DOSSIER 115
revista técnico-profissional
o electricista Manuel Farias LIQ
segurança nas instalações eléctricas
As instalações eléctricas em baixa tensão constituem, em regra, um dispositivo de alimentação e de utilização de instrumentos tão diversos como os aparelhos de iluminação, electrodomésticos, máquinas eléctricas, aparelhos de comunicação e de tratamento de informação, força electromotriz aplicada em bombagens, elevação, transporte, etc, etc. Para a maioria destas aplicações, os seus utilizadores são cidadãos anónimos e não profissionais em qualquer uma das tecnologias que esteve presente na concepção, fabrico e instalação de todos estes recursos que utilizam a energia transportada por uma corrente de electrões movida por uma tensão eléctrica, tornando muito crítica a segurança destas instalações em todos os cenários possíveis da sua utilização. Assim, a segurança de uma instalação eléctrica é um processo algo complexo, mas sobretudo global, no qual intervêm inúmeros factores. Os principais destes factores são: a adequabilidade técnica dos materiais ao propósito e à natureza das instalações, a qualidade intrínseca dos materiais e o respeito pelas regras da arte empregues pelo instalador. A existência de um projecto competente pode ser determinante para assegurar os dois primeiros aspectos, a qualificação e a ética profissional respondem pelo último. Para que os três aspectos atrás enunciados sejam submetidos a um processo de controlo, deverão corresponder a outras tantas fases distintas e separadas, associando-lhes disposições de controlo e de aprovação apropriadas para cada uma delas. A inspecção final, realizada sob as metodologias da CERTIEL, é uma validação de todo o processo, para visibilidade externa, que não substitui qualquer uma destas acções de controlo ou de auto-controlo. O bom desempenho económico de uma instalação não dispensa a capacidade de fazer bem à primeira vez, nem o respeito e o bom serviço ao consumidor ou contratante poderão ser postos em causa, na sua qualidade de cliente. Verifica-se, deste modo, que a existência de um projecto competente
e aprovado, ainda que não sejam envolvidos os serviços da CERTIEL, é uma mais valia que permite defender os direitos do consumidor e proporciona condições ao instalador para produzir com maior economia e mais segurança. De igual modo, a utilização exclusiva de materiais com evidência de aprovação e conformidade com as respectivas normas, é condição inegociável para proporcionar uma instalação segura. Todavia, nesta matéria, deverá ter-se em conta as limitações do significado e das garantias proporcionadas pela marcação CE que, em muitos casos, é apenas uma declaração unilateral do fabricante, aposta sem controlo e sem idoneidade independente; a permissividade da fiscalização vigente, aliada à desinformação que ainda existe entre nós, permitem a utilização de materiais com "qualidade" enganosa, embora a marcação CE seja ostensivamente exibida. Finalmente, as regras da arte empregues no serviço do instalador, apenas se podem alicerçar na qualificação, embora possam ser confirmadas por acções de controlo independente ou mesmo por autocontrolo. Assiste-se a uma intensa procura de acções de formação, a pretexto das novas Regras Técnicas das Instalações Eléctricas em Baixa Tensão, contudo, para a generalidade das actividades técnicas e profissionais, a formação contínua é o alicerce do desempenho e um recurso fortemente diferenciador na competitividade económica. O auto-controlo exercido pelo instalador sobre as suas próprias actividades e tarefas, por mais elementares que sejam, constitui um exercício de credibilização e de reforço da sua capacidade para executar bem e à primeira vez. A preparação do trabalho deve incluir a elaboração de check-list com pontos de controlo estabelecidos e critérios de aceitação da qualidade do trabalho realizado. Esta ferramenta preventiva deverá ser indispensável a qualquer profissional que não pretenda fazer do acaso um parceiro de trabalho, garantindo a satisfação do seu cliente e a certeza de que a inspecção da CERTIEL será, como deve ser, um acto de validação final, com visibilidade pública e independente.