse concurso. “Os resultados mostram que estamos bem preparados para ter um bom desempenho nessa prova; espero que tenha sido um marco para expandir a participação de outros alunos”, afirma. O professor diz que, independentemente de conquistar medalhas, é importante a associação da matemática a algo que instigue os alunos a articularem os saberes para resolver problemas. “Esse sentimento vale mais do que medalhas”, conclui.
CANGURU: A ORIGEM
Maior competição do mundo, o Canguru nasceu da ideia de um professor de matemática australiano – Peter O’Halloran – que, no início dos anos 1980, elaborou uma prova digital para ser resolvida simultaneamente por milhares de alunos. Em 1991, na França, os professores André Deledicq e Jean Pierre Boudine transformaram em competição a ideia do colega australiano e, em sua homenagem, deram-lhe o nome de Canguru. Hoje, a associação internacional Canguru sem Fronteiras (AKSF – Kangourou sans Frontières) reúne personalidades do mundo da matemática e, anualmente, um distinto grupo de professores se reúne para discutir o ensino da matemática, além de preparar as provas que serão aplicadas nos países participantes. De acordo com o website da AKSF, “a finalidade da associação é promover a divulgação da matemática por todos os meios ao seu alcance e, em particular, com a realização do concurso que envolve e motiva milhões de alunos pelo mundo”.
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FEIRA
DE LIVROS OFERECE OFICINAS DE LEARNING INNOVATION E TEM PRÉ-LANÇAMENTO DE LIVRO
Sob o tema “Mitos e Lendas”, a última edição da tradicional Feira de Livros da Chapel aconteceu entre os dias 27 e 30 de setembro, proporcionando atrações literárias, apresentações artísticas e workshops para alunos de todos os níveis. Os estandes de vendas de livros foram montados no auditório, que recebeu decoração artística produzida pelos alunos do 8º ano e do ES Art Club. Uma área para leitura, com poltronas e almofadas, foi preparada para receber o público, o qual teve a oportunidade de apreciar os livros em um espaço convidativo e aconchegante.
Todas as salas do Pre I ao 6º ano participaram de duas atividades, uma em inglês e outra em português, e os estudantes do High School tiveram a possibilidade de ler ou contar mitos e lendas para as crianças do Elementary School, durante os intervalos e o almoço. Os alunos que vão do ensino infantil ao 6º ano participaram de sessões de contação de histórias com Andi Rubinstein. As turmas de educação infantil até o 2° ano ouviram histórias sobre mitos e lendas do mundo com o autor Fabio Lisboa. O 3º
e o 4º ano conheceram e conversaram com a escritora e ilustradora Lúcia Hiratsuka, autora do livro Histórias Tecidas em Seda , obra em que reuniu contos japoneses ouvidos quando criança, enquanto os alunos do 5º e do 6º ano conversaram com Patricia Auerbach, autora de Patacoadas , narrativa que apresenta histórias engraçadas vividas na infância e adolescência.
No último dia do evento, as famílias compareceram para participar das atividades literárias e das oficinas de Learning Innovation, reunindo pais e filhos em criações artísticas que seguiram o tema da feira. Liderada pelas professoras de Arte Sylvia Almeida, Cristina El Dib e Camila Costa, a oficina Fantastic Creatures desafiou as famílias a criarem personagens mágicos usando porcelana fria e, ainda, a personalizar uma caixa, que foi utilizada para levar as criações para casa. Na oficina de STEAM (sigla em inglês para Ciências, Tecnologia, Arte e Matemática) intitulada Shadow Puppets, as crianças produziram seus personagens em porcelana fria e depois criaram vídeos-histórias em Stop Motion. Os clubes Crafts e
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STEAM, liderados por alunos do High School, trabalharam em conjunto para ministrar a oficina Laser Cut Felt Animals and Monsters, durante a qual os participantes personalizaram e costuraram monstros e animais em feltro.
Além das oficinas, o público foi convidado a visitar as instalações do projeto “Mi Casa, Tu Casa”, na área coberta. Nela, foi montada uma réplica da biblioteca que um grupo de estudantes da Chapel ajudou a implantar em Roraima, para as crianças e jovens refugiados da Venezuela. Os alunos do Elementary visitaram o espaço para conhecer o projeto e escrever cartas para as crianças refugiadas. As cartas foram remetidas a Roraima no Dia da Criança, 12 de outubro, e os correspondentes da Chapel receberam as respostas no mesmo mês. O encerramento do evento contou ainda com exibição da equipe de Cheerleading do colégio, bem como apresentações musicais dos clubes Choir e Glee, respectivamente compostos por estudantes do Elementary e do High School, seguida por uma sessão de contação de histórias para as famílias com Fábio Lisboa.
Organizada pela bibliotecária Fernanda Caires, a feira de Livros se consolidou na Chapel e, anualmente, é aguardada com ansiedade pela comunidade escolar: “As famílias reservam em suas agendas a data da Feira de Livros porque sabem que, além de encontrarem uma boa seleção de livros, vão poder, no sábado, passar momentos agradáveis em família, com atividades divertidas para crianças, jovens e adultos”, avalia.
MI CASA, TU CASA LANÇA LIVRO SOBRE PROJETO
Durante a Feira de Livros da Chapel, houve o pré-lançamento do livro O Manual do Adolescente para Projetos de Refugiados: Aprendizados de Mi Casa Tu Casa, escrito pelos alunos da Chapel Alma Castañares, Beatriz Abram e João Pedro Fegyveres sobre suas experiências na montagem de bibliotecas e no programa de troca de cartas para refugiados venezuelanos, em Roraima. Essa obra relata o passo a passo da implementação de projetos para ajudar refugiados, tendo o Mi Casa, Tu Casa como estudo de caso.
O objetivo da obra é inspirar e orientar outros adolescentes a se engajarem no aprendizado do processo envolvido em uma iniciativa como esta, a fim de criarem seu próprio projeto impactante. O livro será lançado na segunda quinzena de março, pela editora Magia de Ler.
47 SPOTLIGHT INSIDE CHAPEL
amigo uma comunidade de amigos da arte faça parte!
conheça os benefícios do programa em
mam.org.br/apoie
museu de arte moderna de são paulo ter a dom, 10h às 18h domingo gratuito Parque Ibirapuera
Portões 2 e 3 mam.org.br | @mamsaopaulo
TALENTOS & PAIXÕES
A seção Talentos & Paixões desta edição está repleta de artistas e esportistas, mas não só, ela também apresenta leitores jovens e ávidos, bem como estudantes que participam de diversos clubes no colégio, cuja liderança já é notável desde agora.
Acompanhe, nas próximas páginas, o talento artístico da professora de Artes Camila Costa, a paixão por velocidade do professor de Biologia Vinicius Talarico e os dons e habilidades de mais sete alunos em destaque na Chapel, do 6º ao 12º ano.
CONEXÃO COM AS ARTES
EU VEJO ARTE EM TUDO. E QUERO OFERECER PARA OS ALUNOS TODAS
AS POSSIBILIDADES DE CRIAÇÃO QUE EU CONSEGUIR.
Foi por influência da mãe que Camila Costa, ainda criança, se aproximou das artes. Tomou gosto pelas tintas e pelas cores ao ver a mãe, que pintava telas e porcelana, trabalhando, e por conta disso frequentou cursos de artes e de pintura. No entanto, ao se graduar em Pedagogia, não imaginou que atuaria como professora de Artes. Começou a carreira como professora de sala e, por um acaso do destino, foi convidada a atuar como assistente de artes. “Foi quando me encontrei na profissão, e foi ali que me apaixonei”, conta a professora, que trabalha há dez anos na Chapel, ministrando aulas de Artes para a Educação Infantil. “A conexão das crianças nas aulas de Artes é magnífica, elas amam as aulas e sempre estão felizes, e isso aguça mais a minha criatividade, a ponto de eu trabalhar várias técnicas com os alunos e de, ainda, me manter disposta a criar mais quando chego em casa”, revela.
Com duas especializações na área – Arteterapia e Arte-educação –, Ms. Costa concretiza sua paixão pelas artes aventurando-se nas mais variadas técnicas: pintura de telas, decoração de paredes, reciclagem e decoração de peças de materiais diversos como madeira e vidro, entre outras. Durante mais de dois anos trabalhou com Murano, técnica conhecida como flameworking. “Sempre gostei de perfumes e aromas, e sempre apreciei a luz das velas. No entanto, quando eu ia comprar, ou não perfumavam ou eram muito caras. Foi então que resolvi fazer as minhas velas”, conta a professora-artista, que aprimorou a produção por meio de muitos testes: “Fui estudando e testando até acertar o pote, o pavio, o aroma, o enfeite, o trabalho com os cristais que enfeitam as velas, enfim, tudo foi criado por mim”.
Camila Costa vê arte em tudo e uma grande paixão é poder transmitir seus conhecimentos para os alunos. “Eu quero oferecer para as crianças todas as possibilidades de criação com técnicas e materiais, os mais diversos. Aonde eu puder levar meu conhecimento, eu levarei, esse é o meu propósito”, finaliza.
INSIDE CHAPEL 50
VINICIUS CORRENDO ATRÁS DAS METAS
A corrida foi essencial para a mudança que o biólogo Vinicius Talarico operou em sua vida nove anos atrás, quando pesava 25 quilos a mais do que pesa atualmente. “Hoje, a corrida é uma das atividades que mais gosto de fazer, mas nem sempre foi assim, no início era tudo muito difícil”, conta o professor, que leciona na Chapel há três anos. “Eu não tinha fôlego, o meu peso corporal era muito grande, não conseguia correr nem um minuto sem parar, era bem custoso”, revela. No entanto, sua disciplina e persistência o levaram a correr cada vez mais tempo sem se cansar: “Cada pequena vitória era uma coisa muito boa, se eu conseguia correr um minuto sem parar, já era incrível. Então, um minuto se transformou em dez, os dez minutos se transformaram em quinze, e os meses foram passando. Até que eu conseguia correr, por exemplo, 5km sem parar. E, para mim, isso era maravilhoso”, comemora.
Quando conseguiu correr 10 km, ele participou de sua primeira prova, com a irmã, Gabriela, que sempre o incentivou e foi sua maior influência no esporte, pois ela e o marido são corredores. Depois disso, por uma dessas belas coincidências da vida, Mr. Talarico se casou com uma corredora, cuja família participa de maratonas, e todos costumam se encontrar, aos finais de semana, para correr no Parque Ibirapuera. Ele, que já correu 15 km e, depois, 21 km – percurso da meia maratona –, atualmente está se preparando para correr uma maratona, ou seja, 42 km. “Para mim, tudo isso traz uma sensação muito grande de liberdade, de transpor barreiras e de mostrar a mim mesmo que sou capaz de conseguir atingir muitas metas”, afirma.
Além da melhora na qualidade de vida e da perda de peso, ele atribui à corrida outra vantagem: “Eu me sinto muito livre quando estou correndo, a velocidade me traz liberdade”, conta o professor, que aproveita o esporte para curtir outra atividade de que gosta muito: ouvir Rock , em todas as suas vertentes, do clássico ao alternativo.
PARA MIM, A CORRIDA TRAZ UMA SENSAÇÃO MUITO GRANDE DE LIBERDADE, DE TRANSPOR BARREIRAS E DE MOSTRAR A MIM MESMO QUE SOU CAPAZ DE CONSEGUIR ATINGIR MUITAS METAS.
51 INSIDE CHAPEL TALENTOS & PAIXÕES
TÊNIS EM FAMÍLIA
ESPORTE É ALGO
QUE AMO, NÃO
CONSEGUIRIA VIVER SEM. ALÉM DISSO, MINHA FAMÍLIA
APOIA E TODOS
PRATICAMOS BEACH TÊNIS JUNTOS.
O beach tênis entrou na vida de Gabriella Ciao por influência dos pais, e não demorou muito para que toda a família se envolvesse na prática esportiva: a irmã, as primas, a tia, a avó, todos se reúnem para jogar no clube que frequentam, o Esporte Clube Sírio, na capital paulista. A jovem de 12 anos passou a fazer aulas semanais da modalidade e, junto com a prima Isabella, de 14 anos, formou uma dupla e começou a participar de torneios. “Nossa dupla começou a jogar pelo clube Sírio e a participar de torneios internos, mas também já jogamos fora e até vencemos um torneio representando o clube”, conta a aluna do 6º ano, que estuda na Chapel desde o Pre I.
Antes de iniciar no beach tênis, Gabriella já havia jogado tênis durante um tempo e, por conta disso, sentiu facilidade ao iniciar no novo esporte. “Um esporte ajuda o outro, por isso, há alguns meses, voltei a fazer aulas de tênis”, conta a esportista, que, apesar de também ter participado de torneios desse esporte, acredita que tem melhor performance no beach, modalidade na qual tem mais experiência. “Esporte é algo que eu amo, e não conseguiria viver sem. Me dedico ao beach tênis pois, além de ser uma atividade que gosto de praticar, é saudável”, comenta.
Na Chapel, Gabriella joga futebol de campo e integra a equipe de cheerleading. O que mais aprecia no colégio são as pessoas e o espírito de comunidade: “As pessoas são muito educadas, é um lugar no qual me sinto segura, pois todos se respeitam e são amigos. A comunidade da Chapel é ótima”, avalia a aluna, que integra o ABRACE, programa antibullying do colégio, colaborando na criação de estratégias de integração dos estudantes, notadamente os mais tímidos e os recémchegados, como o Fun Recess toda última sexta-feira do mês. Nos períodos de férias, Gabriella adora viajar com a família, que é bastante unida e aprecia explorar novos destinos.
INSIDE CHAPEL 52
ISABELA PARASKEVOPOULOS LEVEZA E ELEGÂNCIA
Isabela ingressou no balé com apenas quatro anos de idade por influência da mãe, que apreciava a beleza da dança. Na época, a família residia em Campinas (SP) e a pequena foi matriculada e permaneceu por cinco anos na academia
Lina Penteado, que atua como Centro Oficial da Royal Academy of Dance of London. Quando se mudaram para a capital, Isabela ingressou na Chapel, onde não enfrentou dificuldade de adaptação, notadamente porque já estudava numa escola internacional. “Ao chegar aqui, na metade do 5º ano, encontrei pessoas com as quais consegui me conectar com facilidade e, ao ingressar no High School, encontrei afinidades com pessoas de várias idades diferentes”, conta a jovem de 13 anos. Além dos amigos, a aluna do 8º ano gosta bastante do intervalo do almoço, principalmente em razão da comida servida na Chapel: “Amo a comida desta escola”, comenta.
Assim que se sentiram adaptadas em São Paulo, Isabela e a irmã, Julia, de 14 anos, voltaram a dançar, e agora fazem aulas três vezes por semana no Estúdio de Ballet Cisne Negro, que também certifica pela Royal Academy of Dance. Apesar de não ter pretensão de se profissionalizar, Isabela se apresenta anualmente em dois espetáculos, sendo um deles o tradicional “O Quebra Nozes”, sempre no final do ano. Desde o 7º ano no NJHS, ela aprecia o grupo pela possibilidade de interagir com as pessoas, “buscando encontrar soluções que não custem muito, e que ajudem a comunidade”, explica.
Em relação às artes, além da dança, a jovem, que estudou piano durante dois anos, gosta de cantar e de representar – já fez parte do Glee Club e atualmente frequenta o Drama Club. Recentemente, começou a estudar grego, língua dos seus antepassados. A vontade surgiu há alguns anos, quando viajou para a Grécia com os pais e teve a oportunidade de conhecer outros membros da família.
O BALÉ É UM
HOBBY, FAÇO PORQUE GOSTO E PORQUE ACHO
LEVE, ELEGANTE E DELICADO. MEU FOCO MESMO É NOS ESTUDOS.
53 INSIDE CHAPEL TALENTOS & PAIXÕES
BEATRIZ LIMA PAIXÃO POR LEITURA
LEIO DESDE PEQUENA, E SEMPRE TENHO UM LIVRO NA CABECEIRA DA MINHA CAMA.
LEIO ANTES DE DORMIR PORQUE ME ACALMA, É MEU MOMENTO PREFERIDO.
Na Chapel desde o Pre I, Anna Beatriz Lima aprendeu a ler muito nova. E, desde então, é comum ter mais de um livro na cabeceira da cama. “Minha mãe, que gosta muito de ler, sempre me recomendou vários títulos e eu me acostumei a ler tanto em português quanto em inglês, que é o meu idioma predileto, pois acho mais fácil, seja para ler, seja para falar”, conta a aluna do 7º ano. Seu gênero preferido é a distopia e, ela, que costuma ler um livro por semana ou a cada quinze dias, os quais retira da biblioteca do colégio ou da estante de casa, não tem uma obra favorita, pois “cada livro tem um toque especial”, afirma.
A jovem de 13 anos acredita que o hábito da leitura a auxilia na compreensão dos mais diversos assuntos, contribuindo para o seu desempenho escolar: “A leitura exercita minha capacidade de compreensão, eu entendo mais facilmente os enunciados, por exemplo, e isso me ajuda muito”, comenta. No final do ano de 2022, Anna Beatriz se impôs o desafio de ler um livro por dia, e o cumpriu com maestria: leu 31 obras em um mês.
Além da leitura, seu outro hobby é o futebol. Integrante da equipe Junior Varsity de futebol da Chapel, treina duas vezes por semana e representa o colégio nos torneios de futebol de campo, tendo participado do NR em novembro passado. A jovem integra ainda o Clube de Investimentos e o MUN. “Quero aprender sobre investimentos para decidir mais adiante que área vou seguir estudando, e participo do clube Modelo das Nações Unidas, porque gosto de debater sobre temas atuais”, comenta Anna, que, apesar da timidez, se solta quando está entre pessoas conhecidas e não sente dificuldade para falar em público.
Na época desta entrevista, ela estava se preparando para representar o colégio na conferência BRAMUN, na Costa do Sauípe (BA).
INSIDE CHAPEL 54
MARIA MELHOR ATACANTE
A família da Maria Eduarda escolheu a Chapel para matriculá-la não só pela excelência acadêmica, mas também pelas instalações do campus, um diferencial, segundo a jovem de 15 anos. Ela ingressou no 3º ano do Elementary School e, já no ano seguinte, começou a fazer parte do Young Trojans, programa esportivo do colégio. “Eu gosto bastante da parte acadêmica da Chapel, é realmente muito boa, mas os esportes eu adoro”, afirma a aluna do 9º ano, participante ativa de competições e ligas esportivas. Joga futebol há cinco anos, desde o início do Young Trojans, pois sempre gostou do esporte, e o programa esportivo lhe permitiu aprimorar-se. “Melhorei bastante”, conta a jovem, que integra a equipe Junior Varsity de futebol de campo e de salão.
Atuando como atacante na modalidade campo e como pivô no futsal, Maria Eduarda já participou de algumas edições da São Paulo High School League (SPHSL) e do torneio Little 10, no acampamento NR. Em 2022, no Little 8, a Chapel ficou em terceiro lugar, e a jovem ganhou o troféu de melhor atacante – Best Ofensive. Ela acredita que seu desempenho é mais alto no futsal, pois o time é menor e a equipe consegue melhores resultados. No próximo ano letivo, quando estiver no 10º ano, passará a integrar a equipe Varsity da Chapel. Durante todo esse tempo, a jovem chegou a fazer aulas numa academia de futebol por um ano. Atualmente, apesar de treinar apenas no colégio, está sempre em movimento, afinal, é uma esportista, e não somente do futebol. “Gosto muito de esportes e sou bem atlética, ando de bike, pratico surf e gosto de andar de jet ski”, comenta. Ela aproveita para se dedicar aos esportes aquáticos nas viagens frequentes a Bertioga, litoral norte de São Paulo, na praia de Guaratuba.
Suas pretensões, para o futuro, não excluem o futebol. Aliás, Maria Eduarda quer jogar na faculdade, que pretende cursar nos Estados Unidos. “Lá, o futebol feminino é muito forte, e vou continuar praticando”, conclui.
ADORO VIAJAR E APROVEITO
PARA PRATICAR ESPORTES. ALÉM DO FUTEBOL, PRATICO SURF, ANDO DE BIKE E DE JET SKI.
55 INSIDE CHAPEL TALENTOS & PAIXÕES
PROVA DE RESISTÊNCIA
DA NATAÇÃO, GOSTO
DAS TRAVESSIAS
MAIS LONGAS, DE RESISTÊNCIA.
QUANDO ESTOU NA
PRAIA, ACORDO CEDO E PERCORRO CERCA
DE 3 KM NO MAR.
André começou a nadar aos 4 anos de idade, quando a mãe o matriculou numa academia, priorizando o seu aprendizado. No entanto, ele gostou e continuou a praticar o esporte aquático até hoje, treinando seis vezes por semana, acompanhado de um professor. Para ele, piscina é sinônimo de treino, pois o que gosta mesmo é de nadar no mar. “Temos casa em Riviera de São Lourenço, em Bertioga (SP), quando estou lá, acordo bem cedo e nado bem cedo, cerca de 3km”, conta o jovem de 16 anos.
Há dois anos ele participa de uma tradicional prova de natação, a Fuga das Ilhas, no litoral norte de São Paulo. Nela, os competidores são levados por escunas até uma ilha na Barra do Sahy, em São Sebastião, e têm de voltar nadando ao continente, percorrendo cerca de 2 km. “Gosto das provas mais longas, de resistência”, revela o aluno do 10º ano.
Além da natação, outro esporte ao qual se dedica é o futebol, seja praticando, seja assistindo a partidas. Como atleta, ele é goleiro da equipe Varsity e participa dos campeonatos representando o colégio. Como espectador, é torcedor do Vasco da Gama, time do Rio de Janeiro, por influência do pai, que é carioca.
“Sempre vamos ao estádio quando o Vasco joga em São Paulo, e ainda pretendo conhecer o estádio de São Januário, no Rio de Janeiro, casa do meu time”, conta. No entanto, quanto à prática, faz questão de afirmar que o futebol é secundário em sua vida: “A natação sempre veio primeiro”.
Na Chapel desde o 1º ano do Elementary School, André aprecia o senso de comunidade do colégio e os professores, que sempre o estimulam a ser melhor. “Tenho muitos amigos aqui, e eles são tudo para mim”, revela o jovem, que ainda está decidindo o seu futuro profissional: “Tenho duas ideias, ou vou estudar Ciência da Computação nos Estados Unidos, ou vou cursar Direito no Brasil e me tornar juiz. Quero ajudar meu país”, afirma. Nas horas vagas, quando não está estudando ou treinando, o vascaíno gosta de passar tempo com os amigos, e, claro, jogar FIFA.
INSIDE CHAPEL 56
NICKOLAS PROJETOS COLETIVOS
Prestes a completar 17 anos, Nickolas Azevedo ingressou na Chapel por causa do currículo americano, pois seu objetivo era cursar a universidade nos Estados Unidos, mas hoje em dia com o currículo IB pretende cursar Business na Europa. As amizades que fez no colégio o incentivaram a ingressar no Take Action Club (TAC), que objetiva desenvolver projetos que impactem positivamente a sociedade. “O que eu mais gosto no TAC é a iniciativa dos alunos na implementação dos projetos, como o Blood Drive, que motiva as pessoas a doarem sangue”, comenta o aluno do 11º ano, que escolheu o clube pela possibilidade de construir projetos com os amigos. Além desse, o jovem integra mais dois clubes na Chapel: História e Investimentos. “Estou gostando dos meus anos aqui, a escola é ótima e os professores são muito legais, ensinam muito bem, são atenciosos e têm tempo para a gente, e, o que eu mais gosto é que são amigos”, aprecia.
Com o objetivo de graduar-se em Negócios, Nickolas participa do clube de Investimentos desde que ingressou no colégio, três anos atrás. “Meu pai trabalha nessa área e eu já faço muitos cursos para aprender cada vez mais. Eu me empenho para me tornar presidente do clube de Investimentos”, revela. Força de vontade não lhe falta: junto com o amigo Leo Montenegro idealizou e apresenta o podcast de entrevistas “Carreira na Real”, em que recebem empresários e presidentes de empresas do mercado financeiro e empreendedorismo, e que tem o objetivo de inspirar e mostrar para jovens estudantes como é o dia a dia do mercado de trabalho. “Além de ensinar o básico da área, eles contam sobre a rotina de trabalho”, explica o jovem. Além de se dedicar aos estudos e aos clubes, Nickolas também é aplicado nos esportes. Apreciador dos esportes aquáticos, pratica natação desde os dois anos de idade, e gosta de surfar. Já participou de campeonatos de natação e chegou perto de se profissionalizar. No entanto, em busca de atividades coletivas, começou a praticar futebol na Chapel. “Faço futebol por causa do espírito de grupo, meus amigos fazem e criamos laços de amizade. A natação sempre foi meu esporte principal, mas é muito individual e, para mim, sempre foi muito importante praticar esportes coletivos”, conta.
O QUE MAIS ME CHAMOU
ATENÇÃO
PARA PARTICIPAR DOS CLUBES
DA CHAPEL
FOI A POSSIBILIDADE DE ESTAR COM PESSOAS, A FIM DE CONSTRUIRMOS PROJETOS COLETIVOS.
57 INSIDE CHAPEL TALENTOS & PAIXÕES
GALHARDO EM BUSCA DOS MELHORES RESULTADOS
FIZ COM MUITA DEDICAÇÃO O PROCESSO DE PESQUISAR UNIVERSIDADES, POIS QUERO CUIDAR COM CALMA DO MEU FUTURO.
Foi a pandemia da covid-19 que fez Derick Galhardo perceber o quão insatisfeito estava na sua antiga escola. Ele cursava o 9º ano quando passou a ter aulas a distância, e a falta de qualidade do ensino ficou evidente. “Decidimos fazer a mudança de colégio também para eu ter a oportunidade de cursar o currículo americano, mas a vinda para a Chapel mudou demais a minha vida”, conta o jovem de 18 anos, que está no último ano do High School. Segundo ele, a Chapel o fez mudar a mentalidade que tinha acerca dos estudos. “Aqui, eu passei a querer conquistar os melhores resultados possíveis, na escola brasileira eu não era desafiado”, comenta. Bastante sociável, Derick encontrou no colégio um ambiente propício às amizades: “Eu gosto muito das pessoas daqui e dos valores, e a Chapel é muito amigável. Me senti bem-vindo e essa é a grande qualidade desta escola”, afirma.
Quando estava no 10º ano, foi convidado a participar do processo seletivo para o NHS, clube de honra da Chapel. “Foi uma experiência sensacional. Tive a oportunidade de desenvolver projetos realistas e que realmente funcionam; o clube me ensinou muito, e hoje não tenho mais vergonha ou receio de fazer as coisas”, conta o aluno, que também participa do Yearbook Club. Antes desses, o jovem participou dos clubes Wonders of Science e Math Club, e ainda integrou a equipe Junior Varsity de basquete. Prestes a se formar, Derick passou o último ano envolvido no processo de aplicação para as universidades, já que vai estudar nos Estados Unidos. Pesquisou e estudou cuidadosamente várias escolas e chegou a uma lista de doze, algumas das quais conheceu pessoalmente durante as férias escolares da Chapel. “Fiz com muita dedicação o processo de pesquisar universidades, pois quero cuidar com calma do meu futuro, e isso me causou um senso de urgência, de ser o melhor aluno que eu conseguir”, afirma o jovem, que pretende cursar Negócios. Várias universidades lhe impressionaram, mas Derick sentiu um carinho especial pela Babson College, em Boston. “Me chamou a atenção por ser uma escola pequena e dar foco ao empreendedorismo, conectando alunos, professores e ex-alunos, além de nutrir negócios e projetos”, avalia.
INSIDE CHAPEL 58
GALLERY
Os jogos amistosos do Young Trojans Festival; as atividades do ECEC Family Afternoon, do ES Family Active Morning e da Feira de Livros; as fantasias e brincadeiras do Halloween, as delícias da culinária chinesa no Almoço Especial e as cerimônias de posse dos membros do NHS e do NJHS foram alguns dos momentos especiais que marcaram o último semestre na Chapel. Confira, nas próximas páginas, registros desses eventos esportivos, festivos e culturais que reuniram a comunidade escolar.
59 INSIDE CHAPEL
YOUNG TROJANS FESTIVAL
Fotos: Arquivo Chapel
Photos: Chapel Archives
01 - A equipe masculina de futebol de campo do 6º ano participou do evento esportivo.
01 - The 6th grade boys’ field soccer team took part in the sporting event.
02 - O time masculino de futebol de campo do 3º ano jogou na manhã esportiva.
02 - The 3rd grade boys' field soccer team played during the athletic morning.
03 - Em formação, a equipe masculina de futebol de campo do 5º ano.
03 - The 5th grade boys’ field soccer team in a line-up.
04 - Com os treinadores, o time masculino de futebol de campo do 2º ano.
04 - The 2nd grade boys’ field soccer team with the coaches.
05 - Equipe masculina de futebol de campo do 4º ano.
05 – The 4th grade boys’ field soccer team.
06 - Marcos Masi, Filippo Karsten, Joaquim Santos e Vinicius Vieira atuando pelo futebol de campo.
06 - Marcos Masi, Filippo Karsten, Joaquim Santos, and Vinicius Vieira played field soccer.
01
02 04 06
03 05
07 - Lucca Giarola, Thiago Saraiva e Giulio Ferrigno jogaram futebol de campo.
07 - Lucca Giarola, Thiago Saraiva, and Giulio Ferrigno played field soccer.
08 - Lucas Campana dominando a bola.
08 - Lucas Campana in control of the ball.
09 - Com a treinadora, a equipe feminina de futebol de campo feminino do 2º ao 4º ano participou do evento.
09 - The 2nd through 4th grade girls’ field soccer team participated in the event with their coach.
10 - Posando para foto, a equipe feminina de futebol de campo do 5º e 6º ano.
10 - The girls’ 5th and 6th grade field soccer team posed for photos.
11 - O time feminino de futebol de campo do 4º e 5º ano com as treinadoras.
11 - The girls’ 4th and 5th grade field soccer team with their coaches.
07 09 10 08 11
12 - Malu Tourinho e Gabriela Unzueta atuaram pela equipe feminina de futebol de campo.
12 - Malu Tourinho and Gabriela Unzueta played for the girls’ field soccer team.
13 - Lola Cerda dominando a bola em jogo de futebol de campo.
13 - Lola Cerda in control of the ball during a field soccer match.
14 - Rafael Soares, do time de basquete do 5º ano, após a partida.
14 - Rafael Soares, of the 5th grade basketball team, after the match.
15 - Em partida de basquete, Frederico Rodarte maneja a bola.
15 - Frederico Rodarte dribbled the ball during a basketball game.
12 14 13 15
16 - Equipe masculina de basquete do 5º e 6º ano.
16 - The boys’ 5th and 6th grade basketball team.
17 - Equipe feminina de basquete do 5º e 6º ano.
17 - The girls’ 5th and 6th grade basketball team.
18 - Contra-ataque do time de basquete feminino do 5º e 6º ano da Chapel.
18 - Chapel’s 5th and 6th grade girls’ team counterattacked.
19, 20 e 21 - O evento esportivo contou com apresentação da equipe de Cheerleading do 6º ano.
19, 20 & 21 - The 6th grade cheerleading team presented during the sporting event.
16 18 20 17 19 21
ECEC FAMILY AFTERNOON
Fotos: Arquivo Chapel
Photos: Chapel Archives
01 - Na tarde de atividades com as famílias, pais e filhos participaram do Parachute.
01 - Parents and children played under the parachute during the afternoon of family activities.
02 - Fazendo pintura na parede, Mateus Braz com seu pai Adriano, e o irmão, Henrique.
02 - Mateus Braz painted the wall with his father Adriano and his brother Henrique
03 - Michel e Bárbara Viganô pintaram a parede com os filhos Gabriela, Giovanna e Guilherme.
03 - Michel and Bárbara Viganô painted the wall with their children Gabriela, Giovanna, and Guilherme.
04 - Miguel Azevedo com a mãe, Samantha, imprimindo sua marca na parede.
04 - Miguel Azevedo and his mother, Samantha, left his handprint on the wall.
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05 - Martina Antunes na oficina de atividades musicais.
05 - Martina Antunes during the music activities workshop.
06 - Rafael Elias com seus pais, Yasmin e Igor, na atividade Clean Up the Backyard.
06 - Rafael Elias and his parents, Yasmin and Igor, during the Clean Up the Backyard activity.
07 - João Ermel com sua mãe, Isabela, na oficina de plantio de sementes.
07 - João Ermel and his mother, Isabela, during the planting seeds workshop.
08 - Maria Carolina Muzzi participou da oficina com sua tia e sua mãe, Gabriela.
08 - Maria Carolina Muzzi took part in the workshop with her aunt and her mother, Gabriela.
09 - Maria Eduarda Mantegazza divertiu-se com a mãe, Polini, e o pai, Eduardo.
09 - Maria Eduarda Mantegazza had fun with her mother, Polini, and her father, Eduardo.
10 - Benjamin Buffara com sua mãe, Carolina, e Ms. Maria Hernandez.
10 - Benjamin Buffara with her mom, Carolina, and Ms. Maria Hernandez.
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ES FAMILY ACTIVE MORNING
Fotos: Arquivo Chapel
Photos: Chapel Archives
01 - Liderado pelo departamento de Educação Física, o evento reuniu as famílias para atividades divertidas.
01 - The event led by the physical education department brought families together for fun activities.
02 - Julia Ohara com a mãe, Tatiana, e a irmã, Carolina, participando de atividade de alongamento e aquecimento.
02 - Julia Ohara with her mother, Tatiana, and her sister, Carolina, during a stretching and warm-up activity.
03 - Olívia Jucá e Mariah Massih se divertiram em atividade dinâmica.
03 - Olívia Jucá and Mariah Massih had fun in the dynamic activity.
04 - Giorgio Ramaciotti e seus pais empilhando copos.
04 - Giorgio Ramaciotti and his parents stacked cups.
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05 - João Paulo Aquino e sua mãe, Thalita, curtiram o revezamento no campo.
05 - João Paulo Aquino and his mother, Thalita, enjoyed the relay race in the field.
06 - Helena Brandão e sua mãe, Lídia, mandaram bem no revezamento.
06 - Helena Brandão and her mother, Lídia, did well in the relay.
07 - Helena Fazzio e seus pais, Elvis e Letícia, gostaram das atividades ao ar livre.
07 - Helena Fazzio and her parents, Elvis and Letícia, enjoyed the open air activities.
08 - Divertindo-se em família, Luisa Pimentel e o pai, Cristiano.
08 - Luisa Pimentel and her father, Cristiano, had fun as a family.
09 - Filippo Lima concluindo o percurso na manhã de atividades.
09 - Filippo Lima finished the circuit of morning activities.
10 - Stella Lamounier e sua mãe, Beatriz, felizes, jogando juntas.
10 - Stella Lamounier and her mother, Beatriz, played happily.
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FEIRA DE LIVROS BOOK FAIR
Fotos: Arquivo Chapel
Photos: Chapel Archives
01 - Helena Loures e sua mãe Ana Carolina escolhendo livros na feira.
01 - Helena Loures and her mom Ana Carolina choose books at the fair.
02 - Clarissa Wu folheando um livro com o pai, Thomas.
02 - Clarissa Wu flipped through a book with her dad, Thomas.
03 -Rafaela Rodarte caprichou em sua caixa.
03 - Rafaela Rodarte dedicated herself to her box.
04 - Helena Bortolin e o Trojan, que fez sucesso entre as crianças.
04 - Helena Bortolin and the Trojan who was a hit with the children.
05 - Sophia Favero aproveitou a feira de livros para tirar foto ao lado do Trojan.
05 - Sophia Favero took advantage of the book fair to take a picture with the Trojan.
06 - Aproveitando o evento literário, Chloe e Logan Kang com a mãe, Denise.
06 - Chloe and Logan Kang and their mother, Denise, enjoyed the literary event.
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07 - Joana Marques, Gabriela Figueiredo, Beatriz Souza, Catarina Caram, Mr. Marcio Kuroiwa (com o filho, Leonardo) e Mr. Leonardo Silveira prestigiaram o evento literário.
07 - Joana Marques, Gabriela Figueiredo, Beatriz Souza, Catarina Caram, Mr. Marcio Kuroiwa (with his son Leonardo), and Mr. Leonardo Silveira paid tribute to the literary event.
08 - Giulia de Renzis e sua mãe, Denise, participaram da oficina de artes.
08 - Giulia de Renzis and her mother, Denise, at the art workshop.
09 - Letícia Pacifico com seus pais, João Paulo e Carolina, juntamente com Talita e Luiz.
09 - Letícia Pacifico and her parents, João Paulo and Carolina, with Talita and Luiz.
10 - Representando o projeto Mi Casa, Tu Casa, Beatriz Abram, Ms. Juliana Menezes, Alma Castañares e João Pedro Fegyveres.
10 - Beatriz Abram, Ms. Juliana Menezes, Alma Castañares, and João Pedro Fegyveres represented the Mi Casa, Tu Casa project.
11 - A equipe de Cheerleaders do Junior Varsity se apresentou na feira de livros.
11 - The junior varsity cheerleader team presented during the book fair.
12 - O autor Fábio Lisboa liderou sessão de contação de histórias no auditório.
12 - Author Fábio Lisboa led the story telling session in the auditorium.
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HALLOWEEN
Fotos: Arquivo Chapel
Photos: Chapel Archives
01 - Lorenzo e Antonella Giamundo exibiram suas fantasias na festa de Halloween.
01 - Lorenzo and Antonella Giamundo showed-off their costumes at the Halloween party.
02 - Benjamin Benedetti (Harry Potter) com a linda dálmata Leticia.
02 - Benjamin Benedetti (Harry Potter) and the beautiful dalmatian Leticia.
03 - Matheus Toledo, de Caça-Fantasmas.
03 - Matheus Toledo as a Ghostbuster
04 - Maria Carolina Muzzi divertindo-se entre os colegas.
04 - Maria Carolina Muzzi had fun with her classmates.
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05 - O desfile de Halloween foi um show de fantasias elaboradas e divertidas.
05 - The Halloween parade was a show of elaborate and fun costumes.
06 - Maya Altenhofen e Ms. Camila Costa fantasiaram-se de bruxa.
06 - Maya Altenhofen and Ms. Camila Costa dressed-up as witches.
07 - Alunos do Pre II desfilaram suas fantasias no tapete vermelho.
07 - Pre II students paraded their costumes on the red carpet.
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09 - Pietra Almeida, Helena Bortolin e Marina Almeida curtiram a festa.
09 - Pietra Almeida, Helena Bortolin, and Marina Almeida enjoyed the party.
10 - Beatriz Pelloso e Valentina Toledo recebendo gostosuras de Ms.Cristina El Dib.
10 - Beatriz Pelloso and Valentina Toledo got treats from Ms.Cristina El Dib.
11 - Marina Benicio, Maria Fernandez, Valentina Figueiredo, Enrica Almeida, Paula Fernandez e Stella Gurgel estavam assustadoramente belas.
11 - Marina Benicio, Maria Fernandez, Valentina Figueiredo, Enrica Almeida, Paula Fernandez, and Stella Gurgel were frighteningly beautiful.
12 - Daniel Cavalcanti, Thomas Neto e Pietro Catenacci em divertidas fantasias.
12 - Daniel Cavalcanti, Thomas Neto, and Pietro Catenacci in fun costumes.
13 - As amigas Rafaella Rodrigues, Isabela Schahin, Maria Luiza Clavis e Helena Tuma.
13 - Friends Rafaella Rodrigues, Isabela Schahin, Maria Luiza Clavis, and Helena Tuma.
14 - A elegância de Sofia Garzon chamou a atenção.
14 - Sofia Garzon’s elegance caught everyone’s attention.
15 - Os Minions tomaram conta do 5º ano de Mr. Morrison.
15 - Minions took over Mr. Morrison’s 5th grade.
16 - Rafaela Braga e Estela Sumi apresentaram suas criações ao público.
16 - Rafaela Braga and Estela Sumi showed their creations to the audience.
17 - Com looks complementares, Helena Saade, Maria Victoria Michalua, Valentina Almeida, Valentina Pizzonia, Sofia Collado e Giovanna Ronco.
17 - Helena Saade, Maria Victoria Michalua, Valentina Almeida, Valentina Pizzonia, Sofia Collado, and Giovanna Ronco donned matching looks.
18 - Em grupo, Nicolas Garzon, Lucca Próspero, Alef Chahoud e Gabriel Kamilos e Luis Castro mostraram suas fantasias.
18 - Nicolas Garzon, Lucca Próspero, Alef Chahoud, Gabriel Kamilos, and Luis Castro paraded their costumes as a group.
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ALMOÇO ESPECIAL: CHINA
SPECIAL LUNCH: CHINA
Fotos: Arquivo Chapel
Photos: Chapel Archives
01 - João Pedro Sanches, Theo Cavalari e João Paulo Aquino aproveitaram o cardápio chinês.
01 - João Pedro Sanches, Theo Cavalari, and João Paulo Aquino enjoyed the Chinese menu.
02 - Beatriz Amaro, Maria Fernanda Secali e Giovana Iannuzzi aprovaram as delícias do almoço.
02 - Beatriz Amaro, Maria Fernanda Secali, and Giovana Iannuzzi gave the delicious lunch their approval.
03 - April Kim e Lara Owsianski usaram hashis para provar as delícias.
03 - April Kim and Lara Owsianski used chopsticks to sample delicious dishes
04, 05 e 06 - Personagens tradicionais chineses prestigiaram o almoço especial da Chapel.
04, 05 & 06 - Traditional Chinese characters honored the special lunch at Chapel.
07 e 08 - Os alunos assistiram à apresentação de Kung Fu.
07 & 08 - Students watched the Kung Fu presentation.
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CERIMÔNIA DE POSSE DO NATIONAL HONOR SOCIETY
NATIONAL HONOR SOCIETY INDUCTION CEREMONY
Fotos: Arquivo Chapel
Photos: Chapel Archives
01 - A cerimônia de posse dos sete novos membros do clube de honra da Chapel aconteceu em novembro.
Foram aceitas: Barbara Bompan Monte Alto, Julia Jardim Bavaresco, Lara Fuzetti Cavalcanti, Leticia Monteiro da Cruz Menezes, Maria Carolina Godoy Pereira de Melo, Mel de Mello Arantes e Stella Fantini Hodge.
01 - The induction ceremony for seven new members in Chapel’s honor club took place in November. Barbara Bompan Monte Alto, Julia Jardim Bavaresco, Lara Fuzetti Cavalcanti, Leticia Monteiro da Cruz Menezes, Maria Carolina Godoy Pereira de Melo, Mel de Mello Arantes, and Stella Fantini Hodge were inducted.
02 - Stella Fantini Hodge e Lara Fuzetti Cavalcanti discursaram e acenderam uma vela que representa um dos quatro pilares da National Honor Society.
02 - Stella Fantini Hodge and Lara Fuzetti Cavalcanti gave speeches and lit a candle that was representative of one of the four National Honor Society pillars.
03 - Maria Carolina Godoy Pereira de Melo e Barbara Bompan Monte Alto discursaram na cerimônia de posse.
03 - Maria Carolina Godoy Pereira de Melo and Barbara Bompan Monte Alto gave speeches at the induction ceremony.
04 - Mel de Mello Arantes também discursou e acendeu uma vela.
04 - Mel de Mello Arantes also gave a speech and lit a candle.
05 - Julia Jardim Bavaresco e Leticia Monteiro da Cruz Menezes acendendo a vela, após o discurso.
05 - Julia Jardim Bavaresco and Leticia Monteiro da Cruz Menezes lighting a candle after the speech.
06 - Todos os 26 membros dos NHS com o conselheiro do clube, Mr. Bryan Sanders.
06 - All 26 NHS members with the club’s Advisor, Mr. Bryan Sanders.
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CERIMÔNIA DE POSSE DO NATIONAL JUNIOR HONOR SOCIETY
NATIONAL JUNIOR HONOR SOCIETY INDUCTION CEREMONY
Fotos: Arquivo Chapel Photos: Chapel Archives
01 - Em novembro, Mr. Érico Padilha, conselheiro do NJHS, fez a abertura da cerimônia de posse dos quinze novos membros: Ana Luiza Garcia Dall’Ovo, Bernardo Dalmagro Dagnoni, Bianca Marques Ludgero, Estela Yuki Azevedo Sumi, Júlia G. Paraskevopoulos, Laís Buzzinaro Ribeiro, Maria Galvão Mertens, Mariana Rombino Avila, Maya Pinheiro Guimarães, Mia Belle Roy, Olivia Zacour Kameyama, Rafaela Lazzareschi Cortelaso, Rafaela Milred Braga, Sophia Mengyun Tsai e Valentina Hoff Ughini Villarroel.
01 - In November, Mr. Érico Padilha, the NJHS Advisor, gave the opening speech at the induction ceremony for its 15 new members: Ana Luiza Garcia Dall’Ovo, Bernardo Dalmagro Dagnoni, Bianca Marques Ludgero, Estela Yuki Azevedo Sumi, Júlia G. Paraskevopoulos, Laís Buzzinaro Ribeiro, Maria Galvão Mertens, Mariana Rombino Avila, Maya Pinheiro Guimarães, Mia Belle Roy, Olivia Zacour Kameyama, Rafaela Lazzareschi Cortelaso, Rafaela Milred Braga, Sophia Mengyun Tsai, and Valentina Hoff Ughini Villarroel.
02 - Vibha Srinivas Komala, presidente do NJHS, discursou.
02 - Vibha Srinivas Komala, NJHS President, gave a speech
03 - Laura Fenner Gervazoni, vice-presidente do NJHS, também discursou e acendeu uma vela, que representa um dos quatro pilares do clube de honra.
03 - Laura Fenner Gervazoni, Vice-President of the NJHS, also gave a speech and lit a candle representing one of the honor club’s five pillars.
04 - Todos os 28 membros dos NJHS com o conselheiro do clube, Mr. Érico Padilha, e com o diretor do High School, Mr. Sean Quinn.
04 - All 28 members of NJHS with the club’s Advisor, Mr. Érico Padilha, and the High School Principal, Mr. Sean Quinn.
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