RIO DE JANEIRO - JULHO A SETEMBRO / 2013 ANO XIV - NÚMERO 65
Megaeventos O que esta palavra representa para o povo?
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O Saneamento que a Maré precisa
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Premiação: O Cidadão na ABI
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Maré também é Rock!
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Exposição: “Os Tempos da Maré” no Museu
Jornal o Cidadão 1
Ainda Não Pensei: O novo Jornal Comunitário de Niterói 4 5 7 8 10 12 16
Artigo Cidadania Entrevista Comunicação Cultura Capa Esporte Geral 19 Musical 21 Rascunho 22 23 24
Coquetel O Cidadão Ilustrado Memória
Jornal o Cidadão 2
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Expediente Direção do Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré (Ceasm): Antonio Carlos Vieira, Maristela Klem, Lourenço Cezar, Luis Antonio de Oliveira, Soraia Denise de Brito Coordenadora e Jornalista Responsável: Gizele Martins (Mtb. 33646/RJ)
Editorial
Editores: Alex Ferreira e Eliano Félix (Mtb. 35158/RJ) Administração: Alex Ferreira Revisão: Léo Custódio Reportagem: Gizele Martins, Eliano Félix, Renata Guilherme, Thaís Cavalcante (Mtb. 35270/ RJ), Pamella Magno, Alex Ferreira Colaboraram nesta edição: Eunice Muruet, Rafael Lopes Charges: Jhenri Projeto Gráfico: Artur Romeu e Evlen Lauer Diagramação: José Henrique (Jhenri) Supervisão de Arte Grafica: Davison Coutinho Foto de Capa: Impressão: Ediouro - Tiragem: 20 mil exemplares Contatos:
O Cidadão
jornaldamare@gmail.com Site: http://jornalocidadao.net/ Blog: ocidadaonline.blogspot. com Endereço: Praça dos Caetés, número 7, Morro do Timbau, Conjunto de Favelas da Maré. Telefones: (21) 2561- 4604
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Megaeventos Para quem?
Nesta edição, contamos um pouco sobre as frequentes remoções que têm atingido a população mais pobre e favelada por causa dos megaeventos. Com a chegada dos jogos no Rio, a especulação imobiliária tem crescido o olho visando o lucro em áreas populares próximas a esses eventos. Moradores que conquistaram com muita luta espaços como: favelas, bairros, vilas e casas estão sendo removidos de seus locais, onde construíram toda uma relação de vida. O jornal mostra ainda um pouco da diversidade musical na Maré: favela não é só funk e pagode, o rock também tem
seu espaço. Temos também uma entrevista com Renato Cinco, sociólogo e vereador do Rio. Ele esclarece sobre o que é a Marcha da Maconha e fala da situação difícil que se encontram os usuários de crack na cidade, além de relatar um pouco a realidade da ‘Cracolândia’ na Maré. Voltamos à primeira rua da Maré. Na edição 54 de O Cidadão, mareenses cobravam melhorias. Será que conseguiram? Confira! Falamos ainda da prática de atividade física como qualidade de vida e muito mais! Leia, analise, questione, participe e dê sugestões.
Boa Leitura!
Jornal o Cidadão 3
Artigo
Fotos:Coletivos/Internet
Da janela para o ‘coletivo’
Por Eliano Felix
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umentos constantes e abusivos, bem acima da inflação, não são bons em nenhum sentido para a população. E quando falamos em aumento do preço da passagem de ônibus, onde a qualidade e segurança para os usuários não existe, onde salário digno com boas condições de trabalho sem dupla jornada para motoristas e cobradores também é precário, passamos a nos perguntar: qual o motivo real desse aumento? A resposta certa seria que vamos receber um Jornal o Cidadão 4
melhor serviço. Mas na prática não é o que acontece. Quem lucra mesmo com estes aumentos desleais são os donos das empresas que comandam a concessão do transporte público no Rio de Janeiro. Como são doadores de campanha eleitoral, cobram de seus aliados políticos, o retorno de seus “investimentos”. Assim, controlam também o poder público contra o público! Durante as manifestações que vêm acontecendo desde junho, muita gente tem reclamado da dificuldade de voltar do trabalho e chegar em casa. Claro, o retorno depois de um dia inteiro de trabalho para um descanso com a família é justo e merecido. Porém, devemos entender que quem está ali nas ruas, na manifestação ou no protesto não é baderneiro, vândalo e desocupado como tem tratado grande parte da mídia comercial. São trabalhadores, estudantes, profissionais, pobres,
favelados, classe média também que utilizam o transporte público e sofrem também todos os dias com essa máfia. Só que eles saíram da zona de conforto. São anos e anos de descaso com quem precisa de fato dos ônibus, barcas, trem e metrô. Manifestações como essas são necessárias. A “democracia” que vivemos no Brasil foi conquistada através de muita luta, com manifestações, recebendo porrada, tiros e bombas. Alguns até pagaram com a própria vida. Claro, esta conquista ainda é utopia para a maioria da população. A indignação e a insatisfação com o descaso do poder público com o povo tem que ser demonstradas de alguma forma. Não podemos aceitar passivamente e ficar reclamando que a vida está difícil. Podemos e devemos protestar. As eleições estão aí, é hora de decidir nas urnas e nas ruas. Essas também são formas de dar a resposta aos políticos de que não esquecemos tudo. É assim que “eles” querem que continue: sem protestos, cobranças e repercussão. Quando os rodoviários fizeram greve, pediram 30% de aumento, receberam 7%...e, meses depois, aumento na passagem de 7%, coincidência? Vamos refletir.
Cidadania
O saneamento que a Maré precisa Fotos: Thais Cavalcante
Por Thaís Cavalcante
Acúmulo de lixo por causa da falta de coleta da Comlurb no Timbau
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que um cidadão e uma cidadã querem é poder viver uma vida tranquila. Na favela, todos e todas querem o direito à moradia, à segurança e à saúde. Querem fazer seu comércio, regar suas plantas no quintal e andar livremente pelas ruas limpas e sem lixos. No Morro do Timbau, onde fica o Jornal O Cidadão, há uma coleta diária de lixos. Seja por parte da Comlurb ou pelos Garis Comunitários, que trabalham em parceria. A moradora Rosineide Gomes, de 35 anos, dona de casa e vive há 21 anos na Nova Holanda, lembra que na Maré tinha muito mais problemas de coleta do que atualmente. “Claro que há 20 anos, as ruas da Maré deviam ter esgoto a céu aberto, bueiros entupidos e nenhum saneamento básico. Não lem-
bro se a Comlurb existia há 20 anos, mas hoje em dia o papel que tem feito é bem satisfatório, há um recolhimento 3 vezes por semana do nosso lixo”. Mesmo com os eventuais problemas, como caçambas quebradas, e a dificuldade de recolhimento de lixo em dias de chuva, Pedro Silva, encarregado técnico, que representa a gerência da Comlurb da Maré, informou que “a coleta é feita aqui na comunidade com 7 caminhões, 6 compactadores diariamente e um reforço segunda, quarta e sexta. Há também um mini-compactador. As vias de acesso dos caminhões na comunidade não dão espaço para circulação. Existem as vielas, que são as ruas mais estreitas, e esse trabalho é feito com os micro-tratores, totalizando 7. Que atuam diariamente aqui no Conjunto.”
VAI TER MULTA NA FAVELA?
O Cidadão perguntou sobre a questão de como as favelas serão tratadas a respeito da lei “Lixo Zero”. De acordo com Pedro Silva, “ A lei é para todos. Nosso foco não é a arrecadação de dinheiro, mas sim cidade limpa. Ainda que isso gere algum valor, certamente vai somar muito. Considero essa medida boa e que vai trazer bons resultados. Vai colaborar com a qualidade de vida dos moradores da Maré e com o desempenho do nosso trabalho.” Mas segundo ele, não há previsão para a implantação do “Lixo Zero”, por enquanto, na Maré.
Jornal o Cidadão 5
Entrevista
Criminalização das drogas Por Thaís Cavalcante e Eliano Félix
Colaboração: Gizele Martins
Crack e Marcha da Maconha: O que estes termos querem dizer e o que representa uma nova política de drogas? nos anos 90 ,nos EUA com o movimento internacional chamado Global Marijuana March (Marcha Mundial da Maconha). Com mais de 40 países e 300 cidades que participam do movimento anualmente. O objetivo da Marcha da Maconha é a legalização da Maconha. Entendendo que, legalizar é diferente de liberar. A nossa defesa é da legalização, que é deixar de ser crime e passa a ter regulamentos e normas para sua utilização, comercialização e produção.
Fotos: Renata Stuart
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esta edição, apresentamos um trecho da entrevista que fizemos com o Sociólogo e Vereador do PSOL Renato Cinco. Nessa conversa, ele conta o que é a Marcha da Maconha e fala da situação difícil que se encontram os dependentes químicos do crack na cidade e, consequentemente, da ‘Cracolândia’ na Maré. Jornal o Cidadão 6
O Cidadão: Conte um pouco a história da Marcha da Maconha, quando ela nasceu e qual seu objetivo? Renato Cinco: Primeiramente gostaria de agradecer a oportunidade de poder falar com os moradores da Maré, através do Jornal O Cidadão e para todas as pessoas que conhecem esse material. A Marcha da Maconha surgiu
O Cidadão: Grande parte da população não é informada sobre diversas questões e, quando se fala em legalização das drogas, as opiniões são acaloradas e até mesmo extremas. Como esclarecer essa questão delicada? Renato Cinco: Esse tema é bastante polêmico porque é um tabu. Durante 100 anos, a sociedade só conheceu a opinião daqueles que defendem a proibição, dos que apoiam outra política de drogas ainda é pouco conhecida pela população. Será que nossa sociedade aguenta mais 10, 20 anos de repetição dos últimos anos? Olha como a
Fotos: Renata Stuart
Entrevista
violência cresceu, quanto mais se reprimiu, mais se tentou estabelecer a proibição, mais violência e mais corrupção tomaram conta da sociedade. Aliás, dizem que se o Brasil se empenhasse para acabar com as drogas, elas acabariam. O Cidadão: Como levar o debate sobre a legalização da Maconha pra dentro das favelas? Renato Cinco: Eu fico o tempo todo tentando convencer algum espaço da favela a me receber, mas é uma dificuldade muito grande. E o que é lamentável, porque se a gente olhar bem, quem é que paga com liberdade e com sangue essa política? São justamente os moradores das favelas. Os mais interessados nesse debate deveriam ser os moradores das favelas. O usuário de classe média, a gente sabe que ele sofre no máximo um “achaque”(um defeito moral, vício) da polícia. Então, a gente espera conseguir cada vez mais convencer as pessoas
de que é fundamental enfrentar esse medo, a gente precisa desmontar uma máquina de matar e de prender. A guerra às drogas é isso, é uma máquina que está virada para as nossas favelas.
O Cidadão: A Maré tem hoje uma das maiores “cracolândias” do Rio. Qual é a política adequada para esses usuários de drogas? Por que a Prefeitura não trata isso como um assunto de saúde pública, e sim como caso de polícia? Renato Cinco: A Prefeitura tem utilizado o combate ao crack como pretexto para reprimir as populações de rua. Não há nenhum interesse da Prefeitura em realmente tratar essas pessoas, tanto que os recolhidos estão sendo colocados em estabelecimentos que não fornecem tratamento. No caso de crianças e adolescentes recolhidos já existe um relatório (entre outros feitos pelo Conselho Regional de Psicologia). Os psicólogos e outras organizações visitaram abrigos e concluíram que não há tratamento. A única medicação dada para as crianças e adolescentes nas casas de acolhimento da Prefeitura são medicamentos chamados “sossega leão.” Quando eles mostram algum tipo de alteração eles medi-
cam para as crianças ficarem chapadas e não incomodarem mais. Se a Prefeitura quisesse realmente combater o problema do abuso de drogas na nossa cidade, teria que investir na ampliação da rede básica de saúde mental, que são os Centro de Atenção Psicosocial de Alcool e outras Drogas (CAPSAD). Deveriam existir hoje no Rio de Janeiro 32 CAPSAD para atender os usuários problemáticos de drogas. Nós temos apenas 5 CAPSAD, isso porque 2 foram criados recentemente. O Cidadão: Existe um canal para quem quer conhecer melhor o Movimento pela Legalização da Maconha? RENATO CINCO: Existem muitos canais, nosso site é www. marchadamaconha.org e temos esse www.legalizacaodamaconha.org . Pesquisem sobre o congresso que aconteceu dias 3, 4 e 5 de Maio de 2013 em Brasília, com a presença de especialistas, professores doutores de vários locais do Brasil e o Mundo. Nesse congresso a comunidade científica se manifestou pela legalização e regulamentação das drogas. Os vídeos das palestras estão disponíveis para quem quiser assistí-los no youtube: CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS 2013. Leia a entrevista completa: jornalocidadao.net Jornal o Cidadão 7
Comunicação
Meios comunitários e populares recebem homenagem na ABI Por Gizele Martins
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urante o primeiro semestre do ano de 2013, foram inúmeras as atividades que a equipe do O Cidadão realizou não apenas na Maré, mas por todo o Rio de Janeiro. Alguns debates sobre democratização da comunicação, favela, direitos humanos e segurança pública foram marcados na agenda dos participantes do jornal. Além disso , esta equipe recebeu uma linda homenagem com moção honrosa da Câmara Municipal do Rio de Janeiro pelos 14 anos de atuação dentro do Conjunto de Favelas da Maré. A premiação com a medalha Pedro Ernesto foi entregue ao jornal Brasil de Fato pelos seus 10 anos. O evento ocorreu em junho de 2013 no auditório da Associação Brasileira de Imprensa (ABI). Além do O Cidadão, outros meios populares foram homenageados, conheça essa galera: Jornal da ABI, a Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da ABI, a Agência de Notícias das Favelas, a Agência PetroJornal o Cidadão 8
Foto: Renata Guilherme
Da esquerda para a direita: Eliano Félix, Gizele Martins, Renata Souza, Naldinho Lourenço e Renata Guilherme. Representando O Cidadão na ABI
leira de Notícias, a Agência de Notícia PULSAR, o Núcleo Piratininga de Comunicação, o Jornal Voz da Favela, o Jornal Sem Terra, a Revista Vírus Planetário, a Rádio Santa Marta, o Programa Faixa Livre, a TV CAOS, o APPAFUNK, o Domingo É Dia de Cinema, o Bonde da Cultura, a Orquestra Vermelha, o Latuff Cartoons, Portal Comunitário da Cidade de Deus, o fotógrafo Samuel Tosta e Naldinho, da Escola de Fotógrafos Populares
da Maré e o blog Hempadão. A equipe do O Cidadão agradece este grande reconhecimento. Pois fazer comunicação comunitária é um desafio diário. É lidar com tamanha realidade e lutar contra ela todos os dias para tentar fazer nascer uma outra sociedade. E que tal sociedade nos veja um dia enquanto cidadãos, enquanto parte da cidade, não mais como os que vivem à margem dela.
Perfil
Um Paraibano Mareense
O técnico de enfermagem Jurandir, conta uma pouco sobre sua história e como é ser um Mareense de coração Por Renata Guilherme
Foto: Renata Guilherme
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Jurandir, na varanda de sua casa
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oje a Maré dispõe de Museu, com manifestações culturais, cineclubes, forró, funk, pagode, samba, rock, hip hop...existe uma vida cultural muito intensa. Bem diferente da época em que Jurandir chegou por aqui. “Era muito restrito, só não era pior porquê tínhamos os famosos forrós que bombavam, era o point mesmo! Tinham as rodas de capoeira e o candomblé (na época muito forte). Mesmo assim eram poucos, se quiséssemos algo a mais, a única opção, o local mais próximo era o centro do Rio. Ah, ia me es-
quecendo, tínhamos a Feira de São Cristóvão, ainda nas ruas e com o aspecto que lembrava bem mais a minha terrinha. Hoje estou muito feliz em ver, não só a juventude mas todos os públicos com diferentes estilos terem opções de divertimento, sem precisar sair daqui.” Visitando a casa de Jurandir, temos a impressão de que estamos em uma galeria de arte, quadros estão expostos por todos os lados, paredes customizadas, tudo feito por ele mesmo. Acostumado a desenhar desde criança, quando
om 40 anos vividos na Maré, Jurandir acompanhou praticamente todas as transformações no lugar. “Cheguei aqui com 20 anos e muitos sonhos, aqui, era quase tudo mangue, realmente maré. Lembro das palafitas, as ruas de barro, uma enorme área de mangue com “pinguelas”, que eram as pontes aonde atravessávamos de um canto a outro, buscávamos água na Teixeira Ribeiro, porque não tinha água encanada. Minha casa, por exemplo, ajudei a aterrar e aplanar o terreno, com uns 10 caminhões de aterro, porquê o mangue passava de baixo da minha casa, que na época era palafita.”
em Rio Tinto pintava com lápis comum as paisagens, utiliza também a Maré como inspiração. “Sempre gostei disso, eu lia muito gibi também, desenhava os rios e manguezais, as árvores, os caranguejos eram os meus modelos. Aqui no Rio de Janeiro frequentei muitos museus, galerias, que só contribuíram ainda mais. Sempre gostei muito e a Maré é mesmo muito inspiradora. A minha inspiração são as coisas que vivo, vi surgirem muitas coisas daqui, muitas inclusive ajudei a construir, tinham mutirões na época. Ver as pessoas, os pássaros, as plantas do meu jardim, as cores, o céu...a minha inspiração está ao meu redor, não preciso. Jornal o Cidadão 9
Cultura
Pluralidade musical é aqui! Por Eliano Félix e Thaís Cavalcante
Fotos: Diego Lima
A galera roqueira e alternativa está em toda parte pela Maré. Como estamos falando de música e dos diversos ritmos presentes nos bares, casas e praças daqui, por quê não lembrar especialmente de quando o movimento roqueiro começou pelas ruas mareenses?
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m 1988, o movimento de bandas de rock começava a dar suas primeiras dedilhadas. Bandas pioneiras como Biza, Dartherium, Rebeldia e Koiza Natural chamavam a atenção dos jovens. Começava aí a construção de um cenário que vive forte e renovado até os dias de hoje, agora com grupos como Algoz, Café Frio e D’Loks. Esses grupos, fazem os fãs de rock bater cabeça nos espaços do Conjunto de Favelas da Maré. Um desses espaços é o Bar do Zé Toré, no Morro do Timbau, Jornal o Cidadão 10
point certo da galera de preto. “Quando aluguei o bar, conheci uns integrantes de uma banda chamada THE PRIMUS, eles ensaiavam num lugar apertado, escondido, e ninguém conhecia a banda, então resolvi convidá-los para tocar no bar, o dono do bar ficou assustado, porque ali não aconteciam shows de bandas, muito menos de rock, mas a repercussão foi tão positiva, sempre com o bar cheio e sem confusão o lugar virou point. E não somente do pessoal do rock, aqui fazemos ani-
versários, hip-hop, churrasco, é só chegar e organizar,” conta Zé Toré. E ainda tem a lona cultural Herbert Vianna onde sempre rola um show. Sempre com grande público, os eventos contam com pessoas loucas por música. Diversas pessoas que não são da Maré também se juntam. Para continuar falando para vocês sobre essa exclusividade de nossa favela, conversamos com Diego Lima, um fiel frequentador de shows.
Cultura
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Fotos: Divulgação
mundo conhece todo mundo, todos em conjunto e querendo uma só coisa, o bom e velho Rock n’ Roll nos ouvidos, mentes e corações da gente! Eu sou da segunda geração (década de 90), tenho 23 anos. Agora, o pessoal mais novo, considero a terceira geração, mas todos com o mesmo espírito. Somos tão jovens independente das gerações. Já tive em uma banda chamada “New Pet” que sempre esteve presente nos eventos também, mantenho amizade desde 2004. “ Mostrando como esse estilo pesado curte diversidade, Diego dá um recado a todos aqueles que não conheciam a cena roqueira mareense. “Venham. Sejam todos bem vindos, os eventos são feitos por todos, independente de idade, cor, estilo, o importante é a cultura, a
felicidade de estar ali, fazendo novas amizades e se divertindo. Para se manter informado sobre o que acontece nesse meio, entre no grupo virtual “A Maré Também é Rock.” A Maré também é rock! Conheça mais: https://www. facebook.com/ Jornal o Cidadão 11
Fotos: Divulgação
iego Lima, começou contando como funciona o evento mais diferente já feito na favela da Maré. “O rock aqui é bem mais ativo. Ter algo diferente é sempre bom e em todo show sempre dá bastante gente, mesmo até os que não se rotulam como roqueiros sempre estão presentes, os menores sempre com as mães. Só acho que deveria ter mais eventos”. Diego também falou um pouco dessa mobilização de roqueiros para construção de eventos e shows. “Acho que essa união é pela música, pela amizade e pela loucura de cada um, como um bom observador. Vi que todo
Fotos: Renato Consentino
Capa
Megaeventos e remoções O que acontece com quem “vive no caminho” da Copa e das Olimpíadas? Jornal o Cidadão 12
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Rio de Janeiro vem se preparando para receber grandes eventos como a Copa do Mundo, em 2014 e os Jogos Olímpicos, em 2016. Em diversos veículos da grande imprensa, como jornal, televisão e rádio é percebido um clima de euforia, festa e alegria. Porém, a realidade é problemática e impressionante. Principalmente porque as obras atingem negativamente boa parte da população. O impacto das intervenções urbanas tem atingido milhares de moradores de favelas. Muitos são vítimas de remoções forçadas e despejos causados, por exemplo, pela especulação
Algumas das favelas ameaçadas por remoções Na cidade do Rio de Janeiro, grande parte dos alvos das remoções antes dos megaeventos são as favelas. O Morro da Providência, a primeira favela do Brasil, tem de 800 a 2.000 casas ameaçadas. A previsão é de que as famílias atingidas sejam realocadas em bairros distantes de sua realidade como Cosmos, Realengo e Campo Grande. A Vila Autódromo é outra favela ameaçada. A antiga colônia de pescadores ocupada desde a década de 70 tem a maioria das casas ameaçadas pela Prefeitura. A Prefeitura e seus investidores querem construir ali parte do Parque Olímpico
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Fotos: Renato Consentino
imobiliária. Segundo dados do “Dossiê Megaeventos e Violações dos Direitos Humanos”, lançado pelo Comitê Popular Rio Copa e Olimpíadas em 2012, cerca de três mil famílias já foram removidas de seus locais de moradia. Outras sete mil famílias estão ameaçadas de remoção. No total, são cerca de dez mil famílias impactadas.
Residência em Campinho, casa completamente destruída
e transferir seus moradores para um conjunto habitacional do programa Minha Casa, Minha Vida. Porém em 1994 a Vila Autódromo passou a ter direito de concessão de uso por 99 anos concedido pelo governo estadual depois de muita luta e resistência. No local vivem 236 famílias (939 moradores). Mandacaru, no Conjunto de Favelas da Maré, foi uma das primeiras favelas ameaçadas por essa política de remoções já em 2007. Até hoje os moradores convivem com a sobra do despejo. Na época, a dona de
casa Marta Rodrigues, 50 anos, protestava dizendo que foram os moradores que ajudaram a desenvolver o local: “Eu acho isso um absurdo. Há oito anos quando eu vim morar aqui, só tinha mato, agora eles querem tirar a nossa casa por 1.400 reais, nos deixando sem condições de comprar outra casa”, disse. Na opinião de Rogério Santos, 42 anos, morador da Maré, pós graduado em Políticas Territoriais no Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e Política e Planejamento Urbano (IPPUR/UFRJ), “a população sofre com essa ‘mobilização’ dos governantes (tanto da esfera Municipal, Estadual ou da própria União) em prol do ‘avanço da modernidade’. Para citar exemplos podemos lembrar das ‘operações urbanas’ no Conjunto de Favelas do Alemão e no Morro da Providência, onde foram instalados teleféricos sem uma sensata consulta à população local. O ideal seria uma realocação desses moradores para áreas próximas de suas antigas residências, como foi realizado no processo de implementação do ‘Projeto Rio’, aqui na Maré, nos anos 80 do século passado”, afirma.
Fotos: Renato Consentino Jornal o Cidadão 13
Capa A resposta popular nas ruas
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m junho, o Brasil parou. E não foi pela alegria de ver a seleção brasileira em campo na Copa das Confederações, e sim pela onda de manifestações populares, a maior na história recente do país. Durante todo o mês milhares de pessoas protestaram, principalmente nas seis cidades sede do torneio (Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Recife e Fortaleza). Para a Copa do Mundo, em 2014, existe a possibilidade de uma nova onda de protestos.
A relação entre UPPs, megaeventos e remoções
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s manifestações populares que mobilizam o país desde junho reivindicavam inicialmente o cancelamento do aumento da tarifa do transporte público. Hoje o clamor das ruas se mistura e a população não quer mais que as decisões sejam tomadas de cima para baixo. A sociedade quer cada vez mais a participação popular nas decisões. Com mais de cem favelas na Jornal o Cidadão 14
lista das remoções e mais outras sendo invadidas por uma falsa promessa de segurança pública, as favelas também estão nas ruas cobrando direitos básicos como: saúde, educação, moradia, saneamento básico, transporte e trabalho. O povo não é contra os grandes eventos, mas como pensar em gastos bilionários com “copas”, se não temos nossos direitos básicos de sobrevivência garantidos?
ocupação policial das favelas tem sido outra política adotada no Rio de Janeiro. E como a cidade está no roteiro turístico mundial nos próximos dois anos, além das remoções para “limpar” a cidade, “cinturões de segurança” tem sido criados, sobretudo, nas áreas ricas da cidade É como se os moradores de favela, que moram próximos a esses lugares, fossem uma ameaça aos eventos e às pessoas. Até Outubro deste ano, 36 favelas já estão ocupadas pela chamada Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). O Conjunto de Favelas da Maré é um dos lugares que está na lista do estado para a implementação dessa política já que está na rota do Aeroporto Internacional. A iminência da entrada de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) na Maré gera alguns questionamentos de moradores.
Fotos: Renato Consentino
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direitos humanos e a dinâmica social dos territórios favelados. Então, a simples presença das UPPs já caracteriza uma violação, pois institucionaliza políticas diferenciadas em territórios de uma mesma jurisdição”, disse. Além disso, Marcelo afirma ainda que “esta é a materialização do Estado Paralelo de fato. O que ratifica nossa análise são as inúmeras denúncias e constatações de violações dos direitos humanos das pessoas e a incompetência e/ou descaso da polícia em conseguir agir
Fotos: Renato Consentino
É o caso de Francisco Marcelo, morador da Vila do João e doutorando pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Para ele, “a implantação da UPP envolve uma série de equívocos e violações dos direitos humanos. O que se entendia como contrário já que o grande violador dos direitos humanos historicamente são os grupos armados. Com a presença permanente do braço armado do Estado nas favelas percebeu-se mais nitidamente que a polícia não está preparada para atuar da devida forma, que seria respeitando os
de forma diferente. As operações para ocupação da Maré já tiveram início há tempos e essas, como todas as demais, são marcadas pela violência, pé na porta, desrespeito, bala perdida e ainda atual, “auto de resistência”. Roberta Silva, 28 anos, moradora do Salsa e Merengue, comenta também sobre sua percepção de favela com UPP já que tem amigos nos lugares já ocupados. Pelo que eu tenho visto, a polícia usa do hábito de proibir. Por exemplo, eles proíbem o uso de som, não por que prezam pelo bem-estar comum, mas sim porquê proíbem mesmo”, conclui. Muitos moradores destas favelas que estão hoje ocupadas pela UPP afirmam que além das frequentes violações de direitos humanos, eles também têm sofrido com o aumento do valor do terreno. Por isso os moradores necessitam procurar outras favelas mais “baratas” para morar. Alguns moradores e estudiosos chamam esse fenômeno de “Remoção Branca”.
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Esporte
Atividade física como qualidade de vida A prática do esporte e a consequente melhora na saúde tem aumentado entre os mareenses Por Eliano Felix
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JHENRI
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orrer, nadar, andar de bicicleta, malhar...Cada vez mais as pessoas tem procurado praticar algum tipo de exercício físico. Na academia ou por conta própria, à luz do dia, como uma simples pedalada na ciclovia, por exemplo. No Conjunto de Favelas da Maré não é diferente, com o crescente número de academias disponíveis e, alguns projetos visando a prática de atividade física na terceira idade, muita gente tem colocado a “máquina” pra funcionar. A desculpa pode ser a falta de tempo. Mas temos algumas opções, inclusive, atividades gratuitas! Academias, ciclovia, Vila Olímpica, unidades de esporte e lazer e até um campo universitário inteiro com diversas opções de práticas esportivas ao ar livre, como corrida e a tradicional pelada do final de semana. Para alguns que preferem as academias, “puxar ferro” muitas das vezes significa apenas ter o físico dos sonhos. Para outro grupo, além dos músculos, a qualidade de vida e a consequente disposição para encarar bem a semana de trabalho é o objetivo. Nos últimos anos, tem crescido o número de pessoas preocu-
padas em conciliar a malhação com a qualidade de vida. O caso de Luciana Oliveira, 32 anos, recepcionista, moradora da Vila do João e frequentadora de academia. “Praticando exercícios posso ter mais saúde e disposição, pois ganho em resistência física e força muscular e ainda reduzo a ansiedade e o estresse do dia a dia”, revela Luciana. Já para Renato de Carvalho, 28 anos, bancário e morador da Vila do Pinheiro, malhar já faz parte da sua rotina. “Acordo bem cedo, tomo um café leve e vou pra academia, quando volto faço um lanche, tomo banho e
vou trabalhar. Consigo trabalhar bem e disposto durante todo o dia, a prática de exercício me ajuda muito nesse sentido”, disse. Segundo o professor de Educação Física, Victor Hugo, 44 anos, da Academia Brandel’Hil, na Vila dos Pinheiros. ”Os benefícios da prática de exercícios só fazem bem à saúde”, disse. Lembrando que esta não pode ser uma prática para valorização do corpo e sim da saúde. Além disso, todos estes tipos de exercícios citados na matéria, devem ser acompanhados por algum especialista.
Geral
Ainda Não Pensei: O novo Jornal Comunitário de Niterói O comunitário é fruto do curso sobre Educomunicação realizado no Morro do Preventório Por Rafael Lopes
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om o objetivo de mostrar o dia a dia da favela, um grupo de dezesseis simpáticas meninas lançou no primeiro semestre deste ano, o ‘Ainda Não Pensei’. O jornal comunitário do Morro do Preventório, localizado na Zona Sul de Niterói. O impresso é fruto da oficina de educomunicação do Grupo Paiol Cultural, que aconteceu no final do ano passado. “Muitas pessoas aqui não pensam sobre saneamento. Têm outras coisas que precisam melhorar. Existe gente que não liga para isso. A gente quer o melhor para comunidade. O nome do jornal é para isso, para que todos pensem os problemas”, comentou Pamela Sebastião sobre os bastidores da produção do jornal e o que ela acredita poder fazer mudar o pensamento de
todos os moradores do Preventório. Uma das coordenadoras do projeto, a jornalista Jéssica Santos conta que a ideia surgiu a partir do projeto de leitura crítica, realizado pelo Sesc Niterói, em parceria com o Paiol Cultural e o Banco Comunitário do Preventório, em novembro do ano passado. Segundo ela, com a turma já formada, foi mais fácil colocar a ideia em prática. “Trabalhamos sempre pautados no desenvolvimento da consciência crítica e a autonomia dos sujeitos envolvidos nos projetos. Na Grota (favela vizinha) também já existe jornal. Queremos, com o tempo, colocar em atividade outros meios de comunicação, como o rádio, por exemplo”, disse Jessica. Durante o evento, a roda de pa-
lestra debateu a importância da comunicação comunitária como construção da identidade favelada. Um dos convidados para o bate papo foi, Pedro Martins, representante nacional da Associação Mundial das Rádios Comunitárias (Amarc), apontou a força do rádio como instrumento de comunicação capaz de produzir o efeito de organizar rapidamente as pessoas. “A rádio tem papel muito importante, não é à toa que os poderosos, no Brasil, querem uma lei que restrinja nosso direito de fazer rádio, de fazer tevê. Acontecendo alguma coisa, você consegue se comunicar na hora. Durante as tragédias das chuvas da região serrana, o veículo mais importante foi a rádio comunitária de Friburgo. Ela foi fundamental para salvar vidas, funcionado 24 horas”, explica Pedro. A coordenadora do jornal “O Cidadão”, do Conjunto de Favelas da Maré, Gizele Martins, falou sobre os desafios e alegrias de se fazer o jornal. “A força da comunicação comunitária está exatamente nisso, criar laços. Fazer com que pautemos aquilo que agrava o dia a dia da favela. De fazer com que, por exemplo, a gente se sinta orgulhoso de morar em uma favela. É também valorizar a nossa cultura popular. É trocar ainda experiências com quem faz outros meios de comunicação”, finalizou. Jornal o Cidadão 17
Musical
Geração Retrô
As décadas de 60, 70 e 80 nas ruas e bailes da Maré Por Renata Gilherme
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que deu: sucesso total na favela, que já clama por outro baile.” Lilian, a amiga que deu um show na organização com Beto, diz que “a repercussão foi ótima e atingiu o nosso propósito de divertimento para pessoas que tinham saudade dessa época e também os mais jovens”. Para terminar essa matéria, entrevistamos um dos mais badalados moradores mareenses: Begha Silva, músico da Maré. Ele fala de como é ver a favela bombando com altas festas como o Baile do Forninho. “A festa foi maravilhosa! Quero parabenizar a organização, aos visitantes e moradores. Gostaria muito que
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essa festa fosse todos os meses, todos sentimos saudades dos bailes das antigas, onde nos divertíamos, nos amávamos, namorávamos. Estou muito emocionado,” comentou. O casal Nilson e Shirley, casados há 32 anos e “namorados” há 45, também curtiram bastante. “Ouvir Manhattan e poder dançar coladinhos nos emocionou, lembramos do passado, apesar de tanto tempo juntos, ainda nos amamos demais”.
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o último dia 7 de Setembro na Quadra da Escola de Samba Boca de Siri, na favela Roquete Pinto, aconteceu o “Baile do Forninho, a noite do Flashback.” O baile é organizado pela funcionária pública Lilian Aguiar, 36 anos, e pelo auxiliar administrativo, cantor e compositor Beto Meira, 43 anos. Perguntamos ao Beto: por que voltar a fazer o Baile do Forninho que já foi um sucesso há quarenta anos na comunidade? E ele respondeu: “A ideia de fazer um evento desses novamente aqui na Roquete Pinto veio da percepção de que as pessoas que viveram aquela época sentem muita saudade. Tinha um baile na Associação de Moradores cujo espaço era pequeno. Tinha sempre muita gente e vivia lotado. Por isso era quente demais. Daí o nome Baile do Forninho. Desde 2010 tentava realizar o evento, mas não conseguia. Estava na luta já com data marcada e tudo, mas sem apoio nenhum! Até que convidei a Lilian Aguiar para abraçar o projeto e deu no
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Primeira rua da Maré
Geral
O Cidadão volta à rua onde moradores reclamavam de abandono e pergunta ao presidente da Associação sobre melhorias
Fotos: Eliano Felix
Por Eliano Felix
Rua mais cuidada e aviso aos moradores
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a edição de número 54 do jornal O Cidadão de 2008, publicamos uma matéria, onde existia uma grande preocupação dos moradores do Conjunto Esperança em relação às condições de conservação da rua José Moreira Pequeno, primeira rua da Maré para quem acessa o conjunto de favelas através da Avenida Brasil. Voltamos ao Conjunto Esperança e conversamos com o presidente da Associação de Moradores, Pedro Francisco, para saber o que foi feito para melhorar o acesso e a circulação das pessoas pelo local. O Cidadão: Uma das grandes preocupações dos moradores, na época, era em relação ao lixo, que se espalhavam pela rua, isso melhorou? Presidente da Associação dos Moradores – Pedro: Há dois anos, firmamos parcerias com o responsável pelos garis comunitários, Sr. Rogério Lima, mais o Administrador regional,
Del. Fizemos uma reunião e decidimos que, devido ser a primeira rua da comunidade, claro que não só por isso mas, por ser a porta de entrada da Maré, deveríamos ter uma melhor apresentação. Então, junto a comerciantes e moradores, fizemos um pacto de manutenção e melhorias, parcerias na iluminação, limpeza. Parte cabendo à associação, parte cabendo aos moradores na conservação da rua. Com isso se tornou menos difícil essa manutenção. O Cidadão: Outra questão era em relação à iluminação, como está agora? Pedro: Com a parceria com a Adm. Regional e o contato com a Rioluz, reformamos a maioria da iluminação na rua, além de dobrar o número de refletores. O Cidadão: Vocês não tinham garis comunitários, ainda enfrentam esse problema? Pedro: Hoje não temos esse proble-
ma, como falei antes, devido às parcerias firmadas, além dos dois garis comunitários fixos, temos três apoios. Fizemos também uma melhor redistribuição do trabalho desses garis em nossas ruas, assim, conseguem dar conta da limpeza e manutenção sem precisar refazer o serviço, como antes. O Cidadão: Na época, a presidente da Associação era Marilene Lopes, e ela dizia que achava importante o trabalho de conscientização de todos da comunidade. Existe um trabalho nesse sentido? Pedro: Sim, trabalhamos a conscientização dos moradores em conversas com comerciantes, placas educativas. Fazemos a cada três meses uma reunião com todos os síndicos (35 síndicos), passamos nossos informativos a eles, onde repassam aos moradores a importância de cada um fazer a sua parte, na conservação e limpeza de nosso conjunto. Não chegamos ainda na meta ideal, mas é um trabalho contínuo nosso. O Cidadão: Que serviços e atividades são oferecidos ao morador do Conjunto Esperança na Associação? Pedro: Temos ginástica da terceira idade, futebol infantil, capoeira, judô, assessoria jurídica e, em breve teremos um projeto de inclusão digital. O Cidadão: Hoje, qual o maior desafio enfrentado pela Amace? Pedro: Hoje nossa grande prioridade é manter o que vem sendo feito. Além de melhorar o acesso dos moradores em relação às calçadas, sinalização das ruas com placas e números nos blocos residenciais. E, lutar por projetos sociais, ainda temos uma carência nesse sentido, e queremos ocupar a mente dos jovens e adolescentes dessa comunidade.
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Rascunho MENINOS DO BRASIL
Acontece no CEASM
Autor: Edilberto José Soares Rio - 2004 Um grito sufoca o peito Um que não um grito que não saiu São os filhos sem um leito São os filhos sem um peito São os filhos sem justiça São os filhos sem cultura... São os filhos sem os livros São os filhos sem o leite Desta Pátria Mãe Brasil Um tiro corta o dia Um tiro corta a noite No peito, na alma os açoites Destes verdugos hostis Dos meninos sobreviventes Desta Pátria Mãe Gentil Não foi tiro de estilingue Foi matracar de fuzil Dos guerrilheiros urbanos Que fizeram dos meninos Guerrilheiro urbano Desta Pátria Mãe Brasil No peito não trazem medalhas Nem divisas de patentes Não lutam por ideais São simplesmente sobreviventes Pois estão na guerra inocentes Foi isto o que fizeram Com os sonhos varonis Dos meninos sobreviventes Desta Pátria Mãe Gentil O verde , o amarelo O branco, o azul anil Estão manchados de vermelho É o sangue de inocentes Dos filhos deste Brasil Fruto do egoísmo Dos que se dizem lideres Desta Pátria Mãe Gentil Quantos já morreram? Quantos há de morrer? Para esta gente entenderem Que cada Brasileirinho morto Morre também... Um pedacinho do Brasil.
Dicas da Vovó Segue as dicas da vovó: Pode cortar a que você achar melhor. Na cozinha… 1. Para tornar o detergente mais eficaz, acrescente algumas gotas de vinagre no recipiente e misture bem. O vinagre potencializa o poder de desengordurar, além de proporcionar um brilho extra às louças e panelas. 2. Para tirar o cheiro de alho, cebola e água sanitária das mãos, basta esfregar os dedos em uma peça de aço inoxidável (pode ser um talher) sob água corrente. 3. Para o arroz ficar bem soltinho, acrescente uma colher de vinagre na água do arroz na hora do cozimento. Já para soltar o arroz que ficou empapado, coloque-o em uma peneira e passe sob água fria, como se fosse macarrão. No banheiro… 4. Evite deixar o cesto de roupa suja no banheiro, pois pode gerar mau cheiro. O lugar ideal para elas é na lavanderia!
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PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
www.coquetel.com.br Período de Profissioassistência nal que técnica de assessora um produto viajantes Pertencente ao campo
© Revistas COQUETEL 2013
Varredor de ruas (bras.) Cada divisão da piscina olímpica
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Entulho com que se nivela um terreno
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A arte e técnica do ator
Albert Einstein, físico
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Parte do paletó onde se coloca o cravo
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Nome do mordomo do Batman (HQ)
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Instrumento básico da agricultura
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Observa; nota Mamífero roedor
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Higiene recomendada por dentistas Equipamento que fiscaliza o trânsito (?) 9003: certificado de qualidade
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Clareador de pelos A “baleia assassina”
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Caminhar; dar passos Peça de lavatório
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F (?) bolas!: expressão de enfado
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Sustentam o corpo A chuva no sertão
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O exame realizado no teste de 3 paternidade
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Sigla de Polícia Militar
Jogo de tabuleiro com 24 peças
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Locomove-se como as aves
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dos mágicos
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Solução G R U V I A I D E T B U R I S A M O
As melhores AventurAs
3 copos médios (tipo requeijão) de água filtrada 3 ovos inteiros 3 copos médios (tipo requeijão) de açúcar gotas de baunilha (a gosto) 1 pacote de 400 gramas de leite em pó.
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PUDIM DO MAURICIO
MODO DE FAZER: Coloque os ingredientes na ordem acima no liquidificador e bata bem. Ponha para assar em banho maria, em forma de pudim (com buraco no meio). Quando espetar o garfo e sair sequinho está pronto, coloque para gelar e desenforme. PRONTO! PODE COMER Maurício Voltaire (9 anos)
Ilustrado ARTE SOBRE FOTO DO SITE UOL NOTICIAS
Meu Deus!!!
Sugestões de charges para a próxima pagina ilustrada: escreva para o Jhenri arrouba3@gmail.com facebook:https://www.facebook.com/josehenrique.gomes.3 blog do cidadão: http://ocidadaonline.blogspot.com.br/
Pra que tanto barulho!?
O que Valeu? A coragem do povo em não se deslumbrar com a Copa e partir pra rua , para mostrar a cara contra tudo o que tentou ser esquecido pelos govenrnantes.
O que não Valeu?
«O futebol é mais forte que a insatisfação das pessoas, afinal o Brasil foi quem quis a Copa»
O oportunismo de alguns «bardeneiros» , que se aproveitaram das manifestações para tentar transformar um evento social, em um terrorismo coletivo, onde a violência seria a principal protagonista.
Presidente da Fifa, Joseph Blatter, quando questionado sobre as manifestações no Brasil
Voce foi as Ruas ou Apoiou?O Cidadão também!!
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Memória
OS TEMPOS DA MARÉ
Fotos: Museu da Maré/Inter-
A exposição do Museu da Maré foi inaugurada no dia 8 de maio de 2006. Durante os sete anos em que esteve aberta ao público, a exposição “Os Tempos da Maré” foi visitada por mais de 40 mil pessoas
Equipe “O Cidadão”
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exposição do Museu da Maré foi inaugurada no dia 8 de maio de 2006. Durante os sete anos em que esteve aberta ao público, a exposição “Os Tempos da Maré” foi visitada por mais de 40 mil pessoas. Depois de permanecer fechada por quase um ano, a exposição foi reaberta com uma grande festa que contou com a participação de muitos amigos e moradores das comunidades. Além de preservar a memória da fábrica onde foi instalada, a exposição apresenta vários temas sobre a vida dos moradores da Maré. Esses temas são organizados Jornal o Cidadão 24
em 12 tempos que formam um grande calendário. Água, migração, casa, trabalho, resistência, feira, festa, fé, cotidiano, criança, medo e futuro são os temas discutidos na exposição, que mistura vários períodos da história da Maré, desde sua formação até o tempo presente. A inspiração para esse formato da exposição surgiu em 2005, depois da elaboração do calendário “Família Maré”. Vários moradores cederam fotos de seus arquivos pessoais e deram depoimentos para compor o calendário, que permanece até hoje em lugares de destaque em suas casas.
Desde o início do Museu, os moradores vêm colaborando com o projeto. Sem essa participação nada teria sido possível. Os sete anos de existência do Museu da Maré vão se prolongar por muito mais tempo, enquanto tivermos a colaboração, a amizade e o carinho de tantas pessoas como você que está lendo esta página do jornal O Cidadão. Você faz parte da nossa história e graças à sua participação, o Museu está pronto para receber mais 40, 50, 60, 100 mil novos visitantes. Vida longa ao Museu e à memória dos moradores da Maré!