Macunaíma issuu

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Referência: ANDRADE, Mário de. Macunaíma um herói sem nenhum caráter. Brasília: 1988. 480 p. Temática escolhida: “O cerne da crítica do movimento modernista: nem tudo precisa ser entendido com sentido.”

“O cerne da crítica do movimento modernista: nem tudo precisa ser entendido com sentido.” Charlene Soares1

No período modernista um dos autores principais foi Mário de Andrade, o autor paulista, nasceu em 1893, era um estudioso da cultura brasileira, foi fundador do Departamento de Cultura de São Paulo e também fotógrafo. Andrade, assim como suas obras, do período modernista, como: “Amar, verbo intransitivo”, “Macunaíma” e “Paulicéia Desvairada”, foram legados essenciais na Literatura Brasileira; sua participação na Semana da Arte Moderna, em 1922, juntamente com Oswald de Andrade, Anita Malfatti, Tarsila do Amaral e Menotti Del Picchia, o dito: “Grupo dos Cinco”, foram esses autores que deram início a esse movimento inovador. Andrade, morre com 51 anos em 1945, mas nos deixou grandes contribuições literárias. Com a publicação da obra “Macunaíma”, lançada em 1928, o autor, busca uma valorização da cultura nacional, mesmo sendo forte a influência Europeia ainda nesta época. Esta obra, foi um dos romances essenciais do modernismo brasileiro. “Ai que preguiça! ”. Essa é a principal característica do personagem criado por Mário de Andrade, o herói Macunaíma, que nasce e já se manifesta assim, atribuindo uma crítica a sociedade da época de meados 1922, onde se tem o marco histórico da Semana da Arte Moderna e sua publicação em 1928 até os dias atuais. A obra literária, contextualiza com a realidade vivada no período do modernismo, de modo que tudo estava “bagunçado”, percebe-se que a literatura necessitava de uma transformação; e se fazia necessário uma busca por identidade cultural, ou seja, os autores conceituados da época, buscavam fugir da influência Europeia e assumir o “brasileirismo”, assim como nosso Macunaíma, representava um brasileiro confuso, bagunceiro, desordenado, em busca de identidade, se encontravam as obras literárias da época esse mesmo ideal. O herói, vive às margens do mítico rio Uraricoera com sua 1 Charlene Soares é mentora da Leituras & Educação-Um passo para o futuro e Graduanda do curso de Letras da Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC). Bolsista nos programas de pesquisa e extensão Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), Programa institucional de bolsa de iniciação à docência (PIBID) e Programa Observatório da Educação (OBEDUC) – Projeto Ler & Educar. Fone: (48) 9636-7704, Charlene@unesc.net


mãe e seus irmãos, Maanape e Jiguê, em uma tribo na Amazônia e logo depois de sua mãe morrer, os três irmãos partem em busca de aventuras em um mundo novo. Nosso herói, durante a aventura, conheci a Ci, a Mãe do Mato e rainha das Icamiabas e com a ajuda dos irmãos, fica com ela como sua mulher, se tornando o grande imperador do Mato Virgem. A partir daí ele tem um filho com a Ci, mas esse filho e sua mulher morrem, só que ela, é transformada em uma estrela. Neste momento, a obra mostra, várias crenças populares brasileiras, forte marca do modernismo. No entanto, antes da esposa do personagem morrer, ela presenteia Macunaíma com um amuleto, a muiraquitã, uma espécie de pedra verde, só que o atrapalhado, perde o amuleto; e nas mãos de um mascate peruano Venceslau Pietro Pietra, o gigante Piaimã, comedor de gente é que vai parar o presente da sorte. Macunaíma, se vestiu de francesa para seduzir o gigante e recuperar a pedra; e junto com seus irmãos, que também acreditavam, que o amuleto era algo que dava sorte, vai para São Paulo, atrás do gigante que morava lá, na perspectiva de recuperar a muiraquitã. Em linhas gerais, neste contexto a obra, demonstra a busca constante e destemida do povo brasileiro, com todas suas riquezas de crenças e bravuras. Macunaíma, foge, depois de ter falhado nesta tentativa de recuperação do amuleto para o Rio de janeiro. Lá, conhece a Vei, uma ou (sua) deusa sol, nosso herói promete até casamento a uma de suas filhas, porém, acaba namorando uma portuguesa e enfurecendo a deusa. Após diversas aventuras vividas pelo personagem, por todo o Brasil na tentativa de encontrar a sua pedra, o herói consegue encontra-la e com isso ele e os irmãos retornam para a tribo. O desfecho da obra, se dá com a vingança de Vei, pois ela manda um forte calor, que destrói o herói, praticamente, porquê lança ele nos braços de uma uiara traiçoeira que mutila ele e faz com isso, a perca da muiraquitã. O personagem preguiçoso, e cansado de tudo vai para o céu após ser transformado na Constelação da Ursa Maior. Neste sentido, o cerne da crítica do movimento modernista, que nem tudo precisa ser entendido com sentido, nos faz pensar nos acontecimentos históricos do período e por meio da obra literária Macunaíma, na sua escrita, Andrade, remete no livro uma nova organização da linguagem literária, se valendo do uso de provérbios do povo brasileiro, aproximando a língua escrita com o modo de falar, fazendo uma considerável crítica à língua culta, pecebe-se que ao utilizar essa nova linguagem literária, uma crítica à forma culta de falar, dizendo, contudo, que os brasileiros falam numa língua e escrevem em outra, Andrade, com sua obra, valorizou a cultura brasileira, por meio do humor e da criatividade, assim como no modernismo, temos uma bagunça de desejos e uma busca pelo novo, pela identidade, Macunaíma não apresenta uma


ordem cronológica de fatos e com isso, associa-se o uso da fala popular, uma fala mutável e com personalidade própria, desassociada na sua representação popular da norma culta e essa descentralização de cultura e língua representa a mistura linguística brasileira, tão discutida nos dias atuais.


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