Redes de baixa tensão inteligentes

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LUZES

redes de baixa tensão inteligentes

Até ao presente, as redes eléctricas de baixa tensão têm sido redes de funcionamento unidireccional, ou seja, o fluxo da energia eléctrica faz-se dos postos de transformação onde se faz o abaixamento da tensão para os consumidores. Tendo em conta este modo de funcionamento as redes são projectadas considerando que o sentido das quedas de tensão aponta do posto de transformação para o consumidor mais longínquo e que basta fazer a monitorização da rede naquele posto. Acontece que com o advento da micro-produção de energia baseada em energias renováveis, em que qualquer consumidor poderá estabelecer um contrato que lhe permite injectar energia eléctrica na rede de baixa tensão, alguns dos pressupostos existentes deixam de verificar-se. Dependendo da relação de valores existente entre os consumos e a energia injectada na rede, a existência de pontos de injecção após o posto de transformação, poderá ter como consequência a inversão do sentido da queda de tensão em alguns troços da rede, podendo fazer com que o valor da tensão em alguns pontos suba acima dos valores esperados e desejados, o que poderá ter consequências nefastas no funcionamento e longevidade de alguns equipamentos eléctricos. Assim sendo, à medida que a quantidade de energia injectada pelos micro-produtores vai aumentando, vai sendo cada vez mais necessário monitorizar o funcionamento da rede em mais pontos para prevenir a existência das situações indesejáveis. Estamos, por isso, no ponto em que é necessário começar a conceber redes de baixa tensão de funcionamento bidireccional, com um maior nível de monitorização e com gestão e controlo distribuído. Isto representa uma pequena revolução na forma de conceber uma rede de distribuição em baixa tensão e será necessário desenvolver conhecimentos e aperfeiçoar competências.

Custódio Pais Dias Director

Um dos equipamentos que pode permitir aumentar o nível de monitorização da rede é o contador de energia eléctrica que existe à entrada da instalação de cada cliente. Tradicionalmente, os contadores têm-se limitado à estrita indicação do valor da energia fornecida ao cliente. Contudo, a utilização de tecnologia digital nestes equipamentos abre a possibilidade destes poderem fornecer uma variada gama de informações, que serão necessárias à gestão e controlo distribuído da rede. Dando o primeiro passo para esta realidade a EDPEnergias de Portugal promoveu recentemente a instalação de contadores “inteligentes” nos consumidores da cidade de Évora. Estes contadores cumprem um duplo objectivo, fornecer ao consumidor informação que o auxilia a aumentar a eficiência energética da sua instalação e dispôr de um equipamento que permite fazer a monitorização do funcionamento da rede num vasto conjunto de pontos da mesma. Actualmente, dado que a energia injectada na rede pelos micro-produtores tem ainda um valor pouco significativo comparando com a energia em trânsito, a ênfase na utilização dos novos contadores é colocada na gestão de energia por parte do consumidor, na medida em que com este equipamento tem possibilidade de aceder a informações sobre o consumo da sua instalação que lhe permitem, por exemplo, verificar se lhe será favorável a alteração do tarifário poupando na factura da energia e, também, avaliar o peso que tem certos equipamentos no consumo global da instalação, o que pode ser útil numa reflexão sobre a sua eficiência energética. Embora para já se esteja a sublinhar a importância que o novo contador de energia eléctrica poderá ter ao nível dos consumidores, o certo é que ele constitui o primeiro instrumento de uma rede de distribuição inteligente, pelo que a sua instalação é o primeiro passo para que ela se concretize.

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