DOSSIER
revista técnico-profissional
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o electricista Carlos Gaspar Director Técnico, CMFG – Energia e Ambiente, Lda.
eficiência energética na indústria
{1.ª PARTE - AUDITORIAS ENERGÉTICAS}
1› ÂMBITO, NATUREZA E IMPORTÂNCIA As relações entre Energia e Ambiente nas vertentes da oferta e da procura são sobejamente conhecidas. É também de conhecimento geral que a produção e utilização de energia estão na base de muitos dos problemas ambientais que enfrentamos, nomeadamente as alterações climáticas. Assim, a correcta e eficiente utilização da energia preconiza economias que conduzem a benefícios que vão de uma escala global, a nível nacional ou até mesmo mundial, até uma escala parcial, ao nível do consumidor, com a consequente redução da factura de energia e o aumento da sua competitividade. O peso da factura energética nos custos de exploração duma empresa do sector industrial é habitualmente baixo (5% a 20%), quando comparado com o peso de outros factores de produção, nomeadamente mão-de-obra e matéria-prima. A gestão de energia é por isso frequentemente negligenciada, facto que gera significativos desperdícios de energia e contribui para a redução da competitividade das empresas. Contudo com o escalado aumento dos preços da energia, este é um factor que, cada vez mais,
tem importância na estrutura de custos de uma instalação industrial. Adicionalmente, continua presente na mente de alguns industriais a ideia de que o crescimento económico acarreta necessariamente um aumento dos consumos de energia. O conceito de Utilização Racional de Energia, surgido no seguimento dos chamados choques petrolíferos, veio alterar decisivamente a forma de encarar a energia, demonstrando ser possível crescer sem aumentar os consumos ou afectar a qualidade da produção. A chave da questão designa-se gestão de energia. Como qualquer outro factor de produção, a energia deve ser gerida contínua e eficaz. Embora o argumento da competitividade continue naturalmente a ser aquele que mais sensibiliza a generalidade dos industriais, a crescente pressão ambiental veio reforçar a necessidade de utilizar eficientemente a energia. Seja por imposição legal, seja pela necessidade de cumprir requisitos ambientais como forma de aceder a sistemas de apoio ou simplesmente por uma questão de imagem ou pressão da opinião pública, cada vez mais a eficiência energética está na ordem do dia.
É para além disso unanimemente aceite que, mais cedo ou mais tarde, instrumentos políticos de mercado, como taxas ou impostos ambientais, introduzirão finalmente o princípio do poluidor pagador, penalizando fortemente as empresas menos preparadas.
É assim que assumem particular importância o levantamento e a auditoria energética. Com efeito, qualquer processo de gestão de energia terá necessariamente que começar pelo conhecimento da situação energética da instalação. O princípio é óbvio - para gerir é indispensável conhecer o objecto de gestão. O levantamento energético pode interpretarse como a primeira radiografia ao desempenho energético da unidade fabril. Através