Motores trifásicos de muito alto rendimento: considerações técnico - económicas

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DOSSIER

revista técnico-profissional

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o electricista

Fernando J. T. E. Ferreira1,2 e Armindo M. Teixeira3 Dep.º de Eng.ª Electrotécnica, Instituto Superior de Engenharia de Coimbra (ISEC) 2 Instituto de Sistemas e Robótica, Universidade de Coimbra (ISR-UC) 3 WEGeuro - Indústria Eléctrica, S.A.

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motores trifásicos de muito alto rendimento {CONSIDERAÇÕES TÉCNICO-ECONÓMICAS}

Actualmente os motores de alto rendimento de Classes IE2 e IE3 já são obrigatórios nalguns países. No entanto, alguns fabricantes estão a introduzir no mercado motores de rendimento ainda superior, de Classe IE4. Também se está a considerar a criação de uma nova Classe de rendimento IE5. Dentro da Classe IE4, os motores de ímanes permanentes de arranque directo são uma entrada recente no mercado industrial. O seu desempenho em regime permanente é excelente mas, como em todas as tecnologias, há que ter em conta algumas potenciais desvantagens, tanto no caso de substituição de motores de indução em aplicações existentes como no caso de novas aplicações. Neste artigo, para além de uma visão geral das normas internacionais relacionadas com o desempenho dos motores eléctricos, apresenta-se uma análise técnicoeconómica comparativa de motores comerciais de 7,5 kW de Classes IE2, IE3 e IE4 e os resultados de um caso real de substituição de um motor de indução de 5,5 kW com rotor em gaiola de esquilo por um motor de ímanes permanentes de arranque directo de Classe IE4. Palavras-Chave – Rendimento, Perdas, Motores Eléctricos, Normas/Standards, Classes de Rendimento IE2, IE3 e IE4, Motor de Ímanes Permanentes de Arranque Directo, Motor de Indução Trifásico com Rotor em Gaiola de Esquilo.

I. INTRODUÇÃO A nível mundial, os motores eléctricos são responsável pelo consumo de mais de 40% da energia eléctrica. Na União Europeia (UE), os Sistemas Eléctricos de Força Motriz (SEFM) consomem mais de 2/3 da energia eléctrica na indústria e cerca de 1/3 da energia eléctrica no sector terciário (edifícios não residenciais). Mais de 85% dos SEFM industriais integram motores de indução trifásicos com rotor em gaiola de esquilo (MIRG), sendo, de longe, o tipo de motor eléctricos mais utilizado [1-4]. Pelo facto de representarem a carga eléctrica industrial mais relevante, os motores eléctricos industriais tornam-se particularmente atractivos para o investimento na melhoria do seu rendimento, uma vez que tal se traduz em reduções significativas no consumo energético e, consequentemente, no aumento da competitividade e na redução do impacto ambiental das explorações industriais [1-4]. Actualmente, no contexto do mercado global, um dos tópicos mais importantes é a harmonização das normas/standards dos motores eléctricos relacionadas com o seu desempenho, com a sua classificação em função do rendimento nominal e com a definição dos seus parâmetros nominais [5]. Como resultado de um significativo esforço na última década no sentido da harmonização global das normas/ standards associadas aos motores eléctricos industriais, particularmente das relacionadas com o seu desempenho, existe actualmente um conjunto de normas internacionais da Comissão Electrotécnica Internacional (IEC1), que se apresentam resumidas na Tabela 1 [6]. Presentemente, tanto as normas IEC 60034-2-1 e IEC 60034-30 [7, 8] estão sob revisão, e estão a ser preparadas novas propostas para as suas segundas edições (a última proposta da norma IEC 60034-2-1 foi preparada em Junho de 2011). Para a norma IEC 60034-2-3 [9], existe apenas uma proposta, uma vez que esta não foi aprovada em Setembro de 2011 (será apresentada uma nova proposta em 2012) [5]. 1

IEC - International Electrotechnical Committee. Instituição que define normas internacionais relacionadas com electricidade e equipamentos eléctricos.


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