Qualidade de energia

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DOSSIER

revista técnico-profissional

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o electricista Hugo Gaspar Gestor de Produto – área “Medida”, QEnergia, Lda.

qualidade de energia A crescente perceção e mediatização dos problemas da Qualidade da Energia Elétrica (QEE) e o seu potencial impacto na competitividade das empresas exigem um maior esclarecimento de todas as partes com responsabilidades no setor elétrico, desde o produtor até ao utilizador final, passando pelo operador de rede, fabricantes de equipamento, bem como pelas entidades governamentais e de regulação. As caraterísticas da onda de tensão de alimentação no ponto de entrega ao cliente, que definem uma boa ou má qualidade da energia, devem respeitar a Norma NP EN 50 160 (versão portuguesa da Norma EN 50 160 para a Qualidade de Onda de Tensão), o disposto no anexo IV do RQS (Regulamento de Qualidade e Serviço) Portugal Continental, em Muito Alta Tensão (MAT) e Alta Tensão (AT), o disposto em Norma complementar, para o transporte a 60 kV na Madeira e o disposto no anexo n.º 2 do RQS Açores, para o transporte a 60 kV nos Açores. A Norma tem por objetivo definir e descrever os valores que caraterizam a tensão de alimentação como: › Frequência; › Amplitude; › Forma de onda; › Simetria das tensões trifásicas. Em condições normais de exploração, estas caraterísticas estão sujeitas a alterações devido a variações na carga da rede, perturbações geradas por equipamentos e ao aparecimento de defeitos devidos principalmente a causas externas. A norma que regula a qualidade de onda de tensão tem por objetivo estabelecer valores limite para as perturbações como cavas, interrupções de tensão, harmónicas ou flicker. Para que se possa atuar sobre o sistema de energia elétrica de forma a garantir quali-

dade de energia aceitável, é necessário conhecer os parâmetros que definem a boa qualidade de energia, as suas causas e os seus efeitos.

CAVAS E SOBRETENSÕES Uma cava é um abaixamento brusco da tensão de alimentação para valores compreendidos entre 90% e 1% de Un, seguido do restabelecimento da tensão após um curto lapso de tempo. Por convenção, uma cava de tensão dura entre 10 ms e 1 min. As sobretensões podem ser temporárias à frequência industrial e normalmente são causadas por manobras como deslastragens súbitas, defeitos monofásicos ou não-linearidades e podem ser sobretensões transitórias provocadas normalmente por des-

cargas atmosféricas, manobras ou fusão de fusíveis. São eventos de curta duração, não excedendo alguns milissegundos. As cavas são a perturbação de energia mais comum. Em ambiente industrial, é comum acontecerem várias cavas por ano na entrada de serviço, e muito mais em terminais de equipamentos. As cavas podem ser geradas a partir da rede. No entanto, na maioria dos casos, as cavas são consequência da própria instalação. Por exemplo, no setor residencial, a causa mais comum das cavas de tensão é a corrente de arranque de motores de frigorífico e ar-condicionado. Normalmente as cavas não perturbam o funcionamento de iluminação incandescente ou fluorescente, motores, ou aquecedores. No entanto, alguns equipamentos eletrónicos carecem de armazenamento de energia interna e, portanto, não funcionam quando ocorre uma cava na tensão de alimentação. Tem sido realizado um forte investimento para a minoração dos efeitos das cavas e interrupções de tensão: › Separação dos barramentos nas subestações, o reforço da manutenção preventiva; › Aumento da distância de isolamento nas redes, a redução do risco de acidentes com a passagem para cabos subterrâneos, a colocação de cabos de guarda, a melhoria das terras de proteção;


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