Agosto 2016

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Jornal

ANO 14 • No 162 • AGOSTO DE 2016 WWW.FACEBOOK.COM/PASCOMSAOPEDRO

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Família

SENSE FOTOGRAFIA/PATRICK FLLAUSINO

Participe da programação da Semana Nacional da Família na igreja de São Pedro Pág. 7

Pastoral Jovens e adultos da Comunidade Nossa Senhora Aparecida recebem o sacramento do Crisma Pág. 7

Talento de Nosso Bairro ARQUIVO PESSOAL

Às vésperas da Paralimpíada, conheça a trajetória da cadeirante Carolina Ignarra, da Vila Rosa, que ajuda pessoas com deficiência a entrar no mercado de trabalho. Ela superou o trauma de ficar paraplégica aos 22 anos, depois de um acidente de moto, e hoje é uma empresária de sucesso que atua com inclusão, e uma mãe realizada Pág. 4

ARQUIVO PESSOAL

Incluir para vencer limites

Conheça o trabalho do chef de cozinha Mário Mangone, que nasceu no Tremembé e faz eventos personalizados Pág. 8


ESPIRITUALIDADE

CARTA AO LEITOR

Igreja é uma vocação

A inclusão liberta As pessoas com algum tipo de deficiência somam quase um quarto da população brasileira, segundo o IBGE, mas a grande maioria está fora do mercado de trabalho. Mesmo em condições de exercer as atividades de quem não tem deficiência, essas pessoas são excluídas por inúmeros motivos, a começar pela dificuldade de acesso à educação. Nas empresas, há falta de acessibilidade, resistência dos gestores e dificuldade em lidar com pessoas com deficiência. Essas barreiras retratam um pouco a sociedade, que não respeita quem tem deficiência. Sabe aquela vaga para deficiente no estacionamento do supermercado ou do shopping, que muitas vezes “esquecemos” de observar? Pois é. Nesta edição, mostramos por que as pessoas com deficiência precisam ser incluídas. Uma das histórias é da empresária Carolina Ignarra, que ficou paraplégica aos 22 anos e montou uma empresa para ajudar a incluir pessoas com deficiência no mercado de trabalho. Outro destaque desta edição é a história do talentoso chef de cozinha Mário Mangone, que cresceu entre as panelas e o salão da famosa Casa de Nápoli, fundada pelo pai, e largou a economia para se dedicar à arte da gastronomia. Neste mês de agosto, não deixe de participar da programação especial da Semana Nacional da Família, na Paróquia de São Pedro. Boa leitura!

Equipe Pascom Paróquia de São Pedro

Por Dom Sergio de Deus Borges

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as proximidades do mês de agosto costumamos dar mais atenção à reflexão sobre o tema vocacional. Para não fugir da regra, quero tratar deste tema, porém aproveitando uma perspectiva apresentada pelo Beato Paulo VI na audiência geral, de 17 de novembro de 1971, quando ele tratava do tema Igreja. Escolheu como tema da audiência geral “A Igreja é uma vocação”. Aqui, apresento uma síntese dessa belíssima catequese que nos leva à essência do ser Igreja, assembleia de convocados, vocacionados. Na ocasião, perguntava o Beato Paulo VI: “Que significa Igreja? A curiosidade despertada por esta pergunta refere-se, agora, à etimologia da palavra: Igreja, na linguagem bíblica, significa uma assembleia convocada, de caráter religioso. É este o seu significado desde o Antigo Testamento. Cristo tornou Seu este vocábulo e atribuiu-lhe um sentido próprio: «a Minha Igreja» (Mt 16, 18)”. O Santo Padre comentou com simplicidade, naquela ocasião, que a Igreja nasceu de uma vocação, de uma vocação divina e as comunidades presentes no Novo Testamento tinham clara compreensão de terem sido chamadas: “Comecemos pelos Apóstolos”, dizia ele. “Foi Jesus quem os reuniu, chamando cada um deles: 'Vinde após Mim'(Mt 4, 19-22; cfr. 9, 9; Jo 21, 19)”. Não se associaram por iniciativa própria; foram escolhidos pelo próprio Cristo, que um dia lhes disse: "Não fostes vós que Me escolhestes, fui Eu que vos escolhi... (Jo 15, 16 ss.; Lc 6, 13)". São Paulo usa frequentemente este conceito de vocação como um conceito constitutivo da Igreja primitiva (cfr. Rom 8, 30; Gál 1, 6; 1 Tess 2, 12; etc.). E o mesmo faz São Pedro (cfr. 1 Ped 1, 15;

EXPEDIENTE - PASCOM Orientador: Pe. Edimilson da Silva Coordenação da Edição: Pastoral da Comunicação e-mail: pascomdesaopedro@gmail.com Editor: Edmilson Fernandes - MTB: 25.451/SP Direção de Arte: Toy Box Ideas Revisão: Oswaldo de Camargo Impressão: Atlântica Gráfica Tiragem: 3.000 exemplares Colaboradores: Telma Feleto e Vânia De Blasiis PARÓQUIA DE SÃO PEDRO DO TREMEMBÉ Av. Maria Amália Lopes de Azevedo, 222 A | Tremembé | São Paulo | CEP: 02350-000 | Tel.: (11)2203-2159 e-mail: secretariasaopedro1@hotmail.com

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2, 9; 5, 10; 2 Ped 1, 3)’. A consciência vocacional da Igreja gera vida de comunidade: “As pessoas que a acolhem são convocadas, juntamente com outras, também fiéis, e formam imediatamente uma comunidade, a Igreja, a sociedade dos "chamados a serem de Jesus Cristo" (Rom 1, 6). Quem foi chamado não permanece só, isolado, autônomo, mas é inserido, "ipso facto", como membro de um corpo, o Corpo Místico de Cristo, que é a Igreja (cfr. Col 2, 19; 3, 15; Ef 4, 6)”. Na Igreja, insiste o Beato Paulo VI, as pessoas encontram o sentido da vida, o porquê viver; ela dá uma finalidade e um mérito à vida: o Reino dos Céus. Por este motivo, é a geradora das vocações, e, podemos dizer, o “lugar” para as pessoas que andam à procura de uma finalidade pela qual valha a pena viver, buscar, amar, agir, sofrer e morrer. No entanto, muitos homens e muitas mulheres de nosso tempo não ouvem a voz de Cristo, não buscam a Comunidade, não se sentem convocados, e, infelizmente, não encontram o sentido para sua vida, e o lamento de Jesus continua: «Se neste dia tivesses conhecido, tu também, o que te pode trazer a paz! Mas isto ficou oculto a teus olhos» (Lc 19, 42). Como Igreja, assembleia de vocacionados, cabe a nós hoje, em nome de Cristo, formar uma cultura vocacional no ambiente em que vivemos, porque todos são convocados e precisam ouvir claramente a voz do Pastor e da Igreja, o mesmo convite doce e decisivo: vem! Dom Sergio de Deus Borges é bispo auxiliar de São Paulo e vigário episcopal para a Região Santana

PARÓQUIA DE SÃO PEDRO Comunidade Santa Rosa de Lima R. Luiz Carlos Gentile de Laet, 1302, Tremembé Missas: sábados, às 16h | Domingos, às 9h e 19h | Primeira sexta-feira do mês, às 20h Comunidade São José (Itinerante) Missas: todos os dias 19 do mês, às 16h Momento de Oração e Estudo Bíblico: 3as feiras, às 20h Comunidade Nossa Senhora Aparecida Av. N. S. Aparecida da Cantareira, 22, Tremembé Missas: dom., às 8h30 | Missa todos os dias 12 do mês, às 20h Comunidade Nossa Senhora da Providência R. Vilarinhos, 95, Tremembé. Missa: domingo, às 10h30 Comunidade São Marcos Comunidade itinerante com missa quinzenal às sextas-feiras, 20h, nas casas das famílias participantes

Av. Maria Amália Lopes de Azevedo, 222 A Tel.: (11) 2203-2159 ATENDIMENTO DA SECRETARIA De 2a a 6a feira: 8h às 12h e 14h às 18h | Sábados: 8h às 12h MISSAS 2as e 4as feiras, às 19h30 | 3as, 5as e 6as feiras, às 7h30 | Sábados, às 17h | Domingos: às 8h, 10h e 18h30 DIREÇÃO ESPIRITUAL E CONFISSÃO 3a feira, das 15h às 18h | 6a feira, das 9h às 12h

Jornal Chave de São Pedro


DIÁLOGO COM A COMUNIDADE

Visitar os enfermos, obra de misericórdia corporal Missão dos leigos e leigas para a oração junto ao enfermo. Quanto aos sacerdotes, são os únicos ministros do Sacramento da Unção dos Enfermos Por Pe. Edimilson da Silva

“A

s obras de misericórdia são ações caridosas pelas quais vamos em ajuda do nosso próximo, nas suas necessidades corporais e espirituais.” Santa Rosa de Lima já dizia: “Quando servimos aos pobres e doentes, servimos a Jesus. Não nos devemos cansar de ajudar o próximo, porque neles é a Jesus que servimos”. O termo enfermo tem origem no vocabulo latino in-firmus: não firme. Daí podemos refletir que o doente está fragilizado pela dor, pela incapacidade física, alguns se sentem rejeitados e abandonados, outros, um peso para a família, e muitos se encontram revoltados pela condição limite diante de tanto sofrimento. Visitar os enfermos é um ato de generosidade. É oportunidade para fazer a experiência profunda de Deus junto aos que sofrem uma enfermidade física ou psíquica, do corpo ou da alma. A Palavra de Deus ajudará a reconfortar e dar esperança. A Parábola do Bom Samaritano, que podemos ler no Evangelho de Lucas 10, 30-37, narra o episódio do homem caído à beira do caminho após ter sido assaltado e agredido. Recebe ajuda de um samaritano que o confiou ao cuidado de outra pessoa na hospedaria. Somos chamados a fazer o mesmo dentro da realidade em que vivemos. Para isso, é necessário tornar-se próximo sem di-

zer ao enfermo frases que não o ajudam, como, “é a vontade de Deus. Deus não fecha uma porta sem abrir uma janela. Ânimo!, outros estão pior. Nascemos para sofrer”. Essas palavras não ajudam, pois não servem de consolo, mas só trazem desânimo. A Igreja hoje, facilitadora da graça, ajuda os enfermos a ter acesso à Eucaristia, permitindo que os próprios leigos distribuam a comunhão, tanto nos hospitais quanto nas famílias onde há doentes impossibilitados de participar das celebrações. O Sacramento da Unção dos Enfermos, que só o sacerdote pode administrar, confere a quem está doente a graça do Espírito Santo, fortalece a confiança em Deus e livra contra as tentações do maligno e as aflições da morte, de modo que possa não somente suportar, mas combater o mal. Não é o sacramento para a morte, mas para a saúde e a vida. São Tiago, em sua carta, ao falar deste sacramento, diz: “A oração da fé salvará o doente e o Senhor o porá de pé (Tiago 5,15)”. Infelizmente, muitos cristãos pensam que este sacramento é só para quem está à beira da morte.

Jornal

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Anuncie aqui )11( 2203-2159

Padre Edimilson da Silva é jornalista e pároco da Paróquia de São Pedro do Tremembé

Reportagem inspira ação solidária

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epois de ler a reportagem sobre moradores de rua na edição de julho deste jornal, a paroquiana Maria Teresa de Oliveira Ziober resolveu compartilhar uma iniciativa e criou uma campanha por doação de material higiênico. “No começo de junho, fui até a rua Cubatão e vi uma cena que me chocou muito. Uma moradora de rua com seu filho, entre três e quatro anos, lavando o menino. Tinha duas vasilhas: uma com a água e a outra usada como caneca para banhar o filho, que chorava, pois a água estava fria. Vim para casa doída, pensando na situação daquela mãe e de outros que ali estavam. Ao abrir o face, vi uma foto dos frades com os moradores de rua na página

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EDMILSON FERNANDES

ESPAÇO DO LEITOR

do Pe. José Arnaldo, do Mosteiro da Luz. Liguei para ele, que me colocou em contato. Imediatamente doei umas roupas que havia comprado no bazar do Abrigo Frederico Ozanam. Depois, falando com Frei Serafim, ele disse que precisam de material de higiene pessoal. Estou coletando principalmente sabonete. Consegui muita roupa de criança e entreguei aos freis no Mosteiro da Luz. O trabalho deles é árduo. Eles vão para a rua, recolhem, levam para hospitais, levam para os abrigos que possuem, um deles no bairro de Guaianazes e tentam recuperar. Maria Teresa faz campanha na As doações podem ser deixadas na secretaria da igreja igreja por doação de material de São Pedro. Pode ser apenas um sabonete. higiênico para moradores de rua

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DESTAQUE

A superação de limites A história da empresária cadeirante Carolina Ignarra mostra que é possível derrubar as barreiras do preconceito e da desinformação para incluir as pessoas com deficiência no mercado de trabalho e na sociedade pela sua competência e não por piedade Por Edmilson Fernandes

LEI DE COTAS (Lei 8213/91) Empresas com 100 funcionários ou mais são obrigadas a incluir de 2% a 5% dos seus cargos com pessoas com deficiência.

A professora de ginástica numa cadeira de rodas Antes do acidente, Carolina Ignarra dava aula de ginástica laboral nas empresas. Tinha acabado de sair da faculdade de Educação Física quando sofreu o acidente, fraturou a coluna e teve lesão medular completa. No começo, sentiu-se incapaz e pensou que fosse parar de trabalhar. Mas, pouco tempo depois, a empresa em que ela atuava, uma consultoria em qualidade de vida, a convidou a voltar. “Com o trabalho eu era cobrada, desafiada e também reconhecida. Todo ser humano precisa disso.” Carolina avalia que a volta ao trabalho foi um pilar fundamental para a superação. “Com o trabalho eu consegui me posicionar na sociedade de igual para igual. O trabalho dignifica, traz sustento e autoestima”. Dois anos depois do acidente, Carolina já estava nas empresas dando aula de ginástica laboral outra vez.

ARQUIVO PESSOAL

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o dia 7 de setembro vai começar no Brasil a Paralimpíada. Uma equipe de 278 atletas brasileiros com algum tipo de deficiência vai competir nos jogos do Rio de Janeiro. Serão 181 homens e 97 mulheres. O Brasil terá representantes nas 22 modalidades. A garra, a determinação e a persistência de cadeirantes, amputados, cegos e pessoas com os mais diversos tipos de deficiência nos mostram que é possível superar qualquer limite, desde que tenhamos oportunidades. Mas longe das quadras, das piscinas e dos gramados também há muita gente que no dia a dia quebra barreiras e vence o preconceito. Supera os obstáculos da falta de acessibilidade e ocupa o seu espaço na sociedade, ganhando autonomia e independência. Esse é o caso da cadeirante Carolina Ignarra, que mora na Vila Rosa e ficou paraplégica em 2001, aos 22 anos, depois de um acidente de moto. A história de vida dela serve de inspiração para qualquer pessoa.

Empreendedora pela inclusão Como cadeirante, Carolina percebeu que as empresas não estavam preparadas para contratar pessoas com deficiência. Muitas vezes, a empresa contrata apenas para cumprir a Lei de Cotas, sem levar em conta o perfil profissional do candidato, o que acaba ocasionando situações de exclusão dentro do próprio ambiente de trabalho. Uma pesquisa da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH) Nacional, Isocial e Catho apontou que 81% dos recrutadores contratam pessoas com deficiência “para cumprir a lei”. Apenas 4% declararam fazê-lo por "acreditar no potencial". De espírito empreendedor, em 2008 Carolina criou a Talento Incluir, que atua na inclusão de pessoas com deficiência na sociedade através do mercado de trabalho. “Eu faço o encontro do profissional com deficiência com as empresas da forma mais natural possível. Valorizando as competências, experiências e até as diferenças das pessoas com deficiência.” Hoje, a Talento Incluir tem 12 colaboradores e atende a grandes empresas, como bancos e concessionárias de aeroportos. A sócia de Carolina, Tabata Contri, também é cadeirante.

Proporção: • De 100 a 200 empregados - 2%; • De 201 a 500 empregados - 3%; • De 501 a 1000 empregados - 4%; • De 1001 em diante - 5%. 4

Inclusão em quatro etapas Segundo a empresária Carolina Ignarra, as ações da Talento Incluir englobam conscientização, inclusão, retenção e manutenção. Na primeira etapa, a consultoria ajuda a empresa a entender que a pessoa com deficiência tem capacidades e limitações. Aqui ela capacita o RH, selecionadores, gestores e orienta as equipes e os próprios deficientes. “Na etapa chamada de inclusão, a gente contempla o recrutamento e a seleção. Busca oportunidades nas empresas e profissionais para essas oportunidades.” Na etapa de retenção a Talento Incluir acompanha as pessoas já contratadas para medir a produtividade, o relacionamento com gestores e colegas de equipe e auxilia no desenvolvimento da carreira. Mas para que a pessoa com deficiência permaneça no emprego, é preciso a última etapa, que é dar formação periódica nas empresas e integrar os novos colaboradores.

Jornal Chave de São Pedro


Toda pessoa com deficiência é, acima de tudo, uma pessoa

A informação vence o preconceito

ARQUIVO PESSOAL

Por Luiz Alexandre de Souza Ventura

DIVULGAÇÃO

Para a cadeirante Carolina Ignarra, a base de qualquer história de superação está ligada à informação. “A falta de informação faz a pessoa aceitar o preconceito.” Ela lembra que não fomos acostumados a conviver com pessoas com deficiência. Raras vezes estudamos em escolas com elas. E isso se reflete no universo das empresas. “A inclusão depende de uma mudança de cultura tanto dos gestores quanto das pessoas com deficiência.” O sonho de Carolina Ignarra é criar um instituto para auxiliar pessoas que não conseguem ingressar no mercado de trabalho por causa da situação financeira. De fato, os desafios são imensos. Uma pessoa que usa cadeira de rodas e mora numa favela, por exemplo, é, muitas vezes, prisioneira dentro da própria casa.

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Maternidade “Um dos meus maiores sonhos era a maternidade. Comecei a namorar um amigo, casamos e temos a Clara, de 11 anos.” Com outras amigas cadeirantes ela escreveu o livro Maria de Rodas, que fala “dos desafios e das delícias da mulher cadeirante na maternidade."

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Este livro, de Carolina Ignarra, Tabata Contri e do fotógrafo Raphael Bathe está disponível para download gratuito (em texto ou em áudio) no site da Talento Incluir: www.talentoincluir.com.br

Brasil, segundo o Censo IBGE 2010, tem 45,2 milhões de cidadãos que afirmam ter uma deficiência. É quase 25% da população brasileira. E, com base nesse número, você deveria encontrar pessoas com deficiência em toda esquina, loja, mercado, bar, academia, praça, cinema, teatro, empresa ou em qualquer lugar. Mas isso não acontece porque nosso país ainda não consegue garantir acesso a todos e, por muitos fatores, não entende que a pessoa com deficiência é um cidadão. Meu trabalho no blog Vencer Limites tem a proposta de apresentar o cidadão com deficiência da forma correta, sem mostrá-lo somente de forma extrema, algo comum na mídia em geral, que destaca a pessoa com deficiência como um "super-herói" ou como um "coitado". Uso minha experiência pessoal - tenho uma neuropatia chamada Síndrome de Charcot-Marie-Tooth e convivo com atrofias pelo corpo, além de ter uma perda auditiva bilateral - para mostrar que a pessoa com deficiência trabalha, estuda, é um consumidor de produtos e serviços, faz sexo, fica brava, toma cerveja com os amigos, viaja e tem a mesmas características, boas e ruins, de qualquer ser humano. Defendo que, na verdade, não existem pessoas sem deficiência, porque o corpo humano é frágil e precisa de cui-

dados constantes. Pode ser que hoje você ainda não tenha atingido essa fase da vida, mas certamente irá vivenciar e compreender essa mudança em algum momento. E essa aceitação sobre as suas fragilidades, sobre as suas deficiências será fundamental. Eu, há muito tempo, aceitei que meu corpo não funciona como o esperado. E mantenho atenção aos avisos internos, às dores, aos sentidos menos aguçados, às diferenças. Praticar atividade física regular, manter uma alimentação de qualidade, evitar excessos, não envenenar meu sistema e, principalmente, compreender minhas limitações, são medidas que garantem meu equilíbrio físico e emocional, que me permitem "tocar a vida" sem autopiedade, sem "coitadismo", sem autocomiseração. Luiz Alexandre de Souza Ventura é jornalista e titular do blog vencer-limites, no site do Estadão. Ele enfrenta desde os 12 anos a Síndrome de Charcot-Marie-Tooth. Começou a carreira em 1996 no jornal A Tribuna (Santos/SP). Foi editor do Estadão. com.br, trabalhou para as rádios Globo e CBN, Editora Abril e jornal Diário do Comércio, além de diversas agências de comunicação corporativa. Mais informações: www.estadao.com.br/ blogs/vencer-limites

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PASTORAL

A Igreja em “saída” Por Estela Petrin Papa Francisco diz que “fiel ao modelo do Mestre, é vital que hoje a Igreja saia para anunciar o Evangelho a todos, em todos os lugares, em todas as ocasiões, sem demora, sem repugnâncias e sem medo. A alegria do Evangelho é para todo o povo, não se pode excluir ninguém... Uma Igreja 'em saída'". No dia 12 de julho, o nosso pároco, Pe. Edimilson da Silva, nos convidou a “sair” da Capela de Nossa Senhora Aparecida, na Vila Rosa, e celebrar a missa fora. O resultado foi gratificante para todos que ali estiveram. A celebração foi na garagem da casa de

Zuleide Medeiros Costa e Silva e Antonio Carlos da Silva, na Rua Arcanjo Saquiel, no Jardim Denise. Foi maravilhoso ver ali várias pessoas que nem participam da Igreja com frequência. O objetivo desta "saída" é exatamente este: levar as pessoas a conhecer a Palavra de Deus e se engajar na Igreja. No dia 12 de agosto, a missa será no Escadão da Vila Rosa, às 20h. Venha celebrar com a gente! Estela Petrin é agente da Pastoral da Saúde na Comunidade Nossa Senhora Aparecida, da Paróquia de São Pedro

Catequese para Adultos e Crisma Por José Tarcísio Frizzarini

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or inúmeros motivos, uma pessoa adulta, mesmo de idade avançada, pode ainda não ter recebido o sacramento da Eucaristia. Ciente de sua missão catequética, a Paróquia de São Pedro quer ajudar os fiéis adultos, de todas as idades, a crescer em sua maturidade cristã. Sendo assim, abriu inscrições para formação de um novo grupo para a Catequese para Adultos. Em alguns casos, pode ocorrer que a pessoa interessada também não tenha recebido o sacramento do batismo. O fato de não ser ba-

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tizado não representa um impedimento para sua participação, pois, ao término da preparação, estará apta para receber os sacramentos do batismo, primeira eucaristia, e eventualmente também o crisma. Tendo em vista as diferentes necessidades de aprendizado e vivência da fé dos adultos, serão transmitidos aos interessados os meios necessários para sua iniciação, ou re-iniciação à vida cristã, permitindo que seu processo de conversão possa acontecer. Nos encontros serão utilizados assuntos objetivos e conteúdos apropriados que envolvam

todas as dimensões da fé, direcionadas para a vida adulta, tendo como base o Catecismo da Igreja Católica. Os encontros serão realizados uma vez por semana, com uma hora de duração, durante aproximadamente um ano. Todo domingo, às 9h30, na igreja de São Pedro.

Feliz Dia dos Pais! TELMA FELETO

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Igreja deve ser a luz do mundo e o sal da terra, como disse Jesus. Diversas vezes, o Papa Francisco tem desafiado a Igreja a colocar-se numa atitude de “saída” e não de “espera”. É no mundo, fora do templo, que os membros da Igreja podem testemunhar Cristo de tal modo que o mundo veja em cada católico um discípulo autêntico. E o que é o discípulo? Discípulo é aquele que se parece com o seu mestre. Assim, cada fiel deve se parecer com Jesus. Na exortação apostólica Evangelii Gaudium, o

Mais informações: Secretaria da igreja de São Pedro – (11) 2203-2159 José Tarcísio Frizzarini é catequista na Paróquia de São Pedro

Jornal Chave de São Pedro


AGENDA

Semana Nacional da Família DIVULGAÇÃO

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ntre os dias 14 a 21 de agosto, transcorre em todo o Brasil a Semana Nacional da Família, promovida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e pela Comissão Nacional da Pastoral Familiar. O objetivo é tomar medidas em defesa e promoção da família, cujos valores têm sido agredidos sistematicamente em nossa sociedade. Este ano, a CNBB lançou o subsídio “Hora da Família”, cujo tema é: “Misericórdia na Família: Dom e Missão”. O material apresenta reflexão sobre temas familiares e roteiros de orações e cantos para motivar a celebração. O subsídio contém roteiros para sete encontros, além de celebrações como via-sacra em família, para o Dia dos Pais, dos Avós e das Mães.

COMUNIDADE SANTA ROSA DE LIMA Tríduo dias 19, 20 e 21 Dia 19 - 20h Dia 20 - 16h - Missa com as crianças da catequese Dia 21 - 9h - Missa com unção dos enfermos 18h - Procissão com a imagem de Santa Rosa de Lima 19h - Missa Dia 23 - Dia de Santa Rosa de Lima 20h - Missa solene de Santa Rosa Rua Luiz Carlos Gentile de Laert, 1736 – Vila Rosa

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da Família nas celebrações: 8h, 10h e 18h30 - missa Hora da Família Dia 15 - segunda-feira - 19h30 - missa: Família, Lugar de Misericórdia Dia 17 - quarta-feira - 19h30 - missa O perdão na Família, Fonte de Reconciliação e Libertação Dia 18 - quinta-feira - 20h - Adoração ao Santíssimo e Bênção das Famílias

ARQUIVO DA COMUNIDADE SANTA ROSA DE LIMA

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o dia 17 de julho, 18 pessoas da Comunidade Nossa Senhora Aparecida, na Vila Rosa, receberam o sacramento do Crisma. Sete delas também receberam a Primeira Eucaristia. A celebração foi presidida por Dom Sergio de Deus Borges, bispo da região episcopal Santana. Também participaram da celebração o pároco da Paróquia de São Pedro, Pe. Edimilson da Silva, e o diácono Carlaile Tornelle. Os crismandos foram preparados pelos catequistas Mario Lucio Felipe e Ricardo Cantagesso. Os responsáveis pela preparação da Primeira Eucaristia foram os catequistas Maria Apparecida de A. Góes e Iracy A. Góes. Durante o tempo de preparação, os jovens e adultos são orientados a se engajar na Igreja e anunciar o Evangelho.

Dia 14 - domingo - Abertura da Semana Nacional

SENSE FOTOGRAFIA / PATRICK FLAUSINO SILVA

Jovens e adultos da N. Sra. Aparecida recebem o Crisma

Programação na Paróquia de São Pedro

COMUNIDADE NOSSA SENHORA APARECIDA Dia 21 - das 17h às 18h - Adoração com o grupo JPC (Jovens Pescadores de Cristo) Rua Nossa Senhora Aparecida, 12 (próximo ao Recanto Nossa Senhora de Lourdes)

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TALENTO DE NOSSO BAIRRO

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le nasceu “num saco de farinha”, como brincava o pai, imigrante italiano, fundador da Padaria Bela Nápoli, mas é apaixonado mesmo é pela paella valenciana. “Parece que se incorpora um espírito quando se está fazendo aquele prato. São muitos ingredientes, diferentes; mistura de terra e mar, cada um com um tempo de cozimento. O pessoal pede mais a paella de frutos do mar. Mas a que eu mais gosto de fazer é a valenciana, que também leva carne.” Mário Mangone, 52 anos, chegou a cursar economia na PUC, mas teve que se render às panelas. Também pudera! Aos 11 anos, já ajudava os garçons na Casa de Nápoli, o conhecido restaurante na subida da Serra da Cantareira, também fundado pelo pai. Depois de três anos trabalhando numa auditoria e ajudando no restaurante, foi convencido pelo pai, Sr. Gennaro, a largar tudo e passar um tempo na terra dos Mangone, a Itália, para refinar os conhecimentos de gastronomia. “Passei seis meses aprendendo em restaurantes da costiera amalfitana. Naquela época, início dos anos 90, conheci muitos ingredientes, temperos e azeites que nem havia no Brasil”.

Depois de alguns anos trabalhando com o pai e de ter tocado a Pizzaria Don Gennaro, no Tremembé, há 18 anos Mário Mangone se dedica a eventos de Catering e consultoria em grandes bufês de São Paulo, como o França. “Monto o evento de acordo com a necessidade do cliente. Pode ser para 30 ou mil pessoas. Casamento, batizado, aniversários, churrasco... Também posso fazer a comida na casa da pessoa, apenas para a família. Nos eventos, posso levar a estrutura completa da cozinha, incluindo fogão, pratos, talheres e copos. Se precisar, levo até a pia, como já ocorreu num museu.” Apaixonado e conhecedor da essência das ervas, temperos e alimentos, Mário prefere bater um papo com a pessoa para ter ideia do que ela gosta de comer, em vez de entregar um cardápio fechado. “Num evento que fiz no Morumbi, o cliente, que não me conhecia, lembrou do tempero da Casa de Nápoli. Hoje em dia não se tem mais isso. Os pratos ficam lindos, poderiam ser expostos numa vitrine, mas falta o essencial: o sabor natural do alimento.” Numa época em que os cursos de gastronomia se proliferam e os chefs de cozinha viram celebridades na TV, Mário Mangone alerta aos jovens que a cozinha é para quem gosta do assunto e está disposto a pôr a mão na massa literalmente. Não tem nada de glamour. Tem que lavar panela, picar cebola, descascar batata. Se preciso, até limpar o chão. “Vejo muita gente que acaba de sair da faculdade e já se autointitula chef nas redes sociais. Para ser chef, liderar uma brigada na cozinha, são anos de prática. Temos que estar

FOTOS: ARQUIVO PESSOAL

Mário Mangone: o chef de cozinha que nasceu no Tremembé e transforma comida em arte

Paella: o prato preferido do chef Mário Mangone

preparados para os imprevistos e não entrar em desespero quando as coisas dão errado ou aparece muito mais gente do que o combinado com o cliente.” Exceto alguns antepastos, Mário prepara todos os ali-

mentos no local do evento. Em casa, bem que o marido de Symone gostaria de saborear sempre um arroz com feijão. O problema é que os filhos, Marina, 20, e Daniel, 16, exigem comida de chef.

LIÇÕES PARA A VIDA “Cozinhar é o tempero da vida. Na preparação de uma receita se aprende a ter paciência, a esperar o tempo certo para dar o passo seguinte; a não ter medo das coisas novas, de enfrentar desafios e de ousar. As pessoas perderam esse gosto pela preparação dos alimentos. Se deixaram engolir pela falta de tempo.”

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Jornal Chave de São Pedro


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